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* Profissional de Educação Física. Mestranda em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa.
** Nutricionista. Mestranda em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa.
*** Economista doméstica, graduada pela Universidade Federal de Viçosa.
**** Professora associada da Universidade Federal de Viçosa. Doutora em Saúde Pública pela Universidade Federal de
Minas Gerais.
196 R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 25, n. 1, p. 195-198, jan./jun. 2008
Nogueira, S.L. et al. Distribuição espacial e crescimento da população idosa nas capitais brasileiras de 1980 a 2006
indivíduos em todo o período, representando dice de idosos. Por outro lado, as capitais
cerca de 30% da população idosa. Entretan- Palmas e Porto Velho foram as que obti-
to, verifica-se crescimento mais expressivo veram menores índices de envelhecimento
no grupo de indivíduos acima de 75 anos, neste mesmo período.
especialmente aqueles com 80 anos e mais. Em relação ao gênero, entre os dados
Isto indica uma alteração na composição obtidos para a população brasileira, encon-
interna do grupo etário dos idosos. trou-se maior número de mulheres (aproxi-
A proporção da população “mais idosa” madamente 51%) do que de homens, para
está aumentando em ritmo bastante ace- todos os anos. De acordo com Pereira et
lerado. Em 1980, o Brasil possuía cerca de al. (2003), este fenômeno tem ocorrido não
560 mil idosos com mais de 80 anos; já em apenas no Brasil, mas também em muitos
2006, esta parcela da população aumentou outros países, pois o aumento da expectativa
para quase dois milhões de habitantes. de vida é sempre mais significativo para as
A infra-estrutura das cidades brasilei- mulheres. Os autores associam esse achado
ras deve, portanto, ser adequada para a fatores como o menor consumo de álcool
atender a essa maior demanda de idosos, e tabaco (associados a várias doenças),
pois, além das alterações demográficas, melhoria do atendimento médico-obstétrico
o Brasil também passa pela transição e menor exposição a riscos, como acidentes
epidemiológica, com alterações relevantes e homicídios (PEREIRA et al., 2003).
no quadro de morbimortalidade, em que
predominam as doenças crônicas não-trans- Considerações finais
missíveis. Conseqüentemente, é inevitável
que os gastos públicos sejam reforçados De um modo geral, o Brasil encontra-se
no tratamento, hospitalização e reabilitação num processo de envelhecimento popula-
(ALBUQUERQUE, 2005). cional bastante acelerado, que pode ser
Ao se analisar o índice de envelhecimen- evidenciado pela evolução do índice de
to no Brasil, observou-se que houve aumento envelhecimento, no período de 1980 a 2006.
de 85,3% no intervalo estudado, passando Há predominância de idosos entre 60 e 64
de 10,5% em 1980 para 19,43% em 2006. anos, embora seja a faixa etária acima de
Em 1980, com exceção do Rio de Janeiro e 80 anos a que tem mais se elevado, em
Porto Alegre, todas as capitais, assim como termos percentuais. As capitais brasileiras
o total do Brasil, poderiam ser consideradas experimentam o mesmo processo, mas em
uma população predominantemente jovem diferentes graus.
(SHRYOCK; SIEGEL, 1976). Em 1985, 1990 e Assim, outros estudos são impres-
1995, esse índice continuou se elevando. So- cindíveis para acompanhar a tendência
mente em 2000 o Brasil atingiu um índice de do envelhecimento populacional no Brasil,
envelhecimento intermediário, enquanto 14 pois, mesmo não tendo sido considerada a
capitais apresentavam classificação igual ou migração no presente estudo, a constatação
superior à do país. Segundo o IBGE (2004), do aumento do número de idosos permite o
a projeção do índice de envelhecimento para norteamento de políticas públicas interven-
2050 é de 105,6%. cionistas, o que influencia positivamente na
Além de possuírem expressivo percen- qualidade de vida dos idosos.
tual de idosos, ao longo desses 27 anos, as Por outro lado, tendo em vista a grande
cidades do Rio de Janeiro e Porto Alegre velocidade com que este processo ocorre,
destacaram-se por apresentarem índices de ações concretas devem ser realizadas, tais
envelhecimento notadamente superiores às como a reestruturação da previdência social
demais capitais. A primeira obteve índices e uma aplicação prática mais efetiva dos
cerca de duas vezes maiores que a média direitos assegurados no Estatuto do Idoso
nacional no período estudado. Porto Alegre brasileiro. No âmbito acadêmico e técnico,
se manteve em segundo lugar. Recife so- faz-se necessário investir na formação ade-
bressaiu por registrar um aumento bastante quada de profissionais, para lidar com esta
significativo, da ordem de 114,3%, no ín- parcela da população.
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Nogueira, S.L. et al. Distribuição espacial e crescimento da população idosa nas capitais brasileiras de 1980 a 2006
Referências bibliográficas
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