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Ética e Legislação

Fernanda Regueira

Curso Técnico em Design Gráfico


Educação a Distância
2021
Ética e Legislação
Fernanda Regueira

Curso Técnico em Design Gráfico

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | Nov. 2021


Professor(es) Autor(es) Catalogação e Normalização
Fernanda Regueira Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

Revisão Diagramação
Fernanda Regueira Jailson Miranda

Coordenação de Curso Coordenação Executiva


Lia Madureira Ferreira George Bento Catunda
Renata Marques de Otero
Coordenação Design Educacional Manoel Vanderley dos Santos Neto
Deisiane Gomes Bazante
Coordenação Geral
Design Educacional Maria de Araújo Medeiros Souza
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Maria de Lourdes Cordeiro Marques
Helisangela Maria Andrade Ferreira
Izabela Pereira Cavalcanti Secretaria Executiva de
Jailson Miranda Educação Integral e Profissional
Roberto de Freitas Morais Sobrinho
Escola Técnica Estadual
Audiodescrição das imagens Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Sunnye Rose Carlos Gomes
Gerência de Educação a distância
Sumário
Introdução ............................................................................................................................................ 4

1.Competência 01 | Conhecer o histórico de projetos de lei já propostos para regulamentação da


profissão de designer, reconhecendo as principais atitudes e comportamentos éticos esperados em
um designer gráfico .............................................................................................................................. 5

1.1 O começo de tudo...................................................................................................................................... 5

1.2 Regulamentar? O que é isso? .................................................................................................................... 6

1.3 A batalha para regulamentar o Design Gráfico .......................................................................................... 7

1.4 PL 7520/2017 ........................................................................................................................................... 10

1.5 Os verdadeiros nomes por trás da PL ...................................................................................................... 12

1.6 O que se espera do design gráfico ........................................................................................................... 14

2.Competência 02 | Reconhecer aspectos do direito autoral, uso de imagens e contratos .............. 18

2.1 Direito autoral para criadores .................................................................................................................. 20

2.2 Direito autoral em obras para terceiros .................................................................................................. 23

2.3 Direito autoral de outros criadores.......................................................................................................... 25

2.4 Banco de imagens .................................................................................................................................... 30

2.5 Releitura................................................................................................................................................... 30

Conclusão............................................................................................................................................ 33

Referências ......................................................................................................................................... 34

Minicurrículo do Professor ................................................................................................................. 35


Introdução
Olá você! Tudo bem?
Estamos mais uma vez reunidos no nome do Design Gráfico para entender como funciona
esse mundo criativo ao qual pertencemos. Sei que o nome da disciplina pode assustar, mas você não
é desses, que eu sei!
Aqui teremos nosso momento filósofos! Sim! Vamos dar uma passada na Grécia, cair em
grandes universidades e depois aterrissar nas terras tupiniquins. Bem, esse foi um exagero de minha
parte, mas teve uma boa intenção. Não viajaremos, infelizmente, ficaremos por aqui mesmo. Você
daí e eu daqui. Mas entenda, quando, normalmente, se fala em ética (calma, você pode ser um ponto
fora da curva) os jovens viram de lado, acham, ou melhor, não acham interessante e o conhecimento
se vê perdido. Claro que meu objetivo aqui e agora não é fazer de você um filósofo, se eu conseguir,
por favor me dê o crédito. Mas a intenção mesmo é fazer de você um designer que sabe dos seus
direitos e que não vai engolir sapo de ninguém, nem ser pago com o valor menor e por aí vai.
Bem, se você quer ser aquele profissional enganado pelos clientes e pelo mercado, fique
à vontade, mas se parar para raciocinar comigo te prometo que não vai ser perda de tempo.
Sei que com a esperteza que lhe é característica, você gosta de pegar uma ajudinha nos
sites que disponibilizam imagens e vetores, não é? Mas tu já parou pra pensar que aquele material
foi feito por alguém e que ele merece crédito? E quando a gente compra uma imagem? Precisa
colocar a fonte? Afinal, o que são direitos autorais?
Essas e muitas outras questões serão vistas por aqui!

Feliz por que estaremos juntinhos!

Simbora? Porque tem uma galera que diz por aí que tempo é dinheiro.

4
Competência 01

1.Competência 01 | Conhecer o histórico de projetos de lei já propostos


para regulamentação da profissão de designer, reconhecendo as principais
atitudes e comportamentos éticos esperados em um designer gráfico

Bem-vindo(a) ao seu e-book, sim, porque você o dono desse material. Será? Calma, deixa
que eu reescreva. Um momento, por favor. Aguarde na linha seguinte.
Bem-vindo(a) ao material produzido por mim, sua professora preferida, para seu uso
enquanto estudante, aproveite, pois fiz pensando em você.
Melhorou? Haha!
Parece conversa de doido, mas não é, nessas duas próximas competências nós vamos
falar sobre ética e uso de direitos autorais de qualquer tipo de produto. Afinal, para quem trabalha
com imagem é essencial saber como e quando se pode usar algo feito por terceiros.

Mas antes que tal ouvir minha linda voz naquele podcast maroto que fiz com
tanto carinho? Vai lá e dá o play! Depois, é só chegar por aqui!
Preparados?
Simbora!

1.1 O começo de tudo

Antes de fazermos o cosplay de advogados e entendermos o que é projeto de lei e porque


por tanto tempo se falou de regulamentação dos designers, acho importante esclarecer como surgiu
essa sua futura profissão, porque é conhecendo o passado que se entende o presente. “Ah, mas eu
já sei isso” muitos dirão. Sem chorumelas, por favor! Sigamos!
O design nasceu para escoar a produção industrial, assim como a publicidade, e para
tornar os produtos mais atraentes, eficientes, promovendo o consumo e a saída desses bens. Mas é
claro que houveram grandes mudanças desde então, onde antes havia uma produção em série, com
todo mundo usando a mesma coisa, hoje temos a personalização e grande diferenciação de propostas
e valores. Você nascido e criado nessas últimas décadas sabe que é muito provável encontrar alguém

5
Competência 01

na rua usando uma roupa que você ou alguém que você conhece tenha, especialmente se foi
comprada em uma fast fashion. Mas o que é uma possibilidade era antes uma regra, todo mundo
usava a mesma coisa, porque só tinha aquilo. Coisa chata, né? Pois bem, foi aí que o designer deu
suas caras e começou a diferenciar produtos, serviços e claro, a direção gráfica desses projetos.
Ainda no período da revolução industrial, o público que comprava o que tinha e não
achava ruim, começou a questionar os produtos em série, e buscaram bens mais interessantes (nem
que fosse esteticamente). Percebam que houve uma necessidade mercadológica de mudança, ou
seja, o consumidor procurava por algo novo.
Claro que uma grande classe de trabalhadores criticou essa conhecida lógica “a forma
segue a função”. Já ouviu falar disso? De acordo com esse pensamento a forma de um produto (seja
ela um objeto ou um cartaz) precisaria seguir apenas a sua função, sem uma preocupação estética ou
do que seria belo. Tá difícil de entender? Segura na minha mão e vem comigo. Hoje, quando você vai
comprar uma coisa simples como uma tesoura você possivelmente vai escolher a mais agradável, a
mais bela para você dentro daquela faixa de valor que você está disposto a pagar. Só que antes, na
década de 50, por exemplo, você não teria escolha e sua tesoura como a de tantos outros seria igual.
Se você fosse comprar essa mesma tesoura no passado nem esse pensamento crítico de “pouxa,
queria minha tesoura diferente” você teria. Foi nesse contexto de diferenciação e depois de adoração
ao belo, de um resgate de estética e beleza que o design se tornou muito importante para a indústria.
E por que estamos falando desse passado remoto? Por que a regulamentação de uma
profissão acontece depois de um tempo de estabilidade, de reconhecimento do profissional,
entende? Esse breve histórico é só para que você entenda que a profissão que você vai abraçar não
surgiu de agora e que demorou bastante tempo para ser regulamentada, quer dizer quase
regulamentada.

1.2 Regulamentar? O que é isso?

No nosso país existem mais de 2 mil profissões, parte delas são reconhecidas e outras
regulamentadas. Sabe qual é a diferença? As profissões regulamentadas são definidas por lei, com
garantias, piso salarial, jornada de trabalho e adicionais. Hoje, são cerca de 68 profissões nessa
categoria. Radialistas e taxistas são bons exemplos.

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Competência 01

Mas, talvez seja a primeira vez que você entra em contato com a palavra regulamentação
e seu respectivo verbo regulamentar. Bora nesse momento dicionário para entender do que se trata?

Segundo o dicionário Michaelis, regulamentar significa “redação e publicação


de um conjunto de normas regulamentares que regem uma associação, uma
instituição etc.” (2021).

Ou seja, regulamentar uma profissão significa criar normas para organizar as pessoas que
se valem dela para trabalhar. Em outras palavras, regulamentar o design gráfico é uma maneira de
certificar os direitos e deveres garantidos em lei, para que o profissional possa cobrar de quem por
ventura venha a lhe contratar. Com essas “regras” bem estabelecidas fica mais fácil não cair em
ciladas e representar corretamente o seu setor, porque veremos mais adiante que o modo como você
atua no mercado fala não só sobre você, mas por toda a categoria.
Segundo Leal, regulamentar é metaforicamente, em um plano simbólico, reconhecer “a
sua importância dentro da sociedade. Não que determinados ofícios dependam da regulamentação
para gozar de prestígio social, mas a regulamentação é um gesto que reforça o valor que se atribui a
essa profissão.” (2005, s/p).
Profissões regulamentadas, mesmo tendo seu próprio regimento, também são regidas
pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e integram a CBO (Classificação Brasileira de
Ocupações).
A CBO, que é um documento por natureza, identifica a existência da ocupação, mas a
regulamentação deve ser feita pela presidência da república.
Depois desse momento direito do trabalho, onde quase recebíamos um certificado em
advocacia, vamos em frente, pelo amor!
Agora, vamos entender a nossa batalha pela regulamentação aqui no Brasil.

1.3 A batalha para regulamentar o Design Gráfico

É isso mesmo, regulamentar a prática do design gráfico vem sendo uma batalha de anos,
gerações, e ainda assim não foi resolvida. A PL (projeto de lei) está em trâmite e segue sem uma
solução definitiva.

7
Competência 01

Um projeto de lei ou uma proposta de lei é um conjunto de normas que deve


submeter-se à tramitação num órgão legislativo com o objetivo de efetivar-se
através de uma lei. Fonte:
https://www12.senado.leg.br/orcamento/glossario/projeto-de-lei-
pl#:~:text=Um%20projeto%20de%20lei%20ou,se%20atrav%C3%A9s%20de%20u
ma%20lei.&text=J%C3%A1%20as%20propostas%20de%20lei%20s%C3%A3o%20f
eitas%20pelo%20poder%20executivo.

Isso é só aqui no Brasil? Claro que não, mas estamos bem atrasados, pois em outros países
o design gráfico já foi regulamentado há décadas. Triste fim? Ainda não, o que podemos fazer é
esperar e cobrar dos respectivos envolvidos que tentem apressar algo tão simples e poderoso para a
categoria.
Mas agora você pode se perguntar: qual é o ganho em ter uma profissão regulamentada,
que tem regras, normas e organização? Ou até mesmo “Eita! Mal comecei e já tenho essa bomba na
mão, nem conte comigo!” Bem, antes de tomar uma decisão assim nas pressas, deixa eu te mostrar
os benefícios de uma regulamentação, ok?
Vamos começar!
Primeiro, código de conduta. Com um código de conduta é possível ter uma espécie de
manual de como ser ético na profissão. Afinal, nada pior do que levar uma rasteira de um outro
profissional de mercado ou de um cliente, certo? Quem quer um negócio, desse? Ninguém! Então,
esse código serve para todos saberem seus direitos e deveres.
Segundo, educação profissional de melhor qualidade. Isso mesmo, nada como aquelas
regras básicas para que as instituições sigam parâmetros de qualidade na hora de ofertar um curso
na área. Esse movimento educacional é importante e pode garantir uma grade curricular básica,
disciplinas que não podem faltar e de como deve ser formado o estudante em design gráfico. Eu acho
isso massa demais! Garantia de educação de qualidade é o mínimo, certo? Bora para a próxima.
Terceiro, benefícios trabalhistas. Sei que as últimas notícias políticas sobre questões
trabalhistas não são animadoras, mas vamos tentar manter o espírito otimista, ok? Quando temos
uma atividade regulamentada podemos cobrar direitos básicos do trabalhador, como piso salarial,
férias, seguro desemprego, jornada de trabalho e licenças, como a maternidade, por exemplo.

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Competência 01

Quarto, redução de concorrência desleal. Sim, é real oficial! O tal do “design gráfico” é
uma pessoa que brota em cada esquina, basta ter um celular, com um Canva da vida, que a pessoa já
se intitula design gráfico, faz uns trabalhos por um preço muito abaixo do mercado, faz clientela e
tudo. Qual o problema disso? Deixa eu te contar! Primeiro, porque esse fake design copia outros
trabalhos, não faz nada original, não estuda a experiência do cliente e deixa tudo com a mesma cara.
Ah! E pode ter certeza que ele cobra menos, então, quando o cliente procurar um serviço como o
seu, que estudou e sabe o que está fazendo, vai achar caro demais e você só terá 3 opções. Abaixar
o preço, prostituindo o mercado; abandonar o cliente, o que nem sempre é uma opção; ou tentar
convencê-lo a mudar de ideia. Será que você consegue?
Mas vamos retomar os benefícios!
Quinto, responsabilidade técnica. É como diz o ditado “mais se pede de quem mais
recebeu”. Com a regulamentação, o mercado também pedirá mais de você, de seus esforços e de sua
competência. Ou seja, você terá o dever de entregar um serviço/produto que atenda as expectativas
e que promova o crescimento da categoria.
Sexto, participação em licitações públicas. Eu não sei o quanto de familiaridade você tem
com o conceito de licitação, mas aqui vai um pequeno resumo da ópera.

Licitação nada mais é que o conjunto de procedimentos administrativos


(administrativos porque parte da administração pública) para as compras ou
serviços contratados pelos governos Federal, Estadual ou Municipal, ou seja
todos os entes federativos. De forma mais simples, podemos dizer que o governo
deve comprar e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licitação é um
processo formal onde há a competição entre os interessados. Fonte:
https://portal.conlicitacao.com.br/o-que-e-licitacao/

Com a regulamentação você poderá participar dessas chamadas públicas, que


normalmente envolvem um grande investimento e que são uma fatia de mercado super interessante
e até mesmo um meio de ganhar a vida.
O sétimo benefício é a possibilidade de punição por má conduta mediante fiscalização.
Nesse caso não é só por parte de quem emprega, mas também do empregado. Com direitos sempre
vem os deveres, certo?

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Competência 01

Bem, diante de tudo o que foi exposto até agora, só nos resta torcer para o que projeto
de lei (PL) 7520/2017 seja aprovado o quanto antes e entender o que está escrito nesse projeto,
afinal, somos nós os primeiros interessados.
Vem comigo no próximo tópico que vamos destrinchar tudinho.

1.4 PL 7520/2017

Sabidos e orientados judicialmente vamos continuar nossa saga no direito ainda não
conquistado. Nossa profissão ainda não é regulamentada, mas o projeto de lei está aí para tentar
mudar isso.
Ela foi proposta em 2017 pelo deputado Roberto Sales do Rio de Janeiro. A primeira parte
do documento fala sobre o que é Design Gráfico. Confira:

Design Gráfico é a atividade especializada de caráter técnico-científico, criativa e


artística cujo objetivo é estabelecer as qualidades multifacetadas de processos,
produtos, mensagens visuais, serviços e seus sistemas, passíveis de seriação,
informação ou industrialização, de interesse público ou privado. Fonte:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=155
0571&filename=Tramitacao-PL+7520/2017

Concorda? Até então, tudo ok!


Depois, o documento enumera todas as atividades do design gráfico, que seriam:
I – planejar e projetar sistemas, produtos, ou mensagens visuais relativos aos
respectivos processos de produção industrial objetivando assegurar sua
funcionalidade ergonômica, correta utilização, qualidade técnica e estética e
racionalização estruturais referentes ao processo produtivo;
II – planejar, aperfeiçoar, formular, reformular e elaborar desenhos industriais ou
sistemas visuais sob a forma de desenhos, diagramas, memoriais, maquetes, artes
finais digitais, protótipos e outras formas de representação bi e tridimensionais;
III – estudar, projetar, analisar, avaliar, vistoriar, periciar e dar pareceres de caráter
técnico-científico ou cultural no âmbito de sua formação profissional;

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Competência 01

IV – elaborar pesquisas, ensaios, experimentações em seu campo de atividade e em


campos correlatos, quando atuar em equipes multidisciplinares;
V – produzir projetos de sinalização ambiental, na forma de signos de advertência,
pictogramas, setas e tipografias específicas e de cores;
VI – desempenhar cargos e funções nas entidades públicas e privadas cujas atividades
envolvam desenvolvimento ou gestão na área de design;
VII – coordenar, dirigir, fiscalizar, orientar, dar consultoria e assessoria sobre os
serviços ou assuntos de seu campo de atividade;
VIII – exercer o magistério em disciplinas em que o profissional designer esteja
adequadamente habilitado.
Fonte:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1550571&filename=Tra
mitacao-PL+7520/2017

Vamos filosofar sobre o assunto lá no Fórum? Me diz se você concorda com essas
atividades, se mudaria algo nesse projeto de lei. Mas calma, que ainda tem mais nesse famoso
documento.

Ah! Antes que eu me esqueça, vai assistir a videoaula, porque vamos falar
sobre essas linhas de atuação por lá!

De acordo com o texto do projeto só poderá se denominar design aqueles que:

I – possuam diploma de graduação plena e graduação tecnológica, emitidos por


cursos de Design devidamente registrados e reconhecidos pelo Ministério da
Educação;
II – comprovem o exercício da atividade de Design Gráfico por período superior a 5
(cinco) anos até a data da publicação desta Lei;
III – possuam diploma de instituições estrangeiras de ensino superior de Design
devidamente revalidado e registrado no País;

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Competência 01

IV – tenham o exercício da atividade de Design Gráfico amparado por convênios


internacionais de intercâmbio.
Fonte:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1550571&filename=Tra
mitacao-PL+7520/2017

Particularmente acredito que o texto contempla bem quem já pratica a atividade e/ou
aqueles que estão começando e já têm o diploma. O problema é se o indivíduo não se encaixar em
nenhuma das duas. Mas ainda assim, é possível correr atrás do prejuízo e tentar um certificado,
estudar para se aperfeiçoar e garantir alguns direitos básicos, inclusive de ensinar na área.
Uma parte boa do projeto é que outras formações podem se intitular como designer
gráfico, se já trabalhar na área de atividade, claro. Se enquadram nessa categoria:

Comunicação Visual, Desenho Industrial, Programação Visual, Design Gráfico,


Design Industrial, Design de Embalagem, Design Editorial, Design Digital, Design
de Interação, Design de Games, Design de Sinalização, Web Design e outras
correlatas. Fonte:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=155
0571&filename=Tramitacao-PL+7520/2017

O projeto de lei ainda argumenta o perigo de ter profissionais mal qualificados no


mercado e os estragos que podem causar na vida cotidiana de diversas pessoas. Por exemplo, na
criação de embalagens que possam danificar alimentos e que tragam riscos à saúde ou mesmo em
sinalizações de rua, podendo causar congestionamento e acidentes.

1.5 Os verdadeiros nomes por trás da PL

É importante deixar claro que o projeto foi e continua sendo uma manifestação do
Movimento de Designers do Brasil (MDB) do Rio de Janeiro. Em 2017, houve uma grande agitação
por todo país, convocando estudantes e os já formados profissionais para aderirem a causa, como
você pode ver na imagem abaixo.

12
Competência 01

Figura 01 - Cartaz de divulgação.


Fonte: https://designculture.com.br/entenda-o-projeto-de-lei-que-regulamente-a-profissao-de-designer-grafico
Audiodescrição da figura: A figura mostra um cartaz com fundo amarelo e as informações para aderir a campanha de
regulamentação do design gráfico. Fim da Audiodescrição.

Esse cartaz foi uma convocação para que os profissionais da Paraíba pudessem se unir ao
movimento, mas outras entidades também se manifestaram, como:
Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign), Associação Catarinense de
Design (SCDesign), Associação dos Designers Gráficos (ADG Brasil), Associação dos Designers Gráficos
do Distrito Federal (Adegraf), Associação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul

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Competência 01

(ApDesign), Associação das Empresas e Profissionais de Design do Paraná (ProDesign-PR), Centro


Brasileiro de Design Industrial (CBDI), Centro Brasil Design (CBD) e Sociedade Brasileira de Design da
Informação (SBDI).
A união de todas essas frentes é que proporcionou que o projeto de lei se tornasse real e que a luta
persista até hoje.
Separei aqui os sites dos respectivos órgãos para que você possa entrar e dar uma
olhadinha, mas se quiser se manter informado muitos deles disparam newsletter e você também
pode seguir nas redes sociais.
• http://abedesign.org.br/
• https://30anos.adg.org.br/
• https://adg.org.br/
• http://www.adegraf.org.br/
• http://www.apdesign.org.br/
• http://prodesignpr.com.br/
• https://www.cbd.org.br/
• https://sbdi.org.br/

Espero que seja útil e que possa servir de base para seus próximos passos enquanto
estudante de design gráfico.

1.6 O que se espera do design gráfico

Já sabemos e conhecemos todos os envolvidos na tentativa de regulamentação da nossa


profissão, porém precisamos saber quais são as principais atitudes e comportamentos que devemos
ter diante do mercado.
Muito além do dress code ou que tipo de corte de cabelo você poderá ter (parece absurdo,
já que isso não cabe mais em nenhuma profissão, muito menos na nossa, mas conhecemos bem as
irregularidades que vemos por aí. #desabafo) a intenção desse tópico nada tem a ver com os seus
trajes ou aparência e sim a postura ética que você deve manter no mercado de trabalho.
Um minuto de silêncio para que você possa relembrar o conceito de ética, por favor.

14
Competência 01

Conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou


de grupo social ou de uma sociedade. Fonte:
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/%C3%A9tica/

Pois bem, ser ético em sua atitude profissional é respeitar as normas e valores da nossa
sociedade. O problema é que quando falamos de ética, muitos só lembram dela quando é
conveniente e nos dias atuais parece ser artigo de luxo, super caro e quase ninguém tem. Olha essa
charge para ver se você entende do que estou falando.

Figura 02 - Charge.
Fonte: https://3.bp.blogspot.com/-
aK5PUPbByls/WgDnlFRZeiI/AAAAAAAAGgU/bylsy42ZsF8IZBprNDoupgfjc6KkWicPQCLcBGAs/s1600/14%2Bcharge%2Bqu
adrino%2Breservat%25C3%25B3rio%2Bda%2B%25C3%25A9tica%2Be%2Bmoral%2Bo%2Bn%25C3%25ADvel%2Bnunca%
2Besteve%2Bt%25C3%25A3o%2Bbaixo.jpg
Audiodescrição da figura: A charge mostra um reservatório de ética vazio e duas pessoas observando sua escassez. Fim
da Audiodescrição

Legal, né? Como você indicaria seu nível de ética? Alto? Baixo? É sempre bom refletir!
Mas a fim de atualizar sua vivência sobre o assunto, o grande problema é o que o Clóvis
de Barros Filho fala o “sucesso acaba se impondo de tal forma que os procedimentos e a maneira de
atingir um objetivo acabam sendo sucateados e colocados como uma questão menor” (2014, p.10).
Você sente isso? Que existem momentos da sua vida que a pressão por dar certo te coloca numa

15
Competência 01

situação difícil? E que se você não faz o que sabe que é errado, mas que parece ser uma grande
oportunidade, será julgado por quem te conhece como “mole” ou mesmo “besta”? É real meus
amigos, finalmente a hipocrisia. Muitos falam de ética e de como é bom ser ético, mas não têm uma
conduta semelhante, pisam e passam por cima de quem for para atingir os objetivos.
Agora, quero fazer um teste com você, na verdade, essa foi uma história real. Mas imagine
que você foi passar férias, ou ao menos uns dias na praia e conheceu por lá trabalho de diversos
artesãos. Ficou de cara apaixonado pelo trabalho, comprou alguns itens para você e chegando de
volta em casa resolveu inovar nas peças da sua loja. Até aqui tudo bem, né? Então você pega suas
fotos, o que você viu e produz o que está na imagem abaixo.

Figura 03 - Biquíni
Fonte:
https://static.wixstatic.com/media/9653aa_cdfd1f8cef1b429096631a802df28c99~mv2_d_2048_1365_s_2.png/v1/fill/
w_754,h_503,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01/9653aa_cdfd1f8cef1b429096631a802df28c99~mv2_d_2048_1365_s_2.w
ebp
Audiodescrição da figura: A figura mostra duas modelos usando biquínis feitos de crochê e jeans. Fim da
Audiodescrição.

E aí? Você acha que deu tudo certo nessa inspiração? Essa história verídica aconteceu em
Trancoso, na Bahia, e uma artesã teve seus modelos de biquíni plagiados na cara dura. Para você ter

16
Competência 01

noção, o da esquerda é o original e o da direita o copiado. Agora, me conta no Fórum o que deu
errado aqui? O que você acha desse caso?
Um dos problemas dessa situação é que como a profissão ainda não é regulamentada e
não existe um código de ética único para toda a classe, os profissionais acham que podem fazer
qualquer coisa, mas a ADG Brasil organizou alguns pontos que devem nortear o designer brasileiro
na sua conduta.
Saiba que um código de ética serve para indicar a conduta correta do profissional. Nesse
caso, do design gráfico, ele é um manual, por assim dizer, que orienta a relação dos designers com
sua própria classe, clientes, empregados e sociedade. Assim, o código instruí ao designer contribuir,
através de sua atuação no mercado, ao desenvolvimento do país e aperfeiçoar a qualidade da
categoria.
Claramente, o documento também aconselha a você ser honesto, valorizar a cultura e
ambiente, não cometer nenhum tipo de injustiça contra os colegas de profissão, nem depreciar seus
respectivos trabalhos. Norteia para a escolha de propostas íntegras e transparentes, baseadas em
mérito e não se aproveitar de outros profissionais e de suas ideias, mas esse será o conteúdo de nossa
próxima competência.

Antes de terminarmos deixo aqui o link para que você possa conferir o código
na íntegra: https://adg.org.br/novosite/wp-
content/uploads/2020/07/ADGBrasil_CodigoEtica.pdf

Nossa primeira competência termina por aqui, mas te vejo na próxima página! Até já!

Atenção! Quero que você mande no fórum o que você faria na situação do
biquíni de Trancoso e que você publique uma arte sua que já foi inspirada no
trabalho de alguém, a ideia é que possamos construir juntos ferramentas e
olhares que inspirem e não copiem.

17
Competência 02

2.Competência 02 | Reconhecer aspectos do direito autoral, uso de


imagens e contratos
Olá de novo!
Nessa competência nós vamos brigar feio, isso mesmo! Porque o assunto é direito
autoral, problema que é imoral e que quando é de cachorro grande o lance cabe em muitos zeros, se
é que você me entende. A quantidade de treta com direito autoral é imensa. A última que ganhou
grande repercussão foi envolvendo Martinho da Vila e cantora internacional Adele. Ficou sabendo?
Segue o link da reportagem para você entender o caso.

Ação de Plágio contra Adele


https://veja.abril.com.br/cultura/compositor-brasileiro-reune-provas-para-
mover-acao-por-plagio-contra-adele/

Essa situação do cantor brasileiro e da artista internacional deve demorar um tempo até
sair o veredicto, mas cobrar (no sentido de pôr na justiça) direito autoral no cenário musical é muito
comum, mas, e no caso do design gráfico? Será que também é assim?

Se eu fosse você e tivesse essa dúvida, eu iria lá no podcast ouvir bem


direitinho essa situação!

No nosso campo o lance é mais complexo, especialmente por conta das redes sociais
digitais. Os ilustradores são os que mais sofrem e mesmo usando marca d’água, na tentativa de dar
o devido crédito a sua imagem, não tem jeito, porque cada um manipula o conteúdo como bem
entende. Para tentar diminuir esse furto autoral, muitos designers quando vão compartilhar nas
redes seus trabalhos colocam seu nome logo em cima ou sobem a imagem em baixa qualidade. Vários
desses criadores apostam também em um destaque falando sobre o uso de suas imagens,
comentários e textos, alertando para o uso indevido desse material.

18
Competência 02

Mas infelizmente essas práticas preventivas nem sempre dão certo, porque na maioria
das vezes o grande público passa adiante um print de tela para compartilhar com amigos e acredita
que não está fazendo nada demais. Então, é comum que esse primeiro recebedor, corte a imagem e
distribua, mas olha o problema, cortou bem onde tinha a assinatura do artista. Assim, a obra vai
passando de mão em mão, ou melhor, de celular em celular e ninguém sabe quem é o dono e o dono
não sabe que sua obra está sendo exposta por aí sem sua autorização. O pior também pode
acontecer, que é quando grandes ou pequenas marcas pegam imagens produzidas por ilustradores,
artistas e designers e usam em seus conteúdos comerciais sem pedir autorização e sem pagar nada
pelo uso. Quando o autor descobre é comum que ele acione a justiça e cobre por seus direitos. Nada
mais justo, certo?
Como você pode ver, a história é complexa, então, continuemos. Antes, vamos começar
com conceitos e significados, porque somos muito intelectuais por aqui.

Direitos autorais são os direitos que todo criador de uma obra intelectual tem
sobre a sua criação. Esse direito é exclusivo do autor, de acordo com o artigo 5º
da Constituição Federal. Fonte:
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-sao-direitos-
autorais,9acecdbc74834410VgnVCM1000003b74010aRCRD

Ou seja, a criação pode ser gráfica, visual, audiovisual, literária e tantas outras, e quem
criou esse “produto” por assim dizer, detém os direitos de reprodução da obra, distribuição e
publicação. Existe uma lei que define bem todos esses aspectos e sugiro que você acesse para
entender e se precaver da melhor maneira.

Lei que regula os direitos autorais


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm

A lei é bem específica para cada caso e cada tipo de obra, mas o mais importante é entender que o
autor detém os direitos morais e patrimoniais da obra. Os direitos morais, de maneira bem resumida,
são o de reivindicar a autoria; o direito de ter seu nome anunciado como autor da obra; modificar,
caso queira, e tirar de circulação.

19
Competência 02

Mas a parte mais importante é que sendo você o dono da obra, depende de sua vontade e autorização
prévia para que qualquer pessoa física ou jurídica (empresa) faça uso de sua criação para reproduzir
sua obra de maneira parcial ou integral, para editar, adaptar, distribuir e explorar. E esse ponto é tão
importante que é essencial falarmos sobre o direito autoral para você criador e futuro designer
gráfico.

2.1 Direito autoral para criadores

Direito é um negócio massa, todo mundo quer e muita gente dedica sua vida para
defendê-los. E que bom que é assim, pois já passamos muito tempo deixando de lado a busca por
eles. No contexto do design gráfico precisamos falar sobre o nosso, ou melhor, o seu direito autoral.
A partir de agora, sempre que você produzir uma arte, obra, ilustração ou algo do gênero
você deve saber que existe um direito de criador (seu), mas vamos por partes.
O primeiro tópico dessa discussão é sobre o seu direito autoral de quando sua
arte/ilustração/post (etc) não foi feita para fins comerciais alheios. Não tá entendendo? Calma que
eu explico. Sabe quando você faz uma ilustra, por exemplo, só para você? Porque você estava a fim
de colocar pra fora aquela ideia criativa, foi lá, produziu e pronto? Vamos imaginar que depois que
você fez, resolveu compartilhar nas suas redes sociais digitais. Até aqui nenhum problema. Você tem
os direitos autorais em cima daquela publicação original, afinal foi você quem fez, o arquivo está no
seu hardware (computador, tablete ou celular) ou em uma folha de papel caso ela tenha sido feita
artesanalmente. Você tem os rascunhos e também a ideia escrita em um caderninho, imagens que
comprovam sua autoria, inclusive as conversas que você trocou com algum amigo sobre o processo
criativo também servem de prova de que você é o autor daquela ilustra.
Contudo, uma marca local “desavisada” resolve então pegar aquela imagem que você
compartilhou nas redes para divulgar sua campanha ou ilustrar um produto. Pode isso? Claro que
não!
A título de ilustrar nossa conversa veja a imagem abaixo:

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Competência 02

Figura 4 - Útero
Fonte: https://loja.priscilabarbosa.com/print-a4-matriz
Audiodescrição da figura: A figura mostra uma ilustração de um útero com folhas ao redor. Audiodescrição da figura.

Belíssima não é? Esse é um dos trabalhos de Priscila Barbosa, ilustradora feminista. Ela
teve um grande problema com direito autoral assim que seu trabalho começou a ser reconhecido e
ganhar uma outra proporção. Divulgando nas redes sociais digitais com o objetivo de fazer sua arte
chegar a mais pessoas, ela também teve grandes problemas ao usarem suas ilustras de maneira
indevida e sem pagar os direitos que são dela. Durante muito tempo ela tinha que ficar reforçando
essa mensagem, para que as pessoas tomassem consciência de que se tratava de um trabalho autoral,
de criação própria e que não era permitido reproduzir e muito menos ganhar dinheiro sem
autorização prévia. E foi conversando, educando e sensibilizando as pessoas sobre a situação, que
Priscila se tornou ainda mais conhecida, especialmente no panorama feminista, onde sua arte serve
como inspiração para as batalhas diárias.

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Competência 02

Hoje, a ilustradora consegue fazer seu trabalho e ganhar por isso, fechando projetos
diversos, como capas de livros e muito mais. Veja a seguir uma parceria fechada entre ela e uma
grande revista brasileira.

Figura 5 - Capa de revista


Fonte: https://priscilabarbosa.com/en/projetos/glamour-cover/
Audiodescrição da figura: A imagem mostra uma capa de revista onde contém uma ilustração de duas mulheres
mascaradas. Fim da Audiodescrição.

A história serve para ilustrar e alertar sobre a situação de mercado. A internet é esse
mundo onde tudo pode acontecer.

Falando em internet, quero deixar aqui a tabela da ADEGRAF para que você
possa ter uma noção de quanto se deve cobrar por um trabalho feito por
designers gráficos. Você pode achar até caro, mas esse valor seria o ideal.
http://www.adegraf.org.br/wp-content/uploads/2018/12/Tabela-ADEGRAF-
2021-2022-WEB-MAR2021-1.pdf

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Competência 02

Não esquece de assistir videoaula no AVA, hem? Vai lá!

2.2 Direito autoral em obras para terceiros

O certo é o certo, né gente?


Pois bem, o direito autoral que é seu por direito, logicamente, deve ser defendido com
unhas e dentes. Contudo, e como fica o direito autoral quando se é contratado para fazer uma arte
para alguém? A arte continua sendo nossa? Veremos a seguir.
Em vários momentos de sua vida profissional você será contratado para elaborar artes,
seja digital ou não, para redes sociais, banners e etc. E nesse caso se pergunta, onde fica o direito
autoral do artista ou designer? Bem, nunca ninguém conseguirá tirar de você a autoria, ou seja, a
marca que encomendar não poderá negar essa informação, você fez aquilo, mas não será mais o
proprietário. Deixa eu explicar melhor. Quando um arquiteto faz um projeto de uma casa, ele assinou,
o projeto foi dele, de concepção própria, mas ele não é proprietário da casa, entende?
Assim acontece com o designer que presta serviço de criação, ele sempre será a pessoa
que fez aquela obra, mas ela já não lhe pertence. É como um quadro vendido. O autor sempre terá
seu nome assinado na tela, mas ela pode pertencer a quem comprar. O ideal é que essas informações
estejam claras no contrato que você deve redigir e ter a sua assinatura e de quem contratou o seu
serviço. É uma pena? Pode ser, depende do ponto de vista. Mas é assim que o mercado funciona.
Esses dois momentos de sua carreira, o de fazer artes para seu bel prazer enquanto
artista/designer, ou, fazer artes para vendê-las, terceirizar o seu serviço de designer gráfico,
encontrar soluções gráficas para o problema do cliente, são situações corriqueiras e que você deve
prestar atenção para não ter nenhum problema jurídico ou econômico.
Espero que no seu futuro enquanto profissional você possa ganhar mercado e
notoriedade e ser chamado para assinar grandes campanhas com a arte que você desenvolve tão
bem.

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Competência 02

Utilize sim as redes sociais digitais para divulgação do seu trabalho e para angariar mais
clientes, mas tenha em mente que a internet é esse lugar torto que alguém pode utilizá-la sem devida
permissão. Cabe a você estar sempre investigando e atento para qualquer “furto” autoral. Veja esse
exemplo recente.
O Tacio Russo, artista e poeta, tem vários lambes espalhados pelo Brasil, especialmente
em Recife-PE. Um deles é um poema a seguir.

Figura 06 - Lambe
Fonte: www.instagram.com/russovisky
Audiodescrição da figura: A figura mostra 3 lambes (roxo, amarelo e rosa), onde está escrito o poema “ficar sem ver o
sol talvez deixe o coração pálido). Fim da Audiodescrição.

Lindo não é? Especialmente nessa situação de enclausuramento em que vivemos devido


à Covid19. Mas, o artista relata, vez por outra, a cópia indevida que fazem de seu trabalho. Pessoas
de lugares diversos fazem posts com esse poema e ganham dinheiro em cima da obra original. Os
tempos de conexão não são fáceis para um criador. Ao mesmo tempo que tem sua arte divulgada, há
também o esforço para validar o trabalho, angariar clientes e defender as obras de sua autoria. No
caso de Russo, quando se fica sabendo ótimo, mas quantas outras contas e marcas dentro das redes
sociais não fazem o uso injusto da obra do artista?

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Competência 02

Isso me leva a uma situação terrível, mas que vou compartilhar com vocês. Ser furtado é
péssimo, certo? O roubo normalmente deixa marcas, armado ou não o ladrão deixa a vítima se
sentindo incapaz. Eu já fui assaltada algumas vezes, “normal” para quem mora no Brasil. Acredito que
todo brasileiro deve em algum momento de sua vida sentir essa decepção. Mas e se ficarmos do
outro lado da cena? Ou seja, e se nós formos o ladrão? Furtar é melhor do que ser furtado? Minha
expectativa é que sua resposta seja não, mas em caso de dúvidas vamos ao próximo ponto.
2.3 Direito autoral de outros criadores

Ser chamado de ladrão não é legal, ser acusado de algo que não se fez é pior ainda. No
design gráfico é comum que se fale em inspiração, quando na verdade houve furto e apropriação do
trabalho alheio.
Furtar ou inspirar? Eis a questão, já diria ninguém! Essa frase não é célebre entre os
pensadores, mas foi baseada em uma bem conhecida “ser ou não ser, eis a questão”, do Shakespeare.
O famoso escritor elaborou clássicos que até hoje fazem sucesso, como Romeu e Julieta,
Hamlet e tantos outros. Dizem que as histórias que ele criou foram inspiradas em outros autores
menos famosos da época. Mas, consequentemente, suas histórias serviram de inspiração para muitas
outras (consequência ou carma?). Nem consultando os astros terremos essas respostas. Ok, mas
onde eu quero chegar? O lance é que tem gente que se inspira e tem gente que copia.
O dilema é grande e pode ser que precisemos chamar um especialista para tratar do caso,
como na imagem abaixo.

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Competência 02

Figura 07 - Terapeuta
Fonte: https://analyticsindiamag.com/can-ai-be-an-effective-therapist/
Audiodescrição da figura: A figura mostra uma mulher deitada em um divã com um homem sentado ao seu lado, como
terapeuta. Fim da Audiodescrição.

Deite-se nesse divã do século passado e pense um pouco. Lembra daquela arte que um
dia você fez bem tranquilo e calmo? Um post simples para o Instagram? Eu quero saber: você se
inspirou ou copiou de alguém? Eis a verdadeira questão.
E antes de se sentir pressionado e eu jogar um “fale agora ou cale-se para sempre”, vamos
ser adeptos do pense agora e assuma sempre!
No tópico passado falamos sobre ser furtados, quando algo que criamos é usado sem
nossa permissão e como ficamos arretados com isso! Mas será que temos noção desse boomerang?
Ou seja, que o oposto também pode acontecer e alguém vai sair prejudicado de alguma maneira
dessa história?
A linha da inspiração é mesmo tênue e há quem diga que nada se cria, tudo se copia ou
se transforma. Mas aqui vamos pregar o verbo da responsabilidade autoral. O que não queremos que
aconteça conosco não faremos ao próximo. Vamos de exemplos para ilustrar? Veja essas duas
imagens, você consegue identificar qual é a original e qual é a cópia?

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Competência 02

Figura 08 - Direitos violados


Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/artista-canadense-diz-ter-direitos-autorais-violados-em-exposicao-em-volta-
redonda-23455948?fbclid=IwAR0zxnEYndv1HxvYosfRaj5iD3rQO5gsVUMNFj4aTfXP1QdBxxXsmp32i2w
Audiodescrição da figura: A figura mostra duas situações. Do lado esquerdo está um quadro colorido e do lado direito
uma mulher conversa com um homem em uma exposição, onde pode ver um quadro parecido com o da direita no
fundo. Fim da Audiodescrição.

As duas obras são tão parecidas que é difícil julgar. A imagem da direita foi de uma
exposição feita anos atrás aqui no Brasil, mas que acabou ganhando grande repercussão. O quadro
da esquerda pertence a uma artista canadense, que vendo as imagens no Instagram percebeu a
semelhança entre as obras e acusou a brasileira de plágio.

Nesse link você pode entender melhor a história:


https://oglobo.globo.com/rio/artista-canadense-diz-ter-direitos-autorais-
violados-em-exposicao-em-volta-redonda-
23455948?fbclid=IwAR0zxnEYndv1HxvYosfRaj5iD3rQO5gsVUMNFj4aTfXP1QdBxx
Xsmp32i2w

Complicado? Nem tanto, trata-se também de bom senso. Na minha opinião, o caso se
caracteriza como plágio sim, pois a partir do momento que ela recria, mesmo que apenas sendo
inspiracional e coloca seu nome como autora, há um roubo.
O exemplo serviu para deixar claro que inspirar não é copiar a obra de alguém. Ah
professora, mas a senhora também! Nem parece que nos pediu para criar mood board na disciplina
de planejamento visual. Calma! Não se estresse tão cedo! É importante sim pesquisar, na verdade
fundamental. Olhar o trabalho de outros artistas, assistir filmes e séries, ler livros, tudo isso faz parte
da construção de repertório e é essencial para uma produção mais criativa. Porém, o afastamento
das referências também se faz necessário. Não entendeu? Bora de exemplo. Antes de prestar
vestibular, fui ensinada pela professora de redação que eu deveria ler a maior quantidade possível
de informações sobre temas diversos e ir fazendo textos para praticar. A ideia era aumentar o
repertório, já que eu não conseguiria acessar revistas e sites na hora de escrever a redação para valer.
Certa? Certíssima. Na hora do ENEM ninguém pode entrar no celular para ler uma notícia sobre o
tema.
Assim na redação como também no design gráfico. Precisamos nos nutrir de inspirações
e dar um descanso, um afastamento desses modelos que acessamos antes de construir nossas artes.

27
Competência 02

Lembre-se sempre de procurar saber de tudo um pouco, não se interesse apenas


por conteúdo de design e áreas afins, explore outros sentidos e referências.
Deixe seu trabalho único e incomparável.

Mas falar de afastamento em tempos de redes sociais digitais é difícil, eu sei. A grama do
vizinho, ou melhor, a arte do vizinho (ou mesmo o feed, o banner, o logo) é sempre melhor e mais
bonita. Na fissura por atender aquele modelo que é trend e tem todos os aspectos elegidos como
tendência, nós vasculhamos tudo (stalkeamos, mesmo) o trabalho alheio e quando vamos criar
achamos que ficou lindo. O problema é que ficou lindo e igual. Você já passou por isso? Bem, o lado
bom dessa história é que você consegue olhar para um trabalho concorrente e achar lindo, mas aí a
lindeza se transforma em ego, talvez até uma inveja e quando vimos copiamos. Triste, né?
Veja só esses dois exemplos abaixo e tente descobrir quem imitou quem, se você
conseguir.

Figura 09 - Feed 1
Fonte: https://instagram.com/jadelanzoni
Audiodescrição da figura: A figura mostra um post para redes sociais com fundo roxo claro, texto em preto e elementos
básicos do design. Fim da Audiodescrição.

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Competência 02

Achou bonito? Então, olha o próximo.

Figura 10 - Feed 2
Fonte: https://instagram.com/hellyeadesign
Audiodescrição da figura: A figura mostra um post para redes sociais com fundo bege, elementos básicos do design e
fonte em cor preta. Fim da Audiodescrição.

Essa situação é tão complexa que prefiro não comentar, porque precisaríamos investigar
quem começou primeiro e por aí vai.
Esse caso nos obriga a falar dos aplicativos de design que podem ser baixados nos
celulares. Facilitam a vida? Claro, especialmente de quem não tem nenhuma orientação de design,
porque os layouts já estão prontos e é só usar. Existem vários gratuitos, outros pagos e uma infinidade
de possiblidades. Não estamos aqui para julgar, mas para chamar sua atenção. Sério que você vai
ficar usando layout pronto e dos outros, quando pode fazer com suas próprias mãos e ganhar o
crédito por isso?
Sei que não é fácil argumentar a favor da autenticidade em uma terra onde o negócio é
estar usando as cores e os elementos do momento. É difícil até mesmo para quem faz freelas, porque
o cliente normalmente chega com inspirações que ele viu nas redes e também nesses aplicativos.

29
Competência 02

Eu só quero te dizer uma coisa, como designer gráfico, você nunca será reconhecido por
imitar alguém, mas sim por abri um novo caminho, onde outros irão se inspirar em você. Tenta criar
fora da caixa, se esforça para não ser mais um na multidão. Afinal, por que o cliente escolheria você?
Qual será seu diferencial competitivo? Lembre-se que você é uma marca. Trabalhe para que ela seja
única no mercado, que tenha “ingredientes” que só você conhece, ou que ao menos, sejam raros.
O noves fora dessa lição é: se inspire, mas não copie. Use a tecnologia para aumentar o
repertório, mas dê espaço para que sua mente invente, que ela exercite essa característica de criar,
de unir informações e mundos diferentes.
Bem, nossa disciplina está quase no final, mas ainda precisamos falar sobre releitura e
utilização de banco de imagens e layouts. Simbora!

2.4 Banco de imagens

Bancos de imagens são como grandes bibliotecas, onde há a disponibilidade de várias


imagens (vídeos, sons, vetores, etc) serem utilizadas mediante uma compra. Ao adquirir uma imagem
você tem o direito legal para usar em algum trabalho.

Para entender mais sobre o assunto acesse esse link - onde há todas as
explicações sobre o uso de banco de imagens e a diferença entre Royalty Free e
Livre de Direitos Autorais. https://bancosdeimagens.com/o-que-sao-bancos-de-
imagens/
Ainda há título de curiosidade e também de informação para aqueles que
trabalham com fotografia e gostam de utilizá-las em seus serviços, separei um
link que fala apenas sobre copyright. Você sabe o que é? Acessa aqui e descubra:
https://bancosdeimagens.com/devo-comprar-o-copyright-foto-banco-de-
imagens/

É essencial que você entre nos sites de banco de imagens e se certifique de como é
possível utilizar sem ferir os direitos dos proprietários.

2.5 Releitura

Chegamos ao nosso último assunto antes de dar tchau! Pois é, infelizmente passou super
rápido. Mas vamos em frente, que o tempo ruge!

30
Competência 02

Vamos falar agora sobre releitura.

Releitura é Composição ou criação de alguma coisa a partir de outra existente.


[Literatura] Elaboração de uma obra tendo como outra como base. Ação de
interpretar novamente alguma coisa, acrescentando algo novo e original: o
professor fez uma releitura do comunismo. Fonte:
https://www.dicio.com.br/releitura/

Ou seja, reler um trabalho não é copiá-lo e sim reinterpretá-lo a fim de que ganhe novos
significados. Para estar apto para uma releitura é importante que se conheça a obra do artista e que
entenda a obra original. Olha só o exemplo a seguir.

Figura 11 - Releitura
Fonte: https://iphotochannel.com.br/o-que-e-releitura-e-o-que-e-plagio-em-arte-e-fotografia/
Audiodescrição da figura: A figura mostra um quadro do de Mondrian do lado esquerdo e uma modelo usando um
vestido inspirado na obra do lado esquerdo. Fim da Audiodescrição.

Além de fazer uma releitura em outra área do conhecimento, o artista acima conseguiu
sintetizar a obra de Mondrian. O trabalho ficou ótimo e claro, serviu de inspiração para muitos outros.
Uma releitura de sucesso, com certeza!

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Competência 02

Para entender ainda mais sobre o assunto acesse o site:


https://iphotochannel.com.br/o-que-e-releitura-e-o-que-e-plagio-em-arte-e-
fotografia/

Como podemos ver, releitura é diferente de inspiração e de plágio, assunto que já


abordamos anteriormente.
E depois de toda essa história sobre o que é meu, seu e do outro, finalmente você está
apto para construir e reconstruir seu trabalho, sem ferir os diretos autorais de ninguém.
Boa sorte e até breve!

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Conclusão

Chegamos ao fim de mais uma jornada nos mares do design gráfico, se você quase se
afogou em tanta informação não se preocupe, pois chegamos em terra firme. Muito filosófica e
metafórica estou, afinal passamos por essa vibe da ética e também do direito trabalhista, o que nos
facultou uma graduação em advocacia. Haha! Quem nos dera.
Mas fala sério, é ou não muita bronca envolvendo direito autoral? O negócio é cabuloso
e para ser processado é como ir ali e voltar. Espero que nunca seja seu caso, claro, mas só a
informação salva. Estar por dentro dos nossos direitos e dos outros é a nossa bússola.
Enfim, te desejo toda sorte do mundo, muita criatividade e muito cuidado nas artes que
você usa por aí, pois a conta sempre chega.
Beijos digitais e até a próxima!

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Referências

CORTELLA, Mário Sérgio; FILHO, Clóvis de Barros. Ética e vergonha na cara. São Paulo: Papirus, 2014.

GONZALES, Guilherme. Código de ética e conduta para designers. Disponível


em<:https://guigonzalezux.medium.com/c%C3%B3digo-de-%C3%A9tica-e-conduta-para-designers-
9378be1703c8:>. Acesso em 20 de nov de 2021.

ASSOCIAÇÃO DOS DESIGNERS GRÁFICOS. Código de Ética Profissional do Designer Gráfico.


Disponível em<:https://adg.org.br/novosite/wp-
content/uploads/2020/07/ADGBrasil_CodigoEtica.pdf:>. Acesso em 20 de nov de 2021.

STUDIO VENTURAS. Ética no Design: o que é e por que é tão importante? Disponível em
<:https://studioventuras.com/etica-no-design/:>. Acesso em 20 de nov de 2021.

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Minicurrículo do Professor

Fernanda Regueira
Fernanda Regueira é publicitária, mestra em análise crítica
do discurso e professora, título que mais ama. Também
trabalha com branding, pesquisa e planejamento, além de
pesquisar sobre temas que refletem a sociedade
contemporânea e suas interações com a vida digital.
Sua experiência atendendo marcas grandes e pequenas
vêm do grande fascínio que sempre teve pela escrita,
literatura e pesquisa de tendências e comportamento.
Sua maior paixão é ajudar clientes e alunos no processo
comunicacional. Você pode conversar com ela sempre que desejar no @fernanda.regueira.

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