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FÍSICA
FUNDAMENTAL I
Mônica Mª. Machado Ribeiro Nunes de Castro
Maria de Nazaré Bandeira dos Santos
Ministério da Educação - MEC
Universidade Aberta do Brasil - UAB
Universidade Federal do Piauí - UFPI
Universidade Aberta do Piauí - UAPI
Centro de Educação Aberta e a Distância - CEAD
FÍSICA FUNDAMENTAL I
C.D.D. - 530
A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é das autoras. O conteúdo desta obra foi licenciado
temporária e gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através
da UFPI. O leitor se compromete a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a
reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. A citação desta obra em trabalhos
acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. A cópia deste obra sem autorização
expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sansões previstas no
Código Penal.
Estudar Física é participar da aventura de “conhecer” a natureza
ou, mais simplesmente, de compreender os mecanismos pelos quais a
percebemos. Ao iniciar esta aventura, como qualquer outra, devemos
estar motivados não apenas para tirar proveito do que outros fizeram,
mas também para assumir um papel participativo, para o qual devemos
estar preparados.
Pensando dessa forma, elaboramos este texto que integra os
recursos instrucionais da disciplina Física Fundamental I, do Curso
de Licenciatura em Química na modalidade a distância, oferecido
pela Universidade Federal do Piauí, e tem como objetivo proporcionar
fundamentos teóricos para o estudo da Física, necessários às atividades
acadêmicas e profissionais.
O conteúdo aqui apresentado, abrangendo mecânica, ondulatória
e termologia, está distribuído em oito unidades que correspondem às
unidades do plano de ensino da disciplina. Em cada uma delas, além dos
textos que exploram os conteúdos e das atividades de aprendizagem,
sempre que necessário, foram inseridas seções complementares.
A Unidade 1, introduz a física como uma ciência de natureza
experimental e trata de conceitos básicos como grandezas físicas,
padrões de unidades e medidas físicas. Na Unidade 2, especificaremos
as grandezas vetoriais e abordaremos as operações básicas com vetores:
soma vetorial pelos métodos gráfico e analítico e produtos vetoriais.
A cinemática da partícula é objeto da Unidade 3 em que, partindo
das definições de posição, velocidade e aceleração, descreveremos
os movimentos uni, bi e tridimensionais. A Unidade 4 traz o estudo
da dinâmica da partícula. Nela exporemos as Leis de Newton para o
movimento e desenvolveremos várias de suas aplicações. Em seguida
trataremos de trabalho e energia, assunto da Unidade 5 em nosso Curso.
Primeiramente, abordamos o trabalho realizado por forças constantes
e por forças variáveis, enunciaremos o Teorema do Trabalho-Energia e
definiremos potência; em seguida, após discutirmos o conceito de energia
potencial, sistemas conservativos e não conservativos, enunciaremos o
Princípio da Conservação da Energia.
A hidrostática é o assunto da Unidade 6. Nela discutiremos os
estados da matéria, conceitos básicos como pressão e densidade;
apresentaremos os princípios de Pascal e de Arquimedes e suas
aplicações e abordaremos o fenômeno da tensão superficial. Na Unidade
7 introduzimos os conceitos básicos da ondulatória, estudaremos
as ondas progressivas e ondas harmônicas simples, o Princípio da
Superposição e as ondas estacionárias. Por último, na Unidade 8,
iniciamos com a descrição dos sistemas termodinâmicos, definiremos
temperatura e equilíbrio térmico, estudaremos termometria, dilatação
térmica e finalizaremos com noções básicas sobre calor.
Para concluir, chamamos atenção de todos que fizerem uso
deste texto para o fato de que seu estudo não se esgota aqui. Você deve
procurar sempre outras fontes de consulta para aprofundamento, pois
este é um texto introdutório. Isto se refere tanto ao texto em si, como aos
exercícios, atividades e problemas a serem resolvidos. Não guarde suas
dúvidas, discuta-as sempre com seus colegas e, principalmente, com
seu tutor.
UNIDADE 2
37 VETORES
O que são vetores? 39
Operações básicas com vetores 41
Produtos de vetores 48
UNIDADE 3
57 CINEMÁTICA DA PARTÍCULA
Introdução 59
Descrição geral do movimento de uma partícula 61
Movimento de uma partícula com velocidade constante 76
Movimento de uma partícula com aceleração constante 78
Movimentos combinados 86
UNIDADE 4
91 DINÂMICA DA PARTÍCULA
Aristóteles explica o movimento 93
Ptolomeu e o movimento do sol 94
Copérnico e o movimento da Terra 95
Galileu e a torre inclinada 95
Newton e as leis do movimento dos corpos 96
UNIDADE 5
111 TRABALHO E ENERGIA
Os conceitos de trabalho e energia 113
Trabalho de uma força constante 113
Trabalho resultante 116
Trabalho de uma força variável 117
Trabalho e energia cinética 122
Potência 125
Forças conservativas e forças não conservativas 126
Energia potencial 129
Conservação da energia mecânica 131
Forças não conservativas e energia mecânica 134
O Princípio da Conservação da Energia 134
Aplicações 135
UNIDADE 6
143 HIDROSTÁTICA
Estados físicos da matéria 145
Fluidos: conceitos básicos 146
Princípio geral da hidrostática 149
Princípio de Pascal 153
Princípio de Arquimedes 154
Tensão superficial 155
UNIDADE 7
159 MOVIMENTO ONDULATÓRIO
Ondas: conceituação 161
Tipos de ondas 161
Ondas progressivas 163
Princípio da superposição e interferência 170
Ondas estacionárias 172
Ressonância 174
UNIDADE 8
177 TEMPERATURA E CALOR
Descrição de sistemas termodinâmicos 179
Temperatura e equilíbrio térmico 179
Medição da temperatura 181
Dilatação térmica 185
Calor 189
Transferência de calor 193
UNIDADE 01
Medidas Físicas
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes Castro
10 UNIDADE 01
MEDIDAS FÍSICAS
O QUE É FÍSICA?
FÍSICA FUNDAMENTAL I 11
que hoje fundamentam nossa cultura. Inicialmente, a filosofia natural
abrangia todos os estudos a respeito dos fenômenos naturais
observáveis. Porém, pouco a pouco, com a expansão e sistematização
dos conhecimentos adquiridos, foram surgindo diversas divisões,
baseadas nas especificidades dos objetos de estudo e nos métodos
empregados.
12 UNIDADE 01
• FÍSICA MODERNA - inicia com os trabalhos de Einstein,
publicados na primeira década do século XX, e propicia
transformações conceituais radicais com a expansão dos limites
de nossa percepção do mundo, no âmbito do infinitamente
pequeno dos constituintes da matéria ao infinitamente grande
do espaço cósmico. Surgem aqui sérios questionamentos
sobre a possibilidade de uma descrição completa e coerente
da natureza.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 13
estudos de assuntos correlatos da Física com a Química, a Biologia,
a Economia, por exemplo, surgiram a Físico-química, a Biofísica, a
Econofísica. E assim é com muitas outras ciências. Neste sentido, pode-
se mesmo entender que a ciência é uma só.
14 UNIDADE 01
permitam uma fácil medição direta das grandezas, ou seja, que sejam
acessíveis.
Quadro 1.1 - Sistemas de Unidades
Um sistema de unidades físicas reúne Mecânicas
unidades geométricas, cinemáticas, dinâmicas,
térmicas, eletromagnéticas e óticas. Por razões
históricas e/ou técnicas, existem sistemas de
unidades físicas específicas, como por exemplo, os
chamados Sistemas de Unidades Mecânicas. Estes
utilizam como unidades fundamentais apenas as
unidades geométricas, cinemáticas e dinâmicas.
De acordo com o tipo de unidades escolhidas
como fundamentais, os sistemas de unidades
mecânicas são classificados em LMT e LFT, onde
são representados em termos dimensionais,
simbolicamente, o comprimento por L, a massa
por M, o tempo por T e a força por F. Os sistemas
do tipo LMT, também denominados de inerciais ou
físicos, usam o comprimento, a massa e o tempo
como grandezas fundamentais, enquanto os do
tipo LFT, também denominados de gravitacionais ou técnicos, usam o
comprimento, a força e o tempo. São apresentados no Quadro 1.1 alguns
sistemas de unidades mecânicas.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 15
como independentes sob o ponto de vista dimensional, são: o metro,
o quilograma, o segundo, o ampère, o kelvin, o mol e a candela. Ver
Quadro 1.2.
16 UNIDADE 01
expressões algébricas, que relacionam as grandezas correspondentes
utilizando símbolos matemáticos de multiplicação e divisão. O Quadro
1.3 traz exemplos de unidades derivadas.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 17
Quadro 1.4) e que entre as unidades de base do SI, por motivos históricos,
a unidade de massa, o quilograma, é a única cujo nome contém prefixo.
Neste caso, os nomes dos múltiplos e submúltiplos
Quadro 1.4 – Prefixos SI decimais são formados pelo acréscimo dos prefixos à
palavra “grama”.
Diante da necessidade do emprego de certas
unidades que não fazem parte do SI, mas que estão
amplamente difundidas no seio da sociedade, como o
minuto (min), a hora (h) e o litro (L), o CIPM reconhece
o seu uso, recomendando apenas que a combinação
destas unidades para formar unidades compostas
não deve ser praticada senão em casos limitados, de
modo a não perder as vantagens da coerência das
unidades SI. Existem também algumas unidades que
são admitidas temporariamente, como o angstron (Å)
o are (a) e, ainda, unidades cujos valores em unidades
SI têm que ser obtidos experimentalmente, não sendo
exatamente conhecidos, como o elétron-volt (eV) e a
unidade unificada de massa atômica (u).
18 UNIDADE 01
o comprimento de onda da luz vermelho-laranja emitida por átomos de
Criptônio (86Kr) em um tubo de descarga luminescente. Atualmente o
metro é definido com base na velocidade da luz no vácuo.
O padrão de massa, o quilograma, definido como a massa de um
cilindro de platina-irídio feito em 1887 e mantido até hoje no BIPM, não
tem sofrido alterações.
O padrão de tempo, o segundo, também tem sofrido alterações.
Até a década de 1960 era medido com base no dia solar médio, intervalo
de tempo entre duas passagens sucessivas do Sol pelo meridiano de um
lugar, do ano de 1900. Em 1967, foi redefinido em função da precisão dos
relógios atômicos.
→
onde ∆x denota variação na posição e ∆t denota variação de
FÍSICA FUNDAMENTAL I 19
tempo. Quando as unidades de velocidade, espaço percorrido e tempo
são dadas em um mesmo sistema (coerente) de unidades, temos k=1.
Sendo assim, vê-se que é aconselhável escrever sempre as unidades
das grandezas envolvidas em uma equação em um mesmo sistema, de
modo a evitar o aparecimento de constantes de proporcionalidade.
Análise Dimensional
Quadro 1.5 – Símbolos dimensionais das
grandezas fundamentais O conceito de dimensão de uma
grandeza está relacionado à natureza física da
grandeza. É o que a distingue aquela grandeza
perante as outras. Por exemplo, seja medida em
centímetros ou em quilômetros, uma distância
é sempre uma distância, sua dimensão é
comprimento; a duração de um evento, medida
em segundos ou em minutos é sempre uma
duração e sua dimensão é tempo; etc.
Por outro lado, para calcularmos a área
de uma figura plana temos que multiplicar um
comprimento por outro comprimento. Por ser a
medida da área o produto de dois comprimentos,
dizemos que ela tem dimensões de comprimento
vezes comprimento, isto é, comprimento ao
quadrado. Por exemplo, a área de um retângulo
cujos lados são A e B é dada pelo produto A.B;
a dimensão desta área, se representarmos a
dimensão dos comprimentos A e B por L, é dada
por L2.
A ideia de dimensão exposta acima pode ser estendida a outras
grandezas. É costume representar as dimensões das grandezas físicas
fundamentais por símbolos dimensionais específicos, conforme o Quadro
1.5 e, particularmente, as dimensões das grandezas mecânicas em
termos do comprimento (L), da massa (M) e do tempo (T), que são as
grandezas fundamentais para os sistemas de unidades mecânicas.
As grandezas derivadas podem ser expressas por uma constante
que multiplica potências das grandezas fundamentais. Estas potências
são chamadas de dimensões das grandezas em questão. A equação
que relaciona o símbolo dimensional de uma grandeza com os símbolos
dimensionais das grandezas de que a primeira depende é denominada
20 UNIDADE 01
de Equação Dimensional da grandeza considerada.
Por exemplo, se a grandeza G é definida em função das grandezas
A, B e C, podemos escrever
[G] = [A]a [B]b [C]c (1.2)
Atenção!
FÍSICA FUNDAMENTAL I 21
22 UNIDADE 01
Encontramos então a = ½ e b = - ½ .
Logo, podemos escrever a equação:
T= k L1/2 g -1/2
ou .
ou
onde,
ou seja,
MEDIDAS FÍSICAS
FÍSICA FUNDAMENTAL I 23
os reproduzamos para novos estudos.
Medida física: definição e tipos
24 UNIDADE 01
utilizado na medição e têm como características aparecerem
em todas as medidas feitas, ocorrerem sempre num mesmo
sentido e conservarem o mesmo valor. Exemplos: atraso ou
adiantamento ao acionar um cronômetro; erro por deficiência
de visão; utilização de uma escala em temperatura diferente
daquela em que a mesma foi aferida. Os erros pessoais
podem ser evitados substituindo-se o observador humano
por um mecânico, ou elétrico, ou fotoelétrico etc.; os erros
instrumentais podem ser evitados fazendo-se tabelas ou
curvas de correção; e os erros oriundos do método podem ser
calculados, o que possibilita a correção dos resultados.
• Erros acidentais ou aleatórios - decorrem de causas
imprevisíveis ou desconhecidas. Não podem ser evitados.
Exemplo: uma alteração momentânea da corrente elétrica
ocasionando uma mudança temporária das características do
instrumento.
Medição direta
FÍSICA FUNDAMENTAL I 25
série de medidas. Neste caso, o valor medido é expresso pela média
aritmética dos valores obtidos, ou seja, o resultado →que apresentamos
é o chamado valor mais provável ou valor médio ( x ) do conjunto de
medidas, as quais devem merecer a mesma confiança.
→
Assim, considerando os valores x1, x2,..., xn para n medidas
efetuadas, o valor mais provável ( x ) é dado por:
(1.3)
Ao apresentarmos o resultado de
_ uma série de medidas, podemos
explicitar o seu índice de precisão (estimativa de erro) de várias formas.
Aqui apresentamos o desvio médio ( d ) e o desvio padrão (σ), tomado
quando o número de medidas é muito grande. Estes índices são definidos
através dos desvios individuais de cada resultado da medida e a escolha
de um ou de outro é feita em função do grau de precisão requerido.
, onde i = 1, 2, . . ., n. (1.5)
• Desvio padrão ( σ ):
, onde i = 1, 2, . . ., n. (1.6)
26 UNIDADE 01
Em qualquer dos casos, ao apresentar o resultado da medida
devemos sempre usar apenas algarismos significativos, além de
incluir a estimativa de erro cometido no processo. De modo geral, para
obtermos o número de algarismos significativos do valor mais provável,
consideramos primeiramente o desvio médio ou o desvio padrão com
apenas um algarismo significativo; deste teremos o número de algarismos
significativos que deverá ter o valor médio da grandeza.
Apresentamos a seguir outras definições importantes:
• Desvio absoluto - diferença entre o valor medido e o valor
exato (o valor mais provável) da grandeza medida, tomada em
módulo. _
d i= | x i − x | (1.9)
• Desvio relativo - quociente do erro absoluto pelo valor exato
da grandeza medida._
|xi−x|
dRi = _ (1.10)
x
• Desvio relativo porcentual - erro relativo expresso em
porcentagem.
dR%= dRi .100 (1.11)
• Desvio médio relativo ou desvio relativo parcial ( δP ) - obtido
pela relação entre o desvio médio e o valor médio da grandeza
medida.
(1.12)
FÍSICA FUNDAMENTAL I 27
Sejam as medidas das grandezas G1 e G2 dadas por
_ _
G1 = G1 ± d1 e G2 = G2 ± d2 .
Em operações de:
ADIÇÃO - somamos os valores médios das grandezas e também
os desvios médios. _ _
GSOMA = ( G1 + G2 ) ± ( d1 + d2 ) (1.13)
_ _
SUBTRAÇÃO - subtraímos os valores médios das grandezas e
somamos os desvios médios.
GDIFERENÇA = (G1 − G2 ) ± ( d + d ) (1.14)
28 UNIDADE 01
Vemos na escala do instrumento de medida, a régua centimetrada,
que o objeto com certeza tem 5, cm mas, se apresentarmos o resultado
como sendo 5 cm, sabemos que estamos cometendo um erro, pois
a medida é um pouco maior. Para minimizar este erro usualmente
tomamos uma estimativa da fração restante fazendo uma interpolação,
ou seja, imaginando que entre as divisões da escala existam subdivisões
decimais. Deste modo, podemos estimar o resultado como 5,3 cm ou
5,4 cm. Em qualquer caso o erro absoluto máximo cometido não excede
a metade da menor divisão da escala, o centímetro. Assim, na medida
de comprimento do objeto, o dígito 5 é isento de dúvida pois foi lido no
instrumento, ou seja, a dúvida ou incerteza da medida está na avaliação
do dígito correspondente à fração avaliada da menor divisão da escala.
Definimos então algarismos significativos de uma medida os
algarismos corretos lidos no instrumento de medida, e o primeiro
algarismo duvidoso obtido por estimativa do observador.
Assim, de acordo com esta definição, o resultado da medição
mostrada na Figura 1.4 pode ser expresso como
L = ( 5,3 ± 0,5 ) cm,
onde 0,5 cm é o desvio avaliado.
Da definição acima se depreende que um algarismo significativo
é um algarismo diretamente relacionado com o processo de medição
tendo, pois, um significado físico. E ainda, que o número de algarismos
significativos que podemos obter em uma medição depende do grau de
precisão do instrumento de medida.
Embora existam sérias divergências entre os autores quanto à
interpretação deste assunto, na determinação do número de algarismos
significativos de uma medida, seguiremos as seguintes regras:
1. todo algarismo diferente de zero é significativo;
2. zero entre algarismos significativos ou à direita de algarismos
significativos é algarismo significativo;
3. zero à esquerda do primeiro algarismo diferente de zero não é
algarismo significativo;
4. a potência de 10 não é contada como algarismo significativo.
Exemplos:
• 34,60 m tem quatro algarismos significativos;
• 0,0025 cm tem dois algarismos significativos;
• 509 g tem três algarismos significativos;
• 8,0910 dg tem cinco algarismos significativos;
FÍSICA FUNDAMENTAL I 29
• 3,7 x 104 km tem dois algarismos significativos.
Calculando a média aritmética das medidas obtidas encontramos
30 UNIDADE 01
o valor mais provável ou valor médio.
10
1 57
L
n
L
i 1
i
10
5,7
É bom lembrar!
FÍSICA FUNDAMENTAL I 31
5,18 m 5,2 m
7,959 mm 8,0 mm
32 UNIDADE 01
1. Conceitue ou comente:
a) física;
b) grandeza física.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 33
b) v = vo + at 2, onde v e vo são velocidades, a é aceleração e t é tempo.
34 UNIDADE 01
a) o valor mais provável da medição efetuada;
b) a menor divisão da régua utilizada;
c) o desvio médio da medição;
d) o desvio médio relativo;
e) o desvio padrão da medição;
f) o resultado da série de medidas.
16. As medidas dos lados de um retângulo são dadas por: A = (30,3 ± 0,3)
cm e B = (20,8 ± 0,1) cm. Determine para esse retângulo:
a) a diferença dos lados;
b) a área.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 35
36 UNIDADE 02
UNIDADE 02
Vetores
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes Castro
FÍSICA FUNDAMENTAL I 37
38 UNIDADE 02
VETORES
FÍSICA FUNDAMENTAL I 39
vetorial usamos a mesma letra dada ao vetor que a representa, grafada
em itálico, sem negrito e sem a flecha. São utilizadas também barras
verticais laterais, como segue.
Módulo de a = a = I I (2.1)
Dizemos que:
• são paralelos os vetores que possuem mesma direção e
sentido;
• são antiparalelos os vetores que possuem mesma direção e
sentidos contrários;
• são iguais os vetores que têm mesmo módulo, mesma direção
e mesmo sentido.
Atenção!
O vetor nulo é aquele que tem módulo zero e direção e sentido
indeterminados.
40 UNIDADE 02
OPERAÇÕES BÁSICAS COM VETORES
FÍSICA FUNDAMENTAL I 41
Você pode observar (e demonstrar!) que a adição vetorial é
comutativa e também associativa, ou seja, podemos fazer:
a+b=b+a (2.2)
e
(a+b)+c=a+(b+c) (2.3)
Podemos, ainda, estabelecer a diferença entre dois vetores
e (veja Figura 2.4). Fazemos isso somando o primeiro vetor com o
vetor negativo do segundo:
a−b=a+ (−b) (2.4)
Componentes de um vetor
Figura 2.4 –
Subtração de vetores
Os vetores também podem ser representados através de seus
componentes relativos a um determinado sistema de coordenadas. Por
simplicidade, aqui usaremos o sistema cartesiano de coordenadas para
fazê-lo.
Posicionamos, no sistema cartesiano, os eixos x e y no plano da
página; deste modo, o eixo z, perpendicular ao plano da página, estará
apontando para fora desta. Tomamos o vetor no plano xy com início na
origem O dos eixos, fazendo um ângulo θ com o eixo Ox das abcissas,
como na Figura 2.5. Construindo retas perpendiculares aos eixos
coordenados que passam pela extremidade do vetor , determinamos,
nos eixos Ox e Oy, as quantidades vx e vy, projeções do vetor nestes
eixos, chamadas de componentes do vetor .
Reflita!
42 UNIDADE 02
Como ficariam os componentes de vetores localizados no segundo,
no terceiro e no quarto quadrantes dos eixos cartesianos?
2 2
vx vy
v = (2.6)
e vy
tg θ = . (2.7)
vx
v = vx + vy (2.8)
FÍSICA FUNDAMENTAL I 43
Pela figura podemos ver que o vetor B forma com o eixo +Ox o
ângulo de 135º. Assim podemos escrever:
3 Para o vetor D
O ângulo formado entre o vetor D e o eixo +Ox é 60º, porém
este ângulo é medido no sentido negativo do eixo Oy. Então, devemos
escrever:
44 UNIDADE 02
Figura 2.7 – Componentes dos vetores A, B e S (A + B).
FÍSICA FUNDAMENTAL I 45
do seu deslocamento total. Fazendo um diagrama em escala para os
deslocamentos efetuados, podemos encontrar o deslocamento resultante
R, do portão ao tesouro, dado pela soma vetorial dos deslocamentos A, B
e C, e medir seu módulo e o ângulo que faz com o eixo +Ox.
y
Então, podemos escrever:
46 UNIDADE 02
calculamos o ângulo que o deslocamento resultante faz com o eixo +Ox.
Ry (−5,2)
Θ = arctg = arctg = − 49º
Rx (+ 4,5)
Vetores unitários
A = A x i + Ay j + A z k (2.14)
B = B xi + B yj + B zk (2.15)
S=A +B =
= A x i + Ay j + A z k + B x i + B y j + B z k =
= (Ax + Bx)i + (Ay + By)j + (Az + Bz)k =
= S x i + S y j + S zk (2.16)
sendo:
Sx = Ax + Bx ;
Sy = Ay + By ; (2.17)
Sz = Az + Bz
FÍSICA FUNDAMENTAL I 47
Multiplicação de um escalar por um vetor
3A
PRODUTOS DE VETORES
48 UNIDADE 02
resultado é uma grandeza vetorial.
Produto escalar
B cos A
Figura 2.10 – Representação do produto escalar.
Reflita!
O produto escalar obedece à lei comutativa da multiplicação.
Assim temos:
A∙B=B∙A
Como você poderia demonstrar essa igualdade?
Pela Figura 2.10 você pode notar que A ∙ B pode ser interpretado
como sendo o produto do módulo do vetor A pelo componente do vetor
B paralelo ao vetor A. E ainda, como o produto do módulo do vetor B
pelo componente do vetor A paralelo ao vetor B. Deste modo podemos
escrever:
A ∙ B = A (B cos θ) = B (A cos θ)
Observe que este produto é um número positivo, negativo ou nulo,
dependendo do ângulo θ. Quando θ é um ângulo entre 0º e 90º o produto
escalar é positivo; quando é um ângulo entre 90º e 180º o produto escalar
FÍSICA FUNDAMENTAL I 49
é negativo; e quando θ é igual a 90º, ou seja, os vetores são ortogonais,
o produto escalar é zero.
Quando os componentes dos vetores são conhecidos, podemos
calcular o produto escalar A ∙ B diretamente. Veja como é feito.
Atenção!
Várias grandezas físicas são definidas como o produto escalar de
duas outras grandezas, dentre elas o trabalho realizado por uma força.
de modo que,
A ∙ B = AxBx + AyBy + AzBz (2.21)
Produto vetorial
Figura 2.11 - Representação
do produto vetorial.
O produto vetorial de dois vetores A e B, também chamado produto
externo, é representado por A x B. A Figura 2.11 mostra dois vetores
quaisquer A e B desenhados com início em um mesmo ponto, situados
50 UNIDADE 02
em um mesmo plano. Definimos o produto vetorial A x B como uma
grandeza vetorial C perpendicular ao plano dos vetores A e B, portanto
perpendicular tanto ao vetor A quanto ao vetor B, que tem módulo dado
por
C = A B sen θ (2.22)
e sentido dado pela Regra da mão direita, também representada na
Figura 2.11.
Atenção!
O torque e o momento angular são grandezas físicas definidas por
um produto vetorial.
Para seguir esta regra imagine uma rotação do primeiro vetor (A)
em torno de um eixo ortogonal ao plano que contém os vetores, indicada
pelos dedos mínimo, anular, médio e indicador da mão direita, até que
ele se superponha ao segundo vetor (B) no sentido do menor ângulo
entre eles. O dedo polegar, então, indicará o sentido de A x B.
Geometricamente, podemos observar que o módulo do produto
vetorial de dois vetores pode ser interpretado como sendo o produto
entre o módulo de um vetor e o componente do outro vetor na direção
perpendicular à direção do primeiro. No caso aqui mostrado, A x B, temos
o módulo do vetor A multiplicado pelo componente do vetor B na direção
perpendicular à direção de A; ou ainda, o módulo do vetor B multiplicado
pelo componente do vetor A na direção perpendicular à direção de B.
Observe que para determinar o sentido do vetor B x A, que tem o
mesmo módulo e direção do vetor A x B, você deve fazer uma rotação de
B para A. Você vai obter então um vetor no sentido oposto ao do vetor A
x B. Isso significa que o produto vetorial não é comutativo, de modo que:
A x B = − B x A. (2.23)
Quando os vetores forem dados em termos de seus componentes
ortogonais, podemos calcular o produto vetorial diretamente. Desta forma
temos:
A x B = (Ax i + Ay j + Az k) x ( Bx i + By j + Bz k)
= Ax i x Bx i + Ax i x By j + Ax i x Bz k
+ Ay j x B x i + Ay j x B y j + Ay j x B z k
+ Az k x Bx i + Az k x By j + Az k x Bz k
= A xB x i x i + A xB y i x j + A xB z i x k
+ Ay B x j x i + Ay B y j x j + Ay B z j x k
+ A zB x k x i + A zB y k x j + A zB z k x k
FÍSICA FUNDAMENTAL I 51
onde:
i x i = j x j = k x k = 0 (vetor nulo) (2.24)
e
i x j = − j x i = k
j x k = − k x j = i (2.25)
k x i = − i x k = j
Assim, podemos escrever:
A x B = A x B y k − A x B z j − Ay B x k + Ay B z i + A z B x j − A z B y i
= (AyBz − AzBy) i + (AzBx − AxBz) j + (AxBy − AyBx) k (2.26)
i j k
A x B = Ax A y A z (2.27)
Bx B y Bz
52 UNIDADE 02
do produto vetorial A x B e a regra da mão direita para determinar seu
sentido. Assim temos:
C = A B sen60º = 4.3( 3 /2) = 6. 3 unidades
De acordo com a regra da mão direita, o sentido de C é o sentido
de +Oz. Então:
C = A x B = 6. 3 k
6. 2º método
Escrevemos primeiramente os componentes dos vetores A e B:
Ax = 4 ; Ay = 0 ; Az = 0 ;
Bx = B cos60º = 3(1/2) = 1,5
By = B sen60º = 3( 3 /2)
Bz = 0
A ∙ B = A B cos θ
e
A ∙ B = A x B x + Ay B y + A z B z
FÍSICA FUNDAMENTAL I 53
Exemplo 2.7 – Determine o ângulo entre os vetores A = 2 i – j +5 k e
B = i + 3 j – 3 k dados no Exemplo 2.5.
54 UNIDADE 02
1. Conceitue ou comente:
a) vetor;
b) grandeza física vetorial.
2. O que você entende por:
a) vetor resultante;
b) componentes de um vetor;
c) vetores componentes;
d) vetores unitários;
e) produto escalar de dois vetores;
f) produto vetorial de dois vetores.
3. Faça uma pesquisa e cite pelo menos duas grandezas físicas definidas
através do:
a) produto de um escalar por um vetor;
b) produto escalar de dois vetores; e
c) produto vetorial de dois vetores.
4. Utilizando uma escala de 1 unidade para 0,5 cm, represente os
seguintes vetores:
a) A ➔ módulo de 3 unidades e sentido nordeste;
b) B ➔ módulo de 5 unidades e sentido de sul para norte;
c) C ➔ módulo de 8 unidades e sentido de leste para oeste;
d) D ➔ módulo de 2 unidades e sentido de noroeste para sudeste;
e) E ➔ módulo de 4 unidades e sentido de oeste para leste.
5. Considere um vetor qualquer V com módulo diferente de zero.
a) Calcule o módulo, a direção e o sentido do vetor dado por V/V.
b) Se θ é o ângulo entre V e o eixo +Ox, determine (V/V) • i
Considere os vetores dados na figura abaixo, para as questões de 6 a 9.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 55
6. Use diagramas em escala para determinar:
a) a soma vetorial A + B;
b) a diferença vetorial B – A;
c) a diferença vetorial 2 A – B + C.
7. Use o método das componentes para determinar o módulo, a direção
e o sentido dos vetores:
a) A + B;
b) B – A;
c) 2 A – B + C.
8. Escreva cada um dos vetores indicados na figura em termos dos
vetores unitários i e j.
9. Para os vetores indicados na figura determine os produtos:
a) A • B;
b) B • C;
c) A x B (módulo, direção e sentido);
d) B x A (módulo, direção e sentido);
e) A x C (módulo, direção e sentido);
f) A x (B x C) (módulo, direção e sentido).
10. Sejam os vetores U = –2i + 3j + 4 k e V = 3 i + j – 3 k. Determine:
a) o módulo de cada vetor;
b) uma expressão para a diferença vetorial U – V, usando vetores unitários;
c) o ângulo entre os dois vetores.
Atenção!
Procure resolver mais exercícios e problemas sobre esse
conteúdo. Para isso, procure os livros referenciados no próximo item.
56 UNIDADE 02
UNIDADE 03
Cinemática da Partícula
Maria de Nazaré Bandeira dos Santos
58 UNIDADE 02
CINEMÁTICA DA PARTÍCULA
SAIBA MAIS!
INTRODUÇÃO
Começaram o
estudo sobre
Desde a mais remota Antiguidade, o homem preocupou-se em movimentos:
explicar os fenômenos que a natureza punha à sua frente. O movimento Aristóteles (384
dos corpos foi o alvo das primeiras atenções. Aristóteles, Arquimedes, a 322 a. C.) foi
Ptolomeu, Copérnico, Galileu, Kepler, Newton e Einstein são alguns dos um dos mais
importantes filósofos
grandes expoentes que contribuíram para a evolução dos conhecimentos da Antiguidade,
estudados pela Mecânica. Assim, a Mecânica é um dos mais antigos dedicando-se
ramos da Física que tem como objeto de estudo o movimento e o também à política,
repouso dos corpos. Mas veja que a Mecânica, mais precisamente a à crítica e à ética.
Particularmente na
Mecânica Clássica, estuda o movimento dos corpos, sem levar em conta
Física, sua obra
os movimentos microscópicos que acontecem no seu interior, tais como, refere-se ao estudo
oscilações de núcleos atômicos e movimentos de elétrons. Por exemplo, dos movimentos,
a Mecânica estuda o movimento de um automóvel numa estrada, no incluindo o dos
corpos celestes.
entanto, não se preocupa com a agitação dos átomos e moléculas da
Arquimedes (287-
estrutura do automóvel. 212 a. C.) foi
Por conveniência didática, o estudo da Mecânica é dividido em considerado o pai da
três partes: Cinemática, Estática e Dinâmica. ciência mecânica.
A Cinemática é a parte da Mecânica que trata do repouso e do Ptolomeu (87-150
d.C.) foi um grande
movimento, apenas descrevendo-os, isto é, sem considerar as causas astrônomo grego
que determinam o estado de repouso ou as características do estado da Antiguidade;
de movimento. As grandezas físicas envolvidas neste estudo são as desenvolveu um
fundamentais, comprimento e tempo, e as derivadas destas, tais como modelo para o
mundo no qual a
posição, deslocamento, velocidade e aceleração.
Terra ocupava o
A Estática é a parte da Mecânica que investiga o equilíbrio dos centro, modelo esse
corpos sujeitos a forças, portanto, trata-se das forças aplicadas às que predominou até
massas. o início do século
XVI.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 59
Copérnico (1473-1543) Foi um grande astrônomo, matemático, sacerdote,
diplomata, médico e economista. Em seu livro: Sobre as Revoluções dos Corpos
Celestes, apresentou a Teoria Heliocêntrica, que proporcionou uma visão
completamente nova do universo.
Galileu (1564 - 1642) fez sucessivos aperfeiçoamentos na luneta, então recém-
inventada na Holanda. Com o uso deste instrumento, Galileu fez observações
astronômicas, o que lhe ajudou a defender o Modelo Heliocêntrico.
Newton (1642 - 1727) promoveu o início de uma verdadeira revolução na
ciência física, ao formular as três leis básicas da mecânica, isto é, os princípios
fundamentais que são usados até hoje para analisar o movimento dos corpos.
Reflita!
O estudo dos fenômenos mecânicos é um dos pilares da
compreensão física da natureza, pois o movimento está presente em todos
os fenômenos, de alguma forma. Relembre alguns desses fenômenos.
60 UNIDADE 03
Sabemos da experiência diária que, uma bola, por exemplo, ao
se deslocar (movimento de translação), pode também girar em torno de
seu próprio eixo (movimento de rotação) ou mesmo vibrar. Entretanto, se
considerarmos a bola como uma partícula, estas complicações poderão
ser evitadas. Matematicamente, uma partícula é tratada como um ponto,
um objeto sem dimensões, de tal maneira que rotações e vibrações não
estão envolvidas em seu movimento, mas apenas translações.
Na realidade, um objeto sem dimensões não existe na natureza,
entretanto, mesmo que um corpo seja muito grande, em um problema
particular, ele poderá sempre ser considerado como constituído de um
grande número de partículas. Se estas partículas fazem parte de uma
estrutura rígida que constitui o corpo, o estudo do movimento de uma das
partículas substitui o estudo do movimento de translação do corpo como
um todo. E assim, um corpo não precisa ser "pequeno", para ser tratado
como partícula.
Por outro lado, mesmo que o corpo apresente outros movimentos
além do de translação, em uma dada situação particular, desprezando
estes movimentos este corpo pode ser considerado uma partícula.
Outra análise bastante comum, feita ao se considerar um corpo como
partícula, é a que considera as dimensões do corpo em estudo, realmente
desprezíveis, comparadas com as dimensões envolvidas no problema,
por exemplo, no estudo do movimento da Terra em torno do Sol, as
dimensões destes astros comparadas com as distâncias que os separa
são tais que podemos considerá-los como partículas, e podemos, sem
erro apreciável, descobrir muitas coisas sobre o movimento do Sol e dos
planetas.
O modelo físico de partículas tem uma implicação que contribui
para sua simplicidade, a de reduzir os movimentos do corpo, apenas
para o de translação, pois uma partícula possui apenas movimento
de translação. Observe que um carrinho descendo um plano inclinado
satisfaz este requisito, ou seja, pode ser estudado satisfatoriamente por
este modelo, no entanto, uma roda-gigante não satisfaz esta exigência,
pois um ponto da periferia da roda move-se diferentemente de um ponto
de seu eixo.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 61
movimentos dos corpos, tais como os conceitos de posição, referencial,
trajetória, deslocamento, caminho percorrido, velocidades e acelerações.
Estes conceitos, como já vimos, constituem a base da Cinemática, e são
gerais, válidos para todo tipo de movimento.
Reflita!
Podemos generalizar o conceito de referencial, como um conjunto
indeformável de sólidos dotados de um sistema de eixos coordenados
mutuamente ortogonais, orientados por seus respectivos vetores
unitários, e um relógio. Dê exemplos de corpos em movimento com seus
respectivos referenciais.
62 UNIDADE 03
Figura 3.1: A posição da lâmpada está definida em relação ao referencial Oxyz no
canto inferior esquerdo.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 63
Figura 3.2: Movimento de translação de um objeto (corpo rígido) no referencial
O’x’y’z’ em relação ao referencial Oxyz.
64 UNIDADE 03
em relação a um referencial Oxyz, se as coordenadas Ox’, Oy’ e Oz’
supostas rigidamente ligadas à taça descreverem trajetórias circulares
em torno da origem O’, denominado centro de rotação.
O movimento mais geral de um corpo rígido é, contudo, uma
combinação dos movimentos de translação e rotação, pois normalmente
o corpo gira enquanto translada, veja o movimento da taça na Fig. 3.4.
Trajetória
FÍSICA FUNDAMENTAL I 65
veja Fig. 3.6b;
- movimento parabólico: quando a trajetória é uma
parábola, veja Fig. 3.6c;
- movimento elipsoidal: quando a trajetória é uma
elipse, veja Fig. 3.6d;
- movimento helicoidal ou espiralado: quando a
trajetória é uma espiral, veja Fig. 3.6e;
- movimento cicloidal: quando a trajetória é uma
cicloide, veja Fig. 3.6f.
Reflita!
Sobre exemplos reais de movimentos que podem ilustrar os
diferentes tipos de trajetórias que acabamos de discutir.
66 UNIDADE 03
aceleração.
r1 = x 1i + y 1j + z 1k
e (3.1)
r2 = x 2i + y 2j + z 2k
FÍSICA FUNDAMENTAL I 67
onde temos o vetor deslocamento total Δr , dado em função de
suas projeções Δx, Δy e Δz em cada uma das direções x, y e z.
• Velocidade – é a medida da rapidez de um corpo, ou mudança
de sua posição com o tempo. Podemos encontrar a velocidade
média e a velocidade instantânea de um corpo em movimento.
Reflita!
Se encontrássemos para as velocidades médias entre dois
pontos quaisquer, os mesmos valores (em módulo, direção e sentido), o
que poderíamos concluir sobre o movimento?
r
v
t
ou (3.3)
x y z
v i j k vx i v y j vz k
t t t
68 UNIDADE 03
Figura 3.8: Quando fazemos o ponto B aproximar-se do ponto A, a velocidade
média aproxima-se da velocidade instantânea v em A.
r
v Lim (3.4)
t 0 t DESAFIO
Usando o método
No caso limite de, o segmento que liga os pontos A e B aproxima-
geométrico de
se da tangente à curva naquele ponto, e a velocidade média aproxima- adição de vetores,
se da inclinação de , o que define a velocidade instantânea nesse ponto, faça as operações
como a derivada de em relação a t, ou seja vetoriais:
Qual a relação
dr dx dy dz geométrica (direção
v i j k e sentido) entre o
dt dt dt dt
vetor velocidade
ou (3.5) média e o vetor
v = v xi + v yj + v zk deslocamento?
Então, veja que a direção de v será a direção limite que Δr toma
quando B se aproxima de A, ou quando Δt tende a zero, como já dissemos
acima.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 69
Desafio
Usando o método geométrico de adição de vetores, faça as
operações vetoriais:
Qual a relação geométrica (direção e sentido) entre o vetor
velocidade média e o vetor deslocamento?
Reflita
O que poderíamos concluir sobre um movimento no qual a
velocidade média permanece constante para qualquer intervalo de
tempo?
Figura 3.9: Uma partícula tem velocidade no ponto A e move-se para B onde sua
velocidade é . O triângulo mostra a variação vetorial da velocidade da partícula de
A para B.
70 UNIDADE 03
A aceleração média a , durante o movimento de A para B, é definida
pelo quociente da variação da velocidade pelo intervalo de tempo, ou
seja,
v
a
t
ou
v x v y v
a i j z k (3.6)
t t t
ou
a= a xi + a yj + a zk
v
a Lim (3.8)
t 0 t
e portanto,
dv dv x dv y dv
a i j z k
dt dt dt dt
ou (3.9)
a = a xi + a yj + a zk
Note que todas as grandezas gerais que descrevem
cinematicamente um movimento são grandezas vetoriais e portanto
possuem módulo, direção e sentido. Então, uma mudança no tempo,
mesmo que seja apenas na direção, de algumas dessas grandezas,
FÍSICA FUNDAMENTAL I 71
resulta numa nova grandeza. Relembre que num movimento circular e
uniforme (MCU), por exemplo, o módulo da velocidade não varia, no
entanto, sua direção e sentido mudam a todo instante para que seja
possível a descrição da trajetória circular do corpo. Isto é, para que este
movimento seja possível, é necessário uma aceleração centrípeta que é
resultante da variação da direção e sentido da velocidade, embora tenha
seu módulo constante.
Atividade de aprendizagem
Figura 3.10
72 UNIDADE 03
las, facilmente, todas essas equações, de 3.1 a 3.9, em duas e em uma
dimensão.
Com o conhecimento das variáveis cinemáticas discutidas acima,
para 3D, podemos reduzi-las para o movimento em 2D, por exemplo, no
plano xy, da seguinte forma:
i) Posição da partícula
r 1 = x 1i + y 1j (3.10)
ii) Deslocamento
∆r = r2 - r1
∆r = (x2 - x1)i + (y2 - y1)j (3.11)
ou
∆r = ∆xi + ∆yj
onde temos o vetor deslocamento total ∆r , dado em função de
suas projeções ∆x e ∆y em cada uma das direções x e y.
r
v Lim .
t 0 t
(3.13)
dr dx dy
v i j
dt dt dt
v = v xi + v yj
• Aceleração média (a)
v
a
t
ou
v x v y (3.14)
a i j
t t
ou
a = a xi + a yj
vi) Aceleração Instantânea (a)
v
a Lim (3.15)
t 0 t
FÍSICA FUNDAMENTAL I 73
e portanto,
dv dv x dv y
a i j
dt dt dt
ou (3.16)
a= a xi + a yj
Desafio
A partir da Fig. 3.11 encontre, pelo método geométrico de adição
de vetores, o vetor velocidade média e o vetor aceleração média entre
os instantes e.
ii) Deslocamento
∆r = r2 - r1
∆r = (x2 - x1)i
74 UNIDADE 03
∆r = ∆xi (3.18)
onde temos o vetor deslocamento total ∆r , dado em função de sua
projeção ∆x .
r x
v ou v i vxi (3.19)
t t
v
a Lim t 0 t
(3.22)
e portanto,
dv dv x
a i
dt dt
ou
a= a xi (3.23)
Desafio
Analogamente ao que foi mostrado na Fig. 3.11, faça uma figura
do movimento de uma partícula na direção x. Defina o vetor posição r1 ,
FÍSICA FUNDAMENTAL I 75
no tempo t1, e a posição no tempo t2 . Desenhe os vetores velocidades
instantâneas. A partir das velocidades, encontre o vetor aceleração média
pelo método geométrico de adição de vetores.
Reflita!
Um movimento unidirecional é necessariamente unidimensional?
Pense, por exemplo, no caso do movimento descrito pela Eq. 3.25.
r r r1
v 2 v
t t 2 t1
76 UNIDADE 03
ou (3.24)
v=v= v xi + v yj + v zk
Sobre MRU,
Veja que a Eq. 3.25 é a equação horária da posição para o acesse o site:
Movimento Retilíneo e Uniforme, pois se a partícula não muda de direção http://efisica.if.usp.
sua trajetória será retilínea, e se o módulo da velocidade também não br/mecanica/
varia, o movimento será uniforme. Observe que ∆v será nulo, para basico/movimento
Sobre MRU,
qualquer intervalo de tempo, e portanto, a aceleração será nula.
acesse o site:
http://br.geocities.
Conclusão com/saladefisica3/
Se uma partícula se deslocar com velocidade constante, ela laboratorio/
movimento/
estará se deslocando em linha reta (direção constante) e em movimento
movimento
uniforme (módulo constante), assim, temos um movimento retilíneo e Faça o applet MRU
uniforme, o conhecido MRU.
r xi yj zk
r0 x0 i y 0 j z 0 k (3.26)
v v i v j v k
x y z
FÍSICA FUNDAMENTAL I 77
da velocidade permanecem constantes. Um exemplo deste tipo de
movimento é o de uma mosca ao longo da diagonal de uma sala, é um
movimento unidirecional mas, em 3D, que pode ser representado por um
cubo, como foi mostrado na Fig. 3.10.
Se o movimento da mosca ocorre no plano, por exemplo, ao longo
da diagonal de uma mesa, ele é unidirecional, mas ocorrerá em 2D, e
assim a equação horária da posição será:
r = r0 + vt
se o plano for o plano xy, teremos
r xi yj
r0 x0 i y 0 j
v v i v j
x y
consequentemente,
xi + yj = (x0i + y0j) + (vxi + v yj) t (3.28)
x x 0 v0 x t
(3.29)
y y 0 v0 y t
Atenção!
Você deve ter observado que um movimento unidirecional não
é, necessariamente, unidimensional, pois se adotamos uma direção
qualquer, ela poderá ser decomposta nas direções Ox, Oy e Oz, teremos
um movimento unidirecional, mas no espaço. No entanto, na maioria dos
casos, é conveniente para simplificação, adotarmos a única direção do
movimento como sendo a direção Ox, ou Oy, ou Oz, e assim, o MRU
se torna unidimensional, dispensando o formalismo vetorial para seu
tratamento, sendo suficiente apenas identificar os módulos da posição e
velocidade e o seu sinal (+) ou (-), para indicar o sentido.
78 UNIDADE 03
sua velocidade varia com o tempo.
Se a aceleração média permanecer constante para qualquer
intervalo de tempo, teremos um movimento com aceleração constante,
consequentemente, a aceleração instantânea coincide com a aceleração
média. Aceleração constante significa, pois, que a velocidade sofre
variações (em módulo, direção e/ou sentido) iguais em intervalos
de tempos iguais. Neste caso, temos um movimento uniformemente
acelerado.
Dois casos especiais ilustram que a aceleração pode surgir
tanto da variação do módulo da velocidade, como da variação em sua
direção. No primeiro caso, teremos um movimento ao longo de uma
linha reta, com a velocidade mantendo a direção e sentido, porém, o
módulo variando uniformemente com o tempo. Esse é o Movimento
Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV). No segundo caso, teremos
um Movimento Circular Uniforme (MCU), onde a direção e sentido da
velocidade variam a todo instante, porém, seu módulo permanece sempre
constante.
Um terceiro caso ilustra que a aceleração pode surgir das variações
tanto do módulo como da direção e sentido, simultaneamente, é o caso
do Movimento Circular Uniformemente Variado (MCUV).
Em seguida, discutiremos, em detalhes, cada um dos casos
citados acima.
v v v1
a 2 a
t t 2 t1
Fazendo v2 = v a velocidade final no tempo t , e v1 = v0 a posição
inicial no tempo t0 = 0 , encontraremos
v = v0 + at (3.30)
FÍSICA FUNDAMENTAL I 79
constante. Quando a velocidade v varia uniformemente com o tempo,
SAIBA MAIS!
seu valor médio em qualquer intervalo de tempo é igual a média dos
Sobre a Equação valores de v no início e no final do intervalo. Isto é, a velocidade média v
de Torricelli no site: entre t = 0 e t = t , é v0 + v
http://www.scite.
v= (3.31)
pro.br/tudo/busca. 2
php?key=fisica&mi-
dia=que&pag=3 Se a posição da partícula no instante t = 0 é r0 , sua posição r em
Faça o applet sobre t = t pode ser obtida da Eq.(3..32), como
MRU
r = r0 + vt (3.32)
que, combinada com a Eq.(3.31), nos fornece
v v
r r0 0
2 t (3.33)
Veja que as Eq(s) 3.30, 3.31 e 3.33, surgiram das condições do
MRUV. Substituindo 3.30 na Eq. 3.33, obteremos
t2
r = r 0 + v 0t + a (3.34)
2
é a famosa equação horária vetorial para o MRUV.
80 UNIDADE 03
caindo na superfície da Terra. Desprezando a resistência do ar, verifica-
se que todos os corpos caem com a mesma aceleração, em um mesmo
ponto da superfície terrestre, não importando seu peso, seu tamanho ou
sua constituição. Se a altura de queda não for muito grande, a aceleração
permanecerá constante durante todo o movimento.
Desafio
Considerando a queda dos corpos na superfície terrestre um
MRUV na direção vertical, selecione, da Tab. 3.1, as equações que
descrevem este movimento.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 81
Seja P1, a posição da partícula no instante t1, com velocidade v1
tangente à curva neste ponto; e P2, a posição da partícula no instante t2,
que está com velocidade v2 , tangente à curva no ponto P2. Observe que
os vetores velocidades, v1 e v2, são iguais em módulo, mas diferem em
direção e sentido. O comprimento da trajetória percorrido durante o tempo
∆t = t1 - t2 é o comprimento do arco P1P2, igual a v∆t, onde v representa
o módulo da velocidade da partícula. Utilizando o método geométrico
para adicionar os vetores v1 e v2, como mostrado na Fig. 3.12b, vemos
que o vetor variação de velocidade ∆v = v2 - v1 está dirigido para dentro
da curva, apontando aproximadamente para o centro da circunferência.
Observe ainda que o triângulo OQ 1Q 2 (Fig.3.12 b) formado pelos vetores
v1 , v2 e ∆v é semelhante ao triângulo CP1P2 (Fig.3.12a). Isto é verdade,
porque ambos são triângulos isósceles cujos ângulos dos vértices são
iguais. Podemos, portanto, escrever
ou (3.36)
(3.37)
82 UNIDADE 03
Fig 3.13: Movimento Circular Uniforme. a) A partícula se move no sentido anti-
SAIBA MAIS!
horário em um círculo de raio r. b) Os vetores unitários e suas relações com os
Sobre movimento
vetores unitários e .
circular em:
http://www2.
Para este movimento em 2D, as coordenadas polares r e θ são fc.unesp.br/
mais úteis do que as coordenadas retangulares x e y, pois r permanece experimentos
defisica
constante durante todo o movimento e θ cresce linearmente com tempo.
Experimente: Gira-
Os dois conjuntos de coordenadas estão relacionados pelas equações: gira I, II e III
e (3.38)
FÍSICA FUNDAMENTAL I 83
v = u θv (3.40)
veja que é constante, mas não é, pois sua direção varia à medida que
a partícula se move. Assim, a aceleração é dada por
dv du (3.42)
a v
dt dt
du
Para calcularmos dt , consideremos a Fig. 3.13b, que mostra os
vetores unitários uθ1 e uθ2 , correspondente ao intervalo de tempo ∆t = t2 -
t1 para a partícula móvel. O vetor ∆u = uθ2 - uθ1 possui módulo ∆θ(ângulo
varrido por uma linha radial, desde a origem à partícula, durante o tempo
∆t) e aponta radialmente para dentro, voltado para a origem, no caso
limite, quando ∆t → 0. Em outras palavras, duθ tem direção e sentido do
vetor _ u em qualquer ponto. Assim, podemos dizer que
du d
u r lim u r (3.43)
dt t 0 t dt
consequentemente
du d (3.44)
a v u r v
dt dt
em que representa a taxa de revolução angular da partícula, e é dada
por d v
dt r (3.45)
substituindo a Eq. 3.45 em 3.44, obteremos
v2 (3.46)
a u r
r v2
que nos diz que a aceleração no movimento circular uniforme tem módulo
r
e está dirigida radialmente para dentro da circunferência. Observe, como
já dissemos algumas vezes, que a aceleração tem módulo constante,
mas varia continuamente de direção e sentido.
84 UNIDADE 03
Movimento Circular Uniformemente Variado – MCUV
Conclusão
No MCUV, a velocidade é variável em módulo, direção e sentido.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 85
Da variação no módulo resulta a aceleração tangencial, e da variação
na direção e sentido, resulta a aceleração radial ou centrípeta. Essas
variações deverão ser uniformes no tempo, para que o movimento seja
variado, mas uniformemente.
MOVIMENTOS COMBINADOS
86 UNIDADE 03
temos um movimento independente, tendo como única variável em comum
o tempo. Deste modo, dividimos o nosso problema de duas dimensões,
em dois problemas separados e mais fáceis de uma dimensão.
No movimento horizontal, como a velocidade permanece inalterada
com o passar do tempo (a = 0), temos um MRU, cujas equações que o
descrevem são:
dr
v v
dt (3.50)
r r0 v 0 t
que podem ser aplicadas sem o formalismo vetorial, pois o movimento é
unidimensional (horizontal), reduzindo-se a
v x v0 x v v0 cos 0 const.
(3.51)
x x0 v0 x t x0 (v0 cos 0 )t
No movimento vertical, a velocidade varia uniformemente, no
tempo, temos um MRUV, cujas equações que o descrevem são:
v v 0 at
(3.52)
r r0 v 0 t at
v.v v .v 2a.r
0 0
FÍSICA FUNDAMENTAL I 87
vy (3.55)
tan g
vx
pois o vetor velocidade é tangente à trajetória da partícula em todos os
pontos.
Para determinar a equação da trajetória do projétil, no caso da bola,
usamos as duas equações das posições, horizontal e vertical. Eliminando
o tempo (variável comum aos dois movimentos) na equação das posições
horizontais e substituindo na equação das posições verticais, obtemos:
g
y (tan 0 ) x x2 (3.56)
2(v0 cos 0 )
Desafio
Demonstre o que afirmamos no segundo item acima, com relação
ao valor máximo do alcance (A) quando o ângulo.
Reflita!
Sobre um lançamento horizontal real que você já presenciou no
seu dia a dia.
Qual a relação entre este e um lançamento oblíquo correspondente?
Analise.
88 UNIDADE 03
Lançamento horizontal
FÍSICA FUNDAMENTAL I 89
borda da mesa. a) Por quanto tempo a bola ficou no ar? b) Qual era o
módulo de sua velocidade no instante que deixou a mesa?
Uma pedra é projetada com velocidade inicial de módulo 37 m/s, inclinada
de 620 acima da horizontal, para um penhasco de altura h. A pedra
atinge o penhasco 5,5 s após o lançamento. Encontre: a) a altura h do
penhasco; b) a velocidade escalar da pedra logo antes do impacto em A,
e c) a altura máxima H alcançada pela pedra acima do chão. d) o alcance
que a pedra atingiria se não tivesse encontrado o penhasco.
Experimente!
I) Cálculo de velocidade média
Determine sua velocidade escalar média nas seguintes situações:
• caminhando;
• correndo, o máximo que puder, durante 10 minutos;
• andando de bicicleta.
II) Execute os applets:
•http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratorio/uniforme/uniforme.html
• h t t p : / / b r. g e o c i t i e s . c o m / s a l a d e f i s i c a 3 / l a b o r a t o r i o / l a n ç a m e n t o /
lançamento.html
90 UNIDADE 03
UNIDADE 04
FÍSICA FUNDAMENTAL I 93
comunicado aos objetos; eles se moviam não por si mesmo nem por sua
“natureza”, mas por causa de puxões e empurrões (forças).
Aristóteles foi um astuto observador da natureza e, portanto,
tratou mais com problemas reais de seu ambiente. Para ele o movimento
sempre envolvia um meio resistivo, tal como o ar ou a água. Ele acreditava
ser impossível a existência de um vácuo. Por isso era fundamental que
sempre fosse necessário empurrar ou puxar um objeto para mantê-lo
em movimento. Por exemplo, sobre um corpo lançado no ar, Aristóteles
imaginou que o ar expulso do caminho do corpo em movimento originava
um efeito de compressão sobre a parte traseira do mesmo (antiperístase
de Aristóteles), a fim de evitar a formação de um vácuo. O corpo era
propelido para frente pelo ar como um sabonete é propelido na banheira
quando se aperta uma de suas extremidades.
Enfim, Aristóteles pensava que todos os movimentos ocorressem
devido à natureza do objeto movido ou devido a empurrões ou puxões
mantidos. Para Aristóteles, a Terra ocupava seu lugar apropriado, e
desde que era inconcebível uma força capaz de mover a Terra, parecia
completamente claro que a Terra realmente não se movesse.
As afirmações de Aristóteles a respeito do movimento constituíram
um início do pensamento científico, e embora ele não as considerasse
como palavras finais sobre o assunto, seus seguidores encararam-nas
como além de qualquer questionamento por quase 2000 anos.
Reflita!
Sobre os epiciclos de Ptolomeu.
Com base no que você aprendeu sobre movimentos na unidade
anterior, analise estes movimentos.
94 UNIDADE 04
O movimento dos planetas em torno da Terra, segundo Ptolomeu,
não era apenas em órbitas circulares simples, era um movimento mais
complicado. Ptolomeu teve que utilizar o conceito de epiciclos, em que
um planeta se move num círculo cujo centro se move em torno de outro
círculo centrado na Terra. Ele precisou também recorrer a muitas outras
construções geométricas, cada uma das quais preservava a santidade do
círculo como uma característica fundamental dos movimentos planetários.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 95
vezes mais rápido. Exceto pelo pequeno efeito da resistência do ar ele
descobriu que objetos de vários pesos, abandonados ao mesmo tempo,
caíam juntos e atingiam o chão ao mesmo tempo.
Essas observações levaram Galileu a formular o princípio físico
que descreve um corpo em queda livre da seguinte forma:
96 UNIDADE 04
da experiência diária, mas que hoje já fazem parte da tecnologia usual,
nos quais a Mecânica Clássica falha em dar predições concordantes
com os experimentos. Problemas que a Mecânica Clássica não fornece
respostas corretas são aqueles relacionados a partículas de altas
velocidades (frações apreciáveis da velocidade da luz), que já estão no
domínio da Teoria da Relatividade, e problemas na escala da estrutura
atômica, como o movimento dos elétrons nos átomos, spins eletrônicos
etc, que já estão no domínio da Mecânica Quântica. Assim, a Mecânica
Clássica é vista agora como um caso especial destas duas outras teorias
mais abrangentes. No entanto, apenas com a Mecânica Clássica é
possível construir grandes arranha-céus e estudar as propriedades de
seus materiais de construção; construir aviões; enviar sondas espaciais
em complexas missões aos cometas, planetas etc.
Reflita!
Para cada um dos questionamentos feitos ao lado, tente distinguir:
o corpo em movimento, sua vizinhança e a relação entre estes.
FÍSICA FUNDAMENTAL I 97
Este problema foi resolvido, ao menos para uma grande variedade
OBSERVE!
de vizinhanças, por Isaac Newton, quando ele estabeleceu as Leis de
As leis do Movimento e formulou a Lei de Gravitação Universal. O procedimento
movimento proposto para se resolver problemas dessa natureza foi o seguinte.
e as leis de d) Introduz-se o conceito de força F (considerada, por enquanto,
força, tomadas
como um puxão ou um empurrão) definida em termos da aceleração a de
em conjunto,
constituem as leis um corpo padrão particular.
da Mecânica. e) Desenvolve-se um procedimento para atribuir massa m à
partícula ou ao corpo em movimento, de modo que possamos compreender
o fato de diferentes corpos experimentarem acelerações diferentes na
mesma vizinhança.
SAIBA MAIS!
f) Finalmente tenta-se encontrar meios de calcular as forças que
Sobre as unidades atuam sobre os corpos a partir de suas propriedades e de sua vizinhança.
de força no SI e Portanto, procuram-se as leis de força. A força é basicamente um meio
no sistema CGS. de relacionar a vizinhança ao movimento de um corpo.
Consulte o livro
FISICA. Vol. 1,
Resnick, Halliday Trataremos os corpos físicos como partículas, isto é, como corpos
e Krane, editora cujas estruturas ou movimentos internos podem ser ignorados e cujas
LTC, Rio de partes se movem todas exatamente do mesmo modo. Lembra-se do
Janeiro, 1996. capítulo anterior? Com esta hipótese não importa onde a vizinhança
atue sobre o corpo, a principal preocupação é com o “efeito final” da
vizinhança.
Força e massa
98 UNIDADE 04
de uma pessoa, sem necessariamente estar em contato.
Veremos, na segunda Lei de Newton, uma definição mais precisa
de força sobre um dado corpo, onde a força aplicada sobre um corpo
será dada em função da aceleração que a massa desse corpo adquire.
Reflita!
O que é a massa de um corpo? Qual a diferença entre massa e
peso? Em que circunstâncias a massa de um corpo pode variar?
FÍSICA FUNDAMENTAL I 99
de nosso cotidiano comprovam as afirmações de Galileu. Por exemplo,
você já deve ter presenciado uma pessoa em repouso sobre um cavalo,
quando este repentinamente entra em movimento. A pessoa tende
a permanecer onde estava; por outro lado, um garoto em movimento
junto a um esqueite é lançado para frente quando o esqueite pára
repentinamente.
Esses exemplos, entre muitos outros que você já deve ter
observado, mostram que os corpos têm a tendência de permanecer em
seu estado de repouso, se já estavam em repouso, ou de permanecer em
seu estado de movimento, se já estavam em movimento. Esta propriedade
dos corpos de se comportarem dessa maneira, Galileu denominou de
inércia. Então, por inércia, um corpo em repouso tende a permanecer em
repouso; e por inércia, um corpo em movimento tende a permanecer em
movimento.
Reflita!
É possível você aplicar uma força sobre um livro que está sobre
uma mesa e o mesmo se movimentar em MRU? Explique.
100 UNIDADE 04
O fato de os corpos permanecerem em repouso (equilíbrio estático)
ou em MRU (equilíbrio dinâmico), na ausência de forças aplicadas,
é frequentemente descrito atribuindo à matéria uma propriedade
denominada inércia. Assim, a primeira Lei de Newton é denominada
Lei da Inércia, e os referenciais aos quais ela se aplica são, por isso,
chamados de referenciais inerciais.
Note que, na primeira lei, não existe diferença entre um corpo em
repouso e outro que se move com velocidade constante. Tal fato torna-se
claro quando um corpo, em repouso num dado referencial inercial, é visto
de um segundo referencial inercial, isto é, de um referencial que se move
com velocidade constante em relação ao primeiro. Um observador no
primeiro referencial supõe que o corpo está em repouso, um observador
no segundo referencial julga que o mesmo corpo está em movimento
com velocidade constante. O mais importante é que ambos observadores
percebem que o corpo não possui aceleração, isto, é não modifica sua
velocidade, e ambos concluem que de acordo com a primeira lei de
Newton, não há forças atuando no corpo.
Observe ainda que, se você empurra um livro sobre uma mesa
e ele continua em repouso, então a força que você está aplicando é
exatamente igual em módulo e direção, porém de sentido contrário, a
uma outra força que faz o papel da resistência ao movimento. Então,
neste caso, existem forças aplicadas ao corpo, no entanto, a resultante
delas é nula. Assim, a ausência de forças é equivalente à presença de
forças cuja resultante seja nula.
Reflita!
A força altera a velocidade de um corpo?
Ou operacionalmente,
102 UNIDADE 04
F∝a (4.1)
Outra questão importante observada por Newton foi: que efeito
terá a mesma força sobre diferentes objetos? Após inúmeras observações
experimentais, Newton concluiu que, para uma dada força aplicada num
corpo, quanto maior for a massa do mesmo, menor será aceleração
adquirida por este corpo.
Uma outra forma de enunciar esta conclusão é: a massa de um
corpo é inversamente proporcional à aceleração que ele adquire pela
aplicação de uma determinada força. A massa de um corpo, como já
dissemos, pode ser assim considerada como uma medida quantitativa
da resistência de um corpo à aceleração sob a ação de uma determinada
força.
Esta observação nos permite comparar as massas de diferentes
corpos, simplesmente comparando os módulos das acelerações medidas,
quando aplicamos a mesma força (F) a cada um dos corpos. Pois
F = m 1a 1
(4.2)
F = m 2a 2
como a força F é a mesma aplicada aos dois corpos, podemos fazer o
quociente das equações 4.5 e obter a relação entre as massas
m1 a2
= (4.3)
m2 a1
ou seja, a razão das massas dos dois corpos é igual ao inverso da razão
dos módulos das acelerações destes corpos devido àquela força.
Podemos agora resumir todas as definições e experimentos
descritos anteriormente em um única equação, a equação fundamental
da Mecânica Clássica, ou Princípio Fundamental da Dinâmica, que
expressa a segunda lei de Newton
σ F = ma (4.4)
onde ∑ F é a soma vetorial de todas as forças ou força resultante, que
atua sobre o corpo, m é a massa do corpo e a é a aceleração adquirida
pelo corpo. Veja que a aceleração tem a mesma direção e sentido da
força.
Note que a segunda lei de Newton é consistente com a primeira,
pois um caso especial da segunda lei é
σF=0 (4.5)
Reflita!
É possível existir uma única força isolada atuando sobre um dado
corpo?
104 UNIDADE 04
atuam sempre em corpos diferentes.
Veja nas situações reais bem conhecidas por todo mundo,
descritas abaixo, explicadas pela da 3a. Lei de Newton:
• Nadar ou remar!
• Canhão desfreado!
• O foguete subiu?
Desafio
Em cada um dos exemplos acima, da 3a. Lei de Newton, faça o
diagrama de corpo livre identificando cada uma das forças presentes em
cada situação.
106 UNIDADE 04
as forças presentes nesse sistema físico.
a) Considerando que você aplicou uma força que não consegue
deslocar a mala. Qual a força resultante no sistema físico? Discuta sobre
a força de atrito que atuou sobre a mala.
b) Considerando que você aplicou uma força que desloca a mala
com velocidade constante, qual a força resultante no sistema? Discuta
sobre a força de atrito que atuou sobre a mala.
c) Considerando que você aplicou uma força que desloca a mala
com uma aceleração constante, qual a força resultante no sistema?
Discuta sobre a força de atrito que atuou sobre a mala.
d) Encontre, através de pesquisa no livro texto ou na internet, um
coeficiente de atrito mais apropriado para o piso. Você decide se o seu
piso é de cimento liso ou áspero, ou de cerâmica etc.
e) Com esses dados encontre a força que você aplicou em cada
caso.
- Considere que você deseja em um automóvel (cujo peso é W),
fazer uma curva de uma estrada horizontal de raio de curvatura R. Que
velocidade máxima você pode fornecer ao carro para que seja possível
você fazer a curva sem derrapar, sendo o coeficiente de atrito estático da
estrada dado por μest? Considere o carro como uma partícula de massa
M. Não se pode confiar completamente que esta força de atrito seja
sempre tão grande o suficiente, pois há sempre os desgastes com o
tempo. Portanto, é mais seguro quando a estrada tem o leito inclinado
lateralmente. Agora encontre a inclinação necessária para você fazer a
mesma curva com uma velocidade v’. Esta velocidade v’ é menor, igual
ou maior que v? Faça uma comparação entre as duas situações. Analise
os casos limites v = 0 e v → ∞; e para v grande e R pequeno?
108 UNIDADE 04
Experimente!
I - Execute os applets
<http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratorio/foguetes/foguetes.
html>
<http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratorio/newton2/ newton2.
html>
<http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratorio/inclinado/inclinado.
html>
<http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratorio/polias/polias.html>
Trabalho e Energia
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes Castro
112 UNIDADE 05
TRABALHO E ENERGIA
Figura 5.1
W = F s (5.1)
Desta equação você pode observar que quanto maior a força ou o
deslocamento, maior o trabalho realizado sobre o corpo.
Observando a Equação 5.1 podemos ver que a unidade de
trabalho é dada pelo produto de uma unidade de força por uma unidade de
deslocamento. Particularmente, no Sistema Internacional de Unidades a
unidade para a grandeza trabalho é o joule (J), equivalente a um newton.
metro (N.m), ou seja:
1 joule = (1 newton) (1 metro) ou 1J = 1N.m
Figura 5.2
114 UNIDADE 05
Atenção!
O trabalho é uma grandeza escalar, embora oriunda de um produto
de grandezas vetoriais.
W = F s cos θ (5.2)
Você pode notar que a Equação 5.2 tem a forma do produto
escalar entre os vetores F e s, de modo que podemos escrever esta
equação como
W = F • s (5.3)
Convém ressaltar aqui que o trabalho pode ser positivo, negativo
ou nulo. Para compreender isto basta estudar o ângulo formado entre os
vetores força e deslocamento, o que corresponde a estudar o sinal do
cos θ na Equação 5.2 (F e s são positivos por definição). Assim,
• o trabalho será positivo se o ângulo θ entre os vetores F e s
estiver entre 0º e 90º pois, nesse caso, o cos θ será positivo;
• o trabalho será negativo se o ângulo θ entre os vetores F e s
estiver entre 90º e 180º pois, nesse caso, o cos θ será negativo;
• o trabalho será zero quando a força F for perpendicular ao
deslocamento s (θ = 90º) pois, nesse caso, cos θ = 0.
Exemplo 5.1 – Um estudante desloca uma caixa de livros que
tem massa de 10 kg do piso de seu quarto para o topo de uma estante de
2 m de altura. Considerando a aceleração da gravidade constante igual
a 9,8 m/s2, calcule o trabalho feito pela força peso neste deslocamento.
A força peso P tem direção vertical, sentido para baixo e módulo
dado por
P = mg = 10 . 9,8 = 98 N
O trabalho realizado por ela sobre a caixa de livros é dado então
por
W = P h cos 180º
pois o deslocamento da caixa é vertical e para cima, fazendo um
ângulo de 180º com a força peso. Logo,
W = 98 . 2 (- 1) = - 196 J
É interessante notar que se a força aplicada não tem componente
na direção do deslocamento o trabalho é zero. Por exemplo: é zero o
trabalho da força normal sobre um corpo que desliza ao longo de uma
superfície; é zero o trabalho da força aplicada para sustentar uma criança
no colo durante um passeio e, é zero o trabalho da força aplicada para
segurar a mochila de livros e levá-la à escola.
116 UNIDADE 05
Começando pelo mais fácil, temos a observar que, como o Que tal conferir o
deslocamento é horizontal que dissemos sobre
um outro método
- o trabalho da força peso é zero, pois sua direção é perpendicular
para calcular o
ao deslocamento. Ou seja: WP = P s cos 90º = 0; e trabalho resultante?
- o trabalho da força normal, pelo mesmo motivo, também é zero.
Ou seja: WN = N s cos 90º = 0.
Calculemos agora os trabalhos que faltam. O trabalho da força F
feita pelo garoto é dado por:
WF = F s cos 30º = 60. 8. ( 3 /2) = 408 J
e o trabalho da força de atrito por:
Wf = f s cos 180º = 36. 8. (- 1) = - 288 J
O trabalho total (ou resultante) sobre a caixa de brinquedos é
dado por:
WTOTAL = WP + WN + WF + Wf = 0 + 0 + 408 + (- 288) = 120 J
Figura 5.3
Atenção!
Em um gráfico da força em função da posição, o trabalho total
realizado pela força é representado pela área sob a curva entre as
posições inicial e final.
118 UNIDADE 05
a) o trabalho feito pela força sobre o corpo quando este se desloca
da posição x = 0 até x = 4 m;
b) o trabalho feito pela força sobre o corpo quando este se desloca
da posição x = 4 m até x = 8 m;
c) o trabalho feito pela força sobre o corpo quando este se desloca
da posição x = 8 m até x = 12 m;
d) o trabalho total realizado pela força sobre o corpo no
deslocamento de 16 m.
4.6
a) W1 = A1 = = 12J
2
b) W2 = A2 = 4 . 6 = 24J
8.6
c) W3 = A3 =
2
Figura 5.4
Supondo que o corpo seja comprimido contra a mola até a posição
x = - x1 em relação à posição de equilíbrio e solto em seguida, podemos
calcular o trabalho realizado pela força da mola, a força restauradora,
quando o corpo se desloca de xinicial = - x1 até xfinal = 0 aplicando a Equação
5.5, de modo que
x 0
W= ∫final
Fx dx = ∫ (- k x)dx
= - k x 0 = - k 0-(-x1)2 = 1 k x12
2
x x
W= ∫ final
Fx dx = ∫ 1(- k x)dx = - k x2 x1 = - k (x12 - 0)= - k x12
xinicial 0 2 0 2
Observe que no primeiro deslocamento o trabalho é positivo
120 UNIDADE 05
porque a força e o deslocamento têm o mesmo sentido; já no segundo, o
trabalho é negativo, pois a força e o deslocamento têm sentidos opostos.
Se tomarmos o deslocamento de xinicial = - x1 até xfinal = x1 o trabalho será
zero.
Podemos generalizar estes resultados para um deslocamento
arbitrário da posição inicial x = xi até a posição final x = xf. Neste caso o
trabalho realizado pela força da mola é dado por:
xf xf
1 1
W = ∫ Fx dx = ∫ (- k x)dx = k x i2 - k xf2 (5.7)
2 2
xi xi
Convém ressaltar que se xi = xf (um deslocamento que termina
onde começou) o trabalho efetuado é nulo.
Atenção!
Estes resultados podem ser obtidos no gráfico que representa Fx
contra x para o sistema massa-mola (o trabalho é dado pela área sob o
gráfico).
1 1 1 1
W= k x i2 - k x f2 = k (xi2 - 02) = 80 (- 3,5 x 10-2)2
2 2 2 2
W = 4,9 x 10-2 J
v22 - v12
ma = m
2s
de modo que,
v22 - v12
F=m
2s
v22 - v12
F=m
2
Então,
1 1
F = mv22 - mv12 (5.8)
2 2
122 UNIDADE 05
O produto que aparece no primeiro membro da Equação 5.8 é
o trabalho da força resultante F que atua sobre a partícula durante o
deslocamento s. O semiproduto da massa pela velocidade ao quadrado,
a grandeza ½ mv2, é a energia cinética (K) da partícula. Assim, por
definição, temos:
1
k= mv2 (5.9)
2
124 UNIDADE 05
POTÊNCIA
∆W dW
P= lim =
dt
(5.17)
∆t → 0 ∆t
Atenção!
O quilowatt-hora (kWh), unidade comercial de energia elétrica, é
o trabalho total realizado em 1 h (3600 s) quando a potência é de 1 kW
(103 J/s). Assim, 1 kWh = 3,6 MJ
∆W 6,4 x 103
Pm = = = 8,9 W
∆t 720
126 UNIDADE 05
um primeiro ciclo, à posição inicial x = + d. Podemos calcular o
trabalho realizado, no ciclo, por partes. Para o deslocamento de
x = - d a x = 0, temos a força e o deslocamento em um mesmo
sentido; assim o trabalho é dado por
xf 0
1
W = ∫ Fx dx = ∫ (- kx)dx = kd2
2
xi -d
Este trabalho aparece, segundo o Teorema do Trabalho-
Energia, sob a forma de energia cinética do bloco e, como já
visto, sendo positivo se traduz em um aumento de velocidade. No
entanto, ao passar por x = 0, a força elástica (que é restauradora,
lembra?) muda de sentido de modo que o trabalho realizado no
deslocamento de x = 0 até x = + d é dado por
xf +d
W = ∫ Fx dx = ∫ (- kx)dx = - 1 kd2
2 Figura 5.6
xi 0
que, sendo negativo, traduz uma diminuição de velocidade e
consequentemente de energia cinética. Deste modo, o bloco chega em
x = + d com velocidade zero e o movimento do bloco muda de sentido.
No deslocamento de x = + d a x = 0 temos novamente a força e o
deslocamento com mesmo sentido; o trabalho é dado por
xf 0 1
W = ∫ Fx dx = ∫ (- kx)dx = kd2
2
xi +d
E para o deslocamento de x = 0 a x = - d, completando o ciclo,
temos:
xf -d
1
W = ∫ Fx dx = ∫ (- kx)dx = - kd2
2
xi 0
Assim, somando estes trabalhos obtemos o trabalho total para o
ciclo completo realizado pela força da mola sobre o bloco como sendo
nulo.
Atenção!
Para forças conservativas podemos escrever:
b a
∫ F . ds + ∫ F . ds = 0
a b
ou ainda:
b a
∫ F . ds = ∫ F . ds
a b
128 UNIDADE 05
corpo que se desloca de uma posição inicial para uma posição final é o
mesmo para qualquer percurso fechado escolhido arbitrariamente. Se os
trabalhos forem diferentes, dizemos que a força é não conservativa.
Energia potencial
dU(x)
Fx(x) = - (5.22)
dx
Para ilustrar, podemos calcular a energia potencial para os
sistemas analisados anteriormente:
130 UNIDADE 05
• Sistema massa-Terra – Como o movimento se dá na vertical,
tomamos o eixo Oy ao invés do eixo Ox e adotamos o sentido positivo
para cima. Para referência tomamos o ponto y0=0 na superfície da Terra
e definimos U(y0)=0. A força envolvida é Fy(y)= - mg, constante quando
consideramos pequenos deslocamentos, e assim podemos calcular a
energia potencial U(y) do sistema a partir da Equação 5.21 como:
y y
U(y) – U(y0) = - ∫ Fy (y) dy = - ∫ (- mg) dy
que nos dá: y0 0
U(y) = mgy (5.23)
denominada de energia potencial gravitacional.
1
U (x) = k x2 (5.24)
2
ou seja,
dU(x)
- = - k x = Fx (x)
dx
132 UNIDADE 05
• Sistema massa-Terra – No ponto de lançamento a energia cinética,
K0 = ½ m vm2, é máxima e igual à energia mecânica E, pois a energia
potencial U(x0) = 0. Enquanto a bola sobe a energia potencial cresce e a
energia cinética decresce (velocidade diminui); em uma altura qualquer y PARA REFLETIR
temos E = ½ mv2 + mgy. Em sua altura máxima, y=h, a velocidade é zero
e, portanto, a energia cinética é zero e a energia potencial, Uh = mgh, é Energia mecânica
máxima e igual a E. No movimento de descida o sistema perde energia de uma partícula
potencial enquanto a bola ganha energia cinética (velocidade aumenta), é a soma de suas
energias potencial
mas a energia mecânica total do sistema permanece constante.
e cinética.
134 UNIDADE 05
outra, por exemplo, energia interna. Ou seja, quando consideramos todas
as formas de energia, a energia total de um sistema isolado não varia.
Outra forma de expressar este fato é dizendo que a energia não
pode ser criada nem destruída, mas apenas transformada de uma para
outra forma.
Ou ainda, mais simplesmente:
A energia total de um sistema isolado é constante.
APLICAÇÕES
O pêndulo simples
de modo que
T = mg + 2gm (1 – cosθ0). (5.30)
2
v= ± [E - U(x)] (5.32)
m
136 UNIDADE 05
Figura 5.12
Desafio!
Construa o gráfico para F(x) correspondente a U(x) representada
na Figura 5.12.
Também pelo gráfico da Figura 5.12 podemos observar que quando
a energia potencial U(x) tem um valor mínimo, como em x=x0 (ou x=x4),
a inclinação da curva é nula e também a força, pois F(x0) = - [dU(x0)/dx]
= 0. Assim, neste ponto, se estiver em repouso, a partícula permanece
em repouso. Diz-se que em equilíbrio estável, pois se for ligeiramente
afastada de sua posição de equilíbrio, para qualquer dos lados, tenderá
a voltar à sua posição por ação da força F(x) = - dU/dx que faz com que
a partícula fique oscilando em torno desse ponto.
Quando a energia potencial U(x) tem um valor máximo, como em
x=x5, a inclinação da curva e a força também são nulas, ou seja, temos
F(x5) = - [dU(x5)/dx] = 0. Uma partícula em repouso neste ponto também
permanece em repouso mas, nesse caso, em equilíbrio instável, pois
Lembre que...
A derivada parcial ∂∂x significa que devemos calcular a derivada
de U(x, y, z) em relação a x como se y e z fossem constantes. De modo
análogo, ∂∂y significa que devemos calcular a derivada em relação a y
tomando x e z como constantes e ∂∂z significa que devemos calcular a
derivada em relação a z tomando x e y como constantes.
138 UNIDADE 05
da trajetória descrita. A energia potencial é definida de modo análogo ao
caso unidimensional e é uma função das coordenadas espaciais, isto é,
pode ser escrita como U(x, y, z).
A generalização da Equação 5.20 para o movimento tridimensional
é x y z
∆U = ∫ Fx dx - ∫ Fy dy - ∫ Fz dz
x0 y0 z0
1 1
mv2 + U(x, y, z) = mv02 + U(x0 , y0 , z0)
2 2
1. Conceitue ou comente:
a) trabalho;
b) energia;
c) energia cinética;
d) energia potencial;
e) energia mecânica.
2. O que você entende por:
a) Teorema do Trabalho-Energia;
b) força conservativa;
c) força não conservativa.
3. Faça uma pesquisa e estabeleça a relação entre, pelo menos, três
unidades usuais da grandeza energia.
4. Responda, justificando, às seguintes questões:
a) Por que uma pessoa fica cansada ao empurrar uma parede sem
conseguir movê-la?
b) A força responsável pela aceleração de um corpo em movimento
circular uniforme efetua trabalho sobre ele?
c) O trabalho feito por uma força não conservativa é sempre negativo?
d) Quando uma única força externa atua sobre uma partícula, altera,
necessariamente, sua energia cinética?
5. Explique as transformações de energia que ocorrem durante um salto
com vara.
6. A que altura deve ser elevado um corpo para que sua energia potencial
tenha o mesmo valor de sua energia cinética quando possui a velocidade
de 80 km/h?
7. Um corpo está sujeito a uma força dada por F(x) = A/x2, sendo A = 4
N.m2. Calcule o trabalho realizado por esta força para deslocar o corpo
140 UNIDADE 05
desde x = 1 m até x = 10 m.
8. Um carro de 1.000 kg tem um motor que libera a potência máxima de
90 kW. Qual o menor intervalo de tempo para que este carro, acelerando
a partir do repouso, alcance 80 km/h?
9. Um corpo de massa igual a 2,00 kg é lançado de uma altura de 120
m com velocidade inicial de 50 m/s com inclinação de 30º acima da
horizontal. Ignorando a resistência do ar, calcule: a) a energia cinética do
corpo imediatamente após o lançamento; b) sua energia potencial ao ser
lançado; c) a velocidade do corpo imediatamente antes de tocar o solo.
10. Um bloco de 5,0 kg inicia um movimento de subida numa rampa
inclinada de 25º, com uma velocidade de 7 m/s. Que distância ele
percorrerá se perder 20 J de energia mecânica devido ao atrito?
11. A Figura 5.13 mostra uma função energia potencial U(x) contra x.
a) Avalie, para cada ponto assinalado, se a força atuante é positiva,
negativa ou nula. b) Determine em que ponto a força tem maior módulo.
c) Identifique, caso existam, os pontos de equilíbrio estável, equilíbrio
instável ou indiferente.
Figura 5.13
12. A interação entre dois átomos idênticos para formar uma molécula
diatômica pode ser expressa, aproximadamente, pela função energia
potencial
a b
U(x) = -
x12
x6
ATENÇÃO
onde a e b são constantes positivas e x a distância entre os núcleos dos
átomos. Determine: a) a distância de equilíbrio entre os átomos; b) a
Procure resolver
força existente entre os átomos; c) energia de dissociação da molécula, mais exercícios e
ou seja, a energia mínima necessária para separar os átomos até a problemas sobre
distância x = ∞; d) faça um esboço para o gráfico do potencial dado. esse conteúdo.
Para isso,
procure os livros
referenciados no
próximo item.
Hidrostática
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes Castro
146 UNIDADE 06
Densidade
Atenção!
Muitas vezes é conveniente expressar a densidade de um material
com relação à densidade da água, medida a 4ºC, que é 1,0 x 10 3 kg/m3.
Essa é a chamada densidade relativa de um material.
Pressão
dF⊥
P= (6.2)
Figura 6.2 dA
148 UNIDADE 06
m x 1,0 m está totalmente cheia. Determine a pressão exercida no fundo
da caixa d’água devida apenas à água. (Considere a densidade da água
ρ = 1,0 x 103 kg/m3)
Da Equação 6.3 e usando a definição de densidade, temos:
Integrando, obtemos
P2 – P1 = – ρg (y2 – y1) (6.5)
Figura 6.4
150 UNIDADE 06
a qual pode ser escrita na forma
P = P0 + ρgh (6.6)
onde P é a pressão absoluta medida em um ponto à profundidade
h e P – P0 é a pressão manométrica. Esta equação expressa o princípio
geral da hidrostática, também conhecido como Lei de Stevin:
A pressão no interior do fluido aumenta linearmente com a
profundidade.
Da Equação 6.6 podemos ver que:
Atenção!
Para um fluido com densidade constante, se pudermos considerar
g constante, a relação entre as pressões em dois pontos quaisquer do
fluido independe do formato do recipiente que contém o fluido.
dP
= - ρg
dy
dP P
Figura 6.5 - Torricelli = - g ρ0
Fonte:www.biografiasyvidas.com dy P0
dP ρ0
=-g dy
P P0
P ρ0
ln =-g y
P0 P0 ρ0
P = P0 e - (g )y (6.7)
P0
Figura 6.6
Exemplo 6.3 – Determine a pressão em um ponto do oceano a 25 m de
profundidade. Considere ρágua do mar=1,03x103 kg/m3 e Patm=1,01x105 Pa.
152 UNIDADE 06
Da Equação 6.6, temos:
P = Patm + ρágua do mar g h = 1,01x105 + 1,03x103 x 9,8 x 25 = 3,53x105 Pa
PRINCÍPIO DE PASCAL
O elevador hidráulico
Figura 6.7 - Blaise Pascal
Fonte: www.geocities.com
Figura 6.8
Fonte: www.kalipedia.com/fisica-quimica/tema/grafico
PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES
154 UNIDADE 06
líquido de mesmas dimensões. Ou seja,
E = Pfluido deslocado (6.8)
TENSÃO SUPERFICIAL
156 UNIDADE 06
É bom lembrar!
Você deve complementar suas informações sobre este assunto
nos livros citados nas referências bibliográficas.
Consulte também o site www.if.ufrgs.br/mpef/ para ver algumas
simulações.
1. Conceitue ou comente:
a) estados físicos da matéria;
b) fluido;
c) densidade;
d) pressão.
2. O que você entende por:
a) Princípio geral da hidrostática;
b) Princípio de Pascal;
c) Princípio de Arquimedes;
d) tensão superficial.
Atenção!
Procure resolver mais exercícios e problemas sobre esse
conteúdo. Para isso, procure os livros referenciados no próximo item.
158 UNIDADE 06
UNIDADE 07
Movimento Ondulatório
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes Castro
ONDAS: CONCEITUAÇÃO
TIPOS DE ONDAS
162 UNIDADE 07
é função da posição da partícula. Tomamos esta classificação para
PARA REFLETIR
fazermos uma descrição mais completa do comportamento das ondas
mecânicas. As ondas não mecânicas não são objeto de estudo desta
As ondas sonoras
disciplina. são mecânicas,
longitudinais e
ONDAS PROGRESSIVAS tridimensionais. E
as micro-ondas?
Figura 7.3
164 UNIDADE 07
ponto da corda oscila executando um movimento harmônico simples de
mesma frequência e amplitude. As ondas desse tipo são denominadas de
ondas harmônicas e seu perfil é dado por uma função senoidal de forma
que o trem de onda é definido, para o instante t=0, por
2π
y(x,0) = ymax. sen x (7.7)
λ
Figura 7.4
1
f = (7.10)
T
2π
k = (7.12)
λ
2π
ω = (7.13)
T
ϕ
y(x,t) = ymax sen [k(x - ) - ωt]
k
ou (7.17)
ϕ
y(x,t) = ymax sen [k x - ω (t + )]
ω
166 UNIDADE 07
7.5), devemos usar a velocidade de grupo – velocidade de transmissão
da energia ou informação numa onda real.
F
v=C
μ
F
v = (7.18)
μ
168 UNIDADE 07
podemos escrever:
∂y ∂
u(x,t) = = [ymax sen (kx - ωt - ϕ)]
∂t ∂t
∂2 y ∂u ∂
a(x,t) = = = [- ymax ω cos (kx - ωt - ϕ)
∂t 2
∂t ∂t
F 90
v= = = 21 m/s
μ 0,20
170 UNIDADE 07
e (7.22)
y2(x,t) = ymax sen (kx – ωt – ϕ2)
Figura 7.7
172 UNIDADE 07
π 3π 5π
kx = , , ,...
2 2 2
de modo que
λ 3λ 5λ λ
x= , , ,... = n onde n=1, 2, 3,... (7.26)
4 4 4 4
são os antinós; e tendo valor mínimo igual a zero nos pontos onde sen kx
= 0 que correspondem a
kx = π, 2π, 3π, ...
de modo que
λ 3λ λ
x= , λ, ,... n onde n=1, 2, 3,... (7.27)
2 2 2
são os nós.
Atenção!
A separação entre nós e antinós de uma onda estacionária é de
¼ λ.
π
x=n =n( ) cm (n = 1, 2, 3, …)
6
π
x=n =n( ) cm (n = 1, 2, 3, …)
3
RESSONÂNCIA
λ 2L
L=n ou λn = (7.28)
2 n
174 UNIDADE 07
Sempre que é aplicada a um sistema oscilatório como uma corda,
por exemplo, uma força com frequência igual a uma das frequências
naturais do sistema, uma onda estacionária é produzida e o sistema
começa a se mover com grande amplitude. Dizemos então que o sistema
está em ressonância.
Desafio!
Você poderia citar exemplos de como utilizamos a ressonância em
nosso cotidiano?
1. Conceitue ou comente:
a) onda;
b) onda progressiva;
c) onda estacionária.
Atenção!
Procure resolver mais exercícios e problemas sobre esse
conteúdo. Para isso, procure os livros referenciados no próximo item.
176 UNIDADE 07
UNIDADE 08
Temperatura e Calor
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes Castro
178 UNIDADE 08
TEMPERATURA E CALOR
180 UNIDADE 08
da experimentação, que sempre que dois sistemas estão em equilíbrio
térmico eles têm a mesma temperatura. Isto nos leva a pensar na
temperatura como uma propriedade determinante do equilíbrio térmico
entre sistemas, de modo que podemos afirmar que :
dois sistemas que estão em equilíbrio térmico estão à mesma
temperatura.
Atenção!
O tempo necessário para que dois sistemas atinjam o equilíbrio
térmico depende de suas propriedades e das formas pelas quais eles
podem trocar energia.
MEDIÇÃO DA TEMPERATURA
9
T F= Tc + 32 (8.2)
5
182 UNIDADE 08
corresponder as temperaturas dos pontos fixos definidos para cada
escala.
Devemos observar que, embora bastante usados, os termômetros
calibrados dessa maneira apresentam discrepâncias entre suas
medidas. É desejável a adoção de um termômetro que utilize uma escala
independente da substância termométrica usada.
Figura 8.3
Fonte: www.ufsm.br/gef/Termodinamica04.htm
P
T(P) = (273,16 K) (8.4)
Ptríplice
Figura 8.4
A Figura 8.4 traz a relação entre as escalas Celsius, Fahrenheit e
Kelvin. Nela, as frações dos graus das temperaturas foram aproximadas
para os graus inteiros mais próximos. Observando os valores estabelecidos
para os pontos fixos de congelamento e ebulição da água dessas escalas,
podemos ver que as escalas Celsius e Kelvin são centígradas e têm o
mesmo tamanho para o grau. Também podemos estabelecer, tomando
as temperaturas TC, TF e TK para um dado corpo nas escalas Celsius,
Fahrenheit e Kelvin, respectivamente, as seguintes proporções:
184 UNIDADE 08
Tc - 0ºC TF - 32ºF TK - 273 K
= =
100ºC - 0ºC 212ºF - 32ºF 373 K - 273 K
e, de forma simplificada:
Tc TF - 32ºF TK - 273 K
= = (8.6)
5ºC 9ºF 5K
DILATAÇÃO TÉRMICA
Nossa experiência cotidiana ensina que a maior parte dos
materiais, quando aquecidos, sofre expansão ou dilatação térmica em
suas dimensões e que essa dilatação não ocorre na mesma medida
para todos os materiais. Fazemos uso disso quando abrimos um pote
de vidro com tampa de metal que não quer desenroscar, simplesmente
colocando-o sob uma corrente de água quente; a tampa de metal dilata
um pouco mais em relação ao vidro. O mesmo acontece nos termômetros
clínicos comuns já descritos; o líquido em seu interior, o mercúrio, dilata
mais do que os recipientes de vidro de que são feitos.
A dilatação térmica em sólidos pode ser compreendida mais
facilmente se imaginarmos a matéria como um arranjo de átomos mantidos
em uma rede cristalina como se estivessem presos por molas. Os átomos
vibram em torno de sua posição de equilíbrio a qualquer temperatura.
Quando a temperatura por algum motivo é aumentada, a amplitude do
movimento de vibração dos átomos também aumenta, resultando em um
aumento de suas posições médias que leva ao aumento das dimensões
do sólido como um todo.
Atenção!
Para um dado material, α depende da temperatura.
∆L/L0
α = (8.8)
∆T
de modo que podemos interpretar o coeficiente de dilatação linear α
como uma variação fracionária do comprimento por grau de variação na
temperatura e notar que tem por unidades K – 1 ou (ºC) – 1.
Podemos também reescrever a Equação 8.6 para explicitar o novo
comprimento da barra. Tomamos
L – L0 = α L0 ∆T ∴ L = L0 + α L0 ∆T
então:
L = L0 (1 + α ∆T). (8.9)
No Quadro 8.1 estão listados os valores médios de α para
diferentes materiais.
186 UNIDADE 08
Quadro 8.1 - Coeficiente de dilatação linear
MATERIAL COEFICIENTE DE
DILATAÇÃO LINEAR
α(10-6 por ºC-1)
Chumbo 29
Alumínio 24
Bronze/Latão 19
Cobre 17
Concreto 12
Vidro (comum) 9
Vidro (pyrex) 3,2
Dilatação volumétrica
∆V/V0
β = (8.11)
∆T
Desafio!
Você pode demonstrar sem muito esforço que, para pequenas
variações de temperatura, temos:
β = 3 α e δ = 2 α.
∆A = δ A0 ∆T (8.13)
∆A/A0
δ = (8.14)
∆T
A = A0 (1 + δ ∆T) (8.15)
onde A0 é a área do objeto à temperatura T0 e A é a área à temperatura
T.
Convém notar que a dilatação volumétrica ocorre tanto em
sólidos quanto em fluidos, sendo que os líquidos se dilatam bem
188 UNIDADE 08
menos que os gases. Normalmente, os líquidos se expandem com o
aumento da temperatura, mas, a água, e alguns poucos materiais, têm
comportamento anômalo para um determinado intervalo de temperatura.
Quando variamos a temperatura da água de 0ºC a 4ºC, vemos que seu
volume diminui, ou seja, nesse intervalo de temperatura o coeficiente de
dilatação volumétrica da água é negativo. Acima de 4ºC a água aumenta
de volume com o aumento da temperatura e, portanto, a densidade
máxima da água ocorre a 4ºC.
Para refletir:
Você sabe por que os lagos congelam da superfície para baixo e
não ao contrário?
Calor
Q
C= (8.16)
∆T
C Q
c= = (8.17)
m m ∆T
Atenção!
A capacidade calorífica caracteriza um objeto e o calor específico
caracteriza uma substância.
190 UNIDADE 08
na qual c é uma função da temperatura. No entanto, para intervalos
não muito grandes de temperaturas comuns, podemos considerar os
calores específicos como constantes e assim escrever
Q = m c ∆T. (8.19)
1 Q
c=
n ∆T
(8.22)
O Quadro 8.3 mostra os valores para o calor específico e calor
molar para algumas substâncias, medidos à temperatura ambiente e
pressão atmosférica.
Atenção!
A palavra fase designa qualquer estado específico da matéria tal
como o de um sólido, um líquido ou um gás.
192 UNIDADE 08
TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Condução térmica
dQ Ta - Tb
H= = k A (8.25)
dt L
MATERIAL CONDUTIVIDADE
TÉRMICA k(W/m . K)
Prata 406,0
Cobre 385,0
Alumínio 205,0
Latão 109,0
Concreto 0,8
Vidro 0,8
Madeira 0,12 - 0,04
Isopor 0,01
Hidrogêgio 0,14
Ar 0,024
Argôcio 0,016
194 UNIDADE 08
tório térmico que pode fornecer uma quantidade ilimitada de calor e
ainda manter a temperatura Ta e a outra extremidade em um reservatório
térmico que pode absorver uma quantidade ilimitada de calor e ainda
manter a temperatura Tb. Nesse caso, dizemos que o sistema está em
regime permanente, pois a taxa de transmissão de calor é constante no
tempo e todo incremento de calor que entra na extremidade quente sai
na extremidade fria. Isto equivale a dizer que a taxa de transmissão é a
mesma em qualquer seção reta do condutor.
Para generalizar a Equação 8.25 introduzimos a coordenada x ao
longo da dimensão do material em que há transferência de calor em razão
da diferença de temperatura. Nesse caso o gradiente de temperatura é
expresso por dT/dx e escrevemos
dQ dT
H= - k A (8.26)
dt dx
Convecção Na engenharia
de construção
Chamamos de convecção o processo de transferência de calor é definida a
resistência térmica
que ocorre tipicamente em fluidos envolvendo o movimento da própria dos materiais
massa de fluido, de uma região para outra, em decorrência de seu (R) como sendo
contato térmico com um objeto de temperatura mais elevada. Quando a razão entre
o movimento é provocado por diferença de densidade entre porções do a espessura
do material e a
fluido, dizemos que a convecção é natural; quando a porção do fluido
condutividade
aquecida é levada a se deslocar por uma ação externa (por exemplo, térmica, ou seja,
pelo uso de bomba ou ventilador), dizemos que a convecção é forçada. R = L / k. Sua
Um exemplo bem conhecido de convecção é o fornecido por uma unidade SI é m2 .
K/W.
porção d’água em uma panela posta sobre a chama de um fogão. A água
no fundo da panela se aquece primeiramente e diminui sua densidade;
estando menos densa, ela sobe e dá lugar à água mais fria que está acima
(mais densa), gerando o que denominamos de correntes de convecção.
Muitos outros exemplos podem ser citados: o sistema de refrigeração do
motor dos automóveis, as correntes marinhas, os ventos etc.
Por sua complexidade, não existe uma equação simples que
descreva o processo de convecção.
Atenção!
Um corpo em equilíbrio com a vizinhança irradia e absorve energia
à mesma taxa de modo que sua temperatura permanece constante.
dQ
H= σ A eT4 (8.27)
dt
É bom lembrar!
Você deve completar suas informações sobre este assunto nos
livros citados nas referências bibliográficas.
196 UNIDADE 08
Hoje existem vários tipos de termômetros, mas tudo
começou com o termoscópio de Galileu Galilei, datado de 1592.
Embora haja controvérsias, para a maioria dos historiadores a
construção do primeiro termômetro, cujo princípio físico era a
expansão do ar, deve ser creditada a esse cientista italiano.
O termômetro de Galileu consistia de um tubo estreito de
vidro, com uma esfera também de vidro em sua extremidade
superior, mergulhado em um reservatório aberto contendo
água. Normalmente, devido à pressão atmosférica que atua
na superfície da água do recipiente, há uma coluna de água
no tubo. Quando a esfera de vidro é aquecida, o ar que está
dentro se aquece e empurra a coluna de ar para baixo. As
variações da altura da coluna de água acusavam as variações
de temperatura.
1. Conceitue ou comente:
a) temperatura;
b) equilíbrio térmico;
c) calor.
2. O que você entende por:
a) propriedade termométrica;
b) escala termométrica;
c) dilatação térmica;
d) fluxo de calor;
e) correntes de convecção.
3. Faça uma pesquisa sobre o surgimento dos diversos tipos de
termômetros. Procure saber quais são os mais utilizados nos laboratórios
Atenção!
Procure resolver mais exercícios e problemas sobre esse
conteúdo. Para isso, procure os livros referenciados no próximo item.
198 UNIDADE 08
16. O vidro de uma janela tem 3 m2 de área e 0,7 cm de espessura. Quando
sujeito a uma diferença de temperatura de 15ºC, qual a quantidade de
calor que passa por este vidro em uma hora?
17. Uma barra foi composta por duas outras de mesmas dimensões,
de alumínio e latão. As extremidades da barra composta estão sujeitas
às temperaturas de 10ºC e 50ºC, como na figura abaixo. Calcule a
temperatura da junção dos dois metais, quando a transferência de calor
estiver ocorrendo em estado permanente.
200 UNIDADE 08
<www.infoescola.com/fisica/onda-estacionaria>
<www.cercomp.ufg.br/wiki/>
<www.scielo.br/img/revis>
PIRES, Denise Prazeres Lopes; AFONSO, Júlio Carlos; CHAVES,
Francisco Artur Braun. Do termoscópio ao termômetro digital: quatro
séculos de termometria. Química Nova, São Paulo, v. 29, n. 6, Dec.
2006 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0100-40422006000600041&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:
30 Jan. 2009. doi: 10.1590/S0100-40422006000600041.
<www.saladefisica.com.br>
<www.if.ufrgs.br>
Livro Texto
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física. V. 1, 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1996.
202 UNIDADE 08
Universidade, em Licenciatura Plena em Ciências – Habilitação em
Física, fez Especialização em Física na Universidade Federal do Ceará
e mestrado em Ciência da Informação na Universidade Federal de Minas
Gerais (2001). Participou da organização do livro Desafiando os domínios
da informação e é autora de um de seus capítulos. Tem se dedicado,
nos últimos quinze anos, principalmente à área de Ensino de Física,
ministrando disciplinas específicas da Licenciatura (Instrumentação
para o Ensino de Física e Evolução Histórica da Física) e orientando
Trabalhos de Conclusão de Curso. Na Educação a Distância, atua como
conteudista, tendo produzido o material para a disciplina de Metodologia
de Estudos Autônomos dos cursos de licenciatura em Física e em
Química. Atualmente é coordenadora do Curso de Graduação em Física
– modalidade presencial – da UFPI.