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Física e Química A – 10º ano

Atividade Prático-Laboratorial
Medição em Química

Medição e medida
Nas ciências experimentais, como a química e a física, é essencial realizar atividades em laboratório, quer para
confirmar teorias, quer para prever novos resultados. As atividades experimentais são um meio de resolver
problemas que envolve a observação de fenómenos e a medição das grandezas associadas.

É comparar o valor de uma grandeza com um Medir o comprimento de uma sala


Medir outro predefinido, que se convencionou chamar É verificar quantas vezes a sala é mais comprida
unidade. do que a unidade de comparação – o metro.
É s operação que traduz o ato de medir.
Direta – quando a comparação é direta entre a Para determinar a área da sala é necessário
grandeza a medir e uma outra da mesma efetuar a medição direta do seu comprimento e
espécie, cujo valor se escolheu para unidade. da sua largura.
Medição
Os instrumentos só efetuam medições diretas. Usa-se a relação matemática A = c x l para
determinar a área da sala.
Indireta – quando é resultado da relação
matemática entre grandezas de medição direta.
É o resultado de uma operação chamada
medição, que se exprime através de um número, O comprimento da sala tem uma medida de 4,0
Medida por vezes acompanhado de uma unidade e m e a sua largura tem uma medida de 6,0 m.
outras vezes sem unidade (grandeza A área da sala tem uma medida de 24 m2.
adimensional)

Por mais sofisticado que seja o aparelho, por mais adequada que seja a técnica e por mais experiente que seja o
operador, é impossível efetuar uma medida que forneça um valor verdadeiro. Qualquer medição está sempre sujeita
a erros experimentais, que dependem, por exemplo, do aparelho utilizado, do operador ou das condições
experimentais. Os erros experimentais podem ser de dois tipos: erros sistemáticos e erros aleatórios (ou acidentais).

 Têm sempre as mesmas causas. Exemplos:


Erros  Apresentam a variação sempre no mesmo sentido. Má calibração do aparelho, deficiências do
sistemáticos  São passíveis de ser detetados e corrigidos. método utilizado, deficiência das condições
de operação…
Exemplos:
Erros  Têm causas pontuais. Deficiente posição do observador,
aleatórios,  São imprevisíveis. deficiente leitura nas escalas dos
fortuitos ou  Variam de forma aleatória. equipamentos e más condições de
acidentais  Podem ser atenuados mas nunca eliminados. operação (correntes de ar, flutuações na
corrente elétrica…).

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Determinação de incertezas
Numa atividade experimental feita em laboratório é tão importante manusear os instrumentos e efetuar os
procedimentos corretamente como tratar os dados recolhidos. É o tratamento desses dados que conduz à
interpretação do fenómeno em estudo e permite formular conclusões. A estimativa dos erros inerentes à
experiência permite-nos chegar a um resultado afetado de uma certa incerteza. O valor numérico desta incerteza
pode ser crucial quando pretendemos validar hipóteses ou comparar resultados.

Por isso, sempre que efetuamos uma medição no laboratório devemos registar a incerteza do aparelho (chama-se
incerteza absoluta de leitura). Normalmente adotamos as seguintes regras:

 Se o aparelho possuir uma escala, toma-se como incerteza metade da menor divisão da escala. O
resultado da medida deve indicar um valor até às décimas da menor divisão da escala, a incerteza e a
respetiva unidade.
Exemplo: uma medição de um comprimento l com uma régua cuja menor divisão da escala é o milímetro pode ser:

l = (25,7 ± 0,5) mm ou l = (2,57 ± 0,05) cm

Não se deve utilizar a forma l = 2,57 cm ± 0,5 mm: os dois números devem estar nas mesmas unidades e com a
mesma quantidade de casas decimais.

 Se o aparelho for digital toma-se como incerteza o menor valor lido no aparelho.
Exemplo: medição de uma massa m numa balança digital em que o menor valor da escala é a décima de grama.

m = (20,6 ± 0,1) g ou m = 20,6 g ± 0,1 g

 Pode ainda suceder que o aparelho tenha explicitamente indicada a incerteza. Muitas vezes essa
incerteza surge com outros nomes, como precisão, tolerância ou erro do aparelho.

Teremos, nestes casos, que supor que não existem outras incertezas associadas ao processo de medição, caso
contrário, este valor de incerteza pode não ser válido. O alcance de um aparelho de medida dá o valor máximo que
ele permite medir. Pode existir também uma gama de valores, isto é, um valor máximo e um valor mínimo.

1. Quando fazemos várias medições da mesma grandeza nas mesmas condições

Quando repetimos várias medições da mesma grandeza em iguais condições, obtemos diferentes valores para essa
grandeza, o que revela que se cometeram erros acidentais. Um modo de controlar este tipo de erros consiste em
efetuar várias medições (pelo menos três) e fazer o tratamento estatístico dos dados experimentais. Suponhamos
que os resultados das medições se representam por x1, x2, x3, …, xn, sendo n o número de medições. Tomamos como
valor mais provável da medida o valor médio x :

x  x 2  x 3  ...  x n
x 1
n

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Verificamos que a maioria dos resultados das medições é diferente do valor médio. Então o desvio de uma medida,
di, é definido como a diferença entre cada valor xi e o valor médio:

d x x
i i

Toma-se como incerteza o módulo do maior dos desvios calculados, |dmax|, ou seja, o desvio absoluto máximo. Esta
incerteza é designada por incerteza absoluta de observação; se o seu valor for superior à incerteza absoluta de
leitura, a medida resultante das várias medições é dada por:

x  x  d max


ou seja, o intervalo para o valor da medida é x  d max ; x  d max 
Em todos os casos, deve tomar-se sempre a maior das incertezas absolutas (de leitura ou de observação) para o
resultado da medida.

Exatidão e Precisão

Em ciências experimentais os termos exatidão e precisão têm significados diferentes.

A exatidão indica a proximidade entre os valores medidos e o valor verdadeiro, ou seja, uma medida é muito exata
se estiver próxima do valor verdadeiro. Como a maior parte das vezes não se conhece o valor verdadeiro da
grandeza que se pretende medir, raramente se pode falar de exatidão de uma medida. Apenas o podemos fazer
quando há um valor tabelado. Por exemplo, há valores tabelados para a densidade relativa de certas substâncias;
neste caso, é possível determinar experimentalmente uma densidade relativa e fazer essa comparação. Se tivermos
várias medidas, a medida mais exata é aquela que está mais próxima do valor verdadeiro.

A precisão traduz a concordância entre os vários valores medidos para a mesma grandeza nas mesmas condições, ou
seja, a repetibilidade da medida. Se tivermos várias medidas, há uma grande precisão quando há uma pequena
dispersão dos valores (valores muito próximos entre si) e a mais precisa é aquela cujo desvio é menor, a que está
mais próxima do valor médio.

Como a precisão e a exatidão são características diferentes,


é natural que possa haver (a) muita exatidão e pouca
precisão, (b) muita precisão e muita exatidão, (c) pouca
precisão e pouca exatidão ou (d) muita precisão e pouca
exatidão.

A precisão das medidas está relacionada com os erros


acidentais: quanto maior a dispersão das medidas, mais
erros acidentais foram cometidos.

A exatidão das medidas está relacionada com os erros


sistemáticos: se tivermos medidas muito afastadas do valor
verdadeiro, mas muito próximas umas das outras (grande

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precisão – poucos erros acidentais), significa que há erros sistemáticos que fazem deslocar os valores das medidas
no mesmo sentido.

Notação científica e ordem de grandeza de um número

Como vimos, em ciência é comum utilizarem-se números muito grandes ou muito pequenos. Para se evitar o uso de
números com muitos algarismos recorre-se à notação científica. Na notação científica os números apresentam-se na
forma de potência de base 10, do seguinte modo:

A x 10n em que 1  A  10 e n é um número inteiro, positivo ou negativo.

A ordem de grandeza de um número é a potência de 10 mais próxima de número. Por exemplo, o raio da Terra tem
uma ordem de grandeza de 107 (em metros, unidade de comprimento do Sistema Internacional), já que mede cerca
de 6400 km = 6,4 x 106 m = 1 x 107 m.

Outros exemplos:
2100 = 2,100 x 103 – ordem de grandeza 103
87 = 8,7 x 10 – ordem de grandeza 101

Algarismos significativos

Em qualquer resultado de uma medição coerente com a escalam figuram os chamados algarismos significativos, que
podem ser:
 Dígitos exatos (concordantes com as divisões da escala);
 Um dígito aproximado ou incerto (é não exato e corresponde a uma fração da menor divisão da escala, lida
por estimativa).

Exemplo: se efetuarmos uma medição de um comprimento com uma régua graduada em milímetros, podemos
medir com exatidão até aos milímetros (menor divisão da escala), mas teremos de estimar as décimas de milímetro;
se o resultado de uma medição for 41,2 mm, os algarismos 4 e 1 são exatos e o algarismo 2 é incerto. Os algarismos
significativos são, por isso, todos os dígitos que é possível conhecer com certeza (algarismos exatos) e um dígito
incerto.

Regras de contagem dos algarismos significativos

1. Os algarismos contam-se da esquerda para a direita.


2. Não se contam os zeros que ficam á esquerda do primeiro dígito não nulo. Contam-se sempre os zeros à
direita.

Exemplos:
25,70 g → 4 algarismos significativos
0,0170 m → 3 algarismos significativos
0,05702 m → 4 algarismos significativos

Nota: Há quem acrescente ainda um ponto a estas regras: Quando o primeiro dígito diferente de zero for igual ou superior a cinco, conta por
3
dois algarismos significativos: por exemplo 75 cm → 3 algarismos significativos). Não iremos ter em conta esta regra.

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Regras para arredondamentos

Muitas medidas são obtidas indiretamente, ou seja, resultam de cálculos efetuados com medições diretas. Não é
correto, nestes casos, apresentar o resultado final dos cálculos com um número enorme de algarismos (todos
aqueles que aparecem na calculadora!). O resultado de cálculos deverá, também ele, exprimir as limitações das
medidas que os originaram, ou seja, indicar apenas os algarismos significativos dessas medidas.

Nos cálculos devem utilizar-se as seguintes regras:

1. Escolher a casa decimal até onde se quer fazer a aproximação.


2. Arredondar o algarismo seguinte ao da casa decimal selecionada:
 Se for inferior a 5, arredonda-se por defeito: 1,44 1,4
 Se for superior a 5, arredonda-se por excesso: 1,46 1,5
 Se for igual a 5, deve-se ter em conta o algarismo da casa decimal escolhida:
 Se for par – mantem-se esse algarismo: 1,45 1,4
 Se for impar – aumenta-se uma unidade: 1,55 1,6

Operações com algarismos significativos

Operação Resultados da operação Exemplos

O número de casas Ex. 1: 34,67 + 23,4 = 258, 07 258,1


decimais do resultado da
Adição e
operação é o mesmo O primeiro número tem 2 casas decimais e o segundo número tem 1
subtração
daquele que tiver menor casa decimal, pelo que o resultado deve ter 1 casa decimal,
número de casas decimais. independentemente do número de algarismos significativos.

Ex. 1: 23,67 / 4,30 = 5,504 → 5,50

O primeiro número tem 4 algarismos significativos e o segundo


número tem 3 algarismos significativos, pelo que o resultado deve ter
O número de algarismos apenas 3 algarismos significativos.
significativos do resultado
Multiplicação
é igual ao do fator com Ex. 2: 23,67 x 4,3 = 101,781 = 1,01781 x 102 →1,0 x 102
e divisão
menor número desses
algarismos. Neste exemplo verificamos que o número 101, 781 tem mais do que
os 2 algarismos significativos permitidos; por isso, e em condições
semelhantes, há que exprimir o resultado primeiro em notação
científica e só depois apresentá-lo com o número correto de
algarismos significativos.

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