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Y-Llac~:.!, f:~ TVs. com s·uas f i Ias diante das ag'encias b,"'.ncár·ias.
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como idosos~ Ltrna categoria apat-entemen te
ume:\ e:spéc::,ie
dE! corporaçâo, com interesses, demandas e formas de
fundamental para entender como esse movimento foi capaz de obter grau
atol'-político.
r--.nío
fo í a primeirEl vez que aposentados sai.ram em defesa dE? seu::-
c:~po~"-entEldos.
Convém, pcn-tõ:into, de inicio, estElbelec:er- rElpioElmente EIS-
~ Os daóos que sustentam esta comunicação (exceto aqueles cuja fonte está indicada e notas) fazem ?ar:e da pesquisa de
(ampo sobre os siqnifi(ados políticos e culturais do movimento de aposentados e pensionistas que desenvolvo para minha
tese de doutorado em Ciências Sociais no IFCH-Uni[a~p, SGO orientação da PraTa. Dra. buita Grin Debert. As entrevistas
foram feitas com participantes da AssDciaçâo de Metalargicos Aposentados de Campinas, da Uni~D de Associaç5es e
Departamentos de Aposentados e Pensionistas da Baixada Santista, e de lideranças de algumas federações estaduais e da
COBAP. Na realização das entrevistas contei com a importante colaboração de Ana Claudia Chaves Teixeira, Lia lamshi e
Paulo André A. Setti, estudantes de Ciências Sociais da Unicamp.
2 A bibliografia a respeito é vasta. Para uma cara[terizaç~o geral das peculiaridades da política social no Brasii
pode-se consultar, entre outros, W.Guilherme dos Santos, Cidadania e justiça; a politica social na ordeB brasileira. Rio
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de e
social da luta sindical mais ampla -- esta, cada vez mais voltada para
iS.tEiS. c{
pen!::;ion pers.peCT..lva açâo rE~iv ind i ca ti v a ampla~
Ao longo dos anos 80, até depois da mobilizaçâo pelos 147%, no inicio
conselhos governamentais.
de Janeiro, Campus, 1987; e Sonia Draibe, "As políticas sociais brasileiras: diagnósticos e perspectivas'. in: Para a
década de 90: prioridades e perspectivas de políticas públicas. Brasília IPEAíIPLAN, 1989, p.l-bb. Estudos importantes
J
sobre a previdência social são: Amélia Cohn, Previdência social e processo político nQ Brasil. São Paulo, Moderna, 1980;
Gilherto Hochman, "Aprendizado e difusâo na constituiçlo de políticas: a Previdência Social e seus técnicos."
Rev isi:e brasilE·j ra de Cién,:::ias Soc.ials, nQ 7, p.84-9Bj Janes Mallol', fi. polItica dE
previdência social no Brasil. Rio de Janeiro, Graal, 1986; Jaime A. A. Oliveira e Sonia M. F. ieixeira, (II)Previdência
social; 60 anos de história da previdência no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1989.
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rnín i.mo .. E:ntl~etclnto, rantre J979 e J984, o II····JPS
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aplicaç;âo de :indices inferiores aos estabelecido<:.;. pela.
Confederaçâo Brasileira de
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quais.quer que Tossem S·U'::IS or-iç.tens:.
p ro f issionais. Sâo
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di!:?pal'-tamen ~I uri í.ã o (-?tC., qUE:
aposentados e/ou pensionistas de determinada profissâo~ cidade, estado
pensionist.as organizaram a
600 associações do base e nove federações (SP, RJ, RS, PR, SC, MG, 80,
147%". Tudo corneçou F!m sf."!tembr-ode 19ci.1., quando o <3alálr-io m.ín í.mo
reduz .1.
do , o F~~dera I
Gov't"'frno baseou-se numa in ter-pn2taç~~0 con':5test3.de,
das disposições das lei 8.212 e 8.213, que haviam implantado os Planos
3 Ct. Eneida G. M. Haddad, A VElhice de velhos trabalhadores; o cenário! o noviJenro e as políticas SOCIaIS. Tese de
Doutoramento. Sao Paulo, FFLCHiUSP, 1991, p.13v, 141.
pontos do pa.ís éi p.:3.rtir-
de setembro De 1991. Em .FI de novE~mbro de
C:'::1pi
tai s. A incer-t.e;;~aquan t.o ao pagament.o 1 e\/ava os 1.00S:·OS a 3. ongas
de ..J<:~ne:tr-o
f oi, ampl2\men1.:E!d i.vu Lq eda ~\ época!. o tf.~
super- .i n ·i::E~nden
os aposen t.i::ido~:;
r·I'::I\/ iam sido !l esquecidos!l e o própr·.i o i" i 1. ho nâo o
:,28 de j anei r-o cie 1.992, quando o aposentado Quin t.ino Cecrüne 1 foi
peito nu €":n<::.;::lngüE~lItE:lcio,
ce!'·c<"dod€!: po l Lcí.e í.a,
principais jornais do pais na dia seguinte. Após sucessivas batalhas
!.=ir i + to .
org"xniZi:":lf;.i:)eS
de apo<3(entcl.dose pen"":.ioni~5·t.a.?.,;,
pois os 1.c~7:i~ €'2r<::im
\..I.fila
4 Ü ministro Antonio Magri era titular das pastas do Trabalho e Previdªncia Social, que haviam sido unificadas no início
do Governo ColIor. As duas pastas voltaram a ser separadas quando itamar Franco assumiu a presidfncia, em outubro de
1992. Assumiu então o Ministério da Previd~ncia Social o deputado Antonio Britto.
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8
"(; lut,::\
pat-,,~
mim E!~:.t3
s.endo b03. (-'!gitouc<. minr":cl.
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[I primei r-o tipo S·::<'Ci a.s associ,3ç8es "cor-para ti vistas. !I. Ser-iam os
C iôl. r é. tE.'r " r-('2=; t; r í, ti vo:: , ao (.:J ar" Elnt.:L I"em pr i\/i I éq ios ~1. um n :..:tm.?!'""o .i d o
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a es,=·es fundos, essas associações, cons.ider-adas "r ica ss" ,
o tipo a'=·5.0claç<.":)es
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tr::::~-; E?mbor-a manteni,am cDm todos
agem com maior autonomia. Galdino dirige uma associaçâo deste último
movimento.
a tr-a.vés in i ci,,:1,
rLv a de can di.d et.o ss em busca votos. Eequndo
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que .:3, pol Lc c e í pCI.r"tid~,ria deve ser' sempre mé.,ntida "do lado de f o r e"
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;;:\5· infDI~mações. ~".obre o movimf.~nto quant.o
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de Cé~mpir-ias.(atualmente Vf:?rec,;.dor
pe lo F'FL
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"Nós. temos que lut.cH-, a gente n:~o está com o cnapeu nê, m:;-(o,
porque nós somos a maior categoria oeste pais. Hoje deve ter
uns 12, 13 milhões de aposentados. Qual é a categoria que tem
isso') O qu e está e<.contecendo conosco é um deslei>:o I"
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responsabilizados pel\:::.. n:;:·duçâo do
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o SI", Cid Fer"t-f!',il'-a
o s::,entiment.c)
012 "OI'"fc\r"lc:iade
F,ol.:í.i::ica"
dos,
ameaça explícita:
Paulo~
desta sociedade de
interess2s~ o Estado está nâo a serviço do desenvolvimento e
do interesse social, mas sim voltado para interesses outros
que nâo atingem as necessidades básicas da populaçâo de
idosos~ aposentados e pensionistas. Portanto, ninguém irá
resolver nossos problemas se nâo tivermos capacidade para
i s~;c:; n E: j"',é):.=;:. t.E:·~{J)C)::~
I> Ci:::. .idC)~.Ci=:' t'êm, C::~:.-=. C:li:)c)S:.E?n t€:\dc;s. t;Z~'rn, as:·
6 Apud José Prata de Araújo, A luta que CODQYFU o Brasil. Belo Horizonte, 1992, p.22.
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•.is 'leI hos e a. capacidade de luta destes, n·,c::\:::..,- figurds
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compost,::tpor ".i.dO~30,,:.!1
(·:=:m
7 Apud Julio Assis Simões e Laura Antunes Maciel ícoord.l, Pátria Alada fsquartejada. Sâo Paulo, FMSFfSM[!DFH, 1992,
p.lil. Estou propositalmente confrontando faias de lideranças aposentadas de orientaçâo politico-sindical e político-
partidária distintas não para minimizar essas diferenças -- que se revelam, por exemplo, na insinuação de balóino de um
[onluio entre o Estado e os interesses das camadas socialmente dominantes --, mas porque neste momento interessa-me
ressaltar o esforço comum das lideranças na produção de uma nova identidaDe do aposentado.
14
r-e-fr~t-·enc:i.c':i
A "maior- Ci:~.t~=gDr-ia
do pais":
6 Cf. a fala de Antonio Galàino reproduziàa em Prata de Araújo, op. cit., p. 14.
Nas entrevistas, raramente os aposentados se queixam de maus
mais novas indicam que esses s]o acontecimentos freqüentes, mas quase
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Um da dos Metalúrgicos de
familiar:
um
Agir aSSlm parece ser ainda o mesmo que pedir caridade, nao direitos.
de {::lpo'5E'n t.Eldos
sociedade em geral.9
!:::.ent.ido
E'm reldç:~\()c:tdois:. TOcos:. b2\si.cos de contre..st.e: os Ç.!j"·upos
de
voltados
elinda es:.tâo "ativos", "ocupados:.", "brigando". Os mais .i.d oso a, ~tS VE':zes·
~ SDbr~ a idéia de securo individual na estruturaçlD do sistema prevloencliflD brasileiro, ver Sonia Draibe, As
políticas sociais brasileiras: diagnósticos e perspectivas. In: Para a d'cada dr 90: prioridades E perspEcti.as de
pO!lrlCaS públicas. Brasilia, lPEA/IPLAN, 1989, p.1-66. Sobre a ética masculina do provedor nas classes trabaihadoras
urbanas, ver Alba Zaluar, A láquini e a revolta. São Paulo, Brasiliense, 1985.
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o-rF::!'·f::cfam.
No 1 imi t.e ~ o=:· p r oq r erne e ele "terceira ielade" são vis.tos. corno for-mas
.idosos:
20
i larquesini,
T
Fedet-ai;.;:ãa
do s Aposentadc:"!s e Pensionistas dE' ~-)·::IO
Paulo) :1.(;>
1'"·er)I'··E'<=..(:~ntc\ç:ãD
E·' consti tui ção de I idF::ranças) s;~::ío
também E's.paç:Ds;dE:?
"Eu r~=:so}'\/i
\/il~ pêu-a c\ associação p2,I~a descanr·egar a mente.
Porque voc&e ficando isolado dentro da sua casa ou sentado num
p r'
imord 1 men te· ri a ss quei ;·:as contra
i,::;. o despr!::~zo com que O"" m i 1 i tan tes
tr<':ibalh2<.dor-es.
da c'\ti···/a
"se (esquE·cem qU.e um dia t.ambém V~~D fici:õlr
-t -i•.. ~.a....
problema da Seguridade Social (.J_ mais respeito aos trabalhadores da
ativa que a nós: quem tem direito a beneficio é quem está trabalhando,
<~poS::.E?ntado~::.
tl'··atC":\ndo·-·c)S
corno "coitadinhos", mélS.~:.:2.0 hostis. à r t or.orn.í.e
a!..
12 Na época dos confrontos entre o movimento de aposentados e o Governo Collar, que antecederam a mobilização pelos
147J.! a irritação das lideranças dos aposentados se voltou tanto contra o líder da Força Sindical, Luiz Antonio de
Medeiros -- que em julho de 1991, quando foi sancionado o Plano de Custeio e Benefícios, apareceu na TV como o
"responsável pela conquista" -- Quanto contra a CUT -- cuja corrente majoritária, num acorGO com o ex-ministro Magri, do
Trabalho e Previdincia Social! em 1991, aceitou indicar para os Conselhos de Previd~ncia e Seguridade e Cadastro
Nacional do Trabalhador nomes de asposentados em substituiçlo àqueles que representavam a COBAP e haviam sido vetados
pelo ministro. CT. Prata de Araújo, op, (it" p.27-29.
-,
li eccmomi c i. sta!l ~ f r"eqüen temen te di r i 1;1 idas ao sind i ca 1 ismo !Ipopu 1 ist.:=.\!!
de .1964·
E·? das conquistas. do pas.saclo mé:ll'-c:ada~; por uma fc)l'··te !~E~laçãD com o
-c(-?nderarr, 11 no\/c}::~:.
i!
de e
de fomentarem a falsa
. t; a.L,. J.zaíe!Tf
cr as, uma f.::,ls.a oposição eri tre assistenciali.smo e
o caso da dos
13 Ci. a análise de Elina G. F. Peçanha e Regina l. M. Morei, "Gerações operarias: rupturas e continuidades na
e~peri~n(ia dos metalúrgicos do Rio de Janeiro", R~vista Brasileira de CiÊncias Sociais, na. 17, p. 68-83. Sobre a
concepção de "gerações" como categorias que refletem distinções de espaço social e formas de açâo política entre
"jovens" e 'velhos", ver P. Bourdieu, "A juventude é apenas uma palavra" in gu~st;e5 de sociologia. Rio de Janeiro,
Marco Zero, p. 112-121.
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-~ -,
24
trabalhadores e ex-trabalh3dores:
t:JE=:. (os:. di.l~içJEnt.E:'=:. cio s.Lnd i c a t.o ) t.ém ou t ra tí.c.e do que li.> ó
importantes .•
. ..
(J movimento un i f i ci:"do e pensJ.onJ.s.t.::\s:. qLtf.?
. ~,
o rq an 1 zaç.=.\o do movimento dE'sempenha.m papel fundamen t.a I antigos
I'''ec:!i:~tr-ibutiva F!~;;;.pf:2C:.\.T.1C:3,
dr'amê:\ti;:~ou tantc) a cris.e C:!"" Fre\/id'i2nC::L""
-----'
O,::; apos€?nti:'J.do':5 S(;:.> ident.i.ficaram como "a maior- categol~i2-. do país" e
um lado" corno ~'iomE'ns qUf2 ainda prE~c::is.am ç.lar-ê?ntil~ (""I s.us.tentc) de S·E~US:·
representar também a luta mais geral pelos direitos dos mais velhos.
"s:~o eie La z e r e n o de
ã luta" .--.-. e com os·
ativl.st.as sinc:lic<'-:1.is e
---- como
---~
...•
26
Ha.i:'E'~-ma.s.
1.4 F'ode--se dizer que, a través do mov í.msen t.o , os aposent.ados
~,:,.ecJui
ir' Cé\r-r··E!i. r·é,!:::· po 1i. +í. cas. Fazem .i ssso questic'nando pl'-€1concE?i.
to<::,.
e
lLm.ite d a
j·-et.:.t.cente, e, embora traduzam uma experi&ncia particular
brasileira contemporânea.
14 ef. J. Habermas, "New social movements'~ JeIos, na 40, 1981~ p. 33-37. Habermas usa ambas as expressões para
distinguir a mudança na natureza dos conflitos sociais no capitalismo óe hem-estar contemporâneo. Os conflitos teriam
deixado de se referir a áreas de reproduç~o material, nlo seriam mais canalizados através de partidos e organizações
formais nem poderiam ser contornados ~ediante compensações oferecidadas pelo sistema de bem-estar. Ao contrário, os
"novos movimentos sociais' surgiriam nas áreas de reprodução cultural, integração social e socialização; manifestar-se-
iam por formas de protesto infra-institucionais e extraparlamentares; e girariam em torno a defesa de estilos de vida
ameaçados ou da prática de estilos de vida renovados. Através da análise que fazemos do novo movimento de aposentados e
pensionistas -- que tanto cDloca de;andas materiais em torno dos beneficios da Previdlncia, quanto questiona a posiçâo
dos velhos na sociedade -- vemos que aquelas duas Tormas de conflito não são excluóentes, como parece sugerir Habermas,
mas podem fundir-se num lesmo movimento social.