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Países Árabes

Atualmente, são denominados “Árabes” os países nos quais a população fala o idioma árabe, totalizando 22
países que tem o árabe como idioma oficial, desde o oceano atlântico e norte da África, até a parte oriental do
Mar Mediterrâneo e Golfo árabe.
Muitos cientistas tentaram determinar os primeiros “falantes” da língua árabe, mas não conseguiram concljuir o
tempo e lugar exato de origem do idioma, nem mesmo os primeiros a falar árabe.
Os cientistas concordam que se trata de uma das antigas “línguas mães”, como o Aramaico e Cananeu, e
alguns acreditam que “arabizados” foram os primeiros a falarem árabe, e denominarem o idioma de língua de
árabe. Havia quem considerasse o árabe como sendo a língua falada no paraíso ou a língua de Adão, que
remota ao princípio da criação. Outros já afirmam que Ismael, filho de Abraão, do qual descendem todos os
árabes, foi quem primeiro falou árabe quando tinha 14 anos de idade.
Faltam a estas opiniões documentação histórica, evidências ou provas que os dêem respaldo histórico e
científico, pois são todas teorias baseadas em suposições e, por isso, têm seus pontos fracos e as lacunas não
preenchidas até agora, se devem à escassez de referências e evidências arqueológicas deixadas pelos árabes
e demais habitantes da península arábica.
O primeiro texto escrito em árabe foi descoberto em gravações em pedras (Al manara) na Síria e remota ao ano
de 328.
Se os pesquisadores discordam em determinar o local e data do nascimento da língua, são unânimes em
afirmar que não se tratava de uma língua única antes do aparecimento do Islamismo, mas uma variedade de
línguas que convergiam algumas vezes para dialetos, sendo às vezes a diferença entre elas tão grande que
dificultava a comunicação entre os falantes destas línguas.
Como as demais línguas, o árabe foi sofrendo grandes mudanças e evoluindo através de centenas de anos.
Antes do islamismo, e por curto período, a língua árabe usada no norte da península arábica foi denominada de
“Mudar” substituindo outros dialetos árabes mais antigos. Enquanto que a língua árabe do sul foi conhecida
como “Jumeirah”.
Por volta do primeiro milênio (d.C), surgiu o “Quraysh”, da tribo do profeta Maomé (Mohammad) e a língua da
tribo “al rabiah” e a da “Qadhah”, são dialetos próximos entre si e compreendidos mutuamente.
O islamismo veio para imortalizar a língua árabe de “Quraysh”, na qual foi revelado o Alcorão, que a tornou a
língua árabe clássica desde o aparecimento do islamismo até aos dias de hoje.
Segundo Professor Helm Nasr (2010), em entrevista sobre idioma na cultura árabe, esta é uma língua muito
antiga que teve sua origem com o povo semita e desenvolveu-se na península arábica. Entretanto com o
surgimento do islamismo e, a partir daí se expandiu para outros países. Não é possível precisar quantos
falantes da língua árabe no mundo. O árabe é falado nos 22 países árabes e em algumas outras regiões,
podemos dizer que o árabe é a língua da religião islâmica. O Alcorão, livro sagrado para o islamismo, foi escrito
em árabe, portanto seus seguidores deveriam ter conhecimento do idioma árabe, uma vez que a religião para os
árabes é um elemento essencial para vida. A UNESCO determinou 6 línguas oficiais e o árabe é uma delas.
Na península arábica, mesmo antes do islamismo o idioma era falado por poetas, que tinham muito prestígio e
admiração, inclusive promoviam uma feira onde elegiam o melhor poema.
Algumas características da língua:
O Alfabeto árabe possui 28 letras, e é escrito da direita para a esquerda, interligando as letras, com
espaçamentos entre as palavras.
O árabe é composto de substantivos, verbos e partículas (preposições) e se destaca pela ciência gramática e
artes retóricas.
Gramática: a ciência que determina a forma correta das frases, regras de expressão, questões ortográficas e
suas funções, e demais propriedades referentes ao assunto.
Artes Retóricas: inclui métodos e propriedades inovadoras na escrita prosaica e poética.
Os países que adotaram o árabe com língua oficial são: Jordânia, Eritréia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein,
Argélia, Tunísia, Djibuti, Arábia Saudita, Sudão, Síria, Somália, Iraque, Omã, Palestina, Catar, Kuwait, Líbano,
Líbia, Egito, Marrocos, Mauritânia e Iêmen.
A influência Árabe na língua Portuguesa: A língua portuguesa recebeu diversas contribuições durante sua
evolução histórica. Neste processo o árabe teve uma importante contribuição. Desde 711, com a presença
islâmica da península, o árabe tornou-se a língua administrativa. A população continuou a usar as suas falas
românicas e o moçárabe nas áreas sob o domínio mouro. Mesmo após a retirada dos muçulmanos, a influência
na língua portuguesa se fez definitiva. Hoje existem milhares de palavras de origem árabe na língua portuguesa.
Exemplos de palavras de origem árabe:
Português Transliteração Árabe
Fulano Fulan ‫فلن‬
Alface Al-khas ‫الخس‬
Almofada Al-mukhada ‫المخدة‬
Azeite Az-zayt ‫الزيت‬
Álgebra Al-jabr ‫الجبر‬

Ambiente de Negócios
Em alguns aspectos o mundo árabe é uma realidade diferente para o homem de negócios ocidental. Em outros,
o brasileiro possui algumas similaridades culturais. No geral, é importante dar especial atenção para os detalhes
e as divergências comportamentais em relação ao que existe no Brasil. A mediada em que o mundo se
globaliza, a tendência é de que os ambientes de negócios sigam um padrão mais internacional de pontualidade,
etiqueta e práticas comerciais. Apesar da cultura negociadora, é preciso caminhar lentamente para uma
existência independente das diversas culturas nacionais, conhecer a cultura da outra parte pode ser um
diferencial para facilitar o processo de comunicação e negociação.

• Tempo: Assim como em muitas regiões do Brasil, a noção de tempo nos países árabes é bastante
flexível. Os árabes não são muito receptivos à idéia de que os horários devem governar sua vida.
Planejar com muita antecedência não é costumeiro, também pode ser considerado ofensivo apressar
uma negociação. É prudente deixar folgas nos horários marcados e não cobrar pontualidade extrema.
Um casual atraso de um árabe não significa que ele estará ofendendo ou menosprezando o
combinado. Porém, esta atitude não deve ser imitada por quem deseja fazer negócios com os árabes,
a fim de se seguir um costume internacional. Os árabes são orientados para o passado, gostam de
falar de sua história, tradição, herança e cultura, e podem esperar o mesmo da outra parte. O respeito
pelos ancestrais, predecessores e mais velhos também é característico.

• Ritmo: O ritmo das negociações deve ser moderado e as questões devem ser apresentadas uma a
uma. Normalmente há muitas exigências iniciais como concessões lentas através do regateio, prática
bastante corriqueira no mundo árabe. Os árabes são conhecidos, de maneira geral, por serem
negociadores muito eficazes. É regateando que os árabes se misturam socialmente com seus
parceiros comerciais, tomam decisões, e obtêm o sustento de suas famílias. O negociador brasileiro
deve estar preparado com estratégias definidas de resposta para a barganha.

• Interrupções: É possível que durante reuniões de negócio, o telefone toque, pessoas alheias à
reunião entrem na sala ou ainda o assunto seja mudado repentinamente, sendo retomado num
momento posterior. Os árabes gostam de conversar durante um longo tempo sobre temas diversos
antes dos negócios. É recomendado que se tenha tempo entre uma reunião e outra. Toda esta
atmosfera faz parte do ambiente cultural de negócios no mundo árabe.

• Formalidade: Deve–se evitar ser excessivamente formal e esperar um feedback expressivo caso haja
divergências. A sensibilidade, emotividade, e espontaneidade são características comuns entre os
árabes. Ser levemente emotivo nas negociações pode demonstrar sinceridade e ajudar nos negócios.

• Datas e feriados: Em muitos países árabes os feriados semanais são quinta e sexta-feira. Muitos
países têm mudado para sexta e sábado a fim de obter mais dias úteis em comum com o ocidente. Há
ainda países árabes que adotaram os feriados semanais ocidentais aos sábados e domingos.

Quintas e sextas: Arábia Saudita e Omã.


Sextas e sábados: Argélia, Bahrein, Catar, Egito, Emirados Árabes, Iêmen, Ilhas Comores, Iraque, Jordânia,
Kuwait, Líbia e Síria.
Sábados e domingos: Líbano, Marrocos, Mauritânia e Tunísia.
Sextas: Djibuti, Palestina, Somália e Sudão.

• Coletivismo x Individualismo: Os árabes possuem uma orientação mais coletivista que


individualista. Isto é mais nítido quando se negocia com empresas governamentais ou semi-
governamentais. O processo decisório geralmente ocorre coletivamente, porém com a palavra final
dada pela pessoa de maior nível hierárquico, que deve ter sua autoridade respeitada.

• Pessoas x Empresas: Para os árabes, a pessoa do negociador é extremamente importante e é


consenso que esta parte não deve ser substituída no decorrer do processo de negociação, pois no
hábito árabe de se pensar, as pessoas estão claramente divididas entre amigos e estranhos. Caso a
pessoa do negociador seja trocada, todo o processo de construção da confiança e segurança deve ser
retomado, o que pode atrasar ou comprometer a negociação. Não se deve esquecer que segurança e
confiança são dois pontos fundamentais nas negociações e estão intimamente ligadas à pessoa do
negociador.

• Comunicação não Verbal: A comunicação não verbal também é bastante expressiva e os contatos
físicos entre os homens são mais próximos que no Brasil. Durante a negociação o contato ocular e a
proximidade física são levemente superiores ao que ocorre no Brasil. Bastante gesticulação também
pode ser esperada em alguns países. Não é recomendado mostrar a sola do pé ou do sapato para um
árabe. Isto está ligado a um costume herdado dos nômades do deserto, que andavam descalços com
os pés muito sujos e dispondo de pouca água para lavá-los, constituía-se em ofensa, então mostrar
essa parte do corpo tornou-se rude, por representar a sua parte mais suja e baixa. Colocar a mão
direita no coração depois de apertar a mão de alguém é demonstração de respeito e sinceridade. Os
homens se levantam quando uma mulher entra na sala, todos se levantam quando novos convidados
chegam a uma reunião social e quando uma pessoa de mais idade ou de alto cargo entra ou sai da
sala. Se o negociador ocidental ou qualquer que seja a pessoa admirar algum objeto (quadro,
escultura, etc.), o árabe poderá insistir que aceite como presente e em muitos países, presentes são
dados ou aceitos com as duas mãos e não são abertos na frente do doador. Havendo tal distinção em
receber o presente, é importante retribuí-lo. Os árabes são reconhecidos por sua hospitalidade e
generosidade, por isso será indelicado recusar convites para almoços, jantares, cafés, chás e/ou
presentes. Normalmente, a troca de presentes pode caracterizar o início de um relacionamento
pessoal.

• Religião: É importante estar preparado para a importância dada à religião. Isto pode influenciar muito
na negociação. Procurar neutralidade, respeito, ser paciente, e saber lidar com imprevistos irão auxiliar
na sua jornada de negócios com os países árabes. Na sua essência, o Islã tem muito em comum com
o cristianismo, já que reafirma o conteúdo dos evangelhos e do antigo testamento. Muitos dos
capítulos do Alcorão se referem a passagens também presentes na Bíblia. Allah, portanto, não é
senão o mesmo Deus presente na Bíblia cristã, pronunciado em língua árabe. Para os
muçulmanos, Deus é o Criador de tudo, e tanto o presente, como o passado e o futuro são conhecidos
ou feitos por Ele. Por isto é comum se escutar “Insha Allah” (se Deus quiser) ao se planejar algo no
futuro. O Islã abrange a política, o direito e o comportamento social, não havendo, geralmente,
separação entre a Igreja e o Estado; as instituições públicas e o próprio poder jurídico são regidos pela
religião. Familiarizar-se com a cultura islâmica é essencial para entender a cultura árabe. Como o
Alcorão, (livro sagrado do Islamismo) deve ser lido na língua árabe, virtualmente todos os
muçulmanos, mesmo não árabes, conhecem o árabe escrito. Com isso, o árabe se torna uma das
línguas mais utilizadas no mundo. O calendário árabe é determinado em função da religião e é
baseado nas fases da lua.

O calendário lunar é composto de 12 meses, que correspondem cada um, a rotação completa da Lua em torno
da Terra. A extensão do ano medida nesses termos é aproximadamente onze dias menor que a do ano solar
(calendário gregoriano-ocidental).

• Hierarquia: As apresentações de negociadores ocidentais, quando feitas por uma pessoa de “status”,
respeitada pelo árabe, pode alterar positivamente o rumo das negociações. Hierarquia e idade são
fatores de “status” para os árabes. A marcante demanda, por parte dos árabes, em negociar com
pessoas que tenham poder de decisão na empresa é outro ponto considerado fundamental para ser
bem sucedido. Deve-se conhecer, acima de tudo, o processo de tomada de decisão da outra parte
para otimizar o processo de negociação. Em alguns países árabes, notadamente do Golfo Arábico, há
estrangeiros que negociam pelos árabes, mas é relevante saber que a última palavra será da pessoa
com quem se negocia ou de seu superior, o árabe.

• Legislação Sharia: Sharia: caminho - referindo-se ao caminho que um muçulmano deve seguir para a
salvação. A lei islâmica ou sharia governa os assuntos de religião, justiça penal, sistema financeiro e
ética de negócios. A maioria dos Países Árabes têm uma parte da lei sharia lidando com questões
como casamento e divórcio. No sistema bancário Islâmico é proibido cobrança de juros e a iniciativa, o
esforço e os riscos envolvidos são mais importantes que o próprio dinheiro investido. A economia
islâmica é baseada na crença que o provedor de capital deve dividir os riscos nas empreitadas de
negócios. Investimentos em negócios considerados proibidos (bebidas alcoólicas, carne suína etc.)
devem ser desconsiderados.

Dicas

• Assuntos: É importante informar-se sobre o país e sua história antes de visitá-lo. Muitos homens de
negócio gostam de falar das conquistas nacionais, de sua cultura e história. Evite falar de política ou
religião. Seja bem-humorado, mas não faça piadas com conotação sexual ou racista. Não é comum
perguntar a um árabe muçulmano sobre filhas e esposa especificamente, mas sobre a família e as
crianças em geral. Será conveniente conversar sobre o idioma árabe, as contribuições à língua
portuguesa e a cultura brasileira, as contribuições do árabe para a evolução da humanidade durante a
Idade Média, entre outros temas. Futebol é um assunto sempre bem-vindo entre os árabes.

• Cumprimentos: A religião também rege os cumprimentos. Geralmente usa-se “As-salamu Aleykum” -


Que a paz esteja convosco. A resposta deve ser “Waleykum As-salám”. O aperto de mão é usado
sendo que os homens locais se cumprimentam com beijos na face. Os homens devem estender a mão
primeiro para que uma mulher o cumprimente.

Caso uma mulher ou um homem não estenda a mão, leva a mesma ao coração como sinal de respeito. A
despedida geralmente é “Ma-assálama”.
• Mulheres: Atualmente, a mulher goza de liberdade para a maior parte das atividades antes
desempenhadas apenas por homens na maioria dos países árabes. As mulheres podem possuir
cargos de importância e também negociar.

• Roupas: De maneira geral não há diferença entre as roupas usadas no Brasil e nos países árabes
durante uma reunião de negócios. É importante, porém que as mulheres brasileiras cubram os braços
e as pernas como sinal de respeito. Mulheres que visitam a Arábia Saudita devem usar aabaia (túnica
negra) sobre a roupa. Nas demais regiões, ternos femininos são bem aceitos. Para os homens, terno e
gravata são apropriados.

• Idioma: Muitas pessoas nos países árabes falam inglês ou francês (países do Magreb) e há uma
crescente minoria que fala espanhol principalmente no Norte da África. Porém é importante que se fale
lentamente e com palavras simples para facilitar a comunicação. O conhecimento de algumas palavras
em árabe é uma demonstração de interesse e respeito pela cultura local e pode trazer bons
resultados.

A cultura gastronômica árabe é uma das mais interessantes e peculiares. Pode-se dizer que a culinária árabe é
um conjunto de cozinhas dos países árabes, influenciada pela gastronomia mediterrânea e da Índia.
A religião tem papel marcante nos hábitos alimentares no mundo árabe. A maioria dos árabes é muçulmana e,
como tal, seguem as normas alimentares ditadas pelo Alcorão, que determina muitos detalhes da vida e cultura
dos seus fiéis, influenciando, a exótica e deliciosa “cozinha árabe”.
O conceito de comida nos países árabes, está relacionado a hospitalidade. Para o povo árabe, as refeições são
verdadeiros rituais, demorando-se à mesa, não esquecendo da sempre constantes orações de agradecimento e
pedindo ao deus Alá a benção do alimento. Adoram receber amigos, convidados e pessoas que estimam.
Durante as refeições geralmente as portas permanecem abertas e todos que chegam são convidados à mesa.
Uma frase do Profeta Maomé traduz a base de toda a hospitalidade árabe “comida para dois é suficiente para
três, e comida para três é suficiente para quatro”. Recepcionar visitas com comida é parte integrante da cultura
desse povo e ao convidado é oferecido sempre um cardápio variado, preparado com prazer e em grandes
quantidades.
O Ramadam é uma festa sagrada que influencia diretamente a cozinha árabe. Ao por do sol, depois de um dia
de jejum, começa um festival de pratos, preparados durante todo o dia.

Durante o Ramadan alguns pratos assumem uma importância especial, alguns deles são elaborados
especialmente para esse período. Entre eles estão o "khushaf", egípcio, uma miscelânea de frutas secas, e o
“harira” marroquino e algeriano, uma sopa de carne e legumes secos, são pratos particularmente leves, mas
nutritivamente completos, ideais para a quebra de um jejum de longas horas
Pode-se dizer que a culinária árabe dá prazer para o corpo e para a alma. Nessa cultura, o comer bem faz
parte da própria existência.

Contato:

• Fone: +55 11 3283-4066


• E-mail: infobiz@ccab.org.br

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