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Prática 5 Capacidade térmica dos metais

a) Temas programáticos:
 Quantidade de calor
 Capacidade calorífica e capacidade calorífica específica dos sólidos
 Temperatura

b) Objectivo
 Treinar a utilização de termómetros, calorímetros e termopares em experiencias
caloríficas
 Determinar a capacidade calorífica específica do alumínio, ferro e latão
 Verificar o cumprimento da Lei de Dulong e Petit

c) Aplicações nas engenharias


Os atributos térmicos dos materiais, como a capacidade calorífica, são importantes para
a Engenharia Civil mesmo como na Engenharia Mecânica e Química. Medições da
temperatura com um termopar são frequentes em todos os laboratórios, onde são
determinadas temperaturas entre 1200ºC e – 270ºC. A Calorimetria é uma parte
importante da Química Física e da Química Analítica.

d) Conhecimentos necessários:
Definição da energia interna, da temperatura de um sólido e da capacidade calorífica;
funcionamento de um termopar e dum calorímetro.

e) Literatura para consultar


Tipler, P. Mosca, G. Física. 5. Ed., Vol.1. Rio de Janeiro: LTC, 2006, Capitulo 18-1 –
18-3

f) Teoria
 Termopar

Um “termopar”, também chamado de “par termoeléctrico” consiste de dois fios metálicos de


metais diferentes, que são ligados num ponto de soldadura. No ponto onde estes dois fios são
soldados existe, nos dois lados da área de separação, um gás de electrões, usualmente com
densidades n1 e n2 diferentes.

n1 n2 Figura a: Zona de
contacto
dos dois metais

Por tanto, electrões do metal com densidade mais alta vão difundir no metal de densidade dos
electrões mais baixa.

Forma-se assim uma zona da carga positiva e uma zona de carga negativa perto do contacto.
Existirá, então, uma diferença de potencial ou tensão eléctrica (ou voltagem) nos extremos do
contacto, que é função da temperatura e depende também dos metais que formam o par (figura
b). Por tanto, dados dois metais

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Figura b. Par termoeléctrico
formado pelos metais A e B

específicos, medindo a diferencia de potencial, é possível determinar a temperatura. Só precisa-


se fazer previamente uma calibração, quer dizer, determinar experimentalmente, para esse par
de metais, a relação entre voltagem e temperatura. A voltagem pode ser medida com um
voltímetro ou com a parte “Voltímetro” dum multímetro. Existem dificuldades em estas
medições relativas à existência de quedas de potencial diferentes nos contactos dos dois metais
do termopar com os terminais do instrumento. Estas dificuldades são geralmente eliminadas
mediante esquemas de medição que introduzem o uso de duas uniões, uma das quais é mantida
a uma temperatura fixa, por exemplo, 0 0C, (ponta fria). Na prática pode trabalhar-se a
temperatura ambiente e fazer-se a correcção correspondente. Há alguns multímetros que já têm
a informação da curva de calibração e a correcção e, por tanto, dão directamente o valor da
temperatura para um par termoeléctrico específico. Também há interfaces para computadores e
programas específicos que permitem medir directamente a temperatura. No nosso caso
empregaremos, para a presente experiência, termopares com interface e PC (figura c), alem de
termómetros, para a medição da temperatura.

Para aumentar a temperatura de uma dada peça de metal na quantidade ∆T, uma energia térmica
∆Q é necessária, onde:

δQ = Ctot ·∆T (1)

sendo, Ctot a capacidade calorífica da peças aquecida.

Por tanto, a capacidade calorífica vem dada por:

δQ
C=
dT
(2)

onde C é proporcional à massa do corpo. Define-se também a capacidade calorífica específica


ou calor específico como:

C
c=
m
(3)

Quer dizer, o calor específico é a quantidade de calor que precisa a unidade de massa da
substância dada para elevar a sua temperatura num grau. Quando a quantidade de substância
refere-se a um mole, estamos a definir o que se chama de Capacidade calorífica molar ou calor
específico molar.

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A quantidade do calor absorvido δQ depende dos parâmetros e condições sob as quais fica o
corpo quando a temperatura sobe. Assim, por exemplo, quando o calor é absorvido a pressão
constante, define se o calor específico a pressão constante, C p, entanto quando o volume é
constante define se o calor específico a volume constante, C v, sendo que Cp> Cv. No caso dos
sólidos, a variação do volume durante a absorção do calor é pequena e C p≈ Cv. Por outro lado,
pode-se demonstrar que:

C v= ( δUδT )
V
, (4)

onde U é a chamada de “energia interna”. A energia interna U está associada às vibrações da


rede cristalina formada pelos átomos do sólido, provocadas pelo calor. A teoria de Debye
descreve estas vibrações e, até uma temperatura característica de cada material, a chamada de
“temperatura de Debye, TD” (tabela 1), as vibrações podem ser descritas através de uma teoria
clássica. Para valores de T/TD grandes esta teoria resulta na chamada de “Lei de Dulong e Petit”,
segundo a qual verifica-se que:

c V =3 Nk
, (5)

onde N = numero dos átomos do corpo, e k é a constante de Boltzmann.

 Capacidade calorífica molar cm = 3 NL ‧ k = 3 R = 24,94 J/mol K. (6)

Elemento TD
Al 419K
Fe 462K
Cu 335K
Zn 100K
Tabela 1: Temperaturas de Debye de varios metais:

g) Montagem da experiencia e o equipamento utilizado:

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Figura c: Calorímetro com água, termopar com interface e aparelhos para aquecer
blocos de metal á 100ºC.

A experiência é montada de acordo com a figura c.


São utilizados blocos metálicos, os quais são aquecidos em água a ferver a 100ºC.
Depois são metidos no calorímetro com água à temperatura do ambiente. Medindo o
aumento da temperatura do conjunto de água + blocos metálicos, a capacidade calorífica
específica do metal pode ser determinada. Para isso aplica-se a lei de conservação da
energia:

Assumindo: C = 80 J/K = capacidade calorífica do calorímetro


c1 = 4,19 kJ/(kgK) = capacidade calorífica especifica da
agua
m1 = 200g = massa da agua
m2 = massa dos blocos metálicos
T2 = 100ºC = temperatura inicial dos blocos metálicos
T1 = temperatura da água do calorímetro antes da mistura
Tm = temperatura da mistura
c2 = capacidade calorífica específica do metal

 Energia recebida pelo calorímetro com a agua: (C + c1m1) ‧ (T1 – Tm)


Energia fornecida pelos blocos metálicos inicialmente a 100ºC:
c2 m2 ‧ (Tm – T2).
Igualando e isolando c2:

(C+c 1 m1 )⋅( T 1−T m )


c 2=
 m 2⋅(T m−T 2 ) (7)

h) Procedimento experimental

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1) Pese os blocos de alumínio e aqueça-lhos num banho de água até 100ºC.
2) Utilizando um termómetro, meça a temperatura de 200g de água dentro dum
calorímetro, onde fica também um termopar ligado a um computador através duma
interface, como na figura c. Retire o termómetro.
3) Retire os blocos de alumínio do banho a 100ºC e rapidamente introduza-lhos no
calorímetro. Ajuste a tampa do calorímetro e simultaneamente começa a medição da
temperatura mediante o software no computador. Programe os parâmetros do software
para realizar 100 medições. Quando as medições finalizem, observe os últimos valores
da tabela fornecida pelo computador. Deve obter se um valor constante da temperatura
(os valores finais da tabela se repetem), o que corresponde ao valor final atingido.
4) Repita o mesmo procedimento para blocos de ferro e latão.
5) No relatório, calcule a capacidade calorífica específica do alumínio, do ferro e do latão
utilizando a equação (7).
6) Calcule as capacidades caloríficas molares dos três metais a partir dos valores das
capacidades específicas determinadas no ponto anterior e levando em conta os valores
seguintes para as massas molares dos mesmos:
Massa molar do alumínio = 26,98 g/mol
Massa molar do ferro = 55,84 g/mol
Massa molecular do latão = 63,38 g/mol
Compare os valores obtidos com o resultado da Lei de Dulong e Petit.

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