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onde: λ é o valor numérico da grandeza x, |x| representa uma grandeza física da mesma
espécie tomada como unidade ou, seus múltiplos ou submúltiplos.
Tomemos como exemplo a medida de um certo intervalo de tempo, Δt, que resultou
em:
Δt = 0,5 h (2)
Δt = 1800 s (2.a)
maioria das grandezas físicas é medida indiretamente. Em alguns casos, a grandeza pode ser
medida de ambas as formas. Por exemplo, a velocidade de um objeto é medida indiretamente
através da medida direta da distância percorrida, Δx, e o intervalo de tempo empregado, Δt,
com v = Δx⁄Δt . No entanto, é possível também construir e calibrar um velocímetro, de
forma que se obtenha diretamente o valor da velocidade em uma determinada escala.
IV - Erros de Medida
Uma grandeza física, a ser determinada pelo processo de medição, possui um valor
que poderíamos chamar de valor verdadeiro (também chamado de valor real). Em alguns
casos, esse valor já é conhecido antes da realização do experimento como, por exemplo,
quando se mede um padrão para aferir o funcionamento de um equipamento. Porém, na
maioria dos casos práticos o valor verdadeiro da grandeza é desconhecido.
Definição de Erro
Assim, para saber o erro de uma medição, é preciso conhecer seu valor verdadeiro.
Como o valor verdadeiro da maioria das grandezas de interesse experimental é
desconhecido a priori, o conceito de erro tem pouco uso prático.
Em circunstâncias excepcionais, o mensurando é conhecido com acurácia
(proximidade entre o valor obtido experimentalmente e o valor verdadeiro na medição de uma
grandeza física) muito melhor que a permitida pela medição. Por exemplo, isto pode ocorrer
na aferição de um equipamento e também é comum em experiências didáticas.
Por exemplo, sabendo que a velocidade da luz no vácuo é definida exatamente como
c = 299 792 458 m/s, é possível calcular o erro de qualquer medição dessa grandeza
subtraindo o resultado obtido no experimento pelo valor verdadeiro (conhecido por
definição). Assim, o cálculo exato do erro só é possível se soubermos, de antemão, qual é o
valor verdadeiro em questão. Porém, apesar de ter pouco uso prático, o conceito de erro é
fundamental para se compreender de que maneira e por que motivos os resultados das
medições se desviam dos seus respectivos valores verdadeiros.
Então temos que a exatidão e a precisão de uma medida podem ser definidas como:
equipamento exato é aquele que, após uma série de medições, nos fornece um valor
médio que é próximo ao real, mesmo que o desvio padrão seja elevado, ou seja,
apresente baixa precisão. A exatidão, geralmente, depende da capacidade técnica de
controlar ou compensar os erros sistemáticos. A exatidão pode ser avaliada através
da calibração do instrumento.
VI - Erro Absoluto e Erro Relativo Para Medições Com Valor Verdadeiro Conhecido
Para os casos onde o valor verdadeiro do mensurando (grandeza sob ato de medição)
é conhecido, podemos definir os seguintes tipos de erro.
EAx = |𝐱 𝐯 − 𝐱 𝐄 |. (3)
Exemplo 1) Queremos saber quanto é a estimativa da distância de uma árvore para outra.
Utilizando passos largos estimamos que a distância entre elas é de 23 metros – esse é o valor
experimental.
Em seguida, realizamos uma medição com uma fita métrica, para determinar a mesma
distância e determinamos que, na verdade, elas estão a 26 metros de distância uma da outra.
Esse é o valor real.
O erro absoluto na medição da distância entre as árvores é |23 – 26| m= 3 m.
Para os dois exemplos citados no Item VI.1 os erros relativos são respectivamente:
,
= 0,12 = 12% e ,
= 0,023 = 2,3%.
VII.1 - Incerteza Absoluta Para Medições Onde O Valor Verdadeiro Não É Conhecido
Como dito anteriormente, quando não podemos definir o valor verdadeiro de uma
medição não podemos determinar o erro do valor obtido na medição. Mas, como o ato de
medir implica sempre em uma dispersão em torno do valor do mensurando, é importante
quantificar essa dispersão através da incerteza obtida como se descreve a seguir.
Define-se como incerteza absoluta de uma medida, a amplitude de incertezas fixada
pelo experimentador, com o sinal ±. A incerteza absoluta, depende da perícia do
experimentador, de sua segurança, da facilidade de leitura da escala e do próprio
instrumento utilizado na medição.
Apesar de não ser norma, costuma-se adotar como incerteza absoluta, o valor da
metade da menor divisão da escala tomado em módulo. Na medida X=(10,3 ± 0,1) cm, 0,1 cm
é a incerteza absoluta.
VII.2 – Incerteza Relativa Para Medições Onde O Valor Verdadeiro Não É Conhecido
A incerteza relativa é igual ao quociente entre a incerteza absoluta e a medida da
grandeza, e é frequentemente expressa em termos percentuais. Por exemplo, para a medida
X=(10,3 ± 0,1) cm, temos:
Incerteza absoluta = ±0,1 cm
Incerteza relativa = (±0,1/10,3) = ± 0,0097 ou 0,97%
Poderíamos dizer que quanto menor a incerteza relativa, maior a “qualidade” da
medida.
Quando o valor de uma grandeza é obtido a partir de uma medida única, costuma-se
exprimi-lo com a respectiva incerteza absoluta
Por definição, as avaliações da incerteza do tipo A dependem que seja feita uma série
de medições da mesma grandeza física. A avaliação da incerteza do tipo A ocorre
essencialmente quando calculamos o desvio padrão da média de uma série de medições.
Nesses casos, o resultado da medição é a média das observações.
As avaliações da incerteza do tipo B são utilizadas principalmente quando é muito
difícil realizar observações repetidas (ou quando não faz sentido realizar tais observações).
Do ponto de vista teórico, os procedimentos de avaliação da incerteza do tipo B são bastante
sofisticados, mas não precisam ser discutidos agora.
Assim como ocorre com a incerteza do tipo A, o resultado da avaliação da incerteza
do tipo B pode ser interpretado como um desvio padrão. Ou seja, tanto a incerteza do tipo A
quanto a incerteza do tipo B pode ser utilizada para construir intervalos de confiança.
O Quadro 1 resume os procedimentos e definições apresentados.
Quadro 1 - Conceitos-chave da nomenclatura atual de metrologia.
Nome Significado/Definição Observações
Erro É igual à diferença entre o resultado É muito útil para compreender de
da medição e o valor verdadeiro. que maneira e por que motivos a
medida se desvia do seu valor
verdadeiro. Contudo, tem pouco uso
instrumental, pois seu cálculo requer
conhecer de antemão o valor
verdadeiro em questão.
Incerteza Estimativa que quantifica a Pode ser obtida por meio de uma
confiabilidade do resultado de uma avaliação do tipo A ou do tipo B.
medição. Quanto maior for a Incerteza não é erro!
incerteza, tanto menor será a
confiabilidade desse resultado.
Incerteza do Tipo Incerteza calculada a partir de um Nesse caso, o resultado de uma
A procedimento que envolve medição é igual à média das
medições repetidas. observações e a incerteza (do tipo A)
é igual ao desvio padrão dessa
média.
Incerteza do Tipo Incerteza calculada a partir de um Nesse caso, o resultado da medição é
B procedimento que não envolve igual ao resultado da primeira (e
medições repetidas. única) medição. Assim como a
incerteza do tipo A, a incerteza do
tipo pode ser interpretada como um
desvio padrão.
Neste texto, trabalharemos somente com a incerteza do tipo A, por ser mais aplicada
em aulas práticas de laboratórios.
Incerteza do Tipo A
Para definirmos a incerteza do tipo A, precisamos definir os conceitos de valor médio
(representado por uma barra sobre a letra que representa a grandeza sob medição; por
exemplo: 𝐱), o desvio padrão experimental (representado pela letra grega sigma
minúscula, σ) e o desvio padrão experimental da média (representado pela letra grega
sigma minúscula com sub-índice m, σm).
∑𝐍
𝐢 𝟏 𝐱𝐢
𝐱= . (5)
𝐍
∑𝐍
𝐢 𝟏(𝐱 𝐢 𝐱)
𝟐
Desvio Padrão Experimental = 𝛔 = . (6)
𝐍 𝟏
Esta estimativa da variabilidade das medidas devido a erros aleatórios por meio do
desvio padrão, supõe que a frequência das medidas obedece à distribuição gaussiana
apresentada na Figura 2. Na Figura 2 temos a representação gráfica de uma distribuição
gaussiana (dita distribuição normal), onde estão indicadas as percentagens de medições em
função dos múltiplos do desvio padrão σ.
Analisando-se a Figura 2, observa-se que para a distribuição gaussiana, 68,26% dos
valores das medições então contidas no intervalo −σ ≦ x ≦ +σ, 95,44% dos valores estão
no intervalo −2σ ≦ x ≦ +2σ, e 99,74% dos valores estão no intervalo −3σ ≦ x ≦ +3σ.
𝐱 − 𝟑𝛔 𝐱 − 𝟐𝛔 𝐱 − 𝛔 𝐱 𝐱+𝛔 𝐱 + 𝟐𝛔 𝐱 + 𝟑𝛔
quantifica quão bem foi estimado o valor esperado de uma medição, x, e qualquer um dentre
eles pode ser usado como medida da incerteza de x. Quando utilizamos o desvio padrão
experimental da média, σm, temos que o valor verdadeiro de uma grandeza X, xo, (e não o
valor médio 𝐱) tem a probabilidade de 68% de estar no intervalo, −σ ≦ x ≦ σ .
𝛔 ∑𝐍
𝐢 𝟏(𝐱 𝐢 𝐱)
𝟐
Desvio Padrão Experimental da Média = = (7)
√𝐍 𝐍(𝐍 𝟏)
𝐱 − 𝚫𝐱 ≦ 𝐗 ≦ 𝐱 + 𝚫𝐱 (9)
X = 𝑥̅ ± 𝜎m (unidade)
∑ (ϕ − 2,03)
σ = =
5(5 − 1)
(2,05 − 2,03) + (2,00 − 2,03) + (2,05 − 2,03) + (2,10 − 2,03) + (1,95 − 2,03)
= =
20
= 0,02549 mm
Assim, temos que o resultado das medições do diâmetro do fio sob estudo será:
𝟐
𝛛𝐖
𝚫𝐰 = 𝛔𝐜 = ∑𝐢𝐢 𝐍𝟏 . (𝚫𝐱 )𝟐 =
𝛛𝐗 𝐢 𝐗 𝐱
𝐢
𝟐 𝟐 𝟐
𝛛𝐖 𝛛𝐖 𝛛𝐖
𝛛𝐗 𝟏 𝐗
. (𝚫𝐱 𝟏 )𝟐 + 𝛛𝐗 𝟐 𝐗
. (𝚫𝐱 𝟐 )𝟐 + ⋯ + 𝛛𝐗 𝐍 𝐗
. (𝚫𝐱𝐍 )𝟐 (11)
𝟏 𝐱 𝟐 𝐱𝟐 𝐍 𝐱𝐍
Como o volume é dado por V = a3 (uma única variável), sua incerteza combinada ΔV
será dada por:
∂V ∂a
ΔV = σ = . (Δa) = . (Δa) =
∂a ∂a
ΔV = 17,32 cm3
𝟐 𝟐
𝛛𝐀 𝛛𝐀 𝟐
Δa = 𝛛𝐜 𝐜̅ 𝟐𝟓,𝟎
. (𝚫𝐜̅)𝟐 + 𝛛𝐥 𝐥̅ 𝟏𝟐,𝟎
. 𝚫𝐥̅
𝟐 𝟐
Δa = 𝐥̅ . (𝚫𝐜̅)𝟐 + (𝐜̅)𝟐 . 𝚫𝐥̅ = (𝟏𝟐, 𝟎)𝟐 . (𝟎, 𝟏)𝟐 + (𝟐𝟓, 𝟎)𝟐 . (𝟎, 𝟏)𝟐 = 𝟕, 𝟔𝟗
Δa = 2,77 cm2
𝐕 = 𝐕 ± 𝚫𝐕 = (𝟑𝟖 ± 𝟏) · 𝟏𝟎 𝐜𝐦𝟑
Quociente 𝑥
𝑤= (𝑥 ) (Δ𝑥 ) + (𝑥 ) (Δ𝑥 )
𝑥 Δw =
(𝑥 )
Potência 𝑤 = (𝑥 ) ± Δw = 𝑛(𝑥 )( )
Δ𝑥
Constante,c, 𝑤= 𝑐 ± Δw = 𝑐 ( )
ln(𝑐)𝛥𝑥
elevada a 𝑥
Fonte: Autora
experimentais.
combinada final.
X - A Regra do Truncamento
Quando, por meio de um cálculo, obtemos os valores médios de uma grandeza, x, e
da incerteza, σm, são originados números com vários dígitos. Tendo em conta que são
resultados experimentais, medidos com instrumentos de imprecisão D e afetados por erros
aleatórios, é lógico pensar que muitas das casas decimais obtidas são irrelevantes e não
devem ser apresentadas. Ou seja, é necessário fazer um truncamento em uma dada casa
decimal. Qual é, portanto, o critério para decidir o número de algarismos (casas decimais) a
serem apresentados?
A resposta para qual critério utilizar depende do número de medições realizadas, N.
Podemos dividir os procedimentos para 2 tipos segundo o número de medições, N,
realizadas: 5≤N≤50 e N>50.
No caso dos Laboratórios Didáticos, o número de medições, N sempre será
menor que 50, mas deve ser no mínimo igual a 5.
contado da esquerda para a direita, da respectiva incerteza, onde serão aplicadas as regras
de arredondamento discutidas no Item XI.
𝛔𝐦
𝛔𝛔𝐦 = (12)
𝟐(𝐍 𝟏)
σ 0,02549 0,02549
σ = = = = 0,00234 cm
2(N − 1) 2(60 − 1) √118
Assim, neste caso, o primeiro algarismo não nulo do desvio padrão do desvio padrão
experimental da média, 𝜎 , está na casa dos milésimos. Então a forma correta de apresentar
o resultado do diâmetro da esfera é:
Φfio = ϕ ± 𝜎m = (2,037 ± 0,002) mm
Se os algarismos decimais seguintes forem menores que 50, 500, 5000..., o anterior
não se modifica.
Se os algarismos decimais seguintes forem maiores a 50, 500, 5000..., o anterior
incrementa-se em uma unidade.
Se os algarismos decimais seguintes forem iguais a 50, 500, 5000..., verifica-se o
anterior; se for par, o anterior não se modifica; se for ímpar, o anterior
incrementa-se em uma unidade.
O número 12,6529 seria arredondado para 12,65 (aqui fica 12,65, uma vez que 29 é
inferior a 50, então não se modifica)
O número 12,86512 seria arredondado para 12,87 (aqui fica 12,87, uma vez que 512
é superior a 500, então incrementa-se uma unidade)
O número 12,744623 seria arredondado para 12,74 (aqui fica 12,74, uma vez que
4623 é inferior a 5000, então não se modifica)
O número 12,8752 seria arredondado para 12,88 (aqui fica 12,88, uma vez que 52 é
superior a 50, então incrementa-se uma unidade)
O número 12,8150 seria arredondado para 12,82 (aqui fica 12,82, uma vez que os
algarismos seguintes são iguais a 50 e o anterior é ímpar, nesse caso 1, então
incrementa-se uma unidade)
O número 12,8050 seria arredondado para 12,80 (aqui fica 12.80, uma vez que os
algarismos seguintes são iguais a 50 e o anterior é par, nesse caso 0, então o anterior
não se modifica)
O número 13,4666..., se fossemos arredondar à parte inteira, será sempre
arredondado para 13, pois 4666... é menor que 5000... (Se fizermos o arredondamento
número a número, teríamos: 13,4666... → 13,47 → 13,5 → 14, porém, isso seria a irmar
que 13,4666... está mais próximo de 14 do que está de 13, que não é verdade. Portanto,
não devemos arredondar o número já previamente arredondado!!!)
Essa relação indica que a separação entre os valores é, no máximo, duas vezes a
combinação das incertezas. Por outro lado, os resultados serão considerados como não-
equivalentes quando obedecem a desigualdade da Equação 14:
Como a notação científica é muito utilizada, suas potências recebem letras que as
representam (prefixos, no sistema internacional de unidades, SI) para maior clareza na
apresentação das medições. Esses prefixos são apresentados na Tabela 2.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-Vocabulário Internacional de Metrologia: Conceitos fundamentais e gerais e termos
associados (VIM 2012). Duque de Caxias, RJ : INMETRO, 2012
- Lima Junior, P. et al. O laboratório de mecânica. UNIDADE I – Fundamentos de Metrologia,
Porto Alegre: IF-UFRGS, 2012, www.if.ufrgs.br/fis1258/index_arquivos/TXT_01.pdf,
consultado em 03/08/2019.