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Laboratório de Calor
Tratamento de
Medidas Experimentais
1
1 Classificação dos Erros Experimentais
Toda prática laboratorial tem por objetivo realizar a estimativa do valor de uma
grandeza que pode ser física, química ou de outra natureza, primária ou
derivada, através de medidas (leitura de valores) experimentais. A ação de
medir, na ciência, é o ato de comparar um valor lido com um valor padrão
(unidade de medida).
Erros aleatórios: também chamados de acidentais; são erros que possuem uma
característica “flutuante” (imprevisibilidade) em relação ao valor real da
grandeza, isto é, a medida experimental corresponde ao valor real da
grandeza desviado eventualmente para mais ou para menos,
aleatoriamente, de modo que, em um conjunto de medidas experimentais,
aproximadamente metade delas está desviada para mais e metade para
menos. Não podem ser eliminados; logo, devem ser caracterizados
estatisticamente. Afetam a precisão da medida experimental.
2
medidas experimentais. Deve ser a primeira fonte de erro a ser eliminada
através de uma boa preparação do experimento por meio de uma
familiarização preliminar das técnicas de medida que serão utilizadas,
bem como o conhecimento dos instrumentos de medida e seus modos de
operação e a certificação de bom estado operacional dos instrumentos.
3
2 Medidas Experimentais com Erros Aleatórios
Recordando: medida experimental de uma grandeza é a leitura do valor
indicado por um instrumento de medida em relação a um padrão de medida e
que corresponde ao valor real da grandeza (expresso na unidade do
instrumento de medida) acrescido de um somatório de erros; por isso é um
valor incerto:
4
Como chegar a este resultado é o que será apresentado a seguir.
1 𝑁
𝑥= ∑ 𝑥 (3)
𝑁 𝑖=1 𝑖
Exemplos
1 2 3 4 5
5
10 9,65 10,04 8,65 5,52 9,35
𝑁 2
∆𝑥 = 𝑆𝑥 =
1
𝑁−1 (
∑ 𝑥𝑖 − 𝑥
𝑖=1
) (4)
6
Mas, por que (N-1)? Para responder esta pergunta, é preciso pensar em grau de
liberdade.
Agora, quando não se conhece o valor esperado real, estima-se este valor
usando a equação (3). Esta equação, que é uma média aritmética, gera uma
informação que é função das N outras informações. Ou seja, é uma variável
dependente. Desta forma, olhando para a soma das N diferenças quadráticas
usando a estimativa do valor esperado calculado pela média aritmética, não se
tem mais N graus de liberdade e sim N-1, isto porque a média aritmética é
função das N variáveis.
Por isso, o desvio padrão de uma medida deve ser calculado usando o
denominador (N-1).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desvio_padrão
7
Exemplos
1 2 3 4 5
8
v.e. 9,386 10,214 9,715 10,200 9,201
Obs.: disp. é (disp)ersão ou desvio padrão de uma medida ou desvio padrão dos
valores (são todos sinônimos).
Veja que esta dispersão está relacionada a cada medida do conjunto. Assim,
cada medida experimental 𝑚𝑖 da grandeza 𝑚 estimada é expressa como
𝑁 2
∆𝑥
σ𝑥 =
𝑁
=
1
𝑁(𝑁−1) (
∑ 𝑥𝑖 − 𝑥
𝑖=1
) (6)
9
Exemplos
1 2 3 4 5
10
v.e. 9,386 10,214 9,715 10,200 9,201
( )
𝑚 = 𝑥 ± σ𝑥 [𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒] (7)
σ𝑥
ϵ= (8)
𝑥
11
Exemplos
||𝑥−𝑥 ||
| 𝑟𝑒𝑓|
𝐷(%) = × 100% (9)
| |
𝑥𝑟𝑒𝑓
Exemplos
12
13
3 Propagação de Erro
É muito comum que a prática laboratorial tenha como objetivo o levantamento
de uma grandeza derivada (ou várias), isto é, grandezas que só podem ser
estimadas a partir da combinação funcional de outras grandezas medidas.
Neste caso, é necessário investigar como os erros associados a estas medidas
fundamentais (primárias) interferem e se propagam até o cômputo final da
medida da grandeza de interesse.
( )
𝑤 = 𝑥 ± σ𝑥 [𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑤]
𝑎 = ( 𝑦 ± σ ) [𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 ]
𝑦 𝑎
𝑏 = ( 𝑧 ± σ ) [𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 ]
𝑧 𝑏
( )
𝑠 = 𝑓 𝑠1, 𝑠2, ··· , 𝑠𝑛
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2 2 2
σ𝑠 = ( )
∂𝑓
∂𝑠1
σ𝑠 +
2
1
( )
∂𝑓
∂𝑠2
σ𝑠 +
2
2
··· + ( )
∂𝑓
∂𝑠𝑛
σ𝑠
2
𝑛
(10)
∂𝑓 ∂𝑓 ∂𝑓
= ± 𝑎1; = ± 𝑎2; ··· = ± 𝑎𝑛 (11b)
∂𝑠1 ∂𝑠2 ∂𝑠𝑛
2 2 2 2 2 2
σ𝑠= 𝑎1σ1 + 𝑎2σ2 + ··· + 𝑎𝑛σ𝑛 (11c)
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3.3 Propagação de erro em multiplicação
Assumindo que a grandeza final 𝑠 é obtida pela multiplicação das demais
grandezas 𝑠𝑖, pode se deduzir da fórmula geral que o erro padrão de 𝑠 será:
∂𝑓 𝑠 ∂𝑓 𝑠
= 𝑎𝑠2 ··· 𝑠𝑛 = ; = 𝑎𝑠1𝑠3 ··· 𝑠𝑛 = ; ···
∂𝑠1 𝑠1 ∂𝑠2 𝑠2
∂𝑓 𝑠
= 𝑎𝑠1𝑠2 ··· 𝑠𝑛−1 = (12b)
∂𝑠𝑛 𝑠𝑛
2 2 2
σ𝑠= () ()
𝑠
𝑠1
2
σ1 +
𝑠
𝑠2
2
σ2 + ··· + () 𝑠
𝑠𝑛
2
σ𝑛 ⇒
2 2 2
σ𝑠 = 𝑠 ( ) ( )
σ1
𝑠1
+
σ2
𝑠2
+ ··· + ( ) σ𝑛
𝑠𝑛
(12c)
Obs.: É importante notar que cada termo quadrático que está sendo somado
dentro da raiz em (eq.12c) corresponde ao quadrado do erro padrão da
grandeza 𝑠 . Fazendo uma analogia ao cálculo do comprimento de um vetor n
𝑖
dimensional, a raiz desta soma de erros padrões quadráticos equivale ao “peso
potencial” que o conjunto de erros impacta no valor esperado 𝑠 da grandeza
final.
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3.4 Propagação de erro em divisão
Assumindo que a grandeza final 𝑠 é obtida pela divisão das demais grandezas 𝑠𝑖,
pode-se deduzir da fórmula geral que o erro padrão de 𝑠 será:
−1
(
𝑠 = 𝑓(𝑠1, ···, 𝑠𝑛) = 𝑎 𝑠1 𝑠2 ··· 𝑠𝑛 ) (13a)
∂𝑓 −1 −2 𝑠
∂𝑠1
= (
− 𝑎 𝑠2 ··· 𝑠𝑛 ) (𝑠 ) 1
=
𝑠1
;
∂𝑓 −1 −2 𝑠
∂𝑠2
= (
− 𝑎 𝑠1 𝑠3 ··· 𝑠𝑛 ) ( ) 𝑠2 =
𝑠2
; ··· (13b)
2 2 2
σ𝑠= () ()
𝑠
𝑠1
σ1 +
2 𝑠
𝑠2
2
σ2 + ··· + () 𝑠
𝑠𝑛
2
σ𝑛 ⇒
2 2 2
σ𝑠 = 𝑠 ( ) ( )
σ1
𝑠1
+
σ2
𝑠2
+ ··· + ( ) σ𝑛
𝑠𝑛
(13c)
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3.5 Propagação de erro em potenciação
Assumindo que a grandeza final 𝑠 é obtida pela potenciação das demais
grandezas 𝑠𝑖, pode-se deduzir da fórmula geral que o erro padrão de 𝑠 será:
α β ζ
𝑠 = 𝑓(𝑠1, ···, 𝑠𝑛) = 𝑎 𝑠1 ( ) (𝑠 ) ··· (𝑠 )
2 𝑛
(14a)
∂𝑓 α−1 β ζ
∂𝑠1
= 𝑎 α 𝑠1 ( ) (𝑠 ) ··· (𝑠 ) = α 𝑠𝑠
2 𝑛
1
;
∂𝑓 α β−1 ζ 𝑠
∂𝑠2 ( ) ( )
= 𝑎 𝑠1 β 𝑠2 ( )
··· 𝑠𝑛 = β
𝑠2
; ··· (14b)
2 2 2
σ𝑠 = 𝑠 ( ) ( )
α
σ1
𝑠1
+ β
σ2
𝑠2
+ ··· + ζ ( ) σ𝑛
𝑠𝑛
(14c)
Obs.: Neste caso, observar que a contribuição de cada erro padrão está
“pesado” pelo valor do expoente da potência correspondente.
Exemplos
𝑚 1/2 −1/2
𝑇 = 2π 𝑘
= 2π𝑚 𝑘
1/2 −1/2
𝑇 = 2π𝑚 𝑘
2 2 σ𝑚 2 σ𝑘 2
σ𝑇 = 𝑇 ( ) (
1 σ𝑚
2 𝑚
+ −
1 σ𝑘
2 𝑘 ) =
𝑇
2 ( ) ( )
𝑚
+
𝑘
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2) Cálculo do volume de um cilindro prismático hexagonal. A lateral é
retangular: 𝐴 = ℎ𝑙. O topo e a base são hexágonos (12 triângulos equiláteros):
𝐿
3 2
𝐴𝑇 = 𝑙
4
3 2 3
( ) (
𝑉 = 6𝐴𝐿 × 12𝐴𝑇 = 6ℎ𝑙 × 12 ) 4
𝑙 = 18 3ℎ𝑙
3
𝑉 = 18 ℎ 𝑙
σℎ 2 σ𝑙 2
σ𝑉 = 𝑉 ( ) + (3 )
ℎ 𝑙
19
Resumo
20
4 Algarismos Significativos
Nas práticas experimentais, quando realizamos uma leitura direta de um
instrumento ou quando realizamos o cálculo do valor esperado de um conjunto
de medidas, uma pergunta que deve surgir é: como devo escrever esta medida?
Para responder a esta pergunta, é importante você pensar que a sua medida é
incerta no sentido que, associada a ela, existe um erro. Então, o registro da
medida deve considerar o valor da medida (direta ou estimada) mais a
incerteza que pode ser para mais ou para menos.
Agora, mais que isso, quando se escreve o valor e o erro, que quantidade de
algarismo é necessário usar? Deve-se usar todos os algarismos que o cálculo
gera? Todos eles são importantes, são significativos para expressar a
quantidade em si?
Tipo A
Se o valor experimental é do tipo A, o erro associado a cada valor é a dispersão.
A dispersão, conforme apresentado na seção 2.2, tem relação com a
distribuição normal (gaussiana). O seu cálculo está baseado no conceito de
desvio padrão cuja representação é σ (letra grega sigma). Este desvio define
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margens de confiança tanto para cima como para baixo do valor médio (valor
esperado).
22
entre os limites ±2σ. A área de 0,997 significa que praticamente todas as
leituras (~100%) estão entre os limites ±3σ.
Regras de arredondamento
𝑤
Considere uma incerteza escrita em notação científica: 𝑋, 𝑌𝑍 × 10 . O algarismo
representado por 𝑋 é o algarismo significativo e 𝑌𝑍 são duvidosos.
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○ Se 𝑍 > 5, aplicar a regra para o caso 𝑌 > 5.
○ Se 𝑍 = 5, continuar a análise com o algarismo duvidoso seguinte
(repetir o procedimento).
Tipo B
Leitura a partir de instrumentos analógicos (completar)
Exemplos
dispersão
2,691 3,306 2,331 2,515 2,759
calculada
dispersão
3 3 2 2 3
escrita
24
valor
7,14 8,27 11,19 8,07 7,41
medido
valor
7 8 11 8 7
escrito
dispersão
3 3 2 2 3
escrita
erro padrão
0,6 0,7 0,5 0,6 0,6
escrito
25
5 Relatório Técnico
Modelo
26
Exemplo
Roteiro
Introdução: …
Materiais: …
Métodos: …
27
Relatório de Atividade Prática
(Capa)
28
Introdução
Objetivos
Materiais
Métodos
Resultados
Cálculos
Análise/Verificação
Conclusão
Referências
29
Conclusão
Dica da Nome da empresa: É importante dar sua opinião. Você recomendaria
este livro?
30
Bibliografia
31