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Medição em Química

Medição e medida

• Medir uma grandeza é determinar o número de vezes (n) que essa


grandeza contém outra da mesma espécie, ou seja, é comparar o valor de
uma determinada grandeza, G, com outra da mesma natureza, que se toma
como unidade.

𝑮 (𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐝𝐚 𝐠𝐫𝐚𝐧𝐝𝐞𝐳𝐚)
𝒏=
𝐮𝐧𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞

• A medida de uma grandeza é o resultado da operação medição e exprime-se


através de um número, geralmente acompanhado de uma unidade
apropriada. Medição: ato de medir.

Medida: resultado da medição.

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Medição em Química
Medição e medida

• As medições podem ser diretas ou indiretas.

• Para efetuar uma medição direta, usam-se aparelhos calibrados de


acordo com a grandeza a medir e a unidade de medida utilizada. Por
exemplo, medir volumes com uma bureta, uma pipeta, etc. ou medir a
massa de um corpo com uma balança.

• Na medição indireta aplica-se uma fórmula que relaciona a grandeza


a medir com outras grandezas medidas diretamente. Por exemplo,
medir a concentração mássica:

𝑚soluto
𝑐m =
𝑉solução

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Caráter aproximado de uma medição

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Medição em Química
Caráter aproximado de uma medição

• Há sempre uma incerteza associada à medição que resulta de vários erros que
ocorrem durante a medição. Embora os erros sejam inevitáveis, é importante
conhecer os erros que se podem cometer de modo a minimizá-los. Para isso:

• deve medir-se várias vezes a grandeza cujo valor se pretende calcular,


obtendo assim uma série de dados;

• devem utilizar-se instrumentos adequados.

Os erros experimentais podem classificar-se, segundo a causa que os


provoca, em erros aleatórios, ou acidentais, e erros sistemáticos.

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Medição em Química
Caráter aproximado de uma medição

Tipos de
Características Causas
erros
• São imprevisíveis e surgem • Más leituras, quer por posição
ocasionalmente. errada do observador, quer por
• Não são regulares, isto é, oscilam desconhecimento da escala de
Aleatórios ou aleatoriamente para um lado e para leitura.
acidentais o outro do valor da grandeza. • Movimento brusco do operador.
• São difíceis de eliminar • Variações bruscas de temperatura,
pressão, vento, tensão elétrica, etc.
• Outras causas.
• Existem sempre e verificam-se • O método utilizado não é adequado.
sempre no mesmo sentido. • Deficiência dos instrumentos de
• Podem ser compensados. medida.
• Flutuações nas condições de
Sistemáticos medição.
• Utilização de reagentes com
impurezas.
• Deficiências nos procedimentos do
operador.

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Medição em Química
Caráter aproximado de uma medição

Os erros acidentais são difíceis de eliminar, pois as suas causas são


imprevisíveis. Contudo, podem ser reduzidos quer com o aperfeiçoamento
da medição pelo operador, quer efetuando várias medições – x1, x2, x3, ... ,
xn– da mesma grandeza, de modo a tomar o seu valor médio, 𝒙
ഥ, como o
valor mais provável dessa grandeza.

O valor médio é a média aritmética dos valores obtidos nas n medições


(o valor mais provável da grandeza a medir):

𝑥1 + 𝑥2 + ⋯ + 𝑥𝑛
𝑥ҧ =
𝑛

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Incerteza absoluta e incerteza relativa

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Medição em Química
Incerteza absoluta e incerteza relativa

A incerteza absoluta de leitura é o erro máximo que podemos cometer


nessa leitura.

• Se for feita uma única medição num aparelho analógico, a


incerteza absoluta de leitura corresponde a metade da menor divisão
da escala desse aparelho.

• Se for feita uma única medição num aparelho digital, a incerteza


absoluta de leitura corresponde ao menor valor que é possível ler
nesse aparelho.

A incerteza de cada instrumento de medida é indicada pelo respetivo


fabricante e é sempre um valor numérico.

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Medição em Química
Incerteza absoluta e incerteza relativa

Instrumento de medida Incerteza

Balança eletrónica ± 0,1 g a ± 0,00001 g

Proveta graduada de 10 mL ± 0,1 mL

Bureta de 50 mL ± 0,02 mL

Pipeta graduada de 10 mL ± 0,05 mL

Pipeta volumétrica de 10 mL ± 0,02 mL

Balão de diluição de 100 mL ± 0,25 mL

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Medição em Química
Incerteza absoluta e incerteza relativa

Quando se realizam diferentes medições de uma determinada grandeza nas


mesmas condições, verifica-se que não se obtém sempre o mesmo valor. Cada
medida apresenta um desvio di, relativamente ao valor médio do conjunto das
medidas efetuadas:

𝑑i = 𝑥i − 𝑥ҧ

Define-se incerteza absoluta do valor mais provável de um conjunto de


medições como o maior dos desvios absolutos, |dmáx|.

Define-se incerteza relativa como o quociente entre a incerteza absoluta e o


valor mais provável:
Incerteza absoluta
Incerteza relativa =
𝑥ҧ

Este valor pode ser apresentado como percentagem, designando-se, neste caso,
desvio percentual.

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Precisão e exatidão

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Precisão e exatidão

A precisão é a proximidade entre os valores encontrados em medições


repetidas de uma determinada grandeza, utilizando o mesmo método.

Medida precisa: os valores encontrados


em medições repetidas da mesma
grandeza estão muito próximos.

A precisão de um resultado é afetada pelos erros acidentais.

O resultado de um conjunto de medições diz-se exato se o valor médio


está próximo do valor de referência.
Valor médio Valor de referência

Medida exata: medida cujo


valor médio está próximo do
valor de referência.
A exatidão de um resultado é afetada pelos erros sistemáticos.
Medição em Química
Precisão e exatidão

medida Valor de referência Valor médio

Medida precisa mas não exata Medida exata mas não precisa

Quando existe um valor de referência (valor tabelado), para determinar a


exatidão do valor medido calcula-se o erro percentual:

valor de referência−valor medido


Erro percentual % = ×100
valor de referência

O valor medido será tanto mais exato quanto menor for o seu erro percentual.

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Medição em Química
Precisão e exatidão

Quando dispomos de um conjunto de medidas da mesma


grandeza e conhecemos o valor de referência podemos avaliar a
precisão e a exatidão.

Muita precisão Muita precisão Pouca precisão Pouca precisão


Pouca exatidão Muita exatidão Muita exatidão Pouca exatidão

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Ordem de grandeza

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Medição em Química
Ordem de grandeza

Qualquer valor numérico pode ser expresso em função de uma potência de


base 10, o que permite facilmente comparar valores e ter a noção da sua
ordem de grandeza, que é a potência de base 10 mais próxima desse
número. Por exemplo:

Número 6,63 × 10–34 1,66 × 10–26 2,18 × 10–19 3,0 × 103 6,02 × 1023

Ordem de
10–33 10–26 10–19 103 1024
grandeza

Repare-se que a ordem de grandeza de 6,63 × 10–34 é 10–33, pois 10–33 é a


potência de base 10 mais próxima do valor 6,63 × 10–34.

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Algarismos significativos

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Algarismos significativos

A precisão de uma medida é evidenciada pelo número de algarismos


significativos expressos no resultado, no qual existem algarismos exatos e
um algarismo incerto.

Algarismos exatos - estão concordantes com as


divisões da escala do
Algarismos instrumento usado.
significativos

Algarismos incertos - são lidos por estimativa


(aproximação) e, portanto, são
incertos.

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Medição em Química
Algarismos significativos

Regras para a contagem de algarismos significativos:


• Qualquer algarismo diferente de zero é significativo.

• Os zeros à esquerda do primeiro algarismo diferente de zero não são


significativos.

• Quando se faz a conversão de uma unidade de grandeza para outra, o


número de algarismos significativos permanece constante.

Exemplos
• 0,001 45 : 3 algarismos significativos.
• 12,45: 4 algarismos significativos.
• 0,3: 1 algarismo significativo.
• 6,5 m = 6,5 × 103 mm : 2 algarismos significativos.
• 12,8 cm3 = 0,0128 dm3 ou 1,28 × 10−2 dm3: 3 algarismos significativos.
Arredondamentos

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Medição em Química
Arredondamentos

Ao calcular valores de diferentes grandezas são feitos frequentemente


arredondamentos, de modo a apresentar os resultados com o número
correto de algarismos significativos.

Em seguida, aplicam-se as seguintes regras dos arredondamentos:

• Se o primeiro algarismo a suprimir for inferior a 5, o algarismo anterior


mantém-se – arredondamento por defeito.

• Se o primeiro algarismo a suprimir for superior a 5, o algarismo


anterior aumenta uma unidade – arredondamento por excesso.

• Se o algarismo a suprimir for só 5, ou 5 seguido apenas de zero(s), o


algarismo anterior arredonda para o número par mais próximo.

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Medição em Química
Arredondamentos

• Como arredondar o resultado 35,317 para as décimas?

35,317

Algarismos a suprimir: 1 e 7. O O algarismo Resultado


primeiro algarismo a suprimir é anterior a 1 é 3, arredondado:
1, que é, portanto, inferior a 5. que se mantém. 35,3.

• Como arredondar o resultado 35,450 para as décimas?

35,450

Algarismos a suprimir: 5 e 0. O algarismo Resultado


anterior a 5 é par, arredondado:
logo, mantém-se. 35,4.
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Medição de massas, volumes e
densidades usando instrumentos
adequados

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Medição em Química
Medição de massas, volumes e densidades usando
instrumentos adequados

Medição de massas

Medir a massa de uma amostra é uma operação que se denomina por


pesagem.

O instrumento necessário para essa operação é a balança, que geralmente


está graduada em gramas.

O alcance é o valor máximo que é possível medir


utilizando o aparelho (neste caso a balança).

A sensibilidade é o valor da menor divisão da sua


escala.

Antes de medir a massa de um corpo deve ser


escolhida a balança de alcance e sensibilidade Balança eletrónica
adequados.
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Medição em Química
Medição de massas, volumes e densidades usando
instrumentos adequados

Medição de massas
Para medir a massa da amostra deve ter os cuidados
seguintes:

• Não colocar a amostra diretamente sobre o prato da


balança, mas dentro de um recipiente limpo e seco
(o recipiente deve estar à temperatura ambiente,
porque o corpo ou material aquecido provoca
correntes de ar que introduzem erros na pesagem).

• Evitar vibrações na mesa ou na bancada onde se


Balança eletrónica 25
encontra a balança.

• Evitar derrames de líquidos ou reagentes sólidos


sobre o prato da balança.
Medição de volumes de líquidos
Para medições rigorosas de volumes usam-se pipetas, buretas
e balões volumétricos.

Para medições menos rigorosas de volumes usam-se provetas.

Pipeta

Balão Proveta
Bureta
volumétrico 26
Medição de volumes de líquidos
Alguns dos instrumentos de medição de volumes têm inscritas
informações como:

• o volume máximo;

• a graduação da sua escala, normalmente em mL;

• a tolerância (limite máximo do erro existente, quando há uma


correta utilização do aparelho);

• o traço de referência (no caso de pipetas, de balões volumétricos


ou de picnómetros);

• a temperatura de calibração (temperatura a que foi feita a


calibração, normalmente 20 °C, e à qual deve ser feita a
medição, sempre que possível).
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Medição de volumes de líquidos
Qualquer que seja o instrumento utilizado na medição de um dado
volume, a leitura deve ser feita de modo a evitar os erros de
paralaxe – erros associados à incorreta posição do observador.

A leitura deverá ser feita de modo que a Sempre que a direção do olhar não
direção do olhar coincida com a linha coincide com a linha tangente
tangente à parte interna do menisco. ao menisco cometem-se erros de
paralaxe.

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Medição de volumes de líquidos

Medição de volumes com pipeta:


A medição de líquidos com uma pipeta requer uma técnica específica
de manipulação. Obriga à utilização de um enchedor manual, que
pode ser uma pompete ou outro macrocontrolador.

Inscrições nos instrumentos de medição de volumes:

Capacidade
Valor máximo que se pode medir

5
Menor divisão
100:1 ±1 Incerteza
±0,015

Ex 20 ℃
mL ln20 ℃

ISO
Temperatura para a qual se fez a calibração
Classe de exatidão
ISO A A ou AS – maior exatidão
B – menor exatidão A
Unidade de volume mL

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