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CIÊNCIAS da Natureza

E SUAS TECNOLOGIAS

Índice
CONHECIMENTOS BÁSICOS E FUNDAMENTAIS
Noções de ordem de grandeza. Notação Científica. Sistema Internacional de Unidades. Metodologia
de investigação: a procura de regularidades e de sinais na interpretação física do mundo. Observações
e mensurações: representação de grandezas físicas como grandezas mensuráveis. Ferramentas básicas:
gráficos e vetores. Conceituação de grandezas vetoriais e escalares. Operações básicas com vetores........ 01

O MOVIMENTO, O EQUILÍBRIO E A DESCOBERTA DE LEIS FÍSICAS


Grandezas fundamentais da mecânica: tempo, espaço, velocidade e aceleração. Relação histórica
entre força e movimento. Descrições do movimento e sua interpretação: quantificação do movimento e
sua descrição matemática e gráfica. Casos especiais de movimentos e suas regularidades observáveis.
Conceito de inércia. Noção de sistemas de referência inerciais e não inerciais. Noção dinâmica de massa
e quantidade de movimento (momento linear). Força e variação da quantidade de movimento. Leis de
Newton. Centro de massa e a ideia de ponto material. Conceito de forças externas e internas. Lei da
conservação da quantidade demovimento (momento linear) e teorema do impulso. Momento de uma
força (torque).Condições de equilíbrio estático de ponto material e de corpos rígidos. Força de atrito,força
peso, força normal de contato e tração. Diagramas de forças. Identificação das forças que atuam nos
movimentos circulares. Noção de força centrípeta e sua quantificação. A hidrostática: aspectos históricos
e variáveis relevantes. Empuxo. Princípios de Pascal,Arquimedes e Stevin: condições de flutuação, relação
entre diferença de nível e pressão hidrostática.................................................................................................. 03

ENERGIA, TRABALHO E POTÊNCIA


Conceituação de trabalho, energia e potência. Conceito de energia potencial e de energia cinética.
Conservação de energia mecânica e dissipação de energia. Trabalho da força gravitacional e energia
potencial gravitacional. Forças conservativas e dissipativas............................................................................ 41

A MECÂNICA E O FUNCIONAMENTO DO UNIVERSO


Força peso. Aceleração gravitacional. Leida Gravitação Universal. Leis de Kepler. Movimentos de
corpos celestes. Influência na Terra: marés e variações climáticas. Concepções históricas sobre a origem
do universo e sua evolução................................................................................................................................... 53
FENÔMENOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS
Carga elétrica e corrente elétrica. Lei de Coulomb. Campo elétrico e potencial elétrico. Linhas de
campo. Superfícies equipotenciais. Poder das pontas. Blindagem. Capacitores. Efeito Joule. Lei de Ohm.
Resistência elétrica e resistividade. Relações entre grandezas elétricas: tensão, corrente, potência e
energia. Circuitos elétricos simples. Correntes contínua e alternada. Medidores elétricos. Representação
gráfica de circuitos. Símbolos convencionais. Potência e consumo de energia em dispositivos elétricos.
Campo magnético. Imãs permanentes. Linhas de campo magnético. Campo magnético terrestre....... 59

OSCILAÇÕES, ONDAS, ÓPTICA E RADIAÇÃO


Feixes e frentes de ondas. Reflexão e refração. Óptica geométrica: lentes e espelhos. Formação
de imagens. Instrumentos ópticos simples. Fenômenos ondulatórios. Pulsos e ondas. Período, frequência,
ciclo. Propagação: relação entre velocidade, frequência e comprimento de onda. Ondas em diferentes
meios de propagação............................................................................................................................................ 78

O CALOR E OS FENÔMENOS TÉRMICOS - Conceitos de calor e de temperatura. Escalas


termométricas. Transferência de calor e equilíbrio térmico. Capacidade calorífica e calor específico.
Condução do calor. Dilatação térmica. Mudanças de estado físico e calor latente de transformação.
Comportamento de Gases ideais. Máquinas térmicas. Ciclo de Carnot. Leis da Termodinâmica. Aplicações
e fenômenos térmicos de uso cotidiano. Compreensão de fenômenos climáticos relacionados ao ciclo
da água.................................................................................................................................................................. 101

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS - Evidências de transformações químicas. Interpretando


transformações químicas. Sistemas Gasosos: Lei dos gases. Equação geral dos gases ideais, Princípio
de Avogadro, conceito de molécula; massa molar, volume molar dos gases. Teoria cinética dos gases.
Misturas gasosas. Modelo corpuscular da matéria. Modelo atômico de Dalton. Natureza elétrica da
matéria: Modelo Atômico de Thomson, Rutherford, Rutherford-Bohr. Átomos e sua estrutura. Número
atômico, número de massa, isótopos, massa atômica. Elementos químicos e Tabela Periódica. Reações
químicas.................................................................................................................................................................. 113

REPRESENTAÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS - Fórmulas químicas. Balanceamento


de equações químicas. Aspectos quantitativos das transformações químicas. Leis ponderais das reações
químicas. Determinação de fórmulas químicas. Grandezas Químicas: massa, volume, mol, massa molar,
constante de Avogadro. Cálculos estequiométricos....................................................................................... 117

MATERIAIS, SUAS PROPRIEDADES E USOS - Propriedades de materiais. Estados físicos de materiais.


Mudanças de estado. Misturas: tipos e métodos de separação. Substâncias químicas: classificação e
características gerais. Metais e Ligas metálicas. Ferro, cobre e alumínio. Ligações metálicas. Substâncias
iônicas: características e propriedades. Substâncias iônicas do grupo: cloreto, carbonato, nitrato e sulfato.
Ligação iônica. Substâncias moleculares: características e propriedades. Substâncias moleculares: H2,
O2, N2, Cl2, NH3, H2O, HCl, CH4. Ligação Covalente. Polaridade de moléculas. Forças intermoleculares.
Relação entre estruturas, propriedade e aplicação das substâncias........................................................... 121

ÁGUA - Ocorrência e importância na vida animal e vegetal. Ligação, estrutura e propriedades.


Sistemas em Solução Aquosa: Soluções verdadeiras, soluções coloidais e suspensões. Solubilidade.
Concentração das soluções. Aspectos qualitativos das propriedades coligativas das soluções. Ácidos,
Bases, Sais e Óxidos: definição,classificação, propriedades, formulação e nomenclatura. Conceitos de
ácidos e base. Principais propriedades dos ácidos e bases: indicadores, condutibilidade elétrica, reação
com metais, reação de neutralização............................................................................................................... 129
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E ENERGIA - Transformações químicas e energia calorífica. Calor
de reação. Entalpia. Equações termoquímicas. Lei de Hess. Transformações químicas e energia elétrica.
Reação de oxirredução. Potenciais padrão de redução. Pilha. Eletrólise. Leis de Faraday. Transformações
nucleares. Conceitos fundamentais da radioatividade. Reações de fissão e fusão nuclear. Desintegração
radioativa e radioisótopos.................................................................................................................................... 142

DINÂMICA DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS - Transformações Químicas e velocidade.


Velocidade de reação. Energia de ativação. Fatores que alteram a velocidade de reação: concentração,
pressão, temperatura e catalisador.................................................................................................................... 162

TRANSFORMAÇÃO QUÍMICA E EQUILÍBRIO - Caracterização do sistema em equilíbrio. Constante


de equilíbrio. Produto iônico da água, equilíbrio ácido-base e pH. Solubilidadedos sais e hidrólise. Fatores
que alteram o sistema em equilíbrio. Aplicação da velocidadee do equilíbrio químico no cotidiano.... 175

COMPOSTOS DE CARBONO - Características gerais dos compostos orgânicos. Principais funções


orgânicas. Estrutura e propriedades de Hidrocarbonetos. Estrutura e propriedades de compostos
orgânicos oxigenados. Fermentação. Estrutura e propriedades decompostos orgânicos nitrogenados.
Macromoléculas naturais e sintéticas. Noções básicas sobre polímeros. Amido, glicogênio e celulose.
Borracha natural e sintética. Polietileno,poliestireno, PVC, Teflon, náilon. Óleos e gorduras, sabões e
detergentes sintéticos. Proteínas e enzimas....................................................................................................... 179

RELAÇÕES DA QUÍMICA COM AS TECNOLOGIAS, A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE


-Química no cotidiano. Química na agricultura e na saúde. Química nos alimentos. Química e ambiente.
Aspectos científico-tecnológicos, socioeconômicos e ambientais associados à obtenção ou produção
de substâncias químicas....................................................................................................................................... 199

INDÚSTRIA QUÍMICA
obtenção e utilização do cloro, hidróxido de sódio, ácido sulfúrico, amônia e ácido nítrico. Mineração
e Metalurgia. Poluição e tratamento de água. Poluição atmosférica. Contaminação e proteção do
ambiente................................................................................................................................................................ 202

ENERGIAS QUÍMICAS NO COTIDIANO - Petróleo, gás natural e carvão. Madeira e hulha.


Biomassa. Biocombustíveis. Impactos ambientais de combustíveis fosseis. Energia nuclear. Lixo atômico.
Vantagens e desvantagens do uso de energia nuclear................................................................................. 209

MOLÉCULAS, CÉLULAS E TECIDOS - Estrutura e fisiologia celular: membrana, citoplasma e


núcleo. Divisão celular. Aspectos bioquímicos das estruturas celulares. Aspectos gerais dometabolismo
celular. Metabolismo energético: fotossíntese e respiração. Codificação dainformação genética. Síntese
protéica. Diferenciação celular. Principais tecidos animais evegetais. Origem e evolução das células.
Noções sobre células-tronco, clonagem etecnologia do DNA recombinante. Aplicações de biotecnologia
na produção de alimentos,fármacos e componentes biológicos. Aplicações de tecnologias relacionadas
ao DNA ainvestigações científicas, determinação da paternidade, investigação criminal eidentificação
de indivíduos. Aspectos éticos relacionados ao desenvolvimentobiotecnológico. Biotecnologia e
sustentabilidade.....................................................................................................................................................219
HEREDITARIEDADE E DIVERSIDADE DA VIDA - Princípios básicos que regem a transmissão de
características hereditárias. Concepções pré-mendelianas sobre a hereditariedade. Aspectos genéticos
do funcionamento do corpo humano. Antígenos e anticorpos. Grupossanguíneos, transplantes e doenças
auto-imunes. Neoplasias e a influência de fatoresambientais. Mutações gênicas e cromossômicas.
Aconselhamento genético. Fundamentosgenéticos da evolução. Aspectos genéticos da formação e
manutenção da diversidade biológica............................................................................................................. 255

IDENTIDADE DOS SERES VIVOS - Níveis de organização dos seres vivos. Vírus, procariontese
eucariontes. Autótrofos e heterótrofos. Seres unicelulares e pluricelulares. Sistemática eas grandes linhas da
evolução dos seres vivos. Tipos de ciclo de vida. Evolução e padrõesanatômicos e fisiológicos observados
nos seres vivos. Funções vitais dos seres vivos e suarelação com a adaptação desses organismos a
diferentes ambientes. Embriologia,anatomia e fisiologia humana. Evolução humana. Biotecnologia e
sistemática.............................................................................................................................................................. 305

ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS - Ecossistemas. Fatores bióticos e abióticos. Habitat e


nicho ecológico. A comunidade biológica: teia alimentar, sucessão e comunidade clímax. Dinâmica
de populações. Interações entre os seres vivos. Ciclos biogeoquímicos. Fluxo de energia no ecossistema.
Biogeografia. Biomas brasileiros. Exploração e uso de recursos naturais. Problemas ambientais: mudanças
climáticas, efeito estufa; desmatamento;erosão; poluição da água, do solo e do ar. Conservação
e recuperação de ecossistemas. Conservação da biodiversidade. Tecnologias ambientais. Noções
de saneamento básico. Noções de legislação ambiental: água, florestas, unidades de conservação;
biodiversidade....................................................................................................................................................... 337

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA VIDA - A biologia como ciência: história, métodos, técnicas e


experimentação. Hipóteses sobre a origem do Universo, da Terra e dos seres vivos. Teorias de evolução.
Explicações pré-darwinistas para a modificação das espécies. A teoria evolutiva de Charles Darwin. Teoria
sintética da evolução. Seleção artificial e seu impacto sobre ambientes naturais e sobre populações
humanas................................................................................................................................................................. 350

QUALIDADE DE VIDA DAS POPULAÇÕES HUMANAS - Aspectos biológicos da pobreza e do


desenvolvimento humano. Indicadores sociais, ambientais e econômicos. Índice de desenvolvimento
humano. Principais doenças que afetam a população brasileira: caracterização, prevenção e
profilaxia. Noções de primeiros socorros. Doenças sexualmente transmissíveis. Aspectos sociais da
biologia: uso indevido de drogas;gravidez na adolescência; obesidade. Violência e segurança
pública. Exercícios físicos evida saudável. Aspectos biológicos do desenvolvimento sustentável.
Legislação e cidadania............................................................................................................................. 394

PROVA COMENTADA 2015


Ciências da Natureza e suas Tecnologias..........................................................................................480
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CIÊNCIAS DA
NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Charles Darwin
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

· CONHECIMENTOS BÁSICOS E FUNDAMENTAIS: NOÇÕES DE ORDEM


DE GRANDEZA. NOTAÇÃO CIENTÍFICA. SISTEMA INTERNACIONAL DE
UNIDADES. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO: A PROCURA DE
REGULARIDADES E DE SINAIS NA INTERPRETAÇÃO FÍSICA DO MUNDO.
OBSERVAÇÕES E MENSURAÇÕES: REPRESENTAÇÃO DE GRANDEZAS
FÍSICAS COMO GRANDEZAS MENSURÁVEIS. FERRAMENTAS BÁSICAS:
GRÁFICOS E VETORES. CONCEITUAÇÃO DE GRANDEZAS VETORIAIS E
ESCALARES. OPERAÇÕES BÁSICAS COM VETORES.

N
as ciências exatas, é muito comum a re- 0,0075 = 7,5 x 10-3
presentação de medidas sob a forma de (O expoente é -3 porque a vírgula foi deslocada 3
um número multiplicado por uma potên- posições para a direita)
cia de 10, como, por exemplo, 6 x 1023. Esse modelo
de expressão de medidas é chamado de notação Utilizando o mesmo método, também podemos
científica ou exponencial.A notação científica é um converter um número em notação científica para no-
modo de representação métrica muito útil porque tação fixa, ou seja, sem potência de 10. Por exemplo:
permite escrever números muito extensos ou muito
pequenos de uma maneira mais compacta, tornan- 2,671 x 102 = 267,1
do os cálculos mais simples. Essa vantagem faz com 3, 141 x 10-3 = 0,003141
1
que a notação científica seja muito utilizada nos ra-
mos da Física, Química e Engenharias. Em alguns estudos, é necessário realizar operações
matemáticas com número expressos em notação
Todo número escrito em notação científica obe-
científica. Veja a seguir como esses cálculos são feitos.
dece à regra geral N x 10n. Nessa expressão, o  N é
chamado de termo dígito e corresponde a um núme-
Adição e subtração
ro no intervalo de 1 e 9,999..., enquanto 10né o termo
exponencial, representando determinada potência
Para somar ou subtrair dois números em notação
de 10 inteira. Assim, o número 9.456, por exemplo, é
científica, primeiro deve-se convertê-los à mesma po-
expresso em notação científica como 9,46 x 102, isto é,
tência de 10 e depois somar os termos dígitos. Exem-
o número 9,46 multiplicado duas vezes por 10. Sempre plo:
que o número for maior que 1, o expoente será positi-
vo na notação científica. (7,125 x 10-3) + (4,512 x 10-2) =
De forma contrária, os números menores que 1 são (0,7125 x 10-2) + (4,512 x 10-2) =
divididos por 10 sucessivas vezes até se obter o mo- 5,2245 x 10-2
delo N x 10n. Sendo assim, o número 0,036 escrito em
notação científica seria 3,6 x 10-2, ou seja, o número Multiplicação
3,6 foi dividido duas vezes por 10 para chegar a 0,036.
Nos números menores que 1, o expoente na notação Nessa operação, os termos dígitos são multiplica-
científica sempre será negativo.Uma maneira fácil de dos normalmente e os expoentes são somados. O re-
converter qualquer número em notação científica é sultado do cálculo deve sempre ser colocado de vota
contar o número de casas decimais deslocadas até dentro das regras da notação científica. Veja:
obter apenas 1 dígito antes da vírgula e usar esse va-
lor como expoente. Veja alguns exemplos: (6 x 105) . (3 x 10-2) = 
54321 = 5,4321 x 104 (6,0).(3,0) x 105+ (-2) =
(O expoente é 4 porque a vírgula foi deslocada 4 18 x 103 =
posições para a esquerda) 1,8 x 104

ENEM - LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Divisão Grandeza física é diferente de unidade física ou


unidade de media. Por exemplo: o Porche 911 pode
Os termos dígitos são divididos normalmente e os alcançar uma velocidade de 300 km/h. Nesse exem-
expoentes devem ser subtraídos. Assim como na mul- plo em questão, a velocidade é a grandeza física
tiplicação, o resultado também é escrito com apenas e km/h (quilômetros por hora) é a unidade física. As
1 dígito diferente de 0 antes da vírgula. Por exemplo: grandezas vetoriais possuem uma representação es-
(8,7 x 104) / (6,12 x 102) = pecial. Elas são representadas por um símbolo mate-
(8,7 – 6,12) x 10(4-2) = mático denominado  vetor. Nele se encontram três
2,58 x 102 características sobre um corpo ou móvel, veja:

Potenciação
Módulo: representa o valor numérico ou a intensi-
dade da grandeza;
O termo dígito deve ser elevado à potência nor-
malmente, e o expoente de 10 deve ser multiplicado
Direção: É determinada pela reta suporte que
pela potência da expressão.
sustenta o vetor
(5,26 x 103)2 = Sentido: determinam a orientação da grandeza.
5,262 x 10(3 x 2)= Abaixo temos a representação de uma grandeza
27,6 x 106 = vetorial qualquer e as suas características, veja:
2,76 x 107

Radiciação

Para obter a raiz de um número em notação


científica, esse valor deve ser primeiro transformado
em uma forma na qual seu expoente seja exatamen-
te divisível pela raiz. Assim, para a raiz quadrada, por
exemplo, o expoente de 10 deve ser divisível por 2.
Deve-se calcular a raiz do termo dígito normalmente
2 e dividir o expoente pela raiz:

Para representar um vetor pegamos uma letra


qualquer e sobre ela colocamos uma seta, assim
como mostra a figura abaixo:
6 x 103

Grandezas

Grandezas físicas são aquelas grandezas que po- Existem duas maneiras de representação do mó-
dem ser medidas, ou seja, que descrevem qualitativa- dulo de um vetor. Uma delas consiste em ter apenas
mente e quantitativamente as relações entre as pro- a letra que representa o vetor, sem a seta em cima
priedades observadas no estudo dos fenômenos físicos. dele. A outra forma consiste na letra que representa
Em Física, elas podem ser vetoriais ou escalares, o vetor, juntamente com a seta sobre ele, e entre os
como, por exemplo, o tempo, a massa de um cor- sinais matemáticos que representam o módulo.
po, comprimento, velocidade, aceleração, força, e
muitas outras. Grandeza escalar é aquela que pre-
cisa somente de um valor numérico e uma unidade
para determinar uma grandeza física, um exemplo
é a massa de um corpo. Grandezas como massa, Referências
comprimento e tempo são exemplos de grandeza
escalar. Já as grandezas vetoriais necessitam, para
KOTZ, John, TREICHEL, Paul, WEAVER, Gabriela.
sua perfeita caracterização, de uma representação
Química Geral e Reações Químicas. São Paulo: Cen-
mais precisa. Assim sendo, elas necessitam, além do
gage Learning, 2009.
valor numérico, que mostra a intensidade, de uma
CALÇADA, Sérgio Caio, SAMPAIO, José Luiz. Física
representação espacial que determine a direção e o
volume único. Atual: São Paulo, 2005.
sentido. Aceleração, velocidade e força são exem-
Cardoso, Mayara Lopes
plos de grandezas vetoriais.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

• O MOVIMENTO, O EQUILÍBRIO E A DESCOBERTA DE LEIS FÍSICAS – GRANDEZAS FUN-


DAMENTAIS DA MECÂNICA: TEMPO, ESPAÇO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO. RELAÇÃO HIS-
TÓRICA ENTRE FORÇA E MOVIMENTO. DESCRIÇÕES DO MOVIMENTO E SUA INTERPRE-
TAÇÃO: QUANTIFICAÇÃO DO MOVIMENTO E SUA DESCRIÇÃO MATEMÁTICA E GRÁFICA.
CASOS ESPECIAIS DE MOVIMENTOS E SUAS REGULARIDADES OBSERVÁVEIS. CONCEITO
DE INÉRCIA. NOÇÃO DE SISTEMAS DE REFERÊNCIA INERCIAIS E NÃO INERCIAIS. NOÇÃO
DINÂMICA DE MASSA E QUANTID DE DE MOVIMENTO (MOMENTO LINEAR). FORÇA E
VARIAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO. LEIS DE NEWTON. CENTRO DE MASSA E
A IDEIA DE PONTO MATERIAL. CONCEITO DE FORÇAS EXTERNAS E INTERNAS. LEI DA
CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO (MOMENTO LINEAR) E TEOREMA DO
IMPULSO. MOMENTO DE UMA FORÇA (TORQUE). CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO
DE PONTO MATERIAL E DE CORPOS RÍGIDOS. FORÇA DE ATRITO, FORÇA PESO, FORÇA
NORMAL DE CONTATO E TRAÇÃO. DIAGRAMAS DE FORÇAS. IDENTIFICAÇÃO DAS FOR-
ÇAS QUE ATUAM NOS MOVIMENTOS CIRCULARES. NOÇÃO DE FORÇA CENTRÍPETA E SUA
QUANTIFICAÇÃO. A HIDROSTÁTICA: ASPECTOS HISTÓRICOS E VARIÁVEIS RELEVANTES.
EMPUXO. PRINCÍPIOS DE PASCAL, ARQUIMEDES E STEVIN: CONDIÇÕES DE FLUTUAÇÃO,
RELAÇÃO ENTRE DIFERENÇA DE NÍVEL E PRESSÃO HIDROSTÁTICA.

Grandezas Escalares e Vetoriais lados, por exemplo). Dizer que um objeto está a 200
metros é necessário, porém não é suficiente. A dis-

A
Física é lida com um amplo conjunto de tância (200 metros) é o que denominamos, em Física,
grandezas. Dentro dessa gama enorme de módulo da grandeza. Para localizar o objeto, é pre-
grandezas existem algumas, cuja caracte- ciso especificar também a direção e o sentido em
rização completa requer tão somente um número que ele se encontra. Isto é, para encontrar alguém a
seguido de uma unidade de medida. Tais grandezas 200 metros, precisamos abrir os dois braços indicando
são chamadas grandezas escalares. Exemplos des- a direção e depois fechar um deles especificando o
sas grandezas são a massa e a temperatura. Uma vez sentido. Na vida cotidiana, fazemos os dois passos ao
especificado que a massa é 1kg ou a temperatura é mesmo tempo, economizando abrir os dois braços.
Resumindo: Uma grandeza vetorial é tal que sua
32ºC, não precisamos de mais nada para caracteri-
caracterização completa requer um conjunto de três
zá-las.
atributos: o módulo, a direção e o sentido.
Existem outras grandezas que requerem três atri-
butos para a sua completa especificação como, por
Direção: é aquilo que existe de comum num feixe
exemplo, a posição de um objeto. Não basta dizer de retas paralelas.
que o objeto está a 200 metros. Se você disser que
está a 200 metros existem muitas possíveis localiza- Sentido: podemos percorrer uma direção em dois
ções desse objeto (para cima, para baixo, para os sentidos.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Composição de Forças Colineares

sentido

Portanto, para cada direção existem dois senti-


dos. Além da posição, a velocidade, a aceleração
e a força são, por exemplo, grandezas vetoriais rele-
vantes na Mecânica. Figura 1: Mesa de Forças.
Através de atividades realizadas numa mesa de
forças, identificaremos e determinaremos a equili-
brante de um sistema de duas forças colineares ou
não-colineares e calcular a resultante de duas forças
utilizando método algébrico e geométrico. Compro-
var o efeito de mudança de ângulo no módulo da
força resultante. Forças são definidas como grande-
zas vetoriais em Física. Com efeito, uma força tem
módulo, direção e sentido e obedecem as leis de
soma, subtração e multiplicação vetoriais da Álge-
bra. Este é um conceito de extrema valia, pois co- Figura 2: Mesa de forças e suporte
mumente o movimento ou comportamento de um para dinamômetro.
corpo pode ser estudado em função da somatória
vetorial das forças atuantes sobre ele, e não de cada Procedimento e Discussão
uma individualmente. Por outro lado, uma determi-
4 nada força pode também ser decomposta em sub- Determinou-se o peso F1 do um conjunto de mas-
vetores, segundo as regras da Álgebra, de modo a sa m formado por um gancho lastro mais duas mas-
melhor analisar determinado comportamento. sas acopláveis.
Advém da compreensão da força como uma F1 = 1,154 N
grandeza vetorial a definição da Primeira Lei de
Newton. Esta lei postula que: Uma roldana foi afixada na posição 0o da mesa
Considerando um corpo no qual não atue ne- de forças, e o conjunto de massa m, através do cor-
nhuma força resultante, este corpo manterá seu es- dão, foi passado por ela e afixado no anel central.
tado de movimento: um corpo em repouso tende a Ver Figura 3.
permanecer em repouso, e um corpo em movimento
tende a permanecer em movimento, até que uma
força atue sobre ele. Assim, pode-se de fato aplicar
várias forças a um corpo, mas se a resultante veto-
rial destas for nula, o corpo agirá como se nenhuma
força estivesse sendo aplicada a ele. Este é o estado
comum de “equilíbrio” da quase totalidade dos cor-
pos no cotidiano, já que sempre há, na proximida-
de da Terra, a força da gravidade ou peso atuando Figura 3: Vista superior da mesa de forças.
sobre todos os corpos. Um livro deitado sobre uma A fim de conferir equilíbrio ao sistema, uma
mesa está na verdade sofrendo a ação de pelo me- segunda força Fe, denominada equilibrante, será
nos duas forças, que se equilibram ou anulam e dão- aplicada segundo direção e sentido apropriados.
-lhe a aparência de estar parado. Os experimentos A fim de obter tal façanha, prendeu-se o conjunto
a seguir ajudarão a demonstrar o comportamento de suporte com o dinamômetro na ponta oposta da
algébrico e geométrico de duas forças. A discussão, massa m, de modo que o anel central que prende os
quando apropriado, far-se-á intercalada à descrição ganchos com fios ficasse centrado no pino existente
dos experimentos. no meio do disco de forças. Alinhou-se a altura do
dinamômetro com a altura da mesa de forças, de

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

modo a que os fios de ligação ficassem paralelos à mente o que ocorreu na adição de um peso de 0,5N
mesa, mas que não a tocassem, evitando assim for- ao conjunto de massa m no experimento acima. Um
ças de atrito indesejáveis. Batendo com o dedo le- vetor força peso de módulo 0,5N, de mesmo sentido
vemente sobre a mesa e sobre a capa de proteção e direção que o vetor peso anterior de 1,154N foi a
do dinamômetro, tensões foram aliviadas enquanto ele somado. Graficamente, isso pode ser representa-
movia-se o conjunto do dinamômetro, mantendo o do conforme observado na Figura 5.
anel centrado no meio da mesa. Ver novamente a
Figura 3.
Criou-se, assim, um sistema de duas forças de
mesma direção, mesmo módulo e sentidos opos-
tos, que equilibraram o conjunto de massa m numa
ponta. Uma das forças é a força peso exercida pelo
conjunto de massa, e a outra força é exercida pelo
dinamômetro. Fazendo a leitura do dinamômetro,
obteve-se o valor: Fe = 1,18 N
Este valor é muito próximo da força F1 anterior-
mente medida do conjunto de massa, que foi de
1,154N. Imprecisões do dinamômetro e influência de
forças de atrito e inércia rotacional da roldana e fio
resultam na diferença encontrada, uma vez que a Figura 5: Soma e subtração de vetores força.
teoria prevê valores idênticos. Entretanto, o fato de  
que o sistema não se movimenta indica a existência Em I, os vetores F1 e F2 são somados, posicionan-
do equilíbrio, independente dos valores lidos no di- do-se a origem do vetor F2 coincidente com a extre-
namômetro. Veja Figura 4 para uma ilustração das midade do vetor F1. O vetor resultante então é traça-
do da origem de F1 à extremidade de F2, conforme
forças atuantes.
as regras geométricas da somatória vetorial. Na sub-
tração, em II, F2 é subtraído de F1, posicionando-se
pois a origem de F2 na extremidade de F1 e traçan-
do-se então o vetor resultante da origem de F1 à ex- 5
tremidade de F2. Observar que F2 em II é o mesmo
vetor F2 em I, porém de sentido oposto. A resultante é
portanto menor. Tomando-se F1 e F2 de mesmo mó-
dulo, no segundo exemplo, é óbvio que a resultante
seria zero, conforme demonstrou-se no experimento.
Figura 4: Forças em equilíbrio.
 
 
Composição de Forças Ortogonais
Se o sistema está em equilíbrio e não apresenta
movimento, conclui-se que nenhuma força resul-
Procedimento e Discussão
tante deverá estar agindo sobre ele. Assim, a força
equilibrante Fe anula completamente a força peso F1. Tomou-se dois conjuntos de massa com pesos F1
Acrescentando outra massa de peso 0,5N ao conjun- e F2, medidos com o dinamômetro, conforme abaixo:
to de massa m, novamente movimentou-se o dina- F1 = 0,66N
mômetro de modo a posicionar o anel no centro da F2 = 0,66N
mesa de forças. Fez-se nova leitura então do dina-  
mômetro, que representa a força equilibrante Fe. Montou-se esses pesos na mesa de forças confor-
Fe = 1,68 N me a Figura 6.
Conclui-se que esse peso de 0,5N foi somado em
módulo à força Fe, que apresentou um aumento de
precisos 0,5N. É lícito então afirmar que duas forças
colineares de sentidos opostos se subtraem. No ex-
perimento acima, como os módulos eram idênticos,
o resultado foi um vetor zero. Da mesma maneira, é
possível afirmar que o vetor força resultante de duas
ou mais forças colineares de mesmos sentidos é a so- Figura 6: Vista superior.
matória dos módulos de cada vetor força. É precisa-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O dinamômetro foi movimentado até que o anel a mesma origem). Este menor ângulo é o suplemento
ficasse centrado no pino da mesa de forças. Inicial- do maior ângulo formado se se posicionar a origem
mente escolheu-se um ângulo qualquer entre F1 e F2 de um vetor na extremidade de outro. Como cos(180-
e fez-se uma leitura no dinamômetro. À medida em -a ) = -cos(a ), o sinal do termo 2F1F2cosa é positivo,
que o ângulo entre estas forças foi sendo ajustado ao invés do esperado negativo da Lei dos Cossenos.
de modo a aumentar, percebeu-se que o dinamô- Ver Figura 8.
metro tendia a indicar forças menores. Chegou-se a
um ângulo de 180o entre as forças, e o dinamômetro
indicou zero. Isso é consistente com a regra de soma
vetorial. Vejamos a Figura 7.

Figura 8: Representação geométrica da


Lei dos Cossenos adaptada.
Figura 7: Vetores em 90 graus.
Determinou-se então algebricamente o ângulo
O vetor resultante de F1 e F2, traçado com auxílio necessário para estabelecer equilíbrio entre as for-
de um paralelogramo conforme indicado na figura, ças. Tomando F3 = F2 = F1 = F, vem:
tem mesmo módulo, direção e sentido oposto ao ve-
tor Fe, que é o valor indicado no dinamômetro. Ao
aumentar o ângulo entre F1 e F2, este vetor resultan-
te vai diminuindo em módulo, conforme foi indicado
no dinamômetro. Se este ângulo chega a 180o , isso
significaria vetores colineares e de sentidos opostos.
Como têm o mesmo módulo, anular-se-iam mutua-
mente e o resultante seria zero.
6 Por outro lado, diminuindo-se o ângulo entre F1 e
F2 até chegar a 0o, a resultante seria a soma dos mó-
dulos de ambos. Assim sendo, tomando a equação
A fim de comprovar este valor experimentalmen-
vetorial:
te, tomou-se dois pesos F de módulos iguais, 0,66N, e
Fr = F1 + F2
montou-se todo o conjunto sobre a mesa de forças
de modo que o ângulo entre todas as forças fosse de
Fratinge valor máximo quando o ângulo entre os
120o. Ver Figura 9.
vetores F1 e F2 for de 0o, sendo F1 e F2 de mesmo sen-
tido. Fr atinge seu valor mínimo, ou zero, quando o
ângulo é 180o, sendo assim de sentidos opostos.

Forças Concorrentes Quaisquer


 
Procedimento e Discussão

O objetivo deste experimento é determinar o ân- Figura 9: Sistema em equilíbrio de forças


gulo a entre duas forças F1e F2, de mesmo módulo, de de módulos iguais.
modo que uma terceira força F3 de módulo igual às  
anteriores equilibre o sistema. Usando a Lei dos Cos- Obteve para a leitura do dinamômetro o valor da
senos adaptada para o formato abaixo: força equilibrante Fe.
Fe = 0,65N
Usando-se a Lei dos Cossenos, calculou-se o va-
lor teórico a ser obtido no sistema para o módulo da
força Fe. Assim,
É possível determinar algebricamente este
ângulo. Esta é uma equação modificada da Lei dos
Cossenos, pois considera o menor ângulo formado
pelos vetores (que são posicionados de forma a terem

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Vetores – Movimento Curvilíneo

Para que se determine uma grandeza escalar, é


necessário determinar um valor para todos os proble-
mas que se deseja medir. Por exemplo: dizemos que
a área coberta de uma casa é de 300 m², ou que
Comparando-se este valor com o achado expe-
uma criança tem uma febre de 38ºC. Podemos en-
rimentalmente, vem:
tão entender que todos as grandezas, ficam mais fá-
ceis de se visualizar quando se estipula apenas o seu
valor, denominada de grandezas escalares. A gran-
deza vetorial, só é determinada quando se conhece
o seu módulo, a sua direção e o seu sentido. Pode-
mos considerar como grandeza vetorial, a velocida-
Um erro consideravelmente baixo, levando em
de, a força, onde deveremos especificar o seu mó-
conta que desconsiderou-se para efeito de cálculo
dulo (intensidade) e direção (horizontal ou vertical)
influência do atrito das roldanas, inércia rotacional
e seu sentido (para cima, para baixo, para esquerda
das mesmas e erros de leitura e precisão do dinamô-
ou para a direita).
metro. De fato, pois, o ângulo de 120o é o indicado
As grandezas escalares, se adicionam segundo
para equilibrar três forças de iguais módulos e mesma
especificações da álgebra, porém para se operar as
origem.
grandezas vetoriais, usaremos recursos diferentes. De
acordo com a figura abaixo, podemos concluir con-
A equação pode forme o autor, com relação as grandezas vetoriais,
portanto ser usada para calcular o módulo da força que:
resultante de quaisquer forças coplanares, sabendo-
-se o menor ângulo entre elas e tendo a origem dos
vetores num ponto comum.

  Considerando um deslocamento de A para B,


em seguida de B para C, seu efeito final é levar o
Os experimentos realizados puderam demonstrar carro de A para C. Consideramos então, que o vetor
as fórmulas e teorias algébricas da composição e c é a soma ou resultante dos vetores a e b. Esta é a
decomposição de vetores, ou seja, a soma vetorial forma de adicionar dois deslocamentos para qual-
e a resultante de vetores. Foi possível experimentar quer grandeza vetorial. Concluímos então conforme
várias configurações diferentes de pesos e ângulos o autor que, “para encontrar a resultante, c, de dois
e observar de imediato as alterações e influência, vetores a e b traçamos o vetor b de modo que sua
registradas no dinamômetro. O experimento com origem coincida com a extremidade do vetor a com
forças concorrentes foi de especial valia, pois com a extremidade do vetor b, obtendo a resultante c.
ele podia-se vislumbrar o efeito na resultante do ân- Regra do Paralelogramo – Para se determinar o
gulo formado pelas forças e serviu de comprovação paralelogramo, é necessário fazer com que a resul-
irrefutável do ângulo fixo e constante que equilibra tante c seja dada pela diagonal deste paralelogra-
três forças de mesmo módulo e origem. Esta é uma mo que parte da origem comum dos dois vetores,
configuração comum e importante em geradores de sendo denominado tal processo de regra do para-
corrente alternada trifásicos, obtendo-se aproxima- lelogramo. Resultante de vários vetores – Utilizaremos
damente 380 Volts de três fases de 110 V em ângulos o mesmo processo para o resultante de dois vetores,
de 120o. porém a sua resultante deverá ser capaz de substituir
os deslocamentos sucessivos combinados, que una
a sua origem do primeiro vetor com a extremidade
do último. Para que se determine os componentes de

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

um vetor, é necessário saber que: o componente de ria de sentido tentar medir uma quantidade de uma
um vetor, segundo uma direção, é a projeção (orto- grandeza com uma unidade de outra grandeza. Nin-
gonal) do vetor naquela direção ao determinarmos guém, mesmo que esteja louco, pretenderá medir a
as componentes retangulares de um vetor v, encon- extensão de um terreno em quilogramas, ou o com-
tramos dois vetores, que em conjunto podem substi- primento de uma rua em litros. A Física não trabalha
tuir o vetor v. com números abstratos. O fundamental é medir e o
resultado da medição é um número e o nome da
Vetor Velocidade e Vetor Aceleração unidade que se empregou. Assim, pois, cada quanti-
dade fica expressa por uma parte numérica e outra
Vetor velocidade – Conforme esclarece o autor, literal. Exemplos: 10 km; 30 km/h; 8h. Opera-se com as
“a direção de v é tangente à trajetória no ponto que unidades como se fossem números; assim:
a partícula ocupa no instante considerado e o seu
ponto que a partícula ocupa no instante considera-
do e o seu sentido é o sentido do movimento da par-
tícula naquele instante”.
Aceleração centrípeta – É necessário que sua A Grandeza Tempo
velocidade permaneça constante, sendo um vetor
perpendicular à velocidade e dirigida para o centro Feche seus olhos por alguns instantes. Abra-os,
da trajetória, também sendo chamada de acelera- então, enquanto conta “um, dois, três”. Feche-os no-
ção normal. vamente. O que você notou enquanto seus olhos es-
Aceleração tangencial – É aquela onde possui tavam abertos ? Se você estiver numa sala comum,
vetores na mesma direção de v (tangente a trajetó- pouca coisa terá acontecido. Nada pareceu sofrer
ria), se caracterizando pela variação do módulo de modificação. Mas se você tivesse estado sentado
v. durante algumas horas, mantendo os olhos abertos,
Podemos concluir que: sempre que variar a dire- veria pessoas indo e vindo, movendo cadeiras, abrin-
ção do vetor velocidade de um corpo, este corpo do janelas. O que aconteceu na sala parece depen-
possuirá aceleração centrípeta. Sempre que variar o der do intervalo de tempo durante o qual você ob-
módulo do vetor velocidade de um corpo possuirá serva. Olhe durante um ano, e a planta em seu vaso
8 uma aceleração tangencial. há de crescer, florir e murchar. As medidas de tempo
As Ciências chamadas Exatas (a Física, a Quími- às quais nos referimos nesses exemplos dizem respei-
ca, a Astronomia, etc.) baseiam-se na “medição”, to à duração de um acontecimento e são indicadas
sendo esta sua característica fundamental. Em outras por um “intervalo de tempo”. Entretanto, também
Ciências, ao contrário, o principal é a descrição e a usamos medidas de tempo para definirmos quando
classificação. Assim, a Zoologia descreve e classifica se deu tal acontecimento e, nesse caso, estamos in-
os animais, estabelecendo categorias de separação dicando um “instante de tempo”.
Para medirmos intervalos de tempo podemos
entre os seres vivos existentes. Todos temos uma certa
usar apenas um cronômetro - ele é destravado, par-
noção do que é medir e o que é uma medida.
te do zero, e mede a extensão de um intervalo de
O dono de uma quitanda não pode realizar seus
tempo. Por outro lado, para medirmos instantes de
negócios se não mede; com uma balança mede a
tempo podem ser medidas com as mesmas unidades
quantidade de farinha ou de feijão pedida. Um lo-
e entre elas as mais comumente usadas são a hora, o
jista, com o metro, mede a quantidade de fazenda
minuto e o segundo. As relações entre estas três uni-
que lhe solicitaram. Em uma fábrica mede-se com o
dades são muito conhecidas, mas vamos mencioná-
relógio o tempo que os operários trabalham. Há di-
-las aqui:
ferentes coisas que podem ser medidas; o dono da
1 h = 60 min
quitanda mede “pesos”, o lojista “comprimentos”, a
1 min = 60 s
fábrica “tempos”. Também podem ser medidos volu-
1 h = 3600 s
mes, áreas, temperaturas, etc. Tudo aquilo que pode
ser medido chama-se “grandeza”, assim, o peso, o As Grandezas Comprimento, Área e Volume
comprimento, o tempo, o volume, a área, a tempe-
ratura, são “grandezas”. Ao contrário, visto que não Comprimento
podem ser medidas, não são grandezas a Verdade
ou a Alegria. A unidade de comprimento é o metro (m), o qual
Medir é comprar uma quantidade de uma gran- pode ser dividido em 100 centímetros (cm) ou 1000
deza qualquer com outra quantidade da mesma milímetros (mm). O múltiplo do metro mais usado é o
grandeza que se escolhe como “unidade”. Carece- quilômetro (km), que vale 1000 m.

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deste objeto é de 1 kg. Dentro do possível, fêz-se que


a massa deste padrão fosse igual à massa de 1 litro
de água destilada a 150 C. Os submúltiplos mais co-
muns do quilograma são a grama (g) e a miligrama
(mg), sendo 1 kg = 1000 g e 1g = 1000 mg.

Área: A unidade de área é o metro-quadrado Forças e suas Características


(m2). Muitas vezes se faz confusão nas medidas de
área, pois um quadrado com 10 unidades de com- A ideia de força é bastante relacionada com a
primento de lado contém 10 x 10 = 100 unidades de experiência diária de qualquer pessoa: sempre que
área. Assim 1cm = 10mm, entretanto, 1cm2 = 100mm2, puxamos ou empurramos um objeto, dizemos que
o que explica ao examinarmos a figura 8. Da mesma estamos fazendo uma força sobre ele. É possível en-
forma: contrar forças que se manifestam sem que haja con-
1 m2 = 1m x 1m = 100cm x 100cm = 10000 cm2 tato entre os corpos que interagem. Por exemplo: um
1 m2 = 1000mm x 1000mm = 1.000.000 mm2 imã exerce uma força magnética de atração sobre
um prego mesmo que haja certa distância entre
eles; um pente eletrizado exerce uma força elétrica
Volume: A unidade é o metro cúbico (m3). De for-
de atração sobre os cabelos de uma pessoa sem ne-
ma análoga à área, podemos provar que um cubo
cessidade de entrar em contato com eles; de forma
com 10 unidades de comprimento contém 10 x 10 x semelhante a Terra atrai os objetos próximos à sua
10 = 1000 unidades de volume. superfície, mesmo que eles não estejam em contato
com ela.

Intensidade, Direção e Sentido de uma Força

Imagine que uma pessoa lhe informe que exer-


ceu sobre uma mola seu esforço muscular, defor-
mando-a. Apenas com essa informação, você não
pode fazer idéia de como foi essa deformação, pois 9
o esforço pode Ter sido feito inclinadamente, verti-
calmente ou horizontalmente. Se ela acrescentasse
que o esforço foi feito na vertical, ainda assim voc6e
Obtém-se assim que: 1m3 = 1m X 1m X 1m = 100cm
poderia ficar na dúvida se o esforço foi dirigido para
X 100cm X 100cm = 1.000.000 cm3.Uma unidade muito
baixo ou para cima. Assim você só pode ter uma
usual de volume é o litro (l), definido como o volume idéia completa da força se a pessoa lhe fornecer as
de um cubo com 10 cm de lado. A milésima parte de seguintes informações:
um litro é o mililitro (ml). A maioria das garrafas tem - intensidade ou módulo da força
seu volume, escrito no rótulo, e gravado no fundo das - direção da força
garrafas, expresso em mililitros (ml). Também estão - sentido da força
expressos em ml os volumes de vidros de remédios, Sendo fornecidas essas características, módulo,
mamadeiras, frascos de soro hospitalar, etc. direção e sentido, a força fica completamente co-
nhecida. A força faz parte de um conjunto de gran-
A Grandeza Massa dezas da física, tais como a velocidade e a acelera-
ção, por exemplo, denominadas grandezas vetoriais,
O sistema métrico decimal foi criado pela Revolu- que só ficam determinadas quando essas caracterís-
ção Francesa, que com isso tentou uma renovação ticas são indicadas.
 
não apenas na vida social, mas também nas Ciên-
Medida de uma Força
cias. Originalmente se definiu como unidade de mas-
 
sa, a massa de um litro de água a 150 C. Essa massa
Quando vamos medir uma grandeza, precisamos
foi chamada de um quilograma (1 kg). Mais tarde escolher uma unidade para realizar a medida. No
percebeu-se o inconveniente desta definição, pois caso da força, uma unidade muito usada na prática
o volume da água varia com a pureza da mesma. diária é 1 quilograma-força, que se representa pelo
Passou-se, então, a adotar como padrão de massa símbolo 1 Kgf. Esta unidade é o peso de um objeto,
um certo objeto chamado “padrão internacional de denominado quilograma-padrão, que é guardado
massa”. Tal padrão é conservado no Museu Interna- na Repartição Internacional de Pesos e Medidas, em
cional de Pesos e Medidas, em Sèvres, Paris. A massa Paris, na França. Obs.: 1 quilograma-força (1Kgf) é

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a força com que a Terra atrai o quilograma-padrão sobre um corpo, muitas vezes temos necessidade de
(isto é, o seu peso) ao nível do mar e a 45º de latitude. substituí-las por uma força única, capaz de produzir o
O Kgf não é a unidade de força do SI, a unidade mesmo efeito que elas, em conjunto, produzem. Esta
de força nesse sistema é denominada 1newton = 1N, força única é denominada resultante das forças con-
em homenagem a Issac Newton. A relação entre es- sideradas.
sas duas unidades é: 1Kgf = 9,8N
Portanto, a força de 1N é aproximadamente As forças têm a mesma direção e o mesmo sen-
igual a 0,1Kgf (praticamente igual à força que a Terra tido
exerce sobre um pacote de 100g).
Esta é a situação mostrada na figura 1. Neste
Inércia caso, a experiência mostra que a resultante R, do sis-
tema, tem a mesma direção e o mesmo sentido das
Várias experiências do nosso cotidiano compro- componentes (F e S) e seu módulo é dado por R = F +
vam as afirmações de Galileu. Assim, temos: S (soma dos módulo das componentes).
- se um corpo está em repouso, ele tende a conti-
nuar em repouso. Se uma pessoa estiver em repouso
sobre um cavalo, e este partir repentinamente, ela
tende a permanecer onde estava.  
- se um corpo está em movimento, ele tende a
continuar em movimento retilíneo uniforme. As forças têm a mesma direção e sentidos con-
trários
O garoto em movimento, junto com o skate,  
continua a se mover quando o skate pára repenti- Neste caso, a resultante R tem a mesma direção
namente. Esses exemplos, e vários outros que nós já das componentes (F e S), mas seu sentido é aquele
devemos ter observado, mostram que os corpos têm da força de maior módulo. O módulo de R é dado
a tendência de permanecer como estão: continuar por R = F – S (diferença entre os módulos das compo-
em repouso, quando estão em repouso, e continuar nentes).
10 em movimento, quando estão se movendo. Esta pro-
priedade dos corpos de se comportarem dessa ma-
neira é denominada inércia. Então:
- por inércia, um corpo em repouso tende a ficar
em repouso
- por inércia, um corpo em movimento tende a
As forças não têm a mesma direção
ficar em movimento
Suponha que duas forças, F e S, de direções dife-
Vários anos mais tarde, após Galileu ter estabele- rentes, estejam atuando sobre uma pequena esfera,
cido o conceito de inércia, Issac Newton, ao formular formando entre elas um certo ângulo, como mostra
as leis básicas da mecânica, conhecidas como “as a figura 3. Realizando experiências cuidadosas, os fí-
três leis de Newton”, concordou com as conclusões sicos chegaram à conclusão de que a resultante R
de Galileu e usou-as no enuciado de sua primeira lei: destas forças deve ser determinada da seguinte ma-
“Na ausência de forças, um corpo em repouso neira, conhecida como a regra do paralelogramo:
continua em repouso, e um corpo em movimento da extremidade da força F traça-se uma paralela à
continua em movimento em linha reta e com veloci- força S e, da extremidade da força S, traça-se uma
dade constante.” paralela à força F. Assim, estará construindo um para-
 Logo, tanto Galileu quanto Newton perceberam lelogramo, que tem F e S como lados. A resultante é
que um corpo pode estar em movimento sem que dada, em módulo, direção e sentido, pela diagonal
nenhuma força atue sobre ele. Observe que, quando do paralelogramo, que tem sua origem no ponto de
isto ocorre, o movimento é retilíneo uniforme. aplicação das duas forças, como mostra a figura.
 
Resultante de duas Forças
 
Considere a situação mostrada na figura 1, na
qual duas pessoas exercem sobre um bloco as forças
F e S mostradas. Quando duas ou mais forças atuam

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a) 2 = 100
b) 69= 102
c) 0,3= 10-1
d) 0,7= 100
e) 3 x 10-4= 10-4
f) 4 x 103 =104
g) 8 x 105 = 106
h) 9 x 107 = 108
 
Forças em equilíbrio Exemplo 3 – Qual a ordem de grandeza do núme-
ro de segundos existentes em um século.
Na figura mostramos uma esfera de peso P sendo solução: 1 hora = 60 x 60 = 3600 s
sustentada por uma pessoa que exerce sobre a esfe- 1 dia = 24 x 3600 = 86.400 = 8,64 x 104 s
ra uma força F. Suponha que o módulo de F seja tal 1 ano = 365 x 8,64 x 104 = 3,1436 x 107 s
que F = P. Temos assim, atuando sobre a esfera, duas 1 século = 100 x 3,1536 x 107 = 109 s
forças de mesmo módulo, mesma direção e senti-
Obs: A razão do uso de (10)1/2 para acrescentar
dos contrários. Pelo que vimos anteriormente, é claro
ou não uma unidade ao expoente decorre do fato
que a resultante das forças que atuam na esfera é
de se ter uma operação exponencial. O valor médio,
nula, isto é, R = 0. Esta situação é, então, equivalente
que é diferente da média aritmética ao se passar de
àquela em que nenhuma força atua sobre a esfera.
um expoente 100para outro 101, é 101/2 = 3,16...
Podemos, pois, concluir, pela primeira lei de Newton,
que a esfera estará em repouso ou em movimento Algarismos Significativos e Erros
retilíneo uniforme. Quando isto ocorre, dizemos que a
esfera está em equilíbrio. Quando realizamos uma medida precisamos es-
tabelecer a confiança que o valor encontrado para
a medida representa. Medir é um ato de comparar e
esta comparação envolve erros dos instrumentos, do
operador, do processo de medida e outros. Podemos
ter erros sistemáticos que ocorrem quando há falhas
11
no método empregado, defeito dos instrumentos,
etc... e erros acidentais que ocorrem quando há im-
perícia do operador, erro de leitura em uma escala,
A ordem de grandeza de um número é a potên- erro que se comete na avaliação da menor divisão
cia de dez mais próxima deste número. Ordem de da escala utilizada etc...
grandeza é uma forma de avaliação rápida, do in- Em qualquer situação deve-se adotar um valor
tervalo de valores em que o resultado deverá ser es- que melhor represente a grandeza e uma margem
perado. Para se determinar com facilidade a ordem de erro dentro da qual deve estar compreendido o
de grandeza, deve-se escrever o número em nota- valor real. Vamos aprender como determinar esse
ção científica (isto é, na forma de produto N.10n) e valor e o seu respectivo desvio ou erro.
verificar se N é maior ou menor que (10)1/2.
Valor Médio - Desvio Médio
a) se N > 3,16 , a ordem de grandeza do número
é 10n+1. Quando você realiza uma medida e vai estimar
b) se N < 3,16, a ordem de grandeza do número o valor situado entre as duas menores divisões do seu
aparelho de medida, você pode obter diferentes va-
é 10n.
lores para uma mesma medida. Como exemplo, va-
mos medir o espaço (S) percorrido pelo PUCK utilizan-
onde (10)1/2 = 3,16
do uma régua milimetrada (a menor divisão é 1 mm).
Exemplo 1 - Se formos medir a massa de um ho-
mem, é razoável esperarmos que a massa se encon-
tre mais próximo de 100 (102) kg do que de 10 (101) kg
ou 1000 (103) kg.

Exemplo 2 – Dê a ordem de grandeza das medi- Medindo com uma


das abaixo. régua milimetrada o espaço S.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Você observa que o valor de S ficou situado en- Erro ou Desvio Relativo
tre 5,80 e 5,90. Vamos supor que mentalmente você
tenha dividido esse intervalo em 10 partes iguais e fez Vamos supor que você tenha medido o espaço
cinco medidas obtendo os valores de S apresenta- compreendido entre dois pontos igual a 49,0 cm, sen-
dos na tabela 1. do que o valor verdadeiro era igual a 50,00 cm. Com
N SN (cm) (S) (cm) a mesma régua você mediu o espaço entre dois
pontos igual a 9,00 cm, sendo que o valor verdadeiro
1 5,82 0,01
era igual a 10,00 cm. Os erros absolutos cometidos
2 5,83 0,00 nas duas medidas foram iguais:
3 5,85 0,02 absoluto 1
S= | 50,00 - 49,00 | = 1,00 cm
4 5,81 0,02 absoluto 2
S = | 10,00 - 9,00 | = 1,00 cm

5 5,86 0,03 Apesar de os erros ou desvios absolutos serem


N=5 SN = 29,17 = 0,08 iguais, você observa que a medida 1 apresenta erro
N
menor que a medida 2. Neste caso o erro ou desvio
Valores obtidos para S e os respectivos desvios relativo é a razão entre o desvio absoluto e o valor
(S). verdadeiro.
Desvio relativo = desvio absoluto / valor verdadei-
De acordo com o postulado de Gauss: ro.
“O valor mais provável que uma série de medidas Exemplo:
de igual confiança nos permite atribuir a uma gran- relativo1
S= 1 cm / 50 cm = 0,02
deza é a média aritmética dos valores individuais da relativo2
S= 1 cm / 10 cm = 0,1
série”. Fazendo a média aritmética dos valores en-
contrados temos o valor médio, ou seja, o valor mais Isso nos mostra que a medida 1 apresenta erro
provável de S como sendo: 5 vezes menor que a medida 2. Os desvios relativos
Valor médio de S = (5,82 + 5,83 + 5,85 + 5,81 + 5,86) são geralmente representados em porcentagem,
/ 5 = 5,83 cm. bastando multiplicar por 100 os desvios relativos en-
contrados anteriormente, obtendo:
12 O erro absoluto ou desvio absoluto ( A) de uma S=2%
relativo1
medida é calculado como sendo a diferença entre relativo2
S = 10 %
valor experimental ou medido e o valor adotado que
no caso é o valor médio: A = valor adotado - valor Concluímos que o erro ou desvio relativo de uma
experimental medida de qualquer grandeza é um número puro,
independente da unidade utilizada. Os erros relativos
Calculando os desvios, obtemos: são de importância fundamental em tecnologia.
1
= | 5,83 - 5,82 | = 0,01
2
= | 5,83 - 5,83 | = 0,00 Propagação de Erros
3
= | 5,83 - 5,85 | = 0,02
4
= | 5,83 - 5,81 | = 0,02 Para obtermos a densidade de um corpo temos
5
= | 5,83 - 5,86 | = 0,03 que medir a massa do corpo e o volume. A densi-
dade é obtida indiretamente pelo quociente entre a
O desvio médio de S será dado pela média arit- massa e o volume: d = m / V
mética dos desvios: Como as grandezas medidas, massa e volume,
médio
S = (0.01 + 0,00 + 0,02 + 0,02 + 0,03) / 5 = 0,02 são afetadas por desvios, a grandeza densidade
também será. Para a determinação dos desvios cor-
O valor medido de S mais provável, portanto, será respondentes às grandezas que são obtidas indireta-
dado como: S = Smédio ± médioS mente, deve-se investigar como os desvios se propa-
S = 5,83 ± 0,02 gam através das operações aritméticas:

Quando é realizada uma única medida, você Soma e Subtração


considera desvio a metade da menor divisão do
aparelho de medida. No caso da régua esse desvio Na soma e subtração os desvios se somam, ide-
é 0,05 cm. Uma única medida seria representada pendentemente do sinal.
como: S = S1 + S2 + S3 + ... + Sn
S = 5.81 ± 0,05 cm

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Vamos provar para dois desvios que por indução fica provado para n desvios.
Considerando as medidas S1 ± S1 e S2 ± S2, fazemos a soma:
S1 ± S1 + S2 ± S2 = (S1 +S2 ) ± ( S1 + S2 )

Portanto na soma, os desvios se somam.

Multiplicação e Divisão

Na multiplicação e divisão os desvios relativos se somam.


S / S = S 1 / S1 + S2 / S2 + S3 / S3 + ... + Sn / Sn

Provando novamente para dois desvios ficará provado para n desvios.


Fazendo a multiplicação:
(S1 ± S1 ). (S2 ± S2 )= S1 S2 ± S1 S2 ± S2 S1 ± S1 S2

Desprezando-se a parcela S1 S2 (que é um número muito pequeno) e colocando S1 S2 em evidência,


obtemos:
(S1 ± S1 ). (S2 ± S2 )= S1 S2 ± ( S1 / S1 + S2 / S2)

Portanto na multiplicação, os desvios relativos se somam.

Algarismos Significativos

Quando você realizou as medidas com a régua milimetrada do espaço S, você colocou duas casas
decimais. é correto o que você fez? Sim, porque você considerou os algarismos significativos. O que são os
algarismos significativos? Quando você mediu o valor de S = 5,81 cm com a régua milimetrada você teve
certeza sobre os algarismos 5 e 8, que são os algarismos corretos (divisões inteiras da régua), sendo o algaris-
mo 1 avaliado denominado duvidoso. Consideramos algarismos significativos de uma medida os algarismos
corretos mais o primeiro duvidoso. 13

Algarismos algarismos primeiro algarismo


significativos = corretos + duvidoso.

5,81 5,8 1

Sempre que apresentamos o resultado de uma medida, este será representado pelos algarismos signifi-
cativos. Veja que as duas medidas 5,81cm e 5,83m não são fundamentalmente diferentes, porque diferem
apenas no algarismo duvidoso.

Observação: Para as medidas de espaço obtidas a partir da trajetória do PUCK serão considerados ape-
nas os algarismos corretos: não há necessidade de considerar o algarismo duvidoso já que não estamos
calculando os desvios. Os zeros à esquerda não são considerados algarismos significativos com no exemplo:
0,000123 contém apenas três algarismos significativos.

Operações com Algarismos Significativos

Há regras para operar com algarismos significativos. Se estas regras não forem obedecidas você pode
obter resultados que podem conter algarismos que não são significativos.

Adição e Subtração

Vamos supor que você queira fazer a seguinte adição: 250,657 + 0,0648 + 53,6 =

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Para tal veja qual parcela apresenta o menor nú- A mecânica clássica é composta pelo conjunto
mero de algarismos significativos. No caso 53,6 que de duas disciplinas, a cinemática, que compreende
apresenta apenas uma casa decimal. Esta parcela ao estudo puramente descritivo do movimento, sem
será mantida e as demais serão aproximadas para consideração das suas causas e a dinâmica, que es-
uma casa decimal. Você tem que observar as regras tuda a conexão do movimento com suas causas. O
de arredondamento que resumidamente são: Ao conjunto de disciplinas que abarca a mecânica con-
abandonarmos algarismos em um número, o último vencional é muito amplo e é possível agrupá-las em
algarismo mantido será acrescido de uma unidade quatro blocos principais:
se o primeiro algarismo abandonado for superior a 5;
quando o primeiro algarismo abandonado for infe-
Mecânica clássica Mecânica quântica
rior a 5, o último algarismo permanece invariável, e
quando o primeiro algarismo abandonado for exa- Mecânica Teoria quântica de
tamente igual a 5, é indiferente acrescentar ou não relativistica campos
uma unidade ao último algarismo mantido.
Veremos a explanação do assunto nos próximos
No nosso exemplo teremos as seguinte aproxima- tópicos.
ções:
250,657 250,6 CINEMÁTICA ESCALAR: CONCEITOS E
0,0648 0,1 PROPRIEDADES DA CINEMÁTICA, MOVIMENTO
E REPOUSO, REFERENCIAIS INERCIAIS E NÃO
Adicionando os números aproximados, teremos: INERCIAIS, PONTO MATERIAL, TRAJETÓRIA,
250,6 + 0,1 + 53,6 = 304,3 cm MOVIMENTOS RETILÍNEOS UNIFORME E
Na subtração, você faz o mesmo procedimento. UNIFORMEMENTE VARIADO, MOVIMENTO
VERTICAL E QUEDA LIVRE DOS CORPOS.
Multiplicação e Divisão
Conceito de Partícula
Vamos multiplicar 6,78 por 3,5 normalmente:
6,78 x 3,5 = 23,73
Em física, o termo partícula é utilizado para de-
14 signar elementos muito pequenos (a própria palavra
Aparece no produto algarismos que não são sig-
nificativos. A seguinte regra é adotada: deriva do latim particula que significa parte muito
Verificar qual o fator que apresenta o menor nú- pequena, corpo muito diminuto ou corpúsculo). Ge-
mero de algarismos significativos e apresentar no re- ralmente quando se fala de partícula está-se a falar
sultado apenas a quantidade de algarismo igual a de partículas subatômicas, isto é, partículas menores
deste fator, observando as regras de arredondamen- do que um átomo. Ao estudo das partículas é dada
to. a designação de física de partículas.
6,78 x 3,5 = 23,7
Cinemática Escalar e Vetorial da Partícula
Para a divisão o procedimento é análogo.
Sabemos que o universo e tudo o que ele con-
Observação: As regras para operar com algaris- tém está em movimento. Logo cedo aprendemos
mos significativos não são rígidas. Poderia ser manti- que a Terra está em movimento em torno de seu eixo
do perfeitamente um algarismo a mais no produto. (rotação) e também em movimento ao redor do Sol
Os dois resultados são aceitáveis: 6,78 x 3,5 = 23,73 ou
(translação). O Sol por sua vez está em movimento
6,78 x 3,5 = 23,7.
de translação em relação ao centro da Via-Láctea
e nossa galáxia também se desloca em relação às
Mecânica
outras galáxias. Deixando o macrocosmo à parte, o
É o ramo da física que compreende o estudo e nosso dia-a-dia também é marcado pelos movimen-
análise do movimento e repouso dos corpos, e sua tos e sua observação. Pássaros voando no céu, car-
evolução no tempo, seus deslocamentos, sob a ros trafegando, ventiladores girando, enfim, vivemos
ação de forças, e seus efeitos subsequentes sobre num mundo em movimento. Mas qual a diferença
seu ambiente. A disciplina tem suas raízes em diversas entre potente de um jogador de futebol numa bola
civilizações antigas. Durante a Idade Moderna, e o lançamento de uma bala de canhão? Como po-
cienistas tais como Galileu, Kepler, e especialmente deríamos comparar o corredor jamaicano Usain Bolt
Newton, lançaram as bases para o que é conhecido numa prova de 100m com a velocidade de um carro
como mecânica clássica. de Fórmula 1?

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Chamamos de Mecânica o ramo da Física que Perceba que nesse caso citado, a questão de
estuda os movimentos. Dentro da Mecânica, a res- você estar ou não em movimento depende do re-
ponsável pela classificação e comparação dos mo- ferencial adotado. Poderíamos utilizar o exemplo de
vimentos é a Cinemática. A Cinemática é a parte da um carro em movimento na estrada. O motorista nes-
Mecânica que estuda os movimentos sem levar em se caso está em movimento em relação a uma árvo-
consideração as suas causas. Essa parte da Física se re à beira da estrada, mas continua em repouso em
preocupa apenas com a descrição do movimento e relação ao carro já que acompanha o movimento
a determinação da posição, velocidade e acelera- do veículo. Nesse caso, podemos dizer também que
ção de um móvel num determinado instante. a árvore está em movimento em relação ao motoris-
ta e em repouso em relação à estrada. Isso nos leva a
Ponto Material: Um móvel pode ser uma partícu- propriedade simétrica: Se A está em movimento em
la, puntiforme como o elétron, ou um corpo que se relação a B, então B está em movimento em relação
move como uma partícula, isto é, todos os pontos se a A. E Se A está em repouso em relação a B, então B
deslocando na mesma direção e com a mesma velo- está em repouso em relação a A.
cidade. Um bloco deslizando sobre um escorregador Se a distância entre dois corpos for a mesma no
de playground pode ser tratado como uma partícu- decorrer do tempo, você pode dizer que um está pa-
la. Já um cata-vento em rotação não pode ter esse rado em relação ao outro? A resposta é não. Se na
mesmo tratamento na medida em os pontos de sua ponta de um barbante for amarrada uma pedra e
borda seguem em direções diferentes. Durante nosso alguém pegar a outra ponta do barbante e passar
estudo, trabalharemos com um móvel denominado a girar fazendo um movimento circular com a pe-
ponto material. Um ponto material é um corpo cujas dra, as posições sucessivas da pedra no espaço irão
dimensões são desprezíveis em relação às dimensões mudar em relação a outra ponta do barbante, mas
envolvidas no fenômeno em estudo. Por exemplo, o a distância continuará a mesma. Note então que o
tamanho da Terra em relação a sua órbita ao redor conceito de movimento implica em variação de po-
do Sol pode ser desprezado ao estudarmos seu movi- sição e não de distância. Um ponto material está em
mento de translação. Nesse caso, a Terra seria consi- movimento em relação a um certo referencial se a
sua posição no decorrer do tempo variar em relação
derada um ponto material. Um trem em uma ferrovia
a esse referencial.
pode ser considerado um ponto material. No entan- 15
to, o mesmo trem atravessando uma ponte cujo ta-
manho é semelhante ao do trem é considerado um
corpo extenso e não um ponto material. Isso porque
nesse caso o tamanho do trem não é desprezível em
relação ao tamanho da ponte. Porém, é importan-
te ressaltar que, apesar de o tamanho desses corpos
poder ser desprezado, o mesmo não deve ser feito
com suas massas.
Um ponto material está em repouso em relação
a um certo referencial se a sua posição não variar
Referencial: É impossível afirmarmos se um ponto
no decorrer do tempo em relação a esse referencial.
material está em movimento ou em repouso sem an-
tes adotarmos um outro corpo qualquer como refe-
rencial. Dessa forma, um ponto material estará em
movimento em relação a um dado referencial se
sua posição em relação a ele for variável. Da mesma
forma, se o ponto material permanecer com sua po-
sição inalterada em relação a um determinado refe-
rencial, então estará em repouso em relação a ele.
Tomemos como exemplo o caso de um elevador. Se
você entrar em um elevador no andar térreo de um Trajetória:Os rastros na neve deixados por um
edifício e subir até o décimo andar, durante o tempo esquiador mostram o caminho percorrido por ele
em que o elevador se deslocar você estará em movi- durante a descida de uma montanha. Se conside-
mento em relação ao edifício ao mesmo tempo em rarmos o esquiador como sendo um ponto material,
seu corpo estará em repouso em relação ao eleva- podemos dizer que a curva traçada na neve unindo
dor, pois entre o térreo e décimo andar sua posição suas sucessivas posições em relação a um dado refe-
será a mesma em relação a ele. rencial, recebe o nome de trajetória. O trilho de um

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

trem é um exemplo claro de trajetória. A bola chu- Podemos concluir que, “o movimento de um cor-
tada por um jogador de futebol ao bater uma falta po, visto por um observador, depende do referencial
pode seguir trajetórias diferentes, dependendo da no qual o observador está situado”. Para que o mo-
maneira que é chutada, às vezes indo reta no meio vimento seja relativo, é necessário apenas saber qual
do gol, outras vezes sendo colocadinha no ângulo é o ponto de referência, isto é, se afirmarmos que o
através de uma curva. sol gira em torno da terra, teremos que ter como re-
Repare que a trajetória de um ponto material ferencial a terra, caso contrário, se o referencial for o
também depende de um referencial. Isso quer dizer sol, o correto é afirmar que a terra gira em torno do
que um ponto material pode traçar uma trajetória sol. Tudo depende de onde o observador se localiza.
reta e outra curva ao mesmo tempo? Sim. Veja o
caso de uma caixa com ajuda humanitária sendo Movimento Retilíneo Uniforme
lançada de um avião (geralmente esse exemplo é
dado com bombas, mas somos pacíficos por aqui). Quando a velocidade permanece a mesma, isto
Para quem estiver no chão, olhando de longe, a tra- é, constante ao longo de uma trajetória podemos
jetória da caixa será um arco de parábola. Já para considerá-la como retilíneo uniforme. Podemos repre-
quem estiver dentro do avião, a trajetória será uma sentar a fórmula como sendo:
reta, isso porque o avião segue acompanhando a , onde: d é a distância percorrida
caixa. Na verdade, você irá entender isso melhor v é a velocidade (constante)
quando já tiver em mente o conceito de inércia, mas t é o tempo gasto para percorrer a distância d.
por hora, fique tranquilo com o que foi demonstrado
até o momento. Essa fórmula pode ser aplicada também para
uma trajetória não retilínea, porém só é válida se a ve-
locidade do móvel em questão for constante durante
toda a trajetória. Podemos considerar uma veloci-
dade como sendo negativa quando considerarmos
um automóvel chegando em seu ponto de partida,
pois quando o mesmo se afasta da chegada consi-
deramos como sendo velocidade positiva. Podemos
16 então concluir segundo o autor que, “no movimento
com velocidade constante, a distância percorrida, d,
Movimento Retilineo e Curvilineo Plano, Uniforme é diretamente proporcional ao tempo t. O gráfico d X
e Uniformemente Variado t será uma reta, que passa pela origem, cuja inclina-
ção é igual ao valor da velocidade v”.
Movimentos Retilíneos
Velocidade Instantânea e Média
Quando não nos preocupamos com as causas a
partir do movimentos, podemos chamar este fato de Para se considerar uma velocidade como instan-
Cinemática, como por exemplo um carro em uma tânea, devemos considerar que um corpo esteja em
estrada reta, com velocidade de 100 Km/h, onde em movimento acelerado, isto é, o mesmo não mantém
determinado percurso vai para 120 Km/h, ultrapas- sua velocidade constante. Segundo o autor o melhor
sando um caminhão, onde não nos preocupamos exemplo que se pode ter é o velocímetro de um car-
em saber as causas de tais mudanças. Qualquer que ro, onde o valor indicado é a velocidade instantânea
seja o movimento de um corpo, podemos considerá- do automóvel naquele momento. Para se calcular a
-lo como uma partícula, onde a mesma é denomi- velocidade instantânea deve-se usar a fórmula dada
nada devido as suas dimensões serem menores do por , sendo Δt o menor possível. Para o autor “a incli-
que as outras que participam dos fenômenos. Pode- nação da tangente, no gráfico d X t nos fornece o va-
mos considerar o movimento como sendo relativo, lor da velocidade instantânea”, conforme o gráfico
de acordo com o ângulo com que podemos ver os .
acontecimentos. Como exemplo do autor, conside-
rando um avião voando, onde o mesmo solta uma
bomba. Se observarmos a queda da bomba de den-
tro do avião, você verá que ela cai ao longo de uma
reta vertical. Porém se observarmos a queda da bom-
ba parado sobre a superfície da terra, verificaremos
que ela cai numa trajetória curva.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a = aceleração
Δv= variação da velocidade
Δt = intervalo do tempo decorrido

Para classificar a aceleração é necessário esta-


belecer alguns conceitos, como:
- Se o valor da velocidade aumentar, considera-
remos como aceleração positiva, sendo chamado
de movimento acelerado.
- Se o valor da velocidade diminuir, considerare-
A velocidade média é medida através da fórmula mos como aceleração negativa, sendo chamado
de movimento retardado.

Para fazermos o cálculo da velocidade, conside-


raremos como velocidade inicial, o valor no qual ini-
Segundo exemplo didático, consideremos o se- ciaremos a contagem de tempo, isto é, no instante t
guinte enunciado: = 0. O corpo possuindo uma aceleração constante,
ou seja, a velocidade varia a cada 1 segundo, é nu-
Exemplo: mericamente igual ao valor de a. Assim a velocidade
Um automóvel percorre uma distância de 150 Km se dará dá seguinte maneira:
desenvolvendo, nos primeiros 120 Km, uma velocida- Em t = 0 - a velocidade é v0
de média de 80 Km/h e, nos 30 Km restantes, uma Em t = 1s - a velocidade é v0 + a . 1
velocidade média de 60 Km/h. Em t = 2s - a velocidade é v0 + a . 2
Qual foi o tempo total de viagem? E, após t segundos a velocidade será v0 + at.
t1 = 120/80 ou t1 = 1,5h 17
Na Segunda parte do percurso, teremos: Após essa análise podemos concluir que a velo-
t2 = 30/60 ou t2 = 0,5h cidade se determina de acordo com a seguinte fór-
Assim, o tempo total da viagem foi de: t = 1,5 + mula:
0,5h ou t = 2,0h

Qual foi a velocidade média do automóvel no


percurso total? Sendo de 150km a distância total per-
corrida e 2,0h o tempo total de viagem, a velocida- Para calcularmos a posição de um móvel quan-
de média, neste percurso, terá sido: Vm = 150km/2,0h do o mesmo se encontra em um movimento retilíneo
ou Vm = 75 Km/h uniformemente variável, temos outra equação que
deve ser utilizada:
Movimento Retilíneo Uniformemente Variado

Para se definir tal movimento, é necessário saber


o que vem a ser aceleração. Tal definição é dada
sempre quando há mudança de velocidade, confor- Utilizando essas duas equações podemos chegar
me exemplo: a uma terceira, que relaciona a posição do móvel,
Um carro em certo instante tem uma velocidade sua velocidade e sua aceleração, porém não preci-
de 90 Km/h, após 1 segundo o mesmo encontra-se samos do tempo demorado no deslocamento. Essa
com velocidade de 100 Km/h, aumentando sua ve- equação é conhecida como equação de Torricelli,
locidade em 10 Km/h em 1 segundo. Podemos então e se da por:
afirmar que houve aceleração devido à mudança
de velocidade do carro.

A fórmula para que se descreva a aceleração é


dada por:

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Movimento Circular Uniforme Galileu passou a ser alvo de perseguição devido


a descrença do povo e também por considerá-lo
O movimento só poderá ser considerado como como revolucionário. O ar exerce efeito retardador
circular uniforme, se: na queda de qualquer objeto e que este efeito exer-
- A trajetória for uma circunferência, e ce maior influência sobre o movimento da Pedra. Po-
- O valor da velocidade permanecer constante. rém se retirarmos o ar, observa-se que os dois objetos
caem na mesma hora e no mesmo instante, confor-
O período do movimento, sendo representado me a figura representa, confirmando também as afir-
pela letra T, significa o tempo que a partícula gasta mações feitas por Galileu. Através desse fato concluí-
para efetuar uma volta completa em torno de seu mos também que as experiências de Galileu, só têm
eixo. coerência se forem feitas para os corpos em queda
livre no vácuo, e que o ar é desprezível para materiais
Composição de Velocidade mais pesados.
Denomina-se então queda livre, para os corpos
Podemos considerar várias velocidades para os que não tem influência do ar, isto é, materiais pesa-
mais variados casos de nossas vidas. Como sugere o dos e lançados no vácuo. Aceleração da Gravida-
exemplo do autor, a velocidade de um barco que de – Podemos considerar a aceleração da gravida-
desce o rio é dada por v = vB + vC, e a velocidade de como sendo o mesmo valor para todos os corpos
do mesmo barco subindo o rio é v = vB – vC. Quando que caem em queda livre, sendo representada pela
consideramos um barco atravessando o rio, indepen- letra g, sendo também considerada como um movi-
dentemente das velocidades, notamos que, as velo- mento uniformemente acelerado, devido a sua ace-
cidades tanto do barco como da correnteza são per- leração constante. Para se determinar o valor de g
pendiculares entre si, significando que a velocidade seguiram-se vários estudos chegando a conclusão de
da correnteza não tem componente na velocidade que o seu valor é de 9,8 m/s², sendo que se o objeto
do barco, concluindo que a correnteza não vai ter for lançado para baixo a aceleração da gravidade é
nenhum tipo de influência no tempo gasto pelo essa considerada positiva (+ 9,8 m/s²), e quando o objeto
travessia. Segundo o autor, podemos concluir que: for lançado para cima a aceleração da gravidade é
quando um corpo está animado, simultaneamente, negativa (- 9,8 m/s²).
18 por dois movimentos perpendiculares entre si, o des- Breve biografia sobre Galileu Galilei: Nascido em
locamento na direção de um deles é determinado Pisa em 1564, o físico e astrônomo, depois de uma in-
apenas pela velocidade naquela direção, sendo ob- fância pobre, aos 17 anos foi encaminhado para o
servada por Galileu, pois ao colocar dois corpos em estudo da Medicina, devido a mesma apresentar fins
queda livre, um com movimento retilíneo, e outro des- lucrativos muito alto para a época. Porém não inte-
crevendo uma parábola, ambos caem simultanea- ressando a Galileu, dedicou-se a outros tipos de pro-
mente, gastando o mesmo tempo até atingir o solo. blemas, o qual com o passar do tempo, mostrou-se
capaz de resolvê-los com muito êxito. Com relação
Queda Livre a Medicina, Galileu foi um grande contribuidor, pois
inventou um aparelho capaz de medir a pulsação
É quando perto da superfície da terra, ocorre a de pacientes, sendo essa a última contribuição de
queda de corpos (pedra, por exemplo) de certas Galileu para a Medicina, pois o estudo do pêndulo
alturas, onde há um aumento de sua velocidade, ca- e de outros dispositivos mecânicos alteraram com-
racterizando um movimento acelerado. Porém quan- pletamente sua orientação profissional. Após essas
do o mesmo objeto ou corpo é lançado para cima a ocorrências Galileu resolveu estudar a Matemática e
sua velocidade decresce gradualmente até se anu- Ciências.
lar e então voltar ao seu local de lançamento. Segun- Além da Mecânica, Galileu também ajudou mui-
do Aristóteles, grande filósofo, que viveu aproximada- to a Astronomia. Construiu o primeiro telescópio para
mente 300 anos a.C., acreditava que abandonando o uso em observações astronômicas. Entre algumas
corpos leves e pesados de uma mesma altura, seus de suas descobertas o autor coloca algumas de suma
tempos de queda não seriam iguais: os corpos mais importância para a humanidade conforme segue:
pesados alcançariam o solo antes dos mais leves. - percebeu que a superfície da Lua é rugosa e ir-
Segundo Galileu, considerado como introdutor do regular e não lisa e perfeitamente esférica como se
método experimental, chegou a seguinte conclusão: acreditava;
“abandonados de uma mesma altura, um corpo leve - descobriu três satélites girando ao redor de Júpi-
e um corpo pesado caem simultaneamente, atingin- ter, contrariando a idéia aristotélica de que todos os
do o chão no mesmo instante”. Após essa afirmação astros deviam girar em torno da terra.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- verificou que o planeta Vênus apresenta fases


(como as da Lua) e esta observação levou-o a con-
cluir que Vênus gira em torno do Sol, como afirmava
o astrônomo Copêrnico em sua teoria heliocêntrica.
- lançou o Livro “Diálogos Sobre os Dois Grandes
Sistemas do Mundo”, no qual afirmava que a terra, Elementos de um vetor:
assim como os demais planetas, girava em torno do Direção – Dada pela reta suporte (r) do vetor.
Sol, em 1632. A sua obra foi condenada pela Igreja, Módulo – Dado pelo comprimento do vetor.
onde Galileu foi taxado como herético, preso e sub- Sentido – Dado pela orientação do segmento.
metido a julgamento pela Inquisição em 1663. Gali-
leu para evitar a morte acabou obrigado a renegar Resultante de vetores (vetor-soma) – Considere
suas idéias através de “confissão”, lida em voz alta um automóvel deslocando-se de A para B e, em se-
perante o Santo Conselho da Igreja. guida, para C. O efeito desses dois deslocamentos
combinados é levar o carro de A para C. Dizemos,
Ainda assim Galileu foi condenado por heresia e
então, que o vetor é a soma ou resultante dos
obrigado a permanecer confinado em sua casa, im-
pedido de se afastar daquele local, até o fim de sua vetores e .
vida. Galileu mesmo doente ainda teve forças para
lançar seu último livro, chamado de “Duas Novas
Ciências”, com dados de Mecânica e morreu com-
pletamente cego em 8 de Janeiro de 1642, deixan-
do descobertas de fundamental importância para
a humanidade. Os trechos acima foram elaborados
pelo próprio autor.

CINEMÁTICA VETORIAL: CONCEITOS E Regra do Polígono – Para determinar a resultante


PROPRIEDADES VETORIAIS COMPOSIÇÕES dos vetores e , traçamos, como na figura aci-
DE MOVIMENTOS, MOVIMENTOS CIRCULARES ma, os vetores de modo que a origem de um coinci-
UNIFORME E UNIFORMEMENTE VARIADO, da com a extremidade do outro. O vetor que une a
LANÇAMENTO HORIZONTAL E OBLÍQUO.
19
origem de com a extremidade de é o resultante
Cinemática Vetorial .

Na Cinemática Escalar, estudamos a descrição Regra do Paralelogramo – Os vetores são dispos-


de um movimento em trajetória conhecida, utilizan- tos de modo que suas origens coincidam. Traçando-
do as grandezas escalares. Agora, veremos como -se um paralelogramo, que tenha e como lados,
obter e correlacionar as grandezas vetoriais descriti- a resultante será dada pela diagonal que parte da
vas de um movimento, mesmo que não sejam co- origem comum dos dois vetores.
nhecidas previamente as trajetórias.
Grandezas Escalares – Ficam perfeitamente defi-
nidas por seus valores numéricos acompanhados das
respectivas unidades de medida. Exemplos: massa,
temperatura, volume, densidade, comprimento, etc.
Grandezas vetoriais – Exigem, além do valor nu-
mérico e da unidade de medida, uma direção e um
sentido para que fiquem completamente determina-
das. Exemplos: deslocamento, velocidade, acelera-
ção, força, etc.

Vetores
Componentes ortogonais de um vetor – A com-
ponente de um vetor, segundo uma dada direção,
Para representar as grandezas vetoriais, são uti-
é a projeção ortogonal (perpendicular) do vetor na-
lizados os vetores: entes matemáticos abstratos ca-
racterizados por um módulo, por uma direção e por quela direção. Decompondo-se um vetor , encon-
um sentido. Representação de um vetor – Grafica- tramos suas componentes retangulares, x e y, que
mente, um vetor é representado por um segmento
conjuntamente podem substituí-lo, ou seja, = + .
orientado de reta: x y

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Estudo da aceleração tangencial Notação de at: é quando a grandeza vetorial é


representada matematicamente. Vejamos:
Aceleração tangencial (a t) – é o componente
da aceleração vetorial na direção do vetor veloci-
dade e indica a variação do módulo deste. Possui
módulo igual ao da aceleração escalar:

Efeito at

Podemos dizer que a aceleração escalar y, tem


Módulo de at: O módulo da aceleração tangen- uma relação direta com a variação da velocidade
cial é totalmente igual ao valor absoluto da acele- escalar V, do módulo da velocidade vetorial V.
ração.
Propriedades:

- Quando falamos de movimento uniforme, po-


demos dizer que a velocidade vetorial apresenta um
Direção de at: A direção da aceleração tangen- módulo constante, e por isso sua aceleração tangen-
cial é paralela à velocidade vetorial, isto é, tangente cial é sempre nula, independente da sua trajetória.
à trajetória. - Quando falamos de movimento não uniforme,
podemos dizer que a velocidade vetorial apresenta
um módulo variável, e por isso sua aceleração tan-
gencial não será sempre nula.
Sentido de at: o sentido irá depender do movi- - Sempre que um corpo ou um objeto estiver em
mento, vejamos: repouso, sua aceleração tangencial será nula.
Se o movimento for acelerado, consequente- - No instante em que y = 0, a aceleração tangen-
mente o módulo da sua velocidade irá aumentar e cial será nula, independente de o móvel estar em re-
sua aceleração tangencial irá ter o mesmo sentido pouso ou em movimento.
20 da velocidade vetorial. Vejamos:
Estudo da aceleração centrípeta

Aceleração centrípeta ou normal (c) – é o com-


ponente da aceleração vetorial na direção do raio
de curvatura (R) e indica a variação da direção do
vetor velocidade (v). Tem sentido apontando para
o centro da trajetória (por isso, centrípeta) e módulo
dado por:

Se o movimento for retardado, consequentemen-


te o módulo da velocidade irá diminuir e sua acelera-
ção tangencial irá ter o sentido oposto ao da veloci-
dade vetorial. Vejamos: Sendo que, V é a velocidade escalar e R é o raio
de curvatura da trajetória.
Importante: nos movimentos retilíneos, c é nula
porque o móvel não muda de direção nesses movi-
mentos.
Direção de acp: A direção da aceleração centrí-
peta é considerada normal em relação à tangente
à trajetória, ou seja, ela é igual a velocidade vetorial.
Vejamos:

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Sentido de acp: O sentido da aceleração centrí-


peta sempre será voltado para o centro da circunfe-
rência, osculadora à trajetória, ou seja, direcionado
para uma região convexa limitada pela curva.

Notação de acp: A função que podemos usar


para representarmos a notação da aceleração cen-
trípeta é:
Notas:
- Todo deslocamento escalar é dependente da
forma da trajetória;
- Todo deslocamento vetorial é independente da
forma da trajetória;
Efeito de acp: Quando falamos de trajetória retilí- - Toda variação de espaço ou deslocamento es-
nea, podemos considerar R ⇒ ∞ e acp= 0. Já quando calar, é medido no percurso da trajetória, e com isso,
falamos que a trajetória é curva, podemos dizer que ele irá depender da forma da trajetória;
a velocidade vetorial varia em direção e sua acele- - Como o deslocamento vetorial não depende
ração centrípeta nem sempre difere de zero. da forma da trajetória, ele irá servir somente para a
posição inicial de P1 e para a posição final de P2.
Notas:
- Quando falamos de movimentos retilíneos, po- Velocidade vetorial média (Vm)
demos dizer que a velocidade vetorial apresenta
uma direção constante, e com isso, sua aceleração A velocidade vetorial média é considerada a ra-
centrípeta se torna constantemente nula. zão entre o deslocamento vetorial d e o tempo gasto
- Sempre que o móvel estiver em repouso, sua no intervalo de tempo delta t deste deslocamento.
aceleração centrípeta, será nula.

Vetor deslocamento ou deslocamento vetorial


entre dois instantes 21

O deslocamento vetorial pode ser representado Quando falamos em módulo de Vm, temos:
por d, esse deslocamento é definido entre dois instan-
tes t1 e t2, sendo o vetor P1 e P2, o vetor de origem P1 e
extremidade P2. Vejamos:

Orientação de Vm

Com isso, o deslocamento vetorial é definido


como a diferença entre os vetores posição.

Relação entre os módulos do e da variação de


espaço (deslocamento escalar)

Pensando em uma trajetória arbitrária L, não reti-


línea e entre as posições P1 e P2, teremos:

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Movimentos Circulares

Na Mecânica clássica, movimento circular é aquele em que o objeto ou ponto material se desloca numa
trajetória circular. Uma força centrípeta muda de direção o vetor velocidade, sendo continuamente apli-
cada para o centro do círculo. Esta força é responsável pela chamada aceleração centrípeta, orientada
para o centro da circunferência-trajetória. Pode haver ainda uma aceleração tangencial, que obviamente
deve ser compensada por um incremento na intensidade da aceleração centrípeta a fim de que não deixe
de ser circular a trajetória. O movimento circular classifica-se, de acordo com a ausência ou a presença de
aceleração tangencial, em movimento circular uniforme (MCU) e movimento circular uniformemente varia-
do (MCUV).

Propriedades e Equações

Movimento da Circunferência

22 Uma vez que é preciso analisarmos propriedades angulares mais do que as lineares, no movimento circu-
lar são introduzidas propriedades angulares como o deslocamento angular, a velocidade angular e a ace-
leração angular e centrípeta. No caso do MCU existe ainda o período, que é propriedade também utilizada
no estudo dos movimentos periódicos. O deslocamento angular (indicado por ) se define de modo similar
ao deslocamento linear. Porém, ao invés de considerarmos um vetor deslocamento, consideramos um ân-
gulo de deslocamento. Há um ângulo de referência, adotado de acordo como problema. O deslocamento
angular não precisa se limitar a uma medida de circunferência ( ); para quantificar as outras proprieda-
des do movimento circular, será preciso muitas vezes um dado sobre o deslocamento completo do móvel,
independentemente de quantas vezes ele deu voltas em uma circunferência. Se for expresso em radianos,
temos a relação , onde R é o raio da circunferência e s é o deslocamento linear.
Pegue-se a velocidade angular (indicada por ), por exemplo, que é a derivada do deslocamento an-
gular pelo intervalo de tempo que dura esse deslocamento:

A unidade é o radiano por segundo. Novamente há uma relação entre propriedades lineares e angula-
res: , onde é a velocidade linear.
Por fim a aceleração angular (indicada por ), somente no MCUV, é definida como a derivada da velo-
cidade angular pelo intervalo tempo em que a velocidade varia:

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A unidade é o radiano por segundo, ou radiano Transmissão do movimento circular


por segundo ao quadrado. A aceleração angular Muitos mecanismos utilizam a transmissão de um
guarda relação somente com a aceleração tangen- cilindro ou anel em movimento circular uniforme para
outro cilindro ou anel. É o caso típico de engrenagens
cial e não com a aceleração centrípeta:
e correias acopladas as polias. Nessa transmissão é
, onde é a aceleração tangencial.
mantida sempre a velocidade linear, mas nem sem-
Como fica evidente pelas conversões, esses va-
pre a velocidade angular. A velocidade do elemento
lores angulares não são mais do que maneiras de
movido em relação ao motor cresce em proporção
se expressar as propriedades lineares de forma con-
inversa a seu tamanho. Se os dois elementos tiverem
veniente ao movimento circular. Uma vez quer a
o mesmo diâmetro, a velocidade angular será igual;
direção dos vectores deslocamento, velocidade e
no entanto, se o elemento movido for menor que o
aceleração modifica-se a cada instante, é mais fácil
motor, vai ter velocidade angular maior. Como a ve-
trabalhar com ângulos. Tal não é o caso da acele-
ração centrípeta, que não encontra nenhum corres- locidade linear é mantida, e , então:
pondente no movimento linear.
Surge a necessidade de uma força que produza
essa aceleração centrípeta, força que é chamada
analogamente de força centrípeta, dirigida também O movimento circular ocorre quando em diversas
ao centro da trajetória. A força centrípeta é aquela situações que podem ser tomadas como exemplo:
que mantém o objeto em movimento circular, provo- - Uma pedra fixada a um barbante e colocada a
cando a constante mudança da direção do vector girar por uma pessoa descreverá um movimento cir-
velocidade. cular uniforme.
- Discos de vinil rodam nas vitrolas a uma frequên-
A aceleração centrípeta é proporcional ao qua-
cia de 33 ou 45 rotações por minuto, em MCU.
drado da velocidade angular e ao raio da trajetória:
- Engrenagens de um relógio de ponteiros devem
rodar em MCU com grande precisão, a fim de que
não se atrase ou adiante o horário mostrado.
- Uma ventoinha em movimento.
A função horária de posição para movimentos
- Satélites artificiais descrevem uma trajetória apro-
circulares, e usando propriedades angulares, assu- 23
ximadamente circular em volta do nosso planeta.
- A translação aproximada, para cálculos muito
me a forma: , onde pouco precisos, da Lua em torno do planeta Terra (a
excentricidade orbital da Lua é de 0,0549).
é o deslocamento angular no início do movimento. - O movimento de corpos quando da rotação
É possível obter a velocidade angular a qualquer ins- da Terra, como por exemplo, um ponto no equador,
tante , no MCUV, a partir da fórmula: movendo-se ao redor do eixo da Terra aproximada-
mente a cada 24 horas.

Lançamento Horizontal e Oblíquo

Para o MCU define-se período T como o interva- Movimento Vertical no Vácuo


lo de tempo gasto para que o móvel complete um
deslocamento angular em volta de uma circunferên- Podemos destacar dois tipos de movimentos ver-
cia completa ( ). Também define-se frequência ticais no vácuo: a queda livre e o lançamento na
(indicada por f) como o número de vezes que essa vertical. A queda livre é o abandono de um corpo,
volta é completada em determinado intervalo de a partir do repouso, no vácuo desconsiderando-se a
tempo (geralmente 1 segundo, o que leva a definir ação da resistência do ar; o lançamento na vertical
diz respeito ao lançamento de um corpo para cima
a unidade de frequência como ciclos por segundo
ou para baixo, o qual, diferente da queda livre, apre-
ou hertz). Assim, o período é o inverso da frequência:
sentará velocidade inicial. Os corpos envolvidos nos
movimentos verticais estão sujeitos à aceleração da
gravidade (g), suposta constante, cujo valor é: g =
9,80665 m/s2. Costuma-se adotar, para a realização
Por exemplo, um objeto que tenha velocidade
de cálculos matemáticos, g = 10 m/s2. Como o valor
angular de 3,14 radianos por segundo tem período
da aceleração é considerado constante, a queda
aproximadamente igual a 2 segundos, e frequência
livre e o lançamento vertical são considerados mo-
igual a 0,5 hertz.
vimentos retilíneos uniformemente variados (MRUV).

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Análise Matemática do Movimento Vertical

Estudando as características do movimento ver-


tical, podemos dizer que na queda livre o módulo
da velocidade escalar aumenta no decorrer do mo-
vimento. Concluímos assim que o movimento, nesse
caso, é acelerado. Entretanto, no lançamento para
cima, o módulo da velocidade escalar diminui, de
modo que o classificamos como retardado.

Observação I: Nas fórmulas acima, v representa


a velocidade final, vo, a velocidade inicial. O mesmo
se aplica a S (espaço final) e So (espaço inicial).
Observação II: Vale ressaltar que “a” = “g”, uma
vez que se trata da aceleração da gravidade. O si-
nal de g, como foi dito acima, independe de o corpo
subir ou descer, estabelecendo relação com a orien-
tação da trajetória. Orientação para cima: g é nega-
tivo; orientação para baixo: g é positivo.

Lançamento Oblíquo

Uma importante propriedade do lançamento O lançamento oblíquo é um exemplo típico de


vertical para cima é o fato de a velocidade do móvel composição de dois movimentos. Galileu notou esta
ir decrescendo com o passar do tempo, tornando-se particularidade do movimento balístico. Esta verifica-
nula quando ele chega ao ponto mais alto da tra- ção se traduz no princípio da simultaneidade: “Se um
jetória (altura máxima). Nesse instante, a velocidade corpo apresenta um movimento composto, cada
do móvel muda de sentido, e o mesmo passa a cair um dos movimentos componentes se realiza como
24 em movimento acelerado. Outras considerações se os demais não existissem e no mesmo intervalo de
que merecem atenção são os sinais da velocidade tempo”.
escalar e da aceleração escalar. Se a orientação da
trajetória é para cima, a aceleração escalar é ne- Composição de Movimentos.
gativa durante todo o movimento (g < 0). Portanto,
o que determina se o corpo sobe ou desce é o sinal O lançamento oblíquo estuda o movimento de
da velocidade escalar, que na subida é positivo (v > corpos, lançados com velocidade inicial V0 da su-
0) e na descida negativo (v < 0). Por outro lado, se a perfície da Terra. Na figura a seguir vemos um exem-
orientação da trajetória é para baixo, a aceleração plo típico de lançamento obliquo realizado por um
é positiva, e o valor da velocidade é negativo na su- jogador de golfe.
bida (v < 0) e positivo na descida (v > 0).
Observação: As definições sobre o movimento
vertical são feitas desconsiderando a resistência do ar.

Funções Horárias do Movimento Vertical

Como os movimentos verticais são uniformemen-


te variados, as funções horárias que os descrevem
são iguais às do MUV. Vejamos no esquema abaixo:

A trajetória é parabólica, como você pode notar


na figura acima. Como a análise deste movimento
não é fácil, é conveniente aplicarmos o princípio da
simultaneidade de Galileu. Veremos que ao projeta-
mos o corpo simultaneamente no eixo x e y teremos
dois movimentos:

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- Em relação a vertical, a projeção da bola executa um movimento de aceleração constante e de mó-


dulo igual a g. Trata-se de um M.U.V. (lançamento vertical).
- Em relação a horizontal, a projeção da bola executa um M. U.

Lançamento Horizontal

O lançamento balístico é um exemplo típico de composição de dois movimentos. Galileu notou esta par-
ticularidade do movimento balístico. Esta verificação se traduz no princípio da simultaneidade: “Se um corpo
apresenta um movimento composto, cada um dos movimentos componentes se realiza como se os demais
não existissem e no mesmo intervalo de tempo”.

Composição de Movimentos

O princípio da simultaneidade poderá ser verificado no Lançamento Horizontal.

Um observador no solo, (o que corresponde a nossa posição diante da tela) ao notar a queda do corpo
do helicóptero, verá a trajetória indicada na figura. A trajetória traçada pelo corpo, corresponde a um arco
de parábola, que poderá ser decomposta em dois movimentos:
25

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- A projeção horizontal (x) do móvel descreve um O vetor soma em forças concorrentes é represen-
Movimento Uniforme. tado em intensidade, direção e sentido pela diago-
nal do paralelogramo traçado sobre as componen-
O vetor velocidade no eixo x se mantém constan- tes. A intensidade é graficamente representada pelo
te, sem alterar a direção, sentido e o módulo. tamanho da diagonal em uma escala. Vemos na es-
- A projeção vertical (y) do móvel descreve um cala dada que: 1N = 1cm
movimento uniformemente variado.
Como:
O vetor velocidade no eixo y mantém a direção F1= 2,0N, sua representação é um seguimento de
e o sentido porém o módulo aumenta a medida que 2,0cm
se aproxima do solo. F2 = 2,0N, sua representação é um seguimento de
2,0cm
DINÂMICA: CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA Portanto a resultante ou o vetor soma tem intensi-
DINÂMICA, FORÇAS PESO, NORMAL, DE ATRITO ES- dade de 2,8N, pois seu tamanho é de 2,8cm
TÁTICO E DINÂMICO, DE RESISTÊNCIA DO AR, DE TRA- Quando as forças concorrentes formam um an-
ÇÃO E ELÁSTICA, DINÂMICA DOS MOVIMENTOS CUR- gulo de 90°, a intensidade do vetor soma pode ser
VILÍNEOS, FORÇAS CENTRÍPETA E TANGENCIAL, FOR- encontrada aplicando-se o Teorema de Pitagoras,
ÇAS EM REFERENCIAIS INERCIAIS E NÃO INERCIAIS, ou seja, pela fórmula:
FORÇAS CONSERVATIVAS E DISSIPATIVAS, TRABALHO,
POTÊNCIA, RENDIMENTO, ENERGIAS MECÂNICA, R2 = F12 + F22
CINÉTICA E POTENCIAL, CONSERVAÇÃO DA ENERGIA R=
MECÂNICA, IMPULSO, CONSERVAÇÃO DA QUANTI-
DADE DE MOVIMENTO, CHOQUES MECÂNICO.

O termo dinâmica significa “forte”. Em física, a di-


nâmica é um ramo da mecânica que estuda o mo-
vimento de um corpo e as causas desse movimento.
Em experiências diárias podemos observar o movi-
26 mento de um corpo a partir da interação deste com
um (ou mais) corpo(s). Como por exemplo, quando R2 = 32 + 42
um jogador de tênis dá uma raquetada numa bola,
a raquete interage com ela e modifica o seu movi- R=
mento. Quando soltamos algum objeto de uma certa
altura do solo e ele cai, é resultado da interação da R=
terra com este objeto. Esta interação é conveniente-
mente descrita por um conceito chamado força. Os R = 5N
Princípios de dinâmica foram formulados por Galileu e
Newton, porém foi Newton que os enunciou da forma Sistemas de Forças Concorrentes num Ponto
que conhecemos hoje.
Se as linhas de ação das todas as forças concor-
Forças Concorrentes rem no mesmo ponto O, o sistema é equivalente a
uma única força resultante R que passa por O e coin-
Forças concorrentes são aquelas as componen- cide com o eixo central.
tes formam um angulo no ponto de aplicação.

Se o vetor , o sistemas está em equilíbrio.


Para calcular o momento do sistema em qualquer
ponto Q diferente de O aplica-se o teorema de Va-
rignon.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Segundo Galileu, devido às afirmações de Aris-


tóteles, decidiu analisar certas experiências e des-
cobriu que uma esfera quando empurrada, se mo-
vimentava, e mesmo cessando a força principal, a
Equivalência a zero: mesma continuava a se movimentar por um certo
tempo, gerando assim uma nova conclusão sobre as
Leis de Newton afirmações de Aristóteles. Assim Galileu, verificou que
um corpo podia estar em movimento sem a ação de
Em primeiro lugar, para que se possa entender as uma força que o empurrasse. Galileu repetiu a mes-
famosas leis de Newton, é necessário ter o conheci- ma experiência em uma superfície mais lisa, e che-
mento do conceito de força. Assim existem alguns gou a conclusão que o corpo percorria uma distân-
exemplos que podem definir tal conceito, como a cia maior após cessar a ação da força, concluindo
força exercida por uma locomotiva para arrastar os que o corpo parava, após cessado o empurrão, em
vagões, a força exercida pelos jatos d’água para virtude da ação do atrito entre a superfície e o corpo,
que se acione as turbinas ou a força de atração da cujo efeito sempre seria retardar o seu movimento.
terra sobre os corpos situados próximo à sua super- Segundo a conclusão do próprio Galileu podemos
fície. Porém é necessário também definir o seu mó- considerar que: se um corpo estiver em repouso, é
dulo, sua direção e o seu sentido, para que a força necessária a ação de uma força sobre ele para colo-
possa ser bem entendida, sendo que o conceito que cá-lo em movimento. Uma vez iniciado o movimento,
melhor a defini é uma grandeza vetorial e poderá, cessando a ação das forças que atuam sobre o cor-
portanto ser representada por um vetor. Então pode- po, ele continuará a se mover indefinidamente, em
mos concluir que: peso de um corpo é a força com linha reta, com velocidade constante.
que a terra atrai este corpo. Todo corpo que permanece em seu estado de
Podemos definir as forças de atração, como repouso ou de movimento, é considerado segundo
aquela em que se tem a necessidade de contato en-
Galileu como um corpo em estado de Inércia. Isto
tre os corpos (ação à distância). Para que se possa
significa que se um corpo está em inércia, ele fica-
medir a quantidade de força usada em nossos dias,
rá parado até que sob ele seja exercida uma ação
os pesquisadores estabeleceram a medida de 1 qui-
para que ele possa sair de tal estado, onde se a força 27
lograma força = 1 kgf, sendo este o peso de um qui-
não for exercida o corpo permanecerá parado. Já
lograma-padrão, ao nível do mar e a 45º de latitude.
um corpo em movimento em linha reta, em inércia,
Um dinamômetro, aparelho com o qual se consegue
também deverá ser exercido sob ele uma força para
saber a força usada em determinados casos, se mon-
movimentá-lo para os lados, diminuindo ou aumen-
ta colocando pesos de 1 kgf, 2 kgf, na extremidade
tando a sua velocidade. Vários são os estados onde
de uma mola, onde as balanças usadas em muitas
tal conceito de Galileu pode ser apontado, como um
farmácias contém tal método, onde podemos afir-
carro considerado corpo pode se movimentar em li-
mar que uma pessoa com aproximadamente 100 Kg,
nha reta ou como uma pessoa dormindo estando em
pesa na realidade 100 kgf.
Outra unidade para se saber a força usada, tam- repouso (por inércia), tende a continuar em repouso.
bém muito utilizada, é o newton, onde 1 newton = 1
Primeira Lei de Newton
N e se relaciona com o quilograma-força por meio
da relação 1kgf = 9,8 N. Portanto, conforme a tabe-
A primeira lei de Newton pode ser considerada
la, a força de 1 N equivale, aproximadamente, ao como sendo uma síntese das idéias de Galileu, pois
peso de um pacote de 100 gramas (0,1 kgf). Segun- Newton se baseou em estudos de grandes físicos da
do Aristóteles, ele afirmava que “um corpo só pode- Mecânica, relativas principalmente a Inércia; por
ria permanecer em movimento se existisse uma for- este fato pode-se considerar também a primeira lei
ça atuando sobre ele. Então, se um corpo estivesse de Newton como sendo a lei da Inércia. Conforme
em repouso e nenhuma força atuasse sobre ele, este Newton, a primeira Lei diz que: Na ausência de for-
corpo permaneceria em repouso. Quando uma for- ças, um corpo em repouso continua em repouso e
ça agisse sobre o corpo, ele se poria em movimento um corpo em movimento move-se em linha reta, com
mas, cessando a ação da força, o corpo voltaria ao velocidade constante. Para que ocorra um equilíbrio
repouso”. A primeira vista tais idéias podem estar cer- de uma partícula é necessário que duas forças ajam
tas, porém com o passar do tempo descobriu-se que em um corpo, sendo que as mesmas podem ser subs-
não eram bem assim. tituídas por uma resultante r das duas forças exer-
cidas, determinada em módulo, direção e sentido,
pela regra principal do paralelogramo.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Podemos concluir que: quando a resultante das A unidade de comprimento: 1 metro (1 m)


forças que atuam em um corpo for nula, se ele estiver A unidade de massa: 1 quilograma (1 Kg)
em repouso continuará em repouso e, se ele estiver A unidade de tempo: 1 segundo (s)
em movimento, estará se deslocando com movimen-
to retilíneo uniforme. Para que uma partícula consiga O Sistema MKS, é assim conhecido por ser o Sis-
o seu real equilíbrio é necessário que: tema Internacional da Mecânica, de uso exclusivo
- a partícula esteja em repouso dessa área de atuação, pelos profissionais. Para as
- a partícula esteja em movimento retilíneo uni- unidades derivadas, são obtidas a partir de unidades
forme. fundamentais, conforme descreve o autor:
De área (produto de dois comprimentos) = 1 m X
Segunda Lei de Newton 1 m X 1 m²
De volume (produto de três comprimentos) = 1 m
Para que um corpo esteja em repouso ou em mo- X 1 m X 1 m = 1 m³
vimento retilíneo uniforme, é necessário que o mesmo De velocidade (relação entre comprimento e
encontre-se com a resultante das forças que atuam tempo) = 1m/1s = 1 m/s
sobre o corpo, nula, conforme vimos anteriormente. De aceleração (entre velocidade e tempo) = 1
Um corpo, sob a ação de uma força única, adquire m/s/1s = 1 m/s²
uma aceleração, isto é, se F diferente de 0 temos a (ve-
tor) diferente de 0. Podemos perceber que: Podemos definir que: 1 N = 1 kg m/s², ou seja, 1 N
- duplicando F, o valor de a também duplica. é a força que, atuando na massa de 1 kg, imprime a
- triplicando F, o valor de a também triplica. esta massa a aceleração de 1 m/s². Para a Segunda
Lei de Newton, deve-se usar as seguintes unidades:
Podemos concluir que: R (em N)
- a força F que atua em um corpo é diretamente m (em kg)
proporcional à aceleração a que ela produz no cor- a(em m/s²)
po, isto é, F α a.
- a massa de um corpo é o quociente entre a for- Terceira Lei de Newton
ça que atua no corpo e a aceleração que ela pro-
28 duz nele, sendo:
Segundo Newton, para que um corpo sofra ação
é necessário que a ação provocada para tal movi-
mentação, também seja provocada por algum outro
tipo de força. Tal definição ocorreu segundo estudos
no campo da Dinâmica. Além disso, Newton, perce-
beu também que na interação de dois corpos, as
Quanto maior for a massa de um corpo, maior
forças sempre se apresentam aos pares: para cada
será a sua inércia, isto é, a massa de um corpo é uma
ação de um corpo sobre outro existirá sempre uma
medida de inércia deste corpo. A resultante do vetor
ação contraria e igual deste outro sobre o primeiro.
a terá sempre a mesma direção e o mesmo sentido
Podemos concluir que: Quando um corpo A exerce
do vetor F , quando se aplica uma força sobre um
uma força sobre um corpo B, o corpo B reage sobre
corpo, alterando a sua aceleração. De acordo com
Newton, a sua Segunda Lei diz o seguinte: A acelera- A com uma força de mesmo módulo, mesma dire-
ção que um corpo adquire é diretamente proporcio- ção e de sentido contrário.
nal à resultante das forças que atuam nele e tem a As forças de ação e reação são enunciadas con-
mesma direção e o mesmo sentido desta resultante, forme a terceira lei de Newton, sendo que a ação
sendo uma das leis básicas da Mecânica, utilizada está aplicada em um corpo, e a reação está apli-
muito na análise dos movimentos que observamos cada no corpo que provocou a ação, isto é, elas
próximos à superfície da Terra e também no estudo estão aplicadas em corpos diferentes. As forças de
dos movimentos dos corpos celestes. ação e reação não podem se equilibrar segundo
Para a Segunda Lei de Newton, não se costuma Newton, porque para isso, seria necessário que elas
usar a medida de força de 1 kgf (quilograma-força); estivessem aplicadas em um mesmo corpo, o que
sendo utilizado o Sistema Internacional de Unidades nunca acontece. Podemos considerar o atrito, como
(S.I.), o qual é utilizado pelo mundo todo, sendo acei- sendo a tendência de um corpo não se movimentar
to e aprovado conforme decreto lei já visto anterior- em contato com a superfície. O corpo em repouso
mente. As unidades podem ser sugeridas, desde que indica que vai continuar em repouso, pois as forças
tenham-se como padrões as seguintes medidas es- resultantes sobre o corpo é nula. Porém deve existir
colhidas pelo S.I.: uma força que atuando no corpo faz com que ele

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

permaneça em repouso, sendo que este equilíbrio Em 1667, retornando a Cambridge, dedicou-se a
(corpo em repouso e superfície) é consequência di- desenvolver as ideias que havia concebido durante
reta do atrito, denominada de força de atrito. Pode- o tempo que permaneceu afastado da Universida-
mos então perceber que existe uma diferença muito de. Aos 50 anos de idade Newton, abandonava a
grande entre atrito e força de atrito. carreira universitária em busca de uma profissão mais
Podemos definir o atrito como: a força de atrito rendosa. Em 1699 foi nomeado diretor da Casa da
estático f, que atua sobre um corpo é variável, estan- Moeda de Londres, recebendo vencimentos bastan-
do sempre a equilibrar as forças que tendem a colo- te elevados, que tornaram um homem rico. Neste
car o corpo em movimento. A força de atrito estático cargo, desempenhou brilhante missão, conseguindo
cresce até um valor máximo. Este valor é dado em reestruturar as finanças inglesas, então bastante aba-
micras, onde a micras é o coeficiente de atrito está- ladas. Foi membro do Parlamento inglês, em 1705, aos
62 anos de idade, sagrando-se cavaleiro pela rainha
tico entre as superfícies. Toda força que atua sobre
da Inglaterra, o que lhe dava condição de nobreza
um corpo em movimento é denominada de força de
e lhe conferia o título de “Sir”, passando a ser tratado
atrito cinético. Pequena biografia de Isaac Newton:
como Sir Issac Newton. Até 1703 até a sua morte em
Após a morte de Galileu, em 1642, nascia uma na 1727, Newton permaneceu na presidência da Real
pequena cidade da Inglaterra, Issac Newton, grande Academia de Ciências de Londres. Com a modéstia
físico e matemático que formulou as leis básicas da própria de muitos sábios, Newton afirmava que ele
Mecânica. Foi criado por sua avó sendo abandona- conseguiu enxergar mais longe do que os outros co-
do quando ainda criança, pela mãe, marcando a legas porque se apoiou em “ombros de gigantes”.
vida de Newton pelo seu temperamento tímido, in-
trospectivo, intolerante que o caracterizou quando Aplicações Envolvendo Forças de Atrito
adulto. Com a morte de seu padrasto, é solicitado a
assumir a fazenda da família, demonstrando pouco Podemos perceber a existência da força de atri-
interesse, tornando-se num verdadeiro fracasso. to e entender as suas características através de uma
Aos 18 anos, em 1661, Newton é enviado ao Trini- experiência muito simples. Tomemos uma caixa bem
ty College da Universidade de Cambridge (próximo grande, colocada no solo, contendo madeira. Pode-
a Londres), para prosseguir seus estudos. Dedicou- mos até imaginar que, à menor força aplicada, ela
-se primeiramente ao estudo da Matemática e em se deslocará. Isso, no entanto, não ocorre. Quando a
caixa ficar mais leve, à medida que formos retirando
29
1664, escrevia seu primeiro trabalho (não publicado)
com apenas 21 anos de idade, sob a forma de ano- a madeira, atingiremos um ponto no qual consegui-
remos movimentá-la. A dificuldade de mover a caixa
tações, denominado “Algumas Questões Filosóficas”.
é devida ao surgimento da força de atrito Fat entre
Em 1665, com o avanço da peste negra (peste bubô-
o solo e a caixa.
nica), newtom retornou a sua cidade natal, refugian-
do-se na tranquila fazenda de sua família, onde per-
maneceu por 18 meses, até que os males da peste
fossem afastados, permitindo o seu retorno a Cam-
bridge. Alguns trabalhos executados por Newton du-
rante seu refúgio:
- Desenvolvimento em série da potência de um
binômio ensinado atualmente nas escolas com o Várias experiências como essa levam-nos às se-
nome de “binômio de Newton”. guintes propriedades da força de atrito (direção,
- Criação e desenvolvimento das bases do Cál- sentido e módulo):
culo Diferencial e do Cálculo Integral, uma poderosa
ferramenta para o estudo dos fenômenos físicos, que Direção: As forças de atrito resultantes do conta-
ele próprio utilizou pela primeira vez. to entre os dois corpos sólidos são forças tangenciais
- Estudo de alguns fenômenos óticos, que culmi- à superfície de contato. No exemplo acima, a dire-
naram com a elaboração de uma teoria sobre as co- ção da força de atrito é dada pela direção horizon-
res dos corpos. tal. Por exemplo, ela não aparecerá se você levantar
- Concepção da 1º e da 2º leis do movimento (1º a caixa.
e 2º leis de Newton), lançando, assim, as bases da
Mecânica. Sentido:A força de atrito tende sempre a se opor
- Desenvolvimento das primeiras idéias relativas à ao movimento relativo das superfícies em contato.
Gravidade Universal. Assim, o sentido da força de atrito é sempre o sentido
contrário ao movimento relativo das superfícies

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Módulo:Sobre o módulo da força de atrito ca-


bem aqui alguns esclarecimentos: enquanto a força
que empurra a caixa for pequena, o valor do módu-
lo da força de atrito é igual à força que empurra a Origem da Força de Atrito
caixa. Ela anula o efeito da força aplicada.  Uma vez
iniciado o movimento, o módulo da força de atrito é A força de atrito se origina, em última análise, de
proporcional à força (de reação) do plano-N. forças interatômicas, ou seja, da força de interação
entre os átomos.
Escrevemos: Quando as superfícies estão em contato, criam-
-se pontos de aderência ou colagem (ou ainda sol-
O coeficiente é conhecido como coeficiente da) entre as superfícies. É o resultado da força atrati-
de atrito. Como a força de atrito será tanto maior va entre os átomos próximos uns dos outros.
quanto maior for , vê-se que ele expressa proprie- Se as superfícies forem muito rugosas, a força de
dades das superfícies em contato (da sua rugosida- atrito é grande porque a rugosidade pode favorecer
de, por exemplo). Em geral, devemos considerar dois o aparecimento de vários pontos de aderência.
coeficientes de atrito: um chamado cinemático Isso dificulta o deslizamento de uma superfície
sobre a outra. Assim, a eliminação das imperfeições
e outro, estático, . Em geral, , refletindo (polindo as superfícies) diminui o atrito. Mas isto fun-
o fato de que a força de atrito é ligeiramente maior ciona até um certo ponto. À medida que a superfície
quando o corpo está a ponto de se deslocar (atri- for ficando mais e mais lisa o atrito aumenta. Aumen-
to estático) do que quando ela está em movimento ta-se, no polimento, o número de pontos de “solda”.
(atrito cinemático). Aumentamos o número de átomos que interagem
30 O fato de a força de atrito ser proporcional à for- entre si. Pneus “carecas” reduzem o atrito e, por isso,
ça de reação normal representa a observação de devem ser substituídos. No entanto, pneus muito lisos
que é mais fácil empurrar uma caixa à medida que a (mas bem constituídos) são utilizados nos carros de
vamos esvaziando. Representa também por que fica corrida.
mais difícil empurrá-la depois que alguém se senta
sobre ela (ao aumentar o peso N também aumenta). Força de Atrito no Cotidiano
Podemos resumir o comportamento do módulo
da força de atrito em função de uma força externa A força de atrito é muito comum no nosso mun-
aplicada a um corpo, a partir do gráfico ao lado. do físico. É ela que torna possível o movimento da
Note-se nesse gráfico que, para uma pequena grande maioria dos objetos que se movem apoiados
força aplicada ao corpo, a força de atrito é igual sobre o solo. Vamos dar três exemplos:
à mesma. A força de atrito surge tão somente para
impedir o movimento. Ou seja, ela surge para anular Movimento dos Animais
a força aplicada. No entanto, isso vale até um certo
ponto. Quando o módulo da força aplicada for Os animais usam as patas ou os pés (o caso do
maior do que homem) para se movimentar. O que esses membros
fazem é comprimir o solo e forçá-lo ligeiramente para
trás. Ao fazê-lo surge a força de atrito. Como ela é do
contra (na direção contrária ao movimento), a for-
ça de atrito surge nas patas ou pés impulsionando os
o corpo se desloca. Esse é o valor máximo atingido animais ou o homem para frente.
pela força de atrito. Quando o corpo se desloca, a
força de atrito diminui, se mantém constante e o seu Movimento dos Veículos a motor
valor é
As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à
queima de combustível do motor, são revestidas por
pneus. A função dos pneus é tirar o máximo proveito

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possível da força de atrito (com o intuito de tirar esse Fórmulas


proveito máximo, as equipes de carros de corrida tro-
cam frequentemente os pneus). Na física clássica, a quantidade de momento li-
Os pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Ter- near ( ) é definida pelo produto de massa ( ) e
ra para trás. O surgimento da força de atrito impulsio-
velocidade ( ).
na o veículo para frente.
Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocí-
nio anterior e a força de atrito atua agora no senti-
do contrário ao do movimento do veículo como um
O valor é constante em sistemas nos quais não há
todo.
forças externas atuando.
Mesmo em uma colisão inelástica - onde a con-
Impedindo a Derrapagem
servação da energia mecânica não é observada - a
conservação do momento linear permanece válida
A força de atrito impede a derrapagem nas cur-
se sobre o sistema não atuar força externa resultante.
vas, isto é, o deslizamento de uma superfície - dos
A unidade da quantidade de momento linear no
pneus - sobre a outra (o asfalto).
SI é o quilograma.metro por segundo(kg.m/s).
Momento linear, conservação do momento li-
Sistema mecânico
near, impulso e variação do momento linear
Diz-se que um sistema está mecanicamente iso-
O Momento linear (também chamado de quan-
lado quando o somatório das forças externas é nulo.
tidade de movimento linear ou momentum linear, a
Consideremos um casal patinando sobre uma
que a linguagem popular chama, por vezes, balanço
pista de gelo, desprezando os efeitos do ar e as for-
ou “embalo”) é uma das duas grandezas físicas fun-
ças de atrito entre a pista e as botas que eles estão
damentais necessárias à correta descrição do inter-
usando. Veja que na vertical, a força peso é equili-
-relacionamento (sempre mútuo) entre dois entes ou
brada com a normal, ou seja P = N, tanto no homem
sistemas físicos. A segunda grandeza é a energia.
quanto na mulher, e neste eixo as forças se cance-
Os entes ou sistemas em interação trocam energia
lam. Mesmo que o casal resolva empurrar um ao ou- 31
e momento, mas o fazem de forma que ambas as
tro (a terceira lei de newton garante que o empurrão
grandezas sempre obedeçam à respectiva lei de
é sempre mútuo), não haverá força externa resultan-
conservação.
te uma vez que a força externa expressa a interação
Em mecânica clássica o momento linear é defini-
de um ente pertencente ao sistema com outro exter-
do pelo produto entre massa e velocidade de um cor-
no ao sistema: apesar de haver força resultante tanto
po. É uma grandeza vetorial, com direção e sentido,
no homem como sobre a mulher, ambos estão den-
cujo módulo é o produto da massa pelo módulo da
tro do sistema em questão, e estas forças são forças
velocidade, e cuja direção e sentido são os mesmos
internas ao mesmo. Na ausência de forças externas
da velocidade. A quantidade de movimento total
há conservação do momento linear do sistema. A
de um conjunto de objetos permanece inalterada, a
conservação do momento linear permite calcular a
não ser que uma força externa seja exercida sobre o
razão entre a velocidade do homem e a velocida-
sistema. Esta propriedade foi percebida por Newton
de da mulher após o empurrão, conhecidas as suas
e publicada na obra Philosophiæ Naturalis Principia
massas e velocidades iniciais: Como o momento total
Mathematica, na qual Newton define a quantidade
deve ser conservado, a variação da velocidade do
de movimento e demonstra a sua conservação.
homem é VH = − MM / MHVM, onde VM é a variação da
Particularmente importante não só em mecâni-
velocidade da mulher.
ca clássica como em todas as teorias que estuam
A variação da quantidade de movimento é cha-
a dinâmica de matéria e energia (relatividade, me-
mada Impulso.
cânica quântica, etc.), é a relação existente entre o
Fórmula: I = ΔP = Pf − Po
momento e a energia para cada um dos entes físi-
I = Impulso, a unidade usada é N.s (Newton vezes
cos. A relação entre energia e momento é expressa
segundo)
em todas as teorias dinâmicas, normalmente via uma
relação de dispersão para cada ente, e grandezas
importantes como força e massa têm seus conceitos
diretamente relacionados com estas grandezas.

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Lei da Variação do Momento Linear (ou da Varia- Coeficiente de Restituição


ção da Quantidade de Movimento)
Foi encontrado experimentalmente que em uma
O impulso de uma força constante que atua num colisão frontal de duas esferas sólidas como as que
corpo durante um intervalo de tempo é igual à varia- experimentam as bolas de bilhar, as velocidades de-
ção do momento linear desse corpo, nesse intervalo pois do choque estão relacionadas com as velocida-
de tempo, des antes do choque, pela expressão

ou seja,

Princípio da Conservação do Momento Linear

Quando dois ou mais corpos interagem, o mo- onde e é o coeficiente de restituição e tem um
mento linear desse sistema (conjunto dos corpos) valor entre 0 e 1, relação foi proposta por Newton . O
permanece constante: valor de um é para um choque perfeitamente elásti-
co e o valor de zero para um choque perfeitamente
Colisões entre partículas, elásticas e inelásticas, inelástico.
uni e bidimensionais O coeficiente de restituição é a razão entre a ve-
locidade relativa de afastamento depois do choque,
Empregamos o termo de colisão para representar e a velocidade relativa de aproximação antes do
a situação na qual duas ou mais partículas interagem choque das partículas.
durante um tempo muito curto. Supomos que as for-
ças impulsivas devidas a colisão são muito maiores Colisão Elástica
que qualquer outra força externa presente.
O momento linear total é conservado nas coli- Para dois corpos A e B em colisão elástica, não há
32 sões. No entanto, a energia cinética não se conserva perda de energia cinética (conservação da energia)
devido a que parte da energia cinética se transfor- entre os instantes antes e depois do choque. As ener-
ma em energia térmica e em energia potencial elás- gias cinéticas são escritas como
tica interna quando os corpos se deformam durante
a colisão.
Definimos colisão inelástica como a colisão na
qual não se conserva a energia cinética. Quando
dois objetos que chocam e ficam juntos depois do A quantidade de movimento é conservada por
choque dizemos que a colisão é perfeitamente ine- ser nulo o somatório das forças externas e para os
lástica. Por exemplo, um meteorito que se choca dois corpos A e B os seus momentos lineares antes e
com a Terra. depois da colisão são dados por:
Em uma colisão elástica a energia cinética se
conserva. Por exemplo, as colisões entre bolas de bi-
lhar são aproximadamente elásticas. A nível atômico
as colisões podem ser perfeitamente elásticas. Colocando-se as massas mA e mB em evidência,
temos
 

A grandeza Q é a diferença entre as energias ci-


néticas depois e antes da colisão. Q toma o valor zero
podendo ser escrito como
nas colisões perfeitamente elásticas, porém pode ser
menor que zero se no choque se perde energia ci-
nética como resultado da deformação, ou pode ser
maior que zero, se a energia cinética das partículas
Reescrevendo a primeira equação após colocar-
depois da colisão é maior que a inicial, por exemplo,
mos as massas em evidência tem-se
na explosão de uma granada ou na desintegração
radiativa, parte da energia química ou energia nu-
clear se converte em energia cinética dos produtos.

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Dividindo-se a segunda equação pela terceira Entretanto, pode ocorrer que os corpos se movi-
equação encontramos mentem em direções diferentes, antes ou depois da
colisão. Nesse caso, a colisão é denominada de coli-
são bidimensional.

em termos das velocidades relativas antes e de- Para uma colisão unidimensional entre duas par-
pois do choque, a quarta equação terá a forma tículas, temos que:

Para o cálculo da colisão elástica, empregamos O Centro de Massa


a primeira e a quinta equação em conjunto. A rela-
ção entre a velocidade relativa dos dois corpos de- O Sistema de Referência do Centro de Massa
pois do choque e a velocidade relativa dos corpos (sistema-C) é especialmente útil para descrever as
antes do choque é denominada coeficiente de resti- colisões comparando com o Sistema de Referência
tuição e, mostrado na sexta equação. do Laboratório (sistema-L).

Movimento do Centro de Massas

Na figura, temos duas partículas de massas m1 e


O coeficiente de restituição “e” assume sempre m2, como m1 é maior que m2, a posição do centro de
o valor e = 1 para a colisão perfeitamente elástica. massas do sistema de duas partículas estará próxima
da massa maior.
Colisão Inelástica

Para dois corpos A e B em colisão inelástica, há


perda de energia cinética, mas conservando-se a
energia mecânica. Após o choque, os corpos deslo- 33
cam-se em conjunto com velocidades finais iguais e
um coeficiente de restituição e = 0.
Como é válida a conservação da quantidade de
movimento

Em geral, a posição rcm do centro de massa de


O que é importante relembrar? As colisões são
um sistema de N partículas é
divididas em dois grupos: as Elásticas e as Inelásti-
cas (essa subdivida em colisões inelásticas e perfei-
tamente inelásticas). A colisão inelástica tem como
característica o fato do momento linear do sistema
se conservar, mas a energia cinética do sistema não.
A colisão elástica tem como propriedade o fato de
tanto o momento linear como a energia cinética do
sistema se conservarem.
A velocidade do centro de massas vcm  é obtida
Estudo das Colisões derivando com relação ao tempo

Quando dois corpos colidem como, por exemplo,


no choque entre duas bolas de bilhar, pode acon-
tecer que a direção do movimento dos corpos não
seja alterada pelo choque, isto é, eles se movimen-
tam sobre uma mesma reta antes e depois da co-
lisão. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu
uma colisão unidimensional.

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No numerador figura o momento linear total e no tem um peso maior do que se estivesse próximo ao
denominador a massa total do sistema de partículas. equador, devendo esse fato simplesmente ao valor
Da dinâmica de um sistema de partículas temos da força da gravidade, sendo que há lugares onde
que a força gravitacional, embora com o mesmo valor,
exerce maior pressão nos indivíduos, sendo que na
lua a gravidade é cerca de 6 vezes menor que na
terra, consequentemente o indivíduo pesará 6 vezes
menos que na terra.

O centro de massas de um sistema de partículas Medida de Massa


se move como se fosse uma partícula de massa igual
a massa total do sistema sob a ação da força exter- A massa é medida, pela sua simples fórmula m =
na aplicada ao sistema.
F/a, definindo assim a massa de um corpo, onde o
Em um sistema isolado Fext=0 o centro de massas
quociente de F/a nos fornecerá o valor de m.
se move com velocidade constante vcm=cte.
Exemplos de Aplicação da Segunda Lei de
Newton
O Sistema de Referência do Centro de Massas
É usado para que consiga resolver o maior número
de problemas, principalmente em Física, onde através
Para um sistema de duas partículas
da observação de um objeto e determinando a sua
aceleração, podemos definir a resultante das forças
que atuam no corpo, sendo que o contrário também
é verdadeiro, ou seja, sabendo as forças que atuam
em um corpo e determinando a sua resultante,
A velocidade da partícula 1 relativa ao centro de poderemos calcular a aceleração de um corpo (a =
massas é R/m). Com base na aceleração, podemos conseguir
a velocidade do corpo e a posição que ele ocupará
em qualquer instante, onde podemos tirar conclusões
sobre o movimento que o corpo descreve.
34
EQUILÍBRIO ESTÁTICO DE UM CORPO
A velocidade da partícula 2 relativa ao centro de RÍGIDO, MOMENTO DE UMA FORÇA
massas é
Um dispositivo que é utilizado para demonstrar
que um corpo fica em equilíbrio desde que a vertical
que passa pelo seu centro de gravidade intersecte
a sua base de sustentação. O equilíbrio será estável
se o centro de gravidade do corpo estiver localizado
No sistema-C, as duas partículas se movem em abaixo dessa base.
direções opostas. O aparelho é constituído por uma peça de ferro,
tendo uma parte direita de secção quadrada e ou-
A massa também pode ser considerada como tra parte encurvada, terminando por um gancho, no
sendo uma medida do conceito de Inércia, sendo qual se suspende um corpo relativamente pesado.
pequena, apresentando Inércia. É também uma
A porção direita entra numa bainha, também de
grandeza escalar, onde em sua fórmula F é o módulo
ferro, cujas dimensões são tais que há um ajuste per-
da força que atua no corpo e a é o valor da ace-
feito entre esta e a parte reta da peça.
leração que F produz nele, sendo uma propriedade
Para a realização de experiências  destinadas
constante, não variando de corpo para qualquer
às lições de Física Experimental, o professor deve-
outro local, ou quando se altera a temperatura do
ria apoiar a bainha sobre uma mesa, de maneira a
corpo.
poder fazer deslocar por debaixo do tampo a parte
A força com que a Terra atrai um corpo, pode-
curva que suspende o peso, enfiando ou retirando
mos chamar de Peso do corpo, também denomina-
a parte reta no interior da bainha. Esta, ao ser puxa-
da de grandeza vetorial, então podemos concluir
da para o exterior da bainha, faz com que o corpo
que: o peso de um corpo é uma força que imprime a
suspenso se aproxime da vertical que passa pela pe-
este corpo uma aceleração g.
riferia do tampo da mesa. Desta forma, o centro de
Podemos entender as variações de peso, onde
gravidade do conjunto desloca-se no mesmo senti-
uma pessoa situada mais próxima aos pólos da terra

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do. Quando a vertical que passa pelo centro de gra- O momento de uma força em relação a um eixo
vidade do conjunto intersecta a superfície de apoio é uma grandeza escalar que consiste na projeção,
da bainha sobre a mesa, este fica em equilíbrio, ape- sobre o eixo de rotação, do momento de uma força
sar de o vértice de ligação entre a parte reta e a em relação a um ponto. A figura seguinte representa
parte encurvada da peça estar consideravelmente a porta citada no exemplo e, ao lado, o esquema
afastado da base de apoio. geométrico da força e da distância ao eixo:
Caso a peça seja puxada quase totalmente
para o exterior da bainha, de forma a que o cen-
tro de gravidade do conjunto fique localizado sobre
uma vertical que não intersecte o tampo da mesa, a
bainha inclina-se e o peso suspenso move-se, apro-
ximando-se da vertical que passa pela periferia da
mesa. Nestas condições, o conjunto ficará apoiado
sobre a mesa apenas por uma linha de apoio que é
transversal ao eixo longitudinal da bainha. A configu-
ração de equilíbrio exige que esta linha se encontre, Define-se o momento de uma força , M, em
necessariamente, acima do centro de gravidade do relação a um eixo de rotação, como o produto do
conjunto. Se o conjunto for largado duma posição tal módulo da força pela distância entre o seu ponto de
que a vertical que passa pelo seu centro de gravida- aplicação e o eixo e pelo seno do ângulo (que não
de não intersecte a linha de apoio, então iniciará um tem unidade) formado entre a direção da força e a
movimento pendular amortecido, até atingir a posi- distância referida:
ção de equilíbrio.
Um equilibrista segura uma vara dobrada, nas
extremidades da qual existem duas esferas de latão.
Era utilizado nas lições de Física Experimental, para
As unidades em jogo são:
mostrar a importância da posição do centro de gra-
• ou M em N.m;
vidade de um corpo relativamente à sua base de
• F em N;
sustentação, quando em equilíbrio estável.
• d em m. 35
O equilibrista tem a particularidade de se encon-
trar apoiado sobre um pequeno disco de latão, atra-
MOMENTO RESULTANTE
vés de um espigão de ferro existente sob o seu pé es-
querdo. O disco encontra-se no topo de uma coluna
A resultante livre de um sistema de forças é igual
de madeira ricamente trabalhada.
à soma das forças componentes do sistema. RL = F1 +
F2 + ...... >>>  RL = S Fi
Momento de uma Força
A resultante livre de um sistema de forças mede o
efeito de translação produzido pelo sistema.
O momento de uma força , em relação a um
ponto de um eixo, exercida num ponto (por exem-
plo, o momento da força exercida por uma mão num
ponto de uma porta em relação ao eixo de rotação
da porta), cuja posição é descrita por um vector po-
sição , é uma grandeza vectorial que se obtém atra-
vés do produto vectorial entre o vector posição e o
vector força:
A direção e o sentido da resultante livre corres-
pondem à direção e o sentido do efeito de transla-
ção. O módulo da resultante livre nos informa sobre a
intensidade do efeito de translação
Momento resultante de um sistema de forças em
relação a um ponto P é igual à soma dos momentos
das forças componentes do sistema em relação à
este mesmo ponto P.

MP = MPF1 + MPF1........>>>MP =  S MPFi  

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Observação importante: Se as forças componen-


tes do sistema e o ponto P forem coplanares, os veto-
res momento serão paralelos e a soma vetorial acima
se reduz a uma soma escalar.
MP = MPF1 + MPF1........>>> MP =  S MPFi  
O momento resultante de um sistema de forças
em relação a um ponto P, mede o efeito de rotação
em torno do ponto P, produzido pelo sistema.
Convencionaremos que uma rotação no senti-
do horário corresponde a um momento positivo. MP
= - F1.PA + F2. PB, representando o módulo das forças
componentes do binário por F >>>> F1 = F2 = F >>> MP
= - F.PA + F.PB >>> MP = F.(PB - PA) >>> MP = F.d
Significa dizer que o momento do binário não
varia quando o ponto P muda de posição, como já
mostramos.
A direção do momento resultante é normal ao
plano de rotação. O sentido do momento resultante
é indicativo do sentido do efeito de translação, isto
é, o sentido do momento resultante é dos pés à ca-
beça de um observador que em pé sobre o plano de
rotação veria a rotação se realizar no sentido anti-ho-
rário. O módulo do momento resultante nos informa
sobre a intensidade do efeito de rotação.
Resultante de um sistema de forças é uma força
única capaz de produzir o mesmo efeito do sistema. Uma força única não é capaz de produzir o efeito
Existem sistemas de forças cujo efeito não pode de rotação que o binário produz. 
ser produzido por uma única força. Sabemos que a resultante livre mede o efeito de
36 O binário é um sistema constituído por duas for- translação e que o momento resultante mede o efei-
ças de mesma direção, mesmo módulo e sentidos to de rotação. Se RL não é zero >>> sistema produz
contrários. efeito de translação. Se M = 0 >>> sistema não produz
efeito de rotação.
Na sua forma mais simples o sistema se reduz à
uma única força. O sistema admite resultante sendo
esta igual à sua resultante livre.
Sabemos que a resultante livre mede o efeito de
translação e que o momento resultante mede o efei-
to de rotação. Se RL = 0  >>> sistema não produz efei-
to de translação. Se M  não é zero >>> sistema produz
efeito de rotação.
A resultante livre de um binário é nula. A resultan- Na sua forma mais simples o sistema se reduz à
te livre é a soma das forças componentes do sistema um binário.
>>>RL = F1 + F2 como F1 = - F2>>>RL= 0 O sistema não admite resultante. Sabemos que a
resultante livre mede o efeito de translação e que o
momento resultante mede o efeito de rotação. Se RL
não é zero >>> sistema produz efeito de translação.
Se M não é zero >>> sistema produz efeito de rotação.
Na sua forma mais simples o sistema se reduz à
um conjunto constituído por uma força e um binário.
O sistema não admite resultante. Sabemos que a
resultante livre mede o efeito de translação e que o
momento resultante mede o efeito de rotação. Se RL
Considere o binário da figura, vamos calcular o = 0 >>> sistema não produz efeito de translação. Se M
módulo de seu momento resultante em relação ao = 0 >>> sistema não produz efeito de rotação.
ponto P.

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Na sua forma mais simples o sistema se reduz à A massa específica (m) de uma substância é a
uma única força nula. razão entre a massa (m) de uma quantidade da
O sistema admite resultante sendo esta igual à substância e o volume (V) correspondente, ou seja,
uma força nula. é representado pelo mesmo cálculo da densidade.
Este sistema que não produz efeito é chamado Obviamente, é comum o termo densidade (d)
de sistema de forças em equilíbrio. em lugar de massa específica (m )... Uma explica-
ção que encontrei seria que se usaria “densidade”
HIDROSTÁTICA:  Massa Específica e Densidade para representar a razão entre a massa e o volu-
me de objetos sólidos (ocos ou maciços), e “massa
A massa específica (m ) de uma substância é específica”para líquidos e soluções. Mas se assim fos-
a razão entre a massa (m) de uma quantidade da se, não poderíamos falar densidade da água, mas
substância e o volume (V) correspondente: somente massa específica. Curiosamente já encon-
trei também massa específica se referindo a solo, que
não é líquido.Em termos gerais, a principal diferença
observada que densidade é um conceito mais usa-
do na química e massa específica na física (hidros-
tática).
Uma unidade muito usual para a massa especí-
fica é o g/cm3 , mas no SI a unidade é o kg/m3 . A CONCEITO DE PRESSÃO, PRESSÃO EM UM FLUIDO
relação entre elas é a seguinte: UNIFORME EM EQUILÍBRIO

Muitas pessoas pensam que pressão é sinônimo


de força. Pressão, no entanto, leva em conta não
apenas a força que você exerce mas também a
área em que a força atua. Um bloco de 1 decímetro
Assim, para transformar uma massa específica de quadrado por dois decímetros de altura, pesando 4
g/cm3 para kg/m3, devemos multiplicá-la por 1.000 . kg. O peso do bloco é distribuído sobre uma área de
Na tabela a seguir estão relacionadas as massas es- 1dm2, de modo que exerce uma pressão de 4kg por
pecíficas de algumas substâncias. decímetro quadrado. Se o bloco estiver apoiado na 37
  face lateral de modo que a área em contato com a
mesa seja de 2 dm2, a pressão será de 2kg por dm2.
Substância
Um pneu de automóvel, de cerca de 20 centímetros
Água 1,0 1.000 de largura tem uma grande superfície em contato
Gelo 0,92 920 com o chão. Com esse pneu um carro pesado roda
mais suavemente que com um pneu menor que exi-
Álcool 0,79 790
giria maior pressão.
Ferro 7,8 7.800
Chumbo 11,2 11.200 Pressão = Força / Área
Mercúrio 13,6 13.600

Observação: É comum encontrarmos o termo (A) O peso do bloco (4 kg), distribuído em 1 dm2,
densidade (d) em lugar de massa específica (m ). exerce uma pressão de 4 kg por dm2.
Usa-se “densidade” para representar a razão entre a (B) Qual é a pressão? (A) representa um ho-
massa e o volume de objetos sólidos (ocos ou maci- mem de 80kg tentando andar em areia movediça.
ços), e “massa específica” para líquidos e soluções. Seu peso produz grande pressão porque a área dos
A densidade absoluta de uma substância é defi- seus sapatos é pequena e ele afunda na areia. Se
nida como a relação entre a sua massa e o seu vo- ele se deitar de costas seu peso atuará sobre uma
lume. área maior causando pressão muito menor e ele não
A densidade relativa é a relação entre a densida- afundará.
de absoluta de um material e a densidade absoluta Pressão e Área. (A) Quando o homem tenta ficar
de uma substância estabelecida como padrão. No de pé na areia movediça, ele afunda porque seu
cálculo da densidade relativa de sólidos e líquidos, o peso causa uma grande pressão na pequena área
padrão usualmente escolhido é a densidade absolu- de seus sapatos. (B) Quando se deita na areia ele
ta da água, que é igual a 1,000 kg/dm³ (equivalente não afunda porquê seu peso atua numa área maior
a 1,000 g/cm³) a 4°C. e a pressão que ele exerce é menor.

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Um veículo perigoso tem as rodas formadas por Aplicação


grandes sacos cheios de ar com uma pressão 8 vezes
que o dos pneus de um jipe. Os sacos podem sus- Um mergulhador e seu equipamento têm massa
tentar o enorme peso do veículo porquê têm uma total de 80kg. Qual deve ser o volume total do mer-
grande área em contato com o solo. O veículo anda gulhador para que o conjunto permaneça em equilí-
facilmente nas piores estradas porque os sacos amor- brio imerso na água?
tecem os choques ou solavancos. Solução: Dados: g = 10m/s2; dágua = 103kg/m3; m =
Uma patinadora de gelo produz uma pressão de 80kg. Como o conjunto deve estar imerso na água, o
45kg por cm2 em vista da pequena área da lâmina volume de líquido deslocado (Vld) é igual ao volume
do patim. A moça está patinando no gelo com pa- do conjunto (V). Condição de equilíbrio:
tins que se apóiam sobre uma lâmina estreita, seu E=P
d . Vld . g = m . g
peso causa enorme pressão. Pressão é a força divi-
103 x V x 10 = 80 x 10
dida pela área.
V = 8 x 10-2m3

Princípio de Pascal

Quando um ponto de um líquido em equilíbrio so-


Exemplo: Uma caixa pesando 150kg mede 1,20m fre uma variação de pressão, todos os outros pontos
de comprimento por 0,5m de largura. Que pressão do líquido também sofrem a mesma variação.
exerce ela sobre o chão?
120 kg = peso da caixa;
0,5 m = largura da caixa;
1,2 m = comprimento da caixa.

Determinar a pressão.

Dois recipientes ligados pela base são preenchi-


38 dos por um líquido (geralmente óleo) em equilíbrio.
Sobre a superfície livre do líquido são colocados êm-
LÍQUIDOS EM EQUILÍBRIO EM UM bolos de áreas S1 e S2. Ao aplicar uma força F1 ao êm-
CAMPO GRAVITACIONAL UNIFORME, PRINCÍPIOS bolo de área menor, o êmbolo maior ficará sujeito a
DE PASCAL E DE ARQUIMEDES uma força F2, em razão da transmissão do acréscimo
de pressão p. Segundo o Princípio de Pascal:
Princípio de Arquimedes

Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num


fluido em equilíbrio, sofre a ação de uma força verti-
cal, para cima, aplicada pelo fluido. Essa força é de-
nominada empuxo , cuja intensidade é igual ao peso Importante: o Princípio de Pascal é largamente
utilizado na construção de dispositivos ampliadores
do fluido deslocado pelo corpo.
de força – macaco hidráulico, prensa hidráulica, di-
reção hidráulica, etc.

Aplicação

Numa prensa hidráulica, as áreas dos êmbolos


são SA = 100cm2 e SB = 20cm2. Sobre o êmbolo me-
nor, aplica-se uma força de intensidade de 30N que
o desloca 15cm. Determine:
a) a intensidade da força que atua sobre o êm-
Assim, quando um barco está flutuando na água, bolo maior;
em equilíbrio, ele está recebendo um empuxo cujo b) o deslocamento sofrido pelo êmbolo maior.
valor é igual ao seu próprio peso, isto é, o peso do
barco está sendo equilibrado pelo empuxo que ele
recebe da água: E = P.

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Solução:

a) Pelo Princípio de Pascal:

b) O volume de líquido transferido do êmbolo


menor para o maior é o mesmo: Quando um corpo flutua parcialmente imerso no
fluido e se inclina num pequeno ângulo, o volume
da parte da água deslocada se altera e, portanto,
o centro de empuxo muda de posição. Para que
um objeto flutuante permaneça em equilíbrio está-
vel, seu centro de empuxo deve ser deslocado de tal
EQUILÍBRIO DE CORPOS FLUTUANTES modo que a força de empuxo (de baixo para cima)
e o peso (de cima para baixo) produzam um torque
Quando um corpo emerge na superfície da água, restaurador, que tende a fazer o corpo retornar a sua
ele passa a deslocar um menor volume de água. De posição anterior.
acordo com o Princípio de Arquimedes, seu empu-
xo (que antes era maior do que seu peso) diminui. O
bloco ficará em equilíbrio de flutuação na superfície
da água quando a força de empuxo for exatamente
igual ao peso. Dizemos que o corpo ficará flutuando
em equilíbrio estático.
Ocasionalmente, algumas embarcações ou na-
vios podem ser modificadas, introduzindo-se mastros
maiores ou canhões mais pesados; nestes casos, eles Quando o centro de gravidade G estiver acima
se tornam mais pesados e tendem a emborcar em do centro de empuxo C, o equilíbrio pode ser estável
mares mais agitados. Os “icebergs” muitas vezes ou não. Vai depender de como se desloca o centro 39
também viram quando derretem parcialmente. Estes de empuxo em virtude da mudança na força do vo-
fatos sugerem que, além das forças, os torques des- lume de líquido deslocado. As figuras mostram essa
tas forças também são importantes para o estudo do situação, onde o centro de gravidade G está acima
equilíbrio de flutuação. do centro de empuxo mas, ao deslocar o corpo da
posição inicial, o centro de empuxo muda, de modo
que o torque resultante faz com que o corpo volte
para sua posição inicial de equilíbrio.
Obs.: A diferença conceitual entre centro de em-
puxo e centro de gravidade é que a posição do cen-
tro de gravidade não se altera em relação ao corpo,
a menos que ele seja deformado. Mas o centro de
empuxo do corpo flutuante muda de acordo com
a forma do líquido deslocado porque o centro de
Quando um corpo está flutuando em um líquido, empuxo está localizado no centro de gravidade do
ele está sujeito à ação de duas forças de mesma in- líquido deslocado pelo corpo.
tensidade, mesma direção (vertical) e sentidos opos-
tos: a força-peso e o empuxo. Os pontos de aplica-
ção dessas forças são, respectivamente, o centro de
gravidade do corpo G e o centro de empuxo C, que
corresponde ao centro de gravidade do líquido des-
locado ou centro de empuxo.
Se o centro de gravidade G coincide com o cen-
tro de empuxo C, situação mais comum quando o
corpo está totalmente mergulhado, o equilíbrio é in-
diferente, isto é, o corpo permanece na posição em
que for colocado.

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As figuras abaixo mostram o equilíbrio chamado


instável. Movimentando o corpo (oscilando) de sua
posição inicial, o deslocamento do centro de empu-
xo faz com que o torque resultante vire o corpo.
A tarefa de um engenheiro naval consiste em
projetar os navios de modo que isto não ocorra.

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• ENERGIA, TRABALHO E POTÊNCIA – CONCEITUAÇÃO DE TRABALHO,


ENERGIA E POTÊNCIA. CONCEITO DE ENERGIA POTENCIAL E DE ENERGIA
CINÉTICA. CONSERVAÇÃO DE ENERGIA MECÂNICA E DISSIPAÇÃO DE
ENERGIA. TRABALHO DA FORÇA GRAVITACIONAL E ENERGIA POTENCIAL
GRAVITACIONAL. FORÇAS CONSERVATIVAS E DISSIPATIVAS.

Conceito de Trabalho A força necessária para deformar uma mola é


F=1000·x N, onde x é a deformação. O trabalho desta

S
e denomina trabalho infinitesimal, ao produ- força é calculado mediante a integral
to escalar do vetor força pelo vetor desloca-
mento.

41
A área do triângulo da figura é (0.05·50)/2=1.25 J
Onde Ft é a componente da força ao longo do Quando a força é constante, o trabalho é obtido
deslocamento, ds é o módulo do vetor deslocamen- multiplicando a componente da força ao longo do
to dr, e q  o ângulo que forma o vetor força com o deslocamento pelo deslocamento.
vetor deslocamento. W=Ft·s
O trabalho total ao longo da trajetória entre os
pontos A e B é a soma de todos os trabalhos infinite- Exemplo:
simais Calcular o trabalho de uma força constante de
12 N, cujo ponto de aplicação se translada 7 m, se o
ângulo entre as direções da força e do deslocamen-
to são 0º, 60º, 90º, 135º, 180º.

Seu significado geométrico é a área sob a repre-


sentação gráfica da função  que relaciona a com-
ponente tangencial da força Ft, e o deslocamento s.

Exemplo:Calcular o trabalho necessário para


alongar uma mola 5 cm, se a constante da mola é - Se a força e o deslocamento tem o mesmo sen-
1000 N/m. tido, o trabalho é positivo

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- Se a força e o deslocamento tem sentidos con- Força Conservativa - Energia Potencial


trários, o trabalho é negativo
- Se a força é perpendicular ao deslocamento, o Uma força é conservativa quando o trabalho de
trabalho é nulo. desta força é igual a diferença entre os valores inicial
  e final de uma função que só depende das coorde-
Conceito de Energia Cinética nadas. A dita função é denominada energia poten-
cial.
Suponhamos que F é a resultante das forças que
atuam sobre uma partícula de massa m. O trabalho
desta força é igual a diferença entre o valor final e o
valor inicial da energia cinética da partícula.

O trabalho de uma força conservativa não de-


pende do caminho seguido para ir do ponto A ao
ponto B.
O trabalho de uma força conservativa ao longo
de um caminho fechado é zero.
Na primeira linha aplicamos a segunda lei de
Newton; a componente tangencial da força é igual
ao produto da massa pela aceleração tangencial.
Na segunda linha, a aceleração tangencial at é
igual a derivada do módulo da velocidade, e o quo- Exemplo: Sobre uma partícula atua a força
ciente entre o deslocamento ds e o tempo dt gasto F=2xyi+x2j N
em deslocar-se é igual a velocidade v do móvel. Calcular o trabalho efetuado pela força ao lon-
Define-se energia cinética pela expressão go do caminho fechado ABCA.
- A curva AB é um ramo de parábola y=x2/3.
- BC é o segmento de reta que passa pelos pon-
tos (0,1) e (3,3) e
42 - CA é a porção do eixo Y que vai desde a origem
O teorema do trabalho-energia indica que o tra- ao ponto (0,1)
balho da resultante das forças que atuam sobre uma
partícula modifica sua energia cinética.

Exemplo: Achar a velocidade com a qual sai


uma bala depois de atravessar uma tabela de 7 cm
de espessura e que opõe uma resistência constante
de F=1800 N. A velocidade inicial da bala é de 450
m/s e sua massa é de 15 g.
O trabalho realizado pela força F é -1800·0.07=- O trabalho infinitesimal dW é o produto escalar
126 J do vetor força pelo vetor deslocamento
dW=F·dr=(Fxi+Fyj)·(dxi+dyj)=Fxdx+Fydy

As variáveis x e y são relacionadas através da


equação da trajetória y=f(x), e os deslocamentos
infinitesimais dx e dy são relacionadas através da
interpretação geométrica da derivada dy=f’(x)·dx.
onde f’(x) quer dizer, derivada da função f(x) relativo
A velocidade final v é a x.

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Vamos calcular o trabalho em cada um dos ra- Onde c é uma constante aditiva que nos permite
mos e o trabalho total no caminho fechado. estabelecer o nível zero da energia potencial.

- Ramo AB A Força que exerce uma Mola é Conservativa


Trajetória y=x2/3, dy=(2/3)x·dx.
Como vemos na figura quando um mola se defor-
ma x, exerce uma força sobre a partícula proporcio-
nal a deformação x e de sinal contrária a esta.

- Ramo BC
A trajetória é a reta que passa pelos pontos (0,1)
e (3,3). Se trata de uma reta de inclinação 2/3 e cuja
ordenada na origem é 1.
y=(2/3)x+1, dy=(2/3)·dx Para x>0, F=-kx
Para x<0, F=kx

O trabalho desta força é, quando a partícula se


desloca da posição xA a posição xB é

- Ramo CA
A trajetória é a reta x=0, dx=0, A força F=0 e por
tanto, o trabalho WCA=0 A função energia potencial Ep correspondente a
• O trabalho total força conservativa F vale
WABCA=WAB+WBC+WCA=27+(-27)+0=0 43

O Peso é uma Força Conservativa

Calculemos o trabalho da força peso F=-mgj


quando o corpo se desloca da posição A cuja orde- O nível zero de energia potencial é estabelecido
nada é yA até a posição B cuja ordenada é yB. do seguinte modo: quando a deformação é zero x=0,
o valor da energia potencial é tomado zero, Ep=0, de
modo que a constante aditiva vale c=0.

Princípio de Conservação da Energia

Se somente uma força conservativa F atua sobre


uma partícula, o trabalho desta força é igual a dife-
rença entre o valor inicial e final da energia potencial

A energia potencial Ep correspondente a força


conservativa peso tem a forma funcional
Como vimos no relato anterior, o trabalho da re-
sultante das forças que atua sobre a partícula é igual
a diferença entre o valor final e inicial da energia ci-
nética.

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A energia total do corpo é constante. A energia


potencial diminui e a energia cinética aumenta.
 
Forças não Conservativas
Igualando ambos trabalhos, obtemos a expres-
Para darmos conta do significado de uma força
são do princípio de conservação da energia
não conservativa, vamos compará-la com a força
EkA+EpA=EkB+EpB
conservativa peso.
A energia mecânica da partícula (soma da ener-
O Peso é uma Força Conservativa.
gia potencial mais cinética) é constante em todos os
pontos de sua trajetória. Calculemos o trabalho da força peso quando a
partícula se translada de A para B, e continuando
Comprovação do Princípio de Conservação da quando se translada de B para A.
Energia

Um corpo de 2 kg é deixado cair desde uma altu-


ra de 3 m. Calcular
- A velocidade do corpo quando está a 1 m de
altura e quando atinge o solo, aplicando as fórmulas
do movimento retilíneo uniformemente acelerado
- A energia cinética, potencial e total nestas po-
sições
Tomar g=10 m/s2 WAB=mg x
WBA=-mg x
O trabalho total ao longo do caminho fechado
A-B-A, WABA é zero.

44 A Força de Atrito é uma Força não Conservativa

Quando a partícula se move de A para B, ou de


B para A a força de atrito é oposta ao movimento, o
trabalho é negativo por que a força é de sinal con-
trário ao deslocamento

- Posição inicial x=3 m, v=0.


Ep=2·10·3=60 J, Ek=0, EA=Ek+Ep=60 J

- Quando x=1 m

WAB=-Fr x
WBA=-Fr x
O trabalho total ao longo do caminho fechado
Ep=2·10·1=20 J, Ek=40, EB=Ek+Ep=60 J A-B-A, WABA é diferente de zero
WABA=-2Fr x
- Quando x=0 m
De um modo geral, a energia pode ser definida
como capacidade de realizar trabalho ou como o
resultado da realização de um trabalho. Na prática,
a energia pode ser melhor entendida do que defini-
da. Quando se olha para o Sol, tem-se a sensação
de que ele é dotado de muita energia, devido à luz
Ep=2·10·0=0 J, Ek=60, EC=Ek+Ep=60 J e ao calor que emite constantemente.

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A humanidade tem procurado usar a energia Quando um objeto está a uma altura h, como já
que a cerca e a energia do próprio corpo, para foi visto, ele possui energia potencial; à medida que
obter maior conforto, melhores condições de vida, está caindo, desprezando a resistência do ar, a ener-
maior facilidade de trabalho, etc. gia potencial gravitacional do objeto que ele possui
Para a fabricação de um carro, de um cami- no topo da trajetória vai se transformando em ener-
nhão, de uma geladeira ou de uma bicicleta, é pre- gia cinética e quando atinge o nível de referência
ciso Ter disponível muita energia elétrica, térmica e a energia potencial é totalmente transformada em
mecânica. energia cinética (fig.6). Este é um exemplo de con-
A energia elétrica é muito importante para as in- servação de energia mecânica.
dústrias, porque torna possível a iluminação dos lo- Na ausência de forças disssipativas, a energia
cais de trabalho, o acionamento de motores, equi- mecânica total do sistema se conserva, ocorrendo
pamentos e instrumentos de medição. transformação de energia potencial em cinética e
Para todas as pessoas, entre outras aplicações, vice-versa.
serve para iluminar as ruas e as casas, para fazer fun-
cionar os aparelhos de televisão, os eletrodomésticos Energia Mecânica
e os elevadores. Por todos esses motivos, é interes-
sante converter outras formas de energia em energia Chamamos de Energia Mecânica a todas as for-
mas de energia relacionadas com o movimento de
elétrica.
corpos ou com a capacidade de colocá-los em mo-
vimento ou deformá-los.
Energia Cinética
Armazenamento de Energia
A energia que um corpo adquire quando está
em movimento chama-se energia cinética. A ener-
Note-se que o princípio de conservação é facil-
gia cinética depende de dois fatores: da massa e da
mente confundido com a ideia de ‘armazenamento’
velocidade do corpo em movimento. de energia no interior de um sistema material.
No século dezessete formou-se a idéia de que o
Potencial trabalho que um sistema podia realizar era ‘armaze-
nado’ de alguma maneira no interior do próprio siste- 45
É um tipo de energia que o corpo armazena, ma e que o ‘trabalho armazenado’ era sempre igual
quando está a uma certa distância de um referencial ao ‘trabalho realizado’.
de atração gravitacional ou associado a uma mola. Não sabemos o que a energia é. Todavia, se fala-
mos que a energia pode ser armazenada, está-se as-
Energia Cinética sumir que sabemos o que é – “como queijo armaze-
Qualquer corpo que possuir velocidade terá nado no frigorífico, talvez”, na pitoresca imagem de
energia cinética. A equação matemática que a ex- Benyon. Benyon pergunta, então, ‘como a energia é
pressa é: armazenada no objeto e onde?’. A ‘energia’ é uma
quantidade abstrata, um conceito inventado por
conveniência do estudo da Natureza. Como se pode
então, armazenar uma abstração? E, comparando
energia com os números, outra abstração, como
se pode armazenar um número? Pode-se evidente-
Teorema da  energia cinética mente armazenar objetos em forma de números ou
quantidades de objetos correspondentes a números,
O trabalho realizado pela resultante de todas as mas não os números em si. Benyon sugere, então,
forças aplicadas a uma partícula durante certo in- que a idéia do armazenamento de energia decorre
tervalo de tempo é igual à variação de sua energia da energia ser tratada não como um conceito físico
cinética, nesse intervalo de tempo. abstrato mas como algo real, como um fluido ou um
combustível que possa ser armazenado ou transferi-
do de um corpo a outro.
tR,AB = m.v2B/2 - m.v2A/2 = [DEcin.]A==>B
Frequentemente o conceito de armazenamento
de energia refere-se a combustíveis, como se hou-
Conservação da Energia Mecânica
vesse energia, geralmente referida como energia
química, armazenada no combustível. Um exemplo
A energia mecânica (Emec) de um sistema é a
é ilustrativo: Um pedaço de carvão, não possui ener-
soma da energia cinética e da energia potencial.

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gia química neste sentido, pois não pode, por si só, Se apenas forças conservativas efetuam traba-
ser transformado em gás carbônico e libertar ener- lho, a equação D K+D U= D (K+U)=0, afirma que a
gia. O que ocorre é que a mistura inicial do carvão e variação da energia mecânica total é nula. Então a
oxigênio está num estado energético mais alto que o energia mecânica total permanece constante du-
produto da combustão, gás carbônico, tal como a rante o movimento da partícula.
pedra antes de cair estava numa posição mais alta. E= K+U= constante
Durante sua queima, os átomos de carbono reagem Esta é a lei da conservação da energia mecânica
quimicamente com as moléculas de oxigênio do ar e é a origem da denominação “força conservativa”.
num processo exotérmico, o que significa que a di-
ferença positiva no valor da energia química do sis- Símbolos
tema é transferida para o meio ambiente em forma W: Trabalho;
de calor, neste caso, aquecendo o ar circundante, K: Energia cinética;
por exemplo. Note-se, todavia, para que essa rea- U: Energia Potencial ;
ção de combustão aconteça, é necessário que a E: Energia Mecânica;
ò : Integral.
mistura seja aquecida a 750 ºC, isto é, é necessária
D : variação (D K: variação de energia cinética, D
a transferência energia em forma de calor à mistura
U: variação de energia potencial, ...)
de carvão e oxigênio antes que a reação aconteça,
mais um motivo para não fazer sentido dizer-se que
ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA
‘o carvão tem energia’.
DE UMA MOLA IDEAL
Outra analogia fornecida por McClelland é inte-
ressante: Se algo será armazenado em sentido me- Define-se ‘energia potencial elástica’ a energia
tafórico, deverá estar associado a algo material que potencial de uma corda ou mola que possui elasti-
possa ser armazenado fisicamente. Assim, podemos cidade.
armazenar combustíveis e podemos armazenar livros; Se considerarmos que uma mola apresenta com-
mas há tanto sentido falar em armazenar energia portamento ideal, ou seja, que toda energia que ela
quanto armazenar informação. recebe para se deformar ela realmente armazena,
Um livro não contém informação, mas apenas podemos escrever que a energia potencial acumu-
46 manchas de tinta sobre folhas de papel – cabe a um lada nessa mola vale:
leitor, que aprendeu a reconhecer aquelas manchas
de tinta como letras e palavras e a associar palavras
a conceitos, ‘extrair’ informação do livro.

A Conservação da Energia Mecânica


Nessa equação, “x” representa a deformação
O sinal negativo na definição da função ener- (contração ou distensão) sofrida pela mola, e “K”
gia potencial (D U= U2-U1= -W= -ò s1 s2 F.ds), é intro- chamada de constante elástica, de certa forma,
duzido de modo que o trabalho efetuado por uma mede a dificuldade para se conseguir deformá-la.
força conservativa sobre uma partícula, seja igual a Molas frágeis, que se esticam ou comprimem facil-
diminuição de energia potencial do sistema. Consi- mente, possuem pequena constante elástica. Já
deremos um sistema no qual o trabalho seja efetua- molas bastante duras, como as usadas na suspen-
do apenas sobre uma das partículas, como o caso são de um automóvel, possuem essa constante com
esquiador-terra. Se a única força que efetuar o tra- valor elevado. Pela equação de energia potencial
balho sobre a partícula for uma força conservativa, elástica, podemos notar algo que nossa experiência
o trabalho feito pela força é igual a diminuição da diária confirma: quanto maior a deformação que se
quer causar em umas mola e quanto maior a dificul-
energia potencial do sistema, e também igual ao
dade para se deformá-la (K), maior a quantidade de
aumento da energia cinética da partícula (que no
energia que deve ser fornecida a ela (e consequen-
caso, é o aumento de energia cinética do sistema):
temente maior a quantidade de energia potencial
Wtotal= ò F.ds= -D U= +D K
elástica que essa mola armazenará).
Portanto,
D K+D U= D (K+U)=0
Exemplos de Ocorrências

A soma da Energia cinética com a energia po- Quando alguém puxa a corda de um arco e
tencial do sistema é a energia mecânica total E: flecha, quando estica ou comprime uma mola ou
E= K+U quando salta em um Bungee jumping, em todos es-

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ses casos, energia está sendo utilizada para deformar Uma massa presa a uma mola. Com uma boa
um corpo. Para poder acertar o alvo, um arqueiro aproximação podemos considerar que quando a
tem que usar energia de seus músculos para puxar massa é deslocada de sua posição de equilíbrio, a
a flecha para trás e o arco para frente. Dessa forma, mola exerce uma força proporcional a distância até
a corda desse instrumento fica esticada e com cer- a posição de equilíbrio. Essa relação é conhecida
ta quantidade de energia armazenada. Quando o como Lei de Hooke, e pode ser expressa como
arqueiro solta a corda, a flecha recebe parte dessa
energia e, com isso, adquire movimento.
Assim como nos exemplos citados, sempre que
um corpo é deformado e mantém a capacidade
de diminuir essa deformação (voltando ao formato
original ou não), dizemos que esse corpo armazenou
uma modalidade de energia chamada de energia
potencial elástica. Agora, o nome potencial é origi-
nado do fato de o corpo esticado ou comprimido F=-kx
pode adquirir movimento espontaneamente após  
ser liberado. A denominação elástica vem do fato onde  x  é a distância até a posição de equilíbrio
de a capacidade de deformar e voltar ao normal ser e  k  é a constante da mola. Essa força também é
chamada de elasticidade. chamada de força restauradora, pois tende a fazer
Nosso organismo, por exemplo, possui uma pro- com que a massa volte até a posição de equilíbrio.
teína chamada elastina - responsável por dar elas- A energia potencial elástica  U(x)  associada a força
ticidade à nossa pele. Quando pressionamos ou pu- restauradora tem a forma de uma parábola U(x) = k
xamos a pele de alguém, energia potencial elástica x2/2
fica armazenada permitindo que a pele retorne ao
formato natural. Se não fosse assim, caso apertásse- Ponto de equilíbrio: O ponto de equilíbrio é aque-
mos o braço de alguém, ele ficaria deformado para le onde a força exercida pela mola sobre a massa é
sempre. nula. E esse ponto representa o menor valor da ener-
A energia potencial gravitacional depende da gia potencial elástica.
aceleração da gravidade, então em que situações Condições iniciais: As condições iniciais determi- 47
essa energia é positiva, nula ou negativa? nam as especificidades do movimento do sistema
A força elástica depende da massa da mola? Por massa-mola. Podemos ter uma situação inicial onde
quê? a mola está distendida e em repouso. Podemos tam-
Se uma mola é comprimida por um objeto de bém ter a condição inicial onde a distensão é nula (a
massa grande, quando solto a mola não consegue massa está no ponto de equilíbrio) mas a velocidade
se mover, o que acontece com a energia potencial é não nula. Ou podemos ter uma combinação das
elástica? condições anteriores.
 
Sistema Massa-Mola Amplitude de oscilação e constante de fase
x(t) = A sen(wt+j)
Esse modelo é extremamente importante para a v(t) = -wA cos(wt+j)
o estudo de fenômenos naturais, pois é usado como
uma boa aproximação para oscilações de peque- onde
nas amplitudes, de sistemas que originalmente se en- A = amplitude de oscilação
contram em equilíbrio estável.  wt+ j = fase
Uma mola com uma extremidade presa a um su- w = frequência angular
porte fixo e a outra extremidade presa a uma mola. j = constante de fase
Nesta situação a mola se encontra numa posição  
horizontal, e a massa pode mover-se horizontalmente As condições iniciais são dadas através dos valo-
em um plano com um coeficiente de atrito despre- res da amplitude de oscilação e constante de fase.
zível. Consideremos um sistema massa-mola onde a fre-
quência angular vale  w = 5rad/s. Se a constante de
fase for  j = 0  e a amplitude de oscilação for  A=3m
, teremos
 x(0) = 0
v(0) = -15m/s

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Velocidade e posição: A solução x(t) da equa- x(t) = A sen(wt+j)


ção de movimento do sistema massa-mola que nos v(t) = -wA cos(wt+j)
informa como a posição da mola varia com o tempo
é dada por: encontramos
x(t) = A sen(wt+j)
v(t) = -wA cos(wt+j)

onde
A = amplitude de oscilação
wt+j  = fase
w = frequência angular
j = constante de fase
Características do sistema: O sistema massa mola
 
é definido pelos valores da massa  m  e da constante
Podemos inverter as relações de dependência e
encontrar que elástica da mola  k , e considerando esses parâme-
tros, encontramos que a frequência angular  w  tem
a forma:

e o período T
Velocidade nula e posição diferente da posição
de equilíbrio: Considerando a solução x(t) da equa-
ção de movimento do sistema massa-mola que nos
informa como a posição da mola varia com o tempo
é dada por:
x(t) = A sen(wt+j) Sistema conservativo (Ausência de atrito): O sis-
v(t) = -wA cos(wt+j) tema será considerado conservativo, quando forem
48 conservativas as forças que nele atuam. Uma força
encontramos
é dita conservativa quando o trabalho que ela pro-
v(0) = 0
duz em um percurso fechado é nulo. Chamamos de
x(0) = x0 ≠ 0
percurso fechado a trajetória que retorna até a sua
ou seja: posição original. Consideremos um sistema compos-
A = x0 to pela Terra e uma bola que está localizada próximo
j = p/2 a sua superfície. A força gravitacional entre a Terra e
  a bola é uma força conservativa, pois o trabalho que
Posição de equilíbrio e velocidade não nula: a força da Terra exerce sobre a bola em um percurso
Considerando a solução x(t) da equação de movi- fechado é nulo. Por exemplo, se a bola for lançada
mento do sistema massa-mola que nos informa como verticalmente para cima ela retornará até a posição
a posição da mola varia com o tempo é dada por: original com a mesma energia. Ou seja: o trabalho
 x(t) = A sen(wt+j) que a força gravitacional exerceu na subida da bola
v(t) = -wA cos(wt+j) é exatamente igual e de sinal contrário ao trabalho
que ela exerceu na descida.
encontramos Conservação da Energia Mecânica: Quando
v(0) = v0 = - wA  ≠  0 em um sistema só existirem forças conservativas, esse
x(0) = 0 sistema será conservativo, e portanto a sua energia
será uma constante.
ou seja:
Pequenas oscilações de sistemas reais em equilí-
A = v0 /w
brio estável: A energia potencial de um sistema ideal
j=0
tal como o sistema massa-mola, é simétrica em tor-
 
no da sua posição de mínimo. No entanto a ener-
Posição diferente da posição de equilíbrio e ve-
locidade não nula: Considerando a solução x(t) da gia potencial de sistemas reais não têm uma forma
equação de movimento do sistema massa-mola que tão idealizada, mas apresenta-se como o exemplo
nos informa como a posição da mola varia com o adiante:
tempo é dada por:

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

energia mecânica desse corpo não se manterá cons-


tante. Poderá aumentar ou diminuir dependendo do
tipo de força não conservativa que esteja atuando.
Sistema dissipativo (Presença de atrito): Uma ca-
tegoria de força não conservativa são as forças dissi-
pativas. Quando for dissipativa pelo menos uma das
forças que atuam em um corpo, a sua energia me-
cânica diminui enquanto ele se movimenta. As for-
A energia potencial do gráfico anterior é um ças de atrito são forças de contato entre duas super-
exemplo de uma função não simétrica em torno do fícies, onde se dificulta o movimento relativo e como
ponto de mínimo  xMIN . Se considerarmos um sistema consequência existe uma transformação de parte
onde a massa está sob a ação de um potencial da da energia mecânica em calor.
forma acima, e inicialmente se encontra na posição Diminuição da Energia Mecânica: A energia
de equilíbrio  xMIN , caso seja afastado de sua posição mecânica de um sistema é a soma dos seus vários
de equilíbrio ele tenderá a retornar a essa posição. possíveis tipos de energia potencial e a sua energia
Se o afastamento da posição de equilíbrio for cinética. Quando consideramos uma sistema con-
muito pequeno, a massa se deslocará por uma re- servativo, as forças que atuam nele são todas con-
gião onde a energia potencial é vizinha do ponto de servativas, e a sua energia mecânica se conserva,
mínimo, e essa região tem uma forma muito pareci- apesar se existir uma transformação permanente en-
da com a parábola. Daí dizermos que para qualquer tre as energias potenciais e cinética. No entanto, na
forma que tenha a energia potencial, para oscila- presença de uma força dissipativa, parte da energia
ções de pequenas amplitudes podemos aproximar o mecânica do sistema vai se transformando de ma-
movimento por um oscilador harmônico. neira irreversível em calor.
 Energia potencial atrativa, mas não simétrica em
torno do ponto de mínimo: A energia potencial  U(x)  Força Centrípeta
do gráfico ao lado é um exemplo de uma função
não simétrica em torno do ponto de mínimo  xMIN . Se Inicialmente deveremos definir que sempre que
considerarmos um sistema onde a massa está sob a um corpo descreve uma curva, sua velocidade ve-
ação de um potencial da forma acima, e inicialmente torial varia em direção. Para que isso ocorra, pelo 49
se encontra na posição de equilíbrio  xMIN , caso seja principio fundamental da dinâmica, as forças que
afastado de sua posição de equilíbrio ele tenderá atuam sobre o corpo devem gerar uma aceleração
a retornar a essa posição. Se o afastamento da centrípeta.
posição de equilíbrio for muito pequeno, a massa se
deslocará por uma região onde a energia potencial
é vizinha do ponto de mínimo, e essa região tem uma
forma muito parecida com a parábola.

Sendo Fr a resultante das forças que atuam so-


bre o corpo, gerando uma aceleração centrípeta na
mesma direção da força.
Daí dizermos que para qualquer forma que tenha
a energia potencial, para oscilações de pequenas
amplitudes podemos aproximar o movimento por um
oscilador harmônico.
Dissipação da energia mecânica: Quando as for-
ças que atuam em um corpo são conservativas, a
energia mecânica se mantém constante enquanto
esse corpo se movimenta. No entanto, quando pelo
menos uma dessas forças for não-conservativa, a

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Força em um referencial não-inercial

O trem da montanha russa não cai devido à força


centrípeta. A resultante das forças que atuam sobre
o corpo, gerando uma aceleração. Resultante cen-
trípeta num movimento curvilíneo podemos observar Um observador no interior do carro, sobre uma
a atuação de duas forças, uma de componente tan- aceleração em relação à estrada, quando entra em
gencial (responsável pela variação do módulo da uma curva sente-se atirado para fora do carro, ou
velocidade) sempre tangente à trajetória e outra de seja para fora da curva. Esta poderia ser considerada
componente centrípeta (responsável pela variação a força centrífuga, que o atira para fora da trajetória
da trajetória). Num sistema onde co-atuam força circular, porém a força centrifuga só é válida para
centrípeta e força tangencial, a decomposição da o observador em movimento junto ao carro, ou seja
força resultante é dada como mostra abaixo. um observador não-inercial. A força centrífuga não é
reação da força centrípeta.

Impulso

50 Impulso é a grandeza física que mede a varia-


ção da quantidade de movimento de um objeto. É
causado pela ação de uma força atuando du-
rante um intervalo de tempo . Uma pequena for-
ça aplicada durante muito tempo pode provocar a
mesma variação de quantidade de movimento que
uma força grande aplicada durante pouco tempo.
Ambas as forças provocaram o mesmo impulso. A
unidade no Sistema Internacional de Unidades para
o impulso é o N•s (newton segundo ou newton vezes
segundo). A velocidade de um corpo é transferida a
outro idêntico. A unidade do Impulso também pode
ser escrita como o produto da unidade de massa, o
quilograma, pela unidade de velocidade, o metro
por segundo, demonstrando-se facilmente que “qui-
lograma metro por segundo” (kg.m/s) é equivalente
a “newton segundo” (N.s). Via de regra, ao falar-se
de impulso, dá-se preferência pelo “N.s”; ao falar-
-se de variação da quantidade e movimento, dá-se
preferência ao “kg.m/s”. Contudo não há problema
algum em se intercambiar as duas.
Observe que Ft = Fr.cosθ, e que Fc = Fr.senθ
Equações
Quando o movimento é uniforme, Ft é zero.
O impulso( ) é igual à variação da quantidade
de movimento ( ) de um corpo.

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ra e o ponto de contato do ovo com o obstáculo seja


mantida a mesma, as velocidades do ovo após cair
Em situações onde a força mostra-se constante a distância em consideração também serão a mes-
ao longo do intervalo de atuação, o impulso pode ma em ambos os casos. Visto que P = mV, tem-se pois
que as quantidades de movimento imediatamente
também ser calculado a partir do produto entre a
antes da colisão são iguais em ambas as situações.
força ( ) aplicada ao corpo e o intervalo de tempo Em ambas as situações o estado final do ovo corres-
( ) durante o qual a força atua. ponde ao ovo parado - com velocidade zero, quer
este tenha quebrado, quer não - de forma que as
quantidades de movimento finais do ovo são ambas
nulas ao fim do processo.
A conclusão pode surpreender alguns: se as
Em situações mais complicadas - onde a força
quantidades de movimento inciais são iguais em
resultante atuanto no corpo é variável - a ambos os casos, ocorrendo o mesmo com as quan-
equação anterior contudo não se aplica. Deve-se tidades de movimento finais, tem-se que os impulsos
determinar o impulso nestes casos pela integração sofridos pelo ovo, determinável pela diferença entre
de no tempo: a quantidade de movimento final e inicial, são tam-
bém iguais.
A pergunta iminente é: porque o ovo quebra em
um caso, e não no outro? A resposta é: embora o
.
impulso sofrido seja o mesmo, as forças que atuam
em cada caso não são iguais, sendo muito maiores
Variação da Quantidade de Movimento na colisão com o chão. Supondo uma força média
contante atuando em ambos os casos, o produto
Na maioria dos casos a massa do corpo perma-
determina o impulso sofrido, e deve fornecer
nece constante, e nestes casos a variação da quan-
o mesmo resultado em ambos os casos. Contudo o
tidade de movimento pode ser calculada como o tempo de colisão no caso da almofada - dada a
produto da massa ( ) pela variação de velocidade deformação gradual desta - é consideravelmente
( ). maior, de forma que a força de interação almofada-
-ovo é consideravelmente menor. Na interação ovo- 51
-piso os papeis se invertem: o choque deve ser com-
pletado em um intervalo de tempo muito menor que
Porém a fórmula mais geral, aplicável a qualquer no caso da almofada, e por tal, para que o produto
situação, deve incluir os casos em que há variação continue o mesmo, a força neste caso deve
não apenas na velocidade como na massa. Neste ser consideravelmente maior.
caso o impulso é dado pela quantidade de movi-
Em verdade, a força é definida como:
mento final ( ) subtraída da quantidade de movi-
mento inicial ( ).

Ou ainda
Dado o mesmo impulso, quanto menor o inter-
valo de tempo necessário à sua aplicação, maior a
força necessária à situação, e vice versa. No caso do
O impulso sofrido por um objeto (massa constan- ovo colidindo com o chão a intensa força aplicada
te) depende apenas das quantidades de movimen- no ponto de colisão leva à tensões na estrutura do
to associadas ao instante antes da colisão e após a ovo além dos limites mecânicos desta, e por tal o ovo
colisão, e não de quão rápido se processam as co- se quebra.
Assim as forças de interação em colisões depen-
lisões que levam o mesmo estado incial ao mesmo
dem não apenas das condições iniciais e finais em
estado final.
questão como também das propriedades físicas dos
À exemplo considere um ovo abandonado em
objetos que colidem: quanto mais elásticos são os
queda livre de uma determinada altura, primeiro so- objetos em colisão maiores são os tempos de colisão
bre uma almofada, posteriormente sobre o chão. A e menores são as forças envolvidas na colisão, e vice-
massa do ovo é a mesma em ambos os casos, e pro- -versa. Materiais inelásticos são geralmente frágeis.
vido que as alturas de queda - entre o ponto de soltu-

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Se antes da leitura deste artigo não de forma consciente, intuitivamente parece que os seres humanos - e
os animais - conhecem tal princípio: ao pularem de locais altos, estes flexionam os joelhos de forma a promo-
verem o aumento do tempo de interação no processo de colisão com chão, e assim o fazendo reduzem as
forças que atuam sobre os seus corpos no processo que os leva ao estado estático. Se as pernas fossem man-
tidas totalmente esticadas, estas certamente se quebrariam com maior facilidade.

52

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• A MECÂNICA E O FUNCIONAMENTO DO UNIVERSO –


FORÇA PESO. ACELERAÇÃO GRAVITACIONAL. LEI DA GRAVITAÇÃO
UNIVERSAL. LEIS DE KEPLER. MOVIMENTOS DE CORPOS CELESTES.
INFLUÊNCIA NA TERRA: MARÉS E VARIAÇÕES CLIMÁTICAS. CONCEPÇÕES
HISTÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO E SUA EVOLUÇÃO.

As Leis de Kepler (1571-1630)  Vejamos uma elipse: 

O
astrônomo Tycho Brahe (1546-1601) rea-
lizou medições de notável precisão. Jo-
hannes Kepler (1571-1630), discípulo de
Tycho Brahe, utilizando os dados colhidos por seu
mestre, descreveu, de modo singelo e preciso, os mo-
vimentos planetários.

1ª Lei (Lei das órbitas): 


– Tomando o Sol como referencial, todos os pla-
netas movem-se em órbitas elípticas, localizando-se
o Sol em dos focos da elipse descrita. 

53

Em relação ao ponto P da elipse acima, temos: 

Como podemos observar na elipse acima, existe


uma distância entre os pontos A e A, essa distância
é considerada uma medida denominada eixo maior
O que é uma elipse? da elipse. 
Já a letra a é o semi eixo maior, e o f representa
Denomina-se elipse uma curva correspondente a medida da semi distância focal. Podemos adotar e
ao espaço geométrico de todos os pontos de um para representar a excentricidade da elipse. 
plano, onde a distância entre dois pontos fixos do
plano é considerada uma soma constante. Esses Vejamos: 
pontos fixos são denominados focos da elipse.

Se e = 0, a elipse irá se degenerar dentro de uma


circunferência, ou seja, no caso da elipse acima, F1
e F2 irão coincidir com 0.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O tamanho da elipse irá depender do valor de e, ou seja, quanto maior for o valor de e maior será a elip-
se. Já quando e = 1, irá se degenerar em um único segmento de reta.

Enunciado da 1ª Lei de Kepler

É importante sabermos que todas as órbitas que são expostas por todos os planetas em volta do Sol,
estarão localizadas em um dos focos. Vejamos agora uma tabela que apenas Mercúrio e Plutão apresentam
uma elipse maior, ou seja, uma elipse que contenha maior excentricidade, já os outros planetas apresentam
as elipses mais perto das circunferências, ou seja, as que possuem uma excentricidade menor. 
Vejamos essa tabela:

54

Porém é importante sabermos que a órbita de um planeta em volta de uma estrela, teoricamente pode
ser circular.

2.a Lei (Lei das Áreas):

Essa lei é referente à parte de um planeta que foi “varrida” pelo raio vetor, durante um intervalo de tem-
po. 
– O segmento de reta traçada do centro de massa do Sol ao centro de massa de um planeta do Sistema
Solar varre áreas iguais em tempos iguais.

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Importante!  Como podemos observar na figura acima, A1 e


A2, são iguais, porém essa igualdade impede que a
Considerando a figura acima, que representa um medida do arco t1 t2 seja maior do que a medida
planeta em quatro posições de sua órbita elíptica em do arco t3 t 4, portanto podemos concluir que a ve-
torno do Sol. O ponto mais próximo do Sol chama-se locidade de translação em t1 t2 se torna maior do
periélio e o mais afastado, afélio. que em t3 t 4, pelo fato do intervalo de tempo ser o
a) No periélio, a velocidade escalar de um mesmo. 
planeta tem módulo máximo, enquanto que, no
afélio, tem módulo mínimo. Portanto: 
b) Do periélio para o afélio, um planeta descreve
movimento retardado, enquanto que, do afélio para
o periélio, movimento acelerado.

Enunciados da 2ª lei de Kepler:

A) Quando falamos dos raios vetores que ligam Com base na conclusão acima, podemos dizer
os planetas com o Sol, devemos saber que esses raios que o planeta vai chegando próximo do Sol, e a sua
varrem as áreas iguais nos intervalos de tempos iguais.  órbita elíptica, e com isso sua velocidade de trans-
lação vai aumentando. Com isso podemos ver que
Com isso temos que:  conforme o Sol vai chegando perto o raio vetor vai
diminuindo e para que ele consiga “varrer” a mesma
área, o planeta deverá se movimentar mais rápido. 
No ponto mais próximo do Sol, a velocidade de
translação irá ser a maior. Isso recebe o nome de pe-
riélio. Já quando o ponto estiver bem longe do Sol, a
velocidade de translação irá ser a menor. Isso recebe
B) Se tratando da área que foi varrida pelo raio o nome de afélio.
vetor de um dos planetas, podemos dizer que ela é
proporcional ao intervalo de tempo que foi gasto.  Vejamos a ilustração:  55

Com isso temos que: 

Onde K é considerada a constante de propor-


cionalidade, que pode ser chamada de velocidade
areolar do planeta.
c) Essa velocidade areolar é considerada cons- Com base na figura acima, podemos observar
tante, pois ela é a razão entre a área varrida e o inter- que o movimento de translação se torna uniforme,
valo de tempo gasto. É importante lembrar que essa pois a órbita do planeta é circular, onde do afélio
velocidade é variável, ou seja, ela pode variar de um para o periélio o movimento é considerado acelera-
planeta para o outro, fazendo com que a distância do e do periélio para o afélio, o movimento é consi-
média do planeta ao Sol aumente se tornando míni- derado retardado.
ma para Mercúrio e máxima para Plutão.
Velocidade média de translação 
Consequência da 2ª lei de Kepler
Com relação a um planeta, essa velocidade pos-
Como vimos anteriormente à velocidade areolar sui uma função decrescente em relação à distância
de um planeta é constante, e por este fator ela pode média de cada planeta ao Sol. 
interferir na velocidade de translação, ou seja, ela O planeta mais rápido possui uma velocidade
não deixa com que a velocidade de translação seja média de 50 Km/s, que é o Mercúrio, sendo que a Ter-
variável. ra possui uma velocidade de mais ou menos 30 Km/s. 

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Considerando as órbitas como circulares, podemos afirmar que a velocidade média possui um valor to-
talmente inversamente proporcional à raiz quadrada do raio de cada órbita. 

Vejamos: 

O raio de órbita de Plutão é considerado mais ou menos 100 vezes maior que o raio de órbita de Mercúrio,
com isso a velocidade média de Mercúrio chega a ser 10 vezes maior que a de Plutão.
Vejamos: 

3.a Lei (Lei dos Períodos):


– Para qualquer planeta do sistema solar, o quociente entre o cubo do raio médio (r) da órbita e o qua-
drado do período de revolução (T) em torno do Sol é constante. 

56

T é o período de revolução do planeta em torno do Sol (intervalo de tempo também chamado de ano
do planeta).

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Período de translação ou ano de um planeta A unidade as astronômica, representada por UA,


é considerada a distância média da Terra ao Sol, que
O período de translação de um planeta é o in- vale: 
tervalo de tempo, representado por T, em que o pla-
neta consegue dar uma volta completa em volta do
Sol.

Enunciado da 3ª Lei de Kepler


Vejamos agora um quadro que apresenta a va-
É importante sabermos que dentre os planetas do riação do período com a distância média ao Sol que
Sistema Solar, a razão entre o cubo do raio médio da é medida em UA. 
órbita e o quadrado do período de translação, são
constantes. Portanto:

Quando falamos de dois planetas, representados


por A e B, teremos: 

Se tratando da constante de proporcionalidade


da 3ª lei de Kepler, temos: 
57

3- Vejamos alguns fatores que são funções de ór-


Onde G representa a constante de gravitação bita, ou seja, são totalmente dependentes da massa
universal, e M representa a massa do Sol. do Sol e do raio médio da órbita: 
- velocidade areolar; 
Vejamos algumas observações: - velocidade média de translação. 
Porém esses fatores não são dependentes das
1- Considerando m como a massa do planeta, e características do planeta que está gravitando. 
M >> m podemos desconsiderar m, quando compa- Isso nos mostra que se um corpo celeste resolver
rado com M, podendo chegar à expressão da 3ª Lei gravitar em volta do Sol e na órbita da Terra, ele irá
de Kepler. Vejamos:  adquirir: 
- Uma velocidade areolar igual a da Terra; 
- Uma velocidade média de translação, que é de
aproximadamente 30 km/s; 
- Um período de translação de 1 ano.

4- Todas as Leis de Kepler são válidas tanto para


2- Quanto menor o tempo de translação do pla- os planetas do nosso sistema solar, como para os
neta, mais próximo do Sol estaremos, pois quanto corpos que gravitam em volta das grandes massas
mais longe do Sol, mais a velocidade média do pla- centrais, ou seja, planetas que estejam em volta de
neta vai diminuir, assim aumentando a extensão da estrelas, satélites tanto naturais como artificiais que
sua órbita. Isso é o que podemos chamar de período estejam em volta de um planeta e corpos celestes
de translação crescente.  que estejam em volta da Lua.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

5- Quando falamos a respeito dos satélites da Ter-


ra, é importantíssimo ressaltar que:
• Suas órbitas podem ser tanto elíptica como cir-
cular; 
• Em relação à Terra, podemos afirmar que seu
ponto mais próximo é denominado perigeu, e seu
ponto mais afastado é denominado apogeu. 
• Alguns fatores como a velocidade areolar e
a velocidade média da translação, dependem so-
mente da massa da Terra e do raio médio da órbita,
porém não dependem da massa do satélite. 
• Quanto à translação da Lua, podemos conside-
rar sua velocidade média como ordem de 1,0 km/s,
já de um satélite estacionário, consideramos sua or-
dem como 3,0 km/s e de um satélite rasante 8,0 km/s.
Lembrando que esses valores é sem considerar os
efeitos do ar.

58

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· FENÔMENOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS – CARGA ELÉTRICA E


CORRENTE ELÉTRICA. LEI DE COULOMB. CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL
ELÉTRICO. LINHAS DE CAMPO. SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS. PODER DAS
PONTAS. BLINDAGEM. CAPACITORES. EFEITO JOULE. LEI DE OHM.
RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RESISTIVIDADE. RELAÇÕES ENTRE GRANDEZAS
ELÉTRICAS: TENSÃO, CORRENTE, POTÊNCIA E ENERGIA. CIRCUITOS
ELÉTRICOS SIMPLES. CORRENTES CONTÍNUA E ALTERNADA. MEDIDORES
ELÉTRICOS. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE CIRCUITOS. SÍMBOLOS
CONVENCIONAIS. POTÊNCIA E CONSUMO DE ENERGIA EM DISPOSITIVOS
ELÉTRICOS. CAMPO MAGNÉTICO. IMÃS PERMANENTES. LINHAS DE
CAMPO MAGNÉTICO. CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE.

A
eletricidade é um termo geral que abran- - Campo elétrico: efeito produzido por uma car-
ge uma variedade de fenômenos resul- ga no espaço que a contém, o qual pode exercer
tantes da presença e do fluxo de carga força sobre outras partículas carregadas. Unidade SI:
elétrica. Esses incluem muitos fenômenos facilmente volt por metro (V/m); ou newton por coulomb (N/C), 59
reconhecíveis, tais como relâmpagos, eletricidade ambas equivalentes.
estática, e correntes elétricas em fios elétricos. Além - Potencial elétrico: capacidade de uma carga
disso, a eletricidade engloba conceitos menos co- elétrica de realizar trabalho ao alterar sua posição.
nhecidos, como o campo eletromagnético e indu- A quantidade de energia potencial elétrica armaze-
ção eletromagnética. A palavra deriva do termo em nada em cada unidade de carga em dada posição.
neolatim “ēlectricus”, que por sua vez deriva do latim Unidade SI: volt (V); o mesmo que joule por coulomb
clássico “electrum”, “amante do âmbar”, termo esse (J/C).
cunhado a partir do termo grego ήλεκτρον (elétrons) - Corrente elétrica: quantidade de carga que ul-
no ano de 1600 e traduzido para o português como trapassa determinada secção por unidade de tem-
âmbar. O termo remonta às primeiras observações po. Unidade SI: ampère (A); o mesmo que coulomb
mais atentas sobre o assunto, feitas esfregando-se por segundo (C/s).
pedaços de âmbar e pele. - Potência elétrica: quantidade de energia elé-
No uso geral, a palavra “eletricidade” se refere trica convertida por unidade de tempo. Unidade SI:
de forma igualmente satisfatória a uma série de efei- watt (W); o mesmo que joules por segundo (J/s).
tos físicos. Em um contexto científico, no entanto, o - Energia elétrica: energia armazenada ou dis-
termo é muito geral para ser empregado de forma
tribuída na forma elétrica. Unidade SI: a mesma da
única, e conceitos distintos contudo a ele diretamen-
energia, o joule (J).
te relacionados são usualmente melhor identificadas
- Eletromagnetismo: interação fundamental entre
por termos ou expressões específicos. Alguns concei-
o campo magnético e a carga elétrica, estática ou
tos importantes com nomenclatura específica que
em movimento.
dizem respeito à eletricidade são:
O uso mais comum da palavra “eletricidade”
- Carga elétrica: propriedade das partículas su-
atrela-se à sua acepção menos precisa, contudo.
batômicas que determina as interações eletromag-
Refere-se a: Energia elétrica (referindo-se de forma
néticas dessas. Matéria eletricamente carregada
menos precisa a uma quantidade de energia po-
produz, e é influenciada por, campos eletromagnéti-
tencial elétrica ou, então, de forma mais precisa, à
cos. Unidade SI (Sistema Internacional de Unidades):
energia elétrica por unidade de tempo) que é forne-
ampère segundo (A.s), unidade também denomina-
cida comercialmente pelas distribuidoras de energia
da coulomb (C).

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

elétrica. Em um uso flexível contudo comum do ter- A madeira, a argila, a água, o ferro são exemplos
mo, “eletricidade” pode referir-se à “fiação elétrica”, de matéria, podemos vê-los e tocá-los, mas existem
situação em que significa uma conexão física e em matérias que não podem ser vistas e nem sentidas,
operação a uma estação de energia elétrica. Tal é o caso do ar que respiramos e que enche nossos
conexão garante o acesso do usuário de “eletricida- pulmões. O calor que sentimos, as cores, os nossos
de” ao campo elétrico presente na fiação elétrica, sentimentos, os sonhos, nenhum deles é matéria, já
e, portanto, à energia elétrica distribuída por meio que não são materiais.
desse. Através da matéria podemos dar origem a ma-
Embora os primeiros avanços científicos na área teriais (objetos). Exemplificando seria assim: com um
remontem aos séculos XVII e XVIII, os fenômenos elé- pedaço de madeira o carpinteiro faz um móvel. Ao
tricos têm sido estudados desde a antiguidade. Con- relacionarmos matéria com o exemplo, ficaria assim:
tudo, antes dos avanços científicos na área, as apli- Madeira – matéria
cações práticas para a eletricidade permaneceram tábua – corpo
muito limitadas, e tardaria até o final do século XIX mesa – objeto
para que os engenheiros fossem capazes de dispo-
Surge assim outra definição, a de corpo e obje-
nibilizá-la ao uso industrial e residencial, possibilitan-
to: Corpo é qualquer porção limitada de matéria e
do assim seu uso generalizado. A rápida expansão
objeto, é aquilo que o corpo se transforma quando
da tecnologia elétrica nesse período transformou a
é trabalhado.
indústria e a sociedade da época. A extraordinária
Mais exemplos: o escultor usa um pedaço de
versatilidade da eletricidade como fonte de energia mármore (corpo) para fazer uma estátua (objeto). O
levou a um conjunto quase ilimitado de aplicações, ourives faz um anel (objeto), de uma barra (corpo)
conjunto que em tempos modernos certamente in- de ouro (matéria).
clui as aplicações nos setores de transportes, aque-
cimento, iluminação, comunicações e computação. CONDUTORES E ISOLANTES
A energia elétrica é a espinha dorsal da sociedade
industrial moderna, e deverá permanecer assim no Em alguns tipos de átomos, especialmente os
futuro tangível. que compõem os metais - ferro, ouro, platina, cobre,
60 Eletrostática é o ramo da eletricidade que estu- prata e outros -, a última órbita eletrônica perde um
da as propriedades e o comportamento de cargas elétron com grande facilidade. Por isso seus elétrons
elétricas em repouso, ou que estuda os fenômenos recebem o nome de elétrons livres.
do equilíbrio da eletricidade nos corpos que de algu- Estes elétrons livres se desgarram das últimas órbi-
ma forma se tornam carregados de carga elétrica, tas eletrônicas e ficam vagando de átomo para áto-
ou eletrizados. mo, sem direção definida. Mas os átomos que per-
dem elétrons também os readquirem com facilidade
CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA, PARTÍCULA FUNDA- dos átomos vizinhos, para voltar a perdê-los momen-
MENTAIS tos depois. No interior dos metais os elétrons livres va-
gueiam por entre os átomos, em todos os sentidos.
Tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no es-
paço pode ser definido como sendo matéria. Toda
matéria é formada por pequenas partículas, desig-
nadas átomos. Segundo a teoria atômica de Dalton
podemos definir que:
- A matéria é constituída de pequenas partícu-
Devido à facilidade de fornecer elétrons livres, os
las esféricas, maciças e indivisíveis, denominadas de metais são usados para fabricar os fios de cabos e
átomos. aparelhos elétricos: eles são bons condutores do fluxo
- Elemento químico é composto de um conjunto de elétrons livres.
de átomos com as mesmas massas e tamanhos. Já outras substâncias - como o vidro, a cerâmica,
- Elementos químicos diferentes indicam átomos o plástico ou a borracha - não permitem a passagem
com massas, tamanhos e propriedades diferentes. do fluxo de elétrons ou deixam passar apenas um pe-
- Substâncias diferentes são resultantes da combi- queno número deles. Seus átomos têm grande difi-
nação de átomos de elementos diversos. culdade em ceder ou receber os elétrons livres das
- A origem de novas substâncias está relacionada últimas camadas eletrônicas. São os chamados ma-
ao rearranjo dos átomos, uma vez que eles não são teriais isolantes, usados para recobrir os fios, cabos e
criados e nem destruídos. aparelhos elétricos.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

de repulsão) é tanto maior quanto maiores forem os


valores das cargas nos corpos, e tanto menor quanto
maior for a distância entre eles. Ou seja: a força com
que duas cargas se atraem ou repelem é proporcio-
nal às cargas e inversamente proporcional ao qua-
drado da distância que as separa. Assim, se a distân-
cia entre duas cargas é dobrada, a força de uma so-
bre a outra é reduzida a um quarto da força original.
Essa distinção das substâncias em condutores e Para medir as forças, Coulomb aperfeiçoou o mé-
isolantes se aplica não apenas aos sólidos, mas tam- todo de detectar a força elétrica entre duas cargas
bém aos líquidos e aos gases. Dentre os líquidos, por por meio da torção de um fio. A partir dessa idéia
exemplo, são bons condutores as soluções de áci- criou um medidor de força extremamente sensível,
dos, de bases e de sais; são isolantes muitos óleos mi- denominado balança de torção.
nerais. Os gases podem se comportar como isolantes
Lei de Coulomb
ou como condutores, dependendo das condições
em que se encontrem.
Os fenômenos elétricos e magnéticos só come-
çaram a ser compreendidos no final do século XVIII,
Condutores E Isolantes quando principiaram os experimentos nesse campo.
Em 1785, o físico francês Charles de Coulomb confir-
O que determina se um material será bom ou mou, pela primeira vez de forma experimental, que as
mau condutor térmico são as ligações em sua es- cargas elétricas se atraem ou se repelem com uma
trutura atômica ou molecular. Assim, os metais são intensidade inversamente proporcional ao quadrado
excelentes condutores de calor devido ao fato de da distância que as separa. A possibilidade de man-
possuírem os elétrons mais externos “fracamente” li- ter uma força eletromotriz capaz de impulsionar de
gados, tornando-se livres para transportar energia forma contínua partículas eletricamente carregadas
por meio de colisões através do metal. Por outro lado chegou com o desenvolvimento da bateria de pilha
temos que materiais como lã, madeira, vidro, papel química em 1800, pelo físico italiano Alessandro Volta.
e isopor são maus condutores de calor (isolantes tér- O cientista francês André Marie Ampère demons-
micos), pois, os elétrons mais externos de seus átomos trou experimentalmente que dois cabos por onde 61
estão firmemente ligados. circula uma corrente exercem uma influência mútua
Os líquidos e gases, em geral, são maus conduto- igual à dos pólos de um ímã. Em 1831, o físico e quí-
mico britânico Michael Faraday descobriu que podia
res de calor. O ar, por exemplo, é um ótimo isolante
induzir o fluxo de uma corrente elétrica num condutor
térmico. Por este motivo quando você põe sua mão
em forma de espiral, não conectado a uma bateria,
em um forno quente, não se queima. Entretanto,
movendo um ímã em suas proximidades ou colocan-
ao tocar numa forma de metal dentro dele você se do perto outro condutor, pelo qual circulava uma
queimaria, pois, a forma metálica conduz o calor ra- corrente variável.
pidamente. Coulomb, Charles de (1736-1806), físico francês
A neve é outro exemplo de um bom isolante tér- e pioneiro na teoria elétrica. Em 1777, inventou a
mico. Isto acontece porque os flocos de neve são balança de torção para medir a força da atração
formados por cristais, que se acumulam formando magnética e elétrica. A unidade de medida de car-
camadas fofas aprisionando o ar e dessa forma difi- ga elétrica recebeu o nome de Coulomb em sua ho-
cultando a transmissão do calor da superfície da Terra menagem (ver Unidades elétricas).
para a atmosfera. Unidades elétricas, unidades empregadas para
medir quantitativamente toda espécie de fenôme-
FORÇA DA LEI DE COULOMBI nos eletrostáticos e eletromagnéticos, assim como as
características eletromagnéticas dos componentes
de um circuito elétrico. As unidades elétricas empre-
As forças entre cargas elétricas são forças de
gadas estão definidas no Sistema Internacional de
campo, isto é, forças de ação à distância, como as
unidades.
forças gravitacionais (com a diferença que as gravi-
A unidade de intensidade de corrente é o ampè-
tacionais são sempre forças atrativas). re. A da carga elétrica é o coulomb, que é a quan-
O cientista francês Charles Coulomb conseguiu tidade de eletricidade que passa em um segundo
estabelecer experimentalmente uma expressão ma- por qualquer ponto de um circuito através do qual
temática que nos permite calcular o valor da força flui uma corrente de um ampère. O volt é a unidade
entre dois pequenos corpos eletrizados. Coulomb ve- de diferença de potencial. A unidade de potência
rificou que o valor dessa força (seja de atração ou elétrica é o watt.

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A unidade de resistência é o ohm, que é a resis- gundo a qual a força é proporcional ao produto das
tência de um condutor em que uma diferença de cargas, dividido pelo quadrado da distância que as
potencial de um volt produz uma corrente de um separa. A lei é assim chamada em homenagem ao
ampère. A capacidade de um condensador é me- físico francês Charles de Coulomb.
dida em farad: um condensador de um farad tem Se dois corpos de carga igual e oposta são co-
uma diferença de potencial de um volt entre suas nectados por meio de um condutor metálico, por
placas quando estas apresentam uma carga de um exemplo, um cabo, as cargas se neutralizam mutua-
coulomb. mente. Essa neutralização é devida a um fluxo de
O Henry é a unidade de indutância, a proprieda- elétrons através do condutor, do corpo carregado
de de um circuito elétrico em que uma variação na negativamente para o carregado positivamente. A
corrente provoca indução no próprio circuito ou num corrente que passa por um circuito é denominada
circuito vizinho. Uma bobina tem uma auto-indutân- corrente contínua (CC), se flui sempre no mesmo
cia de um Henry quando uma mudança de um am- sentido, e corrente alternada (CA), se flui alternativa-
père/segundo na corrente elétrica que a atravessa mente em um e outro sentido. Em função da resistên-
provoca uma força eletromotriz oposta de um volt. cia que oferece um material à passagem da corren-
Lei de Coulomb, lei que governa a interação ele- te, podemos classificá-lo em condutor, semicondutor
trostática entre duas cargas pontuais, descrita por e isolante.
Charles de Coulomb. Entre as muitas manifestações O fluxo de carga ou intensidade da corrente que
da eletricidade, encontramos o fenômeno da atra- percorre um cabo é medido pelo número de cou-
ção ou repulsão entre dois ou mais corpos eletrica- lombs que passam em um segundo por uma seção
mente carregados que se encontram em repouso. determinada do cabo. Um Coulomb por segundo
De modo geral, estas forças de atração ou re- equivale a 1 ampère, unidade de intensidade de cor-
pulsão estáticas têm uma forma matemática muito rente elétrica cujo nome é uma homenagem ao físi-
complicada. No entanto, no caso de dois corpos co francês André Marie Ampère. Quando uma carga
de 1 coulomb se desloca através de uma diferença
carregados que têm tamanho desprezível em rela-
de potencial de 1 volt, o trabalho realizado corres-
ção à distância que os separa, a força de atração
ponde a 1 joule. Essa definição facilita a conversão
ou repulsão estática entre eles assume uma forma
de quantidades mecânicas em elétricas.
62 muito simples, que é chamada lei de Coulomb.
A primeira constatação de que a interação entre
A lei de Coulomb afirma que a intensidade da
cargas elétricas obedece à lei de força
força F entre duas cargas pontuais Q1 e Q2 é dire-
tamente proporcional ao produto das cargas, e in-
versamente proporcional ao inverso do quadrado da
distância R que as separa.
Eletricidade, categoria de fenômenos físicos origi-
nados pela existência de cargas elétricas e pela sua
onde r é a distância entre as cargas F e é o módu-
interação. Quando uma carga elétrica encontra-se
lo da força, foi feita por Priestley em 1766. Priestley ob-
estacionária, ou estática, produz forças elétricas so-
servou que um recipiente metálico carregado, não
bre as outras cargas situadas na mesma região do
possui cargas na superfície interna, 1, não exercen-
espaço; quando está em movimento, produz, além
do forças sobre uma carga colocada dentro dele. A
disso, efeitos magnéticos.
partir deste fato experimental, pode-se deduzir ma-
Os efeitos elétricos e magnéticos dependem da
tematicamente a validade de (1) O mesmo tipo de
posição e do movimento relativos das partículas car-
dedução pode ser feita na gravitação, para mostrar
regadas. No que diz respeito aos efeitos elétricos, es-
que dentro de uma cavidade não há força gravita-
sas partículas podem ser neutras, positivas ou negati-
cional.
vas (ver Átomo). A eletricidade se ocupa das partícu-
Medidas diretas da lei (1) foram realizadas em
las carregadas positivamente, como os prótons, que
1785 por Coulomb , utilizando um aparato denomina-
se repelem mutuamente, e das partículas carrega-
do balança de torção . Medidas modernas mostram
das negativamente, como os elétrons, que também
que supondo uma lei dada por
se repelem mutuamente (ver Elétron; Próton).
Em troca, as partículas negativas e positivas se
atraem entre si. Esse comportamento pode ser resu-
mido dizendo-se que cargas do mesmo sinal se repe-
lem e cargas de sinal diferente se atraem.
Então
A força entre duas partículas com cargas q1 e
q2 pode ser calculada a partir da lei de Coulomb se-

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O resultado completo obtido por Coulomb pode ser expresso como

Onde a notação está explicada na figura 2.

Forca entre duas cargas


Um outro fato experimental é a validade da terceira lei de Newton ,

63

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• CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO ASSOCIADOS A UMA


CARGA PUNTIFORME E UMA DISTRIBUIÇÃO SIMPLES DE CARGAS,
PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO, CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Campo e Potencial Elétrico

A
todo instante estamos relacionando os fatos de natureza e o nosso modo de vida que depende
de técnicas e aparelhos elétricos modernos.
Analisaremos os fenômenos magnéticos que são causados por cargas elétricas em movimento.
Carga Positiva – corpos que tem comportamento como o de uma barra de vidro atritada com seda,
neste caso todos os corpos se repelem uns aos outros, estando detrizados positivamente, adquirindo carga
positiva.
Carga Negativa – corpos que se comportam com uma barra de ferro de borracha atritada com um
pedaço de lã, todos os corpos se repelem uns aos outros, mas atraem os corpos do grupo anterior. Estando
eletrizados negativamente, possuindo carga positiva.

Porque um corpo se eletriza


Existem três métodos para que um corpo seja eletrizado:
Atrito: Dois corpos são esfregados um contra o outro, para que assim os elétrons passem de um para o
outro, logo, após a eletrização um fica com carga negativa, e outro com carga positiva, porém com módu-
los iguais.
64

Contato: Com um corpo já eletrizado, coloca-se em contato com outro corpo neutro, assim, a carga
passa de corpo para o outro, e as cargas de ambos os corpos passam a ser iguais.

Indução: O método de indução consiste em aproximar um corpo eletrizado de um corpo neutro, para
que a carga do corpo neutro se concentre em apenas um lado do mesmo. Após, conecta-se um fio-terra
à outra extremidade para que aquele lado volte a ficar neutro, depois disso retira-se o fio-terra e afasta-se o
corpo eletrizado. Assim o corpo anteriormente neutro adquire uma carga contraria á do corpo que foi apro-
ximado.

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Potencial Elétrico

Consideremos o exemplo abaixo:


Um corpo eletrizado com 1 campo elétrico no es-
paço ao redor. Neste, dois pontos A e B.
Uma carga positiva q, é abandonada em A, so-
bre ela atuando uma força elétrica F devida ao cam-
po. A carga se deslocando de A para B.
A força elétrica realiza um trabalho que deno-
minamos Tab, que representa uma quantidade de
energia elétrica transferida de F para q no desloca-
mento citado.
Neste trabalho está relacionada uma grandeza
Eletroscópio denominada diferença de potencial entre os pontos
A e B.
É um dispositivo que nos permite verificar se um A diferença de potencial pode também ser cha-
corpo está eletrizado. mada de voltagem ou tensão entre 2 pontos.
Quando o corpo está eletrizado, ele possui um Quando a voltagem de dois pontos é muito gran-
excesso de prótons ou de elétrons que por isso pode de, a alta voltagem, quer dizer que o campo elétrico
ser medido pelo n.º de elétrons que o corpo perder realiza um grande trabalho sobre uma carga que se
ou ganhar. desloca entre tais pontos.
O conceito de voltagem é utilizado por nós no
Campo Elétrico dia-a-dia, isto pode ser notado em nossas residên-
cias, como é o caso das tomadas elétricas e das ba-
O ponto de uma região que corresponde ao va- terias dos carros.
lor de uma grandeza, dizemos que existe um campo O trabalho realizado pela força elétrica é o mes-
àquela grandeza.
mo, independentemente da trajetória seguida pela
Quando uma carga positiva é colocada em um
carga. Isto é denominado de força conservativa.
ponto de campo elétrico, ela se desloca no sentido 65
Desta forma, seja qual for a trajetória seguida
do campo, e a carga negativa se desloca em senti-
pela carga, a diferença de potencial entre dois pon-
do contrário ao campo.
tos tem o valor único.
Uma carga positiva abandonada em um cam-
Linhas de Força
po elétrico se desloca de pontos de maior potencial
Traçar uma linha tem valores que tem a mesma para pontos de menor potencial. Com a carga nega-
direção, essa linha é tangente em cada vetor. tiva o deslocamento é contrário, ou seja, de pontos
Caso um condutor seja atritado em uma curta de menor potencial para pontos de maior potencial.
região, ele vai adquirir uma carga de valor negativo. Podemos concluir então, com o auxílio do autor
Essas cargas se repelem e atuam sobre os elé- que: uma carga positiva abandonada em um cam-
trons livres do condutor fazendo com que eles se des- po elétrico tende a se deslocar de pontos onde o
loquem atingindo uma situação de equilíbrio eletros- potencial é maior para pontos onde ele é menor.
tático. Uma carga negativa tenderá a se mover em sentido
Ao atingir esse equilíbrio verifica-se que a carga contrário, isto é, de pontos onde o potencial é menor
negativa esta distribuída na superfície. para pontos onde ele é maior.
A carga positiva adquirida pelo condutor atrai
elétrons livres desse corpo, que se deslocam até atin- Voltagem de um Campo Elétrico
gir equilíbrio eletrostático
Para que se calcule o valor da voltagem usa-se a
Blindagem Eletrostática seguinte fórmula: Vab = Ed
Essa expressão permite que calculemos a dife-
Quando um aparelho está blindado dizemos que rença de potencial entre dois pontos quaisquer de
nenhum fenômeno elétrico externo afetará o funcio- um campo uniforme. Ela é muito importante nos dias
namento. de hoje, pois permite que possamos obter o valor do
É por isso que em aparelhos de TV, válvulas campo elétrico através da medida da voltagem. Os
se apresentam envolvidas por capas metálicas, aparelhos mais usados para se medir a voltagem em
blindadas por estes condutores. nossos dias é o Voltímetro, não existindo ainda apare-
Este fato já era conhecido por Foraday.

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lhos capazes de medir a intensidade de um campo. dedicar à pesquisa durante um certo tempo, montou
A unidade para se representar a voltagem está in- uma indústria para fabricar exemplares de seu gera-
cluída no Sistema Internacional sendo representada dor.
por 1 V/m. O gerador de Van, se baseia nos seguintes princí-
Potencial de um ponto, significa a diferença de pios físicos: Um corpo metálico eletrizado coloca-se
potencial entre este ponto e outro ponto, tomado em contato interno com outro, transferindo toda a
como referência, sendo muito usado nos dias de sua carga. O conceito básico do gerador de Van, é
hoje. Para que se calcule tal potencial, é necessá- o fato de as cargas elétricas se transferirem integral-
rio achar o valor de A (VA) em relação a P, onde P mente de um corpo para outro, quando ocorrer con-
representa um ponto qualquer denominado nível de tato interno. No lugar de motor, utiliza-se uma mani-
potencial, cujo valor é nulo. vela para movimentar a polia e a correia, podendo
Para se calcular o valor de uma carga puntual, obter tal gerador alguns milhares de volts.
usaremos a seguinte fórmula: V = K0 Q Segundo o americano Robert Millikan (1868-1953),
Essa expressão nos permite obter considerando- os valores das grandezas podem sofrer variações
-se como referência um ponto muito afastado de em saltos, dizemos então que ela é quantizada. Mi-
carga Q, sendo que a mesma consegue calcular
llikan realizou uma grande número de experiências,
seus valores até o seu infinito.
medindo o valor da carga elétrica adquirida por mi-
Para que se calcule a fórmula acima com total
lhares de gotículas de óleo, concluindo que a carga
acerto, é necessário saber analisar os valores de Q,
sendo : elétrica será quantizada, possibilitando determinar o
Se Q positivo, o potencial será também positivo valor do quantum de carga do elétron.
Se Q negativo, o valor de V em P será negativo.
Princípio da Superposição
De acordo com a figura podemos estabelecer
que Q1, Q2, Q3, é igual à soma algébrica dos poten- Até agora, discutimos as forças elétricas devido
ciais que cada carga produz naquele ponto P. a interação entre dois corpos carregados. Vamos su-
Para que se determine uma superfície equipoten- por que uma carga de prova positiva (qo) tenha sido
cial, é necessário que todos os seus pontos possuam o colocada na presença de várias outras cargas. Qual
mesmo potencial, onde uma superfície esférica com será, então, a força eletrostática resultante sobre qo?
66 centro Q será, uma superfície equipotencial, pois to- Somos tentado a resolver este problema da mesma
dos os seus pontos estão igualmente distanciados de maneira como é feito com a força gravitacional na
Q, conforme figura abaixo, onde as superfícies equi- mecânica, isto é, adicionar vetorialmente as forças
pontenciais do campo criado pela carga Q. que atuam separadamente entre dois corpos, para
Através da afirmação de que é nulo o interior de obter a força resultante. Este método é conhecido
um campo elétrico de um condutor em equilíbrio ele- como princípio da superposição. Na Fig.1, mostramos
trostático, concluímos que no potencial de uma esfe-
a representação esquemática das forças atuando
ra, os pontos então no mesmo potencial.
em qo, devido a todas as outras forças. Embora este
Concluímos também que os elétrons livres podem
resultado possa parecer óbvio, ele não pode ser de-
deslocar dentro de um condutor metálico, sendo que
suas cargas negativas tendem a se deslocar entre os rivado de algo mais fundamental. A única forma de
pontos onde o potencial é menor para aqueles que verificá-lo é testando-o experimentalmente.
possuem potencial maior.
Após essa transferência de elétrons, ocorrerá al-
teração e consequentemente os condutores fica-
ram com os mesmos valores, em relação aos seus
potenciais.
Uma rápida biografia de Van de Graaff: Enge-
nheiro americano que após estudar alguns anos em
Paris, onde teve a oportunidade de assistir a confe-
rências de Marie Curie, passou a se dedicar à pes-
quisas no campo da Física Atômica. Trabalhando
na Universidade de Oxford, Van de Graaff, sentiu a
necessidade, para desenvolver suas pesquisas, de Forças elétricas sobre uma carga de prova qo de-
uma fonte de partículas subatômicas de alta ener- vido a uma distribuição de cargas infinitesimais (qi).
gia, criando então o gerador de Van de Graaff, ace-
No caso de N partículas carregadas, temos que a
lerador de partículas que recebeu seu próprio nome
força resultante sobre qo será, então a soma vetorial
e que encontrou larga aplicação, não só na Física
Atômica, como também na Medicina e na indústria. de todas  , como a seguir
Mais tarde, voltando aos Estados Unidos, depois de se

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Numa corrente elétrica devemos considerar três


aspectos:
- Voltagem - (Que é igual a diferença de poten-
ou que cial) é a diferença entre a quantidade de elétrons nos
dois pólos do gerador. A voltagem é medida em volts
(em homenagem ao físico italiano Volta). O aparelho
que registra a voltagem denomina-se Voltímetro;
- Resistênsia - é a dificuldade que o condutor ofe-
rece á passagem da corrente elétrica. A resistência é
medida em ohms (em homenagem ao físico alemão
onde ri é a distância entre a carga de prova qo e G.S. Ohms). Representamos a resistência pela letra
uma outra carga qi. Neste caso, dizemos que a for- grega (W).
ça resultante sobre qo deve-se à uma distribuição de - Intensidade - é a relação entre a voltagem e a
cargas discreta.  Nas próximas seções discutiremos o resistência da corrente elétrica. A intensidade é me-
princípio da superposição devido a diferentes distri- dida num aparelho chamado Amperímetro, através
buições de cargas contínuas. de uma unidade física denominada Ampére.

CAMPO UNIFORME, SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS, Lei de Ohm pode ser assim enunciada: A inten-
DIFERENÇA DE POTENCIAL sidade de uma corrente elétrica é diretamente pro-
ENTRE DOIS PONTOS E ANÁLISE DO MOVIMENTO DE porcional à voltagem e inversamente proporcional à
UMA CARGA PUNTIFORME NO CAMPO resistência.

Corrente elétrica Assim podemos estabelecer suas fórmulas:


Chama-se corrente elétrica o fluxo ordenado de
elétrons em uma determinada secção. A corrente I = V ou I = E R R I = Intensidade (ampère)
contínua tem um fluxo constante, enquanto a cor- V = Voltagem ou força eletromotriz
rente alternada tem um fluxo de média zero, ainda R = Resistência
que não tenha valor nulo todo o tempo. Esta defi-
nição de corrente alternada implica que o fluxo de Corrente Continua ou Alternada 67
elétrons muda de direção continuamente. O fluxo de
cargas elétricas pode gerar-se em um condutor, mas A diferença entre uma e outra esta no sentido do
não existe nos isolantes. Alguns dispositivos elétricos “caminhar” dos elétrons. Na corrente continua os elé-
que usam estas características elétricas nos materiais trons estão sempre no mesmo sentido. Na corrente
se denominam dispositivos eletrônicos. A Lei de Ohm alternada os elétrons mudam de direção, ora num
descreve a relação entre a intensidade e a tensão sentido, ora no outro. Este movimento denomina Ci-
em uma corrente eléctrica: a diferença de potencial clagem.
elétrico é diretamente proporcional à intensidade de Corrente Alternada - utilizadas nas residências e
corrente e à resistência elétrica. Isso é descrito pela empresas.
seguinte fórmula: Corrente Contínua - proveniente das pilhas e ba-
terias .

Efeitos Produzidos pela Energia Elétrica


Onde:
Os efeitos são variados e podem ser: Luminosos
V = Diferença de potencial elétrico I = Corrente - produz luminosidade; Caloríficos - produz calor -
elétrica R = Resistencia aquecendo a água ou mesmo ambientes; Químico
- produzindo a quebra de ligações química exp. Ele-
A quantidade de corrente em uma seção dada trolise da água ou mesmo compor a água juntando
de um condutor se define como a carga elétrica que dois gases - hidrogênio e oxigênio. Fisiológico - po-
a atravessa em uma unidade de tempo. dendo ser útil a saúde ou mesmo maléfico. Magnéti-
co - o mais comum é a formação de eletroimã.
Imagine dois objetos eletrizados, com cargas de
mesmo sinal, inicialmente afastados. Para aproximá-
-los, é necessária a ação de uma força externa, ca-
paz de vencer a repulsão elétrica entre eles. O traba-

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lho realizado por esta força externa mede a energia energia potencial adquirida por ela. Essa energia po-
transferida ao sistema, na forma de energia poten- tencial é proporcional ao valor de q. Portanto, o quo-
cial de interação elétrica. Eliminada a força externa, ciente entre a energia potencial e a carga é cons-
os objetos afastam-se novamente, transformando a tante. Esse quociente chama-se potencial elétrico do
energia potencial de interação elétrica em energia ponto. Ele pode ser calculado pela expressão:
cinética à medida que aumentam de velocidade.
O aumento da energia cinética corresponde exata-
mente à diminuição da energia potencial de intera-
ção elétrica.
onde V é o potencial elétrico, Ep a energia po-
Potencial Elétrico tencial e q a carga. A unidade no S.I. é J/C = V (volt).
Portanto, quando se fala que o potencial elétrico de
Com relação a um campo elétrico, interessa-nos um ponto L é VL = 10 V, entende-se que este ponto
a capacidade de realizar trabalho, associada ao consegue dotar de 10J de energia cada unidade de
campo em si, independentemente do valor da car- carga da 1C. Se a carga elétrica for 3C por exemplo,
ga q colocada num ponto desse campo. Para me- ela será dotada de uma energia de 30J, obedecen-
dir essa capacidade, utiliza-se a grandeza potencial do à proporção. Vale lembrar que é preciso adotar
elétrico. um referncial para tal potencial elétrico. Ele é uma
Para obter o potencial elétrico de um ponto, região que se encontra muito distante da carga, lo-
coloca-se nele uma carga de prova q e mede-se calizado no infinito.
a energia potencial adquirida por ela. Essa energia
potencial é proporcional ao valor de q. Portanto,
o quociente entre a energia potencial e a carga é
constante. Esse quociente chama-se potencial elé-
trico do ponto.

Diferença de Potencial
Para calcular o potencial elétrico devido a uma
68 carga puntiforme usa-se a fórmula:

No S.I. , d em metros, K é a constante dielétrica do


meio, e Q a carga geradora.
Como o potencial é uma quantidade linear, o
potencial gerado por várias cargas é a soma algébri-
A diferença de potencial entre dois pontos, em ca (usa-se o sinal) dos potenciais gerados por cada
uma região sujeita a um campo elétrico, depende uma delas como se estivessem sozinhas:
apenas da posição dos pontos. Assim, podemos
atribuir a cada ponto um potencial elétrico, de tal
maneira que a diferença de potencial entre eles cor-
responda exatamente à diferença entre seus poten-
ciais, como o próprio nome indica. Superfície Equipotencial
Físicamente, é a diferença de potencial que inte-
ressa, pois corresponde ao trabalho da força elétrica
por unidade de carga.
Com relação a um campo elétrico interessa-nos a
capacidade de realizar trabalho, associada ao cam-
po em si, independentemente do valor da carga q
colocada num ponto desse campo. Para medir essa
capacidade, utiliza-se a grandeza potencial elétrico. Superfície equipotencial quando uma carga pun-
Para obter o potencial elétrico de um ponto, tiforme está isolada no espaço, ela gera um campo
coloca-se nele uma carga de prova q e mede-se a elétrico em sua volta. Qualquer ponto que estiver a

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uma mesma distância dessa carga possuirá o mes- A energia calorífica aquece os tubos e a água até
mo potencial elétrico. Portanto, aparece ai uma su- ferver. A água ferve a 100º Celsius ou a 212º Fahre-
perfície equipotencial esférica. Podemos também nheit. A turbina contém várias lâminas semelhantes a
encontrar superfícies equipotenciais no campo elé- uma ventoinha. O vapor da água chega ás lâminas
trico uniforme, onde as linhas de força são paralelas que começam a girar. O gerador encontra-se ligado
e equidistantes. Nesse caso, as superfícies equipoten- á turbina e recebe a sua energia mecânica transfor-
ciais localizam-se perpendicularmente às linhas de mando-a em energia eléctrica.
força (mesma distância do referencial). O potencial O gerador é constituído por um imã gigante situa-
elétrico e distância são inversamente proporcionais, do dentro de um círculo enrolado com um grande fio.
portanto o gráfico cartesiano Vxd é uma assíntota. O eixo que liga a turbina ao gerador está sempre a
Nota-se que, percorrendo uma linha de força no rodar; ao mesmo tempo que a parte magnética gira.
seu sentido, encontramos potenciais elétricos cada Quando o fio ou outro condutor eléctrico atravessa o
vez menores. campo magnético produz-se uma corrente eléctrica.
Vale ainda lembrar que o vetor campo elétrico Um gerador é o contrário de um motor eléctrico. Em
é sempre perpendicular à superfície equipotencial, e vez de usar a energia eléctrica para por a trabalhar
consequentemente a linha de força que o tangen- o motor ou leme como nos brinquedos eléctricos, o
cia também. eixo da turbina põe a trabalhar o motor que produz
Podemos associar analogamente as superfícies a electricidade.
equipotenciais com as cascas de uma cebola, con- Depois do vapor passar pela turbina vai para um
forme temos uma mesma superfície de casca, temos zona de arrefecimento e em seguida é canalizada
uma mesma superfície equipotencial. pelos tubos de metal para novo aquecimento nas
caldeiras. Existem centrais eléctricas que usam ener-
Geradores, Turbinas e Sistemas de Condução gia nuclear para aquecer a água, noutras a água
Eléctrica quente vem naturalmente de reservatórios subterrâ-
neos sem queimar nenhum combustível.
Tal como aprendemos no 2º capítulo a eletrici-
dade desloca-se nos fios elétricos até acender as Lei de Ohm
lâmpadas, televisões, computadores e todos os ou-
tros aparelhos eletrónicos. Mas de onde é que vem Segundo o inventor de tal lei, verificou-se que 69
a eletricidade? Sabemos que a energia não pode para muitos dos materiais existentes, a relação entre
ser gerada, mas sim transformada. Nas barragens e a voltagem e a corrente mantinham-se constante,
outras centrais elétricas a energia mecânica é trans- onde se conclui que: o valor da resistência permane-
formada em energia elétrica. ce constante, não dependendo da voltagem apli-
O processo inicia-se com o aquecimento de água cada ao condutor.
em grandes caldeiras. Nestas, queimam-se combustí- Para tais condutores, denominamos de condu-
veis para produzir calor e ferve-se a água de forma a tores de ôhmicos, onde a resistividade do material é
transformá-la em vapor. O vapor é condensado em alterada pela modificação na voltagem.
alta pressão na turbina, que gira a grande velocida-
de; o gerador ligado á turbina transforma a energia Associação de Resistências
da rotação mecânica da turbina em electricidade.
Vamos aprofundar melhor este processo. É a mesma coisa quando se determina uma
resistência em série, como por exemplo as lâmpadas
de natal na decoração de uma árvore, com os
mesmos valores de resistência, onde as mesmas
serão percorridas pela corrente elétrica.
Podemos concluir segundo o autor que: quando
várias resistências R1, R2, R3, etc., são associadas em
série, todas elas são percorridas pela mesma corren-
te e a resistência equivalente da associação é dada
por: R = R1 + R2 + ...... quando várias resistências R1,
R2, R3, etc., associadas em paralelo, todas elas ficam
submetidas à mesma voltagem e a resistência equi-
Em muitas caldeiras, a madeira, o carvão, o pe- valente da associação é dada por
tróleo ou o gás natural são queimados para produzir
calor. O interior da caldeira é constituído por uma sé-
rie de tubos de metal por onde passa água corrente.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Físico holandês que se tornou conhecido pelos


seus trabalhos no campo das baixas temperaturas e
pela produção de hélio líquido. Onnes descobriu que
a supercondutividade dos materiais, é a redução da
Instrumentos Elétricos de Medida resistência elétrica de algumas substâncias pratica-
mente a zero, quando resfriadas a temperatura próxi-
Muitos instrumentos são usados hoje para se me- mas do zero absoluto. Em 1913 ele recebeu o Prêmio
dir a eletricidade, pois há a necessidade de saber va- Nobel de Física por estes trabalhos.
lores de grandezas envolvidas nos mais variados tipos
de circuitos. Variação da Resistência com a Temperatura
Para que tais aparelhos funcionem é necessário
que consigam interpretar os seguintes itens: É necessário saber que qualquer que seja a
resistência de um condutor a uma certa temperatura,
- intensidade da corrente
uma resistência R, a qualquer temperatura é dada
- diferença de potencial
por : R = R0 ( 1 + delta t)
- resistência elétrica
Para todos os materiais, os cientistas chegaram a
conclusão que sempre terão: α> 0.
Então através dessas preocupações usamos os
Existem, porém outras substâncias que possuem o
seguintes aparelhos:
valor 0, para alfa, sendo silício, germânio e o próprio
- quando se indica a presença de corrente elétri-
ca, usamos o galvanômetro carbono, sendo que as suas resistências diminuem
- quando se indica a presença de intensidade uti- quando são aquecidas. O tungstênio, ao contrário,
lizamos o amperímetro quando aquecido aumenta sua resistência sendo
- para se medir o valor de uma resistência utiliza- usado hoje em dia em lâmpadas convencionais. Os
mos o ohmímetros cientistas analisaram também os sólidos e percebe-
- para se medir a diferença de potencial utiliza- ram que a resistência desses corpos varia com a tem-
mos o voltímetro. peratura, dependendo basicamente de dois fatores
principais:
Para que um amperímetro consiga indicar o va- - o número de elétrons livres
70 lor da corrente, é necessário que dentro do mesmo, -mobilidade desses elétrons
possua fios condutores que devem ser percorridos
pela corrente elétrica, denominando-os como resis- Para que se determine que uma temperatura seja
tência interna do amperímetro. de transição, é necessário que ela torne-se supercon-
O multímetro é um dos únicos aparelhos com que dutora, variando de um material para outro, poden-
se mede todos os tipos de valores, sendo adaptado do num futuro próximo desempenhar importantíssimo
para ser utilizado como ohmímetro, bastando ligar na descoberta de novas tecnologias. A figura abaixo
a resistência R desconhecida aos terminais A e B do mostra tal explicação, na substância Mercúrio.
aparelho conforme ilustração.
Efeito Joule
Potência em um elemento do circuito
O efeito joule é explicado pelo o aquecimento
Quando um aparelho elétrico, ao ser submetido dos condutores, ao serem percorridos por uma cor-
a uma diferença de potencial, sendo percorrido por rente elétrica, estando os elétrons livres no condutor
uma corrente , sendo potência desenvolvida será metálico possuem grande mobilidade podendo se
dada por: P = iVAB deslocar se chocando com outros átomos da rede
As correntes elétricas são transformadas em for- cristalina, durante seus movimentos, sofrem contínuas
ma de energia, através dos aparelhos usados hoje colisões com os átomos da rede cristalina desse con-
em dia em nossas vidas. dutor. A cada colisão, parte da energia cinética do
Porém as cargas perdem energias, sendo que as elétron livre é transferida para o átomo com o qual
mesmas não desaparecem, aparecendo em outras ele colidiu, e esse passa a vibrar com uma energia
formas de energia, onde podemos exemplificar atra- maior. Esse aumento no grau de vibração dos átomos
vés de um simples aquecedor onde a corrente elé- do condutor tem como consequência um aumento
trica é transformada em calor, ou então através de de temperatura. Através desse aumento de tempe-
uma lâmpada de mercúrio, onde a mesma é trans- ratura ocorre o aparecimento da incandescência
formada em energia luminosa. que nada mais é do que a luz emitida nessa tempe-
Segundo observações feitas pelo autor, segue ratura. Para cada temperatura há um espectro de
uma breve biografia de Kamerlingh Onnes. luz. Alguns dos equipamentos que possuem resistores

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

e portanto produzem o efeito joule são: chuveiro elé- deve ser ligado em paralelo ao aparelho em cujos
trico, secador de cabelo, aquecedor elétrico, ferro terminais você quer determinar a ddp, assim o apa-
de passar roupas, pirógrafos, etc. relho e o voltímetro indicarão a mesma ddp.

CIRCUTO ELEMENTARES COM AMPERÍMETROS


E VOLTÍMETROS IDEAIS

Aparelhos de medição elétrica (amperímetros,


voltímetros, ponte de Wheatstone)
 
Amperímetro – instrumento que mede a intensi- O voltímetro deve ser ligado em paralelo com o
dade de corrente elétrica. Alguns amperímetros in- aparelho ou trecho cuja diferença de potencial (ten-
dicam também, além da intensidade da corrente, são) se deseja medir.
seu sentido que , quando a indicação for positiva ela Para que a corrente que passa pelo aparelho
circula no sentido horário e negativa, no sentido anti cuja ddp se deseja medir não se desvie para o vol-
horário. tímetro, um voltímetro ideal deve possuir resistência
interna extremamente alta, tendendo ao infinito.
Símbolo
Um voltímetro ideal deve possuir resistência inter-
na infinita.
 
Suponha que você deseja medir a corrente que
Se você quer medir a intensidade da corrente na passa pelo ponto B e a diferença de potencial entre
lâmpada L1 da figura, você deve inserir o amperíme- os pontos C e D, da figura, dispondo de voltímetro e
tro no trecho onde ela está, pois ele “lê” a corrente amperímetro, ambos ideais.
que passa através dele.

71

Para isso, você eve abrir o circuito em B e inserir


Assim o amperímetro deve ser associado em série aí o amperímetro, pois ele deve ficar em série com
no trecho onde você deseja medir a corrente. o trecho percorrido por iB, de modo que iB passe por
Como o amperímetro indica a corrente que pas- ele. Os terminais do voltímetro devem ser ligados aos
sa por ele no trecho do circuito onde ele está inseri- pontos C e D de modo que o voltímetro fique em
do, sua resistência interna deve ser nula, caso contrá- paralelo com o trecho entre C e D, onde você quer
rio ele indicaria uma corrente de intensidade menor medir a ddp.
que aquela que realmente passa pelo trecho. Então Observe que a resistência interna do amperíme-
ele deve se comportar como um fio ideal, de resistên- tro ideal dever ser nula de modo que toda iB passe
cia interna nula, ou seja, deve se comportar como se por ele e que a resistência interna do voltímetro deve
estivesse em curto circuito. ser infinita de modo que iCD não desvie para ele

Um amperímetro ideal deve possuir resistência in- Medidas Elétricas


terna nula.
É de vital importância, em eletricidade, a
Voltímetro – instrumento que mede a diferença utilização de dois aparelhos de medidas elétricas: o
de potencial ou tensão amperímetro e o voltímetro.
                                 
Símbolo Voltímetro
Aparelho utilizado para medir a diferença de po-
tencial entre dois pontos; por esse motivo deve ser
ligado sempre em paralelo com o trecho do circuito
do qual se deseja obter a tensão elétrica. Para não
Como em qualquer ligação em paralelo a dife- atrapalhar o circuito, sua resistência interna deve ser
rença de potencial (tensão) é a mesma, o voltímetro muito alta, a maior possível.

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Se sua resistência interna for muito alta, comparada às resistências do circuito, consideramos o aparelho
como sendo ideal.
Os voltímetros podem medir tensões contínuas ou alternadas dependendo da qualidade do aparelho.
Voltímetro Ideal → Resistência interna infinita.

Voltímetro não-ideal
Voltímetro Ideal

Amperímetro

Aparelho utilizado para medir a intensidade de corrente elétrica que passa por um fio. Pode medir tanto
corrente contínua como corrente alternada. A unidade utilizada é o àmpere.
O amperímetro deve ser ligado sempre em série, para aferir a corrente que passa por determinada região
do circuito. Para isso o amperímetro deve ter sua resistência interna muito pequena, a menor possível.
Se sua resistência interna for muito pequena, comparada às resistências do circuito, consideramos o am-
perímetro como sendo ideal.
Amperímetro Ideal → Resistência interna nula

72

Voltímetro não-ideal Amperímetro Ideal

CIRCUITOS SIMPLES COM GERADORES, LEIS DE KIRCHHOF

Corrente Contínua

É preciso considerar que as cargas estejam sempre em repouso. Para que possamos considerar o que é
uma corrente elétrica, é necessário que façamos algumas experiências, como ligar as extremidades de fios
aos pólos de uma pilha.
Podemos concluir que o fio possui muitos elétrons livres., estando em movimento devido a força elétrica
do campo, possuindo carga negativa, em movimento contrário ao do campo ampliado, gerando portanto
a chamada corrente elétrica.
Quando um campo elétrico é estabelecido em um condutor qualquer, as cargas livres aí presentes en-
tram em movimento sob a ação deste campo, ocorrendo um deslocamento constituindo uma corrente
elétrica.
Nos metais, a corrente elétrica é conduzida por elétrons livres em movimento.
Nos líquidos, as cargas livres que se movimentam são íons positivos e íons negativos enquanto que, nos
gases, são íons positivos, íons negativos e também elétrons livres.
Segundo os físicos para se determinar uma corrente convencional seria necessário que uma carga ne-
gativa em movimento seja sempre imaginada como se fosse uma carga positiva, movendo-se em sentido
contrário, conforme ilustração abaixo.
A intensidade da corrente se da pela fórmula:

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-as dentro de um invólucro resistente, para que não


ocorra seu vazamento. Se por acaso houver uma di-
ferença de potencial entre os seus pólos, a voltagem
será estabelecida nas extremidades dos fios, geran-
do assim um circuito elétrico simples. A figura abaixo
Onde, ΔQ, representa a quantidade de carga, Δt nos mostra uma sistema convencional de corrente
o intervalo de tempo, concluindo assim que o valor elétrica.
de i, é a intensidade.
Quando uma quantidade de carga delta Q pas- Resistência Elétrica
sa através da secção de um condutor, durante o in-
tervalo de tempo delta t, a intensidade i da corrente Para um condutor AB, estando ele ligado a uma
nesta secção, é a sua relação dividida. bateria, ocorrerá sempre que se estabelecer conta-
to, uma diferença de potencial nas extremidades, e
Segundo o fundador do Eletromagnetismo, An-
consequentemente a passagem da corrente i atra-
dré-Marie Ampère (1775-1836), desenvolveu a teoria
vés dele.
da matemática dos fenômenos eletromagnéticos,
As cargas realizarão colisões contra os átomos ou
a Lei de Ampère, sendo a primeira pessoa a utilizar
moléculas havendo, então oposição a corrente elé-
medidas elétricas, tendo construído um instrumento
trica, podendo ser maior ou menor, dependendo da
que foi o precursor dos aparelhos de medidas hoje
natureza do fio ligado em A e B.
conhecidos. A resistência elétrica se baseia na seguinte fórmu-
A corrente elétrica quando muda de sentido, e la: R = VAB
denominada de corrente alternada, sendo hoje as Portanto, quanto menor for o valor da corrente i,
usadas pelas companhias elétricas, não são corren- maior será o valor de R. A unidade de representação
tes contínuas, sendo que as mesmas se mantêm em da medida de resistência é a do sistema internacio-
seus sentidos, podendo se usar como exemplo de tal nal, sendo que 1 volt/ampère = 1 V/A, sendo denomi-
corrente, a das pilhas convencionais ou as baterias nada como 1 ohm (ou representada pela letra grega
dos automóveis. Ω, em homenagem ao físico alemão do século pas-
Podemos concluir que: Uma corrente alternada sado, Georg Ohm.
pode ser transformada em corrente contínua por Podemos concluir que: quando uma voltagem 73
meio de dispositivos especiais, denominado de reti- VAB é aplicada nas extremidades de um condutor,
ficadores, sendo introduzidos em um fio condutor no estabelecendo nele uma corrente elétrica i, a resis-
qual existe uma corrente alternada, se transforman- tência é dada pela fórmula acima descrita.
do em corrente contínua. Quanto maior for o valor de R, maior será a opo-
sição que o condutor oferecerá à passagem da cor-
Circuitos Simples rente.
O valor da resistividade pode ser considerada
Vamos verificar tal circuito através da de um como sendo uma grandeza característica de todo
“corte” em uma pilha, mostrando seus componentes, material que constitui um fio, sendo definida como:
entretanto a diferença de potencial entre os pólos uma substância será tanto melhor condutora de ele-
da pilha abaixo é mantida graças à energia liberada tricidade quanto menor for o valor de sua resistivida-
em reações químicas. de.
Consideraremos também dois pólos sendo um Reostato segundo seus criadores, é um aparelho
positivo e um negativo, sendo que sem esses compo- onde se pode variar a resistência de um circuito e,
nentes a corrente elétrica jamais se formaria. assim, tornando-se possível aumentar ou diminuir, a
intensidade da corrente elétrica.
A voltagem que sempre é fornecida em uma pi-
Dado um comprido fio AC, de grande resistência,
lha é de 1,5 V, entretanto há aparelhos que se utilizam um cursor B, que se desloca através do fio, entrando
mais do que essa quantidade de Volts. Sendo assim é em contato com A e C, observe a corrente que sai
necessário que mais de uma pilha sejam colocadas do pólo positivo da bateria percorrendo o trecho AB
para o devido funcionamento, onde a corrente elé- do reostato. Verifica-se que não há corrente passan-
trica é o valor da pilha x o seu próprio número. Como do no trecho BC, pois estando o circuito interrompido
exemplo, confira o seguinte raciocínio: Um carrinho em C, a corrente não poderá prosseguir através des-
de criança que se coloca 3 pilhas, o valor de sua cor- se trecho.
rente elétrica se dá por: 1,5 V + 1,5 V + 1,5 V = 4,5 V
Já as baterias de automóvel vem com uma car-
ga elétrica de 2 V, onde suas placas são mergulha-
das em uma solução de ácido sulfúrico e colocando-

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Carga Elétrica Os resistores são elementos que apresentam re-


sistência conhecida bem definida. Podem ter uma
Um corpo tem carga negativa se nele há um ex- resistência fixa ou variável.
cesso de elétrons e positiva se há falta de elétrons em Símbolos em eletrônica e eletricidade
relação ao número de prótons. Abaixo estão alguns símbolos de componentens
A quantidade de carga elétrica de um corpo é elétricos e eletrônicos:
determinada pela diferença entre o número de pró-
tons e o número de elétrons que um corpo contém. O
símbolo da carga elétrica de um corpo é Q, expresso
pela unidade coulomb (C). A carga de um coulomb
negativo significa que o corpo contém uma carga
de 6,25 x 1018 mais elétrons do que prótons.
Diferença de Potencial
Graças à força do seu campo eletrostático, uma
carga pode realizar trabalho ao deslogar outra car-
ga por atração ou repulsão. Essa capacidade de
realizar trabalho é chamada potencial. Quando uma
carga for diferente da outra, haverá entre elas uma
diferença de potencial(E).
A soma das diferenças de potencial de todas
as cargas de um campo eletrostático é conhecida
como força eletromotriz.
A diferença de potencial (ou tensão) tem como Associações de Resistores
unidade fundamental o volt(V).
Os resistores podem se associar em paralelo ou
Corrente em série. (Na verdade existem outras formas de asso-
ciação, mas elas são um pouco mais complicadas e
Corrente (I) é simplesmente o fluxo de elétrons. serão vistas futuramente)
Essa crrente é produzida pelo deslocamento de elé- Associação Série
74 trons através de uma ddp em um condutor. A unida- Na associação série, dois resistores consecutivos
de fundamental de corrente é o ampère (A). 1 A é o têm um ponto em comum. A resistência equivalente
deslocamento de 1 C através de um ponto qualquer é a soma das resistências individuais. Ou seja:
de um condutor durante 1 s. Req = R1 + R2 + R3 + ...
I=Q/t Exemplificando:
O fluxo real de elétrons é do potencial negativo Calcule a resistência equivalente no esquema
para o positivo. No entanto, é convenção represen- abaixo:
tar a corrente como indo do positivo para o negativo.

Correntes e Tensões Contínuas e Alternadas

A corrente contínua (CC ou DC) é aquela que


passa através de um condutor ou de um circuito num Req = 10kW + 1MW + 470W
só sentido. Isso se deve ao fato de suas fontes de ten- Req = 10000W + 1000000W + 470W
são (pilhas, baterias,...) manterem a mesma polarida- Req = 1010470W
de de tensão de saída.
Uma fonte de tensão alternada alterna a polari- Associação Paralelo
dade constantemente com o tempo. Consequente-
mente a corrente também muda de sentido perio- Dois resistores estão em paralelo se há dois pontos
dicamente. A linha de tensão usada na maioria das em comum entre eles. Neste caso, a fórmula para a
residências é de tensão alternada. resistência equivalente é: 1/Req = 1/R1 + 1/R2 + 1/R3
+ ...
Resistência Elétrica Exemplo:
Calcule a resistência equivalente no circuito
Resistência é a oposição à passagem de corren- abaixo:
te elétrica. É medida em ohms (W). Quanto maior a
resistência, menor é a corrente que passa.

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Deve-se também ter em mente que a capacitân-


cia é maior quanto amior for a área das placas para-
lelas, e quanto menor for a distância entre elas. Desta
forma: A (8,85 x 10-12 ) C= ---------------------- k d
Onde: C = capacitância A = área da placa d =
distância entre as placas k = constante dielétrica do
material isolante
Note que a resistência equivalente é menor do Vamos agora estudar o comportamento do ca-
que as resistências individuais. Isto acontece pois a pacitor quando nele aplicamos uma tensão DC.
corrente elétrica tên mais um ramo por onde prosse- Quando isto acontece, a tensão no capacitor varia
guir, e quanto maior a corrente, menor a resistência. segundo a fórmula: Vc=VT(1-e-t/RC)
Isso gera o seguinte gráfico Vc X t
As Leis de Kirchhoff

Lei de Kirchhoff para Tensão: A tensão aplicada a


um circuito fechado é igual ao somatório das quedas
de tensão naquela circuito.

Isto acontece porque a medida que mais cargas


vão se acumulando no capacitor, maior é a oposi-
ção do capacitor à corrente (ele funciona como
uma bateria).
Note que no exemplo abaixo ligamos um resistor
em série com o capacitor. Ele serve para limitar a cor-
Ou seja: a soma algébrica das subidas e quedas rente inicial (quando o capacitor funciona como um
de tensão é igual a zero (SV). Então, se temos o se- curto). O tempo de carga do capacitor é 5t, onde t =
guinte circuito: podemos dizer que VA = VR1 + VR2 RC (resistência vezes capacitância). 75
+ VR3

Lei de Kirchhoff para Correntes: A soma das cor-


rentes que entram num nó (junção) é igual à soma
das correntes que saem desse nó.

No exemplo abaixo, o tempo de carga é: Tc= 5 x


1000 x 10-6 = 5ms
Se aplicarmos no capacitor uma tensão alterna-
da, ele vai oferecer uma “oposição à corrente” (na
verdade é oposição à variação de tensão) chama-
da reatância capacitiva (Xc).
I1+I2= I3+I4+I5 As leis de Kirchhoff serão úteis na Xc=1/2pfC
resolução de diversos problemas.Na próxima atuali- A oposição total de um circuito à corrente cha-
zação, farei uma série de exercícios sobre todos os ma-se impedância (Z). Num circuito composto de
conceitos que expliquei até aqui. uma resistência em série com uma capacitância:
Z = (R22+Xc2) 1/2 ou Z = Ö R22+XC2
Capacitor Podemos imaginar a impedância como a soma
vetorial de resistência e reatância. O ângulo da im-
O capacitor é constituído por duas placas condu- pedância com a abscissa é o atraso da tensão em
toras paralelas, separadas por um diélétrico. Quando relação à corrente.
se aplica uma ddp nos seus dois terminais, começa a
haver um movimento de cargas para as placas pa-
ralelas. A capacitância de um capacitor é a razão
entre a carga acumulada e a tensão aplicada.
C = Q/V

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Aplicações: Se temos um circuito RC série, a me- mada de magnetita, de onde derivam as palavras
dida que aumentarmor a frequência, a tensão no magnético e magnetismo. Uma outra versão atribui
capacitor diminuirá e a tensão no resistor aumenta- o nome do mineral ao fato de ele ser abundante na
rá. Podemos então fazer filtros, dos quais só passarão região asiática da Magnésia. Seja qual for a versão
frequências acima de uma frequência estabelecida verdadeira da origem da palavra, a magnetita é um
ou abaixo dela. Estes são os filtros passa alta e passa imã natural - um minério com propriedades magnéti-
baixa. cas. Sejam naturais ou artificiais, os ímãs são materiais
capazes de se atraírem ou repelirem entre, si bem
Frequência de corte: é a frequência onde XC=R. como de atrair ferro e outros metais magnéticos,
como o níquel e o cobalto.
Quando temos uma fonte CA de várias frequen-
cias, um resistor e um capacitor em série, em frequên- Polaridade
cias mais baixas XC é maior, desta forma, a tensão
no capacitor é bem maior que no resistor. A partir Os imãs possuem dois polos magnéticos, chama-
da frequência de corte, a tensão no resistor torna-se dos de polo norte e polo sul, em torno dos quais existe
maior. Dessa forma, a tensão no capacitor é alta em um campo magnético. Seguindo a regra da atração
frequências mais baixas que a frequência de corte. entre opostos, comum na física, o polo norte e o sul
Quando a frequência é maior que a frequência de de dois imãs se atraem mutuamente. Por outro lado,
corte, é o resistor que terá alta tensão. se aproximarmos os polos iguais de dois imãs o efei-
Filtro passa baixa: to será a repulsão. O campo magnético é um con-
junto de linhas de força orientadas que partem do
polo norte para o pólo sul dos imãs, promovendo sua
capacidade de atração e repulsão, mecanismo que
fica explicado na figura que segue:

Vsaída=It XC
Filtro passa alta
76

No estudo da Física, o eletromagnetismo é o


nome da teoria unificada desenvolvida por James
Maxwell para explicar a relação entre a eletricidade
e o magnetismo. Esta teoria baseia-se no conceito
de campo eletromagnético. O campo magnético é As linhas de força promovem a atração entre polos
resultado do movimento de cargas elétricas, ou seja, opostos e repulsão entre polos iguais.
é resultado de corrente elétrica. O campo magné-
tico pode resultar em uma força eletromagnética Um fato interessante sobre os polos de um imã é
quando associada a ímãs. A variação do fluxo mag- que impossível separá-los. Se cortarmos um imã ao
nético resulta em um campo elétrico (fenômeno co- meio, exatamente sobre a linha neutra que divide os
nhecido por indução eletromagnética, mecanismo dois polos, cada uma das metades formará um novo
utilizado em geradores elétricos, motores e transfor- imã completo, com seu próprio polo norte e sul.
madores de tensão). Semelhantemente, a variação
de um campo elétrico gera um campo magnético.
Devido a essa interdependência entre campo elé-
trico e campo magnético, faz sentido falar em uma
única entidade chamada campo eletromagnético.
Conta uma lenda que a palavra magnetismo de-
riva do nome de um pastor da Grécia antiga, cha-
mado Magnes, que teria descoberto que um deter-
minado tipo de pedra atraía a ponta metálica de seu
cajado. Em homenagem a Magnes, a pedra foi cha-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Perfis magnéticos

Um modo de visualizarmos as linhas de força do


campo magnético é pulverizando limalha de ferro
em torno de um imã. Abaixo, a figura ilustra esse efei-
to pelo qual as partículas metálicas atraídas dese-
nham o perfil do campo magnético.

A movimentação de um campo elétrico próximo a


uma bobina produz a corrente elétrica i.

O princípio da indução eletromagnética é tam-


bém a base de funcionamento dos eletroímãs, equi-
pamentos que geram campos magnéticos apenas,
Limalha de ferro desenha as linhas de força enquanto uma corrente elétrica produz o efeito de
do campo magnético de um imã. indução. Uma vez desligados perdem suas proprie-
dades, ao contrário dos imãs permanentes. Hoje, as
Como os planetas também possuem polos mag- leis do eletromagnetismo fundamentam boa parte
néticos norte e sul, a Terra se comporta como um da nossa tecnologia mecânica e eletroeletrônica.
imenso imã, razão pela qual, numa bússola, o polo sul Os campos magnéticos e suas interações elétricas
da agulha imantada aponta sempre para o polo nor- fazem funcionar desde um secador de cabelos até
te da Terra. Entretanto, se as propriedades dos imãs os complexos sistemas de telecomunicações, desde
já eram conhecidas desde a antiguidade, demorou os poderosos geradores elétricos das usinas nuclea-
um bom tempo até que as correlações entre os fenô- res até os minúsculos componentes utilizados nos cir- 77
menos elétricos e magnéticos fossem estabelecidos. cuitos eletrônicos. Magnes, o lendário pastor grego,
O cientista inglês Michael Faraday (1791-1867) foi um ficaria muito impressionado com o que se descobriu
dos pioneiros do estudo desta correlação. fazer possível com os poderes da pedra que encon-
trou por acaso.
Indução eletromagnética

Faraday descobriu que uma corrente elétrica era


gerada ao posicionar um imã no interior de uma bo-
bina de fio condutor. Deduziu que se movesse a bobi-
na em relação ao imã obteria uma corrente elétrica
contínua, efeito que após comprovado recebeu o
nome de indução eletromagnética. A indução ele-
tromagnética é o princípio básico de funcionamento
dos geradores e motores elétricos, sendo estes dois
equipamentos iguais na sua concepção e diferentes
apenas na sua utilização. No gerador elétrico, a mo-
vimentação de uma bobina em relação a um imã
produz uma corrente elétrica, enquanto no motor
elétrico uma corrente elétrica produz a movimenta-
ção de uma bobina em relação ao imã. A seguir, a
ilustração representa o efeito de indução eletromag-
nética, como pesquisado por Faraday:

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

• OSCILAÇÕES, ONDAS, ÓPTICA E RADIAÇÃO – FEIXES E FRENTES


DE ONDAS. REFLEXÃO E REFRAÇÃO. ÓPTICA GEOMÉTRICA: LENTES E
ESPELHOS. FORMAÇÃO DE IMAGENS. INSTRUMENTOS ÓPTICOS SIMPLES.
FENÔMENOS ONDULATÓRIOS. PULSOS E ONDAS. PERÍODO, FREQUÊNCIA,
CICLO. PROPAGAÇÃO: RELAÇÃO ENTRE VELOCIDADE, FREQUÊNCIA E
COMPRIMENTO DE ONDA. ONDAS EM DIFERENTES MEIOS DE PROPAGAÇÃO.

O
ndulatória é a parte da Física que estuda Classificação em relação à direção de propaga-
as ondas. Qualquer onda pode ser estu- ção
dada aqui, seja a onda do mar, ou ondas
eletromagnéticas, como a luz. A definição de onda As ondas podem ser dividas em três tipos, segun-
é qualquer perturbação (pulso) que se propaga em do as direções em que se propaga:
um meio. Ex: uma pedra jogada em uma piscina (a
fonte), provocará ondas na água, pois houve uma - Ondas unidimensionais: só se propagam em
perturbação. Essa onda se propagará para todos os uma direção (uma dimensão), como uma onda em
lados, quando vemos as perturbações partindo do uma corda.
local da queda da pedra, até ir na borda. Uma se-
quência de pulsos formam as ondas.
Chamamos de Fonte qualquer objeto que pos-
78 sa criar ondas. A onda é somente energia, pois ela
só faz a transferência de energia cinética da fonte,
para o meio. Portanto, qualquer tipo de onda, não
transporta matéria!. As ondas podem ser classifica-
das seguindo três critérios:

Classificação das ondas segundo a sua Natureza

Quanto a natureza, as ondas podem ser dividas


em dois tipos:

- Ondas mecânicas: são todas as ondas que pre-


cisam de um meio material para se propagar. Por
exemplo: ondas no mar, ondas sonoras, ondas em - Ondas bidimensionais: se propagam em duas
uma corda, etc. direções (x e y do plano cartesiano), como a onda
- Ondas eletromagnéticas: são ondas que não provocada pela queda de um objeto na superfície
precisam de um meio material para se propagar. Elas da água.
também podem se propagar em meios materiais. Es-
sas ondas são formadas pela superposição de um
campo elétrico e um campo magnético. Exemplos:
luz, raio-x , sinais de rádio, etc.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Ondas tridimensionais: se propagam em todas as direções possíveis, como ondas sonoras, a luz, etc.

79

Classificação quanto a direção de propagação

- Ondas longitudinais: são as ondas onde a vibração da fonte é paralela ao deslocamento da onda.
Exemplos de ondas longitudinais são as ondas sonoras (o alto falante vibra no eixo x, e as ondas seguem essa
mesma direção), etc.
- Ondas transversais: a vibração é perpendicular à propagação da onda. Ex.: ondas eletromagnéticas,
ondas em uma corda (você balança a mão para cima e para baixo para gerar as ondas na corda).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Características das ondas

Todas as ondas possuem algumas grandezas físicas, que são:

- Frequência: é o número de oscilações da onda, por um certo período de tempo. A unidade de frequên-
cia do Sistema Internacional (SI), é o hertz (Hz), que equivale a 1 segundo, e é representada pela letra f. En-
tão, quando dizemos que uma onda vibra a 60Hz, significa que ela oscila 60 vezes por segundo. A frequência
de uma onda só muda quando houver alterações na fonte.
-Período: é o tempo necessário para a fonte produzir uma onda completa. No SI, é representado pela
letra T, e é medido em segundos.

É possível criar uma equação relacionando a frequência e o período de uma onda:

f = 1/T

ou

T = 1/f

- Comprimento de onda: é o tamanho de uma onda, que pode ser medida em três pontos diferentes: de
crista a crista, do início ao final de um período ou de vale a vale. Crista é a parte alta da onda, vale, a parte
baixa. É representada no SI pela letra grega lambda (λ)

- Velocidade: todas as ondas possuem uma velocidade, que sempre é determinada pela distância per-
corrida, sobre o tempo gasto. Nas ondas, essa equação fica:

ou ou ainda
80

- Amplitude: é a “altura” da onda, é a distância entre o eixo da onda até a crista. Quanto maior for a
amplitude, maior será a quantidade de energia transportada.

Conceitos e propriedades ondulatórias, ondas e suas características, propagações e fenômenos ondu-


latórios, sons e suas características, reflexão, refração, difração, polarização e interferência de ondas, efeito
Doppler e ressonância.

MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES, PERÍODO, FREQUÊNCIA, PÊNDULO SIMPLES,


LEI DE HOOKE, SISTEMA MASSA-MOLA

Movimento Harmônico Simples (MHS)

Um dos comportamentos oscilatórios mais simples de se estender, sendo encontrado em vários sistemas,
podendo ser estendido a muitos outros com variações é o Movimento Harmônico Simples (M.H.S).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Muitos comportamentos oscilatórios surgem a massa m para a esquerda da posição 0, uma força
partir da existência de forças restauradoras que ten- de sentido contrário e proporcional ao deslocamento
dem a trazer ou manter sistemas em certos estados X surgirá tentando manter o bloco na posição de
ou posições, sendo essas forças restauradoras basi- equilíbrio 0.
camente do tipo forças elásticas, obedecendo, por- Se dermos um puxão no bloco de massa m e o
tanto, a Lei de Hooke (F = - kX). soltarmos veremos o nosso sistema oscilando. Você
Um sistema conhecido que se comporta dessa teria idéia de por quê o nosso sistema oscila? Se ha-
maneira é o sistema massa-mola (veja a figura abai- veria, e se sim, qual a relação da força restauradora
xo). Consiste de uma massa de valor m, presa por e do fato de nosso sistema ficar oscilando?
uma das extremidades de uma certa mola de fator Na tentativa de respondermos a essa pergunta
de restauração k e cuja outra extremidade está liga- começaremos discutindo o tipo de movimento reali-
da a um ponto fixo. zado por nosso sistema massa-mola e a natureza ma-
temática deste tipo de movimento.
Perfil de um comportamento tipo M.H.S.
Oscilando em torno de um ponto central, apre-
sentando uma variação de espaço maior nas proxi-
midades do ponto central do que nas extremidades.
Sistema Massa-Mola Você saberia dizer qual o tipo de função representa-
da em nosso esquema? Esse formato característico
Esse sistema possui um ponto de equilíbrio ao qual pertence a que tipo de funções?
chamaremos de ponto 0. Toda vez que tentamos ti- Uma explicação para esse tipo de gráfico obtido
rar o nosso sistema desse ponto 0, surge uma força poderia sair de uma análise das forças existentes no
restauradora (F = -kX) que tenta trazê-lo de volta a sistema massa-mola, mesmo que a compreensão to-
situação inicial. tal da mesma somente possa ser entendida a fundo
a nível universitário.
Sabendo-se que a força aplicada no bloco m do
nosso sistema massa-mola na direção do eixo X será
igual à força restauradora exercida pela mola sobre 81
o bloco na posição X aonde o mesmo se encontrar
(3a. Lei de Newton) podemos escrever a seguinte
equação:
F (X) = - kX
Sistema Massa-Mola na Posição de Equilíbrio
Passando o segundo termo para o primeiro mem-
bro temos:
F (x) + kX = 0

Usando da 1a. Lei de Newton sabemos que F(X) =


ma(X), tendo nós agora:
Sistema Massa-Mola Estendido ma(X) + kX = 0

Podemos perceber também que X = X(t) já que a


posição de X varia com o tempo enquanto o nosso
sistema oscila, ficando a nossa equação:
ma(X(t)) + kX(t) = 0

É possível se ver em um curso de Cálculo


Sistema Massa-Mola Comprimido Diferencial e Integral a nível superior que em sistemas
dependentes do tempo como este podemos aplicar
À medida que afastamos o bloco de massa uma função de função chamada derivada aonde
m da posição de equilíbrio, a força restauradora podemos dizer que a(X(t)) = , ou seja, que a derivada
vai aumentando (estamos tomando o valor de X segunda de X em relação ao tempo é igual à ace-
crescendo positivamente à direita do ponto de leração de nosso sistema. Tendo a nossa equação o
equilíbrio e vice-versa), se empurramos o bloco de seguinte aspecto agora: m(d2X(t)/d2t) + kX(t) = 0

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Onde a solução desta equação sendo chamada


de equação diferencial é a função de movimento
de nosso sistema massa-mola. Apesar de não termos
conhecimentos para resolve-la, comentários podem
ser feitos sobre a mesma para termos uma idéia de
como se resolve. Primeiro vamos tentar entender me-
lhor o que seja uma derivada. Em uma função você
sempre dá um número e a função lhe devolve outro Projeção do M.C.U. sobre o M.C.U. com uma di-
número. A derivada que é uma função de função ferença de fase ø.
não é muito diferente, você lhe dar uma função e
ela lhe dá outra função. Sendo a derivada segunda
de uma função, o resultado depois de ter passado
duas vezes uma função por uma derivada. Passado
esse ponto vamos tentar entender melhor o que seja
resolver uma equação diferencial. Você sabe resol-
ver uma equação de 2o. Grau não sabe? Pois bem,
você deve se lembrar que você tem algo do tipo:
aX2 + bX + c2 = 0
E que a idéia de resolver a equação de segun-
M.C.U. eixo x produzindo um M.H.S.
do grau é encontrar valores de X que satisfaçam a
equação, ou seja, que se forem substituídos na ex-
pressão acima ela será igual a zero. Você se lembra A função obtida é do tipo seno ou coseno.
do procedimento do algoritmo, não? O comportamento dessa equação de movimen-
delta = b2 - 4ac X = (-b ± ((delta)1/2))/2a to pode ser mais bem compreendido ao tratarmos
Onde você encontra aos valores que satisfazem também outros parâmetros importantes como a ve-
a equação de 2o. Grau. Pois bem, a idéia de resol- locidade, a aceleração, a dinâmica e a energia no
ver uma equação diferencial não é muito diferente, M.H.S.
somente que em vez de valores você deverá encon- A partir da projeção do vetor velocidade no
trar as funções que satisfazem a equação diferencial, M.C.U. (usando de um pouco de conhecimentos de
82 funções que quando substituídas na equação dife- trigonometria) também podemos deduzir que a fun-
rencial no nosso caso dê uma expressão final igual ção velocidade também será do tipo seno ou cose-
a zero. Mesmo sem sabermos como resolver à equa- no, sendo somente que v(t) = -wA sen(wt + ø) ou v(t)
ção, posso dizer que um conjunto de funções que = wA cos(wt + ø), o que também pode ser escrito v(t)
a resolve são funções do tipo seno e coseno, o que = ±wX(t).
corrobora muito bem com o esquema apresentado Em um curso de Cálculo Diferencial e Integral
no começo da seção. poderemos ver que a função velocidade é a deriva-
Em outras palavras, a nossa função de movimen- da da função deslocamento em relação ao tempo,
to X(t) terá a forma A cos(wt + ø) ou A sen(wt + ø), ou ou seja, que dX(t)/dt = v(t). E que disso, poderemos
seja, X(t) = A cos(wt + ø) ou X(t) = A sen(wt + ø). deduzir que v(t) = dX(t)/dt = -wA sen(wt + ø) ou wA
Onde A é amplitude do nosso M.H.S, que seria o cos(wt + ø), considerando que X(t) será igual a A
deslocamento máximo realizado pelo bloco em rela- cos(wt + ø) ou a A sen(wt + ø).
ção à posição de equilíbrio, w é a frequência angu-
lar do nosso movimento periódico em radianos por
segundo (w = 2*p*f, sendo f o número de vezes que
o ciclo se repete a cada unidade de tempo), t é a
nossa grandeza de tempo, e ø é uma fase ou des-
locamento angular acrescida ao nosso M.H.S. Não
existe grande diferença entre uma função seno ou
coseno se virmos pela questão de que uma função
seno ou coseno se transforma na outra ou essa multi-
plicada por (-1) se deslocarmos 90 graus ou p/2 uma
em relação à outra. Vetores Velocidade e Aceleração do M.C.U.
Uma outra forma para se ver que a equação de
movimento do M.H.S. é do tipo seno ou coseno é a
partir da projeção do Movimento Circular Uniforme
(M.C.U.) sobre o eixo x, onde sabemos que projeções
são feitas a partir das funções seno e coseno.

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ção deslocamento X(t), ou seja, que a(t) = dv(t)/dt =


d(dX(t)/dt)/dt = d2X(t)/dt = -(w2)X(t), de onde pode-
mos deduzir que a(t) = -(w2)A cos(wt + ø) ou -(w2)A
sen(wt + ø); mas podemos fazer uma análise dimen-
sional para a função aceleração assim como fizemos
para a função velocidade.

Assim sendo: 1o. Membro: [a] = m/(s2) 2o. Mem-


bro: [A][w2] = [A][w][w] = m * 1/s * 1/s = m * 1/(s2) =
m/(s2) O que comprova que a equação dimensio-
nalmente é coerente.
Gráficos da função deslocamento, função velo-
cidade e função aceleração do M.H.S. A essa altura você deve estar se perguntando
como podemos saber qual é o valor de w? Posso di-
Entretanto, podemos fazer uma análise dimen- zer que w, que é a nossa frequência angular, deter-
sional e verificar a coerência da forma apresentada. minando a variação angular do nosso oscilador no
Podemos usar uma análise dimensional para verificar tempo, que está diretamente relacionado a nossa
se em termos de unidades a expressão é coerente. frequência linear f, que determina o número de ci-
Por exemplo, os termos cos(wt + ø) e sen(wt + ø) são clos realizados por nosso oscilador em uma unidade
termos adimensionais, ou seja, não são representar- de tempo, dependerá do fator de restauração k da
mos em termos de m/s, m/s2, kg, N, oC, J ou qualquer mola e do fator de inércia m do bloco, ambas res-
unidade física, são apenas números que no caso des- pectivamente com unidades físicas de [k] = N/m e
sas funções apenas assumem valores que vão de (-1) [m] = kg. Como [w] = 1/s, podemos encontrar uma
a 1. maneira de arranjar as grandezas físicas k e m de ma-
A amplitude A, no entanto está representando neira a termos uma expressão aproximada para w.
o valor máximo de deslocamento do nosso sistema De antemão já digo que essa expressão será ob-
massa-mola em relação à posição de equilíbrio em tida tirando-se a raiz quadrada da razão de k/m, fi-
unidades de distância, que no nosso caso usaremos cando: (([k]/[m])1/2) = (((N/m)/kg)1/2) = ((((kg * m/
o m. A frequência angular w, que é igual a 2*p*f, (s2))/m)/kg)1/2) = ((((kg/m)*(m/(s2)))/kg)1/2) = (((kg/ 83
onde a frequência linear f é dada em termos de 1 (s2))/kg)1/2) = (((kg/kg)*(1/(s2)))1/2) = ((1/(s2))1/2) =
sobre a nossa unidade de tempo t ,(1/t), já que f dá o 1/s
número de repetições de ciclos em uma unidade de
tempo t, também será dada em termos de 1 sobre a onde já poderíamos considerar pela análise di-
unidade de tempo t já que 2*p também é adimen- mensional que uma expressão próxima da que de-
sional. A nossa unidade de tempo no caso será o se- terminasse w seria w ~ ((k/m)1/2), o que não permite
gundo. A expressão será coerente dimensionalmente sabermos se existiriam termos adimensionais ou cons-
se as unidades do primeiro membro forem iguais a tantes, mas experimentalmente já fora comprovado
do segundo membro. Ou seja, que as unidades do a bastante tempo que realmente w = ((k/m)1/2).
segundo membro dêem a unidade m/s que é corres- Na próxima seção, compreendermos como se
pondente à grandeza velocidade. dá o processo de conservação de energia dentro do
udo isso pode ser escrito da seguinte maneira: 1o. sistema massa-mola, como se dão as conversões de
Membro: [v] = m/s 2o. Membro: [A][w] = m * 1/s = m/s energia potencial em cinética e vice-versa, antes de
Então dimensionalmente, a expressão é coe- chegarmos a Dinâmica do M.H.S., onde poderemos
rente. A análise dimensional não permite definir se ver algumas variações do nosso sistema massa-mola
existem constantes ou outros termos adimensionais apresentado.
multiplicando as grandezas, mas com certeza é uma
ferramenta útil para dirimir discrepâncias e vermos Pêndulo Simples
a coerência de expressões. Para a aceleração do
M.H.S. também podemos ver que a mesma é do tipo O pêndulo simples é um tipo de oscilador que
seno ou coseno a partir da projeção do vetor ace- para certas condições pode ser considerado um os-
leração do M.C.U., somente que a sua expressão é cilador harmônico simples.
dada por a(t) = -(w2)A cos(wt + ø) ou -(w2)A sem(wt
+ ø). A partir de um curso de Cálculo Diferencial e
Integral também podemos ver que a aceleração é
a derivada segunda em relação ao tempo da fun-

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(([g]/[l])1/2) = (((m/(s2))/m)1/2) = ((1/(s2))1/2) =


1/s [w] = 1/s
o que confere com o esperado, podendo se
reescrever a expressão w = ((g/l)1/2) como o período
de oscilação T, onde T = 1/f = 1/(w/2*p) = 2*p/w =
2*p/((g/l)1/2) = 2*p*((l/g)1/2), tendo nós deduzido a
expressão:
T = 2* p * ((l/g)1/2)
Esse resultado nós diz que o período de oscilação
do pêndulo simples independe da abertura angular
em que ele é solto, somente dependendo de parâ-
A partir da figura com a decomposição de for- metros considerados fixos como o comprimento do
ças existentes no pêndulo simples podemos ver que fio do pêndulo ou haste e da gravidade local (no
a força restauradora do sistema pêndulo simples é do caso do sistema massa-mola os parâmetros a ser
tipo F(teta) = -mg sen(teta), que é diferente do tipo considerados como vimos é o fator de restauração
de força restauradora do nosso sistema massa-mola k e o fator de inércia m). Dessa forma podemos con-
e que caracteriza um movimento harmônico simples cluir que não deverá haver variações no período do
F(X) = -kX, contudo para ângulos pequenos de teta, pêndulo podendo o mesmo ser utilizado como medi-
sen teta ~ teta, podendo nós fazermos a seguinte dor do tempo.
substituição para a força restauradora do pêndulo
simples para ângulos pequenos, F(teta) = -mg sen Lei de Hooke
(teta) ~ -mg(teta).
O que nos permitiria chegarmos a uma equação Medida de uma força: deformação elástica. Po-
muito parecida com a que encontramos para o nos- demos medir a intensidade de uma força pela defor-
so sistema massa-mola: mação que ela produz num corpo elástico. O dispo-
F(teta) + mg*teta = 0 sitivo utilizado é o dinamômetro, que consiste numa
Onde teta também é teta = teta(t), conseguindo mola helicoidal envolvida por um protetor. Na extre-
nós assim que: midade livre da mola há um ponteiro que se desloca
84 F(teta(t)) + mg*teta(t) = 0 do ponto de uma escala. A medida de uma força é
Que pelo o que comentamos anteriormente po- feita por comparação da deformação causada da
demos reescrever como: deformação causada por essa força com a de força
d2(teta(t))/dt + mg*teta(t) = 0 padrão. Uma mola apresenta uma deformação elás-
De onde dessa equação diferencial se é possível tica se, retirada a força que a deforma, ela retorna
obter uma equação de movimento similar à equa- ao seu comprimento e forma originais.
ção de movimento do sistema massa-mola: Robert Hooke, cientista inglês enunciou a seguin-
teta(t) = A cos (wt + ø) te lei, valida para as deformações elásticas: “A in-
Todas as demais considerações que foram feitas tensidade da força deformadora (F) é proporcional à
para o sistema massa-mola poderão ser generaliza-
deformada (X).”
das para o pêndulo simples agora, com a observa-
A expressão matemática da Lei de Hooke é: F =
ção que a única representante de energia potencial
K.X
a entrar no somatório de energias para dar Et é a
Onde K = constante de proporcionalidade ca-
energia potencial gravitacional (Epg), de maneira
racterística da mola (constante elástica da mola).
a conservar a energia total do sistema, com energia
potencial gravitacional se convertendo em energia
ONDAS MECÂNICAS, ONDAS TRANVERSAIS E LON-
cinética e vice-versa, sendo que a nossa posição de
GITUDINAIS
equilíbrio é exatamente o ponto mais baixo do siste-
ma.
As ondas podem ser classificadas de três modos.  
De maneira análoga a que fizemos para encon-
trar a expressão de w para o sistema massa-mola po-
demos fazer para encontrar a expressão de w para o Quanto à natureza
pêndulo simples; onde em vez de k e m, as grandezas
físicas a serem consideradas serão as grandezas g e l. Ondas mecânicas:são aquelas que precisam de
Reescrevendo a equação de w agora com g e um meio material para se propagar (não se propa-
l ficamos que w = ((g/l)1/2), sobre a qual podemos gam no vácuo).
fazer uma análise dimensional para verificar a sua Exemplo: Ondas em cordas e ondas sonoras
coerência: (som).  

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Ondas eletromagnéticas:são geradas por cargas


elétricas oscilantes e não necessitam de uma meio
material para se propagar, podendo se propagar no
vácuo.
Exemplos: Ondas de rádio, de televisão, de luz, Suponha que a mão de uma pessoa, agindo na
raios X, raios laser, ondas de radar etc. extremidade livre da corda, realiza um movimento
vertical, periódico, de sobe-e-desce. Uma onda pas-
Quanto à direção de propagação sa a se propagar horizontalmente com velocidade
 
Unidimensionais:são aquelas que se propagam .
numa só direção. Cada ponto da corda sobe e desce. Assim que o
Exemplo: Ondas em cordas. ponto A começa seu movimento (quando O sobe),
Bidimensionais:são aquelas que se propagam B inicia seu movimento (quando O se encontra na
num plano. posição inicial), movendo-se para baixo.
Exemplo: Ondas na superfície de um lago. O ponto D inicia seu movimento quando o ponto
Tridimensionais:são aquelas que se propagam em O descreveu um ciclo completo (subiu, baixou e vol-
todas as direções. tou a subir e regressou à posição inicial).
Exemplo: Ondas sonoras no ar atmosférico ou em Se continuarmos a movimentar o ponto O, che-
metais. gará o instante em que todos os pontos da corda es-
   tarão em vibração.
Quanto à direção de vibração A velocidade de propagação da onda depende
da densidade linear da corda e da intensidade da
Transversais:são aquelas cujas vibrações são per-
pendiculares à direção de propagação. força de tração , e é dada por:
Exemplo: Ondas em corda.

85

Longitudinais:são aquelas cujas vibrações coinci-


dem com a direção de propagação.
Exemplos: Ondas sonoras, ondas em molas.

 
ONDAS EM UMA CORDA, VELOCIDADE, Em que: F = a força de tração na corda µ = ,
FREQUÊNCIA E COMPRIMENTO DE ONDA, a densidade linear da corda
ONDAS ESTACIONÁRIAS NUMA CORDA  
FIXA EM AMBAS AS EXTREMIDADES Aplicação:Uma corda de comprimento 3 m e
massa 60 g é mantida tensa sob ação de uma for-
Velocidade de Propagação de uma Onda Unidi- ça de intensidade 800 N. Determine a velocidade de
mensional   propagação de um pulso nessa corda.

Considere uma corda de massa m e comprimen-

to ℓ, sob a ação de uma força de tração .

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Resolução: A experiência mostra que a frequência não se


modifica quando um pulso passa de um meio para
outro.

 
Essa fórmula é válida também para a refração de
ondas bidimensionais e tridimensionais.
Reflexão de um pulso numa corda Observe que o comprimento de onda e a velo-
  cidade de propagação variam com a mudança do
Quando um pulso, propagando-se numa corda, meio de propagação.
atinge sua extremidade, pode retornar para o meio   
em que estava se propagando. Esse fenômeno é de- Aplicação: Uma onda periódica propaga-se em
nominado reflexão. uma corda A, com velocidade de 40 cm/s e compri-
Essa reflexão pode ocorrer de duas formas: mento de onda 5 cm. Ao passar para uma corda B,
sua velocidade passa a ser 30 cm/s. Determine:
Extremidade fixa a)    o comprimento de onda no meio B
Se a extremidade é fixa, o pulso sofre reflexão b)    a frequência da onda
com inversão de fase, mantendo todas as outras ca-
racterísticas. Resolução: 

86

Extremidade livre
Se a extremidade é livre, o pulso sofre reflexão e
volta ao mesmo semiplano, isto é, não ocorre inver-
são de fase.
 

Princípio da Superposição
 
Quando duas ou mais ondas se propagam, simul-
taneamente, num mesmo meio, diz-se que há uma
   superposição de ondas.
Refração de um pulso numa corda Como exemplo, considere duas ondas propa-
  gando-se conforme indicam as figuras:
Se, propagando-se numa corda de menor densi- Supondo que atinjam o ponto P no mesmo instan-
dade, um pulso passa para outra de maior densida- te, elas causarão nesse ponto uma perturbação que
de, dizemos que sofreu uma refração. é igual à soma das perturbações que cada onda
causaria se o tivesse atingido individualmente, ou
seja, a onda resultante é igual à soma algébrica das
ondas que cada uma produziria individualmente no
ponto P, no instante considerado.
 

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Após a superposição, as ondas continuam a se


propagar com as mesmas características que tinham
antes. Ondas Estacionárias
Os efeitos são subtraídos (soma algébrica), po-
dendo-se anular no caso de duas propagações com São ondas resultantes da superposição de duas
deslocamento invertido. ondas de mesma frequência, mesma amplitude,
mesmo comprimento de onda, mesma direção e
sentidos opostos.
Pode-se obter uma onda estacionária através de
uma corda fixa numa das extremidades.
Com uma fonte faz-se a outra extremidade vibrar
com movimentos verticais periódicos, produzindo-se
perturbações regulares que se propagam pela cor-
da.

 
Em resumo:
Quando ocorre o encontro de duas cristas, am- 87
bas levantam o meio naquele ponto; por isso ele
sobe muito mais.
Quando dois vales se encontram eles tendem a
baixar o meio naquele ponto.
Quando ocorre o encontro entre um vale e uma
crista, um deles quer puxar o ponto para baixo e o Em que: N = nós ou nodos e V= ventres.
outro quer puxá-lo para cima. Se a amplitude das Ao atingirem a extremidade fixa, elas se refletem,
duas ondas for a mesma, não ocorrerá deslocamen- retornando com sentido de deslocamento contrário
to, pois eles se cancelam (amplitude zero) e o meio ao anterior.
não sobe e nem desce naquele ponto. Dessa forma, as perturbações se superpõem às
outras que estão chegando à parede, originando o
fenômeno das ondas estacionárias.
Uma onda estacionária se caracteriza pela ampli-
tude variável de ponto para ponto, isto é, há pontos
da corda que não se movimentam (amplitude nula),
chamados nós (ou nodos), e pontos que vibram com
amplitude máxima, chamados ventres.
É evidente que, entre nós, os pontos da corda
vibram com a mesma frequência, mas com
amplitudes diferentes.
 
Observe que: Como os nós estão em repouso,
não pode haver passagem de energia por eles, não
havendo, então, em uma corda estacionária o trans-

porte de energia.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A distância entre dois nós consecutivos vale . * A equação acima nos mostra que quanto mais
rápida for a onda maior será a frequência e mais
A distância entre dois ventres consecutivos energia ela tem. Porém, a frequência é o inverso do
vale . comprimento de onda (l), isto quer dizer que ondas
com alta frequência têm l pequenos. Ondas de bai-
A distância entre um nó e um ventre consecutivo xa frequência têm l grandes

vale .

Aplicação: Uma onda estacionária de frequên-


cia 8 Hz se estabelece numa linha fixada entre dois
pontos distantes 60 cm. Incluindo os extremos, con-
tam-se 7 nodos. Calcule a velocidade da onda pro- * Ondas Unidimensionais: São aquelas que se pro-
gressiva que deu origem à onda estacionária. pagam em um plano apenas. Em uma única linha de
Resolução: propagação.
  * Ondas Bidimensionais: São aquelas que se pro-
pagam em duas dimensões. Em uma superfície, ge-
ralmente. Movimentam-se apenas em superfícies
planas.
* Ondas Tridimensionais: São aquelas que se pro-
pagam em todas as direções possíveis.

Som

O som é uma onda (perturbação) longitudinal e


tridimensional, produzida por um corpo vibrante sen-
do de cunho mecânico.
* Fonte sonora: qualquer corpo capaz de produzir
88 vibrações. Estas vibrações são transmitidas às molé-
culas do meio, que por sua vez, transmitem a outras e
ONDAS SONORAS, NATUREZA DO SOM, a outras, e assim por diante. Uma molécula pressiona
PROPAGAÇÃO, VELOCIDADE, ALTURA, a outra passando energia sonora.
INTENSIDADE, TIMBRE * Não causa aquecimento: As ondas sonoras se
propagam em expansões e contrações adiabáticas.
Ondas Sonoras Ou seja, cada expansão e cada contração, não reti-
ra nem cede calor ao meio.
Som é uma onda que se propaga em meio mate- * Velocidade do som no ar: 337m/s
rial, água, ar, etc. O som não se propaga no vácuo, * Nível sonoro: o mínimo que o ouvido de um ser
não se percebe o som sem um meio material. humano normal consegue captar é de 20Hz, ou seja,
A intensidade do som é tanto quanto maior que qualquer corpo que vibre em 20 ciclos por segundo.
a amplitude da onda sonora. O máximo da sensação auditiva, para o ser humano
é de 20.000Hz (20.000 ciclos por segundo). Este míni-
* Velocidade de propagação das ondas: mo é acompanhado de muita dor, por isso também
a) Quanto mais tracionado o material, mais rápi- é conhecido como o limiar da dor.
do o pulso se propagará. Há uma outra medida de intensidade de som,
b) O pulso se propaga mais rápido em um meio que chamada de Bell. Inicialmente os valores eram
de menor massa. medidos em Béis, mas tornaram-se muito grandes nu-
c) O pulso se propaga mais rápido quando o mericamente. Então, introduziram o valor dez vezes
comprimento é grande. menor, o deciBell, dB. Esta medida foi uma homena-
d) Equação da velocidade: gem a Alexander Graham Bell. Eis a medida de al-
guns sons familiares:
Fonte sonora ou dB Intensidade descrição de ruí-
do em W.m-2

ou ainda pode ser V = λ.f

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Limiar da dor 120 1 do; sofre, entretanto, os demais fenômenos, a saber:


difração, reflexão, refração, interferência e efeito Do-
Rebitamento 95 3,2.10-3 ppler.
Trem elevado 90 10-3 Se você achar esta matéria cansativa, não se
Tráfego urbano     preocupe. Estaremos voltando a estes tópicos toda
vez que precisarmos deles como suporte. Você vai
pesado 70 10-5
cansar de vê-los aplicados na prática... e acaba
Conversação 65 3,2.10-6 aprendendo ;-)
Automóvel silencioso 50 10-7
Rádio moderado 40 10-8 A difração é a propriedade de contornar obstá-
culos. Ao encontrar obstáculos à sua frente, a onda
Sussurro médio 20 10 -10
sonora continua a provocar compressões e rarefa-
Roçar de folhas 10 10-11 ções no meio em que está se propagando e ao redor
Limite de audição 0 10-12 de obstáculos envolvidos pelo mesmo meio (uma pe-
dra envolta por ar, por exemplo). Desta forma, con-
* Refração: mudanças na direção e na velocida- segue contorná-los. A difração depende do compri-
de. mento de onda. Como o comprimento de onda (?)
Refrata quando muda de meio. das ondas sonoras é muito grande - enorme quando
Refrata quando há mudanças na temperatura comparado com o comprimento de onda da luz - a
difração sonora é intensa.
* Difração:Capacidade de contornar obstáculos.
O som tem grande poder de difração, porque as on- A reflexão do som obedece às leis da reflexão on-
das têm um l relativamente grande. dulatória nos meios materiais elásticos. Simplificando,
quando uma onda sonora encontra um obstáculo
* Interferência: na superposição de ondas pode que não possa ser contornado, ela “bate e volta”. É
haver aumento de intensidade sonora ou a sua di- importante notar que a reflexão do som ocorre bem
minuição. em superfícies cuja extensão seja grande em com-
Destrutiva - Crista + Vale - som diminui ou para. paração com seu comprimento de onda.
A reflexão, por sua vez, determina novos fenôme- 89
Construtiva - Crista + Crista ou Vale + Vale - som
nos conhecidos como reforço, reverberação e eco.
aumenta de intensidade.
Esses fenômenos se devem ao fato de que o ouvido
humano só é capaz de discernir duas excitações bre-
Difração:
ves e sucessivas se o intervalo de tempo que as sepa-
Ocorre quando uma onda encontra obstáculos à
ra for maior ou igual a 1/10 do segundo. Este décimo
sua propagação e seus raios sofrem encurvamento.
de segundo é a chamada persistência auditiva.

Timbre Reflexão do som


O Timbre é a “cor” do som. Aquilo que distingue a
qualidade do tom ou voz de um instrumento ou can-
tor, por exemplo a flauta do clarinete, o soprano do
tenor.
Cada objeto ou material possui um timbre que
é único, assim como cada pessoa possui um timbre
próprio de voz.
 
FENÔMENOS ONDULATÓRIOS,
REFLEXÃO, ECO, REVERBERAÇÃO, REFRAÇÃO, Suponhamos que uma fonte emita um som breve
DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA que siga dois raios sonoros. Um dos raios vai direta-
mente ao receptor (o ouvido, por exemplo) e outro,
Já que sabemos o que é o som, nada mais justo que incide num anteparo, reflete-se e dirige-se para
do que entender como o som se comporta. Vamos ao mesmo receptor. Dependendo do intervalo de
então explorar um pouco os fenômenos sonoros. tempo (?t) com que esses sons breves (Direto e Re-
Na propagação do som observam-se os fenôme- fletido) atingem o ouvido, podemos ter uma das três
nos gerais da propagação ondulatória. Devido à sua sensações distintas já citadas: reforço, reverberação
natureza longitudinal, o som não pode ser polariza- e eco.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Quando o som breve direto atinge o tímpano dos Quando uma onda sonora sofre refração, ocorre
nossos ouvidos, ele o excita. A excitação completa uma mudança no seu comprimento de onda e na
ocorre em 0,1 segundo. Se o som refletido chegar ao sua velocidade de propagação. Sua frequência,
tímpano antes do décimo de segundo, o som refleti- que depende apenas da fonte emissora, se mantém
do reforça a excitação do tímpano e reforça a ação inalterada.
do som direto. É o fenômeno do reforço. Como já vimos, o som é uma onda mecânica e
Na reverberação, o som breve refletido chega transporta apenas energia mecânica. Para se des-
ao ouvido antes que o tímpano, já excitado pelo som locar no ar, a onda sonora precisa ter energia sufi-
ciente para fazer vibrar as partículas do ar. Para se
direto, tenha tempo de se recuperar da excitação
deslocar na água, precisa de energia suficiente para
(fase de persistência auditiva). Desta forma, começa
fazer vibrar as partículas da água. Todo meio mate-
a ser excitado novamente, combinando duas exci- rial elástico oferece uma certa “resistência” à trans-
tações diferentes. Isso ocorre quando o intervalo de missão de ondas sonoras: é a chamada impedância.
tempo entre o ramo direto e o ramo refletido é maior A impedância acústica de um sistema vibratório ou
ou igual a zero, porém menor que 0,1 segundo. O re- meio de propagação, é a oposição que este ofere-
sultado é uma ‘confusão’ auditiva, o que prejudica ce à passagem da onda sonora, em função de sua
o discernimento tanto do som direto quanto do re- frequência e velocidade.
fletido. É a chamada continuidade sonora e o que A impedância acústica (Z) é composta por duas
ocorre em auditórios acusticamente mal planejados. grandezas: a resistência e a reactância. As vibrações
No eco, o som breve refletido chega ao tímpano produzidas por uma onda sonora não continuam
após este ter sido excitado pelo som direto e ter-se indefinidamente pois são amortecidas pela resistên-
recuperado dessa excitação. Depois de ter voltado cia que o meio material lhes oferece. Essa resistên-
completamente ao seu estado natural (completou a cia acústica (R) é função da densidade do meio e,
consequentemente, da velocidade de propagação
fase de persistência auditiva), começa a ser excita-
do som neste meio. A resistência é a parte da impe-
do novamente pelo som breve refletido. Isto permite
dância que não depende da frequência. É medida
discernir perfeitamente as duas excitações.
em ohms acústicos. A reactância acústica (X) é a
Ainda derivado do fenômeno da reflexão do parte da impedância que está relacionada com a
som, é preciso considerar a formação de ondas es- frequência do movimento resultante (onda sonora
90 tacionárias nos campos ondulatórios limitados, como que se propaga). É proveniente do efeito produzido
é o caso de colunas gasosas aprisionadas em tubos. pela massa e elasticidade do meio material sobre o
O tubo de Kundt, abaixo ilustrado, permite visualizar movimento ondulatório.
através de montículos de pó de cortiça a localiza- Se existe a impedância, uma oposição à onda
ção de nós (regiões isentas de vibração e de som) sonora, podemos também falar em admitância, uma
no sistema de ondas estacionárias que se estabelece facilitação à passagem da onda sonora. A admitân-
como resultado da superposição da onda sonora di- cia acústica (Y) é a recíproca da impedância e defi-
reta e da onda sonora refletida. ne a facilitação que o meio elástico oferece ao mo-
vimento vibratório. Quanto maior for a impedância,
Ondas Estacionárias menor será a admitância e vice-versa. É medida em
mho acústico (contrário de ohm acústico).
A impedância também pode ser expressa em uni-
A distância (d) entre dois nós consecutivos é de
dades rayls (homenagem a Rayleigh). A impedância
meio comprimento de onda ( d = ? / 2 ). Sendo a característica do ar é de 420 rayles, o que significa
velocidade da onda no gás Vgás = ?×f tem-se Vgás que há necessidade de uma pressão de 420 N/m2
= 2×f×d, o que resulta num processo que permite para se obter o deslocamento de 1 metro, em cada
calcular a velocidade de propagação do som em segundo, nas partículas do meio.
um qualquer gás! A frequência f é fornecida pelo Para o som, o ar é mais refringente que a água
oscilador de áudio-frequência que alimenta o auto- pois a impedância do ar é maior. Tanto é verdade
-falante. que a onda sonora se desloca com maior velocida-
A refração do som obedece às leis da refração de na água do que no ar porque encontra uma re-
ondulatória. Este fenômeno caracteriza o desvio so- sistência menor.
frido pela frente da onda quando ela passa de um Quando uma onda sonora passa do ar para a
meio para outro, cuja elasticidade (ou compressibi- água, ela tende a se horizontalizar, ou seja, se afasta
lidade, para as ondas longitudinais) seja diferente. da normal, a linha marcada em verde (fig.6). O ân-
Um exemplo seria a onda sonora passar do ar para gulo de incidência em relação à água é importante
porque, se não for suficiente, a onda sonora não con-
a água.
segue “entrar” na água e acaba sendo refletida.

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Refração da água para o ar Se as ondas amarelas chegarem em concordân-


cia de fase com as ondas laranja, ocorre uma inter-
A refração, portanto, muda a direção da onda ferência construtiva e, o que se ouve, é um aumento
sonora (mas não muda o seu sentido). A refração na intensidade do som.
pode ocorrer num mesmo meio, por exemplo, no ar. Se as ondas amarelas chegarem em oposição de
Camadas de ar de temperaturas diferentes possuem fase com as ondas laranja, ocorre uma interferência
impedâncias diferentes e o som sofre refrações a destrutiva, o que determina o anulamento ou extin-
cada camada que encontra. ção delas. O resultado é o silêncio.
Da água para o ar, o som se aproxima da normal. Dois sons de alturas iguais, ou seja, de frequências
O som passa da água para o ar, qualquer que seja o iguais, se reforçam ou se extinguem permanente-
ângulo de incidência. mente conforme se superponham em concordância
Dada a grande importância da impedância, tra- ou em oposição de fase.
tada aqui apenas para explicar o fenômeno da re-
fração, ela possui um módulo próprio. É um assunto Batimento
relevante na geração e na transmissão de sons.
Se suas frequências não forem rigorosamente
iguais, ora eles se superpõem em concordância de
Interferência
fase, ora em oposição de fase, ocorrendo isso a in-
tervalos de tempo iguais, isto é, periodicamente se
A interferência é a consequência da superposi-
reforçam e se extinguem. É o fenômeno de batimen-
ção de ondas sonoras. Quando duas fontes sonoras
to e o intervalo de tempo é denominado período do
produzem, ao mesmo tempo e num mesmo ponto, batimento.
ondas concordantes, seus efeitos se somam; mas se Distingue-se um som forte de um som fraco pela
essas ondas estão em discordância, isto é, se a pri- intensidade. Distingue-se um som agudo de um som
meira produz uma compressão num ponto em que a grava pela altura. Distingue-se o som de um violino
segunda produz uma rarefação, seus efeitos se neu- do som de uma flauta pelo timbre.
tralizam e a combinação desses dois sons provoca o
silêncio. EFEITO DOPPLER
91
Trombone de Quincke O Efeito Doppler é consequência do movimento
relativo entre o observador e a fonte sonora, o que
O trombone de Quincke é um dispositivo que per- determina uma modificação aparente na altura do
mite constatar o fenômeno da interferência sonora som recebido pelo observador.
além de permitir a determinação do comprimento
de onda. O processo consiste em encaminhar um
som simples produzido por uma dada fonte (diapa-
são, por exemplo) por duas vias diferentes (denomi-
nados ‘caminhos de marcha’) e depois reuni-los no-
vamente em um receptor analisador (que pode ser o
próprio ouvido).
Observando a fig.9 percebe-se que o som emiti-
do pela fonte percorre dois caminhos: o da esquerda
(amarelo), mais longo, e o da direita (laranja), mais
curto. As ondas entram no interior do trombone for- O efeito doppler ocorre quando um som é ge-
mando ondas estacionárias dentro do tubo. Como rado ou refletido por um objeto em movimento. Um
o meio no tubo é um só e as ondas sonoras são pro- efeito doppler ao extremo causa o chamado estron-
do sônico. Se tiver curiosidade, leia mais sobre o as-
venientes de uma mesma fonte, é óbvio que as que
sunto em “A Barreira Sônica”. A seguir, veja um exem-
percorrem o caminho mais curto cheguem primeiro
plo para explicar o efeito doppler.
ao receptor. Depois de um determinado período de
Imagine-se parado numa calçada. Em sua dire-
tempo, chegam as ondas do caminho mais longo e
ção vem um automóvel tocando a buzina, a uma
se misturam às do caminho mais curto: é a interferên-
velocidade de 60 km/h. Você vai ouvir a buzina to-
cia. De acordo com as fases em que se encontram as
cando uma “nota” enquanto o carro se aproxima
ondas do caminho mais longo e as ondas do cami- porém, quando ele passar por você, o som da buzina
nho mais curto, o efeito pode ser totalmente diverso. repentinamente desce para uma “nota” mais baixa

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- o som passa de mais agudo para mais grave. Esta Todo instrumento musical tem o seu timbre, isto é,
mudança na percepção do som se deve ao efeito seu som característico. Assim, o acordeão e o violão
doppler. podem emitir uma mesma nota musical, de mesma
A velocidade do som através do ar é fixa. Para frequência e intensidade, mas será fácil distinguir o
simplificar, digamos que seja de 300 m/s. Se o carro som de um e do outro.
estiver parado a uma distância de 1.500 metros e to- Na música, o importante não é a frequência do
car a buzina durante 1 minuto, você ouvirá o som da som emitido pelos diversos instrumentos, mas sim a re-
buzina após 5 segundos pelo tempo de 1 minuto. lação entre as diversas frequências de cada um. Os,
Porém, se o carro estiver em movimento, vindo por exemplo, um dó e um mi são tocados ao mes-
em sua direção a 90 km/h, o som ainda será ouvido mo tempo, o som que ouvimos é agradável e nos dá
com um atraso de 5 segundos, mas você só ouvirá o uma sensação de música acabada. Mas, se forem
som por 55 segundos (ao invés de 1 minuto). O que tocadas simultaneamente o fá e o sí, ou sí e o ré, os
ocorre é que, após 1 minuto o carro estará ao seu sons resultantes serão desagradáveis, dando a sen-
lado (90 km/h = 1.500 m/min) e o som, ao fim de 1 sação de que falta alguma coisa para completá-las.
minuto, chega até você instantaneamente. Da sua Isso acontece porque, no primeiro caso, as relações
perspectiva, a buzinada de 1 minuto foi “empaco- entre frequências são compostas de números peque-
tada” em 55 segundos, ou seja, o mesmo número de nos, enquanto no segundo, esses números são relati-
ondas sonoras foi comprimida num menor espaço de vamente grandes.
tempo. Isto significa que a frequência foi aumentada Com o progresso da eletrônica, novos instrumen-
e você percebe o som da buzina como mais agudo. tos foram produzidos, como a guitarra elétrica, o
Quando o automóvel passa por você e se distan- órgão eletrônico etc., que nos proporcionam novos
cia, ocorre o processo inverso - o som é expandido timbres.
para preencher um tempo maior. Mesmo número de O órgão eletrônico chega mesmo a emitir os sons
ondas num espaço de tempo maior significa uma fre- dos outros instrumentos. Ele pode ter, inclusive, acom-
quência menor e um som mais grave. panhamento de bateria, violoncelo, contrabaixo e
Para definir o efeito doppler e podermos enten- outros, constituindo-se numa autentica orquestra ele-
de-lo utilizamos a seguinte equação que relaciona a trônica, regida por um maestro: executante da mú-
sica.
frequência emitida, frequência percebida, velocida-
92 de do som e velocidade da fonte ou observador.
Características das Ondas

As ondas do mar são semelhantes às que se for-


mam numa corda: apresentam pontos mais eleva-
dos – chamados cristas ou montes – e pontos mais
baixos – chamados vales ou depressões.
Sendo: : a frequência percebida
As ondas são caracterizadas pelos seguintes ele-
mentos:
: a frequência emitida
Amplitude – que vai do eixo médio da onda até
o ponto mais auto de uma crista ou até o ponto mais
: a velocidade da onda baixo de um vale.
Comprimento da onda – distâncias entre duas
: a velocidade do observador cristas sucessivas ou entre dois vales sucessivos.
Frequência – números de ondas formadas em 1s;
: a velocidade da fonte a frequência é medida em hertz: 1 Hz equivale a uma
onda por segundo;
Reflexão do Som Período – tempo gasto para formar uma onda. O
período é o inverso da frequência.
Se você joga uma bola de borracha perpendi-
cularmente contra uma parede, ela bate na parede Tipos de onda
e volta na mesma direção. Se a bola é jogada obli-
quamente contra a parede, depois de bater ela se Ondas como as do mar ou as que se formam
desvia para outra direção. Nos dois casos a bola foi quando movimentamos uma corda vibram na dire-
refletida pela parede. O mesmo acontece com as ção vertical, mas se propagam na direção horizon-
ondas sonoras. tal. Nessas ondas, chamadas ondas transversais, a
Timbre: o “documento de identidade” dos instru- direção de vibração é perpendicular à direção de
mentos. propagação.

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Existem ondas que vibram na mesma direção em relâmpago, embora ambos os fenômenos (relâmpa-
que se propagam: são as ondas longitudinais. Pegue go e trovão) se formem ao mesmo tempo. (A propa-
uma mola e fixe uma de suas extremidades no teto. gação da luz, neste caso o relâmpago, também não
Pela outra extremidade, mantenha a mola esticada é instantânea, embora sua velocidade seja superior
e puxe levemente uma das espirais para baixo. Em à do som.)
seguida, solte a mola. Você verá que esta perturba- Assim, o som leva algum tempo para percorrer
ção se propaga até o teto produzido na mola zonas determinada distância. E a velocidade de sua pro-
de compressão e distensão. pagação depende do meio em que ele se propaga
e da temperatura em que esse meio se encontra.
Estudo do som No ar, a temperatura de 15ºC a velocidade do
som é de cerca de 340m/s. Essa velocidade varia em
Encoste a mão na frente de seu pescoço e emita 55cm/s para cada grau de temperatura acima de
um som qualquer. Você vai sentir a garganta vibrar zero. A 20ºC, a velocidade do som é 342m/s, a 0ºC,
enquanto dura o som de sua voz. O som produzido é de 331m/s.
resulta de um movimento vibratório das cordas vo- Na água a 20ºC, a velocidade do som é de apro-
cais, que provoca uma perturbação no ar a sua vol- ximadamente 1130m/s. Nos sólidos, a velocidade de-
ta, cujo efeito é capaz de impressionar o ouvido. pende da natureza das substâncias.
Quando uma lâmina de aço vibra, ela também
provoca uma perturbação no ar em sua volta. Propa- Qualidades fisiológicas do som
gando-se pelo ar, essa perturbação produz regiões
de compressão e distensão. Como nosso aparelho A todo instante distinguimos os mais diferentes
auditivo é sensível e essa vibração do ar, podemos sons. Essa diferenças que nossos ouvidos percebem
percebê-las sob a forma de som. se devem às qualidades fisiológicas do som: altura,
Além das cordas vocais e lâminas de aço, exis- intensidade e timbre.
tem inúmeros outros corpos capazes de emitir som.
Corpos com essa capacidade são denominados fon-
Altura
tes sonoras. Como exemplo, podemos citar os diapa-
sões, os sinos, as membranas, as palhetas e os tubos.
Mesmo sem conhecer música, é fácil distinguir o 93
som agudo (ou fino) de um violino do som grave (ou
Frequência do som audível
grosso) de um violoncelo. Essa qualidade que per-
mite distinguir um som grave de um som agudo se
O ouvido humano só é capaz de perceber sons
chama altura. Assim, costuma-se dizer qu o som do
de frequências compreendidas entre 16Hz e 20.000Hz,
violino é alto e o do violoncelo é baixo. A altura de
aproximadamente. Os infra-sons, cuja frequência é
um som depende da frequência, isto é, do número
inferior a 16Hz, e os ultra-sons, cuja frequência é su-
de vibrações por segundo. Quanto maior a frequên-
perior a 20.000Hz, não são captados por nosso olvi-
cia mais agudo é o som e vice versa. Por sua vez, a
do, mas são percebidos por alguns animais, como os
frequência depende do comprimento do corpo que
cães, que ouvem sons de 25.000Hz, e os morcegos,
que chegam a ouvir sons de até 50.000Hz. vibra e de sua elasticidade; Quanto maior a atração
é mais curta for uma corda de violão, por exemplo,
Propagação do som mais agudo vai será o som por ela emitido.
Você pode constatar também a diferença de
O som exige um meio material para propagar-se. frequências usando um pente que tenha dentes fi-
Esse meio pode ser sólido, líquido ou gasoso. nos e grossos. Passando os dentes do pente na bosta
O som não se propaga no vácuo, o q poder ser de um cartão você ouvirá dois tipos de som emitidos
comprovado pela seguinte experiência: colocando pelo cartão: o som agudo, produzido pelos dentes
um despertador dentro de uma campânula onde o finos (maior frequência), e o som grave, produzido
ar é rarefeito, isto é, onde se fez “vácuo”, o som da pelos dentes mais grossos (menor frequência).
campainha praticamente deixa de ser ouvido.
Intensidade
Velocidade do som
é a qualidade que permite distinguir um som forte
A propagação do som não é instantânea. Pode- de um som fraco. Ele depende da amplitude de
mos verificar esse fato durante as tempestades: o tro- vibração: quanto maior a amplitude mais forte é o
vão chega aos nossos ouvidos segundos depois do som e vice versa.

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Na prática não se usa unidades de intensidade infrassom em armas de guerra, já que sua potência
sonora, mas de nível de intensidade sonora, uma pode destruir construções e até mesmo estourar
grandeza relacionada à intensidade sonora e à for- órgãos humanos.
ma como o nosso ouvido reage a essa intensidade.
Essas unidades são o bel e o seu submúltiplo o deci- Ultrassom é um som a uma frequência superior
bel (dB), que vale 1 décimo do bel. O ouvido huma- àquela que o ouvido do ser humano pode perceber,
no é capaz de suportar sons de até 120dB, como é o aproximadamente 20.000 Hz.
da buzina estridente de um carro. O ruído produzido Alguns animais, como o cão, golfinho e o morce-
por um motor de avião a jato a poucos metros do ob- go, têm um limite de percepção sonora superior ao
servador produz um som de cerca de 140dB, capaz do ouvido humano e podem, assim, ouvir ultrassons.
de causar estímulos dolorosos ao ouvido humano. A Existem “apitos” especiais nestas frequências que ser-
agitação das grandes cidades provocam a chama- vem a estes princípios.
da poluição sonora composta dos mais variados ruí- Um som é caracterizado por vibrações (variação
dos: motores e buzinas de automóveis, martelos de de pressão) no ar. O ser humano normal médio con-
ar comprimido, rádios, televisores e etc. Já foi com- segue distinguir, ou ouvir, sons na faixa de frequência
provado que uma exposição prolongada a níveis que se estende de 20Hz a 20.000Hz aproximadamen-
maiores que 80dB pode causar dano permanente ao te. Acima deste intervalo, os sinais são conhecidos
ouvido. A intensidade diminui à medida que o som como ultrassons e abaixo dele, infrassons.
se propaga ou seja, quanto mais distante da fonte, O emissor de som, em aparelhos de som, é o alto-
menos intenso é o som. -falante. Um cone de papelão movido por uma bo-
Timbre – imagine a seguinte situação: um ouvinte bina imersa em um campo magnético , produzido
que não entende de música está numa sala, ao lado por um imã permanente. Este cone pode “vibrar” a
da qual existe outra sala onde se encontram um pia- frequências de áudio e com isto impulsionar o ar pro-
no e um violino. Se uma pessoa tocar a nota dó no movendo ondas de pressão que ao atingirem o ou-
piano e ao mesmo tempo outra pessoa tocar a nota vido humano, são interpretados como sons audíveis.
dó no violino, ambas com a mesma força os dois sons Porém, à medida que a frequência das vibrações
terão a mesma altura (frequência) e a mesma inten- aumenta, a amplitude das vibrações vai se reduzin-
sidade. Mesmo sem ver os instrumentos, o ouvinte da do. Para gerar sons de alta-frequência e ultrassons
94 outra sala saberá distinguir facilmente um som de ou- geralmente são utilizados cerâmicas ou cristais pie-
zoelétricos, os quais produzem oscilações mecânicas
tro, porque cada instrumento tem seu som caracteri-
em resposta a impulsos elétricos.
zado, ou seja, seu timbre.
Podemos afirmar, portanto, que timbre é a qua-
A óptica é um ramo da Física que estuda a luz
lidade que nos permite perceber a diferença entre
ou, mais amplamente, a radiação eletromagnética,
dois sons de mesma altura e intensidade produzidos
visível ou não. A óptica explica os fenômenos de re-
por fontes sonoras diferentes.
flexão, refração e difração, a interação entre a luz e
o meio, entre outras coisas. Geralmente, a disciplina
INFRA-SOM E ULTRASSOM.
estuda fenômenos envolvendo a luz visível, infraver-
melha, e ultravioleta; entretanto, uma vez que a luz
Infrassons são ondas sonoras extremamente
é uma onda eletromagnética, fenômenos análogos
graves, com frequências abaixo dos 20 Hz, portanto
acontecem com os raios X, microondas, ondas de rá-
abaixo da faixa audível do ouvido humano que é de dio, e outras formas de radiação eletromagnética. A
20 Hz a 20.000 Hz. óptica, nesse caso, pode se enquadrar como uma
Ondas infrassônicas podem se propagar por lon- subdisciplina do eletromagnetismo. Alguns fenôme-
gas distâncias, pois são menos sujeitas às perturba- nos ópticos dependem da natureza da luz e, nesse
ções ou interferências que as de frequências mais caso, a óptica se relaciona com a mecânica quân-
altas. tica.
Infrassons podem ser produzidos pelo vento e por Segundo o modelo para a luz utilizada, distingue-
alguns tipos de terremotos. Os elefantes são capazes -se entre os seguintes ramos, por ordem crescente de
de emitir infrassons que podem ser detectados a uma precisão (cada ramo utiliza um modelo simplificado
distância de 2 km. do empregado pela seguinte):
É comprovado que os tigres têm a mais forte - Óptica geométrica: Trata a luz como um con-
capacidade de identificar infrassons. Seu rugido junto de raios que cumprem o princípio de Fermat.
emite ondas infrassônicas tão poderosas que são Utiliza-se no estudo da transmissão da luz por meios
capazes de paralisar suas presas e até pessoas. Há homogêneos (lentes, espelhos), a reflexão e a refra-
mais de 50 anos é estudada uma forma de usar o ção.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Óptica ondulatória: Considera a luz como uma legítimo utilizar a óptica geométrica para explicar a
onda plana, tendo em conta sua frequência e com- refração mas não a difração. Todos os três princípios
primento de onda. Utiliza-se para o estudo da difra- podem ser derivados do Princípio de Fermat, de Pier-
ção e interferência. re de Fermat, que diz que quando a luz vai de um
- Óptica eletromagnética: Considera a luz como ponto a outro, ela segue a trajetória que minimiza o
uma onda eletromagnética, explicando assim a re- tempo do percurso (tal princípio foi utilizado por Ber-
flexão e transmissão, e os fenômenos de polarização noulli para resolver o problema da braquistócrona.
e anisotrópicos. Note a semelhança entre os enunciados do princípio
- Óptica quântica ou óptica física: Estudo quânti- e do problema).
co da interação entre as ondas eletromagnéticas e a A óptica geométrica fundamentalmente estu-
matéria, no que a dualidade onda-corpúsculo joga da o fenômeno da reflexão luminosa e o fenômeno
um papel crucial. da refração luminosa. O primeiro fenômeno tem sua
máxima expressão no estudo dos espelhos, enquan-
Conceitos e propriedades ópticas, princípios da to que o segundo, tem nas lentes o mesmo papel.
óptica geométrica, reflexão e refração da luz, diop- Durante sua propagação no espaço, a onda pro-
tros planos. picia fenômenos que acontecem naturalmente e
frequentemente. O conhecimento dos fenômenos
A Óptica Geométrica ocupa-se de estudar a ondulatórios culminou em várias pesquisas de impor-
propagação da luz com base em alguns postulados tantes cientistas, como Christiaan Huygens e Thomas
simples e sem grandes preocupações com sua natu- Young, estes defendiam que a luz tinha caracterís-
reza, se ondulatória ou particular. ticas ondulatórias e não corpusculares como Isaac
Newton acreditava, isso foi possível mediante a uma
Princípios importante experiência feita por Young, a da “Dupla
fenda”, baseada no fenômeno de interferência e di-
Os princípios em que se baseia a Óptica Geo- fração (veja a figura Fig.1), inerente às ondas. Mais
métrica são três: Propagação Retilínea da Luz: Em tarde, um outro cientista célebre chamado Heinrich
um meio homogêneo e transparente a luz se propa- Rudolf Hertz, runescape fotoelétrico que foi muito
ga em linha reta. Cada uma dessas “retas de luz” é bem entendido e explicado pelo físico Albert Einstein,
chamada de raio de luz. Independência dos Raios o que lhe rendeu o Nobel de Física. Essa contradição 95
de Luz: Quando dois raios de luz se cruzam, um não permitiu à luz ter caráter dualista, ou seja, ora se com-
interfere na trajetória do outro, cada um se compor- porta como onda ora como partícula. Outro exem-
tando como se o outro não existisse. Reversibilidade plo importante foi o de Gauss, no campo da óptica,
dos Raios de Luz: Se revertermos o sentido de propa- com suas descobertas e teorias sobre a reflexão da
gação de um raio de luz ele continua a percorrer a luz em espelhos esféricos e criador das fórmulas que
mesma trajetória, em sentido contrário. permite calcular a altura e distancia de uma imagem
O princípio da propagação retilínea da luz pode do espelho com relação ao objeto.
ser verificado no fato de que, por exemplo, um ob-
jeto quadrado projeta sobre uma superfície plana, Reflexão
uma sombra também quadrada. O princípio da in-
dependência pode ser observado, por exemplo, em Há muitos séculos, curiosos gregos como He-
peças de teatro no momento que holofotes específi- ron de Alexandria tentavam desvendar os mistérios
cos iluminam determinados atores no palco. Mesmo da natureza, em especial a ele a reflexão luminosa.
que os atores troquem suas posições nos palcos e os Atualmente os conhecimentos adquiridos sobre este
feixes de luz sejam obrigados a se cruzar, ainda sim os campo culminaram, em parte, na contemporânea
atores serão iluminados da mesma forma, até mes- mecânica quântica, cientistas como Niels Bohr (com
mo, por luzes de cores diferentes. O terceiro princípio seu modelo atômico mais complexo) perpassaram
pode ser verificado por exemplo na situação em que por estudos na área da reflexão, quando um de seus
um motorista de táxi e seu passageiro, este último no postulados dizia que fótons poderiam interagir com
banco de trás, conversam, um olhando para o outro os elétrons da camada mais exterior da eletrosfera
através do espelho central retrovisor. de um átomo, excitando-os e proporcionando-os a
O domínio de validade da óptica geométrica estes os chamados saltos quânticos que resultariam
é o de a escala em estudo ser muito maior do que na “devolução” da radiação(pacote destes fótons)
o comprimento de onda da luz considerada e em incidente. A reflexão, no entanto, não vale só para as
que as fases das diversas fontes luminosas não têm ondas luminosas e sim para todas as ondas, ou seja,
qualquer correlação entre si. Assim, por exemplo é acústica, do mar, etc. Tomando como exemplo on-

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das originadas de inúmeras perturbações superficiais entre duas cristas ambas aumentam sua amplitude.
(pulsos) periódicas em um balde largo e comprido Quando dois vales se encontram sua amplitude é
de água inerte (parada), percebe-se que as ondas igualmente aumentada e os dois abaixam naquele
se propagam no meio “batem” nas paredes do reci- ponto. Quando um vale e uma crista encontram-se,
piente e “voltam” sem sofrerem perdas consideráveis ambos irão querer puxar cada elevação para o seu
de energia, esse fenômeno é chamado de reflexão. lado. Se as amplitudes forem iguais elas se cancelam
Os estudos do grego Alexandria resultaram na con- (a=0). Se as amplitudes foram diferentes elas se
clusão de que as ondas luminosas, natureza de onda subtraem.
estudada por ele, incidiam sobre um espelho e eram
refletidas, e ainda que o ângulo de incidência é igual Polarização
ao de reflexão. Esta teoria, aceita até os dias atuais,
é valida para todas as naturezas de onda, com ex- A polarização é um fenômeno que pode ocor-
ceção à acústica, por se propagar em todas as dire- rer apenas com ondas transversais, aquelas em que
ções (tridimensional). a direção de vibração é perpendicular à de propa-
gação, como a produzida em uma corda esticada.
Refração A onda é chamada polarizada quando a vibração
ocorre em uma única direção. Polarizar uma onda
Propagando-se numa corda de menor densida- significa orientá-la em uma única direção ou plano.
de, quando um pulso passa para outra de maior den-
sidade, está sofrendo uma refração. Dioptro

Leis da refração É todo o sistema formado por dois meios


homogêneos e transparentes. Quando esta
1.Os raios de onda incidente, refratado e normal separação acontece em um meio plano, chamamos
são coplanares. então, dioptro plano.
2.Lei de Snell - Descartes: a frequência e a fase
não variam. A velocidade de propagação e o com-
primento de onda variam na mesma proporção.
96
Difração

Uma onda quando perpassa um obstáculo que


possui a mesma ordem de grandeza de seu compri-
mento de onda, apresenta um fenômeno denomina-
do difração, modificando sua direção de propaga-
A figura acima representa um dioptro plano, na
ção e contornando um obstáculo. Esse fenômeno foi
separação entre a água e o ar, que são dois meios
estudado pelo físico Thomas Young e representado
homogêneos e transparentes.
em sua experiência junto ao de interferência - utili-
zado pra provar a característica ondulatória da luz. Formação de imagens através de um dioptro
Se uma pessoa tentar se comunicar com outra, sen-
do estes separados por uma parede espessa e rela- Considere um pescador que vê um peixe em um
tivamente alta, os dois se ouvirão em uma conver- lago. O peixe encontra-se a uma profundidade H da
sa, isso é possível graças ao fenômeno de difração, superfície da água. O pescador o vê a uma profundi-
pois como a onda sonora possui um comprimento de dade h. Conforme mostra a figura abaixo:
onda na escala métrica, esta contornar a parede e
atingir os ouvidos dos indivíduos. A luz não poderia
contornar a parede, pois possui um comprimento de
onda na escala manométrica o que faz os indivíduos
não se verem apenas se escutarem.

Interferência

É quando duas ondas, simultaneamente, se


propagam no mesmo meio. Denomina-se então uma
superposição de ondas. Quando ocorre o encontro

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A fórmula que determina esta distância é: - Tanto lentes de bordas finas como de bordas
espessas podem ser convergentes, dependendo do
seu índice de refração em relação ao do meio ex-
terno.
- O caso mais comum é o que a lente tem índice
de refração maior que o índice de refração do meio
Prisma externo. Nesse caso, um exemplo de lente com com-
portamento convergente é o de uma lente biconve-
Um prisma é um sólido geométrico formado por xa (com bordas finas):
uma face superior e uma face inferior paralelas e
congruentes (também chamadas de bases) ligadas
por arestas. As laterais de um prisma são paralelogra-
mos. No entanto, para o contexto da óptica, é cha-
mado prisma o elemento óptico transparente com
superfícies retas e polidas que é capaz de refratar a
luz nele incidida. O formato mais usual de um prisma
óptico é o de pirâmide com base quadrangular e la-
dos triangulares.

Já o caso menos comum ocorre quando a len-


te tem menor índice de refração que o meio. Nes-
se caso, um exemplo de lente com comportamento
convergente é o de uma lente bicôncava (com bor-
das espessas):

97
A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso
para separar a luz branca policromática nas sete
cores monocromáticas do espectro visível, além de
que, em algumas situações poder refletir tais luzes.
Lentes esféricas divergentes
Funcionamento do prisma
Em uma lente esférica com comportamento di-
Quando a luz branca incide sobre a superfície do
vergente, a luz que incide paralelamente entre si é
prima, sua velocidade é alterada, no entanto, cada
refratada, tomando direções que divergem a partir
cor da luz branca tem um índice de refração diferen-
de um único ponto. Tanto lentes de bordas espessas
te, e logo ângulos de refração diferentes, chegando
à outra extremidade do prima separadas. como de bordas finas podem ser divergentes, de-
pendendo do seu índice de refração em relação ao
Tipos de prismas do meio externo. O caso mais comum é o que a lente
tem índice de refração maior que o índice de refra-
- Prismas dispersivos são usados para separar a luz ção do meio externo. Nesse caso, um exemplo de
em suas cores de espectro. lente com comportamento divergente é o de uma
- Prismas refletivos são usados para refletir a luz. lente bicôncava (com bordas espessas):
- Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz
em componentes de variadas polaridades.

Lentes esféricas convergentes

- Em uma lente esférica com comportamento


convergente, a luz que incide paralelamente entre
si é refratada, tomando direções que convergem a
um único ponto.

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Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor índice de refração que o meio. Nesse caso,
um exemplo de lente com comportamento divergente é o de uma lente biconvexa (com bordas finas):

Física - Óptica da Visão

Na Física, o estudo do comportamento dos raios luminosos em relação ao globo ocular é conhecido
como óptica da visão. Para entender a óptica da visão será necessário estudar, anteriormente, a estrutura
do olho humano.
Nossos olhos são constituídos de vários meios transparentes que levam os raios luminosos até a retina
(onde formam-se as imagens).
Observe a figura abaixo:

98

Na óptica da visão é importante entender a função das partes mais importantes na formação de ima-
gens no globo ocular. Vamos ver estas partes e suas funções:

O cristalino funciona como uma lente convergente biconvexa.

A pupila funciona como um diafragma, controlando a quantidade de luz que penetra no olho.

Os músculos ciliares alteram a distância focal do cristalino, comprimindo-o.

A retina é a parte do olho sensível à luz. É nesta região que se formam as imagens.

Para que o olho consiga formar uma imagem com nitidez, um objeto é focalizado variando-se a forma do
cristalino. Essa variação da distância focal do cristalino é feita pelos músculos ciliares, através de uma maior
ou menor compressão destes sobre o cristalino. Esse processo é chamado de acomodação visual.

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O sistema óptico do globo ocular forma uma ima- Neste caso, o foco da imagem será encontrado
gem real e invertida no fundo do olho, mais precisa- 14,1mm distante da lente.
mente na retina. Como esta região é sensível à luz, as
informações luminosas são transformadas em sinais Ponto remoto
elétricos que escoam pelo nervo óptico até o centro
da visão (região do cérebro). O cérebro trata de de- Quanto a distância infinita, corresponde ao pon-
codificar estes sinais elétricos e nos mostrar a imagem to remoto, que a distância máxima alcançada para
do objeto focalizado. uma imagem focada. Nesta situação os músculos ci-
lires encontram-se totalmente relaxados.
Adaptação visual Da mesma forma que para o ponto próximo, po-
demos utilizar a equação de Gauss, para determinar
Chama-se adaptação visual a capacidade o foco da imagem.
apresentada pela pupila de se adequar a luminosi-
dade de cada ambiente, comprimindo-se ou dila-
tando-se. Em ambientes com grande luminosidade a
pupila pode atingir um diâmetro de até 1,5mm, fa-
zendo com que entre menos luz no globo ocular, pro-
tegendo a retina de um possível ofuscamento. Já em
ambientes mais escuros, a pupila se dilata, atingindo No entanto, é um valor indeterminado, mas se
diâmetro de até 10mm. Assim a incidência de lumi-
nosidade aumenta no globo ocular, possibilitando a pensarmos que infinito corresponde a um valor muito
visão em tais ambientes. alto, veremos que esta divisão resultará em um valor
muito pequeno, podendo ser desprezado. Assim,
Acomodação visual teremos que:

As pessoas que tem visão considerada normal,


emétropes, têm a capacidade de acomodar obje-
tos de distâncias de 25 cm em média, até distâncias
no infinito visual. 99

Ponto próximo Ilusão de Óptica

A primeira distância (25cm) corresponde ao pon- Ilusão de óptica são imagens que enganam mo-
to próximo, que é a mínima distância que um pes- mentaneamente o cérebro deixando o inconsciente
soa pode enxergar corretamente. O que caracteriza confuso e fazendo com que este capte ideias falsas,
esta situação é que os músculos ciliares encontram- preenchendo espaços que não ficam claros à pri-
-se totalmente contraídos. meira vista. Podem ser fisiológicas quando surgem
Neste caso, pela equação de Gauss: naturalmente ou cognitivas quando se cria com ar-
tifícios visuais.
Uma das mais famosas imagens, que causa ilusão
de óptica, foi criada em 1915 pelo cartunista W. E. Hill.
Nesta figura duas imagens podem ser vistas. Uma é
uma garota, posicionada de perfil olhando para lon-
Considerando o olho com distância entre a lente ge, a outra é o rosto de uma senhora idosa que olha
e a retina de 15mm, ou seja, p’=15mm: para o chão.

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100

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• O CALOR E OS FENÔMENOS TÉRMICOS – CONCEITOS DE


CALOR E DE TEMPERATURA. ESCALAS TERMOMÉTRICAS. TRANSFERÊNCIA DE CA-
LOR E EQUILÍBRIO TÉRMICO. CAPACIDADE CALORÍFICA E CALOR ESPECÍFICO. CON-
DUÇÃO DO CALOR. DILATAÇÃO TÉRMICA. MUDANÇAS DE ESTADO FÍSICO E CALOR
LATENTE DE TRANSFORMAÇÃO. COMPORTAMENTO DE GASES IDEAIS. MÁQUINAS
TÉRMICAS. CICLO DE CARNOT. LEIS DA TERMODINÂMICA. APLICAÇÕES E FENÔME-
NOS TÉRMICOS DE USO COTIDIANO. COMPREENSÃO DE FENÔMENOS CLIMÁTICOS
RELACIONADOS AO CICLO DA ÁGUA.

A
Termologia ou Termofísica é a parte da Físi- Medida de Temperatura
ca que estuda o calor. Os fenômenos são
interpretados a partir de modelos da es- Quando a temperatura de um corpo muda, al-
trutura da matéria, sob dois pontos de vista distintos, gumas propriedades desse corpo se modificam. Por
porém complementares: o macroscópico (tempera- exemplo:
tura, energia interna e pressão) e o microscópico (ve-
- Quando aquecemos um líquido, o volume deste
locidade e energia cinética de átomos e moléculas).
Veremos a explanação deste assunto nos próximos aumenta.
tópicos. - Quando aquecemos uma barra de metal, o
comprimento desta barra aumenta.
TERMOMETRIA: CONCEITOS DE - Quando aquecemos um fio elétrico, a resistên- 101
TERMOMETRIA, TEMPERATURA, UNIDADES DE cia deste aumenta.
MEDIDAS TÉRMICAS, TERMÔMETROS, ESCALAS - Quando aquecemos um gás confinado, a pres-
TERMOMÉTRICAS E SUAS CONVERSÕES. são deste gás aumenta.
Termometria é a parte da termologia voltada
para o estudo da Temperatura, dos Termômetros e Podemos usar estas propriedades para criar uma
das Escalas termométricas. Apenas com o nosso tato, ferramenta capaz de medir a temperatura de um
é possível perceber se um objeto está mais quente corpo, colocando um destes tipos de material em
ou mais frio que outro corpo tomado como referên- contato com o corpo. O nome desta ferramenta
cia. Essa noção de quente e frio está intimamente usada para medir a temperatura de um corpo é Ter-
relacionada com o grau de agitação das partículas mômetro.
constituintes do corpo. Essa grandeza física que nos Existem vários tipos de termômetros que usam di-
permite dizer se algo está quente ou esquentando,
versas propriedades físicas da matéria para medir a
frio ou esfriando é a Temperatura. Temperatura é a
grandeza escalar que nos permite medir a energia temperatura, por exemplo: Termômetro Clínico, Ter-
cinética média das moléculas de um corpo. mômetro de Cristal Líquido, Termômetro a Álcool, Ter-
mômetro a Gás, Termômetro de Radiação, Pirômetro
Equilíbrio Térmico Óptico, Termômetro Digital, entre outros. O tipo mais
comum de termômetro que existe é o termômetro de
Quando corpos de diferentes temperaturas são mercúrio, que consiste em um bulbo (recipiente) liga-
colocados em contato um com os outros, se não do a um tubo capilar. No interior deste bulbo, existe
houver influência do meio externo, estes passarão
uma certa quantidade de mercúrio. Quando colo-
a ter a mesma temperatura final. Ou seja, quando
colocamos dois corpos em contato (isolados das in- camos este termômetro em contato com um corpo
fluências do meio externo) com diferentes tempera- mais quente, o mercúrio vai se aquecer e dilatar, en-
turas iniciais, após um certo intervalo de tempo, eles tão a altura de mercúrio no tubo capilar vai aumen-
atingirão o equilíbrio térmico e possuirão uma mesma tar até parar, quando o mercúrio entra em equilíbrio
temperatura final. térmico com o corpo.

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Cada altura da coluna de mercúrio no tubo capilar corresponde a uma temperatura. Para determinar a
escala de temperatura, colocamos o termômetro na água e gelo em equilíbrio térmico (sempre à pressão
de 1 atm), esperamos o mercúrio entrar em equilíbrio térmico com o gelo em fusão, então o mercúrio pára.
Chamamos este ponto, onde o mercúrio se estabilizou de Primeiro Ponto Fixo Fundamental. Depois coloca-
mos o termômetro em contato com água em ebulição, quando o mercúrio entrar em equilíbrio térmico com
a água e vapor, marcamos o Segundo Ponto Fixo Fundamental. Entre estes pontos, dividimos a altura do
tubo capilar em partes iguais, montando assim, uma escala termométrica, onde cada altura corresponderá
a uma temperatura.

Escalas Termométricas

Existem várias escalas termométricas, que foram criadas por vários cientistas em situações diferentes. Mas
existem três escalas que são as mais utilizadas:

Escala Celsius - É uma escala usada na maioria dos países de opção para uso popular, anteriormente
chamada de escala centígrada. Esta escala foi apresentada a 1742, pelo astrônomo sueco Anders Celsius
(1701-1744). O intervalo entre os Pontos Fixos Fundamentais desta escala é dividido em 100 partes iguais,
cada um valendo 1 °C (um grau Celsius). O primeiro ponto fixo fundamental, chamado de ponto de fusão
do gelo a 1 atm, corresponde ao valor de 0 °C e o segundo ponto fixo fundamental, chamado de ponto de
ebulição da água a 1 atm, corresponde ao valor de 100 °C.

Escala Fahrenheit - É uma escala utilizada nos países de língua inglesa. Esta escala foi apresentada a 1727,
pelo físico alemão Gabriel Daniel Fahrenheit (1686-1736). O intervalo entre os pontos fixos fundamentais desta
escala é dividido em 180 partes iguais. O ponto de fusão do gelo corresponde a 32 °F (trinta e dois graus Fa-
hrenheit) e o ponto de ebulição da água corresponde a 212 °F (ambos a pressão de 1 atm).

0°C = 32°F
100°C = 212°F
102
Escala Kelvin - é conhecida como escala absoluta, usada no meio científico. Esta escala foi inventada
pelo engenheiro, matemático e fisco britânico William Thomson Kelvin (Lord Kelvin, 1824-1907). Nesta escala,
o ponto de fusão do gelo corresponde a 273 K (duzentos e setenta e três kelvins) e o ponto de ebulição da
água corresponde a 373 K (ambos a pressão de 1 atm). A escala Kelvin não apresenta a notação em graus.
Esta escala é absoluta porque tem origem na temperatura zero absoluto, ou seja, a menor temperatura que
existe é o zero absoluto (0 K). Já que a temperatura está relacionada com o grau de agitação das molécu-
las, o zero absoluto seria o valor de temperatura que um corpo não possuiria nenhuma agitação molecular.
-273,15°C = 0K
0°C = 273,15K
100°C = 373,15K

Conversão de Escalas

Celsius para Fahrenheit:


Kelvin para Celsius: K = 273 + C

Onde C corresponde à temperatura em graus Celsius, F corresponde à temperatura em graus Fahrenheit


e K corresponde à temperatura em Kelvin.

Dilatação térmica: dilatação térmica dos sólidos e dos líquidos.

Mudanças de estado físico, dilatação dos corpos, calor latente, trabalho a pressão constante, transmissão
de calor, condução, convecção, erradiação, regime estacionário, coeficiente de condutividade térmica. O
diagrama a seguir mostra as mudanças de estado, com os nomes particulares que cada uma delas recebe.

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Como citado anteriormente, dois fatores são importantes nas mudanças de estado das substâncias: tem-
peratura e pressão.

Influência da temperatura

A vaporização, que é a passagem do estado líquido para o gasoso, pode ocorrer de três modos: evapo-
ração, ebulição e calefação.
A evaporação acontece com líquidos a qualquer temperatura. É o caso, por exemplo, da água líquida
colocada em um prato que após algum tempo desaparece, ou seja, transforma-se em vapor e mistura-se à
atmosfera.
Já a calefação é um processo rápido de vaporização, que ocorre quando há um aumento violento de
temperatura. É o que acontece quando colocamos água em pequenas quantidades em uma frigideira bem
quente. Ela vaporiza de modo brusco, quase instantâneo.
A ebulição é a vaporização que acontece a uma determinada temperatura.
Se colocarmos água para esquentar, notaremos que quando sua temperatura chega a 100ºC, ela ferve,
entrando em ebulição. Isso acontece ao nível do mar, onde a pressão exercida pelo ar (pressão atmosférica)
corresponde a uma atmosfera - 1 atm. A essa temperatura damos o nome de ponto (ou temperatura) de
ebulição.
A temperatura em que ocorre a ebulição, acontece também a condensação. Assim, se for resfriado, o
vapor d’água começa a transformar-se em água no estado líquido a partir de 100ºC. 103
Ainda ao nível do mar, se resfriarmos água no estado líquido, notaremos que ela se solidifica a 0ºC. A essa
temperatura damos o nome de ponto (ou temperatura) de solidificação.
O contrário da solidificação, a fusão, também ocorre a essa temperatura, chamada de ponto (ou tem-
peratura) de fusão.
De modo geral, cada substância apresenta um ponto de fusão (ou de solidificação) e um ponto de ebu-
lição (ou de condensação) específico.

Influência da pressão

Além da temperatura, a pressão também influi na mudança de estado. Note que até agora falamos em
ponto de fusão e ponto de ebulição ao nível do mar.
Quanto menor a pressão exercida sobre a superfície de um líquido, mais fácil é a vaporização, pois as
moléculas do líquido encontram menor resistência para aandoná-lo e transformar-se em vapor.
Vejamos, por exemplo, o caso da água. Ao nível do mar, a pressão exercida pelo ar é, como já dito an-
teriormente, de 1 atmosfera. A água ferve então a 100ºC. Já na cidade de São Paulo, por exemplo, que está
a uma altitude maior, a pressão atmosférica é menor, e a água ferve a cerda de 98ºC.
O mesmo efeito notamos na fusão. Uma alteração na pressão atmosférica modifica o ponto de fusão das
substâncias. Uma diminuição na pressão atmosférica costuma provocar também uma diminuição no ponto
de fusão.
Com relação à fusão, no entanto, a água é uma exceção a essa regra. Para essa substância, um aumen-
to na pressão provoca uma diminuição do seu ponto de fusão.
Um caso curioso acontece na Lua. Lá não existe ar e, portanto, a pressão atmosférica é nula. Se levarmos
até lá um bloco de gelo e colocarmos ao sol para derreter, observaremos uma sublimação, isto é, a passa-
gem direta da água do estádo sólido para o estado gasoso.

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Como se explica esse fato? um corpo provoca mudança de fase. Estas mudan-
ças ocorrem com uma substância recebendo deno-
Acontece que a ausência de pressão impede minações como:
que lá exista água no estado líquido. A falta de for- - fusão - passagem de sólido para líquido
ças de pressão faria a água ferver, mesmo estando a - solidificação - passagem de líquido para sólido
qualquer temperatura. - vaporização - passagem de líquido para gás
- condensação (ou liquefação) - passagem de
Dilatação dos Sólidos gás para líquido
- sublimação - passagem direta de sólido para
Todos os corpos sólidos, líquidos ou gasosos, se di- gás ou para sólido (sem passar para o estado líqui-
latam quando a temperatura aumenta. Quando a do).
temperatura do sólido é aumentada, aumentando a
agitação de seus átomos, que ao vibrar afastam-se Fusão - a energia recebida pelo sólido provoca
mais da posição de equilíbrio. aumento na agitação dos átomos na rede cristalina
A dilatação também influi na densidade das subs- provocando um aumento na temperatura do corpo.
tâncias. Quando a temperatura do corpo cresce seu Atingindo um certo grau de intensidade sendo sufi-
volume aumenta e como sua massa não varia sua ciente para desfazer a rede cristalina.
densidade diminui. A variação de densidade causa
a formação dos ventos. Leis da Fusão

Dilatação dos Líquidos 1ª a temperatura onde ocorre a fusão é determi-


nada para cada substância.
Apesar dos líquidos não terem a mesma forma 2ª fornecimento de calor para que ocorra a mu-
que os sólidos, eles de dilatam da mesma forma que dança de estado. Calor este que deve ser fornecido
os sólidos, tomando forma do recipiente. Quando por uma unidade de massa denominada calor laten-
usamos um recipiente com dilatação muito peque- te de fusão.
na, a dilatação aparente torna-se igual a dilatação 3ª a temperatura do sólido permanece constan-
real. te.
104
Mudanças de Fases A solidificação acontece de forma inversa da fu-
são. Durante a solidificação a temperatura permane-
Os átomos da substância se encontra próximos ce constante devendo assim retirar o líquido, a mes-
uns dos outros e ligados por uma forças elétricas ma quantidade de calor.
grandes. Eles encontram-se em constante movimen- A vaporização ocorre de duas maneiras: pela
tação de vibração. em torno de uma posição média evaporação, e pela ebulição.
de equilíbrio. Quase todos os sólido se apresentam A evaporação ocorre quando as moléculas de
em forma de cristais, os átomos que os constituem um líquido a qualquer temperatura, encontra-se em
são organizados de maneira regular. Uma mesma agitação em todas as direções com velocidades va-
substância pode se apresentar em estruturas cristali- riadas. Quando alcançam a superfície, conseguem
nas diferentes. Um exemplo é o diamante e a grafite. escapar do seio do líquido. Ao escaparem Estas mo-
Os seus átomos não estão distribuídos em uma estru- léculas passam a se encontrarem muito afastadas
tura organizada. umas das outras sendo essa força nula.
Líquido - Os átomos de uma substância líquida A ebulição ocorre quando o líquido atinge um
são mais afastados uns dos outros do que no esta- determinado valor observando uma rápida forma-
do sólido. É por este motivo que os líquidos podem ção e tumultuosa de vapores.
escoar com uma facilidade, não oferece resistência
à penetração e tomam a forma do recipiente onde Influência da Pressão
são colocados.
Gasoso - A separação entre os átomos gasoso é Quando um substância se funde ela aumenta de
muito maior do que os sólidos é líquidos, sendo sua volume. Observa-se um aumento na pressão exerci-
força nula. da sobre ela acarreta um aumento em sua tempera-
O aumento de agitação dos átomo faz com que tura de fusão. O aumento da pressão diminui a tem-
a força de ligação entre os átomos seja alterada, peratura de fusão.
acarretando modificações na organização e sepa- A influência da pressão na temperatura de ebu-
ração destes átomos. Assim a absorção de calor por lição, o aumento da pressão acarreta um aumento

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na temperatura de ebulição, dificultando a vaporiza- Nos líquidos e nos gases, a condução térmica é
ção. A diminuição de pressão abaixa a temperatura baixa. Por esse motivo é que os gases são utilizados
da ebulição. como isolantes térmicos.

São poucas as substâncias que sublimam nas Lei da Condução Térmica


condições ambientes, podendo ocorrer com qual-
quer substância dependendo da temperatura e da Considere dois ambientes a temperaturas 1 e 2,
pressão que está sendo submetida. tais que 2 > 1, separados por uma parede de área A
Uma substância pode apresentar-se nos estados e espessura e (figura abaixo)
líquidos, sólido e gasoso., dependendo da tempera-
tura e da pressão. Com os valores de temperatura
e de pressão em que uma substância se localiza, se
encontra o diagrama de fases permitindo determinar
se ela está sólida, líquida ou gasosa.

Transmissão de Calor

A propagação do calor efetua-se por três modos


A experiência mostra que: Em regime estacio-
diferentes: condução, convecção e irradiação. Para
nário, o fluxo de calor por condução num material
os três modos de propagação, definimos a grandeza
homogêneo é diretamente proporcional à área da
fluxo de calor . seção transversal atravessada e à diferença de tem-
Seja S uma superfície localizada na região onde peratura entre os extremos, e inversamente propor-
ocorre a propagação de calor. O fluxo de calor cional à espessura da camada considerada. Esse
através da superfície S é dado pela relação entre a enunciado é conhecido como lei Fourier, expressa
quantidade de calor Q que atravessa a superfície e pela equação:
o intervalo de tempo t decorrido.

105

A constante de proporcionalidade K depende


da natureza, sendo denominada, coeficiente de
condutibilidade térmica. Seu valor é elevado para os
bons condutores, como os metais, e baixo para os
isolantes térmicos.
As unidades usuais de fluxo de calor são cal/s e
kcal/s. Como é energia, podemos também usar a Exemplos:
unidade watt (W), que corresponde ao joule por se-
gundo (J/s). Prata: 0,99cal/s . cm . ºC
Alumínio: 0,50cal/s . cm . ºC
Condução Ferro: 0,16cal/s . cm . ºC
Água: 0,0014cal/s . cm . ºC
É o processo de transmissão de calor pelo qual a Lã: 0,000086cal/s . cm . ºC
Ar seco: 0,000061cal/s . cm . ºC
energia passa de molécula para molécula sem que
elas sejam deslocadas. Exemplo: aquecendo-se a
Convecção
extremidade de uma barra metálica, as moléculas
passam a vibrar com maior intensidade, transmitindo
É o processo de transmissão do calor, nos líquidos
essa energia adicional às moléculas mais próximas,
ou nos gases, por efeito das camadas aquecidas
que também passam a vibrar mais intensamente
que se chamam correntes de convecção. Na
e assim sucessivamente até alcançar a outra convecção, não ocorre passagem de energia de
extremidade. um corpo para outro, mas movimento de partículas,
Os metais, por exemplo, são bons condutores e levando consigo a energia de uma posição para
outras substâncias, como a cortiça, o ar, a madeira, outra. Por isso, a convecção não pode ocorrer
o gelo, a lã, o algodão, etc., são isolantes térmicos. no vácuo. A convecção explica, por exemplo, as

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brisas marítimas e terrestres; porque os aparelhos A condutividade térmica e o coeficiente de con-


de ar-condicionado devem ser instalados elevados; dutividade térmica relacionam-se através da seguin-
porque os refrigeradores têm o congelador na parte te expressão:
superior. U=K/L
A unidade U pode estar expressa em
Condutividade Térmica watt por metro quadrado vezes graus Celsius
(símbolo: W/m²/°C)
Condutividade térmica é uma propriedade físi- Condutividade térmica de materiais a 27°C
ca dos materiais que descreve a habilidade dessa
de conduzir calor.  E Condutividade
Equivale a quantidade de calor Q transmitida Material
térmica (W/m^2/°C)
através de uma espessura L, numa direção normal a
Prata 426
superfície de área A, devido ao gradiente de tem-
peratura ΔT, sob condições de estado fixo e quando Cobre 398
a transferência de calor é dependente apenas do Alumínio 237
gradiente de temperatura. Tungsténio 178
A quantidade de calor que atravessa, por exem-
Ferro 80,3
plo, uma parede, por segundo, depende dos seguin-
tes fatores: Vidro 0,72 - 0,86
Água 0,61
Tijolo 0,4 - 0,8
Madeira (pinho) 0,11 - 0,14
Fibra de vidro 0,046
Espuma de
0,033
poliestireno
-é diretamente proporcional à área da parede Ar 0,026
(A);
106 Espuma de
-é diretamente proporcional à diferença de tem- 0,020
poliuretano
peraturas entre o interior da habitação (T2) e o exte-
rior (T1);
CALORIMETRIA: CALOR, CALORÍMETRO,
-é inversamente proporcional à espessura (L) da
CAPACIDADE TÉRMICA, CALOR ESPECÍFICO
parede.
E EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA CALORIMETRIA,
CALORES SENSÍVEL E LATENTE, MUDANÇAS DE
(Q / ΔT) = K x A x (ΔT / L)
ESTADO, EQUILÍBRIO TÉRMICO, TROCAS DE
(Q / ΔT) = energia transferida, como calor, por se-
CALOR E PROPAGAÇÕES DO CALOR.
gundo (J/s)
K= condutividade térmica (W/m.K)
Calorimetria é a parte da física que estuda as
A= área (m²)
trocas de energia entre corpos ou sistemas quando
ΔT= diferença de temperaturas (K)
essas trocas se dão na forma de calor. Calor significa
L= espessura (m)
uma transferência de energia térmica de um sistema
para outro, ou seja: podemos dizer que um corpo re-
Coeficiente de condutividade térmica é uma ca-
cebe calor, mas não que ele possui calor. A Calori-
racterística da natureza do material. Corresponde à
metria é uma ramificação da termologia.
quantidade de energia, sob a forma de calor, que
passa, num segundo, através de 1m² de superfície,
Calor - Energia térmica que flui de um corpo para
quando a diferença de temperatura entre o interior
outro em virtude da diferença de temperatura entre
e o exterior é de 1°C.
eles. Pode ser adicionado ou removido de uma subs-
(Q / ΔT) = U x A x ΔT
tância. É medido em calorias ou joules S.I.
(Q / ΔT) = energia transferida, como calor, por se-
gundo (J/s)
Capacidade térmica (C) - É a capacidade de um
U= coeficiente de condutividade térmica
corpo de mudar sua temperatura ao receber ou libe-
A= área (m²)
rar calor. Ela é dada como a razão entre a quantida-
ΔT= diferença de temperaturas (K)
de de calor e a variação de temperatura.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Propriedades envolvidas nas trocas de Calor


(Princípios da Calorimetria)

- Princípios de transformações inversas: a quanti-


- C: capacidade térmica do corpo. dade de calor que um corpo recebe é igual, em mó-
- Q: quantidade de calor trocada pelo corpo. dulo, à quantidade de calor que um corpo cede ao
- : variação de temperatura do corpo. voltar, pelo mesmo processo, à situação inicial.
- Princípio do Equilíbrio Térmico: quando vários
A unidade de capacidade térmica no S.I. é o J/K corpos inicialmente a temperaturas diferentes tro-
(joule por kelvin). cam calor entre si, e só entre si, observamos que al-
guns perdem enquanto outros recebem calor, de tal
Calor específico (c) - É a capacidade específi- maneira que decorrido um certo tempo, todos esta-
ca de uma substância de mudar sua temperatura cionam numa mesma temperatura, chamada tem-
ao receber ou liberar calor para cada massa unitária peratura de equilíbrio térmico.
que esta vier a se incluir. Isto quer dizer que a Ca- - Princípio da Igualdade das Trocas de Calor:
pacidade Térmica de um corpo é dada pelo Calor quando vários corpos trocam calor apenas entre si, a
Específico da substância que o compõe e sua massa. soma das quantidades de calor que alguns cedem é
A unidade usual para determinar o calor específico é igual, em módulo, à soma das quantidades de calor
que os restantes recebem.
e no S.I. é o J/K.kg

Unidades

C= capacidade térmica (cal/°C)


- c: calor específico de um dado material. Q= quantidade de calor (cal)
- C: capacidade térmica da amostra deste ma- ∆T ou ∆Θ= variação de temperatura (K)
terial. c= calor específico (cal/g°C ou J/kg K)
M= massa (g) 107
- M: massa da amostra deste material.
T= temperatura (°C)
Uma caloria (1 cal): é a quantidade de calor ne-
Exemplo
cessária para aquecer, sob pressão normal, 1,0 g de
água de 14,5°C a 15,5°C.
1. Ao receber 6000 cal, um corpo de 250 g au-
menta sua temperatura em 40°C, sem mudar de fase.
Função Fundamental da Calorimetria (Quantida-
Qual o calor específico do material desse corpo?
de de Calor Sensível)
Quantidade de calor sensíveis:
Q = m.c.Δθ
Ocorre mudança de temperatura nas substân-
6000 = 250.c.40
cias.
c = 6000/(250.40)
c = 0,6 cal/g.°C

2. Um bloco de vidro com massa de m=300g está


- Q>0 (o corpo recebe calor) (o inicialmente á temperatura θi=25°C. Sabendo que o
corpo se aquece). calor especifico do vidro é c=0,20cal/g°C, calcule a
- Q<0 (o corpo cede calor) (o cor- quantidade de calor necessária para elevar a tem-
po se esfria). peratura do bloco até Θf=40°C.

Quantidade de Calor Latente Q = m.c.Δθ Q = 300.0.20.15 Q = 300.20/100.15 Q =


30.2.15 = 900cal
Ocorre mudança de estado físico nas substân-
cias. 3. Uma fonte térmica fornece, em cada minuto,
20 cal. Para produzir um aquecimento de 30°C em
50g de um líquido, são necessários 15 min. Determine
o calor específico do líquido e a capacidade térmi-
ca dessa quantidade de líquido.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Capacidade Térmica: Gases Perfeitos ou Ideais

São aqueles que (só existem teoricamente) obe-


decem à risca a equação geral dos gases perfeitos.
Os gases reais apresentam comportamentos que se
aproximam dos ideais quanto mais baixa for a pres-
20/1 = x/15 Q = 300 C = 300/30 C = 10 cal/°C são e mais alta sua temperatura.

Calor Específico:
Q = 300 Δθ = 30ºC m = 50g
Q = m.c.Δθ 300 = 50.c.30 300 = 1500.c c = 0,2
cal/g.ºC

Comportamento térmico dos gases: propriedades


dos gases perfeitos ou ideais e leis físicas dos gases.

Variáveis de Estado Observações:Quando nos referimos a uma dada


massa gasosa, nas transformações, isto significa que
Todo gás é constituído de partículas (moléculas, a equação geral dos gases perfeitos só se aplica
átomos ou íons) que estão em contínuo movimento para massa constante do gás, no estado inicial e fi-
desordenado, por isso ocupa sempre o volume total nal. Ao se referir a condições normais de temperatu-
do recipiente que o contém. A pressão que o gás ra e pressão, abreviadamente CNTP, a temperatura
exerce sobre uma superfície é o efeito causado pelos considerada é 273K e a pressão de 1 atm (105 Pa). As
choques das partículas constituintes sobre essa super- variáveis de estado são medidas:
fície. Com o aumento da temperatura, a velocidade T - temperatura medida no termômetro.
média das partículas constituintes do gás aumenta; a V - volume do gás é o volume do recipiente.
pressão aumenta se o recipiente que contém o gás P - pressão medida no manômetro.
conserva o mesmo volume. Sejam P (Pa), V (m3) e T
108 (K), respectivamente, a pressão, o volume e a tem- Lei de Boyle-Mariotte:
peratura absoluta. As variáveis P, V e T especificam
o estado de uma dada massa gasosa; por isso são Na transformação isotérmica de uma dada mas-
denominadas variáveis de estado. sa gasosa, a pressão é inversamente proporcional ao
volume.
Transformações dos Gases

Uma dada massa sofre uma transformação gaso-


sa quando passa a um novo estado, isto é, quando
ocorrem variações nas grandezas P, V e T. Há trans-
formações mais simples, onde uma das grandezas é
fixa, modificando-se apenas as outras duas. Transfor-
mação isotérmica é aquela na qual a temperatura
do gás é mantida constante.

Transformação isobárica é aquela na qual a pres-


são do gás é mantida constante.

Transformação isométrica ou isocórica é aquela


na qual o volume do gás é mantido constante. O diagrama anterior P x V denomina-se diagra-
ma de Clapeyron e a isoterma é o conjunto de todos
os pontos de mesma temperatura.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Lei de Charles (1ª Lei de Gay-Lussac) corpos atingem a mesma temperatura, o fluxo de ca-
lórico era interrompido e eles permanecem em equi-
Na transformação isobárica de uma dada massa líbrio térmico.
gasosa, o volume é diretamente proporcional à tem- A energia transferida de um corpo para outro em
peratura absoluta. virtude de uma diferença de temperatura entre eles
é calor. O termo calor é empregado para designar a
energia em trânsito, enquanto está sendo transferida
de um corpo para outro por causa da diferença de
temperatura. Se um corpo está com a temperatura
mais elevada do que outro, ele pode transferir parte
dela para outro. Mesmo recebendo outra forma de
energia , a energia interna de um corpo pode au-
mentar sem que o corpo receba calor. O aumento
da energia interna, ocorre pelo fato da energia me-
cânica transferida à água.

Transferência de Calor
A transmissão de calor é denominado condução.
A maior parte do calor é transferido através dos cor-
pos sólidos é transmitida de um ponto para outro por
condução. Se a temperatura do ambiente for baixa,
esta transmissão se faz com maior rapidez
A transferência de calor nos líquidos e gases po-
dem ser feitas por condução, mas é pelo processo
Lei de Charles (2ª Lei de Gay-Lussac) de convecção que responsável pela maior parte de
calor transferido através dos fluidos.
Na transformação isométrica (isocórica) de uma
dada massa gasosa, a pressão é diretamente pro- Capacidade Térmica de Calor Específico
porcional à temperatura absoluta. Quando se fornece a mesma quantidade de 109
calor a um outro corpo, verificamos a elevação de
temperatura diferente. Este processo e definido por
capacidade térmica.
O calor específico da água é maior que os calo-
res específicos de quase todas as substâncias.

Trabalho em uma Variação de Volume


Na física, sistema é usado para designar corpo.
Tudo aquilo que pertence ao sistema, o resto do uni-
verso, é a vizinhança do sistema.
Um sistema pode trocar energia sob a forma de
calor ou pela realização de trabalho. Quando há
um diferença de temperatura entre o sistema e a vi-
zinhança uma certa quantidade de calor pode ser
transferida de um outro.

Trabalho Positivo e Trabalho Negativo


Trabalho Positivo é sempre que um sistema au-
menta de volume.
Termodinâmica: trabalho, energia interna, princí- Trabalho Negativo quando o sistema realiza um
pios da Termodinâmica. trabalho o seu volume é reduzido.

O Calor como Energia Primeira Lei da Termodinâmica


Quando dois corpos a temperatura diferente são Essa energia representa a soma das diversas for-
colocadas em contato, eles atingem, depois de um mas de energia de um corpo possuem. Quando um
certo tempo uma mesma temperatura. Quando os sistema vai do estado inicial a outro estado final ele

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

geralmente troca energia com a sua vizinhança. Assim temos enunciada a primeira lei da termo-
Com isso a energia sofre variações passando de va- dinâmica: a variação de energia interna ΔU de um
lor inicial para valor final. sistema é igual a diferença entre o calor Q trocado
com o meio externo e o trabalho t por ele realizado
Transformações Adiabáticas durante uma transformação.
Quando um gás se expande ele não pode ce- Aplicando a lei de conservação da energia, te-
der nem receber calor da vizinhança. Uma trans- mos:
formação em que o sistema não troca calor com ΔU= Q – t à Q = ΔU + t
a vizinhança. Se a transformação é muito rápida, a
quantidade de calor que o sistema poderá ceder ou * Q à Quantidade de calor trocado com o meio:
absorver é muito pequena. Q > 0 à o sistema recebe calor;
Q < 0 à o sistema perde calor.
Transformações Isotérmicas
Se o trabalho que o gás realiza for igual ao calor * ΔU à Variação da energia interna do gás:
que ele absorve. A energia interna permanece cons- ΔU > 0 à a energia interna aumenta, portanto,
tante indicando que a temperatura não sofreu alte- sua temperatura aumenta;
rações, assim o gás se expandiu isotermicamente, re- ΔU < 0 à a energia interna diminui, portanto, sua
cebendo uma quantidade de calor igual ao trabalho temperatura diminui.
realizado na expansão.
* t à Energia que o gás troca com o meio sob a
Calor Absorvido por um Gás forma de trabalho:
Quando massas iguais de um mesmo gás é aque- t > 0 à o gás fornece energia ao meio, portanto,
cido uma dela o volume é constante e na outra a o volume aumenta;
pressão é constante. Para as duas a mesma eleva- t < 0 à o gás recebe energia do meio, portanto, o
ção de temperatura, a quantidade de calor que for- volume diminui.
necemos a pressão constante é maior do que aque-
la que devemos fornecer a volume constante.
Termodinâmica é a área da física que estuda
a transformação de energia térmica em energia
110 Calorímetro
mecânica  ou vice-versa. Um fato importante de
Calorímetro é um aparelho usado na medida do
falarmos nesse tema, é que está intimamente ligado
calor trocado entre corpos, podendo obter como
ao trabalho de uma força, bem como a temperatura,
resultado dessa medida, o calor específico de uma
volume e energia interna de um gás perfeito.
substância qualquer. quando um ou mais corpos são
No estudo da termodinâmica temos que, para
colocados no interior de um calorímetro, sendo suas
um determinado gás, podemos calcular o trabalho
temperaturas diferentes da temperatura dos corpos
da força exercida por ele. Para isso, vamos imaginar
existentes, havendo assim troca de calor entre eles
um vaso com um êmbolo móvel na parte superior
alcançando assim o equilíbrio térmico.
(uma seringa, por exemplo), de forma que este possa
A primeira lei da termodinâmica nada mais é que
o princípio da conservação de energia e, apesar de se mover sempre que necessário.
ser estudado para os gases, pode ser aplicado em Quando aplicamos uma força F sobre o embolo
quaisquer processos em que a energia de um sistema esta pode ser expressa pela equação F = P . A, onde
é trocado com o meio externo na forma de calor e P é a pressão exercida sobre a área de contato (A).
trabalho. Sobre o trabalho de uma força, sabemos que ele é
Quando fornecemos a um sistema certa quanti- descrito pelo produto entre a força e a variação do
dade de energia Q, esta energia pode ser usada de espaço promovida pelo mesmo, logo temos que,
duas maneiras:
1. Uma parte da energia pode ser usada para o
sistema realizar um trabalho (t), expandindo-se ou
contraindo-se, ou também pode acontecer de o sis-
tema não alterar seu volume (t = 0);
2. A outra parte pode ser absorvida pelo sistema,
virando energia interna, ou seja, essa outra parte de
energia é igual à variação de energia (ΔU) do siste- Porém temos que
ma. Se a variação de energia for zero (ΔU = 0) o sis-
tema utilizou toda a energia em forma de trabalho. Portanto:
ΔU= Q – t

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Podemos também, calcular o trabalho através Para a lâmpada incandescente de 40W, temos:
da área do gráfico expresso no plano P x Δv, confor-
me a figura.

a) FALSA. Lâmpada fluorescente de 8W:

QUESTÕES
Portanto:
QUESTÃO 01
A eficiência das lâmpadas pode ser comparada b) FALSA. Lâmpada fluorescente de 40W:
utilizando a razão, considerada linear, entre a quan-
tidade de luz produzida e o consumo. A quantidade
de luz é medida pelo fluxo luminoso, cuja unidade é
o lúmen (lm). O consumo está relacionado à potên-
cia elétrica da lâmpada que é medida em watt (W).
Por exemplo, uma lâmpada incandescente de 40W c) VERDADEIRA. Lâmpada de 8W:
emite cerca de 600 lm, enquanto uma lâmpada fluo-
rescente de 40 W emite cerca de 3000 lm.
Disponível em http://tecnologia.terra.com..br. Acesso em:
29 fev. de 2012 (adaptado).

A eficiência de uma lâmpada incandescente de


40 W é 111
d) FALSA.
a) maior que a de uma lâmpada fluorescente de
8 W, que produz menor quantidade de luz.
b) maior que a de uma lâmpada fluorescente de
40 W, que produz menor quantidade de luz.
c) menor que a de uma lâmpada fluorescente de
ε1< ε3, porém a quantidade de energia consumi-
8 W, que produz a mesma quantidade de luz.
da é a mesma para as duas lâmpadas, pois suas po-
d) menor que a de uma lâmpada fluorescente de
tências são iguais.
40 W, pois consome maior quantidade de energia.
e) igual a de uma lâmpada fluorescente de 40 W,
e) FALSA.
que consome a mesma quantidade de energia.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA C.
Por definição, a eficiência ε é a razão entre a
quantidade de luz produzida Q e a energia elétrica
ε1< ε3, embora consumam a mesma quantidade
consumida E.
de energia elétrica.

QUESTÃO 02
Em um dia de chuva muito forte, constatou-se
uma goteira sobre o centro de uma piscina cober-
A energia elétrica consumida é o produto da po-
ta, formando um padrão de ondas circulares. Nessa
tência da lâmpada pelo tempo de utilização Δt, que
situação, observou-se que caíam duas gotas a cada
vai ser suposto o mesmo para a comparação das efi-
segundo. A distância entre duas cristas consecutivas
ciências.
era de 25 cm e cada uma delas se aproximava da
borda da piscina com velocidade de 1,0 m/s.
Após algum tempo a chuva diminuiu e a goteira
passou a cair uma vez por segundo.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Com a diminuição da chuva, a distância entre as ca que o trajeto apresenta dois trechos de distâncias
cristas e a velocidade de propagação da onda se diferentes e velocidades máximas permitidas diferen-
tornaram, respectivamente, tes. No primeiro trecho, a velocidade máxima permi-
a) maior que 25 cm e maior 1,0 m/s. tida é de 80 km/h e a distância a ser percorrida é de
b) maior que 25 cm e igual a 1,0 m/s. 80 km. No segundo trecho, cujo comprimento vale 60
c) menor que 25 cm e menor que 1,0 m/s. km, a velocidade máxima permitida é 120 km/h.
d) menor que 25 cm e igual a 1,0 m/s. Supondo que as condições de trânsito sejam fa-
e) igual a 25 cm e igual a 1,0 m/s. voráveis para que o veículo da empresa ande con-
tinuamente na velocidade máxima permitida, qual
RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA B. será o tempo necessário, em horas, para a realiza-
Supondo-se que a profundidade da piscina seja ção da entrega?
constante, a velocidade de propagação da onda a) 0,7
permanece constante e seu módulo continua igual b) 1,4
a 1,0m/s. c) 1,5
Como a frequência da onda diminuiu, o compri- d) 2,0
mento de onda deverá aumentar, ficando maior que e) 3,0
o comprimento de onda inicial de 25cm.
RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA C.
V = λ f = constante Com o veículo movimentando-se sempre com a
f diminui ⇔ λ aumenta velocidade máxima em cada trajeto, temos:

Os valores citados para frequência, comprimento QUESTÃO 05


de onda e velocidade são incompatíveis. A falta de conhecimento em relação ao que
De fato: vem a ser um material radioativo e quais os efeitos,
f1= 2,0Hz consequências e usos da irradiação pode gerar o
λ1= 0,25m medo e a tomada de decisões equivocadas, como
V = λ1 f1= 0,5m/s (incoerente com o valor dado de a apresentada no exemplo a seguir.
1,0m/s). “Uma companhia aérea negou-se a transportar
112 material médico por este portar um certificado de es-
QUESTÃO 03 terilização por irradiação.”
Os carrinhos de brinquedos podem ser de vários Física na Escola, v.8,n.2. 2007 (adaptado).
tipos. Dentre eles, há os movidos a corda, em que A decisão tomada pela companhia é equivoca-
uma mola em seu interior é comprimida quando a da, pois:
criança puxa o carrinho para trás. Ao ser solto, o car- a) o material é incapaz de acumular radiação,
rinho entra em movimento enquanto a mola volta à não se tornando radioativo por ter sido irradiado.
sua forma inicial. b) A utilização de uma embalagem é suficiente
O processo de conversão de energia que ocorre para bloquear a radiação emitida pelo material.
no carrinho descrito também é verificado em c) a contaminação radioativa do material não
a) um dínamo. se prolifera da mesma forma que as infecções por
b) um freio de automóvel. microrganismos.
c) um motor a combustão. d) o material irradiado emite radiação de intensi-
d) uma usina hidroelétrica. dade abaixo daquela que ofereceria risco à saúde.
e) uma atiradeira (estilingue). e) o intervalo de tempo após a esterilização é sufi-
ciente para que o material não emita mais radiação.
RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA E.
A energia armazenada na mola ou em um esti- RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA A.
lingue é potencial elástica e vai ser transformada em A decisão tomada pela companhia é equivoca-
energia cinética do carrinho ou da pedra lançada da, pois o material é incapaz de acumular radiação,
pelo estilingue. não se tornando radioativo por ter sido irradiado.
Por exemplo, morangos esterilizados por radia-
QUESTÃO 04 ção não se tornam morangos radioativos.
Uma empresa de transporte precisa efetuar a
entrega de uma encomenda o mais breve possível.
Para tanto, a equipe de logística analisa o trajeto
desde a empresa até o local da entrega. Ela verifi-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS - EVIDÊNCIAS DE TRANSFORMAÇÕES


QUÍMICAS. INTERPRETANDO TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS. SISTEMAS
GASOSOS: LEI DOS GASES. EQUAÇÃO GERAL DOS GASES IDEAIS,
PRINCÍPIO DE AVOGADRO, CONCEITO DE MOLÉCULA; MASSA MOLAR,
VOLUME MOLAR DOS GASES. TEORIA CINÉTICA DOS GASES.
MISTURAS GASOSAS. MODELO CORPUSCULAR DA MATÉRIA.
MODELO ATÔMICO DE DALTON.
NATUREZA ELÉTRICA DA MATÉRIA: MODELO ATÔMICO DE THOMSON,
RUTHERFORD, RUTHERFORD-BOHR. ÁTOMOS E SUA ESTRUTURA.
NÚMERO ATÔMICO, NÚMERO DE MASSA, ISÓTOPOS, MASSA ATÔMICA
. ELEMENTOS QUÍMICOS E TABELA PERIÓDICA. REAÇÕES QUÍMICAS.

- Água: formada por átomos ligeiramente esféri-

O
átomo é a menor partícula que ainda cos (a água escoa facilmente).
caracteriza um elemento químico. Ele - Terra: formada por átomos cúbicos (a terra é es- 113
apresenta um núcleo com carga positi- tável e sólida).
va (Z é a quantidade de prótons e “E” a carga ele- - Ar: formado por átomos em movimento turbilho-
mentar) que apresenta quase toda sua massa (mais nantes (o ar se movimenta - ventos).
que 99,9%) e Z elétrons determinando o seu tama- - Fogo: formado por átomos pontiagudos (o fogo
nho. Até fins do século XIX, era considerado a menor fere).
porção em que se poderia dividir a matéria. Mas nas - Alma: formada pelos átomos mais lisos, mais de-
duas últimas décadas daquele século, as descober- licados e mais ativos que existem.
tas do próton e do elétron revelaram o equívoco - Respiração: era considerada troca de átomos,
dessa ideia. Posteriormente, o reconhecimento do em que átomos novos substituem átomos usados.
nêutron e de outras partículas subatômicas reforçou - Sono: desprendimento de pequeno número de
átomos do corpo.
a necessidade de revisão do conceito de átomo.
- Coma: desprendimento de médio número de
átomos do corpo.
Os atomistas na antiga Grécia
- Morte: desprendimento de todos os átomos do
corpo e da alma.
Os atomistas, encabeçados por Demócrito e
pelo seu professor Leucipo, pensavam que a matéria Os fundamentos de Demócrito para os átomos fo-
era constituída por partículas minúsculas e invisíveis, ram tomando corpo com o passar do tempo. Epicuro
os átomos (A-tomo),”Sem divisão”. Achavam eles (341 a.C. - aproximadamente 270 a.C.) complemen-
que se dividíssemos e voltássemos a dividir, alguma tou suas ideias ao sugerir que haveria um limite para
vez o processo havia de parar. Para Demócrito, a o tamanho dos átomos, justificando assim, a razão de
grande variedade de materiais na natureza provi- serem invisíveis.Mas, ainda assim, a teoria mais defen-
nha dos movimentos dos diferentes tipos de átomos dida era a de Aristóteles que acreditava que a maté-
que, ao se chocarem, formavam conjuntos maiores ria seria constituída de elementos da natureza como
gerando diferentes corpos com características pró- fogo, água, terra e ar que misturados em diferentes
prias. Algumas ideias de Demócrito sobre os átomos: proporções, resultariam em propriedades físico-quími-
cas diferentes.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Modelo de Dalton - O núcleo tem carga elétrica positiva; as partícu-


John Dalton, em 1803, tentando explicar o com- las alfa que passavam perto dele eram repelidas e,
portamento dos diversos gases da atmosfera e das por isso, sofriam desvio em sua trajetória.
misturas gasosas retomou a hipótese atômica. Assim
como Leucipo, Demócrito e Epicuro, Dalton acredi- Pelo modelo atômico de Rutherford, o átomo é
tava que a matéria seria constituída por átomos indi- constituído por um núcleo central, dotado de car-
visíveis e espaços vazios. Ele imaginou o átomo como gas elétricas positivas (prótons), envolvido por uma
uma pequena esfera, com massa definida e proprie- nuvem de cargas elétricas negativas (elétrons). Ru-
dades características. Dessa forma, todas as transfor- therford demonstrou, ainda, que praticamente toda
mações químicas podiam ser explicadas pelo arranjo a massa do átomo fica concentrada na pequena
de átomos. Toda matéria é constituída por átomos. região do núcleo. Dois anos depois de Rutherford ter
Esses são as menores partículas que a constituem; criado o seu modelo, o cientista dinamarquês Niels
são indivisíveis e indestrutíveis, e não podem ser trans- Bohr o completou, criando o que hoje é chamado
formados em outros, nem mesmo durante os fenô- modelo planetário. Para Bohr, os elétrons giravam em
menos químicos. Os átomos de um mesmo elemen- órbitas circulares, ao redor do núcleo. Depois desses,
to químico são idênticos em massa e se comportam novos estudos foram feitos e, novos modelos atômi-
igualmente em transformações químicas. As transfor- cos foram criados. O modelo que representa o áto-
mações químicas ocorrem por separação e união mo como tendo uma parte central chamado núcleo,
de átomos. Isto é, os átomos de uma substância que contendo prótons e nêutrons, serve para explicar um
estão combinados de um certo modo, separam-se, grande número de observações sobre os materiais.
unindo-se novamente de uma outra maneira.

O modelo atômico de Thomson


O britânico Joseph John Thomson descobriu os
elétrons em 1897 por meio de experimentos envol-
vendo raios catódicos em tubos de crookes. O tubo
de crookes consiste-se em uma ampola que contém
apenas vácuo e um dispositivo elétrico que faz os
elétrons de qualquer material condutor saltar e for-
mar feixes, que são os próprios raios catódicos. Thom-
son, ao estudar os raios catódicos, descobriu que es-
114 tes são afetados por campos elétrico e magnético, e
deduziu que a deflexão dos raios catódicos por estes
campos são desvios de trajetória de partículas muito O modelo atômico de Niels Bohr e a mecânica
pequenas de carga negativa, os elétrons. Thomson quântica
propôs que o átomo era, portanto, divisível, em par-
tículas carregadas positiva e negativamente, contra- O modelo planetário de Niels Bohr foi um gran-
riando o modelo indivisível de átomo proposto por de avanço para a comunidade científica, provan-
Dalton (e por atomistas na Antiga Grécia). O átomo do que o átomo não era maciço. Segundo a Teoria
consistiria de vários elétrons incrustados e embebidos Eletromagnética, toda carga elétrica em movimento
em uma grande partícula positiva, como passas em em torno de outra, perde energia em forma de on-
um pudim. O modelo atômico do “pudim com pas- das eletromagnéticas. E justamente por isso tal mo-
sas” permaneceu em voga até a descoberta do nú- delo gerou certo desconforto, pois os elétrons perde-
cleo atômico por Ernest Rutherford. riam energia em forma de ondas eletromagnéticas,
confinando-se no núcleo, tornando a matéria algo
O modelo atômico de Rutherford instável. Bohr, que trabalhava com Rutherford, pro-
Em 1911, realizando experiências de bombardeio pôs o seguinte modelo: o elétron orbitaria o núcleo
de lâminas de ouro com partículas alfa (partículas de em órbitas estacionárias, sem perder energia. Entre
carga positiva, liberadas por elementos radioativos), duas órbitas, temos as zonas proibidas de energia,
Rutherford fez uma importante constatação: a gran- pois só é permitido que o elétron esteja em uma de-
de maioria das partículas atravessava diretamente a las. Ao receber um quantum, o elétron salta de ór-
lâmina, algumas sofriam pequenos desvios e outras, bita, não num movimento contínuo, passando pela
em número muito pequeno (uma em cem mil), so- área entre as órbitas (daí o nome zona proibida), mas
friam grandes desvios em sentido contrário. A partir simplesmente desaparecendo de uma órbita e rea-
dessas observações, Rutherford chegou às seguintes parecendo com a quantidade exata de energia. Se
conclusões: um pacote com energia insuficiente para mandar
- No átomo existem espaços vazios; a maioria das o elétron para órbitas superiores encontrá-lo, nada
partículas o atravessava sem sofrer nenhum desvio. ocorre. Mas se um fóton com a energia exata para
- No centro do átomo existe um núcleo muito pe- que ele salte para órbitas superiores, certamente o
queno e denso; algumas partículas alfa colidiam com fará, depois, devolvendo a energia absorvida em for-
esse núcleo e voltavam, sem atravessar a lâmina. ma de ondas eletromagnéticas.

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Estrutura Se o núcleo de um átomo fosse do ta- Principais características das partículas funda-
manho de um limão com um raio de 3 cm, os elétrons mentais
mais afastados estariam cerca de 3 km de distância.
O diâmetro da eletrosfera de um átomo é de 10,000 Massa
a 100,000 vezes maior que o diâmetro de seu núcleo, Determinar a massa de um corpo significa com-
e sua estrutura interna pode ser considerada, para parar a massa deste corpo com outra tomada como
efeitos práticos, oca; pois para encher todo este es- padrão. A unidade de massa tomada como padrão
paço vazio de prótons e nêutrons (ou núcleos) neces- é o grama (g). Mas nós muitas vezes utilizamos o qui-
sitaríamos de um bilhão de milhões de núcleos… lograma, que equivale a 1000 vezes a massa de 1 g.
Os cientistas, por meio de técnicas avançadas, Um exemplo disso é quando se diz que a massa de
já perceberam a complexidade do átomo. Já com- uma pessoa é 45 vezes a massa correspondente à do
provaram a presença de inúmeras partículas em sua quilograma.
constituição e desvendaram o comportamento des- Ou ainda: 45 kg = 45 x 1000 g = 45 000 g
sas partículas. Mas para construir alguns conceitos
que ajudam a entender a química do dia-a-dia, o Como as partículas que constituem o átomo são
modelo de átomo descrito por Rutherford-Bohr é su- extremamente pequenas, uma unidade especial teve
ficiente. Na constituição dos átomos predominam os que ser criada para facilitar a determinação de suas
massas. Essa unidade, denominada unidade de mas-
espaços vazios. O núcleo, extremamente pequeno,
sa atômica, é representada pela letra u.
é constituído por prótons e nêutrons. Em torno dele,
1 u equivale a aproximadamente 1,66 · 10−27 kg.
constituindo a eletrosfera, giram os elétrons.
O átomo de hidrogênio é constituído por um só
As massas do próton e do nêutron são pratica-
próton com um só elétron girando ao seu redor. O mente iguais: medem cerca de 1 unidade de massa
hidrogênio é o único elemento cujo átomo pode não atômica. A massa do elétron é 1836 vezes menor que
possuir nêutrons. a do próton: essa massa é desprezível, porém é errado
O elétron e o próton possuem, respectivamente, dizer que o elétron é desprovido dela.
carga negativa e carga positiva, porém não a mes-
ma massa. O próton é 1836,11 vezes mais massivo Carga elétrica: O elétron é uma partícula dotada
que o elétron. Usando, como exemplo hipotético, de carga elétrica que os cientistas convencionaram
um átomo de vinte prótons e vinte nêutrons em seu chamar de negativa. A sua carga, que foi determina-
núcleo, e este estando em equilíbrio eletrodinâmico, da experimentalmente em 1908, equivale a uma uni-
terá vinte elétrons orbitando em suas camadas exte- dade de carga elétrica (1 ue). A carga do próton é 115
riores. Sua carga elétrica estará em perfeito equilíbrio igual à do elétron, só que de sinal contrário. O próton
eletrodinâmico, porém 99,97% de sua massa encon- tem carga elétrica convencionada como positiva. O
trar-se-á no núcleo. Apesar do núcleo conter prati- nêutron não possui carga elétrica, como o seu nome
camente toda a massa, seu volume em relação ao indica, ele é neutro.
tamanho do átomo e de seus orbitais é minúsculo.
O núcleo atômico mede em torno de (1 fm) um fen- Interação atômica: Se tivermos dois átomos hipo-
tâmetro de diâmetro, enquanto que o átomo mede téticos, cuja carga elétrica seja neutra, presume-se
cerca de (100 pm) cem picometros. que estes não se afetarão mutuamente por causa da
Considerando os modelos estudados, temos a se- neutralidade da força eletromagnética entre si. A dis-
guinte evolução, desde o modelo de Demócrito, até tribuição de cargas no átomo se dá de forma diversa.
chegar ao mais aceito atualmente, de nuvem eletrô- A carga negativa é externa, a carga positiva é inter-
nica, onde percebemos a parte mais escura que é na, isto ocorre por que os elétrons orbitam o núcleo.
o núcleo e os elétrons girando em volta. Os elétrons Quando aproximamos dois átomos, mesmo estando
com mais energia permanecem mais afastados do em perfeita neutralidade interna, estes se repelem, se
núcleo. desviam ou ricocheteiam. Exemplo típico ocorre no
elemento hélio (He) onde seus átomos estão em eter-
no movimento de mútuo ricochete. Em temperatura
ambiente, o gás hélio tem no movimento de seus áto-
mos um rápido ricochete. Ao diminuir a temperatura,
o movimento oscilatório diminui, o volume fica menor
e a densidade aumenta. Chegaremos teoricamente
num ponto em que o movimento de ricochete dimi-
nuirá tanto que não se poderá mais retirar energia
deste. A este nível térmico, damos o nome de zero ab-
soluto, este é –273,15 °C.

Força de Van der Waals


A carga eletrônica não se distribui de maneira
uniforme, algumas partes da superfície atômica são
menos negativas que outras. Em função disto, a car-

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ga positiva que se encontra no interior do átomo infil- Ocorrência natural


trar-se-á pelas áreas menos negativas externas, por - Borda sólida indica existência de isótopo mais
isso haverá uma débil atração eletrostática entre os antigo que a Terra (elemento primordial).
dois átomos chamada de força de Van der Waals. - Borda tracejada indica que o elemento surge
Em baixíssima temperatura, os átomos de hélio mo- do decaimento de outros.
vem-se muito lentamente, seu ricochete diminui a - Borda pontilhada indica que o elemento é pro-
tal grau que é insuficiente para vencer as forças de duzido artificialmente (elemento sintético).
Van der Waals, como o átomo de hélio é altamente - A cor mais clara indica elemento ainda não
simétrico, por este motivo as forças atuantes neste descoberto.
elemento são muito fracas. A contração do hélio
ocorre e este acaba por se liquefazer a 4,3 graus Moléculas
acima do zero absoluto.Nos demais gases presen- Uma vez partilhados eletronicamente os átomos
tes na natureza sua distribuição de cargas é menos podem possuir entre si uma ligação tão forte que
simétrica que no hélio, as forças de Van der Waals para separá-los é necessária uma quantidade ra-
são maiores ocasionando uma liquefação em tem- zoável de energia, portanto, permanecem juntos.
peraturas maiores. Estas combinações são chamadas de moléculas,
nome derivado do latim que significa pequeno ob-
Atração atômica jeto. Nem sempre dois átomos em contato são sufi-
Nas regiões externas dos átomos, a distribuição cientes para ter estabilidade, havendo necessidade
eletrônica se dá em camadas, sua estrutura apre- de uma combinação maior para tê-la. Para formar
senta a estabilidade máxima se estas estiverem uma molécula de hidrogênio são necessários dois
completas. Com exceção do hélio e outros elemen- átomos deste elemento, uma molécula de oxigênio,
tos com estabilidade e simetria semelhante, geral- necessita de dois átomos de oxigênio, e assim suces-
mente a camada mais exterior do átomo é incom- sivamente.
pleta, ou podem possuir excesso de elétrons. Em Para a formação de uma molécula de água são
função disto pode haver a transferência de um ou necessários dois átomos de hidrogênio e um de oxi-
dois elétrons do átomo em que estão em excesso, gênio; metano, necessita de um átomo de carbono
para o átomo em que estão em falta, deixando as e quatro de hidrogênio; dióxido de carbono (bióxi-
camadas externas de ambos em equilíbrio. O áto- do), um carbono, e dois oxigênios e assim sucessi-
mo que recebe elétrons ganha carga negativa, e vamente. Existem casos de moléculas serem forma-
116 o que perdeu não equilibra totalmente sua carga das por uma grande quantidade de átomos, são as
nucléica, positiva. Ocorre então o aglutinamento chamadas macromoléculas. Isto ocorre principal-
atômico. Existe ainda o caso de dois átomos colidi- mente com compostos de carbono, pois o átomo
rem, ocorrendo, há o compartilhamento eletrônico de carbono pode partilhar elétrons com até quatro
entre ambos que passam a ter suas camadas mais elementos diferentes simultaneamente. Logo, pode
externas completas desde que permaneçam em ser possível a constituição de cadeias, anéis, e liga-
contato. ções entre estas moléculas longas, que são a base
da chamada química orgânica.
Elementos químicos conhecidos Essa é a base das moléculas que caracterizam o
É importante ter em mente que, átomo, é uma tecido vivo, ou seja, a base da vida. Quanto maior
entidade elementar. O conjunto de átomos que a molécula e menos uniforme a distribuição de sua
apresentam o mesmo número atômico (Z) é cha- carga elétrica, mais provável será a reunião de mui-
mado de elemento químico. É possível ter aproxi- tas moléculas e a formação de substâncias líquidas
madamente 10 sextilhões de átomos em uma casa ou sólidas. Os sólidos são mantidos fortemente coe-
(o algarismo 1 e 22 zeros à direita). Quando busca- sos pelas interações eletromagnéticas dos elétrons e
mos algum elemento químico na tabela periódica, prótons e entre átomos diferentes e entre moléculas
o que encontramos, são os dados referentes ao iso- diferentes. Em algumas ligações atômicas onde os
tótopo mais estável. elétrons podem ser transferidos formam-se os cha-
mados cristais (substâncias iônicas). Nestes, os áto-
Estado físico do elemento nas Condições Nor- mos podem estar ligados em muitos milhões, forman-
mais de Temperatura e Pressão (CNTP) do padrões de grande uniformidade. No átomo, sua
- aqueles com o número atômico em preto são interação nuclear diminui à medida que aumenta a
sólidos nas CNTP. distância. As moléculas da água por exemplo são
- aqueles com o número atômico em verde são chamadas de aguacormicas.
líquidos nas CNTP;
- aqueles com o número atômico em vermelho
são gases nas CNTP;
- aqueles com o número atômico em cinza têm
estado físico desconhecido.

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REPRESENTAÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS –


FÓRMULAS QUÍMICAS. BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES
QUÍMICAS. ASPECTOS QUANTITATIVOS DAS TRANSFORMAÇÕES
QUÍMICAS. LEIS PONDERAIS DAS REAÇÕES QUÍMICAS. DETERMINAÇÃO
DE FÓRMULAS QUÍMICAS. GRANDEZAS QUÍMICAS: MASSA,
VOLUME, MOL, MASSA MOLAR, CONSTANTE DE AVOGADRO.
CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS

A
queima de uma vela, a obtenção de ál- Quando mais de um reagente, ou mais de um
cool etílico a partir de açúcar e o enfer- produto, participarem da reação, as fórmulas das
rujamento de um pedaço de ferro são substâncias serão separadas pelo sinal “+ “;
exemplos de transformações onde são formadas - para manter a proporção real de reagentes e
substâncias com propriedades diferentes das subs- produtos, é necessário balancear a equação quími-
tâncias que interagem. Tais transformações são ca, para isso, colocamos antes da fórmula de cada
chamadas reações químicas. As substâncias que um, o número que represente a quantidade de mo-
interagem são chamadas reagentes e as formadas, léculas ou átomos necessários para que a reação
produtos. ocorra. NUNCA devemos mexer nos índices dos áto- 117
No final do século XVIII, estudos experimentais le- mos (número que se encontra subescrito na fórmu-
varam os cientistas da época a concluir que as rea- la), pois isso significaria alterar a fórmula do compos-
ções químicas obedecem a certas leis. Estas leis são to o que está errado.
de dois tipos:
- leis ponderais: tratam das relações entre as Utilizando as regras acima para representar a for-
massas de reagentes e produtos que participam de mação da água temos:
uma reação; - reagentes: hidrogênio e oxigênio; produto:
- leis volumétricas: tratam das relações entre vo- água.
lumes de gases que reagem e são formados numa - fórmulas das substâncias: hidrogênio: H2; oxigê-
reação. nio: 02; água: H20.
- equação: H2 + 02 => H2O.
Equações Químicas - acerto dos coeficientes: a expressão acima
Para representar graficamente as reações quími- indica que uma molécula de hidrogênio (forma-
cas, utilizamos as equações químicas. Estas devem da por dois átomos) reage com uma molécula de
sempre refletir a realidade, ou sejam, devem ser es- oxigênio (formada por dois átomos) para formar
critas segundo critérios que representem reações uma molécula de água (formada por dois átomos
reais. de hidrogênio e um de oxigênio). Vemos, portanto,
Para se escrever uma equação química é neces- que a expressão contraria a lei da conservação dos
sário: átomos (lei da conservação das massas), pois antes
- saber quais substâncias são consumidas (rea-
da reação existiam dois átomos de oxigênio e, ter-
gentes) e quais são formadas (produtos);
minada a reação, existe apenas um. No entanto,
- conhecer as fórmulas dos reagentes e dos pro-
se ocorresse o desaparecimento de algum tipo de
dutos;
átomo a massa dos reagentes deveria ser diferente
- escrever a equação sempre da seguinte forma:
da massa dos produtos, o que não é verificado ex-
reagentes => produtos
perimentalmente.

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Como dois átomos de oxigênio (na forma de molécula 02) interagem, é lógico supor que duas moléculas
de água sejam formadas. Mas como duas moléculas de água são formadas por quatro átomos de hidrogênio,
serão necessárias duas moléculas de hidrogênio para fornecer essa quantidade de átomos. Assim sendo, o me-
nor número de moléculas de cada substância que deve participar da reação é: hidrogênio, duas moléculas;
oxigênio, uma molécula; água, duas moléculas.
A equação química que representa a reação é: 2 H2 + 02 => 2 H20 (que é lida da seguinte maneira: duas mo-
léculas de hidrogênio reagem com uma molécula de oxigênio para formar duas moléculas de água.)

Lei Volumétrica das Reações Químicas


Estudos realizados por Gay-Lussac levaram-no, em 1808, a concluir:
Lei de Gay-Lussac: Os volumes de gases que participam de uma reação química, medidos nas mesmas con-
dições de pressão e temperatura, guardam entre si uma relação constante que pode ser expressa através de
números inteiros. Assim, por exemplo, na preparação de dois litros de vapor d’água devem ser utilizados dois litros
de hidrogênio e um litro de oxigênio, desde que os gases estejam submetidos às mesmas condições de pressão
e temperatura. A relação entre os volumes dos gases que participam do processo será sempre: 2 volumes de
hidrogênio; 1 volume de oxigênio; 2 volumes de vapor d’água. A tabela a seguir mostra diferentes volumes dos
gases que podem participar desta reação.
hidrogênio + oxigênio => Vapor d’água
20 cm3 10 cm3 20 cm3
180 dm3 90 dm3 180 dm3
82 ml 41 ml 82 ml
126 l 63 l 126 l

Observe que nesta reação o volume do produto (vapor d’água) é menor do que a soma dos volumes dos
reagentes (hidrogênio e oxigênio). Esta é uma reação que ocorre com contração de volume, isto é, o volume
dos produtos é menor que o volume dos reagentes. Existem reações entre gases que ocorrem com expansão
de volume, isto é, o volume dos produtos é maior que o volume dos reagentes, como por exemplo na decom-
posição do gás amônia:
118 amônia => hidrogênio + nitrogênio
2 vol. 3 vol 1 vol.

Em outras reações gasosas o volume se conserva, isto é, os volumes dos reagentes e produtos são iguais. E o
que acontece, por exemplo, na síntese de cloreto de hidrogênio:
hidrogênio + cloro => cloreto de hidrogênio
1 vol. 1 vol. 2 vol.

Hipótese de Avogadro
Em 1811, na tentativa de explicar a lei volumétrica de Gay-Lussac, Amadeo Avogadro propôs que amostras
de gases diferentes, ocupando o mesmo volume e submetidas às mesmas condições de pressão e temperatura,
são formadas pelo mesmo número de moléculas. Tomando-se como exemplo a formação de vapor d’água
(todos os gases submetidos às mesmas condições de pressão e temperatura) temos:
hidrogênio + oxigênio => vapor d’água
dados experimentais 2 vol. 1 vol. 2 vol.
hip. de Avogadro 2a moléc. 1a moléc. 2a moléc.
dividindo por a 2 moléc. 1 moléc. 2 moléc.

ou seja, a relação entre os volumes dos gases que reagem e que são formados numa reação é a mesma
relação entre o número de moléculas participantes. A hipótese de Avogadro também permitiu a previsão das
fórmulas moleculares de algumas substâncias. E o que foi feito, por exemplo, para a substância oxigênio. Como
uma molécula de oxigênio, ao reagir com hidrogênio para formar água, produz o dobro de moléculas de água,
é necessário que ela se divida em duas partes iguais. Portanto, é de se esperar que ela seja formada por um
número par de átomos. Por simplicidade, Avogadro admitiu que a molécula de oxigênio deveria ser formada
por dois átomos. Raciocinando de maneira semelhante ele propôs que a molécula de hidrogênio deveria ser
diatômica e a de água triatômica, formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.
Estas suposições a respeito da constituição das moléculas de água, oxigênio e hidrogênio concordam com
as observações experimentais acerca dos volumes dessas substâncias que participam da reação.

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Atualmente, sabe-se que a hipótese levantada A reação de formação da água é um exemplo


por Avogadro é verdadeira, mas, por razões históri- de síntese
cas, sua proposição ainda é chamada de hipótese.
Outra decorrência da hipótese de Avogadro é Reações de Decomposição
que os coeficientes estequiométricos das equações Como o próprio nome diz, este tipo de reação é
que representam reações entre gases, além de indi- o inverso da anterior (composição), ou seja, ocorrem
car a proporção entre o número de moléculas que quando a partir de um único composto são obtidos
reage, indica, também, a proporção entre os volu- outros compostos. Estas reações também são conhe-
mes das substâncias gasosas que participam do pro- cidas como reações de análise, por exemplo, que-
cesso, desde que medidas nas mesmas condições bra da molécula de água por corrente elétrica:
de pressão e temperatura. Podemos exemplificar 2 H2O(L) 2 H2(g) + 02(g)
este fato com as equações das reações descritas ELETRICIDADE
anteriormente:
Reações de Simples Trocas
- síntese de vapor d’água: Estas reações ocorrem quando uma substância
2 H2(g) + 02(g) 2 H2O(g) simples reage com uma substância composta para
formar outra substância simples e outra composta. Es-
- decomposição da amônia: tas reações são também conhecidas como reações
2 NH3(g) N2(g) + 3 H2(g) de deslocamento ou reações de substituição.
Exemplo: 2Fe(s) + 2HCl(aq) 2FeCl (aq) + H2(g)
- síntese de cloreto de hidrogênio:
H2(g) + Cl2(g) 2 HC1(g) Reações de Dupla Troca
Estas reações ocorrem quando duas substâncias
Massas Relativas de Átomos e Moléculas compostas resolvem fazer uma troca e formam-se
A hipótese de Avogadro permitiu, mesmo sendo
duas novas substâncias compostas.
impossível determinar a massa de uma molécula,
Exemplo: NaOh + HCl NaCl + H2O
comparar as massas de várias moléculas. Em outras
palavras a hipótese de Avogadro permitiu calcular
Redução e Oxidação
quantas vezes uma molécula é mais leve ou mais pe-
Na classificação das reações químicas, os termos
sada do que a outra. Vejamos como isso pode ser
oxidação e redução abrangem um amplo e diver-
feito. 119
sificado conjunto de processos. Muitas reações de
Sabe-se que 10 litros de gás hidrogênio, submeti-
oxirredução são comuns na vida diária e nas funções
do a 0 ºC e 1atm, pesam 0,892 grama e que o mesmo
volume de oxigênio, nas mesmas condições de pres- vitais básicas, como o fogo, a ferrugem, o apodreci-
são e temperatura, pesa 14,3 gramas. Como, tanto os mento das frutas, a respiração e a fotossíntese.
volumes dos gases, como as condições de pressão Oxidação é o processo químico em que uma subs-
e temperatura em que se encontram são iguais, as tância perde elétrons, partículas elementares de sinal
amostras gasosas são formadas pelo mesmo número elétrico negativo. O mecanismo inverso, a redução,
de moléculas. Podemos, então, escrever: consiste no ganho de elétrons por um átomo, que os
- massa de uma molécula de oxigênio/massa de incorpora a sua estrutura interna. Tais processos são si-
uma molécula de hidrogênio = 14,3g/0,893g = 16 multâneos. Na reação resultante, chamada oxirredu-
- o que mostra que uma molécula de oxigênio é ção ou redox, uma substância redutora cede alguns de
16 vezes mais pesada que uma molécula de hidro- seus elétrons e, consequentemente, se oxida, enquanto
gênio. outra, oxidante, retém essas partículas e sofre assim um
Tipos de Reações Químicas processo de redução. Ainda que os termos oxidação e
As reações químicas costumam ocorrer acompa- redução se apliquem às moléculas em seu conjunto, é
nhadas de alguns efeitos que podem dar uma dica apenas um dos átomos integrantes dessas moléculas
de que elas estão acontecendo. que se reduz ou se oxida.
Vamos ver quais são estes efeitos?
Saída de gases Número de oxidação. Para explicar teoricamen-
Formação de precipitado te os mecanismos internos de uma reação do tipo
Mudança de cor redox é preciso recorrer ao conceito de número de
Alterações de calor oxidação, determinado pela valência do elemento
Vamos estudar alguns tipos de reações químicas. (número de ligações que um átomo do elemento
pode fazer), e por um conjunto de regras deduzidas
Reações de Síntese empiricamente:
Estas reações são também conhecidas como (1) quando entra na constituição das moléculas
reações de composição ou de adição. Neste tipo de monoatômicas, diatômicas ou poliatômicas de suas
reação um único composto é obtido a partir de dois variedades alotrópicas, o elemento químico tem nú-
compostos. mero de oxidação igual a zero;

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(2) o oxigênio apresenta número de oxidação igual Em cada processo desse tipo, existe uma relação
a -2, em todas as suas combinações com outros ele- de proporção fixa e única entre as moléculas. Uma
mentos, exceto nos peróxidos, quando esse valor é -1; molécula de oxigênio, por exemplo, se une a duas
(3) o hidrogênio tem número de oxidação +1 em de hidrogênio para formar duas moléculas de água.
todos os seus compostos, exceto aqueles em que se Essa proporção é a mesma para todas as vezes que
combina com os ametais, quando o número é -1; e se procura obter água a partir de seus componentes
(4) os outros números de oxidação são determi- puros: 2H2 + O2  ->  2H2O
nados de tal maneira que a soma algébrica global A reação descrita, que é redox por se terem al-
dos números de oxidação de uma molécula ou íon terado os números de oxidação do hidrogênio e do
seja igual a sua carga efetiva. Assim, é possível deter- oxigênio em cada um dos membros, pode ser enten-
minar o número de oxidação de qualquer elemento dida como a combinação de duas reações iônicas
diferente do hidrogênio e do oxigênio nos compostos parciais:
que formam com esses dois elementos.
H2 -> 2H+  + 2e- (semi-oxidação)
Assim, o ácido sulfúrico (H2SO4) apresenta, para 4e- + 2H+ + O2 -> 2OH- (semi-redução)
seu elemento central (enxofre), um número de oxida-
ção n, de forma que seja nula a soma algébrica dos em que os elétrons ganhos e perdidos represen-
números de oxidação dos elementos integrantes da tam-se com e- e os símbolos H+ e OH- simbolizam
molécula: 2.(+1) + n + 4.(-2) = 0, logo, n = +6 respectivamente os íons hidrogênio e hidroxila. Em
Em toda reação redox existem ao menos um ambas as etapas, a carga elétrica nos membros ini-
agente oxidante e um redutor. Em terminologia quí- ciais e finais da equação deve ser a mesma, já que
mica, diz-se que o redutor se oxida, perde elétrons, e, os processos são independentes entre si.
em conseqüência, seu número de oxidação aumen- Para fazer o balanceamento da reação global,
ta, enquanto com o oxidante ocorre o oposto. igualam-se as reações iônicas parciais, de tal ma-
neira que o número de elétrons doados pelo agente
Oxidantes e redutores. Os mais fortes agentes
redutor seja igual ao número de elétrons recebidos
redutores são os metais altamente eletropositivos,
pelo oxidante, e procede-se a sua soma:
como o sódio, que facilmente reduz os compostos
120 de metais nobres e também libera o hidrogênio da
(H2 -> 2H+ + 2e-) x 2
água. Entre os oxidantes mais fortes, podem-se citar
(4e- + 2H+ + O2 -> 2OH-)      x 1
o flúor e o ozônio.
--------------------------------------------
O caráter oxidante e redutor de uma substância
2H2 + 4e- + 2H+ + O2 -> 4H+ + 4e- + 2OH-
depende dos outros compostos que participam da
reação, e da acidez e alcalinidade do meio em que
o que equivale a:
ela ocorre. Tais condições variam com a concentra-
2H2 + O2 -> 2H2O
ção de elementos ácidos. Entre as reações tipo redox
mais conhecidas -- as reações bioquímicas -- inclui-se
a corrosão, que tem grande importância industrial. Pois os elétrons se compensam e os íons H+ e OH-
Um caso particularmente interessante é o do fe- se unem para formar a água.
nômeno chamado auto-redox, pelo qual um mesmo Nesses mecanismos se apóia o método genera-
elemento sofre oxidação e redução na mesma rea- lizado de balanço de reações redox, chamado íon
ção. Isso ocorre entre halogênios e hidróxidos alcali- -elétron, que permite determinar as proporções exa-
nos. Na reação com o hidróxido de sódio a quente, o tas de átomos e moléculas participantes. O método
cloro (0) sofre auto-redox: se oxida para clorato (+5) íon-elétron inclui as seguintes etapas:
e se reduz para cloreto (-1): 6Cl + 6NaOH -> 5NaCl- + (1) notação da reação sem escrever os coefi-
NaClO3 + 3H2O cientes numéricos;
(2) determinação dos números de oxidação de
Balanço das reações redox. As leis gerais da quí- todos os átomos participantes;
mica estabelecem que uma reação química é a (3) identificação do agente oxidante e redutor e
redistribuição das ligações entre os elementos rea- expressão de suas respectivas equações iônicas par-
gentes e que, quando não há processos de ruptura ciais;
ou variação nos núcleos atômicos, conserva-se, ao (4) igualação de cada reação parcial e soma de
longo de toda a reação, a massa global desses rea- ambas, de tal forma que sejam eliminados os elétrons
gentes. Desse modo, o número de átomos iniciais de livres;
cada reagente se mantém quando a reação atinge (5) eventual recomposição das moléculas origi-
o equilíbrio. nais a partir de possíveis íons livres.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

MATERIAIS, SUAS PROPRIEDADES E USOS – PROPRIEDADES DE


MATERIAIS. ESTADOS FÍSICOS DE MATERIAIS. MUDANÇAS DE ESTADO.
MISTURAS: TIPOS E MÉTODOS DE SEPARAÇÃO. SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS:
CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS. METAIS E LIGAS METÁLICAS.
FERRO, COBRE E ALUMÍNIO. LIGAÇÕES METÁLICAS. SUBSTÂNCIAS IÔNICAS:
CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES. SUBSTÂNCIAS IÔNICAS DO GRUPO:
CLORETO, CARBONATO, NITRATO E SULFATO. LIGAÇÃO IÔNICA.
SUBSTÂNCIAS MOLECULARES: CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES.
SUBSTÂNCIAS MOLECULARES: H2, O2, N2, CL2, NH3, H2O, HCL, CH4.
LIGAÇÃO COVALENTE. POLARIDADE DE MOLÉCULAS. FORÇAS
INTERMOLECULARES. RELAÇÃO ENTRE ESTRUTURAS, PROPRIEDADE
E APLICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS.

O
s diversos elementos e substâncias co- são materiais cristalinos e sólidos. Estas duas caracte-
nhecidas podem ser classificados de vá- rísticas combinadas conferem à estes materiais uma
rias formas diferentes. Uma classificação grande importância tecnológica. Os semicondutores
121
importante em termos de propriedades elétricas é são os responsáveis por toda a moderna tecnolo-
a de metais, isolantes e semicondutores. Esta classifi- gia eletrônica, estando presentes em praticamente
cação tem grande importância na engenharia e na todos os aparelhos eletro-eletrônicos que conhece-
física de dispositivos. Os metais, como se sabe, são mos, desde um simples rádio a pilha até os mais sofis-
bons condutores de eletricidade enquanto os isolan- ticados computadores.
tes não a conduzem. Os semicondutores, por outro
lado, possuem comportamento intermediário, con- Materiais cristalinos
duzindo ou não a corrente elétrica em função das Os materiais cristalinos, além de diversas proprie-
condições de operação. Além desta classificação, dades interessantes, podem ser processados em la-
há também uma outra que diz respeito ao modo boratório com elevado grau de pureza. Sua estrutura
como os átomos ou moléculas estão arranjados ou cristalina pode ser reproduzida através de técnicas
distribuídos no material. Materiais nos quais os átomos especiais conhecidas como técnicas de crescimento
ou moléculas se distribuem de forma organizada e de cristais. Embora possa parecer estranho à primeira
regular por todo o material, são classificados como vista, o conceito envolvido nessas técnicas de cresci-
materiais cristalinos ou simplesmente cristais, ou ainda mento é simples. Vamos ver a seguir um exemplo de
sólidos. Esta última designação não se refere ao es- cristal bem conhecido e que pode ser crescido até
tado físico do material (vapor, líquido ou sólido), mas mesmo em casa, sem nenhum equipamento sofisti-
sim ao fato de que sua estrutura atômica se acha na cado.
forma de um sólido geométrico, tal qual um cubo por
exemplo. Esta organização interna dos átomos em Cloreto de Sódio
um cristal é responsável por uma série de proprieda- O cloreto de sódio (NaCl) ou sal de cozinha co-
des importantes em aplicações industriais. Os mate- mum, possui estrutura cristalina cúbica, isto é, os áto-
riais sem organização atômica interna definida, são mos do Cloro e do Sódio estão arranjados na forma
chamados amorfos. Exemplos de materiais amorfos de um cubo, como mostra a figura abaixo. Este cubo
muito utilizados são o vidro e plásticos em geral. Os chama-se célula unitária do NaCl. Qualquer porção
semicondutores, além de suas propriedades elétricas de NaCl pode ser pensada como uma pilha destes
dependentes das condições de operação, também cubos unitários colocados lado a lado e uns sobe os

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

outros. A aresta do cubo é designada como parâme- do cristal. Quando um fabricante de microprocessa-
tro da rede cristalina do material. Em termos mate- dores precisa comprar sua matéria prima, ou seja, lâ-
máticos, um cristal é descrito por uma rede de pontos minas de Silício, ele precisa especificar a direção cris-
geométricos que satisfazem certas operações de si- talina dessas lâminas, caso contrário sua produção
metria, tais como reflexão, translação e rotação. Esta de “chips” pode ser seriamente comprometida.
rede é conhecida como rede de Bravais, em home-
nagem ao cientista que sistematizou estes conceitos. Crescimento de cristais
Existem vários materiais que se cristalizam com o mes- Vamos agora ver como se pode crescer um cris-
mo tipo de estrutura do NaCl, isto é, cúbica. Ocorre, tal. Inicialmente vamos retomar nosso exemplo do
entretanto, que, dentro do cubo unitário, os átomos NaCl ou sal de cozinha. Obviamente você sabe que
podem estar dispostos de modo diferente, condu- o NaCl pode ser dissolvido na água, formando uma
zindo a estruturas cúbicas diferentes. O NaCl, possui solução líquida. Na linguagem dos químicos, a água
estrutura cúbica de face centrada (fcc- face cen- é chamada de solvente e o sal de soluto. Podemos
tered cubic), havendo ainda estruturas cúbicas sim- então preparar em um copo comum, uma solução
ples (sc - simple cubic) e estruturas cúbicas de corpo supersaturada de NaCl. Isto significa ir dissolvendo aos
centrado (bcc - body centered cubic). Na realidade poucos o sal na água, até que em dado momento,
o modo correto para descrever um cristal, vem do não conseguimos mais dissolver sal. A quantia de sal
conceito de rede de Bravais. A cada pondo geomé- extra que não pode mais ser dissolvida pela água,
trico da rede de Bravais, associa-se um ou mais áto- fica depositada no fundo do copo. Esta saturação
mos, que formam a base química do cristal. É desse depende basicamente do solvente, do soluto e da
modo que se formam os vários tipos de estruturas cris- temperatura da solução. Se aquecermos a água,
talinas cúbicas, além de outras formas geométricas. aquele sal extra do fundo do copo vai ser dissolvido,
Por este motivo, na literatura científica, sempre que mas assim que a temperatura voltar ao normal, o ex-
se faz referência a algum tipo de cristal, é usual men- cesso volta a se depositar no fundo do copo. Não
cionar algum material com estrutura conhecida. Por precisamos fazer isto. Nossa solução saturada na tem-
exemplo, sempre que se fala da estrutura do telureto peratura ambiente já serve aos nossos propósitos. É
de chumbo (PbTe), é conveniente falarmos que sua importante você mexer bem a solução, para se cer-
estrutura é cúbica como a do NaCl. tificar de que realmente ficou saturada. Agora você
122 deve filtrá-la com um coador de papel, desses utili-
zados para café, para eliminar o excesso de sal não
dissolvido. Feito isto, providencie algum tipo de tam-
pa para o copo. Pode ser até mesmo um pedaço de
filme plástico utilizado na embalagem de alimentos
congelados. Faça alguns furos nesta tampa de modo
que possa haver evaporação da água. Guarde o
copo tapado em um lugar fresco, onde não haja mui-
ta variação de temperatura e deixo-o em repouso.
Você precisa ser paciente. Este tipo de crescimen-
to de cristal é bastante lento. Após vários dias, você
Estrutura Cristalina cúbida do NaCl. poderá notar pequenos grãos de sal depositados no
fundo do copo. Se você for paciente, poderá deixar
As esferas maiores representam o Cloro (Cl) e as o crescimento prosseguir e a medida que a água for
menores o Sódio (Na). se evaporando, os cristais no fundo do copo, ou até
mesmo, nas paredes do copo irão crescer. Se você
Como os cristais possuem formas geométricas tiver usado água limpa (o ideal seria destilada) e dei-
bem definidas é possível adotar-se eixos coordena- xado o experimento em repouso em lugar adequa-
dos de forma a especificar a orientação cristalina do do, irá obter alguns belos cristais cúbicos de NaCl.
material. Para especificar essa orientação, utilizamos,
os chamados índices de Miller, encontrados num pla-
no tridimensional x, y e z (semelhante ao plano carte-
siano). No processamento de semicondutores, como
o Silício, para a confecção de dispositivos eletrônicos,
o conhecimento da direção cristalina do material é
muito importante. Os processos de fabricação de-
pendem de procedimentos físico-químicos cujo com-
portamento ou eficiência, variam com a orientação

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A explicação é simples. Sua solução inicial estava saturada. A medida que a água vai se evaporando e,
portanto, diminuindo a quantidade de água no copo, o NaCl vai se precipitar na forma de um cristal cúbi-
co microscópico. Com a evaporação continuada da água, mais NaCl irá se precipitar. Mas a precipitação
ocorrerá preferencialmente sobre o NaCl que já estiver cristalizado e portanto atuando como se fosse uma
semente para que mais NaCl se cristalize. A tendência natural do NaCl é cristalizar-se na forma cúbica. Se lhe
é oferecida uma superfície ou material com o mesmo arranjo atômico cúbico, ele vai encontrar mais facili-
dade de se depositar sobre este material e não sobre outro lugar qualquer.

MÉTODOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS

Mistura: associação de duas ou mais substâncias em porções arbitrárias, separáveis por meios mecânicos
ou físicos e em que cada um dos componentes guarda em si todas as propriedades que lhe são inerentes. A
partir disso, podemos concluir que para saber se um composto é uma mistura ou apenas um componente,
basta utilizar métodos de separação de misturas para verificar. Estes métodos são chamados de análise ime-
diata, sendo como dito, não alteram a natureza das substâncias. E para cada tipo de mistura existem vários
métodos diferentes.

Decantação: método utilizado para separar misturas heterogêneas de sólido-líquido e líquido-líquido.


Exemplos: água barrenta e água e óleo.

123

Se deixarmos um balde com água barrenta em repouso por um determinado tempo, observaremos que
o barro precipitará, ou seja, irá para o fundo do balde, isso é devido ao fato dele ser mais denso que a água.
A água então pode ser retirada do balde facilmente.

Utilizando o funil de separação, podemos fazer o mesmo com a mistura de água e óleo, que com o pas-
sar do tempo, o líquido mais denso, neste caso a água, vai para o fundo e o líquido menos denso, no caso o
óleo, fica em cima. Sendo possível a retirada da água e separando os dois líquidos da mistura.

Centrifugação: método utilizado para separar misturas heterogêneas do tipo sólido-líquido. Este método é
uma maneira de acelerar a decantação. Neste método é utilizado a centrífuga. Neste aparelho, devido aos
movimentos de rotação, as partículas com maior densidade são “atiradas” para o fundo do tubo. Girando
a manivela da centrífuga manual, os tubos de ensaio contendo a amostra, se inclinam fazendo com que a
parte mais densa da amostra vá para o fundo do tubo, separando-se da menos densa.

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sólidos é dissolvido em um solvente e depois pode


ser feito filtração para separar o sólido insolúvel e a
solução do outro sólido. No exemplo dado, de uma
mistura de sal + areia, pode-se utilizar água para
dissolver o sal e retirar a areia. O sal dissolvido pode
ser retirado através de outro método de separação,
como por destilação simples.

Processos de separação de misturas


Centrífuga em Centrífuga em
repouso funcionamento (girando) Os processos de separação são usados na ob-
tenção dos componentes individuais de uma mistura
Um exemplo de mistura que pode ser separada de dois ou mais componentes. Nem sempre somente
por este método é a água barrenta, em pequena es- um método de separação é suficiente para separar
cala, ou a separação da nata do leite. todos os componentes de uma mistura. Os principais
processos são citados a seguir.
Filtração: método utilizado para separar misturas
heterogêneas do tipo sólido-líquido e sólido-gasoso. Catação: É um método de separação bastante
Exemplos de misturas que são separáveis por filtração rudimentar, usado para separação de sistemas sóli-
são: filtração de café e a utilização de aspirador de do-sólido. Baseia-se na identificação visual dos com-
pó. O processo de filtração consiste em: um filtro reter ponentes da mistura e na separação dos mesmos se-
as partículas maiores e deixar passar as menores que parando-os manualmente. É o método utilizado na
os “poros” do filtro. limpeza do feijão antes do cozimento.

Peneiração: Também conhecido como tamisa-


ção, este método é usado na separação de siste-
mas sólido-sólido, onde um dos dois componentes
124 apresente granulometria que permita que o mesmo
fique preso nas malhas de uma peneira.

Ventilação: Método de separação para sistemas


sólido-sólido, onde um dos componentes pode ser
arrastado por uma corrente de ar. Um bom exemplo
é a separação da casca e do caroço do amendoim
torrado.

Levigação: A água corrente arrasta o compo-


nente menos denso e o mais denso deposita-se no
fundo do recipiente. Um bom exemplo é a lavagem
da poeira do arroz.

Filtração: Este é um método de separação muito


Filtração de uma Mistura de um líquido e um sólido presente no laboratório químico e também no coti-
No aspirador de pó ocorre basicamente o mes- diano. É usado para separar um sólido de um líquido
mo que ocorre na filtração de café, ou de uma mis- ou sólido de um gás, mesmo que o sólido se apresen-
tura qualquer. te em suspensão. A mistura atravessa um filtro poro-
Quando utiliza-se o aspirador, ele aspira uma mis- so, onde o material particulado fica retido. A prepa-
tura de ar + poeira, ou seja, uma mistura de gás + ração do café é um exemplo de filtração.
sólido, no entanto, o ar aspirado pelo aparelho é libe-
rado, mas a poeira é retida por um filtro. Assim o filtro
é utilizado para reter o sólido e liberar o gás.

Dissolução fracionada: método utilizado para se-


parar misturas heterogêneas de sólido-sólido. Exem-
plo de mistura é sal + areia. Neste método, um dos

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Nos alambiques, este tipo de destilação é usado


na obtenção de bebidas como a cachaça e o uís-
que. Na destilação fracionada em laboratório usa-se
No cotidiano, o aspirador de pó é o melhor exem- um equipamento como o mostrado abaixo.
plo do processo de filtração. Separa partículas sóli-
das suspensas no ar aspirado.

Evaporação: Método de separação de misturas


sólido-líquido por evaporação do solvente, também
conhecido como cristalização. Em recipiente aber-
to, simplesmente permite-se que o solvente evapore,
deixando o sólido. Nas salinas, o sal é obtido a partir
da água do mar através deste processo.

Sublimação: Processo utilizado quando um dos


componentes do sistema sublima (passa diretamente
do estado sólido para o gasoso) quando sob aque- Separação magnética: Separa os componentes
cimento. O iodo e a naftalina são sólidos que subli- que são atraídos por um imã daqueles que não apre-
mam. sentam esta propriedade (separação de limalha de 125
Destilação simples: A destilação simples é utili- ferro da areia).
zada quando se deseja separar a substância sólida
dissolvida do solvente e não se deseja perder este úl-
timo, como no processo de evaporação. Aquece-se
a mistura até atingir o ponto de ebulição do solvente.
Não existe necessidade de controle de temperatura,
pois o ponto de ebulição do sólido é muito mais ele-
vado que o do solvente.

Destilação fracionada: É um método de separa-


ção de líquidos que participem de mistura homogê-
nea ou heterogênea. Quanto mais distantes forem
os pontos de ebulição destes líquidos, mais eficiente
será o processo de destilação. Eleva-se a temperatu- Dissolução fracionada: Método de separação de
ra até que se alcance o ponto de ebulição do líquido sistemas sólido-sólido, onde somente um dos compo-
que apresente valor mais baixo para esta caracte- nentes apresenta solubilidade num dado solvente. A
rística e aguarda-se, controlando a temperatura, a mistura areia e sal é um bom exemplo de aplicação
completa destilação deste. Posteriormente, permite- para este método de separação. Adicionando-se
se que a temperatura se eleve até o ponto de ebuli- água, obtém-se a solubilização do sal na água. Após
ção do segundo líquido. Quanto mais próximos forem uma filtração, a areia é separada, bastando realizar
os pontos de ebulição dos líquidos, menor o grau de uma destilação simples ou evaporação para se se-
pureza das frações destiladas. A destilação fracio- parar o sal da água. Este método também é conhe-
nada é usada na obtenção das diversas frações do cido como extração por solvente.
petróleo.

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Teoria do octeto e ligações químicas Regra do octeto

As ligações químicas são uniões estabelecidas Um grande número de elementos adquire es-
entre átomos para formarem moléculas ou no caso tabilidade eletrônica quando seus átomos apresen-
de ligações iônicas ou metálicas aglomerados atô- tam oito elétrons na sua camada mais externa, e
micos organizados de forma a constituírem a estru- usualmente esses se ligam de forma a buscarem a
tura básica de uma substância ou composto. Na completeza desses oito elétrons, especificamente a
Natureza existem aproximadamente uma centena completeza de suas camadas externas. Dadas as va-
de elementos químicos. Os átomos destes elemen- riações na distribuição eletrônica, existem várias ex-
tos químicos ao se unirem formam a grande diversi- ceções para essa regra, a exemplo do Hidrogênio (H)
dade de substâncias químicas. Uma analogia seria e do Hélio (He), onde ambos se estabilizam com dois
comparar os elementos químicos ao alfabeto que, elétrons na última camada, e outros casos onde os
uma vez organizado seguindo uma dada regra ou átomos têm mais do que oito elétrons na última ca-
ordem, leva as letras a formarem palavras imbuídas mada quando ligados. Como exemplo da regra do
de significado distinto e bem mais amplo daquele octeto, válida contudo de forma bem regular para
disponível quando separadas. Os átomos, compa- os elementos representativos da tabela periódica, te-
rando, seriam as letras, e as moléculas ou aglomera- mos o caso do átomo de carbono, que é tetravalen-
dos organizados seriam as palavras. Na escrita não te (pode realizar quatro ligações), e além dele todos
podemos simplesmente ir juntando as letras para a os átomos que pertencem a família de número 14 da
formação de palavras: aasc em português não tem tabela periódica que, também tetravalentes, encon-
significado (salvo se corresponder a uma sigla); po- tram-se no eixo central dessa regra (Octeto).
rém se organizarmos essas mesmas letras teremos a
palavra casa, que certamente tem significado “físi- Ligações Iônicas ou Eletrovalentes
co”.
Assim como na escrita, há regras físico-químicas Ligações Iônicas são um tipo de ligação quími-
a serem obedecidas, e a união estabelecida entre ca baseada na atração eletrostática entre dois íons
átomos não ocorre de qualquer forma, devendo ha- carregados com cargas opostas. Na formação da li-
ver condições apropriadas para que a ligação en- gação iônica, um metal tem uma grande tendência
126 tre os átomos ocorra, tais como: afinidade, contato, a perder elétron(s), formando um íon positivo ou cá-
energia, etc. As ligações químicas podem ocorrer tion. Isso ocorre devido à baixa energia de ionização
através da doação e recepção de elétrons entre os de um metal, isto é, é necessária pouca energia para
átomos, que se transformam em íons que mantém- remover um elétron de um metal. Simultaneamen-
se unidos via a denominada ligação iônica. Como te, o átomo de um ametal (não-metal) possui uma
exemplo tem-se o cloreto de sódio (NaCl). Compos- grande tendência a ganhar elétron(s), formando um
tos iônicos conduzem eletricidade no estado líquido íon de carga negativa ou ânion. Isso ocorre devido
ou dissolvidos, mas não quando sólidos. Eles normal- à sua grande afinidade eletrônica. Sendo assim, os
mente têm um alto ponto de fusão e alto ponto de dois íons formados, cátion e ânion, se atraem devido
ebulição. a forças eletrostáticas e formam a ligação iônica. Se
Outro tipo de ligações químicas ocorre através estes processos estão interligados, ou seja, o(s) elé-
do compartilhamento de elétrons: a ligação cova- tron(s) perdido(s) pelo metal é(são) ganho(s) pelo
lente. Como exemplo tem-se a água (H2O). Dá-se o ametal, então, seria “como se fosse” que, na ligação
nome de molécula apenas à estrutura em que to- iônica, houvesse a formação de íons devido à “trans-
dos os seus átomos conectam-se uns aos outros de ferência” de elétrons do metal para o ametal.
forma exclusiva via ligação covalente. Existe tam- Esta analogia simplista é muito utilizada no Ensino
bém a ligação metálica onde os elétrons das últi- Médio, que destaca que a ligação iônica é a única
mas camadas dos átomos do metal soltam-se dos em que ocorre a transferência de elétrons. A regra
respectivos íons formados e passam a se movimen- do octeto pode ser utilizada para explicar de forma
tar livremente entre todos os íons de forma a mantê simples o que ocorre na ligação iônica. Exemplo: An-
-los unidos. Um átomo encontra-se assim ligado não tes da formação da ligação iônica entre um átomo
apenas ao seu vizinho imediato, como na ligação de sódio e cloro, as camadas eletrônicas se encon-
covalente, mas sim a todos os demais átomos do tram da seguinte forma:
objeto metálico via uma nuvem de elétrons de lon-
go alcance que se distribui entorno dos mesmos. 11Na - K = 2; L = 8; M = 1
17Cl - K = 2; L = 8; M = 7

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O sódio possui 1 elétron na última camada (cama- OBS.: O hidrogênio faz ligação iônica com metais
da M). Bastaria perder este elétron para que ele fique também. Embora possua um elétron, não é metal,
“estável” com 8 elétrons na 2ª camada (camada L). O logo, não tende a perder esse elétron. Na verdade, o
cloro possui 7 elétrons na sua última camada (camada hidrogênio tende a receber um elétron ficando com
M). É bem mais fácil ele receber 1 elétron e ficar estável configuração eletrônica igual à do gás hélio.
do que perder 7 elétrons para ficar estável, sendo isto
o que acontece. Sendo assim, é interessante ao sódio Ligações Covalentes ou Moleculares
doar 1 elétron e ao cloro receber 1 elétron. No esque-
ma abaixo, está representado este processo, onde é Ligação covalente ou molecular é aquela onde
mostrado apenas a camada de valência de cada áto- os átomos possuem a tendência de compartilhar os
mo. Seria como se fosse que os átomos se aproximam e elétrons de sua camada de valência, ou seja, de sua
ocorre a transferência de elétron do sódio para o cloro: camada mais instável. Neste tipo de ligação não há
a formação de íons, pois as estruturas formadas são
eletronicamente neutras, como o exemplo abaixo,
do oxigênio. Ele necessita de dois elétrons para ficar
estável e o H irá compartilhar seu elétron com o O.
Sendo assim o O ainda necessita de um elétron para
se estabilizar, então é preciso de mais um H e esse
H compartilha seu elétron com o O, estabilizando-o.
Sendo assim é formado uma molécula o H2O.
O resultado final da força de atração entre cátions
e ânions é a formação de uma substância sólida, em
condições ambientes (25 °C, 1 atm). Não existem molé-
culas nos sólidos iônicos. Em nível microscópico, a atra-
ção entre os íons acaba produzindo aglomerados com
formas geométricas bem definidas, denominadas retí-
culos cristalinos. No retículo cristalino cada cátion atrai
simultaneamente vários ânions e vice-versa.
OBS.: Ao compartilharem elétrons, os átomos po- 127
dem originar uma ou mais substâncias simples dife-
rentes. Esse fenômeno é denominado alotropia. Essa
substâncias são chamadas de variedades alotrópi-
cas. As variedades podem diferir entre si pelo número
de átomos no retículo cristalino. Ex.: Carbono, Oxigê-
nio, Enxofre, Fósforo.

Características dos compostos moleculares

Configuração Eletrônica de lítio e fluor. O Lítio tem - Podem ser encontrados nos três estados físicos;
um elétron em sua camada de valência, mantido com - Apresentam ponto de fusão e ponto de ebuli-
dificuldade porque sua energia de ionização é baixa. ção menores que os compostos iônicos;
O Fluor possui 7 elétrons em sua camada de valência. - Quando puros, não conduzem eletricidade;
Quando um elétron se move do lítio para o fluor, cada - Quando no estado sólido, podem apresentar
íon adquire a configuração de gás nobre. A energia de dois tipos de retículos cristalinos (R. C. Moleculares, R.
ligação proveniente da atração eletrostática dos dois C. Covalente).
íons de cargas opostas tem valor negativo suficiente
para que a ligação se torne estável.
Ligações Covalente Dativa ou Coordenada
Características dos compostos iônicos
Este tipo de ligação ocorre quando os átomos
envolvidos já atingiram a estabilidade com os oito ou
- Apresentam forma definida, são sólidos nas condi-
dois elétrons na camada de valência. Sendo assim
ções ambientes;
- Possuem altos ponto de fusão e ponto de ebuli- eles compartilham seus elétrons disponíveis, como se
ção; fosse um empréstimo para satisfazer a necessidade
- Conduzem corrente elétrica quando dissolvidos de oito elétrons do elemento com o qual está se li-
em água ou fundidos. gando.

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Ligação metálica

A ligação metálica ocorre entre metais, isto é, átomos de alta eletropositividade (tendência a doar elé-
trons). Num sólido, os átomos estão dispostos de maneira variada, mas sempre próximos uns aos outros, com-
pondo um retículo cristalino. Enquanto certos corpos apresentam os elétrons bem presos aos átomos, em
outros, algumas dessas partículas permanecem com certa liberdade de se movimentarem no cristal. É o que
diferencia, em termos de condutibilidade elétrica, os corpos condutores dos isolantes. Nos corpos condu-
tores, muitos dos elétrons se movimentam livremente no cristal, de forma desordenada, isto é, em todas as
direções. E, justamente por ser caótico, esse movimento não resulta em qualquer deslocamento de carga de
um lado a outro do cristal.
Aquecendo-se a ponta de uma barra de metal, coloca-se em agitação os átomos que a formam e os
que lhe estão próximos. Os elétrons aumentam suas oscilações e a energia se propaga aos átomos mais in-
ternos. Neste tipo de cristal os elétrons livres servem de meio de propagação do calor - chocam-se com os
átomos mais velozes, aceleram-se e vão aumentar a oscilação dos mais lentos. A possibilidade de melhor
condutividade térmica, portanto, depende da presença de elétrons livres no cristal. Estudando-se o fenôme-
no da condutibilidade elétrica, nota-se que, quando é aplicada uma diferença de potencial, por meio de
uma fonte elétrica às paredes de um cristal metálico, os elétrons livres adquirem um movimento ordenado:
passam a mover-se do polo negativo para o polo positivo, formando um fluxo eletrônico orientado na super-
fície do metal, pois como se trabalha com cargas de mesmo sinal, estas procuram a maior distância possível
entre elas. Quanto mais elétrons livres no condutor, melhor a condução se dá.
Os átomos de um metal têm grande tendência a perder elétrons da última camada e transformar-se
em cátions. Esses elétrons, entretanto, são simultaneamente atraídos por outros íons, que então o perdem
novamente e assim por diante. Por isso, apesar de predominarem íons positivos e elétrons livres, diz-se que
os átomos de um metal são eletricamente neutros. Os átomos mantêm-se no interior da rede não só por im-
plicações geométricas, mas também por apresentarem um tipo peculiar de ligação química, denominada
ligação metálica. A união dos átomos que ocupam os “nós” de uma rede cristalina dá-se por meio dos elé-
trons de valência que compartilham (os situados em camadas eletrônicas não são completamente cheias).
128 A disposição resultante é a de uma malha formada por íons positivos e uma nuvem eletrônica.

Teoria da nuvem eletrônica

Segundo essa teoria, alguns átomos do metal “perdem” ou “soltam” elétrons de suas últimas camadas;
esses elétrons ficam “passeando” entre os átomos dos metais e funcionam como uma “cola” que os mantém
unidos. Existe uma força de atração entre os elétrons livres que se movimentam pelo metal e os cátions fixos.

Propriedade dos metais

- Brilho metálico característico;


- Resistência à tração;
- Condutibilidade elétrica e térmica elevadas;
- Alta densidade;
- Maleabilidade (se deixarem reduzir à chapas e lâminas finas);
- Ductilidade (se deixarem transformar em fios);
- Ponto de fusão elevado;
- Ponto de ebulição elevado

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

ÁGUA – OCORRÊNCIA E IMPORTÂNCIA NA VIDA ANIMAL E VEGETAL.


LIGAÇÃO, ESTRUTURA E PROPRIEDADES. SISTEMAS EM SOLUÇÃO AQUOSA:
SOLUÇÕES VERDADEIRAS, SOLUÇÕES COLOIDAIS E SUSPENSÕES.
SOLUBILIDADE. CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES. ASPECTOS
QUALITATIVOS DAS PROPRIEDADES COLIGATIVAS DAS SOLUÇÕES.
ÁCIDOS, BASES, SAIS E ÓXIDOS: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, PROPRIEDADES,
FORMULAÇÃO E NOMENCLATURA. CONCEITOS DE ÁCIDOS E BASES.
PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS ÁCIDOS E BASES: INDICADORES,
CONDUTIBILIDADE ELÉTRICA, REAÇÃO COM METAIS,
REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO.

Água

C
erca de 71% da superfície da Terra é coberta por água em estado líquido. Do total desse volume,
97,4% aproximadamente, está nos oceanos, em estado líquido. A água dos oceanos é salgada:
contém muito cloreto de sódio, além de outros sais minerais.
129
Mas a água em estado líquido também aparece nos rios, nos lagos e nas represas, infiltrada nos espaços
do solo e das rochas, nas nuvens e nos seres vivos. Nesses casos ela apresenta uma concentração de sais
geralmente inferior a água do mar. É chamada de água doce e corresponde a apenas cerca de 2,6% do
total de água do planeta.
Cerca de 1,8% da água doce do planeta é encontrado em estado sólido, formando grandes massas de
gelo nas regiões próximas dos pólos e no topo de montanhas muito elevadas. As águas subterrâneas corres-
pondem á 0,96% da água doce, o restante está disponível em rios e lagos.
 

Oceanos e mares - 97%
Geleiras inacessíveis - 2%
Rios, lagos e fontes subterrâneas - 1%

 
A presença de água nos seres vivos
Um dos fatores que possibilitaram o surgimento e a manutenção da vida na Terra é a existência da água.
Ela é um dos principais componentes da biosfera e cobre a maior parte da superfície do planeta.
Na Biosfera, existem diversos ecossistemas, ou seja, diversos ambientes na Terra que são habitados por
seres vivos das mais variadas formas e tamanhos. Às vezes, nos esquecemos que todos esses seres vivos têm
em comum a água presente na sua composição. Veja alguns exemplos.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Água-viva                                           Melância
 
A água-viva chega a ter 95% de água na composição do seu corpo. A melancia e o pepino chegam a
ter 96% de água na sua composição.
Portanto a água não está presente apenas nas plantas; ela também faz parte do corpo de muitos ani-
mais.
É fácil comprovar que o nosso corpo, por exemplo, contém água. Bebemos água várias vezes ao dia,
ingerimos muitos alimentos que contém água e expelimos do nosso corpo vários tipos de líquidos que pos-
suem água, por exemplo, suor, urina, lágrimas, etc.
 
O que é a água?
A água é uma das substâncias mais comuns em nosso planeta. Toda a matéria (ou a substância) na
natureza é feita por partículas muito pequenas, invisíveis a olho nu, os átomos.
Cada tipo de átomo pertence a um determinado elemento químico. Os átomos de oxigênio, hidrogê-
nio, carbono e cloro são alguns exemplos de elementos químicos que formam as mais diversas substâncias,
como a água, o gás carbônico, etc.
130 Os grupos de átomos unidos entre si formam moléculas. Cada molécula de água, por exemplo, é for-
mada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. A molécula de água é representada pela fórmula
química H2O. Em cada 1 g de água há cerca de 30 000 000 000 000 000 000 000 (leia: “trinta sextilhões”) de
moléculas de água.

Representação da molécula de água com os dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. As cores são
meramente ilustrativas e o tamanho não segue as proporções reais.
Estados denagragação (estados físicos) da matéria
Quando nos referimos à água, a ideia que nos vem de imediato à mente é a de um líquido fresco e
incolor. Quando nos referimos ao ferro, imaginamos um sólido duro. Já o ar nos remete à ideia de matéria
no estado gasoso.
Toda matéria que existe na natureza se apresenta em uma dessas formas - sólida, líquida ou gasosa. É o
que chamamos de estados físicos da matéria.

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No estado sólido, as moléculas de água estão bem “presas” umas às outras


e se movem muito pouco: elas ficam “balançando”, vibrando, mas sem se
afastarem muito umas das outras. Não é fácil variar a forma e o volume de
um objeto sólido, como a madeira de uma porta ou o plástico de que é feito
uma caneta, por exemplo.

O estado líquido é intermediário entre o sólido e o gasoso. Nele, as moléculas


estão mais soltas e se movimentam mais que no estado sólido. Os corpos no
estado líquido não mantém uma forma definida, mas adotam a forma do
recipiente que os contém, pois as moléculas deslizam umas sobre as outras. Na
superfície plana e horizontal, a matéria, quando em estado líquido, também
se mantém na forma plana e horizontal.

No  estado gasoso a matéria está muito expandida e, muitas vezes, não 131
podemos percebê-la visualmente. Os corpos no estado gasoso não
possuem volume nem forma próprios e também adotam a forma do
recipiente que os contém. No estado gasoso, as moléculas se movem
mais livremente que no estado líquido, estão muito mais distantes umas
das outras que no estado sólido ou líquido, e se movimentam em todas as
direções. Frequentemente há colisões entre elas, que se chocam também
com a parede do recipiente em que estão. É como se fossem abelhas
presas em uma caixa, e voando em todas as direções.

 
Em resumo: no estado sólido as moléculas de água vibram em posições fixas. No estado líquido, as molé-
culas vibram mais do que no estado sólido, mas dependente da temperatura do líquido (quanto mais quen-
te, maior a vibração, até se desprenderem, passando para o estado gasoso, em um fenômeno conhecido
como ebulição). Consequentemente, no estado gasoso (vapor) as moléculas vibram fortemente e de forma
desordenada.

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Mudanças de estado físico Solidificação


As passagens entre os três estados físicos (sólido, Passagem do estado líquido para o estado
líquido e gasoso) têm o nome de mudanças de esta- sólido, através de arrefecimento (resfriamento).
do físico. Quando a substância líquida inicia a solidificação,
a temperatura fica inalterada até que a totalidade
esteja no estado sólido, e só depois a temperatura
continua a baixar.

Você já viu como num dia quente, um pedaço


de gelo logo derrete depois de tirado do congela-
dor?
Nesse caso, a água em estado sólido passa ra-
pidamente para o estado líquido. Essa mudança de No caso da água o ponto de solidificação é de
estado é conhecida como fusão. 0ºC. Assim, a água permanecerá a 0ºC até que toda
  ela congele para só depois sua temperatura come-
Fusão çar a diminuir para -1ºC, - 2ºC etc.
Passagem, provocada por um aqueci- Você já percebeu que, quando uma pessoa está
mento, do estado sólido para o estado líquido. cozinhando, ela tem que tomar cuidado para que
O aquecimento provoca a elevação da temperatu- a água não suma da panela e a comida queime e
ra da substância até ao seu ponto de fusão. A tem- grude no fundo? Mas para onde vai a água?
peratura não aumenta enquanto está acontecendo A água passa para o estado gasoso: transforma-
132 a fusão, isto é, somente depois que toda a substân- se em vapor, que não pode ser visto. A passagem do
cia passar para o estado líquido é que a temperatura estado líquido para o estado gasoso é chamada va-
volta a aumentar. porização.
 
Vaporização
Passagem do estado líquido para o estado gaso-
so, por aquecimento.
Se for realizada lentamente chama-se evapora-
ção, se for realizada com aquecimento rápido cha-
ma-se ebulição.
Durante a ebulição a temperatura da substância
que está a passar do estado líquido para o estado
gasoso permanece inalterada, só voltando a au-
mentar quando toda a substância estiver no estado
gasoso.
O ponto de fusão de uma substância é a tempe-
ratura a que essa substância passa do estado sólido
para o estado líquido.
No caso da água o ponto de fusão é de 0ºC. As-
sim, o bloco de gelo permanecerá a 0ºC até todo ele
derreter para só depois sua temperatura começar a
se elevar para 1ºC, 2ºC etc.
Mas o contrário também acontece. Se quisermos
passar água do estado líquido para o sólido, é só co-
locarmos a água no congelador. Essa mudança de
estado é chamada solidificação.
 

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O ponto de ebulição de uma substância é a tem- O orvalho se forma quando o vapor de água pre-
peratura a que essa substância passa do estado líqui- sente no ar se condensa ao entrar em contato com
do para o estado gasoso. superfícies que estão mais frias que o ar. Se a tempera-
No caso da água o ponto de ebulição é de tura estiver muito baixa, a água pode congelar sobre
100ºC. Assim toda a água permanecerá a 100ºC até as superfícies frias, formando uma camada de gelo: é
toda ela tenha evaporado para somente depois a geada, que pode causar prejuízos às plantações, já
sua temperatura começar a aumentar para 101ºC, que o frio pode destruir folhas e frutos.
102ºC etc.
A água pode passar do estado de vapor para o
estado líquido. É fácil observar essa passagem. Quan-
tas vezes você já não colocou água gelada dentro
de um copo de vidro fora da geladeira? Depois de
um tempo, a superfície do lado de fora fica molhada,
não é mesmo?
As pequenas gotas de água se formam porque
o vapor de água que existe no ar entra em contato
com a superfície fria do copo e se condensa, isto é,
passa para o estado líquido. Essa mudança de esta-
do é chamada condensação, ou liquefação.
 
Condensação
Passagem do estado gasoso para o estado lí-
quido, devido ao um arrefecimento (resfriamento). Você já observou que certos produtos para perfu-
Quando a substância gasosa inicia a condensação, mar o ambiente instalados no banheiro, por exemplo,
vão diminuindo de tamanho com o tempo? Isso acon-
a temperatura fica inalterada até que a totalidade
tece porque eles passam diretamente do estado sólido
esteja no estado líquido, e só depois a temperatura
para o estado gasoso. Essa passagem do estado sólido
continua a baixar.
para o gasoso e vice-versa é chamada sublimação.
133
Sublimação
Passagem direta de uma substância do estado
sólido para o estado gasoso, por aquecimento, ou do
estado gasoso para o estado sólido, por arrefecimento.
Ex. Gelo seco, naftalina.

Um exemplo de condensação é o orvalho e a


geada!
Às vezes, quando está frio, logo de manhã vemos
que muitas folhas, flores, carros, vidraças e outros ob-
jetos que estão no ar livre ficam cobertos de gotas de
água, sem que tenha chovido: é o orvaho. Propriedades da água
 
A água é um solvente
No ambiente é muito difícil encontrar água pura,
em razão da facilidade com que as outras substâncias
se misturam a ela. Mesmo a água da chuva, por exem-
plo, ao cair, traz impurezas do ar nela dissolvidas.
Uma das importantes propriedades da água é a
capacidade de dissolver outras substâncias. A água
é considerada solvente universal, porque é muito
abundante na Terra e é capaz de dissolver grande
parte das substancias conhecidas.

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Se percebermos na água cor, cheiro ou sabor, A água como regulador térmico


isso se deve a substâncias (líquidos, sólidos ou gases) A água tem a capacidade de absorver e con-
nela presentes, dissolvidas ou não. servar calor. Durante o dia, a água absorve parte do
As substâncias que se dissolvem em outras (por calor do Sol e o conserva até a noite. Quando o Sol
exemplo: o sal) recebem a denominação de soluto. está iluminando o outro lado do planeta, essa água já
A substância que é capaz de dissolver outras, como começa a devolver o calor absorvido ao ambiente.
a água, é chamada de  solvente.  A associação do Ela funciona, assim, como reguladora térmica. Por
soluto com o solvente é uma solução. isso, em cidades próximas ao litoral, é pequena a di-
ferença entre a temperatura durante o dia e à noite.
Já em cidades distantes do litoral, essa diferença de
temperatura é bem maior.
É essa propriedade da água que torna a sudorese
(eliminação do suor) um mecanismo importante na ma-
nutenção da temperatura corporal de alguns animais.

A propriedade que a água tem de atuar como


solvente é fundamental para a vida. No sangue, por
exemplo, várias substâncias - como sais minerais, vi-
taminas, açucares, entre outras - são transportadas
dissolvidas na água.
 

134 Quando o dia está muito quente, suamos mais.


Pela evaporação do suor eliminado, liberamos o ca-
lor excedente no corpo. Isso também ocorre quando
corremos, dançamos ou praticamos outros exercícios
físicos.
 Flutuar ou afundar
Você já se perguntou por que alguns objetos
afundam na água? Porque um prego afunda e um
navio flutua na água? O que faz com que a água
sustente alguns objetos, de forma que eles consigam
flutuar nela?

Porcentagem de água em alguns órgãos do cor-


po humano.
 
Nas plantas, os sais minerais dissolvidos na água
são levados das raízes às folhas, assim como o ali-
mento da planta (açúcar) também é transportado
dissolvido em água para todas as partes desse orga-
nismo. Entender porque alguns objetos afundam na
No interior dos organismos vivos, ocorrem inúme- água enquanto outros flutuam é muito importante na
ras reações químicas indispensáveis a vida, como as construção de navios, submarinos etc. Se na água um
que acontecem na digestão. A maioria dessas rea- prego afunda e um navio flutua, está claro que isso
ções químicas no organismo só acontece se as subs- não tem nada a ver com o fato de o objeto ser leve
tâncias químicas estiverem dissolvidas em água. ou pesado, já que um prego tem algumas gramas e
  um navio pesa toneladas.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Na água podemos erguer uma pessoa fazendo


pouco esforço, enquanto fora da água não conse-
guiríamos nem movê-la do chão. Isso acontece por-
que a água empurra o corpo de uma pessoa para
cima. A força que a água exerce nos corpos mergu-
lhados de baixo para cima (como um “empurrão”),
é denominada empuxo.
A quantidade de água deslocada pelos corpos
é um importante fator para a flutuação ou afunda-
mento dos objetos. O prego, por ter pouco volume,
desloca um mínimo de água quando mergulhado.  
Já o navio por ser muito volumoso, desloca uma Pressão e mergulho
grande quantidade de água. Então seu “peso” fica Quando uma pessoa mergulha, pode sentir dor
equilibrado pela força com que a água o “empurra”, na parte interna da orelha. Você sabe por que isso
ou seja, pelo empuxo. acontece? Novamente, a explicação está relacio-
nada à pressão que a água exerce.
Quando mergulhamos, à medida que nos des-
locamos para o fundo, aumenta a altura da coluna
líquida acima de nós. Quanto maior a altura dessa
coluna, maior será a pressão exercida pelo líquido
sobre nós. Por essa razão, nas profundezas dos ocea-
nos a pressão da água é grande e o homem não
consegue chegar até lá sem equipamentos de pro-
teção contra a pressão.
 
Usinas Hidrelétricas
Os engenheiros levam em consideração esse
comportamento da água quando planejam as usi-
nas hidrelétricas. 135
Essas usinas aproveitam o potencial hidráulico
existente num rio, utilizando desníveis naturais como
Quando o empuxo (E) é igual ao peso (P) o ob- quedas de água, ou artificiais, produzidos pelo des-
jeto flutua, porém quando o peso é maior que o em- vio do curso original do rio.
puxo o objeto afunda. O submarino quando quer Nelas, a força das águas represadas dos rios é
afundar aumenta seu peso enchendo seus tanques utilizada para a produção de energia elétrica. Essas
de água do mar. usinas são responsáveis por mais de 70% de toda a
  energia elétrica gerada no país e cerca de 20% da
A água exerce pressão eletricidade mundial. Alem disso não é poluente, é
Você já tentou segurar com o dedo o jato de renovável, e permite controlar a vazão dos rios atra-
água que sai de uma mangueira? O que aconte- vés das barragens, minimizando os efeitos das en-
ceu? A água impedida pelo dedo de fluir, exerce chentes.
pressão e sai com mais força.  
Todos os líquidos em geral exercem pressões. Uma Você sabe como funciona uma hidrelétrica?
maneira de demonstrar a pressão exercida por uma Inicialmente represa-se uma grande quantidade
coluna de “líquido” é efetuar orifícios numa garrafa de água em um imenso tanque, cuja base é bem
plástica de 2 litros (destas de refrigerante) e enchê-la mais larga que a parte de cima. As usinas são cons-
de água. truídas abaixo do nível das represas, já que, quanto
• A experiência ilustrada abaixo indica que maior for a profundidade, maior será a pressão exer-
a pressão exercida por um líquido aumenta com a cida pela água. Quando as comportas são abertas,
profundidade, pois a vazão do primeiro furo é menor a água sai sob grande pressão. Sob as comportas
que a vazão dos outros dois. Pode-se verificar que são colocadas as turbinas, grandes máquinas cuja
quanto maior a profundidade ou altura de líquido, o parte principal é uma roda imensa. A queda da
filete de água atinge uma maior distância. Diz-se que água faz com que as rodas girem, esse movimento
a pressão é maior e depende da profundidade do gera energia elétrica que é distribuída para as cida-
orifício considerado. des.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Quais são as desvantagens da construção de uma usina hidrelétrica?

As desvantagens da construção de uma


usina hidrelétrica são:
- Desapropriação de terras produtivas
pela inundação;
- impactos ambientais (fauna e flora) - per-
da de vegetação e da fauna terrestres;
  - impactos sociais (realocação e desapro-
priação de moradores);
- interferência na migração dos peixes;
- alterações na fauna do rio; e
- perdas de heranças históricas e culturais,
alterações em atividades econômicas e
usos tradicionais da terra.

Quais são os impactos ambientais na construção de uma usina?


Para construir represas e usinas é preciso alagar uma área enorme para formar o lago, e muitas vezes
mexer no caminho que o rio faz. O lago, também chamado de reservatório, é formado pelo represamento
das águas do rio, através da construção de uma barragem. Essa alteração do meio ambiente atrapalha a
vida dos bichos e das plantas da região, além de mudar radicalmente a paisagem, muitas vezes destruindo
belezas naturais. Também saem prejudicadas as pessoas que moram por perto e têm que se mudar por cau-
sa da inundação.

136

Usina Hidroelétrica de Itaipu

Tensão superficial 
Uma outra característica da água no estado líquido é a tensão que ela representa em sua superfície. Isso
acontece porque as moléculas da água se atraem, mantendo-se coesas (juntas), como se formassem uma
finíssima membrana da superfície. Olhe a figura abaixo.

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O princípio de Pascal Água destilada


Pascal foi um cientista frânces que viveu de 1623 A água potável deve ter certa quantidade de
a 1662. Entre muitas colaborações para a ciência, alguns sais minerais dissolvidos, que são importantes
formulou o seguinte princípio: “A pressão exercida para a nossa saúde. A água sem qualquer outra subs-
sobre um líquido é transmitida integralmente para to- tância dissolvida é chamada de água destilada. Veja
dos os pontos do líquido”. Observe a figura a baixo: como se consegue água destilada.
Para retirar sais minerais e outros produtos dissolvi-
dos na água, utiliza-se um processo chamado desti-
lação. O produto dessa destilação, a água destilada,
é usado em baterias de carros e na fabricação de
remédios e outros produtos. Não serve para beber, já
que não possui os sais minerais necessários ao nosso
organismo.
Veja como funciona o aparelho que produz água
destilada, o destilador:
 
Quando empurramos fortemente uma rolha
para dentro de uma garrafa que contém líquido,
essa pressão é transmitida integralmente ao líquido
existente no recipiente. A pressão da água dentro
da garrafa aumenta e empurra a outra rolha para
fora.

A qualidade da água
 
A vida humana, assim como a de todos os seres
vivos depende da água.
Mas a nossa dependência da água vai além das
necessidades biológicas: precisamos dela para lim- 137
par as nossas casas, lavar as nossas roupas e o nosso
corpo. E mais: para limpar máquinas e equipamen-
tos, irrigar plantações, dissolver produtos químicos,
criar novas substâncias, gerar energia. Observe que a água ferve (1)  com ajuda
É aí que está o perigo: a atividade humana mui- do (2) Bico de Bunsen (chama que aquece a água),
tas vezes compromete a qualidade da água. Casas transformando-se em vapor (3), e depois se conden-
e indústrias podem despejar em rios e mares subs- sa (4), voltando ao estado líquido. Os sais minerais não
tâncias que prejudicam a nossa saúde. Por isso, es- vaporizam, mas ficam dentro do vidro onde a água foi
colher bem a água que bebemos e proteger rios, fervida (chamado balão de destilação).
lagos e mares são cuidados essenciais à vida no  
planeta. Água mineral
A água do mar é salgada porque tem muito clo-
Água potável reto de sódio, que é o sal comum usado na cozinha.
A água potável é aquela popularmente cha- Justamente por ter tanto sal, não é potável. Se beber-
mada água pura. Essa água, tecnicamente não é mos água do mar, o excesso de sal nos fará eliminar
pura, como podemos perceber abaixo. Para ser be- mais água na urina do que deveríamos, e começa-
bida por nós, a água deve ser incolor, insípida (sem mos então a ficar desidratados.
sabor) e inodora (sem cheiro). Ela deve estar livre
de materiais tóxicos e microorganismos, como
bactérias, protozoários etc., que são prejudiciais,
mas  deve conter sais minerais em quantidade ne-
cessária à nossa saúde.
A água potável é encontrada em pequena
quantidade no nosso planeta e não está disponível
infinitamente. Por ser um recurso limitado, o seu con-
sumo deve ser planejado.

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Já a água doce, dos rios, lagos e fontes, tem menos sal que a água do mar e pode
ser bebida - desde que esteja sem micróbios e produtos tóxicos ou que tenha sido
tratada para eliminar essas impurezas.
A chamada  água mineral é água que brota de fontes do subsolo. Ela costuma
  ter alguns sais minerais em quantidade um pouco maior que a água utilizada nas
residências e, às vezes outros sais.
A água mineral é, em geral potável e pode ser bebida na fonte ou engarrafada -
desde que a fonte esteja preservada da poluição e da contaminação ambiental e
que o processo de engarrafamento seja feito com higiene.

  
O mar pode “morrer”
Na Ásia, há o famoso mar Morto, que é um exemplo de que um mar pode “morrer”. O mar “morre” e os lagos
também quando o nível de salinidade, isto é, a concentração de sais da sua água, é tão alto que não permite
que os peixes, a flora e outros seres vivam nele. Esse fenômeno ocorre por vários fatores, entre eles: pouca chuva
aliada à evaporação intensa (clima quente e seco) e corte ou diminuição do regime de escoamento de rios.
 

138

Açude no Acre secando.

Fontes de poluição da água


A água pode conter barro, areia e outras impurezas. Um grande perigo de contaminação da água está,
por exemplo, na presença de produtos químicos tóxicos ou microorganismos que tornam a água poluída.
Há varias fontes de poluição, como veremos a seguir.
 
A conseqüência da falta de tratamento de esgoto
O grande número de dejetos dos populosos núcleos residenciais, descarregado em córregos, rios e mares
provoca a poluição e a contaminação das águas. Febre tifóide, hepatite, cólera e muitas verminoses são
doenças transmitidas por essas águas.
Há rios como o Tietê e o Guaíba - em cujas margens surgiram a cidade de São Paulo e Porto Alegre - que
já estão comprometidos. Além desses, há vários rios expostos à degradação ambiental.
 

Tietê em obras em São Paulo para retirada de lixo depositado.

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 A mineração, a extração e o transporte de petróleo


Atividades econômicas importantes têm causado inúmeros acidentes ecológicos graves. O petróleo ex-
traído dos mares e os metais ditos pesados usados na mineração (por exemplo, o mercúrio, no Pantanal),
lançados na água por acidente, ou negligência, têm provocado a poluição das águas com prejuízos am-
bientais, muitas vezes irreversíveis.
 

Derramamento de petróleo ocorrido na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, Jun. 2000


 
A poluição causada pelas indústrias
Mesmo havendo leis que proíbam, muitas indústrias, continuam a lançar resíduos tóxicos em grande
quantidade nos rios.
Na superfície da água, é comum formar-se uma pequena espuma ácida, que, dependendo da fonte de
poluição, pode ser composta principalmente de chumbo e mercúrio. Essa espuma pode causar a mortan-
dade da flora e da fauna desses rios. E esses agentes poluidores contaminam também o organismo de quem 139
consome peixes ou quaisquer outros produtos dessas águas.
 

Acidente no rio dos Sinos onde milhares de peixes morreram pela contaminação do rio com dejetos
químicos lançados pelas empresas, Rio Grande do Sul, outubro, 2006.

As estações de tratamento da água


Muitas casas das grandes cidades recebem água encanada, vinda de rios ou represas. Essa água é sub-
metida a tratamentos especiais para eliminar as impurezas e os micróbios que prejudicam a saúde.
Primeiramente, a água do rio ou da represa é levada através de canos grossos, chamados adutoras, para
estações de tratamento de água. Depois de purificada, a água é levada para grandes reservatórios e daí é
distribuída para as casas.
 

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Na estação de tratamento, a água passa por tanques de cimento e recebe produtos como o sulfato de
alumínio e o hidróxido de cálcio (cal hidratada). Essas substâncias fazem as partículas finas de areia e de
argila presentes na água se juntarem, formando partículas maiores, os flocos. Esse processo é chamado flo-
culação. Como essas partículas são maiores e mais pesadas, elas vão se depositando aos poucos no fundo
de outro tanque, o tanque de decantação. Desse modo, algumas impurezas sólidas da água ficam retidas.
Após algumas horas no tanque de decantação, a água que fica por cima das impurezas, e que está mais
limpa, passa por um filtro formado por várias camadas de pequenas pedras (cascalho) e areias. À medida
que a água vai passando pelo filtro, as partículas de areia ou de argila que não se depositaram vão ficando
presas nos espaços entre os grãos de areia. Parte dos micróbios também fica presa nos filtros. É a etapa co-
nhecida como filtração. Mas nem todos os micróbios que podem causar doenças se depositam no fundo do
tanque ou são retidos pelo filtro. Por isso, a água recebe produtos contendo o elemento cloro, que mata os
140 micróbios (cloração), e o flúor, um mineral importante para a formação dos dentes.
A água é então levada através de encanamentos subterrâneos para as casas ou os edifícios.
Mesmo quem recebe água da estação de tratamento deve filtrá-la para o consumo. Isso porque pode
haver contaminação nas caixas d’água dos edifícios ou das casas ou infiltrações nos canos. As caixas-d’água
devem ficar sempre bem tampadas e ser limpas pelo menos a cada seis meses. Além disso, em certas épo-
cas, quando o risco de doenças transmitidas pela água aumenta, é necessário tomar cuidados adicionais.
Quando não há estação de tratamento
Nos locais em que não há estações de tratamento, a água é obtida diretamente de rios, lagos, nascen-
tes, represas ou poços. Mas, nesses casos, a água pode estar contaminada por micróbios e poluentes e são
necessários alguns cuidados.
 

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O poço mais comum é o poço raso, que obtém Nas regiões mais populosas, entretanto, exige-
água a 20 metros de profundidade, no máximo. Ele se uma solução mais complexa. Isso ocorre porque,
deve ser construído longe das fontes de poluição e mesmo para um pequeno prédio com dez aparta-
contaminação, ficando, por exemplo, a pelo me- mentos, a fossa séptica e o sumidouro, em geral, não
nos 25 metros da fossa onde as fezes e os resíduos são suficientes para absorver a água consumida por
da casa são despejados. Deve ter uma tampa im- esses moradores. Imagine, então, uma grande cida-
permeável (uma laje de concreto armado) e uma de repleta de arranha-céus.
abertura a pelo menos 20 centímetros acima do solo, Nesses casos, utilizam-se redes de esgoto.
para protegê-lo contra a entrada de águas que es-
correm pela superfície do solo. O Tratamento de Esgoto
É preciso também que os primeiros três metros do Ao chegar à estação de tratamento, o esgo-
poço sejam impermeáveis à água da chuva que cai to passa por grades de metal que separam objetos
na superfície do terreno. A água que se infiltra a mais (como plástico, latas, tecidos, papéis, vidros etc.) da
de três metros e que entra no poço já sofreu um pro- matéria orgânica, da areia e de outros tipos de par-
cesso natural de filtração ao atravessar o solo. tículas.
É importante garantir que a água do poço ou de O esgoto passa, lentamente, por grandes tan-
outras fontes não esteja contaminada por micróbios.
ques, a fim de que a areia e as outras partículas se
O ideal é que ela seja analisada periodicamente por
depositem.
um laboratório, para verificar seu estado de pureza.
O lodo com a matéria orgânica pode seguir para
Se isso não for possível, a água que se bebe, bem
como a que é usada para lavar pratos e talheres, um equipamento chamado biodigestor, onde sofre
deve ser filtrada e tratada. A água deve ser fervida ação decompositora das bactérias. Nesse processo,
por pelos menos 15 minutos ou tratada com cloro há desprendimento de gases, entre eles o metano,
(siga bem a instruções do fabricante, pois cloro em que pode ser utilizado como combustível.A parte lí-
excesso pode causar envenenamento). Antes de tra- quida, que ficou acima do lodo, também é atacada
tar a água com cloro, porém, devemos filtrá-la, já que por bactérias, pois ainda apresenta matéria orgâni-
os ovos de vermes, por exemplo, não são destruídos ca dissolvida, essa parte é agitada por grandes héli-
pelo cloro, mas podem ser removidos pela filtração. ces, que garantem a oxigenação da água. Também
  podem ser utilizados para essa oxigenação bombas
de ar ou mesmo certos tipos de algas, que produzirão
o oxigênio na fotossíntese.
141

Existem também poços artesianos, construídos


com equipamento especial, que furam a terra e ti-
ram a água de lençóis subterrâneos mais profundos.
Esses lençóis estão situados em espaços existentes
Só depois desse tratamento, o esgoto pode ser
entre rochas pouco permeáveis, geralmente a mais
lançado em rios, lagos ou mares.
de 100 metros de profundidade. A água dos poços
artesianos costuma estar limpa, mas deve-se tam- A água já utilizada, após o tratamento retorna ao
bém mandar analisá-la em laboratório. meio ambiente com seu efeito poluente diminuído.
  Caso contrário, pode causar grave contaminação
O destino da água utilizada da água e, assim, riscos à população que dela se uti-
Para onde vai a água depois de utilizada em la- liza.
vagens de roupas, banho, ou descarga de banheiros A falta de tratamento de esgoto pode provocar
e outras atividades de uso doméstico? a contaminação do solo e da água, contribuindo
O destino da água que foi utilizada é um gran- para a proliferação de várias doenças. Muitas des-
de problema de saneamento básico e que não está sas doenças podem levar a morte muitas crianças,
bem solucionado em muitas regiões do Brasil. principalmente no seu primeiro ano de vida. Assim,
Em pequenas comunidades, esse problema rela- garantir o tratamento de esgoto em todo o Brasil é
tivo ao tratamento da água utilizada pode ser resol- uma meta a ser alcançada na busca de saúde e
vido ou minimizado com fossas sépticas e sumidouro. qualidade de vida da população.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E ENERGIA – TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS


E ENERGIA CALORÍFICA. CALOR DE REAÇÃO. ENTALPIA. EQUAÇÕES
TERMOQUÍMICAS. LEI DE HESS. TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E
ENERGIA ELÉTRICA. REAÇÃO DE OXIRREDUÇÃO. POTENCIAIS PADRÃO
DE REDUÇÃO. PILHA. ELETRÓLISE. LEIS DE FARADAY. TRANSFORMAÇÕES
NUCLEARES. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA RADIOATIVIDADE.
REAÇÕES DE FISSÃO E FUSÃO NUCLEAR.
DESINTEGRAÇÃO RADIOATIVA E RADIOISÓTOPOS.

M
uitos dos objetos que utilizamos cotidianamente provêm de indústrias que transformam mate-
riais em produtos. Isso com o objetivo básico de nos auxiliar nas mais variadas tarefas. Para tanto,
as transformações químicas envolvidas nesses processos são controladas das mais variadas formas.
Um dos controles básicos diz respeito às quantidades utilizadas e produzidas nas transformações químicas.
Esse controle é baseado na Lei da Conservação de Massa, de Antoine Laurent de Lavoisier, e na Lei das Pro-
porções Definidas, deJoseph Louis Proust.
142
Lei de Lavoisier
A Lei de Conservação de Massa é resultante de estudos quantitativos sobre as transformações químicas. O
trabalho de Lavoisier foi caracterizado pelo uso sistêmico de instrumentos de medição e controle rigoroso das
quantidades dos materiais envolvidos nas transformações químicas.
Entre seus experimentos, destaca-se o estudo com o aquecimento do mercúrio líquido. Ele aqueceu em
sistema fechado uma amostra de mercúrio previamente mensurada e observou a formação de um sólido
vermelho, o óxido de mercúrio, verificando que a massa do óxido formado era igual à massa inicial dos rea-
gentes. Veja uma representação da reação utilizada por Lavoisier:

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MASSA INICIAL = MASSA FINAL

  Massa de reagentes Massa de produto

Materiais mercúrio + gás oxigênio óxido de mercúrio

Características líquido prateado - gás incolor sólido vermelho

Lavoisier registrou em seus trabalhos que existe ainda uma relação entre as massas dos reagentes envolvi-
das e os produtos, na qual não se podem usar quaisquer quantidades de reagentes para obter uma quanti-
dade arbitrária de produto(s). Ele chegou a essa conclusão a partir de seu experimento envolvendo os gases
oxigênio e hidrogênio, para obtenção da água em sistema fechado.
A Tabela 1, a seguir, com dados similares aos adotados por Lavoisier em seus experimentos, pode ajudar
no entendimento de sua postulação:

TABELA 1 - DADOS SIMILARES AOS OBTIDOS EM 4 DAS EXPERIÊNCIAS DE LAVOISIER

Massa de Massa de Massa de


Massa de gás Massa de gás
Experiência água for- oxigênio que hidrogênio que
oxigênio (g) hidrogênio (g)
mada (g) não reagiu (g) não reagiu (g)

a 0,033 0,002 0,018 0,016 0,0

b 0,033 0,004 0,037 0,0 0,0

c 0,033 0,006 0,037 0,0 0,002

d 0,085 0,0015 0,095 0,0 0,004 143

Obs.: 0,001g para cima ou para baixo está dentro do considerado erro de pesagem da balança.
A relação entre reagentes e produtos é verificada nos dados apresentados nos quatro ensaios (a, b, c,
d). Considerando a precisão da balança, pode-se afirmar que realmente ocorreu a conservação da massa.
Vejamos o caso do experimento b: foram utilizados 0,033 g de gás oxigênio e 0,004 g de gás hidrogênio para
produzir 0,037 g de água com nenhuma sobra de reagentes.
Pode-se verificar que a massa de água formada é exatamente o somatório das massas dos dois gases
envolvidos. Essa conclusão é reforçada ao observar a experiência c, na qual se utilizou 0,006 g de gás hidro-
gênio, ao invés dos 0,004 g adotados no experimento b, pois a diferença entre os dois valores, 0,002 g, é o
exato valor que sobrou de hidrogênio nessa experiência.
Considerando também o experimento d como referência de análise, verifica-se que para formar 0,095
g de água são necessários 0,085 g de gás oxigênio e 0,011 g de gás hidrogênio, ou seja, dos 0,015 g de hi-
drogênio utilizados restaram 0,004 g, demonstrando, assim, que existem quantidades especificas dos gases
reagentes.

Lei de Proust
Em 1799, Joseph Louis Proust, com base no raciocínio da Lei da Conservação das Massas, estabeleceu
a Lei das Proporções Definidas (Lei de Proust), segundo a qual um determinado composto químico sempre
contém os seus elementos nas mesmas proporções em massa.
Como exemplo pode-se analisar a reação de combustão entre o metal magnésio e o gás oxigênio. Veja
a representação:

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TABELA 2 - VALORES DE TRÊS EXPERIÊNCIAS ENVOLVENDO A COMBUSTÃO DO MAGNÉSIOR

Experiência 2Mg + O2 ==> 2MgO

a 48,6 g   32 g   80,6 g

b 97,2 g   64 g   161,2 g

c 24,3 g   16 g 0,0 40,3 g

Segundo a Lei de Proust, existe uma proporção definida entre as massas de reagentes para a formação
de produtos. Por exemplo, no caso específico da combustão do metal magnésio, representado na Tabela 2,
a proporção é constante, mesmo tendo sido utilizadas massas diferentes dos materiais nas três experiências.
Vejamos o raciocínio matemático:

48,6 : 32 = 1,52

97,2 : 64 = 1,52

24,3 : 16 = 1,52

A reação de formação do óxido de magnésio apresentará sempre a mesma relação entre magnésio e
oxigênio, qualquer que seja a massa formada, ou seja, 1,52 partes de magnésio para 1 parte de oxigênio.
É importante ressaltar que Lavoisier e Proust realizaram seus experimentos com quantidades de materiais
possíveis de serem mensuradas nas balanças existentes em suas épocas - e que, atualmente, trabalhos des-
sa natureza, realizados com balanças de última geração, apontam para a confirmação das duas teorias.

ESTEQUIOMETRIA
144 Estequiometria é a parte da Química que estuda as proporções dos elementos que se combinam ou que
reagem.
 
MASSA ATÔMICA (u)
É a massa do átomo medida em unidades de massa atômica (u).
A massa atômica indica quantas vezes o átomo considerado é mais pesado que 1/2do isótopo C12. 
Na natureza, quase todos os elementos são misturas dos seus isótopos com diferentes porcentagens em
massa. Estas porcentagens são chamadas de abundâncias relativas.
Veja a abundância relativa do cloro:

Isótopo Abundância Relativa Massa Atômica


Cl35 75,4% 34,969 u
Cl37 24,6% 36,966 u

A massa atômica do cloro que aparece na Tabela Periódica dos Elementos é a média ponderada destas
massas. O cálculo é feito desta maneira:

Veja a porcentagem dos isótopos do hidrogênio na natureza:

1H1 1H² 1H³


99,9% 0,09% 0,01%
Hidrogênio Deutério Trítio

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Antigamente, utilizava-se o termo “peso atômico”. Mas deve-se evitar este termo. Para determinar as
massas atômicas dos elementos é utilizado um aparelho chamado espectrômetro de massas.

 MASSA MOLECULAR (MM)


É a massa da molécula medida em unidades de massa atômica. Para cálcu-
los estequiométricos, utiliza-se a unidade gramas (g). O cálculo da massa molecular é fei-
to a partir das massas atômicas dos elementos e a soma dos seus átomos na molécula.
Assim:
H2O (água)
O = 1x 16 = 16
H=2x1=2
MM = 16 + 2 = 18g ou 18u
Na fórmula da água há 1 átomo de O que é multiplicado pela sua massa atômica (16), resultando em
16. Há dois átomos de H que é multiplicado pela sua massa atômica (1), resultando em 2. Estes resultados são
somados e desta forma encontramos o valor da massa molecular, 18g ou 18u.
Veja outros exemplos:
CO2 (dióxido de carbono)
O = 2 x 16 = 32
C = 1 x 12 = 12
MM = 32 + 12 = 44g ou 44u
C12H22O11 (sacarose)
O = 11 x 16 = 176
H = 22 x 1 = 22
C = 12 x 12 = 144
MM = 176 + 22 + 144 = 342g ou 342u
Mg(OH)2  (hidróxido de magnésio)
H=2x1=2
O = 2 x 16 = 32
Mg = 1 x 24 = 24 145
MM = 2 + 32 + 24 = 58g ou 58u
Ca(NO3)2  (nitrato de cálcio)
O = 6 x 16 = 96
N = 2 x 14 = 28
Ca = 1 x 40 = 40
MM = 96 + 28 + 40 = 164g ou 164u
CuSO4.5H2O (sulfato cúprico penta-hidratado)
O = 5 x 16 = 80
H = 10 x 1 = 10
O = 4 x 16 = 64
S = 1 x 32 = 32
Cu = 1 x 63,5 = 63,5
MM = 80 + 10 + 64 + 32 + 63,5 = 249,5g ou 249,5u

Fórmula Mínima
É uma fórmula que fornece o número relativo entre os átomos da substância.
Mostra a proporção em número de átomos dos elementos expressa em número inteiros e os menores
possveis.
Veja a fórmula mínima de algumas substâncias e sua fórmula moleculares:

Substância Fórmula Molecular Fórmula Mínima


Água Oxigenada H2O2 HO
Glicose C6H12O6 CH2O
Ácido Sulfúrico H2SO4 H2SO4

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Geralmente, as fórmulas mínimas são uma “simpli- O mol indica quantidade. Um mol de qualquer
ficação matemática” da fórmula molecular. A água coisa possui 6,02x1023 unidades. É utilizado em quími-
oxigenada pode ser dividida por 2 formando a fór- ca para referir-se à matéria microscópica, já que este
mula mínima acima. Na glicose, a fórmula molecular número é muito grande. Pode ser usado para quanti-
foi dividida por 6 e no ácido sulfúrico, não é possível
ficar átomos, moléculas, íons, número de elétrons, etc.
dividir por um número inteiro, então a fórmula mínima O número 6,02x1023 é a constante de Avogadro.
fica igual à fórmula molecular. Exemplos:
1 mol de átomos de H tem 6,02x1023 átomos.
Composição Centesimal ou Análise Elementar 2 mol de átomos de H tem 2 x 6,02x1023 átomos =
A fórmula centesimal fornece o percen- 12,04x1023 átomos de H
tual dos átomos que compõe a substância.  O mol indica massa. Um mol de um elemento é
Representa a proporção em massa que existe na igual a sua massa molecular em gramas (g).
substância. É sempre constante e segue a Lei de Exemplos:
Proust. 1 mol de água tem 18g
Exemplo: 2 mol de água tem 2 x 18 = 36g
C: 85,6% O mol indica volume. Na realidade, indica o vo-
H: 14,4% lume ocupado por um gás nas CNTP (condições nor-
mais de temperatura e pressão). Para gases que estão
Veja como calcular a fórmula centesimal a partir nestas condições, o valor de um mol é 22,4L (litros).
de dados obtidos da análise da substância: CNTP: 
A análise de 0,40g de um certo óxido de ferro re- T=0°C = 273K
velou que ele possui 0,28g de ferro e 0,12g de oxigê- P = 1atm = 760mmHg
nio. Qual é a sua fórmula centesimal? Exemplos:
1 mol de CO2 ocupa que volume nas CNTP? 22,4L
2 mol de CO2 ocupa que volume nas CNTP? 2 x
22,4L = 44,8L
Para gases que não estão nestas condições, uti-
146 liza-se a fórmula do Gás Ideal ou Equação de Cla-
x = 70% de Fe
peyron:
P.V = n.R.T

Onde:
P = pressão do gás (atm)
V = volume do gás (L)
  x = 30%
n = número de mols do gás (mol)
R = constante de Clapeyron = 0,082atm.L/mol.K
Então, neste óxido possui 70% de Fe e 30% de O.
T = temperatura do gás (K)
MOL
A palavra mol foi utilizada pela primeira vez pelo ESTEQUIOMETRIA COMUM / ESTEQUIOMETRIA DA
químico Wilhem Ostwald em 1896. Em latim, esta pa- FÓRMULA:
lavra significa mole, que significa”monte”, “quantida- Os cálculos estequiométricos são cálculos que re-
de”. A partir desta palavra também originou  molé- lacionam as grandezas e quantidades dos elementos
cula, que quer dizer pequena quantidade. Algumas químicos. Utiliza-se muito o conceito de mol nestes
mercadorias são vendidas em quantidades já defini- cálculos.  É muito importante saber transformar a uni-
das, como por exemplo a dúzia (6), a resma (500) e dade grama em mol. Pode-se usar a seguinte fórmula:
etc.
O mol também determina quantidade. Pode de-
terminar também massa e volume. Veja o esquema
a seguir:

Onde:
n = número de mol (quantidade de matéria)
m = massa em gramas
MM = massa molar (g/mol)

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Exemplo: 3) Qual o volume ocupado por 4 mol do gás Cl2


nas CNTP?
Quantas gramas existem em 2 mol de CO2?

x  = 4 x 22,4
x = 89,6L
Este cálculo pode ser feito também por Regra de Três:
4) Quantos mols existem em 89,6L do gás CO2 nas
CNTP?

Para os cálculos com regra de três, sempre de-


vemos colocar as unidade iguais uma embaixo da x = 4 mol
outra, como no exemplo acima.  
Outros exemplos de cálculos estequiométricos ESTEQUIOMETRIA DA EQUAÇÃO QUÍMICA
envolvendo apenas a fórmula química: Os cálculos estequiométricos que envolvem uma
reação química consiste em encontrar as quantidades
1)Quantos mols há em 90g de H2O? de certas substâncias a partir de dados de outras subs-
tâncias que participam da mesma reação química. 
 
Estes cálculos são feitos através de proporções. De-
ve-se levar em conta os coeficientes, que agora se- 147
rão chamados de coeficientes estequiométricos.
Veja alguns passos que podem ser seguidos para
montar e calcular:
1. fazer o balanceamento da equação química
90 = 18. x (acertar os coeficientes estequiométricos);
2. fazer contagem de mol de cada substância;
3. ler no problema o que pede;
4. relacionar as grandezas;
5. calcular com regra de três (proporção).

5 mol = x Exemplos:
1) 108g de metal alumínio reagem com o ácido
2) Quantas moléculas de água há em 3 mol de sulfúrico, produzindo o sal e hidrogênio, segundo a
H2O? reação abaixo:
 

Determine:

a) o balanceamento da equação:

x = 3 . 6,02.1023
x = 18,06. 1023 ou 1,806.1024 moléculas

Isto quer dizer que 2 mol de Al reage com 3 mol


de H2SO4 reagindo com 1 mol de Al2(SO4)3 e 3 mol
de H2

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b) a massa de ácido sulfúrico necessária para Qual massa de óxido de cálcio obtida a partir da
reagir com o alumínio: queima de 800g de calcita?

1°) passo:                                      

x = 640g de CaCO3  
2°) passo:   
Para o restante do cálculo, utiliza-se somente o
valor de CaCO3  puro, ou seja, 640g.

3°) passo:

148

x = 358,4g de CaO

CÁLCULO DE RENDIMENTO
É comum, nas reações químicas, a quan-
tidade de produto ser inferior ao valor espera-
x = 588g de H2SO4 do. Neste caso, o rendimento não foi total. Isto
pode acontecer por várias razões, como por
Relacionar a massa de ácido com a massa de exemplo, má qualidade dos aparelhos ou dos
alumínio, como no 3° passo. Antes, no 1° e no 2°pas- reagentes, falta de preparo do operador, etc.
so, transformar o número de mol em gramas. O cálculo de rendimento de uma reação química
é feito a partir da quantidade obtida de produto
CÁLCULO DE PUREZA e a quantidade teórica (que deveria ser obtida).
O cálculo de pureza é feito para determinar a Quando não houver referência ao rendimento de
quantidade de impurezas que existem nas substâncias.  reação envolvida, supõe-se que ele tenha sido de
Estes cálculos são muito utilizados, já que nem todas 100%.
as substâncias são puras. Exemplo:
Exemplo: Num processo de obtenção de ferro a partir do
Uma amostra de calcita, contendo 80% de car- minério hematita (Fe2O3), considere a equação quí-
bonato de cálcio, sofre decomposição quando sub- mica não-balanceada:
metida a aquecimento, de acordo com a reação:

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Utilizando–se 480g do minério e admitindo-se um Exemplos:


rendimento de 80% na reação, a quantidade de
ferro produzida será de: 1) Zinco e enxofre reagem para formar sulfeto de
zinco de acordo com a seguinte reação:
Equação Balanceada: 

Reagiu 30g de zinco e 36g de enxofre. Qual é o


regente em excesso?
Dados:  1Fe2O3 = 480g                                               
2Fe = x (m) com 80% de rendimento Balancear a reação química: 
MM Fe2O3 = 160g/mol
MM Fe = 56g/mol
Dados:
Zn = 30g
S = 36g

Transformar a massa em gramas para mol:

x = 336g de Fe

Cálculo de Rendimento:
149

Pela proporção da reação 1mol de Zn reage


x = 268,8g de Fe com 1mol de S.Então 0,46mol de Zn reage com quan-
tos mols de S?
CÁLCULO DO REAGENTE LIMITANTE E EM EXCESSO: Pode ser feita uma regra de três para verificar
Para garantir que a reação ocorra e para ocorrer qual regente está em excesso:
mais rápido, é adicionado, geralmente, um excesso
de reagente. Apenas um dos reagentes estará em
excesso. O outro reagente será o limitante.
Estes cálculos podem ser identificados quando
o problema apresenta dois valores de reagentes. É
 x = 0,46mol de S
necessário calcular qual destes reagentes é o limitan-
te e qual deles é o que está em excesso. Depois de
Então 1mol de Zn precisa de 1mol de S para rea-
descobrir o reagente limitante e em excesso, utiliza-
gir. Se temos 0,46mol de Zn, precisamos de 0,46mol
se apenas o limitante como base para os cálculos
de S, mas temos 1,12mol de S. Concluímos que o S
estequiométricos. 
está em excesso e, portanto o Zn é o regente limi-
tante.

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2) Quantos gramas de ZnS será formado a partir


dos dados da equação acima?
Para resolver esta pergunta, utiliza-se somente o
valor do reagente limitante.

SUBSTÂNCIA E MISTURA
Analisando a matéria qualitativamente (qualida-
de) chamamos a matéria de substância.
Substância – possui uma composição característi-
x = 44,68g de ZnS ca, determinada e um conjunto definido de proprie-
dades.
Algumas constantes e conversões úteis: Pode ser simples (formada por só um elemento
1atm = 760mmHg = 101325Pa químico) ou composta (formada por vários elemen-
1Torr = 1mmHg tos químicos).
R= 0,082atm.L/mol.K Exemplos de substância simples: ouro, mercúrio,
150 R= 8,314/mol.K ferro, zinco.
R= 1,987cal/mol.K Exemplos de substância composta: água, açúcar
(sacarose), sal de cozinha (cloreto de sódio).
Número de Avogadro: 6,02.1023 Mistura  – são duas ou mais substâncias agrupa-
1mL = 1cm³ das, onde a composição é variável e suas proprieda-
1dm³ = 1L = 1000mL des também.
1000Kg = 1ton Exemplo de misturas: sangue, leite, ar, madeira,
1Kg = 1000g granito, água com açúcar.
1g = 1000mg
1nm = 1.10-9m CORPO E OBJETO
Analisando a matéria quantitativamente chama-
Qualquer coisa que tenha existência física ou real mos a matéria de Corpo.
é matéria. Tudo o que existe no universo conhecido Corpo - São quantidades limitadas de matéria.
manifesta-se como matéria ou energia.A matéria Como por exemplo: um bloco de gelo, uma barra
pode ser líquida, sólida ou gasosa. São exemplos de de ouro. Os corpos trabalhados e com certo uso são
matéria: papel, madeira, ar, água, pedra.  chamados de objetos. Uma barra de ouro (corpo)
pode ser transformada em anel, brinco (objeto).

FENÔMENOS QUÍMICOS E FÍSICOS


Fenômeno é uma transformação da matéria.
Pode ser química ou física.
Fenômeno Químico é uma transformação da
matéria com alteração da sua composição. 
Exemplos: combustão de um gás, da madeira,
formação da ferrugem, eletrólise da água.
  

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Inércia – resistência que um corpo oferece a


qualquer tentativa de variação do seu estado de
movimento ou de repouso. O corpo que está em re-
pouso, tende a ficar em repouso e o que está em
movimento tende a ficar em movimento, com veloci-
dade e direção constantes.
Peso – é a força gravitacional entre o corpo e a
Terra.
Elasticidade – propriedade onde a matéria tem
de retornar ao seu volume inicial após cessar a força
que causa a compressão.
Compressibilidade – propriedade onde a matéria
tem de reduzir seu volume quando submetida a cer-
tas pressões.
Extensão  – propriedade onde a matéria tem de
ocupar lugar no espaço.
Química – é a ciência que estuda os fenômenos Divisibilidade  – a matéria pode ser dividida em
químicos. Estuda as diferentes substâncias, suas trans- porções cada vez menores. A menor porção da ma-
formações e como elas interagem e a energia en- téria é a molécula, que ainda conserva as suas pro-
volvida. priedades.
Impenetrabilidade – dois corpos não podem ocu-
Fenômenos Físicos - é a transformação da maté-
par o mesmo espaço ao mesmo tempo.
ria sem alteração da sua composição.
As propriedades específicas são próprias para
Exemplos: reflexão da luz, solidificação da água,
cada tipo de matéria, diferenciando-as umas das
ebulição do álcool etílico.
outras. Podem ser classificadas em organolépticas,
Física – é a ciência que estuda os fenômenos fí-
físicas e químicas.
sicos. Estuda as propriedades da matéria e da ener-
As propriedades organolépticas podem ser per-
gia, sem que haja alteração química. cebidas pelos órgãos dos sentidos (olhos, nariz, lín-
gua). São elas: cor, brilho, odor e sabor. 151
As propriedades físicas são: ponto de fusão e
ponto de ebulição, solidificação, liquefação, calor
específico, densidade absoluta, propriedades mag-
néticas, maleabilidade, ductibilidade, dureza e tena-
cidade.
Ponto de fusão e ebulição – são as temperaturas
onde a matéria passa da fase sólida para a fase lí-
quida e da fase líquida para a fase sólida, respecti-
vamente.
Ponto de ebulição e de liquefação – são as tem-
peraturas onde a matéria passa da fase líquida para
a fase gasosa e da fase gasosa para a líquida, res-
pectivamente.
Calor específico – é a quantidade de calor ne-
cessária para aumentar em 1 grau Celsius (ºC) a tem-
  peratura de 1grama de massa de qualquer substân-
PROPRIEDADES DA MATÉRIA cia. Pode ser medida em calorias.
O que define a matéria são suas propriedades. Densidade absoluta – relação entre massa e vo-
Existem as propriedades gerais e as propriedades es- lume de um corpo.
pecíficas.As propriedades gerais são comuns para d=m:V
todo tipo de matéria e não permitem diferenciar  
Propriedade magnética – capacidade que uma
uma da outra. São elas: massa, peso, inércia, elas-
substância tem de atrair pedaços de ferro (Fe) e ní-
ticidade, compressibilidade, extensão, divisibilidade,
quel (Ni).
impenetrabilidade.
Maleabilidade – é a propriedade que permite à
Massa – medida da quantidade de matéria de
matéria ser transformada em lâmina. Característica
um corpo. Determina a inércia e o peso.
dos metais.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Ductibilidade – capacidade que a substância Exemplos: 


tem de ser transformada em fios. Característica dos - água + sal
metais. - água + álcool etílico
Dureza – é determinada pela resistência que a - água + acetona
superfície do material oferece ao risco por outro ma- - água + açúcar
terial. O diamante é o material que apresenta maior - água + sais minerais
grau de dureza na natureza.

Tenacidade – é a resistência que os materiais  


oferecem ao choque mecânico, ou seja, ao impac- Mistura Heterogênea – é formada por duas ou
to. Resiste ao forte impacto sem se quebrar. mais fases. As substâncias podem ser diferenciadas a
As propriedades químicas são as responsáveis olho nu ou pelo microscópio. 
pelos tipos de transformação que cada substância é Exemplos: 
capaz de sofrer. Estes processos são as reações quí- - água + óleo 
micas.  - granito
  - água + enxofre
 MISTURAS - água + areia + óleo

152 MISTURA E SUBSTÂNCIA


Mistura – é formada por duas ou mais substâncias
puras. As misturas têm composição química variável,
não expressa por uma fórmula.
Algumas misturas são tão importantes que têm
nome próprio. São exemplos:
- gasolina – mistura de hidrocarbonetos, que são
substâncias formadas por hidrogênio e carbono.
- ar atmosférico – mistura de 78% de nitrogênio,
21% de oxigênio, 1% de argônio e mais outros gases,
como o gás carbônico.
Os sistemas monofásicos são as misturas homogê-
- álcool hidratado – mistura de 96% de álcool etí-
neas.Os sistemas polifásicos são as misturas hetero-
lico mais 4% de água. gêneas. Os sistemas homogêneos, quando formados
Substância – é cada uma das espécies de maté- por duas ou mais substâncias miscíveis (que se mistu-
ria que constitui o universo. Pode ser simples ou com- ram) umas nas outras chamamos de soluções.
posta. São exemplos de soluções: água salgada, vina-
gre, álcool hidratado.
SISTEMA E FASES Os sistemas heterogêneos podem ser formados
Sistema – é uma parte do universo que se deseja por uma única substância, porém em várias fases de
observar, analisar. Por exemplo: um tubo de ensaio agregação (estados físicos).
com água, um pedaço de ferro, uma mistura de Exemplo:Água líquida, sólida (gelo),vapor
água e gasolina, etc.
Fases – é o aspecto visual uniforme. SEPARAÇÃO DE MISTURA
As misturas podem conter uma ou mais fases. Os componentes das misturas podem ser separa-
Mistura Homogênea – é formada por apenas dos. Há algumas técnicas para realizar a separação
uma fase. Não se consegue diferencias a substância. de misturas. O tipo de separação depende do tipo
de mistura.

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Alguns dos métodos de separação de mistura


são: catação, levigação, dissolução ou flotação,
peneiração, separação magnética, dissolução fra-
cionada, decantação e sedimentação, centrifu-
gação, filtração, evaporação, destilação simples e
fracionada e fusão fracionada.
Separação de Sólidos
Para separar sólidos podemos utilizar o método
da catação, levigação, flotação ou dissolução, pe-
neiração, separação magnética, ventilação e dis-
solução fracionada.
- CATAÇÃO – consiste basicamente em recolher
com as mãos ou uma pinça um dos componentes
da mistura. - VENTILAÇÃO – usado para separar dois compo-
Exemplo: separar feijão das impurezas antes de
nentes sólidos com densidades diferentes. É aplica-
cozinhá-los.
do um jato de ar sobre a mistura.Exemplo: separar
- LEVIGAÇÃO – separa substâncias mais densas
o amendoim torrado da sua casca já solta; arroz +
das menos densas usando água corrente. 
palha.
Exemplo: processo usado por garimpeiros para
- DISSOLUÇÃO FRACIONADA - consiste em sepa-
separar ouro (mais denso) da areia (menos densa).
rar dois componentes sólidos utilizando um líquido
- DISSOLUÇÃO OU FLOCULAÇÃO – consiste em
que dissolva apenas um deles. Exemplo: sal + areia 
dissolver a mistura em solvente com densidade in-
Dissolve-se o sal em água. A areia não se dissolve
termediária entre as densidades dos componentes
das misturas. na água. Pode-se filtrar a mistura separando a areia,
Exemplo: serragem + areia  que fica retida no filtro da água salgada. Pode-se
Adiciona-se água na mistura. A areia fica no fun- evaporar a água, separando a água do sal
do e a serragem flutua na água.
- PENEIRAÇÃO – separa sólidos maiores de sólidos Separação de Sólidos e Líquidos
153
menores ou ainda sólidos em suspensão em líquidos. Para separar misturas de sólidos e líquidos pode-
Exemplo: os pedreiros usam esta técnica para mos utilizar o método da decantação e sedimenta-
separar a areia mais fina de pedrinhas; para separar ção, centrifugação, filtração e evaporação.
a polpa de uma fruta das suas sementes, como o - SEDIMENTAÇÃO – consiste em deixar a mistura
maracujá. em repouso até o sólido se depositar no fundo do re-
Este processo também é chamado de tamiza- cipiente. 
ção. Exemplo: água + areia

 - DECANTAÇÃO – é a remoção da parte líquida,


virando cuidadosamente o recipiente. Pode-se uti-
- SEPARAÇÃO MAGNÉTICA – usado quando um lizar um funil de decantação para remover um dos
dos componentes da mistura é um material magné- componentes da mistura. 
tico. Com um ímã ou eletroímã, o material é retira-
Exemplo: água + óleo; água + areia
do. 
Exemplo: limalha de ferro + enxofre; areia + ferro

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- CENTRIFUGAÇÃO – é o processo de aceleração


da sedimentação. Utiliza-se um aparelho chamado-
centrífuga ou centrifugador, que pode ser elétrico ou
manual. 
Exemplo: Para separar a água com barro.
O papel-filtro dobrado é usado quando o produ-
to que mais interessa é o líquido. A filtração é mais
lenta.
O papel-filtro pregueado produz uma filtração
mais rápida e é utilizada quando a parte que mais
interessa é a sólida.
Exemplo: água + areia
154

  

- EVAPORAÇÃO – consiste em evaporar o líquido


que está misturado com um sólido.
Exemplo: água + sal de cozinha (cloreto de só-
dio).
- FILTRAÇÃO – processo mecânico que serve para
Nas salinas, obtém-se o sal de cozinha por este
separar mistura sólida dispersa com um líquido ou
processo. Na realidade, as evaporações resultam em
gás. Utiliza-se uma superfície porosa (filtro) para reter
sal grosso, que se for purificado torna-se o sal refinado
o sólido e deixar passar o líquido. O filtro usado é um
(sal de cozinha), que é uma mistura de cloreto de
papel-filtro.
sódio e outras substâncias que são adicionadas pela
indústria.

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Separação de Misturas Homogêneas


Para separar os componentes das substâncias de misturas homogêneas usamos os métodos chamados
de fracionamento, que se baseiam na constância da temperatura nas mudanças de estados físicos. São
eles: destilação e fusão.
- DESTILAÇÃO – consiste em separar líquidos e sólidos com pontos de ebulição diferentes. Os líquidos de-
vem ser miscíveis entre si. 
Exemplo: água + álcool etílico; água + sal de cozinha
O ponto de ebulição da água é 100°C e o ponto de ebulição do álcool etílico é 78°C. Se aquecermos
esta mistura, o álcool ferve primeiro. No condensador, o vapor do álcool é resfriado e transformado em álcool
líquido, passando para outro recipiente, que pode ser um frasco coletor, um erlenmeyer ou um copo de bé-
quer. E a água permanece no recipiente anterior, separando-se assim do álcool. Para essa técnica, usa-se o
aparelho chamado destilador, que é um conjunto de vidrarias do laboratório químico. Utiliza-se: termômetro,
balão de destilação, haste metálica ou suporte, bico de Bunsen, condensador, mangueiras, agarradores e
frasco coletor. Este método é a chamada Destilação Simples.
Nas indústrias, principalmente de petróleo, usa-se a destilação fracionada para separar misturas de dois
ou mais líquidos. As torres de separação de petróleo fazem a sua divisão produzindo gasolina, óleo diesel, gás
natural, querosene, piche.  155
As substâncias devem conter pontos de ebulição diferentes, mas com valores próximos uns aos outros.

Fonte: http://www.infoescola.com/Modules/Articles/Images/destilacao-simples.gif

FUSÃO FRACIONADA – separa componentes de misturas homogêneas de vários sólidos. Derrete-se a subs-
tância sólida até o seu ponto de fusão, separando-se das demais substâncias.
Exemplo: mistura sólida entre estanho e chumbo. 
O estanho funde-se a 231°C e o chumbo, a 327°C. Então, funde-se primeiramente o estanho.

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 ÁTOMO
Toda matéria é formada por partículas muito pe-
quenas. Essas partículas chamamos de átomo.
ÁTOMO – É uma partícula indivisível.
Há cerca de 2,5 mil anos, o filósofo grego  Demó-
crito disse que se dividirmos a matéria em pedacinhos
cada vez menores, chegaremos a grãozinhos indivisí-
veis, que são os átomos (a = não e tomo = parte). Em
1897, o físico inglês Joseph Thompson (1856-1940) des-
cobriu que os átomos eram divisíveis: lá dentro havia o
elétron, partícula com carga elétrica negativa.

Fonte: http://www.infoescola.com/
Modules/Articles/Images/full-1-3d6aba4843.jpg

Essas partículas são caracterizadas pelas suas


cargas elétricas. O elétron tem carga -1 e massa des-
prezível (sendo aproximadamente 1/1836 a massa
do próton). A massa do próton seria então igual a 1
e a carga +1. O nêutron não possui carga elétrica e
sua massa é igual a do próton.
Observe a tabela entre as relações de massa das
Em 1911, o neozelandês Ernest Rutherford (1871- partículas fundamentais do átomo. Adota-se como
1937) mostrou que os átomos tinham uma região central padrão o próton com massa igual a 1:
compacta chamada núcleo e que lá dentro encontra-
vam-se os prótons, partículas com carga positiva. PARTÍCULA MASSA CARGA ELÉTRICA
P 1 +1
156
N 1 0
É 1/1836 -1

Note que a massa do elétron é 1.836 vezes me-


nor que a do próton, por isso desconsidera-se a sua
massa.
Tamanho do Átomo
Fonte: http://static.hsw.com.br O tamanho do átomo é medido em angstrons (Å).
/gif/atom-rutherford.jpg 1 angstron = 10-10metros
  O diâmetro médio do núcleo de um átomo fica
Em 1932, o físico inglês James Chadwick (1891-1974) entre 10-4 Å e 10-5 Å e o da eletrosfera é de 1Å. 
descobriu o nêutron, partícula neutra, companheira do A eletrosfera de um átomo é entre 10000 e 100000
próton no núcleo atômico. vezes maior que o seu núcleo. Essa diferença de ta-
No início dos anos 60, os cientistas já achavam que manho nos leva a admitir que o átomo é quase feito
prótons e nêutrons eram formados por partículas ainda de espaço vazio.
menores. Murray Gell-Mann, nascido em 1929 sugere a Em termos práticos, se o núcleo tivesse o tama-
existência dos quarks, que seriam essas partículas me- nho de uma bola de tênis, o primeiro elétron estaria a
nores. Os quarks são mantidos juntos por outras partícu- uma distância de 1 km.
las denominadas gluons.
Acreditava-se, na Antiguidade, que os átomos Camadas Eletrônicas / Níveis de Energia
eram indivisíveis e maciços. No século XX ficou provado Na eletrosfera, os elétrons giram em torno do nú-
que os átomos são formados por outras partículas. São cleo ocupando o que chamamos de NÍVEIS DE ENER-
três partículas fundamentais: elétrons, prótons e nêu- GIA ou CAMADAS ELETRÔNICAS. Cada nível possui
trons. um número inteiro de 1 a 7 ou pelas letras maiúsculas
O átomo se divide em duas partes: o núcleo e a K,L,M,N,O,P,Q. Nas camadas, os elétrons se movem e
eletrosfera. Os prótons e nêutrons ficam no núcleo do quando passam de uma camada para outra absor-
átomo e os elétrons ficam na eletrosfera. vem ou liberam energia.

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Quando um elétron salta para uma camada mais O número atômico é indicado pela letra (Z).
interna ele libera energia. Número Atômico é o número de prótons e elé-
Quando um elétron salta para uma camada mais trons (átomo neutro) que existem no átomo.
externa ele absorve energia. Exemplos:
A energia emitida é em forma de luz. Chamamos Na (sódio) Z=11
essa energia de “quantum” de energia. O “quan- He (hélio) Z=2
tum” também é chamado de fóton. V (vanádio) Z=23
Br (bromo) Z=84
Po (polônio) Z=84

Pode-se dizer que o número atômico é igual ao


número de prótons do núcleo. Se o átomo for neutro,
é igual ao número de elétrons também.
Z=p=é

Número de Massa (A)


Cada camada eletrônica pode conter certo nú- Número de massa é o peso do átomo. É a soma
mero máximo de elétrons. do número de prótons (Z) e de nêutrons (n) que exis-
tem num átomo.
Observe a tabela: A = p + n       ou      A = Z + n

NOME DA Nº MÁX. DE É É este número que informa se o átomo é mais


NÍVEL
CAMADA NA CAMADA “leve” ou mais “pesado”. São os prótons e nêutrons
K 1 2 quem dão a massa do átomo, já que os elétrons são
muito pequenos, com massa desprezível em relação
L 2 8
a estas partículas.
M 3 18 Exemplos:
N 4 32 Na (sódio) A = 23
157
O 5 32
Se o Na tem A = 23 e Z = 11, qual o número de n
P 6 18
(nêutrons)?
Q 7 8 A = 23
Z = p = é     
O número de camadas ou níveis de energia va- A=p+n
ria de acordo com o número de elétrons de cada 23 = 11 + n
átomo. n = 12 
Em todo átomo (exceto o paládio – Pd) o número
máximo de elétrons em uma camada K só suporta 2 A partir do Z, temos o número de prótons e de elé-
elétrons. trons do átomo. A partir da fórmula A = p + n, isolamos
A penúltima camada deve ter no máximo 18 elé- o n para achá-lo, substituindo o A e o p na fórmula.
trons. Então podemos utilizar também a fórmula:
Para os átomos com mais de 3 camadas, en- n=A–p
quanto a penúltima não estiver com 18 elétrons, a Observe o modelo:
última terá no máximo 2 elétrons. a) K (potássio) 
Observe algumas distribuições:
A = 39
H (hidrogênio) nº de é = 1       K=1
Z = 19
K (potássio) nº de é = 19         K = 2   L=8   M = 8  N = 1
p = 19
Be (berílio) nº de é = 4             K = 2   L = 2
é = 19
Zr (zircônio) nº de é = 40         K = 2    L = 8  M = 18  
n = 20
N = 10   O = 2
Encontramos estes valores na Tabela Periódica
Número Atômico (Z)
dos Elementos. Toda tabela possui a sua legenda in-
Cada átomo possui o seu número atômico. Ele in-
formando o número atômico e o número de massa.
dica o número de elétrons e prótons do átomo. Se ele
Aplicando a fórmula correta, conseguimos encontrar
estiver com sua carga elétrica zero ele está neutro,
o valor de nêutrons.
ou seja, é um átomo neutro.

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 ÍON ELEMENTOS QUÍMICOS E SÍMBOLOS


O átomo que possui p = é, ou seja, o número de Elemento Químico é o conjunto de todos os áto-
prótons igual ao número de elétrons é eletricamente mos com o mesmo número atômico (Z).
neutro. O número atômico (Z) identifica o elemento. Esta
Átomo neutro = p = é proposta foi feita por Moseley, em 1914.
Se o átomo tiver elétrons a mais ou a menos, então Cada elemento químico é representado por um
não será mais um átomo neutro. Este átomo passará a símbolo. Em geral, o símbolo do elemento deve ser a
ser chamado de ÍON. letra inicial do seu nome, em letra de imprensa maiús-
Íon = p ≠ é cula.
Íon é um átomo que perde ou ganha elétrons. Ele H – hidrogênio
pode ficar negativo ou positivo. Então: F – flúor
Íon positivo (+) doa elétrons – íon cátion. Ex. Na+ O – oxigênio
Íon negativo (-) recebe elétrons – íon ânion. Ex. Cl- I – iodo
Quando um cátion doa elétrons, ele fica positivo. C – carbono
Quando um ânion ganha elétrons, ele fica nega- N – nitrogênio
tivo. B – boro

ISÓTOPO, ISÓBARO E ISÓTONO Outros são seguidos pela segunda letra do ele-
Se observarmos o número atômico, número de mento.
massa e de nêutrons de diferentes átomos podemos Co – cobalto
encontrar conjuntos de átomos com outro número Cr – crômio
igual. Cu – cobre
Os isótopos são átomos que possuem o mesmo nú- Cs – césio
mero de prótons (p) e diferente número de massa (A). Ca – cálcio
Exemplo: o hidrogênio (H) Cl – cloro
¹H                   ²H              ³H
Cd – cádmio
¹                      ¹                ¹
hidrogênio     deutério    trítio
Outros têm o seu símbolo derivado do seu nome
158 Z = 1             Z = 1         Z = 1
em latim.
A = 1            A = 2         A = 3
Na (natrium) – sódio
K (kalium) – potássio
Este fenômeno é muito comum na natureza. Qua-
S (sulfur) – enxofre
se todos os elementos químicos naturais são formados
P (phosphoros) – fósforo
por mistura de isótopos.
Ag (argentum) – prata
Os isóbaros são átomos que possuem o mesmo
Au (aurum) – ouro
número de massa (A) e diferente número de prótons.
Cu (cuprum) – cobre
Exemplo:
Sn (stannum) – estanho
40
K                        40Ca
19
                            20 Pb (plumbum) – chumbo
A = 40               A = 40 Hg (hydrargyrium) - mercúrio
Z = 19               Z = 20
O símbolo representa o átomo do elemento quí-
São átomos de elementos químicos diferentes, mico.
mas que tem o mesmo número de massa. A representação (notação) é feita colocando o
Os isótonos são átomos que possuem o mesmo nú- símbolo do elemento, o número atômico Z à esquer-
mero de nêutrons e com diferentes números de pró- da e abaixo do símbolo e o número de massa (A) à
tons e de massa. São átomos de diferentes elementos esquerda ou direita acima do símbolo.
químicos. Veja o modelo:
Exemplo:
A
X             XA
A = 37Cl                  A = 40Ca
Z
             Z   
Z = 17                     Z = 20 Observe os exemplos:
__________           __________
40
Ca     ou     Ca40                    56Fe          ou      Fe56
n = 20                        n = 20                         20                20                         2
7
                      27                           
Os isótonos têm propriedades químicas e físicas di-
ferentes.

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MASSA ATÔMICA
A massa atômica do átomo é expressa em u. Indica quantas vezes a massa do átomo é maior que 1/12
da massa do átomo de carbono (A =12).
Quando medimos uma grandeza, comparamos com outra como referência. Para medir a massa do nos-
so corpo utilizamos o quilograma (kg) como unidade padrão. Se a pessoa tem massa igual a 80kg significa
que a sua massa é 80 vezes maior que a massa de 1 kg.
A Química, na prática, não se interessa em saber a massa de um átomo isolado, mas para a ciência, é
importante saber a massa dos átomos comparados com a massa de outro átomo tomado como padrão. O
carbono então foi o elemento que tem sua massa padronizada (A =12). 
A massa de um átomo é expressa empregando uma unidade muito pequena chamada unidade de
massa atômica (u). Antigamente, usava-se a sigla u.m.a para esta unidade.
Uma unidade de massa atômica (u) é 1/12 da massa de um átomo de carbono (A=12). Isso equivale
estabelecer o valor 12u como sendo a massa de um átomo de carbono (A=12).
Massa Atômica é a massa do átomo expressa em u. Indica quantas vezes a massa do átomo é maior que
1/12 da massa do átomo de carbono (A=12).
Quando se afirma que a massa de um elemento X é igual a 24u, significa que a sua massa é 24 vezes
maior que a massa de 1/12 do átomo do carbono (A=12). Em outras palavras, a massa atômica do elemento
X é duas vezes a massa atômica do carbono.
Tabela com alguns elementos químicos e seus números atômicos e massas atômicas:

ELEMENTO SÍMBOLO NÚMERO ATÔMICO MASSA ATÔMICA


ENXOFRE S 16 32,06
OXIGÊNIO O 8 16,00
SÓDIO Na 11 23,00
ALUMÍNIO Al 13 26,98154
CÁLCIO Ca 20 40,08
HÉLIO He 2 4,00260 159
IODO I 53 126,9045
COBRE Cu 29 63,55

Massa Atômica e seus Isótopos


O número atômico e o número de massa sempre são números inteiros, mas com a massa atômica isso
não acontece. 
A massa atômica de um elemento químico é baseada na média ponderada das massas de seus isótopos
em unidades de massa atômica (u). Isto quer dizer que há vários isótopos na natureza e é feito um cálculo,
uma média ponderada, que leva em consideração as abundâncias relativas desses isótopos, para ser usado
como a massa atômica.
Então, a massa atômica é uma média dos diversos isótopos que existem na natureza sendo levada em
consideração a sua quantidade existente.
Exemplo: 
Na natureza há dois tipos de cobre (com massas diferentes).

69,09% de cobre (A=63), com massa atômica = 62,93u


30,91% de cobre (A=65), com massa atômica = 64,93u
Qual massa destes cobres é tida como referência e colocada na Tabela Periódica?
Devemos fazer a média ponderada destes isótopos:
 
(69,09 x 62,93)+(30,91 x 64,93)            
_____________________________ = 63,55u
100

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TABELA PERIÓDICA Como utilizar a Tabela Periódica?


A partir do século XIX, cientistas começaram a Cada quadro da tabela fornece os dados refe-
perceber que os elementos químicos poderiam ser rentes ao elemento químico: símbolo, massa atômi-
agrupados em colunas, formadas pela reunião de ca, número atômico, nome do elemento, elétrons
elementos com propriedades semelhantes. nas camadas e se o elemento é radioativo.
O número de elementos químicos conhecidos As filas horizontais são denominadas períodos. Ne-
pelo homem aumentou com o passar dos séculos, les os elementos químicos estão dispostos na ordem
principalmente no XIX. crescente de seus números atômicos. O número da
Observe a tabela: ordem do período indica o número de níveis energé-
ticos ou camadas eletrônicas do elemento.
ATÉ O FINAL DO Nº DE ELEMENTOS A tabela periódica apresenta sete períodos:
SÉCULO: QUÍMICOS
1º período – 2 elementos
XVI 14
2º período – 8 elementos
XVII 33 3º período – 8 elementos
XIX 83 4º período – 18 elementos
XX 112 5º período – 18 elementos
6º período – 32 elementos
Alguns elementos que já eram conhecidos antes 7º período – até agora 30 elementos
de 1650, como Ag, C, As, Au, Hg, Pb, Sn, Sb, Cu, S. As colunas verticais constituem as famílias ou gru-
Depois de tantos químicos tentarem classificar pos, nas quais os elementos estão reunidos segundo
os elementos químicos, Dimitri Ivanovitch Mendele- suas propriedades químicas. 
yev foi o que mais se destacou. Seu trabalho em clas-
sificar os elementos é usado até hoje. Ele criou uma As famílias ou grupos vão de 1 a 18. Algumas fa-
tabela periódica dos elementos, que serviu de base mílias possuem nome, como por exemplo:
para organizar a que temos hoje. 1 – alcalinos 
Mendeleyev observou que há uma periodicida- 2 – alcalinos terrosos
de das propriedades quando os elementos químicos 13 – família do boro
160 14 – família do carbono
eram colocados em ordem crescente de suas mas-
sas atômicas. 15 – família do nitrogênio
16 – família dos calcogênios
17 – família dos halogênios
18 – gases nobres
Da família 1 e 2 e 13 até 18 chamamos de ele-
mentos representativos.
Da família do 3 até 12 chamamos de elementos
de transição. 
Os elementos que ficam na série dos lantanídeos
e actinídeos são os elementos de transição. Como
eles estão no grupo 3, como se estivessem numa
“caixinha” para dentro da tabela, são chamados de
elementos de transição interna. E os demais são cha-
mados de elementos de transição externa.
 

Lei da periodicidade – muitas propriedades físicas


e químicas dos elementos variam periodicamente na
sequência de seus números atômicos.

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Os elementos químicos estão reunidos em três grandes grupos: metais, não-metais e gases nobres. O
hidrogênio (H) não se encaixa em nenhuma dessas classificações porque possui características próprias.
Algumas tabelas mostram esta divisão. Os metais são elementos químicos que possuem várias propriedades 161
específicas, como brilho, condutividade térmica e elétrica, maleabilidade e ductibilidade. Todos os metais
são sólidos à temperatura de 25ºC e pressão de 1atm, exceto o mercúrio (Hg) que é líquido nestas condições.

             
  
Quase todos os metais têm brilho, pois são capazes de refletir muito bem a luz. Ouro, prata e alumínio são
exemplos de metais com muito brilho. Os metais são bons condutores elétricos. Como em geral apresentam
ductibilidade, ou seja, podem ser reduzidos a fios, são usados como tal na condução de eletricidade. 
Os metais conduzem bem o calor.  Nem sempre um metal puro apresenta as propriedades desejáveis
para determinadas aplicações. Por isso são produzidas as ligas metálicas, onde dois ou mais metais são mis-
turados. São exemplos o bronze e o latão. O bronze é uma mistura de cobre, estanho e o latão é resultado
da mistura de cobre e zinco. A maioria das ligas é formada por dois ou mais metais, mas algumas contêm
não-metais, como o carbono. A liga mais usada desse tipo é o aço. Os não-metais são maus condutores
de eletricidade, quase não apresentam brilho, não são maleáveis e nem dúcteis. Tendem a formar ânions
(íons negativos). Os gases nobres ou inertes, ou ainda raros, constituem cerca de 1% do ar. É muito difícil se
conseguir compostos com estes gases. Raramente eles reagem porque são muito estáveis. Suas camadas
exteriores estão completamente preenchidas de elétrons. Estão todos no grupo 18 da tabela periódica. Na
tabela periódica atual, existem elementos naturais e artificiais. Os naturais são os elementos encontrados na
natureza e os artificiais são produzidos em laboratórios.
Dois estão localizados antes do urânio (U-92), os chamados elementos cisurânicos, que são o tecnécio
(Tc – 43) e o promécio (Pm – 61). Outros elementos artificiais vêm depois do urânio, chamamos de transurâni-
cosque são todos os outros após o U – 92. Dentre eles: Pu, Am, Bk, Fm, No, Sg, Ds.

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DINÂMICA DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS –


TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E VELOCIDADE. VELOCIDADE DE
REAÇÃO. ENERGIA DE ATIVAÇÃO. FATORES QUE ALTERAM A VELOCIDADE
DE REAÇÃO: CONCENTRAÇÃO, PRESSÃO, TEMPERATURA E CATALISADOR

A
palavra estequiometria (ou equações quí- aí que está a lei de proporções múltiplas). Compostos
micas) vem do grego stoikheion (elemento) cujas proporções molares não são números inteiros
e metriā (medida, de metron). A obra Stoi- são chamados de compostos não-estequiométricos.
chiometria de Nicéforo rendeu muitas linhas nos livros A estequiometria não é tão somente usada para
canônicos do Novo Testamento e dos Apócrifos. O balancear equações químicas, mas também para
termo “estequiométrico” é usado com frequência em conversões de unidades - por exemplo, de gramas a
Termodinâmica para referir-se à “mistura perfeita” de mols, ou gramas a mililitros. Por exemplo, se temos 2,00
um combustível e o ar.A estequiometria baseia-se na g de NaCl, para achar o número de mols, pode-se fa-
lei da conservação das massas e na lei das propor- zer o seguinte:
ções definidas (ou lei da composição constante), e na
lei das proporções múltiplas. Em geral, as reações quí-
micas combinam proporções definidas de compostos
químicos. Já que a matéria não pode ser criada ou
destruída, a quantia de cada elemento deve ser a
mesma antes, durante e após a reação. Por exemplo, No exemplo acima, quanto escrito em forma de
162 a quantia de um elemento A no reagente deve ser fração, a unidade grama cancela-se, deixando o va-
igual à quantia do mesmo elemento no produto. lor convertido a mols (a unidade desejada)
A estequiometria é usada frequentemente para
balancear equações químicas. Por exemplo, os dois
gases diatômicos hidrogênio e oxigênio podem com-
binar-se para formar um líquido, água, em uma rea-
ção exotérmica, como descrita na Equação. Outro uso da estequiometria é achar a quantia
certa de reagentes a ser usada em uma reação quí-
mica. Um exemplo é mostrado abaixo usando uma
reação termite:
A Equação 1 não mostra a estequiometria correta
da reação - isto é, não demonstra as proporções rela-
tivas dos reagentes e do produto.
Quantos gramas de alumínio são necessários para
reagir completamente com 85 g de óxido de ferro III?

A Equação 2 já tem a correta estequiometria e, Resposta: 28,6875 g de alumínio.


por isso, é dita uma equação “balanceada”, que de-
monstra o mesmo número de átomos de cada tipo Outro exemplo:
em ambos os lados da equação. Há quatro h no lado
dos reagentes e quatro no lado do produto, e dois Os Num laboratório de química há duas soluções, a
também em ambos os lados da equação. Ou seja, a primeira é de ácido sulfúrico (H2SO4) com concentra-
massa conserva-se.O termo “estequiometria” também ção desconhecida, a segunda é de soda cáustica
é usado com frequência para as proporções molares (NaOH) em concentração de 0,10 mol/L. Sabe-se que
de elementos em compostos estequiométricos. Por 25 mL da solução de ácido exigem 22,50 mL da solu-
exemplo, a estequiometria do hidrogênio e do oxigê- ção de soda cáustica para ser neutralizada comple-
nio na água (H2O) é 2:1. Em compostos estequiométri- tamente. Com base nessas informações, pede-se que
cos, as proporções molares são números inteiros (e é se calcule a concentração de ácido na solução.

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Resolução
Começa-se montando uma regra de 3 simples com base nos dados da solução de soda cáustica:

A 2ª equação será feita com base na reação de neutralização entre o ácido e a base:

Com estes dados monta-se uma 3ª equação, em relação à solução ácida:

Resposta: 0,045 mol/L.

Definição:É o cálculo que permite relacionar quantidades de reagentes e produtos, que participam de
uma reação química com o auxílio das equações químicas correspondentes.

Regras gerais para o cálculo estequiométrico

a) Escrever a equação química do processo.Exemplo: Combustão do monóxido de carbono 163


CO + O2 → CO2

b) Acertar os coeficientes estequiométricos da equação da equação química.Exemplo:


2CO + O2 → 2CO2

Assim você terá proporção das quantidades em mols entre os participantes. Esses coeficientes lhe darão
uma idéia da relação segundo a qual as substâncias se combinam.Exemplo:
2 mol de CO estão para 1 mol de O2 que está para 2 mol de CO2
2:1:2

c) Montar a proporção baseando-se nos dados e nas perguntas do problema (massa-massa, massa-
quantidade em mols, massa-volume etc.).

d) Utilizar regras de três para chegar à resposta.

Relações Auxiliares

Massa molar corresponde à → massa molecular em gramas.


1 mol contém → 6.1023 moléculas
1 mol ocupa → 22,4 L nas CNTP de gás

Exemplo Básico

(Dado: C = 12u; O = 16u)


2 CO(g) + 1 O2(g) → 2 CO2(g)

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Proporção: 2 mol : 1 mol : 2 mol Representação Gráfica


ou
56g de CO : 32g O2 : 88g CO2

ou
12.1023moléculas : 6.1023 moléculas : 12.1023 molé-
culas

ou
44,8 L de CO : 22,4 L de O2 : 44,8 L de CO2

Pureza:
É o quociente entre a massa da substância
pura e a massa total da amostra. Pode ser expressa
em porcentagem.
P = massa da substância pura / massa da amos-
tra x 100. Exemplo: Qual a massa de CaCO3 presente
numa amostra de 200g de calcário cuja pureza é de
80%?
Resolução:
100g de calcário → 80g de CaCO3
200g de calcário → x
x = 160g de CaCO3

Rendimento:
É o quociente entre a quantidade de pro-
duto realmente obtida, e a quantidade teoricamen-
te calculada. Pode ser expresso em porcentagem.
Entalpia (ΔH):É o conteúdo global de calor de um
R = quantidade real / quantidade teórica x 100.
sistema.
Exemplo: Qual a massa de CaCO3 obtida na reação
164 de 2 mol de CaO com 2 mol de CO2, se o rendimento
Unidade: Kcal ou KJ (1Kcal ~ 4,18KJ)
for 60%?
A variação da energia de um sistema (ΔH) pode
ser calculado pela diferença entre as energias dos
Dados: Massa molar do CaCO3 = 100g / mol
produtos e reagentes.
CaO + CO2 → CaCO3
ΔH = Hprod – Hreag
Resolução:
Reação endotérmica: Hprod>Hreag , ΔH > 0
1mol CaO → 1 mol CO2 → 1 mol CaCO3
Reação exotérmica: Hprod<Hreag , ΔH < 0
2 mol CaO → 2 mol CO2 → 2 mol CaCO3

mCaCO3 = 200g Fatores que afetam a entalpia de uma reação


200g CaCO3 → 100% rendimento 1 – Quantidade em mol de produtos e reagentes.
x → 60% rendimento 2 – Estado físico de produtos ou reagentes.
x = 120g de CaCO3 3 – Estado alotrópico de produtos ou reagentes.
(alótropos = substância simples diferentes, formadas
TERMOQUÍMICA. pelo mesmo elemento químico).
4 – Temperatura. Altas temperaturas fornecem
Termoquímica é a parte da química que estuda reações endotérmicas e vice-versa.
as quantidades de calor liberados ou absorvidos, du-
rante uma reação química. Tipos de Entalpia

Reação Endotérmica:É aquela que absorve calor 1 – Entalpia de formação (ΔH°f) - É o calor libe-
do meio externo. É necessário fornecer calor.Ex: fo- rado ou absorvido na formação de 1 mol de uma
tossíntese (6CO2 + 6H2O + calor -> C6H12O6 + 6O2). substância no estado-padrão, a partir de substância
simples.
Reação Exotérmica:É aquela que libera calor Ex: Formação da Amônia = N2(g) + 3/2H2(g) -> NH3(g)
para o ambiente.Ex: Queima do gás de cozinha (C3H8 ΔH°f = -286KJ
+ 5O2 -> 3CO2 + 4H2O + calor).

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2 – Entalpia de combustão (ΔH°C) - É o calor li- Energia de Ligação


berado na queima de 1 mol de uma substância no
estado-padrão. Energia de ligação é a energia absorvida na que-
Ex: Queima do enxofre = S(s) + O2(g) -> SO2(g) bra de 1 mol de ligação no estado gasoso.
ΔH°C = -78 KJ/mol
calor ab-
Reação Exotérmica e Reação Endotérmica
sorvido na
calor liberado na
quebra das
Reação Exotérmicaé a que ocorre com libera- formação das liga-
DHreação = - ligações
ção de calor. ções presentes nos
presentes
[Entalpia dos produtos] < [Entalpia dos reagentes] produtos
DH < 0 nos reagen-
tes
Reação endotérmica é a que ocorre com absor-
ção de calor. Lei de Hess
[Entalpia dos produtos] > [Entalpia dos reagentes]
® DH > 0 Lei de Hess ou lei dos estados inicial e final - O DH
de uma reação só depende dos estados inicial e final
Equação termoquímica e não depende dos estados intermediários. Como
consequência da lei de Hess, temos que as equa-
Equação termoquímica - É a equação química ções termoquímicas podem ser operadas como se
acompanhada do valor do l , g, aq); fossem equações algébricas. A lei de Hess permite
- os estados alotrópicos, se houver; determinar o DH de reações que não ocorrem ou
- a temperatura e a pressão. que dificilmente ocorrem na prática, através dos DH
de outras reações que ocorrem na prática. A maioria
Entalpia: Por convenção, a entalpia padrão de dos DH de formação são calculados indiretamente
substâncias simples na forma alotrópica mais estável pela aplicação da lei de Hess.
a 25°C e 1atm é igual a zero (H0 = 0).
Entropia é uma grandeza termodinâmica relacio- 165
Entalpia padrão de formação, ou simplesmente nada com o grau de desordem dos sistemas.
entalpia de uma substância X, é o DH0 da reação de - maior desordem - maior entropia
formação de 1 mol de X a partir de seus elementos, - menor desordem - menor entropia
com H0 = 0.

DHreação = S H (produtos) - S H (reagentes)


SA (g)> SA (l)> SA (s)
Entalpia de combustão de uma substância X é o
DH da reação de combustão completa de 1 mol da S aumenta com a temperatura.
substância X.
Equação de Gibbs
Entalpia de solução de uma substância X é o DH
do processo de dissolução de 1 mol da substância X G = H - T·S ® DG = DH - T·DS
numa quantidade de solvente suficientemente gran-
de para que uma diluição da solução obtida não
DG < 0 ® liberação de energia livre ® reação es-
seja acompanhada de liberação nem de absorção
pontânea
de calor.
DG > 0 ® absorção de energia livre ® reação
No caso do DH de solução de um composto sóli-
não-espontânea
do (cristalino) em água, temos:
DG = 0 ® equilíbrio
DH(solução) = DH(reticular) + DH(hidratação)

Calor de neutralização ou entalpia de neutraliza- A energia livre liberada numa reação é a energia
ção: máxima que é livre para produzir trabalho útil.
H+(aq) + OH-(aq) ® H2O(l)
DH = -58 kJ

O calor de neutralização é constante (DH = -58


kJ) na neutralização entre ácidos fortes e bases fortes.

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Energia de organização = T·DS

DH DS DG
+ - + (sempre)
- + - (sempre)
+ quando DH > T· DS
+ +
- quando DH < T· DS
+ quando |DH| < |T· DS|
- -
- quando |DH| > |T· DS|

CINÉTICA QUÍMICA.

Velocidade de reação

aA + bB→cC + dD

D[C]
vmédia de formação de C = ———
Dt

-D[A] -D[B] -D[C] -D[D]


vmédia da reação = ——— = ——— = ——— = ———
166
a·Dt b·Dt c·Dt d·Dt

Energia de Ativação

Complexo ativado é uma estrutura intermediária entre os reagentes e os produtos, com ligações interme-
diárias entre as dos reagentes e as dos produtos. Energia de ativação é a energia mínima necessária para a
formação do complexo ativado.

Teoria da Colisão

Pela teoria da colisão, para haver reação é necessário que:


- as moléculas dos reagentes colidam entre si;
- a colisão ocorra com geometria favorável à formação do complexo ativado;
- a energia das moléculas que colidem entre si seja igual ou superior à energia de ativação.

Colisão efetiva ou eficaz é aquela que resulta em reação, isto é, que está de acordo com as duas últimas
condições da teoria da colisão. O número de colisões efetivas ou eficazes é muito pequeno comparado ao
número total de colisões que ocorrem entre as moléculas dos reagentes. Quanto menor for a energia de ati-
vação de uma reação, maior será sua velocidade. Uma elevação da temperatura aumenta a velocidade
de uma reação porque aumenta o número de moléculas dos reagentes com energia superior à de ativação.

Regra de Van’tHoff - Uma elevação de 10°C duplica a velocidade de uma reação. Esta é uma regra apro-
ximada e muito limitada. O aumento da concentração dos reagentes aumenta a velocidade da reação.

Lei da velocidade de reação

aA + bB + ... → produtos v = k [A]p [B]q

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p e q são experimentalmente determinados Enzima


k = constante de velocidade de reação; aumen-
ta com a temperatura Enzima é uma proteína que atua como catalisa-
p = ordem da reação em relação a A dor em reações biológicas. Caracteriza-se pela sua
q = ordem da reação em relação a B ação específica e pela sua grande atividade catalí-
p + q + ... = ordem da reação tica. Apresenta uma temperatura ótima, geralmente
ao redor de 37°C, na qual tem o máximo de atividade
Reagente(s) gasoso(s) - A pressão de um gás é catalítica. Promotor de reação ou ativador de catali-
diretamente proporcional à sua concentração em sador é uma substância que ativa o catalisador, mais
mol/L. Por isso, no caso de reagente(s) gasoso(s), a isoladamente não tem ação catalítica na reação.
lei de velocidade pode ser expressa em termos de Veneno de catalisador ou inibidor é uma substância
pressão. que diminui e até destrói a ação do catalisador, sem
tomar parte na reação.
Para aA(g) + bB(g) + ... → produtos, temos: v =
k·ppA·pqB
Autocatálise
O aumento da pressão aumenta a velocidade
Autocatálise - Quando um dos produtos da rea-
da reação. Quando não há reagente gasoso, a pres-
ção atua como catalisador. No início, a reação é
são não influi na velocidade da reação.
lenta e, à medida que o catalisador (produto) vai se
formando, sua velocidade vai aumentando.
Reação elementar é aquela que ocorre numa
única etapa. Neste caso, para aA + bB + ... → produ- Um equilíbrio químico é a situação em que a pro-
tos, temos: v = k [A]a[B]b... porção entre as quantidades de reagentes e produ-
tos em uma reação química se mantém constante
Mecanismo de reação é o conjunto das etapas ao longo do tempo. Foi estudado pela primeira vez
em que ocorre a reação. A etapa lenta é a que de- pelo químico francês Claude Louis Berthollet em seu
termina a velocidade da reação. O mecanismo de livro Essai de statique chimique de 1803. Teoricamen-
uma reação é proposto com base no estudo de sua te, toda a reação química ocorre nos dois sentidos:
velocidade. de reagentes se transformando em produtos e de 167
produtos se transformando de volta em reagentes.
Superfície de contato - Quanto maior for o grau Contudo, em certas reações, como a de combustão,
de dispersão de um sólido, maior será a sua superfí- virtualmente 100% dos reagentes são convertidos em
cie e maior será a velocidade da reação na qual é produtos, e não se observa o contrário ocorrer (ou
reagente. pelo menos não em escala mensurável); tais reações
são chamadas de irreversíveis. Há também uma série
Catálise e Catalisador de reações nas quais logo que certa quantidade de
produto(s) é formada, este(s) torna(m) a dar origem
Catálise é uma reação na qual toma parte um ao(s) reagente(s); essas reações possuem o nome de
catalisador. reversíveis. O conceito de equilíbrio químico pratica-
mente restringe-se às reações reversíveis.
Catalisador é uma substância que aumenta a ve-
locidade de uma reação, permanecendo inalterado Reversibilidade de reações químicas
qualitativa e quantitativamente no final da reação.
A ação do catalisador é abaixar a energia de ativa- Um exemplo de reação reversível é a da produ-
ção, possibilitando um novo caminho para a reação.
ção da amônia (NH3), a partir do gás hidrogênio (H2)
O abaixamento da energia de ativação é que deter-
e do gás nitrogênio (N2) — que faz parte do Processo
mina o aumento da velocidade da reação.
de Haber:
- Catálise homogênea - Catalisador e reagentes
constituem uma só fase.
N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g)
- Catálise heterogênea - Catalisador e reagentes
constituem duas ou mais fases (sistema polifásico ou
mistura heterogênea). Note-se que a seta dupla ( ) significa que a rea-
ção ocorre nos dois sentidos, e que o subscrito (g) in-
dica que a substância se encontra na fase gasosa.
Nesta reação, quando as moléculas de nitrogênio e

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as de hidrogênio colidem entre si há uma certa chan- Um raciocínio similar, em princípio, pode ser apli-
ce da reação entre elas ocorrer, assim como quando cado para qualquer equilíbrio.Deve-se salientar que
moléculas de amônia colidem entre si há uma certa quando uma reação atinge o equilíbrio ela não para.
chance de elas se dissociarem e de se reorganizarem Ela continua se processando, porém tanto a reação
em H2 e N2. No início do processo, quando há ape- direta como a inversa ocorrem à mesma velocida-
nas uma mistura de hidrogênio e nitrogênio, as chan- de, e desse jeito a proporção entre os reagentes e
ces das moléculas dos reagentes (H2 e N2) colidirem os produtos não varia . Por outras palavras, estamos
umas com as outras é a máxima de toda a reação, o na presença de um equilíbrio dinâmico (e não de um
que fará com que a taxa (ou velocidade) com que a equilíbrio estático).
reação ocorre também o seja. Porém à medida com
que a reação se processa o número de moléculas de Constante de Equilíbrio
hidrogênio e de nitrogênio diminui, reduzindo dessa
forma as chances de elas colidirem entre si e, conse- “Por exemplo, a constante dessa reação na
quentemente, a velocidade desse sentido da reação. temperatura de 1000 K é 0,0413, note que a cons-
Por outro lado, com o avançar da reação, o número tante é Adimensional.”Uma vez atingido o equilíbrio
de moléculas de amônia vai aumentando, o que faz a proporção entre os reagentes e os produtos não
com que cresçam as chances de elas colidirem e de é necessariamente de 1:1 (lê-se um para um). Essa
se voltar a formar hidrogênio e nitrogênio, elevando proporção é descrita por meio de uma relação ma-
assim a velocidade desse sentido da reação. Por fim temática, mostrada a seguir:
chegará um momento em que tanto a velocidade Dada a reação genérica:aA + bB yY + zZ,onde
de um dos sentidos quanto a do outro serão idênticas, A, B, Y e Z representam as espécies químicas envolvi-
nesse ponto nenhuma das velocidades variará mais das e a, b, y e z os seus respectivos coeficientes este-
(se forem mantidas as condições do sistema onde a quiométricos. A fórmula que descreve a proporção
reação se processa) e ter-se-á atingido o equilíbrio no equilíbrio entre as espécies envolvidas é:
químico, conforme ilustrado nas figuras abaixo:

168
Os colchetes representam o valor da concentra-
ção (normalmente em mol/L) da espécie que está
simbolizada dentro dele ([A] = concentração da
espécie A, e assim por diante). é uma grande-
za chamada de constante de equilíbrio da reação.
Cada reação de equilíbrio possui a sua constante,
a qual sempre possui o mesmo valor para uma mes-
ma temperatura. De um modo geral, a constante
de equilíbrio de uma reação qualquer é calculada
Velocidade das reações direta e inversa em função dividindo-se a multiplicação das concentrações
do tempo dos produtos (cada uma elevada ao seu respectivo
coeficiente estequiométrico) pela multiplicação das
concentrações dos reagentes (cada uma elevada
ao seu relativo coeficiente estequiométrico).
Um exemplo disso é a formação do trióxido de
enxofre (SO3) a partir do gás oxigênio (O2) e do dióxi-
do de enxofre (SO2(g)) — uma etapa do processo de
fabricação do ácido sulfúrico:
2 SO2(g) + O2(g) 2 SO3(g)

A constante de equilíbrio desta reação é dada por:

Concentração das substâncias envolvidas em fun-


ção do tempo

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É possível determinar experimentalmente o valor Onde X = A multiplicação das pressões parciais


da constante de equilíbrio para uma dada tempera- dos produtos elevado a seus respectivos coeficientes
tura. Por exemplo, a constante dessa reação na tem- estequiométricos e Y idem para os reagentes.
peratura de 1000 K é 0,0413. A partir dela, dada uma X/Y = Q, onde Q é o quociente da reação.
certa quantidade conhecida de produtos adiciona-
dos inicialmente em um sistema nessa temperatura, Para o equilíbrio temos que K = Q e ΔG = 0
é possível calcular por meio da fórmula da constante ΔG = 0 pois a reação direta e inversa não são es-
qual será a concentração de todas as substâncias pontâneas, portanto é possível afirmar que o equilí-
quando o equilíbrio for atingido. É importante notar brio foi atingido!Temos por fim:
que, Kc para uma equação química SÓ depende da
temperatura, não é alterado por catalisador e mede 0 = ΔGº + RTlnK , concluindo:
a espontaneidade da reação direta, a partir da con- K = e( -ΔGº/RT)
dição padrão ( 1 mol/l ou 1 atm )
Note que aqui fica mais claro ainda que o K é adi-
Utilizando a relação:ΔG = ΔH - TΔS, onde ΔG é a mensional e que o K de uma reação elementar é o
energia livre de Gibbs, T a temperatura absoluta e mesmo, caso a reação não seja elementar, por causa
ΔS e a variação da entropia.Podemos colocá-la da da função de estado, onde ΔGf = ΔGi, logo K não de-
seguinte forma: pende do caminho percorrido, só dependendo a tem-
(I) G = H - TS (É possível por ser função de estado) peratura. Note também que K mede a espontaneida-
de a partir da condição padrão.É possível demonstrar
E sabendo que: a lei de Guldberg-Waage e a Lei de Avogrado.
(II) H = U + PV, onde U e a energia interna, P é a
pressão e V o volume. K = K1/K2 = [Produtos]/[Reagentes] → K1[Reagen-
tes] = K2[PRODUTOS]
Derivando (I) temos:
Logo V1 = V2, onde V1 = Velocidade da reação
dG = dU - d(TS) → dG = d( U + PV ) - TdS – SdT direta e V2 da inversa (Lei de Guldberg - Waage). E
→ dG = dU + PdV + VdP - TdS - SdT (III), para Lei de Avogrado temos:
K = K1/K2 → [e(-Gp/RT)]/[e(-Gr/RT)] → {e[(-Hp/RT)+(TS/RT)]}/{e[(-Hr/ 169
RT)+(TS/RT)]
}
Sabendo que:dS = dQrev/T → dQrev = TdS ( IV )
Tendo que:dU = dQ - PdV ( V )
Onde: e(TS/RT) = A1,2 e Hp,r é a entalpia dos produtos
Inserindo (IV) e (V) em (III)
que é a Ea, energia de ativação, logo temos que:
K = A.e(-Ea/RT) - Lei de Avogrado.
dG = dU + PdV + VdP - TdS, onde TdS = 0 pois,
Para P e T constantes temos:dG = dQ - PdV + VdP
Constante para a soma de reações
- dQ , onde PdV = 0
Integrando a equação de Gº ( G padrão ) a G e
Se uma reação química pode ser expressa pela
de Pº ( “P zero” = P padrão ) temos:
soma de duas ou mais reações (ou etapas indivi-
ʃdG = ʃVdP = G - Gº = ʃ(nRT/P)dP , onde n é o nº
duais), então a constante de equilíbrio da reação
de mols, R a constante universal dos gases.
global será a multiplicação das constantes de cada
uma das reações individuais.
G - Gº = RTln(P/Pº)
Onde Pº = 1atm, note que daqui fica extrema-
mente claro que o K é adimensional, pois P/Pº é adi-
mensional. Chegamos:G = Gº + RTlnP (VI) , onde lnP e 2P(g) + 3Cl2(g) 2PCl3(g)
o logaritmo de base e de P
Agora tendo uma reação:
aA + bB → cC + dD ( Reação direta )
cC + dD → aA + bB ( Reação inversa ) PCl3(g) + Cl2(g) PCl5(g)

ΔG = Gp - Gr, onde Gp = Energia dos produtos e


Gr dos reagentes.
Colocando (VI) nessa equação, conclui - se:ΔG = 2P(g) + 5Cl2(g) 2PCl5(g)
ΔGº + RTln[X/Y]

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Neste caso, a terceira reação é igual à soma da primeira mais duas vezes a segunda:

2P(g) + 3Cl2(g) 2PCl3(g)


+ PCl3(g) + Cl2(g) PCl5(g)
PCl3(g) + Cl2(g) PCl5(g)
2P(g) + 5Cl2(g) 2PCl5(g)

E a sua constante de equilíbrio pode ser expressa por:

Pode se perceber que caso uma reação apareça duas ou mais vezes na soma, ela aparece esse mesmo
número de vezes na multiplicação.

Relação entre a velocidade da reação e a constante de equilíbrio

Conforme já mencionado, no equilíbrio a velocidade tanto da reação inversa quanto a da direta são
iguais. Por sua vez, a velocidade de uma reação depende de uma outra constante chamada de constante
de velocidade (simbolizada aqui por ); e é possível encontrar uma relação entre as constantes de velocida-
de das reações direta e indireta, e a constante de equilíbrio.
Para demonstrar isso, considere-se o seguinte equilíbrio genérico (supondo que as suas reações ocorram
cada qual em uma única etapa):
170

2A X+Y

Agora vejamos as duas reações que ocorrem nele, juntamente com a expressão de suas respectivas
velocidades ( ):

2A → X + Y

X + Y → 2A

É importante frisar que o expoente que eleva as concentrações das espécies na fórmula da velocidade
não necessariamente é igual ao respectivo coeficiente estequiométrico da espécie na reação, contudo o
expoente certamente será assim se a reação se processar em uma única etapa (conforme se está conside-
rando nessa situação). Uma vez que as velocidades de ambas as reações são idênticas no equilíbrio, pode-se
igualá-las:

Rearranjando a equação, tem-se:

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Observemos que a expressão do membro es- A densidade de uma dada substância em dadas
querdo é idêntica à fórmula do equilíbrio dessa rea- condições é uma propriedade intensiva, ou seja, é a
ção. Então podemos escrever: mesma independentemente do quanto dessa subs-
tância houver. Dessa forma pode-se concluir que a
concentração de um sólido ou um líquido puro (que
são virtualmente incompressíveis) é a mesma inde-
pendentemente de quanto houver deles (já um gás,
que pode ser comprimido sem dificuldade, tem a sua
Esta relação é válida para qualquer equilíbrio cujas concentração variada facilmente). Por essa razão se
reações ocorram em uma única etapa, o que pode ser simplifica as expressões das constantes de equilíbrio
facilmente constatado por essa mesma dedução para omitindo-se a concentração de sólidos e líquidos pu-
outros equilíbrios.No caso de as reações se processa- ros.Com isso, a expressão para a constante do último
rem em mais de uma etapa, basta lembrar que a rea- equilíbrio apresentado fica:
ção global nada mais é que a soma das reações de
cada etapa. Para cada uma das etapas pode-se fazer
essa mesma dedução, e então somar cada reação (o
que significa multiplicar as suas constantes). Dessa for-
ma teremos para uma reação de múltiplas etapas:

Equilíbrio gasoso

Pela equação dos gases perfeitos tem-se que


para cada gás de uma mistura gasosa:
Sendo , , , e assim por diante as constan-
tes de velocidades de cada etapa. ,

Equilíbrio heterogêneo onde é a pressão parcial de um gás qual-


quer (ou seja, a pressão que ele teria caso estivesse
Quando todas as substâncias envolvidas no equi- apenas ele no recipiente), é o volume ocupado 171
líbrio se encontram no mesmo estado físico diz-se que pela mistura, é o número de mols do gás, éa
temos um equilíbrio homogêneo, que é o caso de to- constante dos gases perfeitos, e a temperatura em
dos os equilíbriosapresentados aqui até então. Analo- kelvin.Rearranjando a equação, teremos:
gamente, os equilíbrios onde estão envolvidas mais de
uma fase são chamados de equilíbrios heterogêneos,
como o seguinte:

Ni(s) + 4CO(g) Ni(CO)4(g)

Note-se que o subscrito (s) significa que a espécie O membro esquerdo ( / ) é a fórmula para o
se encontra no estado sólido. Equilíbrios heterogêneos, cálculo da concentração molar do gás. A constante
como este, frequentemente apresentam ao menos um é sempre a mesma e a temperatura não varia
sólido puro ou um líquido puro.Na expressão da cons- em um sistema que permanece em equilíbrio quí-
tante de equilíbrio temos as concentrações das espé- mico, assim o único fator que pode variar na equa-
cies envolvidas. A concentração pode ser calculada ção em um equilíbrio é a pressão parcial . Dessa
dividindo-se o número de mols da substância pelo vo- forma pode-se dizer que a concentração do gás é
lume que ela ocupa. O número de mols representa a proporcional à sua pressão parcial.Com base nisso,
quantidade de matéria e, por isso, ele é proporcional também é possível escrever a fórmula da constante
a massa; assim o número de mols dividido pelo volume de equilíbrio usando-se as pressões parciais dos ga-
é proporcional à massa dividida pelo volume.A densi- ses envolvidos, no lugar de suas concentrações. Por
dade de algo é justamente calculada dividindo-se a exemplo:
sua massa pelo seu volume ocupado. No caso de uma
substância pura, toda a sua massa corresponde à de
uma única substância, e assim a sua “concentração”
do seu número de mols dividido pelo volume é propor- H2(g) + I2(g) 2HI(g)
cional a sua densidade (massa dividida pelo volume).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Observe-se que agora a constante de equilíbrio Se o valor de (volume) diminuir, é preciso que o
está representada por , em vez de (quando número de mols do N2O4 aumente para que o valor
o cálculo foi feito usando-se as concentrações dos da constante de equilíbrio permaneça o mesmo. Na
gases). Essas duas constantes para um mesmo caso reação, esse reagente representava metade do nú-
possuem valores diferentes uma da outra, então é mero de moléculas do produto. O mesmo raciocínio
importante especificar qual das duas se está usando pode ser aplicado em qualquer equilíbrio gasoso.
quando se está lidando com um equilíbrio.
Temperatura
Adição ou remoção de reagentes (Não serve
para sólidos) É encontrado experimentalmente que a forma-
ção de produtos de uma reação exotérmica (isto é,
Ao se alterar a quantidade de uma substância, que liberta energia) é favorecida com a diminuição
também se está mexendo na velocidade em que a
da temperatura, ao passo que a formação de produ-
reação se processa (pois se estará mudando as chan-
tos em uma reação endotérmica (isto é, que absorve
ces de as substâncias reagirem entre si). Dessa forma,
energia) é favorecida com o aumento da tempera-
a velocidade das reações direta e inversa deixa de
tura.Em um equilíbrio, se uma reação é endotérmica
ser igual: se uma substância foi retirada de uma das
a outra necessariamente é exotérmica, e vice-versa.
reações, essa passará a ser mais lenta; e, analoga-
Aumentar ou diminuir a temperatura fará com que a
mente, ela passará a ser mais rápida se uma substân-
cia for adicionada a ela. Assim ocorre que se algo for velocidade de uma das reações aumente e a da ou-
acrescentado, o equilíbrio tende a reduzir a quanti- tra diminua. As velocidades das reações se igualarão
dade dessa substância e vice-versa.Tal resposta do novamente depois de um tempo; porém nesse caso
equilíbrio pode ser sumarizada pelo assim chamado como temos o favorecimento e o desfavorecimento
Princípio de Le Chatelier: da formação de certas substâncias, a constante de
Quando um stress é aplicado a um sistema em equilíbrio nessa nova temperatura não será mais a
equilíbrio dinâmico, o equilíbrio tende a se ajustar para mesma da temperatura anterior.
diminuir o efeito do stress.À medida que as reações se
processam, as suas velocidades vão se aproximando Catalisador
172 até que se igualem e assim é atingido novamente o
equilíbrio. A constante do equilíbrio será a mesma da A adição de um catalisador direciona a reação
de antes de se adicionar ou remover substâncias. para um novo mecanismo, o qual é mais rápido do
que o sem a catálise. Contudo, o catalisador não
Compressão afeta o valor da constante de equilíbrio, ele apenas
faz com que o equilíbrio seja atingido em um tempo
Um equilíbrio gasoso pode ser afetado pela com- menor, conforme mostrado na figura a seguir:
pressão. De acordo com o princípio de Le Chatelier,
com o aumento da pressão o equilíbrio tende a se
deslocar no sentido de diminuir essa pressão, o que
significa favorecer a reação que resulte no menor nú-
mero de moléculas no estado gasoso. Nesse caso, a
o valor da constante de equilíbrio também não é al-
terado.Para se observar tal efeito, considere-se esse
equilíbrio:

N2O4(g) 2NO2(g)

As concentrações podem ser escritas como o seu Curvas tracejadas: com catalisador
número de mols dividido pelo volume ( ), então Curvas cheias: sem catalisador
teremos:
Atenção: O equilíbrio não é deslocado com a
presença do catalisador.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Relação entre as constantes Kp e Kc Pilha

Existe uma relação matemática entre as cons- Pilha é qualquer dispositivo no qual uma reação
tantes de equilíbrio em função da concentração de oxirredução espontânea produz corrente elétrica.
Kc e em função da pressão parcial Kp, baseada na Cátodo é o eletrodo no qual há redução (ganho
equação de Clapeyron: de elétrons). É o polo positivo da pilha.
Ânodo é o eletrodo no qual há oxidação (perda
de elétrons). É o polo negativo da pilha.

Os elétrons saem do ânodo (polo negativo) e en-


em que: R é a constante universal dos gases, T é tram no cátodo (polo positivo) da pilha.
a temperatura absoluta e Δn é a diferença entre a
soma dos coeficientes inteiros dos produtos gasosos Pilhas comerciais
e a soma dos coeficientes inteiros dos reagentes ga- - Pilha seca comum (Leclanché)
sosos. Por exemplo, no equilíbrio: - Pilha alcalina comum
- Pilha de mercúrio
aA(g) + bB(g) + cC(s) yY(g) + zZ(g) - Bateria de níquel-cádmio
- Bateria de chumbo
Δn = (y + z) - (a + b) - Pilha de combustível

Essa expressão matemática apresenta uma limi- Representação convencionada pela IUPAC
tação, não admitindo a presença de um ou mais lí-
quidos na reação em questão. Isso não significa que Ânodo/Solução do ânodo//Solução do cátodo/
a reação não apresente Kp e Kc, significa apenas Cátodo
que a expressão é inválida para esse caso.
Exemplo: Pilha de Daniell→Zn/Zn2+//Cu2+/Cu
Aplicações
Eletrodo padrão 173
Dada a constante de equilíbrio, é possível saber
em qual direção a reação vai ocorrer preferencial- Eletrodo padrão é aquele no qual as concentra-
mente no início quando misturamos certas quantida- ções das substâncias em solução é igual a 1 mol/L e
des de substâncias que estarão em equilíbrio entre a temperatura é de 25°C. No caso de um gás partici-
si.Para isso basta calcular o quociente de reação par do eletrodo, sua pressão deve ser igual a 1 atm.
para o início da mistura. Sua expressão é exatamen- Por convenção, o potencial padrão de eletrodo do
te a mesma que a da constante de equilíbrio, o que hidrogênio é igual a zero e o seu potencial padrão
muda é que nesse caso usamos as concentrações ou de redução é igual a zero:
as pressões parciais de um dado instante da reação
(não necessariamente no equilíbrio).Se o quociente
de reação for maior que a constante de equilíbrio, 2H+ + 2e- →
¬
H2
isso significa que a quantidade de produtos é alta
E0red = 0 (convenção)
demais e, pelo princípio de Le Chatelier, a reação
vai se processar preferencialmente no sentido de
A IUPAC eliminou o termo potencial de oxidação.
consumir os produtos. Analogamente, se o quocien-
Sempre deve ser usada a expressão potencial de re-
te de reação for menor que a constante de equilí-
dução. A medida do potencial padrão de redução
brio, a reação vai se processar preferencialmente do
de um dado eletrodo padrão é feita medindo-se a
sentido de consumir os reagentes.Sabendo-se disso,
ddp de uma pilha padrão na qual uma das semipi-
também é possível favorecer a formação de um pro-
lhas é um eletrodo padrão de hidrogênio e a outra é
duto de interesse o removendo em uma certa taxa
o eletrodo padrão cujo E0red se quer medir.
ao longo do processo (pois assim o equilíbrio será
- Quanto maior for o E0red, mais fácil será a redu-
deslocado a favor da formação desse produto). ção e mais forte será o oxidante.
- Quanto menor for o E0red, mais difícil será a redu-
ção e mais fraco será o oxidante.
- Quanto maior for o E0red, mais difícil será a oxida-
ção e mais fraco será o redutor.

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- Quanto menor for o E0red, mais fácil será a oxida- Nas eletrólises em solução aquosa e com ânodo
ção e mais forte será o redutor. inerte (Pt ou grafite) de sais oxigenados (SO42-, NO3-
, PO43-...) não há a descarga dos respectivos ânions
fluxo de elétrons oxigenados, mas ocorre a descarga segundo a
¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ® equação:
reação espontânea
(DG < 0) H2O → 2H+ + ½O2 + 2e-
MENOR E0red MAIOR E0red
fluxo de elétrons O ânion F-, embora não seja oxigenado, compor-
¬ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ta-se como os ânions oxigenados em relação à des-
reação não-espontâ- carga no ânodo.
nea (DG > 0) Nas eletrólises em solução aquosa com ânodo de
metal não-inerte M (prata ou metal mais reativo que
Corrosão a prata), a descarga que ocorre no ânodo é segun-
do a equação:
Corrosão do ferro
M → M x+ + xe-
Ag → Ag+ + e-
Reação global: 2Fe + Fe2O3 · Cu → Cu2+ + 2e-
3
/2O2 + xH2O → xH2O
ferrugem
Purificação eletrolítica do cobre - Faz-se a eletró-
lise de CuSO4 em solução aquosa usando como cá-
todo um fio de cobre puro e como ânodo um bloco
Proteção contra a corrosão de cobre impuro. Nesse processo, precipita a lama
- Ferro galvanizado (ferro revestido de anódica que contém impurezas de Au, Ag, Pt, etc.,
zinco) da qual são posteriormente extraídos esses metais.
- Lata (ferro revestido de estanho)
- Ferro com plaquetas de Zn ou Mg Galvanoplastia - Douração, prateação, niquela-
174 ção, cromeação, etc., feitas por via eletrolítica.
presas na superfície e que funcionam
como eletrodo de sacrifício
Aplicações da eletrólise
Eletrólise - Obtenção de metais (Al, Na, Mg)
- Obtenção de NaOH, H2 e Cl2
Eletrólise é uma reação de oxirredução não-es- - Purificação eletrolítica de metais
pontânea produzida pela passagem da corrente - Galvanoplastia
elétrica. Cátodo da cela eletrolítica é o eletrodo ne-
gativo, isto é, ligado ao polo negativo do gerador.
Nele ocorre sempre uma reação de redução. Ânodo
da cela eletrolítica é o eletrodo positivo, isto é, liga-
do ao polo positivo do gerador. Nele sempre ocorre
uma reação de oxidação.

Polo positivo Polo negativo


Pilha cátodo ânodo
Célula eletrolítica ânodo cátodo

Na eletrólise em solução aquosa de sais de metais


alcalinos (Na+, K+...), alcalino-terrosos (Ca2+, Ba2+...) e
de alumínio (Al3+), a descarga no cátodo não é a dos
respectivos cátions, mas ocorre segundo a equação:

2H2O + 2e-→ H2 + 2(OH)-

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TRANSFORMAÇÃO QUÍMICA E EQUILÍBRIO – CARACTERIZAÇÃO


DO SISTEMA EM EQUILÍBRIO. CONSTANTE DE EQUILÍBRIO.
PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA, EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE E PH.
SOLUBILIDADE DOS SAIS E HIDRÓLISE. FATORES QUE ALTERAM O
SISTEMA EM EQUILÍBRIO. APLICAÇÃO DA VELOCIDADE E
DO EQUILÍBRIO QUÍMICO NO COTIDIANO.

F unção química é um conjunto de substâncias


com propriedades químicas semelhantes. Den-
tre as principais funções estão os ácidos e bases. Antes
No estado sólido não conduzem a eletricidade,
pois os íons estão presos. No estado fundido e em so-
lução aquosa conduzem a corrente, pois os íons es-
da formalização do conceito ácidos e bases, Ácidos tão libertos. Entretanto, atualmente sabemos que um
eram caracterizados como: próton simples não existe em soluções aquosas. Um
- Substâncias que tem sabor azedo próton em solução aquosa se hidrata, forma cátion
- Conduzem corrente elétrica hidrônio: H3O+
- Quando adicionados ao mármore e a outros car-
bonatos, produzir efervescência, com liberação de A teoria de Bronsted – Lowry
gás carbônico e
Bronsted e Lowry em 1923, propuseram uma teo-
Bases eram caracterizados como: ria mais ampla, válida para todos os meios ( meio al-
175
- Possuir sabor adstringente, ou seja amarrar a boca
cóolico, meio aquoso, etc.)
- Tornar a pele lisa e escorregadia
- Conduzir corrente elétrica
Ácido= qualquer espécie química que doa prótons.
Base= qualquer espécie química que aceita prótons.
A formalização dos conceitos de ácido e base foi
realizada por 3 teorias:
A primeira delas foi desenvolvida por Arrhenius em HBr + HOH H3O + + Br–
1887 para explicar a condutividade elétrica de certas
soluções, definiu ácidos e bases assim: “Ácido é toda Ácido Base
substância que em solução aquosa se dissocia forne-
cendo íons H+, como único tipo de cátion.” Outro exemplo: O que o íon amônio pode ser
pela teoria de Bronsted – Lowry
HCl H+ + Cl–
NH4+ NH3 + H+
“Base é toda substância que , dissolvida em água,
se dissocia, fornecendo íons hidróxido como único tipo
de ânion.” O íon amônio pode ceder prótons funcionando
como ácido de Bronsted- Lowry e não pode ser base
de Bronsted, pois não pode ganhar prótons.
NaOH Na+ +OH –
A teoria de Lewis
Observações: Os ácidos são compostos molecula-
res. Só conduzem a eletricidade em solução, pois há Lewis em 1923, apresentou uma definição eletrô-
dissociação, formando íons. Quando puros não con-
nica de ácido e base, ele se baseou no conceito de
duzem a eletricidade. As bases são compostos iônicos,
base de Bronsted, que é a espécie que recebe pró-
pois temos metal ligado ao oxigênio
ton, assim para receber próton, a base deve fornecer
Me+(OH) –
um par de elétrons para a ligação.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Ácido: toda espécie química que recebe par de Já o hidróxido de sódio, a popular soda cáustica,
elétrons. ao se ionizar em água, libera uma hidroxila OH-, de-
Base: toda espécie química que doa par de elé- finindo-se assim como base:
trons.

Exemplo:

:NH3 + HOH [ H3N:H ] + + OH –


base ácido NH 4 +

Um desdobramento da definição de Arrhenius


O NH3 é uma base porque recebeu um próton H+
da água. é a regra de reação para ácidos e bases entre si,
A água é um ácido porque cedeu um próton ao segundo a qual:
NH3.

Definições de Arrhenius, Bronsted-Lowry e Lewis

Ácidos e bases (também chamadas de álcalis)


são costumeiramente lembrados como substâncias
químicas perigosas, corrosivos capazes de dissolver
metais como se fossem comprimidos efervescentes. Se reagirmos os já citados, ácido clorídrico e
Mas a presença dos ácidos e base na nossa vida co- soda cáustica, teremos:
tidiana é bem mais ampla e menos agressiva do que
se imagina. Eles também são componentes usuais de
refrigerantes, alimentos, remédios, produtos de higie-
ne ou cosméticos. São ainda matérias primas indis-
pensáveis em um vasto universo de aplicações indus-
176 triais. A tal ponto que a produção de ácido sulfúrico
e soda cáustica de um país chega a ser considerada
um dos indicadores do seu nível de atividade eco- Sendo o NaCl, o cloreto de sódio, o nosso velho
nômica. conhecido sal de cozinha.

Definições de ácidos e bases Outras definições de ácidos e bases

A definição mais tradicional dos ácidos e bases Uma outra definição para ácidos e bases foi
foi dada pelo cientista sueco Svante Arrhenius, que dada pelo dinamarquês Johannes N. Bronsted e
estabeleceu os ácidos como substâncias que - em pelo inglês Thomas Lowry, independentemente, fi-
solução aquosa - liberam íons positivos de hidrogênio cando conhecida como definição protônica. Se-
(H+), enquanto as bases, também em solução aquo- gundo os dois, ácido é uma substância capaz de
sa, liberam hidroxilas, íons negativos OH-. Assim, quan- ceder um próton a uma reação, enquanto base
do diluído em água, o cloreto de hidrogênio (HCl) é uma substância capaz de receber um próton.
ioniza-se e define-se como ácido clorídrico, como A definição de Bronsted-Lowry é mais abrangente
segue: que a de Arrhenius, principalmente pelo fato de
nem todas as substâncias que se comportam como
bases liberarem uma hidroxila OH-, como é o caso
da amônia (NH3). Além disso, a definição protônica
não condiciona a definição de ácidos e básicos à
dissolução em meio aquoso, como propunha a do
químico sueco.
Bronsted e Lowry definiram ácidos e bases a par-
tir dos prótons que liberavam e recebiam. Já o nor-
te-americano Gilbert Newton Lewis se voltou para
os elétrons ao desenvolver sua definição. De acor-
do com ela, ácidos são substâncias que, numa liga-

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ção química, podem receber pares eletrônicos, en- H2O(ℓ) + H2O(ℓ) ↔ H3O+(aq) + OH-(aq)
quanto as bases são aquelas que cedem estes pa-
res. A definição de Lewis abrange as de Arrhenius e Ou
a definição protônica, que, entretanto, continuam
válidas dentro de suas próprias abrangências. Experimentos demonstram que quando a água,
limpa ou misturada com solvente, se ioniza num es-
Identificação dos ácidos e bases paço pequeno origina o equilíbrio: Observe que hou-
ve a formação dos íons: H3O+ (íon hidrônio) e OH-
Os ácidos possuem sabor azedo, como o en- (íon hidróxido). É por isso que esse processo é chama-
contrado nas frutas cítricas ricas no ácido de mes- do de Ionização da água. As concentrações de íons
mo nome. Já as bases, tem gosto semelhante ao H+ e OH- que estão no equilíbrio diversificam com a
do sabão (sabor adstringente). Mas, felizmente, há temperatura, porém constantemente estarão iguais
modos mais eficazes e seguros de identificar ácidos entre si:
e bases do que o paladar. É possível medir a concen-
tração de hidrogênio iônico em uma solução a partir água → [H+] = [OH-]
de uma escala logarítmica inversa, que recebeu o
nome de potencial hidrogeniônico, ou simplesmen- Em uma água pura a 25 ºC, as concentrações em
te, escala de pH. Esta escala vai de zero a 14, sendo mol/L de H+ e OH- mostram um valor igual a 10-7 mol.
o pH 7 considerado neutro. Os valores menores que L-1. Água pura medindo 25 ºC → [H+] = [OH-] = 10-7
sete classificam a solução medida como ácida e os mol . L-1
maiores que sete, como alcalinos (bases). Escala de
pH: Auto-Ionização da H2O

H2O <–> H+ + OH-


Kc = [H+] . [OH-] / [H2O]
Kc . [H2O] = [H+] . [OH-], Kc . [H2O] = Kw
Kw = [H+] . [OH-]

Kw só depende da temperatura. 177


A 25°C Kw = 10-14 mol/L

Para se medir o pH, usam-se combinações de H2O pura: Solução Neutra


substâncias indicadoras, como a fenolftaleína, que [H+] . [OH-] = 10-14
mudam de cor conforme a posição da substância [H+] = 10-7
testada na escala acima. Também são usados instru- [OH-] = 10-7
mentos como os medidores de pH por eletrodo indi-
cador, que mede as diferenças de potencial elétrico Solução Ácida
produzidas pelas concentrações de hidrogênio e in- [H+] > [OH-]
dica o resultado dentro da escala de 0 a 14. [H+] > 10-7 mol/L
[OH-] < 10-7 mol/L
Equilíbrio Iônico da Água
Solução Básica
A água é formada por moléculas de H2O, vamos [OH-] > [H+]
considerar um recipiente contendo água pura. Será [OH-] > 10-7 mol/L
que as moléculas de H2O sofrem alguma interação [H+] < 10-7 mol/L
iônica? A resposta a essa pergunta é sim, pois as mo-
léculas nos líquidos estão em constante movimento, pH: potencial hidrogeniônico
sendo assim, é lógico esperar que ocorram entre elas Indica a acidez de uma substância.
vários tipos de colisões. Ocorre uma transferência de
próton (H+) de uma molécula para outra quando pH = -log [H+]
duas moléculas de H20 colidem ordenadamente e
com suficiente energia. Essa transferência é represen- Solução neutra:
tada na equação abaixo: [H+] = 10-7
pH = -log 10-7
pH = 7

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

pOH: potencial hidroxiliônico Como a concentração molar da água é pratica-


Indica a basicidade de uma substância. mente constante, retomando a constante de equilí-
brio, podemos escrever:
pOH = -log [OH-]
K.[H2O] = [H+].[OH-]
Solução neutra: do que resulta uma única constante (o produto
[OH-] = 10-7 de duas constantes), ou seja:
pOH = -log 10-7 Kw = [H+].[OH-]
pOH = 7 é o chamado produto iônico da água, onde o w
se deve à palavra inglesa water.
Note, (mudança da posição do texto)
pH = 7 e pOH = 7, podemos ter uma conclusão de
que, pH + pOH = 14 Efeito Tampão
O efeito tampão, como o próprio nome indica,
Solução Ácida consiste no efeito produzido por um tampão. Um
pH< 7 e pOH >7 tampão é uma mistura de compostos químicos ca-
paz de manter um determinado valor de pH. Os tam-
Solução Básica pões mais comuns consistem em misturas de um áci-
pH> 7 e pOH < 7 do orgânico fraco e de um dos seus sais ou de uma
mistura de sais do ácido fosfórico. A adição de um
É muito comum ouvirmos alguém dizer que o pH ácido ou de uma base provoca o deslocamento do
da água de uma piscina precisa ser controlado, as- equilíbrio químico, mantendo-se assim um valor de
sim como o pH da água de um aquário ou de um pH constante.
solo, para favorecer um determinado plantio. Até
mesmo nosso sangue deve manter um pH sempre
entre os valores de 7,35 e 7,45. Uma variação de 0,4
pode ser fatal! O que exatamente é o pH e o que
significam seus valores?
178
Produto Iônico da Água
Considere um copo com água. Será que essa
água é composta apenas por moléculas de H2O?
Não, pois como essas moléculas estão em constante
movimento, elas se chocam o tempo todo. Resulta-
do: uma molécula de água pode colidir e reagir com
outra molécula de água! O equilíbrio gerado é co-
nhecido como auto-ionização da água:

HOH ↔ H+ + OH-


ou
HOH + HOH ↔ H3O+ + OH-
Como já é sabida, a concentração da água ─
[H2O] ≈ 55,6 mol/L ─ será desprezivelmente altera-
da caso alguma nova substância seja adicionada
(como um ácido, por exemplo) para a formação de
soluções diluídas como as que estamos estudando
(dificilmente mais de 0,5 mol de água será consumi-
do na formação dessas soluções. Começar com 55,6
mol e terminar aexperiência com 55,1 mol de água
não é uma alteração significativa). Portanto, vamos
considerar [H2O] constante.
Como a água pura é neutra (já que para
cada  íon H+, forma-se também um íon OH-), temos
que [H+] = [OH-], a 25 °C, quando [H+].[OH-] = 1,0.10-14,
temos que [H+] = [OH-] = 10-7 mol/L.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

COMPOSTOS DE CARBONO – CARACTERÍSTICAS GERAIS


DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS. PRINCIPAIS FUNÇÕES ORGÂNICAS.
ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE HIDROCARBONETOS. ESTRUTURA
E PROPRIEDADES DE COMPOSTOS ORGÂNICOS OXIGENADOS. F
ERMENTAÇÃO. ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
NITROGENADOS. MACROMOLÉCULAS NATURAIS E SINTÉTICAS.
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE POLÍMEROS. AMIDO, GLICOGÊNIO E CELULO
E. BORRACHA NATURAL E SINTÉTICA. POLIETILENO, POLIESTIRENO,
PVC, TEFLON, NÁILON. ÓLEOS E GORDURAS, SABÕES E
DETERGENTES SINTÉTICOS. PROTEÍNAS E ENZIMAS.

Propriedades do Átomo do Carbono Ácido Acético

Q
uímica Orgânica: é o ramo da Química O explosivo da dinamite é a nitroglicerina, que é
que estuda os compostos do carbono. fabricada pela reação da glicerina com o ácido nítri-
Os átomos de carbono podem ligar-se co. A glicerina é um composto orgânico cuja molécu- 179
uns aos outros formando cadeias carbônicas. São la apresenta uma cadeia de três carbono.
conhecidos compostos com cadeias formadas por
2,3,4,5 ... até milhares de átomos de carbono

Cadeia Carbônica

As ligações entre átomos de carbono são liga- Ácido Nítrico


ções covalentes (pares de elétrons compartilhados).
Exemplos de compostos orgânicos: cachaça, álcool, C3H6O - Acetona
cerveja. O álcool que você usa como desinfetante,
o álcool que você usa como combustível, álcool que A acetona líquida, utilizada para remover o esmal-
você ingere nas bebidas alcóolicas, é um composto te das unhas, é um composto orgânico cuja molécula
orgânico cuja molécula apresenta uma cadeia de 2 apresenta uma cadeia de três átomos de carbono:
átomos de carbono.
O ácido do vinagre que você utiliza no preparo de
saladas, maioneses, etc., é o ácido acético, cuja molé-
cula apresenta uma cadeia de dois átomos de carbono

C3H6O

H 4C2O2

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Acetona
C6H12O6 - Glicose
Nos hospitais, os doentes após operações cirúrgicas são alimentados com glicose sob a forma de soro
(solução de glicose). A glicose é um composto orgânico cuja molécula apresenta uma cadeia de seis áto-
mos de carbono

C6H12O6

Glicose
A coloração amarela da cenoura é dada por um pigmento vegetal chamado caroteno, cuja molécula
apresenta uma cadeia de 40 átomos de carbono (C40H56). A coloração avermelhada do tomate maduro é
dada por outro pigmento chamado” licopeno”, cuja molécula também apresenta cadeia de 40 átomos de
carbono (C40H56). A cadeia carbônica do caroteno é diferente da do licopeno, mas ambos são (C40H56).
O petróleo é uma mistura contendo inúmeros compostos orgânicos, predominando os formados de car-
bono e hidrogênio (CxHy). Por destilação fracionada do petróleo são obtidos inúmeros produtos, tais como:
gasolina, querosene, óleo diesel, óleos lubrificantes, parafinas, vaselina, asfalto, etc.

Características Gerais
As ligações mais frequentes envolvendo os compostos orgânicos acontecem entre átomos de carbono
e hidrogênio. Nesse caso, como a atração exercida sobre os elétrons é praticamente a mesma, não ocorre
acúmulo de cargas elétricas (polos). Portanto, essas ligações são apolares, originando compostos apolares.
Quando, na molécula de um composto orgânico existe outro elemento químico além de carbono e hi-
180 drogênio, suas moléculas poderão apresentar certa polaridade.

ou

Essa característica é, entre outras, responsável por algumas propriedades dos compostos orgânicos. Ve-
jamos algumas delas:

Ponto de Fusão e Ponto de Ebulição

A ausência ou a baixa polaridade é responsável pelos menores pontos de fusão e ebulição quando com-
parado com os inorgânicos. Também essa característica justifica que, à temperatura ambiente, os compos-
tos orgânicos sejam encontrados nos três estados físicos, enquanto os compostos iônicos sejam encontrados
somente no estado sólido.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Fórmula C4H10 C2H6O C6H6O NaCl


Fenol
Cloreto
Nome Butano Etanol (ácido
de Sódio
Fênico)
Gás de Á l c o o l Bacteri- Alimenta-
Aplicação
Isqueiro Comum cida ção
Ponto Fusão -138 oC - 115 oC 41 oC 801 oC
Ponto Ebulição 0 oC 78 oC 182 oC 1413 oC
Estado Físico
(a 25 oC--1 Gasoso Líquido Sólido Sólido
atm)

Solubilidade
Os compostos orgânicos apolares são praticamente insolúveis em água e tendem a se dissolver em outros
compostos orgânicos apolares (semelhante tende a dissolver semelhante).
A graxa (orgânica) é removida quando a dissolvemos com gasolina (orgânica). No entanto, também
existem compostos orgânicos polares, portanto solúveis em água. Alguns deles: açúcar, álcool comum, áci-
do acético (contido no vinagre), éter comum, etc.

Combustibilidade
A maior parte dos compostos que sofrem combustão (queima) são de origem orgânica.

Encadeamento
Os átomos de carbono têm a propriedade de se unir, formando estruturas denominadas cadeias carbô-
nicas. Essa propriedade é a principal responsável pela existência de milhões de compostos orgânicos.
Veja alguns exemplos de cadeias:
181

Importante: Uma cadeia carbônica pode apresentar, além de átomos de carbono, átomos de outros
elementos, desde que estes estejam entre os átomos de carbono. Os elementos diferentes do carbono que
mais frequentemente podem fazer parte da cadeia carbônica são: O, N, S, P. Nessa situação, estes átomos
são denominados heteroátomos.
Existe outra maneira de representar a cadeia de um composto orgânico. Nesse tipo de representação,
não aparecem nem os carbonos, nem os hidrogênios ligados aos carbonos. As ligações entres os carbonos
são indicados por traços (-) localizando-se os carbonos nos pontos de inflexão (quinas) e nas extremidades
dos traços.

ciclopropano

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1-buteno

Podemos também simplificar por meio de índices;

ou H3C - CH2 - O - CH2 - CH3

Simplificando a representação dos H: C2H5 - O - C2H5 ou C4H10O

Estrutura de Compostos Orgânicos, Cadeias Carbônicas

Classificação do Carbono

Podem ser classificados de acordo com o número de outros átomos de carbono ligado a ele na cadeia.

Carbono Definição Fórmula Estrutural

Ligado diretamente, no máximo, a


Primário
um outro carbono

182
Ligado diretamente a dois outros
Secundário
carbonos

Ligado diretamente a três outros


Terciário
carbonos

Ligado diretamente a quatro outros


Quaternário
carbonos

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Classificação das Cadeias Carbônicas

Cadeia Carbônica
É o conjunto de todos os átomos de carbono e de todos os heteroátomo que constituem a molécula de
qualquer composto orgânico. Quanto a disposição dos átomos de carbono:

Cadeia Aberta, Acíclica ou Alifática Cadeia Fechada ou Cíclica


Apresenta pelo menos duas extremi- Não apresenta extremidades e os átomos
dades e nenhum ciclo ou anel. originam um ou mais ciclos (anéis).

Podem ser subdivididas:

1) Cadeia Aberta, Acíclica ou Alifática


Podem ser Normal (reta ou linear) e Ramificada

Cadeia Normal, Reta ou Linear Cadeia Ramificada


Apresenta apenas duas extremidades e Apresenta no mínimo três extremi-
seus átomos estão dispostos numa única dades e seus átomos não estão
seqüência. dispostos numa única seqüência.
183

2) Cadeias Fechadas ou Cíclicas


Podem ser: Aromáticas ou Alicíclicas (Não Aromáticas)

Cadeias Aromáticas Cadeias Alicíclicas ou Não Aromáticas


São aquelas que apresentam pelo menos São cadeias que não apresentam o nú-
um anel benzênico cleo aromático ou benzênico

Benzeno

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Obs.: As Cadeias Carbônicas cuja a estrutura Funções Orgânicas


apresentar extremidades livres e ciclos são denomi-
nadas mistas. Quanto a ligação entre os átomos de Notação, Nomenclatura e Propriedades Físicas e
carbono Químicas de Hidro Carboneto, Álcool, Éter, Fenol, Ce-
Podem ser Saturada ou Insaturada (Não Satu- tonas, Aldeídos, Ácido Carboxílicos, Amina e Amida
rada) (Contendo de 1 a 8 Carbonos)
As substâncias orgânicas com propriedades seme-
lhantes são agrupadas, elas podem até possuir carac-
Cadeia Insaturada ou
terísticas estruturais comuns, mas se diferenciam pelo
Cadeia Saturada Não Saturada grupo funcional.
Apresenta somente liga- Apresenta pelo menos Estas substâncias recebem a denominação de
ções simples entre os áto- uma dupla ou tripla li- funções orgânicas, conheça nesta seção algumas de-
mos da cadeia gação entre átomos da las e seus respectivos grupos funcionais:
cadeia. Funções oxigenadas – aldeídos, cetonas, ácidos
carboxílicos, ésteres, éteres, álcoois;
Funções nitrogenadas – aminas, amidas;
Funções halogenadas – haletos;
Função hidrogenada – hidrocarbonetos.

Esta classificação surgiu da necessidade de organi-


zar o grande número de compostos orgânicos em clas-
ses subdivididas que obedecem a propriedades quí-
micas comuns. Com certeza esta divisão facilita nosso
estudo, então confira nesta seção as características e
aplicações das principais funções orgânicas.
O principal membro da classe das Cetonas (subs-
tâncias orgânicas oxigenadas) recebe a denomina-
ção de Acetona (ou ainda, propanona ou dimetil-ce-
184 Quanto à natureza dos átomos que compõem a tona).
cadeia.
Podem ser Classificadas em Homogênea ou He- Características Físicas da Acetona:
terogênea
Este composto orgânico sintético tem a forma de
um líquido incolor de odor característico e facilmente
Cadeia Heterogênea
Cadeia Homogênea distinguido.
Apresenta pelo menos
É constituída somente É fácil notar a presença da acetona nos salões de
um heteroátomo na
por átomo de carbono. beleza, onde é usado na remoção de esmaltes. Bas-
cadeia.
ta abrir o recipiente que o contém e rapidamente o
mesmo é inalado, pois evapora facilmente, além de
ser inflamável e solúvel em água. 
CH3(CO)CH3

Fórmula química da acetona

 
Ácido Fênico
Fórmula molecular da acetona

Obtenção da Acetona: Existem vários métodos de


se obter Acetonas, um deles consiste em aquecer ace-
tato de cálcio 300°C. A equação abaixo representa o
processo:

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A acetona (C3H6O) aparece como um dos pro- Classificação dos álcoois


dutos finais do processo. Conheça algumas das utili-
zações da acetona: O principal uso é com solvente Os álcoois são definidos como compostos orgâni-
de tintas, vernizes e esmaltes. É usada também como cos que apresentam o grupo funcional hidroxila (OH)
agente secante de objetos, como por exemplo, de preso a um ou mais carbonos saturados. Eles podem
recipientes em laboratórios. Devido a propriedade se classificar de acordo com muitos critérios, é o que
de ser miscível com a água, combinam-se ambos os veremos agora:
líquidos e então evapora.
Posição da hidroxila
Ácidos Carboxílicos
Algumas substâncias orgânicas possuem a pro- Álcool primário: Quando a hidroxila estiver locali-
priedade de proteger a pele, os ácidos carboxílicos zada na extremidade da cadeia, o álcool se classifi-
são um exemplo, eles são usados na produção de ca como sendo primário.
filtros solares. Exemplo:
A coloração esbranquiçada do protetor, que nos CH3 ─ OH
faz parecer “palhaços” quando o espalhamos pelo
rosto, se deve à presença de óxidos metálicos, den- Metanol
tre eles, ZnO (óxido de zinco) e TiO2 (óxido de titânio). Repare que a OH se encontra no extremo da ca-
Entre outros componentes está o ácido p-aminoben- deia e se liga apenas a um átomo de carbono.
zoico (PABA), de fórmula molecular C7H7NO2, além da
proteção ele ainda proporciona um belo bronzeado. Álcool secundário: possui a hidroxila ligada a car-
Como o protetor age sobre a pele? A principal bono secundário.
função é impedir que os raios solares nocivos (UVA) Exemplo:
sejam absorvidos pelo organismo. A sigla FPS (fator
de proteção solar) indica o tempo permitido de ex-
posição ao sol após ter aplicado a loção protetora.
Se o FPS for 8, você poderá permanecer no sol por
um período 8 vezes maior do que se estivesse sem
proteção, e assim por diante. Penten-3-ol-2 185
Se o FPS for 15, significa que ele reduz 15 vezes a Dizemos que o carbono é secundário quando
influência dos raios ultravioleta, ou seja, após 15 horas está entre dois átomos de carbono.
teremos o mesmo efeito sobre a pele que teríamos
em 1 hora sob o sol, sem proteção nenhuma. Álcool terciário: para receber esta classificação
a hidroxila precisa estar ligada a carbono terciário.
Álcoois Exemplo:
Os álcoois possuem o grupo funcional hidroxila
(-OH) ligados a um ou mais carbonos saturados.

Metil-propanol-2
O carbono terciário se liga a outros três átomos
de carbono.

A denominação é realizada trocando-se o final Número de hidroxilas


o do nome do hidrocarboneto correspondente pelo
sufixo ol. A posição do grupo hidroxila (-OH) deve ser Monoálcool: classificação dada a álcoois que
indicada pelo menor número possível.
possuem apenas uma hidroxila ligada.
Exemplo:

Propanol – 1

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Diálcool: álcool que possui duas hidroxilas ligadas Aldeídos


à cadeia carbônica.
Exemplo: Os aldeídos são compostos orgânicos que se
apresentam pela presença do grupo funcional car-
bonila (–COH). 

Propanodiol – 1,2  

Triálcool: este álcool conta com três hidroxilas em A denominação é constituída a partir do nome dos
sua cadeia. hidrocarbonetos, finalizando com a terminação al.
Exemplo: Exemplo:

Propanotriol

Tipo de cadeia Nomenclatura dos aldeídos ramificados


1º - Assinalar a cadeia principal com uma moldu-
Álcool de cadeia aberta: a cadeia que forma ra
este álcool é linear, ou seja, não forma ângulos.
2º - Numerar a cadeia a partir do carbono do gru-
Exemplo:
po aldoxila que irá adquirir o número 1.
3º - Começar o nome indicando a ramificação
186 ou ramificações.

Exemplo:
Propanol-2

Álcool de cadeia cíclica: a presença de uma fi-


gura geométrica caracteriza este tipo de álcool.
Exemplo:

Aldeídos de Cadeias Cíclicas

Ciclopentanol
Neste caso, a figura pentágono forma a estrutura
carbônica.

Álcool de cadeia aromática: O álcool aromático


possui um anel benzeno em sua estrutura.
Exemplo:

Fenol
(mudança de posição do texto)

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Amidas Em muitas sínteses orgânicas são utilizadas ami-


nas, como por exemplo, na vulcanização da borra-
As amidas são, compostos orgânicos, ou seja, pos- cha, na preparação de corantes, na fabricação de
suem estrutura baseada em carbono. Todas as ami- sabões, na produção de medicamentos, etc.
das possuem em sua fórmula geral, além de carbonos, Veja como pode ser feito o processo de caracte-
o grupo carbonila (C=O) e o grupo amino (NH2). Va- rização de aminas:
mos então analisar as propriedades deste composto: As aminas primárias, secundárias e terciárias se
- Uma das propriedades químicas das amidas é comportam de modos distintos frente à reação com
a polaridade, elas são polares devido à presença do ácido nitroso, sendo assim, essas reações podem ser
grupo C=O; usadas para distingui-las.
- Propriedades físicas: em condições ambientes No frasco que contém a amina, adicione o áci-
podem ser encontradas no estado sólido ou líquido. do nitroso e observe o resultado:
No estado líquido encontramos as amidas de fórmula
Amina terciária: quando não há reação alguma
estrutural menor, como a metanamida ou a forma-
entre os componentes.
mida, esses dois compostos são líquidos incolores. As
Amina secundária: se houver formação de um
amidas primárias e secundárias possuem ponto de
precipitado de coloração amarela.
fusão e ponto de ebulição mais elevados que outras
Amina primária: há a liberação de gás nitrogênio
amidas de mesma massa molecular.
durante a reação.
As amidas não ocorrem na natureza  e por isso é
preciso prepará-las em laboratório, o processo se ba-
seia no aquecimento de sais de amônio e seguido Cetona
de desidratação, veja a equação: R- COONH4 → R – Cetonas são substâncias orgânicas onde o gru-
COONH2 + H2O po funcional carbonila se encontra ligado a dois áto-
As amidas são empregadas em sínteses orgânicas mos de carbono. Uma cetona bastante conhecida
e representam compostos importantes como náilon. é a Propanona. Cuja estrutura é a seguinte:
O náilon é uma poliamida que se destaca entre os po-          O 
límeros.          ║
H3C ─ C ─ CH3
Nomenclatura: prefixo + AMIDA. 187
Esse composto é conhecido popularmente
Exemplo:  como Acetona, e se apresenta como um líquido de
         O  odor irritante e se dissolve tanto em água como em
         ║ solventes orgânicos. Essa característica permite sua
H3C ─ C ─ NH2 utilização como solvente de tintas, vernizes e esmal-
etanamida tes. Na indústria alimentícia, possui uma importante
Prefixo: etan + AMIDA. utilização: extração de óleos e gorduras de semen-
tes de plantas. Essas plantas são em geral a soja, gi-
As aminas são consideradas bases orgânicas, elas rassol e amendoim.
são obtidas através da substituição de um ou mais hi- As cetonas podem ser encontradas até em nos-
drogênio da amônia (NH3) por demais grupos orgâni- sos organismos, em pequena quantidade, fazendo
cos. Elas possuem em sua fórmula geral o elemento parte dos corpos cetônicos na corrente sanguínea.
Nitrogênio. As cetonas mostram o grupo carbonila (C = O),
As aminas podem se apresentar em condições sendo esse carbono secundário. O sufixo -ona é usa-
ambientes na forma sólida, líquida ou gasosa, depen-
do para indicar a função:
dendo de sua estrutura. Aminas alifáticas com até
doze carbonos são líquidas, e as com mais de doze
carbonos são sólidas, e todas elas são incolores. As lí-
quidas são tóxicas e apresentam cheiro desagradá-
vel, e as sólidas são inodoras.
Aminas podem ser produzidas na decomposição
de peixes (trimetilamina), e na decomposição das
proteínas de organismos humanos putrefatos (cadá-
veres) são formadas a putrescina e cadaverina, essas
são diaminas alifáticas saturadas. Alguns compostos
extraídos de vegetais, tais como os alcalóides con-
têm amina em sua fórmula.

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A numeração da cadeia deve começar depois da ou gasosa. Os de massa molecular mais elevada
da extremidade mais próxima do grupo C = O. estão no estado sólido, os que apresentam dois e três
carbonos na molécula são gasosos e os seguintes são
líquidos que são extremamente voláteis.
Éteres são usados como solventes de óleos, gor-
duras, resinas e na fabricação de seda artificial. Den-
tre as variadas aplicações dos éteres se destaca sua
utilização na medicina que é muito importante, sen-
do usado como anestésico e na preparação de me-
dicamentos.
O éter etílico (éter comum) pertence à classe de
éteres, é um líquido incolor muito volátil (ferve a 35°
A denominação das cetonas ramificadas e/ou C), produz frio intenso ao evaporar em contato com
insaturadas segue as regras já vistas. a pele e seus vapores são três vezes mais pesados
que o ar. Sua utilização é feita em pacientes, é um
poderoso anestésico inalatório porque relaxa os mús-
culos, mas possui as desvantagens de causar irrita-
ção no trato respiratório e a possibilidade de provo-
car explosões em ambientes fechados. Sendo assim,
ele está em desuso, apesar de ter sido usado durante
quase um século.
O éter etílico dissolve graxas, óleos e resinas, por
isso é usado na indústria como solvente de óleos e
tintas.
A nomenclatura oficial para os Éteres segue uma
regra fixa estabelecida pela União Internacional de
Existe uma nomenclatura usual em que o grupo Química Pura e Aplicada (IUPAC). Observe o funcio-
>C = O é denominado cetona, e seus ligamentos são namento das normas:
188 considerados grupos orgânicos. 1. Inicie o nome dos éteres pelo prefixo de menor
número de carbonos, conforme abaixo:
Prefixos:

1 carbono - MET                        6 carbonos - HEX


2 carbonos - ET                         7 carbonos - HEPT
3 carbonos - PROP                    8 carbonos - OCT
4 carbonos - BUT                       9 carbonos - NON
5 carbonos - PENT                   10 carbonos - DEC

2. Use o termo intermediário: oxi.


3. Encerre pelo nome do hidrocarboneto com
maior número de carbonos.
Exemplos: H3C ─ CH2 ─ O ─ CH3 
Éteres
Metoxi-etano
Repare que a nomenclatura começou com o
Éteres são compostos orgânicos caracterizados
prefixo de menor número de carbonos.
pela presença de um átomo de oxigênio (O) ligado
a dois radicais monovalentes alquila, ou seja, hidro-
carbonetos (grupos orgânicos). Reações Orgânicas
Exemplo:
H3C ─ O ─ CH3 No fim do século XIX, as substâncias utilizadas no
éter metílico ou metóxi-metano tratamento de doenças, na fabricação de produtos
de limpeza e perfumes, só podiam ser encontradas
Os éteres são compostos incolores, de cheiro em seus estados naturais. O desenvolvimento da Quí-
agradável e pouco solúvel em água, em condições mica Orgânica possibilitou a determinação das estru-
ambientes podem se apresentar na fase sólida, líqui- turas dos compostos presentes nesses produtos.

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Esta evolução é devido a pesquisas e produção de inúmeras substâncias por reações feitas em labora-
tório. Os químicos reconhecem o composto e tentam produzi-lo por meio de reações orgânicas. É econo-
micamente viável, pois é mais barato e mais fácil sintetizar uma substância do que extraí-la de uma fonte
natural. Exemplo: a vitamina C pode ser obtida de fontes naturais ou pode ser produzida em laboratório, e
sua composição é a mesma em ambos os casos.
As reações orgânicas podem ser classificadas de diversas maneiras, a mais comum é a que diferencia
reações de adição, substituição e eliminação.

Reações de adição: correspondem às reações que tem uma configuração característica de hidrocarbo-
netos insaturados, como os alcenos, alcinos e dienos. Na reação por adição, há a junção de duas ou mais
moléculas provocando a origem de unicamente um produto. Veja o exemplo:

Reações de substituição: um átomo ou grupo de átomos é substituído por um radical do outro reagente,
ou seja, ocorre na molécula a troca de um ligante.

Reações de eliminação: os átomos na molécula do reagente orgânico diminuem, daí o nome da reação:
eliminação. Nesse tipo de reação, ocorre a saída de ligantes de uma molécula sem que aconteça a substi-
tuição desses ligantes por outros.
Mecanismo de uma reação é o caminho pelo qual a reação se processa, ele descreve as várias etapas
pelas quais ela passa. 189
A ruptura das ligações, os ataques eletrofílicos e nucleofílicos ao reagente orgânico, a formação de no-
vas ligações e de compostos intermediários, tudo isso é demonstrado em um mecanismo. Vale lembrar que
um mecanismo é proposto se baseado em experimentos, mas é apenas um modelo, não sendo um caminho
obrigatório para a reação.
No mecanismo da reação influem vários fatores, como a natureza do solvente, polaridade das ligações,
troca de elétrons, etc. Portanto, um determinado mecanismo nem sempre é a única maneira de se explicar
a formação de determinado produto.
No caso das reações orgânicas, um mecanismo pode ocorrer de duas maneiras: ionicamente ou via
radicais livres.
1. Mecanismo iônico: a ruptura heterolítica de uma ligação covalente dá início ao processo, originando
íons (carbocátion e carbânion).
2. Mecanismo via radicais livres: a ruptura homolítica de uma ligação covalente forma radicais livres
(muito instáveis e reativos).
Acompanhe o mecanismo de Halidrificação de Alcenos.

Podemos dividir o mecanismo em etapas:


1ª Etapa: A quebra homolítica de Ácido Bromídrico (H — Br) deu origem ao radical livre • Br, este reage
com alceno e forma um novo radical.
Etapa intermediária: o radical livre ataca o hidrogênio polarizado do HBr.

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Etapa final: Nesta etapa se forma o produto (1- Bromo propano) e um novo radical que reiniciará a rea-
ção.
Como se vê, a Halidrificação de Alcenos ocorre por Mecanismo via radicais livres.

Observação: Halidrificação pode ser entendida como Halogenação, uma vez que houve a adição de
um Halogênio (Bromo) à molécula.
O mecanismo de uma reação é uma maneira didática (simulação) de mostrar passo a passo a formação
de determinado produto, mas, contudo, explica o que acontece realmente na prática.

Reatividade dos Compostos Orgânicos

Reação de Saponificação

Em termos gerais, a reação de saponificação ocorre quando um éster em solução aquosa de base inor-
gânica origina um sal orgânico e álcool.
A Reação de saponificação também é conhecida como hidrólise alcalina, através dela é que se torna
possível o feitio do sabão. Falando quimicamente, seria a mistura de um éster (proveniente de um ácido gra-
xo) e uma base (hidróxido de sódio) para se obter sabão (sal orgânico).
A equação abaixo demonstra este processo:

Éster + base forte → sabão + glicerol

Praticamente todos os ésteres são retirados de óleos e gorduras, daí o porquê das donas de casa usarem
o óleo comestível para o feitio do sabão caseiro.
Equação genérica da hidrólise alcalina:

190

A equação acima representa a hidrólise alcalina de um óleo (glicerídeo). Dizemos que é uma hidrólise
em razão da presença de água (H2O) e que é alcalina pela presença da base NaOH (soda cáustica). O
símbolo ∆ indica que houve aquecimento durante o processo. Produtos da reação de Saponificação: sabão
e glicerol (álcool).

Reação de substituição

Reação de substituição, como o próprio nome já diz, é aquela em que ocorre na molécula a troca de
um ligante.
Veja um exemplo de substituição por radical livre:
1ª etapa: formação do radical

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Ruptura homolítica do Br2 e formação de radicais • BR: esta cisão na ligação covalente ocorre na pre-
sença de calor ou luz.
2ª etapa: ataque do radical Brometo ao Propano, causando a ruptura homolítica da ligação C ― H.

O ligante H da molécula de propano é substituído pelo ligante BR, originando o 1 -Bromo propano ou 2 -
Bromo propano. A reação de substituição por radical livre é típica de alcanos.
Nota: As duas setas indicam que o radical Bromo pode substituir qualquer hidrogênio da estrutura. A rup-
tura de ligações entre átomos pode ocorrer de modo homogêneo ou heterogêneo.

Ruptura Homolítica: a molécula é separada de modo igual para os radicais resultantes, ou seja, é uma
cisão de ligação sem perda nem ganho de elétrons.
Quando a quebra da ligação é feita igualmente, cada átomo fica com seu elétron original da ligação,
dando origem aos chamados radicais livres.

Radical livre: átomo com elétron desemparelhado, cuja carga elétrica é neutra. 191

Ruptura Heterolítica: a quebra da ligação é feita de modo desigual, ficando o par eletrônico com apenas
um dos átomos da ligação.

Observe que uma das espécies ganha elétrons e a outra perde (formação de íons).
Rompendo-se heteroliticamente a ligação entre carbono e bromo, teremos um carbocátion e um íon
brometo (ânion). Neste caso, o elemento bromo, como sendo mais eletronegativo, leva consigo o par ele-
trônico.
Mas o que aconteceria se o par de elétrons ficasse com o Carbono? Isto ocorre quando há uma quebra
heterolítica entre a ligação de carbono e hidrogênio:

O carbono fica com o par eletrônico e colabora para a formação de um carbânion e um íon H+ (próton).

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Reações de Redução, Oxidação e Combustão

Reação de oxidação: quando ocorre - na maioria das vezes - com adição de oxigênio.
A reação da oxidação pode ser: parcial ou total.

Oxidação parcial de álcool primário.


Exemplo:

Oxidação parcial de álcool secundário.


Exemplo:

Oxidação de aldeído.
Exemplo:

192

Oxidação total de álcool primário.


Exemplo:

Reação de redução: é o inverso da reação de oxidação. Ocorre - na maioria das vezes - com adição de
hidrogênio.
A reação de redução pode ser: parcial ou total.

Redução parcial de ácido orgânico.


Exemplo:

Redução de aldeído.
Exemplo:

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Redução de cetona.
Exemplo:
 

Redução total de ácido orgânico.


Exemplo:

Reação de combustão

Combustão é uma reação química exotérmica, ou seja, libera calor para o ambiente. Esse tipo de rea-
ção é muito comum, já que a maioria da energia que consumimos é derivada da queima de materiais: os
combustíveis. Exemplo: gás de cozinha, gasolina, óleos e outros, todos eles obtidos a partir da destilação de
petróleo, por isso recebem a classificação de hidrocarbonetos. Esses compostos são formados somente por
carbono e hidrogênio, e para que uma combustão ocorra é necessário um comburente: o gás Oxigênio.
Na reação de combustão dos hidrocarbonetos ocorre a formação de gás carbônico (CO2) e água, a
energia é liberada sob a forma de calor. Veja a equação de combustão:

H + O2→ CO2 + H2O


193
A reação gerou apenas dióxido de carbono e água, quando elementos como carbono, nitrogênio, en-
xofre e ferro são queimados, dão origem a óxidos: a queima do Carbono irá gerar o dióxido de carbono, a
combustão do nitrogênio dará origem ao dióxido de nitrogênio, a queima de enxofre irá gerar dióxido de
enxofre e a do ferro irá gerar óxido de ferro III.
Mas, infelizmente, os combustíveis que apresentam grande importância em nossa vida também trazem
tragédias quando terminam em incêndios, para que isso ocorra são necessários três fatores:
1- Calor;
2- Presença de um combustível;
3- Presença de um comburente.

Para se prevenir e extinguir um incêndio é preciso eliminar um dos três elementos citados, a eliminação
pode ser por:
Resfriamento: a água é usada para abaixar a temperatura;
Abafamento: utiliza-se cobertores para impedir o contato do gás oxigênio do ar com o combustível;
Retirada do combustível: existem vários tipos de extintores, e eles são usados conforme a origem do com-
bustível:
- Sólidos: carvão, madeira, pólvora;
- Líquidos: gasolina, álcool, éter, óleo;
- Gasosos: metano, etano, etileno.

Bioquímica

O objetivo da Bioquímica é explicar a forma e a função biológica em termos químicos. Uma das formas
mais produtivas de se abordar o entendimento dos fenômenos biológicos tem sido aquela de purificar os
componentes químicos individuais, tais como uma proteína de um organismo vivo, e caracterizar sua estrutu-
ra química ou sua atividade catalítica.

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Biomoléculas delas desempenham papel estrutural nas células, isto


é, são componentes da membrana plasmática, das
Todos os seres vivos são constituídos por moléculas organelas dotadas de membrana, do citoesqueleto
orgânicas de grandes dimensões: as macromolécu- dos cromossomos etc. E para produzir mais células é
las. Estas são formadas por um número relativamente preciso mais proteína. Sem elas não há crescimento
reduzido de elementos químicos, principalmente hi- normal. A diferenciação e a realização de diversas
drogênio, oxigênio, nitrogênio e carbono. Em termos reações químicas componentes do metabolismo
de percentagem esses elementos juntos perfazem o celular dependem da paralisação de diversas rea-
total de aproximadamente 99% da massa da maio- ções químicas componentes do metabolismo celular
ria das células. Eles são os elementos mais leves ca- dependem da participação de enzimas , uma cate-
pazes de formar uma, duas, três e quatro ligações, goria de proteínas de defesa, chamadas anticorpos.
respectivamente. Em geral os elementos químicos Sem eles, nosso organismo fica extremamente vulne-
mais leves formam as ligações químicas mais fortes. rável.
As biomoléculas desempenham diferentes funções: Composição química das proteínas
estruturais; energéticas; enzimáticas; armazenamen- As proteínas são macromoléculas formadas por
to e transferência de informação.Muitas biomolécu- uma sucessão de moléculas menores conhecidas
las são polifuncionais, contendo dois ou mais grupos como aminoácidos. A maioria dos seres vivos, incluin-
funcionais diferentes, cada um com suas ações quí- do o homem, utiliza somente cerca de vinte tipos di-
micas características. A “personalidade” química de ferentes de aminoácidos, para a construção de suas
um composto é determinada pela química de seus proteínas. Com eles, cada ser vivo é capaz de pro-
grupos funcionais e a disposição desses no espaço duzir centenas de proteínas diferentes e de tamanho
tridimensional. variável.
A bioquímica estuda os processos químicos que Aminoácidos
ocorrem nos organismos vivos, animais e vegetais, os Cada aminoácido é diferente de outro. No en-
compostos bioquímicos e sua importância industrial. tanto, todos possuem alguns componentes co-
De um modo simplificado, para efeito de estudo, muns. Todo aminoácido possui um átomo de carbo-
dividimos os compostos bioquímicos em três classes no, ao qual estão ligados uma  carboxila, uma  ami-
principais: na e um hidrogênio. A quarta ligação é a porção va-
194 - Lipídios; riável, representada por R, e pode ser ocupada por
- Hidratos de carbono ou carboidratos; um hidrogênio, ou por um metil ou por outro radical.
- Proteínas.

Normalmente os compostos bioquímicos pos-


suem massa molecular elevada como é o caso, por
exemplo, dos álcoois graxos e dos ácidos graxos.Os
álcoois graxos são usados como solventes pra graxas,
ceras, gomas, pomadas de uso farmacêutico, aditi-
vos para óleos lubrificantes e como tensoativos não
iônicos para obtenção de emulsões de óleo e água.
De um modo genérico são denominados ácidos gra-
xos todos os ácidos obtidos a partir de óleos e gor-
duras animais e vegetais. São monocarboxílicos, com
um total de 4 a 22 átomos de carbono.Os compostos
dessa classe que possuem mais de 10 átomos de car-
bonos são chamados de ácido graxos superiores e
são utilizados como lubrificantes e na fabricação de
fármacos e cosméticos.
Proteínas e Enzimas
As proteínas são compostos orgânicos relaciona-
dos ao metabolismo de construção. Durante as fa-
ses de crescimento e desenvolvimento do indivíduo,
há um aumento extraordinário do número de suas
células passam a exercer funções especializadas,
gerando tecidos e órgãos.As proteínas possuem um
papel fundamental no crescimento, já que muitas

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Estrutura dos aminoácidos


Existem milhares de aminoácidos, no quadro abaixo temos os aminoácidos mais conhecidos

195

Ligação peptídica
Cada aminoácido está ligado a outro por uma ligação peptídica. Por meio dessa ligação, o grupo amina
de um aminoácido une-se ao grupo carboxila do outro, havendo a liberação de uma molécula de água. Os
dois aminoácidos unidos formam um dipeptídio.A ligação de um terceiro aminoácido ao dipeptídeo origina
um tripeptídeo que então, contém duas ligações peptídicas. Se um quarto aminoácido se ligar aos três ante-
riores, teremos um tetrapeptídeo, com três ligações peptídicas. Com o aumento do número de aminoácidos
na cadeia, forma-se um polipetídio, denominação utilizada até o número de 70 aminoácidos. A partir desse
número considera-se que o composto formado é uma proteína.

Aminoácidos essenciais e naturais


Todos os seres vivos produzem proteínas. No entanto, nem todos produzem os vinte tipos de aminoácidos
necessários para a construção das proteínas. O homem, por exemplo, é capaz de sintetizar no fígado ape-
nas onze dos vinte tipos de aminoácidos. Esses onze aminoácidos são considerados naturais para a nossa
espécie. São eles: alanina, asparagina, cisteína, glicina, glutamina, histidina, prolina, tiroxina, ácido aspártico,
ácido glutâmico.
Os outros nove tipos, os que não sintetizamos, são os essenciais e devem ser obtidos de quem os produz
(plantas ou animais). São eles: arginina, fenilalanina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, serina, treonina,
triptofano e valina. É preciso lembrar que um determinado aminoácido pode ser essencial para uma espécie
e ser natural para outra.

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 Uma visão espacial da proteína Forma e função das proteínas


Uma molécula de proteína tem, a grosso modo, A estrutura espacial de uma proteína está rela-
formato de um colar de contas. O fio fundamental cionada à função biológica que ela exerce. Por en-
da proteína, formado como uma seqüência de ami- quanto, lembre-se que, a manutenção das estrutu-
noácidos (cuja seqüência é determinada genetica- ras secundárias e terciárias deve-se a ligações que
mente), constitui a chamada estrutura primária da ocorrem entre os aminoácidos no interior da molé-
proteína. cula protéica, determinando os diferentes aspectos
espaciais observados.

Proteínas em forma de colar


Estrutura protéica
Ocorre, porém, que o papel biológico da maioria
das proteínas depende de uma forma espacial muito O aquecimento de uma proteína a determina-
mais elaborada. Assim, o fio fundamental é capaz de das temperaturas promove a ruptura das ligações
se enrolar sobre si mesmo, resultando um filamento internas entre os aminoácidos, responsáveis pela
196 espiralado que conduz à estrutura secundária, man- manutenção das estruturas secundária e terciária.
tida estável por ligações que surgem entre os ami- Os aminoácidos não se separam, são se rompem as
noácidos.Novos dobramentos da espiral conduzem ligações peptídicas, porém a proteína fica “desman-
a uma nova forma, globosa, mantida estável graças telada”, perde a sua estrutura original. Dizemos que
a novas ligações que ocorrem entre os aminoácidos. ocorreu uma desnaturação protéica, com perda da
Essa forma globosa representa a estrutura terciária. sua forma origina. Dessa maneira a função biológica
Em certas proteínas , cadeias polipeptídicas em es- da proteína é prejudicada.
truturas terciárias globosa unem-se, originando uma Nota: Nem sempre, porém, é a temperatura ou a
forma espacial muito complexa, determinante do alteração da acidez do meio que provoca a mudan-
papel bioquímico da proteína. Essa nova forma cons- ça da forma da proteína. Muitas vezes, a substituição
titui a estrutura quaternária dessas proteínas. de um simples aminoácido pode provocar alteração
A figura abaixo mostra as quatro estruturas da da forma da proteína.
hemoglobina juntas. Q hemoglobina está presente
dentro os glóbulos vermelhos do sangue e seu papel Enzimas
biológico é ligar-se a moléculas de oxigênio, trans-
A vida depende da realização de inúmeras rea-
portando-as a nossos tecidos.
ções químicas que ocorrem no interior das células e
também fora delas (em cavidades de órgãos, por
exemplo). Por outro lado, todas essas reações depen-
dem, para a sua realização, da existência de uma
determinada enzima. As enzimas são substâncias do
grupo das proteínas e atuam como catalisadores de
reações químicas.Muitas enzimas possuem, além da
porção protéica propriamente dita, constituída por
uma seqüência de aminoácidos, uma porção não
-protéica.
Nota: Catalisador é uma substância que acele-
ra a velocidade de ocorrência de uma certa reação
Estrutura de uma hemoglobina
química.

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A parte protéica é a  apoenzima  e a não protéica é o  co-fator. Quando o co-fator é uma molécula
orgânica, é chamado de coenzima. O mecanismo de atuação da enzima se inicia quando ela se liga ao
reagente, mais propriamente conhecido como substrato. É formado um complexo enzima-substrato, instá-
vel, que logo se desfaz, liberando os produtos da reação a enzima, que permanece intacta embora tenha
participado da reação
Mas para que ocorra uma reação química entre duas substâncias orgânicas que estão na mesma solu-
ção é preciso fornecer uma certa quantidade de energia, geralmente, na forma de calor, que favoreça o
encontro e a colisão entre elas. A energia também é necessária para romper ligações químicas existentes
entre os átomos de cada substância, favorecendo, assim a ocorrência de outras ligações químicas e a sínte-
se de uma nova substância a partir das duas iniciais.

Mecanismo de ação enzimática


Na catálise de uma reação química, as enzimas interagem com os substratos, formando com eles, tem-
porariamente, o chamado complexo enzima-substrato. Na formação das estruturas secundária e terciária de
uma enzima (não esqueça que as enzimas são proteínas), acabam surgindo certos locais na molécula que
servirão de encaixe para o alojamento de um ou mais substratos, do mesmo modo que uma chave se aloja
na fechadura.

197

Reação de catalise de uma reação enzimáticas


Esses locais de encaixe são chamados de sítio ativos e ficam na superfície da enzima. Ao se encaixarem
nos sítios ativos, os substratos ficam próximos um do outro e podem reagir mais facilmente.Assim que ocorre a
reação química com os substratos, desfaz-se o complexo enzima-substrato. Liberam-se os produtos e a enzi-
ma volta a atrair novos substratos para a formação de outros complexos.

Fatores que afetam a atividade das enzimas

Temperatura
A temperatura é um fator importante na atividade das enzimas. Dentro de certos limites, a velocidade de
uma reação enzimática aumenta com o aumento da temperatura. Entretanto, a partir de uma determina-
da temperatura, a velocidade da reação diminui bruscamente.O aumento de temperatura provoca maior
agitação das moléculas e, portanto, maiores possibilidades de elas se chocarem para reagir. Porém, se for
ultrapassada certa temperatura, a agitação das moléculas se torna tão intensa que as ligações que estabi-
lizam a estrutura espacial da enzima se rompem e ela se desnatura.
Para cada tipo de enzima existe uma temperatura ótima, na qual a velocidade da reação é máxima,
permitindo o maior número possível de colisões moleculares sem desnaturar a enzima. A maioria das enzimas
humanas, têm sua temperatura ótima entre 35 e 40ºC, a faixa de temperatura normal do nosso corpo. Já
bactéria que vivem em fontes de água quente têm enzimas cuja temperatura ótima fica ao redor de 70ºC.

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Temperatura ótima para a ação enzimática

Grau de acidez (pH)


Outro fator que afeta a forma das proteínas é o grau de acidez do meio, também conhecido como pH
(potencial hidrogeniônico). A escala de pH vai de 0 a 14 e mede a concentração relativa de íons hidrogê-
nio  (H+) em um determinado meio. O valor 7 apresenta um meio neutro, nem ácido nem básico. Valores
próximos de 0 são os mais ácidos e os próximos de 14 são os mais básicos (alcalinos). Cada enzima tem um
pH ótimo de atuação, no qual a sua atividade é máxima. O pH ótimo para a maioria das enzimas fica entre
6 e 8, mas há exceções. A pepsina, por exemplo, uma enzima digestiva estomacal, atua eficientemente no
pH fortemente ácido de nosso estômago (em torno de 2), onde a maioria das enzimas seria desnaturada. A
tripsina, por sua vez, é uma enzima digestiva que atua no ambiente alcalino do intestino, tendo um pH ótimo
situado em torno de 8.

198

pH ótimo para a ação enzimática

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RELAÇÕES DA QUÍMICA COM AS TECNOLOGIAS, A SOCIEDADE E


O MEIO AMBIENTE – QUÍMICA NO COTIDIANO. QUÍMICA NA
AGRICULTURA E NA SAÚDE. QUÍMICA NOS ALIMENTOS. QUÍMICA
E AMBIENTE. ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS,
SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS ASSOCIADOS À
OBTENÇÃO OU PRODUÇÃO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS.

Q
uando uma folha de árvore é exposta à A química nos acompanha 24 horas por dia. Ela
luz do sol e é iniciado o processo da fo- está presente em praticamente todos os produtos
tossíntese, o que está ocorrendo é quí- que utilizamos no dia-a-dia. Do sofisticado computa-
mica. Quando o nosso cérebro processa milhões de dor à singela caneta esferográfica, do possante au-
informações para comandar nossos movimentos, tomóvel ao carrinho de brinquedo, não há produto
nossas emoções ou nossas ações, o que está ocor- que não utilize matérias-primas fornecidas pela in-
rendo é química.A química está presente em todos dústria química. Teclados, gabinetes e disquetes dos
os seres vivos. O corpo humano, por exemplo, é uma computadores, para ficar apenas em alguns exem-
grande usina química. Reações químicas ocorrem a plos, são moldados em resinas plásticas. No automó-
cada segundo para que o ser humano possa conti- vel, há uma lista enorme de produtos de origem quí-
nuar vivo. Quando não há mais química, não há mais mica: volantes, painéis, forração, bancos, fiação elé-
vida.Há muitos séculos, o homem começou a estu- trica encapada com isolantes plásticos, mangueiras, 199
dar os fenômenos químicos. Os alquimistas podiam tanques de combustível, pára-choques e pneus são
estar buscando a transmutação de metais. Outros apenas alguns desses itens. A maioria dos alimentos
buscavam o elixir da longa vida. Mas o fato é que, chegou às nossas mãos em embalagens desenvolvi-
ao misturarem extratos de plantas e substâncias reti- das pela química. Em nossas roupas, há fibras sinté-
radas de animais, nossos primeiros químicos também ticas e corantes de origem química. Em nossa casa,
já estavam procurando encontrar poções que curas- há uma infinidade de produtos fornecidos, direta ou
sem doenças ou pelo menos aliviassem as dores dos indiretamente, pela indústria química: a tinta que re-
pobres mortais. Com seus experimentos, eles davam veste as paredes, potes e brinquedos em plástico, tu-
início a uma ciência que amplia constantemente os bos para condução de água e eletricidade, tapetes,
horizontes do homem. Com o tempo, foram sendo carpetes e cortinas. Isso sem falar nos componentes
descobertos novos produtos, novas aplicações, no- químicos das máquinas de lavar roupas e louças, na
vas substâncias. O homem foi aprendendo a sinte- geladeira, no microondas, no videogame e no tele-
tizar elementos presentes na natureza, a desenvol- visor. Nos produtos que utilizamos em nossa higiene
ver novas moléculas, a modificar a composição de pessoal e na limpeza da casa também podemos per-
materiais. A química foi se tornando mais e mais im- ceber a presença da química. É só prestar atenção.
portante até ter uma presença tão grande em nos- Nosso cotidiano seria realmente muito mais difícil sem
so dia-a-dia, que nós nem nos damos mais conta do a química. É para ajudar o homem a ter mais saúde,
que é ou não é química.O que sabemos, no entanto, mais conforto, mais lazer e mais segurança que a in-
é que, sem a química, a civilização não teria atingido dústria química investe dia-a-dia em tecnologia, em
o atual estágio científico e tecnológico que permite processos seguros e no desenvolvimento de novos
ao homem sondar as fronteiras do universo, deslocar- produtos. O resultado é o progresso
se à velocidade do som, produzir alimentos em pleno Na saúde, a química é aplicada desde as análi-
deserto, tornar potável a água do mar, desenvolver ses clínicas até à Imageologia. Como é sabido, a quí-
medicamentos para doenças antes consideradas mica está profundamente relacionada com a área
incuráveis e multiplicar bens e produtos cujo acesso da saúde e Medicina, pois a química permite estudar
era restrito a poucos privilegiados os tecidos (órgãos e pele), estruturas (ossos) e líquidos

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internos (Sangue, bílis, suco pancreático, morfinas…) Na agricultura, a química é importante, pois, per-
e do ponto de vista da sua composição e funcio- mite produzir adubos (fertilizante) que enriquece o
namento, interligando-se assim com a Biologia (for- solo (geralmente com azoto (nitrogênio), fósforo, po-
mando assim a bioquímica), para achar curas para tássio, enxofre, cálcio e magnésio) e pesticidas (an-
doenças atualmente incuráveis, como por exemplo, tigamente produzidos com chumbo, mercúrio e ar-
a mortífera doença sexualmente transmissível da sênico, materiais altamente tóxicos) que permitem,
SIDA (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida), ten- por um lado o crescimento da planta/cereal rápido,
do em conta os conhecimentos em termos da quími- devido ao adubo, e, por outro lado, o crescimento
ca do nosso corpo assim como a biologia humana. saudável, sem as pestes de insetos que destroem as
A química é também utilizada na concepção de me- plantações e culturas.
dicamentos e vacinas, que nos permite combater as As questões ambientais, como a mudança cli-
doenças e epidemias, como é o caso da lepra, da mática, a poluição da água e a energia renovável,
malária... fazem títulos de notícias e têm-se tornado cada vez
Pode-se afirmar que se química não existisse, a mais importantes na vida do dia-a-dia. Muitas pes-
saúde de todos nós teria os seus dias contados.
soas vêem a química e a indústria química como
perniciosas para o ambiente. No entanto, novos
Indústria
avanços e pesquisas científicas na área da química
estão a ajudar-nos a desenvolver materiais e aplica-
A indústria tem várias vertentes, mas, em três a
ções mais amigas do ambiente, ao mesmo tempo
química é crucial: a indústria farmacêutica, a indús-
que preserva a qualidade e o estilo de vida que am-
tria alimentar e a indústria ligada à drogaria.
Na indústria farmacêutica, a química foi, é e será bicionamos.
essencial, pois ela permite estudar as propriedades Ao longo dos anos, a indústria e a opinião públi-
dos produtos utilizados na manufatura de medica- ca têm tomado consciência dos efeitos de algumas
mentos e sua aplicação específica para combater práticas passadas e da necessidade de proteger o
determinada doença ou infecção. ambiente. Antigamente, poucos estavam conscien-
tes dos efeitos que potencialmente o nosso estilo de
vida moderno podia ter sobre o ambiente, e apenas
200 viam o potencial positivo para criar materiais e pro-
dutos novos e úteis.
A investigação nas ciências biológicas e na quí-
mica tem revelado que os processos industriais na
química e na petroquímica podem ter um papel
no desenvolvimento de soluções para os problemas
ambientais como a alteração climática, a gestão
dos resíduos, a reciclagem, a eficiência energética –
apenas para nomear alguns. Não poderíamos com-
preender verdadeiramente estes problemas sem os
químicos. Tem havido profundas alterações, e ainda
continuam a ser realizadas, no sentido de serem en-
contradas soluções alternativas.
A indústria da drogaria dedica-se à produção de A indústria também tem realizado diversas ini-
produtos químicos, desde os mais caseiros, como a ciativas voluntárias, como o programa ”Responsible
nossa eficaz desentupidora de canalizações – soda Care” , para elevar os padrões relacionados com as
cáustica – até aos químicos mais complexos, como é
questões da saúde e o ambiente e estabelecer siste-
o caso do dicromato de potássio, e aos mais perigo-
mas de transporte seguro e sustentável em completa
sos, como por exemplo, o hidrogênio (explosivo). Po-
concordância com as leis. Como parte do programa
de-se afirmar que esta indústria é totalmente apoia-
“Responsible Care”, a indústria publica orientações
da na química, não na antiga alquimia, que por ve-
para a distribuição e manuseamento de substâncias
zes misturava magia com a toda-poderosa química.
químicas que requerem determinadas precauções.
Na indústria alimentar, a química é utilizada para
produzir e aperfeiçoar os conservantes e corantes, Este esforço conjugado com a nova legislação euro-
mas também de outros produtos químicos, como os peia para os produtos químicos (denominada REA-
acidificantes, reguladores de acidez e aromatizan- CH) garante que a química está a desenvolver-se
tes, que servem para melhorar e intensificar o sabor num caminho mais seguro e mais amigável para o
dos alimentos e bebidas. ambiente.

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Paralelamente, químicos e petroquímicos estão monia com o ambiente e a natureza. Isto representa
a pesquisar novos métodos que sejam, por um lado, o maior desafio de todas as disciplinas da ciência
mais sustentáveis e amigos do ambiente e, por outro, moderna, e muito em especial as que têm efeito no
mantenham o desenvolvimento da nosso economia ambiente – a integração da tecnologia, da natureza
e indústria. Como exemplos, incluem-se: e dos seres humanos.
• Biocombustíveis: combustível para transpor-
te derivado da biomassa. Uma larga gama de pro-
dutos biomassa, como a cana de açúcar, a colza, o
milho, a palha, a madeira, os resíduos animal e agrí-
cola e o lixo podem ser transformados em combustí-
veis para transporte;
• Bioplásticos: produção de materiais plásti-
cos, utilizando recursos naturais como as plantas,
que são biodegradáveis;
• Isolamento: desenvolvimento de materiais
isolantes para permitir casas e edifícios com maior
eficiência energética;
• Compostos de plástico leve que ajudem
a diminuir o consumo de combustível dos carros e
aviões;
• Motores: quando são utilizados em carros e
motociclos, os motores de hidrogénio produzem va-
por de água em vez de gases de escape;
• Novas tecnologias de iluminação (como –Sis-
tema orgânico emissor de luz - Organic Light Emit-
ting Diodes - OLEDS)  que produz mais luz com menos
electricidade;
• Turbinas eólicas e painéis solares : ambos se 201
baseiam em materiais produzidos pela indústria quí-
mica. As lâminas metálicas das turbinas eólicas têm
sido largamente substituídas por lâminas de fibra de
vidro reforçada com poliéster para aguentar tempo
mais agreste.
A sociedade tende a considerar como sendo
mau cada produto químico construído pelo homem
e como bom tudo o que é natural. Apenas porque
é natural não significa que seja automaticamente
boa para a saúde ou para o ambiente – ou insegu-
ra se é produzida pelo homem. O que aparenta ser
mais natural do que queimar lenha numa fogueira,
por exemplo? Na realidade, o fumo de um incên-
dio pode ser danoso quer para a saúde quer para o
ambiente tal como outros processos de combustão.
Também é necessário tomar em consideração
todo o ciclo de vida de um produto, (desde a cria-
ção à sua destruição), para se avaliar o seu impacto.
Já alguma vez imaginou que o impacto da cultura
do algodão no ambiente pode ser maior do que
produzir fibras sintéticas, como o poliéster? A razão
é que o algodão necessita de grandes quantidades
de água, de fertilizadores e de pesticidas.
É fundamental o fortalecimento da ciência quí-
mica através da pesquisa e desenvolvimento para
nos permitir manter uma vida confortável em har-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

INDÚSTRIA QUÍMICA: OBTENÇÃO E UTILIZAÇÃO DO CLORO,


HIDRÓXIDO DE SÓDIO, ÁCIDO SULFÚRICO, AMÔNIA E ÁCIDO NÍTRICO.
MINERAÇÃO E METALURGIA. POLUIÇÃO E TRATAMENTO DE ÁGUA.
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA. CONTAMINAÇÃO E PROTEÇÃO DO AMBIENTE

Cloro química) na fabricação de papel, tecidos, deter-

E
gentes, alimentos e biodiesel. Também usado para
ste elemento ficou muito conhecido devido desobstruir encanamentos e sumidouros pelo fato
à utilização em um alimento indispensável a de ser corrosivo. É produzido por eletrólise de uma
nossa sobrevivência: a água potável. Como solução aquosa de cloreto de sódio (salmoura).É uti-
todos sabem, a água encontrada em rios não é re- lizado em reações químicas por sua alta reativida-
comendável para o consumo sem antes passar por
de. Exemplos: em degradações, onde é usado para
um tratamento prévio, e graças à adição de cloro é
preparar alcanos a fim de diminuir a quantidade de
possível eliminar todos os microorganismos patogêni-
carbono na cadeia. Usado também, juntamente
cos e tornar a água potável, ou seja, própria para o
consumo. com o óxido de cálcio (CaO), para diminuir a reati-
Então vamos conhecer um pouco mais sobre este vidade e prevenir a corrosão dos tubos de ensaio.O
elemento: manuseio do hidróxido de sódio deve ser feito com
O cloro é um elemento químico de símbolo Cl e total cuidado, pois apresenta um quadro considerá-
número atômico 17 (17 prótons e 17 elétrons), com vel de danos ao homem. Se for ingerido, pode cau-
202 massa atômica 35,5 u. Este elemento está situado na sar danos graves e as vezes irreversíveis ao sistema
série química dos halogênios (grupo 17 ou 7A).O Clo- gastrointestinal, e se for inalado pode causar irrita-
ro, em temperatura ambiente, se encontra em sua ções, sendo que em altas doses pode levar à morte.
forma biatômica (Cl2): é um gás extremamente tóxi- O contato com a pele também é um fato perigoso,
co e de odor irritante, possui coloração esverdeada, pois pode causar de uma simples irritação até uma
aliás, a denominação “Cloro” vem do gregochlorós, úlcera grave, e nos olhos pode causar queimaduras
e quer dizer esverdeado.Mas você sabe como o cloro e problemas na córnea ou no conjuntivo.Em casos
mata as bactérias, ou melhor, como ele atua como
de contato com o hidróxido de sódio, deve-se colo-
desinfetante da água? Primeiramente, o cloro reage
car a região exposta em água corrente por 15 min
com o hidrogênio presente na água e neste momento
e procurar ajuda médica, se for ingerido deve-se
ocorre uma liberação de oxigênio, esta reação aca-
ba por matar as bactérias por oxidação. Este proces- dar água ou leite à vítima sem provocar vômito na
so é chamado de cloração da água e, neste caso, o mesma, se for inalado levar a vítima para um local
cloro é usado na forma de ácido hipocloroso (HClO), aberto para que possa respirar. Se caso a vítima não
o qual é obtido quando se dissolve cloro na água.As esteja respirando, é necessário usar respiração arti-
aplicações de cloro não param por aí! Na produção ficial.
de papel é usado para o branqueamento da polpa Ácido sulfúrico – H2SO4: Líquido incolor, viscoso e
de celulose, é empregado também na produção de oxidante. Densidade de 1,84g/cm3. Ao diluir o áci-
PVC (policloreto de vinila) quando atua na forma de do sulfúrico, não se deve adicionar água, porque
cloreto de vinila.O Cloro possui aplicação importan- o calor liberado vaporiza a água rapidamente, à
te na síntese de compostos orgânicos e inorgânicos medida que ela vai sendo adicionada.
como, por exemplo, o tetracloreto de carbono (CCl4) É uma das substâncias mais utilizadas nas indús-
e o clorofórmio (CHCl3).
trias. O maior consumo de ácido sulfúrico se dá na
fabricação de fertilizantes, como os superfosfatos e
Hidróxido de Sódio
o sulfato de amônio. É ainda utilizado nas indústrias
O hidróxido de sódio (NaOH), também conhe-
cido como soda cáustica, é um hidróxido cáustico petroquímicas, de papel, de corantes etc. e nas
usado na indústria (principalmente como uma base baterias de chumbo (baterias de automóveis).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Preparação: Utilizada em compostos de  agente refrigeran-


Obtenção do SO2 te, na preparação de fertilizantes como nitrato de
S + O2 → SO2 amônia, superfosfatos e nitrogenantes que são solu-
4 FeS2 + 11 O2 → 2 Fe2O3 + 8 SO2 ções de amônia e nitrato de amônia, sais de amô-
Oxidação de SO2 a SO3: nia e uréia. Na indústria petroquímica a amônia é
2 SO2 + O2 → 2 SO3 utilizada como base para neutralizar ácidos prove-
Este processo necessita de um catalisador, o nientes do óleo cru a fim de proteger da corrosão os
V2O5 ou Pt. equipamentos pelos quais esse óleo vai passar. Lar-
Existem 2 processos usados para oxidar o SO2. gamente utilizada para a extração de metais como
- Processo das câmaras de chumbo: usa-se o cobre,  níquel e molibdênio de seus respectivos mi-
NO2 como catalisador e o ácido produzido é de nérios.
baixa concentração (60%). Como já foi dito, a amônia pode ser um gás mui-
- Processo de contato: neste processo, a oxi- to tóxico se inalado e/ou ingerido. Causando gran-
dação é catalisada pelo V2O5 ou Pt. É o processo de irritação nas vias respiratórias, boca, garganta
mais importante e moderno, produz ácido sulfúrico e estômago. Sua inalação pode causar dificuldades
de alta concentração, sendo aquele que apresen- respiratórias, inflamação aguda,  do sistema respira-
ta maior rendimento. tório. Mas contanto que sempre sejam usadas más-
H2SO4 + SO3 → H2S2O7 (ácido sulfúrico fumegan- caras apropriadas para gases e sempre se esteja
te) atento para qualquer vazamento, a amônia pode
H2S2O7 + H2O → 2 H2SO4 ser usada tranquilamente.
Propriedades: O  ácido nítrico é um composto químico repre-
Ácido sulfúrico diluído: acido forte, reage sentado pela fórmula HNO3, líquido viscoso, inodoro
com metais não- nobres liberando H2. e incolor, muito volátil, forte oxidante, corrosivo, imis-
Ácido Sulfúrico Concentrado a quente é um for- cível em água. É o segundo ácido mais fabricado
te agente oxidante. e mais consumido na indústria, perdendo apenas
Excelente agente desidratante. para o ácido sulfúrico.
Reage com sais, deslocando ácidos voláteis. Trata-se de um ácido incompatível com a maio-
Aplicações: ria dos compostos orgânicos. Quimicamente, o áci- 203
1. Na indústria de petróleo, para remover impu- do nítrico reage de três maneiras: como ácido forte,
rezas da gasolina e óleos. como agente oxidante, como agente de nitração.
2. Na fabricação de explosivos. Como ácido forte, provoca reação com produtos
3. Como eletrólito na bateria de chumbo. alcalinos e óxidos, formando sais denominados ni-
4. Fabricação de outros ácidos. tratos; oxida produtos orgânicos como a anilina e o
5. Na indústria de fertilizantes, para converter álcool furfurílico, sendo usado em combustíveis para
o fosfato normal de cálcio insolúvel em fosfato áci- foguetes; já as reações de nitração envolvem a ni-
do solúvel. tração comum (com hidrocarbonetos) e a esterifi-
A  amônia ou amoníaco (NH3) é uma molécu- cação (com álcoois), o que possibilita a síntese de
la formada por um átomo de nitrogênio ligado à explosivos orgânicos.
três de hidrogênio. É obtida por um processo famo- A produção industrial de ácido nítrico se dá
so  chamado Haber-Bosch que consiste em reagir pelo processo de Ostwald, em que se utiliza amo-
nitrogênio e hidrogênio em quantidades estequio- níaco aquecido com um catalisador (platina) para
métricas em elevada temperatura e pressão. É a a formação do óxido nítrico, que, por sua vez, so-
maneira de obtenção de amônia mais utilizada fre oxidação, formando dióxido de nitrogênio e de-
hoje em dia. Esse processo leva o nome de seus de- pois reagem com água, dando origem, finalmente,
senvolvedores Fritz Haber e Carl Bosch. a esse ácido. Antes da descoberta do Ostwald, o
À temperatura ambiente e pressão atmosférica, ácido nítrico era obtido através de um processo
a amônia é um gás incolor, tóxico e corrosivo na denominado arco voltaico, onde o próprio ar era
presença de umidade. O que o torna altamente submetido a uma corrente elétrica e reagia a 3000
perigoso em caso de inalação. É também inflamá- graus, formando o óxido nítrico (NO). Ou, também,
vel, de um odor muito irritante (em concentrações poderia ser produzido através da reação de nitrato
não muito elevadas, tem semelhança ao odor de de sódio com ácido sulfúrico. A produção de ácido
urina) e solúvel em água. Transporta-se esse gás na nítrico é extremamente poluidora, pois libera gases
sua forma liquefeita dentro de cilindros de aço sob que contribuem para o desencadeamento da chu-
muita pressão. va ácida e agravamento do efeito estufa.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O ácido nítrico é muito utilizado pela indústria ção primeiro de galerias e mais tarde de poços e fi-
química, principalmente em processos de nitrifica- nalmente as primeiras explorações subterrâneas du-
ção de composto orgânicos, na fabricação de ex- rante o neolítico. Surpreendentemente, algumas
plosivos, fertilizantes agrícolas, vernizes, celuloses, sa- destas minas subterrâneas, escavadas em giz no sul
litre (nitrato de potássio), pólvora negra, trinitrolueno da  Inglaterra  e norte de França  atingiam os 90 me-
(TNT),  nitroglicerina  (dinamite), seda artificial, ácido tros de profundidade. A partir daqui a humanidade
benzoico, fibras sintéticas, galvanoplastia,  ácido pí- passou a dirigir a sua atenção também para os mi-
crico, nylon, entre outros. nérios metálicos. Inicialmente os metais eram apenas
Na  indústria metalúrgica, o ácido nítrico é uti- apreciados como pedras ornamentais. Por volta de
lizado para a refinação de  metais preciosos, como 40 000 a.C. era extraída hematite, na atual Suazi-
o ouro e a prata. Na indústria de impressão é usado lândia, para utilização em pinturas rituais. Entre 7000
como agente de gravação em fotogravura e litogra- a.C. e 4000 a.C. desenvolveu-se a metalurgia do co-
fia. É utilizado pelos fotógrafos que utilizam filmes de bre até à produção de ligas com características va-
nitrocelulose e pela indústria farmacêutica, na com- riáveis de fusão, dureza e flexibilidade. A tecnologia
posição e na destruição de medicamentos. pirometalúrgica apareceu pela primeira vez no Mé-
Pode causar efeitos nocivos à saúde, se inalado, dio oriente por volta de 6000 a.C
pode conduzir à pneumonia e edema pulmonar, O  bronze  seria produzido a partir de 2600 a.C..
se ingerido, pode ocasionar queimaduras na boca, Cerca de 2000 a.C. os povos do mediterrâneo orien-
garganta, esôfago e estômago, em contato com a tal eram já capazes da produção em massa de
pele e olhos causa queimaduras severas. Em caso de cobre,  chumbo  e  prata  a partir de minérios de óxi-
acidentes com ácido nítrico é fundamental buscar dos  e  sulfuretos  de metais, bem como de várias li-
orientação médica. gas  metálicas. Por esta mesma altura, os povos pré
Mineração é um termo que abrange os processos, -Hititas já utilizavam o ferro e os chineses iniciavam a
atividades e indústrias cujo objetivo é a extração de extracção de carvão para utilização como combus-
substâncias minerais a partir de depósitos ou massas tível.As minas de prata e chumbo de Laurium, próxi-
minerais. Podem incluir-se aqui a exploração de pe- mo de Atenas, Grécia foram inicialmente exploradas
tróleo e gás natural e até de água. Como atividade e posteriormente abandonadas pelos micénios, no 2º
milénio a.C.. Eram explorações a a céu aberto com
industrial, a mineração é indispensável para a manu-
204 pequenas galerias. Os atenienses  retomariam a sua
tenção do nível de vida e avanço das sociedades
exploração cerca de 600 a.C., construindo numero-
modernas em que vivemos. Desde os metais  às  ce-
sos poços de acesso e ventilação e utilizando o mé-
râmicas e ao, betão, dos combustíveis aos plásticos,
todo de câmaras e pilares. O progresso da escava-
equipamentos eléctricos e electrónicos, cablagens,
ção era lento, estimando-se que um mineiro conse-
computadores,  cosméticos, passando pelas estra-
guisse um avanço de 1.5 m/mês na escavação de
das  e outras vias de comunicação e muitos outros
poços.Cerca de 950 a.C. os Fenícios iniciam a explo-
produtos e materiais que utilizamos ou de que des-
ração da mina de Rio Tinto, Espanha, para obtenção
frutamos todos os dias, todos eles têm origem na ati-
de prata. Por volta de 700 a.C. são utilizadas as pri-
vidade da mineração. Pode-se sem qualquer tipo
meiras ferramentas de ferro na extracção de sal-ge-
de dúvida dizer que sem a mineração a civilização
ma na Áustria e em 600 a.C. os chineses descobrem
atual, tal como a conhecemos, pura e simplesmente
o petróleo e o gás natural em explorações de sal. As
não existiria, facto do qual a maioria de nós nem se- primeiras armas de aço aparecem na China em 600
quer se apercebe. a.C..
A imagem um tanto negativa desta atividade A economia brasileira sempre teve uma relação
junto da sociedade em geral, sobretudo nas últimas estreita com a extração mineral. Desde os tempos de
décadas, deve-se sobretudo aos profundos impactos colônia, o Brasil transformou a mineração - também
que ela pode ter no ambiente (sobretudo os negati- responsável por parte da ocupação territorial - em
vos) e que têm sido a causa de numerosos acidentes um dos setores básicos da economia nacional. Atual-
ao longo dos tempos. mente, é responsável por 3 a 5% do Produto Interno
Por último, não nos podemos esquecer que a Bruto.
capacidade desta atividade em fornecer à socie- Importante na obtenção de matérias-primas, é
dade os materiais que esta necessita não é infinita, utilizada por indústrias metalúrgicas, siderúrgicas, fer-
pois muitos dos recursos minerais explorados são, pelo tilizantes,  petroquímica  e responsável pela interiori-
contrário, bastante finitos zação da indústria inclusive em regiões de fronteiras.
Ocupavam-se sobretudo da obtenção de sí- Em 2000, o setor mineral representou 8,5 % do PIB - US$
lex e cherte para a fabricação de utensílios e armas 50,5 bilhões de dólares. É um setor portanto de pro-
de pedra. As suas pedreiras e cortas levaram à cria- funda importância, pois, além do que já representa

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

para a economia nacional, o subsolo brasileiro repre- dados e explicados, corroborando na melhoria con-
senta um importante depósito mineral. Entre as subs- tínua das práticas utilizadas até então. A partir de en-
tâncias encontradas, destacam-se o nióbio, minério tão surge um novo ramo da metalurgia, a metalurgia
de ferro (segundo maior produtor mundial), tantalita, física que tem como objetivo o estudo das caracte-
manganês, entre outros. Deixando de lado aspectos rísticas físicas dos materiais metálicos.
já mencionados, não se pode esquecer que a ati- Um importante ramo da metalurgia, que embora
vidade mineradora é responsável pela criação de já existisse, ganhou grandes proporções após o sécu-
inúmeros empregos diretos, representando no ano lo XVIII, é a metalurgia extrativa que tem como foco
2000, 500.000 empregos e um saldo na balança co- de trabalho a obtenção de metais a partir de sucata
mercial de US$ 7,7 bilhões de dólares ou minérios. Atualmente, cerca de 40% do aço pro-
A metalurgia,  é a ciência que estuda a extração, duzido no mundo é obtido a partir da fusão da suca-
transformação e aplicação de materiais metálicos, ta (UFRGS).
como o ferro (Fe), o ouro (Au), a prata (Ag) e o bron- Ao campo da metalurgia extrativa que trata da
ze (Cu-Sn). Os materiais metálicos constituem um dos obtenção especificamente do ferro dá-se o nome
grupos em que podemos classificar tecnicamente os de siderurgia, mas este conceito também se refere
materiais. Os outros três grupos são: materiais polimé- as demais etapas do processo de trabalho do ferro:
ricos, materiais cerâmicos e compósitos (formados a transformação, fundição e preparação, destacan-
pela junção de materiais de tipos diferentes. Ex.: fibra do-se a produção do aço (Fe-C).
de vidro é um compósito formado por um material Mais recentemente, o desenvolvimento de uma
cerâmico e um material polimérico). técnica de fabricação de pecas através da utiliza-
Os metais por sua vez, podem ser divididos em três ção de pós metálicos deu origem ao surgimento de
subclasses: ferro (Fe) e aço (Fe-C); ligas não-ferrosas uma nova área de estudo na metalurgia: a metalur-
e superligas (Ex.: bronze, Cu-Sn; latão, Cu-Zn; e nitinol, gia dos pós. A tecnologia desenvolvida na década
Ni-Ti) de maior aplicação no campo aeroespacial; e de 70 para atender, principalmente, ao setor de in-
compostos intermetálicos (Ex.: WC – widia), materiais formática, permite a fabricação de peças de alta
estruturais de alta temperatura (UFRGS). O ferro é o precisão e complexidade.
metal mais produzido pelo homem, respondendo por A poluição atmosférica é consequência, em
mais de 90% da produção em escala global em mas-
maior parte, da ação humana, no sentido de intro-
sa de metais. 205
duzir produtos químicos e/ou tóxicos no ambiente.
Acredita-se que o primeiro contato do homem
A queima de combustíveis fósseis – e não só ela -
com os metais tenha se dado ao acaso por volta de
propicia a liberação de monóxido de carbono, que
6 a 4 mil anos a.C. com metais encontrados em seu
corresponde a aproximadamente 45% dos poluentes
estado natural como o ouro e o cobre. Os primei-
liberados em grandes metrópoles. Inodoro e incolor,
ros trabalhos com cobre de que se tem notícia fo-
o CO tem capacidade de se ligar à hemoglobina
ram feitos por volta de 6.000 a.C. na Mesopotâmia e
sanguínea, podendo provocar asfixia.
eram apenas materiais pouco trabalhados. Apenas
Dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, ácido
2000 anos depois é que se desenvolveram métodos
nítrico, ácido sulfúrico e hidrocarbonetos são outros
um pouco mais sofisticados de trabalhar o metal. Da
poluentes que contribuem para esse tipo de polui-
mesma época, tem-se registros de materiais feitos
ção. Irritação de mucosas e vias respiratórias, cânce-
com uma liga metálica de cobre e estanho, o bron-
ze e, apenas por volta de 2000 a.C. foi descoberto o res, alteração da água e solo, corrosões de constru-
ferro. ções e monumentos, inversão térmica, efeito de es-
As civilizações antigas, especialmente a egípcia, tufa e destruição da camada de ozônio são algumas
fizeram grande uso dos metais, o que fez com que os consequências da ação desses. Partículas, como as
métodos de produção de materiais metálicos se de- de sílica e amianto podem ser cancerígenas, além
senvolvessem rapidamente, embora de modo arcai- de causar fibroses e enfisemas pulmonares.
co, baseados apenas no conhecimento empírico. O Considerando que, em qualquer tipo de ambien-
processo de têmpera (tratamento térmico do ferro), te, indivíduos que o constituem possuem relações de
por exemplo, foi desenvolvido pelos gregos e roma- dependência, o fim de uma população, por exem-
nos por volta de 300 a.C. e teve grande importância plo, pode causar drásticas consequências a toda co-
em suas conquistas ao conferir maior resistência a munidade. Como, obviamente, nossa espécie é uma
seus armamentos. (IST) delas, não devemos nos esquecer que podemos ser
Mas foi apena a partir do século XVIII, após a re- os principais prejudicados. Apesar de várias iniciati-
volução cientifica ocorrida no século anterior e a vas governamentais e não governamentais, impac-
industrial, que a metalurgia tornou-se uma ciência tos ambientais de diversas magnitudes vêm ocorren-
e que os processos metalúrgicos passam a ser estu- do e podem se agravar em razão desse problema.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O velho paradigma de que não há desenvolvimento sem que haja agressões bruscas ao meio ambiente
é o principal responsável por esta questão.
Há menos de cinco décadas, o discurso dos ambientalistas era tido como exagero ou ponto de vista radi-
cal e infundado. Entretanto, é fato que, por exemplo, os teores de gás carbônico na atmosférica aumentam
anualmente em torno de 0,5%, a temperatura média da superfície de nosso planeta aumentou cerca de 5°
C desde a época da Revolução Industrial e camadas inteiras e gigantescas de gelo das regiões polares são
derretidas em velocidade assustadora como consequência da poluição do ar.
Assim, é importante rever nossas atitudes individuais e cobrar de nossos representantes e superiores ati-
tudes referentes à qualidade do ar. O uso de filtros em chaminés de indústrias, investimento no transporte
coletivo e em ciclovias a fim de reduzir o número de automóveis nas cidades, criar sistemas de carona entre
os colegas, evitar queimadas, reduzir ou não fazer o consumo de carne (o esterco, a fermentação gástrica e
intestinal dos ruminantes e o desmatamento para criar pastos são extremamente impactantes), reutilização
de materiais, uso de energias menos ou não poluentes e não adquirir produtos que contém CFC’s (estes têm
capacidade de destruir a camada de ozônio) são algumas medidas que podem ser adotadas.

O Efeito Estufa
Graças ao efeito estufa, a temperatura da Terra se mantém, em média, em torno de 15ºC, o que é favo-
rável à vida no planeta. Sem esse aquecimento nosso planeta seria muito frio.
O nome estufa tem origem nas estufas de vidro, em que se cultivam certas plantas, e a luz do Sol atraves-
sa o vidro aquecendo o interior do ambiente. Apenas parte do calor consegue atravessar o vidro, saindo da
estufa. De modo semelhante ao vidro da estufa, a atmosfera deixa passar raios de Sol que aquecem a Terra.
Uma parte desse calor volta e escapa para o espaço, atravessando a atmosfera, enquanto outra parte é
absorvida por gases atmosféricos (como o gás carbônico) e volta para a Terra, mantendo-a aquecida.
No entanto desde o surgimento das primeiras indústrias, no século XVIII, tem aumentado a quantidade de
gás carbônico liberado para a atmosfera.
A atmosfera fica saturada com esse tipo de gás, que provoca o agravamento do efeito estufa. Cientistas
e ambientalistas têm alertado para esse fenômeno que parece ser a principal causa do aquecimento global.
Observe abaixo um esquema do efeito estufa.
206

• O gás carbônico e outros gases permitem a passagem da luz do Sol, mas retêm o calor por ele
gerado.
• A queima de combustíveis fosseis e outros processos provocam acúmulo de gás carbônico no ar,
aumentando o efeito estufa.
• Por meio da fotossíntese de plantas e algas, ocorre a remoção de parte do gás carbônico do ar.

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 A poluição do ar é definida como sendo a degradação da qualidade do ar como resultado de ativida-


des diretas ou indiretas que:
• Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
• criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
• afetem desfavoravelmente a biota (organismos vivos);
• afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
• lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos em leis federais
[Lei Federal no 6938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo decreto no 88 351/83].

Poluição e sua fonte


Para facilitar o estudo do assunto, identificamos quatro tipos principais de poluição do ar, segundo as fontes
poluidoras.Poluição de origem natural: resultante de processos naturais como poeiras, nevoeiros marinhos, poeiras
de origem extraterrestre, cinzas provenientes de queimadas de campos, gases vulcânicos, pólen vegetal, odores
ligados à putrefação ou fermentação natural, entre outros.Poluição relacionada aos transportes: resultante da
ação de veículos automotores e aviões. Devido a combustão da gasolina, óleo diesel, álcool etc., os veículos
automotores eliminam gases como o monóxido de carbono, óxido de enxofre, gases sulfurosos, produtos à base
de chumbo, cloro, bromo e fósforo, além de diversos hidrocarbonetos não queimados. Variando de acordo com
o tipo de motor, os aviões eliminam para a atmosfera: cobre, dióxido de carbono, monoaldeídos, benzeno etc.
Poluição pela combustão: resultante de fontes de aquecimento domésticos e de incinerações, cujos agentes po-
luentes são: dióxido de carbono, monóxido de carbono, aldeídos, hidrocarbonetos não queimados, compostos
de enxofre. O anidrido sulfuroso, por exemplo, pode transformar-se em anidrido sulfúrico, e este, em ácido sulfúri-
co, que precipita juntamente com as águas das chuvas.Poluição devida às indústrias: resultante dos resíduos de
siderúrgicas, fábricas de cimento e de coque, indústrias químicas, usinas de gás e fundição de metais ferrosos.
Entre esses resíduos encontram-se substâncias tóxicas e irritantes, poluentes fotoquímicos, poeiras etc. Além da
poeira de natureza química, com grãos de tamanho dos mais diferentes, os principais poluentes industriais encon-
tram-se no estado gasoso, sendo que os mais freqüentes são: dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxido
de nitrogênio, compostos fluorados, anidrido sulfuroso, fenóis e álcoois de odores desagradáveis.

Inversão térmica 207

Um fenômeno interessante na atmosfera é o


da inversão térmica, ocasião na qual a ação
dos poluentes do ar pode ser bastante agrava-
da. A coisa funciona assim: normalmente, o ar
próximo à superfície do solo está em constante
movimento vertical, devido ao processo con-
vectivo (correntes de convecção). A radiação
solar aquece a superfície do solo e este, por sua
vez, aquece o ar que o banha; este ar quente
é menos denso que o ar frio, desse modo, o ar
quente sobe (movimento vertical ascendente) e
o ar frio, mais denso, desce (movimento vertical
descendente).

Este ar frio que toca a superfície do solo, recebendo calor dele, esquenta, fica menos denso, sobe, dando
lugar a um novo movimento descendente de ar frio.
E o ciclo se repete. O normal, portanto, é que se tenha ar quente numa camada próxima ao solo, ar frio
numa camada logo acima desta e ar ainda mais frio em camadas mais altas porém, em constantes trocas por
correntes de convecção. Esta situação normal do ar colabora com a dispersão da poluição local.
Na inversão térmica, condições desfavoráveis podem, entretanto, provocar uma alteração na disposi-
ção das camadas na atmosfera. Geralmente no inverno, pode ocorrer um rápido resfriamento do solo ou
um rápido aquecimento das camadas atmosféricas superiores. Quando isso ocorre, o ar quente ficando por
cima da camada de ar frio, passa a funcionar como um bloqueio, não permitindo os movimentos verticais de
convecção: o ar frio próximo ao solo não sobe porque é o mais denso e o ar quente que lhe está por cima
não desce, porque é o menos denso. Acontecendo isso, as fumaças e os gases produzidos pelas chaminés e
pelos veículos não se dispersam pelas correntes verticais.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Os rolos de fumaça das chaminés assumem posi- poderia ter impedido a formação da camada flu-
ção horizontal, ficando nas proximidades do solo. A tuante de 1000 km com 10 metros de profundidade
cidade fica envolta numa “neblina” e conseqüen- que compromete a vida de organismos que têm o
temente a concentração de substâncias tóxicas au- Oceano Pacífico como habitat.
menta muito.
Nota :O fenômeno é comum no inverno de cida-
des como Nova Iorque, São Paulo e Tóquio, agrava-
do pela elevada concentração de poluentes tóxi-
cos diariamente despejados na atmosfera.
O termo “poluição” refere-se à degradação do
ambiente por um ou mais fatores prejudiciais à saú-
de deste. Ela pode ser causada pela liberação de
matéria, e também de energia (luz, calor, som): os
chamados poluentes.
Poluição sonora, térmica, atmosférica, por ele-
mentos radioativos, por substâncias não biodegra-
dáveis, por derramamento de petróleo e por eutro-
fização, são alguns exemplos.
Problemas neuropsíquicos e surdez; alterações
drásticas nas taxas de natalidade e mortalidade de
populações, gerando impactos na cadeia trófica;
morte de rios e lagos; efeito estufa; morte por asfixia;
destruição da camada de ozônio; chuvas ácidas e
destruição de monumentos e acidificação do solo
e da água; inversão térmica; mutações genéticas;
necrose de tecidos; propagação de doenças infec-
ciosas, dentre outras, são apenas algumas das con-
208
sequências da poluição.
O marco desse problema foi a Revolução Indus-
trial, trazendo consigo a urbanização e a industria-
lização. Com a consolidação do capitalismo, pro-
piciado por este momento histórico, o incentivo à
produção e acúmulo de riquezas, aliada à necessi-
dade aparente de se adquirir produtos novos a todo
o momento, fez com que a ideia de progresso sur-
gisse ligada à exploração e destruição de recursos
naturais.
Como se não bastasse este fato, a grande pro-
dução de lixo gerado por esta forma de consumo
ligada ao desperdício e descarte, faz com que te-
nhamos consequências sérias. A fome e a má quali-
dade de vida de alguns, em detrimento da riqueza
de outros, mostra que nosso planeta realmente não
está bem. Em um mundo onde a maior parte de lixo
produzido é de origem orgânica, muitas pessoas
têm, como única fonte de alimento, aquele oriundo
de lixões a céu aberto.
Assim, para que consigamos garantir um futu-
ro digno ao nosso planeta e, consequentemente,
às gerações de populações vindouras, devemos
repensar nossa forma de nos relacionarmos com o
mundo. O simples fato de, por exemplo, evitarmos
sacolas e materiais descartáveis feitos de plástico,

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

• ENERGIAS QUÍMICAS NO COTIDIANO – PETRÓLEO, GÁS NATURAL


E CARVÃO. MADEIRA E HULHA. BIOMASSA. BIOCOMBUSTÍVEIS.
IMPACTOS AMBIENTAIS DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS. ENERGIA NUCLEAR.
LIXO ATÔMICO. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE ENERGIA NUCLEAR. 

A
s transformações observadas ao longo
da Terceira Revolução Industrial foram segui-
das de uma exigência progressiva de ener-
gia. Ademais, o crescimento econômico constatado
em algumas regiões do mundo, entre o final do século
20 e início do 21, além do crescimento populacional,
intensificou a busca de fontes de energia.
O aumento do número de veículos automotores
em circulação, uma característica comum das socie-
dades em industrialização, também passou a requerer
um maior volume de combustíveis fósseis, apesar de os
veículos produzidos atualmente consumirem, em mé-
dia, 50% menos combustível do que os modelos de dé-
cadas atrás. 209
Atualmente há uma diversidade de fontes de ener- Carvão mineral
gia, classificadas em renováveis e não-renováveis. Re- O carvão é uma complexa e variada mistura de
nováveis são aquelas que continuam disponíveis de- componentes orgânicos sólidos, fossilizados ao longo
pois de utilizadas, isto é, que não se esgotam. Como de milhões de anos, como ocorre com todos os com-
exemplo, temos a energia solar, a energia dos vegetais bustíveis fósseis. Sua qualidade, determinada pelo
(biomassa), da correnteza dos rios (hidráulica), dos ven- conteúdo de carbono, varia de acordo com o tipo e
tos (eólica), do calor interno do planeta Terra (geotér- o estágio dos componentes orgânicos.
mica), das marés, entre outras. A turfa, de baixo conteúdo carbonífero, constitui
Quanto às não-renováveis, estas são limitadas e um dos primeiros estágios do carvão, com teor de
demoram milhões de anos para se formar, isto é, se es- carbono na ordem de 45%; o linhito apresenta um ín-
gotarão e não serão repostas (o petróleo, o gás natural, dice que varia de 60% a 75%; o carvão betuminoso
o carvão mineral e o urânio, por exemplo). (hulha), mais utilizado como combustível, contém de
Algumas fontes de energia podem ser produzidas 75% a 85% de carbono; e o mais puro dos carvões, o
pelo homem, como a lenha e o álcool, por meio da antracito, apresenta um conteúdo carbonífero supe-
queima do bagaço da cana-de-açúcar cultivada, e rior a 90%.
nesse caso também são consideradas fontes renová- Da mesma forma, os depósitos variam de cama-
veis. Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e das relativamente simples e próximas da superfície
gás natural) são chamados assim porque são, de fato, do solo - e, portanto, de fácil extração e baixo custo
derivados de plantas e vegetais mortos, soterrados com - a complexas e profundas camadas, de difícil extra-
os sólidos que formam as rochas sedimentares. ção e custos elevados.
Eles são a principal fonte de energia utilizada no Em termos de contribuição na matriz energética
mundo hoje. Em 2002, representavam mais de 85% da mundial, segundo o Balanço Energético Nacional
matriz energética mundial, ou seja, considerando-se to- 2005 - dados mundiais do ano de 2002, fornecidos
das as fontes utilizadas no mundo e todos os tipos de pelo Ministério de Minas e Energia do Brasil -, o carvão
energia, o petróleo, o carvão mineral e o gás natural é responsável por 7,1% de todo o consumo mundial
eram responsáveis por 86% da energia gerada. Veja de energia e de 39,0% de toda a energia elétrica ge-
o Gráfico 1, a seguir: rada.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

No âmbito mundial, apesar dos graves impactos sobre o meio ambiente, o carvão é uma importante
fonte de energia. As principais razões para isso são as seguintes: a) abundância das reservas; b) distribuição
geográfica das reservas; c) baixos custos e estabilidade nos preços, relativamente a outros combustíveis.
Além de constituir fonte de energia, o carvão mineral é importante matéria-prima da indústria de produtos
químicos orgânicos, como piche, asfalto, eletrodos para baterias, corantes, plásticos, naftalina, inseticidas,
tintas, benzeno e náilon.
O Mapa 1 (abaixo) ilustra as reservas mundiais no ano de 2002. Observe que as reservas de carvão mineral
do hemisfério Norte são bem maiores que as do Sul, o que se deve, basicamente, a dois fatores: no primeiro
hemisfério há maior quantidade de terras emersas e ocorrência de verões mais quentes e invernos mais rigo-
rosos, favorecendo a ação biológica.
No Brasil, as principais reservas de carvão mineral estão localizadas no Sul do país, notadamente no Esta-
do do Rio Grande do Sul, que detém mais de 90% das reservas nacionais. No final de 2002, as reservas nacio-
nais de carvão giravam em torno de 12 bilhões de toneladas, o que corresponde a mais de 50% das reservas
sul-americanas e a 1,2% das reservas mundiais.

210

Statiscal Review of World Energy. London 2003

Petróleo
O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos (moléculas de carbono e hidrogênio) que tem origem na
decomposição de matéria orgânica, principalmente o plâncton (plantas e animais microscópicos em sus-
pensão nas águas), causada pela ação de bactérias em meios com baixo teor de oxigênio. Ao longo de
milhões de anos, essa decomposição foi-se acumulando no fundo dos oceanos, mares e lagos; e, pressio-
nada pelos movimentos da crosta terrestre, transformou-se na substância oleosa denominada petróleo. Essa
substância é encontrada em bacias sedimentares específicas, formadas por camadas ou lençóis porosos de
areia, arenitos ou calcários.
Embora conhecido desde os primórdios da civilização humana, somente em meados do século 19 (Se-
gunda Revolução Industrial) tiveram início a exploração de campos e a perfuração de poços de petróleo. A
partir de então, a indústria petrolífera teve grande expansão, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.
Apesar da forte concorrência com o carvão e com outros combustíveis considerados nobres naquela
época, o petróleo ganhou projeção no cenário internacional, especialmente após a invenção dos motores
a gasolina e a óleo diesel.
Durante muitas décadas, o petróleo foi o grande propulsor da economia internacional, chegando a re-
presentar quase 50% do consumo mundial de energia primária, no início dos anos 1970. Embora declinante
ao longo do tempo, sua participação nesse consumo ainda representa cerca de 43%, segundo a Agência
Internacional de Energia (2004), e deverá manter-se expressiva por várias décadas.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Além de predominante no setor de transportes, o petróleo ainda é o principal responsável pela geração
de energia elétrica em diversos países do mundo. Apesar da expansão recente da hidroeletricidade e da
diversificação das fontes de geração de energia elétrica verificadas nas últimas décadas, o petróleo ainda
é responsável por aproximadamente 7,2% de toda a eletricidade gerada no mundo.
Durante muitos séculos, o homem procurou abrigo e instalação de suas atividades cotidianas em locais
próximos de recursos naturais, particularmente energéticos. Com a descoberta dos combustíveis fósseis e da
eletricidade, isso deixou de ser uma preocupação, de modo que, atualmente, os grandes centros consumi-
dores podem estar distantes das grandes reservas e dos potenciais energéticos. O caso do petróleo ilustra
bem essa tendência do mundo moderno.
Como indicado no Mapa 2 (abaixo), há uma grande irregularidade na distribuição geográfica das re-
servas mundiais de petróleo, em razão das condições geológicas específicas das regiões detentoras. Cerca
de 2/3 das reservas provadas estão localizados no Oriente Médio, que responde por cerca de, aproximada-
mente, 6% do consumo mundial. Por outro lado, a América do Norte, que possui apenas 4,8% das reservas, é
responsável por cerca de 30% do consumo mundial.
 

211

Statiscal Review of World Energy. London 2003

Gás natural
Combustível fóssil encontrado em estruturas geológicas sedimentares, o gás natural está associado ao
petróleo e, portanto, é esgotável e não-renovável. É utilizado em maçaricos, motores a explosão, altos-for-
nos, fogões, etc. e sua queima libera uma boa quantidade de energia, cada vez mais utilizada nos transpor-
tes, na termeletricidade e na produção industrial.
Segundo a Agência Internacional de Energia (2004), a participação do gás natural no consumo mundial
de energia é, atualmente, da ordem de 16,2%, sendo responsável por cerca de 19,1% de toda a eletricidade
gerada no mundo.
No Brasil, as reservas provadas são da ordem de 230 bilhões de m3, dos quais 48% estão localizados no
Estado do Rio de Janeiro, 20% no Amazonas, 9,6% na Bahia e 8% no Rio Grande do Norte. A produção é con-
centrada no Rio de Janeiro (44%), no Amazonas (18%) e na Bahia (13%). A participação do gás natural na
matriz energética brasileira ainda é pouco expressiva, da ordem de 5,6% do consumo final.
Outras características importantes do gás natural são os baixos índices de emissão de poluentes em com-
paração a outros combustíveis fósseis - como o carvão mineral e o petróleo -, rápida dispersão em caso de
vazamentos, baixos índices de odor e de contaminantes.
Ainda em relação a outros combustíveis fósseis, o gás natural apresenta maior flexibilidade, tanto em ter-
mos de transporte (facilmente transportado em condutos) como de aproveitamento.
Assim como ocorre com o petróleo e o carvão mineral, as principais reservas estão no hemisfério Norte,
conforme podemos observar no Mapa 3:

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Statiscal Review of World Energy. London 2003

Energia elétrica
A eletricidade pode ser obtida pela força da água (hidráulica), pelo vapor da queima de combustíveis
fósseis (termelétricas) e pelo calor produzido pela fissão do urânio no núcleo de um reator.
Temos, portanto, três tipos de usinas que geram eletricidade: as usinas hidrelétricas, as termelétricas e as
termonucleares ou atômicas. Em qualquer dessas usinas, a energia elétrica é produzida numa turbina, que
consiste, principalmente, num conjunto cilíndrico de ferro que gira em torno de seu eixo, no interior de um
receptor imantado. Na turbina, portanto, a energia de movimento (cinética) é transformada em energia
elétrica.
212  As hidrelétricas:
A geração de energia hidrelétrica é realizada em barragens, dentro das quais se encontram geradores,
cujas hélices são movidas pela água que escoa sob forte pressão. A eletricidade produzida pelos geradores
é transmitida por cabos até os centros consumidores.
Ao contrário das demais fontes renováveis, a hidrelétrica representa uma parcela significativa da matriz
energética mundial e possui tecnologias de aproveitamento devidamente consolidadas. Atualmente, é a
principal fonte geradora de energia elétrica para diversos países e representa cerca de 17% de toda a ele-
tricidade gerada no mundo.
A produção da energia elétrica não é poluente, mas a construção de usinas pode causar profundos
impactos sociais e ambientais na região. Como exemplo, temos a inundação de grandes áreas, o desloca-
mento de comunidades ribeirinhas, a mudança de curso de rios, etc.
 As termelétricas:
A geração de energia elétrica pelas termelétricas é realizada com maiores custos e com maior impacto
ambiental, porém, a construção de uma usina desse tipo necessita de investimentos menores que a de uma
hidrelétrica.
Se, na usina hidrelétrica, as águas dos rios movimentam as turbinas, na termelétrica quem faz esse papel
é a pressão do vapor de água produzido por uma caldeira aquecida pela queima de carvão mineral, gás
ou petróleo.
Uma das vantagens em relação à hidroeletricidade é que a localização da usina é determinada pelo
mercado consumidor e não pelo relevo, o que possibilita sua construção em áreas próximas onde há deman-
da, resultando em despesas inferiores na transmissão da energia elétrica produzida.

Energia nuclear
A energia nuclear é proveniente da fissão de átomos de urânio em um reator nuclear. Apesar da comple-
xidade de uma usina nuclear, seu princípio de funcionamento é similar ao de uma termelétrica convencional,
onde o calor gerado pela queima de um combustível produz vapor que aciona uma turbina, acoplada a
um gerador de corrente elétrica.

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As crises internacionais do petróleo, na década de 1970, e a crise energética subsequente levaram à


busca de fontes alternativas de geração de eletricidade. Nesse contexto, a energia nuclear passou a ser
vista como a alternativa mais promissora, recebendo a atenção de muitos analistas e empreendedores, as-
sim como vultosos investimentos. Em pouco mais de duas décadas, passou de uma participação desprezível
(0,1%) para 17% da produção mundial de energia elétrica, ocupando assim o terceiro lugar entre as fontes
de geração.
Contudo, o futuro da energia nuclear não parece favorável, em razão dos problemas de segurança
(risco de um vazamento nuclear) e dos altos custos de disposição dos rejeitos nucleares (lixo atômico). Com
exceção de poucos países, dentre os quais a França e o Japão, a opinião pública internacional tem sido
sistematicamente contrária à geração termonuclear de energia elétrica

Madeira e hulha
Quando a madeira é soterrada, ela passa por um processo de fossilização na crosta terrestre, sendo gra-
dativamente enriquecida em carbono. Isto ocorre, pois a madeira é composta basicamente de hidrogênio
(H), oxigênio (O) e carbono (C). Mas com o tempo o hidrogênio e o oxigênio são eliminados na forma de
água (H2O), dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). Desse modo, forma-se o carvão mineral ou natural,
que é uma mistura de substâncias complexas ricas em carbono.
A hulha é uma variedade do carvão mineral que apresenta um dos maiores índices de carbono em sua
composição (veja tabela). Em relação à madeira e aos outros carvões minerais, ela fica atrás somente do
Antracito.
 
 

  213
 

Tipos de carvões minerais: Turfa, Linhito, Hulha e Antracito

A hulha é um composto muito utilizado pela indústria, porque ao se fazer a sua destilação seca, ela dá
origem a três compostos analisados a seguir:
1. Fração gasosa: (gás de iluminação): é chamada assim porque era utilizada para iluminar ruas. Também
é usado como combustível doméstico e na indústria. Composta de 49% de Hidrogênio, 34% de metano, 8%
de dióxido de carbono e outros gases em menor proporção.
2. Fração Líquida: formada pelas águas amoniacais e o alcatrão de hulha
2.1-  Águas amoniacais: constituídas de substâncias nitrogenadas; principalmente aminas - compostos
derivados da amônia (NH3). Usado para produzir ácido nítrico e principalmente na produção de fertilizantes
agrícolas.

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2.2 – Alcatrão de hulha: é a principal fonte natural A biomassa é um material constituído principal-
de obtenção dos compostos aromáticos e ao pas- mente de substâncias de origem orgânica, ou seja,
sar por uma destilação fracionada dá origem a cin- de animais e vegetais. A energia é obtida através da
co frações, que permitem fornecer matérias-primas combustão da lenha, bagaço de cana-de-açúcar,
para inúmeros produtos químicos, como medica- resíduos florestais, resíduos agrícolas, casca de arroz,
mentos, plásticos, tintas, produtos de limpeza, pavi- excrementos de animais, entre outras matérias orgâ-
mentação de ruas (piche), etc. As cinco frações são: nicas.
• Óleo leve (2%) - benzeno tolueno, xileno; Essa fonte energética é renovável, pois a sua de-
• Óleo médio (12%) - fenol, cresóis, etc.; composição libera CO2 na atmosfera, que, durante
• Óleo pesado (10%) -  Naftaleno e seus deriva- seu ciclo, é transformado em hidratos de carbono,
dos; através da fotossíntese realizada pelas plantas. Nesse
• Óleo de antraceno (25%) - antraceno, fenan- sentido, a utilização da biomassa, desde que con-
treno, carbazol, criseno, etc. trolada, não agride o meio ambiente, visto que a
• Piche (51%) - Hidrocarbonetos de massa molar composição da atmosfera não é alterada de forma
significativa.
elevada.
Entre as principais vantagens da biomassa estão:
- Baixo custo de operação;
- Facilidade de armazenamento e transporte;
- Proporciona o reaproveitamento dos resíduos;
- Alta eficiência energética;
- É uma fonte energética renovável e limpa;
- Emite menos gases poluentes.
Porém, o seu uso sem o devido planejamento
pode ocasionar a formação de grandes áreas des-
matadas pelo corte incontrolado de árvores, perda
dos nutrientes do solo, erosões e emissão excessiva
de gases.
A utilização da energia da biomassa é de funda-
214 mental importância no desenvolvimento de novas
alternativas energéticas. Sua matéria-prima já é em-
pregada na fabricação de vários biocombustíveis,
  como, por exemplo, o bio-óleo, BTL, biodiesel, biogás,
Exemplo de produto feito a partir do alcatrão de etc.
hulha
Biocombustiveis
3. Fração sólida: Denominado carvão coque, é Os biocombustíveis são apresentados como alter-
bastante utilizado em siderúrgicas para a obtenção nativas aos combustíveis fósseis, visto que são ener-
de aço. Também é utilizado na produção de ferro e gias renováveis, o que não acontece com os com-
na de gasolina sintética. bustíveis fósseis. Em geral, apresentam um balanço de
Biomassa CO2 melhor que os combustíveis fósseis, pois os culti-
A busca por alternativas eficazes de produção vos absorvem o carbono atmosférico durante o seu
e distribuição de energia é um elemento essencial crescimento. Todavia, é preciso atentar que o avan-
para o ser humano, principalmente na atual socie- ço das lavouras para biocombustíveis pode compe-
dade, onde os modos de consumo se intensificam tir com a produção de alimentos ou exercer pressão
a cada dia. Diante dessa dependência de recursos sobre áreas de ecossistemas nativos.Na língua fran-
cesa, é feita uma diferença entre os termos biocom-
energéticos, surge a necessidade de diversificar a
bustível, biocarburante e agrocarburante. Agrocar-
utilização das fontes energéticas.
burantes são combustíveis para motor (automóveis e
Atualmente, o petróleo é a principal substân-
outros) obtidos a partir de produtos agrícolas produ-
cia empregada na geração de energia, porém, a
zidos para esse fim.Há também biocombustíveis pro-
biomassa é uma fonte utilizada bem antes da des-
duzidos a partir de óleos comumente usados.O ba-
coberta do “ouro negro”. O homem utiliza a lenha
lanço ambiental  dos biocombustíveis depende da
como fonte energética desde o início da civilização. fileira considerada (álcool, óleo vegetal puro, biodie-
Portanto, a biomassa faz parte da história da huma- sel etc.) e do tipo de agricultura praticado (agricul-
nidade como fonte de energia. tura intensiva,agricultura biológica  etc.). A fileira do
óleo vegetal puro tem um melhor balanço que a do

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biodiesel.O balanço de CO2 dos biocombustíveis não


é neutro, tendo em conta a energia necessária à sua
produção, mesmo que as plantas busquem o car-
bono na atmosfera: é preciso ter em conta a ener-
gia necessária para a produção de adubos, para a
locomoção dos tratores  agrícolas, para a irrigação,
para o armazenamento e transporte dos produtos.
Nos biocombustíveis resultantes da reciclagem  dos
óleos usados, pode-se considerar que há um ba-
lanço ambiental positivo, pois esses óleos  poderiam
ser poluentes ou ter um uso menos eficiente.Quanto
aos biocombustíveis produzidos a partir de produtos • A quantidade de lixo nuclear, também cha-
agrícolas, para fazer um balanço ambiental é preci- mado de lixo atômico, gerado nessas usinas é mui-
so ter em conta o impacto dos adubos e dos pesti- to grande. Esse é um grande problema, mas, para
cidasutilizados, do consumo de água, que pode ser entendê-lo, temos que ver primeiro o que é lixo atô-
muito importante para certas espécies vegetais, e do mico. Na realidade, ele não é constituído somente
impacto na biodiversidade  quando imensas zonas do material radioativo que não é mais útil para ser
de cultura substituem áreas muito ricas em espécies usado como combustível, mas abrange todo resíduo
(florestas  tropicais e outros hot spots como a zona resultante da utilização de elementos e substâncias
mediterrânica). A produção de biodiesel a partir de químicas radioativas, tudo o que entrou em contato
algas marinhas pouparia as terras férteis e a água com o material radioativo: resíduos da mineração,
doce destinadas a agricultura da preparação de substâncias químicas radioativas,
o encanamento por onde passaram, as vestimentas
Vantagens e desvantagens do uso da energia nu- moderadamente impregnadas de radioatividade
clear
usadas pelos trabalhadores, etc.
O uso da energia nuclear é um assunto bastante
Esse lixo nuclear é altamente radioativo e precisa
polêmico e que causa debates e divisões. Há os que
ser isolado do meio ambiente por centenas de anos.
defendem o uso desse tipo de energia, pois ela apre-
Em algumas regiões dos Estados Unidos, país que pos-
senta certas vantagens; veja três delas: 215
sui atualmente a maior quantidade de reatores nu-
• A  poluição atmosférica é muito menor do
cleares no mundo (104), o descarte desse lixo é feito
que em usinas onde a energia elétrica é produzida a
através da sua embalagem em tambores de ferro,
partir de combustíveis fósseis (derivados do petróleo)
que são recobertos por uma camada de concreto e
• Muitos países europeus abrangem territórios
lançados em minas abandonadas ou em sítios geo-
pequenos que não dispõem de recursos hídricosque
lógicos apropriados.
lhes permitam gerar energia elétrica suficiente para
já a França, segundo lugar no uso de energia
suprir suas demandas. A instalação das usinas termo-
nuclear no mundo, com 59 reatores, e que deriva
nucleares é uma possibilidade para solucionar essa
questão; 77,4% de sua energia elétrica dessa fonte, reproces-
• Há um enorme potencial energético. Para se sa o material fissionável. O urânio e o plutônio que
ter uma ideia, apenas duas pequenas partículas de ainda não sofreram fissão são separados e utilizados
urânio podem suprir a energia elétrica de um residên- novamente. O restante do material é incorporado a
cia média por um mês. Uma vareta combustível con- um vidro de borossilicato, que possui a capacidade
tém 400 pastilhas de urânio com potencial energéti- de absorver nêutrons. Esse vidro radioativo é acon-
co para atender a demanda de uma cidade com 20 dicionado em contêineres e armazenado em silos
000 pessoas durante 24 horas. construídos para abrigar material radioativo por, pelo
No entanto, o uso da energia proveniente de fis- menos, 1000 anos.
sões nucleares deve ser bem avaliado, pois há tam- • A água utilizada para resfriar o vapor volta
bém desvantagens. Observe as principais: para a sua fonte natural de abastecimento, como
• A probabilidade de acontecer um acidente rios, lagos e mar. Porém, ela volta com uma tempe-
nuclear é muito pequena, mas ela existe, como mos- ratura mais elevada, o que pode provocar poluição
tra o caso do acidente de Chernobyl. Um acidente térmica, uma vez que diminui a solubilidade de oxi-
assim poderia causar a contaminação de grandes gênio na água, comprometendo a vida daquele
regiões, que se tornariam inabitáveis; acarretaria a ecossistema.
contaminação de rios, lagos, solos e lençóis freáticos;
causaria a morte de muitas pessoas, animais, plantas;
e ocasionaria alterações genéticas;

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QUESTÃO 01 QUESTÃO 04
A China comprometeu-se a indenizar a Rússia O Brasil é um dos países que obtêm melhores re-
pelo derramamento de benzeno de uma indústria sultados na reciclagem de latinhas de alumínio. O
petroquímica chinesa no rio Songhua, um afluente esquema acima representa as várias etapas desse
do rio Amur, que faz parte da fronteira entre os dois processo:
países. O presidente da Agência Federal de Recur- A temperatura do forno em que o alumínio é fun-
sos de Água da Rússia garantiu que o benzeno não dido é útil também porque
chegará aos dutos de água potável, mas pediu à
população que fervesse a água corrente e evitasse A) sublima outros metais presentes na lata.
a pesca no rio Amur e seus afluentes. As autoridades B) evapora substâncias radioativas remanescen-
locais estão armazenando centenas de toneladas tes.
de carvão, já que o mineral é considerado eficaz C) impede que o alumínio seja eliminado em al-
absorvente de benzeno. tas temperaturas.
Levando-se em conta as medidas adotadas D) desmagnetiza as latas que passaram pelo pro-
para a minimização dos danos ao ambiente e à po- cesso de triagem.
pulação, é correto afirmar que E) queima os resíduos de tinta e outras substân-
A) o carvão mineral, ao ser colocado na água, cias presentes na lata.
reage com o benzeno, eliminando-o.
B) o benzeno é mais volátil que a água e, por isso, QUESTÃO 05
é necessário que esta seja fervida. Considerando as informações apresentadas no
C) a orientação para se evitar a pesca deve-se à texto, qual é, aproximadamente, o fator de emissão
necessidade de preservação dos peixes. de CO2 quando 1 tonelada de cimento for produzi-
D) o benzeno não contaminaria os dutos de da, levando-se em consideração apenas a etapa de
água potável, porque seria decantado naturalmen- obtenção do óxido de cálcio?
te no fundo do rio. A) 4,9 x 10-4
E) a poluição causada pelo derramamento de B) 7,9 x 10-4
benzeno da indústria chinesa ficaria restrita ao rio C) 3,8 x 10-1
D) 4,9 x 10-1
216 Songhua.
E) 7,9 x 10-1
QUESTÃO 02
QUESTÃO 06
Com base no texto, quais são os fatores que in-
Observe as dicas para calcular a quantidade
fluenciam a rapidez das transformações químicas re-
certa de alimentos e bebidas para as festas de fim
lacionadas aos exemplos 1, 2 e 3, respectivamente?
de ano:
A) Temperatura, superfície de contato e concen-
• Para o prato principal, estime 250 gramas de
tração.
carne para cada pessoa.
B) Concentração, superfície de contato e cata-
• Um copo americano cheio de arroz rende o su-
lisadores.
ficiente para quatro pessoas.
C) Temperatura, superfície de contato e catali-
• Para a farofa, calcule quatro colheres de sopa
sadores.
por convidado.
D) Superfície de contato, temperatura e concen- • Uma garrafa de vinho serve seis pessoas.
tração. • Uma garrafa de cerveja serve duas.
E) Temperatura, concentração e catalisadores. • Uma garrafa de espumante serve três convida-
dos.
QUESTÃO 03
Mantendo-se as mesmas dimensões geométri- Quem organiza festas faz esses cálculos em cima
cas, o fio que apresenta menor resistência elétrica é do total de convidados, independente do gosto de
aquele feito de #12; cada um. Quantidade certa de alimentos e bebidas
A) tungstênio. evita o desperdício da ceia.
B) alumínio. Jornal Hoje, 17 dez. 2010 (adaptado).
C) ferro.
D) cobre. Um anfitrião decidiu seguir essas dicas ao se pre-
E) prata. parar para receber 30 convidados para a ceia de
Natal. Para seguir essas orientações à risca, o anfi-
trião deverá dispor de

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a) 120 kg de carne, 7 copos americanos e meio C) possuir raio e carga relativamente próximos
de arroz, 120 colheres de sopa de farofa, 5 garrafas aos de íons metálicos que atuam nos processos bio-
de vinho, 15 de cerveja e 10 de espumante. lógicos, causando interferência nesses processos.
b) 120 kg de carne, 7 copos americanos e meio D) apresentar raio iônico grande, permitindo que
de arroz, 120 colheres de sopa de farofa, 5 garrafas ele cause interferência nos processos biológicos em
de vinho, 30 de cerveja e 10 de espumante. que, normalmente, íons menores participam.
c) 75 kg de carne, 7 copos americanos e meio de E) apresentar carga +2, o que permite que ele
arroz, 120 colheres de sopa de farofa, 5 garrafas de cause interferência nos processos biológicos em que,
vinho, 15 de cerveja e 10 de espumante. normalmente, íons com cargas menores participam.
d) 7,5 kg de carne, 7 copos americanos, 120 co-
lheres de sopa de farofa, 5 garrafas de vinho, 30 de QUESTÃO 09
cerveja e 10 de espumante. Na estrutura da curcumina, identificam-se grupos
e) 7,5 kg de carne, 7 copos americanos e meio característicos das funções
de arroz, 120 colheres de sopa de farofa, 5 garrafas A) éter e álcool.
de vinho, 15 de cerveja e 10 de espumante. B) éter e fenol.
C) éster e fenol.
Resolução: alternativa E D) aldeído e enol.
Considerando que o anfitrião é um dos 30 convi- E) aldeído e éster.
dados, para realizar a festa serão necessários:
de carne, 250 g x 30 = 7 500 g = 7,5 kg QUESTÃO 10
1 Supondo-se que o esmalte dentário seja constituí-
de arroz, ––– de copo x 30 = 7,5 copos. do exclusivamente por hidroxiapatita, o ataque áci-
4 do que dissolve completamente 1 mg desse material
1 ocasiona a formação de, aproximadamente, #12;
de vinho, ––– de garrafa x 30 = 5 garrafas. A) 0,14 mg de íons totais.
6 B) 0,40 mg de íons totais.
1 C) 0,58 mg de íons totais.
de cerveja, ––– de garrafa x 30 = 15 garrafas. D) 0,97 mg de íons totais.
E) 1,01 mg de íons totais. 217
2
1
RESPOSTAS
de espumante, ––– de garrafa x 30 = 10 garrafas.
1) B
3
2) C
3) E
QUESTÃO 07
4) E
As informações químicas presentes no rótulo de
5) D
vários produtos permitem classificar o produto de vá-
6) E
rias formas, de acordo com seu gosto, seu cheiro, sua
7) D
aparência, sua função, entre outras. As informações
8) C
da tabela permitem concluir que essa água é
9) B
A) gasosa.
10) D
B) insípida.
C) levemente azeda.
D) um pouco alcalina.
E) radioativa na fonte.

QUESTÃO 08
Com base no texto, a toxicidade do cádmio em
sua forma iônica é consequência de esse elemento
A) apresentar baixa energia de ionização, o que
favorece a formação do íon e facilita sua ligação a
outros compostos.
B) possuir tendência de atuar em processos bio-
lógicos mediados por cátions metálicos com cargas
que variam de + 1 a + 3.

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MOLÉCULAS, CÉLULAS E TECIDOS – ESTRUTURA E FISIOLOGIA CELULAR:


MEMBRANA, CITOPLASMA E NÚCLEO. DIVISÃO CELULAR.
ASPECTOS BIOQUÍMICOS DAS ESTRUTURAS CELULARES. ASPECTOS GERAIS
DO METABOLISMO CELULAR. METABOLISMO ENERGÉTICO:
FOTOSSÍNTESE E RESPIRAÇÃO. CODIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO GENÉTICA.
SÍNTESE PROTÉICA. DIFERENCIAÇÃO CELULAR. PRINCIPAIS TECIDOS
ANIMAIS E VEGETAIS. ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS.
NOÇÕES SOBRE CÉLULAS-TRONCO, CLONAGEM E TECNOLOGIA DO DNA
RECOMBINANTE. APLICAÇÕES DE BIOTECNOLOGIA NA PRODUÇÃO DE
ALIMENTOS, FÁRMACOS E COMPONENTES BIOLÓGICOS. APLICAÇÕES
DE TECNOLOGIAS RELACIONADAS AO DNA A INVESTIGAÇÕES CIENTÍFICAS,
DETERMINAÇÃO DA PATERNIDADE, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E IDENTIFICAÇÃO
DE INDIVÍDUOS. ASPECTOS ÉTICOS RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO
BIOTECNOLÓGICO. BIOTECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE.

219

No interior da célula animal, há um núcleo típico


de uma célula eucariótica. Todo o espaço existente
entre o núcleo e a membrana plasmática constitui o
citoplasma.
No interior do núcleo, está a cromatina, formada
por DNA e por proteínas. É formada por filamentos
de cromossomos emaranhados, como linha embara-
çada. O nucléolo, corpo denso e esférico que pode
ser visto dentro do núcleo, é rico em RNA e proteínas.
Participa da formação dos ribossomos.
O envoltório nuclear, ou carioteca, tem continui-
dade com o retículo endoplasmático, um complexo
sistema de canais e tubos revestidos por membrana.
A carioteca tem duas camadas sobrepostas e poros,
que comunicam o interior do núcleo com o citoplas-
Aspectos Gerais
ma.

A
O retículo endoplasmático se comunica, tam-
membrana das células animais é lipopro-
bém, com a membrana plasmática e com o meio
téica e seletivamente permeável, capaz
extracelular. Ele atua como um sistema interno de
de controlar a entrada e saída de mate-
distribuição.
riais. Moléculas pequenas e sais inorgânicos passam
Os ribossomos, pequenos grânulos observados no
através da membrana. Moléculas maiores são en-
citoplasma, são compostos por protéinas e por RNA,
globadas em vesículas. Substâncias exportadas pela
e sintetizam proteínas, algumas que são usadas na
célula ficam em pequenas bolsas membranosas, que
célula, como as enzimas, e outras que são lançadas
se abrem na superfície, despejando seu conteúdo no
no meio externo. Os ribossomos podem ser encontra-
exterior.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

dos livres no citoplasma, aderidos na face externa do REVESTIMENTO CELULAR


envoltório nuclear ou ligados nas membranas do re-
tículo endoplasmático. As partes do retículo que têm Todas as células são revestidas por uma finíssi-
ribossomos aderidos formam o retículo endoplasmá- ma película, que contém o citoplasma e o núcleo:
tico rugoso ou granular, também chamado ergasto- a membrana plasmática. Essa membrana separa o
plasma. O retículo endoplasmático liso, que não tem conteúdo celular do meio circundante, mantendo
ribossomos aderidos, participa da produção de gor- instável, o meio interno.
duras e de outras substâncias. A membrana apresenta uma permeabilidade
Observam-se, no citoplasma, vesículas achata- seletiva, dependendo da natureza da substância.
das e empilhadas que compõem o complexo de Algumas substâncias atravessam a membrana com
Golgi. Suas funções são a concentração de substân- facilidade, enquanto outras são dificultadas ou total-
cias produzidas no ergastoplasma e o seu empaco- mente impedidas. A membrana é capaz de capturar
tamento em pequenas vesículas que se abrem na su- substâncias necessárias no exterior, auxiliando sua
perfície da célula. Esta atividade se chama secreção entrada na célula.
celular. As moléculas de água entram e saem da célu-
Outras pequenas vesículas que brotam do com- la espontaneamente, elas simplesmente mergulham
plexo de Golgi contêm enzimas digestivas. São os li- entre as moléculas de fosfolipídio e saem do outro
sossomos, responsáveis pela digestão intracelular. lado (difusão). Não há nada que a membrana possa
Há um par de centríolos, que tem um papel im- fazer para impedir a transição da água através dela.
portante na divisão celular. Nas células dotadas de O mesmo acontece com o O2, gás carbônico e ou-
cílios ou de flagelos, os centríolos estão relacionados tras substâncias de pequeno tamanho molecular.
com a formação e com o controle dos batimentos Na difusão não há dispêndio de energia por
dessas estruturas de locomoção. parte da célula, quando isso ocorre chamamos de
As atividades efetuadas pelas células requerem transporte passivo. Esse processo é importante para
energia, que elas obtêm na respiração celular. Trata- a vida da célula. Por difusão as células de nosso in-
se de uma longa seqüência de reações de combus- testino retiram a maior parte de substâncias nutritivas
tão controlada da glicose, que transfere a energia do alimento.
220 desse açúcar para moléculas de adenosina-trifosfa- As membranas das células também executam
to, o ATP. As primeiras reações da respiração acon- processos ativos de transporte de substâncias. Esse
tecem no hialoplasma, e as etapas finais, que repre- processo acontece quando há um transporte de so-
sentam a grande fonte de energia para a célula, lutos e solventes contra o gradiente de concentra-
processam-se no interior das mitocôndrias. ção. Um exemplo pode ser observado nas células
hemácias. Nesse caso há gasto de energia.
Como simplificação, podemos representar a res- É através do transporte ativo que uma célula
piração celular dessa forma: pode manter certas substâncias necessárias em con-
glicose + 6 O2 ===> 6 CO2 + 6 H2O + energia centração elevada no seu interior, mesmo que tenha
pouco da mesma no exterior.
As células têm uma trama interna de filamentos Quando uma substância não consegue atraves-
de proteínas, que mantém a sua arquitetura, chama- sar a membrana, ela captura a substância pelos se-
da citoesqueleto. guintes processos:
As estruturas citoplasmáticas dotadas de organi-
zação e sistemas enzimáticos próprios são chamadas Fagocitose:
organóides citoplasmáticos (ou organelas). São os li- Quando a célula ingere a substância a partir de
sossomos, as mitocôndrias, o complexo de Golgi, os pseudopódos que envolve o alimento e o coloca em
ribossomos, os centríolos, o retículo endoplasmático uma cavidade do interior da célula, onde ocorrerá a
e os peroxissomos. As estruturas celulares desprovidas digestão.
dessa organização são as inclusões citoplasmáticas,
das quais são exemplos os grânulos de glicogênio e Pinocitose:
de pigmentos. Quando a célula através de invaginações da
Célula Animal membrana captura pequenas gotículas líquidas.
A energia para o transporte ativo é suprida por
uma substância chamada ATP, que fornece energia
para a maioria dos processo celulares.

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Citoplasma: plo do papel secretor do aparelho de Golgi ocorrem


O citoplasma é conteúdo de uma célula, excluin- nas células produtoras de muco, que recobre os re-
do-se o núcleo. Ele é constituído por uma solução vestimentos interno do nosso corpo. Outro exemplo é
chamada hialoplasma. Também inclui as organe- a secreção de enzimas que será utilizado na digestão.
las ligadas por membranas, como a Mitocôndria, o Ele apresenta outras funções tais como comple-
complexo de Golgi e outras estruturas essenciais para mentar a síntese de glicídios usados na formação do
o funcionamento da célula. glicocálix que protege as células animais e serve como
estrutura de identificação; ele participa na formação
Hialoplasma: do acrossoma, vesícula rica em enzimas localizada so-
É o local onde ocorrem diversa reações químicas bre a cabeça do espermatozóide, e responsável na
do metabolismo (a síntese protéica, a parte inicial da perfuração do óvulo.
respiração), também facilita a distribuição de subs- Existem indicações que os lisossomos sejam forma-
tâncias por difusão. É aí que o alimento é degradado dos por ele.
para fornecer energia.
Em certas células, as correntes citoplasmáticas Lisossomos e peroxissomos:
são orientadas de tal maneira que resultam na loco- São bolsas citoplasmáticas cheias de enzimas di-
moção de célula. Um exemplo são os glóbulos bran- gestivas e envolvidas por uma membrana lipoprotéica.
cos, que possuem pseudopódos. O lisossomo tem as seguinte funções: digestão in-
O citoplasma é coberto de organelas cada uma tracelular; digestão dos materiais capturados por fa-
é responsável em realizar uma ou mais atividades vi- gocitose ou pinocitose. A autofagia; onde o lisossomo
tais, e a inter-relação entre elas resulta na vida da digere partes da própria célula, englobando organói-
célula. des e formando os vacúolos autofágicos. Isso ocorre
quando a organela esta velha ou quando a célula
O retículo endoplasmático: passa um período de fome. E a autólise; ocorre quan-
O retículo endoplasmático é um complexo siste- do a membrana do lisossomo se rompe espalhando
enzimas pelo citoplasma, destruindo a célula. Serve
ma de bolsas e canais membranosos.
para renovar a células do corpo. Em alguns casos, o
Algumas regiões do retículo são lisas por isso o
rompimento se dá por causa de doenças. O material
nome de retículo endoplasmático liso. Outras por-
conseguido com a autodigestão é mandado através 221
ções do retículo apresentam-se salpicadas por grâ-
da circulação para outras partes do corpo, onde é
nulos, os ribossomos, que dão o aspecto granuloso,
aproveitado para o desenvolvimento.
por isso o nome retículo endoplasmático rugoso.
Peroxissomos:
Retículo endoplasmático rugoso ou granular:
Acredita-se que eles têm como função proteger
É o local de fabricação de boa parte das proteí-
a célula contra altas concentrações de oxigênio, que
nas celulares. Na realidade são os ribossomos presos
poderiam destruir moléculas importantes da célula. Os
nas membranas que fazem as moléculas de proteí-
peroxissomos do fígado e dos rins atuam na desinto-
nas. A função dos ribossomos é a síntese protéica. xicação da célula, ao oxidar, por exemplo, o álcool.
Eles realizam essa função estando no hialoplasma ou Outro papel que os peroxissomos exercem é converter
preso a membrana do retículo.O retículo endoplas- gorduras em glicose, para ser usada na produção de
mático desempenha, portanto, as funções síntese, energia.
armazenamento e transporte de substâncias.
Mitocôndrias e a respiração celular:
Ribossomos: A função da mitocôndria é produzir energia, para
São grãos de proteína. A função dos ribossomos todos os processos vitais da célula. Essa produção de
é a síntese protéica pela união de aminoácidos, em energia ocorre através da respiração celular.
processo controlado pelo DNA. O RNA descreve a A respiração celular é o processo pelo qual a célu-
seqüência dos aminoácidos da proteína. Eles reali- la obtém energia do alimento. Elas fazem isso combi-
zam essa função estando no hialoplasma ou preso a nado moléculas de alimento com o gás oxigênio do ar
membrana do retículo endoplasmático. (respiração aeróbica), isso é uma oxidação controla-
da, através da qual a energia contida nas moléculas é
Complexo de Golgi: liberada. Essas moléculas são degradadas até se trans-
A função do complexo está diretamente rela- formarem em gás carbônico e água.
cionado com a secreção celular (quando a célula Na falta de oxigênio, a célula pode obter energia
elimina substâncias que ainda serão aproveitadas realizando apenas a parte inicial do processo de
pelo organismo, só que em outros locais). Um exem- quebra de glicose.

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Centríolos, cílios e flagelos: Nucléolo:


Uma das funções dos centríolos é originar os cí- Nos núcleos das células que não esta em repro-
lios e os flagelos, projeções em forma de pêlos mó- dução (núcleos interfásicos), encontramos um ou
veis que algumas células apresentam. Tanto os cílios mais nucléolos. Os nucléolos são produzidos por re-
quanto os flagelos formam-se a partir do crescimen- giões específicas de certos cromossomos, as quais
to dos microtúbulos de um centríolo. são denominadas nucléolo. Essas regiões cromossô-
Na traquéia de mamíferos existe um epitélio lu- micas produzem um tipo de RNA (RNA ribossômico),
brificado por muco. O batimento constate dos cílios que se combina com proteínas formando grânulos.
permite a formação de uma corrente deste muco Quando esse grânulos amadurecem e deixam o
que tem papel protetor, já que muitas impurezas dor núcleo, passam pela carioteca e se transformam em
ar inspiradas ficam aderida a ele. ribossomos citoplasmáticos (a função dos ribossomos
Apesar de terem origem comum e idênticas fi- já foi citada).
nalidades (movimentos celulares) eles diferem entre
si em dois detalhes: o tamanho e o número de uni- Conclusão:
dades por célula. Os cílios são curtos e numerosos, Todas as células possuem organelas no seu in-
enquanto os flagelos são longos e não ultrapassam terior. Essas organelas possuem funções, cada uma
de 6 a 8 por célula. realiza um tipo, e a célula sobrevive porque elas tra-
balham em conjunto. A célula vegetal possui vacúo-
O núcleo celular: lo e parede celular, enquanto a célula animal não
O núcleo celular animal apresenta a carioteca, os possui.
que contêm em seu interior a cromatina, que con-
tém ainda um, dois, ou mais nucleólos em um fluído, Fotossíntese
semelhante ao hialoplasma. O núcleo é a região da
célula que controla o transporte de informações ge- É o processo através do qual as plantas , seres au-
néticas. No núcleo ocorrem tanto a duplicação do totróficos (seres que produzem seu próprio alimento)
DNA, imprescindível para a divisão celular, como a e alguns outros organismos transformam energia lu-
síntese do RNA, ligada a produção de proteínas nos minosa em energia química processando o dióxido
222 ribossomos. de carbono (CO2), água (H2O) e minerais em com-
postos orgânicos e produzindo oxigênio gasoso (O2).
Carioteca: A equação simplificada do processo é a formação
Ela permite a troca de material com o citoplas- de glicose : 6H2O + 6CO2 → 6O2 +C6H12O6( ... )
ma. A carioteca, ou membrana nuclear é um en-
voltório duplo. As duas membranas do conjunto são Este é um processo do anabolismo , em que a
lipoprotéicas. A membrana mais externa, voltada ao planta acumula energia a partir da luz para uso no
hialoplasma, comunica-se com os canais do retículo seu metabolismo , formando adenosina tri-fosfato , o
e freqüentemente apresenta ribossomos aderidos. ATP, a moeda energética dos organismos vivos.
A carioteca esta presente em toda divisão celu- A fotossíntese inicia a maior parte das cadeias
lar, ela some no início da divisão e só aparece no fi- alimentares na Terra . Sem ela, os animais e muitos
nal do processo. Ela separa o núcleo do citoplasma. outros seres heterotróficos seriam incapazes de so-
breviver porque a base da sua alimentação estará
Cromatina: sempre nas substâncias orgânicas proporcionadas
Tem como instrução controlar quase todas as fun- pelas plantas verdes.
ções celulares. Essas instruções são “receitas” para a
síntese de proteínas. Essas “receitas”, chamadas de Respiração aeróbia
genes, são segmentos da molécula de DNA, e a cé-
lula necessita dos genes para sintetizar proteínas. A aerobiose refere-se a um processo bioquímico
que representa a forma mais eficaz de obter energia
Cromossomos: a partir de nutrientes como a glicose , na presença
São constituídos de uma única molécula de DNA obrigatória de oxigênio . Os seres vivos que proce-
associados a proteína. dem à aerobiose são os seres aerobióticos. A maioria
A cromatina é o conjunto dos cromossomos de dos seres vivos encontram-se nestas condições. Os
uma célula, quando não esta se dividindo (período seres vivos que sobrevivem sem oxigénio são anaeró-
de interfase). bicos .

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Fase Anaeróbica ou Glicólise Nesta fase, forma-se 36 ATP . Junto com as mo-
léculas formadas na primeira fase, gera-se um ren-
Esta fase acontece ainda no citoplasma (hialo- dimento de 38 ATP, porém como para realizar este
plasma ) da célula, fora da mitocôndria. Por ação de processo todo, gasta-se 6 ATP de energia, gera um
enzimas , a molécula de glicose (composta de 6 car- rendimento líquido de 32 ATP.
bonos, 12 hidrogênios e 6 oxigênios) é quebrada em
duas moléculas menores de Ácido Pirúvico (cada Reações aerobióticas
uma com 3 carbonos ). A partir delas, por ação tam-
bém de enzimas ocorre a liberação de Gás Carbõ- As reações aerobióticas são um tipo específico
nico (CO2), transformando-as em Ácido Acético de um processo mais global, designado por respira-
(cada uma com 2carbonos ). ção celular. Através destas reações, a glicose é de-
Nesta fase ocorre a formação de 2 moléculas de gradada em dióxido de carbono e água , libertan-
ATP (células responsáveis pelo armazenamento de do-se energia . É, assim, como que o processo inverso
energia ). da fotossíntese , onde as plantas produzem glicose
usando água , dióxido de carbono e energia solar .
Ciclo de Krebs
Respiração anaeróbia
Esta fase acontece dentro da mitocôndria , em
suas cristas . A molécula de Ácido Pirúvico entra para Na linguagem vulgar, respiração é o ato de inalar
dentro da mitocôndria, e então começa uma espé- e exalar ar através da boca ou das cavidades na-
cie de reconstituição da molécula, para torná-la no- sais para se processarem as trocas gasosas ao nível
vamente com 6 carbonos. Essa molécula de Ácido dos pulmões ; este processo encontra-se descrito em
Pirúvico é carregada por uma molécula chamada ventilação pulmonar .
“Acetil CoA “ (que possui 2 carbonos). A molécula de Do ponto de vista da fisiologia , respiração é o
Acetil CoA faz com que o Ácido Pirúvico se una com processo pelo qual um organismo vivo troca oxigénio
e dióxido de carbono com o seu meio ambiente .
uma molécula de Ácido Oxalacético (composta de
4 carbonos). Ao unirem-se, forma-se uma molécula
Do ponto de vista da bioquímica , respiração ce-
composta de 6 carbonos , 12 hidrogênios e 6 oxigê- 223
lular é o processo de conversão das ligações quími-
nios (mesma da glicose , porém com os hidrogênios
cas de moléculas ricas em energia que possa ser
em posição diferente), agora chamada de Ácido Cí-
usada nos processos vitais.
trico . A molécula de Acetil CoA sai da reação para
Respiração celular
voltar a carregar mais moléculas de Ácido Acético
O processo básico da respiração é a oxidação
para completar o ciclo.
da glicose , que se pode expressar-se pela seguinte
Nesta fase não há formação de ATP
equação química:
C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O + energia
Cadeia Respiratória
Este artigo centra-se nos fenómenos da respira-
ção, que se processa segundo duas sequências bá-
Esta fase acontece na Matriz da Mitocôndria. É sicas:
a única fase em que há utilização de oxigênio para 1. Glicólise e
a quebra de moléculas, caracterizando a respiração 2. Oxidação do piruvato através de um de dois
Aeróbia. A molécula de Ácido Cítrico é agora que- processos:
brada vagarosamente por moléculas de oxigênio, a) Respiração aeróbica
fazendo com que, ao invés de separar em moléculas b) Respiração anaeróbica
bem menores, como o ocorrido na primeira fase, as Oxidação do piruvato
moléculas são quebradas perdendo 1 oxigênio por De acordo com o tipo de metabolismo, existem
vez. Assim, o ácido cítrico de 6 carbonos é quebrado duas sequências possíveis para a oxidação do piru-
por uma molécula de oxigênio em uma molécula de vato proveniente da glicólise
5 carbonos, liberando gás carbônico , água e ener-
gia para a formação de ATP . Por sua vez, a molécu- Respiração aeróbica
la composta de 5 carbonos será quebrada em uma
de 4, e assim sucessivamente. A respiração aeróbica requer oxigênio. Cada pi-
É a partir desta quebra, que se forma o Ácido ruvato que entra na mitocôndria e é oxidado a um
Oxalacético, utilizado para juntar-se com o Ácido Pi- composto com 2 carbonos (acetato) que depois é
rúvico na segunda fase. combinado com a Coenzima-A, com a produção de

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NADH e libertação de CO2. De seguida, inicia-se o ambientes aquáticos e em ambientes terrestres muito
ciclo de Krebs. Neste processo, o grupo acetil é com- húmidos. Entre as células que formam a sua epiderme
binado com compostos com 4 carbonos formando , há algumas especializadas na produção de ummuco
o citrato (6C). Por cada ciclo que ocorre liberta-se . Esse muco espalha-se sobre o tegumento, mantendo
2CO2, NADH eFADH2 . No ciclo de Krebs obtém-se -o húmido e possibilitando as trocas gasosas.
2 ATPs . Numa última fase - cadeia transportadora de
elétrons (ou fosforilação oxidativa) os elétrons remo- Síntese proteica.
vidos da glicose são transportados ao longo de uma
cadeia transportadora, criando um gradiente protó- Síntese de Proteínas
nico que permite a fosforilação do ADP . O aceptor As proteínas são moléculas orgânicas formadas
final de elétrons é o O2, que, depois de se combinar pela união de uma série determinada de aminoá-
com os elétrons e o hidrogênio, forma água. Nesta cidos, unidos entre si por ligações peptídicas. Trata-
fase da respiração aeróbica a célula ganha 34 molé- se das mais importantes substâncias do organismo,
culas de ATP. Isso faz um total ganho de 38 ATP duran- já que desempenham inúmeras funções: dão es-
te a respiração celular em que intervém o oxigênio. trutura aos tecidos, regulam a atividade de órgãos
(hormônios), participam do processo de defesa do
Respiração anaeróbica organismo (anticorpos), aceleram todas as reações
químicas ocorridas nas células (enzimas), atuam no
A respiração anaeróbica envolve um receptor transporte de gases (hemoglobina) e são responsá-
de eléctrons diferente do oxigênio e existem vários veis pela contração muscular.
tipos de bactérias capazes de usar uma grande va- A síntese de proteínas é um processo rápido, que
riedade de compostos como receptores de eléctrons ocorre em todas as células do organismo, mais preci-
na respiração: compostos nitrogenados, tais comoni- samente, nosribossomos, organelas encontradas no
tratos e nitritos , compostos de enxofre , tais como sul- citoplasma e no retículo endoplasmático rugoso. Esse
processo pode ser dividido em três etapas:
fatos , sulfitos , dióxido de enxofre e mesmo enxofre
elementar, dióxido de carbono , compostos de ferro ,
1º. Transcrição
demanganês , de cobalto e até de urânio .
No entanto, para todos estes , a respiração
224 A mensagem contida no cístron (porção do DNA
anaeróbica só ocorre em ambientes onde o oxigé-
que contém a informação genética necessária à
nio é escasso, como nos sedimentos marinhos e la-
síntese proteica) é transcrita pelo RNA mensagei-
custres ou próximo de nascentes hidrotermais sub-
ro (RNAm). Nesse processo, as bases pareiam-se: a
marinas.
adenina do DNA se liga à uracila doRNA, a timina do
Uma das sequências alternativas à respiração
DNA com a adenina do RNA, a citosina do DNA com
aeróbica é a fermentação , um processo em que
a guanina do RNA, e assim sucessivamente, havendo
o piruvato é apenas parcialmente oxidado, não se
a intervenção da enzima RNA-polimerase. A sequen-
segue o ciclo de Krebs e não há produção de ATP cia de 3 bases nitrogenadas de RNAm, forma o có-
numa cadeia de transporte de eléctrons. No entanto, don, responsável pela codificação dos aminoácidos.
a fermentação é útil para a célula porque regenera Dessa forma, a molécula de RNAm replica a mensa-
o dinucleótido de nicotinamida eadenina (NAD ), gem do DNA, migra do núcleo para os ribossomos,
que é consumido durante a glicólise . atravessando os poros da membrana plasmática e
Os diferentes tipos da fermentação produzem forma um molde para a síntese proteica.
vários compostos diferentes, como oetanol (o álcool
das bebidas alcoólicas , produzido por vários tipos de 2º. Ativação de aminoácidos
leveduras e bactérias) ou o ácido láctico do iogurte
. Nessa etapa, atua o RNA transportador (RNAt),
Outras moléculas, como N O 2, S O2 são os acep- que leva os aminoácidos dispersos no citoplasma,
tores finais na cadeia de transporte de elétrons. provenientes da digestão, até os ribossomos. Numa
das regiões do RNAt está o anticódon, uma sequên-
Respiração cutânea cia de 3 bases complementares ao códon de RNAm.
A ativação dos aminoácidos é dada por enzimas es-
Os animais de respiração cutânea precisam ter pecíficas, que se unem ao RNA transportador, que
o tegumento (epiderme ou pele ) constantemente forma o complexo aa-RNAt, dando origem ao anti-
humedecido, uma vez que o oxigénio e o dióxido de códon, um trio de códons complementar aos códons
carbono só atravessam membranas quando dissol- do RNAm. Para que esse processo ocorra é preciso
vidos. Portanto, esses organismos só podem viver em haver energia, que é fornecida pelo ATP.

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3º. Tradução de uma cópia da fabrica e sua meta é a duplicação


de todos os componentes. A principal atividade da
Na fase de tradução, a mensagem contida no célula, antes de se dividir, refere-se a duplicação de
RNAm é decodificada e o ribossomo a utiliza para seus arquivos de comando, ou seja, à reprodução de
sintetizar a proteína de acordo com a informação uma cópia fiel dos dirigentes que se encontram no
dada. núcleo.
Os ribossomos são formados por duas subunida- A interfase é o período que precede qualquer
des. Na subunidade menor, ele faz ligação ao RNAm, divisão celular, sendo de intensa atividade metabó-
na subunidade maior há dois sítios (1 e 2), em que lica. Nesse período, há a preparação para a divisão
cada um desses sítios podem se unir a duas molécu- celular, que envolve a duplicação da cromatina,
las de RNAt. Uma enzima presente na subunidade material responsável pelo controle da atividade da
maior realiza a ligação peptídica entre os aminoá- célula. Todas as informações existentes ao longo da
cidos, o RNA transportador volta ao citoplasma para molécula de DNA são passadas para a cópia, como
se unir a outro aminoácido. E assim, o ribossomo vai se correspondessem a uma cópia fotográfica da mo-
percorrendo o RNAm e provocando a ligação entre lécula original. Em pouco tempo, cada célula forma-
os aminoácidos. da da divisão receberá uma cópia exata de cada
O fim do processo se dá quando o ribossomo cromossomo da célula se dividiu. As duas cópias de
passa por um códon de terminação e nenhum RNAt cada cromossomo permanecem juntas por certo
entra no ribossomo, por não terem mais sequencias tempo, unidas pelo centrômero comum, constituin-
complementares aos códons de terminação. Então, do duas cromátides de um mesmo cromossomo. Na
o ribossomo se solta do RNAm, a proteína específica interfase, os centríolos também se duplicam.
é formada e liberada do ribossomo.
Para formar uma proteína de 60 aminoácidos, A intérfase e a Duplicação do DNA
por exemplo, é necessário 1 RNAm, 60 códons (cada
um corresponde a um aminoácido), 180 bases nitro- Houve época em que se falava que a interfase
genadas (cada sequência de 3 bases dá origem a era o período de “repouso” da célula. Hoje, sabemos,
um aminoácido), 1 ribossomo e 60 RNAt (cada RNAt que na realidade a interfase é um período de inten-
transporta um aminoácido). Pode-se notar, então, sa atividade metabólica no ciclo celular: é nela que
que se trata de um processo altamente complexo, já se dá a duplicação do DNA, crescimento e síntese. 225
que há a intervenção de vários agentes. Costuma-se dividir a interfase em três períodos distin-
tos: G1, S e G2. O intervalo de tempo em que ocorre
Divisão celular. a duplicação do DNA foi denominado de S (síntese)
e o período que antecede é conhecido como G1
Do mesmo modo que uma fábrica pode ser mul- (G1 provém do inglês gap, que significa “intervalo”).
tiplicada pela construção de várias filiais, também as O período que sucede o S é conhecido como G2.
células se dividem e produzem cópias de si mesmas.
Há dois tipos de divisão celular: mitose e meiose. Na
mitose, a divisão de uma “célula-mãe” duas “células-
filhas” geneticamente idênticas e com o mesmo nú-
mero cromossômico que existia na célula-mãe. Uma
célula n produz duas células n, uma célula 2n produz
duas células 2n etc. Trata-se de uma divisão equa-
cional. Já na meiose, a divisão de uma “célula-mãe”
2n gera “células-filhas” n, geneticamente diferentes.
Neste caso, como uma célula 2n produz quatro célu-
las n, a divisão é chamada reducional.

A interfase – A fase que precede a mitose

É impossível imaginar a multiplicação de uma O ciclo celular todo, incluindo a interfase (G1, S,
fabrica, de modo que todas as filiais fossem extre- G2) e a mitose (M) – prófase, metáfase, anáfase e
mamente semelhantes a matriz, com cópias fieis de telófase – pode ser representado em um gráfico no
todos os componentes, inclusive dos diretores? Essa, qual se coloca a quantidade da DNA na ordenada
porém, no caso da maioria das células, é um acon- (y) e o tempo na abscissa (x). Vamos supor que a
tecimento rotineiro. A mitose corresponde a criação célula que vai se dividir tenha, no período G1, uma

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quantidade 2C de DNA (C é uma unidade arbitrária). A formação de um novo par de centríolos é ini-
Nas células, existe uma espécie de “manual de verifi- ciada na fase G1, continua na fase S e na fase G2 a
cação de erros” que é utilizado em algumas etapas duplicação é completada. No entanto, os dois pares
do ciclo celular e que é relacionado aos pontos de de centríolos permanecem reunidos no mesmo cen-
checagem. Em cada ponto de checagem a célula trossomo. Ao iniciar a prófase, o centrossomo parte-
avalia se é possível avançar ou se é necessário fazer se em dois e cada par de centríolos começa a diri-
algum ajuste, antes de atingir a fase seguinte. Muitas gir-se para polos opostos da célula que irá entrar em
vezes, a escolha é simplesmente cancelar o processo divisão.
ou até mesmo conduzir a célula à morte.
Metáfase – Fase do meio (meta = no meio)
As fases da mitose - Os cromossomos atingem o máximo em espira-
lação, encurtam e se localizam na região equatorial
A mitose é um processo contínuo de divisão ce- da célula.
lular, mas, por motivos didáticos, para melhor com- - No finalzinho da metáfase e início da anáfase
preendê-la, vamos dividi-la em fases: prófase, metá-
ocorre a duplicação dos centrômeros.
fase, anáfase e telófase. Alguns autores costumam
citar uma quinta fase – a prometáfase – intermediária
entre a prófase e a metáfase. O final da mitose, com
a separação do citoplasma, é chamado de citoci-
nese.

Prófase – Fase de início (pro = antes)


- Os cromossomos começam a ficar visíveis devi-
do à espiralação.
- O nucléolo começa a desaparecer.
- Organiza-se em torno do núcleo um conjunto de
fibras (nada mais são do que microtúbulos) origina-
das a partir dos centrossomos, constituindo o chama-
226 do fuso de divisão (ou fuso mitótico).

Embora os centríolos participem da divisão, não Anáfase – Fase do deslocamento (ana indica
é deles que se originam as fibras do fuso. Na mitose movimento ao contrário)
em célula animal, as fibras que se situam ao redor de - As fibras do fuso começam a encurtar. Em con-
cada par de centríolos opostas ao fuso constituem o sequência, cada lote de cromossomos-irmãos é pu-
áster (do grego, aster = estrela). xado para os polos opostos da célula.
- O núcleo absorve água, aumenta de volume e
a carioteca se desorganiza. Como cada cromátide passa a ser um novo cro-
- No final da prófase, curtas fibras do fuso, prove- mossomo, pode-se considerar que a célula fica tem-
nientes do centrossomos, unem-se aos centrômeros. porariamente tetraplóide.
Cada uma das cromátides-irmãs fica ligada a um
dos polos da célula.

Note que os centrossomos ainda estão alinhados


na região equatorial da célula, o que faz alguns au-
tores designarem essa fase de prometáfase.

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Telófase – Fase do Fim (telos = fim) que orientam a deposição de uma placa celular
- Os cromossomos iniciam o processo de deses- mediana semelhante a um disco, originada de ve-
pirilação. sículas fundidas do sistema golgiense. Progressiva-
- Os nucléolos reaparecem nos novos núcleos ce- mente, a placa celular cresce em direção à periferia
lulares. e, ao mesmo tempo, no interior da vesícula, ocorre a
- A carioteca se reorganiza em cada núcleo-filho. deposição de algumas substâncias, entre elas, pecti-
- Cada dupla de centríolos já se encontra no lo- na e hemicelulose, ambos polissacarídeos. De cada
cal definitivo nas futuras células-filhas. lado da placa celular, as membranas fundidas contri-
buem para a formação, nessa região, das membranas
plasmáticas das duas novas células e que acabam se
conectando com a membrana plasmática da célula-
mãe. Em continuação à formação dessa lamela mé-
dia, cada célula-filha, deposita uma parede celulósica
primária, do lado de fora da membrana plasmática. A
parede primária acaba se estendendo por todo o perí-
metro da célula. Simultaneamente a parede celulósica
primária da célula-mãe é progressivamente desfeita, o
que permite o crescimento de cada célula-filha, cada
qual dotada, agora, de uma nova parede primária. En-
tão, se pudéssemos olhar essa região mediana de uma
das células, do citoplasma para fora, veríamos, inicial-
mente, a membrana plasmática, em seguida a parede
Citocinese – Separando as células celulósica primária e, depois, a lamela média. Eventual-
mente, uma parede secundária poderá ser deposita-
A partição em duas copias é chamada de citoci-
da entre a membrana plasmática e a parede primária.
nese e ocorre, na célula animal, de fora para dentro,
isto é, como se a célula fosse estrangulada e partida
em duas (citocinese centrípeta). Há uma distribuição
de organelas pelas duas células-irmãs. Perceba que
a citocinese é, na verdade a divisão do citoplasma. 227
Essa divisão pode ter início já na anáfase, dependen-
do da célula.

A mitose serve para...

A mitose é um tipo de divisão muito frequente entre


os organismos da Terra atual. Nos unicelulares, serve à
A Mitose na Célula Vegetal reprodução assexuada e à multiplicação dos organis-
mos. Nos pluricelulares, ela repara tecidos lesados, re-
Na mitose de células de vegetais superiores, ba- pões células que normalmente morrem e também está
sicamente duas diferenças podem ser destacadas, envolvida no crescimento. No homem, a pele, a me-
em comparação com que ocorre na mitose da cé- dula óssea e o revestimento intestinal são locais onde
lula animal: a mitose é frequente. Nem todas as células do homem,
- A mitose ocorre sem centríolos. A partir de certos porém, são capazes de realizar mitose. Neurônios e cé-
locais, correspondentes ao centrossomos, irradiam- lula musculares são dois tipos celulares altamente es-
se as fibras do fuso. Uma vez que não há centríolos, pecializados em que não ocorre esse tipo de divisão
então não existe áster. Por esse motivo, diz-se que a (ocorre apenas na fase embrionária). Nos vegetais, a
mitose em células vegetais é anastral (do grego, an mitose ocorre em locais onde existem tecidos respon-
= negativo); sáveis pelo crescimento, por exemplo, na ponta de
- A citocinese é centrífuga, ocorre do centro para raízes, na ponta de caules e nas gemas laterais. Serve
a periferia da célula. No início da telófase forma-se também para produzir gametas, ao contrário do que
o fragmoplasmo, um conjunto de microtúbulos pro- ocorre nos animais, em que a meiose é o processo de
teicos semelhantes aos do fuso de divisão. Os micro- divisão mais diretamente associado à produção das
túbulos do fragmoplasto funcionam como andaimes células gaméticas.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Meiose Começa a atração e o pareamento dos cro-


mossomos homólogos; é um pareamento ponto por
Diferentemente da mitose, em que uma célula di- ponto conhecido como sinapse (o prefixo sin provém
plóide, por exemplo, se divide formando duas células do grego e significa união). Essa é a fase de zigóteno
também diplóides (divisão equacional), a meiose é (zygós = par).
um tipo de divisão celular em que uma célula diplói-
de produz quatro células haplóides, sendo por este
motivo uma divisão reducional. Um fato que reforça
o caráter reducional da meiose é que, embora com-
preenda duas etapas sucessivas de divisão celular,
os cromossomos só se duplicam uma vez, durante
a interfase – período que antecede tanto a mitose
como a meiose. No início da interfase, os filamentos
de cromatina não estão duplicados. Posteriormente,
ainda nesta fase, ocorre a duplicação, ficando cada
cromossomo com duas cromátides.

As várias fases da meiose


- A espiralação progrediu: agora, são bem visíveis
A redução do número cromossômico da célu- as duas cromátides de cada homólogo pareado;
la é importante fator para a conservação do lote como existem, então, quatro cromátides, o conjunto
cromossômico das espécies, pois como a meiose forma uma tétrade ou par bivalente. Essa é a fase de
formam-se gametas com a metade do lote cromos- paquíteno (pakhús = espesso).
sômico. Quando da fecundação, ou seja, do encon-
tro de dois gametas, o número de cromossomos da
espécie se restabelece. Podemos estudar a meiose
em duas etapas, separadas por um curto intervalo,
chamado intercinese. Em cada etapa, encontramos
228 as fases estudadas na mitose, ou seja, prófase, metá-
fase, anáfase e telófase.
Vamos supor uma célula 2n = 2 e estudar os even-
tos principais da meiose nessa célula.

Meiose I (Primeira Divisão Meiótica)

Prófase I – É a etapa mais marcante da meiose.


- Ocorrem quebras casuais nas cromátides e
Nela ocorre o pareamento dos cromossomos homó-
logos e pode acontecer um fenômeno conhecido uma troca de pedaços entre as cromátides homó-
como crossing-over (também chamado de permu- logas, fenômeno conhecido como crossing-over (ou
ta). Como a prófase I é longa, há uma sequência de permuta). Em seguida, os homólogos se afastam e
eventos que, para efeito de estudo, pode ser dividi- evidenciam-se entre eles algumas regiões que es-
da nas seguintes etapas: tão ainda em contato. Essas regiões são conheci-
- Inicia-se a espiralação cromossômica. É a fase das como quiasmas (qui corresponde à letra “x” em
de leptóteno (leptós = fino), em que os filamentos grego). Os quiasmas representam as regiões em que
cromossômicos são finos, pouco visíveis e já constituí- houve as trocas de pedaços. Essa fase da prófase I é
dos cada um por duas cromátides. o diplóteno (diplós = duplo).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Os pares de cromátides fastam-se um pouco Meiose II (segunda divisão meiótica)


mais e os quiasmas parecem “escorregar” para as
extremidades; a espiralação dos cromossomos au- Prófase II – cada uma das duas células-filhas tem
menta. è a última fase da prófase I, conhecida por apenas um lote de cromossomos duplicados. Nesta
diacinese (dia = através; kinesis = movimento). fase os centríolos duplicam novamente e as células
em que houve formação da carioteca, esta começa
a se desintegrar.
Metáfase II - como na mitose, os cromossomos
prendem-se pelo centrômero às fibras do fuso, que
partem de ambos os polos.
Anáfase II – Ocorre duplicação dos centrômeros,
só agora as cromátides-irmãs separam-se (lembran-
do a mitose).
Telófase II e citocinese – com o término da teló-
fase II reorganizam-se os núcleos. A citocinese sepa-
ra as quatro células-filhas haplóides, isto é, sem cro-
mossomos homólogos e com a metade do número
de cromossomos em relação à célula que iniciou a
Enquanto acontecem esses eventos, os centríolos, meiose.
que vieram duplicado da interfase, migram para os
pólos opostos e organizam o fuso de divisão; os nu-
cléolos desaparecem; a carioteca se desfaz após o
término da prófase I, prenunciando a ocorrência da
metáfase I.

Metáfase I – os cromossomos homólogos parea-


dos se dispõem na região mediana da célula; cada
cromossomo está preso a fibras de um só polo.
229
Anáfase I – o encurtamento das fibras do fuso se-
para os cromossomos homólogos, que são conduzidos
para polos opostos da célula, não há separação das
cromátides-irmãs. Quando os cromossomos atingem os
polos, ocorre sua desespiralação, embora não obrigató-
ria, mesmo porque a segunda etapa da meiose vem a
seguir. Às vezes, nem mesmo a carioteca se reconstitui.

Telófase I – no final desta fase, ocorre a citocinese,


separando as duas células-filhas haplóides. Segue-se um
curto intervalo a intercinese, que procede a prófase II. Variabilidade: Entendendo o crossing-over

A principal consequência da meiose, sem dúvi-


da, é o surgimento da diversidade entre os indivíduos
que são produzidos na reprodução sexuada da es-
pécie. A relação existente entre meiose e variabili-
dade é baseada principalmente na ocorrência de
crossing-over.

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b) e (A e B). A variabilidade genética existente entre


os organismos das diferentes espécies é muito impor-
tante para a ocorrência da evolução biológica. So-
bre essa variabilidade é que atua a seleção natural,
favorecendo a sobrevivência de indivíduos dotados
de características genéticas adaptadas ao meio.
Quanto maior a variabilidade gerada na meiose, por
meio de recombinação gênica permitida pelo cros-
sing-over, maiores as chances para a ação seletiva
do meio.

O crossing é um fenômeno que envolve cromá-


tides homólogas. Consiste na quebra dessas cromá- Na meiose a variação da quantidade de DNA
tides em certos pontos, seguida de uma troca de pode ser representada como no gráfico ao lado,
pedaços correspondentes entre elas. As trocas pro- partindo-se, por exemplo, de uma célula que tenha
vocam o surgimento de novas sequências de genes uma quantidade 2C de DNA em G1.
ao longo dos cromossomos. Assim, se em um cro-
mossomo existem vários genes combinados segundo Origem e evolução das células.
230 uma certa sequência, após a ocorrência do crossing TEORIA DA EVOLUÇÃO:
a combinação pode não ser mais a mesma. Então,
quando se pensa no crossing, é comum analisar o Algumas vezes a teoria evolucionista é relatada
que aconteceria, por exemplo, quanto à combina- como se o homem fosse um descendente de umas
ção entre os genes alelos A e a e B e b no par de das espécies de macacos antropóides atualmente
homólogos ilustrados na figura. Nessa combinação o em existência, ou como se o homem e os macacos
gene A e B encontram-se em um mesmo cromosso- mais desenvolvidos tivessem uma ascendência co-
mo, enquanto a e b estão no cromossomo homólo- mum. Independente da diferenças de opiniões so-
go. Se a distância de A e B for considerável, é grande bre o assunto, é certo que de acordo com o evo-
a chance de ocorrer uma permuta. E, se tal acon- lucionismo naturalista, o homem descende animais
tecer, uma nova combinação gênica poderá surgir. inferiores, corpo e alma, por um processo totalmente
As combinações Ab e aB são novas. São recombi- natural.
nações gênicas que contribuem para a geração de A continuidade entre o mundo animal e o ho-
maior variabilidade nas células resultantes da meio- mem são os princípios mais importantes para teoria
se. Se pensarmos na existência de três genes ligados evolucionista. Não admite
em um mesmo cromossomo (A, b e C, por exemplo), qualquer ruptura, pois qualquer descontinuidade
as possibilidades de ocorrência de crossings depen- no curso da evolução seria fatal a teoria.
derão da distância em que os genes se encontram O evolucionismo teísta considera a evolução
– caso estejam distantes, a variabilidade produzida como o método de ação de Deus, onde que pare-
será bem maior. ce ser mais aceitável por muitos teólogos. Algumas
Outro processo que conduz ao surgimento de vezes apresenta-se de forma que Deus é chamado
variabilidade na meiose é a segregação indepen- apenas para fazer a ligação inorgânica e orgânica,
dente dos cromossomos. Imaginando-se que uma e entre o irracional e racional. Outras vezes, dizem
célula com dois pares de cromossomos homólogos que o corpo surgiu de um processo de evolução de
(A e a, B e b), se divida por meiose, as quatro células animais inferiores e Deus dotou esse corpo de uma
resultantes ao final da divisão poderão ter a seguin- alma racional. Idéia esta que muito aceita nos círcu-
te constituição cromossômica: (a e b), (a e B), (A e los católico-romanos.

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OBJEÇÕES A TEORIA: mesma espécie. Nordenskioeld, em sua História da


Podemos levantar várias objeções contra a teo- Biologia (History of Biology), cita a seguinte sentença
ria evolucionista que o homem descende de animais de um relato popular dos resultados da pesquisa he-
inferiores. reditariedade, como refletindo o verdadeiro estado
A teoria é contrária aos explícitos ensinamentos da questão: “Justamente em razão do grande núme-
da Palavra de Deus. Claramente a Bíblia ensina que ro de fatos que a moderna pesquisa da hereditarie-
o homem é produto de um direto e especial ato de dade trouxe à luz, prevalece atualmente o caos, no
Deus, excluindo o processo de desenvolvimento de que diz respeito aos conceitos sobre a formação de
um tronco simiesco de animais. A Bíblia assegura que espécies”. Não tendo muita probabilidade de expli-
o homem foi formado do pó da terra, Gn 2.7. Nos car a origem do homem, evolucionistas proeminen-
textes de Gn 3.19; Ec 3.19,20 e 1Co 15.39, podemos tes, admitem agora que a origem das espécies é um
enfatizar que não pode ser considerado como um mistério para eles.
desenvolvimento natural de alguma substância pre- Na tentativa de provar que o homem descende
viamente existente, como é sugerido por alguns teó- de uma espécie de macacos antropóides, Darwin
logos que tentam harmonizar os ensinos das Escritura apoiou-se:
com a teoria evolucionista, que diz que Deus formou Na similaridade estrutural entre o homem e ani-
o corpo do homem do corpo dos animais que de- mais da categoria superior;
pois de tudo não passa de pó. A Bíblia ensina que o Argumento embriológico;
homem imediatamente ficou separado da criação Argumento dos órgão rudimentares
inferior, ficando num elevado nível intelectual, moral A esses três fatores foram posteriormente acres-
e religioso, criado a imagem de Deus, e que lhe foi centados:
dado domínio sobre a criação inferior, Gn 1.26,27,31; Argumento derivado de testes de sangue;
2.19,20;Sl 8.5-8. No entanto, decaiu seu elevado es- Argumento paleontológico.
tado e ficou sujeito um processo de degeneração, Sendo que nenhum dos argumentos apresenta-
conseqüente de sua queda. Confirmando o contra- dos prova a descendência do homem de macacos
rio da terial evolucionista, que afirma que o homem antropóides.O argumento da semelhança estrutural
estava num nível mais baixo, ao inicio de sua carrei- presume, sem base, que a similaridade só pode ser
ra, mas ligeiramente afastado dos animais, e daí vem explicada de um modo.
progredindo a níveis mais altos. Podemos explicar pela admissão de que Deus, 231
A teoria não tem base em fatos bem estabele- quando criou o mundo animal, fizera formas típicas
cidos. O evolucionismo em geral, muitas vezes apre- básicas completas, obtendo unidade na variedade.
sentadas como doutrina, não passa de hipóteses em Recentemente, estudos biológicos parecem indi-
desenvolvimento não comprovados. Darwin afirma- car que o parentesco ou a descendência não pode
va que a sua teoria dependia inteiramente da pos- ser provada por nenhuma similaridade estrutural, so-
sibilidade de transmissão dos caracteres adquiridos, mente por uma relação genética. Certas semelhan-
onde passou a ser uma das pedras angulares da ças entre o sangue animal e do homem, não provam
teoria biológica de Weissmann que os caracteres ad- que hava uma relação genética, conforme testados
quiridos não são herdados, que posteriormente seus em suas formas originais. Nesses testeis só parte do
estudos da genética receberam grande confirma- sangue , o soro estéril, que não contem matéria viva,
ção. Darwin era seguro ao falar da transmutação da foi usado, embora comprovado que a porção sólida
espécie e vislumbrava uma contínua linha de desen- do sangue, que contém células vermelhas e brancas,
volvimento da célula primordial ao homem. Mas De é o veículo dos fatores hereditários. Posteriormente
Vries, Mendel e outros, em suas experiências, desa- provaram que há diferença entre o sangue animal
creditavam este conceito. As mudanças graduais e e do homem, onde foram testados com uso de es-
imperceptíveis de Darwin deram lugar às repentinas pectroscópio, examinando o sangue completo. Foi
e inesperadas mutações de de Vries. Darwin pressu- reconstituídos pelos cientistas alguns homens, com
punha variações intermináveis em diversas direções, base em ossos achados de homens antigos, como:
Mendel demonstrou que as variações ou mutações homem de Java reconstituído (Pithecanthropus erec-
nunca retiram o organismo da espécie e são sujeitas tus), homem de Heidelberg (Homo Heidelbensis), ho-
a uma lei defina, que foi confirmada pela citologia mem de Neandertal (Homo Neanderthalensis), ho-
moderna, no estudo da célula, com seus genes e cro- mem de Cro-Magnon, o homem de Piltdown e outros.
mossomos como veículos dos caracteres herdados. O Dr. Wood, professor de anatomia da Universidade
Ficou provado que as novas espécies, como diziam de Londres, diz num opúsculo sobre a ascendência
os evolucionistas, não era espécies verdadeiras, e do homem (ancestry of Man): “Não vejo ocupação
sim espécies alteradas, que digamos variedades da menos digna da ciência da antropologia do que a

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

rara atividade de modelar, pintar ou desenhar figuras sica para a unidade orgânica da raça humana na
de pesadelo da imaginação, e de lhes emprestar, no primeira transgressão, e da provisão para a salvação
processo, um valor completamente falso da realida- da raça em Cristo, Rm 5.12,19; 1Co 15.21,22. Shedd
de evidente”. Fleming que um dos mais proeminentes entende esta unidade de raça realisticamente quan-
cientista da atualidade fala a respeito: “A conclusão do diz: “A natureza humana é uma substância espe-
disso tudo é que não podemos pôr em ordem todos cifica ou geral criada nos primeiros indivíduos de uma
os conhecimentos fósseis do suposto ‘homem’ numa espécie humana e com eles, não ainda individuali-
seqüência linear gradualmente progredindo no tipo zada, mas pela geração ordinária, subdividida em
ou na forma, a partir da forma ou tipo de algum ma- partes, formando estas partes distintos e separados
caco antropóide, ou de outros mamíferos, até aos indivíduos da espécie. A substância uma e especifica
tipos modernos e atualmente existentes do homem é, pela propagação, metamorfoseada em milhões
verdadeiro. Qualquer suposição ou afirmação de de substancias individuais, ou pessoas. Um individuo
que se pode fazer isto, e de que é verdadeiro, sem é uma parte fracionária da natureza humana separa
dúvida é incorreta. È certamente enganoso e indizi- da massa comum e constitui uma pessoa particular,
velmente pernicioso expor em revistas populares ou tendo todas as propriedades essenciais da natureza
noutras publicações lidas por crianças, figuras de go- humana”.
liras ou chipanzés rotuladas de ‘primo do homem’ ou TESTEMUNHO DA CIÊNCIA EM FAVOR DA UNIDADE
‘parente mais próximo do homem’, ou publicar de- DA RAÇA: A Escritura em favor da unidade da raça
senhos inteiramente imaginários e grotescos de um humana, é confirmada pela ciência de varias formas.
suposto ‘homem de java’ com rosto selvagem como Alguns homens de mentalidade cientifica, nem sem-
sendo um antepassado do homem moderno, como pre acredita nisso. Antigos gregos tinham sua teoria
ocasionalmente se faz. Os que se fazem tal coisa são do autoctonismo, que diziam que os homens brota-
culpados de ignorância ou de deturpação delibera- ram da terra por uma espécie de geração espontâ-
das dos fatos. Tampouco se justifica que os pregado- nea, onde não consiste nenhum suporte sólido, pois
res nos púlpitos digam às suas igrejas que há acordo jamais foi comprovada e desacreditada. Agassiz pro-
geral entre os cientistas quanto à explicação evolu- pôs a teoria dos coadamitas, que presume que houve
cionista da origem do homem, como procedente de
diferentes centros de criação. Peyrerius em 1655, de-
antepassado animal”. Cientistas como Fleming, Da-
232 senvolveu a teoria dos pré-adamitas, que pressupõe
wson. Kelly e Price rejeitam totalmente a teoria evo-
que havia homens antes de Adão. Teoria esta, revivi-
lucionista e aceita a doutrina da criação. Sir William
da por Winchell que não negava a unidade da raça,
Dowson diz a respeito da origem do homem: “Nada
considerando Adão como o primeiro antepassado
sei da origem do homem, exceto o que me diz a es-
dos judeus, e não chefe da raça humana. Fleming
critura – que Deus o criou. Nada sei além disso, e não
, sem ser dogmático, disse haver razões para supor
conheço ninguém que o saiba”. Diz Flaming: “ Tudo
que poderia existir raças de homens inferiores antes
que no presente a ciência pode dizer a luz do co-
de Adão aparecer por volta de 5500 a.C. Inferiores
nhecimento humano limitado, e definidamente a, é
aos adamitas, já tinham capacidades diferentes de
que não sabe como, onde e quando foi originado o
animais. Posteriormente o homem adâmico foi criado
homem. Se nos há de chegar algum conhecimento
com capacidades maiores e mais nobres, e prova-
disso, haverá de vir de alguma outra fonte que não a
antropologia moderna”. velmente foi destinado a levar a toda outra humani-
dade existente à obediência a Deus.Fracassando na
A ORIGEM DO HOMEM E A UNIDADE DE RAÇA: infidelidade ao Criador, foi providenciado por Deus a
TESTEMUNHO ESCRITURÍSTICO DA UNIDADE DA vinda de um descendente humano e, contudo, bem
RAÇA: Conforme os ensinamentos da Bíblia, descen- mais que humano, para que pudesse realizar o que
de de um único par, encontrados nos primeiros capí- Adão não conseguiu. Fleming foi levado a defender
tulos do livro de Gênesis. Adão e Eva que foram cria- o conceito: “que o ramo inquestionavelmente cau-
dos por Deus são os iniciantes da espécie humana, casiano é tão somente a derivação, pela geração
onde lhes foram ordenado que se multiplicassem e normal, da raça adâmica, a saber, dos membros da
enchessem a terra. Gênesis mostra que as gerações raça adâmica que serviam a Deus e que sobrevive-
seguintes, até o dilúvio, estiveram em ininterrupta re- ram ao dilúvio – Noé e seus filhos e filhas”. Essa teoria
lação genética com o primeiro casal. A raça huma- não tem apoio na Bíblia e contradiz a At 17.26 e tudo
na consititui não somente uma unidade especifica, mais que é ensinado por ela com referencia a apos-
como também a mesma natureza humana, e uma tasia e à libertação do homem. Além disso, a ciência
unidade genética ou genealógica. Paulo também apresenta diversos argumentos em favor da unidade
ensina em At 17.26. Da mesma forma, a verdade bá- da raça humana, como os seguintes:

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A) O ARGUMENTO DA HISTORIA: As tradições da da religião de muitos na comunidade científica. Mas


raça dos homens apontam decisivamente para uma são teorias e interpretações, não fatos. Nem todos os
origem e uma linhagem comuns na Ásia Central. A cientistas professam fé na evolução. Lynn Margulis,
história das migrações do homem tente a mostrar professora emérita de biologia na Universidade de
que houve uma distribuição partindo de um único Massachusetts diz que a história, futuramente, julga-
centro. rá o neodarwinismo uma “pequena seita religiosa do
B) O ARGUMENTO DA FILOLOGIA: O estudo das século XX, dentro da fé religiosa geral da biologia
línguas da humanidade indica uma origem comum. anglo-saxônica”. Ela, como muitos outros cientistas,
As línguas indo-germanicas têm sua raízes um idioma reconhece a falta de provas apoiando a teoria da
primitivo comum, um velho remanescente do qual macro-evolução.
ainda existe no sânscrito. Além disso, há prova que A noção de macro-evolução sugere que a vida
mostra que o antigo idioma egípcio é o elo da liga- surgiu e se desenvolve por acaso, sem ação inteligen-
ção entre a língua indo-européia e a semítica. te. Até hoje, nem provas científicas, nem evidências
C) O ARGUMENTO DA PSICOLOGIA: A alma é a arqueológicas irrefutáveis foram apresentadas para
parte mais importante da natureza constitucional do sustentar essa explicação. Os proponentes da teoria
homem, e a psicologia revela claramente o fato de ficam cada vez mais frustrados. Darwin achou que
que as almas dos homens, quaisquer que sejam as tri- mais pesquisas e o desenvolvimento tecnológico for-
bos ou nações a que pertençam, são essencialmen- neceriam as evidências que faltavam na época dele.
te idênticas. Tem em comum os mesmos apetites, Aconteceu ao contrário. Quase dois séculos passa-
instintos e paixões animais, as mesmas tendências e ram, e as evidências mostram mais e mais a fraqueza
capacidades, e, acima de tudo, as mesmas quali- da sua teoria. G. A. Kerkut, bioquímico inglês e autor
dades superiores, as características morais e mentais do livro As Implicações da Evolução, admitiu que “a
que pertencem exclusivamente ao homem. evidência que apóia [a teoria da macro-evolução]
D) O ARGUMENTO DAS CIÊNCIAS NATURAIS OU DA não é forte o bastante para nos permitir a considerá-la
FISIOLOGIA: É agora opinião comum dos especialistas mais do que uma hipótese funcional”. Jerry Coyne, do
em fisiologia comparada, que a raça humana cons- Departamento de Ecologia e Evolução da Universida-
titui tão somente uma única espécie. As diferenças de de Chicago diz: “Concluímos - inesperadamente
que existem entre várias famílias da humanidade são - que há poucas provas que sustentam a teoria neo-
consideradas simplesmente como variedades dessa 233
darwiniana: seus alicerces teóricos são fracos, assim
espécie única. A ciência não assevera positivamente como as evidências experimentais que a apóiam”.
que a raça humana descende de um único par, mas A Bíblia não menciona a teoria da evolução, mas
, não obstante, demonstra que pode muito bem ter
apresenta como fato a criação por Deus. A explica-
sido este o caso, e que provavelmente é.
ção bíblica, também, fica fora dos limites dos labora-
tórios científicos. A grande maioria dos seres humanos
A TEORIA DA EVOLUÇÃO É FATO COMPROVADO?
olha para a evidência ao seu redor e aceita, por fé,
A teoria da evolução é apresentada com tan-
a idéia de criação por Deus: “Porque os atributos in-
ta confiança que muitos acreditam que seja mais
visíveis de Deus” são “percebidos por meio das coisas
do que teoria. Livros didáticos, revistas e programas
que foram criadas” (Romanos 1:20). A nossa fé é bem
científicos na televisão dão a impressão que todos
colocada, e nada teme da investigação científica. E
aceitam essa teoria como a única e mais adequa-
a fé dos evolucionistas? “Diz o insensato no seu cora-
da explicação das origens da vida, inclusive da vida
ção: Não há Deus” (Salmo 14:1).
humana.
Se a teoria da macro-evolução for um fato com-
UMA HERESIA EM NOME DA CIÊNCIA
provado, a Bíblia seria absolutamente falsa, pois ela
afirma que Deus criou o universo e tudo que nele há O homem veio do macaco. Não é o que nós cris-
(Atos 17:25-28; Hebreus 11:3). A nossa fé seria vazia tãos pensamos, mas é que o que muitas vezes somos
e sem valor, pois a teoria da evolução contraria os obrigados a ler ou ouvir desde criança. Livros, revistas
princípios fundamentais das Escrituras e até nega a e documentários “científicos” apresentam o ser huma-
existência de Deus. no dessa forma igualada ao resto dos animais. Apre-
Essa teoria, que domina e limita o pensamento de sentam com tanta naturalidade e segurança que não
muitos cientistas hoje, nunca foi e jamais será com- sentem nenhuma necessidade de explicar por que
provada. Há mais de 2.000 anos que alguns filósofos motivo temos de ser vistos dessa maneira tão longe
sugeriram algumas teorias da evolução. Nos últimos da posição de dignidade e respeito que Deus nos deu
200 anos, as idéias propostas por Charles Darwin têm na Criação. É como se as idéias de Darwin a respeito
se tornado artigos de fé que servem como a base da origem do homem fossem verdades irrefutáveis. .

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

É verdade: todos somos criaturas, todos fomos No entanto, é de surpreender o modo como eles
criados. Mas será que estamos todos no mesmo ní- conseguem impor suas idéias como se fossem verda-
vel? ? des absolutas considerando que, de acordo com o
Até mesmo na escola, temos de aceitar essa jornal inglês The Observer, até mesmo entre cientistas
idéia oficial, sem poder questionar. É uma heresia adeptos da evolução há divisão sobre a questão. De
consagrada e respeitada. É assombroso o fato de fato, não há um consenso acerca das suposições da
que podemos reconhecer como perigoso um espírita evolução.
ensinando suas idéias a nossos filhos, mas não conse- Enézio E. de Almeida Filho, em seu excelente arti-
guimos perceber o perigo de um professor que joga go Teoria da Evolução, Desnudando Darwin: Ciência
ao chão, diante de alunos inocentes, o valor de ver- ou Fé? Comenta:
dades tão importantes para nossa existência. A au- É engraçado e até irônico: um sapo ser beijado
toridade da Palavra de Deus é tratada, até mesmo por uma princesa e transformado em príncipe é his-
diante de crianças cristãs, como se não fosse válida tória da carochinha. Agora, um suposto ser unicelular
no mundo real. É como se as verdades bíblicas de- (inobservado) ao longo de bilhões de anos se trans-
vessem permanecer confinadas nas igrejas e na pri- formar em Australopithecus e depois em Charles Dar-
vacidade dos lares cristãos. No entanto, em nenhum win (inobservado), isso sim, é considerado ciência?
momento os adeptos de Darwin aceitam que as Não são 30 dias de debates. São 38 anos. Jornalistas
idéias de Darwin sejam tratadas do jeito que eles tra- científicos deveriam considerar o questionamento
tam a Palavra de Deus. Para eles, a opinião evolucio- levantado por G. A. Kerkut, um evolucionista, em re-
nista deve prevalecer sobre todas as outras opiniões. lação à evidência inadequada de sete importantes
Um site na Internet intitulado Myths in Genesis (Os inferências evolucionistas. 1. Coisas não-vivas deram
Mitos do Gênesis) se dedica a dois objetivos: promo- origem a organismos vivos; 2. A abiogênese ocorreu
ver a teoria da evolução como verdade e mostrar uma vez; 3. Os vírus, bactérias, plantas e animais são
que os relatos da criação do mundo em Gênesis não todos inter-relacionados; 4. Os protozoários deram
são verdade. Por exemplo, o site ataca “os mitos origem aos metazoários; 5. Vários filos de invertebra-
óbvios nos primeiros capítulos do livro de Gênesis e
dos são inter-relacionados; 6. Os invertebrados de-
as tentativas de os cristãos conservadores de forçar
ram origem aos vertebrados; e 7. Peixes, répteis, aves
seus ensinos nas escolas públicas como fato cientifi-
e mamíferos tiveram origem ancestral comum.
234 camente provado”.O autor, um ardoroso adepto da
Até hoje, nenhum cientista evolucionista solucio-
evolução, ocupa uma página inteira da Web para
nou estas dificuldades teórico-empíricas. Percebe-se,
atacar os evangélicos que crêem, conforme a opi-
contudo, no que é veiculado nas reportagens cien-
nião pessoal dele, nos “mitos” do livro de Gênesis e
tíficas uma certa preocupação quanto ao tempos
afirma que ninguém tem o direito de ensinar para as
verbais: todos no condicional. Isso é bom porque não
crianças de escola que Deus criou o mundo, confor-
atribui como “fato” determinadas descobertas. Con-
me revela a Palavra de Deus. .
tudo, não é salientado para os leitores quais aspectos
Nos Estados Unidos, um professor de escola públi-
da teoria neodarwinista estariam sendo corrobora-
ca foi processado por mostrar aos alunos os erros da
teoria da evolução. Ele comenta: “Se algo na ciência dos e questionados. Por que essa omissão? O que se
de repente se torna tão sagrado que não se pode vê no jornalismo científico, supostamente objetivo, é
questionar, então já não é mais ciência. O que quero um jornalismo ideologicamente naturalista mascara-
mesmo não é ensinar o criacionismo [o ensino de que do de jornalismo científico. Pseudo-jornalismo científi-
Deus é o Autor da criação]; quero apenas ensinar as co a ser desmascarado. Com muito rigor científico. .
falhas do darwinismo.” Ele foi legalmente impedido Apesar das falhas evolucionistas, nas provas es-
de falar na escola a respeito dos erros da teoria da colares de ciência, as perguntas sobre a questão
evolução. Ele foi perseguido apenas por questionar da origem do homem exigem, oficialmente, que se
um tabu “científico”. Imagine então o que lhe acon- dê uma resposta de acordo a teoria da evolução.
teceria se ele tentasse ensinar para as crianças que Quem pensa diferente é obrigado a guardar para si
há um Deus Criador? suas convicções. Uma resposta que dê a Deus o cré-
Por que tanta oposição, em nome da ciência, à dito da criação do homem custa a um aluno alguns
realidade de um Deus Criador? A verdadeira ciência pontos.
não contradiz a Bíblia. O que contradiz a Bíblia é a Embora o mundo moderno esteja experimentan-
interpretação e as opiniões pessoais de cientistas que do extraordinários avanços na área tecnológica, há
rejeitam a Deus. Não existe uma guerra entre a ciên- ainda questões básicas que todo ser humano quer
cia e Deus. O que existe são cientistas que não acei- entender e que até mesmo os computadores não
tam a Deus e usam seu conhecimento para negar a conseguem resolver. A principal pergunta é: “Qual
existência e o poder criador desse Deus. . é a origem da vida?” Os adeptos da teoria da evo-

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lução estão, em nome da ciência, impondo suas consciencioso não teria coragem de fazer. A extinta
respostas de todas as formas possíveis e censurando União Soviética, em seu radicalismo socialista ateísta,
qualquer explicação que não respeite as idéias de abraçava a teoria da evolução como única verda-
Darwin. Eles têm fé de que eles possuem a ÚNICA res- de. Assim, não é de admirar que os governantes so-
posta. Mas nossa fé é baseada não só no que a natu- viéticos e seus seguidores tratassem as pessoas como
reza e a ciência mostram, mas principalmente no que animais. E quem é que não se lembra das atrocida-
a Palavra de Deus diz: des que distintos homens da medicina, psiquiatria e
“No começo Deus criou o céu e a terra.” (Gênesis ciência cometiam contra homens, mulheres e até
1:1) crianças na Alemanha nazista? A teoria da evolução
“É pela fé que entendemos que o Universo foi cria- era um dos ídolos no altar do ateísmo nazista. Muitas
do pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser vezes eles sacrificavam vidas humanas em experiên-
visto foi feito daquilo que não se vê.” (Hebreus 11:3) cias nos campos de concentração alegando que os
Escolhendo acreditar em Deus, passamos a en- resultados ajudariam no tratamento de muitas doen-
tender que há um Autor para tudo o que se vê no ças. Tanto a União Soviética quanto a Alemanha na-
mundo natural. Compreendemos que o homem não zista fecharam as escolas cristãs e forçaram todas as
está aqui por acaso, mas tem um destino eterno e crianças a ir para escolas do governo a fim de serem
uma alma eterna. Por outro lado, escolhendo acredi- sistematicamente doutrinadas no humanismo evolu-
tar que o homem veio do macaco, não precisamos cionista, ateísta e materialista. O exemplo soviético e
nos preocupar com Deus, Céu, inferno ou com nossa nazista nos dá abundantes evidências dos “benefí-
responsabilidade de fazer o bem e evitar o mal. (Afi- cios” do evolucionismo na sociedade moderna. .
nal, se Deus não existe, quem é que vai definir o que A ciência é contrária a Deus? Claro que não! Mas
é o bem e o que é o mal?) ) cientistas contrários à realidade de Deus e às suas leis
A teoria da evolução pode não ser verdadeira, morais utilizam indevidamente seu conhecimento
mas fornece a desculpa necessária para os que pre- avançado para sustentar teorias que se encaixam
em seus preconceitos pessoais. Algumas vezes, eles
cisam de espaço para agir fora dos princípios morais
têm de se envolver em experiências que não são eti-
estabelecidos por Deus. O famoso filósofo evangélico
camente aceitáveis. Em outras palavras, nem tudo
Dr. Francis Schaeffer e C. Everett Koop (ex-Ministro da
o que um cientista faz respeita a moralidade cristã.
Saúde dos EUA) pensam da mesma forma. Em seu li- 235
Por exemplo, pode-se sacrificar um bebê para se
vro Whatever Happened to the Human Race? (O que
criar um “tratamento” médico? O princípio cristão,
foi que Aconteceu com a Raça Humana?), eles de-
de que a vida é sagrada, coloca um limite necessá-
claram: :
rio em qualquer tentativa de manipular fatalmente
Diferente do conceito evolucionário sem o envol-
uma criatura humana, antes ou depois do nascimen-
vimento de uma pessoa no começo? a Bíblia relata
to. Para levar adiante algumas de suas pesquisas não
a origem do homem como uma pessoa finita feita
muito honrosas, os cientistas precisam de princípios
conforme a imagem de Deus, isto é, igual a Deus.
que não limitem sua liberdade de decidir ou agir. Se
Vemos então como é que o homem pode ter perso-
o ser humano veio do macaco, então ele tem o valor
nalidade, dignidade e valor. Nossa condição como de um animal. Se podemos fazer pesquisas com ani-
seres totalmente diferentes é garantida, algo que é mais, por que não incluir os seres humanos?
impossível num sistema materialista. Se não há dife- Portanto, é preciso encarar uma realidade ób-
rença de qualidade entre o homem e outras formas via. Aceitar a teoria da evolução necessariamente
de vida orgânica (plantas ou animais), por que de- envolve três conseqüências inevitáveis: a) remove
veríamos sentir mais preocupação com a morte de Deus como o Criador do ser humano; b) dá crédito
um ser humano do que com a morte de um rato de às idéias do homem, prestando assim adoração ao
laboratório? Será que, no final das contas, o homem homem; e, c) tira a dignidade do ser humano, que
tem um valor mais elevado? ? ele recebeu quando Deus o criou conforme a sua
Cientistas de diversas áreas estão alertando que imagem e que o torna totalmente diferente de todos
não é possível defender a teoria da evolução. Ape- os outros seres vivos criados. .
sar disso, o alerta deles tem sido devidamente igno- A teoria da evolução se torna, assim, mais um
rado e censurado. Embora a teoria da evolução não meio de distração espiritual, impedindo as pessoas
seja uma realidade comprovada, pelo menos é con- de vir a conhecer e honrar a Deus. Mas será que é
veniente para as atividades de quem não quer ser tão difícil ver que há um Criador? Quem pesquisar a
limitado por conceitos e éticas morais. Ver o ser hu- natureza honestamente, terá de fechar os olhos para
mano como animal dá para o cientista inescrupuloso não ver que há uma Mente Superior por trás de tudo
o pretexto ideal para realizar o que um ser humano o que foi criado. .

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Assim, um estudo honesto da natureza acaba tra- Na verdade, o termo apropriado é religião heré-
zendo como resultado o conhecimento de que há tica. Os evolucionistas passaram a seguir as idéias de
um Criador. Alguns cientistas famosos que criam em Darwin com a paixão irracional dos heréticos, sempre
Jesus, na Bíblia e em Deus como o Criador: Lord Kelvin procurando silenciar todas as dúvidas sobre suas he-
(cujo nome era William Thompson [1824-1907]. Ele for- resias e não dando espaço democrático algum para
mulou a primeira e a segunda Lei da Termodinâmica. quem não coloca sua fé no altar da evolução. Aliás,
Ele disse: “Com relação à origem da vida, a ciência? é interessante observar que as grandes heresias mui-
sem sombra de dúvida afirma que há poder criador. tas vezes começam com indivíduos que se desviam
Há muito tempo sinto que as pessoas que não es- do Cristianismo. Tal foi o caso com Charles Darwin. Em
tão envolvidas com a ciência acham que a classe sua juventude, ele se desviou do Cristianismo, “desco-
cientifica acredita que a ciência descobriu meios de briu” a teoria da evolução, mas no fim mudou de dire-
explicar todos os fatos da natureza sem adotar ne- ção. Todos têm o direito de mudar para melhor, não?
nhuma fé clara num Criador. Na minha opinião, esse Um dia, depois de falar sobre a santidade de Deus
modo de pensar não tem base alguma.”5), Sir James e da grandeza da Bíblia, Darwin confessou o que era
Young Simpson (1811-1870, descobriu o clorofórmio e mais importante para ele: :
declarou que sua maior descoberta foi Jesus 6), Louis Cristo Jesus e sua salvação. Não é esse o melhor
Pasteur (1822-1895, cientista que desenvolveu o pro- assunto?
cesso de pasteurização, a vacina anti-rábica, etc. O fato mais importante na vida de Darwin é que
Ele declarou: “A ciência nos aproxima mais de Deus.” no fim ele se desviou de suas próprias idéias evolucio-
7), Sir Isaac Newton (1642-1727, famoso descobridor nistas. Só um tolo não faria isso.
das leis universais da gravidade. 8), Matthew Fontai- Então por que indivíduos aparentemente inteli-
ne Maury (1806-1873, cientista considerado fundador gentes conseguem se apegar ao que Darwin aca-
da moderna hidrografia e oceanografia. 9), Johann bou abandonando? Para as muitas pessoas que per-
Kepler (1571-1630, fundador da astronomia física e guntam como é possível que indivíduos “estudados”
descobridor das leis que governam o movimento dos consigam acreditar que o homem veio do macaco,
planetas. 10), Wernher von Breaun (1912-1977, conhe- talvez a melhor resposta seja o que o escritor George
cido como o pai do programa espacial americano, Orwell disse: há coisas “tão tolas que só os intelectuais
foi diretor da NASA e um dos maiores cientistas espa- conseguem crer”?
236 ciais do mundo. Ele disse: “Os evolucionistas desafiam
a ciência a provar a existência de Deus. Mas será que QUE CONSEQÜÊNCIAS SOACIAIS E POLÍTICAS PO-
realmente precisamos acender uma vela para ver o DEM SER ATRIBUÍDAS À CRENÇA EVOLUCIONISTA?
sol?? Eles dizem que não conseguem ver um Criador. O filósofo Will Durant notou certa vez: “Ao ofere-
Bem, será que um físico pode ver um elétron?? Que cer a evolução em lugar de Deus como uma cau-
estranho tipo de raciocínio faz com que alguns físicos sa da história, Darwin removeu a base teológica do
aceitem o inconcebível elétron como real enquanto código moral da cristandade. No entanto, o código
rejeitam reconhecer a realidade de um Criador com moral que não teme a Deus é bastante frágil. Essa é a
o motivo de que não podem concebê-lo?? É com condição em que nos encontramos.
honestidade científica que apóio que teorias alterna- Não penso que o homem já seja capaz de lidar
tivas à origem do universo, vida e humanidade sejam com a ordem social e a decência individual sem te-
ensinadas nas aulas de ciência das escolas. Seria um mer algum ser sobrenatural que tenha autoridade
erro negligenciar a possibilidade de que o universo sobre ele e possa castigá-lo”. Podemos confirmar em
foi planejado, não vindo a existir por acaso”. 11). Es- toda parte que a declaração de Durant estava cor-
ses são apenas alguns exemplos de homens da ciên- reta. Num Universo que, em última análise, não tem
cia que acreditavam que Deus é a origem de tudo razão de ser, o que acontece com a ética individual
no universo. . e social? Por que os mais poderosos e inteligentes en-
Pudemos ver então que nem todos os cientistas tre nós não devem manipular os menos inteligentes e
aceitam as idéias da evolução. Mas o que dizer do menos poderosos para os propósitos que consideram
homem que as inventou? Refletindo em tudo o que “bons” e “respeitáveis”?
havia feito, no fim da vida Charles Darwin confessou: : O século XX está repleto de exemplos. Os últimos
Eu era jovem e minhas idéias não estavam forma- 80 anos testemunharam alguns dos maiores horrores
das. Não quis saber de perguntas nem sugestões e o de toda a história da humanidade – principalmente
tempo todo me surpreendia com tudo o que estava o resultado das atrocidades nazistas e comunistas. A
fazendo. Para meu espanto, minhas idéias se espa- Alemanha nazista foi hedionda e o comunismo foi res-
lharam como um incêndio florestal. As pessoas fize- ponsável pela morte de aproximadamente 25 vezes
ram delas uma verdadeira religião. . mais pessoas que as sacrificadas por Hitler!

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Essas ideologias, porém, continuam ainda vivas. Vemos Hitler supremamente convencido de que
Na Alemanha de hoje, o neonazismo se tornou uma só a evolução produz uma base verdadeira para a
poderosa força social e o neofacismo está crescen- política nacional...
do na Itália – quase inconcebivelmente, sob a lide- Os meios adotados por ele para assegurar o desti-
rança da própria neta de Mussolini. Apesar do co- no da sua raça e do povo foram matanças organiza-
lapso do comunismo na Europa e na Rússia, a teoria das, que saturaram a Europa de sangue... Tal condu-
marxista continua dominando mais de um bilhão de ta é altamente imoral quando medida por qualquer
pessoas na China e em outros países. escala de ética, todavia a Alemanha a justifica; ela
Ninguém pode ter também certeza de que a Rús- está de acordo com a moral tribal ou evolucionista.
sia e a Europa Oriental vão continuar seu movimento A Alemanha voltou ao passado tribal e está demons-
em direção à democracia. O que tudo isso tem a ver trando ao mundo, em toda a sua nudez, os métodos
com a evolução naturalista? da evolução... Na Alemanha, Hitler viu na teoria evo-
A evolução está baseada na premissa de que o lucionista a justificação “científica” de seus pontos
tempo mais a matéria impessoal mais o acaso for- de vista pessoais. “Não há dúvidas de que a evolu-
maram todos os seres vivos. Em essência, o homem ção foi a base de todo o pensamento nazista, desde
se torna algo como um acidente trágico, não tendo o início até o fim. Todavia, é de fato um fenômeno
valor final, girando a velocidades vertiginosas através notável que tão poucos tivessem se apercebido dis-
dos corredores sombrios do espaço. so até hoje”. Uma forma de darwinismo foi também
Visões filosóficas moldadas por pensamentos utilizada efetivamente na propagação da ideologia
desse tipo podem, entretanto, encontrar facilmente comunista. Karl Marx “sentiu que sua obra era um pa-
expressão lógica na vida diária de milhares de indiví- ralelo exato da de Darwin” e ficou tão grato que quis
duos. Isso foi reconhecido por Sedgwick, um geólogo dedicar uma parte do livro Das Kapital (O Capital) a
de Cambridge e conhecido de Darwin, que achou Darwin, que declinou a honra.
que Darwin havia mostrado a cada criminoso como Marx escreveu a Engels com respeito a A Origem
justificar seu comportamento. Ele também cria que das Espécies, dizendo que o livro “contém na história
se os ensinos de Darwin tivessem larga aceitação, a natural a base para as nossas opiniões da [história hu-
humanidade “iria ser prejudicada a ponto de bruta- mana]”. Em 1861, ele também escreveu: “O livro de
lizar-se e fazer a raça humana mergulhar num grau Darwin é muito importante e me serve como base na
maior de degradação do que qualquer outro em seleção natural para a luta de classes na história...” 237
que tivesse caído desde que os seus registros escri- O Dr. A. E. Wilder-Smith comenta: “A propagan-
tos nos contam a sua história”. Um dos maiores evo- da política e anti-religiosa publicada desde os dias
lucionistas de épocas recentes foi o antropólogo Sir de Marx está eivada do darwinismo mais primitivo”,
Arthur Keith. Ele dedicou mais tempo ao estudo da observando que “ela brutaliza aqueles a quem do-
ética evolucionista do que talvez qualquer de seus mina”. A filosofia de Marx, como a de Hitler, refletia a
contemporâneos. brutalidade da natureza. Ele se referia ao “desarma-
A sua obra Evolution and Ethics (Evolução e Éti- mento da burguesia... terror revolucionário... e cria-
ca) mostra que a ética ensinada pelo cristianismo e a ção de um exército revolucionário...” Além disso, o
da evolução não são compatíveis: “O ensinamento governo revolucionário não teria “nem tempo nem
cristão está... em oposição direta à lei da evolução” oportunidade para a compaixão e o remorso. Seu
e, “a ética cristã não se harmoniza com a natureza intento era aterrorizar os oponentes até a sua sub-
humana e é secretamente antagônica ao esquema missão. Ele deve desarmar o antagonismo mediante
de evolução e ética da natureza”. execução, prisão, trabalho forçado, controle da im-
Keith também compreendeu que, se seguirmos a prensa...”
ética evolucionista até a sua conclusão estrita e lógi- Em vista do impacto de Hitler, Marx e seus asso-
ca, devemos “abandonar a esperança de alcançar ciados, e a ligação demonstrável de suas filosofias
um dia um sistema universal de ética” porque, “como desumanas com o ateísmo evolucionista, os comen-
acabamos de ver, os caminhos da evolução nacio- tários do filósofo histórico John Koster são pertinentes:
nal, tanto no passado como no presente, são cruéis, Muitos nomes foram citados além dos de Hitler para
brutais, implacáveis, impiedosos”. explicar o Holocausto. De modo estranho, o de Char-
De fato, quando examinamos a influência social les Darwin quase nunca se encontra entre eles. To-
e política da teoria darwiniana sobre a última me- davia... as idéias de Darwin e de Huxley quanto ao
tade do século dezenove e todo o século vinte, as lugar do homem no Universo prepararam o caminho
conseqüências morais são algumas vezes amedron- para o Holocausto... Hitler e Stalin assassinaram mais
tadoras. O próprio Keith observa o gélido impacto da vítimas inocentes do que as que morreram em todas
teoria de Darwin sobre a Alemanha: as guerras religiosas na história da humanidade. Eles

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não assassinaram essas vítimas enganados pela idéia eles contêm se duplicam e passam à descendência
de salvar as suas almas ou punir os seus pecados, mas através dos gametas. Embora existam mecanismos
por serem competidores na questão do alimento e para impedir erros na replicação do DNA, eles po-
obstáculos ao “progresso evolutivo”. Muitos huma- dem ocorrer, trazendo como resultado modificações
nitários, cristãos, judeus, ou agnósticos compreen- nas características que determinam. Esses erros ocor-
deram a relação entre as idéias de Nietzsche e as rem subitamente e são chamados de mutações.
equipes de assassinato em massa e os crematórios • Gênicas
de Hitler. Podem ser definidas como erros no processo de
Poucos, porém, voltaram um passo atrás fazen- autoduplicação do DNA. A palavra mutação não se
do a ligação com Darwin, o “cientista” que inspirou restringe a modificações ocorridas em genes (muta-
diretamente a teoria do super-homem de Nietzsche ção gênica), mas engloba alterações sofridas pelos
e o corolário nazista de que alguns indivíduos são su- próprios cromossomos (mutações cromossômicas).
bumanos. A evidência estava toda ali – o termo neo- Estas podem envolver o número ou a ordem dos ge-
darwinismo foi usado abertamente para descrever as nes nos cromossomos ou, ainda,
teorias raciais nazistas. A expressão “seleção natural”, o próprio número de cromossomos.
como aplicada a seres humanos, foi encontrada na As mutações podem ser espontâneas ou provo-
Conferência de Wannsee no principal documento cadas. Não se sabe a causa das mutações espontâ-
do Holocausto... Podemos ver os eventos na Alema- neas, e sua frequência é muito baixa.
nha de Hitler e na Rússia de Stalin como uma cole- As mutações provocadas são induzidas, por
ção sem sentido de atrocidades que tiveram lugar agentes mutagênicos: raios x, radiações beta, gama
porque os alemães e os russos são pessoas perversas, e ultravioleta, substâncias químicas como o gás mos-
nada parecidas conosco. Ou podemos compreen- tarda, a colchicina (extraída de um vegetal) e o fe-
der que a imposição das teorias de Huxley e Darwin, nol.
de que a-vida-é-patológica, de depressão clínica As mutações ocorridas em células germinativas
disfarçada em ciência, desempenhou um papel críti- podem ser transmitidas a descendência. Visto que
co na era das atrocidades. essas células são precursoras dos gametas. As muta-
As pessoas têm de aprender a deixar de pensar ções de células somáticas causam nioclificações fe-
em seus semelhantes como se fossem máquinas e notípicas apenas nos indivíduos que as sofreram, não
238 aprender a pensar neles como homens e mulheres sendo transmitidas.
possuidores de uma alma...” (John Ankerberg e John
Weldon). Recombinação Gênica
Se a mutação é a fonte primária de variabilidade,
Noções sobre células-tronco, clonagem e tecno- a recombinação gênica é que efetivamente realiza
logia do DNA recombinante a “mistura” entre os genes diferentes dos seres vivos.
Nas décadas de 1930 e 1940, os conhecimentos A evolução seria extremamente lenta se não houves-
acerca da Genética foram unidos às ideias evolucio- se um modo de reunir as mutações de diferentes indi-
nistas de Darwin numa síntese que teve como resulta- víduos. A mutação em si é um fenômeno bem raro, e
do uma teoria mais abrangente e mais embasada e, se a evolução dependesse apenas da mutação cer-
por isso, mais aceita para explicar as leis que regem tamente não teríamos hoje em dia organismos tão
o processo evolutivo de seres vivos. Essa teoria ficou bem adaptados ao seu ambiente.
conhecida como teoria moderna da evolução, ou A mutação e a recombinação agem em conjun-
teoria sintética ou, ainda, Neodarwinismo. to; a mutação modifica o DNA, e a recombinação
Basicamente, essa teoria faz referência a duas realiza uma mistura entre as partes modificadas de
principais conclusões: 1) a evolução pode ser eluci- dois organismos.
dada pelas mutações e pela recombinação gênica,
norteadas pelo processo de seleção natural; 2) os Seleção Natural
fenômenos evolutivos fundamentam-se nos mecanis-
mos genéticos. Seleção Natural aplicada às mariposas, Biston
Tal teoria leva em consideração três principais fa- betularia
tores evolutivos, que são a seleção natural, a muta- É o principal fator evolutivo que atua sobre a
ção gênica e a recombinação gênica. variabilidade genética de uma população. A ação
Mutações da seleção natural consiste em selecionar genótipos
A transmissão das características hereditárias se mais bem adaptados a uma determinada condição
faz de pais para filhos através da reprodução. Nessa ecológica, eliminando aqueles desvantajosos para
ocasião, os cromossomos e o material genético que essa condição.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Existem diversas rante o processamento de alimentos. As perspectivas


comprovações da atuação da seleção natural e futuras permitem vislumbrar estratégias que tornem
entre elas pode-se citar o caso de melanismo indus- possível o uso de algumas funções microbianas na
trial, ocorrido com mariposas em regiões industrializa- melhoria do rendimento daquela produção. Uma
das na Inglaterra. destas estratégias é a clonagem, em plantas, de ge-
Há cerca de um século, as populações de mari- nes microbianos codificadores de resistência à ação
posas Biston betularia da Inglaterra eram formadas deletéria de fatores ambientais, ou genes microbia-
por indivíduos de cor clara. Muito raramente, apare- nos codificadores de substâncias osmorreguladoras
ciam indivíduos escuros (melânicos). que facilitariam o seu crescimento em ambientes
A partir de 1900, nas regiões que se tornaram in- muito secos ou de elevada salinidade. Outra impor-
dustrializadas, os tipos escuros tornaram-se comuns, tante aplicação da engenharia genética no setor
enquanto as formas claras se tornaram raras. alimentar é a obtenção de microrganismos capazes
Esse fenômeno ocorre simultaneamente ao es- de produzir compostos químicos, enzimas ou líquidos
curecimento dos troncos das árvores, impregnados energéticos com substratos não utilizáveis diretamen-
com a fuligem liberada pelas chaminés das fábricas. te pelo homem, de fácil renovação e não poluidores
Os troncos eram anteriormente claros, cobertos por do ambiente. (Candeias 1991)
liquens acinzentados. O desenvolvimento de processos agroindustriais,
Assim, um indivíduo menos adaptado em um especificamente a produção de alimentos com tec-
ambiente pode vir a ser o mais adaptado caso haja nologia de DNA recombinante, denominados ali-
uma mudança ambiental. mentos transgênicos, tem propiciado melhorias na
A ação seletiva dos pássaros sobre as maripo- agricultura, bem como trazido bons lucros para os
sas da espécie Biston betularia pode ser constatada grandes conglomerados da biotecnologia e para os
através de diversos trabalhos experimentais desen- produtores rurais com alto grau de desenvolvimento
volvidos por vários pesquisadores. Mariposas criadas tecnológico. (Calvasina)
em grandes quantidades foram libertadas sobre tron- Neste contexto, surge a questão da segurança
cos de árvores em áreas rurais e urbanas (industria- alimentar, do direito e do acesso à informação de
lizadas). Observou-se, utilizando-se binóculos e abri- todos os consumidores, através da rotulagem dos ali-
gos especiais, que as variedades que não “combina- mentos transgênicos, assegurado pelo artigo 31 do
vam” com o fundo claro (zona rurais) estavam mais Código de Defesa do Consumidor, que menciona 239
sujeitas á ação predadora dos pássaros insetívoros. que todos os alimentos tenham indicados a sua ori-
gem, composição, validade, bem como os riscos que
Aplicações de biotecnologia na produção de ali- os mesmos podem apresentar à saúde pública(8). A
mentos, fármacos e componentes biológicos. questão dos alimentos transgênicos dentro do âmbi-
Os transgênicos ou organismos geneticamen- to da segurança alimentar é bastante discutida nos
te modificados são frutos da engenharia genética mais amplos Segmentos, como ministérios (ou órgãos
criada pela biotecnologia. Há séculos o ser humano equivalentes) da saúde e da agricultura de diferen-
modifica plantas e animais por meio de cruzamentos. tes países, indústrias de alimentos, meios acadêmi-
Com o desenvolvimento de tecnologias de enge- cos, população em geral, entre outros. (Calvasina).
nharia genética, tornando possíveis alterações com Produtos alimentares geneticamente modifica-
precisão muito maior e mais rapidamente, principal- dos pela engenharia genética
mente a semente de soja. Tal semente é a cultura Manipulação do DNA de um determinado or-
transgênica mais cultivada e mais analisada pelos Es- ganismo com o objetivo de estudar a estrutura e/ou
tados, desta que é utilizada em mais de 90% dos pro- função de determinado gene ou seqüência, produzir
dutos alimentícios no mercado e também é utilizada ácidos nucléicos, proteínas ou processos biológicos
para diversos fins, como: na fabricação de fibras, co- úteis ou melhorar as características desse organismo.
mestíveis, papeis adesivos, óleos e adubos (Giehl,) (Giehl).
No campo da microbiologia de alimentos, as Um produto alimentar geneticamente Modifica-
técnicas da engenharia genética enfrentam ainda do são alimentos criados em laboratórios com a uti-
algumas barreiras, principalmente as resultantes da lização de genes (parte do código genético) de es-
carência de estudos sobre os determinantes bioquí- pécies diferentes de animais, vegetais ou micróbios.
micos e genéticos das funções que certos microrga- A Engenharia Genética, ciência responsável pela
nismos desempenham na produção de alimentos. manipulação das informações contidas no código
Apesar desta situação, já se conseguiram resultados genético, que comanda todas as funções da célula.
promissores, tanto na obtenção de microrganismos Esse código é retirado da célula viva e manipulado
que intervêm na produção de alimentos, quanto na fora dela, modificando a sua estrutura (modificações
produção de aminoácidos usados como aditivos du- genéticas).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Alguns exemplos de alimentos da engenharia ge- diversas partes do mundo, por exemplo, o arroz e o
nética são: o tomate, para se manter fresco durante tomate ainda não estão aprovados para venda na
muito tempo é um exemplo de um alimento geneti- Europa. A modificação genética é complexa e leva
camente modificado, Milho concebido para resistir muitos anos, ainda não é possível modificar tudo ge-
aos pesticidas é outro exemplo de produtos geneti- neticamente.
camente modificados. No Brasil e no mundo já existem bons exemplos do
Os produtos alimentares geneticamente modifi- uso da biotecnologia,
cados são, por exemplo, tipos de plantas cujas ca- para aumentar a qualidade de alguns alimentos,
racterísticas genéticas foram alteradas. Os cientistas como é o caso de determinadas variedades de soja,
ajustam as suas características introduzindo neles batata, tomate, brócolis e milho. A soja, por exemplo,
novo material genético, por exemplo, de uma bac- com um maior conteúdo de óleos insaturados (áci-
téria capaz de resistir aos pesticidas. do léico), já à venda nos EUA e no Canadá, é mais
Organismos geneticamente modificados saudável para pessoas com propensão a problemas
O aprimoramento cardiovasculares, a batata o balanço de amilopec-
genético tem a função de adequar determina- tina e da amilose da batata inglesa foi melhorado, a
do alimento às necessidades do homem moderno, batata modificada reduz a absorção de óleo duran-
facilitando a sua produção, possibilitando maior nú- te o processo de fritura. O tomate Flavr Savr foi de-
mero de safras anuais, tornando-o mais resistente às senvolvido para resistir ao transporte, permanecendo
pragas, enriquecendo-o no aspecto nutricional, etc. firme por mais tempo, e para ser maior e mais sabo-
É o que acontece com o milho híbrido, o trigo e a roso. Hoje, um dos objetivos dos cientistas é produzir
soja entre outros. Sobre os alimentos geneticamente tomates com mais licopeno, substância naturalmen-
modificados, os transgênicos, há uma grande polê- te presente nos frutos, porém em baixa quantidade,
mica; pois de um lado encontram-se os cientistas, que é benéfica na prevenção do câncer de prósta-
alterando um determinado alimento a fim de ade- ta. Os brócolis estudam-se também aumentar o teor
quá-lo às necessidades socioeconômicas, enquanto de glucosinolato nos brócolis. Esse composto possui
propriedades metabólicas anticancerígenas e antio-
do outro estão os ambientalistas, que acreditam que
xidantes. O milho A Embrapa está desenvolvendo um
este produto não deve ser consumido, pois não se
milho com maior teor de etionina, aminoácido adi-
240 sabe ao certo o que pode ocasionar em nossa saú-
cionado à ração animal, além de reduzir o custo da
de, em longo prazo.
ração à base de milho, a mudança proporcionará
Vamos pensar numa hipótese bem prática,
melhoria nutricional na dieta da população brasilei-
imagine que exista uma laranja bem graúda, cuja
ra. (VILLARI 2003)
produção seja rápida e grande, mas o sabor extre-
Vantagens dos alimentos enriquecidos pela en-
mamente ácido. Este seria um fruto bonito, do qual
genharia genética.
se produziria muito suco, mas que não seria aceito
O alimento pode ser enriquecido com um com-
pelo mercado devido à sua acidez. Já outra laranja
ponente nutricional essencial. Um feijão genetica-
é extremamente doce, pequena e de baixa produti-
mente modificado por inserção de gene da casta-
vidade. Graças à manipulação genética, podem-se
nha do Pará passa produzir metionina, um aminoá-
isolar os genes responsáveis pela característica doce cido essencial para a vida. O alimento pode ter a
da segunda laranja, e insere-se este material gené- função de prevenir, reduzir ou evitar riscos de doen-
tico no cromossomo da primeira. O resultado é uma ças, através de plantas geneticamente modificadas
laranja doce, graúda, com muita polpa e de fácil para produzir vacinas, ou iogurtes fermentados com
produção. microrganismos geneticamente modificados que es-
Alimentos que podem ser enriquecidos pela en- timulem o sistema imunológico.
genharia genética. As plantas podem resistir ao ataque de insetos,
Muitos alimentos podem ser modificados pela da seca ou geada, garantindo estabilidade dos pre-
engenharia genética como a Colza, milho doce, ar- ços e custos de produção. Um microrganismo ge-
roz e tomate são apenas alguns exemplos dos mui- neticamente modificado produz enzimas usadas na
tos produtos alimentares que foram já geneticamen- fabricação de queijos e pães o que reduz o preço
te modificados. Existem muitos cientistas por todo o deste ingrediente, aumentando o grau de pureza e a
mundo trabalhando no desenvolvimento de culturas especificidade do ingrediente, permitindo maior flexi-
geneticamente modificadas. Nem todas as plantas bilidade para as indústrias,
do milho, do arroz e do tomate são geneticamente Aumentando a produtividade agrícola através
modificadas sem que isso viole a lei. As culturas ge- do desenvolvimento de lavouras mais produtivas
neticamente modificadas podem encontrar-se em e menos onerosas, cuja produção agrida menos o

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meio ambiente, com isso o alimento pode ser enri- a função de adequar determinado alimento às ne-
quecido com um componente nutricional essencial, cessidades do homem moderno, facilitando a sua
como por exemplo, o arroz geneticamente modifica- produção, possibilitando maior número de safras
do que produz a vitamina A. anuais, tornando-o mais resistente às pragas, enri-
Desvantagens dos alimentos enriquecidos pela quecendo-o no aspecto nutricional e trazendo be-
engenharia genética nefícios para a população, com frutos e vegetais al-
Aumento das reações alérgicas, as plantas que tamente modificados e combatendo certos tipos de
não sofreram modificação genética podem ser eli- doenças.
minadas pelo processo de seleção natural, pois, as
transgênicas possuem maior resistência às pragas e Aplicações de tecnologias relacionadas ao DNA
pesticidas, aumentando a resistência aos pesticidas a investigações científicas, determinação da pater-
e gerando maior consumo desse tipo de produto. nidade, investigação criminal e identificação de in-
Apesar de eliminar pragas prejudiciais à plantação, o divíduos.
cultivo de plantas transgênicas pode, também, ma- FORENSE DA BIOLOGIA MOLECULAR
tar populações benéficas como abelhas, minhocas e Os avanços nas tecnologias de DNA surtiram
outros animais e espécies de plantas. Pesquisadores um enorme impacto no campo da ciência forense.
e cientistas do mundo inteiro estão desenvolvendo Com uma incrível sensibilidade e um alto poder de
pesquisas sobre quais são as reais conseqüências da discriminação, a análise de DNA tem sido uma po-
utilização de alimentos geneticamente modificados derosa ferramenta para a identificação humana e
no organismo humano e no meio-ambiente. Consu- investigações criminais. Outra técnica que também
midores de países onde já ocorre a comercialização será exposta, Southern Blotting, visa a identificação
de alimentos transgênicos exigem a sua rotulagem, de uma sequência de bases especificas do DNA, que
assim como está sendo feito com os orgânicos, para foi por muito tempo aplicada tanto na detecção de
que possam ser distinguidos na hora da escolha do SNPs como de VNTRs e STRs. Alem disto, será descrita
alimento. a reação em cadeia da polimerase (PCR), um méto-
O lugar em que o gene é inserido não pode ser do laboratorial capaz de copiar milhões de vezes um
controlado completamente, causando resultados segmento do DNA, que se destaca perante outras
inesperados, pois os genes de outras partes do orga- técnicas por ser um procedimento relativamente sim-
nismo podem ser afetados. Os genes são transferidos ples e fácil de realizar em laboratório, gerando resul- 241
entre espécies que não se relacionam como genes tados precisos e satisfatórios, em um curto espaço de
de animais em vegetais, de bactérias em plantas e tempo. Por fim, serão descritos os métodos automa-
até de humanos em animais. A engenharia genética tizados que, a partir de PCR, permitem a detecção
não respeita as fronteiras da natureza (fronteiras que rápida de marcadores moleculares, a fim de facilitar
existem para proteger a singularidade de cada es- e tornar mais precisa a identificação forense.
pécie e assegurar a integridade genética das futuras As primeiras técnicas forenses de identificação
gerações. A alta proteção em áreas que plantam o humana eram convenientes apenas para análise de
mesmo tipo de cultivo, porque a invasão de pestes, DNA de evidências biológicas que contivessem cé-
doenças e ervas daninha ocorrem sempre, quan- lulas nucleadas. Atualmente, com a implementação
to maior for à variedade (genética) no sistema da do sequenciamento do DNA mitocondrial, essa limi-
agricultura, mais este sistema estará adaptado para tação tem sido superada. Se antes, impressões digi-
enfrentar esses tipos de doenças, até mudanças cli- tais e outras pistas eram usadas para desvendar cri-
máticas que podem acabar afetando algumas va- mes; hoje, são inúmeros os espécimes biológicos dos
riedades. quais o DNA pode ser extraído. Podemos encontrá-lo
Organismos antes cultivados para serem usados em pequenas amostras de sangue, ossos, sêmen, ca-
na alimentação estão sendo modificados para pro- belo, dentes, unhas, saliva, urina,
duzirem produtos farmacêuticos e químicos. Essas entre outros fluidos, e análises cuidadosas desse
plantas modificadas poderiam fazer uma polinização material ajudam a identificar criminosos.
cruzada com espécies semelhantes e, deste modo, As aplicações da Biologia Molecular no labora-
contaminar plantas utilizadas exclusivamente na ali- tório criminal centralizam-se, em grande parte, na
mentação. capacidade da análise do DNA em identificar um
Os alimentos transgênicos poderiam aumentar indivíduo a partir de cabelos, manchas de sangue
as alergias, sendo que muitas pessoas são alérgicas e fluidos corporais, entre outros itens recuperados no
a determinados alimentos, diante das proteínas que local do crime. Essas técnicas são conhecidas como
elas produzem. datiloscopia genética, embora o termo mais precise
Concluímos que, o aprimoramento genético tem e utilizado para designá-las seja perfil de DNA.

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Sendo assim, entende-se que, existem quatro O sucesso da tipagem de DNA depende basica-
grandes vantagens que devem ser citadas sobre a mente da qualidade e quantidade de DNA extraído
tipagem molecular do DNA: a primeira e de maior im- das diversas fontes. Nos exames de paternidade, o
portância é, sem sombra de dúvida, a possibilidade DNA é geralmente extraído de amostras coletadas
de sua extração de qualquer fonte de material bioló- em condições ideais. Já na determinação de iden-
gico, a segunda é que o DNA possui um alto poten- tidade, o material obtido nem sempre está em boas
cial discriminatório, a terceira é a alta estabilidade condições. Às vezes há pouco DNA, ou este está
química mesmo após um longo período de tempo, contaminado ou degradado. Nesses casos a extra-
estando presente em todas as células nucleadas do ção de DNA adequado para a análise talvez seja
organismo humano, e a quarta vantagem do DNA, a etapa mais importante do processo. São também
reside na possibilidade de separá-lo da célula esper-
analisados polimorfismos presentes no DNA mitocon-
mática, de qualquer outro DNA celular.
drial e no cromossomo.
Atualmente a identificação humana forense por
Além dos cuidados que devem ser tomados com
análise do DNA já é aceita em processos judiciais em
todas as evidências criminais e civis, nos casos que
todo o mundo, sendo possível inclusive à www.dere-
choycambiosocial.com │ ISSN: 2224-4131 │ Depósito envolvem análises de DNA, deve-se ter atenção em
legal: 2005-5822 4 identificação de pessoas mortas há relação à contaminação das evidências criminais
centenas de anos, utilizando DNA obtido de ossos ou que contenham material genético. Por isso é impor-
dentes. tante o uso de luvas descartáveis, máscaras e gorros
Assim disposto, entende-se que a genotipagem cirúrgicos quando for fazer a coleta, manuseio e pro-
forense se presta, no núcleo principal de sua finali- cessamento das evidências.
dade, a estabelecer os correspondentes vínculos ge- Os exercícios propostos para laboratórios que
néticos entre amostras-questionadas, vestígios de ori- realizam caracterização de vínculo genético nor-
gem biológica desconhecida, e amostras-referência, malmente são constituídos de amostras biológicas
de origem biológica conhecida, concluindo-se pela de mãe, filho e suposto pai, com o intuito de com-
determinação da origem individual de cada vestígio parar as estratégias utilizadas, seus protocolos meto-
e, a partir desse ponto e mesmo coligado a outros dológicos, assim como os resultados obtidos entre os
meios de prova, eventualmente reconstruir parcial ou participantes.
242 totalmente a dinâmica do ato criminoso. Tendo em vista assegurar uma geração de da-
Aspectos Gerais da Análise do DNA Forense dos corretos e tecnologias adequadas, um apropria-
O exame de DNA foi apontado como a maior re- do programa de controle de qualidade é essencial
volução científica na esfera forense, desde o uso e
para todos os laboratórios de análises clínicas que
reconhecimento das impressões digitais como uma
realizam identificação humana pelo DNA.
característica pessoal, onde as técnicas de identifi-
Metodologia Aplicada à Identificação Humana:
cação fundamentadas na análise direta do ácido
desoxirribonucleico ostentam pelo menos duas van- A análise do DNA em caracterização de vínculo
tagens sobre os métodos convencionais de identifi- genético engloba desde o domínio da metodologia
cação: a estabilidade química do DNA, mesmo após de coleta do material biológico até a interpretação
longo período de tempo, e a sua ocorrência em to- dos resultados obtidos.
das as células nucleadas do organismo humano, o Cada metodologia possui sua particularidade e
que permite condenar ou absolver um suspeito com cuidados inerentes à técnica que podem favorecer
vestígios encontrados na cena de um crime. vantagens e desvantagens, de acordo com o obje-
Segundo Jobim (2006), o estudo do DNA possibi- tivo almejado. A análise do DNA compreende diver-
litou obter informações sobre a individualidade hu- sas etapas, independente da metodologia a ser em-
mana, iluminando a ciência da investigação e da pregada e do tipo de amostra que será analisada.
identificação em casos criminais. Uma mudança to- O processo envolvendo a biologia molecular na
tal na tecnologia aconteceu a seguir, pois o estudo forense inclui:
do polimorfismo do DNA substituiu, em curto espaço 1) coleta de amostras;
de tempo, as análises sorológicas dos polimorfismos 2) extração, purificação e quantificação do DNA
de proteínas e grupos sanguíneos, até então, usados de todas as amostras;
exclusivamente na área forense. Para o autor as téc- 3) análise dos loci;
nicas de amplificação do DNA pela PCR na última
4) visualização dos fragmentos e caracterização
década tiveram um enorme progresso. Foram tam-
(com o uso da Eletroforese);
bém desenvolvidos novos métodos de extração do
5) interpretação e análise comparativa dos resul-
DNA do sangue periférico, tecidos, ossos, cabelos,
tados20
manchas de sangue, material vaginal, entre outros.

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Coleta de Amostras para Análise Forense cias celulares antes de ser examinado. Proteínas ce-
A coleta de amostras para o exame de DNA lulares, contaminações químicas e microbiológicas
deve ser realizada logo após a identificação possível diminuem o poder discriminatório das análises utili-
pelos médicos-legistas, odonto-legistas e papilosco- zando o DNA.
pistas, mesmo quando esta identificação for positi- A escolha do uso de diferentes métodos de extra-
va, pois pode ser necessário um futuro confronto ge- ção de DNA está relacionada ao tipo de material en-
nético para elucidação de dúvidas com relação à volvido e influencia diretamente o sucesso da análise
identidade do indivíduo e troca de corpos. dos STRs. A maioria dos procedimentos de extração
A escolha do tipo de amostra a ser coletada de- de DNA compreende a lise celular, seguida da remo-
pende da conservação da amostra, onde os dentes ção das proteínas celulares precipitadas e por fim a
e ossos são os materiais que se preservam por mais precipitação do DNA com sua final eleição.
tempo, mesmo quando submetidos a diferentes fa- A extração orgânica, que é o método mais tra-
tores de degradação. dicional na genética forense, o qual consiste na re-
A coleta e os métodos de preservação das pro- moção dos resíduos de proteínas do DNA através da
vas coletadas na cena do crime têm um grande im- combinação de dois solventes orgânicos diferentes:
pacto no tribunal. Do ponto de vista técnico e cri- Fenol e Clorofórmio. Esse método como qualquer
minalista, o DNA pode ser coletado da maioria dos outro, possui suas indicações, vantagens e desvan-
espécimes biológicos, pois é uma molécula estável tagens. Entre as principais vantagens temos: o baixo
em ambiente seco e frio. custo e um alto grau de pureza do DNA a ser investi-
Se armazenado em tais condições, tem grandes gado. As desvantagens são: demora em sua execu-
chances de resultados confiáveis. Em geral, uma ção e é um método altamente tóxico.
quantidade significativa de material deve ser co- A técnica mais amplamente empregada envol-
letada para garantir a extração de DNA suficiente ve, em sua primeira fase, a lise celular, seguida de
desnaturação ou inativação de proteínas, com a
para os testes. No entanto, é importante preservar a
utilização de proteinase K. Com solventes orgânicos
coleta de sujeira adicional, gorduras, fluidos e outros
o DNA é posteriormente separado de macromolécu-
materiais que possam afetar o processo de tipagem
las, como as proteínas através de solubilização em
de DNA.
água, e em seguida precipitado com etanol. Outras
O material biológico recuperado na cena do 243
metodologias com o mesmo princípio, inclusive kits
crime pode sofrer alterações ambientais (luz, altas
comerciais, podem ser utilizadas para cada tipo de
temperaturas, reativos químicos, etc.) que poderão
amostra biológica.
ocasionar quebras e alterações da cadeia de nu-
A quantidade, a pureza e a integridade do DNA
cleotídeos e, como consequência, modificar a com-
dependem de vários fatores como condições da
posição e a estrutura normal do DNA, impossibilitan-
amostra e da conservação, sendo necessário utilizar
do a análise.
critérios para escolha de metodologia de extração
O armazenamento do material biológico úmido
para cada tipo de amostra.
em sacos plásticos deve ser de no máximo 2 horas A resina magnética é outro método de extração
ou, quando possível, permitir que seque antes do de DNA muito utilizado na genética forense, sendo
acondicionamento final. Cada tipo de amostra de as mais utilizadas a DNA IQTM, da Promega e a Char-
material biológico (sangue, saliva, osso, dente, etc.) geSwitcha®, da Invitrogen. Em ambos os casos, Uma
deve ter sua coleta e disposição individualmente resina paramagnética é usada para capturar uma
descrita. A degradação do DNA de amostras bio- quantidade consistente Depósito legal DNA.
lógicas, utilizadas em investigação criminal, pode
ocorrer decorrente de um processo natural de expo- DNA E A BIOÉTICA
sição ao meio-ambiente. Na atualidade, em virtude dos numerosos avan-
Extração de DNA Forense ços tecnológicos, principalmente no campo da bio-
O DNA pode ser extraído de amostras de sangue, medicina, discute-se muito acerca da bioética e bio-
de esfregaços bucais, de saliva, de osso, de dente, direito em conexão com a biossegurança. A principal
de tecidos e órgãos, de fios de cabelos, de sêmen, barreira das pesquisas na área da biologia molecular,
entre outros materiais biológicos. é justamente a ética. Os avanços científicos trarão
A quantidade, a pureza e a integridade do DNA grandes e promissoras realizações que a molécula
dependem de vários fatores, podendo ser influen- de DNA virá a oferecer, dentre elas, os transplantes
ciados pelas metodologias aplicadas para sua ex- de órgãos, tratamento e diagnóstico de diversas pa-
tração. Após a coleta do material biológico, o DNA tologias, modernização do próprio aparelho policial
da amostra deverá ser separado de outras substân- no combate à criminalidade, Projeto Genoma. Entre-

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tanto, é preciso destacar a ética, que tem como ob- Teste de Paternidade
jetivo, criar regras possibilitando o melhor uso dessas Cada indivíduo tem o direito de conhecer sua
tecnologias. Estas regras não possuem coerção e é própria biogênese. Investigar a sua origem biológica
assim que surge o biodireito, buscando normatizar e é um interesse de cada pessoa. Na atualidade, o tes-
regular a Medicina e a Biologia, como forma de ope- te de paternidade, vem sendo muito utilizado para
racionalizar e melhor responder às questões que tanto subsidiar a Justiça da Família, mas o suspeito pai não
causam perplexidades à nossa sociedade. é obrigado e nem pode ser compelido a se submeter
A genética a serviço da Lei tem demonstrado mui- a exame de sangue para testes de vinculação ge-
ta precisão e otimismo. nética de paternidade. Não existe no ordenamento
O DNA é eficiente e inigualável na identificação jurídico brasileiro qualquer norma que obrigue o réu
criminal, onde a partir de pequenas amostras orgâni- em uma ação de investigação de paternidade ou
cas, (sangue, fio de cabelo, sêmen, saliva, pele, fezes), maternidade, a submeter-se ao exame pericial so-
coletados no local do crime ou mesmo na vítima, po- licitado. Todavia, há entendimentos outros de que,
de-se identificar o autor pela comparação genética a recusa do investigado em submeter-se ao exame,
entre o material obtido na cena criminal e o material resulte na presunção da veracidade dos fatos que se
padrão coletado do suspeito. Porém, a credibilidade alegam. Este fato vem sendo polêmico, pois a ques-
desses exames depende de normas rígidas que co- tão é saber qual o direito que se deve preponderar
meçam desde a coleta de evidências até a capaci- nas demandas de verificação da paternidade: o da
tação daquele que colocará a assinatura no laudo criança (a sua identidade) ou a do indigitado pai, (a
correspondente. Com isso, seria possível condenar um sua intangibilidade física). Nesta situação, o juiz nem
criminoso, auxiliando o trabalho policial, como tam- sempre dispõe de elementos de conteúdo probante
bém absolver um inocente. O único problema, é que absoluto e dado seu direito discricionário no proces-
para se identificar criminosos, é preciso ter suspeitos, so, termina optando por indícios e presunções, o que
pois caso contrário, não há como comparar o DNA lamentavelmente pode resultar em equívocos.
do verdadeiro autor, com o obtido na cena criminal. Outro aspecto a ser destacado, é a grande fama
Esta realidade poderia ser modificada se houvessem de infalibilidade do referido exame, pois este tam-
na polícia, DNAs arquivados de todas as pessoas exis- bém pode apresentar erros. É perigoso considerar o
tentes ou pelo menos o material genético de presidiá- teste de paternidade como uma prova infalível e ab-
244 rios como ocorre em alguns países. Nos Estados Uni- soluta, formando assim o julgador prisioneiro de seus
dos, todos os condenados são obrigados a ceder seu resultados. É preciso que os laboratórios sejam sub-
DNA à Justiça, facilitando identificar um assassino que metidos a controle de qualidade periódica, porque
já passou pela cadeia e tenha reincidido o crime. In- devido à rápida popularização do teste de paterni-
felizmente, este arquivo de DNAs é inexistente no Brasil dade, alguns laboratórios passaram a desenvolver
por causa da legislação, que diz que o réu não é obri- suas próprias técnicas de diagnóstico com a finalida-
gado a fornecer provas contra si mesmo. de de simplificar e baratear o exame. E ainda pode
Além disso, já existe um sistema de origem france- haver a má identificação de amostras de sangue ou
sa que permite pesquisas automatizadas de fichas cri- mesmo possíveis trocas destas amostras. Verificamos
minais, impressões digitais e consulta de banco de da- então, a enorme importância da bioética nestas si-
dos de DNA em tempo real. Este sistema, denominado tuações.
Automated Fingerprints Identification ou simplesmente Apesar do exame de DNA em si, ser considerado
AFIS, fará parte da modernização da Policia Federal. incontestável, por causa de sua probabilidade 100%
Já é utilizado pelas Policias Federais da França, Norue- de apontar o verdadeiro pai ou mãe de uma crian-
ga, Alemanha e aqui no Brasil pela Polícia Civil ape- ça, vale lembrar que hoje, Centros se oferecem para
nas nos estados do Ceará e Rio de Janeiro. Entretanto, realizar o teste de investigação de paternidade, por
aqui, por não ser um padrão nacional, o sistema não vezes sem devida habilitação, sem utilizar técnicas
se comunica com a Polícia Federal e nem com a Po- seguras e tão pouco a ética. Com esta realidade,
lícia Civil de outros estados, obrigando os investigado- temos a banalização do método e a consequente
res a recorrerem à remota pesquisa manual. imprecisão dos resultados.
Outras aplicações da Biologia Molecular na iden- Transgênicos
tificação humana através da análise direta do DNA Animais e plantas podem ser geneticamente mo-
resultam na identificação de cadáveres carbonizados dificados com a introdução de genes de organismos
ou em decomposição, além de corpos mutilados no de outras espécies que não a sua, objetivando que o
caso de algum grave acidente, favorecendo a locali- gene manipulado se expresse no ser em que foi colo-
zação breve das vítimas como também diminuindo o cado. Esta manipulação genética possibilita a produ-
número de indigentes. ção de hormônios, insulina e outras substanciam raras

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

e caras, por animais e microrganismos, para serem nados para fins farmacêuticos ou para a salvação
utilizadas no tratamento de patologias, bem como a daquelas espécies que estejam em perigo de extin-
“humanização” de animais para transplantes de ór- ção. Neste cenário, a botânica acadêmica se revitali-
gãos em seres humanos. É importante ressaltar, que zaria e se destacaria de prestígio invejável.
estes animais transgênicos são de grande utilidade No reino animal, a clonagem foi tema de destaque
na medicina moderna, todavia deve-se respeitá-los em 1997 com o nascimento da ovelha Dolly, por obra
afim de que não sejam manipulados com a finalida- de cientistas escoceses e este fato marcante originou
de de servirem como diversão para cientistas. uma suposta possibilidade de aplicar a técnica à re-
A prática da transgenicidade foi realizada pela produção humana, gerando sérios problemas éticos.
primeira vez em uma planta, no ano de 1983. Hoje, Isso porque permanecem de pé muitas dúvidas e per-
através dessa técnica, há possibilidade de criar plan- plexidades acerca de vários aspectos da experimen-
tas resistentes aos herbicidas, amadurecimento retar- tação, pois para se atingir o resultando de um ser clo-
dado de frutos, alteração da qualidade nutricional nado perfeito, inúmero seres mutantes serão juntamen-
ou sabor de um vegetal, fabricação de plantas inseti- te originados. Por exemplo, no caso da ovelha Dolly,
cidas, aumento da produção de substancias útil, pro- foram necessárias 277 fusões ovócitonúcleo de doador
dução de plantas ornamentais exóticas, de plantas onde apenas 8 dessas 277 fusões iniciaram o desenvol-
biorreatoras e até mesmo a busca de um caminho vimento embrionário e somente um destes 8 embriões,
que elimine a necessidade de adubo. conseguiu chegar ao nascimento. Se o experimento
A engenharia genética acaba por eliminar as tivesse sido realizado em humanos, qual seria o destino
fronteiras entre espécies ao possibilitar que qualquer de embriões mal formados? Seriam simplesmente des-
ser vivo adquira novas características ou de vegetais, cartados? Ou isso seria crime? O que fazer com eles
ou de animais, ou até mesmo humanas. Este avan- então? Além disso, com a existência de clones huma-
ço poderá ter como consequência, inúmeras altera- nos, o que seria da biodiversidade de nossa espécie?
ções na vida biológica, social, política e econômica A extensão da clonagem ao homem já fez ima-
em âmbito mundial. Um resultado espantoso poderá ginar hipóteses inspiradas pelo desejo de um poder
absoluto como a replicação de indivíduos dotados
ser o processo de seleção onde as sementes trans-
de genialidade e beleza excepcional, reprodução da
gênicas eliminem as naturais e por via polinização,
imagem de um familiar defunto, seleção de indivíduos
se misturem aos vegetais naturais gerando espécies
sadios e imunes a doenças genéticas, possibilidade 245
estéreis e enfraquecidas, causando um grande de-
de escolha do sexo. O resultado, é a inserção da clo-
sastre ecológico.
nagem humana no projeto de eugenismo e, portanto
Outro fator assustador foi a vantagem econômica
está sujeita a todas as observações éticas e jurídicas
que empresas estabeleceram através da venda de
que a condenam amplamente.
vegetais bioengenheirados destacando que seriam
Já a extensão da clonagem, sugerindo a produ-
destinados à alimentação, fabricação de sementes
ção de embriões previamente selecionados e criocon-
transgênicas, fertilizantes e pesticidas, assegurando
servados a fim de serem utilizados para a reprodução
aperfeiçoar, aumentar a produtividade agrícola e
de órgãos humanos em laboratório, talvez seja uma
assim combater a fome. Porém, sob o capitalismo, grande solução para escassez desses órgãos em trans-
a fome é muito mais uma questão política do que plantes, mas no Brasil, a Lei 8.974/95, proíbe em seu ar-
agrícola, principalmente quando se fala no Brasil, um tigo 8º:
país repleto de terras férteis e clima propício, capaz II – a manipulação genética de células germinais
de gerar intermináveis colheitas e onde ao mesmo humanas
tempo, o problema mostra-se impossível de ser de- III – a intervenção em material genético humano in
belado. vivo , exceto para o tratamento de defeitos genéticos,
Clonagem e Reprodução Humana respeitando-se princípios éticos, tais como o princípio
Na atualidade, a modernização de técnicas da de autonomia e o princípio de beneficência, e em
biologia molecular, permitiu também a utilização do aprovação prévia da CTNbio
DNA a fim de se obter clones tanto vegetais como IV – a produção e armazenamento ou manipula-
animais. Entretanto, a clonagem vem sendo o princi- ção de embriões humanos destinados a serviço como
pal alvo de discussão quando se coloca em questão material biológico disponível
a bioética, especialmente se estendermos a hipótese
de que tal experimentação possa vir a ser aplicada Projeto Genoma Humano
na espécie humana. Este projeto que se iniciou oficialmente em 1990,
No reino vegetal, a clonagem pode vir a ter uma consiste no mapeamento da sequência do DNA, bus-
certa importância se utilizada como incentivo à mul- cando selecionar um modelo genético humano e
tiplicação de certos exemplares de vegetais selecio- possui um enorme potencial para o progresso científi-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

co e médico. Através dele, é possível obter genes re- manipulação do código genético, agora lido pelo
lacionados a certos tipos de doenças até então incu- projeto genoma. As pessoas se preocupariam então,
ráveis como o câncer, diabetes e Mal de Parkinson, com a introdução de genes para inteligência, bele-
por exemplo, como também adquirir conhecimentos za, força física, etc. Nos dias atuais, uma família de
sobre fatores ambientais e genéticos presentes na classe média, beneficia seus filhos pagando cursos,
predisposição e a resistência às patologias, a deno- universidade, entre outras coisas e com a Eugênia,
minada epidemiologia genética. A Terapia Gênica, estas famílias beneficiariam seus filhos introduzindo
um tratamento que substitui um gene defeituoso por neles, estes genes vantajosos. A minoria populacional
um gene normal, possui uma dificuldade: descobrir teria condições de fornecer esta vantagem genética
como introduzir a cópia correta no genoma da pes- a filhos e parentes, pois se tratam de técnicas caras,
soa. Com a descoberta do genoma humano, este mas a maioria da população seria aquela a qual não
problema estará resolvido, pois teremos o mapa ge- evoluiria, pois estariam em desvantagem de genes.
nético humano em mãos, possibilitando a manipula- E o fator mais preocupante deste quadro é que, de
ção dos genes com precisão. acordo com as leis da evolução, a mutação no ge-
O projeto genoma humano tem suscitado análi- noma de um ser, fornece variedade de indivíduos.
ses éticas, legais, sociais e humanas que tem ido mais Nesta variedade, o meio ambiente seleciona. Os
além da investigação científica. Segundo a UNESCO, mais adaptados sobrevivem e os menos adaptados
o genoma humano é propriedade inalienável de (a população desprovida de recursos para adquirir
toda a pessoa e por sua vez um componente fun- genes vantajosos), entram em extinção.
damental para toda a humanidade. Dessa maneira
ele deve ser respeitado e protegido como caracte- Aspectos éticos relacionados ao desenvolvimen-
rística individual e específica, como um “patrimônio to biotecnológico.
da humanidade”, porque todas as pessoas são iguais Trangênicos ou organismos geneticamente mo-
no que se refere a seus genes. Entretanto, o projeto dificados, (OGM-T) são seres vivos cuja estrutura ge-
genoma humano, deve esclarecer em benefício à nética - à parte da célula onde está armazenado o
medicina, apenas o genoma numa dimensão geral, código da vida, o DNA - foi modificado pelo homem
isto é, a característica de todos àqueles que perten-
através de engenharia genética, de modo a atribuir
cem à espécie humana. Quanto às características
a esses seres uma determinada característica não
246 individuais, essas são realmente um patrimônio gené-
programada por natureza.
tico, sendo evidente que sobre este, é preciso aplicar
Os argumentos utilizados em defesa da liberação
uma proteção jurídica fundamental porque perten-
dos produtos trangênicos estão ancorados em ques-
ce sim individualmente a cada ser humano. E se ao
tões de ordem econômica e tecnológica, vinculados
acaso, o enfermo necessitar que sua parte do geno-
aos progressos e à necessidade da ciência avançar,
ma individual seja revelada, caberá aos médicos e
não várias vezes tangenciando a crítica a um possí-
outros profissionais da saúde, manter sigilo absoluto
vel obscurantismo da parte de quem, contrariamen-
da informação.
te, coloque-se contra a liberação de tais produtos.
Sabe-se que as informações advindas do proje-
Os fatos que restringem à liberação dos produ-
to genoma, devem servir para melhorar a saúde em
casos como antecipação do processo terapêutico tos trangênicos, surgiram contrariedades com a nova
no tratamento de uma doença, entretanto é preci- tecnologia. Inicialmente restrita aos movimentos am-
so prevenir aspectos prejudiciais que eventualmente bientalistas, na medida em que repercutem, nas so-
poderão. ciedades, comentários contrários à inovação e que
Será que o conhecimento do material genético os governos mais e mais discutem o tema e criam
de uma pessoa não permitirá sua exclusão social ou controles sobre o mesmo. Os principais argumentos
econômica? Empresas seguradoras de saúde pode- contrários a esses produtos estão relacionados aos
riam, por exemplo, utilizar o mapeamento genético temores quanto à sua prejudicialidade à saúde hu-
para alterar os valores dos serviços ou excluir clientes mana, animal e ao meio ambiente, argumentos es-
que demonstrassem grande propensão a determina- tes que estão amplamente discutidos no decorrer do
das patologias. O mapeamento genético individual, presente trabalho.
poderia se tornar uma fonte de estigmatização e O código de defesa do consumidor brasileiro ga-
discriminação social, onde a população portado- rante o direito do consumidor em ser informado a res-
ra de anomalias genéticas poderia ser considerada peito da existência de componentes geneticamen-
“defeituosa” enquanto que, pessoas com menor te modificados nos gêneros alimentícios, tenham ou
quantidade ou nenhuma anomalia genética, seriam não sido embalados, já que existe conclusão cien-
consideradas seres dignos de respeito. Essa conse- tífica definida a respeito dos riscos que os alimentos
quência denomina-se Eugênia, que surgiria com a trangênicos possam apresentar à saúde.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

No dia 24 de abril de 2004, o Presidente Luis Iná- tes dessa multiplicação. Consideram-se ainda os seg-
cio Lula da Silva assinou a instrução Normativa nº mentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos ADN/
01 de 01/04/2004 da Casa Civil, Decreto 4.680 de ARN natural; IV Organismo geneticamente modifica-
24/04/2003, e a Portaria MJ 2.658 22/12/2003. O referi- do é aquele cujo material genético (ADN/ARN) tenha
do decreto visa regulamentar o direito à informação sido modificado por qualquer técnica de engenharia
do consumidor, assegurado pelo Código de Defesa genética; Engenharia genética - atividade de mani-
do Consumidor, Lei nº 8078/1990, no que tange aos pulação de moléculas ADN/ARN recombinante.
alimentos e ingredientes alimentares destinado ao Os OGMS (organismos geneticamente modifica-
consumo com mais de 1% de transgenia, devendo do) foram introduzidos ao meio ambiente no século
existir nos respectivos rótulos um “destaque” em re- passado, nesta época melhoristas de plantas e ani-
lação aos dados de alimentos trangênicos, a fim de mais utilizavam-se dos recursos genéticos de espé-
que os consumidores possam optar em adquirir pro- cies, cultivares e raças locais em programas de me-
dutos “geneticamente modificados”. lhoramentos de plantas3, os produtos advindos desse
Pelo exposto a presente pesquisa tem o objetivo processo apresentavam resistência a doenças, pra-
de analisar a referida instrução e a sua aplicabilidade gas ou estresse, balanço nutricional, forma e forma-
junto ao Código de Defesa do Consumidor. to dos frutos bem como a sua qualidade nutricional,
portanto não apresentava riscos para a humanidade.
2 TRANGÊNICOS: ASPECTOS GERAIS Hoje um estudo realizado pela ESA (Sociedade
O assunto embora seja atual e muito discutido em Ecológica Americana) com o objetivo de avaliar os
todos os aspectos seja, econômico, jurídico, social ou riscos ecológicos que trazem os OGMS – Organismos
ambiental, envolve um certo grau de conhecimento Geneticamente Modificados, detectou alguns aspe-
de física, genética e biotecnologia, para tanto bus- tos preocupantes ao meio ambiente e a biodiversida-
cando um melhor entendimento e assimilação das de das novas
informações que ora se terá no decorrer do presente biotecnologias, entre elas, estão as origens de
novas plantas daninhas, amplificações dos efeitos de
estudo faz-se necessário disponibilizar, primeiramen-
plantas daninhas existentes, danos a espécies não
te, os conceitos de alimentos trangênicos, mostrando
alvo, perturbação de comunidades bióticas, feitos
as terminologias para um conseqüente domínio do
adversos em processos dos ecossistemas e desperdí-
tema.
cio de valiosos recursos biológicos4. 247
Um organismo é denominado trangênico quando
Vive-se uma revolução tecnológica, na qual re-
é misturado a ele gene de outras espécies, processo
gras são alteradas profundamente, gerando diver-
este que modifica o produto, atribuindo outras carac-
sas reações, mesmo que as pesquisas e experiências
terísticas a ele. O referido processo é muito utilizado
científicas visam o aprimoramento das condições de
na agricultura, com a finalidade de produzir alimentos
vida do homem na terra, a engenharia genética,
fortes, os quais resultam aos insumos, ao fenômeno da
mexe com paradigmas estabelecidos, e este proces-
natureza e também ao enriquecimento nutricional.
so causa conflitos divide opiniões e é discutido por to-
O alimento trangênico pode ser criado através dos os segmentos, cada um com um interesse distinto,
da junção de fragmentos de DNAs de espécies dife- para o ordenamento jurídico cabe tentar solucionar
rentes aos quais formam um novo fragmento que é as ações judiciais.
introduzido na planta com a função de transforma-la. Questões como, segurança dos alimentos gene-
Outra técnica consiste na colocação de DNAs direta- ticamente modificados, seus riscos e benefícios, têm
mente na planta, ao qual, gerará uma nova planta. causado muitas discussões “nos meios científicos, no
segmento industrial, nos movimentos sociais e ecoló-
De acordo com a Lei 8.964/1995: gicos, nos fóruns internacionais, nos tribunais, na im-
“OGM - Definição legal: I organismo- Toda entida- prensa, e, aos poucos, junto à população, que não
de biológica capaz de reproduzir e/ou de transferir tem, entretanto, a verdadeira dimensão de o quanto
material genético, incluindo vírus, prions e outras clas- os produtos transgênicos (aqueles que tiveram sua
ses que venham a ser conhecidas; II – ácido desoxir- estrutura genética alterada, ganhando novas carac-
ribonucléico (ADN) ácido ribonucléico (ARN) – mate- terísticas através da utilização de genes de outros or-
rial genético que contém informações determinantes ganismos) já fazem farte de seu cotidiano”5.
dos caracteres hereditários transmissíveis à descen- Estes motivos faz com que se gere uma gama de
dência; III – moléculas de ADN/ARN recombinante – discussão no âmbito jurídico e muita dificuldade para
aquelas manipuladas fora das células vivas, median- uma regulamentação satisfatória e legal que aten-
te a modificação de segmentos de ADN/ARN natural da, o consumidor, o fornecedor, o meio ambiente,
ou sintético que possam multiplicar-se em uma célula pesquisador e todos os outros envolvidos nesta gran-
viva, ou ainda, as molécuilas de ADN/ARN resultan- de batalha.

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2.1 LEGISLAÇÃO DE BIOSSEGURANÇA Já a Lei nº. 9.279/96 define microorganismos


A Lei de biossegurança, no Brasil é recente, en- trangênicos como organismos, exceto todo ou
quanto outros países já discutem a anos a questão da parte de plantas ou animais que expressam, median-
introdução de Organismos Geneticamente Modifica- te intervenção humana direta em sua composição
dos, o Brasil só em 1995 é que teve sua 1a. Lei editada. genética, uma característica normalmente não al-
A afirmação que ora se faz, não significa, insufi- cançável pela espécie em condições naturais”8
ciência na Legislação por se tratar de assunto novo, Há de se levar em consideração o crescimento
pois a mesma foi elaborada à luz da discussão dos da biotecnologia e a sua importância para o desen-
outros países, os quais já se tem uma longa caminha- volvimento mundial, porque pode apontar, por meio
da, além disto há de se ressaltar, o assunto polêmico da pesquisa solução para muitos problemas da hu-
e abrangente a que se trata aqui, quando se fala em manidade, portanto como conseqüência pode-se
economia, meio-ambiente e vida humana, é muito ocorrer riscos à saúde humana e ou animal, sendo as-
difícil implantar uma Lei, a qual assegure todos estes sim há de haver uma legislação, a qual regulamente
aspectos, muitas vezes, o que é benefício para um este processo e possa haver uma fiscalização evitan-
vai a detrimento do outro. Destaca-se também os do que se torne um problema a sociedade. E neste
avanços da biotecnologia, as possibilidades surgidas sentido é que surge a biossegurança, cuja legislação
diariamente para a melhoria genética de plantas e internacional já existe há anos.
animais. Então diante desta situação os sistemas im- Embora a legislação brasileira seja recente sobre
plantados, por mais que sejam discutidos são frágeis biossegurança ter pouco tempo não apresenta insu-
e se torna muito difícil encontrar uma legislação única ficiência, pois a para a elaboração da mesma utili-
para os problemas desta pesquisa. zou-se da discussão que os outros países já haviam
O tema biossegurança está previsto no art 225 da realizado, evitando-se assim refazer muitas coisas. A
Constituição Federal § 1o., II e V que versam: Lei, a qual esta exposta acima foi editada em 1995 e
“Todos tem direito ao meio ambiente ecologi- é a 1a. Lei brasileira sobre biossegurança.
camente equilibrado, bem como de uso comum do Embora existam países como os EUA, Inglaterra e
outros países europeus com uma legislação já bem
povo e essencial á sadia qualidade de vida,
antiga não se conseguiu chegar, até a presente data
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
a uma Lei que assegure a proteção da economia,
248 dever de defende-lo e preserva-lo para as presente e
do meio ambiente e principalmente da vida huma-
futuras gerações (...) § 1o. Para assegurar a efetivida-
na, pois as técnicas de biotecnologia avançam as-
de desse direito, incumbe ao poder público (...) II pre-
sustadoramente e a cada dia surge inúmeras possibi-
servar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
lidades de novos avanços para a melhoria genética
prover o manejo ecológico das espécies e ecossiste-
de plantas e animais e os sistemas vigentes mostram
mas (...) V – Controlar a produção, a comercialização
uma certa fragilidade e não conseguem dar conta
e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
de responder a todas as questões que envolvem o
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e
problema.
o meio ambiente”6 .
Então neste aspecto muita coisa não teve neces-
O referido artigo da Constituição Federal foi re-
sidade de ser rediscutido, apenas adaptado para a
gulamentado pela Lei n º 8.974 de 05/01/1995, sen- realidade brasileira e foi no ano de 1995 que foi edi-
do que a tal legislação estabelece regras para o uso tada a 1a. lei de biossegurança em nosso país
de técnicas de engenharia genética, à liberação do A Legislação elencada abaixo mostra que há um
meio ambiente de Organismos Geneticamente Modi- empenho muito grande em informar sobre os orga-
ficados, porém é abrangente porque tem como tute- nismos geneticamente modificados para uma possí-
la a vida, a saúde pública e o meio ambiente e quan- vel regulamentação, visando o meio ambiente e a
do evocada dá conta de proteger os direitos tanto vida humana.
da sociedade como do cidadão como indivíduo.
Em seu bojo, traz conceitos operacionais, com o Constituição Federal (especialmente o artigo 225)
intuito de fornecer dados, os quais facilitam o entendi- Lei nº 8.974/95 (Lei de Biossegurança)
mento da referida Lei pelas autoridades interessadas Decreto nº 1.752/95 (regulamenta a Lei de Bios-
no assunto, evitando assim interpretações dúbias que segurança)
resultam em injustiças ou inaplicabilidade da mesma. Instruções Normativas da CTNBio
De acordo com a lei Organismo é “toda entidade Código de Defesa do Consumidor - Lei nº 8.078/90
biológica capaz de reproduzir e/ ou transferir material (especialmente, artigos 6º, II e III, 9º, 31, 66)
genético, incluindo vírus, príons e outras classes que Lei nº 6.938/81 - Lei da Política Nacional do Meio
venham a ser conhecidas”7 . Ambiente

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Lei nº 9.605/98 - Lei dos Crimes Ambientais O decreto visa que a rotulagem deve ser trata-
Resolução CONAMA nº 01/86 da sob a ótica da proteção e defesa do consumidor,
Resolução CONAMA nº 237/97 principalmente no fornecimento de informações so-
Lei nº 9.279/96 - Lei de Patentes bre os produtos colocados no mercado.
Lei nº 9.456/97 - Lei de Proteção de Cultivares O Juiz Newton de Lucca versa que:
Fonte: Idec “a discussão sobre a necessidade ou não de
constar na embalagem do produto a informação
Devido ao tema da pesquisa, apresentou-se o rol de que se trata de grão Geneticamente Modifica-
da legislação existente, a fim de ressaltar o aparato do passa a ser um problema próprio do Código de
legal acerca dos trangênicos, porém para se obter defesa do Consumidor e quer me parecer, no caso,
a resposta do problema desta pesquisa e atingir os que ela é facilmente resolúvel, diante do incontro-
objetivos propostos o próximo capítulo limita-se ape- verso direito do consumidor de ter a mais ampla in-
nas a análise do Código de defesa do Consumidor e formação sobre o produto ou serviço que adquire”
do Decreto no. 4.680 de 24/04/2003, cujo estudo é a O direito de cada um decidir se vai ou não con-
base deste artigo. sumir alimentos trangênicos, mesmo que a separa-
ção das cadeias produtivas tenha um custo, o direi-
3 TRANGENICO: DIREITO A INFORMAÇÃO COM to de escolha
BASE NA AUTOAPLICABILIDADE DO DECRETO No. De acordo com Almeida:
4.680 de 24/04/2003 “Conquanto seja um direito básico do consumi-
Existem aspectos positivos, mas, também muitos dor, e uma decorrência do princípio da transparên-
negativos, dos produtos trangênicos, o que acentua cia, a informação ao consumidor assume posição
as discussões e dificulta o aspecto jurídico, gerando relevante para instrumentalizar sua defesa. É obriga-
uma infinidade de dúvidas jurídicas . ção do fornecedor informar ao consumidor todos os
Em relação a informação existem ações que de- dados acerca dos produtos e serviços, como quan-
fendem o cumprimento da Lei Brasileira, principal- tidade, riscos, características, composição, data de
mente no que tange ao direito do consumidor e a validade, qualidade e preço, para que o consumi-
legislação do meio-ambiente, visando a sua segu- dor possa exercer livre e conscientemente a sua es-
rança. colha·” 249
Por isso em 25/03/1997, foi protocolado junto a Com o crescimento das discussões sobre a in-
Assembléia o projeto de lei 2.905 que visa o estabe- trodução dos produtos trangênicos observa-se uma
lecimento de regras para a comercialização de ali- grande tendência de se distinguir os alimentos ge-
mentos geneticamente modificados e cria a obriga- neticamente modificados daqueles que não são por
toriedade de que sejam rotulados. meio da rotulagem, sendo este processo o mais efi-
Muitas idéias controvertidas como, por exemplo, caz para se obter a informação de que o alimento é
a de que a falta de comprovação cientifica de dano ou não trangênico.
a saúde não autoriza a comercialização do produto Com isso o Decreto 4.680/03 de 24/04/03 entra em
como se fosse inofensivo. Surgiram nestas discussões, vigor e revoga o Decreto no. 3.871 de 18/06/2001, no
porém alguns pensamentos, os quais defendiam que referido Decreto está contido que todos os produtos
o direito do consumidor a informação era uma ques- com mais de 1% de materiais geneticamente modifi-
tão de oportunizar a ele o direito de escolha. cado deve estar impresso no rotulo esta informação
“O decreto 3.871 dispôs, dentre outras coisas, so- e o símbolo T para caracterizar os trangênicos. O re-
bre a criação de uma comissão interministerial sobre ferido Decreto vai de encontro com o art. 4o. caput
a rotulagem de alimentos que contenham OGM em- 6o. III e 31 do Código de defesa do Consumidor em
balados para consumo humano. que diz:
Porém no mesmo Decreto 3871 foi definido “A Política Nacional das Relações de Consumo
que seria rotulados apenas os alimentos trangê- tem por objetivo o atendimento das necessidades
nicos e não os seus derivados, esta medida foi ado- dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saú-
tada por causa do alto custo que teria a rotulagem de e segurança, a proteção de seus interesses eco-
destes produtos, uma vez que deveria ser levantado nômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
junto aos OGMS o percentual de trangênico desde o como a transparência e harmonia das relações de
momento do plantio até as prateleiras dos supermer- consumo” e o princípio III reza: harmonização dos
cados e fixou as regras para rotulagem de alimentos interesses dos participantes das relações de consu-
que contenham mais de 4% de seu peso ou volume mo e compatibilização da proteção do consumidor
constituído por produto trangênico com a necessidade de desenvolvimento econômi-

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co e tecnológico de modo a viabilizar os princípios te, também ressaltar, a expressão compatibilização


nos quais se funda a ordem econômica, sempre com com a necessidade do desenvolvimento econômico
base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consu- e tecnológico, o que muito raro é praticado, pois o
midor e fornecedor. desenvolvimento econômico e tecnológico cresce
De acordo com a Lei 8.078/90 de 11 de setembro em uma velocidade assustadora, quando se pensa
de 1990 – denominada Código de Defesa do Con- em regulamentar uma questão, outra já está surgin-
sumidor, em seu art. 1o. diz que: o presente código do e hoje a preocupação é ainda mais constante
estabelece normas de proteção e defesa do consu- para o ordenamento jurídico, em que os produtos ge-
midor, de ordem pública e interesse social nos termos néticos tomaram uma proporção enorme no espaço
do art. 5o. – inciso XXXII 170, inciso V da Constituição social, a engenharia genética surge com o objetivo
Federal e art. 48 de suas disposições transitórias. de solucionar problemas, que talvez, já se perduram
Art. 2o. Consumidor é toda pessoa física ou jurídi- por séculos, mas para isso é necessário, muitas vezes,
ca que adquire ou utiliza-se de produtos ou serviços transformar uma realidade e anos de conceitos. É
como destinatário final. nesse sentido que o conhecimento pleno da Legisla-
Art 3o. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica ção se faz necessário e há de se lembrar ou de bus-
, publica ou privada, nacional ou estrangeira, bem car um ponto de equilíbrio para que as mudanças
como os entes despersonalizados, que desenvolvem não se tornem uma ameaça para o meio ambiente
atividade de produção, montagem, criação, cons- e principalmente para a vida humana.
trução, transformação, importação, exportação, dis- No art 6o. do Código de defesa do Consumidor
tribuição ou comercialização de produtos ou presta- são estabelecidos os direitos básicos do consumidor:
ção de serviços. I - A proteção da vida, saúde e segurança contra
§ Produto é todo bem móvel ou imóvel, material os riscos provocados por práticas de fornecimento
ou imaterial. de produtos ou serviços considerados perigosos ou
§ serviço é qualquer atividade fornecida no mer- nocivos;
cado de consumo mediante remuneração, inclusive II - a educação e divulgação sobre o consumo
as de natureza bancária, financeira, de crédito e se- adequado dos produtos e serviços, assegurando o
curitária, salvo as decorrentes das relações de cará- direito a escolha e a igualdade nas contratações.
ter trabalhista. III - a informação adequada e clara sobre os dife-
250 O Código de defesa do Consumidor em seu art. rentes produtos e serviços, com especificação corre-
12 § 1o. – responsabiliza o fornecedor por defeitos
ta de quantidade, característica, composição, qua-
ou quando o produto não oferece a segurança que
lidade, preço, bem como sobre os riscos que apre-
dele
sentam;
espera.
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e
O fornecedor independentemente da existência
abusiva, métodos comerciais coeiretivos ou desleais,
de culpa, é responsável pelos danos causados pelo
bem como práticas e cláusulas abusivas ou impostas
produto defeituoso ou por não ter dado informações
no fornecimento de produtos ou serviços.
suficientes e adequadas sobre a utilização do produ-
V - a modificação das cláusulas contratuais que
to e riscos que ele oferece.
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua re-
Todas as vezes que um produto ou serviço cau-
visão em razão de f fatos supervenientes que as tor-
sas um acidente, os responsáveis são: o fabricante ou
nam excessivamente onerosas;
produtor;
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos
Os alimentos de acordo com art. 18 § 6o. do CDC
São impróprios ao uso e consumo: patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Os produtos cujo prazos de validade estejam ven- VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrati-
cidos; já os produtos deteriorados, alterados, adulte- vos, com vistas a prevenção ou reparação de danos
rados, avariados, falsificados, corrompidos, frauda- morais, patrimoniais, individuais, coletivos ou difusos,
dos, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou ainda assegurada a proteção jurídica, administrativa e téc-
aqueles em desacordo com as normas regulamenta- nica aos necessitados;
res de fabricação, distribuição ou apresentação; VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, in-
Os produtos que por qualquer motivo se revela- clusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor,
rem inadequados ao fim a que se destinam. no processo civil, quando, a critério do juiz, for veros-
Entende-se pela referida determinação do Códi- símil a alegação ou quando for ele hiposuficiente, se-
go exposto acima, uma clareza no que se refere a gundo as regras ordinárias de experiências;
proteção do consumidor, principalmente ao se tra- X – a adequação e eficaz prestação dos serviços
tar de qualidade de vida e segurança. É importan- públicos em geral.

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Neste sentido o Código de defesa do Consumi- Buscando uma regulamentação do direito à in-
dor defende além da informação, e no art. 8O. – pa- formação, assegurada pela Constituição Federal e
rágrafo único estabelece “em se tratando de produ- pelo Código de Defesa do Consumidor, é que foi
to industrial, ao fabricante cabe prestar as informa- editado em 24 de abril de dois mil e três o decreto
ções a que se refere este artigo, através de impressos no. 4.680/03, sendo que no seu art. 2o. escreveu: “Na
apropriados que devam acompanhar o produção, comercialização de alimentos ou ingredientes ali-
no caso, subentende a rotulagem, o direito de esco- mentares destinado sao consumo humano ou animal
lha, a qual deve ser fornecido pelo fornecedor, pois que contenham, ou sejam produzidos a partir de or-
o consumidor não é obrigado a consumir um produ- ganismos geneticamente modificados, com presen-
to que contenha organismos geneticamente modifi- ça acima do limite de um por cento do produto, o
cados, ou seja deve ser lhe informado para que ele consumidor deverá ser informado da natureza tran-
faça a opção de consumir ou não. gênica desse produto” 13
Conforme o que versa no capitulo V, das práticas § 1o. Tanto nos produtos embalados como nos
comerciais, o art. 31 – A oferta e apresentação de vendidos a granel ou in natura, o rótulo da embala-
produtos ou serviços devem assegurar informações gem ou do recipiente em que estão contidos deverá
corretas claras, precisas constar, em destaque, no painel principal e em con-
ostensivas em língua portuguesa sobre suas ca- junto com o símbolo a ser definido mediante ato do
racterísticas, qualidades, quantidades, composições, Ministério da Justiça, uma das seguintes expressões.
preço, garantia, prazos de validade e origem, entre Dependendo do caso (nome do produto) trangê-
outros dados, bem como os riscos que apresentam à nico” contém nome do ingrediente ou ingrediente)
saúde e segurança dos consumidores. trangênico(s) ou produto produzido a partir (nome
Não se tem dúvida quanto a apresentação das do produto) trangênico”.14
informações e porque se demora tanto para regula- Art. 4o. Aos alimentos e ingredientes alimentares
mentar algo que já está previsto, o que falta é ape- que não contenham nem sejam produzidos a partir
nas estabelecer critérios. de Organismos geneticamente modificados será fa-
Quando se trata de infrações penais o Código
cultada a rotulagem “( nome do produto ou ingre-
de Defesa do Consumidor é claro em determinar no
diente) livre de trangênicos”, desde que tenham simi-
seu art. 66o.: “Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou
lares transgênicos no mercado brasileiro.
omitir informações, relevante sobre a natureza, ca- 251
Entretanto, a rotulagem não deve ser vista como
racterística, qualidade, quantidade, segurança, de-
uma medida única de segurança alimentar, pois, se-
sempenho, durabilidade, preço ou garantia de pro-
gundo acentuou o ministro, a determinação de ava-
dutos ou serviços”:
liação prévia da biossegurança dos OGM, do ponto
Pena – detenção de 3 meses a 1 ano e multa.
de vista da saúde humana, animal e do meio am-
§ 1o. Incorrerá nas mesmas penas quem patroci-
biente, continua sendo competência legal atribuída
nar a oferta.
à CTNBio.15
§ 2o. se o crime é culposo:
Ainda no mesmo decreto fica definido que a fis-
Pena – Detenção de 1 a seis meses de multa”
No que tange aos objetivos deste estudo, há de calização deve ser feita pelo Ministério da Agricultu-
se colocar em favor de que seja aplicado as penas ra, quando se tratar do processo do campo e pela
previstas no caso de omissão de informação, pois Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
entende-se que os transgênicos, Organismos geneti- que deve fiscalizar os produtos nos Supermercados.
camente Modificados, embora, tenham surgido com “O direito de informação apresenta-se como fun-
a intenção de sanar problemas, tem os seus lados damental para preservar o consumidor, pautando
negativos, e mesmo que seja provado a sua inofen- pela lealdade e veracidade, sendo o dever de infor-
sividade, ainda assim o consumidor tem o direito de mar, pedra angular da defesa do consumidor, razão
optar por consumi-lo ou não. porque o seu oposto, ou seja, a desinformação ou
Quando se trata de alterações, cuja essência é não informação, a publicidade abusiva ou engano-
a natureza, vegetal, animal ou humana, a cautela sa, constitui crime” 16
deve ser redobrada, pois esses temas dividem opi- A preocupação de informar o consumidor não se
niões, dos mais diversos segmentos e as opiniões se dá somente pelo repasse de dados sobre o produto,
divergem, e são tomadas de acordo com o conhe- mas sim para a sua segurança, pois quando se trata
cimento de cada cidadão e os padrões pré-estabe- de mudança em produtos alimentícios, em conside-
lecidos, principalmente no aspecto religioso, então ração às pessoas que às vezes, não podem consumir
além de direito a informação, ou de escolha, a ques- determinados produtos, pois os mesmos podem cau-
tão da rotulagem é também uma questão de respei- sar danos à saúde, como alergias ou qualquer outro
to a nação não só brasileira como mundial. tipo de reação.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Destaca-se também a rotulagem nos alimentos VI – Suspensão de fornecimento de produtos ou


importados, os quais antes não passavam por fisca- serviços;
lização. VII - Suspensão temporária de atividade
De acordo com Varella: VIII – Revogação de concessão ou permissão de
“A segurança dos alimentos Geneticamente Mo- uso;
dificados não é o único ponto importante. Consumi- IX – Cassação de licença do estabelecimento ou
dores têm também o direito de escolha. A escolha de atividade;
pode ser baseada nas características do produto, tais X - Interdição, total ou parcial, de estabelecimen-
como sabor, valor nutricional e preço, o que pode ser to, de obra ou de atividade;
afetado pela engenharia genética. Também pode XI – Intervenção administrativa;
ser baseado em relação ao como o alimento foi pro- XII Imposição de contrapropaganda.
duzido. (...) Finalmente o processo de engenharia ge- Além destas previstas no artigo ora citado, ainda
nética também suscita questões morais e religiosas encontra-se previstas outras penas nos artigos: 60, 63,
para algumas pessoas que podem querer não com- 64, 66, 69 do Código de defesa do Consumidor e a
prar produtos produzidos por estas técnicas.”17, Lei 11.105 de 24 de março de 2005 que regulamenta
Os rótulos devem conter todas as informações, os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 da Constituição
porque no comércio é o recurso mais eficaz, em rela- Federal, estabelece normas de segurança e meca-
ção a transmissão de informação e o direito do con- nismos de fiscalização de atividades que envolvam
sumidor deve ser respeitado para que ele exerça o organismos geneticamente modificados – OGM e
direito a escolha do produto que quer consumir. seus derivados, cria o Conselho Nacional de Bios-
A Lei deve ser cumprida e o seu agente respon- segurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica
sável e fiscalizador é o Estado, porém, segundo in- Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre
formações colhida site www.midiaindependente. a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga
org “até agora poucos alimentos foram vistos com a a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida
rotulagem nos supermercados. O Ministério da Agri- Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os
cultura, que deve fiscalizar o processo no campo, e arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de
a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), dezembro de 2003, e dá outras providências. 19
que deve fiscalizar os produtos nos supermercados, O decreto 4.680/03 de acordo com o art. 6o. diz:
252 não estão fazendo grandes esforços. Ainda segundo À infração ao disposto neste Decreto aplica-se as
o mesmo site, “a desculpa dada é que o Ministério penalidades previstas no Código de Defesa do Con-
da Justiça não regulamentou o Decreto. sumidor e demais normas aplicáveis.
Tendo em vista a afirmação da advogada do De acordo com Claudia Marques:20
Instituto de Defesa do Consumidor, Andréa Salazar18 “No sistema do CDC a falha na informação, ti-
que o decreto é autoaplicável é que buscou através pificada pela disparidade com as indicações cons-
desta pesquisa descobrir porque o Decreto, que já tantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
foi editado desde o ano de 2003 ainda não esta vi- mensagem publicitária, é considerada vício de qua-
gorando, ou seja não está sendo aplicado, junto aos lidade do produto”.
produtos geneticamente modificados, sendo que o A questão da rotulagem e a identificação dos ali-
Código de Defesa do Consumidor é bem claro, em mentos transgênicos como forma de exigir o cumpri-
relação ao descumprimento das Leis que protegem mento de todos os artigos, destinados a informação,
o consumidor, colocando em prática o ordenamen- do Código de Defesa do Consumidor e do Decreto
to jurídico, as penalidades que o Código de defesa no. 4.680/2003 é um desafio aos tribunais, pois devem
do Consumidor prevê, sendo multa, retirada do pro- ser cumpridos havendo de prevalecer o direito e a
duto do comércio, e outras sanções administrativas e vontade do cidadão em ser informado e poder optar
penais, conforme o que determina o art. 56: pelo consumo do produto.
As infrações das normas de defesa do consu- Hoje os meios de comunicação, a internet, a ra-
midor ficam sujeitas, conforme o caso, ás seguintes pidez com que chega as informações, nos lares bra-
sanções administrativas sem prejuízo das de natureza sileiros, são fatores, os quais precisam ser levados em
civil, penal e das definidas em normas específicas: consideração, para que se cumpra ou se faça cum-
I – Multa; prir as exigências da legislação ora estudada neste
II Apreensão do produto; artigo, pois o seu descumprimento pode refletir ne-
III – Inutilizarão do produto gativamente, quanto a aceitação dos Organismos
IV – Cassação do registro do produto junto ao ór- Geneticamente Modificados e é sabido que estas
gão competente; pesquisas têm objetivos importantes para a vida hu-
V – Proibição de fabricação do produto; mana.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A engenharia genética cresce assustadoramen- Biotecnologia e sustentabilidade.


te, no mundo inteiro, porém as informações sobre o
assunto ainda são escassas e a legislação, tanto em A expectativa de o crescimento populacional
outros países, como no Brasil ainda não dá conta de atingir 9 bilhões de habitantes em 2050 põe em pauta
responder a todos os problemas jurídicos que acerca a busca da sustentabilidade para o aumento a ofer-
o tema. ta de alimentos. Uma metodologia alternativa que
No decorrer do trabalho buscou-se estudar os pro- contribua para a redução do impacto desse cenário
dutos geneticamente modificados – OGM – T, dando envolve a biotecnologia, que, nas últimas décadas,
importância aos termos técnicos utilizados pela en- trouxe marcantes oportunidades tecnológicas na
genharia genética, uma vez que a maioria da po- agricultura, resultando em relevante desenvolvimen-
pulação detém de pouco conhecimento sobre este to na obtenção de novas variedades de plantas, na
assunto, neste sentido conclui-se que há muita coisa melhoria da qualidade de diversos alimentos e atual-
a ser explorada, principalmente juridicamente. mente também na bioenergia. O estabelecimento
O estudo da Lei de biossegurança nos mostrou de uma agricultura sustentável, que preserve o meio
que no Brasil, apesar de se ter uma legislação recente ambiente e proporcione segurança alimentar futura,
procura aplica-la de forma a garantir um desenvolvi- é um fator primordial para o desenvolvimento da hu-
mento sustentável e um equilíbrio entre ser humano, manidade ante as mudanças climáticas e o declínio
meio ambiente e as pesquisas de biodiversidades. das reservas energéticas não renováveis. Diante das
Nesta perspectiva entende-se que os Organismos previsões de crescimento populacional mundial, exis-
Geneticamente Modificados contam apresentam te o desafio de criar métodos avançados e eficientes
pontos positivos e têm a preocupação de auxiliar o para aumentar a produção de alimentos sem, con-
homem em problemas insolúveis, entretanto não se tudo, esgotar os recursos naturais. Em 2050, o mundo
pode avançar muito sem que se tenha uma certeza provavelmente estará vivendo sob a influência da
dos benefícios e dos malefícios trazidos pela transfor- falta de alimentos para grande parte da população,
mação dos produtos. nesse cenário, a biotecnologia de plantas ocupa
Por fim foi analisados o Decreto 4.680 de 24 de papel central na busca de soluções para atenuar
abril de 2003 e o Código de Defesa do Consumidor os problemas, atuais e futuros, causados pelo estilo
no que se refere ao direito a informação nos rótulos de vida adotado pelo homem. Atualmente,
dos produtos que contenham transgênicos, porque o a produção de transgênicos está difundida em pra- 253
referido decreto determina que seja impresso nos ró- ticamente todas as regiões agrícolas do planeta, e
tulos dos produtos geneticamente modificados e que a adoção da biotecnologia pelos produtores atin-
contenha mais de 1% de transgenia, a informação ge níveis nunca alcançados por outras tecnologias
de que contém transgênicos deixando facultativo avançada, em toda história da agricultura. A razão
para os produtos, os quais não contém transgênicos desse indiscutível sucesso são os benefícios obtidos
a impressão da expressão livre de transgênicos, mas com a produção de plantas transgênicas resistentes
a o estudo mostrou que o Decreto é autoaplicável, a doenças e insetos, a redução no uso de defensivos
portanto não está sendo cumprido e que os órgãos e o aumento da produção. Segundo a FAO (2010), a
competentes, Anvisa e Secretaria da agricultura não previsão de crescimento do setor agrícola brasileiro
estão exercendo a sua função que é a de fiscalizar. até o ano de 2019 é de 40%, quando comparado ao
Diante de tal fato e da gravidade do problema, período-base 2007-2009. Essa previsão de crescimen-
uma vez que os Organismos Geneticamente Modifi- to acentuado da produção brasileira se deve, por
cados se encontram nas prateleiras dos supermerca- um lado, às condições econômicas e ambientais fa-
dos, seria interessante que os órgãos de proteção do voráveis do país, e, por outro, à adoção massificada
consumidor, e de proteção do meio ambiente, como de culturas geradas com o auxílio da biotecnologia.
a CNTbio e Greanpeace interferisse junto a esses ór- Os benefícios ambientais promovidos pela biotec-
gãos para exigir o cumprimento das normas estabe- nologia devem-se à redução da contaminação em
lecidas no referido decreto ou organizar movimentos, consequência do uso mais racional de herbicidas e
os quais possam estar esclarecendo os consumidores da adoção de princípios ativos menos tóxicos. Após
da importância de ser impresso nos rótulos, as infor- 15 anos de uso (1996-2011) da biotecnologia na agri-
mações sobre o percentual de transgênia presentes cultura, os resultados indicam que os benefícios am-
nos alimentos. bientais dos organismos geneticamente modificados
(GM) são muito mais evidentes do que os imprová-
veis riscos. As variedades transgênicas proporciona-
ram melhoria das práticas de cultivo e incremento na
quantidade e na qualidade dos produtos agrícolas,

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

resultando em reforço na renda dos produtores e no Resistência a insetos


crescimento da economia dos países que adotaram Outro uso importante da biotecnologia na agri-
a biotecnologia. Além disso, o uso de plantas trans- cultura são as plantas resistentes a insetos. Essas varie-
gênicas também tem impacto positivo no ambiente, dades permitem a redução do volume de ingredien-
uma vez que o aumento da produtividade dos cul- tes ativos no solo, do número de defensivos químicos
tivos diminui a necessidade de ampliação da área utilizados e, principalmente, da quantidade de apli-
plantada, favorecendo a manutenção de áreas des- cações de inseticidas na cultura. Isto favorece, entre
tinadas à preservação ambiental. outros fatores, a preservação dos inimigos naturais
dos insetos-pragas e a manutenção da biodiversida-
Redução de defensivos de local. Tal diminuição também implica economia
No caso das plantas transgênicas tolerantes a de energia decorrente do uso de equipamentos, re-
herbicidas, as vantagens ocorrem em virtude da di- dução de embalagens descartadas e do tempo gas-
minuição das perdas em razão do controle mais efi- to com monitoramento da presença de insetos.
ciente de plantas invasoras. Os benefícios ambientais Com tudo isso, vê-se claramente que a biotecnologia
devem-se à redução da contaminação em con- empregada à agricultura representa um avanço im-
sequência do uso mais racional de herbicidas e da portante e terá um papel fundamental nas próximas
adoção de princípios ativos menos tóxicos. O glifo- décadas, especialmente no desenvolvimento de va-
sato, por exemplo, usado na soja transgênica, é de riedades que melhorem a qualidade dos alimentos e
classe toxicológica mais baixa que outros herbicidas, aumentem a produtividade, sem esquecer é claro a
além de ser menos persistente no ambiente. sustentabilidade. Trata-se de uma tecnologia inova-
dora, que não apenas permite redução de custos, e,
Efeito nas práticas agrícolas consequentemente, ganhos econômicos para o pro-
A adoção de cultivos tolerantes a herbicidas pro- dutor, como também apresenta vantagens bastan-
porcionou ainda alterações de manejo em relação te relevantes no que diz respeito à preservação de
aos cultivos convencionais. Essas variedades trans- recursos naturais. Em um futuro próximo, a redução
gênicas permitem o uso de um único herbicida de dos custos para o desenvolvimento e a adoção dos
espectro amplo, que pode reduzir a necessidade de produtos da biologia molecular pode aumentar a
combinações de produtos que requerem aplicações variedade de plantas transgênicas e a sua disponibi-
254 múltiplas. Os dois herbicidas comumente usados em lidade para pequenos e médios produtores. Além da
plantas transgênicas tolerantes (glifosato e glu- inserção de características antes ausentes na planta
fosinato de amônio) são de aplicação nas folhas, que pode agregar valor aos seus produtos, multipli-
após o crescimento das plantas (pós-emergência), o cando a renda do agricultor e diminuir dessa forma o
que geralmente permite o uso de herbicidas de um êxodo rural.
modo mais específico. Eles podem ser usados após
o aparecimento das plantas daninhas, possibilitando
que áreas com altas infestações sejam identifica-
das e tratadas, enquanto as áreas menos infestadas
podem ser tratadas com menores quantidades de
herbicidas. Assim, aumenta a habilidade dos agricul-
tores de controlar as plantas daninhas, reduzindo a
dependência do preparo do solo e, com isso, a esco-
lha pelo cultivo mínimo e pelo plantio direto aumen-
ta significativamente. Já que vale resaltar, o excesso
do preparo causa alterações da estrutura, aumento
da erosão e redução da umidade do solo além de
perdas da camada superficial devido ao preparo
excessivo causando danos ambientais permanentes.
Por outro lado, o manejo conservacionista deixa uma
camada de resíduos de plantas na superfície do solo,
prevenindo a erosão, reduzindo a evaporação e au-
mentando a habilidade de absorção da umidade.
A redução do preparo do solo também resulta em
um decréscimo na emissão de gases de efeito estu-
fa, devido principalmente à redução do uso de com-
bustível fóssil, neste caso óleo diesel.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

• HEREDITARIEDADE E DIVERSIDADE DA VIDA –


PRINCÍPIOS BÁSICOS QUE REGEM A TRANSMISSÃO DE
CARACTERÍSTICAS HEREDITÁRIAS. CONCEPÇÕES PRÉ-MENDELIANAS
SOBRE A HEREDITARIEDADE. ASPECTOS GENÉTICOS DO FUNCIONAMENTO
DO CORPO HUMANO. ANTÍGENOS E ANTICORPOS. GRUPOS
SANGUÍNEOS, TRANSPLANTES E DOENÇAS AUTOIMUNES. NEOPLASIAS
E A INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS. MUTAÇÕES GÊNICAS E
CROMOSSÔMICAS. ACONSELHAMENTO GENÉTICO. FUNDAMENTOS
GENÉTICOS DA EVOLUÇÃO. ASPECTOS GENÉTICOS DA FORMAÇÃO
E MANUTENÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA.

Reino Protista. Os radiolários e heliozoários possuem umesquele-


to intracelular composto de sílica.

A
complexidade da célula eucariótica de Os foraminíferos são dotados de carapaças ex-
um protozoário é tão grande, que ela - so- ternas feitas de carbonato de cálcio. As algas diato-
zinha - executa todas as funções que te- máceas possuem carapaças silicosas. 255
cidos, órgãos e sistemas realizam em um ser plurice- Os protistas podem ainda ter adaptações de
lular complexo. Locomoção, respiração, excreção, forma e estrutura de acordo com o seu modo de vi-
controle hídrico, reprodução e relacionamento com da:parasita, ou de vida livre.
o ambiente, tudo é executado por uma única célula, O citoplasma está diferenciado em duas zonas,
que conta com algumas estruturas capazes de rea- uma externa, hialina, o ectoplasma, e outra interna,
lizar alguns desses papéis específicos, como em um granular, o endoplasma. Nesta, existem vacúolos di-
organismo pluricelular. gestivos e inclusões.
Segundo a classificação dos seres vivos em cin-
co reinos (Whittaker – 1969), um deles, o dos Protistas,
agrupa organismos eucariontes, unicelulares, autó-
trofos e heterótrofos. Neste reino se colocam asalgas
inferiores: euglenófitas, pirrófitas (dinoflagelados) e
crisófitas (diatomáceas), que são  protistas autótro-
fos (fotossintetizantes). Os protozoários são protistas
heterótrofos.
 
A célula
 
A célula de um protista é semelhante às células de
animais e plantas, mas há particularidades. Os plastos
das algas são diferentes dos das plantas quanto à sua  
organização interna de membranas fotossintéticas.
Ocorrem cílios e flagelos para a locomoção. A
célula do protozoário tem uma membrana simples
ou reforçada por capas externas protéicas ou, ainda,
por carapaças minerais, como certas amebas (teca-
mebas).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Origem Reino Monera


 
 Os protozoários constituem um grupo de euca- O reino monera é formado por bactérias, ciano-
riontes com cerca de 20 mil espécies. É um grupo bactérias e arqueobactérias (também chamadas ar-
diversificado, heterogêneo, que evoluiu a partir de queas), todos seres muito simples, unicelulares e com
algas unicelulares. Em alguns casos essa origem tor- célula procariótica (sem núcleo diferenciado). Esses
na-se bem clara, como por exemplo no grupo de seres microscópios são geralmente menores do que
flagelados. Há registro fóssil de protozoários com ca- 8 micrômetros ( 1µm = 0,001 mm).
rapaças (foraminíferos), que viveram há mais de 1,5 As bactérias (do grego  bakteria: ‘bastão’) são
bilhão de anos, na encontrados em todos os ecossistemas da Terra e são
Era Proterozóica. Grandes extensões do fundo de grande importância para a saúde, para o am-
dos mares apresentam espessas camadas de depó- biente e a economia. As bactérias são encontradas
sitos de carapaças de certas espécies de radiolários em qualquer tipo de meio: mar, água doce, solo, ar
e foraminíferos. São as chamadas vasas. e, inclusive, no interior de muitos seres vivos.
Ao lado: Microscopia eletrônica da carapaça Exemplos da importância das bactérias:
presente externamente à célula de uma espécie de • na decomposição de matéria orgânica mor-
radiolário. ta. Esse processo é efetuado tanto aeróbia, quanto
anaerobiamente;
• agentes que provocam doença no homem;
• em processos industriais, como por exemplo,
os lactobacilos, utilizados na indústria de transforma-
ção do leite em coalhada;
• no ciclo do nitrogênio, em que atuam em di-
versas fases, fazendo com que o nitrogênio atmosfé-
rico possa ser utilizado pelas plantas;
• em Engenharia Genética e Biotecnolo-
gia para a síntese de várias substâncias, entre elas a
insulina e o hormônio de crescimento.
256  
Estrutura das Bactérias

Habitat Bactérias são microorganismos unicelulares, pro-


cariotos, podendo viver isoladamente ou construir
Os protozoários são, na grande maioria, aquáti- agrupamentos coloniais de diversos formatos. A cé-
cos, vivendo nos mares, rios, tanques, aquários, po- lula bacterianas contém os quatro componentes
ças, lodo e terra úmida. Há espécies mutualísticas e fundamentais a qualquer célula: membrana plasmá-
muitas são parasitas de invertebrados e vertebrados. tica, hialoplasma, ribossomos e cromatina, no caso,
Eles são organismos microscópicos, mas há espécies uma molécula de DNA circular, que constitui o único
de 2 a 3 mm. Alguns formam colônias livres ou sésseis. cromossomo bacteriano.
Fazem parte do plâncton (conjunto de seres que A região ocupada pelo cromossomo bacteriano
vivem em suspensão na água dos rios, lagos e ocea- costuma ser denominada nucleóide. Externamente
nos, carregados passivamente pelas ondas e corren- à membrana plasmática existe uma parede celular
tes). No plâncton distinguem-se dois grupos de orga- (membrana esquelética, de composição química es-
nismos: pecífica de bactérias).
• fitoplâncton: organismos produtores (fotos- É comum existirem plasmídios - moléculas de DNA
sintetizadores), representados principalmente por di- não ligada ao cromossomo bacteriano - espalhados
noflagelados e diatomáceas, constituem a base de pelo hialoplasma. Plasmídios costumam conter genes
sustentação da cadeia alimentar nos mares e lagos . para resistência a antibióticos.
São responsáveis por mais de 90% da fotossíntese no  
planeta.
• zooplâncton: organismos consumidores, isto
é, heterótrofos, representados principalmente por
protozoários, pequenos crustáceos e larvas de muitos
invertebrados e de peixes.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

em que ambos se beneficiam. Além desses modos


mais comuns de vida, existem alguns grupos de fun-
gos considerados predadores que capturam peque-
nos animais e deles se alimentam.
Em todos os casos mencionados, os fungos libe-
ram enzimas digestivas para fora de seus corpos. Essas
enzimas atuam imediatamente no meio orgânico no
qual eles se instalam, degradando-o à moléculas sim-
ples, que são absorvidas pelo fungo como uma solu-
ção aquosa.
Os fungos saprófagos são responsáveis por gran-
de parte da degradação da matéria orgânica, propi-
ciando a reciclagem de nutrientes. Juntamente com
as bactérias saprófagas, eles compõem o grupos dos
organismos decompositores, de grande importância
ecológica. No processo da decomposição, a matéria
orgânica contida em organismos mortos é devolvida
  ao ambiente, podendo ser novamente utilizada por
  outros organismos.
Algumas espécies de bactérias possuem, exter- Apesar desse aspecto positivo da decomposição,
namente à membrana esquelética, outro envoltório, os fungos são responsáveis pelo apodrecimento de
alimentos, de madeira utilizada em diferentes tipos de
mucilaginoso, chamado de cápsula. É o caso dos
construções de tecidos, provocando sérios prejuízos
pneumococos (bactérias causadoras de pneumo-
econômicos. Os fungos parasitas provocam doenças
nia). Descobriu-se que a periculosidade dessas bac-
em plantas e em animais, inclusive no homem.
térias reside na cápsula em um experimento, ratos
A ferrugem do cafeeiro, por exemplo, é uma pa-
infectados com pneumococo sem cápsula tiveram rasitose provocada por fungo; as pequenas manchas
a doença porém não morreram, enquanto pneumo- negras, indicando necrose em folhas, como a da soja,
cocos capsulados causaram pneumonia letal. ilustrada a seguir, são devidas ao ataque por fungos. 257
A parede da célula bacteriana, também conhe- Em muitos casos os fungos parasitas das plantas
cida como membrana esquelética, reveste externa- possuem hifas especializadas - haustórios - que pene-
mente a membrana plasmática, e é constituída de tram nas células do hospedeiro usando os estomas
uma substância química exclusiva das bactérias co- como porta de entrada para a estrutura vegetal. Das
nhecida comomureína (ácido n-acetil murâmico). células da planta captam açúcares para a sua ali-
mentação.
Reino Fungi. Dentre os fungos mutualísticos, existem os que vi-
vem associados a raízes de plantas formando asmi-
Os fungos são popularmente conhecidos por bo- corrizas (mico= fungo; rizas = raízes). Nesses casos os
lores, mofos, fermentos, levedos, orelhas-de-pau, fungos degradam materiais do solo, absorvem esses
trufas e cogumelos-de-chapéu (champignon). É um materiais degradados e os transferem à planta, pro-
grupo bastante numeroso, formado por cerca de piciando-lhe um crescimento sadio. A planta, por sua
200.000 espécies espalhadas por praticamente qual- vez, cede ao fungo certos açucares e aminoácidos
de que ele necessita para viver.
quer tipo de ambiente.
 Algumas plantas que formam as micorrizas natu-
 
ralmente são o tomateiro, o morangueiro, a macieira
Os Fungos e sua Importância
e as gramínias em geral.
 
As micorrizas são muito freqüentes também em
Ecológica plantas típicas de ambientes com solo pobre de nu-
trientes minerais, como os cerrados, no território bra-
Os fungos apresentam grande variedade de mo- sileiro. Nesses casos, elas representam um fator impor-
dos de vida. Podem viver como saprófagos, quando tânte de adaptação, melhorando as condições de
obtêm seus alimentos decompondo organismos mor- nutrição da planta.
tos; como parasitas, quando se alimentam de subs- Certos grupos de fungos podem estabelecer as-
tâncias que retiram dos organismos vivos nos quais se sociações mutualísticas com cianobactérias ou com
instalam, prejudicando-o ou podendo estabelecer algas verdes, dando origem a organismos denomina-
associações  mutualísticas com outros organismos, dos líquens. Estes serão discutidos posteriormente. 

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Econômica As plantas, juntamente com outros seres fotossin-


tetizantes, são produtoras de matéria orgânica que
Muito fungos são aeróbios, isto é, realizam a res- nutre a maioria dos seres vivos da Terra, atuando na
piração, mas alguns são anaeróbios e realizam afer- base das cadeias alimentares. Ao fornecer o gás oxi-
mentação. gênio ao ambiente, as plantas também contribuem
Destes últimos, alguns são utilizados no processo para a manutenção da vida dos seres que, assim
defabricação de bebidas alcoólicas, como a cerve- como elas próprias, utilizam esse gás na respiração.
ja e o vinho, e no processo de preparação do pão. As plantas conquistaram quase todos os ambientes
Nesses processos, o fungo utilizado pertence à espé- da superfície da Terra.
cieSaccharomyces cerevisiae, capaz de transformar Segundo a hipótese mais aceita, elas evoluíram
o açucar em álcool etílico e CO2 (fermentação al- a partir de ancestrais protistas. Provavelmente, esses
coólica), na ausência de O2. Na presença de O2 ancestrais seriam tipos de algas pertencentes ao gru-
realizam a respiração. Eles são, por isso, chamados po dos protistas que se desenvolveram na água. Fo-
de anaeróbios facultativos. ram observadas semelhanças entre alguns tipos de
Na fabricação de bebidas alcoólicas o importan- clorofila que existem tanto nas algas verdes como
te é o álcool produzido na fermentação, enquanto, nas plantas.
na preparação do pão, é o CO2. Neste último caso, A partir dessas e de outras semelhanças, supõe-se
o CO2 que vai sendo formado se acumula no interior que as algas verdes aquáticas são ancestrais diretas
da massa, originando pequenas bolhas que tornam das plantas.
o pão poroso e mais leve. Há cerca de 500 milhões de anos, as plantas ini-
ciaram a ocupação do ambiente terrestre. Este am-
O aprisionamento do CO2 na massa só é possível biente oferece às plantas vantagens como: maior
devido ao alto teor de glúten na farinha de trigo, que facilidade na captação da luz, já que ela não che-
dá a “liga” do pão. Pães feitos com farinhas pobres ga às grandes profundidades da água, e facilidade
em glúten não crescem tanto quanto os feitos com da troca de gases, devido à maior concentração
farinha rica em glúten. de gás carbônico e gás oxigênio na atmosfera. Esses
Imediatamente antes de ser assado, o teor alcoó- fatores são importantes no processo da respiração e
258 lico do pão chega a 0,5%; ao assar, esse álcool eva- da fotossíntese.
pora, dando ao pão um aroma agradável. Mas e quanto a presença da água, tão necessá-
Alguns fungos são utilizados na indústria de laticí- ria à vida?
nios, como é o caso do Penicillium camemberti e do Ao compararmos o ambiente terrestre com o am-
Penicillium roqueforte, empregados na fabricação biente aquático, verificamos que no terrestre a quan-
dos queijos Camembert e Roquefort, respectivamen- tidade de água sob a forma líquida é bem menor e
te. também que a maior parte dela está acumulada no
  interior do solo.
Algumas espécies de fungos são utilizadas direta- Como, então, as plantas sobrevivem no ambien-
mente como alimento pelo homem. É o caso da Mor- te terrestre? Isso é possível porque elas apresentam
chellae da espécie Agaricus brunnescens, o popular adaptações que lhes possibilitam desenvolver no
cogumelo ou champignon, uma das mais ampla- ambiente terrestre  e ocupá-lo eficientemente. As
mente cultivadas no mundo. plantas adaptadas ao ambiente terrestre apresen-
tam, por exemplo, estruturas que permitem a absor-
Reino Plantae. ção de água presente no solo e outras estruturas que
impedem a perda excessiva se água. Veremos mais
As plantas são seres pluricelulares e eucariontes. adiante como isso ocorre.
Nesses aspectos elas são semelhantes aos animais Devemos lembrar que alguns grupos de plantas
e a muitos tipos de fungos; entretanto, têm uma ca- continuaram sobrevivendo em ambiente aquático.
racterística que as distingue desses seres - são auto-  
tróficas. Como já vimos, seres autotróficos são aque- Classificação das plantas
les que produzem o próprio alimento pelo processo
da fotossíntese. As plantas cobrem boa parte dos ambientes ter-
Utilizando a luz, ou seja, a energia luminosa, as restres do planeta. Vistas em conjunto, como nesta
plantas produzem a glicose, matéria orgânica forma- foto, parecem todas iguais. Mas na realidade existem
da a partir da água e do gás carbônico que obtêm vários tipos de planta e elas ocupam os mais diversos
do alimento, e liberam o gás oxigênio. ambientes.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Em geral, os cientistas consideram como critérios vamos representar a seguir todas essas fases, desde
importantes: o zigoto até a gástrula, considerando o padrão mais
• a característica da planta ser vascular ou fácil para o entendimento básico de como elas ocor-
avascular, isto é, a presença ou não de vasos condu- rem.
tores de água e sais minerais (seiva bruta) e matéria Alguns animais desenvolvem-se até um conjunto
orgânica (a seiva elaborada); de células que não chega a formar tecidos verdadei-
• ter ou não estruturas reprodutoras (semente, ros, enquanto a maioria atinge niveis de organização
fruto e flor) ou ausência delas. superiores a tecidos, tais como órgãos e sistemas. É
possivel, assim, distinguir dois grandes grupos:
Os nomes dos grupos de plantas • Parazoa (parazoário; pará = ao lado, zoa =
animal): representado pelos Porifera (esponjas), no
• Criptógama: palavra composta por cripto, qual não há a formação de tecidos verdadeiros.
que significa escondido, e  gama, cujo significado • Eumetazoa (eumetazoários; eu = verdadeiros,
está relacionado a gameta (estrutura reprodutiva). metazoário = animal): representados por todos os ou-
Esta palavra significa, portanto, “planta que tem es- tros animais que possuem tecido diferenciado.
trutura reprodutiva escondida”. Ou seja, sem semen- Dentre os Eumetazoa distinguem-se dois outros
te. grupos: o dos organismos que não passam do nível
• Fanerógama: palavra composta por fanero, de organização superior a tecidos, do qual fazem
que significa visível, e por gama, relativo a gameta. parte os cnidários, e o dos organismos que já apre-
Esta palavra significa, portanto, “planta que tem a sentam os órgãos em sistemas definidos, compreen-
estrutura reprodutiva visível”. São plantas que pos- dendo a maioria dos Eumetazoa.
suem semente. O ramo da biologia qe estuda os animais é deno-
• Gimnosperma: palavra composta por gimm- minado Zoologia (zoo = animal, logus = estudo).
no, que significa descoberta, e  sperma, semente. É muito comum, em Zoologia falar-se em ani-
Esta palavra significa, portanto, “planta com semen- mais invertebrados e animais vertebrados.
te a descoberto” ou “semente nua”. Os invertebrados são todos os animais que não
• Angiosperma: palavra composta por angion, possuem vértebras e, consequentemente, coluna
que significa vaso (que neste caso é o fruto) esper- vertebral. A maior parte dos animais é formada pelos
ma, semente. A palavra significa, “planta com se- invertebrados, caso das esponjas, medusas, planá- 259
mente guardada no interior do fruto”. rias, vermes, minhocas, insetos, siris, estrelas-do-mar e
outros.
Reino Animalia. O termo invertebrado não tem nenhum valor
taxonômico e não corresponde a grupos como filo,
O Reino Animalia é definido segundo caracterís- classe, ordem ou outros; é simplismente um termo vul-
ticas comuns a todos os animais: organismos euca- gar aplicado a todos esses animais.
riontes, multicelulares, heterotróficos, que obtêm seu Os vertebrados correspondem a todos os animais
alimento por ingestão de nutrientes do meio. que possuem vértebras, caso dos peixes, anfíbios,
Mesmo dentro de critérios assim tão amplos, po- répteis, aves e mamíferos. Os vertebrados correspon-
demos encontrar exceções, em funções de fatores dem a um subfilo dentro do filo dos cordados. Dentre
diversos, como a adaptação de organismos a meios os cordados, existem animais invertebrados, como é
de vida especiais. É o que ocorre, por exemplo, com o caso do anfioxo, que vive enterrado na areia, no
alguns endoparasitas que perderam a capacidade ambiente marinho.
de ingestão de nutrientes, obtendo-os por absorção  
direta dos líquidos do corpo dos organismos parasita- Simetria e Locomoção
dos. Todos os animais começam seu desenvolvimen- Animais de organização mais simples, como di-
to a partir de uma célula-ovo ou zigoto, que surge da versas esponjas, possuem formas irregulares, sendo,
fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Assim, a por isso, chamados assimétricos.
reprodução sexuada sempre está presente nos ciclos Em outros animais, podemos passar por seus cor-
de vida dos animais. Isso não significa que a reprodu- pos diversos planos verticais de simetria que passam
ção assexuada não aconteça; ela ocorre e é muito pelo eixo central longitudinal (como nos tipos de es-
importante em alguns grupos. ponjas que crescem com a forma aproximada de
A partir do zigoto, inicia-se o desenvolvimento vaso, nos cnidários e na maioria dos equinodermos,
embrionário, que passa pelas fases de mórula, blás- por exemplo); cada plano permite a separação do
tula e gástrula. São vários os tipos de desenvolvimen- animal em metades equivalentes. São os chamados-
to embrionário, mas, apenas para exemplificação, simétricos radiais, em geral animais cilíndricos ou em

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forma de sino. Os animais simétricos radiais, em sua Não quero dizer que podemos usar todos os re-
maioria, são fixos ao substrato (esponjas adultas, pó- produtores com problemas, não, pelo contrário!! De-
lipos de cnidários etc.), ou movem-se com lentidão vemos é tentar perceber a causa desses problemas e
(medusas, estrelas e ouriços-do-mar etc.). certificarmo-nos que é genética e transmissível antes
No entanto, a simetria predomina no reino ani- de eliminarmos aves com bom potencial genético.
mal é a bilateral. Os animais bilaterais possuem lados Para melhorar a qualidade das nossas aves é essen-
esquerdo e direito, faces ventral e dorsal e extremi- cial eliminar algumas delas retirando os seus genes
dades anterior e posterior. A extremidade anterior é das linhas de reprodução, mas estas aves poderão
aquela em que fica localizada a cabeça, que con- facilmente preencher as necessidades de uma prin-
tém o centro de comando nervoso.   cipiantes e são até por vezes muito boas.
A extremidade posterior é aquela em que, na Por exemplo em algumas linhas de mandarins não
maioria das vezes, situa-se o ânus e os orifícios repro- pretendo que existam gene recessivos para o factor
dutores. malhado pelo que qualquer ave que seja portadora
Nesse tipo de simetria existe um plano sagital que é eliminada (bem como os seus antepassados em al-
divide o animal em duas metades equivalentes. De gumas situações), mas ao mesmo tempo mantenho
modo geral, a simetria bilateral é relacionada ao uma linha distinta de malhados. Os malhados são
modo de vida de «ir em busca» do alimento de uma bons e desejáveis na minha linha de malhados, não
forma mais dirigida. nas outras!!
Todo o indivíduo é o resultado da interacção de
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HEREDITARIEDADE - MA- genética e ambiente. Um bom exemplo disto são os
TERIAL GENÉTICO; COMPOSIÇÃO, ESTRUTURA E DUPLI- canários de factor vermelho. Por muito boa que seja
CAÇÃO DO DNA - CÓDIGO GENÉTICO E MUTAÇÃO. a genética dos pais se os filhos não receberem os
suplementos necessários durante a muda nunca ga-
Por certo que já várias vezes se juntaram duas nharão toda a cor pretendida. Este exemplo é perfei-
aves na esperança de que produzissem crias da cor to para percebermos como as coisas se combinam,
de um dos pais e no final se obteve quase todas as aqui a genética influencia o modo como o pigmen-
cores possíveis mesmo o queríamos. to é absorvido e distribuido pela plumagem mas o
Quando me refiro às cores é por acaso, pois po- ambiente é que controla a quantidade de pigmento
260 dia fazê-lo em relação a variados factores como o que a ave tem para distribuir na plumagem. Supo-
porte, tamanho, qualidades reprodutoras, entre ou- nhamos agora que o criador de esquecia de admi-
tros. A transmissão de certas características de pais nistrar os corantes necessários numa época mas sa-
para filhos é regida por leis que são a base da gené- bia ter um bom cruzamento com resultados já dados
tica e devemos conhecer. em anos anteriores. Não era por os filhos serem la-
É importante saber que alguns factores são tam- ranjas que não poderia ficar com alguns para repro-
bém ambientais e nem sempre é fácil dinstingui-los. dução, muito provavelmente se na época seguinte
Por exemplo uma ave que permaneça no ninho por fornecesse na alimentação os pigmentos necessários
dois meses (como alguns psitacídeos) se não tiver os descendentes desses filhos poderiam exprimir toda
uma alimentação adequada particularmente em a sua capacidade genética.
vitaminas e cálcio pode ficar com problemas de per-
nas. Agora imaginemos que essa ave era um macho Definições
com qualidades extraordinárias como uma nova cor
de plumagem. Muita gente acabaria (?!)por não o Antes de podermos compreender os mecanis-
usar na reprodução, mas o facto é que os problemas mos genéticos em si é importante conhecer alguns
que ele mostra não são transmissíveis aos filhos pois termos.
a sua causa foi ambiental e, com uma alimentação Genótipo: constituição genética do indivíduo.
correcta, quase de certeza que os seus descenden- Fenótipo: Aparência do indivíduo em parte como
tes não teriam quaisquer problemas de pernas. consequência do seu genótipo e ambiente.
Foi por situações semelhantes que algumas mu- Loci (pl) Locus (sing): Localização específica de
tações ganharam fama de serem muito sensíveis ou uma característica (alelo) num cromossoma. Um par
até mesmo letais erradamente. Veja-se o caso dos de alelos (gene) tem loci iguais cada um transpor-
mandarins de bochecha negra onde o cruzamento tando um diferente alelo podendo ou não ser afec-
de dois recessivos ainda é “proibido” pelo surgimen- tados por esses outros alelos. Gene: Unidade de infor-
to de alguns indivíduos melanísticos que morriam sem mação hereditária. É uma zona específica do DNA
deixar descendentes e por causas inteiramente am- dos indivíduos que contém codificada a informação
bientais, devidas a deficiências nutritivas. para a síntese de uma determinada proteína. Alelo:

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cada umas das formas alternativas de um gene, que plo se cruzarmos um macho desconhecido com uma
pode ocupar o respectivo locus e cujo número varia. fêmea recessiva podemos determinar se o macho é
A representação normal é feita por meio de uma le- portador daquele caracter recessivo ou se é puro.
tra. Cromossoma: Unidade do genótipo que contém Caso este seja puro todos os filhos serão como ele,
um grande número de genes.O número de cromos- se fôr portador 25% serão brancos, etc... Esta expli-
somas é específico para cada espécie. cação é muito básica pois geralmente é preciso um
Autossómico: As características herdadas são re- pouco mais do que este único cruzamento.
gidas pelos genes localizados em cromossomas não A limitação destes cruzamentos está no facto de
determinantes do sexo. não permitirem identificar portadores de alelos múl-
Factores ligados ao sexo (“Sex-linked”): Caracte- tiplos para a mesma característica ou seja podem
rísticas herdadas através dos cromossomas sexuais. existir em alguns casos mais do que dois alelos para
No caso das aves os machos possuem um par de o mesmo gene e o efeito da sua combinação variar.
cromossomas Z e as fêmeas um cromossoma Z e um Além disso podemos estar a cruzar para um factor
cromossoma W. Considera-se que estas característi- para o qual o macho ou fêmea a testar não são por-
cas estão baseadas no cromossoma masculino Z, po- tadores mas serem para outros.
dendo ser herdadas numa só cópia pelas fêmeas e
em uma ou duas pelos machos. Factores ligados ao Sexo
Homozigóticos: a presença de dois alelos seme-
lhantes no loci correspondente do mesmo gene. Apli- Existem diversas mutações em muitas espécies
ca-se a genes autossómicos mas também pode ser que são controladas e transmitidas por este meca-
aplicado a características ligadas ao sexo nos ma- nismo genético, pelo que é importante que se com-
chos. preenda o seu funcionamento.
Heterozigótico:a presença de dois alelos diferen- Por definição, e no caso das aves, os factores li-
tes nos loci do mesmo gene. Aplica-se a genes autos- gados ao sexo estão no cromossoma sexual mascu-
sómicos mas também pode ser aplicado a caracte- lino Z. Isto é muito importante porque enquanto os
rísticas ligadas ao sexo nos machos. outros factores nos cromossomas autossómicos são
Recessivo: carcaterísticas expressas no fenótipo transportados em pares em todos os indivíduos de
só quando existem dois alelos para essa característi- ambos os sexos, neste caso os machos transportam
ca nos loci do mesmo gene, caso contrário o efeito 261
dois cromosomas Z e as fêmeas apenas um. Esta si-
desse alelo não é visível, excepto no caso das fêmeas tuação é o inverso do que sucede com os mamíferos
com mutações ligadas ao sexo. onde é o sexo masculino que têm uma situação de
Dominante: caraterísticas que são expressas no herozigotia sexual com um cromossomas X e um Y,
fenótipo mesmo quando só está presente um alelo.
enquanto as fêmeas são XX.
Quando combinadas com um outro alelo recessivo
Por exemplo uma fêmea Gould amarela tem um
dominam-no.
único gene co-dominante para costas amarelas e
Portador: indicado “/”: indivíduo que embora não
contudo tem costas totalmente amarelas e nunca
o demonstre no seu fenótipo transporta alelos recessi-
diluídas (como no caso das machos onde o amarelo
vos ou ligados ao sexo mas que estão escondidos por
perde intensidade em heterozigóticos).
outro gene, podendo mesmo assim ser transmitidos à
Quando da fertilização os óvulos produzidos pela
descendência.
fêmea transportam ou um cromossoma Z ou W ao
FS: Factor Simples. Apenas está presente um alelo
qual sevai juntar um cromossoma Z proveniente do
para a característica. Usa-se para diferenciar os indi-
macho reformando o par ZZ ou ZW conforme a com-
víduos que, expressando um fenótipo dominante não
binação. Assim todos os genes que a mãe tiver no
são puros e transportam outros alelos recessivos.
seu cromossoma Z são passados aos filhos macho
FD: Factor Duplo. Estão presentes dois alelos para
a característica. Apenas faz sentido quando usado (pois recebem um cromossoma Z da mãe), enquan-
para indentificar indivíduos dominantes puros, i.e., to que os filhos fêmea recebem o cromossoma W ao
com dois alelos dominantes. qual se junta um dos Z do macho. É por isso que com
mutações ligadas ao sexo os machos podem pro-
Cruzamentos teste duzir descendência com essa mutação (sempre fê-
meas) mas para se produzirem machos também de
Este cruzamento é feito com um indivíduo homo- mutação temos sempre de ter uma fêmea já muta-
zigótico recessivo para o factor que se pretende estu- da e um macho no mínimo portador (em que apenas
dar, que facilmente se identifica pelo seu fenótipo e existe o gene mutado num dos dois cromossomas Z).
um outro de genótipo conhecido ou não. Por exem-

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Selecção zes vale a pena pagar mais por uma ave e adquiri-la
a um criador que nos pode dar algumas garantias
Entende-se por selecção a escolha não aleató- e informações sobre os seus antepassados. Isso não
ria dos reprodutores de modo a que estes transmitam invalida o que eu disse anteriormente sobre aves de
determinadas características às gerações seguintes. grande potencial não fazerem por si uma linha. O
Desde sempre que o homem faz selecção artificial maior erro de muita gente com efectivos de qualida-
de várias coisas, cruzando animais com força a ou- de média è pensar que pode comprar uma ave mui-
tros com grande tamanho, plantas de frutos grande to boa (geralmente pensa-se sempre no tamanho...)
com outras que produzem mais frutos, mas de meno- e melhorar todo o efectivo a partir dela, o que leva
res dimensões ou melhor qualidade. em pouco tempo a efeitos contrários de consaguini-
Também nas aves se vêem seleccionando à já dade.
vários séculos características específicas. Na Idade Para obtermos uma linha pura NUNCA podemos
média faziam-se concursos de tentilhões para ver trabalhar apenas com uma ou duas aves, nem mes-
qual cantava melhor vencendo os seus rivais. Foi as- mo com um só casal. Se dispusermos de pelo menos
sim que se chegou a criar novas espécies como o dois casais de origens distintas, mas com as mesmas
bengalim do japão ou todas as variedades de caná- características que queremos seleccionar, podemos
rio a partir da ave selvagem. intercruzar os filhos e eliminar todos aqueles que não
Para seleccionarmos temos antes de mais que se enquadrem no pretendido. Desse novo cruzamen-
assegurar que aquele casal apenas acasala entre to devemos obter alguns exemplares puros que de-
si, pelo que convém separá-lo de outros da mesma pois vamos usar em combinações ou cruzamentos
espécies e de espécies intercruzáveis. Tem de ser re- com outras aves para fixar a característica.
ferido um factor que muitas vezes é esquecido por Mesmo assim o mínimo para fixar uma linhagem
quem começa e por quem já sabe do ofício e leva são 3 casais distintos, de preferência 4 ou 5. Só assim
a desilusões frequentes. Quando se fala de selecção podemos garantir que existe suficiente variebilidade
esta apenas faz sentido numa linha e raramente em genética dentro do efectivo para assegurar uma me-
indivíduos isolados. Ou melhor a selecção individual lhoria nas gerações futuras. A variabilidade genética
dos indivíduos deve ter em vista a melhoria de uma é a base de TODA a evolução, perseguir linhas uni-
linha, semelhante ou não. Não podemos esperar que formes é utópico pois acaba por invalidar avanços
262 num único cruzamento se melhore a qualidade das futuros. Só podemos escolher os melhores em gera-
aves isso sucede ao longo das gerações conforme ções sucessivas se ouver alguns melhores que outros!!
vamos mantendo os melhores exemplares e repro- E sobretudo melhores que os pais o que se consegue
duzindo com eles. É errado pensar que comprando juntando os pontos fortes dos reprodutores.
uma ave muito boa se pode fazer milagres, muitas
vezes é desperdiçar de tempo e dinheiro, é rpeciso Consanguinidade
aprender o que se precisa, o que se tem e o que se
quer melhorar nas gerações futuras. Este é outro dos pontos em que muitas vezes se
Depois temos de saber o que queremos produzir erra. Não existe qualquer problema em cruzar irmãos
e como esse factor é transmitido geneticamente. O com irmãos ou filhos com pais desde que se saiba
modo empírico e mais usual é usar aves que mostrem como fazê-lo. Na realidade este é o método mais
aquela caraterística específica e cruzá-las entres si, rápido e eficaz de fixar uma característica porque a
para depois esperar que os filhos demonstrem ainda base genética é semelhante.
mais aquele factor, mas nem sempre isto funciona, é Quando se faz isto tem de se partir de um casal
mais adequado para trabalhar e melhorar mutações não relacionado, isto é os pais nunca poderão ser da
já establecidas. mesma linha. O melhor portanto é tentar adquiri-los
em sítios diferentes. Dito isto, a descendência que
Linhas puras esse casal produz pode ser cruzada entre si escolhen-
do os melhores exemplares (tamanho, porte, cor).
Uma linha pura é aquela em que todos os indiví- Desse cruzamento escolhemos de novo os melhores
duos têm uma constituição genética idêntica e origi- mas agora para cruzar com uma ave semelhante de
nam descendentes idênticos, sendo o resultado do outra linha que não a dos pais ou irmãos. Podemos
cruzamento previsível. por exemplo usar uma fêmea e adquirir um outro ma-
Arranjar linhas puras é complicado e envolve cho. Deste modo quebramos imediatamente a de-
muito tempo de trabalho, em especial com espécies pressão por consaguinidade nos descendentes do
que se reproduzem pouco e atingem a maturidade terceiro cruzamento. Tambén já tive uma situação
sexual muito tarde. Assim, na minha opinião por ve- em que depois de procurar por uma determinada

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ave que queria não fosse relacionada com as que já Caracteres recessivos ligados ao sexo
tinha, depois de finalmente a encontrar (bem longe
de casa) regressei e fiquei muito surpreendido ao ver São mais fáceis de trabalhar apenas por serem
que o número de criador de ambas era o mesmo... ligados ao sexo. Assim basta pensarmos numa coisa,
A consanguinidade resulta do acumular de ge- os machos vão sempre produzir fêmeas recessivas e
nes com efeitos negativos, diminuindo o tamanho e machos portadores independentemente da fêmea
vigor das aves. Quando se começa a partir de boas com que sejam acasalados. Por seu lado as fêmeas
linhas reprodutoras que estão “isentas” de genes vão produzir todos os machos portadores. Para ob-
desfavoráveis é aceitável a consaguinidade e per- termos machos recessivos precisamos de que a fê-
dermos nuns pontos para obter uma ave com uma mea seja recessiva e o macho, no mínimo portador,
boa característica específica a partir da qual vamos o que até é preferível em relação ao acasalamento
establecer cruzamentos para recuperar o que foi de dois recessivos neste caso.
perdido, geralmente tamanho e fertilidade.
Caracteres Dominantes
Esquemas de cruzamentos
A dominância é um pau de dois bicos. É fácil de
O cruzamento a seguir vai depender do tipo de trabalhar porque produz sempre o que queremos
mecanismo genético da característica a trabalhar. mas temos de ter cuidado com o que escondemos,
não devemos cruzar dominantes com aves portado-
Caracteres recessivos ras de caracteres recessivos raros ou não pois nunca
iremos saber quais os filhos portadores.
Para os caracteres controlados por um mecanis- Alguns factores dominantes não devem ser cria-
mo autossómico recessivo temos de produzir repro- dos em factor duplo (os Gloster de poupa). De qual-
dutores que sejam ou homozigóticos recessivos ou, quer modo um dominante FS produz 50% de descen-
no mínimo, portadores desse alelo recessivo. Só assim dentes dominantes, o que até é bom porque um
conseguiremos obter descendentes que manifestem gene dominante é tão fácil de reproduzir que pode
essa característica. passar de raro a excessivo num efectivo em apenas 2
Partindo de um único macho devemos primeiro ou 3 gerações! Este é outro problema quando se tra-
produzir uma geração de portadores o que se con- 263
balha em selecção, muitas vezes, para mais se traba-
segue cruzando o macho recessivo com uma fêmea
lhamos com portadores e combinações, acabamos
pura dominante para esse alelo (ou vice-versa). To-
por ocupar muito espaço muito depressa. Com os
dos os filhos serão fenotipicamente idênticos à mãe
dominantes é ainda mais grave porque basta ficar-
mas portadores do alelo recessivo. Aqui devemos
mos com uma cria para que metade dos seus des-
escolher dois filhos e cruzá-los de modo a obtermos
cendentes sejam também dominantes, raramente se
25% de descendentes que são recessivos tal como o
refuga os pais e assim é preciso uma nova gaiola, um
primeiro macho. Esses vão ser acasalados com outras
novo casal, uma nova cria que sai bastante boa e
fêmeas de uma outra linha que não a da sua mãe de
acaba por ficar e assim em diante...
modo a fazer duas linhas distintas de portadores. Des-
Genética
te modo conseguimos obter duas linhas com apenas
Estudo científico de como se transmitem os ca-
25% de consaguinidade e que podem ser cruzadas
entre si sem grandes problemas. racteres físicos, bioquímicos e de comportamento
Os cruzamentos entre dois portadores não são re- de pais a filhos. Este termo foi criado em 1906 pelo
comendáveis porque nunca poderemos saber quais biólogo britânico William Bateson. Os geneticistas
os filhos portadores e os não portadores pois estes são determinam os mecanismos hereditários pelos quais
fenotipicamente iguais, daí que quando se pretenda descendentes de organismos que se reproduzem de
evitar o cruzamento de dois recessivos devamos usar forma sexual não se parecem exatamente com seus
sempre ou um recessivo e um dominante (obtendo pais, e as diferenças e semelhanças entre pais e filhos
todos os descendentes portadores) ou então um re- que se reproduzem de geração em geração, segun-
cessivo e um portador (obtendo 50% recessivos e 50% do determinados padrões.
portadores). Em alguns casos não há alternativa se-
não cruzar portadores mas, em especial para quem 2. ORIGEM DA GENÉTICA
tem poucos intresses de selecção fiquem conscientes
que isso é “espalhar genética” que pode muito bem A ciência da genética nasceu em 1900, quan-
ir parar às mãos de alguém que não trate de apro- do vários investigadores da reprodução das plantas
veitar uma característica rara por não saber que ela descobriram o trabalho do monge austríaco Gregor
existe naquela ave... Mendel, que, apesar de ter sido publicado em 1866,

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havia, na prática, sido ignorado por muito tempo. 5. FUNÇÃO DOS GENES: O ADN E O CÓDIGO DA
Mendel, que trabalhou com a planta da ervilha, des- VIDA
creveu os padrões da herança em função de sete
pares de traços contrastantes que apareciam em Em 1944, o bacteriologista canadense Oswald
sete variedades diferentes dessa planta Theodore Avere demonstrou que o ácido desoxirri-
bonucléico (ADN) era a substância fundamental que
3. BASES FÍSICAS DA HEREDITARIEDADE determinava a herança . O geneticista norte-ameri-
cano James Watson e o britânico Francis Compton
Pouco depois da redescoberta dos trabalhos de Crick descobriram que a molécula de ADN é for-
Mendel, os cientistas perceberam que os padrões mada por duas cadeias que se enrolam, compon-
hereditários que ele havia descrito eram compará- do uma hélice dupla, semelhante a uma escada
veis à ação dos cromossomos nas células em divi- em caracol. As cadeias, o corrimão da escada, são
são, e sugeriram que as unidades mendelianas de constituídas por moléculas de fosfato e carboidratos
herança, os genes, se localizavam nos cromosso- que se alternam. As bases nitrogenadas, dispostas
mos. Os cromossomos variam em forma e tamanho em pares, representam os degraus. Para fazer uma
e em geral apresentam-se em pares. Os membros de cópia nova e idêntica da molécula de ADN, só é ne-
cada par, chamados cromossomos homólogos, têm cessário que as duas cadeias se estendam e se se-
grande semelhança entre si. A maioria das células parem por suas bases; graças à presença na célula
do corpo humano contém 23 pares de cromosso- de mais nucleotídeos, pode-se unir a cada cadeia
mos. Atualmente, sabe-se que cada cromossomo separada bases complementares novas, formando
contém muitos genes e que cada gene se localiza duas duplas hélices. Desde que se demonstrou que
numa posição específica, o locus, no cromossomo. as proteínas eram produto dos genes, e que cada
Os gametas originam-se através da meiose, divisão gene era formado por frações de cadeias de ADN,
na qual só se transmite a cada célula nova um cro- os cientistas chegaram à conclusão de que deve ha-
mossomo de cada um dos pares da célula original. ver um código genético através do qual a ordem dos
Quando, na fecundação, se unem dois gametas, a trípletes (ou códons), define a ordem dos aminoáci-
célula resultante, chamada zigoto, contém toda a dos no polipeptídeo.
dotação dupla de cromossomos. A metade destes As duas cadeias do ADN se separam numa por-
264 ção de seu comprimento. Uma delas atua como
cromossomos procede de um progenitor e a outra
suporte sobre o qual se forma o ARN mensageiro
metade do outro.
(ARNm), num processo denominado transcrição. A
molécula nova de ARNm se insere numa estrutura
4. A TRANSMISSÃO DE GENES
pequena chamada ribossoma, de onde se forma a
proteína. Neste processo, denominado tradução, a
A união dos gametas combina dois conjuntos de
seqüência de bases de nucleotídeos presentes no
genes, um de cada progenitor. Por isso, cada gene
ARNm determina a ordem em que se unem os ami-
— isto é, cada posição específica sobre um cromos-
noácidos, para formar o polipeptídeo.
somo que afeta uma característica particular — está
representado por duas cópias, uma procedente da
6. MUTAÇÕES
mãe e outra do pai. Quando as duas cópias são
idênticas, diz-se que o indivíduo é homozigótico para
Embora a replicação do ADN seja muito precisa,
aquele gene particular. Quando são diferentes, ou ela não é perfeita. Em raros casos, produzem-se er-
seja, quando cada progenitor contribuiu com uma ros e o ADN novo contém um ou mais nucleotídeos
forma diferente, ou alelo, do mesmo gene, diz-se trocados. Um erro deste tipo, que recebe o nome
que o indivíduo é heterozigótico para o gene. Am- de mutação, pode acontecer em qualquer área do
bos os alelos estão contidos no material genético do ADN. Se acontecer na seqüência de nucleotídeos
indivíduo, mas se um é dominante, apenas este se que codifica um polipeptídeo particular, este pode
manifesta. No entanto, como demonstrou Mendel, a apresentar um aminoácido trocado na cadeia poli-
característica recessiva pode voltar a manifestar-se peptídica. Esta modificação pode alterar seriamente
em gerações posteriores (em indivíduos homozigóti- as propriedades da proteína resultante. Por exemplo,
cos para seus alelos). os polipeptídeos que distinguem a hemoglobina nor-
mal da hemoglobina das células falciformes diferem
em apenas um aminoácido (ver Anemia das células
falciformes). Quando se produz uma mutação du-
rante a formação dos gametas, esta se transmitirá às

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gerações seguintes. Diferentes formas de radiação, nematódeo de 1 mm de comprimento chamado


como os raios X, assim como as temperaturas eleva- Coenorhabditis elegans. O seqüenciamento do códi-
das e vários compostos químicos, podem induzir a go genético consiste em determinar com precisão o
mutações. encadeamento dos pares de nucleotídeos, elemen-
A substituição de um nucleotídeo por outro não tos unitários da estrutura do ADN, que são medidos
é o único tipo possível de mutação. Algumas vezes, em milhões de bases. O genoma do verme estudado
pode-se ganhar ou perder por completo um nucleo- é constituído de 97 milhões de bases, que formam
tídeo. Além disso, é possível que se produzam modifi- 19 mil genes. O estudo desses genes deverá permitir
cações mais óbvias ou graves, ou que se altere a pró- uma melhor compreensão do genoma humano (que
pria forma e o número dos cromossomos. Uma parte tem cerca de 3 bilhões de bases), pois o Coenorhab-
do cromossomo pode se separar, inverter e depois se ditis elegans tem muitos genes em comum com os
unir de novo ao cromossomo no mesmo lugar. Isto é seres humanos.
chamado de inversão. Se o fragmento separado se
une a um cromossomo diferente, ou a um fragmento 8. Engenharia genética
diferente do cromossomo original, o fenômeno se de-
nomina translocação. Algumas vezes, perde-se um Método que modifica as características hereditá-
fragmento de um cromossomo que faz parte de um rias de um organismo em um sentido predetermina-
par de cromossomos homólogos, e este fragmento é do, mediante a alteração de seu material genético.
adquirido por outro. Então, diz-se que um apresenta Geralmente, é usada para conseguir que determina-
uma deficiência e o outro uma duplicação. dos microorganismos, como bactérias ou vírus, au-
Outro tipo de mutação produz-se quando a mentem a síntese de compostos, formem compostos
meiose erra a separação de um par de cromossomos novos ou se adaptem a meios diferentes. Outra apli-
homólogos. Isto pode originar gametas — e portanto cação dessa técnica, também denominada técnica
zigotos — com cromossomos demais, e outros onde de ADN recombinante, inclui a terapia genética: o
faltam um ou mais cromossomos. Os indivíduos com fornecimento de um gene funcional a uma pessoa
um cromossomo a mais são chamados trissômicos, e que sofre de uma anomalia genética. Outros usos da
aqueles nos quais falta um, monossômicos. Ambas as engenharia genética são o aumento da resistência
situações tendem a produzir incapacidades graves. de culturas a pragas, a produção de compostos far- 265
Por exemplo, as pessoas com síndrome de Down são macêuticos no leite dos animais, o desenvolvimen-
trissômicas, com três cópias do cromossomo 21. to de vacinas e a alteração das características do
gado.
7. HEREDITARIEDADE HUMANA
9. Hereditariedade
A maioria das características físicas humanas re-
cebe influências das múltiplas variáveis genéticas e Estudo de todas as características de um orga-
também do meio. Algumas, como a altura, possuem nismo que estão determinadas por certos elementos
forte componente genético, enquanto outras, como biologicamente ativos que procedem de seus proge-
o peso, têm um componente ambiental muito im- nitores. Embora o estudo científico e experimental da
portante. No entanto, parece que outros caracteres, hereditariedade, a genética, tenha se desenvolvido
como os grupos sangüíneos (ver Grupo sangüíneo) e no início do século XX, as teorias sobre este campo
os antígenos que atuam na rejeição dos transplan- datam da Grécia antiga.
tes, estão totalmente determinados por componen- A redescoberta, em 1900, dos escritos de Gregor
tes genéticos. Os biólogos têm grande interesse no Mendel do ano de 1866 sobre os padrões de here-
estudo e na identificação dos genes. Quando de- ditariedade nas ervilhas promoveu uma abordagem
terminado gene provoca uma doença específica, importante do problema da hereditariedade.
seu estudo é muito importante, do ponto de vista Uma das conquistas mais importantes para o de-
médico. O genoma humano contém entre 50 mil e senvolvimento dos estudos sobre a hereditariedade
100 mil genes, dos quais cerca de 4 mil podem estar em geral, e os princípios mendelianos em particular,
associados a doenças. O Projeto Genoma Humano, foi a separação entre genótipo e fenótipo, estabele-
coordenado por várias instituições, começou em cida pelo botânico dinamarquês Wilhelm Johannsen
1990, com o objetivo de estabelecer o genoma hu- em 1911. O genótipo refere-se aos genes que o or-
mano completo. No final da década, pesquisadores ganismo possui e é capaz de transmitir à geração se-
americanos e britânicos decifraram pela primeira vez guinte. O fenótipo refere-se à aparência (em termos
o genoma de um organismo pluricelular, um verme de caracteres) que mostra um organismo. A impor-

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tância desta distinção está no fato de que a única 12. Gene


forma de determinar o genótipo é através de expe-
riências de reprodução, não simplesmente através Unidade de hereditariedade, partícula de ma-
do exame do fenótipo de um organismo. terial genético que determina a hereditariedade de
Depois de vários anos de experiências com Dro- determinada característica, ou de um grupo delas.
sophila melanogaster, Thomas Hunt Morgan ajudou Os genes estão localizados nos cromossomos no
a estabelecer a teoria cromossômica da heredita- núcleo celular e se alinham ao longo de cada um
riedade. O grupo de Morgan propôs que os fatores deles. Cada gene ocupa no cromossomo uma po-
mendelianos se disporiam de forma linear sobre os sição, ou locus.
cromossomos, definindo deste modo a realidade físi- O material genético é o ácido desoxirribonucléi-
ca dos genes como partículas distintas. co, o ADN, uma molécula que representa a “coluna
Depois da II Guerra Mundial, o estudo da heredi- vertebral” do cromossomo. Como em cada cromos-
tariedade alcançou um alto grau de desenvolvimen- somo o ADN é uma molécula contínua, alongada,
to, quando os biólogos começaram a aprofundar-se simples e delgada, os genes devem ser parte dela e
sobre a própria natureza do gene. Nas décadas de exercem seus efeitos através das moléculas às quais
40 e 50, confirmou-se que os ácidos nucléicos são dão origem, em sua maioria proteínas.
as substâncias principais da hereditariedade e que Profilaxia é a parte da medicina que tem por
atuam dirigindo a síntese de proteínas. objeto as medidas preventivas contra as doenças e
enfermidades. É o emprego de todos os meios co-
10. Nucléicos, Ácidos nhecidos para evitar doenças. Pode ser um trabalho
preservativo ou defensivo.
Moléculas muito complexas que produzem as
células vivas e os vírus. Transmitem as características FUNCIONAMENTO DOS GENES; NOÇÕES DE
hereditárias de uma geração para a seguinte e regu- TRANSCRIÇÃO, TRADUÇÃO – SÍNTESE PROTÉICA – E
lam a síntese de proteínas. REGULAÇÃO.
Os ácidos nucléicos são formados por subunida-
des chamadas nucleotídeos, que consistem em uma A síntese proteica é um fenômeno relativamen-
base nitrogenada, um açúcar de 5 carbonos e ácido te rápido e muito complexo que ocorre em quase
266 fosfórico. Há duas classes de ácidos nucléicos, o áci- todos os organismos, e se desenvolve no interior das
do desoxirribonucléico (ADN), com uma estrutura em células. Este processo tem duas fases: transcrição e
forma de dupla hélice e o ácido ribonucléico (ARN), a tradução.
formado por uma única cadeia helicoidal. O ADN
tem a pentose desoxirribose e as bases nitrogenadas Transcrição: Ocorre no interior do núcleo das
adenina, guanina, citosina e timina, e o ARN contém células e consiste na síntese de uma molécula de
a pentose ribose e uracila em vez de timina. RNAm (RNA Mensageiro) a partir da leitura da infor-
A especificidade do ácido nucléico reside na se- mação contida no cístron de uma molécula de DNA.
qüência dos quatro tipos de bases nitrogenadas. Este Este processo inicia-se pela ligação de um complexo
código indica à célula como reproduzir uma cópia enzimático à molécula de DNA, o RNA-polimerase.
de si mesma ou as proteínas que necessita para sua A enzima helicase desfaz a dupla hélice, destruin-
sobrevivência. Nos mamíferos, as cadeias de ADN es- do as ligações de hidrogênio que ligam as bases
tão agrupadas formando cromossomos. complementares das duas cadeias, afastando-as.
O RNA-polimerase, inicia a síntese de uma molécu-
11. Interação gênica la de mRNA de acordo com a complementaridade
das bases nitrogenadas. Nesse processo, as bases
Fenômeno em que vários pares de genes intera- pareiam-se: a adenina do DNA se liga à uracila do
gem entre si para influenciar uma única característica. RNAm, a timina do DNA com a adenina do RNAm, a
A interação gênica envolve graus variáveis de citosina do DNA com a guanina do RNAm, e assim
complexidade. Os casos mais simples, porém, resul- sucessivamente, havendo a intervenção da enzima
tam da interação entre dois genes não-alelos que RNA-polimerase. Quando a leitura termina, a molé-
são independentemente segregados. Em um estudo cula mRNA separa-se da cadeia do DNA, esta resta-
clássico realizado por Bateson e Punnett, ficou de- belece as ligações de hidrogênio e a dupla hélice é
monstrado que o caráter “tipo de crista” em galinhas, reconstituída.
por exemplo, é determinado por dois pares indepen- Nem todas as sequências da molécula do DNA
dentes de genes. O contrário da interação gênica codificam aminoácidos. O RNA sintetizado sofre um
é a pleiotropia, em que um par de genes determina processamento ou maturação antes de abandonar
ao mesmo tempo mais de um caráter do organismo. o núcleo. Algumas porções do RNA transcrito, “ín-

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trons”, vão ser removidas e as porções não removi- Iniciação: A subunidade menor do ribossoma li-
das, “éxons”, ligam-se entre si, formando assim um ga-se à extremidade 5’ do mRNA, esta, desliza ao
mRNA maturado. O RNA que sofre este processo de longo da molécula do mRNA até encontrar o codão
exclusão de porções é designado do RNA pré-men- de iniciação (AUG), transportando o tRNA ligado a
sageiro. No final do processo, o mRNA é constituído um aminoácido, ligando-se ao codão de iniciação
apenas pelas sequências que codificam os aminoá- por complementaridade. A subunidade maior liga-
cidos de uma proteína, podendo assim migrar para o se à subunidade menor do ribossoma. O processo de
citoplasma, onde vai ocorrer a tradução da mensa- tradução começa pelo aminoácido de metionina
gem, isto é, a síntese de proteínas. AUG.

Ativação de aminoácidos: Nessa etapa, atua o Alongamento: Um 2º tRNA transporta um aminoá-


RNA transportador (RNAt), que leva os aminoácidos cido específico de acordo com o codão. Estabele-
dispersos no citoplasma até os ribossomos. Numa das ce-se uma ligação peptídica entre o aminoácido re-
regiões do RNAt está o anticódon, uma sequência cém-chegado e a metionina. O ribossoma avança
de 3 bases complementares ao códon de RNAm. A três bases ao longo do mRNA no sentido 5’ -> 3’, re-
ativação dos aminoácidos é dada por enzimas espe- petindo-se sempre o mesmo processo. Os tRNA que
cíficas que se unem ao RNA transportador, formando já se ligaram inicialmente, vão-se desprendendo do
o complexo aa-RNAt, dando origem ao anticódon mRNA sucessivamente.
(um trio de códons complementar aos códons do
RNAm). Para que esse processo ocorra é preciso ha- Finalização: O ribossomo encontra o codão de
ver energia, que é fornecida pelo ATP. finalização - UAA, UAG ou UGA terminando assim o
alongamento. Quando último tRNA abandona o ri-
Tradução: Ocorre no citoplasma e é a segunda bossoma, as subunidades do ribossoma separam-se,
parte da síntese proteica. Nessa fase a mensagem podendo ser recicladas e por fim, a proteína é liber-
contida no RNAm é decodificada no ribossomo. tada.

Participa do processo. LEIS DE MENDEL.


- mRNA ou RNA mensageiro, que vem do interior 267
do núcleo; Genética
- Os ribossomos;
- O RNAt ou RNA ribossomal (ou ainda RNA trans- Desde os tempos mais remotos o homem tomou
portador); consciência da importância do macho e da fêmea
- Enzimas (responsáveis pelo controle das reações na geração de seres da mesma espécie, e que
de síntese); características como altura, cor da pele etc. eram
- E o ATP, é o que fornece energia necessária transmitidas dos pais para os descendentes. Assim,
para o processo com certeza, uma cadela quando cruzar com um
cão, irá originar um filhote com características de um
Nas moléculas de RNAt apresentam-se cadeias cão e nunca de um gato. Mas por quê?
de 75 a 80 ribonucleotídeos que funcionam como
intérpretes da linguagem do mRNA e da linguagem Mendel, o iniciador da genética
das proteínas.
Gregor Mendel nasceu em 1822, em Heinzen-
Toda molécula de mRNA possui: dorf, na Áustria. Era filho de pequenos fazendeiros e,
- um Códon de iniciaçao, que é sempre o mesmo apesar de bom aluno, teve de superar dificuldades
(AUG), correspondente ao aminoácido metionima; financeiras para conseguir estudar. Em 1843, ingres-
- vários códons que determinam a sequência dos sou como noviço no mosteiro de agostiniano da ci-
aminoácidos no polipeptídeo; dade de Brünn, hoje Brno, na atual República Tche-
- um códon de terminaçao, que marca o final da- ca. Após ter sido ordenado monge, em 1847, Mendel
quela cadeia polipeptídica, podendo ser UAG, UAA, ingressou na Universidade de Viena, onde estudou
ou UGA; só há um deles na molécula de mRNA. matemática e ciências por dois anos. Ele queria ser
professor de ciências naturais, mas foi mal sucedido
O processo da tradução encerra com três eta- nos exames. De volta a Brünn, onde passou o resto
pas: iniciação, alongamento e finalização. da vida. Mendel continuou interessado em ciências.
Fez estudos meteorológicos, estudou a vida das abe-

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lhas e cultivou plantas, tendo produzido novas varie-


dades de maças e peras. Entre 1856 e 1865, realizou
uma série de experimentos com ervilhas, com o ob-
jetivo de entender como as características hereditá-
rias eram transmitidas de pais para filhos.
Em 8 de março de 1865, Mendel apresentou um
trabalho à Sociedade de História Natural de Brünn,
no qual enunciava as suas leis de hereditariedade,
deduzidas das experiências com as ervilhas. Publi-
cado em 1866, com data de 1865, esse trabalho
permaneceu praticamente desconhecido do mun-
do científico até o início do século XX. Pelo que se
sabe, poucos leram a publicação, e os que leram
não conseguiram compreender sua enorme impor-
tância para a Biologia. As leis de Mendel foram re- A partir da autopolinização, Mendel produziu e
descobertas apenas em 1900, por três pesquisado- separou diversas linhagens puras de ervilhas para
res que trabalhavam independentemente. Mendel as características que ele pretendia estudar. Por
morreu em Brünn, em 1884. Os últimos anos de sua exemplo, para cor de flor, plantas de flores de cor
vida foram amargos e cheios de desapontamento. de púrpura sempre produziam como descendentes
Os trabalhos administrativos do mosteiro o impediam plantas de flores púrpuras, o mesmo ocorrendo com
de se dedicar exclusivamente à ciência, e o monge o cruzamento de plantas cujas flores eram brancas.
se sentia frustrado por não ter obtido qualquer reco- Mendel estudou sete características nas plantas de
nhecimento público pela sua importante descober- ervilhas: cor da flor, posição da flor no caule, cor da
ta. Hoje Mendel é tido como uma das figuras mais semente, aspecto externo da semente, forma da va-
importantes no mundo científico, sendo considerado gem, cor da vagem e altura da planta.
o “pai” da Genética. No mosteiro onde viveu exis-
te um monumento em sua homenagem, e os jardins Os cruzamentos
268 onde foram realizados os célebres experimentos
com ervilhas até hoje são conservados. Depois de obter linhagens puras, Mendel efe-
tuou um cruzamento diferente. Cortou os estames
Os experimentos de Mendel de uma flor proveniente de semente verde e depois
depositou, nos estigmas dessa flor, pólen de uma
A escolha da planta planta proveniente de semente amarela. Efetuou,
então, artificialmente, uma polinização cruzada: pó-
A ervilha é uma planta herbácea leguminosa len de uma planta que produzia apenas semente
que pertence ao mesmo grupo do feijão e da soja. amarela foi depositado no estigma de outra plan-
Na reprodução, surgem vagens contendo sementes, ta que só produzia semente verde, ou seja, cruzou
as ervilhas. Sua escolha como material de experiên- duas plantas puras entre si. Essas duas plantas foram
cia não foi casual: uma planta fácil de cultivar, de ci- consideradas como a geração parental (P), isto é, a
clo reprodutivo curto e que produz muitas sementes. dos genitores. Após repetir o mesmo procedimento
Desde os tempos de Mendel existiam muitas varieda- diversas vezes, Mendel verificou que todas as semen-
des disponíveis, dotadas de características de fácil tes originadas desses cruzamentos eram amarelas –
comparação. Por exemplo, a variedade que flores a cor verde havia aparentemente “desaparecido”
púrpuras podia ser comparada com a que produzia nos descendentes híbridos (resultantes do cruzamen-
flores brancas; a que produzia sementes lisas poderia to das plantas), que Mendel chamou de F1 (primeira
ser comparada cm a que produzia sementes rugosas, geração filial). Concluiu, então, que a cor amare-
e assim por diante. Outra vantagem dessas plantas é la “dominava” a cor verde. Chamou o caráter cor
que estame e pistilo, os componentes envolvidos na amarela da semente de dominante e o verde de
reprodução sexuada do vegetal, ficam encerrados recessivo. A seguir, Mendel fez germinar as sementes
no interior da mesma flor, protegidas pelas pétalas. obtidas em F1 até surgirem as plantas e as flores. Dei-
Isso favorece a autopolinização e, por extensão, a xou que se autofertilizassem e aí houve a surpresa: a
autofecundação, formando descendentes com as cor verde das sementes reapareceu na F2 (segunda
mesmas características das plantas genitoras. geração filial), só eu em proporção menor que as de
cor amarela: surgiram 6.022 sementes amarelas para
2.001 verdes, o que conduzia a proporção 3:1. Con-

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cluiu que na verdade, a cor verde das sementes não


havia “desaparecido” nas sementes da geração F1.
O que ocorreu é que ela não tinha se manifestado,
uma vez que, sendo uma caráter recessivo, era ape-
nas “dominado” (nas palavras de Mendel) pela cor
amarela. Mendel concluiu que a cor das sementes
era determinada por dois fatores, cada um determi-
nando o surgimento de uma cor, amarela ou verde.

Resultado: em F2, para cada três sementes ama-


relas, Mendel obteve uma semente de cor verde.
Repetindo o procedimento para outras seis carac-
terísticas estudadas nas plantas de ervilha, sempre
eram obtidos os mesmos resultados em F2, ou seja a
proporção de três expressões dominantes para uma
recessiva.

Leis de Mendel

1ª Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Fatores


269
A comprovação da hipótese de dominância e
Era necessário definir uma simbologia para repre-
recessividade nos vários experimentos efetuados por
sentar esses fatores: escolheu a inicial do caráter re-
Mendel levou, mais tarde à formulação da sua 1º lei:
cessivo. Assim, a letra v (inicial de verde), minúscula,
“Cada característica é determinada por dois fatores
simbolizava o fator recessivo. Assim, a letra v (inicial
que se separam na formação dos gametas, onde
de verde), minúscula, simbolizava o fator recessivo –
ocorrem em dose simples”, isto é, para cada game-
para cor verse – e a letra V, maiúscula, o fator domi-
ta masculino ou feminino encaminha-se apenas um
nante – para cor amarela.
fator. Mendel não tinha idéia da constituição desses
fatores, nem onde se localizavam.
VV vv Vv
Semente Semente Semente As bases celulares da segregação
a m a r e l a verde amarela
pura pura híbrida A redescoberta dos trabalhos de Mendel, em
1900, trouxe a questão: onde estão os fatores heredi-
Persistia, porém, uma dúvida: Como explicar o tários e como eles se segregam? Em 1902, enquanto
desaparecimento da cor verde na geração F1 e o estudava a formação dos gametas em gafanhotos,
seu reaparecimento na geração F2? A resposta sur- o pesquisador norte americano Walter S. Sutton no-
giu a partir do conhecimento de que cada um dos tou surpreendente semelhança entre o comporta-
fatores se separava durante a formação das células mento dos cromossomos homólogos, que se separa-
reprodutoras, os gametas. Dessa forma, podemos vam durante a meiose, e os fatores imaginados por
entender como o material hereditário passa de uma Mendel. Sutton lançou a hipótese de que os pares
geração para a outra. Acompanhe nos esquemas de fatores hereditários estavam localizados em pares
abaixo os procedimentos adorados por Mendel com de cromossomos homólogos, de tal maneira que a
relação ao caráter cor da semente em ervilhas. separação dos homólogos levava à segregação dos
fatores. Hoje sabemos que os fatores a que Mendel
se referiu são os genes (do grego genos, originar, pro-

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vir), e que realmente estão localizados nos cromos- Fenótipo


somos, como Sutton havia proposto. As diferentes
formas sob as quais um gene pode se apresentar são O termo “fenótipo” (do grego pheno, evidente,
denominadas alelos. A cor amarela e a cor verde da brilhante, e typos, característico) é empregado para
semente de ervilha, por exemplo, são determinadas designar as características apresentadas por um in-
por dois alelos, isto é, duas diferentes formas do gene divíduo, sejam elas morfológicas, fisiológicas e com-
para cor da semente. portamentais. Também fazem parte do fenótipo ca-
racterísticas microscópicas e de natureza bioquímica,
que necessitam de testes especiais para a sua iden-
tificação. Entre as características fenotípicas visíveis,
podemos citar a cor de uma flor, a cor dos olhos de
uma pessoa, a textura do cabelo, a cor do pelo de
um animal, etc. Já o tipo sanguíneo e a sequência de
aminoácidos de uma proteína são características fe-
notípicas revelada apenas mediante testes especiais.

Exemplo da primeira lei de Mendel em um animal

Vamos estudar um exemplo da aplicação da


primeira lei de Mendel em um animal, aproveitando
para aplicar a terminologia modernamente usada
em Genética. A característica que escolhemos foi a
cor da pelagem de cobaias, que pode ser preta ou
270 branca. De acordo com uma convenção largamen-
te aceita, representaremos por B o alelo dominante, O fenótipo de um indivíduo sofre transformações
que condiciona a cor preta, e por b o alelo recessivo, com o passar do tempo. Por exemplo, à medida que
que condiciona a cor branca. Uma técnica simples envelhecemos o nosso corpo se modifica. Fatores
de combinar os gametas produzidos pelos indivíduos ambientais também podem alterar o fenótipo: se fi-
de F1 para obter a constituição genética dos indiví- carmos expostos à luz do sol, nossa pele escurecerá.
duos de F2 é a montagem do quadrado de Punnet.
Este consiste em um quadro, com número de fileiras e Genótipo
de colunas que correspondem respectivamente, aos
tipos de gametas masculinos e femininos formados O termo “genótipo” (do grego genos, originar,
no cruzamento. O quadrado de Punnet para o cru- provir, e typos, característica) refere-se à constitui-
zamento de cobaias heterozigotas é: ção genética do indivíduo, ou seja, aos genes que
ele possui. Estamos nos referindo ao genótipo quan-
Gametas maternos do dizemos, por exemplo, que uma planta de ervilha
Bb é homozigota dominante (VV) ou heterozigota (Vv)
em relação à cor da semente.
B BB Bb
Gametas Preto Preto
Fenótipo: genótipo e ambiente em interação
paternos Bb bb
b Preto Branco O fenótipo resulta da interação do genótipo com
o ambiente. Consideremos, por exemplo, duas pes-
Os conceitos de fenótipo e genótipo soas que tenham os mesmos tipos de alelos para pig-
mentação da pele; se uma delas toma sol com mais
Dois conceitos importantes para o desenvolvi- frequência que a outra, suas tonalidades de pele,
mento da genética, no começo do século XX, foram fenótipo, são diferentes. Um exemplo interessante de
os de fenótipo e genótipo, criados pelo pesquisador interação entre genótipo e ambiente na produção
dinamarquês Wilhelm L. Johannsen (1857 – 1912). do fenótipo é a reação dos coelhos da raça hima-

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laia à temperatura. Em temperaturas baixas, os pelos limitação destes cruzamentos está no fato de não
crescem pretos e, em temperaturas altas, crescem permitirem identificar portadores de alelos múltiplos
brancos. A pelagem normal desses coelhos é bran- para a mesma característica, ou seja, podem existir
ca, menos nas extremidades do corpo (focinho, ore- em alguns casos mais do que dois alelos para o mes-
lha, rabo e patas), que, por perderem mais calor e mo gene e o efeito da sua combinação variar. Além
apresentarem temperatura mais baixa, desenvolvem disso, podemos estar cruzando um fator para o qual
pelagem preta. o macho ou fêmea teste não são portadores, mas
sim de outros alelos.
Determinando o genótipo

Enquanto que o fenótipo de um indivíduo pode


ser observado diretamente, mesmo que seja atra-
vés de instrumentos, o genótipo tem que ser inferido
através da observação do fenótipo, da análise de
seus pais, filhos e de outros parentes ou ainda pelo
sequenciamento do genoma do indivíduo, ou seja,
leitura do que está nos genes. A técnica do sequen-
ciamento, não é amplamente utilizada, devido ao
seu alto custo e pela necessidade de aparelhagem
especializada. Por esse motivo a observação do fe-
nótipo e análise dos parentes ainda é o recurso mais
utilizado para se conhecer o genótipo.
Quando um indivíduo apresenta o fenótipo con-
dicionado pelo alelo recessivo, conclui-se que ele é
homozigoto quanto ao alelo em questão. Por exem-
plo, uma semente de ervilha verde é sempre homo-
zigota vv. Já um indivíduo que apresenta o fenótipo
condicionado pelo alelo dominante poderá ser ho-
mozigoto ou heterozigoto. Uma semente de ervilha 271
amarela, por exemplo, pode ter genótipo VV ou Vv.
Construindo um Heredograma
Nesse caso, o genótipo do indivíduo só poderá ser
determinado pela análise de seus pais e de seus des-
No caso da espécie humana, em que não se
cendentes.
pode realizar experiências com cruzamentos dirigi-
Caso o indivíduo com fenótipo dominante seja
dos, a determinação do padrão de herança das ca-
filho de pai com fenótipo recessivo, ele certamente
racterísticas depende de um levantamento do histó-
será heterozigoto, pois herdou do pai um alelo re-
rico das famílias em que certas características apare-
cessivo. Entretanto, se ambos os pais têm fenótipo
cem. Isso permite ao geneticista saber se uma dada
dominante, nada se pode afirmar. Será necessário
característica é ou não hereditária e de que modo
analisar a descendência do indivíduo em estudo: se
ela é herdada. Esse levantamento é feito na forma
algum filho exibir o fenótipo recessivo, isso indica que
ele é heterozigoto. de uma representação gráfica denominada heredo-
grama (do latim heredium, herança), também co-
Cruzamento-Teste nhecida como genealogia ou árvore genealógica.
Construir um heredograma consiste em representar,
Este cruzamento é feito com um indivíduo ho- usando símbolos, as relações de parentesco entre os
mozigótico recessivo para o fator que se pretende indivíduos de uma família. Cada indivíduo é repre-
estudar, que facilmente se identifica pelo seu fenó- sentado por um símbolo que indica as suas caracte-
tipo e um outro de genótipo conhecido ou não. Por rísticas particulares e sua relação de parentesco com
exemplo, se cruzarmos um macho desconhecido os demais. Indivíduos do sexo masculino são repre-
com uma fêmea recessiva podemos determinar se o sentados por um quadrado, e os do sexo feminino,
macho é portador daquele caráter recessivo ou se é por um círculo. O casamento, no sentido biológico
puro. Caso este seja puro todos os filhos serão como de procriação, é indicado por um traço horizontal
ele, se for portador 25% serão brancos, etc. Esta ex- que une os dois membros do casal. Os filhos de um
plicação é muito básica, pois geralmente é preciso casamento são representados por traços verticais
um pouco mais do que este único cruzamento. A unidos ao traço horizontal do casal.

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Os principais símbolos são os seguintes: Uma vez que se descobriu qual é o gene domi-
nante e qual é o recessivo, vamos agora localizar os
homozigotos recessivos, porque todos eles manifes-
tam o caráter recessivo. Depois disso, podemos co-
meçar a descobrir os genótipos das outras pessoas.
Devemos nos lembrar de duas coisas:
1ª) Em um par de genes alelos, um veio do pai e
o outro veio da mãe. Se um indivíduo é homozigoto
recessivo, ele deve ter recebido um gene recessivo
de cada ancestral.
2ª) Se um indivíduo é homozigoto recessivo, ele
envia o gene recessivo para todos os seus filhos. Des-
sa forma, como em um “quebra-cabeça”, os outros
genótipos vão sendo descobertos. Todos os genóti-
pos devem ser indicados, mesmo que na sua forma
parcial (A_, por exemplo).

Exemplo:
A montagem de um heredograma obedece a
algumas regras:
1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado
à esquerda, e a mulher à direita, sempre que for pos-
sível.
2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de
nascimento, da esquerda para a direita.
3ª) Cada geração que se sucede é indicada por
algarismos romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada
geração, os indivíduos são indicados por algarismos
272 arábicos, da esquerda para a direita. Outra possibili-
dade é se indicar todos os indivíduos de um heredo-
grama por algarismos arábicos, começando-se pelo
primeiro da esquerda, da primeira geração.

Interpretação dos Heredogramas


Em uma árvore desse tipo, as mulheres são repre-
A análise dos heredogramas pode permitir se sentadas por círculos e os homens por quadrados.
determinar o padrão de herança de uma certa ca- Os casamentos são indicados por linhas horizontais
racterística (se é autossômica, se é dominante ou ligando um círculo a um quadrado. Os algarismos ro-
recessiva, etc.). Permite, ainda, descobrir o genó- manos I, II, III à esquerda da genealogia representam
tipo das pessoas envolvidas, se não de todas, pelo as gerações. Estão representadas três gerações. Na
menos de parte delas. Quando um dos membros de primeira há uma mulher e um homem casados, na
uma genealogia manifesta um fenótipo dominante, segunda, quatro pessoas, sendo três do sexo femini-
e não conseguimos determinar se ele é homozigoto no e uma do masculino. Os indivíduos presos a uma
dominante ou heterozigoto, habitualmente o seu ge- linha horizontal por traços verticais constituem uma
nótipo é indicado como A_, B_ou C_, por exemplo. A irmandade. Na segunda geração observa-se o ca-
primeira informação que se procura obter, na análise samento de uma mulher com um homem de uma
de um heredograma, é se o caráter em questão é irmandade de três pessoas.
condicionado por um gene dominante ou recessivo.
Para isso, devemos procurar, no heredograma, ca- Dominância incompleta ou Co-dominância
sais que são fenotipicamente iguais e tiveram um ou
mais filhos diferentes deles. Se a característica per- Nem todas as características são herdadas como
maneceu oculta no casal, e se manifestou no filho, a cor da semente da ervilha, em que o gene para a
só pode ser determinada por um gene recessivo. Pais cor amarela domina sobre o gene para cor verde.
fenotipicamente iguais, com um filho diferente deles, Muito frequentemente a combinação dos genes ale-
indicam que o caráter presente no filho é recessivo! los diferentes produz um fenótipo intermediário. Essa
situação ilustra a chamada dominância incompleta

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ou parcial. Um exemplo desse tipo de herança é a Cruzando, agora, duas plantas heterozigotas
cor das flores maravilha. Elas podem ser vermelhas, (flores cor-de-rosa), teríamos:
brancas ou rosas. Plantas que produzem flores cor-de
-rosa são heterozigotas, enquanto os outros dois fenó- Flor cor-de-rosa
tipos são devidos à condição homozigota. Supondo F1
VB
que o gene V determine a cor vermelha e o gene B,
VV BV
cor branca, teríamos: V Vermelha cor-de-rosa
VV = flor vermelha Flor cor-de-rosa
BB = flor branca B VB BB
VB = flor cor-de-rosa cor-de-rosa Branca

Apesar de anteriormente usarmos letras maiús- F2 = Genótipos: 1/4 VV, 1/2 VB, 1/4 BB.
culas para indicar, respectivamente, os genes domi-
nantes e recessivos, quando se trata de dominância Fenótipo: 1/4 plantas com flores vermelhas
incompleta muitos autores preferem utilizar apenas 1/2 plantas com flores cor-de-rosa
diferentes letras maiúsculas. Fazendo o cruzamento 1/4 plantas com flores brancas
de uma planta de maravilha que produz flores ver- Alelos letais: Os genes que matam
melhas com outra que produz flores brancas e ana-
lisando os resultados fenotípicos da geração F1e F2, As mutações que ocorrem nos seres vivos são to-
teríamos: talmente aleatórias e, às vezes, surgem variedades
genéticas que podem levar a morte do portador
antes do nascimento ou, caso ele sobreviva, antes
de atingir a maturidade sexual. Esses genes que con-
duzem à morte do portador, são conhecidos como
alelos letais. Por exemplo, em uma espécie de planta
existe o gene C, dominante, responsável pela colora-
ção verde das folhas. O alelo recessivo c, condicio-
na a ausência de coloração nas folhas, portanto o
homozigoto recessivo cc morre ainda na fase jovem 273
da planta, pois esta precisa do pigmento verde para
produzir energia através da fotossíntese. O heterozi-
goto é uma planta saudável, mas não tão eficiente
na captação de energia solar, pela coloração verde
clara em suas folhas. Assim, se cruzarmos duas plan-
tas heterozigotas, de folhas verdes claras, resultará
na proporção 2:1 fenótipos entre os descendentes,
ao invés da proporção de 3:1 que seria esperada se
fosse um caso clássico de monoibridismo (cruzamen-
to entre dois indivíduos heterozigotos para um único
gene). No caso das plantas o homozigoto recessivo
morre logo após germinar, o que conduz a propor-
ção 2:1.
Agora analisando os resultados genotípicos da
geração F1e F2, teríamos:
Planta com folhas verde cla-
P ras
Flor Branca Cc
P:
BB
C CC Cc
BV BV Verde escuro Verde clara
V Planta com
cor-de-rosa cor-de-rosa
Flor Vermelha folhas verde claras Cc cc
V VB VB C Verde clara Inviável
cor-de-rosa cor-de-rosa
F1 = Fenótipo: 2/3 Verde clara
F1 = 100% VB (flores cor-de-rosa) 1/3 Verde escura
Genótipo: 2/3 Cc
1/3 CC

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Esse curioso caso de genes letais foi descoberto Noções de probabilidade aplicadas à genética
em 1904 pelo geneticista francês Cuénot, que estra-
nhava o fato de a proporção de 3:1 não ser obede- Acredita-se que um dos motivos para as ideias de
cida. Logo, concluiu se tratar de uma caso de gene Mendel permanecerem incompreendidas durante
recessivo que atuava como letal quando em dose du- mais de 3 décadas foi o raciocínio matemático que
pla. No homem, alguns genes letais provocam a morte continham. Mendel partiu do princípio que a forma-
do feto. É o caso dos genes para acondroplasia, por ção dos gametas seguia as leis da probabilidade, no
exemplo. Trata-se de uma anomalia provocada por tocante a distribuição dos fatores.
gene dominante que, em dose dupla, acarreta a mor-
te do feto, mas em dose simples ocasiona um tipo de Princípios básicos de probabilidade
nanismo, entre outras alterações. Há genes letais no
homem, que se manifestam depois do nascimento, al- Probabilidade é a chance que um evento tem
guns na infância e outros na idade adulta. Na infância, de ocorrer, entre dois ou mais eventos possíveis. Por
por exemplo, temos os causadores da fibrose cística exemplo, ao lançarmos uma moeda, qual a chance
e da distrofia muscular de Duchenne (anomalia que dela cair com a face “cara” voltada para cima? E
acarreta a degeneração da bainha de mielina nos em um baralho de 52 cartas, qual a chance de ser
nervos). Dentre os que se expressam tardiamente na sorteada uma carta do naipe ouros?
vida do portador, estão os causadores da doença de
Huntington, em que há a deterioração do tecido ner- Eventos Aleatórios
voso, com perde de células principalmente em uma
parte do cérebro, acarretando perda de memória, Eventos como obter “cara” ao lançar uma moe-
movimentos involuntários e desequilíbrio emocional. da, sortear um “ás” de ouros do baralho, ou obter
“face 6” ao jogar um dado são denominados even-
Como os genes se manifestam tos aleatórios (do latim alea, sorte) porque cada um
deles tem a mesma chance de ocorrer em relação
Vimos que, em alguns casos, os genes se manifes- a seus respectivos eventos alternativos. Veja a seguir
tam com fenótipos bem distintos. Por exemplo, os ge- as probabilidades de ocorrência de alguns eventos
nes para a cor das sementes em ervilhas manifestam- aleatórios. Tente explicar por que cada um deles
274 se com fenótipos bem definidos, sendo encontradas ocorre com a probabilidade indicada.
sementes amarelas ou verdes. A essa manifestação - A probabilidade de sortear uma carta de espa-
gênica bem determinada chamamos de variação das de um baralho de 52 cartas é de ¼.
gênica descontínua, pois não há fenótipos intermediá- - A probabilidade de sortear um rei qualquer de
rios. Há herança de características, no entanto, cuja um baralho de 52 cartas é de 1/13.
manifestação do gene (também chamada de expres- - A probabilidade de sortear o rei de espadas de
sividade) não determina fenótipos tão definidos, mas um baralho de 52 cartas é de 1/52.
sim uma gradação de fenótipos. A essa gradação da
expressividade do gene, variando desde um fenótipo A formação de um determinado tipo de gameta,
que mostra leve expressão da característica até sua com um outro alelo de um par de genes, também é
expressão total, chamamos de norma de reação ou um evento aleatório. Um indivíduo heterozigoto Aa
expressividade variável. Por exemplo, os portadores tem a mesma probabilidade de formar gametas por-
dos genes para braquidactilia (dedos curto) podem tadores do alelo A do que de formar gametas com o
apresentar fenótipos variando de dedos levemente alelo a (1/2 A: 1/2 a).
mais curtos até a total falta deles. Alguns genes sem-
pre que estão presentes se manifestam, dizemos que Eventos Independentes
são altamente penetrantes. Outros possuem uma pe-
netrância incompleta, ou seja, apenas uma parcela Quando a ocorrência de um evento não afeta
dos portadores do genótipo apresenta o fenótipo cor- a probabilidade de ocorrência de um outro, fala-se
respondente. em eventos independentes. Por exemplo, ao lançar
Observe que o conceito de penetrância está rela- várias moedas ao mesmo tempo, ou uma mesma
cionado à expressividade do gene em um conjunto de moeda várias vezes consecutivas, um resultado não
indivíduos, sendo apresentado em termos percentuais. interfere nos outros. Por isso, cada resultado é um
Assim, por exemplo, podemos falar que a penetrância evento independente do outro. Da mesma maneira,
para o gene para a doença de Huntington é de 100%, o nascimento de uma criança com um determina-
o que quer dizer que 100% dos portadores desse gene do fenótipo é um evento independente em relação
apresentam (expressam) o fenótipo correspondente. ao nascimento de outros filhos do mesmo casal. Por

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exemplo, imagine uma casal que já teve dois filhos Em certos casos precisamos aplicar tanto a regra
homens; qual a probabilidade que uma terceira do “e” como a regra do “ou” em nossos cálculos de
criança seja do sexo feminino? Uma vez que a for- probabilidade. Por exemplo, no lançamento de duas
mação de cada filho é um evento independente, moedas, qual a probabilidade de se obter “cara” em
a chance de nascer uma menina, supondo que ho- uma delas e “coroa” na outra? Para ocorrer “cara”
mens e mulheres nasçam com a mesma freqüência, na primeira moeda E “coroa” na segunda, OU “co-
é 1/2 ou 50%, como em qualquer nascimento. roa” na primeira e “cara” na segunda. Assim nesse
caso se aplica a regra do “e” combinada a regra do
A regra do “e” “ou”. A probabilidade de ocorrer “cara” E “coroa”
(1/2 X 1/2 = 1/4) OU “coroa” e “cara” (1/2 X 1/2 = 1/4)
A teoria das probabilidades diz que a probabili- é igual a 1/2 (1/4 + 1/4). O mesmo raciocínio se aplica
dade de dois ou mais eventos independentes ocor- aos problemas da genética. Por exemplo, qual a pro-
rerem conjuntamente é igual ao produto das proba- babilidade de uma casal ter dois filhos, um do sexo
bilidades de ocorrerem separadamente. Esse princí- masculino e outro do sexo feminino? Como já vimos,
pio é conhecido popularmente como regra do “e”, a probabilidade de uma criança ser do sexo masculi-
pois corresponde a pergunta: qual a probabilidade no é ½ e de ser do sexo feminino também é de ½. Há
de ocorrer um evento E outro, simultaneamente?
duas maneiras de uma casal ter um menino e uma
Suponha que você jogue uma moeda duas vezes.
menina: o primeiro filho ser menino E o segundo filho
Qual a probabilidade de obter duas “caras”, ou seja,
ser menina (1/2 X 1/2 = 1/4) OU o primeiro ser menina
“cara” no primeiro lançamento e “cara” no segun-
e o segundo ser menino (1/2 X 1/2 = 1/4). A probabili-
do? A chance de ocorrer “cara” na primeira joga-
dade final é 1/4 + 1/4 = 2/4, ou 1/2.
da é, como já vimos, igual a ½; a chance de ocorrer
“cara” na segunda jogada também é igual a1/2. As-
sim a probabilidade desses dois eventos ocorrer con- Alelos múltiplos na determinação de um caráter
juntamente é 1/2 X 1/2 = 1/4.
No lançamento simultâneo de três dados, qual a Como sabemos, genes alelos são os que atuam
probabilidade de sortear “face 6” em todos? A chan- na determinação de um mesmo caráter e estão
ce de ocorrer “face 6” em cada dado é igual a 1/6. presentes nos mesmo loci (plural de lócus, do latim,
Portanto a probabilidade de ocorrer “face 6” nos três local) em cromossomos homólogos. Até agora, só 275
dados é 1/6 X 1/6 X 1/6 = 1/216. Isso quer dizer que a estudamos casos em que só existiam dois tipos de
obtenção de três “faces 6” simultâneas se repetirá, alelos para uma dada característica (alelos simples),
em média, 1 a cada 216 jogadas. mas há caso em que mais de dois tipos de alelos es-
tão presentes na determinação de um determinado
caráter na população. Esse tipo de herança é co-
Um casal quer ter dois filhos e deseja saber a pro- nhecido como alelos múltiplos (ou polialelia). Apesar
babilidade de que ambos sejam do sexo masculino. de poderem existir mais de dois alelos para a deter-
Admitindo que a probabilidade de ser homem ou minação de um determinado caráter, um indivíduo
mulher é igual a ½, a probabilidade de o casal ter diplóide apresenta apenas um par de alelos para a
dois meninos é 1/2 X 1/2, ou seja, ¼. determinação dessa característica, isto é, um alelo
em cada lócus do cromossomo que constitui o par
A regra do “ou” homólogo.
São bastante frequentes os casos de alelos múl-
Outro princípio de probabilidade diz que a ocor- tiplos tanto em animais como em vegetais, mas são
rência de dois eventos que se excluem mutuamente clássicos os exemplos de polialelia na determinação
é igual à soma das probabilidades com que cada da cor da pelagem em coelhos e na determinação
evento ocorre. Esse princípio é conhecido popu- dos grupos sanguíneos do sistema ABO em humanos.
larmente como regra do “ou”, pois corresponde Um exemplo bem interessante e de fácil compreen-
à pergunta: qual é a probabilidade de ocorrer um
são, é a determinação da pelagem em coelhos,
evento OU outro? Por exemplo, a probabilidade de
onde podemos observar a manifestação genética
obter “cara” ou “coroa”, ao lançarmos uma moeda,
de uma série com quatro genes alelos: o primeiro C,
é igual a 1, porque representa a probabilidade de
expressando a cor Aguti ou Selvagem; o segundo
ocorrer “cara” somada à probabilidade de ocorrer
Cch, transmitindo a cor Chinchila; o terceiro Ch, repre-
“coroa” (1/2 + 1/2 =1). Para calcular a probabilidade
de obter “face 1” ou “face 6” no lançamento de um sentando a cor Himalaia; e o quarto alelo Ca, respon-
dado, basta somar as probabilidades de cada even- sável pela cor Albina.
to: 1/6 + 1/6 = 2/6.

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Sendo a relação de dominância → C > Cch > Ch > Ca


O gene C é dominante sobre todos os outros três,
o Cch dominante em relação ao himalaia e ao albino,
porém recessivo perante o aguti, e assim sucessiva-
mente.
O quadro abaixo representa as combinações en-
tre os alelos e os fenótipos resultantes.

Genótipo Fenótipo
CC, C C , C C e C C
ch h a
Selvagem ou Aguti
C C ,C C eC C
ch ch ch h ch a
Chinchila
C C e Ch C
h h a
Himalaia
CC
a a
Albino

A diferença na cor da pelagem do coelho em


relação à cor da semente das ervilhas é que agora
temos mais genes diferentes atuando (4), em relação Em proporções essas frações representam 9 ama-
aos dois genes clássicos. No entanto, é fundamental relo-lisas: 3 amarelo-rugosas: 3 verde-lisas: 1 verde-ru-
saber a 1ª lei de Mendel continua sendo obedecida, gosa. Com base nesse e em outros experimentos,
isto é, para a determinação da cor da pelagem, o Mendel aventou a hipótese de que, na formação
coelho terá dois dos quatro genes. A novidade é que dos gametas, os alelos para a cor da semente (Vv)
o número de genótipos e fenótipos é maior quando segregam-se independentemente dos alelos que
comparado, por exemplo, com a cor da semente de condicionam a forma da semente (Rr). De acordo
ervilha. O surgimento dos alelos múltiplos (polialelia) com isso, um gameta portador do alelo V pode con-
deve-se a uma das propriedades do material genéti- ter tanto o alelo R como o alelo r, com igual chance,
co, que é a de sofrer mutações. Assim, acredita-se que e o mesmo ocorre com os gametas portadores do
a partir do gene C (aguti), por um erro acidental na alelo v. Uma planta duplo-heterozigota VvRr forma-
276 ria, de acordo com a hipótese da segregação inde-
duplicação do DNA, originou-se o gene Cch (chinchi-
la). A existência de alelos múltiplos é interessante para pendente, quatro tipos de gameta em igual propor-
a espécie, pois haverá maior variabilidade genética, ção: 1 VR: 1Vr: 1 vR: 1 vr.
possibilitando mais oportunidade para adaptação ao
ambiente (seleção natural). A segunda lei de Mendel
A segunda lei de Mendel
A segregação independente de dois ou mais pares Mendel concluiu que a segregação indepen-
de genes dente dos fatores para duas ou mais características
Além de estudar isoladamente diversas caracterís- era um princípio geral, constituindo uma segunda
ticas fenotípicas da ervilha, Mendel estudou também lei da herança. Assim, ele denominou esse princípio
a transmissão combinada de duas ou mais característi- segunda lei da herança ou lei da segregação inde-
cas. Em um de seus experimentos, por exemplo, foram pendente, posteriormente chamada segunda lei de
considerados simultaneamente a cor da semente, que Mendel: Os fatores para duas ou mais características
pode ser amarela ou verde, e a textura da casca da segregam-se no híbrido, distribuindo-se independen-
semente, que pode ser lisa ou rugosa. temente para os gametas, onde se combinam ao
Plantas originadas de sementes amarelas e lisas, acaso.
ambos traços dominantes, foram cruzadas com plan-
tas originadas de sementes verdes e rugosas, traços re- A proporção 9:3:3:1
cessivos. Todas as sementes produzidas na geração F1
eram amarelas e lisas. Ao estudar a herança simultânea de diversos pa-
A geração F2, obtida pela autofecundação das res de características. Mendel sempre observou, em
plantas originadas das sementes de F1, era composta F2, a proporção fenotípica 9:3:3:1, conseqüência da
por quatro tipos de sementes: segregação independente ocorrida no duplo-hete-
9/16 amarelo-lisas rozigoto, que origina quatro tipos de gameta.
3/16 amarelo-rugosas
3/16 verde-lisas
1/16 verde-rugosas

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Segregação independente de 3 pares de alelos Obtendo a Proporção 9:3:3:1 sem Utilizar o Qua-
dro de Cruzamentos
Ao estudar 3 pares de características simultanea-
mente, Mendel verificou que a distribuição dos tipos Número de
de indivíduos em F2 seguia a proporção de 27: 9: 9: 9: Genótipo Valor de n 2n
gametas
3: 3: 3: 1. Isso indica que os genes para as 3 caracterís-
AA 0 20 1
ticas consideradas segregam-se independentemen-
te nos indivíduos F1, originando 8 tipos de gametas. Aa 1 2 1
2
Em um dos seus experimentos, Mendel considerou si- AaBB 1 2 1
2
multaneamente a cor (amarela ou verde), a textura AaBb 2 2 2
4
da casca (lisa ou rugosa) e a cor da casca da se-
mente (cinza ou branca). O cruzamento entre uma AABbCCDd 2 22 4
planta originada de semente homozigota dominan- AABbCcDd 3 2 3
8
te para as três características (amarelo-liso-cinza) e AaBbCcDd 4 2 4
16
uma planta originada de semente com traços reces- AaBbCcDdEe 5 2 5
32
sivos (verde-rugosa-branca) produz apenas ervilhas
com fenótipo dominante, amarelas, lisas e cinza. Es-
A 2º lei de Mendel é um exemplo de aplicação
ses indivíduos são heterozigotos para os três pares de
direta da regra do E de probabilidade, permitindo
genes (VvRrBb). A segregação independente desses
chegar aos mesmos resultados sem a construção tra-
três pares de alelos, nas plantas da geração F1, leva
balhosa de quadro de cruzamentos. Vamos exempli-
à formação de 8 tipos de gametas.
ficar, partindo do cruzamento entre suas plantas de
ervilha duplo heterozigotas: P: VvRr X VvRr

- Consideremos, primeiro, o resultado do cruza-


mento das duas características isoladamente:

Vv X Vv Rr X Rr
3/4 sementes amarelas 3/4 sementes lisas 277
1/4 sementes verdes 1/4 sementes rugosas

Como desejamos considerar as duas característi-


cas simultaneamente, vamos calcular a probabilida-
de de obtermos sementes amarelas e lisas, já que se
trata de eventos independentes. Assim,

sementes amarelas e sementes lisas


3/4 X 3/4 = 9/16

E a probabilidade de obtermos sementes amare-


Os gametas produzidos pelas plantas F1 se com- las e rugosas:
binam de 64 maneiras possíveis (8 tipos maternos X 8
tipos paternos), originando 8 tipos de fenótipos. sementes amarelas E sementes rugosas
3/4 X 1/4 = 3/16
Determinando o número de tipos de gametas na
segregação independente
Agora a probabilidade de obtermos sementes
verdes e lisas:
Para determinar o número de tipos de gametas
formados por um indivíduo, segundo a segregação
independente, basta aplicar a expressão 2n, em que sementes verdes E sementes lisas
n representa o número de pares de alelos no genóti- 1/4 X 3/4 = 3/16
po que se encontram na condição heterozigota.

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Finalmente, a probabilidade de nós obtermos se- mente poucos cromossomos no núcleo das células
mentes verdes e rugosas: e inúmeros genes, é intuitivo concluir que, em cada
cromossomo, existe uma infinidade de genes, respon-
sementes verdes E sementes rugosas sáveis pelas inúmeras características típicas de cada
espécie. Dizemos que esses genes presentes em um
1/4 X 1/4 = 1/16
mesmo cromossomo estão ligados ou em linkage e
caminham juntos para a formação dos gametas.
Assim a 2ª lei de Mendel nem sempre é obedecida,
Utilizando a regra do E, chegamos ao mesmo re- bastando para isso que os genes estejam localizados
sultado obtido na construção do quadro de cruza- no mesmo cromossomo, ou seja, estejam em linkage.
mentos com a vantagem da rapidez na obtenção
da resposta. Linkage

A relação Meiose e 2ª Lei de Mendel Genes unidos no mesmo cromossomo

Existe uma correspondência entre as leias de T. H. Morgan e seus colaboradores trabalharam


Mendel e a meiose. Acompanhe na figura o proces- com a mosca da fruta, Drosophila melanogaster, e
so de formação de gametas de uma célula de indiví- realizaram cruzamentos em que estudaram dois ou
duo diíbrido, relacionando-o à 2ª Lei de Mendel. Note mais pares de genes, verificando que, realmente,
que, durante a meiose, os homólogos se alinham em nem sempre a 2ª Lei de Mendel era obedecida. Con-
metáfase e sua separação ocorre ao acaso, em cluíram que esses genes não estavam em cromosso-
duas possibilidades igualmente viáveis. A segrega- mos diferente, mas, sim, encontravam-se no mesmo
ção independente dos homólogos e, consequente- cromossomo (em linkage).
mente, dos fatores (genes) que carregam, resulta nos
genótipos AB, ab, Ab e aB.

278

Um dos cruzamentos efetuados por Morgan

Em um dos seus experimentos, Morgan cruzou


moscas selvagens de corpo cinza e asas longas com
mutantes de corpo preto e asas curtas (chamadas
de asas vestigiais). Todos os descendentes de F1 apre-
A 2ª Lei de Mendel é sempre obedecida? sentavam corpo cinza e asas longas, atestando que
o gene que condiciona corpo cinza (P) domina o que
A descoberta de que os genes estão situados determina corpo preto (p), assim como o gene para
nos cromossomos gerou um impasse no entendimen- asas longas (V) é dominante sobre o (v) que condi-
to da 2º Lei de Mendel. Como vimos, segundo essa ciona surgimento de asas vestigiais. A seguir Morgan
lei, dois ou mais genes não-alelos segregam-se inde- cruzou descendentes de F1 com duplo-recessivos (ou
pendentemente, desde que estejam localizados em
seja, realizou cruzamentos testes). Para Morgan, os
cromossomos diferentes. Surge, no entanto, um pro-
resultados dos cruzamentos-teste revelariam se os ge-
blema. Mendel afirmava que os genes relacionados
nes estavam localizados em cromossomos diferentes
a duas ou mais características sempre apresentavam
(segregação-independente) ou em um mesmo cro-
segregação independente. Se essa premissa fos-
mossomo (linkage).
se verdadeira, então haveria um cromossomo para
Surpreendentemente, porém, nenhum dos resul-
cada gene. Se considerarmos que existe uma infi-
tados esperados foi obtido. A separação e a conta-
nidade de genes, haveria, então, uma quantidade
gem dos descendentes de F2 revelou o seguinte re-
assombrosa de cromossomos, dentro de uma célula,
sultado:
o que não é verdade. Logo, como existem relativa-

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- 41,5% de moscas com o corpo cinza e asas lon- - Dominante/dominante


gas; - Dominante/recessivo
- 41,5% de moscas com o corpo preto e asas ves- - Recessivo/dominante
tigiais; - Recessivo/recessivo.
- 8,5% de moscas com o corpo preto e asas lon-
gas; A diferença em cada caso está nas proporções
- 8,5% de moscas com o corpo cinza e asas ves- obtidas. No caso da 2ª lei de Mendel, haverá 25%
tigiais. de cada fenótipo. No linkage com crossing, todavia,
os dois fenótipos parentais surgirão com frequência
Ao analisar esse resultado, Morgan convenceu- maior do que as frequências dos recombinantes. A
se de que os genes P e V localizavam-se no mesmo explicação para isso reside no fato de, durante a
cromossomo. Se estivessem localizados em cromos- meiose a permuta não ocorrer em todas as células,
somos diferentes, a proporção esperada seria outra sendo, na verdade, um evento relativamente raro.
(1: 1: 1: 1). No entanto, restava a dúvida: como ex- Por isso, nos cruzamentos PpVv X ppvv, da pagina
plicar a ocorrência dos fenótipos corpo cinza/asas anterior, foram obtidos 83% de indivíduos do tipo pa-
vestigiais e corpo preto/asas longas? A resposta não rental (sem crossing) e 17% do tipo recombinantes
foi difícil de ser obtida. Por essa época já estava ra- (resultantes da ocorrência de permuta).
zoavelmente esclarecido o processo da meiose. Em Frequentemente, nos vários cruzamentos realiza-
1909, o citologista F. A. Janssens (1863-1964) descre- dos do tipo AaBb X aabb, Morgan obteve os dois fe-
veu o fenômeno cromossômico conhecido como nótipos parentais (AaBb e aabb), na proporção de
permutação ou crossing over, que ocorre durante a 50% cada. Para explicar esse resultado, ele sugeriu
prófase I da meiose e consiste na troca de fragmen- a hipótese que os genes ligados ficam tão próximos
tos entre cromossomos homólogos. um do outro que dificultam a ocorrência de crossing
over entre eles. Assim, por exemplo, o gene que de-
termina a cor preta do corpo da drosófila e o gene
que condiciona a cor púrpura dos olhos ficam tão
próximos que entre eles não ocorre permuta. Nesse
caso se fizermos um cruzamento teste entre o duplo
-heterozidoto e o duplo-recessivo, teremos nos des- 279
cendentes apenas dois tipos de fenótipos, que serão
correspondentes aos tipos parentais.

Os arranjos “cis” e “trans” dos genes ligados


Considerando dois pares de genes ligados, como,
por exemplo, A/a e B/b, um indivíduo duplo heterozi-
goto pode ter os alelos arranjados de duas maneiras
nos cromossomos:
Os alelos dominantes A e B se situam em um cro-
mossomo, enquanto os alelos recessivos a e b se si-
tuam no homólogo correspondente. Esse tipo de
arranjo é chamado de Cis. O alelo dominante A e
Em 1911, Morgan usou essa observação para o alelo recessivo b se situam em um cromossomo,
concluir que os fenótipos corpo cinza/asas vestigiais enquanto o alelo recessivo a e o alelo dominante B,
e corpo preto/asas longas eram recombinantes e de- se situam no homólogo correspondente. Esse tipo de
vido a ocorrência de crossing-over. arranjo é chamado de Trans.

Como diferenciar Segregação independente (2ª


Lei de Mendel) de Linkage?

Quando comparamos o comportamento de pa-


res de genes para duas características para a segun-
da lei de Mendel com a ocorrência de linkage e cros-
sing-over em um cruzamento genérico do tipo AaBb
X aabb, verificamos que em todos os casos resultam
quatro fenótipos diferentes:

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Podemos descrever esses arranjos, usando um Para uma explicação desse resultado a cor de
traço duplo ou simples para descrever o cromosso- olho nessa mosca deveria ser ligada ao sexo. Então
mo, ou mais simplificadamente, o arranjo pode ser existiriam cromossomos sexuais que carregariam ge-
descrito como AB/ab para Cis e Ab/aB para trans. nes como os da coloração de olhos. Observando
O arranjo cis e trans dos alelos no duplo-heterozigoto essa e outras características com o mesmo padrão
pode ser facilmente identificado em um cruzamento de segregação emDrosophila: asas pequenas (Minia-
teste. No caso dos machos de Drosófila, se o arranjo ture), cor de corpo amarela (Yelow), Morgan trouxe,
for cis (PV/pv), o duplo heterozigoto forma 50% de ga- portanto, como evidência da Teoria Cromossômica
metas PV e 50% de gametas pv. Se o arranjo for trans da Herança, os padrões de segregação dos genes
(Pv/pV), o duplo heterozigoto forma 50% de gametas ligados aos cromossomos sexuais em Drosophila.
Pv e 50% de pV. Nas fêmeas de Drosófila, nas quais Embora W. Waldeyer (1888) tenha sido quem
ocorrem permutações, o arranjo cis ou trans pode ser usou o termo cromossomo pela primeira vez, foi W. C.
identificado pela frequência das classes de gametas. Von Nageli (1842) quem primeiro os observou, mas foi
As classes mais frequentes indicam as combinações W. Fleming (1879-1875) que utilizando novas técnicas
parentais e as menos frequentes as recombinantes. de coloração os descreveu, denominando essa subs-
tância existente no núcleo de cromatina.
PADRÕES DE HERANÇA: AUTOSSÔMICA, LIGADA Foi Oscar Hertwig(1875) quem primeiro referiu a
AO SEXO – DOMINANTE E RECESSIVA. GRUPOS SAN- fusão do esperma com o ovo para formar o zigoto.
GUINEOS. A identificação dos cromossomos como carrega-
dores dos genes foi rapidamente demonstrada em
Teoria Cromossômica da Herança trabalhos de 1880 de T. Boveri, K. Rabi e E. Van Bre-
den, e mais tarde evidenciadas em publicações de
A noção que os cromossomos carregam os ge- Mc.Clung (1902), W.S.Sutton (1903), T.Boveri (1904),
nes, como percebe-se, só foi aceita mais tarde e E.B.Wilson (1905).
constituiu-se na Teoria Cromossômica da Herança. Em 1885, A. Weissmann já afirmava que a he-
rança era baseada exclusivamente no núcleo e em
Thomas Hunt Morgan em 1910, trouxe a primeira
1887 predizia a ocorrência e uma divisão redutora
evidência para essa teoria. Foi obtida a partir de es-
que denominou de meiose.
280 tudos em uma mosca da fruta, a Drosophila melano-
Em 1890, O. Hertwig e T. Boveri descreviam o pro-
gaster.
cesso de meiose em detalhe.
Em 1913, A. Sturtevant criava o primeiro mapa
genético usando as características deDrosophila me-
lanogaster. Demonstrava que os genes existiam em
ordem linear nos cromossomos.
Em 1927, L. Stadler e H. J. Muller demonstravam
que os genes podiam ser originados artificialmente
ou induzidos por mutações usando radiações ioni-
zantes como o Raio-X.
Os cromossomos de eucariotes são formados por
Esse organismo que mostrou-se como um dos nucleoproteinas, as histonas e não histonas associa-
mais adequados organismos para estudos genéti- das a DNA. Possuem em sua estutura dois braços
cos, pelo seu pequeno tamanho e baixo número de separados por uma constrição primário ou centrô-
cromossomos, fácil criação em pequenos espaços mero, e ainda constricções secundárias que sepa-
de laboratório, cultura de manutenção econômica, ram eventuamente o braço cromossômico de uma
grande número de descendentes por geração, gran- pequena região chamada de satélite. No M.E., um
de número de gerações em pouco espaço de tem- cromossomo na fase descondensada e com ativi-
po e a possibilidade de se obter fêmeas virgens logo dade de síntese de RNA, pode ser observado com
após a eclosão para efetuar cruzamentos precisos. um estrutura de contas em colar (os nucleossomos)
Morgan cruzou moscas de linhagens puras com olhos constituídos de DNA enrolado (core DNA) em uma
vermelhos (gene dominante) e de olhos brancos. En- bola de 4 pares de histonas, H2A, H2B, H3 e H4, (core
tretanto nem toda a progênie era de olho vermelho. Histona) que juntos constituem cada nucelossomo.
Quando cruzava machos de olho vermelho da ge- Observe o esquema na figura a seguir.
ração F1 com suas irmãs fêmeas de olho vermelho
produzia somente ¼ de machos de olho branco mas
nenhuma fêmea de olho branco.

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No plasma sanguíneo humano podem existir


duas proteínas, chamadas aglutininas: aglutinina an-
ti-A eaglutinina anti-B.

Dentro da região do centrômero existem regiões


onde no processo de divisão celular os fusos acromá-
ticos se ligam. O lugar onde ocorre essa ligação é o
Kinetocoro, região constituída de DNA e proteina, a
sequência de DNA dessa região é chamada de CEN  
DNA, que possui comprimento de 120 pares de base Se uma pessoa possui aglutinogênio A, não pode
e está constituído de várias sub-regiões, CDE-I, CDE-II ter aglutinina anti-A, da mesma maneira, se possui
e CDE-III. Quando ocorrer uma mutação pontual na aglutinogênio B, não pode ter aglutinina anti-B. Caso
região III, isso elimina a possibilidade do centrômero contrário, ocorrem reações que provocam a agluti-
funcionar na segregação do cromossomo durante a nação ou o agrupamento de hemácias, o que pode
divisão celular. Atualmente foram evidenciados 3 ti- entupir vasos sanguíneos e comprometer a circula-
pos de proteinas que pertencem a essa região. esse ção do sangue no organismo. Esse processo pode
complexo de proteinas é denominado Cbf-III. Esse levar a pessoa à morte. 281
complexo se liga a região III normal mas não tem ca- Na tabela abaixo você pode verificar o tipo de
pacidade de se ligar a essa região III mutada. Outra aglutinogênio e o tipo de aglutinina existentes em
estrutura típica do cromossomo do eucarote é a re- cada grupo sanguíneo:
gião terminal do cromossomo chamada de telômero.  
Telomeros são as regiões de DNA terminal do cromos- Grupo
ssomo, usualmente heterocromáticas e constituídas Aglutinogênio Aglutinina
sanguíneo
de sequências repetidas tandemicamente (com as
mesmas sequências de bases). A A anti-B
B B anti-A
Os grupos sanguíneos AB AeB Não possui
anti-A e
O fornecimento seguro de sangue de um doador O Não possui
anti-B
para um receptor requer o conhecimento dos grupos
sanguíneos. Estudaremos dois sistemas de classifica-
ção de grupos sanguíneos na espécie humana: os sis- A existência de uma substância denominada
temas ABO e Rh. Nos seres humanos existem os seguin- fator Rh no sangue é outro critério de classificação
tes tipos básicos de sangue em relação aos sistema sanguínea. Diz-se, então, que quem possui essa subs-
ABO: grupo A, grupo B, grupo AB e grupo O. tância no sangue é Rh positivo; quem não a possui
Cada pessoa pertence a um desses grupos san- é Rh negativo. O fator Rh tem esse nome por ter sido
guíneos.  Nas hemácias humanas podem existir dois ti- identificado pela primeira vez no sangue de um ma-
pos de proteínas: o aglutinogênio A e o aglutinogênio caco Rhesus.
B. De acordo com a presença ou não dessas hemá- A  transfusão de sangue consiste em transferir o
cias, o sangue é assim classificado: sangue de uma pessoa doadora para outra recep-
• Grupo A – possui somente o aglutinogênio A; tora. Geralmente é realizada quando alguém perde
• Grupo B – possui somente o aglutinogênio B; muito sangue num acidente, numa cirurgia ou devi-
• Grupo AB – possui somente o aglutinogênio A e B; do a certas doenças.
• Grupo O – não possui aglutinogênios.

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Nas transfusões de sangue deve-se saber se há ou não compatibilidade entre o sangue do doador e
o do receptor. Se não houver essa compatibilidade, ocorre aglutinação das hemácias que começam a se
dissolver (hemólise).  Em relação ao sistema ABO, o sangue doado não deve conter aglutinogênios A; se o
sangue do receptor apresentar aglutininas anti-B, o sangue doado não pode conter aglutinogênios B.
 

282

Em geral os indivíduos Rh negativos (Rh-) não possui aglutininas anti-Rh. No entanto, se receberem san-
gue Rh positivo (Rh+), passam a produzir aglutininas anti-Rh. Como a produção dessas aglutininas ocorre de
forma relativamente lenta, na primeira transfusão de sangue de um doador Rh+ para um receptor Rh-, geral-
mente não há grandes problemas. Mas, numa segunda transfusão, deverá haver considerável aglutinação
das hemácias doadas. As aglutininas anti-Rh produzidas dessa vez, somadas as produzidas anteriormente,
podem ser suficientes para produzir grande aglutinação nas hemácias doadas, prejudicando os organismos.

GENES LIGADOS AO SEXO

CONCEITO

Refere-se à herança de genes localizados na porção não homóloga do cromossomo X (mamíferos, Dro-
sophila, etc.) ou no cromossomo análogo Z.

CARACTERÍSTICAS

Os seguintes fatos são evidências de um herança ligada ao sexo:

Herança cruzada em cruzamentos onde a fêmea é recessiva;

Cruzamentos recíprocos com resultados diferentes;

Herança do tipo avô-neto. Neste caso o fenótipo do avô desaparece na F1 e volta aparecer na F2.

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EXEMPLOS GENES PARCIALMENTE LIGADOS AO SEXO

Cor de olhos em Drosophila CONCEITO

Fenótipo Macho Fêmea É a herança daqueles genes localizados na re-


gião homóloga dos cromossomos X e Y. Este genes
Vermelho XB Y XBXB XBXb
podem permutar-se durante o paquíteno já que se
Branco Xb Y XbXb encontram nas regiões dos cromossomos sexuais
que se pareiam. O genótipo apresentado pelo ma-
Daltonismo  cho poderá ser: XAYA, XAYa, XaYA e XaYa.

O daltonismo é um defeito na visão em que o indi- EXEMPLOS


víduo confunde cores. Comumente a confusão se faz
entre o verde e o vermelho e daí o nome, dado em Retinite pigmentar
relação ao químico Dalton, que sofria desta anomalia.
A retinite pigmentar é uma degeneração da re-
Este defeito é provocado por um alelo recessivo ligado
tina com depósito de substâncias melânicas levan-
ao sexo.
do à cegueira. É causada por um alelo dominante,
parcialmente ligada ao sexo. Os seguintes genótipos
Fenótipo Homem Mulher são encontrados na população humana: 
Normal XDY XDXD ou XDXd
Daltônico XdY XdXd Fenótipo Homem Mulher
Retinite XRYR, XRYr e XrYR XRXR e XRXr
Hemofilia 
Normal XrYr XrXr
A hemofilia é uma anomalia na capacidade de
coagulação do sangue, regulada por um alelo reces- Como o gene localiza-se na região de homologia
sivo ligado ao sexo. É uma doença que causou grande há possibilidade de formação de indivíduos recombi-
mal às famílias reais européias, depois de ser introduzi- nantes. Considerando o casamento entre um homem
da pelos descendentes da rainha Vitória. Os sintomas com retinite, de contituição cromossômica XrYR e 283
apresentados pelo hemofílico são: hemorragia quer uma mulher normal XrXr, constata-se que há possi-
por ferimento ou não; sangramento de natureza de flu- bilidade de serem formados homens normais XrYr e
xo lento e persistente; sangramento duradouro. Pode mulheres com retinite XRXr, em razão da união de
durar semanas e então levar a uma anemia profunda. envolvendo espermatozóides recombinantes com
Verificou-se que a coagulação em tubo de ensaio po- XR ou Yr.
deria levar 30 minutos ou horas se o sangue fosse de um
hemofílico. Com relação a este caráter são verificados Xeroderma pigmentosum
os seguintes genótipos e fenótipos:
Anormalidade caracterizada por uma irritação
Fenótipo Homem Mulher na pele formando placas pigmentosas. Há forma-
ções cancerosas no corpo ou a presença de tumores
Normal XHY XHXH ou XHXh malignos. A anormalidade gera também uma fotos-
Hemofílico XhY XhXh sensibilidade nos olhos à luz solar. Esta anormalidade
é provocada por um alelo recessivo parcialmente li-
Os zigotos hemofílicos femininos tem possibilidades gado ao sexo.
teóricas para existirem, entretanto nunca foram conve-
nientemente admitidos. Estes zigotos seriam formados
Fenótipo Homem Mulher
a partir do casamento entre um homem XhY e uma
mulher XHXh. A chance do homem hemofílico, vir a se Normal XPYP, XPYp e XpYP XPXp e XPXP
casar é pequena e, mesmo que o casamento ocorra, Xeroderma XpYp XpXp
a probabilidade de surgir uma mulher hemofílica é de
apenas 25%. Alguns autores acham que mulheres XhXh
viveriam no máximo até a primeira menstruação. BIRCH
demonstrou que hormônios feminino tem efeito favorá-
vel na coagulação de sangue. Entretanto a aplicação
destes hormônios em homens hemofílicos apresentou
resultados duvidosos.

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GENES HOLÂNDRICO Genótipo Homem Mulher

CONCEITO BB Calvo Calva


Bb Calvo Não calva
É a herança daqueles genes localizados no cro- Bb Não calvo Não calva
mossomo Y, no segmento sem homologia. O cromos-
somo Y é o principal determinante da masculinidade Neste caso, o alelo B determina a calvície e o ale-
na espécie humana e outros mamíferos. Nele deve lo b determina a persistência de cabelos. O alelo B
estar contido os genes de efeito masculinizante. Afo- domina b, quando em um genótipo do indivíduo do
ra esta possível ação masculinizante, pouco se co- sexo masculino. Em indivíduos do sexo feminino o ale-
nhece sobre os genes do Y, com algumas exceções lo b domina o alelo B.
no homem.
Como o cromossomo Y é restrito aos machos, Pelagem de gado ayrshire
apenas este sexo apresentam tais características,
sendo repassado de pais para filhos. Nesta raça de gado leiteiro o animal branco pode
apresentar áreas (manchas) no pescoço que podem
EXEMPLOS ter coloração vermelha ou castanha. Os seguintes
alelos determinam a herança deste caráter:
Ictiose grave Este é um dos exemplos incluídos M1 = castanho
como gene holândrico, entretanto segundo STERN, M2 = vermelho
não é a rigor, um caso conclusivo. Um cidadão in-
glês, Edward Lambert, nascido em 1917 tinha pelos Sendo que M1 domina M2 em organismos do sexo
longos e duros, a semelhança de cerdas de porco, masculino, mas é dominado por M2 nos indivíduos do
e daí o nome que se lhe deu de “porco espinho”. Ele sexo feminino. Assim, são verificados os seguinte fenóti-
casou-se e teve 6 filhos que também apresentavam pos associados aos genótipos atribuídos ao gene M1/M2:
a mesma característica. O fenótipo nunca foi encon-
trado em mulheres. Genótipo Macho Fêmea
Hipertricose auricular Tem sido considerado tal-
vez o único exemplo, na espécie humana, de heran- M1 M1 Castanho Castanho
284
ça holândrica. A hipertricose é caracterizada pela M1 M2 Castanho Vermelho
presença de pelo no pavilhão auditivo, muito comum M2 M2 Vermelho Vermelho
em homens indianos.
Presença de chifres em carneiros
GENES INFLUENCIADOS PELO SEXO
Com relação a este caráter temos o seguinte me-
CONCEITO canismo genético:
H1 = com chifre
Na herança influenciada pelo sexo o efeito do H2 = sem chifre
gene é afetado pelas características hormonais e fi-
siológicas do sexo em que se encontra. Um gene é Neste caso, H1 domina H2 nos machos e H2 do-
influenciado pelo sexo quando ele age como domi- mina H1 nas fêmeas, conforme ilustrado no quadro a
nante num sexo mas recessivo no outro. Assim, ocor- seguir:
re uma reversão de dominância em função do sexo
do indivíduo, a qual é constatada pela variação de
Genótipo Macho Fêmea
fenótipos apresentados pelos heterozigotos dos dois
sexos. H1 H1 Com chifre Com chifre
H1 H2 Com chifre Sem chifre
EXEMPLOS H2 H2 Sem chifre Sem chifre

Calvície GENES LIMITADOS AO SEXO

A calvície pode ter origem em vários fatores: CONCEITO


seborréia, sífilis, distúrbio da tiróide etc. Entretanto a
intensidade e alguns tipos de calvície pode ser here- Neste caso um dos sexos apresenta um único fe-
ditária. A calvície hereditária tem o seguinte meca- nótipo, para qualquer que seja seu genótipo. A se-
nismo genético: gregação fenotípica ocorre apenas no sexo oposto.

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EXEMPLOS

Asas de borboletas (gênero Colias)

Neste exemplo a segregação fenotípica ocorre apenas no sexo feminino, no qual o alelo W determina as
asas de cor branca e o alelo recessivo w determina asas de cor amarela. Os machos só se apresentam com
asas amarelas.

Genótipo Fêmeas Machos


WW Branca Amarela
Ww Branca Amarela
ww Amarela Amarela

Penas de galinhas

Neste exemplo a segregação fenotípica ocorre apenas no sexo masculino. No sexo feminino, o fenótipo
é o mesmo, independente do genótipo da ave.

Genótipo Macho Fêmea


HH penas de galinha penas de galinha
Hh penas de galinha penas de galinha
hh penas de galo penas de galinha

O alelo H inibe a presença de penas masculinas quando em presença de hormônios sexuais masculinos.
Se o galo Hh for castrado, o nível de hormônios masculino decresce e o efeito inibitório do alelo H desapare-
ce, permitindo h manifestar-se e o galo passa, após castrado, ter penas de galos.
285
Herança Quantitativa
 
A herança quantitativa também é um caso particular de interação gênica. Neste caso, em que as dife-
renças fenotípicas de uma dada característica não mostram variações expressivas, as variações são lentas e
contínuas e mudam gradativamente, saindo de um fenótipo “mínimo” até chegar a um fenótipo “máximo”.
É fácil concluir, portanto, que na herança quantitativa (ou poligênica) os genes possuem efeito aditivo e
recebem o nome de poligenes.
A herança quantitativa é muito frequente na natureza. Algumas características de importância econô-
mica, como a produção de carne em gado de corte, produção de milho etc., são exemplos desse tipo de
herança. No homem, a estatura, a cor da pele e, inclusive, inteligência, são casos de herança quantitativa.
 
Herança da cor da pele no homem
Segundo Davenport (1913), a cor da pele na espécie humana é resultante da ação de dois pares de
genes (AaBb), sem dominância. Dessa forma, A e B determinam a produção da mesma quantidade do pig-
mento melanina e possuem efeito aditivo. Logo, conclui-se que deveria existir cinco tonalidades de cor na
pele humana, segundo a quantidade de genes A e B.
 
Genótipos Fenótipos
aabb pele clara
Aabb, aaBb mulato claro
AAbb, aaBB, AaBb mulato médio
AABb, AaBB mulato escuro
AABB pele negra

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Vejamos os resultados genotípicos e fenotípicos que seriam obtidos a partir do cruzamento de dois indiví-
duos mulatos médios, duplo-heterozigotos:
mulato médo            X           mulato médio
AaBb                                                AaBb

  AB Ab aB ab
AABB AABb AaBB AaBb
AB
Negro mulato escuro mulato escuro Púrpura
AABb AAbb AaBb Aabb
Ab
mulato escuro mulato médio mulato médio mulato claro
AaBB AaBb aaBB aaBb
aB
mulato escuro mulato médio mulato médio mulato claro
AaBb Aabb aaBb aabb
ab
mulato médio mulato claro mulato claro Branca
Fenótipos:
1/16      :      4/16      :        6/16        :       
4/16        :       1/16
branco      mulato claro      mulato
médio     mulato escuro         negro

E a cor dos olhos?


Todo o professor de biologia tem que responder, durante as aulas de genética, ao inevitável questiona-
mento sobre como é herdada a cor dos olhos. Contudo, muitos ainda tratam erroneamente essa caracterís-
tica genética como um tipo de herança mendeliana simples, cuja ocorrência é influenciada por um único
par de genes associados com a produção de olhos escuros e claros. Essa explicação simplista, porém, não
mostra como surge toda a variedade de cores presentes nos olhos e não esclarece por que pais de olhos
286 castanhos podem ter filhos com olhos castanhos, azuis, verdes, ou de qualquer outra tonalidade. A cor dos
olhos é uma característica cuja herança é poligênica, um tipo de variação contínua em que os alelos de
vários genes influenciam na coloração final dos olhos. Isso ocorre por meio da produção de proteínas que
dirigem a proporção de melanina depositada na íris. Outros genes produzem manchas, raios, anéis e padrões
de difusão dos pigmentos.
 
Distribuição dos fenótipos em curva normal ou de Gauss.
Normalmente, os fenótipos extremos são aqueles que se encontram em quantidades menores, enquanto
os fenótipos intermediários são observados em frequências maiores. A distribuição quantitativa desses fenóti-
pos estabelece uma curva chamada normal (curva de Gauss).
 

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O número de fenótipos que podem ser encon- RNA - O ácido ribonucleico (RNA) é uma molé-
trados, em um caso de herança poligênica, depen- cula também formada por um açúcar (ribose), um
de do número de pares de alelos envolvidos, que grupo fosfato e uma base nitrogenada (U ou uracila,
chamamos n. A ou adenina, C ou citosina e G ou guanina). Um gru-
po reunindo um açúcar, um fosfato e uma base é um
Número de fenótipos = 2n + 1 “nucleotídeo”.
Código genético - A informação contida no DNA,
o código genético, está registrada na sequência de
Se uma característica é determinada por três
suas bases na cadeia (timina sempre ligada à ade-
pares de alelos, sete fenótipos distintos podem ser
nina, e citosina sempre com guanina). A sequência
encontrados. Cada grupo de indivíduos que expres-
indica outra sequência, a de aminoácidos - substân-
sam o mesmo fenótipo constitui uma classe fenotí-
cias que constituem as proteínas. O DNA não é o fa-
pica.
bricante direto das proteínas; para isso ele forma um
Sabendo-se o número de pares envolvidos na
tipo específico de RNA, o RNA mensageiro, no pro-
herança, podemos estimar a frequência esperada
cesso chamado transcrição. O código genético, na
de indivíduos que demonstram os fenótipos extre-
forma de unidades conhecidas como genes, está no
mos, em que n é o número de pares de genes.
DNA, no núcleo das células. Já a “fábrica” de pro-
teínas se localiza no citoplasma celular em estruturas
Frequencia dos fenótipos extremos =1/4n específicas, os ribossomos, para onde se dirige o RNA
mensageiro. Na transcrição, apenas os genes relacio-
APLICAÇÃO DOS CONHECIMENTOS ATUAIS DE nados à proteína que se quer produzir são copiados
GENÉTICA NA TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINAN- na forma de RNA mensageiro. Cada grupo de três
TE – RETROCRUZAMENTO INTERAÇÃO GÊNICA - HE- bases (ACC, GAG, CGU etc.) é chamado códon e é
RANÇA LIGADA AO SEXO - MUTAÇÕES - GRUPOS específico para um tipo de aminoácido. Um pedaço
SANGUÍNEOS. de ácido nucléico com cerca de mil nucleotídeos de
comprimento pode, portanto, ser responsável pela
DNA e RNA síntese de uma proteína composta de centenas de
aminoácidos. Nos ribossomos, o RNA mensageiro é
Substâncias químicas das quais são feitos os ge- por sua vez lido por moléculas de RNA de transferên- 287
nes. Verifica-se isso pelo fato de essas moléculas cia, responsável pelo transporte dos aminoácidos até
estarem envolvidas na transmissão dos caracteres o local onde será montada a cadeia proteica. Essa
hereditários e na produção de proteínas. Estas úl- produção de proteínas com base em um código é o
timas são os principais compostos constituintes dos fundamento da engenharia genética.
seres vivos e estão em produção constante pelas Texto adaptado de Maria Duarte Mendonça.
células sob ordem dos genes. Ou seja, do DNA e do
RNA, siglas que em inglês significam, respectivamen- Herança mendeliana.
te, ácido desoxirribonucleico e ácido ribonucleico.
De maneira geral, se diz que são ácidos nucléicos e A genética mendeliana, herança mendeliana ou
também se podem chamá-los pela sigla em portu- Mendelismo é um conjunto de princípios relaciona-
guês ADN e ARN. De acordo com a moderna biolo- dos à transmissão hereditária das características de
gia, com exceção dos retrovírus, o DNA produz RNA, um organismo a seus filhos. Consiste na base principal
que, por sua vez, produz proteína. da genética clássica. Originou-se dos trabalhos de
DNA - O ácido desoxirribonucleico é uma molé- Mendel publicados em 1865 e 1866, os quais foram
cula formada por duas cadeias na forma de uma considerados controversos inicialmente, e redesco-
dupla hélice. Essas cadeias são constituídas de um bertos em 1900. Somente quando incorporada à teo-
açúcar, chamado desoxirribose, um grupo fosfato e ria do cromossomo de Thomas Hunt Morgan em 1915
quatro bases nitrogenadas, chamadas T ou timina, A foi que a Genética mendeliana se tornou a essência
ou adenina, C ou citosina e G ou guanina. O fato de da genética clássica.
o DNA ter a forma de duas hélices, enroladas uma Gregor Johann Mendel nasceu a 20 de Julho de
1822, na Silésia, sendo batizado a 22 de julho de 1822,
na outra, é um fator essencial na sua replicação, isto
o que gera confusão em relação ao dia de seu nasci-
é, a sua reprodução, gerando uma nova molécula
mento. Segundo consta, era pobre, e aos 21 anos de
de DNA enquanto ocorre a divisão celular. Durante
idade entrou para um convento da Ordem de Santo
a replicação, as duas hélices se desenrolam uma da
Agostinho, de onde seus superiores o enviaram a Vie-
outra e cada uma delas serve de molde para fazer
na a fim de estudar história natural. Indicado depois
duas novas.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

para professor-substituto dessa matéria, jamais con- estavam maduras, polinizou as flores de ervilha ama-
seguiu, entretanto, a aprovação nos exames para se rela com o pólen das flores de ervilha verde, e vice-
tornar efetivo no cargo. Seu trabalho genial colocou versa. Essas plantas constituem portanto as linhagens
-o no nível dos maiores cientistas da humanidade. parentais. Os descendentes desses cruzamentos
Sua obra Experiências com hibridização de plantas, constituem a primeira geração em estudo designada
que não abrange mais de 30 páginas impressas, é por geração F¹, assim como as seguintes são desig-
um modelo de método científico. O que descobriu, nadas por F², F³, etc.
e vem sendo ensinado desde 1900, se tornou abso-
lutamente imprescindível para a compreensão da Primeira Lei: Lei da Segregação
Biologia moderna.
A primeira lei de Mendel, chamada de lei da se-
Baseado em trabalhos já existentes acerca de gregação ou lei da pureza dos gametas, pode ser
hibridização de plantas ornamentais, mas que não enunciada da seguinte forma: na formação dos ga-
haviam sido bem-sucedidos, tais como o trabalho de metas, os pares de fatores se segregam. Todas as
Kölreuter, Gartner, e outros, Mendel decidiu estudar sementes obtidas em F¹, foram amarelas (por serem
o mesmo problema. O primeiro cuidado que teve foi dominantes e as verdes recessivas), portanto iguais a
selecionar devidamente o material de estudo; para um dos pais. Uma vez que todas as sementes eram
isso, estabeleceu alguns critérios e procurou mate- iguais, Mendel plantou-as e deixou que as plantas
rial que se lhes adequassem. Tais critérios consistiam quando florescessem, se autofecundassem, produ-
principalmente em encontrar plantas de caracteres zindo assim a geração F². As sementes obtidas na ge-
nitidamente distintos e facilmente diferenciáveis; que ração F² foram verdes e amarelas, na proporção de 3
essas plantas cruzassem bem entre si, e que os híbri- para 1, sempre 3 amarelas para 1 verde. Inclusive na
dos delas resultantes fossem igualmente férteis e se análise de dois caracteres simultaneamente, Mendel
reproduzissem bem; e, por fim, que fosse fácil prote- sempre caía na proporção final de 3:1.
gê-las contra polinização estranha. Baseado nesses Para explicar a ocorrência de somente sementes
critérios, depois de várias análises, Mendel escolheu amarelas em F¹ os dois tipos em F², Mendel come-
algumas variedades e espécies de ervilhas (Pisum sa- çou admitindo a existência de fatores que passas-
tivum), conseguindo um total de sete pares de ca- sem dos pais para os filhos por meio dos gametas.
288 racteres distinto. Cada fator seria responsável pelo aparecimento de
Vamos chamar de linhagem os descendentes de um caráter. Assim, existiria um fator que condiciona
um ancestral comum. Mendel observou que as dife- o caráter amarelo e que podemos representar por
rentes linhagens, para os diferentes caracteres esco- A (maiúsculo), e um fator que condiciona o caráter
lhidos, eram sempre puras, isto é, não apresentavam verde e que podemos representar por a (minúsculo).
variações ao longo das gerações. Por exemplo, a li- Quando a ervilha amarela pura é cruzada com uma
nhagem que apresentava sementes da cor amarela ervilha verde pura, o híbrido F¹ recebe o fator A e o
produziam descendentes que apresentavam exclu- fator a, sendo portanto, portador de ambos os fato-
sivamente a semente amarela. O mesmo caso ocor- res. As ervilhas obtidas em F¹ eram todas amarelas,
re com as ervilhas com sementes verdes. Essas duas isso quer dizer que, por ter o fator A (maiusculo), esse
linhagens eram, assim, linhagens puras. Mendel re- se manifestou, sendo assim chamado de “dominan-
solveu então estudar esse caso em especifico. A flor te”. Mendel chamou de “recessivo” (a)(minúsculo) o
de ervilha é uma flor típica da família das Legumino- fator que não se manifesta em F¹. Utiliza-se sempre
sae. Apresenta cinco pétalas, duas das quais estão a letra do caráter recessivo para representar ambos
opostas formando a carena, em cujo interior ficam os os caráteres, sendo maiúscula a letra do dominante
órgãos reprodutores masculinos e femininos. Por isso, e minúscula a do recessivo. Continuando a análise,
nessa família, a norma é haver autofecundação; ou Mendel contou em F², o número de indivíduos com
seja, o grão de pólen da antera de uma flor cair no caráter recessivo, e verificou que eles ocorrem sem-
pistilo da própria flor, não ocorrendo fecundação pre na proporção de 3 dominantes para 1 recessivo.
cruzada. Logo para cruzar uma linhagem com a ou- Mendel chegou a conclusão que o fator para
tra era necessário evitar a autofecundação. verde só se manifesta em indivíduos puros, ou seja
Mendel escolheu alguns pés de ervilha de semen- com ambos os fatores iguais à a (minúsculo). Em F¹
te amarela e outros de semente verde, emasculou as plantas possuíam tanto os fatores A quanto o fa-
as flores ainda jovens, ainda não-maduras. Para isso, tor a sendo, assim, necessariamente amarelas. Pode-
retirou das flores as anteras imaturas, tornando-as, mos representar os indivíduos da geração F¹ como
desse modo, completamente femininas. Depois de Aa (heterozigoto e, naturalmente, dominante). Logo
algum tempo, quando as flores se desenvolveram e para poder formar indivíduos aa (homozigotos reces-

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sivos) na geração F² os gametas formados na fecun- Cruzamentos possíveis de todos os gametas ob-
dação só poderiam ser aa. Esse fato não seria possível tidos
se a geração desse origem a gametas com fatores
iguais aos deles (Aa). Isso só seria possível se ao ocorrer Gametas AB Ab aB ab
a fecundação houvesse uma segregação dos fato- AB AABB AABb AaBB AaBb
res A e a presentes na geração F¹, esse fatores seriam Ab AABb AAbb AaBb Aabb
misturados entre os fatores A e a provenientes do pai aB AaBB AaBb aaBB aaBb
e os fatores A e a provenientes da mãe. Os possíveis ab AaBb Aabb aaBb aabb
resultados sendo: AA, Aa e aa. Esse fato foi posterior-
mente explicado pela meiose, que ocorre durante a A_: Dominante(cor Amarela). B_: Dominante(for-
formação dos gametas. Mendel havia criado então ma Lisa). aa: Recessivo(cor Verde). bb: Recessivo(for-
sua teoria sobre a hereditariedade e da segregação ma Rugosa).
dos fatores. Obs.: Foram obtidos dezesseis resultados entre
os cruzamentos dos possíveis tipos de cromossomos.
Segunda Lei: Segregação independente Obs.2: A proporção obtida na experiencia decorre
da soma do número de ocorrencias. Exemplo: Ama-
A Segunda Lei de Mendel é também conhecida rela e Lisa(A_B_)- 1/16x9= 9/16.
como Lei da segregação independente dos genes. Assim na geração F2 constata-se a existência de
Mendel em seus experimentos também cruzou plan- quatro fenótipos distintos, sendo dois idênticos da ge-
tas que diferiam em relação a dois pares de alelos. ração parental e dois novos(A_bb e aaBabba_). To-
Neste cruzamento, que objetivava esclarecer a rela- dos os resultados confirmaram que os genes de cada
ção de diferentes pares de alelos, ele cruzou plantas carácter passavam de forma independente dos de-
que possuíam sementes amarelas e lisas com plantas mais, ou seja, o fenótipo dominante - amarelo - não
que possuíam sementes verdes e rugosas. A progênie era transmitido obrigatoriamente com o fenótipo do-
F1 resultante entre o cruzamento dos progenitores ho-
minante - liso, o mesmo ocorreu com a transmissão
mozigota é formada por híbridos(heterozigotos) para
dos fenótipos recessivos - verde e rugoso - para os
dois pares de genes. A progênie F1 (GgWw) é forma-
descendentes. A segunda Lei de Mendel também
da por diíbridos e, por extensão, o cruzamento GGWW
denominada de lei da segregação independente foi
x ggww é um cruzamento diíbrido. Sabia-se, graças à 289
criada por Gregor Mendel diz que, as diferenças de
experiências anteriores, que os alelos que determina-
uma característica são herdadas independentemen-
vam sementes amarelas e lisas eram dominantes e
te das diferenças em outras características.
sobre seus respectivos alelos, que produziam semen-
tes verdes e rugosas. Assim, considerando dois deles
Mecanismos hereditários não previstos por Men-
tinham-se as informações: caráter cor dos cotilédones
del
já tinha sido observado que o padrão amarelo (V_)
apresentava dominância sobre o padrão verde (vv);
Co-dominância
caráter aspecto da casca da semente neste caso, já
se observa que o padrão de casca lisa (R_) era domi- Alelos múltiplos
nante sobre o tipo casca rugosa (rr). Genes Letais
Os cruzamentos foram realizados no mesmo es-
quema da elaboração da primeira lei. A geração Importância dos estudos de Mendel
parental(P) utilizava duas plantas homozigóticas para
as características estudadas, assim uma duplo-do- Embora as conclusões de Mendel tenham se
minante (AA) era cruzada com um duplo-recessiva baseado em trabalhos com uma única espécie de
(aa). Desse cruzamento surgiu um híbrido heterozigó- planta, os princípios enunciados nas duas leis apli-
tico (Aa). Mendel selecionou dois caracteres das sete cam-se a todos os organismos de reprodução sexua-
estudadas na primeira lei para comparação, ervilhas da. Pode-se tomar como exemplo um caso de he-
amarelas(AA) e lisas(BB)(duplo-dominante) e ervilhas rança animal. Cobaias pretas homozigotas cruzadas
verdes(aa) e rugosas(bb)(duplo-recessiva).No primeiro com cobaias brancas homozigotas originarão des-
cruzamento (F1) todas as ervilhas obtidas eram ama- cendentes pretos heterozigotos, que cruzados entre
relas(Aa) e lisas(Bb). Na segunda geração(F2) foram si, originarão cobaias pretas e brancas na proporção
obtidas ervilhas amarelas(A_) e lisas(B_), amarelas(A_) 3:1. Mendel criou a base da genética moderna. Em-
e rugosas(bb),verdes(aa) e lisas(B_) e verdes(aa)e ru- bora seus estudos tenham permanecidos obscuros
gosas(bb), Na proporção, respectivamente, 9:3:3:1 até o século XX eles influenciaram a biologia como
(P)AA/aa + BB/bb (F1)AAxaa=Aa BBxbb=Bb (F2)Aa- um todo dando origem a todos os estudos posteriores
xAa=AA/Aa/Aa/aa BbxBb=BB/Bb/Bb/bb sobre hereditariedade e genética.

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Alelos múltiplos e tipos sanguíneos (ABO, Rh e MN).

Sistema ABO de grupos sanguíneos

A herança dos tipos sanguíneos do sistema ABO constitui um exemplo de alelos múltiplos na espécie hu-
mana.

A descoberta dos grupos sanguíneos

Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner (1868 – 1943) verificou que, quando amostras de
sangue de determinadas pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando aglomerados seme-
lhantes a coágulos. Landsteiner concluiu que determinadas pessoas têm sangues incompatíveis, e, de fato, as
pesquisas posteriores revelaram a existência de diversos tipos sanguíneos, nos diferentes indivíduos da popula-
ção. Quando, em uma transfusão, uma pessoa recebe um tipo de sangue incompatível com o seu, as hemá-
cias transferidas vão se aglutinando assim que penetram na circulação, formando aglomerados compactos
que podem obstruir os capilares, prejudicando a circulação do sangue.

Aglutinogênios e Aglutininas

No sistema ABO existem quatro tipos de sangues: A, B, AB e O. Esses tipos são caracterizados pela presença
ou não de certas substâncias na membrana das hemácias, os aglutinogênios, e pela presença ou ausência
de outras substâncias, as aglutininas, no plasma sanguíneo. Existem dois tipos de aglutinogênio, A e B, e dois
tipos de aglutinina, anti-A e anti-B. Pessoas do grupo A possuem aglutinogênio A, nas hemácias e aglutinina
anti-B no plasma; as do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina anti-A no plasma; pessoas do
grupo AB têm aglutinogênios A e B nas hemácias e nenhuma aglutinina no plasma; e pessoas do gripo O não
tem aglutinogênios na hemácias, mas possuem as duas aglutininas, anti-A e anti-B, no plasma. Determinação
dos grupos sanguíneos utilizando soros anti-A e anti-B. Amostra 1- sangue tipo A. Amostra 2 - sangue tipo B.
290 Amostra 3 - sangue tipo AB. Amostra 4 - sangue tipo O.

Veja na tabela abaixo a compatibilidade entre os diversos tipos de sangue:

ABO Substâncias % Pode receber de


Tipos Aglutinogênio Aglutinina Frequência A+ B+ A+ 0+ A- B- AB- O-
AB+ AeB Não Contém 3% X X X X X X X X
A+ A Anti-B 34% X X X X
B+ B Anti-A 9% X X X X
O+ Não Contém Anti-A e Anti-B 38% X X
AB- Ae B Não Contém 1% X X X X
A- A Anti-B 6% X X
B- B Anti-A 2% X X
O- Não Contém Anti-A e Anti-B 7% X

Tipos possíveis de transfusão

As aglutinações que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do sistema acontecem quando uma


pessoa possuidora de determinada aglutinina recebe sangue com o aglutinogênio correspondente. Indiví-
duos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do grupo B, porque as hemácias A, ao entrarem na
corrente sanguínea do receptor B, são imediatamente aglutinadas pelo anti-A nele presente. A recíproca é
verdadeira: indivíduos do grupo B não podem doar sangue para indivíduos do grupo A. Tampouco indivíduos
A, B ou AB podem doar sangue para indivíduos O, uma vez que estes têm aglutininas anti-A e anti-B, que aglu-
tinam as hemácias portadoras de aglutinogênios A e B ou de ambos.

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Assim, o aspecto realmente importante da trans- dos M e N. Analisando o sangue de diversas pessoas,
fusão é o tipo de aglutinogênio da hemácia do doa- verificou-se que em algumas existia apenas o antíge-
dor e o tipo de aglutinina do plasma do receptor. Indi- no M, em outras, somente o N e várias pessoas pos-
víduos do tipo O podem doar sangue para qualquer suíam os dois antígenos. Foi possível concluir então,
pessoa, porque não possuem aglutinogênios A e B que existiam três grupos nesse sistema: M, N e MN. Os
em suas hemácias. Indivíduos, AB, por outro lado, po- genes que condicionam a produção desses antíge-
dem receber qualquer tipo de sangue, porque não nos são apenas dois: L M e L N (a letra L é a inicial do
possuem aglutininas no plasma. Por isso, indivíduos do descobridor, Landsteiner). Trata-se de uma caso de
grupo O são chamadas de doadores universais, en- herança medeliana simples. O genótipo L ML M, con-
quanto os do tipo AB são receptores universais. diciona a produção do antígeno M, e L NL N, a do an-
tígeno N. Entre L M e L N há co-dominância, de modo
que pessoas com genótipo L ML N produzem os dois
tipos de antígenos.

Genótipos Fenótipos
M L ML M
N L NL N
MN L ML N

Transfusões no Sistema MN

A produção de anticorpos anti-M ou anti-N ocor-


re somente após sensibilização (você verá isso no sis-
tema RH). Assim, não haverá reação de incompatibi-
lidade se uma pessoa que pertence ao grupo M, por
exemplo, receber o sangue tipo N, a não ser que ela
Como ocorre a Herança dos Grupos Sanguíneos esteja sensibilizada por transfusões anteriores.
no Sistema ABO? 291
O sistema RH de grupos sanguíneos
A produção de aglutinogênios A e B são determi-
nadas, respectivamente, pelos genes I A e I B. Um ter- Um terceiro sistema de grupos sanguíneos foi
ceiro gene, chamado i, condiciona a não produção descoberto a partir dos experimentos desenvolvidos
de aglutinogênios. Trata-se, portanto de um caso de por Landsteiner e Wiener, em 1940, com sangue de
alelos múltiplos. Entre os genes I A e I B há co-dominân- macaco do gênero Rhesus. Esses pesquisadores ve-
cia (I A = I B), mas cada um deles domina o gene i (I rificaram que ao se injetar o sangue desse macaco
A
> i e I B> i). em cobaias, havia produção de anticorpos para
combater as hemácias introduzidas. Ao centrifugar o
Fenótipos Genótipos sangue das cobaias obteve-se o soro que continha
anticorpos anti-Rh e que poderia aglutinar as hemá-
A I AI A ou I Ai
cias do macaco Rhesus. As conclusões daí obtidas
B I BI B ou I Bi levariam a descoberta de um antígeno de membra-
AB I AI B na que foi denominado Rh (Rhesus), que existia nes-
O ii ta espécie e não em outras como as de cobaia e,
portanto, estimulavam a produção anticorpos, deno-
A partir desses conhecimentos fica claro que se minados anti-Rh. Há neste momento uma inferência
uma pessoa do tipo sanguíneo A recebe sangue tipo evolutiva: se as proteínas que existem nas hemácias
B as hemácias contidas no sangue doado seriam de vários animais podem se assemelhar isto pode ser
aglutinadas pelas aglutininas anti-B do receptor e vi- um indício de evolução. Na espécie humana, por
ce-versa. exemplo, temos vários tipos de sistemas sanguíneos e
que podem ser observados em outras espécies prin-
O sistema MN de grupos sanguíneos cipalmente de macacos superiores.
Analisando o sangue de muitos indivíduos da es-
Dois outros antígenos forma encontrados na su- pécie humana, Landsteiner verificou que, ao misturar
perfície das hemácias humanas, sendo denomina- gotas de sangue dos indivíduos com o soro contendo

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anti-Rh, cerca de 85% dos indivíduos apresentavam sanguínea, se o filho é Rh + novamente, o organismo
aglutinação (e pertenciam a raça branca) e 15% materno já conterá anticorpos para aquele antíge-
não apresentavam. Definiu-se, assim, “o grupo san- no e o feto poderá desenvolver a DHPN ou eritroblas-
guíneo Rh +” (apresentavam o antígeno Rh), e “o gru- tose fetal.
po Rh -“ ( não apresentavam o antígeno Rh). No plas- O diagnóstico pode ser feito pela tipagem san-
ma não ocorre naturalmente o anticorpo anti-Rh, de guínea da mãe e do pai precocemente e durante
modo semelhante ao que acontece no sistema Mn. a gestação o teste de Coombs que utiliza anti-an-
O anticorpo, no entanto, pode ser formado se uma ticorpo humano pode detectar se esta havendo a
pessoa do grupo Rh -, recebe sangue de uma pessoa produção de anticorpos pela mãe e providências
do grupo Rh +. Esse problema nas transfusões de san- podem ser tomadas. Uma transfusão , recebendo
gue não são tão graves, a não ser que as transfusões sangue Rh -, pode ser feita até mesmo intra-útero já
ocorram repetidas vezes, como também é o caso do que Goiânia está se tornando referência em fertili-
sistema MN. zação in vitro. O sangue Rh - não possui hemácias
com fator Rh e não podem ser reconhecidas como
A Herança do Sistema Rh estranhas e destruídas pelos anticorpos recebidos
da mãe. Após cerca de 120 dias, as hemácias serão
Três pares de genes estão envolvidos na herança substituídas por outras produzidas pelo próprio indiví-
do fator Rh, tratando-se portanto, de casos de alelos duo. O sangue novamente será do tipo Rh +, mas o
múltiplos. Para simplificar, no entanto, considera-se o feto já não correrá mais perigo.
envolvimento de apenas um desses pares na produ- Após o nascimento da criança toma-se medida
ção do fator Rh, motivo pelo qual passa a ser consi- profilática injetando, na mãe Rh- , soro contendo anti
derado um caso de herança mendeliana simples. O Rh. A aplicação logo após o parto, destrói as hemá-
gene R, dominante, determina a presença do fator cias fetais que possam ter passado pela placenta no
Rh, enquanto o gene r, recessivo, condiciona a au- nascimento ou antes. Evita-se, assim, a produção de
sência do referido fator.
anticorpos “zerando o placar de contagem”. Cada
vez que um concepto nascer e for Rh+ deve-se fazer
Genótipos Fenótipos nova aplicação pois novos anticorpos serão forma-
292 Rh +
RR ou Rr dos. Os sintomas no RN que podem ser observados
Rh -
rr são anemia (devida à destruição de hemácias pe-
los anticorpos), icterícia (a destruição de hemácias
Doença hemolítica do recém-nascido ou eritro- aumentada levará a produção maior de bilirrubina
blastose fetal indireta que não pode ser convertida no fígado), e
após sua persistência o aparecimento de uma doen-
Uma doença provocada pelo fator Rh é a eritro- ça chamada Kernicterus que corresponde ao depó-
blastose fetal ou doença hemolítica do recém-nasci- sito de bilirrubina nos núcleos da base cerebrais o
do, caracterizada pela destruição das hemácias do que gerará retardo no RN.
feto ou do recém-nascido. As consequências desta
doença são graves, podendo levar a criança à mor- Ligação gênica.
te. Durante a gestação ocorre passagem, através
da placenta, apenas de plasma da mãe para o fi- O que é ligação gênica?
lho e vice-versa devido à chamada barreira hema-
to-placentária. Pode ocorrer, entretanto, acidentes Dois ou mais pares de genes alelos localizados
vasculares na placenta, o que permite a passagem em diferentes pares de cromossomos homólogos se-
de hemácias do feto para a circulação materna. Nos gregam-se independentemente. Portanto, esta é a
casos em que o feto possui sangue fator rh positivo os condição de validade da segunda lei de Mendel.
antígenos existentes em suas hemácias estimularão o Quando dois ou mais pares de genes alelos estão
sistema imune materno a produzir anticorpos anti-Rh localizados em um mesmo par de cromossomos ho-
que ficarão no plasma materno e podem, por serem mólogos, eles não obedecem à lei da segregação
da classe IgG, passar pela BHP provocando lise nas independente. Afinal, durante a meiose irá haver
hemácias fetais. A produção de anticorpos obedece uma tendência de que esses genes permaneçam
a uma cascata de eventos (ver imunidade humoral) unidos, quando o par de homólogos se separar,
e por isto a produção de anticorpos é lenta e a quan- como mostra a figura abaixo.
tidade pequena num primeiro. A partir da segunda
gestação, ou após a sensibilização por transfusão

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Quando dois ou mais pares de genes alelos se localizam em um mesmo par de cromossomos, dizemos
que eles apresentam ligação gênica (ou ligação fatorial). Os autores de língua inglesa dão a essa situação o
nome de linkage. No entanto, há um fenômeno capaz de alterar essa tendência de união. É a permutação
gênica (ou crossing-over), troca de fragmentos entre cromossomos homólogos, que pode acontecer na
prófase da primeira divisão da meiose.
Quando dois pares de genes alelos estão situados de tal forma, em um par de homólogos, que não ocor-
re permutação entre eles, diz-se que há linkage total entre eles. Caso haja permutação, o linkage é parcial.
Em um caso de ligação gênica, não basta se conhecer o genótipo de um indivíduo. É necessário que
se determine a posição relativa dos genes no par de homólogos. Por que isso é tão importante? Observe as
duas situações mostradas a seguir:

293

Podemos notar que, embora as duas células possuam os mesmos genes, a sua posição, no par de cro-
mossomos homólogos não é a mesma, o que determina a produção de tipos diferentes de gametas, na
meiose.
Existem diversas formas de se indicar a posição dos genes no par de homólogos. As mais comuns são:

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Uma outra forma de se indicar essa posição relativa dos genes é uma nomenclatura habitualmente usa-
da pela química orgânica. O duplo-heterozigoto que tem os dois genes dominantes no mesmo cromossomo
e os dois recessivos no outro (AB/ab) é chamado de heterozigoto “cis”. O duplo-heterozigoto cujos genes
dominantes estão em cromossomos diferentes do par de homólogos (Ab/aB) é o heterozigoto “trans”.
 
2. Gametas parentais e recombinantes
Quando as células de um indivíduo cujo genótipo é genótipo AB/ab sofrem meiose e originam gametas,
os tipos de gametas formados podem variar em função da ocorrência ou não da permutação.
Não acontecendo o crossing-over, apenas dois tipos de gametas poderão se formar: AB e ab. Caso ocor-
ra o crossing-over, além desses dois tipos também poderão ser encontrados os gametas aB e Ab.

 
É importante destacar que, mesmo ocorrendo o crossing-over, os gametas AB e ab se formam, uma vez
que as cromátides externas não trocam fragmentos entre si. Veja novamente a figura anterior e repare que
apenas as cromátides internas, também chamadas cromátides vizinhas, trocam fragmentos!
Os gametas dos tipos AB a ab, cujo aparecimento não depende da ocorrência da permutação, são
chamados gametas parentais, porque eles refletem a posição dos genes nas células. Os gametas dos tipos
Ab e aB, que só aparecem caso aconteça a permutação, são chamados recombinantes.

294 Herança e sexo.

Herança e sexo

Em condições normais, qualquer célula diplóide humana contém 23 pares de cromossomos homólogos,
isto é, 2n= 46. Desses cromossomos, 44 são autossomos e 2 são os cromossomos sexuais também conhecidos
como heterossomos.

Autossomos e heterossomos

Os cromossomos autossômicos são os relacionados às características comuns aos dois sexos, enquanto
os sexuais são os responsáveis pelas características próprias de cada sexo. A formação de órgãos somáticos,
tais como fígado, baço, o estômago e outros, deve-se a genes localizados nos autossomos, visto que esses
órgãos existem nos dois sexos. O conjunto haplóide de autossomos de uma célula é representado pela letra
A. Por outro lado, a formação dos órgãos reprodutores, testículos e ovários, característicos de cada sexo, é
condicionada por genes localizados nos cromossomos sexuais e são representados, de modo geral, por X e Y.
O cromossomo Y é exclusivo do sexo masculino. O cromossomo X existe na mulher em dose dupla, enquanto
no homem ele se encontra em dose simples. Microscopia Eletrônica do cromossomo X e Y. Compare a dife-
rença de tamanho de cada cromossomo.

Os cromossomos sexuais

O cromossomo Y é mais curto e possui menos genes que o cromossomo X, além de conter uma porção
encurtada, em que existem genes exclusivos do sexo masculino. Observe na figura abaixo que uma parte
do cromossomo X não possui alelos em Y, isto é, entre os dois cromossomos há uma região não-homóloga.

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Mecanismo de compensação de dose

Em 1949, o pesquisador inglês Murray Barr desco-


briu que há uma diferença entre os núcleos interfá-
sicos das células masculinas e femininas: na perife-
ria dos núcleos das células femininas dos mamíferos
existe uma massa de cromatina que não existe nas
células masculinas. Essa cromatina possibilita identi-
ficar o sexo celular dos indivíduos pelo simples exa-
me dos núcleos interfásicos: a ela dá-se o nome de
cromatina sexual ou corpúsculo de Barr. A partir da
década de 1960, evidências permitiram que a pes-
quisadora inglesa Mary Lyon levantasse a hipótese
de que cada corpúsculo de Barr forre um cromosso-
mo X que, na célula interfásica, se espirala e se torna
inativo, dessa forma esse corpúsculo cora-se mais in-
tensamente que todos os demais cromossomos, que
Determinação genética do sexo se encontram ativos e na forma desespiralada de fios
de cromatina.
O sistema XY Segundo a hipótese de Lyon, a inativação atin-
ge ao acaso qualquer um dos dois cromossomos X
Em algumas espécies animais, incluindo a huma- da mulher, seja o proveniente do espermatozóide ou
na, a constituição genética dos indivíduos do sexo do óvulo dos progenitores. Alguns autores acreditam
masculino é representada por 2AXY e a dos gametas que a inativação de um cromossomo X da mulher
por eles produzidos, AX e AY; na fêmea, cuja consti- seria uma forma de igualar a quantidade de genes
tuição genética é indicada por 2AXX, produzem-se nos dois sexos. A esse mecanismo chamam de com-
apenas gametas AX. No homem a constituição ge- pensação de dose. Como a inativação ocorre ao
nética é representada por 44XY e a dos gametas por acaso e em uma fase do desenvolvimento na qual
ele produzidos, 22X e 22Y; na mulher 44XX e os game- o número de células é relativamente pequeno, é de 295
tas, 22X. Indivíduos que forma só um tipo de gameta, se esperar que metade das células de uma mulher
quanto aos cromossomos sexuais, são denominados tenha ativo o X de origem paterna, enquanto que
homogaméticos. Os que produzem dois tipo são cha- a outra metade tenha o X de origem materna em
mados de heterogaméticos. Na espécie humana, o funcionamento. Por isso, diz-se que as mulheres são
sexo feminino é homogamético, enquanto o sexo “mosaicos”, pois – quanto aos cromossomos sexuais
masculino é heterogamético. apresentam dois tipos de células.
A determinação do sexo nuclear (presença do
corpúsculo de Barr) tem sido utilizada em jogos olím-
picos, quando há dúvidas quanto ao sexo do indi-
víduo. Compare quanto a presença do corpúsculo
de Barr nas células masculinas (acima) com a células
femininas (abaixo).

O sistema X0

Em algumas espécies, principalmente em inse-


tos, o macho não tem o cromossomo Y, somente o
X; a fêmea continua portadora do par cromossômi-
co sexual X. Pela ausência do cromossomo sexual Y,
chamamos a esse sistema de sistema X0. As fêmeas
são representadas por 2A + XX (homogaméticas) e os
machos 2A + X0 (heterogaméticos).

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Determinação do sexo em plantas

Grande parte das plantas produz flores hermafrodi-


tas, que contém tanto estruturas reprodutoras masculi-
nas como femininas. Plantas desse tipo são monóicas
(do grego mono, um, e oikos, casa), termo que significa
“uma casa para dois sexos”. Outras espécies têm sexos
separados, com plantas que produzem flores masculi-
nas e plantas que produzem flores femininas. Essas es-
pécies são denominadas dióicas (do grego di, duas, e
oikos, casa), termo que significa “duas casas, uma para
cada sexo”. Nas plantas dióicas os sexos são determi-
nados de forma semelhante a dos animais. O espinafre
e o cânhamo, por exemplo, têm sistema XY de deter-
minação do sexo; já o morando segue o sistema ZW.

Organismos que não tem sistema de determinação


do sexo
O Sistema ZW
Os organismos monóicos (hermafroditas) não apre-
Em muitas aves (inclusive os nossos conhecidos sentam qualquer sistema de determinação cromossô-
galos e galinhas), borboletas e alguns peixes, a com- mica ou genética de sexo. Todos os indivíduos da es-
posição cromossômica do sexo é oposta à que aca- pécie têm, basicamente, o mesmo cariótipo. Esse é o
bamos de estudar: o sexo homogamético é o mas- caso da maioria das plantas e de animais como minho-
cas, caramujos e caracóis.
culino, enquanto as fêmeas são heterogaméticas.
Também a simbologia utilizada, nesse caso, para não
Herança de genes localizados no cromossomo X
causar confusão com o sistema XY, é diferente: os
cromossomos sexuais dos machos são representados
296 Herança ligada ao sexo em drosófila
por ZZ, enquanto nas fêmeas os cromossomos sexuais
são representados por ZW.
Em 1910, Morgan estudou uma macho de drosófila
portador de olho branco, originado de uma mutação
Abelhas e Partenogênese
do olho selvagem, que tem cor marrom avermelhada.
O cruzamento desse macho de olho branco (white)
Nas abelhas, a determinação sexual difere acen-
com fêmeas de olho selvagem originou, na geração
tuadamente da que até agora foi estudada. Nesses
F1, apenas descendentes de olho selvagem. O cruza-
insetos, o sexo não depende da presença de cro-
mento de machos e fêmeas da geração F1 resultou em
mossomos sexuais, e sim da ploidia. Assim, os machos uma geração F2 constituída por fêmeas de olho selva-
(zangões) são sempre haplóides, enquanto as fêmeas gem, machos de olho selavagem e machos de olho
são diplóides. A rainha é a única fêmea fértil da col- branco. A proporção de moscas de olho selvagem e
meia, e por meiose, produz centenas de óvulos, mui- moscas de olho branco foi de aproximadamente 3:1, o
tos dos quais serão fecundados. Óvulos fecundados que permitiu concluir que a característica olho branco
originam zigotos que se desenvolvem em fêmeas. Se era hereditária e recessiva.
na fase larval, essas fêmeas receberem uma alimen- Morgan voltou sua atenção para o fato de não ter
tação especial, trasnformar-se-ão em novas rainhas. nascido nenhuma fêmea de olho branco na geração
Caso contrário, se desenvolverão em operárias, que F2. Isso indicava que a característica em questão tinha
são estéreis. Os óvulos não fecundados desenvolvem- alguma relação com o sexo dos indivíduos. Na sequên-
se por mitose em machos haplóides. Esse processo é cia dos experimentos, Morgan cruzou machos de olho
chamado de partenogênese (do grego, partheno = branco com as suas próprias filhas, que eram heterozi-
virgem, gênesis = origem), ou seja, é considerado um gotas em relação à cor do olho. Desse cruzamento sur-
processo de desenvolvimento de óvulos não-fertiliza- giram fêmeas e machos de olho selvagem, e fêmeas
dos em indivíduos adultos haplóides. e machos de olho branco, na proporção 1:1:1:1. Esse
resultado mostrou que o caráter olho branco podia
aparecer também nas fêmeas. Como explicar, en-
tão a ausência de fêmeas de olho branco na gera-
ção F2 do primeiro cruzamento?

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como possuem apenas um cromossomo X (pois são


XY), têm apenas um de cada gene. Um gene reces-
sivo presente no cromossomo X de um homem irá se
manifestar, uma vez que não há um alelo dominante
que impeça a sua expressão. Na espécie humana. os
principais exemplos de herança ligada ao sexo são:

Daltonismo

Trata-se da incapacidade relativa na distinção


de certas cores que, na sua forma clássica, geral-
mente cria confusão entre o verde e o vermelho. É
um distúrbio causado por um gene recessivo localiza-
do na porção heteróloga do cromossomo X, o gene
Xd, enquanto o seu alelo dominante XD determina a
visão normal. A mulher de genótipo XDXd, embora
Em 1911, Morgan concluiu que os resultados dos possua um gene para o daltonismo, não manifesta
cruzamentos envolvendo o loco da cor do olho, em a doença, pois se trata de um gene recessivo. Ela é
drosófila, podiam ser explicados admitindo-se que chamada de portadora do gene para o daltonismo.
ele estivesse localizado no cromossomo X. O macho O homem de genótipo XdY, apesar de ter o gene Xd
de olho branco original teria fornecido seu cromosso- em dose simples, manifesta a doença pela ausência
mo X, portador do alelo recessivo mutante w (Xw), a do alelo dominante capaz de impedir a expressão
todas as filhas que receberam seu outro cromossomo do gene recessivo.
X das mães, portadoras do alelo selvagem W (XW). As
fêmeas da geração F1 seriam, portanto, heterozigo- Genótipo Fenótipo
tas XWXw. Já os machos de F1 receberam o cromos-
X X D D
mulher normal
somo X das fêmeas selvagens puras (XW). Sua cons-
tituição gênica seria, portanto XWY. A hipótese de mulher normal por-
XDXd 297
Morgan foi confirmada pela análise de outros genes tadora
de drosófila, cuja herança seguia o mesmo padrão. XX d d
mulher daltônica
Além disso, permitiu também explicar a herança de X Y
D
homem normal
genes relacionados com o sexo em outras espécies.
Os genes localizados no cromossomo X, que não têm Xd Y homem daltônico
alelo correspondente no cromossomo Y seguem o
que se denomina herança ligada ao sexo ou heran- O homem XdY não é nem homozigoto ou hetero-
ça ligada ao X. zigoto: é homozigoto recessivo, pois do par de genes
ele só possui um. O homem de genótipo XDY é homo-
Herança ligada ao sexo zigoto dominante.

Habitualmente, classificam-se os casos de heran- Hemofilia


ça relacionada com o sexo de acordo com a posi-
ção ocupada pelos genes, nos cromossomos sexuais. É um distúrbio da coagulação sanguínea, em
Para tanto, vamos dividi-los em regiões: A porção que falta o fator VIII, uma das proteínas envolvidas
homóloga do cromossomo X possui genes que têm no processo, encontrado no plasma das pessoas nor-
correspondência com os genes da porção homólo- mais. As pessoas hemofílicas têm uma tendência a
ga do cromossomo Y. Portanto, há genes alelos entre apresentarem hemorragias graves depois de trau-
X e Y, nessas regiões. Os genes da porção heteróloga matismos banais, como um pequeno ferimento ou
do cromossomo X não encontram correspondência uma extração dentária. O tratamento da hemofilia
com os genes da porção heteróloga do cromossomo consiste na administração do fator VIII purificado ou
Y. Logo, não há genes alelos nessas regiões, quando de derivados de sangue em que ele pode ser encon-
um cromossomo X se emparelha com um cromosso- trado (transfusões de sangue ou de plasma). Pelo uso
mo Y. Herança ligada ao sexo é aquela determinada frequente de sangue e de derivados, os pacientes
por genes localizados na região heteróloga do cro- hemofílicos apresentam uma elevada incidência de
mossomo X. Como as mulheres possuem dois cromos- AIDS e de hepatite tipo B, doenças transmitidas atra-
somos X, elas têm duas dessas regiões. Já os homens, vés dessas vias.

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os pais com hiperticose tiveram filhos homens com e


sem pêlos nas bordas das orelhas. Na herança restri-
ta ao sexo verdadeira: Todo homem afetado é filho
de um homem também afetado; todos os seus filhos
serão afetados, e as filhas serão normais.

Herança autossômica influenciada pelo sexo

Nessa categoria, incluem-se as características


determinadas por genes localizados nos cromosso-
mos autossomos cuja expressão é, de alguma forma,
influenciada pelo sexo do portador. Nesse grupo, há
diversas modalidades de herança, das quais ressalta-
remos a mais conhecida, a dominância influenciada
pelo sexo, herança em que, dentro do par de genes
autossômicos, um deles é dominante nos homens e
recessivo nas mulheres, e o inverso ocorre com o seu
A hemofilia atinge cerca de 300.000 pessoas.
alelo. Na espécie humana, temos o caso da calvície.
É condicionada por um gene recessivo, represen-
tado por h, localizado no cromossomo X. É pouco
frequente o nascimento de mulheres hemofílicas, Genótipo No homem Na mulher
já que a mulher, para apresentar a doença , deve CC calvo calva
ser descendente de um hímen doente (XhY) e de Cc calvo não-calva
uma mulher portadora (XHXh) ou hemofílica (XhXh).
cc não-calvo não-calva
Como esse tipo de cruzamento é extremamente
raro, acredita-se que praticamente inexistiriam mu-
Outras formas de herança autossômica influen-
lheres hemofílicas. No entanto, já foram relatados
ciada pelo sexo são a penetrância influenciada pelo
casos de hemofílicas, contrariando assim a noção
sexo e a expressividade influenciada pelo sexo. Na
298 popular de que essas mulheres morreriam por hemor- espécie humana, a ocorrência de malformações
ragia após a primeira menstruação (a interrupção de vias urinárias apresenta uma penetrância muito
do fluxo menstrual deve-se à contração dos vasos maior entre os homens do que entre as mulheres.
sanguíneos do endométrio, e não a coagulação do Elas, portanto, ainda que possuam o genótipo causa-
sangue). dor da anormalidade, podem não vir a manifestá-la.
A expressividade também pode ser influenciada pelo
Herança holândrica, ligada ao cromossomo Y ou sexo. Um exemplo bem conhecido é o do lábio le-
herança restrita ao sexo porino, falha de fechamento dos lábios. Entre os me-
ninos, a doença assume intensidade maior que nas
O cromossomo Y possui alguns genes que lhe são meninas, nas quais os defeitos geralmente são mais
exclusivos, na porção encurvada que não é homólo- discretos. Basicamente, há duas evidências que per-
ga ao X. Esses genes, também conhecidos como ge- mitem suspeitar de um caso de herança relacionada
nes holândricos, caracterizam a chamada herança com o sexo:
restrita ao sexo. Não há duvidas de que a masculini- 1º) Quando o cruzamento de um macho afetado
zação está ligada ao cromossomo Y. Um gene que com uma fêmea não afetada gera uma descendên-
tem um papel importante nesse fato é o TDF ( iniciais cia diferente do cruzamento entre um macho não
de testis-determining factor), também chamado de afetado com uma fêmea afetada.
SRY (iniciais de sex-determining region of Y chromos- 2º) Quando a proporção fenotípica entre os des-
some), que codifica o fator determinante de testícu- cendentes do sexo masculino forem nitidamente
los. O gene TDF já foi identificado e está localizado diferentes da proporção nos descendentes do sexo
na região não-homóloga do cromossomo Y. feminino.
Tradicionalmente, a hipertricose, ou seja, presen-
ça de pelos no pavilhão auditivo dos homens, era ci- Interações e expressões gênicas.
tada como um exemplo de herança restrita ao sexo.
O estudo do controle da expressão gênica em
No entanto, a evidência que a hipertricose deve-se
células eucarióticas fornece os principais subsídios
a uma herança ligada ao Y está sendo considerada
para se compreender os passos que levam ao de-
inconclusiva, pois, em algumas famílias estudadas,
senvolvimento de um organismo inteiro. As descober-

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tas nessa área têm sido obtidas através de métodos do corpo do indivíduo adulto, uma vez que materiais
de genética molecular e de genética clássica. O seu diferentes, distribuídos assimetricamente nessa célu-
principal objetivo é compreender os mistérios que la, poderão facilitar ou limitar as divisões celulares (e
conduzem um ovo fertilizado a um complexo orga- seus respectivos planos de divisão) em determinadas
nismo multicelular, com diferentes tipos celulares es- regiões, bem como os movimentos morfogenéticos.
pecializados, de forma ordenada. A embriologia, por Com isso, o material citoplasmático também é redis-
sua vez, é uma ciência cujos principais problemas, tribuído assimetricamente entre as células filhas. Atra-
teorias, e frequentemente as técnicas que desper- vés do processo de clivagem, são produzidas várias
tam o nosso interesse atualmente, são essencialmen- células filhas por divisões mitóticas, até o estágio cha-
te os mesmos de algumas décadas atrás. Portanto, mado de blástula ou blastocisto (em alguns casos),
esses problemas já foram definidos há algum tempo caracterizado pela existência de uma cavidade ou
pelos pesquisadores, e até hoje ainda existem muitas lacuna no interior de um epitélio circundante.
dúvidas a respeito da diferenciação celular. O blastóporo é a porção representada pela linha
Segundo Ashworth (1973), existem dois caminhos de invaginação, através da qual ocorre em seguida
para se tentar compreender, experimentalmente, o movimento de gastrulação. Essa invaginação (em
um fenômeno tão complexo quanto a diferencia- direção à cavidade interior da blástula) formará o in-
ção celular. O primeiro caminho, o qual pode ser testino primitivo do embrião, e também possibilitará
chamado de abordagem reducionista, inicialmente o surgimento dos primeiros tecidos: Ectoderma, me-
consiste em subdividir o problema em vários proble- soderma e endoderma, os quais seguirão diferentes
mas menores, e, posteriormente, encontrar um siste- caminhos de especialização, até o final deste pro-
ma biológico suficientemente simples, o qual possa cesso, com os indivíduos adultos. As informações ne-
nos mostrar apenas as características necessárias à cessárias para o desenvolvimento de um indivíduo e/
compreensão da cada um dos problemas menores, ou a especialização celular, estão contidas primor-
já que o problema central foi dividido. Por exemplo, dialmente no seu genoma. Ao mesmo tempo, um
um bacteriófago (tomado como um dos mais sim- único indivíduo deve possuir diferentes tipos celulares
ples sistemas vivos) seria interessante para estudos de especializados, contendo o mesmo genoma, que di-
ferem entre si na expressão de determinados genes,
mutações no material genético. O segundo caminho
característicos do tipo celular em questão.
pode ser chamado de abordagem clássica, assu-
Devido à assimetria da célula-ovo, a clivagem 299
me que como resultado de intensa pressão evoluti-
também é assimétrica. Dessa forma, um determinado
va, cada característica existente em um organismo
conjunto de blastômeros pode possuir diferentes mR-
pode, de alguma forma, estar presente de maneira
NAs e produtos gênicos diferentes de outro conjunto,
mais intensa em um outro organismo, e a compreen-
o que acarretará também em diferentes destinos de
são de seu papel naquele organismo, também pode
especialização para essas células. As primeiras cliva-
ser alcançada com exemplos em outro organismo.
gens, que geram os blastômeros iniciais, não podem
Exemplo: Os cromossomos politênicos, que ocorrem
definir um grande número de tipos celulares. Através
em glândulas salivares de um grande número de in-
da interação entre essas células, ainda podem ser
setos, podem se tornar modelos interessantes para a
formados novos tipos de células, desde que as célu-
compreensão do comportamento das moléculas de las que interagem entre si tenham algum contato. Foi
DA, mesmo em organismos que não os apresentam. descoberto em Xenopus, que, quando blastômeros
Esses métodos de estudo foram bastante úteis duran- comprometidos a se diferenciarem em ectoderma,
te um longo período de tempo, e, atualmente, existe eram de alguma forma separados uns dos outros,
uma grande quantidade de métodos auxiliares para não havia a diferenciação destes tecidos em meso-
o estudo da diferenciação celular. Esta revisão cons- derma. Portanto, descobriu-se que era necessário o
ta de uma breve síntese sobre o assunto diferencia- contato entre esses dois tecidos primordiais para que
ção celular, sob os aspectos da expressão gênica e o mesoderma se desenvolvesse. À esse fenômeno,
do ciclo celular. dá-se o nome de indução, e através dele, as células
podem induzir as células vizinhas a se diferenciarem
DIFERENCIAÇÃO E CONTROLE DA EXPRESSÃO GÊ- em outro tipo. Um fato importante é que muitos tipos
NICA celulares podem ser gerados a partir de interações
indutivas, e as células geradas dessa maneira tam-
Descobriu-se que, desde as primeiras divisões ce- bém podem induzir as células vizinhas, e vice-versa,
lulares, o organismo já se apresenta sujeito a alguns sofrendo também indução. Existem sinais químicos
mecanismos de controle para a formação dos eixos responsáveis por esse fenômeno de indução, os quais
do corpo. Normalmente, a célula-ovo é assimétrica, e são proteínas sinalizadoras secretadas pelas células e
essa característica, por si só, pode definir os três eixos induzem a diferenciação de células vizinhas.

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Há um grande número de moléculas sinalizadoras bem diferente em relação aos outros grupos animais,
atuando no embrião de um animal superior, as quais e, como consequência, o desenvolvimento inicial do
contribuirão conjuntamente para a formação dos embrião se dá concomitantemente ao desenvolvi-
padrões do corpo do animal adulto. No embrião de mento das estruturas anexas, que serão importantes
Xenopus, existe uma região diferenciada do meso- no auxílio de seu desenvolvimento. O desenvolvimen-
derma chamada “organizador de Spemann”, e esse to inicial em mamíferos é altamente regulatório, e há
organizador, por sua vez, secreta uma molécula sina- uma frequente interação entre células próximas. Além
lizadora específica, que atuará em células vizinhas. disso, existem também a influência ambiental no início
Esse sinal é uma molécula que se difunde entre as do desenvolvimento. Como não há assimetria entre os
células próximas, e supõe-se que essa molécula seja blastômeros iniciais, apenas a interação entre as célu-
lentamente degradada, na medida em que ela se las e o ambiente onde elas se encontram será respon-
afasta da célula fonte do sinal. Com isso, essa molé- sável pelo processo de diferenciação inicial. Dessa
cula estará em maior concentração próxima à fonte, forma, sinais químicos proteicos serão enviados para
e em concentrações cada vez menores na medida as células vizinhas, e determinados genes poderão ser
em que ela se distancia da célula que a secretou, ou ou não ativados nesse estágio.
seja, forma-se um gradiente de concentração dessa De algum modo, após as divisões celulares, as
substância. Como resultado, desse gradiente, as cé- células filhas devem conservar as características da
lulas, dependendo da sua distância da célula fonte célula-mãe, a fim de que essas características sejam
do sinal, estarão sujeitas à uma maior ou menor con- herdáveis pelas gerações subsequentes. A partir disto,
centração dessa molécula, e, dependendo dessa cria-se o conceito de memória celular, isto é, as cé-
concentração do sinal, essas células podem se tornar lulas “lembram-se” das influências das células que as
diferentes. Tal substância, de concentração variável originaram, e as passam adiante para as suas descen-
(dependendo da sua localização), é denominada dentes. Por exemplo, quando uma célula de pigmen-
morfógeno. to sofre mitose, , as suas células filhas continuam a ser
Os gradientes de morfógeno podem controlar o pigmentadas, quando um queratinócito se divide, as
posicionamento ou a diferenciação das células. Exis- características dessa célula são conservadas nas célu-
te um limiar de resposta aos morfógenos, através do las filhas. Há um estágio, no início do desenvolvimento,
qual uma célula necessita de uma concentração em que a célula assume certo comprometimento com
300 mínima desta molécula para responder ao sinal de uma determinada via de diferenciação, antes mesmo
determinada forma. Através desse limiar de resposta, que essa diferenciação comece a se manifestar, a
células expostas a diferenças mínimas de concen- partir de um complexo conjunto de estímulos, ou seja,
tração de um morfógeno podem assumir caminhos a célula está determinada a se diferenciar em um tipo
completamente diferentes. Outro fato interessante é particular de célula, mesmo que as características fi-
que, além da concentração de morfógeno que as nais da célula diferenciada ainda não sejam identifi-
células recebem, também é muito importante o mo- cáveis. A partir desses dados, têm-se os conceitos de
mento em que as células recebem o sinal, uma vez determinação e diferenciação distintos. Para ilustrar
que as células estão constantemente sofrendo mu- melhor, somente através do processo de diferencia-
danças no seu estado interno, e, dessa forma, tam- ção, a célula assume as características intrínsecas ao
bém podem responder diferentemente ao morfóge- seu tipo celular final, as quais são pré-programadas
no. Um exemplo disso ocorre na formação do eixo já no estágio de determinação. Todos esses proces-
central do corpo de Xenopus, durante o processo de sos parecem ser severamente controlados por genes
gastrulação. Nesse processo, o eixo do corpo do ani- regulatórios. Existem diversos fatores citoplasmáticos
mal vai sendo formado gradativamente, de acordo proteicos que atuam como elementos regulatórios,
com o estágio de desenvolvimento das células que e, essas proteínas, por sua vez, controlam a expressão
recebem o estímulo. de determinados conjuntos de genes relacionados à
No caso das células ovo simétricas dos mamíferos, diferenciação celular. No caso da diferenciação das
não há grande acúmulo de material citoplasmático células musculares, uma parte essencial deste proces-
, porque esse embrião será nutrido através da pla- so de sinalização é efetuada pela família MyoD e de
centa materna. Esses ovos são cerca de 2000 vezes proteínas miogênicas proximamente relacionadas.
menores em relação aos ovos de anfíbios, e a trans- Essas proteínas possuem sítios de ligação ao DNA, e,
crição gênica já começa no estágio de duas células. assim como o nome sugere, atuam na determinação
Juntamente com o embrião, há o desenvolvimento das células musculares, desencadeando a produção
das estruturas anexas, tais como o saco amniótico e a de proteínas músculo-específicas. Quando essas pro-
placenta, esta última responsável pela comunicação teínas são inseridas em fibroblastos, por exemplo, elas
do embrião com o corpo materno. Portanto, o am- podem diferenciá-los em células musculares, através
biente onde o embrião se desenvolve, nesses casos, é da expressão desses genes.

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Um mecanismo de diferenciação, diferentemen- posições definidas, e, para isso, há a atuação dos


te do que ocorre no processo de determinação, de- genes de polaridade do ovo, que definem os dois
pende de uma interação entre essas proteínas mio- principais eixos do corpo do embrião: o eixo dorso-
gênicas e algumas outras protéinas. Estas últimas ventral e o eixo ântero-posterior. Através da análise
pertencem à família de proteínas do tipo hélice-vol- de mutantes para o plano do corpo, descobriu-se
ta-hélice. Uma vez que essas protéinas miogênicas a existência de 12 genes pertencentes ao sistema
possuem estrutura semelhante a essas últimas, esses de organização dorso-ventral. Quanto ao sistema
dois conjuntos de proteínas podem frequentemen- ântero-posterior, foram descobertos quatro genes
te formar dímeros para ativar a expressão de certos que definem a parte anterior do corpo, onze para a
genes. De acordo com a proteína escolhidas para parte posterior, e seis genes que governam as extre-
formar o dímero, diferentes genes podem ser ativa- midades do embrião. Cada um desses três sistemas
dos ou ligados, e a célula entra em uma determi- é baseado em um gradiente de morfógeno, como
nada via de diferenciação. Antes que as células se foi descrito anteriormente.
diferenciem, elas migram para sua localização no Os genes responsáveis pela assimetria do ovo
corpo, através da aquisição de sinais, chamados são transcritos a partir do genoma materno durante
valores posicionais, que recebem esse nome pelo a ovogênese, de forma que o fenótipo do embrião
fato deles caracterizarem a posição final da célu- está determinado por genes maternos. Isso é cha-
la no organismo, e também há interação entre as mado de efeito materno, e foram descritos alguns
células, com respeito a esses valores posicionais, da genes responsáveis por esse efeito em Drosophila.
mesma forma como ocorre com as demais molécu- Quanto à expressão da forma do corpo em Droso-
las sinalizadoras, a fim de que os padrões espaciais phila, existem três classes de genes reguladores: os
do corpo sejam mantidos de geração em geração. genes maternos (citados acima), os genes de seg-
A partir dos dados acima, pode-se concluir que mentação, os quais atuam no número e na pola-
o processo de diferenciação celular em organismos ridade dos segmentos, e os genes homeóticos, os
superiores é bastante complexo, podendo envol- quais controlam a identidade dos segmentos. Esses
ver diferentes vias de sinalização intercelulares, e é três conjuntos de genes interagem para formar o
padrão corporal do inseto, em conjunto, e são regu-
dependente do ambiente em que a célula se en-
lados por morfógenos específicos. Esses morfógenos
contra. Os mecanismos de expressão gênica que
podem ser proteínas reguladoras da transcrição ou
envolve esse processo de diferenciação, em dife-
mesmo proteínas ativadoras de algum fator transcri-
rentes organismos, ainda não estão totalmente es-
cional.
clarecidos, principalmente devido a dificuldades 301
O eixo dorso-ventral do embrião já é estabele-
experimentais, e também à própria complexidade
cido pelas células foliculares que nutrem o óvulo,
desse assunto. O exemplo mais bem conhecido de as quais secretam uma molécula sinalizadora. Essa
determinação genética da estrutura do corpo é o molécula possui receptores na superfície do ovo,
da mosca da fruta Drosophila melanogaster, o qual que podem, dependendo da concentração des-
é descrito a seguir. sa molécula, ativar protéinas reguladoras de alguns
genes. Um gene do sistema dorso-ventral, chamado
O DESENVOLVIMENTO DE Drosophila melanogas- Toll, codifica esse receptor (transmembrana) para
ter E A EXPRESSÃO DOS GENES essa molécula sinalizadora. Essa molécula, produzi-
da pelas células foliculares, é gerada somente na
A mosca da fruta D. melanogaster se revelou um superfície ventral do ovo. A proteína chamada dor-
ótimo objeto de estudo de como os genes do con- sal é uma proteína reguladora da transcrição, que
trole do desenvolvimento atuam em um organismo. atua nos núcleos das células do blastoderma, ati-
Vários genes regulatórios do desenvolvimento des- vando determinados genes. Como essa proteína
se organismo já foram catalogados, e suas funções é distribuída assimetricamente no embrião (região
foram estabelecidas. Isso pôde ser obtido através dorsal), ela forma gradientes de concentração nes-
de técnicas de hibridização in situ , usando-se son- te. Mais ventralmente, onde a sua concentração
das de DNA e RNA, e através do estudo de genes é mais alta, o chamado gene twist é ativado, que
mutantes. O ovo de D. melanogaster tem uma po- é específico para a diferenciação do mesoderma.
laridade claramente definida, e logo no início do Dorsalmente, onde a concentração da proteína
desenvolvimento ocorrem divisões nucleares, as dorsal é mais baixa, o gene dpp pode ser ligado,
quais resultam na formação de um sincício, e logo especificando estruturas dorsais. Já numa região in-
os núcleos migram para a superfície do ovo. Após termediária, onde a concentração desta proteína é
esse estágio, as membranas celulares crescem em alta o suficiente para reprimir dpp, mas baixa o bas-
direção a esses núcleos, e dessa forma é formado tante para ativar o gene twist, as células se diferen-
o blastoderma celular. Os ciclos de clivagem iniciais ciam em ectoderma neurogênico. A proteína dorsal
são bastante rápidos, dependendo principalmente é muito importante porque regula genes responsá-
do material de RNA e de proteínas estocados nas veis pela determinação das estruturas dorso-ventrais
células, e a síntese de proteína ainda é baixa nes- do embrião, bem como a manutenção do próprio
se momento. O blastoderma formado deve ter suas eixo dorso-ventral.

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O sistema terminal, da mesma forma como o Genes seletores homeóticos


sistema dorso-ventral, se utiliza de sinais extrace-
lulares provenientes das células foliculares, e de Os genes seletores homeóticos são responsáveis
receptores transmembrana para esses sinais. Essa pela diferenciação do padrão de cada segmento
sinalização gera gradientes de proteínas regulado- do corpo. Esses genes impõem o programa para de-
ras no embrião, e esses gradientes irão especificar terminar a diferenciação única de cada segmento.
endoderma intestinal e estruturas especializadas ter- As mutações nesses genes fazem com que as células
minais. Quanto aos sistemas anterior e posterior, eles de uma região específica do embrião desenvolvam
estabelecem gradientes dependentes de mRNAs es- o fenótipo de células de outra parte do corpo. O
pecíficos do ovo, e não de sinais extracelulares das modo de atuação dos genes homeóticos ainda não
células foliculares. O sistema posterior especifica a está claramente definido. Parte deles atuam pro-
linhagem de células germinativas. O sistema anterior, duzindo fatores de transcrição, que ativarão outros
dependerá do mRNA localizado no pólo anterior do
genes homeóticos, e, dessa forma, pode haver uma
embrião. Esse mRNA traduz uma protéina reguladora
série de consequências fenotípicas provocadas por
que forma um gradiente, na porção anterior do ovo,
uma mutação em alguns destes genes. No caso das
de uma proteína chamada “bicoid” . Essa proteína
possui capacidade de se ligar ao DNA e regular a mutações, pode haver o desenvolvimento de um
expressão gênica. segmento do abdome idêntico a outro, formação de
uma pata no lugar das antenas, e formação de asas
Genes de segmentação no lugar dos olhos.
Os dois principais complexos de genes homeóti-
Os genes de segmentação agem em estágios cos são o complexo “antennapedia” e o complexo
mais tardios em relação aos genes de polaridade, bitórax. Cada complexo, da mesma forma como
descritos anteriormente. No estágio onde esses genes aqueles citados anteriormente, é formado por um
se expressam, já há uma considerável taxa de trans- conjunto de genes com funções semelhantes. En-
crição e síntese de proteínas do embrião. Esses genes quanto o complexo bitórax atua diferenciando os
se dividem em três grupos, conforme seus fenótipos segmentos do tórax com os do abdome, o complexo
mutantes e estágios de ação? “antennapedia” diferencia os segmentos torácicos
-Os genes “gap” controlam as subdivisões gros- com os da cabeça. Em alguns insetos, há apenas um
seiras do embrião. Mutações em algum gene “gap” complexo, o complexo HOX. Cada gene homeótico
podem eliminar grupos de segmentos adjacentes ou age de uma forma característica, e define uma re-
302 provocar outros defeitos. gião do corpo, sendo que mutações em diferentes
-Os genes “pair-rule” controlam segmentos alter- genes homeóticos implicam em anomalias em dife-
nados (ao invés de segmentos adjacentes). Muta- rentes locais no adulto. Os genes de segmentação
ções nesses genes podem implicar na ausência de auxiliam na ativação dos genes homeóticos (tam-
segmentos pares, como no caso do mutante “pair-ru- bém os genes de segmentação são ativados antes),
le even-skipped” , ou ausência de segmentos ímpa- de forma que o resultado da diferenciação de cada
res (mutante “pair-rule fushi-tarazu”. tecido do corpo seja o resultado de uma combina-
-Os genes “segment-polarity”, como o próprio ção bem definida de genes homeóticos e segmen-
nome sugere, regulam a polaridade dos segmentos, tares.
e mutações nesses genes usualmente provocam a
As proteínas reguladoras de genes, produzidas
deleção de parte de cada segmento, e a sua substi-
pelos genes homeóticos seletores, contém uma se-
tuição por uma imagem em espelho da mesma par-
quência chamada homeobox, que por sua vez co-
te do segmento.
difica um homeodomínio que se liga ao DNA, de 60
Além desses grupos de genes, os genes seletores
homeóticos ainda servem para definir as diferenças resíduos de aminoácidos. O complexo bitórax pos-
entre um segmento e outro. Esses conjuntos de ge- sui três genes homeóticos com homeoboxes, e o
nes de segmentação frequentemente atuam sobre complexo “antennapedia” cinco genes. Frequente-
outros genes, já que codificam proteínas regulatórias mente aplica-se a denominação HOM à esses dois
de genes. Portanto, um gene de segmentação pode complexos, porque acredita-se que eles tenham se
agir sobre a ação de outro. Por exemplo, o morfóge- separado à partir de um complexo comum, único,
no “bicoid” ativa os genes gapé hunchbacké kruppe- como ocorre em outros insetos. O complexo “anten-
lé kirps, criando uma cascata de ativação gênica. napedia” contém os genes homeóticos labial, “pro-
Com isso, determinados genes tornam-se expressos boscipedia”, “deformed”, “sex combs reduced” e
em algumas regiões, mas não em outras, dividindo o “antennapedia”, enquanto que o complexo bitórax
corpo em uma série de unidades segmentares e sub- apresenta os genes ultrabitorácico (que regula o ter-
segmentares. Esse padrão de controle da expressão ceiro segmento torácico) e os genes Abd A e Abd
gênica em cascata pode ser verificado através da B, referentes aos segmentos abdominais. As sequên-
análise de mutantes para seus genes corresponden- cias de DNA regulatórias dos genes homeóticos con-
tes. Com isso, pode-se estabelecer relações entre a tém sítios de ligação para as proteínas de polarida-
expressão de diferentes genes. de do ovo e de segmentação (bicoid, hunchback e

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

even-skipped). O DNA regulatório interpreta todas nessa fase, quando o envelope nuclear se desor-
as informações vindas desses fatores, e em respos- ganiza, e forma-se o fuso mitótico. Em uma célula
ta causa a ativação de genes específicos para a animal somática em ciclo celular, essa sequência
diferenciação das partes do corpo em cada seg- de eventos é repetida a cada 18-24 horas.
mento. Existem dois pontos de controle fundamentais
Existe uma alta homologia de sequência entre no ciclo celular, os quais determinam a ordem da
os homeoboxes de D. melanogaster com regiões sua progressão:
homeobox presentes em rãs e mamíferos. Estes -Os cromossomos são comprometidos a se repli-
dados podem sugerir que estes genes estejam en- carem na fase G1. Se as condições para esse “ponto
volvidos na regulação da embriogênese de muitas de comprometimento” são satisfeitas, a célula entra-
espécies, inclusive no homem. Acredita-se que a rá na fase S. Em leveduras esse ponto do ciclo é cha-
ordem dos genes no cromossomo em cada parte mado de START, e em células animais é chamado de
do complexo ordene o domínio de sua expressão ponto de restrição.
no corpo. O mecanismo molecular que controla o -A célula é comprometida a sofrer a divisão mitó-
fenômeno de memória não é bem conhecido, mas tica no final da fase G2. Se a célula não se dividir nes-
deve depender de mudanças de autoperpetua- se ponto ela permanecerá na condição tetraplóide.
ção de estado nas regiões de controle no comple-
xo HOM. Para células animais em cultura, o controle em
G1 é o principal ponto de decisão do ciclo, e o
O CICLO CELULAR E O DESENVOLVIMENTO controle em G2 é secundário. As células passam a
grande maioria do seu tempo do ciclo na fase G1,
O período entre duas divisões mitóticas define e o comprimento dessa fase é ajustado em resposta
o ciclo celular somático. O tempo do final de uma às condições de crescimento. Algumas células não
divisão mitótica ao início de outra é chamado intér- se dividem totalmente, e são consideradas como
fase, e o período real de divisão, correspondendo tendo saído do ciclo celular para um outro estado,
à mitose visível, é chamado fase M. Para se dividir,
semelhante a G1, mas incapazes de entrarem na
a célula somática eucariótica deve duplicar a sua
fase S. Esse estado é chamado de G0, e as células
massa e dividir seus componentes entre duas célu-
muito diferenciadas, com pouca ou nenhuma capa-
las filhas. a duplicação do tamanho é um processo
cidade de diferenciação subsequente, geralmente 303
contínuo, resultado da transcrição e da tradução
permanecem nesse estado. Algumas células em G0
dos genes que codificam as proteínas que consti-
ainda podem ser reestimuladas para entrarem no-
tuem o fenótipo celular. Em contrapartida, a repro-
vamente no ciclo. Os núcleos, em alguns estados da
dução do genoma ocorre apenas durante um pe-
embriogênese de insetos, se dividem e permanecem
ríodo específico na intérfase. A mitose de uma célu-
em repouso no estado tetraplóide.
la somática gera duas células filhas idênticas, cada
Existem ainda os pontos de checagem do ciclo
uma delas comportando um conjunto diplóide de
celular, que verificam se a célula está pronta para
cromossomos. A intérfase é dividida em períodos
definidos com referência ao tempo de síntese de seguir para a próxima fase do ciclo. Cada ponto de
DNA. As células saem da divisão mitótica para a checagem representa um “loop” de controle que
fase G1, durante a qual RNAs e proteínas são sinte- marca o início de um evento no ciclo celular que é
tizados, mas não o DNA. dependente do evento anterior, de forma que um
O início da replicação do DNA deifne a trans- ponto de checagem atua diretamente sobre os fa-
crição da fase G1 para o período S. O período S é tores que controlam a progressão do ciclo. Nesses
estabelecido até que todo o DNA tenha sido repli- pontos de checagem, devem ser verificados: se todo
cado. Durante essa fase S, o conteúdo total de DNA o DNA está duplicado, ou se o ambiente é favorável,
é aumentado a seu valor tetraplóide (4n). O perío- se a célula está grande o bastante para se dividir, ou
do que parte da fase S até a mitose é denomina- se todos os cromossomos estão presos no fuso mitóti-
do período G2, durante o qual a célula apresenta co. O sistema de controle central do ciclo celular se
dois conjuntos diplóides de cromossomos. Durante dá por meio de proteínas que foram altamente con-
a intérfase, não há praticamente mudanças visíveis servadas durante a evolução. Muitas delas, quando
na célula. O núcleo aumenta de tamanho durante retiradas de humanos, funcionam perfeitamente em
a fase S, justamente no momento em que a ma- leveduras, ou seja, à partir de estudos sobre o ciclo
quinaria de replicação do DNA é mobilizada, e o celular em leveduras, pode-se realizar inferências
estado da cromatina parece ser o mesmo durante para o ciclo das células de outros organismos.
todo esse período. A mitose segrega um conjunto Alguns ciclos de células embrionárias parecem
diplóide de cromossomos para cada célula-filha, e “pular” alguns dos pontos de controle, e estarem
os cromossomos individuais podem ser visualizados submetidas à um timer ou oscilador. Assim, o sistema

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

de controle do ciclo celular pode se combinar com tágio corresponde, portanto, à fase S, de replicação
uma unidade de tempo, com a taxa de crescimen- do DNA, e isso ocorre porque não há a fase G1 da in-
to da célula, com a massa celular ou com a própria térfase, representada por intensa transcrição gênica
replicação do DNA. A existência dos reguladores e síntese de protéinas. Estudos realizados com ovóci-
do ciclo celular em diferentes estágios foi revelada tos e também com ovos de Xenopus possibilitaram a
através de experimentos de fusão de células em di- descoberta do fator promotor de maturação (MPF),
ferentes estágios do ciclo celular. Com os resultados que induzia a maturação dos ovócitos e, portanto,
obtidos, descobriu-se a presença de proteínas indu- preparava a célula para a divisão meiótica.
toras da fase M (mitose) e da fase S (replicação), e, O MPF torna-se inativo quando as ciclinas são
ao mesmo tempo, que esses indutores estão presen- degradadas, para que a célula encerre a divisão, e
tes apenas transitoriamente. Durante o período G1, a anáfase se inicie. Essa molécula consiste de duas
a célula, de alguma forma, se compromete a entrar subunidades, a p34 e a p45. O dímero tem atividade
no período de START, mas a natureza do intervalo an- de quinase, e pode fosforilar uma grande variedade
terior à fase S ainda é desconhecida. Descobriu-se de proteínas. É através da fosforilação das proteínas
também que o ativador da fase S é uma proteíno- alvo em um ponto específico do ciclo que o MPF
quinase, e está relacionado com a quinase respon- exerce sua função. A subunidade p34 é catalítica,
sável pela ativação da mitose. com atividade de quinase. Fosforila resíduos de seri-
A mitose depende da ativação da proteína na e treonina nas proteínas alvo. A subunidade p45
quinase da fase M, uma proteína com duas subu- é uma ciclina, uma subunidade regulatória, neces-
nidades. Uma delas é uma subunidade catalítica sária ao funcionamento da atividade de quinase do
com modo de ação de quinase, que é ativada por MPF. Quando a ciclina está presente, ela confere ao
modificação de sua estrutura, no início da mitose. A MPF uma mudança conformacional para ativação
outra subunidade é uma ciclina, uma proteína que de sua subunidade catalítica. Uma protéina homólo-
se acumula devido à uma síntese contínua durante ga à subunidade catalítica p34 do MPF encontrada
a interface, e que é destruída na mitose. A destrui- em leveduras é chamada cdc2. Essa proteína inte-
ção dessa proteína inativa a quinase da fase M, e rage com as ciclinas da mesma forma como a p34.
libera as células filhas da mitose. Essa atividade de Essa proteína é fosforilada e desfosforilada por outras
controle é altamente conservada, e parece estar enzimas. A sua fosforilação impede a sua atividade
304 presente em todos os sistemas eucarióticos! Alguns catalítica, mesmo que cdc2 esteja complexada
desses sistemas têm ciclos que se desviam um pouco com alguma ciclina.
dos padrões normais do ciclo somático. Isto ocorre Existem as ciclinas mitóticas, as quais se com-
particularmente em muitos dos processos de embrio- plexam com cdc2 para permitir que a célula atin-
gênese. No ovo de Xenopus, por exemplo, ocorrem ja a fase M, e as ciclinas do período G1, que fazem
divisões muito rápidas, nas quais a fase S se alterna com que a célula duplique seu DNA, entrando na
diretamente com a fase M (mitose). Nos blastôme- fase S. Com o desaparecimento das ciclinas nas fa-
ros, e entrada na mitose é controlada pela quinase ses S e M, a subunidade catalítica torna-se inativa
da fase M, o mesmo fator de todas as células somá- novamente, e, somente quando a célula tiver con-
ticas, da mesma forma como ocorre em leveduras. dições de atingir as fases S e M novamente (satisfei-
O desenvolvimento inicial dos ovos de Xenopus tas as condições dos pontos de checagem), genes
revelou um sistema bastante útil para se analisar as específicos serão ativados por proteínas regulado-
características que levam uma célula à divisão. O ras controlarão esses mecanismos de fosforilação e
ovócito de Xenopus é interrompido em seu primei- desfosforilação na célula, enquanto que as ciclinas
ro ciclo de divisão meiótica, no início da condensa- serão produzidas quase que continuamente durante
ção cromossômica, e a correspondência mais íntima a intérfase. Muitos fatores externos podem atuar no
com o ciclo somático está no estágio G2. A ovula- controle do ciclo celular, incluíndo hormônios e fa-
ção ocorre quando os hormônios desencadeiam o tores de crescimento de tecidos específicos, no pro-
progresso do ciclo até a segunda divisão da meiose cesso de proliferação celular, para a organização,
e, quando o ovo é posto, o progresso é interrompi- ou mesmo para a manutenção dos tecidos. Existem
do até o final da segunda meiose, numa condição diferentes controles externos que podem atuar no
de mitose somática. O ovo de anfíbios, bem como o ciclo celular, e as células dependerão, fundamen-
das aves, é uma estrutura grande, que contém gran- talmente de sinais em seu material citoplasmático
de quantidade de material citoplasmático para as (no início da embriogênese), bem como de sinais do
primeiras divisões. A fertilização desencadeia ciclos ambiente externo. Nos processos de proliferação ce-
de divisões muito rápidos, que alternam os períodos S lular e senescência, outros sinais de controle externos
com a fase M, como citado anteriormente. O maior do ciclo desencadearão de maneira diferente esse
período de atividade sintética das células nesse es- sistema citado aqui.

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• IDENTIDADE DOS SERES VIVOS – NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO


DOS SERES VIVOS. VÍRUS, PROCARIONTES E EUCARIONTES.
AUTÓTROFOS E HETERÓTROFOS. SERES UNICELULARES E
PLURICELULARES. SISTEMÁTICA E AS GRANDES LINHAS DA EVOLUÇÃO D
OS SERES VIVOS. TIPOS DE CICLO DE VIDA. EVOLUÇÃO E PADRÕES
ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS OBSERVADOS NOS SERES VIVOS.
FUNÇÕES VITAIS DOS SERES VIVOS E SUA RELAÇÃO COM A ADAPTAÇÃO
DESSES ORGANISMOS A DIFERENTES AMBIENTES. EMBRIOLOGIA,
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA. EVOLUÇÃO HUMANA.
BIOTECNOLOGIA E SISTEMÁTICA.

A origem da vida Os experimentos de Redi


   

D
esde a antiguidade a origem da vida tem O médico, biólogo e cientista italiano Francesco
sido um mistério. O homem antigo pro- Redi (1626-1697) estava convencido de que a vida
curava de todas as formas possíveis ex- não surgia espontaneamente. Para provar isso fez o 305
plicarem da onde é que surgiam novos seres vivos. que chamamos de experiência controlada. Em fras-
De muitas explicações surgiu a Teoria da geração cos, Redi, colocou pedaços de carne, alguns frascos
espontânea ou Teoria da abiogênese. De acordo foram vedados com gaze, outros não. Nos frascos
com essa teoria os seres vivos se formariam através abertos onde moscas entravam e saíam livremente
da matéria bruta do meio. Por exemplo= na Índia, surgiam muitas larvas provenientes de ovos deposita-
Babilônia e Egito ensinavam que as rãs, crocodilos dos ali. Nos frascos fechados com gaze, onde as mos-
e cobras eram gerados pelo lodo dos rios. Um dos cas não entravam, não apareceu nenhuma larva
grandes defensores da Teoria da abiogênese no sé- mesmo depois de muitos dias. Redi demonstrou com
culo XVII foi Jean Baptista van Helmont (1577-1644), tal experimento que as larvas presentes na carne pu-
um importante médico belga que chegou a formu- trefata se desenvolvem a partir de ovos de moscas
lar uma ‘’receita’’ para se produzir ratos . Veja:  depositadas ali, e não pela transformação da carne,
‘’(...) coloca-se num canto sossegado e mal ilu- como propunha a abiogênese.
minado trigo, fermento e camisas sujas. O resultado  
será que, em 21 dias, surgirão ratos (...)’’.  Needham X Spallanzani
Hoje sabemos que os ratos que apareciam não  
se formavam da mistura de ingredientes, mas sim Em meados do século XVII, o holandês Antonie
eram atraídos pela mistura.  van Leeuwenhoek com um microscópio descobriu o
Nesse mesmo século surgiram sábios com novas mundo dos microorganismos, os micróbios. Os abio-
idéias e dispostos a provar que a vida não provinha genitas acreditaram ainda mais na sua tese, afirman-
de matéria bruta como propunha a Teoria da abio- do que seres tão pequenos não se reproduzia e sim
gênese. Que foi logo descartada quando Redi, Spal- surgiam espontaneamente. O cientista inglês John
lanzani, e Pasteur iniciaram seus experimentos. Eles Needham (1713-1481) realizou seus experimentos
provaram que um ser vivo só se origina de outro ser para provar que os micróbios surgiam de geração
vivo. Esta é então a atualmente aceita Teoria da bio- espontânea. Diversos frascos  contendo um caldo
gênese. nutritivo foram submetidos à fervura por 30 minutos.
  Depois Needham lacrava os frascos com rolhas e os
deixava por repouso por alguns dias. Depois desse re-

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pouso ele examinou o caldo com a ajuda de um mi- Com esse espetacular experimento Pasteur rece-
croscópio e notou a presença de microorganismos. A beu um prêmio compensador da Academia France-
explicação dada foi que a fervura tinha matado todos sa de Ciências e derrubou de uma vez por todas a hi-
os seres eventualmente presentes no caldo e nenhum pótese da geração espontânea ou abiogênese. Com
microorganismo poderia entrar no frasco após de ter isso o problema da origem da vida se tornou preocu-
sido lacrado com rolhas. Portanto, só havia uma expli- pante, pois se os organismos surgem a partir de outros,
cação! Os microorganismos surgiram por geração es- como foi que se originou o primeiro?
pontânea ou abiogênese. Após alguns anos o padre
e pesquisador italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799) Qual é a origem do Universo?
repetiu os experimentos de Needham com  algumas
modificações. Spallanzani colocou caldo nutritivo em Não existe nenhuma questão mais enigmática do
balões de vidro e fechou-os hermeticamente esses que essa! A grande maioria dos cientistas acredita na
balões eram então colocados em caldeirões e fervi- teoria do Big Bang, ou Grande Explosão - mas o que
dos por cerca de uma hora. Dias depois ele exami- havia antes dela? Tudo indica que seja impossível sa-
nou os caldos e obteve resultados completamente ber com certeza!
diferentes aos de Needham = o caldo estava livre de O próprio Big Bang, aliás, já é bem misterioso. Se-
microorganismos.  gundo a teoria, há cerca de 15 bilhões de anos toda a
Spallanzani explicou que Needham submeteu a matéria que constitui o Universo concentrava-se num
solução à fervura por um tempo curto de mais para único ponto, que explodiu, dando origem a tudo o
esterilizar o caldo. Needham respondeu às críticas que conhecemos... e até ao que ainda não conhe-
afirmando que o tempo longo usado pelo cientis- cemos. Essa origem bombástica é comprovada por
ta destruía a força vital ou princípio ativo que dava várias observações científicas, mas possui alguns pro-
vida à matéria, e ainda tornava o ar desfavorável ao blemas. O principal deles é que, pelas leis da física,
aparecimento da vida. Em fins do século XVII pôde- a explosão estaria sujeita a pequenas flutuações que
se entender porque o ar se tornava desfavorável ao tornariam o universo irregular - o que não acontece na
aparecimento da vida. Descobriu-se que o oxigênio realidade. “Existem mais de 50 teorias que tentam re-
é essencial à vida. Segundo abiogenistas o aqueci- solver essa questão”, diz o físico Augusto Damineli, da
mento prolongado e a vedação hermética excluíam Universidade de São Paulo (USP). A idéia mais aceita
306 o oxigênio tornando impossível a sobrevivência de foi proposta pelo físico americano Alan Guth em 1981:
qualquer forma de vida. A polêmica abiogênese X nas primeiras frações de segundo, a explosão teria se
biogênese continuou existindo até cerca de 1860, expandido a uma velocidade muito maior do que a
quando a abiogênese sofreu seu golpe final. da luz. Isso teria deixado uniforme o Universo que ob-
  servamos, mas encoberto tudo o que acontecera.
Pasteur derruba a abiogênese Se os físicos têm dificuldade em entender o que
  se passou logo após o Big Bang, descobrir o que ocor-
Foi por volta de 1860 que um grande cientista reu antes é, portanto, uma tarefa muito mais árdua
- ainda mais porque é provável que esse fenômeno
francês conseguiu provar definitivamente que seres
não tenha sido o início de tudo. “O Universo já existia
vivos só podem se originar de outros seres vivos. Louis
no momento do Big Bang”, diz o físico Mario Novello,
Pasteur (1822-1895) preparou um caldo de carne – ex-
do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio
celente meio de cultura para micróbios – colocou en-
de Janeiro. Entre as dezenas de modelos propostos, é
tão, esse caldo em um frasco com pescoço de cisne
possível que o espaço e o tempo tenham existido des-
e submeteu o líquido contido dentro desse frasco à
de sempre, que o Big Bang seja o resultado do colap-
fervura para a esterelização. Após a fervura a medida
so entre diversas dimensões e que a explosão tenha
que o líquido resfriava, gotículas de água se acumula-
dado origem não a um, mas sim a vários universos.
vam no pescoço do frasco agindo como uma espé-
cie de filtro retendo os micróbios contidos no ar que
Big Bang
penetrava no balão, impedindo a contaminação do
caldo. Esse experimento mostrou que não era a falta
De acordo com o modelo do Big Bang, oUniver-
de ar fresco que impedia a formação de microorga- so se expandiu a partir de um estado extremamente
nismos no caldo. Pateur provou também que não ha- denso e quente e continua a se expandir atualmente.
via nenhuma ‘’ força vital’’ que era destruída após a Uma analogia comum explica que o espaço está se
fervura, pois se aquele mesmo caldo esterilizado fosse expandindo, levandogaláxias com ele, como passas
submetido ao ar sem a filtragem que o balão pesco- em um naco de pão a aumentar. O esquema gráfico
ço de cisne proporcionava, surgiriam sim microorga- superior é um conceito artístico que ilustra a expan-
nismos que advinham de contaminação.  são de uma parte de um Universo plano.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O Big Bang, também por vezes denominada em ria do estado estacionário”, tinha por objetivo criar
português como a Grande Explosão, é a teoria cos- um termo pejorativo, mas Hoyle explicitamente negou
mológica dominante do desenvolvimento inicial do isso e disse que era apenas um termo impressionan-
universo. Os cosmólogos usam o termo “Big Bang” te para destacar a diferença entre os dois modelos.
para se referir à ideia de que o universo estava ori- Hoyle mais tarde ajudou consideravelmente no es-
ginalmente muito quente e denso em algum tempo forço de compreender a nucleossíntese estelar, a via
finito no passado e, desde então tem se resfriado nuclear para a construção de alguns elementos mais
pela expansão ao estado diluído atual e continua pesados até os mais leves. Após a descoberta da ra-
em expansão atualmente. A teoria é sustentada por diação cósmica de fundo em 1964, e especialmen-
explicações mais completas e precisas a partir de te quando seu espectro (ou seja, a quantidade de
evidências científicas disponíveis e da observação. radiação medida em cada comprimento de onda)
De acordo com as melhores medições disponíveis traçou uma curva de corpo negro, muitos cientistas fi-
em 2010, as condições iniciais ocorreram por volta de caram razoavelmente convencidos pelas evidências
13,3 a 13,9 bilhões de anos atrás. de que alguns dos cenários propostos pela teoria do
Georges Lemaître propôs o que ficou conhecido Big Bang devem ter ocorrido.
como a teoria Big Bang da origem do Universo, em-
bora ele tenha chamado como “hipótese doátomo História:
primordial”. O quadro para o modelo se baseia na
teoria da relatividade de Albert Einstein e hipóteses Em 1927, o padre e cosmólogo belga Georges
simplificadoras (comohomogeneidade e isotropia Lemaître (1894-1966) derivou independentemente as
do espaço). As equações principais foram formula- equações de Friedmann a partir das equações de
das por Alexander Friedmann. Depois Edwin Hubble campo de Einstein e propôs que os desvios espectrais
descobriu em1929 que as distâncias de galáxias dis- observados em nebulosas se deviam a expansão do
tantes eram geralmente proporcionais aos seus des- universo, que por sua vez seria o resultado da “explo-
são” de um “átomo primordial”.
vios para o vermelho, como sugerido por Lemaître
em1927. Esta observação foi feita para indicar que
Em 1929, Edwin Hubble forneceu base observa-
todas as galáxias muito distantes e aglomerado de
cional para a teoria de Lemaitre ao medir um desvio
galáxias têm uma velocidade aparente diretamente
para o vermelho no espectro (“redshift”) de galáxias 307
para fora do nosso ponto de vista: quanto mais dis-
distantes e verificar que este era proporcional às suas
tante, maior a velocidade aparente. Se a distância
distâncias o que ficou conhecido como Lei de Hub-
entre os aglomerados de galáxias está aumentando
ble-Homason.
hoje, todos deveriam estar mais próximos no passado.
O Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP)
Esta idéia tem sido considerada em detalhe volta no
é um sistema de sensoreamento térmico da energia
tempo para as densidades e temperaturas extremas,
remanescente de fundo, ou ruído térmico de fundo do
e grandes aceleradores de partículas têm sido cons-
Universo conhecido. Esta imagem é um mapeamen-
truídos para experimentar e testar tais condições, re- to em microondas do Universo conhecido cuja ener-
sultando em significativa confirmação da teoria, mas gia que chega ao sistema está reverberando desde
estes aceleradores têm capacidades limitadas para 379000 anos depois do Big-bang, há 13 bilhões de
investigar em tais regimes de alta energia. Sem ne- anos (presume-se). A temperatura está dividida en-
nhuma evidência associada com a maior brevidade tre nuances que vêm do mais frio ao mais morno, do
instantânea da expansão, a teoria do Big Bang não azulao vermelho respectivamente, sendo o mais frio,
pode e não fornece qualquer explicação para essa a matéria ou o “éter”, onde a energia térmica de fun-
condição inicial, mas sim, que ela descreve e explica do está mais fria, demonstrando regiões mais antigas.
a evolução geral do Universo desde aquele instante. A comparação, feita pelo autor da imagem, é como
As abundâncias observadas de elementos leves em se tivéssemos tirado umafotografia de uma pessoa de
todo o cosmos se aproximam das previsões calcula- oitenta anos, mas, no dia de seu nascimento.
das para a formação destes elementos de processos O Big Bang, ou grande explosão, também conhe-
nucleares na expansão rápida e arrefecimento dos cido como modelo da grande explosão térmica, par-
minutos iniciais do Universo, como lógica e quantitati- te do princípio de Friedmann, onde, enquanto o Uni-
vamente detalhado de acordo com a nucleossíntese verso se expande, a radiação contida e a matéria se
do Big Bang. esfriam. Para entender a teoria do Big Bang, deve-se
Fred Hoyle é creditado como o criador do termo em primeiro lugar entender a expansão do Universo,
Big Bang durante uma transmissão de rádio de 1949. de um ponto A para um ponto B, assim, podemos, a
Popularmente é relatado que Hoyle, que favoreceu partir deste momento retroceder no espaço, portan-
um modelo cosmológico alternativo chamado “teo- to no tempo, até o Big Bang.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Temperatura e expansão Modelo quadridimensional

Como a temperatura é a medida da energia mé- No modelo quadridimensional, não existe a fron-
dia das partículas, e esta é proporcional à matéria teira, ou a parede; o conceito é volumétrico no do-
do universo, de uma forma simplificada, ao dobrar o mínio tempo, portanto, só visualizável através de
tamanho do universo, sua temperatura média cairá cálculo. Porém pode-se tentar mostrar algo sobre a
pela metade. Isto é, ao reduzir o tecido universal, por- quarta dimensão, basta um pouco de imaginação e
tanto aumentando sua densidade, aquela dobrará; uma boa dose de visualização tridimensional.
podemos ter um ponto de partida de temperatura Embora não se deva imaginar a expansão Uni-
máxima, e massa concentrada numa singularida- verso como uma bolha crescendo vista do lado de
de, que nos dará o tempo aproximado do início da fora, (O lado de fora não existe, a matéria e o tempo
aceleração da expansão do tecido universal, e sua tiveram seu início a partir do ponto zero), esta é uma
gradual e constante desaceleração térmica. Para das poucas maneiras de se tentar vislumbrar um es-
entender este processo, há que se usar um exemplo paço quadridimensional do Universo em expansão
prático, a visão deve ser quadridimensional. Como os (Não se deve também assumir uma visão antropo-
sentidos humanossomente percebem o espaço tridi- cêntrica). Ao centro, está representada em amarelo
mensional (Coordenadas x,y,z), ilustrando a partir de aVia Láctea, os círculos coloridos excêntricos são to-
um modelo em três dimensões fica mais compreen- dos os corpos celestesse afastando, azul para frente
sível, pois o tempo estaria numa coordenada “d”, e vermelho para trás devido ao efeito Doppler, as es-
o que dificulta ao leitor comum a compreensão da feras sem cor representam a posição real dos astros.
evolução do tempo e espaço simultaneamente. Para que entendamos um objeto tridimensional
As estrelas ou corpos celestes marcados com cír- em visualização bidimensional, temos que desenhá
culos são os mais distantes, logo os mais antigos já -lo de forma que enxerguemos uma parte de cada
observados pelos humanos. A coloração avermelha- vez. Imagine o mesmo exemplo da bolha, agora vis-
da é devida ao efeito Doppler. Quando um corpo ta em duas dimensões, temos largura e profundida-
se afasta deu um supostocentro, mais a sua imagem
de, mas não temos noção da dimensão altura. Para
desvia para o vermelho, e quando se aproxima, ao
que possamos representá-la e entendê-la, precisa-
contrário o desvio é para o azul. Como o afastamento
308 remos fazer diversos desenhos no domínio da Altu-
é quase para o vermelho de tonalidade mais escura,
ra, iniciando na parte mais baixa e assim por diante,
isto indica que se dá em altíssimas velocidades, (suas
representando círculos que, se vistos bidimensional-
distâncias estão beirando os treze bilhões deanos-luz),
mente sobrepostos, apresentarão um círculo dentro
algo bastante próximo do Big-bang. Estas formações
do outro, (semelhantes aos mapas topográficos). Po-
indicam um Universo infantil, onde as grandes galáxias
rém, devidas limitações no desenho, a primeira im-
(presumivelmente) ainda não se haviam formado.
pressão que teremos (se não soubermos que é uma
Imaginemos uma bolha de sabão, suponhamos
esfera) não será de uma esfera, e sim de meia esfera.
que esta bolha seja preenchida por umfluido, deixe-
Para a representação tridimensional, os eixos
mos o fluido de lado e concentremo-nos na superfície
(x,y,z), e o eixo tempo (t) inserido, (isto é, em quatro
propriamente dita da bolha. Esta no início é um ponto
de água com sabão, por algum motivo desconheci- dimensões, porém representada em três), a analogia
do, que não importa, começa a aumentar através é semelhante, poderemos vislumbrar a meia esfera
da inserção de um gás, tomando a formaesférica. de acordo com nossas observações e medições, a
Observemos que, na medida em que o ar penetra outra metade somente poderemos teorizar.
preenchendo o interior da bolha de sabão (a exem- Podemos inclusive usar a mesma esfera, porém
plo de uma bexiga), começa a haver a expansão vo- , em vez de olharmos um círculo dentro de outro,
lumétrica do objeto. Nos concentremos no diâmetro representando a imagem topográfica, imaginemos
da bolha e na espessura da parede. Verificaremos uma esfera dentro de outra, maior e maior, como se
que, à medida que seu diâmetro aumenta, a espes- o fotografássemos em momentos em que estivesse
sura diminui, ficando mais e mais tênue, pois a matéria inflando , assim temos uma visão quadridimensional
está se desconcentrando e seespalhando em todas num universo tridimensional, onde a superfície da es-
as direções. De uma maneira simplificada, podemos fera, aumentando a cada passar de tempo, seria a
afirmar que o aumento do diâmetro da bolha é o uni- expansão quadridimensional do Universo. Esta visão
verso em expansão, o aumento da área da superfície não deve ser encarada como antropocêntrica, pois
é a diminuição da densidade material, a redução da de qualquer ponto do espaço vemos o Universo se
espessura da parede é a constante térmica que dimi- expandindo em todas as direções, ou seja, sempre
nui à medida que o universo se expande. nos parecerá estarmos no centro, não importa de

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

qual ponto estejamos observando. Portanto, deve- Cada galáxia distante afasta-se da Via Láctea
mos imaginar, não estando no centro da esfera, mas numa velocidade proporcional à distância em que
num ponto onde absolutamente tudo se afasta em se encontra desta, quanto maior a distância, maior
todas as direções, embora os nossos sentidos nos di- a velocidade.
gam estarmos no centro. Hubble e seu colega Milton L. Homason pesqui-
saram para descobrir a proporção dos movimentos
O início da teoria da grande explosão: e sua aceleração, deduzindo uma equação conhe-
cida como Lei de Hubble-Homason em que:Vm=16r,
Conforme descrito no início do artigo, em 1927, o onde Vm é a velocidade de afastamento da galá-
padre e cosmólogo belga Georges Lemaître (1894- xia, dada em quilômetros por segundo, e r expressa a
1966), derivou independentemente as equações distância entre a Terra e a galáxia em estudo, dada
de Friedmann a partir das equações de Einstein e em unidades de milhões de anos luz, e, segundo esta,
propôs que os desvios espectrais observados em se uma galáxia estiver situada a cem milhões de anos
nebulosas se deviam a expansão do universo, que luz, esta se afasta a 1600 quilômetros por segundo.
por sua vez seria o resultado da “explosão” de um Aparentemente, o Universo está se expandindo
“átomo primordial”. A teoria do Big Bang, grande em torno de nós, novamente é afirmado que isto não
explosão, tornou-se a explicação da expansão do deve ser encarado como antropocentrismo, pois to-
universo desde suas origens, no tempo, (arbitrando- dos os pontos do universo estão se afastando relati-
se o conceito de que o tempo teve uma origem). vamente uns aos outros simultaneamente, conforme
Segundo essa teoria, o universo surgiu há pelo já explicado. A observação, feita em 1929 por Hubb-
menos 13,7 bilhões de anos, a partir de um estado le, significa que no início do tempo-espaço a matéria
inicial de temperatura e densidade altamente ele- estaria de tal forma compactada que os objetos es-
vadas. Embora essa explicação tenha sido proposta tariam muito mais próximos uns dos outros.
na década de 1920, sua versão atual é da década Mais tarde, observou-se em simulações que de
de 1940 e deve-se sobretudo ao grupo de George fato exista aparentemente a confirmação de que
Gamow que deduziu que o Universo teria surgido entre dez a vinte bilhões de anos atrás toda a maté-
após uma grande explosão resultante da compres- ria estava exatamente no mesmo lugar, portanto, a
são de energia. densidade do Universo seria infinita.
As observações em modelos e as conjecturas dos 309
cientistas apontam para a direção em que o Univer-
Edwin Hubble
so foi infinitesimalmente minúsculo, e infinitamente
denso. Nessas condições, as leis convencionais da
Voltando no tempo…, no início do século XX, a
física não podem ser aplicadas, pois quando se tem
Astronomia desviou sua atenção das estrelas e dos
a dimensão nula e a massa infinita, qualquer evento
planetas. Nos últimos oitenta anos a Cosmologia se
antes desta singularidade não pode afetar o tempo
voltou para as galáxias e espaço exterior. Um dos
atual, pois ao iniciar o universo, expandindo a massa
muitos responsáveis por esta mudança de perspec-
e ao mesmo tempo se desenvolvendo em todas as
tiva foi Edwin Hubble, do Observatório Monte Wilson.
direções, indica que o tempo também esteve nesta
Em 1924, foram publicadas fotografias provando
singularidade, logo o tempo era nulo.
que as manchas de luz difusas e distantes, chama-
das de Nebulosas, (este nome devido à crença de
Gamow, a explosão e a teoria da expansão
que se tratava de massas informes de gás e poeira),
na verdade eram gigantescos sistemas de aglome- Segundo Gamow, na expansão do universo a
rados de estrelas, semelhantes à Via Láctea. partir de seu estado inicial de alta compressão, numa
explosão repentina, o resultado foi uma violentíssima
Os movimentos galácticos e a Lei de Hubble-Ho- redução de densidade e temperatura; após este ím-
mason peto inicial, a matéria passou a predominar sobre a
antimatéria.
Hubble dedicou-se ao estudo das galáxias, me- Ainda segundo Gamow toda a matéria existen-
dindo suas distâncias, localizando sua distribuição te hoje no universo encontrava-se concentrada no
no espaço e analisando seus movimentos. chamado “átomo inicial”, ou “ovo cósmico”, e que
Com o passar do tempo, notou-se que aqueles uma incalculável quantidade de energia, depois de
movimentos não eram ao acaso, como o desloca- intensamente comprimida, repentinamente explo-
mento das moléculas de um gás na termodinâmi- diu, formando ao avançar do tempo gases, estrelas
ca, porém obedecem a uma trajetória centrífuga. e planetas.

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A temperatura média do universo diminui à me- Bang. A pergunta sobre o que ocorreu antes des-
dida que se expande. Alguns autores afirmam que a te tempo limite é contudo certamente pertinente à
partir de um determinado momento, quando univer- teoria. O Grande Colisor de Hádrons (LHC) construído
so for totalmente resfriado, ele vai começar a dimi- na europa traz consigo a esperanças de, em breve,
nuir de tamanho novamente, voltando a sua primeira poder-se compreender de facto o comportamento
forma, do átomo inicial. da matéria-energia, e por tal do espaço-tempo, em
densidades tão altas quanto as esperadas para antes
O paradoxo do tempo deste tempo limite - geralmente aceito pela maioria
como próximo ao denominado tempo de planck.
Se o tempo iniciou numa grande explosão, jun- Embora muitas vezes apoiadas em sólidas bases
tamente com o espaço e com a matéria-energia no matemáticas, considerações antes apresentadas es-
Universo mutável, num Universo imutável um começo tendem-se assim para todas as teorias - ainda não
no tempo é necessário se impor para que se possa ter científicas justo pela ausência de fatos - que afirmam
uma visão dinâmica do processo da criação inicial conhecimento acerca do que ocorreu antes deste
(não confundir com Criação Teológica), esta se deu tempo limite, entre as quais destacam-se certamente
tanto numa maneira de se ver o início da dualida- a teoria das cordas, teoria que propõe a existência
de tempo matéria, quanto em outra. Partindo-se da de multiversos e de onze dimensões - ao invés de ape-
premissa de que o Universo é mutável no domínio do nas as quatro do espaço-tempo - e as teorias do Big
tempo, pois de outra forma não se consegue obser- Bang Frio; e do Big Crunch e do Universo oscilante.
var a expansão deste, deve haver razões físicas para A nucleossíntese foi a formação inicial dos primei-
que o Universo realmente tivesse um começo, pois ros núcleos atômicos elementares (hidrogênio e hé-
não se consegue imaginar a existência de um univer- lio). Ela ocorreu porque a atuação da Força Nuclear
so antes do Big Bang, e se não existia nada antes, o Forte acabou atraindo prótons e nêutrons que se
que fez o desequilíbrio da singularidade que acabou comprimiram em núcleos primitivos. Sabe-se que esta
criando um Universo caótico e em mutação? Vol- força nuclearforte só é eficaz em distâncias da ordem
tando-se no tempo e espaço, chega-se que desde de 10-13 cm. Presume-se que a nucleossíntese ocor-
o começo, o Universo se expande de acordo com reu 100 segundos após o impulso inicial, e que esta
leis bastante regulares. É portanto razoável que estas foi seguida de um processo de repentino resfriamento
310 se mantenham durante e antes da grande explosão, devido à irradiação que, segundo alguns, ocasionou
logo na singularidade está a chave para se descobrir o surgimento dos núcleos — segundo outros, o surgi-
como houve o momento de aceleração inicial nos mento dos núcleos ocasionou o resfriamento. Em fun-
eventos iniciais do Universo atual. ção da nucleossíntese, a matéria propriamente dita
Existe uma outra teoria, entre muitas que, antes passou a dominar o universo primitivo, pois sabe-se
do big bang, houve outro universo, idêntico ao atual que a densidade de energia em forma de matéria
onde as galáxias ao invés de se afastarem, se apro- passou, a partir daquele momento, a ser maior do
ximariam (O dia em que o universo quicou - Gravita- que a densidade em forma de radiação. Isso se deu
ção quântica em laços). em torno de 10 mil anos após o impulso inicial.
De facto tem-se apenas que, com os conheci- Com a queda da temperatura universal, os nú-
mentos que detêm-se hoje acerca da matéria e ener- cleos atômicos de hidrogênio, hélio e lítio recém-for-
gia, é possível delinear com razoável precisão os pro- mados se ligaram aos elétrons, formando assim áto-
cessos associados ao Big Bang que ocorreram após mos completos desses elementos. Presume-se que isso
um dado tempo contado a partir do “tempo zero”, se deu em torno de 300 mil anos após o chamado
o que implica dizer que, para os processos anterio- marco zero. A temperatura universal estava então em
res a este tempo limite, entra-se em um campo muito torno de 3.000 K.
mais especulativo do que propriamente científico. O O processo, ou a era da formação atômica, se-
que se conhece acerca do Big Bang é descrito como gundo alguns pesquisadores, durou cerca de um
processos ocorrendo no espaço-tempo. Considera- milhão de anos aproximadamente. À medida que
ções acerca deste ter sido criado no instante zero ou se expandia a matéria, a radiação que permeava
existir antes, acerca da existência de outro universo o meio se expandia simultaneamente pelo espaço,
com características distintas das encontradas no uni- porém em velocidade muito maior, ultrapassando a
verso que nos abriga, ou qualquer outra afirmação primeira. Daquela energia irradiada sobraram alguns
relativa ao que ocorre antes deste tempo limite de- resquícios em forma de micro-ondas, que foram de-
finido pela nossa compreensão factual transcendem tectadas em 1965 por Arno A. Penzias e Robert W.
assim - até a presente data - os limites científicos e Wilson, tendo sido chamada de radiação de fundo.
o paradigma científicamente aceito acerca do Big O “som” característico da radiação propagada é se-

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melhante ao ruído térmico, ou seja, um silvo branco A unificação das origens


(ruído branco contendo todas as frequências), con- Da teoria da gravidade de Newton sabe-se que
tínuo, linear igual ao ruído que se ouve num receptor a força gravitacional entre dois corpos depende so-
de televisão, ou de receptores de frequência modula- mente de suas massas e não da matéria de que são
da quando estão fora de sintonia. O som característico constituídos. A teoria geral da relatividade descre-
é um “sssssss” constante, ou um ruído de cachoeira. ve a estrutura do universo e a força da gravidade,
O satélite COBE, em 1992, descobriu flutuações na isto é, o macro-universo ou as interações do trinômio
radiação de fundo recebida que explicariam a forma- energia-tempo-matéria, no qual as massas são mais
ção das galáxias logo após a Grande Explosão. importantes* que as cargas. A mecânica quântica
Um exemplo ilustrativo da expansão repentina a descreve o micro-universo e as interações também
que se seguiu após o evento inicial, seria que a ma- do trinômio energia-tempo-matéria, no qual as mas-
téria comprimida num volume hipotético do tamanho sas são menos **relevantes que as cargas, embora
de uma cabeça de alfinete, em torno de 1 mm de tratem da mesma natureza, obviamente diferencian-
diâmetro, se expandiria para cerca de 2 mil vezes o do-se o tamanho. As interações, em muitos aspectos,
tamanho do nosso sol. são idênticas às teorias, porém estas são incompa-
Antes de completar um segundo de idade, o Uni- tíveis e não se completam. Portanto, falta a chave
verso estava na era da formação dos prótons e nêu- que teoricamente as une, pois não podem estar ao
trons. Os nêutrons tendem a decair espontaneamente mesmo tempo corretas e erradas.
em prótons, porém prótons recém formados pelo de- Portanto, pode-se deparar com muitas teorias
caimento não decaem. Devido a experimentos em a respeito do início do universo, mas por enquanto
aceleradores de partículas, sabe-se que o universo na- apenas uma trata do seu início, ou seja, a teoria do
quela era, (1 segundo aproximadamente), ficou com 7 Big-Bang — é a que une as duas teorias de macro e
prótons para cada nêutron — uma massa turbilhonan- micro-universo.
te das partículas mais elementares. Era também mais A questão da relevância é discutível. Acredita-
denso do que o ferro e tão opaco que nenhuma luz se que o termo mais correto seria ênfase devido às
conseguiria penetrá-lo. Outro dado apontado pelas comparações entre os tamanhos e das interações no
pesquisas realizadas leva à cifra de aproximadamente cosmo.
500 mil anos, em média, do resfriamento universal ace-
lerado. Supõe-se que as partículas elementares, ao se As massas, as ondas e as leis da 311
fundirem formando hidrogênio e hélio, formaram imen- física na singularidade:
sos bolsões de gás que poderiam ter sido causados por
pequenas alterações da gravidade, resultando assim Uma dúvida ainda persistente para os astrofísicos
em protogaláxias que teriam originado estrelas entre 1 é quanto à natureza da matéria e as distorções que
e 2 bilhões de anos após o Big Bang. ocorrem nas leis que a regem quando ela começa a
A evolução estelar aponta para as gigantes ver- ser comprimida ao cair em objetos densíssimos.
melhas e supernovas, que durante a sua vida, gera- Os buracos negros são, por natureza, um exer-
ram o carbono e demais átomos. Todos os elementos, cício de abstração intelectual. Não há como saber
presume-se, seriam espalhados no meio interestelar a se as leis da natureza se aplicam em condições tão
partir das supernovas; uma data limítrofe para esses extremas de compressão gravitacional e distorção
eventos estaria em torno de 1,1 bilhão de anos após a do espaço-tempo. Na prática, é impossível criar as
explosão inicial. condições dos efeitos gravitacionais de um objeto
As supernovas semearam nas galáxias a matéria tão denso na Terra; porém, já existem métodos pe-
-prima para posteriores nascimentos de estrelas. los quais é possível a simulação dos efeitos de forma
virtual, ou seja, em sistemas de ensaio operados por
Os dois pré-supostos: poderosos supercomputadores.
Mesmo com simulações e construção de obje-
A Teoria do Big Bang baseia-se em dois pré-su- tos densíssimos em ambiente virtual, restam questões
postos: o primeiro é a Teoria da Relatividade Geral de quanto à possibilidade de compressão de massa
Albert Einstein, que explica a interação gravitacional cujo volume aplicado é nulo e a densidade infinita
da matéria; o segundo pressuposto é o conhecido — a isso se dá o nome de singularidade de Schwar-
princípio cosmológico, que diz que o aspecto do uni- zschild.
verso independe da posição do observador (não há
Einstein acreditava que o aumento da intensida-
um ponto de observação privilegiado — o universo é
de da gravidade cria uma distorção que retarda a
isotrópico) e da direção em que ele olhe (o universo
percepção temporal. Noutras palavras, objetos mui-
apresenta o mesmo aspecto não importando a dire-
to densos, como buracos negros ou estrelas de nêu-
ção em que se o olhe — o universo é homogêneo).
trons, retardam o tempo devido aos efeitos gravita-

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cionais. Se fosse possível observar a queda de objetos dilatação regional de causa ainda desconhecida,e
num buraco negro, presume-se que se veria um obje- somente o desenvolvimento de telescópios de maior
to mover-se cada vez mais devagar, ao contrário do alcance e resolução poderiam confirmá-lo. Não acei-
que poderia naturalmente supor, pois à medida que tar a constante de afastamento das galáxias mais dis-
este se aproxima da singularidade, a distorção tem- tantes como uma verdade absoluta, implica endossar
poral agiria de tal forma que não o veríamos parar. outras teorias que melhor se identificariam com o efei-
Segundo Einstein, há o desvio para o vermelho e este to sonda encontrado na informação de luz emitida
também é dependente da intensidade gravitacional. de fontes muito distantes. A observação da propaga-
Se se analisar sob o ponto de vista corpuscular, imagi- ção no meio inter-espacial da energia eletromagné-
nando-se que a luz é um pacote quântico com massa tica de supernovas, (verdadeiros tsunamis de energia
e que esta partícula ocupa um determinado lugar no que constantemente varrem o espaço), com a nova
espaço, e está acelerada energeticamente (isto é, vi- tecnologia dos futuros telescópios e radiotelescópios
brando), a oscilação gera o comprimento de onda espaciais, brevemente poderá identificar e esclarecer
de luz, que se propaga como frente de onda em es- muitas dúvidas sobre o comportamento da luz atra-
paço livre. Longe de campo gravitacional intenso, a vés da matéria escura. Independente disso, e embora
frequência emitida tende para o azul. Na medida em ainda não possa ser confirmado com as imagens de
que o campo gravitacional começa a agir sobre a fundo provindas dos limites de observação, habitar e
partícula, esta começará a se movimentar, ou vibrar, observar apenas parte de um hipotético universo que
com menos intensidade, logo sua emissão desviará se desloca linearmente, e, em paralelo com velocida-
para o vermelho, pois a oscilação foi retardada. Nesse de acelerada, seria uma dessas teorias que atendem
ponto, a análise funde a dualidade matéria-energia. a região que esta sendo mapeada. Essa teoria estima
Sabe-se que não é possível analisar a partícula como que estaríamos em meio a um universo acelerado em
matéria e energia ao mesmo tempo: ou se considera paralelo, e cujo efeito retardado da informação da luz
o ponto de vista vibratório ou o corpuscular. Porém, que nos chega só seria permitido observar as ondas
próximo à singularidade, temos que fazer este exercí- luminosas com desvio do espectro para o vermelho.
cio de raciocínio, pois a atração gravitacional é tão Em linguagem matemática, o ponto de vista das
forte que pode fazer parar o movimento oscilatório, informações “emitidas e recebidas” entre duas partí-
e ao mesmo tempo atrair o objeto para si. Portanto, culas que se movem com velocidades próximas à da
312 qualquer que seja o ângulo de observação, a gravi- luz e em paralelo poderiam melhor explicar o fenôme-
dade prende a radiação em si mesma. Logo, a con- no da expansão.
clusão é que não se pode observar absolutamente
nada o que ocorre dentro do raio de Schwarzschild, Formação em partículas:
ou singularidade.
Como antes do Big-Bang o Universo era uma sin- A teoria mais aceita para a origem do universo
gularidade, presume-se que o tempo então não exis- propõe que ele seja o resultado duma grande ex-
tia, pois se objetos densos tendem a retardar o tempo, plosão, logo após a qual a matéria estava extrema-
logo quando se tem matéria infinita em espaço nulo a mente densa, comprimida e quente. Essa matéria pri-
singularidade é tal que o tempo para. mordial era composta, principalmente, de partículas
elementares, como quarks e elétrons. À medida que
Novas Possibilidades: ela ia se expandindo e esfriando, os quarks se uniam
formando partículas maiores chamadas hádrons, os
Este é o conceito artístico da expansão do Univer- quais podem conter 3 quarks (bárions) ou 2 quarks
so, onde o espaço (incluindo hipotéticas partes não (mésons). Os prótons e nêutrons formados (que são
observáveis do Universo) é representado em cada bárions) se agrupavam em núcleos e os elétrons
momento, em seções circulares. O esquema é deco- eram capturados em órbitas em torno dos núcleos,
rado com imagens do satéliteWMAP. formando átomos.
Apesar de ser uma tendência da cosmologia in- Os núcleos maiores e mais pesados foram criados
vestir num princípio, devemos considerar que o argu- no interior de estrelas, as quais por sua vez se forma-
mento que endossa a teoria do Big Bang é uma ex- ram pela aglomeração de grandes quantidades da
pansão do universo que pode ser observada. No en- matéria primordial. Algumas dessas estrelas ejetaram
tanto, essa dilatação pode ser um fenômeno regional, parte de sua massa para o espaço interestelar, levan-
existente apenas nos limites do universo observável do à formação de estrelas menores, planetas, nebu-
ou no alcance do atual telescópio Espacial Hubble. losas etc. As substâncias químicas foram criadas pela
Diante disso, existe a possibilidade desse fenômeno aglomeração dos átomos em moléculas e, finalmen-
não atender todo o universo. Nesse caso, o que até te, os seres vivos originaram-se do agrupamento de
hoje foi observado seria somente um processo de vários tipos de moléculas em estruturas complexas.

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Controvérsias: Em junho de 2011 é publicada uma demonstração


onde a incerteza de Heisenberg persistente que leva
A teoria do Big Bang não é um acontecimento uma temperatura de zero absoluto para o universo
igual a uma explosão da forma que conhecemos; primordial advém de um critério de quantização para
embora o universo observável com a ajuda das len- a energia
tes dos modernos telescópios espaciais ainda descre-
va um resultado de uma explosão (uma fuga cósmi- Biogênese versus Abiogênese
ca), há quem levante dúvidas se realmente houve
algo que explodiu ou se foi uma explosão a causa Até meados do século XIX os cientistas acredita-
dessa dilatação observada. vam que os seres vivos eram gerados espontanea-
Alguns afirmam que o termo “Big Bang” é utiliza- mente do corpo de cadáveres em decomposição;
do como uma aproximação para designar aquilo que rãs, cobras e crocodilos eram gerados a partir do
que também se costuma chamar de “Modelo Cos- lodo dos rios.
mológico Padrão”. Este consiste numa aplicação da Essa interpretação sobre a origem dos seres vivos
Relatividade Geral ao Universo como um todo. Isso é ficou conhecida como hipótese da geração espontâ-
feito, em um primeiro momento, assumindo-se que o nea ou da abiogênese (a= prefixo de negação, bio =
universo é homogêneo e isotrópico em larga escala. vida, genesis = origem; origem da vida a partir da ma-
Em um segundo momento se introduzem flutuações téria bruta).
de densidade no modelo e estuda-se a evolução Pesquisadores passaram, então, a contestar a hi-
destas até a formação de galáxias. pótese de geração espontânea, apresentando argu-
O modelo cosmológico padrão é extremamen- mentos favoráveis à outra hipótese, a da biogênese,
te bem testado experimentalmente e possibilitou a segundo a qual todos os seres vivos originam-se de
previsão da radiação cósmica de fundo e da razão outros seres vivos preexistentes.
entre as abundâncias de hidrogênio e hélio. Em 1668, Francesco Redi (1626 -1697) investigou a
suposta origem de vermes em corpos em decomposi-
Os dados observacionais atualmente são sufi-
ção. Ele observou que moscas são atraídas pelos cor-
cientemente bons para se saber como é a geometria
pos em decomposição e neles colocam seus ovos.
do universo.
Desse ovos surgem as larvas, que se transformam em
Se for imaginado um triângulo, com lados maio-
moscas adultas. Como as larvas são vermiformes, os 313
res do que milhares de vezes o raio de uma galáxia
“vermes” que ocorrem nos cadáveres em decompo-
observável qualquer, poder-se-á saber da validade
sição nada mais seriam que larvas de moscas. Redi
do teorema de Pitágoras pela observação direta.
concluiu, então, que essas larvas não surgem espon-
Porém, não se tem idéia de qual é a topologia do
taneamente a partir da decomposição de cadáve-
universo em larga escala atualmente. Ou, é sabido
res, mas são resultantes da eclosão dos ovos postos
se ele é infinito ou finito no espaço. O termo Big Bang
por moscas atraídas pelo corpo em decomposição.
também designa o instante inicial (singular) no qual
Para testar a sua hipótese, Redi realizou o seguinte
o fator de escala (que caracteriza como crescem as
experimento: colocou pedaços de carne crua den-
distâncias com a expansão) tende a zero. tro de frascos, deixando alguns cobertos com gase
Alguns afirmam que as equações da Relativida- e outros completamente abertos. De acordo com
de Geral falham no instante 0 (pois é uma singulari- a hipótese da abiogênese, deveriam surgir vermes
dade). Eventos como o big bang simplesmente não ou mesmo mosca nascidos da decomposição da
estão definidos. Portanto acreditam alguns que, se- própria carne. Isso, entretanto, não aconteceu. Nos
gundo Relatividade Geral, não faz sentido se referir frascos mantidos abertos verificaram-se ovos, larvas e
a eventos antes do Big Bang. Sabe-se que as con- moscas sobre a carne, mas nos frascos cobertos gaze
dições físicas do universo muito jovem estão fora do nenhuma dessas formas foi encontrada sobre a car-
domínio de validade da Relatividade Geral devido à ne. Esse experimento confirmou a hipótese de Redi e
densidade ambiental e não se espera que as respos- comprovou que não havia geração espontânea de
tas sejam corretas na situação de densidade infinita vermes a partir de corpos em decomposição.
e tempo zero. Os experimentos de Redi conseguiram reforçar a
Em abril de 2011, utilizando uma incerteza de Hei- hipótese da biogênese até a descoberta dos seres
senberg persistente, relacionada à posição primordial microscópicos, quando uma parte dos cientistas pas-
de uma origem comóvel, um físico brasileiro publicou sou novamente a considerar a hipótese da abiogê-
uma solução para as equações de campo de Eins- nese para explicar a origem desses seres. Segundo
tein, dentro do contexto cosmológico, fornecendo esses cientistas, os microorganismos surgem esponta-
uma temperatura de zero absoluto para o universo neamente em todos os lugares, independentemen-
primordial: “On the Cold Big bang Cosmology”.[13] te da presença de outro ser vivo. Já outro grupo de

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pesquisadores não aceitava essas explicações. Para A teoria de Lamarck:


eles os microorganismos somente surgiam a apartir de
“sementes” presentes no ar, na água ou no solo. Essas Jean-Baptiste Lamarck ( 1744-1829 ), naturalista
“sementes”, ao encontrarem locais adequados, proli- francês, foi o primeiro cientista a propor uma teoria
feravam (interpretação coerente com a hipótese da sistemática da evolução. Sua teoria foi publicada em
biogênese). 1809, em um livro denominado Filosofia zoológica.
A teoria da geração espotânea perdeu credibi- Segundo Lamarck, o principio evolutivo estaria
lidade com o experimento de redi, mas voltou a ser baseado em duas Leis fundamentais:
usada para explicar a origem dos seres microscópicos, Lei do uso ou desuso: o uso de determinadas par-
descobertos em meados do século XVII pelo holandês tes do corpo do organismo faz com que estas se de-
Antonie Van Leeuwenhoek (1632-1723). Usando um senvolvam, e o desuso faz com que se atrofiem.
microscópio de sua própria fabricação, Leeuwenhoek Lei da transmissão dos caracteres adquiridos : al-
havia observado pela primeira vez os microorganismos, terações provocadas em determinadas característi-
seres pequenos demais para serem vistos a olho nu. cas do organismo, pelo uso e desuso, são transmiti-
Era difícil imaginar que seres tão simples e tão varia- das aos descendentes.
dos, presentes em praticamente em todos os lugares, Lamarck utilizou vários exemplos para explicar
pudessem surgir por meio da reprodução. Até o século sua teoria. Segundo ele, as aves aquáticas tornaram-
XVIII, a maioria das pessoas achava que os microorga- se pernaltas devido ao esforço que faziam no sentido
nismos surgiam apenas por geração espotânea. Mui- de esticar as pernas para evitarem molhar as penas
tos estudiosos, porém, estavam convencidos de que a durante a locomoção na água. A cada geração,
geração espontânea não ocorria, nem para os seres esse esforço produzia aves com pernas mais altas,
macroscópicos, nem para seres microscópicos. que transmitiam essa característica à geração se-
Somente por volta de 1860, com os experimentos guinte. Após várias gerações, teriam sido originadas
realizados por Louis Pasteur (1822 – 1895), conseguiu- as atuais aves pernaltas.
se comprovar definitivamente que os microorganismos A teoria de Lamarck não é aceita atualmente,
surgem a partir de outros preexistentes. pois suas ideias apresentam um erro básico: as ca-
racterísticas adquiridas não são hereditárias.
314 Os experimentos de Pasteur estão descritos e es- Verificou-se que as alterações em células somá-
quematizados na figura abaixo: ticas dos indivíduos não alteram as informações ge-
A ausência de microrganismos nos frascos do tipo néticas contida nas células germinativas, não sendo,
“pescoço de cisne” mantidos intactos e a presença dessa forma, hereditárias.
deles nos frascos cujo “pescoço” havia sido quebra-
do mostram que o ar contém microorganismos e que A teoria de Darwin:
estes, ao entrarem em contato com o líquido nutritivo
e estéril do balão, desenvolvem-se. No balão intacto, Charles Darwin ( 1809-1882 ), naturalista inglês,
esses microorganismos não conseguem chegar até o desenvolveu uma teoria evolutiva que é a base da
líquido nutritivo e estéril, pois ficam retidos no “filtro” for- moderna teoria sintética: a teoria da seleção natural.
mado pelas gotículas de água surgidas no pescoço do Segundo Darwin, os organismos mais bem adapta-
balão durante o resfriamento. Já nos frascos em que o dos ao meio têm maiores chances de sobrevivência
pescoço é quebrado, esse “filtro” deixa de existir, e os do que os menos adaptados, deixando um número
micróbios presentes no ar podem entrar em contato maior de descendentes. Os organismos mais bem
com o líquido nutritivo, onde encontram condições adaptados são, portanto, selecionados para aquele
adequadas para seu desenvolvimento e proliferam. ambiente.
A hipótese da biogênese passou, a partir de então, Os princípios básicos das ideias de Darwin podem
a ser aceita universalmente pelos cientistas. ser resumidos no seguinte modo:
Os indivíduos de uma mesma espécie apresen-
Teorias da Evolução tam variações em todos os caracteres, não sendo,
portanto, indenticos entre si.
Várias teorias evolutivas surgiram, destacando-se , Todo organismo tem grande capacidade de re-
entre elas, as teorias deLamarck e de Darwin. Atual- produção, produzindo muitos descendentes. Entre-
mente, foi formulada a Teoria sintética da evolução, tanto, apenas alguns dos descendentes chegam à
também denominada Neodarwinismo, que incorpora idade adulta.
os conceitos modernos da genética ás ideias essen- O número de indivíduos de uma espécie é manti-
ciais de Darwin sobre seleção natural. do mais ou menos constante ao longo das gerações.

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Assim, há grande “luta” pela vida entre os des- mesmo eles não são absolutamente idênticos, ape-
cendentes, pois apesar de nascerem muitos indiví- sar de o patrimônio genético inicial ser o mesmo. Isso
duos poucos atingem a maturalidade, o que man- porque podem ocorrer alterações somáticas devidas
tém constante o número de indivíduos na espécie. á ação do meio.
Na “luta” pela vida, organismos com variações A enorme diversidade de fenótipos em uma po-
favoráveis ás condições do ambiente onde vivem pulação é indicadora da variabilidade genética des-
têm maiores chances de sobreviver, quando compa- sa população, podendo-se notar que esta é geral-
rados aos organismos com variações menos favorá- mente muito ampla.
veis. A compeensão da variabilidade genética e fe-
Os organismos com essas variações vantajosas notípica dos indivíduos de uma população é funda-
têm maiores chances de deixar descendentes. Como mental para o estudo dos fenômenos evolutivos, uma
há transmissão de caracteres de pais para filhos, es- vez que a evolução é, na realidade, a transforma-
tes apresentam essas variações vantajosas. ção estatística de populações ao longo do tempo,
Assim , ao longo das gerações, a atuação da se-
ou ainda, alterações na frequência dos genes dessa
leção natural sobre os indivíduos mantém ou melhora
população. Os fatores que determinam alterações
o grau de adaptação destes ao meio.
na frequência dos genes são denominados fatores
evolutivos. Cada população apresenta um conjun-
A teoria sintética da evolução:
to gênico, que sujeito a fatores evolutivos , pode ser
A Teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo alterado. O conjunto gênico de uma população é o
foi formulada por vários pesquisadores durante anos conjunto de todos os genes presentes nessa popula-
de estudos, tomando como essência as noções de ção. Assim , quanto maior é a variabilidade genética.
Darwin sobre a seleção natural e incorporando no- Os fatores evolutivos que atuam sobre o conjunto
ções atuais de genética. A mais importante contribui- gênico da população podem ser reunidos duas ca-
ção individual da Genética, extraída dos trabalhos tegorias:
de Mendel, substituiu o conceito antigo de herança - Fatores que tendem a aumentar a variabilidade
através da mistura de sangue pelo conceito de he- genética da população:mutação gênica, mutação
rança através de partículas: os genes. cromossônica , recombinação;
A teoria sintética considera, conforme Darwin já - Fatores que atuam sobre a variabilidade gené- 315
havia feito, a população como unidade evolutiva. A tica jás estabelecida : seleção natural, migração e
população pode ser definida como grupamento de oscilação genética.
indivíduos de uma mesma espécie que ocorrem em A integração desses fatores associada ao isola-
uma mesma área geográfica, em um mesmo inter- mento geográfico pode levar, ao longo do tempo,
valo de tempo. ao desenvolvimento de mecanismos de isolamento
Para melhor compreender esta definição , é im- reprodutivo, quando, então, surgem novas espécies.
portante conhecer o conceito biológico de espécie:
agrupamento de populações naturais, real ou po- Origem e Evolução do Ser Humano
tencialmente intercruzantes e reprodutivamente iso-
lados de outros grupos de organismos. África, o berço da humanidade
Quando, nesta definição, se diz potencialmente
intercruzantes, significa que uma espécie pode ter É comum indagarmos sobre a nossa origem. Vie-
populações que não cruzem naturalmente por esta- mos mesmo dos macacos? Antigamente a pergunta
rem geograficamente separadas. Entretanto, colo- era ouvida com desprezo e incredulidade, mas hoje
cadas artificialmente em contato, haverá cruzamen-
é recebida com naturalidade.
to entre os indivíduos, com descendentes férteis. Por
A origem do ser humano - esse mamífero tão es-
isso, são potencialmente intercruzantes.
pecial - deve ser analisada, pois o comportamento
A definição biológica de espécie só é valida para
humano tem raízes num passado remoto, quando
organismos com reprodução sexuada, já que, no
um ser meio macaco, meio humano ocupava as flo-
caso dos organismos com reprodução sexuada, já
restas e depois as savanas da África, onde devem
que, no caso dos organismos com reprodução asse-
xuada, as semelhanças entre características morfoló- ter surgido os primeiros ancestrais dos seres humanos.
gicas é que definem os agrupamentos em espécies. Há milhões de anos, a África era coberta por
Observando as diferentes populações de indiví- densas florestas e macacos movimentavam-se em
duos com reprodução sexuada, pode-se notar que bandos. Terremotos, porém, modificaram a paisa-
não existe um indivíduo igual ao outro. Execeções a gem, fazendo surgir montanhas de até 3 mil metros
essa regra poderiam ser os gêmeos univitelínicos, mas de altitude ao longo do continente.

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Essas modificações transformaram não só a pai- do mais, teriam alimentação de melhor qualidade, e
sagem como também o clima: as grandes elevações esse fator aumentaria as chances de sobreviver, ter
formaram uma barreira contra a passagem da umi- filhos e transmitir as novas características às gerações
dade tão necessária à manutenção das florestas; futuras.
conseqüentemente, as árvores escassearam, dimi- Fisicamente, porém, havia um grande empeci-
nuindo as áreas de florestas, em parte substituídas por lho: não possuíam características de caçador. Não
matas, savanas e desertos. tinham presas desenvolvidas nem garras nem es-
Posteriormente, outras modificações da crosta queletos que lhes permitissem locomover-se em pé,
terrestre originaram um grande vale que, estenden- olhando por sobre o capim, com as mãos livres para
do-se de norte a sul, funcionou como um obstáculo empunhar paus, pedras e carregar o que coletavam.
natural às populações animais que viviam no leste e A caça de animais maiores tornava-se difícil... Algo
no oeste. deveria mudar.. . Teriam chances de sobreviver?
Separados por essa barreira natural, grupos de
macacos passaram a viver em lugares com condi- A evolução do ser humano
ções ambientais diferentes, fato que propiciou o am-
biente ideal à formação de uma nova espécie. O antropólogo Richard Leakey, em seu livro A
Assim, o destino dos seres vivos que ficaram nes- origem da espécie humana, afirma que a primeira
sas novas regiões dependia da adaptação às novas espécie de macaco bípede - o fundador da famí-
condições do meio; se se adaptassem sobreviveriam; lia humana - era fisicamente diferente dos macacos
se não, pereceriam. atuais e devia alimentar-se de talos, sementes, raízes,
Separados por essa barreira natural, os indivíduos brotos e insetos, da mesma forma que fazem hoje os
foram sofrendo pequenas modificações que, ao lon- babuínos das regiões montanhosas da Etiópia. Talvez
go de muitas gerações, resultaram populações com comesse animais que já encontrava mortos e, como
características físicas e comportamentais diferen- os chimpanzés, usasse gravetos para desenterrar raí-
tes em cada uma das regiões. Assim, alguns desses zes ou espantar adversários.
macacos do passado continuaram habitando as Acredita-se que a partir desse animal, que viveu
árvores das florestas remanescentes e originaram o entre 5 e 7 milhões de anos atrás, surgiu a família hu-
orangotango, o gorila e o chimpanzé; outros, que
mana. Mas somente há 3 milhões de anos aproxima-
316 ocupavam a região que se modificou, para poder
damente os hominídeos (espécies humanas ances-
sobreviver, abandonaram as árvores, aventuraram-
trais) proliferaram e deram origem a novos tipos: um
se pelo chão e deram origem aos humanos. Isso não
deles a linhagem do Homo, que originou o homem
se deu num passe de mágica, mas foram necessários
moderno.
milhões de anos em que, gradativamente, foram se
Entre esse ancestral e o ser humano atual - co-
acumulando modificações até se formar uma nova
nhecido nos meios científicos como Homo sapiens
espécie: a humana.
sapiens - houve uma série de outros tipos.
A floresta primitiva apresentava grande varieda-
Por meio dos fósseis sabemos que progressivas
de de folhas e frutos comestíveis, alimento farto e va-
modificações determinaram um aumento da esta-
riado aos nossos antepassados que não precisavam
tura e também do volume do cérebro. Este quase
deslocar-se a grandes distâncias para obtê-lo nem
de horário certo para se alimentar. Viviam em ban- triplicou, passando de 500 para 1.400 centímetros cú-
dos e saciavam a fome nos lugares por onde passa- bicos no homem atual. Como tudo isso aconteceu?
vam. Com as mudanças das condições ambientais O ser humano originou-se pela seleção natural, o
escassearam as florestas e apareceram as savanas, mesmo processo evolutivo que deu origem a todos
e já não havia mais a mesma fartura de alimento. os seres vivos.
As espécies, então, iniciaram uma grande competi- Nas células de todos os seres vivos há os cromos-
ção pelo alimento. Provavelmente alguns macacos somos e, nestes, os genes. Os genes são estruturas
se aventuraram fora do ambiente em que sempre responsáveis por todas as características que identifi-
tinham vivido, para procurar outras fontes de sub- cam um ser. Definem-lhe desde a forma até as subs-
sistência. Para sobreviver, modificaram os hábitos tâncias que compõem suas células, assim como o
alimentares, pois a vegetação escassa forçava-os a seu funcionamento.
procurar outros alimentos, levando-os provavelmen- Os genes são formados por uma substância co-
te a especializar-se mais na caça de pequenos ani- nhecida como DNA, que contém as informações
mais para complementar a sua alimentação. genéticas necessárias à vida em um sistema chama-
Todas as modificações que ocorreram em seu or- do código genético. Ocasionalmente, este código
ganismo que os capacitaram a caçar com mais faci- se modifica e, conseqüentemente, as substâncias
lidade provavelmente foram mantidas, pois, caçan- que vão ser formadas nesse ser, o que alterará as

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características determinadas pelo gene. Essas modi- dos, o homem é um primata muito especial: herdou
ficações geralmente casuais são as mutações, que de seus ancestrais macacos a visão binocular (que
constituem a base ou a matéria-prima da evolução. permite a visão tridimensional e a percepção da pro-
Se esta modificação for favorável ao ser, aumentan- fundidade) e a capacidade de agarrar e manipular
do-lhe a probabilidade de sobrevivência no meio, objetos com as mãos, com destreza e perfeição.
a mutação será mantida. Essas mudanças ocorrem Além de o corpo ter-se tornado ereto, houve ain-
continuamente e, por serem graduais, são assimila- da o aumento relativo do volume do cérebro e da
das naturalmente pelas populações, passando des- espessura do córtex, onde se situam as circunvolu-
percebidas aos nossos olhos. ções, que no ser humano são mais desenvolvidas do
Desse modo, somos, entre outras coisas, o resulta- que nos demais primatas. Como conseqüência des-
do da herança genética codificada em nosso DNA, sas modificações cerebrais sua capacidade mental
originada não só do nosso grupo familiar e racial, mas tornou-se maior.
também dos nossos antepassados que viveram há Além dessas diferenças, uma das principais ca-
milhões de anos. Entretanto, não podemos chegar racterísticas humanas é a criação do mundo espiri-
ao extremo de acreditar que o DNA seja o único res- tual. Os chimpanzés não enterram seus mortos nem
ponsável por tudo o que somos. Agindo sobre o nos- têm simbologia para o além; não representam grafi-
so material genético comum, a cultura cria inúmeras camente as emoções, embora elas estejam presen-
e variadas tradições. tes no semblante e nos gestos; não apresentam cria-
A própria formação dos grupos étnicos é resulta- tividade para a elaboração de símbolos que levem a
do das mutações. Grupos humanos dispersaram-se imagens gráficas ou musicais.
por várias regiões da Terra e ficaram muito tempo O ser humano é o único animal capaz de impor
isolados geograficamente. Durante o período de sua vontade ao meio ambiente. Só ele tem realmen-
isolamento, sofreram pequenas modificações que te a capacidade de entender a diferença entre o
se foram somando e dando-Ihes características dife- bem e o mal. Somente o homem ama de forma a
rentes. Se um desses grupos tivesse permanecido iso- englobar todas as criaturas.
lado por longo período de tempo, tantas poderiam
ter sido as modificações causadas pelas mutações O despertar da consciência
que talvez até impossibilitassem o cruzamento ou a
formação de um descendente caso esses grupos se Será que os outros animais também têm cons- 317
encontrassem. Neste caso ter-se-ia se formado uma ciência? Até bem pouco tempo essa indagação não
nova espécie. No entanto, isso não aconteceu.
teria sentido, e a resposta seria um sonoro “Não!”.
Assim, ocorre naturalmente uma seleção impos-
Atualmente, como se descobriu que o chimpanzé re-
ta pelo ambiente, sobrevivendo aquele que estiver
conhece sua imagem no espelho, já não podemos
mais adaptado a ele. A esse processo - o principal
mais responder negativamente a essa pergunta.
mecanismo da Teoria da Evolução enunciada por
Pesquisadores colocaram uma mancha verme-
Charles Darwin (1809-1882) - damos o nome de sele-
lha na testa de um chimpanzé e fizeram-no olhar-se
ção natural.
no espelho; imediatamente, ele colocou a mão na
A hipótese mais aceita sobre a origem da espé-
testa: sabia que era a sua imagem. Outros tipos de
cie humana afirma que, por um mecanismo seme-
macacos, porém, não possuem a mesma capacida-
lhante, um grupo primitivo de macacos se diversifi-
de, portanto devem existir vários níveis de consciên-
cou, originando o ser humano, o chimpanzé, o gorila
cia, entre os quais a humana seria a mais diferencia-
e o orangotango.
Recentemente, estudos bioquímicos revelaram da e, como diz o antropólogo Richard Leakey, “o
que há 99,4% de semelhança entre o DNA humano produto de uma criação muito especial”.
e o do chimpanzé. Também nos mostraram que o A partir de 1960, vários trabalhos têm demonstra-
chimpanzé é muito mais parecido com os humanos do que determinados comportamentos considera-
do que com o gorila. Após esses estudos, o chimpan- dos essencialmente humanos - reconhecer-se diante
zé e o gorila passaram a fazer parte da família hu- do espelho, usar símbolos, fabricar artefatos e ferra-
mana. mentas - não são exclusividade da espécie humana.
Experiências realizadas com chimpanzés já demons-
O que nos diferencia dos outros primatas: traram que eles relacionam com facilidade símbolos
com objetos. Outros animais também são capazes
O homem, o gorila, o chimpanzé, o orangotango, de fazer essa associação. Os cães, por exemplo, fi-
os macacos do Novo e do Velho Mundo, o társio e cam felizes ao ver seus donos pegar a coleira, pois
o lêmure formam o grupo dos mamíferos conhecido associam a coleira ao passeio na rua, assim como as-
como primatas. Diferem bastante entre si, mas, de to- sociam uma vasilha com o alimento. Havia, porém,

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uma curiosidade entre os pesquisadores: queriam sa- de óbvia, seja porque são associadas popularmente
ber se os chimpanzés usariam os símbolos para pen- com status elevado ou porque são impostos à força.
sar abstratamente. Para isso, em um teste, ensina- Pelo menos na evolução das línguas, parece que
ram-lhes o que era comida e o que era ferramenta. funciona um tipo de deriva, mudanças aparente-
Posteriormente, mostraram outras comidas e outras mente casuais que levam, por exemplo, à formação
ferramentas: os chimpanzés separaram com facilida- de dialetos. As características culturais e as línguas di-
de as comidas das ferramentas, mostrando que seu vergem se houver uma separação geográfica e exis-
intelecto estava generalizando abstrações. tem muitos exemplos de divergência, convergência
e paralelismo cultural entre as sociedades humanas.
1 Evolução biológica e cultural; É compreensível que ocorra seleção de grupo de ca-
A espécie humana representa uma das maiores racterísticas culturais. Muitas peculiaridades culturais,
populações de mamíferos do planeta, apresentando por exemplo, parecem conservar um balanço eco-
uma grande diversidade cultural. Através da evolu- lógico entre uma tribo e seu ambiente sem conferir
ção as populações foram se isolando e cada uma nenhuma vantagem especial a membros específicos
adquirindo hábitos culturais diferentes, isso provocou do grupo.
um diferenciação entre os povos, e em cada região A evolução cultural diverge da evolução biológi-
do planeta existem grandes grupos de seres huma- ca em pontos muitos importantes. Talvez o mais im-
nos divididos em países, estados, cidades e tribos, portante seja que a evolução cultural é lamarckiana:
que possuem culturas diferentes. o comportamento, a língua e as peculiaridades que
Este trabalho busca esclarecer algumas caracte- um indivíduo adquire durante a sua vida, são transmi-
rísticas dessa evolução cultural, que envolve desde tidas para seus descendentes ou para outros indiví-
hábitos alimentares até a observação de comporta- duos. Consequentemente, a mudança cultural pode
mento, que são transmitidos aos descendentes para ocorrer muito mais rapidamente do que a evolução
evolução das espécies. biológica e mudanças súbitas podem ocorrer numa
única geração. A
2 EVOLUÇÃO CULTURAL evolução cultural é muito mais intricada do que
a evolução biológica, porque as sociedades adotam
A evolução cultural consiste de mudanças no os hábitos umas das outras e porque inclusive ela im-
318 comportamento fundamentadas no aprendizado e põe um tipo de herança integrada: é muito difícil
não em alterações de freqüências gênicas. Ela pode identificar unidades de cultura que, como os genes,
ser tanto vertical (transmissão dos mais velhos para os sejam transmitidas sem alteração (considere a pro-
mais jovens) como horizontal (por imitação de prá- núncia do nome espanhol “Los Angeles” em inglês).
ticas entre irmãos e entre companheiros do mesmo A seleção que orienta a mudança cultural nor-
grupo). malmente é uma seleção das próprias caracterís-
Os modelos matemáticos da evolução cultural ticas, não dos indivíduos que as põem em práticas;
são muito incipientes. Eles podem incluir considera- o automóvel substitui o cavalo devido à sua vanta-
ções genéticas (como, por exemplo, admitindo que gem óbvia, não porque os motoristas de automóvel
certos genótipos tenham probabilidade maior de tiveram mais filhos de que os cavaleiros. A vantagem
aprender ou adotar uma particularidade cultural do muitas vezes pode ser ilusória: muitos traços culturais,
que outra) ou considerar as características culturais variando desde o hábito de fumar até políticas nu-
como entidades submetidas às suas próprias regras cleares, podem trazer em longo prazo e muitas ve-
de herança (não genética), assim como seleção, mi- zes em curto prazo, desvantagens tanto individuais,
gração e deriva não genética. É óbvio que a cultura como para grupos.
e a genética podem interagir. Por exemplo, muitos Algumas características culturais têm suas fre-
povos asiáticos são geneticamente incapazes de qüências aumentadas não somente devido à trans-
metabolizar produtos do leite quando adultos e esses missão cultural, mas porque elas influenciam no
produtos, tradicionalmente, não fazem crescimento e na dispersão das populações. A op-
parte de suas dietas. O que não se sabe é até ção pela agricultura, por exemplo, fez com que as
que ponto a prática cultural de não tomar leite in- sociedades pastoris alcançassem densidades popu-
fluenciou a frequência gênica, ou vice versa. lacionais maiores do que as sociedades dos caça-
É fácil traçar analogias entre a evolução biológi- dores – coletores, levando, a um aumento do tama-
ca e a evolução cultural, mas elas não deveriam ser nho populacional total e relativo dos agriculturalistas.
generalizadas. As inovações culturais (análogas às Como consequência, passaram a prevalecer outras
mutações) também sofrem ação de fatores seletivos, características culturais típicas dos agriculturalistas,
no sentido que algumas ficam arraigadas na cultura assim como as freqüências dos alelos que existiam,
e outras não, elas podem se fixar seja devido à utilida- nas tribos agricultoras.

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3 A EVOLUÇÃO BIOLÓGICA E A CULTURA HUMANA Segundo uma visão clássica, quase todos os
comportamentos que observamos nos animais são
Trabalhar nas múltiplas conceituações de cultura adaptativos. Eles respondem a estímulos apropria-
suscita o estabelecimento de um amplo debate dos de maneira eficiente e por isso alimentam-se,
interdisciplinar que envolve a preocupação de encontram abrigo, acasalam-se e procriam. O que
tratar das bases biológicas na formação da cultura, faz com que o comportamento de um animal se
sem todavia tentar-se “explicar” a cultura, mas sim torne tão bem adaptado ao seu ambiente natural
no sentido de também pensá-la biologicamente, pode ser um conjunto de respostas “pré-formadas”
partindo do pressuposto de que são verdadeiras as no sistema nervoso como parte de sua estrutura
concepções fundamentais da teoria da evolução herdada, constituindo-se num tipo de “memória da
propostas por Darwin, sem muita preocupação com espécie” transmitida de uma geração a outra ou
suas anomalias. pode ser uma capacidade de modificar seu com-
Dessa forma, se nenhum novo paradigma surgir portamento em virtude de suas experiências, à me-
revolucionando esta questão, este ensaio poderá dida que se desenvolve através da ação sobre o
servir como uma revisão adequada do assunto, am- meio (MANNING, 1977).
pliando as bases de discussão para o estabelecimen- O aprendizado permite modificar o comporta-
to do diálogo intercultural, caso contrário, poderá mento de modo a adaptá-lo a circunstâncias no-
servir como mais uma das “piadas” científicas a ser vas, no homem, isso permitiu o desenvolvimento de
contada, futuramente, nas salas de aula. uma grande plasticidade fenotípica, fazendo com
De acordo com pressupostos básicos da teoria que a organização estrutural das populações hu-
da evolução de Darwin, os seres vivos têm tendência manas seja certamente a mais elevada do reino
para apresentar variações, uma fração das quais é animal. Isto se aplica não só a estrutura social
de natureza hereditária. dentro das populações, das famílias às nações,
Quando essas variações não forem neutras para como também às relações inter-populacionais, que
a sobrevivência ou reprodução, ocorrerá, obviamen- são únicas. Estas diferenças podem superar, inclu-
te, uma sobrevivência e uma reprodução diferencia-
sive, as observadas entre populações de espécies
das de seus portadores. “Os seres favorecidos nessa
distintas e com muita frequência, as relações esta-
luta pela vida são considerados como os mais bem
belecidas se assemelham ao que se observa entre 319
adaptados aos meios em que vivem, isto é, os mais
predador e presa ou hospedeiro e parasita.
aptos sob o ponto de vista seletivo. Como o ambien-
O intercâmbio e interdependência entre popu-
te se altera ao longo do tempo, também mudam a
lações humanas é muito maior do que para outras
direção e a intensidade da seleção natural. Dessa
espécies. Isso afeta não apenas o intercâmbio de
forma os seres vivos irão evoluindo” (FREIRE-MAIA,
pessoas, como o de energia, de matéria, de conhe-
1991).
cimento e cultura.
Atualmente questiona-se o fato de que as muta-
Nesse sentido, com o crescente processo de
ções casuais e a seleção natural sejam fatores sufi-
globalização, torna-se cada vez mais urgente acres-
cientes para explicar toda a evolução, mas podem
centarmos à nossa cultura humana a capacidade
contribuir para uma reflexão sobre o papel da cultura
na origem do ser humano, que foi capaz de se de estabelecimento do diálogo intercultural.
diferenciar dos demais primatas, principalmente Sendo assim, não se pode definir um homem uni-
no que concerne à produção e armazenamento de camente pelos seus constituintes biológicos (células,
“cultura”. órgãos e metabolismos), é necessário, para expli-
Além da cultura, há inúmeras diferenças morfo- car as suas características mais essenciais, levar em
lógicas entre o ser humano e outros primatas, mas conta os grupos sociais e culturais em que ele está
grande parte delas puderam ser acumuladas a par- integrado, pois os utensílios fornecidos pela natureza
tir do isolamento sexual do grupo ancestral e neste não têm qualquer interesse enquanto outros homens
isolamento reprodutivo ela desempenha um papel não nos ensinarem a manejá-los (Jacquard,1988).
destacado. Fato é que até os animais menos complexos po-
Podemos conceituar biologicamente a cultura dem, por seu comportamento, alterar o ambiente
como uma extraordinária complexificação do que se adequando-o em seu proveito, e assim modificar as
denomina, em Biologia, de comportamento animal, forças seletivas que os afetam. Um comportamen-
que, em linhas gerais, envolve todos os processos to completamente novo pode ser transmitido por
através dos quais um animal percebe o mundo exter- aprendizado e gradativamente substituir a ativida-
no e o seu estado interno e responde às mudanças de prévia, sem que ocorra nenhuma alteração ge-
percebidas. nética, pois, em geral, se herda apenas uma poten-

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cialidade para aprender e não o aprendizado em si, Dessa forma, quanto mais fortemente estiverem
a não ser nos casos em que não há sobreposição de “ligados” ou apareceram no mesmo indivíduo genes
gerações e os indivíduos precisam nascer sabendo. com alto poder
É claro que a evolução cultural só é possível entre adaptativo, menor será o risco de aparecerem
os animais que possuem uma capacidade conside- indivíduos em que alguns deles faltem, provocando
rável de modificar seu comportamento por prática e um desenvolvimento imperfeito. Nesse caso, ressalta
imitação, e, além do homem, isso pode ser observa- a importância dos processos de isolamento reprodu-
do em outros primatas, tendo sido descobertas uma tivo, ou de seleção sexual, que favorecem o acasala-
grande variedade de diferenças alimentares, cuja mento entre determinados indivíduos em detrimento
origem foi cultural, entre bandos do macaco japonês de outros, garantindo a manutenção dessa ligação
Macaca fuscata. genética.
Paradoxalmente, é muito restrito o papel que a Sem dúvida os processos de isolamento reprodu-
aprendizagem pode desempenhar na evolução do tivo fazem parte da herança genética, não apenas
comportamento animal, pois essa evolução depen- dos animais como também de todos os grupos de
de de variações herdadas sobre as quais a seleção seres vivos com reprodução sexuada, pois eles de-
possa agir. Ou seja, para que os processos de sele- sencadeiam a microevolução, um processo que dá
ção natural possam atuar é necessário que o novo origem a novas espécies a partir de uma população
comportamento se transforme em informação “her- ancestral.
dável”, que não dependa exclusivamente do rela- O isolamento reprodutivo envolve, inicialmente
cionamento direto entre os seres vivos, caso contrá- apenas padrões comportamentais de reconheci-
rio o novo comportamento, por mais adaptativo que mento e estranhamento. Nos animais estes sinais so-
seja corre o risco de ser perdido com a extinção do ciais precisam ser salientes e quase todos têm forma
indivíduo ou grupo populacional que o tenha desen- muito exagerada, pois para terem a maior eficiência
volvido. possível precisam ser nítidos e inequívocos, principal-
Nesse sentido, a capacidade de “registrar” sua mente entre espécies próximas ou morfologicamen-
cultura através da escrita, pintura, escultura, música, te semelhantes onde as diferenças são basicamente
etc, foi provavelmente uma das maiores conquistas quantitativas.
que fez com que o homem se diferenciasse dos de- Hoje, com já dissemos anteriormente, acumu-
320 mais primatas e pudesse “evoluir culturalmente”. lamos tantas diferenças, que nos diferenciam dos
Hoje, já acumulamos tantas diferenças e nos di- nossos parentes primatas que parece meio irracional
ferenciamos tanto dos nossos parentes primatas que pensar em estratégias especiais de isolamento se-
parece meio irracional pensar num tempo onde nos- xual, mas nos primórdios do surgimento do homem
sas diferenças morfológicas em relação aos chim- nossas diferenças
panzés e orangotangos não eram assim tão eviden- morfológicas não eram assim tão evidentes. Além
tes. disso, não é verdade que os macacos modernos es-
A hipótese mais aceita para o surgimento do ho- tejam genealogicamente mais próximos do que nós
mem era de que nossos ancestrais se pareciam mui- do ancestral comum que deu início à divisão entre os
to com os grandes antropoides atuais. Porém, a des- símios em geral e os grandes macacos há milhões de
coberta de um esqueleto de Ardipithecus ramidus anos atrás.
muda este conceito sugerindo que os ancestrais dos O fóssil de Ardipithecus ramidus, com idade esti-
macacos já foram muito parecidos com os homens mada de 4,4 milhões de anos confere com prespec-
atuais. Este fóssil repudia o senso comum de que os tivas anteriores de que nosso ramo do arbusto dos
macacos atuais foram nossos ancestrais e reforça as grandes macacos apresentaria um ancestral comum
teorias evolutivas, as quais preconizam que o ser hu- com os chimpanzés até 5 e 8 milhões de anos atrás,
mano e os grandes macacos antropoides, como go- isso significa que por muito tempo fomos uma mesma
rila e chimpanzé, tiveram o mesmo e desconhecido espécie.
ancestral comum. Tanto quanto nós, os chimpanzés, bonobos, gori-
O surgimento de uma nova espécie envolve um las e orangotangos são formas bastante evoluídas e
processo de acúmulo de diferenças genéticas a tal adaptadas aos seus ambientes. Mas é provável que
ponto que o cruzamento entre os indivíduos não pro- ainda tenhamos na nossa bagagem genética uma
duza mais descendentes férteis, para isso, a seleção tendência grande para o desenvolvimento de me-
natural é fundamental pois, ao longo do tempo, vai canismos de isolamento sexual baseados em diferen-
favorecendo as ligações entre os genes, que contri- ças culturais, como um recurso auxiliar para discrimi-
buem conjuntamente para uma característica co- narmos, aqueles que são iguais a nós daqueles que
mum. são diferentes de nós.

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Este aspecto favoreceria, indiretamente, o surgi- participar na construção da humanidade e, para tal,
mento dos comportamentos racistas entre diferentes incitá-lo a tornar-se o seu próprio criador, a sair de si
populações ou grupos sociais como uma manifesta- mesmo para poder ser um sujeito que escolhe o seu
ção do instinto de preservação, ou seja, como um percurso e não um objeto que assiste submisso à sua
ônus da evolução cultural. própria produção”. O termo “humanitude” define “a
Logicamente, não somos apenas seres que se iso- contribuição de todos os homens, de outrora ou de
lam, temos também que considerar nossa alta poten- hoje, para cada homem”
cialidade de estabelecimento de agrupamentos hu- A evolução cultural da espécie humana é mais
manos, já presente quando éramos primatas e tam- rápida que a evolução biológica, talvez por con-
bém a intrigante e incompreendida característica do siderar aspectos evolutivos, como comportamen-
altruísmo, que nos capacita à filantropia. to. O fato de o ser humano conviver em sociedade
Assim, vemos em luta as forças dissociativas do contribui para essa evolução cultural, porém, essas
isolamento sexual e associativas da formação de mudanças podem ser benéficas ou não o que con-
grupo. As primeiras nos tradiz a teoria darwiniana, onde os mais aptos sobre-
lançando à luta ou à fuga de tudo aquilo que nos vivem, talvez pelo fato de as características culturais
seja estranho, as segundas nos capacitando para a não estarem relacionada à genética. Assim pode-se
convivência e o desenvolvimento dos processos edu- relacionar a evolução cultural à teoria lamarckista,
cativos, que podem nos proporcionar um comporta- pois as características adquiridas são passadas a seus
mento ou uma cultura muito distanciada da nossa descendentes e indivíduos do mesmo grupo.
natureza meramente animal. Assim, pode-se afirmar que a evolução cultural foi
Para Nietzsche: “O homem é corda distendida e continua sendo de grande importância para a es-
entre o animal e o super-homem: uma corda sobre pécie humana, trazendo vantagens e desvantagem,
um abismo; travessia perigosa, temerário caminhar, social e economicamente.
perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar. A Anatomia: é a ciência que estuda e classifica e
grandeza do homem é ser ele uma ponte, e não descreve as estruturas e órgãos do corpo humano.
uma meta [...]”. Etimologicamente, deriva do grego Ana, “repetir”, e
Voltando às questões biológicas, é muito difícil tomos, “cortar”; ou seja, da repetição de cortes na
precisar até que ponto se pode transpor os conheci-
dissecação de cadáveres. 321
mentos obtidos com pesquisas em animais aos seres
humanos, mas “faz parte da sabedoria convencional
Fisiologia: (do grego physis = natureza, função
que virtualmente toda variação cultural é originaria-
ou funcionamento; e logos = palavra ou estudo) é
mente mais fenotípica do que genética” (RUSE,1983).
o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções
Darwin, por exemplo, apoiava a origem biológi-
mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. De
ca da agressão humana, assim como afirmava que
uma forma mais sintética, a fisiologia estuda o funcio-
as diferenças raciais podiam ser explicadas através
namento do organismo.
desse mecanismo. Todavia, essa discussão suscita o
problema básico de saber até que ponto os padrões
Quando você procura assistência médica, preci-
do comportamento humano, de fato, constituem
sa usar os termos anatômicos corretos para descre-
uma função direta dos genes e não da cultura, mas
ver a posição, a direção e a localização da vítima.
querer “explicar” os processos sociais através do co-
nhecimento biológico é uma ingenuidade, que tem Primeiramente, veremos os termos relativos à posi-
levado muitos biólogos a uma leitura míope acerca ção, direção e localização.
do homem. Termos relativos à posição:
Este ensaio procurou levantar alguns aspectos
que favorecessem a reflexão sobre a importância da Posição anatômica – o paciente está em pé,
cultura para o surgimento e estruturação da espécie ereto, os braços para baixo ao longo do corpo, as
humana, no sentido da mesma ter tido um importan- palmas voltadas para frente. “Direita” e “esquerda”
te papel no nosso auto-reconhecimento e no isola- referem-se à direita e esquerda da vítima.
mento reprodutivo. Posição de decúbito dorsal – o acidentado está
Nossa deitado de costas (com a barriga para cima).
capcidade biológica para estruturação de uma Posição de decúbito ventral – o acidentado está
cultura elaborada possibilitou os processos educati- deitado com a barriga para baixo (de bruços).
vos. Jacquard (1988) afirma que: “O objetivo primário Posição de decúbito lateral – o paciente está dei-
da educação é, evidentemente, revelar a um filho tado de lado (direito ou esquerdo).
de homem a sua qualidade de homem, ensiná-lo a  

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Termos relativos à direção e à localização: espesso para lubrificação. As articulações podem


- Superior – em direção à cabeça. ser imóveis (como as do crânio), ligeiramente móveis
- Inferior – em direção aos pés. (como as da coluna vertebral) ou de movimento li-
- Anterior – em direção à frente. vre (como joelho ou cotovelo).
- Posterior – em direção ao dorso. A emergência mais comum envolvendo o siste-
- Medial – em direção à linha mediana ou centro ma esquelético é a fratura, uma rachadura ou que-
do corpo. bra do osso. Quando a fratura danifica vasos san-
- Lateral – para a esquerda ou direita da linha me- guíneos pode causar hemorragia interna potencial-
diana. mente grave.
- Proximal – próximo ao ponto usado como refe-
rência.
- Distal – longe do ponto usado como referência.
- Superficial – próximo à superfície.
- Profundo – distante da superfície.
- Interno – do lado de dentro.
- Externo – do lado de fora.

322

Sistema Esquelético

O corpo humano é formado por um arcabouço


de ossos unidos por ligamentos que conectam um
osso a outro, camadas de músculos e tendões que Sistema Muscular
conectam os músculos aos ossos ou outras estruturas.
O sistema esquelético é responsável pela movimen- Os músculos dão ao corpo capacidade de movi-
tação, apoio e proteção dos órgãos vitais. mento. Todos os músculos são compostos de células
Os ossos são formados por células vivas circunda- longas e filiformes, denominadas fibras, que formam
das por depósitos densos de cálcio; todas as células deixes em grupos sobrepostos e intimamente reuni-
ósseas são ricamente supridas por vasos sanguíneos e dos.
nervos. O esqueleto do adulto tem 206 ossos que são
classificados de acordo com seu tamanho e formato.
As extremidades ósseas se encaixam umas nas
outras formando uma articulação. Todas as articula-
ções são envolvidas por uma cápsula flexível rígida
com uma membrana interna que produz um líquido

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

323
Existem três tipos básicos de músculos no corpo humano:

- Músculos esqueléticos ou voluntários – estão sobre o controle consciente da pessoa e tornam possíveis
ações como andar, mastigar, engolir, sorrir, falar e mover os olhos. Estes músculos ajudam a dar a forma ao
corpo. A maioria dos músculos esqueléticos está presa aos ossos por tendões, que são cordões rígidos de
tecido fibroso.
- Músculos lisos ou involuntários – são aqueles que temos pouco ou nenhum controle consciente, como
no intestino e vasos sanguíneos.
- Músculo cardíaco – forma a parede do coração. Este músculo é capaz de auto-estimular suas contra-
ções sem receber sinais do sistema nervoso central.

Existem três tipos de músculos. Os músculos esqueléticos, também denominados músculos voluntários, são
encontrado em todo o corpo. O músculo cardíaco se limita ao coração. Os músculos lisos, ocasionalmente
denominados músculos involuntários, são encontrados nos intestinos, nas arteríolas e nos bronquíolos.

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Sistema Circulatório

O sistema circulatório é formado por dois siste-


mas de transporte principais: o sistema cardiovascu-
lar, que compreende o coração, vasos sanguíneos
e sangue, com o objetivo de carregar oxigênio e
nutrientes para as células do corpo e transportar os
resíduos das células corporais para os rins. O sistema
linfático fornece drenagem para o líquido dos teci-
dos, denominado linfa.
O coração contrai e relaxa alternadamente para
bombear os pulmões (onde ocorre a oxigenação) e
depois para a vasta rede de vasos sanguíneos. Ele
fica localizado no centro esquerdo do tórax, imedia-
tamente atrás do esterno, e tem aproximadamente
o tamanho da mão fechada. As artérias e arteríolas
carregam o sangue oxigenado do coração para as
células do corpo. A troca de líquido, oxigênio e gás Sistema Respiratório
carbônico entre o sangue e as células dos tecidos
ocorre através dos capilares. As vênulas e veias car- O corpo depende de um suprimento constante
regam o sangue pobre em oxigênio de volta para o de oxigênio, que é disponibilizado para o sangue
coração, onde o ciclo recomeça. pelo sistema respiratório, que compreende as cavi-
Cada vez que o coração contrai, a corrente dades nasais, faringe, laringe, traquéia e os pulmões.
sanguínea pode ser sentida, na forma de pulsação, A passagem do ar para dentro e para fora dos
em qualquer lugar onde uma artéria passa próxima pulmões é denominada respiração. Durante a inspi-
a superfície da pele. As principais localizações onde ração, o ar entra através do nariz chegando até os
podem ser sentidas o pulso são: no punho, na virilha pulmões. Estes se expandem para preencher a cavi-
e no pescoço. dade torácica, o sangue que circula nos pulmões é
324 As emergências envolvendo o sistema circulató- oxigenado. Durante a expiração, os músculos do pei-
rio ocorrem quando há sangramento descontrolado, to relaxam liberando o ar dos pulmões, o ar exalado
comprometimento da circulação ou quando o cora- carrega com ele gás carbônico.
ção perde sua capacidade de bombear. A freqüência respiratória normal em repouso, me-
dida pelo número de respirações por minuto é de 12
a 20 em adultos, de 15 a 30 em crianças e de 25 a 50
em bebês.
As emergências envolvendo o sistema respirató-
rio incluem a obstrução (asfixia), dificuldade para res-
pirar e parada respiratória.

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Sistema Digestório
O sistema digestório compreende o trato alimen-
tar e os órgãos acessórios da digestão – boca, esô-
fago, estômago, pâncreas, fígado, baço, vesícula
biliar, intestino delgado e intestino grosso.
Em caso de ferimentos fechados (batida) ou pe-
netrantes (facada, tiro) no abdome, é necessário
atendimento de emergência.

Sistema Nervoso

O sistema nervoso é composto de centros nervo-


sos (a maioria deles no encéfalo e na medula espi- 325
nhal) e nervos que se ramificam a partir desses cen-
tros, levando aos tecidos e órgãos do corpo.
Existem duas divisões estruturais principais do siste-
ma nervoso. O sistema nervoso central compreende
o encéfalo e a medula espinha; o sistema nervoso
periférico compreende os nervos localizados fora do
encéfalo e da medula espinhal.
Existem também duas divisões funcionais do siste-
ma nervoso: o sistema nervoso voluntário influencia
os movimentos voluntários em todo o corpo; o siste-
ma nervoso autônomo, que não está sob a influência
direta do cérebro, influencia os músculos involuntá-
rios e as glândulas.
O sistema nervoso autônomo é ainda subdividido
em dois sistemas:
- O sistema nervoso simpático regula o funciona- Sistema nervoso autônomo, que pode ser descri-
mento do coração, o suprimento de sangue para as to de acordo com a função. Existem duas divisões:
artérias e a função dos órgãos internos. Este sistema o sistema voluntário (cerebroespinhal), que geral-
é o responsável pela resposta ao estresse com agita- mente controla as ações corpóreas conscientes e
ção e força. deliberadas mediante comando voluntário, além
- O sistema nervoso parassimpático se opõe ao dos reflexos, que podem ou não ser conscientes, e o
sistema nervoso simpático, impedindo que as rea- sistema involuntário (autônomo), que é automático e
ções do corpo se tornem extremas. parcialmente independente do resto do sistema ner-
O atendimento de emergência é necessário em voso. O sistema nervoso autônomo é subdividido em:
caso de perda de consciência, traumatismo crania- sistema simpático e parassimpático.
no significativo, traumatismo encefálico ou lesão me-
dular e qualquer grau de paralisia.  

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Sistema Tegumentar Sistema Cardiovascular

A pele é o maior órgão do organismo. Tem a fun- O sistema cardiocirculatório é exposto a condi-
ção de proteger os órgãos internos contra lesões e ções variáveis de estresse e tem uma grande capa-
invasão de microorganismos, impedir a desidrata- cidade de se adaptar. Entender essa fisiologia adap-
ção, manter a temperatura do corpo e atuar como tativa torna-se muito importante, visto que as mani-
receptor do tato, dor, calor e frio. festações clínicas de muitas doenças cardiovascula-
A pele é composta de três camadas. A camada res acontecem devido à perda desta capacidade
mais externa, a epiderme, contém células que dão adaptativa e de sua função principal, que é fornecer
cor à pele. A derme, se segunda camada, conte sangue para suprir os tecidos de oxigênio e nutrientes
a vasta rede de vasos sanguíneos, folículos pilosos, necessários para o metabolismo
glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e nervos O endocárdio compõe o revestimento interno
sensitivos. A última camada é composta por tecido do coração (membrana interna), em contato direto
adiposo com espessura variada, dependendo da com o sangue, o pericárdio é a membrana que re-
parte do corpo que ela cobre. veste externamente o coração. O miocárdio, múscu-
lo cardíaco, é estriado e possui filamentos de actina e
miosina(proteínas que fazem a contração muscular),
que deslizam uns pelos outros durante a contração,
determinando o inotropismo cardíaco, que é a força
de contração. O feixe átrio ventricular é um sistema
de condução elétrica especializado em conduzir po-
tencial elétrico entre átrio e ventrículo, determinando
a contração sincronizada das células cardíacas. O
nodo sinusal, ou também chamado sinoatrial é con-
siderado o marcapasso normal do coração, contro-
lando o batimento cardíaco devido a sua freqüência
de descargas rítmicas liberadas. 
 
326

Fisiologia

Para o entendimento do funcionamento do nos-


so organismo, e necessária a visão de noções bási-
cas de como se dá a inter-relação entre os sistemas.
É disto que trata a Fisiologia. Neste livro temos a inten-
ção de mostrar uma visão geral destas relações entre
os diversos sistemas do organismo, afim de podermos
entender melhor suas funções e importância para o
dia-a-dia, além de melhorar a percepção dos capí-
tulos que se seguem. 1- Sistema de condução elétrica cardíaco.
A homeostase designa a tendência do organis- 2- Nodo sinusal.
mo vivo em manter constante o meio interno, em 3- Nodo átrio-ventricular.
equilíbrio. Quando o organismo não consegue man- 4- Feixe de His.
ter a homeostase ocorre a doença. Quando o corpo 5- Células de Purkinji.
é ameaçado ou sofre um trauma, sua resposta pode  
envolver mudanças estruturais ou funcionais. Essas O ciclo cardíaco é a sequência de eventos ocor-
mudanças podem ser adaptativas ou mal adaptati- ridos entre um batimento e outro, começando pela
vas. Os mecanismos de defesa que o corpo suporta geração de um potencial de ação no nodo sinusal (o
vai determinar a diferença entre saúde e doença. marcapasso autônomo já citado), que está localiza-
  do no átrio direito, propagando-se através de ambos
os átrios e, daí, através do feixe átrio ventricular, para
os ventrículos através do feixe de His que se divide

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

em ramo esquerdo e direito; a partir daí, as células de Vejamos abaixo, os principais tipos células sanguí-
Purkinje distribuem-se de forma a permitir que todo o neas e suas principais características.
miocárdio ventricular (células de contração cardía-  
ca) seja ativado simultaneamente. O ciclo cardíaco
consiste em um período de relaxamento, denomina-
do diástole, onde o coração se enche de sangue, e
um período de contração denominado sístole, onde
o coração bombeia boa parte do sangue presente
nos ventrículos.

 
               
Diástole                                
Sístole
   
Quando o organismo tem febre, ocorre um au- Sistema Respiratório
mento acentuado da FC, chegando até o dobro do
seu valor. Isto se dá pelo fato de o calor aumentar A respiração é o intercâmbio de gases entre um
o metabolismo, dentre outros fatores. Na hipotermia organismo e o meio no qual esse organismo vive.
ocorre o inverso, a FC diminui chegando a alguns Mais especificamente, trata-se da absorção de oxi-
poucos batimentos por minuto até a morte. gênio, sua utilização nos tecidos e a eliminação de
  dióxido de carbono pelo organismo.
Sistema Hematopoiético Para o diagnóstico e o tratamento da maioria 327
das doenças respiratórias é necessário compreen-
O sangue é um tecido fluido, composto em 45%
der os princípios da fisiologia respiratória e das trocas
de componentes celulares que circulam em suspen-
gasosas. Algumas doenças respiratórias resultam de
são num meio líquido, denominado plasma. A parte
ventilação inadequada, ao passo que outras resul-
celular, composta principalmente pelas hemácias
(células vermelhas, para transporte de oxigênio no tam de anormalidades na difusão através da mem-
sangue) é denominada hematócrito. O componente brana pulmonar ou no transporte de gases dos pul-
celular do sangue consiste em três tipos principais de mões para os tecidos.
células: leucócitos (células brancas), eritrócitos (he- Podemos dividir a respiração em quatro grandes
mácias) e trombócitos (plaquetas). A porção acelular eventos, do ponto de vista funcional:
ou plasma é constituída por 92% de água. Os 8% res- - A ventilação pulmonar, que é a remoção cícli-
tantes são formados por proteínas, sais e outros cons- ca do gás alveolar pelo ar atmosférico.
tituintes orgânicos em dissolução - A difusão do oxigênio e do dióxido de carbono
Num homem adulto e normal, com peso corpó- entre os alvéolos e o sangue.
reo de 75 kg, o volume total de sangue é de, apro- - O transporte, no sangue e nos líquidos corpo-
ximadamente, 5.000 mL. Nas mulheres, esses valores rais, do oxigênio (dos pulmões para as células) e do
são um pouco menores, ou seja, 3.404 mL de volume dióxido de carbono (das células para os pulmões).
sangüíneo total, considerando-se um peso médio de - A regulação da ventilação e de outros aspec-
55 kg. tos da respiração.
O sistema hematopoiético consiste em sangue e São exemplos de doenças do sistema respirató-
nos locais onde este é produzido, incluindo a medu- rias a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica)
la óssea e o sistema reticuloendotelial. Na criança,
que nela inclui o enfisema pulmonar e a bronquite
todos os ossos esqueléticos estão envolvidos, mas, à
crônica; embolia pulmonar; síndrome do descon-
medida que a pessoa envelhece, a atividade da me-
forto respiratório agudo (SDRA); edema agudo de
dula diminui. Todavia, na idade adulta, a atividade
pulmão (EAP); pneumonia; infecções; insuficiência
da medula é geralmente limitada à pelve, costela,
vértebra e esterno. respiratória aguda (IRA); dentre outras.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A inspiração, que promove a entrada de ar nos  Os sinais para os músculos expiratórios, especial-
pulmões, dá-se pela contração da musculatura do mente os músculos abdominais, são transmitidos para
diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma a porção baixa da medula espinhal, para os nervos
abaixa e as costelas elevam-se, promovendo o au- espinhais que inervam os músculos.
mento da caixa torácica, com consequente redução Existem algumas ocasiões em que a concentra-
da pressão interna (em relação à externa), forçando ção de oxigênio nos alvéolos cai a valores muito bai-
o ar a entrar nos pulmões. A expiração, que promove xos. Isso ocorre especialmente em locais de grande
a saída de ar dos pulmões, dá-se pelo relaxamento altitude ou quando uma pessoa contrai pneumonia,
da musculatura do diafragma e dos músculos inter- por exemplo.
costais. O diafragma eleva-se e as costelas abaixam,  
o que diminui o volume da caixa torácica, com con- Sistema Renal
seqüente aumento da pressão interna, forçando o ar
a sair dos pulmões. O sistema urinário é composto pelos rins, ureteres,
bexiga e uretra. Os rins são órgãos excretores e regu-
ladores. Excretando a água e outras substâncias, os
rins eliminam do corpo o excesso de água e produ-
tos desnecessários e tóxicos. Eles também regulam o
volume e a composição dos fluidos corporais dentro
de um limite bastante estreito, eliminando o efeito de
grandes variações na absorção de alimentos e água.
Devido à função homeostática dos rins, os tecidos e
as células do corpo podem realizar suas funções ha-
bituais em um ambiente relativamente constante.
O fluxo sanguíneo para os dois rins é equivalente
a 25% (1,25 L/min) do débito cardíaco nos indivíduos
em repouso. Contudo, os rins constituem menos de
0,5% do peso corporal total.
No ser humano, cada rim é constituído de cerca
328 de 1 milhão de néfrons, cada um destes é capaz de
Cinética do movimento inspiratório com eleva-
formar urina. Os néfrons são tubos ocos formados de
ção das costelas e abaixamento do diafragma.
uma camada celular simples. O rim não tem a capa-
 
cidade de regenerar novos néfrons. Por conseguinte,
O transporte de gás oxigênio está a cargo da he-
em caso de lesão ou doença renal, ou no processo
moglobina, proteína presente nas hemácias. Cada
do envelhecimento normal, verifica-se diminuição
molécula de hemoglobina combina-se com 4 molé-
gradual do número de néfrons.
culas de gás oxigênio, formando a oxi-hemoglobina.
 
Nos alvéolos pulmonares o gás oxigênio do ar difun-
de-se para os capilares sangüíneos e penetra nas
hemácias, onde se combina com a hemoglobina,
enquanto o gás carbônico (CO2) é liberado para o
ar. Nos tecidos ocorrem um processo inverso: o gás
oxigênio dissocia-se da hemoglobina e difunde-se
pelo líquido tissular, atingindo as células.
Em repouso, a frequência respiratória (FR) é da
ordem de até 12 movimentos por minuto.  A respira-
ção é controlada automaticamente por um centro
nervoso localizado no bulbo. Desse centro partem
os nervos responsáveis pela contração dos músculos
respiratórios (diafragma e músculos intercostais).
Os sinais nervosos são transmitidos desse centro
através da coluna espinhal para os músculos da res-
piração. O mais importante músculo da respiração,
o diafragma, recebe os sinais respiratórios através de
um nervo especial, o nervo frênico, que deixa a me-
dula espinhal na metade superior do pescoço e diri-
ge-se para baixo, através do tórax até o diafragma.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Néfron esquemático demonstrando arteríola in-


terlobular, arteríola aferente, arteríola eferente, glo-
mérulos, cápsula de Bowman, espaço urinário, ducto
proximal, alça de Henle, ducto distal e ducto coletor.
Cada néfron possui dois componentes principais:
(1) um glomérulo (capilares glomerulares), através
do qual, grandes quantidades de líquidos são filtra-
das do sangue e (2) um longo túbulo no qual o liqui-
do filtrado é convertido em urina no seu trajeto até
a pelve renal.
 
Sistema Nervoso Autônomo

Este é caracterizado pela sua grande comple-


xidade das ações de controle que pode desempe-
nhar. Em conjunto com o sistema endócrino, provê
a maior parte das funções de controle do corpo.
A porção denominada sistema nervoso autônomo
(SNA) é responsável pelo controle das funções vis-
cerais.
O SNA regula atividades dos órgãos internos,
como o coração, pulmões, vasos sanguíneos, órgãos
digestivos e glândulas. É responsável, em grande
parte, pela manutenção e restauração da homeos-
tase interna. Dentre suas atribuições encontram-se
o controle da pressão arterial, motilidade e secre-
ção gastrintestinal, esvaziamento da bexiga uriná-
 
ria, transpiração, temperatura corporal, entre muitas 329
outras. O SNA possui duas divisões importantes: sim-
Sistema Digestório
pático e parassimpático, que geralmente atuam em
oposição.
O sistema digestivo tem a função primordial de
O SNA inerva a grande parte dos órgãos internos,
promover nutrientes para o corpo. O alimento, após
embora ocasionalmente considerado parte do siste-
passar pela boca, é propelido, por meio do esôfa-
ma nervoso periférico, ele é regulado por centros na
go, para o estômago e, em seguida para os intesti-
medula espinhal, tronco cerebral e hipotálamo. Pos-
nos delgado e grosso, antes de ser esvaziado pelo
sui dois neurônios em uma série que se estende entre
ânus. O sistema digestório prepara o alimento para
os centros no SNC e os órgãos inervados.
ser usado pelas células por meio de cinco atividades
O SNA transmite seus impulsos por meio de vias básicas.
nervosas estimulados por mediadores químicos asse- - Ingestão: Captar alimento pela boca (ato de
melhando-se, nesse sentido, ao sistema endócrino. comer).
O sistema nervoso parassimpático funciona - Mistura e movimentação do alimento:As contra-
como o controlador dominante para a maioria dos ções musculares misturam o alimento e as secreções
efetores viscerais. Durante condições calmas e sem e movimentam o alimento ao longo do trato gas-
estresse, os impulsos das fibras parassimpáticas (co- trointestinal.
linérgicas) predominam. O sistema nervoso Simpá- - Digestão:Ocorre a degradação do alimento por
tico, ao contrario, atua predominantemente nas processos químicos e mecânicos. A digestão química
situações de “fuga”, associado ao estresse. Tem a é uma série de reações que degradam as moléculas
função basal também de manter o tônus dos vasos grandes e complexas de carboidratos, lipídios e pro-
e frequência cardíaca. teínas que ingerimos, transformando-as em molécu-
las simples, pequenas o suficiente para passar através
das paredes dos órgãos digestórios e eventualmente
para as células do corpo. A digestão mecânica con-
siste de vários movimentos que auxiliam na digestão
química. Os dentes trituram o alimento para que ele

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

seja deglutido; o músculo liso do estômago e do intes-


tino delgado promovem a mistura do alimento com
as enzimas que o digerem; e as ondas de contração
muscular denominadas peristalse movem o alimento
ao longo do trato gastrointestinal.
- Absorção: É a passagem do alimento digerido do
trato gastrointestinal aos sistemas sanguíneo e linfático
para distribuição às células.
- Defecação:É a eliminação de substâncias não di-
geridas do trato gastrointestinal.

Assim, as funções gerais desempenhadas pelo


tubo gastrintestinal podem ser classificadas em
- propulsão e mistura do conteúdo gastrintestinal;
- secreção dos sucos digestivos;
- digestão do alimento; O hipotálamo contém neurossecreções que são
- absorção do alimento. importantes no controle de certas atividades meta-
  bólicas, como a manutenção do equilíbrio hídrico,
Todas as células do corpo necessitam de nutrien- metabolismo do açúcar e das gorduras, regulação
tes. Esses nutrientes derivam da ingestão de alimento da temperatura corporal, secreção de hormônios li-
que contém proteína, lipídios, carboidratos, vitaminas beradores e inibidores.
e minerais, bem como fibras de celulose e outras ma- Os hormônios agem nas células em um sistema
térias vegetais sem valor nutricional. chamado “chave-fechadura”, ou seja, as chaves são
As principais funções digestivas do trato gastroin- os hormônios e a fechadura, são os receptores sendo
testinal são:
divididos em receptores de membrana: hormônios
- Clivar as partículas alimentares na forma molecu-
hipofisários e catecolaminas; receptores de citoplas-
lar para a digestão.
ma ou de núcleo: hormônios esteróides; receptores
- Absorver as pequenas moléculas produzidas pela
associados diretamente ao DNA: hormônio tireóideo.
330 digestão para dentro da corrente sanguínea.
Com freqüência, o hormônio endócrino é transporta-
- Eliminar alimentos não-digeridos e não-absorvidos
do pelo sangue de seu local de liberação até o seu
e outros produtos residuais do corpo.
órgão-alvo(órgão onde o hormônio ira agir).
A função das glândulas endócrinas é controla-
Depois que o alimento é ingerido, ele é impulsiona-
da por meios de mecanismos de retro alimentação:
do através do trato gastrointestinal, ficando em conta-
feedback, assim as discrepâncias nas taxas séricas
to com uma ampla variedade de secreções que au-
normais desses hormônios estimulam ou inibem a li-
xiliam na digestão, absorção e eliminação do mesmo.
beração de substâncias de controle de secreção
O processo digestivo consiste em uma série de
transformações seqüenciais e é deflagrada por media- produzidas no eixo hipotálamo-hipofisário.
dores químicos, endócrinos e estímulos diversos, desen- O sistema endócrino é constituído pelo hipotála-
volvidos pelo aparelho digestivo com a finalidade de mo, hipófise, pineal, tireóide, paratireóides, timo, su-
possibilitar a melhor absorção alimentar. pra-renal, pâncreas, ovários, testículos e placenta
A digestão se inicia na boca, onde a mastigação e (durante a gravidez).
a insalivação reduzem os alimentos sólidos a uma mas-
sa de menor tamanho, auxiliados pela movimentação
da língua. Segue-se a deglutição voluntária e/ou refle-
xa, que conduz o bolo alimentar ao estômago.
 
Sistema Endócrino

O sistema endócrino possui alta complexidade,


sendo composto por um grupo de órgãos integrados
e de ampla distribuição, coordenando um estado de
equilíbrio metabólico (homeostase) entre vários órgãos
do corpo. Este equilíbrio ocorre, pois são regulados por
dois sistemas: sistema nervoso representado pelo hipo-
tálamo e o sistema endócrino.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- São muito pequenos, então eles não consomem


muitos recursos;
- Alguns possuem ciclos de vida bastante curtos
(aprox. 30 minutos para E. coli, desde que esteja na
presença das condições ótimas de crescimento);
- Células podem sobreviver facilmente em isola-
mento das outras células;
- Eles podem-se reproduzir por divisão mitótica,
permitindo a propagação de clones idênticos em
populações;
- Eles podem ser congelados por longos períodos
de tempo. Mesmo se 90% das células são mortas pelo
processo de congelamento, há milhões de células
em um mililitro da cultura líquida.

Estes traços permitiram que Joshua e Esther Le-


derberg pudessem dirigir um elegante experimento
em 1951 demonstrando que adaptações evolutivas
surgem melhor da preadaptação do que da muta-
ção dirigida. Para isto, eles inventaram a replicação
em placa, que permitiu que eles transferissem nume-
rosas colônias de bactérias para locais específicos de
uma placa de petri preenchida com Ágar-ágar para
regiões análogas em diversas outras placas de petri.
Após a replicação de uma placa com E. coli, eles
expuseram cada uma das placas a fagos. Eles ob-
servaram que colônias resistentes aos fagos estavam
  presentes em partes análogas de cada placa, possi-
Assim, podemos enumerar algumas das principais bilitando-os concluir que os traços de resistência aos 331
funções do sistema endócrino, lembrando da intera- fagos existiam na colonia original, que nunca havia
ção com os diversos sistemas do nosso organismo: sido exposta aos fagos, ao invés de surgirem após as
- Regula a proliferação e a diferenciação celular; bactérias terem sido expostas aos vírus.
- Crescimento; A extensiva caracterização dos micróbios tem
- Reprodução; nos permitido o uso deles como ferramentas em ou-
- Controla a pressão arterial; tras linhas da biologia:
- Concentração iônica; - Bactérias (especialmente Escherichia coli) po-
- Comportamento. dem ser usadas para reduplicar DNA na forma de um
(plasmídeo). Este DNA é frequentemente modificado
Microbiologia quimicamente in vitro e então inserido em bactérias
para selecionar traços desejados e isolar o produto
Microbiologia é o ramo da biologia que estuda desejado de derivados da reação. Após o cresci-
os microrganismos, incluindo eucariontes unicelula- mento da bactéria e deste modo a replicação do
res e procariontes, como as bactérias, fungos e vírus. DNA, o DNA pode ser adicionalmente modificado e
Atualmente, a maioria dos trabalhos em microbiolo- inserido em outros organismos.
gia é feita com métodos de bioquímica e genética. - Bactérias podem também ser usadas para a
Também é relacionada com a patologia, já que mui- produção de grandes quantidades de proteínas
tos organismos são patogênicos. usando genes codificados em um plasmídeo.
Micróbios possuem características básicas do - Genes bacteriais tem sido inseridos em outros or-
fundo dos organismos sicrobáticos que os tornam os ganismos como genes repórteres.
modelos de organismos ideais. Foi descoberta a ori- - O sistema de hibridação em levedura combina
gem das bactérias, tendo sido anterior a origem de genes de bactérias com genes de outros organismos
outros corpos, tais como protozoários, eucariontes e já estudados e os insere em uma célula de levedura
vírus. Dentre os citados, o último a se desenvolver fo- para estudar interações protéicas em um ambiente
ram os protozoários, por tratar-se de seres com uma celular. E também vista na área da computação.
complexidade maior:

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Importância da Microbiologia: É uma área da varíola. Muitos habitantes de Roma foram mortos,
Biologia que tem grande importância seja como deixando a cidade com menos poder para suportar
ciência básica ou aplicada. Básica: estudos fisiológi- os ataques dos bárbaros, que terminaram por destruir
cos, bioquímicos e moleculares (modelo compara- o Império.
tivo para seres superiores). Microbiologia Molecular Durante a Idade Média varias novas epidemias
Aplicada: processos industriais, controle de doenças, se sucederam, sendo algumas amplamente disse-
de pragas, produção de alimentos, etc. minadas pelos diferentes continentes e outras mais
localizadas. Dentre as principais moléstias pode-se
Áreas de estudo: citar: Tifo, varíola, sífilis, cólera e peste. Em 1346, a po-
pulação da Europa, Norte da África e Oriente Médio
Odontologia: Estudo de microrganismos associa- era de cerca de 100 milhões de habitantes. Nesta
dos à placa dental, cárie dental e doenças perio- época houve uma grande epidemia da peste, que
dontais. Estudos com abordagem preventiva. disseminou-se através da “rota da seda” (a principal
Medicina e Enfermagem: - Doenças infecciosas e rota mercante para a China), provocando um gran-
infecções hospitalares. de número de mortes na Ásia e posteriormente espa-
Nutrição: - Doenças transmitidas por alimentos, lhando-se pela Europa, onde resultou em um total de
Controle de qualidade de alimentos, Produção de cerca de 25 milhões de pessoas, em poucos anos.
alimentos (queijos, bebidas). Novas epidemias da peste ocorreram nos sécu-
Biologia: - Aspectos básicos e biotecnológicos. los XVI e XVII, sendo que no século XVIII (entre 1720 e
Produção de antibióticos, hormônios (insulina, GH), 1722), uma última grande epidemia ocorreu na Fran-
enzimas (lipases, celulases), insumos (ácidos, álcool), ça, matando cerca de 60% da população de Marse-
Despoluição (Herbicidas - Pseudomonas, Petróleo), lha, de Toulon, 44% em Arles, 30% em Aix e Avignon.
Bio-filme (Acinetobacter), etc. A epidemia mais recente de peste originou-se na Chi-
Biotecnologia - Uso de microrganismos com finali- na, em 1892, disseminando-se pela Índia, atingindo
dades industriais, como agentes de biodegradação, Bombaim em 1896, sendo responsável pela morte de
de limpeza ambiental, etc. cerca de 6 milhões de indivíduos, somente na Índia.
Antes da II Guerra Mundial, o resultado das guerras
Efeitos das doenças nas civilizações: talvez um era definido pelas armas, estratégias e “pestilência”,
332 dos aspectos mais negligenciados quando se estu- sendo esta última decisiva. Em 1566, Maximiliano II
da a microbiologia refere-se às profundas mudanças da Alemanha reuniu um exército de 80.000 homens
que ocorreram no curso das civilizações, decorrentes para enfrentar o Sultão Soliman da Hungria. Devido
das doenças infecciosas. De forma geral, as doen- a uma epidemia de tifo, o exército alemão foi pro-
ças provocavam um abatimento físico e moral da fundamente dizimado, sendo necessária a dispersão
população e das tropas, muitas vezes influencian- dos sobrevivente, impedindo assim a expulsão das
do no desenrolar e no resultado de um conflito. A hordes de tribos orientais da Europa nesta época.
própria mobilização de tropas, resultando em uma Na guerra dos 30 anos (1618-1648), onde protes-
aglomeração, muitas vezes longa, de soldados, em tantes se revoltaram contra a opressão dos católicos,
ambientes onde as condições de higiene e de ali- além do desgaste decorrente da longa duração do
mentação eram geralmente inadequadas, também confronto, as doenças foram determinantes no re-
colaborava na disseminação de doenças infeccio- sultado final. Na época de Napoleão, em 1812, seu
sas, para as quais não existiam recursos terapêuticos. exército foi quase que completamente dizimado por
Paralelamente, em áreas urbanas em franca expan- tifo, disenteria e pneumonia, durante campanha de
são, os problemas mencionados acima eram tam- retirada de Moscou. No ano seguinte, Napoleão ha-
bém de grande importância, pois rapidamente as ci- via recrutado um exército de 500.000 jovens solda-
dades cresciam, sendo que as instalações sanitárias dos, que foram reduzidos a 170.000, sendo cerca de
geralmente eram completamente precárias. 105.000 mortes decorrentes das batalhas e 220.000
Com a prática do comércio entre as diferentes decorrentes de doenças infecciosas. Em 1892, outra
nações emergentes, passou a haver a disseminação epidemia de peste bubônica, na China e Índia, foi
dos organismos para outras populações, muitas vezes responsável pela morte de 6 milhões de pessoas.
susceptíveis a aqueles agentes infecciosos. Abaixo lis- Até a década de 30, este era quadro, quan-
taremos, brevemente, um pequeno histórico com al- do Alexander Fleming, incidentalmente, descobriu
guns exemplos dos efeitos das doenças microbianas um composto produzido por um fungo do gêne-
no desenvolvimento de diferentes civilizações. O de- ro Penicillium, que eliminava bactérias do gênero
clínio do Império Romano, com Justiniano (565 a.C.), Staphylococcus, um organismo que pode produ-
foi acelerado por epidemias de peste bubônica e zir uma vasta gama de doenças no homem. este

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composto - denominado penicilina - teve um pa- das formas de distribuição no interior do citoplasma.
pel fundamental na desfecho da II Guerra Mundial, Essas duas características determinam aspectos dife-
uma vez que passou a ser administrado às tropas rentes no desenvolvimento embrionário. É o estudo
aliadas, enquanto o exército alemão continua- do desenvolvimento do ovo, desde a fecundação
va a sofrer pesadas baixas no campo de batalha. até a forma adulta.
Além destas epidemias, vale ressaltar a importância
das diferentes epidemias de gripe que assolaram o Tipos de ovos:
mundo e que continuam a manifestar-se de forma
bastante intensa até hoje. Temos ainda o problema Oligolécitos - alécitos - pouco vitelo (equinoder-
mundial envolvendo a AIDS, o retorno da tuberculose mos, protocordados e mamíferos).
(17 milhões de casos no Brasil) e do aumento progres- Telolécitos incompletos - heterolécitos - polarida-
sivo dos níveis de resistência aos agentes antimicro- de (anfíbios).
bianos que vários grupos de bactérias vêm apresen- Telolécitos completos - megalécitos - disco germi-
tando atualmente. nativo (peixe, répteis, aves).
Centrolécitos - vitelo no centro (artrópodes).
Embriologia
Tipos de clivagem:
Tipos de óvulos (ovos): classificação e ocorrência.
Holoblástica (total)
A embriologia é a parte da Biologia que estuda o Igual – oligolécitos
desenvolvimento dos embriões animais. Há grandes Desigual - telolécitos incompletos
variações, visto que os animais invertebrados e ver-
tebrados apresentam muitos diferentes aspectos e Meroblástica (parcial)
níveis evolutivos. Discoidal - telolécitos completos
Superficial - centrolécitos
Em Biologia o desenvolvimento envolve diversos
aspectos: Fases do Desenvolvimento
- Multiplicação de células, através de mitoses su-
cessivas. Segmentação: aumento do número de células 333
- Crescimento, devido ao aumento do número (blastômeros);
de células e das modificações volumétricas em cada
uma delas.
- Diferenciação ou especialização celular, com
modificações no tamanho e forma das células que
compõem os tecidos. Essas alterações é que tornam
as células capazes de cumprir suas funções biológi-
cas.

Através da fecundação ocorre o encontro do


gameta masculino (espermatozóide) com o feminino
(óvulo), o que resulta na formação do zigoto ou célu-
la-ovo (2n). Após essa fecundação o desenvolvimen-
to embrionário apresenta as etapas de segmentação
que vão do zigoto até o estágio de blástula. Muitas
vezes há um estágio intermediário, a mórula. A gas-
trulação é o período de desenvolvimento de blástula
até a formação da gástrula, onde começa o proces-
so de diferenciação celular, ou seja, as células vão
adquirindo posições e funções biológicas específicas.
No período de organogênese, há formação dos
órgãos do animal, estágio em que as células que
compõem os respectivos tecidos se apresentarão es-
pecializadas. Os óvulos são gametas femininos que
serão classificados em função das diferentes quanti-
dades de vitelo (reservas nutritivas) e das suas varia-

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pode ser inoculada diretamente na circulação pela


via intravenosa, sendo que neste caso não ocorre
absorção, pois não transpassa nenhuma barreira,
caindo diretamente na circulação. A absorção (nos
casos que existe barreira) do fármaco, é como já foi
citado anteriormente, fundamental para seu efeito
no organismo. A maioria dos fármacos é absorvida
no intestino, e poucos fármacos no estômago, os fár-
macos são melhor absorvidos quando estiverem em
sua forma não ionizada, então os fármacos que são
ácidos fracos serão absorvidos melhor no estômago
que tem pH ácido, Exemplo(Àcido Acetil Salicilico), já
os fármacos que são bases fracas, serão absorvidos
principlamente no intestino, sendo que esse tem um
pH mais básico que o do estômago. Os fármacos na
Mórula: grupo de células agregadas. Lembra forma de comprimido, passam por diversas fases de
uma amora; quebra, até ficarem na forma de pó e assim serem
Blástula: esfera oca onde a camada de células solubilizados e absorvidos, já os fármacos em solu-
denominada blastoderma envolve a blastocela (ca- ções, não necessitam sofrer todo esse processo, pois
vidade); já estão na forma solúvel, e podem ser rapidamente
Gástrula: forma o arquêntero, a mesentoderme e absorvidos. A seguir uma ordem de tempo de absor-
a ectoderme; ção, para várias formas farmacêuticas: Comprimido
Nêurula: forma o tubo neural, ocorrendo no final > Cápsula > Suspensão > Solução.
da anterior;
Organogênese: formação dos órgãos. Distribuição - Uma vez na corrente sanguínea o
fármaco, por suas características de tamanho e peso
molecular, carga elétrica, pH, solubilidade, capaci-
Farmacologia
dade de união a proteínas se distribui pelos distintos
334 compartimentos corporais.
É a ciência que estuda como as substâncias quí-
micas interagem com os sistemas biológicos. Como
Metabolismo ou Biotransformação - Muitos fár-
ciência nasceu em meados do século XIX. Se essas
macos são transformados no organismo por ação
substâncias tem propriedades medicinais, elas são re-
enzimática. Essa transformação pode consistir em de-
feridas como «substâncias farmacêuticas». O campo
gradação (oxidação, redução, hidrólise), ou em sín-
abrange a composição de medicamentos, proprie-
tese de novas substâncias como parte de uma nova
dades, interações, toxicologia e efeitos desejáveis
molécula (conjugação). O resultado do metabolismo
que podem ser usados no tratamento de doenças.
pode ser a inativação completa ou parcial dos efei-
Esta ciência engloba o conhecimento da história, ori-
tos do fármaco ou pode ativar a droga como nas
gem, propriedades físicas e químicas, associações, “pródrogas” p.ex: sulfas. Ainda mudanças nos efei-
efeitos bioquímicos e fisiológicos, mecanismos de ab- tos farmacológicos dependendo da substância me-
sorção, biotransformação e excreção dos fármacos tabolizada. Alguns fatores alteram a velocidade da
para seu uso terapêutico ou não. biotransformação, tais como, inibição enzimática, in-
dução enzimática, tolerância farmacológica, idade,
Destino dos fármacos no organismo: qualquer patologias, diferenças de idade, sexo e espécie e e
substância que atue no organismo vivo pode ser ab- claro uso de outras drogas concomitantemente.
sorvida por este, distribuída pelos diferentes órgãos,
sistemas ou espaços corporais, modificada por pro- Excreção - Finalmente, o fármaco é eliminado do
cessos químicos e finalmente eliminada. A farmaco- organismo por meio de algum órgão excretor. Os prin-
logia estuda estes processos e a interação dos fár- cipais são rins e fígado p.ex: através da bile, mas tam-
macos com o homem e com os animais, os quais se bém são importantes a pele, as glândulas salivares e
denominam: lacrimais, ocorre também a excreção pelas fezes.
Os fármacos geralmente tem uma lipofília mode-
Absorção - Para chegar na circulação sanguínea rada, caso contrário eles não conseguiriam penetrar
o fármaco deve passar por alguma barreira dada através da membrana das células com facilidade, e
pela via de administração, que pode ser: cutânea, a via de excreção mais usada pelo organismo é a via
subcutânea, respiratória, oral, retal, muscular. Ou renal, através da urina, então geralmente os fármcos

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como são mais apolares tendem a passar pelo pro- resposta inata, ao contrário da adaptativa, sempre
cesso de metabolização, que os torna mais polares dá a mesma resposta mesmo quando é exposta vá-
e passíveis de serem eliminados pela urina, mas aí o rias vezes ao patógeno. Os fagócitos coordenam as
que está sendo eliminado do organismo são os me- respostas inatas e os linfócitos coordenam as respos-
tabólitos do fármaco, já não é mais o fármaco. Já os tas imunes adaptativas. Os principais componentes
fármacos que são polares são eliminados pela urina do sistema imune são as células T, células B, linfócitos
sem passar pela metabolização, e então o que está grandes granulares (células NK), fagócitos mononu-
sendo eliminado agora é o fármaco mesmo e não cleares (monócitos), neutrófilos, eosinófilos, basófilos,
seus metabólitos. mastócitos (denominação dos basófilos infudidos nos
Obs: esta matéria será vista novamente em ou- tecidos), plaquetas e células teciduais.
tros tópicos. Os linfócitos T e B são responsáveis pelo reconhe-
cimento específico dos antigénios. Cada célula B
Imunologia está geneticamente programada para codificar um
receptor de superfície específico para um determina-
É o ramo da biologia que estuda o sistema imu- do antígeno, os linfócitos T constituem várias subpo-
nitário (ou imunológico). Ele lida, entre outras coisas, pulações diferentes com uma variedade de funções.
com o funcionamento fisiológico do sistema imune As células citotóxicas reconhecem e destroem outras
de um indivíduo no estado sadio ou não, mal funcio- células que se tornaram infectadas. Essas células são:
namento do sistema imune em casos de doenças Ta¹, Ta², Tc e LGG. As células auxiliares que controlam
imunológicas (doenças autoimunes, hipersensitivida- a inflamação são: basófilos, mastócitos e plaquetas.
de, deficiência imune rejeição pós enxerto); carac- Os basófilos e mastócitos possuem granulosidades
terísticas físicas, químicas e fisiológicas dos compo- no seu citoplasma e uma série de mediadores que
nentes do sistema imune in vitro, in situ e in vivo. O provocam inflamação nos tecidos circundantes. As
ramo da imunologia que estuda a sua interação com plaquetas também podem liberar mediadores infla-
o comportamento e o sistema neuroendócrino cha- matórios quando activadas durante a trombogénese
ma-se psiconeuroimunologia. O conceito de Imuno- ou por complexos antígeno-anticorpo.
logia foi criado por Elie Metchnikoff em 1882. Após As moléculas envolvidas no desenvolvimento da
espetar uma larva transparente de estrela-do-mar resposta imune compreendem os anticorpos e as ci-
com o acúleo de uma roseira, Metchnikoff verificou 335
tosinas, produzidas pelos linfócitos, e uma ampla va-
um acumulo de células cercando a ponta afiada, 24
riedade de outras moléculas conhecidas como pro-
horas após a injúria. Uma resposta activa (inexistente
teínas de fase aguda, porque as suas concentrações
naquela época - ver Teoria dos Humores) dos orga-
séricas elevam-se rapidamente durante a infecção.
nismos foi então proposta, baseada nas observações
As moléculas que promovem a fagocitose são co-
da Fagocitose (termo cunhado pelo próprio Metch-
nhecidas como opsoninas. O sistema complementar
nikoff). Esta actividade seria fundamental na manu-
é um conjunto de aproximadamente 20 proteína sé-
tenção da integridade dos organismos, sendo que a
ricacieínas séricas cuja principal função é o controle
defesa aparece como um fenômeno secundário.
do processo inflamatório. As proteínas deste sistema
As células responsáveis pela imunidade são os lin-
promovem a fagocitose, controlam a inflamação e
fócitos e os fagócitos. Os linfócitos podem apresen-
interagem com os anticorpos na resposta imune. As
tar-se como linfócitos T ou linfócitos B (estes são res-
citosinas são moléculas diversas que fornecem sinais
ponsáveis pela produção de anticorpos), as células
T citotóxicas (CD8) destroem células infectadas por para os linfócitos, fagócitos e outras células do orga-
vírus e os linfócitos T auxiliares (CD4) coordenam as nismo. Todas as citosinas são proteínas ou péptidos,
respostas imunes. Além das defesas internas existem algumas contendo glicoproteínas.
também defesas externas (Ex: pele – barreira física, Os principais grupos de citosinas são: Interferons
ácidos gordos e comensais). As defesas externas são (IFNs) (limitam a propagação de certas infecções vi-
a primeira barreira contra muitos organismos agres- rais), Interleucinas (ILs) (a maioria delas está envolvi-
sores. No entanto, muitos conseguem penetrar, ac- da na indução de divisão e diferenciação de outras
tivando assim as defesas internas do organismo. O células), Fatores estimuladores de colônias (CSFs) (di-
sistema imune pode sofrer um desequilíbrio que se visão e diferenciação das células-tronco na medula
apresenta como imunodeficiência, hipersensibilida- óssea e dos precursores dos leucócitos sanguíneos),
de ou doença auto-imune. Quimiocinas (direcciona a movimentação das cé-
As respostas imunes podem ser adaptativas ou lulas pelo organismo) e outras citosinas (são particu-
inatas: as respostas adaptativas reagem melhor cada larmente importantes nas reacções inflamatórias e
vez que encontram um determinado patógeno e a citotóxicas).

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Anticorpos: são um grupo de proteínas séricas ne se defronta com um patogene extracelular o seu
produzidas pelos linfócitos B. Eles são a forma solúvel objectivo é destruí-lo e neutralizar os seus produtos.
do receptor de antígenos. Os anticorpos ligam-se Nas respostas intracelulares, os linfócitos T destroem a
especificamente aos antígenos e assim promovem célula infectada ou determinam que a própria célula
efeitos secundários. Enquanto uma parte da molé- parasitada destrua o parasita por si própria.
cula do anticorpo se liga ao antigénio (chamada O princípio da vacinação está baseado em dois
porção Fab do AC), outras regiões interagem com elementos fundamentais da resposta imune adapta-
outros elementos do sistema imune (chamada por- tiva: memória e especificidade. O objectivo no de-
ção Fc do AC), como os fagócitos ou com uma das senvolvimento da vacina é alterar o patogene ou as
moléculas do complemento. suas toxinas de tal modo que eles se tornem inócuos
sem perderem a antigenicidade. O sistema imune
Antígenos: são quaisquer moléculas que possam pode sofrer um desequilíbrio, esta falência do sistema
ser reconhecidas pelo sistema imune adaptativo. O imune pode ocasionar:
reconhecimento do antígeno é a base principal de
todas as respostas imunes adaptativas. O ponto es- Imunodeficiência - resposta imune ineficiente;
sencial a ser considerado com relação ao antígeno
é que a estrutura é a força iniciadora e condutora Hipersensibilidade - resposta imune exagerada;
de todas as respostas imunes. O sistema imune evo- Doenças auto-imunes – reacção inadequada aos
luiu com a finalidade de reconhecer os antígenos e antigénios autólogos.
destruir e eliminar a sua fonte. Quando o antígeno
é eliminado, o sistema imune é desligado. A seleção
clonal envolve a proliferação de células que reco-
nhecem um antígeno específico. Quando um antí-
geno se liga às poucas células que podem reconhe-
cê-lo, estas são rapidamente induzidas a proliferar e
em poucos dias existirá uma quantidade suficiente
delas para elaborar uma resposta imune adequada.

336 Diferentes sistemas efetores estão disponíveis


para controlar a enorme diversidade de patogenes.

Neutralização - os anticorpos podem combater


os patogenes simplesmente por se ligarem a eles;
Fagocitose - internalização do material estranho,
que sofre uma endocitose no fagossomo;
Reações citotóxicas - são direcionadas contra
células muito grandes para sofrerem fagocitose. As
células de defesa direccionam os seus grânulos para
a célula-alvo, as células-alvo serão lesadas em suas
membranas externas pela perfurina. Algumas células
citotóxicas também podem sinalizar para as células
-alvo que então iniciam um processo de autodestrui-
ção, conhecido como apoptose.

A inflamação é a concentração das células do


sistema imune no local da infecção e compreende
três eventos: aumento do suprimento sanguíneo para
a área afectada, aumento da permeabilidade capi-
lar e migração dos leucócitos, dos capilares para os
tecidos circundantes. O processo de migração celu-
lar é controlado pelas quimiocinas na superfície do
endotélio das vénulas dos tecidos inflamados. As qui-
miocinas activam as células circulantes promovendo
a sua ligação ao endotélio e iniciando a migração
dos leucócitos através deste. Quando o sistema imu-

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• ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS – ECOSSISTEMAS.


FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS. HABITAT E NICHO ECOLÓGICO.
A COMUNIDADE BIOLÓGICA: TEIA ALIMENTAR, SUCESSÃO E
COMUNIDADE CLÍMAX. DINÂMICA DE POPULAÇÕES. INTERAÇÕES E
NTRE OS SERES VIVOS. CICLOS BIOGEOQUÍMICOS. FLUXO DE ENERGIA
NO ECOSSISTEMA. BIOGEOGRAFIA. BIOMAS BRASILEIROS. EXPLORAÇÃO
E USO DE RECURSOS NATURAIS. PROBLEMAS AMBIENTAIS: MUDANÇAS
CLIMÁTICAS, EFEITO ESTUFA; DESMATAMENTO; EROSÃO; POLUIÇÃO DA ÁGUA,
DO SOLO E DO AR. CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS.
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. TECNOLOGIAS AMBIENTAIS.
NOÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO. NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO AMBIENTAL:
ÁGUA, FLORESTAS, UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; BIODIVERSIDADE.

A
ecologia abrange desde áreas como pro- O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo
337
cessos globais, estudos de habitats mari- espaço necessário à sua sobrevivência e reprodu-
nhos e terrestres (Meio) a interações inte- ção, mas também às suas funções vitais, incluindo
respecíficas como predação e polinização. A Eco- o seu comportamento, através do metabolismo. Por
essa razão, o meio ambiente e a sua qualidade de-
logia é a ciência que estuda as interações entre os
terminam o número de indivíduos e de espécies que
organismos e seu ambiente, ou seja, é o estudo cien-
podem viver no mesmo habitat. Por outro lado, os se-
tífico da distribuição e abundância dos seres vivos e
res vivos também alteram permanentemente o meio
das interações que determinam a sua distribuição.
ambiente em que vivem. O exemplo mais dramático
As interações podem ser entre seres vivos e/ou com
de alteração do meio ambiente por organismos é a
o meio ambiente. A palavra Ecologia tem origem no
construção dos recifes de coral por minúsculosinver-
grego “oikos”, que significa casa, e “logos”, estudo.
tebrados, os pólipos coralinos.
Logo, por extensão seria o estudo da casa,ou, de for- As relações entre os diversos seres vivos existentes
ma mais genérica, do lugar onde se vive. num ecossistema também influencia na distribuição e
O cientista alemão Ernst Haeckel usou pela pri- abundância deles próprios. Como exemplo, incluem-
meira vez este termo em 1869 para designar o estu- se a competição pelo espaço, pelo alimento ou por
do das relações entre os seres vivos e o ambiente em parceiros para a reprodução, a predação de orga-
que vivem. nismos por outros, asimbiose entre diferentes espécies
A Ecologia pode ser dividida em Autoecologia, que cooperam para a sua mútua sobrevivência, o
Demoecologia e Sinecologia. Entretanto, diversos ra- comensalismo, o parasitismo e outras.
mos tem surgido utilizando diversas áreas do conhe- A maior compreensão dos conceitos ecológicos
cimento: Biologia da Conservação, Ecologia da Res- e da verificação das alterações de vários ecossis-
tauração, Ecologia Numérica, Ecologia Quantitati- temas pelo homem levou ao conceito daEcologia
va, Ecologia Teórica, Macroecologia, Ecofisiologia, Humana que estuda as relações entre o homem e
Agroecologia, Ecologia da Paisagem. Ainda pode- a biosfera, principalmente do ponto de vista da ma-
se dividir a Ecologia em Ecologia Vegetal e Animal e nutenção da sua saúde, não só física, mas também
ainda em Ecologia Terrestre e Aquática. social. Com o passar do tempo surgiram também
os conceitos de conservação que se impuseram na

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

atuação dos governos, quer através das ações de (1895). A ecologia pode também ter começado
regulamentação do uso do ambiente natural e das com Carl Linnaeus, principal pesquisador da econo-
suas espécies, quer através de várias organizações mia da natureza no início do século XVIII. Ele fundou
ambientalistasque promovem a disseminação do um ramo de estudo ecológico que chamou de eco-
conhecimento sobre estas interações entre o homem nomia da natureza. Os trabalhos de Linnaeus influen-
e a biosfera. ciaram Darwin no The Origin of Species onde adota
Há muitas aplicações práticas da ecologia, como a frase de Linnaues economia ou política da natu-
a biologia da conservação, gestão de zonas úmidas, reza. Linnaeus foi o primeiro a enquadrar o equilíbrio
gestão de recursos naturais (agricultura,silvicultura e da natureza, como uma hipótese testável. Haeckel,
pesca), planejamento da cidade e aplicações na que admirava o trabalho de Darwin, definiu ecologia
economia. com base na economia da natureza, o que levou al-
A Ecologia tem uma complexa origem, em gran- guns a questionar se a ecologia é sinônimo dos con-
de parte devido a sua natureza multidisciplinar. Os ceitos de Linnaues para a economia da natureza.
antigos filósofos da Grécia, incluindo Hipócrates e Aris- A síntese moderna da ecologia é uma ciência jo-
tóteles, foram os primeiros a registrar observações so- vem, que substancial atenção formal no final do sé-
bre história natural. No entanto, os filósofos da Grécia culo 19 e tornando se ainda mais popular durante os
Antiga consideravam a vida como um elemento es- movimento ambientais da década de 1960, embora
tático, não existindo a noção de adaptação. Tópicos muitas observações, interpretações e descobertas
mais familiares do contexto moderno, incluindo ca- relacionadas a ecologia estendem-se desde o inicio
deias alimentares, regulação populacional e produ- dos estudos da história natural. Por exemplo, o con-
tividade, não foram desenvolvidos antes de 1700. Os ceito de balanço ou regulaçãoo da natureza pode
primeiros trabalhos foram do microscopista Antoni van ser rastreado até Herodotos (morto em 425 ac.), que
Leeuwenhoek (1632–1723) e do botânico Richard Bra- descreveu mutualismo no Rio Nilo, quando crocodilos
dley(1688-1732). O biogeógrafo Alexander von Hum- abrem a boca permitindo escolopacídeos remover
bolt (1769–1859) foi outro pioneiro do pensamento sanguessugas.
ecológico, um dos primeiros a reconhecer gradientes Contribuições mais ampla para o desenvolvi-
mento histórico das ciências ecológicas, Aristóteles é
ecológicos e fazer alusão às relações entre espécies
considerado um dos primeiros naturalistas que teve
e área.
338 um papel influente no desenvolvimento filosófico das
No início do século XX, a ecologia foi uma forma
ciências ecológicas. Um dos alunos de Aristóteles,
analítica de história natural. Seguindo a tradição de
Teofrasto, fez observações ecológicas sobre plantas
Aristóteles, a natureza descritiva da história natural
e postulava uma postura filosófica sobre as relações
examina a interação dos organismos com o seu meio
autônomas entre as plantas e seu ambiente, que está
ambiente e suas comunidades. Historiadores natu-
mais na linha com o pensamento ecológico moder-
rais, incluindo James Hutton e Jean-Baptiste Lamarck,
no. Tanto Aristóteles e Teofrasto fizeram observações
contribuíram com obras significativas que lançaram
detalhadas sobre as migrações de plantas e animais,
as bases das modernas ciências ecológicas. O termo
biogeografia, fisiologia e seus hábitos no que pode-
“ecologia” é de origem mais recente e foi escrito pelo
ria ser considerado um análogo do nicho ecológico
biólogo alemão Ernst Haeckel no seu livro Generelle
moderno. Hipócrates, outro filósofo grego, também
Morphologie der Organismen (1866). Haeckel foi um é creditado com referência a temas ecológicos em
zoólogo, artista, escritor e professor de anatomia com- seus primeiros desenvolvimentos.
parada. De Aristóteles a Darwin o mundo natural foi predo-
Por ecologia entendemos o corpo de conheci- minantemente considerado estático e sem mudan-
mentos sobre a economia da natureza, da investiga- ças desde criação original. Antes do livro The Origin
ção das relações totais dos animais com o ambiente of Species teve pouca valorização ou entendimento
inorgânico e orgânico; incluindo, sobretudo, suas rela- das dinâmicas relações entre os organismos e suas
ções amigáveis e hostis com aqueles animais e plan- adaptações e modificações relacionadas ao meio
tas com as quais entram diretamente ou indiretamen- ambiente.  Enquanto Charles Darwin é o mais conhe-
te em contato – em uma palavra, ecologia é o estudo cido por seus trabalhos em evolução, ele é também
de todas as complexas inter-relações referidas por um dos fundadores de ecologia de solo. Em The Origin
Darwin como as condições da luta pela existência. of Species Darwin faz nota a o primeiro experimento
As opiniões divergem sobre quem foi o fundador ecológico publicado em 1816. Na ciência que an-
da teoria ecológica moderna. Alguns marcam a defi- tecederam a Darwin a noção de evolução das es-
nição de Haeckel como o início, outros atribuem a Eu- pécies foi ganhando apoio popular. Este paradigma
genius Warming com a escrita de Oecology of Plants: científico mudou a maneira que os pesquisadores se
An Introduction to the Study of Plant Communities aproximaram das ciências ecológicas.[24]

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Após o século 20 Níveis de organização, âmbito e escala da orga-


nização
Alguns sugerem que o primeiro texto ecológico
(Natural History of Selborne) for publicado em 1789, Regeneração do ecossistema depois de pertur-
por Gilbert White (1720–1793). O primeiro livro ecoló- bação como fogo, formando estrutura de mosaicos
gico da América foi publicado em 1905 por  Frede- de diferentes idades na paisagem. Na figura estão di-
ric Clements. No livro, Clements passa a ideia que as ferentes estágios de ecossistemas florestais, iniciando
comunidades de plantas são como superorganismos. de colonização pioneira em um local perturbado e
Essa publicação lança o debate entre o holismo eco- maturando nos estágios successionais levando para
lógico e individualismo que durou até a década de uma floresta madura.
1970. O conceito de Clements para superorganismo Como ecologia lida sempre com ecossistemas
propõem quem os ecossistemas progridem por um em mudança, por isso, tempo e espaço devem ser
regulado e determinado estágio de desenvolvimen- levados em conta quando são descritos fenômenos
to, análogo ao estágios de desenvolvimento de um ecológicos. No que diz respeito ao tempo, pode levar
organismo, cujas partes função para manter a inte- milhares de anos para um processo ecológico ama-
gridade do todo. O paradigma de Clements foi de- durecer. O tempo de vida de uma arvore, por exem-
safiado por Henry Gleason. De acordo com Gleason, plo, pode passar através de diferentes estágios suces-
comunidades ecológicas se desenvolvem a partir da sionais até atingir a maturidade de uma floresta. O
associação única de organismos individuais. Essa mu- processo ecológico ainda é estendido mais ao longo
dança de percepção colocado o foco para as histó- do tempo até a arvore cair e decompor. Ecossistemas
rias de vida de organismos individuais e como isso se são também classificados em diferentes escalas es-
relaciona com o desenvolvimento de comunidades. paciais. A área de um ecossistema pode variar muito,
A teoria de superorganismo de Clements não de muito pequeno a muito vasto. Por exemplo, várias
foi completamente rejeitada, mas alguns sugerem gerações de um pulgão e seus predadores podem
existir sobre uma única folha, e dentro de cada um
que ela foi uma aplicação além do limite do holis-
destes pulgões podem existir diversas comunidades
mo. Holismo continua a ser uma parte crítica da fun-
de  bactérias.  A escalada do estudo deve ser muito
damentação teórica contemporânea em estudos
ampla para estudar árvores de uma floresta, onde vi-
ecológicos. Holismo foi primeiro introduzido em 1926
vem pulgões e bactérias.  Para entender o crescimen- 339
por uma polarizada figura histórica, um general da
to das arvores, por exemplo, o tipo de solo, umidade,
África do Sul chamado Jan Christian Smuts. Smuts
inclinação do terreno, abertura do dossel e outras va-
foi inspirado pela teoria de superorganismo de Cle-
riáveis locais devem ser examinadas. Para entender
ment’s e desenvolveu e publicou o conceito de ho-
a ecologia de uma floresta, complexos fatores locais,
lismo, que contrasta com a visão politica do seu pai
como clima também devem ser levados em conta.
sobre o Apartheid. Quase ao mesmo tempo, Charles
Estudos ecológicos de longo prazo promovem im-
Elton pioneiro no conceito de cadeiras alimentares
portantes registros para entender melhor os ecossiste-
no livro “Animal Ecology”. Elton definiu relações eco-
mas no espaço e no tempo. O International Long Term
lógicas usando conceitos de cadeiras alimentares, Ecological Network gerencia e faz intercambio de
ciclos de alimentos, o tamanho de alimentos, e des- informação entre locais de pesquisas. O mais longo
creveu as relações numéricas entre os diferentes gru- experimentos existente é o Park Grass Experiment que
pos funcionais e suas relativas abundâncias. ‘ciclos inicio em 1856. Outro exemplo inclui o Hubbard Brook
alimentares’ foram substituídos por ‘teias tróficas `em Experimental Forest em operação desde 1960. Em
posteriores textos ecológicos um texto posterior eco- ecologia também é complicado o fato de que os pa-
lógica. drões de pequena escala não necessariamente expli-
Ecologia desenvolveu-se em muitas nações, in- cam os fenômenos de grande escala.  Estes fenôme-
cluindo na Rússia com Vladimir Vernadsky que fun- nos operam em diferentes escalas no ambiente, que
dou o conceito de biosfera na década de 1920 ou vão desde a escala molecular a escala planetaria, e
Japão com Kinji Imanishi e seu conceito de harmonia requerem diferentes conjuntos de explicação. 
na natureza e segregação de habitat na década de Para estruturar o estudo da ecologia em um
1950. O reconhecimento científico ou a importância quadro de entendimento o mundo biológico é
das contribuições para a ecologia de outras culturas concetualmente organizado em uma estrutura hie-
é dificultada por barreiras linguísticas e de tradução. rárquica, variando de uma escala de genes, para
células, tecidos, órgãos, organismos, espécies, até
o nível de biosfera. Ecossistemas são primeiramente
pesquisados em seus principais níveis de organiza-
ção, incluindo:

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(1) organismos, tais sobre qual uma espécie é apta a persistir. O nicho
(2) populações e efetivo é o grupo de condições ambientais ótimas so-
(3) comunidades. bre a qual uma espécie é apta a persistir.  Organismos
tem traços fundamentais que são excepcionalmentes
Ecólogos estudam ecossistemas por amostragem de adaptados ao nicho ecológico. Um traço é uma pro-
certo número de indivíduos que representam uma po- priedade mensurável do organismo que fortemente in-
pulação. Os ecossistemas consistem nas comunidades fluencia sua performace. Padrões biogeográficos e es-
que entre elas e com o meio ambiente. E em ecologia, calas de distribuição são explicados e previstos através
comunidades são criadas por interação de populações do conhecimento e compreensão das exigências do
de diferentes espécies de uma área. nicho da espécie.  Por exemplo, a adaptação natural
de cada espécie no sue nicho ecológico significa que
Biodiversidade ela é apta para excluir competitivamente outras espé-
cies similarmente adaptada que tem uma escala geo-
Biodiversidade é um atributo de um local ou área gráfica de sobreposição. Isso é chamado de principio
que consiste na variedade dentro e entre comunidades de exclusão competitiva Importante do conceito do
bióticas, influenciadas ou não por seres humanos, em nicho é o habitat. O habitat é o ambiente sobre a qual
qualquer escala espacial de microhabitats a manchas uma espécies sabemos que ocorre e o tipo de comu-
de habitats, para toda a biosfera. nidade que é formada como resultado. Por exemplo,
Biodiversidade é simplesmente a forma resumida habitat pode se referia a um ambiente aquático ou ter-
para a diversidade biológica. Biodiversidade descreve restre que pode ser categorizado como ecossistemas
todas as variantes da vida de genes a ecossistemas, e é de montanha ou Alpes.
uma área complexa que abrange todos os níveis bioló- Biodiversidade de um recife de corais. Corais adap-
gicos de organização. Há muitas índices, maneiras para tam e modificam seu ambiente pela formação de es-
medir e representar a biodiversidade.  Biodiversidade queleto de carbonato de cálcio que fornecem condi-
inclui diversidade de espécies, diversidade de ecossis- ções de crescimento para futuras gerações e formam
temas, diversidade genética e os complexos processos habitat para muitas outras espécies.
que operam em e entre esses diversos níveis.  Biodiver- Organismos são sujeitos a pressões ambientais, mas
sidade executa um importante papel na saúde eco- eles também podem modificar seus habitats. O fee-
lógica, quanto na saúde dos humanos. Prevenindo ou dback positivo entre organismos e seu ambiente pode
340 priorizando a extinção das espécies é uma maneira de modificar as condições em uma escala local ou global
preservar a biodiversidade, nas populações, a diversi- (Ver Hipótese Gaia) e muitas vezes até mesmo após
dade genética entre elas e os processos ecológicos, a morte do organismo, como por exemplo deposição
como migração, que estão sendo ameaçados em es- de esqueletos de sílica ou calcário por organismos ma-
cala global e desaparecendo rapidamente. Priorida- rinhos. Este processo de engenharia de ecossistemas
des de conservação e técnicas de gestão requerem também pode ser chamado de construção de nicho.
diferentes abordagens e considerações para abordar Engenheiro de ecossistemas são definidos como:”...
toda gama ecológica da biodiversidade. População e organismos que diretamente ou indiretamente modu-
migração de espécies, por exemplo, são os mais sensí- lam a disponibilidade de recursos para outras espécies,
veis indicadores de serviços ecológicos que sustentam e causando mudanças nos estados físicos nos matérias
contribuem para o capital natural e para o “bem estar” bióticos ou abióticos. Assim eles modificam, mantem e
do ecossistema. O entendimento da biodiversidade tem criam habitats. O conceito de engenharia ecológica
uma aplicação pratica para o planejamento da con- foi estimulado por uma nova apreciação do grau de
servação dos ecossistemas, para tomar decisões eco- influencia que os organismos tem no ecossistemas e no
logicamente responsáveis nas gestão de empresas de processo evolutivo. O conceito de construção de nicho
consultoria, governos e empresas. destaca um prévio subvalorizado mecanismo de fee-
dback na seleção natural transmitindo forças no nicho
Nicho Ecológico abiótico.   Um exemplo de seleção natural através de
engenharia de ecossistemas ocorre em nichos de inse-
O nicho ecológico é um conceito central na eco- tos sociais, incluindo formigas, abelhas, vespas e cupins.
logia de organismos. São muitos as definições do nicho Lá é uma emergência de homeostase na estrutura do
ecológico desde 1917, mas George Evelyn Hutchin- nicho que regula, mantém e defende a fisiologia no in-
son fez um avanço conceitual em 1957 e intruduziu terior da colônia. Montes de cupins, por exemplo, man-
a definição mais amplamente aceita: “O nicho é o tém uma temperatura interna constante através de
grupo de condições bioticas e abióticas condições chaminés de ar condicionado. A estrutura dos nichos
na qual uma espécie é capaz de persistir e manter es- é sujeita as forças da seleção natural. Além disso, o ni-
tável o tamanho da população.  O nicho ecológico cho pode sobreviver a sucessivas gerações, o que sig-
é dividido em nicho fundamental e nicho efetivo. O nifica que os organismos herdam o material genético
nicho fundamental é o grupo de condições ambien- e um nicho, que foi construído antes do seu tempo. 

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Ecologia de populações

A população é a unidade de analise da ecologia de populações. Uma população consiste nos indivíduos de
uma espécies que vivem, interagem e migram através do mesmo nicho e habitat . Uma primarias lei da ecologia
de populações é a Teoria Populacional Malthusiana. Este modelo prevê que: “...uma população pode crescer
(ou declinar) exponencialmente enquanto o ambiente experimentado por todos os indivíduos da população
se mantém constante...” Esta premissa Malthusiana fornece a base para a formulação de teorias preditivas e
testes que se seguem. Modelagens simples de populações usualmente começam com quatro variáveis incluído
nascimento, morte, imigração e emigração. Modelos matemáticos são usados para calcular a mudança demo-
gráfica na população usando modelos nulos. Um modelo nulo é usado como uma hipótese nula para os testes
estatísticos. A hipótese nula parte da pressuposto que processos aleatórios criam os padrões observados. Alter-
nativamente o padrão observado difere significantemente do modelo aleatório e exige mais explicação. Mo-
delos podem ser matematicamente complexos quando “...varias hipóteses competitivas são simultaneamente
confrontadas com os dados.” Um exemplo de um modelo introdutório de população descreve uma população
fechada, como em uma ilha, onde a imigração e emigração não ocorre. Nestes modelos de ilha as taxas per
capita de variação são descritos como:

onde N é o número total de indivíduos na população, B é o número de nascimentos, D é o número de mor-


tos, b e d são as taxas per capita de nascimento e morte respectivamente, e r é a taxa per capita de mudança
populacional. Esta formula pode ser lida como a taxa de mudança na população (dN/dT) é igual aos nascimen-
tos menos as mortes (B - D). Usando estas técnicas de modelagem, os modelo de crescimento populacional de
Malthus`s foi mais tarde transformado em um modelo conhecido como a equação logística:

onde N é o número de indivíduos medidos como densidade de biomassa, a é a taxa per capita máxima de
mudança, e K é a capacidade de suporte da população. A formula pode ser lida assim, a taxa de mudança na
população (dN/dT) é igual ao crescimento (aN) que é limitado pela capacidade de suporte (1-N/K). A disciplina 341
de ecologia de populações baseia-se estes modelos introdutórios para entender os processos demográficos em
populações real e conduz testes de hipóteses estatísticos. O campo da ecologia populacional, muitas vezes uti-
liza os dados sobre história de vida e álgebra matricial para desenvolver matrizes de projeção em fecundidade
e sobrevivência. Esta informação é usada para o gerenciamento de estoques da vida selvagem e fixação de
quotas de colheita.

Uma lista de termos que define vários tipos de agrupamentos naturaus de indivíduos que são usados
no estudo das populações.
Termos Definições
Populações de es-
Todos os indivíduos de uma espécie.
pécies
Metapopulação Um conjunto de populações desjuntas, entre as quais ocorre migração.
Um grupo de coespecíficos indivíduos que são demograficamente, genetica-
População
mente, ou espacialmente separadas de outros grupos de indivíduos.
Agregação Um agrupamento espacial de grupos de indivíduos.
Um grupo de indivíduos que são mais geneticamente similares do que outros
Deme
indivíduos, usualmente com algum grau de isolamento espacial também.
Um grupo de indivíduos dentro de uma pequena área delimitada, menos que
População local a distribuição geográfica da espécie, muitas vezes dentro de uma população.
A população local pode ser uma população desjunta.
Um subconjunto de indivíduos de uma população arbitrariamente delimitado
Subpopulação
espacialmente.

As populações são também estudadas através do conceito de metapopulações.

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Ecologia de Metapopulações posição em consumo. Isto requer o entendimento da


conexão da comunidade entre plantas (produtores
O conceito de metapopulação foi introduzido primários) e os decompositores (fungos e bactérias). ou
em 1969 :”como uma população de populações a analise da dinâmica predador presa afetando a bio-
qual vai se extinguindo e recolonizadas localmen- massa de anfíbios. Teias alimentares e níveis tróficos
te.” Ecologia de metapopulações é uma abordagem são duis modelos conceituais bastante utilizados para
estatística que é frequentemente usada na biologia explicar a ligações entre espécies.
da conservação.  A pesquisa com metapopulações
simplifica a paisagem em manchas com diferentes Teias alimentares
níveis de qualidade. Como o modelo de seleçãor/K,
o modelo de metapopulações pode ser usado para Teias alimentares são um tipo de mapa conceitual
explicar a evolução da historia de vida, como a es- que ilustra os caminhos ecológicos reais, usualmente
tabilidade ecológica da metamorfose dos ambifios, começando com a energia solar sendo usado pelas
que deslocam nos estágios de vida de manchas plantas durante a  fotossíntese. As plantas crescem
aquáticas para manchas terrestres. Na terminologia acumulando carboidratos que são consumidos pelos
de metapopulação existem emigrantes (indivíduos herbívoros. Existem diferentes dimensões ecológicas
que podem ser mapeados para criar teias alimentares
que deixam um fragmento), imigrantes (indivíduos
mais complicadas, incluindo: composição de espécies
que se movem nos fragmentos) e os sítio (site) são
(Tipo de espécies), riqueza de espécies (numero de es-
classificados ou como fontes ou sumidouros. Um sítio
pécies), biomassa (o peso seco de plantas e animais),
(site) é um termo genérico que se refere a lugares
produtividade (taxa de conversão de energia e nu-
onde as amostras das populações, tais como lagoas
trientes em crescimento) e estabilidade (teias alimen-
ou definidas áreas de amostragem em uma floresta.
tares ao longo do tempo). Um diagrama ilustrando a
Sítios fontes são locais produtivos que geram uma
composição da teia alimentar mostra como uma mu-
oferta sazonal de organismos jovens que migram
dança em uma única espécies pode diretamente ou
para outros fragmentos. Sítios sumidouros são locais indiretamente influenciar muitas outras espécies.
improdutivos que só recebem os migrantes e estes Estudos de microcosmos são usados para simplifi-
vão se extinguir a menos que resgatados por um sí- car as pesquisas com teias alimentares em unidades
tios fonte adjacentes ou as condições ambientais semi isoladas como pequenas molas, logs decaden-
342 tornam-se mais favoráveis. Modelos de metapopula- tes, e experimentos de laboratório usando organismos
ção examinar a dinâmica dos fragmentos ao longo que se reproduzem rapidamente, como as Daph-
do tempo para responder perguntas sobre ecologia nia alimentando-se de algas em ambientes controla-
espacial e demográfica. A ecologia de metapopu- dos. Princípios adquiridos em teias alimentares de mo-
lações é um processo dinâmico de extinção e colo- delos experientais de microcosmos são usados para
nização. Pequenos fragmentos de menor qualidade extrapolar pequenas cinceitos dinâmicos em grandes
são mantidos ou resgatados por um fluxo sazonal de sistemas. Food-chain length is another way of descri-
novos imigrantes. Uma estrutura de metapopulação bing food-webs as a measure of the number of spe-
dinâmica evolui de ano para ano, onde alguns frag- cies encountered as energy or nutrients move from the
mentos são sumidouros em anos secos e se tornam plants to top predators.
fontes de quando as condições são mais favoráveis. Existem diferentes formas de cálculo de compri-
Ecologistas utilizam uma mistura de modelos de com- mento cadeia alimentar, dependendo do que os
putador e estudos de campo para explicar a estrutu- parâmetros da dinâmica da cadeia alimentar estão
ra das metapopulações. sendo considerados: conectância, energia ou intera-
ção. Em um simples exemplo de predador presa, um
Ecologia de comunidades cervo é um passo removido em come plantas (compri-
mento de cadeia = 1) e um lobo que come o cervo é
Ecologia de comunidade examina como as inte- dois passos removido (comprimento de cadeia = 2). A
rações entre espécies e seu ambiente que afeta a quantidade relativa ou a força de influência que estes
abundância, distribuição e diversidade de espécies parâmetros são as questões acessadas da cadeia ali-
dentro das comunidades. mentar sobre:
Ecologia de comunidades é uma subdisciplina  a identidade ou existência de poucas espé-
da ecologia que estuda a distribuição, abundância, cies dominantes (chamados interatores forte ou espé-
demografia e interações entre populações coexis- cies-chave)
tentes. Um exemplo do um estudo na ecologia de  o número total de espécies e comprimento da
comunidades medida da produção primaria em cadeia alimentar (incluindo muitas interações fracas) e
uma área alagada em relação as taxas de decom-  como a estrutura da comunidade, função e
estabilidade é determinada.

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Dinâmica trófica

Links na teia alimentar primeiramente conectam relações alimentares entre espécies. Biodiversidade den-
tro do ecossistema pode se organizar em dimensões verticais e horizontais. A dimensão vertical representa
as relações alimentares da base da cadeia alimentar até os predadores de topo. A dimensão horizontal
representa a abundancia relativa ou biomassa de casa nível Quando a abundancia relativa ou biomassa
de cada grupo alimentar é empilhada em seus respectivos grupos tróficos eles naturalmente formam uma
espécie de ‘piramide de números’.  Grupos funcionais são amplamente categorizados como autotróficos
(ou produtores primários), heterotrificos (ou consumidores), e dretritivoros (ou decompositores). Heterotrofa-
gos podem ser subdivididos em diferentes grupos funcionais, incluindo: consumidores primários (herbívoros),
consumidores secundários (predadores que consomem exclusivamente herbívoros) e consumidores terciários
(predadores que consimem tanto herbívoros quanto outros predadores). Onívoros não se encaixam perfei-
tamente nessas categorias funcionais porque consomem tanto tecidos vegetais e tecidos animais. Tem sido
sugerido, entretanto, que os onívoros têm uma maior influência funcional como predadores, porque em rela-
ção aos herbívoros são relativamente ineficientes na pastagem.
Ecólogos coletam dados em níveis tróficos e teias alimentares para modelar estatisticamente e calcular
parâmetros matemáticos, tais como aqueles usados em outros tipos de análise de rede, para estudar os
padrões emergentes e propriedades compartilhadas entre os ecossistemas. O arranjo piramidal emergente
de níveis tróficos com quantidades de transferência de energia diminuindo à medida que as espécies se
tornam mais distantes da fonte de produção é um dos vários padrões que repetem entre os ecossistemas. O
tamanho de cada nível trófico na pirâmide geralmente representa a biomassa, que pode ser medida como
o peso seco dos organismos. Autótrofos podem ter a maior proporção mundial de biomassa, mas eles são
rivalizados de perto ou mesmo superados pelos microrganismos.
A decomposição da matéria orgânica morta, como folhas caindo no chão da floresta, se transforma
em solo que a alimenta a produção de plantas. A soma total dos ecossistemas do planeta terra é chamado
de pedosfera, onde é encontrada uma proporção muito grande da biodiversidade. Invertebrados que se ali-
mentam e rasgam folhas maiores, por exemplo, criar pequenos pedaços que alimentam organismos menores
na cadeia de alimentação. Coletivamente, estes são os detritívoros que regulam a formação do solo.  As
raízes das árvores, fungos, bactérias, minhocas, formigas, besouros, centopéias, mamíferos, aves, répteis e
343
anfíbios todo o contribuem para criar a cadeia trófica da vida nos ecossistemas do solo. Como organismos
se alimentam e deslocam fisicamente materiais para solos, este processo ecológico importante é chamado
bioturbação. Biomassa de microrganismos do solo são influenciadas por feedback (retroalimentantação) na
dinâmica trófica da superfície solar exposta. Estudos paleecológicos de solos colocam a origem da bioturba-
ção a um tempo antes do período Cambriano. Outros eventos, como a evolução das árvores e anfíbios no
período devoniano teve um papel significativo no desenvolvimento dos solos e trofismo ecológico.

Lista dos grupos funcionais ecológicos, definição e exemplos


Grupos funcionais Definição e exemplos
Normalmente plantas ou cianobactérias que são capazes de
Autotróficos ou realizar fotossíntese, mas pode ser outros organismos como bactérias
Produtores que vivem perto dos chaminés oceânicos que são capaz de realizar
Quimiossíntese.
Heterotróficos ou Animais, os quais pode ser consumidos primários (Herbívoros), ou
Consumidores consumidores secundários e terciários (Carnívoros e Onívoros).
Bactérias, fungos e insetos que degradam matéria orgânica de
Detritivos ou
todos tipo e restauram os nutrientes do ambiente. Os produtores
Decompositores
consumirão os nutrientes, completando o ciclo biogeoquímico.

Grupos tróficos funcionais separam hierarquicamente em uma piramide trófica porque requerem adap-
tações especializadas para realizar fotossíntese ou predação, mas raramente são eles tem uma combina-
ção de ambas habilidades funcionais. Isso explica por que adaptações funcionais em trofismo organizam
diferentes espécies emergente em um grupo funcional. Níveis tróficos são parte de um holístico ou comprexo
sistema visto no ecossistema. Cada nível trófico contém espécies independentes que se agrupam, porque
compartilham funções ecológicas comuns. Agrupamento de espécies funcionalmente similar em um sistema
trófico dá uma imagem macroscópica do amplo design funcional.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Links em uma teia alimentar ilustram diretas rela- tos mais complexos.  Biomas, por exemplo, são uma
ções tróficas entre espécies, mas podem também grande unidade de organização que categorizam
efeitos indiretos que podem alterar a abundancia, regiões de ecossistemas da Terra, de acordo com a
distribuição ou biomassa do nível trófico. Por exem- fisionomia e composição da vegetação.  Diferentes
plo, predadores comendo herbívoros indiretamente pesquisas tem aplicados diferentes métodos para
influenciam a controle e regulação da produção pri- definir limites continentais de domínios de biomas, por
maria nas plantas. Embora predadores não comem diferentes tipos de função da comunidade de vege-
plantas diretamente, eles regulam a população de tação, que são limitada na distribuição do clima, pre-
herbívoros que diretamente são ligados diretamente cipitação e outras variáveis ambientais. Exemplos de
as plantas. A rede de relações de efeitos diretos e nomes de biomas incluem: florestas tropicais, florestas
indiretos é clamada de cascata trófica. Cascata tró- temperadas decíduas, taiga, tundra, desertos quen-
fica são separadas em cascatas a nível de espécie, tes e desertos polares.  Outras pesquisas tem recen-
onde apenas um subconjunto da dinâmica da teia temente iniciado a categorizar outros tipos de bio-
alimentar é impactado por uma mudança no nume- mas, como microbioma humano e oceânico. Para os
ro da população, e cascadas ao nível de comunida- microrganismos o corpo humano é o habitat e uma
de, onde uma mudança no numero da população paisagem. O microbioma tem sido descoberto atra-
pode ter um efeito dramático na teia alimentar intei- vés de avanços na genética molecular, revelando
ra, como a distribuição de biomassa de plantas. uma desconhecida riquesa de microorganismos no
planeta. O microbioma oceânico desempenha um
Espécies Chaves significante papel na ecologia biogeoquímica dos
oceanos. 
Uma espécie chave é uma espécie que ocupa A maior escala de organização ecológica é
um papel particularmente forte ou central em uma a  biosfera. A biosfera é a soma total dos ecossiste-
teia alimentar. Uma espécie chave ocupa um papel mas do planeta. Relações ecológicas regulam o flu-
desproporcional em manter processos ecológicos. xo de energia, nutrientes e clima, todos subindo até
A perda de uma espécie chave resulta na extinção a escala planetária. Por exemplo, a historia dinâmi-
de outras espécies e um efeito cascata alterando o ca da composição de CO2 e O2 na atmosfera foi em
dinâmica trófica e conexões na teia alimentar. Espé- grande parte por fluxos de gases biogênicos prove-
344 cies chaves, como os engenheiros de ecossistemas, nientes da respiração e fotossíntese, com níveis flu-
tem um papel estruturador, apesar de ter níveis rela- tuando no tempo em relação a ecologia e evolução
dos animais e plantas. Quando partes de subcom-
tivamente baixos de representação da biomassa na
ponetes são organizadas em um todo, muitas vezes
pirâmide trófica.  Lontras do mar (Enhydra lutris) são
propriedades emergentes descrevem a natureza do
um exemplo clássico de espécies chave porque li-
sistema. Teorias ecológicas tem sido usadas para ex-
mitam o densidade de ouriços que se alimentam de
plicar os fenômenos emergentes de auto regulação
algas. Se as lontras são removidas do sistema, os ou-
na escala planetária. Isso é conhecido como Hipóte-
riços pastam até que as algas marinha desaparecer
se Gaia. The Gaia hypothesis is an example of holism
e isso tem um efeito dramático na estrutura da co-
applied in ecological theory. A ecologia do planeta
munidade. A caça de lontras do mar, por exemplo, é
age como uma única unidade regulatória e holística
considerado em ter indiretamente levado a extinção
chamada de hipótese Gaia. A hipótese Gaia afirma
do dugongo-de-steller(Hydrodamalis gigas). Enquan-
que existe um feedback emergente gerado pelo me-
to o conceito de espécies chaves tem sido muito usa-
tabolismo dos organismos vivos que mantem a tem-
do como uma ferramenta de conservação biológi-
peratura da Terra e condições da atmosfera dentro
ca, ele foi criticado por estar mal definido. Diferentes de uma estreita escala de tolerância auto regulável.
ecossistemas expressam diferentes complexidades e
por isso é claro como aplicável que o modelo de es- Ecologia e Evolução
pécies chave pode ser aplicado.
Ecologia e evolução são consideradas disciplinas
Bioma e Biosfera irmãs, sendo ramos da ciência da vida. 
Seleção Natural, Historia de vida, desenvolvimen-
Unidades ecológicas de organização são defini- tos, adaptação, populações, e herança estão pre-
das através de referencia de algumas magnitudes sentes em teorias evolutivas e ecológicas.
de espaço e tempo no planeta. Comunidades de Morfologia, comportamento e/ou traços genéti-
organismos, por exemplo, são muitas vezes arbitra- cos, por exemplo, podem ser mapeados em árvores
riamente definidas, mas os processos de vida intera- evolutivas para estudar a desenvolvimento histórico
gem com os diferentes níveis e organizam em conjun- da espécie e também organizar a informação em

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

relação a adaptações ecológicas. Em outras pa- Tecidos


lavras, adaptação é explicada em relação a ori-
gem histórica de traços e condições ecológicas e Os tecidos são formados pela união de células
que esta sujeita a forças da seleção natural. Nesse especializadas. Os tecidos estão presentes apenas
quadro, ferramentas analíticas de ecólogos e evo- em alguns organismos multicelulares como as plan-
lucionistas se sobrepõem para organizar, classificar tas e animais. Um exemplo de tecido é o muscular
e investigar a vida atraces de princípios sistemáticos tem a função de produzir os movimentos musculares,
comuns, como  filogenéticos  ou  taxonômicos de Li- o tecido ósseo, formado pelas células ósseas tem a
neu As duas disciplinas frequentenmente aparecem função de sustentar o organismo.
juntas como no titulo do jornal Trends in Ecology and
Evolution. Não há uma fronteira nítida que separa Órgãos
a ecologia da evolução e que diferem suas áreas
de aplicação. Ambas as disciplinas descobrem e Os tecidos se organizam e se unem, formando os
explicam emergentes e únicos processos que ope- órgãos. Eles são formados de vários tipos de tecidos,
ram em diferentes escalas espaciais e temporais da por exemplo. O coração é formado por tecido mus-
organização. Embora a fronteira entre a ecologia e cular, sanguíneo e tecido nervoso. Os ossos são for-
evolução nem sempre é clara, é óbvio que os ecó- mados por tecido ósseo, sanguíneo e nervoso.
logos estudam os fatores abióticos e bióticos que in-
fluenciam o processo evolutivo. Sistemas

CARACTERÍSTICAS DOS NÍVEIS DE ORGANIZA- Os sistemas são formados pela união de vários
ÇÃO: POPULAÇÃO E ECOSSISTEMAS. O AMBIENTE E órgãos, que se trabalham em conjunto para exercer
AS ADAPTAÇÕES DOS ORGANISMOS. CONDIÇÕES uma determinada função corporal, por exemplo, o
AMBIENTAIS E A SAÚDE. A BIOSFERA COMPROMETIDA sistema digestório, que é formado por vários órgãos,
- A EXTINÇÃO DAS ESPÉCIES. como boca, estômago, intestino, glândulas, etc.

Existem vários níveis hierárquicos de organização Organismo


entre os seres vivos, começando pelos átomos e ter- 345
minando nabiosfera. Cada um desses níveis é motivo A união de todos os sistemas forma o organismo,
de estudo para os biólogos. que pode ser uma pessoa, uma planta, um peixe,
um cachorro, um pássaro, um verme, etc.
Átomos e moléculas
População
Os átomos forma toda a matéria que existe. Eles
se unem por meio de ligações químicas para formar Dificilmente um organismo vive isolado, ele inte-
as moléculas, desde moléculas simples como a água rage com outros organismos da mesma espécie e de
(H2O), até moléculas complexas como proteínas, outras espécies, e também com o meio ambiente.
que possuem de centenas a milhares de átomos. O conjunto de organismos da uma mesma espécie,
Como já vimos, a matéria viva é formada principal- interagindo entre si e que habitam uma determina-
mente pela união dos átomos (C) Carbono, (H) Hi- da região, em uma determinada época, chama-se
drogênio, (O) Oxigênio e (N) Nitrogênio. população.

Organelas e Células Comunidade

As organelas são estruturas presentes no interior O conjunto de indivíduos de diferentes espécies


das células, que desempenham funções específicas. interagindo entre si numa determinada região geo-
São formadas a partir da união de várias moléculas. gráfica, ou seja, conjunto de diferentes populações
A célula é a unidade básica da vida, sendo impres- vivendo juntas e interagindo é chamado de comuni-
cindível para a existência dela. Existem vários tipos dade. O “Cerradinho”, uma reserva ecológica den-
de células, cada uma com sua função específica. tro da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, é
uma comunidade que abriga diferentes populações
de plantas e animais nativos da região.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Ecossistema: Teias alimentares são várias cadeias alimentares


relacionadas entre si. Elas representam de forma mais
O ecossistema é o conjunto dos seres vivos da fiel o que ocorre, de fato, na natureza.
comunidade, com os fatores não vivos, como tem- População é um grupo de organismos da mesma
peratura, luminosidade, umidade e componentes espécie ocupantes de uma determinada área em
químicos. Esses fatores não vivos são chamados de um determinado tempo. Uma comunidade consiste
fatores abióticos. Os seres vivos são chamados de fa- no conjunto de todas as populações de uma certa
tores bióticos. A interação entre os seres bióticos e os área.
abióticos recebe o nome de ecossistema. Por exem- A posição, ou função, de uma população dentro
plo, uma população de jacarés que está tomando de uma comunidade é chamada seu nicho ecoló-
sol em cima de uma pedra, nas margens de um rio. gico. A hipótese da exclusão competitiva prevê que
somente uma espécie possa ocupar o mesmo nicho
Biosfera: ecológico em um dado momento e que, quando
duas espécies competem pelo mesmo nicho, uma é
A biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas eliminada.
do planeta Terra. A biosfera é a mais alta de todas O tamanho de qualquer população é determi-
as hierarquias. Adaptado de: Fabiana Santos Gon- nado pelas taxas de natalidade e de mortalidade. A
çalves taxa de natalidade teórica de uma população – seu
potencial reprodutivo - é exponencial (isto é, 2, 4., 8,
Cadeia alimentar. 16, 32); quanto maior for o número de indivíduos de
uma população, tanto mais rapidamente ela cresce-
A energia do Sol, captada pelos seres clorofila- rá. A taxa de crescimento de uma população que se
dos – denominados produtores – é a fonte de ali-
expande pode geralmente ser tabulada por uma cur-
mentação desses.
va sigmóide, que começa lentamente, aumenta de
Produtores são fonte de alimento para os con-
modo exponencial durante um certo tempo, e depois
sumidores primários – organismos herbívoros e que,
se nivela, á medida que a população atinge os limites
por sua vez, são alimentos (e fonte de energia) para
de algum recurso disponível, como alimento, espaço,
346 outros consumidores. Esses organismos serão consu-
ou, no caso de organismos aquáticos, oxigênio. Na
midos pelos seres detritívoros e/ou decompositores –
maioria das comunidades, a taxa de mortalidade de
como urubus e bactérias, respectivamente. E, desta
uma espécie é aproximadamente igual à taxa de na-
forma, um organismo é fonte de matéria e energia a
talidade, e a população permanece relativamente
outro organismo, ao servir de alimento a ele.
estável de uma geração para a seguinte.
Cadeia Alimentar é o percurso de matéria e
Fatores bióticos e abióticos desempenham um
energia em vários níveis tróficos, ou seja: a cada gru-
papel na regulação natural da abundância dos or-
po de organismos com necessidades alimentares se-
ganismos. Esses fatores podem ser independentes de
melhantes quanto à fonte principal de alimento:
densidade (temperatura ou duração do dia) ou de-
Produtores: são todos os seres autotróficos cloro-
filados, presentes em todas as cadeias alimentares. pendentes de densidade (fonte de alimento ou pre-
Eles que transformam a energia luminosa em energia dação).
química, sendo assim, o único processo de entrada Os tipos e a abundância dos organismos em uma
de energia em um ecossistema. comunidade dependem não somente dos fatores
Consumidores: são os que se alimentam dos pro- abióticos, como os descritos no capítulo anterior, mas
dutores (consumidores primários) ou de outros consu- também de fatores bióticos, das interações entre as
midores (consumidores secundários, terciários, etc.). várias populações.
Nesse nível trófico estão os detritívoros – animais que Entre os tipos de interação está a competição, que
se alimentam de restos orgânicos e têm como repre- pode resultar na eliminação de uma espécie (caso
sentantes os urubus, abutres, hienas, moscas, etc. das angiospermas do gênero Lemna) ou sua confor-
Decompositores:  reciclam a matéria orgânica, midade a um quadro não competitivo (cracas e ic-
decompondo-a e degradando-a em matéria inor- terídeos). As plantas- competem ás vezes uma com
gânica. Esta é reaproveitada pelos produtores, dan- a outra produzindo substâncias tóxicas que limitam o
do continuidade ao ciclo. São representados por mi- crescimento de espécies próximas; esse fenômeno é
cro-organismos, tais como fungos e bactérias. chamado alelopatia. A simbiose é a associação es-
treita entre organismos de espécie> diferentes. A as-
sociação pode ser benéfica a ambos os organismos

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(mutualismo), benéfica a um e inócua ao outro (co- Se em uma área de plantio que durante o ano ali-
mensalismo), ou benéfica a um e prejudicial ao outro menta 100 pessoas, se for utilizada para engorda do
(parasitismo). Em alguns casos de simbiose, como no gado, o numero de gado, será tão pequeno, que não
dos líquens e das formigas cultivadoras de fungos, as alimentara mais que cinco pessoas durante o ano..
formas associadas não podem viver separadas. Vemos então, que a quantidade de energia
A maioria das doenças nos organismos é cau- que se perdeu de um nível trófico para outro foi mui-
sada por parasitas. A maior parte dos parasitas não to grande. Concluímos assim, que os consumidores
mata o hospedeiro e quase nunca extermina popu- primários estão muito mais servido energeticamente
lações inteiras. Os parasitas tendem a adaptar-se tão que os demais níveis tróficos da pirâmide energética.
completamente aos seus hospedeiros que passam a
depender completamente desses. Os ecossistemas apresentam dois componentes
Os níveis tróficos de um ecossistema estão ligados estruturais básicos e intimamente inter-relacionados:
por associações predador-presa. Essas associações - Componentes abióticos: podem ser físicos
exercem papel regulador no tamanho das popula- (como a radiação solar, a temperatura, a luz, a umi-
dade, os ventos), químicos (como os nutrientes pre-
ções e profundos efeitos evolutivos nas diversas espé-
sentes nas águas e nos solos) ou geológos (como o
cies implicadas.
solo);
As plantas e os animais desenvolveram uma va-
- Componentes bióticos: são os seres vivos.
riedade de processos de defesa contra a predação.
Esses tipos de defesa incluem a “armadura” e outras
Em um ecossistema existem várias populações de
formas de proteção física, como as observada; nos
diferentes espécies de seres vivos, e o conjunto des-
cactos, tatus, tartarugas e numerosos organismos, sas populações compõe uma comunidade ou bio-
e armas químicas, tais como venenos de plantas e cenose ou, ainda biota.
secreções aversivas de insetos. Muitos organismos se
camuflam. Os componentes abióticos
Alguns insetos vieram a assemelhar-se a organis-
mos de outra espécie, seja para exibir um dispositivo A radiação solar é um dos principais fatores físicos
protetor eficaz que tenham em comum com essa ou- dos ecossistemas, pois é por meio dela que os seres
tra espécie (mimetismo mülleriano), seja para “dar a clorofilados realizam fotossíntese. Nesse processo, li- 347
impressão” de possuírem esse dispositivo embora na beram oxigênio para a atmosfera e transformam a
verdade não o possuam (mimetismo batesiano). energia luminosa em energia química, única forma
Todas essas associações contribuem para deter- de energia que se pode ser aproveitada pelos de-
minar o caráter da comunidade e dos organismos mais seres vivos.
que nela vivem.
Os componentes bióticos
Pirâmides Ecológicas:
PIRÂMIDE DE ENERGIA Os componentes bióticos podem ser divididos em
A pirâmide de energia expressa a quantidade dois grupos:
de energia acumulada em cada nível da cadeia ali- - Organismos autótrofos: representados pelos se-
mentar. res fotossintetizantes e quimiossintetizantes, conside-
5º- GAVIÕES rados os produtores dos ecossistemas;
4º- COBRAS - Organismos heterótrofos: representados pelos
3º- SAPOS consumidores e pelos decompositores.
2º- INSETOS
1º- GRAMÍNEAS Os consumidores são organismos que se alimen-
tam de outros organismos, como fazem todos os ani-
O fluxo decrescente de energia da cadeia ali-
mais. Os que se alimentam de produtores são cha-
mentar justifica o fato de a pirâmide apresentar o
mados consumidores primários, como é o caso dos
vértice voltado para cima. O comprimento do re-
herbívoros, cujo alimento são as plantas. Os decom-
tângulo (tamanho das palavras) indica o conteúdo
positores degradam a matéria orgânica contida nos
energético presente em cada elo da cadeia. Esti-
produtores e nos consumidores, utilizando alguns pro-
ma-se que cada nível trófico transfira apenas 10% da dutos da decomposição como alimento e liberando
capacidade energética para o nível trófico seguinte, para os meio ambientes apenas minerais e outras
por isso, que uma pirâmide dificilmente apresentara substâncias, que podem ser novamente utilizadas
mais que cinco níveis tróficos. Assim, podemos presu- pelos produtores. Os decompositores estão represen-
mir o seguinte: tados pelas bactérias e pelos fungos.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Todos os seres vivos necessitam de matéria-prima Conforme o vapor de água sobe a atmosfera,
e de energia para a realização de suas atividades vi- ele encontra menor temperatura e pressão, e tende
tais. Essas necessidades são supridas pelos alimentos a formar gotículas que constituem nuvens. Quando
orgânicos. os movimentos de ar deslocam as nuvens contra
Os organismos produtores (autótrofos) sintetizam uma serra, ela é forçada a subir mais, o que pode
seu próprio alimento orgânico a partir de matéria provocar sua precipitação, geralmente na forma de
não orgânica, e esse alimento é utilizado por eles e chuva ou de neblina. O mesmo ocorre quando uma
pelos consumidores (heterótrofos), que não são ca- massa de ar frio (frente fria) encontra uma massa de
pazes de executar essa função. Os principais produ- ar quente e úmido. A água que se precipita, seja
tores são os organismos fotossintetizantes. A energia através de chuva, neve, granizo, etc. pode, em sua
luminosa só Sol é transformada em energia química forma líquida, infiltrar-se no solo e subsolo, ou escoar
pelos produtores e é transmitida aos demais seres vi- superficialmente, tendendo sempre a escorrer para
vos. Essa energia, no entanto, diminui à medida que regiões mais baixas e podendo, assim, alcançar os
passa de um consumidor pra outro, pois parte dela é oceanos. Nesse percurso e nos oceanos, ela pode
liberada sob a forma de calor e parte é utilizada na evaporar diretamente, como também pode ser cap-
realização dos processos vitais do organismo. tada pelos seres vivos.
Assim, sempre restará uma parcela menos de Durante a fotossíntese dos organismos clorofi-
energia disponível para o nível seguinte. Como na lados, a água é decomposta: os hidrogênios são
transferência de energia entre os seres vivos não há transferidos para a síntese de substâncias orgânicas
reaproveitamento da energia liberada, diz-se que e o oxigênio constitui o O2 que é liberado. Durante
essa transferência é unidirecional e ocorre como um a respiração, fotossíntese e diversos outros processos
fluxo de energia. A matéria, no entanto, pode ser re- bioquímicos, são produzidas moléculas de água. As
ciclada, falando-se em ciclo da matéria ou ciclo bio- plantas terrestres obtêm água do solo pelas raízes,
geoquímico. Os decompositores são fundamentais e perdem-na por transpiração. Os animais terrestres
nesse ciclo, pois eles decompõem organismos mortos que ingerem, e a perdem por transpiração, respira-
de todos os níveis tróficos, devolvendo ao ciclo ele- ção e excreção.
mentos fundamentais. Através desses processos, a água circula entre o
meio físico e os seres vivos continuamente.
348 CICLO DA ÁGUA OU CICLO HIDROLÓGICO

O ciclo hidrológico é dirigido pela energia solar


e compreende o movimento da água dos oceanos
para a atmosfera por evaporação e de volta aos
oceanos pela precipitação que leva à lixiviação ou
à infiltração. Cerca de 97% do suprimento de água
está nos oceanos, 2% nas geleiras e muito menos que
1% na atmosfera (0,001%). Aproximadamente 1% do
total da água contida nos rios, lagos e lençóis freáti-
cos é adequada ao consumo humano.
A água contida na atmosfera provém de todos
os recursos de água doce, através do processo da
precipitação. A água circula no planeta devido às
suas alterações de estado que são, principalmente, Ciclo da água
dependentes da energia solar.
A energia proveniente do Sol não atinge a Terra Como a ação humana afeta o ciclo da água?
homogeneamente, mas com maior intensidade no
equador do que nos polos, no verão do que no inver- As ações humanas podem esgotar o fornecimen-
no, e apenas durante o dia. Essa heterogeneidade to da água subterrânea, causando uma escassez e
condiciona movimentos das massas de ar (ventos) e o conseqüente afundamento da terra ao extrair-se o
de água (correntes oceânicas), responsáveis por di- líquido. Ao remover a vegetação, a água flui sobre
versas características do clima e de suas alterações. o solo mais rapidamente, de modo que tem menos
Apenas 3% da água do planeta não estão nos ocea- tempo para ser absorvida na superfície. Isto provoca
nos. Neles ocorre alta produção de vapor, que é des- um esgotamento da água subterrânea e a erosão
locado por ventos até a superfície terrestre, onde a acelerada do solo.
evaporação é menor.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

CICLO DO OXIGÊNIO O principal meio de consumo do oxigênio no ci-


clo do carbono é por meio da respiração dos seres
vivos. As plantas utilizarão o oxigênio para realizar a
fotossíntese como já foi referido e os animais o utiliza-
rão em seu metabolismo.

{CH2O} + O2 –> CO2 + H2O

Outra forma de consumo do oxigênio é a decom-


posição da matéria orgânica e a oxidação de mi-
nerais em exposição. Um exemplo de oxidação é a
ferrugem.

O oxigênio pode ser encontrado na atmosfera


sob várias formas. Seja na forma de oxigênio mole-
cular (O2) ou em composição com outros elemen-
tos (CO2, NO2, SO2, etc.) o fato é que o oxigênio
é o elemento mais abundante na crosta terrestre e
nos oceanos (99,5% do oxigênio está contida ali) e
o segundo mais abundante na atmosfera (0,49% do
oxigênio existente está na atmosfera, os outros 0.01%
estão contidos nos seres vivos). O ciclo de transforma-
ções do oxigênio por estes reservatórios (atmosfera,
oceano e crosta terrestre) constitui o chamado ciclo 349
do oxigênio que é mantido por processos biológicos,
físicos, geológicos e hidrológicos.

A principal forma de produção do oxigênio é a


fotossíntese realizada por todas as plantas clorofila-
das e algumas algas. A fotossíntese é um processo
pela qual as plantas transformam água e gás carbô-
nico na presença de luz e clorofila em compostos or-
gânicos bem mais energéticos e oxigênio.

Luz
6H2O + 6CO2 –> 6O2 + C6H12O6
Clorofila

Embora as plantas consumam parte deste oxigê-


nio em sua própria respiração a quantidade produzi-
da pela fotossíntese pode ser 30 vezes maior do que
a consumida. Este foi um dos fatores que possibilitou
o surgimento de todas as formas de vida que temos
hoje no planeta e o principal repositor de oxigênio
para a atmosfera.
Outra forma de produção do oxigênio é a fotóli-
se: reação pela qual a radiação ultravioleta que en-
tra na atmosfera decompõe a água atmosférica em
óxido de azoto.

2H2O + energia –> 4H + O2

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• ORIGEM E EVOLUÇÃO DA VIDA – A BIOLOGIA COMO CIÊNCIA:


HISTÓRIA, MÉTODOS, TÉCNICAS E EXPERIMENTAÇÃO. HIPÓTESES
SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO, DA TERRA E DOS SERES VIVOS.
TEORIAS DE EVOLUÇÃO. EXPLICAÇÕES PRÉ-DARWINISTAS PARA A
MODIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES. A TEORIA EVOLUTIVA DE CHARLES DARWIN.
TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO. SELEÇÃO ARTIFICIAL E SEU IMPACTO
SOBRE AMBIENTES NATURAIS E SOBRE POPULAÇÕES HUMANAS.

Classificação Biológica O homem compreende que não se pode escolher

A
importante classificação filogenética das uma única característica como base de classificação.
espécies. Para organizar essas características, foi criado o
Sistema de Classificação Biológica, que é o principal
A classificação biológica é o sistema
tópico abordado neste trabalho.
que ordena os seres vivos e os distribui em grupos hie-
rárquicos.
1- Como ficam os Híbridos na Classificação Bioló-
Esse método classificatório das espécies teve
gica?
início em 1735, proposta pelo naturalista Carl Von
Os híbridos não fazem parte de uma Classificação
Linnée (Systema Naturae), a partir de uma análise
Biológica especifica, ou seja, não possuem uma filoge-
anatômica comparada (a morfologia), tendo em nia correta na história evolutiva. Eles são o produto do
350 vista que até essa época não existia qualquer forma cruzamento entre dois indivíduos diferentes, em geral
lógica que propusesse critérios organizacionais para membros de espécies distintas.
um coerente agrupamento dos organismos. Se os gametas que se conjugam, são de espécies
Contudo, o surgimento da sistemática molecular, diferentes, o híbrido diz-se intergenérico, se são da
inquiriu e promoveu consideráveis alterações no siste- mesma espécie, chama-se interspecifico e, se perten-
ma de ordenação de Linnée. cem a subespécies ou variedade da mesma espécie
Fundamentado na semelhança genética das es- é interssubespecifico ou intervarietal. Eles possuem em
pécies, foram reestruturadas as bases taxonômicas, geral características intermediarias aos dos seus pro-
também denominada de sistemática biológica, re- genitores.
lacionando os seres vivos de acordo com o paren- Os híbridos são mais freqüentes entre os organis-
tesco evolutivo (classificação científica moderna), mos vegetais, pois por serem imóveis, é inevitável a
dispostas pelas seguintes categorias taxonômicas: hibridização freqüente por causa da transferência de
Reino, Filo, Classe, Ordem Família, Gênero, Gênero e pólen pelos agentes externos.
Espécie. Assim, tanto as necessidades ecológicas da plan-
Dessa forma, associada ao sistema moderno de ta como seus mecanismos reprodutivos, favorecem a
classificação, foi criada uma nomenclatura binomial, hibridização.
com intuito de uniformizar e simplificar o estudo filo-
genético aplicável a todas as espécies: os vírus, as 2- Sistemas de Classificação Biológica
bactérias, os fungos, os protozoários, as algas, os ani- O reino é ainda a maior unidade usada em classi-
mais e vegetais. ficação biológica.
Entre o nível do gênero e o nível do reino, entre-
Continuação: tanto, Lineu e taxonomistas posteriores adicionaram
A ciência busca ordenar o universo a sua volta. diversas categorias. Assim, os gêneros são agrupados
em famílias, as famílias em ordens, as ordens em clas-
Para isso o homem criou sistemas para agrupar os or-
ses e as classes em filos. Essas categorias podem ser
ganismos em esquemas que façam sentido.
subdivididas ou agregadas em várias outras menos
importantes, como os subgêneros e as superfamílias.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Por convenção, os nomes genéricos e específicos são A CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
escritos em itálicos, enquanto o nome das famílias, or- Vegetais (bordo vermelho)
dens, classes e outras categorias não o são, embora
tenham a letra maiúscula inicial. Animal (homem)
Para Lineu e seus sucessores imediatos, a classifica-
ção taxonômica era a revelação de um grande plano Categoria
permanente. Quando teoria evolucionista, passou a Nome
ser a força ordenadora dominante, nas ciências bio- Características
lógicas, viu-se que a taxonomia refletia a história evo- Categoria
lutiva. Nome
As espécies são grupos que divergiam recente- Características
mente; os gêneros tiveram ancestrais mais distantes e Reino
assim por diante. Embora o significado da taxonomia Plantae
mudasse, a classificação dos organismos por si mes- Organismos geralmente dotados de paredes ce-
ma, baseada quase inteiramente em critérios morfo- lulares rígidas e de clorofila
lógicos (como o são as teorias parentescos evoluti- Reino
vas), pouco se alterou. Animália
Até bem recentemente era comum classificar Organismos multicelulares que requerem substân-
cada ser vivo ou como planta, ou como animal. cias de origem vegetal e animal para alimento
Os animais eram organismos que se moviam, co- Sub-reino
miam coisas, respiravam; suas patas e órgãos do cor- Embryophyta
po cresciam até certo ponto e depois paravam de Plantas formadoras de embrião
crescer. As plantas eram organismos que não se mo- -
viam, nem comiam, nem respiravam e que cresciam -
indefinidamente. Os fungos, as algas e as bactérias -
eram agrupados com as plantas; os protozoários-or- Filo
ganismos unicelulares que comiam e se moviam-e- Tracheophyta
ram classificados como animais. Plantas vasculares
Filo 351
No século XX, começaram a surgir problemas,
Chordata
foram descobertas algumas diferenças importantes.
Animais com notocorda, corda nervosa oca, dor-
Conseqüentemente, aumentou o número de grupos
sal e brânquias na faringe em algum estágio do de-
reconhecidos como reinos deferentes. As classifica-
senvolvimento
ções mais recentes propõem cinco reinos: Monera,
Subfilo
Protista, Fungi, Plantae, Animália.
Pterophytina
Outros sistemas propõem três reinos: Monera,
Geralmente, folhas largas e salientes, padrão vas-
plantas e animais. Alguns sistemas mantem a classifi-
cular complexo
cação em dois reinos: Plantas e Animais.
Subfilo
A razão dessa diversidade é que nenhum sistema
Vertebrata
é realmente satisfatório. Por exemplo, ao nível de vida
Corda espinhal incluída em uma coluna verte-
unicelular, não há critérios práticos para separar plan- bral, corpo basicamente segmentado, encéfalo
tas de animais. dentro do crânio
Podem ocorrer duas espécies de organismos uni- Classe
celulares móveis, quase idênticas, exceto quanto a Angiospermae
presença ou ausência de cloroplastos. Em outros ca- Plantas floríferas, semente incluída em ovário
sos, a forma que possui cloroplastos, pode perde-lo Superclasse Classe
de vez em quando e sobreviver e reproduzir-se indefi- Tetrapoda Mammalia
nidamente. Apesar disso, um sistema baseado numa Vertebrados terrestres, de quatro patas. Filhotes
classificação planta-animal tem de separar essas for- alimentados por glândulas mamárias, respiração pul-
mas, seja do ponto de vista da taxonomia baseada monar, pêlos, cavidade do corpo dividida por dia-
em critérios morfológicos, seja do da taxonomia ba- fragma, hemácias anucleadas, temperaturas corpo-
seada em critérios evolucionistas, a divisão em dois ral constante.
reinos é insatisfatória. Subclasse
Por outro lado, existe uma clara seqüência evoluti- Dicotyledoneae
va na qual representantes modernos, vivos vão desde Embrião com duas folhas de semente (cotilédo-
algas unicelulares até plantas floríferas. nes)

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Ordem Na classificação botânica, considera-se tipo (que


Sapindales corresponde ao filo), classe, ordem, família, gênero e
Árvores ou arbustos espécie.
Ordem (Essa diferença podemos observar na tabela da
Primates pág deste trabalho).
Arborícolas ou descendentes deles, geralmente Concluímos também que os híbridos são indiví-
com dedos, unhas chatas, olfato pouco desenvolvi- duos originados pela união de gametas diferentes na
do. sua constituição genética e não podem ser classifica-
Família dos biologicamente.
Aceraceae
Árvores de regiões temperadas NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO
Família DOS SERES VIVOS
Hominidae
Cara achatada, olhos para a frente, visão de co- Numa tentativa de universalizar os nomes de ani-
res, posição ereta, locomoção bípede, pés mais e plantas, já de há muito os cientistas vinham
e mãos diferentemente especializados procurando criar uma nomenclatura internacional
Gênero para a designação dos seres vivos. No primeiro livro de
Acer Zoologia publicado por um americano, Mark Cates-
Bordos by, por volta de 1740, o pássaro conhecido por tordo
Gênero (o sabiá americano) foi denominado cientificamente
Homo assim: Turdus minor cinereo-albus, que significava: tor-
Encéfalo grande, fala, infância prolongada do pequeno branco-acinzentado sem manchas.
Espécie Era uma tentativa de “padronizar” o nome do tor-
Acer rubrum do, de tal forma que assim ele pudesse ser conheci-
Bordo Vermelho do em qualquer idioma. Mas, convenhamos, o nome
Espécie proposto por Mark Catesby era muito grande para
Homo sapiens um pássaro tão pequeno.
Mandíbula proeminente, fronte alta, pêlo ralo Já em 1735, o sueco Karl von Linné, botânico sue-
352 co, conhecido por Lineu, lançava seu livro Systema
3- Discussão Naturae, onde propunha regras para classificar e de-
nominar animais e plantas.
Análise Filogenética é um sistema de analisar a Categorias taxionômicas
evolução formando um diagrama como uma árvore Reino: é um grupo de filos; Filos: é um grupo de
ramificada. classes; Classes: é um grupo de ordens; Ordem: é
Estudos filogenéticos mostram que, por exemplo um grupo de famílias; Família: é um grupo de gêne-
em mamíferos, os híbridos do sexo masculino são ros; Gênero: é um grupo de espécies; Espécie: é um
sempre infecundos, enquanto que as fêmeas, por grupo de indivíduos semelhantes que se reproduzem
vezes, são fecundas, ou seja, eles nunca trocam in- entre
formação genética novamente. si, gerando descendentes férteis.
Os híbridos, como dito anteriormente, não têm Um exemplo de classificação de animal. O mode-
uma classificação biológica ou classificação filoge- lo classificado a ser classificado vai ser o cão.
nética, mas quando seus ascendentes são reconhe- Reino: Animalia ou Metazoa (se enquadram todos
cidos, podem ser inseridos manualmente na árvore os animais existentes na Terra);
filogenética. Filo: Chordata (saíram os invertebrados. Ficaram
Nossa discussão sobre classificação biológica e os cordados);
árvore filogenética, nos leva a concluirmos que hou- Subfilo: Vertebrata (saiu o anfioxo, protocardo, fi-
ve uma evolução rápida nas ciências naturais, de al- caram somente os vertebrados);
guns séculos atrás para o atual. Classe: Mammalia (saíram peixes, anfíbios, répteis
Através de estudos da morfologia e critérios evo- e aves. Ficaram somente os mamíferos);
lucionistas, permitiu-se a criação dos primeiros siste- Ordem: Carnívora (saíram herbívoros e roedores.
mas de classificação natural. Por exemplo: Ficaram somente os carnívoros);
Na classificação zoológica são considerados os Família: Canidae (saíram os felídeos e ursídeos. Fi-
caracteres morfológicos e fisiológicos que abrange caram apenas os canídeos);
como mais importantes níveis de classificação zoo- Gênero: Canis (saiu a raposa. Ficaram o cão e o
lógica: filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. lobo, que pertencem ao gênero Canis

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Espécie: Canis familiaris (Saiu o lobo. Ficou o cão). Paleontologia


Regras de nomenclatura A Paleontologia (do grego palaiós, antigo + ón-
O nome do gênero e da espécie devem ser escri- tos, ser + lógos, estudo) é a ciência natural que es-
to em latim e grifados; tuda a vida do passado da Terra e o seu desenvol-
Cada organismo deve ser reconhecido por uma vimento ao longo do tempo geológico, bem como
designação binominal, onde o primeiro termo indica os processos de integração da informação biológica
o seu gênero e o segundo, a sua espécie. Ex: Canis no registro geológico, isto é, a formação dos fósseis.
familiaris (cão); Musca domestica (Mosca); A vida na Terra surgiu há aproximadamente 4,2
O nome relativo ao gênero deve ser escrito com mil milhões (bilhões, no Brasil) de anos e, desde en-
inicial maiúscula e o da espécie com inicial minúscu- tão, restos de animais e vegetais ou indícios das suas
la. Ex: Homo sapiens (Homem); actividades ficaram preservados nas rochas. Es-
OBS: Nos casos em que o nome da espécie se tes restos e indícios são denominados fósseis e consti-
refere a uma pessoa, a inicial pode ser maiúscula ou tuem o objecto de estudo da Paleontologia.
minúscula. Ex: Trypanosoma cruzi (ou Cruzi) — nome A Paleontologia desempenha um papel impor-
dado por Carlos Chagas ao micróbrio causador da tante nos dias de hoje. Já não é a ciência hermética,
doença de Chagas, em homenagem a Oswaldo restrita aos cientistas e universidades. Todos se inte-
Cruz; ressam pela história da Terra e dos seus habitantes
Quando se trata de durante o passado geológico, para melhor conhe-
subespécies, o nome indicativo deve ser escrito cerem as suas origens.
sempre com inicial minúscula (mesmo quando se O objeto imediato de estudo da Paleontologia
refere a pessoas), depois do nome da espécie. Exs: são os fósseis, pois são eles que, na atualidade, en-
Rhea americana alba (ema branca); Rhea america- cerram a informação sobre o passado geológico do
na grisea (ema cinza); planeta Terra. Por isso se diz frequentemente que a
Nos caso de subgênero, o nome deve ser escrito Paleontologia é, simplesmente, a ciência que estuda
com inicial maiúscula, entre parenteses e depois do os fósseis. Contudo, esta é uma definição redutora,
que limita o alcance da Paleontologia, pois os seus
nome do gênero. Ex: Anopheles (Nyssurhynchus) dar-
objetivos fundamentais não se restringem ao estudo
lingi (um tipo de mosquito).
dos restos fossilizados dos organismos do passado. A 353
Reino do mundo vivo
Paleontologia não procura apenas estudar os fósseis,
Em 1969, Whittaker idealizou um moderno siste-
procura também, com base neles, entre outros as-
ma de classificação que distribuiu os seres vivos em
pectos, conhecer a vida do passado geológico da
cinco reinos — Monera, Protista, Fungi, Metaphyta e
Terra.
Metazoa.
Uma vez que os fósseis são objectos geológicos
REINOS
com origem em organismos do passado, a Paleonto-
CARACTERÍSTICAS
logia é a disciplina científica que estabelece a liga-
REPRESENTANTES
ção entre as ciências geológicas e as ciências bio-
Monera
lógicas. Conhecimentos acerca da Geografia são
Unicelulares e procariontes
de suma importância para a paleontologia, entre
Bactérias e algas azuis
outros, através desta pode relacionar-se o posiciona-
Protista mento e distribuição dos dados coligidos pelo globo.
Unicelulares e eucariontes Relações de parentesco entre diversos seres vi-
Protozoários e certas algas vos: árvores filogenéticas
Fungi Até pouco tempo, as classificações dos seres vi-
Uni ou pluricelulares, eucariontes e heterótrofos vos baseavam-se quase que apenas na compara-
por absorção ção das características morfológicas e anatômicas.
Fungos Nos últimos anos a taxonomia tem sofrido uma revolu-
Plantae ção, devido ao emprego de técnicas avançadas de
Pluricelulares, eucariontes e autótrofos Biologia Molecular, que permitem comparar a com-
Todos vegetais posição química dos mais diversos seres vivos.
Animalia Árvores filogenéticas ou filogenias são diagramas
Pluricelulares, eucarionte e heterótrofos por in- que representam as relações de parentesco evolu-
gestão tivo entre grupos deseres vivos. Esses diagramas são
Todos os animais chamados de «árvores» porque consistem de linhas
que se bifurcam sucessivamente, como galhos de

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uma árvore. Nas árvores filogenéticas, a divisão de As plantas, porque possuem meiose pré-espórica,
um ramo em dois indica que uma espécie ancestral, possuem alternância de gerações, logo uma gera-
naquela etapa do processo, separou-se em duas no- ção esporófita, diplóide, pois resulta da transforma-
vas espécies. Cada espécie atual representa a pon- ção de um ovo em esporos. A geração gametófita,
ta de um ramo da árvore filogenética; «descendo» como corresponde à transformação de esporos em
por um ramo dessa árvore encontraremos o ponto gâmetas, coincide com a haploidia. Significa isto que
em que ele se une ao ramo vizinho (um «nó»), que quanto mais evoluída for a planta mais desenvolvida
indica o ancestral mais recente que as duas espécies é a geração esporófita, logo a diplofase, o que leva
têm em comum. à existência de um maior número de cromossomas,
logo uma maior variabilidade genética e uma maior
Aspectos comparativos da evolução das plantas; capacidade de adaptação ao meio.
A Filicínea, mais evoluída, já
Evolução das Plantas possui uma geração esporófita mais desenvolvi-
da que a gera­ção gametófita, sendo o esporófito
Aspectos comparativos entre os ciclos de vida de e o gametófito nutricionalmente independentes. A
diferentes plantas - perspectiva Angiospérmica inverte a situação da Briófita, pois a
geração esporófita é dominante em relação a uma
As plantas provavelmente evoluíram a partir das reduzida geração gametófita, sendo o gametófito
Clorófitas (algas verdes), pois plan­tas e Clorófitas pos- parasita do esporófito.
suem reservas de amido, parede celular de composi- As Gimnospérmicas introduzem a novidade das
ção celulósica e os seus pigmentos fotossintéticos são sementes, no entanto, devido à ausência de flor, es-
os carotenóides, a clorofila a e a clorofila b. tas sementes são nuas e desprotegidas de um pe-
ricarpo. A presença de uma semente permite ao
As primeiras plantas, logicamente muito simples, embrião aguardar melhores condições de sobre-
dependiam muito da água, tendo a sua evolução vivência, mantendo-se em latência, e as reservas
passado por uma perda da necessidade de água, o permitem a sua nutrição durante o desenvolvimento
que as obrigou a adqui­rir mecanismos que lhes evitas- embrionário. É com as Gimnospérmicas que surge
sem a perda de água e lhes aumentassem a capaci- o tubo polínico e a fecundação inde­pendente da
354 dade de reserva em água, para assim sobreviverem
água.
em meio terrestre. A aquisição destas características
Com as Angiospérmicas surge a flor, e por isso a
não resultou de um processo tipo lamarckista, mas
polinização entomófila, que, ao per­mitir cruzar dife-
antes de um processo de selecção à variabilidade
rentes plantas, aumenta a sua variabilidade gené-
genética expressa nos fenótipos destas plantas.
tica. A semente passa a estar encerrada num peri-
Do ponto de vista evolutivo, as Briófitas (plantas
carpo, pois o óvulo que lhe deu origem está prote-
avasculares) surgiram primeiro dando posteriormente
gido por um ovário, parte constituinte do carpelo. A
lugar às Traqueófitas (plantas vasculares). A aquisi-
presença de um pericarpo atrai os animais e assim
ção dos vasos condutores imprimiu desde logo uma
aumenta a área de dispersão destas sementes, logo
maior independência das Traqueófitas relativa­mente
destas plantas.
à água. A presença destes vasos não só lhes permi-
As plantas apresentam alternância de gerações
tiu absorver e transportar mais água e sais minerais,
(Gametófita/Esporófita)
como lhes permitiu fazer a sua reserva podendo, des-
te modo, aumentar mais as suas dimensões, pois a
taxa fotossintética aumentou e por isso aumen­taram Adaptações das Angiospermas quanto à organi-
também os valores energéticos disponíveis. As Brió- zação, crescimento, desenvolvimento e nutrição
fitas, devido à ausência de , vasos vasculares, são Angiospermas
plantas de reduzidas dimensões em relação à maioria
das Traqueó­fitas. Ocupam praticamente todos os ecossistemas
As plantas Traqueófitas continuaram a sofrer um do planeta, devido a sua grande capacidade de
processo evolutivo. adaptação e mecanismos eficientes de dispersão,
As Filicíneas são Traqueófitas que se disseminam através de suas sementes e frutos. São plantas tra-
apenas por esporos. Sendo vasculares são mais evoluí­ queófitas, com vasos condutores, com variação de
das que as Briófitas; no entanto, a ausência de uma tamanho, desde formas herbáceas até arborescen-
semente torna-as menos evoluídas que uma Gimnos- tes. Apresentam heterosporia, com produção de mi-
pérmica. Este facto também pode ser analisado atra- crósporo e de megásporo que formarão o gametófi-
vés das suas gera­ções esporófita e gametófita. to masculino e o feminino.

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São divididas em dois grupos: Gineceu – parte feminina da flor é o conjunto de


Monocotiledôneas: nesta classe estão cerca de carpelos. Cada carpelo, ou esporófilo feminino, é
65.000 espécies. As plantas deste grupo possuem raiz constituído por uma zona alargada oca inferior de-
fasciculada e as nervuras das folhas são paralelas. A signada ovário, local que contém óvulos. Após a fe-
semente possui apenas um cotilédone. Normalmente cundação, as paredes do ovário formam o fruto. O
o ciclo de vida é curto. Ex: Gramíneas, arroz, milho, carpelo prolonga-se por uma zona estreita, o estilete,
cereais, centeio, trigo, aveia, cana, palmeiras, orquí- e termina numa zona alargada que recebe os grãos
deas, etc. de pólen, designada estigma. Geralmente o estigma
Dicotiledôneas: Abrigam cerca de 165.000 espé- é mais alto que as anteras, de modo a dificultar a
cies. A semente possui dois cotilédones, a raiz pode autopolinização.
ser axial ou pivotante. A nervura das folhas é reticula- Os frutos contêm e protegem as sementes e auxi-
da. As flores são tetrâmeras ou pentâmeras. Normal- liam na dispersão na natureza. Muitas vezes eles são
mente apresentam ciclo de vida longo. Ex: amen- coloridos, suculentos e atraem animais diversos, que
doim, feijão, soja, lentilha, ervilha, ipê, jacarandá, os utiliza como alimento. As sementes engolidas pelos
roseira, paineira, etc. animais costumam atravessar o tubo digestivo intac-
As flores podem ser vistosas tanto pelo colorido tas e são eliminadas no ambiente com as fezes, em
quanto pela forma; muitas vezes também exalam geral em locais distantes da planta-mãe, pelo vento,
odor agradável e produzem um líquido açucarado por exemplo. Isso favorece a espécie na conquista
- o néctar - que serve de alimento para as abelhas e de novos territórios.
outros animais. Há também flores que não As flores, que são os órgãos reprodutivos das an-
têm peças coloridas, não são perfumadas e nem giospermas, são o aspecto mais marcante para as
produzem néctar. Coloridas e perfumadas ou não, é distinguir de outras plantas que produzem sementes.
das flores que as angiospermas produzem sementes As flores auxiliam as angiospermas a alcançar uma
e frutos. grande adaptabilidade e a ampliar os ecossistemas
A flor é composta por: abertos para elas. Isso tem permitido às angiosper-
Órgãos de suporte: mas a maior dominância em ecossistemas terrestres.
Pedúnculo – liga a flor ao resto do ramo. Partes masculinas reduzidas, três células:
Receptáculo – dilatação na zona terminal do pe- O gametófito masculino das angiospermas é sig-
dúnculo, onde se inserem as restantes peças florais. nificantemente reduzido em tamanho, comparado 355
Órgãos de proteção: as gimnospermas. O grão de pólen menor diminui o
Cálice – conjunto de sépalas, as peças florais mais tempo de polinização até alcançar a planta fêmea
parecidas com folhas, pois geralmente são verdes. A para a fertilização. Nas gimnospermas, a fertilização
sua função é proteger a flor quando em botão. A flor pode ocorrer em até um ano após a polinização,
sem sépalas diz-se assépala. Se todo o perianto apre- enquanto nas angiospermas, a fertilização come-
sentar o mesmo aspecto (tépalas), e for semelhante ça logo após a polinização. O tempo curto leva as
a sépalas diz-se sepalóide. Neste caso diz-se que o plantas angiospermas produzir sementes mais rápido
perianto é indiferenciado. e mais cedo do que as gimnospermas, o que pode
Corola – conjunto de pétalas, peças florais geral- considerar-se uma vantagem evolucionária.
mente coloridas e perfumadas, com glândulas pro- Carpelo fechado anexado aos óvulos: Os carpe-
dutoras de néctar na sua base, para atrair animais. A los fechados em angiospermas também permitem
flor sem pétalas diz-se apétala. Se todo o perianto for adaptações a polinizações especializadas. Isso aju-
igual (tépalas), e for semelhante a pétalas diz-se pe- da a prevenir a autofertilização, promovendo a di-
talóide. Também neste caso, o perianto se designa versidade. Assim que o ovário é fertilizado, o carpelo
indiferenciado. e alguns outros tecidos se desenvolvem e formam o
fruto, que serve para atrair animais que podem dis-
Órgãos de reprodução: persar a semente.
Folhas férteis modificadas, localizadas mais ao Endosperma: No geral, a formação do endosper-
centro da flor e designadas esporófilos. As folhas fér- ma começa após a fertilização e antes da primeira
teis masculinas formam o anel mais externo e as fo- divisão do zigoto. O endosperma é um tecido alta-
lhas férteis femininas o interno. mente nutritivo que pode fornecer alimento ao em-
Androceu – parte masculina da flor é o conjunto brião que está se desenvolvendo, cotilédones e, al-
dos estames. Os estames são folhas modificadas, ou gumas vezes, à plântula.
esporófilos, pois sustentam esporângios. São constituí- As angiospermas são heterosporadas e o tama-
das por um filete (corresponde ao pecíolo da folha) e nho dos gametófitos é muito reduzido. Não há forma-
pela antera (corresponde ao limbo da folha); ção de anterídios e arquegônios.

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O pólen é levado até o estigma da flor. Ali ele Cissiparidade ou Fissão Binária
germina e produz o tubo polínico até o gametófito Fissão binária é o nome dado ao processo de
feminino. Os gametas masculinos são aflagelados. reprodução assexuada dos organismos unicelulares
O óvulo fecundado vai desenvolver uma semente, que consiste na divisão de uma célula em duas por
envolta pelo ovário, que se desenvolve em fruto. Os mitose, cada uma com o mesmo genoma da “célu-
processos de formação do megagametófito e dos la-mãe” (com o mesmo DNA ou material genético
núcleos polares são chamados de megaesporogê- da “célula-mãe”)
nese e megagametogênese. Normalmente as an- O processo inicia-se com a replicação do DNA,
giospermas fazem fecundação cruzada, porém al- em que cada nova cadeia se liga à membrana ce-
gumas se reproduzem por autopolinização. lular que, acaba por dividir a célula em duas, num
Essas características juntas fazem das angiosper- processo chamado citocinese.
mas as mais diversas e numerosas plantas terrestres Os organismos que se reproduzem por fissão bi-
e o grupo mais comercialmente importante para os nárina incluem:
humanos. As bactérias;
As angiospermas, apesar de apresentarem uma Os protozoários;
grande diversidade de formas, de tamanho e da or- A Pyrodictium abyssi, uma arquebactéria anaeró-
ganização de suas flores, podem analisar seu proces- bica das nascentes hidrotermais das profundezas do
so reprodutivo num aspecto padrão de ciclo de vida oceano (e outros organismos do mesmo reino);
com alternância de gerações do tipo haplodiplo- As leveduras
bionte, onde a geração esporofítica é o vegetal de Também fala-se em cissiparidade no caso de
vida longa, ficando a geração gametofítica restrita organismos pluricelulares bastante simples que são
às estruturas reprodutivas. capazes de regenerar partes divididas (o exemplo
clássico é a planária).
Padrões de reprodução, crescimento e desenvol-
vimento dos animais; Brotamento ou Gemulação
Graças à reprodução, a perpetuação da vida é A gemulação ou gemiparidade ou brotamento
possível, desde o seu surgimento. A forma de reprodu- é um processo de reprodução assexuada no qual
ção que se desenvolveu mais cedo foi a assexuada, ocorre a formação de uma dilatação denominada
356 gema (ou gomo) formada por mitoses na superfície
processo este em que um único indivíduo é capaz
de dar origem a outros, com o mesmo genótipo. A externa do organismo progenitor, podendo separar-
divisão binária, esporulação, brotamento e estaquia se e dar origem a um novo indivíduo. O brotamento
são alguns exemplos. externo ocorre quando uma esponja mãe origina
A reprodução sexuada tem como princípio a um broto na parte de fora de seu corpo que pode se
formação do embrião a partir da união de game- desligar ou continuar unida a ela. A interna acon-
tece quando os arqueócitos coletados no mesófilo
tas masculino e feminino, dando origem a indivíduos
começam a formar uma nova esponja, também
semelhantes aos pais, mas não idênticos, como na
chamada de gemulação.
reprodução assexuada. Por tal motivo, ela é muito
Este processo ocorre em seres unicelulares, como
importante no que se diz respeito à variabilidade ge-
as bactérias e as leveduras; Em seres pluricelulares
nética.
como esponja, a medusa e a hidra. Também pode
Reprodução Assexuada ou Agâmica
ocorrer em plantas superiores, como as angiospér-
A reprodução assexuada, também chamada de
micas.
reprodução agamética ou agâmica, é individual e
sem ocorrência de gametas. O indivíduo divide-se
Esporulação
em unidades menores que crescem posteriormente,
Nesse tipo de reprodução assexuada, o indivíduo
sem que haja união de células germinativas ou re-
produz esporos, células que conseguem germinar
produtoras.
originando novos indivíduos, sem que haja fecunda-
Esse processo leva à formação de descendentes ção.
geneticamente iguais entre si e aos seus ancestrais. Os esporos formam-se no esporângios e apresen-
Ele também conhecido como reprodução vegeta- tam uma parede resistente capaz de suportar con-
tiva. Dá-se o nome de clone a uma população de dições desfavoráveis. Existem esporos ligados tanto
indivíduos com idênticas características hereditárias na reprodução sexuada formados por meiose como
provenientes de sucessivas reproduções vegetativas nos musgos e por reprodução assexuada formados
a partir de um único indivíduo inicial. por mitose é o caso do bolor do pão do limão e mui-
tos outros fungos.
Tipos de Reprodução Assexuada:

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Regeneração Ovíparos
Alguns organismos possuem uma capacidade de Animais ovíparos botam ovos e o desenvolvimen-
regeneração muito grande. Quando algum fragmen- to embrionário deles ocorre principalmente fora do
to é retirado, ao encontrar condições ideais de sobre- corpo materno. Os embriões dependem de material
vivência, pode se regenerar e dar origem a um novo nutritivo presente nos ovos. Como exemplo de animal
indivíduo. Isto pode acontecer nas planárias, esponjas ovíparo podemos citar as aves, insetos, répteis e ma-
e algumas plantas. míferos monotremados.
Algumas partes de certas plantas, ao serem desta-
cadas e implantadas no solo, ou imersas em água, de- Ovovivíparos
senvolvem raízes e dão origem à novas plantas. Esta Animais ovovivíparos retêm os ovos dentro do cor-
prática e chamada de estaquia e é muito utilizada po até a eclosão, e os embriões também se alimen-
em jardinagem. tam das reservas nutritivas presentes nos ovos. Como
exemplo de animal ovovivíparo temos oslebistes, que
Reprodução Sexuada ou Gâmica são peixes comuns em água doce, escorpiões, tuba-
Tipo mais comum e de menor ocorrência tanto rões e cobras venenosas.
nos animais como nos vegetais. Ocorre em todos os
grupos desde os protozoários até os mamíferos. Vivíparos
A reprodução gâmica ou sexuada se caracteriza Nos vivíparos o embrião depende diretamente
fundamentalmente pela produção e fusão de células da mãe para a sua nutrição, que ocorre por meio de
especiais denominadas gametas. trocas fisiológicas entre mãe e feto. Não existe casca
A grande vantagem da reprodução sexuada so- isolando o ovo. Como regra o desenvolvimento em-
bre a reprodução assexuada é que a primeira permite brionário se completa dentro do corpo materno e os
uma grande variabilidade genética dos filhos indivíduos já nascem formados. O custo energético é
Gameta Masculino – Espermatozoide especialmente alto, pois as fêmeas investem energia
Gameta Feminino – Óvulo na nutrição e no desenvolvimento do embrião dentro
Fecundação
de seus corpos. Nos casos dessas espécies, forma-se
A fecundação humana é o nome que se dá quan-
um maior número de embriões, mas eles têm maiores
do um óvulo é fertilizado por um espermatozoide, du-
chances de sobrevivência. É vivípara, por exemplo,
rante o período fértil da mulher, dando início a uma 357
os mamíferos placentários, como é o caso da espé-
gravidez. Também pode ser chamada de concepção
cie humana.
e, geralmente, ocorre nas trompas de falópio. Depois
de algumas horas, o zigoto, que é o óvulo fecundado,
Tipos de Reprodução Sexuada:
migra para o útero, onde irá se desenvolver
Partenogênese
Tipos de fecundação
A fecundação pode ser externa, quando ocorre
A partenogênese, também conhecida como
fora do corpo, no meio ambiente, ou interna, quando,
ocorre no corpo do indivíduo que produz os óvulos. partogênese, diz respeito ao crescimento e desen-
Fecundação Externa volvimento de um embrião sem que ocorra a fertiliza-
O custo energético da produção de gametas é ção, ou seja, ocorre por reprodução assexuada. São
especialmente grande nas espécies cuja fecundação fêmeas que apresentam a habilidade de procriar
é externa. Nesses casos formam-se muitos gametas sem que haja um parceiro sexual, havendo a partici-
masculinos e femininos, o que garante a chance de pação apenas do gameta feminino.
encontro casual entre eles, originando o maior núme- Este fenômeno acontece naturalmente em plan-
ro de zigotos. Porém, desses inúmeros zigotos, nem to- tas agamospérmicas, seres invertebrados (como pul-
dos sobrevivem às adversidades do meio ambiente. gas de água, abelhas, entre outros) e determinados
Apenas um pequeno número forma indivíduos adul- vertebrados (como lagartos, salamandras, alguns
tos, dando continuidade à espécie. peixes e perus). Os seres que se reproduzem desta
maneira geralmente estão relacionados à ambientes
Fecundação Interna isolados, como ilhas oceânicas.
Nos animais em que a fecundação é interna, o
número de gametas produzidos é menor, com isso, o Fecundação Cruzada
custo energético de sua produção também é menor. É a que ocorre entre gametas originários de dois
O custo com o desenvolvimento do embrião também indivíduos diferentes, de sexos diferentes ou não. Nas
depende do animal ser ovíparo, ovovivíparo ou viví- espécies com sexos separados, a fecundação cruza-
paro. da é a única forma possível de fecundação.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

As minhocas, já citadas anteriormente, mesmo A continuidade entre o mundo animal e o ho-


sendo hermafroditas não realizam a autofecunda- mem são os princípios mais importantes para teoria
ção. Os gametas masculinos de um animal fecun- evolucionista. Não admite qualquer ruptura, pois
dam os gametas femininos de outro animal, e vice- qualquer descontinuidade no curso da evolução se-
versa. São hermafroditas dióicos. ria fatal a teoria.
O evolucionismo teísta considera a evolução
Casos Especiais como o método de ação de Deus, onde que pare-
Considerando os padrões mais comuns de repro- ce ser mais aceitável por muitos teólogos. Algumas
dução, existem vezes apresenta-se de forma que Deus é chamado
espécies que desenvolveram variações nesta apenas para fazer a ligação inorgânica e orgânica,
modalidade: são os casos especiais de reprodução. e entre o irracional e racional. Outras vezes, dizem
Conjugação que o corpo surgiu de um processo de evolução de
Quando determinadas células de dois filamentos animais inferiores e Deus dotou esse corpo de uma
próximos modificam-se e formam um prolongamento alma racional. Idéia esta que muito aceita nos círcu-
que fazem o papel de gametas. O material genético los católico-romanos.
de um se mistura com o material genético do outro
(conjugação) formando um zigoto que sofre divisões
meióticas formando células haplóides (n), que sofrem OBJEÇÕES A TEORIA:
varias mitoses, formando um novo individuo.
Podemos levantar várias objeções contra a teo-
Metagênese ria evolucionista que o homem descende de animais
Caso especial de reprodução das algas, onde inferiores.
ocorre alternância entre sexuada com assexuada. A A teoria é contrária aos explícitos ensinamentos
planta diplóide (2n) (chamada esporófito) que pro- da Palavra de Deus. Claramente a Bíblia ensina que
o homem é produto de um direto e especial ato de
duz, por meiose, esporos haplóides (n). Quando são
Deus, excluindo o processo de desenvolvimento de
eliminados pela planta e caiem em local favorável
um tronco simiesco de animais. A Bíblia assegura que
germinam formando plantas haplóides (n). Parte pro-
o homem foi formado do pó da terra, Gn 2.7. Nos
358 duz gametas masculino (microgametas) e parte ga-
textes de Gn 3.19; Ec 3.19,20 e 1Co 15.39, podemos
metas feminino (macrogametas). Os gametas unem-
enfatizar que não pode ser considerado como um
se e formam um zigoto que forma uma nova alga.
desenvolvimento natural de alguma substância pre-
viamente existente, como é sugerido por alguns teó-
Neotenia
logos que tentam harmonizar os ensinos das Escritura
Indivíduo, com características larvárias, desenvol-
com a teoria evolucionista, que diz que Deus formou
ve habilidades e características reprodutivas - inclusi-
o corpo do homem do corpo dos animais que de-
ve produzindo gametas fertilizáveis. A axolote (larva
pois de tudo não passa de pó. A Bíblia ensina que o
de salamandra) e indivíduos da ordem Strepsiptera,
homem imediatamente ficou separado da criação
são exemplos.
inferior, ficando num elevado nível intelectual, moral
O desenvolvimento destas características pode e religioso, criado a imagem de Deus, e que lhe foi
estar relacionado ao mau funcionamento da glân- dado domínio sobre a criação inferior, Gn 1.26,27,31;
dula tireoide; fatores genéticos; exposição excessiva 2.19,20;Sl 8.5-8. No entanto, decaiu seu elevado es-
ao frio; ausência de luz ou falta de iodo no organis- tado e ficou sujeito um processo de degeneração,
mo. conseqüente de sua queda. Confirmando o contra-
rio da terial evolucionista, que afirma que o homem
TEORIA DA EVOLUÇÃO: estava num nível mais baixo, ao inicio de sua carrei-
ra, mas ligeiramente afastado dos animais, e daí vem
Algumas vezes a teoria evolucionista é relatada progredindo a níveis mais altos.
como se o homem fosse um descendente de umas A teoria não tem base em fatos bem estabele-
das espécies de macacos antropóides atualmente cidos. O evolucionismo em geral, muitas vezes apre-
em existência, ou como se o homem e os macacos sentadas como doutrina, não passa de hipóteses em
mais desenvolvidos tivessem uma ascendência co- desenvolvimento não comprovados. Darwin afirma-
mum. Independente da diferenças de opiniões sobre va que a sua teoria dependia inteiramente da pos-
o assunto, é certo que de acordo com o evolucionis- sibilidade de transmissão dos caracteres adquiridos,
mo naturalista, o homem descende animais inferiores, onde passou a ser uma das pedras angulares da
corpo e alma, por um processo totalmente natural. teoria biológica de Weissmann que os caracteres

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adquiridos não são herdados, que posteriormente que hava uma relação genética, conforme testados
seus estudos da genética receberam grande confir- em suas formas originais. Nesses testeis só parte do
mação. Darwin era seguro ao falar da transmutação sangue , o soro estéril, que não contem matéria viva,
da espécie e vislumbrava uma contínua linha de de- foi usado, embora comprovado que a porção sólida
senvolvimento da célula primordial ao homem. Mas do sangue, que contém células vermelhas e brancas,
De Vries, Mendel e outros, em suas experiências, de- é o veículo dos fatores hereditários. Posteriormente
sacreditavam este conceito. As mudanças graduais provaram que há diferença entre o sangue animal
e imperceptíveis de Darwin deram lugar às repentinas e do homem, onde foram testados com uso de es-
e inesperadas mutações de de Vries. Darwin pressu- pectroscópio, examinando o sangue completo. Foi
punha variações intermináveis em diversas direções, reconstituídos pelos cientistas alguns homens, com
Mendel demonstrou que as variações ou mutações base em ossos achados de homens antigos, como:
nunca retiram o organismo da espécie e são sujeitas homem de Java reconstituído (Pithecanthropus erec-
a uma lei defina, que foi confirmada pela citologia tus), homem de Heidelberg (Homo Heidelbensis), ho-
moderna, no estudo da célula, com seus genes e cro- mem de Neandertal (Homo Neanderthalensis), ho-
mossomos como veículos dos caracteres herdados. mem de Cro-Magnon, o homem de Piltdown e outros.
Ficou provado que as novas espécies, como diziam O Dr. Wood, professor de anatomia da Universidade
os evolucionistas, não era espécies verdadeiras, e sim de Londres, diz num opúsculo sobre a ascendência
espécies alteradas, que digamos variedades da mes- do homem (ancestry of Man): “Não vejo ocupação
ma espécie. Nordenskioeld, em sua História da Biolo- menos digna da ciência da antropologia do que a
gia (History of Biology), cita a seguinte sentença de rara atividade de modelar, pintar ou desenhar figuras
um relato popular dos resultados da pesquisa heredi- de pesadelo da imaginação, e de lhes emprestar, no
tariedade, como refletindo o verdadeiro estado da processo, um valor completamente falso da realida-
questão: “Justamente em razão do grande número de evidente”. Fleming que um dos mais proeminentes
de fatos que a moderna pesquisa da hereditarieda- cientista da atualidade fala a respeito: “A conclusão
de trouxe à luz, prevalece atualmente o caos, no que disso tudo é que não podemos pôr em ordem todos
diz respeito aos conceitos sobre a formação de espé- os conhecimentos fósseis do suposto ‘homem’ numa
cies”. Não tendo muita probabilidade de explicar a seqüência linear gradualmente progredindo no tipo
origem do homem, evolucionistas proeminentes, ad-
ou na forma, a partir da forma ou tipo de algum ma-
mitem agora que a origem das espécies é um mistério 359
caco antropóide, ou de outros mamíferos, até aos
para eles.
tipos modernos e atualmente existentes do homem
verdadeiro. Qualquer suposição ou afirmação de
Na tentativa de provar que o homem descende
de uma espécie de macacos antropóides, Darwin que se pode fazer isto, e de que é verdadeiro, sem
apoiou-se: dúvida é incorreta. È certamente enganoso e indizi-
Na similaridade estrutural entre o homem e ani- velmente pernicioso expor em revistas populares ou
mais da categoria superior; noutras publicações lidas por crianças, figuras de go-
Argumento embriológico; liras ou chipanzés rotuladas de ‘primo do homem’ ou
Argumento dos órgão rudimentares ‘parente mais próximo do homem’, ou publicar de-
A esses três fatores foram posteriormente acres- senhos inteiramente imaginários e grotescos de um
centados: suposto ‘homem de java’ com rosto selvagem como
Argumento derivado de testes de sangue; sendo um antepassado do homem moderno, como
Argumento paleontológico. ocasionalmente se faz. Os que se fazem tal coisa são
culpados de ignorância ou de deturpação delibera-
Sendo que nenhum dos argumentos apresenta- das dos fatos. Tampouco se justifica que os pregado-
dos prova a descendência do homem de macacos res nos púlpitos digam às suas igrejas que há acordo
antropóides.O argumento da semelhança estrutural geral entre os cientistas quanto à explicação evolu-
presume, sem base, que a similaridade só pode ser cionista da origem do homem, como procedente de
explicada de um modo. antepassado animal”. Cientistas como Fleming, Da-
Podemos explicar pela admissão de que Deus,
wson. Kelly e Price rejeitam totalmente a teoria evo-
quando criou o mundo animal, fizera formas típicas
lucionista e aceita a doutrina da criação. Sir William
básicas completas, obtendo unidade na variedade.
Dowson diz a respeito da origem do homem: “Nada
Recentemente, estudos biológicos parecem indi-
sei da origem do homem, exceto o que me diz a es-
car que o parentesco ou a descendência não pode
ser provada por nenhuma similaridade estrutural, so- critura – que Deus o criou. Nada sei além disso, e não
mente por uma relação genética. Certas semelhan- conheço ninguém que o saiba”. Diz Flaming: “ Tudo
ças entre o sangue animal e do homem, não provam que no presente a ciência pode dizer a luz do co-

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nhecimento humano limitado, e definidamente a, é dos judeus, e não chefe da raça humana. Fleming
que não sabe como, onde e quando foi originado o , sem ser dogmático, disse haver razões para supor
homem. Se nos há de chegar algum conhecimento que poderia existir raças de homens inferiores antes
disso, haverá de vir de alguma outra fonte que não a de Adão aparecer por volta de 5500 a.C. Inferiores
antropologia moderna”. aos adamitas, já tinham capacidades diferentes de
animais. Posteriormente o homem adâmico foi criado
A ORIGEM DO HOMEM E A UNIDADE DE RAÇA: com capacidades maiores e mais nobres, e prova-
velmente foi destinado a levar a toda outra humani-
TESTEMUNHO ESCRITURÍSTICO DA UNIDADE DA dade existente à obediência a Deus.Fracassando na
RAÇA: Conforme os ensinamentos da Bíblia, descen- infidelidade ao Criador, foi providenciado por Deus a
de de um único par, encontrados nos primeiros capí- vinda de um descendente humano e, contudo, bem
tulos do livro de Gênesis. Adão e Eva que foram cria- mais que humano, para que pudesse realizar o que
dos por Deus são os iniciantes da espécie humana, Adão não conseguiu. Fleming foi levado a defender
onde lhes foram ordenado que se multiplicassem e o conceito: “que o ramo inquestionavelmente cau-
enchessem a terra. Gênesis mostra que as gerações casiano é tão somente a derivação, pela geração
seguintes, até o dilúvio, estiveram em ininterrupta re- normal, da raça adâmica, a saber, dos membros da
lação genética com o primeiro casal. A raça huma- raça adâmica que serviam a Deus e que sobrevive-
na consititui não somente uma unidade especifica, ram ao dilúvio – Noé e seus filhos e filhas”. Essa teoria
como também a mesma natureza humana, e uma não tem apoio na Bíblia e contradiz a At 17.26 e tudo
unidade genética ou genealógica. Paulo também mais que é ensinado por ela com referencia a apos-
ensina em At 17.26. Da mesma forma, a verdade bá- tasia e à libertação do homem. Além disso, a ciência
sica para a unidade orgânica da raça humana na apresenta diversos argumentos em favor da unidade
primeira transgressão, e da provisão para a salvação da raça humana, como os seguintes:
da raça em Cristo, Rm 5.12,19; 1Co 15.21,22. Shedd
entende esta unidade de raça realisticamente quan- A) O ARGUMENTO DA HISTORIA: As tradições da
do diz: “A natureza humana é uma substância espe- raça dos homens apontam decisivamente para uma
cifica ou geral criada nos primeiros indivíduos de uma origem e uma linhagem comuns na Ásia Central. A
espécie humana e com eles, não ainda individuali- história das migrações do homem tente a mostrar
360 zada, mas pela geração ordinária, subdividida em que houve uma distribuição partindo de um único
partes, formando estas partes distintos e separados centro.
indivíduos da espécie. A substância uma e especifica
é, pela propagação, metamorfoseada em milhões B) O ARGUMENTO DA FILOLOGIA: O estudo das
de substancias individuais, ou pessoas. Um individuo línguas da humanidade indica uma origem comum.
é uma parte fracionária da natureza humana separa As línguas indo-germanicas têm sua raízes um idioma
da massa comum e constitui uma pessoa particular, primitivo comum, um velho remanescente do qual
tendo todas as propriedades essenciais da natureza ainda existe no sânscrito. Além disso, há prova que
humana”. mostra que o antigo idioma egípcio é o elo da liga-
ção entre a língua indo-européia e a semítica.
TESTEMUNHO DA CIÊNCIA EM FAVOR DA UNIDADE
DA RAÇA: C) O ARGUMENTO DA PSICOLOGIA: A alma é a
parte mais importante da natureza constitucional do
A Escritura em favor da unidade da raça huma- homem, e a psicologia revela claramente o fato de
na, é confirmada pela ciência de varias formas. Al- que as almas dos homens, quaisquer que sejam as tri-
guns homens de mentalidade cientifica, nem sempre bos ou nações a que pertençam, são essencialmen-
acredita nisso. Antigos gregos tinham sua teoria do te idênticas. Tem em comum os mesmos apetites,
autoctonismo, que diziam que os homens brotaram instintos e paixões animais, as mesmas tendências e
da terra por uma espécie de geração espontânea, capacidades, e, acima de tudo, as mesmas quali-
onde não consiste nenhum suporte sólido, pois jamais dades superiores, as características morais e mentais
foi comprovada e desacreditada. Agassiz propôs a que pertencem exclusivamente ao homem.
teoria dos coadamitas, que presume que houve di-
ferentes centros de criação. Peyrerius em 1655, de- D) O ARGUMENTO DAS CIÊNCIAS NATURAIS OU DA
senvolveu a teoria dos pré-adamitas, que pressupõe FISIOLOGIA: É agora opinião comum dos especialistas
que havia homens antes de Adão. Teoria esta, revivi- em fisiologia comparada, que a raça humana cons-
da por Winchell que não negava a unidade da raça, titui tão somente uma única espécie. As diferenças
considerando Adão como o primeiro antepassado que existem entre várias famílias da humanidade são

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consideradas simplesmente como variedades dessa peradamente - que há poucas provas que sustentam
espécie única. A ciência não assevera positivamente a teoria neodarwiniana: seus alicerces teóricos são
que a raça humana descende de um único par, mas fracos, assim como as evidências experimentais que
, não obstante, demonstra que pode muito bem ter a apóiam”.
sido este o caso, e que provavelmente é. A Bíblia não menciona a teoria da evolução, mas
apresenta como fato a criação por Deus. A explica-
A TEORIA DA EVOLUÇÃO É FATO COMPROVADO? ção bíblica, também, fica fora dos limites dos labora-
tórios científicos. A grande maioria dos seres humanos
A teoria da evolução é apresentada com tan- olha para a evidência ao seu redor e aceita, por fé,
ta confiança que muitos acreditam que seja mais a idéia de criação por Deus: “Porque os atributos in-
do que teoria. Livros didáticos, revistas e programas visíveis de Deus” são “percebidos por meio das coisas
científicos na televisão dão a impressão que todos que foram criadas” (Romanos 1:20). A nossa fé é bem
aceitam essa teoria como a única e mais adequa- colocada, e nada teme da investigação científica. E
da explicação das origens da vida, inclusive da vida a fé dos evolucionistas? “Diz o insensato no seu cora-
humana. ção: Não há Deus” (Salmo 14:1).
Se a teoria da macro-evolução for um fato com-
provado, a Bíblia seria absolutamente falsa, pois ela UMA HERESIA EM NOME DA CIÊNCIA
afirma que Deus criou o universo e tudo que nele há
(Atos 17:25-28; Hebreus 11:3). A nossa fé seria vazia O homem veio do macaco. Não é o que nós cris-
e sem valor, pois a teoria da evolução contraria os tãos pensamos, mas é que o que muitas vezes somos
princípios fundamentais das Escrituras e até nega a obrigados a ler ou ouvir desde criança. Livros, revis-
existência de Deus. tas e documentários “científicos” apresentam o ser
Essa teoria, que domina e limita o pensamento de humano dessa forma igualada ao resto dos animais.
muitos cientistas hoje, nunca foi e jamais será com- Apresentam com tanta naturalidade e segurança
provada. Há mais de 2.000 anos que alguns filósofos que não sentem nenhuma necessidade de explicar
sugeriram algumas teorias da evolução. Nos últimos por que motivo temos de ser vistos dessa maneira tão
200 anos, as idéias propostas por Charles Darwin têm longe da posição de dignidade e respeito que Deus
se tornado artigos de fé nos deu na Criação. É como se as idéias de Darwin
que servem como a base da religião de muitos a respeito da origem do homem fossem verdades ir- 361
na comunidade científica. Mas são teorias e interpre- refutáveis. .
tações, não fatos. Nem todos os cientistas professam É verdade: todos somos criaturas, todos fomos
fé na evolução. Lynn Margulis, professora emérita de criados. Mas será que estamos todos no mesmo ní-
biologia na Universidade de Massachusetts diz que a vel? ?
história, futuramente, julgará o neodarwinismo uma Até mesmo na escola, temos de aceitar essa
“pequena seita religiosa do século XX, dentro da idéia oficial, sem poder questionar. É uma heresia
fé religiosa geral da biologia anglo-saxônica”. Ela, consagrada e respeitada. É assombroso o fato de
como muitos outros cientistas, reconhece a falta de que podemos reconhecer como perigoso um espí-
provas apoiando a teoria da macro-evolução. rita ensinando suas idéias a nossos filhos, mas não
A noção de macro-evolução sugere que a vida conseguimos perceber o perigo de um professor que
surgiu e se desenvolve por acaso, sem ação inteli- joga ao chão, diante de alunos inocentes, o valor de
gente. Até hoje, nem provas científicas, nem evidên- verdades tão importantes para nossa existência. A
cias arqueológicas irrefutáveis foram apresentadas autoridade da Palavra de Deus é tratada, até mes-
para sustentar essa explicação. Os proponentes da mo diante de crianças cristãs, como se não fosse vá-
teoria ficam cada vez mais frustrados. Darwin achou lida no mundo real. É como se as verdades bíblicas
que mais pesquisas e o desenvolvimento tecnológico devessem permanecer confinadas nas igrejas e na
forneceriam as evidências que faltavam na época privacidade dos lares cristãos. No entanto, em ne-
dele. Aconteceu ao contrário. Quase dois séculos nhum momento os adeptos de Darwin aceitam que
passaram, e as evidências mostram mais e mais a fra- as idéias de Darwin sejam tratadas do jeito que eles
queza da sua teoria. G. A. Kerkut, bioquímico inglês tratam a Palavra de Deus. Para eles, a opinião evo-
e autor do livro As Implicações da Evolução, admitiu lucionista deve prevalecer sobre todas as outras opi-
que “a evidência que apóia [a teoria da macro-evo- niões. .
lução] não é forte o bastante para nos permitir a con- Um site na Internet intitulado Myths in Genesis (Os
siderá-la mais do que uma hipótese funcional”. Jerry Mitos do Gênesis) se dedica a dois objetivos: promo-
Coyne, do Departamento de Ecologia e Evolução ver a teoria da evolução como verdade e mostrar
da Universidade de Chicago diz: “Concluímos - ines- que os relatos da criação do mundo em Gênesis não

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são verdade. Por exemplo, o site ataca “os mitos uma vez; 3. Os vírus, bactérias, plantas e animais são
óbvios nos primeiros capítulos do livro de Gênesis e todos inter-relacionados; 4. Os protozoários deram
as tentativas de os cristãos conservadores de forçar origem aos metazoários; 5. Vários filos de invertebra-
seus ensinos nas escolas públicas como fato cientifi- dos são inter-relacionados; 6. Os invertebrados de-
camente provado”.O autor, um ardoroso adepto da ram origem aos vertebrados; e 7. Peixes, répteis, aves
evolução, ocupa uma página inteira da Web para e mamíferos tiveram origem ancestral comum.
atacar os evangélicos que crêem, conforme a opi-
nião pessoal dele, nos “mitos” do livro de Gênesis e Até hoje, nenhum cientista evolucionista solucio-
afirma que ninguém tem o direito de ensinar para as nou estas dificuldades teórico-empíricas. Percebe-se,
crianças de escola que Deus criou o mundo, confor- contudo, no que é veiculado nas reportagens cien-
me revela a Palavra de Deus. . tíficas uma certa preocupação quanto ao tempos
Nos Estados Unidos, um professor de escola públi- verbais: todos no condicional. Isso é bom porque não
ca foi processado por mostrar aos alunos os erros da atribui como “fato” determinadas descobertas. Con-
teoria da evolução. Ele comenta: “Se algo na ciência tudo, não é salientado para os leitores quais aspectos
de repente se torna tão sagrado que não se pode da teoria neodarwinista estariam sendo corrobora-
questionar, então já não é mais ciência. O que quero dos e questionados. Por que essa omissão? O que se
mesmo não é ensinar o criacionismo [o ensino de que vê no jornalismo científico, supostamente objetivo, é
Deus é o Autor da criação]; quero apenas ensinar as um jornalismo ideologicamente naturalista mascara-
falhas do darwinismo.” Ele foi legalmente impedido do de jornalismo científico. Pseudo-jornalismo científi-
de falar na escola a respeito dos erros da teoria da co a ser desmascarado. Com muito rigor científico. .
evolução. Ele foi perseguido apenas por questionar
um tabu “científico”. Imagine então o que lhe acon- Apesar das falhas evolucionistas, nas provas es-
teceria se ele tentasse ensinar para as crianças que colares de ciência, as perguntas sobre a questão
há um Deus Criador? da origem do homem exigem, oficialmente, que se
Por que tanta oposição, em nome da ciência, à dê uma resposta de acordo a teoria da evolução.
realidade de um Deus Criador? A verdadeira ciência Quem pensa diferente é obrigado a guardar para si
não contradiz a Bíblia. O que contradiz a Bíblia é a suas convicções. Uma resposta que dê a Deus o cré-
interpretação e as opiniões pessoais de cientistas que dito da criação do homem custa a um aluno alguns
362 rejeitam a Deus. Não existe uma guerra entre a ciên- pontos.
cia e Deus. O que existe são cientistas que não acei-
tam a Deus e usam seu conhecimento para negar a Embora o mundo moderno esteja experimentan-
existência e o poder criador desse Deus. . do extraordinários avanços na área tecnológica, há
No entanto, é de surpreender o modo como eles ainda questões básicas que todo ser humano quer
conseguem impor suas idéias como se fossem verda- entender e que até mesmo os computadores não
des absolutas considerando que, de acordo com o conseguem resolver. A principal pergunta é: “Qual
jornal inglês The Observer, até mesmo entre cientistas é a origem da vida?” Os adeptos da teoria da evo-
adeptos da evolução há divisão sobre a questão. De lução estão, em nome da ciência, impondo suas
fato, não há um consenso acerca das suposições da respostas de todas as formas possíveis e censurando
evolução. qualquer explicação que não respeite as idéias de
Darwin. Eles têm fé de que eles possuem a ÚNICA
Enézio E. de Almeida Filho, em seu excelente arti- resposta. Mas nossa fé é baseada não só no que a
go Teoria da Evolução, Desnudando Darwin: Ciência natureza e a ciência mostram, mas principalmente
ou Fé? Comenta: : no que a Palavra de Deus diz:
É engraçado e até irônico: um sapo ser beijado
por uma princesa e transformado em príncipe é his- “No começo Deus criou o céu e a terra.” (Gê-
tória da carochinha. Agora, um suposto ser unicelular nesis 1:1)
(inobservado) ao longo de bilhões de anos se trans- “É pela fé que entendemos que o Universo foi
formar em Australopithecus e depois em Charles Dar- criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode
win (inobservado), isso sim, é considerado ciência? ser visto foi feito daquilo que não se vê.” (Hebreus
Não são 30 dias de debates. São 38 anos. Jornalistas 11:3)
científicos deveriam considerar o questionamento Escolhendo acreditar em Deus, passamos a en-
levantado por G. A. Kerkut, um evolucionista, em re- tender que há um Autor para tudo o que se vê no
lação à evidência inadequada de sete importantes mundo natural. Compreendemos que o homem não
inferências evolucionistas. 1. Coisas não-vivas deram está aqui por acaso, mas tem um destino eterno e
origem a organismos vivos; 2. A abiogênese ocorreu uma alma eterna. Por outro lado, escolhendo acredi-

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tar que o homem veio do macaco, não precisamos A ciência é contrária a Deus? Claro que não! Mas
nos preocupar com Deus, Céu, inferno ou com nossa cientistas contrários à realidade de Deus e às suas leis
responsabilidade de fazer o bem e evitar o mal. (Afinal, morais utilizam indevidamente seu conhecimento
se Deus não existe, quem é que vai definir o que é o avançado para sustentar teorias que se encaixam
bem e o que é o mal?) ) em seus preconceitos pessoais. Algumas vezes, eles
A teoria da evolução pode não ser verdadeira, têm de se envolver em experiências que não são eti-
mas fornece a desculpa necessária para os que pre- camente aceitáveis. Em outras palavras, nem tudo
cisam de espaço para agir fora dos princípios morais o que um cientista faz respeita a moralidade cristã.
estabelecidos por Deus. O famoso filósofo evangélico Por exemplo, pode-se sacrificar um bebê para se
Dr. Francis Schaeffer e C. Everett Koop (ex-Ministro da criar um “tratamento” médico? O princípio cristão,
Saúde dos EUA) pensam da mesma forma. Em seu livro de que a vida é sagrada, coloca um limite necessá-
Whatever Happened to the Human Race? (O que foi rio em qualquer tentativa de manipular fatalmente
que Aconteceu com a Raça Humana?), eles decla- uma criatura humana, antes ou depois do nascimen-
ram: : to. Para levar adiante algumas de suas pesquisas não
Diferente do conceito evolucionário sem o envol- muito honrosas, os cientistas precisam de princípios
vimento de uma pessoa no começo? a Bíblia relata a que não limitem sua liberdade de decidir ou agir. Se
origem do homem como uma pessoa finita feita con- o ser humano veio do macaco, então ele tem o valor
forme a imagem de Deus, isto é, igual a Deus. Vemos de um animal. Se podemos fazer pesquisas com ani-
então como é que o homem pode ter personalidade, mais, por que não incluir os seres humanos?
dignidade e valor. Nossa condição como seres total-
mente diferentes é garantida, algo que é impossível Portanto, é preciso encarar uma realidade óbvia.
num sistema materialista. Se não há diferença de qua- Aceitar a teoria da evolução necessariamente envol-
lidade entre o homem e outras formas de vida orgâ- ve três conseqüências inevitáveis:
nica (plantas ou animais), por que deveríamos sentir a) remove Deus como o Criador do ser humano;
mais preocupação com a morte de um ser humano b) dá crédito às idéias do homem, prestando as-
do que com a morte de um rato de laboratório? Será sim adoração ao homem; e,
que, no final das contas, o homem tem um valor mais
c) tira a dignidade do ser humano, que ele rece-
elevado? ?
beu quando Deus o criou conforme a sua imagem e
Cientistas de diversas áreas estão alertando que 363
que o torna totalmente diferente de todos os outros
não é possível defender a teoria da evolução. Apesar
seres vivos criados. .
disso, o alerta deles tem sido devidamente ignorado e
censurado. Embora a teoria da evolução não seja uma
A teoria da evolução se torna, assim, mais um
realidade comprovada, pelo menos é conveniente
meio de distração espiritual, impedindo as pessoas
para as atividades de quem não quer ser limitado por
de vir a conhecer e honrar a Deus. Mas será que é
conceitos e éticas morais. Ver o ser humano como ani-
tão difícil ver que há um Criador? Quem pesquisar a
mal dá para o cientista inescrupuloso o pretexto ideal
natureza honestamente, terá de fechar os olhos para
para realizar o que um ser humano consciencioso não
não ver que há uma Mente Superior por trás de tudo
teria coragem de fazer. A extinta União Soviética, em
seu radicalismo socialista ateísta, abraçava a teoria da o que foi criado. .
evolução como única verdade. Assim, não é de admi- Assim, um estudo honesto da natureza acaba tra-
rar que os governantes soviéticos e seus seguidores tra- zendo como resultado o conhecimento de que há
tassem as pessoas como animais. E quem é que não se um Criador. Alguns cientistas famosos que criam em
lembra das atrocidades que distintos homens da me- Jesus, na Bíblia e em Deus como o Criador: Lord Kelvin
dicina, psiquiatria e ciência cometiam contra homens, (cujo nome era William Thompson [1824-1907]. Ele for-
mulheres e até crianças na Alemanha nazista? A teoria mulou a primeira e a segunda Lei da Termodinâmica.
da evolução era um dos ídolos no altar do ateísmo na- Ele disse: “Com relação à origem da vida, a ciência?
zista. Muitas vezes eles sacrificavam vidas humanas em sem sombra de dúvida afirma que há poder criador.
experiências nos campos de concentração alegando Há muito tempo sinto que as pessoas que não estão
que os resultados ajudariam no tratamento de muitas envolvidas com a ciência acham que a classe cienti-
doenças. Tanto a União Soviética quanto a Alemanha fica acredita que a ciência descobriu meios de expli-
nazista fecharam as escolas cristãs e forçaram todas as car todos os fatos da natureza sem adotar nenhuma
crianças a ir para escolas do governo a fim de serem fé clara num Criador. Na minha opinião, esse modo
sistematicamente doutrinadas no humanismo evolu- de pensar não tem base alguma.”), Sir James Young
cionista, ateísta e materialista. O exemplo soviético e Simpson (1811-1870, descobriu o clorofórmio e decla-
nazista nos dá abundantes evidências dos “benefí- rou que sua maior descoberta foi Jesus), Louis Pas-
cios” do evolucionismo na sociedade moderna. . teur (1822-1895, cientista que desenvolveu o proces-

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so de pasteurização, a vacina anti-rábica, etc. Ele Cristo Jesus e sua salvação. Não é esse o melhor
declarou: “A ciência nos aproxima mais de Deus.”), assunto?
Sir Isaac Newton (1642-1727, famoso descobridor O fato mais importante na vida de Darwin é que
das leis universais da gravidade.), Matthew Fontaine no fim ele se desviou de suas próprias idéias evolucio-
Maury (1806-1873, cientista considerado fundador nistas. Só um tolo não faria isso. .
da moderna hidrografia e oceanografia.), Johann Então por que indivíduos aparentemente inteli-
Kepler (1571-1630, fundador da astronomia física e gentes conseguem se apegar ao que Darwin aca-
descobridor das leis que governam o movimento dos bou abandonando? Para as muitas pessoas que per-
planetas.), Wernher von Breaun (1912-1977, conheci- guntam como é possível que indivíduos “estudados”
do como o pai do programa espacial americano, foi consigam acreditar que o homem veio do macaco,
diretor da NASA e um dos maiores cientistas espaciais talvez a melhor resposta seja o que o escritor George
do mundo. Ele disse: “Os evolucionistas desafiam a Orwell disse: há coisas “tão tolas que só os intelec-
ciência a provar a existência de Deus. Mas será que tuais conseguem crer”?
realmente precisamos acender uma vela para ver o
sol?? Eles dizem que não conseguem ver um Criador. QUE CONSEQÜÊNCIAS SOACIAIS E POLÍTICAS PO-
Bem, será que um físico pode ver um elétron?? Que DEM SER ATRIBUÍDAS À CRENÇA EVOLUCIONISTA?
estranho tipo de raciocínio faz com que alguns físicos O filósofo Will Durant notou certa vez: “Ao ofere-
aceitem o inconcebível elétron como real enquanto cer a evolução em lugar de Deus como uma cau-
rejeitam reconhecer a realidade de um Criador com sa da história, Darwin removeu a base teológica do
o motivo de que não podem concebê-lo?? É com código moral da cristandade. No entanto, o código
honestidade científica que apóio que teorias alterna- moral que não teme a Deus é bastante frágil. Essa é
tivas à origem do universo, vida e humanidade sejam a condição em que nos encontramos.
ensinadas nas aulas de ciência das escolas. Seria um Não penso que o homem já seja capaz de lidar
erro negligenciar a possibilidade de que o universo com a ordem social e a decência individual sem te-
foi planejado, não vindo a existir por acaso”.). Esses mer algum ser sobrenatural que tenha autoridade so-
são apenas alguns exemplos de homens da ciência bre ele e possa castigá-lo”. Podemos confirmar em
que acreditavam que Deus é a origem de tudo no toda parte que a declaração de Durant estava cor-
reta. Num Universo que, em última análise, não tem
364 universo. .
razão de ser, o que acontece com a ética individual
Pudemos ver então que nem todos os cientistas
e social? Por que os mais poderosos e inteligentes en-
aceitam as idéias da evolução. Mas o que dizer do
tre nós não devem manipular os menos inteligentes e
homem que as inventou? Refletindo em tudo o que
menos poderosos para os propósitos que consideram
havia feito, no fim da vida Charles Darwin confessou:
“bons” e “respeitáveis”?
Eu era jovem e minhas idéias não estavam forma-
O século XX está repleto de exemplos. Os últimos
das. Não quis saber de perguntas nem sugestões e o
80 anos testemunharam alguns dos maiores horrores
tempo todo me surpreendia com tudo o que estava
de toda a história da humanidade – principalmente
fazendo. Para meu espanto, minhas idéias se espa-
o resultado das atrocidades nazistas e comunistas.
lharam como um incêndio florestal. As pessoas fize-
A Alemanha nazista foi hedionda e o comunismo foi
ram delas uma verdadeira religião. .
responsável pela morte de aproximadamente 25 ve-
Na verdade, o termo apropriado é religião heré-
zes mais pessoas que as sacrificadas por Hitler!
tica. Os evolucionistas passaram a seguir as idéias de Essas ideologias, porém, continuam ainda vivas.
Darwin com a paixão irracional dos heréticos, sempre Na Alemanha de hoje, o neonazismo se tornou uma
procurando silenciar todas as dúvidas sobre suas he- poderosa força social e o neofacismo está crescen-
resias e não dando espaço democrático algum para do na Itália – quase inconcebivelmente, sob a lide-
quem não coloca sua fé no altar da evolução. Aliás, rança da própria neta de Mussolini. Apesar do co-
é interessante observar que as grandes heresias mui- lapso do comunismo na Europa e na Rússia, a teoria
tas vezes começam com indivíduos que se desviam marxista continua dominando mais de um bilhão de
do Cristianismo. Tal foi o caso com Charles Darwin. pessoas na China e em outros países.
Em sua juventude, ele se desviou do Cristianismo, Ninguém pode ter também certeza de que a Rús-
“descobriu” a teoria da evolução, mas no fim mudou sia e a Europa Oriental vão continuar seu movimento
de direção. Todos têm o direito de mudar para me- em direção à democracia. O que tudo isso tem a ver
lhor, não? com a evolução naturalista?
Um dia, depois de falar sobre a santidade de A evolução está baseada na premissa de que o
Deus e da grandeza da Bíblia, Darwin confessou o tempo mais a matéria impessoal mais o acaso for-
que era mais importante para ele: maram todos os seres vivos. Em essência, o homem

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se torna algo como um acidente trágico, não tendo o início até o fim. Todavia, é de fato um fenômeno
valor final, girando a velocidades vertiginosas através notável que tão poucos tivessem se apercebido dis-
dos corredores sombrios do espaço. so até hoje”. Uma forma de darwinismo foi também
Visões filosóficas moldadas por pensamentos utilizada efetivamente na propagação da ideologia
desse tipo podem, entretanto, encontrar facilmente comunista. Karl Marx “sentiu que sua obra era um pa-
expressão lógica na vida diária de milhares de indiví- ralelo exato da de Darwin” e ficou tão grato que quis
duos. Isso foi reconhecido por Sedgwick, um geólogo dedicar uma parte do livro Das Kapital (O Capital) a
de Cambridge e conhecido de Darwin, que achou Darwin, que declinou a honra.
que Darwin havia mostrado a cada criminoso como Marx escreveu a Engels com respeito a A Origem
justificar seu comportamento. Ele também cria que das Espécies, dizendo que o livro “contém na história
se os ensinos de Darwin tivessem larga aceitação, a natural a base para as nossas opiniões da [história hu-
humanidade “iria ser prejudicada a ponto de bruta- mana]”. Em 1861, ele também escreveu: “O livro de
lizar-se e fazer a raça humana mergulhar num grau Darwin é muito importante e me serve como base na
maior de degradação do que qualquer outro em seleção natural para a luta de classes na história...”
que tivesse caído desde que os seus registros escri- O Dr. A. E. Wilder-Smith comenta: “A propaganda
tos nos contam a sua história”. Um dos maiores evo- política e anti-religiosa
lucionistas de épocas recentes foi o antropólogo Sir publicada desde os dias de Marx está eivada do
Arthur Keith. Ele dedicou mais tempo ao estudo da darwinismo mais primitivo”, observando que “ela bru-
ética evolucionista do que talvez qualquer de seus taliza aqueles a quem domina”. A filosofia de Marx,
contemporâneos. como a de Hitler, refletia a brutalidade da natureza.
A sua obra Evolution and Ethics (Evolução e Éti- Ele se referia ao “desarmamento da burguesia... ter-
ca) mostra que a ética ensinada pelo cristianismo e a ror revolucionário... e criação de um exército revo-
da evolução não são compatíveis: “O ensinamento lucionário...” Além disso, o governo revolucionário
cristão está... em oposição direta à lei da evolução” não teria “nem tempo nem oportunidade para a
e, “a ética cristã não se harmoniza com a natureza compaixão e o remorso. Seu intento era aterrorizar os
humana e é secretamente antagônica ao esquema oponentes até a sua submissão. Ele deve desarmar
o antagonismo mediante execução, prisão, trabalho
de evolução e ética da natureza”.
forçado, controle da imprensa...”
Keith também compreendeu que, se seguirmos a
Em vista do impacto de Hitler, Marx e seus asso- 365
ética evolucionista até a sua conclusão estrita e lógi-
ciados, e a ligação demonstrável de suas filosofias
ca, devemos “abandonar a esperança de alcançar
desumanas com o ateísmo evolucionista, os comen-
um dia um sistema universal de ética” porque, “como
tários do filósofo histórico John Koster são pertinentes:
acabamos de ver, os caminhos da evolução nacio-
Muitos nomes foram citados além dos de Hitler para
nal, tanto no passado como no presente, são cruéis,
explicar o Holocausto. De modo estranho, o de Char-
brutais, implacáveis, impiedosos”.
les Darwin quase nunca se encontra entre eles. To-
De fato, quando examinamos a influência social
davia... as idéias de Darwin e de Huxley quanto ao
e política da teoria darwiniana sobre a última me-
lugar do homem no Universo prepararam o caminho
tade do século dezenove e todo o século vinte, as
para o Holocausto... Hitler e Stalin assassinaram mais
conseqüências morais são algumas vezes amedron- vítimas inocentes do que as que morreram em todas
tadoras. O próprio Keith observa o gélido impacto da as guerras religiosas na história da humanidade. Eles
teoria de Darwin sobre a Alemanha: não assassinaram essas vítimas enganados pela idéia
Vemos Hitler supremamente convencido de que de salvar as suas almas ou punir os seus pecados, mas
só a evolução produz uma base verdadeira para a por serem competidores na questão do alimento e
política nacional... obstáculos ao “progresso evolutivo”. Muitos huma-
Os meios adotados por ele para assegurar o desti- nitários, cristãos, judeus, ou agnósticos compreen-
no da sua raça e do povo foram matanças organiza- deram a relação entre as idéias de Nietzsche e as
das, que saturaram a Europa de sangue... Tal condu- equipes de assassinato em massa e os crematórios
ta é altamente imoral quando medida por qualquer de Hitler.
escala de ética, todavia a Alemanha a justifica; ela Poucos, porém, voltaram um passo atrás fazen-
está de acordo com a moral tribal ou evolucionista. do a ligação com Darwin, o “cientista” que inspirou
A Alemanha voltou ao passado tribal e está demons- diretamente a teoria do super-homem de Nietzsche
trando ao mundo, em toda a sua nudez, os métodos e o corolário nazista de que alguns indivíduos são su-
da evolução... Na Alemanha, Hitler viu na teoria evo- bumanos. A evidência estava toda ali – o termo neo-
lucionista a justificação “científica” de seus pontos darwinismo foi usado abertamente para descrever
de vista pessoais. “Não há dúvidas de que a evolu- as teorias raciais nazistas. A expressão “seleção natu-
ção foi a base de todo o pensamento nazista, desde ral”, como aplicada a seres humanos, foi encontrada

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na Conferência de Wannsee no principal documento As mutações podem ser espontâneas ou provo-


do Holocausto... Podemos ver os eventos na Alema- cadas. Não se sabe a causa das mutações espontâ-
nha de Hitler e na Rússia de Stalin como uma coleção neas, e sua frequência é muito baixa.
sem sentido de atrocidades que tiveram lugar porque As mutações provocadas são induzidas, por agen-
os alemães e os russos são pessoas perversas, nada tes mutagênicos: raios x, radiações beta, gama e ul-
parecidas conosco. Ou podemos compreender que travioleta, substâncias químicas como o gás mostar-
a imposição das teorias de Huxley e Darwin, de que da, a colchicina (extraída de um vegetal) e o fenol.
a-vida-é-patológica, de depressão clínica disfarçada As mutações ocorridas em células germinativas
em ciência, desempenhou um papel crítico na era das podem ser transmitidas a descendência. Visto que
atrocidades. essas células são precursoras dos gametas. As muta-
As pessoas têm de aprender a deixar de pensar em ções de células somáticas causam nioclificações fe-
seus semelhantes como se fossem máquinas e apren- notípicas apenas nos indivíduos que as sofreram, não
der a pensar neles como homens e mulheres possuido- sendo transmitidas.
res de uma alma...” (John Ankerberg e John Weldon).
Recombinação Gênica
Mecanismos da evolução das espécies: mutação, Se a mutação é a fonte primária de variabilidade,
recombinação; gênica e seleção natural a recombinação gênica é que efetivamente realiza
Nas décadas de 1930 e 1940, os conhecimentos a “mistura” entre os genes diferentes dos seres vivos. A
acerca da Genética foram unidos às ideias evolucio- evolução seria extremamente lenta se não houvesse
nistas de Darwin numa síntese que teve como resulta- um modo de reunir as mutações de diferentes indiví-
do uma teoria mais abrangente e mais embasada e, duos. A mutação em si é um fenômeno bem raro, e se
por isso, mais aceita para explicar as leis que regem o a evolução dependesse apenas da mutação certa-
processo evolutivo de seres vivos. Essa teoria ficou co- mente não teríamos hoje em dia organismos tão bem
nhecida como teoria moderna da evolução, ou teoria adaptados ao seu ambiente.
sintética ou, ainda, Neodarwinismo. A mutação e a recombinação agem em conjun-
Basicamente, essa teoria faz referência a duas prin- to; a mutação modifica o DNA, e a recombinação
cipais conclusões: 1) a evolução pode ser elucidada realiza uma mistura entre as partes modificadas de
pelas mutações e pela recombinação gênica, nortea- dois organismos.
366 das pelo processo de seleção natural; 2) os fenômenos
evolutivos fundamentam-se nos mecanismos genéti- Seleção Natural
cos. Seleção Natural aplicada às mariposas, Biston be-
Tal teoria leva em consideração três principais fa- tularia
tores evolutivos, que são a seleção natural, a mutação É o principal fator evolutivo que atua sobre a
gênica e a recombinação gênica. variabilidade genética de uma população. A ação
da seleção natural consiste em selecionar genótipos
Mutações mais bem adaptados a uma determinada condição
A transmissão das características hereditárias se ecológica, eliminando aqueles desvantajosos para
faz de pais para filhos através da reprodução. Nessa essa condição.
ocasião, os cromossomos e o material genético que Existem diversas
eles contêm se duplicam e passam à descendência comprovações da atuação da seleção natural e
através dos gametas. Embora existam mecanismos entre elas pode-se citar o caso de melanismo indus-
para impedir erros na replicação do DNA, eles podem trial, ocorrido com mariposas em regiões industrializa-
ocorrer, trazendo como resultado modificações nas das na Inglaterra.
características que determinam. Esses erros ocorrem Há cerca de um século, as populações de ma-
subitamente e são chamados de mutações. riposas Biston betularia da Inglaterra eram formadas
por indivíduos de cor clara. Muito raramente, apare-
• Gênicas ciam indivíduos escuros (melânicos).
Podem ser definidas como erros no processo de A partir de 1900, nas regiões que se tornaram in-
autoduplicação do DNA. A palavra mutação não se dustrializadas, os tipos escuros tornaram-se comuns,
restringe a modificações ocorridas em genes (muta- enquanto as formas claras se tornaram raras.
ção gênica), mas engloba alterações sofridas pelos Esse fenômeno ocorre simultaneamente ao es-
próprios cromossomos (mutações cromossômicas). Es- curecimento dos troncos das árvores, impregnados
tas podem envolver o número ou a ordem dos genes com a fuligem liberada pelas chaminés das fábricas.
nos cromossomos ou, ainda, o próprio número de cro- Os troncos eram anteriormente claros, cobertos por
mossomos. liquens acinzentados.

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Assim, um indivíduo menos adaptado em um Onde:


ambiente pode vir a ser o mais adaptado caso haja é o número total de machos na determinada po-
uma mudança ambiental. pulação;
A ação seletiva dos pássaros sobre as maripo- é o número total de fêmeas na determinada po-
sas da espécie Biston betularia pode ser constatada pulação;
através de diversos trabalhos experimentais desen- é o tamanho efetivo populacional.
volvidos por vários pesquisadores. Mariposas criadas A seleção natural é processo evolutivo que foi
em grandes quantidades foram libertadas sobre tron- proposto por Charles Darwin utilizado para explicar a
cos de árvores em áreas rurais e urbanas (industria- adaptação e especialização dos seres vivos. A sele-
lizadas). Observou-se, utilizando-se binóculos e abri- ção natural age nos fenótipos, ou nas características
gos especiais, que as variedades que não “combina- observáveis de um organismo, de tal forma que indiví-
vam” com o fundo claro (zona rurais) estavam mais duos com fenótipos favoráveis têm mais chances de
sujeitas á ação predadora dos pássaros insetívoros. sobreviver e se reproduzir do que aqueles com fenóti-
pos menos favoráveis.
Fatores que interferem na constituição genética O Fluxo gênico é uma migração de genes que
das populações: migrações, mutações, seleção e ocorre entre as populações, o efeito depende da
deriva genética diferença nas frequências do gene nas duas popu-
lações e da proporção de indivíduos migrantes, o
A genética de população estuda a distribuição fluxo gênico é uma medida de fertilização, ocorrida
de e a mudança que ocorre na frequência de alelos no pólen, ou o estabelecimento de indivíduos férteis,
que tem a influencia de quatro forças evolutivas, elas que ocorre nas sementes, por motivos da a distância
são: deriva genética, seleção natural, fluxo gênico e percorrida da fonte até o local
mutação. onde a dispersão ocorreu.
A deriva genética é um mecanismo microevolu- As mutações são erros que acontecem no pro-
tivo que modifica de modo aleatório as frequências cesso de duplicação do DNA.A falta ou troca de
alélicas ao passar do tempo, nela não é possível pre- um ou mais componentes do DNA podem ocasionar
ver as que direção irá ocorrer a mudança na frequên- uma falha na produção das substâncias que as célu-
cia de um alelo causado pela deriva. O resultado do las necessitam, como as proteínas, nesse caso, irá ma-
mecanismo é a perda de variação genética e na fi- nifestar-se uma doença no futuro. Exemplos de doen- 367
xação de alelos em diferentes loci, os alelos podem ças causadas pelas mutações: Albinismo - Devido a
ser neutros, deletérios ou vantajosos, nos deletérios e um erro na sequência do DNA, no qual as células não
vantajosos, a trajetória da frequência alélica com o produzem a proteína de cor acastanhada (melani-
passar do tempo será determinada pela interação na), responsável pelas tonalidades da pele. Anemia
entre a deriva e a seleção natural. Na genética de falciforme - Os glóbulos vermelhos (hemácias da pes-
população é o tamanho populacional efetivo, que soa) têm a proteína hemoglobina, responsável pelo
nas fórmulas matemáticas é representado por “Ne”, transporte de oxigênio do sangue, alterada quimica-
ele é todos os indivíduos reprodutores e assim deixam mente, assim, a pessoa têm problemas na absorção
descendentes, desta maneira, transmitindo os genes correta do oxigênio, entre outros sintomas.
para frente. Existem várias características relaciona- A genética de população tenta explicar alguns
das ao tamanho populacional efetivo, que são: fenômenos como especiação e adaptação ao am-
a) Não há sobreposição de gerações; biente, a primeira sendo um processo de evolução
b) O número de formando assim as espécies vivas, podendo ocorrer
indivíduos intercruzantes é o mesmo em todas as pela transformação gradual de uma espécie em ou-
gerações; tra, conhecida como anagênese, ou pela divisão de
c) Todos os indivíduos são potencialmente inter- uma só espécie em duas pela cladogênese. A segun-
cruzantes; da pode ser explicada pela norma de reação, que é
d) A união dos gâmetas é aleatória; a capacidade de um genótipo de produzir diferentes
e) Não há seleção, mutação ou migração; fenótipo em resposta ao ambiente. Sendo assim, a
f) A média de descendentes, por indivíduo adul- genética das populações é uma parte vital da síntese
to, é de um individuo. evolutiva moderna, seus principais fundadores foram
Sewall Wright, Sir Ronald Fisher e J. B. S. Haldane.
Para calcular o tamanho efetivo existem varias Essa disciplina baseia-se em certas premissas bási-
fórmulas matemáticas, que dependem da estima- cas em uma população, que pode ser a ausência de
tiva da diversidade genética populacional, a mais seleção natural ou até mesmo a mutação no locus
simples é a mostrada a seguir. E;a considera a razão (é o local fixo num cromossomo onde está localizado
sexual entre adultos: determinado gene ou marcador genético.), a ausên-

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cia de migração e tamanhos populacionais infinita- adquirindo hábitos culturais diferentes, isso provocou
mente grandes, etc, as frequências dos alelos e dos um diferenciação entre os povos, e em cada região
pares de alelos (genótipos) podem ser calculadas do planeta existem grandes grupos de seres huma-
segundo fórmulas derivadas do chamado Princípio nos divididos em países, estados, cidades e tribos, que
do Equilíbrio de Hardy-Weinberg explicado a baixo: possuem culturas diferentes.
Suponha que um determinado gene tenha dois Este trabalho busca esclarecer algumas caracte-
alelos: A e a, que ocorrem com a frequência de 0,8 rísticas dessa evolução cultural, que envolve desde
e 0,2 respectivamente. Como cada gameta contém hábitos alimentares até a observação de comporta-
apenas 1 dose de cada alelo, cada 80% portarão mento, que são transmitidos aos descendentes para
alelo A e 20% o alelo a. evolução das espécies.

3 – DEMONSTRAÇÕES EVOLUÇÃO CULTURAL

A frequência dos indivíduos formados pela união A evolução cultural consiste de mudanças no
desses alelos é calculada como o produto das fre- comportamento fundamentadas no aprendizado e
quências dos alelos que se uniram. não em alterações de freqüências gênicas. Ela pode
Genótipo ser tanto vertical (transmissão dos mais velhos para os
AA mais jovens) como horizontal (por imitação de práticas
Aa entre irmãos e entre companheiros do mesmo grupo).
aa Os modelos matemáticos da evolução cultural
Freqüência são muito incipientes. Eles podem incluir considera-
p² ções genéticas (como, por exemplo, admitindo que
pq certos genótipos tenham probabilidade maior de
q² aprender ou adotar uma particularidade cultural do
que outra) ou considerar as características culturais
AA: resultado da união de dois alelos A. como a como entidades submetidas às suas próprias regras de
frequência desse alelo é 0,8, a frequência dos AA na herança (não genética), assim como seleção, migra-
população é: ção e deriva não genética. É óbvio que a cultura e a
368 f(A) x f(A) = 0,8 x 0,8 = 0,64 = 64% genética podem interagir. Por exemplo, muitos povos
Um dos alelos é chamado de p e outro de q, f(A) asiáticos são geneticamente incapazes de metaboli-
= p e f(a) = q, logo: zar produtos do leite quando adultos e esses produtos,
p x p = p² = 0,64 tradicionalmente, não fazem
Aa: é formado quando um gameta A masculino parte de suas dietas. O que não se sabe é até que
fecunda um gameta a feminino, ou um gameta a ponto a prática cultural de não tomar leite influenciou
masculino fecunda um gameta A feminino. a frequência gênica, ou vice versa.
Seguindo a regra do “ou”: É fácil traçar analogias entre a evolução biológi-
f(A) x f(a) + f(a) x f(A) = 0,8 x 0,2 + 0,2 x 0,8 = 0,32 ca e a evolução cultural, mas elas não deveriam ser
= 32% generalizadas. As inovações culturais (análogas às
f(Aa) = p . q mutações) também sofrem ação de fatores seletivos,
f(aA) = q . p, portanto no sentido que algumas ficam arraigadas na cultura e
f(Aa) = 2 . pq outras não, elas podem se fixar seja devido à utilida-
aa: é a união de dois gametas portadores do ale- de óbvia, seja porque são associadas popularmente
lo a com status elevado ou porque são impostos à força.
f(a) x f(a) = 0,2 x 0,2 = 0,04 ou 4% Pelo menos na evolução das línguas, parece que fun-
ou q² = 0,04 ciona um tipo de deriva, mudanças aparentemente
A soma das frequências será sempre 100%, obe- casuais que levam, por exemplo, à formação de dia-
decendo a seguinte fórmula: letos. As características culturais e as línguas divergem
p² + 2pq + q² = 1 se houver uma separação geográfica e existem mui-
0,64 + 0,32 + 0,04 = 1 tos exemplos de divergência, convergência e para-
lelismo cultural entre as sociedades humanas. É com-
Evolução biológica e cultural preensível que ocorra seleção de grupo de caracte-
A espécie humana representa uma das maiores rísticas culturais. Muitas peculiaridades culturais, por
populações de mamíferos do planeta, apresentando exemplo, parecem conservar um balanço ecológico
uma grande diversidade cultural. Através da evolu- entre uma tribo e seu ambiente sem conferir nenhuma
ção as populações foram se isolando e cada uma vantagem especial a membros específicos do grupo.

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A evolução cultural diverge da evolução biológi- Dessa forma, se nenhum novo paradigma surgir
ca em pontos muitos importantes. Talvez o mais im- revolucionando esta questão, este ensaio pode-
portante seja que a evolução cultural é lamarckia- rá servir como uma revisão adequada do assunto,
na: o comportamento, a língua e as peculiaridades ampliando as bases de discussão para o estabele-
que um indivíduo adquire durante a sua vida, são cimento do diálogo intercultural, caso contrário, po-
transmitidas para seus descendentes ou para outros derá servir como mais uma das “piadas” científicas
indivíduos. Consequentemente, a mudança cultural a ser contada, futuramente, nas salas de aula.
pode ocorrer muito mais rapidamente do que a evo- De acordo com pressupostos básicos da teo-
lução biológica e mudanças súbitas podem ocorrer ria da evolução de Darwin, os seres vivos têm ten-
numa única geração. A evolução cultural é muito dência para apresentar variações, uma fração das
mais intricada do que a evolução biológica, porque quais é de natureza hereditária.
as sociedades adotam os hábitos umas das outras e Quando essas variações não forem neutras para
porque inclusive ela impõe um tipo de herança inte- a sobrevivência ou reprodução, ocorrerá, obvia-
grada: é muito difícil identificar unidades de cultura mente, uma sobrevivência e uma reprodução dife-
que, como os genes, sejam transmitidas sem altera- renciadas de seus portadores. “Os seres favorecidos
ção (considere a pronúncia do nome espanhol “Los nessa luta pela vida são considerados como os mais
Angeles” em inglês). bem adaptados aos meios em que vivem, isto é, os
A seleção que orienta a mudança cultural nor- mais aptos sob o ponto de vista seletivo. Como o
malmente é uma seleção das próprias caracterís- ambiente se altera ao longo do tempo, também
ticas, não dos indivíduos que as põem em práticas; mudam a direção e a intensidade da seleção natu-
o automóvel substitui o cavalo devido à sua vanta- ral. Dessa forma os seres vivos irão evoluindo” (FREI-
gem óbvia, não porque os motoristas de automóvel RE-MAIA, 1991).
tiveram mais filhos de que os cavaleiros. A vantagem Atualmente questiona-se o fato de que as mu-
muitas vezes pode ser ilusória: muitos traços culturais, tações casuais e a seleção natural sejam fatores
variando desde o hábito de fumar até políticas nu- suficientes para explicar toda a evolução, mas po-
cleares, podem trazer em longo prazo e muitas ve- dem contribuir para uma reflexão sobre o papel da
zes em curto prazo, desvantagens tanto individuais, cultura na origem do ser humano, que foi capaz de
como para grupos. se diferenciar dos demais primatas, principalmente 369
Algumas características culturais têm suas fre- no que concerne à produção e armazenamento de
qüências aumentadas não somente devido à trans- “cultura”.
missão cultural, mas porque elas influenciam no Além da cultura, há inúmeras diferenças morfo-
crescimento e na dispersão das populações. A op- lógicas entre o ser humano e outros primatas, mas
ção pela agricultura, por exemplo, fez com que as grande parte delas puderam ser acumuladas a par-
sociedades pastoris alcançassem densidades popu- tir do isolamento sexual do grupo ancestral e neste
lacionais maiores do que as sociedades dos caça- isolamento reprodutivo ela desempenha um papel
dores – coletores, levando, a um aumento do tama- destacado.
nho populacional total e relativo dos agriculturalistas. Podemos conceituar biologicamente a cultura
Como consequência, passaram a prevalecer outras como uma extraordinária complexificação do que
características culturais típicas dos agriculturalistas, se denomina, em Biologia, de comportamento ani-
assim como as freqüências dos alelos que existiam, mal, que, em linhas gerais, envolve todos os proces-
nas tribos agricultoras. sos através dos quais um animal percebe o mundo
externo e o seu estado interno e responde às mu-
A EVOLUÇÃO BIOLÓGICA E A CULTURA HUMANA danças percebidas.
Segundo uma visão clássica, quase todos os
Trabalhar nas múltiplas conceituações de cultura comportamentos que observamos nos animais são
suscita o estabelecimento de um amplo debate adaptativos. Eles respondem a estímulos apropria-
interdisciplinar que envolve a preocupação de dos de maneira eficiente e por isso alimentam-se,
tratar das bases biológicas na formação da cultura, encontram abrigo, acasalam-se e procriam. O que
sem todavia tentar-se “explicar” a cultura, mas sim faz com que o comportamento de um animal se
no sentido de também pensá-la biologicamente, torne tão bem adaptado ao seu ambiente natural
partindo do pressuposto de que são verdadeiras as pode ser um conjunto de respostas “pré-formadas”
concepções fundamentais da teoria da evolução no sistema nervoso como parte de sua estrutura
propostas por Darwin, sem muita preocupação com herdada, constituindo-se num tipo de “memória da
suas anomalias. espécie” transmitida de uma geração a outra ou

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pode ser uma capacidade de modificar seu com- Paradoxalmente, é muito restrito o papel que
portamento em virtude de suas experiências, à medi- a aprendizagem pode desempenhar na evolução
da que se desenvolve através da ação sobre o meio do comportamento animal, pois essa evolução de-
(MANNING, 1977). pende de variações herdadas sobre as quais a se-
O aprendizado permite modificar o comporta- leção possa agir. Ou seja, para que os processos
mento de modo a adaptá-lo a circunstâncias novas, de seleção natural possam atuar é necessário que
no homem, isso permitiu o desenvolvimento de uma o novo comportamento se transforme em informa-
grande plasticidade fenotípica, fazendo com que ção “herdável”, que não dependa exclusivamente
a organização estrutural das populações humanas do relacionamento direto entre os seres vivos, caso
seja certamente a mais elevada do reino animal. contrário o novo comportamento, por mais adap-
Isto se aplica não só a estrutura social dentro das po- tativo que seja corre o risco de ser perdido com a
pulações, das famílias às nações, como também às extinção do indivíduo ou grupo populacional que o
relações inter-populacionais, que são únicas. Estas tenha desenvolvido.
diferenças podem superar, inclusive, as observadas Nesse sentido, a capacidade de “registrar” sua
entre populações de espécies distintas e com muita cultura através da escrita, pintura, escultura, música,
frequência, as relações estabelecidas se asseme- etc, foi provavelmente uma das maiores conquistas
lham ao que se observa entre predador e presa ou que fez com que o homem se diferenciasse dos de-
hospedeiro e parasita. mais primatas e pudesse “evoluir culturalmente”.
O intercâmbio e interdependência entre popu- Hoje, já acumulamos tantas diferenças e nos
lações humanas é muito maior do que para outras diferenciamos tanto dos nossos parentes prima-
espécies. Isso afeta não apenas o intercâmbio de tas que parece meio irracional pensar num tempo
pessoas, como o de energia, de matéria, de conhe- onde nossas diferenças morfológicas em relação
cimento e cultura. aos chimpanzés e orangotangos não eram assim
Nesse sentido, com o crescente processo de glo- tão evidentes.
balização, torna-se cada vez mais urgente acres- A hipótese mais aceita para o surgimento do ho-
centarmos à nossa cultura humana a capacidade mem era de que nossos ancestrais se pareciam mui-
de estabelecimento do diálogo intercultural. to com os grandes antropoides atuais. Porém, a des-
370 Sendo assim, não se pode definir um homem uni- coberta de um esqueleto de Ardipithecus ramidus
camente pelos seus constituintes biológicos (células, muda este conceito sugerindo que os ancestrais dos
órgãos e metabolismos), é necessário, para explicar macacos já foram muito parecidos com os homens
as suas características mais essenciais, levar em con- atuais. Este fóssil repudia o senso comum de que os
ta os grupos sociais e culturais em que ele está in- macacos atuais foram nossos ancestrais e reforça
tegrado, pois os utensílios fornecidos pela natureza as teorias evolutivas, as quais preconizam que o ser
não têm qualquer interesse enquanto outros homens humano e os grandes macacos antropoides, como
não nos ensinarem a manejá-los (Jacquard,1988). gorila e chimpanzé, tiveram o mesmo e desconheci-
Fato é que até os animais menos complexos po- do ancestral comum.
dem, por seu comportamento, alterar o ambiente O surgimento de uma nova espécie envolve um
adequando-o em seu proveito, e assim modificar as processo de acúmulo de diferenças genéticas a tal
forças seletivas que os afetam. Um comportamen- ponto que o cruzamento entre os indivíduos não
to completamente novo pode ser transmitido por produza mais descendentes férteis, para isso, a se-
aprendizado e gradativamente substituir a atividade leção natural é fundamental pois, ao longo do tem-
prévia, sem que ocorra nenhuma alteração genéti- po, vai favorecendo as ligações entre os genes, que
ca, pois, em geral, se herda apenas uma potencia- contribuem conjuntamente para uma característica
lidade para aprender e não o aprendizado em si, a comum.
não ser nos casos em que não há sobreposição de Dessa forma, quanto mais fortemente estiverem
gerações e os indivíduos precisam nascer sabendo. “ligados” ou apareceram no mesmo indivíduo ge-
É claro que a evolução cultural só é possível entre nes com alto poder adaptativo, menor será o risco
os animais que possuem uma capacidade conside- de aparecerem indivíduos em que alguns deles fal-
rável de modificar seu comportamento por prática e tem, provocando um desenvolvimento imperfeito.
imitação, e, além do homem, isso pode ser observa- Nesse caso, ressalta a importância dos processos de
do em outros primatas, tendo sido descobertas uma isolamento reprodutivo, ou de seleção sexual, que
grande variedade de diferenças alimentares, cuja favorecem o acasalamento entre determinados in-
origem foi cultural, entre bandos do macaco japo- divíduos em detrimento de outros, garantindo a ma-
nês Macaca fuscata. nutenção dessa ligação genética.

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Sem dúvida os processos de isolamento reprodu- citando para a convivência e o desenvolvimento dos
tivo fazem parte da herança genética, não apenas processos educativos, que podem nos proporcionar
dos animais como também de todos os grupos de se- um comportamento ou uma cultura muito distancia-
res vivos com reprodução sexuada, pois eles desenca- da da nossa natureza meramente animal.
deiam a microevolução, um processo que dá origem Para Nietzsche: “O homem é corda distendida
a novas espécies a partir de uma população ancestral. entre o animal e o super-homem: uma corda sobre
O isolamento reprodutivo envolve, inicialmente um abismo; travessia perigosa, temerário caminhar,
apenas padrões comportamentais de reconhecimen- perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar. A
to e estranhamento. Nos animais estes sinais sociais grandeza do homem é ser ele uma ponte, e não
precisam ser salientes e quase todos têm forma muito uma meta [...]”.
exagerada, pois para terem a maior eficiência possível Voltando às questões biológicas, é muito difícil
precisam ser nítidos e inequívocos, principalmente en- precisar até que ponto se pode transpor os conhe-
tre espécies próximas ou morfologicamente semelhan- cimentos obtidos com pesquisas em animais aos
tes onde as diferenças são basicamente quantitativas. seres humanos, mas “faz parte da sabedoria con-
Hoje, com já dissemos anteriormente, acumulamos vencional que virtualmente toda variação cultural
tantas diferenças, que nos diferenciam dos nossos pa- é originariamente mais fenotípica do que genética”
rentes primatas que parece meio irracional pensar em (RUSE,1983).
estratégias especiais de isolamento sexual, mas nos Darwin, por exemplo, apoiava a origem biológi-
primórdios do surgimento do homem nossas diferenças ca da agressão humana, assim como afirmava que
morfológicas não eram assim tão evidentes. Além dis- as diferenças raciais podiam ser explicadas através
so, não é verdade que os macacos modernos estejam desse mecanismo. Todavia, essa discussão suscita o
genealogicamente mais próximos do que nós do an- problema básico de saber até que ponto os padrões
cestral comum que deu início à divisão entre os símios do comportamento humano, de fato, constituem
em geral e os grandes macacos há milhões de anos uma função direta dos genes e não da cultura, mas
atrás. querer “explicar” os processos sociais através do co-
O fóssil de Ardipithecus ramidus, com idade estima- nhecimento biológico é uma ingenuidade, que tem
da de 4,4 milhões de anos confere com prespectivas levado muitos biólogos a uma leitura míope acerca
anteriores de que nosso ramo do arbusto dos grandes
do homem. 371
macacos apresentaria um ancestral comum com os
Este ensaio procurou levantar alguns aspectos
chimpanzés até 5 e 8 milhões de anos atrás, isso signifi-
que favorecessem a reflexão sobre a importância
ca que por muito tempo fomos uma mesma espécie.
da cultura para o surgimento e estruturação da es-
Tanto quanto nós, os chimpanzés, bonobos, gori-
pécie humana, no sentido da mesma ter tido um im-
las e orangotangos são formas bastante evoluídas e
portante papel no nosso auto-reconhecimento e no
adaptadas aos seus ambientes. Mas é provável que
isolamento reprodutivo.
ainda tenhamos na nossa bagagem genética uma
Nossa capcidade biológica para estruturação
tendência grande para o desenvolvimento de meca-
de uma cultura elaborada possibilitou os processos
nismos de isolamento sexual baseados em diferenças
educativos. Jacquard (1988) afirma que: “O objeti-
culturais, como um recurso auxiliar para discriminar-
vo primário da educação é, evidentemente, revelar
mos, aqueles que são iguais a nós daqueles que são
a um filho de homem a sua qualidade de homem,
diferentes de nós.
Este aspecto favoreceria, indiretamente, o surgi- ensiná-lo a participar na construção da humanida-
mento dos comportamentos racistas entre diferentes de e, para tal, incitá-lo a tornar-se o seu próprio cria-
populações ou grupos sociais como uma manifes- dor, a sair de si mesmo para poder ser um sujeito que
tação do instinto de preservação, ou seja, como um escolhe o seu percurso e não um objeto que assiste
ônus da evolução cultural. submisso à sua própria produção”. O termo “huma-
Logicamente, não somos apenas seres que se nitude” define “a contribuição de todos os homens,
isolam, temos também que considerar nossa alta po- de outrora ou de hoje, para cada homem”
tencialidade de estabelecimento de agrupamentos A evolução cultural da espécie humana é mais
humanos, já presente quando éramos primatas e tam- rápida que a evolução biológica, talvez por consi-
bém a intrigante e incompreendida característica do derar aspectos evolutivos, como comportamento.
altruísmo, que nos capacita à filantropia. O fato de o ser humano conviver em sociedade
Assim, vemos em luta as forças dissociativas do iso- contribui para essa evolução cultural, porém, essas
lamento sexual e associativas da formação de grupo. mudanças podem ser benéficas ou não o que con-
As primeiras nos lançando à luta ou à fuga de tudo tradiz a teoria darwiniana, onde os mais aptos sobre-
aquilo que nos seja estranho, as segundas nos capa- vivem, talvez pelo fato de as características culturais

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não estarem relacionada à genética. Assim pode-se porte, leves e rápidos, os terópodes. Nas recentes
relacionar a evolução cultural à teoria lamarckista, classificações filogenéticas, o grupo das aves é con-
pois as características adquiridas são passadas a siderado evolutivamente aparentado aos demais
seus descendentes e indivíduos do mesmo grupo. dinossauros. Juntos, constituem o grupo natural Dino-
Assim, pode-se afirmar que a evolução cultural sauria (assim, ao comermos uma coxa de frango no
foi e continua sendo de grande importância para a almoço, estamos devorando um remanescente de
espécie humana, trazendo vantagens e desvanta- dinossauro). Hoje, o homem convive no mesmo am-
gem, social e economicamente. biente com bactérias cujos ancestrais remontam aos
primórdios da vida, há quase quatro bilhões de anos.
A árvore filogenética dos hominídeos Nenhum dos dois grupos é mais ou menos evoluído
Como é de conhecimento comum, a mais tra- que o outro, simplesmente porque evolução não é
dicional representação da teoria da evolução é o mesmo que progresso. Se os organismos multicelu-
uma fila indiana de hominídeos, liderada pelo Homo lares não tivessem surgido no Proterozóico, há mais
sapiens, tendo como maior retardatário um animal de 800 milhões de anos, é bem possível que os mares
bípede de feições simiescas, o Australopithecus, ou não estivessem repletos de águas-vivas, esponjas ou
mesmo um pequeno chimpanzé. Qualquer um já se anelídeos poliquetos, e não haveria nenhum homi-
deparou com tal ilustração, seja em peças publicitá- nídeo com o telencéfalo altamente desenvolvido,
rias, charges humorísticas, outdoors, camisetas, obras cheio de circunvoluções e capacidade de raciocí-
religiosas que pretendem discutir conceitos cien- nio lógico e abstrato. Somos um produto fortuito da
tíficos, e mesmo em livros e revistas de divulgação evolução, não seu objetivo central.
científica. Para a cultura pop, essa figura, chamada HOMINÍDEOS
de iconografia canônica por Stephen Jay Gould no As principais características anatômicas dos ho-
seu livro “Vida Maravilhosa”, é sinônimo de evolu- minídeos foram: postura ereta, locomoção bípede
ção darwiniana, e é igualmente equalizada à ideia no solo, em substituição à braquiação (deslocamen-
de progresso. Apesar de onipresente, a iconografia to com os braços, de galho em galho), capacidade
carrega incorreções e ranços que empobrecem a craniana superior à de outras famílias aparentadas e
concepção popular sobre as ciências da vida no dentes pequenos, com caninos não especializados.
372 geral, e sobre a teoria da evolução em particular. No processo de hominização surgiram também com-
Nenhuma espécie “se transforma” em outra durante portamentos distintivos, como a confecção de instru-
a evolução. Espécies novas surgem a partir de popu- mentos e a linguagem verbal.
lações ancestrais, que não necessariamente deixam Os primatas surgiram há cerca de setenta mi-
de existir após o evento de especiação. O apare- lhões de anos, no fim do cretáceo. Os cientistas di-
cimento de uma barreira geográfica, como um rio, videm-nos em duas subordens: a dos prossímios e a
o soerguimento de uma montanha ou mesmo uma dos antropoídeos, em que se incluem a família dos
grande árvore caída no meio da floresta, é capaz hominídeos e a dos pongídeos, esta com importan-
de dividir uma população de uma espécie em dois tes espécies atuais (gorila, chimpanzé, orangotango
grupos menores, os quais, uma vez desconectados, e gibão). Em relação a outras ordens de mamíferos, a
poderão responder às pressões evolutivas em sepa- característica fundamental dos primatas é sua morfo-
rado. Essa disjunção talvez resulte no surgimento de logia pouco especializada, com alto grau de plastici-
espécies diferentes, que serão aparentadas àquela dade funcional, suscetível de futuras especializações
que ficou do outro lado do rio, ou filogeneticamente em cada subespécie. Desse modo, mais que de tra-
próximas. Diferente do que sugere a iconografia da ços característicos (que, por não se manifestarem em
evolução, a espécie ancestral não é substituída pela todos os primatas, impedem a classificação), cabe
espécie que surge, o que, entretanto, não a livra da falar de tendências: as garras se transformaram em
possibilidade de extinção, já que todos os organis- unhas achatadas; mãos e pés tornaram-se preênseis,
mos estão sujeitos às pressões do ambiente. Porções em geral com polegares e hálux (dedo grande do
das populações podem perecer, outras talvez sobre- pé) opostos; os braços liberaram-se aos poucos da
vivam, e o processo de descendência com modifi- função locomotora; a visão ganhou maior profundi-
cação continua, indefinidamente. Os dinossauros, dade, enquanto o olfato retrocedia e o apêndice
por exemplo, desapareceram apenas parcialmente, nasal se retraía; e, por fim, o cérebro desenvolveu-se
apesar de considerados extintos por quase toda a e adquiriu complexidade no que se refere à visão, à
mídia e pelos divulgadores das ciências. Na verda- coordenação muscular, à aprendizagem e à comu-
de, as aves ancestrais dos pássaros que voam hoje nicação.
são parte de um grupo de dinossauros de menor

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PONGÍDEOS: Os macacos antropóides denomi- Homo erectus. Em consonância com as teorias de


nados pongídeos diferençaram-se como grupo sis- Darwin, o naturalista alemão Ernst Haeckel já afirma-
temático no mioceno, há cerca de 25 milhões de va que certamente existiria um ser metade macaco
anos. Como os fósseis dessa época não revelam es- (pithecos) e metade homem (anthropos). Em 1891, o
truturas tão especializadas quanto as das espécies cientista holandês Eugène Dubois procurou e achou
vivas atuais, que têm braços longos e pernas curtas, em Trinil, na ilha de Java, o tipo que denominou Pithe-
há quem os suponha predecessores dos hominídeos, canthropus erectus. Era um ser totalmente bípede,
hipótese que ainda se discute. Para alguns cientistas, com capacidade craniana de 900 cm3, quase o do-
os dentes já muito especializados que se observam bro da de seu ancestral, o Australopithecus, mas com
em alguns fósseis de antropóides não poderiam ter a fronte, as órbitas e as mandíbulas semelhantes às
evoluído para a dentadura humana. dos macacos antropóides. A antiga denominação,
Ancestrais do homem: Os primatas experimenta- que compreendia também o chamado homem de
ram um processo de adaptação que começou no Pequim, foi substituída pela de H. erectus.
paleoceno, há cerca de 65 milhões de anos. Muitos Homo sapiens. Em 1856 descobriu-se, perto da
constituíram linhas evolutivas que perduraram e, no aldeia alemã de Neandertal, um crânio de aspecto
conjunto, distinguiram-se os que podem ser conside- simiesco, mas com capacidade cerebral de 1.600 a
rados ancestrais do gênero humano. Assim, durante 2.000cm3. Classificou-se o achado como a transição
o mioceno e o início do plioceno, num intervalo de para uma espécie mais evoluída, o Homo sapiens,
tempo de 18,4 milhões de anos que terminou há 5,3 de que o exemplar da Alemanha constituiu a subes-
milhões de anos, diferençaram-se os hominídeos, fa- pécie Homo sapiens neandertalensis. Eram indivíduos
mília de antropoídeos dotada de muitas peculiarida-
de caixa craniana e rosto grandes, que teriam vivido
des evolutivas que a caracterizavam dentro de sua
no sul e no centro da Europa, assim como no Oriente
ordem.
Médio, entre 100.000 e 35.000 anos atrás. Supõe-se
Ramapithecus: Em 1932 o paleontólogo inglês
que o desaparecimento do homem de Neandertal
G. E. Lewis descobriu nas colinas de Siwalik, na Índia,
resultou do predomínio da outra subespécie, o ho-
restos de mandíbulas e dentes de um primata que
apresentava caracteres evolutivos diferençadores. O mem de Cro-Magnon, que procedia do Oriente.
Ramapithecus, nome que se lhe deu, foi considerado Os primeiros fósseis de Cro-Magnon (localidade
o elo entre os antropóides e os hominídeos evoluídos, do sul da França) têm cerca de 32.000 anos, mas é
373
mas algumas teorias discordam da afirmação e asso- provável que tenham penetrado na Europa antes
ciam esse gênero à evolução do orangotango. dessa data. Outra hipótese atribui a extinção do ho-
Australopithecus: Em 1924, ao ser dinamitada mem de Neandertal ao cruzamento entre as duas
uma pedreira em Taung, na África do Sul, encon- subespécies. Os dois tipos de esqueletos foram en-
trou-se por acaso um pequeno crânio com alguns contrados, praticamente juntos, no monte Carmelo,
traços do chimpanzé, embora prevalecessem outras em Israel.
características que apontavam uma clara linha de O pleistoceno, que abrange o último 1,6 milhão
hominização. Esse fóssil, o Australopithecus africanus, de anos, caracterizou-se pelas cinco glaciações su-
conhecido como Baby Dart, em virtude dos estudos cessivas que ocorreram sobre a Terra, intercaladas
que lhe dedicou o paleontólogo inglês Raymond Ar- por quatro intervalos mais brandos. O homem atual,
thur Dart, carecia da viseira frontal própria dos ma- frágil e de corpo relativamente desprotegido, apa-
cacos antropóides, tinha uma capacidade craniana receu entre as duas últimas glaciações. Em suas de-
de 500cm3 (que, na idade adulta, teriam chegado a ficiências físicas encontrou o desafio que seu grande
600 ou 700cm3) e uma dentadura com apenas dois cérebro enfrentou com êxito: aperfeiçoou a prote-
caracteres gorilóides, nenhum próprio do chimpanzé ção contra as dificuldades e ameaças da natureza
e vinte comuns com o homem. e inventou instrumentos para, de diversas maneiras,
Homo habilis. Em 1960 descobriram-se em Olduvai dominar o ambiente e diversificar suas condições de
Gorge, na Tanzânia, uma mandíbula infantil com os vida.
parietais, uma clavícula e alguns ossos da mão e do
pé, rodeados de objetos de pedra. Embora tais res- A EVOLUÇÃO DA INTELIGÊNCIA HUMANA
tos estivessem num nível de solo inferior ao de fósseis Um dos mais fascinantes temas da ciência diz res-
do Australopithecus robustus, seus traços anatômicos
peito a como surgiu a inteligência humana ao longo
levaram à sua classificação dentro de uma nova es-
da evolução dos grandes primatas aos hominídeos,
pécie, mais evoluída: a do Homo habilis, assim de-
chegando até o ser humano moderno. A inteligên-
nominado em 1964 por L. S. B. Leakey. Os espécimes
cia é um tema fascinante justamente porque nos dá
mais recentes de H. habilis têm aproximadamente
a chave para o tesouro do entendimento sobre nós
dois milhões de anos.

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mesmos, e de como a seleção natural foi capaz de reconhecimento e uso de símbolos complexos, coisas
produzir tamanha maravilha como o cérebro huma- abstratas que representam outras) memória de longo
no e suas assombrosas capacidades em um tempo prazo, etc. De fato, a visão científica atual é que de
evolucionário tão curto. Também fornece uma ex- que existem vários graus de complexidade de inteli-
planação sobre a natureza da nossa singularidade gência presente em mamíferos e que nós comparti-
no reino animal e porque nós somos assim hoje. lhamos com eles muitas características que anterior-
De fato, muitas facetas da evolução da inteli- mente pensávamos que eram únicas ao homem (tais
gência humana são ainda matéria de considerável como linguagem simbólica, como já foi provado que
mistério, porque ela não pode ser observada direta- ocorre em primatas).
mente no registro paleontológico, tal como ocorre Os cientistas têm levantado hipóteses sobre a
com um osso ou os dentes, por exemplo. A evidência existência de uma “massa crítica” de neurônios
reunida por cientistas sobre a inteligência é obtida como sendo o pré-requisito para a “explosão” evo-
indiretamente, a partir da observação do aumento lucionária da inteligência. Em outras palavras, abai-
do tamanho da capacidade craniana, de artefatos xo de um certo número de neurônios (ou tamanho
produzidos como resultado da inteligência humana, do cérebro), a inteligência é altamente limitada e
tais como a fabricação de ferramentas, a caça coo- não leva à invenção, imaginação, comunicação
perativa, a guerra, o uso do fogo e o cozimento de social simbólica e outras coisas que não existem em
alimentos, a arte, o enterramento dos mortos, e pou- cérebros não-humanos. Um número grande de fato-
cas outras coisas mais. res evolucionários convergentes determinaram um
O aparecimento da inteligência, juntamente com rápido aumento no tamanho e complexidade do
a linguagem (e ambas são indissoluvelmente entrela- cérebro dos hominídeos e estes levaram à primeira
çadas, como veremos adiante), foi um passo espeta- espécie verdadeiramente Homo. A massa crítica foi
cular da evolução animal. Ela apareceu em prima- atingida e após isso foi apenas uma questão de evo-
tas, mas poderia ter sido desenvolvida igualmente lução quantitativa, apenas.
bem em outros mamíferos avançados, tais como gol- Definindo inteligência
finhos. Por que ela se desenvolveu em primatas e não Mas o que é inteligência? Antes de embarcarmos
em outros gêneros animais? Provavelmente pela ine- em uma viagem rumo ao entendimento de sua evo-
rente instabilidade de ambientes terrestres, quando lução, devemos tentar conhecer melhor o objeto de
374 comparados com os ambientes aquáticos, e quase nossa questão.
certamente devido a uma série de mudanças dra- Parece que existem tantas definições de inte-
máticas no clima africano em certos pontos da histó- ligência quanto existem cientistas trabalhando no
ria geológica. Portanto, os fenômenos probabilistícos campo. De acordo com a Enciclopédia Britânica,
podem ser muito bem a explicação porque estamos “ela é a habilidade de se adaptar efetivamente ao
agora na posição de sermos os mais inteligentes de ambiente, seja fazendo uma mudança em nós mes-
todos os animais da Terra. mos ou mudando o ambiente ou buscando um novo
Este passo evolucionário foi espetacular porque ambiente”. Esta é uma definição inteligente, porque
deu origem a um círculo cada vez mais rápido de ela incorpora os conceitos de aprendizado (uma
retroalimentação positiva entre a evolução cultural mudança em nós mesmos), manufatura e abrigo
(trazida pela linguagem) e o desenvolvimento pos- (mudança do ambiente) e migração (encontrando
terior do cérebro, ao aumentar enormemente o su- um novo ambiente). A inteligência é uma entidade
cesso reprodutivo e as chances de sobrevivência do multifatorial, envolvendo coisas tais como lingua-
organismo assim armados com um cérebro capaz de gem, pensamento, memória, raciocínio, consciên-
alta flexibilidade, adaptabilidade e capacidade de cia (a percepção de si mesmo), capacidade para
aprendizagem. Em um período de um a dois milhões aprendizagem e integração de várias modalidades
de anos (praticamente um piscar de olhos em termos sensoriais. De modo a nos adaptarmos efetivamente,
de tempo geológico), este poderoso impulso de evo- o cérebro deve usar todas estas funções. Portanto,
lução neural levou ao que somos hoje e ao que o “inteligência não é um processo mental único, mas
homem foi nos últimos 100.000 anos. sim uma combinação de muitos processos mentais
Estaria a inteligência presente apenas nos seres dirigidos à adaptação efetiva do ambiente”, prosse-
humanos? É claro que não. A inteligência humanas gue a definição da EB.
parece ser composta de um número de funções neu- Reconhecer quais são os componentes da inte-
rais correlacionadas e que operam cooperativamen- ligência é muito importante em termos de montar
te, muitas das quais já estão presentes em outros pri- uma “teoria da inteligência”. Uma das teorias mais
matas, tais como a dexteridade manual, visão colori- sólidas e interessantes foi proposta por Sternberg
da estereoscópica altamente sofisticada e acurada, (veja a tabela) e se relaciona diretamente ao que

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nós sabemos sobre a evolução. Ele propõe que a in- da linguagem, com toda a sua riqueza de sintaxe e
teligência é feita de três aspectos integrados e inter- semântica. A linguagem, portanto, é fundamental
dependentes: no mundo interno, as relações com o para a nossa capacidade de pensar, e o intelecto
mundo externo, as experiências que relacionam ao humano e as conquistas que nós vamos explicar neste
mundo externo e o interno. artigo seriam impossíveis sem a linguagem. Para Tat-
tersall, a linguagem é “mais ou menos sinônimo com
Os Componentes da Inteligência o pensamento simbólico” e isto faz toda a diferença.
O mundo interno: cognição Neste contexto, aparece uma das mais importan-
1 - processos para decidir o que fazer e o quão tes propriedades da mente humana que é a cons-
bem foi feito ciência, ou auto-percepção. Nós não temos muitas
2 - processos para fazer o que foi decidido ser feito evidências se elas existem em outros animais, e quan-
3 - processos para aprender como fazer do ou onde elas aparecem em humanos pela primei-
ra vez. Será a auto-consciência um produto da evo-
O mundo externo: percepção e ação lução? Será que ela é vantajosa para a adaptação
1 - adaptação a ambientes existentes e sobrevivência? A resposta é sim. A auto-consciên-
2 - modelagem de ambientes existentes em novos cia nos permite construir a realidade além de meras
3 - a seleção de novos ambientes quando os anti- sensações físicas, como imaginar uma situação e as
gos se provam insatisfatórios conseqüências de nossas ações, antes que qualquer
coisa aconteça.
A integração dos ambientes internos e externos
através da experiência A Evolução da Inteligência
1 - a habilidade de se adaptar às novas situações Inteligência em Primatas Não Humanos
2 - processos para criar objetivos e para planeja-
mento Estudar a evolução da inteligência humana ime-
3 - mudança dos processos cognitivos pela expe- diatamente nos faz lembrar de estudos similares dos
nossos parentes, nossos “primos”, os macacos. Sem
riência externa
dúvida nenhuma, eles têm alguma forma de inteli-
gência, e diversos estudos comparativos tem jogado
Um dos melhores exemplos que demonstram os
uma importante luz sobre o entendimento de nossa 375
três aspectos da inteligência é a caça cooperativa
própria inteligência.
nos hominídeos. O mundo externo é caracterizado
Existem apenas cinco espécies vivas da ordem
por um extenso terreno tridimensional onde existem
dos macacos pongídeos, também conhecidas como
animais muito rápidos, muito grandes ou muito peri-
antropóides (significa similares ao homem), dos quais
gosos como presas em potencial. Aprender como
os crânios de três estão representados abaixo: o chim-
emboscar a presa, como aproximar-se dela e como
panzé, o bonobo (muito similar aos chimpanzés, mas
matá-la com um machado de pedra são habilidades
recentemente considerado uma única espécie), o
cognitivas. Ser capaz de caçar em vários ambientes,
gorila, o gibão (incluindo o siamang) e o orangotan-
mover-se para outras áreas quando a caça se torna go. Com exceção do orangotango, todas as outras
escassa, ou fabricar armas de caça, armadilhas para espécies estão distribuídas em regiões da floresta da
animais, etc, são exemplos de processos relacionados África. O orangotango e gibão vivem nas florestas
aos mundos interno e externo. chuvosas da ilha de Java, Sumatra, etc.
Como podemos ver aqui, seus crânios e cérebros
Finalmente, ser capaz de se comunicar e coorde- são anatomicamente muito similares: órbitas ocula-
nar a caça com outros seres humanos, delinear uma res grandes situadas no mesmo plano frontal, cristas
estratégia para caçar mais efetivamente, e desenvol- ósseas frontais e/ou laterais no crânio, fossas nasais
ver e sustentar todo o processo de caça por meio da triangulares grandes, mandíbula superior avançada,
cognição, percepção e ação, são exemplos da inte- maxila pesada e dentes fortes com caninos grandes.
gração entre os mundos interno e externo.
O quanto da inteligência humana, pensamento, Chimpanzë
raciocínio, imaginação e planejamento são devidos (Pan troglodytes)
à linguagem? Praticamente tudo, poderíamos dizer.
De fato, esses processos são uma espécie de “proces- Gorila
samento interno da linguagem”, como já foi afirma- (Gorilla gorilla)
do. Um dos mais importantes especialistas em evolu-
ção humana, Ian Tattersall, da Inglaterra, propôs que Orangotango
o sucesso da humanidade foi largamente o resultado (Pongo pygmaeus)

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A capacidade interna do crânio é grande e seus e depois se espalhou para o resto do mundo). Eles
cérebros são altamente evoluídos e complexos, sen- são chamados de hominídeos, e estão incluídos na
do apenas inferiores aos do homem moderno. Chim- superfamília de todos os antropóides, os Hominoidea,
panzés e gorilas têm um tamanho cerebral médio de cujos membros são chamados de hominóides.
400 a 500 cm3, respectivamente. Em conseqüência, A árvore evolucionária do homem não é uma
os antropóides são muito inteligentes e capazes de linha única e contínua ao longo do tempo, como
manipulação simbólica similar à linguagem, capaci- muitas pessoas pensam. Os cientistas têm muitas evi-
dade de resolução de problemas, comportamentos dências da existência de muitos “troncos mortos”, ou
altamente complexos, aprendizagem, emoções, etc. seja, muitas espécies de hominídeos que se extingüi-
Um jovem chimpanzé usa duas pedras para que- ram sem deixar descendentes. É muito difícil deter-
brar cascas de nozes minar nossa linha evolucionária direta, e existe ainda
A Dra. Savage-Rumbaugh ensinando linguagem vários elos faltantes, sem mencionar que algumas ve-
simbólica a um macaco usando blocos de imagens. zes existe discordância entre cientistas sobre o que
Por exemplo, o uso de ferramentas para muitos constitui a melhor probabilidade.
tipos de tarefas tem sido bem documentado entre A “árvore familiar” dos antropóides e seres huma-
os antropóides, incluindo o uso de pequenos ramos, nos. Não existe registro fóssil para os grandes antro-
pedras, galhos, cordas, ganchos, etc. Entretanto, eles póides, de modo que o ponto exato de ramificação
nunca foram observados inventando ou construindo pode ser estimado apenas com base na análise da
ferramentas (embora pelo menos um biólogo ousado biologia molecular. A linhagem exata dos ramos ex-
tenha ensinado um chimpanzé a fabricar ferramen- tintos dos Australopitecos (tais como A. bosei, A. ae-
tas de pedra como um ser humano pré-histórico). thiopicus, A. robustus) e o papel do A. africanus na
De todos os primatas superiores, apenas os seres hu- linhagem direta do homem ainda estão em aberto.
manos e os chimpanzés caçam e comem carne em Entretanto, nós sabemos que nossa linha evolu-
bases regulares. Da mesma forma, muitos grupos de cionária teve dois momentos principais: o primeiro e
pesquisa foram capazes de demonstrar que os antro- mais antigo foi aquele do hominídeo africano, que
póides são capazes de aprender linguagem simbóli- abrange o gênero Australopithecus. O segundo e
ca para se comunicar entre eles e com os humanos. mais recente é do gênero Homo, incluindo as espé-
Os antropóides estão intimamente relacionados cies extintas que foram quase que certamente nossos
376 ancestaris diretos: Homo habilis and Homo erectus.
aos seres humanos em termos de evolução. Eles fo-
ram separados de nós cerca de 36 milhões de anos Eles viveram cerca de 2 a 2.5 milhões de anos atrás e
seus restos foram descobertos na Ravina de Olduvai,
atrás, a partir de um ancestral comum que ainda não
na atual Tanzânia, e no lago Turkana, no Quênia. O
foi encontrado. Portanto, eles podem ser considera-
Homo habilis, como diz seu nome, foi a primeira espé-
dos um ramo paralelo da árvore evolutiva dos seres
cie a manufaturar ferramentas e usar o fogo.
humanos. Os antropóides extintos que são os mais
Esquerda. Locais no mundo onde foram encon-
antigos que os primeiros hominídeos, tais como o Ra-
trados restos de esqueletos de hominídeos e Homo
mapithecus ardinus (5 a 6 milhões de anos atrás) não
pré-históricos. Direita: Fluxos migratórios globais das 3
são considerados hominídeos. Estudos de biologia
espécies de Homo.
molecular mostraram que o Ramapithecus era mais
Observe como as regiões do leste e do sul da Áfri-
similar aos orangotangos.
ca abrigam a maior parte dos achados mais antigos.
As seqüências de DNA dos grandes antropóides
O Homo erectus foi o primeiro a sair da África
são 96,4% similar àqueles dos humanos. Em outras
para o resto do mundo, incluindo Europa, Oriente
palavras, todas as nossas diferenças com relação ao
Médio e Ásia. Esta espécie tornou-se extinta em to-
cérebro, inteligência, destreza manual, linguagem dos os locais exceto na África, onde deu origem ao
simbólica, etc, são codificadas em somente 3,6% de chamado Homo sapiens arcaico (ainda falta um elo
todos os genes que constituem nossos genomas. perdido entre o H. erectus e o H. sapiens). Portanto, a
África meridional parece ter sido o verdadeiro “ber-
A Evolução da Inteligência ço da humanidade”.
A Evolução dos Primatas Humanos Esquerda: Reconstrução do Homo habilis. Facial-
Começando pelos ancestrais comuns que os se- mente, ficava em um meio termo entre o Australopi-
res humanos compartilham com os antropóides, o thecus sediba, o hominídeo atualmente considerado
ramo dos primatas humanos começou também na como seu antecessor direto, e o Homo erectus.
África, provavelmente há 6 a 8 milhões de anos, e A evolução do Homo sapiens arcaico ocorreu
chegou até o homem moderno (que apareceu pro- a partir do Homo ergaster, e foi incrementada pelo
vavelmente cerca de 150.000 a 200.000 anos atrás isolamento causado pelos desertos e montanhas na-

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quela parte do continente. Esta espécie espalhou-se Astralopithecus africanus


mais tarde para toda a África, Europa, Ásia, 200.00 3 to 2,5 milhões de anos atrás
e 100.000 anos atrás, respectivamente, onde evoluiu Com um esqueleto robusto, A. africanus foi o pri-
para o Homo sapiens neanderthalensis (o homem de meiro hominídeo a ser descoberto, na África do Sul, e
Neanderthal, que é uma adaptação a ambientes era semehante ao A. afarensis.
frios, e não é considerado um ascendente direto do Juntamente com A. robustus, A. aethiopicus e A.
homem moderno, mas sim uma espécie muito rela- boisei, três outras espécies relatadas, eles provavel-
cionada), e o Homo sapiens sapiens, uma adapta- mente não pertenceram à linhagem Homo, mas for-
ção ao clima quente da África. maram um tronco distinto que desapareceu há 1.5
Os cientistas anunciaram recentemente a des- milhões de anos.
coberta provável de um ancestral comum entre o
Neanderthal e o homem moderno, chamado Homo Homo habilis
antecessor. Ele viveu cerca de 800.000 anos atrás, no 1.8 to 2.4 milhões de anos atrás
Foi o primeiro humano a criar ferramentas de
que hoje é a Espanha. Em última análise os Neander-
pedra e provavelmente tinham comunicação pela
tais sucumbiram 30.000 anos atrás provavelmente
fala. Foi a evolução transitória entre H. erectus e os
devido a competição com o Homo sapiens sapiens,
hominídeos. Surgiu e foi limitado à África meridional e
o por acasalamento com eles ou ambos.
do leste, e provavelmente passava parte de seu tem-
po em cima de árvores, porque tinha braços longos.
Crânio e mão de um Australopithecus sediba
Entretanto, não foi muito mais alto que o australopi-
tecos.
O “garoto deTurkana”, um notável esqueleto
completo do Homo ergaster encontrado na África, Homo erectus
no Lago Turkana, Africa. 1,600,000 a 250,000 anos atrás
Foi o primeiro humano a viajar amplamente e
“Lucy”, um notável achado dos Australopithecus ocupar muitos continentes. Foi encontrados na Java,
afarensis, encontrado na Ravina Olduwai, África Indonesia, China, Europa e África. Usava ferramentas
e fogo, vivia em cavernas, caçava em grupos e po-
Crânio da “Garota de Taung”, primeira desco- dia sobreviver em ambientes muito frios. Tinha aprio- 377
berta de um homem-macaco (Pitecanthropus afri- ximadamente o mesmo peso e altura dos humanos
canus, nome antigo para Australopithecus africanus) modernos.
feito por Raymond Dart no sul da África
O chamado modelo “para fora da África” tam- Homo sapiens neanderthalensis
bém também tem sido apoiado pela evidência da 250,000 a 30,000 anos atrás years ago.
biologia molecular. Estudos do DNA mitocondrial su- Considerado uma subespécie ou espécie que
gerem que todos os humanos modenos se origina- apareceu em paralelo com o Homo sapiens, ele ti-
ram de uma pequena população vivendo no Sul da nha um crânio achatado e uma pesada crista fron-
África. Como o DNA mitocondrial passa apenas de tal. O corpo e o tamanho do cérebro eram maiores
mulher para mulher, este ancestral nosso já foi apeli- que os do Homo sapiens. Viveu na África do Norte,
dado de “Eva Africana”. na Europa e Oriente Médio. Usavam roupas, caver-
Abaixo nós vemos um sumário em formato de nas, fogo, enterravam seus mortos e podem ter tido
tabela da principal linha evolucionária da espécie algum tipo de religião. Existiu por algum tempo simul-
humana. taneamente com o H. sapiens, mas desapareceu
misteriosamente.
Australopithecus afarensis
Homo sapiens sapiens
3 milhões de anos atrás
250,000 anos até o presente
Um hominídeo bípede, de baixa estatura, de 1.2
Este é o ser humano moderno atual e a única es-
a 1.5 de altura, que viveu na África. É o segundo aus-
pécie viva remanescente de Homo. Foi precedido
tralopitecino mais velho achado. As mãos e os den-
pelo Homo sapiens arcaico , que apareceu 500.000
tes eram similares aos de humanos modernos, mas
anos atrás, viveu na Europa e Ásia, e tinha o cére-
o cérebro não era maior que o de chimpanzés. As bro menos desenvolvido. Tem um crânio alto, com o
pegadas fósseis dos A. afarensis também foram des- maior cérebro comparado aos outros, não tem cris-
cobertas. tas orbitais e a face é plana.

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A Evolução da Inteligência sapiens, mas após o Homo habilis na cadeia evolucio-


Tamanho do Cérebro e Inteligência nária. Seus cérebros ficaram relativamente estáveis
Os tamanhos dos cérebros podem ser estimados por um longo período no assim chamado “periodo de
a partir do volume interno de crânios fósseis. Quando estase”. Portanto, de 600,000 a 150,000 anos atrás, o
uma fórmula corretiva para o tamanho do corpo é cérebro do Homo aumentou rapidamente novamen-
usada, o tamanho médio cerebral é um bom indica- te, chegando a 1200 a 1350 cc (Homo sapiens). Os
dor de inteligência relativa. cérebros dos Neandertais eram maiores que os do
A cérebro cérebro/corpo média dos primatas homem moderno (em média 1500 cc), mas pode ser
não humanos está acima dos vertebrados como um argumentado que isto é resultado de uma massa cor-
todo. A relação cérebro/corpo do gênero Homo poral maior.
comparada àquela de primatas não humanos é ain- Outro indicador de inteligência é a área total e o
da maior. O gráfico abaixo mostra que as relações grau de complexidade do córtex cerebral. Pode ser
cérebro/corpo de todos os primatas estão acima da estimado a partir de impressões deixadas pelas convo-
linha de regressão (em cor magenta). Os macacos luções corticais na superfície interna do crânio (“endo-
do Novo Mundo, como os sagüis, são muito menos casts”). O Homo habilis tinha um tamanho de cérebro
inteligentes que os macacos do Velho Mundo, tais muito maior que o dos australopitecos. Alguns estudos
como macacos e babuínos. Chimpanzés, orango- do “endocasts” de crânios do H.habilis indicam que a
tango, gorilas e os primeiros hominídeos (Australopi- região frontal do córtex, que é essencial para a fala
thecus afarensis) tinham aproximadamente a mes- (área de Broca), provavelmente já era desenvolvida
ma relação cérebro/corpo. Homo ergaster e Homo nesta espécie, de modo que talvez existisse alguma
sapiens lideravam o grupo de hominídeos quanto a forma de comunicação grosseira com base na lingua-
este aspecto. gem baseada em articulações vocais. Em média, os
A evolução do tamanho do cérebro dos hominí- australopitecos eram apenas um pouco mais inteli-
deos e do Homo foi espetacular. Em um período de gentes que os chimpanzés modernos. De certa forma,
eles eram pouco mais que macacos que andavam
3.5 milhões de anos ele aumentou cerca de quatro
em pé. O Homo habilis e erectus eram provavelmen-
vezes, seguindo uma curva exponencial. A tendên-
te intermediários em inteligência entre chimpanzees e
cia pode ser vista no gráfico abaixo, de McHenry
humanos modernos.
(1994), que coloca o tamanho dos cérebros em fun-
378 ção do tempo e que mostra uma tendência geral
Como apareceram os primeiros hominídeos?
ao tamanho do cérebro para as espécies de homi-
Os homens-macacos Australopitecinos prova-
nídeos e Homo.
velmente evoluiram a partir de uma das 20 espécies
Como podemos ver, os Australopitecos, que apa-
destimadas de antropóides que viviam em florestas no
receram 3.5 a 3 milhões de anos atrás, tinham um
Leste da África há 10 milhões de anos, como resultado
cérebro três a quatro vezes maior que os humanos
de mudanças climáticas e geológicas drásticas no fi-
modernos (em média, 450 cc versus 1.350 cc). Então,
nal do Mioceno, que foi marcado por uma longa seca
parece que eles eram apenas ligieramente mais in- na África equatorial. As florestas existentes no Mioceno
teligentes que os antropóides, embora provavelmen- diminuiram consideravelmente de tamanho e desen-
te eles já usassem ferramentas grosseiras, tivessem a volveu-se a savana, levando à extinção de muitas es-
postura ereta e andassem sobre as duas pernas. Isto pécies e dando origem a outras, tornando-se o habi-
foi provado pela descoberta de pegadas fósseis dei- tat de muitos animais africanos modernos.
xadas pelos Australopithecus afarensis, bem como A ausência de grandes árvores e florestas forçou a
pela análise de seus esqueletos. evolução da chamada “bipedalidade habitual” em
Em seguida, um novo aumento grande no tama- um ou mais desses antropóides, muito antes de que
nho do cérebro ocorreu cerca de 2 a 1.5 milhão de eles desenvolvessem linguagem ou outras característi-
anos atrás quando apareceu o Homo habilis, que cas dos hominideos. A espécie mais antiga conhecida
passou de 650 para 800 cc. Esta espécie foi sucedi- de hominídeo, o Australopithecus anamensis, datado
da pelo Homo erectus, que viveu entre 1,6 milhão e de mais de 4 milhões de anos, tinha ossos parecidos
300,000 anos atrás e tinha uma capacidade crania- com o de seres humanos nas pernas e pélvis, adap-
na de 850 a 1000 cc. Portanto, de forma diferente das tados para a postura ereta e locomoção bipedal,
linhas que o precederam, o H. erectus é considerado embora seus crânios, mandíbulas e dentes fossem ain-
ter sido não só apenas parecido com seres humanos, da de macacos. De qualquer modo, esses primeiros
mas humano propriamente. Evidência do tamanho hominídeos ainda não eram propriamente humanos,
crescente do cérebro e a habilidade do Homo erec- como vimos, pois eles não mostravam a expansão ce-
tus em andar de pé é convincente o suficiente para fálica e nem a morfologia dentária que caracterizaria
colocar essa espécie imediatamente antes do Homo os hominídeos mais avançados, como Homo habilis.

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Muitos cientistas acreditam que a “caça oportu- mem sejam determinados pela capacidade única
nísticas” na savana africana, ou veld, foi o fator mais do nosso cérebro para a representação simbólica.
importante do desenvolvimento da bipedalidade Segundo o autor Derek Bickerton, a linguagem não
humana. E qual a razão? É por que, ao explorar a é apenas um meio de comunicação, mas é a base
savana, os proto-hominídeos encontravam fontes essencial da consciência humana.
de alimento na forma de animais mortos por preda- Pela representação simbólica, queremos dizer
dores, assim como animais muito jovens ou doentes, que certos sons (e mais tarde alguns elementos gráfi-
que eles capturavam. De modo a levar essa comi- cos) são associados pelo cérebro para os elementos
da de volta para seus locais de habitação e famí- do mundo físico. Por exemplo: o complexo sonora
lias, era necessário dispor de mãos livres e uma loco- “bola “está associada a um objeto que aprendemos
moção ereta por longas distâncias, pois eles não ti- a reconhecer como um
nham mandíbulas e dentes fortes como os leões e as Redes neurais (mesmo simples) são capazes de
hienas. Esta hipótese, primeiramente formulada por generalização poderosas. Assim, somos capazes de
Owen Lovejoy, explica também como levar comida extrair os pontos em comum de todas estas coisas di-
e compartilhá-la com o grupo social eventualmente ferentes: e e ainda chamá-las de “bola”.
levou ao desenvolvimento do núcleo familiar, e ao Muitos animais podem fazer isso. Psitacídeos fa-
desenvolvimento de diferentes papéis para homens lantes, como o famoso papagaio africano cinzento,
e mulheres (dimorfismo sexual e comportamental), constroem vocabulários com facilidade. Os cães fa-
que é tão importante para nossa biologia reproduti- zem isso o tempo todo, é claro (existem evidências
va. Isso permitiu que as fêmeas da espécie procrias- que podem reconhecer auditivamente dezenas de
sem mais vezes e tivessem um número muito maior palavras faladas por seres humanos), e vários maca-
de filhos que os chimpanzés, levando a uma rápida cos antropóides, como gorilas, chimpanzés e orango-
expansão da população. Marcas de ferramentas tangos foram treinados para reconhecer as palavras
achadas em ossos de animais encontrados próximos faladas para literalmente centenas de objetos e si-
dos fósseis hominídeos indicam que o H. habilis comia tuações.
carne. Não sabemos se ele tinha a capacidade de O próximo nível de complexidade, porém, é
caça em grupo, mas como os chimpanzés têm al- aprender palavras para coisas que não têm uma con-
guma forma de caçar animais para se alimentar, é trapartida física, tais como sentimentos, abstrações,
possível que eles também o fizessem. etc (exemplo: “amor”, “futuro”), ou mesmo conceitos 379
que não existem todos, exceto no nosso cérebro (por
A Evolução da Inteligência exemplo, operações matemáticas). Isso, nenhum
Linguagem e Evolução animal, exceto o Homo sapiens sapiens pode fazer
de forma significativa, embora seja reivindicado por
Embora existam muitas diferenças entre os seres alguns cientistas que chimpanzés treinados no uso da
humanos e outros animais, especialmente primatas linguagem simbólica são capazes de representar al-
não-humanos, é a capacidade para a linguagem gumas construções mentais e descrição de emoções
simbólica que realmente nos coloca exclusivamente e sentimentos que tendemos a pensar que seriam ex-
à parte. Muitas diferenças que temos em relação aos clusivamente humanas, e que também eles são ca-
outros primatas são relativamente pequenas, e incre- pazes de usá-las para fins práticos.
mentais em sua natureza, mas não há nada, tanto Os aspectos mais elevados e complexos da lin-
qualitativamente quanto quantitativamente, como guagem, que são a semântica e a gramática, pa-
a nossa capacidade para a linguagem, em todas recem ser exclusivamente humanos, no entanto. Eles
as suas formas. Segundo os autores Terrence Deacon estão intimamente relacionados entre si, e usam o
(em “A Espécie Simbólica”) e Ian Tattersal (em “Tor- vocabulário (léxica) como base. Vários autores, co-
nando-se Humanos”), o nosso cérebro deve ter uma meçando com o famoso lingüista americano Noam
diferença fundamental em relação aos cérebros de Chomsky, propuseram que, ao contrário do que
outros primatas, porque, embora eles pareçam ter al- acontece com outros primatas, os seres humanos
guma capacidade de uso de símbolos e para a co- têm uma capacidade inata, ou um cérebro geneti-
municação através de sinais e vocalizações, existem camente preparado em seus circuitos neurais, para
enormes diferenças na complexidade da linguagem a aquisição de línguas. Esta conclusão foi alcançada
simbólica humana, que não pode ser explicada por por Chomsky quando estudou a maneira como to-
um simples aumento no volume de tecido neural. das as línguas humanas são intrinsecamente organi-
A linguagem é tão importante que é provável zadas, e que o levou ao revolucionário modelo teóri-
que a consciência, pensamento, planejamento e co da chamada “gramática transformacional gene-
muitas outras funções cognitivas superiores no ho- rativa”. Apesar da enorme variação entre os milhares

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de línguas e dialetos que estão presentes nas raças gea e glótica de chimpanzés e de seres humanos,
humanas, Chomsky e outros lingüistas têm sido capa- vemos que estes últimos desenvolveram várias ca-
zes de detectar elementos comuns que poderiam ser racterísticas anatômicas, como palato em forma de
atribuídas a esta capacidade cerebral básica. A evi- abóboda e sem uma crista central, lingua maciça,
dência científica, até agora, dá credibilidade à sua redonda e altamente móvel em sua ponta e dorso,
hipótese, porque as crianças são capazes de apren- com capacidade de encostar totalmente no pala-
der a falar e entender muito cedo na vida, sempre to, possibilidade de bloquear a comunicação direta
da mesma maneira, e em praticamente qualquer das narinas com a faringe, uma faringe mais longa,
idioma que esteja presente em seu meio de desen- cordas vocais robustas e extremamente móveis, etc.,
volvimento, sejam naturais ou artificiais. que são essenciais para a fala.
Assim, há uma série de perguntas intrigantes so- Os crânios humanos modernos têm um aspecto
bre as origens da linguagem e sua relação com a in- muito característico, que é uma flexão da base do
teligência humana, que até agora não foram com- crânio achatada e girada em quase 90 graus em
pletamente respondidas: relação à coluna vertebral, que tem a função de
• Quando os primeiros hominídeos desenvolve- criar um espaço maior no pescoço para as estruturas
ram a linguagem? anatômicas responsáveis pela fala articulada, nos-
• Quais foram os fatores determinantes para essa sa “caixa de voz”. Primatas não-humanos têm uma
aquisição? base de crânio mais inclinada para trás nesta área,
• Quais foram as funções primitivas da lingua- mostrando sinais de uma flexão menos pronunciada,
gem? assim como um aparelho vocal incapaz de elabo-
• Como a linguagem e o cérebro co-evoluíram? rar as modulações sutis exigidas pela fala articulada.
• Por que a linguagem humana é tão diferente Hominídeos primitivos, como as várias espécies de
de outras formas de comunicação animal? Australopithecus, também não apresentam a carac-
terística de flexão, por isso, é altamente improvável
Evolução e Linguagem que eles tivessem fala articulada. Começando com
A linguagem através da voz, ou fala (a primeira o Homo erectus, no entanto (a evidência de seu
forma a ser adquirida pelos humanos, mas que é a antecessor, o Homo habilis, não está clara a partir
base de todas as outras formas), é o resultado de do registro fóssil), há sinais iniciais de flexão da base
380 uma complexa interação entre milhares de áreas do crânio. Então, provavelmente esta espécie e sua
do cérebro e as estruturas e mecanismos neurais de sucessores (Homo ergaster, Homo sapiens antigos
percepção e ação, atividade muscular, respiração, e Homo sapiens neanderthalensis) tinham algumas
etc. No entanto, pouco se sabe sobre como ela formas primitivas de expressão. Parece claro que a
funciona e como ela surgiu ao longo do curso da flexão de quase 90 graus do crânio em relação à
evolução humana. Claramente, a linguagem tinha coluna vertebral foi causada pela postura ereta por
originalmente, uma função adaptativa (provavel- alguns milhões de anos, portanto essa é mais uma
mente de melhor comunicação entre os integrantes consequência do bipedalismo sobre o desenvolvi-
do grupo social), mas posteriormente ela se transfor- mento da inteligência.
mou em uma “ferramenta” tão geral e poderosa, Outra evidência é fornecida pelo relevo endo-
que se tornou independente de funções puramen- craniana do cérebro (impressões negativas deixa-
te evolutivas, Poesia, por exemplo, e muitas outras das pelas convoluções corticais sobre a superfície in-
conseqüências abstratas de se ter uma linguagem, terna dos ossos do crânio). Embora os resultados não
certamente não são necessárias para a sobrevivên- sejam conclusivos, o Homo erectus, por exemplo,
cia! Derek Bickerton expressa isso claramente quan- mostra sinais de que ela tinha bem desenvolvidas
do escreveu que a linguagem é uma “adaptação áreas corticais responsáveis pelo comando da fala
evolucionária que nos permite formar padrões de (área de Broca). Isto não é mostrado, mais uma vez,
informação que podemos agir sem ter que esperar em outras espécies de hominídeos antecessores.
para a experiência para nos ensinar”.
Foram os primeiros hominídeos capazes de ex- Destreza Manual e Linguagem
pressão vocal simbólica? Não sabemos ao certo, Uma teoria intrigante propõe que a linguagem
porque os restos fossilizados não preservam os teci- simbólica começou com gestos de mão. O primeiro
dos moles que poderiam nos dar uma pista, como passo na evolução da humanidade foi o bipedalis-
a laringe, cordas vocais, a língua, e as estruturas do mo ou seja, andando na postura ereta na maioria
cérebro que sabemos que são responsáveis pelo das vezes. Este foi provavelmente causado por uma
comando de articulação da fala (a assim chama- mudança drástica no ambiente e clima do ambien-
da área de Broca, situada no terço inferior da con- te onde viveram os proto-hominídeos, na África Oci-
volução frontal), etc. Comparando a área orofarin- dental. Como vimos, “Lucy” (o apelido dado a um

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fóssil de Australopithecus afarensis, que viveu na Áfri- são da fala), a área de Wernicke (entendimento da
ca mais de 2,5 milhões de anos atrás) tinha um esque- fala), e o lado dominante de destreza manual (des-
leto semelhante ao do homem moderno em relação tros ou canhotos) ocorrem ambos no mesmo hemis-
à capacidade de marcha ereta. Isto liberou os mem- fério cerebral. do lado oposto (os destros as têm do
bros anteriores, que se tornaram superiores, e princi- lado esquerdo, e os canhotos do lado direito) Esse
palmente as mãos, para o transporte, manipulação e fato também dá apoio à hipótese de uma origem
outras tarefas úteis, Assim, ao longo de um milhão de neural comum à linguagem gestual e falada. Este
anos, os hominídeos desenvolveram gradativamen- grau de assimetria é evidente nas impressões endo-
te uma destreza manual surpreendente (chegando cranianas de hominídeos, assim como nos ossos do
assim à fabricação de ferramentas). O próximo pas- braço e da mão dita dominante, que são até 10%
so foi, então, especulam alguns cientistas, o uso das maiores e mais fortes do que do lado não dominante,
mãos para uma série de gestos comunicativos, e as devido à intensidade de uso.
primeiras representações simbólicas. Eles foram usa- De acordo com Corballis (1999), a sequência
dos, provavelmente, para comunicação entre os ca- temporal do surgimento da comunicação simbólica
çadores e entre homens e mulheres, que até então em humanos poderia ter acontecido de acordo com
eram altamente diferenciados em seus papéis na or- o seguinte esquema::
ganização social dos hominídeos. Tudo isso lentamen-
te aumentou o número de neurônios e consequen- 6-7 milhões de anos atrás
temente o tamanho do cérebro, e, eventualmente, Proto-hominideos
o aparelho vocal começou a ser usado para a re- Simples gestos manuais. Vocalizações de alarme,
presentação simbólica. Eventualmente, também, os emoções, etc. Um pouco mais avançado do que os
gestos manuais foram combinados com expressões chimpanzés
faciais (que também se tornaram bem mais móveis
e variadas nos seres humanos quando comparadas 4-5 mihões de anos atrás
com o chimpanzé) e, em seguida, as vocalizações Australopithecus
(idem). As estruturas anatômicas do aparato vocal e Advento do bipedalismo, o aparecimento de
gestos manuais de sinalização mais sofisticados
das áreas cerebrais envolvidas evoluiram então ao
longo do tempo para permitir agilidade e complexi-
1-2 millhões de anos atrás 381
dade da coordenação, justamente porque este tipo
Homo habilis e Homo erectus
de comunicação conferiu vantagens adaptativas e
Gestos com as mãos tornam-se sintáticos, as vo-
de sobrevivência enormes para aqueles hominídeos
calizações começam a se tornar simbólicas, marca-
que, em virtude de mutações, exibiram esse diferen-
do aumento no tamanho do cérebro
cial de melhorias no relacionamento social.
A extensa mobilidade e flexibiidade do punho e
100,000 anos atrás
dos dedos da mão humana formam um grande con-
Homo sapiens
traste em relação às mãos de outros primatas. Suas
Uso da linguagem vocal, auge do desenvolvi-
articulações e ações musculares as tornaram alta-
mento do cérebro, gestos com as mãos desempe-
mente adaptáveis para fabricação de ferramentas, nham papel secundário
manipulação delicada e também para gestos ex-
pressivos (nós ainda as usamos hoje para isso: é só ver Cérebro e linguagem co-evoluíram em ciclo au-
como uma pessoa gesticula, mesmo quando está to-alimentado, de tal forma que um aumento da
apenas falando no telefone!). Por exemplo, as mãos eficiência e da complexidade de um levava aos
humanas são as únicas a terem um polegar opositor mesmos aumentos no outro. Bickerton diz que os se-
(o polegar é bem mais longo e se flexiona completa- res humanos tornaram-se inteligentes porque eles de-
mente na direção da palma da mão, o que permite senvolveram a capacidade de fala. Representações
agarrar e manipular objetos com muito mais destre- mentais do mundo e de nós mesmos foram desenvol-
za) e esta é uma “invenção” evolutiva fundamental vidos como resultado (alguém já descreveu o pen-
no desenvolvimento da inteligência. samento como uma espécie de “linguagem interna”
... em outras palavras, a habilidade de linguagem é
Mãos de um chimpanzé e de um ser humano mo- também uma habilidade de pensamento)
derno O neurofisiologista William Calvin e o lingüista De-
A lateralidade característica das funções do cé- rek Bickerton especulam em seu novo livro “Lingua
rebro humano, tanto na linguagem falada e ouvida Ex Machina”, que a linguagem evoluiu em duas fa-
quanto na destreza manual, deve ter surgido mais ou ses, por pressão de um “cálculo social”. Na primeira
menos na mesma época. A área de Broca (expres- fase, os seres humanos usavam palavras individuais

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(representações fonéticas de objetos), mas com uma cimentos importantes para a sobrevivência, como
sintaxe muito rudimentar (a forma como as palavras para a fabricação de ferramentas, armas, abrigos
são usadas em conjunto para expressar a estrutura e roupas, dar nomes a objetos e características do
e significado). Na segunda fase assistimos ao desen- mundo, etc.
volvimento de estruturas sintáticas mais complexas, Mas, provavelmente nunca saberemos a razão
permitindo a formação de frases e a expressão de ou razões exatas, porque todos os seres humanos
mais conceitos abstratos (incluindo mentiras!), e o sur- sobreviventes são Homo sapiens modernos, com a
gimento do pensamento lógico. Muitas adaptações capacidade inata da linguagem.
neurais evoluíram, de modo a permitir o surgimento
da linguagem estruturada. Nós ainda não sabemos A “Explosão Simbólica”
exatamente quais são elas e como funcionam no cé- A “explosão simbólica” é o nome bem apro-
rebro, mas certamente seremos em breve capazes priado dado paleoantropólogo Ian Tattersal à revo-
de ler o código para isso em nosso genoma. lução cultural que ocorreu no Paleolítico Superior,
principalmente na Europa e Oriente Médio. Chamou
As Funções da Linguagem a atenção de cientistas de que a arte maravilhosa
Por que a linguagem se desenvolveu em seres nas caverna, esculturas, fabricação de ferramentas,
humanos? Como podemos constatar nas extensas e instrumentos musicais, roupas, adornos corporais, o
abrangentes funções da linguagem nos seres huma- enterro de mortos, e muitas outras indicações de um
nos modernos, nem precisamos fazer esta pergunta: sofisticado e complexo tecido econômico e social e
é bastante claro que a linguagem está na base de as habilidades de comunicação sofisticada entre os
tudo o que somos hoje, incluindo as artes, ferramen- Homo sapiens sapiens pareceu aparecer de forma
tas e armas, a organização e a estrutura social, o se- mais ou menos abrupta nestes lugares, menos de 70
dentarismo e a urbanização, a agricultura, a indústria mil anos atrás. Os antecessores dos humanos moder-
e o comércio, a escrita, a matemática, e assim por nos na África, Europa, Ásia e Oceania não deixaram
vestígios de uma atividade simbólica tão intensa. Os
diante.
neandertais, por exemplo, embora tenham coexisti-
No entanto, ainda é um mistério quais eram as
do com os humanos modernos por milhares de anos,
funções primitivas da linguagem: por que ela apa-
pareciam ter uma inteligência simbólica muito rudi-
382 receu e qual foi o seu uso nas sociedades dos Homo
mentar (tão pequena, na verdade, que alguns es-
primitivos. Uma coisa é absolutamente clara: a lin-
tudiosos têm proposto que eles ainda se comunica-
guagem era (e ainda é, em grande parte) um “dis-
vam predominantemente através de vocalizações
positivo social”, uma capacidade única que só tem
grosseiras, expressões faciais e gestos com as mãos
sentido quando relacionada à organização social do
e braços).
homem e sua relação com o meio ambiente para a
Durante a era que sucedeu a explosão simbólica
sobrevivência.
do paleolítico superior, que foi o neolítico (chama-
Uma teoria interessante propõe que a linguagem
da de a Idade da Pedra Polida), pela primeira vez
foi desenvolvida pela primeira vez como um meio de
vemos o surgimento e o desenvolvimento de uma
comunicação entre os bebês e suas mães. Outra vê cultura real, com o início de todos os elementos da
a linguagem como uma ferramenta de comunica- nossa própria cultura. Há pouca dúvida de que o
ção muito importante entre os caçadores (para o desenvolvimento da linguagem estruturada com-
planejamento da caça e da coordenação entre os pletamente foi o responsável por isso, e porque ele
eles, por exemplo, ou ainda para comunicar o local apareceu em uma subespécie do Homo e não em
e o caminho até onde a caça se encontra), entre outras, ainda é um grande mistério. Teorias, porém,
guerreiros, e entre os membros da família humana. não faltam.
Nas tribos caçadoras-coletoras que viviam na sava-
na árida e implacável da Africa do Pleistoceno, assim A Evolução da Inteligência
diz a hipótese, os homens deixavam suas habitações Fabricação de Ferramentas, Caça e Guerra Jun-
por longos periodos de tempo, para caçar, coletar tamente com a linguagem, a capacidade de inven-
carniça deixada por outros predadores, com o obje- tar e fazer novas ferramentas é considerada uma
tivo de proporcionar alimento às mulheres e crianças, das características mais distintas do gênero Homo.
que haviam sido deixados para trás nas moradias do Nenhum animal vivo têm essas habilidades e, pro-
grupo. A comunicação de necessidades, planeja- vavelmente, os hominídeos extintos tinha-nas ape-
mento, resultados de incursões, etc, criaram os re- nas em um estágio primitivo e inicial, estabelecendo
quisitos para o surgimento da linguagem simbólica. uma grande diferença com outros primatas não-hu-
Finalmente, temos a transmissão cultural de conhe- manos.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Portanto, o surgimento de uma tecnologia para Ferramentas de sílex do período Acheuliano


a fabricação de ferramentas de pedra durante a (Paleolítico Médio)
evolução dos hominídeos representou uma mudan-
ça radical do comportamento social em relação a Ferramentas de pedra do período Olduwano (Pa-
dos macacos, e é a primeira evidência documenta- leolítico Inferior)
da de uma tradição cultural com valor para a sobre- Os primeiros seres humanos usavam essas ferra-
vivência, ou seja, com base no aprendizado. Os seres mentas para matar animais, quebrar seus ossos para
humanos usaram pela primeira vez ferramentas entre extrair o tutano, fatiar carne, raspar couro, cortar
3 a 4 milhões de anos atrás. Elas provavelmente eram ramos e aguçar varas de madeira. Acesso a fontes
feitas de madeira ou de osso, uma vez que os chim- ricas em gordura e proteína escondidas na medu-
panzés são capazes de modificar ramos e galhos la óssea, cérebro e músculos de animais mortos ou
de madeira para diversos fins, como para capturar recém-mortos foi muito importante para a evolução
cupins para comer ou quebrar nozes duras e até de dos homens, porque lhes forneceu energia suficiente
ensinar essas tecnologias para os outros, mas não há para sustentar um cérebro maior, bem como para os
nenhuma maneira de saber isso com certeza, porque caçadores serem capazes de correr por mais tempo
nunca foram encontrados restos fósseis claros destes atrás de presas comestíveis.
tipos de ferramentas. Os hominídeos e os primeiros humanos viviam pro-
Ferramentas de pedra, no entanto, foram perfei- vavelmente de uma dieta mista obtida pela procura
tamente preservadas e são muito fáceis de distinguir e coleta de plantas, larvas, mariscos e outros peque-
das formas naturais. Não há nenhuma evidência só- nos animais comestíveis (como acontece também
lida de que os australopitecos fossem capazes de com os primatas não-humanos), restos de carcaças
fabricar ferramentas, mas certamente eles foram ca- deixadas por outros predadores, pesca e caça. Estas
pazes de selecionar e usar objetos naturais para este quatro atividades são progressivamente mais efica-
fim. O aparecimento do Homo habilis, no entanto, fez zes em termos de retorno calórico do investimento de
a diferença, e desse fato decorre o nome dados a tempo e esforço, e a “descoberta” de ferramentas
eles. Os primeiros seres do gênero Homo foram ca- para obter fontes ricas de calorias, como o cérebro
pazes de criar e elaborar ferramentas de pedra pela e a medula óssea, e para matar presas, foi o princi-
primeira vez cerca de 2,5 milhões de anos atrás na pal fator de amplificação que “explodiu” a evolução 383
África, dando início ao que se conhece como Idade humana ao longo de algumas centenas de milhares
da Pedra, a qual progrediu ao longo do tempo atra- de anos. Este fator nutricional da evolução da inteli-
vés de três eras distintas: gência humana, através do crescimento do cérebro,
é considerado muito importante, pois ele consome
Paleolítico, assim denominado a partir das pala- cerca de 25% da energia metabólica basal do cor-
vras gregas “paleo” (de antigo) e “lithos” (pedra); po, embora pese menos do que o fígado: sem fontes
Mesolítico (“médio” e “pedra”); ricas em energia, como as gorduras animais (4 kcal
Neolítico (“novo” e “pedra”). por grama), essa evolução não teria sido possível.
Durante o Paleolítico, que é subdividido em pe- Mais tarde (1,5 milhões de anos atrás), uma técni-
ríodos Inferior, Médio e Superior, os seres humanos ca de elaboração de ferramentas de pedra conhe-
aprenderam a lascar sistematicamente certos tipos cida como acheuliana (assim chamada por ter sido
de pedras para vários fins, usando uma técnica co- descoberta em um local francês chamado Saint-A-
nhecida como olduwana, assim chamada por cau- cheul) foi desenvolvida na África no Paleolítico Infe-
sa da Garganta Olduwai, na atual Tanzânia, o local rior, e reinou por um milhão de anos sem modifica-
onde muitos fósseis de hominídeos e ferramentas de ções. Ela foi levada pelo Homo erectus para a Ásia.
pedra foram encontrados. Estas ferramentas eram Ferramentas acheulianas eram bem mais refinadas,
feitas simplesmente batendo-se duas pedras umas maiores e mais simétricas, com características pon-
contra a outra, de modo que, eventualmente, pe- tas de flechas e lanças em forma de lágrimas, e com
dras menores, com arestas cortantes, fossem obtidas. bordas cortantes dos dois lados da pedra, enquanto
Isso é chamado de “descamação” (flaking, em in- que as ferramentas olduwanas eram bem mais gros-
glês), e um das melhores pedras para fazê-lo é um seiras, menores, de formato irregular e com o corte
tipo de rocha cristalina chamada sílex. Outra rocha de um lado só. Os ferramenteiros acheulianos tinha
muito usada, um mineral vítreo negro de origem vul- a capacidade de sobrepor mentalmente uma forma
cânica, chamado obsidiana, é excelente para fazer pré-concebida sobre uma pedra inacabada, o que
facas extremamente afiadas exige uma forma mais sofisticada de inteligência.

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O Homo antílopes, agindo em bandos grandes, com até 10


sapiens neanderthalensis também evoluiu a tec- indivíduos. Eles perseguem as presas com grande as-
nologia de ferramentas de pedra lascada, no Paleo- túcia e velocidade, e as matam por espancamento
lítico Médio e Superior, mas elas eram muito menos contra árvores e por mordidas, mas nunca foram ob-
sofisticadas e menos variadas do que os dos primei- servados caçando com ferramentas, como pedras
ros seres humanos modernos, os Cro-Magnons. A ou galhos, embora usem comumente esses objetos
forma mais avançada e inovadora dos utensílios de para ameaçarem-se uns aos outros. O uso de fer-
pedra apareceu no Neolítico, cerca de 40.000 anos ramentas para matar rápida e eficazmente presas
atrás, e é totalmente característica das habilidades grandes e em grande número é exclusivamente hu-
superiores e inteligência do Homo sapiens sapiens. mano. Há evidências de que os seres humanos do
Certamente exigiram grande habilidade e conheci- Neolítico foram capazes de matar mastodontes, o
mento e resultaram em lâminas mais longas e mais maior mamífero terrestre que já viveu. Este era um
finas, que tinham uma área de corte10 vezes maior feito enorme e muito perigoso em si mesmo, como é
do que aquelas do Médio Paleolítico. Na verdade, bem mostrado numa exposição no Museu Antropo-
elas ainda estão em uso hoje por muitas culturas em lógico do México, e exigiam habilidades incríveis de
todo o mundo, tais como tribos indígenas sul-ameri- planejamento, tecnologia e execução, tais como a
canas intocadas. Para fabricá-las usa-se uma técni- coordenação dos caçadores, etc .
ca de precisão de martelar indiretamente a pedra, O Homo erectus foi, provavelmente, a primeira
desenvolvida por seres humanos que foram capa- espécie humana a caçar cooperativamente usando
zes de fabricar entre 60 a 70 tipos diferentes de fer- armas. Em alguns sítios arqueológicos foi encontrado
ramentas diferentes para todos os tipos de tarefas, um grande número de ossos de animais, armas e fer-
que vão desde corte e costura de vestimentas (outra ramentas de pedra, ao lado de restos de Homo erec-
provável invenção do paleolítico superior), à raspar, tus. Em alguns locais foram achados restos de mais
serrar, martelar, escavar, etc “Usinas” de ferramenta de 50 elefantes, uma presa muito grande. Outro fato
de pedras surpreendentemente grandes foram en- importante é que eles foram os primeiros a descobrir
contrados na França e outras partes da Europa, com o uso do fogo, o que tornou possível para eles habitar
centenas de milhares de ferramentas em vários está- regiões de clima muito frio, como o norte da China,
gios de conclusão, linhas de produção, toneladas de e para preservar a carne para levar longas viagens
384 detritos e resíduos de fabricação de ferramentas e através dos desertos e montanhas.
matérias-primas trazidas de lugares distantes. Houve Outra atividade importante de conseguir gordura
também a primeira evidência de comércio de ferra- e proteina animal de alta qualidade para a alimen-
mentas de pedra entre as tribos, provavelmente por tação, e que foi utilizada desde cedo pelos primeiros
meio de escambo. humanos, foi a pesca, tanto em água doce quan-
As artes da caça e guerra também foram consi- to no mar. Para essa atividade foram desenvolvidas
deravelmente avançadas por meio de todos os tipos ferramentas especiais, também, como lanças cur-
de implementos e armas, como anzóis, estilingues, tas com pontas de pedra muito finas e aguçadas.
zarabatanas, arcos e flechas, machados, maças, A enorme abundância de peixes, crustáceos e mo-
lanças, adagas, etc. Desta forma, a capacidade luscos, constatada até hoje em paraísos selvagens,
do homem de planejamento, inteligência e astúcia como na Amazônia, tornava bastante fácil e des-
co-evoluíram com sua capacidade de matar os ini- complicada a sobrevivência de grupos humanos,
migos e tribos rivais. As primeiras armas eram de al- que puderam crescer de um tamanho de 20 a 30 in-
cance muito curto, por serem utizadas diretamente dividuos a cerca de 150 pessoas. Existem amplas evi-
com as mãos. Sua eficácia e letalidade foram gra- dências, atualmente, de que Homo sapiens primitivos
dativamente aumentadas com cabos de madeira e viveram extensivamente do consumo de mariscos e
osso (para prolongar a ação do braço), até chega- outros frutos do mar, à beira do oceano na África do
rem a armas de longo alcance, através do arremes- Sul, durante longos períodos de seca africana, provo-
so, como lanças e flechas. No Neolítico surgiram pro- cada pelas eras glaciais de 150.000 anos atrás, que
vavelmente os primeiros artefatos de defesa, como exterminaram outras espécies e sub-espécies de ho-
escudos, armaduras e capacetes. minídeos
A caça é a atividade humana por excelência Por que a caça e a pesca são tão importantes?
entre os primatas, e só foi possível em larga esca- Por que são uma característica distintiva dos prima-
la e como forma de sustento, através da invenção tas humanos? De acordo com Craig B. Stanford, em
das armas de caça. Caça existe e é instintiva entre seu livro “The Hunting Apes”, “as origens da inteli-
os chimpanzés, que buscam por presas pequenas, gência humana estão ligadas à aquisição de carne,
como filhotes de macacos de outras espécies e de especialmente através das capacidades cognitivas

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

necessárias para a partilha estratégica de carne bilidade inata ou instintiva e não pode se propagar
com companheiros de grupo..” De fato, até os chim- através de genes, a única maneira de passá-lo de
panzés machos utilizam a carne caçada em troca geração a geração é através da tradição cultural, o
de favores sexuais das fêmeas, por exemplo, e há ensino e o aprendizado por imitação, o que também
uma clara vantagem seletiva na seleção sexual por pressupôe alguma forma eficaz de comunicação
causa disso. Provavelmente os seres humanos fizeram entre mestres e aprendizes. Esta pode ser vista como
uso extensivo de carne não só como alimento, mas uma das origens pragmáticas da linguagem! Muitas
também para influenciar a estrutura social, o sucesso outras espécies de macacos podem aprender desta
reprodutivo, etc. forma, também (como foi comprovado pelo estudo
As armas de caça foram rapidamente adotadas agora famoso de macacos Rhesus na ilha japonesa
pelos humanos para matar sua própria espécie. A de Hokkaido, que espalharam entre si a “cultura” de
impressionante sequência de abertura “A aurora do lavar batatas, ensinadas a eles pelos pesquisadores),
homem” do filme de 1968 de Stanley Kubrick “2001: mas a ausência de linguagem deles certamente limi-
A Space Odissey” “, mostra como os hominídeos po- ta o âmbito e profundidade de aprendizagem cul-
deriam ter descoberto acidentalmente a utilidade tural.
das ferramentas, primeiro para a caça e depois para
garantir a dominação e a auto-defesa em relação a A Evolução da Inteligência
inimigos. Religião, Arte e Cultura
A guerra usada como uma forma de dominar e O advento da inteligência simbólica avança-
aniquilar outros grupos humanos também é muito an- da trouxe para os seres humanos muitos presentes
tiga. De acordo com diversas teorias, a “sub-especia- e conseqüências. Um deles, o auto-conhecimento,
ção”, ou seja, a dominação de um grupo de animais nos permite interpretar a realidade de uma maneira
em relação a outros grupos da mesma espécie atra- subjetiva e conceituar nossa existência, em compa-
vés da competição, foi muito importante para a rá- ração com outros animais e outros seres humanos.
pida evolução dos seres humanos modernos. O zoó- A auto-realização também permitiu que os seres hu-
logo da Universidade Harvard, Dr. Edward O. Wilson,
manos pré-históricos fossem capazes de desenvolver
autor do influente livro “Sociobiology” argumentou
estratégias, planejar e antecipar o futuro. Outra ha-
que o genocídio sistemático, tal como é praticado
bilidade impressionante é a capacidade de produzir 385
ainda hoje, foi uma forma encontrada pela espécie
símbolos e abstrações, isto é, representações men-
humana para acelerar o trabalho da Natureza e pro-
tais internas da realidade, “invenções do pensamen-
mover a propagação do conjunto de genes de um
to” e crenças não fundamentadas na realidade. A
grupo particular. A incidência de guerra da história
linguagem nos deu também a capacidade de nos
humana é mais que suficiente para documentar essa
comunicarmos através de um sistema aberto e com
característica permanente da inteligência humana e
flexibilidade literalmente infinita de símbolos sono-
da cultura.
ros (palavras), portanto, permitindo-nos passar es-
Matar outros seres humanos como comida tam-
sas realizações, crenças, invenções, entendimentos
bém foi importante e existiram tribos canibais em to-
e conhecimentos para os outros seres humanos do
dos os continentes até recentemente. A ocorrência
de canibalismo entre neandertais, por exemplo, foi nosso grupo social, de geração a geração.
demonstrada recentemente pela descoberta de os- Tudo isso produziu três das características mais
sos humanos com marcas de corte e raspagem por distintivas da humanidade: a religião, a arte e a cul-
ferramentas de pedra, muito semelhantes às encon- tura. Todas elas apareceram pela primeira vez no
trados em presas animais. Paleolítico superior, e estavam presentes, há cerca
Em conclusão, podemos dizer que, sem ferra- de 80.000 anos atrás, nas duas espécies de Homo sa-
mentas de pedra, osso, madeira e chifre, os seres piens, os cro-magnons e os neandertais.
humanos não teriam evoluído para uma inteligência O seu maior desenvolvimento, no entanto ocor-
superior, e vice-versa, ou seja, estas alavancaram o reu de uma forma muito rápida, cerca de 30.000
desenvolvimento cerebral, em uma espécie de ciclo anos atrás, e apenas no Homo sapiens sapiens (daí
auto-alimentado relativamente rápido, do ponto de essa sub-espécie ter recebido esse nome), no Neolíti-
vista evolutivo. Essas habilidades evoluíram a partir de co Superior. O número e a variedade das invenções
bipedalismo, que liberou as mãos para estas tarefas do intelecto humano a partir dessa época, foi tão
de manuseio, transporte e fabricação, bem como o grande e surpreendente, que ela foi chamada de
desenvolvimento de um tipo especial de dedo pole- “O Grande Salto para a Frente”, ou ainda, de “A Re-
gar, encontrado apenas em primatas não humanos. volução do Neolítico”. Ela levou, de uma forma ou
Como a fabricação de ferramentas não é uma ha- outra, em apenas 20.000 anos, à agricultura e à do-

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mesticação dos animais, às civilizações urbanas, ao Por que a religião evoluiu para o que é hoje, ou
dominio dos metais e às grandes mudanças tecnoló- seja, um sistema organizado e fielmente transmitido
gicas que caracterizam a chamada “modernidade de crenças e de fé? Ela existe nos povos neolíticos
do comportamento”. Por enquanto, sabemos muito mais primitivos ainda existentes, na forma de um sis-
pouco do que causou essa explosão táo rápida de tema de mitologias cosmogônicas (de como surgiu
modernidade, mas parece ter sido alguma reorgani- o mundo natural e os seres humanos), rituais e supers-
zação fundamental do cérebro humano, principal- tições, intermediadores das divindades como os pa-
mente quanto ao papel dos lobos prefrontais. jés, xamãs e sacerdotes, oferendas e sacrifícios aos
deuses, animismo, etc.. O melhor palpite é que ela
Religião é a resposta do homem às forças incontroláveis da
Vamos fazer um exame da religião. A capacida- natureza. O autor Gregory J. Rosmaita expressou isso
de de auto-reconhecimento nos levou muito cedo à de forma clara:
compreensão de que todos os seres humanos aca- “Os rituais de sepultamento dos povos pré-histó-
bam por morrer, um feito que nenhum outro animal ricos é um testemunho mudo da vontade humana
é capaz. A constatação da mortalidade, então, se- universal de manter a ilusão de controle sobre as for-
para os seres humanos do resto do reino animal. Isso, ças naturais incontroláveis. Enquanto uma ilusão de
como veremos, levou, eventualmente, aos rituais de controle não puder ser lançada sobre a assustadora
sepultamento, ao culto dos mortos, à crença na vida extensão física selvagem que se estende entre o nas-
após a morte, nos espíritos, nos deuses e outras enti- cimento e a morte, nem a psique e nem o intelecto
dades abstratas e não diretamente observáveis, mas podem enfrentar a morte com total confiança. So-
que são relacionados com a Natureza, e à qual de- mente através da fé a humanidade poderá enfren-
nominamos genericamente de religião. tar o mistério último da existência, sem desespero.
Os especialistas concordam que enterrar os [...]. Pego entre o nascimento e a morte, o homem
mortos é o primeiro sinal que podemos observar no desenvolveu ritos funerários sofisticados, não só para
registro histórico da humanidade como algo seme- o benefício dos mortos, mas como um meio com o
lhante à religião. Enterros dos corpos dos mortos no qual ele pode afastar o fantasma sempre presente
Paleolítico Superior (40.000 a 10.000 anos atrás) re- da morte “
386 fletem o surgimento de um lado espiritual humano,
pois, além da elaborada preparação e a seleção Arte e Cultura
de locais especiais para o enterro, estes primeiros H. Outra dádiva da inteligência, a capacidade de
sapiens sapiens claramente faziam oferendas mor- observar a natureza ao nosso redor e tentar enten-
tuárias de objetos da vida diária, tais como flores, dê-la, levou à arte, como sua expressão simbólica,
enfeites corporais, ferramentas, armas e utensílios de para fins rituais, mágicos ou estéticos. Ela parece ter
cozinha, bebidas, alimentos, etc, que eram coloca- começado com as gravações em relevo e as pintu-
das no túmulo do falecido. Isto marcava, evidente- ras ruprestes, realizadas nos tetos e paredes das ca-
mente, a existência de uma crença na vida após a vernas onde o H. sapiens sapiens vivia. Estas formas
morte. como ocorre em todas as religiões de origem de expressão apareceram pela
neolítica, e nas modernas também. Nas espécies an- primeira vez na África há cerca de 75,000 anos
tecessoras do Homo e nos australopitecos isso não atrás (claramente observadas na caverna de Blom-
pode ser demonstrado, pois eles não enterravam ri- bo, por exemplo), ou até mais antigas ainda (um tipo
tualmente seus mortos, embora podemos imaginar de marcação artefatual humana, as chamadas cú-
que reconheciam a morte de seus semelhantes e os pulas, que são depressões simétricas escavadas na
“pranteassem”, como acontece em macacos an- rocha, e marcas sinuosas, em X e em zigue-zague,
tropóides, que manifestam comportamento seme- entalhadas em ossos, claramente com uma função
lhante ao luto. simbólica, foram encontradas em cavernas na India,
Porém, evidências arqueológicas de sites de datadas de 100.000 anos atrás). .
neanderthis, como Shanidar, no Iraque, e Le Ferras-
sie, na França, têm dado provas de que o Homo sa- Pinturas rupestres nas paredes das cavernas de
piens neanderthalensis, aparentemente enterravam Lascaux, datadas de
seus mortos em posições específicas. No entanto, os 18,000 anos AC
neandertais não pareciam depositar oferendas, por
isso, provavelmente eles eram desprovidas de rituais Escultura pré-histórica de pedra
e outras atividades simbólicas similares ao culto mor- (“Vênus de Willendorf”) 24.000 AC
tuário.

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Flautas de osso d 20.000 AC A linguagem trouxe a cultura, a preservação


dos costumes, comportamentos, atitudes e transmis-
Os exemplares mais impressionantes, no entanto, são de conhecimentos de geração em geração. A
surgiram de 30.000 a 35.000 anos atrás, na Europa, religião está intimamente relacionada com mitos e
durante a última Idade do Gelo, e marcaram o iní- a história falada, que também estão presentes em
cio do que foi uma verdadeira “explosão criativa”. todas as culturas humanas. Estes só pode acontecer
Exemplos desta arte são encontradas em cavernas com a ajuda da linguagem, que instituiu a tradição
como Lascaux, na França, Altamira, na Espanha, oral. De fato, em todas as culturas que são despro-
e em muitos outros lugares na Europa. Ao lado das vidas de linguagem escrita, os contadores de histó-
pinturas foram achados materiais de desenho e co- rias são membros muito importantes da comunidade.
loração, luminárias de pedra que usavam gordura Muitos deles conseguem decorar extensos “livros” de
animal como combustível, restos de fogueira e ou- história, muitas vezes na forma de poemas, que são
tros vestígios deixados pelos artistas. Algumas das ca- repetidas oralmente e repassados de geração em
vernas eram tão profundas e inacessíveis, que prova- geração através de um tipo de aprendizagem por
velmente nunca serviram de moradia, mas apenas memorização de jovens selecionados. Com isso, sur-
para abrigar as pinturas, quase que como museus giram as manifestações culturais mais típicas da era
primitivos. moderna, como a escultura, a música, a dança (pre-
Não sabemos ao certo porque o H. sapiens sa- sentes universalmente em todas as culturas, e prova-
piens descobriu a arte e qual foi o seu propósito. velmente também entre os cro-magnons da cultura
Talvez as cavernas servissem como uma espécie neolítica auragciniana. Flautas de osso perfurado, de
de santuário, e as pinturas de animais estivessem 50.000 anos de idade, capazes de gerar uma escala
relacionadas a rituais mágicos com o objetivo de musical parecida com a atual, foram achadas em
augurar e aumentar o sucesso da caça (a maioria cavernas na Europa), e posteriormente a grande re-
das pinturas descreve animais de caça comuns dos volução da linguagem escrita, que mudou absoluta-
cro-magnons, como auroques, antílopes, mamutes, mente tudo nas eras seguintes.
cavalos, rinocerontes lanudos, e o outros), em uma
A Evolução da
riqueza impressionante de detalhes. Em alguns casos
Inteligência
aparecem também figuras humanas com armas de
Conclusões 387
caça, perseguindo esses animais, tão importantes
O aparecimento da inteligência na Terra implica
para a sobrevivência nos hostis ambientes em que
um paradoxo: só conseguimos reconhecer e avaliar
viviam. Ou, talvez, foi apenas porque os homens pré
diretamente sua existência apenas porque somos in-
-históricos se sentiam ociosos e enfastiados em suas
teligentes! Outras formas de vida, o meio ambiente, e
estadias prolongadas em cavernas durante os lon-
agora, até mesmo o espaço sideral, são o objeto de
gos invernos da Idade do Gelo (que duravam prova-
estudo da nossa inteligência e dos nossos atos sobre
velmente por mais de oito meses no ano, sem opor-
ele, mas eles são incapazes de entender essa inteli-
tunidade de conseguir outro tipo de alimento exceto
gência.
carne de caça, como acontece com o povo inuit
Assim que os seres humanos adquiriram inteligên-
do Ártico). cia capaz de entender e raciocinar sobre o universo e
De fato o eminente especialista Ian Tattersall tudo o que há nele, a tentativa de compreendermos
acredita que a arte tornou-se possível pela existên- a nós mesmos tornou-se uma obsessão. Há muitos ra-
cia de excedentes econômicos (nas cavernas, bem mos da filosofia e das ciências dedicado exclusiva-
alimentados com carne defumada da caça de mente a isso, e este artigo da Revista Cérebro & Men-
grandes animais, permitiu que os seres humanos ti- te tem precisamente este objetivo. Acima de tudo,
vessem muito tempo livre para a decoração e o en- queremos, como espécie, descrever e compreender
tretenimento). A arte também pode ser uma tentati- até o derradeiro detalhe como o cérebro foi cons-
va desses primeiros humanos modernos para descre- truído e aperfeiçoado pela natureza, como a men-
ver e explicar o mundo ao redor deles e como eles se te apareceu e como a inteligência e a consciência
relacionam com ele. É interessante como uma das surgiram a partir da matéria, e isso certamente figura
primeiras manifestações da arte rupestre eram im- entre os mais fascinantes, os mais duradouros, os mais
pressões das mãos, obtidas esfumando-se pigmento difíceis, e, provavelmente, os mais gratificantes de to-
ocre ou negro ao redor da mão firmemente apoiada dos os esforços científicos do homem.
e aberta sobre a parede da caverna. Existem milha- Tornou-se claro para os cientistas que a inteligên-
res dessas impressões, que dão a impressão de se- cia não é única para os seres humanos: muitos ani-
rem uma manifestação de individualidade, tipo uma mais têm vários tipos de “inteligências”, muitos deles
assinatura do artista. superiores aos do homem (por exemplo, foi demons-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

trado experimentalmente que a memória de curto Existem limites biológicos para o aumento do
prazo de jovens chimpanzés é bem melhor do que crânio, como a largura do canal do parto (que não
a nossa). No entanto, é somente o Homo sapiens sa- pode aumentar muito pois levaria à instabilidade da
piens, desde sua aurora como uma nova espécie, marcha da mulher; Existem evidências de que a lar-
que tem desenvolvido e apresentado uma combina- gura da pelve está diminuindo).
ção única de funções neurais que podemos legitima- Outro limite sério é o custo metabólico do cére-
mente chamar de inteligência (provavelmente com bro, que está no seu limite e não poderia mais ser
um «I» maiúsculo). Esta certeza fez do homem um ani- mantido durante a gestação, assim como pelo ta-
mal que se auto-atribuiu o título de «rei da criação». manho do nosso corpo.
Todas as religiões tentam nos colocar nesta posição Finalmente, um cérebro maior a partir do que já
superior e única na Natureza, desde as sofisticadas temos não implica em maior inteligência, na reali-
mitologias cosmogônicas dos índios brasileiros até a dade existem evidências que a relação massa ce-
Bíblia e o Alcorão. Talvez não seja justificável, mas rebral/massa corporal tem até diminuido um pouco
sabemos com certeza que algo estranho aconteceu desde os neandertais. A eficiência e velocidade das
cerca de 100.000 anos atrás, quando um pequeno conexões intracorticais parece ser o fator mais corre-
grupo de primitivos e peludos descendentes de ho- lacionado com o QI
mens-macaco na África tenham se ransfigurado, Argumenta-se que o volume cerebral total dos
através da evolução natural, em um ser fisicamente bebês tem aumentado progressivamente nas últimas
frágil, mas com uma mente ultra-poderosa. décadas. É verdade, mas isso parece ser mais o re-
sultado de mães hiper-alimentadas na gestação e
O resto é história. fatores nutricionais durante o desenvolvimento infan-
O Futuro da Inteligência Humana til, que têm levado a uma maoior massa corporal ao
Como será a evolução do cérebro e da inteligên- longo das gerações, do que um aumento de inteli-
cia humana no futuro? Bem, em primeiro lugar, evolu- gência. Infelizmente.
ção biológica é um fenômeno extremamente lento, O que parece ser verdade, é que nossa inteligên-
na melhor das hipóteses só pode ser notado ao longo cia continuará a aumentar, mas através de três me-
de dezenas de milhares de anos, abrangendo de 2 canismos epigenéticos e artificiais:
a 5.000 gerações humanas. Evolução sempre ocorre, Intervenções fenotípicas, como drogas cogniti-
388 como mostram vários estudos da frequência e das vas (também chamadas de nootrópicas ou drogas
mutações dos genes relacionados aos cérebros, que inteligentes), estimulação cerebral interna e externa,
são a maioria dos 25.000 genes do genoma codifi- e até neurocirurgias
cado do homem. O que não sabemos é em qual Intervenções genéticas diretas, como mutações
direção nos levará essa evolução. Teremos cérebros genéticas induzidas, engenharia genética, etc., que
enormes, como nos querem sugerir os adeptos dos alteração nossa arquitetura cerebral, sem aumentar
ETs e da ficção científica? Seremos, em virtude disso, o volume. Todos nós poderemos ser gênios
bem mais inteligentes do que hoje? Simbiose entre cérebros, computadores e robôs.
A chamada singularidade final (a inteligência artifi-
Do ponto de vista biológico, várias evidências in- cial ultrapassará a natural) deverá ocorrer por volta
dicam que não! de 2020, e os computadores e os seres humanos po-
Não existem mais pressões seletivas que confiram derão se fundir em seres biônicos com inteligências
maior diferencial reprodutivo ou maior sobrevivência ultra-especializadas
aos mais inteligentes. Ao contrário, o diferencial re- Tudo isso é especulação, é claro. Mas bem longe
produtivo indica que as pessoas menos inteligentes de ser ficção científica, está no domínio das possibi-
estão tendo mais filhos do que os mais lidades, e já estamos rumando a esse ponto ômega.
A medicina, a assistência social e outros fatores
equalizadores impedem que os menos inteligentes Impactos da transformação do ambiente e da
sejam eliminados antes da idade reprodutiva adaptação das espécies animais e vegetais aos in-
A diversidade dos seres humanos está diminuin- teresses da espécie humana.
do, e a variação é a base sobre a qual trabalha a É frequente dizer-se que as espécies se adaptam.
seleção natural Por exemplo, mamíferos como os golfinhos, adapta-
O isolamento de sub-espécies, necessária para ram-se às circunstâncias da vida marinha. Os bicos
produzir espécies diferenciadas, como aconteceu dos tentilhões das Galápagos adaptaram-se às ca-
há 300.000 anos com as duas sub-espécies do Homo racterísticas peculiares de cada uma das ilhas. Os
sapiens, tornou-se improvável,, com as comunica- membros do morcego adaptaram-se ao voo. Em teo-
ções, transportes e migrações modernas ria, perante os novos cenários climáticos é provável

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que muitas espécies se adaptem às novas circunstân- Na atmosfera: a eliminação de poluentes desta
cias ecológicas. É provável que o urso polar reduza forma só é possível quando os resíduos estão no es-
a espessura da sua camada de gordura, ou então tado gasoso.
que as orelhas dos elefantes se tornem maiores para Em áreas isoladas: essas áreas são previamente
uma mais eficaz dissipação do calor. A adaptação escolhidas, em geral são aterros sanitários.
das espécies é para nós quase uma banalidade. Em
diferentes contextos, as espécies adaptam-se. Classificação dos resíduos:
Adaptar significa qualquer coisa como “tornar
apto”. Neste sentido, quando se diz que uma es- Resíduos tóxicos: são os mais perigosos e podem
pécie se adapta, então estamos a dizer que uma provocar a morte conforme a concentração, são ra-
espécie está a tornar-se apta. E, como nos ensinou pidamente identificados por provocar diversas rea-
Darwin, apenas os mais aptos são selecionado, so- ções maléficas no organismo. Exemplos de gerado-
brevivem e se reproduzem. No entanto, aqui o verbo res desses poluentes: indústrias produtoras de resíduos
“tornar” alude à ideia de “mudar para”. Ou seja, as de cianetos, cromo, chumbo e fenóis.
espécies ao adaptarem-se, estão ao fim e ao cabo
a mudar para uma condição que as torne mais ap- Resíduos minerais: são relativamente estáveis,
tas naquele contexto. E essa condição agora pode correspondem às substâncias químicas minerais, elas
ser morfológica ou fisiológica ou até comportamen- alteram as condições físico-químicas e biológicas do
tal. E, no entanto, fica a ilusão que essa adaptação meio ambiente. Exemplos de indústrias: mineradoras,
é intencional e em resposta a um estímulo quando metalúrgicas, refinarias de petróleo.
na verdade ela é casual e estritamente espontânea.
Resíduos orgânicos: as principais fontes desses
Impactos ambientais poluentes são os esgotos domésticos, os frigoríficos,
Impacto ambiental é a alteração no meio am- laticínios, etc. Esses resíduos correspondem à matéria
biente por determinada ação ou atividade. Atual- orgânica potencialmente ativa, que entra em de-
composição ao ser lançada no meio ambiente.
mente o planeta Terra enfrenta fortes sinais de tran-
sição, o homem está revendo seus conceitos sobre
Resíduos mistos: possuem características químicas
natureza. Esta conscientização da humanidade está 389
associadas às de natureza biológica. As indústrias
gerando novos paradigmas, determinando novos
têxteis, lavanderias, indústrias de papel e borracha,
comportamentos e exigindo novas providências na
são responsáveis por esse tipo de resíduo lançado na
gestão de recursos do meio ambiente.
natureza.
Um dos fatores mais preocupantes é o que diz
respeito aos recursos hídricos. Problemas como a es-
Resíduos atômicos: esse tipo de poluente contém
cassez e o uso indiscriminado da água estão sendo
isótopos radioativos, é um lixo atômico capaz de emi-
considerados como as questões mais graves do sé-
tir radiações ionizantes e altamente nocivas à saúde
culo XXI. É preciso que tomemos partido nesta luta
humana.
contra os impactos ambientais, e para isso é impor-
tante sabermos alguns conceitos relacionados ao Interação e adaptação das espécies
assunto. Os estudos da ciência concluem, cada vez mais,
Poluição é qualquer alteração físico-química ou que a relação entre as espécies vivas é muito maior
biológica que venha a desequilibrar um ecossiste- de que imaginávamos no passado. À medida que
ma, e o agente causador desse problema é deno- os nossos conhecimentos sobre os seres vivos avan-
minado de poluente. çam, chegamos cada vez mais à conclusão de que
Como já era previsto, os principais poluentes têm todo o sistema vivo da Terra, aquilo que no passado
origem na atividade humana. A Indústria é a princi- chamávamos de “natureza”, só consegue se man-
pal fonte, ela gera resíduos que podem ser elimina- ter devido a uma intensa interdependência entre as
dos de três formas: diversas espécies. Como exemplo da interação das
Na água: essa opção de descarte de dejetos é espécies, citamos o caso de três tipos de urubus, que
mais eram muito comuns na Índia e em outras partes da
barata e mais cômoda, infelizmente os resíduos Ásia: o urubu de bico longo, o de bico estreito e o de
são lançados geralmente em recursos hídricos utili- cabeça branca. Através de estudos científicos reali-
zados como fonte de água para abastecimento pú- zados há poucos anos, ficamos sabendo que estas
blico. espécies de urubus estavam em rápido processo de
extinção, sem que se encontrasse sua causa. Depois

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de muitas pesquisas, os cientistas descobriram que a nós dominamos completamente 36% da superfície
morte das aves era provocada por um tipo de anti bioprodutiva. Metade do escoamento natural de
-inflamatório, utilizado nas vacas, de cujos cadáveres água doce é hoje desviada para uso humano. Ati-
os urubus se alimentavam. Nos bovinos e nos seres hu- vidades econômicas humanas estão convertendo
manos o medicamento atenua a dor, mas nos urubus mais nitrogênio em suas formas reativas do que todos
causa falência renal. Como consequência do rápido os processos naturais do planeta juntos. Processos
desaparecimento das aves, milhares de carcaças industriais e agrícolas estão causando um acúmulo
de vacas apodreciam ao sol, onde incubavam an- contínuo de gases estufa na atmosfera, alcançando
traz (doença infecciosa causada por bactérias) e níveis sem precedentes nos últimos 800.000 anos, e
serviam de alimento para cães. Além disso, com a possivelmente muito mais.
fartura de carne que não era consumida, dada a re- O domínio humano já se estende por todo o pla-
dução na quantidade de urubus, houve um grande neta, e é evidente que isso tem conseqüências para
aumento na população de cães selvagens e, com a biodiversidade. De fato, um relatório recente sobre
isto, a ameaça de propagação da raiva. Assim, a este assunto, o 2005 Millennium Ecosystem Assessment
quase extinção de três espécies de urubus, aumen- report (um relatório ambiental de escala similar aos
tou a probabilidade de disseminação de epidemias do IPCC), chegou a algumas conclusões sombrias -
perigosas ao homem. 60% dos ecossistemas do mundo estão degradados
e as extinções estão ocorrendo num ritmo 100 a 1000
Animais e plantas podem se adaptar ao aqueci- vezes mais rápido que o normal (média de extinção
mento global? em longos períodos geológicos). Por exemplo, um es-
tudo feito em 2003 mostrou que até 42% das espécies
O que a ciência diz... do sudeste asiático podem ser levados à extinção
Um grande número de extinções em massa do até 2100 apenas devido ao desmatamento e frag-
passado foram atribuídas com grande certeza a mu- mentação de habitats.
danças climáticas globais. Devido à grande rapidez Extinções em Cingapura e Sudeste Asiático - Fig.
da atual mudança do clima, torna-se simplesmente 1 - Projeção de extinções no sudeste da Ásia devi-
impossível para a maioria das espécies adaptar-se do à perda de habitat. Tendo em vista estas pressões
pelas maneiras usuais (migrando, por exemplo). As e perturbações já existentes, é razoável se pergun-
390 mudanças globais são abrangentes demais e estão tar se o aquecimento global contribuiria ainda mais
ocorrendo muito rapidamente. para esta confusão. Alguns, como os “céticos” Fred
Singer e Dennis Avery, não vêem problema algum,
Argumento cético... afirmando que o aquecimento será benéfico para o
Animais e plantas podem se adaptar ao aqueci- ser humano e outras espécies, e que “corais, recifes,
mento global. Corais, árvores, pássaros, mamíferos e pássaros, mamíferos e borboletas estão se adaptan-
borboletas estão se adaptando bem à rotina de um do bem à rotina de um clima em transição”.
clima em transição. (fonte: Hudson Institute) Apesar do aquecimento global ser motivo de
preocupação para biólogos da área de conserva-
Os seres humanos estão modificando o meio am- ção ambiental, esse não é o foco da maioria dos
biente de todo o mundo. No passado, áreas enormes pesquisadores, no momento. Isso se deve, imagino,
de florestas temperadas foram derrubadas na Euro- principalmente à severidade dos danos de outras
pa, Ásia e América do Norte para se produzir madei- ameaças mais imediatas.
ra, ou dar lugar a agricultura e urbanização. Hoje, a O aquecimento global já afeta a distribuição
linha de frente está nas florestas tropicais. Introduzi- geográfica de espécies e a sua época de procria-
das pelo homem, espécies invasoras concorrentes e ção, migração, floração, entre outros. Entretanto, ex-
predadoras estão aumentando exponencialmente; trapolar estes impactos observados para prever con-
a superexploração de peixes e a caça de animais seqüências futuras é uma tarefa complexa. O estudo
para alimentação, a ponto de exauri-los, continua mais completo feito até hoje, de um grupo britâni-
sendo a regra o invés da exceção. co, estimou que 18 a 35% das espécies de animais
O que tem determinado isso é o fato da popula- e plantas estarão condenadas à extinção em 2050.
ção ter crescido a ponto de ser hoje 6 vezes maior, Este estudo, que usou uma abordagem simples de
e a economia ser hoje 50 vezes maior que em 1800. estimar as áreas de ocorrência das espécies depois
Os grandes avanços modernos do ser humano fo- de ajustá-las às condições atuais bioclimáticas, cau-
ram conquistados às custas da exploração do meio sou uma torrente de debates. Alguns argumentaram
ambiente. Hoje, cerca de 83% da área continental que ele era otimista demais, ou tinha incertezas muito
da Terra está sob influência direta do ser humano, e amplas, porque deixou de fora muitos detalhes eco-

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lógicos, enquanto outros disseram que ele seria exa- B) Uma estimativa otimista de um aquecimento
geradamente pessimista, em vista do que sabemos pequeno de apenas 2ºC neste século levariam o pla-
sobre as reações das espécies e a aparente resiliên- neta a condições que não existiram desde o meio
cia às mudanças climáticas observadas nos registros do período Plioceno, há 3 milhões de anos. Se aque-
fósseis - veja abaixo. cermos mais de 4ºC, o planeta chegaria, em menos
De fato, um grande número de eventos de ex- de um século, à temperatura da última vez que em
tinção em massa têm fortes evidências de estarem não havia geleira nenhuma na Terra, há 35 milhões
associados a mudanças climáticas globais, incluindo de anos. A média de duração das espécies é de 1 a
a mais avassaladora de todas, que encerrou a era 3 milhões de anos. Portanto, é bastante possível que
Paleozóica há 250 milhões de anos, e a menos cata- no período geologicamente curto de um século, as
clísmica, mas ainda assim danosa, do Máximo Térmi- condições planetárias sejam transformadas em algo
co do Paleoceno-Eoceno, há 55 milhões de anos. Já que a maioria das espécies modernas nunca viveu.
no passado mais recente, durante os ciclos glaciais
do Quaternário dos últimos milhões de anos, houve C) Como observado acima, é importante com-
aparentemente poucas extinções relacionadas com preender que os ecossistemas no século XXI já estão
o clima. Este paradoxo curioso de poucas extinções sob grande pressão por outras formas de agressão
nas eras glaciais até ganhou um nome: o “Enigma do humana, e por isso perderam resiliência. A maior par-
Quaternário”. te dos habitats já estão degradados, com suas popu-
Neste período, a diferença entre as temperaturas lações dizimadas em maior ou menor medida pela
globais no frio das eras glaciais e no calor das inter- ação humana. Por milênios, nossos impactos foram
glaciais foi de 4 a 6ºC - comparável ao que é pre- apenas de alcance local, ainda que por vezes te-
visto com o aquecimento antrópico até o fim deste nham sido severos. Entretanto, nos últimos séculos nós
século, no cenário que mantém as tendências atuais desencadeamos transformações físicas e biológicas
de consumo intenso de combustíveis fósseis. A maior em escala global. Neste contexto, interações entre
parte das espécies parece ter sobrevivido a estes ci- o aquecimento global, acidificação dos oceanos,
clos e Eras Glaciais e Interglaciais. Isso pode ser dedu- perda e fragmentação de habitats, espécies invaso-
zido dos registros fósseis, e das evidências genéticas ras e poluição provavelmente provocarão uma se-
das espécies modernas. Na Europa e na América do qüência de extinções. Por exemplo, o sobreuso dos
Norte, as populações se deslocaram para o sul quan- recursos naturais, a perda de habitats e a mudança 391
do as calotas polares avançaram, e reinvadiram as dos regimes de fogo vão, muito provavelmente, in-
regiões do norte quando elas recuaram. Algumas es- tensificar os efeitos diretos das mudanças climáticas
pécies podem ter sobrevivido em trechos localmente e tornar difícil para as espécies moverem-se para
favoráveis, isoladas no meio da tundra as paisagens áreas não afetadas ou manterem populações “de
geladas. Na Austrália, uma caverna descoberta re- reserva”. Uma ameaça reforça a outra e múltiplos im-
centemente mostrou que grandes mamíferos (mega- pactos agem uns sobre os outros, fazendo com que
fauna) foram capazes de sobreviver mesmo em re- o impacto geral seja maior do que seriam se cada
giões áridas como Nullarbor, em condições similares uma das agressões ocorresse isoladamente (Brook et
às atuais. al 2008).
Entretanto, mesmo sendo os registros geológicos
essenciais para entender como as espécies respon- D) As adaptações das espécies às mudanças cli-
dem às mudanças naturais de clima, há várias razões máticas no passado ocorreu principalmente através
para crer que os futuros impactos na biodiversidade do deslocamento de sua área de ocorrência para
serãos particularmente severos: latitudes mais altas ou mais baixas (dependendo se
o clima estava esquentando ou esfriando), ou subin-
A) O aquecimento causado pelos seres humanos do e descendo as encostas das montanhas. Houve
é rápido, e é esperado que se acelere ainda mais. também respostas evolutivas - os indivíduos mais to-
Os cenários do IPCC como o A1F1 e A2 implicam lerantes às novas condições sobreviveram e assim
em uma velocidade de aquecimento de 0,2 a 0,6 tornaram a geração seguinte intrinsecamente mais
ºC por década. Para comparar, o aquecimento que resiliente. Já agora, por causa dos fatores A até C
levou à última deglaciação foi de cerca de 0,0005 expostos acima, esse tipo de adaptação será impos-
ºC por década, embora isso tenha sido pontuado sível na maioria dos casos. O aquecimento global é
por alguns saltos curtos (e possivelmente de âmbito abrangente demais ou ocorrendo muito rápido. O
regional) tais como os eventos do Dryas recente, de tempo acabou, e não existe lugar para as espécies
Dansgaard-Oeschger e de Heinrich. fugirem ou se esconderem.

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O futuro da espécie humana plantas e outros seres vivos. Estas características po-
O planeta Terra está sob sérias ameaças: polui- dem ser, por exemplo, um aumento da produção de
ção, aumento da temperatura global, destruição da carne, leite, lã, seda ou frutas. Para esse fim foram,
camada de ozônio, esgotamento de recursos natu- e são, produzidas diversas raças domésticas, como
rais, extinção de espécies etc. Tudo isso é decorrên- cães, gatos, pombos, bovinos, peixes e plantas orna-
cia do crescimento da população humana e do de- mentais. É uma seleção em que a luta pela vida, ou
senvolvimento industrial e tecnológico, implementa- seleção natural, foi substituída pela escolha humana
dos pelo progresso científico. Felizmente, nas últimas dos indivíduos que melhor atendem aos seus objeti-
duas décadas, muitas pessoas têm percebido a ne- vos.
cessidade de empenhar-se em um uso mais racional O processo de seleção artificial ajudou na cria-
dos recursos naturais, sob o risco de deixar aos nossos ção de um modelo que pudesse explicar a variação
descendentes um mundo inabitável. natural dos seres vivos, a seleção natural.
Todas as espécies exploram recursos do ambien- Os processos de seleção artificial são o endo-
te, causando algum tipo de “impacto” sobre eles, e cruzamento e formação de híbridos. Através do
a espécie humana não é exceção. Algumas culturas endocruzamento o homem promove uma seleção
antigas já tinham consciência desse problema, em- direcional escolhendo os indivíduos portadores das
bora não tivessem conhecimentos científicos. No Bra- características que pretende selecionar e promove
sil, por exemplo, algumas tribos da região amazônica o cruzamento entre os indivíduos selecionados; nas
ocupavam temporariamente uma região, exploran- gerações seguintes faz o mesmo tipo de seleção.
do-a durante certo período. Aos primeiros sinais de Desta forma, os genes responsáveis pelas característi-
esgotamento dos recursos ambientais, mudavam-se cas escolhidas têm aumentado sua frequência e ten-
para uma nova região da floresta, deixando que a dem a entrar em homozigose. A população selecio-
área antiga se recuperasse do impacto causado nada tem a variabilidade genética reduzida através
pela ocupação prévia. da semelhança cada vez maior entre os indivíduos
Nos últimos dois séculos, o desenvolvimento da que a compõem. É desta maneira que são produzi-
sociedade industrial e o crescimento explosivo da das linhagens puro-sangue de cavalos, cães etc. Ao
população humana têm causado impactos ambien- mesmo tempo, o criador evita a reprodução de in-
392 tais sem precedentes. Muitos recursos naturais estão divíduos que não possuam as qualidades desejadas.
se esgotando e os resíduos produzidos pela atividade Desse modo, a seleção feita por criadores apresenta
humana acumulam-se no ambiente, degradando-o aspectos positivos e negativos.
seriamente. Mas, se somos nós mesmos os causado- A seleção de genitores e a caracterização da
res dos problemas, não teríamos também a capaci- variabilidade genética existente são decisivas para
dade de resolvê-los? As respostas para esse dilema o incremento de eficiência em programas de me-
não são simples. O aumento da população humana lhoramento, pois uma das principais necessidades
e o progresso tecnológico têm levado a uma explo- do melhorista é a identificação de plantas que pos-
ração cada vez maior dos recursos naturais e estes suam genes superiores em uma progênie segregas-
não são inesgotáveis. A pergunta, então, é: o que es- te. O processo genético mediante da seleção em
perar para o futuro? populações segregastes é diretamente proporcional
O grande desafio da humanidade, no século XXI, à variabilidade genética disponível e à frequência
é modificar o antigo conceito desenvolvimentista de de genótipos superiores existentes nas populações.
progresso, isto é, de aumento da qualidade de vida O estreito relacionamento genético entre varieda-
sem levar em conta os limites da capacidade de su- des cultivadas, como trigo, aveia e cevada, assim
porte do ambiente em que a espécie humana se in- como a dificuldade de se efetuar grande número de
sere. É necessário refletir sobre o impacto que cada cruzamentos, especialmente em espécies autóga-
um de nós causa sobre o ambiente, quanto aos re- mas, sugere a necessidade de cruzar genótipos que
cursos que utilizamos e à destinação do lixo que pro- apresentam divergência genética. Desse modo, a
duzimos. Só assim será possível amenizar o impacto classificação de genitores em grupos heteróticos e a
da espécie humana sobre o ambiente terrestre e ga- realização de cruzamento entre tipos geneticamen-
rantir um local habitável para as gerações futuras. te distintos podem contribuir para a ampliação da
variância genética em populações segregastes.
Seleção animal e vegetal Portanto, no processo evolutivo das espécies uti-
Seleção artificial é o processo conduzido pelo lizadas pelo homem para a produção agrícola ou
ser humano de cruzamentos seletivos com o objetivo obtenção de características desejadas de cavalos,
de selecionar características desejáveis em animais, cães e pombos, a variabilidade genética é funda-

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mental para a obtenção de êxitos na seleção e no Farmacologia no aumento da expectativa de


ajuste genético de genótipos às condições de am- vida
biente. Sem variabilidade genética e sua interação Entende-se hoje que temos ao nosso alcance a
com o ambiente é impossível a obtenção de genó- ciência. Desde que as pessoas começaram a tomar
tipos superiores através de melhoramento genético. ousadia na medicina, tornou-se mais propicio as pes-
Assim, animais domesticados podem ser mais vanta- soas efetuarem com exatidão a produção medica-
josamente selecionados por cruzamentos misturados, mentosa de itens que nos auxiliam e combatem as
interespecíficos, para maior versatilidade e vigor. É o enfermidades existentes no nosso organismo.
que acontece também com sementes híbridas, de Como dito anteriormente, eram raras as pessoas
interesse agronômico exatamente por terem aquelas que conseguiam chegar a idade superior aos 30
qualidades. anos, isso porque essas não tinham o apoio da tec-
nologia e menos ainda da ciência, que nesse perío-
Impactos da medicina do não era o melhor aliado do homem, mas sim as
Antigamente era muito incomum as pessoas ve- crenças e costumes.
rem outras atingirem a idade superior aos 30 anos. O homem hoje tem o dom de tornar as coisas
Essas mesmas eram as chamados (hoje) pessoas an- mais fáceis, tanto para si, quanto para as pessoas
ciãs, pois notavelmente a expectativa de vida nesse nas quais necessitam desses insumos de extrema im-
período era muito curta por conta da falta de acesso portância, o que de fato é algo impreterível, já que
e conhecimento da maquina mais que perfeito que atualmente a grande massa dessa população não
chamamos de corpo humano. E dizendo mais, des- tenha um acesso apropriado a essa “tecnologia”.
de os tempos de nossos bisavós, não fugindo muito Mas em virtude de vários problemas que vieram
dos tempos de nossos avós, era mais difícil alcançar a surgindo no decorrer dos anos, notou-se também que
longevidade por conta dessa tecnologia que temos houve uma evolução estupidamente absurda, onde
há alguma tempo, por exemplo esses aparelhos que hoje a pessoa consegue viver ate os 104 anos, com
fazem com que a pessoa permanece viva por anos apenas algumas dificuldades, dizendo numa lingua-
ate que se recupere por si só, ou pela tecnologia que gem meramente figurada. Acreditando nisso, vemos
nos permitiu realizar experiências que resultaram na que o futuro farmacológico baseia-se numa cons-
fabricação de medicamentos e outros mais que nos tante evolução, provando ao homem que é possível 393
auxiliam na cura dessas enfermidades. sim conviver com uma doença, já que a ciência esta
Outro grande exemplo que podemos citar des- ao seu lado e fará de todas as formas possíveis para
sa transformação/evolução, talvez ate melhores dos torne-se o meio mais apropriado para a realização
exemplos, é referente as células tronco adultas. dessa cura.
Sabe-se, desde os anos 60, que alguns tecidos
de um organismo adulto se regeneram constante- Mas diante os fatos relatados
mente. Entretanto é do conhecimento de todos que neste, é irrelevante dizer que alguns métodos
conforme vamos ficando mais velhos, esses tecidos antigos de prevenção a doenças ainda tem sua efi-
vão deixando de se regenerar de forma significativa- ciência sem perder sua eficácia, mas sabe-se que es-
mente positiva, isso porque capacidade proliferativa tes não deixarão nunca de ser um meio de obtenção
processo de produção de células sanguíneas são de resultados positivos e satisfatórios.
menores.
Em virtude desse problema, ou dessa deficiência
hereditária, cientista e pesquisadores de varias uni-
versidades fizeram pesquisas para que houvesse al-
gum meio de reverter essa situação, como fizeram os
cientistas italianos do Instituto San Rafaelle-Telethon,
liderado por Giuliana Ferrari. Esses vieram estudando
células derivadas da medula óssea que por resultado
regeneraram um músculo esquelético.
Desde então inúmeros deles vieram evoluindo
cada vez mais essa tecnologia tornado-a hoje, uma
das experiências mais bem sucedidas e também in-
titulando essa mesma como “Células Tronco – A me-
dicina do Futuro”.

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• QUALIDADE DE VIDA DAS POPULAÇÕES HUMANAS –


ASPECTOS BIOLÓGICOS DA POBREZA E DO DESENVOLVIMENTO HUMANO.
INDICADORES SOCIAIS, AMBIENTAIS E ECONÔMICOS. ÍNDICE DE
DESENVOLVIMENTO HUMANO. PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM A
POPULAÇÃO BRASILEIRA: CARACTERIZAÇÃO, PREVENÇÃO E PROFILAXIA.
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS. DOENÇAS
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS. ASPECTOS SOCIAIS DA BIOLOGIA:
USO INDEVIDO DE DROGAS; GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA; OBESIDADE.
VIOLÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA. EXERCÍCIOS FÍSICOS E VIDA SAUDÁVEL.
ASPECTOS BIOLÓGICOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
LEGISLAÇÃO E CIDADANIA.

Noções de Higiene e Limpeza correntes dos baixos padrões de higiene, por vezes
relacionados com o baixo padrão cultural e social
Definição Higiene local, atualmente, são de certa forma contidas com

H
a implementação de padrões de higiene, através
igiene é um conjunto de conhecimentos e da conscientização da população e instrução de
394
técnicas para evitar doenças infecciosas novas metodologias que ensinam como a socieda-
usando desinfecção, esterilização e outros de deve comportar-se nesses momentos em relação
métodos de limpeza com o objetivo de conservar e à sua Higiene, quanto ao aspecto pode ser:
fortificar a saúde. De origem grega que significa “hy-
geinos”, ou o que é saudável. É derivada da deusa Tipos
grega da saúde, limpeza e sanitariedade, “Hígia’’.
Pessoal
Preceito Básico: consiste na prática do uso cons- É um conjunto de hábitos de limpeza e asseio
tante de elementos ou atos que causem benefícios com que cuidamos do nosso corpo, por ser um fa-
para os seres humanos. Em seu sentido mais comum, tor de importância no nosso dia a dia, acaba por in-
podemos dizer que significa limpeza acompanhada fluenciar no relacionamento inter social, pois implica
do asseio. Sanitização advém de Sanidade que em na aplicação de hábitos, que viram normas de vida
amplo sentido significa ordem perfeita de funciona- em carácter individual, como:
mento. A higiene compreende hábitos que visem - Banho - Tomar banho diariamente - Devemos
preservar o estado original do ser, que é o bem-estar utilizar sabonete neutro.
e a saúde perfeita. Às técnicas de manutenção e
- Assepsia - O uso de desodorante é bastante
preservação do bem-estar, saúde perfeita e harmo-
útil, especialmente no verão. No entanto devem ser
nia funcional do organismo damos o nome de hábi-
evitados os que inibem a produção de suor, poden-
tos sanitizantes, ou hábitos higiênicos.
do assim aumentar a transpiração em outros locais
Com o aumento dos padrões de higiene e es-
do corpo – transpiração compensatória.
tudos sócios epidemiológicos têm demonstrado que
- Lavar as mãos - sempre que necessário, es-
as medidas de maior impacto na promoção da saú-
pecialmente antes das refeições, antes do contato
de de uma população estão relacionadas à melho-
com os alimentos e depois de utilizar o banheiro.
ria dos padrões de higiene e nutrição da mesma.
Além disso, é importante manter as unhas bem cor-
Muitas das doenças infectocontagiosas existentes
tadas e limpas.
que são encontradas, em locais inadequados de-

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- Higiene oral - Os dentes e a boca devem ser la- - Se o banheiro é coletivo o problema é ainda
vados depois da ingestão de alimentos, usando um maior, os homens devem respeitar as mulheres e as
creme dental com flúor. Uma higiene inadequada necessidades fisiológicas, lavar as mãos com sabo-
dos dentes dá origem à cárie dentária, que pode ser nete, secá-las, erguer a tampa do vaso sanitário e
causa de inúmeras doenças. não deixar seus “rastros” por onde passar e devem
- Água potável - Beber água mineral ou filtrada. ser hábitos básicos;
- Alimentação equilibrada – com menos alimen- - A hora do café também é um momento deli-
tos gordurosos e mais alimentos nutritivos e naturais cado em que as pessoas sempre se esquecem de
(se possível) e que se encontrem em melhores condi- alguns hábitos como lavar as mãos antes de se ali-
ções de conservação. mentar, falar com a boca cheia ou mesmo utilizar o
copo dos outros;
Coletiva - Se você sofre com caspas tome muito cuidado,
É o conjunto de normas de higiene implantadas não é algo higiênico e as pessoas a sua volta não
pela sociedade de forma a direcioná-las a um con- precisam saber disso, evite mexer nos cabelos para
ceito geral de higiene, especificando em normas es- não piorar o problema, nos casos mais extremos é ne-
peciais, o manuseio de produtos de higiene e suas cessário buscar ajuda médica;
interações com o Ser Humano. A higiene coletiva é - Roer as unhas pode ser até uma doença, mas
também um conjunto de normas para evitar nossas no trabalho é inadmissível, um ato completamente
doenças e de outras pessoas também, para preser- anti-higiênico;
var a vida de todos. - Não se esqueça da higiene pessoal, tomar ba-
É claro que cada um não se pode preocupar só nho antes de ir para o trabalho, usar uma colônia
com a sua higiene. A higiene do meio que nos rodeia suave ou um desodorante, usar talco antisséptico
também é muito importante. para os pés além de fazer bem para seu corpo ga-
rante que mais pessoas o admirem;
Mental - Se for mulher mantenha as unhas sempre bem
É a necessidade que temos de verbalizar. Ela evi- feitas;
ta conflitos sociais e doenças psicossomáticas. - O cabelo no caso os homens deve estar sempre
penteados e mulheres com os cabelos limpos e pre-
Ambiental sos de preferência; 395
Consiste na limpeza dos ambientes naturais pou- - Cuidado, se estiver com gripe ou resfriado evite
co interferidos pelos homens, produtos abióticos e o contato com os demais e não se esqueça de as-
bióticos e natureza morta (presente nas paisagens suar o nariz somente no banheiro;
naturais). E “a limpeza dos produtos que interferem - Tenha sempre um chiclete ou bala, caso des-
ou vão interferir na natureza”. confie que esteja com mau hálito, não se esqueça
de escovar os dentes após o almoço e o café, nes-
É no ambiente de trabalho que devemos de- tas horas a boca exala temperos fortes e o cheiro de
monstrar todas as qualidades e uma maneira de café na boca pode ser desagradável na hora de
demonstrar alguns valores é por meio da higiene conversar com o chefe ou o colega de trabalho;
pessoal. Ter higiene é muito mais que um atributo, é - Sempre que tossir espirrar ou bocejar não se es-
um meio de se manter saudável, é necessário para queça de levar a mão à boca.
o convívio com outras pessoas inclusive no ambien- - Tenha sempre um álcool em gel ou antisséptico
te de trabalho onde você está todo o dia com as por perto para usar sempre que manusear dinheiro,
mesmas pessoas, muitas vezes passa maior parte do cumprimentar alguém ou depois do expediente en-
tempo junto a eles do que com a família, então para tre outras ocasiões.
isto é preciso ter muito mais que higiene, é preciso Estes hábitos são muito comuns, mas muitas pes-
respeito com quem se trabalha. soas se esquecem, no ambiente de trabalho é mui-
Ter higiene é necessário para estar saudável, mas to importante causar uma boa impressão nos outros,
é uma questão sociável então veja algumas dicas porém mais que isso é o seu bem estar que está em
para não cometer erros com os colegas de trabalho: jogo, cuide de sua higiene pessoal e garanta um
- Muitas pessoas têm o hábito de levar qualquer convívio social melhor, as pessoas da sociedade
coisa à boca, inclusive canetas, lápis, copos descar- atual admiram quem se cuida e se preocupa com
táveis entre outros, pode até ser uma mania, mas a saúde e com a aparência e isto está ligado direta-
no ambiente de trabalho é algo que pode chamar mente com sua higiene pessoal que começa dentro
a atenção, além de poder levar microorganismos a de sua casa.
seu organismo, não sendo legal;

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- É importante prevenir a entrada e controlar a temperatura, pulso, pressão sanguínea, altura, peso,
proliferação de agentes como fungos, bactérias e acuidade visual e auditiva etc. Como esses critérios
parasitas no interior das instalações - 24 Horas por dia; biológicos de normalidade baseiam-se em concei-
- É fundamental garantir protecção a todos quan- tos estatísticos, deve-se considerar a possibilidade
tos apresentam o sistema imunitário diminuído e aos de variação, porque uma característica anormal
que ainda não tem o seu sistema imunitário desen- não necessariamente significa doença. Os atletas,
volvido; por exemplo, embora geralmente desfrutem de saú-
- É prioritário melhorar a consciência cívica relati- de excelente, costumam apresentar um coração
vamente ao papel e importância da Higiene. Cabe maior do que as medidas estabelecidas como nor-
aos decisores dar o primeiro passo, estabelecer o mais, porque o exercício contínuo requer uma irriga-
exemplo, imprimir o ritmo da mudança. ção sanguínea maior dos tecidos, demanda que o
coração atende aumentando de tamanho.
Sem dúvida que a Saúde e Segurança, passam
Uma definição mais exata de saúde pode ser,
também pela obtenção de elevados níveis de Higie-
portanto, a capacidade que o organismo apresenta
ne nas instalações sanitárias, sendo aconselhável a
de funcionar em completa harmonia com seu am-
implementação das seguintes medidas de preven-
biente, o que envolve a aptidão para enfrentar físi-
ção:
ca, emocional e mentalmente as tensões cotidianas.
- Limpeza regular estabelecida em função do flu-
De acordo com essa definição, a saúde é interpre-
xo de utentes;
- Instalação de sistemas de Higiene que garantam tada em função do ambiente individual. O conceito
soluções adequadas de actuação permanente; de saúde difere, por exemplo, para o operário e o
- Contratação de empresas que assegurem pro- empregado que trabalha num escritório. O operário
fissionais dedicados à manutenção do bom funcio- saudável deve ser capaz de realizar trabalhos ma-
namento dos equipamentos instalados e assegurem nuais durante todo o dia, enquanto o empregado
uma logística de serviço que aposte no rigor e na ga- que trabalha num escritório, embora perfeitamente
rantia de regular reposição dos consumíveis. capaz de realizar suas atividades sedentárias, pode
estar totalmente despreparado para o trabalho pe-
As tarefas de limpeza não são suficientes. Para se sado e até mesmo sucumbir ao desgaste físico. Os
396 conseguir atingir elevados níveis de Higiene, exclusi- dois indivíduos, no entanto, podem ser considerados
vamente através das operações de limpeza, seria inteiramente saudáveis segundo seus meios de vida.
necessária mão de obra permanente, morosa e mais O conceito de saúde envolve mais do que con-
especializada. Seria necessário adoptar práticas de dicionamento físico, já que implica também bem
limpeza meticulosas, profundas, extensas. Essas práti- -estar mental e emocional. Uma pessoa revoltada,
cas não poderiam limitar-se ao óbvio e superficial; de- frustrada, emocionalmente instável, mas em exce-
veriam incidir nas superfícies que não estão acessíveis, lente condição física não pode ser considerada sau-
que raramente são sujeitas a operações de limpeza dável, porque não está em perfeita harmonia com
como, por exemplo, os interiores de sanitas e urinóis. seu ambiente. Um indivíduo nesse estado é incapaz
Deveriam ser extensíveis aos puxadores das portas, e de emitir juízos corretos e de ter reações racionais.
outros em geral, aos manípulos das torneiras, aos bo- Uma pessoa também pode desconhecer que está
tões dos elevadores, interruptores, corrimões, etc. doente. Nesse caso se diz que a doença é latente,
O organismo só pode se manter sadio com a pois não há manifestação de sintomas. As vítimas do
aquisição e manutenção de hábitos saudáveis de câncer podem ignorar seu estado de saúde por vá-
vida, que incluem alimentação equilibrada, sono re- rios anos até que o tumor maligno cresça e comece
gular, exercícios, higiene e lazer. Diferentemente da
a produzir sintomas. Infelizmente, muitas doenças,
doença, em geral tangível, reconhecível e facilmen-
como a AIDS, permanecem ocultas por longos pe-
te identificável, a saúde é uma condição obscura e
ríodos antes de produzirem indisposição ou distúrbios
difícil de definir. Uma pessoa pode ser forte, resistente
funcionais, o que impede sua detecção precoce e
a infecções, apta a enfrentar o desgaste físico e ou-
uma possível cura.
tras pressões da vida cotidiana, mas ainda assim ser
A saúde não é, portanto, uma condição estáti-
considerada doente se seu estado mental, avaliado
de acordo com o comportamento que apresenta, for ca. Representa, na verdade, uma condição variá-
julgado frágil. vel de bem-estar físico e emocional continuamente
Saúde é a capacidade física, emocional, men- sujeita a pressões internas e externas, como preocu-
tal e social que o indivíduo tem de interagir com seu pações, excesso de trabalho, variações das condi-
ambiente. Pode ser determinada, em certas situa- ções ambientais e infecções por bactérias e vírus.
ções, por meio de alguns valores mensuráveis como Esses fatores constantemente mutáveis requerem a

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existência de um mecanismo capaz de ajustar o fun- Cuidado com os pés


cionamento dos vários sistemas vitais, com o objetivo As anormalidades dos arcos plantares (longitu-
de manter o equilíbrio interno do organismo. A regu- dinal, ao longo do bordo do pé; transversal, entre a
lação interna é chamada homeostase e envolve, en- base do dedo grande e do dedo mínimo) são cau-
tre outras funções, a termorregulação e o controle sa habitual de dor. O pé chato é desconhecido dos
do metabolismo. povos primitivos, já que o hábito de andar descalço
mantém o tono dos músculos e tendões. Dois exercí-
Hábitos Saudáveis cios são aconselháveis para os que têm arcos fracos:
- segurar a borda de um tapete com os dedos
O organismo só pode se manter sadio com a do pé;
aquisição e manutenção de hábitos saudáveis de - caminhar em volta do quarto sobre o bordo
vida, que incluem alimentação equilibrada, sono re- externo do pé descalço ou com meias. Por vezes, o
gular, exercícios, higiene e lazer. bem-estar dos pés e o estímulo dos músculos e ten-
dões podem ser facilmente obtidos, quando são
Exercícios eles mergulhados, alternativamente, em água muito
O exercício desenvolve o corpo e a mente. Sem quente e muito fria.
exercício, os músculos se atrofiam; o aparelho diges-
tivo e os órgãos de eliminação trabalham de manei- Sono e repouso
ra insuficiente; os pulmões não se expandem bem, O corpo humano necessita tanto de repouso
nem recebem a quantidade necessária de oxigênio; quanto de atividade. A maioria dos adultos precisa
e a circulação se torna lenta. O tipo e a quantidade de seis a nove horas diárias de sono; os jovens devem
de exercício que o corpo exige e suporta diferem de dormir mais, principalmente nos períodos de cresci-
uma pessoa para outra, segundo a idade, o sexo, as mento rápido. Deve-se conservar o hábito de dormir
condições físicas e o gosto pessoal. Os esportes de sempre no mesmo horário. A noite é o melhor período
competição, que exigem treinamento demasiado para dormir, porque o ambiente está escuro e calmo.
intenso, não são recomendados para crianças de Dorme-se melhor quando as condições do ambien-
pouca idade; os de tipo pesado não devem ser prati- te propiciam conforto: quarto bem arejado, roupas
cados por meninas em fase de crescimento, embora
adequadas e cobertas apropriadas à temperatura.
sejam bem tolerados pelos rapazes da mesma idade. 397
Durante o sono, o organismo elimina os resíduos acu-
mulados durante o dia, os músculos relaxam, os teci-
O exercício deve ser divertido e agradável
dos regeneram-se e o cérebro descansa da ativida-
Há esportes, como o tênis, o golfe e a patina-
de a que foi submetido enquanto o indivíduo esteve
ção, que podem ser praticados por muito tempo na
acordado. Para os que têm insônia, recomenda-se
idade adulta, o que não acontece com o futebol,
relaxar bem a musculatura. Um banho morno à noite
o basquetebol e outros. Na escolha dos exercícios e
ajuda a conciliar o sono. Não se deve ingerir drogas
esportes, convém levar em conta seus riscos (fraturas,
indutoras do sono sem prescrição médica.
sobrecarga do coração etc.) e periculosidade do lu-
gar onde serão praticados. Antes de iniciar a prática
Alimentação
de qualquer esporte, é preciso haver um período de
treinamento bem planificado e dosado. O regime alimentar deve ser equilibrado e incluir
proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e vi-
Postura Correta taminas. A hipovitaminose ou carência de vitaminas
Os defeitos de postura acarretam distúrbios da pode causar doenças, como escorbuto, beribéri,
saúde. A boa postura influi tanto na personalidade pelagra e outras. Deve-se comer regularmente e em
quanto na saúde. Uma atitude descuidada faz o horas certas. Durante as refeições pode-se tomar
indivíduo parecer negligente, além de prejudicar o quantidade moderada de líquidos (leite, sucos de
desempenho de certas funções orgânicas. Para con- frutas ou água). Entre as refeições principais deve-se
seguir uma postura correta são fatores importantes beber bastante água, que é um regulador do funcio-
o tono muscular e a criação de hábitos adequados. namento dos órgãos e necessário para a eliminação
Qualquer exercício que melhore o tono muscular (es- dos produtos de excreção. O fumo tem efeitos noci-
porte ou o simples caminhar) contribui para a aquisi- vos sobre o sistema nervoso e os aparelhos respirató-
ção de uma boa postura. Quando a postura incorre- rio e digestivo. Evitar fumar contribui, portanto, para
ta chega a causar perturbações físicas, é convenien- preservar a saúde. Do mesmo modo, aquele que faz
te procurar um médico especializado, que aconse- uso imoderado de bebidas alcoólicas não poderá
lhará exercícios apropriados, uso de aparelhos para desfrutar de saúde perfeita.
manter o dorso ereto e outras providências.

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Asseio pressões, o indivíduo entra em estado de estresse e


A higiene é fundamental para a saúde. As mãos pode apresentar problemas circulatórios, digestivos e
devem ser lavadas antes das refeições, para eliminar mentais, como ansiedade, depressão e distúrbios de
as bactérias e vírus que podem ser levados à boca personalidade. Para prevenir o estresse, os melhores
e infectar o organismo. O descanso do corpo requer remédios são o lazer e o relaxamento. Entre as ati-
banhos frequentes para tirar o pó, o suor e a desca- vidades recomendadas estão à dança, prática de
mação da epiderme morta. É desaconselhável o ba- esportes individuais ou em grupo, caminhada ao ar
nho após refeições abundantes, pois a atividade di- livre, meditação, ioga, leitura, palavras-cruzadas,
gestiva subtrai muito sangue à circulação periférica, jogos de cartas e o cultivo de algum passatempo,
o que pode causar cãibras e resfriados. Convém es- como colecionar selos e cuidar de animais.
perar pelo menos uma hora antes de tomar o banho.
O cabelo e o couro cabeludo devem ser conserva- Limpeza
dos limpos da descamação que continuamente se Definição
produz. As unhas devem ser cuidadas, cortadas con- A Limpeza Técnica é o processo de remoção de
venientemente e mantidas sempre limpas. Os verni- sujidades, mediante a aplicação de agentes quími-
zes e pinturas para unhas às vezes são prejudiciais. cos, mecânicas ou térmicos, num determinado pe-
Os dentes devem ser escovados (pelo menos duas ríodo de tempo. Consiste-se na limpeza de todas as
vezes por dia) para a necessária limpeza das super-
superfícies fixas (verticais e horizontais) e equipamen-
fícies e dos espaços que os separam e remoção de
tos permanentes, das diversas áreas do recinto.
partículas alimentares. É recomendável a consulta
Com o objetivo de orientar o fluxo de pessoas,
periódica ao dentista.
materiais, equipamentos e a frequência necessária
de limpeza, sendo imprescindível o uso de critérios
Olhos e ouvidos
de classificação das áreas para o adequado proce-
Os olhos precisam receber meticulosa atenção.
Não convém forçá-los à leitura em ambientes onde dimento de limpeza.
seja precária a iluminação. A luz artificial, em qual-
quer ambiente, deve ser bem planejada. É acon- Assepsia:
selhável procurar um oftalmologista de tempos a É o conjunto de medidas que utilizamos para im-
398 tempos, principalmente se houver dores de cabeça, pedir a penetração de microorganismos num am-
enxaquecas ou dificuldades de visão. Os ouvidos de- biente que logicamente não os tem, logo um am-
vem ser protegidos, na medida do possível, de fato- biente asséptico é aquele que está livre de infecção.
res externos que possam afetá-los (água do mar ou
das piscinas etc.), da mesma maneira que o nariz e Antissepsia:
a garganta, em que são frequentes as infecções. É É o conjunto de medidas propostas para inibir
aconselhável a consulta periódica a um otorrinola- o crescimento de microorganismos ou removê-los
ringologista. de um determinado ambiente, podendo ou não
destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou
Prevenção de doenças infecciosas desinfetantes. A descontaminação de tecidos vi-
Medidas importantes na prevenção de doenças vos depende da coordenação de dois processos:
infecciosas são a filtração e a cloração da água po- degermação e antissepsia. É a destruição de micro
tável, o uso de bebedouros e copos de papel descar- -organismos existentes nas camadas superficiais ou
táveis em lugares públicos, a cocção dos alimentos, profundas da pele, mediante a aplicação de um
a pasteurização e o aquecimento do leite etc. Em agente germicida de baixa causticidade, hipoaler-
relação às doenças que se transmitem diretamente genico e passível de ser aplicado em tecido vivo. Os
de pessoa a pessoa, o isolamento dos pacientes é detergentes sintéticos não-iônicos praticamente são
importante para proteger os indivíduos sadios. A va- destituídos de ação germicida. Sabões e detergen-
cinação tem sido muito eficaz para deter a difusão tes sintéticos aniônicos exercem ação bactericida
de certas doenças infecciosas (varíola, febre tifoide, contra microorganismos muito frágeis como o Pneu-
poliomielite etc.).
mococo, porém, são inativos para Stafilococcus au-
reus, Pseudomonas aeruginosa e outras bactérias
Lazer
Gram negativas. Consequentemente, sabões e de-
O organismo responde às pressões do dia-a-dia
tergentes sintéticos (não iônicos e aniônicos) devem
com uma descarga de hormônios na circulação san-
ser classificados como degermantes, e não como
guínea que acelera o metabolismo, o ritmo cardía-
co e respiratório e aumenta a pressão sanguínea e a antissépticos.
tensão muscular. Submetido continuamente a essas

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Degermação: Higiene e profilaxia


Vem do inglês “degermation”, ou desinquima-
ção, e significa a diminuição do número de microor- Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos
ganismos patogênicos ou não, após a escovação para impedir a penetração de microorganismos num
da pele com água e sabão. É a remoção de detri- ambiente que logicamente não os tem, logo um am-
tos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões biente asséptico é aquele que está livre de infecção.
e detergentes sintéticos, graças a sua propriedade
de umidificação, penetração, emulsificação e dis- Antissepsia: é o conjunto de medidas propostas
persão, removem mecanicamente a maior parte da para inibir o crescimento de microorganismos ou re-
flora microbiana existente nas camadas superficiais movê-los de um determinado ambiente, podendo ou
da pele, também chamada flora transitória, mas não não destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou
conseguem remover aquela que coloniza as cama- desinfetantes. A descontaminação de tecidos vivos
depende da coordenação de dois processos: deger-
das mais profundas ou flora residente.
mação e antissepsia. É a destruição de micro-organis-
mos existentes nas camadas superficiais ou profundas
Fumigação: é a dispersão sob forma de partícu-
da pele, mediante a aplicação de um agente ger-
las, de agentes desinfetantes como gases, líquidos ou
micida de baixa causticidade, hipoalergenico e pas-
sólidos.
sível de ser aplicado em tecido vivo. Os detergentes
sintéticos não-iônicos praticamente são destituídos
Desinfecção: é o processo pelo qual se destroem de ação germicida. Sabões e detergentes sintéticos
particularmente os germes patogênicos e/ou se ina- aniônicos exercem ação bactericida contra microor-
tiva sua toxina ou se inibe o seu desenvolvimento. Os ganismos muito frágeis como o Pneumococo, porém,
esporos não são necessariamente destruídos. são inativos para Stafilococcus aureus, Pseudomonas
aeruginosa e outras bactérias Gram negativas. Con-
Esterilização: é processo de destruição de todas sequentemente, sabões e detergentes sintéticos (não
as formas de vida microbiana (bactérias nas formas iônicos e aniônicos) devem ser classificados como de-
vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante germantes, e não como antissépticos.
a aplicação de agentes físicos e ou químicos. Toda
esterilização deve ser precedida de lavagem e enxa- Degermação: Vem do inglês degermation, ou de- 399
guadura do artigo para remoção de detritos. sinquimação, e significa a diminuição do número de
microorganismos patogênicos ou não, após a esco-
Esterilizantes: são meios físicos (calor, filtração, ra- vação da pele com água e sabão. É a remoção de
diações, etc) capazes de matar os esporos e a forma detritos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões
vegetativa, isto é, destruir todas as formas microscó- e detergentes sintéticos, graças a sua propriedade
picas de vida. de umidificação, penetração, emulsificação e dis-
persão, removem mecanicamente a maior parte da
Esterilização: o conceito de esterilização é abso- flora microbiana existente nas camadas superficiais
luto. O material é esterilizado ou é contaminado, não da pele, também chamada flora transitória, mas não
existe meio termo. conseguem remover aquela que coloniza as cama-
das mais profundas ou flora residente.
Germicidas: são meios químicos utilizados para
destruir todas as formas microscópicas de vida e são Fumigação: é a dispersão sob forma de partícu-
designados pelos sufixos «cida» ou «lise», como por las, de agentes desinfectantes como gases, líquidos
ou sólidos.
exemplo, bactericida, fungicida, virucida, bacterióli-
se etc. Na rotina, os termos antissépticos, desinfetan-
Desinfecção: é o processo pelo qual se destroem
tes e germicidas são empregados como sinônimos,
particularmente os germes patogênicos e/ou se ina-
fazendo que não haja diferenças absolutas entre
tiva sua toxina ou se inibe o seu desenvolvimento. Os
desinfetantes e antissépticos. Entretanto, caracteriza-
esporos não são necessariamente destruídos.
mos como antisséptico quando a empregamos em
tecidos vivo e desinfetante quando a utilizamos em Esterilização: é processo de destruição de todas
objetos inanimados. Sanitização, neologismo do in- as formas de vida microbiana (bactérias nas formas
glês sanitization, em que emprega sanitizer, tipo parti- vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante
cular de desinfetante que reduz o número de bacté- a aplicação de agentes físicos e ou químicos. Toda
rias contaminantes a níveis julgados seguros para as esterilização deve ser precedida de lavagem e enxa-
exigências de saúde pública. guadura do artigo para remoção de detritos.

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Esterilizantes: são meios físicos (calor, filtração, ra- Meios de esterilização:


diações, etc) capazes de matar os esporos e a forma
vegetativa, isto é, destruir todas as formas microscó- Físico: Calor seco (Estufa, Flambagem e Fulgura-
picas de vida. ção); Calor úmido (Fervura e Autoclave); Radiações
(Raios alfa, Raios gama e Raios x).
Esterilização: o conceito de esterilização é abso- Químico: Desinfetantes - Para conseguir-se a este-
luto. O material é esterilizado ou é contaminado, não rilização, há vários fatores importantes: Das caracterís-
existe meio termo. ticas dos microorganismos, o grau de resistência das
formas vegetativas; a resistência das bactérias produ-
Germicidas: são meios químicos utilizados para toras de esporos e o número de microorganismos e da
destruir todas as formas microscópicas de vida e são característica do agente empregado para a esterili-
designados pelos sufixos «cida» ou «lise», como por zação.
exemplo, bactericida, fungicida, virucida, bacterióli-
Esterilização pelo calor: A susceptibilidade dos or-
se etc. Na rotina, os termos antissépticos, desinfetan-
ganismos ao calor é muito variável e dependem de
tes e germicidas são empregados como sinônimos,
alguns fatores, e dentre eles citamos:
fazendo que não haja diferenças absolutas entre
- Variação individual de resistência,
desinfetantes e antissépticos. Entretanto, caracteriza-
- Capacidade de formação de esporos,
mos como antisséptico quando a empregamos em
- Quantidade de água do meio,
tecidos vivo e desinfetante quando a utilizamos em - ph do meio,
objetos inanimados. Sanitização, neologismo do in- - Composição do meio.
glês sanitization, em que emprega sanitizer, tipo parti-
cular de desinfetante que reduz o número de bacté- Esterilização pelo calor seco: A incineração afe-
rias contaminantes a níveis julgados seguros para as ta aos microorganismos de forma muito parecida a
exigências de saúde pública. como afeta as demais proteínas. Os microorganismos
são carbonizados ou consumidos pelo calor (oxida-
Antissépticos: Um antisséptico adequado deve ção), assim, podemos usar a chama para esterilizar
exercer a atividade gemicida sobre a flora cutâneo (flambagem) e a eletricidade (fulguração). O apare-
400 -mucosa em presença de sangue, soro, muco ou pus, lho mais comum para a esterilização pelo calor seco é
sem irritar a pele ou as mucosas. Muitos testes in vitro a estufa, que consiste em uma caixa com paredes du-
foram propostos para avaliar a ação de antissepti- plas, entre as quais circula ar quente, proveniente de
cos, mas a avaliação definitiva desses germicidas só uma chama de gás ou de uma resistência elétrica. A
pode feita mediante testes in vivo. Os agentes que temperatura interior é controlada por um termostato.
melhor satisfazem as exigências para aplicação em As estufas são usadas para esterilizar materiais ¨se-
tecidos vivos são os iodos, a cloro-hexidina, o álcool cos¨, como vidraria, principalmente as de precisão,
e o hexaclorofeno. seringas, agulhas, pós, instrumentos cortantes, gases
vaselinadas, gases furacinadas, óleos, vaselina, etc.
Para a desinfecção das mãos temos: A esterilização acontece quando a temperatura no
- Soluções antissépticas com detergentes (deger- interior da estufa atinge de 160 oC a 170oC, duran-
mantes) e se destinam à degermação da pele, remo- te 2 horas, ocorrendo destruição de microorganismos,
vendo detritos e impurezas e realizando anti-sepsia inclusive os esporos. Deve-se salientar que a tempe-
parcial. Como exemplos citam: Solução detergente ratura precisa permanecer constante por todo esse
de PVPI a 10% (1% de iodo ativo); Solução detergente tempo, evitando-se abrir a porta da estufa antes de
vencer o tempo.
de clorhexidina a 4 %, com 4% de álcool etílico.
- Solução alcoólica para anti-sepsia das mãos:
Esterilização pelo calor úmido: Podemos usar o ca-
Solução de álcool iodado a 0,5 ou 1 % (álcool
lor das seguintes formas:
etílico a 70%, com ou sem 2 % de glicerina); Álcool
etílico a 70%, com ou sem 2% de glicerina.
Fervura: Foi um método correntemente usado na
prática diária, mas não oferece uma esterilização
Técnicas de Esterilização completa, pois a temperatura máxima que pode
atingir é 100°C ao nível do mar, e sabemos que os
Esterilização é a destruição de todos os organis- esporos, e alguns vírus, como o da hepatite, resistem
mos vivos, mesmo os esporos bacterianos, de um ob- a essa temperatura, alguns até por 45 h. Por outro
jeto. Para isso dispomos de agentes físicos e químicos. lado, a temperatura de ebulição varia com a alti-
tude do lugar.

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Cuidados na esterilização pela fervura: Devem-se saturado a 750 mmHg e temperatura de 121ºC são
eliminar as bolhas, pois estas protegem as bactérias suficientes para destruir os esporos mais resistentes,
- no interior da bolha impera o calor seco, e a tem- em 30 minutos. Essa é a combinação mais usada, ser-
peratura de fervura (100°C), este calor é insuficiente vindo para todos os objetos que não estragam com
para a esterilização; Devem-se eliminar as substâncias a umidade e temperatura alta como panos meios
gordurosas e protéicas dos instrumentos, pois estas bacteriológicos, soluções salinas, instrumentais (não
impedem o contacto direto do calor úmido com as os de corte), agulhas, seringas, vidraria (não as de
bactérias. precisão ) etc.
Usando-se vapor saturado a 1150 mmHg e 128º C,
Esterilização pelo vapor sob pressão (autocla- o tempo cai para 6 minutos, podendo se assim evitar
ve): Age através da difusão do vapor d’água para a ação destruidora do calor sobre panos e borracha.
dentro da membrana celular (osmose), hidratando o Em casos de emergência, usamos durante 2 minutos
protoplasma celular, produzindo alterações químicas a temperatura de 132ºC e 1400 mmHg. Para testar
(hidrólise) e coagulando mais facilmente o protoplas- a eficiência da esterilização em autoclave lançamos
ma, sob ação do calor. O autoclave é uma caixa me- mão de indicadores, que pode ser tintas que mudam
tálica de paredes duplas, delimitando assim duas câ- de cor quando submetidas a determinada tempe-
maras; uma mais externa que é a câmara de vapor, ratura durante certo tempo, ou tiras de papel com
e uma interna, que é a câmara de esterilização ou esporos bacterianos, que são cultivados em caldos
de pressão de vapor. A entrada de vapor na câmara após serem retirados do autoclave. Como exemplo
de esterilização se faz por uma abertura posterior e citamos tubinho contendo ácido benzóico mais eo-
superior, e a saída de vapor se fazem por uma aber- sina, que tem ponto de fusão de 121ºC. Anidrido fta-
tura anterior e inferior, devido ao fato de ser o ar mais lico mais verde metila tem ponto de fusão de 132ºC.
pesado que o vapor. Ácido salicilico mais violeta de genciana tem ponto
O vapor é admitido primeiramente na câmara de fusão de 156ºC.
externa com o objetivo de aquecer a câmara de es-
terilização, evitando assim a condensação de vapor Bioindicadores: Podemos usar ampolas contendo
em suas paredes internas. Sabe-se que 1 grama de 2 ml de caldo de cultura com açúcares mais um indi-
vapor saturado sob pressão, libera 524 calorias ao se cador de pH e esporos de bacilo Stearo thermophilus 401
condensar. Ao entrar em contacto com as superfícies (espécie não patogênica), esporo estes que morrem
frias o vapor saturado se condensa imediatamente, quando submetidos a 121ºC por 15 minutos. Incuba-
molhando e aquecendo o objeto, fornecendo as- se por 24 a 48 horas a 55ºC, e se a esterilização foi sufi-
sim dois fatores importantes para a destruição dos ciente a cor violeta não se altera. Podemos também
micro-organismos. O vapor d’água, ao ser admitido usar cadarços embebidos com suspensão salina de
na câmara de esterilização é menos denso que o ar, cultura de Bacilo subtilis (em esporulação acentua-
e portanto empurra este para baixo, até que sai da da) colocados no interior de um campo cirúrgico
câmara, e através de correntes de convecção, retira dobrado, que será colocado no centro dos pacotes,
todo o ar dos interstícios dos materiais colocados na caixas ou tambores. Findo o prazo de esterilização,
câmara. Ao condensar-se, reduz de volume, surgindo o cadarço é enviado para cultura no laboratório. (o
assim áreas de pressão negativa, que atraem novas Bacilo subtilis não é patogênico e é um dos mais re-
quantidades de vapor. Desse modo, as disposições sistentes ao calor)
dos materiais a serem esterilizados dentro da auto-
clave devem obedecer a certas regras, formando es- Éter cíclico - Óxido de etileno: É um gás incolor,
paços entre eles e facilitando o escoamento do ar e inflamável, tóxico, altamente reativo, é completa-
vapor, tendo-se em mente a analogia com o escoa- mente solúvel em água, álcool, éter e muitos solven-
mento de água de um reservatório, evitando assim a tes orgânicos, borracha, couro e plásticos. É bacteri-
formação de “bolsões” de ar seco (onde agiria ape- cida esporicida e virucida. Eficaz em temperatura re-
nas o calor seco, insuficiente para esterilizar nas tem- lativamente baixa, penetra em substâncias porosas,
peraturas atingidas habitualmente pelo autoclave. não corroe ou danifica materiais, age rapidamente,
A quantidade efetiva de água sob a forma de removível rapidamente.
vapor dentro da câmara de pressão pode ser reduzi-
da, de modo que, ao retirar-se os objetos esterilizados, Esterilização pelo óxido de etileno: Autorizado
estes estejam quase secos. A ação combinada de pelo Ministério da Saúde como agente químico para
temperatura, pressão e da umidade são suficientes esterilização, portaria 930/1992. Necessita de três uni-
para uma esterilização rápida, de modo que vapor dades: aparelho de autoclave combinado, gás e va-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

por; aparelho de comando que vai misturar o gás, e - O gás etileno possui efeito tóxico.
o freon na concentração pré-estabelecida e o apa- - O processo é demorado.
relho aerador. Existem quatro condições que são pri- - A utilização do aparelho é limitada a estabele-
mordiais e que guardam relação entre si para que o cimentos grandes.
óxido de etileno se torne um agente esterilizante:
- Tempo - o tempo de exposição ao gás varia de Flambagem: O Ministério da Saúde, através da
acordo com a temperatura do aparelho, portaria 930 de 27 de agosto de 1992, relaciona a
- Temperatura - Geralmente utiliza a temperatura flambagem como meio possível de esterilização nas
de 55oC e a exposição em 2 horas. Em temperaturas laboratórios de microbiologia para a manipulação
mais baixas necessitamos de exposições maiores e de material biológico ou transferencia de massa
vice-versa. bacteriana pela alça bacteriológica e para a esteri-
- Umidade relativa - usa de 20 a 40%, lização de agulhas, na vacina de BCG intradérmico.
- Concentração do gás - usa a concentração de
450 mg/L de espaço da câmara esterilizadora. Por Radiação: A radiação é uma alternativa na es-
ser altamente inflamável quando puro, usamos mis- terilização de artigos termossensíveis, (seringa de
turar com dióxido de carbono (90%) ou freon (80%). plástico, agulha hipodérmicas, luvas, fios cirúrgicos),
por atuar em baixas temperaturas, é um método
Técnica
disponível em escala industrial devido aos elevados
- Preparo do material - deverão estar completa-
custos de implantação e controle.
mente limpos e secos. O material que os empacota
deve ser permeável, flexível e forte para aguentar a
Radiações ionizantes: (raios beta, gama, (cobal-
manipulação normal do processo de esterilização.
to), X, alfa ). Tem boa penetrabilidade nos materiais
Usar fitas adesivas para identificação e indicadores
de óxido de etileno dentro dos pacotes. mesmos já empacotados o que justifica a sal como-
- Não sobrecarregar o esterilizador para evitar didade.
bolsões isoladores e também o rompimento e aber-
tura dos pacotes durante o aumento de pressão da Radiações não ionizantes: (raios ultravioleta, on-
câmara. das curtas e raios infravermelhos) devido a sua baixa
402 - Aeração - o objetivo é ventilar para remover o eficiência está vetado o seu uso pelo Ministério da
gás contido no material esterilizado e sendo execu- Saúde desde 1992. Filtração é usada como contro-
tado a 50ºC, o tempo varia de acordo com o tipo le ambiental, criando áreas limpas e áreas estéreis,
de material, assim: Borracha e material plástico fino = podendo inclusive lançar utilizar se do fluxo laminar.
6 horas; Borracha e material plástico grosso = 24 ho-
ras; Marca passos internos = 4 dias; Luvas, cateteres Aldeído: Agente químico autorizado pelo Minis-
e outros materiais em invólucros de plásticos = 7 dias; tério da Saúde, (portaria 930/1992). Glutaraldeido a
Qualquer tubo de cirurgia cardíaca = 7 dias. 2%, associada a um antioxidante, por 8 a 12 horas, é
usado para esterilizar material de acrílica, cateteres,
Vantagens drenos, nylon, silicone, teflon, pvc, laringoscópicos e
- É bactericida, esporocida e virucida; outros); Formaldeído, usado tanto na forma líquida
- Agente esterilizante em temperatura relativa- ou gasosa por 18 horas. Paraformaldeído, as pasti-
mente baixa; lhas tem ação esterilizante na concentração de 3
- Facilmente removível; gramas por 100 centímetros cúbico de volume do
- Fácil de obter, armazenar e manusear; recipiente onde o material é esterilizado por um pe-
- Penetra em qualquer material permeável e po- ríodo de 4 horas a 50°C.
roso;
- Esteriliza uma grande variedade de instrumentos Fonte de infecção relacionada a artigos hospi-
e equipamentos sem danificar a maioria; talares
- É método simples, eficaz econômico e seguro;
- O material esterilizado pode ser estocado por
Denominam-se artigos hospitalares os materiais
período prolongado.
empregados com o objetivo de prevenir danos à
saúde das pessoas ou de restabelecê-la, neces-
Desvantagens
sários aos cuidados dispensados. Eles têm grande
- Necessita de controle cuidadoso da concentra-
ção de gás, temperatura e umidade. variedade e as mais diversas finalidades, podendo
- A aparelhagem é cara e requer supervisão téc- ser descartáveis ou permanentes, e esterilizáveis ou
nica especializada. não.

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A equipe de enfermagem tem importante pa- - os procedimentos só devem ser feitos por pro-
pel na manutenção dos artigos hospitalares de sua fissionais devidamente capacitados e em local apro-
unidade de trabalho, seja em ambulatórios, unida- priado (expurgo);
des básicas ou outros setores em que esteja atuan- - sempre utilizar sapatos fechados, para prevenir a
do. Para sua previsão e provisão, deve-se levar em contaminação por respingos;
consideração as necessidades de consumo, as con- - quando do manuseio de artigos sujos, estar de-
dições de armazenamento, a validade dos produtos vidamente paramentado com equipamentos de pro-
e o prazo de esterilização. Os artigos permanentes teção: avental impermeável, luvas de borracha anti-
devem ter seu uso assegurado pela limpeza, desin- derrapantes e de cano longo, óculos de proteção e
fecção, descontaminação e esterilização. máscara ou protetor facial;
- utilizar escovas de cerdas macias, evitando a
Classificação de artigos hospitalares: Os artigos aplicação de materiais abrasivos, como palhas de
utilizados nos serviços de saúde são classificados aço e sapólio;
em três categorias, propostas pela primeira vez por - as pinças devem estar abertas quando de sua
Spaulding, conforme o grau de risco de provocar in- imersão na solução;
fecção nos pacientes. - desconectar os componentes acoplados, para
uma efetiva limpeza;
Processamento de artigos hospitalares: Descon- - enxaguar os materiais em água corrente potá-
taminação, segundo Rutala, é o processo que visa vel;
destruir microrganismos patogênicos, utilizado em ar- - secar os materiais com tecido absorvente limpo,
tigos contaminados ou em superfície ambiental, tor- atentando para o resultado da limpeza, principal-
nando-os, conseqüentemente, seguros ao manuseio. mente nas ranhuras das pinças;
Pode ser realizada por processo químico, no qual os - armazenar o material ou encaminhá-lo para de-
artigos são imersos em solução desinfetante antes de sinfecção ou esterilização.
se proceder a limpeza; por processo mecânico, uti-
lizando-se máquina termodesinfectadora ou similar; Desinfecção é o processo de destruição de mi-
ou por processo físico, indicando-se a imersão do ar- crorganismos em estado vegetativo (com exceção
tigo em água fervente durante 30 minutos, método
das formas esporuladas, resistentes ao processo) uti- 403
não indicado por Padoveze, pois, segundo ele, há
lizando-se agentes físicos ou químicos. O termo desin-
impregnação de matéria orgânica quando aplica-
fecção é aplicado tanto no caso de artigos quanto
do a artigos sujos.
de superfícies ambientais. A desinfecção pode ser de:
A limpeza é o ato de remover a sujidade por meio
de fricção e uso de água e sabão ou soluções de-
- alto nível: quando há eliminação de todos os mi-
tergentes. Há várias fórmulas de detergentes dispo-
crorganismos e de alguns esporos bacterianos;
níveis no mercado, variando do neutro à específicos
- nível intermediário ou médio: quando há elimi-
para lavadoras. Ainda nesta classificação, podemos
nação de micobactérias (bacilo da tuberculose),
apontar os enzimáticos utilizados para limpeza de
bactérias na forma vegetativa, muitos vírus e fungos,
artigos por imersão, bastante recomendados, atual-
porém não de esporos;
mente, por sua eficácia na limpeza, são capazes de
- baixo nível: quando há eliminação de bactérias
remover a matéria orgânica da superfície do ma-
terial em tempo inferior a 15 minutos (em média, 3 e alguns fungos e vírus, porém sem destruição de mi-
minutos), não danificam os artigos e são atóxicos e crobactérias nem de esporos.
biodegradáveis.
Limpar é procedimento que deve sempre pre- Os processos físicos de desinfecção são a pasteu-
ceder a desinfecção e a esterilização; quanto mais rização e a água em ebulição ou fervura. A pasteu-
limpo estiver o material, menor a chance de falhas rização é uma desinfecção realizada em lavadoras
no processo. A matéria orgânica, intimamente aderi- automáticas, com exposição do artigo em água a
da ao material, como no caso de crostas de sangue temperaturas de aproximadamente 60 a 90 graus
e secreções, atua como escudo de proteção para centígrados por 10 a 30 minutos, conforme a instru-
os microrganismos, impedindo que o agente desinfe- ção do fabricante. É indicada para a desinfecção de
tante/esterilizante entre em contato com a superfície circuitos de respiradores.
do artigo, tornando o procedimento ineficaz. A água em ebulição ou fervura é utilizada para
Para a realização da descontaminação e limpe- desinfecção de alto nível em artigos termorresistentes.
za dos materiais, recomenda-se adotar as seguintes Consiste em imergir totalmente o material em água
medidas: fervente, com tempo de exposição de 30 minutos,

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após o que o material é retirado com o auxílio de pin- Os cuidados com o ambiente estão centrados
ça desinfetada e luvas de amianto de cano longo. principalmente nas ações de limpeza realizadas
Em seguida, deve ser seco e guardado em recipiente pelo Serviço de Higiene Hospitalar. Há uma estreita
limpo ou desinfetado . ressalve-se que esse procedi- relação deste com o Serviço de Prevenção e Contro-
mento é indicado apenas nas situações em que não le de Infecção Hospitalar, cabendo-lhe as seguintes
se disponha de outros métodos físicos ou químicos. incumbências: padronizar produtos a serem utilizados
A desinfecção de artigos hospitalares por pro- na limpeza; normatizar ou indicar o uso de germici-
cesso químico é feita por meio de imersão em solu- das para as áreas críticas ou para as demais, quando
ções germicidas. Para garantir a eficácia da ação necessário; participar de treinamentos e dar orienta-
faz-se necessário: que o artigo esteja bem limpo, pois ção técnica à equipe de limpeza; participar da ela-
a presença de matéria orgânica reduz ou inativa a boração ou atualização de manuais a respeito do
ação do desinfetante; que esteja seco, para não assunto.
alterar a concentração do desinfetante; que esteja
totalmente imerso na solução, sem a presença de Classificação das áreas hospitalares: A frequên-
bolhas de ar; que o tempo de exposição recomen- cia da limpeza varia de acordo com as áreas do
dado seja respeitado; que durante o processo o re- hospital. Da mesma maneira que os artigos, as áreas
cipiente seja mantido tampado e o produto esteja hospitalares também foram classificadas de acordo
dentro do prazo de validade. com os riscos de infecção que possam oferecer aos
Esterilização é o processo utilizado para destruir pacientes:
todas as formas de vida microbiana, por meio do uso
de agentes físicos (vapor saturado sobre pressão, au- Métodos e frequência da limpeza, desinfecção e
toclave e vapor seco, estufa) e químicos (óxido de descontaminação
etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, formal-
deído, glutaraldeído e ácido peracético). A esterili- De maneira geral, a limpeza é suficiente para re-
zação pelo vapor saturado sob pressão é realizada duzir os microrganismos existentes nas superfícies hos-
em autoclave, que conjuga calor, umidade, tempo pitalares, reservando-se os processos de desinfecção
e pressão para destruir os microrganismos. Nela po- e descontaminação para as áreas onde há deposi-
dem ser esterilizados artigos de superfície como ins- ção de matéria orgânica.
404 Para a descontaminação, indica-se a aplicação
trumentais, baldes e bacias e artigos de espessura
de desinfetante sobre a matéria orgânica; em segui-
como campos cirúrgicos, aventais e compressas, e
da, aguardar o tempo de ação, remover o conteúdo
artigos críticos e semicríticos termorresistentes e líqui-
descontaminado com papel absorvente ou tecidos
dos.
e realizar a limpeza com água e solução detergente.
Na estufa, o calor é produzido por resistências
Na desinfecção, remover a matéria orgânica
elétricas e propaga-se lentamente, de maneira que
com papel absorvente ou tecidos, aplicar o desinfe-
o processo é moroso e exige altas temperaturas, vá-
tante sobre a área atingida, aguardar o tempo de
rios autores indicam a esterilização por esse método
ação, remover o desinfetante com papel absorven-
apenas quando haja impossibilidade de submeter o
te ou pano e realizar a limpeza com água e solução
material à autoclavação, como no caso de pós e
detergente. O desinfetante habitualmente utilizado
óleos.
para a descontaminação e desinfecção de superfí-
O material a ser processado em estufa deve ser
cies é o cloro orgânico (clorocide) ou inorgânico (hi-
acondicionado em caixas metálicas e recipientes
poclorito de sódio a 1%), com tempo de exposição
de vidro refratário. Frise-se que a relação tempo- de 10 minutos.
temperatura para a esterilização de materiais por A limpeza das áreas hospitalares é um procedi-
esse método é bastante controvertida e as opiniões mento que visa remover a sujidade e detritos orgâni-
muito divergentes entre os diversos autores. cos de superfícies inanimadas, que constituem ótimo
habitat para a sobrevivência de microrganismos no
Fonte de infecção relacionada ao ambiente âmbito hospitalar. O agente químico utilizado na lim-
peza é o detergente, composto de substância ten-
O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais soativa que facilita a remoção da sujeira.
e horizontais fazem parte do meio ambiente de uma A limpeza pode ser do tipo concorrente e termi-
instituição de saúde. Particularmente no hospital, o nal. O primeiro tipo é feito diariamente e consiste na
ambiente pode tornar-se foco de infecção hospita- limpeza do piso, remoção de poeira do mobiliário,
lar, embora estudos tenham demonstrado não ser limpeza completa do sanitário, reposição de material
esse o principal meio de transmissão. de higiene e recolhimento do lixo, repetido confor-

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me a necessidade; o segundo, é realizado periodica- cimento de microrganismos em tecidos vivos são de-
mente, de acordo com a área de risco do hospital, e nominadas antissepsia. A adesão da equipe às me-
consiste na limpeza de paredes, pisos, tetos, janelas, didas gerais de prevenção e controle de infecção
portas e sanitários. ainda dependem da conscientização e mudança
Os métodos de limpeza podem ser classificados de hábitos dos profissionais. Entretanto, sua adoção
em varredura úmida, que visa a remoção da sujeira implica a realização de atos simples e de fácil execu-
do chão, sem que ocorra suspensão de partículas no ção, tais como:
ar, realizada com o MOP ou pano úmido envolto no - lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer
rodo, e lavagem, que visa remover a sujidade pelo procedimento - um dos mais importantes meios para
uso de água e detergente neutro, feita manual ou prevenir a infecção cruzada;
mecanicamente, utilizando-se máquinas lavadoras. - manter os cabelos longos presos durante o tra-
É atribuição do Serviço de Higiene realizar a lim- balho, pois quando soltos acumulam sujidades, poei-
peza do piso, paredes, teto e mobiliário da unidade, ra e microrganismos, favorecendo a contaminação
como mesas, telefones, extintores de incêndio. Ao do paciente e do próprio profissional;
Serviço de Enfermagem cabem as tarefas de limpe- - manter as unhas curtas e aparadas, pois as lon-
za e desinfecção de equipamentos e artigos relacio- gas facilitam o acúmulo de sujidades e microrganis-
nados à assistência do paciente, como bombas de mos;
infusão, monitores, aspiradores, comadre, bacias. - evitar o uso de jóias e bijuterias, como anéis, pul-
seiras e demais adornos, que podem constituir-se em
Fonte de infecção relacionada à equipe de saú- possíveis fontes de infecção pela facilidade de alber-
de: A equipe de saúde tem importante papel na garem microrganismos em seus sulcos e reentrâncias,
cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou do- bem como na pele subjacente;
miciliar. As práticas adotadas para sua prevenção vi- - não encostar ou sentar-se em superfícies com
sam controlar a propagação de microrganismos que potencial de contamina ção, como macas e camas
habitam o ambiente hospitalar e diminuir os riscos de pacientes, pois isto favorece a disseminação de
do paciente vir a adquirir uma infecção. Por outro microrganismos.
lado, tanto as medidas gerais como as específicas
de prevenção e controle de infecção implantadas Lavando as mãos: No dia-a-dia de nosso trabalho
na instituição também direcionam-se para proteger executamos grande variedade de procedimentos, 405
o próprio trabalhador que ali desempenha sua fun- muitos deles repetidas vezes. Em geral, a importância
ção, quer seja prestando assistência direta ao pa- que lhes é conferida associa-se ao grau de comple-
ciente, como no caso do auxiliar de enfermagem ou xidade, à tecnologia envolvida, à capacidade de
do enfermeiro, quer seja indiretamente, como o fun- provocar danos ou complicações ao paciente e à
cionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da frequência de realização. A pouca adesão dos pro-
nutrição e dietética. fissionais da área de saúde à prática de lavagem das
Toda a equipe de saúde tem responsabilidade mãos reflete em parte essa situação, pois é procedi-
com relação à prevenção da infecção hospitalar, mento simples, comum na esfera social como hábi-
devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, to de higiene, o que certamente não lhe confere o
dos equipamentos de proteção individual (EPI) e ou valor e o status de alta tecnologia. E muitas são as
coletivo (EPC), quando necessário. Por sua vez, o em- justificativas usadas pela equipe para não fazê-lo,
pregador tem a responsabilidade de disponibilizar os como, dentre outras: falta de pias e degermantes
recursos necessários à efetivação desses cuidados. A adequados, sobrecarga de serviço, situações de
prevenção e o controle da infecção fundamentam- emergência. Em contrapartida, os especialistas são
se nos princípios de assepsia, mediante a utilização unânimes em afirmar que este é um dos procedimen-
de medidas para impedir a penetração de microrga- tos mais significativos para a prevenção e o controle
nismos (contaminação) em local onde não estejam da infecção hospitalar, sendo-lhe atribuída a possibi-
presentes. lidade de redução acentuada da carga microbiana
As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por quando as mãos são lavadas com água e sabão e
todos os profissionais de saúde em todos os proce- com degermantes como povidine ou clorhexidine. 
dimentos, e são agrupadas sob a denominação de
assepsia médica e cirúrgica. A primeira, refere-se às Luvas esterilizadas e de procedimento: Outra
medidas adotadas para reduzir o número de micror- barreira utilizada para o controle da disseminação
ganismos e evitar sua disseminação; a segunda, para de microrganismos no ambiente hospitalar são as
impedir a contaminação de uma área ou objeto es- luvas, esterilizadas ou não, indicadas para proteger
téril. As medidas que visam reduzir e prevenir o cres- o paciente e o profissional de contaminação. As lu-

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vas esterilizadas, denominadas luvas cirúrgicas, são não sejam realizados de maneira automatizada e im-
indicadas para a realização de procedimentos inva- pessoal, como se o paciente fosse uma máquina a
sivos ou manipulação de material estéril, impedindo ser analisada e manipulada nas suas diferentes pe-
a deposição de microrganismos no local. Exemplos: ças. Apesar de estar doente, ele não perde a con-
cirurgias, suturas, curativos, cateterismo vesical, den- dição de sujeito e cidadão. Sua autonomia deve ser
tre outros. resguardada. Ele tem total direito de ser esclarecido
As luvas de procedimento são limpas, porém não sobre os objetivos e natureza dos procedimentos de
esterilizadas, e seu uso é indicado para proteger o enfermagem, sua invasibilidade, duração dos trata-
profissional durante a manipulação de material, mentos, benefícios, prováveis desconfortos, inconve-
quando do contato com superfícies contaminadas nientes e possíveis riscos físicos, psíquicos, econômi-
ou durante a execução de procedimentos com risco cos e sociais, ou seja, sobre tudo o que possa funda-
de exposição a sangue, fluidos corpóreos e secre- mentar suas decisões. É muito comum o profissional
ções. Não há nenhum cuidado especial para calçá de saúde argumentar que boa parte dos pacientes
-las, porém devem ser removidas da mesma manei- não compreende as informações prestadas. Esque-
ra que a luva estéril, para evitar que o profissional se cem que, na maioria das vezes, isto é causado pela
contamine. inadequação de como são passadas, e não na pre-
tensa incapacidade de compreensão do paciente.
Fonte de infecção relacionada ao paciente: Na O natural pudor e intimidade dos pacientes de-
maioria das vezes, a pessoa hospitalizada tem seus vem ser sempre respeitados, pois espera-se que os
mecanismos de defesa comprometidos pela própria profissionais de enfermagem lhes assegurem ao má-
doença, tornando-se mais susceptível às infecções. ximo a privacidade. A intimidade deve ser preser-
Além disso, a infecção hospitalar pode ser predispos- vada mesmo quando são feitas perguntas pessoais,
ta por fatores tais como: por ocasião do exame físico e do tratamento, lem-
- idade - os idosos são mais susceptíveis às infec- brando que o conceito de intimidade tem diferen-
ções porque apresentam maior incidência de doen- tes significados para cada pessoa e fatores como
ças básicas que acabam debilitando e afetando seu idade, sexo, educação, condições socioeconômica
sistema imunológico, e pelas alterações de estrutura e culturais têm influência no mesmo. Os pacientes
e funcionamento do organismo; sempre esperam que o enfermeiro, técnico ou auxi-
406 - condições de higiene - a integridade da pele liar de enfermagem que lhe presta cuidados seja um
e da mucosa funciona como barreira mecânica aos profissional competente, com habilidade e seguran-
microrganismos. A camada externa da pele é consti- ça. Para que isto seja uma realidade e os resultados
tuída por células que se renovam e descamam con- eficazes, todos os cuidados devem ser previamente
tinuamente; como consequência, diversos tipos de planejados e organizados. Os materiais necessários à
sujidades a ela aderem com facilidade e microrga- execução dos procedimentos devem ser reunidos e
nismos multiplicam-se intensamente em toda a sua levados numa bandeja para junto do paciente, e o
superfície; ambiente devidamente preparado para evitar idas
- movimentação - a imobilidade no leito, causa- e vindas desnecessárias e a impressão de desleixo.
da por distúrbios neurológicos ou fraqueza, torna o Para a segurança do paciente, do próprio profissio-
paciente mais susceptível às infecções. Nessas con- nal e das pessoas que com ele trabalham, indica-se,
dições, apresenta maiores chances de desenvolver mais uma vez, lavar sempre as mãos antes e logo
úlceras de pressão, que causam ruptura na pele e após os cuidados dispensados.
facilitam a penetração de microrganismos; Para diminuir os riscos de o paciente vir a desen-
- certas enfermidades - como a Aids, em conse- volver infecção durante sua internação, a enferma-
qüência da diminui ção da defesa orgânica causa- gem implementa cuidados bastante diversificados,
da pela própria doença; de acordo com as condições e necessidades que
- estado de nutrição - a carência de proteínas e cada um apresenta. Dentre eles, os que visam à ma-
de outros nutrientes prejudica a formação e renova- nutenção da integridade cutâneomucosa, através
ção das células do nosso corpo, causando diminui- de cuidados de higiene, mobilização e alimentação
ção da resistência e retardamento do processo de adequada, são os que causam grande impacto nos
cicatrização de feridas. resultados do tratamento.

Ao prestar qualquer cuidado ou execução de


uma técnica, é fundamental que o profissional de en-
fermagem contemple o paciente em sua dimensão
biopsicossocial. Assim, é importante que os cuidados

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Higiene do Paciente - Limpar a língua, para evitar que fique seborreica;


- Enxugar os lábios com a toalha;
Normas - Lubrificar os lábios com vaselina líquida, para
evitar rachaduras;
- A higiene do paciente fica a cargo da Equipe - Retirar luvas;
de Enfermagem; - Lavar as mãos;
- Explicar sempre ao paciente o que vai ser feito; - Recompor a unidade;
- Preferencialmente realizar a higiene oral do - Anotar no prontuário o que foi feito e anormali-
paciente, antes do banho e apos as refeicoes, com dades detectadas.
solucao de Bicarbonato de Sodio, e quando se fizer
necessario; Obs: Em pacientes neurológicos com lesão cervi-
- Ao lidar com o paciente, de maneira direta, e cal, usar a espátula com gaze, para retirar o excesso
imprescindivel o uso de luvas para procedimentos; de líquido da solução anti-séptica, sem mobilizar a
- Cuidar durante o banho, para nao expor, des- cabeça; Em pacientes conscientes, ele próprio deve
necessariamente, o paciente. A privacidade contri- escovar os dentes.
bui muito para o conforto mental do paciente;
- Secar bem toda a superficie do corpo do pa- Higiene Oral (em paciente entubado): Material:
ciente, principalmente as dobras; Solução anti-séptica, solução bicarbonatada; Espá-
- As portas do banheiro nao devem ser tranca- tula envoltas em gazes; Lubrificante (vaselina líquida);
das, durante o banho; Copo para colocar solução anti-séptica; Seringa de
- Deve-se testar a temperatura da agua, antes do 20 ml; Aspirador montado; Cânula de guedel (estéril),
banho do paciente. Geralmente se usa agua morna. se necessário; Toalha; Luvas.

Higiene Oral: Consiste na limpeza dos dentes, Técnica


gengivas, bochechas, língua e lábios. Condições - Lavar as mãos;
patológicas que predispõem a irritação e a lesão da - Explicar ao paciente o que ser feito;
mucosa oral: (estado de coma, hipertemia). Finalida- - Calçar luvas;
des: - Reunir o material na mesa de cabeceira;
- Promover conforto ao paciente; - Colocar o paciente em posição confortável, 407
- Evitar halitose; com a cabeceira elevada ou em decúbito lateral
- Prevenir carie dentaria; se estiver inconsciente. Caso o paciente esteja com
- Conservar a boca livre de residuos alimentares. sonda nasogástrica, abri-la, para evitar náuseas e re-
fluxo do conteúdo gástrico para a boca;
Higiene Oral (em pacientes impossibilitados de - Colocar a toalha na parte superior do tórax e
cuidar de si): Material: Solução anti-séptica, solução pescoço do paciente, com forro plástico, se neces-
bicarbonatada (para cada 1 colher de chá, 500 ml sário;
de água); Espátula envoltas em gazes; Lubrificante - Verificar se o cuff da cânula endo-traqueal está
(vaselina líquida); Toalha; Copo para colocar solu- insuflado, para evitar que a solução anti-séptica ou
ção anti-séptica; Luvas; Cuba-rim. salivação penetre na traqueia, durante a higieniza-
cao;
Técnica: - Instilar água com auxílio da seringa, pelo orifício
- Lavar as mãos; da cânula de guedel, e fazer aspiração ao mesmo
- Explicar ao paciente o que ser feito; tempo;
- Calçar luvas; - Retirar a cânula de guedel e lavá-la em água
- Reunir o material na mesa de cabeceira; corrente na pia do quarto e recolocá-la, ou proceder
- Colocar o paciente em posição confortável, a sua troca por outra estéril, caso, seja necessário ou
com a cabeceira elevada. Em pacientes inconscien- que conforme rotina, já tenha dado 24 horas após a
tes, colocá-los em decúbito lateral; sua colocação;
- Colocar a toalha na parte superior do torax e - Proceder a limpeza de toda a boca do pacien-
pescoco do paciente, com forro plástico, se neces- te, usando as espátula envoltas em gazes embebidas
sário; em solução anti-séptica. Limpar o palato superior e
- Proceder a limpeza de toda a boca do pacien- toda a arcada dentária;
te usando as espátula envoltas em gazes, embebidas - Limpar também a lingua;
em solução anti-séptica diluído em água; - Enxugar os lábios com a toalha e lubrificá-los
- Utilizar cuba-rim para o paciente “bochechar”; com vaselina;

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Retirar luvas; - Desprezar as luvas;


- Lavar as mãos; - Limpar e guardar todo o material;
- Recompor a unidade; - Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário o que foi feito e anormali- - Anotar no prontuário.
dades detectadas.
Obs: Quando o paciente retirar a prótese ou re-
Obs: A troca do cadarco da cânula endotra- colocá-la, a Enfermagem deve observar se há a al-
queal, deve ser feita pelo Técnico/Auxiliar a cada 12 guma anormalidade em cavidade bucal. Se houver,
horas, ou quando se fizer necessário, acompanhada relatá-la no prontuário.
do reposicionamento da cânula endotraqueal, que
deve ser feito pela Enfermeira da unidade; A higiene Banho no Leito (Paciente com Dependência Total)
oral do paciente entubado deve ser feita 01 vez a
cada plantão. Normas
- Trocar a água do banho sempre que necessário;
Higiene das Próteses Dentárias: Material: Copo - Quando houver colostomia e/ou drenos, esva-
com solução anti-séptica bucal; Escova de dentes; ziar as bolsas coletoras antes do banho ou trocá-la,
Pasta dental ou sabão líquido; Cuba-rim; 01 par de depois trocar as luvas e iniciar o banho;
luvas; Toalhas de papel; Toalhas de Banho; Biombos. - Quando o banho for dado em apenas uma pes-
soa, levando-se em consideração que o paciente
Técnica ajuda, seguir a mesma técnica, porém, sem esque-
- Lavar as mãos; cer de lavar as mãos enluvadas, antes de manipular
- Explicar ao paciente o que vai fazer; a roupa limpa;
- Reunir o material na bandeja e colocar sobre a - O uso de máscara para banho é opcional como
mesa de cabeceira do paciente; rotina. Levar em consideração os pacientes altamen-
- Proteger o leito com biombo; te infectados.
- Colocar toalha sobre o tórax do paciente;
Material
- Colocar o paciente em Fowler ou sentado quan-
Carro de banho ou mesa de cabeceira;
408 do for permitido;
Luva de banho; Toalha de banho (lencol prote-
- Calçar as luvas;
tor); Material para higiene oral; Material para hi-
- Pedir ao paciente que remova a prótese com
giene íntima, Pente, Sabonete individualizado,
o uso da toalha de papel. Se o paciente não puder
Comadre e/ou papagaio do próprio paciente,
remover as próteses sozinho, a enfermagem deve fa-
Roupa para o paciente (pijama ou camisola),
zê-lo em seu lugar, lenta e cuidadosamente;
Roupa de cama (02 lençóis, 01 cobertor S/N, 01 toa-
- Colocar as próteses na cuba-rim, forrada com
lha de banho, 01 para fralda S/N, 01 forro S/N, Luvas
toalha de papel. Levar ao banheiro;
de procedimento, Luvas de banho, Hamper, 01 ba-
- Colocar a pasta dental ou sabão líquido sobre
cia, 01 balde, Fita adesiva, Biombos.
a escova;
- Segurar as próteses na palma da mão e escová Técnica
-la com movimentos firmes da base dos dentes para - Lavar as mãos e calcar as luvas de procedimen-
as pontas; tos;
- Escovar a área de acrílico em toda sua exten- - Explicar ao paciente o que vai ser feito;
são; - Trazer o carro de banho e o hamper próximo ao
- Lavá-la sob jato de água fria; leito;
- Desprezar o papel toalha da cuba-rim e colocar - Fechar as portas e janelas;
outro; - Proteger a unidade do paciente com biombos;
- Colocar a prótese limpa na cuba-rim; - Oferecer comadre ou papagaio ao paciente e
- Lavar a escova com água corrente e colocá-los procurar saber se tem clister prescrito. Se houver, fazê
na cuba-rim; -lo em primeiro lugar;
- Lavar as mãos enluvadas; - Desprender a roupa de cama, iniciando do lado
- Oferecer copo com solução anti-séptica bucal, oposto onde permanecer;
para que o paciente enxague a boca; - Fazer higiene oral do paciente e lavar a cabe-
- Entregar a prótese ao paciente ou coloque-a ça, se necessário;
por ele, no caso de impossibilidade do mesmo; - Trocar a água do banho, obrigatoriamente,
- Colocar o paciente em posição confortável; após a lavagem da cabeça;

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Lavar os olhos, limpando o canto interno para o - Recompor a unidade do paciente, colocando
externo, usando gaze; tudo no lugar;
- Lavar, enxaguar e enxugar o rosto, orelhas e - Retirar as luvas e lavar as mãos;
pescoço; - Anotar no prontuário o que foi feito e as anorma-
- Remover a camisola ou camisa do pijama, man- lidades detectadas, se houver.
tendo o tórax protegido com o lencol, descansando
os braços sobre o mesmo; Banho de Aspersão (chuveiro): Material: Roupa
- Lavar e enxugar os braços e mãos do lado opos- pessoal (pijama, camisola, shorts - fornecidos pelo
to ao que se está trabalhando, depois o mais pró- Hospital); Toalha de banho; Sabonete (individual);
ximo, com movimentos longos e firmes, do punho a Pente; Luva de banho (opcional).
axila;
- Trocar a água; Técnica
- Lavar e enxugar o tórax e abdome, com movi- - Lavar as mãos;
mentos circulares, ativando a circulação, observan- - Explicar ao paciente o que vai ser feito;
do as condições da pele e mamas; - Reunir o material e levar ao banheiro;
- Cobrir o tórax com lençol limpo, abaixando o - Encaminhar o paciente ao banheiro (portas e
lençol em uso, até a região genital; janelas fechadas);
- Lavar, enxaguar e enxugar as pernas e coxas, - Abrir o chuveiro e regular a temperatura da
do tornozelo até a raiz da coxa, do lado oposto ao água e orientar o paciente sobre o manuseio da tor-
que se está trabalhando, depois o mais próximo; neira;
- Colocar bacia sob os pés e lavá-la, principal- - Ajudar o paciente a se despir, caso não consiga
mente nos interdígitos, observando as condições dos fazer sozinho;
mesmos e enxugar bem; - Iniciar o banho se a situação permitir, deixando
- Trocar a água da bacia e a luva de pano, obri- o paciente sozinho;
- Enxugar ou ajudar o paciente a fazê-lo, obser-
gatoriamente;
vando as condições da pele e a reação do banho;
- Encaixar a comadre no paciente;
- Vestir e pentear o paciente caso não consiga
- Fazer higiene íntima do paciente, de acordo
fazê-lo sozinho;
com a técnica;
- Conduzir o paciente a sua unidade, colocando 409
- Trocar, obrigatoriamente, a água da bacia e a
-o em posição confortável na cadeira;
luva de banho, retirando a comadre, deixando-a ao
- Arrumar o leito e deixar a unidade em ordem;
lado do leito;
- Colocar tudo no lugar e chamar o pessoal da
- Virar o paciente em decúbito lateral, colocando
limpeza para proceder a limpeza do banheiro;
a toalha sob às costas e nádegas, mantendo esta
- Lavar as mãos;
posição com o auxílio de outra pessoa;
- Anotar no prontuário.
- Lavar e enxugar as costas, massageando-as, in-
cluindo nádegas e cóccix do paciente; Obs: Sentar na cadeira embaixo do chuveiro é
- Deixar o paciente em decúbito lateral, empur- muito mais seguro para os pacientes idosos ou para
rando a roupa úmida para o meio do leito, enxugan- os pacientes que ainda estão muito fracos, facili-
do o colchão; tando para que lavem as pernas e pés, com menor
- Trocar de luvas ou lavar as mãos enluvadas, probabilidade de escorregarem; Durante o banho
para não contaminar a roupa limpa; deve-se assegurar a privacidade ao paciente, mas
- Proceder a arrumação do leito, com o paciente pedir-lhe para não trancar a porta e chamar se pre-
em decúbito lateral; cisar de assistência. Manter-se perto do local.
- Virar o paciente sobre o lado pronto do leito;
- Retirar a roupa suja e desprezá-la no hamper; Higiene Íntima Feminina: Material: 01 balde; 01
- Calçar outras luvas ou lavar as mãos enluvadas jarra; Pacote de gazes; Comadre; Toalha de banho;
e terminar a arrumação do leito; Sabão líquido o P.V.P.I. degermante; Luvas para pro-
- Fazer os cantos da cama: cabeceira e pés; cedimento; Hamper; Pinça auxiliar (Cheron); Biombo;
- Vestir o paciente; Forro e saco plástico.
- Pentear os cabelos do paciente;
- Trocar a fronha; Técnica
- Utilizar travesseiros para ajeitar o paciente no - Lavar as mãos;
decúbito mais adequado; - Explicar o procedimento ao paciente;
- Limpar balde, bacia, comadre com água e sa- - Reunir o material e colocá-los sobre a mesa de
bão; cabeceira;

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Calçar às luvas; - Colocar o forro com plástico sob a região glútea


- Trazer o hamper próximo ao leito; do paciente;
- Proteger a unidade com biombos; - Colocar a comadre sob a região glútea em
- Colocar o paciente em posição ginecológica, cima do forro com a ajuda do paciente;
procurando expô-la o mínimo possível; - Irrigar com a jarra com água, a região genital;
- Colocar o forro sobre o saco plástico, colocan- - Dobrar e pinçar gaze com a pinça auxiliar;
do-os sobre a região glútea; - Despejar pequena porção de sabão líquido ou
- Colocar a comadre sob a região glútea da pa- P.V.P.I. degermante, sobre os genitais;
ciente, com ajuda da mesma; - Ensaboar os genitais com a pinça montada em
- Irrigar monte pubiano e vulva com água, despe- gaze, desprezando a gaze, a cada etapa;
jando-a suavemente com o auxílio da jarra; - Tracionar o prepúcio para trás, lavando-o em
- Despejar pequena porção de sabão líquido ou seguida, com movimentos únicos e circulares;
P.V.P.I. degermante sobre o monte pubiano; - Iniciar a higiene íntima pelo meato urinário, pre-
- Ensaboar a região pubiana com a pinça monta- púcio, glande, corpo do pênis, depois região escrotal
da em gaze, de cima para baixo sem atingir o ânus, e por último a região anal;
desprezando a gaze, após cada movimento vulva - - Despejar o conteúdo da jarra sobre a região pu-
ânus; biana, pregas inguinais, pênis e bolsa escrotal;
- Afastar os grandes lábios e lavá-la no sentido - Tracionar o escroto, enxaguando a face inferior
ântero-posterior, primeiro de um lado, desprezando no sentido escroto perineal;
a gaze e depois do outro lado; - Retirar todo o sabão líquido ou P.V.P.I. deger-
- Lavar por último a região anal; mante;
- Despejar a água da jarra, sobre as regiões en- - Retirar a comadre;
saboadas; - Enxugar a região lavada com a toalha de ba-
- Retirar a comadre; nho ou com o forro que está sob a região glútea do
- Enxugar a região lavada com a toalha de ba- paciente;
nho ou com o forro que está sob a região glútea do - Posicionar o prepúcio;
paciente; - Colocar o paciente em posição de conforto;
- Colocar a paciente em posição de conforto; - Desprezar as roupas no hamper (toalha, forro);
410 - Desprezar as roupas (toalha, forro) no hamper; - Lavar a comadre no banheiro, juntamente com
- Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o balde e jarra e guardá-los;
o balde e jarra e guardá-los; - Retirar a luva;
- Retirar a luva; - Lavar as mãos;
- Lavar as mãos; - Anotar no prontuário.
- Anotar no prontuário.
Obs: Se houver presença de secreção purulenta
Obs: Se houver presença de secreção ure- na região uretral, limpá-la com gaze, antes de proce-
tral e/ou vaginal, utilizar gazes montadas na pinça der a limpeza com água e sabão.
auxiliar para retirar o excesso, antes de iniciar a limpe-
za com água e sabão líquido ou P.V.P.I. degermante. Lavagem dos Cabelos: Material: Shampoo; Bal-
de; Bacia; Toalha de banho; Luvas para procedimen-
Higiene Íntima Masculina: Material: 01 balde; 01 to; Forro e saco plástico; Pente; Algodão em bola (02
jarra; Pacote de gazes; Comadre; Toalha de banho; unidades).
Sabão líquido o P.V.P.I. degermante; Luvas para pro-
cedimento; Hamper; Pinça auxiliar (Cheron); Biombo; Técnica
Forro e saco plástico. - Explicar ao paciente o que ser feito;
- Reunir o material no carro de banho e levá-lo
Técnica próximo a cama do paciente;
- Lavar as mãos; - Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento ao paciente; - Fechar portas e janelas;
- Reunir o material e levá-lo a unidade do paciente; - Abaixar a cabeceira do leito do paciente;
- Proteger a unidade com biombos; - Retirar o travesseiro;
- Trazer o hamper próximo ao leito; - Colocar toalha de banho na cabeceira da
- Calçar as luvas de procedimentos; cama, sob o forro com o plástico;
- Posicionar o paciente expondo somente a área - Colocar sobre o forro com plástico, a bacia com
genital; água morna;

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Colocar o paciente em posição diagonal, com - Dividir os cabelos em partes, aplicando a solu-
a cabeça próxima ao funcionário; ção com gaze, fazendo fricção no couro cabeludo
- Proteger os ouvidos do paciente com algodão; e no final embeber os cabelos;
- Colocar outra toalha ao redor do pescoço do - Prender o cabelo e colocar a faixa de crepe ao
paciente, afrouxando a camisola, no caso de mu- redor da cabeca, formando um gorro e fixando com
lher, ou retirando a camisa no caso de homem, co- esparadrapo no final;
brindo-o com o lençol; - Conservar o travesseiro com forro;
- Sustentar a cabeça do paciente com uma das - Retirar as luvas;
mãos, sobre a bacia com água; - Lavar as mãos;
- Pentear os cabelos, inspecionando o cou- - Deixar o paciente confortável e a unidade em
ro cabeludo, cabelos e observando condições de ordem;
anormalidade; - Levar a bandeja com o material para o local de
- Umedecer os cabelos com um pouco de água, origem;
- Fazer anotações no prontuário do paciente.
aplicando o shampoo evitando que o líquido escorra
nos olhos;
Obs: Deixar a solução no cabelo por 03 a 06 ho-
- Massagear o couro cabeludo com as pontas
ras pela manhã e lavá-la à tarde, passando vinagre
dos dedos;
após e penteando; Repetir o procedimento durante
- Lavar os cabelos;
03 dias ou mais, se necessário.
- Enxaguar os cabelos do paciente até sair toda
espuma, com o auxílio de uma jarra; Como colocar e retirar comadre do paciente
- Despejar a água da bacia, quantas vezes forem acamado: Material: Comadre; Papel higiênico; Biom-
necessário; bos; Bacia com água morna; Toalha de banho; Sa-
- Elevar a cabeça do paciente e espremer os ca- bonete.
belos com cuidado, fazendo escorrer água;
- Retirar a bacia que está sob a cabeça do pa- Técnica
ciente; - Lavar as mãos;
- Descansar e envolver a cabeça do paciente na - Identificar o paciente;
toalha; - Cercar a cama com biombos; 411
- Secar os cabelos com toalha de banho ou forro; - Explicar ao paciente o que vai ser feito;
- Pentear os cabelos do paciente; - Reunir o material necessário junto a unidade;
- Recolocar o travesseiro e voltar o paciente a po- - Colocar as luvas de procedimento;
sição inicial; - Aquecer a comadre (fazendo movimentos de
- Retirar a toalha, recompor o material no carro fricção em sua superfície, com a extremidade so-
de banho, deixando paciente em posição confortá- bre o lençol ou colocando-a em contato com água
vel; quente;
- Lavar as mãos; - Pedir ao paciente para levantar os quadris e se
- Anotar na prescrição do paciente. ele estiver impossibilitado, levantar por ele, com a
ajuda de outro funcionário da Enfermagem;
Tratamento de Pediculose e Remoção de Len- - Colocar a comadre sob os quadris;
deas: Material: Solução indicada para pediculose; - Deixar o paciente sozinho, sempre que possível;
Luvas para procedimento; Atadura de crepe; Espa- - Ficar por perto e voltar tão logo ele o chame;
radrapo; Forro e saco plástico; Pente fino; Biombo; - Entregar papel higiênico ao paciente, orien-
tando-o sobre a higiene íntima e se necessário, faça
Vaselina Líquida.
por ele;
- Pedir novamente ao paciente que levante o
Técnica
quadril ou, se necessário, levante por ele;
- Lavar as mãos;
- Retirar a comadre;
- Trazer a bandeja com o material e colocá-los na
- Fornecer bacia com água para que o paciente
mesa de cabeceira ou carro de banho;
lave as mãos;
- Explicar o procedimento ao paciente; - Fornecer toalha para que ele enxugue as mãos;
- Colocar biombo; - Lavar o material;
- Colocar o forro protegido com plástico sobre o - Colocar o material restante no lugar;
travesseiro; - Deixar o paciente em posição confortável;
- Aplicar vaselina nas bordas do couro cabeludo, - Desprezar as luvas e lavar as mãos;
para evitar que a solução queime o rosto; - Anotar no prontuário.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Obs: Não deixar um paciente esperando pela co- Medidas importantes para proporcionar conforto
madre, por se tratar de um ato fisiológico e a espera ao paciente:
pode levar a angústia física e emocional, podendo - Ambiente limpo, arejado, em ordem, com tem-
ocorrer diminuição do tônus dos esfíncteres. Por se peratura adequada e leito confortavel;
tratar de um momento íntimo, muitos pacientes tem - Boa postura, movimentação ativa ou passiva;
que ficar sozinhos, pois sentem-se inibidos, não con- - Mudança de decúbito;
seguindo evacuar perto de outras pessoas. - Respeito quanto a individualidade do paciente;
- Inspiração de sentimento de confiança, segu-
Massagem de Conforto rança e otimismo;
- Recreação através de TV, grupos de conversa-
É a massagem corporal realizada durante o ba- ção, trabalhos manuais, leituras.
nho de leito, e aconselhável ainda, após o uso de
comadre e durante a mudança de decúbito. Estimu- Prevenção de Escaras e Deformações: Pacientes
la a circulação local; Preveni escaras de decúbito; que permanecem muito tempo acamados requerem
Proporciona conforto e bem estar; Possibilita relaxa- uma atenção especial; os inconscientes geralmente
mento muscular. Material: Álcool 70%, ou creme ou apresentam reflexos alterados, com diminuição ou
ainda talco. abolição de movimentos voluntários. A imobilização
pode facilitar complicações traqueobronquicas; a
Técnica circulação pode-se tornar deficiente em determina-
- Aproximar o paciente na lateral do leito, onde dos pontos da área corporea, onde sofrem maior
se encontra a pessoa que irá fazer a massagem; pressão, provocando ulcerações (escaras de decúbi-
- Virar o paciente em decúbito ventral ou lateral; to); o relaxamento muscular e a posição incorreta dos
- Após lavar às costas, despejar na palma da mão vários segmentos do corpo pode provocar deformi-
pequena quantidade de álcool, creme ou talco; dades. A mudança de decúbito, exercícios passivos
- Aplicar nas costas do paciente massageando e massagem de conforto, são medidas utilizadas para
prevenir deformidades e escaras de decúbito.
com movimentos suaves e firmes, seguindo a seguin-
te orientacao:
Posição para Exames
a) Deslizar as mãos suavemente, começando
412 pela base da espinha e massageando em direção
Fowler: Paciente fica semi sentado. Usado para
ao centro, em volta dos ombros e dos lados das cos-
descanso, conforto, alimentação e patologias respi-
tas por quatro vezes;
ratórias.
b) Realizar movimentos longos e suaves pelo cen-
tro e para cima da espinha, voltando para baixo
SIMs: Lado direito: deitar o paciente sobre o lado
com movimentos circulares por quatro vezes;
direito flexionando-lhe as pernas, ficando a direita
c) Realizar movimentos longos e suaves pelo cen-
semi flexionada e a esquerda mais flexionada, che-
tro da espinha e para cima, retornando para baixo
gando próxima ao abdômen. Para o lado esquerdo,
massageando com a palma da mão, executando basta inverter o lado e a posição das pernas. Posição
círculos pequenos; usada para lavagem intestinal, exames e toque.
d) Repatir os movimentos longos e suaves que
deram início a massagem por três a cinco minutos e Genu-Peitoral: Paciente se mantém ajoelhado e
continuar com o banho ou mudança de decúbito. com o peito descansando na cama, os joelhos de-
vem ficar ligeiramente afastados. Posição usada para
Medidas de conforto e segurança do paciente: O exames vaginais, retais e cirurgias.
conforto e a segurança tem uma concepção ampla
e abrangem aspectos físicos, psicossociais e espiri- Ginecológica: A paciente fica deitada de costas,
tuais, constituindo necessidade básica do ser huma- com as pernas flexionadas sobre as coxas, a planta
no. Na admissão, se suas condições físicas permiti- dos pés sobre o colchão e os joelhos afastados um do
rem, deve-se apresentar o paciente para os compa- outro. É usado para sondagem vesical, exames vagi-
nheiros da enfermaria e a equipe de saúde. Mostrar nais e retal.
as dependências e orientá-lo quanto a equipe de
saúde. Mostar as dependências e orientá-lo quanto Litotomia: A paciente é colocada em decúbito
a rotina da unidade. Todas as condutas terapêuticas dorsal, as coxas são bem afastadas uma das outras e
e assistência de enfermagem devem ser precedidas flexionadas sobre o abdôme; para manter as pernas
de orientação, esclarecimento de dúvidas e encora- nesta posição usam-se suportes para as pernas (per-
jamento. neiras). Posição usada para parto, toque, curetagem.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Tredelemburg: O paciente fica em decúbito dor- - Colocar o braço esquerdo do paciente sobre
sal, com as pernas e pé acima do nível da cabeça, o tórax, o direito semiflexionado e abduzido sobre o
posição usada para retorno venoso, cirurgia de vari- leito e flexionar o joelho esquerdo;
zes, edema. - Colocar uma das mãos sobre o quadril do pa-
ciente e virá-lo delicadamente para o lado direito;
Ereta ou Ortostática: O paciente permanece em - Colocar um travesseiro apoiando a cabeça,
pé com chinelos ou com o chão forrado com um len- pescoço e ombro, outro amparando as costas e um
çol. Posição usada para exames neurológicos e cer- terceiro entre os membros inferiores;
tas anormalidades ortopédicas. - Colocar o braço esquerdo do paciente de
modo que não pressione o tórax;
Movimentação e Transporte de Paciente - Cobrir o paciente;
- Deixar a unidade em ordem.
É mover, e levantar ou transportar o paciente
para um determinado local através da utilização de Obs: Para as mudanças de decúbito inverso se-
movimentos planejados. guir os mesmos passos, mudando o posicionamento
dos executantes e do paciente.
Objetivos:
- Proporcionar conforto e segurança ao pacien- Duas Pessoas com Lençol
te; - Dobrar em leque a colcha e o sobre lençol;
- Evitar esforços desnecessários e lesões corporais; - Ficar uma pessoa de cada lado do paciente;
- Aliviar a pressão de determinada área (evitar - Soltar o lençol móvel;
escaras). - Enrolar as extremidades laterais do lençol bem
próximo do paciente;
O primeiro fator importante ao se mover ou levan- - Executar a técnica da seguinte maneira: ambos
seguram o lençol na altura do ombro e do terço su-
tar o paciente, é o emprego de uma boa mecânica
perior da coxa;
corporal por parte da enfermagem e de outra pes-
- Colocar o paciente para o lado esquerdo com
soa que ajude. Devem-se evitar esforços desneces-
movimentos sincronizados;
sários, prevenindo danos para si e para o paciente. 413
- Colocar o braço esquerdo do paciente sobre
Os movimentos devem ser planejados. É bom fazer
o tórax, deixando o outro semiflexionado e abduzido
uma pequena contagem para todos agirem juntos,
sobre o leito e flexionar o joelho esquerdo;
somando forças, empregando princípios de ergono-
- Colocar uma das mãos sobre o ombro e a outra
mia. Por exemplo, contar 1 – 2 – 3 – já!
sobre o quadril do paciente e virá-lo delicadamente
para o lado direito;
Procedimentos comuns:
- Colocar um travesseiro apoiando a cabeça,
- Lavar as mãos antes e após qualquer procedi-
pescoço e ombro, outro amparando as costas e ou-
mento;
tro entre os membros inferiores;
- Calçar luvas de procedimentos; - Colocar o braço esquerdo de modo que não
- Orientar o paciente sobre o procedimento; pressione o tórax;
- Registrar no prontuário todos os procedimentos - Prender o lençol;
realizados com o paciente; - Cobrir o paciente.
- Deixar a unidade em ordem;
OBS: Para movimentar o paciente do decúbito
Decúbito Dorsal para Lateral Direito ou Esquerdo dorsal para a lateral esquerda, seguir as mesmas re-
gras, mudando o posicionamento do paciente;
Duas Pessoas
- Dobrar em leque o sobrelençol até a altura dos Movimentação do Paciente para a Cabeceira
pés;
- As duas pessoas executantes devem colocar-se Quando o paciente auxilia
à esquerda do paciente; - Dobrar em leque a colcha e sobre lençol até
- 1ª pessoa: colocar o braço direito sob o ombro altura dos pés;
do paciente, apoiando a cabeça. Em seguida colo- - Proteger as grades de cabeceira com travessei-
car o braço esquerdo sob a região lombar; ros;
- 2ª pessoa: colocar o braço direito sob a região - Solicitar ao paciente, que flexione os joelhos,
lombar e o esquerdo sob o terço superior da coxa; apoiando firmemente as pernas e pés no colchão;

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Apoiar o ombro e a coxa do paciente com as - Levantar a cabeceira e sentar o paciente na


mãos; borda da cama observando sinais de vertigem, pa-
- Orientar o paciente solicitando-o para dar um lidez, etc.
impulso com os pés no sentido da cabeceira; - Enrolar as bordas laterais do lençol próximos do
- Colocar o travesseiro e arrumar a cama; paciente;
- Cobrir o paciente. - Transportar com movimentos sincronizados para
a cadeira de rodas.
Quando o paciente não auxilia (duas pessoas - Deixar a unidade em ordem.
com lençol móvel ou lençol)
- Dobrar em leque o sobrençol até a altura dos Cuidados Importantes:
pés; -Fazer a desinfecção concorrente da maca e da
- Proteger as grades da cabeceira com o traves- cadeira de rodas após cada transporte;
seiro; -Utilizar corretamente a mecânica corporal a fim
- Ficar uma pessoa de cada lado do paciente; de evitar lesões
- Soltar o lençol móvel ou lençol; corporais e desgastes desnecessários;
- Enrolar as extremidades laterais do lençol bem -Puxar a cadeira de rodas pelas costas ao descer
próximos do paciente; a rampa;
- Ambas as pessoas devem segurar o lençol na -Agasalhar o paciente nos dias frios;
altura do ombro e na região coxofemoral; -Cuidados com infusões, sondas, dietas, drenos,
- Deslocar o paciente para a cabeceira da cama etc.
com movimentos sincronizados;
- Colocar o travesseiro e arrumar a cama; A definição de paciente terminal
- Cobrir o paciente e deixar a unidade em ordem.
Kipper definiu o paciente terminal de acordo
Transporte do paciente da cama para a maca com uma condição de irreversibilidade apresentan-
do uma alta probabilidade de morrer num período
(quatro pessoas com lençol)
relativamente curto de tempo que oscilaria entre três
- Antes do procedimento, fechar infusões veno-
a seis meses. Numa aproximação inicial do que se-
414 sas, e SNG, SNE ou SVD;
ria um terminal para a equipe de saúde, tem-se uma
- No caso SVD, exames demorados abrir sonda
definição muito próxima à dada por Kipper. De fato,
enquanto aguarda;
observa-se certo consenso em relação à definição
- Desprender as roupas de cama;
quando isto é discutido de forma abstrata, desvincu-
- Dobrar em leque o lençol e o cobertor até os
lado de um caso específico.
pés;
Esse aspecto técnico do qual se reveste inicial-
- Em quatro pessoas, devem portar-se duas pes-
mente o diagnóstico de terminalidade desaparece
soas á direita e duas pessoas á esquerda do pacien-
quando a discussão é levada a um plano mais con-
te;
creto (o de um paciente específico) aparecendo,
- Enrolar as extremidades laterais do lençol bem
nesse momento, as questões subjetivas. Na prática, a
próximas ao paciente; identificação do paciente terminal, sem esperança
- Passar o paciente para a beira da cama com de vida ou com morte inevitável, é complexa e não
movimentos simultâneos; envolve unicamente um raciocínio lógico. Ainda que
- Colocar a maca paralela ao leito, próxima do se tente chegar a identificar esse diagnóstico através
pacientes; de uma avaliação crítica, neutra e isenta de precon-
- Transportar o paciente da cama para a maca ceitos, a falta de parâmetros definidos sobre o assun-
num só movimento; to leva a equipe a apresentar receio de considerar
- Afastar a maca da cama, arrumar as roupas e um paciente como terminal.
levantar as grades laterais; Isso se deve ao fato de que o limite entre o termi-
- Deixar o paciente confortável e a unidade em nal e o com perspectivas de cura é sempre arbitrário
ordem; no sentido de não existir uma linha divisória clara en-
tre ambos. Essa falta de um protocolo que permita ti-
Da cama para a cadeira de rodas (duas pessoas rar o diagnóstico da indefinição em que se encontra
com lençol) o paciente pode ser o fundamento para a pouca fre-
- Colocar a cadeira de rodas próximas aos pés da quência na utilização do diagnóstico “paciente ter-
cama. Deixar travada. minal”. Realmente, o mesmo parece ser substituído
- Colocar o lençol sobre o paciente; por uma forma mais informal de denominação que

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não aparece nos prontuários dos doentes. Refere-se vista como “lugar para a cura”; portanto, a morte é
aqui às expressões SPP – se parar, parou – ou SIR – sem como fracasso da instituição, e também dos profissio-
indicação para reanimação – ambos indicadores nais que ali atuam. Então, percebe-se que o procedi-
para não mais investir nesse paciente. mento supracitado é utilizado como um mecanismo
A resistência em diagnosticar um paciente como de “formação reativa” frente ao desejo de se afastar
terminal concerne também ao fato de se tratar de e de ignorar o paciente – fonte geradora de ansieda-
um diagnóstico definitivo que, no entanto, pode não de. Mediante isso, a equipe de saúde esconde seu
se confirmar com a evolução do caso. Assim, acre- desejo de que esse sujeito desapareça o mais rápi-
dita-se que, após considerar um paciente como ter- do possível através de uma luta para mantê-lo vivo,
minal, o profissional de saúde fique em uma situação o que, por sua vez, o coloca também numa prisão,
paradoxal, em que a sua melhora assinalaria a falha amarrando-o a uma situação de desnecessário sofri-
do profissional na realização do prognóstico. mento.
Com efeito, ser o diagnóstico de paciente ter- Considera-se, então, que o paciente terminal sig-
minal sem volta é o que o torna angustiante para o nifica a marca da perda da onipotência da equipe
profissional de saúde. A falta de exatidão frente ao de saúde, principalmente do médico, uma vez que
prognóstico de morte foi assinalada por Pitta, que as angústias suscitadas frente a ele e à morte se rela-
afirma que os progressos da terapêutica e da cirurgia cionam com a ‘exposição’ de uma ferida narcísica
tornam difícil saber quando uma doença grave será na prepotência médica. Ainda que o mal-estar ge-
mortal ou não. rado frente ao paciente terminal se apresente tanto
Evidenciou-se a quase inexistência de pacientes em médicos como em enfermeiros, nos primeiros ele
identificados como terminais. O que se encontrou, aparece com mais intensidade. Compreende-se que
mais frequentemente, foram registros informais em a justificativa para tanto se deve, em parte, ao fato
que não mais se pretende investir em determinados de que a expectativa do médico se concentra em
doentes, sendo eles identificados como SPP (se parar, conseguir salvar o paciente grave enquanto a do
parou) ou SIR (sem indicação de reanimação). Veri- enfermeiro está focalizada no cuidado do doente.
ficou-se ainda, nas observações e nos depoimentos, Assim sendo, esse posicionamento do profissional de
medicina tem repercussões problemáticas: se por um
que a decisão de não mais investir no paciente nun-
lado, quanto maior a gravidade do paciente, maior
ca é tomada por um profissional isolado; ela sempre é
é a sensação de poder ao salvá-lo; por outro lado,
feita pela equipe de saúde, incluindo também o posi- 415
quando não atinge esse objetivo, também é grande
cionamento da família.
a sensação de fracasso.
O significado do paciente terminal
A comunicação do diagnóstico
Ao acompanhar o paciente hospitalizado, a equi-
No que se refere à comunicação do diagnóstico
pe de saúde se empenha em lutar contra a doença.
ao paciente verifica-se que na Infectologia ela não
Dessa forma, pode-se perceber que esse seria defini-
parece tão conflitante como na Hemato-Oncolo-
do como um fator marcante que eleva a dificuldade
gia. De fato, o médico infectologista sente-se mais
de lidar com os terminais, pois a impossibilidade de à vontade na hora de dar o diagnóstico. Isso estaria
cura passa a ser sentida como sinal de fracasso. As- relacionado a duas situações: a primeira é que em
sim, atuar junto ao paciente terminal é estar no cen- se tratando de doenças contagiosas, como é o caso
tro de uma batalha. A literatura a respeito, tanto da do HIV/AIDS, a obrigação do profissional de comuni-
formação médica, quanto da enfermagem revela car o diagnóstico ao paciente se torna imperativa. A
que desde cedo o estudante é “moldado” para con- segunda situação que pode influenciar na maior faci-
siderar a morte como “o maior dos adversários”. Ela lidade de dar o diagnóstico por parte da equipe de
deverá ser sempre combatida e, se possível, vencida saúde do setor de Infectologia é que atualmente o
graças à melhor ciência, ou competência disponível. HIV/AIDS, em função do aperfeiçoamento dos trata-
Contudo, a equipe de saúde já entra na luta com o mentos e, por conseguinte, a melhora dos resultados,
ônus da derrota, pois esquece que a morte é maior e não é mais vista como sinônimo de morte.
mais evidente do que todo o tecnicismo do saber mé- Outra diferença notada é que a comunicação
dico. Estar na condição de lutar é uma tarefa exausti- do HIV/AIDS segue um processo inverso à do câncer.
va, em que as derrotas acontecem. Enquanto esta doença é falada primeiro aos familia-
No entanto, parece que admitir que não se tenha res, que decidem se a passam ou não ao paciente,
nada mais para fazer pelo paciente daria uma ima- no caso do HIV/AIDS geralmente é o contrário: a co-
gem negativa do profissional, mostrando que ele não municação se faz primeiramente ao paciente que
se preocupa com o paciente, que o abandonou. De por sua vez, decide se transmite ou não a informação
acordo com Torres e Gurgel, a instituição hospitalar é à família.

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Não obstante existam essas diferenças entre os doente. Assim, esse deslocamento da problemática
dois setores, as mesmas desaparecem quando o pa- faz com que o profissional sinta-se liberado de sua
ciente do setor de infectologia é identificado como responsabilidade de contar. Não obstante, Klafke
sendo terminal. Ainda que, anteriormente, o diag- afirma que aqueles pacientes de médicos que não
nóstico do HIV/AIDS fosse primeiramente informado querem falar tendem a não perguntar, ou seja, os
ao paciente, agora a falta de possibilidades de cura que os médicos têm mais resistência em abordar o
será notificada à família, que decidirá se dá ou não diagnóstico de uma doença terminal, têm a tendên-
a notícia ao doente. cia a também não questionar sobre o seu estado.
Esse procedimento evidencia que não se consi- Como se afirmou anteriormente, frente à morte de
dera o paciente um sujeito responsável ainda que o um paciente, o profissional de saúde não consegue
mesmo seja maior de idade. De certa forma, a con- ficar incólume, carregando sempre um “resto”, um
dição do terminal parece implicar na perda dos seus mal-estar do qual não pode se livrar.
direitos, passando este a depender da família para Quando o profissional se defronta com um pa-
saber de sua condição, já que a equipe de saúde ciente terminal, o mesmo passa a ser visto como
delega a esta a responsabilidade de contar ou ocul- aquele que vem anunciar o desfecho inevitável; as-
tar essa informação. sim, ele põe o profissional de saúde antecipadamen-
te frente a esse mal-estar, sendo portanto alguém
O que não deve ser nomeado que incomoda, pela consciência de finitude suscita-
da em tal relação, demonstrando que a equipe de
Nos casos com prognóstico desfavorável se esta- saúde não possui um suporte adequado para lidar
belece uma aliança entre a família e o profissional de com o fim da vida, uma das tarefas do seu dia-a-dia.
saúde no que se refere à restrição da informação ao A inexistência de um protocolo claro que defina
paciente. Sendo que o compromisso de comunicar de maneira objetiva a partir de que momento um
o diagnóstico cabe ao profissional, a negativa da fa- paciente passa a ser considerado “terminal” é um fa-
mília de repassar essa noticia ao doente se constitui tor que incentiva a equipe de saúde a que, quando
num alívio para aquele que passa a ser dispensado assim identifica um paciente, somente o faça num
de uma tarefa para a qual não se sente capacitado. caráter informal, levando a tomar uma atitude am-
Esses procedimentos quanto à informação que deve bivalente para com o paciente, dificultando ainda
416 ou não ser transmitida ao paciente não constam dos mais o relacionamento com ele
registros oficiais, sendo a passagem de plantão o mo- No que tange à situação de terminalidade, esta
mento em que são repassadas entre a equipe. é, de fato, muito difícil para a equipe de saúde. Crê-
Na literatura, a aliança com a família é apontada se que o pouco espaço dado à expressão de senti-
como o primeiro passo no trabalho com o pacien- mentos frente à morte e a escassez de recursos que a
te. De fato, ela é de grande relevância para o trata- mesma sente possuir para enfrentar a problemática
mento ao permitir que equipe e familiares trabalhem do fim da vida sejam alguns dos fatores que se apre-
juntos objetivando, cada um de seu lugar, o melhor sentam como fundamentais para a existência do mal
para o enfermo. No entanto, verificou-se nesse estu- -estar que o paciente terminal gera na equipe. Assim,
do que essa aliança adquiriu um viés em que o pa- o paciente terminal deixa marcas no profissional que
ciente fica excluído das decisões. A equipe de saúde dele se ocupa. Contudo, segundo as características
e o familiar tornam-se cúmplices de um mesmo se- pessoais desse profissional, surgem distintas possibili-
gredo em relação a ele. É nesse sentido que se crê dades de lidar com tais problemáticas.
que a escolha de se comunicar com o familiar seja A primeira consiste em ele se utilizar de mecanis-
motivada pela dificuldade da equipe em lidar com a mos de defesa contra a dor e o sofrimento, protegen-
morte e, portanto, com o paciente terminal. do-se da aflição que nele é gerada. Uma segunda
Ficou evidente que o paciente não deve ter as opção referir-se-ia àqueles que convivem com a dor
mesmas informações que a equipe, pois ele faria mal e com uma ferida sempre aberta. Se a primeira for-
uso delas e as interpretaria de forma inadequada. ma de abordagem impede um relacionamento com
Assim, é passada uma informação filtrada através da o paciente e, muitas vezes, produz manifestações so-
qual se espera que ele pense aquilo que a equipe máticas ou psicológicas no profissional, a segunda,
avalia como benéfico. em função de gerar uma angústia constante, impos-
A equipe parece cega a suas resistências em sibilitaria a ele de realizar a sua tarefa. Entretanto,
se comunicar abertamente com o paciente e mes- existe uma terceira possibilidade que é a do profis-
mo nos casos em que a comunicação é valorizada, sional ter espaços em que essa angústia e dor sejam
sua ausência nunca é atribuída às dificuldades dos elaboradas e, assim, construir técnicas que lhe ofe-
profissionais, mas projetada na família ou no próprio reçam uma forma de trabalho com esses pacientes.

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O despreparo da equipe de saúde para lidar com de de subtipos designados de -A a -J. Esses dois gru-
situações de terminalidade tem duas consequências pos tem diferenças consideráveis, sendo o HIV-2 mais
para os profissionais. A primeira representa a sensa- comum na África Subsaariana e bem incomum em
ção de fracasso do que seria a sua missão: curar o todo o resto do mundo. Portugal é o país da Europa
doente, do qual decorre o abandono do paciente com maior número de casos de HIV-2, provavelmen-
a seu próprio destino. A segunda consequência se te pelas relações que mantém com diversos países
manifesta no afastamento que impede o profissional africanos. É estimado que 45% dos portadores de HIV
de conhecer o universo desse paciente, suas queixas, em Lisboa tenham o vírus HIV-2. Em 2008, a OMS es-
suas esperanças e desesperanças, em suma, tudo o timou que existam 33,4 milhões de infectados, sendo
que ele sente e pensa nesse período de sua vida e 15,7 milhões mulheres e 2,1 milhões jovens abaixo de
cujo conhecimento o ajudaria a se aproximar do ter- 15 anos. O número de novos infectados neste ano
minal. (2009) foi de 2,6 milhões. O número de mortes de pes-
Grande parte das dificuldades de lidar com o soas com AIDS é estimado em 1,8 milhões.
paciente terminal está relacionada à da equipe de Já dentro do corpo, o vírus infecta principalmen-
saúde de se confrontar com a morte, que se reco- te uma importante célula do sistema imunológico,
menda um preparo das mesmas através de grupos designada como linfócito T CD4+ (T4). De uma forma
de discussão baseados na metodologia de Balint geral, o HIV é um retrovírus que ataca o sistema imu-
como estratégia para diminuir a ansiedade da equi- nológico causando eventualmente a síndrome da
pe. Diversos estudos já apontaram a importância de imunodeficiência adquirida em casos não tratados.
incluir nos currículos dos cursos da saúde discussões a
respeito desses processos promovendo maior huma- História: o HIV-1 foi descoberto e identificado
nização da saúde. Kovács faz referência a existência como causador da AIDS por Luc Montagnier e Fran-
de várias iniciativas nesse sentido. çoise Barré-Sinoussi da França e Odete Ferreira de
Recomenda-se, assim, que o preparo para tra- Portugal em 1983 no Instituto Pasteur na França. O
balhar com pacientes terminais se inicie nos próprios HIV-2 foi descoberto por Odete Ferreira de Portugal
cursos de graduação, uma vez que isto faz parte das em Lisboa em 1985. Sua descoberta envolveu uma
grande polêmica, pois cerca de um ano após Mon-
habilidades que os profissionais da saúde deveriam
tagnier anunciar a descoberta do vírus, chamando-o
ter; e possibilitaria deixar de ver o paciente terminal
de LAV (vírus associado à linfoadenopatia), Robert 417
como uma derrota, um caso perdido para enxergá
Gallo publicou a descoberta e o isolamento do HTLV-
-lo como um ser humano que pode e necessita ser
3. Posteriormente se descobriu que o vírus de Gallo
ajudado nessa etapa de sua vida.
era geneticamente idêntico ao de Montagnier, e
Uma melhora na forma como a equipe de saúde
que possivelmente uma amostra enviada pelo fran-
lida com o fim da vida possibilitaria não somente di-
cês havia contaminado a cultura de Gallo.
minuição de estresse, como também melhor desem-
O último boletim da UNAIDS projeta cerca de 33,2
penho no seu trabalho ao deixar de ser necessária a
milhões de pessoas que vivem com o HIV em todo o
utilização de medidas defensivas como as apresen-
mundo no final de 2007, a maioria na África. Segun-
tadas nas dificuldades de comunicação do diagnós-
do a UNAIDS (2008), dois terços dos infectados estão
tico. Nota-se, assim, a necessidade de criar espaços na África sub-saariana. Nos Estados Unidos, infectar
que deem sustentação ao lado afetivo dos profissio- voluntariamente outro indivíduo configura transmis-
nais que lidam com a morte e com o paciente termi- são criminosa do HIV. Acontece o mesmo em muitos
nal no seu cotidiano. Para tanto, sugere-se que sejam países ocidentais, inclusive no Brasil.
propiciados momentos para discutir as questões da O vírus do HIV adaptou-se à espécie humana a
morte e do morrer, tanto no meio acadêmico quanto partir de símios SIV.Ver artigo principal: Vírus da imu-
hospitalar, proporcionando a elaboração dos medos nodeficiência símia. Nas pessoas com HIV, o vírus
e fantasias da equipe de saúde frente ao desconhe- pode ser encontrado no sangue, no esperma, nas se-
cido que essa questão envolve. creções vaginais e no leite materno. Assim, uma pes-
soa pode adquirir o HIV por meio de relações sexuais,
HIV sem proteção - camisinha -, com parceiros portado-
res do vírus, transfusões com sangue contaminado e
O vírus da imunodeficiência humana (VIH), tam- injeções com seringas e agulhas contaminadas. Mu-
bém conhecido por HIV (sigla em inglês para human lheres grávidas portadoras de HIV podem transmitir
immunodeficiency virus), é da família dos retrovírus e o vírus para o feto através da placenta, durante o
o responsável pela SIDA (AIDS). Esta designação con- parto ou até mesmo por meio da amamentação. A
tém pelo menos duas sub-categorias de vírus, o HIV-1 transmissão de doenças de mãe para filho é chama-
e o HIV-2. No grupo HIV-1 existe uma grande varieda- da de transmissão vertical.

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Na África subsaariana, principalmente na África - Heterossexualização (aumento entre os heteros-


do Sul, por muitos anos houve um movimento con- sexuais, que já são a maioria);
trário à existência do HIV, por parte de membros do - Feminização (aumento entre mulheres, cerca
governo, aliada a inúmeras superstições e mitos, ape- de 1/3 dos casos no Brasil);
sar das comprovações científicas. Por isso em alguns - Interiorização (aumento nas cidades do interior);
locais dessa região a quantidade de indivíduos infec- - Pauperização (aumento nas populações mais
tados é de mais de 35%. pobres).

Reprodução em laboratório do genoma viral: em Fatores de risco: no contato sexual, pode ser
2010, pesquisadores da Universidades Federais de qualquer tipo de sexo, como oral, vaginal e anal. A
Pernambuco e do Rio de Janeiro, da equipa do pro- transmissão do HIV durante o contacto sexual pode
fessor do Departamento de Genética da UFPE, Sergio ser facilitada por vários fatores, incluindo:
Crovella, divulgaram trabalho de investigação dirigi-
do à obtenção de uma vacina terapêutica de vírus - Penetração sem camisinha;
recombinante, tendo reproduzido artificialmente o - Ser o receptor (passivo) na relação sexual;
genoma do vírus. - Presença concomitante de doenças sexual-
mente transmissíveis, especialmente aquelas que le-
Transmissão: Dois modelos sobre a entrada do ví- vam ao aparecimento de feridas genitais;
rus no linfócito TO vírus é mais frequentemente trans- - Lesões genitais durante a relação sexual;
mitido pelo contacto sexual (característica que faz - Elevado número de parceiros sexuais e relações
da AIDS uma doença ou infecção sexualmente trans- desprotegidas;
missível), pelo sangue (inclusive em transfusões), du- - Carga viral elevada da pessoa infectada;
rante o parto (mãe para o filho), durante a gravidez - Hemorróida avançada;
ou no aleitamento. Por isso é importante que todas as - Uso de drogas injetáveis;
mulheres grávidas façam testes para HIV. No Brasil, é - Transtornos psicológicos associados a descaso
uma prática comum aconselhar gestantes que che- com a própria saúde;
gam ao hospital a fazer todos os testes de doenças - Falta de conhecimento.
transmissíveis verticalmente. - Outro dado observado é o aumento na propor-
418 No Brasil, em 2002, a cobertura de exames de ção de pessoas com escolaridade mais baixa e em
HIV em grávidas foi estimada em 52%, sendo pior no adultos com mais de 30 anos.
Nordeste com 24% e melhor no Sul com 72% de co-
bertura. Somente 27% seguiram todas as recomenda-
Fatores de proteção: o uso de camisinha evita a
ções do Ministério da Saúde. Ter maior escolaridade
transmissão do HIV em casais heterossexuais onde um
e morar em cidades com mais de 500 mil habitantes
dos parceiros é HIV positivo. Alguns dos fatores que
foram os melhores preditores de grávidas que fazem
diminuem a probabilidade da transmissão são:
todos os exames. Ainda relativo ao Brasil, o Ministério
da Saúde oferece gratuitamente o leite substituto em
- Usar sempre preservativo masculino ou preserva-
alguns postos de saúde, hospitais e farmácias cadas-
tivo feminino corretamente;
trados.
- Usar lubrificante (pois resulta em menos microfe-
No caso de transmissão pelo sangue, é mais pro-
rimentos);
vável por seringas compartilhadas entre usuários de
- Baixa quantidade de vírus no portador;
drogas ou caso seja feita reutilização. Algumas pes-
- Tomar os medicamentos antirretrovirais correta-
soas consideram a possibilidade de transmissão pelo
beijo, porém é altamente improvável, pois o vírus é mente;
danificado por 10 substâncias diferentes presentes - Circuncisão masculina. (porém há estudos com
na saliva. Além disso existem poucas células CD4 na resultados controversos)
boca. Ter boa higiene oral e tomar os medicamentos
diminui as possibilidades ainda mais. Mesmo em pes- Em um estudo longitudinal de 20 meses de du-
soas com AIDS (carga viral no sangue por volta de ração com casais heterossexuais sorodiferentes, de
100.000/ml) é difícil encontrar HIV na saliva. 124 casais que usaram sempre camisinha nenhum
contaminou seu parceiro, enquanto 12 dos 121 que
Características: no Brasil, nos últimos anos a trans- usavam camisinha inconsistentemente foram infec-
missão do HIV que antes era predominantemente tados. Também são raros os casos de transmissão por
masculina, mais frequente entre os homossexuais e ferimentos, pois apesar de haver relatos esporádicos,
afetando todas as classes sociais, agora caracteriza- o vírus não resiste muito tempo fora do corpo e é ne-
se por quatro processos: cessário que haja contato com o sangue tanto por

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parte do portador como do receptor. É pouco pro- são temporários. Os pacientes poderão ficar assinto-
vável que o sangue contaminado em contato com máticos por um período variável entre 3 e 20 anos
uma pele saudável (sem ferimentos) contamine ou- e alguns nunca desenvolverão doença relacionada
tra pessoa, apesar de ser possível, pois existem muitos ao HIV. Este fato relaciona-se com a quantidade e
fatores envolvidos. qualidade dos receptores de superfície dos linfóci-
O uso da terapia antirretroviral diminui em 96% o tos e outras células do sistema imune. Tais receptores
risco de transmissão do HIV. Por isso os remédios po- (os principais são o CD4, CCR5 e CXCR4) funcionam
dem ser receitados aos parceiros não infectados de como fechaduras que permitem a entrada do vírus
soropositivos. No caso de profissionais de saúde, é no interior das células: quanto maior a quantidade
possível tomar os medicamentos antirretrovirais para e afinidade dos receptores com o vírus,maior será a
prevenir a infecção por 28 dias caso o contágio te- sua penetração nas células, maior a replicação viral
nha ocorrido em menos de 72h. O risco estimado de e maior velocidade de progressão para doença.
contaminação por contato com uma agulha conta-
minada é de 0,3%. No Brasil, pacientes que tenham Foi criada então uma classificação não muito rí-
experienciado situação com alto nível de contágio gida:
(como sexo anal sem camisinha com pessoa de so- - Rápido progressor (adoece em até 3 anos)
rologia desconhecida) há menos de 72h podem so- - Médio progressor (adoece entre 4 e 7 anos)
licitar ao médico que prescreva antirretrovirais para - Longo progressor (entre 8 e mais anos)
prevenir a contaminação.
Estas características são determinadas por fato-
Sinais e sintomas res genéticos e outros fatores desconhecidos. Não
obstante, os hábitos e a qualidade de vida podem
Infecção aguda inicial: assim que se adquire o ser determinantes da velocidade de progressão
HIV, o sistema imunológico reage na tentativa de eli- da doença, tendo em conta o impacto de fatores
minar o vírus. Cerca de 15 a 60 dias depois, pode sur- como tabagismo, alcoolismo, toxicodependência,
gir um conjunto de sinais e sintomas semelhantes ao estresse, alimentação irregular e outros. A velocida-
estado gripal, o que é conhecido como síndrome da de de progressão está relacionada com a queda
soroconversão aguda. A infecção aguda pelo HIV
da contagem de linfócitos T CD4 no sangue (a con- 419
é uma síndrome inespecífica, que não é facilmente
tagem normal dos linfócitos varia de 1.000 a 2.500
percebida devido à sua semelhança com a infec-
células/ml de sangue) e com a contagem da carga
ção por outros agentes virais como a mononucleose,
viral do HIV (a contagem da carga viral é conside-
gripe, até mesmo dengue ou muitas outras infecções
rada alta acima de 100.000 cópias/ml de sangue. A
virais. Mas os sintomas mais comuns da infecção agu-
escala para carga viral é habitualmente logarítmica.
da são:
Com o tratamento adequado, a carga viral tende a
- Febre persistente
ficar abaixo de 50 cópias/ml.
- Cansaço e Fadiga
O HIV destrói os linfócitos CD4 gradativamente
- Erupção cutânea
(em média a contagem declina 80-100 células/ml/
- Perda de peso rápida
ano). A contagem relaciona-se inversamente com a
- Diarreia que dure mais de uma semana
gravidade da doença. Para fins de tratamento com
- Dores musculares
- Dor de cabeça as drogas antirretrovirais consideram-se os seguintes
- Tosse seca prolongada parâmetros:
- Lesões roxas ou brancas na pele ou na boca - Abaixo de 200 células/ml: Muito vulnerável, tra-
- Além disso, muitos desenvolvem linfadenopatia. tar imediatamente;
Faringite, mialgia e muitos outros sintomas também - Entre 200 e 350 células/ml: Vulnerável, deve ser
ocorrem. iniciado o tratamento para evitar riscos;
- Entre 350 e 500 células/ml: Pouco vulnerável,
Em geral esta fase é auto-limitada e não há se- pode começar a critério médico;
quelas. Por ser muito semelhante a outras viroses, - Acima de 500: Saudável, não precisa começar
dificilmente os pacientes procuram atendimento o tratamento.
médico e raramente há suspeita da contaminação - Porém todos os pacientes com doença oportu-
pelo HIV, a não ser que o paciente relate ocorrên- nista relacionada ao HIV devem ser tratados mesmo
cia de sexo desprotegido ou compartilhamento de com CD4 alto.
seringas, por exemplo. Entretanto, na fase aguda ini-
cial, mesmo sem tratamento adequado, os sintomas

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Doenças oportunistas: Os sinais e sintomas das Mães soropositivas que tomem o antirretroviral
doenças relacionadas ao HIV são extremamente va- durante a gravidez tem apenas de 1 a 2% de chance
riáveis. Uma característica importante é a contagem de transmitir o HIV ao filho. Muitas grávidas ainda tem
de linfócitos T CD4. As doenças oportunistas mais co- medo de fazer o teste e/ou se recusam por não se
muns que podem sinalizar a contaminação por HIV identificarem como possíveis portadoras mesmo sem
são: saber a sorologia do parceiro. Por isso, campanhas
- Tuberculose de conscientização estão sendo feitas em vários hos-
- Neurotoxoplasmose pitais públicos no Brasil desde 2000.
- Candidíase Após situação de riscoCaso um dos parcei-
- Pneumocistose recorrente ros seja diagnosticado como HIV positivo e o outro
- Sarcoma de Kaposi como HIV negativo, é possível, a critério médico,
- Histoplasmose prescrever os antirretrovirais para o parceiro sorone-
- Linfomas gativo também, para prevenir a infecção. De forma
- Câncer cervical semelhante, em vários países inclusive no Brasil, é
- Infecções bacterianas severas possível solicitar antirretrovirais gratuitamente a um
médico até 72h após uma situação de risco (como
Geralmente apenas pessoas que desconhecem
sexo anal sem camisinha). Esse tratamento preven-
que estão com o vírus adoecem e só descobrem
tivo dura aproximadamente um mês e é eficaz na
que estão contaminadas por causa das coinfec-
prevenção de HIV em mais de 80% dos casos. É uma
ções. Tomar os antirretrovirais retorna a imunidade a
opção do médico prescrever ou não, mas o pacien-
níveis saudáveis, prevenindo essas e outras doenças.
te pode procurar outros médicos em caso de recusa.
Quando uma dessas doenças é diagnosticadas al-
Em uma pesquisa em uma parada gay nos Estados
guns médicos recomendam que sejam feitos testes
para verificar a presença do HIV. Apesar de correla- Unidos 7% dos entrevistados já tomaram antirretrovi-
cionadas ao HIV, é importante lembrar que é possível rais preventivamente. (Mais informações no site da
que essas doenças estejam presentes mesmo sem o sociedade brasileira de infectologia)
vírus do HIV, geralmente relacionado a outro fator
que leve a uma queda grave da imunidade. O HIV tem muitos genes que codificam proteínas
420 estruturais.
Prevenção: com o surgimento das Terapias Antir-
retrovirais (TAR), foram desenvolvidas estratégias de Genes retrovírus gerais
prevenção primária (antes da infecção), secundária - gag. proteínas derivadas do gag sintetizam o
(após a doença) e terciária (após agravamento). capsídeo viral em forma de cone (p24, i.e. proteína
Entretanto a epidemia continua a contaminar anual- de 24 Quilo[[dáltons, CA) a proteína do núcleocapsí-
mente 2,7 milhões de pessoas, segundo dados da deo (p17, NC) e um proteína da matriz (MA).
OMS de 2008. Em 2006, o médico da OMS Brian G. - pol. O gene pol codifica as proteínas enzimati-
William defendeu a circuncisão masculina na África camente ativas do vírus. A mais importante é a cha-
como método eficaz de prevenção (60% de eficá- mada transcriptase reversa (RT) que realiza a única
cia). O mesmo médico em fevereiro de 2010 defen- transcrição reversa do RNA viral em uma cadeia
deu em San Diego o uso de antirretrovirais com bai- dupla de DNA. O último é integrado ao genoma do
xos efeitos colaterais por pessoas sem o vírus como hospedeiro, ou seja, em um cromossomo de uma
meio de frear a epidemia. célula infectada de uma pessoa HIV-positiva pela
Segundo a Organização Não-Governamental integrase (IN) pol-codificadora. Além disso, a pol co-
sem fins lucrativos IAVI (International AIDS vaccine difica uma protease viral específica (PR). Essa enzima
iniciative) o HIV infecta quase 7.400 pessoas por dia cliva o gag e as proteínas derivadas de gag e pol em
e uma vacina com 50% de eficácia distribuída para pedaços funcionais.
30% da população mundial poderia proteger 5.6 mi- - env. env, abreviação para “envelope”. As pro-
lhões de indivíduos. Em conjunto com 40 laboratórios, teínas derivadas de env são uma membrana de
o grupo trabalha na vacina desde 1996. Até agora superfície (gp120) e uma proteína transmembrana
nenhuma vacina teve mais de 33% de eficácia. Em (gp41). Elas estão localizadas na parte externa da
um estudo recente que incluiu o Brasil, o uso de um partícula viral, formando um envelope viral o qual
comprimido de antirretroviral (tenofovir) por homens permite que o vírus se anexe e incorpore às células
saudáveis preveniu 44% de novas infecções, chegan- -alvo para então iniciar o ciclo infeccioso. A gp possui
do a 72% nos pacientes que tomaram o remédio em uma estrutura semelhante a uma maçaneta.
mais de 90% dos dias.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Genes específicos do HIV acompanhamento psicossocial. Além do HIV, são


feitos simultaneamente exames para sífilis, Hepatite B
- tat. Um porção da estrutura do RNA do HIV é e Hepatite C pois elas também são doenças sexual-
uma estrutura como um grampo de cabelo que ini- mente transmissíveis transmissíveis pelo sangue e que
cialmente impede que uma transcrição completa podem levar a danos permanentes e morte se não
ocorra. Parte do RNA é transcrita (ie. antes da par- tratadas corretamente.
te do grampo) e codifica a proteína tat. A tat liga-
se à CdK9/CycT e a fosforila, ajudando a alterar sua Teste rápido: desde 2010 a Fiocruz produz o kit de
forma e a eliminar o efeito da estrutura de grampo teste rápido usando os fluídos da boca para identi-
do RNA. Isso por si só aumenta a taxa de transcrição, ficar resposta do organismo ao HIV entre 20 a 30 mi-
fornecendo um ciclo de retroalimentação positiva. nutos. O teste tradicional demora cerca de um mês
Isto permite que o HIV tenha uma resposta explosiva, e um grande número de pacientes não retorna para
uma vez que uma grande quantidade de tat é pro- buscar o resultado. Esse novo teste Confirmatório
duzida. Imunoblot Rápido, possui uma margem mínima de
- rev. A rev permite que fragmentos do mRNA erro e custa cinco vezes menos ao governo federal
do HIV que contém uma unidade de resposta a rev que o modelo rápido anterior. Já está disponível em
(RRE) sejam exportados do núcleo ao citoplasma. Na alguns hospitais públicos desde 2011. Uma das princi-
ausência da rev, a maquinaria de splicing do RNA no pais vantagens é não precisar expor mãe grávida e
núcleo rapidamente cliva o RNA. Na presença da feto aos antirretrovirais preventivamente enquanto o
rev, o RNA é exportado do núcleo antes de ser cli- resultado não fica pronto como podia ser necessário
vado, num mecanismo de retroalimentação positiva. no tradicional. Algumas cidades em Pernambuco,
Bahia e Rondônia fizeram um projeto para aplicar o
O HIV e a resposta imune: a infecção começa teste rápido em centenas de pessoas após o carna-
com uma fase de viremia aguda, seguida por um val.
período de latência clínica. Primeiramente, acredita-
va-se ser uma verdadeira latência viral como resul-
Tratamento: hoje, os pacientes têm acesso a um
tado da inserção do HIV no genoma hospedeiro em
regime complexo de drogas que atacam o HIV em
um estado não produtivo, aguardando condições
vários estágios do seu ciclo de vida. Elas são conhe- 421
favoráveis à transcrição. Houve, subsequentemen-
cidas como medicamentos antirretrovirais e incluem:
te, um grande trabalho de pesquisa sobre os fatores
de transcrição do HIV. Infelizmente, até por volta de
- Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Rever-
1993, a sensibilidade dos ensaios virais era precária.
sa (NRTI): Danificam o RNA do vírus indiretamente ao
O uso das técnicas de amplificação por PCR a par-
atuar na enzima transcriptase reversa, impedindo-o
tir de 1993 permitiu detectar contagens virais de até
de se reproduzir. Exemplos: Zidovudina, Abacavir, Di-
50 cópias/ml. Foram detectadas células dendríticas
danosina, Estavudina, Lamivudina e Tenofovir.
infectadas com vírions, mostrando que a tão chama-
- Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase
da fase de latência não implica inatividade do vírus.
Reversa (NNRTI): Bloqueiam diretamente a ação da
Centros de Testagem e Aconselhamento no Bra- enzima e a multiplicação do vírus. Exemplos: Efavi-
sil: o Ministério da Saúde oferece gratuitamente exa- renz, Nevirapina e Etravirina.
mes para detectar a resposta do organismo ao vírus - Inibidores da Protease (IP): Atuam bloqueando
do HIV. Podem ser feitos em Centros de Testagem e a protease, uma enzima usada pelo vírus para pro-
Aconselhamento (CTA) e em alguns hospitais. Primei- dução de novas cópias de células infectadas. Exem-
ro é efetuado um teste ELISA. Caso o resultado seja plos: Amprenavir, Atazanavir, Darunavir, Indinavir,
positivo ou haja dúvidas, é feito o Western-blot, um Lopinavir, Nelfinavir, Ritonavir e Saquinavir.
exame mais eficaz na detecção mas que também - Inibidores de fusão: Bloqueiam os receptores
é mais caro e complexo. É importante lembrar que, que permitiriam a entrada do vírus na célula. Exem-
como ambos os exames detectam a resposta imuno- plo: Enfuvirtida.
lógica ao vírus, é necessário esperar de 30 a 90 dias - Inibidores da Integrase: bloqueiam a atividade
depois do contágio para o exame ser mais preciso. da enzima integrase, responsável pela inserção do
O resultado é sigiloso, sendo geralmente entregue DNA do HIV ao DNA humano (código genético da
pessoalmente ao paciente que pode ser seguido célula). Assim, inibe a replicação do vírus e sua ca-
em consulta de aconselhamento por profissionais de pacidade de infectar novas células. Exemplo: Ralte-
saúde, de forma a alertar sobre os riscos, encami- gravir.
nhar para outros serviços de saúde e a serviços de

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Muitas questões importantes estão envolvidos no Mesmo com o desenvolvimento da terapia antir-
estabelecimento de um curso de tratamento para retroviral altamente eficaz (HAART) a não-adesão ao
o HIV como a tolerância ao medicamento e efeitos tratamento ainda é frequente. É recomendado que
colaterais apresentados. Efeitos colaterais comuns in- os profissionais de saúde trabalhem em equipe, de-
cluem náusea e diarréia, dano e falência do fígado e senvolvendo programas específicos para lidar com
icterícia. Qualquer tratamento requer testes regulares essa demanda e dediquem mais tempo e atenção
de sangue para avaliar a eficácia através da conta- aos pacientes com dificuldade de adesão para evi-
gem de linfócitos T CD4+ no sangue total e a carga tar o desenvolvimento de AIDS e doenças oportunis-
viral) no plasma, além de averiguar efeitos colaterais. tas nesses pacientes.
Alterações de medicamentos são feitas para que
o paciente tenha um mínimo de efeitos colaterais, Imunidade: após a infecção inicial, o sistema imu-
ou mesmo que não apresente nenhum, o que é fre- nológico inicia uma série de reações para tentar con-
quente após o primeiro mês de tratamento. Não exis- ter a multiplicação do vírus no corpo. Elas incluem a
te nenhum caso conhecido no qual a terapia antivi- produção de anticorpos e o desenvolvimento de cé-
ral tenha eliminado a infecção pelo HIV, porém com lulas capazes de identificar e eliminar outras células
o tratamento é possível ter uma vida perfeitamente que foram infectadas pelo HIV, chamadas linfócitos
saudável e assintomática por mais de três décadas T CD8+ citotóxicos. Infelizmente, a resposta imuno-
(não se sabe por quanto tempo o tratamento conti- lógica não é capaz de controlar o vírus na grande
nua eficaz pois a TARV só existe há desde 94). maioria das pessoas que se infectam pelo vírus. O
HIV passa, então, a destruir cada vez mais as células
HIV e estupro: em caso de estupro, como a vio- T CD4+. Quando as células T CD4+ estão em núme-
lência do ato aumenta a probabilidade de contá- ro muito baixo no sangue (em geral, quando ficam
gio, um médico pode prescrever antirretrovirais para abaixo de 200 células por microlitro de sangue), o
diminuir a probabilidade de o vírus conseguir entrar paciente fica mais predisposto a desenvolver doen-
no CD4 e se reproduzir. Geralmente são receitados ças que se aproveitam de sua fragilidade imunológi-
junto com pílulas do dia seguinte. O mesmo procedi- ca, daí o nome de doenças oportunistas. Cerca de
mento pode ser prescritos para profissionais que tive-
10% de todos os europeus carregam um polimorfis-
ram contato com o sangue de pacientes contami-
mo do CCR5, um receptor de superfície celular que
422 nados, por exemplo através de cirurgia ou de agulha
participa nas infecções por HIV-1 M-trófico. Segun-
contaminada. Se o TARV for tomado em menos de
do Grimaldi (2002), na população brasileira, cerca
72h, é eficaz na prevenção da infecção por HIV.
de 5,3% carregam essa mutação. O HIV-1 M-trófico
usa os receptores CCR5 e CD4 para entrar nas cé-
HIV e Saúde mental: pacientes com transtornos
lulas-alvo, diferentemente do HIV T-trófico que usa o
psicológicos são mais vulneráveis a serem infectados
CXCR4 com o CD4. Pessoas com essa mutação (uma
com HIV. Portadores de HIV tem altos índices de de-
deleção de 32 pares de bases) têm um risco muito
pressão maior, alcoolismo e tendência ao suicídio.
baixo de infecção pelo HIV-1, já que o HIV M-trófico
Em outro estudo também identificaram correlação
geralmente inicia a infecção. De fato, 1% de todos os
com transtornos de ansiedade, transtornos sexuais e
abuso de substâncias. Um antirretroviral ITRNN muito europeus homozigotos para o polimorfismo podem
usado no mundo, o Efavirenz, também tem como ter uma proteção adicional (apesar de incompleta).
possível efeito colateral transtornos neuropsiquiátri-
cos crônicos, principalmente na forma de transtornos Mitos comuns a respeito do HIV
de ansiedade e de sono. A revelação do diagnósti-
co de HIV positivo é considerado um evento muito - “AIDS e HIV são a mesma coisa” - O HIV é um ví-
estressante e com impacto em várias áreas da vida rus que pode levar ao desenvolvimento da AIDS. Que
do portador, de modo semelhante a outras doenças ocorre quando o sistema imune fica comprometido
que ameaçam a vida. A maioria dos portadores rea- pela ação do vírus. Alguns tipos de doenças oportu-
giu ao diagnóstico como um evento traumatizante, nistas do HIV podem estar presentes em uma pessoa
porém conseguiram lidar com a situação sem muitos que possa ser diagnosticada como tendo AIDS. Uma
problemas psicossociais. Os portadores que desen- pessoa pode estar infectada por anos sem ter desen-
volveram transtornos psicológicos beneficiaram de volvido a AIDS. Alguém que seja HIV positivo pode
psicoterapia de longo prazo, principalmente da tera- não ter AIDS.
pia interpessoal em conjunto com remédios psiquiá- - “O HIV afeta apenas homossexuais e usuários
tricos. A Terapia cognitivo-comportamental também de drogas” - O HIV pode afetar qualquer um. Bebês,
demonstrou ser uma intervenção benéfica e aumen- mulheres, idosos, adolescentes, e pessoas de qual-
tar a adesão ao tratamento. quer etnia, classe social e país podem contrair o HIV.

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Alguns religiosos disseram e ainda dizem que a AIDS para o bebê; Quando esses tratamentos estão dispo-
é uma punição divina aos homossexuais ou a promis- níveis e a futura mãe é diagnosticada o mais cedo
cuidade, porém se isso fosse verdade não deveriam possível, apenas cerca de 2% das mães HIV-positivas
haver contaminados pela mãe durante o nascimen- que estão prestes a dar à luz, terão filhos infectados.
to, em transplantes de órgãos, por doação de san- As infecções podem ocorrer também através do leite
gue ou ferimentos. materno sendo recomendado usar aleitamento arti-
- “Homossexuais, prostitutas e usuários de drogas ficial para evitar que isso ocorra. No Brasil o substituto
são os grupos de risco” - O termo grupos de risco é de leite materno em pó está disponível gratuitamen-
evitado atualmente por razões éticas, para não estig- te em alguns hospitais da rede pública.
matizar este ou aquele grupo, e também para que as - “Uma única pessoa identificada trouxe o HIV
pessoas fora do grupo de risco mantenham-se cau- para a América do Norte” - Ver verbete Paciente
telosas. Prefere-se usar o termo comportamento de Zero.
risco (como não usar preservativo, manter sexo com - A expectativa de vida de vida de uma portador
mais de um parceiro(a), compartilhar seringas). Ape- de HIV é de alguns anos - Sem tratamento a expec-
sar disso a ONU faz referência a uma maior vulnerabi- tativa média é de 9 a 11 anos. E caso só seja detec-
lidade à infecção pelo HIV por algumas populações tada quando o quadro de AIDS já está instalado e
como profissionais do sexo e seus clientes, população não for feito o tratamento adequado, a expectativa
carcerária e homens que fazem sexo com homens. é de apenas 6 a 19 meses. Mas com o avanço dos
Ainda segundo a ONU, em 2008, os jovens eram os retrovirais a expectativa aumentou para 20-50 anos.
mais vulneráveis já que representavam 45% do total É possível que seja maior pois o HIV só começou a ser
de novas infecções. No Brasil, entre os homens infec- estudado mais intensamente por volta de 1985 e a
tados 20,1% são homossexuais e 11,5% bissexuais, mas terapia antirretroviral eficaz só chegou ao Brasil por
a maioria dos infectados são heterossexuais. Dentre volta de 1996. Como vários laboratórios do mundo
os infectados, segundo dados do SUS de 2009, cerca estão procurando novos tratamentos é provável que
de 37,5% eram mulheres. O mesmo ocorre na maioria a expectativa aumente cada vez mais e tenha cada
dos outros países. vez menos efeitos colaterais.
- “Não há risco para duas pessoas já infectadas
ao ter sexo sem proteção” - Há anos a reinfecção - Picada de mosquito transmite HIV? - Não há re-
por HIV (ou superinfecção como é às vezes chama- latos conhecidos de infecção por mosquitos no mun- 423
da) tem sido vista como a consequência de relações do.
sexuais sem proteção entre pessoas infectadas pelo - Beijo transmite HIV - Existe um risco teórico, po-
HIV. A reinfecção ocorre quando uma pessoa com rém é quase nulo. Não há nenhum caso confirma-
HIV infecta-se pela segunda vez ao ter uma relação do de infecção pelo beijo no mundo. Mesmo em
sexual sem proteção com outra pessoa que também pacientes com AIDS (carga viral média acima de
tem o HIV. A reinfecção tem sido demonstrada em es- 100.000) e com doenças na cavidade oral menos de
tudos laboratoriais, bem como em modelos animais. 1/3 tinham vestígios do vírus na boca. Em um pacien-
Por anos, as provas de que isso poderia acontecer te seguindo o tratamento retro-viral corretamente
em situações da vida real tem sido difíceis de serem (carga viral menor que 100) é tão improvável que em
obtidas, mas uma evidência recente tem emergido 2009 o ministério da saúde brasileiro começou uma
em estudos de casos humanos que confirmou que a campanha contra esse preconceito. Existem 10 subs-
reinfecção pelo HIV pode ocorrer e pode ser muito tâncias na saliva que destroem o vírus. [46]
problemática para pessoas com o HIV. - Quem tem HIV pegou fazendo sexo desprote-
- “Pessoas acima dos 50 anos não contraem HIV” - gido - Provavelmente pela forte campanha de pre-
Pessoas acima dos 50 anos podem contrair HIV. O nú- venção focalizada no uso da camisinha muita gente
mero de pessoas acima dos 50 diagnosticadas com pense isso. Mas não necessariamente, até 1996, nem
infecção pelo HIV está aumentando. Em geral, pes- todo sangue ou órgão era examinado corretamente
soas mais velhas tendem a desenvolver deficiência antes da transfusão. Além disso, até 2000 menos da
imunológica mais rápido que os adultos mais jovens. metade das mães faziam todos os exames pré-natal
- “Uma mulher HIV positivo não pode dar à luz indicados e tanto complicações durante a gestação,
um bebê saudável” - o HIV é às vezes transmitido da durante o parto ou no leite podem transmitir o HIV.
mãe para o bebê no útero, mas nem sempre. O risco Mesmo quem foi contaminado sexualmente pode ter
é pelo menos de 20 a 30% para a transmissão ma- sido vítima de estupro (a violência do ato aumenta o
terno-fetal do HIV. O parto por cesárea e a ingestão risco de transmissão) ou pode ter sido contaminado
de medicamentos antiretrovirais durante a gravidez antes das campanhas de conscientização terem se
pode reduzir as chances de a mãe passar a infecção popularizado nos anos 90.

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- Quem tem HIV é mais vulnerável a infecções célula torna-se altamente infectada, mas não produ-
oportunistas - Com o tratamento antirretroviral (TARV) zindo ativamente proteínas do HIV. Esse é o estágio
é possível o portador ter uma vida perfeitamente sau- latente do HIV, uma infecção durante a qual a célula
dável, sem qualquer sintomas nem efeitos colaterais infectada pode ser uma “bomba não explodida” po-
e com um sistema imunológico normal. E a quantida- tencialmente por um longo tempo. O vírus pode ficar
de do vírus geralmente fica centenas de milhares de escondido na medula óssea, onde fica protegido do
vezes menor que o de um paciente com AIDS. Caso efeito de medicamentos e dormente, conforme estu-
o paciente tome os remédios corretamente ele não do publicado na revista Nature Medicine. Descobrir
tem nenhuma restrição. onde o vírus latente se esconde é o primeiro passo
- Depois de beber não se deve ingerir os medica- para eliminá-lo.
mentos antirretrovirais - O álcool faz mal por diversos
outros motivos, então é bom evitar para não desgas- Dengue
tar o organismo e a saúde, porém ele não interage
medicamentosamente com a maioria dos tratamen- Dengue é a enfermidade causada pelo vírus da
tos antirretrovirais. Portanto mesmo após consumir ál- dengue, um arbovírus da família Flaviviridae, gênero
cool deve-se ingerir os medicamentos normalmente! Flavivírus, que inclui quatro tipos imunológicos: DEN-
Uma exceção é a interação com o efavirenz que 1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por um deles
tem seus possíveis efeitos colaterais como depressão, dá proteção permanente para o mesmo sorotipo e
insonia e dor de cabeça potencializados pelo álcool. imunidade parcial e temporária contra os outros três.
- Assim que a pessoa descobrir que é portador A dengue tem, como hospedeiro vertebrado, o ho-
ela deve começar o tratamento - Apenas caso os mem e outros primatas, mas somente o primeiro apre-
sintomas da AIDS já tenham aparecido. Mas caso fei- senta manifestação clínica da infecção e período de
tos antes dos sintomas podem demorar anos antes viremia de aproximadamente sete dias. Nos demais
de começar o tratamento. O tratamento só começa primatas, a viremia é baixa e de curta duração.
quando a imunidade está seriamente comprome- Nos países tropicais, a dengue é um sério pro-
tida. Existem alguns casos de pacientes que foram blema de saúde pública, pois as condições do meio
contaminados há mais de 12 anos e ainda não preci- ambiente favorecem o desenvolvimento e a prolife-
saram tomar o antirretroviral mas geralmente leva de ração do Aedes aegypti, principal mosquito transmis-
424 4 a 7 anos desde a infecção inicial. sor da doença.
O vírus da dengue, provavelmente, se originou de
Ciclo de vida do HIV: o HIV usa a membrana da vírus que circulavam em primatas na proximidade da
própria célula para se proteger enquanto se loco- península da Malásia. O crescimento populacional
move para outra célulaO HIV entra no linfócito auxi- aproximou as habitações da região à selva e, assim,
liar(Helper) T CD4+ ao ligar-se à molécula CXCR4 ou mosquitos transmitiram vírus ancestrais dos primatas
às moléculas CXCR4 e CCR5, dependendo do está- aos humanos que, após mutações, originaram nossos
gio no qual a infecção pelo HIV se encontra. Uma quatro diferentes tipos de vírus da dengue. Provavel-
proteína cofator (fusina) é requerida para auxiliar na mente, o termo dengue é derivado da frase swahili
ligação do vírus à membrana da célula T. Durante “ki dengupepo”, que descreve os ataques causados
as fases iniciais de uma típica infecção pelo HIV, as por maus espíritos e, inicialmente, usado para descre-
duas moléculas CCR5 e CXCR4 estão ligadas, en- ver a enfermidade que acometeu os ingleses duran-
quanto que um estágio mais avançado da infecção te a epidemia que afetou as Índias Ocidentais Espa-
geralmente envolve mutações do HIV que apenas nholas em 1927-1928. Foi trazida para o continente
ligam-se à molécula CXCR4. Uma vez que o HIV está americano a partir do Velho Mundo, com a coloniza-
ligado ao linfócito T CD4+, uma estrutura viral conhe- ção no final do século XVIII. Entretanto, não é possível
cida como GP41 penetra na membrana celular e o afirmar, pelos registros históricos, que as epidemias
RNA do HIV e várias enzimas, incluindo (mas não li- foram causadas pelos vírus da dengue, visto que seus
mitada) à transcriptase reversa, integrase e protea- sintomas são similares aos de várias outras infecções,
se são injetadas na célula. Uma vez que a célula T em especial, a febre amarela.
hospedeira não processa o RNA em proteínas, o pró- Atualmente, a dengue é a arbovirose mais co-
ximo passo é gerar um DNA a partir do RNA do HIV mum que atinge o homem, sendo responsável por
usando a enzima transcritase reversa para que ocor- cerca de 100 milhões de casos/ano em população
ra a transcripção reversa. Se bem sucedida, o DNA de risco de 2,5 a 3 bilhões de seres humanos. A febre
pró-viral deve ser então integrado ao DNA da célu- hemorrágica da dengue (FHD) e síndrome de cho-
la hospedeira usando a enzima integrase. Se o DNA que da dengue (SCD) atingem pelo menos 500 mil
pró-viral é integrado ao DNA da célula hospedeira, a pessoas/ano, apresentando taxa de mortalidade de

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até 10% para pacientes hospitalizados e 30% para e o avanço da doença. Essa reintrodução não con-
pacientes não tratados.A dengue é endêmica no seguiu ser controlada com os métodos tradicional-
sudeste asiático e tem originado epidemias em vá- mente empregados no combate às doenças trans-
rias partes da região tropical, em intervalos de 10 a mitidas por vetores em nosso país e no continente.
40 anos. Uma pandemia teve início na década dos Programa essencialmente centrados no comba-
anos 50 no sudeste asiático e, nos últimos 15 anos, te químico, com baixíssima ou mesmo nenhuma par-
vem se intensificando e se propagando pelos países ticipação da comunidade, sem integração interse-
tropicais do Sul do Pacífico, África Oriental, Ilhas do torial e com pequena utilização do instrumental epi-
Caribe e América Latina. demiológico mostraram-se incapazes de conter um
Epidemias da forma hemorrágica da doença vetor com altíssima capacidade de adaptação ao
têm ocorrido na Ásia, a partir da década de 1950, e novo ambiente criado pela urbanização acelerada
no sul do Pacífico, na dos anos 80. Entretanto, alguns e pelos novos hábitos. Nos primeiros seis meses deste
autores consideram que a doença não seja tão re- ano, 84.535 pessoas tiveram dengue, enquanto que,
em 2003, as notificações chegaram a 299.764.
cente, podendo ter ocorrido nos EUA, África do Sul
e Ásia, no fim do século XIX e início do XX. Durante
Vetores e transmissão
a epidemia que ocorreu em Cuba, em 1981, foi re-
latado o primeiro de caso de dengue hemorrágica,
A transmissão se faz pela picada da fêmea con-
fora do sudeste da Ásia e Pacífico. Este foi considera-
taminada do mosquito Aedes aegypti ou Aedes al-
do o evento mais importante em relação à doença bopictus, pois o macho se alimenta apenas de seiva
nas Américas. Naquela ocasião, foram notificados de plantas. No Brasil, ocorre na maioria das vezes por
344.203 casos clínicos de dengue, sendo 34 mil ca- Aedes aegypti. Após um repasto de sangue infecta-
sos de FHD,10.312 das formas mais severas, 158 óbitos do, o mosquito está apto a transmitir o vírus, depois
(101 em crianças). O custo estimado da epidemia foi de 8 a 12 dias de incubação extrínseca. A transmis-
de US$ 103 milhões. são mecânica também é possível, quando o repas-
Entre 1995 e o início de 2001, foram notificados à to é interrompido e o mosquito, imediatamente, se
Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS, por alimenta num hospedeiro susceptível próximo. Um
44 países das Américas, 2.471.505 casos de dengue, único mosquito desses em toda a sua vida (45 dias
dentre eles, 48.154 da forma hemorrágica e 563 óbi- em média) pode contaminar até 300 pessoas. Não 425
tos. O Brasil, o México, a Colômbia, a Venezuela, a há transmissão por contato direto de um doente ou
Nicarágua e Honduras apresentaram número eleva- de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de
do de notificações, com pequena variação ao lon- fontes de água ou alimento. Na Ásia e África alguns
go do período, seguidos por Costa Rica, El Salvador, macacos silvestres podem contrair dengue e assim
Guatemala, Panamá, Porto Rico, Guiana Francesa, serem usados como vetores, porém na América do
Suriname, Jamaica e Trinidad & Tobago. Nota-se a Sul os macacos demonstraram baixa viremia, prova-
quase ausência de casos nos EUA, que notificaram velmente insuficiente e não há estudos comprovan-
somente sete, em 1995. A Argentina compareceu a do eles como vetores.
partir de 1998 e o Paraguai, a partir de 1999. Os ca-
sos de dengue hemorrágica e óbitos acompanham Casos de dengue no Brasil
a distribuição descrita acima, e parece não terem
relação com os sorotipos circulantes. No Brasil, os so- No Brasil, existem registros de epidemias de den-
rotipos registrados foram o 1 e o 2. Somente no ano gue no Estado de São Paulo, que ocorreram nos anos
de 2000 registrou-se o sorotipo 3. A Guatemala noti- de 1851/1853 e 1916 e no Rio de Janeiro, em 1923. En-
tre essa data e os anos 80, a doença foi praticamente
ficou a circulação dos quatro sorotipos, com baixo
eliminada do país, em virtude do combate ao vetor
número de casos graves e óbitos.
Aedes aegypti, durante campanha de erradicação
A dengue é um dos principais problemas de saú-
da febre amarela. Observou-se a reinfestação desse
de pública no mundo. A Organização Mundial da
vetor em 1967, provavelmente originada a partir dos
Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de
países vizinhos, que não obtiveram êxito em sua erra-
pessoas se infectem anualmente, em mais de 100
dicação. Na década dos anos 80, foram registrados
países, de todos os continentes, exceto a Europa. novos casos de dengue: em 1981 - 1982 em Boa Vista
Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitaliza- (RR); em 1986 - 1987 no Rio de Janeiro (RJ); em 1986,
ção e 20 mil morrem em consequência da dengue. em Alagoas e Ceará; em 1987, em Pernambuco,
Em nosso país, as condições socioambientais favorá- Bahia, Minas Gerais e São Paulo; em 1990, no Mato
veis à expansão do Aedes aegypti possibilitaram a Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro; em 1991,
dispersão do vetor desde sua reintrodução em 1976 em Tocantins e, em 1992, no estado de Mato Grosso.

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No período de 1986 a outubro de 1999, foram A cidade de Ilha Solteira lidera o ranking da epi-
registrados, no Brasil, 1.104.996 casos de dengue em demia de dengue no estado de São Paulo. Segundo
dezenove dos vinte e sete Estados. Observou-se flu- dados não oficiais, Ilha Solteira com pouco mais de
tuação no número de casos notificados entre 1986 26 mil habitantes conta com mais de 13 mil casos da
e 1993, seguido de aumento acentuado no número doença com 3 mortes até o mês de março de 2007. A
de notificações no período de 1994 a 1998, com que- prefeitura da cidade não manifestou preocupação
da em 1999. A média anual, após 1986, foi de 78.928 alguma e divulga na imprensa que no máximo 200
casos/ano, ficando acima desse valor em 1987, com pessoas tiveram dengue e que não houve qualquer
82.446 casos; em 1990, com 103.336; em 1995, com caso de morte. Tal situação causa preocupação,
81.608; em 1996, com 87.434; em 1997, com 135.671; pois a cidade conta com mais de três mil universitá-
em 1998, com 363.010 e 1999, com 104.658 casos. rios de diversas partes do país e devido a movimenta-
Observou-se a falta de uniformidade quanto ao ção destes, espalha à doença mais ainda.
modo de notificação da distribuição do número de Em 2008, a doença volta a assustar os cariocas.
casos, por estado. Alguns não têm dados disponíveis, Nessa epidemia, foram registrados quase 250 mil ca-
enquanto outros, como Mato Grosso, apresenta re- sos da doença e 174 mortes em todo o Estado (e ou-
gistros fragmentados, não incluindo todas as regiões. tras 150 em investigação), sendo 100 mortes e 125 mil
Quanto ao estado de São Paulo, verificou-se que casos somente na cidade do Rio de Janeiro. A epide-
foram notificados os casos confirmados por exames mia de 2008 superou, em número de vítimas fatais, a
de laboratório e, dentre os municípios, não constava epidemia de 2002, onde 91 pessoas morreram.
o da capital. No Estado de São Paulo, a dengue foi Recentemente, houve uma epidemia de Dengue
incluída no rol das doenças de notificação compul- no estado do Pará, sendo que das 7000 ocorrências
sória, em 1986. Em 1987, foram detectados dois focos no estado, 400 se deram na capital Belém. No esta-
da doença na região de Araçatuba, os quais foram do, 3 pessoas se encontram sob suspeita de dengue
controlados. Na região de Ribeirão Preto, a epidemia hemorrágica, sendo que uma é do município de Tu-
alcançou o pico em 1991, estendendo-se pelas re- curuí e duas são da capital Belém. Entre 1º de janeiro
giões de São José do Rio Preto, Araçatuba e Bauru, e 13 de fevereiro de 2010, foram notificados 108.640
confirmando as previsões de risco crescente de ocor- pacientes com a doença, 109% a mais que no mes-
rência da arbovirose. mo período de 2009. Os estados Mato Grosso do Sul,
426 Em resumo, agrupando por regiões, a Sudeste foi Acre, Rondônia, Goiás e Mato Grosso respondem por
a que registrou o maior número de casos, sendo tam- 71% desses casos. As altas temperaturas, grande vo-
bém a de maior população e disponibilidades de lume de chuvas e o retorno do tipo 1 do vírus expli-
recursos para diagnóstico e notificação. Seguem-se cam parte da epidemia.
em relação à incidência de dengue as regiões Nor- Como se pôde observar, a doença foi reconhe-
deste, Centro-Oeste, Sul e Norte. cida há aproximadamente 200 anos e tem apresen-
Em 2002, novamente o Rio de Janeiro foi casti- tado caráter epidêmico e endêmico variado. As
gado por uma epidemia de dengue, agora com a mudanças na dinâmica de transmissão da dengue
entrada do vírus tipo 3. Quase 290 mil pessoas con- podem ser explicadas pela baixa prevalência do
traíram a doença no Estado e 91 morreram em todo vírus até recentemente, quando houve maior dispo-
o Estado, sendo 65 mortes e 138 mil casos somente nibilidade de hospedeiros humanos. O aumento da
na capital. Foi o ano com mais casos de dengue na concentração humana em ambiente urbano propi-
história do país, concentrados no Rio de Janeiro. Em ciou crescimento substancial da população viral. As
10 anos, dobrou o número de Municípios infestados linhagens, que surgiram antes das aglomerações e
pelo mosquito transmissor da dengue. movimentações humanas terem início, tinham pou-
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre ja- cas chances de causar grandes epidemias e termi-
neiro e setembro de 2006 foram registrados 279.241 navam por falta de hospedeiros susceptíveis. Entre-
casos de dengue o equivalente a 1 caso (não fatal) tanto, as alterações ambientais de natureza antró-
para cada 30 km ² do território desse país. Um cresci- pica têm propiciado o deslocamento e/ou dano à
mento de 26,3% em relação ao mesmo período em fauna e flora, bem como o acúmulo de detritos e de
2005. A maior incidência foi na Região Sudeste do recipientes descartáveis. Paralelamente, as mudan-
Brasil. Apesar dos números, para o Governo Federal ças nas paisagens têm promovido alterações micro-
não ocorre uma nova epidemia da doença no Bra- climáticas que parecem ter favorecido algumas es-
sil. No entanto, medidas para combater o mosquito pécies vetoras, em detrimento de outras, oferecendo
foram tomadas – como mapeamento de focos do abrigos e criadouros, bem como a disponibilidade de
Aedes aegypti e orientação à população das áreas hospedeiros. A dengue é uma doença muito grave.
com maior risco de infestação.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Aspectos Epidemiológicos 2000, várias epidemias foram registradas, sobretudo


nos grandes centros urbanos das regiões Sudeste e
Tem sido observado um padrão sazonal de inci- Nordeste do Brasil, responsáveis pela maior parte dos
dência coincidente com o verão, devido à maior casos notificados. As regiões Centro-Oeste e Norte fo-
ocorrência de chuvas e aumento da temperatura ram acometidas mais tardiamente, pois as epidemias
nessa estação. É mais comum nos núcleos urbanos, de dengue só foram registradas a partir da segunda
onde é maior a quantidade de criadouros naturais metade da década de 90. A maior incidência da
ou resultantes da ação do ser humano. Entretanto, a doença foi observada em 2002, quando foram regis-
doença pode ocorrer em qualquer localidade desde trados cerca de 790 mil casos.
que exista população humana susceptível, presen- A circulação do sorotipo 3 do vírus foi identificada,
ça do vetor e o vírus seja introduzido. pela primeira vez, em dezembro de 2000, também no
Nas Américas – a dengue tem sido relatada nas estado do Rio de Janeiro e, posteriormente, no estado
Américas há mais de 200 anos. Na década de 50, a de Roraima, em novembro de 2001. Desde o início da
FHD foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e Tai- epidemia de 2002 observava-se a rápida dispersão do
lândia. Após a década de 60, a circulação do vírus sorotipo 3 para outros estados: no primeiro semestre
da dengue intensificou-se nas Américas. A partir de de 2004, por exemplo, 23 dos 27 estados do país já
1963, houve circulação comprovada dos sorotipos apresentavam a circulação simultânea dos sorotipos
2 e 3 em vários países. Em 1977, o sorotipo 1 foi intro- 1, 2 e 3 do vírus da dengue.
duzido nas Américas, inicialmente pela Jamaica. A
partir de 1980, foram notificadas epidemias em vários Imunologia
países, aumentando consideravelmente a magnitu-
de do problema. O macaco não é reconhecido como reservatório
Cabe citar: Brasil (1982/1986-2002), Bolívia (1987), do vírus na América Latina. Macaco do gênero Saimiri.
Paraguai (1988), Equador (1988), Peru (1990) e Cuba Quando uma pessoa é infectada por um dos 4 soroti-
(1977/1981). A FHD afetou Cuba em 1981, evento pos virais, torna-se imune a todos os tipos de vírus du-
de extrema importância na história da dengue nas rante alguns meses e posteriormente mantém-se imu-
Américas. Essa epidemia foi causada pelo sorotipo 2, ne, pelo resto da vida, ao tipo pelo qual foi infectado.
tendo sido o primeiro relato de febre hemorrágica Se voltar a ter dengue, dessa vez um dos outros 3 tipos
da dengue ocorrido fora do Sudeste Asiático e Pacífi- do vírus, há uma probabilidade maior que a doença 427
co Ocidental. O segundo surto ocorreu na Venezue- seja mais grave que a anterior, mas não é obrigatório
la, em 1989. que aconteça.
No Brasil – há referências de epidemias desde o A classificação 1, 2, 3 ou 4 não tem qualquer re-
século XIX. No século passado há relatos em 1916, lação com a gravidade da doença, diz respeito à or-
em São Paulo, e em 1923, em Niterói, no Rio de Janei- dem da descoberta dos vírus. Cerca de 90% dos casos
ro, sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia, de dengue hemorrágica ocorrem em pessoas ante-
documentada clínica e laboratorialmente, ocorreu riormente infectadas por um dos quatro tipos de vírus.
em 1981-1982, em Boa Vista/Roraima, causada pelos
sorotipos 1 e 4. Em 1986, ocorreram epidemias no Rio Progressão e sintomas
de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste.
Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de O período de incubação é de três a quinze dias
forma continuada, intercalando-se com a ocorrên- após a picada. Dissemina-se pelo sangue (viremia).
cia de epidemias, geralmente associadas com a in- Os sintomas iniciais são inespecíficos como febre alta
trodução de novos sorotipos em áreas anteriormente (normalmente entre 38° e 40 °C) de início abrupto,
indenes. Na epidemia de 1986, identificou-se a ocor- mal-estar, anorexia (pouco apetite), cefaleias, do-
rência da circulação do sorotipo DEN1, inicialmente res musculares e nos olhos. No caso da hemorrágica,
no estado do Rio de Janeiro, disseminando-se, a se- após a febre baixar pode provocar gengivorragias e
guir, para outros seis estados até 1990. Nesse ano, foi epistáxis (sangramento do nariz), hemorragias internas
identificada a circulação de um novo sorotipo, o DEN e coagulação intravascular disseminada, com danos
2, também no estado do Rio de Janeiro. e enfartes em vários órgãos, que são potencialmen-
Durante a década de noventa, ocorreu aumento te mortais. Ocorre frequentemente também hepa-
significativo da incidência, reflexo da ampla disper- tite e por vezes choque mortal devido às hemorra-
são do Aedes aegypti no território nacional. A pre- gias abundantes para cavidades internas do corpo.
sença do vetor associada à mobilidade da popu- Há ainda petéquias (manchas vermelhas na pele), e
lação levou à disseminação dos sorotipos 1 e 2 para dores agudas das costas (origem do nome, doença
20 dos 27 estados do país. Entre os anos de 1990 e “quebra-ossos”).

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A síndrome de choque hemorrágico da dengue ocorre quando pessoas imunes a um sorotipo devido a
infecção passada já resolvida são infectadas por outro sorotipo. Os anticorpos produzidos não são específicos
suficientemente para neutralizar o novo sorotipo, mas ligam-se aos virions formando complexos que causam da-
nos endoteliais, produzindo hemorragias mais perigosas que as da infecção inicial. A febre é o principal sintoma..

428 Sinais de Alerta da Dengue Hemorrágica


- Dor abdominal contínua
- Vômitos persistentes
- Hipotensão postural
- Hipotensão arterial
- Pressão diferencial <20mmHg (PA convergente)
-Hepatomegalia dolorosa
- Hemorragias importantes (hematêmese e/ou melena)
- Extremidades frias, cianose
- Pulso rápido e fino
- Agitação e/ou letargia
- Diminuição da diurese
- Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia
- Aumento repentino do hematócrito
- Desconforto respiratório

Pacientes que apresentarem um ou mais dos sinais de alerta, acompanhados de evidências de hemocon-
centração e plaquetopenia, devem ser reidratados e permanecer sob observação médica até melhora do
quadro.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito clinicamente e por meio de exames laboratoriais. As pessoas em áreas endêmicas que
têm sintomas como febre alta devem consultar um médico para fazer análises sendo que o diagnóstico normal-
mente é feito por isolamento viral através de inoculação de soro sanguíneo (IVIS) em culturas celulares ou por
sorologia esse procedimento é essencial para saber se o paciente é portador do vírus da dengue. A definição da
Organização Mundial de Saúde de febre hemorrágica de dengue tem sido usada desde 1975. Todos os quatro
critérios devem ser preenchidos:

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1.Febre não houver melhora, recomenda-se monitorização


2.Tendência hemorrágica (teste de torniquete da pressão venosa e a colocação de sonda vesical
positivo, contusões espontâneas, sangramento da de demora para controle da diurese. Após essa fase,
mucosa, vômito de sangue ou diarreia sanguinolen- não havendo estabilização clínica e laboratorial,
ta) avalia-se a necessidade de drogas vasoativas e de
3.Trombocitopenia (<100.000 plaquetas por mm³) sangue total (10ml/kg) para queda importante no
4.Evidência de vazamento plasmático (hemató- hematócrito ou alternativamente plasma, albumina
crito mais de 20% maior do que o esperado ou queda ou colóides artificiais (10-20ml/kg) no caso de eleva-
no hematócrio de 20% ou mais da linha de base após ção do hematócrito.
fluido IV, derrame pleural, ascite, hipoproteinemia). Sangramentos podem ocorrer por causa da sín-
drome de choques da dengue (SCD) e coagulação
Exame laboratorial do sangue, geralmente agravada por medicamen-
tos coagulantes, fazendo o nível de plaquetas des-
A determinação da doença por exame de la- cerem abaixo do nível funcional mínimo (tromboci-
boratório faz-se através de testes sorológicos, com topenia). Nesse caso pode ser necessário transfusão
presença de anticorpos classe IgM (única amostra de sangue caso o soro não seja suficiente ou já tenha
de soro) ou IgG (aumento de título em amostras pa- sido usado excessivamente. A monitorização hemo-
readas) ou isolando o agente etiológico, que é o mé- dinâmica ou da pressão arterial deve ser usada para
todo mais específico. Estes dois exames são comple- identificar os casos mais graves. Soluções cristalóides
mentares. são mais eficazes e econômicas que as colóides. O
uso de corticóides é desaconselhado.
Tratamento Vários novos tratamentos têm sido sugeridos para
lidar com as citocinas e toxinas envolvidas na infec-
A parte central do tratamento da dengue co- ção. Tem sido estudados tratamentos com Inibidores
mum é a reidratação, geralmente associada com do fator ativador de plaquetas (PAF), pentoxifilina,
analgésicos e anti-térmicos como o paracetamol. antioxidantes, n-acetilcisteína, além de inibidores das
O paciente é aconselhado pelo médico a ficar em endorfinas naturais como o naloxone e de antago-
repouso e beber muitos líquidos (sucos, água e chás nistas da bradicinina. O uso de inibidores do óxido
sem cafeína) evitando café, refrigerantes e leite (que nítrico pode ser benéfico principalmente nos casos 429
irritam o estômago). É importante então evitar a au- de hipotensão persistente. O uso de infusão contínua
tomedicação, porque pode ser perigosa, já que a de azul de metileno, também se mostrou benéfico e
prescrição médica desaconselha usar remédios à com toxicidade mínima.
base de ácido acetilsalicílico (AAS) ou outros antinfla-
matórios não-esteróides (AINEs) normalmente usados Prevenção
para febre, porque eles facilitam a hemorragia.
Um medicamento muito usado na dengue é o O controle é feito basicamente através do com-
paracetamol por suas propriedades analgésicas e bate ao mosquito vetor, principalmente na fase lar-
antitérmicas, boa tolerância e poucos efeitos colate- val do inseto. Deve-se evitar o acúmulo de água em
rais. Analgésicos a base de dipirona (como Novalgi- possíveis locais de desova dos mosquitos. Quanto à
na, Dorflex e Anador) devem ser evitados em pessoas prevenção individual da doença, aconselha-se o uso
com pressão baixa pois podem diminuir a pressão e de janelas teladas, além do uso de repelentes. É im-
causar manchas de pele. portante tratar de todos os lugares onde se encon-
tram as fases imaturas do inseto, neste caso, a água.
Casos Graves O mosquito da dengue coloca seus ovos em lugares
com água parada limpa. Embora na fase larval os in-
Em caso mais graves, quando ocorre perda de setos estejam na água, os ovos são depositados pela
fluido estimada em 5% ou mais do peso corporal, é mãe na parede dos recipientes, aguardando a subi-
feita uma reidratação endovenosa com um bolus da do nível da água para eclodirem.
de solução glicofisiológica (1:1 a 1:2) de 10-20ml/kg Pesquisas recentes mostraram que o uso de bor-
mantendo-se infusão contínua numa velocidade ini- ra de café nos locais de potencial proliferação de
cial de 6-7ml/kg/hora. (ou seja, injetar soro fisiológico larvas é extremamente eficiente na aniquilação do
na veia pra repor a água que foi perdida suando, vo- mosquito. Cientistas da UNESP de São José do Rio Pre-
mitando, urinando e sangrando). Caso não haja me- to - Estado de São Paulo, descobriram que a larva
lhora inicial aumenta-se a velocidade do soro para do Mosquito da Dengue pode ser combatida através
10ml/kg/h ou até 15ml/kg/h nos casos refratários. Se de borra de café, já utilizada. Apenas 500 microgra-

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mas são necessários para matar a larva do mosquito venção é feita sobre o mosquito transmissor – Aedes
transmissor, sendo sugerida a utilização de 2 colheres aegypti – e o tratamento da doença é apenas sobre
dessa borra para cada meio copo d’água.Um dos os sintomas, com medicamentos para aliviar a febre
principais problemas no combate ao mosquito é lo- e as dores no corpo. A conclusão de que uma va-
calizá-lo. Atualmente, o Ministério da Saúde Brasileiro cina está mais perto de ser lançada veio depois de
utiliza o Índice Larvário, um método antigo, do início testes feitos com mais de 4 mil crianças na Tailândia.
do século XX, cujas informações são pouco confiá- Foi a terceira fase de testes de uma vacina candi-
veis e demoradas. data desenvolvida por pesquisadores do laboratório
O Ministério da Saúde indica que em algumas re- Sanofi Pasteur, e os resultados foram publicados pela
giões brasileiras foi detectada resistência do mosqui- revista médica “Lancet”. Essa é última etapa de exa-
to a larvicidas e inseticidas. Por isso, tem crescido a mes pela qual um medicamento precisa passar antes
idéia de utilizar mosquitos transgênicos. A estratégia de entrar no mercado. Antes disso, ele deve ter bons
possui vantagens ecológicas pela diminuição do uso resultados em animais e em etapas menores com
de inseticidas que costumam afetar outras espécies humanos. A Tailândia foi escolhida porque é uma re-
e prejudicar o ambiente. Recentemente, cientistas gião onde a doença é endêmica – a mesma vacina
da Universidade Federal de Minas Gerais desenvolve- também está sendo testada no Brasil. Embora os pes-
ram um método de monitoramento do mosquito uti- quisadores estejam animados, a vacina ainda não é
lizando armadilhas, produto atraente, computadores capaz de prevenir a dengue de uma forma geral. Um
de mão e mapas georreferenciados. O sistema, cha- dos grandes desafios do combate ao vírus da dengue
mado M.I. Dengue, permite localizar rapidamente são suas variações. Existem quatro subtipos do vírus, e
mosquitos nas áreas urbanas, permitindo ações de para cada um deles é preciso fazer uma vacina espe-
combate apenas nas áreas afetadas, com aumento cífica. Os quatro têm o mesmo potencial de provocar
da eficiência e economia de recursos. a doença e o mesmo perigo.
A vacina candidata testada na Tailândia contém
Desenvolvimento de vacina em uma única dose a mistura das quatro vacinas con-
tra cada subtipo do vírus. Contra os vírus tipo 1, 3 e 4, a
Ainda não há vacinas comercialmente disponí- taxa de imunização ficou entre 60% e 90% – o que os
veis para a dengue, mas a comunidade científica in- médicos consideram uma vacina eficaz. Além disso,
430 ternacional e brasileira está trabalhando firme neste não foram registrados efeitos colaterais significativos.
propósito. A dengue, com quatro vírus identificados No entanto, foi registrado um número relativamente
até o momento, é um desafio para os pesquisadores, alto de casos de dengue provocados pelo vírus tipo 2,
pois a sua vacina é mais complexa que as demais. um sinal de que a vacina não funcionou contra esse
É necessário fazer uma combinação de todos os ví- alvo específico. Os produtores da vacina ainda espe-
rus para que se obtenha um imunizante realmente ram pelos resultados da pesquisa na América Latina,
eficaz contra a doença. Pesquisadores da Tailân- com mais de 30 mil voluntários, para saber se a va-
dia estão testando uma vacina para a dengue em cina poderá ser aprovada. Esses estudos devem ser
3.000-5.000 voluntarios humanos após terem obtido concluídos em 2014.
sucesso em testes com animais e em um pequeno
grupo de voluntários humanos. Diversas outras vaci- Programa Nacional
nas candidatas estão entrando na fase I ou fase II das Com as dificuldades enfrentadas nas diversas ten-
pesquisas. Atualmente, existem vacinas de primeira, tativas de erradicação da doença, a ideia é garantir
segunda e terceira geração sendo testadas. As de uma forte campanha de mobilização social, em 2002
primeira geração contem vírus atenuados e tetrava- o objetivo passa a ser a redução do dano causado
lentes (para os 4 tipos de vírus) ou inativados. As de pela doença. A dengue é um dos principais proble-
segunda possuem proteínas recombinantes em dife- mas de saúde pública no mundo. A Organização
rentes sistemas e as de terceira geração são as de Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100
DNA. As de primeira geração foram testadas em ma- milhões de pessoas se infectem anualmente, em mais
cacos produzindo baixa viremia e neurovirulência.O de 100 países, de todos os continentes, exceto a Euro-
Instituto Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro anunciou pa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitali-
que em 2012 estará disponível uma vacina para os zação e 20 mil morrem em consequência da dengue.
quatro tipos de dengue. Em nosso país, as condições socioambientais fa-
Uma pesquisa publicada mostra, pela primeira voráveis à expansão do Aedes aegypti possibilitaram
vez, que é possível desenvolver uma vacina segura a dispersão do vetor desde sua reintrodução em 1976
e eficaz contra a dengue. Hoje, não existe nenhuma e o avanço da doença. Essa reintrodução não con-
vacina ou remédio contra o vírus da dengue. A pre- seguiu ser controlada com os métodos tradicional-

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mente empregados no combate às doenças trans- possibilidade de ocorrência de novas epidemias de


mitidas por vetores. Programas com baixíssima ou dengue e de FHD. Neste cenário epidemiológico,
mesmo nenhuma participação da comunidade, sem tornou-se imperioso que o conjunto de ações que vi-
integração intersetorial e com pequena utilização do nham sendo realizadas e outras a serem implantadas
instrumental epidemiológico mostraram-se incapa- fossem intensificadas, permitindo um melhor enfren-
zes de conter um vetor com altíssima capacidade de tamento do problema e a redução do impacto da
adaptação ao novo ambiente criado pela urbaniza- dengue no Brasil. Com esse objetivo, o Ministério da
ção acelerada e pelos novos hábitos. Saúde implantou em 2002 o Programa Nacional de
Em 1996, o Ministério da Saúde decidiu rever sua Controle da Dengue (PNCD).
estratégia e propôs o Programa de Erradicação do Muito embora outras causas tenham influencia-
Aedes aegypti (PEAa). Ao longo do processo de im- do, considera-se que as ações do PNCD, desenvolvi-
plantação desse programa observou-se a inviabili- das em parceria com Estados e Municípios, tenham
dade técnico de erradicação do mosquito a curto contribuído na redução de 73,3% dos casos da doen-
e médios prazos. O PEAa, mesmo não atingindo seus ça no primeiro semestre de 2004 em relação ao mes-
objetivos, teve méritos ao propor a necessidade de mo período do ano anterior. Dados da Secretaria de
atuação multissetorial e prever um modelo descen- Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde
tralizado de combate à doença, com a participa- mostram que, nos primeiros seis meses de 2004, 84.535
ção das três esferas de governo: Federal, Estadual e pessoas tiveram dengue, enquanto que, em 2003, as
Municipal. notificações chegaram a 299.764.
A implantação do PEAa resultou em um fortaleci-
mento das ações de combate ao vetor, com um sig- Fundamentação
nificativo aumento dos recursos utilizados para essas O PNCD procura incorporar as lições das expe-
atividades, mas ainda com as ações de prevenção riências nacionais e internacionais de controle da
centradas quase que exclusivamente nas atividades dengue, enfatizando a necessidade de mudança
de campo de combate ao Aedes aegypti. nos modelos anteriores, fundamentalmente em al-
Essa estratégia, comum aos programas de con- guns aspectos essenciais:
trole de doenças transmitidas por vetor em todo o 1) a elaboração de programas permanentes,
uma vez que não existe qualquer evidência técnica
mundo, mostrou-se absolutamente incapaz de res-
de que erradicação do mosquito seja possível, em 431
ponder à complexidade epidemiológica da dengue.
curto prazo;
Os resultados obtidos no Brasil e o próprio panorama
2) o desenvolvimento de campanhas de informa-
internacional, onde inexistem evidências da viabili-
ção e de mobilização das pessoas, de maneira a se
dade de uma política de erradicação do vetor, em
criar uma maior responsabilização de cada família
curto prazo, levaram o Ministério da Saúde a fazer
na manutenção de seu ambiente doméstico livre de
uma nova avaliação dos avanços e das limitações,
potenciais criadouros do vetor;
com o objetivo de estabelecer um novo programa
3) o fortalecimento da vigilância epidemiológica
que incorporasse elementos como a mobilização
e entomológica para ampliar a capacidade de pre-
social e a participação comunitária, indispensáveis
dição e de detecção precoce de surtos da doença;
para responder de forma adequada a um vetor alta-
4) a melhoria da qualidade do trabalho de cam-
mente domiciliado. po de combate ao vetor;
Diante da tendência de aumento da incidência 5) a integração das ações de controle da den-
verificada no final da década de 90 e da introdução gue na atenção básica, com a mobilização do Pro-
de um novo sorotipo (Dengue 3) que prenunciava grama de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) e
um elevado risco de epidemias de dengue e de au- Programa de Saúde da Família (PSF);
mento nos casos de Febre Hemorrágica de Dengue 6) a utilização de instrumentos legais que facili-
(FHD), o Ministério da Saúde, com a parceria da Or- tem o trabalho do poder público na eliminação de
ganização Pan-Americana de Saúde, realizou um Se- criadouros em imóveis comerciais, casas abandona-
minário Internacional, em junho de 2001, para avaliar das, etc.;
as diversas experiências bem sucedidas no controle 7) a atuação multissetorial por meio do fomento
da doença e elaborar um Plano de Intensificação à destinação adequada de resíduos sólidos e a utili-
das Ações de Controle da Dengue (PIACD). zação de recipientes seguros para armazenagem de
A introdução do sorotipo 3 e sua rápida disse- água; e.
minação para oito estados, em apenas três meses, 8) o desenvolvimento de instrumentos mais efi-
evidenciou a facilidade para a circulação de novos cazes de acompanhamento e supervisão das ações
sorotipos ou cepas do vírus com as multidões que se desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, estados e
deslocam diariamente. Estes eventos ressaltaram a municípios.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Verifica-se que quase 70% dos casos notificados A vigilância da dengue já conta com recursos
da dengue no país se concentram em municípios necessários, como sistemas de informação (Sistema
com mais de 50.000 habitantes que, em sua grande Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) e o de
maioria, fazem parte de regiões metropolitanas ou Febre Amarela e Dengue - FAD) e profissionais treina-
pólos de desenvolvimento econômico. Os grandes dos na utilização dessas ferramentas. Uma análise do
centros urbanos, na maioria das vezes, são respon- sistema de vigilância indicou que a detecção pre-
sáveis pela dispersão do vetor e da doença para os coce dos casos, um dos mais importantes aspectos
municípios menores. Nesse cenário, o PNCD propõe- para o controle da doença, não estava sendo alcan-
se a implantar a estratégia de controle em todos os çada.
municípios brasileiros, com ênfase em alguns consi- No ano de 2001, foram realizadas cinco oficinas
derados prioritários, assim definidos: de treinamento para aprimoramento em análise de
1- Capital de estado e sua região metropolitana; dados de vigilância com o objetivo de otimizar o uso
2- Município com população igual ou superior a das informações produzidas pelos sistemas. Nessas
50.000 habitantes; e. oficinas foram apresentados os indicadores prioritá-
3- Municípios receptivos à introdução de novos rios que devem ser produzidos pelo menos a cada
15 dias para acompanhamento da situação epide-
sorotipos de dengue (fronteiras, portuários, núcleos
miológica, permitindo uma sinalização precoce da
de turismo, etc.).
mudança do padrão de ocorrência dos casos.
As atividades de vigilância não substituem as de-
Objetivos
mais atividades de controle da doença, devendo,
Os objetivos do PNCD são:
sim, ser desenvolvidas de forma concomitante e in-
• Reduzir a infestação pelo Aedes aegypti;
tegradas às demais ações. A vigilância epidemioló-
• Reduzir a incidência da dengue; gica da dengue no PNCD está baseada em quatro
• Reduzir a letalidade por febre hemorrágica de subcomponentes:
dengue.
- Vigilância de casos;
Metas O objetivo desse subcomponente é a detecção
• Reduzir a menos de 1% a infestação predial em em momento oportuno dos casos e orientar as medi-
432 todos os municípios; das de controle apropriadas.
• Reduzir em 50% o número de casos de 2003 em Ações
relação a 2002 e, nos anos seguintes, 25% a cada - Manter o Sinan como único sistema de infor-
ano; mações de notificação de casos. Nos períodos de
• Reduzir a letalidade por febre hemorrágica de epidemia, poderá ser adotado sistema de notifica-
dengue a menos de 1%. ção simplificado para o envio de informações. O uso
desta alternativa, quando necessário será autorizado
Componentes pela FUNASA e não substitui a obrigatoriedade de
O Programa Nacional de Controle da Dengue notificação posterior pelo Sinan;
(PNCD) será implantado por intermédio de 10 com- - Produzir quinzenalmente os indicadores prioritá-
ponentes. Em cada unidade federada deverão ser rios de acompanhamento da situação epidemioló-
realizadas adequações condizentes com as espe- gica;
cificidades locais, inclusive com a possibilidade da - Capacitar técnicos das secretarias de saúde de
elaboração de planos sub-regionais, em sintonia estado e dos municípios prioritários na análise dos da-
com os objetivos, metas e componentes do PNCD dos coletados;
apresentados a seguir. - Elaborar mapas municipais para monitoramento
das situações epidemiológicas e entomológicas.
• Vigilância Epidemiológica:
- Vigilância Laboratorial
O objetivo da vigilância epidemiológica da den-
O objetivo desse subcomponente é o aprimora-
gue é reduzir o número de casos e a ocorrência de
mento da capacidade de diagnóstico laboratorial
epidemias, sendo de fundamental importância que
dos casos para detecção precoce da circulação vi-
a implementação das atividades de controle ocorra
ral, e monitoramento dos sorotipos circulantes. A vigi-
em momento oportuno. Nesse caso, oportunidade é
lância laboratorial será empregada para atender às
entendida como detecção precoce da circulação
demandas inerentes da vigilância epidemiológica,
viral e adoção de medidas de bloqueio adequadas não sendo o seu propósito o diagnóstico de todos os
para interromper a transmissão. casos suspeitos, em situações de epidemia.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Ações Ações
- Descentralizar, sob a coordenação dos Labora- - Realizar a alimentação diária do FAD e proce-
tórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), o diagnósti- der à análise dos dados de vigilância e controle de
co laboratorial (sorologia) para laboratórios públicos vetores em todos os municípios;
de saúde, localizados nas capitais e cidades polos; - Manter o sistema FAD como única fonte de in-
- Implantar novo kit diagnóstico (kit ELISA) para so- formações vetoriais para a vigilância da dengue.
rologia da dengue nos Laboratórios Centrais de Saú- A utilização de outros sistemas já existentes só será
de Pública, laboratórios de capitais e de municípios aceita após validação pela FUNASA, uma vez com-
polos, que possibilitará a realização do exame labo- provada a sua compatibilidade com o FAD;
ratorial em até quatro horas; - Realizar a consolidação e análise dos indica-
- Divulgar, para os médicos e para a rede assis- dores de acompanhamento da situação entomoló-
tencial, as indicações das diversas técnicas labora- gica, em todos os estados, para a identificação de
toriais na vigilância e no diagnóstico da dengue, em municípios de maior risco;
parceria com as sociedades de especialistas e con- - Implantar nova metodologia para realizar le-
selhos regionais e federal de Medicina;
vantamento rápido de índices de infestação, a ser
- Ampliar a rede de diagnóstico para isolamento
implementado pela FUNASA nos municípios de maior
viral para todos os Lacen;
risco.
- Implantar unidades sentinelas de coleta de
amostras de sangue para isolamento viral em muni-
Combate ao Vetor
cípios estratégicos;
- Implantar, em cinco laboratórios de referência As operações de combate ao vetor têm como
regional, a detecção viral por técnica de biologia objetivo a manutenção de índices de infestação in-
molecular (PCR). feriores a 1%.
Ações
- Vigilância em Áreas de Fronteiras - Estruturar as secretarias estaduais e municipais
O objetivo é a detecção precoce da introdução de Saúde com equipamentos necessários para as
de novos vírus/cepas nas regiões de fronteiras. A cir- ações de combate ao vetor, incluindo a disponibi-
culação do sorotipo 4 e de diferentes cepas dos de- lização de veículos e computadores para as SES e
mais sorotipos do vírus da dengue tem sido identifica- SMS de municípios prioritários; 433
da em alguns países que fazem fronteira com o Bra- - Implantar o FAD em todos os municípios;
sil: Guiana, Suriname, Bolívia, Venezuela, Colômbia, - Realizar a atualização do número de imóveis
Peru e Paraguai. Os municípios brasileiros que fazem em todos os municípios;
fronteira com esses países são, consequentemente, - Manter reserva nacional estratégica de equipa-
potenciais portas de entrada dessas cepas/sorotipos mentos para ações contingenciais de combate ao
no país. A adoção de barreiras sanitárias não é uma vetor;
estratégia factível de ser implantada, tornando ne- - Reduzir os índices de pendência a menos de
cessário um permanente monitoramento da circula- 10% em todos os municípios;
ção viral. O intercâmbio oportuno e regular de infor- - Promover a unificação da base geográfica de
mações epidemiológicas com os países de fronteira trabalho entre as vigilâncias epidemiológica, ento-
será realizado com o apoio da Organização Pan-A- mológica, operações de campo e Pacs/PSF (nas
mericana de Saúde (Opas). áreas cobertas pelos programas);
Ações - Supervisionar, por intermédio da FUNASA e das
- Implantar unidades sentinelas de vigilância para SES, a correta utilização dos equipamentos disponibi-
monitoramento da circulação viral e possível intro- lizados para as ações de combate ao vetor;
dução de novos sorotipos/cepas em municípios de
- Monitorar junto às SES e aos municípios o quanti-
fronteira selecionados;
tativo de pessoal envolvido na execução das ações
- Implantar o monitoramento virológico, em arti-
de combate ao vetor;
culação com a Agência Nacional de Vigilância Sani-
- Avaliar periodicamente a efetividade dos larvi-
tária, em portos, aeroportos e municípios de fronteira.
cidas e adulticidas utilizados no combate ao vetor;
- Assegurar que os equipamentos utilizados nas
- Vigilância Entomológica
Este subcomponente tem como objetivo princi- ações de combate ao vetor obedeçam aos pa-
pal o monitoramento dos índices de infestação por drões técnicos definidos para sua operação;
Aedes aegypti para subsidiar a execução das ações - Implantar o combate ao vetor, em articulação
apropriadas de eliminação dos criadouros de mos- com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em
quitos. portos, aeroportos e fronteiras;

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Promover ações conjuntas de combate ao ve- hábito da comunidade que contribuam para manter
tor em municípios de fronteira estadual, com a coor- o ambiente doméstico livre do Aedes aegypti. Além
denação da FUNASA; dessa ação educativa, os Agentes Comunitários de
- Promover ações conjuntas de controle vetorial Saúde (ACS) contribuirão para aumentar a sensibili-
em municípios de fronteira internacional, em articula- dade do sistema de vigilância por meio da notifica-
ção com a Opas. ção imediata da ocorrência de casos, bem como as
equipes de saúde da família atuarão para realizar o
Assistência aos Pacientes diagnóstico oportuno e o tratamento adequado das
Este componente tem como objetivo garantir a formas graves e hemorrágicas, resultando na redu-
assistência adequada aos pacientes e, consequen- ção da letalidade.
temente, reduzir a letalidade das formas graves da Para a maior efetividade dessas ações é im-
doença. Compreendem as ações de organização portante que se estabeleça, em cada município, a
do serviço, a melhoria na qualidade da assistência unificação das áreas geográficas de trabalho dos
e a elaboração de planos de contingência nos esta- Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e dos Agentes
dos e municípios para fazer frente ao risco da ocor- de Controle de Endemias (ACE), possibilitando uma
rência de epidemias de Febre Hemorrágica da Den- ação mais oportuna quando ocorrer à detecção de
gue (FHD). focos do mosquito e/ou de casos de dengue.
Organização dos Serviços Sociais As atribuições dos ACS, de acordo com a Portaria
Ações MS n°. 44, de 3/1/2002, são as seguintes:
- Organizar a rede assistencial, identificando uni- a) atuar junto aos domicílios informando os seus
dades de saúde de referência e o fluxo de atendi- moradores sobre a doença - seus sintomas e riscos - e
mento aos pacientes; o agente transmissor;
- Implantar, em municípios prioritários, o Sistema b) informar o morador sobre a importância da ve-
de Regulação de Leitos (SIS-REG), para orientação rificação da existência de larvas ou mosquitos trans-
do fluxo de pacientes; missores da dengue na casa ou redondezas;
- Elaborar nas três esferas de governo, planos de c) vistoriar os cômodos da casa, acompanhado
contingência para situações de epidemia (planeja- pelo morador, para identificar locais de existência de
mento de necessidades de leitos e instalações de UTI, larvas ou mosquito transmissor da dengue;
434 insumos, veículos, equipamentos e pessoal).
d) orientar a população sobre a forma de evitar
e eliminar locais que possam oferecer risco para a
Qualidade da Assistência
formação de criadouros do Aedes aegypti;
Ações
e) promover reuniões com a comunidade para
- Divulgar, para 310.000 médicos, protocolo pa-
mobilizá-la para as ações de prevenção e controle
dronizado de assistência ao paciente com dengue;
da dengue;
- Capacitar profissionais de saúde dos diferentes
f) comunicar ao instrutor supervisor do Pacs/PSF
níveis de complexidade (equipes de PSF, unidades
a existência de criadouros de larvas e ou mosquitos
básicas de saúde, pronto atendimento) com enfo-
transmissores da dengue, que dependam de trata-
ques específicos às suas esferas de atuação;
mento químico, da interveniência da vigilância sani-
- Implantar, em municípios prioritários, um sistema
tária ou de outras intervenções do poder público;
de registro - o cartão de acompanhamento - con-
g) encaminhar os casos suspeitos de dengue à
tendo as informações necessárias para assistência
adequada; unidade de saúde mais próxima, de acordo com as
- Assegurar, por intermédio da Agência Nacional orientações da Secretaria Municipal de Saúde.
de Saúde Suplementar, o atendimento dos casos de O Ministério da Saúde repassará aos municípios
dengue, pelos planos de saúde, para seus segurados; um recurso adicional, no valor de R$ 240,00 anuais,
- Viabilizar a realização de exames laboratoriais, por todos os ACS, para estimular essa integração nas
hematócrito e contagem de plaquetas, para o moni- ações de prevenção e controle de doenças, particu-
toramento dos casos de dengue. larmente a malária e a dengue.
Ações
Integração com a Atenção Básica - Capacitar os agentes comunitários de saúde
Esse componente tem como objetivo principal nas ações de prevenção e controle da dengue;
consolidar a inserção do Programa de Agentes Co- - Capacitar às equipes de saúde da família nas
munitários de Saúde e do Programa de Saúde da Fa- ações assistenciais adequadas para diagnóstico e
mília nas ações de prevenção e controle da dengue, tratamento das formas graves e hemorrágicas de
visando, principalmente, promover mudanças de dengue.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Ações de Saneamento Ambiental a) Ações de Educação e Mobilização Social


O objetivo deste componente é fomentar ações - Elaborar, em todos os municípios, um programa
de saneamento ambiental para um efetivo controle de educação em saúde e mobilização social, con-
do Aedes aegypti, buscando garantir fornecimento templando estratégias para: Promover a remoção
contínuo de água, a coleta e a destinação adequa- de recipientes nos domicílios que possam se trans-
da dos resíduos sólidos e a correta armazenagem de formar em criadouros de mosquitos; Divulgar a ne-
água no domicílio, onde isso for imprescindível. Na cessidade de vedação dos reservatórios e caixas de
atual situação do país, onde é elevado o número de água; Divulgar a necessidade de desobstrução de
municípios infestados por Aedes aegypti, torna-se im- calhas, lajes e ralos;
prescindível a implementação de mecanismos para - Implementar medidas preventivas para evitar
a intensificação das políticas de saúde, saneamento proliferação de Aedes aegypti em imóveis desocu-
e meio ambiente, que venham contribuir para a re- pados;
dução do número de potenciais criadouros do mos- - Promover orientações dirigidas a imóveis espe-
quito. ciais (escolas, unidades básicas de saúde, hospitais,
Ações creches, igrejas, comércio, indústrias, etc.);
- Realizar ações de melhorias sanitárias domicilia- - Organizar o Dia Nacional de Mobilização contra
res, principalmente para a substituição de depósitos e a dengue, em novembro;
recipientes para água existente no ambiente domés- - Implantar ações educativas contra a dengue
tico e a vedação de depósitos de água. na rede de ensino básico e fundamental;
- Fomentar a limpeza urbana e a coleta regular - Divulgar informações aos prefeitos sobre as
de lixo realizadas de forma sistemática pelos municí- ações municipais que devem ser desenvolvidas e as
pios, buscando atingir coberturas adequadas, princi- estratégias a serem adotadas;
palmente em área de risco. - Incentivar a participação da população na fis-
- Desenvolver modelos de reservatórios para ar- calização das ações de prevenção e controle da
mazenamento de água potável em domicílios, prote- dengue executadas pelo Poder Público;
gidos da infestação pelo Aedes aegypti, para áreas - Constituir Comitês Nacional e Estaduais de Mo-
sem abastecimento contínuo; bilização com participação dos diversos segmentos
- Apoiar a implantação de tecnologias de apro- da sociedade.
veitamento de pneus como matéria-prima para a b) Ações de Comunicação Social 435
construção de moradias, disponibilizando para os mu- - Veicular campanha publicitária durante todo o
nicípios com mais de 100.000 imóveis trituradores para ano, com ênfase nos meses que antecedem o perío-
o processo industrial de picagem dos pneus. do das chuvas;
- Estimular tecnologias industriais que absorvam os - Promover entrevistas coletivas com gestores da
pneus descartados, tais como parcerias com refina- área de saúde para divulgar o PNCD;
rias e siderurgias para a queima de pneus e/ou utiliza- - Inserir conteúdos de educação em saúde, pre-
ção como combustível; venção e controle da dengue nos programas de
- Propor à Associação Brasileira de Normas Técni- grande audiência, formadores de opinião pública;
cas (ABNT) alterações nas normas para a fabricação - Adotar mecanismos de divulgação (imprensa,
de caixas de água adaptando-as contra a infesta- “Voz do Brasil”, cartas aos órgãos legislativos e conse-
ção pelo Aedes aegypti. lhos estaduais e municipais de saúde) do PNCD;
- Manter a mídia permanentemente informada,
Ações Integradas de Educação em Saúde, Co- por meio de comunicados ou notas técnicas, quanto
municação e Mobilização Social. à situação da implantação do PNCD.
O principal objetivo desse componente é fomen- c) Capacitação de Recursos Humanos
tar o desenvolvimento de ações educativas para a O objetivo principal deste componente é capa-
mudança de comportamento e a adoção de prá- citar profissionais das três esferas de governo, para
ticas para a manutenção de o ambiente domiciliar maior efetividade das ações nas áreas de vigilância
preservado da infestação por Aedes aegypti, obser- epidemiológica, entomológica, assistência ao doen-
vadas a sazonalidade da doença e as realidades te e operações de campo.
locais quanto aos principais criadouros. A comuni- Ações
cação social terá como objetivo divulgar e informar • Realizar capacitação de:
sobre ações de educação em saúde e mobilização - 6.360 supervisores de campo para aperfeiçoa-
social para mudança de comportamento e de há- mento das operações de combate ao vetor;
bitos da população, buscando evitar a presença e - 18.100 supervisores do Pacs/PSF para a inserção
a reprodução do Aedes aegypti nos domicílios, por das ações de prevenção e controle da dengue na
meio da utilização dos recursos disponíveis na mídia. atenção básica;

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- 150 técnicos/multiplicadores para aperfeiçoa- Acompanhamento e Avaliação do PNCD


mento das atividades de vigilância epidemiológica; O objetivo desse componente é promover o
- 700 médicos/multiplicadores para a melhoria da permanente acompanhamento da implantação
assistência aos pacientes com dengue grave e febre do PNCD, da execução das ações, da avaliação
hemorrágica da dengue; dos resultados obtidos e eventual redirecionamento
- 166.487 agentes comunitários de saúde nas ou adequação das estratégias adotadas.
ações de prevenção e controle da dengue; Esse é um dos componentes fundamentais do
- 54 profissionais/multiplicadores para ações de PNCD, à medida que em recentes avaliações pro-
saneamento ambiental; movidas pela FUNASA quanto ao processo de des-
- 54 profissionais/multiplicadores para ações de centralização das ações de epidemiologia e con-
comunicação e mobilização social; trole de doenças, com a participação dos gestores
- 26.000 agentes de controle de endemias, cedi- estaduais e municipais, constatou-se uma necessi-
dos pela FUNASA aos estados e municípios, por meio dade de melhorar a capacidade para a detecção
do Programa de Formação de Agentes Locais em Vi-
e correção oportuna de problemas que interferem
gilância em Saúde (Proformar).
diretamente na efetividade das ações de preven-
ção e controle da dengue.
Legislação
Ações
O objetivo desse componente é fornecer suporte
- Constituir comitê nacional de acompanha-
para que as ações de prevenção e controle da den-
mento e avaliação dos indicadores do PNCD, com
gue sejam implementadas com a cobertura e intensi-
dade necessárias para a redução da infestação por representantes da FUNASA, universidades, institui-
Aedes aegypti a índices inferiores a 1%. ções de pesquisa, sociedades de especialistas,
Ações Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saú-
- Elaborar instrumento normativo padrão para de (Conass), Conselho Nacional de Secretários Mu-
orientar a ação do Poder Público municipal e/ou nicipais de Saúde (Conasems) e Organização Pan
estadual na solução dos problemas de ordem le- -Americana de Saúde (Opas);
gal encontrados na execução das atividades de - Constituir comitês estaduais de acompanha-
prevenção e controle da dengue, tais como casas mento e avaliação dos indicadores do PNCD, com
436 fechadas, abandonadas e aquelas onde o proprie- representantes da FUNASA, Secretaria Estadual de
tário não permite o acesso dos agentes, bem como Saúde, e Conselho de Secretários Municipais de
os estabelecimentos comerciais e industriais com re- Saúde (Cosems), universidades e instituições de
petidas infestações por Aedes aegypti. pesquisa, entre outros;
- Acompanhar a efetiva aplicação da Resolução - Realizar o acompanhamento e a avaliação do
Conama nº 258/1999, que dispõe sobre a destinação Programa nos estados, nos municípios prioritários de
de pneus inservíveis e estabelece o recolhimento de cada unidade federada, pela FUNASA, em conjun-
pneus produzidos nas seguintes proporções: 2002 - to com as SES, com base nos indicadores estabele-
25%, 2003 - 50%, 2004 - 100% e a partir de 2005 - 125%; cidos para os diversos componentes;
- Desenvolver ações visando à aprovação de leis - Realizar o acompanhamento de todos os mu-
que estabeleçam normas para destinação final de nicípios a partir dos relatórios gerados na análise
garrafas plástica do tipo PET. quinzenal dos indicadores prioritários, pelas SES;
- Promover reuniões regionais bimestrais de ava-
Sustentação Político-Social liação, com a participação dos gerentes do Progra-
Este componente tem como objetivo sensibilizar e ma de Controle da Dengue e coordenadores da
mobilizar os setores políticos, com vistas a assegurar o Atenção Básica das SES, Coordenação Regional
aporte financeiro e a articulação intersetorial neces-
da FUNASA e representantes do comitê nacional de
sários à implantação e execução do Programa.
acompanhamento e avaliação;
Ações
- Suspender o repasse do Teto Financeiro de
- Realizar reunião com governadores dos estados
Epidemiologia e Controle de Doenças dos esta-
para apresentação do PNCD e obtenção da priori-
dos e/ou municípios que não cumprirem as metas
dade política;
pactuadas na Programação Pactuada Integrada/
- Realizar reuniões regionais com todos os secre-
tários estaduais de saúde, secretários municipais de Epidemiologia e Controle de Doenças (PPI/ECD) e
saúde das capitais e de municípios com população comunicar formalmente ao Conselho Municipal de
superior a 100.000 habitantes para discutir a implan- Saúde, Câmara de Vereadores, Ministério Público e
tação e manutenção do PNCD. Tribunal de Contas;

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Elaborar relatório periódico de avaliação da Em diversos países houve a ideia de que por volta
implantação do PNCD e enviar ao Conselho Na- de 2010 a doença estaria praticamente controlada e
cional de Saúde, a Comissão Intergestores Tripartite, inexistente. No entanto, o advento do HIV e da AIDS
bem como disponibilizar na página da FUNASA na mudaram drasticamente esta perspectiva. No ano
Internet; de 1993, em decorrência do número de casos da
- Manter grupo tarefa de 30 técnicos de nível doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
superior para assessorar as SES na implantação do decretou estado de emergência global e propôs
PNCD; o DOTS (Tratamento Diretamente Supervisionado)
- Constituir grupo executivo do Ministério da Saú- como estratégia para o controle da doença.
de para acompanhamento e avaliação das ativida-
des com representantes da FUNASA, Secretaria de Sintomas mais comuns: Entre seus sintomas, po-
Assistência à Saúde (SAS) e Secretaria de Políticas
de-se mencionar tosse com secreção, febre (mais
de Saúde (SPS), Agência Nacional de Vigilância Sa-
comumente ao entardecer), suores noturnos, falta
nitária (ANVISA) e Agência Nacional de Saúde Suple-
de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e dores
mentar (ANS).
musculares. Dificuldade na respiração, eliminação
Referências: de sangue e acúmulo de pus na pleura pulmonar
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secre- são característicos em casos mais graves.
tarias/saude/vigilancia_em_saude/dengue/index.
php?p=4069 Contágio e evolução: A tuberculose se disse-
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/09/ mina através de aerossóis no ar que são expelidas
pesquisa-mostra-que-vacina-contra-dengue-pode- quando pessoas com tuberculose infecciosa tossem,
ser-segura-e-eficaz.html espirram. Contactos próximos (pessoas que tem
contato freqüente) têm alto risco de se infectarem.
Tuberculose A transmissão ocorre somente a partir de pessoas
com tuberculose infecciosa activa (e não de quem
A tuberculose - chamada antigamente de “pes- tem a doença latente). A probabilidade da trans-
te cinzenta”, e conhecida também em português missão depende do grau de infecção da pessoa
como tísica pulmonar ou “doença do peito” - é uma com tuberculose e da quantidade expelida, forma 437
das doenças infecciosas documentadas desde mais e duração da exposição ao bacilo, e a virulência. A
longa data e que continua a afligir a Humanidade cadeia de transmissão pode ser interrompida isolan-
nos dias atuais. É causada pelo Mycobacterium tu- do-se pacientes com a doença ativa e iniciando-se
berculosis, também conhecido como bacilo-de-ko-
uma terapia antituberculose eficaz.
ch. Estima-se que a bactéria causadora tenha evo-
luído há 40.000 anos, a partir de outras bactérias do
Notificação: A tuberculose é uma doença de
gênero Mycobacterium.
A tuberculose é considerada uma doença social- notificação obrigatória (compulsória), ou seja, qual-
mente determinada, pois sua ocorrência está direta- quer caso confirmado tem que ser obrigatoriamente
mente associada à forma como se organizam os pro- notificado.
cessos de produção e de reprodução social, assim
como à implementação de políticas de controle da Infecção: A infecção pelo M. tuberculosis se ini-
doença. Os processos de produção e reprodução cia quando o bacilo atinge os alvéolos pulmonares
estão diretamente relacionados ao modo de viver e e pode se espalhar para os nódulos linfáticos e daí,
trabalhar do indivíduo. através da corrente sanguínea para tecidos mais dis-
A tuberculose pulmonar é a forma mais frequente tantes onde a doença pode se desenvolver: a parte
e generalizada da doença. Porém, o bacilo da tu- superior dos pulmões, os rins, o cérebro e os ossos. A
berculose pode afetar também outras áreas do nos- resposta imunológica do organismo mata a maioria
so organismo, como, por exemplo, laringe, os ossos e dos bacilos, levando à formação de um granuloma.
as articulações, a pele (lúpus vulgar), os glânglios lin- Os “tubérculos”, ou nódulos de tuberculose são pe-
fáticos (escrófulo), os intestinos, os rins e o sistema ner- quenas lesões que consistem em tecidos mortos de
voso. A tuberculose miliar consiste num alastramento cor acinzentada contendo a bactéria da tubercu-
da infeção a diversas partes do organismo, por via lose. Normalmente o sistema imunológico é capaz
sanguínea. Este tipo de tuberculose pode atingir as de conter a multiplicação do bacilo, evitando sua
meninges (membranas que revestem a medula espi-
disseminação em 90% dos casos.
nhal e o encéfalo), causando infecções graves de-
nominadas de “meningite tuberculosa”.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Evolução: Entretanto, em algumas pessoas, o microorganismos resistentes. A resistência secundária


bacilo da tuberculose supera as defesas do sistema (ou adquirida) surge quando a terapia contra a tuber-
imunológico e começa a se multiplicar, resultando culose é inadequada ou quando não se segue ou se
na progressão de uma simples infecção por tuber- interrompe o regime de tratamento prescrito.
culose para a doença em si. Isto pode ocorrer logo
após a infecção (tuberculose primária – 1 a 5% dos Diagnóstico: Uma avaliação médica completa
casos), ou vários anos após a infecção (reativação para a tuberculose ativa inclui um histórico médico,
da doença tuberculosa, ou bacilo dormente – 5 a 9 um exame físico, a baciloscopia de escarro, uma ra-
%). Cerca de 5% das pessoas infectadas vão desen- diografia do tórax e culturas microbiológicas. A prova
volver a doença nos dois primeiros anos, e outras 5% tuberculínica (também conhecida como teste tuber-
vão desenvolvê-la ainda mais tarde. No total, cerca culínico ou teste de Mantoux) está indicada para o
de 10% dos infectados com sistema imunológico nor- diagnóstico da infecção latente, mas também auxilia
mal desenvolverão a doença durante a vida. no diagnóstico da doença em situações especiais,
como no caso de crianças com suspeita de tubercu-
lose. Toda pessoa com tosse por três semanas ou mais
Algumas situações aumentam o risco de progres-
é chamada sintomática respiratória (SR) e pode estar
são da tuberculose. Em pessoas infectadas com o
com tuberculose.
HIV ou outras doenças que deprimem o sistema imu-
nológico tem muito mais chances de desenvolverem
Baciloscopia: A baciloscopia é um exame realiza-
complicações. Outras situações de risco incluem: o
do com o escarro do paciente suspeito de ser vítima
abuso de drogas injetáveis; infecção recente de tu- de tuberculose, colhido em um potinho estéril. Para o
berculose nos últimos 2 anos; raio-x do tórax que sugi- exame são necessárias duas amostras. Uma amostra
ra a existência de tuberculose (lesões fibróticas e nó- deve ser colhida no momento da identificação do
dulos); diabetes mellitus, silicose, terapia prolongada sintomático respiratório e a outra na manhã do dia
com corticosteróides e outras terapias imuno-supres- seguinte, com o paciente ainda em jejum após enxa-
sivas, câncer na cabeça ou pescoço, doenças no guar a boca com água. É importante orientar o pa-
sangue ou reticuloendoteliais (leucemia e doença ciente a não cuspir, mas sim escarrar. Esse exame está
de Hodgkin), doença renal em estágio avançado, disponível no SUS e pode ser solicitado por enfermeiros
438 gastrectomia, síndromes de mal-absorção crônicas, e médicos.
ou baixo peso corporal (10% ou mais de peso abaixo
do ideal). Histórico médico: O histórico médico inclui a ob-
tenção de sintomas da tuberculose pulmonar:
A tuberculose afeta principalmente os pulmões, - tosse intensa e prolongada por três ou mais se-
(75% ou mais) e é chamada de tuberculose pul- manas;
monar. Os sintomas incluem tosse prolongada com - dor no peito; e
duração de mais de três semanas, dor no peito e - hemoptise.
hemoptise. Outros sintomas incluem febre, cala-
frios, suores noturnos, perda de apetite e de peso, e Sintomas sistêmicos incluem:
cansaço fácil. A palavra consunção (consumpção, - febre;
em Portugal) surgiu porque os doentes pareciam ter - calafrios;
sido “consumidos por dentro” pela doença. Outros - suores noturnos;
locais do corpo que são afetados incluem a pleura, - perda de apetite e peso; e
o sistema nervoso central (meninges), o sistema linfá- - cansaço fácil.
tico, o sistema genitourinário, ossos e articulações, ou
Outras partes do histórico médico incluem:
pode ser disseminada pelo corpo (tuberculose miliar
- exposição anterior à tuberculose, na forma de in-
- assim chamada porque as lesões que se formam
fecção ou doença;
parecem pequenos grãos de milho). Estas são mais
- tratamento anterior de TB;
comuns em pessoas com supressão imunológica e
- fatores de risco demográficos para a TB; e
em crianças. A tuberculose pulmonar também pode
- condições médicas que aumentem o risco de in-
evoluir a partir de uma tuberculose extrapulmonar. fecção por tuberculoses, tais como a infecção por HIV.

Resistência a medicamentos: A tuberculose resis- Deve-se suspeitar de tuberculose quando uma


tente é transmitida da mesma forma que as formas doença respiratória persistente - num indivíduo que de
sensíveis a medicamentos. A resistência primária se outra forma seria saudável - não estiver respondendo
desenvolve em pessoas infectadas inicialmente com aos antibióticos regulares.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Exame físico: Um exame físico é feito para avaliar cultivado, apesar de crescer lentamente e então, ou
a saúde geral do paciente e descobrir outros fatores imediatamente após colheita da amostra corado
que podem afetar o plano de tratamento da tuber- (com a técnica de Ziehl-Neelsen) e observado ao mi-
culose. Não pode ser usado como diagnosticador da croscópio óptico.
Tuberculose.
Prova Tubberculínica (Teste Tuberculínico ou de
Radiografia do tórax: A tuberculose cria cavi- Mantoux): Dentre a gama de testes disponíveis para
dades visíveis em radiografias como esta, na parte avaliar a possibilidade de TB, o teste de Mantoux en-
superior do pulmão direito. Uma radiografia postero volve injeção intradérmica de tuberculina e a medi-
-anterior do tórax é a tradicionalmente feita; outras ção do tamanho da envuração provocada após 72
vistas (lateral ou lordótico) ou imagens de tomografia horas (48 a 96 horas). O teste intradérmico de Man-
computadorizada podem ser necessárias. toux é usado no Brasil, nos EUA e no Canadá. O teste
de Heaf é usado no Reino Unido. Um resultado positi-
Em tuberculose pulmonar ativa, infiltrações ou vo indica que houve contato com o bacilo (infecção
consolidações e/ou cavidades são frequentemente latente da tuberculose), mas não indica doença, já
vistas na parte superior dos pulmões com ou sem lin- que, após o contágio, o indivíduo apresenta 5% de
fadenopatia (doença nos nódulos linfáticos) medias- chances de desenvolver a doença nos primeiros 2
tinal ou hilar. No entanto, lesões podem aparecer em anos. Este teste é utilizado para fins de controle epide-
qualquer lugar nos pulmões. Em pessoas com HIV e miológico e profilaxia em contactantes de pacientes
outras imuno-supressões, qualquer anormalidade com tuberculose. Em situações específicas, como no
pode indicar a TB, ou o raio-x dos pulmões pode até caso do diagnóstico da doença em crianças, pode
mesmo parecer inteiramente normal. Em geral, a tu- auxiliar no diagnóstico. O derivado de proteína pu-
berculose anteriormente tratada aparece no raio-x rificada (ou PPD), que é um precipitado obtido de
como nódulos pulmonares na área hilar ou nos lóbu- culturas filtradas e esterilizadas, é injetado de forma
los superiores, apresentando ou não marcas fibróticas intradérmica (isto é, dentro da pele) e a leitura do
e perda de volume. Bronquiectastia (isto é, dilatação exame é feita entre 48 e 96 horas (idealmente 72 ho-
dos brônquios com a presença de catarro) e marcas ras) após a aplicação do PPD. Um paciente que foi
pleurais podem estar presentes. exposto à bactéria deve apresentar uma resposta
Nódulos e cicatrizes fibróticas podem conter ba- imunológica na pele, a chamada “enduração”. 439
cilos de tuberculose em multiplicação lenta, com
potencial para progredirem para uma futura tuber- Classificação da reação à tuberculina: Os resulta-
culose ativa. Indivíduos com estas características em dos são classificados como Reator Forte, Reator Fraco
seus exames, se tiverem um teste positivo de reação ou Não Reator. Um endurecimento de mais de 5–15
subcutânea à tuberculina, devem ser consideradas mm (dependendo dos fatores de risco da pessoa) a
candidatos de alta prioridade ao tratamento da 10 unidades de Mantoux é considerado um resultado
infecção latente, independente de sua idade. De positivo, indicando infecção pelo M. tuberculosis.
modo oposto, lesões granulares calcificadas (granu-
lomas calcificados) apresentam baixíssimo risco de 5 mm ou mais de tamanho são positivos para a
progressão para uma tuberculose ativa. Anormali- TB em:
dades detectadas em radiografias do tórax podem - pacientes positivos para o HIV
sugerir, porém, nunca são exatamente o diagnóstico, - contatos com casos recentes de TB
de tuberculose. Entretanto, estas radiografias podem - pessoas com mudanças nodulares ou fibróticas
ser usadas para descartar a possibilidade de tuber- em raios-x do tórax, consistentes com casos antigos
culose pulmonar numa pessoa que tenha reação po- de TB curada
sitiva ao teste de tuberculina mas que não tenha os - Pacientes com órgãos transplantados e outros
sintomas da doença. pacientes imuno-suprimidos

Estudos microbiológicos: Colônias de M. tuber- 10 mm ou mais é positivo em:


culosis podem ser vistas nitidamente nesta cultura. - Pessoas recém-chegadas (menos de 5 anos)
Análises de amostras de escarro e culturas microbio- de países com alta incidência da doença (isso inclui
lógicas devem ser feitas para detectar o bacilo, caso quem mora no Brasil)
o paciente esteja produzindo secreção. Se não es- - Utilizadores de drogas injetáveis
tiver produzindo-a, uma amostra coletada na larin- - Residentes e empregados de locais de aglome-
ge, uma broncoscopia ou uma aspiração por agu- rações de alto risco (ex.: prisões, enfermarias, hospi-
lha fina podem ser consideradas. O bacilo pode ser tais, abrigos de sem-teto, etc.)

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Pessoal de laboratórios onde se faça testes com Mycobacterium


- Pessoas com condições clínicas de alto risco (ex.:, diabetes, terapias prolongadas com corticosteróides,
leucemia, falência renal, síndromes de mal-absorção crônicas, reduzido peso corporal, etc)
- Crianças com menos de 4 anos de idade, ou crianças e adolescentes expostos a adultos nas categorias
de alto risco

15 mm ou mais é positivo em:


- (Não utilizado no Brasil) Pessoas sem fatores de risco conhecidos para a TB
- (Nota: programas de testes cutâneos normalmente são conduzidos entre grupos de alto risco para a
doença)

Um teste negativo não exclui tuberculose ativa, especialmente se o teste foi feito entre 6 e 8 semanas após
adquirir-se a infecção; se a infecção for intensa, ou se o paciente tiver comprometimento imunológico. Um
teste positivo não indica doença ativa, apenas que o indivíduo teve contato com o bacilo. Não há relação
entre a eficácia da vacina BCG e um teste de Mantoux positivo. Uma BCG é suficiente; a revacinação não é
útil. Uma vacinação prévia por BCG dá, por vezes, resultados falso-positivos. Isto torna o teste de Mantoux pou-
co útil em pessoas vacinadas por BCG. A fim de melhorar o Teste de Mantoux, outros testes estão sendo de-
senvolvidos. Um dos considerados promissores observa a reação de linfócitos-T aos antígenos ESAT6 e CFP10.

Teste de Heaf
O Teste de Heaf é usado no Reino Unido, e também injeta a proteína purificada (PPD) na pele, observando-
se a reação resultante. Quando alguém é diagnosticado com tuberculose, todos os seus contatos próximos
devem ser investigados com um teste de Mantoux e, principalmente, radiografias de tórax, a critério médico.

Sistema de classificação
O sistema de classificação para a tuberculose mostrado abaixo é baseado no grau de patogenia da
doença. Os agentes de saúde devem obedecer às leis de cada país no tocante à notificação de casos de
440 tuberculose. As situações descritas em 3 ou 5 na tabela abaixo devem ser imediatamente notificadas às au-
toridades de saúde locais.

Sistema de classificação para a tuberculose. (TB)


Classe Tipo Descrição
Nenhuma exposição à TB Nenhum histórico de exposição
0
Não infectado Reação negativa ao teste de tuberculina dérmico
Exposição à TB Histórico de exposição
1
Nenhuma evidência de infecção Reação negativa ao teste dérmico de tuberculina
Reação positiva ao teste dérmico de tuberculina
Infecção de TB Estudos bacteriológicos negativos (caso tenham sido feitos)
2
Sem doença Nenhuma evidência clínica, bacteriológica ou radiográfica
de TB
Cultura de M. tuberculosis (caso tenha sido feita)
3 TB clinicamente ativa Evidências clínicas, bacteriológicas, ou radiográficas da
doença
Histórico de episódio(s) de TB
ou
Sinais anormais porém estáveis nas radiografias
TB Reação positiva ao teste dérmico de tuberculina
4
não ativa clinicamente Estudos bacteriológicos negativos (se feitos)
e
Nenhuma evidência clínica ou radiográfica de presença da
doença
Diagnóstico pendente
5 Suspeita de TB A doença deve ser confirmada ou descartada dentro de 3
meses

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Tratamento: Pessoas com infecção de Tuberculo- neste caso, todas as bactérias sensíveis a ela morrem,
se (classes 2 ou 4), mas que não têm a doença (como e, três meses depois, o paciente sofrerá infecção de
nas classes 3 ou 5), não espalham a infecção para bactérias que conseguiram resistir a esta primeira
outras pessoas. A infecção por Tuberculose numa droga. Alguns medicamentos matam a bactéria, ou-
pessoa que não tem a doença não é considerada tros agem contra a bactéria infiltrada em células, e
um caso de Tuberculose e normalmente é relatada outros, ainda, impedem a sua multiplicação. Ressal-
como uma infecção latente de Tuberculose. Esta dis- ve-se que o tratamento deve seguir uma continuida-
tinção é importante porque as opções de tratamen- de com acompanhamento médico, e não suspenso
to são diferentes para quem tem a infecção latente pelo paciente após uma simples melhora. Com isto
e para quem tem a doença ativa. evita-se que cepas da bactéria mais resistentes so-
brevivam no organismo, e retornem posteriormente
Tratamento de infecção latente de tuberculose: com uma infecção mais difícil de curar. O tratamen-
O tratamento da infecção latente é essencial para to pode durar até 5 anos.
o controle e eliminação da TB, pela redução do ris-
co de a infecção vir a tornar-se doença ativa. Uma Prevenção: A imunização com vacina BCG dá
avaliação para descartar TB ativa é necessária an- entre 50% a 80% de resistência à doença. Em áreas
tes que um tratamento para tuberculose latente seja tropicais onde a incidência de mycobactérias atípi-
iniciado. Candidatos ao tratamento de tuberculose cas é elevada (a exposição a algumas “mycobac-
latente são aqueles grupos de muito alto risco, com terias” não transmissoras de tuberculose dá alguma
reação positiva à tuberculina de 5 mm ou mais, as- proteção contra a TB), a eficácia da BCG é bem
sim como aqueles grupos de alto risco com reações menor. No Reino Unido adolescentes de 15 anos são
cutâneas de 10 mm ou mais. Veja em inglês na Wiki- normalmente vacinadas durante o período escolar.
pédia,classification of tuberculin reaction.
Poliomielite
Há vários tipos de tratamento disponíveis, a crité-
rio médico. Poliomielite, ou paralisia infantil, é uma doença
contagiosa aguda causada pelo poliovírus (sorotipos
- Contatos próximos: são aqueles que dividem a
1, 2, 3), que pode infectar crianças e adultos por via
mesma habitação ou outros ambientes fechados. 441
fecal-oral (através do contato direto com as fezes ou
Aqueles com riscos maiores são as crianças com
com secreções expelidas pela boca das pessoas in-
idade inferior a 4 anos, pessoas imuno-deprimidas e
fectadas) e provocar ou não paralisia.
outros que possam desenvolver a TB logo após uma
A multiplicação desse vírus começa na gargan-
infecção. Contatos próximos que tenham tido uma
ta ou nos intestinos, locais por onde penetra no or-
reação negativa ao teste de tuberculina (menos de
ganismo. Dali alcança a corrente sanguínea e pode
5 mm) devem ser novamente testados 10 a 12 sema-
atingir o cérebro. Quando a infecção ataca o siste-
nas após sua última exposição à TB. O tratamento da
ma nervoso, destrói os neurônios motores e provoca
tuberculose latente pode ser descontinuado a crité-
paralisia flácida em um dos membros inferiores. A
rio médico.
doença pode ser mortal, se forem infectadas as cé-
- Crianças com menos de 4 anos de idade têm
grande risco de progressão de uma infecção para lulas dos centros nervosos que controlam os músculos
a doença, e de desenvolverem formas de TB poten- respiratórios e da deglutição.
cialmente fatais. Estes contatos próximos normalmen- A poliomielite foi praticamente erradicada nas
te devem receber tratamento para tuberculose la- áreas desenvolvidas do mundo com a vacinação sis-
tente mesmo quando não os testes de tuberculina ou temática das crianças, mas o vírus ainda está ativo
o raio-x do tórax não sugere TB. em alguns países da África e da Ásia. Para evitar que
seja reintroduzido nas regiões que não registram mais
Um segundo teste de tuberculina normalmente é casos da doença, as campanhas de imunização de-
feito de 10 a 12 semanas após a última exposição à vem ser repetidas todos os anos.
TB infecciosa, para que se decida se o tratamento
será descontinuado ou não. Sintomas

Tratamento de tuberculose ativa: Os tratamentos A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa


recentes para a tuberculose ativa incluem uma com- aguda, causada por um vírus que vive no intestino,
binação de drogas e remédios, às vezes num total de denominado Poliovírus. Embora ocorra com maior
quatro, que são reduzidas após certo tempo, a crité- frequência em crianças menores de quatro anos,
rio médico. Não se utiliza apenas uma droga, pois, também pode ocorrer em adultos. O período de in-

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cubação da doença varia de dois a trinta dias sen- municipal de saúde e durante as campanhas nacio-
do, em geral, de sete a doze dias. A maior parte das nais de vacinação. A vacina contra a poliomielite
infecções apresenta poucos sintomas (forma subclí- oral trivalente deve ser administrada aos dois, quatro
nica) ou nenhum e estes são parecidos com os de e seis meses de vida. O primeiro reforço é feito aos 15
outras doenças virais ou semelhantes às infecções meses e o outro entre quatro e seis anos de idade.
respiratórias como gripe - febre e dor de garganta Também é necessário vacinar-se em todas as cam-
- ou infecções gastrintestinais como náusea, vômito, panhas.
constipação (prisão de ventre), dor abdominal e, ra-
ramente, diarréia. Cerca de 1% dos infectados pelo Sarampo
vírus pode desenvolver a forma paralítica da doen-
ça, que pode causar sequelas permanentes, insufi- Doença infecciosa, altamente contagiosa, faz
ciência respiratória e, em alguns casos, levar à morte. parte do grupo das doenças que se manifestam por
Em geral, a paralisia se manifesta nos membros infe- alterações marcantes da pele, exantema eritema-
riores de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas toso (pele avermelhada, com placas tendendo a se
em um dos membros. As principais características são unirem) e com comprometimento de vários órgãos.
a perda da força muscular e dos reflexos, com manu- O sarampo é causado por um vírus chamado morbili
tenção da sensibilidade no membro atingido. vírus.

Transmissão Sintomas

Uma pessoa pode transmitir diretamente para O sarampo é uma doença infecciosa aguda, vi-
a outra. A transmissão do vírus da poliomielite se dá ral, transmissível, extremamente contagiosa e muito
através da boca, com material contaminado com comum na infância. Os sintomas iniciais apresenta-
fezes (contato fecal-oral), o que é crítico quando dos pelo doente são: febre acompanhada de tos-
as condições sanitárias e de higiene são inadequa- se persistente, irritação ocular e corrimento do nariz.
das. Crianças mais novas, que ainda não adquiriram
Após estes sintomas, geralmente há o aparecimento
completamente hábitos de higiene, correm maior
de manchas avermelhadas no rosto, que progridem
risco de contrair a doença. O Poliovírus também
442 em direção aos pés, com duração mínima de três
pode ser disseminado por contaminação da água e
dias. Além disso, pode causar infecção nos ouvidos,
de alimentos por fezes. A doença também pode ser
pneumonia, ataques (convulsões e olhar fixo), lesão
transmitida pela forma oral-oral, através de gotículas
cerebral e morte. Posteriormente, as bactérias po-
expelidas ao falar, tossir ou espirrar. O vírus se multi-
dem atingir as vias respiratórias, causar diarreias e até
plica, inicialmente, nos locais por onde ele entra no
infecções no encéfalo. Acredita-se que estas com-
organismo (boca, garganta e intestinos). Em seguida,
plicações sejam desencadeadas pelo próprio vírus
vai para a corrente sanguínea e pode chegar até o
do Sarampo que, na maior parte das vezes, atinge
sistema nervoso, dependendo da pessoa infectada.
mais gravemente os desnutridos, os recém-nascidos,
Desenvolvendo ou não sintomas, o indivíduo infecta-
as gestantes e as pessoas portadoras de imunodefi-
do elimina o vírus nas fezes, que pode ser adquirido
por outras pessoas por via oral. A transmissão ocorre ciências.
com mais frequência a partir de indivíduos sem sin-
tomas. Transmissão

Prevenção A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a


pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respi-
A poliomielite não tem tratamento específico. A ração, por isso a facilidade de contágio da doença.
doença deve ser evitada tanto através da vacina- Além de secreções respiratórias ou da boca, tam-
ção contra poliomielite como de medidas preventi- bém é possível se contaminar através da dispersão
vas contra doenças transmitidas por contaminação de gotículas com partículas virais no ar, que podem
fecal de água e alimentos. As más condições habi- perdurar por tempo relativamente longo no ambien-
tacionais, a higiene pessoal precária e o elevado nú- te, especialmente em locais fechados como escolas
mero de crianças numa mesma habitação também e clínicas. A doença é transmitida na fase em que a
são fatores que favorecem a transmissão da polio- pessoa apresenta febre alta, mal-estar, coriza, irrita-
mielite. Logo, programas de saneamento básico são ção ocular, tosse e falta de apetite e dura até quatro
essenciais para a prevenção da doença. No Brasil, dias após o aparecimento das manchas vermelhas.
a vacina é dada rotineiramente nos postos da rede  

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Prevenção mente cinco dias após o contágio. Como crianças


de até 6 anos de idade ainda não têm seus sistemas
A suscetibilidade ao vírus do sarampo é geral e a imunológicos completamente consolidados, são elas
única forma de prevenção é a vacinação. Apenas as mais vulneráveis. Idosos e imunodeprimidos tam-
os lactentes cujas mães já tiveram sarampo ou foram bém fazem parte do grupo de maior suscetibilidade.
vacinadas possuem, temporariamente, anticorpos A doença chega a matar em cerca de 10% dos
transmitidos pela placenta, que conferem imunida- casos e atinge 50% quando a infecção alcança a
de geralmente ao longo do primeiro ano de vida (o corrente sanguínea e é este um dos motivos da im-
que pode interferir na resposta à vacinação). Com portância do tratamento médico. Febre alta, fortes
o reforço das estratégias de vacinação, vigilância e dores de cabeça, vômitos, rigidez no pescoço, mole-
demais medidas de controle que vêm sendo imple- za, irritação, fraqueza e manchas vermelhas na pele
mentadas em todo o continente americano desde (que são inicialmente semelhantes a picadas de
o final dos anos 90, o Brasil e os demais países das mosquitos, mas rapidamente aumentam de número
Américas vêm conseguindo manter suas populações e de tamanho, sendo indício de que há uma grande
livres da doença. Atualmente, há o registro de ca- quantidade de bactérias circulando pelo sangue)
sos importados que, se não forem adequadamente são alguns dos seus sintomas.
controlados, podem resultar em surtos e epidemias. A doença meningocócica tem início repentino e
Os principais grupos de risco são as pessoas de seis evolução rápida, pode levar ao óbito em menos de
meses a 39 anos de idade. Dentre os adultos, os tra- 24 a 48 horas. Para a confirmação  diagnóstica  das
balhadores de portos e aeroportos, hotelaria e profis- meningites, retira-se um líquido da espinha, denomi-
sionais do sexo apresentam maiores chances de con- nado líquido cefalorraquidiano, para identificar se
trair sarampo, devido à maior exposição a indivíduos há ou não algum patógeno e, se sim, identificá-lo.
de outros países que não adotam a mesma política Em caso de meningite viral, o tratamento é o mesmo
intensiva de controle da doença. As crianças devem feito para as viroses em geral; caso seja  meningite
tomar duas doses da vacina combinada contra ru- bacteriana, o uso de antibióticos específicos para a
béola, sarampo e caxumba (tríplice viral): a primeira, espécie, administrados via endovenosa, será impres-
com um ano de idade; a segunda dose, entre quatro cindível.
e seis anos. Os adolescentes, adultos (homens e mu- Geralmente a incidência da doença é maior
lheres) e, principalmente, no contexto atual do risco em países em desenvolvimento, especialmente em 443
de importação de casos, os pertencentes ao grupo áreas com grandes aglomerados populacionais. Tal
de risco, também devem tomar a vacina tríplice viral constatação pode ser justificada pela precariedade
ou dupla viral (contra sarampo e rubéola). dos serviços de saúde e condições de higiene e pela
facilidade maior de propagação em locais fechados
Meningite ou aglomerados. Por este último motivo é que, ge-
ralmente, a doença é mais manifestada no inverno
A meningite é uma doença que consiste na infla- – quando tendemos a buscar refúgios em locais mais
mação das meninges – membranas que envolvem fechados para fugirmos do frio.
o encéfalo e a medula espinhal. Ela pode ser cau- Para a meningite, as vacinas mais utilizadas são a
sada, principalmente, por vírus ou bactérias. O qua- bivalente, a tetravalente e a monovalente, em me-
dro das meningites virais é mais leve e seus sintomas nores de 2 anos. Entretanto, não existe ainda vacina
se assemelham aos da gripe e resfriados. Entretanto, para alguns sorotipos da doença.
a bacteriana – causada principalmente pelos menin- Evitar o uso de talheres e copos utilizados por ou-
gococos, pneumococos ou hemófilos – é altamente tras pessoas ou mal lavados e ambientes abafados
contagiosa e geralmente grave, sendo a doença são formas de se diminuir as chances de adquirir a
meningocócica a mais séria. Ela, causada pela Neis- doença. Manter o sistema imunológico fortalecido
seria meningitidis, pode causar inflamação nas me- e seguir corretamente as orientações médicas, caso
ninges e, também, infecção generalizada (menin- tenha tido contato com alguém acometido pela
gococcemia). O ser humano é o único hospedeiro doença são, também, medidas importantes.
natural desta bactéria cujas sequelas podem ser va-
riadas: desde dificuldades no aprendizado até para- Cólera
lisia cerebral, passando por problemas como surdez.
A  transmissão  se dá pelo contato da saliva ou De acordo com relatos bem antigos, a cólera
gotículas de saliva da pessoa doente com os órgãos estava  presente desde os primeiros séculos da hu-
respiratórios de um indivíduo saudável, levando a manidade, causando diarreias agudas de aspecto
bactéria para o sistema circulatório aproximada- semelhante à água de arroz, vômitos e, em casos

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mais acentuados, câimbras, perda de peso intensa Vacinas possuem restrições de uso, sendo reque-
e olhos turvos. Causada pela bactéria  Vibrio chole- ridas apenas como medida complementar, em ca-
rae, é uma doença com grande facilidade de dissi- sos de risco de infecção elevado, em pessoas cujas
pação. secreções ácidas estomacais são reduzidas.
O período de incubação é de aproximadamente Coleta de lixo rigorosa, a fim de evitar a prolife-
cinco dias. Vencendo a acidez estomacal, multipli- ração de vetores; enterrar as fezes longe de fontes
ca-se no intestino delgado de forma bastante rápida de água, quando não houver saneamento básico
e, em razão de seus sintomas, pode causar desidrata- adequado na região; reaquecimento dos alimentos
ção, perda de sais minerais e diminuição acentuada já cozidos; lavar as mãos constantemente; e evitar
da pressão sanguínea em curto espaço de tempo, alimentos de ambiente aquático de região onde
com possibilidades de causar a morte das pessoas houve surto da cólera, são medidas necessárias.
afetadas. O  diagnóstico consiste no isolamento e identi-
É  transmitida pela ingestão da água, alimentos, ficação do vibrião nas fezes do paciente. Para tra-
peixes, frutos do mar e animais de água-doce con- tamento, a reidratação é essencial e é, na maioria
taminados por fezes ou vômito de indivíduo portador dos casos, o único método necessário. Entretanto, a
da doença, sem o devido tratamento. Mãos que ti- visita ao médico é indispensável, já que só ele será
veram contato com a bactéria ou mesmo moscas e capaz de analisar o caso e, caso seja necessário,
baratas podem provocar a infecção por este pató- prescrever antibióticos. Medicamentos antidiarreicos
geno. Esses últimos podem funcionar como vetores não são indicados, já que facilitam a multiplicação
mecânicos, transportando o vibrião para a água e da bactéria por diminuírem o peristaltismo intestinal.
para os alimentos.
Na maioria dos casos, manifesta-se de forma as- Tétano
sintomática e este é um dos principais motivos que Causas
facilitam sua propagação, já que este portador
é capaz de transmitir a doença sem ao menos ter Esporos da bactéria C. tetani vivem no solo e po-
conhecimento deste fato. Apenas 10% das pessoas dem ser encontrados em todo o mundo. Na forma
afetadas desenvolvem o quadro sintomático. Os pa- de esporo, a C. tetani pode permanecer inativa no
cientes liberam os vibriões em suas fezes por cerca solo, mas continuar sendo infecciosa por mais de 40
444 de vinte dias. anos.
Essa doença ocasionou sete pandemias (epide- A infecção começa quando os esporos entram
mia simultânea em muitos países ou continentes), no corpo através de uma ferida ou de um ferimen-
sendo dois de seus sorotipos, o V. cholerae O1 e o V. to. Esses esporos liberam bactérias que se espalham
cholerae O139, os responsáveis. Estes são os únicos e formam um veneno chamado tetanospasmina.
tipos desta bactéria que liberam toxinas: as entero- Esse veneno bloqueia os sinais neurológicos da colu-
toxinas. na vertebral para os músculos, causando espasmos
A cólera afeta, principalmente, locais onde o musculares intensos. Os espasmos podem ser tão for-
saneamento básico é precário. A bactéria sobrevi- tes que rompem os músculos ou causam fraturas na
ve por até cinco dias em temperatura ambiente e é coluna.
resistente ao congelamento. No ambiente marinho, O tempo entre a infecção e os primeiros sinais dos
vive bem em temperaturas entre 10 e 30°C. Entretan- sintomas é geralmente de 7 a 21 dias. A maioria dos
to, não resiste a temperaturas acima de 80°C e tam- casos de tétano nos Estados Unidos ocorre em indiví-
pouco à exposição ao cloro. duos que não foram devidamente vacinados contra
Assim, a  fervura ou cloração de água e alimen- a doença.
tos antes de sua ingestão e evitar o uso de gelo em
bebidas, salvo quando este tiver sido feito com água Exames
tratada, são algumas das principais medidas para
impedir a manifestação da doença. Seu médico realizará uma exame físico e fará
A Organização Mundial de Saúde recomenda perguntas sobre seu histórico médico. Não existe um
a proporção de seis mL de cloro para cada litro de teste de laboratório específico disponível para deter-
água, adicionado no mínimo meia hora antes da minar o diagnóstico do tétano.
sua utilização como bebida ou para o preparo de
alimentos. Recomenda ainda, para desinfecção de Imunização ativa x passiva
frutas e verduras, a imersão destas, por meia hora,
em dois mL para cada litro de água, sendo depois A imunização ativa ocorre quando o próprio sis-
lavadas com água tratada. tema imune da criança, ao entrar em contato com

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

uma substância estranha ao organismo, responde A razão desse destaque internacional é o Progra-
produzindo HU anticorpos UH e células imunes (linfó- ma Nacional de Imunizações, nascido em 18 de se-
citos T). Esse tipo de imunidade geralmente dura por tembro de 1973, chega aos 30 anos em condições
vários anos, às vezes, por toda uma vida. de mostrar resultados e avanços notáveis. O que foi
Os dois meios de se adquirir imunidade ativa são alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito
contraindo uma doença infecciosa e a HU vacina- além do que foi conseguido por qualquer outro país
ção UH. de dimensões continentais e de tão grande diversi-
A imunização passiva é obtida pela transferência dade socioeconômica.
à criança de anticorpos produzidos por um animal No campo das imunizações, somos vistos com
ou outro homem. Esse tipo de imunidade produz uma respeito e admiração até por países dotados de con-
rápida e eficiente proteção, que, contudo, é tempo- dições mais propícias para esse trabalho, por terem
rária, durando em média poucas semanas ou meses. população menor e ou disporem de espectro social
A imunidade passiva natural é o tipo mais comum de e econômico diferenciado. Desde as primeiras vaci-
imunidade passiva, sendo caracterizada pela passa- nações, em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos
gem de anticorpos da mãe para o feto através da de imunizações, sendo que nos últimos 30 anos, com
placenta. Essa transferência de anticorpos ocorre a criação do PNI, desenvolveu ações planejadas e
nos últimos 2 meses de gestação, de modo a conferir sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas, var-
uma boa imunidade à criança durante seu primeiro reduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre ama-
ano de vida. A imunidade passiva artificial pode ser rela urbana em 1942, a varíola em 1973 e a poliomie-
adquirida sob três formas principais: a HU imunoglo- lite em 1989, controlaram o sarampo, o tétano neo-
bulina humana combinada UH, a HU imunoglobulina natal, as formas graves da tuberculose, a difteria, o
humana hiperimune UH e o HU soro heterólogo UH. A tétano acidental, a coqueluche. Mais recentemente,
transfusão de sangue é uma outra forma de se ad- implementaram medidas para o controle das infec-
quirir imunidade passiva, já que, virtualmente, todos ções pelo Haemophilus influenzae tipo b, da rubéola
os tipos de produtos sanguíneos (i.e. sangue total, e da síndrome da rubéola congênita, da hepatite B,
plasma, concentrado de hemácias, concentrado de da influenza e suas complicações nos idosos, tam-
plaquetas, etc) contêm anticorpos.
bém das infecções pneumocócicas.
Hoje, os quase 180 milhões de cidadãos brasileiros
Conceito e Tipo de Imunidade 445
convivem num panorama de saúde pública de redu-
Programa de Imunização
zida ocorrência de óbitos por doenças imunopreve-
níveis. O País investiu recursos vultosos na adequação
Programa de imunização e rede de frios, conser-
de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adver-
vação de vacinas
sos pós-vacinais, na universalidade de atendimento,
nos seus sistemas de informação, descentralizou as
PNI: essas três letras inspiram respeito internacio-
ações e garantiu capacitação e atualização técni-
nal entre especialistas de saúde pública, pois sabem
co-gerencial para seus gestores em todos os âmbitos.
que se trata do Programa Nacional de Imunizações,
As campanhas nacionais de vacinação, voltadas em
do Brasil, um dos países mais populosos e de território
mais extenso no mundo e onde nos últimos 30 anos cada ocasião para diferentes faixas etárias, propor-
foram eliminadas ou são mantidas sob controle as cionaram o crescimento da conscientização social a
doenças preveníveis por meio da vacinação. respeito da cultura em saúde.
Na Organização Pan-Americana da Saúde Antes, no Brasil, as ações de imunização se vol-
(OPAS), braço da Organização Mundial de Saúde tavam ao controle de doenças específicas. Com o
(OMS), o PNI brasileiro é citado como referência PNI, passou a existir uma atuação abrangente e de
mundial. Por sua excelência comprovada, o nosso rotina: todo dia é dia de estar atento à erradicação
PNI organizou duas campanhas de vacinação no Ti- e ao controle de doenças que sejam possíveis de
mor Leste, ajudou nos programas de imunizações na controlar e erradicar por meio de vacina, e nas cam-
Palestina, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Nós, os panhas nacionais de vacinação essa mentalidade é
brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos no intensificada e dirigida à doença em foco. O objetivo
Suriname, recebemos técnicos de Angola para se- prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle
rem capacitados aqui. Estabelecemos cooperação da poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da dif-
técnica com Estados Unidos, México, Guiana France- teria, do tétano, da coqueluche e manter erradica-
sa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia, da a varíola.
Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas. Fizemos doa- Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para
ções para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, os próximos cinco anos, estão fixadas as seguintes
Bolívia e Argentina. metas:

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- ampliação da auto-suficiência nacional dos mente lançados nestes 30 anos, o maior deles sendo
produtos adquiridos e utilizados pela população bra- a difícil tarefa de manejar um programa que traba-
sileira; lha articulado com os 26 estados, o Distrito Federal e
- produção da vacina contra Haemophilus in- os 5.560 municípios, numa vasta extensão territorial,
fluenzae b, da vacina combinada tetravalente (DTP cobrindo uma população de 174 milhões de habi-
+ Hib), da dupla viral (contra sarampo e rubéola) e tantes, entre crianças, adolescentes, mulheres, adul-
tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba), tos, idosos, indígenas e populações especiais.
da vacina contra pneumococos e da vacina contra Enquanto diversidades culturais, demográficas,
influenza e da vacina anti-rábica em cultivo celular. sociais e ambientais são suplantadas para a realiza-
ção de atividades de vacinação de campanha e ro-
As competências do Programa, estabelecidas no tina, novas iniciativas e desafios vão sendo lançados.
Decreto nº 78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo Desses, vale a pena citar alguns: Programas regionais
que o institucionalizou), são ainda válidas até hoje: do continente americano – Os programas de erradi-
- implantar e implementar as ações relacionadas cação da poliomielite, eliminação do sarampo, con-
com as vacinações de caráter obrigatório; trole da rubéola e prevenção da síndrome da rubéo-
- estabelecer critérios e prestar apoio técnico a la congênita e a prevenção do tétano neonatal são
elaboração, implantação e implementação dos programas regionais que requerem esforços conjun-
programas de vacinação a cargo das secretarias de tos dos países da região, com definição de metas, es-
saúde das unidades federadas; tratégias e indicadores, envolvendo troca contínua e
- estabelecer normas básicas para a execução oportuna de informações e realização periódica de
das vacinações; avaliações das atividades em âmbito regional.
- supervisionar, controlar e avaliar a execução O PNI tem desempenhado papel de destaque,
das vacinações no território nacional, principalmente sendo pioneiro na implementação de estratégias
o desempenho dos órgãos das secretarias de saúde, como a vacinação de mulheres em idade fértil con-
encarregados dos programas de vacinação; tra a rubéola e o novo plano de controle do tétano
- centralizar, analisar e divulgar as informações re- neonatal. Além disso, em 2003 foi iniciada a estraté-
ferentes ao PNI. gia de multivacinação conjunta por todos os países
da América do Sul, durante a Semana Sul-Americana
446 de Vacinação. Atividades de busca ativa de casos,
A institucionalização do Programa se deu sob in-
vigilância epidemiológica e vacinação nas fronteiras
fluência de vários fatores nacionais e internacionais,
de todo o Brasil foram executadas com sucesso. Essa
entre os quais se destacam os seguintes:
iniciativa se repetirá nos próximos anos, contando já
- fim da Campanha da Erradicação da Varíola
com a participação de um número ainda maior de
(CEV) no Brasil, com a certificação de desapareci-
países da América Central, América do Norte e Es-
mento da doença por comissão da OMS;
panha.
- a atuação da Ceme, criada em 1971, voltada
para a organização de um sistema de produção na-
Quantidades de imunobiológicos: A cada ano
cional e suprimentos de medicamentos essenciais à
são incorporados novos imunobiológicos ao calen-
rede de serviços públicos de saúde;
dário do PNI, que são oferecidos gratuitamente à
- recomendações do Plano Decenal de Saúde população, durante campanhas ou na rotina do
para as Américas, aprovado na III Reunião de Minis- programa, prezando pelos princípios do SUS de uni-
tros da Saúde (Chile, 1972), com ênfase na necessi- versalidade, eqüidade e integralidade.
dade de coordenar esforços para controlar, no con- Campanhas de vacinação: São extremamente
tinente, as doenças evitáveis por imunização. complexas a coordenação e a logística das campa-
nhas de vacinação. As campanhas anuais contra a
Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a poliomielite conseguem o feito de vacinar 15 milhões
vacina é o único meio para interromper a cadeia de de crianças em um único dia. A campanha de vaci-
transmissão de algumas doenças imunopreveníveis. nação de mulheres em idade fértil conseguiu vacinar
O controle das doenças só será obtido se as cober- mais de 29 milhões de mulheres em idade fértil em
turas alcançarem índices homogêneos para todos os todo o País, objetivando o controle da rubéola e a
subgrupos da população e em níveis considerados prevenção da síndrome da rubéola congênita.
suficientes para reduzir a morbimortalidade por essas Rede de Frio: A rede de frio do Brasil interliga os
doenças. Essa é a síntese do Programa Nacional de municípios brasileiros em uma complexa rede de ar-
Imunizações, que na realidade não pertence a ne- mazenamento, distribuição e manutenção de vaci-
nhum governo, federal, estadual ou municipal. É da nas em temperaturas adequadas nos níveis nacional,
sociedade brasileira. Novos desafios foram sucessiva- estadual e municipal e local.

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Auto-suficiência na produção de imunobiológi-


cos: O PNI produz grande parte das vacinas utiliza-
das no País e ainda fornece vacinas com qualidade
reconhecida e certificada internacionalmente pela
Organização Mundial da Saúde, com grande poten-
cial de exportação de um número maior de vacinas
produzidas no País. O Brasil tem a meta ousada de
ter auto-suficiência na produção de imunobiológi-
cos para uso na população brasileira.
Cooperação internacional: O PNI provê assistên-
cia técnica com envio de profissionais para apoiar
atividades de imunizações e vigilância epidemioló-
gica em outros países das Américas. Ainda, por meio
da OPAS, são inúmeros os termos de cooperação
entre países do qual o Brasil participa, firmados com
o intuito de transferir experiências e conhecimentos
entre os países.
Sendo assim, um dos programas de imunizações
mais ativos na região das Américas, o PNI brasileiro
tem exportado iniciativas, histórias de sucesso e ex-
periência para diversos países do mundo. É, portan-
to, um exemplo a ser seguido, de ousadia, de deter-
minação e de sucesso.”

Rede de Frio
Sistema de Refrigeração: é composto por um
conjunto de componentes unidos entre si, cuja finali-
A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de
dade é transferir calor de um espaço, ou corpo, para 447
recebimento, armazenamento, conservação, mani-
outro. Esse espaço pode ser o interior de uma câma-
pulação, distribuição e transporte dos imunobiológi-
ra frigorífica de um refrigerador, ou qualquer outro es-
cos do Programa Nacional de Imunizações e devem
paço fechado onde haja a necessidade de se man-
ser mantidos em condições adequadas de refrige-
ter uma temperatura mais baixa que a do ambiente
ração, desde o laboratório produtor até o momento
que o cerca.
de sua utilização.
O primeiro povo a utilizar a refrigeração foi o chi-
O objetivo da Rede de Frio é assegurar que todos
nês, muitos anos antes de Cristo. Os chineses colhiam
os imunobiológicos mantenham suas características
o gelo nos rios e lagos durante a estação fria e o con-
iniciais, para conferir imunidade.
servavam em poços cobertos de palha durante as
Imunobiológicos são produtos termolábeis, isto é, estações quentes.
se deterioram depois de determinado tempo quan- Este primitivo sistema de refrigeração foi também
do expostos a temperaturas inadequadas (inativa- utilizado de forma semelhante por outros povos da
ção dos componentes imunogênicos). O manuseio antiguidade. Servia basicamente para deixar as be-
inadequado, equipamentos com defeito ou falta de bidas mais saborosas. Até pelo menos o fim do século
energia elétrica podem interromper o processo de XVII, esta seria a única aplicação do gelo para a hu-
refrigeração, comprometendo a potência e eficá- manidade.
cia dos imunobiológicos. Em 1683, Anton Van Leeuwenhoek, um comer-
São componentes da Rede de Frio: equipe quali- ciante de tecidos e cientista de Delft, nos Países Bai-
ficada e equipamentos adequados. xos, que muito contribuiu para o melhoramento do
microscópio e para o progresso da biologia celular,
detectou microorganismos em cristais de gelo e a
partir dessa observação constatou-se que, em tem-
peraturas abaixo de +10ºC, estes microorganismos
não se multiplicavam, ou o faziam mais vagarosa-
mente, ocorrendo o contrário acima dessa tempe-
ratura.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A observação de Leeuwenhoek continuou sendo da energia se dá a partir do corpo com maior tem-
alvo de pesquisa no meio científico e no século 18, des- peratura para o de menor temperatura. Um corpo,
cobertas científicas relacionaram o frio à inibição do ao receber ou ceder calor, pode sofrer dois efeitos
processo dos alimentos. Além da neve e do gelo, os re- diferentes: variação de temperatura ou mudança de
cursos eram a salmoura e o ato de curar os alimentos. estado físico (fase). A quantidade de calor recebida
Também havia as loucas de barro que mantinham a ou cedida por um corpo que sofre uma variação
frescura dos alimentos e da água, fato este já observa- de temperatura é denominada calor sensível. E, se
do pelos egípcios antes de Cristo. Mas as dificuldades ocorrer uma mudança de fase, o calor é chamado
para obtenção de gelo na natureza criava a necessi- latente (palavra derivada do latim que significa es-
dade do desenvolvimento de técnicas capazes de pro- condido).
duzi-lo artificialmente. Diz-se que um corpo é mais frio que o outro quan-
Apenas em 1824, o físico e químico Michael Fara- do possui menor quantidade de energia térmica ou,
day descobriu a indução eletromagnética – o princípio temperatura inferior ao outro. Com base nesses prin-
da refrigeração. Esse princípio seria utilizado dez anos cípios são, a seguir, apresentadas algumas experiên-
depois, nos Estados Unidos, para fabricar gelo artificial- cias onde os mesmos são aplicados à conservação
mente e, na Alemanha em 1855. de imunobiológicos.
Mesmo com o sucesso desses modelos experimen-
tais, a possibilidade de produção do gelo para uso do- Transferência de Calor: É a denominação dada à
méstico ainda era um sonho distante. passagem da energia térmica (que durante a trans-
Enquanto isso não ocorria, a única possibilidade ferência recebe o nome de calor) de um corpo com
de utilização do frio era tentando ampliar ao máximo temperatura mais alta para outro ou de uma parte
a durabilidade do gelo natural. No início do século XIX, para outra de um mesmo corpo com temperatura
surgiram, assim, as primeiras “geladeiras” – apenas um mais baixa. Essa transmissão pode se processar de
recipiente isolado por meio de placas de cortiça, onde três maneiras diferentes: condução, convecção e
eram colocadas pedras de gelo. Essa geladeira ga- radiação.
nhou ares domésticos em 1913.
Em 1918, após a invenção da eletricidade, a Kelvi- Condução: É o processo de transmissão de calor
nator Co. introduziu no mercado o primeiro refrigerador em que a energia térmica passa de um local para
448 elétrico com o nome de Frigidaire. Esses primeiros pro- outro através das partículas do meio que os separa.
dutos foram vendidos como aparelhos para serem co- Na condução a passagem da energia de uma lo-
locados dentro das “caixas de gelo”. cal para outro se faz da seguinte maneira: no local
Uma das vantagens era não precisar tirar o gelo mais quente, as partículas têm mais energia, vibran-
derretido. O slogan do refrigerador era “mais frio que o do com mais intensidade; com esta vibração cada
gelo”. Na conservação dos alimentos, a utilização da partícula transmite energia para a partícula vizinha,
refrigeração destina-se a impedir a multiplicação de mi- que passa a vibrar mais intensamente; esta transmite
croorganismos e sua atividade metabólica, reduzindo, energia para a seguinte e assim sucessivamente.
consequentemente, à taxa de produção de toxinas e
enzimas que poderiam deteriorar os alimentos, manten- Convecção: Consideremos uma sala na qual se
do, assim, à qualidade dos mesmos. liga um aquecedor elétrico em sua parte inferior. O
Com a criação do Programa Nacional de Imuniza- ar em torno do aquecedor é aquecido, tornando-se
ções no Brasil surge a necessidade de equipamento de menos denso. Com isso, o ar aquecido sobe e o ar
refrigeração para a conservação dos imunobiológicos frio que ocupa a parte superior da sala, e portanto,
e inicia-se o uso do refrigerador doméstico para este mais distante do aquecedor, desce. A esse movi-
fim, adotando-se algumas adaptações e/ou modifica- mento de massas de fluido chamamos convecção
ções que serão demonstradas no capítulo referente aos e as correntes de ar formadas são correntes de con-
equipamentos da rede de frio. vecção. Portanto, convecção é um movimento de
Para os imunobiológicos, a refrigeração destina-se massas de fluido, trocando de posição entre si. Note-
exclusivamente à conservação do seu poder imunogê- mos que não tem significado falar em convecção no
nico, pois são produtos termolábeis, isto é, que se dete- vácuo ou em um sólido, isto é, convecção só ocorre
rioram sob a influência do calor. nos fluidos. Exemplos ilustrativos:
- Os aparelhos condicionadores de ar devem
Princípios Básicos de Refrigeração sempre ser instalados na parte superior do recinto
a ser resfriado, para que o ar frio refrigerado, sendo
Calor: é uma forma de energia que pode ser trans- mais denso, desça e force o ar quente, menos denso,
mitida de um corpo a outro em virtude da diferença para cima, tornando o ar de todo o ambiente mais
de temperatura existente entre eles. A transmissão frio e mais uniforme.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

- Os aparelhos condicionadores de ar modernos tado, ocorre sempre uma elevação do ar quente e


possuem refrigeração e aquecimento, mas também uma queda (precipitação) do ar frio. Sob tal princí-
devem ser instalados na parte superior da sala, pois pio, uma caixa térmica horizontal aberta, contendo
o período de tempo de maior uso será no modo ‘re- bobinas de gelo reutilizável ou outro produto em bai-
frigeração’, ou seja, no período de verão. Contudo, xa temperatura, só estará recebendo calor do am-
quando o equipamento for utilizado no modo ‘aqueci- biente através da radiação e não pela saída do ar
mento’, durante o inverno, as aletas do equipamento frio existente, uma vez que este, sendo mais denso,
deverão estar direcionadas para baixo, forçando o ar permanece no fundo da caixa.
quente em direção ao solo. Ao se abrir a porta de uma geladeira vertical
- Os aquecedores de ar, por sua vez, deverão ser ocorrerá a saída de parte do volume de ar frio con-
sempre instalados na parte inferior do recinto a ser tido dentro da mesma, com sua conseqüente substi-
aquecido, pois o ar quente, por ser menos denso, su- tuição por parte do ar quente situado no ambiente
birá e o ar que está mais frio na parte superior desce e mais próximo do refrigerador. O ar frio, por ser mais
sofre aquecimento por convecção. denso, sai por baixo, permitindo a penetração do ar
ambiente (com calor e umidade). Os equipamentos
Radiação: É o processo de transmissão de calor utilizados para a conservação de sorvetes e simila-
através de ondas eletromagnéticas ondas de calor). res são predominantemente freezers horizontais, com
A energia emitida por um corpo (energia radiante) se várias aberturas pequenas na parte superior, visando
propaga até o outro, através do espaço que os sepa- a maior eficiência na conservação de baixas tempe-
ra. Raios infravermelhos; Sol; Terra; O Sol aquece a Terra raturas. Um exemplo do princípio da densidade é ob-
através dos raios infravermelhos. Sendo uma transmis- servado quando os evaporadores ou congeladores
são de calor através de ondas eletromagnéticas, a ra- dos refrigeradores, os aparelhos de ar-condicionado
diação não exige a presença do meio material para e centrais de refrigeração são instalados na parte su-
ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e também perior do local a ser refrigerado Assim o ar frio desce
em meios materiais. e refrigera todo o ambiente mais rapidamente. Já os
Nem todos os materiais permitem a propagação aquecedores devem ser instalados na parte inferior.
das ondas de calor através dele com a mesma ve- Desta forma, o ar quente sobe e aquece o local de
locidade. A caixa térmica, por exemplo, por ser feita forma mais rápida. Agindo destas formas, garantimos
de material isolante, dificulta a entrada do calor e o o desempenho correto dos aparelhos e economi- 449
frio em seu interior, originário das bobinas de gelo reu- zamos energia através da utilização da convecção
tilizável, é conservado por mais tempo. Toda energia natural
radiante, transportada por onda de rádio, infraverme-
lha, ultravioleta, luz visível, raios-X, raio gama, etc, pode Temperatura: O calor é uma forma de energia
converter-se em energia térmica por absorção. Porém, que não pode ser medida diretamente. Porém, por
só as radiações infravermelhas são chamadas de on- meio de termômetro, é possível medir sua intensida-
das de calor. Um corpo bom absorvente de calor é de. A temperatura de uma substância ou de um cor-
um mal refletor. Um corpo bom refletor de calor é um po é a medida de intensidade do calor ou grau de
mal absorvente. Exemplo: Corpos de cor negra são calor existente em sua massa. Existem diversos tipos
bons absorventes e corpos de cores claras são bons e marcas de indicadores de temperatura. Para seu
refletores de calor. funcionamento, aproveita-se a propriedade que al-
guns corpos têm para dilatar-se ou contrair-se con-
Relação entre temperatura e movimento molecu- forme ocorra aumento ou diminuição da temperatu-
lar: Independentemente do seu estado, as moléculas ra. Para esse funcionamento utilizam-se, também, as
de um corpo encontram-se em movimento contínuo. variações de pressão que alguns fluidos apresentam
Na figura a seguir, verifica-se o comportamento das quando submetidos a variações de temperatura. Os
moléculas da água nos estados sólido, líquido e gaso- líquidos mais comumente utilizados são o álcool e o
so. À medida que sofrem incremento de temperatura, mercúrio, principalmente por não se congelarem a
essas moléculas movimentam-se com maior intensi- baixas temperaturas.
dade. A liberdade para se movimentarem aumenta Existem várias escalas para medição de tempe-
conforme se passa do estado sólido para o líquido; e ratura, sendo que as mais comuns são a Fahrenheit
deste, para o gasoso (ºF), em uso nos países de língua inglesa, e a Celsius
(ºC), utilizada no Brasil.
Convecção Natural – Densidade: Uma mesma Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centí-
substância, em diferentes temperaturas, pode ficar grados, o ponto de congelamento da água é 0ºC e
mais ou menos densa. O ar quente é menos denso o seu ponto de ebulição é de 100ºC, ambos medidos
que o ar frio. Assim, num espaço determinado e limi- ao nível do mar e à pressão atmosférica.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Fatores que interferem na manutenção da tem- - a temperatura no interior da caixa nem sempre
peratura no interior das caixas térmicas: é uniforme. Num determinado momento podemos
- Temperatura ambiente: Quanto maior for a tem- encontrar temperaturas diferentes em vários pontos
peratura ambiente, mais rapidamente a temperatu- (a, b e c). O procedimento de envolver os imunobio-
ra do interior da caixa térmica se elevará, em virtude lógicos com bobinas de gelo reutilizável é entendido
da entrada de ar quente pelas paredes da caixa. como uma proteção ao avanço do calor, que parte
- Material isolante: O tipo, a qualidade e a espes- sempre do mais quente para o mais frio, mas que afe-
sura do material isolante utilizado na fabricação da ta a temperatura dos corpos pelos quais se propaga;
caixa térmica interferem na penetração do calor. - no acondicionamento de imunobiológicos em
Com paredes mais grossas, o calor terá maior dificul- caixas térmicas é possível manter ou reduzir a tempe-
dade para atravessá-las. Com paredes mais finas, o ratura das mesmas durante um tempo determinado
calor passará mais facilmente. Com material de bai- utilizando-se, para tal, bobinas de gelo reutilizável em
xa condutividade térmica (exemplo: poliuretano ao diferentes temperaturas e quantidade.
invés de poliestireno expandido), o calor não pene-
trará na caixa com facilidade. Tipos de Sistema
- Bobinas de Gelo Reutilizável – Quantidade e
Temperatura: A quantidade de bobinas de gelo reu- Compressão: São sistemas que utilizam a com-
tilizável colocada no interior da caixa é importante pressão e a expansão de uma substância, denomi-
para a correta conservação. A transferência do calor nada fluido refrigerante, como meio para a retirada
recebido dos imunobiológicos, do ar dentro da caixa de energia térmica de um corpo ou ambiente. Esses
e através das paredes fará com que o gelo derreta sistemas são normalmente alimentados por energia
(temperatura próxima de 0ºC, no caso de as bobinas elétrica proveniente de centrais hidrelétricas ou tér-
de gelo serem constituídas de água pura). Otimizar micas. Alternativamente, em regiões remotas, tem-se
o espaço interno da caixa para a acomodação de usado o sistema fotovoltaico como fonte geradora
maior quantidade de bobinas de gelo fará com que de energia elétrica.
a temperatura interna do sistema permaneça baixa
por mais tempo. Dispor as bobinas de gelo reutilizável
Componentes e elementos do sistema de refrige-
nos espaços vazios no interior da caixa, de modo que
ração por compressão: Componentes: compressor,
450 circundem os imunobiológicos serve ao propósito
condensador e controle do líquido refrigerante. Ele-
mencionado acima. Ao dispor de certa quantidade
mentos: evaporador, filtro desidratador, gás refrige-
de bobinas de gelo reutilizável nas paredes laterais
rante e termostato. Os componentes acima descritos
da caixa térmica, formamos uma barreira para dimi-
estão unidos entre si por meio de tubulações, den-
nuir a velocidade de entrada de calor, por um pe-
tro das quais circula um fluido refrigerante ecológico
ríodo de tempo. O calor vai continuar atravessando
(R-134a - tetrafluoretano, é o mais comum). A com-
as paredes, e isso ocorre porque não existe material
pressão e a expansão desse fluido refrigerante, den-
perfeitamente isolante. Contudo, o calor que aden-
tro de um circuito fechado, o torna capaz de retirar
tra a caixa atinge primeiro as bobinas de gelo reutili-
zável, aumentando inicialmente sua temperatura, e, calor de um ambiente. Esse circuito deve estar her-
somente depois, altera a temperatura do interior da meticamente selado, não permitindo a fuga do refri-
caixa. gerante. Nos refrigeradores e freezers, o compressor
A temperatura das bobinas de gelo reutilizável e o motor estão hermeticamente fechados em uma
também deve ser rigorosamente observada. Caso mesma carcaça
sejam utilizadas bobinas de gelo reutilizável, em tem-
peraturas muito baixas (-20ºC) e em grande quanti- Compressor: É um conjunto mecânico constituí-
dade, há o risco de, em determinado momento, que do de um motor elétrico e pistão no interior de um
a temperatura dos imunobiológicos esteja próxima à cilindro. Sua função é fazer o fluido refrigerante cir-
dessas bobinas. Por conseqüência, os imunobiológi- cular dentro do sistema de refrigeração.. Durante o
cos serão congelados, o que para alguns tipos, pode processo de compressão, a pressão e a temperatura
comprometer a qualidade, por exemplo: a vacina do fluido refrigerante se elevam rapidamente
contra DTP.
Além desses fatores, as experiências citadas per- Condensador: É o elemento do sistema de re-
mitem lembrar alguns pontos importantes: frigeração que se encontra instalado e conectado
- o calor, decorrido algum tempo, passará atra- imediatamente após o ponto de descarga do com-
vés das paredes da caixa com maior ou menor fa- pressor. Sua função é transformar o fluido refrigeran-
cilidade, em função das características do material te em líquido. Devido à redução de sua tempera-
utilizado e da espessura das mesmas; tura, ocorre mudança de estado físico, passando

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

de vapor superaquecido para líquido saturado. São Evaporador: É a parte do sistema de refrigeração
constituídos por tubos metálicos (cobre, alumínio ou no qual o fluido refrigerante, após expandir-se no
ferro) dispostos sobre chapas ou fixos por aletas (ara- tubo capilar ou na válvula de expansão, evapora-se
me de aço ou lâminas de alumínio), tomando a for- a baixa pressão e temperatura, absorvendo calor do
ma de serpentina. meio. Em um sistema de refrigeração, a finalidade
A circulação do ar através do condensador pode do evaporador é absorver calor do ar, da água ou
se dar de duas maneiras: a) Por circulação natural (sis- de qualquer outra substância que se deseje baixar
temas domésticos) b) Por circulação forçada (sistemas a temperatura. Essa retirada de calor ou esfriamento
comerciais de grande capacidade). Como o conden- ocorre em virtude de o líquido refrigerante, a baixa
sador está exposto ao ambiente, cuja temperatura é pressão, se evaporar, absorvendo calor do conteú-
inferior à temperatura do refrigerante em circulação, o do e do ambiente interno do refrigerador. À medida
calor vai sendo dissipado para esse mesmo ambiente. que o líquido vai se evaporando, deslocando-se pe-
Assim, na medida em que o fluido refrigerante perde las tubulações, este se converte em vapor, que será
calor ao circular pelo condensador, ele se converte aspirado pelo compressor através da linha de baixa
em líquido. pressão (sucção). Posteriormente, será comprimido e
Nos refrigeradores tipo doméstico e freezers utili- enviado pelo compressor ao condensador fechando
zados pelo PNI, são predominantemente utilizados os o ciclo.
condensadores estáticos, nos quais o ar e a tempera-
tura ambiente são os únicos fatores de interferência. Alimentação elétrica dos sistemas de refrigera-
As placas, ranhuras e pequenos tubos incorporados ção por compressão: Pode ser convencional, quan-
aos condensadores, visam exclusivamente facilitar a do é proveniente de centrais hidrelétricas ou térmi-
dissipação do calor, aumentando a superfície de res- cas, ou fotovoltaica, quando utiliza a energia solar. A
friamento. alimentação elétrica convencional dispensa maiores
Olhando-se lateralmente um refrigerador tipo do- comentários, pois é de uso muito comum e conheci-
méstico verifica-se que o condensador está localizado da por todos.
na parte posterior, afastado do corpo do refrigerador.
Atualmente, muitos países em desenvolvimento
O calor é dissipado para o ar circulante que sobe em
estão usando o sistema fotovoltaico na rede de frio
corrente, dos lados do evaporador. Para que este ciclo
para conservação de imunobiológicos. É, algumas
seja completado com maior facilidade e sem interfe- 451
vezes, a única alternativa em áreas onde não exis-
rências desfavoráveis, o equipamento com sistema de
te disponibilidade de energia elétrica convencional
refrigeração por compressão (geladeira, freezers, etc.)
confiável. A geração de energia elétrica provém de
deve ficar afastado da parede, instalado em lugar
células fotoelétricas ou fotovoltaicas, instaladas em
ventilado, na sombra e longe de qualquer fonte de ca-
painéis que recebem luz solar direta, armazenando-a
lor, para que o condensador possa ter um rendimento
em baterias próprias através do controlador de car-
elevado. Não colocar objetos sobre o condensador.
ga para a manutenção do funcionamento do siste-
Periodicamente, limpar o mesmo para evitar acúmulo
ma, inclusive no período sem sol.
de pó ou outro produto que funcione como isolante.
Alguns equipamentos (geladeiras comerciais, câ- O sistema utilizado em refrigeradores para con-
maras frigoríficas, etc.) utilizam o conjunto de motor, servação de imunobiológicos é dimensionado para
compressor e condensador, instalado externamente. operação contínua do equipamento (carregado e
incluindo as bobinas de gelo reutilizável) durante os
Filtro desidratador: Está localizado logo após o con- períodos de menor insolação no ano. Se outras car-
densador. Consiste em um filtro dotado de uma subs- gas, como iluminação, forem incluídas no sistema,
tância desidratadora que retém as impurezas ou subs- elas devem operar através de um banco de baterias
tâncias estranhas e absorve a umidade residual que separado, independente do que fornece energia ao
possa existir no sistema. refrigerador. O projeto do sistema deve permitir uma
autonomia de, no mínimo, sete dias de operação
Controle de expansão do fluido refrigerante: A se- contínua.
guir está localizado o controlador de expansão do flui- Em ambientes com temperaturas médias entre
do refrigerante. Sua finalidade é controlar a passagem +32ºC e +43ºC, a temperatura interna do refrigera-
e promover a expansão (redução da pressão e tem- dor, devidamente carregado, quando estabilizada,
peratura) do fluido refrigerante para o evaporador. não deve exceder a faixa de +2ºC a +8ºC. A carga
Este dispositivo, em geral, pode ser um tubo capilar recomendada de bobinas de gelo reutilizável con-
usado em pequenos sistemas de refrigeração ou uma tendo água a temperatura ambiente deve ser aque-
válvula de expansão, usual em sistemas comerciais e la que o equipamento é capaz congelar em um pe-
industriais. ríodo de 24 horas.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Em virtude de seu alto custo e necessidade de ponto, o calor aplicado permitirá novamente a libe-
treinamento especializado dos responsáveis pela ração da amônia até o condensador, fechando o
manutenção, alguns critérios são observados para a ciclo continuamente.
escolha das localidades para instalação desse tipo Os sistemas de absorção apresentam algumas
de equipamento: desvantagens:
- remotas e de difícil acesso, isoladas com inexis- - os equipamentos que utilizam combustível líqui-
tência de fonte de energia convencional; do na alimentação apresentam irregularidade da
- que por razões logísticas se necessite dispor de chama e acúmulo de carvão ou fuligem, necessitan-
um refrigerador para armazenamento; do regulagem sistemática e limpeza periódica dos
- que, segundo o Ministério de Minas e Energia, queimadores;
não serão alcançadas pela rede elétrica conven- - a manutenção do equipamento em operação
cional em, pelo menos, 5 anos; satisfatória apresenta maior grau de complexidade
em relação aos sistemas de compressão;
Absorção: Funciona alimentado por uma fonte - a qualidade e o abastecimento constante dos
de calor que pode ser uma resistência elétrica, gás combustíveis dificulta o uso de tal equipamento.
ou querosene. Em operação com gás ou eletricida-
de, a temperatura interna é controlada automatica- Controle de temperatura conforme o tipo de sis-
mente por um termostato. Nos equipamentos a gás, tema, proceder das seguintes maneiras: a) aqueles
o termostato dispõe de um dispositivo de seguran- que funcionam com combustíveis líquidos. O con-
ça que fecha a passagem deste quando a chama trole é efetuado através da diminuição ou aumen-
se apaga; com querosene, a temperatura é con- to da chama utilizada no aquecimento do sistema,
trolada manualmente através do ajuste da chama por meio de um controle que movimenta o pavio do
do querosene. O sistema por absorção não é tão queimador; b) aqueles que funcionam com combus-
eficiente e difere da configuração do sistema por tíveis gasosos. Nestes sistemas, o controle é feito por
compressão. Seu funcionamento depende de uma um elemento termostático que permite aumentar ou
mistura de água e amoníaco, em presença de um diminuir a vazão do gás que alimentará a chama do
gás inerte (hidrogênio). Requer atenção constante queimador, provocando as alterações de tempera-
para garantir o desempenho adequado. tura desejadas; c) aqueles que funcionam com eletri-
452 cidade. O controle é feito através de um termostato
para refrigeração simples, que conecta ou desco-
Funcionamento do sistema por absorção: A água
necta a alimentação da resistência elétrica, do mes-
tem a propriedade de absorver amônia (NH3) com
mo tipo utilizado nos refrigeradores à compressão.
muita facilidade e através desta, é possível reduzir e
manter baixa a temperatura nos sistemas de absor-
Temperatura: controle e monitoramento
ção. A aplicação de calor ao sistema faz com que
a solubilidade da amônia na água, libere o gás da
O controle diário de temperatura dos equipa-
solução. Assim, a amônia purificada, em forma gaso-
mentos da Rede de Frio é imprescindível em todas
sa, se desloca do separador até o condensador, que
as instâncias de armazenamento para assegurar a
é uma serpentina de tubulações com um dispositivo
qualidade dos imunobiológicos. Para isso, utilizam-se
de aletas situado na parte superior do circuito. Nesse
termômetros digitais ou analógicos, de cabo exten-
elemento, a amônia se condensa e, em forma líqui-
sor ou não. Quando for utilizado o termômetro analó-
da, desce por gravidade até o evaporador, locali-
gico de momento, máxima e mínima, a leitura deve
zado abaixo do condensador e dentro do gabinete. ser rápida, a fim de evitar variação de temperatura
O esfriamento interno do equipamento ocorre no equipamento. O termômetro de cabo extensor é
pela perda de calor para a amônia, que sofre uma de fácil leitura e não contribui para essa alteração
mudança de fase da amônia, passando do estado porque o visor permanece fora do equipamento.
líquido para o gasoso.
A presença do hidrogênio mantém uma pressão Termômetro digital de momento, máxima e míni-
elevada e uniforme no sistema. A mistura amônia-hi- ma: É um equipamento eletrônico de precisão cons-
drogênio varia de densidade ao passar de uma par- tituído de um visor de cristal líquido, com cabo exten-
te do sistema para outra, o que resulta em um dese- sor, que mensura as temperaturas (do momento, a
quilíbrio que provoca a movimentação da amônia máxima e a mínima), através de seu bulbo instalado
até o componente absorvente (água). Ao sair do no interior do equipamento, em um período de tem-
evaporador, a mistura amônia-hidrogênio passa ao po. Também existe disponível um modelo deste equi-
absorvedor, onde somente a amônia é retida. Nesse pamento que permite a leitura das temperaturas de

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

momento, máxima, mínima e do ambiente externo, Situações de Emergência


com dispositivo de alarme que é acionado quando
a variação de temperatura ultrapassa os limites con- Os equipamentos de refrigeração podem deixar
figurados, ou seja, +2º e + 8º C (set point) ou sem alar- de funcionar por vários motivos. Assim, para evitar a
me. Constituído por dois visores de cristal líquido, um perda dos imunobiológicos, precisamos adotar algu-
para temperatura do equipamento e outro para a mas providencias. Quando ocorrer interrupção no
temperatura do ambiente fornecimento de energia elétrica, manter o equipa-
mento fechado e monitorar, rigorosamente, a tem-
Termômetro analógico de momento, máxima e peratura interna com termômetro de cabo extensor.
mínima (Capela): Este termômetro apresenta duas Se não houver o restabelecimento da energia, no
colunas verticais de mercúrio com escalas inversas e prazo máximo de 2 horas ou quando a temperatura
é utilizado para verificar as variações de temperatura estiver próxima a + 8 C proceder imediatamente a
ocorridas em determinado ambiente, num período transferência dos imunobiológicos para outro equi-
de tempo, fornecendo três tipos de informação: a pamento com temperatura recomendada (refrige-
mais fria; a mais quente e a do momento. rador ou caixa térmica).
O mesmo procedimento deve ser adotado em
Termômetro linear: Esse tipo de termômetro só nos situação de falha no equipamento.
dá a temperatura do momento, por isso seu uso deve O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de
ser restrito às caixas térmicas de uso diário. gelo reutilizável congeladas para serem usadas no
Colocá-lo no centro da caixa, próximo às vacinas acondicionamento dos imunobiológicos em caixas
e tampá-la; aguardar meia hora para fazer a leitura térmicas.
da temperatura, verificando a extremidade superior No quadro de distribuição de energia elétrica
da coluna. da Instituição, é importante identificar a chave es-
- Na caixa térmica da sala de vacina ou para o pecifica do circuito da Rede de Frio e/ou sala de
trabalho extramuro, a temperatura deverá ser con- vacinação e colocar um aviso em destaque - “Não
Desligar”. Estabelecer uma parceria com a empre-
trolada com freqüência, substituindo-se as bobinas
sa local de energia elétrica, a fim de ter informação
de gelo reutilizável quando a temperatura atingir
prévia sobre interrupções programadas no forneci-
+8ºC. 453
mento. Nas situações de emergência é necessário
- O PNI não recomenda a compra deste modelo
que a unidade comunique a ocorrência à instância
de termômetro, porém onde
superior imediata para as devidas providências.
- O PNI espera cada vez mais que todas as ins-
Observação: Recomenda-se a orientação dos
tâncias invistam na aquisição de termômetros mais
agentes responsáveis pela vigilância e segurança
precisos e de melhor qualidade (digital de momento,
das centrais de rede de frio na identificação de pro-
máxima e mínima).
blemas que possam comprometer a qualidade dos
imunobiológicos, comunicando imediatamente o
Termômetro analógico de cabo extensor: Este
técnico responsável, principalmente durante finais
tipo de termômetro é utilizado para verificar a tem-
de semana e feriados.
peratura do momento, no transporte, no uso diário
da sala de vacina ou no trabalho extramuro. Equipamentos da Rede de Frio

Termômetro a laser: É um equipamento de alta O PNI utiliza equipamentos que garantem a qua-
tecnologia, utilizado principalmente para a verifica- lidade dos imunobiológicos: câmara frigorífica, free-
ção de temperatura dos imunobiológicos nos volu- zers ou congeladores, refrigeradores tipo doméstico
mes (caixas térmicas), recebidos ou expedidos em ou comercial, caminhão frigorífico entre outros. Con-
grandes quantidades. Tem a forma de uma pistola, siderando as atividades executadas no âmbito da
com um gatilho que ao ser pressionado aciona um cadeia de frio de imunobiológicos, algumas delas
feixe de raio laser que ao atingir a superfície das bo- podem apresentar um potencial de risco à saúde do
binas de gelo, registra no visor digital do aparelho a trabalhador. Neste sentido, a legislação trabalhista
temperatura real do momento. Para que seja obtido vigente determina o uso de Equipamentos de Pro-
um registro de temperatura confiável é necessário tecão Individual (EPI), conforme estabelece a Por-
que sejam observados os procedimentos descritos taria do Ministério do Trabalho e Emprego n. 3.214,
pelo fabricante quanto à distância e ao tempo de de 08/06/1978 que aprovou, dentre outras normas,
pressão no gatilho do termômetro a Norma Regulamentadora nº 06 - Equipamento de
Proteção Individual - EPI. Segundo esta norma, consi-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

dera-se EPI, “todo dispositivo ou produto, de uso indi- As prateleiras metálicas podem ser substituídas por
vidual utilizado pelo trabalhador, destinado á proteção estrados de plástico resistente (paletes), em função do
de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saú- volume a ser armazenado. Os lotes com menor prazo de
de no trabalho”. validade devem ter prioridade na distribuição, Cuidados
básicos para evitar perda de imunobiológicos:
Câmaras Frigoríficas: Também denominadas câ- - na ausência de controle automatizado de tempe-
maras frias. São ambientes especialmente construídos ratura, recomenda-se fazer a leitura diariamente, no início
para armazenar produtos em baixas temperaturas, tan- da jornada de trabalho, no início da tarde e no final do
to positivas quanto negativas e em grandes volumes. dia, com equipamento disponível e anotar em formulário
Para conservação dos imunobiológicos essas câmaras próprio;
funcionam em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20°C, - testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de
de acordo com a especificação dos produtos. Na ela- trabalho;
boração de projetos para construção, ampliação ou - usar equipamento de proteção individual;
reforma, é necessário solicitar assessoria do PNI conside- - não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao
rando a complexidade, especificidade e custo deste colocar ou retirar imunobiológico e somente abrir a câma-
equipamento. ra depois de fechada a antecâmara;
O seu funcionamento de uma maneira geral obe- - somente entrar na câmara positiva se a tempera-
dece aos princípios básicos de refrigeração, além de tura interna registrada no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa
princípios específicos, tais como: conduta impede que a temperatura interna da câmara
- paredes, piso e teto montados com painéis em po- ultrapasse +8ºC com a entrada de ar quente durante a
liuretano injetado de alta densidade revestido nas duas abertura da porta;
faces em aço inox/alumínio; - verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta
- sistema de ventilação no interior da câmara, para da câmara está em boas condições, isto é, se a borracha
(gaxeta) não apresenta ressecamento, não tem qualquer
facilitar a distribuição do ar frio pelo evaporador;
reentrância, abaulamento em suas bordas e se a trava de
- compressor e condensador dispostos na área ex-
segurança está em perfeito funcionamento. O formulário
terna à câmara, com boa circulação de ar;
para registro da revisão mensal encontra-se em manual
- antecâmara (para câmaras negativas), com tem-
específico de manutenção de equipamentos;
peratura de +4°C, objetivando auxiliar o isolamento do
- observar para que a luz interna da câmara não per-
454 ambiente e prevenir a ocorrência de choque térmico
maneça acesa quando não houver pessoas trabalhando
aos imunobiológicos;
em seu interior. A luz é grande fonte de calor;
- alarmes audiovisual de baixa e alta temperaturas
- ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz
para alertar da ocorrência de oscilação na corrente
interna foi apagada; de que todas as pessoas saíram e de
elétrica ou de defeito no equipamento de refrigeração;
que a porta da câmara foi fechada corretamente;
- alarme audiovisual indicador de abertura de porta;
- a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita
- dois sistemas independentes de refrigeração ins- sempre com pano úmido, e se necessário, utilizar sabão.
talados: um em uso e outro em reserva, para eventual Adotar o mesmo procedimento nas paredes e teto e fi-
defeito do outro; nalmente secá-los. Remover as estruturas desmontáveis
- sistema eletrônico de registro de temperatura do piso para fora da câmara, lavar com água e sabão,
(data loggers); enxaguar, secar e recolocar. Limpar o piso com pano úmi-
- Lâmpada de cor amarela externamente à câma- do (pano exclusivo) e sabão, se necessário e secar. Limpar
ra, com acionamento interligado à iluminação interna, as luminárias com pano seco e usando luvas de borracha
para alerta da presença de pessoal no seu interior e evi- para prevenção de choques elétricos. Recomenda-se a
tar que as luzes internas sejam deixadas acesas desne- limpeza antes da reposição de estoque.
cessariamente. - recomenda-se, a cada 6 (seis) meses, proceder a
desinfecção geral das paredes e teto das câmaras frias;
Algumas câmaras, devido ao seu nível de complexi- - semanalmente a Coordenação Estadual recebe-
dade e dimensões utilizam sistema de automação para rá do responsável pela Rede de Frio o gráfico de tem-
controle de temperatura, umidade e funcionamento. peratura das câmaras e dará o visto, após análise dos
mesmos.
Organização Interna: As câmaras são dotadas de
prateleiras vazadas, preferencialmente metálicas, em A manutenção preventiva e corretiva é indispensá-
aço inox, nas quais os imunobiológicos são acondicio- vel para a garantia do bom funcionamento da câmara.
nados de forma a permitir a circulação de ar entre as Manter o contrato atualizado e renovar com antece-
mesma e organizados de acordo com a especificação dência prevenindo períodos sem cobertura. As orien-
do produto laboratório produtor, número do lote, prazo tações técnicas e formulários estão descritos no ma-
de validade e apresentação. nual específico de manutenção de equipamentos.

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Freezers ou Congeladores: São equipamentos destinados, preferencialmente, a estocagem de imunobio-


lógicos em temperaturas negativas (aproximadamente a -20ºC), mais eficientes e confiáveis, principalmente
aquele dotado de tampas na parte superior. Estes equipamentos devem ser do tipo horizontal, com isola-
mento de suas paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes (contato interno) e condensador/com-
pressor em áreas projetadas no corpo, abaixo do gabinete. São também utilizados para congelar as bobinas
de gelo reutilizável e nesse caso, a sua capacidade de armazenamento é de até 80%.
Não utilizar o mesmo equipamento para o armazenamento concomitante de imunobiológicos e bobinas
de gelo reutilizável. Instalar em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta e distante, no mínimo,
40cm de outros equipamentos e 20cm de paredes, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para
o ambiente. Colocar o equipamento sobre suporte com rodinhas para evitar a oxidação das chapas da cai-
xa em contato direto com o piso úmido e facilitar sua limpeza e movimentação.

Calendários de Vacinação

O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo Programa Nacional de Imunizações do


Ministério da Saúde (PNI/MS) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interesse prioritário à
saúde pública do país.  Atualmente é constituído por 12 produtos recomendados à população, desde o nas-
cimento até a terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação da rede pública.
Lembramos que estes calendários de vacina são do Ministério da Saúde e corresponde a todo o Território
Nacional. Mas determinados Estados do Brasil, acrescentam outras vacinas e outras doses, devido a neces-
sidade local.

Calendário Básico de Vacinação da Criança

455

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Campanhas Nacionais para a Criança

Nas campanhas a VOP (Sabin) continuará a ser utilizada (idade menor que cinco anos) e a vacina contra
gripe estará disponível para crianças de seis meses a menos de dois anos.

Observações

- A BCG-ID (intradérmica) deve ser administrada ao nascimento ou o mais precocemente possível. Nos
prematuros com menos de 36 semanas, administrar a vacina após 1 mês de vida e 2 kg de peso. Administrar
uma dose em crianças menores de cinco anos de idade sem cicatriz vacinal. Contactantes intradomiciliares
de portadores de hanseníase, menores de 1 ano de idade, comprovadamente vacinados (presença de ci-
catriz), não necessitam de dose adicional. Administrar 1 dose em contactantes menores de 1 ano de idade
sem cicatriz vacinal (ou se não existir certeza da presença da cicatriz). Administrar 1 dose em contactantes
com mais de 1 ano de idade, com ou sem sem cicatriz vacinal. O intervalo mínimo entre as doses da vacina
é de seis meses. Não administrar dose adicional em contactantes que tenham comprovadamente (presença
de cicatrizes) recebido duas doses. A vacina é contraindicada em gestantes, portadores de HIV, neoplasias
malígnas e imunodeficiências congênitas ou adquiridas.
- O esquema básico de vacinação contra a hepatite B é feito com 3 doses. A primeira dose será feita
com a vacina isolada e deve ser administrada nas primeiras 12 horas de vida do recém nascido. A segunda
e a terceira doses serão feitas com a vacina pentavalente (DPT + Hib + HB) e devem ser aplicadas, respecti-
vamente, 30 e 180 dias após a primeira. Em prematuros ou em recém-nascidos à termo de baixo peso (menor
de 2 Kg), utilizar esquema de quatro doses (0, 1, 2 e 6 meses de vida). Nos recém-nascidos de mães portado-
ras da hepatite B administrar a vacina e a imunoglobulina humana contra hepatite B (HBIG - disponível nos
CRIE) nas primeiras 12 horas ou no máximo até sete dias após o nascimento, em locais anatômicos diferentes.
456 A amamentação não traz riscos adicionais ao recém-nascido que tenha recebido a primeira dose da vacina
e a HBIG.
- A vacina pentavalente (DTP+Hib+HB) protege contra Difteria, Tétano, Pertussis (coqueluche), infecções
graves pelo Haemophilus influenzae tipo b (inclusive meningite) e hepatite B. Os reforços, o primeiro aos 15
meses e o segundo entre 4 e 6 anos (idade máxima), são feitos com a DTP.
- A vacina inativada contra a poliomielite (Salk) é injetável e será utilizada para as duas primeiras doses,
quando os riscos de eventos adversos da Sabin (vírus atenuado) é maior. As doses subsequentes serão feitas
com a vacina oral (Sabin), que também continuará a ser utilizada em campanhas. Tanto para a inativada
(Salk), quanto para a atenuada (Sabin), o intervalo entre as doses é de no mínimo 30 dias. Considerar o inter-
valo mínimo de 6 meses após a última dose para o reforço que é feito aos 15 meses.
- A primeira dose da VORH deve ser administrada entre 1 mês e 15 dias e 3 meses e 7 dias de vida e a
segunda entre 3 meses e 7 dias e 5 meses e 15 dias. Os limites de faixa etária devem ser estritamente obser-
vados. O intervalo mínimo recomendado entre a primeira e a segunda dose é de 30 dias. Não repetir a dose
se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a vacinação.
- O intervalo mínimo entre as doses da vacina antipneumocócica (conjugada) é de 30 dias. O esquema
de vacinação para crianças de 7-11 meses de idade é feito com duas doses.
- O intervalo mínimo entre as doses da vacina antimeningocócica C (conjugada) é de 30 dias. Crianças a
partir dos 9 meses de idade, que residam ou que irão viajar para áreas de risco de febre amarela, no Brasil e
no exterior. Para não vacinados, em caso de viagem para áreas de risco, inclusive no exterior, a vacina deve
ser feita 10 dias antes da partida. Os reforços devem ser administrados a cada dez anos.
- A vacina contra sarampo, caxumba e rubéola deve ser administrada em duas doses. A primeira dose
aos 12 meses de idade e a segunda aos 4 (quatro) anos de idade. Em situação de circulação viral, antecipar
a administração da vacina para os 6 (seis) meses de idade, porém deverá ser mantido o esquema vacinal
de duas doses e a idade preconizada no calendário. Considerar o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Calendário de Vacinação do Adolescente

Nota: Mantida a nomenclatura do Programa Nacional de Imunização e inserida a nomenclatura segun-


do a Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 61 de 25 de agosto de 2008 – Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária - ANVISA
 
Orientações importantes para a vacinação do adolescente

(1)  vacina hepatite B (recombinante): Administrar em adolescentes não vacinados ou sem comprovante
de vacinação anterior, seguindo o esquema de três doses (0, 1 e 6) com intervalo de um mês entre a primei-
ra e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira dose. Aqueles com esquema incompleto,
completar o esquema. A vacina é indicada para gestantes não vacinadas e que apresentem sorologia ne-
gativa para o vírus da hepatite B a após o primeiro trimestre de gestação. 457

(2)  vacina adsorvida difteria e tétano - dT (Dupla tipo adulto): Adolescente sem vacinação anteriormente
ou sem comprovação de três doses da vacina, seguir o esquema de três doses. O intervalo entre as doses é
de 60 dias e no mínimo de 30 (trinta) dias. Os vacinados anteriormente com 3 (três) doses das vacinas DTP, DT
ou dT, administrar reforço, a cada dez anos após a data da última dose.  Em caso de gravidez e ferimentos
graves antecipar a dose de reforço sendo a última dose administrada há mais de 5 (cinco) anos. A mesma
deve ser administrada pelo menos 20 dias antes da data provável do parto. Diante de um caso suspeito de
difteria, avaliar a situação vacinal dos comunicantes. Para os não vacinados, iniciar esquema de três doses.
Nos comunicantes com esquema de vacinação incompleto, este dever completado. Nos comunicantes
vacinados que receberam a última dose há mais de 5 (cinco) anos, deve-se antecipar o reforço.

(3)  vacina febre amarela (atenuada): Indicada 1 (uma) dose  aos residentes ou viajantes para as seguin-
tes áreas com recomendação da vacina: estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima,
Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais e alguns muni-
cípios dos estados do Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para informações
sobre os municípios destes estados, buscar as Unidades de Saúde dos mesmos. No momento da vacinação
considerar a situação epidemiológica da doença. Para os viajantes que se deslocarem para os países em
situação epidemiológica de risco, buscar informações sobre administração da vacina nas embaixadas dos
respectivos países a que se destinam ou na Secretaria de Vigilância em Saúde do Estado.  Administrar a va-
cina 10 (dez) dias antes da data da viagem. Administrar dose de reforço, a cada dez anos após a data da
última dose. Precaução: A vacina é contra indicada para gestante e mulheres que estejam amamentando.
Nestes casos buscar orientação médica do risco epidemiológico e da indicação da vacina.

(4)  vacina sarampo, caxumba e rubéola – SCR: considerar vacinado o adolescente que comprovar o
esquema de duas doses. Em caso de apresentar comprovação de apenas uma dose, administrar a segunda
dose. O intervalo entre as doses é de 30 dias.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso

458 Nota: Mantida a nomenclatura do Programa Nacional de Imunização e inserida a nomenclatura segun-
do a Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 61 de 25 de agosto de 2008 – Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária - ANVISA

Orientações importantes para a vacinação do adulto e idoso

(1)  vacina hepatite B (recombinante): oferecer aos grupos vulneráveis não vacinados ou sem compro-
vação de vacinação anterior, a saber: Gestantes, após o primeiro trimestre de gestação; trabalhadores
da saúde; bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários; caminhoneiros, carcereiros de delegacia e de
penitenciarias; coletores de lixo hospitalar e domiciliar; agentes funerários, comunicantes sexuais de pessoas
portadoras de VHB; doadores de sangue; homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas
do mesmo sexo (HSH e MSM); lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, (LGBT); pessoas reclusas (pre-
sídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas, dentre outras); manicures, pedicures e
podólogos; populações de assentamentos e acampamentos; potenciais receptores de múltiplas transfusões
de sangue ou politransfundido; profissionais do sexo/prostitutas; usuários de drogas injetáveis, inaláveis e pipa-
das; portadores de DST. A vacina esta disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIE) para as pessoas imunodeprimidas e portadores de deficiência imunogênica ou adquirida, conforme
indicação médica.

(2)  vacina adsorvida difteria e tétano - dT (Dupla tipo adulto): Adultos e idosos não vacinados ou sem
comprovação de três doses da vacina, seguir o esquema de três doses. O intervalo entre as doses é de 60
(sessenta) dias e no mínimo de 30 (trinta) dias. Os vacinados anteriormente com 3 (três) doses das vacinas
DTP, DT ou dT, administrar reforço, dez anos após a data da última dose. Em caso de gravidez e ferimentos
graves antecipar a dose de reforço sendo a última dose administrada a mais de cinco (5) anos. A mesma
deve ser administrada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Diante de um acaso suspeito de
difteria, avaliar a situação vacinal dos comunicantes. Para os não vacinados, iniciar esquema com três doses.
Nos comunicantes com esquema incompleto de vacinação, este deve ser completado. Nos comunicantes
vacinados que receberam a última dose há mais de 5 anos, deve-se antecipar o reforço.

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

(3)  vacina febre amarela (atenuada): Indicada aos residentes ou viajantes para as seguintes áreas com
recomendação da vacina: estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mara-
nhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais e alguns municípios dos estados
do Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para informações sobre os municípios
destes estados, buscar as Unidades de Saúde dos mesmos. No momento da vacinação considerar a situação
epidemiológica da doença. Para os viajantes que se deslocarem para os países em situação epidemiológica
de risco, buscar informações sobre administração da vacina nas embaixadas dos respectivos países a que
se destinam ou na Secretaria de Vigilância em Saúde do Estado.  Administrar a vacina 10 (dez) dias antes
da data da viagem. Administrar dose de reforço, a cada dez anos após a data da última dose. Precaução:
A vacina é contra indicada para gestantes e mulheres que estejam amamentando, nos casos de risco de
contrair o vírus buscar orientação médica. A aplicação da vacina para pessoas a partir de 60 anos depende
da avaliação do risco da doença e benefício da vacina.

(4)  vacina sarampo, caxumba e rubéola – SCR: Administrar 1 (uma) dose em mulheres de 20 (vinte) a
49 (quarenta e nove) anos de idade e em homens de 20 (vinte) a 39 (trinta e nove) anos de idade que não
apresentarem comprovação vacinal.

(5)  vacina influenza sazonal (fracionada, inativada): Oferecida anualmente durante a Campanha Na-
cional de Vacinação do Idoso.

(6) vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica):  Administrar 1 (uma) dose durante a Campanha


Nacional de Vacinação do Idoso, nos indivíduos de 60 anos e mais que vivem em instituições fechadas como:
casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso, com apenas 1 (um) reforço 5 (cinco) anos após a dose
inicial.

Esquema preconizado para indígenas de zero a 6 anos

Idade Vacinas Doses Doenças Evitadas


459
Formas graves de
BCG-ID (1)- vacina BCG Dose Única
tuberculose
Ao Nascer Hepatite B (2) –
vacina hepatite B 1ª Dose Hepatite B
(recombinante)
Difteria, tétano,
Pentavalente (3) – vacina
coqueluche, hepatite
adsorvida difteria,
B; além de meningite
tétano, pertussis, hepatite
1ª Dose e outras infecções
B (recombinante) e
causadas pelo
Haemophilus influenzae b
Haemophilus influenzae
(conjugada)
tipo b
VOP (vacina oral
contra pólio) (4) vacina Poliomielite (paralisia
2 Meses 1ª Dose
poliomielite 1,2 e 3 infantil)
(atenuada)
Pneumocócica Pneumonia, otite,
10-valente (5)* - vacina meningite e outras
1ª Dose
pneumocócica doenças causadas pelo
10-valente (conjugada) pneumococo
VORH (6) – vacina contra
rotavírus humano G1P1 1ª Dose Diarréia por rotavírus
[8] (atenuada)

ENEM - CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Meningocócica C (7)* - Doença invasiva causada


3 Meses vacina meningocócica C 1ª Dose por Neisseria meningitidis
(conjugada) do sorogrupo C
Pentavalente – vacina Difteria, tétano,
adsorvida coqueluche, hepatite
difteria, tétano, B; além de meningite
pertussis, hepatite 2ª Dose e outras infecções
B (recombinante) e causadas pelo
Haemophilus influenzae b Haemophilus influenzae
(conjugada) tipo b
VOP – vacina poliomielite Poliomielite (paralisia
4 Meses 2ª Dose
1, 2 e 3 (atenuada) infantil)
Pneumocócica Pneumonia, otite,
10-valente – vacina meningite e outras
2ª Dose
pneumocócica doenças causadas pelo
10-valente (conjugada) pneumococo
VORH – vacina contra
rotavírus humano G1P1 2ª Dose Diarréia por rotavírus
[8] (atenuada)
Meningocócica C – Doença invasiva causada
5 Meses vacina meningocócica C 2ª Dose por Neisseria meningitidis
(conjugada) do sorogrupo C
Difteria, tétano,
Pentavalente – vacina
coqueluche, hepatite
adsorvida difteria,tétano,
B; além de meningite
pertussis, hepatite
3ª Dose e outras infecções
460 B (recombinante) e
causadas pelo
Haemophilus influenzae b
Haemophilus influenzae
(conjugada)
tipo b
Pneumocócica Pneumonia, otite,
6 Meses 10-valente –vacina meningite e outras
3ª Dose
pneumocócica doenças causadas pelo
10-valente (conjugada) pneumococo
Influenza Sazonal
(8) – vacina influenza Duas Dose Influenza sazonal ou gripe
(fracionada, inativada)
VOP – vacina poliomielite Poliomielite (paralisia
3ª Dose
1, 2 e 3 (atenuada) infantil)
Febre Amarela (9) –
9 Meses vacina febre amarela Dose Inicial Febre amarela
(atenuada)
SCR (tríplice viral) (10)
Sarampo, caxumba e
– vacina sarampo, 1ª Dose
rubéola
caxumba e rubéola- SCR
Varicela (11) – vacina
12 Meses Dose Única Varicela (catapora)
varicela (atenuada)
Meningocócica C – Doença invasiva causada
vacina meningocócica C Reforço por Neisseria meningitidis
(conjugada) do sorogrupo C

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

VOP – vacina poliomielite


Poliomielite (paralisia
1,2 e 3 Reforço
infantil)
(atenuada)
DTP (tríplice bacteriana) –
Difteria, tétano e
vacina adsorvida difteria,
15 Meses 1º Reforço coqueluche
tétano e pertussis-DTP
Pneumocócica Pneumonia, otite,
10-valente – vacina meningite e outras
pneumocócica Reforço doenças pelo
10-valente (conjugada) pneumococo
Pneumocócica
23-valente (12) – Pneumonia e outras
2 Anos vacina pneumocócica infecções causadas pelo
Dose Única
23-valente pneumococo
(polissacarídica)
DTP – vacina adsorvida
Difteria, tétano e
difteria, tétano e pertussis- 2º Reforço
coqueluche
4-6 Anos DTP
SCR – vacina sarampo, Sarampo, caxumba e
2ª Dose
caxumba e rubéola – SCR rubéola

Nova nomenclatura das vacinas em itálico, segundo Resolução de Diretoria Colegiada - RDC Nº 61 de 25
de agosto de 2008 - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
*Ano de introdução 2010.

(1) BCG: deve ser administrada o mais precocemente possível, preferencialmente logo após o nascimen-
to. Nos prematuros com menos de 36 semanas, administrar a vacina após a criança atingir 2 Kg e ao com- 461
pletar 1 mês de vida. Administrar uma dose em crianças menores de cinco anos de idade (4 anos 11 meses e
29 dias) sem cicatriz vacinal. Contatos íntimos de portadores de hanseníase, contatos menores de 1 ano de
idade, comprovadamente vacinados, não necessitam da administração de outra dose de BCG. Contatos a
partir de 1 ano de idade: sem cicatriz, administrar uma dose; os comprovadamente vacinados com a primei-
ra dose, administrar outra dose de BCG, mantendo o intervalo mínimo de 6 meses entre a cicatriz e a dose;
e os vacinados com duas doses não administrar nenhuma dose adicional. Na incerteza da existência de ci-
catriz vacinal nos contatos íntimos de portadores de hanseníase, aplicar uma dose, independentemente da
idade. Portadores de HIV - em crianças HIV positivo deve ser administrada ao nascimento ou mais precoce-
mente possível; a vacina está contraindicada na existência de sinais ou sintomas de imunodeficiência; não se
indica a revacinação de rotina. Para adulto HIV positivo a vacina está contraindicada em qualquer situação.

(2) vacina Hepatite B (recombinante): deve ser aplicada preferencialmente nas primeiras 12 horas, ou no
primeiro contato com o serviço de saúde. Esta primeira dose deve ser feita com a vacina monovalente. Nas
doses subsequentes, deverá ser utilizada a vacina Pentavalente, até 6 anos, 11 meses e 29 dias. Nos prema-
turos, menores de 36 semanas de gestação ou de baixo peso (< 2Kg) ao nascer, seguir esquema de quatro
doses: 0, 1, 2 e 6 meses de vida. Na prevenção da transmissão vertical em recém-nascido (RN) de mães por-
tadoras de hepatite B administrar a vacina e a imunoglobulina humana anti-hepatite B (HBIG) nas primeiras
12 horas ou no máximo até 7 dias após o nascimento. A vacina e a HBIG devem ser administradas em locais
anatômicos diferentes. A amamentação não traz riscos adicionais aos RN que tenham recebido a primeira
dose da vacina e a imunoblobulina.

(3) vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae b
(conjugada): o esquema de vacinação primária é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade. O intervalo entre as
doses é de 60 dias, podendo ser de 30 dias, se necessário. São realizados dois reforços com vacina adsorvida
difteria, tétano e pertussis (DTP). O primeiro reforço é dado a partir de 12 meses de idade (6 a 12 meses após a
terceira dose da pentavalente) e o segundo reforço entre 4 e 6 anos. A idade máxima para aplicação desta
vacina é de 6 anos 11meses e 29 dias.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

(4) vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada): O in- tração da dose para 6 meses.


tervalo entre as doses é de 60 dias sendo o mínimo de
30 dias. O reforço pode ser feito a partir de 12 meses (10) vacina sarampo, caxumba e rubéola: está
de idade (6 a 12 meses após a terceira dose). Manter recomendada a partir dos 12 meses de idade. Todas
o intervalo mínimo de 6 meses a partir da última dose. as crianças devem receber ou ter recebido duas do-
ses de SCR, com intervalo mínimo de 1 mês. Não é
(5) vacina pneumocócica 10-valente (conjuga- necessário aplicar mais de duas doses.
da): Crianças de 6 semanas a 6 meses de vida, ad-
ministrar 3 doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade. O inter- (11) vacina varicela (atenuada): está recomen-
valo entre as doses é de 60 dias, sendo o mínimo de dada uma dose a partir dos 12 meses de idade.
30 dias. Recomenda-se o reforço, preferencialmente,
aos 12 meses de idade, podendo administrar até 15 (12) vacina pneumocócica 23-valente (polissaca-
meses. Crianças de 7-11 meses de idade: o esquema rídica): está recomendada uma dose a partir dos 24
de vacinação consiste em duas doses com intervalo meses de idade para aquelas crianças sem histórico
de pelo menos 1 mês entre as doses. O reforço é re- vacinal de pneumocócica 10-valente (conjugada).
comendado preferencialmente entre 12 e 15 meses,
com intervalo de pelo menos 2 meses. Crianças de
12-23 meses de idade: uma dose, com intervalo de
pelo menos 2 meses entre as doses, sem a necessida-
de de reforço.

(6) vacina rotavírus humano G1P1 [8] (atenuada):


observar rigorosamente os seguintes limites de faixa
etária: primeira dose: 1 mês e 15 dias a 3 meses e 7
dias; segunda dose: 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15
dias.
- O intervalo mínimo preconizado entre a primeira
e a segunda dose é de 4 semanas.
462 - Nenhuma criança poderá receber a segunda
dose sem ter recebido a primeira.
- Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a
vacinação não repetir a dose.

(7) vacina meningocócica C (conjugada): admi-


nistrar a partir dos 2 meses de vida. O reforço é re-
comendado entre 12 e 15 meses, preferencialmente
aos 12 meses. Crianças a partir de 12 meses adminis-
trar dose única.

(8) vacina influenza (fracionada e inativada):


está recomendada para toda a população a partir
dos seis meses de idade. A primovacinação de crian-
ças com idade inferior a 9 anos (8 anos 11 meses e
29 dias) deve ser feita com duas doses com intervalo
mínimo de 1 mês entre as doses, mantendo a dose
de início de esquema, mesmo que mude a faixa etá-
ria: crianças com idade entre 6 e 35 meses (2a 11m e
29d) a dose é de 0,25ml; e crianças com idade entre
3 a 8a 11m e 29d a dose é de 0,5 ml. A partir dos 9
anos de idade deverá ser administrada apenas uma
dose (0,5 ml) anualmente.

(9) vacina febre amarela (atenuada): está reco-


mendada para toda a população, a partir dos 9 me-
ses de idade. Em caso de surtos, antecipar a adminis-

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Calendário de Vacinação da Mulher


Recomendações da Associação Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2011

Não-
Vacinas Esquemas Gestante Puérpera
Gestante
A vacina HPV deve ser indicada
para a prevenção de infecções por
papilomavírus. Duas vacinas estão
disponíveis no Brasil: uma contendo os
tipos 6, 11, 16, 18 de HPV com esquemas
de intervalos de 0-2-6 meses, indicada
HPV (3) Sim Contraindicada Sim
para meninas e mulheres de nove a
26 anos de idade; outra, contendo os
tipos 16 e 18 de HPV com esquemas
de intervalos de 0-1-6 meses, indicada
para meninas e mulheres de dez a 25
anos de idade.
Uma ou duas doses (com intervalo
mínimo de 30 dias) para mulheres com
Tríplice viral
até 49 anos de idade, de acordo com
( s a r a m p o ,
histórico vacinal, de forma que todas Sim Contraindicada Sim
caxumba e
recebam no mínimo duas doses na
rubéola) (1)
vida. Dose única para mulheres com
mais de 49 anos de idade.
A ser considerada
Hepatite A: duas doses, no esquema
Sim em situações de Sim
0-6 meses.
risco especiais
463
Hepatite B: três doses, no esquema 0-1-
Sim Recomendada Sim
Hepatites A, B ou 6 meses.
A e B (2) Hepatite A e B: três doses, no esquema
0-1-6 meses. A vacinação combinada A ser considerada
contra as hepatites A e B é uma opção Sim em situações de Sim
e pode substituir a vacinação isolada risco especiais
contras as hepatites A e B.
Com esquema de vacinação básica
completo: reforço com dTpa (tríplice
Sim
bacteriana acelular do tipo adulto) ou Sim
dT (dupla do tipo adulto).
Com esquema de vacinação básica
incompleto (que tenha recebido
menos de três doses do componente
Vacinas contra tetânico
Sim Sim
difteria, durante a vida): uma dose de dTpa,
dT ou dTpa
tétano e seguida por uma ou duas doses de
coqueluche (4) dT para completar o esquema 0-2-6
meses.
Durante a gestação(4): para a gestante,
mesmo que esteja com o esquema de
vacinação contra o tétano em dia,
Sim Sim
mas que tenha recebido a última dose
há mais de cinco anos: uma dose de dT
(dupla bacteriana do tipo adulto).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

V a r i c e l a Duas doses com intervalo de dois meses


Sim Contraindicada Sim
(catapora) (1) entre elas.
Influenza (gripe)
Dose única anual. Sim Recomendada Sim
(5)
Em geral
contraindicada.
Deve ser
Uma dose (que deverá ser repetida de Sim, contra-
Febre amarela considerada em
dez em dez anos), para quem vive ou Sim indicada na
(1, 6) situações em
vai se deslocar para áreas endêmicas. lactação6
que o risco da
doença supere o
risco da vacina

Uma dose, mesmo para aquelas A ser considerada


Meningocócica
vacinadas na infância ou há mais de Sim em situações de
conjugada (7) Sim
cinco anos. risco especiais

Sempre que possível, evitar a aplicação de vacinas no primeiro trimestre de gravidez. Vacinas de vírus
vivos (tríplice viral, varicela e febre amarela), se possível e de preferência, devem ser aplicadas pelo menos
um mês antes do início da gravidez.

Comentários
- Vacina de vírus atenuados de risco teórico para o feto, portanto, contraindicada em gestantes.
- A vacina contra hepatite A é vacina inativada, portanto, sem evidências de riscos teóricos para a ges-
464 tante e o feto. Deve ser preferencialmente aplicada fora do período da gestação, mas em situações de risco
a exposição ao vírus não está contraindicada em gestantes.
- A vacinação de mulheres com mais de 26 anos é considerada segura e efi caz por órgãos regulatórios
de alguns países do mundo. A melhor época para vacinar é a adolescência, mas, a critério médico, mulheres
com mais de 25 ou 26 anos, mesmo que previamente infectadas, podem ser vacinadas.
- A vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) é vacina inativada, portanto, sem evidências
de riscos teóricos para a gestante e o feto e não contraindicada nessa fase. O uso de dTpa em gestantes é
recomendado após a 20ª semana de gestação. No entanto, devemos ressaltar que não há dados que des-
cartem a possibilidade de interferência na resposta imune à vacina tríplice bacteriana aplicada na criança.
Recomenda-se:

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Histórico Vacinal Conduta na Gravidez Conduta após a Gravidez


Previamente vacinada, com
Fazer dTpa no puerpério se
pelo menos três doses de vacina
optou
contendo o toxoide tendo recebido Nada ou dTpa.
por não vacinar durante a
a última dose há menos de cinco
gestação.
anos.
Previamente vacinadas, com Fazer dTpa no puerpéro, se
pelo menos três doses de vacina optou
Uma dose de dT ou dTpa.
contendo o toxoide tendo recebido por vacinar com dT durante a
a última dose há mais de cinco anos. gestação.
Em gestantes que receberam Aplicar uma dose de dT e
Fazer dTpa no puerpéro, se
vacinação incompleta contra uma
optou por não vacinar com
tétano, tendo recebido apenas uma dose de dTpa ou dT com
dTpa durante a gestação.
dose na vida. intervalo de 2 meses.
Em gestantes que receberam
Fazer dTpa no puerpéro, se
vacinação incompleta contra
Uma dose de dT ou dTpa. optou por não vacinar com
tétano, tendo recebido apenas duas
dTpa durante a gestação.
doses na vida.
Aplicar uma dose de dT e Fazer dTpa no puerpéro, se
Em gestantes com vacinação uma dose de dTpa ou dT optou por não vacinar com
desconhecida com intervalo de 2 meses. dTpa durante a gestação.

- A gestante inclui-se no grupo de risco para as complicações da infecção pelo vírus da in. uenza. A
vacina de in. uenza está indicada nos meses da sazonalidade do vírus, mesmo no primeiro trimestre de ges-
tação.
- A vacina contra a febre amarela, apesar de vacina de vírus atenuado de risco teórico para o feto (e
por isso contraindicada para gestantes), nos locais em que a doença seja altamente endêmica e os riscos 465
de adquirir febre amarela superem os riscos de eventos adversos graves pela vacina antiamarílica, esta
deve ser aplicada mesmo durante a gravidez. Essa vacina está contraindicada durante a lactação até que
o bebê complete seis meses de idade.
- As vacinas meningocócicas conjugadas são inativadas, portanto sem evidências de riscos teóricos
para a gestante e o feto. No entanto, na gestação está indicada apenas nas situações de surtos da doen-
ça. A vacina meningocócica conjugada quadrivalente (tipos A.C,W135 e Y) deve ser considerada opção
para a imunização das adolescentes e mulheres adultas.

NOTA TÉCNICA Nº 05/2010/CGPNI/DEVEP/SVS/MS

Assunto: Recomendação da Vacina Febre Amarela VFA (atenuada) em mulheres que estão amamen-
tando
A Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações – CGPNI e o Comitê Técnico
Assessor em Imunização – CTAI, em virtude da possível transmissão do vírus vacinal pelo leite materno
registrada no Rio Grande do Sul, fazem as seguintes considerações e recomendações:
1. A Vacina Febre Amarela - VFA (atenuada) é uma das mais antigas utilizadas no mundo. A vacinação
é seguida de viremia com início em torno de 3 a 6 dias e duração de 1 a 5 dias na maioria dos indivíduos
vacinados após a primeira dose da vacina.
2. A vacina é bem tolerada, mas podem ocorrer eventos adversos associados à sua aplicação. Entre
2 e 7 dias após a vacinação cerca de 2% a 5% das pessoas podem apresentar sintomatologia leve, como
mialgia, mal-estar, dor de cabeça e febre, com duração de 1 a 3 dias.
3. Apesar de serem raros, eventos adversos graves (EAG) e até mesmo fatais, têm sido observados e a
sua causa ainda não está esclarecida. Entretanto, admite-se que fatores de predisposição individual, embo-
ra desconhecidos, estejam relacionados, pois não se encontraram mutações no vírus vacinal ou problemas
ligados à qualidade das vacinas.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

4. Com o aumento do uso da vacina na re-emer- a) Previamente à vacinação praticar a ordenha


gência do vírus da febre amarela em 2007, o Sistema do leite, de preferência manualmente, e mantê-lo
de Informações de Vigilância de Eventos Adversos congelado por 15 dias em freezer ou congelador (se-
Pós-vacinais (SI-EAPV), registrou um aumento de EAG guir as técnicas de ordenha descrita no Caderno de
associados à VFA. Diante deste fato, a Secretaria Atenção Básica nº 23 – Aleitamento Materno e Ali-
de Vigilância em Saúde (SVS) reuniu o grupo asses- mentação Complementar do Ministério da Saúde)
sor para eventos adversos pós-vacinais (EAPV) para para planejamento de uso durante o período da vi-
analisar os casos registrados. Essa análise resultou remia, ou seja, por 14 dias após a vacinação, ou
no estudo e classificação de 112 casos compatíveis b) Encaminhar a mãe à rede de banco de lei-
com as seguintes síndromes clínicas: 94 com doen- te humano, que são centros especializados, obriga-
ça viscerotrópica aguda (DVA) e 18 como doença toriamente vinculados a um hospital materno e/ou
neurotrópica aguda (DNA) e doença neurológica infantil, responsável pela promoção do aleitamento
auto-imune (DAA). Dentre os casos neurológicos materno e atividades de coleta, processamento e
confirmados, dois foram classificados como provável controle de qualidade de colostro, leite de transição
transmissão do vírus vacinal pelo aleitamento mater- e leite humano maduro.
no em recém nascidos de amamentação exclusiva, 9. Adicionalmente, a Secretaria de Vigilância em
após a administração da VFA (atenuada) em suas Saúde ressalta que são necessários estudos que expli-
quem a capacidade da veiculação do vírus vacinal
mães.
através do aleitamento materno em mulheres que
5. Visando o esclarecimento deste fato epide-
estão amamentando recém vacinadas para orientar
miológico novo e desconhecido nos meios científi-
futuras estratégias de vacinação contra febre ama-
cos, o Ministério da Saúde através da CGPNI junta-
rela nas áreas afetadas pelo vírus.
mente com a Secretaria de Estado da Saúde do Rio
Grande do Sul, investigou, criteriosamente, os 2 (dois)
Informe Técnico da Vacina Pneumocócica
casos notificados e constatou a associação entre o
10-valente (conjugada)
quadro clínico apresentado pelos recém nascidos e
o vírus vacinal.
Composição
6. A presença do vírus vacinal de febre amarela
em leite materno durante o período virêmico após
466 - é constituída de 10 sorotipos: 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V,
a vacinação de mulheres que estão amamentando 14, 18C, 19F e 23 F. Em relação a vacina 7-valente, há
é desconhecida e relatos de risco teórico de trans- o acréscimos dos sorotipos 1, 5 e 7F.
missão do vírus vacinal para os recém nascidos em - é conjugada com a proteína D do H. influenza
amamentação são baseados na possibilidade de não tipável (8 sorotipos), toxóide diftérico (1 sorotipo)
transmissão pelo leite materno para o vírus da Febre e toxóide tetânico (1 sorotipo).
do Nilo Ocidental e por outros Flavivirus transmitidos - a vacina contém excipiente de cloreto de só-
pelo leite de vaca. dio, fosfato de alumínio e água para injeção. Não
7. Deve-se considerar ainda que o aleitamen- contém conservantes.
to materno nas suas diferentes interfaces, tanto do - já vem pronta para o uso
ponto de vista nutricional, contendo os componen-
tes adequados com biodisponibilidade ideal para Via de aplicação e dose: A via de aplicação é
o desenvolvimento do lactente, como do ponto de intra-muscular na dose de 0,5 ml, no vasto lateral.
vista da proteção que a especificidade do leite hu- Obs: com a introdução da vacina conjugada contra
mano confere, é de suma importância. o pneumococo 10-valente na rotina e a aplicação
8. Diante do exposto e considerando as evidên- da vacina contra Influenza A(H1N1), poderá ocorrer
cias científicas que demonstram as vantagens e im- a seguinte situação:
portância do aleitamento materno (AM), a CGPNI e - criança com 6 meses de idade que vai à sala
o CTAI vêm advertir que, diante da possibilidade de de vacinas para receber a 3ª dose da vacina con-
transmissão do vírus vacinal pelo leite materno, se- tra hepatite B e Tetravalente. Neste momento de-
jam adotadas as seguintes medidas de precaução: verão receber também as vacinas contra Influenza
- O adiamento da vacinação de mulheres que A(H1N1) e Pneumo 10. Recomendamos as seguintes
estão amamentando até a criança completar seis alternativas:
meses de idade, ou
- Na impossibilidade de adiar a vacinação, du- Aplicar as vacinas da rotina (Hepatite B a Tetra)
rante o aconselhamento deve-se apresentar à mãe no terço médio do vasto lateral D, observando-se a
opções para evitar o risco de transmissão do vírus va- distância de aproximadamente 2,5 cm (equivalente
cinal pelo aleitamento materno, tais como: a 2 dedos) entre as aplicações e as outras (Influenza

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A(H1N1) e Pneumo-10 no terço médio do vasto late- Eventos adversos: é uma vacina bem tolerada;
ral E, o que torna possível uma melhor avaliação de manifestações locais como dor, edema e eritema em
possíveis eventos adverso locais. Ou aplicar as vaci- cerca de 40% das crianças vacinadas. Na dose de
nas contra Influenza A(H1N1) no terço médio do vas- reforço essas manifestações ocorreram em cerca de
to lateral D e a vacina Pneumo-10 no terço médio do 50% dos vacinados, em intensidade leve a modera-
vasto lateral E, e agendar as da rotina (Hepatite B e da; manifestações sistêmicas como febre ≥ 38oC em
Tetra) para 30 dias após, juntamente com a 2ª dose cerca de 80% das crianças vacinadas e 14,7% ≥ a
da influenza. 39oC. E mais raramente convulsão febril.
Esquema de aplicação
Uso de antitérmico profilático: observou-se em um
estudo realizado que o paracetamol quando aplica-
Número de do de modo profilático pode reduzir a resposta va-
Idade Reforço
doses cinal, no entanto, ainda há a manutenção de níveis
2-4- 6 ou protetores; recomenda-se que o paracetamol não
3-5-7 ou 3 doses com seja aplicado de modo profilático; o uso de antitér-
1 dose aos 15 me-
4-6-8 ou intervalo de mico profilático está indicado para as pessoas com
ses de idade
5-7-9 ou 2 meses história pessoal ou familiar de convulsão febril.
6-8-10
7-9 ou 2 doses com 1 dose de reforço Orientações para o registro das doses aplicadas: a
8-10 ou intervalo de aos 15 meses de informação oportuna e de qualidade permitirá traçar
9-11 2 meses idade ajustes e correções nas estratégias utilizadas; a cader-
nesta faixa etária neta de vacinação e a ficha de Registro não apre-
2 doses com
10-12 ou não será neces- sentam ainda o campo específico para o registro da
intervalo de
11-13 sário a dose de vacina Pneumo-10. Para a anotação da aplicação
2 meses
reforço dessa vacina recomenda-se que seja utilizado o es-
12-23 me- paço destinado como “Outras Vacinas” escrevendo
1 dose - “Pneumo-10” e fazendo as anotações pertinentes.
ses
467
- a idade mínima para aplicação é de 6 semanas; As Atividades Físicas e os Exercícios Físicos: Impli-
- o intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias; cações na Obesidade e no Emagrecimento
- a dose de reforço para as crianças que inicia-
ram o esquema vacinal com menos de 6 meses de A Obesidade
idade é de pelo menos 6 meses após a última dose;
- a dose de reforço para as crianças que inicia- É “uma enfermidade crônica, que se caracteriza
ram o esquema vacinal entre 7 e 9 meses de idade é pelo acúmulo excessivo de gordura a um nível tal que
no segundo ano de vida, com intervalo de pelo me- a saúde esteja comprometida”. A obesidade é ca-
nos 2 meses;
racterizada por excesso de peso corpóreo devido ao
- as crianças que já receberam alguma dose da
acúmulo de tecido adiposo regionalizado ou em todo
vacina contra o Pneumococo 7-valente (Prevenar®),
o corpo causado por doenças genéticas, endócrino-
poderá completar o esquema vacinal com a vacina
10-valente. metabólicas ou por alterações nutricionais. A impor-
tância de distinguir os termos obesidade e sobrepeso,
Conservação: a vacina deverá ser conservada caracterizando obesidade como uma condição na
entre +20C e +80C. Não deve ser congelada. qual a quantidade de gordura corporal ultrapassa os
níveis desejáveis, enquanto no sobrepeso, o peso cor-
Contra Indicações: antecedente de reação poral total é que excede determinados limites.
anafilática aos componentes da vacina; reação A obesidade tem se caracterizado como a disfun-
anafilática em dose anterior. ção orgânica que mais apresenta aumento em seus
números, não apenas em países industrializados, mas
Situações de adiamento para aplicação: durante particularmente nos países em desenvolvimento. Evi-
a evolução de doenças agudas febris graves dências mostram que a adoção de vida inadequada
vem favorecendo este tipo de acontecimento, sobre-
Uso simultâneo com outras vacinas: poderá ser
tudo no que se refere ao sedentarismo e aos hábitos
aplicada simultâneamente com qualquer vacina do
alimentares. O aumento excessivo de peso costuma
Programa Nacional de Imunizações.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

manter paralelismo muito mais com uma atividade ço muscular pré-determinado, destinado a executar
física reduzida do que com a ingestão alimentar. Exis- uma tarefa, seja ela um “piscar dos olhos”, um deslo-
tem no mundo mais de um bilhão de pessoas com so- camento dos pés, e até um movimento complexo de
brepeso e delas trezentos milhões são obesas e que finta em alguma competição desportiva. Moderna-
esta doença não distingue classe social ou raça. mente, o termo refere-se em especial aos exercícios
executados com o fim de manter a saúde física, men-
Obesidade infanto-juvenil tal e espiritual; em outras palavras a “boa forma”. No
dia 6 de abril a Organização Mundial da Saúde (OMS)
Nas últimas décadas o número de crianças e celebra o Dia Mundial da Atividade Física.
adolescentes obesos tem aumentado de tal maneira
que tem se tornado um problema de saúde pública. Benefícios: Atividade física em geral regular con-
Tem-se dado grande ênfase ao estudo da gordura trolada por profissionais da Educação Física, está as-
corporal e aos índices de adiposidade em crianças e sociada diretamente a melhorias da saúde e condi-
adolescentes devido a sua associação com o desen- ções físicas dos praticantes. A redução dos níveis de
volvimento orgânico e funcional do corpo, e também ansiedade, stress, um sistema imunológico fortaleci-
hábitos alimentares mais saudáveis, para conquistar do, tornando o organismo menos sujeito a doenças
melhor qualidade de vida. Ao contrário do que ocor- como o câncer e causar ao seu tratamento redução
ria até recentemente, quando a preocupação bási- das náuseas e a dor. Sendo que a inatividade física
ca em relação à criança obesa era o risco de ela se associada a dietas inadequadas, ao tabagismo, ao
tornar um adulto obeso, atualmente cresce a cada uso do álcool e outras drogas são determinantes na
dia o receio quanto às repercussões da obesidade ocorrência e progressão de doenças crônicas que
ainda durante a infância. trazem vários prejuízos ao ser humano, como, por
É necessário controlar a obesidade desde a in- exemplo, redução na qualidade de vida e morte
fância, principalmente as que mostram predisposi- prematura nas sociedades contemporâneas, princi-
ção para o desenvolvimento da doença, a fim de palmente nos países industrializados e também nas
tomar medidas efetivas para o controle de risco, im-
cidades grandes.
pedindo que o prognóstico seja desfavorável, a lon-
Atividade física adaptada por vezes, torna-se, ne-
go prazo. A obesidade não era considerada condi-
cessária aos sujeitos que apresentem algumas contra
468 ção que necessitasse ser tratada, pois era atribuída a
indicações médicas ou dificuldades físicas momentâ-
maus hábitos alimentares, sedentarismo e até mesmo
neas ou definitivas, mas tendo em conta o diagnósti-
descuido por parte do indivíduo. Atualmente a obesi-
co feito pelos médicos, o profissional da educação fí-
dade é considerada como um dos principais proble-
sica deverá ser capaz de criar ao paciente atividade
mas de saúde pública em países desenvolvidos, pois
física adaptada sem prejudicar a saúde do paciente
tem aumentado de forma significante, geralmente
melhorando-a, havendo uma interação de conheci-
em coexistência com a desnutrição. Nos países in-
mentos com as ciências médicas. Atividade física de
dustrializados, os gastos com doenças relacionadas
recuperação é usada como um meio de melhorar as
à obesidade na idade adulta consomem entre 1% e
5% de todo o orçamento de saúde. condições físicas de um sujeito momentaneamente
Portanto intervenções na infância e adolescên- debilitado, sendo tratada pelos profissionais da fisiote-
cia, por serem períodos críticos para o desenvolvi- rapia e educação física. Tendo em vista uma esque-
mento da obesidade, têm sido recomendadas como matização, classificamos as atividades em:
forma de evitar os desfechos desfavoráveis na ida- - Exercício aeróbico;
de adulta, a incidência de doenças cardiovascula- - Exercício anaeróbico.
res como hipertensão na adolescência tem relação
com a crescente aparição da obesidade. Evidencia- A atividade física quando é feita de forma conti-
se que uma criança ao se tornar obesa no período nua e programada resulta no ganho de força física,
da pré puberdade, mantendo-se neste estado du- incremento da capacidade cardiorrespiratório, da
rante a adolescência, terá mais chance de se tornar flexibilidade entre outros fatores responsáveis pela
um adulto obeso. melhoria da qualidade de vida de um indivíduo no
que diz respeito à performance humana.
Atividade Física
Exercício aeróbico: O exercício aeróbico é aque-
A atividade física é qualquer movimento corporal, le que refere-se ao uso de oxigênio no processo de
produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte geração de energia dos músculos. Esse tipo de exer-
em gasto energético maior que os níveis de repouso. cício trabalha uma grande quantidade de grupos
Podemos acrescentar que é também qualquer esfor- musculares de forma rítmica. Andar, correr, nadar e

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pedalar, são alguns dos principais exemplos de exer- Benefícios dos exercícios
cícios aeróbicos. Os exercícios aeróbicos típicos são
contínuos e prolongados, realizados com movimen- Aumentando o Metabolismo: Algumas pessoas
tos não muito rápidos. Esta categoria de exercício é erroneamente acreditam que exercícios não valem
a que traz mais benefícios ao organismo, diminuindo a pena o esforço por causa do pequeno número de
a chance de doenças cardiovasculares e melhoran- calorias gastas. Por exemplo, andar queima aproxi-
do qualidade e expectativa de vida, pois somente os madamente 5 calorias por minuto. Devido ao fato de
exercícios aeróbicos de longa duração queimam as ter 7700 calorias em um quilo de gordura, iria parecer
reservas de gordura do corpo humano. que você teria que andar 25 horas e 36 minutos para
perder 1 quilo de gordura. Porém a verdade é que
Como o exercício aeróbico atua na queima de mesmo os exercícios moderados aumentam seu me-
gorduras tabolismo (queimando calorias) 3 a 8 vezes, durante
horas depois do exercício. O efeito residual do exercí-
Quando se pratica exercícios aeróbicos, ocorre cio, e não o próprio exercício, é o maior responsável
que as células musculares consomem mais oxigênio pela queima de calorias.
para produzir energia. Comparando com o exercí-
cio anaeróbico, que são de maior intensidade e de Mantendo os Músculos Ativos: Já que cada quilo
menor duração ocorre que, neste caso, nos primeiros de músculo requer 110-220 calorias para se sustentar
segundos o organismo quebra o ATP (molécula que e que a gordura é queimada quase que exclusiva-
armazena energia) que existe em estoque dentro mente nos músculos, manter seus músculos torna-se
das células musculares e só depois passa a transfor- crucial se você deseja perder gordura. Os exercí-
mar a glicose existente no corpo em ATP para poder cios requerem que você use seus músculos, o que
continuar a usá-la. Em exercícios aeróbicos, que são te permite manter (ou ainda aumentar) a quantida-
de menos intensidade porém de grande duração, o de de massa muscular que você tem. Não fazendo
corpo irá exigir muito mais energia porém terá mais exercício, você irá perder massa muscular e reduzir
tempo para produzi - lá. Neste caso a glicose se trans-
sua habilidade de queimar gordura. Lembre-se que
forma em ácido pirúvico que entra na mitocôndria
exercícios podem lhe permitir aumentar sua massa
(uma estrutura da célula) e produz a enzima Aacetil-
muscular ao mesmo tempo em que você está per- 469
coA que por fim reage com o oxigênio da respira-
dendo gordura, e seu peso pode não alterar. Você
ção e produz em torno de dezoito vezes mais ATP do
irá aproveitar todos os benefícios (visuais e de saúde)
que os exercícios anaeróbicos. Mas, como a glicose
de uma melhor proporção gordura/músculo, e é isso
é uma substância vital para o funcionamento do cé-
o que importa.
rebro, o corpo evita utilizá-la em grande quantida-
de e então passa a utilizar às moléculas de gordura
Aumentando as enzimas que oxidam gorduras:
no lugar da glicose para produzir energia. Por isso, o
Você não pode perder gordura sem que a queime
exercício aeróbico consome não só a gordura dos
em seus músculos. Os músculos têm enzimas muito
músculos como também a de outras partes do cor-
específicas que queimam apenas gordura. Pesqui-
po. E assim é feito o esquema dos músculos.
sas demonstram que pessoas que se exercitam re-
Benefícios para a saúde gularmente tem muito mais enzimas que queimam
gordura nos músculos do que pessoas que não se
Entre os benefícios para a saúde de fazer regular- exercitam. Em outras palavras, os exercícios aumen-
mente exercícios aeróbicos estão: tam a habilidade do corpo queimar gordura mais efi-
- Fortalecimento dos músculos envolvidos na res- cientemente. Isto significa que quanto mais você se
piração. exercitar, quanto mais você usar seus músculos, mais
- Fortalecimento e aumento do músculo cardía- enzimas que queimam gordura seus músculos irão
co. desenvolver para queimar mais gordura.
- Tonificação da musculatura.
- Diminuição da pressão arterial. Exercício anaeróbico: O exercício anaeróbico é
- Elevação do número de células vermelhas do qualquer atividade física que trabalhe diversos gru-
sangue. pos musculares durante um determinado e constan-
- Melhoria da circulação sanguínea. te período de tempo, de forma contínua e ritmada.
- Elevação das reservas de energia nos músculos, O treino aeróbico melhora significativamente o fun-
o que aumenta a resistência. cionamento do coração, pulmões e todo o sistema
- Aumento do fluxo sanguíneo nos músculos. cardiovascular contribuindo para uma entrega de

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oxigênio mais rápida por todo o corpo. São ativida- Entretanto, indivíduos que realizam dieta por um
des breves de alta intensidade nas quais o metabo- período prolongado diminuem o metabolismo de re-
lismo anaeróbico acontece nos músculos. Durante pouso, e há perda de massa magra, podendo assim
períodos de tempo mais longos de exercício físico, o “estacionar” seu peso e até mesmo voltar a engor-
metabolismo aeróbico provê a energia, o que é cha- dar. Assim, sugere-se que crianças obesas realizem
mado de exercício aeróbico. atividades leves e moderadas, as quais propiciam
Exemplos de exercícios anaeróbicos incluem vias metabólicas oxidátivas e conseqüentemente uti-
musculação, sprints, saltos; qualquer exercício que lização da gordura como predominância de substra-
consista de movimentos rápidos de alta intensidade. to energético, podendo, com isso, aumentar o tem-
Exercícios anaeróbios são geralmente usados por po de realização das sessões de exercício. Portanto,
atletas para desenvolver força e bodybuilders para a prática regular de atividade física pode interferir
construir massa muscular. Músculos que são treina- positivamente no balanço energético, como tam-
dos sob condições anaeróbias desenvolvem melhor bém prevenir e tratar o quadro de fatores de risco
performance em atividades de curta duração e alta associados à obesidade.
intensidade. Exercícios aeróbicos, por outro lado, in- O papel da Educação Física na promoção de
cluem atividade realizadas por longos períodos de qualidade de vida Tratando de crianças e adoles-
tempo em menor intensidade. Exercícios como ca- centes, constata-se com as aulas de Educação Física
minhar, correr, nadar e pedalar requerem grande escolar utilizam pouco tempo de esforço físico, o que
quantidade de oxigênio para gerar energia por pe- impossibilita o aparecimento de adaptações orgâni-
ríodo prolongado de tempo. cas benéficas a essa população. Em compensação,
Há dois tipos de sistema de geração de energia estas aulas criam à consciência de que as atividades
anaeróbica: o ATP-CrP, que tem a creatina fosfata- físicas são e devem ser praticadas. A promoção da
da como principal fonte de energia, e o ácido lático saúde no âmbito escolar poderá estar incluída na
(ou glicólise anaeróbia), que usa glicose na ausência proposta político-pedagógica das escolas, já que
de oxigênio. O segundo é um uso ineficiente da gli- esta tem papel relevante em relação à educação
cose e produz sub-produtos que, acredita-se, sejam da personalidade e, como consequência, no estilo
prejudiciais ao funcionamento muscular. O sistema de vida das pessoas
de ácido lático é o dominante durante exercícios de Neste sentido, faz-se necessário proporcionar aos
470 intensidade alta a máxima, durante curto período de adolescentes a aquisição de conhecimentos e es-
tempo (em torno de um minuto), mas ele também é timular atitudes positivas em relação aos exercícios
responsável por uma parte da energia durante exer- físicos. Conscientizar a comunidade escolar de que
cício aeróbio, uma vez que o organismo é capaz de a aptidão física, a prática de atividade física e bons
livrar-se dos sub-produtos anaeróbios até um certo ní- hábitos alimentares são importantes a todos os indiví-
vel. A eficiência da remoção dos sub-produtos pelos duos em todas as idades, principalmente para os que
músculos melhora através do treinamento. mais necessitam: os sedentários e os obesos.
Propiciar independência e oportunizar expe-
A Importância da Informação riências de atividades físicas agradáveis, sem gran-
des habilidades motoras que estimulem a prática
A atividade física prescrita para o indivíduo obe- continuada, com isto, resguardando a percepção
so em processo de tratamento deverá ser ao máxi- de competência nos alunos. Se o objetivo é que os
mo, fonte de prazer, de forma que o mesmo venha adolescentes, que mais precisam da atividade física
adotar hábitos de vida saudáveis. Estimular atividade (sedentários e obesos), adotem uma atividade física
física no meio infantil, uma vez que é a partir desta em seu estilo de vida e se as atividades praticadas
fase que se tem maior possibilidade de desenvolvi- neste programa exigirem grandes habilidades, esses
mento de hábitos saudáveis durante a vida adulta, alunos poderão se inibir e não praticar a atividade,
além de reduzir o nível de desenvolvimento da obe- nem durante as aulas e nem além dos anos escola-
sidade nesta fase. A dieta isolada propicia um ba- res. Nenhum exercício físico será incorporado aos há-
lanço energético negativo para controle de peso bitos regulares se este não trouxer alguma forma de
quando comparada ao exercício físico isolado, visto prazer ou recompensa. Toda a atividade física quan-
que a criança pode estar reduzindo sua ingestão ca- do iniciada com sacrifício ou obrigação será, possi-
lórica em 1.000 kcal (por exemplo) durante as vinte velmente abandonada, por mais consciente que o
e quatro horas do dia, mas ficaria muito difícil essa indivíduo possa estar do seu benefício para a saúde.
mesma criança aumentar seu gasto energético com Texto adaptado de Colaço, N.S. e Santos, S.L.C.
atividade física em 1.000 kcal por dia. Portanto, a cur-
to prazo a restrição calórica favorece a perda peso.

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CIDADANIA consubstanciado pelos direitos ligados à participa-


ção no exercício do poder político; e o terceiro, no
A cidadania esteve e está em permanente cons- século XX, quando, então, os direitos sociais foram
trução. É um referencial de conquista da humanida- conquistados. É por isso que nos países ocidentais
de através daqueles que sempre buscam mais direi- europeus a cidadania é plena, pois se constituiu por
tos, maior liberdade, melhores garantias individuais etapas.
e coletivas, e não se conformam frente às domina- Marshall analisou a questão da cidadania de ma-
ções, seja do próprio Estado ou de outras instituições. neira não somente cronológica, mas também lógica.
Neste trabalho abordaremos o conceito de ci- Para ele, a cidadania civil foi a responsável pela con-
dadania e como esta avançou ao longo do tempo. quista de um novo status geral de cidadania política.
Juntamente com as conquistas dos direitos indivi- Em outros termos, foi com base no exercício dos direi-
duais e coletivos, analisando como isso aconteceu tos civis, nas liberdades civis, que os ingleses reivindi-
de forma diferenciada na Europa Ocidental e no caram a ampliação de velhos direitos a novos seto-
Brasil. Iniciaremos pelo conceito de cidadania pelos res da população, através do direito de voto, antes
antigos, que se mostra diferente do conceito para privilégio de uma classe economicamente forte. Já
os modernos. Traremos ainda como a luta pelos Di- os direitos sociais, pertencentes ao século XX, teriam
reitos Civis influenciou na construção da cidadania surgido em estreita ligação com os direitos políticos,
para os modernos e por fim vamos comparar essa porque uma participação mais ativa das comuni-
evolução com a história brasileira mostrando ainda dades locais e das associações funcionais (como o
como seus direitos foram conquistados e sua cida- Partido dos Trabalhadores) fortalecia a luta dos que
dania construída. pretendiam romper com o padrão estabelecido de
desigualdades. Contudo, não podemos nos esque-
2) A cidadania para os antigos cer de que o conceito de cidadania desenvolvido
É relevante refletir sobre a cidadania na sua fase por Marshall foi construído em um específico momen-
“pré-histórica”, porque herdamos desse período a to histórico, qual seja, na Inglaterra, em meados do
ideia de democracia, de participação popular nos século XIX, no bojo do contexto libertário e revolucio-
destinos da coletividade, de soberania do povo e de nário da época moderna, fortemente influenciado
liberdade. O termo cidadania tem origem etimoló- pelo projeto de cidadania burguesa do século XVIII,
gica no latim civitas, que significa «cidade». O con- ou seja: Foi com base no exercício dos direitos civis, 471
ceito de cidadania, em sua origem, vem da Grécia nas liberdades civis, que os ingleses reivindicaram
antiga, e nesse momento significava vivência políti- o direito de votar, de participar do governo de seu
ca ativa na comunidade, na cidade (pólis). Durante país. A participação permitiu a eleição de operários
muito tempo a ideia de cidadania esteve ligada aos e a criação do Partido Trabalhista, que foram os res-
privilégios, pois os direitos dos cidadãos eram res- ponsáveis pela introdução dos direitos sociais. Mas os
tritos a determinadas classes e grupos de pessoas. caminhos são distintos e nem sempre seguem linha
Portanto, entre os gregos e romanos, cidadãos eram reta. Pode haver também desvios e retrocessos, não
homens livres que participavam de alguma manei- previstos por Marshall. O percurso inglês foi apenas
ra do poder politico da comunidade, reunidos em um entre outros.
assembleias públicas para tratarem de assuntos do A cidadania, nessa perspectiva, foi entendida
governo. Ali, o demos (povo) tinha autoridade supre- como “uma espécie de igualdade humana básica
ma, ou seja, era uma democracia direta, exerciam associada com o conceito de participação integral
funções legislativas e judiciárias. A cidadania era na na comunidade”. Dito de outra forma, a cidadania,
época vinculada à ideia de pertencimento e parti- proveniente da nova ordem burguesa, foi desenha-
cipação política. da pressupondo-se igualdade, liberdade e participa-
ção na sociedade. Mais ainda, nas próprias palavras
3) A cidadania para os modernos de Marshall, como “status, concedido àqueles que
Atualmente o conceito de cidadania foi amplia- são membros integrais de uma comunidade”. Nesse
do e passou a constituir um dos princípios fundamen- sentido, todos que viessem a possuir o status, deve-
tais do Estado Democrático de Direito podendo ser riam ser considerados iguais em seus direitos e obri-
traduzido por um conjunto de liberdades e obriga- gações.
ções políticas, sociais e econômicas. Uma cidadania plena, que combine liberdade,
Segundo Marshall, o desenvolvimento da cida- participação e igualdade para todos, é um ideal
dania perpassa três momentos históricos. O primei- desenvolvido no Ocidente e talvez inatingível. Mas
ro, no século XVIII, culminando com a afirmação dos ele tem servido de parâmetro para o julgamento da
direitos civis de liberdade; o segundo, no século XIX, qualidade da cidadania em cada país e em cada

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momento histórico. Tornou-se costume desdobrar a quanto por parte dos senhores, que apesar de livres
cidadania em direitos civis, políticos e sociais, como e de participarem como eleitores e candidatos fal-
Marshall propôs na sua teoria. O cidadão pleno seria tavam-lhes o sentido de cidadania com a noção de
aquele que fosse titular dos três direitos. Cidadãos in- igualdade de todos perante a lei.
completos seriam os que possuíssem apenas alguns O período Colonial chegou ao fim com a gran-
dos direitos. Os que não se beneficiassem de nenhum de maioria da população excluída dos direitos civis e
dos direitos seriam não cidadãos. políticos e sem a existência de um sentido de nacio-
Maria Cristina Seixas Vilani, no seu artigo sobre nalidade e ainda na visão do autor, a independência
cidadania, compara com o conceito entre antigos não introduziu uma mudança radical no panorama
e modernos. Entre os antigos o exercício da cidada- descrito, talvez em função de que a independência
nia não era direito de todos porque nem todos eram do Brasil foi relativamente pacífica, isto é, negociada.
iguais, somente eram considerados cidadãos os ho- A separação foi feita mantendo-se a monarquia e a
mens livres, ficando a margem da comunidade cívi- casa de Bragança.
ca as mulheres e os escravos. A sociedade era con- Na constituição imperial de 1824, a cidadania
siderada como um todo uno e indivisível, com suas veio com limites. Do ponto de vista dos direitos civis, a
próprias leis que independem da vontade humana. população escrava não era considerada como sujei-
O individuo era parte do todo social, diferente da tos de direitos. Do ponto de vista dos direitos políticos,
modernidade que concebe a sociedade como uma havia uma separação entre cidadãos, como sendo
associação de indivíduos que amoldam de acor- aqueles portadores apenas dos direitos civis, e cida-
do com suas vontades. Nesta perspectiva moderna dãos ativos, portadores também de direitos políticos.
o ser humano particular, com suas necessidades e O sistema eleitoral era baseado no voto censitá-
carências tornaram-se referencial das instituições e rio, ou seja, no critério da renda. Havia um limite míni-
o ordenamento da vida social passou a respeitar o mo de renda para que o indivíduo tivesse acesso aos
individuo como sujeito de direitos. A maturação do direitos políticos, o que limitava a cidadania política
individualismo foi lenta, fruto de uma acumulação apenas àqueles indivíduos dotados de posses consi-
deráveis. Outro ponto negativo advindo da Constitui-
histórica que teve um ponto fundamental no mundo
ção de 1824 foi a criação de um Poder Moderador,
medievo passando pelas esteiras do renascimento e
exercido pelo imperador, e responsável pela manu-
da reforma e ganhou corpo com o jusnaturalismo dos
472 tenção do equilíbrio entre os poderes Executivo, Le-
séculos XIII e XIX e ganhou sistematização doutrinaria
gislativo e Judiciário. Na prática, o poder mantinha-se
no liberalismo. Jose Luiz Quadros de Magalhaes nos
concentrado nas mãos de uma só pessoa.
lembra de que a primeira fase do liberalismo no sécu-
Se formalmente a independência brasileira repre-
lo XIII veio junto ao constitucionalismo e era incompa-
sentou um avanço, pelo menos no que diz respeito
tível com a democracia majoritária. A essência desse
aos direitos políticos, do ponto de vista material a po-
liberalismo era a segurança nas relações jurídicas e
pulação não possuía consciência do valor do voto,
a proteção do individuo conta o estado. A ideia de
e as eleições não tinham o caráter de exercício da
liberdade estava vinculada a ideia de propriedade
cidadania, mas sim de submissão a um chefe político
privada e só os homens proprietários podiam votar. A local. Já os direitos sociais ainda não haviam apareci-
segunda fase do liberalismo no século XIX trata-se da do de forma explícita.
fusão do liberalismo com a democracia majoritária, Mesmo após o lento processo de abolição da es-
dando início aos direitos políticos. Sua grande con- cravidão o preconceito ainda estava presente.
quista foi o sufrágio masculino. Na terceira fase já há A primeira república é instalada em 1889, mas os
nova legislação, e uma fase de transição do estado aspectos negativos herdados do período imperial e
liberal para o social, pois começa a aparecer na le- presentes até 1930 impediram o progresso da cida-
gislação os primeiros direitos sociais. dania no país. A federalização introduzida fortaleceu
o poder das elites locais e estimulou a formação das
4) Construção da cidadania brasileira oligarquias estaduais. A proibição do voto do analfa-
Para avaliar a evolução da cidadania na história beto e a determinação do voto facultativo e desco-
do Brasil devemos começar pela colonização, com berto contribuíram para o controle da população por
a qual os portugueses garantiram um país dotado parte dos coronéis e chefes políticos locais.
de unidade territorial, linguística, cultural e religiosa. O desenvolvimento da cidadania encontrava
Porém, deixaram também uma população analfa- obstáculos também no campo dos direitos civis, uma
beta, escravocrata, baseada em uma economia vez que o legado negativo do período escravocrata,
latifundiária e monocultora. O autor Murilo Carvalho a grande propriedade rural coronelista e um Estado
vê nessa fase uma ausência de cidadãos, tanto por comprometido com o poder privado desconstruíam
parte dos escravos (por falta de direitos civis básicos) as noções de igualdade entre todos e respeito às leis.

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Juntamente à situação precária dos direitos civis a jornada de 8 horas, regulamentado o trabalho fe-
e políticos, nos deparamos com os direitos sociais em minino e criada a carteira de trabalho e as Juntas de
uma situação igualmente negativa. No campo des- Conciliação e Julgamento; em 1933, foi regulado o
tes direitos sociais o operariado industrial dos grandes direito de férias; em 1940, adotado o salário mínimo;
centros urbanos, formado por ex-escravos e imigran- em 1941, foi criada a justiça do trabalho, e em 1943,
tes, influenciados pelo anarquismo europeu, organi- foi implantada a Consolidação das Leis do Trabalho.
zava-se e começava a se levantar em favor de uma O aspecto negativo de toda essa legislação so-
legislação trabalhista, direito de férias, regulamenta- cial era a exclusão de certas categorias de trabalha-
ção de jornadas de trabalho entre outras. dores, como os autônomos, os domésticos e os traba-
A Constituição Republicana de 1891, de forte lhadores rurais, e também a vinculação dos direitos
tradição liberal, impedia uma maior interferência do trabalhistas a uma legislação sindical. Certos bene-
Estado na regulamentação das relações trabalhistas, fícios eram reservados apenas aos sindicalizados, e
que deviam ser resolvidas inicialmente em âmbito pri- essa não universalização dos direitos trabalhistas re-
vado. A assistência social ficava a cargo de irman- presentava um limite ao pleno exercício da cidada-
dades religiosas e associações particulares, e só em nia.
1919, por ocasião do ingresso do Brasil na Organiza- Mediante uma postura populista o governo inver-
ção Mundial do Trabalho, foi regulamentada a res- teu a ordem lógica dos direitos de cidadania, que
ponsabilidade dos empregadores pelos acidentes de passaram a ser considerados privilégios ofertados a
trabalho. determinadas categorias ao invés de verdadeira-
A partir de então alguns avanços foram notados. mente direitos decorrentes de uma ação política in-
Contudo, os direitos sociais conquistados não foram dependente, colocando os cidadãos numa posição
efetivados na prática, sobretudo pelo boicote por de dependência frente ao Estado, uma posição de
parte do patronato. cidadania passiva.
Até 1930 não havia cidadãos brasileiros organi- Com a queda de Vargas em 1945 e a convoca-
ção de eleições presidenciais e legislativas o Brasil
zados politicamente, nem tampouco um sentimento
entra numa primeira experiência democrática. A
nacionalista consolidado. Os movimentos que se su-
Constituição de 1946 manteve as conquistas sociais
cederam desde o início do período imperial possuíam
do Estado Novo e assegurou os direitos civis e polí-
características eminentemente reativas e não propo- 473
ticos. Até 1964 viu-se uma intensa participação po-
sitivas estimuladas por identidades locais. É o que Car-
lítica dos mais diversos setores da sociedade. Nesse
valho denomina como cidadania em negativo.
período, foram criadas foram criadas várias organi-
O marco no desenvolvimento da cidadania brasi-
zações como a União Nacional dos Estudantes, a Es-
leira foi o movimento revolucionário de 1930, que cor-
cola Superior de Guerra, o Movimento de Educação
responde a única tentativa de manifestação popular
de Base, o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais e
ativa, organizada e de amplitude nacional da história
o Comando Geral dos Trabalhadores. No campo, os
do Brasil. A participação das massas populares e o
pequenos produtores rurais organizam-se em Ligas
sentimento nacionalista dos cidadãos deu ao movi-
Camponesas em defesa da reforma agrária e do re-
mento um caráter diverso da proclamação da repú- conhecimento de uma série de direitos civis, políticos
blica, representando assim uma maior ampliação na e sociais. O embate político entre as massas rurais
noção de cidadania. Nesse período, multiplicaram-se e urbanas, impulsionado pelos movimentos de seg-
os sindicatos e os partidos políticos, e o cenário políti- mentos hierarquicamente inferiores das Forças Arma-
co brasileiro atingia vários grupos sociais, como ope- das leva a uma reação golpista das classes dominan-
rários, classe média, militares, industriais e oligarquias tes voltado à manutenção do pacto populista. Vem
dissidentes. o golpe militar de 1964 e com ele novo retrocesso no
O regime ditatorial de Vargas no ano de 1937 re- desenvolvimento da cidadania brasileira.
presenta um avanço nos direitos sociais, porém ao Os governos militares tinham como suporte ideo-
mesmo tempo um retrocesso nos direitos políticos e lógico a ideia do desenvolvimento e da segurança
civis, pois é um momento onde os direitos individuais nacional, e para tanto, lançaram no país um regime
são violados. autoritário e discricionário que restringiu ao máximo
O projeto nacional-desenvolvimentista do gover- os direitos civis e políticos na tentativa de enfrentar os
no Getúlio Vargas baseado num modelo de desen- “movimentos subversivos”. Uma série de Atos Institu-
volvimento econômico que privilegiava a industriali- cionais com força superior às disposições constitucio-
zação fomentou uma séria de mecanismos de fortale- nais estabeleceu o novo ordenamento jurídico-polí-
cimento do trabalhador urbano-industrial. Em 1930 foi tico do país e representou a radicalização máxima
criado o Ministério do Trabalho; em 1932, foi instituída do período ditatorial repressivo. Foram instituídas as

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penas de morte e de banimento, a tortura tornou-se judiciárias. Esse processo culmina na modernidade,
um costume, e os meios de comunicação passaram onde o conceito de cidadania torna-se um dos prin-
a sofrer com a imposição da censura. Os direitos civis cípios fundamentais do Estado Democrático de Direi-
e políticos foram reduzidos à zero. to. Nessa mesma modernidade, a sociedade passa
Nesse momento sombrio para a cidadania bra- a ser uma associação de indivíduos, com leis que
sileira alguns avanços no campo dos direitos sociais amoldam de acordo com suas vontades e não mais
funcionaram como uma leve segurança. Em 1966 foi como um todo uno e indivisível, com suas próprias leis
criado o Instituto Nacional de Previdência Social e o alheias a vontade humana como era na antiguida-
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; em 1974 de.
foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Através desta linha temporal, começando com
Social. os gregos antigos e chegando ao mundo ocidental
A partir 1974, pode-se notar um lento retorno à moderno, percebemos o quanto a cidadania evoluiu
democracia onde Brasil iniciou um processo gradual e se metamorfoseou, inclusive a cidadania brasileira,
em direção a esta. De um lado, o governo ocupa- que se iniciou com a colonização portuguesa, pas-
va-se em eliminar os mecanismos restritivos vigentes sou por períodos turbulentos como a ditadura militar
em todo o período militar, de outro, a sociedade civil de 1964 (período em que os direitos políticos e civis
começava a se reorganizar e os movimentos popula- foram suprimidos, e os direitos sociais supervaloriza-
res voltavam a atuar. O auge desse novo período foi dos, uma postura paternalista do estado), e atingiu
a campanha pelas eleições presidenciais diretas, em os dias atuais, nos quais percebemos uma amplitude
1984, que entrou para a história como o movimento de direitos civis e políticos nunca antes presenciada
das “Diretas Já”. No ano seguinte, temos oficialmente na história do país.
o fim do regime ditatorial com a vitória de Tancredo Percebemos pois, que a cidadania em seu está-
Neves. gio atual torna o indivíduo um ser individual, passível
A partir daí o país se colocou definitivamente nos de necessidades e carências, e acima de tudo de
rumos da democracia política, e em 1988 foi elabo- direitos (civis, político, e sociais) que devem ser res-
rada a mais avançada carta constitucional da his- peitados ainda que para que isso ocorra uma série
tória brasileira no que tange ao reconhecimento e de empecilhos devam ser subjulgados.
garantia dos direitos de cidadania, uma Constituição
474 Cidadã. Em 1989 o novo presidente da república foi QUESTÃO 01
eleito pelo voto direto e dois anos e meio depois de Na agricultura, a busca por uma produtividade
sua posse, foi submetido a um processo de impedi- cada vez maior leva os agricultores a instalarem ono-
mento que representou uma das manifestações cívi- culturas frequentemente com apenas uma linhagem
cas mais importantes da nossa história. De lá pra cá geneticamente melhorada. A desvantagem é que
os direitos civis e políticos adquiriram uma amplitude tais cultivos são muito suscetíveis ao ataque de pra-
nunca antes atingida, no entanto, a efetivação dos gas e doenças. Quando isto acontece, os melhoristas
direitos sociais permaneceu num mar de incertezas, desenvolvem novas variedades a partir de
deixando à cidadania plena no Brasil um conjunto (A) genes de resistência encontrados nas popula-
problemático de obstáculos a serem superados. ções nativas da espécie.
A cidadania sempre esteve ligada a noções de (B) proteínas de resistência projetadas por enge-
direito, em especial ao exercício do direito político, nharia genética.
mas na realidade ela abrange muito mais do que (C) agentes mutagênicos que induzem resistên-
somente este, incluindo assim o pleno exercício dos cia em culturas de tecidos.
direitos sociais e também dos direitos civis. Cidada- (D) outras espécies resistentes nos arredores da
nia é o envolvimento na vida pública, referindo-se ao plantação.
conjunto das ações que vão desde o ato do voto, à (E) mecanismos moleculares que induzem a resis-
participação na vida pública, e também outros com- tência.
portamentos sociais e morais, não apenas os direitos
e deveres que as sociedades esperam dos cidadãos. QUESTÃO 02
A cidadania tal como conhecemos é resultan- Em uma célula que produz proteínas para serem
te de um processo lento e gradual que se iniciou na exportadas, o caminho percorrido pelos polipeptí-
antiguidade com os gregos, onde o povo (homens deos, do local de síntese até o meio extracelular é
livres, deixando à margem da comunidade cívica (A) cromossomos, envoltório nuclear, complexo
as mulheres e os escravos) detinha a autoridade su- golgiense e matriz extracelular.
prema, ou seja, estava inserido em uma democracia (B) vacúolo contrátil, retículo endoplasmático ru-
direta, na qual lhe competia as funções legislativas e goso e proteoma.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

(C) ribossomos, retículo endoplasmático liso, lisos- QUESTÃO 08


somos e proteoma. Foram feitas as afirmativas abaixo sobre o efeito
(D) retículo endoplasmático rugoso, complexo estufa.
golgiense e membrana plasmática. I. É essencial para a sobrevivência dos seres ter-
(E) matriz nuclear, complexo golgiense e retículo restres.
endoplasmático rugoso. II. Foi gerado pelo recente aumento da emissão
de CO2.
QUESTÃO 03 III. As medidas do protocolo de Kyoto visam dimi-
Os líquens são formados por fungos e algas. A as- nuí-lo.
sociação permite que os líquens habitem locais onde IV. Os gases presentes na atmosfera absorvem o
nem algas nem fungos poderiam viver separada- calor irradiado pela superfície terrestre.
mente. Esta associação é classificada como
(A) mutualismo. É correto o que se afirma APENAS em
(B) protocooperação. (A) II e III.
(C) parasitismo. (B) I, III e IV.
(D) comensalismo. (C) I e III.
(E) inquilinismo. (D) II e IV.
(E) II, III e IV.
QUESTÃO 04
Em uma feira livre pode-se encontrar um exce- QUESTÃO 09
lente material para aulas de botânica. Assim, batata, Robert Hooke, que construiu o primeiro micros-
goiaba, cenoura e pimentão são exemplos, respec- cópio composto, descreveu as células de plantas
tivamente, de como caixinhas microscópicas preenchidas por um
(A) raiz, pseudo-fruto, raiz e fruto. material gelatinoso. As caixinhas descritas por Hooke
(B) raiz, fruto, legume e legume. correspondem
(C) pseudo-fruto, fruto, caule e legume. (A) à membrana plasmática.
(D) fruto, fruto, caule e flor. (B) à carioteca.
(E) caule, fruto, raiz e fruto. (C) ao hialoplasma.
(D) ao parênquima lacunoso.
QUESTÃO 05 (E) à parede celular. 475
Na base de uma cadeia alimentar encontram-se
sempre I; a cada nível trófico II dos consumidores di- QUESTÃO 10
minui. Na frase acima, I e II são corretamente substi- Considere as definições abaixo.
tuídos por I. Um ecossistema compreende os organismos de
(A) os predadores e o peso. um ambiente, os fatores abióticos e suas interações.
(B) as bactérias nitrificantes e o tamanho. II. As várias populações encontradas em um mes-
(C) os herbívoros e a energia. mo local formam uma comunidade.
(D) os produtores e a biomassa. III. Uma população é o conjunto de indivíduos de
(E) os fatores abióticos e a dependência. uma espécie em um determinado local.

QUESTÃO 06 É correto o que se afirma em


A construção de instalações sanitárias adequa- (A) I, apenas.
das é uma medida preventiva para (B) I e II, apenas.
(A) ascaridíase, enterobiose, amebíase. (C) II, apenas.
(B) esquistossomose, amarelão, úlcera de Bauru. (D) II e III, apenas.
(C) filaríose, tricomoníase, teníase. (E) I, II e III.
(D) triquinose, úlcera de Bauru, giardíase.
(E) giardíase, enterobiose, filaríose. QUESTÃO 11
A concentração total de solutos em uma hemá-
QUESTÃO 07 cia é 2%. A sacarose não pode passar pela membra-
Em um risoto de lulas, camarões, siris e mexilhões na mas água e uréia podem. Esta célula teria o me-
encontramos animais pertencentes a nor volume quando colocada em uma solução
(A) 4 filos e 4 espécies. (A) hipotônica de uréia.
(B) 3 filos e 4 espécies. (B) hipotônica de sacarose.
(C) 2 filos e 4 espécies. (C) isotônica de uréia.
(D) 4 classes e 2 gêneros. (D) hipertônica de sacarose.
(E) 3 classes e 2 gêneros. (E) água pura.

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QUESTÃO 12 QUESTÃO 17
Dentre as funções do fígado humano está a Ao observar uma fotografia de um pôr-do-sol, o
(A) detoxificação de substâncias. professor comentou que, no momento em que a foto
(B) destruição de glóbulos brancos. foi tirada, o Sol já havia se posto a pelo menos 8 minu-
(C) síntese de amido. tos. O comentário do professor é correto pois
(D) síntese de adrenalina. (A) a distância entre o Sol e a Terra é de cerca de
(E) estocagem de bile. 8 anos-luz.
(B) a luz do Sol leva cerca de 8 minutos para che-
QUESTÃO 13 gar à Terra.
Cloroplastos e mitocôndrias têm em comum (C) ele quis ressaltar a relação entre tempo e ta-
(A) vias metabólicas idênticas. manho do Sol.
(B) a forma e o tamanho. (D) o filme demora cerca de 8 minutos para fixar
(C) a sua presença em todas as células vivas. a exposição.
(D) a provável origem endossimbiótica. (E) a velocidade da luz é de cerca de 8 Km/min.
(E) o tamanho de seus genomas.
QUESTÃO 18
QUESTÃO 14 Em 1643 Torricelli conduziu um experimento no
A poluição térmica consiste no aquecimento das qual encheu um tudo de vidro com mercúrio, tam-
águas naturais pela introdução da água quente uti- pou a extremidade aberta e inverteu o tubo colocan-
lizada na refrigeração de centrais elétricas, usinas do-o num vaso também cheio de mercúrio. Consta-
nucleares, refinarias, siderúrgicas e indústrias diversas. tou que o mercúrio no tubo baixou, mas permanecia
Esta elevação da temperatura afeta o meio sempre aproximadamente 76 cm mais alto do que a
(A) diminuindo a concentração do O2 na água. superfície de mercúrio fora do tubo, em contato com
(B) aumentando a concentração do CO2 na o ar. Com este experimento o cientista
água. (A) propôs a lei da conservação da massa.
(C) diminuindo a concentração de sais na água. (B) inferiu a compressão dos gases.
(D) aumentando a pressão da água. (C) descobriu a pressão do ar.
(E) diminuindo o pH da água.
476 (D) inventou o anemômetro de mercúrio.
(E) desvendou a composição da atmosfera.
QUESTÃO 15
Galileu Galilei é considerado um dos criadores da
QUESTÃO 19
ciência moderna por
Os australopitecos foram descobertos na África,
(A) incorporar o método de análise cartesiano.
na década de 20. Na época muitos cientistas se re-
(B) introduzir o raciocínio matemático na física.
cusaram a aceitá-lo como integrante da linhagem
(C) divulgar o pensamento aristotélico-ptolomai-
do Homo sapiens, cujo cérebro tem cerca de 1.500
co.
mL, enquanto o do chimpanzé tem apenas 500 mL.
(D) ter inventado o telescópio e o sextante.
Dentre as características do gênero Australopithecus
(E) ter refutado as teses de Copérnico.
encontram-se o
(A) bipedalismo e um cérebro de 500 mL.
QUESTÃO 16
Um observador na Terra, percebe que a conste- (B) quadrupedalismo e um cérebro de 1.000 mL.
lação do Cruzeiro do Sul muda de lugar ao longo do (C) uso do fogo e uma indústria lítica primitiva.
ano em relação à sua posição. Ele percebe, tam- (D) uso da linguagem e de pinturas nas cavernas.
bém, que esta constelação (E) polegar oponível e escrita incipiente.
(A) se aproxima da constelação de Sagitário do
início do verão. QUESTÃO 20
(B) indica o centro de referência para estudos as- A evolução biológica é um processo de
tronômicos. (A) geração de mutações.
(C) é aquela que brilha mais em todo o céu no- (B) competição interespecífica.
turno, principalmente no verão. (C) eliminação de mutações hereditárias.
(D) mantém sempre a mesma posição em rela- (D) manutenção da variabilidade genética.
ção às demais constelações. (E) descendência com modificações.
(E) se afasta da constelação de Ursa Maior du-
rante o outono e o inverno.

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QUESTÃO 21 (A) não são importantes no metabolismo.


O esquema abaixo representa um coração hu- (B) armazenam tanta energia que não precisa-
mano. Considere uma hemácea com uma grande mos de grandes quantidades.
concentração de carboxiemoglobina, que chega (C) podemos estocar grandes quantidades da
ao coração. A ordem de passagem pelos comparti- maioria das vitaminas.
mentos cardíacos será (D) em sua maioria são coenzimas, que são reu-
tilizáveis.
(E) apenas algumas células precisam de vitami-
nas.

QUESTÃO 26
Na espécie humana, comparando-se um zigoto
com um óvulo, o zigoto
(A) tem mais cromossomos.
(A) I, II, III e IV. (B) é menor.
(B) I, III, II e IV. (C) tem mais de uma célula.
(C) II, IV, I e III. (D) é muito maior.
(D) II, I, IV e III. (E) divide-se por meiose.
(E) IV, II, III e I.
QUESTÃO 27
QUESTÃO 22 Alguns biólogos acreditam que metade das es-
A inclinação do eixo terrestre tem, como conse- pécies da Terra podem ser exterminadas neste sécu-
quência, lo. Extinções em massa já ocorreram antes, mas esta
(A) o dia de 24 horas. seria diferente pois
(B) o ano de 365 dias. (A) as espécies estão ameaçadas por uma mu-
(C) a oscilação das marés. dança climática.
(D) as estações do ano. (B) está acontecendo a uma velocidade muito
(E) os eclipses lunares. maior.
(C) uma porção muito maior da Terra será afe- 477
QUESTÃO 23 tada.
Se um mesmo objeto cair de uma altura de 10 m (D) toda a vida na Terra poderá ser extinta.
nos diferentes planetas do sistema solar, ele atingirá o (E) é muito mais gradual e difícil de se notar.
solo mais rapidamente em
(A) Mercúrio. QUESTÃO 28
(B) Marte. Algumas salamandras apresentam um fenôme-
(C) Júpiter. no chamado neotenia no qual animais sexualmente
(D) Saturno. maduros
(E) Netuno. (A) reproduzem assexuadamente.
(B) não mais se reproduzem.
QUESTÃO 24 (C) são partenogenéticos.
Várias medições sucessivas têm verificado que a (D) retêm características larvais.
camada de ozônio está ficando cada vez mais rare- (E) fazem auto-fecundação.
feita em alguns locais. A camada de ozônio é impor-
tante pois ela QUESTÃO 29
(A) reduz a incidência de chuvas ácidas. Considere os seguintes eventos: origem da agri-
(B) impede o efeito estufa. cultura, formação do planeta Terra, origem dos pri-
(C) filtra os raios ultravioleta do Sol. meiros mamíferos e origem dos primeiros tetrápodes.
(D) diminui as inversões térmicas. Em número de anos, as ordens de grandeza respecti-
(E) mantém as calotas polares. vamente usadas para os eventos são
(A) centenas, bilhões, milhões e bilhões.
QUESTÃO 25 (B) milhões, trilhões, bilhões e milhões.
A necessidade diária de carboidratos de um ho- (C) dezenas, milhões, milhares e milhões.
mem adulto é de centenas de gramas enquanto a (D) centenas, milhões, milhares e milhares.
de vitaminas é de miligramas. As vitaminas são ne- (E) milhares, bilhões, milhões e milhões.
cessárias em quantidades tão pequenas porque

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QUESTÃO 30 QUESTÃO 33
O atual Plano de Educação para a Ciência, do Discutir o desenvolvimento sustentável, analisan-
MEC, é uma iniciativa que tem, dentre seus objetivos: do soluções tecnológicas possíveis na agricultura, na
– Incentivar projetos curriculares voltados para a diminuição do lixo e no controle da poluição requer
educação científica e mudanças curriculares que in- um ensino que
corporem abordagens práticas e problematizadoras (A) considere a importância do convívio social na
das Ciências; construção de conhecimento.
– Implantar as oficinas de Ciências, Cultura e Arte (B) verifique a validade das propostas e projetos
em instituições de ensino e científicas, como espa- governamentais.
ços de ensino-aprendizagem e de formação inicial e (C) valorize o desenvolvimento econômico como
continuada de professores. gerador de igualdade social.
(D) analise criticamente o ambiente e a comuni-
Estes objetivos permitem identificar um movimen- dade escolares.
to para um ensino de ciências que prioriza (E) reconheça o impacto ambiental do desenvol-
(A) o positivismo e o processo de investigação. vimento econômico.
(B) a psicologia da instrução e o behaviorismo.
(C) o enfoque multidisciplinar e contextualizado. QUESTÃO 34
(D) a exposição de conteúdos, memorização e No ensino fundamental os conteúdos relaciona-
repetição. dos à saúde devem enfatizar
(E) o construtivismo e a experimentação. (A) os parasitas e seus vetores.
(B) a manutenção da saúde.
QUESTÃO 31 (C) os ciclos das doenças.
Os PCNs apresentam quatro grandes blocos de (D) as doenças endêmicas regionais.
conteúdos. (E) a importância da medicina alternativa.
I. Recursos tecnológicos.
II. Ser humano e saúde. QUESTÃO 35
Um dos riscos de um processo ensino-aprendiza-
III. Terra e universo.
gem contextualizado está em considerar que a sim-
IV. Ambiente.
478 ples sistematização do conhecimento cotidiano seja
suficiente para a aprendizagem. Assim, um dos pa-
Todos os ciclos do ensino fundamental devem
péis do professor de Ciências deve ser
trabalhar conteúdos dos blocos
(A) incentivar a investigação científica e o méto-
(A) I e II, apenas.
do empírico.
(B) I e III, apenas.
(B) incorporar métodos alternativos de busca de
(C) I, II e IV, apenas.
conhecimento.
(D) II e III, apenas.
(C) mostrar que a ciência encontra-se além das
(E) I, II, III e IV.
motivações históricas e sociais.
(D) discutir os limites do senso comum para expli-
QUESTÃO 32 car os fenômenos.
Segundo os PCNs, as propostas para o ensino de (E) partir do contexto em direção à busca da ver-
Ciências devem considerar dade.
(A) suas relações com a tecnologia e com as de-
mais questões sociais e ambientais. QUESTÃO 36
(B) o método científico, da maneira como é utili- Considere as características abaixo.
zado pelos cientistas. I. A importância do envolvimento ativo do aluno.
(C) a assimilação de conteúdos, para formar II. O respeito pelo aluno e por suas próprias ideias.
uma base teórica bem consolidada. III. O entendimento da ciência enquanto criação
(D) o uso do livro didático como o norteador do humana.
processo ensino-aprendizagem.
(E) a busca da verdade e de explicações incon- Aplicam-se ao construtivismo educacional as ca-
testáveis para os fenômenos naturais. racterísticas
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

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QUESTÃO 37 QUESTÃO 41
O ensino do método científico é fundamental (Uel 97) A anemia falciforme ou siclemia é uma
para o desenvolvimento de atitudes e habilidades doença hereditária que leva à formação de hemo-
que propiciem ao aluno a aquisição de uma postura globina anormal e, consequentemente, de hemácias
de questionamento. NÃO é um aspecto do método que se deformam. É condicionada por um alelo mu-
tante s. O indivíduo SS é normal, o Ss apresenta ane-
científico:
mia atenuada e o ss geralmente morre.
(A) observação.
1. Supondo populações africanas com incidência
(B) falseabilidade. endêmica de malária, onde a anemia falciforme não
(C) elaboração de hipóteses. sofra influência de outros fatores e onde novas muta-
(D) comprovação da verdade. ções não estejam ocorrendo, a freqüência do gene:
(E) descrição de um fenômeno. a) S permanece constante.
b) S tende a diminuir.
QUESTÃO 38 c) S tende a aumentar.
Com relação ao uso de imagens pelo professor d) s permanece constante.
de Ciências foram feitas as afirmações abaixo. e) s tende a aumentar
I. Neste nível deve-se explorar diversos tipos de
QUESTÃO 42
imagens, como fotografias, esquemas e mapas.
Verificou-se que empopulações de regiões onde
II. A produção de imagens pelos alunos é impor-
a malária é endêmica, os heterozigotos (Ss) são mais
tante para desenvolver a sua competência leitora. resistentes à malária do que os normais (SS). Nesse
III. As imagens devem ser apresentadas apenas caso são verdadeiras as afirmações a seguir, EXCETO:
depois do entendimento do texto. a) A malária atua como agente seletivo.
b) O indivíduo ss leva vantagem em relação ao SS.
É correto o que se afirma APENAS em c) O indivíduo Ss leva vantagem em relação ao SS.
(A) I. d) Quando a malária for erradicada, ser heterozi-
(B) II. goto deixará de ser vantagem.
(C) I e II. e) Quando a malária for erradicada, haverá mu-
(D) I e III. dança na frequência gênica da população
(E) II e III. 479
QUESTÃO 43
(Ufu 2001) De acordo com a Teoria de HardyWeim-
QUESTÃO 39 berg, em uma população em equilíbrio genético as
A concepção de educação que se relaciona ao frequências gênicas e genotípicas permanecem
método tradicional de ensino vê a escola como constantes ao longo das gerações. Para tanto, é ne-
(A) reprodutora do modelo social dominante, re- cessário que
ferendando-o. a) a população seria infinitamente grande, os cru-
(B) um dos instrumentos de transformação efetiva zamentos ocorram ao acaso e esteja isenta de fatores
da sociedade. evolutivos, tais como mutação, seleção natural e mi-
(C) modificadora das relações de produção e grações.
das diferenças entre classes sociais. b) o tamanho da população seja reduzido, os cru-
(D) uma instituição que estimula o aprofunda- zamentos ocorram ao acaso e esteja sujeita a fatores
evolutivos, tais como mutação, seleção natural e mi-
mento do pensamento crítico.
grações.
(E) necessária para a formação da cidadania,
c) a população seria infinitamente grande, os
através de uma abordagem multidisciplinar. cruzamentos ocorram de modo preferencial e esteja
isenta de fatores evolutivos, tais como mutação, sele-
QUESTÃO 40 ção natural e migrações.
(Fuvest 94) Considere uma população em que d) a população seja de tamanho reduzido, os cru-
metade dos indivíduos mantém-se heterozigota para zamentos ocorram de modo preferencial e esteja su-
um dado gene (Aa), enquanto que a outra meta- jeita a fatores evolutivos, tais como mutação, seleção
de é composta por indivíduos duplo-recessivos (aa). natural emigrações.
Nessa população a freqüência do alelo A é
a) impossível de se determinar. Respostas: 01-A / 02-D / 03-A / 04-E / 05-D / 06-A /
07-C / 08-B / 09-E / 10-E / 11-D / 12-A / 13-D / 14-A / 15-B
b) 1,00.
/ 16-D / 17-B / 18-C / 19-A / 20-E / 21-B / 22-D / 23-C /
c) 0,75.
24-C / 25-D / 26-A / 27-B / 28-D / 29-E / 30-C / 31-C /
d) 0,50.
32-A / 33-E / 34-B / 35-D / 36-E / 37-D / 38-C / 39-A / 40-E
e) 0,25.
/ 41- C / 42-B / 43- A

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

PROVA COMENTADA 2015 A análise do histórico médico revelou uma cor-


relação extremamente curiosa: apenas as mulheres
QUESTÃO 46 que antes tiveram filhos homens apresentaram mi-
Certos tipos de superfícies na natureza podem croquimerismo masculino. Essa correlação levou à
refletir luz de forma a gerar um efeito de arco-íris. interpretação de que existe uma troca natural entre
Essa característica é conhecida como iridescência células do feto e maternas durante a gravidez.
e ocorre por causa do fenômeno da interferência MUOTRI, A. Voce nao e so voce: carregamos células
maternas na maioria de nossos órgãos. Disponlvel em: http://
de película fina. A figura ilustra o esquema de uma g1.globo.com. Acesso em: 4 dez. 2012 (adaptado).
fina camada iridescente de óleo sobre uma poça
d’água. Parte do feixe de luz branca incidente (1) O princípio contestado com essa descoberta,
reflete na interface ar/óleo e sofre inversão de fase relacionado ao desenvolvimento do corpo humano,
(2), o que equivale a uma mudança de meio compri- é o de que
mento de onda. A parte refratada do feixe (3) incide a) o fenótipo das nossas células pode mudar por
na interface óleo/água e sofre reflexão sem inversão influência do meio ambiente.
de fase (4). O observador indicado enxergará aque- b) a dominância genética determina a expres-
la região do filme com coloração equivalente à do são de alguns genes.
comprimento de onda que sofre interferência com- c) as mutações genéticas introduzem variabili-
pletamente construtiva entre os raios (2) e (5), mas dade no genoma.
essa condição só é possível para uma espessura míni- d) as mitocôndrias e o seu DNA provêm do ga-
ma da película. Considere que o caminho percorrido meta materno.
em (3) e (4) corresponde ao dobro da espessura E da e) as nossas células corporais provêm de um úni-
película de óleo. co zigoto.

QUESTÃO 48
Hipóxia ou mal das alturas consiste na diminuição
de oxigênio (O2) no sangue arterial do organismo.
Por essa razão, muitos atletas apresentam mal-estar
480 (dores de cabeça, tontura, falta de ar etc.) ao prati-
carem atividade física em altitudes elevadas. Nessas
condições, ocorrerá uma diminuição na concentra-
ção de hemoglobina oxigenada (HbO2) em equilí-
brio no sangue, conforme a relação:

a)  Mal da montanha. Disponível em: www.feng.pucrs.br.


b)  Acesso em: 11 fev. 2015 (adaptado).
c)
d) λ A alteração da concentração de hemoglobina
e) 2λ oxigenada no sangue ocorre por causa do(a)
a) elevação da pressão arterial.
QUESTÃO 47 b) aumento da temperatura corporal.
c) redução da temperatura do ambiente.
Um importante princípio da biologia, relacionado
d) queda da pressão parcial de oxigênio.
à transmissão de caracteres e à embriogênese hu-
e) diminuição da quantidade de hemácias.
mana, foi quebrado com a descoberta do microqui-
merismo fetal.
QUESTÃO 49
Microquimerismo é o nome dado ao fenôme-
A indústria têxtil utiliza grande quantidade de
no biológico referente a uma pequena população
corantes no processo de tingimento dos tecidos. O
de células ou DNA presente em um indivíduo, mas
escurecimento das águas dos rios causado pelo des-
derivada de um organismo geneticamente distinto. pejo desses corantes pode desencadear uma série
Investigando-se a presença do cromossomo Y, foi re- de problemas no ecossistema aquático.
velado que diversos tecidos de mulheres continham Considerando esse escurecimento das águas, o
células masculinas. impacto negativo inicial que ocorre é o(a)

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a) eutrofização. de mundial, cruzando essa marca em 3,78 segundos.


b) proliferação de algas. Até se colocar com o corpo reto, foram 13 passadas,
c) inibição da fotossíntese. mostrando sua potência durante a aceleração, o
d) fotodegradação da matéria orgânica. momento mais importante da corrida. Ao final desse
e) aumento da quantidade de gases dissolvidos. percurso, Bolt havia atingido a velocidade máxima
de 12m/s.
QUESTÃO 50 Disponível em: http://esporte.uol.com.br Acesso em: 5
ago. 2012 (adaptado)
Em um experimento, colocou-se água até a me-
Supondo que a massa desse corredor seja igual a
tade da capacidade de um frasco de vidro e, em
90kg, o trabalho total realizado nas 13 primeiras pas-
seguida, adicionaram-se três gotas de solução al-
sadas é mais próximo de
coólica de fenolftaleína. Adicionou-se bicarbonato
a) 5,4 × 102 J.
de sódio comercial, em pequenas quantidades, até
b) 6,5 × 103 J.
que a solução se tornasse rosa. Dentro do frasco,
c) 8,6 × 103 J.
acendeu-se um palito de fósforo, o qual foi apagado d) 1,3 × 104 J.
assim que a cabeça terminou de queimar. Imediata- e) 3,2 × 104 J.
mente, o frasco foi tampado. Em seguida, agitou-se
o frasco tampado e observou-se o desaparecimento QUESTÃO 53
da cor rosa. A bomba reduz neutros e neutrinos, e abana-se
MATEUS. A. L. Química na cabeça. Belo Horizonte. UFMG,
com o leque da reação em cadeia.
2001 (adaptado)
ANDRADE C. D. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro.
A explicação para o desaparecimento da cor Aguilar, 1973 (fragmento).
rosa é que, com a combustão do palito de fósforo, Nesse fragmento de poema, o autor refere-se à
ocorreu o(a) bomba atômica de urânio. Essa reação é dita “em
a) formação de óxidos de caráter ácido. cadeia” porque na
b) evaporação do indicador fenolftaleína. a) fissão do 235U ocorre liberação de grande quan-
c) vaporização de parte da água do frasco. tidade de calor, que dá continuidade à reação.
d) vaporização dos gases de caráter alcalino. b) fissão de 235U ocorre liberação de energia, que
e) aumento do pH da solução no interior do fras- vai desintegrando o isótopo 238U, enriquecendo-o 481
co. em mais 235U.
c) fissão do 235U ocorre uma liberação de nêu-
QUESTÃO 51 trons, que bombardearão outros núcleos.
Uma pessoa abre sua geladeira, verifica o que há d) fusão do 235U com 238U ocorre formação de
dentro e depois fecha a porta dessa geladeira. Em neutrino, que bombardeará outros núcleos radioati-
seguida, ela tenta abrir a geladeira novamente, mas vos.
só consegue fazer isso depois de exercer uma força e) fusão do 235U com 238U ocorre formação de
mais intensa do que a habitual. outros elementos radioativos mais pesados, que de-
sencadeiam novos processos de fusão.
A dificuldade extra para reabrir a geladeira ocor-
re porque o (a)
QUESTÃO 54
a) volume de ar dentro da geladeira diminuiu.
A palavra “biotecnologia” surgiu no século XX,
b) motor da geladeira está funcionando com po-
quando o cientista Herbert Boyer introduziu a infor-
tência máxima.
mação responsável pela fabricação da insulina hu-
c) força exercida pelo ímã fixado na porta da ge-
mana em uma bactéria para que ela passasse a pro-
ladeira aumenta.
duzir a substância.
d) pressão no interior da geladeira está abaixo da Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em 28 jul. 2012
pressão externa. (adaptado).
e) temperatura no interior da geladeira é inferior
ao valor existente antes de ela ser aberta. As bactérias modificadas por Herbert Boyer pas-
saram a produzir insulina humana porque receberam
QUESTÃO 52 a) a sequência de DNA codificante de insulina
Uma análise criteriosa do desempenho de Usain humana.
Bolt na quebra do recorde mundial dos 100 metros b) a proteína sintetizada por células humanas.
rasos mostrou que, apesar de ser o último dos corre- c) um RNA recombinante de insulina humana.
dores a reagir ao tiro e iniciar a corrida, seus primeiros d) o RNA mensageiro de insulina humana.
30 metros foram os mais velozes já feitos em um recor- e) um cromossomo da espécie humana.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

QUESTÃO 55 QUESTÃO 57
Será que uma miragem ajudou a afundar o Ti- O aproveitamento de resíduos florestais vem se
tanic? O fenômeno ótico conhecido como Fata tornando cada dia mais atrativo, pois eles são uma
Morgana pode fazer com que uma falsa parede de fonte renovável de energia. A figura representa a
água apareça sobre o horizonte molhado. Quando queima de um bio-óleo extraído do resíduo de ma-
as condições são favoráveis, a luz refletida pela água deira, sendo ∆H1 a variação de entalpia devido à
fria pode ser desviada por uma camada incomum queima de 1 g desse bio-óleo, resultando em gás car-
de ar quente acima, chegando até o observador, bônico e água líquida, e ∆H2, a variação de entalpia
vinda de muitos ângulos diferentes. De acordo com envolvida na conversão de 1 g de água no estado
estudos de pesquisadores da Universidade de San gasoso para o estado líquido.
Diego, uma Fata Morgana pode ter obscurecido os
icebergs da visão da tripulação que estava a bordo
do Titanic. Dessa forma, a certa distância, o horizon-
te verdadeiro fica encoberto por uma névoa escu-
recida, que se parece muito com águas calmas no
escuro.
Disponível em: http://apod.nasa.gov. Acesso em: 6 set.
2012 (adaptado).

O fenômeno ótico que, segundo os pesquisado-


res, provoca a Fata Morgana é a
a) ressonância.
b) refração.
c) difração.
d) reflexão.
e) difusão.
A variação de entalpia, em kJ, para a queima
QUESTÃO 56 de 5 g desse bio-óleo resultando em CO2 (gasoso) e
482 H2O (gasoso) é:
Para proteger estruturas de aço da corrosão, a
a) –106.
indústria utiliza uma técnica chamada galvanização.
b) –94,0.
Um metal bastante utilizado nesse processo é o zin-
c) –82,0.
co, que pode ser obtido a partir de um minério de-
d) –21,2.
nominado esfalerita (ZnS), de pureza 75%. Considere
e) –16,4.
que a conversão do minério em zinco metálico tem
rendimento de 80% nesta sequência de equações
QUESTÃO 58
químicas:
Entre os anos de 1028 e 1038, Alhazen (lbn al-
-Haytham: 965-1040 d.C.) escreveu sua principal
obra, o Livro da Óptica, que, com base em experi-
mentos, explicava o funcionamento da visão e outros
aspectos da ótica, por exemplo, o funcionamento
da câmara escura. O livro foi traduzido e incorpora-
do aos conhecimentos científicos ocidentais pelos
Considere as massas molares: ZnS (97 g/mol); O2 europeus. Na figura, retirada dessa obra, é represen-
(32 g/mol); ZnO (81 g/mol); SO2 (64 g/mol); CO (28 g/ tada a imagem invertida de edificações em tecido
mol); CO2 (44 g/mol); e Zn (65 g/mol). utilizado como anteparo.
Que valor mais proximo de massa de zinco me-
tálico, em quilogramas, será produzido a partir de
100 kg de esfalerita?
a) 25
b) 33
c) 40
d) 50
e) 54

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Com base nos valores das constantes de equilí-


brio das reações II, III e IV a 25°C, qual é o valor nu-
mérico da constante de equilíbrio da reação I?
a) 4,5 x 10–26
b) 5,0 x 10–5
c) 0,8 x 10–9
Zewail, A. H. Micrographia of twenty-first century: d) 0,2 x 105
from camera obscure to 4D microscopy. Philosoph- e) 2,2 x 1026
ical Transactions of the Royal Society A v. 368, 2010
(adaptado) QUESTÃO 61
Tanto a febre amarela quanto a dengue são
Se fizermos uma analogia entre a ilustração e o doenças causadas por vírus do grupo dos arbovírus,
olho humano, o tecido corresponde ao(à) pertencentes ao gênero Fiavivirus, existindo quatro
a) íris sorotipos para o vírus causador da dengue. A trans-
b) retina missão de ambas acontece por meio da picada de
c) pupila mosquitos, como o Aedes aegypti. Entretanto, embo-
d) córnea ra compartilhem essas características, hoje somente
e) cristalino existe vacina, no Brasil, para a febre amarela e ne-
nhuma vacina efetiva para a dengue.
QUESTÃO 59 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde.
Um garoto foi à loja comprar um estilingue e en- Dengue: Instruções para pessoal de combate ao velor. Ma- 483
controu dois modelos: um com borracha mais “dura” nual de Normas Técnicas. Disponlvel em: http://portal.saude.
gov.br. Acesso em: 7 ago. 2012 (adaptado).
e outro com borracha mais “mole”. O garoto con-
cluiu que o mais adequado seria o que proporcio-
Esse fato pode ser atribuído à
nasse maior alcance horizontal, D, para as mesmas
condições de arremesso, quando submetidos à mes- a) maior taxa de mutação do vírus da febre ama-
ma força aplicada. Sabe-se que a constante elástica rela do que do vírus da dengue.
kd (do estilingue mais “duro”) é o dobro da constante b) alta variabilidade antigênica do vírus da den-
elástica km (do estilingue mais “mole”). gue em relação ao vírus da febre amarela.
A razão entre os alcances , referentes aos esti- c) menor adaptação do vírus da dengue à po-
lingues com borrachas “dura” e “mole”, respectiva- pulação humana do que do vírus da febre amarela.
mente, é igual a d) presença de dois tipos de ácidos nucleicos no
vírus da dengue e somente um tipo no vírus da febre
a) . amarela.
b) . e) baixa capacidade de indução da resposta
c) 1. imunológica pelo vírus da dengue em relação ao da
d) 2. febre amarela.
e) 4.
QUESTÃO 62
QUESTÃO 60
Vários ácidos são utilizados em indústrias que A calda bordalesa é uma alternativa emprega-
descartam seus efluentes nos corpos d’água, como da no combate a doenças que afetam folhas de
rios e lagos, podendo afetar o equilíbrio ambiental. plantas. Sua produção consiste na mistura de uma
Para neutralizar a acidez, o sal carbonato de cálcio solução aquosa de sulfato de cobre(II), CuSO4, com
pode ser adicionado ao efluente, em quantidades óxido de cálcio, CaO, e sua aplicação só deve ser
apropriadas, pois produz bicarbonato, que neutrali- realizada se estiver levemente básica. A avaliação
za a água. As equações envolvidas no processo são rudimentar da basicidade dessa solução é realizada
apresentadas: pela adição de três gotas sobre uma faca de ferro

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limpa. Após três minutos, caso surja uma mancha ainda permanece restrita a ambientes úmidos ou
avermelhada no local da aplicação, afirma-se que aquáticos, devido à manutenção de algumas ca-
a calda bordalesa ainda não está com a basicidade racterísticas fisiológicas relacionadas à água.
necessária. O quadro apresenta os valores de poten- Uma das características a que o texto se refere é
ciaispadrão de redução (E0) para algumas semirrea- a a) a reprodução por viviparidade.
ções de redução. b) respiração pulmonar nos adultos.
c) regulação térmica por endotermia.
d) cobertura corporal delgada e altamente per-
meável.
e) locomoção por membros anteriores e posterio-
res desenvolvidos.

QUESTÃO 65
Hidrocarbonetos podem ser obtidos em laborató-
rio por descarboxilação oxidativa anódica, processo
conhecido como eletrossíntese de Kolbe. Essa rea-
ção é utilizada na síntese de hidrocarbonetos diver-
MOTTA, I. S. Calda bordalesa: utilidades e preparo. Doura- sos, a partir de óleos vege tais, os quais podem ser
dos: Embrapa, 2008 (adaptado). empregados como fontes alter nativas de energia,
em substituição aos hidrocarbonetos fósseis. O es-
QUESTÃO 63 quema ilustra simplificadamente esse processo.
Em um experimento, um professor levou para a
sala de aula um saco de arroz, um pedaço de ma-
deira triangular e uma barra de ferro cilíndrica e ho-
mogênea. Ele propôs que fizessem a medição da
massa da barra utilizando esses objetos. Para isso, os
alunos fizeram marcações na barra, dividindo-a em
484 oito partes iguais, e em seguida apoiaram-na sobre a AZEVEDO. D. C.: GOULART. M. O. F. Estereosseletividade
base triangular, com o saco de arroz pendurado em
em reações eletródicas. Química Nova. n. 2. 1997 (adaptado).
uma de suas extremidades, até atingir a situação de
equilíbrio.
Com base nesse processo, o hidrocarboneto pro-
duzido na
eletrólise do ácido 3,3-dimetil-butanoico é o
a) 2,2,7,7 -tetrametil-octano.
b) 3,3,4,4-tetrametil-hexano.
c) 2,2,5,5-tetrametil-hexano.
d) 3,3,6,6-tetrametil-octano.
e) 2,2,4,4-tetrametil-hexano.

QUESTÃO 66
Nessa situação, qual foi a massa da barra obtida A definição de queimadura é bem ampla, po-
pelos rém, basicamente, é a lesão causada pela ação
alunos? direta ou indireta produzida pela transferência de
a) 3,00 kg calor para o corpo. A sua manifestação varia des-
b) 3,75 kg de bolhas (flictenas) até formas mais graves, capazes
c) 5,00 kg de desencadear respostas sistêmicas proporcionais à
d) 6,00 kg gravidade da lesão e sua respectiva extensão. Mui-
e)15,00 kg
tas vezes, os primeiros socorros prestados à vítima, ao
invés de ajudar, acabam agravando ainda mais a
QUESTÃO 64
situação do paciente.
Os anfíbios representam o primeiro grupo de ver- Disponlvel em: www.bombeiros-bm.rs.gov.br.Acesso em:
tebrados que, evolutivamente, conquistou o ambien-
28 tev. 2012 (adaptado).
te terrestre. Apesar disso, a sobrevivência do grupo

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Ao se deparar com um indivíduo que sofreu quei- tação é manter as plantas com suas raízes suspensas
madura com formação de flictena, o procedimento em meio líquido, de onde retiram os nutrientes essen-
de primeiros socorros que deve ser realizado antes de ciais. Suponha que um produtor de rúcula hidropô-
encaminhar o paciente ao hospital é nica precise ajustar a concentração de íon nitrato
a) colocar gelo sobre a flictena para amenizar o (NO3–) para 0,009 mol/L em um tanque de 5000 litros
ardor. e, para tanto, tem em mãos uma solução comercial
b) utilizar manteiga para evitar o rompimento da nutritiva de nitrato de cálcio 90 g/L.
flictena. As massas molares dos elementos N, O e Ca são
c) passar creme dental para diminuir a ardência iguais a 14 g/mol, 16 g/mol e 40 g/mol, respectiva-
da flictena. mente.
d) perfurar a flictena para que a água acumula- Qual o valor mais próximo do volume da solução
da seja liberada. nutritiva, em litros, que o produtor deve adicionar ao
e) cobrir a flictena com gazes molhadas para evi- tanque?
tar a desidratação. a) 26
b) 41
QUESTÃO 67 c) 45
As altas temperaturas de combustão e o atrito d) 51
entre suas peças móveis são alguns dos fatores que e) 82
provocam o aquecimento dos motores à combustão
interna. Para evitar o superaquecimento e conse- QUESTÃO 70
quentes danos a esses motores, foram desenvolvidos Algumas raças de cães domésticos não conse-
os atuais sistemas de refrigeração, em que um fluido guem copular entre si devido à grande diferença em
arrefecedor com seus tamanhos corporais. Ainda assim, tal dificuldade
propriedades especiais circula pelo interior do reprodutiva não ocasiona a formação de novas es-
motor, absorvendo o calor que, ao passar pelo radia- pécies (especiação).
dor, é transferido para a atmosfera. Essa especiação não ocorre devido ao(a)
Qual propriedade o fluido arrefecedor deve pos- a) oscilação genética das raças.
suir para b) convergência adaptativa entre raças.
cumprir seu objetivo com maior eficiência? c) isolamento geográfico entre as raças. 485
a) Alto calor específico. d) seleção natural que ocorre entre as raças.
b) Alto calor latente de fusão. e) manutenção do fluxo gênico entre as raças.
c) Baixa condutividade térmica.
d) Baixa temperatura de ebulição. QUESTÃO 71
e) Alto coeficiente de dilatação térmica. O ar atmosférico pode ser utilizado para armaze-
nar o excedente de energia gerada no sistema elétri-
QUESTÃO 68 co, diminuindo seu desperdício, por meio do seguinte
Pesticidas são substâncias utilizadas para pro- processo: água e gás carbônico são inicialmente re-
mover o controle de pragas. No entanto, após sua movidos do ar atmosférico e a massa de ar restante é
aplicação em ambientes abertos, alguns pesticidas resfriada até –198°C. Presente na proporção de 78%
organoclorados são arrastados pela água até lagos dessa massa de ar, o nitrogênio gasoso é liquefeito,
e rios e, ao passar pelas guelras dos peixes, podem ocupando um volume 700 vezes menor. A energia
difundir-se para seus tecidos lipídicos e lá se acumu- excedente do sistema elétrico é utilizada nesse pro-
larem. cesso, sendo parcialmente recuperada quando o
A característica desses compostos, responsável nitrogênio líquido, exposto à temperatura ambiente,
pelo processo descrito no texto, é o(a) entra em ebulição e se expande, fazendo girar tur-
a) baixa polaridade. binas que convertem energia mecânica em energia
b) baixa massa molecular. elétrica.
c) ocorrência de halogênios. MACHADO, R. Disponível em www.correiobraziliense.com.
d) tamanho pequeno das moléculas. br Acesso em: 9 set. 2013 (adaptado).
e) presença de hidroxilas nas cadeias.
No processo descrito, o excedente de energia
QUESTÃO 69 elétrica é armazenado pela
A hidroponia pode ser definida como uma técni- a) expansão do nitrogênio durante a ebulição.
ca de produção de vegetais sem necessariamente b) absorção de calor pelo nitrogênio durante a
a presença de solo. Uma das formas de implemen- ebulição.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

c) realização de trabalho sobre o nitrogênio du- Em um mesmo organismo, a diferenciação des-


rante a liquefação. sas células ocorre por
d) retirada de água e gás carbônico da atmosfe- a) produzirem mutações específicas.
ra antes do resfriamento. b) possuírem DNA mitocondrial diferentes.
e) liberação de calor do nitrogênio para a vizi- c) apresentarem conjunto de genes distintos.
nhança durante a liquefação. d) expressarem porções distintas do genoma.
e) terem um número distinto de cromossomos.
QUESTÃO 72
Alimentos em conserva são frequentemente ar-
QUESTÃO 75
mazenados em latas metálicas seladas, fabricadas
Para obter a posição de um telefone celular, a
com um material chamado folha de flandres, que
polícia baseia-se em informações do tempo de res-
consiste de uma chapa de aço revestida com uma
posta do aparelho em relação às torres de celular
fina camada de estanho, metal brilhante e de difí-
da região de onde se originou a ligação. Em uma
cil oxidação. É comum que a superfície interna seja
região, um aparelho está na área de cobertura de
ainda revestida por uma camada de verniz à base
cinco torres, conforme o esquema.
de epóxi, embora também existam latas sem esse re-
vestimento, apresentando uma camada de estanho
mais espessa.
SANTANA. V. M. S. A leitura e a quimica das substâncias.
Cadernos PDE. Ivaiporã
Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED);
Universidade Estadual de Londrina, 2010 (adaptado).

Comprar uma lata de conserva amassada no su-


permercado é desaconselhável porque o amassado
pode
a) alterar a pressão no interior da lata, promoven-
do a degradação acelerada do alimento.
b) romper a camada de estanho, permitindo a
corrosão do ferro e alterações do alimento.
486 c) prejudicar o apelo visual da embalagem, ape-
sar de não afetar as propriedades do alimento.
d) romper a camada de verniz, fazendo com que
o metal tóxico estanho contamine o alimento. Considerando que as torres e o celular são pun-
e) desprender camadas de verniz, que se dissol- tiformes e que estão sob o mesmo plano, qual o nú-
verão no meio aquoso, contaminando o alimento. mero mínimo de torres necessárias para se localizar a
posição do telefone celular que originou a ligação?
QUESTÃO 73 a) Uma.
Ao ouvir uma flauta e um piano emitindo a mes- b) Duas.
ma nota musical, consegue-se diferenciar esses ins- c) Três.
trumentos um do outro. Essa diferenciação se deve d) Quatro.
principalmente ao(a) e) Cinco.
a) intensidade sonora do som de cada instrumen-
to musical.
b) potência sonora do som emitido pelos diferen- QUESTÃO 76
tes instrumentos musicais. Muitos estudos de síntese e endereçamento de
c) diferente velocidade de propagação do som proteínas utilizam aminoácidos marcados radioativa-
emitido por cada instrumento musical mente para acompanhar as proteínas, desde fases
d) timbre do som, que faz com que os formatos iniciais de sua produção até seu destino final. Esses
das ondas de cada instrumento sejam diferentes. ensaios foram muito empregados para estudo e ca-
e) altura do som, que possui diferentes frequên- racterização de células secretoras.
cias para diferentes instrumentos musicais. Após esses ensaios de radioatividade, qual gráfi-
co representa a evolução temporal da produção de
QUESTÃO 74 proteínas e sua localização em uma célula secreto-
O formato das células de organismos pluricelula- ra?
res é extremamente variado. Existem células discoi-
des, como é o caso das hemácias, as que lembram
uma estrela, como os neurônios, e ainda algumas
alongadas, como as musculares.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a) QUESTÃO 77

Um carro solar é um veículo que utiliza apenas a


energia solar para a sua locomoção. Tipicamente, o
carro contém um painel fotovoltaico que converte a
energia do Sol em energia elétrica que, por sua vez,
alimenta um motor elétrico. A imagem mostra o carro
solar Tokai Challenger, desenvolvido na Universidade
de Tokai, no Japão, e que venceu o World Solar Chal-
lenge de 2009, uma corrida internacional de carros
solares, tendo atingido uma velocidade média aci-
b) ma de 100 km/h.

c)

Disponível em: www.physics.hku. Acesso em: 3 jun. 2015.

Considere uma região plana onde a insolação 487


(energia solar por unidade de tempo e de área que
chega à superfície da Terra) seja de 1 000 W/m2, que
o carro solar possua massa de 200 kg e seja construí-
do de forma que o painel fotovoltaico em seu topo
tenha uma área de 9,0 m2 e rendimento de 30%.
d) Desprezando as forças de resistência do ar, o
tempo que esse carro solar levaria, a partir do repou-
so, para atingir a velocidade de 108 km/h é um valor
mais próximo de
a) 1,0s.
b) 4,0 s.
c) 10 s.
d) 33 s.
e) 300 s.

QUESTÃO 78
e) Euphorbia mili é uma planta ornamental ampla-
mente disseminada no Brasil e conhecida como co-
roa-de-cristo.
O estudo químico do látex dessa espécie forne-
ceu o mais potente produto natural moluscicida, a
miliamina L.
MOREIRA. C. P. s.; ZANI. C. L.; ALVES, T. M. A. Atividade
moluscicida do látex de Synadenium carinatum boiss.
(Euphorbiaceae) sobre Biomphalaria glabrata e isolamen-
to do constituinte majoritário. Revista Eletrônica de Farmácia.
n. 3. 2010 (adaptado).

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O uso desse látex em água infestada por hospe- “O circuito deve ser tal que as tomadas e a lâm-
deiros intermediários tem potencial para atuar no pada devem estar submetidas à tensão nominal da
controle da rede elétrica e a lâmpada deve poder ser ligada ou
a) dengue. desligada por um interruptor sem afetar os outros dis-
b) malária. positivos” — pensou.
c) elefantíase. Símbolos adotados:
d) ascarídiase.
e) esquistossomose.

QUESTÃO 79
A química verde permite o desenvolvimento tec-
nológico com danos reduzidos ao meio ambiente, e a)
encontrar rotas limpas tem sido um grande desafio.
Considere duas rotas diferentes utilizadas para a ob-
tenção de ácido adípico, um insumo muito importan-
te para a indústria têxtil e de plastificantes.

b)

488

c)
LENARDAO, E.J. et al. Greon chemistry - Os doze Princípios
da Química Verde e sua inserção nas atividades de ensino e
pesquisa.
Química Nova n.1 2003 (adaptado).
Que fator contribui positivamente para que a se-
gunda rota de síntese seja verde em comparação à
primeira?
a) Etapa única na síntese.
b) Obtenção do produto puro.
c) Ausência de reagentes oxidantes.
d) Ausência de elementos metálicos no processo.
e) Gasto de energia nulo na separação do pro-
duto.

QUESTÃO 80
Um estudante, precisando instalar um compu-
tador, um monitor e uma lâmpada em seu quarto,
verificou que precisaria fazer a instalação de duas
tomadas e um interruptor na rede elétrica. Decidiu
esboçar com antecedência o esquema elétrico.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

d) QUESTÃO 82
Uma garrafa térmica tem como função evitar a
troca de calor entre o líquido nela contido e o am-
biente, mantendo a temperatura de seu conteúdo
constante. Uma forma de orientar os consumidores
na compra de uma garrafa térmica seria criar um
selo de qualidade, como se faz atualmente para in-
formar o consumo de energia de eletrodomésticos.
O selo identificaria cinco categorias e informaria a
variação de temperatura do conteúdo da garrafa,
depois de decorridas seis horas de seu
e) fechamento, por meio de uma porcentagem do
valor inicial da temperatura de equilíbrio do líquido
na garrafa.
O quadro apresenta as categorias e os intervalos
de variação percentual da temperatura.

QUESTÃO 81
Normalmente, as células do organismo humano
realizam a respiração aeróbica, na qual o consumo
de uma mólecula de glicose gera 38 moléculas de
ATP. Contudo em condições anaeróbicas, o consu-
mo de uma mólecula de glicose pelas células é ca- Para atribuir uma categoria a um modelo de gar- 489
paz de gerar apenas duas moléculas de ATP. rafa térmica, são preparadas e misturadas, em uma
garrafa, duas amostras de água, uma a 10°C e outra
a 40°C, na proporção de um terço de água fria para
dois terços de água quente. A garrafa é fechada.
Seis horas depois, abrese a garrafa e mede-se a tem-
peratura da água, obtendo-se 16°C.
Qual selo deveria ser posto na garrafa térmica
testada?
a) A
b) B
c) C
d)D
e) E

QUESTÃO 83
A cariotipagem é um método que analisa células
de um indivíduo para determinar seu padrão cromos-
Qual curva representa o perfil de consumo de
sômico.
glicose, para manutenção da homeostase de uma
Essa técnica consiste na montagem fotográfica,
célula que inicialmente está em uma condição
em sequência, dos pares de cromossomos e permite
anaeróbica e é submetida a um aumento grandual
identificar um indivíduo normal (46, XX ou 46, XY) ou
de concentração de oxigênio?
com alguma alteração cromossômica. A investiga-
a) 1
ção do cariótipo de uma criança do sexo masculino
b) 2
com alterações morfológicas e comprometimento
c) 3
cognitivo verificou que ela apresentava fórmula ca-
d) 4
riotípica 47, XY, +18.
e) 5

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A alteração cromossômica da criança pode ser As funções orgânicas que caracterizam os fero-
classificada como mônios de trilha e de alarme são, respectivamente,
a) estrutural, do tipo deleção. a) álcool e éster.
b) numérica, do tipo euploidia. b) aldeído e cetona.
c) numérica, do tipo poliploidia. c) éter e hidrocarboneto.
d) estrutural, do tipo duplicação. d) enol e ácido carboxílico.
e) numérica, do tipo aneuploidia. e) ácido carboxílico e amida.

QUESTÃO 84 QUESTÃO 86
Durante uma expedição, um grupo de estudan- O permanganato de potássio (KMnO4) é um
tes perdeuse de seu guia. Ao longo do dia em que agente oxidante forte muito empregado tanto em
esse grupo estava perdido, sem água e debaixo de nível laboratorial quanto industrial. Na oxidação de
sol, os estudantes passaram a sentir cada vez mais alcenos de cadeia normal, como o 1-fenil-1-prope-
sede. no, ilustrado na figura, o KMnO4 é utilizado para a
Consequentemente, o sistema excretor desses in- produção de ácidos carboxílicos.
divíduos teve um acréscimo em um dos seus proces-
sos funcionais.
Nessa situação o sistema excretor dos estudantes
a) aumentou a filtração glomerular.
b) produziu maior volume de urina.
c) produziu urina com menos ureia.
d) produziu urina com maior concentração de
sais.
e) reduziu a reabsorção de glicose e aminoáci-
dos.

QUESTÃO 85 Os produtos obtidos na oxidação do alceno re-


Uma forma de organização de um sistema bioló- presentado, em solução aquosa de KMnO4, são:
490 a) Ácido benzoico e ácido etanoico.
gico é a presença de sinais diversos utilizados pelos
indivíduos para se comunicarem. No caso das abe- b) Ácido benzoico e ácido propanoico.
lhas da espécie Apis mellifera, os sinais utilizados po- c) Ácido etanoico e ácido 2-feniletanoico.
dem ser feromônios. Para saírem e voltarem de suas d) Ácido 2-feniletanoico e ácido metanoico.
colmeias, usam um feromônio que indica a trilha per- e) Ácido 2-feniletanoico e ácido propanoico.
corrida por elas (Composto A). Quando pressentem
o perigo, expelem um feromônio de alarme (Com- QUESTÃO 87
posto B), que serve de sinal para um combate coleti- O nitrogênio é essencial para a vida e o maior
vo. O que diferencia cada um desses sinais utilizados reservatório global desse elemento, na forma de N2,
pelas abelhas são as estruturas e funções orgânicas é a atmosfera. Os principais responsáveis por sua in-
dos feromônios. corporação na matéria orgânica são microrganis-
mos fixadores de N2, que ocorrem de forma livre ou
simbiontes com plantas.
ADUAN, R. E. et aI. Os grandes ciclos biogeoquímicos do
planeta. Planaltina: Embrapa, 2004 (adaptado).

Animais garantem suas necessidades metabóli-


cas desse elemento pela
a) absorção do gás nitrogênio pela respiração.
b) ingestão de moléculas de carboidratos vege-
tais.
c) incorporação de nitritos dissolvidos na água
consumida.
d) transferência da matéria orgânica pelas ca-
deias tróficas.
QUADROS, A. L. Os feromônios e o ensino de química. e) protocooperação com microrganismos fixado-
Química Nova na Escola, n. 7, maio 1998 (adaptado). res de nitrogênio.

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Ciências da Natureza e suas Tecnologias

QUESTÃO 88 Essa técnica considera dois processos de separa-


A radiação ultravioleta (UV) é dividida, de acor- ção de misturas, sendo eles, respectivamente,
do com três faixas de frequência, em UV-A, UV-B e a) flotação e decantação.
UV-C, conforme a figura. b) decomposição e centrifugação.
c) floculação e separação magnética.
d) destilação fracionada e peneiração.
e) dissolução fracionada e magnetização.

QUESTÃO 90
A soda cáustica pode ser usada no desentupi-
mento de encanamentos domésticos e tem, em sua
composição, o hidróxido de sódio como principal
Para selecionar um filtro solar que apresente ab- componente, além de algumas impurezas. A soda
sorção máxima na faixa UV-B, uma pessoa analisou normalmente é comercializada na forma sólida, mas
os espectros de absorção da radiação UV de cinco que apresenta aspecto “derretido” quando exposta
filtros solares:
ao ar por certo período.
O fenômeno de “derretimento” decorre da
a) absorção da umidade presente no ar atmos-
férico.
b) fusão do hidróxido pela troca de calor com o
ambiente.
c) reação das impurezas do produto com o oxi-
gênio do ar.
d) adsorção de gases atmosféricos na superfície
do sólido.
e) reação do hidróxido de sódio com o gás nitro-
gênio presente no ar.
491
RESOLUÇÃO

Considere: QUESTÃO 46
velocidade da luz = 3,0 x 108 m/s e 1 nm = 1,0 x Como a reflexão na interface óleo/água ocorreu
10–9 m. sem inversão de fase (dado no texto) e a reflexão na
O filtro solar que a pessoa deve selecionar é o interface ar/óleo ocorreu com inversão de fase (tam-
a) V bém dado no texto), isso implica uma defasagem de
b) IV π rad entre os raios (2)e (5).
c) III Por outro lado, há uma defasagem por diferença
d) II de caminhos entre os raios (2)e (5).
e) I O caminho do raio que penetra no óleo, e sofre
reflexão na interface óleo/água, é mais extenso de
QUESTÃO 89 uma distância 2E.
Um grupo de pesquisadores desenvolveu um mé- Para que ocorra interferência construtiva (refor-
todo imples, barato e eficaz de remoção de petró- ço), a diferença de caminhos deve provocar uma
leo contaminante na água, que utiliza um plástico outra defasagem de π rad e, portanto:
produzido a partir do líquido da castanha-de-caju 2E = → E =
(LCC). A composição química do LCC é muito pa- RESPOSTA “A”
recida com a do petróleo e suas moléculas, por suas
características, interagem formando agregados com
QUESTÃO 47
o petróleo. Para retirar os agrega dos da água, os
O principio contestado e o de que as nossas cé-
pesquisadores misturam ao LCC nanopartículas mag-
lulas corporais provem de um único zigoto. O texto
néticas.
KIFFER, D. Novo método para remoção de petróleo usa
revela o fato de que mulheres, que tiveram filhos ho-
óleo de mamona e castanha-de-caju. Disponivel em: www. mens, podem apresentar o cromossomo y em diver-
faperj.br.Acessoem: 31 jul. 2012 (adaptado). sos tecidos.
RESPOSTA “E”

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QUESTÃO 48 QUESTÃO 53
Quanto maior a altitude de uma região, menor Na bomba atômica de urânio, ocorre uma rea-
e a pressão parcial de oxigênio, o ar e rarefeito e, ção “em cadeia” com a fissão do 235U, liberando
consequentemente, a saturação da oxiemoglobina nêutrons, que bombardeiam outros núcleos.
diminui, ocasionando os sintomas características da A equação simplificada do processo é:
Hipóxia.
RESPOSTA “D”

QUESTÃO 49
O escurecimento das águas provoca uma redu- RESPOSTA “C”
ção na taxa de fotossíntese.
RESPOSTA “C” QUESTÃO 54
As bactérias transgênicas modificadas por Her-
QUESTÃO 50 bert Boyer passaram a produzir o hormônio regulador
Ao adicionar fenolftaleína na solução aquosa de da glicemia porque receberam a sequência de DNA
bicarbonato de sódio, a cor ficou rosa devido a hi- codificante de insulina humana.
drolise do NaHCO3 que produz meio básico. RESPOSTA “A”
HCO–3 (aq) + HOH⇆H2CO3 (aq) + OH– (aq)
A combustão do palito de fósforo produz óxidos QUESTÃO 55
ácidos como CO2 e SO2. O fenômeno citado ocorre depois que a luz sofre
A reação química que ocorre entre o CO2 e a sucessivas refrações com subsequente reflexão total.
água presente no meio pode ser representada da No esquema abaixo, representamos uma situa-
seguinte forma: ção análoga à proposta.
CO2 (g) + H2O (l) ⇆H2CO3 (aq) ⇆H+ (aq) + HCO–3
(aq)
Desta forma, ocorre a formação de íons H+ (aq),
o que resulta em um meio acido, condição em que
a fenolftaleína se torna incolor em solução aquosa.
492 RESPOSTA “A”

QUESTÃO 51
O ar confinado no interior da geladeira é resfriado
a volume constante, o que produz redução na T = temperatura (aumenta com a altitude)
pressão desse ar. n = índice absoluto de refração (diminui com a
Com isso, a pessoa, para abrir novamente a altitu de)
geladeira, deve exercer uma força capaz de vencer Na ocorrência da Fata Morgana os fenômenos
a força resultante proveniente da diferença entre as óticos envolvidos são a refração da luz na atmosfera
forças de pressão do ar externo e interno. e a reflexão.
Resposta “D” Não há como priorizar a importância de um de-
les, de modo que as opções d e b são possíveis.
QUESTÃO 52 A banca examinadora do ENEM optou pela al
O trabalho total realizado é medido pela variação ternativa b.
da energia cinética do atleta: RESPOSTA “B”

QUESTÃO 56
Cálculo da massa de ZnS na amostra:

Resposta “B”

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Cálculo da massa de Zn com rendimento de 80%: QUESTÃO 58


As figuras abaixo estabelecem uma analogia en-
tre a câmara escura e o olho humano, em que o te-
cido corresponde à retina.

RESPOSTA “C”

QUESTÃO 57

RESPOSTA “B”

QUESTÃO 58
1) Conservação da energia mecânica na trans-
formação de energia elástica em cinética:

493

O alcance horizontal D é dado por:


RESPOSTA “C”

Para a mesma força F e mesmas condições de


lança mento de projéteis de mesma massa, o alcan-
ce D é inversamente proporcional à constante elásti-
ca da borracha do estilingue.

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Para avaliar a basicidade dessa solução adicio-


nam-se três gotas sobre uma faca de ferro limpa. O
aparecimento de uma mancha avermelhada no lo-
cal de aplicação na faca indica que a calda borda-
lesa ainda não está com a basicidade necessária. A
equação química que representa a reação de for-
mação da mancha avermelhada é:

Resposta “B”

QUESTÃO 60 É a única reação espontânea fornecida nas al-


Para obter a equação I, devemos inverter a equa- ternativas, pois a diferença de potencial é maior que
ção II e manter as equações III e IV e depois somar. zero.
A constante de equilíbrio da equação I será o
produto das constantes de equilíbrio

Resposta “E”

QUESTÃO 63
As forças atuantes na barra são:
494

Resposta “B”

QUESTÃO 61
A obtenção de uma vacina capaz de propiciar
uma eficaz resposta imunológica, depende principal- Para o equilíbrio rotacional em relação ao polo
mente da ausência da variabilidade antigênica do (O), temos:
vírus.

Resposta “B”

QUESTÃO 62
A calda bordalesa é uma mistura aquosa de sul-
fato de cobre (II) com óxido de cálcio. O óxido de
cálcio é um óxido básico produzindo hidróxido de
cálcio em meio aquoso.

Resposta “E”

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QUESTÃO 64
A sobrevivência do grupo dos anfíbios permane-
ce restrita a ambientes úmidos ou aquáticos porque
sua cobertura corporal é delgada, pouco queratini-
zada e altamente permeável.
Resposta “D”

QUESTÃO 65 Massa de Ca(NO3)2 que deve estar presente em


Hidrocarbonetos podem ser obtidos por descar- 5000L do tanque:
boxilação oxidativa anódica, segundo a reação:

Com base nesse processo, o hidrocarboneto pro- Como cada litro da solução nutritiva contém 90 g
duzido na eletrólise do ácido 3,3 – dimetilbutanoico de Ca(NO3)2, temos:
é:

Resposta “B”

Resposta “C” QUESTÃO 70


Apesar de algumas raças de cães não conse-
QUESTÃO 66 guirem copular diretamente, elas pertencem a uma
O procedimento de primeiros socorros que deve mesma espécie, porque podem manter o fluxo gêni- 495
ser realizado é a cobertura das bolhas (flictenas) com co com cães pertencentes a raças com característi-
gazes molhadas, para evitar a desidratação. cas intermediárias.
Resposta “E” Resposta “E”

QUESTÃO 67 QUESTÃO 71
O líquido de arrefecimento do motor deve ter alto No processo descrito, o excedente de energia
calor específico sensível para absorver muito ca- elétrica é armazenado pela realização de trabalho
lor e variar pouco sua temperatura, evitando-se o ris- sobre o nitrogênio durante a liquefação.
co de ocorrer-lhe a ebulição. Essa energia armazenada é devida ao trabalho
Resposta “A” que é realizado para liquefazer o nitrogênio. Essa
energia será usada para girar as turbinas que conver-
QUESTÃO 68
tem energia mecânica em energia elétrica.
A característica desses compostos, responsável
Resposta “C”
pelo processo descrito no texto, é a baixa polarida-
de, por isso esses compostos se dissolvem nos tecidos
QUESTÃO 72
lipídicos (apolares) dos peixes.
Comprar uma lata de conserva amassada no su-
Resposta “A”
permercado é desaconselhável porque o amassado
pode romper a camada de estanho permitindo a
QUESTÃO 69
corrosão do ferro e alterações do alimento.
Dissolução do nitrato de cálcio em água:

Cálculo da massa de nitrato de cálcio para pro-


Resposta “B”
duzir 0,009 mol de íons nitrato em 1 L do tanque
Massa molar do Ca(NO3)2 =
= (40 + 2 x 14 + 6 x 16) g/mol = 164 g/mol

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QUESTÃO 73
A mesma nota musical emitida pela flauta e pelo
piano, supostamente com a mesma intensidade,
será diferenciada pelo timbre associado a cada som.
Para cada uma dessas duas ondas sonoras, haverá
uma forma da onda característica, que dependerá
do número e intensidade dos harmônicos que acom
panham o som fun da mental.

Nessa situação, ainda continuamos com uma in-


determinação, pois o celular poderá estar nas posi-
ções P1 e P2.
Para, finalmente, determinarmos a posição exata
do aparelho celular, iremos precisar de uma terceira
antena, conforme o esquema.

Resposta “D”

QUESTÃO 74
Em um mesmo organismo, a diferenciação celu-
lar ocorre por expressão de porções distintas de seu
genoma.
Resposta “D”
496
QUESTÃO 75
Como temos o tempo de resposta do aparelho
em relação à torre e sabemos que a velocidade da
onda eletromagnética é constante, podemos deter-
minar a distância do celular em relação à antena.

Concluímos, então, que são necessárias, no míni-


mo, 3 antenas para determinarmos a posição única
P em que se encontra o aparelho celular.
Dessa maneira, sabemos que o celular se encon- Resposta “C”
tra em uma circunferência de raio d com centro nes-
ta antena, portanto, em posição ainda indetermina- QUESTÃO 76
da. A aplicação de aminoácidos marcados radioati
Para duas antenas, podemos ter o seguinte es- vamente em células secretoras de proteínas permite
quema: acompanhar essas moléculas desde sua síntese no
retículo endoplasmático rugoso (5 min); o transporte
e concentração no complexo golgiense (10 min) e
sua embalagem em vesículas de secreção (15 min).
O gráfico que mostra a evolução temporal e a locali-
zação das proteínas marcadas em uma célula secre-
tora está relacionado na alternativa c.
Resposta “C”

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QUESTÃO 77 QUESTÃO 79
1) Cálculo da potência total: • A química verde permite o desenvolvimento
tecnológico com danos reduzidos ao meio ambien-
te.
• Três fatores muito importantes a serem conside-
rados são:
– Uso de fontes renováveis ou recicláveis.
– Aumento da eficiência de energia ou utilização
de menos energia para produzir a mesma ou maior
quantidade de produto.
– Evitar o uso de substâncias persistentes, bioacu-
mulativas e tóxicas.
2) Cálculo da potência útil: O fator que contribui positivamente para que a
segunda rota de síntese, seja verde em comparação
à primeira é ocorrer em uma única etapa.
A temperatura necessária para a ocorrência da
segunda reação é inferior, não gera subproduto tó-
xico e não utiliza substância corrosiva no processo.
• A redução do tempo total da reação, ocorrên-
cia de uma única etapa, é um fator importante que
3) Cálculo do trabalho realizado: dife rencia o primeiro processo (marrom) do segundo
(verde).
Resposta “A”

QUESTÃO 80
As duas tomadas devem ficar em paralelo e tal
que a chave não as desligue. A lâmpada deverá
estar em série com a chave e esse conjunto deverá
estar em paralelo com as tomadas. 497

4) Cálculo do tempo gasto:

O circuito acima é equivalente ao mostrado na


alternativa E.
Resposta “E”

QUESTÃO 81
Em condições anaeróbicas o consumo de glico-
Resposta “D” se é alta porque ocorre, apenas, a produção de 2
ATP. O aumento progressivo na concentração de O2
QUESTÃO 78 reduz o consumo de glicose uma vez que a célula
O hospedeiro intermediário da esquistossomose passa a produzir mais ATP (38 moléculas).
(barriga d’água) é um caramujo (molusco). Resposta “E”
A miliamina , como diz o enunciado, é um molus-
cicida, produto que pode matar moluscos. QUESTÃO 82
Resposta “E” I. Cálculo da temperatura de equilíbrio térmico
no momento em que as duas porções de água são
misturadas.

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A função orgânica que carcteriza o feromônio de


alarme quando pressentem o perigo (composto B) é:

II. Determinação percentual da variação relativa


da temperatura depois de 6h.
Resposta “A”

QUESTÃO 86
A oxidação do composto 1-fenil-1-propeno, na
presença de permanganato de potássio (KMnO4)
produz ácidos carboxílicos, segundo a equação:

III. A garrafa térmica considerada deve ser classi


Ficada na categoria D, já que a variação térmica se
situa entre 40% e 55%.
Resposta “D”
Resposta “A”
QUESTÃO 83
O cariótipo citado apresenta uma variação no QUESTÃO 87
número de autossomos, que se caracteriza pela pre- O nitrogênio é obtido pelos animais, ingerindo
sença de um cromossomo 18 extra. É classificada matéria orgânica nitrogenada, através das cadeias
498 como mutação numérica do tipo aneuploidia. alimentares (tróficas).
Resposta “E” Resposta “D”

QUESTÃO 84 QUESTÃO 88
O sistema excretor dos estudantes aumentou a (I) Cálculo dos comprimentos de onda associa-
produção do ADH, hormônio anti-diurético, que ele- dos às frequências limítrofes do UV-B.
vou a reabsorção de água nos túbulos renais, produ-
zindo uma urina com maior concentração de sais e,
menor volume líquido.
Resposta “D”

QUESTÃO 85
A função orgânica que carcteriza o feromônio
que indica a trilha percorrida pelas abelhas (com-
posto A) é:

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(II) Os comprimentos de onda calculados reme-


tem, no gráfico dado, à curva correspondente ao
filtro solar IV, que apresenta absorção máxima entre
290 nm e 340 nm.
Resposta “B”

QUESTÃO 89
A adição do plástico gera a floculação com o
petróleo. Esse agregado (plástico + petróleo) é retira-
do por separação magnética, em função da intera-
ção do campo magnético externo com as nanopar-
tículas magnéticas presentes no plástico.
Resposta “C”

QUESTÃO 90
O hidróxido de sódio (NaOH) é um composto hi-
groscópico, ou seja, possui a capacidade de reter
vapor d’água da atmosfera.
A intensidade de absorção é tamanha, que se
forma água líquida, a qual dissolve parcialmente o
composto, gerando
Resposta “A”.

499

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