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Programa de Alimentação

do Trabalhador (PAT)

Prof. Laura Camila P. Liberalino


Doutora em Saúde Coletiva - UFRN
Ms. Ciências da Nutrição - UFPB
Esp./Res. Saúde da Família - UEVA
Nutricionista - UFRN
Objetivos da aula

▪ Discutir o PAT como política pública de alimentação e


nutrição;

▪ Apresentar a evolução do programa e os desafios enfrentados;

▪ Apresentar os parâmetros nutricionais do Programa de


Alimentação do Trabalhador;
Nutrição e a atividade do
trabalhador
▪ A nutrição adequada tem um impacto
positivo na saúde e na segurança ocupacional;

▪ Os efeitos tanto da subnutrição quanto da


obesidade são prejudiciais a uma força de
trabalho forte e bem-capacitada;

▪ A forma com a qual um trabalhador se


alimenta influencia a sua saúde e a sua
produtividade e, portanto, é do interesse de
todos (trabalhadores, empregadores,
associações/sindicatos e governo) contribuir
para que os trabalhadores possam ter uma
boa nutrição e uma dieta saudável no
trabalho.
MAZZON et al., 2016.
Nutrição e a atividade do trabalhador

Principais consequências da má alimentação no


trabalhador:

Baixa
Indisposição
produtividade

Elevado índice
Absenteísmo de licenças
médicas
MAZZON et al., 2016.
MAZZON et al., 2016.
MAZZON et al., 2016.
A alimentação do trabalhador
Marco inicial – da senzala ‘invisível’ ao Serviço de
Alimentação da Previdência Social

• Primeiros coletivos de trabalhadores agrícolas


e das minas, nos serviços da era colonial;

• Deficiências nutricionais decorrente da


alimentação, em algumas províncias;

• Interesses econômicos subjacentes na ação


do senhor de engenho, ao fornecer ao
escravo maior teor energético e não havia
preocupação com o fornecimento dos
alimentos protetores.
ARAÚJO; SOUZA; TRAD, 2010
A alimentação do trabalhador
Marco inicial – da senzala ‘invisível’ ao Serviço de
Alimentação da Previdência Social

• 1930: Pesquisa “As condições de vida das classes


operárias no Recife (Josué de Castro)” → retrata a
fome pela qual passavam os trabalhadores
e a suposta explicação para sua baixa
capacidade de trabalho em relação aos de
outras regiões do país.

• Constituição de 1934: importância de se pagar um ‘salário mínimo’


capaz de satisfazer, conforme a condição de cada região, as
necessidades normais do trabalhador;
ARAÚJO; SOUZA; TRAD, 2010
A alimentação do trabalhador
Serviço de Alimentação da Previdência Social
• 1940: instituição do Saps → propiciar aos trabalhadores alimentação
adequada e com baixo custo, mediante instalação e funcionamento de
restaurantes a eles destinados.

• 1943: “Visitadores da alimentação” → levar noções


de nutrição aos lares dos trabalhadores.

• Outras responsabilidades: pesquisas na área de


alimentação e nutrição; oferta do desjejum escolar
aos filhos dos trabalhadores; auxílio alimentar ao
trabalhador e a família durante 30 dias, em caso de
doença ou desemprego; cursos formadores de
nutricionistas, nutrólogos e profissionais de copa e
cozinha.
ARAÚJO; SOUZA; TRAD, 2010
A alimentação do trabalhador
Programa de Alimentação do Trabalhador

▪ Considerado um dos mais antigos programas de alimentação e


nutrição;

▪ Com a criação do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição


(Inan) foi instituído o PAT, com os custos divididos entre
trabalhador, empresa e governo:

“Proporcionar disponibilidade maior e mais eficiente de energia para o


trabalho do homem e, consequentemente, concorrer para melhoria do
estado nutricional do trabalhador; dividir, transitoriamente, entre o governo,
a empresa e o trabalhador, o custo da energia humana necessária
para o trabalho” (BRASIL, 1979).
ARAÚJO; SOUZA; TRAD, 2010
Programa de Alimentação do Trabalhador

 Institúido pela Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976 e


regulamentado pelo Decreto nº 5, de 14 de janeiro de
1991.

 Priorizam o atendimento aos trabalhadores de baixa renda,


isto é, aqueles que ganham até cinco salários mínimos
mensais.

 Parceria entre Governo, empresa e trabalhador, tem


como unidade gestora o Departamento de Segurança e Saúde
no Trabalho da Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Programa de Alimentação do Trabalhador

É um programa governamental de adesão voluntária, que


busca estimular o empregador a fornecer alimentação
nutricionalmente adequada aos trabalhadores, por meio
da concessão de incentivos fiscais, tendo como prioridade
o atendimento aos trabalhadores de baixa renda.

OBJETIVO: Melhorar as condições nutricionais dos


trabalhadores, esperando-se impactos positivos na qualidade de
vida, na redução de acidentes de trabalho e no aumento da
produtividade laboral.

LEÃO; CASTRO, 2007.


Programa de Alimentação do Trabalhador

Outros objetivos:
▪ Melhoria da capacidade e da resistência física dos trabalhadores;
▪ Redução da incidência e da mortalidade de doenças relacionadas a
hábitos alimentares;
▪ Maior integração entre trabalhadores e empresa, com a
consequente redução das faltas e da rotatividade;
▪ Aumento na produtividade e na qualidade dos serviços;
▪ Promoção de educação alimentar e nutricional, e divulgação de
conceitos relacionados a modos de vida saudável;
▪ Fortalecimento das redes locais de produção, abastecimento e
processamento de alimentos.
Programa de Alimentação do Trabalhador

 A empresa que adere ao programa deve fornecer aos seus


trabalhadores refeições ou cupons/cartões que lhes
permitam adquirir refeições em restaurantes ou alimentos em
mercados credenciados, ou ainda cestas de alimentos, sempre
baseadas em recomendações nutricionais mínimas estipuladas
pelo Programa.

 O benefício não pode ser em espécie (dinheiro);

 Representa uma importante janela de oportunidade para a


promoção da alimentação saudável no ambiente de trabalho.
LEÃO; CASTRO, 2007.
PAT - Sistemas
1. Serviço próprio
▪ O empregador monta cozinha e refeitório;
▪ Adquire os alimentos para a preparação da
comida;
▪ Serve comida quente e preparada na hora em
balcões ou em buffets nos quais os próprios
empregados se servem.

• Exige a necessidade de espaços amplos;


• A empresa define o preço e controla a
qualidade e a segurança nutricional;
• Investimentos iniciais e de manutenção dos
estabelecimentos disponibilizados são
geralmente altos;
MAZZON et al., 2016.
PAT - Sistemas
2. Administração de cozinha/restaurantes de
coletividade
▪ A empresa disponibiliza o espaço e/ou monta cozinha e refeitório;
▪ A aquisição dos alimentos e a administração da cozinha e do
refeitório são terceirizadas para uma empresa profissional de
catering.

• A definição do preço é negociada e o controle de qualidade das


refeições também é feito pela empresa empregadora;
• Possibilita que a empresa se concentre na sua função-fim e não na
função-meio, que fica a cargo de uma empresa especializada, para
gerenciar e prover alimentação de melhor qualidade.

MAZZON et al., 2016.


PAT - Sistemas
3. Refeição transportada

▪O empregador disponibiliza instalações/refeitório onde os


empregados comem alimentos preparados em outros locais;
▪ A empresa de catering traz os alimentos necessários para o consumo
diário em grandes recipientes/panelões ou em embalagens individuais
para cada trabalhador.

• Exige espaços menores do que no serviço próprio (não tem cozinha),


mais fáceis de limpar e manter;
• Tende a ser uma alternativa mais barata que o serviço próprio;
• A variedade de alimentos é, em geral, menor do que nas opções de
serviço próprio, restaurantes de coletividade e vouchers-refeição;
MAZZON et al., 2016.
PAT - Sistemas
4. Voucher-refeição

▪ São vouchers eletrônicos ou em papel fornecidos pelas empresas aos


seus empregados para tomar refeições durante a jornada de trabalho
em uma rede credenciada de restaurantes;

• São ideais para empresas urbanas, onde aluguel de espaço é caro e


estabelecimentos de alimentação são abundantes, e para empresas
com trabalhadores cujas tarefas exijam deslocamentos fora da
empresa;
• Os vouchers impedem que os trabalhadores utilizem na economia
informal o benefício recebido, melhorando a segurança alimentar e
evitando o consumo de alimentos contaminados;

MAZZON et al., 2016.


PAT - Sistemas
5. Voucher-alimentação

▪ Tem por propósito assegurar que o


trabalhador continue bem-nutrido fora do
ambiente de trabalho, contribuindo assim
para assegurar sua saúde e sua qualidade de
vida.

• O local de uso dos vouchers deixa de ser o


restaurante, passando a ser supermercados,
minimercados, mercearias, estabelecimentos
que vendem alimentos in natura ou
industrializados.
MAZZON et al., 2016.
PAT - Sistemas
6. Cesta de alimentos

▪ Consiste na entrega pela empresa aos seus


empregados, especialmente aos de mais
baixa renda, de uma cesta de alimentos
montada por fornecedores credenciados.

• As vantagens são similares às do voucher-


alimentação, limitando-se a alimentos
industrializados.

MAZZON et al., 2016.


Parâmetros Nutricionais
 PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 66, DE 25 DE AGOSTO DE 2006
 PORTARIA N° 193, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2006.
Os parâmetros nutricionais para a alimentação do trabalhador estabelecidos nesta
Portaria deverão ser calculados com base nos seguintes valores diários de referência
para macro e micronutrientes:

Nutrientes Valores diários


Valor Energético Total 2000 calorias
Carboidrato 55-75%
Proteína 10-15%
Gordura Total 15-30%
Gordura Saturada <10%
Fibra >25g
Sódio ≤ 2400mg
Parâmetros Nutricionais

Refeições Principais (almoço, jantar e ceia)


• 600 a 800 Kcal
• Admite-se acréscimo de 20% em relação ao VET de
2000 Kcal/dia (400 Kcal)
• 30 a 40% do VET diário

Refeições menores (desjejum e lanche)


• 300 a 400 Kcal
• Admite-se acréscimo de 20% em relação ao VET de
2000 Kcal/dia (400 Kcal)
• 15 a 20% do VET diário

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 66, DE 25 DE AGOSTO DE 2006


PORTARIA N° 193, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2006.
Parâmetros Nutricionais
As refeições principais e menores deverão seguir a seguinte
distribuição de macronutrientes, fibra e sódio:

Refeições Carboidratos Proteínas Gorduras Totais


(%) (%) (%)
Desjejum/lanche 60 15 25
Almoço/jantar/ceia 60 15 25

Refeições Gorduras Fibras Sódio


Saturadas (%) (g) (mg)
Desjejum/lanche <10 4 -5 360-480
Almoço/jantar/ceia <10 7 - 10 720-960

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 66, DE 25 DE AGOSTO DE 2006


PORTARIA N° 193, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2006.
Parâmetros Nutricionais

▪ Os estabelecimentos vinculados ao PAT deverão promover


educação nutricional, inclusive mediante a disponibilização,
em local visível ao público, de sugestão de cardápio saudável
aos trabalhadores;

▪ A análise de outros nutrientes poderá ser realizada, desde


que não seja substituída a declaração dos nutrientes
solicitados como obrigatórios;

▪ Independente da modalidade adotada para o provimento da


refeição, a pessoa jurídica beneficiária poderá oferecer aos
seus trabalhadores uma ou mais refeições diárias.
PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 66, DE 25 DE AGOSTO DE 2006
PORTARIA N° 193, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2006.
Parâmetros Nutricionais

▪ As empresas beneficiárias deverão fornecer aos trabalhadores


portadores de doenças relacionadas à alimentação e
nutrição, devidamente diagnosticadas, refeições adequadas e
condições amoldadas ao PAT, para tratamento de suas
patologias, devendo ser realizada avaliação nutricional
periódica destes trabalhadores;

▪ Os cardápios deverão oferecer, pelo menos, uma porção de


frutas e uma porção de legumes ou verduras, nas refeições
principais (almoço, jantar e ceia) e pelo menos uma porção de
frutas nas refeições menores (desjejum e lanche).
PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 66, DE 25 DE AGOSTO DE 2006
PORTARIA N° 193, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2006.
Nutricionista no PAT

▪ As empresas fornecedoras e prestadoras de serviços de


alimentação coletiva do PAT, bem como as pessoas jurídicas
beneficiárias na modalidade autogestão, deverão possuir
responsável técnico pela execução do programa.

▪ O responsável técnico do PAT é o profissional legalmente


habilitado em Nutrição, que tem por compromisso a
correta execução das atividades nutricionais do programa,
visando à promoção da alimentação saudável ao trabalhador.

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 66, DE 25 DE AGOSTO DE 2006


PORTARIA N° 193, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2006.
Considerações Finais

“Embora o PAT tenha sofrido algumas modificações desde sua


criação, especialmente em termos das distintas estratégias de
distribuição do benefício (que vão desde a oferta da alimentação em
refeitórios da empresa, até o acesso, por meio de cartões magnéticos,
a gêneros alimentícios in natura e/ou refeições em estabelecimentos
credenciados), ainda deixa de atender algumas categorias, como
trabalhadores rurais, autônomos e aqueles atuando no setor
informal da economia”.

LEÃO; CASTRO, 2007.

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