Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

ANNA CAROLINA DE SOUZA NICOLLI DE AZEREDO

DANIELLY FERREIRA SILVA CYPRIANO

RELATÓRIO: NOÇÕES BÁSICAS SOBRE TRATAMENTO DE DADOS


EXPERIMENTAIS

Disciplina: Físico-Química II

Professor: Breno Nonato de Melo

SÃO MATEUS

2021
1. INTRODUÇÃO
A realização de cálculos referentes a medições de dados experimentais é
crucial, pois serve como base para quaisquer futuros experimentos, visto que há
diversos métodos de obter-se um melhor resultado em busca de precisão e
exatidão.
Durante uma execução de medidas, o registro dos valores e o resultado
devem expressar o número de algarismos significativos corretamente, a fim de
evitar aproximações errôneas de uma grandeza. Estes buscam representar as
medidas realizadas indicando a sua precisão.
Ao expressar o resultado, o número de algarismos significativos deve ser
igual ao da parcela menos precisa, pois não se pode obter um resultado com
mais algarismos do que uma parcela menos precisa. Por exemplo:
3,4 + 1,432 + 0,065 = 4,9

1,32 x 0,035 = 0,04

Posteriormente, ao realizar uma medida precisa, pode-se saber a sua


exatidão. Esta é obtida pela diferença entre o valor real (valores encontrados na
literatura) e o valor medido:
Exatidão (erro percentual) = Valor Real – Valor Calculado x 100 (1)
Valor Real

Dessa forma, há casos em que se obtém uma medida precisa, mas pouco
exata, ou vice-versa, exemplificado na figura abaixo:

Figura 1 – Comparação de medidas experimentais de precisão e exatidão

https://www.novus.com.br/Imagens/Precisao%20x%20Exatidao.jpg

2
Em suma, a precisão avalia a dispersão dos resultados entre ensaios que
podem variar de acordo com erros sistemáticos e instrumentais, e do próprio
observador. Enquanto a exatidão é a uniformidade entre o resultado obtido com
valor de referência.
À vista disso, existem métodos de medidas com a finalidade de alcançar
um resultado preciso e exato. Estes são:
1) Valor médio: Uma determinada amostra é medida N vezes e a partir disso
obtém-se o valor médio

(2)

2) Variância: Retrata a dispersão dos valores medidos em torno do valor médio

( )

(3)

3) Desvio Padrão Amostral: Correlata a capacidade da reprodução das


medidas, ou seja, a confiabilidade do método empregado

(4)

4) Desvio Padrão da Média Amostral: o qual indica o erro da própria medida

(5)

Portanto, o melhor resultado é representado por:

(6)

Ademais, para uma melhor visualização dos resultados obtidos


experimentalmente, o desenvolvimento de gráficos é crucial. Com base em duas
ou mais grandezas dependentes entre si, há a possibilidade de descrever a curva
dessa dependência, a qual representa um comportamento médio (de inclinação

3
constante), tendo em vista que as medidas experimentais podem constar com
erros, como conceituado anteriormente.
Dessa forma, pode-se utilizar o método dos mínimos quadrados para
obter os coeficientes do polinômio de primeiro grau na equação da reta. Com a
finalidade de determinar a reta que melhor se ajusta ao conjunto de pontos e à
dispersão apresentada.
A melhor reta é obtida ao minimizar a soma dos quadrados dos desvios
dos valores de y em relação à reta calculada, ou seja, a distância dos dados (xi,
yi) à cada ponto (xi , a + bxi), conforme ilustrado abaixo:

Figura 2 – Distância de um ponto (xi , yi) à reta y = a + bx

http://www.decom.ufop.br/prof/marcone/Disciplinas/MetodosNumericoseEstatisticos/QuadradosM
inimos.pdf

Estes desvios são determinados pela expressão:


di = (yi, calc – yi, exp) = (bxi + a – yi, exp) (7)

Para encontrar os valores prováveis de a e b referente à equação da reta (y =


ax+b) utiliza-se as seguintes fórmulas:

(8)

em que:
4
(9)
Os seus respectivos desvios são calculados por:

(10)

O resultado encontrado da variância de y, parte do pressuposto que a


relação linear de x e y é verdadeira, e presume-se que os únicos erros
experimentais sejam referentes à variável y, então a equação ideal é:

(11)

Retomando à reta, para saber se a linearidade é, de fato, adequada,


utiliza-se a seguinte expressão:

(12)

Em que, r é o coeficiente de correlação linear, cujo valor varia de -1 ≤ r ≤ 1.


Ao passo que |r| se aproxima de 1 a função pode ser caracterizada por uma reta.
Em virtude das apresentações conceituais, por fim, pode-se realizar os
cálculos decorrentes aos exercícios propostos.

5
2. OBJETIVOS
O estudo de noções básicas sobre a medição de dados experimentais é
crucial para quaisquer experimentos. Sendo assim, este relatório visa executar
os exercícios propostos em aula, por meio de métodos e fórmulas eficientes,
além de expor os resultados graficamente.

6
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Abaixo estão representados os dados referentes ao objeto de estudo de cada


questão com tabelas e cálculos realizados, incluindo interpretações gráficas.

3.1. Calor de neutralização de um ácido forte por uma base forte

A partir dos dados fornecidos da variação da entalpia de neutralização de


cada experimento, expresso na tabela abaixo, pode-se realizar o cálculo da
média e do erro relativo percentual.
Tabela 1 – Valores da variação de entalpia de neutralização dos respectivos experimentos.

Experimentos ΔneutHøm
m/kJ mol⁻¹
1 59,8
2 58,9
3 57,7
4 53,5
5 58,1
6 55,2
7 56,4
8 53,9
9 56,9
10 54,3

ΔneutHøm*– Variação da Entalpia de neutralização

O valor mais provável da variação da entalpia é alcançado a partir do


cálculo da média aritmética, conforme a Equação 2:
ΔneutHm = 59,8 + 58,9 + 57,7 + 53,5 + 58,1 + 55,2 + 56,4 + 53,9 + 56,9 + 54,3
10
ΔneutHm = 56,4 kJ mol -1
Para o cálculo do erro percentual, sabendo que o valor tabelado
correspondente a esta variação de entalpia é 57,3 kJ mol -1, basta aplicar a
Equação 1:
Erro relativo percentual = 57,3 kJmol-1 – 56,47 kJmol-1 x 100
57,3kJmol-1
Erro relativo percentual = 1, 44 %

A título de curiosidade, foi calculado a variância e o desvio padrão


diretamente pelas fórmulas no Excel, os quais podem ser igualmente realizados
pelas equações 3 e 4 expostas anteriormente.

7
Tabela 2 – Compilado dos resultados obtidos a partir dos valores experimentais.

Erro Relativo (%) Média /kJmol-1 Variância Desvio Padrão


1,44 56,4 5,4 2,3

Distribuição da ΔneutHm
62
ΔneutHøm/kJ mol⁻¹

60
58
56
54
52
0 2 4 6 8 10 12
Experimentos

Figura 3 – Gráfico de distribuição das variações de entalpia dos experimentos e seus


respectivos desvios

3.2. Índice de refração para o clorofórmio (CHCl3)

i. Valor médio do índice de refração


Sabendo que os valores do índice de refração de clorofórmio encontrados foram:
Tabela 3 – Índice de refração de CHCl3

n 1,4429 1,4430 1,4427 1,4432 1,4428 1,4439


n* – índice de refração

A partir da equação 1, ou pelo cálculo de média aritmética, obtém-se que o valor


médio é:
x = 1,4431

Índices de refração
1,444
índice de refração (n)

1,4435

1,443 n
Média
1,4425
0 2 4 6 8
Experimentos

Figura 4 – Representação gráfica dos índices de refração e da média calculada

8
ii. Refração molar do clorofórmio
A refratividade de uma substância, também denominada de refração
específica, r, é calculada pela equação abaixo:

(13)
Em que p = densidade e n = índice de refração

A fim de obter-se a refração molar de uma substância, RM, multiplica-se a


refratividade pela massa molar da substância, ou seja:

(14)
Em que p = densidade, n = índice de refração e M = massa molar

Sabendo disso, para o cálculo da refração molar do clorofórmio, basta


inserir os dados abaixo na equação 8
M = MCHCl3 = 119,38 g/mol
p = pCHCl3 = 1,49 g/cm3
n = 1,4431
Dessa forma, constata-se que a refração molar do clorofórmio é de
Rm = 1081,6 g/cm3
Nota-se que a partir da média dos índices de refração, foi calculado a
refração molar. Entretanto, pode-se também, calcular a refração molar para
cada um dos índices de refração e posteriormente, realizar a média deste,
obtendo um resultado análogo.

9
3.3. Tetracloreto de Carbono, pressão do vapor e temperaturas de
ebulição
Para execução desse exercício foram fornecidos os seguintes dados sobre
o tetracloreto de carbono:
Tabela 4 – Pressões de vapor do tetracloreto de carbono e suas respectivas temperaturas
de ebulição

P1/mmHg P2/mmHg T/°C


696,0 693,0 74,0
636,0 639,0 65,5
608,5 605,0 63,0
574,0 578,0 60,5
556,0 554,0 56,6
525,0 520,0 52,0

Com base nessas informações, pôde-se reorganizar uma nova tabela e


calcular a média das pressões, as razões P/PØ e seus respectivos logaritmos,
conforme apresentado na tabela abaixo:
Tabela 5 – Dados fornecidos sobre as pressões e temperatura
T/°C T/K Média das Pressões P/PØ Ln
(mmHg) (P/PØ)
74,0 347,2 694,5 0,9138 -0,0901
65,5 338,7 637,5 0,8388 -0,1758
63,0 336,2 606,75 0,7984 -0,2252
60,5 333,7 576,0 0,7579 -0,2772
56,6 329,8 555,0 0,7303 -0,3144
52,0 325,2 522,5 0,6875 -0,3747
PØ* – Pressão padrão de 760 mmHg

Como o intuito é analisar os dados do problema, para agilizar o processo,


foi usado recursos do Excel para determinar a melhor reta e os seus coeficientes.
Porém, o conceito apresentado anteriormente, também foi utilizado com eficácia,
sabendo que r, pode ser dado pela equação 12.
Considerando que a melhor reta é a aquela na qual |r| mais se aproxima
de 1, a partir dos dados evidenciados no gráfico abaixo, obteve-se:
y = -1724,2x + 4,9664
em que, a = -1724,2x e b = 4,9664

10
0,0029 0,0029 0,0030 0,0030 0,0031 0,0031
0,1

0,05

-0,05

Ln(P/Po)
-0,1

-0,15

-0,2

-0,25

-0,3
y = -1724,2x + 4,9664
-0,35
R² = 0,9629
-0,4 1/T(K)

Figura 3: Gráfico do logarítmico natural em função do inverso da temperatura em


Kelvin (1/T), com barras de erros nos respectivos valores.

Para o cálculo da variação da entalpia, utiliza-se a Equação de Clapeyron,


que relaciona a pressão de vapor e a temperatura, a fim de determinar ΔvapH,
expressada pela expressão abaixo

(15)
Com base nos dados da tabela 5, calcula-se a média dos logarítmicos
(P/PØ) e das temperaturas (K), resultando em
Ln(P/PØ) = -0,25 e T (K) = 335,1
Ao aplicar na equação acima, utilizando R = 8,314 J/K.mol, obtém-se que a
variação de entalpia do tetracloreto de carbono é
ΔvapH = -696,50 J mol-1

i. Distribuição T - Student
Como obtivemos uma amostra com seis elementos, fez-se necessário a
utilização da distribuição t de student, pois esta é empregada quando:
• O desvio padrão da população não é conhecido
• O tamanho da amostra é de trinta ou menos
Por conseguinte, sendo n = 6, o nível de significância (n - 1) é de 5 graus de
liberdade, encontra-se que

Tα/2 = 2,571

11
Sabendo que s = 61,61 pode-se utilizar a fórmula abaixo,

. (16)
Obtendo, E = 64,66
Tendo em consideração que x = 598,71 e utilizando a expressão

(17)
Sendo assim, IC (μ, 95%) : (534,05; 663,37)
Portanto, tem-se 95% de confiança que o intervalo (534,05; 663,37), realmente
contenha o valor verdadeiro da média μ.

12
4. CONCLUSÕES
Percebe-se que todas as questões possuem um fator em comum
inicialmente, a necessidade do cálculo da média aritmética, para estabelecer o
valor mais provável dentre os respectivos experimentos.
Adiante, os cálculos genéricos utilizados foram referentes ao erro relativo,
variância e desvio padrão, todos com característica determinante para a
obtenção de um resultado mais preciso e exato dentre os experimentos dados.
Ademais, cada questão teve suas particularidades, no problema dois, nota-
se o incremento de novas fórmulas referente à refração, já na questão três,
utiliza-se o método dos quadrados mínimos e uma expressão tocante à entalpia.
Entretanto, todas exigem o conhecimento das noções básicas sobre o
tratamento de dados experimentais transmitidos ao longo deste relatório.

13
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA J. C. JULIO. Análise Instrumental - Estatística (UFJF). Disponível em:


https://www.ufjf.br/baccan/files/2010/10/Aula-1-1o-Sem_Estatistica_2017_parte-1.pdf

SOUZA F. J. MARCONE. Ajuste de Curvas pelo Método dos Quadrados Mínimos (UFOP).
Disponível em:
http://www.decom.ufop.br/prof/marcone/Disciplinas/MetodosNumericoseEstatisticos/Quadr
adosMinimos.pdf

HERONDINO S. F. Distribuição T – Student. Disponível em:


https://www2.unifap.br/herondino/files/2014/04/8-DISTRIBUI%C3%87%C3%83O-T-
STUDENT.pdf

14

Você também pode gostar