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O labirinto de amor

Capítulo 1 Gravidez

Gravidez: seis semanas

Quando vi o resultado do ultrassom, fiquei assustada. Foi apenas uma vez, como eu poderia estar
grávida?

O que devo fazer agora?

Se eu contar ao Guilherme Aguiar, ele não vai se divorciar de mim por causa disso? Não. Em vez disso,
ele pensaria que eu era desprezível e sem vergonha, usando o bebê para chantageá-lo.

Coloquei o resultado do ultra-som na minha bolsa e deixei o hospital.

Fora do prédio do hospital, no Maybach preto, as janelas estavam abertas cerca de um terço, e do lado
de fora, eu podia ver o homem no banco do motorista com seus olhos frios e claros.

O carro luxuoso e o homem bonito atraíram naturalmente os olhares de muitos pedestres.

Dinheiro e boa aparência são as coisas que Guilherme tem, durante tantos anos, sempre que ele andava
pela rua, com certeza atraía os olhos dos transeuntes. Com esse olhar, entrei no carro.
Guilherme estava fechando os olhos para descansar, percebeu o movimento e apenas franziu um pouco
o cenho. Não abriu os olhos, apenas disse em voz baixa:

- Resolveu?

- Sim! - Acenei, entreguei-lhe o contrato que havia assinado com o hospital e disse:

- José Santos me pediu para que lhe apresentar cumprimentos!

Vim para assinar o contrato, mas no caminho encontrei Guilherme e por alguma razão ele me mandou
para cá.

- Você será a responsável por este caso durante todo o processo! - Guilherme, que sempre dizia muito
pouco, não aceitou o contrato, apenas deu uma explicação leve e colocou o carro em funcionamento.

Acenei sem dizer nada.

Estou em silêncio há tanto tempo que parece que não sei fazer nada além de ser obediente e fazer o que
me pedem.

Era o fim da tarde e ele não estava voltando para casa, então para onde ele estava indo? Fiquei intrigada,
mas nunca perguntaria a ele sobre seus negócios, então ficava calada.

Pensando na folha de ultrassom, eu não sabia como falar com ele. Seus olhos olhando para frente,
severos e frios como sempre.
- Guilherme!- Puxando a bolsa, minhas palmas estavam um pouco úmidas, acho que estava nervosa e,
portanto, suando.

- Diga! - Palavras frias, sem emoção alguma.

Ele sempre me trata assim, e depois de muito tempo, fiquei aliviada. Suprimindo a inquietação no meu
coração e tomando uma respiração, eu disse:

- Eu...

"Estou grávida" ainda não tinha sido dita, o celular dele tocou e as palavras foram engolidas de volta com
força.

- Lúcia, está bem?

A ternura de algumas pessoas é destinada a ser dada em apenas uma pessoa, ou amor profundo, ou
alegria, e no final é dada a uma pessoa.

A ternura de Guilherme é para Lúcia Castro, sabe-se ao ouvir a conversa.

Sem saber o que Lúcia disse, Guilherme de repente bateu nos freios e disse calmamente ao telefone:

- Bom, vou até aí mais tarde, não vá a nenhum outro lugar.

Desligando o telefone, ele retomou o rosto severo e olhou para mim:


- Saia do carro!

Não há espaço para negociação.

Não foi a primeira vez que ele fez isso, acenei com a cabeça, engoli todas as palavras de volta, abri a
porta e saí do carro.

O casamento entre Guilherme e eu foi um acidente e uma fatalidade, mas não teve nada a ver com
amor. Guilherme tinha Lúcia em seu coração, e minha existência era apenas um obstáculo para ele.

Há dois anos, o avô de Guilherme, Rodrigo Aguiar teve um ataque cardíaco e forçou Guilherme a se casar
comigo. Embora Guilherme estivesse relutante, ele ainda casou comigo por causa do seu avô. Durante os
dois anos, com o idoso por perto, Guilherme apenas me tratou como se eu não existisse. Agora que o
velho morreu, ele mal podia esperar para conseguir um advogado para redigir o acordo de divórcio,
apenas esperando que eu o assinasse.

Quando voltei para casa, estava escuro e a casa grande estava tão vazia quanto uma casa
mal-assombrada. Provavelmente porque eu estava grávida, não tive apetite, então fui direto para o meu
quarto e me lavei para dormir.

Atordoada e ainda sem adormecer, ouvi, por um instante, o som de um carro sendo desligado do pátio.

Guilherme voltou?

Não foi ficar com Lúcia?


O labirinto de amor

Capítulo 2 Pode Ficar?

Antes que eu percebesse, vi a porta do quarto ser aberta. Ele estava todo molhado e foi direto para o
banheiro sem olhar para mim. Depois ouvi o som da água.

Uma vez que ele voltou, não havia como eu voltar a dormir, então me levantei e me vesti de novo. Tirei
seu pijama do guarda-roupa e o deixei junto à porta do banheiro, depois fui para a varanda.

Chegou a estação das chuvas e estava chuviscando lá fora. Pode-se ouvir o tique-taque da chuva sobre o
azulejo.

Quando ouvi um movimento atrás de mim, me virei e vi que Guilherme já havia saído do banheiro, com
uma toalha dobrada e seu cabelo úmido, com gotas de água pingando pelo seu corpo tonificado.

Sentindo que eu estava olhando para ele, ele olhou para mim e franziu um pouco o sobrolho:

- Venha cá! - O tom de voz era sem emoção.

Obedeci e caminhei para seu lado, ele jogou a toalha para mim e disse em voz baixa:

- Seque meus cabelos.

Ele sempre fazia isso, e eu já estava acostumada. Ele se sentou na beira da cama e eu subi na cama, meio
ajoelhada atrás dele e esfregando o seu cabelo.
- Amanhã é o funeral do vovô, por isso tenho que ir cedo para a Mansão de Aguiar. - Eu disse. Eu não
queria arrastá-lo para a conversa, mas ele estava tão preocupado com Lúcia que, se eu não o tivesse
mencionado, temo que ele já teria esquecido.

- Está bem. - Ele me respondeu, e nada mais.

Sabendo que ele não queria muito interagir comigo, não falei muito. Sequei seu cabelo e depois me
deitei novamente na cama para dormir.

Talvez por causa da gravidez, sempre me sentia sonolenta. Normalmente Guilherme ia ao escritório
depois do banho e ficava lá até a meia-noite, mas por alguma razão, esta noite ele vestiu seu pijama e se
deitou também.

Foi estranho, mas não disse nada. Mas, de repente, ele me puxou para dentro de seu abraço e me beijou
gentilmente.

Olhei para ele, não entendendo porque estava assim:

- Guilherme, eu...

- Não quer? - Ele perguntou, com seus olhos escuros como a noite, flamejantes e selvagens.

Abaixei meus olhos, relutantemente, mas não pude evitar.

- Pode ser mais suave?


O bebê tinha apenas seis semanas e poderia ser perigoso se ele não tivesse cuidado.

Ele franziu as sobrancelhas e não disse nada.

A chuva estava cada vez mais forte, e por um tempo houve trovões e relâmpagos. As luzes e sombras
subiam e caíam, depois de um longo tempo, ele se levantou e entrou no banheiro.

Ele me fez suar de dor. Eu queria tomar alguns analgésicos, mas não o fiz por medo de ferir o bebê.

- Humm...

Na mesa de cabeceira, o celular de Guilherme tocou, levantei a cabeça e olhei para o relógio na parede,
já eram onze horas.

A única pessoa que ligaria para Guilherme aquela hora era Lúcia.

O som da água no banheiro parou e Guilherme saiu enrolado em uma toalha, secou as mãos e pegou o
celular. Não sei o que ela disse do outro lado da linha.

Ao ver Guilherme franzir as sobrancelhas, ele disse:

- Lúcia, não faça disparates!

Depois, ele desligou o celular e se preparou para sair. Se fosse no passado, eu teria fingido ignorá-lo, mas
nesse momento eu o puxei e lhe implorei com voz suave:
- Pode ficar essa noite?

Guilherme franziu as sobrancelhas, a frieza e o desagrado surgiram em seu rosto bonito:

- Assim que você ganha alguns benefícios, começa a ser desenfreado?

As palavras foram frias e sarcásticas.

Estava perplexa. Me sentia engraçada e olhei para ele:

- Amanhã é o funeral do vovô, mesmo que você queira ir até ela, não deveria ser capaz de dizer o que é
mais importante?

- Ameaças? - Ele estreitou seus olhos escuros e agarrou ferozmente minha mandíbula, disse com sua voz
baixa e fria:

- Kaira, você se tornou tão desobediente._______________

O labirinto de amor

Capítulo 2 Pode Ficar?

Antes que eu percebesse, vi a porta do quarto ser aberta. Ele estava todo molhado e foi direto para o
banheiro sem olhar para mim. Depois ouvi o som da água.

Uma vez que ele voltou, não havia como eu voltar a dormir, então me levantei e me vesti de novo. Tirei
seu pijama do guarda-roupa e o deixei junto à porta do banheiro, depois fui para a varanda.
Chegou a estação das chuvas e estava chuviscando lá fora. Pode-se ouvir o tique-taque da chuva sobre o
azulejo.

Quando ouvi um movimento atrás de mim, me virei e vi que Guilherme já havia saído do banheiro, com
uma toalha dobrada e seu cabelo úmido, com gotas de água pingando pelo seu corpo tonificado.

Sentindo que eu estava olhando para ele, ele olhou para mim e franziu um pouco o sobrolho:

- Venha cá! - O tom de voz era sem emoção.

Obedeci e caminhei para seu lado, ele jogou a toalha para mim e disse em voz baixa:

- Seque meus cabelos.

Ele sempre fazia isso, e eu já estava acostumada. Ele se sentou na beira da cama e eu subi na cama, meio
ajoelhada atrás dele e esfregando o seu cabelo.

- Amanhã é o funeral do vovô, por isso tenho que ir cedo para a Mansão de Aguiar. - Eu disse. Eu não
queria arrastá-lo para a conversa, mas ele estava tão preocupado com Lúcia que, se eu não o tivesse
mencionado, temo que ele já teria esquecido.

- Está bem. - Ele me respondeu, e nada mais.

Sabendo que ele não queria muito interagir comigo, não falei muito. Sequei seu cabelo e depois me
deitei novamente na cama para dormir.
Talvez por causa da gravidez, sempre me sentia sonolenta. Normalmente Guilherme ia ao escritório
depois do banho e ficava lá até a meia-noite, mas por alguma razão, esta noite ele vestiu seu pijama e se
deitou também.

Foi estranho, mas não disse nada. Mas, de repente, ele me puxou para dentro de seu abraço e me beijou
gentilmente.

Olhei para ele, não entendendo porque estava assim:

- Guilherme, eu...

- Não quer? - Ele perguntou, com seus olhos escuros como a noite, flamejantes e selvagens.

Abaixei meus olhos, relutantemente, mas não pude evitar.

- Pode ser mais suave?

O bebê tinha apenas seis semanas e poderia ser perigoso se ele não tivesse cuidado.

Ele franziu as sobrancelhas e não disse nada.

A chuva estava cada vez mais forte, e por um tempo houve trovões e relâmpagos. As luzes e sombras
subiam e caíam, depois de um longo tempo, ele se levantou e entrou no banheiro.

Ele me fez suar de dor. Eu queria tomar alguns analgésicos, mas não o fiz por medo de ferir o bebê.
- Humm...

Na mesa de cabeceira, o celular de Guilherme tocou, levantei a cabeça e olhei para o relógio na parede,
já eram onze horas.

A única pessoa que ligaria para Guilherme aquela hora era Lúcia.

O som da água no banheiro parou e Guilherme saiu enrolado em uma toalha, secou as mãos e pegou o
celular. Não sei o que ela disse do outro lado da linha.

Ao ver Guilherme franzir as sobrancelhas, ele disse:

- Lúcia, não faça disparates!

Depois, ele desligou o celular e se preparou para sair. Se fosse no passado, eu teria fingido ignorá-lo, mas
nesse momento eu o puxei e lhe implorei com voz suave:

- Pode ficar essa noite?

Guilherme franziu as sobrancelhas, a frieza e o desagrado surgiram em seu rosto bonito:

- Assim que você ganha alguns benefícios, começa a ser desenfreado?

As palavras foram frias e sarcásticas.

Estava perplexa. Me sentia engraçada e olhei para ele:


- Amanhã é o funeral do vovô, mesmo que você queira ir até ela, não deveria ser capaz de dizer o que é
mais importante?

- Ameaças? - Ele estreitou seus olhos escuros e agarrou ferozmente minha mandíbula, disse com sua voz
baixa e fria:

- Kaira, você se tornou tão desobediente._______________


O labirinto de amor

Capítulo 3 Eu Concordo com o Divórcio

Eu sabia muito bem que não havia como mantê-lo. Mas algo tinha que ser tentado. Eu levantei os olhos,
olhei diretamente para ele e disse:

- Concordo com o divórcio, mas tenho uma condição. Você fica aqui essa noite e fica comigo durante o
funeral do vovô. Depois disso, vou assinar.

Ele estreitou os olhos, zombaria sarcástico em seus olhos escuros, os cantos de seus lábios se movendo
levemente:

- Me agrade. - Ele soltou a mão e veio até meu ouvido. - Kaira, você tem que confiar em suas próprias
habilidades em tudo, é inútil confiar somente em sua boca.

Sua voz era fria, com uma pitada de provocação baixa. Entendi o que ele quis dizer e levantei meus
braços em torno de sua cintura, inclinando minha cabeça o mais próximo possível da dele, a diferença de
altura entre nós dois, grande demais para tal gesto, me fazendo parecer cômica e ridícula.

Não consigo dizer como me sinto por dentro. É bastante patético… manter alguém de quem se gosta de
tal forma.

Tentei deslizar minha mão por instinto e minha mão foi violentamente pressionada por ele, levantei
minha cabeça para ver seu olhar sombrio e vagamente cintilantes com alguns momentos insondáveis:

- Suficiente!
Não entendi bem o que ele quis dizer quando largou o pijama cinza de forma elegante.

Fiquei estupefacta por um momento, e entendi o que ele estava fazendo, ele optou por... ficar?

Antes que eu pudesse me animar, ouvi a voz de uma mulher que vinha de fora da janela acompanhada
pelo som da chuva:

- Guilherme...

Eu me congelei. Guilherme reagiu rapidamente, ele deu alguns passos para a varanda, depois o vi com
uma cara sombria puxando seu casaco e saindo do quarto.

Do lado de fora da varanda, Lúcia estava sob a chuva forte, usando uma saia fina, deixando a chuva
correr solta, sua beleza originalmente doentia parecendo ainda mais miserável com a chuva naquele
momento.

Guilherme estendeu o casaco que havia trazido sobre ela, e antes que pudesse culpá-la, Lúcia abraçou-o
ferozmente e choramingou em seus braços.

Olhando essa cena, de repente entendi por que eu estava com Guilherme há dois anos, mas ainda não
podia me comparar a um telefonema de Lúcia.

Guilherme abraçou Lúcia e correu para dentro de casa. Eu fiquei na entrada das escadas, olhando para
os dois que estavam encharcados pela chuva e bloqueando seu caminho.

- Desapareça! - Guilherme falou, seu tom frio e sombrio, seu par de olhos negros olhando para mim com
repugnância.

Triste?

Não sei, mas o que dói mais do que o coração são os olhos, que observam como o homem amado
pisoteia os outros e me depreza.

- Guilherme, quando nos casamos, você prometeu ao vovô que enquanto eu, Kaira, estivesse aqui, por
um dia que fosse, você não deixaria ela dar um passo para cá. - Esse era o único lugar que Guilherme e
eu tínhamos preservado para que vivêssemos juntos, e eu tinha cedido inúmeras noites com ele para
Lúcia, então por que eu permitiria que esse espaço, o único terreno que me restava, fosse poluído.

- Ha! - Guilherme me arrancou e disse em voz fria:

- Kaira, você pensa muito bem de si mesma.

Que ironia, vendo-o abraçar Lúcia no quarto de hóspedes, afinal, eu só podia assistir como uma
espectadora.

Era uma noite destinada a ser inquietante.

Lúcia se molhou lá fora e já estava fraca. A forte chuva a fez desenvolver uma febre alta. Guilherme
usava uma toalha para resfriá-la fisicamente.

Ele me deu um olhar frio e disse:


- Você volta a morar na Mansão de Aguiar! Lúcia é assim, e não pode voltar hoje à noite.

Agora me deixa voltar para a Mansão de Aguiar? Oh...

Fui eu quem o entediou.

Olhando para Guilherme por muito tempo, eu realmente não sabia o que deveria dizer para lembrá-lo do
quão longe estava a velha casa, quão tarde era, e quão perigoso seria ir até lá sendo uma mulher.

No entanto, ele não se importava com nada disso. Tudo o que ele se importava era se minha presença
aqui interferiria no descanso de Lúcia.

Suprimindo o luto em meu coração, eu finalmente disse com calma:

- Vou voltar para meu quarto, não é... apropriado ir para a Mansão de Aguiar agora!

Ele não me ama, e eu não posso deixar ele me destruir.

Deixei o quarto de hóspedes e encontrei Vinícius Moreno no corredor, que tinha chegado com pressa.
Seu corpo esbelto ainda estava em seu pijama preto, provavelmente apressado e sem trocar os sapatos,
suas roupas estavam em sua maioria molhadas.
O labirinto de amor

Capítulo 4 O Machado de Guerra

O corredor não era espaçoso, e quando se encontraram na passagem estreita, ele se congelou
levemente, endireitou sua lapela e falou:

- Srta. Sanches, vim para fazer consulta a Lúcia.

Vinícius é amigo de Guilherme. Dizem que, para saber se um homem leve uma mulher a sério, basta
olhar para a maneira como aqueles ao redor dele a tratam.

Não preciso ver sua atitude, basta ouvir, parece que sempre tenho apenas um nome. - Srta. Sanches.

Que maneira educada e afastador de se dirigir a alguém!

Não se pode dar muita atenção a muitos detalhes, senão, vai ficar deprimido.

Eu sorri e dei passagem a ele:

- Bem, entre!

Às vezes tenho muita inveja de Lúcia Castro, ela só precisa derramar algumas lágrimas para ter o calor
que eu não consigo ter mesmo depois de passar metade da minha vida tentando.

Voltei para o quarto, encontrei uma roupa que Guilherme não tinha usado e a levei para a sala de estar.
A consulta foi rápida, Vinícius mediu a temperatura de Lúcia, prescreveu medicamentos para reduzir a
febre, e estava pronto para partir.

Quando ele desceu e me viu de pé na sala de estar, ele sorriu:

- Está ficando tarde, Srta. Sanches, ainda não dormiu?

- Bem, vou dormir mais tarde! - Entreguei-lhe as roupas em mãos e disse:

- Suas roupas estão molhadas e ainda está chovendo lá fora, mude para algo limpo antes de ir, para não
pegar um resfriado.

Provavelmente surpreso por eu lhe trazer roupas, ele se congelou e forçou um sorriso no seu rosto
bonito:

- Não, obrigado, sou forte, não me incomoda!

Coloquei as roupas em suas mãos e disse:

- Guilherme não usou essa roupa antes, a etiqueta ainda está aí e vocês são mais ou menos do mesmo
tamanho, pode usá-la!

Com isso, subi para o meu quarto.

Não sou desse tipo de pessoa bondosa. Quando minha avó foi hospitalizada, Vinícius foi o cirurgião
principal, ele é um médico internacionalmente famoso. Se não fosse pela Família Aguiar, ele não teria
concordado em operar minha avó. A roupa é considerada uma recompensa de gratidão.

No dia seguinte.

Na manhã seguinte, o sol estava perfumado com a fragrância da terra. Eu estava acostumada a acordar
cedo e quando desci as escadas após tomar banho, Guilherme e Lúcia estavam ambos na cozinha.

Guilherme está usando um avental preto e seu corpo esbelto está de pé ao lado de fogão fritando ovos.
A aura dura e fria de seu corpo se dissipa, revelando um pouco de uma atmosfera caseira.

Os olhos negros brilhantes de Lúcia continuavam olhando para ele, como se ela tivesse acabado de se
recuperar de uma febre alta, e seu delicado e pequeno rosto ainda estava docemente vermelho,
adorável e encantadora.

- Guilherme, queria comer ovos fritos um pouco queimados. - Enquanto ela falava, Lúcia colocou um
morango na boca de Guilherme e continuou.- Mas não pode ser muito queimado, caso contrário, carrega
um sabor amargo.

Guilherme mastigou um morango, e seus olhos escuros olharam para ela, sem uma única palavra, mas
apenas um olhar continha o mais mimo.

Um homem bonito e uma mulher bonita, eles realmente se dão bem juntos!

Tais cenas, interações quentes e rosadas, são bastante doces.

- Eles se dão bem, não? - Uma voz veio de trás de mim e eu me congelei, virando-me para ver Vinícius.
Eu tinha esquecido que tinha chovido muito ontem à noite, e Lúcia tinha uma febre alta, então,
naturalmente, Guilherme não o deixaria voltar a casa.
- Bom dia! - Eu falei, sorrindo. Meus olhos caíram sobre as roupas que ele estava vestindo, que eu havia
entregado a ele ontem à noite.

Notando meu olhar, ele levantou as sobrancelhas e sorriu:

- Serve muito bem, obrigado.

Balançei cabeça:

- Não é preciso! - Comprei essa roupa para Guilherme, mas ele nunca se preocupou em tocá-la.

Talvez ouvindo a comoção, Lúcia gritou para nós:

- Sra. Sanches, Vinícius, vocês já se levantaram? Guilherme cozinhou ovos, venham comê-los com a
gente!

O tom era como se ela fosse a proprietária da casa.

Eu sorri levemente:

- Não, obrigada. Ontem comprei pão e leite, e os coloquei na geladeira. Seu corpo está se recuperando,
tome mais.

Esse é o lugar onde vivo há dois anos e o certificado imobiliário tem tanto meu nome quanto o nome de
Guilherme.

Mesmo que eu seja fraca, não estou disposta a deixar que outros assumam o controle.______
O labirinto de amor

Capítulo 5 Sortuda em Tomar o Café da Manhã Feito pelo Sr. Guilherme

Quando eu disse isso, o pequeno rosto de Lúcia congelou e voltou para Guilherme, puxando o canto da
sua camisa, sussurrou:

- Guilherme, fui muito caprichosa ontem à noite e incomodei você e a Sra. Sanches. Você pode deixá-la
ficar e tomar o café da manhã connosco? Pense nisso como meu pedido de desculpas.

Tenho emoções muito confusas... Triste? Não sei...

É verdade, algumas pessoas não precisam se esforçar muito. Eles podem obter o que os outros não
podem apenas por fazerem meiguices e mostrarem fraqueza.

Guilherme era indiferente à minha presença, mas quando ele ouviu Lúcia falar, olhou para trás e disse:

- Comam juntos!

Frio e comando no tom.

Isso dói? Estou acostumada a isso.

Eu forcei um sorriso e acenei:

- Obrigada!
Não posso dizer não a Guilherme, ele foi alguém por quem eu me apaixonei à primeira vista e será difícil
eu deixá-lo ir pelo resto da minha vida.

Foi a primeira vez que comi o café da manhã feito por Guilherme. Eram ovos fritos e mingau de feijão
verde, sendo comum mas extraordinário. Sempre pensei que um homem como ele era alguém que
estava nos braços de Deus e suas mãos eram usadas para dominar o mundo.

- Sra. Sanches, experimente o ovo frito feito pelo Guilherme, muito gostoso. Ele costumava fritá-los para
mim quando estávamos juntos. - Lúcia disse enquanto atirava um ovo em direção à minha tigela.

Então ele deu um ovo a Guilherme e disse com um sorriso:

- Guilherme, você prometeu acompanhar-me até o Rio Verde para ver as flores hoje, não pode faltar ao
compromisso.

- Está bem! - Guilherme disse. Ele tomou seu café da manhã com elegância e quietude, sempre falava
pouco, mas para Lúcia ele parecia responder a todas as perguntas e pedidos.

Vinícius parecia ter se acostumado a tudo há muito tempo, movendo-se graciosamente enquanto
tomava seu café da manhã e nos observava como um forasteiro.

Eu baixei os olhos e franzi a testa involuntariamente, o funeral do vovô será realizado hoje, se Guilherme
for acompanhar Lúcia, então na Mansão de Aguiar...

Esse é um café da manhã que ninguém pode comer bem. Depois de algumas mordidas simples, quando
vi Guilherme terminar de comer e subir para trocar de roupa, pousei meus pratos e o segui.

No quarto.
Guilherme sabia que eu o estava seguindo:

- Qual o problema?

Ele tirou suas roupas como se nada tivesse acontecido, seu corpo tonificado exposto no ar. Por instinto,
virei de costas e disse:

- O funeral do vovô será realizado hoje!

Havia o som de uma maricas e o som de um zíper de cinto. Ele respondeu:

- Basta que você vá até lá.

Eu franzi minhas sobrancelhas:

- Guilherme, ele é seu avô. - Ele era o primogénito da Família Aguiar, o que o resto da família pensaria se
ele não estivesse presente nesse momento?

- Para o enterro, já mandei Caio Vieira ir lá para fazê-lo, e você pode comunicar com Caio sobre
quaisquer outros detalhes. - Disse ele sem emoção, como se estivesse cuidando de um assunto
insignificante.

Ao vê-lo caminhando em direção ao escritório, levantei minha voz e disse:

- Guilherme, é verdade que para você, exceto Lúcia, todos os outros são dispensáveis? O que é que o
parente significa para você?!

Ele parou e me olhou de volta e os olhos negros se estreitou ligeiramente, com postura fria e arrepiante:

- São assuntos da Família Aguiar, não é seu lugar vir até mim e falar besteira.

Após uma pausa, seus lábios finos se levantaram e ele cuspiu algumas palavras com um sarcasmo
inigualável:

- Você não merece isso!

Suas poucas palavras foram como água fria que se derramasse na minha direção, me encharcando com
um frio em todos os meus membros.

Dei um sorriso amargo ao ouvir o som dos poucos passos de saída.

Eu não mereço isso!

Oh!

Dois anos se passou e eu ainda não consegui aquecer uma pedra fria.

- Achei que você era apenas descarada, mas não pensei em que gostasse de se intrometer nos assuntos
alheios. - Um som de escárnio veio do lado.

Eu me virei e vi Lúcia encostada no arco da porta com os braços envoltos em si mesma, a inocência e a
graciosidade em seu rosto há muito desaparecidas, deixando apenas a frieza.___
O labirinto de amor

Capítulo 6 Lúcia está Grávida

- A velocidade com que a Srta. Castro mudou sua atitude é bastante surpreendente. - disse eu.
Dando-lhe uma olhada, peguei minha bolsa e estive prestes a ir direto para a casa de Aguiar.

Mesmo que Guilherme não vá, eu devo ir.

Assim que cheguei à porta, fui bloqueada por Lúcia, Guilherme não estava lá e ela não fingia mais ser um
coelho branco. Ela olhou para mim e disse friamente:

- Quando você vai assinar os papéis do divórcio?

Eu sorri, olhei para ela e disse:

- A Srta. Castro agora está me forçando a me divorciar como a terceira parte?

- Você é a terceira parte! - Ela não parecia gostar de ser chamada de a terceira pessoa, com rosto
enevoado, ela disse:

- Kaira Sanches, se não fosse por você, eu seria a dama dessa casa a essa altura. O avô de Guilherme está
morto, e ninguém pode protegê-la para permanecer aqui. Se eu fosse você, assinaria o acordo
mansamente, pegaria o dinheiro dado por Guilherme e sairia daqui.

- Srta. Castro, é uma pena que você não seja eu! - Eu lhe dei uma palavra fria, ignorando o frenesi dela,
eu a ignorei diretamente e me preparei para descer, excepto as palavras de Guilherme, as de ninguém
nesse mundo poderiam me dar o mais leve dos machucados.
A Srta. Lúcia, que estava acostumada a ser adorada e mimada, ficou um pouco chateada quando eu a
ignorei e me puxou com força:

- Kaira Sanches, você quer continuar a ser descarada? Guilherme não gosta de você, então o que pode
ganhar por ficar ao lado dele?

Olhando para ela, eu me senti um pouco engraçada e disse em uma voz calma:

- Por que você está tão nervosa quando sabe que ele não se importa comigo?

- Você… - disse a menina, corando ansiosamente, incapaz de falar por um momento.

Aproximei-me mais dela e zombei, abaixando minha voz:

- Quanto ao motivo de que tenho que ficar com ele... - Acalmei meu tom e disse em uma voz suave.

- Ele é tão bom na cama, do que você acha que adianta?

- Kaira Sanches, você é uma sem-vergonha! - Os olhos de Lúcia estavam ferozmente vermelhos de raiva,
e ela estende a mão para me empurrar, com as escadas atrás de mim, por instinto, eu me afastei de
forma inconsciente para evitar que ela se aproximasse.

Mas o que eu não esperava era que Lúcia não se mantivesse firme e caísse diretamente para baixo em
direção às escadas.

- Ah... - veio seu grito dilacerante pelo corredor, e eu congelei por um momento antes de poder reagir.
Guilherme desceu rapidamente as escadas para ver Lúcia, que já estava deitada no chão.

Lá embaixo, Lúcia se curvava, seu rosto branco de dor ao agarrar a barriga, com uma voz fraca ao gritar:

- O bebê, meu bebê!

Havia sangue espalhado embaixo dela, manchando uma grande área do tapete, e eu congelei, ela
estava... grávida?

O bebê é de Guilherme?

- Guilherme, o bebê, o bebê... - Lúcia agarrou a manga de Guilherme e repetiu o bebê uma e outra vez.

Suor irrompeu na testa de Guilherme, seu rosto era demasiado sombrio e frio.

- Não tenha medo, o bebê vai ficar bem. - Ele acalmou Lúcia e a levou nos braços, caminhando em
direção à porta.

Guilherme deu alguns passos e, de repente, parou. O rosto do homem estava esticado, a raiva escondida
em sua voz estava clara como o dia:

- Kaira, veja o que você fez.

Aquelas palavras continham indiferença, ódio e raiva.


Eu estava congelada no lugar, sem saber o que fazer por um momento.

- Você não quer explicar a ele? - Uma voz baixa veio de trás de mim, ao olhar, vi que era Vinícius, que
tinha me seguido em algum momento.

Suprimindo o pânico em meu coração, eu disse com calma:

- Explicar o quê?!

Ele levantou uma sobrancelha:

- Não tem medo de que ele entenda mal? Que você empurrou Lúcia para baixo?

Baixei os olhos:

- Não importa se eu empurrei ou não, o que importa é que sua Lúcia se feriu e alguém tem que assumir a
culpa no final.

- Você pensou bem! - Vinícius desceu e levou o kit médico para fora.

Acredito que ele tenha seguido Guilherme até o hospital para ver Lúcia.
O labirinto de amor

Capítulo 7 Funeral do Vovô Rodrigo

Levava uma hora de carro de casa até a Mansão de Aguiar, e eu estava atordoada durante aquela hora.

O bebê de Lúcia, a maneira como Guilherme olhou para mim quando ele estava saindo, tudo isso estava
me pesando.

O carro tinha acabado de parar na entrada da Mansão de Aguiar e eu fiquei nauseada. Saí correndo do
carro e vomitei na lateral do canteiro de flores, mas nada saiu.

- Meu deus, você está casada há tão pouco tempo e já ficou tão delicada, vomitando assim depois de
uma curta viagem de carro. - uma voz sarcástica veio da entrada da mansão.

Não há necessidade de procurar para saber quem é. Rodrigo teve dois filhos, mas seu filho mais velho,
André Aguiar, foi enterrado pelo casal em um acidente de carro cedo na vida, deixando seu único filho,
Guilherme. Outro filho de Rodrigo é Bruno Aguiar.

A pessoa que está do lado de fora da mansão nesse momento, zombando de mim, é Rafaela Brito, a
esposa de meu Tio Bruno, minha tia. Há muitas rixas na família rica, e estou acostumada a elas.

Reprimindo a sensação desagradável em meu estômago, olhei para Rafaela e falei de forma educada e
gentil:

- Olá, tia Rafaela!


Rafaela nunca gostou de mim, talvez porque vim de uma casa pobre, mas Rodrigo gostava de mim, o que
a deixou com ciúmes. Talvez porque Rodrigo tinha dado grande importância a Guilherme e tinha
confiado toda a Família Aguiar a ele.

Rafaela olhou friamente para mim, não viu mais ninguém no carro, então franziu o rosto de imediato e
disse:

- O quê? O funeral do vô Rodrigo e Guilherme nem sequer aparece?

Havia muita gente aqui hoje, e estava de fato esquisito que Guilherme não estivesse aqui. Eu sorri e
disse:

- Guilherme tem um assunto urgente a tratar, ele pode ter que chegar um pouco mais tarde.

- Ha! - Rafaela deu um riso sarcástico, - Esse é o homem que Rodrigo valoriza, e não é mais do que isso.

Muitas pessoas estavam presentes. Embora Rafaela não gostasse de mim, ela não me deu muitos
problemas.

Entramos juntas na mansão. A tabuleta mortuária de Rodrigo foi colocada no centro do salão, o corpo foi
cremado a urna com as cinzas que foi colocada atrás do símbolo. Um número de flores brancas para o
homenagear foi colocado no salão e incenso e tributos para incenso foram colocados em frente ao sala
mortuária.

Uma após a outra, muitas pessoas vieram. A reputação de Rodrigo era tão bem conhecida que a maioria
das pessoas que vieram prestar seus respeitos eram pessoas de grande status. Bruno e Rafaela cuidavam
das pessoas lá dentro e lá fora.

- Srta. Sanches. - Joana Alves, que estava segurando a caixa de sândalo ao lado, falou para mim.

- O que foi, Joana? - Embora a Família Aguiar seja grande, a relação não é complicada porque não há
muitos herdeiros. Rodrigo gostava de ficar quieto, então ele deixou apenas Joana por perto para cuidar
do seu cotidiano.

Joana colocou a caixa de sândalo em minhas mãos e disse com uma expressão de piedade:

- Isso é o que o Sr.Rodrigo lhe deixou antes de morrer, guarde-a bem.

Depois de uma pausa ela acrescentou:

- Rodrigo sabia que uma vez que ele morra, o Sr. Guilherme vai forçá-la a se divorciar. Se você não quiser
se divorciar, dê essa caixa a ele, ele ficará apreensivo e não se divorciará facilmente.

Olhei para a caixa de sândalo na minha mão, quadrada e trancada por uma fechadura oculta, e olhando
para Joana, perguntei:

- Onde está a chave?

- O Sr. Rodrigo já deu a chave para o Sr. Guilherme. - Joana disse. - Quando ele estava vivo, ele sempre
quis que você e o Sr. Guilherme tivessem um bebê, para dar um descendente à Família Aguiar. E agora
ele já faleceu, devem ter filhos.

Me congelei ao ouvir mencionar as crianças, sorri para Joana e não disse mais nada.
Após o término das orações, a urna de Rodrigo deveria ser levada para o cemitério em um carro
funerário para ser enterrado. Já era tarde quando chegamos ao cemitério, mas Guilherme ainda não
tinha aparecido.

A cerimônia de enterro havia terminado e Guilherme ainda não havia chegado. Segurando Rafaela,
Bruno olhou para mim e disse:

- Kaira, as pessoas não podem voltar à vida após a morte. Você volte para casa e tenha uma boa
conversa com Guilherme, e lhe peça para não se zangar com o velho, ele não lhe deve nada nessa
vida.______
O labirinto de amor

Capítulo 8 Cuidar de Lúcia

Rafaela disse sarcasticamente:

- Guilherme não sabe nada sobre gratidão, desperdiçando todos os esforços de Rodrigo durante todos
esses anos.

- Cale a boca! - Bruno disse a ela, e me olhou impotente. - Está ficando tarde e Rodrigo está enterrado,
então volte já para casa!

- Está bem, obrigada Bruno. - Bruno e Rafaela já têm mais de cinquenta anos e não têm filhos. Eles têm
acção no Grupo Aguiar e vivem uma vida pacífica.

Embora Rafaela gostasse de ironizar, ela não era uma pessoa má. Os dois casais vivem uma vida que
muitas pessoas invejavam.

Enquanto os via ir embora, ficava diante da lápide de Rodrigo. Com a morte dele, meu destino com
Guilherme havia terminado.

O vento vai parar, a chuva vai secar, o sol vai se pôr e eu vou perdê-lo no final.

- Cuide-se, Rodrigo, voltarei para visitá-lo daqui um tempo. - De pé em frente à lápide, me curvei
profundamente. Estava prestes a me virar e partir quando fiquei chocada.

Quando Guilherme chegou?


Ele estava vestido de preto com seu rosto baixo e frio, seu corpo esbelto parando a uma curta distância
atrás de mim. Seus olhos escuros sem fundo caíram sobre a lápide do velho e sua expressão muito
profunda para perceber qualquer emoção.

Quando me virei, ele desviou o olhar e sua voz era baixa e calma:

- Vamos!

Ele... está aqui para me buscar?

Ao vê-lo virar para sair:

- Guilherme, seu avô já se foi. Sabe, ele tem feito muito por você ao longo dos anos...

Seus olhos ficaram mais frios quando ele me encarou. Parei de falar e fiquei até um pouco perplexa.

Pensei que ele ficaria furioso comigo, mas para a minha surpresa, ele simplesmente se afastou sem uma
palavra.

Quando o segui para fora do cemitério, já estava ficando escuro. O motorista que me pegou
originalmente tinha saído mais cedo já que Guilherme tinha vindo.

Só poderia voltar com Guilherme. Quando entramos no carro, ele o iniciou e a viagem foi tranquila.
Apertei meus dedos e tentei repetidamente perguntar sobre Lúcia, como ela estava, mas sempre que via
seu rosto sombrio, empurrava as palavras de volta.

Depois de muito tempo, decidi perguntar:

- Como está a Srta. Castro? - Não fui eu quem a empurrou para baixo, mas ela caiu na minha frente.

O carro que estava em movimento parou de repente. Como estava indo muito rápido, eu me inclinei
para frente com a inércia. Antes que eu pudesse reagir, minha cintura foi violentamente pressionada.
Sentei-me de novo e metade do corpo de Guilherme foi pressionada contra mim.

Seus olhos negros me encaravam, suas pupilas eram afiadas e frias, e sentindo o perigo, não pude deixar
de encolher meu corpo e disse:

- Guilherme...

- O que você espera? - ele disse sarcasticamente,- Kaira, você não acha mesmo que se o vô Rodrigo lhe
der aquela caixa, eu não me divorciarei de você, acha?

Meu coração saltou até a garganta, ele realmente é todo-poderoso. Apenas algumas horas tinham se
passado e ele sabia de tudo.

- Eu não a empurrei.- Reprimindo a amargura em meu coração e encontrando seus olhos escuros, eu
queria rir um pouco.- Guilherme, eu não sei o que está na caixa que seu avô me deu, e eu não pensei em
usá-la para manter nosso casamento, surpreendentemente você quer tanto se divorciar, tudo bem!
Concordo, amanhã iremos ao Escritório de Assuntos Civis para obter a certidão de divórcio.

Já estava completamente escuro, e o som do vento do lado de fora da janela do carro, acompanhado
pela chuva, tornava a atmosfera, já baixa, ainda mais silenciosa e sombria.

Meu súbito consentimento com o divórcio parecia surpreender um pouco Guilherme, mas só por um
momento, seus lábios finos se levantaram e ele zombou:

- Lúcia ainda está no hospital, você concorda com o divórcio agora, está planejando ir embora?

- O que você quer que eu faça! - Sim, como ele pôde me deixar ir tão facilmente quando seu amor estava
no hospital por minha causa.

- A partir de amanhã, você vai tomar conta dela. - Ele se sentou mais reto, seus dedos finos se agarrando
ao volante com um olhar profundo.__

O labirinto de amor

Capítulo 9 Faça Sua Aposta

Eu não sabia o que ele estava pensando e acenei com a cabeça.

Às vezes, as pessoas são humildes sem nenhum motivo. Já estou acostumada aos pedidos de Guilherme,
acabo obedecendo mesmo quando me sinto muito relutante.

O carro foi para o centro. Eu pensei que Guilherme me levaria na direção da mansão, mas ele me levou
diretamente ao hospital.

O cheiro de desinfectante espalhado em cada esquina do hospital era algo que eu não gostava, mas eu
tinha que ir com o Guilherme até o quarto de Lúcia.

Lúcia estava recebendo uma transfusão, estava doente e fraca. Deitada numa cama branca, seus olhos
claros lhe davam um ar de delicadeza.
Quando ela me viu entrando com Guilherme, me olhou com frieza e disse, depois de um tempo:

- Não quero vê-la!

Toda a delicadeza se tornou a frieza e ódio, graças à perda do bebê.

Guilherme foi até ela e a levantou da cama, acariciando seu rosto:

- Deixe ela cuidar de você por alguns dias. Ela leva jeito para isso.

Toda aquela intimidade e carinho deixou o meu coração doer.

Lúcia queria falar sobre outra coisa, mas resolveu não dizer, olhou para Guilherme e disse com um leve
sorriso:

- Certo, farei como quiser!

Com algumas palavras, eles decidiram se eu ficaria ou iria embora.

Que absurdo, eu não disse nada e obedeci ao combinado deles.

Guilherme era muito ocupado. Ele não apareceu no funeral de Rodrigo, mas ele era um membro dos
Aguiar. Ele tinha muitos assuntos para tratar já que estava no controle do grande Grupo Nexia. Portanto,
ele não tinha muito tempo para ficar no hospital com Lúcia.
Eu era a única que poderia ficar e cuidar de Lúcia.

Lúcia havia dormido muito durante o dia, eram 2 da manhã e ela não conseguia pegar no sono. Não
havia nenhuma cama extra no hospital, me restou sentar na cadeira próxima à cama.

Ao ver que eu não tinha dormido, me olhou e disse:

- Kaira, você é uma pessoa muito humilde.

Não soube o que responder a princípio, olhei para o anel em meus dedos e disse a ela:

- Não é isso que é o amor?

Ela riu bastante antes de perguntar:

- Você está cansada?

Eu acenei, dizendo que sim. A vida passa muito rápido, o que não é cansativo? Apenas me apaixonei por
alguém.

- Você pode pegar um copo de água pra mim? - Ela falou enquanto se levantava.

Disse que sim e fui servir a água.


- Não precisa colocar água fria, pode ser quente! - Ela disse, sem demonstrar muita emoção.

Entreguei o copo a ela. Ela não o pegou, disse:

- Tenho pena de você, mas te acho patética. Meu aborto não foi sua culpa, mas, mesmo assim, sinto
raiva de você.

Eu não tinha certeza do que ela queria dizer com isso. Eu a entreguei o copo:

- Cuidado, está quente!

Ela pegou o copo de água e me puxou com força. Por instinto, eu teria tirado a minha mão. Ela olhou
para mim com seus olhos escuros e disse:

- Faça sua aposta, vamos ver se ele vai se preocupar com você ou não.

Eu vi o homem de pé em frente à porta e me perguntei quando ele teria chegado. Lúcia me olhou com
cara calma, e perguntou:

- Quer apostar?

Eu não disse nada e deixei que ela derramasse água quente no dorso da minha mão. Doeu muito, como
se milhares de formigas estivessem me mordendo.

De forma velada, isso fechava a aposta.

Lúcia largou o copo de água. Ela disse, com uma cara inocente:
- Desculpe, não foi minha intenção. Derramei a água quente sem querer, você está bem?

Que hipocrisia.

Eu retirei a mão e disse, suportando a dor:

- Está tudo bem!

O labirinto de amor

Capítulo 10 Guilherme Fez Vista Grossa

Guilherme, que estava assistindo a esta cena ao lado, entrou e disse a Lúcia:

- Por que você não está descansando?

Para Lúcia, o aparecimento de Guilherme parecia súbito. Ela ficou toda carinhosa quando o viu
chegando. Ela o puxou pela camisa e o sentou na beirada da cama, disse enquanto o abraçava:

- Dormi tanto de dia que não consigo dormir agora. Por que você veio?

- Eu vim te ver!- Enquanto ele falava, Guilherme me olhava atravessado. Ele olhou para o dorso de minha
mão e disse, sério:

- Trate isso.

A voz fria não mostrou nenhuma compaixão ou preocupação.

Lúcia ainda o abraçava, pedia desculpas e admitia a culpa:


- Não tomei cuidado e queimei a Kaira.

Guilherme alisou seus longos cabelos, parecendo tão inocente.

Eu senti como se eu tivesse sido empurrada de um penhasco. Me doía tanto o meu coração que eu não
conseguia respirar, aos poucos fui saindo do quarto.

De fato, eu sabia, desde o início, que eu iria perder essa aposta com Lúcia, mas, mesmo assim, sinto um
lampejo de esperança. Se Guilherme tivesse dito ao menos “Machucou?”, seria o suficiente para eu
persistir.

Mas, no fim das contas, não consegui pena, nem mesmo simpatia.

No corredor, eu fui bloqueada por um grande peito. Eu olhei para cima e vi Vinícius, com uma expressão
séria, mas linda. Ele estava me olhando de uma forma curiosa.

Eu não sei por que, olhei para ele e disse:

- Dr. Vinícius!

Ele ficou olhando para mim por um tempo e, de repente, disse:

- Dói?

Meu coração ficou abalado. Plim! Uma pequena gota de lágrima caiu no chão. O vento assobiou pelo
corredor, fazendo aquele corredor frio e solitário ainda mais vazio e silencioso.
Alguém que vi algumas vezes perguntou se “Dói”. Alguém que ficou comigo por dois anos não se
importou com isso!

Ele pegou minha mão e eu não soube o que fazer, tentei retirar a mão dele.

- Eu sou um médico! - Vinícius disse. Quer dizer, ele é um médico e eu não poderia recusar a ajuda, nem
ele poderia ignorar meu machucado.

Sei que ele não gosta de se meter onde não é chamado, ele só tinha feito isso porque eu era a esposa de
Guilherme.

Fui com Vinícius até a sala de cirurgia. Ele conversou com a enfermeira e me disse:

- Obedeça a ela para colocar um curativo aí.

Concordei e disse:

- Obrigada!

Vinícius saiu. A enfermeira limpou o dorso da minha mão queimada. Ela olhou para as bolhas brancas na
minha mão e disse, com seriedade:

- Essa queimadura é um pouco grave, pode ser que deixe cicatrizes.

- Está tudo bem! - Fica como uma lição.

As bolhas, normalmente, precisam ser picadas para limpar o pus nesse tipo de ferida.
Temendo que eu não aguentasse, a enfermeira disse:

- Vai doer, então você precisa aguentar.

- Tudo bem!

Isso dói, mas não tanto. A dor em meu coração já é dolorosa o suficiente.

A enfermeira me explicou algumas coisas após limpar a ferida. Logo eu estava pronta a voltar ao quarto
de Lúcia. Ouvi um leve murmúrio quando passei pela escada, acabei parando para ouvir melhor.

- Rodrigo se foi, quando você planeja se divorciar dela? - Era a voz de Vinícius?

- Kaira? - O homem falou. A voz era baixa e fria. Era muito familiar. Era de Guilherme.

Ao chegar mais perto das escadas, vi Guilherme de relance, com suas mãos nos bolsos e encostado no
corrimão. Vinícius se apoiava na parede, com um cigarro entre os dedos, já pela metade.

Vinícius bateu a cinza do cigarro, olhou para Guilherme com seu olhos calmos e disse:

- Você sabe que ela não fez nada, e ela sofreu tudo só porque te ama.

Guilherme levantou a cabeça, olhou friamente para Vinícius e disse:

- Desde quando você se importa com ela?

Ouvindo isso, Vinícius franziu a testa e falou:

- Você pensa demais, só estou te avisando para não se arrepender depois. Mesmo que receba o amor
que é profundo, mas este podia ser pegado de volta um dia.
- Heh! - Guilherme riu:

- Eu nunca me importei com o amor dela...

Eu parei de ouvir a conversa deles. Era o suficiente para saber os pensamentos alheios na mente. Mas se
ainda quiser ouvir as palavras para confirmar, só podia ser magoada.____

O labirinto de amor

Capítulo 11 Você Vai Retirar?

Eu fui até o quarto de Lúcia, ela já tinha adormecido. Havia uma mulher de meia idade no quarto, uma
enfermeira que Guilherme trouxe. Ela me cumprimentou brevemente quando me viu. Guilherme devia
ter pedido para ela cuidar de Lúcia, portanto eu não fiquei por muito mais tempo.

Depois de sair do hospital, peguei um táxi para a mansão.

Após uma noite inteira sem dormir direito, cheguei pela manhã. Eu estava um pouco sonolenta,
provavelmente por causa da minha gravidez. Fui diretamente para cama ao chegar no quarto.

Num transe, fui acordada pelo forte cheiro de cigarro. Abri os olhos e vi uma silhueta sentada próxima à
cama. Me assustei, mas logo reparei que era Guilherme.

Eu não sabia quando ele tinha voltado. O quarto estava cheio de uma densa fumaça. As portas e as
janelas estavam fechadas, e ele ainda tinha um cigarro entre os dedos longos. Eu não sabia quanto ele
tinha fumado, mas não pareciam pouco.

- Você voltou. - Eu disse, enquanto me sentava para olhar para ele.

Ele nunca fumou, mas agora ele estava fumando no quarto sem escrúpulos, então eu imaginei que algo
havia acontecido.
O cheiro de fumaça no quarto era tão forte que eu não conseguia respirar, por isso eu me levantei e fui
abrir a janela.

Ele ainda estava sentado no sofá e, quando passei por ele, fui puxada e caí em seus braços. As mãos me
rodeavam com tanta força que fiquei com medo.

- Guilherme! - Não soube realmente o motivo, mas não gostei desse homem com cheiro de fumaça. Eu
tentei me livrar, mas ele não me deixou ir.

Me acalmei e perguntei a ele:

- Você andou bebendo?

Eu não havia percebido isto antes, mas agora, perto dele, o cheiro de vinho forte ficou claro.

- Você não me odeia? - Essa frase, dita de forma tão abrupta, me deixou confusa. Com cenho franzido,
ele tem restolho ao redor dos lábios, o que dá pra ver o quão ocupado ele andava recentemente e não
teve tempo para o tratar.

- Eu odeio você! - Respondi. Eu tentei me livrar novamente do abraço dele, mas seus braços pareciam
estar soldados ao meu redor.

Eu perguntei a ele, um pouco confusa:

- Guilherme, o que está acontecendo com você?


- Você vai retirar? - Seus olhos negros me encaravam. Ele parecia confuso, mas devia ser porque ele
estava embriagado.

Eu não sabia do que ele estava falando. Eu perguntei:

- Retirar o quê?

Ele ficou olhando para mim, sem mais palavras, explorando meu corpo com sua mão grande. Eu já sabia
o que ele iria fazer.

Em um reflexo, eu segurei a sua mão e disse, de olhos arregalados:

- Guilherme, sou a Kaira, não a Lúcia, preste atenção.

Ele não disse nada. Me pegou forte e me beijou, com aquela boca cheirando forte a álcool.

- Guilherme, sou a Kaira! Me olhe! - Eu fiquei meio irritada, segurei o rosto dele, tentando fazê-lo olhar
para mim.

Ele olhou para mim por alguns instantes e balbuciou um “ok” mas não parou suas mãos.

O terno que ele está usando fica estava amarrotado com os movimentos. O paletó estava atirado no pé
da cama.

Eu acordei quando vi aquela bagunça espalhada pelo chão. Eu estava grávida, portanto eu não deveria
fazer isso.

Enquanto ele estava se preparando, eu o empurrei para fora da cama, me enrolei na coberta e disse a
ele:

- Guilherme, você está bêbedo.


Depois disso, saí logo do quarto.

Eu saí depois de trocar a minha roupa. Estava com medo de que eu acabaria perdendo o bebê se ficasse
aqui.______

O labirinto de amor

Capítulo 12 Gangues Causando Problemas

Muitas coisas correram mal recentemente, e eu não sabia como lidar com elas. Então, eu fui direto falar
com Esther Gomes.

No Bar de Tempo.

Ainda era cedo e poucas pessoas passavam por aqui. Esther pediu um coquetel e me entregou:

- Por que está aqui a essa hora? O que está acontecendo?

Olhando para o palco de pole dance, com aquela música alta e pessoas gritando, resolvi largar o coquetel
que ela me entregou, disse a ela:

- Nada, vim para conversar com você.

- O Guilherme está te maltratando de novo? Se você realmente não puder viver com ele, você deve se
divorciar. É tão bonita, não acha que merece alguém melhor? Por que convive com uma escultura gélida
para o resto da vida, você não está cansada?

Esther sempre foi direta ao ponto, e ela era minha melhor amiga e experimentou muitas coisas comigo.
Ela vive uma vida verdadeira e não pode me ver afundar em um relacionamento com Guilherme. Eu lhe
entreguei o exame de ultrassom e disse, um pouco desesperada:
- Mesmo bonita, que homem ia querer ficar comigo se eu tiver um filho?

Ela pegou o exame de ultrassom da minha mão e, ao observá-lo com cuidado, disse com os olhos
arregalados:

- Seis semanas? Você não transou com Guilherme, não é? Por que está grávida?

- Você se lembra daquele dia, no mês anterior, quando eu estava bêbada e Guilherme veio me buscar? -
Eu disse, ao tirar o exame das mãos dela.

Ela arregalou os olhos, estava surpresa. Disse:

- O que você vai fazer agora?

Eu balancei minha cabeça, eu também estava confusa com a situação atual.

Esther disse:

- Aborte-o! Você e Guilherme não são a mesma coisa. Rodrigo já se foi. Se você ficar com este bebê, o
infortúnio irá acontecer mais cedo ou mais tarde. Faça o aborto e peça o divórcio. Sua vida é longa, não
pode amar somente uma pessoa.

Eu estava distraída, vendo o bar ficando mais cheio. Eu olhei para Ester:

- Atenda os clientes, eu vou ficar por mais um pouco.

Ela parou de falar quando percebeu que eu não estava escutando. Trocou o coquetel por suco enquanto
me olhava.

Estava ficando tarde e o bar estava ficando agitado. Ester estava muito ocupada para cuidar de mim,
então eu encontrei um canto para sentar.

Eu olhei para os homens e mulheres sob as luzes, me perdi em meus pensamentos.

Não reparei quando houve uma confusão no bar. Recobrei a atenção quando ouvi os gritos e barulhos
altos.

Eu não tinha percebido que alguns vagabundas tinham entrado e estavam rodeando Esther, causando
problemas. Vários clientes foram embora e a música havia parado.

No canto onde eu estava, no escuro, era difícil de me ver. Eu vi Ester cercada por alguns malandros que
portavam bastões de madeira.

Eu sabia que eles vieram aprontando, mas Esther estava calma. Ela olhou para eles e disse:

- Vocês vieram para fazer bagunça ou para se divertirem?

- Estou aqui para brigar, garotinha, tem coragem para brincar com a gente? - O líder dos vagabundos
disse com um sorriso mau, então tentou tocar o rosto de Esther.

Paft! Antes que ele tocasse Esther, eu atirei no braço dele com o copo de suco.

Se recuperando do golpe, ele gritou de dor e disse:

- Quem me acertou?
- Eu! - Me levantei e fui até eles. Esther olhou para mim, parecia preocupada, disse:

- Por que você ainda está aqui?

Eu estava sem palavras. Ela achou que eu já tinha ido embora.

Olhei para ela e disse:

- Se não estivesse aqui, onde estaria?

- Estúpida! - Esther deixou uma palavra enquanto me defendia:

- Quando a briga começar, dê um jeito de fugir daqui.

Eu não a refutei pois sabia que ela estava preocupada comigo, mas disse para o vagabundo que eu havia
acertado:

- Um monte de homem incomodando uma garota, acha certo isso?

O labirinto de amor

Capítulo 13 Estou na Delegacia de Polícia

- Por que não é bom? - Falou o mafioso espancado. Olhou para mim com um sorriso malicioso:

- Foi você que me espancou?

Acenei com a cabeça:


- Te espanquei por acidente. Desculpe!

- Caralho! Já está farto de viver? - Falando isso, o mafioso levantou o bastão para me espancar. Esther e
eu nos esquivamos do bastão ao mesmo tempo, em seguida, eu peguei uma garrafa de cerveja para a
atirar em sua direção.

Vendo que nós revidávamos, as pessoas que originalmente queriam assistir à luta, de imediato, também
pegaram os bastões para nos atacar.

Esther e eu éramos mais ou menos boas em lutar. Não sofremos muito ao lutar contra alguns mafiosos.
Várias pessoas estavam feridas quando a polícia chegou e todo o mundo foi levado para a delegacia de
polícia.

Registrámos um boletim de ocorrência na delegacia. Embora Esther e eu fôssemos vítimas, afinal


estávamos envolvidos na luta, então precisávamos encontrar alguém para pagar nossa fiança.

Esther era órfã. Não tinha nenhum amigo na Cidade de Rio, exceto eu. Não podia fazer nada além de
esperar que eu encontrasse alguém para pagar nossa caução de garantia.

Em tempos normais, eu estava ocupada com os negócios da empresa e da Família Aguiar e não era uma
pessoa sociável. Tenho poucos amigos ao meu redor, então depois de pensar nisso por muito tempo,
ganhei coragem para ligar para Vinícius.

A chamada foi atendida depois de o celular tocar duas vezes. Ninguém falou. Fiquei um pouco
envergonhada e disse:
- Dr. Vinícius. Sinto muito por incomodar você a essa hora. Pode me fazer um favor? Tive um acidente e
estou na delegacia de polícia. Pode vir aqui?

Como não ouvi nenhuma resposta, parei um pouco e disse desamparadamente:

- Dr. Vinícius, por favor.

Depois de muito tempo, ouvi uma palavra dita em voz fria:

- Kaira!

Era voz de... Guilherme!

Por que era ele que atendeu a chamada de Vinícius?

Surpreendida e assustada, eu parei um pouco e disse:

- Guilherme, você...

- O endereço! - Antes que eu pudesse terminar minha frase, ele falou em voz fria.

Eu pude ouvir que Guilherme estava de muito mau humor nesse momento.

- A delegacia de polícia municipal! - A chamada foi desligada logo depois de eu lhe dizer o endereço.

Olhando para mim, Esther disse um pouco zangada:


- Por que não telefonou a Guilherme directamente? Queria criar mais problemas?

Tocando minha testa, eu disse:

- Guilherme tinha bebido quando eu saí da mansão. Achava que ele estava dormindo. Assim eu liguei
para Vinícius, mas eu não esperava...

Não esperava que Guilherme fosse atender essa chamada.

Meia hora depois, Guilherme entrou na delegacia sendo acompanhado por um grupo de pessoas. O
homem tinha uma aura fria, com uma figura alta e esbelta. Bastava estar de pé para que parecesse um
quadro.

Além disso, todos os dias, haviam sempre algumas reportagens sobre ele nas manchetes financeiras da
cidade, então sua chegada atraiu o cumprimento incessante das pessoas na delegacia.

Vendo isso, Esther esfregou meu ombro e disse:

- Na verdade, posso entender por que você está tão obcecada por ele, afinal, que mulher não quer ter
um homem tão excelente como ele? Apenas o título da “esposa de Guilherme Aguiar” é um sonho para
inúmeras garotas, imagine para você, que dorme com ele todos os dias.

Olhei para ela com desdém. Um pouco antes ela me tinha aconselhado a me divorciar, e agora...

Com certeza, mulheres também são inconstantes.

Depois de Guilherme ter lidado com as pessoas na delegacia e assinado, Esther e eu podíamos sair.

Ficamos na porta da delegacia.

O policial que tinha nos detido olhou para Esther e para mim, dizendo:
- Se vocês duas depararem com a mesma situação de novo no futuro, basta chamar a polícia
diretamente. Não lutem!

Olhando para o policial com um sorriso depois de Esther e eu trocarmos um olhar, o agradecemos.

Mas logo depois, Esther murmurou:

- Porra! Eu não deveria ter lutado? Deveria ter aguardado a polícia para recolher meu cadáver?

Eu estava prestes a dizer algo quando senti frieza. Dei uma olhada furtiva em Guilherme. Vestido com
um conjunto preto, ele estava de pé ao lado do seu jipe preto, de forma muito fria.

O labirinto de amor

Capítulo 14 Acha que Vinícius Vai Se Interessar por Você?

Sabendo que ele estava zangado, me despedi de Esther em voz baixa, depois me dirigi com cuidado até
ele e disse com a cabeça baixa:

- Obrigada.

Ele me deu uma olhada fria, com os olhos profundos e escuros, sem revelar nenhuma emoção e disse,
indiferente:

- Entre no carro!

Não me atrevi a dizer mais nada e entrei no carro com obediência.


Esther me enviou uma mensagem de que ela tinha chegado a casa, quando tínhamos percorrido a maior
parte do caminho. Respondi pedindo para ela dormir cedo. Vendo a vista fora do carro, estávamos
também chegando à mansão.

Dei uma olhada furtiva ao homem ao meu lado, que estava com uma aura fria como de costume. Era
natural que eu tivesse de me manter calada antes que ele iniciasse a conversa.

Ele estacionou o carro quando chegamos à vila e entrou na vila de imediato. Eu passei a segui-lo e disse
depois de pensar um pouco:

- Guilherme, achava que estava bêbedo, então liguei para o Dr. Vinícius. Não tive outras ideias.

Embora essa explicação fosse um pouco redundante, eu a disse a ele. Eu sabia que mesmo que não lhe
explicasse, ele não se importaria.

De repente ele parou e se virou para mim. Com os olhos entrefechados, disse em voz baixa:

- Outras ideias? Acha que Vinícius vai se interessar por você?

Ele me bloqueou apenas com uma frase, fiquei estupefacta por um momento e incapaz de dizer
qualquer coisa.

Ele está certo. Sem mencionar que Vinícius é o amigo íntimo de Guilherme, e eu ainda sou a esposa
nominal de Guilherme. Mesmo que não seja, Vinícius não se interessará por mim.

Para Guilherme, eu sou tão pobre quanto a poeira no chão. Se Rodrigo não tivesse tido pena de mim, eu
não teria sido nem um pouco qualificada para conhecer Guilherme, quanto mais para casar com ele.

Vendo que eu não lhe respondi nada, Guilherme ia subir a escada depois de me dar uma olhada fria.
De repente, ele parou depois de dar alguns passos, parecendo que se lembrou de algo. Virou a cabeça
para mim e disse:

- Vá comprar uma ceia no Vignoli Norte.

Fiquei congelada. Por que ele não disse isso a caminho de casa? A mansão fica na direção
completamente oposta do Vignoli Norte, além disso, é madrugada agora e eu tenho de percorrer a meia
cidade para lhe comprar uma ceia?

- Tem de o comer agora? Já é madrugada, talvez esteja fechado.

- Aberto 24 horas. - Sem me deixar dizer mais nada, ele subiu a escada depois de dizer isso.

Na verdade, ele apenas queria me torturar em vez de comer.

Mas, no final, era eu que estava errada e, após uma pausa, saí da vila para ir lá de carro.

Era a época de chuva e o ar estava quente e úmido. Parecia que ia chover. Eu tinha planejado dirigir o
jipe de Guilherme, mas a chave foi levada para o escritório com ele, então eu não tinha escolha senão ir
até a garagem e levar um carro de chassi baixo.

Era uma hora da madrugada. Tendo atravessado quase toda a cidade, consegui comprar a comida. No
início, fiquei feliz por ter sorte de não ter chovido.

No entanto, começou a chover fortemente logo depois de eu sair do Vignoli Norte. Era chuva torrencial,
com relâmpagos e trovões incessantes.

Dirigindo o carro, eu estava a caminho de casa. Como muitos túneis e estradas podem ser inundados na
estação de chuva na Cidade de Rio, eu me desviei dos túneis de propósito. Embora a distância fosse
prolongada, o carro não ia ser inundado.
Mas eu nunca pensei em que o carro quebraria a caminho de casa. Como fiz um desvio e conduzi
devagar, ainda me restava a maior parte do caminho até a vila. Com a chuva forte, eu parei em um lugar
muito afastado, não parecia ser possível apanhar um táxi rapidamente.

Dei uma olhada no celular e descobri que a bateria estava muito fraca. Não podia fazer nada exceto ligar
para Guilherme.

Ninguém atendeu a chamada depois de o celular tocar várias vezes. Vendo que o celular estava prestes a
desligar, eu tive que sair do carro com a ceia e passei a caminhar de volta pela estrada, com um
guarda-chuva que eu peguei no carro.__

O labirinto de amor

Capítulo 15 Ele Sabia que Eu Estava Grávida

Se eu tivesse sorte, poderia ter encontrado um bom motorista, mas o vento e a chuva eram tão fortes à
noite que um guarda-chuva pequeno não funcionou muito, e eu não cheguei muito longe antes que
minhas roupas fossem ensopadas.

Provavelmente porque minha sorte estava ruim, eu tinha andado muito sem encontrar um carro, mais o
ar frio estava afetando meu corpo e meu abdômen estava dolorido como se eu estivesse sendo picado
por agulhas.

Eu temia que algo pudesse acontecer com o bebê, então tive que parar, meio agachada, cobrindo meu
estômago. A chuva estava ficando cada vez mais forte. Apalpei meus bolsos e percebi que meu celular
havia desaparecido. Achei que o tivesse deixado no carro.

Eu tinha ido muito longe e agora a dor no abdômen era tão forte que não havia como eu voltar.
Agarrei-me aos postes de pedra na calçada e mal consegui suportar a dor por alguns passos, mas um
suor frio se transpirou por todo o meu corpo e tive que continuar agachada.

Eu notei vagamente um fluxo quente entre minhas pernas, e fiquei chocada, tive medo de que a criança
não fosse salva...
A velha canção infantil diz que as meninas são feitas de doces, especiarias e tudo que é bonito, quase
como anjos.

Mas nem todas as meninas são feitas de doces, especiarias e tudo que é bonito. Algumas meninas
nascem para enfrentar desastres, dor, sofrimento, separação e falta.

Som de carro. Eu estava prestes a desmaiar e não podia abrir meus olhos quando o ouvi. Então, levantei
minha cabeça ofuscadamente.

O Jipe preto com a placa R ACL999, que pertencia a Guilherme.

As palavras apareceram em minha mente, e eu sabia que era Guilherme que tinha chegado, então tentei
levantar com a pouca força que eu tinha.

Mas estava agachada por muito tempo e estava tonta, caí para trás de repente.

- Mulher estúpida!

Uma voz masculina baixa e fria chegou aos meus ouvidos. Tentei abrir os olhos várias vezes, mas não
tinha forças para fazê-lo. A única consciência que tinha era que Guilherme tinha me levado até o carro, e
então eu estava completamente inconsciente.

Quando acordei, eu estava um pouco desorientada, e rodeada de branco. Quando minha vista se tornou
clara, pude olhar ao redor claramente e percebeu que estava no hospital.

Eu movi meu corpo e me doeu extraordinariamente.

Por instinto, eu toquei meu abdômen.


- Não se preocupe, o bebê está bem!

Fui surpreendida pela voz repentina. Virei meus olhos e vi Vinícius. Senti-me um pouco estupefacta e
fiquei sem palavras por um momento.

Após pouco tempo, eu disse:

- Por que você...

Por que você está aqui? Mas minha garganta doeu e eu não consegui falar mais uma palavra.

Vendo meu estado, ele franziu as sobrancelhas e foi buscar água. Ele levantou minhas costas com suas
mãos. Eu resisti um pouco a isso e apoiei meu corpo com meus braços, tentando me afastar dele.

Ele ignorou minhas ações, passou o copo de água até minha boca. Eu queria agarrar o copo mas fui
impedida por ele.

- Beba!

Assim, não era adequado falar nada mais.

Eu bebia a água antes que minha garganta se sentisse um pouco melhor.

Ele me colocou na cama e pôs o copo na mesa. Eu olhei para ele e disse:

- Obrigada.
Ele abaixou a cabeça para brincar com seu celular na mão, e deu uma resposta suave.

Depois de um momento de hesitação, eu disse:

- Guilherme sabe sobre o bebê?

Se eu tivesse visto bem, foi Guilherme quem me trouxe ao hospital ontem à noite, e como Vinícius sabia
sobre o bebê, Guilherme devia saber também.

Ele parou o que estava fazendo e seus olhos negros se fixaram em mim, se estreitando:

- Você não quer que ele saiba?

O labirinto de amor

Capítulo 16 Você Deve Fazer um Aborto

Eu acenei, e não tinha planejado esconder nada:

- Ele ia se divorciar de mim. Se eu lhe dissesse isto, ele pensaria que eu estava tirando proveito do bebê
para ameaçá-lo para não se divorciar.

Ele levantou as sobrancelhas:

- Mas agora ele sabe. O que você vai fazer?

Com sua pergunta, eu me congelei, sem saber como responder por um momento.

Olhando para ele, eu perguntei de maneira tentativa:


- Será que Guilherme quer o bebê?

- Não sou o Guilherme.

Ele disse, colocando seu celular no bolso e olhando para mim:

- Mas Guilherme já tem 30 anos. Não há razão para que não queira o bebê.

Com isso, ele colocou suas mãos no bolso do seu casaco branco e foi embora.

Então, ele gostaria de ter o bebê?

Mas afinal, eu tinha ficado feliz cedo. Quando Lúcia irrompeu pela ala, eu estava tomando soro. Ela se
atirou em mim em um estado quase maluco, me beliscando com força.

Seu olhar ficou sangrento e terrível:

- Porquê? Por que você está grávida? Kaira Sanches, foi você quem matou meu bebê, nem pense que
pode ter um bebê vivo.

Eu não conseguia respirar enquanto ela estava me sufocando, então eu só podia dar um puxão na mão
dela e tentar me salvar. Porém, ela teve um colapso emocional e simplesmente não conseguia se
controlar.

Olhando para mim com um aspecto feroz, ela disse:

- Não vou deixar essa criança nascer. Não possa pensar que pode controlar meu Guilherme com sua
criança.

Ela é uma pessoa que normalmente parece doente e fraca, mas naquele momento, sua força era
surpreendentemente forte. Eu tentei me livrar, mas simplesmente não consegui me mover.

Só consegui espremer algumas palavras de minha garganta e disse intermitente:

- Olho... por olho...

Ela zombou, com sua força ainda maior:

- Embora houver apenas um defunto, duas vidas desapareceriam. Isso me valerá.

- Lúcia, o que quer fazer?

Um homem estava na porta da ala e disse em uma voz baixa e gélida.

Ao ouvir suas palavras, Lúcia se congelou de repente. O escarlate e a crueldade em seus olhos se
dispersaram e as lágrimas como pérolas caíram. Talvez porque ela estivesse sendo muito impulsiva
naquele momento, quando Guilherme apareceu de forma repentina, ela pareceu ter perdido todas as
forças e caiu no chão.

Guilherme foi rápido o suficiente para pegá-la e eu estava livre, abrindo minha boca por instinto para
respirar o ar fresco.

Após um longo tempo para se acalmar, Lúcia aninhou-se nos braços de Guilherme e soluçou:

- Guilherme, você me prometeu que não deixaria outra mulher te dar um filho, você me prometeu!
Fazia muito tempo que eu tinha me acalmado e estava meio encostada na cama observando os amantes.
Eu não podia dizer como meu humor estava, numa palavra, não estava bom.

O olhar escuro de Guilherme passou por mim de maneira despreocupada. Sua palma larga estava
acalmando Lúcia, aliviando sua angústia, com uma voz magnética e calmante:

- Pare de chorar. Você acabou de se recuperar e não é bom chorar tanto.

Lúcia levantou sua cabeça, esfregando suas lágrimas e olhou para ele com decisão sólida:

- Guilherme, não vai deixá-la dar à luz ao bebê, certo?

Será que Guilherme vai me forçar a abortar a criança no estômago?

Eu reparo em Guilherme, esperando sua resposta com apreensão.___

O labirinto de amor

Capítulo 17 A Atitude de Guilherme

Guilherme não queria olhar para mim de forma alguma. Seus olhos pretos estavam fixos em Lúcia,
limpando suas lágrimas suavemente e dizendo de forma bastante terna:

- Lúcia, não brinque!

Ouvindo essa resposta, fiquei um pouco aliviada. Pelo menos ele não tem intenção de abortar meu bebê.

- Não estou brincando!


Lúcia começou a ser impulsiva de novo. Suas lágrimas caíram em massa. Ela puxou as roupas de
Guilherme, patética, e disse:

- Guilherme, você prometeu ao meu irmão que iria cuidar bem de mim naquele momento. Ele faleceu, e
eu agora não tenho nada, exceto você.

Ela chorou tão lindamente, engasgando-se em seus soluços enquanto apontava para mim:

- Se ela tiver esse bebê, você não se divorciará dela? Você não cumprirá sua promessa de cuidar de mim
para o resto de minha vida? Você tem sua própria família, mas eu não tenho nada. Eu não quero, não
quero ficar sozinha...

Lúcia chorou de tristeza e colapsou. Ela puxou Guilherme, parecendo uma criança perdida, miserável e
indefesa.

Guilherme a tomou em seus braços e a acalmou:

- Lúcia, você não está sozinha, e não ficará sozinha, se acalme!

Lúcia olhou para ele, seus olhos já estavam injectados e inchados:

- Não deixe que ela dê à luz ao bebê, está bem? Eu te imploro Guilherme, não a deixe ter esse bebê, se
não, vou morrer!

Ela disse com determinação e seriedade.

Guilherme olhou para ela, seu olhar profundo já cheio de raiva:

- Lúcia, não faça alvoroço!


Ao ver isso, Lúcia o empurrou com toda a força e, com grande velocidade, pegou uma faca de frutas e
cortou seu pulso de forma brusca.

Eu não esperava que Lúcia fosse tão extrema, nem Guilherme, que estava cheio de horror. Ele pegou
Lúcia e a levou para a sala de emergência, contendo seu pânico.

Lúcia estava puxando a grade da cama e não a largava, olhando para Guilherme com os olhos vermelhos
e dizendo:

- Não a deixe dar a luz ao bebê!

Eu me congelei, o quanto Lúcia não queria que eu tivesse esse bebê? Olhando para Guilherme, eu não
esperei que ele dissesse nada, em vez disso eu disse:

- Lúcia, não se preocupe, esse bebê... - Eu respirei enquanto contive a dor em meu coração:

- Eu não vou tê-lo!

- Kaira! - Guilherme estava completamente furioso. Seus olhos escuros foram encharcados de sangue.

- Se você não levá-la aos médicos, você vai sofrer ainda mais se ela morrer!

Eu falei, aguentando a dor em minha garganta.

Guilherme apertou seus lábios, seus olhos escuros como noite me dando um olhar insondável antes de
pegar Lúcia no colo e a levar para fora da ala.
Naquela ala vazia, eu olhava fixamente o sangue frio e marcante que foi deixado por Lúcia.

A febre tinha sido baixada e eu tinha que receber uma infusão de solução nutritiva. Não estava com
disposição para ficar no hospital e simplesmente recusei a perfusão e saí de lá.

Após a tempestade da noite, toda a Cidade de Rio foi renovada. Depois de sair do hospital, não voltei
para a mansão, mas fui diretamente para o Grupo Nexia.

Quando cheguei à empresa, a recepcionista me viu, correu até mim e disse:

- Diretora Kaira, a esposa do Diretor José Santos do Hospital Municipal está esperando por você no seu
escritório, ele está aqui há cerca de quinze minutos.

Eu acenei, apertei o botão do elevador e olhei para ela:

- Diga à Liz para preparar alguns presentes para eu levar para a Sra. Fernanda mais tarde, eles não
precisam ser muito caros, mas precisam ser delicados o suficiente.

A recepcionista também acenou.

Entrei no elevador, escolhi o piso, e liguei para Vinícius. Ele atendeu após apenas dois toques:

- Kaira!

De forma surpreendente, ele me chamou pelo meu nome. Eu franzi um pouco minha testa e disse:

- Você tem tempo hoje à noite? Então, podemos nos encontrar?

Ele parecia surpreso e depois de uma pausa disse:


- Bem, me diga a hora e o lugar exato.

- Vou enviar a você mais tarde!

Cheguei, e as portas do elevador se abriram. Desliguei e enviei a Vinícius a hora e o lugar.

Depois, fui ao banheiro para refazer minha maquiagem antes de ir para o escritório.

Estava com Guilherme havia dois anos e não era como se não tivesse ganhado nada. Além de não poder
fazê-lo se apaixonar por mim, ganhei muito em termos de trabalho.

Pelo menos eu deixei de ser uma principiante sem nenhum conhecimento no trabalho para ser capaz de
lidar com situações difíceis com facilidade. Isso se trata de um crescimento para mim.

No escritório, uma mulher de meia-idade se sentava de maneira elegante no sofá de couro


preto,vestindo uma saia unicolor, decorada com peônias. Ela segurava seu celular, aparentemente lendo
uma mensagem.

Bati na porta meia fechada, depois a empurrei e disse com um sorriso:

- Sra. Fernanda, me desculpe por fazê-la esperar! Tem muito trânsito!

Vendo-me, Fernanda se levantou, veio apertar minha mão, e me cumprimentou. Ela também respondeu
com um sorriso:

- Não se preocupe. Eu também acabo de chegar.

Nós trocámos cumprimentos no início, e depois, Fernanda abordou o tema:

- Desculpe. Vim até aqui nesse momento e atrasei seu trabalho. Sinto muito. Mas como você sabe, José
assinou um contrato de cooperação com o Grupo Nexia há algum tempo, mas já aconteceu um incidente
tão grande. Por favor, se você não se importar, poderia falar com o Presidente Aguiar sobre adiar a data
de início da obra para que José e eu possamos nos preparar para isto?

O labirinto de amor

Capítulo 18 Decidi Abortar o Filho

A cooperação entre o Grupo Nexia e e o hospital pertencia ao Estado. O Grupo Nexia era uma empresa
de comércio e construção, e a colaboração com o hospital pertencia ao sector de construção. Guilherme
havia deixado essa tarefa para mim. José, de quem Fernanda estava falando, era conhecido como o
Diretor José.

Nós já assinámos um contrato que marcava a conclusão e inauguração oficial do hospital para esse mês.
Mas, quando o Diretor José desviou os fundos para outro projeto, a conclusão foi adiada.

Ou seja, não havia como fazer o pagamento final ao Grupo Nexia de acordo com o contrato assinado.

Depois de ouvir Fernanda, eu sorri e disse, relutante:

- Fernanda, você também sabe que eu e Guilherme não estamos em bons termos, apesar de estarmos
casados há tantos anos. Era uma grande quantia de dinheiro. Guilherme costumava fazer as coisas com
atenção. Eu não saberia como explicar um erro desses a ele.

Fernanda estava um pouco ansiosa e não parecia se sentir boa. Pensou um pouco e disse:

- Uma semana. Só precisa de esperar durante uma semana. Quando José receber o capital, vai te
agradecer.

- Não foi difícil para eu fazer isso, mas… - Fiz uma pausa um pouco e disse:

- Fernanda, você sabe que o Grupo Nexia é uma grande empresa, e ela tem um controle de risco muito
rígido sobre a circulação de fundos. A menos que...

Aqui, eu parei e olhei para Fernanda.

Ela perguntou, como se estivesse se agarrando na palha para não se afogar.

- O quê?

Esperei um pouco antes de concluir:

- A menos que haja um motivo razoável para eu atrasar o meu trabalho.

Acrescentei, antes que Fernanda dissesse algo:

- Pensando nisso, só há uma desculpa possível.

- Qual desculpa? - Fernanda perguntou, segurando o copo de água na sua mão e olhando para mim.

- Preciso pedir ao Diretor José que me arranje uma obstetra e ginecologista para que eu faça o aborto!

Assim que eu disse isso, ela arregalou os olhos e disse:

- Está grávida?
Acenei e disse:

- Seis semanas!

- Por que você precisa de um aborto agora que já está de seis semanas? O Sr. Guilherme sabe disto? -
Perplexa, disse após um instante:

- Esse bebê veio na hora certa para vocês, já estão na idade certa!

Eu ri, mas não podia dizer muito sobre isso. Eu disse a ela:

- Guilherme e eu ainda não estamos prontos para ter este bebê, então...

Depois de uma pausa eu disse:

- Justamente posso aproveitar esse tempo para atrasar mais o término da obra. Fernanda, tem que falar
com o Diretor José sobre isso.

- O Sr. Guilherme sabe disso? - Disse ela, um pouco embaraçada.

Eu concordei:

- Ele sabe.

Então ela não podia dizer mais nada a respeito, a não ser suspirar e dizer:

- É uma pena.

Estava tudo resolvido.


Liz preparou a comida para Fernanda e ela saiu. Eu olhei para Liz e disse:

- Vá para o escritório do Presidente Aguiar e pediu o Caio para me dar uma cópia do acordo de divórcio
que Guilherme preparou antes.

Liz se congelou, me olhou e disse:

- Diretora, você...

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Capítulo 19 Concordando com o Divórcio

Liz me acompanha há dois anos e sabe muito sobre os assuntos de Guilherme e eu. Quando me ouviu
dizendo isso, ficou deprimida:

- Se você realmente concordar com o divórcio, não frustra a expectativa do Sr. Rodrigo?

- Além disso, se você concordar com o divórcio agora, as ações que foram transferidas para você por
Rodrigo vão voltar para o Presidente Guilherme. Diretora, vai perder mais do que vai ganhar!

Olhei para a hora, eu sabia o motivo da preocupação dela. Já era tarde. Eu não expliquei muito, apenas
dizendo:

- Eu tenho meus próprios planos, vá pegar isso pra mim rápido. Eu preciso sair daqui a pouco.

Liz saiu do escritório com raiva, vendo que eu não estava escutando ela.

Lavei o rosto, peguei as chaves do carro e esperei por Liz nas escadas. Por sorte, ela foi rápida ao pegar o
documento.

Ela me entregou o documento e disse com relutância:

- Diretora, agora não é o melhor momento para você assinar o acordo de divórcio, você...

- Está tudo bem! - Eu a interrompi, entrei no elevador e disse a ela:

- Faça bem seu trabalho, eu sei o que tenho que fazer.

Ela ainda queria dizer algo, mas as portas já haviam se fechado.

Ao chegar na garagem, liguei o carro e fui logo para o local de encontro com Vinícius.

O Restaurante Nobre Grill é um restaurante local de grande renome. Elegante, pratos delicados à moda
da gastronomia tradicional. O ambiente costuma ser quieto e requintado, mas é geralmente a classe
mais rica que frequenta o local.

A mesa havia sido reservada com antecedência, portanto fui direto para o local marcado. Para minha
surpresa, Vinícius tinha chegado cedo.

Ele estava vestido num estilo casual e elegante, se sentando perto da janela. Ele batia os na mesa com os
dedos, mas de forma agradável.

- Desculpe pelo atraso! - Me sentei do outro lado da mesa e chamei o garçom.

Ele olhava a paisagem pela janela, se virando ao me ouvir chegar. Ele deu um sorriso e ficou surpreso ao
me ver:
- Kaira, hoje você está pagando, não precisa se desculpar pelo atraso?

Seu sorriso era raro, entreguei o cardápio a ele e ri:

- Alguém já te disse que você é tão gentil quando sorri?

Ele pareceu gostar do elogio mas não tocou no cardápio. Ao invés disso, fez um gesto para que eu fizesse
o pedido, disse olhando para mim:

- Você é a primeira a dizer isso!

Eu ri e não recusei. Eu pedi alguns pratos e tentei escolher algo que ele gostasse.

Ao entregar o cardápio para o garçom, tomei um pouco de água, vendo que ele me olhava, sem dizer
nada.

Eu não sabia como reagir, deixei o copo na mesa e perguntei:

- Há alguma coisa no meu rosto?

Pelo seu sorriso, estava claro que ele estava de bom humor. - É a primeira vez que almoço com a esposa
do meu amigo, parece...

Ele parou com um sorriso e continuou:

- É bom!
Dizem que as pessoas se agrupam naturalmente de acordo com os tipos. Amigos de pessoas frias e
indiferentes como Guilherme não costumam ser fáceis de lidar.

Não pensei demais no que ele disse, nem perguntei o que ele queria dizer. Fui direto ao ponto:

- Você está disposto a me fazer um favor?

Ele mudou sua postura, inclinou seu corpo em minha direção e disse:

- O que posso fazer por você?

- Preciso de remédios para se recuperar após um aborto!

Ele desconfiou:

- Só isso?

Eu acenei com a cabeça:

- Eu ouvi falar que o Dr. Vinícius é um talento da medicina tradicional. Além disso, gostaria de remédios
para repor meus nutrientes depois do aborto, conseguiria fazer isso por mim?

O labirinto de amor

Capítulo 20 Você Não Pode o Abortar sem minha Aprovação

Ele olhou para mim. Com aquele par de olhos escuros e belas sobrancelhas levemente franzidas, parecia
espreitar a verdade das minhas palavras.

Eu estava calma, sorria e deixava ele me olhar.


Depois de um tempo, ele disse:

- Claro!

- Obrigada, Dr. Vinícius! - Não precisa dizer muito quando conversa com pessoas inteligentes. Um olhar
pode dizer tudo.

Quando o garçom serviu a comida, ele me observou e disse:

- A sua esperteza, Srta. Kaira, é sempre tão discreta?

Eu sorri:

- Estou lisonjeada. É algo que pode salvar a minha vida. Além disso, Guilherme e eu nunca fomos tão
compatíveis, essa criança veio em um momento ruim.

Ele parecia satisfeito depois de provar a comida, dizendo:

- Quando você planeja sair?

Eu olhei para ele um pouco atordoada. Eu estava mesmo um pouco chocada. No começo, eu só queria
lidar com o assunto da criança e me divorciar de Guilherme. Mas eu não sabia para onde ir caso deixasse
a Cidade de Rio.

Eu estava surpresa que ele havia adivinhado o meu último passo.

Eu larguei o garfo, fiz uma pausa e disse:

- Talvez nos próximos dois meses, eu sei, é que... ainda não decidi sobre a cidade.
- Vá para a Cidade de Nuvem. É um bom lugar para viver. - Ele disse ao terminar de comer, deixou o
garfo no prato e limpou a boca com o guardanapo.

Era uma boa ideia. Eu acenei:

- Vou pensar nisso! - A Cidade de Nuvem não é tão próspera e desenvolvida quanto a Cidade de Rio, mas
oferece um ritmo de vida mais tranquilo. Então, seria a cidade ideal para viver para o resto da minha
vida.

Eu imaginava que eu pagaria a conta mas, depois de comer, descobri que ele já havia deixado a conta
paga. Saindo do restaurante, eu olhei para ele e disse:

- Fico te devendo essa, na próxima eu pago!

Ele disse:

- Espero que nossa próxima refeição seja na Cidade de Nuvem.

Eu me congelei e deu um sorriso, sem saber como responder.

Estava ficando tarde e eu deveria ir embora. Enquanto eu caminhava para o meu carro, ele falou:

- Você já marcou a data para a cirurgia?

Olhando de volta para ele, eu disse:

- Amanhã!
Agora que tomei a decisão, precisava fazer tudo o mais rápido possível.

Ele estava curioso, perguntou:

- O Guilherme já sabe disso?

- Não! - Eu abanei minha cabeça e disse: - Eu não tenho nenhuma intenção de dizer a ele!

Ele ficou sério, mas não disse mais nada.

Liguei o carro. Eu via que ele estava ficar apático, mas não pude dizer nada além de “até logo”. Então, eu
dirigi o carro de volta para a mansão.

Cheguei em dez minutos. Eu não saí do carro. Sentada no carro, peguei o documento que Liz me
entregou.

Eu estava triste. No começo eu pensava que, a menos que o Guilherme colocasse uma faca em meu
pescoço e me forçasse a assinar o acordo, eu não o faria.

Ele sempre foi generoso no acordo do divórcio, me deixaria a mansão e uma boa parte dos dividendos
anuais do Grupo Nexia.

Eu tentei sorrir, olhando para o documento. Talvez, desde o início, o Guilherme pensasse que eu estava
aqui somente por essas propriedade e que eu assinaria o divórcio contanto que ele me desse tudo o que
eu quisesse.

Depois de um bom tempo, eu assinei.


Quando voltei para a mansão, eu vi que o salão estava escuro. Tirei os sapatos. Encontrei um homem
sentado no saguão, ao ligar as luzes.

Fiquei surpresa ao vê-lo. Ele estava me olhando com seus olhos escuros e profundos. Eu não sabia o que
ele sentia.

Eu olhei para ele e disse:

- Por que não acendeu as luzes? Você já jantou?

Guilherme não respondeu à minha pergunta, perguntou:

- Onde você foi? - Seu desagrado foi revelado por sua frieza.

- Eu estava no escritório. - Eu disse, ao ir para a cozinha:

- Vou fazer algo para você comer.

Hoje, Lúcia tinha feito uma bagunça no hospital. Era possível que ele não tivesse comido nada ainda. De
repente, estive consciente de que não precisava mais tomar conta dele, já que eu estava indo embora.

Mas eu amava ele por muito tempo. Mesmo indo embora, não devemos tornar as coisas mais difíceis. O
amor vai se acabar, mas teremos uma boa memória disso.

Eu cozinhei espaguete para ele, me sentia fria. Encontrei o olhar de Guilherme, frio e indiferente, ao
olhar para trás.

- Aconteceu... alguma coisa? - Normalmente ele olha para mim, com um ar ou frio ou enojado. Hoje, eu
não sabia como lidar com ele. Acabei entrando em pânico.

Ele não falava nada, entendi que ele não queria conversar comigo, então também não disse nada.
Apenas cozinhei o macarrão. Olhei para ele ao colocar o espaguete sobre a mesa:

- Não tem mais nada em casa além de isso e ovos, então seja indulgente e coma!

Logo eu estava pronta para subir e tomar um banho, então ele disse, friamente:

- E quanto ao nosso casamento?

Meu coração doeu por um tempo. Normalmente, eu teria ficado em silêncio, mas agora eu não sabia por
que meus olhos, de repente, ficaram lacrimejantes. Eu disse a ele:

- Estamos tentando resolver isso há dois anos, certo?

- Guilherme, concordo com o divórcio. - Peguei o documento de dentro da minha bolsa e o coloquei na
frente dele:

- Eu até já assinei.Vamos logo para o cartório fazer isso.

Eu disse o que estava preso em minha mente. Eu respirei e segurei o amargor que vinha de meu coração.
Eu disse, olhando para seu lindo e frio rosto:

- Não se preocupe com o bebê, vou satisfazer você e a Lúcia.

Quando as pessoas tomam certas decisões, elas sempre têm que lidar com as consequências.

Eu não gostei da expressão zangada de Guilherme. Resolvi subir as escadas. Esta poderia ser a última vez
que falamos desta forma, na mansão.

Ele me puxou pelo pulso:


- Satisfazer? - Guilherme disse. Sua voz estava carregada de raiva. Parecia ir aos ares no instante
seguinte.

Sabendo que ele estava com raiva, eu segurei a dor e disse, sem olhar para ele:

- Eu vou cuidar disso, não vou deixar que isso afete a Lúcia.

- Kaira! - Ele explodiu de raiva, tanto que apertou minha mão até ficar dormente. - O que você quer
fazer? Pedir o divórcio? E então vai abortar o filho? E então ir embora?

- O que mais posso fazer? - Eu olhei para ele e acabei soltando as lágrimas que continha há tanto tempo:

- O que mais posso fazer? Guilherme, você não queria que eu concordasse com o divórcio e me afastasse
de você? Que problema vê agora que estou fazendo isso?

O olhar de Guilherme ficou ainda mais sombrio.

- Você acha que é esperta? - Ele apertou meu queixo e, quando tentei me soltar, ele apertou ainda mais.
Ficamos muito perto um do outro. - É o meu bebê. Você não pode abortar sem minha aprovação.

- Eu não posso? - Eu ri e disse, palavra por palavra: - Então a Lúcia pode?

Ele parecia estar feroz, completamente irritado e frio:

- Kaira, você fica louca?

O labirinto de amor

Capítulo 21 O Bebê Foi Abortado?


Ele me soltou. Embora ele não usasse muita força, senti uma forte dor no meu queixo que se espalhou
até meu coração.

A dor me fez enrolar os dedos dos pés.

Por conta de ter sido molhada na chuva, ainda não havia me recuperado completamente. Nessa altura,
ele me soltou de repente, caí nos braços dele, dormente.

Ele me segurou com suas mãos fortes. Após anos de treino, perto dele, era possível sentir a força de seus
músculos. Como eu não tinha tanta força, não queria discutir com ele agora, simplesmente fechei meus
olhos e fiquei em seu abraço.

- Ótimo, está se fingindo de morta. - Ele disse em voz baixa, ainda irritado.

Meu rosto recebeu algumas tapas fortes dele. Doeu um pouco, realmente não me senti bem, então não
abri os olhos.

Vendo que não respondi, talvez ele ainda tivesse consciência, ele me pegou no colo e me levou para o
quarto.

Depois que ele me colocou na cama, eu não conseguia ouvir nenhum outro barulho.

Pensei que ele não se importava comigo. Mas, em seguida, eu o ouvi chamando o Vinícius para vir me
ver.

De fato, ele não é tão frio.

Cerca de dez minutos depois, eu estava atordoada e completamente adormecida. Vagamente ouvia a
voz de Vinícius.

- Guilherme, você já pensou o que fazer com essa criança?


Guilherme, um pouco impaciente:

- Está tarde, volte e descanse!

Às vezes eu simpatizo com Vinícius, ele é um médico de renome internacional. É muito incomodado ser
chamado por Guilherme, dia após dia.

Eu já estava sonolenta e, após ter ido a vários lugares durante o dia, acabei pegando no sono.

Na meia noite, num aturdir, estava ciente de alguém me puxar para os braços, tentei abrir meus olhos,
mas eu estava muito sonolenta e acabei desistindo.

No dia seguinte!

Quando acordei, Guilherme não estava mais na mansão. Eu não precisei de pensar nisso e já pude
adivinhar que ele tinha ido ver Lúcia.

Eu tinha um compromisso com o Diretor José, então me levantei, tomei um banho e fui direto ao
hospital.

Sabendo que estava indo para lá hoje, Fernanda estava me esperando à entrada do hospital. Ela ainda
estava um pouco preocupada quando me viu:

- Vai realmente abortar o bebê? Não vai discuti-lo com o Sr. Guilherme?

Sabendo que ela estava preocupando comigo, sorri e entrei no hospital com ela, disse:
- Está tudo certo, não se preocupe!

O Diretor José arranjou tudo para o aborto médico e, quando entrei no hospital, fui direto para a sala de
operação após um check-up básico. Não tinha nada de errado.

Fernanda ainda estava preocupada. Ela me puxou, tentando me fazer desistir da ideia:

- Sra. Kaira, sei que você ainda é jovem, mas isso pode fazer mal à sua saúde, pense melhor nisso!

Eu assenti com a cabeça, mas já chegou a hora. Dei uma tapinha na mão dela e tentei acalmá-la:

- Está tudo bem.

Fui acompanhada por uma enfermeira ao entrar na sala, a médica era uma mulher de meia idade. Ela
disse, ao me ver:

- Srta. Kaira, vamos aplicar a anestesia e você cairá no sono. Não é um processo doloroso, não precise
ficar nervosa!

Acenei e me deitei na cama de operação e, assim como ela disse, logo caí no sono.

Quando acordei, eu já estava em uma cama de hospital.

Eu abri meus olhos e vi Guilherme me olhando, muito triste. A temperatura na enfermaria não podia ser
mais baixa, um par de olhos negros eram cheios de indiferença e raiva.

Meu coração bateu forte, eu nunca havia visto ele assim antes. Eu tentei puxá-lo, mas ele agitou sua
minha mão com intensidade.
Abri minha boca, mas não consegui dizer nada. Fechei meus olhos para evitar o olhar furioso dele.

- Kaira, você é forte! - Ele saiu depois de dizer isso.

Eu suspirei ao vê-lo saindo. Fiz isso pelo bem de todos.

- Srta. Kaira, não tem medo do Presidente Aguiar odiar você por isso? - Uma voz baixa e velha veio da
porta. Era o Diretor José, que veio fazer o acompanhamento comigo. Ele verificou minha situação e
disse:

- Isso diz respeito ao Presidente Aguiar, afinal, era o filho dele. Ele vai saber da verdade na próxima vez.

Eu sorri, enquanto me sentava na cama do hospital. Tirei meu prontuário e disse a ele:

- Não haverá próxima vez, agradeço a cooperação, Diretor José.

Guardei o prontuário, estava prestes a sair da cama e ir embora. Mas o Diretor José me impediu, ele me
olhou e disse:

- Já que está fazendo uma cena, faça direito. Já viu alguma mulher que teve um aborto pode sair da
cama em menos de meia hora?

Verdade!

Eu me deitei na cama de novo e disse ao Diretor José:

- Guilherme é muito suspeitador , pode ser que ele mande alguém para verificar o meu prontuário. Se o
Diretor José puder ajudar, agradeço muito.
Ele riu, parecia um pouco relutante:

- Vocês, jovens, que caprichosos! Por que causam tanta confusão em vez de viver uma vida boa! Mas já
que eu prometi ajudar você, vou dar um jeito nas outras coisas!

Eu agradeci a ele e disse:

- Quanto à Fernanda, também precisaria de você... - Quanto menos gente souber disso, melhor.

Ele sorriu, acenou e saiu sem dizer nada.

Passei a manhã na cama de hospital até que o médico viesse explicar os cuidados pós cirurgia e me
indicasse a medicação correta. Logo, eu saí do hospital.

Liz me esperava no carro na frente do hospital. Ela me ajudou a entrar no carro, eu disse:

- Dê um jeito para Lúcia ficar sabendo do meu aborto.

Ela assentiu, ligou o carro e me levou de volta para a mansão.

Guilherme não estava, então mandei Liz voltar para o escritório e, tendo acabado de sair da cirurgia, eu
deveria ir direto para a cama.

No entanto, antes de adormecer, o som de uma sereia veio lá de baixo. Fui até a varanda, vendo que
eram Guilherme e Vinícius.

Como eu pensei, Guilherme nem queria me ver agora, mas pediu para Vinícius verificar se tinha algo de
errado comigo.

Quando voltei para a cama, Vinícius entrou com uma caixa de remédios. Quando me viu, ficou ao meu
lado para checar o minha condição.
Eu disse, ao lhe mostrar minha mão:

- Você trouxe o remédio?

Ele levantou minha cabeça e me disse:

- Esta é uma ótima maneira de se esconder!

Eu não respondi. Ele pegou o remédio da caixa e disse:

- Esses são remédios para proteger o feto, tome-os na hora certa e, caso não sofra nenhum impacto, o
feto se desenvolverá bem.

Ele desceu após dizer isso e eu troquei o remédio do hospital pelo que Vinícius tinha trazido.

Então eu me deitei na cama novamente. Como foi um aborto, seria normal eu descansar por uns quinze
dias. Era o suficiente para atrasar o projeto do Diretor José por uma semana, mas seria horrível para eu
ficar na mansão por uma semana.

O labirinto de amor

Capítulo 22 Venha Buscar o Teu Homem

Eu imaginava que após o aborto, Guilherme ficaria enfurecido por pouco tempo, ou talvez avistando que
Lúcia tinha parado de fazer drama, ele desapegaria dos acontecimentos da criança.

Mas o que eu não havia previsto, era que o entrelaçar entre mim e Guilherme apenas começava.
A mansão sempre foi deserta, e depois do incidente com o bebê, Guilherme se recusava a voltar. A
ausência dele era também um alívio para mim.

Para fazer com que o meu episódio fosse ainda mais real, eu quase não saía da mansão, e pedia a Liz que
trouxesse tudo o que fosse necessário.

De tarde.

Liz enchia a geladeira com diversos nutrientes, e me explicava como deveria me alimentar deles, após
isso ela se aproximou de mim e falou:

- Diretora, o pagamento final do Hospital Municipal está atrasado, o setor financeiro não para de me
ligar. Não seria melhor você entrar em contato com o Diretor José?

Eu comia jaca, mas não estava aguentando mais o cheiro, então o joguei na lixeira. Percebendo que Liz
ainda estava parada de modo obediente, pedi a ela para se sentar, limpei as mãos e perguntei:

- Por quantos dias o Diretor José atrasou?

- Por mais ou menos dois ou três dias! - ela respondeu:

- Não tardou muito, mas o valor é gigante, e a empresa pretendia usar esse dinheiro no desenvolvimento
de novos mercados. E agora com a demora, está prejudicando os lucros do próximo trimestre.

Acenei a cabeça, o fluxo financeiro do Grupo Nexia sempre foi veloz, o atraso de qualquer parceiro
prejudicava um bocado a empresa. No entanto, a quantia da parte do Diretor José era imensa, mesmo
não a usando para investir, só de deixá-la depositada no banco por dois ou três dias, já teria um
rendimento considerável.

Depois de pensar um pouco, falei:

- O Diretor José sempre foi uma pessoa de palavra, como fiquei muitos dias em casa me recuperando,
acabei me esquecendo disso, é de minha responsabilidade, fale com o setor financeiro que assim que eu
melhorar, irei resolver os negócios.

- Tudo bem! - Após responder, ela se levantou para preparar o jantar.

Liguei o celular e olhei as mensagens de texto que Fernanda havia me mandado:

- Sra. Kaira, como você está se sentindo? José conseguiu circular os fundos, muito obrigada pela sua
ajuda.

Parece-me que conseguiram resolver os problemas, posso prosseguir com o trabalho. Assim que
respondi a mensagem de Fernanda, liguei para o Diretor José e combinei a data do pagamento final para
depois assinar o contrato de conclusão.

Após solucionar isso, Liz também tinha terminado de cozinhar e, como ela tinha outros compromissos,
não a convidei para ficar. Notando que ela andava às pressas, falei:

- Já me recuperei bastante, pode ficar na empresa para tratar das coisas. Marquei um encontro com o
Diretor José amanhã para tratar isso logo.

Ela me observou, preocupada, e perguntou:

- Você tem certeza que está bem? Ouvi dizer que depois de um aborto é preciso ficar em repouso por
duas semanas, mas só se passaram alguns dias.

Dei um sorriso para ela e falei:

- Olhe como estou, pareço doente? Além do mais, se eu não terminar isso logo com o Diretor José, só vai
adiar ainda mais o pagamento, imagine o prejuízo que a empresa vai sofrer. Se chegasse naquele ponto,
a questão com Guilherme não seria mais simples, ele não me trataria mais com tanta bondade.
Já não existia o tal do aborto, se perdesse mais tempo aqui, atrasaria meus planos, e a barriga só
cresceria mais a cada dia, se até lá não tivesse terminado definitivamente com Guilherme, só iria piorar
tudo.

Agora só podia apressar os passos, resolver tudo, e depois disso procurar uma chance para deixar a
Cidade de Rio.

Ouvindo isso, ela suspirou e me olhou sem jeito:

- Tudo bem, mas coloque a sua saúde em primeiro lugar.

Depois que Liz foi embora, voltei para a mesa de jantar. Senti a solidão e mesmo com a mesa repleta de
comida fiquei sem vontade de apreciá-la. Com o anoitecer, também fiquei sem ânimo de sair.

Degustei um pouco dos pratos e voltei ao quarto. Guilherme não retornava e eu também não tinha nada
a fazer, decidi então ler alguns livros e pesquisar na internet à procura de um apartamento na Cidade de
Nuvem. Caso decidisse morar lá, precisaria de um alojamento confortável tanto para a mãe quanto para
o bebê.

Neste momento meu celular tocou e me assustei, o identificador de chamada indicava que era Esther,
em seguida o atendi, antes que eu pudesse falar, meu ouvido já tinha sido bombardeado.

- Mulher malvada! Você fez o aborto?

Como havia passado somente alguns dias, fiquei confusa de como ela obteve essa informação, então
perguntei:

- Como é que você soube?

- Como é que eu soube? Você ainda tem coragem de me perguntar? Você me considera sua amiga? Isso
é muito sério e você não me disse nem sequer uma única palavra - Esther falou enfurecida.
Quando essa mulher ficava irritada, ninguém poderia segurar ela. Coloquei a mão na testa, com a cabeça
latejando, falei:

- Eu queria acabar com isso logo, pois quanto mais esperava mais medo sentia. Queria te avisar, mas
sabia que você andava muito ocupada, então tinha decidido te contar daqui a alguns dias.

- Não é isso que quero saber! Não sou contra o aborto, mas você precisava de alguém para cuidar de
você depois da cirurgia! Você não me contou nada, e se algo de ruim acontecesse com você? - Esther
estava ansiosa demais, por isso havia soltado tudo do coração.

Compreendendo a sua preocupação, uma ternura preencheu o meu coração e, em silêncio, fiquei
apreciando os discursos dela. Depois disso, falei:

- Esther, vou me divorciar do Guilherme, talvez deixe a Cidade de Rio, você quer vir junto comigo?

No momento, achei melhor não comentar nada do bebê, mesmo que ela soubesse, não alteraria nada,
masachei necessário que ela ficasse ciente de que a decisão de me mudar para outra cidade, porque o
motivo de ela ter vindo morar aqui fui eu. Se eu partisse sem avisar, com certeza ela nunca mais faria
caso de mim.

Um silêncio tomou conta do outro lado da linha, depois ela perguntou:

- Quando você vai partir? Para qual cidade você pretende ir?

- Nesses últimos meses, fiquei pensando sobre a Cidade de Nuvem, queria me mudar para lá.

Assim que terminei de falar, de imediato ela respondeu:

- Tudo bem, estou sabendo!

E não falou mais nada, achava que ela iria fazer alguns comentários, mas ela ficou calada, como não
tinha mais nada para dizer, decidi me despedir dela.

De repente ela falou:

- Venha buscar o teu homem aqui no meu bar, ele está bêbedo.

- O Guilherme? - perguntei surpresa.

- Além dele, você tem outros homens? - Esther perguntou impaciente.

Fiquei sem palavras.

Por que Guilherme foi beber ali? Depois de desligar o telefone, me troquei com rapidez, vesti um casaco
e dirigi até o bar de Esther.

O Bar de Tempo não ficava distante da mansão, em dez minutos já tinha chegado até lá.

Esther estava encostada na mesa do bar e bebia, quando me viu, falou com indiferença:

- Ele está na sala privada no andar de cima, bêbedo como um gambá.

Enquanto guardava as chaves do carro na bolsa, a olhei e perguntei:

- Por que ele veio aqui para se embebedar?

- Sei lá, ele veio por dois dias seguidos, mas antes de ficar torrado desse jeito já tinha sido levado por
aquele assistente alto e bonito dele. Mas hoje o assistente não veio, deve ter outros trabalhos, então ele
encheu a lata. - Esther falou:

- Minha garota, você abortou o filho dele sem avisar, ainda espera que ele esteja de bom humor?
Fiquei pasma, ele estava assim por causa do bebê?

Chegando ao andar de cima, encontrei a sala na qual Guilherme estava, bati na porta algumas vezes, mas
ninguém respondeu, então abri a porta da sala.

Assim que empurrei a porta, senti um bafio forte de cigarro misturado com cheiro insuportável de álcool.
Deixei a porta aberta para melhorar a circulação de ar, depois entrei.

As luzes do quarto não eram muito iluminadas, o homem sentado no sofá permanecia com os olhos e os
lábios finos semicerrados, mas o comportamento dele não me parecia ser de alguém que havia bebido
demais, parecia mais alguém que apenas descansava a mente com olhos fechados.
O labirinto de amor

Capítulo 23 Não Era Vingança

- Guilherme! - o chamei, ao mesmo tempo corri a vista pela mesa e percebi que tinha várias garrafas de
uísque. Como ele conseguiu tragar tudo isso, desse jeito mesmo um estômago bom não aguentaria!

Ouvindo a minha voz, os cílios escuros e longos dele se mexeram, e com os olhos semicerrados, ele me
olhou com frieza e indiferença.

Não sei se foi porque eu havia perturbado o sono dele e o ambiente que antes parecia pacífico, logo
apareceu uma corrente de ar gelado, e quando ele me olhou, puro ódio surgia nos olhos dele.

Os lábios finos dele se abriram, e em uma voz baixa e feroz falou:

- Saia daqui!

Ciente de que ele não esperava a minha presença, suspirei, e me aproximei dele. De modo suave, falei:

- Guilherme, você bebeu demais, vamos pra casa!

Ele semicerrou os olhos, curvou os lábios, e num tom sarcástico retrucou:

- Casa? - falou com desdém:

- Aquilo pode ser chamado de casa?

Apertei meu cenho, com a gravidez, eu me irritava com mais facilidade. Se fosse antes, com certeza iria
me render aos insultos dele, mas nesse momento, acentuei meu tom e indaguei:
- Se não for casa então o que é? Guilherme, se você não quer me ver, posso ligar para Lúcia e pedir a ela
vir te buscar. O bar ainda está aberto e Esther tem que fazer negócios. Dinheiro é o que não falta para
um patrão como você, mas não atrapalhe o trabalho dela!

Ele me agarrou de impulso, e quase no mesmo instante me colocou no colo dele, envolveu as mãos na
minha cintura, logo enfiou os dedos pelo meu decote com rudez, sem nenhuma ternura, e falou com
crueldade:

- Qualquer lugar que tenha você, não se pode considerar lar, apenas ... motel!

Finalizando as palavras, ele me agarrou com as mãos, sem piedade.

Franzi a testa de tanta dor, e no mesmo instante, minha raiva aumentava. Tirei as mãos dele, argumentei
furiosamente:

- Se é apenas motel, então não precisa voltar mais. Assine logo os documentos do divórcio, assim não
teremos mais relação nenhuma, dessa forma nenhum de nós poderá mais se intrometer na vida do
outro.

De repente, ele mordeu o meu ombro e minhas lágrimas quase caíram ao sentir a dor.

- O que foi? Com dinheiro, moradia e ações nas mãos, já quer se livrar de mim? - Prendendo-me com
firmeza, ele deu um riso sarcástico:

- Kaira, o seu amor não tem o mínimo valor e você já está pronta para retirá-lo?

Reparando como ele estava, embriagado, minha cabeça começou a arder. Por que estou discutindo com
um bêbado?

Recuperando-me da raiva, suavizei meu tom, segurei o rosto dele e falei:


- Guilherme, já está ficando tarde, vamos voltar, está bem?

Ele ficou quieto, fechou os olhos e se encostou no sofá, mas continuava me segurando.

Como não conseguia assimilar o que ele desejava, refleti um pouco e falei:

- Se você não quiser voltar comigo, posso pedir para Lúcia vir te buscar, pode ser?

De qualquer forma, ele não queria voltar para a mansão e suponho que ele ficaria com Lúcia durante
esse período. Mas se deixasse ele aqui, prejudicaria os negócios de Esther, então tirei o celular da minha
bolsa, e estava pronta para ligar para Lúcia.

No entanto, nem tinha conseguido completar a ligação, e o telefone foi tirado da minha mão de forma
brusca.

E logo foi atirado para longe fazendo um barulho estrondoso.

Fiquei chocada, me virei e encarei Guilherme, sentindo que já estava chegando aos meus limites,
perguntei:

- Guilherme, afinal, o que você quer?

Não quis ir comigo, não quis que alguém o buscasse, pretendia morrer sozinho aqui?

- Pra casa! - , ele cuspiu essas duas palavras, me segurou em seus braços e, cambaleando sem parar, ele
seguiu para fora.

Eu estava aterrorizada porque um bebê estava no meu ventre, se ele me derrubar, me arrependeria para
sempre.
Agarrei-me a ele com toda força, tomei cuidado com as palavras utilizadas e de forma suave, falei:

- Guilherme, você está bêbedo, me coloque no chão, posso andar sozinha, acabei de passar por uma
cirurgia, se me deixar cair, algo sério pode acontecer.

Ele ficou paralisado, o corpo parecia estar congelado, sem entender o motivo e com os olhos obscuros
como as trevas, ele me contemplou e perguntou ingênuo:

- Você está se vingando de mim?

Fiquei aturdida, não entendia o que ele tentava se expressar, balancei a cabeça e falei:

- Não, por que iria me vingar de você? Eu te amo tanto, como é que me vingar de você?. Coloque-me no
chão, vamos pra casa, está bem?

Meu Deus, um bêbado não passa de ser uma criança!

Achei que ele causaria mais problemas, mas me surpreendeu que me colocou no chão quando ouviu as
minhas palavras. Depois me olhou com seus olhos escuros e falou:

- Pra casa!

Minha cabeça já estava começando a doer, segurando-o, falei:

- Tudo bem, pra casa!

Não tinha ideia o quanto ele havia ingerido, como ainda cambaleava muito, eu o ajudei a descer as
escadas. Esther estava com as mãos cruzadas em frente à mesa de bar, percebendo a nossa presença
perguntou:
- Precisa da minha ajuda?

Balancei a cabeça e logo perguntei:

- Ele já pagou as contas?

- Este bar está quase se tornando dele, pra que pagar as contas! - Esther revirou os olhos para mim.

Como Guilherme colocava todo o seu peso no meu corpo, não consegui estudar o que ela quis dizer,
apenas acenei com a cabeça e saí com ele.

Deu muito trabalho para colocar ele direito no carro. Depois de me sentar, respirei fundo para recuperar
o fôlego. Minhas costas estavam suadas, e as roupas úmidas.

Só isso já deixava meu corpo todo dolorido, agora entendi por que sempre diziam que a gravidez era
como uma obra de arte, pois tinha que ser tratada com muita delicadeza.

Observando o homem no assento do passageiro, com seus olhos negros cerrados, sem a severidade e o
rigor do cotidiano, sua expressão amenizou bastante. Ele parecia de fato ser abençoado por Deus, tinha
sobrancelhas perfeitas, o perfil do rosto marcante, um corpo bonito, e mais, era rico. Era o melhor dos
melhores.

Eu o olhava concentrada e me perdia em meus pensamentos quando, de repente, ele abriu os olhos.
Nossos olhos se encontraram no ar e meu coração se sobressaltou.

Não conseguindo reagir a tempo, o cheiro forte de álcool misturado com o de cigarro que tinha nele
encheu o meu cérebro, e ao mesmo tempo em que sentia uma dor, percebi que ele havia mordido a
ponta da minha língua!

Assim que voltei a mim, me perguntei, por que Guilherme tinha me beijado de súbito?
Ele me beijava de forma profunda, eu não conseguia respirar direito, minha cabeça girava, e quando
parecia estar quase ao ponto de dissipar todo o oxigênio do meu corpo, ele me soltou.

Fiquei espantada, olhava para ele cheia de confusão. Nesse momento não sentia a dureza dele, em vez
disso ele tinha olhares complexos e incompreensíveis.

- Guilherme ...

- Meu filho, devolva meu filho! - De repente, ele jogou essas palavras para fora, e em seguida se
encostou no assento e fechou os olhos de novo.

Fiquei sem palavras.

Me sentia perplexa por um instante, não sabia se ele tinha caído no sono, ou apenas descansava a
mente. Como não tinha o espírito, dirigi o carro direto para a mansão.

- Meu filho, devolva o meu filho! - No caminho, as palavras dele rodeavam na minha cabeça.

Será que, na verdade, ele não era contra esse bebê?

Pensando nisso, meu coração ficou cada vez mais inquieto.

Ele nunca iria abandonar Lúcia, sem falar que ele se importava muito com ela, mesmo que não fosse
assim, ele também não a abandonaria.

Se ele descobrisse que fiquei com o bebê, o nosso estado se tornaria ainda mais difícil, não seria mais um
problema de apenas três pessoas, com uma criança no meio, tudo seria mais complicado.

Tinha decidido deixar a cidade, e pensava que isso seria a melhor solução, pelo menos seria um final feliz
para todos.
Depois de estacionar o carro, quase tive um colapso, teria que levar o Guilherme para o andar de cima e
isso não seria uma tarefa fácil.

O labirinto de amor

Capítulo 24 Responsabilidade por Atraso no Pagamento Final

Depois de uma pausa, saí do carro. Andei até o assento do passageiro e abri a porta. Puxei a manga de
Guilherme:

- Guilherme!

Era provável que ele tivesse com estômago tão perturbado que não conseguisse adormecer por conta de
ter bebido demais. Portanto acordou quando o chamei.

Depois de abrir um pouco os olhos, ele olhou para mim e à sua volta, dizendo em voz baixa:

- Foi você que me trouxe de volta?

Acenei com a cabeça, sem saber se ele estava claro ou bêbado. Eu disse:

- Saia do carro. Já está muito tarde.

Era quase meia-noite. Na verdade, como uma mulher grávida, não tinha energia para ficar com ele.

Ele se endireitou. Parecia que não tinha intenção de sair do carro, com o corpo esguio inclinado contra o
encosto do assento. Ele não falou nada, com os olhos abertos. Parecia ser inofensivo, mas eu conhecia
seu temperamento. Era caprichoso e imprevisível.

Depois de pensar um pouco, eu disse:


- Quer que eu ajude você a sair?

- Vou apanhar um pouco de sol! - falou ele, e depois continuou a se sentar no carro.

Fiquei estupefacta com suas palavras. Queria pegar sol nesse momento?

Parecia que estava bêbado demais...

- Está bem. Não tenha pressa. - Na verdade, eu não tinha energia para ficar com ele. Eu me sentia tão
desconfortável por toda parte que decidi voltar direto para a mansão.

Depois de entrar no quarto, fiquei deitada por um pouco. Mas não ouvindo nenhum barulho na sala de
estar, fiquei preocupada que ele se ir embora. A essa hora, o que eu poderia fazer caso ele fosse embora
e criasse problemas?

Eu me levantei para descer depois de tomar essa decisão difícil. Muito inesperadamente, sem saber
quando, ele entrou na mansão e estava deitado no sofá na sala de estar.

Que bom! Eu podia ir para cama sem preocupações.

Tendo ficado com ele até muito tarde, dormi como uma pedra. Já era a tarde quando acordei.

Como tinha combinado um encontro com o Diretor José, me levantei e tomei banho depressa antes de
sair. O Diretor José estava à minha espera no escritório quando cheguei à empresa.

Quando me viu, ele se levantou com um sorriso e disse com muitas desculpas:
- Sinto muito ter atrasado seu trabalho, Diretora Kaira.

Como eu estava com muita pressa de chegar à empresa, acalmei minha respiração e mandei Liz lhe servir
água. Depois assinei tanto o contrato de conclusão como o contrato de transferência.

Ao terminar isso, o Diretor José disse:

- Já é meio-dia. A Diretora Kaira ainda não almoçou, não é? E se fôssemos almoçar juntos? Minha esposa
tem querido agradecer você. Queria saber se está livre.

Era verdade que eu estava livre, mas eu vi Liz, que estava olhando para mim, parecendo que tinha algo
para me dizer, por isso, eu disse com um sorriso:

- Diretor José, é muito simpático. Eu é que devo agradecer a vocês. O que acha de nos reunirmos de
novo em outro dia quando estivermos livres. Hoje tenho alguns assuntos para tratar.

Ouvindo minhas palavras, o Diretor José não quis insistir e saiu depois de falar um pouco.

Olhei para Liz e ela disse:

- Diretora agradecer. O Presidente Guilherme quer falar com você. Mandou você ir ao seu escritório ao
chegar à empresa.

Quer falar comigo?

Depois de uma pausa, eu franzi a testa:

- Nosso departamento cometeu algum erro no trabalho nos últimos dias? - Em tempos normais,
Guilherme não falava de assuntos privados comigo na empresa.

A menos que fosse uma questão de trabalho!


Liz acenou com a cabeça:

- Em relação à questão do Diretor José, o departamento de finanças já falou com o Presidente


Guilherme. Parecia que ele não estava contente e mandou você ir ao escritório dele.

- Entendi. - a respondi e fui até ao último andar.

O escritório de Guilherme conformava com ele mesmo. Era frio e rigoroso, fazendo com que as pessoas
pudessem sentir um arrepio mesmo que viessem aqui no meio do verão.

A área do escritório enorme me fez sentir muito fria. Depois de observar à volta, vi que a porta da sala de
reunião estava fechada. Quando Caio me viu, ele me disse:

- Diretora Kaira, o Presidente Guilherme está tendo uma reunião com o Presidente Carvalho e o Dr.
Moreno.

Acenei com a cabeça. Pensei por um momento. Eu sabia que o Dr. Moreno era Vinícius Moreno e o
Presidente Carvalho era Pietro Carvalho.

Sentei-me no sofá do salão e olhei para o relógio. Era meio-dia. De manhã tinha saído de casa com tanta
pressa que meu estômago estava muito dolorido de fome por não ter comido nada.

Caio me serviu um copo de água e disse em tom frio:

- Aguarde um pouco, Diretora Kaira. O presidente ainda precisa de cerca de trinta minutos.

Ignorando seu rosto frio, peguei o copo e disse:


- Sr. Caio, o Presidente Guilherme tem bebido muito nos últimos dias?

No dia anterior, Esther disse que Guilherme ia muitas vezes ao bar, então eu queria saber o motivo pelo
qual ele ficava bêbedo de propósito.

Ouvindo minha pergunta, Caio congelou um pouco e disse:

- Talvez o presidente esteja de mau humor!

- Por quê? - o problema do filho não deveria ter incomodado tanto Guilherme, a não ser que fossem os
assuntos de Lúcia.

Ao me ver olhando para ele com um rosto cheio de curiosidade, Caio tossiu de forma leve e disse:

- Não sei muito sobre o presidente!

Eu sem palavras.

Esse cara não era honesto!

Aguardando muito tempo, não sabia por que tinha dormecido de novo. Ouvindo algumas pessoas
saírem, me esforçou para me endireitar no sofá.

As três pessoas que acabaram de sair da sala de reunião olharam para mim em conjunto. Com as
sobrancelhas um pouco franzidas, Vinícius olhou para Caio e disse algo para ele. Depois de me dar uma
olhada, Caio saiu.

Guilherme estava olhando para mim com seus olhos profundos. Não podia parar de pensar que ele ia
descarregar sua raiva em mim.

Pensando no Diretor José, eu me levantei depressa e disse:


- Presidente Guilherme, em relação aos danos causados à empresa nos últimos dois dias, estou disposta
a assumir toda a responsabilidade!

Ele franziu a testa sem falar nada. Mas, Pietro, que estava nos observando de lado, disse:

- A Sra. Kaira é bem competente! Para um projeto de algumas centenas de milhões de dólares, você fez
seu marido perder dezenas de milhões em dois dias. É tão generosa!

Era óbvio que ele estava me ironizando.

Olhei para Guilherme, mas ele ainda se mantinha calado, com o rosto rigoroso. Dei uma olhada em
Pietro e disse:

- O Presidente Carvalho ainda está normal?

Vinícius desatou a rir. Colocando as duas mãos dentro dos bolsos, ele olhou para mim com os olhos
límpidos. Parecia que isso não tinha nada a ver com ele.

Pietro deu uma olhada nele e ficou zangado de repente. Olhando para mim, ele disse:

- Kaira, quem você acha que é? Como se atreve a falar comigo dessa maneira?

Na verdade, eu não queria desperdiçar minhas palavras com Pietro. Ele ficou me desprezando e achava
que eu tinha prejudicado a relação entre Guilherme e Lúcia, então ele nunca falou comigo com uma boa
atitude.

Como nos conhecíamos bem, eu não me importava com o sentimento dele. Olhando para ele, eu disse
direta:

- Presidente Carvalho é um imperador proveniente de 3.000 anos atrás? Temo que as únicas pessoas
qualificadas em falar com você sejam aqueles guerreiros de terracota do túmulo. Afinal, são aqueles que
são da mesma época que têm algo em comum com você.

Compreendendo minhas palavras, Pietro ficou tão bravo que ficou com o rosto vermelho. Ele disse:

- Mesmo um homem morto é mais qualificado do que você. É tão impiedosa que se atreveu a matar a
criança na sua barriga...

- Pietro! - Vinícius interrompeu Pietro e disse:

- Guilherme quer falar com a Diretora Kaira. Já reservei um restaurante. Vamos até lá para esperar por
eles!

Após uma pausa, Vinícius olhou para mim:

- A Diretora Kaira ainda não almoçou, não é? Depois vá até lá com Guilherme!

Eu estava prestes a recusá-lo quando ele arrastou Pietro para fora.

Guilherme e eu fomos deixados no escritório vazio. Sem ter certeza do que ele iria fazer em relação ao
Diretor José, tomei a iniciativa de dizer:

- Eu sou responsável pela questão do Diretor José. Fiquei me recuperando em casa desde meu aborto.
Pensava tanto na criança que me esqueci dos assuntos do Diretor José.

Como ele não falou nada, com o rosto duro, continuei dizendo:

- Sei que esse erro causou muitos danos à empresa, por isso, vou pedir demissão...__

O labirinto de amor

Capítulo 25 Fui Encontrada Grávida


- Essa é a sua solução? - De repente ele falou, com a voz fria. Seus olhos escuros fizeram com que eu
ficasse um pouco assustada.

- Sim! - Desde o início, eu percebi que deixar a Cidade de Rio seria uma coisa lógica no caso de eu ter
motivos para pedir a demissão.

Na minha frente estava Guilherme, alto e forte. Ele me deu um sorriso frio e incompreensível, fazendo
com que eu sentisse o ar frio que se aproximava de mim:

- Teve um aborto, assinou o acordo de divórcio, e agora está disposta a pedir demissão. Kaira, o que
pretende fazer?

Suas palavras fizeram minhas palmas da mão suarem. Cercada por seu cheiro, eu dei um passo para trás
por instinto. De repente ele me pegou, colocando seus braços ao redor da minha cintura. Seus olhos
escuros pareciam rigorosos:

- Aonde pretende ir depois de deixar a Cidade de Rio?

- Não vou a lugar nenhum! - Eu me apressei a negar. Olhando para ele, eu disse:

- Você sempre quer que eu assinasse o acordo de divórcio, não é? Eu já o assinei, e agora você pode
namorar com a Lúcia. Isso não é o que deseja?

- Muito bem! - Seu sorriso ficou mais frio e as mãos colocadas ao redor da minha cintura se apertaram:

- Kaira, você sabe que odeio que outros tomem decisões por mim. Acha que consegue escapar com tanta
facilidade depois de me fazer perder meu filho?

- Você não queria aquele bebê, pois não? - Eu franzi a testa, sentindo mais dificuldade de o
compreender:
- Lúcia estava me ameaçando com sua morte. Em vez de vocês me forçarem a fazer o aborto, eu preferi
ir sozinha!

A atmosfera ficou tranquila. Guilherme estreitou os olhos, fazendo com que eu sentisse perigo. Eu tinha
a sensação de que o que estava diante de mim nesse momento era um leopardo feroz que tinha sido
enfurecido, e que se eu não tivesse cuidado, ele morderia meu pescoço e me despedaçaria.

- Bem, você é inteligente!

Eu não compreendia suas palavras, mas sabia que não era elogio.

- Kaira, guarde sua sabedoria, já que você abortou o bebê, tudo bem, então vamos conceber um outro!

Depois de dizer isso, ele saiu com o rosto frio. Fiquei congelada, não compreendendo bem suas palavras.
Se o marido de uma outra mulher tivesse dito isso, seria a consolação e preocupação, mas no caso dele,
não era assim, absolutamente não.

- Ainda vai ficar aí? - Ele virou a cabeça, franzindo um pouco a testa. Sua voz parecia um pouco dura.

Eu não sabia o que fazer por um momento. Depois de lhe responder em voz baixa, eu passei a segui-lo
trotando.

Após deixarmos a empresa, Guilherme me levou para um pátio grande, onde ficava um restaurante
chinês. Quando entramos no pátio, vimos uma mulher vestida com uma saia cor-de-rosa. Ela olhou para
Guilherme e disse com um sorriso:

- Por aqui, Presidente Guilherme, por favor!

Sob sua orientação, Guilherme e eu atravessamos o pátio e entramos numa casa. Logo quando
entramos, vi Vinícius e Pietro fazendo chá. Parecia que os dois estavam conversando.

A mulher saiu depois de entrarmos na casa. Guilherme se dirigiu até eles e se sentou numa cadeira ao
lado deles. Com os olhos indiferentes, ele disse:

- Por que não pediram nada?

- O Chefe Ryan está cozinhando a sopa. - Depois de dizer isso, Vinícius se virou para mim e disse:

- Está com fome?

Eu congelei por um momento, depois abanei a cabeça.

Pietro me detestava. Vendo que Vinícius se comportava assim, ele disse em um tom ruim:

- Por que está tão mimada? Só porque abortou um bebê? Vale a pena mandar o Chefe Ryan cozinhar a
sopa para você? Ele é um chefe de nível internacional. Que desperdício!

Vinícius tentou o parar, mas eu sorri e disse:

- Há uma bela vista aqui, vou sair para passear!

Essas palavras foram dirigidas especificamente para Guilherme e Vinícius.

Lançado uma olhada indiferente em mim, Guilherme não falou nada. Vinícius disse:

- Há uma bela vista no pátio, onde você pode dar um passeio. Ao lado dele há um jardim de bonsai, onde
há um lago com muitos peixes dentro.

Eu saí depois de o agradecer com um sorriso.


- Vinícius, está com problemas mentais? Por que você se preocupa tanto com essa mulher? O que há de
errado com você? Se ela não tivesse feito tudo o que podia para casar com Guilherme, Lúcia e Guilherme
teriam sido um casal feliz há muito tempo.

As palavras foram ditas por Pietro, e mesmo que eu não as quisesse ouvir, não as poderia evitar, porque
sua voz era tão alta que todos no pátio podiam o ouvir.

Acelerei meus passos porque não queria ouvir mais essas palavras. Saindo do pátio, vi uma vista bem
diferente.

O terreno da Cidade de Rio era muito precioso. O pátio era enorme e estava localizado no centro da
cidade, então se podia imaginar quão luxuoso era. Fora do pátio ainda havia uma área grande para a
plantação das flores, portanto o proprietário do restaurante devia ser um homem bem rico.

Enquanto caminhava pelo caminho de pedra, vi um homem de cerca de trinta e cinco anos com uma
criança quebrando os galhos verdes no pátio.

Enquanto me aproximava deles, o homem também me viu. Ele largou os galhos e me cumprimentou:

- Olá!

Respondi-lhe com um sorriso:

- Olá!

A criança ao seu lado parecia estar aprendendo a andar. Quando me viu, passou a vir na minha direção
com os passos lentos. Era uma criança muito ativa.

Não sabendo falar, ele me passou a flor amarela que estava na sua mão, de olhos arregalados.
Nesse momento, me surgiu uma sensação de alegria e estava prestes a pegá-lo nos meus braços quando
fui parada pelo homem:

- Está grávida. Ele é malandro. Cuide-se.

Fiquei congelada por um momento e olhei para aquele homem com surpresa:

- Como você... - sabia que eu estava grávida?

Eu não terminei a pergunta.

Ele disse:

- Você não precisa se surpreender. Tenho um pouco de conhecimento da medicina, e segundo seu rosto
e a forma de que você protegeu sua barriga de forma inconsciente quando estava andando agora
mesmo, achei que você deveria estar grávida.

Eu acenei com a cabeça e fiquei um pouco impressionada com esse homem.

- A vista do pátio é especial. - Eu disse: - Parece ser uma horta!

O homem sorriu e me corrigiu:

- Para ser mais preciso, este é um jardim medicinal, onde há mais de 2.000 ervas medicinais, algumas das
quais estão à beira da extinção. Aqui todas são cultivadas.

Fiquei sem reação por um tempo e observei o pátio com atenção. Ele estava correto. Não havia muitos
lugares com legumes, mas havia muita plantas que eu não conhecia. Além disso, havia um cacto muito
alto.
- No início era chamado de o jardim medicinal. Como a Cidade de Rio tem o clima mais agradável do país
e é o local mais fácil para a cultivação de vegetação, se tornou uma concentração de ervas medicinais no
país. O número não é alto, mas todas as variedades foram preservadas. - Arrumando os galhos verdes na
mão, o homem se preparou para sair com a criança depois de me dizer isso.

Acenei com a cabeça. Ele saiu pegando a mão da criança, e eu passei a observar o local com atenção.

Após alguns passos, o homem parou de repente. Olhando para mim e disse:

- Sra. Kaira, não fique muito tempo aqui, alguns dos remédios não são bons para o bebê!

Fiquei estupefacta. Quando me virei, ele tinha se afastado com a criança. Ele me conhecia?

Não demorou muito para Guilherme vir me procurar. Vendo que eu estava agachada observando as
formigas junto ao riacho, ele se dirigiu até o meu lado sem que eu soubesse e disse:

- Vamos!

Eu estava observando com tanta atenção que quase caí de terror no riacho devido à sua voz repentina.
Ele foi rápido o suficiente ao me salvar.

Guilherme franziu um pouco as sobrancelhas:

- Está maluca?

Eu dei um sorriso para ele depois de voltar a mim e disse envergonhada:

- Estava distraída.

Ele não falou mais e foi embora.


Sentia que Guilherme me tratava de forma diferente nos últimos dois dias. Parecia que ele não me
tratava de forma tão fria como antes.

Seguindo-o, eu tomei a coragem e disse:

- Esse jardim medicinal não era um lugar para comer?

- Não. - Ele disse, parecendo que não esperava que eu falasse mais.____

O labirinto de amor

Capítulo 26 Guilherme Queria Uma Criança de Novo

Ele andou tão depressa que em pouco tempo voltámos ao pátio. A refeição já estava servida, e havia
mais uma família de três pessoas à mesa, onde tínhamos sido apenas quatro.

Eu tinha visto o homem e a criança no pátio, e a mulher era a esposa do homem.

Quando me viu, o homem sorriu. Olhando para sua esposa, disse:

- Vá à cozinha e traga a sopa de galinha para a Sra. Kaira. É muito boa para o feto.

Eu congelei e o agradeci com um sorriso. Pietro parecia desconfortável ao ver isso e murmurou:

- Sem o bebê, para que serve uma boa sopa?

Guilherme me deu uma olhada que me fez entrar em pânico. Fiquei preocupada com que Guilherme
pudesse entender algo a partir das palavras do homem. Olhei para Guilherme e disse:
- Ainda não me apresentou a esse senhor!

Falou de forma tão gentil que parecia ser uma esposa competente e virtuosa.

Guilherme ficou congelado por um momento. Depois de me dar uma olhada com seus olhos escuros, ele
começou a fazer uma breve apresentação.

Ryan Souza, dono desse pátio, era filho de uma família de médicos. Como tinha uma paixão demais por
ingredientes e ervas medicinais, ele cultivava essas ervas neste pátio pelo país.

A mulher elegante e bela era sua esposa e o pequeno menino de um ano era seu filho.

Depois de uma breve saudação, fiquei um pouco apreensiva em relação à minha gravidez. Eu consegui
enganar Guilherme com muita dificuldade, e se Ryan tivesse revelado isso sem intenção, o que deveria
fazer?

Estava um pouco preocupada e não pude deixar de olhar para Vinícius, esperando que ele tivesse
alguma solução.

Nesse momento, a esposa de Ryan, Ana entrou com a sopa pronta. Olhou para mim e disse com um
sorriso:

- Faça favor de prová-la, Sra. Kaira. Quando estava grávida, gostava muito dessa sopa. Embora o sabor
seja estranho, meu marido adicionou algumas ervas medicinais para nutrir o sangue, que são muito boas
para a saúde. Quantas semanas tem o bebê?

Surgiu-me o suor frio de repente. Olhando para ela, eu disse com um sorriso:

- Fiz o aborto quando o feto tinha seis semanas, porque Guilherme e eu não estávamos bem preparados.

Ela ficou congelada depois de ouvir minhas palavras. Olhou para mim com surpresa e disse em um tom
incerto:
- Você não parece...

- Sra. Ana. Isso é pseudociese, fenômeno que acontece depois do aborto. Depois de algum tempo, tudo
voltará ao normal. Eu tenho que admirar vocês dois por seu domínio da medicina tradicional. Logo
depois de observarem o rosto, podem encontrar os motivos intrínsecos. - Vinícius falou quando estava
bebendo chá.

Nesse momento, Ryan estreitou seus olhos e sorriu. Ele não falou mais nada. Sua esposa, que achava
que eu não parecia estar com pseudociese, deu um sorriso e voltou a conversar comigo por algum
tempo.

Com muita dificuldade eu insisti até que a refeição acabasse. Ryan sussurrou algo ao ouvido de sua
esposa, e depois ela olhou para mim. Ficou um pouco congelada e saiu depois de acenar com a cabeça.

Ryan olhou para Guilherme e disse:

- É muito raro que vocês venham aqui, então preparei alguns remédios para a Sra. Kaira tonificar o
corpo. Levem-nos para casa e não será difícil ter um bebê!

Guilherme acenou com a cabeça. Olhou para mim sem mostrar nenhuma emoção. Nesse momento não
conseguia perceber o que significava.

Não podia deixar de achar que ele tinha me trazido para aqui de propósito, de forma que Ryan fizesse
um diagnóstico. Quanto ao objetivo, eu ainda não podia descobrir.

Não tendo certeza, não falei nada até que saísse.

Era o anoitecer quando entrei no carro. Pietro ficou irritado comigo de qualquer maneira, insistindo que
Guilherme me levasse para casa depressa, porque se sentia aborrecido ao me ver.
Eu não me importava com ele. Sabendo que talvez eles tivessem algumas coisas por fazer, decidi sair do
carro. Eu os deixei sair sem mim, dizendo que poderia voltar de táxi.

Além de dizer para eu ter cuidado a caminho de casa, Guilherme não falou mais nada. Depois, eles foram
embora.

Não conseguiria adormecer em casa porque tinha algo em mente. No início, queria perguntar a Vinícius,
mas não consegui porque ele estava com Guilherme, então fui ao Bar de Tempo.

Estava escurecendo e chegaram muitas pessoas uma a uma.

Quando me viu, Esther, com os gestos exagerados, me disse como se tivesse visto um fantasma:

- O que vem fazer aqui em vez de se recuperar em casa?

- Aliviar o tédio! - Depois de dizer isso, escolhi um assento e me sentei.

Ela tocou a testa, se sentindo zangada:

- Sra. Kaira, passaram apenas alguns dias desde que fez o aborto. Faça favor de tratar bem de você
mesma. Não é bom ficar em casa para se recuperar?

Sabendo que ela estava preocupada comigo, eu olhei para ela e disse:

- Dê-me um suco de laranja e vamos conversar!

- Não estou aqui para aliviar seu tédio! - disse ela e foi ao balcão do bar.
Vendo as pessoas passando por mim, eu estava pensando com o queixo apoiado com as mãos, no
objetivo pelo qual Guilherme tinha me levado para o jardim medicinal. Será que ele suspeitava que eu
ainda carregava o bebê?

- Para onde está olhando? Não está entediada, está? Vamos, vou te levar a um lugar agradável. - Esther
bateu no meu ombro como se tivesse algum segredo para me dizer, e me puxou para fora.

Eu saí do bar com ela. Não sabia seu objetivo:

- Para onde vamos?

- Vai saber quando chegar!

Era uma rua cheia de bares. Achava que ela queria dar um passeio comigo pela rua e disse:

- Por que saiu para passear comigo sem propósito em vez de ficar no bar? Não está entediada?

- Do que está falando? - Ela apontou para o clube noturno magnificente que estava na nossa frente e
disse:

- Alguém está guardando o bar. Está entediada, não é? Vou mostrar algumas coisas novas para você.

Raramente eu ia a outro bar além do de Esther. Nesse momento, eu fui levada para uma boate grandiosa
e fiquei quase surda devido à música reproduzida em volume terrível.

Esther conhecia bem esse clube. Depois de encontrar um lugar de destaque no primeiro andar, ela
chamou o gerente e falou:

- Traga-nos dois rapazes!

Vendo Esther em tal estado, o gerente acenou com a cabeça e disse:


- Não há problema. Trago de imediato alguns para vocês escolherem.

Olhei para Esther, sentindo o tremor no canto dos meus olhos:

- Para que servem os rapazes?

- Para nos acompanharem! - Ela colocou um suco na minha frente, parecendo achar que tudo era muito
natural. Ela disse:

- Gostaria que você conhecesse outros homens. Qualquer um deles tem técnica mais gentil do que
Guilherme. Não gaste todo o seu tempo pensando nele. Precisa ter seu espaço pessoal!

Antes que eu tivesse a chance de dizer alguma coisa, o gerente, que tinha saído há pouco tempo, trouxe
uma dúzia de modelos masculinos com ele e eu fiquei congelada por um momento.

- Escolha um, temos todos os tipos. Você gosta do tipo CEO dominador, não é? Olhe para aquele homem
vestido com o terno, em relação a sua aparência e a sua aura, não é nada pior que Guilherme. - Esther
disse quando ela escolheu um modelo muito jovem e fofinho.

O modelo era habilidoso. Ele se dirigiu até ela e lhe serviu um copo de cerveja. Depois, ele pegou a mão
dela com afeto. Esther se inclinou contra o peito do modelo de forma natural, em vez de o resistir.

Fiquei muito chocada. Será que ela tinha vindo aqui muitas vezes?

Não me admira que ela não queira ter um namorado...

- O que está esperando? Seleccione um! - Esther me incitou a escolher um.

- Na verdade eu não sabia o que deveria dizer. Disse com um sorriso:


- Eu... eu não preciso!

Dando-me uma olhada indiferente, ela apontou para o modelo vestindo um terno:

- Você fica com ela!

Depois de escolhermos os modelos, os outros foram embora. O modelo de terno estava sentado ao meu
lado, fazendo com que eu me sentisse desconfortável. Esther saiu com seu modelo para fazer alguma
coisa excitante.

Éramos apenas eu e o modelo de terno. Olhando para ele, eu disse de forma embaraçosa:

- Desculpe, eu não...

- A senhora não precisa explicar, eu entendi! - Ele olhou para mim com um sorriso suave:

- É sempre assim pela primeira vez. Tudo vai dar certo quando se habituar a isso!

Eu...

Eu fiquei sem palavras._______________

O labirinto de amor

Capítulo 27 Encontro Por Acaso com Lúcia

- O que a senhora gosta de fazer? - ele estava entusiasmado e tomou a iniciativa de falar comigo.

Eu sorri:
- Leio livros.

- Leitura pode fomentar o progresso das pessoas. Não é de se admirar que a senhora seja especial.

Eu realmente não sabia o que dizer, então me levantei e disse:

- Eu vou ao banheiro!

Em seguida, andei pela boate, não encontrei um banheiro, mas encontrei os conhecidos.

Lúcia e Pietro.

As duas pessoas caminhando lado a lado no corredor, não consegui evitar o encontro com eles.

Quando ela me viu, o riso de Lúcia sumiu de imediato. Olhando para Pietro e perguntou:

- Por que ela está aqui?

Pietro também ficou surpreso e balançou levemente a cabeça, dizendo:

- Quando estávamos no jardim medicinal, Guilherme havia pedido a ela para voltar e não a deixou vir.

Ouvindo isso, adivinhei que eles quiseram se reunir aqui e não quiseram que eu viesse , então eles me
deixaram ir quando ainda estávamos no jardim medicinal.

- Kaira, por que você está sempre seguindo o Guilherme? Não tem vergonha? - Pietro sempre me tratou
mal e falou sem escrúpulos.
Eu não queria explicar, apenas disse:

- Estou aqui com um amigo, você está pensando demais.

Sempre segui Guilherme? Eu não era tão livre...

Lúcia me olhou da cabeça aos pés, desconfiada:

- Você não acabou de abortar seu bebê? Por que anda por aqui?

- Devia estar se sentindo solitária em casa, já que o Guilherme nem tocou nela. Saiu para conhecer algum
rapaz. - Pietro disse sem limites.

Franzi as sobrancelhas, cheio de raiva:

- Presidente Carvalho, você beija sua mãe com essa boca?

Não tinha simpatia para estas duas pessoas, e estava prestes a sair.

Mas fui detida por Lúcia. Ela insinuou:

- Não te vejo há alguns dias, você se tornou muito mais eloquente. Como? Ainda não assinou o acordo
de divórcio? Abortou o seu bebê. Você acha que o Guilherme ficaria com uma mulher que sofreu
aborto?

Estive com muita raiva, olhei para ela com desdém e ri:

- Está falando do meu aborto? Lúcia, só se passaram alguns dias e você já se esqueceu do seu bebê na
barriga?

- Você... - Ela ficou corada de raiva e levantou a mão para me bater.

Eu segurei sua mão:

- Já que você finge ser inocente, deveria agir como tal. Imagino que Guilherme ficaria enojado se te visse
assim.

Sacudi a mão dela, eu estava pronta para sair.

Eu não imaginava que Lúcia me prenderia aqui. Quando a soltei, ela caiu de repente, batendo na parede.

De longe, parecia um empurrão.

Por coincidência, Guilherme e Vinícius, que tinham acabado de chegar, ouviram esta cena.

- Kaira, você está louca? O que você tem contra a Lúcia? - Pietro gritou comigo enquanto ia levantar
Lúcia no chão.

Que ridículo. Ela podia me repreender, mas eu não podia revidar?

- Se os olhos e o cérebro de Presidente Carvalho são inúteis, por favor doe-os a alguém que possa
usá-los, não desperdice os recursos.

Este homem era muito mal-educado. Não consigo entender como Guilherme poderia ter uma pessoa
assim ao seu redor.

Guilherme e Vinícius observavam com as mãos nos bolsos. Olhando para eles, eu estava com muita raiva
e estava prestes a sair sem sequer um cumprimento.
Mas meu braço foi pegado por Pietro:

- Vai sair correndo depois de bater nela?

- Pietro, está maluco? Você tem prova de que eu a empurrei? Disse que eu a tinha repreendido. E vocês?
- Eu já estava de mau humor e não queria discutir com essas pessoas. Sacudi a mão de Pietro e saí.

Guilherme agarrou meu pulso quando passei por ele. Eu olhei para ele.

Era claro que ele estava com raiva, a frieza estava estampada em seu rosto.

-Presidente Guilherme, e então? - Aqui senti que não era a esposa de Guilherme, mas uma estranha.

Quanto mais isso acontece, me sinto cada vez mais desconsolada.

Meus olhares para Guilherme ficavam mais frios.

- Peça desculpas! - ele mandou.

Eu estava furiosa:

- Guilherme, você está louco! Por que quer que eu peça desculpas?

- Você a empurrou! Ele falou em uma voz grossa e um pouco descontente.

Eu a empurrei? Eu falei com raiva:


- Guilherme! Se não está enxergando direito, deveria ir ao oculista.

- Kaira! - Ele me chamou, ainda em voz fria -, peça desculpas!

- E se eu não pedir? - Suprimindo minha raiva, olhei para ele, destemida por seu olhar frio.

Ele franziu as sobrancelhas e fechou seus lábios fino e disse:

- Como está indo o bar de Esther?

Me espantei. Seria isso uma ameaça? Como este homem ousa usar táticas tão desprezíveis para me
ameaçar a pedir desculpas a Lúcia?

Olhei para o rosto do homem, com um leve sorriso que exibia um bigode recente, até mesmo um pouco
sensual.

Mas, naquele momento, eu não queria admirar o seu rosto pois uma frieza havia inundado meu coração
e, por um instante, eu disse:

- Certo, peço desculpas.

Soltei sua mão e fui até Lúcia, disse, suprimindo todo o meu ressentimento:

- Sinto muito!

Lúcia pareceu piedosa e indefesa neste momento, como se eu a tivesse realmente intimidado.

Pietro, que estava ao lado, disse depois de eu pedir desculpas:


- É suficiente pedir desculpas após bater numa pessoa? E então se pode desculpar após matar uma
pessoa? Para que serve a lei?

Vá se foder.

Eu estava realmente refreando toda minha raiva e, olhando para ele, disse em uma voz fria:

- O que mais você quer?

Ele apertou os braços e disse, com um sorriso forçado:

- Tem uma formalidade entre nós. Quem fez mal, tem de se desculpar com sinceridade. Pode pedir
desculpas pagando uma festa para todos nós. Vamos perdoá-la!

Vá se foder.

Que desculpa é essa?

- Pietro, não seja ridículo! - Vinícius disse, assistindo à confusão de perto, e franziu seus sobrolhos.

Pietro não lhe olhou, mas para Guilherme, dizendo:

- Guilherme, o que acha?

O olhar desconfiado de Guilherme pousou em mim, arqueando suas sobrancelhas, e depois olhou para
Lúcia:

- O você acha para lidar com isso?

Lúcia abaixou ligeiramente a cabeça, sua voz era baixa, mas todos podiam ouvi-la:
- Afinal de contas, Kaira é a sua esposa, então faça o que você quer, Guilherme.

Mas que putaria!

Furiosa por dentro, olhei para Pietro e disse:

- Diga, onde vamos beber?

Vinícius caminhou à frente e me olhou com estranheza:

- Você quer morrer?

Eu entendi, ele receava que a bebida fizesse mal ao bebê.

Pietro tinha medo de que Vinícius impedisse e disse a ele:

- Vinícius, não se intrometa! - Depois me olhou e disse:

- Vamos, Sra. Sanches!

Em seguida, chegamos à sala privada que tinham reservado com antecedência.

Para me embromar, Pietro pediu dez garrafas de whisky e duas caixas de cerveja!

O labirinto de amor

Capítulo 28 Que Tal um Jogo de Bebida, Sra. Sanches?


Ouvindo-me e dizendo:

- Que tal um jogo de bebida, Sra. Sanches?

Ri com desdém. Isso apenas é um jogo?

Ele pediu dez copos e com álcool dentro, Pietro me disse:

- A regra do jogo é essa: pode pedir a qualquer um aqui para beber por você. Mas se ninguém quiser,
você mesma tem que beber!

Rezei muito enquanto vi aqueles copos cheios de álcool, coloquei a mão em minha barriga
subconscientemente e pensei:

- Meu bebê, você tem que suportar!

Levantei meu copo, levantei a cabeça e tomei o copo cheio, mas em poucos goles meu estômago estava
perturbado.

De repente, senti vontade de vomitar, não consegui me conter, correndo em direção ao banheiro,
vomitei sobre o vaso sanitário.

Vinícius me seguiu e tocou minhas costas:

- Se pedir a Guilherme, ele vai impedir que Pietro faça isso, você é a esposa dele!

Eu ri. Não sou Lúcia, não posso conquistar homens através das suas lágrimas lastimosas.

Sem responder a ele, eu disse:


- Tem algum remédio que possa diminuir o risco à saúde do bebê?

Ele acenou sua cabeça:

- Afinal, o medicamento é, mais ou menos, prejudicial para o corpo.

- Não tem problema, por favor, os envie para mim mais tarde.

Voltei do banheiro. Pietro pediu uma música no telão, cantando, e quando ele me viu voltando, estreitou
os olhos e disse:

- O quê, só um copo e você não aguentou mais?

Eu não me preocupei com ele e olhei para a mesa onde tudo estava como antes, exceto o copo que eu
tinha acabado de beber.

Guilherme e Lúcia se sentaram juntos, e sem saber o que Lúcia estava dizendo a ele, Guilherme acenou
com um semblante inexpressivo.

Ele ficou irritado quando me viu e, em seguida, desviou o olhar.

Com meu coração dolorido, fui até a mesa e olhei para Pietro e disse:

- Espero que o Presidente Carvalho não falta à sua palavra!

Depois levantei o copo enchido, lutei contra a vontade de desistir e bebi alguns copos de álcool. Eu não
era uma boa bebedora e, lá pelo terceiro copo, minha barriga já estava doendo.
Vinícius viu o sinal, impediu-me quando estava levantando o copo, olhou para Guilherme e disse:

- Guilherme, ela ainda é sua esposa, você sabe a condição dela. Se algo der errado, você vai se
arrepender.

- Me solte! - Estava bastante tonta, com raiva e sofrimento no coração. Empurrei Vinícius e me preparei
para tomar mais um.

De repente, senti uma força e então fui puxada para um abraço familiar. Pietro olhou para Guilherme e
se estranhou:

- Guilherme, você...?

- Ela é minha esposa, vou beber o resto. - dito isso, ele bebeu todos os copos. Lúcia olhou para ele, e
seus olhos ficaram vermelhos.

Me sentia mal e queria vomitar. Mas fui abraçada por Guilherme e não conseguia me livrar. Então, com a
pouca consciência, resisti às náuseas.

Não sabia o quanto Guilherme bebia. Lúcia, de repente, se levantou e olhou para Pietro:

- Me leve para casa!

A voz era tingida de aflição e descontentamento.

Pietro olhou para Guilherme com uma expressão complicada. Sem saber o que dizer, saiu com Lúcia.

Vinícius tirou o copo da mão de Guilherme e olhou para ele:


- Se você não quer que nada lhe aconteça, então se apresse e a leve de volta!

Estava se referindo a mim!

Guilherme franziu a testa, me carregou nos braços e saiu da boate. Eu estava tonta e não soube como
Vinícius saiu. Quando Guilherme me colocou no banco do carro, o que eu podia sentir era a dor na minha
barriga.

Contorci o corpo inteiro e cobri minha barriga. Guilherme, preocupado, colocou a mão sobre minha
barriga e disse:

- Dói muito?

Acenei. O suor já começava a escorrer da minha testa.

Ele ligou o carro e falou:

- Fique calma, vamos para o hospital!

Suando frio, eu o agarrei, olhei para seus olhos negros e disse:

- Leve-me para a mansão, chame o Dr. Vinícius, ele tem o remédio!

Ele não gostou desta ideia.

Com medo de que ele pensasse algo errado, expliquei:

- Ele tinha cuidado da minha saúde após a cirurgia, ele sabe o que fazer!
Logo, ele dirigiu o carro até a mansão.

Fiquei aliviada.

Como Guilherme dirigia muito bem e em alta velocidade, não demorou muito para chegar à mansão.
Vinícius já voltou para pegar o remédio, e chegou logo.

Guilherme me levou nos seus braços para o quarto. Tomei os remédios de Vinícius, a dor na barriga
diminuiu um pouco, lentamente.

Depois de um tempo, fiquei tonta e sonolenta e cai no sono logo.

Durante o sono, ouvi Guilherme me chamar, mas não conseguia abrir meus olhos. Vislumbrava que ele
parecia estar trocando minha roupa e me levou para o banheiro para me dar um banho.

Eu queria recusar, mas não conseguia acordar.

Percebi que ele apalpava minha barriga com sua mão. Sem saber o que ele estava fazendo, eu me
contorci um pouco.

Ainda tonta e sonolenta, ele me levou para a cama. Já estava com sono e, mais uma vez, adormeci
completamente.

No dia seguinte.

Estava de ressaca por causa do álcool que bebi ontem à noite. Fiquei na cama por um tempo enquanto
meu celular tocava várias vezes.

Quando me senti melhor, peguei o celular e vi que era a mensagem de Esther.


- Como estava o modelo jovem ontem à noite? Tudo bem?

Eu fiquei pasma e respondi a ela:

- Querida, sabe que não pode fazer sexo por um mês após um aborto?

Pouco tempo depois que a mensagem foi enviada, ela me telefonou.

Eu atendi. Ouvi a voz de Esther:

- Porra, você não me disse, ontem eu dei uma boa dica àquele modelo jovem!

Me espreguicei e saí da cama para puxar as cortinas, disse pelo telefone:

- Vamos às compras juntas um dia. Vou comprar algo que você goste. Me encontrei com Lúcia ontem à
noite.

Esther congelou:

- Aquela vadia alegou ser pura. Por que ela foi lá?

- Com Guilherme e outras pessoas! - Depois de algumas chuvas, a paisagem ao redor da mansão estava
se tornando cada vez mais bela.

Esther suspirou e disse:

- Esqueça, não vamos mencionar, quando você planeja deixar a Cidade de Rio?

No que diz respeito a isso, tenho um pouco de dor de cabeça:


- Guilherme nunca assinou o acordo de divórcio e eu ainda não lidei com os assuntos da empresa!

Ela respondeu com um sim e disse:

- Avise-me quando tiver resolvido tudo isso. Eu vou à Cidade de Nuvem em alguns dias para procurar
bons locais que estão disponíveis e depois vender o bar daqui.

Eu quase soluçava:

- Você dirige o bar há tantos anos, é difícil o deixar, certo? - Eu me sentia mal com o fato de ela querer
vender o negócio no qual trabalhou tanto.

Ela falou comigo, tranquila:

- Não pense nisso. O dinheiro não compra felicidade. E quando chegarmos à Cidade de Nuvem, também
posso abrir um novo bar!

Ela ficou empolgada ao dizer isso, perguntou:

- Você já pensou no que vai fazer quando deixar do Grupo Nexia e for para a Cidade de Nuvem?

Eu congelei. Não tinha pensado muito nisso realmente e minha barriga já estaria grande quando fosse
lidar com isso.

Não é fácil arranjar um emprego na gravidez.______________

O labirinto de amor

Capítulo 29 Você Quer Sair?


- Eu vou ficar de folga por um tempo! - Eu respondi

Havia sempre um tempo em que não podia cuidar do bebê, então eu esperaria até que ele fosse mais
velho.

- Sim! - Ela disse - Tem trabalhado com Guilherme por tantos anos e já é a hora de fazer uma pausa.
Economizei dinheiro suficiente ao longo dos anos para nós duas gastarmos!

Eu ri:

- Não fique preocupada. Mesmo que eu me divorcie de Guilherme, ainda tenho economias.

A mansão foi deixada para mim por Rodrigo, e mesmo que eu me divorciasse de Guilherme, não a
venderia. Além disso, eu ainda não tinha decidido o que fazer com as ações da empresa.

Depois de conversar um pouco, eu desliguei, ficando de braços cruzados perto da janela do piso ao teto,
apreciando a paisagem em silêncio.

Como eu viveria no futuro? É realmente uma pergunta séria.

De alguma forma notei que o ar estava um pouco frio, eu esfreguei os braços. Quando me virei para
pegar um casaco, vi Guilherme atrás de mim, com um ar frio que pairava sobre mim.

Eu estava com suor frio:

- Você... você não foi ao escritório?

Eu não sabia quanto tempo ele estava lá. Não tive certeza se ele ouviu o que conversei com Esther.
Ele me encarava, de forma misteriosa:

- Para onde vai?

Fiquei sem reação com aquela pergunta. Parecia que ele tinha ouvido algo:

- Do que está falando? - Eu tentei fingir que não tinha entendido a pergunta.

Eu não sabia o que fazer diante daquele olhar frio, entrei em pânico. Eu cobri minha barriga e fingi sofrer
de dor:

- Ai, me dói a barriga!

Com isso, agachei no chão.

Ele ficou parado por um momento, andou para me ajudar a se levantar:

- Vamos ao hospital!

Eu não disse nada

Eu mesmo causei isso, não foi? Isto seria pagar pelos próprios actos?

- Não...

Eu recusei. Recusei rápido demais, e ele disse com um olhar significativo:


- Kaira, parece que você não quer ir ao hospital.

- Não...

Quando disse, meu rosto ficou um pouco triste. Eu olhei para ele com os olhos vermelhos e disse:

- Tenho medo de me deitar sobre a mesa de operação sem sentir nada!

Obviamente congelado por um momento, depois de muito tempo, ele me puxou do quarto, de repente.

Pensando que ele me levaria para o hospital, eu puxei a manga dele e disse com os olhos cheios de
lágrimas:

- Guilherme, eu realmente não quero ir para o hospital!

Além disso, a barriga não doía nada.

- Vá comer algo.

Ele me lançou um olhar distante, com alguma impotência.

Não tinha certeza o que eu sentia por ele agora. Ontem com a sua ajuda, hoje com o seu compromisso,
ele não parecia tão frio.

A pessoa é, realmente, uma criatura gananciosa. Ao se sentir bem com alguma coisa, sua vontade seria
ter mais e mais disso até tomar posse dessa coisa..

Ele me levou para a mesa e, em seguida, foi para a cozinha. Trouxe algo da cozinha quando veio de lá.

Eu estava esperando mingau, mas era canja. Olhei para ele com um olhar complicado, enquanto ele me
deu um olhar indiferente, e depois disse em voz baixa:

- Vinícius vai vir aqui mais tarde. O projeto do Diretor José foi concluído, mas você ainda tem que
suportar a perda por seu próprio atraso. Você não precisa ir à empresa por enquanto, descanse bem!

Depois, ele vestiu o casaco, pegou a chave do carro e saiu.

Fiquei ponderando sobre aquilo. Quando... quando ele começou a mudar sua atitude em relação a mim?
Depois de saber que eu estava grávida?

Fiquei olhando a sopa por um tempo, sem fazer nada.

Quando Vinícius chegou, eu ainda estava perdida em pensamentos.

Ele parecia preocupado, olhou para mim e disse:

- Agora você não precisa comer algo tão nutritivo. Não se preocupe, coma o que quiser. Não há tantas
restrições para o feto.

Ouvindo sua voz, eu recuperei a consciência e o vi de pé ao meu lado com seu kit de emergência, me
observando.

Me levantei com pressa e disse:

- Você chegou!

Ele parou, não falou mais, me entregou o medicamento e disse:


- Tome este remédio três vezes por dia durante vinte e um dias. Não beba mais álcool. Isso pode causar
atraso ou deformação do desenvolvimento fetal. Além disso, você pode ir ao hospital para criar um
prontuário do feto e iniciar os exames de maternidade.

Eu agradeci ao receber o remédio:

- Obrigada.

Ele estava prestes a ir embora, após me examinar, no entanto, me disse:

- Em sua situação atual, receio que você não possa sair por um tempo. Talvez possa contar tudo para o
Guilherme. Se ele tiver a intenção de ficar com este bebê, ele vai resolver o resto!

Entendi o que ele queria dizer. Ele estava falando de Lúcia.

Sobre os assuntos de Lúcia, eu não sabia muito. Nunca quis saber sobre o que acontecia entre Guilherme
e Lúcia. Mas, naquele momento, eu olhei para Vinícius:

- Guilherme deve amar muito Lúcia.

Vinícius se sentou no sofá e disse:

- Isso não tem nada a ver com amor. Se quiser estar com Guilherme, diga-lhe o fato diretamente. E ele
tem sua própria maneira de lidar com isso.

Que maneira?

Não perguntei assim. Cada um tem sua própria maneira de pensar. Eu não sabia qual era a maneira que
Vinícius queria dizer, mas eu percebi que este bebê era, em última instância, somente meu.

Guilherme nunca teve muito amor por mim. Se Rodrigo ainda estivesse vivo, eu poderia ter confiado
nele para manter Guilherme por alguns anos. Mas Rodrigo tinha falecido, eu não tinha confiança de que
eu poderia mantê-lo por muito tempo.

Não era uma escolha inteligente correr riscos com o bebê.

Após o silêncio, eu disse:

- Agradeço por me ajudar com o bebê, mas tenho meus próprios planos. Obrigada, Dr. Vinícius.

Talvez sentisse que eu não estava ouvindo suas palavras, Vinícius não gostou do que eu disse e ficou
quieto.

Ele suspirou e disse:

- Tenho coisas para fazer esta tarde. Se lembre de tomar seu medicamento. Vou me embora.

Depois que ele foi embora, eu não comi a sopa. Ela não me caiu bem no estômago. Como ainda estava
no início da gravidez, eu não sentia os enjoos comuns da gravidez, mas, mesmo assim, não tinha apetite.

Voltei para meu quarto e me deitei novamente. Depois de um tempo, meu celular tocou. Era um número
desconhecido, então eu atendi.

- Sou eu, Lúcia! - Demorou muito tempo para ela dizer.

Eu fiquei surpresa, mas desconfiada, respondi:

- Srta. Lúcia, em que posso ajudar?

- Vamos conversar! Já te enviei a localização.


Quando terminou, ela desligou sem me dar uma chance de recusar.

Não entendi a intenção de me convidar neste momento.

Mas, parecia ter algo a ver com Guilherme.

Por que eu deveria encontrá-la agora? Decidi enviar uma mensagem para Guilherme ao ver o endereço
que Lúcia havia me mandado:

- A Srta. Lúcia queria conversar comigo, e eu estava com medo de ficar irritada e bater nela de novo,
então recusei.

Guilherme me ligou pouco tempo depois.

Atendi o telefonema dele relaxada, me encostando na varanda e vendo a paisagem:

- Presidente Guilherme, tudo bem?

Pude perceber que o homem na linha deveria estar furioso.

- Onde está?

- Em casa!

- Ok! - ele respondeu em seguida, - Descanse bem em casa!

Eu acenei:

- Percebi.__
O labirinto de amor

Capítulo 30 Seu Passado

Ele deve ter lido minha mensagem. Depois de desligar, eu não conseguia dormir e não tinha nada para
fazer. Então, eu fui para a sala de estudo de Guilherme.

No passado, eu estava tão ocupada no trabalho que raramente tinha tempo para descansar e ler os
livros em seu estudo. Agora, era uma boa oportunidade para eu fazer uma pausa.

A sala de estudo de Guilherme era muito grande e tinha muitas categorias diferentes de livros. Eu estava
entediada e folheei alguns dos livros com fotos por um tempo, mas não demorou muito para que minhas
costas doessem.

Tive que colocar os livros e vagar pela sala. Notei um pequeno armário, de aparência antiga, num canto.

Por curiosidade, passei pelo armário e encontrei algumas fotos, todas antigas, mas pude ver que elas
eram de Guilherme quando criança.

Eu nunca havia visto os pais de Guilherme. Na fotografia amarelada, um homem e uma mulher estavam
segurando uma menina em seus braços, sorrindo benevolentemente.

As feições do homem pareciam um pouco com as de Guilherme, e ele também se parecia um pouco com
o Rodrigo, que devia ser o pai de Guilherme, enquanto a mulher era gentil e elegante, que devia ser a
mãe de Guilherme.

Continuei verificando as fotos, senti que algo estava errado. Nas fotos seguintes, o menino nos braços
dos pais de Guilherme havia se tornado uma menina, e eu fiquei um pouco confusa. Eu verifiquei outra
vez e descobri que realmente havia algumas fotos em que os pais de Guilherme estavam com uma
menina.
No passado, Rodrigo disse que os pais de Guilherme só tinham um filho e não tinham filhas. Quanto ao
Bruno Aguiar, tio de Guilherme, ele nunca teve filhos em sua vida, portanto, aquela menina não era sua
filha.

Afinal, quem era a menina nas fotos?

Como não consegui descobrir porquê, pensei que fosse uma criança de um vizinho dele, e sem pensar
muito sobre isso, continuei a ver as fotos seguintes.

As fotos seguintes eram de Guilherme na escola. Rodrigo era tão atencioso que tinha registrado tudo
sobre seu crescimento.

Continuando, vi uma foto em grupo, que parecia recente, de Lúcia, Vinícius e Pietro, mas havia ainda
uma outra pessoa na foto.

Era um menino com o rosto claro, aparentemente alegre e entusiasmado, e todos na foto eram
extremamente bonitos, mas aquele menino parecia mal, um pouco doente. Como não o conheci, não
pense demais.

Uma menina estava entre outros quatro meninos. Essa eu conhecia, era Lúcia, ainda jovem e inocente.

Ela parecia uma princesa sob o cuidado deles, estava realmente feliz.

Fiquei um pouco triste depois de ver as fotos. Lúcia e Guilherme tinham um longo passado junto,
enquanto eu havia passado apenas dois anos com Guilherme.

Se não fosse pela doença de minha avó e pelo fato de que ela estava desesperada e me trouxe ao avô
Rodrigo, nunca teria conseguido me casar com Guilherme.
Era verdade que eu só tinha casado com Guilherme por causa de minha avó e do avô Rodrigo, e também
era verdade que ele não tinha sentimentos por mim.

Depois de todo esse tempo, eu nunca havia pensado muito no motivo pelo qual minha avó conhecia o
avô Rodrigo. Logicamente a Família Aguiar era uma família de alta classe e a minha avó só era uma
mulher do campo, então como é que aquelas duas pessoas poderiam ter se conhecido?

Eu não conseguia parar de pensar nisso e fiquei um pouco perdida.

Eu fiquei no escritório de Guilherme até anoitecer. Não sabia se era porque estava grávida, não sentia
fome depois de não comer o dia todo, apenas sentia dores na barriga.

Fui até a cozinha procurar algo para comer e ainda bem que Liz havia feito compras para mim. Eu
encontrei um pepino e, por preguiça, preparei somente isso para comer.

Eu não notei Guilherme retornando e não vi o homem sentado na sala até que eu saí com o meu lanche.

Quando ele chegou?

Ao ouvir o barulho, Guilherme se virou e viu o pepino que eu tinha na mão. Franziu as sobrancelhas
bonitas e disse, em seguida:

- O que você está fazendo com isso?!

Não entendi o que ele queria dizer, então disse naturalmente:

- Para comer! Para que mais eu usaria isso?

Guilherme riu:

- Precisa mesmo disso? Não te faz satisfeita?


Ele está falando sério?

Tive um pouco de dificuldade para compreender seu raciocínio. O que ele quis dizer com isso?

Fiquei confusa ao ver aquele rosto indecifrável me olhando e vindo em minha direção. Segurei o pepino,
apontei para ele e disse:e:

- Você quer um? - Eu lavei dois pepinos.

Guilherme me olhou de forma significativa:

- Não preciso!

Depois disso, ele jogou fora o pepino que eu segurava, me agarrou pela cintura e acariciava meus lábios.

Mesmo que eu fosse estúpida, deveria saber o que ele ia fazer naquele momento. Eu tentei evitá-lo, mas
fui agarrada por ele com força. Ele disse em uma voz grave:

- Já faz alguns dias, deve estar tudo bem agora!

Inexplicável.

- Gui... hummm...

Ele cobriu minha boca com um beijo. Eu tentei empurrá-lo mas minha força não era o suficiente. Afinal
ele era um homem.
Fui envolvida por esse clima. Eu arregalei meus olhos. Ele...

- Guilherme, não... shhhh...

- Guilherme, ainda não podemos. Vou ter infeções!

Eles não podiam fazer sexo pois Lúcia havia acabado de sofrer um aborto, eu também. Mas fazia sentido
para mim.

Comecei a ficar ansiosa quando percebi que ele não mudaria de ideia:

- Guilherme, o médico disse que levaria um mês, por favor.

Eu estava quase chorando.

Ele acabou desistindo ao me ver implorar. Me segurando firme, ele beijou meu corpo, cada vez mais
lentamente.

Acabou me soltando depois de algum tempo, me perguntou:

- Está com fome?

Fiquei envergonhada pois minha barriga roncou de fome. Com um sorriso forçado, concordei:

- Não comi o dia todo!

Ele olhou para mim, depois para o pepino. Ele estava perplexo:

- Só vai comer um pepino?


Eu expliquei:

- Eu não quis ficar muito tempo na cozinha pois cheirava a fumaça, então lavei os pepinos e ia comê-los.

Ele esboçou um sorriso, mas aparentemente estava desamparado.

Ele entrou na cozinha e saiu com macarrão com dois ovos cozidos acima.

Vendo que ainda estava parada aí, ele me ofereceu o prato:

- Venha aqui e coma!

Era uma ordem, mas não era desagradável.

De repente, eu pensei no que Vinícius havia dito hoje. Se eu fosse sincera com Guilherme, seria que ele
realmente resolveria essa situação?

Quando me sentei à mesa, percebi que só havia uma tigela de macarrão, perguntei a ele:

- Você já jantou?

Ele gesticulou para que eu comesse logo e foi verificar as mensagens do celular.

Apesar da boa aparência do macarrão, eu não consegui comer muito pois meu estômago ainda estava às
voltas, aguentei as náuseas por várias vezes.

O labirinto de amor

Capítulo 31 O Início do Conflito


Acabei não conseguindo aguentar.

Eu me senti enjoada, corri para o banheiro e vomitei tudo o que tinha acabado de comer, o que fez meu
estômago piorar.

- Não é bom?

Me assustei com a voz fria de Guilherme atrás de mim, encostado na porta.

Eu sacudi a cabeça:

- Não, acho que passei mal por ter passado fome o dia todo e ter comido algo de repente, então meu
estômago não aguentou.

Fiquei um pouco confusa quando ele me levantou e me carregou para o segundo piso.

- Qual é o seu problema?

Ele tirou o terno que estava vestindo, trocou de roupa casual e me fez uma proposta:

- Troque de roupa, vamos comer o que quiser fora!

Fiquei um pouco hesitante, disse:

- Não estou com fome agora. Não quero ir, não vou conseguir comer nada.

Ele me ignorou, fingiu não ouvir minha reclamação:


- Vou esperar por você lá fora!

De verdade, eu não estava com fome, mas...

Depois de ponderar, no final, troquei de roupa e saí com ele.

Eram dezanove ou vinte horas na Cidade de Rio, e a multidão estava bastante animada. Guilherme,
dirigindo, me perguntou:

- O que você gostaria de comer?

Pensei sobre isso e disse:

- Quero algo mais leve!

Talvez eu estivesse com nojo de comidas muito fortes por causa da gravidez.

Ele acenou levemente. Fiquei olhando os olhos e sobrancelhas bonitos. Percebi que desde que nos
casamos, este havia sido o melhor dia que nos damos bem.

Por um momento, imaginei como nossa vida poderia continuar assim, feliz, para sempre. Uma família,
nós três.

Ele estacionou o carro em frente a Vignoli Norte, eu saí e fui direto escolher uma mesa. Talvez, por causa
do horário, não havia muitas pessoas lá.

Assim que me sentei, o garçom me entregou o menu. Guilherme já havia comido, e não tinha apetite. Só
pedi uns petiscos e uma sopa de legumes.

Para minha surpresa, depois que Guilherme estacionou o carro, ele entrou com duas pessoas ao seu
lado, eram Lúcia e Pietro.

Coincidência? Ou compromisso?

Vendo que eu já estava sentada, os três vieram até a minha mesa e se sentaram. Ao me ver, o rosto de
Lúcia mudou, mas ela não disse muito. Aquela mesa podia acomodar quatro pessoas.

Porque eu me sentei primeiro, Lúcia me viu e ultrapassou Guilherme, sentando-se ao meu lado. Ela
olhou para mim e disse com uma voz delicada:

- Kaira, não faz mal se eu me sentar ao seu lado, né?

Eu podia dizer que não?

Não!

Então não respondi.

- O que você pediu?

Guilherme falou, pegando o menu do garçom e olhando para mim.

- Uns petiscos e uma sopa. -

Respondi.

Ele acenou e fez o seu pedido. Pietro disse com desprezo:


- Não quero comer. Não estou com fome.

Ele devolveu o menu ao garçom.

A seguir, os três começaram a conversar, mas eu não pude interferir na conversa deles, então fiquei
calada.

O garçom trouxe a sopa de legumes. Assim que esta foi colocada sobre a mesa, Guilherme a colocou na
frente de Lúcia. Disse, em um tom provocador:

- É para você, coma para aquecer seu corpo.

Lúcia sorriu com alegria:

- Eu sei que Guilherme me conhece bem e sabe que eu gosto muito da sopa de legumes!

Me senti devastada ao presenciar essa cena.

Ele conhecia tanto sobre ela. Isso era um mimo tenro que eu nunca poderia ter em minha vida.

- Kaira, que prato você pediu? Que tal comermos juntos! Esta sopa é excelente. No passado, Guilherme
costumava me trazer para aqui.

Enquanto ela falava, Lúcia colocou sua sopa na minha frente.

Sacudi a cabeça, empurrei a sopa de volta e sorri:


- Eu também pedi a mesma que vai estar pronto logo.

Vendo isto, ela não disse mais nada e continuou conversando com os dois homens sobre assuntos que
eu não conhecia.

Não demorou muito para que os petiscos e a sopa de legumes fossem servidos. Quando eu também pedi
a sopa de legumes, Lúcia disse, com um sorriso inocente:

- Kaira, você também gosta de sopa de legumes. Então, vou te contar um segredo,Guilherme sabe muito
bem como cozinhar essa sopa!

Ela se aproximou demais de mim, com sua boca ao lado de minha orelha. Eu detesto quando as pessoas
fazem isso comigo, então me afastei um pouco.

- Ai!

Sem saber porquê, a sopa na minha frente foi tudo derramada sobre meu corpo.

Como estava quente, me levantei por susto, mas não esperava que antingisse Lúcia. Ela soltou um grito
de dor.

Não pude pedir desculpas a tempo. Peguei um guardanapo para limpar a sopa. Como tinha sido
apressada por Guilherme quando saí, eu estava apenas de um vestido fino, e minha pele ficou um pouco
queimada.

Eu tinha limpado a maior parte da sopa de meu corpo antes de ver Guilherme ajoelhado na frente de
Lúcia para limpar o nariz dela, com bastante cuidado.

Acho que me levantei muito rápido e bati com o nariz de Lúcia, então...

Pietro pegou um guardanapo e o entregou a Guilherme, olhando para mim, de mau humor:
- A Sra. Sanches esqueceu os óculos hoje?

Eu não soube como responder.

Lúcia estava com os olhos vermelhos de chorar, parecia que seu nariz sangrava um pouco. Eu suprimi
todo o ódio em meu coração e disse:

- Srta. Lúcia, me desculpe!

Não foi minha culpa. Era certo que ela derramou a sopa para mim quando se aproximou. Só ela faria algo
chato assim comigo.

- De nada, Kaira, tenha mais cuidado.

Com isso, Lúcia olhou para Guilherme com expectativa:

- Guilherme, não quero mais comer essa sopa que derramou. Vamos dar uma volta?

Guilherme ficou chateado ao ver os petiscos ainda na mesa, disse:

- Coma algo antes de sair!

Ninguém prestou atenção em mim, nem notaram que eu estava com a sopa derramada em mim.

Me senti ridícula quando me levantei.

- Vou embora agora! - Eu saí do restaurante logo em seguida. Senti como se eu tivesse sido apunhalada
pela adaga mais cruel.

Deus não é tão justo. Enquanto dá alegrias a alguns, causa dor e sofrimento a outros.
- Kaira!

Com uma voz baixa e furiosa, alguém me chamou. Era o Guilherme me seguindo.

Franziu a testa, ele parecia tentar conter sua raiva:

- O que você está fazendo?!

O que eu estava fazendo? Ele estava me culpando por ter esbarrado em Lúcia?

- Não consigo comer e quero voltar para casa.

Evitei explicar mais para não explodir de raiva.

Anda na direção de mim, ele não parecia satisfeito com isso:

- Kaira, essa é a sua educação?

Surpresa com esse comentário, eu retruquei, olhando para o seu rosto sombrio e frio:

- Educação, Guilherme? A educação que está falando é que um homem casado cuida de outra mulher na
frente da sua própria esposa e ignorando os sentimentos dela?______________

O labirinto de amor

Capítulo 32 Há Quatro Anos

Ignorando seu rosto sombrio, continuei a debochar.


- Você acha que Lúcia é bem educada? Pois, o que eu entendo por boa educação é uma coisa bem
diferente!

- Kaira!

Seus dedos apertaram minha mão com mais força. Com as veias da testa exaltadas e os dentes rangidos,
disse em um tom de voz muito baixo:

- Você deveria se alegrar pelo fato de eu não bater em mulheres.

Ri e aguentei a dor em meu pulso, que parecia prestes a ser esmagado. Olhando pare ele, retruquei:

- Presidente Guilherme, é realmente muito generoso. Mas, poderia soltar a minha mão, por favor?
Apertar a mão de uma mulher dessa maneira é a mesma coisa que bater nela.

Guilherme estava tão furioso, que as veias em sua testa pareciam querer saltar. Meneando minha mão,
ele disse em um tom de voz gélido:

- Quem você pensa que é para julgar a Lúcia? Você não merece!

Virou-me as costas, indiferente.

- Não mereço? - Estava furiosa com seu comentário grosseiro. Sorrindo, me aproximei e disse olhando
para ele com firmeza:

- Sim, eu não chego aos pés de Lúcia! De fato, eu não chego nem perto da hipocrisia dela! Pelo menos,
eu não fico fazendo truques às costas, como vocês!

Dito isso, ignorei sua raiva e voltei para o restaurante, onde Lúcia e Pietro permaneciam sentados no
mesmo lugar.
- Kaira! - Exclamou Lúcia, sorrindo de forma falsa ao me ver entrar.

Lançei um olhar frio para ela, peguei os pesticos e a sopa que estava sobre a mesa e, sem hesitar,
derramei tudo lentamente pela sua cabeça.

Sem esperar por sua reação, eu disse-lhe:

- Lúcia, não sei como você foi educada, gosta tanto de roubar coisas dos outros e se fingir de simpática e
implora por atenção. Mas, uma coisa vou lhe dizer: quem faz coisas erradas, um dia terá que pagar por
elas!

- Como gosta tanto de coisas usadas, pode ficar com Guilherme. É certo que eu gosto muito dele, mas já
estou cansada de um homem que não dá valor ao que tem. Vocês me dão nojo! Fique com ele; vocês se
merecem!

- Kaira! Uma voz com fúria veio da entrada do restaurante.

Nem olhei para Guilherme. Não me importei com sua raiva. Em comparação com as facas invisíveis
deles, pelo menos, eu era uma pessoa franca e direita.

Dito isto, saí do restaurante, mas ele barrou a minha passagem, segurando meu pulso com firmeza. Fui
irritada, abaixei a cabeça e dei-lhe uma mordida.

Pensei que iria me largar, mas ele me carregava e me jogou de uma forma violenta para dentro do carro
e ligou o carro.

Como se fossemos caçados, dirigiu em alta vecolcidae. Estava ficando nauseada com os solavancos.

Pelo menos, não demorou muito tempo. Não tive tempo para ser feliz e depois fui levada para a mansão.
Ele estava furioso e andou depressa. Me levou diretamente para o quarto.

Fechou a porta com tanta força, como se as paredes da casa fossem tremendo.

- Deixe-me ir, Guilherme, você não é homem ! - Estava em pânico e disse a primeira coisa que me veio à
mente.

Ele cobriu a minha boca e disse de forma zombeteira:

- Não sou homem? Não dou valor ao que tenho? Faço você sentir nojo?

Sua força se intensificou, seus olhos escuros se estreitaram e ele falou com uma voz fria:

- Kaira, você me surpreende.

Eu mal conseguia respirar, mas chutei sua canela com toda a força. Preferia morrer a me render
facilmente!

Nossos olhares se cruzaram como se houvesse uma batalha silenciosa.

Fiquei sem respirar por tanto tempo, que já nem conseguia mais pensar. Um momento de vertigem me
atingiu e eu tive uma sensação momentânea de que ele queria me estrangular!

Finalmente ele me soltou. Mas assim que pudesse voltar a respirar, ele se inclinou e beijou na minha
boca.

Nessa altura eu já não consegui me mexer e meu coração estava cheio de ódio.
- Guilherme, subjugar uma mulher dessa forma não é herói.

Ele zombou, e seus olhos escuros tinham um olhar sedento de sangue.

Fiquei olhando para ele com pânico e falei em voz trêmula:

- Você não pode fazer isso comigo!

Ele me segurou com força e foi baixando os lábios em minha direção.

Franzi a testa de dor, receosa e confusa.

- Guilherme, você vai se arrepender disso!

Ele fez uma breve pausa e sussurrou em voz rouca:

- Seja boazinha e eu serei gentil.

Filho da puta!

Fiquei completamente sem ação por um momento. De repente, toda a mágoa acumulada explodiu de
forma intensa.

As lágrimas caíram como chuva forte, desde os pequenos soluços até choro, sem nenhuma consideração
pelo sentimento de Guilherme.

Ele se deteve e tentou me confortar com uma voz suave. Quanto mais ele falava, mais alto eu chorava.
Por fim, ele não teve alternativa, além de me abraçar gentilmente. Mas, nada seria capaz de me acalmar
naquele momento.

Por um longo tempo, ele ficou ali me abraçando, enquanto eu chorava sem conseguir me conter.

Finalmente, minhas lágrimas secaram e eu fui me acalmando.

- Já chorou o suficiente? Sussurrou ele.

Não respondi. Meus olhos ardiam e eu mal conseguia abri-los. Só queria ficar ali, quieta em seus braços.

- Quatro anos atrás, - Ele falou de forma inesperada, - acompanhei meu avô à fronteira sudoeste, em
uma visita ao seu antigo companheiro do Exército. No caminho, encontramos um grupo de bandidos.-
Sua voz era cheia de tristeza e melancolia, como eu nunca havia visto.

Não tinha a menor ideia do que ele iria falar, e achei melhor ficar quieta.

- A região é muito pobre e há muitas guerras com países vizinhos. Sem suprimentos, vários países
fronteiriços estavam em guerra. Aqueles desesperados em busca de abrigo, invadiram a casa de seu
antigo companheiro do Exército, tentando ameaçar-nos para trazê-los para o país. A situação era
urgente, o país não permitia a entrada de pessoas sem documentos. O avô era um velho guerreiro,
guardava o país por décadas, naturalmente conhecia a lei. Então imediatamente ameaçou morrer em
vez de ceder. Eles eram pessoas desesperadas. Vendo que o avô não concordava, eles queriam nos
matar. Para nos proteger, o velho amigo do avô se sacrificou.____

O labirinto de amor

Capítulo 33 Envergonhada

Ele ficou calado por um tempo. Não pude conter minha curiosidade e sussurrei em a voz ainda rouca:

- E depois?
Vendo que tomei a iniciativa de perguntar a ele, os cantos de sua boca se levantaram levemente,
revelando alguns sorrisos. Ele me deu um beijo na testa.

- Meu avô e eu conseguimos fugir. - continuou ele e, no caminho de volta, encontramos dois irmãos, que
haviam ido a capital a negócios. Como havíamos perdido todo o dinheiro e documentos, pedimos um
empréstimo para podermos voltar ao país.

Mas, os fugitivos tinham nos seguido e os irmãos acabaram sendo envolvidos...

Eu já começava a ter uma ideia do que ele iria dizer.

- Lúcia e Felipe? Perguntei olhando em seus olhos.

Ele acenou com a cabeça:

- O seu coração de Felipe se machucou na época. Eu o levei de volta para casa para se recuperar por
alguns dias. Ele poderia ter sido curado. Contudo, algo aconteceu, antes que ele faleceu, ele confiou
Lúcia aos meus cuidados.

- Então, se eles salvaram a sua vida, por que seu avô não concordou com o seu casamento com Lúcia?

Por que ele teria concordado com o nosso casamento e recusado Lúcia? Afinal, ela e o irmão haviam
salvado a sua vida e a de seu neto!

Ao me ver olhando para ele com os olhos inchados, ele sorriu.

- Chega de ressentimentos?

Esta era a primeira vez que ele sorria para mim de uma forma gentil e alegre.
Congelei por um momento, um pouco embaraçada. Me desvencilhei de seus braços e murmurei:

- Você ainda não me respondeu.

- Isso não tem importância! É tarde e precisamos dormir.

Ele me puxou para seus braços novamente, pressionou minha mão sobre seu membro e sussurrou
roucamente:

- Kaira, quando você acende uma fogueira, é você quem tem que apagá-la.

Eu olhei incrédula para ele, com o rosto em brasa.

- Eu ainda não me recuperei totalmente. - disse num fio de voz.

Sua respiração estava mais pesada.

Fiquei envergonhada essa noite...

Depois de rolarmos na cama por horas, finalmente ele me limpou, me abraçou e dormiu profundamente.

No início da manhã, a luz do sol se infiltrava através das frestas das janelas, que iam do teto ao chão,
como se fossem as chamas de uma vela.

Eu havia dormido muito tarde e levei um bom tempo para conseguir me levantar. Mas, Guilherme tinha
um compromisso cedo e já havia saído.

A bagunça do quarto me fez lembrar das cenas da noite passada e isso me deixou muito embaraçada.
Nunca poderia imaginar que Guilherme tivesse um lado assim!

Tinha que ir à empresa hoje. Quando acabei de me arrumar já eram quase 10 horas e nem tomei café da
manhã antes de sair.

Estacionei na garagem do prédio e, ao entrar no elevador, dei o azar de dar de cara com Pietro e com sua
secretária. Ele segurava uma pilha de papéis.

Quando me viu, sorriu com desdém e disse de forma sarcástica:

- A Diretora Sanches ainda nem assumiu o cargo e já está se comportando como a CEO. Por acaso o
nome do Grupo Nexia irá mudar para Grupo Sanches?

No início, o Grupo Nexia havia atuado no setor Imobiliário e, com os anos, acabou se expandindo para
outras áreas também.

Pietro havia tido sua própria empresa, mas, com o Grupo Nexia abrindo o capital, precisou de
investimento e, por isso, acabou se fundindo com o Grupo Carvalho.

Pietro é um acionista e está à frente da companhia. Apesar de eu também possuir ações da empresa,
não eram muitas. Eu as havia herdado de Rodrigo e, apesar de estarem em meu nome, meu direito ao
seu uso estava basicamente nas mãos de Guilherme.

Eu não assumi a posição de diretora logo de cara. Eu a conquistei ao longo de dois anos. Claro que, aos
olhos das pessoas de fora, poderia parecer que eu não teria dificuldades em conquistar o cargo, por ser
esposa de Guilherme.

Pietro me desprezada por achar que eu havia ganho a posição somente por causa disso.
Dei uma olhada na papelada em suas mãos. Era o seu relatório de tecnologia eletrônica. Parecia que
haviam lançado novos produtos recentemente.

- Estou falando sério, Presidente Carvalho. O Grupo Nexia não irá mudar. Sou apenas uma diretora sem
importância. Tirei dois dias de folga, porque não estava me sentindo bem. Não precisa se preocupar
comigo, pois vejo que tem muito trabalho para fazer. Melhor cuidar de seus assuntos pois, com a cabeça
cheia, corremos o risco de cometer mais erros.

Estávamos somente os três no elevador. Não era a minha intenção ceder, mas como a secretária dele
ainda estava lá, seria constrangedor discutir na sua presença.

As portas se abriram e ele não teve tempo de me responder. Engolindo as palavras, lançou-me um olhar
frio e saiu.

Quando cheguei ao meu escritório, antes de me sentar, Liz entrou dizendo:

- Directora Kaira, o Presidente Guilherme quer que vá ao escritório dele.

Como Guilherme já sabia que eu havia chegado?

Deixando minhas dúvidas de lado, assenti com a cabeça e respondi:

- Sim, vou estar lá num instante.

O amplo escritório estava vazio e silencioso. Só mesmo o Guilherme quer trabalhar em um ambiente
como aquele.

Dei uma olhada em volta e vi que Caio estava trabalhando em um computador na sala da secretária.
Segui para lá e bati na porta.

Ele levantou os olhos e se assustou ao me ver.


- Directora Kaira, o chefe está no escritório do Presidente Carvalho. Ele vai voltar num instante.

- OK!

Acenei.

Enquanto aguardava, fui ao escritório de Guilherme, escolhi um livro na estante e me sentei no saguão
para ler.

Depois da finalização do projeto do Diretor José, muita coisa aconteceu, mas não me passaram mais
trabalho.

Guilherme deve ter me chamado para passar mais tarefas.

Fiquei pensando nos meus planos. Até que seria bom, se Guilherme continuasse a me ignorar. Mas,
ultimamente a atitude dele havia mudado tanto, que comecei a ficar em dúvida.

O que iria significar para mim e para o bebê se eu partisse nesse momento?

- Guilherme, quando Felipe morreu você prometeu que cuidaria bem de Lúcia, mas agora você a está
tratando dessa forma. Você não tem consideração por Felipe e Lúcia? Além disso, Kaira e você não
combinam de jeito algum! - Ouvi a voz ansiosa e irritada de Pietro.

Não queria ficar espionando, mas eles entraram falando tão alto que eu não pude evitar de ouvir.

Os dois homens entraram na sala e quando Guilherme me viu, perguntou surpreso:

- Quando você chegou aqui?

- Agora mesmo! De esguelha, percebi que Pietro parecia indiferente.


- Há duas empresas sob a empresa Galáxia que lançarão novos produtos este mês. Acompanhe este
assunto e fique de olho no que empresa Honra está fazendo.- Guilherme falou enquanto me entregava
os arquivos que estavam sobre a mesa, continuando, - Além disso, está chegando a hora do balanço
anual da empresa e acabou o prazo para a cooperação com a AC. Verifique as finanças e se a cooperação
ainda é necessária. Se for, prossiga. Caso contrário, vá à Auditoriatal e converse com o Presidente Ribeiro
sobre isso.__

O labirinto de amor

Capítulo 34 Assumindo um Projeto Complicado

- Nós sempre trabalhamos bem com a AC, não é? Por que mudar a empresa de auditoria assim de
repente? Perguntou Pietro um pouco confuso.

- Além disso, a Auditoriatal é uma empresa nova e pequena. Seria um problema se a enorme cadeia de
capital do Grupo Nexia lhes fosse confiada no caso de algo dar errado.

Sem responder às perguntas de Pietro, Guilherme olhou para mim e disse:

- Analise este material e, se tiver alguma dúvida, pergunte ao Caio.

Peguei os arquivos, mas fiquei preocupada quanto o Pietro.

- Presidente Guilherme, eu era responsável pelo setor de construção. A Galáxia é uma empresa de
eletrônica, e eu nunca lidei com auditoria. Isso sempre foi tarefa do Caio. Não seria melhor ele continuar
cuidando disso?

Guilherme me lançou um olhar frio.

- Diretora Kaira, entende quais são as responsabilidades de sua posição?


Engoli em seco e respondi:

- Eu sei, mas...

- Sem desculpas! Como diretora, e na posição de candidata a acionista, é de se esperar que se familiarize
com todos os setores da empresa.

Dizendo isso, ele se voltou e continuou a conversar com Pietro.

Soube que não teria como escapar e que a carga de trabalho seria fora do normal.

Voltando à minha sala, combinei com Liz os próximos passos.

Pedi a ela para prestar mais atenção ao mercado da Galáxia, podia imaginar que os próximos dias seriam
muito agitados.

Fui ao departamento financeiro para ver como andava a preparação para a auditoria.

Sofia Soares, a chefe do departamento financeiro, me apresentou as contas dizendo:

- Diretora Kaira, aqui estão todas as contas correntes. Este ano teremos mais trabalho com a auditoria,
porque o Presidente Guilherme quer incluir a do Presidente Carvalho também. Sua intenção é deixar
tudo a cargo da Auditoriatal.

Dei uma folheada no material, já sentindo uma leve dor de cabeça.

- Por favor, providencie cópias das auditorias anteriores realizadas pela AC. Enquanto isso, vou dando
uma olhada nesse material.
- Ok.

Voltei para meu escritório e Liz me encontrou ocupada com uma pilha de livros.

- Diretora Kaira,- disse ela, - o Paulo Silva, o presidente da AC, gostaria de marcar um encontro com a
senhora.

A AC perderia milhões de dólares com o fim da parceria com o Grupo Nexia. Portanto, não era uma
surpresa que ele estivesse aflito para conversar comigo. Mas, como o Guilherme estava decidido a não
trabalhar mais com a AC, não valeria a pena perder meu tempo conversando com o Paulo Silva.
Guilherme deve saber o que está fazendo.

- Responda apenas que não tenho tempo no momento. - Disse a Liz, - Ligue para a Auditoriatal e agende
uma reunião com o presidente, por favor. Preciso também de uma lista das empresas para as quais ela
prestou serviços nos últimos anos.

Depois que Liz saiu, mergulhei nos dados e esqueci do resto.

Fiquei ocupada até a tarde. Minhas costas doíam, devido às longas horas sentada, e eu estava exausta.
Quando sai da sala, já não havia mais ninguém no escritório.

Peguei um café e voltei para a minha sala pensando em pedir alguma coisa para comer. Parecia que
tinha que ficar para trabalhar.

- Ainda vai ficar muito mais tempo?

Eu congelei e olhei para a porta e vi Vinícius.

- Você também vai ficar por aqui?

Ele sorriu e me estendeu uma quentinha.


- Esta é a sopa feita pelo Chefe Ryan. É bom para a sua saúde.

Com suspresa, olhei para ele e disse: - Obrigada!.

Pensei que ele iria embora depois de deixar as coisas, mas não esperava que ele continuasse ficar lá. Não
consegui encontrar um tópico para falar com ele por um tempo, então simplesmente fiquei em silêncio.

Vinícius se sentou na cadeira à minha frente e falou:

- Guilherme passou a auditoria da empresa para você este ano, né?

- Sim, - aceinei, - como não estou muito familiarizada com isso, acho que terei que quebrar a cabeça para
dar conta.

Ele acenou com a cabeça e pareceu concordar:

- Apenas passou um ano após a empresa ter sido listada, há uma enorme diferença entre a auditoria
deste ano e a dos anos anteriores. Um pequeno erro causará a queda das ações da empresa. Muitas
empresas foram à falência por causa da auditoria anual.

Olhei para ele com mais atenção.

- Além disso, este ano trocamos de empresa de auditoria. Tome cuidado!

Eu sabia que aquilo era um alerta.

- Por que ele me encarregou disso, mesmo sabendo que auditoria não é o meu forte? - O risco era muito
grande, e qualquer erro poderia custar caro ao Grupo Nexia. Eu não entendo o que passa pela cabeça de
Guilherme.

Ele se agitou na cadeira.

- Se você fizer isso bem, as ações deixadas para você por Rodrigo serão legitimamente transferidas para
seu nome, o direito de usar e dominar é seu, e você passará de diretora a sócio da empresa.

Depois de uma pausa, ele alisou suas roupas e continuou:

- Por outro lado, se cometer algum erro, você pode enfrentar o risco de sair do Grupo Nexia para
sempre.

Fiquei ali, sem saber o que dizer.

Estaria Guilherme arriscando todo o Grupo Nexia por minha causa, ou...

Não podia pensar no real motivo agora.

Deixei os relatórios contábeis de lado e abri a quentinha que ele havia me trazido.

- Eu assumi o caso da Galáxia também. Por que Guilherme quer que eu fique de olho na empresa Honra?

Vinícius ficou pensativo.

- A gestão da Galáxia ficou a cargo do Pietro nesses primeiros seis meses, desde a aquisição da empresa
pelo Grupo Nexia.

É provável que o Governo venha a fazer investimentos no desenvolvimento da internet e haverá muitas
chances para empresas de eletrônica. Talvez Guilherme queira estar preparado para expandir suas
atividades nesse setor e ache bom que você vá se familiarizando com o assunto.
Depois de uma breve pausa, continuou:

- Talvez ele tenha interesse em comprar a Honra mais tarde e esteja avaliando o seu desempenho.

Concordei enquanto comia a deliciosa sopa.

- Obrigada por cuidar de mim.

Ele sorriu e se levantou para sair.

- Você já vai embora? Perguntei olhando para a escuridão que já começava a cair lá fora.

Ele acenou com a cabeça.

- Sim. Tenho uma festa para ir esta noite.

Concordei e fiquei um pouco desapontada. Pensei que pudéssemos jantar juntos até tarde.

Comi a sopa e voltei para verificar os relatórios. Continuei até quase não conseguir manter os olhos
abertos.

Quando entrei no carro, Esther me ligou.

Olhei para o celular, eram dez horas, e quando atendi a chamada, ela tomou a liderança e disse:

- Querida, adivinhe onde estou agora?

- Cidade de Nuvem! Sentindo o tom dela, eu pensei e disse.


- Porra! Que tédio, - Você é tão chata, Kaira!

Sorri com suas palavras, pensando que tinha acertado.

- Você já me conhece! Então, encontrou alguma loja legal?_______

O labirinto de amor

Capítulo 35 O Acordo

O estacionamento no subsolo do prédio do Grupo Nexia era grande e, como estava vazio, eu podia ouvir
o eco das minhas palavras. Isso fazia parecer um pouco assustador.

- Tá bem! - Disse entrando no carro. - A Cidade de Nuvem é um lugar legal de verdade. É tranquilo para
viver. Passei uns dias aqui e gostei muito do ritmo da vida aqui! O clima também é bom para viver.

Esther falou muito, eu liguei o alto-falante e liguei o carro. O porão era espaçoso, eu estava um pouco
assustada.

- Você pode ficar mais alguns dias na Cidade de Nuvem para ver se vai se acostumar. Pode me ajudar
com a casa. Guilherme me passou um novo projeto, vai me deixar bem ocupada. Acho que não poderei
sair tão cedo!

- Se você quiser ir embora, por que concordou em trabalhar noutro projeto? Se pretender ir, é melhor
fazer isso de uma vez e não fique hesitada.

Estava um pouco confusa com relação aos meus sentimentos e não saberia como partir definitivamente.

Estava para sair do estacionamento quando ouvi um barulho, mas não tinha ideia do que poderia ser.
- Esther, acho que bati em alguma coisa. Te ligo mais tarde, ok?

Sem esperar por sua resposta, desliguei a ligação e abri a porta do carro para ver o que tinha acontecido.

Excepto alguns animaizinhos, não havia nada mais que eu pudesse ter atingido.

Depois de olhar ao redor, havia um pequeno gato deitado num canto da traseira do carro, como se
tivesse sido atingido gravemente. Fui até lá para olhar, assim que me agachei, alguém cobriu ferozmente
minha boca por trás, uma droga pungente invadiu no meu nariz.

Quase um momento eu perdi a consciência, e quando eu estava consciente do perigo, era tarde demais.

Quando acordei, estava tudo escuro à minha volta e em absoluto silêncio.

Depois de alguns minutos de pânico, me acalmei um pouco. Se o sequestrador não tinha me matado era
porque tinha algum propósito. Dada ao que eu era a esposa de Guilherme, seja por dinheiro, seja para
ameaçar Guilherme.

Mas seja o que for, até agora, minha vida provavelmente não estava em perigo.

Aos poucos, fui me acalmando. Passada uma meia hora, ouvi um barulho e uma forte luz me cegou.

Ouvi a voz de um homem de meia-idade.

- Ela está acordada!

Apesar da luz forte, minha vista foi se acomodando e pude perceber alguns detalhes do ambiente. Eu
estava em um container.
Tentei focar no homem que ficava a 3 metros de mim, mas não consegui distinguir sua fisionomia por
causa de penumbra.

Percebi que era meio gordo e tinha uma voz rouca.

Seu corpo tem o cheiro de colônia, geralmente somente homens com algumas conquistas pulverizam
estes perfumes.

Tive a impressão de que era um homem de negócios.

- Ela está acordada! Tape seus olhos e traga-a aqui. - ordenou.

Vi um homem magro com o rosto coberto.

Ainda estava meio tonta e mal conseguia me mexer.

O homem vendou os meus olhos, me arrastou para fora do container e me empurrou na direção de uma
casa.

Consegui recuperar um pouco do equilíbrio quando tiraram a venda.

- Quem é você? Por que me trouxe aqui?

O magro ficou quieto, mas o homem de meia-idade falou:

- Não precisa ficar nervosa, Sra. Kaira. Nós a trouxemos aqui para que assista a um show. Depois disso,
nós a levaremos de volta.

A porta do quarto foi fechada com um estrondo. Fui obrigada a me sentar em uma velha cama e meus
pés e mãos foram amarrados. Depois de tentar me soltar, sem sucesso, acabei por desistir de lutar.

Ouvi vozes na penumbra.

- Guilherme, você disse que iria se divorciar dela para se casar comigo. Não me faça esperar muito, por
favor!

Aquela era a voz de... Lúcia?

- Não seja ridícula, Lúcia!

Era a voz de Guilherme, mas parecia um pouco diferente, como estava embriagado.

Por que eu tinha que ouvir a sua conversa? Quem queria que eu ouvisse aquilo?

- Guilherme, você está apaixonado por ela? É por isso que não quer se divorciar? - A voz parecia ansiosa.

Ouvi o barulho de roupas e a voz paciente de Guilherme:

- Não seja ridícula, Lúcia, eu me casei com ela.

- E daí que você se casou com ela? Você não a ama. Você não disse que me amava? Quando eu
melhorar, poderemos ter outro filho.

- Lúcia...

Cerrei os olhos e tentei de toda forma ignorar a conversa. Mas, quanto mais eu tentava ignorar, mais
torturantes ficavam as vozes.
Eu sempre soube da relação entre Lúcia e Guilherme. Por isso, não fiquei surpresa com o fato de terem
tido relações. Mas, ouvir isso pessoalmente...

Tremia tanto, que tive ânsia de vômito.

Durou muito tempo, basicamente vomitei tudo no meu estômago, meu corpo estava como se estivesse
sendo drenado de força, sentada e paralisada na beira da cama, a dor no meu coração começou a
intensificar. Entre as rachaduras rasgadas havia inúmeras rachaduras densas, doía como se houvesse
milhões de formigas rasgando em meu corpo.

A porta foi aberta e o gordo entrou.

- Sra. Kaira, não achou a cena emocionante? - O deboche em sua voz era nauseante.

Olhei diretamente em seus olhos e disse:

- Foi Lúcia que mandou você fazer isso?

Eu não conhecia ninguém além dela, que fosse capaz de praticar tanta baixeza.

- Isso importa? Ele riu debochado. Deve ter sido muito especial para a senhorita ouvir uma peça tão
maravilhosa!

- O que você deseja?

Estava ficando com medo de que houvesse mais coisa naquele rapto.

- Muito inteligente!-, Falou o homem, aumentando um pouco o tom de voz, - Soube que a Sra Kaira
assumiu a auditoria do Grupo Nexia este ano e fiquei pensando se gostaria de fazer um pequeno acordo
comigo.
- O que lhe faz pensar - disse com frieza, - que eu estaria disposta a fazer um acordo com você, depois de
me raptar e me trazer aqui dessa forma?

Ele ponderou por um breve momento e sussurrou:

- Essa criança na sua barriga, Sra. Kaira.- comecei a suar frio. Como ele poderia saber da criança?

Ele ficou satisfeito ao ver a minha reação e continuou sorrindo:

- Bem, parece que você não quer que o Presidente Guilherme saiba, não é mesmo? Parece que você tem
outros planos, nós poderíamos trabalhar juntos.

- O que você quer?

A auditoria do Grupo Nexia iria render muito dinheiro à empresa contratada. Portanto, era natural que
os concorrentes se esforçassem ao máximo para ganhar. Mas, jamais pensaria que alguém chegaria a
esse extremo.

- A concorrência para a auditoria do Grupo Nexia ainda está aberta?

Fiquei perplexa e franzi a testa.

- Só isso?_______

O labirinto de amor

Capítulo 36 Negociar

- Sim. Desde que a Sra. Kaira concorde, eu garanto que no futuro você e seu bebê ficarão seguros. Não
lhe acontecerá nenhum acidente. - Ele falou com firmeza.

Eu franzi as sobrancelhas:

- Por que eu devo acreditar em você?

- Sra. Kaira, agora você não pode fazer nada além de acreditar em mim! - Essas palavras eram muito
desagradáveis.

Mas, naquele momento, eu só podia sair e me salvar primeiro. Olhando para ele, eu acenei com a
cabeça:

- Ok!

Ele sorriu:

- Então... combinado!

Depois de falar isso, ele fez um sinal para que o magro vendasse meus olhos de novo. Eu franzi as
sobrancelhas:

- Isso é necessário?

Ouvi o som de seu riso:

- Fique tranquila, Sra. Kaira. Você vai voltar exatamente como você veio parar aqui!

Fui então levada para um carro. Meus ouvidos estavam extremamente sensíveis no caminho, mas
adormeci logo.
Quando acordei, eu ainda estava na garagem e no meu próprio carro. Nada que ficava ao meu redor
tinha mudado. Parecia que tudo que tinha acontecido era só um sonho.

Peguei meu celular para ver a hora. Era meia-noite. Então nas duas horas anteriores, eu tinha vivenciado
uma experiência de quase morte?

Ainda sentia medo no meu coração e por isso não fiquei no estacionamento. Eu dirigi o carro e voltei
para a mansão.

Minha mente estava cheia de pensamentos.

Ao voltar para casa e entrar na sala de visita, vi o homem lendo os materiais. Isso me lembrou dos sons
de homem e mulher a se entrelaçar.

- Oh... - Não dava para trocar meus sapatos, corri direto para o banheiro e mergulhei na pia para
vomitar. Como eu já tinha vomitado mais cedo, não conseguia vomitar nada naquele momento.

- O que você comeu? - Ouvi a voz baixa e fria do homem.

Eu estava tremendo e sentia desconforto no meu estômago. Ele levantou a mão para me confortar. As
vozes daquelas pessoas na minha cabeça se tornaram cada vez mais odiosas. Eu levantei minha cabeça
de repente e o empurrei.

Ignorando seu rosto frio, corri diretamente para o primeiro andar.

Tranquei a porta do meu quarto e senti um cheiro nojento. Por isso, abri todas as janelas e troquei todas
as coberturas e lençóis na cama.

Houve uma batida brusca na porta. - Kaira, abra a porta! - A voz do homem era muito fria.
Minha mente era dominada pelos sons de homem e mulher transando. Sentia dor tanto no estômago
quanto no coração. A dor era tão imensa que ignorei todos os sons do lado de fora da porta.

Eu tentei de tudo para me livrar do cheiro dele no quarto. Quando terminei, senti nojo pelo meu próprio
cheiro e fui ao banheiro. Ligando o chuveiro até que a corrente de água ficasse mais forte, eu estava
desesperada para limpar todos os lugares que ele tinha tocado.

- Bum! - Houve um grande barulho lá fora. Eu me escondi no banheiro e tranquei a porta. Eu sabia que se
Guilherme quisesse entrar, ele encontraria um milhão de maneiras.

Como eu tinha pensado, não demorou muito para que ele abrisse a porta do quarto que ficou lá fora.
Ouvi sua voz dura e fria:

- Kaira, o que você está fazendo?

Ele ficou na porta do banheiro, com sua voz baixa e cheia de raiva.

Pressionando contra a porta, eu nem queria o ouvir de novo:

- Guilherme, não quero te ver. Por favor, se afaste de mim!

Era nojento. Realmente nojento. Se eu não tivesse ouvido aquelas vozes, eu poderia ter me enganado.
Mas naquele momento eu não conseguia. Mesmo que eu tivesse tentado me convencer por muitas
vezes a não pensar na imagem dele e de Lúcia a se entrelaçar, minha cabeça estava cheia daquelas
imagens.

- Kaira, abra a porta. Vamos conversar cara a cara sobre o que aconteceu! - Sua voz era fria demais como
se formasse gelo..

Balançei minha cabeça. Ainda sentia desconforto no meu coração e no estômago:


- Não temos nada para conversar. Por favor, saia!

- Kaira! - Veio uma voz rouca de fora:

- Não desafie meus limites! Está bem?

Eu ia ficar louca e gritei em direção à porta:

- Eu já disse para você se afastar de mim. Não consegue me ouvir?

- Bum! - A porta do banheiro se sacudiu com a força de um grande impacto. Com choque, eu caminhei
para trás.

Com apenas três batidas, a porta do banheiro foi aberta. Alto e robusto, ele entrou com imensa raiva.
Seus olhos escuros, olhando para mim com frieza. Eu ficava acobardada ao lado da banheira.

- Kaira, você... - Vendo que eu estava tremendo e olhando para ele com ódio, sua raiva diminuiu um
pouco.

Depois de muito tempo, ele caminhou para mim. Com o corpo robusto, ele se agachou. Ele esticou seus
dedos longos de forma lenta para mim.

Tinha medo de ser tocada por ele, rejeitei sua aproximação e disse por instinto:

- Não me toque!

Sua mão parou no ar. Parecia que o frio na sua cara tinha se espalhado para o ar ao seu redor:

- Diga-me, o que aconteceu?


- Guilherme, vamos nos divorciar, pode ser? Vamos nos divorciar. Eu não quero nada. Só quero que você
concorde com o divórcio! - Eu disse soluçando.

A cara fria de Guilherme se tornou mais séria ainda. Ele me olhou. Seu olhar frio ficou fixo no meu rosto:

- Kaira, você sabe o que está dizendo?

- Eu sei! - Claro que eu sabia. Eu tinha aguentado isso por dois anos, me contendo. Mas era impossível
fingir amar. Carinho não seria amor!

De repente, ele pegou minha mão e me levou para fora do banheiro. Depois de me colocar na cama, ele
colocou a toalha em mim e se agachou na minha frente. Com suas mãos agarrando minhas, ele olhou
para mim e disse em voz baixa:

- Me diga o que aconteceu!

Ele estava calmo. Mesmo que eu tivesse falado coisas inapropriadas e irritantes, ele sempre tinha uma
forma de se acalmar.

Eu sacudi a cabeça. Com olhos vermelhos, eu disse com a voz rouca:

- Guilherme, você me ama? - Eu não sabia por que estava perguntando isso, mas perguntei.

Seu corpo ficou congelado por um momento. Ele franziu as sobrancelhas e me lançou um olhar
profundo:

- Kaira, o amor não é expresso em palavras!

Mas você disse isso a Lúcia. Com tanta dor no meu coração, eu quase gritei as palavras.
- Não é expresso em palavras? - Eu não conseguia controlar minhas lágrimas e estava soluçando:

- Guilherme, eu sei que você não me ama, não é?

- Kaira, - sua voz era baixa. - diga-me o que está acontecendo! Por que de repente você quer o divórcio?

- Eu não te amo. Eu realmente não te amo de forma alguma! - Meus olhos estavam lacrimejantes. A dor
se espalhava no meu coração:

- Eu não te amo tanto quanto eu pensava. Ainda sou jovem e tenho inúmeras oportunidades de
encontrar meu amor para o resto da vida. Então vamos nos divorciar e nos livrar, ok?

Desde o momento em que encontrei Guilherme, nunca tinha pensado que um dia eu quereria me livrar
dele.

Tinha pensado que se eu trabalhasse o suficiente e lhe desse meu coração, meu amor e meu corpo, um
dia ele veria tudo isso e voltaria para me dizer que nos daríamos bem.

Mas tinha tantas incertezas na vida. Eu tinha esquecido que existiam muitas coisas neste mundo que
você podia obter com seus próprios esforços, exceto o amor.

Na vida, duas pessoas se apaixonarem era um presente de Deus. A maioria das pessoas não tinha a sorte
de encontrar o amor verdadeiro!______________

O labirinto de amor

Capítulo 37 Discutir Isso Quando Se Acalmar

O ar no quarto parecia estar congelado em uma camada fina de gelo. Eu mantinha a cabeça baixa para
não olhar para ele.
Depois de um longo tempo, ele respirou fundo e disse com a voz baixa e fria:

- Descanse bem. A gente discute isso quando você se acalmar!

Sem me dizer mais nada, ele se levantou e saiu do quarto.

Naquela noite, Guilherme deixou a mansão. Eu fiquei acordada a noite toda.

Mesmo assim, quando o sol nasce, nós abrimos os olhos. A vida continua.

Não tinha dormido bem, cheguei esgotada na empresa. Vendo que eu estava com cara cansada, Liz disse
com preocupação:

- Diretora Kaira, você ficou acordada até tarde ontem à noite para ler os materiais? A empresa não é tão
rigorosa com a auditoria, não sinta tanto stresse. Não faz muito tempo que você melhorou. Cuide de si
mesma!

Eu acenei. Minha cabeça estava um pouco tonta. Depois de ler os materiais financeiros do Grupo Nexia,
também li detalhadamente os materiais financeiros do Grupo Carvalho.

Vendo que eu continuava a bocejar, Liz me deu uma xícara de café e disse: - Aliás, Diretora Kaira, a
auditoria da empresa será feita pela AC ou pela Auditoriatal?

Essa questão me trouxe muita dor de cabeça. O homem de meia-idade tinha me mandado fazer um
leilão, mas não tinha deixado claros os requisitos.

O adversário estava em uma posição mais desfavorável que eu. Depois de pensar sobre isso, eu falei:

- Quanto tempo levará a auditoria?

- Normalmente demora cerca de metade de um mês. Esse ano, é provável que leve pelo menos um mês!
- Falando isso, Liz colocou na minha mesa os materiais de auditoria dos anos anteriores.

Eu dei uma olhada e já sentia dor de cabeça:

- Quanto tempo temos esse ano? - Todos os anos, a empresa publicaria o resultado de auditoria no site
econômico. O Grupo Nexia é uma empresa cotada. Muitos acionistas e investidores estão esperando o
resultado.

- Não muito. Ainda falta um mês e meio. Mas o Grupo Nexia tem empresas subordinadas em outras
províncias. Embora você não precise ir a todas as subordinadas, tem que ir a algumas, caso contrário,
você não consegue saber os detalhes!

Eu acenei e guardei os documentos. Olhei para o relógio. Já era meio-dia. Olhei para Liz e disse:

- Preciso ver o presidente da Auditoriatal. Marque um horário para mim. É melhor fazer o mais rápido
possível!

- Não há problema! - após uma pausa, Liz disse:

- Você ainda quer se encontrar com o presidente da AC?

Antes, eu não iria me encontrar com essa pessoa, mas pensando no que tinha acontecido na noite
passada, não podia deixar de suspeitar que talvez fosse porque a AC queria roubar o negócio de nós...

Depois de pensar sobre isso, eu disse:

- Quero sim. A equipa deles também veio hoje?

- Ainda está na sala de espera lá embaixo. - Depois de uma pausa, Liz disse:
- É o presidente da AC, Paulo Silva!

O presidente veio até aqui em pessoal? Parecia que podia ganhar muito com a auditoria do Grupo Nexia.

- Faça uma reserva para mim em um restaurante próximo. - Me levantei e peguei minha bolsa:

- Reserve o mais breve possível. Vou descer e encontrar esse presidente.

- Tá bem! - Após dizer isso, Liz saiu com pressa.

Saí do escritório e fui diretamente para a sala de estar do prédio do Grupo Nexia. Como o Grupo Nexia
era rico, o prédio era muito grande. Além disso, na sala de visita havia uma sala de estar luxuosa que era
destinada a receber convidados e visitantes.

Ao chegar à sala de estar, vi um homem de meia-idade sentado no sofá preto. Como era meio-dia, todos
estavam ocupados comendo. Então não tinha muita gente. Paulo Silva tinha o rosto limpo, por isso não
parecia velho, embora ele fosse de meia-idade.

Quando ele me viu, se levantou e caminhou em direção a mim com um sorriso. Ele estendeu a mão para
apertar minha e disse:

- Olá, Diretora Kaira, sou Paulo Silva, o fundador da AC. Prazer em conhecê-la!

Eu sorri e o cumprimentei:

- Desculpe, Sr.Paulo, tenho estado um pouco ocupada ultimamente, então não tive muito tempo livre.
Desculpe por fazê-lo esperar por tanto tempo! - Depois de olhar para o relógio, olhei para ele e disse:
- Está na hora do almoço. Você gostaria de almoçar comigo?

Ele sorriu e acenou com a cabeça:

- Então vou ter que incomodar você, Diretora Kaira.

A gente não falou do trabalho. Quando chegamos ao restaurante que Liz tinha reservado com
antecedência, Paulo não mencionou o negócio de auditoria.

Ele só me contou algumas coisas interessantes na vida. Parecia que nós éramos apenas amigos. Como
ele não mencionou o trabalho, é claro que eu não iniciei a conversa sobre trabalho. Só estava ouvindo
em silêncio o que ele falava comigo.

Depois de muito tempo, ele olhou para mim e disse:

- Ouvi dizer que, esse ano, você está responsável pela auditoria do Grupo Nexia?

Eu acenei:

- Como a empresa está listada, tem muitas coisas para fazer. Tanto o Presidente Aguiar quanto o
Presidente Carvalho não têm tempo, então eu só tenho que assumir esse projeto por enquanto.

Ele riu e disse:

- Nos anos anteriores a auditoria do Grupo Nexia era feita pela AC. Esse ano...

Ele não terminou a frase. Mas eu sabia o que ele queria dizer. Eu sorri e disse:

- O Grupo Nexia tem cooperado com a AC por muitos anos. É lógico que a auditoria deve ser feita pela
AC, mas o prazo do contrato entre a AC e o Grupo Nexia já expirou. De acordo com a prática anterior, o
Grupo Nexia vai realizar um leilão. É claro que eu espero muito que nesse leilão a AC e o Grupo Nexia
possam cooperar de novo.

A conversa já ia chegar ao fim. Depois de ouvir isso, Paulo sorriu levemente. Sua boa educação lhe
permitiu dizer com elegância:

- Ok, a AC também está ansiosa para cooperar com o Grupo Nexia.

Depois de almoço, acompanhei Paulo até a saída, Liz me seguiu e disse:

- Diretora Kaira, Presidente Guilherme planeja deixar a Auditoriatal fazer a auditoria desse ano, não é?
Por que realizar um leilão?

- Se não realizar um leilão, o Grupo Nexia não só ofenderá a AC, mas também outras empresas de
auditoria. A AC é uma empresa antiga que tem cooperado com o Grupo Nexia todos esses anos. Se a
cooperação terminar de repente, você acha que eles não vão comentar sobre as auditorias do Grupo
Nexia dos anos anteriores?

A outra razão pela qual me encontrei com Paulo Silva era que eu queria saber se ele tinha algo a ver com
o que tinha acontecido na noite passada. Mas vendo a reação dele depois de saber do leilão, parecia que
ele não estava disposto. Então, talvez ele não estivesse relacionado ao que tinha acontecido ontem à
noite.

Mas não podia negar isso com facilidade. Só podia continuar a observar.

Liz acenou com a cabeça e franziu suas sobrancelhas:

- Então por que o Presidente Guilherme...

- Por que ele não disse isso com antecedência? - Interrompi suas palavras, olhei para ela e disse:

- Guilherme não só é meu chefe. O Grupo Nexia é muito grande. Se ele precisa deixar tudo claro, então
por que ele contrata essas pessoas? Ele já consegue fazer tudo pessoalmente.
- Mas você é esposa dele!

Eu achei isso ridículo e olhei para ela:

- É verdade que sou esposa dele, mas isso não significa que ele está satisfeito comigo. Mesmo que esteja
satisfeito, ele é o presidente do Grupo Nexia e eu sou a diretora. Na empresa, ele é meu chefe. Se eu for
estúpida ao ponto que preciso pedir para ele deixar tudo claro, seria mais fácil que eu ficasse em casa e
desempenhasse meu papel de Sra. Aguiar.

Não existia ninguém muito inteligente no início, era apenas a experiência que vinha se acumulando no
processo de enfrentar as dificuldades.

Depois de voltar ao escritório, Liz marcou um encontro com o presidente da Auditoriatal para jantarmos
juntos. Eu não disse para ninguém o que tinha acontecido na noite anterior.

Ainda bem que a empresa era grande. Eu não precisava ver Guilherme quando não tinha nada especial.
Não pensei em como ele lidaria com a relação entre nós. A única coisa que eu podia fazer, era fazer bem
o meu trabalho.
O labirinto de amor

Capítulo 38 Enzo Ribeiro da Auditoriatal

Após um dia agitado, finalmente chegou a hora de sair do trabalho, Liz entrou na minha sala com sua
bolsa e disse:

- Diretora Kaira, precisa que eu te acompanhe no jantar com o Presidente Ribeiro da Auditoriatal?

Fiquei distraída por um momento, lembrei que eu tinha compromisso. Balancei a cabeça e disse:

- Não precisa. Me passe o endereço, vou sozinha.

Ela sorriu e disse:

- Obrigada, Diretora Kaira! Eu mandei o endereço para seu celular.

Segurei o queixo com a mão e entrefechei meus olhos, dizendo:

- Você está namorando?

Liz já não era tão jovem, passava os dois anos ao meu lado e não tinha namorado, mas recentemente sua
expressão demonstra que estava em um relacionamento.

- Que nada! É que marquei um encontro com meu ex-colega de faculdade...

Embora falando isso, seu rosto já está vermelho.


Acenei com a cabeça para ela ir.

Uma pessoa não consegue esconder seu amor. Mesmo que não fale, o brilho dos olhos denuncia.

Arrumei a mesa e dirigi direto para o endereço que Liz me mandou. Pensei que o presidente de uma
empresa de auditoria fosse um senhor de meia idade.

Fiquei surpresa ao vê-lo. Não esperava que Enzo fosse um moleque de uns vinte e poucos anos.

- Kaira Sanches?

Ao me ver, ele levantou, arregalando os olhos.

Dei um sorriso:

- Presidente Ribeiro?

- Por favor, não me chame de Presidente Ribeiro, me chamo Enzo.

Enzo era alto e tinha um rosto delicado. As covinhas das suas bochechas aparecem quando fala, muito
bonitinho. Mas seu olhar determinado demonstrava a maturidade que não deveria ter na sua idade.

Este jovem devia ter capacidade.

Sentei-me em frente à mesa, Enzo me olhou sorrindo e disse:

- Kaira, o que você gostaria de comer? Eu faço o pedido!


Chamou-me pelo nome como se fôssemos íntimos.

- Não sou uma comedora exigente. - Respondi deixando a minha bolsa na cadeira ao lado, enquanto ele
estava pedindo.

Ele pediu alguns pratos rapidamente e olhou para mim passando a mão no queixo:

- Kaira, você é muito mais bonita do que imaginei!

Levantei a sobrancelha:

- Auditoriatal é sua empresa?

Esse moleque tinha cerca de 23 anos. A empresa não era grande coisa, mas para ser selecionada por
Guilherme, deve ter competência. Eu ficava surpresa que tal moleque estivesse gerindo uma empresa
tão grande.

Ele se debruçou na mesa e disse entediado:

- Sim, fundei a Auditoriatal nas horas vagas da faculdade para me divertir.

Parou e olhou para mim:

- Kaira, vamos mudar de assunto?

É moleque mesmo!

Acenei com a cabeça:


- Tá bom, o que você quer conversar?

Entusiasmado, se sentou ereto e disse:

- Kaira, você está pensando em se divorciar do velho Guilherme?

Surpresa:

- Velho Guilherme?

Ele fez um sim:

- Guilherme já tem trinta e poucos anos, não é velho? Você só tem 26 anos, pretende passar o resto de
sua vida com esse velho?

Fiquei chocada com o que ele disse, sem saber o que responder. Mostrei um sorriso e disse:

- Você tem muito interesse na minha vida privada?

- Claro!

Ele acenou com a cabeça e olhou seriamente para mim:

- Ninguém te disse que você é muito bonita? Tem um jeito muito especial.

Esse moleque tem um pensamento diferente, ri e disse:


- Obrigada!

- Kaira, o que você acha de mim? Faço o seu tipo?

Esse moleque ainda não pretende encerrar o assunto.

Tomei um gole de água, olhando para ele, mudei de assunto:

- Você acha que consegue fazer a auditoria anual do Grupo Nexia?

Percebeu que mudei de assunto, franziu os lábios, e se debruçou de novo na mesa falando sem força:

- Essas coisas, só vai saber depois de as ter feito, como é que vou responder agora?

Franzi a testa, não querendo continuar a conversa, disse:

- O Grupo Nexia acabou de abrir seu capital, e está com bastante capital. Você que trabalha com
auditoria sabe melhor do que eu, caso algo dê errado pode levar a prejuízos enormes. Esse ano sou
responsável por esse assunto, claro que tenho que tomar cuidado.

Ele fechou um pouco seus olhos negros que transmitiam um pouco de esperteza:

- Você acha que não sou compente para auditar o Grupo Nexia?

Levantei a sobrancelha, não respondendo diretamente, disse sorrindo:

- Você fundou a Auditoriatal tão jovem, é claro que acredito na sua capacidade. Mas não trabalhámos
juntos antes, nem nos conhecemos. O Grupo Nexia fará uma licitação, então dependerá da sua
capacidade. Caso vocês consigam ganhar, espero que possamos ter uma boa cooperação com o
Presidente Ribeiro.

- Tudo bem!

Olhou para mim e disse:

- Parece que você não acredita em mim?

Eu realmente não gostava do jeito dele, franzi a testa e disse:

- Não é isso. O Presidente Ribeiro está brincando?

- Você me acha muito jovem?

Ele empurrou o prato para minha frente e disse:

- Você não acha que o jovem tem mais energia?

Realmente não consigo mais continuar a conversa, me levantei e disse:

- Avisarei vocês do horário da licitação assim que possível, se não tiver mais nada a tratar, me dê licença.

Ele segurou meu pulso com força:

- Vai embora tão apressada?

Ele aumentou o tom e olhou para fora do restaurante.


Por instinto, olhei também na direção do seu olhar e encontrei o olhar de Guilherme.

Ao ver que Lúcia estava ao seu lado, desviei meu olhar e puxei meu pulso preso por Enzo. Esse moleque
usou tanta força que não me soltou.

Falei um pouco descontente:

- Me solte!

- Vamos ver o show primeiro!

Ele me puxou para a cadeira, segurou meu ombro e disse sorridente para Guilherme e Lúcia que
entraram:

- Presidente Guilherme, que surpresa! Que tal juntar-se a nós?

Não fiquei feliz por dentro, congelando minha expressão facial:

- O que você quer?

- Assistir ao show!

Enzo se sentou ao meu lado.

Guilherme fechou a cara e trouxe Lúcia para cá, se sentaram na nossa frente.

Claro que Lúcia me viu, depois do que passou ela também não fingiu mais, olhou para mim com frieza e
não era amigável.

Era bom que ela não fingisse mesmo, também não queria olhar para eles. Peguei então o celular.
A voz de Enzo entrou nos ouvidos:

- Presidente Guilherme, Lúcia, o que gostariam de comer? Eu peço!

Como eu queria dar uma gargalhada, ele já o chamou de velho há pouco, e agora trata Guilherme por
Presidente Guilherme?

Guilherme olhou para Enzo e depois para Lúcia, perguntando:

- O que quer comer?

Olhe, esses velhos hábitos não tem como se ignorar.

Lúcia respondeu qualquer coisa e não falou mais nada. E Enzo não parou de falar comigo, me
aborrecendo. Se ele não se sentasse do lado de fora e me bloqueasse, iria embora imediatamente.

O labirinto de amor

Capítulo 39 Dilema do Guilherme

- Kaira, você tem algum compromisso mais tarde? Posso te convidar para ir ao cinema?

Eu achava que Enzo estava querendo criar problemas.

Quando ficamos tão íntimos?

- Tenho.
Calei-me depois que respondi.

Senti que Guilherme estava me observando, mas preferi ignorar.

Percebendo que eu não estava animada, Enzo foi falar com Guilherme:

- Presidente Guilherme, ouvi dizer que o senhor e Lúcia tem um relacionamento muito bom. Minha mãe
ainda disse para vocês jantarem com ela no Balcone Restô na próxima vez.

Guilherme com cara séria, disse:

- Agradeça à Sra. Agatha por mim.

- É aquela poderosa da moda, Agatha de Lins, que você tinha mencionado comigo a última vez?

Falou Lúcia com entusiasmo.

Ouvindo isso, Enzo puxou o papo:

- Você também conhece minha mãe, Lúcia?

De repente os olhos de Lúcia brilharam:

- Ela é sua mãe? Ela é a rainha da moda desde a Europa até a Ásia. E ouvi dizer que a Sra.Agatha ainda
administra duas empresas de capital aberto. Na última lista dos mais ricos globais, ela fica em terceiro
lugar, é a mulher mais rica do mundo!

A mãe do Enzo é a Agatha de Lins? Eu tinha visto ela em uma reportagem do jornal de finanças. É a típica
mulher forte da época. Não esperava que fosse mãe de Enzo.
Os dois acharam um assunto em comum e a conversa ficou mais animada ainda. E eu que já estava com
tédio, agora mais ainda, querendo ir embora logo.

Finalmente os dois pararam de conversar quando o garçom trouxe os pratos.

- Experimente esse daqui, Kaira, é muito nutritivo e gostoso.

Não sei o que aconteceu com Enzo e ele pôs a comida no meu prato com intimidade.

Para não ferir seus sentimentos, eu não disse muita coisa, apenas:

- Eu posso comer sozinha.

Ele me ignorou, olhando o tratamento de Guilherme com Lúcia, disse com inveja:

- Presidente Guilherme, você é tão gentil com Lúcia, ela realmente é a pessoa no seu coração.

Lúcia sorriu de repente, dava para perceber que estava feliz. Guilherme franziu a testa e me olhou.

Eu, sem expressão, baixei a cabeça, ignorando tudo.

Não ia ser machucada se não me impostasse com isso.

Dei uma mordida na comida que Enzo colocou no meu prato, nem mastiguei e senti meu estômago virar.
Tapei minha boca e fiz um gesto para Enzo me deixar a sair.

Ele ficou surpreso, percebeu que eu estava querendo vomitar, então se levantou e disse:
- Você está grávida? Por que vomita até com peixe?

A sua frase me deixou suar frio.

Mas não pensei muito, corri para o banheiro e vomitei por bastante tempo. Quando me acalmei, olhei
para trás e vi que Guilherme estava de pé ao lado.

- Kaira, vamos para o hospital!

Ele disse em uma voz fria e baixa, sem emoção, mas com certeza não era amigável.

- Não vou!

Me desviei dele e saí do banheiro.

Ele segurou o meu pulso, fiquei um pouco agitada, virei a cabeça e dei uma olhada fria a ele:

- Eu me lembro de ter falado para você ficar longe de mim!

Após uma pausa eu continuei:

- Além disso, se você não tiver problema com a memória, eu falei ontem à noite com você que espero
que possamos nos divorciar logo. O que você acha?

O olhar dele começou a ficar sério:

- Kaira, você sabe o que está fazendo?


Disse em tom frio:

- Claro que sim!

Olhei para ele com vontade de rir:

- Guilherme, por lado você trata Lúcia gentilmente e por outro lado não termina comigo. Por acaso você
está curtindo essa sensação de ficar com duas mulheres?

Ele estava com uma cara muito feia, eu sabia que ele ficou bravo, mas tudo que eu disse foi verdade.
Apesar de ser muito direta, temos que encarar, não é?

- O que você quer que eu faça?

Algum tempo depois ele disse com um tom impotente.

Parei por um momento e disse:

- Vamos nos divorciar, voltamos para nossas vidas paralelas.

- Impossível!

Ele disse com frieza.

Dei um sorriso gélido para ele e disse:

- Claro, você também pode separar de Lúcia, dando dinheiro suficiente para ela sair da sua vida.
- Kaira, quem é você para decidir a minha vida? - Lúcia apareceu de repente e gritou comigo.

Me livrei da mão de Guilherme e olhei para ela que estava com o rosto vermelho de raiva, ri:

- Quem sou eu? Só pelo fato de Guilherme não querer se divorciar de mim, pelo fato de eu ainda ser a
esposa oficial dele, pelo fato de ele ainda não me deixar ir!

- Você...

Ela estava furiosa e queria discutir comigo. Mas eu não estava interessada em me envolver muito com
ela.

Voltei direto para meu assento, peguei a bolsa e saí.

Enzo veio atrás de mim.

Parei e olhei para ele:

- Algum problema?

- Não dirigi carro hoje, me dê uma carona! - Disse ele descarado.

Olhei para ele de relance e disse:

- Não é o mesmo caminho.

Entrei no carro e liguei o motor.


- Ei, nem falei o endereço, como é que não é o mesmo?

A voz barulhenta dele estava desparecendo.

Nos próximos dias, meu sintomas de gravidez pioraram. E para evitar Guilherme, mudei para o
Apartamento Prudente. Na época em que Esther planejava se estabelecer na Cidade de Rio, eu e ela
compramos dois apartamentos no Apartamento Prudente, um para cada uma, para nós podermos cuidar
uma da outra.

Depois que casei com Guilherme, fiquei morando na mansão. Quase não vim para cá. Ainda bem que
Esther estava cuidando disso aqui, já era confortável morar aqui.

Vendo que estava vomitando muito, Esther meu deu um copo de água quente, e olhou para mim
seriamente:

- Kaira, me conte a verdade, você não abortou o bebê, né?

Não pretendia esconder a verdade dela desde o início, tomei um pouco de água e disse:

- Não.

Ela ficou calada por uns segundos e disse:

- O que você pretende fazer?

- Separar-me de Guilherme e criar meu filho na Cidade de Nuvem.

Este tinha sido o meu plano desde o início.

Ela revirou os olhos e disse:


- Eu estou me referindo a este período. Do jeito que você está vomitando, até eu percebi, imagina
Guilherme, já que você está sempre sob o olhar dele. Você o acha idiota?

Eu sei, mas não posso ir agora. Não posso largar tudo e ir embora!

Se eu não tratasse do todo isto bem, com certeza Guilherme desconfiaria.

Pensando aqui, liguei para Vinícius que me atendeu rapidamente.

Com a lição que aprendi da última vez, quando quem atendeu foi Guilherme, eu esperei ele falar
primeiro para falar:

- Dr. Vinícius, você tem alguma maneira de parar ou reduzir os vômitos da gestação?

Esther falou baixinho no meu ouvido:

- Quem é Dr. Vinícius? Por que ele vai te ajudar?

Não lhe respondi e escutei em silêncio o que Vinícius estava dizendo:

- Tenho medicamento, mas todo remédio tem um pouco de veneno, não recomendo que você use.
Amanhã pergunto para o Chefe Ryan se tem algum alimento que possa reduzir vômitos sem prejudicar o
feto.

- Que ótimo! Obrigada Dr. Vinícius!

- De nada.________________

O labirinto de amor
Capítulo 40 Problemas do Grupo Nexia

Após desligar o telefone, Esther me olhou curiosa:

- Você está próxima com esse Dr.Vinícius?

Empurrei a cabeça dela e me levantei para voltar para o quarto:

- Pare de fofocar, vá dormir!

- Kaira…

Voltei para o quarto, isolando a voz dela, continuei trabalhando no projeto de auditoria do Grupo Nexia.
Seria amanhã a licitação.

Pensei que aquele homem de meia-idade apareceria de novo, mas já se passaram dias e nada aconteceu.

Eu já não podia apurar a situação.

No dia seguinte.

A Cidade de Rio estava cada vez mais quente, às oito da manhã, o sol já estava brilhante e forte. Esther
dormia tarde, nunca acordava cedo.

E como estava bem ocupada esses dias, tinha que acordar bem cedo.

Cheguei à empresa às pressas, Liz me entregou o material que preparou e disse:


- Vamos direto para o local de licitação?

Acenei com a cabeça, peguei o laptop e o material e saí da empresa com Liz.

No hall do elevador, encontrei Guilherme e Vinícius. Ao me ver, Vinícius me entregou a lancheira na mão
e disse:

- Sopa que o Chefe Ryan fez para você, é boa para a recuperação do seu corpo. Guilherme disse que você
tem tido muitas náuseas recentemente, deve ser a gravidez psicológica pós-aborto, vai melhorar após
um tempo de descanso.

No início, eu estava preocupada que Guilherme desconfiasse, quando ele disse isso, fiquei mais aliviada e
disse:

- Obrigada!

Guilherme está com o rosto sombrio, não dava para ver suas emoções. Eu nunca consegui entender seu
temperamento, também não conseguia descobrir o sentimento que ele tinha por mim.

O elevador chegou e entramos. O clima estava meio frio, mas ninguém estava a fim de bater papo até
sairmos do elevador.

Liz olhou para mim e disse:

- Directora Kaira, você e o Presidente Guilherme...

- Já está tarde, vamos logo para o local da licitação! - Não queria continuar a conversa. Desde o último
encontro no restaurante, eu e Guilherme não nos vimos mais, nem nos conversamos.
Ao chegar ao local, encontrei Enzo. Ele veio na minha direção com vigor, com o rosto todo sorridente e
disse:

- Kaira, você veio!

Não gostava de sua intimidade, acenei com a cabeça e entrei no local. Hoje veio muita gente,
basicamente todos querem conquistar a auditoria do Grupo Nexia.

No meio do processo de licitação, comecei a ter um pouco de enxaqueca não sei o porquê. Liz percebeu
meu desconforto e me levou até a sala de repouso, me deu um copo de água e disse:

- Directora Kaira, ainda tem algumas empresas que vão participar da licitação, se a senhora estiver
realmente ruim, melhor ir para o hospital.

Balancei a cabeça. Tomei um pouco de água e disse à ela:

- Acompanhe as outras empresas participantes, caso tenha alguma adequada, guarde-a para referência,
caso não haja, então esqueça.

Já ouvi maior parte das empresas, basicamente já sei dos detalhes. Fiquei na sala por um tempo
enquanto a Liz voltou para o local.

Não é fácil ser mãe. Achava-me invulnerável, mesmo assim cometi esse pequeno deslize nessa ocasião.

- No que está pensando tão absorta? - De repente soou uma voz com tom zombeteiro.

Olhei de lado e vi que era Enzo. Esfreguei minhas sobrancelhas e disse:

- O que está fazendo aqui em vez de estar se preparando para a licitação?

- Estou preocupoado com você. - Ele chegou ao meu lado e começou a massagear minhas têmporas. As
mãos do garoto são fortes, com força moderada. Eu queria evitar, mas fui segurada por ele.

Ordenou friamente:

- Pare de se fazer de forte!

Não tinha tanta energia para lidar com ele, então obedeci. Até que não demorou muito para a
enxaqueca melhorar...

Depois de melhorar, ele soltou e disse olhando para mim:

- Como está se sentindo?

Acenei com a cabeça:

- Está muito melhor, obrigada!

Ele sentou e falou com seriedade:

- O que Guilherme é para você?

Este assunto era muito entediante, franzi as sobrancelhas:

- Presidente Ribeiro, não deveria estar preocupado com o resultado da licitação?

Ele riu e disse:


- Me preocupo mais com você!

Ignorei o que ele disse, e vi que Liz estava entrando, provavelmente as apresentações dos participantes
da licitação já terminaram. Ela juntou todos os materiais dos participantes e fez uma comparação entre
eles.

Escolhi alguns participantes adequados e disse:

- Faz uma comparação dos trabalhos de auditoria e dos clientes dos últimos dois anos destas empresas e
me entregue.

Liz acenou com a cabeça e pegou o material. Deu uma olhada em Enzo, hesitou um pouco e me
perguntou:

- Directora Kaira, eu te levo para casa agora ou...?

- Pode fazer suas coisas. Eu a levo para casa daqui a pouco. - Enzo falou antecipadamente.

Liz olhou para mim como se estivesse me perguntando. Olhei para Enzo e disse:

- Vá fazer suas coisas.

Depois que Liz foi embora, eu disse para Enzo:

- Se você continuar a fazer rodeios, eu também não me importo de continuar assim.

Era impossível ele aparecer sem motivo. Veio até aqui por um tempão e não falou o que queira, ninguém
tinha tempo para gastar com ele.

Percebendo que esava sendo bem direta, ele franziu a sobrancelha e disse:
- Kaira, não é bom que as garotas sejam tão inteligentes.

Não queria desperdiçar mais tempo com ele, peguei a minha bolsa para ir embora.

Impedida por ele:

- A auditoria do Grupo Nexia tem uma relação direta com o futuro do Grupo Nexia. Você nunca pensou,
por curiosidade, por que Guilherme me escolheu em vez da AC, com quem ele trabalhou por muitos
anos?

Sentado em meu assento, eu não disse nada, apenas continuei esperando que ele dissesse mais

Ele tomou um lugar ao meu lado e disse:

- O Grupo Nexia abriu seu capital há um ano, olhando superficialmente, o desenvolvimento do Nexia
está a todo vapor, sem nenhum problema, mas pense bem, por que aquele projeto, o qual você e o
Diretor José eram responsáveis, causou enorme prejuízo financeiro só porque foi adiado por alguns dias?

Eu franzi o sobrolho e não disse nada, esperando que ele continuasse

- O atraso do pagamento final de um projeto causaria prejuízo a uma empresa do porte do Grupo Nexia?
Isso significa que o capital de reserva do Grupo já está em falta. Guilheme Aguiar não quis mais continuar
a cooperação com a AC porque uma vez que o relatório de auditoria da AC demonstrasse os números
vermelhos do Nexia, faria com que suas ações caíssem drasticamente e os investidores entrariam em
pânico.

Eu apenas franzi a testa quando ele terminou, olhando para ele, disse:

- Mas Guilherme não designou vocês diretamente para fazer a auditoria. Além do mais, eu sendo a
Diretora do Grupo, não saberia melhor do que você?
Ele riu friamente. - Kaira, não é bom ser tão crédula.

Me levantei e falei:

- A auditoria do Grupo Nexia, já que eu disse que iria licitar, cabe a você creditar as habilidades certas, e
quanto à situação do Grupo Nexia, eu acho, a conheço melhor que você, Presidente Ribeiro é melhor ir
para casa e esperar a notícia!

Terminando de falar, saí da sala de repouso e fui diretamente para o carro.

Liguei o motor, pensei de novo no que ele disse, não veio do nada, mas também não dá para acreditar
em tudo. Durante esses anos, já houve casos em que o atraso do pagamento causou prejuízo, era uma
situação normal.

Mas também não podia excluir a possibilidade de que o capital de giro do Grupo Nexia estava com
problema!

O labirinto de amor

Capítulo 41 Licitação

Voltando ao escritório, Vinícius estava lá. Para a minha surpresa, parecia estar esperando por mim.

Ao me ver, ele largou a revista que tinha nas mãos e disse:

- Como foi a licitação?

- Bem - respondi. Ao ver a lancheira em cima da minha mesa, perguntei:

- O que é isso?
- Sopa que o Chefe Ryan fez, muito eficiente para náuseas na gravidez. - Ele falou e deu um passo à
frente pronto para abrir a lancheira.

Ele já me deu uma porção hoje de manhã, e realmente, depois de tomar um pouco não senti ânsia de
vômito. Essa sopa era realmente boa.

- Obrigada! - Disse indo para o meu lugar. - Você só veio me trazer a sopa?

- Não! - Disse bem direto. - Você já tem a empresa adequada após a licitação?

Balancei a cabeça. Também estou com dor de cabeça por causa da auditoria do Grupo Nexia:

- Pedi para Liz fazer uma análise comparativa. E depois disso vamos filtrá-los algumas.

Ele franziu a testa:

- E você já pensou se depois desse processo a Auditoriatal não for selecionada e, no final das contas,
ainda é a AC a ganhar a licitação?

Para falar verdade, a probabilidade da AC ser escolhida era muito grande. Olhei para ele com a testa
franzida:

- Qual é o motivo real para Guilherme querer trocar a AC?

- Você deve perguntar a ele. - Continuou. - Guilherme provavelmente tem seus motivos para escolher a
Auditoriatal.

Foi tão complicado que não quis pensar muito no assunto e olhei para ele e disse:
- Depois de confirmar a empresa de auditoria, provavelmente vou viajar a trabalho, e durante esse
período, eu vou precisar de sua ajuda para preparar alguns medicamentos para levar comigo.

Era inevitável que houvesse momentos de superexercício ao trabalhar o dia inteiro, e Vinícius era bem
versado em farmacologia, e os remédios que ele dispensava eram mais ou menos úteis para carregar
comigo.

Ele acenou com a cabeça, fazendo sinal para eu tomar a sopa primeiro, senão ia esfriar.

Mal comecei a tomar, meu celular tocou. Foi Esther me ligando, já era tarde, provavelmente ela acordou
agora.

Atendi a chamda e nem tinha aberto a boca ainda, e veio a voz nervosa de Esther:

- Kaira, estou na delegacia, venha rápido!

Fiquei surpresa, por que é que ela estava na delegacia?

Nem deu tempo de perguntar e a ligação já foi desligada. Peguei minha bolsa e já ia saindo às pressas.
Vinícius me barrou e perguntou:

- O que aconteceu?

- Esther está na delegacia, vou ver o que aconteceu!

- Vou com você!

Não recusei, fui junto com ele para a delegacia. Esther estava na área de observação, o policial de
plantão me viu e disse:
- Você é a senhorita Kaira Sanches?

Acenei com a cabeça e disse:

- Por que Esther está presa aqui, o que aconteceu?

- A senhorita Gomes é suspeita de revender ilegalmente a metanfetamina azul, precisa de investigação


judicial. Senhorita Sanches, por favor, coopere conosco.

Falou o policial com expressão de defensor da lei.

De repente, comecei a suar frio, metanfetamina azul?

Como é possível Esther se envolver com essa coisa?

Segurei o policial um pouco nervosa:

- Senhor policial, é impossível que Esther faça coisas ilegais, com certeza há algum mal-entendido. Por
favor, verifiquem direito.

Policial me viu nervosa e franziu as sobrancelhas:

- Sra.Kaira, fique tranquila. Faremos uma investigação minuciosa. Ainda temos algumas perguntas para
lhe fazer individualmente, contamos com a sua colaboração.

Não pensei muito nesse momento, entrei com o policial na sala de interrogatório. Após algumas
perguntas, eu consegui esclarecer basicamente o ocorrido.
Ontem à noite, alguém encontrou metanfetamina azul (um tipo de droga), em grande quantidade no bar
de Esther. Era estranho por que aquela pessoa só chamou a polícia no dia seguinte em vez de chamar na
hora?

Depois de ser interrogada pela polícia, vi Esther. Ela não estava usando maquiagem, suas olheiras a
deixavam parecer bastante abatida dentro de apenas algumas horas.

Ela me segurou quando me viu e disse:

- Kaira, caí na cilada feita para mim! Foi Lúcia! Ontem à noite ela veio com um homem ao bar, pensei que
ela estava lá apenas para tomar bebida, não esperava que ela viesse para me incriminar.

Lúcia foi ao bar com um homem?

-Você viu o rosto do homem que estava com ela? - Além de Guilherme e de Pietro, ela ainda tem outros
homens ao seu redor?

- É bem alto, com cara de ser uma pessoa decente. Ah, quando fui procurar você tempos atrás no Nexia,
escutei alguém o chamando de Presidente Carvalho.

Pietro?

A pessoa que Lúcia não gosta sou eu, por que fez isso com Esther?

- Por que eles só chamaram a polícia hoje? Não deveriam chamar ontem?

A lógica está errada.

Esther esfregou os olhos e disse:


- Eles queriam me incriminar. A metanfetamina azul foi encontrada no meu armário pelos policiais que
foram investigar hoje de manhã.

Comecei a ter dor entre as sobrancelhas:

- Esther, você está escondendo algo de mim? - Pela personalidade de Lúcia, ela com certeza faria Esther
perder tudo, por que não aconteceu nada com o bar e somente com ela?

Ela olhou para mim hesitando um pouco e disse:

- Kaira, não vai ficar brava se eu te contar. O bar já foi comprado por Guilherme. Quando você tinha me
perguntado se queria mudar-se para a Cidade de Nuvem, o bar já foi comprado por Guilherme.

Por um momento, não sei o que dizer...

- Guilherme comprou seu bar para quê? - O Grupo Nexia já é suficiente para mantê-lo ocupado, pra quê
ele iria comprar um bar?

Esther balançou a cabeça:

- Não sei qual o motivo. Ele me procurou um mês atrás e comprou o bar por quase o dobro do valor.
Depois transferiu o transferiu para o nome de Lúcia. Eu ia te contar, mas você estava ocupada demais,
sua saúde também não estava muito boa, então...

Se for pensar nos detalhes dessa história, é extremamente assustador. Qual a diferença entre Guilherme
comprar o bar e colocar no nome de Lúcia e ela mesma comprar?

Definitivamente Guilherme não seria mesquinho com as coisas que Lúcia queria, mas para Lúcia, o bar
com certeza não era seu objetivo.

Acho que essa cilada foi preparada para mim!


Fiquei com um pouco de dor de cabeça, consolei Esther e saí da sala de detenção. Vinícius estava me
aguardando no salão. Ele se aproximou ao me ver e disse:

- Está tudo bem?

- Quantos anos serão sentenciados se ela for condenada? - Perguntei com forte dor de cabeça.

- Pode ser condenada a 15 anos de reclusão, prisão perpétua ou pena de morte mais o confisco de todos
os ativos. Tudo depende da quantidade de droga, quanto maior a quantidade, mais pesada a sentença. -
Respondeu Vinícius saindo comigo da delegacia.

Comecei a ouvir um zumbido e o céu parecia ter começado a girar... Lúcia foi muito cruel. Utilizou um
bar para destruir a vida de uma garota.

- Não se preocupe, a polícia ainda está investigando, ainda há chances de reviravolta.

Vinícius me ajudou até a área de descanso e me confortou.

De repente, o segurei, levantei a cabeça olhando para ele e disse:

- Quais as chances de reviravolta?

- De a polícia chegar à conclusão da investigação que a metanfetamina azul não tem nada a ver com ela.
Não foi detectado nenhum indício de droga no seu organismo. O armário fica dentro do bar e há grande
possibilidade de alguém ter mexido. Se conseguirem comprovar que alguém mexeu no seu armário, a
suspeita reduziria pela metade.

- Verdade! Vamos verificar as gravações das câmeras! - Levantei de forma brusca para ir ao bar
rapidamente.__

O labirinto de amor

Capítulo 42 Pedi Ajuda a Guilherme I


Mas fui impedida por Vinícius. O rosto dele ficou um pouco impotente.

- A polícia já pensou o que você havia pensado. O que você precisa de se preocupar agora é se tiver
alguém alterar o vídeo de vigilância!

As minhas sobrancelhas saltaram e puxei o meu cabelo com irritação e olhei para Vinícius.

- Volte para a sua casa! Me deixe em paz por um tempo!

Vinícius queria dizer mais alguma coisa, mas percebendo a minha irritação, ele fez uma pausa e disse:

- Me ligue se tiver problema!

Ele foi-se embora.

Fiquei por muito tempo na porta da delegacia de polícia antes de entrar no carro.

Liz me ligou e disse que havia acabado o boletim dos relatórios de comparação das empresas que
participaram na licitação e já o enviou ao meu e-mail para referência. A minha cabeça estava numa
grande confusão.

Hesitando um pouco, dirigi o carro à mansão. Não havia voltado para a lá nesses dias para que evitasse
encontrar Guilherme, mas sempre haviam as coisas das quais não conseguíamos escapar.

Ainda era cedo quando voltei à mansão. Ninguém estava em casa. A porta do quarto e a do banheiro no
primeiro andar já foram consertadas.

Sabendo que era inútil de ficar preocupada, fui ao escritório e verifiquei o boletim dos relatórios que Liz
me enviou. Sabia que a AC tinha uma grande oportunidade de ganhar essa licitação, mas fiquei tão
surpresa que a Auditoriatal participou na mesma licitação com a AC.

Era uma pequena empresa que não foi estabelecida há muito tempo, mas estava concorrendo com as
empresas que haviam sobrevivido há décadas nesse círculo de negócios. Inesperadamente deixou para
atrás algumas empresas conhecidas.

Guilherme escolheu a Auditoriatal, provavelmente porque percebeu o desenvolvimento e o potencial


dele.

Devido ao que aconteceu no estacionamento da última vez, excluía AC e liguei para Liz.

A chamada foi atendida após dois toques.

- Directora Kaira.

- Avise para todos. A auditoria de Grupo Nexia será entregue para a Auditoriatal.

Ouvindo o que eu disse, Liz parecia um pouco surpresa e hesitada:

- Directora, mas AC ganhou essa licitação. Se você entregar diretamente a auditoria para Auditoriatal,
receio que AC vá provocar problemas no final!

Eu sabia muito bem que aquele homem do estacionamento me raptou e me apresentou em particular
um maravilhoso ‘espetáculo’ só para me pedir a lançar um concurso.

A intenção daquele homem era de fato que me compeliu a escolher o vencedor da licitação! No entanto,
eu nunca pretendia a entregar a auditoria de Grupo Nexia ao vencedor desse concurso!

Não poderia deixar o Grupo Nexia sofrer uma situação urgente na minha atribuição. Não era para
Guilherme, mas era para retribuir as cuidados do Sr. Rodrigo nesses anos para mim.

- Faça o que eu disse. Vou explicar à AC! - Desliguei o telefone, fiquei em silêncio por muito tempo.

Liguei a quem nunca havia telefonado pela iniciativa. Tocou duas vezes, uma voz profunda e magnética
veio do outro lado:

- Cinco anos!

Ele falou duas palavras com um eco fraco na sua voz.

- Pensei que você não me ligaria para sempre.

Suprimindo a minha irritação, eu disse:

- Quero um relatório dos erros de auditoria feitos pela AC desses anos e da situação financeira de AC.

- Kaira, você não me chamou há muito tempo!

O outro lado do telefone parecia tão tranquilo que deixou a voz dele ficar com eco frio.

O meu corpo ficou cada minuto mais frio com tremor incontrolável.

- Nathan Sanches!

- Kaira, não deveria me chamar isso!

Mesmo que não fosse em frente dele, a frieza me cercou pelo telefone. Ele não era tipo tal como
Guilherme, distante e arrogante, mas era tipo horrível e louco com odor de sangue embebido no inferno
há muitos anos.
- Irmão!

Dizendo uma palavra, o meu corpo estava tremendo sem consciência.

- Boa menina!

Desliguei o telefone abruptamente e me sentei paralisada no chão com assusto gravado nos meus ossos
desde pequena.

Por muito tempo, levantei-me do chão. Sentindo um pouco fraca, cambaleei para o quarto, subi na cama
e me enrolei de maneira firme na colcha.

Como se estivesse embebida pelo frio gravado profundamente nos meus ossos, não poderia voltar a
mim próprio por longo tempo. Não deveria ligar para ele.

Quando Guilherme voltou para a vila, recuperei-me lentamente. Ao me ver, ele pareceu pouco surpreso.

- Já jantou? - disse e parecia cansado.

Ultimamente, haviam muitas coisas a fazer em Grupo Nexia, ele estava numa viagem de negócios por
quase todos os tempos. Pensei que ele já voltou de uma viagem, ainda com fadiga no seu rosto.

Balancei a cabeça. Vendo que já era tarde e pensando no assunto de Esther, levantei-me e disse:

- Vou cozinhar para você!

De repente ele me abraçou por trás com o seu queixo no meu ombro. Talvez porque estivesse muito
ocupado, ele estava com barba que me sentia comichão no meu ombro.

- Me acompanhe um pouco.

Fez-me deitada na cama e me enrolou com o seu corpo de maneira tão firme que não me deixou mover.
Uma voz rouca do homem seduzia os meus tímpanos.

A sua respiração quente coçava no meu rosto. Abri a minha boca, mas finalmente não disse nada.

Fiquei olhando para o teto por uns minutos e desisti por enquanto. Agora falar do assunto de Esther com
Guilherme podia ser ao contrário do que desejava. Era melhor esperar até quando ele se acordou.

Fiquei mesmo nervosa e sentia-me mais sonolento do que habitual durante a gravidez. Abraçada por
Guilherme, senti um pouco segura e tranquilo e tinha vontade de dormir.

Bocejei e fechei os meus olhos naturalmente.

Mas apenas por um momento, abri os meus olhos de repente e olhou com raiva para esse homem com
má intenção na minha frente que não conseguia se controlar.

- Guilherme, dorme onde quiser. O que é que você está pensando.

- É apenas uma reação fisiológica. Deixe-o para lá.

A sua voz era tão baixa e rouca que poderia sentir mesmo o seu sono.

Mas não conseguia dormir. Então me afastei um pouco atrás, mas fui segurada pela palma dele e me
puxei de volta.

- Guilherme!
Fiquei um pouco zangada. Esse homem não conseguia dormir em tranquilo.

- Ignore o meu pénis. Vai ficar normal por um tempo - disse ele, segurando a minha mão com mais força.

Não soube o que dizer nesse momento.

Fiquei com raiva.

- Garanhão!

Realmente não sabia como lhe xingar, então apenas consegui nem falar uma palavra com tanta raiva.

Ouvi uma risada leve de Guilherme, parecendo muito agradável. Eu não estava interessada em prestar
atenção nele. Fechei os meus olhos e ignorei a sua reação fisiológica, pronta para dormir.

Depois de dois minutos, eu estava acordada completamente.

Comecei a pensar como lhe pedir para ajudar Esther. Se Guilherme se envolvesse no assunto de Esther,
seria muito mais fácil de tratar. De qualquer maneira, conseguiria realizar muitas coisas nesse mundo
mesmo que fosse rico e poderoso.

Talvez por causa da minha consciência pesada, fiquei muito nervosa. Percebendo a minha nervosidade,
Guilherme ficou mais cuidadoso.__

O labirinto de amor

Capítulo 43 Pedi Ajuda a Guilherme II

Tendo ouvido a sua história com Lúcia da última vez, comecei a lhe resistir por instinto a fazer amor.
Ele se virou, mas...

Depois de muito tempo, ele se levantou da cama, vestiu-se o pijama e ficou na varanda e acendeu um
cigarro.

Eu estava deitada na cama. Não conseguia descrever com palavras os sentimentos no meu coração
naquela hora.

Me levantei, caminhei para ele, abracei-o por trás com todo o meu corpo nas suas costas:

- Vamos ao banheiro para tentar de novo.

Endureceu de súbito o seu corpo. Ele apagou o cigarro e se virou para mim com um pouco de frieza no
rosto.

- Quando começou?

Fiquei espantada. O que ele se referiu era a reação do meu corpo?

Olhando por baixo e mordendo o meu lábio, respondi por um momento:

- Talvez depois do aborto...

O assunto entre Lúcia e ele seria provavelmente enterrado de maneira firme no meu coração para
sempre, tornando-se um enorme esqueleto apodrecendo com horas.

Ele me deu um olhar profundo e me afastou:

- Vou a sala de estudo.


Segurei-o rapidamente e olhei para ele:

- Você comprou o bar de Esther para Lúcia? Esther foi incriminada falsamente, Guilherme, por favor, me
ajude!

Sabia que ele ficaria mais zangado se lhe pedisse nessa hora porque não havia satisfeito o seu desejo
sexual, mas não poderia demorar muito esse assunto.

Ele abaixou a sua cabeça e olhou para mim, se contraindo os seus olhos friamente.

- Voltou para casa por causa disso?

Me sentindo assustada pelos olhos dele, expliquei:

- Claro que não. Eu...

- Você planejou mesmo a me pedir ajuda com o seu corpo, então me deixou continuar a fazer amor
consigo sem luta? - Ele riu de maneira cruel com um sarcasmo na sua voz, - Kaira, nem percebeu mesmo
por si própria que não consegue ter reação sexual a mim?

Neguei em pânico, mas era mesmo o fato.

Olhei para ele e disse em voz triste:

- Guilherme, você tem Lúcia e muitos amigos, mas eu não tenho mais nada. Só tenho Esther. Por favor,
me ajude!
Ele riu friamente:

- Você não tem nada além de Esther? Kaira, você realmente me surpreendeu!

Ele estava com enorme irritação, mas eu não havia de fato outras soluções.

Já que eu tivesse outras soluções, não vou lhe pedir, mas na verdade apenas ele poderia resolver esse
problema.

Puxando a sua mão e descuidando a sua raiva, mordi os meus lábios com lágrimas nos meus olhos.

- Guilherme, desculpe, só você pode me ajudar!

Estava muito frio e não me vesti muita roupa. Eu estava envolvida em gelo nessa hora.

Guilherme olhou friamente a minha tristeza, da raiva ao tranquilo. Depois de muito tempo, ele segurou a
minha mão em uma voz baixa e cruel:

- Vá ao banheiro!

Fiquei surpresa e em seguida entendi o que ele indicou. Ele me levou aos seus braços de imediato e foi
diretamente para o banheiro.

-Kaira. - Ele disse em uma voz muito rouca.

Olhei para ele com água batendo nos meus olhos úmidos. Ele cobriu os meus olhos com a sua mão.

Pedi-lhe:

- Guilherme, por favor, entre mais suavemente!


Tenho preocupação com o bebê.

Me sentia uma leve dor de barriga. Me assustou e falei em uma voz temerosa:

- Pare, Guilherme, eu... me sangro!

Ele ficou rígido, olhou por baixo e viu uma poça de sangue sob meus pés sem saber quando começou.

Espasmei um pouco com a dor e segurei seus braços com um pouco de suor na minha testa.

- Me leve ao hospital rapidamente!

Eu sentia que dessa vez a dor era diferente da anterior.

Quase atingindo ao máximo, o desejo de Guilherme caiu subitamente. Com os olhares profundos, ele
tirou uma toalha ao lado, secou as gotas d'água no meu corpo, e em seguida me abraçou para fora do
banheiro.

Colocando-me na cama, ele encontrou roupas para mim e então ligou para Vinícius. Agarrei a sua roupa
e quase não consegui respirar com a dor.

- Rápido, Guilherme. Leve-me ao hospital!

- Merda!

Foi a primeira vez que ouvi palavras sujas da boca de Guilherme.


Ele me abraçou ao carro e ligou-o com os olhares sombrios e os lábios finos pressionados, parecendo
quase impossível de perceber qualquer emoção dele

Ele dirigiu em alta velocidade e não sabia quantos sinais vermelhos correu. Ele me levou nos seus braços
ao hospital e uma enfermeira empurrou um leito para fora.

- O que é que aconteceu? - Perguntou alguém na multidão atrapalhada.

Guilherme olhou para mim com um olhar frio.

- Kaira, você diz ou eu digo?

Me senti espantada com suor frio, mas o dor de barriga não me deu muito tempo para pensar mais e
segurei a enfermeira ao meu lado e disse:

- O feto está com menos de dois meses e há sinais de aborto. Por favor, me ajude a salvar meu bebê.

A enfermeira acenou com a cabeça e me confortou:

- Não se preocupe. Leve-a diretamente para a sala de operação!

Depois de uma grande atrapalhação, perdi gradualmente a minha consciência.

Não conseguia parar o meu arrependimento. Fui muito descuidada. Mesmo pensei que correria tudo
bem desta vez mesmo como as vezes anteriores.

Mas…

Quando acordei de novo, era muito tarde.


Caiu nos meus olhos um rosto com expressão cruel e irritada do homem com olheiras e poucos bigodes
no seu queixo. Ele estava dormindo

Ele tinha ficado aqui?

Olhando em volta, tudo era branco. Aqui era a ala do hospital.

Por instinto, toquei na minha barriga e me sentia inquieta. Felizmente, a minha barriga estava um pouco
saliente sem dor.

- Acordou?

Veio ao meu ouvido uma voz baixa do homem.

Fiquei surpresa quando percebi que Guilherme estava acordado. Ele se levantou da cadeira, foi despejar
um copo d'água.

Colocando o copo na mesinha de cabeceira, ele olhou para mim:

- Quer beber água?

Não conseguia sentir as emoções dele, então tentei a perguntar com hesitação:

- O meu bebê ainda está aí?

Com seus olhos frios e horríveis, ele olhou ferozmente para mim, o que deixou o meu coração nervoso
pular até a garganta. Esperei a resposta dele com os olhos arregalados.

Depois de um tempo, ele respondeu, mas não à minha pergunta:


- Para quando você queria escondê-lo?

Eu não sabia como responder nessa hora. Não conseguia disputar com ele nessa situação, então falei
com lágrimas nos meus olhos:

- Lúcia compeliu você com a morte dela a matar o meu bebê. Guilherme, não quero perdê-lo, então...

Percebendo a sua expressão horrível, mas continuei:

- Não queria mentir para você. Se você não quiser o bebê, posso me divorciar consigo. Já que formos
divorciados, não iremos interferir na vida um a outro. Não se preocupe. Não vou deixa-lo afetar o futuro
de Lúcia e você.

O labirinto de amor

Capítulo 44 Não Sou Digno de Ser o Pai de Minha Criança?

- Kaira! - ele ficou furioso, seus olhos escuros brilhando com uma luz como se quisesse matar pessoas:

- Na sua opinião, eu, Guilherme, sou tão indigno de ser o pai do seu filho?

Eu me congelei e baixei minha voz:

- Não, só estava preocupada que talvez você não quisesse ser o pai dele... por causa de Lúcia.

- Então o que você acha que deve estar certo? - Ele zombou, se eu não estivesse deitada agora, eu
garanto que ele teria me despedaçado:

- Kaira, me escute com atenção, essa criança é meu filho e você deve cuidar bem dele!
Foi a primeira vez que vi Guilherme assim, como se ele estivesse com raiva, mas também feliz.

Eu parei de falar, e pela sua atitude, o bebê ainda deveria estar lá.

Não demorou muito para o médico entrar. Ele explicou a situação e olhou para Guilherme com um rosto
embaraçado e disse:

- O primeiro trimestre é muito perigoso, é melhor se controlar e parar de fazer sexo.

Eu desnatei meus lábios e observei como Guilherme acenou em direção ao médico com uma expressão
insondável em seu rosto.

Não havia nada de errado com o bebê e o sangramento foi causado pelo estresse que eu havia passado
recentemente.

O médico nos explicou algumas precauções e saiu. Guilherme e eu ficamos em silêncio na ala.

Embora eu soubesse que ele estava um pouco zangado, não queria ficar muito mais tempo no hospital,
olhei para ele e disse:

- Guilherme, vamos voltar para casa, está bem?

Ele olhou para mim, sem emoção, e eu exalei e continuei:

- Não comi nada à noite e estou com fome agora. - Apontando para o meu estômago, olhei para ele e
disse:

- O bebê está com muita fome também!

Um momento depois, pensava que ele me ignoria, mas de repente ele se levantou e disse:
- O que você quer comer? Eu vou comprar para você!

Fiquei surpresa, com um sorriso no rosto, puxei sua camisa e disse:

- Queria comer peixe grelhado, e o macarrão que você cozinha.

Na verdade, eu só queria enganá-lo para que voltássemos, era muito difícil ficar no hospital.

Ele me olhou por um momento, estava um pouco desamparado:

- Eu vou resolver a papelada para ter alta!

Quando terminou, ele me olhou a sério e disse:

- Se deite bem!

Quando o vi sair da ala, olhei para o soro, ainda faltava um pouco. Vendo que ia acabar, toquei a
campainha e uma enfermeira entrou e viu que as gotas iam acabar, então ela as puxou para mim.

- Há mais soro? - Eu falei, ansiosa para chegar em casa logo.

A enfermeira me deu uma olhada e disse:

- Não tem mais, Sra. Aguiar, deite-se e descanse por um tempo.

Fiquei chocada em como ela sabia que eu era a Sra. Aguiar.


Aquela enfermeira empacotou os frascos dos remédios, mas olhou para mim com alguma inveja e disse:

- Sra. Aguiar, seu marido é tão bom para você, quando você entrou na sala de cirurgia há pouco, o Sr.
Aguiar não deu nem um passo, ele parecia muito preocupado. Um homem tão poderoso, esperando
impotente fora da sala de cirurgia como uma criança.

Eu fiquei um pouco distraída por um momento, minha mente zumbindo... Guilherme estava nervoso por
mim? Ou era pelo bebê?

- No que você está pensando? - Uma voz baixa veio aos meus ouvidos, e olhei para cima, a enfermeira
não estava mais lá.

Não percebi quando Guilherme entrou, ele tinha uma pilha de papéis na mão e carregava muitos
remédios.

- O que é isso? - Eu olhei para o saco de comprimidos que ele carregava. Ele me pegou nos braços e
disse:

- Progesterona, prescrita para você tomar em casa.

Ele me abraçou e saiu pela porta, eu queria muito descer:

- Guilherme, me coloque no chão, eu posso andar sozinha.

É tão embaraçoso!

- Não se mexa se quiser voltar para casa!


Então, fui levada para fora do hospital dessa maneira por Guilherme, no colo, realmente... embaraçoso!

Colocando-me no carro, ele entrou no banco do motorista, olhou para mim e depois inclinou seu corpo
alto em minha direção.

Fiquei confusa e pensava que ele ia me beijar.

Eu encolhi meu corpo de volta e disse:

- Guilherme, ainda há pessoas do lado de fora...

O cinto de segurança foi apertado e ele me olhou com uma luz em seus olhos escuros:

- O que você estava pensando?!

Eu fiquei embaraçada.

Mal-entendido!

Eu não pensei que ele curvasse só para apertar cinto por mim.

Dando-lhe um sorriso envergonhado, virei a cabeça para olhar para a vista fora da janela.

A temperatura quente se espalhou aos poucos enquanto minhas pontas dos dedos eram seguradas.
Congelei e olhei Guilherme dirigindo com uma mão e segurando as pontas dos meus dedos com a outra.

Ao me ver olhando para ele, ele pegou minha mão, colocou-a em seus lábios e a beijou:

- O que mais você quer comer além de peixe grelhado e macarrão?!


Foi um momento tão raro de calor e calma juntos que as batidas do meu coração aceleraram um pouco
e meu rosto queimou um pouco, apenas sentindo o calor de minha palma sendo beijada.

Eu retirei minha mão e disse:

- Qualquer coisa! - Agora eu poderia comer qualquer coisa.

Sua risada baixa veio aos meus ouvidos, e podia sentir que Guilherme estava de muito bom humor hoje!

De volta em casa, antes que eu saí do carro, ele já tinha aberto a porta e estendido sua mão para mim.

- Eu posso andar sozinha! - Não era tão delicada, nem precisava ser carregada para entrar e sair do carro.

- Venha aqui! - Dizendo duas palavras, ele me carregou de forma dominadora e foi até a casa.

Ele me colocou no sofá da sala de estar quando tirou o remédio que havia trazido do hospital. Depois de
olhar com muito cuidado para ele por um tempo, começou a dividi-lo e me entregou algumas pílulas
pretas dizendo:

- Tome estas!

Eu enruguei meu nariz, sem vontade de comer nada.

Ao ver isso, ele se levantou e entrou na cozinha, saindo com um doce branco... em sua mão.

-Tome o remédio e depois coma isso para não sentir o amargor!

Que tipo de idéia é essa?


Era verdade que os homens às vezes tinham QI zero, não era como a medicina chinesa, por que eu comia
doce!

Tomando os comprimidos pretos em sua mão, enfiei-os todos na boca de uma só vez, tomei água e
depois voltei direto para meu quarto.

Se passasse mais tempo com Guilherme, temia que eu me tornasse pretensiosa.

Era tarde quando chegámos a casa, então quando voltei para o quarto, não pude deixar de adormecer
de imediato na cama.

Provavelmente porque eu dormia profundamente, mal notei quando Guilherme se deitou ao meu lado.

No dia seguinte, eu dormi até o meio-dia.

Abri meus olhos e vi o rosto bonito de Guilherme. Quase pude ver claramente os poros do rosto dele
quando estava tão perto.

Suas feições eram bonitas e seu temperamento era distinto, estendi a mão para acariciar seu bigode.

Talvez tivesse dormido tarde ontem à noite e fazia uma viagem de negócios nos últimos dias e não tinha
conseguido superar o jet lag, por isso ele dormiu de forma muito profunda.

Brinquei por um momento, vi que ele ainda não estava acordado e estava com um pouco de fome, então
me levantei para comer, mas ele levantou sua perna violentamente e me pressionou diretamente.

Provavelmente pensando em algo, ele deslocou sua perna.

- Guilherme! - Eu falei, tentando tirar suas pernas de cima de mim._

O labirinto de amor
Capítulo 45 Estou Com Fome

Seus longos cílios tremeram e seus olhos ficaram meio abertos com a sonolência evidente ainda neles:

- Você está acordada?

Eu acenei com a cabeça e tentei me mover para fora das cobertas, mas ele estendeu seus longos braços
e os envolveu em torno de mim, olhando para mim com um sorriso em seu rosto bonito:

- Não se mexa.

Não sei o que fazer...

Ele geralmente parece um homem bem-vestido e ascético, mas na verdade...

- Estou com fome! - Eu tomava fôlego, meu rosto já estava quase todo vermelho.

Ele respondeu com um “sim”, com sua voz um pouco mais rouca, me puxando para mais perto dele.

Meu coração começou a bater mais rápido

- Guilherme, você é um velhaco!

Sua provocação me fez sentir completamente masoquista, e eu fui ao banheiro e me lavei várias vezes e
ainda senti aquele cheiro.

Ele saiu da cama comigo, entrou no banheiro e me abraçou por trás com um olhar um pouco malvado no
rosto.
Eu não queria prestar atenção nele e fui direto para apertar a pasta de dente, ele parecia vir também e
ergueu as sobrancelhas:

- Se nós façamos isso com mais frequência no futuro, vai se adaptar.

Exasperada por ele, levantei minha cabeça e lhe dei um olhar severo, escovei meus dentes de forma
breve e deixei o banheiro.

Talvez por causa da gravidez, mas quando me senti na penteadeira e olhei para mim mesma, parecia um
pouco roliça.

Apliquei toner e creme, coloquei alguma maquiagem leve e mergulhei no guarda-roupa para encontrar
uma roupa decente para vestir. Quando Guilherme saiu do banheiro, ele viu que eu tinha acabado de me
trocar e disse com uma sobrancelha levantada:

- Troque de novo!

- Por quê?! - Não achei nada de errado com esse vestido! Já era verão na Cidade de Rio, o que há de
errado em usar uma saia?

Ele caminhou até mim, deu uma olhada no guarda-roupa e tirou outro casaco rosa pálido e me entregou:

- Vista um casaco!

Tentei dizer outra coisa, mas ele me fazia ficar calada com os olhares sérios.

Não tive escolha e vesti meu casaco silenciosamente.

Quando desci e ouvi sons crepitantes vindos da cozinha, congelei por um momento, pensando que um
ladrão havia entrado, mas vi que Guilherme tinha um rosto calmo.

Desci as escadas e vi que era Joana Alves.

Quando ela nos viu, Joana parou o que estava fazendo e disse com um sorriso no rosto:

- Senhora. e Senhor, vocês estão acordados. O café da manhã está pronto, vocês se apressem e comam,
não fiquem com fome!

Ao ver o rosto alegre de Joana enquanto ela arrumava toda a mansão, não pude deixar de olhar para
Guilherme.

Ele não disse nada, mas fez um gesto para comer.

Não consegui resistir ao impulso de olhar para ele e perguntar:

- Guilherme, você pediu a Joana para vir até aqui?

Ele comeu com mais elegância, levantou ligeiramente as sobrancelhas e me deu um olhar que dizia:

- Bem, ela está aqui para cuidar de você.

Isso era verdade, mas pensando em Esther, tomei a sopa e hesitei antes de dizer:

- Guilherme, Esther ainda está na delegacia, você pode...?

- Coma primeiro! - Ele ordenou com uma voz profunda enquanto sua testa se apertava.
Eu…

Foi um período de grave doença de gravidez, comia pouca comida e tinha mais enjôo. E depois de
algumas mordidas, perdi o apetite.

Pousando meu colher, levantei-me, pronta para entrar na sala de estar para esperar que ele terminasse
de comer e falar com ele.

De forma inesperada, ele bateu na mesa e falou:

- Coma tudo!

Eu franzi as sobrancelhas:

- Não consigo comer mais.

É verdade que não consigo mais comer, e já comi bastante, bem, pelo menos uma tigela de mingau.

Ele ficou sério e disse solenemente:

- Coma um ovo e diga o que você quer dizer mais tarde.

Parecia que ele estava me consultando.

O que mais posso dizer?!


Sentei-me novamente, baixei a cabeça e comi o ovo.

Mas percebi que, afinal, eu era muito ingênea, e quando terminei o ovo, Guilherme colocou um bolo e
leite na minha frente, gesticulando:

- Coma!

Eu baixei ferozmente meu colher e olhei para ele com raiva:

- Guilherme, não consigo comer tanta coisa!

- Coma, é nutritivo! - ele disse, ordenou no fato.

Eu estava morrendo de raiva e ignorei suas palavras, dizendo infeliz:

- Estou cheia demais para comer.

Ele não disse uma palavra, apenas olhou para mim sem se mexer, como se eu não pudesse falar sobre
isso se eu não comesse.

Eu fiquei com dor de cabeça e olhei para ele e disse:

- Guilherme, eu realmente não posso comer mais, eu vou vomitar se comer demais. - após uma pausa,
eu disse de propósito:

- Vomitar é realmente pior que comer!

- Coma e encontre uma solução se você quiser vomitar depois!

Meu Deus…
- Guilherme, você… é tão bom para mim! - Tomei o bolo e o leite, olhava para ele e não podia esperar
para agarrá-lo e mordê-lo.

Quando ele me viu terminar de comer, levantou uma sobrancelha:

- Eu pensei que você soubesse que eu era bom para você desde o início!

Eu estava confusa...

Tudo bem, ainda tinha algo sério para falar, seguindo-o, disse:

- Guilherme, já faz um dia que Esther está na delegacia, você...

- Você está preocupada com ela?

Com certeza!

Ao vê-lo sentado graciosamente no sofá do salão, e saboreando o chá que Joana fez para ele, eu fiquei
mais furiosa.

O carinho e a beleza que havia pela manhã já se dissiparam.

Era uma hora da tarde, e Guilherme não ia ao escritório nem à delegacia, então não era uma boa ideia
passar o tempo assim.

Então, subi, peguei minha bolsa para ir ao bar de carro.

Mas eu era muito ingênua em meu pensamento, e Guilherme se inclinou sobre mim com um ar gracioso
e disse:
- Onde você vai?

- Delegacia de Polícia!

Pensei que ele nem sequer estava tentando ajudar-me.

Vendo-o com a sobrancelha franzida, ele parecia estar pensando em algo, depois entrou diretamente no
meu carro, se sentou no banco do motorista e olhou para mim:

- Entre!

Tinha nenhuma ideia do que ele ia fazer, entrei no carro, mas depois de muito tempo, percebi que o
carro não ia para a delegacia, mas para o escritório.

- Guilherme, você...

- Eu vou lidar o assunto de Esther, fique no escritório e não bagunce! - De qualquer forma, isso soou
como uma brincadeira com uma criança.

Mas parecia que eu não teria outra escolha senão ouvi-lo.

Ao chegar ao escritório, Guilherme me deixou debaixo do prédio do Grupo Nexia, e depois foi embora
dirigindo meu carro.

Quando entrei no escritório, encontrei Pietro que estava prestes a sair. Às vezes, é verdade que quanto
mais irritantes são as pessoas, mais fácil é encontrar-las.

Dei-lhe um olhar, queria ignorar esse homem loquaz e simplesmente fingi não vê-lo.
- Já é meio-dia, a Directora Sanches está indo lá para uma reunião? - Pietro era uma pessoa chata,
quando fingi que não o vi, mas ele persistia em me incomodar.

- Presidente Carvalho tem trabalhado no departamento de RH nos últimos dias? - Olhando para ele, eu
falei de forma leve e apertei o botão do elevador.

Ele parecia frio e não muito gentil:

- Uma amiga está na delegacia e ainda está tão calma e relaxada, Kaira, você é ainda mais indiferente do
que eu pensava!

Eu lhe lançei um olhar frio, desabafei minha raiva por causa de Guilherme essa manhã nele, e disse em
voz baixa e fria:

-Você não pode nem mesmo dizer algumas palavras sem latir como um cachorro, e daí? Você é tão
dedicado a Lúcia como um cachorro, foi por que Lúcia lhe dá muitas vezes um doce, ou ela lhe mostra as
suas pretensões?_______

O labirinto de amor

Capítulo 46 Ajuda Esther para Resolver Problemas

Quando disse isso, não pude deixar de sorrir e acrescentei:

- A propósito, embora o Bar de Tempo esteja sob o nome de Lúcia, seus bens basicamente foram dados
por Guilherme, certo? É melhor você não se meter comigo, senão qualquer dia, se eu não estiver feliz,
contrataremos um advogado para entrar com uma ação judicial. Como a esposa de Guilherme, acho que
não deve ser difícil para eu retirar o que meu marido deu sem motivo, não acha, Presidente Carvalho?

- Afiada! - Pietro provavelmente não esperava que eu retaliasse de repente, deixando seu rosto
vermelho por um momento e querendo continuar a brigar comigo quando o elevador desceu.

Dei-lhe um olhar e disse friamente:


- Estou ansiosa pelo dia em que você se torne o namorado de Lúcia, vá em frente, Presidente Carvalho!

Ao vê-lo corar de raiva, o pequeno desagrado que Guilherme havia me causado essa manhã se dissipou
por um momento.

Quando voltei ao escritório, alguém já estava esperando por mim.

Liz me cumprimentou e me seguiu:

- Directora Kaira, o Presidente Ribeiro de Auditoriatal esteve em seu escritório durante a manhã toda.

Eu acenei, olhei para ela e disse:

- Aqueça um copo de leite para mim.

Quando entro no escritório, Enzo Ribeiro tinha suas pernas cruzadas e se reclinava muito tranquilo em
sua cadeira de escritório com os olhos fechados.

Quando ele me ouviu entrar, não abriu os olhos, apenas disse:

- Directora Kaira, é sempre assim tão casual?

Eu deixei a bolsa e fui me sentar no sofá, Liz trouxe o leite, depois olhou para mim e disse:

- Directora Kaira, você precisa que eu traga todas as informações de auditoria do Grupo Nexia?

Sacudi a cabeça, tomei o leite e olhei para Enzo:


- Acho que o Presidente Ribeiro deveria ter recebido a mensagem, por isso não vou incomodar o
Presidente Ribeiro e fazê-lo dar uma viagem perdida hoje, já que estamos aqui, vamos assinar o acordo
de cooperação!

Enzo me olhava com os olhos entrefechados:

- Então, no final, Directora Kaira, decidiu cooperar com Auditoriatal?

Eu franzi a testa, minhas costas vagamente doloridas, e olhei para Liz:

- Traga o contrato de cooperação para o Presidente Ribeiro!

Liz entregou o contrato a Enzo, ele deu algumas olhadas casuais, provavelmente não achando nada
interessante, tomou sua caneta e a assinou.

Depois de assinar o contrato com ele, devia organizar o trabalho de acompanhamento entre a
Auditoriatal e as finanças do Grupo Nexia e outras partes do negócio, que não estavam sob minha
administração.

Vendo que Enzo estava confiando em mim, enruguei o nariz:

- Presidente Ribeiro, há mais alguma coisa?

Ele se levantou, se mudou para se sentar ao meu lado e disse:

- Vamos almoçar juntos!

Ele me fez sentir tão perturbada que olhei para Liz e disse:
- Vá pedir delivery de comida para o Presidente Ribeiro e traga-a de volta.

Liz se congelou por um momento, depois acenou com a cabeça e sorriu enquanto saía.

Enzo estava infeliz e gaguejou:

- Kaira, por que você está tão desinteressada? Eu convidei você para almoçar, você deveria pelo menos
me responder!

Eu não suportava o barulho, olhei para ele e disse:

- Presidente Ribeiro, em termos de parceria, não temos mais trabalho para discutir nesse momento, e
em termos de relação romântica, eu sou uma mulher casada, portanto, por favor, se respeite e fique
longe de mim.

Apertando minha testa, voltei à minha escrivaninha e passei todas as informações da Empresa Galáxia,
escolhi quem vai fazer a auditoria do Grupo Nexia. Agora há ainda negócios de Galáxia para eu seguir.
Doía-me a cabeça com tantos trabalhos.

A vantagem de ser jovem era que você podia fazê-lo sem ouvir as reclamações de outras pessoas, como
Enzo. Pensei que já deixei muito claro, mas ele ainda permaneceu teimosamente no meu escritório.

Não prestei atenção a ele e mantive minha cabeça baixa para me dedicar aos meus negócios.

Liz trouxe o almoço de volta e o colocou na frente dele muito educadamente, dizendo de forma
respeitosa:

- Presidente Ribeiro, aqui está seu almoço!

Ele olhou de relance para Liz e disse com raiva:


- Agradeço muito!

Liz sorriu levemente, não disse nada e caminhou em minha direção:

- Directora Kaira, Presidente Lins do AC veio para encontrar você algumas vezes, quer marcar um
encontro?

Abri meu e-mail e olhei para ela, nenhuma mensagem nova recebida. Olhei para Liz e disse:

- Não há necessidade por enquanto!

Receava que não seria tão fácil terminar as coisas. Eu realizei a licitação, mas não escolhi o vencedor.
Enfim, não cumpri o desejo do homem que me raptou.

Tinha medo de que eles causariam problemas de novo!

- Marque um encontro, talvez possa resolver muitos problemas! - Enzo, que estava comendo ao lado, se
intrometeu e olhou para mim:

- Esqueci de lhe dizer que Auditoriatal só é responsável pelo Grupo Nexia e nada mais!

Eu enruguei a testa:

- O que você quer dizer?

Ele abaixou os pauzinhos e olhou para mim:


- É isso, Grupo Nexia, se bem me lembro, a empresa abriu capital no ano passado e também se fundiu
com o Grupo Carvalho, a auditoria da Carvalho, se nada mais, também deveria ser de sua
responsabilidade, certo?

Eu estava um pouco zangada:

- O que você quer dizer é que você não faz as auditorias da Carvalho e só faz as da Grupo Nexia?

Ele acenou:

- A auditoria do Grupo Nexia já é enorme, se acrescentarmos a auditoria de Carvalho, temo que não
finalizaremos um boletim de relatório a tempo para o próximo trimestre da semana anual.

Fiquei tão irritada com suas palavras que tive dificuldade em respirar:

- Grupo Nexia já se fundiu com Grupo Carvalho no ano passado e agora é uma só empresa. Como você
está fazendo só a auditoria do Grupo Nexia. Presidente Ribeiro, você deve fazer a auditoria de todos os
departamentos do Grupo Nexia, incluindo a do Grupo Carvalho.

Ele riu e disse:

- Srta. Kaira, você está pensando demais!

Caralho!

Ele montou uma armadilha para mim, uma grande armadilha.

- Liz, acompanhe-o à saída,! - Eu queria dar um soco em alguém quando o via.

Tinha que discutir esse assunto da auditoria do Grupo Nexia com Guilherme de novo, agora era muito
caótico e muito fácil para que as coisas dêem errado.
Quando dei a ordem de expulsá-lo, ele se levantou com seu almoço e disse:

- Não pense em deixar Auditoriatal em paz, Directora Kaira, acabamos de assinar o contrato em preto e
branco!

Caralho!

- Vá se foder! - Depois de aturar isso durante toda a manhã, não consegui me manter fora desse clima.

- Hahaha, Directora Kaira, cuide de sua saúde. - Enzo riu e foi embora.

Tive dor de cabeça e caí sobre minha mesa e fiquei sem ar. A auditoria de uma empresa, se acabasse
sendo feita por duas empresas, não seria estúpido?

- Por que não deixamos isso para a AC? Quanto ao Presidente Ribeiro, não confie muito nele. - Liz
sugeriu.

Também sabia que Enzo Ribeiro não era uma pessoa confiável, mas Guilherme queria entregar a
auditoria do Grupo Nexia a ele.

Pensei por um momento e disse:

- Tenho que falar com Guilherme sobre isso!

Muitas coisas se juntaram e isso realmente me deu dor de cabeça. Me lembrei de que as coisas de Esther
ainda não estavam resolvidas, não sabia se Guilherme ajudaria Esther ou não.

Depois de pensar nisso, eu arrumei as coisas e olhei para Liz:


- Na auditoria do Grupo Nexia, você supervisiona Enzo, vou perguntar a Guilherme sobre os trabalhos
seguintes e a viagem de negócios, vá peneirar por quais lugares preciso ir e classificá-los depois passar as
informações para mim!

Vendo que eu não parecia muito bem, Liz disse com alguma preocupação:

- Directora, você está bem?!

Sacudi a cabeça e levei minha bolsa, saí do escritório. O carro foi usado por Guilherme, então tive que
pegar um táxi para a delegacia de polícia.

Como o assunto ainda não foi concretizado, Esther precisava estar sob investigação na polícia por quinze
dias antes que os resultados saíssem_

O labirinto de amor

Capítulo 47 Encontrar Solução para Esther

Entrei na delegacia e encontrei o policial que havia interrogado Esther ontem. Pedi informações
específicas e soube que também não havia nenhum resultado.

Como disse Vinícius, a vigilância no hotel foi quebrada naquela noite e nenhuma pista substancial pôde
ser encontrada.

Por isso, não pude me encontrar com Esther e tive que esperar por uma investigação posterior.

Não tive escolha, fui ao Bar de Tempo, mas quando cheguei lá de táxi, descobri que o bar estava fechado
e não consegui entrar de jeito nenhum.

Esta rede social formada entre as pessoas é complexa e hierárquica. Receava que seria difícil encontrar
qualquer prova para Esther se eu confiasse somente em mim mesma.
Originalmente, pensava que Guilherme viria aos dois lugares, mas não veio. Quando Guilherme me ligou,
eu estava sentada em frente ao bar, desanimada.

Atendendo a chamada, houve barulho do outro lado, mas sua voz era clara:

- Onde está?

- Empresa! - Eu sabia que ele ficaria chateado se eu lhe dissesse que estava no bar, por isso, de
passagem, eu apenas o menti.

Mas de imediato minha mentira foi exposta, a voz do homem ao telefone ficou fria:

- Quando a empresa ficou tão pobre?

Congelei e vi o número da placa do meu carro. O olhar do homem estava em mim, seu rosto estava
indiferente e me olhou friamente.

O quê?

Eu me perguntava como poderia ser tão barulhento, afinal de contas...

Desligando, me levantei e caminhei em sua direção, abri a porta do carro e entrei. Encostei-me no banco
do carro, me acalmei e olhei para ele:

- O que você está fazendo aqui?

- Por que você está aqui? - Ele perguntou retoricamente, com o tom um pouco infeliz.

Esfregando minha testa, fechei os olhos e disse:


- Enzo Ribeiro da Auditoriatal só é responsável pela auditoria do Grupo Nexia, mas ele não está envolvido
na auditoria da Carvalho.

- Deixe isso para a AC! - Ele falou, e ligou o carro de imediato.

Não entendendo o que ele queria dizer, eu me perguntei:

- Tudo para AC ou apenas o Grupo Carvalho...

Quando atravessamos o semáforo, ele olhou para mim e levantou as sobrancelhas:

- Você vai quebrar o contrato?

Enzo e eu já tínhamos assinado um contrato, então, acabei de entregar a auditoria da Carvalho à AC para
fazer.

Sentindo-me incomodada nos ombros e na coluna vertebral, me inclinei para trás com os ombros
amarrados e, vendo que não era o caminho para casa, me perguntei:

- Aonde estamos indo?

- Jantar!

Ele sempre foi tão quieto, então eu não fiz mais perguntas, exceto quando o vi encostar debaixo do
prédio do shopping, eu perguntei:

- Vamos comer no shopping?


Ele está planejando ir às compras comigo? E depois jantar?

Isto é bastante... romântico!

Ele me lançou um olhar e depois fez um gesto para eu sair do carro. Eu entrei no shopping com ele. Alto,
e com seu rosto bonito, Guilherme atraía a atenção de forma inevitável.

Assim que ele entrou no shopping, várias mulheres olharam para ele, seja sutil e delicado ou generoso e
agradecido, nada menos que isso.

Seguindo-o, eu encolhi minha boca:

- Certo que ele veio para flagelar as pessoas.

Ele parou tão violentamente que eu não notei e bati direto nas costas dele, olhei para ele com um olhar
doloroso:

- Por que você parou de repente?

- Você ainda congela enquanto caminha! - Dando-me uma olhada, ele me puxou para a loja da marca e
disse em voz baixa:

- Escolha uma roupa adequada, vai encontrar algumas pessoas esta noite!

Com quem vou me encontrar?

Fiquei atordoada, mas não tive pressa em perguntar. Sou uma boa pessoa em todos os sentidos, mas
não sou muito perspicaz e nem sei como combinar roupas.
Sabendo que eu havia procurado por meio dia mas não consegui escolher um vestido decente. A
paciência de Guilherme era limitada e ele pediu diretamente ao vendedor que me ajudasse a escolhê-la.

Finalmente consegui escolher um vestido com desenho de flores para usar com um terno branco
damasco, que me serve bem. Achei perfeito combinando com um par de saltos altos.

Mas Guilherme recusou, com as seguintes palavras:

- Saltos altos não são apropriados para mulheres grávidas!

Caralho, um sapato de três centímetros, isso é um salto alto?

Eu o segui até o carro com raiva e percebi que esse homem estava me levando pelo shopping só para
comprar um vestido.

- Guilherme! - Ele ligou o carro e eu fiquei tão irritada que não pude deixar de chamá-lo.

- O quê? - O homem, sempre sério ao dirigir, por causa da chamada, deu-me uma olhada e voltou a
dirigir.

- Estou com raiva! - Não sei o que há de errado comigo, mas estou apenas com raiva, pensei que ele
estava me levando para fazer compras, mas na verdade…

Ele me deu um olhar, os cantos de sua boca se erguendo e sua testa tingida de alegria:

- Por que você está com raiva?

Por que estou com raiva?


Hummm…

Sei lá!

Eu estava em silêncio, não muito feliz no meu coração, em tudo. O calor veio da palma da minha mão,
meus dedos estavam enrolados nos dele, e uma voz baixa e agradável veio aos meus ouvidos:

- A raiva de uma mulher grávida não é boa para o feto, fique menos zangada!

Merda!

Existe um certo calor que será muito doce por muito, muito tempo, e alguns anos depois, essas
memórias dispersas se tornariam minha única doçura.

O carro parou em uma luxuosa casa de estilo europeu e eu congelei:

- Uma visita à casa de quem?

Ele fez um gesto para eu sair do carro, depois entregou as chaves do carro ao garoto do estacionamento
e disse com uma voz quente no meu ouvido:

- Encontrar alguns amigos!

O que faz esse homem ser tão reservado o tempo todo!

Quando o segui até a mansão, vi uma mulher de meia-idade, vestida de forma requintada, me
cumprimentar na entrada. Com um sorriso no rosto, a mulher olhou para Guilherme e disse:

- Presidente Aguiar, há muito tempo não o vejo.


Ao me ver ao lado de Guilherme, a mulher sorriu levemente e olhou para ele:

- Esta senhora é sua esposa, certo?

Guilherme acenou com a cabeça e apertou a mão dela em uma saudação implícita:

- Olá Presidente Lins, desculpe por tê-la feito esperar tanto tempo.

Presidente Lins? Depois de olhar mais de perto para a mulher, de repente lembrei que ela era a mãe de
Enzo, Agatha de Lins.

Por que Guilherme me trouxe aqui para jantar hoje?

Fiz as apresentações brevemente e Agatha nos levou para entrar na casa. A sala de jantar ficava no
primeiro andar. Quando subimos ao primeiro andar e seguimos Agatha até a sala de jantar já havia
algumas pessoas sentadas à mesa, alguns homens de meia-idade, todos com suas respectivas esposas.

Depois de cumprimentar a todos, Agatha pediu às pessoas para começarem a servir comida e depois
sorriu:

- Muito obrigada a todos por terem vindo à minha casa hoje, normalmente estamos ocupados e não
temos muito tempo para nos reunirmos.

- Hahaha, Agatha, não tenha pressa em tomar uma posição. Essa senhora que acaba de chegar, você
ainda não se apresentou a todos nós... - A pessoa que falou era um homem de meia-idade, um pouco
gordo, sorrindo com um pouco de autoridade.

Enquanto Agatha ouvia, ela ria:

- Director Vieira, não tenha pressa, este é o Presidente Guilherme Aguiar, do qual já falei antes, jovem e
promissor. Ao lado dele está sua esposa, a Sra. Kaira Sanches.
Dessa forma, o que se seguiu foram todas as apresentações. Após ouvir tudo, já tinha uma ideia do que
estava por vir esta noite, seja um certo diretor ou um certo presidente, basicamente todas as figuras
famosas do comércio e dos oficiais.

Na metade da refeição de todos, Agatha mencionou de repente os recentes eventos interessantes na


Cidade de Rio. Não sabia se fosse por intensão ou não, mas ela mudou de assunto de metanfetamina
azul, dizendo que não apareciam no mercado há décadas e era impossível encontrar algum para fazer
remédios._

O labirinto de amor

Capítulo 48 Filha de Agatha

Naquele momento, o director Bento disse:

- Vi o arquivo ontem. Me lembro de que alguém andou carregando isso recentemente, uma grama ou
duas é suficiente para fazer um remédio com isso.

Agatha acenou com a cabeça:

- Não, Director Bento, você não sabe. Perguntei à Srta.Sanches sobre isso há dois dias, ela prestou
atenção a isso e até pediu a uma amiga que o procurasse. Então, as coisas ficaram fora de controle. A
amiga dela ainda está sob custódia na estação.

Fiquei atordoada por cerca de dois segundos antes de perceber que a Srta. Sanches nas palavras de
Agatha estava se referindo a mim!

Um pouco confusa por um momento, quando eu vi Agatha antes? Eu também nunca tinha tido essa
intimidade com ela.

Olhando para Guilherme, vi seu olhar límpido se dirigindo despreocupadamente a Bento.

Todos eles tinham passado pelo inferno e tinham se tornado muito sensatos. Quando Bento ouviu
aquilo, ele naturalmente entendeu o significado, olhou para mim com seus olhos escuros e disse:

- Não sabia que a Srta. Sanches e a Presidente Lins são tão próximas, também não sei o nome dessa
amiga, vou verificar isso mais tarde. Se houver realmente um mal-entendido, se tratará de um conflito
entre pessoas do mesmo lado. Se estamos do mesmo lado, por que ficamos tão calculistas?

Não falei de imediato. Levantei o suco de laranja e disse com sorriso doce:

- Então, muito obrigada, Director. Bento. Ela se chama Esther Gomes, e ela tem a minha idade. Estou
grávida, por isso vou beber suco de laranja ao invés de vinho. Muito obrigada. Saúde.

Bento riu, se virou para Agatha e Guilherme e disse com grande prazer:

- Srta.Sanches é uma verdadeira tagarela. Vamos lá, vou aceitar seu brinde, menininha.

Talvez eu já tivesse resolvido mais da metade dos assuntos de Esther.

Bebemos o vinho, e nos tornamos mais familiares através da conversa.

Bento e Agatha provavelmente tinham bebido um pouco demais e estavam falando dos velhos tempos.

Bento olhou para mim primeiro, e depois, para Agatha.

- Agatha, tem procurado aquela garota todos esses anos, mas ainda não encontrou nada?

Agatha sorriu fracamente ao mencionar de sua própria tristeza, e seu rosto elegante e delicado se tornou
mais amargo ao dizer:
- Já se passaram mais de vinte anos e, depois de tantos anos de busca, não há notícias, não sei se ela
ainda está viva.

Bento suspirou e disse:

- Tudo vai dar certo, com certeza a encontrará.

Eu comi um pouco demais. Quando se serviu um prato com peixe, fiquei um pouco sobrecarregada por
um tempo e sentia desconforto no estômago.

Eu me levantei, saí do salão e fui ao banheiro.

Guilherme me seguiu, me puxou e disse:

- Tudo bem?

- Tô bem. Estou um pouquinho enjoada.

O período de enjôo da gravidez já começara. Aquela já era uma situação melhor.

Depois de um momento de hesitação, olhei para Guilherme e perguntei com curiosidade:

- Do que a Presidente Lins e Bento estavam falando há pouco? Presidente Lins não tem apenas um filho?

Guilherme me tirou do banheiro e me sentou na chaise longue do corredor para descansar. Sua mão
grande acariciou minha barriga quando ele disse:

- A Presidente Lins se divorciou antes de se casar com o pai de Enzo. Ouvi dizer que ela já tinha uma filha,
a menina foi mais tarde perdida pelo ex-marido dela, e ela tem procurado por aquela criança por todos
esses anos.
Enquanto ele falava, a grande mão dele repousava em minha barriga. Eu estava olhando para ele. Ele
tinha uma expressão gentil que normalmente nunca tinha. Eu abaixei minha cabeça e sorri:

- Guilherme, você gosta muito de crianças?

Nesses dois anos desde que me casei com ele, ele sempre estava indiferente e alheio a mim. Mas desde
que fiquei grávida, ele parecia me tratar de maneira diferente.

Entre um homem e uma mulher, se não houver amor à primeira vista, constitui-se um amor de longa
duração. Guilherme não se apaixonou por mim à primeira vista, muito menos em um amor de longa
duração. Talvez ele pensa que sua vida seria diferente por causa de um filho.

Ele não respondeu, e me puxou para o salão.

O jantar levou algumas horas. Quando saímos do Balcone Restô, já estava escuro.

Eu estava com sono e quando entrei no carro não demorou muito para eu adormecer.

Quando chegamos à mansão, Guilherme também não me acordou, mas me carregou para o quarto.

Quando acordei no dia seguinte, Guilherme não estava lá, mas meu celular não parava de tocar.

Vendo que era Esther, fiquei congelada por um instante e atendi.

- Querida, estou livre, livre! - Veio uma voz animada do outro lado, e eu podia ouvir que sua respiração
estava ofegante e que ela deveria estar correndo.
Fiquei um pouco surpresa, e após de uma pausa, disse:

- A polícia investigou e liberou você de qualquer envolvimento naquele assunto?

- Sim. O polícia disse que o pedaço de metanfetamina azul em meu armário de roupas não era suficiente
para me condenar. Em geral, eram suficientes apenas para as pessoas usarem como medicina. Então eles
me deixaram sair.

Senti que ela estava feliz, e fiquei feliz também. Eu disse:

- Bom, você vai para casa primeiro, e descanse bem. Depois, vamos sair para um bom jantar hoje à noite.

- Ótimo! Quero pratos japoneses, coreanos, hot pot... - disse tudo num só fôlego, eu ri e respondi:

- Tá bom, vá para casa e durma, eu te ligo quando terminar o trabalho.

- Ok!

Desliguei, e estava de bom humor.

Quando era criança, nossos professores sempre me diziam que deveríamos ser justos na vida, e que o
mundo ou é preto ou branco. Na verdade, não. À medida que fui crescendo, aos poucos percebi que não
há branco absoluto nem preto absoluto nesse mundo. O mundo é cinza!

Assim, é como não podemos julgar uma pessoa só usando a palavra boa e má para defini-la.

Saí da cama, tomei banho e desci. Vi que Joana já tinha feito muitas comidas gostosas e, quando ela me
viu, sorriu com os olhos estreitos:

- Você está acordada. Venha e prove. Fiz vários pratos. Prepararei sempre quaisquer pratos que você
quiser.
Olhei em volta, mas não vi Guilherme. Me sentando à mesa, olhando para a mesa cheia de guloseimas,
congelei por um momento. Então, me virei para Joana e disse:

- Joana, isso vai ser demais...

Ela sorriu e balançou a cabeça:

- Não é demais, não. As mulheres grávidas precisam comer mais. O Sr. Guilherme disse que você come
muito pouco e precisa comer mais.

- Aonde ele foi? - Não vi Guilherme desde que acordei.

- Foi para o escritório. Alguém continuava ligando para o Sr. Guilherme de manhã cedo, insistindo que
ele fosse ao escritório. - Ouvindo a resposta de Joana, eu acenei e comi enquanto planejava meu dia de
trabalho.

Considerando que eu tinha tido azar, e tinha dado de cara com Pietro, que tinha uma boca suja, melhor
não ser vista chegando atrasada por ele.

Depois de comer um pouquinho, eu estava pronta para sair. Joana viu que eu tinha comido pouco e me
deu algumas frutas em uma lancheira para levar comigo, para eu não passar fome.

Foi difícil recusá-la, então eu carreguei tudo no carro.

Ainda bem que eu não me encontrei com Pietro no escritório. Assim que saí do elevador, fui puxada pelo
pulso. Eu também o puxei com força suficiente para dar a volta.

Antes que eu o pudesse ver qualquer coisa, tudo o que pude perceber foi um flash, e depois, uma palma
tinha me batido com muita força no rosto.

O tapa ressoou.
Todo o escritório ficou silencioso.

Só senti dor ardente em meu rosto.

Depois de um tempo, olhando para a mulher na minha frente, cujo rosto estava torcido por raiva, me
tornei mais furiosa.

- Kaira, você mentiu para mim, como ousa mentir para mim? - Lúcia puxou para mim, e seu rosto parecia
um pouco horrível.________________

O labirinto de amor

Capítulo 49 Desconfiança de Guilherme

Eu tinha mentido para ela?

Sobre o bebê?

Quando vi sua mão se levantando de novo, levantei minha mão também para impedi-la, e minha voz
ficou mais fria:

- Lúcia, você não pode ser uma pessoa sem vergonha, sendo uma amante, mas ainda tão arrogante. Qual
é a diferença entre você e uma prostituta?

- Você... - Ela ainda quis falar algo, enquanto alguns passos soaram do lado de fora do escritório.

Quando ainda não consegui fazer reações, ela de repente afastou meu pulso, correu para a mesa, e a
bateu com muita força.
Quando Guilherme e Pietro entraram correndo, a cena que eles viram era a de Lúcia deitada no piso em
estado de desordem, com uma grande mancha de sangue na testa.

Mas, eu, sem problemas, estava de pé na frente de Lúcia.

Porra, é uma grande pena que ela não seja actriz!

- Lúcia, está bem? - Pietro ajudou Lúcia a se levantar, olhou-me com raiva e disse:

- Kaira, não vá longe demais!

Eu vou muito longe?

Não queria falar com ele. Mudando meu olhar para o rosto de Guilherme frio, eu disse:

- Você vai acreditar que eu não a empurrei?

Uma frieza continuava acumulando-se no rosto de Guilherme. Ele reparou na ferida na testa de Lúcia,
enquanto a frieza ia ocupando seus olhos profundos.

- Faça as coisas com moderação!

Ele disse com indiferença, mas para mim. Como uma nevasca, isso me acertou. Olhando para Guilherme,
eu ri com deboche:

- Eu sou tão estúpida.

Eu era tão estúpida que fui enganada por sua gentileza nos últimos dias. Como eu poderia ter pensado
que ele já era meu?
Ridículo!

Suportando a dor em meu coração, eu fui até Lúcia, bastante enjoada, e disse:

- Na próxima vez, faça seu show com mais atenção, Lúcia, quem consegue empurrar uma pessoa para
tão longe, muito menos, eu estou grávida?

- Quê?

Mais um tapa ressoou. Eu não dei a ela a oportunidade de falar, meu tapa foi tão forte que minha mão
doeu. Olhando-a cobrindo seu rosto, eu sorri levemente:

- Você merece. Já que quer ser amante de um homem casado, então, a primeira regra é comportar como
uma. Agora, você parece mais um palhaço.

O escritório estava em um completo alvoroço. Eu também não queria ficar lá mais.

Dei uma olhada para todos eles, e saí do escritório. Quando passei por Guilherme, meu pulso foi
agarrado por ele. Eu o arranquei com força e olhei para ele cheia de apatia:

- Presidente Guilherme, vá acalmar seu amor!

Depois de sair do escritório, primeiro fui ao Apartamento Prudente. Esther deveria estar dormindo
quando eu cheguei. Então, fui ao supermercado.

Eu não estava em casa recentemente. Receava que não pudesse usar as coisas que tinha comprado. Sem
nada por fazer, faria compras para como passar o tempo antes de ir para a casa dela,

Deparar com Enzo foi coincidência. Ao vê-lo sendo importunado por uma bela jovem, ele devia acabar
mal com ela.

Eu não estava de bom humor, então, decidi apreciar esse drama.

Todavia, não esperava que ele pudesse me ver. Ele correu até mim e me disse que ele estava em perigo.

- Me ajude!

Ele não me deixou tempo para ter qualquer reação, e disse para aquela menina:

- Mariana, isso é o que eu tenho dito a você o tempo todo, a mulher que amo. Eu amo ela há quase dez
anos. De fato, não tenho sentimentos por você. Não me incomode, ok?

Recusada por ele, a menina ficou triste, e seus olhos tornaram lacrimejantes:

- Embora ame ela, é provável que ela não goste de você. Enzo, olhe, talvez ela seja casada, que velha! Do
que você gosta nela?

Fiquei ofendida.

Eu parecia velha?

Eu não queria interferir nos negócios deles, mas fui puxada por Enzo. Ele disse com muita seriedade:

- Mariana, ainda lembra que quando estávamos no terceiro ano da faculdade você me perguntou quem
era a menina da foto em minha carteira? Agora, olhe com atenção, é ela. Eu amo muito ela há dez anos,
de verdade.
A bela jovem foi enganada por ele. Ela olhou para mim com grandes olhos escuros, e então as lágrimas
desceram como chuva, ela parecendo muito devastada.

- Enzo, o que está fazendo? - Fiquei um pouco irritada. Por que fez seu relacionamento tão complicado?

Enzo também ficou desamparado. Ele disse:

- Não posso fazer nada. Ela tem me incomodado por anos e estou muito farto, demais. Eu também
queria que ela perdesse a esperança.

Qual esperança? Chato.

Depois de rolar meus olhos para ele, eu fui embora, e o choro da garota veio atrás de mim. Enzo ainda
me seguiu:

- Kaira, gosto muito de você, Guilherme não tem sentimentos por você, então por que você não o deixa?
Considere, sou poderoso e rico!

Fiquei mais irritada ainda com suas palavras. Então, não queria ouvir mais nada, parei e se virei para ele
com calma.

A princípio, ele estava me seguindo. Ao me ver parar, ele ficou surpreso e também parou. Ele sorriu para
mim:

- Considere, por favor.

- Enzo, eu estou te avisando agora, fique longe de mim. Não estou interessada em menininhos como
você, entendeu?

Ainda estava zangada com o que aconteceu no escritório. Enzo não teve sorte naquele dia.
Acalmei minha raiva e voltei para o apartamento.

Mas Enzo, o pirralho, ousou me seguir e me puxar. Olhando para mim, ele disse cheio de raiva também:

- Só sou um menininho para você?

Caralho. Ele era como um chiclete mascado, grudando em mim, mas não consegui me livrar disso!

- Sim! Enzo, você é um chato? Eu... Ah! - Ele pegou minhas coxas, e eu foi carregada por ele com a
cabeça para baixo.

- Menininho, ok, vamos ver, e vou te mostrar se eu sou um menininho ou não. - Com voz dura e severa,
ele ficava cada vez mais irritado enquanto falava, e bateu com força na minha bunda.

Não consegui falar naquele momento.

Fiquei tonta por causa da agitação. O pirralho parecia magro e alto, mas seus ombros largos estavam em
baixo de meu estômago. Além disso, estava grávida.

Ele deu poucos passos antes de eu gritar:

- Você, me ponha no chão. Estou grávida. É muito perigoso para mim.

Ele estava apressado antes de me ouvir, depois, ele parou de repente e me colocou no chão. Ele olhou
para mim fixamente:

- Quando?

Eu cobri minha testa por causa da náusea e respondi:


- Há dois meses. Se você estiver louco, volte para sua própria casa e ninguém o seguirá para lá. Não me
atormente.

Realmente difícil.

- O bebê é de Guilherme?

Merda. Eu tentei várias vezes conter minha raiva, e olhei para ele com seriedade:

- Eu sou a esposa dele. Se não for dele, de quem mais pode ser? Vá embora!

- Ele sabe sobre isso? - Ele também ficou sério e bloqueou meu caminho.

Olhando para ele, respondi relutantemente disse a ele:

- Sim. Ele é o pai do bebê. Por que ele não sabe?

Ele se abaixou. Muito cansada, eu não queria mais falar com ele. Então, voltei direto para o meu
apartamento.

Eu estava certa. Achei que ela não tinha dormido bem na delegacia e estava roncando em seu quarto
quando eu cheguei.

Fazia muito tempo que ninguém fazia a limpeza: estava uma bagunça. Limpei os quartos, lavei algumas
frutas e me sentei na sala de estar. E depois, joguei meu celular enquanto esperava que Esther
acordasse.

Mas eu também adormeci. Quando eu acordei, vi uma nota deixada por Esther na mesa, que dizia que
ela tinha saído para fazer compras.

O labirinto de amor
Capítulo 50 Seu Homem Está Nos Braços de Outra Pessoa

Vendo que estava escurecendo lá fora, voltei para meu apartamento. O apartamento de Esther e o meu
ficavam no mesmo andar. Eramos vizinhas.

Voltei para a minha suíte e verifiquei a hora. Eram vinte e três horas e meu celular vibrou várias vezes.
Dei uma olhada, era um número desconhecido.

Eu não queria atender, mas ele continuou me ligando. Eu atendi e disse:

- Olá!

- Kaira! - Era... Pietro?

Por que ele me ligou?! Era tão tarde.

- Tem algo para me contar?

- Kaira, Guilherme não voltou para casa hoje? - Parecia que ele se alegrou com o meu desconforto:

- Você realmente acha que ele vai te valorizar porque você tem bebê na barriga? Sinto pena de você
agora, não é bom que seu marido esteja deitado com outra mulher enquanto você está sozinha, né?

Eu tentei me manter calma e disse:

- Presidente Carvalho, por que você me ligou agora? Como você acha? Lúcia e Guilherme fizeram sexo
sem convidar você? Você não está se sentindo bem, então precisa de um saco de pancada para
desabafar?
Fiz uma pausa e continuei:

- Se você realmente gostar de Lúcia, pode falar com Guilherme sobre isso. Talvez vocês três possam...
Não me ligue! Só porque você está chateado por estar sozinho, não significa que você possa descarregar
em mim.

- Porra, Kaira... - Eu não queria ouvir mais e desliguei.

Que incômodo, só sabia como criar problemas. Os do trabalho ainda não tinham sido bem tratados, e os
problemas dos sentimentos estavam vindos.

O apartamento não era grande. Eram cerca de cem metros quadrados, e estou bastante confortável
vivendo sozinha. Estou um pouco irritada com as coisas que me incomodaram durante o dia.

Além disso, eu já acordei do cochilo, agora eu estava cheia de energia e entediada. Então, liguei o
computador e planejava ler os materiais.

Verificando meu e-mail, fiquei estupefacta com aquele e-mail notável que eu quase tinha esquecido. No
início, eu queria dar todas as auditorias do Grupo Nexia para a Auditoriatal, mas não esperava que a
Auditoriatal me enrolasse. Então pedi que Nathan que me entregasse o arquivo da AC dos anos
anteriores, para evitar quaisquer problemas que a AC criasse.

No entanto, agora, a Auditoriatal não cuidaria das auditorias do Grupo Carvalho. Então, tive que pedir à
AC para lidar com as auditorias no final. Por causa disso, o arquivo dado por Nathan se tornou inútil
agora.

Simplesmente o ignorei. Se eu não tivesse mais escolhas, não queria nem mencionar mais Nathan.

Agora que acabou, eu não falaria mais nisso. Diga adeus ao passado.

A campainha da porta tocou, deveria ser Esther que voltou das compras. Quando eu me levantei, me
senti tonta.

Talvez fosse porque eu estava sentada havia muito tempo. Eu abri a porta, procurei chinelos para ela e
disse atordoada:

- O que você comprou? Já faz tanto tempo.

Eu deixei os chinelos lá. Vendo que ela não respondeu, eu levantei minha cabeça.

Vi o homem que estava fora da porta, com um olhar profundo e imprevisível e uma figura longa e esguia,
carrancudo, como uma estátua.

Eu fiquei chocada. Agora, ele deveria estar deitado na cama de Lúcia. Por que ele estava ali?

Eu empurrei a porta para a fechar.

A porta foi bloqueada. Guilherme disse com uma cara malvada:

- Por quem você está esperando?

Ele bloqueou a porta para que eu não pudesse a fechar. Desisti e respondi lentamente:

- Quem estou esperando? Claro que é que possa resolver minha solidão.

Uma luz forte e fria brilhou nos olhos de Guilherme e, com um sorriso de escárnio, ele entrou e me
empurrou de volta para dentro.

- Resolver a solidão?

Ele endireitou a cintura que me atingiu com força:


- Você acha que posso te ajudar a resolver sua solidão?

Fiquei chocada.

Temo que até as pessoas sem vergonha corem!

- Por que não responde? - Ele inclinou seu corpo para mim.

Seus lábios frios caíram em minha testa como uma libélula caísse ná água, e então...

- Por que não voltou para casa? - Enquanto ele falava, mordeu meu lábio e falou com uma voz seca:

- Para quê você está aqui?

- Guilherme, me largue! - Nunca vi um homem tão descarado. No último segungo ele ainda se
preocupava tanto com Lúcia, e agora estava cuidando de mim.

Meu corpo foi pressionado por ele.

- Agora, adivinhe, vou deixar você ir?

Eu fiquei sem palavras.

Em um estado normal, eu o deixaria continuar, mas desde a última vez, sempre que ele flertasse comigo,
não reagiria.
Ele estendeu a mão para baixo. Percebendo que eu não reagi, ele franziu a testa e se sentou no armário
de sapatos comigo em seus braços.

Vendo que ele ia tirar minha roupa, o impedi no mesmo momento:

- Guilherme, não faça mais isso. Eu realmente não tenho sentimentos por você.

Eu não sabia porquê. Algumas coisas parecem intactas na superfície, mas na verdade, podem estar
repletas de buracos dentro.

Ele não gostou. Apareceu algo gelado em seus olhos.

- Não tem sentimentos por mim?

Eu abri minha boca, mas não pude falar nada.

Ele agarrou minhas mãos de súbito, me puxou para o banheiro, me colocou debaixo do chuveiro e
derramou a água fria sobre mim sem piedade.

- O que está fazendo agora, Guilherme? - Eu estava muito ofendida:

- Se quiser fazer sexo, vá até Lúcia, e ela vai te satisfazer. Por que tortura uma mulher grávida?

Era ele quem ficava ao lado de Lúcia, e era ele quem protegia Lúcia com todo o seu coração. Mas se
fosse genuíno, por que não me deixou sozinha para que me curasse a própria, em vez de ter que vir e me
torturar?

As mãos de Guilherme pararam, e ele estava prestes a explodir, mas também parou. Após um longo
silêncio, ele desligou o chuveiro e deu alguns passos para trás, se distanciando de mim.

Não olhei para ele. Eu não tinha muita força e caí no chão sem a ajuda dele.
Após vários dias de calor abafado, houve trovões e chuva forte lá fora.

O banheiro estava horrivelmente silencioso e eu pensava que Guilherme estava com raiva, mas depois
de alguns momentos eu percebi que não era como esperava.

Ele se acalmou e limpou ele mesmo, depois olhou para mim e disse:

- Descanse bem!

Depois, ele saiu.

As emoções dele vieram e foram de forma inexplicável.

Quando Esther entrou, eu ainda estava sentada no chão, atordoada. E vendo a bagunça, ela gritou:

- Kaira, você quer se matar? Por que você fez isso consigo mesma? Mesmo que você não se importe,
pense no bebê em sua barriga!

Fui levada para fora do banheiro por ela. Me sentei um pouco perdida na cama e deixei-a esfregar meu
cabelo.

Depois de um longo tempo de silêncio, perguntei a Esther:

- Você acha que um homem vai se apaixonar por uma mulher por causa de um bebê?___

O labirinto de amor

Capítulo 51 E Se Eu Perder o Bebê?


Esther fez uma pausa e pensou por um momento:

- É possível, afinal, que muitas mulheres também se apaixonem por alguém que não amam por causa de
uma criança.

Sim, é verdade que há muitas mulheres assim.

- E se eu perder o bebê? - eu disse, me sentindo um pouco desconcertada.

Esther ficou surpreendida e me bateu no ombro:

- Em que está pensando? O bebê já tem dois meses e agora não é mais um embrião. Tudo o que você
deve fazer agora é dar à luz ao bebê. Em que bobagem você está pensando?

Levantei minhas mãos para cobrir o rosto porque estava um pouco irritada. Nos últimos dias, fiquei me
sentindo desconfortável e rabugenta.

Esther secou os meus cabelos. Ela me fez deitada na cama, apaziguando-me para adormecer.

Na meia-noite, Guilherme não apareceu de novo, mas fora da casa, os relâmpagos e trovões não
pararam durante toda a noite. Esther estava preocupada que eu tivesse tanto medo que não conseguisse
adormecer, por isso, ficou comigo.

Na verdade, não consegui dormir, mas não era porque estava com medo, só porque estava irritada. Eu
só adormeci até a meia-noite.

Mas eu não dormi muito tempo, quando fui acordada por um telefonema.

Quando acordei, era manhã.


Era Liz que me ligava. Ela parecia um pouco ansiosa:

- Directora Kaira, alguém do Auditoriatal já entrou em contato com o departamento de finanças da


empresa, mas em relação ao Grupo Carvalho...

- Vá contatar com a AC para lhes entregar os documentos de auditoria do Grupo Carvalho. Você será
responsável por tudo isso. - Eu estava em uma confusão, muito fácil eu bagunçar o negócio caso não
tivesse cuidado.

Depois de aceitar a ordem, ela falou:

- Quanto à questão de empresa Galáxia, vão começar no final do mês, então, Directora Kaira, talvez você
precise estar em viagem de negócios por alguns dias.

Eu acenei com a cabeça porque sabia que a viagem seria inevitável. Desligado a ligação, me sentia
desconfortável e muito exausta.

Depois de me levantar, descobri que Esther tinha preparado um mingau. Quando me viu, ela disse
embaraçada:

- Desculpas. Não cozinho há tantos anos que já fiquei enferrujada.

Depois de ver o mingau preto na mesa, eu ri:

- Você não seria tão cruel com uma mulher grávida, seria?

Ela sorriu, com seus olhos apertados como se fossem uma linha:
- De qualquer forma, vá prová-lo.

Olhando para a coisa preta na mesa, eu pensava que poderia adivinhar seu sabor sem o provar. Mas
vendo seu rosto cheio de esperança, eu corri o risco de provar um pouco.

- O que acha? É delicioso?

Ao ver seu rosto apreensivo, não quis a desapontar e ri:

- Não é bom nem é ruim. - Ela era má a cozinhar e não merecia ser elogiada.

Eu não suportei vê-la tão perturbada, então peguei a bolsa e fui direto para fora.

Não querendo desistir, ela me seguiu:

- Volte cedo, hoje à noite e eu vou cozinhar algo delicioso para você!

Eu não sabia como lhe responder.

Deixe-me em paz!

Ainda bem que me levantei cedo e cheguei à empresa não muito tarde. Me encontrei com Pietro logo
quando entrei no elevador. Às vezes pensava que as palavras dos antepassados faziam sentidos, por
exemplo, quanto mais você odiava alguém, mais provável de ela entrar no seu mundo.

- Bom dia, Diretora Sanches - Pietro disse em tom sombrio:

- O que aconteceu? Ontem à noite choveu e trovejou. Por que Guilherme não está com você?

Falando isso, ele acrescentou de forma maliciosa:


- É verdade que Lúcia tem medo de trovões, e sempre que trovejava, Guilherme a fazia companhia,
ontem à noite os trovões foram tão fortes, como Guilherme poderia deixá-la ficar sozinha?

Olhei para as pérolas em meus sapatos com a cabeça abaixada, e não pude deixar de rir, então ontem à
noite Guilherme parou de repente só porque estava preocupado com Lúcia!

Tinha razão. Para Guilherme, que colocou Lúcia no fundo do coração, não teria conseguido adormecer
durante toda a noite se não tivesse ido acompanhá-la no caso de trovões tão fortes como ontem.

Desta vez, eu não o contradisse. Ele estava correto, e eu não tinha motivos para o contradizer.

Nessa relação, era eu quem não era amada e protegida. Assim como as pessoas dizem, em um
relacionamento de três pessoas, as duas pessoas que se amam são os verdadeiros namorados e a
terceira pessoa, cujo amor é em vão, é a amante.

- Oi! - Pietro me tocou com seu cotovelo. Ele olhou para mim e disse:

- No que está pesando? Não ouviu o que eu acabei de dizer?

Dando uma olhada nele, eu fiquei muito mais calma. Olhei pare ele e disse:

- Eu ouvi. Eles são um bom casal.

Saí do elevador quando a porta abriu.

Ouvi a voz de Pietro que veio por trás de mim:


- Kaira Sanches, está louca?

Quando entrei no escritório, Liz estava à minha espera com um monte de documentos nas mãos.
Quando me viu, colocou os documentos na minha frente, olhou para mim e disse:

- Diretora Kaira, são os documentos de todos os departamentos a serem assinados antes da auditoria.
Por favor, assine-os. O Auditoriatal já começou e vão concluir a auditoria aqui na Cidade de Rio dentro de
dois dias. Depois de amanhã, eles vão fazer auditoria em outras províncias. Em relação ao Grupo
Carvalho, ainda não começaram. A AC mandou algúem vir hoje.

Acenei com a cabeça e abri os documentos. Eu disse enquanto folheava os documentos:

- Quanto à auditoria do Grupo Nexia, precisa de mais atenção agora. Fale comigo em caso de qualquer
problema. Além disso, também fique atenta a Galáxia. Será hora de começar a obra quando eles
estiverem prontos.

Ela acenou com a cabeça e continuou esperando em silêncio pela minha assinatura.

Não me sentia bem nos últimos dias. Como no dia anterior não tinha dormido bem, me sentiu má depois
de ler alguns documentos.

Vendo os documentos restantes, eu olhei para Liz e disse:

- Não precisa ficar aqui. Eu vou entregar os documentos para você depois de os assinar.

Ela sorriu e disse:

- Não tem problema. Espero aqui até que assine todos. Daqui a pouco preciso levar esses documentos
para o pessoal da Auditoriatal e da AC de forma a tratar do trabalho.

Ao ouvi-la, não pude dizer mais nada. Assinava os documentos enquanto os lia, com as têmporas doendo
muito, então assinei todos os documentos restantes de uma só vez e os entreguei a Liz:
- Aqui está!

Vendo que eu estava em um estado ruim, Liz disse:

- Diretora, está bem?

- Nada.

Já estava acostumada a essa dor.

Vendo que eu não precisava de sua ajuda, Liz saiu com os documentos. Eu peguei o celular, querendo
fazer uma ligação para Vinícius.

Por acaso, ele me ligou.

- A auditoria para o Grupo Nexia já foi confirmada, você está preparada para viagem de negócios? - Ele
falou antes que eu falasse.

Eu acenei com a cabeça:

- Sim. - Esfregando minha testa, eu disse de forma aborrecida:

- Eu tenho ficado um pouco tonta nos últimos dias e às vezes tenho dor de cabeça. São reações normais
à gravidez?

Ele pausou por um momento:

- Sim. É provável que não tenha repousado bem nos últimos dois meses. Vou receitar-lhe alguns
remédios para regular o corpo e se lembre de tomá-los. Não fique cansada demais.
- Entendi. - Debruçei-me sobre a mesa muito cansada e disse com grande descontentamento:

- Se eu soubesse que ser mãe era tão difícil, eu não ficaria grávida!

Ouvi um sorriso em voz baixa:

- Que bobagens! Vou acompanhar você durante a sua viagem para tomar conta de você.

Fiquei congelada por um momento e disse um pouco envergonhada:

- Você vai por mim ou...

- Não pense demais. Eu também tenho negócios a tratar.

Eu não sabia como lhe responder.

- Está bem. Mantemos em contato então. - Eu disse e fiquei menos preocupada. Vinícius era um bom
amigo que se comportava de forma moderada e falava de forma deliberada.

Depois de desligar a chamada, eu me debruçei sobre a mesa. Contando o tempo, o bebê já tinha dois
meses.

Eu tinha planejado sair da Cidade de Rio depois de me divorciar de Guilherme e de acabar o trabalho na
empresa, mas o plano nunca conseguia se tornar realidade. Fiquei um pouco confusa nessa situação.__

O labirinto de amor

Capítulo 52 Esther Queria Sair para Viajar


Se Guilherme realmente gostar desta criança, talvez ficar aqui seja uma opção para mim. Quanto à
existência de Lúcia, eu a tenho aguentado há dois anos. Já passaram aqueles dias ruins, então, o futuro
pode ser pior com uma criança ao meu lado?

Em comparação com a falta do amor paternal ao bebê, a tristeza que eu sofri parece ser nada.

Mas há algumas coisas que quanto mais profundas são pressionadas, mais dolorosas são quando
explodem.

A chuva torrencial não parou nos dias seguintes. Como alguns bairros da Cidade de Rio sempre ficavam
inundadas nessa época do ano, a empresa permitia que os funcionários saíssem mais cedo do trabalho
por humanidade.

Sabendo que Guilherme não ia voltar à mansão porque não ia deixar Lúcia, que tinha medo de trovões,
sozinha, eu também não voltei à mansão. No Apartamento Prudente, pelo menos Esther podia me fazer
companhia.

Esther parecia ter parado de ir ao bar e começou a ficar em casa todos os dias estudando culinária, e
com ela, minha vida correu de forma mais ou menos satisfatória.

No entanto, o espírito de uma pessoa pode ser afetado depois de certas coisas serem compreendidas.
Não esperava mais que Guilherme me visitasse, mas de vez em quando eu entrava em um estado de
atordoamento quando estava sozinha.

Às vezes eu me sentia muito má depois de me manter sentada por um longo tempo. Vinícius me deu
muitos remédios e me disse para eu tomar na hora certa, mas eu sempre me esquecia de tomar sem o
lembrete de Esther.

A forte chuva, que tinha durado uma semana, finalmente parou e o sol começou a brilhar na Cidade de
Rio.

A auditoria para o Grupo Nexia começou como prevista e eu comecei o negócio da Galáxia. Esther disse
que queria fazer uma viagem sozinha por alguns dias.

Eu sabia que ela tinha acumulado muitas coisas em seu coração. Em relação à questão do
metanfetamina azul, se Bento Vieira não a tivesse ajudado, ela teria sido condenada à mais de dez anos.

Ela tinha acumulado ressentimentos em seu coração, mas só conseguia mantê-los dentro de si. Mesmo
que soubesse que era Lúcia que tinha feito isso, não poderia mudar nada. Com a proteção dada por
Guilherme, ela não tinha medo de ninguém.

Esther se sentia tão triste que eu pude a entender quando ela disse que queria sair para fazer uma
viagem.

Era natural que eu não pudesse morar no Apartamento Prudente após a saída de Esther. Voltei à
mansão, onde pelo menos Joana podia me acompanhar para eu não ficar tão entristecida.

Acabando os assuntos da empresa, eu fui de carro em direção da mansão. Inesperadamente, Lúcia


apareceu na porta da mansão.

Com um vestido azul, ela estava de pé ao lado do jipe preto de Guilherme. Sua figura esguia era tão
bonita que parecia ser uma pintura ao pôr do sol.

- Tão bonita! - Não podia deixar de pensar para mim mesma.

Mas alguma parte do meu coração começou a rachar, até que se formasse um grande buraco sangrento,
que se enchia de fúria e ressentimento aprisionado.

Eu pisei no acelerador quando eu deveria ter diminuído a velocidade. Dirigi o carro na direção de Lúcia e
em apenas alguns segundos, eu expus toda a feiúra que eu tinha escondido em meu coração.

Pensei que quando Lúcia estivesse morta, eu não teria que suportar isso. Assim, não precisaria me
preocupar quando Guilherme voltaria e quando ele partiria de novo sem aviso prévio.
No momento em que o carro correu em sua direção, eu realmente queria que ela morresse.

Guilherme apareceu e ficou de pé na frente de Lúcia, com seu rosto elegante que parecia muito frio.

Pisei no freio de imediato, em um estado de confusão. Na verdade, eu queria matar Lúcia...

Um momento depois, Guilherme me puxou para fora do carro. Seu olhar ficou frio e sombrio:

- Kaira, o que você está fazendo?

Eu desmaiei sem controle. Ainda zangado, ele foi tão rápido que me pegou em seus braços.

Depois de muito tempo, eu olhei para ele, com os olhos cheios de lágrimas:

- Guilherme, deixe-a sair daqui, está bem?

Apertando a sua mão fria, eu soluçei:

- Guilherme, eu realmente te amo mais do que você pensa. Não me intimide e nem a deixe aparecer aqui
de novo, eu realmente vou matá-la.

Sim, nesse momento eu não queria suprimir minhas emoções de modo nenhum. Eu queria, sem
nenhuma reserva, mostrar tudo para que Guilherme visse, inclusive minha crueldade, meu egoísmo,
tudo para que ele visse.

Apertando os lábios, eu e Guilherme olhamos um para o outro. Ele soltou, de forma inconsciente, a mão
com a qual me pegou, e segurou meu rosto com uma mão, com ponta do seu nariz contra a minha. Eu
senti um cheiro familiar e um pouco agressivo vindo na minha direção. Ele disse em voz rouca:
- Está louca!

Ele me carregou no colo e disse a Joana, que corria com pressa para fora:

- Chame um carro para a Srta. Lúcia!

Joana acenou com a cabeça de imediato.

Lúcia tinha ficado tão assustada que acabou voltando ao normal só nesse momento. Olhou para mim e
Guilherme, com o rosto empalidecido. Fixando seu olhar em Guilherme, ela disse em um tom de queixa
e relutância:

- Guilherme...

- Volte! - Guilherme falou e me levou de volta para a mansão.

Atrás de mim, ouvi a voz de Joana:

- Srta. Lúcia, o carro está aqui, por favor.

Quando voltamos ao quarto, Guilherme me colocou na cama, contemplando-me por muito tempo.
Depois, ele se aproximou de mim, e me deu um beijo suave na bochecha:

- Não seja tão impulsiva no futuro! Caso contrário...

Em vez de continuar dizendo, ele mordeu o meu ombro, fazendo com que eu sentisse seus lábios finos e
frios. Doeu um pouco e franzi a testa, sem dizer nada.
Logo depois de me aconchegar, seu celular tocou. O celular estava na mesa de cabeceira. Eu estava tão
perto que soube que era a chamada de Lúcia depois de dar uma olhada a ele.

Guilherme deu uma olhada para o celular, mas não o atendeu.

As chamadas seguintes também foram de Lúcia. Como não foram atendidas, ela enviou diretamente
uma mensagem.

Eu vi a mensagem:

- Guilherme, não me deixe. Já perdi meu irmão e você é o único que eu tenho.

Eu queria rir mas não consegui, como se uma areia tivesse entrado no meu olho.

Guilherme também viu a mensagem, mas não lhe respondeu. Depois de acender um cigarro, ele se
sentou na varanda para fumar, deixando-me ver suas costas solitárias.

Eu provavelmente fiquei tão assustada que não demorou muito para eu adormecer.

Fui acordada pelos trovões. De forma inesperada, começou a trovejar e chover de forma torrencial
durante noite, embora estivesse ensolarado durante o dia.

Antes, eu quase não sentia que noites assim eram assustadoras com a companhia de Esther. Mas nesse
momento, o quarto estava vazio, com um relâmpago correndo desenfreado através do vidro para dentro
do quarto escuro.

Depois de ligar a luz, olhei ao redor, mas não vi Guilherme, somente as muitas bitucasde cigarro deixadas
no chão da varanda. Parecia que tinha fumado demais.

Sem o ver, eu saí do quarto descalça. Talvez ele estivesse no escritório.


Mas eu descobri que tinha esperado demais quando cheguei ao salão no térreo.

O vestido azul de Lúcia já estava encharcado. Ela olhou de forma teimosa, para Guilherme, que era uma
cabeça mais alta que ela, com os olhos vermelhos.

- Volte para casa! - Disse Guilherme, parecendo que não sabia o que fazer.

- Não! - Levantando os cantos da boca, Lúcia deu um sorriso ingênuo e digno de compaixão:

- Sabe que eu tenho medo de trovões.

Lúcia tinha uma figura que parecia tão esbelta e fraca, sobretudo nesse momento, em que o seu vestido
estava encharcado e seu cabelo estava bagunçado.

No final, Guilherme pareceu transigir e falou:

- Vá tomar um banho!
O labirinto de amor

Capítulo 53 Não Podia O Impedir de Correr para a Mulher que Ele Amava!

Lúcia acenou com a cabeça. Após uma pausa, ela olhou para Guilherme e disse:

- Não tenho roupa aqui.

- A roupa que você trouxe ainda está no quarto de hóspedes.

Eu estava na escada e apenas os observava, sem palavras, enquanto as duas pessoas conversavam.

Lúcia acenou com a cabeça e entrou no quarto.

Quando Rodrigo comprou essa mansão, ele disse que a mansão era grande e tinha muitos quartos e que
era espaçoso o suficiente para que Guilherme e eu tivéssemos muitos filhos.

Depois, acabei descobrindo que provavelmente não haveria um dia feliz aqui, e nem sequer sabia
quando Lúcia tinha trazido sua roupa para a mansão.

Que ridículo!

De repente, ouvi a voz de Lúcia. Ela caiu no quarto.

Franzindo as sobrancelhas, Guilherme se dirigiu ao quarto de forma instintiva, mas ele parou depois de
dar alguns passos. Ele levantou a cabeça e quando me viu, me perguntou com preocupação:

- Acordou?
Acenei com a cabeça, com o coração um pouco dolorido:

- Ela caiu. Vá ver o que aconteceu!

- Kaira!

Eu disse:

- Vá lá!

Eu sabia que não podia o deter. Não podia o impedir de correr para a mulher que ele amava!

Sem olhar para ele, voltei ao meu quarto. Dirigi-me até a varanda. Enfrentando o vendaval, deixei que a
chuva torrencial batesse em mim. Com a queda de temperatura do meu corpo, me acostumei à dor do
meu coração pouco a pouco.

Agachada no chão, eu envolvi os braços em volta de mim mesma. Ao colocar a cabeça entre as duas
pernas, as lágrimas passaram a fluir livremente.

Nesse mundo, não é verdade de que a amargura antecede a doçura. Como posso levar a sério algo de
conto infantil?

Há algumas dores com as quais ninguém pode te ajudar, nem é dever de ninguém ajudar você. Não pode
fazer nada além de aguentá-las com os dentes cerrados.

Talvez tivesse ficado encharcada na chuva durante tanto tempo que apenas me sentia tonta. O coração
parecia ficar entorpecido com a dor e o corpo também ficou entorpecido pelo frio.
Quando ouvi sons crepitantes vindos do quarto, levantei a cabeça e vi que de alguma forma Guilherme já
estava ao meu lado com um rosto sombrio.

Como os olhares frios e rigorosos, ele parecia bastante furioso.

- Está feliz por me torturar dessa maneira?

Fiquei congelada por um momento. Olhei para ele e disse:

- Está feliz?

Sem palavras, ele me tirou da varanda. Com as sobrancelhas franzidas, ele disse em um tom triste:

- Kaira, eu sou responsável por algumas coisas, mas, por favor, não me torture usando você mesma e o
bebê. Está bem?

Abaixei a cabeça, com as lágrimas caindo de forma inconsciente:

- Não estou te torturando. Fiz isso só porque o meu coração dói demais.

A minha roupa já estava toda molhada e ele me levou nos braços direto para o banheiro. Ligando o
chuveiro, ele me despiu sem palavras.

Sentada na banheira, me sentia tonta e entrei em um estado de apatia.

Sentia o coração desconfortável.

Como a mulher cujo corpo era muito familiar para ele, eu deixei que ele continuasse dessa maneira em
vez de me sentir envergonhada.
Alguns momentos depois, o banheiro se encheu de uma névoa quente e meu corpo frio começou a
aquecer.

Sentindo o meu corpo aquecido, ele me embrulhou em uma toalha de banho e me levou fora do
banheiro. Depois de me vestir com o pijama na chaise-longue, ele passou a secar meu cabelo com a
toalha.

A atmosfera era tão tranquila que ninguém tinha vontade de falar.

Fechei os olhos e inclinei um pouco o corpo contra a chaise-longue, me sentido muito cansada.

- Não durma! Não durma antes que o cabelo fique seco. - Ele disse, quase sem raiva.

Eu fiquei em silêncio, fingindo dormir com os olhos fechados.

Alguns momentos depois, ouvi o barulho do secador ao meu lado. A imagem era tão reconfortante como
uma pintura, bela demais para ser verdadeira.

- Kaira! - Disse Guilherme que desligou o secador.

Abri os olhos. Com muito sono, olhei para ele inexpressiva.

Ele me pegou nos braços e disse em voz baixa:

- Vamos descer juntos.

Ele não estava me consultando, porque antes que eu pudesse ter alguma reação, ele já tinha me
carregado nos braços para sair do quarto.
Lá embaixo, Lúcia estava sentada na sala de estar depois de tomar banho, com o cabelo meio seco. Em
frente a ela, estava sentado Pietro, que tinha chegado em algum momento.

Vendo Guilherme me carregando nos braços para descer, Lúcia me contemplava com ciúme, de forma
indisfarçada, até que Guilherme me colocasse no sofá.

Ela se levantou com rapidez para pegar Guilherme sem escrúpulos com nada:

- Guilherme, quer me abandonar?

Enquanto ela falava, seus olhos ficaram vermelhos e inchados, com as lágrimas caindo.

Abaixei a cabeça e não falei nada com os olhos fechados. Por que Guilherme me trouxe aqui nesse
momento?

Quer que eu veja o drama?

- Lúcia, pare com esse absurdo e volte com Pietro! - Essas palavras foram dirigidas por Guilherme, em
voz baixa, e um pouco descontente.

Provavelmente Pietro também sentiu que Lúcia tinha ido longe demais. Olhou para ela e disse:

- Lúcia, te levo de volta!

Lúcia não podia mais suportar e disse em voz rouca:

- Vocês todos acham que eu fiquei irracional? Todos vocês me odeiam? Meu irmão morreu, então todos
vocês começaram a se afastar de mim e não me querem mais!
Eu soltei um riso frio.

Meu riso irritou Lúcia, que estava muito emocionada. Ela me encarou:

- Kaira, do que você está rindo! A verdade que é você que se sente mais satisfeita agora, depois de fazer
tudo o que podia fazer, você conseguiu tudo o que queria.

Não consegui deixar de rir. - O que é que consegui? - Eu parei um pouco, porque meu riso ficou
incontrolado:

- É verdade que eu consegui muias coisas. Com a participação da Srta. Lúcia, eu consegui um casamento
infiel, nem mesmo tinha coragem de declarar minha gravidez em público. Não sou tão competente como
você, que tem um irmão morto e pode falar do seu irmão a qualquer hora. Desde que você mencione
seu irmão, pode destruir a família dos outros à vontade e interferir em seu casamento.

- Kaira, do que está falando? - Com o rosto que ficou vermelho de raiva, ela olhou para mim de olhos
arregalados, como se quisesse me engolir.

Não valia a pena brigar com ela. Eu sorri de forma dura:

- Do que estou falando? Srta. Lúcia, veja se você criou problemas de forma irracional. Essa é a minha casa
e a de Guilherme. Não é um lugar para você ser caprichosa! Por favor, saia daqui.

Lúcia estava com a cara ruim. Com as duas mãos cruzadas, ela olhou para Guilherme e para mim com
raiva.

Na verdade eu estava tão cansada que não queria ficar com ela.

Virando-me para subir a escada, ouvi a voz de Lúcia vindo por trás de mim:

- Guilherme...
- Chega! - Guilherme disse em voz um pouco furiosa:

- Pietro, leve-a para casa.

Subi a escada, sem vontade de continuar ouvindo a conversa que ia se seguir.

Deitada na cama, eu estava com dores na cabeça e nos olhos. Me sentia tão desconfortável por toda a
parte que não podia deixar de fazer uma ligação para Esther.

Ela atendeu a ligação depois de o celular tocar várias vezes:

- Kaira, olhe para o relógio. Que horas são?

Segundo sua voz, parecia que ela tinha sido acordada por mim. Olhei para o relógio e eram duas horas
de manhã.

Era difícil para ela. Com o celular na mão, eu disse em um tom desajeitado:

- Esther, acho que estou doente!

Ela ficou congelada por um momento e disse em voz mais alta:

- O que aconteceu com você? Onde você não está se sentindo bem? Vá ao hospital. Guilherme está com
você?

Fiquei em silêncio. Por um momento eu não sabia como falar com ela sobre minha doença, parecendo
uma doença que não pudesse ser vista a olho nu.________________

O labirinto de amor

Capítulo 54 Talvez Eu Esteja Doente


Alguns momentos depois, eu suspirei e disse:

- Está tudo bem, só sinto sua falta!

Como posso descrever minha doença? Não é uma doença invisível a olho nu, não sei como descrevê-la.

Era provável que ela estivesse tão sonolenta que não pediu mais detalhes sobre isso. Ela apenas falou:

- Querida, você consegue dormir?

Queria dizer algo, mas não sabia o que dizer. Então disse simplesmente:

- Bem, vá dormir e vamos conversar amanhã.

Depois de desligar a ligação, me enrolei debaixo do edredo, me sentindo indiferente ao mundo.

Adormeci sem perceber nada, mas senti que a cama foi pressionada e fui abraçada nos braços de
alguém.

Achei que deveria ser Guilherme. Eu estava um pouco cansada e não fiz nada além de fechar os olhos
para dormir.

Talvez eu estivesse sob muito estresse nos últimos dias, por isso, nunca dormia o suficiente, nem estava
em boas condições mentais. Quando cheguei à empresa com muito sono, fiquei um pouco
sobrecarregada.

Estava sentada no escritório por algum tempo. Liz me pediu que assinasse alguns documentos e me
serviu um copo de leite. Ela olhou para mim e disse:
- Diretora, nos últimos dias, seu rosto tem parecido ruim, não quer ir ao hospital?

Sacudi a cabeça:

- Tudo bem, não se preocupe. Apenas não dormi bem!

Na verdade, tenho dormido mal nos últimos dias.

Ela me olhou com preocupação e saiu com os papéis nos braços. Depois de dar alguns passos, ainda
olhou para mim:

- Por que não fala com o Dr. Vinícius? Ele veio à empresa hoje e eu encontrei ele no elevador agora
mesmo!

A medicina era o único interesse e a busca de Vinícius. Embora ele atuasse como acionista do Grupo
Nexia, raramente vinha à empresa.

Guilherme deveria ter a intenção de investir em pesquisa médica em uma fase posterior, por isso, ele
montou para Vinícius um laboratório médico, pelo qual Vinícius era responsável quase sozinho.

Acenei com a cabeça:

- Está bem.

Era verdade que não estava em boas condições nesses dias. Depois de me sentar no escritório por algum
tempo, eu me levantei para encaminhar para o escritório de Vinícius.
Os escritórios dele e de Guilherme ficavam no mesmo andar. Eu não tinha nenhuma intenção de escutar,
mas quando saí do elevador, eu vi Lúcia, que ficava de pé no escritório de Guilherme com um vestido
branco.

Lúcia gostava tanto de se vestir como uma fada que eu a reconheci de imediato.

Eu não tinha a intenção de ouvir o que já estava acostumada. Parada na porta do escritório de Vinícius,
eu bati.

- O que quer? - O homem falou de forma suave e magnética. A voz de Guilherme era muito reconhecível.

Eu a reconheci logo depois de a ouvir.

- Guilherme, já me decidi. Vou desistir de ir para o exterior e também não vou para a indústria do
entretenimento. - Lúcia parecia ter uma grande determinação para dizer isso e seu tom não era muito
bom.

- Entendi.

A resposta era fria.

Vinícius não abriu a porta. Eu continuei batendo algumas vezes. Será que ele estava dormindo?

- Daqui a pouco Pietro vai levar você de volta. - Falou Guilherme de forma indiferente.

Talvez as palavras dele tivessem deixado Lúcia descontente. Após uma pausa, Lúcia disse:

- Já desisti. Isso não é suficiente?

Depois da atmosfera ficar em silêncio por um momento, Guilherme disse em uma voz um pouco dura:
- Lúcia, eu já disse para não tomar nenhuma decisão por minha causa. Kaira está grávida, e se você
quiser ficar na Cidade de Rio, vou ser responsável pela sua vida, mas em relação ao seu amor, eu tenho
minha própria família.

- Família? - Lúcia falou em voz aguçada:

- E eu? Meu irmão me deixou com você, e eu...

- Felipe não me pediu que me casasse com você. Lúcia, cada um de nós tem sua própria vida para viver. -
Guilherme disse de forma tão fria quanto implacável.

- Você a ama? - Lúcia falou com a voz trêmula:

- Você não a ama, é só porque ela está grávida e você pensa que por ter um filho, você tem a
responsabilidade de os proteger. Guilherme, você não se conhece nem um pouco. O que você faz para
Kaira não é por amor, mas é por responsabilidade, como você costumava fazer comigo, você me protegia
por causa da responsabilidade!

Ninguém continuou falando, então pensei que a conversa tinha acabado. Como Vinícius não abriu a
porta, eu tive que voltar ao meu escritório.

No entanto, ouvi a voz de Lúcia vindo do escritório de Guilherme:

- Guilherme, por favor, deixe-me ficar com você, não vou te pedir para fazer nada, vou fazer tudo o que
você quiser no futuro. Não me deixe, eu não consigo viver sem você agora.

A voz era de imploração, compromisso, humildade de uma moça.

Eu abaixei a cabeça e não podia deixar de me sentir triste pelas pessoas que tinham se perdido no amor.
- O que está fazendo aqui? - De repente soou uma voz. Eu olhei para trás e vi Vinícius saindo do seu
escritório com o rosto muito cansado.

Fiquei congelada. Esse cara estava dormindo?

- Queria falar com você. - Antes que ele falasse qualquer coisa para mim, ouvi a voz de Lúcia vindo de
novo do escritório de Guilherme.

- Guilherme, eu sei que você não ama Kaira. O casamento sem amor consegue arruinar uma pessoa.
Embora vocês tenham um filho, ele não lhe trará felicidade, ao invés disso, se tornará um abismo entre
vocês que nunca poderá ser atravessado e vocês vão se importunar por causa desse filho por toda a
vida!

Vinícius também ouviu isso. Franzindo as sobrancelhas, ele olhou para mim e disse:

- Está escutando às escondidas?

Eu...

- Não! - Preocupada que ele não acreditasse em mim, eu disse:

- Queria falar com você!

- Sobre o quê? - Ele disse mas em vez de olhar para mim, ele continuou escutando a voz que vinha do
escritório de Guilherme.

- Não me tenho sentido muito bem nos últimos dias, então verifique se isso está afetando o bebê! - Com
o rosto indiferente, ele estava escutando a voz que vinha do escritório.

Eu toquei na testa:
- Dr. Vinícius!

Dando uma olhada em mim, ele fez um gesto para que eu continuasse escutando.

Lúcia, que parecia pensar que sua opinião estava correta, chorava enquanto falava:

- Você sabe que Kaira te ama, mas você não a ama. Com o tempo, ela vai ficar muito triste. Não é isso
que uma mulher deseja.

- Srta. Lúcia. Como você sabe que isso não é o que eu quero? - Eu realmente não podia continuar
escutando, além disso, Vinícius ainda estava lá. Andei até a porta do escritório de Guilherme e olhei
indiferente para Lúcia:

- Infelizmente, Srta. Lúcia, mesmo que meu marido não me ame, nós já temos um filho, o que significa
que ele e eu nos tornamos uma verdadeira família. Talvez você viva apenas no seu próprio mundo e não
saiba nada sobre a vida dos outros, por isso, acha que o casamento nesse mundo não pode durar sem
amor.

- Você... - Minha aparição repentina causou surpresa tanto em Lúcia quanto em Guilherme. Mas só um
momento depois, Lúcia olhou para mim e disse:

- Você realmente acha que pode ficar com ele só por ter um filho?

Acenei com a cabeça:

- Eu não tinha certeza se poderia mantê-lo por ter um filho, mas agora que vi sua reação, parece que eu
já obtive sucesso. Afinal, não é você que ele colocou em primeiro lugar, sou eu e o bebê na minha
barriga.

Com o rosto um pouco duro, Guilherme parecia um pouco descontente com minhas palavras, mas eu
não me importava com isso. Olhei para Lúcia e continuei falando:
- É claro que você é tão descarada, também pode ficar ao seu lado e continuar esperando por ele, e
talvez um dia ele se aborreça de ficar em casa depois que eu dê à luz e queira provar o lixo fora de casa,
então haverá a possibilidade de ele formar uma família pequena com você.________________

O labirinto de amor

Capítulo 55 Que Tipo de Mulher Eu Sou?

Vieram risos da porta de onde surgiram Enzo e Pietro, não sabendo desde quando estavam lá.

Contendo os risos, Enzo disse de maneira indecente:

- Desculpe, não pretendíamos escutar de propósito. Foi justamente porque vocês falavam muito alto,
que não consigo me conter.

Olhando para mim com expressão carregada, Pietro caminhou para Guilherme e lhe entregou o arquivo:

- Você tem a sua própria família. Não tenho nada a dizer sobre isso, mas você não deve deixar uma
mulher como Kaira insultar ela.

Acabando, ele ficou descontente e queria levar Lúcia para fora.

Bloqueei os dois e olhei para Pietro seriamente:

- Então na opinião de Presidente Carvalho, que tipo de mulher eu sou?

- Egoísta, se aproveitando de todos os meios insidiosos, intrigante! - Ele não guardou mesmo as suas
palavras.

Acenei e sorri sarcasticamente:


- Seria difícil para Presidente Carvalho prestar tanta atenção em mim, então como é a mulher no seu
coração?

Ignorando as expressões embaraçosas dos dois, sorri e disse:

- É de fato competente se a cachorra angélica conseguir se esconder bem. A imagem da Srta. Lúcia é tão
bonita, como um anjo agradável, que pode fazer com que as pessoas gostem dela até que ignorem que
ela tinha um caso amoroso com o marido de outra mulher, incitou aquela mulher a fazer aborto,
caluniou uma pessoa inocente ao esconder venenos e a humilhou. Todos os seus comportamentos
maliciosos poderiam ser esquecidos devido a sua aparência fraca e pequena, como um anjo caindo do
paraíso.

- Kaira, você está falando bobagens! - Lúcia estava tão irritada que gritou para mim independentemente
da sua imagem..

Levantei as minhas sobrancelhas:

- A cachorra está tão desesperada que pula por cima da parede?

- Chega! - disse Guilherme que não havia dito nenhuma palavra com um rosto sombrio. Ele olhou
severamente para Pietro:

- Leve ela para casa! Não a deixe mais vir para a empresa.

Pietro queria dizer mais algumas coisas, mas foi interrompido por Vinícius:

- Pietro, venha me ver quando voltar mais tarde. Receitei um remédio para o seu pai, que será muito útil
para tratar reumatismo.

Enzo também olhou para Guilherme e disse:


- Presidente Guilherme, você está livre para conversarmos?

Dessa forma, Pietro não conseguia dizer mais nada. Ele me olhou ferozmente e então levou Lúcia
embora.

Olhei para Vinícius e disse:

- Quero falar com você!

Realmente tenho algo para falar com ele!

Ele acenou. Percebendo que Enzo e Guilherme estavam conversando, ele disse:

- Vamos ao meu escritório.

Ao entrar no escritório de Vinícius, encontrei um lugar para me sentar. Me sentia desconfortável.

- Me sinto tonta nos últimos dias e os meus ombros e a minha coluna estão desconfortáveis em
específico.

Ele se sentou ao meu lado e me pediu para estender a minha mão para examinar o meu pulso.

Ele logo retirou a mão e olhou para mim:

- Você está com falta de sangue e tem inflamações no pulmão e no estômago porque está trabalhando
até muito tarde esses dias, o que resultou em falta de sangue na sua cabeça. É normal se sentir tonta.
Não passe a noite em claro a partir de hoje. Além disso, o seu coração está um pouco bloqueado. Então
possivelmente você seria ficar deprimida. Não faça tanta pressão sobre si mesma.
Acenei, apoiando o meu queixo com as minhas mãos, e olhei para ele:

- Vou para a Cidade A amanhã para fazer viagem de trabalho. Tem algum remédio que eu possa levar
comigo para ajudar a dormir?

Ele fez uma pausa e disse:

- Claro que tem, mas não faz bem para o bebê. É melhor o tomar o mínimo possível!

Entendi. Se continuasse assim, tinha medo de que não conseguisse sobreviver, sem falar desse bebê.

Saindo do escritório de Vinícius, me deparei com Guilherme que estava irritado. Não me sentia bem,
tanto no meu coração como no meu corpo. Não queria prestar atenção a ele.

Passei por ele e ia embora sem desvios, quanto o meu pulso foi segurado por ele.

- O que é que aconteceu com você? - disse ele com a voz baixa e encantada.

- Não vou morrer! - me livrei da sua mão e entrei no elevador.

Voltando ao escritório, Liz colocou na minha mesa um monte de documentos.

- Diretora Kaira, estes são os resultados da última auditoria do Grupo Nexia. Por favor, os verifique e os
assine .

Acenei e perguntei:
- Está tudo correndo bem com a AC? - Mesmo que Grupo Carvalho não fosse de grande escala, teriam
mais trabalho com a auditoria se comparado com as empresas pequenas.

- Sim! Tudo corre bem.

Comecei a verificar os documentos, quando pensei, de repente, em que iria para uma viagem de
negócios amanhã. Então perguntei a Liz:

- Que horas será o meu voo para Cidade A amanhã?

- Cinco horas da manhã! - disse ela: - Planejamos terminar os negócios na Cidade A dentro de dois dias,
então vamos o mais cedo possível. O responsável da Auditoriatal irá com você amanhã!

Acenei e respondi:

- Vou sozinha para Cidade A. Você fica na empresa para ajudar com os negócios da Auditoriatal e da AC.

- Tá bom.

A estação das chuvas na Cidade de Rio era muito sombria. Ontem o sol apareceu raramente, apenas por
algumas horas, antes que começasse a chover forte logo em seguida.

Às cinco da tarde, quando acabei de verificar os documentos, fiquei com muito desconforto nos olhos.
Pedi a Liz para me comprar um colírio para os olhos.

Já eram seis horas da tarde quando finalmente acabei o meu resumo do trabalho.

Talvez por causa da gravidez, eu estava com fome. Então desliguei o computador e caminhei para fora
do prédio junto com os funcionários que saíam do trabalho aquela hora.

Recebi cumprimentos ao longo do caminho e respondi com um sorriso rígido. Finalmente, saí pela
portaria. Comprei algumas comidas prontas em KFC ali perto.

Enquanto eu estava esperando, algumas meninas elegantes se aproximaram de mim e me


cumprimentaram timidamente:

- Diretora Kaira, você também janta aqui!

Acenei e busquei por toda a minha memória, mas não conseguia lembrar se eu conhecia essas meninas.

Uma das meninas com aparência competente olhou para mim e disse:

- Diretora Kaira, sou a Carolina Lima, do Departamento de Design de Tecnologia Eletrônica.

Distraída por um momento. Me lembrei que às vezes ia ao Departamento de Design pelo negócio com
Galáxia. Não era estranho que elas me conheciam.

O Grupo Nexia era muito grande, com milhares de funcionários mesmo na Cidade do Rio. Embora todos
trabalhassem no mesmo prédio, eu não conseguia encontrar os outros funcionários além daqueles
familiares.

Cumprimentei as meninas com um sorriso suave e fui embora com as minhas comidas.

- Carol, os executivos seniores da empresa também comem as mesmas comidas conosco!

- Os executivos da empresa também são humanos por que eles não podem comer comidas prontas?

- O salário mensal deles é o mesmo que o nosso salário de anos. Achei que eles comessem algo melhor!

...
O diálogo seguinte desapareceu de forma gradual com a minha saída do restaurante.

As pessoas não se sentiriam satisfeitas, de qualquer modo. Quando não tivessem dinheiro, elas
pensariam em ganhar dinheiro, quando tivessem dinheiro, começariam a esperar mais no amor.

Depois de um dia cansativo, quando entrei no meu carro, jantei um pouco e então ouvi o som de um
carro fora da janela. Abri a janela.

Um Maybach preto parou ao meu lado. Pensei nas pessoas ao meu redor. Ninguém parecia dirigir essa
marca de carro, exceto pelo Maybach que estava estacionado há muito tempo no estacionamento da
mansão.

Não era porque essa marca era muito cara. Era porque era, sobretudo, muito atraente, então ninguém o
dirigia.

Não consegui me lembrar naquela hora, então pensei que fosse alguém que não conhecia e queria
fechar a janela.

Com a janela de Maybach estava abaixada, apareceu o rosto arrogante de Enzo.

- Oi, gata, vamos jantar juntos?

Que chato!

Olhando para ele com desdém, elevei as comidas prontas na minha mão e disse:

- Desculpe, já acabei o meu jantar._______________

O labirinto de amor

Capítulo 56 Encontrou o Próximo Tão Rapidamente


Ele franziu as sobrancelhas e esticou a cabeça para fora da janela.

- Como uma grávida só comeu esse tipo de comida? Guilherme maltratou tanto você?

Não queria responder ou prestar atenção a ele que era um grande chato.

Guardei a minha comida e me preparei para dirigir para casa.

Ele bloqueou a frente do carro e olhou para mim com as sobrancelhas erguidas:

- Srta. Kaira, me dê a honra de jantar com você?

Olhando a sua expressão indecente, me sentia irritada.

- Estou cheia!

- Então nos sentamos para conversar.

Louco.

O carro dele estava bloqueado na rua. Não só eu mas os outros carros também não conseguiam sair.

Havia alguém ao redor buzinando, mas ele não estava preocupado. Apenas olhou para mim como um vil.

Eu pressionei a minha testa e desisti:

- Mostre o caminho!
Ele ergueu as sobrancelhas.

- Levo você lá. Mulheres grávidas não devem dirigir!

Merda!

Saí do carro com raiva e entrei no carro dele ao lado. Olhei para ele de forma séria:

- Porque ainda não estamos indo?

Ele sorriu e disse:

- Vamos agora!

O jovem era tão arrogante que além de dirigir um carro atraente, ele ainda abriu o teto conversível do
carro no centro da cidade.

Chatíssmo!

Sentia um pouco de frio, mas não queria falar com ele. Deixei que ele fizesse o que quisesse.

- Srta. Kaira, acha que vamos aparecer como um escândalo no Jornal de Entretenimento de Cidade de
Rio?

Perguntou em uma voz muito alta porque ligou uma música de rock no carro.
Olhei para ele com desdém e não queria falar nem uma palavra.

Se tivesse uma notícia, seria por causa dele.

O carro parou na área movimentada do centro da cidade, a qual estava cheia de lugares para os jovens
jantarem, namorarem e fazerem compras.

O carro e ele eram tão atraentes que chamaram a atenção de muitas das meninas quando estacionamos.
Alguns fãs de carros também estavam tirando fotos do carro dele.

- Tão ostentativo ! - Eu saí do carro.

Olhando ao redor para as ruas movimentadas, perguntei:

- O que você queria comer?

Ele sorriu:

- Você que decide.

Olhando em volta, fui direto para um restaurante francês, seguida por Enzo. Ele sorriu:

- Srta. Kaira, você é muito romântica.

Eu apenas não gostaria de ser observada pelas pessoas, então escolhi qualquer um.

Entrando no restaurante, o garçom se aproximou e disse:

- Estão a dois? Hoje temos uma refeição para o casal. Gostariam de uma?
- Sim, uma para nós e mais uma garrafa de Bordeaux!

Enzo disse sem hesitação.

Olhei para o garçom e disse:

- Sirva-me um copo de suco, obrigada!

O garçom partiu e Enzo olhou para mim com um sorriso:

- Srta. Kaira, esqueci que você não pode beber.

Era mesmo de propósito.

Ignorando-o, olhei para o meu celular. Guilherme me mandou uma mensagem:

- Onde está?

Não havia mesmo mais uma pontuação.

Eu não respondi e desliguei o meu celular enquanto percebi que Enzo estava me encarando. Eu franzi as
sobrancelhas.

- O quê?

- Srta. Kaira, ninguém nunca disse que você parece uma estrela? - O garçom trouxe o bife e Enzo me
falou com o corpo inclinando.

Dizendo obrigada para o garçom, respondi:

- Com quem me pareço?

Ficando espantado que eu lhe respondi, ele disse seriamente:

- Bruna Marquezine!

Concordei com ele.

- Alguém me disse isso mesmo quando eu estava na universidade.

Mas mencionaram pouco. Depois de que passei a usar óculos, poucas pessoas o disseram.

Provavelmente parecia com mais temperamento literário e artístico, então não me parecia com ela.

- Também parece com uma outra pessoa! - Disse ele seriamente. Eu estava cortando o bife e pensei que
ele apenas se sentia entediado e queria me conversar.

- Tá bom - respondi calmamente e continuei a cortar.

Ele não comeu, mas apenas apertou a taça de vinho tinto na sua mão e disse:

- Parece com a minha mãe, especialmente os seus olhos, são quase os mesmos.

Pensei que ele era muito chato. Comi o bife e disse:


- Talvez eu tenha uma aparência ordinária. Algumas pessoas também acham que estou parecida com a
Lúcia!

O Sr. Rodrigo disse que me parecia com Lúcia, mas pensei que muitas pessoas tinham aparências
similares. Afinal tínhamos o mesmo ancestral e vivíamos na mesma terra.

Ele curvou os lábios, bebeu todo o vinho na taça e olhou para mim:

-Porque você se transferiu para outra universidade quando estava estudando na Universidade do Sul?

Sentia-me espantada pelas suas palavras. Já tinham se passado muitos anos. Como é que ele soube?

Abaixando a faca e o garfo, olhei para ele:

- Estudávamos na mesma universidade?

Ele ergueu as sobrancelhas e se serviu de uma outra taça:

- Você realmente não se lembra de mim?

Não me lembrava. Comecei a conhecê-lo depois de ficar responsável pelo negócio da auditoria da Grupo
Nexia. Não havia mais nada.

Recebendo a minha resposta, ele encolheu os ombros e não falou mais nada.

Olhando para mim, ele disse:

- Não faz mal. Lembre-se de mim a partir deste minuto.

Conversando um pouco, ele não comeu nada, mas bebeu toda a garrafa e apoiou o seu queixo na mesa,
olhando para mim.

Percebendo que já era tarde, fui pagar as contas. Não conseguiria acordar amanhã se voltasse muito
tarde.

O destino era mesmo uma grande coincidência. Eu fiquei muito surpresa ao encontrar Agatha, a mãe de
Enzo, e Lúcia aqui.

Não estava espantada de encontrar Agatha nem fiquei surpresa de ver Lúcia, mas me sentia um pouco
estranha por encontrar as duas ao mesmo tempo.

Lúcia e Agatha se conheciam?

Observando à distância as duas que estavam fazendo compras tão intimamente, como mãe e filha, mas
não pensei muito sobre isso. Depois de pagar as contas, fui para Enzo e olhei o seu rosto corado.

Ele deveria estar bêbedo. Perguntei:

- Ainda pode andar por si próprio?

- Não! - disse ele de maneira infantil.

Suspirei, coloquei a minha bolsa ao redor da cintura, o apoiei no me corpo e o arrastei para fora do
restaurante.

Entrando de maneira elegante e saindo de maneira embaraçosa, era exatamente como Enzo se
comportou.

Coloquei-o no carro e entrei. Acostumando-me a dirigir o Cadillac. Não me acostumava dirigir esse carro
de Enzo, com o chassi muito baixo e comodidade ainda pior.
Felizmente, havia menos pessoas na rua a essa hora e não provoquei problemas.

Eu queria, de fato, levá-lo para o Balcone Restô administrado por sua mãe aonde fui com Guilherme uma
vez antes, e então tinha um pouco de memória, mas ele insistiu que não voltasse para lá.

Perguntei a ele por muito tempo e descobri que ele morava sozinho em Villa Fidalga. Fiquei bastante
surpreendida que ele também morava lá.

- Kaira, você realmente não tem nenhuma impressão de mim?

Ele olhou para mim meio sonhando e meio acordando ao caminho.

Eu estava pasma:

- Havíamos nos conhecido antes?

Ele sorriu amargamente.

- Eu sou o único que lembra das amoreiras no quintal da Sra.Cláudia, das fazendas com muitas petúnias e
do seu rosto cheio de mucos nasais.

Ouvindo as suas palavras, fiquei um pouco perdida nessas memórias que já tinham passado muitos anos.
Como ele...

Não demorou muito tempo, chegamos a Villa Fidalga. Encontrando a sua casa, o apoiei para sair do carro
e toquei a campainha por várias vezes antes que um idoso viesse abrir a porta._______

O labirinto de amor

Capítulo 57 A Raiva de Guilherme


Quando me viu com Enzo bêbedo, o velhote disse de imediato:

- Por que ele bebeu tanto? Obrigado por levar ele até casa.

Sorri, deixei Enzo com o velhote e me fui embora.

Queria voltar a pé, mas como Villa Fidalga era enorme, quase todas as mansões eram edifícios separados
e ficavam longe uma da outra, então, levaria algum tempo para voltar a pé mesmo que estivessem todas
na mesma região.

Então, dirigi o carro de Enzo para casa.

Passando algum tempo no caminho, já era meia-noite quando cheguei à mansão. Levando em conta que
tinha que me levantar cedo no dia seguinte, estacionei o carro lá embaixo e voltei para a mansão, pronta
para tomar banho e ir para cama.

Infelizmente, logo que saí do carro vi Guilherme parado lá na porta, era alto e tinha um ar sombrio. Com
a luz fraca, eu podia ver o brilho de seu cigarro.

Franzi as sobrancelhas, por que ele estava fumando lá fora a essa hora?

Quando me viu, ele apagou o cigarro. Sob a luz fraca, seus olhos escuros pareciam um pouco sombrios:

- Para onde foi?

- Fui jantar com um amigo! - respondi, exausta e prestes a entrar na mansão.

No entanto, o homem agarrou meu pulso e aproveitou para me puxar para seus braços. Eu não sabia
quantos cigarros ele tinha fumado, já que cheirava tanto a tabaco. Eu não podia aguentar mais:
- Guilherme!

- Foi jantar com que amigo? Bebeu enquanto está grávida? - sua voz soava fria e rouca.

Deveria ter apanhado o cheiro de álcool quando segurava Enzo há pouco.

Me senti um pouco desconfortável ao ser abraçada por ele, então, o empurrei e disse:

- Eu não bebi!

Exausta e com tanto sono, eu queria muito dormir. No entanto, Guilherme parecia estar louco e, me
puxando para olhar para o Maybach, disse:

- Aquele carro vale muito dinheiro e é de uma edição limitada! Kaira, você já encontrou seu próximo
amante?

Porra!

Eu quase praguejei de uma vez. Empurrei o homem para longe e, olhando para sua aparência um tanto
desgrenhada, fiquei ainda mais zangada:

- Guilherme, por favor, não use seus valores distorcidos para me definir, eu não sou como você, tem
tantas amantes e vai para quem quer que te apeteça.

Dito isso, fui para o quarto.

Tranquei a porta, tomei banho e fui para a cama.


Como tinha que me levantar cedo no dia seguinte e estava mesmo muito cansada, adormeci assim que
me deitei.

O telefone tocou várias vezes antes de eu acordar, atordoada e sem emoção. Quando o telefone tocou
de novo, foi desligado antes de eu atender.

Eu ia voltar a dormir, mas, de repente, pensei na viagem de negócios e logo me sentei, meu sono se
dissipando.

- O que foi? - uma voz rouca veio do meu lado, que ainda soava sonolenta.

Congelei por um momento e me virei para ver que era Guilherme que estava dormindo bem com seu
longo braço em volta da minha cintura. Franzi a testa, será que eu não tinha trancado a porta do quarto?

Depois me lembrei de que da última vez ele arrombou a porta, então talvez tivesse guardado uma chave
reserva.

Tirei sua mão da minha cintura e fui pegar o celular que tinha acabado de tocar várias vezes. Talvez
Guilherme achasse muito barulhento, o desligou.

Quando liguei o celular, recebi uma outra chamada e a atendi:

- Olá!

- Directora Kaira, o bilhete de avião é para as cinco horas. Você deve se preparar para ir ao aeroporto! -
essa voz... Era de Enzo?

Franzi a testa:

- Você vai fazer a viagem de negócios comigo? - Liz tinha me dito que mandariam alguém da Auditoriatal
para ir comigo, mas não disse quem seria.
- Sim, se lenvante rápido e venha me buscar, você dirigiu meu carro ontem à noite!

Olhei para as horas e eram quatro da manhã. Esse cara era incrível, tinha bebido tanto na noite anterior
e já estava acordado a essa hora, que impressionante!

Desliguei a chamada, me arrumei um pouco e, levando as malas, saí com pressa.

Quando fui buscar Enzo, ele estava com o cabelo encaracolado despenteado e parecia com muito sono.
Entrou no carro e disse:

- Vou dirigir!

Fiquei sem palavras, como ele poderia dirigir assim?

- Vou dirigir! - Disse eu. O aeroporto não era muito longe, a meia hora de distância. Como não havia
muito trânsito a essa hora, não demorou muito para chegar.

Felizmente, havia poucas pessoas, então, não levou muito tempo para buscar o cartão de embarque e
passar pelo controle de segurança. Quando entrou no avião, Enzo pediu um cobertor à comissária de
bordo e voltou a dormir.

Era uma viagem de três horas da Cidade de Rio para a Cidade A, então, também dormi um pouco no
avião.

Quando acordei, Enzo olhou para mim e disse:

- Vamos primeiro para a filial e depois de tratar de tudo, vamos dormir mais no hotel.

Essas palavras soavam um pouco estranhas.


Não pensei muito nisso e saí com ele do avião, ainda sonolenta. A filial tinha enviado um carro para nos
buscar, então foi fácil chegarmos lá.

Era também uma empresa do Grupo Nexia, assim, o modo de operação e os departamentos de gestão
eram semelhantes. Depois de entrarmos, o Presidente da filial, Martim Moreira, veio nos cumprimentar.

Depois tivemos uma breve reunião com o departamento financeiro e alguns outros. Enzo foi falar com o
financeiro e levou uma pilha de documentos, depois, saímos os dois da empresa.

Olhando para os documentos em seus braços, perguntei:

- Você não vai tratar disso no escritório?

- Não é conveniente! - arrumando os documentos, olhou para mim e disse:

- Pedi comida e mandei entregar no hotel, você pode comer depois e descansar um pouco.

Fiquei um pouco surpresa com o quão cuidadoso ele era e acenei com a cabeça.

Reservamos os quartos com antecedência e quando entramos no hotel, o garçom nos levou até ao andar
dos quartos e disse:

- A refeição de vocês já foi entregue, se precisarem de alguma coisa podem ligar para a recepção.

- Tudo bem! - respondi e entrei no quarto com Enzo. Tínhamos reservado dois quartos, mas como Enzo
pediu a comida, então não havia necessidade de tomar a refeição em quartos separados.

A refeição foi entregue para um quarto só. Como me levantei cedo de manhã e tive reuniões e trabalho
na filial logo depois de sair do avião, estava mesmo com muito cansaço e fome a essa hora.
Após uma breve refeição, me levantei para descansar no outro quarto. Ele olhou para mim e disse:

- Descanse aqui, eu vou para o outro mais tarde.

Vendo que ele ainda estava comendo, eu não disse mais nada, exausta. Os quartos do hotel tinham o
estilo de apartamento, com o quarto para dormir e a sala separados.

Então, fui direto para o quarto, liguei o ar condicionado e me deitei na cama, esperando que Enzo
termine sua refeição para que eu possa tomar banho e dormir um pouco.

No entanto, logo adormeci. Quando acordei, reparei que estava coberta com uma colcha e podia ouvir o
som de papéis virando na sala de estar.

Congelei por um momento e saí para ver que Enzo estava com a cara séria, sentado no sofá lendo os
documentos e fazendo umas contas no computador.

Pelos visto, ele não tinha descansado e tinha lá tratado do trabalho.

Não era um bom hábito ir para cama logo após a refeição. Me sentei na cama por algum tempo e não
me senti bem no estômago.

Passado algum tempo, saí do quarto. Enzo estava na mesa lendo uns documentos, tão atento que não
me percebeu.

Coloquei um copo de água ao seu lado e disse:

- Descanse um pouco.

Ele levantou a cabeça de imediato e congelou por um momento. Depois, acenou com a cabeça, um
pouco confuso. Bebeu a água e olhou para mim com um olhar claro, dizendo:
- Está acordada!_____

O labirinto de amor

Capítulo 58 Ela Foi Tomar Banho

Acenei com a cabeça e olhei para o relatório que estava fazendo em seu computador. Tive que admitir
que, quanto à capacidade de trabalho, Enzo era de fato um líder extraordinário.

Ele era muito eficiente e decisivo.

Terminando o relatório, ele o fechou e acenou com a cabeça, depois se encostou no sofá e esfregou os
olhos. Parecia sonolento e com a mão na testa, disse com cansaço:

- O Presidente Moreira, da sua filial, ligou e disse que queria convidar você para jantar à noite.

Olhando para seu rosto sonolento, acenei com a cabeça:

- Tudo bem, é melhor você ir dormir um pouco no quarto.

Ele olhou para a hora e balançou a cabeça:

- Não é preciso, vou só descansar um pouco encostado aqui no sofá. - após uma pausa, continuou
dizendo:

- Existem alguns problemas com as finanças da filial que só se identificam com cuidado. Acho que algum
chefe desviou fundos públicos e encontrou um projeto qualquer para enganar as pessoas, são alguns
milhões em contas, dê uma olhada!

Acenei com a cabeça e comecei a verificar todas as contas. A filial seguia o modelo e a maneira de
operação do Grupo Nexia e os negócios na Cidade A tinham corrido bem, motivo pelo qual Guilherme
tinha dado muito poder ao presidente daqui.

Ele não se envolvia muito nos negócios aqui. Verifiquei as contas com cuidado e, de fato, havia algum
problema com um projeto. Na maioria das circunstâncias, não devia necessitar de milhões de dólares
para compensar um pequeno acidente de engenharia. Era dinheiro demais, mesmo que fosse para
subsidiar os feridos por causa do trabalho. Era óbvio que alguém o havia desviado.

- Para resolver isso, acho que vamos precisar investigar Martin Moreira - disse e olhei para Enzo, só para
descobrir que este já tinha adormecido.

Então me levantei e trouxe o cobertor do meu quarto para cobri-lo.

Ainda faltavam duas horas antes do jantar e ele podia dormir um pouco, já que mal tinha descansado
desde ontem.

Organizando bem os documentos, o meu celular tocou. Era Esther.

Atendi a chamada e havia muito barulho no outro lado, mas podia ouvir a voz dela:

- Kaira, veio para a Cidade A? Mande-me seu endereço e vou encontrar você daqui a pouco!

Congelei por um momento:

- Você também está na Cidade A?

Ela não tinha dito que queria fazer uma viagem a Cidade do Mar? Por que ela também estava na Cidade
A?

- Vi o seu post no WhatsApp! Descobri que você está na Cidade A, então vim para cá também. Acabei de
sair do avião, me mande seu endereço e vou encontrar você mais tarde.

Desligando a chamada, mandei o endereço para Esther pelo WhatsApp. Vi umas novas mensagens, umas
eram os relatórios de trabalho de Liz e umas eram de Vinícius.

Quase esqueci que Vinícius também tinha dito que ele viria para a Cidade A. Ao pensar nisso, liguei para
ele.

O telefone tocou por uns segundos e logo foi atendido, depois ouvi uma voz baixa e agradável:

- Em que hotel você fica?

- Você também chegou à Cidade A? - perguntei, que coincidência.

- Acabei de chegar e quando ia ligar para você, recebi sua chamada. Em que hotel você fica? - sua voz era
baixa e havia algum barulho ao seu redor.

Levantei a voz para dizer:

- No Hotel Wyndham, na Rua Almeida.

- Tudo bem, até já!

Desligando a chamada, me levantei para ir tomar banho. Estávamos saindo para jantar esta noite e,
como eu conhecia Esther muito bem, sabia que ela me levaria para fazer compras com certeza.

Eu não fazia compras há algum tempo e era bom sair para passear um pouco.

Eu queria tomar o banho no outro quarto, mas não consegui encontrar o cartão. Como Enzo estava
dormindo e eu não queria acordá-lo, resolvi tomar banho nesse quarto.
Afinal, só precisava fechar a porta, e como ele estava dormindo, nada iria acontecer.

É possível que, porque tinha comido demais antes de dormir, sempre me sentia um pouco
desconfortável. Depois de tomar banho, já me senti muito melhor.

Depois de secar o cabelo no banheiro e trocar de roupa, apliquei alguma maquiagem leve. Quando saí,
ouvi Enzo falando com alguém por telefone.

Podia ouvir sua voz sonolenta a dizer:

- Olá, com alguém queria falar?

Eu não sabia o que a pessoa do outro lado disse. Enzo disse em voz baixa e rouca:

- Ela foi tomar banho, ligue mais tarde se precisar falar com ela!

Depois, ele respondeu “sim” e desligou a chamada.

Saí do banheiro e vi que ele estava encostado no sofá, meio adormecido, não dormindo o suficiente pelo
visto.

Quando ele me viu, bocejou e disse:

- Por que você está tão bem vestida? É apenas um jantar.

Eu o ignorei e reparei que ele ainda segurou meu celular. Foi só nesse momento que me lembrei da
ligação que ele havia atendido.
Não pude deixar de me surpreender:

- Você acabou de atender uma ligação por mim?

Ele acenou com a cabeça e se sentou mais ereto, jogando o celular para mim:

- O cara ligou várias vezes e me acordou.

Peguei o celular e o ignorei. Naveguei pelo histórico de chamadas e descobri que a última foi de
Guilherme.

Fiquei sem palavras.

Disquei seu número só para descobrir que ele havia desligado o telefone.

Olhei para Enzo com raiva e disse:

- O que você acabou de dizer a ele?

Enzo se levantou e disse lentamente:

- Não disse nada! Guilherme me perguntou onde você está e eu disse que está tomando banho. Depois,
ele perguntou se estou no mesmo quarto que você e eu disse que sim!

Ele olhou para mim e, com um rosto inocente, disse:

- Eu disse a verdade, o que há de errado?


Segurei a mão na testa e quase queria dar um soco forte nesse homem:

- Sim, você está certo.

Mas o que ele disse podia resultar em mal-entendido.

Disquei o número de Guilherme outra vez, mas seu telefone ainda estava desligado. Pensando mais
sobre isso, Talvez Guilherme não tivesse entendido mal aquelas palavras.

Coloquei meu celular de volta. Enzo saiu do banheiro, com gotas pingando de seu cabelo. Devia ter
lavado o rosto.

Ele secou o cabelo com uma toalha com pressa e olhou para mim dizendo:

- Vamos, está ficando tarde.

Quando saí do hotel com Enzo, liguei para Esther e Vinícius. Esther acabou de chegar ao hotel e disse que
queria dormir um pouco antes de sair comigo mais tarde. Vinícius disse que precisava cuidar de algo e
podia demorar algum tempo.

Mandei algumas palavras para ela e fui com Enzo para o restaurante reservado por Martin.

Martin foi rápido. Quando chegamos, todos os outros já lá estavam esperando por mim e Enzo para só
depois mandar servir a comida.

Quando chegamos à cabine, Martin fez uma breve introdução e nos cumprimentou.

Os presentes eram todos da gestão da empresa e Enzo já estava muito habituado à ocasiões assim.
Depois de trocar umas palavras, já começou a discutir com Martin sobre a questão da filial.

Os dois tiveram uma boa conversa e saíram por algum tempo. Eu não sabia o que havia acontecido, mas
quando regressaram, a conversa ficou um pouco dura.

Enzo olhou para Martin e disse:

- O Presidente Moreira também é acionista do Grupo Nexia e nos últimos dois anos a empresa tem
desenvolvido bem em todos os aspectos. Não é um grande problema desviar uns milhões de fundos
públicos, mas se houver mais cenas assim no futuro, é inevitável que a empresa seja afetada algum dia.

Martin congelou por um momento e levantou o copo para fazer um brinde:

- O Presidente Ribeiro é jovem, mas bem sucedido, eu não estou entendendo bem o que você quer dizer
com isso?

- Então vá dar uma boa olhada nas finanças! - dito isso, Enzo segurou o copo e olhou para mim:

- Vamos beber um copo!______

O labirinto de amor

Capítulo 59 Enzo Está Bêbedo

Antes que eu pudesse recusar, ele bebeu o vinho e ergueu meu copo na minha frente:

- Sei que você não pode beber, então vou beber por você.

Ao ouvir isso, os outros diretores ficaram um pouco surpresos. Um dos diretores do departamento
financeiro disse:

- Presidente Ribeiro, olhe, vamos todos beber um copo para lhe agradecer por ter vindo à nossa filial
pela auditoria.
Em seguida, vários diretores começaram a fazer brindes com Enzo e o cara ficou logo bêbedo.

Depois do jantar, ajudei Enzo a entrar no táxi. Minha cabeça doía, por que esse cara tinha bebido tanto
quando não era nada bom em beber?

Esther me ligou e quando atendi a chamada, ela gritou:

- Onde você está? Vamos fazer compras.

Olhei para o homem bêbedo ao meu lado e disse em um tom impotente:

- Tenho um bêbedo ao meu lado e de fato não posso sair.

- Merda! - Esther gritou:

- Que cena.

Olhei para Enzo, que estava tão bêbedo que ficou sem consciência, e quase queria estrangulá-lo. No
entanto, me contive e disse ao telefone:

- Ainda tenho tempo amanhã, vou tentar terminar o trabalho de amanhã e ir às compras com você
durante o dia!

- Tudo bem, até amanhã! - disse Esther e logo desligou a chamada.

O táxi parou na frente do hotel, paguei e ajudei Enzo a sair do carro. Olhei para a dúzia de escadas à
minha frente e minha cabeça doeu ainda mais.

O design desse hotel de cinco estrelas era tão estranho, por que havia tantas escadas?
Depois de me queixar, ajudei Enzo a subir às escadas. Ainda bem que eu usava sapatos planos e não era
tão difícil.

No meio do caminho, o celular na minha bolsa começou a tocar e o peguei. Enzo, inquieto, também
estendeu a mão para minha cintura.

Por reação instintiva, eu o afastei de imediato, mas esqueci que estávamos agora nas escadas e, assim,
aconteceu algo inesperado.

Enzo rolou pelas escadas como um pãozinho.

Fiquei tão chocada que congelei por um momento e foi somente quando um guarda foi ajudá-lo que
reagi e disse com pressa:

- Leve o homem ao hospital!

Ele estava tão bêbedo, não sabia ele foi machucado.

Com a ajuda do guarda, foi muito mais fácil levar Enzo ao hospital. Depois dos exames médicos,
descobriram que Enzo tinha machucado a cabeça e o resto estava bem. Ele tinha que ficar internado por
alguns dias em observação.

Durante todo esse tempo, Enzo ainda não ficou sóbrio. O médico não tinha a certeza se havia algum
problema com seu cérebro, então, só podia esperar até Enzo acordar amanhã de manhã.

O médico tratou do ferimento na cabeça dele. Como alguém tinha que estar lá para acompanhá-lo, eu
tinha que ficar no hospital.

Quando Esther me ligou, era cedo pela manhã. Quase caí no sono na cadeira no corredor do hospital.
Atendi a chamada e ouvi a voz dela, que parecia bêbeda:

- Kaira, vamos fazer compras?

Olhei para a hora e era de manhã cedo. Bocejei e endireitei o corpo para dizer:

- Esther, onde você está?

Pelo visto, ela foi beber sozinha outra vez.

- Estou na Avenida de Rio Verde, venha fazer compras! - pela sua voz, ela devia estar bêbada.

Fiquei sem palavras. Ela veio para essa cidade desconhecida e foi beber sozinha. No entanto, Enzo ainda
estava tomando soro e não podia sair nesse momento.

Pensando bem, confortei Esther do outro lado da linha e desliguei a chamada. Depois, liguei para
Vinícius.

- Sim? - a chamada foi atendida e, pela sua voz, ele foi acordado pela chamada.

Sentindo culpa, eu disse:

- Vinícius, posso te pedir um favor? Tenho uma amiga bêbeda na Avenida de Rio Verde, estou ocupada
no momento e não posso ir encontrá-la. Você pode ir buscá-la por mim?

O homem do outro lado ficou silencioso por um momento e disse:

- Tudo bem, dê-me o número dela e vou lá daqui a pouco.


Ao ouvir a resposta positiva dele, fiquei aliviada e lhe agradeci várias vezes. Depois da chamada, mandei
o número de Esther para Vinícius. Eu não tinha dormido muito durante o dia.

Depois de tratar de tudo, já era meia noite. Passei a noite descansando no corredor do hospital.

No dia seguinte.

Enzo acordou na cama de hospital e me perguntou com curiosidade:

- Por que estou no hospital?

Fiquei um pouco envergonhada e sorri:

- Eu trouxe você para o hospital porque bebeu demais ontem à noite que caiu.

Ele franziu a testa:

- Caí por conta própria?

Acenei com a cabeça, muita culpada por dentro.

De repente, ele começou a sorrir e olhou para mim, dizendo:

- Kaira, lembro que foi você que me empurrou. Mesmo que fizesse, tudo bem. Por que você teme ser
descoberta?

Ele foi direto ao assunto e eu não tinha nada para explicar. Então, olhei para ele e disse:
- Quem lhe disse para beber tanto? - olhando para ele com raiva, continuei dizendo:

- Vá mover sua cabeça um pouco e ver se há algum problema. Se estiver tudo bem, já pode sair do
hospital.

A viagem de negócios era curta e com tal atraso, o trabalho também foi adiado.

O médico veio examiná-lo e estava tudo bem com Enzo. Ele já podia sair do hospital depois de tratar do
ferimento mais uma vez. No entanto, esse cara era sem vergonha e continuou dizendo que eu era a
responsável.

Não tinha tempo para prestar atenção a ele. Eu o levei à empresa e falei com Martin sobre o desvio de
fundos públicos que Enzo tinha descoberto no dia anterior.

Martin também parecia surpreso e mandou investigar o departamento de finanças assim como os outros
de modo completo.

Isso não era para ser um grande problema. Enzo fez o relatório final, eu verifiquei o funcionamento da
filial, ouvimos as apresentações dos departamentos responsáveis. Se não houvesse nenhum grande
problema, estávamos prontos para voltar para a Cidade de Rio.

No entanto, Enzo insistiu em que ele tinha machucado a cabeça e que precisava comer algo bom para
compensar isso, então, me pediu para irmos para o maior centro de alimentação da Cidade A.

Pensando que íamos passear de qualquer maneira, liguei para Esther e a chamada só foi atendida depois
de algum tempo. A voz dela soava sonolenta:

- Olá!

Olhei para a hora, era meio dia e ela ainda estava dormindo:
- Você já está sóbria? Se levante e venha passear comigo no centro de alimentação!

- Ok! - pela sua voz rouca, ela não devia estar sóbria:

- Pode ir primeiro, vou encontrar você daqui a pouco...

Quando eu estava prestes a desligar a chamada e mandar o endereço para ela, ouvi uma voz masculina e
baixa do outro lado da linha:

- Você acordou!

Que raios é isso!

Esther estava tão bêbeda na noite anterior e ainda conseguiu encontrar um homem?

- Esther, o que está acontecendo? - não pude deixar de perguntar no telefone.

- Tenho que desligar agora, falamos mais tarde! - Esther deligou a chamada com pressa.

Fiquei tão confusa que não sabia o que dizer.

Eu não tinha pedido a Vinícius para levá-la de volta ontem à noite? Como ela poderia encontrar um
homem nessa situação?

Será que o homem era Vinícius?

De repente, comecei a pensar sobre essa possibilidade e não pude deixar de ligar para Vinícius, que
atendeu a chamada depois de algum tempo:

- Kaira!
Ele disse com uma voz clara que não parecia nada sonolenta. Fiz uma pausa e disse:

- O que você está fazendo?

O homem do outro lado da linha fez uma pausa e disse:

- Estou dirigindo, o que foi?

Uh, nesse caso, seria impossível ele estar com Esther agora.

Sorri e disse:

- Acabamos de tratar do trabalho, você está livre à tarde? Se estiver livre, vamos sair para jantar.

- Ok, tudo bem! - ele logo concordou.

Desligando a chamada, Enzo olhou para mim, descontente, e disse:

- Kaira, o que você está fazendo?___

O labirinto de amor

Capítulo 60 O Aparecimento de Nathan Sanches

Olhei para ele com confusão:

- O que foi?
Ele disse descontente:

- O que há de errado em sair só comigo? Fez tantas chamadas para convidar todos os seus amigos.

Ele estava agindo de modo infantil e o ignorei. Olhando para a Cidade A movimentada, não pude deixar
de dizer com admiração:

- A Cidade A está se desenvolvendo muito rápido.

Olhei para o Edifício de Gémeos do distrito mais próspero e disse a Enzo:

- Este edifício comercial é tão alto!

Ele sabia que eu estava tentando mudar de assunto e então respondeu de mau humor:

- O escritório do Grupo Nexia é ainda mais alto que esse, além disso, há mais de uma empresa nesse
edifício.

Fiquei um pouco curiosa:

- Você sabe disso?

Ele deu uma resposta positiva e disse com calma:

- Minha mãe comprou esse edifício com outro diretor de uma empresa tecnológica. Ela tem uma
companhia de título de crédito aqui.

Pensando em Agatha, não pude deixar de ficar um pouco admirada, era uma mulher tão linda e ao
mesmo tempo bem sucedida em sua carreira.
Lembrei que quando estávamos jantando no Balcone Restô, ela mencionou que tinha uma filha, então,
olhei para Enzo e perguntei com curiosidade:

- Você tem uma irmã?

Parecia que ele não gostava muito quando as pessoas mencionavam isso e disse com um rosto sombrio:

- Essa filha é dela, não tem nada a ver comigo!

Ao vê-lo assim, não perguntei mais. Depois, encontrei uma loja de pastéis lá em baixo do Edifício de
Gémeos e tive vontade de comer alguns.

Olhei para Enzo e disse:

- Vá esperar por Vinícius e Esther no centro comercial, vou comprar algumas coisas.

Dito isso, caminhei para a loja de pastéis. Esther e eu gostávamos muito de comer isso. Em muitos
sentidos, éramos pessoas bastante semelhantes.

Pedi alguns pastéi e fiquei perdida em pensamentos. Já não me lembrava de muitas coisas da minha
infância, mas a única coisa que lembrava era que gostava de doces assim, com um toque de doçura
gelada.

- Senhor, dois puffs de gelo! - ouvi uma voz baixa, que soava familiar e estranha ao mesmo tempo, como
se viesse de uma memória de muito tempo atrás.

O vendedor respondeu:
- Tudo bem, só um momento!

De repente, voltei a mim e quase pensei que estava sonhando!

Sempre tinha reações instintivas em certas situações, por exemplo, meu medo de Nathan Sanches. Não
sabia quando isso começou, mas sempre que reparei sua presença, mesmo a milhares de quilômetros de
distância, ficava dominada por um certo medo instintivo de meu corpo.

O sol estava quente e ofuscante, mas meu corpo começou a ficar frio, minha respiração a ficar irregular e
minhas mãos a tremer.

Veio de trás de mim uma voz masculina baixa, que soava muito fria:

- Kaira, não te vejo há muito tempo!

Congelei por um momento e comecei a ficar sem fôlego. Vi que o vendedor estava entregando os pastéis
para mim, mas eu nem tinha a força para pegá-los.

O homem atrás de mim estendeu a mão para pegar os pastéis, aproveitou para segurar minha mão e os
colocou na minha palma. Sua voz soava gentil, mas tão fria que quase parecia cruel:

- Kaira, como seu irmão, devo dizer que sua reação me deixa descontente.

Passando algum tempo, tentei acalmar minha respiração e dei uns passos para trás de repente,
suprimindo o medo instintivo e dizendo com a voz trêmula:

- Desculpe, você me confundiu com outra pessoa!

Dito isso, nem olhei para aquela pessoa que já não via há cinco anos e quase fugi daquela loja.
Nathan tinha me dito que, nesta vida, nunca mais me procuraria, a não ser que fosse o destino que nos
levasse a nos encontrar de novo e o novo encontro seria o início da próxima conspiração.

Eu pensava que, como o mundo era tão grande, uma vez que ele deixasse a Cidade de Rio, seria
impossível que nos víssemos de novo.

No entanto, eu não esperava encontrá-lo na Cidade A em tal circunstância.

Fugindo de Nathan de modo embaraçoso, fui encontrar com Enzo e Esther e entreguei a Esther os
pastéis incompletos, dizendo com uma voz trêmula:

- Esther, precisamos voltar para a Cidade de Rio o mais rápido possível. Agora, temos que sair agora!

Ao me ver nervosa, Esther também ficou preocupada e perguntou:

- O que aconteceu?

- Foi Nathan, deparei com ele há pouco! - disse eu, mas minha voz ainda tremendo.

Esther ficou tão chocada que caiu na cadeira com um olhar impotente. Com o passar de algum tempo,
ela me agarrou e disse:

- Vamos. Voltamos para a Cidade de Rio agora!

Enzo não sabia por que estávamos agindo assim e perguntou o que tinha acontecido, franzindo a testa.

Esther me puxou para sair, mas Enzo me agarrou, perguntando com confusão:

- O que diabos está acontecendo?


- Pare com as bobagens, explicamos tudo quando voltarmos! - Esther tirou a mão dele e me puxou para
fora do centro comercial. Depois, pegamos um táxi para o hotel, arrumamos nossas malas e fomos direto
para o aeroporto.

Nas três horas da viagem da Cidade A à Cidade de Rio, Esther e eu seguramos as mãos uma da outra com
força no avião, sem dizer nada, mas sabendo que estávamos ambas em pânico.

Depois de sair do avião, pegamos um táxi de volta ao Apartamento Prudente. Depois de chegar em casa,
Esther trancou todas as portas e janelas e se sentou no canto, impotente.

Depois de algum tempo, ela olhou para mim com os olhos vermelhos:

- Kaira, o que devemos fazer?

Balancei a cabeça porque ainda estava com muito medo, sem saber o que fazer.

- Talvez ele ainda não saiba que estamos na Cidade de Rio e vai ficar tudo bem desde que fiquemos na
Cidade de Rio. - ela disse e depois balancei a cabeça com força, começando a chorar outra vez:

- Como poderíamos nos esconder, ele é um especialista em TI, é tão fácil para ele nos encontrar!

Olhei para ela com preocupação, sem saber o que fazer!

Dessa vez, Nathan voltou e com certeza não nos deixaria ir. Naquela época, Esther e eu tivemos que
fazer tudo para nos salvar e se a mesma coisa acontecesse outra vez, temia que não tivesse a coragem
para me salvar.

- Vá falar com Guilherme! - Esther olhou para mim e disse de repente:

- Kaira, vá encontrar Guilherme. Ele é um homem poderoso e é capaz de proteger você. Além disso, está
com seu filho, se você lhe contar o que aconteceu, ele vai encontrar uma maneira para afastar Nathan de
você com certeza.

Quanto mais Esther falava, mais agitada ficava, e me puxou pela mão para sair.

Eu a parei e, me sentindo perturbada, disse:

- Esther, vamos nos acalmar antes de pensar em qualquer coisa.

Esther balançou a cabeça e, mordendo os lábios. No final não conseguiu se conter, começou a chorar de
modo desesperado e me abraçou com força, dizendo:

- Como é que você pede para me acalmar? Como posso me acalmar? Já passaram cinco anos e quase
esqueci todos aqueles pesadelos, por que encontrá-lo outra vez, por quê?

Eu a abracei e me doía o coração. Também pensei que nunca mais o encontraria pelo resto da vida.

Nem Esther nem eu dormimos bem durante a noite, acordando sempre no meio da noite com pesadelos.

Esther não estava bem disposta e não adormeceu até a madrugada. Eu não conseguia dormir bem e
voltei para a mansão ao amanhecer.

Esther tinha razão e talvez Guilherme encontrasse uma maneira para lidar com isso.

No entanto, eu não esperava que as fechaduras da mansão tivessem sido trocadas. Tanto Guilherme
quanto eu tínhamos nossas impressões digitais cadastradas na mansão de Fidalga.

No entanto, tentei várias vezes e não consegui abrir a porta. Depois, percebi que as fechaduras da
mansão haviam sido trocadas.

Tentei ligar para Guilherme, mas a linha estava sempre ocupada. Era óbvio que ele tinha me
bloqueado.________
O labirinto de amor

Capítulo 61 O Escândalo Ganhou as Manchetes

Não sabia o que se passava, por isso tive de ir para a empresa. Como me levantei de manhã cedo, não
havia muita gente quando cheguei lá.

Quando os responsáveis do departamento de finanças me viram, estavam me julgando e sussurrando


pelas minhas costas. Originalmente, sempre recebia uma calorosa saudação deles.

Enruguei a sobrancelha, sem saber o que estava acontecendo. E entrei no escritório, onde Liz ainda não
tinha chegado.

Só pude revisar os documentos na minha mesa e assinei todos que deveria assinar. Após cerca de uma
hora, Liz entrou. E quando me viu, ficou estupefacta por instante e me cumprimentou com um sorriso.

Mas estava com uma expressão forçada e, depois de organizar os papéis que eu tinha assinado, ela
estava prestes a sair.

Percebendo que ela hesitava em falar algo:

- Diga lá, fique à vontade.

Ela congelou e disse, embaraçada:

- Directora Kaira, você e Presidente Ribeiro... estão juntos agora?

Fiquei um pouco confusa com suas palavras e perguntei:


- Que Presidente Ribeiro?

- Enzo. - Ainda parecia estar interessada na fofoca, ela olhou para mim, dizendo:

- A notícia já saiu há alguns dias e ontem à noite havia fotos de suas hospedagem num hotel na Cidade A.
Mas Directora, não é que já fez um aborto? E você e Presidente Aguiar ainda não se divorciaram... Como
é que...?

Fiquei cada vez mais confusa, enquanto ouvia suas palavras e queria saber por que disse assim:

- O que aconteceu nos últimos dias?

Ao me ver perplexa, ela tirou o celular e me mostrou uma manchete da Cidade de Rio.

Li com cuidado todas as notícias nas manchetes. Desde o dia anterior, quando Enzo me levou para jantar
no centro da cidade, dirigindo seu carro de luxo Maybach, havia quem escrevesse vários posts
inventados e sem sentido. Com as palavras ficando cada vez mais maliciosas, acabaram me fazendo
passar por uma vadia.

Depois de ler os posts, tive um pouco de dor de cabeça. Não admirava que os caras das finanças
tivessem olhado para mim daquele jeito esta manhã...

Então, Guilherme mudou a fechadura da mansão e me bloqueou negra por causa de tudo isto?

Minha cabeça doía ainda mais quando pensava na chamada que Enzo tinha atendido no hotel.

Como é que todas estas coisas aconteceram ao mesmo tempo?

Liz viu que meu celular tocou, pensando que eu teria algo a fazer, saiu com os documentos nos braços.
Dei uma olhada em meu celular e vi que era Enzo. Fiquei chateada, atendi o telefone e disse:

- Que foi?

- Você leu as manchetes? - falou ele, soando uma atitude desinteressada e indolente.

Apenas respondi de mau humor:

- Já li.

- Amanhã é o aniversário da minha mãe, venha comigo para a festa da noite? - disse ele, parecia muito
relaxado, como se não fosse grande coisa que eu estivesse tendo um escândalo com ele.

Esfreguei a testa, que me doía um pouco, e abri a boca:

-Obrigada, mas não tenho tempo para isso. Por favor, dê um jeito para tratar disso. Explique de forma
clara as coisas nas manchetes.

Quando Nathan apareceu, eu não sabia a quem mais podia pedir ajuda para além de Guilherme.

A manchete sobre mim e Enzo causaria um problema.

Houve um momento de silêncio do outro lado e falou:

- Vou tratar das manchetes.

- Valeu! - respondi, um pouco cansada:


- Não provoque mais problemas!

Não sabia quando Nathan viria para a Cidade de Rio. Se eu brigasse feio com Guilherme por causa do
escândalo, se a vida infernal de cinco anos atrás se repetisse, receava que não conseguiria aguentar.

Em comparação com a vida, nada era mais importante.

Depois de desligar a chamada de Enzo, coloquei o celular de lado. Após um momento de silêncio, me
levantei e fui direto para o escritório de Guilherme.

Em contraste com a atmosfera antes, desta vez, o escritório de Guilherme parecia muito abandonado, e
Caio, que deveria estar na sala do assistente, não estava lá neste momento.

Havia o som de um teclado batendo no escritório silencioso, fiquei de pé na porta e bati algumas vezes.

- Entre! - A voz do homem era baixa e magnética, tão agradável como sempre.

Após alguns segundos de hesitação, abri a porta. O meu coração, que tinha se acalmado, difícil de ser
controlado, voltou a bater mais rápido, quando perto dele neste momento.

O escritório de Guilherme estava vazio e o som digitando no teclado era particularmente nítido.

Fiquei em frente à mesa de Guilherme, não falei, só olhando em silêncio, para ele, que estava
trabalhando com zelo e atenção. Pois é, o homem era mais bonito quando estava trabalhando com uma
atitude séria.

- Ponha aqui primeiro, vou assinar mais tarde! - talvez estivesse atento demais, ele não notou que era
eu, nem mesmo levantando uma sobrancelha enquanto ele se concentrava no computador.
Eu fiquei quieta, sem responder nada.

Depois de muito tempo, ele franziu a testa, parou o que estava fazendo e olhou para cima. Quando viu
que era eu, seu rosto estava severo, parecendo mais frio e distante.

- O que você quer? - falou ele, a frieza na sua voz era mais óbvia.

- Guilherme, vamos conversar! - Podia e devia explicar o assunto com Enzo.

O seu corpo esguio se inclinou ligeiramente para trás, se encostando na parte da sua cadeira de modo
relaxado. Ainda com um olhar distante e frio, olhava para mim, enquanto levantava as suas sobrancelhas
e dizia, com desdém:

- Diretora Kaira, tem trabalho para falar comigo?

Um tom indiferente e estranho.

Mordendo meus lábios, apertei as minhas mãos uma contra a outra, doendo um pouco:

- Guilherme, eu posso explicar sobre mim e Enzo!

- Dormiram juntos? - Ele levantou uma sobrancelha, com um olhar cheio de frieza.

Não entendi suas palavras no início, mas após um momento apenas, percebi o que ele queria dizer e,
num piscar de olhos, a minha cara ficou mais pálida:

- Não!

Ele deu um sorriso de escárnio. Levantando uma sobrancelha para mim, a frieza em suas palavras se
intensificou:

- Kaira, acha que acredito no que diz?

- Guilherme, ao menos me dê uma chance de explicar, está bem? - Eu e Enzo deixamos isto continuar por
muito tempo, nem Enzo nem eu respondemos, e por isso que só ficou pior hoje.

Ele parecia ter pouca paciência e levantou a mão para esfregar a testa, enquanto olhou para mim e
disse:

- Diretora Kaira, estamos te oferecendo um salário tão alto, não é para você falar com seu chefe sobre
assuntos pessoais durante o horário de trabalho!

- Gui…

- Diretora Kaira, você deve saber melhor que eu o que fazer e quando fazê-lo, certo? - olhando para mim,
perguntou, em a voz dele claramente cheia de raiva.

Ainda queria dizer mais quando Caio chegou em algum momento, olhou-me de forma educada, mas
distante e disse:

- Diretora Kaira, Presidente Guilherme ainda tem muita coisa para fazer.

A implicação era que eu deveria sair.

Olhei para Guilherme e vi que baixou seus olhos escuros, claro que sem intenção de dizer nem sequer
uma palavra a mais para mim.

Ignorando a pressão de Caio, olhei para Guilherme e disse:

- Quando é que o Presidente Guilherme terá tempo? Vamos conversar.


Ele estava em silêncio e a cara dele ficou fria.

Ao ver isto, Caio olhou para mim e disse:

- Se não há mais nada, Diretora Kaira, por favor volte.

Não foi uma boa ideia estarmos num impasse, então, saí do escritório e me deparei com Vinícius, que
estava saindo do elevador.

Ele tinha muitas coisas nas mãos e quando me viu saindo do escritório de Guilherme, levantou as
sobrancelhas e disse:

- Tiveram uma briga?

Eu acenei com a cabeça. Podia dizer que foi uma briga.

Guilherme sempre teve uma personalidade estranha e, depois de passar tantos anos com ele, eu não
conseguia entender o que estava errado desta vez.

- Não se esqueça de tomar seu remédio quando voltar. - Vinícius entregou-me o saco na mão e deu uma
olhada no escritório de Guilherme, antes de olhar para mim e dizer:

- Ouvi falar das manchetes, explique bem.

Ele voltou para o escritório dele e eu voltei ao trabalho.

Quando saí do trabalho com a cabeça cheia, carreguei minha mala de mao e fui direto para o
estacionamento, esperando por Guilherme.
Ao encontrar seu jipe preto, fiquei de lado e esperei por ele. O problema era meu e era necessário
encontrá-lo e conversar sobre isto.

O labirinto de amor

Capítulo 62 Pedir Desculpas a Guilherme

No entanto, fiquei esperando por cerca de uma hora, quase todos os carros na garagem tinham partido,
mas ainda Guilherme não havia saído. Pensei que ele ainda estava no escritório fazendo hora extra.

Não pensei que a pessoa que viria para dirigir o carro era Caio.

Ao me ver, Caio, congelando por um instante, ainda mantinha sua atitude educada e distante:

- Diretora Kaira, está...?

- Onde está Guilherme? - disse eu, indo direto ao assunto.

- Ele acabou de sair com Presidente Carvalho. - Caio falou, tirando a chave do carro da mala dele.

Eu abri a boca mas, por um momento, não sabia o que dizer.

Apenas sorri para ele e disse:

- Então, vou embora.

Guilherme era muito cruel.


Voltei dirigindo para a mansão, com pressa. Toquei a campainha várias vezes, Joana veio abrir a porta,
enquanto limpava as mãos. Quando ela me viu, os cantos da boca dela se curvaram em um sorriso:

- Está de volta! - enquanto ela dizia isto, ela fazia um gesto com o seu brilho.

Olhando para trás dela, vi com clareza o homem sentado na sala de estar lendo um jornal, com um ar
frio e arrogante.

Depois de trocar de sapatos, Joana foi para a cozinha para continuar seu trabalho. Caminhei até
Guilherme e me sentei ao lado dele, não tendo pressa para lhe falar, mas esperando com calma que ele
terminasse de ler o jornal.

Depois de muito tempo, Guilherme deixou o jornal, empurrei o suco trazido por Joana para o seu lado e
falei:

- Guilherme, podemos conversar com calma agora?

Ele deu uma olhada para o suco, mas não o pegou, os seus olhos escuros ficaram afundados, em uma voz
baixa e fria:

- Com que identidade está a Sra.Kaira falando comigo?

Ele estava tão calmo que eu não conseguia perceber a sua atitude.

Depois de um momento de hesitação, falei:

- Guilherme, antes de termos a certidão de divórcio, ainda sou sua esposa.

Ele zombou:
- E você ainda sabe que é minha esposa?

Eu sabia que o escândalo o tinha perturbado, por isso minha voz suavizou um pouco e disse:

- Não há mesmo nada entre mim e Enzo, não passa de invenção do paparazzi. Guilherme, ninguém
conhece a minha situação melhor do que você, é impossível que tenha um caso com ele.

- E aí? - ele se levantou, rodeado do ar frio, - Kaira, acha mesmo que pode fazer o que quiser com a
criança na sua barriga?

Eu não suportava suas palavras frias. Ele sabia muito bem o que aconteceu entre mim e Enzo. E estava
zombando de mim, porque estava chateado comigo.

Sentindo-se um pouco injustiçada, olhando para suas costas, enquanto ele subia, levantei minha voz:

- Faço o que quero? Então, o que é que você e Lúcia são? Fez demasiadas coisas com ela nos últimos dois
anos, não fez?

Quando o vi parar, continuei a falar:

- Se não fosse pelo aborto acidental do filho de Lúcia, receio que nem sequer estaria qualificada para
estar de pé e falar contigo... afinal, seria Lúcia que poderia estar nesta casa agora, não eu, Kaira.

Ele me olhou, a frieza do seu olhar me invadindo. Depois de várias trocas de olhares, já não tinha tanto
medo da sua frieza e podia ler um pouco a mente dele. Sem esperar que ele dissesse nada, meus olhos
ficaram vermelhos e derramei as lágrimas.

- Por que está me olhando desse jeito? O que eu disse não é a verdade? Sou a esposa com quem está
casado e porque gosto de ti e te amo, mereço sofrer? Eu mereço viver nesta casa fria com
ressentimentos?
Ao ver-me chorando tanto, franziu ligeiramente as suas belas sobrancelhas, com seu corpo esguio e alto
caminhava na minha direção, seus lábios finos se moveram ligeiramente:

- Com ressentimentos?

Ele limpou as minhas lágrimas, mas eu dei um passo atrás, para evitar a sua mão entendida, e continuei:

- Eu também sou um ser humano, não posso ter ressentimentos? Guilherme, o que aconteceu entre mim
e Enzo não passa de uma especulação deliberada. Você obviamente sabe melhor do que eu, você sabe
que eu é que estava magoada. Mesmo assim, você mudou a fechadura da mansão e bloqueia a minha
chamada.

Observei o seu rosto enquanto falava e, quando vi que o seu rosto suavizou um pouco, continuei:

- O que você quer dizer com isso? Quer me expulsar da Família Aguiar? Quer me rotular com esta coisa
ambígua? Ou acha que não há problema se me casar com outro homem com seu bebê na barriga e fazer
ele chamá-lo de pai?

O rosto dele enfureceu, dizendo com raiva:

- Como se atreve?

Mordi o lábio e disse, com um pouco de dureza:

- Você me forçou! Só que não se arrepende.

Depois de dizer isso, estava prestes a sair da mansão. Disse o que tinha a dizer, fiz o que tinha de fazer,
tanto de um jeito suave como duro e, se nada disso funcionasse, então, realmente não tinha mais
solução.
Com meu pulso agarrado, a voz dele estava um pouco mais baixa:

- Jante antes de ir!

Já não dava para perceber raiva em seu tom e Joana, ao lado, sorriu, com olhos apertados:

- O jantar está pronto, vocês vêm comer!

Guilherme me segurou e fez me sentar à mesa, de forma elegante, me trouxe a tigela e os palitos, e
depois começou a comer com uma cortesia extra.

Com as regras da Família Aguiar, sempre comia sem falar muito!

Joana me serviu sopa e sorriu:

- Está grávida há mais de dois meses, certo? Já foi ao hospital para preparar o processo? Já começou o
seu check-up de maternidade? A mulher grávida não deve ficar com raiva nem chorar. Não estou te
chateando, já passei por isso, já tenho experiência neste passo de mulher.

Acenei com a cabeça. Ouvia a sua tagarelice, enquanto bebia a minha sopa.

Com o canto do olho, vi que Guilherme ainda estava jantando, com calma e elegância, e a raiva em seu
rosto havia diminuído bastante.

Depois de jantarmos, Joana olhou para mim com uma cara séria e disse:

- Sra.Kaira, já começa a sofrer cãibras nas canelas nos últimos dias?

Eu congelei. Por instinto, queria abanar a cabeça, mas a vi piscar o olho para mim e depois continuei:
- As cãibras de mulher grávida são as mais dolorosas. Tome um particular cuidado, não deve correr por aí
nos primeiros meses. Caso contrário, sem se cuidar bem, vai perder seu bebê.

Guilherme estava prestes a subir com os documentos, quando Joana lhe chamou, sorridente:

- Senhor, as cãibras desta grávida são as mais dolorosas, pode ajudá-la com uma massagem mais tarde,
comprei óleos essenciais ao meio-dia e coloquei-os no seu quarto.

Tinha de dizer que Joana era meu braço direito, de verdade.

Guilherme colocou de volta os documentos que ia levar lá para cima e olhou para mim:

- Dói?

Eu congelei e percebi que ele estava perguntando se as cãibras doíam.

Por um momento, olhando para Joana, vendo-a a acenar para mim com a cabeça, não pude deixar de
desviar olhares para Guilherme, por uma coincidência curiosa, acenar com a cabeça, sorrindo um pouco
forçado e respondi que sim.

Guilherme estreitou as sobrancelhas e falou, com tranquilidade:

- Vamos!

Ao vê-lo voltar diretamente para o quarto, olhei para Joana e disse, com um pouco de estupidez:

- Joana, eu não tenho cãibras!

Tinha muitos desconfortos, mas as cãibras realmente não me ocorreram.


Joana ficou embaraçada, olhando ressentida para mim e explicou melhor:

- Não é nada importante se tem cãibras ou não, mas quando está grávida por cinco ou seis meses, vai
passar por todos os desconfortos que deve ter. Volte depressa para o quarto.

Eu voltei para o quarto, ouvindo o som da água do banheiro, era Guilherme que estava tomando banho.

Olhando para a grande garrafa de óleos essenciais na mesa de cabeceira, estava me admirando quão boa
ela era, podia até pensar nisso.

Depois de não voltar à mansão por alguns dias, foi bom ver que Guilherme não estava tão bravo a ponto
de jogar fora as minhas roupas.

Guilherme tomou um banho rápido, não demorou muito tempo. Quando saiu do banheiro, só tinha uma
toalha de banho amarrada na cintura, seu cabelo ainda estava molhado, as gotas de água, ao longo de
seu peito forte, continuavam descendo...___

O labirinto de amor

Capítulo 63 O Que Guilherme Se Importa

- Vai tomar um banho! - veio uma voz ao meu ouvido, interrompendo os meus pensamentos.

Virei-me com rapidez e vi os olhos escuros de Guilherme olhando para mim, profundos e imprevisíveis.
Quando nossos olhares se cruzaram, com a consciência pesada, desviei o olhar e corri para o banheiro.

No banheiro, por causa da água correndo, estava barulhento, mas eu ainda podia ouvir com clareza os
movimentos no quarto. Eu de início pensei que era o telefone de Guilherme tocando, mas quando saí do
banheiro para ver Guilherme segurando meu telefone, a cara dele, sombria, enquanto ele o colocava ao
lado do ouvido.

Percebendo que ele tinha atendido meu telefone, apressei-me para me aproximar dele, olhando-o disse:
- Quem está ligando?

Ele não disse nada, parecendo bem indiferente, e me entregou o celular.

Peguei no telefone e dei uma olhada, era Enzo. Não pude deixar de franzir as sobrancelhas, o que é que
ele queria fazer a esta hora?

Colocando o celular ao meu ouvido, disse:

- Olá, Presidente Ribeiro! - Tentei ser educada, mas distante, evitando Guilherme.

Com o canto do olho, vi-o encostando-se na sua cadeira estofada, com o rosto nublado jogava em seu
próprio celular.

- Já mandei alguém tratar das manchetes, vou dar uma conferência de imprensa, se for necessário. - Do
outro lado do telefone, Enzo falou com voz profunda, séria e sincera.

Foi raro vê-lo assim e respondi:

- Entendi, obrigada!

- De nada. - A sua voz era baixa, enquanto parecia preocupado:

- Mesmo que só eu goste de você, vou te fazer a Sra. Ribeiro, de modo aberto e honesto, perfeitamente
justificável.

Fiquei constrangida e falei:

- Descanse bem! - a conversa não podia continuar, Guilherme já havia me lançado um olhar impaciente.
Não podia dizer mais nada a Enzo, então desliguei o telefone, deixei o telefone de lado, olhei para
Guilherme, abri a boca e disse:

- É sobre a manchete, ele...

Não terminei minhas palavras, percebendo a minha explicação como se dissesse para mim mesma,
então, fiquei calada. Me virei para me sentar na cama, com uma toalha na mão, secando o meu cabelo.

Mas a toalha na minha mão foi tirada, virei-me para ver o homem, de início jogando em seu telefone, na
cadeira atrás de mim, e sem esperar que eu reagisse, Guilherme já tinha começado a secar meu cabelo.

Nós dois ficamos apenas em silêncio, nenhum de nós estava prestes a falar.

Não demorou muito até o seu cabelo estar quase seco e ele atirou a toalha de lado. A seguir, ouvi a sua
voz, baixa e fria:

- Vá se deitar!

Como?

Ao vê-lo levar o óleo, com seu corpo esbelto, ele estava já meio ajoelhado na cama. Fiquei congelada por
um momento, e entendi que ele estava se preparando para passar o óleo em mim.

Meu rosto queimando um pouco, olhei para ele e disse:

- Não se preocupe, posso fazer isso eu mesma...


Ao encontrar o seu olhar sombrio, as palavras seguintes foram bloqueadas na garganta.

Sem dizer uma palavra, Guilherme derramou o óleo habilmente em sua palma e depois começou a
massageá-lo na minha canela. O ambiente era um pouco esquisito, eu queria dizer algo para quebrá-lo,
mas não consegui encontrar um tópico adequado em pouco tempo.

- Ainda está com raiva? - Não falando muito sério, eu olhei para Guilherme e abri a boca, com alguma
apreensão.

O movimento de suas mãos parou, de modo abrupto, e seus olhos escuros se desviaram para mim, sua
voz baixa e provocadora:

- Dói?

Eu congelei. Não percebi o que ele quis dizer, pensando que ele estava falando da minha cãibra na
perna, que foi a princípio inventada por Joana para melhorar nossa relação. Então, eu balancei
levemente a cabeça:

- Está tudo bem!

Não sei por que parou de repente seu movimento e se levantou para sair, mas reagi por instinto e o
puxei rápido, dizendo depressa:

- Guilherme, se ainda está bravo, pode descarregar a raiva em mim, mas não me trate assim, tão frio,
está bem?

Ele não fez nada, apenas me tratava com frieza. De fato, deixou-me sofrer muito.

Ele olhou para mim e zombou, abriu a boca com escárnio:


-Descarregar em você? Acha que pode me ajudar a descarregar algo?

Fiquei calada de novo.

Ao ver o seu rosto sombrio e frio, baixei a cabeça e mordi o lábio, sentando-me na cama e atirando-me
para seu corpo, de uma forma um pouco embaraçosa.

Talvez, pensando que eu era demasiado estúpida, ele me empurrou, olhou para mim e disse:

- Vai me agradar com sua técnica tão pobre?

Fiquei sem palavras e disse:

- Se eu fosse boa, não teria transado com Lúcia todos estes anos.

- Kaira! - com tanta raiva.

Eu falei:

- Estou aqui! - para quê gritar tão alto? Não que eu não conseguisse ouvir.

Ele deu um riso frio:

- Nunca vi alguém que pede desculpas com tanta confiança.

...

Quando terminou, ele me puxou, indefeso, para seus braços e me segurou com firmeza, dizendo em sua
voz rouca:
- Deixa para lá!

Não disse nada, não mencionei esse dia a ninguém e não vi o homem que tinha me raptado.

Tudo parecia ser um sonho.

Ele me carregou para fora do banheiro. E depois de algum tempo, eu estava um pouco sonolenta,
deitada na cama, e voltei a sentir-me segura nos braços de Guilherme.

Com a única sobriedade que tinha, falei:

- Guilherme, não fique bravo comigo, Enzo e eu realmente não temos nenhuma relação, sou uma mulher
grávida e ele só está nos seus vintes anos, como é possível ficarmos juntos?

Ele se virou de lado, segurando-me com um tom baixo e provocador na voz:

- Impossível com ele, possível com outra pessoa?

Ele estava apenas jogando com as palavras e cerrei os meus lábios, com meus olhos bem abertos, me
sentindo ressentida:

- Para ser franca, você não acredita em mim!

Ele parecia gostar de me ouvir falar com ele, mostrando minha fraqueza, e os cantos da sua boca se
curvaram levemente, enquanto ele deu um beijo suave na minha testa:

- Vai dormir!

Ao vê-lo assim, eu não disse muito. Já estava com sono, por isso adormeci em pouco tempo.
No dia seguinte.

Após alguns dias da exaustiva vida de viagem de negócios, por fim voltei e dormi uma grande soneca.

Depois de me deitar por um tempo, saí da cama e vi várias chamadas perdidas na tela do meu telefone,
todas de Liz.

O labirinto de amor

Capítulo 64 Enzo Quer Tornar a Nossa Relação Pública?

O celular estava mudado para o modo silencioso e liguei de volta para o número. Do outro lado atendeu
e disse com pressa:

- Directora Kaira, algo deu errado. Presidente Riberio enviou um aviso, ontem à noite, pediu a todos os
repórteres da mídia, dizendo que queria tornar sua relação com você pública, agora há vários repórteres
e público, que esticam o pescoço, esperando lá embaixo, no edifício de Aguiar.

Tornar a nossa relação pública? Então, há algo de errado com o cérebro de Enzo?

Me levantei e puxei as cortinas, o dia estava lindo, os pássaros cantando e as flores florescendo.

Depois de manter calmo o meu coração, falei ao celular:

- Não se preocupe, não vou para empresa hoje, pelo menos, Enzo é um adulto, ele sabe o que deve
fazer!

Ela disse com cautela:


- Você e Presidente Guilherme, estão bem?

Eu acenei:

- Está tudo muito bem.

Depois de desligar o telefone, desci as escadas e vi Joana na cozinha e, depois de olhar à volta, não vi
Guilherme, saí da cozinha e perguntei a Joana:

- Guilherme saiu?

Joana estava tão concentrada no seu trabalho que tomou um susto quando, de repente, ouviu uma voz.
Virada a cabeça, viu que era eu, ela sorriu e disse:

- O senhor disse que ele tinha algo para fazer esta manhã e saiu com pressa. Cozinhei sopa para você,
coma um pouco, faz bem ao seu bebê.

Acenei com a cabeça e colocando a mão na minha barriga, um pouco arredondada. Parecia ter ganhado
algum peso nos últimos dias.

Eu ainda estava comendo minha sopa, quando Esther ligou. Vendo que ela estava muito preocupada,
parei de comer e disse:

- O que está errado? Há algum problema?

- Eu li sobre a manchete, foi longe demais. Se Nathan a ver, o que devemos fazer? - Esther tinha medo de
Nathan e eu também.

Então, quando mencionou este homem, havia uma sensação de depressão.


- Vou dar um jeito de resolver isso o mais rápido possível! Não se preocupe, fique em casa e descanse
bem nos próximos dias e não saia.

Não sabia se Nathan ia vir procurar na Cidade de Rio, mas antes dele, devia implorar pelo refúgio de
Guilherme.

Desliguei o celular, dei algumas mordidas rápidas e saí. Para minha surpresa, me deparei com Agatha,
para ser mais precisa, ela vinha para me ver.

Esta mansão da Família Aguiar era muito discreta e depois que Guilherme e eu nos casamos, exceto
aqueles que estavam mais próximos da gente, outros mal sabiam onde ficava.

Agatha estava vestida de um elegante saia azul escura com fendas laterais, com uma nova bolsa de
edição limitada e de estilo chinês, da Van Cleef & Arpels, em torno de sua cintura, este ano parecendo
ainda mais elegante e nobre.

Hesitei durante cerca de dois segundos, depois sorri e a cumprimentei:

- Presidente Agatha, desculpe, não sabia que vinha para cá. Bem-vinda.

Ela mostrou um sorriso, as sobrancelhas fazendo-a parecer mais gentil, disse:

- Fui eu que vim sem ser convidada Sra.Kaira, não precisa pedir desculpas.

A mansão é dividida em pátios da frente e de trás, no primeiro é que Guilherme e eu comemos e


vivemos na parte de trás. o pátio da frente é o lugar onde costumamos receber os hóspedes e o jardim
de chá e o lago de flores ficam no pátio da frente.

Quando levei Agatha ao jardim do chá, pedi a Joana para preparar algumas frutas e sobremesa. Depois
fervi água na mesa do chá e olhei para ela e disse:
- Presidente Agatha está aqui para falar com Guilherme sobre alguma coisa?

Ela sacudiu a cabeça, o olhar dela caindo na mão com a qual eu estava fazendo chá, e disse com ternura:

- Vim ver a Sra. Kaira, a qual tem mãos lindas.

Uma saudação educada e sutil. Dei-lhe um sorriso:

- Muito obrigada, Presidente Agatha. As suas mãos também são cuidadas bem. - A conversa entre
mulheres quase sempre não passava desse assunto.

Mas ela veio aqui, com certeza, não para me elogiar. Guilherme tinha uma coleção de chá, preparada
para fazer chá como este e disse:

- Eu não bebo muito chá, é Guilherme quem adora fazer chá. Hoje vou servir este bom chá da sua
coleção à Presidente Agatha, não ria de mim se não for bom.

Ela mostrou um sorriso, fixando seu olhar no chá chinês na minha mão, e sorriu:

- Este chá tem uma história de vinte anos, nem se pode comprá-lo com dinheiro no mercado. É hora
poder beber um chá tão precioso, ainda tenho de agradecer a você.

Com um sorriso, não consegui perceber qual era o motivo desta visita de Agatha. E depois de tomar chá
por algum tempo com ela, não pude deixar de dizer:

- Já falamos tanto, ainda não sei o que a Presidente Agatha quer falar comigo?

Ela tomou um gole de chá, olhou-me com seus lindos olhos, e sua voz era cheia de gentileza:
- Não é nada especial, mas da última vez que te vi, no Balcone Restô, tinha uma sensação familiar a seu
respeito e me senti íntimo de você no meu coração. Então, tinha pensado em a visitar.

Eu congelei quando pensei que ela, sendo mãe de Enzo, vinha aqui para falar comigo sobre nosso
assunto, mas fiquei surpresa por ela estar realmente aqui para outra coisa.

Recheando seu chá, respondi, sorridente:

- O Presidente Ribeiro até me disse a mesma coisa no outro dia, que o faz sentir um pouco familiar, mas
isso é normal, há muitas pessoas no mundo que são parecidas e tenho algumas semelhanças com aquela
Srta. Lúcia, que você conhece.

Da última vez, no restaurante, tinha-a visto com Lúcia, por isso não pretendi esconder.

Congelada ligeiramente por um instante, ela apenas sorriu:

- Além disso, Kaira está próxima com seus pais?

Abanei a cabeça, dúvidas surgiram na minha mente:

- Os meus pais partiram, quando eu era muito nova, fui criada pela minha avó, não me lembro muito
deles.

- A sua avó ainda está viva? - Ela perguntou com tanto detalhe, parecendo um pouco rude. E,
provavelmente, percebeu num momento que não deveria dizer isto, mudou com ligeireza de tom e
olhou para mim:

- Não se preocupe, Kaira, sou uma pessoa muito curiosa. Então, sempre vou ao fundo das coisas.

Por falar nisso, ela tirou um convite muito fino e requintado da mala e o entregou para mim:
- Vou dar uma pequena festa em Balcone Restô esta noite, se a Sra. Kaira quiser vir com o Sr.Guilherme?

Tomei o convite e não pude deixar de abri-lo para ler. Vendo que era um convite de aniversário,
lembrei-me que Enzo tinha mencionado a mim ontem que a mãe dele ia fazer aniversário esta noite.

Ao guardar bem o convite, olhei para ela e disse:

- Sim, muito obrigada, Presidente Agatha, é uma honra ser convidada por você.

Ela não podia conter o sorriso, baixou os olhos e tomou chá, depois de uma pausa, olhou para mim e
disse:

- Sra. Kaira, ouvi dizer que você e o Presidente Guilherme estão casados há dois anos. Na última vez vi
você e ele irem juntos ao Balcone Restô, acho que devem estar em bom relacionamento.

Eu sorri ligeiramente, não estava familiarizada com ela, então, não era conveniente dizer mais. Tomamos
chá por um tempo, Agatha então disse que ainda tinha coisas a fazer e saiu.

Quando Joana a viu partir, ela olhou para mim e disse:

- Kaira, esta é a mulher mais rica, não é?

Fiquei um pouco surpresa e olhei para Joana e disse:

- Você a conhece?

Joana acenou:

- Quando o Sr.Rodrigo ainda estava vivo, ela tinha vindo à Mansão de Aguiar. Tinha visto ela.- Depois de
uma pausa, Joana falou, em voz baixa:

- Ela anda à procura da sua filha há tantos anos, só que há pouca possibilidade de ela conseguir
encontrá-la.

Eu estava um pouco curiosa e não pude deixar de dizer:

- Joana, você também sabe que ela também está à procura da filha?

- Ela sempre vinha encontrar o Sr.Rodrigo, só para perguntar as coisas de cerca de vinte anos atrás, ouvi
a conversa deles, quando lhes servia chá. O senhor a tinha ajudado a ficar de olho ao longo dos anos,
mas sua filha está perdida há mais de vinte anos e não tem nenhuma característica notável, temo que é
muito difícil encontrá-la nesse mundo!______________

O labirinto de amor

Capítulo 65 Ameaça de Nathan

Eu tinha arrumado tudo, quando meu celular tocou. Eu vi o identificador de chamadas, o que me deixou
nervosa e, sem dizer muito a Joana, voltei para o quarto.

- O que quer fazer?

No quarto, eu o atendi, estremecendo.

Uma risadinha baixa veio do outro lado do telefone:

- Kaira, por que você está nervosa? O irmão não pode conversar com sua irmã?

Não gosto da risadinha tão assustadora de Nathan.


Mordi meu lábio com força e falei:

- Nathan, não somos as crianças que éramos há cinco anos, todos nós temos nossas próprias vidas agora.
Por favor, deixe-nos em paz!

Eu jamais estaria naquele inferno que ele me pôs.

- Kaira, somos irmãos. Eu não vou te deixar me afastar. Minha vida não é uma vida sem você, eu preciso
de você!

Eram palavras que aqueceriam o coração, mas ele as disse de uma maneira assustadora.

Eu fiquei abatida, agarrando o celular e dizendo, em voz rouca:

- Nathan, que diabos você vai fazer?

Há um tipo de pessoa neste mundo que é como um fantasma, cuja presença só serve para assustar as
pessoas o tempo todo, e Nathan é uma dessas pessoas.

- Kaira!

Ele disse uma palavra, de forma misteriosa, e desligou.

Antes de me acalmar, recebi uma mensagem dele:

- Nº221 da Rua Ferreira, 16h00, Kaira, se lembre de chegar lá a tempo.

Ele só disse essas poucas palavras. Agarrei meu celular e me forcei a me acalmar. Ninguém vai cair no
mesmo lugar.
Como não pude evitar Nathan, posso procurar uma maneira de fazê-lo me deixar em paz por sua própria
vontade.

- Buzz…

O celular vibrou, de repente.

Era uma chamada de Guilherme. Eu a atendi. Ele disse, com frieza:

- Se vista bem e me acompanhe a uma festa logo.

O assunto de Nathan estava me deixando um pouco tonta e, depois de uma pausa, eu disse:

- É importante? Hoje estou um pouco indisposta. Eu quero ficar em casa e descansar um pouco.

Houve um momento de silêncio. Depois, respondeu, com uma voz profunda:

- É sério?

Abanei a cabeça:

- Não, mas não quero sair.

Continuei falando de maneira hesitante:

- É importante?
- Nada. Descanse bem!

Sua voz era baixa e calma, da qual pouca emoção podia ser ouvida.

Depois de desligar, enviei uma mensagem para Esther. Me preparei e dirigi para o endereço que Nathan
enviara.

Às 16 horas.

O sol estava queimando e a multidão se movimentava nas ruas. Nathan me deu o endereço de uma loja
de roupas particulares de luxo.

Não entrei nela. Eu tentei ligar para Nathan, mas falhei. Uma senhorita saiu da loja com um vestido
verde.

Ela sorriu, olhando para mim:

- A senhora é Kaira Sanches?

Acenei com a cabeça.

Ela disse, com um sorriso:

- Sra. Sanches, por favor entre. O Sr. Sanches já nos mandar. Não se preocupe, deixe tudo por nossa
conta a seguir.

Segui-a até a sala VIP, no 2º piso. Ela chamou alguns funcionários e me levou para escolher um vestido.
Eu não sou estúpida, sabia o que elas estavam me levando a fazer.

Fui, então, levada para a penteadeira. A mulher com vestido verde olhou para mim com um sorriso e
disse:

- Não fique nervosa Sra. Sanches, o Sr. Sanches ordenou tudo. Você só precisa ser paciente e cooperar
conosco.

Já se passaram cerca de 10 minuto e tudo foi feito. Olhando para “eu” demente e digna no espelho, eu
franzi a testa, descontente.

Nathan não apareceu lá, mas mandou um Bentley preto estacionado fora da loja, cujo motorista parecia
jovem.

Não queria entrar no carro. Eu apenas olhei para o homem com meus braços ao meu redor e disse:

- Qual é o endereço? Eu tenho carro e posso chegar lá sem ajuda!

- Sra. Sanches não tem confiança em mim?

Ele respondeu, com um riso.

Eu acenei:

- Sim!

Talvez não esperando que eu fosse tão direta, o homem hesitou um pouco, mas continuou sorrindo:

- Sra. Sanches, não tenha medo, o Presidente Sanches só quer levá-la a uma festa e quer que todos a
conheçam.

- Pode me contar o endereço!

Não sabia o que Nathan faria e tive de estar alerta.

O homem saiu do carro, abriu a porta para mim e sorriu, de forma polida:

- Faça o favor, Sra. Sanches, a Sra. não me dá trabalho. O presidente Sanches sabe que você também
chamou a Sra. Esther, então, ele também mandou alguém buscá-la, o Presidente Sanches é tão gentil, eu
acho, a Sra. Sanches não vai rejeitar este favor dele, certo?

Ameaça?

Ameaçou-me com Esther?

Depois de um tempo, eu ri e subi no carro, de forma elegante. Nathan me conhecia muito bem.

O carro dirigiu-se ao hotel do resort nos subúrbios do sul, a cerca de uma hora de distância. No entanto,
eu não sabia para onde o carro iria, no início.

Mas, quando vi o carro entrar no campo de golfe, nos subúrbios do sul, eu sabia onde estava. A cidade
de Rio é conhecida como a antiga capital de três dinastias, seguindo o desenvolvimento dos tempos e
mantendo a herança cultural de uma cidade.

Embora não seja importante na área militar ou política, tem testemunhado muitas pessoas talentosas ao
longo dos séculos. Como resultado, os idosos da classe alta gostam de comprar terra na Cidade de Rio
para descansar em paz após a morte.

Então, os subúrbios do sul da Cidade de Rio se tornou um lugar dos ricos e poderosos. Orgulhamo-nos de
que as pessoas nascem iguais, mas de fato, caso contrário, as pessoas comuns nem se atrevem a esperar
viver neste lugar luxo.
Mas mesmo assim, ainda há muita gente se aglomerando para entrar aqui. Porque aqui, desde que você
não seja um idiota, qualquer pessoa que você encontre pode ser uma pessoa crítica em sua carreira.

O carro parou, quando entrou no campo de golfe. Alguém me guiou para fora do carro e fez um gesto
para eu entrar no Bentley preto, exclusivo dos anfitriões.

Depois de subir no carro, vi Nathan sentado lá dentro, de forma própria. Seu rosto parecia gentil e seus
olhos ardilosos brilhavam como estrelas:

- Kaira, há tanto tempo sem nos encontrarmos!

Por instinto, tentei sair do carro, levantando a bainha de minha saia. Mas era tarde demais, sua mão no
meu ombro, pressionando-me. Ele disse, em voz baixa:

- Seja obediente, Kaira, gostaria que pudéssemos ser românticos.

Mesmo que as palavras fossem as mais belas, seriam saboreadas de sangue quando saíram da boca dele.
Eu afastei meu medo e falei:

- O que você fez com Esther?

Ele levantou sua mão, reparou-me com esmero, e disse, de maneira casual:

- Ela está bem.

Então, ele levantou meu queixo com um som de elogio, e depois disse, impotente:

- Kaira, você parece mais magra, todavia ainda linda!


Eu olhei para baixo e não queria falar com ele.

- A Família Lins da Cidade de Rio tem sido um clã de esplendor por séculos, que tem muitos dignitários
políticos, também no mundo dos negócios. Fique comigo de uma vez! Ele continuou. Havia mais rigor
nas suas palavras.

Eu fiquei um pouco confusa. Havia 5 anos que não tínhamos nos encontrado. O que ocorrera dentro
daqueles 5 anos? Por que ele podia ter acesso às celebridades políticas e empresariais que estavam no
topo da pirâmide como somente um hacker?______

O labirinto de amor

Capítulo 66 Participar na Festa do Aniversário de Agatha

O carro continuou a dirigir por cerca de uma dúzia de minutos e parou na frente de uma vila luxosa de
tipo europeu. Nathan saiu do carro primeiro, de forma muito gentil, abriu a porta por mim e estendeu
seu braço a mim, para me ajudar. Sua voz soou ao redor:

- Leve-me pelo braço mais tarde.

Eu odeio e temo sua hipocrisia e seus sorrisos falsos. Como homem que lida com facas e sangue, mesmo
quando lhe der flores, será uma flecha para matar.

Mas, eu tinha de obedecer a ele, desci do carro e agarrei seu braço.

O interior da vila é espaçoso e elegante, com algumas coisas do estilo local lá dentro. Ao entrar pela
porta principal, não vi o salão, mas um caminho de paralelepípedos e passei por um pequeno jardim,
antes de entrar no salão.

Apesar de usar saltos altos, eu consegui andar bastante bem, porque estava segurando Nathan.

Assim que cheguei ao salão, eu vi Guilherme de imediato, em minha frente, a uma curta distância. Ele
estava vestido com um terno preto, com uma camisa branca cuja gola parecia arrumada sem farrusca.
Seu cabelo era bastante curto, que o tornou mais maduro e imponente. Em conclusão, era um homem
bonito.

Ele estava tão imponente que mesmo em uma multidão, eu conseguia reconhecer, sem demora.

Levei um tempo para perceber que a festa era para o aniversário de Agatha. Não só Guilherme estava lá,
mas muitas pessoas do mundo dos negócios e da política da Cidade de Rio também estavam lá.

Eu era esposa de Guilherme, mas estava segurando o braço de outro homem. Não seria uma bofetada
pesada para Guilherme?

Tirei minha mão de volta, com rapidez. O medo e a preocupação se espalhavam dentro de mim.

No entanto, Nathan, um homem que corria riscos todos os dias, num instante, pegou a mão, enquanto
disse com aspecto sombrio:

- Kaira, seja dócil!

Eu embolsei meus lábios e o suor saiu das mãos.

Olhei na direção de Guilherme e notei que ele também me olhou. Ele estreitou seus olhos escuros um
tanto, e seu olhar caiu em meu vestido sem alças.

Logo, ele olhou para Nathan:

- Já faz muito tempo, Presidente Sanches.

Eles se conheciam?
Nathan puxou-me, com um sorriso leve:

- Pois é, Presidente Aguiar.

A conversa entre os dois homens foi uma saudação bastante comum. Não consegui ouvir nada de errado
com ela.

Guilherme olhou para mim de novo, sem mudanças de expressão:

- A senhorita está no lado do Presidente Sanches é?

- Minha noiva!

As palavras de Nathan me congelaram e os olhos profundos e insondáveis de Guilherme espalharam frio.

Mas ele ainda sorriu:

- Ouvi dizer que o Presidente Sanches não se aproxima das mulheres. Mas agora, parece que você
escondeu tudo.

Nathan segurou minha mão e riu, de forma leve e educada:

- Eu não evito as mulheres, mas simplesmente espero por minha querida.

Guilherme estreitou os olhos, com um sinal de perigo, e abriu seus lábios ligeiramente:
- Espera por sua querida…

Naquela altura, eu já estava perdida no pensamento. Eu ainda não tinha tempo para mencionar Nathan
a Guilherme, mas agora as coisas já haviam se tornado muito ruins.

Minha mão foi puxada por Nathan com tal força que não consegui libertá-la. Todavia, também tive medo
de negar as bobagens de Nathan.

Eu estava na enorme confusão.

Guilherme colocou seu olhar em mim por pouco tempo e não podia deixar de sorrir:

- Como devo chamá-la agora?

Entrei em pânico, retirei a mão de Nathan, com determinação, e dei um passo à frente, para puxar
Guilherme:

- Guilherme, eu...

- Guilherme!

A voz gentil e doce de mulher veio. Eu olhei de lado, descobri que Lúcia estava usando uma saia de sereia
de cor de pele e nua nas costas, o que trouxe uma boa figura dela como um todo. Ela levantou a bainha
de sua saia e caminhou com expressão elegante para o lado de Guilherme, pegando a mão de Guilherme
com naturalidade.

Era uma boa combinação de homem e mulher bonitos.

Lúcia não ficou surpresa ao me ver, mas seu rosto estava um pouco pálido:
- A Srta. Sanches também está aqui.

Com olhos fixos em Nathan, disse sorrindo:

- Srta. Sanches, ele é seu… amigo?

A palavra “amigo”, ela disse com uma ambiguidade extraordinária.

Eu baixei a cabeça e engoli o que eu ia dizer. Explicar agora seria apenas uma piada.

- Kaira, vamos entrar!

Nathan deu a Lúcia um leve olhar de desinteresse, com um brilho de nojo nele, e me puxou direto para o
salão.

Nathan não evita as mulheres, mas as odeia. Desde os oito anos de idade ele tinha repelido as mulheres
e, se eu não tivesse crescido com ele, ele estaria igualmente enojado comigo naquele momento.

Agora, este tratamento especial para mim parecia ser o inferno e seria sempre difícil eu escapar das
garras de Nathan.

A voz de Lúcia foi ouvida por trás de mim:

- Guilherme, Kaira ainda conhece o Presidente Sanches do Grupo Unidade. É razoável que a Sra. Agatha
me disse que muitos manda-chuvas do mundo dos negócios e da política estariam aqui esta noite.

O Grupo Unidade?

Foi mais uma reunião das elites do que uma festa de aniversário. Agatha comportava-se de maneira
muito elegante e bela aquela noite, num traje de gala preto, com uma fênix dourada e um par de saltos
altos negros, com cristais azuis embutidos.

Ela tinha quase cinquenta anos, mas o seu rosto não mostrava sinais de idade, pelo contrário, eram os
anos que lhe deram excelência. Há um ditado que diz que uma verdadeira beleza nunca envelhece e a
idade nunca bate a beleza. Pensei que o ditado deveria referir-se a ela.

Ela estava, então, falando com algumas pessoas decentes. Assim que viu Nathan, de longe, ela se
aproximou dele com uma taça de champanhe.

- Presidente Sanches, estou muito grata por sua presença.

Com seu champagne, ela sorriu com leveza. Quando seus olhos caíram sobre mim, ela cintilou um pouco
e olhou para Nathan

- E esta é...

Sem esperar que Nathan dissesse nada, fui a primeira a abrir minha boca:

- Presidente Agatha, você está tão bonita hoje!

Ela ficou surpresa. Mas logo escondeu sua expressão e riu:

- É Srta. Sanches. Você está tão linda hoje e não a reconheci no início, sinto muito!

Eu também sorri de volta:

- Desculpe por eu incorrer no ridículo, Presidente Agatha. Eu costumo descuidar de minha aparência
normalmente e hoje estou vestida assim. Então, é inevitável que haja uma diferença, sem ofensas, para a
Presidente Agatha!
Ela olhou para mim, depois para a mão de Nathan segurando a minha e, com uma leve confusão, disse
de maneira muito gentil:

- Vocês se conhecem?

Depois olhou para Nathan, com um olhar de interrogação.

Nathan disse, com um sorriso:

- Claro, há mais de uma década.

Agatha tinha intenção de continuar, mas o salão caiu no silêncio, de repente. Todo mundo olhou para
fora.

Por instinto, olhei para trás e vi lá fora que um homem distinto, de meia-idade, vestido com um casaco
entrou, seguido por quatro homens em ternos pretos.

A aparência do homem de meia-idade atraiu muitas pessoas para saudá-lo. O olhar do homem foi fixado,
sem distúrbio, em Agatha e caminhou direto para ela.

- Tiago Baptista, Sr. Baptista da Capital Imperial, seja na Cidade de Rio ou na Capital, uma vez que ele faz
algo, todos os poderosos têm que estar em alerta. - Nathan disse, em voz baixa.

Fingi não me importar, ao olhar para Agatha e Tiago, e fiquei intrigada ao ver que os dois eram mais
íntimos do que apenas amigos.

- Eles?

Nathan levantou suas sobrancelhas, seus olhos estavam revelando alguns significados mais profundos
que eu não entendia:
- São as pessoas que se amam, mas não podem estar juntas.

Eu ainda não entendia tudo:

- A Presidente Agatha não tinha sido casada antes? Mas me lembro de que ela se casou com um homem
comum, antes de casar com o pai de Enzo, e deu à luz a Enzo depois. Como...

Aí vem um outro Tiago, que relação tão confusa.________________

O labirinto de amor

Capítulo 67 Filha de Agatha

Nathan zombou:

- Essa é uma história bastante realista, que ela está inventando para os outros.

Eu vi Guilherme com Lúcia saudando Agatha e Tiago e, depois, Agatha sussurrou algo no ouvido de Tiago.

Tiago olhou para Lúcia e o olhar mudou um pouco. O rosto do homem, que tinha sido sério, teve um
pouco mais da surpresa, de ter perdido e encontrado no final, e ele puxou Lúcia com um pouco mais de
carinho em seus olhos.

Eu não sabia a situação. Nathan, ao meu lado, olhou para mim com conspiração e disse:

- Lúcia é a filha que Agatha tem procurado há vinte anos e é a filha de Tiago.

Eu fiquei admirada, com a boca bem aberta: Lúcia era filha deles?

Por que nunca eu ouvira nada sobre isso?


Quando Agatha e Tiago terminaram de falar, eles não puderam deixar de olhar para Nathan e eu.
Quando Tiago me viu, um pouco de assombro se mostrou em sua cara vicissitudinária.

Parecia que Agatha soubesse o que ele estava pensando. Ela disse, sussurrou algo em seu ouvido, antes
de seu rosto voltar a aspecto normal.

Nathan me soltou e veio cumprimentar Tiago.

Sendo libertada, eu primeiro fui procurar Guilherme. Mas, depois do encontro de Guilherme e Tiago, ele
saiu, sem vestígios.

Olhei em volta e vi uma figura familiar no canto do salão, Enzo. Caminhei até ele.

Vendo-me, ele estava perdido e então disse, levemente:

- Boa noite!

Seu estado foi péssimo. Eu disse:

- Hoje é o aniversário de sua mãe. Por que você parece tão doente? Acabei de ouvir alguém dizer que a
filha de sua mãe, que está perdida há muitos anos, já foi encontrada. Por que você não parece se
importar com isso?

- O que me importa? - Ele disse, com aspecto solitário, - Ela só se preocupa com a filha e eu fui apenas
um acidente.

Ao ouvir o agravamento em suas palavras, peguei um prato de queijo na mão e disse:


- Toda criança é um tesouro no coração de seus pais, afinal, ela está perdida há mais de vinte anos.
Depois do início, tudo vai voltar ao normal.

Ele mofou, olhando para meu queijo, disse, com indiferença:

- Eu desejo que a filha encontrada seja você, mas não Lúcia. Essa mulher é muito intrigante, não se trata
de uma boa coisa para o Balcone Restô.

Eu desci no enleio por causa das suas palavras. Então, ri involuntariamente:

- A filha de sua família pode ser qualquer pessoa?

Ele me olhou, como se olhasse para uma idiota:

- Senhorita, você acha que minha mãe está livre e vai até você só para uma conversa?

Ele referiu-se a conversa de hoje?

Fiquei intrigada:

- O que você quer dizer? - as estranhas perguntas de Agatha hoje não me pareceram nada além de
confusão em minha mente.

Neste momento, Enzo mencionou isso e eu estava um pouco desconfiada.

- Heh! - ele me desprezou - você tem sorte de estar casada com Guilherme. Eu já lhe avisei antes que
você e minha mãe têm alguma semelhança, assim como Lúcia. Você realmente acha que há pessoas no
mundo que se parecem umas com as outras sem nenhuma razão?

Eu fiquei um pouco irritada:


- O que você quer dizer?

Dando-me um olhar em branco, ele falou:

- Significa que minha mãe havia levado seu DNA, e o DNA de Lúcia, para um teste de paternidade antes.

Falando nisso, ele caiu, um pouco perplexo, e continuou:

- Eu de início pensava que era você, mas não esperava que o resultado apontaria à Lúcia.

Eu tinha uma tonelada de perguntas em minha mente. Olhei para o salão, que não era adequado para
conversarmos lá. Então, levei Enzo à sala de chá, no corredor.

Eu me tornei mais séria:

- Só porque pareço a Presidente Agatha, vocês roubaram meu DNA para um teste de paternidade?

Ele negou:

- Claro que não. Minha mãe estava procurando há mais de vinte anos e ela não teria ficado por aqui por
tantos anos sem uma pista. Você e Lúcia são tão parecidas em muitas coisas, que minha mãe não tinha
certeza no início quem era exatamente sua filha, você ou Lúcia. Assim, ela pediu ao Guilherme que
levasse você e a Lúcia para uma reunião separada, e depois, fez o teste de paternidade.

Não tinha curiosidade das “coisas parecidas” entre Lúcia e eu. Guilherme me trouxe até Agatha, não para
salvar a Esther, mas para fazer um favor a Agatha.
Mas eu não sei de nada neste caso.

- E Lúcia sabia tudo no início?

Eu perguntei, com um pouco desagrado.

Ele acenou:

Guilherme devia dizer tudo a ela. Ela tinha muitos contatos com minha mãe, que não parecia que não
soubesse nada.

Eu queria rir. Então, do começo ao fim, eu era a única que não tinha ideia sobre a situação.

Queria rir, mas não conseguia continuar. Parecia que eu era uma completa tola. Mesmo que alguém me
tivesse colocado em perigo, eu não saberia nada sobre isso.

Ele percebeu que eu estava descontente e parou, para se ajustar:

- Não pense mais nisso. Foi porque todos tinham medo que você estivesse imaginando muitas coisas que
as pessoas não lhe dizem. E ninguém tinha certeza naquele momento, então...

- Então, vocês acharam que eu deveria ser mantida no escuro? Como uma idiota?

Eu disse, sentindo um desconforto no coração.

Ele franziu a testa:

- Kaira, você sabe que não é o que você pensa.

- Eu não sei!
Eu respondi só com estas três palavras e saí da sala de chá. Pensava que se eu fosse boa e desse às
pessoas minha confiança, eu não sofreria muito mal. Mas, de fato, eu era ingênua. O sofrimento nunca
tinha diminuído, de forma alguma.

Houve muitas pessoas da alta classe. Lúcia parecia muito destacada na multidão e estava recebendo
saudações de todos, com a apresentação de Agatha e Tiago. Foi uma cena linda e emocionante.

Pois é! Algumas pessoas, desde o nascimento, são abençoadas com a boa sorte.

Mais calma, eu fui para a sala de jantar. A vida era triste, mas eu ainda tinha que comer bem. O pequeno
em minha barriga também precisava comer.

Talvez, eu estivesse distraída e, acidentalmente, esbarrei em uma pessoa. O bolo no prato que eu escolhi
caiu no chão, rolou para frente e colidiu com o terno de alguém!

- Descul…

Eu levantei minha cabeça e o que eu vi foi o rosto sarcástico e frio de Pietro.

Eu escondi minha expressão, também as palavras para me desculpar. Naquele contexto, a escusa seria
inútil, ao contrário, incorreria na disputa desnecessária.

Eu não quis altercar, mas isso não significava que ele também não quis. Ele reparou em mim e disse, com
sarcasmo:

- Kaira, você está bastante zangada e com ciúmes agora, né? O fato de Lúcia ser filha de Agatha significa
que sua vida vai mudar para sempre. Guilherme é um homem tão nobre, e uma mulher favelada como
você não é digna dele, não importa o quanto você tente.

Coloquei a comida em minhas mãos na mesa e olhei para ele, carrancuda:


- Eu não mereço, mas Presidente Carvalho merece?

- Você…

Ele estava com raiva e queria refutar.

Interrompi-o, sem pressa:

- Guilherme e eu somos casados e temos um filho. Presidente Carvalho sempre gosta tanto de zombar
de mim porque, inconscientemente, sente que você não é digno de Lúcia? Você não tem onde liberar
seu complexo de inferioridade, então, você está descarregando em mim?

- Que tolice! - com olhos vermelhos de raiva, ele tirou o terno e o jogou para mim:

- Lave-o!

O labirinto de amor

Capítulo 68 O Amor Extremo de Lúcia

De vez em quando, eu pensava que Pietro era muito adorável. Cada vez ele olhava para mim de maneira
desagradável e queria me provocar, finalmente ele acabou por ficar com tanta raiva de si mesmo, como
o que estava ocorrendo neste momento.

Percebendo que não conseguia me convencer, ele apenas poderia me envergonhar.

Olhando para o terno na minha mão, levantei as minhas sobrancelhas:

- Presidente Carvalho, a meu ver, não me deixe tratá-lo. Se você andar por aqui com roupas molhadas,
você não vai ser digno na aparência de ficar ao lado de Lúcia.
- Encontre uma solução por si mesmo!

Começou o banquete de aniversário. Agatha falou de maneira elegante no palco. Pietro não queria dizer
mais nada, andando para Lúcia com comidas na sua mão e entregando-as a ela.

Lúcia percebeu a expressão desagradável dele, então, olhou com desconfiança por aqui e me viu
justamente. Ela estava com um sorriso no seu rosto delicado, provocante e depreciativo.

Olhando de volta com calma e segurando o terno na mão, eu estava com dor de cabeça. Guilherme, que
não sabia para onde foi, veio para mim com uma caixinha de presente.

Com uma cara fria, ele disse:

- Presente de aniversário de Presidente Lins.

Depois de falar, ele me deu a caixa da sua mão, enquanto viu o terno na minha mão. Ele franziu a testa:

- De quem?

- De Pietro. Eu rocei algumas coisas nele por acaso.

Eu disse e olhei para a caixa que ele me deu. Foi preparada por ele?

Ele deu um olhar impaciente e disse:

- Jogue fora!

Nesse momento, o banquete ficou mais animado porque Lúcia foi levada por Agatha ao palco. Eu
semicerrei os olhos e disse:
- Presidente Guilherme, por que não interpretou o seu papel de um guardião de menina neste
momento?

Ele não estava de bom humor e respondeu, de modo frio:

- Kaira, você deveria me explicar como conheceu Nathan, não é?

Se fosse meia hora atrás, eu explicaria a ele com clareza, mas, nesse momento, eu não queria explicar
nada.

Eu fui para a lata de lixo, joguei direto lá o terno de Pietro e disse, com um olhar indiferente:

- Não há nada para explicar. Era exatamente como o Presidente Guilherme viu.

No palco, Lúcia e Agatha se abraçaram e interpretaram o amor profundo entre mãe e filha. Para mostrar
o amor da mãe, Agatha decidiu distribuir 50% da sua propriedade para a gestão de Lúcia, que de modo
gradual entraria na empresa de Agatha, para aprender a gestão.

Ao mesmo tempo, Lúcia também iria morar com Agatha em Balcone Restô. Afinal, ela era uma filha
recuperada e Tiago também subiu ao poder, se tornando uma pessoa poderosa. Se ele conseguiria ficar
ao lado de Lúcia, sem dúvida, Lúcia poderia fazer qualquer coisa que ela quisesse, fosse em Capital
Imperial ou em Cidade de Rio.

Guilherme estava com um rosto muito ruim, mas tendo em conta que era ainda nesse banquete, ele não
poderia brigar comigo. Ele controlou as suas emoções e disse:

- Seja a minha parceira de dança logo.

Eu dei uma risada seca:


- Presidente Guilherme, você não tem medo de Srta. Lúcia... Oh, deveria ser Srta. Baptista, agora.
Presidente Guilherme, agora você deveria ser o parceiro de Srta. Baptista, então, não vou me envolver.

- Kaira!

Ele segurou no meu pulso e me beliscou causando um pouco de dor. Guilherme suprimiu a sua irritação:

- Controle o seu capricho.

Eu era caprichosa?

Ao dar uma risada, eu olhei para ele e acenei:

- Guilherme, você é realmente... incrível!

Percebendo que Nathan estava se aproximando, afastei a mão de Guilherme e caminhei para Nathan. Às
vezes, o diabo é muito melhor do que o anjo.

Nathan olhou para mim, se aproximando com os olhos semicerrados. Erguendo-se os cantos dos lábios:

- Kaira, é a primeira vez que você se aproximou de mim por iniciativa própria!

Ignorando a tristeza nos seus olhos, eu disse:

- Quando posso ir embora?

- A qualquer tempo! - ele encolheu os ombros, ergueu um pouco mais as sobrancelhas e deu uma risada,
- Para onde você queria ir?
Ele apenas disse que eu deveria acompanhá-lo ao banquete, mas não disse mais nada, o que significou
que enquanto eu fosse, poderia sair a qualquer hora.

Pensando nisso, olhei para baixo, a caixa de presente na minha mão e desviar meu olhar para Agatha,
que já havia acabado de falar.

Eu andava em direção de Agatha com a caixa. Quando me viu, ela ainda me deu um sorriso gracioso e
generoso.

- Srta. Kaira, há tantos convidados. Se não a tarte bem, queria me desculpar.

Sorri ligeiramente, com um desprendimento, e disse:

- Presidente Agatha, você me tratou com tanta cortesia. Este é um presente de aniversário que preparei
para você. Parabéns, com juventude eterna.

Ela riu, com os olhos semicerrados. Poderia perceber que ela estava muito feliz esta noite. Ela pegou a
caixa de presente e disse:

- Sra. Kiara, você é muito educada, eu aceitarei os seus parabéns.

Tiago, que havia levado Lúcia para interagir com os convidados, me viu conversando com Agatha, trocou
algumas palavras em segredo com Lúcia e caminhou em minha direção.

Lúcia me deu um olhar um tanto pesado por um momento e se afastou logo.

Tiago era muito alto. Mesmo na meia-idade, ainda estava com um espírito imponente no seu rosto. Ele
olhou para mim, com os olhos negros e amáveis, e disse:
- Você é Kaira Sanches?

Eu balancei a minha cabeça, nem humilde nem arrogante.

- Boa noite, Sr. Tiago!

- Que interessante! - Ele riu de repente e olhou para Agatha, que estava ao lado dele - Essa menina se
parece um pouco com você, não só de aparência, mas também a dureza da alma que era muito similar a
você.

Agatha acenou, com os seus olhos ficando mais gentis, e ela sorriu:

- Quando eu a vi pela primeira vez, me senti assim também. Se eu não tivesse lido os resultados do teste
de DNA, teria pensado que ela era a minha filha.

- Kaira. - Tiago olhou para mim.

- Posso chamar você assim?

Eu balancei a cabeça. Algumas coisas na minha memória estavam aparecendo, mas, talvez porque já
havia muito tempo, apenas se passou uma vaga lembrança. Não conseguia lembrar nada exceto o som,
parecendo familiar.

- Os seus pais...

- Mamãe e papai! - Lúcia interrompeu as palavras de Tiago. Lúcia nos aproximou, de maneira graciosa,
com champanhe na mão e saltos altos nos pés. Olhando para Agatha e Tiago e disse:

- Diretor Vieira disse que tem algumas coisas a falar com vocês e está esperando por vocês no segundo
andar.
Tiago e Agatha ficaram surpresos. Eles olharam para mim e disseram:

- Sra. Kaira, desculpe, temos algo a fazer, pois temos de ir embora. Diga a Lúcia se precisar de alguma
coisa.

Acabando de falar, os dois subiram para o segundo andar.

Fiquei com Lúcia, uma olhando para a outra.

- Sra. Kaira, podemos falar? - disse Lúcia, com os olhos negros, ficando um pouco mais arrogante.

Havia muitas pessoas na mansão circulando, algumas conhecidas e outras não. De fato, não estava com
bom humor, então, na verdade não queria falar nada com ela.

Dando um longo suspiro, eu disse:

- Sra. Lúcia, você pode me deixar em paz? Não temos nada para conversar.

- Aqui é a casa da minha mãe. Sra. Kaira, para onde você queria que eu fosse?

Essas palavras saíram da sua boca, com uma profunda ironia.

Eu não conseguia conter a minha risada.

- Exato. Esqueci-me. Agora você não é Lúcia Castro, mas é Lúcia Baptista.

Com uma pausa, eu sorri.

- Já que é o seu domínio, vou ficar longe, certo?


- Kaira, o que é que você quer para se afastar de Guilherme?

Lúcia bloqueou o meu caminho:

- Guilherme é o homem mais dotado e competente desse mundo, como um presente de Deus. Somente
aquelas que também estão no topo da pirâmide conseguem ser qualificadas a ficar ao lado dele. Kaira,
você sabe muito bem que você não o merece.__

O labirinto de amor

Capítulo 69 Por que não o Mereço?

- Não o mereço?

Não sabendo de onde vinha a sua confiança, eu dei um leve sorriso.

- Eu estou ficando ao lado dele há dois anos. Por que não o mereço agora? É porque você se tornou de
uma órfã desamparada à filha da mulher mais rica, o que lhe prestou a qualificação de merecer o lugar
ao lado daquela única pessoa no topo de pirâmide, então, eu perdi essa qualificação e não o mereço?

- Kaira, ele não está afeiçoado a você. Faz sentido se expor a ficar ao lado dele?

Eu levantei as minhas sobrancelhas.

- Claro que sim! - Eu sorri, - Pelo menos não importa para onde ele for e por quem ele esteja apaixonado
ao morrer, assim que eu seja a esposa dele, ele voltaria para mim, mais cedo ou mais tarde, e as minhas
crianças poderiam lhe chamar de papai em público.

- Kaira! - Ela estava com uma expressão desagradável. - Esse é o casamento que você quer? Posso lhe dar
qualquer um que você quiser. Só tenho um pedido: afaste-se de Guilherme, pode ser?
Ela disse essas palavras de forma humilde. Se fosse normal, eu pensaria que ela amava muito Guilherme,
mas neste momento, eu me sentia muito triste por ela. Ela não estava afeiçoada por Guilherme, mas
apenas se lamentava de não tê-lo conquistado.

Se houver um lamento no coração, ao longo do tempo, se tornaria uma obsessão que não tinha nada a
ver com o amor.

Eu não conseguia parar de rir. Olhei para ela, com os olhos semiabertos.

- Lúcia, estou curiosa. Você está realmente afeiçoada por Guilherme ou apenas se lamenta de não
conseguir conquistá-lo. O amor que você estava falando é apenas isso.

Lúcia era uma pessoa muito orgulhosa. Para não perder a sua imagem, ela tentou manter a calma e
disse, em uma voz baixa:

- Quem lhe conferiu a qualificação para duvidar do nosso amor? Obviamente, você é a terceira.

Eu levantei as minhas sobrancelhas.

- Você já viu uma terceira tão justificável como eu? - Falando disso, eu fiz uma pausa - A propósito,
Guilherme não queria mais fazer sexo com você, não é? Queria saber o porquê?

Aproximei-me ligeiramente dela e a olhei com sarcasmo:

- Porque eu lhe disse que detesto que ele faça sexo com as outras. Se ele fizer de novo, não me tocará.

- Tá dizendo bobagens!

Eu sorri friamente:
- Bobagens? Então, por que ele prefere que eu lhe ajudei a fazer sexo com a minha mão em vez de
procurar por você?

Olhando para a sua expressão inacreditável, me sentia muito melhor. Na verdade, era divertido de
brincar com as meninas que se fingiam inocentes.

- Então, vamos verificar se ele ainda me tem em seu coração?

De repente, Lúcia sorriu horrivelmente e se aproximou de mim com um rosto delicado, mas
inesperadamente ela me segurou e bateu na torre de vinhos com todo o seu corpo.

Num instante, a torre de vinhos que era esplêndida e chique foi derrubada com vidros quebrados por
todo o chão. Muitos convidados pertos dali foram atingidos.

Uns gritaram, uns recuaram e outros estavam surpresos com o que aconteceu.

- Lúcia! - Agatha gritou com preocupação, seguida por um caos.

Uma figura passou por mim rapidamente e pegou Lúcia de imediato no seu braço, sob torre do vinho.

E então, limpou todos os vidros no corpo de Lúcia e colocou-a no sofá. Vieram alguns médicos da família
para examinar Lúcia.

Umas pessoas chamaram a ambulância e outras estavam consolando Agatha.

Lúcia abriu logo os seus olhos, olhou para Guilherme com pena e abriu a boca:

- Guilherme!
- Estou aqui! - disse Guilherme com as sobrancelhas um pouco franzidas. A sua preocupação e irritação
foram já transformadas em calma.

- Sinto dor! - disse Lúcia, segurando na ponta das roupas de Guilherme, com uma mão pequena, pálida e
macia.

Alguém dirigia o carro para fora. Guilherme abraçou Lúcia:

- Se está com dor, descanse um pouco. Não fale nada!

Lúcia se encostou nele e ficou tranquila.

Guilherme abraçou Lúcia e saiu, enquanto me olhou por um momento, com os olhos negros e
profundos, e então, foi embora com Lúcia nos seus braços.

As pessoas envolvidas foram embora e as que ficaram era para se divertirem.

Algumas pessoas olharam para mim, murmuravam e riam.

- Esta Sra. Kaira tinha sempre problemas com Srta. Lúcia. Srta. Lúcia já encontrou a sua família.
Provavelmente foi ela quem empurrou Srta. Lúcia, por inveja.

- Não pode ser. Eu fiz alguns negócios com Sra. Kaira. Ela é uma pessoa vigorosa e decisiva. Ela sempre
fez as coisas de maneira respeitável e não valeria a pena fazer mal a ninguém nesta ocasião.

- Seria um problema entre um homem e as mulheres. Você não viu a expressão de Presidente
Guilherme, tão preocupado com Srta. Lúcia. O marido dela está tão nervoso com a outra mulher. Todo o
mundo está desconfortável com isso.
- Assim mesmo. Agora Srta. Lúcia voltou para a sua família e forçará Sra. Kaira a se divorciar no futuro.

- Coitada!

...

Eu apenas as ouvi, em silêncio.

- Oi! - disse Pietro, que estava observando a diversão. Ele não poderia deixar de se aproximar. Olhou
para mim de maneira cruel e disse, com ironia:

- Kaira, você está obviamente com inveja, certo? Lúcia é bem melhor do que você em termos de beleza,
posição e família. Agora ela é digna de ficar ao lado de Guilherme, mas você...

Ele não disse as palavras seguintes, mas me deu um olhar depreciado, para deixar claro que eu não
merecia a esposa de Guilherme.

Eu levantei os meus olhos e olhei para ele, encolhendo os ombros, com um sorriso:

- Certo. É óbvio, mas em comparação com a sua dissimulação, eu devo ser mais aberta e honesta!

- Você…

Talvez ficando tão irritado com as minhas palavras, Pietro bufou de raiva e foi embora.

Acabando a diversão e os comentários sarcásticos, a multidão se dispersou. Eu carreguei o meu traje e


saí do salão.

Nathan se sentou no balanço do pátio, de maneira despreocupada, olhando para mim, à distância,
parecendo estar sorrindo.

Olhando para ele: - Nunca pensei que você gostaria de assistir ao espetáculo! - fui embora, acabando
essa frase.

As pessoas estavam mudando. Há cinco anos, Nathan teria gostado de torturar as pessoas de maneiras
cruéis, mas agora, se ele me trouxesse aqui apenas para assistir ao espetáculo,

A meu ver, ele gosta de torturar as pessoas de modo a observar como as pessoas perdem gradualmente
as esperanças.

O subúrbio do sul ficava muito longe da cidade e era uma área cheia de ricos. Basicamente, eles
entravam e saíam em carros privados, então, não há táxis lá.

Além disso, se não fosse permitido, os táxis não poderiam entrar. Então, se eu quisesse pegar um táxi,
tinha de andar fora do campo de golfe.

Era realmente uma longa jornada.

Tirei os sapatos e caminhei ao longo da estrada de asfalto, ao lado do campo de golfe. Logo, um carro me
seguia, em baixa velocidade, parecendo me seguir de propósito.

Eu soube quem era, sem pensar. Em vez de parar, andei mais rápido.

Depois de muito tempo, percebendo que o carro ainda me seguia, eu parei e fui sentar na relva do
campo de golfe.

Um minuto depois, alguém se sentou ao meu lado.

Aquela pessoa soltou um longo suspiro e falou com um pouco de uma tristeza inexplicável na sua voz.
- Kaira, você não acredita que pessoas más vão se tornar boas, não é?

Não respondi à pergunta dele:

- O que você quer fazer desta vez ao voltar?

Na minha memória, Nathan sempre era gentil até que ele causou a morte dos pais de Esther, forçou à
morte a avó e afundou a mim e a Esther na água. Tudo isso aconteceu há cinco anos, o que não estava
tão longe e a memória estava bastante clara.

Ele se deitou com a cabeça apoiada nas suas mãos e olhou para o céu escuro.

- Estou tão sozinho, quero viver feliz com você!

Se essas palavras fossem de um membro da família que não tinha contato por muito tempo, eu ficaria
comovida com certeza, mas vindo dele, não ficaria assim. Apenas me sentia fria e
cruel._______________

O labirinto de amor

Capítulo 70 O Amor Enredado até a Morte

- Só vai deixar de me incomodar quando eu morrer, não é?

Eu disse, olhando para o poste de luz cintilante. Alguma tristeza começou a se espalhar no meu coração.

Ele sorriu, de maneira sombria.

- Eu não vou lhe deixar morrer. O futuro é muito longo. Não posso continuar sem você.
Eu não falei mais.

O medo não me ajudaria. Eu sempre tinha de continuar a minha estrada.

- Deixe Guilherme! Vamos viver juntos e felizes, como quando éramos pequenos, com tanta alegria.
Guilherme não é digno de você.

Eu sorri, com uma voz baixa. Que divertido! Outros pensavam que eu não era digna de Guilherme,
enquanto ele pensava que Guilherme não era digno de mim.

- Não podemos voltar. A vovó faleceu e a velha amoreira na frente da porta da nossa casa antiga foi
cortada. Nathan, não venha para mim. Não estrague mais a minha vida. Tá bom?

Eu sabia que essas palavras não funcionariam para ele, mas ainda assim as disse.

Ele olhou para o céu noturno profundo. Os seus olhos se tornaram escuros e molhados. Depois de muito
tempo, ele disse:

- Tentei, mas não consegui.

Isso!

A conversa ficou aborrecida. Eu estava cansada, então, me levantei e olhei para ele:

- Me leve para casa!

Nesse momento, eu entendi que se ele quisesse me prejudicar, não gastaria tanto tempo e esforço para
me levar ali. Ele só gostaria de observar o meu olhar com medo, o que estimularia os seus desejos, como
um monstro. Ele parecia um caçador. Se não tivesse presas a diverti-lo, ele apenas se sentia aborrecido.

Portanto, ele não faria nada comigo, por enquanto!


Ele me entregou para a Villa Fidalga, trancou a porta do carro e olhou para mim, com os olhos escuros:

- Não me deu um beijo de boa noite?

Oi!

Olhando para ele, eu fiquei sem expressão.

- Abra a porta!

Ele ergueu as sobrancelhas, aparecendo o seu espírito maligno, gravado no seu coração. Ele se encostou
na cadeira do carro, olhando para mim, estando numa posição predominante:

- A seu ver, se Guilherme ver que você ficou muito tempo no meu carro, o que é que ele vai pensar?

Ele acenou com a cabeça.

- Claro. Nessa hora, ele deveria ficar na ala de Lúcia, para prestar o seu amor à sua querida mulher e
cuidar dela. Não tem tempo para você!

Ao falar, ele se aproximou. O fumo de tabaco me deixou desconfortável.

- Nathan, me diga, se eu morrer, vou estar livre de você?

Ele ficou irritado:


- Tente!

Era desnecessário tentar. Ainda não havia chegado a hora. Se fosse necessário, não seria uma coisa
miserável morrer com um demônio.

Nesse momento, ficou mais iluminado o pátio. Era a luz do carro. Olhando para lá, era o jipe de
Guilherme.

Verificando o tempo, já era meia-noite. Raramente voltava a essa hora.

O carro de Nathan era fácil de ver. Ele o viu assim que entrou no pátio, mas ele não saiu do carro, apenas
acendendo um cigarro no carro e olhando para Nathan e para mim, com um olhar sombrio.

Nathan era uma pessoa sem vergonha. Ele fingia ser um homem decente em geral, mas gostava mesmo
de provocar disputas. Percebendo que Guilherme não saiu do carro, ele se inclinou para mim com uma
risada:

- A seu ver, se Guilherme ver que nos beijamos, como é que ele vai reagir?

- Tá louco! - Eu disse, me afastando dele, mas o espaço no carro era limitado.

Ele se inclinou um pouco e conseguiu me beijar no canto dos meus lábios. E depois, ele curvou os seus
lábios e olhou para Guilherme, com um sorriso e uma expressão bastante louca.

- Nathan, tá louco?

- Claro que sim!

Nathan acenou e Guilherme já saiu do carro.

Eu franzi minhas sobrancelhas e olhei para Nathan.


- Abra a porta!

Ele ergueu as sobrancelhas e me ignorou, apenas olhando para Guilherme, que saiu do seu carro e
voltou diretamente para a mansão. Ele olhou para mim, com uma risada:

- Kaira, ele não está apaixonado por você, então, ele mesmo não se importa que outro beijou você.

Nathan aprendeu a essência de matar uma pessoa do coração. . Eu sorri:

- E daí, tem algo a ver com você? Deixe-me sair...

De repente, veio um grande barulho, seguido pelo som da janela do carro de Nathan sendo quebrada.

Olhei por cima e fiquei chocada. Guilherme ficou ao lado do carro, com um olhar cruel. Claramente,
nenhum deles era boa pessoa.

Olhando de longe, eram todos cavalheiros bem-vestidos, enquanto olhando mais de perto, todos tinham
uma alma suja e terrível.

Nathan era assim, eu era assim e Guilherme também.

Atrás da sua frieza e nobreza, também havia uma alma sanguinária.

Guilherme carregava na mão um grande martelo deixado pelo jardineiro, que reparou o morro artificial
há alguns dias. Com uma martelada, o ótimo vidro da janela do carro seria quebrado.

Nathan entrefechou os olhos e olhou para o vidro ao lado dele, com calma. E então, abriu a porta do
carro, enquanto olhava para Guilherme.

Ao abrir a porta, saí do carro, sem palavras. Apenas olhei para esses dois homens que se confrontaram.

Nathan estreitou os olhos. Embora estivesse sentado, não diminuiria o seu ânimo.

- Compare?

Os homens resolviam os problemas com os punhos, o que começou pelos ancestrais, lutando com
punhos e pés. Ficariam confortáveis no coração, depois da luta.

Os olhos escuros de Guilherme ficaram mais profundos e ele disse, com os seus lábios finos.

- Claro!

O barulho foi tão grande. Joana, que morava no pátio externo, foi despertada. Ela ligou todas as luzes do
pátio e saiu correndo.

Vendo que Guilherme e eu estávamos lá com um estranho, ela ficou chocada por um instante e disse,
com preocupação:

- Sr. Guilherme, quer chamar a polícia?

Guilherme tirou o seu terno preto feito sob medida, com os seus olhos negros e frios:

- Não é necessário. Pegue uma cadeira da mansão para Kaira. Deixe-a sentar e observar bem!

Eu fiquei sem palavras.

Joana acenou e entrou depressa.


Torci as minhas sobrancelhas, me sentindo mesmo desconfortável, e olhei para Guilherme:

- Não vou ver isso. Não é bom para o bebê. Tenha cuidado. Não se prejudique. Espero você na casa.

Talvez as minhas palavras soaram bem. O rosto de Guilherme melhorou um pouco e os cantos da sua
boca se ergueram. Ele olhou para mim e disse:

- Tá bom. Volte e me espere!

- Merda!

Nathan não era uma boa pessoa. Nesse momento, não sabia por que ele ficou tão furioso, que bateu o
seu punho contra Guilherme.

Os dois homens lutaram sem aviso.

Não fiquei muito tempo e bloqueei o som atrás de mim.

Voltando para a sala de estar, ao me ver, Joana me perguntou, com uma expressão nervosa:

- O que é que aconteceu?

- Tudo corre bem! - Eu balancei a minha cabeça. Não comi nada no banquete, então, nessa hora, eu
fiquei com fome. Olhei para Joana e disse:

- Ainda há algo para comer em casa?

- Claro que há...


Falando, ela correu para a cozinha e, então, me trouxe um ovo cozido e uma panela de frango.

Fiquei um pouco surpresa e olhei para ela:

- Joana, é meia-noite agora. Como os pratos estão...

Ainda estavam quentes nessa hora. Era incrível.

Ela sorriu e disse:

- Foi o Sr. Guilherme que me ligou, dizendo que você não comeu nada no banquete, e ficaria com fome
quando voltasse!

Fiquei espantada e não soube como era o sentimento no meu coração nesse momento.

Ele estava se preocupando com o bebê ou comigo?

Vieram os barulhos de luta lá fora. Joana me serviu uma tigela de mingau e ficou preocupada:

- É melhor chamar a polícia!

Eu balancei a minha cabeça e mastiguei, devagar.

- Não é preciso!

Os dois têm forças equilibradas, mas não morreriam.

Depois de cerca de meia hora, ficou tranquilo lá fora, seguindo-se um som de carro e Guilherme entrou,
em alguns minutos.
Acabei a minha comida. Me sentia satisfeita. Percebendo que a minha barriga ficou maior, pensei que
seria melhor ir ao hospital de manhã, porque era a hora do exame pré-natal._______

O labirinto de amor

Capítulo 71 Guilherme e Nathan

- Nossa, por que está magoado assim? - Joana estava prestando atenção no que acontecia do lado de
fora enquanto limpava a cozinha. Ela correu para ver Guilherme assim que ele voltou.

Me sentei no sofá e olhei para Guilherme, vi seu lindo rosto machucado, ainda com um pouco de sangue
no canto da boca. Mesmo assim, ele ainda mantinha sua postura e sua energia.

Joana procurava um kit de primeiros socorros para ele. Parei de olhar para ele e, então, olhei para Joana,
de relance, e disse:

- Está tarde, vou descansar.

Joana imaginou que não era uma boa hora para outros comentários.

Subi direto para evitar o olhar profundo e assustador de Guilherme.

Às vezes, se eu tomasse iniciativa de perguntar sobre algo, iria me tornar mais humilhada. Eu tinha algo a
esconder, e ele também tem muitos segredos que nunca foram revelados a mim.

Guilherme fumava na varanda quando saí do banheiro. Com seu corpo alto, magro, frio e solitário.

Vislumbrei sua silhueta, desviei o olhar e me sentei à penteadeira para minha rotina de skin care.
Eu não sabia quantos cigarros ele fumou na varanda mas, ao sair, me olhou com indiferença e foi direto
para o banheiro.

Depois de secar o meu cabelo, me deitei na cama para dormir.

Nesta mesma cama com a qual se divide diversos sonhos.

A noite de verão na Cidade de Rio era quieta até demais, mas os insetos, peixes, pássaros e os animais no
quintal se divertiam juntos, enquanto o luar iluminava o quarto através da janela.

Me senti desconfortável, tentei me arrumar na cama, mas fui segurada por duas mãos grandes.

Quando acordei, percebi que Guilherme queria transar comigo.

Lancei um olhar de desgosto, disse:

- Se não me excito com você acordada, imagine dormindo!

Ele ficou tenso, com a raiva visível em seu olhar, mesmo no escuro:

- Está tirando desforra de mim?

Ainda sonolenta, fechei os olhos e disse:

- Não mesmo!

- Haha! - Ele disse, de forma áspera:


- Então é má vontade.

De fato, pensei comigo mesma, há um péssimo homem por baixo de suas boas roupas.

Mordi meus lábios para suportar aquilo em silêncio.

- Não quer fazer nada mesmo? - Ele reclamou ao perceber minha indiferença:

- Isso é uma desculpa para me rejeitar?

Deixei que ele fizesse o que bem quisesse e não disse nada.

Ele parou depois de um bom tempo e acendeu a luz sob a mesa de cabeceira, se preparou para me
carregar para o banheiro como de costume.

Mas, quando me viu, seu olhar ficou distante e sua mão, que segurava na minha barriga, me apertou
mais forte.

Ele me disse, com uma voz magoada:

- Por que você não gritou?

Apesar de não dizer nada, eu estava tonta e sentia dores fortes na barriga, o que, junto de todo aquele
sangue, me dizia que o bebê poderia ter morrido.

Como dizer isso? Eu sentia um pouco de dor, mas era no coração.

Dói como se algo estivesse preso dentro de mim e eu não pudesse respirar.
Bam! Guilherme, ao sair da cama, tropeçou e bateu no sofá.

Eu observei tudo sem dizer nada.

Ele demorou muito para que, com seus dedos trêmulos, conseguisse desbloquear o celular e fazer a
ligação.

Atenderam logo em seguida, Guilherme disse, apreensivo:

- Ela está sangrando, preciso de uma ambulância.

Ao desligar, tropeçou ao sair do banheiro com uma toalha na mão.

Ao se aproximar da cama, tentou limpar o sangue com a toalha, mas não era o suficiente. O sangue
continuava jorrando.

Eu olhei para ele com um olhar calmo e distante.

Eu vi que ele estava em pânico, impotente, mas não senti pena. Era como se ele merecesse isso.

Ele não olhou para mim. Quando percebeu que não conseguiria parar o sangramento, ele pegou roupas
limpas no armário para mim e me pegou da cama. Consegui perceber que suas mãos tremiam
violentamente.

O som de sirenes veio do quintal. Eu acho que a ambulância chegou.

De certo, um grupo de pessoas entrou na casa com uma maca alguns instantes depois. Guilherme me
olhou preocupado enquanto me colocava na maca.
Fechei os olhos pois não queria olhar para ele novamente.

Eu estava acordada o tempo todo, desde a casa até a sala de cirurgia.

O processo não foi muito longo ou difícil.

O abismo entre Guilherme e eu aumentava cada vez mais, não tinha como consertar isso. Não importava
se seria possível salvar a criança ou não.

- Feche os olhos e descanse se você estiver com sono, vamos fazer o nosso melhor para manter o bebê,
não se preocupe! - Disse o médico, na frente da mesa de cirurgia.

Eu agradeci com um gesto e fechei os olhos.

Eu ainda estava acordada cerca de duas horas depois e Guilherme estava esperando do lado de fora
quando me retiraram da sala de cirurgia.

Ele ficou pálido quando me viu, perguntou:

- Ela está bem?

O médico o tranquilizou:

- Conseguimos, mãe e filho estão bem. Sr. Guilherme, ainda é necessário atenção. A Sra. Aguiar teve
síndrome do ovário policístico, então as chances são muito baixas. Seria melhor ter cuidado.

Guilherme concordou. Ele pareceu ter envelhecido muito em poucas horas.

Me levaram para a enfermaria. Eu estava um pouco cansada e não demorei muito para cair no sono.
No dia seguinte.

Um barulho me acordou. Eu abri meus olhos e vi a enfermeira mudando a medicação. Eu esfreguei


minha testa e perguntei:

- Que barulho foi esse?

A enfermeira disse após mudar a minha medicação:

- É o Sr. Guilherme e a Srta. Lúcia. Ela quis vir para vê-la e o Sr. Guilherme não deixou, então ela está
chorando lá fora!

Chorando?

Eu não disse nada. Eu não acreditava que ela estivesse triste por mim.

Vendo que a enfermeira estava pronta para sair, eu disse:

- Poderia pedir para eles entrarem, assim que você sair?

A enfermeira concordou, guardou os medicamentos e saiu.

Não demorou muito para Guilherme e Lúcia entrarem. Lúcia tinha uma gaze enrolada em sua testa,
talvez por ter se machucado na última noite.

Seus belos olhos estavam vermelhos, parecia bem triste.

Ela entrou com Guilherme na ala, me olhou e disse, com certa hipocrisia:
- Kaira, você está bem?

Eu sorri:

- Para sua infelicidade, não estou morta ainda.

- Kaira, por que você me provoca assim? - Guilherme não parecia estar bem, estava um pouco triste.

Eu sorri de leve, mas sem muita emoção:

- Como eu ouso por quase ser morta pelo majestoso Presidente Guilherme, que medo.

Guilherme ficou em silêncio.

Guilherme parecia sentir que o clima não estava bom e não quis falar mais nada, puxou Lúcia para fora
do hospital._______

O labirinto de amor

Capítulo 72 A Disputa com Guilherme

Eu estava um pouco para baixo, deitada na minha cama de hospital, um pouco frustrada. Quando se
chega a um certo ponto, perde-se toda a esperança na vida.

Várias coisas aconteceram nos próximos dias, manchetes postadas por Enzo, Lúcia sendo reconhecida
por seus antepassados, o empreendimento de Nathan na Cidade de Rio. Muitas coisas aconteceram, mas
não prestei atenção em nenhuma delas.

Depois de uma semana deitada e tranquila no hospital, o bebê já tinha três meses e minha barriga
parecia mostrar alguns sinais de gravidez.
A minha barriga estava começando a ficar mais arredondada, às vezes eu ficava tocando a barriga e
olhando para o teto.

Guilherme veio para o hospital todos os dias para conversar comigo, mas acabávamos discutindo.

Depois que isso aconteceu algumas vezes, ele parou de vir para o hospital. Ele era rico e os enfermeiros e
cuidadores tomavam conta de mim.

Quando ele não vinha, eu não perguntava o porquê. Joana fez uma sopa diferente a cada dia.

Eu não sei se há algo de errado com meu coração, mas quando eu estou sozinha, não quero este bebê.

Caso eu não tivesse a criança, poderia deixar Guilherme e viver a vida que eu quisesse.

Quanto mais eu penso sobre isso, mais eu tinha o desejo de abortar o bebê.

Eu sei que é errado, mas eu sempre acabava pensando nisso.

Durante o fim de semana, os lupinos floresceram no centro da Cidade de Rio, forrando as ruas de azul,
trazendo vida à cidade sem graça.

Hoje, eu saí do hospital. Guilherme dirigia muito devagar, como se quisesse companhia para desfrutar da
paisagem ao longo do caminho.

Meu olhar ficava cada vez mais distante ao olhar para a paisagem passando pela janela.

- Guilherme, eu fiquei perdida por muito tempo! - Era como se eu não fosse eu mesma desde que
conheci Guilherme.
Egoísta, paranóica e fria. Como é que eu fiquei assim?

Ele ficou irritado, seu belo rosto deixava isso claro:

- Sua barriga está grande, deixe o caso da Galáxia para lá e vamos aproveitar o tempo para dar uma
volta!

Eu sei que ele quer me levar para me relaxar, mas não quero ir para lugar algum agora.

Eu recusei, enquanto olhava e tocava minha barriga:

- A auditoria do Grupo Nexia deve acabar em breve. Ainda vai demorar para que eu tenha a criança, é
melhor terminar o caso da Galáxia!

Ele ficou em silêncio por um momento e respondeu acenando:

- Tudo bem, se você tiver quaisquer problemas, você pode me pedir ajuda.

Eu não respondi. Olhava para os casais abraçados pela estrada, me lembrava dos últimos vinte anos,
parecia nunca ter tido um bom relacionamento com alguém.

Eu ainda não tinha experimentado a doçura do amor, nem aprendi a amar alguém ou como desfrutar do
amor de uma pessoa.

Um quarto da minha vida se passou e eu estive sempre confusa.

Ri de mim mesma ao pensar nisso, será que esta vida estava destinada a ser somente amarga?
- Do que você está rindo? - Guilherme perguntou, de repente, ao perceber o que eu fazia.

Eu balancei minha cabeça e disse, com calma:

- É que me lembrei de algo engraçado.

- Do que se lembrou? - Ele queria saber, mas eu não queria falar.

O silêncio tomou conta do carro.

Em seguida, chegamos à mansão. Joana me cumprimentou quando saí do carro, disse:

- Você está melhor? Fiz um mingau para você, se estiver com fome.

Eu sorri de leve e disse:

- Joana, você acabou de levar canja de galinha esta manhã, eu ainda não estou com fome.

Ela riu e me garantiu:

- Ótimo, então coma quando você estiver com fome mais tarde. O Sr. Guilherme montou um balanço no
pátio, além de colocar um monte de flores, quer dar uma olhada?

Percebi que ela queria me relaxar e me divertir. Eu a puxei e ri:

- Joana, eu estou bem, agora preciso voltar para o quarto para descansar, não faça mais nada e
descanse.
Já no quarto, eu retirei todas as roupas do armário, jogando-as na cama, dobrei e as coloquei na mala.

Quando Guilherme subiu com as minhas coisas e me viu, perguntou com frieza:

- Por que está fazendo isso?

Eu disse, ao dobrar as roupas:

- Eu vou ficar no Apartamento Prudente por enquanto.

Ele me segurou, percebi que ele estava irritado:

- Kaira, o que você quer?

Eu estava de coração partido, antes eu teria perguntado o que ele queria dizer com isso. Eu não fiz nada,
então por que fui eu quem acabou machucada?

Mas agora, eu disse com tranquilidade:

- Guilherme, eu não quero nada! Só não quero mesmo que isso aconteça novamente!

Em seguida, empurrei a mão dele e continuei guardando minhas roupas, disse:

- Guilherme, não podemos deixar que esses erros continuem acontecendo, nós sabemos que discutir não
vai resolver o problema. Eu sei que não me ama, então vou começar a seguir em frente.

- Como assim, seguir em frente? - Ele se exaltou:


- Kaira, o que quer dizer com isso? Vai me abandonar?

Eu não sabia o motivo da agitação dele, suspirei e disse:

- Não fique pensando demais nisso, vou dar à luz a essa criança em paz e cuidar dele, não vou atrapalhar
o seu caso com Lúcia.

- Kaira! - Ele me segurou de novo, ele exalava sua frieza e hostilidade:

- Quantas vezes vai querer que eu diga que não há nada entre eu e Lúcia? Já que está com tanta pressa
de ir, já pensou como vai se garantir?

Irritada, não queria mesmo discutir com ele:

- Guilherme, acha mesmo que não tem culpa nisso?

Ele ficou surpreso:

- Você quer que eu admita minha culpa?

Eu não soube o que responder, ele não me deixou pegar minhas roupas, então saí do quarto sem levar
nada.

Ele veio me cercando por trás e bateu a porta do quarto, parecia muito irritado quando disse:

- Não vou impedir você de viver lá, mas só depois que tiver o bebê. Antes disso, vai ter que viver aqui.

- Haha! Eu queria rir em voz alta:

- Guilherme, acha que se importa com a vida do bebê, ou com sua própria reputação? Se você se
importa com o bebê, por que quase me fez perdê-lo duas vezes? Você é muito ridículo!

Eu ri ainda mais ao olhar para seu rosto preocupado:

- Porque você me mantém aqui? Você quer que viva nesta casa todos os dias e que eu encare quase
morrer por suas mãos todos os dias?

Talvez minhas palavras tenham atingido ele, veio em minha direção e disse, amargurado:

- Então, para você, eu sou mau assim?

Eu ri:

- E não é?

Guilherme fez uma cara de mau:

- Kaira, então é isso o que você chama de amor.

Eu não respondi, o meu amor não importava mais. Olhei para ele, agora um pouco mais calma:

- Meu amor, eu vou me recuperar aos poucos e não vou te atrapalhar, não se preocupe.

- Haha! - Guilherme bateu a porta e saiu logo em seguida.

O labirinto de amor

Capítulo 73 O Fim da História


Eu estava calma, organizando minhas roupas, pensando nas vezes que quase morri, quando Joana correu
e me puxou, dizendo:

- Kaira, você não pode ir embora! O Sr. Guilherme se irrita às vezes, mas ele é uma boa pessoa. Vocês
são jovens, não podem decidir nada sem pensar direito, vão acabar se arrependendo.

Me senti desamparada com Joana bloqueando meu caminho:

- Joana, não quero ir para longe, só não quero mais viver aqui.

Ela sacudia a cabeça e me puxava, estava sendo teimosa, chorou muito quando percebeu que não
conseguiria me convencer.

Com minhas mãos na testa, me senti indefesa.

Passei metade do dia tentando dormir, acabei ficando por aqui mesmo, mas não na suíte master. Fui
para o quarto com vista para o jardim, no andar de cima.

Tinha gravidez de três meses e minha barriga estava começando a ficar mais aparente. Eu não poderia
sair correndo por aí com essa barriga, então eu só caminhava da mansão para o escritório todos os dias.

Pelo menos não tinha nada demais acontecendo na Galáxia, só o que eu tinha que fazer era ir para o
escritório todos os dias, ler os relatórios de mercado e verificar os dados.

Fiquei sabendo que Guilherme havia saído numa viagem de negócios, mas não liguei para isso. Isso não
importava para mim pois vivíamos juntos nessa casa, sem estarmos juntos.

Na noite de sexta, Esther me ligou e me chamou para ir às compras com ela. O bebê estava quase
chegando, então precisaria de algumas coisas para ele.

Eu aceitei. Liz agarrou uma pilha de papéis e os colocou sobre a minha mesa, dizendo:
- Diretora, a auditoria do Grupo Nexia já está quase pronta, vai terminar em alguns dias. Aqui estão os
resultados da Auditoriatal, dê uma olhada. Vou pegar os resultados da AC amanhã.

Agradeci ao olhar aquela pilha de documentos. Pensando nisso, lembrei que havia pedido algo para ela,
disse:

- Vou olhar as informações de marketing da Galáxia, parece que a aceitação do produto foi boa, há
alguma novidade da Honra?

Ela respondeu:

- A Honra lançou um produto ao mesmo tempo que a Galáxia, é uma IA para educação que está sendo
oferecida em escolas, já que tem alunos como o público alvo. O produto é ótimo, mas o preço ainda é
alto, então não foi aceito por muitas pessoas.

Eu acenei:

- Bem, fique de olho nisso e, se for necessário, marque uma reunião com o presidente da Honra.

A Honra sempre focou em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, ainda não tinha muita experiência
com marketing e gestão. Se o Grupo Nexia pudesse comprar a Honra como uma unidade de tecnologia,
isso seria um avanço para os desenvolvimentos tecnológicos futuros do Grupo Nexia.

Liz respondeu:

- Bem, eu vi, esses dias, que o gerente de marketing da Honra parecia bem próximo de uma empresa de
tecnologia na Cidade A.

- Ótimo! - A empresa de tecnologia queria expandir e estava na tentativa de encontrar um financiador,


está tudo bem. Eu olhei para Liz, dizendo:

- Você está namorando?

Ela riu e disse, meio sem jeito: - Sim, quase pronta para casar! - Mesmo sem querer, ela tocou a aliança
em seu dedo enquanto falava.

Eu sorri:

- Ele é alguém em nossa empresa? Não vai me convidar para conhecer ele em um jantar?

Doce e amada, repleta de amor, ela disse, sorrindo:

- Estou meio sem tempo agora, temos muito para fazer, então é melhor esperar isso passar. Directora, se
não se importa, gostaríamos de pedir que fosse nossa testemunha!

- Então já estão quase se casando? - Eu estava um pouco surpresa. Pelo o que tinha percebido, parecia
que ela estava namorando há um ou dois meses.

Ela afirmou e disse, com o rosto avermelhado:

- Nós éramos colegas de classe, já nos conhecíamos há algum tempo, mas não queríamos um
relacionamento. Agora, nossas famílias estão esperando que saia esse casamento.

Eu sorri, e o assunto acabou. Então, Vinícius ligou e Liz deixou os papéis antes de sair.

Ao atender o telefone, eu disse:

- Olá, Dr. Vinícius.


- Kaira, pode falar agora? - Parecia que ele tinha algo para me contar.

Sem saber o que responder, eu disse:

- Vou sair com a Esther hoje à noite, o que foi?

Vinícius disse, após um instante:

- Nada, Guilherme me ligou e pediu para checar você.

Incomodada, respondi:

- Estou bem, não se preocupe!

- Vocês andaram brigando?

- Não!

Não houve nenhuma briga entre Guilherme e eu, nem mesmo uma discussão. Nunca houve afecto entre
nós, então não há por que brigar.

Em seguida, ele disse:

- Que bom, deixei um medicamento em uma caixa no meu escritório, para prevenir o aborto. Pegue na
próxima vez que vier.

- Ok, obrigada!
- Não há de quê!

Me despedi e desliguei o telefone. Quando olhei as horas, já era hora de sair do trabalho.

Esther e eu tínhamos um compromisso no shopping. Então, depois de limpar a mesa, fui direto para o
estacionamento. Eu quase nunca estacionava no subsolo depois do que aconteceu da última vez.

Naquela hora, todos os carros estavam no subsolo, protegidos do vento e do sol, mas estava sempre
escuro. No estacionamento lá fora, o carro ficava exposto ao ambiente, mas era mais seguro.

Após entrar no carro, ia em direção à saída do estacionamento quando me deparei com uma pessoa
familiar. Ao lado do automóvel desportivo vermelho do Pietro, estava um homem de meia idade, um
pouco gordo, sentado em um Cayenne preto. Era como se eu conhecesse ele.

Me lembro bem do homem nessa idade que me sequestrou daquela vez. Não lembro do rosto, mas
lembro bem do corpo. Decidi parar o carro perto desse homem dentro do Cayenne para observá-lo
melhor.

Mas, em um instante, ele foi embora.

Não tinha como eu perceber claramente as feições daquele homem naquele dia, eram vários homens
gordinhos e de idade parecida. Imagino que seja difícil encontrá-lo entre tantas pessoas.

Hesitei por um momento, mas dirigi até o shopping onde combinei de me encontrar com Esther.

Quando cheguei, Esther já me esperava há algum tempo. Ela ficou irritada quando me viu:

- Kaira, você está meia hora atrasada.

Entreguei a ela o café que eu segurava, disse:


- Não foi minha intenção, fiquei presa no trânsito, então trouxe o café como desculpas.

Ela pegou o café e disse, sendo durona:

- Como foi sincera, vou deixar para lá.

Esse shopping enorme ficava no centro da Cidade de Rio. Havia tempo que Esther não saía assim, então
ela estava bem animada. Bem como ela disse, não havia tomado café da manhã só para guardar espaço
para o rodízio de frutos do mar.

Rindo baixinho, minha mente vagava de volta aos tempos da faculdade, quando eu não tinha muito
dinheiro e precisava poupar por muito tempo para comer algo assim.

Os anos deixam suas marcas e memórias.

Pensando sobre isso com cuidado, aqueles dias foram os dias mais felizes, sem dinheiro, mas sem
ninguém no meu coração, sendo livre.

Após o jantar, Esther me levou para uma loja de artigos infantis e, depois de uma rápida olhada, ela
pegou algumas coisas para o enxoval.

Eu acabei rindo quando vi o que ela escolheu:

- Tudo rosa? E se for um menino?_____

O labirinto de amor

Capítulo 74 A Teimosia de Guilherme


Ela pegou o berço e me disse:

- Não tem problema, ele pode usar essas coisas até uns três anos e, se não gostar, a gente volta e
compra outros.

O que ela disse é verdade.

Quando me dei conta, ela havia comprado coisas de um carrinho cheio. Eu logo ficaria gorda na gravidez,
toda inchada. Ela comprou até mesmo alguns produtos de skin care, dentre outras coisas.

Eu ri enquanto levávamos as coisas para o carro:

- Esther, você é uma madrinha melhor do que eu... A própria mãe.

Ela sorriu mas, em seguida, me abraçou enquanto os olhos ficou lacrimejantes:

- Kaira, largue o Guilherme! Eu também posso cuidar de você.

Eu não entendi o porquê dela dizer isso tão súbitamente. Eu não sabia como responder, toquei no
ombro dela e disse:

- Como consegue ser tão dramática? Vou largar o Guilherme mais cedo ou mais tarde, Esther. Mas quero
que isso fique bem claro.

Ela assentiu, disse em uma voz rouca de choro:

- Está tudo bem, vou te esperar. Eu encontrei um bom lugar para morar na Cidade de Nuvem, o preço
não é muito alto. Eu calculei o nosso dinheiro. Podemos comprar uma pequena casa, moraremos nós
duas e o bebê.
Parece que essa menina mudou bastante. Não sei quando essa mudança aconteceu, mas ela sempre
pareceu esconder uma tristeza.

Suspirei e sorri ligeiramente:

- Bem, não é tão ruim assim, ainda temos um longo caminho pela frente!

Estava ficando tarde, então voltamos para o Apartamento Prudente. Deixamos todo o enxoval lá por
conveniência.

Eu estava planejando ficar no Apartamento Prudente, mas, pouco depois de chegarmos, o telefone
tocou.

- Kaira, seu celular! - Esther ouviu o telefone tocar, enquanto montava o berço, e me chamou.

Eu estava lavando umas frutas que compramos no caminho, sequei as mãos e peguei o celular. Vi que
era Guilherme.

Vi as horas, fiquei preocupada. Eram quase nove horas.

- Olá, Presidente Guilherme! - Imaginei que deveria ser educada com ele, já que me chamou dessa
forma. Pelo visto, devia ser algum assunto do trabalho, algo oficial.

Parecia que um vento soprava o telefone dele, ele demorou um pouco, mas disse:

- Onde você está?


- Estou no Apartamento Prudente! - Olhei para Esther, ela estava montando uma tela no berço, como se
fosse para uma fada.

- Ótimo! - Pensei que ele estava ligando para algo importante, não esperava que ele fosse ligar e desligar
dessa forma.

Assim que ele desligou, fui admirar o berço. Quanto mais eu olhava, mais bonito ele ficava.

- Está tudo pronto, só falta o bebê. - Esther adorava mexer com essas coisas. Depois que tudo estava
pronto, ela me olhou, toda orgulhosa, e disse:

- Como estou me saindo como madrinha?

Entreguei uma fruta a ela enquanto sorria:

- Incrível, de verdade.

Quando ela viu que estava ficando tarde, Esther me disse:

- Veja se tem mais alguma coisa a fazer enquanto eu tomo banho.

Concordei e fui me sentar na sala para usar o celular.

A campainha tocou no andar de baixo. Imaginei que fosse uma comida que Esther havia pedido, então
fui até o banheiro perguntar para ela:

- Esther, você pediu comida?


Ela disse, lá de dentro:

- Não, não pedi!

Antes que eu pudesse continuar, havia um homem de pé em frente à porta. Eu gelei, o que Guilherme
estava fazendo aqui?

- Você... - O resto da pergunta ficou engasgada em minha garganta.

- Não vai me deixar entrar e me sentar? - Ele disse com a cara mais deslavada e fria que tinha.

Eu recusei: - Não seria conveniente. - Esther geralmente gosta de sair do banho enrolada em uma toalha.
De verdade, não seria conveniente.

- Kaira, quem é? - Esther disse, de dentro do banheiro.

Desviei o olhar do Guilherme e disse, olhando para o banheiro:

- Alguém da vizinhança!

- Da vizinhança? - Guilherme ficou desconfiado, eu não sabia dizer o que ele pensava.

Dei um sorriso, disse de forma desinteressada: - O que está fazendo aqui? - Já eram quase dez horas, não
deveria ir para casa?

Ele era tão alto que bloqueava a luz do corredor. Aquele corpo em frente à porta parecia ter sido tirado
de dentro da escuridão.
- Vim te buscar! - Disse ele, enquanto tirava as mãos do bolso, segurando a chave do carro.

Ao ouvir algum ruído de dentro do banheiro, tentei empurrar Guilherme dali e gritei para trás:

- Esther, estou saindo!

Fechei a porta do quarto e, em seguida, arrastei Guilherme pelas escadas pois eu sabia que não era hora
de discutir.

Eu disse, meio suave:

- Eu pretendo ficar aqui por um tempo. Não se preocupe com a criança, vou tomar conta dele, ou dela.

- Volte a morar na mansão! - Com certa frieza, completou:

- É bom ter Joana por perto.

Eu fiz uma careta:

- Guilherme, eu...

- Tudo bem, se preferir ficar aqui, eu e Joana vamos vir para morar com você aqui. Ele parecia estar
falando sério quando disse isso.

Eu disse, antes mesmo que eu pudesse ter o fôlego para tal:

- Esse lugar é pequeno demais para acomodar vocês!

- Então venha comigo!


Eu...

A escadaria era tão espaçosa que, mesmo falando baixo, era possível ouvir ecos da conversa.

Cheguei mais perto dele para dizer:

- Vou ficar aqui hoje à noite e volto amanhã!

Ele concordou:

- Tudo bem, eu vou ficar aqui com você hoje à noite.

Que merda!

Pelo visto, se eu não voltar, ele vai acabar ficando aqui.

Eu desisti. Eu disse, logo que saímos das escadas:

- Vamos lá.

Mandei uma mensagem para Esther assim que fui para o andar de baixo. Como não estava com as
chaves do carro, fui no carro do Guilherme.

A preocupação de Guilherme melhorou um pouco quando ele me viu no banco do passageiro. Ele
colocou meu cinto de segurança e foi para o banco do motorista.

Na Villa Fidalga.
Joana, que esperava na porta, deixou a ansiedade de lado quando me viu chegando com Guilherme,
exclamou:

- Já está tão tarde, onde você estava?

- Atrasei um pouco! - Vi o jantar ainda na mesa da cozinha quando entrei na sala.

Acabei olhando para Joana e perguntei:

- Você já jantou?

Joana concordou:

- Comi um pouco, mas o Sr. Guilherme foi atrás de você assim que ele chegou à noite, então ele ainda
não comeu nada.

Guilherme estacionou seu carro e entrou. Pendurou o paletó no cabide. Agora, nessa claridade, foi
possível perceber as olheiras ao redor de seus olhos, ele parecia estar bem cansado.

Há muito o que fazer no Grupo Nexia, ou ele está ou em uma viagem de negócios ou em uma reunião.
Ele costuma acordar às 6 da manhã e já começa a trabalhar.

- Joana, desculpe por te incomodar, mas vou pedir que esquente o jantar, já deve estar frio. - Após dizer
isso, eu fui até o Guilherme e disse:

- É melhor comer algo primeiro, não faz bem ficar tanto tempo sem comer nada.

Percebi que estava tenso quando levou suas mãos à testa e me olhou, com aquele olhar cansado:

- Ótimo.
Joana já havia começado a esquentar a comida, então não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Fui
para o meu quarto para tomar um banho. Assim que saí do banho, vi Guilherme.

Minha expressão mostrou logo o que eu havia decidido:

- Durante esse tempo, vamos dormir separados!

- Eu não vou fazer nada! - Ele disse, enquanto tirava a camisa e levava o roupão para o banheiro.
O labirinto de amor

Capítulo 75 Você Seca Meu Cabelo

No armário, eu originalmente só tinha minhas roupas usuais, e em algum ponto, as de Guilherme foram
movidas.

Apenas não há motivo para insistir nisso, é apenas uma discussão.

Depois de secar meu cabelo, subi na cama.

Meia hora depois Guilherme terminou seu banho e saiu com o vapor frio, enxugou a si mesmo de forma
apressada com uma toalha de banho e levantou as cobertas para se deitar.

Eu não gostei da sensação molhada e me movi para o lado, enrolada no cobertor, e fui puxada por
Guilherme para dentro dos braços dele com o cobertor:

- Não me evite sempre, a vida é longa, devemos ser tão frios assim um com o outro?

Havia menos da frieza usual em seu tom e um pouco mais de desamparo.

- Não estou evitando você, você está molhado! - falei, um pouco sonolenta.

Guilherme se afastou de mim e pegou a toalha que ele tinha acabado de colocar de lado de forma casual
e me entregou:

- Você seque.
- Já está seco! - Eu rolei, puxando os cobertores para me preparar para dormir.

Ele se deitou mais uma vez, os braços dele ao redor da minha cintura:

- Você vai me secar no futuro!

Eu não disse nada, algo duro por dentro:

- Guilherme, você se sente culpado por mim, não é? - é por isso que você queria estar perto de mim e
me compensar!

Havia certo silêncio disperso pelo ar, meus olhos fechados, meu coração desconfortável de forma
indescritível. As pessoas podem continuar umas com as outras só por culpa?

- Não mais! - a voz baixa dele chegou aos meus ouvidos enquanto ele depositava um beijo no meu
ombro:

- Eu vou te tratar bem!

Estou sem palavras, sem saber o que dizer.

Pouco a pouco o tempo passou, sendo amparada nos braços dele, mas não consegui cair no sono. A
respiração dele nos meus ouvidos, ouvindo o ritmo, parecia que ele estava dormindo.

Eu rolei e levantei minha mão para remover a mão dele do meu abdômen, não esperava que ela fosse
ser pressionada de volta, eu franzi a testa:

- Guilherme, não consigo dormir com sua mão desse jeito.


- Hmm! - ele repondeu.

Eu...

Eu não pude evitar abrir meus olhos e olhar para o homem próximo quando ele pressionou minha mão e
disse em uma voz muito baixa:

- Guilherme, não consigo dormir com sua mão desse jeito.

- Acostume-se e você irá cair no sono. - ele falou, seus olhos escuros se abrindo com certa fadiga. -
Comporte-se bem, você vai estar dormindo em um minuto.

Deus sabe o quão torturante isso é.

Fechando um pouco meus olhos, não levou muito tempo até que eu não conseguisse vencer a
sonolência.

Eu dormi um pouco cansada essa noite e fui acordada cedo por Guilherme, abrindo meus olhos em
confusão para vê-lo respirando um pouco pesado.

Como em uma reflexão tardia, eu percebi que ele estava segurando minha mão e...

Minha mente retornou de modo instantâneo:

- Guilherme, você...

Depois de um longo tempo, ele me pegou e foi para o banheiro, me colocou na pia, me abraçou por trás,
tomou minha mão enquanto a lavava e disse em uma voz um tanto baixa e sombria:

- Tire um cochilo mais tarde.

Eu concordo com a cabeça, são apenas seis da manhã e eu normalmente não estaria acordada a esse
ponto. Depois de lavar, Guilherme me coloca de volta na cama.

Então ele deixou um beijo superficial na minha testa:

- Durma um pouco mais! - com isso, ele se trocou e deixou o quarto.

Não demorou muito antes do som de um carro sendo ligado no andar de baixo.

Eu não havia dormido o suficiente, e não muito tempo depois que Guilherme saiu, eu caí no sono de
novo.

Eram nove horas quando acordei novamente, e assim que abri meus olhos, veio a chamada de
Guilherme.

Eu me deito na cama e atendo o telefone:

- Olá!

- Acordada? - o homem no outro lado da linha parecia estar de bom humor.

- Sim!

- Levante e tome café da manhã, irei te encontrar no escritório.


Eu congelei e disse por instinto:

- Vou apenas comer em casa.

- Caio está esperando por você no andar de baixo. - ele falou e houve um leve som de batida na porta ao
final, então ele deveria estar ocupado com algo e, é óbvio, um momento depois ele disse. - Esperarei
você!

Então ele desligou.

Eu me deitava e relaxava por um tempo, tomei banho e desci as escadas para ver Joana fazendo chá e
Caio se sentando na sala vestindo um terno e um rosto frio.

Ao me ver, Joana sorriu e disse:

- Kaira, o Sr. Guilherme pediu ao Sr. Caio pegar você para o café da manhã.

Uma olhada rápida para Caio, Joana não estava preparada, suponho que Guilherme tenha explicado com
antecedência.

Eu assenti e saí da mansão.

Cheguei à empresa.

Caio me levou direto para o escritório de Guilherme, me serviu um copo de água e saiu, Guilherme ainda
estava em uma vídeo conferência.

Quando ele me viu entrar, ele se levantou e andou até mim, pegou um prato de fruta ácida de algum
lugar e o colocou na minha frente, me beijou na testa e voltou para a chamada.
Eu não estava acordada por muito tempo e tinha pouco apetite, então eu me sentei no sofá e assisti meu
celular por um tempo, não demorou muito até que Guilherme terminasse sua chamada.

Se sentando ao meu lado:

- Com fome?

Eu balancei minha cabeça e afastei o celular quando ele chamou Caio, então tomou minha mão e
esfregou as pontas dos meus dedos, os cantos de sua boca se elevando:

- Sua mão ainda está dolorida?

Demorei um pouco para refletir e de repente percebi o que ele queria dizer, meu rosto queimou um
pouco e eu puxei minha mão de volta:

- Comer o quê?

- Você verá em um minuto! - ele se estendeu, me circulando com seus braços e pressionando minha
cabeça contra o peito dele.

Eu não estava muito confortável com isso e tentei me afastar quando ele circulou minha cintura:

- Deixe-me abraçar você por um momento.

Caio entrou carregando uma bolsa com um número de caixas pequenas nela. Colocando a bolsa na
mesa, ele saiu.

Guilherme recebeu uma chamada, eu sabia que ele estava ocupado e retirei todas as caixas, uma de
pastéis e outra de mingau da Vignoli Norte.

Eu comi de forma breve, e vendo que Guilherme estava bastante ocupado, eu o deixei em paz e me
preparei para voltar ao meu escritório para trabalhar.

Era normal esbarrar em Lúcia e eu não fiquei surpresa quando ela carregava uma caixa de comida,
parecendo que ela estava levando comida para Guilherme.

Vendo-me sair do escritório de Guilherme, ela atirou o braço para bloquear meu caminho:

- O que você está fazendo aqui?

Deus, escute o que ela disse.

Olhando para ela, eu levantei minhas sobrancelhas:

- Srta. Lúcia veste roupas de marca e um relógio de marca e por isso pensa ser a mais ilustre nesse
mundo?

É verdade que quando ela se tornou uma Missy, a aura dela estava diferente.

- Sim, eu sou mais nobre que você e somente eu posso me igualar a Guilherme. - ela disse com uma
expressão arrogante em seu rosto.

Eu não estava no humor para bater de frente com ela e falei de forma leve:

- Bem, vocês são perfeitos um para o outro!

Quando terminei, eu cambaleei para longe dela e me preparei para voltar para o meu escritório.

Para minha infelicidade, quando saí de casa essa manhã, eu calcei saltos de três centímetros, mas com
duas plantas em vaso em frente ao escritório de Guilherme, eu esqueci de olhar para o chão para que
pudesse me distanciar de Lúcia.
Então, tropeçando, andando com pressa, eu não tive tempo de parar e me lancei para frente.

Por instinto, eu procuro algo que possa puxar ao meu redor, Lúcia estava perto de mim então eu a
agarrei, mas ela estava em saltos de sete centímetros e caiu comigo quando a peguei.________

O romance será atualizado diariamente. Voltem e continuem lendo amanhã, pessoal!

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