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INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 24, DE 8 DE SETEMBRO DE 2005

Aprova o Manual Operacional de Bebidas e Vinagres.

O SECRETÁRIO DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E


ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 42 do Anexo I, do Decreto 5.351, de 21 de
janeiro de 2005, e o que consta do Processo nº 21000.005504/2005-17, resolve:

Art. 1º Aprovar o Manual Operacional de Bebidas e Vinagre, onde constam o Modelo de Manual
da Qualidade, o Protocolo de Validação de Métodos Físico-Químicos, o Protocolo de Cálculo da
Incerteza Associada às Medições e os Métodos de Análise de Bebidas Fermentadas, Destiladas, Não
Alcoólicas e de Vinagre, que passam a constituir padrões oficiais para análise físico-química de bebidas e
vinagre.

Art. 2º O Manual Operacional estará à disposição dos interessados na Coordenação Geral de


Apoio Laboratorial - CGAL/SDA/MAPA, na Biblioteca Nacional de Agricultura – BINAGRI e no sítio do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na rede mundial de computadores, endereço
eletrônico: www.agricultura.gov.br.

Art. 3º Os Métodos de que trata esta Instrução Normativa poderão sofrer alterações em razão da
incorporação de novas tecnologias.

Art. 4º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5º Fica revogada a Portaria nº 076, de 27 de novembro de 1986.

GABRIEL ALVES MACIEL

Manual Operacional de Bebidas e Vinagres

Cad 01 Modelo de MAQ

Cad 02 - Avaliação Físico-Química

Cad 03 Incerteza na medição

Cad 04 Fermentado Alcoólicos

Cad 05 Destilados

Cad 06 Vinagre

Cad 07 Não Alcoólicos

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Cad 02 – Avaliação Físico-Química
1. OBJETIVO
Estabelecer critérios mínimos para avaliação dos métodos analíticos oficiais do MAPA.

2. APLICAÇÃO
Métodos químicos, físicos e físico-químicos de análise.

3. ABRANGÊNCIA
Todos os métodos oficiais do MAPA químicos, físicos e físico-químicos.

4. DEFINIÇÕES
-Limite de detecção: é o menor valor de concentração do analito que pode ser detectado pelo
método.LDM é o limite de detecção do método e é definido como a concentração mínima medida e
declarada com 95-99% de confiança de que a concentração do analito é maior que zero.

-Limite de quantificação: é a menor concentração do analito que pode ser determinada com um nível
aceitável de precisão e exatidão (LQ).

-Exatidão: é a concordância entre o resultado de um ensaio e o valor de referência aceito como


convencionalmente verdadeiro. Para avaliar a exatidão de um método, os processos utilizados podem
ser: uso de materiais de referência, comparações laboratoriais e realização de ensaios de recuperação.

-Precisão: é um termo utilizado para avaliar a dispersão dos resultados entre ensaios independentes,
repetidos de uma mesma amostra, amostras semelhantes ou padrões, em condições definidas. As duas
formas mais comuns de expressá-las são por meio da repetitividade e a reprodutividade.

-Repetitividade: é o grau de concordância entre os resultados de medições sucessivas de um mesmo


mensurando, efetuadas sob as mesmas condições de medição, ou seja, mesmo analista, mesmo
equipamento, mesma amostra, mesmo local e repetições em curto espaço de tempo.

-Reprodutividade: é o grau de concordância entre os resultados de medições de um mesmo


mensurando sob condições variadas de medição.

-Robustez: mede a sensibilidade que o método apresenta face a pequenas variações. Estas variações
podem ser, por ex. tempo de aquecimento, pH.

-Linearidade da resposta: É a obtenção de resultados de testes diretamente proporcionais a


concentração do elemento na amostra, dentro de uma certa faixa de quantificação; sendo verificado se,
dentro da faixa de concentração estipulada, a resposta do analito é linearmente proporcional a sua
concentração.

- Faixa de trabalho: é o intervalo compreendido pela concentração maior e a menor do analito em uma
amostra (incluindo estas próprias concentrações), na qual fique demonstrado que o procedimento
analítico tem um nível adequado de exatidão, precisão e linearidade da resposta.

- Valores aberrantes: são valores afastados do valor médio que não são considerados na avaliação
estatística.

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5. DESENVOLVER UM PROCEDIMENTO OPERACIONAL PARA A AVALIAÇÃO PREENCHENDO A
TABELA ABAIXO CONFORME A APLICABILIDADE NO MÉTODO.

Métodos
Qualitativo Semiquantitativo Quantitativo
Exatidão (Recuperação)
Repetibilidade
Robustez
Reprodutividade
Linearidade da resposta
Limite de detecção
Limite de quantificação

6. EXECUTAR OS EXPERIMENTOS PARA A AVALIAÇÃO.


Executar experimentos de acordo com os procedimentos descritos no método oficial de análise. Utilizar
os valores obtidos nos experimentos nos cálculos estatísticos.

7. CÁLCULOS ESTATÍSTICOS
7.1 Limite de Detecção - LD
Para estabelecer o LD, normalmente é suficiente fornecer uma indicação do nível em que a detecção do
analito começa a ficar problemática, ou seja, pode-se considerar:
LD como sendo 3.s, onde s = desvio padrão amostral das observações:

s = s2

n
( X i − X )2 SQT
s2 =  =
i =1 n −1 n −1

Considera-se um nº mínimo de 7 observações. As observações são feitas em uma amostra contendo um


nível do analito que estima-se ser o menor teor mensurável pelo método.
A fórmula geral LDM é:

LDM= t (n-1;1-) .s
onde
t (n-1;1-) = t de Student

Considerando 7 replicatas, temos 7-1=6 graus de liberdade e t para um nível de confiança de 99% é
3,143

7.2 Limite de Quantificação - LQ


Pode ser considerado como sendo a concentração do analito correspondente a 10.s

7.3 Exatidão
Uma forma de avaliar a exatidão do método é através do cálculo do erro relativo, expresso em
percentagem, através da expressão:

X lab − X v
ER =  100
Xv
Onde

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X lab = valor obtido experimentalmente ou média aritmética de valores obtidos
Xv= valor aceito como verdadeiro (ou valor certificado do MRC)

7.4 Repetitividade
Os cálculos são feitos a partir da diferença entre cada dois resultados (duplicatas), isto é calculando-se a
amplitude das observações. A partir daí calcula-se a média das amplitudes e a partir desse valor médio,
calcula-se o desvio padrão estimado da repetitividade:

R
r =
d2

Onde
d2 = 1,128 ( fator de tabela para duas medições)
R = média das amplitudes

Então a repetitividade será:


r = 2,77 σr

7.5 Reprodutividade
Deve-se obter resultados alterando-se fatores como analistas, dia de análise, equipamentos, e
inicialmente, calcula-se a média entre os resultados que não se considera em reprodutividade, isto é
medições feitas por um mesmo analista em duplicata. A partir daí calcula-se o desvio padrão das médias
calculadas (sr ). A reprodutividade então é calculada:

R = 1,96  s r  2

O desvio padrão das médias calculadas também pode ser calculado da seguinte maneira:

sr = R

Onde
R = amplitude das médias
Outros parâmetros de desempenho analítico

7.6 Linearidade
Será verificada analisando em triplicata soluções padrão com 5 ou mais concentrações diferentes,
dispostas em um intervalo estabelecido pela faixa de trabalho.Os valores encontrados para a confecção
da curva analítica devem estar livres de valores aberrantes. A linearidade de um método pode ser
observada pelo gráfico dos resultados dos ensaios em função da concentração do analito ou então
calculados a partir da equação da regressão linear, pelo método dos mínimos quadrados. Deve ser pela
equação da reta:
R2>0,90
 (Y − Y ')
2

R 2
= 1−
 (Y − Y )
2

Para se determinar a equação de regressão linear Y=f(X) utiliza-se o método dos mínimos quadrados.

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Y =  0 + 1 X

Onde

1 =
 XY − ( X )( Y ) n
 X − ( X ) n
2 2

 0 = Y − 1 X

7.7 Teste de Dixon para valores aberrantes.


1° Ordenar os valores das observações em ordem crescente.
2° Supor a hipótese de que o menor valor x1 ou o maior valor xn são suspeitos como valores aberrantes.
3° Selecionar o risco desejado de falsa rejeição a 1% ou 5%.
4° Calcular as seguintes equações de acordo com o número de observações:

n Razão Se xn é suspeito Se x1 é suspeito


3n7 10 (xn – xn-1)/(xn – x1) (x2 – x1)/(xn – x1)
8  n  10 11 (xn – xn-1)/(xn – x2) (xn – x1)/(xn-1 – x1)
11  n  13 21 (xn – xn-2)/(xn – x2) (x3 – x1)/(xn-1 – x1)
14  n  25 22 (xn – xn-2)/(xn – x3) (x3 – x1)/(xn-2 – x1)

5° Comparar as razões calculadas com os valores da tabela abaixo:

Valores Valores
n Críticos n Críticos
5% 1% 5% 1%
3 0,970 0,994 22 0,468 0,544
4 0,829 0,926 23 0,459 0,535
5 0,710 0,821 24 0,451 0,526
6 0,628 0,740 25 0,443 0,517
7 0,569 0,680 26 0,436 0,510
8 0,608 0,717 27 0,429 0,502
9 0,504 0,672 28 0,423 0,495
10 0,530 0,635 29 0,417 0,483
11 0,502 0,605 30 0,412 0,483
12 0,479 0,579 31 0,407 0,477
13 0,611 0,697 32 0,402 0,472
14 0,586 0,670 33 0,397 0,457
15 0,565 0,647 34 0,393 0,462
16 0,546 0,627 35 0,388 0,458
17 0,529 0,610 36 0,384 0,454
18 0,514 0,594 37 0,381 0,450
19 0,501 0,580 38 0,377 0,446
20 0,489 0,567 39 0,374 0,442
21 0,478 0,555 40 0,371 0,438

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6º Caso o valor calculado seja maior que o valor tabelado, então a hipótese da suposição do valor
aberrante é verdadeira e o valor deve ser rejeitado.

8. REGISTROS
8.1 Todo o procedimento deve ser registrado em relatório para cada ensaio.
8.2 O relatório deve conter, no mínimo:
a) identificação do ensaio e matriz(es);
b) identificação do responsável pela avaliação e cargo;
c) introdução;
d) material e método;
e) justificativa dos requisitos avaliados no item 5;
f) especificações necessárias para cada requisito;
g) registros dos dados brutos;
h) análise dos dados;
i) conclusão.
8.3 Todas as folhas devem ser rubricadas pelo responsável pela avaliação

9. FONTES
RANGEL, C.S., Curso de Introdução a Estatística Aplicada à Validação de Ensaios, São Paulo, 2003,
94p.

MONTEIRO, A., Curso de Estatística Básica Aplicada ao Laboratório, Salvador, 2001, 93p.

INMETRO – Orientações Sobre Validação de Métodos de Ensaios Químicos, DOQ-CGCRE-009, Revisão


01, Março de 2003.

ABRANTES, S. M. P., Curso de Qualidade Analítica e Medições na Análise Físico-química de Alimentos,


Rio de Janeiro 2003, 15p.

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Cad 03 – Incerteza na Medida
PROTOCOLO DE CÁLCULO DE INCERTEZA NA MEDIÇÃO

1. OBJETIVO
Estabelecer critérios mínimos para cálculo de incerteza na medição.

2. APLICAÇÃO
Métodos químicos, físicos e físico-químicos de análise.

3. ABRANGÊNCIA
Todos os métodos químicos, físicos e físico-químicos oficiais do MAPA.

4. DEFINIÇÕES
Incerteza de medição: é um parâmetro associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a
dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando. A incerteza de
uma medição é obtida a partir do conhecimento das incertezas padrão de todos os fatores de
variabilidade que influem na medição:
Incerteza combinada: é a raiz quadrada da soma de todas as variâncias do processo.
Incerteza expandida para um nível de confiança de 95%: é o valor da incerteza combinada
multiplicada por dois.

5. CÁLCULOS ESTATÍSTICOS.
A incerteza da medição pode ser calculada através da soma das variâncias dos principais fatores de
variabilidade, ou seja, a variância da repetitividade e a variância da reprodutibilidade.
Com os dados obtidos de repetitividade e reprodutibilidade de cada ensaio de avaliação (REF AO
PROTOCOLO), calcular as variâncias da repetitividade e reprodutibilidade.

5.1 VARIÂNCIA
n

(X i − X )2
s2 = i =1

n −1
Onde:
s 2 = variância.
X i = resultado da i-ésima medição.
X = média das medições.
n = número de medições.
5.2 INCERTEZA COMBINADA
u = s r2 + s R2
Onde
s r2 = variância da repetitividade.
s R2 = variância da reprodutibilidade.
u = incerteza combinada.
5.3 INCERTEZA EXPANDIDA

U = 2u

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6. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS ANALÍTICOS.
A partir do resultado da incerteza expandida, expressar os resultados analíticos da seguinte
maneira:

X U
Onde:
X é o resultado da medição.

8. FONTES
RANGEL, C.S., Curso de Introdução a Estatística Aplicada à Validação de Ensaios, São Paulo,
2003, 94p.

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