Você está na página 1de 7

alfaconcursos.com.

br

SUMÁRIO
LEI DE EXECUÇÕES PENAIS ................................................................................................................................ 2
GUIA DE RECOLHIMENTO PARA A EXECUÇÃO .............................................................................................. 2
PROGRESSÃO DE REGIME .............................................................................................................................. 3

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

LEI DE EXECUÇÕES PENAIS


GUIA DE RECOLHIMENTO PARA A EXECUÇÃO
Como já dito, a guia de recolhimento é o documento que materializa o início da execução
penal e suas disposições estão nos Arts. 105 a 109 da LEP, vamos estudá-los:
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena
privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz
ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução.
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a
rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida à
autoridade administrativa incumbida da execução e conterá:
I - o nome do condenado;
II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão
oficial de identificação;
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como
certidão do trânsito em julgado;
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução;
V - a data da terminação da pena;
VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado
tratamento penitenciário.
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de recolhimento.
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que sobrevier
modificação quanto ao início da execução ou ao tempo de duração
da pena.
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da
Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa
circunstância, para fins do disposto no § 2°, do artigo 84, desta Lei.
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de pena
privativa de liberdade, sem a guia expedida pela autoridade
judiciária.
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da execução passará
recibo da guia de recolhimento para juntá-la aos autos do processo,
e dará ciência dos seus termos ao condenado.
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em livro especial,
segundo a ordem cronológica do recebimento, e anexadas ao
prontuário do condenado, aditando-se, no curso da execução, o
cálculo das remições e de outras retificações posteriores.
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será
internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto em
liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro motivo não estiver
preso

APROFUNDANDO: A Resolução de nº 113, de 20 de abril de 2010, do CNJ


regulamenta a expedição de guia de recolhimento e os documentos que instruem o
processo de execução penal. O artigo 1º acrescenta ainda outros documentos à guia:
interrogatório do executado na polícia e em juízo, informação sobre os endereços em
que possa ser localizado, instrumentos de mandato, substabelecimentos, despachos
de nomeação de defensores dativos ou de intimação da Defensoria Pública, cópia do
mandado de prisão temporária e/ou preventiva, com a respectiva certidão da data
do cumprimento, bem como com a cópia de eventual alvará de soltura, também com

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

a certidão da data do cumprimento da ordem de soltura, para cômputo da detração


penal, nome e endereço do curador, se houver, informações acerca do
estabelecimento prisional em que o condenado encontra-se recolhido, cópias da
decisão de pronúncia e da certidão de preclusão em se tratando de condenação em
crime doloso contra a vida e certidão carcerária

Chamo atenção novamente ao fato de que o juízo responsável pela expedição da guia de
recolhimento é o da condenação.
O Art. 108 traz a hipótese de após iniciado o cumprimento da pena o preso apresente
algum problema psiquiátrico, ou seja, uma doença que após a sentença condenatória. Nesse
caso ele será internado em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico enquanto
permanecer a doença mental.
Cumprida a pena privativa, o condenado deve ser liberado, conforme o Art. 109. Contudo,
observe que essa liberação não é automática e depende de expedição de alvará de soltura pelo
juiz.

PROGRESSÃO DE REGIME
ATENÇÃO! Esse tópico da LEP passou por uma grande alteração com a Lei 13.964/2019
(Pacote Anticrime). A partir de então, as regras para progressão de regime estão muito mais
rígidas e complexas para cada tipo de crime e situações subjetivas do condenado. Por se tratar
de inovação legislativa em prejuízo do condenado, as regras só valem para crimes cometidos a
partir da data de vigência da Lei, ou seja, só serão aplicadas para crimes cometidos a partir de
23 de janeiro de 2020. Vejamos a nova redação do Art. 112:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma
progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o
crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em
crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário
e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em
crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado
pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com
resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de
organização criminosa estruturada para a prática de crime
hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia
privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente
na prática de crime hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente
em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o
livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de
regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor
do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será


sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público
e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão
de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados
os prazos previstos nas normas vigentes.
Observe que temos agora regras específicas para progressão em cada caso: se o crime
cometido foi com violência ou grave ameaça, se o réu é primário ou reincidente, se o crime é
hediondo e nesse caso se houve ou não resultado morte, e ainda se o réu exerce comando de
organização ou associação criminosa e ainda se integra milícia privada.
Vamos sintetizar para facilitar a memorização:

PROGRESSÃO DE REGIME - COMUM


Primário + sem V/GA
16%
Reincidente + sem V/GA
20%
Primário + com V/GA
25%
Reincidente + com V/GA
30%
40% Primário + Crime Hediondo/Equiparado
Primário + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte, VEDADO O
LIVRAMENTO CONDICIONAL

Exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada


50%
para a prática de crime hediondo ou equiparado

Crime de constituição de milícia privada


Reincidente + Crime Hediondo/Equiparado
60%
Reincidente + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte, VEDADO O
70% LIVRAMENTO CONDICIONAL

Em qualquer caso, observe que o detento ainda deve ter o requisito subjetivo, qual seja, o
mérito carcerário, conforme o §1º.
Antes da alteração, a progressão de regime para crimes hediondos era disciplinada na
própria Lei 8072/90, mais precisamente no Art. 2º, §2º e consistia basicamente em 2/5 (40%)
se fosse primário e 3/5 (60%) se fosse reincidente, independentemente de haver o resultado
morte.
Aprofundando: A reincidência está disposta no Art. 63 do Código Penal:
Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior

No mesmo Art. 112, temos as regras para progressão de regime no caso de mulher
gestante ou que for mãe de crianças (até 12 anos) ou de pessoa com deficiência. Nesses casos,
temos regras especiais para progressão que não foram alteradas pelo Pacote anticrime, mas
que também são bem recentes, incluídas pela Lei 13.769/2018:

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por


crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de
regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
(Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; (Incluído
pela Lei nº 13.769, de 2018)
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime
anterior;(Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado
pelo diretor do estabelecimento;(Incluído pela Lei nº 13.769, de
2018)
V - não ter integrado organização criminosa. (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018)
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a
revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo.
Esses requisitos são todos cumulativos e servem apenas no caso de mães gestantes, com
filhos de até 12 anos ou deficientes. São aplicados até mesmo na hipótese de crime hediondo
desde que observados todos os requisitos.
Resumindo:

não ter integrado organização


criminosa
progressão de regime especial

ser primária e ter bom


comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do
estabelecimento

ter cumprido ao menos


1/8 (um oitavo) da pena
no regime anterior

não ter cometido o crime


contra seu filho ou
dependente

não ter cometido crime


com violência ou grave
ameaça a pessoa

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

O Pacote Anticrime adicionou ainda os §§5º e 6º ao Art. 112:


§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste
artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei
nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena
privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da
progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o
reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena
remanescente.
Trata-se de positivação de jurisprudência já consolidada pelo STJ e STF. Inclusive, o
disposto no Art. 6º é a literalidade da súmula 534 do STJ. O §5º é fruto da decisão do STF no HC
118533.
Interromper o prazo significa que o detento perde o prazo já computado e volta a contar
do começo, tendo como marco o tempo que resta de pena. Veremos isso com mais calma mais
adiante, na aula sobre regressão de regime.
Vamos comparar agora como era e como ficou a redação do Art. 112 após as alterações:

ANTES DEPOIS

Art. 112. A pena privativa de liberdade será


executada em forma progressiva com a Art. 112. A pena privativa de liberdade
transferência para regime menos rigoroso, a ser será executada em forma progressiva com a
determinada pelo juiz, quando o preso tiver transferência para regime menos rigoroso, a
cumprido ao menos um sexto da pena no regime ser determinada pelo juiz, quando o preso
anterior e ostentar bom comportamento carcerário, tiver cumprido ao menos:
comprovado pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão.

I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se


o apenado for primário e o crime tiver sido
----------- cometido sem violência à pessoa ou grave
ameaça;

II - 20% (vinte por cento) da pena, se o


apenado for reincidente em crime cometido
--------
sem violência à pessoa ou grave ameaça;

III - 25% (vinte e cinco por cento) da


pena, se o apenado for primário e o crime tiver
--------- sido cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça;

IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o


apenado for reincidente em crime cometido
----------
com violência à pessoa ou grave ameaça;

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

V - 40% (quarenta por cento) da pena,


se o apenado for condenado pela prática de
-------- crime hediondo ou equiparado, se for
primário;

VI - 50% (cinquenta por cento) da pena,


--------- se o apenado for:

a) condenado pela prática de crime


hediondo ou equiparado, com resultado
------------ morte, se for primário, vedado o livramento
condicional;

MUDE SUA VIDA!


7

Você também pode gostar