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Carson Radley empurrou seu corpo contra Sammie quando o homem
afundou seu pênis profundamente em sua bunda. A ligação que Sammie tinha
acabado de fazer havia aumentado a sua excitação, e Carson precisava relaxar
o corpo o suficiente para suportá-la.
Havia aprendido no início de sua parceria que ir contra Sammie
resultava em consequências dolorosas. Seu olho negro desbotando era um
testemunho de uma das primeiras lições de Carson.
Nada disso importava enquanto pudesse exprimir a sua vingança
contra Jimmy e Tristen Earl. Não era tolo o suficiente para enfrentar Roman
Marshall, o líder do Resgate Contratado do Oeste, mas os irmãos Earl
pagariam por dispensar Carson. Por causa deles, não tinha emprego, nem
casa, e foi forçado a desistir de seu cavalo, Tucker. Isso era imperdoável.
Sammy bateu seu pau em Carson e criou um ritmo punitivo.
Sim, os irmãos iriam pagar, e se tivesse que ajudar Sammy a cuidar
de Flyer Wakefield para cumprir seus objetivos, então que assim seja.
Capítulo Um
Flyer queria gritar. Não queria estar nessa sala. A última coisa do
mundo que gostaria agora era conversar com mais uma pessoa ou fazer mais
perguntas.
— Aguente firme, Flyer. Só faltam mais dois. — Roman abriu um dos
arquivos na mesa. Quando escaneou o conteúdo, estremeceu e o canto de sua
boca contraiu.
— É isso. — Flyer levantou da cadeira, posicionada ao lado da mesa.
— Estou dando o fora daqui.
— Sente-se. — Ordenou Roman.
Flyer sentou. Ninguém desobedecia ao capitão. Seu chefe era uma
força a ser contada, e ir contra o homem terminaria em algo nada bonito.
Talvez em algo muito doloroso.
Estavam no escritório de Roman há horas, entrevistando potenciais
candidatos para assumir a responsabilidade da manutenção dos veículos da
fazenda. O Resgate Contratado do Oeste era uma empresa de especialistas,
contratados para salvar pessoas de desastres naturais, e dos causados pelo
homem. Aquela era uma nova sede da empresa, originalmente localizada no
Centro-Oeste, e concentrava seus resgates nos estados ocidentais. A equipe
principal estava funcionando, mas Roman ainda buscava por trabalhadores de
suporte de reserva, como um mecânico especialista. Esta pessoa precisava
saber lidar com vários equipamentos motorizados, incluindo aviões,
helicópteros, veículos comuns e veículos off-road1. Até agora, Flyer achou
todos os entrevistados uma porcaria.
A maioria poderia até conseguir se virar bem com um motor de carro,
e até mesmo um veículo off-road, mas pergunte-lhes sobre um cabo de
aileron2 e um olhar perdido aparecia em seus rostos. Aqueles que conheciam
aviões eram os piores. O capitão havia dispensado mais de uma pessoa que
teve a audácia de desprezar Flyer e se recusou a considerar trabalhar com algo
além de um avião ou helicóptero.
Um grunhido baixo fez o olhar afiado de Roman se fixar nele. Flyer
esfregou a barriga.
— Desculpe, capitão, talvez devesse sair e pegar um lanche.
— Isso pode esperar. — O tom inflexível de Roman o deixou saber
que não iria a lugar nenhum até que esta sessão de tortura fosse concluída.
Houve uma breve batida na porta antes dela abrir, revelando um
homem baixo e gordinho. A perna de Flynn começou a balançar. Era um hábito
nervoso que não conseguia quebrar. Recusou-se a deixar sua mente
perambular por lembranças de como alguns tentaram corrigi-lo à força.
— Oi, o cara que respondeu a porta me disse para entrar. — O
homem sorriu, fazendo a perna de Flyer balançar com mais força. Se
perguntou quais eram as chances de um homem parecido com um maníaco de
seu passado, aparecer aqui e tivesse que o entrevistar para um emprego.
Como duas pessoas podem ter o mesmo cabelo loiro, cortarem no mesmo
estilo curto e o mesmo dente torto da frente?
— Deve ser Tom. — Roman levantou-se e estendeu a mão. — Entre.
Sou Roman Marshall e este é o nosso piloto, Flyer Wakefield.
1
A palavra off road, derivada do vocabulário inglês, significa fora de estrada. Ela é utilizada para designar qualquer
atividade (esportiva ou automobilística) que possa ser realizada em locais não pavimentados e de difícil acesso.
2
Os Ailerons são partes móveis dos bordos de fuga das asas de aeronaves de asa fixa, que servem para controlar o
movimento de rolamento da aeronave.
— Tom Bennet. — Tom sacudiu a mão de Roman antes de virar para
Flyer. — Prazer em conhecê-lo.
Flyer olhou fixamente à pequena mão redonda. Flashes de dedos
curtos com unhas afiadas, deixando trilhas de fogo em seu peitoral, inundaram
Flyer. Piscando ante as lembranças horríveis, de alguma forma, conseguiu dar
uma pequena sacudida à mão de Tom. Sua mente comparou com a pele
quente e seca de uma cobra.
Colapsando de volta em sua cadeira, Flyer encarou o homem de rosto
redondo e esperou para ver se alguma contração se formava no canto de um
de seus olhos azuis. Se isso acontecesse, Flyer iria voar para a porta, sem se
importar com o que o capitão quisesse.
Tom sorriu para Roman e assentiu. Imaginou que uma conversa
estivesse desenrolando entre os homens, mas não conseguia ouvir nenhuma
palavra do que estavam dizendo, por conta da altura dos seus batimentos
acelerados. Tom moveu sua mão e Flyer estremeceu. Suor frio escorria pelo
centro das costas de Flyer. A agonia de estar na mesma sala com aquele
homem parecia durar uma eternidade.
Flyer agarrou o assento de sua cadeira para se estabilizar quando
Roman levantou-se. Neste ponto, a sua perna tremia tanto que seu corpo
quase vibrava na cadeira. Tom se levantou. Sua adrenalina disparou e Flyer se
levantou e deu um passo para trás.
Enquanto os dois homens apertavam as mãos, Flyer perdeu o seu
ultimo fio de controle e recuou até suas costas baterem na parede. Tom
franziu a testa, enviando tremores através do corpo de Flyer. Graças a Deus, o
homem não comentou nada. Flyer não respirou novamente até que a porta se
fechasse atrás do candidato.
Roman podia ser um homem poderoso, mas seu olhar foi gentil
quando notou a forma trêmula de Flyer.
— Qual foi o gatilho?
— Suas mãos, juntamente com uma semelhança na aparência. —
Flyer empurrou uma mão tremendo em seus cabelos castanhos espessos.
Manteve-o muito curto nas laterais e o suficiente em cima para alguns fios
cobrirem a sua testa.
— Respire fundo, sente-se e tente relaxar. — Pediu Roman. — Temos
alguns minutos até o próximo candidato.
Flyer colapsou em sua cadeira. Inclinando-se pra frente, colocou os
cotovelos sobre os joelhos e cobriu o rosto com as mãos.
— Sinto muito.
Uma grande mão apertou o ombro do Flyer, fazendo-o estremecer.
Ao lidar com a turbulência rodando através de seu corpo, Flyer não tinha
ouvido o movimento de Roman.
— Não se desculpe. — O tom de Roman era calmo e estável,
exatamente o que Flyer precisava agora. — Você já me disse que esteve
envolvido com um cara errado no passado. Quando estiver pronto para falar
mais sobre isso, lembre-se de que a minha porta está sempre aberta.
Flyer inclinou a cabeça até que apenas seus olhos estivessem
descobertos pelos dedos.
— Obrigado.
Roman sorriu, mas não alcançou seus olhos azuis.
— Claro, mas percebe que o único candidato que chegou perto do que
estamos procurando foi Tom.
O coração do Flyer caiu.
— Capitão, não tenho certeza...
— Espere... — Interrompeu Roman. — Alguém que sirva irá aparecer.
Podemos esperar.
Antes de Flyer conseguir deixar seu corpo relaxar de alívio, a porta do
escritório abriu. Não houve nenhuma batida e não foi aberta com violência. A
maçaneta da porta girou firmemente e a porta foi aberta de forma confiante e
sem hesitação.
Botas de couro preto com pesadas correntes de prata em todos os
lados se moveram na linha de visão de Flyer. Fascinado, deixou seu olhar
viajar pelas longas pernas cobertas com jeans. Permaneceu nas coxas do
tamanho dos troncos de árvores e perguntou se seus dedos conseguiriam se
tocar, caso envolvesse as suas mãos em torno delas. Uma longa corrente de
carteira anexada a ao cinto circundava o bolso traseiro do homem. A corrente
chamou a atenção para o volume generoso do homem, que esticava o material
do jeans preto. Flyer teve o desejo de estender a mão e passar os dedos sobre
a protuberância.
Recuando seu olhar para longe dos atributos inferiores do homem,
Flyer encontrou mais delícias para desfrutar com a camiseta preta apertada
que cobria uma barriga plana e delineada, em torno de um abdômen
musculoso. Um colete de couro preto enfatizava os ombros largos e
completava a roupa de menino mau.
Os braços do homem estavam preenchidos com músculos e veias
grossas. Flyer queria tocar e traçar essas veias, seguindo-as até as grandes
mãos do homem e seus dedos longos. Mãos como aquelas poderiam fazer com
que um homem se sentisse seguro e levá-lo ao êxtase. Em sua mente, Flyer
podia sentir os nervos de seu canal tremendo quando dois desses dedos o
esticassem.
Flyer ergueu o olhar ainda mais e colidiu com olhos escuros,
brilhando com humor. Estava hipnotizado. Não conseguia desviar o olhar.
Nunca antes quis se afundar em alguém depois de conhecê-los, como fazia
agora.
Roman limpou a garganta e rompeu o momento.
— Deve ser Styx Randall. Vamos sentar e irei fazer algumas
perguntas antes de Flyer começar a babar.
Quando o homem alto e de cabelos escuros acenou com a cabeça
para Roman e sentou-se, Flyer tocou casualmente um dedo no canto da boca.
Quando a ponta se afastou molhada, Flyer limpou-a com indiferença no jeans.
Roman não o olhou nenhuma vez, mas Flyer tinha certeza de que o sorriso no
rosto dele era por sua causa.
Roman olhou o arquivo aberto em sua mesa.
— Estou vendo que durante o seu tempo como um SEAL, ganhou sua
certificação em motores elétricos e como técnico de manutenção de aeronaves.
Muito impressionante. Seu currículo também afirma que você tem um diploma
em concertos de motores de veículos.
Styx assentiu com a cabeça a Roman. Flyer estava tão ocupado
admirando o bronzeado do homem e o restolho preto que cercava os lábios
sexys, e cobriam seu queixo que, no início, não percebeu que Styx não havia
respondido em voz alta.
Franzindo o cenho, afastou o tumultuoso anseio rasgando seu corpo e
estudou o homem. Styx Randall era gostoso, com cabelos negros curtos e
grossos que pareciam curvar, caso deixasse crescer um pouco mais. Flyer
perdeu a batalha com seus desejos furiosos e a sua imaginação começou a
vagar por imagens suas, passando os dedos através desses cachos suaves e
pretos, enquanto aqueles lábios, cercados por espinhosos pelos faciais,
envolviam-se em seu pênis.
Retrocedendo dessa visão, Flyer arrastou sua mente de volta ao
presente. Estava procurando uma pista sobre as razões por trás de sua
quietude. O homem tinha lindas orelhas, não muito grandes e próximas de sua
cabeça. Flyer queria morder o aro de ouro, que decorava uma orelha, em sua
boca e sugá-lo.
Dando uma sacudida mental, dispersando o gosto de metal e pele, se
fixou no pescoço grosso e musculoso de Styx. Lá estava. Marcando a pele
profundamente bronzeada havia uma linha branca e irregular, que começava
de um lado e atravessava a frente da garganta de Styx até o outro lado.
— Vejo que também tem uma licença de piloto. — Roman sentou-se
mais ereto na cadeira e estudou Styx. — No papel, você tem tudo. E, no
entanto, preciso saber de algumas outras coisas. Todos os candidatos até
agora só queriam trabalhar ou nos veículos terrestres ou nos aviões, e não em
ambos, exceto por um, mas Flyer não se sentiu confortável em trabalhar com
ele. Então me diga o que está procurando.
Flyer inclinou-se para frente e juntou as mãos em expectativa para
ouvir o grande homem falar. Quando o fez, Flyer voltou a ficar chocado.
A voz que saiu da boca de Styx era um sussurro baixo e rouco com
uma quebra no final de cada frase.
— Gosto de todos os motores e posso voar em qualquer coisa. Me
recuso a trabalhar em qualquer lugar que empregue homofóbicos. Resgate
Contratado tem uma boa reputação. Estou esperando que o ramo Ocidental
atenda aos padrões da base principal. — Styx virou a cabeça e seus olhos
escuros e intensos examinaram as profundezas da alma de Flyer. — E acho
que Flyer e eu nos daremos bem.
— Como tem experiência de voo, consideraria voar conosco? Houve
momentos em que Flyer está pilotando o avião e eu poderia utilizar alguém
que voe no helicóptero para um resgate ou vice-versa. Consideraria participar
de um resgate se fosse necessário? Estou falando de ajudar a levar pessoas
para fora de uma situação de risco ou algo assim. — Roman fechou o arquivo
que estava olhando e relaxou em sua cadeira. Flyer podia dizer por sua atitude
calma e sorriso leve que, até agora, o capitão tinha gostado de Styx.
— Sem problema. — Respondeu Styx.
Os lábios de Roman se contraíram por um momento antes de dizer:
— Vejo que teve uma lesão na garganta e sua voz parece
comprometida. Teremos algum problema de comunicação ao voar?
As grossas sobrancelhas negras de Styx abaixaram e sua boca afinou,
transformando a imagem de menino mau do homem em algo mais escuro,
mortal e perigoso.
— Normalmente não tenho problemas. Se houver muitas
comunicações, durante um longo resgate de helicóptero, precisarei descansar
por alguns dias.
— O que aconteceu? — As palavras pularam da boca de Flyer. A
atração instantânea por aquele homem estava mexendo com o seu cérebro e
fazia o pouco controle que tinha voar pela janela.
Olhos de um marrom quase negro fixaram-se em Flyer. Quase podia
sentir o sussurro de um toque no rosto dele.
— Quando tinha três anos, meu pai passou a noite inalando,
engolindo e usando uma mistura de drogas que tirou o que restava de sua
alma. — O rosto de Styx endureceu ainda mais. — No amanhecer, ele cortou
as gargantas da minha mãe, minha irmã e a minha, antes de saltar através de
uma janela do quinto andar do apartamento. Os vizinhos derrubaram a porta e
conseguiram nos salvar.
Flyer não podia desviar o olhar. Um instinto de proteção e de conforto
borbulhou na superfície. Estava prestes a confortar Styx quando o homem
começou a falar novamente. Sua tensão era evidente, e o chiado rouco se
tornou mais pronunciado.
— Os médicos fizeram um bom trabalho, e minha voz ficou rouca,
mas ainda funcionava. — Uma veia na têmpora de Styx latejou e suas narinas
flamejavam. — Durante a minha última missão com os SEALs, nos juntamos a
outra unidade. A outra unidade descobriu que eu era gay e teve um problema
com isso. A retaliação veio no escuro da noite enquanto estava patrulhando a
fronteira do nosso campo. Eles sentiram que haviam cumprido seu dever com
um soco certeiro na minha garganta, o qual acabou com grande parte da
minha voz e da minha carreira.
— Quero nomes. — Exigiu Roman. Seus dedos estavam brancos e
tensos contra a pele bronzeada de sua mão enquanto agarrava uma caneta,
pronto para começar a escrever.
— Vai encontrá-los nas lápides em cinco cemitérios diferentes. — A
resposta de Styx foi cortante e o canto de sua boca tornou-se uma expressão
de desprezo. — Enquanto eu estava num hospital, uma bomba foi detonada
durante a missão. Minha unidade informou mais tarde que de alguma forma as
comunicações entre as duas unidades foram comprometidas, e a outra unidade
tomou a explosão de frente.
Flyer piscou, aceitando a declaração de Styx. Sua perna começou a
balançar, e olhou para o capitão. Roman usava sua máscara neutra habitual,
firmemente no lugar.
— Entendo. — Roman girou a caneta em sua mão e, por um
momento, estudou a escrita impressa no lado. Olhando para cima, uma parte
da dureza nos olhos azuis de Roman se suavizou. — Uma verdadeira unidade
cuida dos seus. É para termos isso que luto aqui no Resgate Contratado do
Oeste. Somos uma família. Gostaria de vir comigo e dar uma olhada no que
temos a oferecer?
Styx assentiu e ambos ficaram de pé. O capitão era um homem
grande em altura e músculos. Mas Styx era maior, mais sombrio e Flyer
desejava tocar cada centímetro dele. A força desse sentimento repentino
estava começando a confundi-lo. Gostava de homens e sexo, mas a sua
atração por este homem estava voando ao espaço sideral.
A boca de Flyer parecia pensar que estava no comando do seu
cérebro, e antes que pudesse impedir que as palavras saíssem, ele disse:
— Eu poderia dar um tour a Styx.
O canto da boca de Roman levantou-se num sorriso malicioso.
— Tenho certeza que poderia, mas acho que se eu levá-lo ao redor, o
homem vai conseguir ver algo além do hangar de aviões. Além disso, é melhor
ir à cozinha abastecer o seu tanque. Está começando a murchar.
Flyer sabia que Roman estava lhe provocando, mas a verdade era
que, para ele, o hangar era a melhor parte de toda a fazenda. Era lá que seus
bebês eram mantidos, os aviões que o levavam pelo ar e realmente lhe
permitiam respirar de novo.
Com algum esforço, Flyer se levantou da cadeira. Roman estava
certo. Seu corpo estava esgotado de energia depois de tantas horas de
entrevistas. O metabolismo do Flyer era tão rápido que, se não comesse
alguma coisa a cada poucas horas, desacelerava até ficar grogue. O estresse
de ficar encerrado dentro de um escritório tornava isso pior.
Seguindo as ordens do capitão, Flyer virou-se à porta, mas tropeçou.
Uma mão grande e quente deslizou sob o seu cotovelo e o estabilizou. Flyer
olhou o rosto de Styx. De perto, a boa aparência do homem era cativante, e
apelava a Flyer como nada antes.
— Cozinha. — Ordenou Styx.
O homem não precisava dizer nada mais. Flyer apontou para a porta.
— Na direita, siga pela sala de estar e vire à esquerda.
Enquanto se dirigiam até a cozinha, Flyer observou que seu corpo
musculoso de um metro e oitenta não chegavam perto do tamanho de Styx.
Sentir-se pequeno ao lado de alguém era uma experiência nova, e parte dele
gostou disso.
Sem falar nada, Styx orientou Flyer a uma das bancadas na frente do
balcão da cozinha de Garret. Um dedo tocou o canto da boca de Flyer e
deslizou sob seu lábio inferior antes do homem se afastar.
Flyer evitou o amplo sorriso do cozinheiro e os olhos azuis brilhantes,
enquanto Garret colocava um grande prato cheio de frutas cortadas no balcão
na frente dele. Em vez disso, observou os músculos da bunda e da coxa de
Styx se flexionarem quando o cara saiu com Roman. Nossa, para um homem
gigante, seus movimentos eram tão suaves quanto seda.
Garrett clareou a garganta, chamando a atenção de Flyer.
— Prepare-se para comer constantemente se estiver pensando em
encarar isso, meu amigo.
Capítulo Dois
3
Godiva ou Godgifu foi uma aristocrata anglo-saxã, esposa de Leofrico, Duque da Mércia. Godiva se tornou célebre
pois de acordo com uma lenda, a nobre cavalgou nua pelas ruas de Coventry, na Inglaterra.
— Tudo bem. — Um baque de metal contra o concreto seguiu o grito
da primeira voz. Se Styx tivesse que adivinhar, diria que alguém tinha acabado
de derrubar uma pá ou algum outro tipo de ferramenta.
Um homem baixo e magro apareceu na entrada do celeiro. Styx
piscou duas vezes para se certificar de que a imagem era real. A frase sexo-
personificado veio à mente quando Styx observou as ondas dos longos cabelos
loiros cobertos por um chapéu de cowboy cinza claro. O rosto do homem
parecia ainda mais atraente pelos amplos olhos cor de avelã piscando com
raiva e o lábio exuberante.
— Problemas, Tristen? — Perguntou Roman.
Quando o homem, que Roman chamou de Tristen, passou por eles,
levantou as mãos e balançou a cabeça.
— Alguém pensaria que eu estar aqui para ajudá-lo seria o suficiente.
Mas não, ele tem que começar a ditar todos os meus movimentos. Tenho meu
próprio trabalho a fazer. Deixe-o brincar na merda de cavalo.
Styx não conseguiu resistir a olhar por cima do ombro e observar um
sonho de bunda, moldada numa calça apertada, flexionando enquanto Tristen
se afastava.
A voz de Roman puxou a atenção de Styx para longe do homem
atraente que desaparecesse pelo portão.
— Não tenho certeza se irritar o seu irmão é a melhor forma de
conseguir a ajuda gratuita, punhado.
Do interior do celeiro, surgiu um pequeno homem. Calças jeans
clássicas, uma camiseta apertada e botas de cowboy cobriam a sua fina
estrutura. Os olhos verdes claros do homem brilharam quando se instalaram
em Roman. Passos rápidos e certeiros o levaram ao grande homem, chegando
perto inclinou o rosto e franziu os lábios. Roman segurou a parte de trás do
pescoço do homem e puxou-o mais perto antes de cobrir seus lábios num beijo
dominante. Observando os dois homens, Styx lembrou que havia passado
muito tempo desde que desfrutou de qualquer tipo de alívio sexual. Então o
rosto de Flyer atravessou a sua mente.
Quando seus lábios se separaram, o pequeno homem sorriu para
Roman e disse:
— Ele voltará. Sempre volta.
Por um momento, Styx sentiu que quase podia tocar os fortes laços
de amor e compromisso que existiam entre os dois homens. Styx recuou a
inveja que ameaçou lhe subjugar. Esse tipo de emoção ruim abria os portões
para memórias de lutar em batalhas sangrentas, apenas para descobrir os
corpos quebrados de inocentes que Styx preferia esquecer. Havia aprendido há
muito tempo que a negatividade levava a mais negatividade, até que
assumisse o controle. Recusava-se a cair nessa cilada.
Roman virou-se para Styx, mantendo o braço em volta dos ombros
do homem menor.
— Styx, gostaria que conhecesse o meu Jimmy. Punhado, este é Styx
Randall. Ele é um dos candidatos à posição de mecânico.
Jimmy não era tão exótico quanto o sexy Tristen, mas ainda era um
homem muito bonito. Também era claramente de Roman. Styx assentiu com a
cabeça e sacudiu a mão áspera e calosa estendida.
— É um prazer conhecê-lo, Styx. Uau, você é ainda maior do que
Roman. Tenho certeza de que isso é útil quando se trabalha com motores e
coisas do tipo. — O sorriso de Jimmy atingiu seus olhos verdes claros,
iluminando todo seu rosto. — Los Heroes é um ótimo lugar para viver e
trabalhar. Sabe montar a cavalo?
Styx sacudiu a cabeça.
— Tendo a ficar com as máquinas.
Como com a maioria das pessoas ao ouvirem a voz de Styx pela
primeira vez, os olhos de Jimmy se arregalaram antes de seu olhar se centrar
em seu pescoço.
A recuperação do homem foi mais rápida do que a maioria, e o
sorriso de Jimmy foi genuíno quando disse:
— Vou verificar e ver se podemos encontrar um cavalo gentil que se
adapte ao seu tamanho. Algumas horas comigo e estará andando
confortavelmente.
— Veremos. — A resposta de Styx saiu sem compromisso.
Teria que acontecer muita coisa antes que aceitasse colocar seu
traseiro numa sela de cavalo. Styx seria legal e admiraria o celeiro à sua
frente, mas era o galpão das máquinas e o hangar que detinham seu
verdadeiro interesse. Havia também o detalhe não tão pequeno do salário e os
benefícios. Sua pensão e poupança só durariam mais um pouco. Styx desejava
ter uma casa para chamar de sua. Sonhava com um lugar em que poderia
voltar e sentir as paredes lhe darem um grande abraço de boas-vindas. E,
claro, Roman ainda não havia lhe oferecido o trabalho.
— Bem, entre e conheça o meu cavalo, Twyla, e o resto do rebanho.
— Jimmy se separou de Roman e começou a andar na direção do celeiro.
Styx olhou para Roman em busca de direção. Seu chefe potencial
deveria estar lhe dando uma turnê, e agora essa pequena bola de fogo havia
assumido.
Os olhos azuis de Roman brilharam e um grande sorriso cobriu seu
rosto.
— Deveria ir com ele. Jimmy considera os cavalos e o celeiro seu
domínio privado.
Nos próximos quinze minutos, Styx foi apresentado a um monte de
cavalos cujo nome esqueceu dois minutos depois. Um cavalo marrom e branco
deixou Styx acariciá-lo e alimentá-lo com um pouco de maçã. Não foi difícil
para Styx se lembrar do nome desse cavalo. Tana era o cavalo de Flyer.
— Está pronto para ver o galpão de reparo? — Roman interrompeu a
explicação de Jimmy sobre como limpar os cascos de um cavalo.
Antes que Styx pudesse responder, Jimmy encostou suas mãos nos
quadris e olhou Roman.
— Styx e eu estávamos conversando.
Uma das sobrancelhas de Roman levantou-se.
— Tem certeza de que quer seguir com isso, punhado?
O olhar fixo entre os dois não durou muito. Styx ficou maravilhado
quando os braços de Jimmy caíram e o homem pequeno entrou diretamente
no abraço de Roman, que beijou a testa do homem e esfregou suas bochechas
antes de liberá-lo. A dinâmica entre estes dois exemplificava a relação que
Styx sonhou desde que atingiu a puberdade.
— Vamos. — Roman empurrou a cabeça pela abertura do celeiro.
Styx não podia dizer que ficou desapontado em deixar os aromas
almiscarados de feno e das, excessivamente doces, maçãs dos cavalos para
trás. Uma lembrança de sentar-se numa vala cheia de esgoto com um
companheiro SEAL atravessou a mente de Styx.
Durante as horas que ficaram à espera do sinal, para infiltrarem-se
numa vila invadida por insurgentes, Joe Beck começou a explicar que as maçãs
dos cavalos eram chamadas de cocô de cavalo. Styx ficou atônito. Para ele,
chamar maçãs de cocô não fazia o menor sentido. Styx se perguntou se Joe
ainda estava nos SEALs ou montando um de seus queridos cavalos em algum
lugar.
O galpão de reparo era uma grande estrutura de madeira com três
portas de garagem de dezesseis metros que atravessavam a lateral. Roman
levou Styx até a porta de entrada no final do edifício.
— Temos oficinas separadas instaladas no galpão de reparação e no
hangar de aviões. — Explicou Roman quando abriu a porta.
Roman poderia ter dito mais depois disso, mas Styx não ouviu
nenhuma palavra. Diante dele estava o sonho de oficina de todo mecânico.
Armários e prateleiras se alinhavam nas três paredes.
A quarta parede continha fileiras com grandes gavetas. Seu olhar foi
atraído aos rótulos de grandes dimensões, fáceis de ler, afixados em cada
gaveta e prateleira. No centro da sala havia uma ilha de trabalho coberta com
aço inoxidável.
— Mantemos peças extras para os veículos e motores pequenos aqui.
— Explicou Roman, atraindo a atenção de Styx. — Nem tudo, mas certas
partes como cintos e mangueiras parecem se desgastar mais rapidamente. Há
um computador configurado na área da garagem. Se a pessoa que ocupar essa
posição ver algo que ache que precisa estar no local, ou exigir uma peça ou
ferramenta específica para um reparo, podem ordená-lo. Claro, se é um item
de grande custo, isso terá que ser avaliado por mim primeiro, mas não acho
que será um problema.
Styx assentiu. Na superfície, sabia que sua atitude era legal e calma.
Por dentro, estava ansioso para explorar cada canto que o lugar continha.
— Vamos dar uma olhada rápida em torno da garagem antes de
irmos ao galpão das máquinas. — Roman indicou uma ampla porta que se
abria a uma parede.
A garagem continha três enormes baias que pareciam equipadas para
lidar com quaisquer problemas que os veículos ou máquinas pequenas
pudessem ter. Um canto continha uma área de trabalho com contadores que
corriam ao longo das paredes. Olhando por aí, Styx viu várias máquinas que o
ajudariam em seu trabalho. O braço mecânico de alta tecnologia e
balanciadores quase o fizeram babar. Styx teve que se segurar para não
experimentar a estação de soldagem.
Styx ficou impressionado com os detalhes desta instalação, que
incluía uma pia para limpeza e um chuveiro de emergência. Muitas vezes, algo
caía em seus olhos ou na sua pele e precisava ser enxaguado o mais rápido
possível. Esses tipos de detalhes relativos à segurança impediam lesões
graves.
— Tem alguma dúvida, ou está pronto para ver o galpão de
máquinas? — O sorriso leve de Roman e o brilho em seus olhos disseram a
Styx que o homem podia sentir a sua excitação.
— Vamos ver as máquinas. — Um arrepio de antecipação deslizou na
espinha de Styx. Estava pronto para ver alguns dos equipamentos em que
poderia estar trabalhando.
Ao lado do galpão de reparo havia um enorme prédio de madeira.
Styx calculou que era o dobro do tamanho do galpão de trabalho que acabara
de ver. Roman abriu a porta usando um teclado eletrônico e ligou as luzes.
Styx passou pela porta entrando num sonho de amantes de veículos.
Havia Quadriciclos, Veículos Utilitários Multitarefas e um par de caminhonetes
de cabine dupla estacionadas no lado. No meio havia uma variedade de
veículos e de transportadores e reboques.
Na extremidade do edifício, de prontidão, estavam as grandes
máquinas. Seus olhos se arregalaram quando viu retroescavadeiras,
escavadeiras e tratores de tamanhos diferentes. Aquele lugar era um sonho
tornado realidade para um homem que amava se afundar profundamente em
motores. Styx estava no céu.
— Essa porta ali... — Roman apontou para a parede oposta contendo
uma porta de serviço de grandes dimensões. — Leva à sala que contém todos
os nossos equipamentos de resgate. Há também um banheiro com vários
chuveiros, para que possamos nos lavar após um resgate, antes de ir até a
casa. É nosso convidado a usá-lo se estiver trabalhando num projeto
particularmente sujo. Uma das saboneteiras ao lado das pias contém um
produto especial que retira gordura. É marcado para que saiba qual é.
— Quem cuida do equipamento de resgate? — Styx imaginou que
seria uma responsabilidade à parte.
— Meus médicos, Parker e Reese, lidam com isso. — Orgulho
saturava as palavras de Roman. — Até agora, todo mundo cobriu as áreas
onde precisávamos de mais funcionários. Mas estamos ficando mais ocupados
com resgates agora, e me encontro na necessidade de contratar mais pessoas
do que pensei que iria. A posição de tempo parcial de Jimmy, no celeiro e no
escritório, está se transformando em dois empregos de tempo integral. Logo
ele terá que escolher entre eles e terei que encontrar outro funcionário
qualificado.
O rosto de Joe Beck passou pela mente de Styx.
— Se Jimmy decidir ficar trabalhando no escritório, posso conhecer
alguém para ocupar a posição no celeiro.
Roman assentiu.
— Manterei isso em mente. Tem alguma dúvida, ou está pronto para
ver o hangar?
O sorriso de Styx ficou enorme. As coisas continuavam ficando cada
vez melhor. No topo das duas construções contendo equipamento de ponta,
havia um hangar incluso. Styx teria feito uma dancinha feliz, mas ainda estava
no modo “impressionar-o-chefe”.
Sentiu-se orgulhoso de quão calma a sua voz soou quando
respondeu:
— Vamos ver o hangar.
Styx caminhou pela estrada de cascalho ao lado de Roman até o
maior edifício. Era feito de metal e uma porta articulada pegava grande parte
da parede. A respiração de Styx foi expulsa pela linda coleção de aeronaves
diante dele.
— Como pode ver temos uma variedade de aviões. Este aqui é uma
aeronave de dez lugares na parte de trás. O menor acomoda quatro. Se
deixar, Flyer vai passar um ano descrevendo o que cada um é capaz de fazer
em extensos detalhes. — Roman fez um gesto para o lado. — Esse é o nosso
bebê, o helicóptero. Está configurado para resgates completos, quer se trate
de montanhas, fogo ou água e pode suportar até seis homens.
Styx correu os dedos sobre a lateral brilhante e suave da aeronave.
Era um sonho.
— Ela é uma beleza.
— É mais do que uma beleza. É extraordinária. — Flyer entrou no
hangar e descansou a mão no lado do helicóptero.
O olhar de Styx estreitou-se na direção da mão forte do homem
acariciando o metal frio. Queria que o homem chamado Flyer colocasse essa
mão em seu peito e lhe agarrasse enquanto o levava ao êxtase.
A cor do rosto do homem estava melhor agora do que estava na
casa. Seu comportamento também parecia mais calmo e controlado do que
Styx já tinha visto até agora. Fisicamente, o homem empurrou cada um dos
seus botões. O cabelo brilhante marrom, raspado nas laterais e ainda assim
longo o suficiente em cima para que Styx pudesse enfiar os dedos nele,
misturados com olhos da cor verde-mar, lhe apelavam.
Flyer não era um homem excessivamente musculoso, mas estava em
forma e forte. Styx teve a súbita vontade de deixar Flyer nu e enrolar aquelas
longas pernas em sua cintura antes de afundar seu pênis dentro do homem até
que suas bolas estivessem batendo contra a bunda redonda e firme.
Flyer ficou imóvel e inclinou a cabeça de lado.
— Não me olhe dessa maneira.
— Por que não? — Styx desafiou. Gostava do fato de Flyer não
parecer ter medo de seu tamanho ou de seu jeito de menino mau.
— Porque precisa aceitar a posição com o Resgate Contratado do
Oeste e temos que conhecer um ao outro antes de tudo o que seus olhos estão
exigindo aconteça. — A mão de Flyer agarrou a ponta da cauda do helicóptero.
— Não me ofereceram uma posição ainda. — Styx apontou.
Styx continuou a estudar Flyer. O homem aparava o bigode numa
linha fina acima do seu lábio superior. Também tinha feito a barba para que
ela corresse ao longo de sua mandíbula até o queixo sob seu lábio inferior.
Uma ligeira pelugem cobria sua nuca até alcançar as linhas do cabelo mais
grosso, dizendo a Styx que o homem não tinha raspado hoje.
Styx mantinha o rosto bem barbeado, quando se lembrava de fazer a
barba, que era coisa de dia sim, dia não.
Não sabia quanto tempo ficou lá curtindo cada nova descoberta dos
atributos de Flyer, mas a voz profunda de Roman puxou sua atenção para
longe.
— Pelo menos olhe para a área de trabalho do hangar e depois, todos
nós podemos entrar em meu escritório e começar a discutir os pormenores da
posição. — Disse Roman a Styx antes de olhar a Flyer com um sorriso no
rosto. — Acha que pode distrair Styx por tempo suficiente para que eu possa
fazer-lhe uma oferta que ele não terá como recusar?
O sorriso de Flyer enviou um pulso de calor através do peito de Styx
antes que de se estabelecer na sua virilha. O mundo se reduziu a Styx e Flyer.
O sorriso de Flyer caiu e o homem se moveu na sua direção.
O grande corpo de Roman entrou entre eles e bloqueou a visão de
Styx do caminhar erótico. Empurrou de lado a sua irritação. Precisava lembrar
que estava aqui para uma entrevista de emprego, não reivindicar um homem
chamado Flyer. Mas parte dele queria isso, aqui e agora.
— Styx. — O tom de Roman foi duro. Ele ergueu a mão e apontou ao
final do edifício. — Como pode ver, temos uma instalação totalmente
abastecida, capaz de ajudar na manutenção ou reparação de nossas
aeronaves. — Roman olhou por cima do ombro. — Flyer, nem sequer pense
em passear em torno de mim. Vai ficar aí do meu outro lado e longe de Styx
até voltarmos ao escritório.
Flyer parou no meio do seu passo, já começando a contornar Roman.
Styx teria rido se não estivesse tão louco para sentir Flyer se encaixar em seus
braços e contra o seu corpo. Em vez disso, se virou para estudar a área de
trabalho do hangar.
Não tinha nenhuma dúvida de que os armários altos com rodinhas,
em lugares estratégicos para facilitar a acessibilidade, com as suas várias
gavetas, continha todas as ferramentas que precisaria para deixar os aviões
prontos para voarem.
Uma enorme mesa de trabalho tomava o centro da área. Styx
poderia se imaginar puxando um dos bancos e passando algumas horas
trabalhando num motor que precisava de ajustes. Aquele lugar lhe chamava.
Styx queria ficar e fazer seu lar em Los Heroes.
Olhando para Roman, Styx disse:
— Já vi o suficiente.
*****
— Vai contratá-lo, certo? — Flyer murmurou pelo canto da boca.
Styx tinha entrado no escritório à frente dele e do capitão, e Flyer
precisava se certificar de que ele e seu chefe estavam na mesma página.
Preparou-se para tomar uma posição, se necessário. Styx pertencia a Los
Héroes.
Roman fez uma pausa e olhou Flyer.
— Claro.
Seguiu Roman ao escritório. Podia sentir o sorriso esticando os
músculos do rosto. A vida era boa. Foi na direção de Styx, com a intenção de
se sentar ao lado do grande homem.
— Nem pense nisso. — A mão de Roman apareceu na frente do rosto
do Flyer. Um dedo apontou para cadeira ao lado da mesa. — Sente nessa
cadeira.
Droga. Teria resmungado, mas ninguém, exceto talvez Jimmy, ia
contra o capitão. Flyer sentou na cadeira que Roman indicou. Styx assistiu
Roman caminhar em torno da mesa e tomar sua cadeira. A perna de Flyer
começou a mover quando os dois homens sentaram-se e olharam o outro.
Styx foi o primeiro a quebrar a mini disputa. Fazia sentido, já que o
capitão era o chefe. Roman abriu o arquivo na frente dele e tirou um pedaço
de papel antes de estendê-lo para Styx.
— É isto que estou preparado para lhe oferecer em salário e
benefícios. Claro que um alojamento na fazenda está incluso. — Roman
pressionou as pontas dos dedos enquanto esperava Styx terminar de ler o
papel. — No fundo consta uma lista de serviços que estão incluídos no seu
contrato de trabalho. Tem alguma pergunta?
Flyer podia ver que Styx cuidadosamente repassou tudo que estava
listado no papel. Até o momento que Styx olhou para cima, as pernas de Flyer
estavam chacoalhando.
— Styx Randall, está pronto para aceitar a posição de mecânico no
Resgate contratado do Oeste?
Um sorriso apareceu no rosto de Styx e Flyer quase derreteu numa
poça de gosma.
— Sim, aceito a posição. — Respondeu Styx.
Flyer não conseguia conter a sua euforia.
Levantou, ergueu o punho no ar e gritou:
— Sim!
*****
Através da janela fina do quarto de um motel barato, Carson ouviu
um carro chegar e estacionar. Segundos depois, a porta do carro bateu.
Carson tomou um gole do seu café e tentou descobrir como chegou a
essa bagunça. As coisas haviam deslizado fora de controle, e neste momento,
não tinha certeza se conseguiria sair dela numa só peça ou até mesmo vivo.
Sammie Arden era louco, puro e simplesmente. Não havia outra maneira de
descrevê-lo, exceto talvez violento e perverso como uma cobra.
Escutou uma breve batida na porta e Carson suspirou aliviado quando
Sammie passou e abriu. Qualquer movimento sugava grandes bolas
espinhosas após o último sexo violento com Sammie. Carson pensou que sua
bunda poderia ter ficado um pouco machucada. Os traços de sangue no pano
quando se limpou confirmou as suas suspeitas.
Durante as duas semanas desde que Carson tinha estado com
Sammie, aprendeu que os contatos que o homem tinha eram vastos e
alucinantes. Ter uma imensa herança e um caráter desonesto, provavelmente
ajudava.
Onde Sammie havia encontrado Tom Bennett, nunca saberia. Mas a
semelhança entre os dois homens era francamente assustadora.
— Conseguiu o trabalho? — Sammie exigiu quando bateu a porta
atrás de Tom.
Tom ampliou sua postura e se inclinou para frente. Carson se
encolheu. Não era uma boa ideia fazer movimentos agressivos contra Sammie,
a menos que gostasse de dores profundas.
— Não, não depois da maneira que seu piloto surtou durante a minha
entrevista. — Tom balançou a cabeça e franziu os lábios para cima num sorriso
de escárnio. — O cara me deu uma olhada e praticamente cagou em sua calça.
Um grande sorriso se formou no rosto de Sammie quando esfregou
as mãos.
— Gostaria de ter estado lá para vê-lo. O medo de Flyer pode ser
delicioso. — O sorriso desapareceu em um instante. — Mas lhe paguei para
conseguir o emprego. Você falhou.
Tom levantou as mãos em sinal de rendição.
— Ei, não tive controle sobre a situação, uma vez que Flyer começou
a tremer em seus sapatos. Dei o meu melhor.
Carson observou o predador em Sammie sair ao primeiro sinal de
submissão de Tom. Com cada passo que Sammie dava na direção de Tom, a
frente da calça do homem aterrorizante aumentava. Carson ficou tenso e olhou
a porta, se perguntando se poderia fazer uma fuga. Seus planos viraram cinzas
e caíram no chão com as palavras seguintes de Sammie.
— Seu melhor não foi bom o suficiente. Você me deve. — Sammie
apontou para a cama. — Dispa-se e entre na cama. Nós vamos nos divertir um
pouco.
O tolo estúpido riu e abriu a camisa enquanto se dirigia à cama. No
momento em que Tom subiu no colchão, ele estava nu.
Sammie virou a cabeça e prendeu Carson na cadeira com seu olhar
intenso e maníaco.
— Coloque-o de lado e o chupe. Mantenha as pernas bem abertas
para mim.
Tentáculos viscosos de medo deslizaram através de Carson. Com
movimentos cuidadosos, Carson mancou em direção à cama. Nada de bom ia
sair dessa situação.
Trinta minutos depois, Carson caiu de costas na cama com a boca
cheia de esperma amargo. Do outro lado da cama, Sammie jazia de joelhos.
Tendo também atingido o seu pico, Sammie empurrou Tom de costas.
Arrepios cobriam a pele de Carson quando o rosto de Sammie tornou-
se uma máscara de pedra. A empolgação de Sammie não levava a nada além
de violência e agonia. Carson sabia que não devia se mover e correr o risco de
ganhar a atenção de Sammie. Não precisava ter se preocupado. Sammie só
tinha olhos para o homem que estava prestes a bater até deixa-lo como uma
polpa.
Capítulo Três
*****
Flyer relaxou na cama, abriu as pernas, e deslizou as pontas de seus
dedos sobre os nervos sensíveis na entrada de seu ânus. Em sua mente,
imaginou que era Styx usando a sua língua e boca para o prazer dele.
Fazia dois dias desde que o grande homem havia partido em sua
moto, deixando um Flyer confuso, assustado e excitado atrás.
Quando começou a trabalhar para soltar o músculo guardando a sua
abertura, a parte inferior lisa de seu braço esfregou contra seu pau duro. Não
demorou muito para que seu braço estivesse molhado revestido com pré-
sêmen. A boca de Flyer sentia-se vazia. Queria enche-la com o pênis molhado
de Styx, enquanto o homem lhe preparava para a maior intimidade que dois
homens poderiam experimentar. Talvez, desta vez, conseguiria gozar.
Três sinais sonoros e um brilho azulado cortaram o casulo de
escuridão tranquila de Flyer. Alcançando através da cama, pegou o celular. O
pequeno número vermelho no canto indicava que havia uma mensagem de
texto. Com um toque de dedo, o nome de Styx apareceu. O braço de Flyer
empurrou em surpresa, enviando o celular voando pelo ar.
— Merda, merda, merda. — Lutando sobre a cama, se pendurou para
fora de lado e tentou alcançar o dispositivo vibrando.
Flyer conseguiu tocar o celular com um dedo e puxá-lo na direção
dele até que pudesse agarrá-lo. Mas foi derrubado de cabeça para fora da
cama. No último momento Flyer apoiou a mão no chão e impediu o tombo que
sem dúvida o teria ferido.
Voltar para cama não foi uma tarefa fácil, mas Flyer conseguiu, grato
por ninguém ter visto as suas travessuras pelado. Deitado de costas contra os
travesseiros macios, Flyer reativou o celular. Seu coração começou a bater
com a visão do nome e da mensagem de Styx.
Você está bem?
Respirando fundo, Flyer digitou:
Estou bem.
Você parecia assustado.
Meu último relacionamento não foi muito bom. Flyer não podia
acreditar o quão difícil era escrever essas palavras.
Não deve haver medo num relacionamento.
Discordo. Flyer olhou as palavras que acabou de digitar, não
acreditando que tinha contrariado Styx. Apertou o botão Enviar de qualquer
maneira.
Diga-me o porquê.
Existe o medo de que um irá decepcionar o outro ou deixá-los
irritados. Medo de que não esteja fazendo o suficiente. Lembranças de uma
raiva decepcionante e viciosa ameaçou dominá-lo. Flyer nunca fora bom o
suficiente.
Se houver uma comunicação aberta, o medo não terá nenhum poder.
E se não gostar do que tenho a dizer? Flyer precisava saber.
Podemos ter divergências que não levam ao medo.
Flyer não acreditava nisso. Para ele, as divergências levavam à raiva.
Desde que era uma criança, suas entranhas congelavam quando alguém ficava
zangado com ele. Sabia que era porque seu pai o detestava por não se
interessar por cavalos ou pelo rancho.
Nunca iria se esquecer do pé de seu pai esmagando o avião de
brinquedo que estava brincando na terra, perto do celeiro. Flyer devia ter
cerca de cinco anos na época. Seu pai havia o agarrado pelo colarinho e lhe
colocado num pônei, que passou a trotar tentando derrubá-lo. O animal
nervoso o derrubou e acertou sua perna. E o pesadelo continuou naquela tarde
quando seu pai insistiu que pegasse o cavalo e montasse em torno do curral.
O temperamento de Sammie brincou com todos os pontos fracos de
Flyer, e assim o atirou no fundo do buraco de um relacionamento abusivo.
Agora se perguntava se seria capaz de ter outro relacionamento.
Ainda está aí?
Merda, deve ter se perdido em pensamento por muito tempo.
Sim, estou aqui. Desculpa.
Não tem nada com o que se desculpar.
Mostrou a Flyer o quão ferrado estava pela declaração de Styx
parecer um presente dos deuses. Sammie sempre exigiu que Flyer se
desculpasse em todos os momentos.
Como vão as coisas aí? Flyer decidiu mudar de assunto.
Devo ser capaz de voltar num par de dias.
A respiração de Flyer prendeu e sua mente ficou em branco com a
possibilidade de ver Styx novamente. Olhou as letras brilhantes em seu
celular, sem saber qual delas pressionar. Não precisava se preocupar. Styx foi
mais rápido.
Vai me dar um beijo de “Boas Vindas”, quando eu chegar?
Desta vez, a respiração do Flyer saiu numa lufada de sua boca.
Digitou a única coisa que conseguia pensar.
Santa foda.
Acho que devemos descobrir o que acontece se beijarmos de novo.
Algo nas palavras de Styx acalmou Flyer. Talvez fosse sua maneira
sólido-como-uma-rocha. Era como se Styx soubesse como as coisas deveriam
ser, e Flyer só tivesse que seguir junto. Não havia nenhuma pressão
esmagadora exigindo que acertasse tudo.
Ok. Essa palavra nunca foi tão fácil de digitar. Flyer sorriu. Talvez
isso pudesse funcionar.
Boa noite e durma bem.
Você também.
Flyer olhou o celular em sua mão por um momento, pensando sobre
o menino mau, alto, musculoso e motoqueiro. Precisaria tomar cuidado até ter
certeza de que Styx não tinha quaisquer problemas de raiva escondidos. Isso
era primordial. Sabia que poderia ir até Roman se precisasse, então tinha um
plano de contingência caso necessitasse.
A quem estava enganando? Não iria para Roman. Não era o pirralho
chorão que Sammie sempre o chamou. Não tinha dito a Roman que Sammie
ainda o chamava o tempo todo. Sabia que não iria dizer nada se Styx acabasse
por ser igualmente ruim. Fracotes como ele não tinham esse direito.
Um rugido cortou o silêncio. Esfregando a barriga, Flyer deixou o
celular na cama e colocou um short. Estava com fome.
Uma vez na cozinha, parou na frente da geladeira aberta. Na terceira
prateleira, bem na frente do seu nariz, havia um prato cheio de frutas cortadas
com um copo de iogurte no meio para mergulhar. Garrett sempre deixava a
Flyer algo saudável para fazer um lanche.
Olhando o conteúdo do frigorífico, Flyer tirou um bolo de chocolate.
Sua perna começou a balançar enquanto seu olhar deslocava entre as frutas e
as coisas divertidas. Então percebeu que havia uma tigela na frente do bolo.
Pegando a tigela, Flyer abriu a ponta e soltou um assobio. Diante dele
havia uma tigela cheia de uma deliciosa ambrosia chamada pudim de
chocolate, a sua sobremesa favorita de todos os tempos. Agora, a decisão
tornou-se fácil. Abraçando a tigela em seu peito, Flyer foi em busca de uma
colher.
De volta ao quarto, Flyer viu que a luz azul em seu celular estava
piscando. Seu primeiro pensamento foi que Styx devia ter deixado outro texto.
Sabia que deveria verificá-lo, mas a taça de pudim de chocolate apelava mais.
Flyer subiu na cama e começou a comer, tomando a decisão de olhar
a mensagem mais tarde.
*****
Sammie olhou o seu celular e sorriu.
Você nunca estará livre de mim.
Logo os textos iriam parar. Quando Flyer fosse dele.
*****
Styx apoiou a sua bota na calçada. Quando passou a perna sobre a
moto, seus músculos contraídos protestaram pelo alongamento que estava
forçando-os a suportar. Uma vez que conseguiu se equilibrar sobre os dois
pés, levantou os braços e arqueou as costas. Pequenos sons de ossos
realinhando aliviou a rigidez nas costas. O trajeto entre Vegas e Los Heroes
pareceu demorar uma eternidade. Styx descobriu que era porque estava
ansioso para se reencontra com um certo piloto agitado.
Agarrando a sua mochila da parte de trás da moto, Styx dirigiu-se até
a casa. Durante a sua última conversa por celular com Roman alguns dias
antes, seu novo chefe havia dito que Garrett lhe ajudaria com o que fosse
preciso quando chegasse.
De acordo com as instruções, não bateu na porta e entrou sem
hesitação. Styx levou um momento para desfrutar da frieza do interior da
fazenda, quando tomou conta dele. Mais uma vez as paredes de pedra
castanho-claro-coloridas e cerâmicas verdes acolheram Styx de uma forma
que nenhum outro lugar já conseguiu.
— Ah, vejo que conseguiu chegar bem. Seja bem-vindo a Los Heroes.
Styx olhou para cima para ver Garrett McKay andando até ele vindo
da direção da cozinha. O homem alto podia ser mais velho e já grisalho, mas
ainda estava bem construído. Styx esperava que em vinte anos, parecesse a
metade tão bom.
— Obrigado. — Pela primeira vez a voz de Styx não soou tão ruim.
Pelo menos, não pensava assim.
Garrett fez uma careta.
— Quando o meu parceiro Tolliver teve um ferimento na garganta,
fiz-lhe um pouco de chá de alcaçuz. É conhecido por ter qualidades curativas.
Consideraria tentar?
Styx manteve a sua expressão neutra. Tanto para acreditar que a sua
voz tivesse soado pelo menos meio normal. Resistiu ao impulso de suspirar em
frustração. Todos tinham uma cura que tentavam empurrar nele.
— Claro. — Respondeu Styx. Era o novato ali. Agora não era o
momento para irritar os colegas de trabalho. — Vale dar uma tentativa.
— Ótimo. — Garrett sorriu. — Vamos colocar as suas coisas em seu
quarto. Quando as suas outras coisas devem chegar?
— Amanhã. — Styx seguiu Garrett pela porta de entrada e até a sala
adjacente.
Styx admirou a grande sala aberta com portas de vidro largas na
parede distante, que levava a um pátio coberto de plantas. A sua boca
começou a encher de agua quanto mais perto chegavam da cozinha, localizada
no outro lado da sala de estar. O aroma inconfundível de rolos de canela
permeava no ar.
Da sala de estar, a cozinha parecia vazia, e agora que Styx pensava
sobre isso, não tinha visto ninguém desde a sua chegada. Isso lhe pareceu
estranho. Durante a sua última visita, aonde quer que olhasse pessoas
estavam fazendo algum trabalho.
Na cozinha, Garrett desviou para a esquerda por um corredor lateral.
Antes de segui-lo, Styx teve um vislumbre de um homem com cabelo castanho
claro e grandes olhos azuis cortando legumes.
Na extremidade do balcão ao lado da parede havia um cão marrom
pequeno sentado numa pequena almofada fofa.
Styx assentiu para o homem que imaginou ser Tolliver antes de
prosseguir atrás de Garrett. Portas fechadas alinhavam-se no corredor. Perto
do final, Garrett esperava ao lado de uma porta aberta.
— Este é o seu quarto. — Garrett disse quando deu um passo atrás e
deixou Styx passar por ele.
O piso de cerâmica brilhava sob as botas de Styx quando entrou no
quarto espaçoso. Seus olhos foram atraídos à porta da varanda na parede
mais distante. Através do vidro, o pátio lhe convidava a sair e entrar na
piscina.
De sua visita anterior, sabia que o pátio ficava no centro da casa,
mas agora percebeu que a fazenda fora concebida de modo que o pátio ficasse
em evidência, em todos os momentos.
— Através dessa porta fica o banheiro. — Garrett apontou para uma
porta fechada. — Existem toalhas extras no gabinete. Se precisar de alguma
coisa, é só me avisar.
— Como funcionam as coisas aqui? — Durante a maior parte da vida
de Styx, tinha vivido no quartel. Se perguntou se esta experiência seria
diferente.
— As refeições são realizadas às sete, ao meio-dia e as seis. —
Explicou Garrett. — Se você se atrasar, come comida fria. O serviço de limpeza
vem às terças-feiras. Se tem alguma coisa que não quer que vejam, guarde.
Você lava as suas próprias roupas. Há uma lavanderia perto da cozinha. Tem
uma folha de papel colada na parede. Se quiser garantir que uma das
maquinas de lavar roupa esteja disponível, coloque o seu nome no dia que
pretende usá-la.
— Isso soa bastante simples. — Styx comentou.
— Esta é a nossa casa. Tentamos manter as coisas num ritmo
uniforme e, como disse, simples. — Os olhos azuis brilhantes de Garret eram
amigáveis, mas também avaliadores. — Existem muitas personalidades alfas
por aqui. Se ocorrerem problemas, Roman quer saber.
— Parece bom. — Styx podia ver que seria prejudicial para a equipe
de Roman se seus membros começassem a brigar entre si.
— Tem alguma pergunta? — O sorriso de Garrett meio zombeteiro,
dizendo a Styx que o homem sabia o que ia perguntar.
Styx perguntou de qualquer maneira.
— Flyer está por aí?
— Os caras foram convocados a um resgate na tarde de ontem. —
Garret respondeu. — Ainda não voltaram.
— Entendo. — Decepção encheu Styx. — Acho que vou desfazer a
minha bolsa primeiro, antes de sair e verificar a oficina.
— Parece uma ótima ideia. — Garrett voltou à porta. — Pare pela
cozinha e irei lhe mostrar onde o conjunto de chaves fica. Preparei um
conjunto de chaves que irá precisar, mas o molho contém outras chaves que
pode usar. Basta se lembrar de colocá-los de volta no lugar. A maioria dos
edifícios têm fechaduras electrônicas, mas usamos as boas e antiquadas
chaves como um plano de reserva.
Styx assentiu e pegou a sua bolsa. Quando a porta se fechou atrás de
Garrett, mudou seus planos de passar esse tempo com Flyer.
Droga, esteve ansioso para isso.
*****
Você é meu.
Sammie enviou o texto para o celular de Flyer, como fez pelo menos
três vezes por dia durante os últimos dois dias.
Alcançando sua calça com zíper, se virou para Carson, amando o
brilho instantâneo de medo em seus olhos.
— Vamos jogar.
Capítulo Quatro
*****
— Estou morto. — Reese suspirou e passou os dedos pelos cabelos
loiros curtos. Seus dedos derrubaram o fone de ouvido da cabeça. Os reflexos
rápidos o colocaram de volta aos ouvidos onde pertencia.
— Sim, esse foi um inferno de um resgate. — Usando uma das mãos,
Flyer abriu uma barra de cereal e deu uma mordida.
— Ao menos terminou tudo bem. — Reese abriu uma garrafa de
água. — Encontramos as mulheres desaparecidas e o hospital informou que
todas irão se recuperar. O criminoso também está estável, mesmo que Isaiah
tenha lhe dado um susto para a vida. — Reese tomou um gole de água. —
Tenho que confessar, encontrar essas mulheres pareceu uma eternidade. Eu
não sei. Talvez fossem os maridos gritando e exigindo que as encontrássemos,
que me deixou assim. Sei que estavam preocupados, mas, caramba, não
éramos o inimigo. Éramos os únicos tentando ajudar.
Flyer havia acabado de engolir um pedaço de barra de granola e
chocolate.
— Sim, também ouvi. Isso foi fodido. Tenho notado que esta parte do
país é tão vasta que os resgates parecem sempre levar pelo menos alguns dias
para realizarmos.
— Você não é daqui, não é? — Perguntou Reese.
Flyer olhou por cima dos controles do helicóptero captando o olhar
curioso de Reese. Isso era novo. Era uma pena que depois de seu aterrorizante
relacionamento passado, Flyer nunca conseguiu ficar completamente
confortável em torno de outro homem de cabelo loiro. Além disso, havia um
certo mecânico, de quem esperava se aproximar assim que possível.
— Cresci numa fazenda no Centro-Oeste. — Flyer fez uma nota
mental para chamar seu irmão, Flynn, e ver como estava a fazenda. — E você?
Reese encolheu os ombros.
— Passei a minha infância em qualquer praia onde a próxima grande
onda estivesse prestes a bater. Principalmente na Califórnia, mas por um
tempo, a Europa era o lugar para se estar.
Flyer podia ver o bronzeado e o corpo musculoso de Reese andando
descalço ao longo de uma praia, segurando uma prancha de surf. A carranca
no rosto do homem não correspondia à imagem quente e ensolarada na mente
de Flyer.
— Tornar-se um médico é algo bem distante de surfar. Será que
enjoou da água? — Flyer assistiu Reese tomar um longo gole da garrafa na
mão. A pausa e o tremor dos dedos do homem disse que sua resposta era
importante e dolorosa.
— Decidi seguir a medicina depois que o meu pai fumou muita
maconha antes de decidir ir surfar, sozinho, à noite. — Reese passou a mão
sobre o rosto. — Quando consegui levá-lo até a praia, nada do que eu tentei
conseguiu fazê-lo respirar ou acordar.
Algo sobre a declaração de Reese fez Flyer meditar sobre a situação.
— Quantos anos tinha?
O tom de Reese se tornou seco.
— Oito.
Flyer não conseguiu impedir a sua ingestão súbita de ar. Merda,
Reese era uma criança ainda.
— Sinto muito, cara. — Flyer olhou Reese. — Sei como é quando os
pais tomam decisões que afetam o resto de sua vida.
— Acredito nisso. — Reese girou em seu assento, em direção a Flyer.
— Tenho que admitir que estive lhe observando desde que chegou em Los
Heroes. Fiquei preocupado de você ter algum problema de saúde, com a
maneira como precisa comer o tempo todo.
Flyer não tinha certeza se ficava lisonjeado ou preocupado em ter o
outro homem examinando-o.
— Quais foram as suas conclusões?
A resposta de Reese foi brutalmente honesta.
— Seu metabolismo está nas estrelas e um membro dominante da
sua família lhe ensinou cedo na vida a se sentir inseguro. As suas inseguranças
transformaram-se numa energia nervosa acima do normal. — Reese assistiu
Flyer, parecendo estar esperando por uma reação. Não teve que esperar por
muito tempo.
— Puta merda, cara. — O helicóptero deslocou para o lado antes de
Flyer endireita-lo. — Fale sobre cavar profundamente na psique de uma
pessoa. Como diabos conseguiu ver essas coisas?
— Quando fiquei velho o suficiente para fazer as minhas próprias
escolhas, assisti todas as aulas que consegui encontrar, que oferecessem
maneiras diferentes de resgatar pessoas e administrar primeiros socorros. — A
risada de Reese não mostrava nenhuma alegria. — Inferno, acho que tinha
quinze anos quando terminei o primeiro curso. No exército, adicionei a
psicologia. Precisava entender o processo de pensamento das pessoas e
porque faziam as coisas que faziam.
— Bem, acho que aprendeu bem. — Flyer comentou.
Ao longe, a fazenda veio à tona. Flyer podia sentir um sorriso
enchendo seu rosto. Esperava que um certo motoqueiro tivesse chegado em
Los Heroes.
Ao lado dele, Reese suspirou.
— Será que o irritei por falar coisas muito pessoais?
Flyer piscou.
— Nada que tenha dito me ofendeu, se é isso que quer dizer. Estava
pensando sobre o novo mecânico que Roman contratou. Ele deve ter chegado
lá.
— Ah.
Flyer olhou Reese. Essa única palavra parecia conter um milhão de
significados.
— O que?
— Estava pensando que qualquer desejo de ficarmos juntos e ver se
poderíamos construir algo duradouro entre nós não vai acontecer. — O sorriso
de Reese era fraco. — Falar sobre o mecânico faz com que seus olhos brilhem.
Flyer não conseguiu pensar em nenhuma coisa para dizer em
resposta, então não disse nada. Abaixo, a porta do hangar do avião estava
aberta e um grande homem de cabelos escuros, vestindo um macacão, estava
sentado num UTV quatro por quatro esperando que pousassem.
Com facilidade, Flyer pousou o helicóptero numa grande plataforma
de pouso. Até o momento que ele e Reese tinham soltado os cintos de
segurança e retirado seus fones de ouvido, Styx já havia chegado com o
quatro-por-quatro e o conectado à plataforma, pronto para rebocá-lo ao
hangar. Flyer quase assobiou pela perfeição diante dele. Quem diria que um
macacão cinza, com as mangas puxadas e o zíper frontal aberto até a metade
de um peitoral coberto de pelos e maciço, poderia ser tão sexy. A respiração
de Flyer ficou presa e sentiu arrepios descerem pelos seus braços. Observou o
olhar escuro e intenso de Styx, o qual não hesitou nenhuma vez em sua
direção, enquanto o homem enorme saia da UTV, caminhava até o lado de
Flyer do helicóptero e abria a porta.
Com um rosnado baixo, Styx disse:
— Me dê as boas vindas.
Uma comporta de alegria e de uma sensação de pertencer abriu
dentro de Flyer. Dando um salto, caiu nos braços estendidos de Styx. O
homem duro-como-uma-rocha não recuou pelo peso dele.
Para Flyer, aqueles lábios firmes cobrindo os seus parecia o paraíso.
Tudo o que precisava fazer era relaxar e deixar Styx assumir a liderança. Tinha
experimentado beijos exigentes antes. Mas aquele foi diferente. Styx
aprofundou o beijo e uma névoa forte de desejo correu sobre Flyer. Os
pequenos cabelos na parte de trás do seu pescoço arrepiaram e Flyer
estremeceu. A ponta de uma língua quente traçou a borda dos seus lábios até
que entrou no canto, incitando-o a abrir a boca.
Obedeceu a demanda e deu as boas vindas a Styx. O sabor
mentolado do homem misturou-se com o gosto da granola e chocolate que
tinha comido. Flyer decidiu que era a melhor mistura de sabores que já tinha
saboreado.
Ao fundo, Reese disse:
— Pode me apresentar da próxima vez, Flyer. Vou até a fazenda.
Teria interrompido o beijo e respondido ao homem, mas a mão de
Styx embalando a parte de trás de sua cabeça, o segurou no lugar enquanto
continuava a explorar sua boca. Flyer pensou que ficaria nervoso com a força e
o poder de Styx, mas aura do homem envolveu-o como algo que nunca sentiu
antes. Levou um segundo para descobrir como titular essa calma fácil e a
sensação de proteção que se instalara sobre seus, normalmente, nervos
borbulhantes. Era segurança.
Até o momento em que Styx terminou o beijo e levantou a cabeça,
Flyer estava como um sorvete todo derretido. Styx sorriu e o seu coração
acelerou. Levantando um dedo, tocou uma covinha que apareceu no canto da
boca do grande homem.
— Como fez isso? — Flyer traçou a linha saindo da profunda covinha
ao lábio inferior. — Nunca foi tão poderoso e rápido.
Styx deu de ombros e Flyer apertou os braços e as pernas em torno
do homem, para que não fosse atirado longe.
— Nós nos encaixamos. — As grandes mãos de Styx apertaram a
bunda de Flyer, puxando-o contra sua enorme ereção.
Flyer moveu seus quadris, esfregando a parte inferior de sua barriga
no pau de Styx.
— Isso continua a ser visto.
Styx contraiu seus lábios por um momento antes de dizer:
— Não tenho dúvidas.
Flyer não podia discutir com a avaliação Styx. Essa coisa, essa
atração entre eles era imensa.
*****
Carson se encurvou sob o edredom e desejou que o chão o engolisse.
Agora tinha realmente entrado na merda profunda. Não conseguia nem se
lembrar de porque pensou que seria uma boa ideia se vingar de Jimmy e
Tristen Earl. Agora, se perguntou se sobreviveria até a próxima semana. Tom
Bennet não conseguira suportar no dia anterior. Carson perguntou o que
aconteceria se alguém encontrasse o corpo de Tom naquela caverna deserta a
cento e sessenta quilômetros ao sul. Apenas as ameaças e os punhos de
Sammie acertando os rins de Carson o obrigaram a arrastar o morto à parte de
trás da caverna.
Naquela manhã Carson tinha acordado, de barriga para baixo,
amarrado à cama. O bastardo louco usou uma pequena faca que sempre
carregava para cortar um esboço dos rins de Carson, na pele que ficava na
parte inferior das costas. Sammie enfiou uma meia na boca de Carson para
abafar seus gritos.
Carson nunca iria se esquecer das palavras que Sammie sussurrou
em seu ouvido.
— Uma vez que as cicatrizes se formem, terei um alvo para acertar se
alguma vez tentar fazer algo estúpido. Pensar que pode sair desta parceria é
estupidez. — As palavras seguintes de Sammie congelaram o coração de
Carson com medo. — Em nossa sessão seguinte, vou esculpir seu coração e
fígado.
Um grito sacudiu Carson do pesadelo desta manhã.
— O idiota está beijando algum cara grande. — Sammie gritou
enquanto olhava através de uma luneta. — Ele vai pagar por isso.
Um arbusto protegia os dois homens de olhos curiosos. Sammie tinha
dado um golpe de gênio ao encontrar um ponto apenas um pouco mais de um
quilometro de Los Heroes. Era perfeito para espionar o hangar onde Flyer
passava a maior parte de seu tempo. Aterrorizava Carson a forma que Sammie
fazia grandes planos para voltar com Flyer, se o homem quisesse ou não.
Queria correr. O quão estúpido foi. Saber que Sammie estava
mexendo com a sua cabeça, bem como o seu corpo, não fazia qualquer
diferença. Continuou se perguntando por que não partia e fugia do homem
insano. Carson não tinha nenhuma resposta, simplesmente não conseguia. Os
jogos mentais de Sammie e a aplicação constante de dor estavam tirando a
sua vontade.
Capítulo Cinco
Styx ficou satisfeito com o quão bem ele e Flyer trabalharam juntos
colocando o helicóptero no hangar. Enquanto foi até o motor e fez um check-
up geral no interior e fora do helicóptero, Flyer limpou a aeronave. Demorou
um pouco, mas deixaram o avião reabastecido e pronto para o caso de serem
convidados a agir mais uma vez naquela noite.
No chão estava o cesto de resgate e as caixas de plástico com os
equipamentos médicos. Styx sabia que a cesta precisava ser desinfetada e as
caixas reabastecidas.
Styx tocou o canto de uma caixa com a ponta da bota.
— E quanto a isso?
Flyer olhou para cima enquanto colocava os trapos sujos usados em
um recipiente marcado Lavandaria.
— Reese deve voltar logo para repor tudo e esterilizar a cesta. Em
outra hora e meia, os outros devem estar chegando.
— Voar durante um resgate é muito mais rápido. — Observou Styx.
Imaginou que talvez a sua paciência fosse alguma vez testada ao dirigir um
carro por algumas horas com um Flyer inquieto ao lado. A menos que
esgotasse o homem antes de saírem. Agora essa ideia tinha mérito. Sexo,
muito sexo, podia ser a resposta para manter o homem mais calmo. Styx era
totalmente a favor dessa ideia.
— Oh, sim. — Flyer concordou. — Seguir de caminhão até uma
ocorrência leva muito tempo e é uma porcaria. Mais de uma vez, os caras
ameaçaram me amarrar à traseira do caminhão, se eu não sossegasse. Se
tivesse estado aqui quando saímos ao último resgate, teria levado os caras na
aeronave de dez lugares.
Styx assentiu, pensando em como seria interessante ver como a
equipe operava durante o resgate. Quando um sorriso lento formou-se no
rosto do Flyer e seu olhar caiu para a área do peito de Styx, tudo mudou num
piscar de olhos. Ao redor deles, faíscas de consciência sexual que estiveram
fervendo sob a superfície, emergiram.
Até Flyer sair no mais recente resgate, durante todos os dias e noites
haviam trocado uma infinidade de mensagens. Foi divertido conhecer um ao
outro, e falaram sobre tudo e qualquer coisa. Agora que Styx estava na
fazenda e Flyer retornou, sabia que não seria capaz de esperar muito mais
para sentir o corpo de Flyer contra o seu. Pelo ardor nos olhos de Flyer,
parecia que o homem lindo estava na mesma página.
Styx foi até um painel lateral ao lado da porta do hangar enorme e
apertou um botão vermelho. Um motor pendurado no teto veio à vida, e a
porta começou a fechar. Pouco antes de ela abaixar e bloquear a sua visão do
lado de fora, Styx viu um brilho de luz solar refletir em alguma coisa ao longe.
Não tinha certeza se era normal, então fez uma anotação mental para
observar e descobrir se a luz aparecia o tempo todo ou era uma coisa de uma
só vez. Sua formação nas forças armadas o moldou numa pessoa sempre
consciente de seu entorno.
Passando por Flyer, Styx agarrou a mão do homem e levou-o até a
mesa de trabalho. Depois de deslizar em um banquinho, Styx espalhou as suas
coxas e puxou o homem delicioso no meio. Parte do cérebro de Styx esperava
que o banco fosse resistente, porque as coisas estavam prestes a ficar
interessantes.
— O que está fazendo? — Os dedos de Flyer acariciaram através do
cabelo de Styx.
— Vou fazê-lo se sentir bem. — Styx segurou o membro de Flyer
através de suas calças negras. Sob a palma da sua mão, o pênis de Flyer
agitou.
As pontas dos dedos esfregando seu couro cabeludo deram uma
pausa antes de continuar sua massagem suave. Os olhos de Styx quase
fecharam. O homem tinha dedos talentosos.
Os quadris de Flyer moveram-se, mas não se afastou.
— Reese estará de volta em breve.
— Você já disse isso. — Styx queria sentir o eixo e abriu as calças.
Em sua mão, o pau de Flyer estava duro, quente e de um rosa escuro. —
Então é melhor nos apressarmos. Suba.
Sem esperar Flyer se mover, Styx o levantou e colocou-o sobre suas
coxas abertas, abrindo as pernas de Flyer largamente. Apenas o pau e as bolas
apareciam através do material de sua calça. A visão era obscena e sexy como
o inferno. Os olhos verdes bonitos se arregalaram e dentes afundaram no lábio
inferior. Isso não era permitido. Aquele lábio era de Styx.
Inclinando para frente, lambeu a pele avermelhada no lábio de Flyer
antes de sugar a carne gorda em sua boca. Enquanto trabalhavam para
arrumar o helicóptero, Flyer esteve mastigando balas de caramelo. Styx
gostou do sabor persistente.
Apertou mais o pau de Flyer, acariciando o eixo de sua base até a
cabeça em forma de cogumelo. Ele esfregou a ponta de seu polegar sobre a
pequena fenda no topo, apreciando a amostra de pré-sêmen que brotou.
Os pelos crescendo no rosto de Flyer pinicaram os lábios de Styx
enquanto continuava a explorar. O homem estremeceu e o pau sob a mão de
Styx inchou quando encontrou um ponto sensível próximo ao queixo de Flyer e
sob sua orelha. A pele macia se esticou por seus chupões de forma tão doce.
— Styx, ah... — Os quadris de Flyer empurraram para frente quando
continuou a trabalhar naquele ponto.
Criando um túnel com os dedos, Styx deu a Flyer algo para enfiar o
pau dele. O homem reagiu muito bem e criou um ritmo feroz. Abaixo deles, a
banqueta guinchou.
Através do tecido preto da camisa de Flyer, Styx encontrou seu
mamilo com seus dedos. Suspeitava que Flyer não fosse reagir bem à dor
então, em vez disso, acariciou-o até enrijecerem.
Os impulsos de Flyer se tornaram erráticos e sob os dedos de Styx,
as bolas de Flyer contraíram. Olhos verdes encararam Styx. Levou um
momento para perceber o medo brilhando neles.
Sua voz tremia em pânico quando Flyer sussurrou:
— Eu preciso...
No próximo piscar de olhos, o pau na mão de Styx ficou mole. O peito
de Flyer saltou enquanto o homem lutava para recuperar o fôlego. Mãos
empurraram o peito de Styx, e numa explosão de velocidade, Flyer desceu seu
corpo das coxas de Styx.
Flyer correu pelo hangar em direção à porta. Mas Styx estava bem
atrás dele. Tinha visto aquele olhar assombrado, nos olhos de seus colegas
SEALs após uma missão horrível. Flyer estava revivendo um pesadelo de seu
passado.
Na porta, Styx conseguiu encaixar o braço em volta da cintura de
Flyer e levantar o homem lutando e chutando.
No ouvido de Flyer, Styx disse:
— Não tenho a voz necessária para que as minhas palavras consigam
tirá-lo disso. Agora levante-se e olhe pela janela. Você é livre.
Com as costas de Flyer em seu peito, Styx embalou o homem rígido
contra ele, mantendo um braço em volta de seu peito.
— Você está seguro em meus braços.
Depositando beijos leves contra a pele macia do pescoço de Flyer,
Styx acariciou seu peito e ombros.
— Diga-me o que aconteceu.
Flyer lutou e balançou a cabeça de lado ao outro. Um gemido baixo
veio do fundo do peito.
— Me solte. Estou estragado.
Styx continuou a segurar Flyer contra o seu corpo.
— Por que o pânico?
— Não posso gozar. — Flyer gritou.
Styx piscou em choque. Balançando a cabeça em descrença, disse:
— Droga. Fale comigo.
— Gozar sem permissão só causa dores inimagináveis. — Flyer
sussurrou. — Não sei se posso superar as memórias dele segurando uma faca
contra as minhas bolas, ameaçando cortá-las.
Raiva brotou através de Styx. Iria esperar pelo momento certo até
Flyer dizer-lhe um nome. Isso era tudo o que precisava. Sombria satisfação
com o que poderia e iria fazer ao bastardo, acalmou um pouco da sua fúria.
— Você tem permissão para gozar. — Styx estendeu a mão e
acariciou o pênis de Flyer, criando um ritmo leve.
Flyer franziu a testa e olhou por cima do ombro.
— Não pode ser assim tão fácil.
Styx se inclinou e depositou um breve beijo nos lábios trêmulos do
homem.
— Por que não?
O olhar de Flyer disparou ao rosto dele, e seus lábios contraíram
antes de dizer:
— Eu não sei.
— Goze quantas vezes forem necessárias. — Styx firmou seu aperto
no pau e continuou acariciando.
Flyer se acomodou contra o peito de Styx e parecia estar olhando
para fora da janela na frente deles. Pouco a pouco, relaxou e seu pau ficou
ereto. Logo os quadris de Flyer começaram a fazer movimentos inquietos,
esfregando sua bunda contra o pênis de Styx, e o sangue subiu, tornando-o
pesado. Mordendo o lábio, Styx empurrou de lado as suas próprias
necessidades. Essa conexão, essa intimidade, era para Flyer.
Uma gota de pré-sêmen brotou sob o ritmo contínuo de Styx e Flyer
estremeceu.
— Sinta. — Styx ordenou.
Mãos agarraram seus braços e dedos cravaram profundamente.
— Styx... — A respiração de Flyer saiu de forma errática.
— Sou eu. Vou mantê-lo seguro. — A voz de Styx estava
desaparecendo. Sua voz rouca sumindo.
— Styx... — Flyer estremeceu, e sêmen quente fluiu sobre a mão
dele.
Sob o braço de Styx, o corpo de Flyer contraiu e seu estômago
tencionou. Outra rodada de gozo grosso revestiu a pele de Styx. A quantidade
que Flyer liberou o fez querer saber quanto tempo tinha sido desde que o
homem tinha gozado.
Flyer gemeu e desmoronou contra ele. E então o homem em seus
braços começou a tremer.
*****
O hangar de avião desapareceu e diante de Flyer surgiu o rosto lívido
de Sammie. Tinha gozado sem a permissão do homem perverso. Em horror e
aceitação do que estava por vir, assistiu o braço de Sammie levantar com a
mão fechada num punho. Flyer preparou-se para a dor.
— Chega... Retorne. — O sussurro tenso de Styx junto ao ouvido de
Flyer puxou-o para fora de sua lembrança.
Piscou e olhou em volta. O hangar cavernoso estava calmo e
tranquilo. Seus amados aviões pareciam sentinelas à espera de serem
chamadas ao serviço. O corpo alto e duro de Styx embalava o peso de Flyer,
enquanto braços fortes lhe seguravam. Um olhar para baixo revelou as
grandes mãos de Styx fechando as suas calças. Uma delas brilhando, coberta
do sêmen de Flyer.
Lábios roçaram a lateral do pescoço de Flyer, provocando arrepios ao
longo de sua espinha. Olhou por cima do ombro ao belo rosto de Styx.
Pensamentos caóticos e desordenados começaram a encher a mente de Flyer.
Pela primeira vez, notou o brinco de ouro de Styx. Tinha visto-o antes, não é?
Claro que tinha. No primeiro dia em que se conheceram. Por que não o notou?
Por que sequer estava pensando nisso? Tinha acabado de gozar sobre Styx. E
sem a permissão de Sammie. Será que Styx tinha outros piercings? Não sabia?
Por que estava pensando a respeito disso? Estava ficando louco?
— Pare! — Styx ordenou, fazendo os pensamentos em pânico de
Flyer, chegarem a um impasse. O grande homem levantou uma mão
bronzeada e com veias salientes, e apontou para a pia no canto. — Lave-se e
depois vá até a fazenda.
Flyer agarrou-se à frente do macacão de Styx.
— Acho que estou danificado. Estive num relacionamento abusivo, e
agora continuo tendo flashbacks. Por que ele não me deixa em paz? Está
sempre lá, na minha mente, dia e noite.
— A cura leva tempo. — Styx sussurrou. — Vou ajudar e talvez possa
falar com algum profissional.
Pela forma como a voz de Styx soou, Flyer não se preocupou em
informar que Sammie ainda ligava e mandava mensagens de texto. Iria deixar
isso para outro dia. A ideia de falar com alguém não era exatamente terrível.
Reese veio à sua mente. Iria pensar sobre isso.
Dando o seu melhor para enviar a Styx um sorriso, Flyer respondeu:
— Tudo bem.
Styx o estudou por alguns instantes antes de virar para a pia no
canto. Flyer gostava de o grande homem o manter perto. Precisava dessa
segurança. Talvez, pela primeira vez em sua vida, um relacionamento daria
certo.
Mais tarde naquela noite, Flyer estava na cozinha atacando a
geladeira. O frango frito, a salada de batata alemã e a torta de limão que
Garret serviu no jantar estavam chamando o seu nome.
Colocando os recipientes plásticos em cima do balcão, começou a
empilhar comida no prato até que estava transbordando. A banqueta chiou
contra o piso de ladrilho. E Flyer congelou. Com algum esforço impediu a sua
perna de ficar balançando. Não queria chamar a atenção de Garrett. Os dois
tinham um acordo tácito. Garrett deixava a comida na geladeira e Flyer comia.
Se Flyer desse à louca e comesse a comida que Garrett tivesse guardado para
fazer algo, enquanto Garrett não lhe pegasse, não poderia lhe culpar pela
comida desaparecida. Afinal, havia outros homens fortes, com fome, vivendo
na fazenda. Flyer tinha apontado a teoria sobre um companheiro de equipe
comendo a comida para Garrett mais de uma vez, quando o cozinheiro
encontrou uma vasilha vazia, levantando uma sobrancelha em questionamento
para ele.
Flyer cravou os dentes numa coxa de frango. A carne úmida e o
exterior crocante e picante enviou o paladar de Flyer ao espaço. De olhos
fechados, mastigou, aproveitando bem a sua boca cheia desse pedaço do céu.
Mantendo os olhos fechados, deu outra mordida na carne deliciosa.
Depois de engolir, Flyer abriu os olhos, com a intenção de dar uma garfada na
salada de batata.
Flyer piscou. Sim, o homem ainda estava lá. Não estava vendo
coisas. Styx apareceu encostado no batente da porta da cozinha com os braços
cruzados baixo em seu peito, observando-o.
Caramba, um Styx sem camisa, descalço estava bem ali na frente
dele. Droga... Pelo escuro e grosso cobria um peitoral bronzeado e musculoso.
Flyer amava um peito cabeludo. Pressionando os olhos, Flyer se fixou naquele
enorme peito. Vaca sagrada. A mandíbula de Flyer caiu aberta, e seu garfo
desabou ruidosamente sobre o balcão. Os mamilos de Styx tinham argolas de
ouro.
Flyer assistiu Styx desencostar seu grande corpo da porta e caminhar
até um dos armários. O homem estava vestindo uma calça de pijama preta
brilhante e leve que acariciava as suas poderosas coxas e a sua bunda com
cada passo. Músculos ondularam sob a pele bronzeada quando Styx estendeu
a mão e puxou uma caneca de uma prateleira. Flyer queria pular e escalar
esse grande corpo, mas se Styx quisesse um pouco de atenção perto-e-
pessoal, não estaria ligando a chaleira elétrica.
Minutos depois, Styx depositou uma caneca de chá no balcão e se
sentou ao lado Flyer.
— Coma.
Na cozinha tranquila, Flyer comeu a comida em seu prato e Styx
tomou um gole de chá quente. Até o momento em que Flyer deu uma mordida
na torta de limão, havia um braço quente no encosto alto de seu banco. Depois
de terminar a sua torta, Flyer relaxou na curva do corpo do homem silencioso.
Um polegar começou a acariciar seu ombro.
— Acho que as coisas foram bem, com a sua introdução aos outros
caras no jantar esta noite. — Flyer respirou a mistura de aromas saindo de
Styx. De agora em diante teria uma fraqueza pelo cheiro de sabão fresco
misturado com uma pitada de homem em couro e um toque de óleo de motor.
Se fosse um perfume, iria comprar um galão e espalhá-lo por toda a cama, e
rolar nela.
— Foi bom colocar rostos aos nomes. — A voz de Styx ainda saia
rouca, mas parecia mais forte.
Styx tomou um gole de chá, estremeceu e tomou outro gole. Flyer
adicionou alcaçuz aos aromas que associava com o grande motociclista.
— Acha que essa mistura está ajudando? — Flyer acenou à caneca na
mão de Styx.
Styx deu de ombros.
— Garrett acredita que sim. Ele ordenou mais dessas chaleiras
elétricas, uma para o hangar e uma para a oficina, para que eu possa bebê-lo
durante todo o dia.
— Ele cuida de nós assim. — Flyer respondeu. — Isso parecia ajudar
Tolliver.
— Tolliver esteve num acidente de carro? — O polegar de Styx
acariciava contra o pescoço de Flyer. — Seu andar é espasmódico, como se
estivesse se recuperando, e de vez em quando, senta naquela cadeira de rodas
no canto.
— Ele foi sequestrado e torturado por assassinos em série. — Flyer
esfregou a mão sobre a coxa de sua perna balançando. Os ferimentos de
Tolliver tinham sido horríveis, e alguns lembraram Flyer de suas próprias
cicatrizes. — Alguns dias são melhores do que outros. Os médicos dizem que
pode demorar mais um ano para ele se recuperar.
— Assassinos em série? — Styx moveu o braço em torno dos ombros
de Flyer e rodeou a sua cintura. Num movimento fácil, Flyer apareceu sentado
em seu colo.
Flyer agarrou os ombros de Styx para se firmar e se distraiu com o
peito nu ao lado dele.
— Ah... Sim, irmãos trigêmeos. Cara, isso é tão estranho.
— O quê? — O olhar castanho escuro de Styx estudou Flyer.
— Tenho um e oitenta de altura e perco no departamento de
músculos. — Flyer tentou explicar, resistindo ao impulso de esfregar seu rosto
através do tapete de pelos que cobriam o peito de Styx. — Nunca fui agarrado
e colocado onde um homem me queria antes.
— Isso o faz se sentir desconfortável? — Styx perguntou, ainda
estudando o rosto de Flyer.
Flyer desviou o olhar daqueles olhos onisciente sondando-o. A parte
de trás de sua cabeça foi segurada por uma grande mão e o braço em torno
dele apertou, encorajando-o a relaxar contra o grande corpo de Styx. Flyer
achou fascinante a maneira como Styx parecia saber exatamente o que ele
precisava.
Erguendo a mão, passou seus dedos através do pelo macio no peito
de Styx e começou a falar.
— Não sei porque, mas me sinto confortável com você. Preciso dizer-
lhe sobre o meu último relacionamento. — Com um dedo, Flyer desenhou um
círculo nos pelos macios ao lado de sua bochecha. — No começo pensei que
Sammie fosse um dos homens mais interessantes que já conheci. Ele é
inteligente, culto e vem de um monte de dinheiro. Se quer ou tem que ter
algo, dentro de um curto espaço de tempo, é seu.
— Parece alguém mimado. — Styx passou a mão suavemente pelas
costas de Flyer.
Flyer bufou.
— Mimado, obsessivo, sádico, um valentão e completamente perverso
é como o descreveria. Ele odiava que eu pilotasse aviões. Mais tarde, descobri
que era porque não poderia me controlar no ar. Antes que eu percebesse,
tinha desistido de pilotar e estava trabalhando como um controlador de tráfego
aéreo em Chicago. Perdi esse trabalho quando fui cortado e tão espancado que
não tive forças para encontrar uma maneira de desatar as cordas que me
prendiam a uma cama. O chefe não aprecia quando alguém não aparece no
turno programado.
Flyer teve que parar por um momento para conseguir controlar as
suas emoções.
— Você está aqui agora, encontrou uma maneira de deixá-lo. — A
mão de Styx continuou acariciando as costas de Flyer.
— Ele me disse que, de uma forma ou de outra, iria curar os meus
tiques nervosos. — Flyer se perdeu nas memórias de ficar amarrado com
cordas por horas. Se não fosse a mão de Styx aterrando-o no aqui e agora,
Flyer teria corrido pela noite e se escondido num dos aviões até o amanhecer
deixá-lo levantar voo. — Ele descobriu cedo que, se não me alimentasse,
estaria cansado demais para gritar e implorar. Um dia agi como se tivesse
desmaiado de fome. Ele saiu da sala para conseguir alguma coisa e acabou
atendendo um celular. Essa foi a minha chance, e escapei de sua mansão. Um
dos guardas que patrulhavam me deu algum dinheiro e saí de lá o mais rápido
que pude.
— Conhecia esse guarda?
— Não, mas tenho certeza de que ele ouviu os meus gritos durante as
semanas que estava lá. — Flyer fechou os olhos e aconchegou o rosto no
pescoço de Styx.
— Olhe para mim. — A mão nas costas de Flyer parou de se mover.
Flyer sentou-se. Styx estava franzindo a testa. Flyer ficou em guarda,
sem saber o que tinha feito.
— Tem que ser mais do que um simples piloto para ser um membro
da equipe de resgate. Como esse Sammie ganhou o controle sobre você, sem
que retaliasse? — A mão de Styx segurou o rosto de Flyer.
Tristeza tomou conta de Flyer com o quão estúpido havia sido.
Inclinando-se para que a mão grande ajudasse a empurrar o desgosto à
distância.
— No segundo dia depois que fugi de Sammie, me senti
extremamente doente. Levou mais de duas semanas para superar o vomito, a
agitação e as alucinações.
Manchas vermelhas cobriram as maçãs do rosto de Styx e seu tom de
voz se tornou mais grossa.
— Ele te drogou.
— Sim, levou seis meses para me recompor. Até então, Cade Miller,
de Resgate Contratado, no Centro-Oeste, tinha me contratado na posição de
piloto. — Flyer seria eternamente grato por essa oportunidade.
— Pelo menos está livre dele. — Styx afirmou.
Flyer mordeu o lábio inferior. E se confessasse sobre as mensagens
de texto contínuas de Sammie? Um polegar puxou o seu lábio por entre os
dentes. Flyer observou o olhar perturbado de Styx.
— Recebo textos dele dizendo que me quer de volta. — Flyer
confessou.
O corpo embaixo de Flyer endureceu.
— O que lhe disse?
Flyer segurou o rosto de Styx. Precisava que o homem grande
soubesse onde estava.
— Disse-lhe na mesma hora que me deixasse em paz. Já deixei claro
que está tudo acabado.
Styx bufou, deixando a sua opinião clara.
— Não parece que ele esteja ouvindo.
— Sammie é um homem muito teimoso. — Flyer observou os olhos
escuros de Styx. — Parei de responder aos seus textos e chamadas. Ele vai
desistir em breve.
— É melhor que desista. — Styx beijou o canto da boca de Flyer. —
Você tem um novo homem em sua vida.
A atmosfera em torno deles mudou. O olhar nos olhos escuros de
Styx ficou afiado. Flyer lambeu seu lábio inferior, tentando umedecer a secura
repentina. Sabia o que Styx queria. Tinha aprendido em seu curto período de
tempo juntos, que as exigências dele vinham em silêncio. Se Flyer queria
agradá-lo, teria que responder por sua livre vontade.
Flyer se levantou do colo de Styx, pronto para levá-lo ao seu quarto.
— Limpe. — Styx ordenou.
Não entendendo o que ele quis dizer, olhou ao redor e viu o prato,
garfo e caneca sujos. Não demorou muito para colocar a louça na máquina de
lavar.
Depois de caminhar de volta até Styx, Flyer levantou-se na ponta dos
pés e roçou seus lábios. Tentou aprofundar o beijo, mas mãos suaves em seus
ombros o afastaram.
Flyer olhou o rosto de Styx, ferido pela súbita rejeição. Uma das
sobrancelhas de Styx levantou e o homem cruzou os braços sobre o peito.
Flyer compreendeu. Com um grande sorriso e um andar desenvolto, indicou o
caminho até o seu quarto.
Capítulo Seis
*****
Carson cerrou os dentes e tentou segurar o gemido enquanto outra
cãibra afligia as suas pernas. Seus músculos do braço e abdominais gritavam
em agonia, e não havia nada que pudesse fazer sobre isso.
Sammie tinha partido do motel horas atrás. Foi um alívio o homem
ter ido embora, mas antes de partir, tinha amarrado cordas extremamente
apertadas em volta do corpo de Carson, de seus pés até os ombros. Durante a
última hora, seus músculos tinham começado a contrair, e estava impotente
para detê-los.
Um ruído perto da porta fez Carson prender a respiração em sua
garganta. A porta se abriu. A pequena esperança de que Sammie iria entrar e
as coisas iriam melhorar morreram quando um Sammie bêbado entrou
tropeçando no quarto com dois caras grandes seguindo-o.
Terror cortou Carson quando Sammie disse:
— Ele não é bonito? Disse que tinha um pouco de diversão esperando
por nós. Agora vamos jogar.
Capítulo Sete
Fazia três semanas desde que Styx encontrou Flyer. A última semana
havia sido de alegria absoluta trabalhando com o homem no hangar em todas
as diferentes aeronaves. Durante os momentos em que Flyer estava em
reuniões ou manobras de prática com a equipe, Styx trabalhava no resto do
equipamento de Los Heroes.
As noites eram muito mais do que Styx poderia ter desejado de um
homem com quem estivesse construindo uma relação para sempre. Depois do
jantar, saíam com os caras ao pátio, ou até a piscina, ou assistiam filmes. Os
dois conversavam, quer dizer, Flyer fazia a maior parte da conversa, mas o
homem parecia entender o que Styx queria dizer com apenas algumas
palavras.
Olhando o céu, Styx podia distinguir o avião ultraleve de Flyer à
distância. Styx entendia que o homem só sentia-se realmente relaxado depois
de uma maratona de sexo ou quando voava.
Só nesta manhã, o celular de Flyer tinha tocado quatro vezes. Sabia
de quem esses textos eram e Flyer sabia que Styx sabia. O fato de que Flyer
precisou voar lhe disse que o que Sammie escreveu, estava pirando a cabeça
de seu homem.
O seu primeiro instinto foi chamar seu comandante SEAL e fazer-lhe
mexer os pauzinhos para descobrir tudo sobre este Sammie. Mas mudou de
ideia quando percebeu que tinha um novo comandante agora.
Styx bateu na porta do escritório de Roman e aguardou, esperando
que o capitão, como a equipe o chamava, não estivesse ocupado demais para
vê-lo.
A voz profunda respondeu.
— Entre.
Styx entrou na sala e olhou ao redor. Ficou aliviado ao ver que
ninguém mais estava lá com Roman. Após se acomodar na cadeira acolchoada
na frente da mesa de madeira de grandes dimensões de Roman, Styx esperou
que seu chefe terminasse de olhar o que estava na pasta aberta diante dele.
Pegando uma caneta, Roman escreveu alguma coisa na pasta antes
de fechar a aba superior. Uma luz curiosa surgiu nos olhos azuis escuros do
chefe enquanto o grande homem se recostava na cadeira e estudava Styx.
Roman mostrou suas habilidades em ler as pessoas, quando disse:
— Parece preocupado com alguma coisa. Qual é o problema?
— O Ex de Flyer. — A voz de Styx soou forte hoje, mas maneira
nenhuma iria forçá-la.
Roman começou a girar a caneta em torno de seus dedos. Styx tinha
observado antes que o hábito parecia ajudá-lo a pensar sobre as coisas.
— Sammie Arden é um bastardo mimado, rico, que gosta de controle,
causando dor e fazendo o que quer, quando quer. — Roman franziu o cenho e
jogou a caneta sobre a mesa. — Cerca de um mês atrás, deixou Chicago. Ele
usou seu cartão de crédito para retirar um pouco de dinheiro. Depois disso,
desapareceu do radar.
Styx ficou impressionado. Seu amante tinha o patrão cuidando de sua
retaguarda.
— Ele está escrevendo e ligando para Flyer. — Disse Styx. — Deve
haver uma trilha de celular em algum lugar.
— O celular registrado em seu nome foi danificado ou desligado. —
Respondeu Roman. — Morgan não consegue encontrar nenhum sinal em
qualquer lugar.
Inclinando para frente, Styx colocou um pedaço de papel sobre a
mesa de Roman. Um número de celular estava escrito nele.
— Este é o número de onde os textos estão vindo.
Roman pegou o papel e olhou por um momento.
— Este é um código de área do Texas. Isso é estranho. Teria pensado
que seria um número de Chicago. O que Flyer disse sobre isso? Disse a ele
que, se precisasse conversar, a minha porta estaria sempre aberta, mas até
agora, não aceitou a oferta.
Styx encolheu um ombro.
— Flyer não fala sobre isso. No início disse ao babaca que o deixasse
em paz. Agora não está respondendo aos apelos e espera que o cara fique
cansado de perturbá-lo. Seja o que for que o bastardo tenha dito essa manhã
fez Flyer voar no ultraleve.
— Vou pedir a Morgan para descobrir a quem esse número pertence.
— A boca de Roman afinou por um momento. — Assim que tivermos mais
informações, vou falar com Flyer e ver o que ele quer fazer. Não tenho
nenhum problema com o lado legal desta situação e buscar uma ordem de
restrição. A opção mais satisfatória seria dar a este Sammie uma visita, em
particular.
— Flyer tem cicatrizes físicas. — Styx queria que Roman soubesse
que o homem era violento.
O corpo de Roman ficou tenso, mas seu rosto não mostrava nenhuma
emoção.
— Estou ciente das cicatrizes de Flyer. Como sabe, os exames
médicos que todo mundo realiza antes de serem contratados são completos.
Styx assentiu. Era óbvio que o capitão cuidava dos seus. Ciente de
que tudo estava sob controle, Styx se levantou para sair.
Quando chegou à porta, um pensamento lhe ocorreu.
— A cada dois dias tenho o vislumbre do sol refletindo em algo cerca
de um quilometro ao norte daqui. Qualquer ideia do que poderia ser?
Roman estreitou seu olhar em Styx.
— Há um velho poço ali que foi usado como uma estação de gado
anos atrás. Talvez seja o sol batendo no que resta de um dos bebedouros.
— Tenho mudanças de óleo programadas para os caminhões e na
retroescavadeira essa semana. — Styx abriu a porta do escritório. — Se não
precisar de nenhum dos aviões, devo ter algum tempo para ir e verificar essa
luz.
— Parece bom. — Roman parou por um momento e depois continuou:
— Se estiver tendo uma sensação estranha sobre esta luz, posso pedir a um
dos caras para verificá-la ou ir com você quando for investigar.
Styx balançou a cabeça.
— Pode não ser nada, e não vi isso por alguns dias. Vamos deixá-lo
assim por agora.
— Tudo bem. — Respondeu Roman. — É com você.
Saindo do escritório, Styx foi ver se Flyer decidiu descer do céu.
Conseguia pensar em algumas maneiras mais divertidas para acalmar o
homem.
*****
Flyer deixou um rastro de roupas sujas molhadas no caminho até o
seu banheiro. O resgate tinha consistido em dois dias de procura sem parar,
em ventos com força de um furacão e chuva, por duas crianças que relataram
terem sido arrastadas a um túnel de drenagem.
A cidade de Elberton, localizada na fronteira do estado da Califórnia,
ficava na borda de um complexo de montanhas enorme. A grande tempestade
enviou um dilúvio escoando montanha abaixo. No momento em que a chuva
realmente começou em Elberton, a cidade já estava se afogando em
problemas. Os mais antigos não tinham visto nada como uma inundação
varrendo a cidade desde a década de 1940.
Um pai desesperado relatou que seus filhos foram levados enquanto
tentava levá-los aos locais mais altos. O carro deles tinha começado a flutuar
na água subindo. A única chance que tinham de ficar vivos era deixar o veículo
e se agarrar aos galhos de árvores. Foi quando ele disse que perdeu o controle
das crianças.
Depois de um dia e meio de busca e procura na área circundante, a
equipe voltou à estação de salvamento que tinha sido criada e Roman
questionou o pai novamente. Foi Reese que observou e levantou bandeiras
vermelhas relativas à linguagem corporal do pai conforme o homem repetia a
sua história para eles. Algumas perguntas certeiras fez uma esposa alarmada
olhar com horror para o marido.
Sob pressão, o marido tinha começado a gaguejar e mudar a sua
história até que pareceu esquecer que rua tinha parado e que hora do dia o
incidente tinha ocorrido. Uma simples pesquisa de Morgan em seu laptop
revelou uma onda de transações no cartão de crédito e chamadas de celular a
um motel a cem quilometros ao sul de Elberton.
A confissão que se seguiu fez a bile subir na garganta de Flyer. O
marido queria que o mundo achasse que seus filhos estivessem mortos para
que pudesse desaparecer com eles, depois de se divorciar de sua esposa e se
casar com a namorada. As crianças tinham aparecido em segurança no motel
com a namorada.
A única coisa boa que saiu desse resgate foi que a equipe havia
encontrado outras vítimas verdadeiras e os tinha levado a segurança durante a
busca pelas crianças, e depois permaneceram um dia a mais para ajudar com
as crises de inundação.
Agora estavam de volta a Los Héroes, e Flyer sentia-se mais do que
pronto para lavar a sujeira e ficar limpo novamente. Ter um corpo seco,
especialmente os seus pés, seria um bônus adicional.
Flyer ajustou os múltiplos jatos de água do chuveiro antes de entrar
sob o fluxo aquecido do céu. Inclinando a cabeça para trás, deixou a água
correr sobre o rosto e por seu corpo, lavando os dias de tensão até o ralo. De
pé no casulo confortável de vapor e água, começou a pensar em Styx. Eram
um casal por um pouco mais de um mês agora e não poderia ter sido mais
feliz.
A pequena voz na cabeça de Flyer disse-lhe que estava mentindo
para si mesmo. Poderia estar mais feliz se, juntamente com o amor de Styx,
nunca ouvisse Sammie novamente. A mente de Flyer apontou que não tinha
ouvido Sammie em mais de uma semana. A mesma voz também disse que o
homem devia estar tramando algo e provavelmente seria grande.
Um corpo nu, duro pressionou contra as costas de Flyer. Dedos
começaram a massagear a sua cabeça e as espumas arrastaram sobre seus
ombros.
— Senti a sua falta. — Flyer recostou-se no abraço do corpo de Styx.
Estava em casa.
Mãos cobertas de sabão se arrastaram sobre seu peito e para baixo
sobre os músculos de seu abdômen e pelas coxas tensas.
— Correu tudo bem? Nenhum ferimento?
Uma mão segurou o pau de Flyer, e a outra segurou as suas bolas.
Flyer abriu as pernas, querendo mais.
— Eu... Hum... Sem... Ferimentos. — Flyer respirava através do
desejo, já que seu sangue tinha corrido de seu cérebro e inchado seu pau.
Styx começou a acariciar seu pênis com um aperto firme. O cabelo no
topo da cabeça de Flyer se levantou. Um arrepio desceu por seus ombros e
correu até a nuca. Fora um par de dias longos e cansativo, mas as carícias de
Styx faziam as terminações nervosas de Flyer virem à vida.
— Está pronto para um pouco de diversão? — A respiração de Styx
fez cócegas ao lado de seu pescoço, causando outro tremor.
— Nasci para me divertir com você, para sempre. — Flyer congelou.
Tinha acabado de dizer isso em voz alta? Merda.
— Bom. — Styx respondeu acelerando seus golpes no pau de Flyer. —
Porque quero para sempre.
Só assim, as bolas de Flyer contraíram e sêmen voou de seu pau
batendo no azulejo nas paredes do chuveiro. Flyer tentou sugar o ar em seus
pulmões enquanto mais sêmen disparava e espalhava-se na parede. Styx
continuou a acariciar o pau de Flyer. Sempre sintonizado com as necessidades
dele, Styx o soltou quando a carícia causou um pouco de dor.
Flyer se inclinou para frente, deixando os jatos caírem na cintura
lavando o gozo preso nos pelos em seu pau. Apoiando as mãos no azulejo
acima de sua cabeça, Flyer abriu as pernas mais e inclinou a bunda para cima,
apresentando-se para Styx amá-lo. Precisava e queria o pênis de Styx tanto
quanto precisava de sua próxima respiração.
— Isso é um inferno de uma bela vista. — A voz de Styx parecia
sólida e forte hoje. O som de uma embalagem rasgando disse a Flyer que Styx
estava cuidando do preservativo.
Estendendo a mão, pegou o tubo de lubrificante da prateleira no
canto do chuveiro e devolveu-o à Styx. Não demorou muito para que um
grande dedo estivesse esfregando na entrada de Flyer e fazendo-o oscilar com
prazer.
Empurrou seus quadris para trás e esse dedo escorregou para dentro,
abrindo-o com uma pequena ardência. Um braço deslizou ao redor do peito de
Flyer e o puxou contra Styx.
— Não faça isso de novo. — Styx ordenou. — Não vou te machucar.
Flyer apoiou a cabeça no ombro de Styx e olhou ao rosto dele.
— Não posso prometer não tomar o que se sente tão bem. Agora
coloque outro.
A risada de Styx vibrou sob a cabeça de Flyer.
— O que quiser, querido.
Flyer surpreendeu-se com o carinho que Styx tinha apenas falado.
Ninguém jamais o chamou de querido antes. Um segundo dedo pressionou
dentro, esticando a pele fina de seu ânus e adicionando mais sensações ao
caos em sua mente.
A cena toda estava fazendo o seu pau inchar e escorrer pré-sêmen no
chão do chuveiro. Styx o segurava no lugar com aquele enorme e musculoso
braço em volta dele, e agora três dedos exigindo que seus músculos do canal
se soltassem, era totalmente decadente. Flyer ficou emocionado. Era sexy,
sujo, e seu gozo saía de suas bolas, correndo através de seu pau e
derramando no chão.
— Styx... — Flyer gritou.
Em resposta, os músculos da bunda de Flyer foram esticados
enquanto Styx empurrava seu pênis dentro. Rangeu os dentes e deixou que o
grande membro invadisse o seu corpo. Homem... Era tão bom.
O corpo de Flyer recebeu uma sobrecarga de sensações e se
perguntou se iria entrar em colapso. Entre os esforços durante o resgate,
gozando até disparar seus miolos duas vezes e agora a invasão de seu corpo
por Styx, Flyer achou que precisaria de uma máscara de oxigênio, mas isso
não iria rolar. Olhos, que não percebeu ter fechado, se abriram quando Styx
tirou seu pênis. Flyer não teve tempo de opor. Mãos agarraram seus ombros e
viraram-no.
— O que... — Flyer agarrou os braços de Styx para recuperar o
equilíbrio.
Styx levantou-o e as suas costas aterrissaram contra a parede de
azulejos.
— Nossas alturas não funcionam nessa posição. Quero sentir o seu
corpo tocando o meu. Agora se espalhe.
Picos de emoção ao ouvir as demandas de Styx dançaram através
Flyer. Styx tinha uma aura dominante, mas raramente a verbalizava. Não
precisava. Os instintos de Flyer mostrava-lhe o Styx queria.
Flyer deslizou as suas pernas em torno da pele molhada e nua da
cintura de Styx. Seu pau acordou e estava pronto pra ação. Segurou com força
os ombros de Styx enquanto o grande homem se abaixava e alinhava o seu
pau. O canal de Flyer saudou a invasão quando Styx o empalou.
Água continuava a chover, formando um mundo que continha apenas
o dois, dançando uma música que seus corpos criavam. Flyer nunca se fartava
do grande pênis em seu traseiro. Com Styx, sexo ou fazer amor, como o
chamava, era tudo sobre prazer, não dor.
Styx empurrou profundamente, encostando em seu ponto doce antes
de sair novamente. Cada golpe tirava o fôlego de Flyer. Descendo a mão, a
enrolou ao redor de seu pênis e manteve o mesmo ritmo dos golpes de Styx.
Não tinha nenhum problema confiando em Styx para segurar o seu peso. Sabia
que o homem enorme nunca iria deixá-lo cair.
O formigamento na base da espinha de Flyer o fez contrair os
pequenos músculos de seu traseiro em torno do pau de Styx. O grande homem
gemeu e seus impulsos tornaram-se golpes curtos no ânus de Flyer. Calor
jorrou dentro de seu canal, o que provocou o próprio orgasmo de Flyer.
Fechando os olhos, pressionou a parte de trás de sua cabeça contra o azulejo
do chuveiro e deixou a sua essência fluir. As correntes de Sammie realmente
desapareceram. Flyer estava livre para gozar, voar e amar um homem que era
um verdadeiro parceiro na sua vida.
Flyer abriu os olhos quando o pênis de Styx saiu e foi colocado no
chão. Olhou ao rosto de Styx. Seus olhares se encontraram e prenderam-se.
Flyer tinha certeza de que o sorriso em seu rosto combinava com o de Styx.
Palavras de amor queriam sair de seus lábios, mas algo as reteve.
Flyer abriu a boca. De alguma forma, precisava dizer a Styx o que sentia.
Styx tocou um dedo nos lábios de Flyer.
— Deixe-as vir quando estiver pronto, querido.
O coração de Flyer quase explodiu de emoção. Seu amante nunca lhe
pressionava e isso conectava Flyer a ele ainda mais a cada dia. Colocou os
braços em volta dos ombros de Styx e beijou-o, tentando mostrar-lhe tudo o
que não poderia dizer. Quando seus lábios se separaram, Styx se inclinou para
frente, e a próxima coisa que Flyer percebeu era que estava pendurado sobre
um ombro largo.
Styx parou.
— Desligue a água.
Flyer torceu a maçaneta e o silêncio reinou no chuveiro. Styx avançou
e momentos depois, Flyer foi despejado sobre a cama.
Meio sentado, Flyer reclamou:
— A cama iria ficar seca, se usássemos algo chamado toalhas.
— Secura é superestimada. — Styx caiu em cima de Flyer antes de
rolar de costas, levando-o com ele.
Flyer se aconchegou ao lado de Styx e deitou sua cabeça no ombro
do homem. Como de costume, o polegar de Styx acariciou seu braço,
acalmando a parte dele que nunca conseguia ficar parada. Um saco de pipoca
caiu perto da barriga nua de Flyer. Abrindo-o rapidamente, Flyer abocanhou
um punhado do petisco amanteigado e salgado na boca.
Quando seu estômago parou de tentar se roer, Flyer abrandou.
Levantando o pé, correu-o sobre a coxa de Styx até o joelho antes de
entrelaçar as suas pernas juntas.
Atirando mais algumas porções de pipoca na boca, Flyer perguntou:
— Você já esteve aqui por mais de um mês. Acha que as coisas estão
indo bem?
O polegar de Styx fez uma pausa antes de continuar a acariciar a
pele de Flyer.
— Sim.
Ok, isso não lhe disse muito, o que, na verdade, dizia um pouco.
Flyer só precisava cavar um pouco mais.
— Então, gosta de trabalhar com todas essas máquinas diferentes?
Sei que estava tendo problemas com o controle do trator até que encontrou o
pino quebrado. Está feliz com as coisas?
— Sim.
Hmm...
Flyer mastigou outra mão de pipoca antes de perguntar:
— Está se acostumando a viver na fazenda?
O polegar de Styx parou de se mover.
— É bom.
Ha, agora estavam chegando a algum lugar.
— Ouvi um “mas” nessa frase.
— Este lugar é ótimo. — Styx esfregou a testa e dobrou o joelho. —
Mas sempre sonhei em ter um lugar próprio algum dia para chamar de casa.
Com a forma como todos nós estamos de plantão o tempo todo, e a
comodidade de estar tão perto dos equipamentos, não vejo como posso
encontrar uma casa ou terreno para construir uma casa própria, que iria
funcionar com o trabalho.
Rindo, Flyer empurrou a pipoca de lado e voltou a inclinar-se sobre o
peito de Styx. Não pôde resistir e beijou Styx antes de dizer:
— Isso não é problema. Quando comecei a trabalhar aqui pela
primeira vez, o capitão me disse que se quisesse, podia construir uma casa
perto do hangar de avião.
Styx ficou em silêncio. Flyer parou de sorrir e olhou o seu amante.
Nenhuma emoção transparecia no rosto de Styx. Agora Flyer se perguntou se
tinha dito algo errado.
Flyer começou a ficar nervoso e seu pé começou a empurrar para
frente e para trás. Tentou se afastar, mas dois grandes braços vieram ao redor
dele e o seguraram no lugar.
Não sabendo mais o que fazer, Flyer começou a balbuciar.
— Talvez esta seja uma má ideia. Quero dizer, talvez não queira viver
comigo, muito menos construir uma casa juntos. Ah, não posso culpá-lo. Nós
só estivemos juntos por um mês. Foi uma ideia estúpida. Sem pressão, sem
pressão. Então... Ah... Vamos assaltar a geladeira?
Styx segurou o rosto do Flyer e deu um beijo suave em seus lábios. O
medo que construiu, sendo drenado.
Um sorriso apareceu no rosto de Styx.
— Está pronto para projetar e construir a casa dos nossos sonhos?
Flyer assentiu.
— Estou. Acho que viver em um lugar só nosso seria fantástico. —
Um pensamento ocorreu a Flyer. — Me pergunto o que eu teria que fazer para
conseguir que Garrett continuasse me alimentando.
Styx inclinou a cabeça para trás e o riso irrompeu do homem. Flyer
ficou hipnotizado pela beleza desse homem enorme em seu momento de
felicidade.
— Não acho que há alguma maneira de Garrett deixá-lo morrer de
fome. — Styx segurou a parte de trás da cabeça de Flyer e puxou-o para
frente. Contra seus lábios, Styx sussurrou: — Vamos trabalhar em algo.
Num único movimento, Flyer foi virado de costas e Styx apareceu
acima dele. Não pode deixar de rir ante o brilho malicioso misturado com
desejo brilhando nos olhos de Styx. Oh, isso ia ser divertido. Flyer levantou
uma das pernas ao lado da cintura de Styx, abrindo-se para a grandiosidade
que estava por vir.
*****
Nu, Sammie sentou-se à mesa no canto do quarto de hotel. Carson
estava desmaiado sobre a cama. Tinha sido divertido jogar por um tempo, mas
Sammie estava ficando entediado com ele. Iria manter a sua parte no acordo e
cuidar dos irmãos Earl por Carson. Tivera muita diversão jogando jogos de dor
com todos eles, mas depois disso, o homem fraco seria eliminado. De fato, no
final, todos seriam eliminados.
Levou mais de uma semana ligando para as pessoas certas, mas
agora todos os planos para Flyer foram armados. Deixaria Carson dormir o
resto da noite e todo o dia de amanhã. No dia seguinte, seguiriam direto ao
Resgate Contratado do Oeste. Flyer seria seu outra vez e os irmãos Earl e
Carson desapareceriam para sempre.
Capítulo Oito
****
Flyer recostou-se na cadeira e tentou parecer interessado na
descrição comprida, chata, e loooonga de Morgan, sobre o novo sistema que
iria programar em todos os seus computadores, iPads e celulares. Pela
primeira vez, a reunião tinha terminado cedo e agora Morgan tagarelava sem
parar.
Descansando a mão sobre a perna balançando, Flyer olhou ao redor
perguntando se era uma ilusão ou se realmente havia um cheiro de biscoitos à
deriva no ar. A reunião da equipe havia sido oficialmente concluída, então Flyer
pensou que talvez fosse hora de ir verificar a cozinha.
O bolso da calça do Flyer começou a vibrar. Pensando que era Styx,
Flyer sorriu por dentro e por fora. Sim, estava apaixonado. Puxando seu
celular, Flyer desbloqueou a tela. A mensagem de texto veio desse número
ímpar que Sammie usava.
Pode vir ao hangar de aviões? Só quero falar.
Flyer olhou a mensagem de texto. Nenhum medo atravessou seu ser.
Na verdade, o desejo de ficar livre do passado encheu Flyer. Era hora de dizer
ao seu agressor para cair fora. Era maior e mais forte que Sammie. E agora,
graças a Styx, também era mais forte no interior.
Cheio de confiança e de uma sensação de paz, Flyer mandou uma
mensagem de volta.
Me dê alguns minutos.
Flyer olhou para cima. Seu olhar colidiu com o de Roman. Erguendo o
celular, apontou para o aparelho e então a porta. Ao aceno de Roman, Flyer
deslizou de sua cadeira e saiu pela porta.
Enquanto caminhava através do pátio até o portão de trás, notou que
a leve brisa não impediu o sol da manhã assar o topo de sua cabeça e ombros.
Seria um ótimo dia para voar, e Flyer decidiu que depois de se livrar de
Sammie de uma vez por todas, iria ver se Styx tinha tempo para rebocar seu
novo planador para que pudesse verificar a forma como ele voava.
Passando pelo celeiro, Flyer viu que as portas estavam abertas e os
cavalos estavam fora no curral, mas não viu qualquer sinal de Jimmy ou de
Tristen. Um pulsar constante de um grande motor abafaria qualquer discussão
entre os irmãos, então Flyer seguiu ao hangar. Na verdade, desfrutava ouvi-los
e teve que interromper apenas uma briga de socos até agora.
Quando passou pelo galpão das máquinas, o odor do escapamento de
um motor o fez franzir o nariz e estremecer a partir do som poderoso
ameaçando fritar os seus tímpanos. Parte dele ficou feliz por Styx ser
inteligente o suficiente para usar protetores de ouvido e não seria capaz de
ouvir o confronto seguinte. Flyer queria enfrentar Sammie sozinho.
Quando se aproximou do hangar, os sentidos de Flyer entraram em
alerta. A porta grande do hangar estava aberta e o avião de dez lugares foi
deslocado para fora na pista aberta. A menos que Roman tivesse pedido para
Styx preparar o avião para o voo sem dizer a Flyer, algo estava acontecendo.
Entrando no hangar, Flyer parou e piscou, tentando ajustar seus
olhos da luz do sol brilhante para o interior escuro do edifício.
—Precisa apressar e levar o seu traseiro durinho para cima, Flyer.
Temos lugares para ir.
Flyer conhecia esse tom animado e perverso. Isso significava que
Sammie iniciara algum plano para impor a sua vontade a alguém, da maneira
mais dolorosa e sádica possível. Flyer virou a cabeça e encarou o cano de uma
pistola 9 milímetros.
Balançando-se nas palmas dos pés, Flyer se preparou para reagir na
primeira abertura que ocorresse e desarmasse Sammie. O reinado de terror de
Sammie encima dele terminou.
— Esqueça qualquer pensamento heroico que possa ter. — O tom na
voz de Sammie se tornou frio. — Não sou estúpido o suficiente para chegar
perto de você até tê-lo suavizado um pouco, por assim dizer.
— Quer dizer depois de me espancar e me drogar? — Perguntou
Flyer. — É a única maneira de conseguir ficar duro, não é Sammie?
O rosto de Sammie corou e seus olhos se estreitaram.
— Não me lembro de você ser tão tagarela antes. Tenha certeza, vai
pagar por isso mais tarde. Agora entre no avião.
— Não penso assim. — Flyer virou-se para Sammie. Estava pronto
para levar uma bala em vez de ir com o homem insano.
— Veja bem, Flyer. É por isso que precisa de mim. Se não achasse o
seu corpo tão divertido para brincar, a sua estupidez me irritaria. — A mão
livre de Sammie desapareceu nas sombras e empurrou um homem mais baixo
ao seu lado.
Oh, merda. As entranhas de Flyer se transformaram em gelo. O
homem tremeluzindo encarava o chão, mas Flyer ainda podia ver que seu
rosto estava inchado e preto com contusões. Grandes manchas de sangue
cobriam a frente de sua camisa. Bile fez o seu caminho até a garganta. Ao
contrário Flyer, este homem não tinha conseguido evitar que Sammie cortasse
a sua barriga. Sem dúvida, suas costas haviam sido mutiladas também.
— Que diabos você fez? — Flyer deu um passo adiante, mas parou
quando a arma na mão de Sammie veio em sua direção. — Ele precisa ir a um
hospital.
Sammie encolheu um ombro.
— Sua participação está quase acabando. — Balançando o homem em
seu ombro, Sammie disse: — Carson, diga a Flyer que estará esperando por
ele no avião e vai morrer se não cooperar.
O homem chamado Carson gritou de dor quando seu pobre corpo
mutilado recebeu mais abusos de Sammie. Quando Carson levantou o rosto, o
coração de Flyer sangrou por ele. Tinha visto aquele olhar assombrado em
imagens de pessoas detidas em campos de concentração nazistas. Sammie
estava quebrado.
Carson baixou os olhos vermelhos de volta ao chão. Quando falou,
sua voz não passava de um sussurro.
— Tristen e Jimmy estão amarrados no avião.
Sammie empurrou Carson. O homem gritou quando caiu no chão.
Com o canto do olho, viu um movimento. Seu coração protestou
quando reconheceu a grande sombra de Styx. Seu amante seguia pelo
caminho se escondendo nas sombras na direção deles.
Sammie viu Styx também, e uma pequena explosão de fogo surgiu
do final da arma. As orelhas de Flyer chiaram ao disparo afiado, e o corpo de
Styx caiu no chão. O coração de Flyer quebrou, e fez uma oração silenciosa
para que Styx ainda estivesse vivo.
— Levante-se. — Sammie gritou e chutou a perna de Carson. —
Temos que ir. — Sammie estava selvagem, Flyer conhecia o olhar demente. —
Vou matar aqueles dois no avião, se não pilotar o avião para fora daqui, agora.
Carson arrastou seu corpo até ficar em pé e começou a mancar ao
avião. Flyer viu as costas de sua camisa também cobertas de sangue, e o
vermelho encharcando a parte de trás da calça. Flyer prometeu que na
primeira oportunidade iria acabar com Sammie.
Flyer tentou ajudar Carson a subir os degraus do avião, mas o cano
duro de uma arma empurrando em seu rim lhe deteve.
— Deixe-o entrar em sozinho. É tarde demais para você resgatá-lo. —
A risada sarcástica de Sammie causou arrepios de medo por seus braços.
Respirando fundo, Flyer empurrou para trás o medo e procurou uma
maneira de sair desta situação. Engasgou quando Carson terminou de subir as
escadas e viu Tristen e Jimmy sentados no chão do avião, amarrados e
amordaçados.
O pânico nos olhos resolutos de Jimmy fez Flyer entrar no avião e
sentar no assento de piloto como Sammie queria. Durante todo o tempo a sua
mente continuou correndo. Tinha que haver uma maneira de saírem dessa.
*****
O torso de Carson estava em chamas. Lâminas de barbear cortavam
o interior de seu ânus com cada movimento. Iria sentar-se e deixar que
Sammie atirasse nele, mas o maníaco ameaçou começar a cortar pedaços de
sua pele de seu corpo até que se moveu e fez o que lhe foi dito.
Depois de dirigir o carro alugado até o hangar em Los Heroes,
Sammie foi forçado por Carson a caminhar cheio de dor ao celeiro. O barulho
alto de um motor veio de um grande edifício no outro lado do celeiro. Parte de
Carson queria que quem tivesse ligado aquela máquina os visse e lhe salvasse.
A outra parte sabia que a pessoa estaria morta se tentasse interferir nos
planos de Sammie.
— Agora não pode dizer que não mantive a minha parte do trato. — O
hálito azedo de Sammie voou no lado do rosto de Carson. — Seus queridos
irmãos Earl devem estar no celeiro nesta hora do dia. Vamos pegá-los.
Quando entrou no celeiro, o doce cheiro de feno e cavalos
cumprimentaram Carson. Se seu corpo cedesse e morresse aqui, iria morrer
um homem feliz. Mas Carson não era tinha essa sorte, e uma corda foi
empurrada em suas mãos trêmulas.
— Pelo que tenho visto através da luneta, o menor é o que tem mais
faísca. Mostre-me o quão bem pode laçar, vaqueiro. — Sammie acenou aos
dois homens numa conversa profunda com as costas para eles. Por causa do
motor ecoando através do curral, não tinham notado Sammie ou Carson.
Carson hesitou. Semanas atrás, perdera a necessidade de se vingar
de Jimmy e Tristen. Sentia muito por tê-los machucado ao ter relações sexuais
com Tristen enquanto namorava Jimmy. Suas ações haviam sido estúpidas.
Não importava que tudo que tivesse ansiado fosse alguém especial que
quisesse estar ao lado dele para sempre. Em sua busca, agiu como uma
vagabunda.
— Tudo bem, vou matá-los agora. — Sammie ameaçou.
Isso machucou. Cada movimento era uma agonia, mas Carson deu
um passo adiante, e depois preparou a corda e atirou. No passado, havia
competido em competições de laço e a corda facilmente cercou seu alvo. Com
um empurrão, apertou em torno dos braços e na parte superior do tórax de
Jimmy.
— Que diabos? — Jimmy gritou e virou-se.
Quando Jimmy se mexeu tentando se soltar, Carson quase deixou
cair a corda. Não tinha força para segurar o homem. Tristen começou a tentar
erguer os dedos sob a corda e libertar Jimmy.
— Pare. — Sammie gritou.
Os olhos dos dois homens se arregalaram quando viram a arma na
mão de Sammie.
— Gire a corda em torno dele um par de vezes e amarre as suas
mãos. — Sammie ordenou. Apontando a arma para Tristen, continuou. —
Você, dê um passo para longe. Não tente nada ou verei o quanto uma bala
estragaria esse rosto bonito.
— Quem é você e o que está acontecendo? — Jimmy perguntou.
Carson fez como lhe foi dito e torceu a corda em torno do peito de
Jimmy. Fez questão de parecer apertado, mas na realidade, deixou um monte
de espaços na corda. Carson amarrou as mãos de Jimmy num nó inútil que
parecia impressionante. Um puxão na ponta da corda e iria cair no chão como
se fosse um castelo de cartas. Carson dobrou o final da corda na palma da
mão de Jimmy.
Seu coração parou quando Jimmy o olhou com os olhos arregalados
de choque.
— Carson, é você?
Carson sabia que parecia ruim, mas para Jimmy não reconhecê-lo,
deveria estar pior do que pensava.
— Sem conversas. — Sammie o cortou. — Amarre o outro antes que
eu pegue a minha faca e veja quanto fogo ainda tem ao cortar o seu dedo.
Carson levantou uma pequena bobina de corda pendurada num
gancho em uma das baias dos cavalos. Em segundos, teve Tristen amarrado
da mesma maneira que fizera com Jimmy. Mereceu isso, mas ainda doeu
quando Tristen nem sequer olhou ou falou com ele, mesmo quando colocou a
ponta da corda entre os dedos magros.
— Enfie esses trapos em suas bocas. — Sammie apontou o fim da
arma na direção de alguns pedaços de pano jazendo sobre uma prateleira.
Carson fez como lhe foi dito, mas agradeceu pelos trapos parecessem
razoavelmente limpos. Toda a atividade deve ter aberto os cortes que cobriam
o seu corpo. Umidade quente escorreu por sua barriga e costas. Exaustão
profunda pesava sobre ele. Numa névoa, Carson seguiu Sammie enquanto o
homem louco levava Jimmy e Tristen para fora do estábulo e ao hangar.
Uma vez lá, Sammie espremeu as bolas de Jimmy até o homem cair
de joelhos e Tristen dar o código de segurança para abrir a porta lateral do
hangar. Sob a supervisão de Sammie, Carson conseguiu puxar o avião maior
para fora do prédio, usando um UTV especialmente equipado.
Levou toda a força de vontade de Carson não decolar na UTV. Sabia
que, em algum momento, Sammie iria matá-lo. Sua bunda estava em carne
viva, e até mesmo Sammie não iria enfiar o pau nessa confusão sangrenta.
Tão estúpido quanto Carson foi por arrastar Jimmy e Tristen nesse caos,
também era sua única esperança de saírem vivos através disso. Assim,
estacionou o UTV no hangar e mancou ao lado de Sammie, que mandava uma
mensagem de texto a alguém com uma só mão.
O celular de Sammie apitou. Depois de Sammie ler a mensagem, seu
rosto se suavizou e ele sorriu.
Pensando que agora seria um bom momento para tentar racionalizar
com ele, Carson disse:
— Mudei de ideia, Sammie. Podemos deixá-los e sair daqui?
Carson nem viu acontecer. Num minuto estava de pé ao lado de
Sammie, e no próximo, a sua cabeça explodia de dor.
Não sabia quanto tempo ficou lá no cimento fresco. Nem se
importava. Um dedo do pé cutucou o seu lado, enviando disparos de dor
excruciante por seu corpo.
— Levante-se. — Sammie ordenou.
Mãos sem qualquer misericórdia agarraram seus braços machucados
e levantaram Carson. Foi meio arrastado, meio carregado até onde um
helicóptero estava estacionado e encostou-se nele.
Carson ouviu Sammie ordenar que Jimmy e Tristen entrassem no
avião grande. Seus gritos abafados de dor rasgaram as peças desfiadas do que
restava da alma de Carson. As coisas estavam indo de mal a pior e não havia
nada que pudesse fazer sobre isso.
Uma névoa vermelha cobriu a visão de Carson e impediu-o de ver
com clareza. Sammie começou a conversar com alguém. Num momento
Carson pode sentir a fúria saindo de Sammie e quase começou a chorar de
terror. Carson foi agarrado e atirado no chão duro de concreto.
O mundo parou quando a arma de Sammie disparou. A mente de
Carson registrou um grande homem perto da porta lateral caindo no chão.
Tonto, Carson falou quando ordenado, caminhou aonde foi dito para
ir, e fechou-se a todo o resto. O último pensamento de Carson antes da
escuridão misericordiosa lhe alcançar foi que o carpete do avião, sob seu corpo
mutilado, era tão suave que poderia ficar deitado nele para sempre.
Capítulo Nove
*****
Flyer abriu os olhos para o silêncio. Não tinha certeza se havia
desmaiado ou quanto tempo se passou, mas tudo estava calmo e tranquilo.
Olhando em volta, viu que a maior parte da frente e parte do lado direito do
avião fora arrancada. Através da abertura, podia ver o verde luxuriante de
folhas, galhos e da clareira.
— Flyer. — A voz trêmula de Tristen o chamou.
— Estou aqui. — Respondeu. Depois de limpar a garganta seca,
perguntou: — Como você está, Tristen?
— Estou muito machucado, e tenho um corte profundo na minha
perna. — Respondeu Tristen. — Rasguei parte de minha camisa e amarrei em
torno da ferida. Como você está?
Flyer estendeu a mão e apertou o botão que soltava o seu cinto de
segurança. A dor no ombro esquerdo pulsava e não podia mover seu braço
esquerdo. Sendo cuidadoso, sondou com as pontas dos dedos e decidiu que
tinha, no mínimo, quebrado a clavícula.
Relaxando em seu assento, Flyer tomou um minuto respirar e se
orientar. Seu estômago estava revirando, e pela forma como o resto de seu
corpo doía, vomitar iria doer como o inferno.
— Flyer, ainda está aí? — Tristen chamou.
— Estou aqui. — Flyer respondeu. Tentou virar a cabeça e olhar por
cima do ombro, mas a agonia percorrendo ambos os ombros parou essa ideia.
— Consegue ver qualquer outra pessoa?
— Jimmy está bem aqui. — Tristen sufocou. — Hum... Flyer, a cabeça
de Jimmy está sangrando, e ele não está acordando.
Flyer sabia que precisava se levantar e ajudar Tristen e Jimmy, mas
não conseguia fazer o seu corpo obedecer. Seu treinamento de resgate disse
que estava entrando em choque. Flyer tentou mover a perna para que pudesse
ficar de pé, e picos de dor atravessaram a sua coxa.
Olhando para baixo, Flyer notou que estava em apuros. Em seu
estado confuso, não percebeu que a parte da frente do avião fora esmagada
para dentro, prendendo as suas pernas. Descendo, Flyer tateou ao redor do
controle do avião, que havia dobrado e amassado contra as suas coxas. Sua
mão ficou molhada e manchada de vermelho com o sangue.
— Flyer, o quão ruim está machucado? — Tristen gritou em evidente
pânico. — Por que não fala comigo?
— Estou muito machucado. — Flyer admitiu. — Consegue me dizer se
Jimmy está respirando?
— Sim, tenho a sua cabeça no meu colo. Parece que está dormindo.
— Escutou um farfalhar e o som de tecido rasgando. — Estou usando o resto
da minha camisa para embrulhar em torno de sua cabeça.
— Você está indo bem, Tristen. — Flyer disse. — Consegue ver mais
alguém aí atrás?
— Carson está deitado ali no canto. — Disse Tristen. — Ele está
respirando, mas não está se movendo ou qualquer coisa.
Isso significava que o corpo que Flyer viu voando para fora do para-
brisa dianteiro era de Sammie. Não achava que alguém conseguiria sobreviver
a esse tipo de trauma, mas se Sammie tivesse e conseguisse se mover, todos
seriam alvos fáceis para sua loucura.
Doeu, e manchas cinzentas flutuaram na frente de seus olhos, mas
Flyer conseguiu esticar-se e olhar sobre a frente esmagada do avião. Viu uma
protuberância sangrenta e grotesca de carne, que foi tudo o que restou do
corpo de Sammie. Não havia nenhuma maneira dele estar vivo.
— Flyer... — Tristen gritou. — Estou sentindo um pouco de dor no
estômago e está ficando pior. O que vamos fazer?
Antes que Flyer pudesse responder, um celular começou a tocar.
Felicidade e esperança cancelaram a dor percorrendo seu corpo.
— Sabe de quem esse celular é? — Flyer perguntou quando o toque
continuou.
— É o celular de Jimmy. — Tristen assobiou. — Oh, merda, isso dói.
Não posso alcançá-lo.
— Não se movimente muito. — Disse Flyer. — Guarde a sua força.
— Mas se não responder a isso, não saberão como nos encontrar. —
Tristen choramingou.
A resposta do Flyer foi cortada por raios de agonia disparando em
todo seu peito e estômago. Respirou através da dor até que as coisas se
acalmaram e conseguia pensar direito novamente.
— Não temos de atender ao celular. — Flyer gritou de volta. — Por
estar funcionando Morgan pode facilmente rastreá-lo com o seu computador e
encontrar-nos. Apenas temos que esperar.
— Quanto tempo acha que vão demorar? — O tom de Tristen ficou
baixo. — Não me sinto tão bem.
Flyer empurrou o controle, tentando desalojar as pernas. Resgatava
pessoas em seu trabalho. Não iria se sentar aqui e deixar seus amigos
morrerem. A placa de metal atrás do controle tinha cortado as suas coxas.
Sangue brotou através de suas calças.
Colapsando de volta, Flyer teve para descansar por um momento.
— Tristen, preciso que continue falando comigo. — Flyer ordenou. —
Conte-me sobre o seu trabalho na loja de roupas. Os clientes tem te deixado
louco ultimamente?
O plano de Flyer funcionou e Tristen começou a descrever a mais
nova remessa de roupas e todas as pessoas diferentes que entravam
procurando apenas a roupa certa para uma ocasião especial.
Não sabia quanto tempo se passou ou se perdeu a consciência, mas
Flyer abriu os olhos ao ouvir um som distante e inconfundível de lâminas
rotativas de um helicóptero. Ajuda tinha chegado.
*****
A voz profunda de Roman murmurou.
— Merda.
Passos rápidos ecoaram através do hangar até onde Styx estava
deitado no chão, tentando combater o choque de ser baleado. Já tinha sido
baleado antes e odiou como, até mesmo uma bala de raspão, podia derrubar
uma pessoa por um momento ou dois. Mãos viraram-no de costas. A dor
atravessou seu peito quando Roman colocou pressão sobre seu ombro.
— Droga, o que aconteceu? — Perguntou Roman. — Por que Flyer
decolou na aeronave de dez lugares?
— Seu ex apareceu com alguém chamado Carson. — Styx rangeu os
dentes através da onda de dor. — Sammie estava dizendo algo sobre Jimmy e
Tristen, antes dele atirar em mim. Todos decolaram no avião.
Parker se ajoelhou ao lado de Styx.
— Capitão, deixe-me olhar Styx, enquanto faz o que precisa fazer.
Enquanto Parker abria o topo do macacão de Styx e sua camiseta,
começando a sondar a sua carne tenra com os dígitos infernais, Styx podia
ouvir o capitão emitir ordens. Roman, o chefe de Styx, tinha ido embora. Em
seu lugar estava um profissional em sua concentração total.
— Quero todos os edifícios checados. Tivemos um intruso, mas
acredito que ele saiu com Flyer no avião de dez lugares. Estamos à procura de
Jimmy e Tristen. No minuto em que os encontrarem, quero ser avisado.
Quando Parker terminou de aplicar a compressa de gaze e fita
circundando o peito de Styx, a equipe do Resgate Contratado havia terminado
de por seus trajes e retornado ao hangar, formando um círculo ao redor do
capitão. Era óbvio que não tinham encontrado qualquer sinal de Jimmy ou
Tristen. Morgan estava com o seu laptop sentado na asa de um avião e
digitava rapidamente, enquanto Isaiah ficava ao lado dele. Isaiah mantinha o
celular em sua orelha.
Quando Isaiah balançou a cabeça, o capitão deixou o grupo e andou
até Styx, que, com a ajuda de Parker, estava sentado, preparando-se para
levantar.
— Então, qual é o veredicto, Parker? — Perguntou Roman. — Você
não chamou uma ambulância.
— Ele tem um ferimento superficial no peito ao lado de sua axila. —
Relatou Parker. — Já contive o sangramento.
Roman procurou no rosto de Parker.
— Está me dizendo que ele deve procurar tratamento médico
imediato ou que não precisa dele?
Parker sorriu.
— Oh, ele precisa ver um médico para ter seu ferimento limpo e
suturado. — Parker parou por um milésimo de segundo antes de continuar: —
Depois dele concluir as suas ordens.
— Ótimo. — O capitão acenou ao seu médico antes de voltar a
abordar Styx. — Morgan tem uma pista sobre a localização do avião. Fica na
borda das montanhas Grapevine. Tenho veículos de emergência dirigindo até
lá de Beatty. Quero estar lá e preciso que pilote o helicóptero.
— Me dê dez minutos para prepará-lo. — Respondeu Styx.
— Vou te dar cinco. — O capitão respondeu.
Com ajuda de Parker e do capitão, Styx levantou. Droga, isso doía.
Levou um segundo diminuir a dor que estava gritando através do lado
esquerdo do seu peito e braço.
— Precisa de alguns analgésicos? — Perguntou Parker.
Styx balançou a cabeça.
— Preciso estar lúcido durante o voo. Guarde para quando eu voltar.
Cinco minutos depois, Styx estava levantando o helicóptero do chão e
seguindo a oeste, em direção às montanhas Grapevine. A aeronave estava
indo com lotação máxima. O capitão estava sentado no assento do co-piloto, e
na parte de trás haviam Parker, Reese, Santos e Isaiah. De maneira nenhuma
o rastreador não tentaria encontrar Tristen. Isaiah foi uma inclusão de última
hora, caso Sammie estivesse vivo e causando problemas. Styx esperava que o
especialista em armas não tivesse piedade. Logo antes de subirem à bordo do
helicóptero, o capitão tentou ligar para Jimmy novamente. A chamada foi
recebida pelo correio de voz.
Styx manteve um olho em seu painel enquanto tentava suportar a
náusea. Sua primeira necessidade era encontrar Flyer. A cesta de piquenique
que pediu a Garrett que empacotasse para um encontro no almoço, teria que
esperar mais um dia. Mas perguntar se Flyer queria casar com ele, não iria. Ia
amarrar o homem em todos os sentidos possíveis.
— Está ficando muito pálido. — A voz do capitão veio pelo fone de
ouvido. — Vai conseguir terminar isso?
— Estou bem. — Styx afirmou digitalizando o terreno, tanto quanto
podia ver, buscando alguma fumaça. — Estamos quase nas coordenadas que
Morgan me deu.
— Inicie um padrão de grade. — O capitão ordenou. — Todo mundo,
mantenha os olhos abertos.
Styx começou a manobrar o helicóptero por toda a área onde Morgan
havia seguido o último sinal de celular. Em seguida iria virar a aeronave alguns
graus ao sul e voltar a leste formando um padrão de grade. Se não detectasse
qualquer coisa num raio de cinquenta milhas, Styx iria começar a sobrevoar
usando uma direção norte-sul. Não formava um quadrado exato, já que a base
das montanhas forçava Styx a ganhar altitude em certos momentos para evitar
bater.
A voz de Santos soou no fone de ouvido.
— Vejo algo branco, trinta graus ao sul. — Styx olhou para baixo e
observou um pequeno trecho onde as árvores pareciam mais afastadas. Na
área aberta, viu manchas de branco. Mergulhando o helicóptero para baixo e
mais perto, Styx ficou pouco acima das copas das árvores. Agora viu parte de
uma asa emaranhada num dos galhos da árvore maior.
O coração de Styx afundou enquanto inspecionava o local do
acidente.
— Merda, Capitão, não tenho qualquer lugar para pousar.
— Vamos de rapel. — Anunciou o capitão. — Peguem os suprimentos
médicos e certifiquem-se de que o cinto de utilidades contém ferramentas de
resgate.
Styx ficou impressionado. Uma vez que o capitão emitiu as ordens, os
seus homens não hesitaram em se preparar para a missão de salvar seus
entes queridos. Styx manteve a aeronave firme enquanto quatro homens
desciam até as árvores. À distância, Styx viu luzes vermelhas e azuis de
veículos de emergência descendo a rodovia.
Por agora, sua parte no resgate estava concluída. Por direito, deveria
pousar o helicóptero em algum lugar fora do caminho, até que recebesse as
suas próximas ordens. Mas isso não estava acontecendo. Styx continuou a
pairar sobre o local do acidente.
— Styx? — Uma doce voz falou no ouvido de Styx.
— Estou aqui, querido. — A lesão de Styx não foi o motivo da
rouquidão de sua voz. Amor encheu o seu coração, fazendo com que sua
garganta se fechasse de emoção.
— Só queria que soubesse que eu estava bem. — A voz do Flyer
parecia instável, mas forte.
— Não partiria até ouvir como estava. — Styx precisava que Flyer
soubesse que estaria sempre lá por ele.
— Styx...
— Sim, querido. — Styx ouviu algo no tom de Flyer que disse que isso
era importante.
— Eu... Hum... Queria dizer... Hum... Eu também.
Styx sorriu enquanto a felicidade enchia seu ser. Flyer o amava.
— Eu também, querido, eu também.
Deslocando o helicóptero a uma altitude mais elevada, Styx buscou
um lugar para pousar até que o capitão lhe dissesse como proceder.
Capítulo Dez
*****
Flyer arqueou as costas, fechou os olhos e desceu até que o grande
pau de Styx não conseguisse ir mais longe dentro dele. Estava empalando-se
no pau de seu marido por um tempo agora, e logo o cheiro de esperma
encheria o ar. Mal podia esperar.
Toda vez que fizessem amor agora, seria como marido e marido. Isso
era algo que Flyer nunca tinha pensado que teria a sorte de experimentar.
Agora não conseguia ter o suficiente.
Haviam decidido esperar até que seus ferimentos estivessem curados
e fossem testados para doenças sexualmente transmissíveis antes de ir à
Vegas na moto de Styx. Flyer tinha amado o passeio de moto. Era quase como
voar.
Se inclinou para frente e descansou as mãos sobre o peito de Styx. A
nova tatuagem podia estar avermelhada nas bordas e sensível, mas para
Flyer, era inestimável. Espalmando a mão sobre o peito de Styx, deixou os
pelos espessos fazerem cocegas em seus os dedos.
No final, foi Flyer quem teve o nome de Styx tatuado acima do
coração. Styx foi quem tomou a decisão e explicou a Flyer.
Na visão de Styx, não precisava exteriorizar a sua posse ou marcar a
bunda de Flyer para mostrar que era dele. Desde o início, Flyer tinha ido até
Styx e feito a sua jogada silenciosa por causa da conexão entre eles.
Convinha que Styx ficasse marcado no coração de Flyer e em sua
alma. Styx, por outro lado, era propriedade de Flyer, não onde alguém
pudesse vê-lo. Mas ambos saberiam.
Styx colocou suas grandes mãos nos quadris do Flyer e guiou-o para
cima e para baixo em seu pênis. Flyer apertou os músculos anais com força
quando a paixão começou a dominá-lo. Conforme Styx puxava para fora, seu
pau raspava ao longo dos pequenos nervos no canal de Flyer.
— Styx! — Flyer gritou.
Não sabia se estava implorando, avisando, ou o quê. Seu corpo
inteiro ficou tenso e teria caído se Styx não tivesse lhe mantido seguro.
O olhar desesperado de Flyer trancou no rosto amado de Styx.
— Eu te amo.
Styx sorriu e empurrou seu pênis em Flyer, atingindo seu ponto doce.
— Eu também te amo.
Sêmen explodiu do pau de Flyer ao mesmo tempo em que gozo
quente inundou o seu canal. Juntos, os dois gemeram e curtiram a felicidade
do êxtase.
Não se importando com a poça pegajosa entre eles, Flyer desabou
sobre o peito de Styx.
— Estou com fome.
— Isso não é nada novo, querido.
— Bem, é melhor continuar a comer seus cereais porque agora que
me fez um homem honesto, vou querer sexo o tempo todo.
— Farei isso, querido.
— Styx. — Flyer traçou um círculo com seu dedo através do pelo no
peito de Styx.
— Sim? — A mão suave acariciou as costas de Flyer.
— Quando voltarmos à fazenda, vamos contratar esse cara com quem
se reuniu e construir a nossa casa? — Flyer arqueou-se sob a mão de Styx.
Seu pau começou a acordar sob o toque de seu marido.
James Richardson era competente, tinha uma boa equipe e parecia
saber o que Flyer e Styx queriam para construir um lar. Não podia esperar.
— Sim, e quando terminar, nós iremos batizar cada cômodo. — Styx
respondeu enquanto agarrava Flyer e o guiava até seu homem estar em cima.
Flyer não se incomodou em responder. Se Styx queria ter relações
sexuais em cada cômodo ou em cima do telhado, Flyer era plenamente a
favor. Seus lábios se encontraram e línguas emaranharam.
Logo, Flyer estava voando com o seu menino mau.
Epílogo
FIM