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Capítulo 1 Gravidez
Quando vi o resultado do ultrassom, fiquei assustada. Foi apenas uma vez, como eu poderia estar
grávida?
Se eu contar ao Guilherme Aguiar, ele não vai se divorciar de mim por causa disso? Não. Em vez disso,
ele pensaria que eu era desprezível e sem vergonha, usando o bebê para chantageá-lo.
Fora do prédio do hospital, no Maybach preto, as janelas estavam abertas cerca de um terço, e do lado
de fora, eu podia ver o homem no banco do motorista com seus olhos frios e claros.
Dinheiro e boa aparência são as coisas que Guilherme tem, durante tantos anos, sempre que ele andava
pela rua, com certeza atraía os olhos dos transeuntes. Com esse olhar, entrei no carro.
Guilherme estava fechando os olhos para descansar, percebeu o movimento e apenas franziu um pouco
o cenho. Não abriu os olhos, apenas disse em voz baixa:
- Resolveu?
- Sim! - Acenei, entreguei-lhe o contrato que havia assinado com o hospital e disse:
Vim para assinar o contrato, mas no caminho encontrei Guilherme e por alguma razão ele me mandou
para cá.
- Você será a responsável por este caso durante todo o processo! - Guilherme, que sempre dizia muito
pouco, não aceitou o contrato, apenas deu uma explicação leve e colocou o carro em funcionamento.
Estou em silêncio há tanto tempo que parece que não sei fazer nada além de ser obediente e fazer o que
me pedem.
Era o fim da tarde e ele não estava voltando para casa, então para onde ele estava indo? Fiquei intrigada,
mas nunca perguntaria a ele sobre seus negócios, então ficava calada.
Pensando na folha de ultrassom, eu não sabia como falar com ele. Seus olhos olhando para frente,
severos e frios como sempre.
- Guilherme!- Puxando a bolsa, minhas palmas estavam um pouco úmidas, acho que estava nervosa e,
portanto, suando.
Ele sempre me trata assim, e depois de muito tempo, fiquei aliviada. Suprimindo a inquietação no meu
coração e tomando uma respiração, eu disse:
- Eu...
"Estou grávida" ainda não tinha sido dita, o celular dele tocou e as palavras foram engolidas de volta com
força.
A ternura de algumas pessoas é destinada a ser dada em apenas uma pessoa, ou amor profundo, ou
alegria, e no final é dada a uma pessoa.
Sem saber o que Lúcia disse, Guilherme de repente bateu nos freios e disse calmamente ao telefone:
Não foi a primeira vez que ele fez isso, acenei com a cabeça, engoli todas as palavras de volta, abri a
porta e saí do carro.
O casamento entre Guilherme e eu foi um acidente e uma fatalidade, mas não teve nada a ver com
amor. Guilherme tinha Lúcia em seu coração, e minha existência era apenas um obstáculo para ele.
Há dois anos, o avô de Guilherme, Rodrigo Aguiar teve um ataque cardíaco e forçou Guilherme a se casar
comigo. Embora Guilherme estivesse relutante, ele ainda casou comigo por causa do seu avô. Durante os
dois anos, com o idoso por perto, Guilherme apenas me tratou como se eu não existisse. Agora que o
velho morreu, ele mal podia esperar para conseguir um advogado para redigir o acordo de divórcio,
apenas esperando que eu o assinasse.
Quando voltei para casa, estava escuro e a casa grande estava tão vazia quanto uma casa
mal-assombrada. Provavelmente porque eu estava grávida, não tive apetite, então fui direto para o meu
quarto e me lavei para dormir.
Atordoada e ainda sem adormecer, ouvi, por um instante, o som de um carro sendo desligado do pátio.
Guilherme voltou?
Antes que eu percebesse, vi a porta do quarto ser aberta. Ele estava todo molhado e foi direto para o
banheiro sem olhar para mim. Depois ouvi o som da água.
Uma vez que ele voltou, não havia como eu voltar a dormir, então me levantei e me vesti de novo. Tirei
seu pijama do guarda-roupa e o deixei junto à porta do banheiro, depois fui para a varanda.
Chegou a estação das chuvas e estava chuviscando lá fora. Pode-se ouvir o tique-taque da chuva sobre o
azulejo.
Quando ouvi um movimento atrás de mim, me virei e vi que Guilherme já havia saído do banheiro, com
uma toalha dobrada e seu cabelo úmido, com gotas de água pingando pelo seu corpo tonificado.
Sentindo que eu estava olhando para ele, ele olhou para mim e franziu um pouco o sobrolho:
Obedeci e caminhei para seu lado, ele jogou a toalha para mim e disse em voz baixa:
Ele sempre fazia isso, e eu já estava acostumada. Ele se sentou na beira da cama e eu subi na cama, meio
ajoelhada atrás dele e esfregando o seu cabelo.
- Amanhã é o funeral do vovô, por isso tenho que ir cedo para a Mansão de Aguiar. - Eu disse. Eu não
queria arrastá-lo para a conversa, mas ele estava tão preocupado com Lúcia que, se eu não o tivesse
mencionado, temo que ele já teria esquecido.
Sabendo que ele não queria muito interagir comigo, não falei muito. Sequei seu cabelo e depois me
deitei novamente na cama para dormir.
Talvez por causa da gravidez, sempre me sentia sonolenta. Normalmente Guilherme ia ao escritório
depois do banho e ficava lá até a meia-noite, mas por alguma razão, esta noite ele vestiu seu pijama e se
deitou também.
Foi estranho, mas não disse nada. Mas, de repente, ele me puxou para dentro de seu abraço e me beijou
gentilmente.
- Guilherme, eu...
- Não quer? - Ele perguntou, com seus olhos escuros como a noite, flamejantes e selvagens.
A chuva estava cada vez mais forte, e por um tempo houve trovões e relâmpagos. As luzes e sombras
subiam e caíam, depois de um longo tempo, ele se levantou e entrou no banheiro.
Ele me fez suar de dor. Eu queria tomar alguns analgésicos, mas não o fiz por medo de ferir o bebê.
- Humm...
Na mesa de cabeceira, o celular de Guilherme tocou, levantei a cabeça e olhei para o relógio na parede,
já eram onze horas.
A única pessoa que ligaria para Guilherme aquela hora era Lúcia.
O som da água no banheiro parou e Guilherme saiu enrolado em uma toalha, secou as mãos e pegou o
celular. Não sei o que ela disse do outro lado da linha.
Depois, ele desligou o celular e se preparou para sair. Se fosse no passado, eu teria fingido ignorá-lo, mas
nesse momento eu o puxei e lhe implorei com voz suave:
- Pode ficar essa noite?
- Amanhã é o funeral do vovô, mesmo que você queira ir até ela, não deveria ser capaz de dizer o que é
mais importante?
- Ameaças? - Ele estreitou seus olhos escuros e agarrou ferozmente minha mandíbula, disse com sua voz
baixa e fria:
O labirinto de amor
Antes que eu percebesse, vi a porta do quarto ser aberta. Ele estava todo molhado e foi direto para o
banheiro sem olhar para mim. Depois ouvi o som da água.
Uma vez que ele voltou, não havia como eu voltar a dormir, então me levantei e me vesti de novo. Tirei
seu pijama do guarda-roupa e o deixei junto à porta do banheiro, depois fui para a varanda.
Chegou a estação das chuvas e estava chuviscando lá fora. Pode-se ouvir o tique-taque da chuva sobre o
azulejo.
Quando ouvi um movimento atrás de mim, me virei e vi que Guilherme já havia saído do banheiro, com
uma toalha dobrada e seu cabelo úmido, com gotas de água pingando pelo seu corpo tonificado.
Sentindo que eu estava olhando para ele, ele olhou para mim e franziu um pouco o sobrolho:
Obedeci e caminhei para seu lado, ele jogou a toalha para mim e disse em voz baixa:
Ele sempre fazia isso, e eu já estava acostumada. Ele se sentou na beira da cama e eu subi na cama, meio
ajoelhada atrás dele e esfregando o seu cabelo.
- Amanhã é o funeral do vovô, por isso tenho que ir cedo para a Mansão de Aguiar. - Eu disse. Eu não
queria arrastá-lo para a conversa, mas ele estava tão preocupado com Lúcia que, se eu não o tivesse
mencionado, temo que ele já teria esquecido.
Sabendo que ele não queria muito interagir comigo, não falei muito. Sequei seu cabelo e depois me
deitei novamente na cama para dormir.
Talvez por causa da gravidez, sempre me sentia sonolenta. Normalmente Guilherme ia ao escritório
depois do banho e ficava lá até a meia-noite, mas por alguma razão, esta noite ele vestiu seu pijama e se
deitou também.
Foi estranho, mas não disse nada. Mas, de repente, ele me puxou para dentro de seu abraço e me beijou
gentilmente.
- Guilherme, eu...
- Não quer? - Ele perguntou, com seus olhos escuros como a noite, flamejantes e selvagens.
O bebê tinha apenas seis semanas e poderia ser perigoso se ele não tivesse cuidado.
A chuva estava cada vez mais forte, e por um tempo houve trovões e relâmpagos. As luzes e sombras
subiam e caíam, depois de um longo tempo, ele se levantou e entrou no banheiro.
Ele me fez suar de dor. Eu queria tomar alguns analgésicos, mas não o fiz por medo de ferir o bebê.
- Humm...
Na mesa de cabeceira, o celular de Guilherme tocou, levantei a cabeça e olhei para o relógio na parede,
já eram onze horas.
A única pessoa que ligaria para Guilherme aquela hora era Lúcia.
O som da água no banheiro parou e Guilherme saiu enrolado em uma toalha, secou as mãos e pegou o
celular. Não sei o que ela disse do outro lado da linha.
Depois, ele desligou o celular e se preparou para sair. Se fosse no passado, eu teria fingido ignorá-lo, mas
nesse momento eu o puxei e lhe implorei com voz suave:
- Ameaças? - Ele estreitou seus olhos escuros e agarrou ferozmente minha mandíbula, disse com sua voz
baixa e fria:
Eu sabia muito bem que não havia como mantê-lo. Mas algo tinha que ser tentado. Eu levantei os olhos,
olhei diretamente para ele e disse:
- Concordo com o divórcio, mas tenho uma condição. Você fica aqui essa noite e fica comigo durante o
funeral do vovô. Depois disso, vou assinar.
Ele estreitou os olhos, zombaria sarcástico em seus olhos escuros, os cantos de seus lábios se movendo
levemente:
- Me agrade. - Ele soltou a mão e veio até meu ouvido. - Kaira, você tem que confiar em suas próprias
habilidades em tudo, é inútil confiar somente em sua boca.
Sua voz era fria, com uma pitada de provocação baixa. Entendi o que ele quis dizer e levantei meus
braços em torno de sua cintura, inclinando minha cabeça o mais próximo possível da dele, a diferença de
altura entre nós dois, grande demais para tal gesto, me fazendo parecer cômica e ridícula.
Não consigo dizer como me sinto por dentro. É bastante patético… manter alguém de quem se gosta de
tal forma.
Tentei deslizar minha mão por instinto e minha mão foi violentamente pressionada por ele, levantei
minha cabeça para ver seu olhar sombrio e vagamente cintilantes com alguns momentos insondáveis:
- Suficiente!
Não entendi bem o que ele quis dizer quando largou o pijama cinza de forma elegante.
Fiquei estupefacta por um momento, e entendi o que ele estava fazendo, ele optou por... ficar?
Antes que eu pudesse me animar, ouvi a voz de uma mulher que vinha de fora da janela acompanhada
pelo som da chuva:
- Guilherme...
Eu me congelei. Guilherme reagiu rapidamente, ele deu alguns passos para a varanda, depois o vi com
uma cara sombria puxando seu casaco e saindo do quarto.
Do lado de fora da varanda, Lúcia estava sob a chuva forte, usando uma saia fina, deixando a chuva
correr solta, sua beleza originalmente doentia parecendo ainda mais miserável com a chuva naquele
momento.
Guilherme estendeu o casaco que havia trazido sobre ela, e antes que pudesse culpá-la, Lúcia abraçou-o
ferozmente e choramingou em seus braços.
Olhando essa cena, de repente entendi por que eu estava com Guilherme há dois anos, mas ainda não
podia me comparar a um telefonema de Lúcia.
Guilherme abraçou Lúcia e correu para dentro de casa. Eu fiquei na entrada das escadas, olhando para
os dois que estavam encharcados pela chuva e bloqueando seu caminho.
- Desapareça! - Guilherme falou, seu tom frio e sombrio, seu par de olhos negros olhando para mim com
repugnância.
Triste?
Não sei, mas o que dói mais do que o coração são os olhos, que observam como o homem amado
pisoteia os outros e me depreza.
- Guilherme, quando nos casamos, você prometeu ao vovô que enquanto eu, Kaira, estivesse aqui, por
um dia que fosse, você não deixaria ela dar um passo para cá. - Esse era o único lugar que Guilherme e
eu tínhamos preservado para que vivêssemos juntos, e eu tinha cedido inúmeras noites com ele para
Lúcia, então por que eu permitiria que esse espaço, o único terreno que me restava, fosse poluído.
Que ironia, vendo-o abraçar Lúcia no quarto de hóspedes, afinal, eu só podia assistir como uma
espectadora.
Lúcia se molhou lá fora e já estava fraca. A forte chuva a fez desenvolver uma febre alta. Guilherme
usava uma toalha para resfriá-la fisicamente.
Olhando para Guilherme por muito tempo, eu realmente não sabia o que deveria dizer para lembrá-lo do
quão longe estava a velha casa, quão tarde era, e quão perigoso seria ir até lá sendo uma mulher.
No entanto, ele não se importava com nada disso. Tudo o que ele se importava era se minha presença
aqui interferiria no descanso de Lúcia.
- Vou voltar para meu quarto, não é... apropriado ir para a Mansão de Aguiar agora!
Deixei o quarto de hóspedes e encontrei Vinícius Moreno no corredor, que tinha chegado com pressa.
Seu corpo esbelto ainda estava em seu pijama preto, provavelmente apressado e sem trocar os sapatos,
suas roupas estavam em sua maioria molhadas.
O labirinto de amor
O corredor não era espaçoso, e quando se encontraram na passagem estreita, ele se congelou
levemente, endireitou sua lapela e falou:
Vinícius é amigo de Guilherme. Dizem que, para saber se um homem leve uma mulher a sério, basta
olhar para a maneira como aqueles ao redor dele a tratam.
Não preciso ver sua atitude, basta ouvir, parece que sempre tenho apenas um nome. - Srta. Sanches.
Não se pode dar muita atenção a muitos detalhes, senão, vai ficar deprimido.
- Bem, entre!
Às vezes tenho muita inveja de Lúcia Castro, ela só precisa derramar algumas lágrimas para ter o calor
que eu não consigo ter mesmo depois de passar metade da minha vida tentando.
Voltei para o quarto, encontrei uma roupa que Guilherme não tinha usado e a levei para a sala de estar.
A consulta foi rápida, Vinícius mediu a temperatura de Lúcia, prescreveu medicamentos para reduzir a
febre, e estava pronto para partir.
- Suas roupas estão molhadas e ainda está chovendo lá fora, mude para algo limpo antes de ir, para não
pegar um resfriado.
Provavelmente surpreso por eu lhe trazer roupas, ele se congelou e forçou um sorriso no seu rosto
bonito:
- Guilherme não usou essa roupa antes, a etiqueta ainda está aí e vocês são mais ou menos do mesmo
tamanho, pode usá-la!
Não sou desse tipo de pessoa bondosa. Quando minha avó foi hospitalizada, Vinícius foi o cirurgião
principal, ele é um médico internacionalmente famoso. Se não fosse pela Família Aguiar, ele não teria
concordado em operar minha avó. A roupa é considerada uma recompensa de gratidão.
No dia seguinte.
Na manhã seguinte, o sol estava perfumado com a fragrância da terra. Eu estava acostumada a acordar
cedo e quando desci as escadas após tomar banho, Guilherme e Lúcia estavam ambos na cozinha.
Guilherme está usando um avental preto e seu corpo esbelto está de pé ao lado de fogão fritando ovos.
A aura dura e fria de seu corpo se dissipa, revelando um pouco de uma atmosfera caseira.
Os olhos negros brilhantes de Lúcia continuavam olhando para ele, como se ela tivesse acabado de se
recuperar de uma febre alta, e seu delicado e pequeno rosto ainda estava docemente vermelho,
adorável e encantadora.
- Guilherme, queria comer ovos fritos um pouco queimados. - Enquanto ela falava, Lúcia colocou um
morango na boca de Guilherme e continuou.- Mas não pode ser muito queimado, caso contrário, carrega
um sabor amargo.
Guilherme mastigou um morango, e seus olhos escuros olharam para ela, sem uma única palavra, mas
apenas um olhar continha o mais mimo.
Um homem bonito e uma mulher bonita, eles realmente se dão bem juntos!
- Eles se dão bem, não? - Uma voz veio de trás de mim e eu me congelei, virando-me para ver Vinícius.
Eu tinha esquecido que tinha chovido muito ontem à noite, e Lúcia tinha uma febre alta, então,
naturalmente, Guilherme não o deixaria voltar a casa.
- Bom dia! - Eu falei, sorrindo. Meus olhos caíram sobre as roupas que ele estava vestindo, que eu havia
entregado a ele ontem à noite.
Balançei cabeça:
- Não é preciso! - Comprei essa roupa para Guilherme, mas ele nunca se preocupou em tocá-la.
- Sra. Sanches, Vinícius, vocês já se levantaram? Guilherme cozinhou ovos, venham comê-los com a
gente!
Eu sorri levemente:
- Não, obrigada. Ontem comprei pão e leite, e os coloquei na geladeira. Seu corpo está se recuperando,
tome mais.
Esse é o lugar onde vivo há dois anos e o certificado imobiliário tem tanto meu nome quanto o nome de
Guilherme.
Mesmo que eu seja fraca, não estou disposta a deixar que outros assumam o controle.______
O labirinto de amor
Quando eu disse isso, o pequeno rosto de Lúcia congelou e voltou para Guilherme, puxando o canto da
sua camisa, sussurrou:
- Guilherme, fui muito caprichosa ontem à noite e incomodei você e a Sra. Sanches. Você pode deixá-la
ficar e tomar o café da manhã connosco? Pense nisso como meu pedido de desculpas.
É verdade, algumas pessoas não precisam se esforçar muito. Eles podem obter o que os outros não
podem apenas por fazerem meiguices e mostrarem fraqueza.
Guilherme era indiferente à minha presença, mas quando ele ouviu Lúcia falar, olhou para trás e disse:
- Comam juntos!
- Obrigada!
Não posso dizer não a Guilherme, ele foi alguém por quem eu me apaixonei à primeira vista e será difícil
eu deixá-lo ir pelo resto da minha vida.
Foi a primeira vez que comi o café da manhã feito por Guilherme. Eram ovos fritos e mingau de feijão
verde, sendo comum mas extraordinário. Sempre pensei que um homem como ele era alguém que
estava nos braços de Deus e suas mãos eram usadas para dominar o mundo.
- Sra. Sanches, experimente o ovo frito feito pelo Guilherme, muito gostoso. Ele costumava fritá-los para
mim quando estávamos juntos. - Lúcia disse enquanto atirava um ovo em direção à minha tigela.
- Guilherme, você prometeu acompanhar-me até o Rio Verde para ver as flores hoje, não pode faltar ao
compromisso.
- Está bem! - Guilherme disse. Ele tomou seu café da manhã com elegância e quietude, sempre falava
pouco, mas para Lúcia ele parecia responder a todas as perguntas e pedidos.
Vinícius parecia ter se acostumado a tudo há muito tempo, movendo-se graciosamente enquanto
tomava seu café da manhã e nos observava como um forasteiro.
Eu baixei os olhos e franzi a testa involuntariamente, o funeral do vovô será realizado hoje, se Guilherme
for acompanhar Lúcia, então na Mansão de Aguiar...
Esse é um café da manhã que ninguém pode comer bem. Depois de algumas mordidas simples, quando
vi Guilherme terminar de comer e subir para trocar de roupa, pousei meus pratos e o segui.
No quarto.
Guilherme sabia que eu o estava seguindo:
- Qual o problema?
Ele tirou suas roupas como se nada tivesse acontecido, seu corpo tonificado exposto no ar. Por instinto,
virei de costas e disse:
- Guilherme, ele é seu avô. - Ele era o primogénito da Família Aguiar, o que o resto da família pensaria se
ele não estivesse presente nesse momento?
- Para o enterro, já mandei Caio Vieira ir lá para fazê-lo, e você pode comunicar com Caio sobre
quaisquer outros detalhes. - Disse ele sem emoção, como se estivesse cuidando de um assunto
insignificante.
- Guilherme, é verdade que para você, exceto Lúcia, todos os outros são dispensáveis? O que é que o
parente significa para você?!
Ele parou e me olhou de volta e os olhos negros se estreitou ligeiramente, com postura fria e arrepiante:
- São assuntos da Família Aguiar, não é seu lugar vir até mim e falar besteira.
Após uma pausa, seus lábios finos se levantaram e ele cuspiu algumas palavras com um sarcasmo
inigualável:
Suas poucas palavras foram como água fria que se derramasse na minha direção, me encharcando com
um frio em todos os meus membros.
Oh!
Dois anos se passou e eu ainda não consegui aquecer uma pedra fria.
- Achei que você era apenas descarada, mas não pensei em que gostasse de se intrometer nos assuntos
alheios. - Um som de escárnio veio do lado.
Eu me virei e vi Lúcia encostada no arco da porta com os braços envoltos em si mesma, a inocência e a
graciosidade em seu rosto há muito desaparecidas, deixando apenas a frieza.___
O labirinto de amor
- A velocidade com que a Srta. Castro mudou sua atitude é bastante surpreendente. - disse eu.
Dando-lhe uma olhada, peguei minha bolsa e estive prestes a ir direto para a casa de Aguiar.
Assim que cheguei à porta, fui bloqueada por Lúcia, Guilherme não estava lá e ela não fingia mais ser um
coelho branco. Ela olhou para mim e disse friamente:
- Você é a terceira parte! - Ela não parecia gostar de ser chamada de a terceira pessoa, com rosto
enevoado, ela disse:
- Kaira Sanches, se não fosse por você, eu seria a dama dessa casa a essa altura. O avô de Guilherme está
morto, e ninguém pode protegê-la para permanecer aqui. Se eu fosse você, assinaria o acordo
mansamente, pegaria o dinheiro dado por Guilherme e sairia daqui.
- Srta. Castro, é uma pena que você não seja eu! - Eu lhe dei uma palavra fria, ignorando o frenesi dela,
eu a ignorei diretamente e me preparei para descer, excepto as palavras de Guilherme, as de ninguém
nesse mundo poderiam me dar o mais leve dos machucados.
A Srta. Lúcia, que estava acostumada a ser adorada e mimada, ficou um pouco chateada quando eu a
ignorei e me puxou com força:
- Kaira Sanches, você quer continuar a ser descarada? Guilherme não gosta de você, então o que pode
ganhar por ficar ao lado dele?
Olhando para ela, eu me senti um pouco engraçada e disse em uma voz calma:
- Por que você está tão nervosa quando sabe que ele não se importa comigo?
- Quanto ao motivo de que tenho que ficar com ele... - Acalmei meu tom e disse em uma voz suave.
- Kaira Sanches, você é uma sem-vergonha! - Os olhos de Lúcia estavam ferozmente vermelhos de raiva,
e ela estende a mão para me empurrar, com as escadas atrás de mim, por instinto, eu me afastei de
forma inconsciente para evitar que ela se aproximasse.
Mas o que eu não esperava era que Lúcia não se mantivesse firme e caísse diretamente para baixo em
direção às escadas.
- Ah... - veio seu grito dilacerante pelo corredor, e eu congelei por um momento antes de poder reagir.
Guilherme desceu rapidamente as escadas para ver Lúcia, que já estava deitada no chão.
Lá embaixo, Lúcia se curvava, seu rosto branco de dor ao agarrar a barriga, com uma voz fraca ao gritar:
Havia sangue espalhado embaixo dela, manchando uma grande área do tapete, e eu congelei, ela
estava... grávida?
O bebê é de Guilherme?
- Guilherme, o bebê, o bebê... - Lúcia agarrou a manga de Guilherme e repetiu o bebê uma e outra vez.
Suor irrompeu na testa de Guilherme, seu rosto era demasiado sombrio e frio.
- Não tenha medo, o bebê vai ficar bem. - Ele acalmou Lúcia e a levou nos braços, caminhando em
direção à porta.
Guilherme deu alguns passos e, de repente, parou. O rosto do homem estava esticado, a raiva escondida
em sua voz estava clara como o dia:
- Você não quer explicar a ele? - Uma voz baixa veio de trás de mim, ao olhar, vi que era Vinícius, que
tinha me seguido em algum momento.
- Explicar o quê?!
- Não tem medo de que ele entenda mal? Que você empurrou Lúcia para baixo?
Baixei os olhos:
- Não importa se eu empurrei ou não, o que importa é que sua Lúcia se feriu e alguém tem que assumir a
culpa no final.
- Você pensou bem! - Vinícius desceu e levou o kit médico para fora.
Acredito que ele tenha seguido Guilherme até o hospital para ver Lúcia.
O labirinto de amor
Levava uma hora de carro de casa até a Mansão de Aguiar, e eu estava atordoada durante aquela hora.
O bebê de Lúcia, a maneira como Guilherme olhou para mim quando ele estava saindo, tudo isso estava
me pesando.
O carro tinha acabado de parar na entrada da Mansão de Aguiar e eu fiquei nauseada. Saí correndo do
carro e vomitei na lateral do canteiro de flores, mas nada saiu.
- Meu deus, você está casada há tão pouco tempo e já ficou tão delicada, vomitando assim depois de
uma curta viagem de carro. - uma voz sarcástica veio da entrada da mansão.
Não há necessidade de procurar para saber quem é. Rodrigo teve dois filhos, mas seu filho mais velho,
André Aguiar, foi enterrado pelo casal em um acidente de carro cedo na vida, deixando seu único filho,
Guilherme. Outro filho de Rodrigo é Bruno Aguiar.
A pessoa que está do lado de fora da mansão nesse momento, zombando de mim, é Rafaela Brito, a
esposa de meu Tio Bruno, minha tia. Há muitas rixas na família rica, e estou acostumada a elas.
Reprimindo a sensação desagradável em meu estômago, olhei para Rafaela e falei de forma educada e
gentil:
Rafaela olhou friamente para mim, não viu mais ninguém no carro, então franziu o rosto de imediato e
disse:
Havia muita gente aqui hoje, e estava de fato esquisito que Guilherme não estivesse aqui. Eu sorri e
disse:
- Guilherme tem um assunto urgente a tratar, ele pode ter que chegar um pouco mais tarde.
- Ha! - Rafaela deu um riso sarcástico, - Esse é o homem que Rodrigo valoriza, e não é mais do que isso.
Muitas pessoas estavam presentes. Embora Rafaela não gostasse de mim, ela não me deu muitos
problemas.
Entramos juntas na mansão. A tabuleta mortuária de Rodrigo foi colocada no centro do salão, o corpo foi
cremado a urna com as cinzas que foi colocada atrás do símbolo. Um número de flores brancas para o
homenagear foi colocado no salão e incenso e tributos para incenso foram colocados em frente ao sala
mortuária.
Uma após a outra, muitas pessoas vieram. A reputação de Rodrigo era tão bem conhecida que a maioria
das pessoas que vieram prestar seus respeitos eram pessoas de grande status. Bruno e Rafaela cuidavam
das pessoas lá dentro e lá fora.
- Srta. Sanches. - Joana Alves, que estava segurando a caixa de sândalo ao lado, falou para mim.
- O que foi, Joana? - Embora a Família Aguiar seja grande, a relação não é complicada porque não há
muitos herdeiros. Rodrigo gostava de ficar quieto, então ele deixou apenas Joana por perto para cuidar
do seu cotidiano.
Joana colocou a caixa de sândalo em minhas mãos e disse com uma expressão de piedade:
- Rodrigo sabia que uma vez que ele morra, o Sr. Guilherme vai forçá-la a se divorciar. Se você não quiser
se divorciar, dê essa caixa a ele, ele ficará apreensivo e não se divorciará facilmente.
Olhei para a caixa de sândalo na minha mão, quadrada e trancada por uma fechadura oculta, e olhando
para Joana, perguntei:
- O Sr. Rodrigo já deu a chave para o Sr. Guilherme. - Joana disse. - Quando ele estava vivo, ele sempre
quis que você e o Sr. Guilherme tivessem um bebê, para dar um descendente à Família Aguiar. E agora
ele já faleceu, devem ter filhos.
Me congelei ao ouvir mencionar as crianças, sorri para Joana e não disse mais nada.
Após o término das orações, a urna de Rodrigo deveria ser levada para o cemitério em um carro
funerário para ser enterrado. Já era tarde quando chegamos ao cemitério, mas Guilherme ainda não
tinha aparecido.
A cerimônia de enterro havia terminado e Guilherme ainda não havia chegado. Segurando Rafaela,
Bruno olhou para mim e disse:
- Kaira, as pessoas não podem voltar à vida após a morte. Você volte para casa e tenha uma boa
conversa com Guilherme, e lhe peça para não se zangar com o velho, ele não lhe deve nada nessa
vida.______
O labirinto de amor
- Guilherme não sabe nada sobre gratidão, desperdiçando todos os esforços de Rodrigo durante todos
esses anos.
- Cale a boca! - Bruno disse a ela, e me olhou impotente. - Está ficando tarde e Rodrigo está enterrado,
então volte já para casa!
- Está bem, obrigada Bruno. - Bruno e Rafaela já têm mais de cinquenta anos e não têm filhos. Eles têm
acção no Grupo Aguiar e vivem uma vida pacífica.
Embora Rafaela gostasse de ironizar, ela não era uma pessoa má. Os dois casais vivem uma vida que
muitas pessoas invejavam.
Enquanto os via ir embora, ficava diante da lápide de Rodrigo. Com a morte dele, meu destino com
Guilherme havia terminado.
O vento vai parar, a chuva vai secar, o sol vai se pôr e eu vou perdê-lo no final.
- Cuide-se, Rodrigo, voltarei para visitá-lo daqui um tempo. - De pé em frente à lápide, me curvei
profundamente. Estava prestes a me virar e partir quando fiquei chocada.
Quando me virei, ele desviou o olhar e sua voz era baixa e calma:
- Vamos!
- Guilherme, seu avô já se foi. Sabe, ele tem feito muito por você ao longo dos anos...
Seus olhos ficaram mais frios quando ele me encarou. Parei de falar e fiquei até um pouco perplexa.
Pensei que ele ficaria furioso comigo, mas para a minha surpresa, ele simplesmente se afastou sem uma
palavra.
Quando o segui para fora do cemitério, já estava ficando escuro. O motorista que me pegou
originalmente tinha saído mais cedo já que Guilherme tinha vindo.
Só poderia voltar com Guilherme. Quando entramos no carro, ele o iniciou e a viagem foi tranquila.
Apertei meus dedos e tentei repetidamente perguntar sobre Lúcia, como ela estava, mas sempre que via
seu rosto sombrio, empurrava as palavras de volta.
- Como está a Srta. Castro? - Não fui eu quem a empurrou para baixo, mas ela caiu na minha frente.
O carro que estava em movimento parou de repente. Como estava indo muito rápido, eu me inclinei
para frente com a inércia. Antes que eu pudesse reagir, minha cintura foi violentamente pressionada.
Sentei-me de novo e metade do corpo de Guilherme foi pressionada contra mim.
Seus olhos negros me encaravam, suas pupilas eram afiadas e frias, e sentindo o perigo, não pude deixar
de encolher meu corpo e disse:
- Guilherme...
- O que você espera? - ele disse sarcasticamente,- Kaira, você não acha mesmo que se o vô Rodrigo lhe
der aquela caixa, eu não me divorciarei de você, acha?
Meu coração saltou até a garganta, ele realmente é todo-poderoso. Apenas algumas horas tinham se
passado e ele sabia de tudo.
- Eu não a empurrei.- Reprimindo a amargura em meu coração e encontrando seus olhos escuros, eu
queria rir um pouco.- Guilherme, eu não sei o que está na caixa que seu avô me deu, e eu não pensei em
usá-la para manter nosso casamento, surpreendentemente você quer tanto se divorciar, tudo bem!
Concordo, amanhã iremos ao Escritório de Assuntos Civis para obter a certidão de divórcio.
Já estava completamente escuro, e o som do vento do lado de fora da janela do carro, acompanhado
pela chuva, tornava a atmosfera, já baixa, ainda mais silenciosa e sombria.
Meu súbito consentimento com o divórcio parecia surpreender um pouco Guilherme, mas só por um
momento, seus lábios finos se levantaram e ele zombou:
- Lúcia ainda está no hospital, você concorda com o divórcio agora, está planejando ir embora?
- O que você quer que eu faça! - Sim, como ele pôde me deixar ir tão facilmente quando seu amor estava
no hospital por minha causa.
- A partir de amanhã, você vai tomar conta dela. - Ele se sentou mais reto, seus dedos finos se agarrando
ao volante com um olhar profundo.__
O labirinto de amor
Às vezes, as pessoas são humildes sem nenhum motivo. Já estou acostumada aos pedidos de Guilherme,
acabo obedecendo mesmo quando me sinto muito relutante.
O carro foi para o centro. Eu pensei que Guilherme me levaria na direção da mansão, mas ele me levou
diretamente ao hospital.
O cheiro de desinfectante espalhado em cada esquina do hospital era algo que eu não gostava, mas eu
tinha que ir com o Guilherme até o quarto de Lúcia.
Lúcia estava recebendo uma transfusão, estava doente e fraca. Deitada numa cama branca, seus olhos
claros lhe davam um ar de delicadeza.
Quando ela me viu entrando com Guilherme, me olhou com frieza e disse, depois de um tempo:
- Deixe ela cuidar de você por alguns dias. Ela leva jeito para isso.
Lúcia queria falar sobre outra coisa, mas resolveu não dizer, olhou para Guilherme e disse com um leve
sorriso:
Guilherme era muito ocupado. Ele não apareceu no funeral de Rodrigo, mas ele era um membro dos
Aguiar. Ele tinha muitos assuntos para tratar já que estava no controle do grande Grupo Nexia. Portanto,
ele não tinha muito tempo para ficar no hospital com Lúcia.
Eu era a única que poderia ficar e cuidar de Lúcia.
Lúcia havia dormido muito durante o dia, eram 2 da manhã e ela não conseguia pegar no sono. Não
havia nenhuma cama extra no hospital, me restou sentar na cadeira próxima à cama.
Não soube o que responder a princípio, olhei para o anel em meus dedos e disse a ela:
Eu acenei, dizendo que sim. A vida passa muito rápido, o que não é cansativo? Apenas me apaixonei por
alguém.
- Você pode pegar um copo de água pra mim? - Ela falou enquanto se levantava.
- Tenho pena de você, mas te acho patética. Meu aborto não foi sua culpa, mas, mesmo assim, sinto
raiva de você.
Eu não tinha certeza do que ela queria dizer com isso. Eu a entreguei o copo:
Ela pegou o copo de água e me puxou com força. Por instinto, eu teria tirado a minha mão. Ela olhou
para mim com seus olhos escuros e disse:
- Faça sua aposta, vamos ver se ele vai se preocupar com você ou não.
Eu vi o homem de pé em frente à porta e me perguntei quando ele teria chegado. Lúcia me olhou com
cara calma, e perguntou:
- Quer apostar?
Eu não disse nada e deixei que ela derramasse água quente no dorso da minha mão. Doeu muito, como
se milhares de formigas estivessem me mordendo.
Lúcia largou o copo de água. Ela disse, com uma cara inocente:
- Desculpe, não foi minha intenção. Derramei a água quente sem querer, você está bem?
Que hipocrisia.
O labirinto de amor
Guilherme, que estava assistindo a esta cena ao lado, entrou e disse a Lúcia:
Para Lúcia, o aparecimento de Guilherme parecia súbito. Ela ficou toda carinhosa quando o viu
chegando. Ela o puxou pela camisa e o sentou na beirada da cama, disse enquanto o abraçava:
- Dormi tanto de dia que não consigo dormir agora. Por que você veio?
- Eu vim te ver!- Enquanto ele falava, Guilherme me olhava atravessado. Ele olhou para o dorso de minha
mão e disse, sério:
- Trate isso.
Eu senti como se eu tivesse sido empurrada de um penhasco. Me doía tanto o meu coração que eu não
conseguia respirar, aos poucos fui saindo do quarto.
De fato, eu sabia, desde o início, que eu iria perder essa aposta com Lúcia, mas, mesmo assim, sinto um
lampejo de esperança. Se Guilherme tivesse dito ao menos “Machucou?”, seria o suficiente para eu
persistir.
Mas, no fim das contas, não consegui pena, nem mesmo simpatia.
No corredor, eu fui bloqueada por um grande peito. Eu olhei para cima e vi Vinícius, com uma expressão
séria, mas linda. Ele estava me olhando de uma forma curiosa.
- Dr. Vinícius!
- Dói?
Meu coração ficou abalado. Plim! Uma pequena gota de lágrima caiu no chão. O vento assobiou pelo
corredor, fazendo aquele corredor frio e solitário ainda mais vazio e silencioso.
Alguém que vi algumas vezes perguntou se “Dói”. Alguém que ficou comigo por dois anos não se
importou com isso!
Ele pegou minha mão e eu não soube o que fazer, tentei retirar a mão dele.
- Eu sou um médico! - Vinícius disse. Quer dizer, ele é um médico e eu não poderia recusar a ajuda, nem
ele poderia ignorar meu machucado.
Sei que ele não gosta de se meter onde não é chamado, ele só tinha feito isso porque eu era a esposa de
Guilherme.
Fui com Vinícius até a sala de cirurgia. Ele conversou com a enfermeira e me disse:
Concordei e disse:
- Obrigada!
Vinícius saiu. A enfermeira limpou o dorso da minha mão queimada. Ela olhou para as bolhas brancas na
minha mão e disse, com seriedade:
As bolhas, normalmente, precisam ser picadas para limpar o pus nesse tipo de ferida.
Temendo que eu não aguentasse, a enfermeira disse:
- Tudo bem!
Isso dói, mas não tanto. A dor em meu coração já é dolorosa o suficiente.
A enfermeira me explicou algumas coisas após limpar a ferida. Logo eu estava pronta a voltar ao quarto
de Lúcia. Ouvi um leve murmúrio quando passei pela escada, acabei parando para ouvir melhor.
- Rodrigo se foi, quando você planeja se divorciar dela? - Era a voz de Vinícius?
- Kaira? - O homem falou. A voz era baixa e fria. Era muito familiar. Era de Guilherme.
Ao chegar mais perto das escadas, vi Guilherme de relance, com suas mãos nos bolsos e encostado no
corrimão. Vinícius se apoiava na parede, com um cigarro entre os dedos, já pela metade.
Vinícius bateu a cinza do cigarro, olhou para Guilherme com seu olhos calmos e disse:
- Você sabe que ela não fez nada, e ela sofreu tudo só porque te ama.
- Você pensa demais, só estou te avisando para não se arrepender depois. Mesmo que receba o amor
que é profundo, mas este podia ser pegado de volta um dia.
- Heh! - Guilherme riu:
Eu parei de ouvir a conversa deles. Era o suficiente para saber os pensamentos alheios na mente. Mas se
ainda quiser ouvir as palavras para confirmar, só podia ser magoada.____
O labirinto de amor
Eu fui até o quarto de Lúcia, ela já tinha adormecido. Havia uma mulher de meia idade no quarto, uma
enfermeira que Guilherme trouxe. Ela me cumprimentou brevemente quando me viu. Guilherme devia
ter pedido para ela cuidar de Lúcia, portanto eu não fiquei por muito mais tempo.
Após uma noite inteira sem dormir direito, cheguei pela manhã. Eu estava um pouco sonolenta,
provavelmente por causa da minha gravidez. Fui diretamente para cama ao chegar no quarto.
Num transe, fui acordada pelo forte cheiro de cigarro. Abri os olhos e vi uma silhueta sentada próxima à
cama. Me assustei, mas logo reparei que era Guilherme.
Eu não sabia quando ele tinha voltado. O quarto estava cheio de uma densa fumaça. As portas e as
janelas estavam fechadas, e ele ainda tinha um cigarro entre os dedos longos. Eu não sabia quanto ele
tinha fumado, mas não pareciam pouco.
Ele nunca fumou, mas agora ele estava fumando no quarto sem escrúpulos, então eu imaginei que algo
havia acontecido.
O cheiro de fumaça no quarto era tão forte que eu não conseguia respirar, por isso eu me levantei e fui
abrir a janela.
Ele ainda estava sentado no sofá e, quando passei por ele, fui puxada e caí em seus braços. As mãos me
rodeavam com tanta força que fiquei com medo.
- Guilherme! - Não soube realmente o motivo, mas não gostei desse homem com cheiro de fumaça. Eu
tentei me livrar, mas ele não me deixou ir.
Eu não havia percebido isto antes, mas agora, perto dele, o cheiro de vinho forte ficou claro.
- Você não me odeia? - Essa frase, dita de forma tão abrupta, me deixou confusa. Com cenho franzido,
ele tem restolho ao redor dos lábios, o que dá pra ver o quão ocupado ele andava recentemente e não
teve tempo para o tratar.
- Eu odeio você! - Respondi. Eu tentei me livrar novamente do abraço dele, mas seus braços pareciam
estar soldados ao meu redor.
- Retirar o quê?
Ele ficou olhando para mim, sem mais palavras, explorando meu corpo com sua mão grande. Eu já sabia
o que ele iria fazer.
Ele não disse nada. Me pegou forte e me beijou, com aquela boca cheirando forte a álcool.
- Guilherme, sou a Kaira! Me olhe! - Eu fiquei meio irritada, segurei o rosto dele, tentando fazê-lo olhar
para mim.
Ele olhou para mim por alguns instantes e balbuciou um “ok” mas não parou suas mãos.
O terno que ele está usando fica estava amarrotado com os movimentos. O paletó estava atirado no pé
da cama.
Eu acordei quando vi aquela bagunça espalhada pelo chão. Eu estava grávida, portanto eu não deveria
fazer isso.
Enquanto ele estava se preparando, eu o empurrei para fora da cama, me enrolei na coberta e disse a
ele:
Eu saí depois de trocar a minha roupa. Estava com medo de que eu acabaria perdendo o bebê se ficasse
aqui.______
O labirinto de amor
Muitas coisas correram mal recentemente, e eu não sabia como lidar com elas. Então, eu fui direto falar
com Esther Gomes.
No Bar de Tempo.
Ainda era cedo e poucas pessoas passavam por aqui. Esther pediu um coquetel e me entregou:
Olhando para o palco de pole dance, com aquela música alta e pessoas gritando, resolvi largar o coquetel
que ela me entregou, disse a ela:
- O Guilherme está te maltratando de novo? Se você realmente não puder viver com ele, você deve se
divorciar. É tão bonita, não acha que merece alguém melhor? Por que convive com uma escultura gélida
para o resto da vida, você não está cansada?
Esther sempre foi direta ao ponto, e ela era minha melhor amiga e experimentou muitas coisas comigo.
Ela vive uma vida verdadeira e não pode me ver afundar em um relacionamento com Guilherme. Eu lhe
entreguei o exame de ultrassom e disse, um pouco desesperada:
- Mesmo bonita, que homem ia querer ficar comigo se eu tiver um filho?
Ela pegou o exame de ultrassom da minha mão e, ao observá-lo com cuidado, disse com os olhos
arregalados:
- Seis semanas? Você não transou com Guilherme, não é? Por que está grávida?
- Você se lembra daquele dia, no mês anterior, quando eu estava bêbada e Guilherme veio me buscar? -
Eu disse, ao tirar o exame das mãos dela.
Esther disse:
- Aborte-o! Você e Guilherme não são a mesma coisa. Rodrigo já se foi. Se você ficar com este bebê, o
infortúnio irá acontecer mais cedo ou mais tarde. Faça o aborto e peça o divórcio. Sua vida é longa, não
pode amar somente uma pessoa.
Eu estava distraída, vendo o bar ficando mais cheio. Eu olhei para Ester:
Ela parou de falar quando percebeu que eu não estava escutando. Trocou o coquetel por suco enquanto
me olhava.
Estava ficando tarde e o bar estava ficando agitado. Ester estava muito ocupada para cuidar de mim,
então eu encontrei um canto para sentar.
Não reparei quando houve uma confusão no bar. Recobrei a atenção quando ouvi os gritos e barulhos
altos.
Eu não tinha percebido que alguns vagabundas tinham entrado e estavam rodeando Esther, causando
problemas. Vários clientes foram embora e a música havia parado.
No canto onde eu estava, no escuro, era difícil de me ver. Eu vi Ester cercada por alguns malandros que
portavam bastões de madeira.
Eu sabia que eles vieram aprontando, mas Esther estava calma. Ela olhou para eles e disse:
- Estou aqui para brigar, garotinha, tem coragem para brincar com a gente? - O líder dos vagabundos
disse com um sorriso mau, então tentou tocar o rosto de Esther.
Paft! Antes que ele tocasse Esther, eu atirei no braço dele com o copo de suco.
- Quem me acertou?
- Eu! - Me levantei e fui até eles. Esther olhou para mim, parecia preocupada, disse:
Eu não a refutei pois sabia que ela estava preocupada comigo, mas disse para o vagabundo que eu havia
acertado:
O labirinto de amor
- Por que não é bom? - Falou o mafioso espancado. Olhou para mim com um sorriso malicioso:
- Caralho! Já está farto de viver? - Falando isso, o mafioso levantou o bastão para me espancar. Esther e
eu nos esquivamos do bastão ao mesmo tempo, em seguida, eu peguei uma garrafa de cerveja para a
atirar em sua direção.
Vendo que nós revidávamos, as pessoas que originalmente queriam assistir à luta, de imediato, também
pegaram os bastões para nos atacar.
Esther e eu éramos mais ou menos boas em lutar. Não sofremos muito ao lutar contra alguns mafiosos.
Várias pessoas estavam feridas quando a polícia chegou e todo o mundo foi levado para a delegacia de
polícia.
Esther era órfã. Não tinha nenhum amigo na Cidade de Rio, exceto eu. Não podia fazer nada além de
esperar que eu encontrasse alguém para pagar nossa caução de garantia.
Em tempos normais, eu estava ocupada com os negócios da empresa e da Família Aguiar e não era uma
pessoa sociável. Tenho poucos amigos ao meu redor, então depois de pensar nisso por muito tempo,
ganhei coragem para ligar para Vinícius.
A chamada foi atendida depois de o celular tocar duas vezes. Ninguém falou. Fiquei um pouco
envergonhada e disse:
- Dr. Vinícius. Sinto muito por incomodar você a essa hora. Pode me fazer um favor? Tive um acidente e
estou na delegacia de polícia. Pode vir aqui?
- Kaira!
- Guilherme, você...
- O endereço! - Antes que eu pudesse terminar minha frase, ele falou em voz fria.
Eu pude ouvir que Guilherme estava de muito mau humor nesse momento.
- A delegacia de polícia municipal! - A chamada foi desligada logo depois de eu lhe dizer o endereço.
- Guilherme tinha bebido quando eu saí da mansão. Achava que ele estava dormindo. Assim eu liguei
para Vinícius, mas eu não esperava...
Meia hora depois, Guilherme entrou na delegacia sendo acompanhado por um grupo de pessoas. O
homem tinha uma aura fria, com uma figura alta e esbelta. Bastava estar de pé para que parecesse um
quadro.
Além disso, todos os dias, haviam sempre algumas reportagens sobre ele nas manchetes financeiras da
cidade, então sua chegada atraiu o cumprimento incessante das pessoas na delegacia.
- Na verdade, posso entender por que você está tão obcecada por ele, afinal, que mulher não quer ter
um homem tão excelente como ele? Apenas o título da “esposa de Guilherme Aguiar” é um sonho para
inúmeras garotas, imagine para você, que dorme com ele todos os dias.
Olhei para ela com desdém. Um pouco antes ela me tinha aconselhado a me divorciar, e agora...
Depois de Guilherme ter lidado com as pessoas na delegacia e assinado, Esther e eu podíamos sair.
O policial que tinha nos detido olhou para Esther e para mim, dizendo:
- Se vocês duas depararem com a mesma situação de novo no futuro, basta chamar a polícia
diretamente. Não lutem!
Olhando para o policial com um sorriso depois de Esther e eu trocarmos um olhar, o agradecemos.
- Porra! Eu não deveria ter lutado? Deveria ter aguardado a polícia para recolher meu cadáver?
Eu estava prestes a dizer algo quando senti frieza. Dei uma olhada furtiva em Guilherme. Vestido com
um conjunto preto, ele estava de pé ao lado do seu jipe preto, de forma muito fria.
O labirinto de amor
Sabendo que ele estava zangado, me despedi de Esther em voz baixa, depois me dirigi com cuidado até
ele e disse com a cabeça baixa:
- Obrigada.
Ele me deu uma olhada fria, com os olhos profundos e escuros, sem revelar nenhuma emoção e disse,
indiferente:
- Entre no carro!
Dei uma olhada furtiva ao homem ao meu lado, que estava com uma aura fria como de costume. Era
natural que eu tivesse de me manter calada antes que ele iniciasse a conversa.
Ele estacionou o carro quando chegamos à vila e entrou na vila de imediato. Eu passei a segui-lo e disse
depois de pensar um pouco:
- Guilherme, achava que estava bêbedo, então liguei para o Dr. Vinícius. Não tive outras ideias.
Embora essa explicação fosse um pouco redundante, eu a disse a ele. Eu sabia que mesmo que não lhe
explicasse, ele não se importaria.
De repente ele parou e se virou para mim. Com os olhos entrefechados, disse em voz baixa:
Ele me bloqueou apenas com uma frase, fiquei estupefacta por um momento e incapaz de dizer
qualquer coisa.
Ele está certo. Sem mencionar que Vinícius é o amigo íntimo de Guilherme, e eu ainda sou a esposa
nominal de Guilherme. Mesmo que não seja, Vinícius não se interessará por mim.
Para Guilherme, eu sou tão pobre quanto a poeira no chão. Se Rodrigo não tivesse tido pena de mim, eu
não teria sido nem um pouco qualificada para conhecer Guilherme, quanto mais para casar com ele.
Vendo que eu não lhe respondi nada, Guilherme ia subir a escada depois de me dar uma olhada fria.
De repente, ele parou depois de dar alguns passos, parecendo que se lembrou de algo. Virou a cabeça
para mim e disse:
Fiquei congelada. Por que ele não disse isso a caminho de casa? A mansão fica na direção
completamente oposta do Vignoli Norte, além disso, é madrugada agora e eu tenho de percorrer a meia
cidade para lhe comprar uma ceia?
- Aberto 24 horas. - Sem me deixar dizer mais nada, ele subiu a escada depois de dizer isso.
Mas, no final, era eu que estava errada e, após uma pausa, saí da vila para ir lá de carro.
Era a época de chuva e o ar estava quente e úmido. Parecia que ia chover. Eu tinha planejado dirigir o
jipe de Guilherme, mas a chave foi levada para o escritório com ele, então eu não tinha escolha senão ir
até a garagem e levar um carro de chassi baixo.
Era uma hora da madrugada. Tendo atravessado quase toda a cidade, consegui comprar a comida. No
início, fiquei feliz por ter sorte de não ter chovido.
No entanto, começou a chover fortemente logo depois de eu sair do Vignoli Norte. Era chuva torrencial,
com relâmpagos e trovões incessantes.
Dirigindo o carro, eu estava a caminho de casa. Como muitos túneis e estradas podem ser inundados na
estação de chuva na Cidade de Rio, eu me desviei dos túneis de propósito. Embora a distância fosse
prolongada, o carro não ia ser inundado.
Mas eu nunca pensei em que o carro quebraria a caminho de casa. Como fiz um desvio e conduzi
devagar, ainda me restava a maior parte do caminho até a vila. Com a chuva forte, eu parei em um lugar
muito afastado, não parecia ser possível apanhar um táxi rapidamente.
Dei uma olhada no celular e descobri que a bateria estava muito fraca. Não podia fazer nada exceto ligar
para Guilherme.
Ninguém atendeu a chamada depois de o celular tocar várias vezes. Vendo que o celular estava prestes a
desligar, eu tive que sair do carro com a ceia e passei a caminhar de volta pela estrada, com um
guarda-chuva que eu peguei no carro.__
O labirinto de amor
Se eu tivesse sorte, poderia ter encontrado um bom motorista, mas o vento e a chuva eram tão fortes à
noite que um guarda-chuva pequeno não funcionou muito, e eu não cheguei muito longe antes que
minhas roupas fossem ensopadas.
Provavelmente porque minha sorte estava ruim, eu tinha andado muito sem encontrar um carro, mais o
ar frio estava afetando meu corpo e meu abdômen estava dolorido como se eu estivesse sendo picado
por agulhas.
Eu temia que algo pudesse acontecer com o bebê, então tive que parar, meio agachada, cobrindo meu
estômago. A chuva estava ficando cada vez mais forte. Apalpei meus bolsos e percebi que meu celular
havia desaparecido. Achei que o tivesse deixado no carro.
Eu tinha ido muito longe e agora a dor no abdômen era tão forte que não havia como eu voltar.
Agarrei-me aos postes de pedra na calçada e mal consegui suportar a dor por alguns passos, mas um
suor frio se transpirou por todo o meu corpo e tive que continuar agachada.
Eu notei vagamente um fluxo quente entre minhas pernas, e fiquei chocada, tive medo de que a criança
não fosse salva...
A velha canção infantil diz que as meninas são feitas de doces, especiarias e tudo que é bonito, quase
como anjos.
Mas nem todas as meninas são feitas de doces, especiarias e tudo que é bonito. Algumas meninas
nascem para enfrentar desastres, dor, sofrimento, separação e falta.
Som de carro. Eu estava prestes a desmaiar e não podia abrir meus olhos quando o ouvi. Então, levantei
minha cabeça ofuscadamente.
As palavras apareceram em minha mente, e eu sabia que era Guilherme que tinha chegado, então tentei
levantar com a pouca força que eu tinha.
Mas estava agachada por muito tempo e estava tonta, caí para trás de repente.
- Mulher estúpida!
Uma voz masculina baixa e fria chegou aos meus ouvidos. Tentei abrir os olhos várias vezes, mas não
tinha forças para fazê-lo. A única consciência que tinha era que Guilherme tinha me levado até o carro, e
então eu estava completamente inconsciente.
Quando acordei, eu estava um pouco desorientada, e rodeada de branco. Quando minha vista se tornou
clara, pude olhar ao redor claramente e percebeu que estava no hospital.
Fui surpreendida pela voz repentina. Virei meus olhos e vi Vinícius. Senti-me um pouco estupefacta e
fiquei sem palavras por um momento.
Por que você está aqui? Mas minha garganta doeu e eu não consegui falar mais uma palavra.
Vendo meu estado, ele franziu as sobrancelhas e foi buscar água. Ele levantou minhas costas com suas
mãos. Eu resisti um pouco a isso e apoiei meu corpo com meus braços, tentando me afastar dele.
Ele ignorou minhas ações, passou o copo de água até minha boca. Eu queria agarrar o copo mas fui
impedida por ele.
- Beba!
Ele me colocou na cama e pôs o copo na mesa. Eu olhei para ele e disse:
- Obrigada.
Ele abaixou a cabeça para brincar com seu celular na mão, e deu uma resposta suave.
Se eu tivesse visto bem, foi Guilherme quem me trouxe ao hospital ontem à noite, e como Vinícius sabia
sobre o bebê, Guilherme devia saber também.
Ele parou o que estava fazendo e seus olhos negros se fixaram em mim, se estreitando:
O labirinto de amor
- Ele ia se divorciar de mim. Se eu lhe dissesse isto, ele pensaria que eu estava tirando proveito do bebê
para ameaçá-lo para não se divorciar.
Com sua pergunta, eu me congelei, sem saber como responder por um momento.
- Mas Guilherme já tem 30 anos. Não há razão para que não queira o bebê.
Com isso, ele colocou suas mãos no bolso do seu casaco branco e foi embora.
Mas afinal, eu tinha ficado feliz cedo. Quando Lúcia irrompeu pela ala, eu estava tomando soro. Ela se
atirou em mim em um estado quase maluco, me beliscando com força.
- Porquê? Por que você está grávida? Kaira Sanches, foi você quem matou meu bebê, nem pense que
pode ter um bebê vivo.
Eu não conseguia respirar enquanto ela estava me sufocando, então eu só podia dar um puxão na mão
dela e tentar me salvar. Porém, ela teve um colapso emocional e simplesmente não conseguia se
controlar.
- Não vou deixar essa criança nascer. Não possa pensar que pode controlar meu Guilherme com sua
criança.
Ela é uma pessoa que normalmente parece doente e fraca, mas naquele momento, sua força era
surpreendentemente forte. Eu tentei me livrar, mas simplesmente não consegui me mover.
Ao ouvir suas palavras, Lúcia se congelou de repente. O escarlate e a crueldade em seus olhos se
dispersaram e as lágrimas como pérolas caíram. Talvez porque ela estivesse sendo muito impulsiva
naquele momento, quando Guilherme apareceu de forma repentina, ela pareceu ter perdido todas as
forças e caiu no chão.
Guilherme foi rápido o suficiente para pegá-la e eu estava livre, abrindo minha boca por instinto para
respirar o ar fresco.
Após um longo tempo para se acalmar, Lúcia aninhou-se nos braços de Guilherme e soluçou:
- Guilherme, você me prometeu que não deixaria outra mulher te dar um filho, você me prometeu!
Fazia muito tempo que eu tinha me acalmado e estava meio encostada na cama observando os amantes.
Eu não podia dizer como meu humor estava, numa palavra, não estava bom.
O olhar escuro de Guilherme passou por mim de maneira despreocupada. Sua palma larga estava
acalmando Lúcia, aliviando sua angústia, com uma voz magnética e calmante:
Lúcia levantou sua cabeça, esfregando suas lágrimas e olhou para ele com decisão sólida:
O labirinto de amor
Guilherme não queria olhar para mim de forma alguma. Seus olhos pretos estavam fixos em Lúcia,
limpando suas lágrimas suavemente e dizendo de forma bastante terna:
Ouvindo essa resposta, fiquei um pouco aliviada. Pelo menos ele não tem intenção de abortar meu bebê.
- Guilherme, você prometeu ao meu irmão que iria cuidar bem de mim naquele momento. Ele faleceu, e
eu agora não tenho nada, exceto você.
Ela chorou tão lindamente, engasgando-se em seus soluços enquanto apontava para mim:
- Se ela tiver esse bebê, você não se divorciará dela? Você não cumprirá sua promessa de cuidar de mim
para o resto de minha vida? Você tem sua própria família, mas eu não tenho nada. Eu não quero, não
quero ficar sozinha...
Lúcia chorou de tristeza e colapsou. Ela puxou Guilherme, parecendo uma criança perdida, miserável e
indefesa.
- Não deixe que ela dê à luz ao bebê, está bem? Eu te imploro Guilherme, não a deixe ter esse bebê, se
não, vou morrer!
Eu não esperava que Lúcia fosse tão extrema, nem Guilherme, que estava cheio de horror. Ele pegou
Lúcia e a levou para a sala de emergência, contendo seu pânico.
Lúcia estava puxando a grade da cama e não a largava, olhando para Guilherme com os olhos vermelhos
e dizendo:
Eu me congelei, o quanto Lúcia não queria que eu tivesse esse bebê? Olhando para Guilherme, eu não
esperei que ele dissesse nada, em vez disso eu disse:
- Lúcia, não se preocupe, esse bebê... - Eu respirei enquanto contive a dor em meu coração:
- Kaira! - Guilherme estava completamente furioso. Seus olhos escuros foram encharcados de sangue.
- Se você não levá-la aos médicos, você vai sofrer ainda mais se ela morrer!
Guilherme apertou seus lábios, seus olhos escuros como noite me dando um olhar insondável antes de
pegar Lúcia no colo e a levar para fora da ala.
Naquela ala vazia, eu olhava fixamente o sangue frio e marcante que foi deixado por Lúcia.
A febre tinha sido baixada e eu tinha que receber uma infusão de solução nutritiva. Não estava com
disposição para ficar no hospital e simplesmente recusei a perfusão e saí de lá.
Após a tempestade da noite, toda a Cidade de Rio foi renovada. Depois de sair do hospital, não voltei
para a mansão, mas fui diretamente para o Grupo Nexia.
- Diretora Kaira, a esposa do Diretor José Santos do Hospital Municipal está esperando por você no seu
escritório, ele está aqui há cerca de quinze minutos.
- Diga à Liz para preparar alguns presentes para eu levar para a Sra. Fernanda mais tarde, eles não
precisam ser muito caros, mas precisam ser delicados o suficiente.
Entrei no elevador, escolhi o piso, e liguei para Vinícius. Ele atendeu após apenas dois toques:
- Kaira!
De forma surpreendente, ele me chamou pelo meu nome. Eu franzi um pouco minha testa e disse:
Depois, fui ao banheiro para refazer minha maquiagem antes de ir para o escritório.
Estava com Guilherme havia dois anos e não era como se não tivesse ganhado nada. Além de não poder
fazê-lo se apaixonar por mim, ganhei muito em termos de trabalho.
Pelo menos eu deixei de ser uma principiante sem nenhum conhecimento no trabalho para ser capaz de
lidar com situações difíceis com facilidade. Isso se trata de um crescimento para mim.
Vendo-me, Fernanda se levantou, veio apertar minha mão, e me cumprimentou. Ela também respondeu
com um sorriso:
- Desculpe. Vim até aqui nesse momento e atrasei seu trabalho. Sinto muito. Mas como você sabe, José
assinou um contrato de cooperação com o Grupo Nexia há algum tempo, mas já aconteceu um incidente
tão grande. Por favor, se você não se importar, poderia falar com o Presidente Aguiar sobre adiar a data
de início da obra para que José e eu possamos nos preparar para isto?
O labirinto de amor
A cooperação entre o Grupo Nexia e e o hospital pertencia ao Estado. O Grupo Nexia era uma empresa
de comércio e construção, e a colaboração com o hospital pertencia ao sector de construção. Guilherme
havia deixado essa tarefa para mim. José, de quem Fernanda estava falando, era conhecido como o
Diretor José.
Nós já assinámos um contrato que marcava a conclusão e inauguração oficial do hospital para esse mês.
Mas, quando o Diretor José desviou os fundos para outro projeto, a conclusão foi adiada.
Ou seja, não havia como fazer o pagamento final ao Grupo Nexia de acordo com o contrato assinado.
- Fernanda, você também sabe que eu e Guilherme não estamos em bons termos, apesar de estarmos
casados há tantos anos. Era uma grande quantia de dinheiro. Guilherme costumava fazer as coisas com
atenção. Eu não saberia como explicar um erro desses a ele.
Fernanda estava um pouco ansiosa e não parecia se sentir boa. Pensou um pouco e disse:
- Uma semana. Só precisa de esperar durante uma semana. Quando José receber o capital, vai te
agradecer.
- Não foi difícil para eu fazer isso, mas… - Fiz uma pausa um pouco e disse:
- Fernanda, você sabe que o Grupo Nexia é uma grande empresa, e ela tem um controle de risco muito
rígido sobre a circulação de fundos. A menos que...
- O quê?
- Qual desculpa? - Fernanda perguntou, segurando o copo de água na sua mão e olhando para mim.
- Preciso pedir ao Diretor José que me arranje uma obstetra e ginecologista para que eu faça o aborto!
- Está grávida?
Acenei e disse:
- Seis semanas!
- Por que você precisa de um aborto agora que já está de seis semanas? O Sr. Guilherme sabe disto? -
Perplexa, disse após um instante:
- Esse bebê veio na hora certa para vocês, já estão na idade certa!
Eu ri, mas não podia dizer muito sobre isso. Eu disse a ela:
- Guilherme e eu ainda não estamos prontos para ter este bebê, então...
- Justamente posso aproveitar esse tempo para atrasar mais o término da obra. Fernanda, tem que falar
com o Diretor José sobre isso.
Eu concordei:
- Ele sabe.
Então ela não podia dizer mais nada a respeito, a não ser suspirar e dizer:
- É uma pena.
- Vá para o escritório do Presidente Aguiar e pediu o Caio para me dar uma cópia do acordo de divórcio
que Guilherme preparou antes.
- Diretora, você...
O labirinto de amor
Liz me acompanha há dois anos e sabe muito sobre os assuntos de Guilherme e eu. Quando me ouviu
dizendo isso, ficou deprimida:
- Se você realmente concordar com o divórcio, não frustra a expectativa do Sr. Rodrigo?
- Além disso, se você concordar com o divórcio agora, as ações que foram transferidas para você por
Rodrigo vão voltar para o Presidente Guilherme. Diretora, vai perder mais do que vai ganhar!
Olhei para a hora, eu sabia o motivo da preocupação dela. Já era tarde. Eu não expliquei muito, apenas
dizendo:
- Eu tenho meus próprios planos, vá pegar isso pra mim rápido. Eu preciso sair daqui a pouco.
Liz saiu do escritório com raiva, vendo que eu não estava escutando ela.
Lavei o rosto, peguei as chaves do carro e esperei por Liz nas escadas. Por sorte, ela foi rápida ao pegar o
documento.
- Diretora, agora não é o melhor momento para você assinar o acordo de divórcio, você...
Ao chegar na garagem, liguei o carro e fui logo para o local de encontro com Vinícius.
O Restaurante Nobre Grill é um restaurante local de grande renome. Elegante, pratos delicados à moda
da gastronomia tradicional. O ambiente costuma ser quieto e requintado, mas é geralmente a classe
mais rica que frequenta o local.
A mesa havia sido reservada com antecedência, portanto fui direto para o local marcado. Para minha
surpresa, Vinícius tinha chegado cedo.
Ele estava vestido num estilo casual e elegante, se sentando perto da janela. Ele batia os na mesa com os
dedos, mas de forma agradável.
Ele olhava a paisagem pela janela, se virando ao me ouvir chegar. Ele deu um sorriso e ficou surpreso ao
me ver:
- Kaira, hoje você está pagando, não precisa se desculpar pelo atraso?
Ele pareceu gostar do elogio mas não tocou no cardápio. Ao invés disso, fez um gesto para que eu fizesse
o pedido, disse olhando para mim:
Eu ri e não recusei. Eu pedi alguns pratos e tentei escolher algo que ele gostasse.
Ao entregar o cardápio para o garçom, tomei um pouco de água, vendo que ele me olhava, sem dizer
nada.
Pelo seu sorriso, estava claro que ele estava de bom humor. - É a primeira vez que almoço com a esposa
do meu amigo, parece...
- É bom!
Dizem que as pessoas se agrupam naturalmente de acordo com os tipos. Amigos de pessoas frias e
indiferentes como Guilherme não costumam ser fáceis de lidar.
Não pensei demais no que ele disse, nem perguntei o que ele queria dizer. Fui direto ao ponto:
Ele mudou sua postura, inclinou seu corpo em minha direção e disse:
Ele desconfiou:
- Só isso?
- Eu ouvi falar que o Dr. Vinícius é um talento da medicina tradicional. Além disso, gostaria de remédios
para repor meus nutrientes depois do aborto, conseguiria fazer isso por mim?
O labirinto de amor
Ele olhou para mim. Com aquele par de olhos escuros e belas sobrancelhas levemente franzidas, parecia
espreitar a verdade das minhas palavras.
- Claro!
- Obrigada, Dr. Vinícius! - Não precisa dizer muito quando conversa com pessoas inteligentes. Um olhar
pode dizer tudo.
Eu sorri:
- Estou lisonjeada. É algo que pode salvar a minha vida. Além disso, Guilherme e eu nunca fomos tão
compatíveis, essa criança veio em um momento ruim.
Eu olhei para ele um pouco atordoada. Eu estava mesmo um pouco chocada. No começo, eu só queria
lidar com o assunto da criança e me divorciar de Guilherme. Mas eu não sabia para onde ir caso deixasse
a Cidade de Rio.
- Talvez nos próximos dois meses, eu sei, é que... ainda não decidi sobre a cidade.
- Vá para a Cidade de Nuvem. É um bom lugar para viver. - Ele disse ao terminar de comer, deixou o
garfo no prato e limpou a boca com o guardanapo.
- Vou pensar nisso! - A Cidade de Nuvem não é tão próspera e desenvolvida quanto a Cidade de Rio, mas
oferece um ritmo de vida mais tranquilo. Então, seria a cidade ideal para viver para o resto da minha
vida.
Eu imaginava que eu pagaria a conta mas, depois de comer, descobri que ele já havia deixado a conta
paga. Saindo do restaurante, eu olhei para ele e disse:
Ele disse:
Estava ficando tarde e eu deveria ir embora. Enquanto eu caminhava para o meu carro, ele falou:
- Amanhã!
Agora que tomei a decisão, precisava fazer tudo o mais rápido possível.
- Não! - Eu abanei minha cabeça e disse: - Eu não tenho nenhuma intenção de dizer a ele!
Liguei o carro. Eu via que ele estava ficar apático, mas não pude dizer nada além de “até logo”. Então, eu
dirigi o carro de volta para a mansão.
Cheguei em dez minutos. Eu não saí do carro. Sentada no carro, peguei o documento que Liz me
entregou.
Eu estava triste. No começo eu pensava que, a menos que o Guilherme colocasse uma faca em meu
pescoço e me forçasse a assinar o acordo, eu não o faria.
Ele sempre foi generoso no acordo do divórcio, me deixaria a mansão e uma boa parte dos dividendos
anuais do Grupo Nexia.
Eu tentei sorrir, olhando para o documento. Talvez, desde o início, o Guilherme pensasse que eu estava
aqui somente por essas propriedade e que eu assinaria o divórcio contanto que ele me desse tudo o que
eu quisesse.
Fiquei surpresa ao vê-lo. Ele estava me olhando com seus olhos escuros e profundos. Eu não sabia o que
ele sentia.
- Onde você foi? - Seu desagrado foi revelado por sua frieza.
Hoje, Lúcia tinha feito uma bagunça no hospital. Era possível que ele não tivesse comido nada ainda. De
repente, estive consciente de que não precisava mais tomar conta dele, já que eu estava indo embora.
Mas eu amava ele por muito tempo. Mesmo indo embora, não devemos tornar as coisas mais difíceis. O
amor vai se acabar, mas teremos uma boa memória disso.
Eu cozinhei espaguete para ele, me sentia fria. Encontrei o olhar de Guilherme, frio e indiferente, ao
olhar para trás.
- Aconteceu... alguma coisa? - Normalmente ele olha para mim, com um ar ou frio ou enojado. Hoje, eu
não sabia como lidar com ele. Acabei entrando em pânico.
Ele não falava nada, entendi que ele não queria conversar comigo, então também não disse nada.
Apenas cozinhei o macarrão. Olhei para ele ao colocar o espaguete sobre a mesa:
- Não tem mais nada em casa além de isso e ovos, então seja indulgente e coma!
Logo eu estava pronta para subir e tomar um banho, então ele disse, friamente:
Meu coração doeu por um tempo. Normalmente, eu teria ficado em silêncio, mas agora eu não sabia por
que meus olhos, de repente, ficaram lacrimejantes. Eu disse a ele:
- Guilherme, concordo com o divórcio. - Peguei o documento de dentro da minha bolsa e o coloquei na
frente dele:
Eu disse o que estava preso em minha mente. Eu respirei e segurei o amargor que vinha de meu coração.
Eu disse, olhando para seu lindo e frio rosto:
Quando as pessoas tomam certas decisões, elas sempre têm que lidar com as consequências.
Eu não gostei da expressão zangada de Guilherme. Resolvi subir as escadas. Esta poderia ser a última vez
que falamos desta forma, na mansão.
Sabendo que ele estava com raiva, eu segurei a dor e disse, sem olhar para ele:
- Eu vou cuidar disso, não vou deixar que isso afete a Lúcia.
- Kaira! - Ele explodiu de raiva, tanto que apertou minha mão até ficar dormente. - O que você quer
fazer? Pedir o divórcio? E então vai abortar o filho? E então ir embora?
- O que mais posso fazer? - Eu olhei para ele e acabei soltando as lágrimas que continha há tanto tempo:
- O que mais posso fazer? Guilherme, você não queria que eu concordasse com o divórcio e me afastasse
de você? Que problema vê agora que estou fazendo isso?
- Você acha que é esperta? - Ele apertou meu queixo e, quando tentei me soltar, ele apertou ainda mais.
Ficamos muito perto um do outro. - É o meu bebê. Você não pode abortar sem minha aprovação.
O labirinto de amor
Por conta de ter sido molhada na chuva, ainda não havia me recuperado completamente. Nessa altura,
ele me soltou de repente, caí nos braços dele, dormente.
Ele me segurou com suas mãos fortes. Após anos de treino, perto dele, era possível sentir a força de seus
músculos. Como eu não tinha tanta força, não queria discutir com ele agora, simplesmente fechei meus
olhos e fiquei em seu abraço.
- Ótimo, está se fingindo de morta. - Ele disse em voz baixa, ainda irritado.
Meu rosto recebeu algumas tapas fortes dele. Doeu um pouco, realmente não me senti bem, então não
abri os olhos.
Vendo que não respondi, talvez ele ainda tivesse consciência, ele me pegou no colo e me levou para o
quarto.
Depois que ele me colocou na cama, eu não conseguia ouvir nenhum outro barulho.
Pensei que ele não se importava comigo. Mas, em seguida, eu o ouvi chamando o Vinícius para vir me
ver.
Cerca de dez minutos depois, eu estava atordoada e completamente adormecida. Vagamente ouvia a
voz de Vinícius.
Às vezes eu simpatizo com Vinícius, ele é um médico de renome internacional. É muito incomodado ser
chamado por Guilherme, dia após dia.
Eu já estava sonolenta e, após ter ido a vários lugares durante o dia, acabei pegando no sono.
Na meia noite, num aturdir, estava ciente de alguém me puxar para os braços, tentei abrir meus olhos,
mas eu estava muito sonolenta e acabei desistindo.
No dia seguinte!
Quando acordei, Guilherme não estava mais na mansão. Eu não precisei de pensar nisso e já pude
adivinhar que ele tinha ido ver Lúcia.
Eu tinha um compromisso com o Diretor José, então me levantei, tomei um banho e fui direto ao
hospital.
Sabendo que estava indo para lá hoje, Fernanda estava me esperando à entrada do hospital. Ela ainda
estava um pouco preocupada quando me viu:
- Vai realmente abortar o bebê? Não vai discuti-lo com o Sr. Guilherme?
Sabendo que ela estava preocupando comigo, sorri e entrei no hospital com ela, disse:
- Está tudo certo, não se preocupe!
O Diretor José arranjou tudo para o aborto médico e, quando entrei no hospital, fui direto para a sala de
operação após um check-up básico. Não tinha nada de errado.
Fernanda ainda estava preocupada. Ela me puxou, tentando me fazer desistir da ideia:
- Sra. Kaira, sei que você ainda é jovem, mas isso pode fazer mal à sua saúde, pense melhor nisso!
Eu assenti com a cabeça, mas já chegou a hora. Dei uma tapinha na mão dela e tentei acalmá-la:
Fui acompanhada por uma enfermeira ao entrar na sala, a médica era uma mulher de meia idade. Ela
disse, ao me ver:
- Srta. Kaira, vamos aplicar a anestesia e você cairá no sono. Não é um processo doloroso, não precise
ficar nervosa!
Acenei e me deitei na cama de operação e, assim como ela disse, logo caí no sono.
Eu abri meus olhos e vi Guilherme me olhando, muito triste. A temperatura na enfermaria não podia ser
mais baixa, um par de olhos negros eram cheios de indiferença e raiva.
Meu coração bateu forte, eu nunca havia visto ele assim antes. Eu tentei puxá-lo, mas ele agitou sua
minha mão com intensidade.
Abri minha boca, mas não consegui dizer nada. Fechei meus olhos para evitar o olhar furioso dele.
- Srta. Kaira, não tem medo do Presidente Aguiar odiar você por isso? - Uma voz baixa e velha veio da
porta. Era o Diretor José, que veio fazer o acompanhamento comigo. Ele verificou minha situação e
disse:
- Isso diz respeito ao Presidente Aguiar, afinal, era o filho dele. Ele vai saber da verdade na próxima vez.
Eu sorri, enquanto me sentava na cama do hospital. Tirei meu prontuário e disse a ele:
Guardei o prontuário, estava prestes a sair da cama e ir embora. Mas o Diretor José me impediu, ele me
olhou e disse:
- Já que está fazendo uma cena, faça direito. Já viu alguma mulher que teve um aborto pode sair da
cama em menos de meia hora?
Verdade!
- Guilherme é muito suspeitador , pode ser que ele mande alguém para verificar o meu prontuário. Se o
Diretor José puder ajudar, agradeço muito.
Ele riu, parecia um pouco relutante:
- Vocês, jovens, que caprichosos! Por que causam tanta confusão em vez de viver uma vida boa! Mas já
que eu prometi ajudar você, vou dar um jeito nas outras coisas!
- Quanto à Fernanda, também precisaria de você... - Quanto menos gente souber disso, melhor.
Passei a manhã na cama de hospital até que o médico viesse explicar os cuidados pós cirurgia e me
indicasse a medicação correta. Logo, eu saí do hospital.
Liz me esperava no carro na frente do hospital. Ela me ajudou a entrar no carro, eu disse:
Guilherme não estava, então mandei Liz voltar para o escritório e, tendo acabado de sair da cirurgia, eu
deveria ir direto para a cama.
No entanto, antes de adormecer, o som de uma sereia veio lá de baixo. Fui até a varanda, vendo que
eram Guilherme e Vinícius.
Como eu pensei, Guilherme nem queria me ver agora, mas pediu para Vinícius verificar se tinha algo de
errado comigo.
Quando voltei para a cama, Vinícius entrou com uma caixa de remédios. Quando me viu, ficou ao meu
lado para checar o minha condição.
Eu disse, ao lhe mostrar minha mão:
- Esses são remédios para proteger o feto, tome-os na hora certa e, caso não sofra nenhum impacto, o
feto se desenvolverá bem.
Ele desceu após dizer isso e eu troquei o remédio do hospital pelo que Vinícius tinha trazido.
Então eu me deitei na cama novamente. Como foi um aborto, seria normal eu descansar por uns quinze
dias. Era o suficiente para atrasar o projeto do Diretor José por uma semana, mas seria horrível para eu
ficar na mansão por uma semana.
O labirinto de amor
Eu imaginava que após o aborto, Guilherme ficaria enfurecido por pouco tempo, ou talvez avistando que
Lúcia tinha parado de fazer drama, ele desapegaria dos acontecimentos da criança.
Mas o que eu não havia previsto, era que o entrelaçar entre mim e Guilherme apenas começava.
A mansão sempre foi deserta, e depois do incidente com o bebê, Guilherme se recusava a voltar. A
ausência dele era também um alívio para mim.
Para fazer com que o meu episódio fosse ainda mais real, eu quase não saía da mansão, e pedia a Liz que
trouxesse tudo o que fosse necessário.
De tarde.
Liz enchia a geladeira com diversos nutrientes, e me explicava como deveria me alimentar deles, após
isso ela se aproximou de mim e falou:
- Diretora, o pagamento final do Hospital Municipal está atrasado, o setor financeiro não para de me
ligar. Não seria melhor você entrar em contato com o Diretor José?
Eu comia jaca, mas não estava aguentando mais o cheiro, então o joguei na lixeira. Percebendo que Liz
ainda estava parada de modo obediente, pedi a ela para se sentar, limpei as mãos e perguntei:
- Não tardou muito, mas o valor é gigante, e a empresa pretendia usar esse dinheiro no desenvolvimento
de novos mercados. E agora com a demora, está prejudicando os lucros do próximo trimestre.
Acenei a cabeça, o fluxo financeiro do Grupo Nexia sempre foi veloz, o atraso de qualquer parceiro
prejudicava um bocado a empresa. No entanto, a quantia da parte do Diretor José era imensa, mesmo
não a usando para investir, só de deixá-la depositada no banco por dois ou três dias, já teria um
rendimento considerável.
- O Diretor José sempre foi uma pessoa de palavra, como fiquei muitos dias em casa me recuperando,
acabei me esquecendo disso, é de minha responsabilidade, fale com o setor financeiro que assim que eu
melhorar, irei resolver os negócios.
- Sra. Kaira, como você está se sentindo? José conseguiu circular os fundos, muito obrigada pela sua
ajuda.
Parece-me que conseguiram resolver os problemas, posso prosseguir com o trabalho. Assim que
respondi a mensagem de Fernanda, liguei para o Diretor José e combinei a data do pagamento final para
depois assinar o contrato de conclusão.
Após solucionar isso, Liz também tinha terminado de cozinhar e, como ela tinha outros compromissos,
não a convidei para ficar. Notando que ela andava às pressas, falei:
- Já me recuperei bastante, pode ficar na empresa para tratar das coisas. Marquei um encontro com o
Diretor José amanhã para tratar isso logo.
- Você tem certeza que está bem? Ouvi dizer que depois de um aborto é preciso ficar em repouso por
duas semanas, mas só se passaram alguns dias.
- Olhe como estou, pareço doente? Além do mais, se eu não terminar isso logo com o Diretor José, só vai
adiar ainda mais o pagamento, imagine o prejuízo que a empresa vai sofrer. Se chegasse naquele ponto,
a questão com Guilherme não seria mais simples, ele não me trataria mais com tanta bondade.
Já não existia o tal do aborto, se perdesse mais tempo aqui, atrasaria meus planos, e a barriga só
cresceria mais a cada dia, se até lá não tivesse terminado definitivamente com Guilherme, só iria piorar
tudo.
Agora só podia apressar os passos, resolver tudo, e depois disso procurar uma chance para deixar a
Cidade de Rio.
Depois que Liz foi embora, voltei para a mesa de jantar. Senti a solidão e mesmo com a mesa repleta de
comida fiquei sem vontade de apreciá-la. Com o anoitecer, também fiquei sem ânimo de sair.
Degustei um pouco dos pratos e voltei ao quarto. Guilherme não retornava e eu também não tinha nada
a fazer, decidi então ler alguns livros e pesquisar na internet à procura de um apartamento na Cidade de
Nuvem. Caso decidisse morar lá, precisaria de um alojamento confortável tanto para a mãe quanto para
o bebê.
Neste momento meu celular tocou e me assustei, o identificador de chamada indicava que era Esther,
em seguida o atendi, antes que eu pudesse falar, meu ouvido já tinha sido bombardeado.
Como havia passado somente alguns dias, fiquei confusa de como ela obteve essa informação, então
perguntei:
- Como é que eu soube? Você ainda tem coragem de me perguntar? Você me considera sua amiga? Isso
é muito sério e você não me disse nem sequer uma única palavra - Esther falou enfurecida.
Quando essa mulher ficava irritada, ninguém poderia segurar ela. Coloquei a mão na testa, com a cabeça
latejando, falei:
- Eu queria acabar com isso logo, pois quanto mais esperava mais medo sentia. Queria te avisar, mas
sabia que você andava muito ocupada, então tinha decidido te contar daqui a alguns dias.
- Não é isso que quero saber! Não sou contra o aborto, mas você precisava de alguém para cuidar de
você depois da cirurgia! Você não me contou nada, e se algo de ruim acontecesse com você? - Esther
estava ansiosa demais, por isso havia soltado tudo do coração.
Compreendendo a sua preocupação, uma ternura preencheu o meu coração e, em silêncio, fiquei
apreciando os discursos dela. Depois disso, falei:
- Esther, vou me divorciar do Guilherme, talvez deixe a Cidade de Rio, você quer vir junto comigo?
No momento, achei melhor não comentar nada do bebê, mesmo que ela soubesse, não alteraria nada,
masachei necessário que ela ficasse ciente de que a decisão de me mudar para outra cidade, porque o
motivo de ela ter vindo morar aqui fui eu. Se eu partisse sem avisar, com certeza ela nunca mais faria
caso de mim.
- Quando você vai partir? Para qual cidade você pretende ir?
- Nesses últimos meses, fiquei pensando sobre a Cidade de Nuvem, queria me mudar para lá.
E não falou mais nada, achava que ela iria fazer alguns comentários, mas ela ficou calada, como não
tinha mais nada para dizer, decidi me despedir dela.
- Venha buscar o teu homem aqui no meu bar, ele está bêbedo.
Por que Guilherme foi beber ali? Depois de desligar o telefone, me troquei com rapidez, vesti um casaco
e dirigi até o bar de Esther.
O Bar de Tempo não ficava distante da mansão, em dez minutos já tinha chegado até lá.
Esther estava encostada na mesa do bar e bebia, quando me viu, falou com indiferença:
- Sei lá, ele veio por dois dias seguidos, mas antes de ficar torrado desse jeito já tinha sido levado por
aquele assistente alto e bonito dele. Mas hoje o assistente não veio, deve ter outros trabalhos, então ele
encheu a lata. - Esther falou:
- Minha garota, você abortou o filho dele sem avisar, ainda espera que ele esteja de bom humor?
Fiquei pasma, ele estava assim por causa do bebê?
Chegando ao andar de cima, encontrei a sala na qual Guilherme estava, bati na porta algumas vezes, mas
ninguém respondeu, então abri a porta da sala.
Assim que empurrei a porta, senti um bafio forte de cigarro misturado com cheiro insuportável de álcool.
Deixei a porta aberta para melhorar a circulação de ar, depois entrei.
As luzes do quarto não eram muito iluminadas, o homem sentado no sofá permanecia com os olhos e os
lábios finos semicerrados, mas o comportamento dele não me parecia ser de alguém que havia bebido
demais, parecia mais alguém que apenas descansava a mente com olhos fechados.
O labirinto de amor
- Guilherme! - o chamei, ao mesmo tempo corri a vista pela mesa e percebi que tinha várias garrafas de
uísque. Como ele conseguiu tragar tudo isso, desse jeito mesmo um estômago bom não aguentaria!
Ouvindo a minha voz, os cílios escuros e longos dele se mexeram, e com os olhos semicerrados, ele me
olhou com frieza e indiferença.
Não sei se foi porque eu havia perturbado o sono dele e o ambiente que antes parecia pacífico, logo
apareceu uma corrente de ar gelado, e quando ele me olhou, puro ódio surgia nos olhos dele.
- Saia daqui!
Ciente de que ele não esperava a minha presença, suspirei, e me aproximei dele. De modo suave, falei:
Apertei meu cenho, com a gravidez, eu me irritava com mais facilidade. Se fosse antes, com certeza iria
me render aos insultos dele, mas nesse momento, acentuei meu tom e indaguei:
- Se não for casa então o que é? Guilherme, se você não quer me ver, posso ligar para Lúcia e pedir a ela
vir te buscar. O bar ainda está aberto e Esther tem que fazer negócios. Dinheiro é o que não falta para
um patrão como você, mas não atrapalhe o trabalho dela!
Ele me agarrou de impulso, e quase no mesmo instante me colocou no colo dele, envolveu as mãos na
minha cintura, logo enfiou os dedos pelo meu decote com rudez, sem nenhuma ternura, e falou com
crueldade:
- Qualquer lugar que tenha você, não se pode considerar lar, apenas ... motel!
Franzi a testa de tanta dor, e no mesmo instante, minha raiva aumentava. Tirei as mãos dele, argumentei
furiosamente:
- Se é apenas motel, então não precisa voltar mais. Assine logo os documentos do divórcio, assim não
teremos mais relação nenhuma, dessa forma nenhum de nós poderá mais se intrometer na vida do
outro.
De repente, ele mordeu o meu ombro e minhas lágrimas quase caíram ao sentir a dor.
- O que foi? Com dinheiro, moradia e ações nas mãos, já quer se livrar de mim? - Prendendo-me com
firmeza, ele deu um riso sarcástico:
- Kaira, o seu amor não tem o mínimo valor e você já está pronta para retirá-lo?
Reparando como ele estava, embriagado, minha cabeça começou a arder. Por que estou discutindo com
um bêbado?
Ele ficou quieto, fechou os olhos e se encostou no sofá, mas continuava me segurando.
Como não conseguia assimilar o que ele desejava, refleti um pouco e falei:
- Se você não quiser voltar comigo, posso pedir para Lúcia vir te buscar, pode ser?
De qualquer forma, ele não queria voltar para a mansão e suponho que ele ficaria com Lúcia durante
esse período. Mas se deixasse ele aqui, prejudicaria os negócios de Esther, então tirei o celular da minha
bolsa, e estava pronta para ligar para Lúcia.
No entanto, nem tinha conseguido completar a ligação, e o telefone foi tirado da minha mão de forma
brusca.
Fiquei chocada, me virei e encarei Guilherme, sentindo que já estava chegando aos meus limites,
perguntei:
Não quis ir comigo, não quis que alguém o buscasse, pretendia morrer sozinho aqui?
- Pra casa! - , ele cuspiu essas duas palavras, me segurou em seus braços e, cambaleando sem parar, ele
seguiu para fora.
Eu estava aterrorizada porque um bebê estava no meu ventre, se ele me derrubar, me arrependeria para
sempre.
Agarrei-me a ele com toda força, tomei cuidado com as palavras utilizadas e de forma suave, falei:
- Guilherme, você está bêbedo, me coloque no chão, posso andar sozinha, acabei de passar por uma
cirurgia, se me deixar cair, algo sério pode acontecer.
Ele ficou paralisado, o corpo parecia estar congelado, sem entender o motivo e com os olhos obscuros
como as trevas, ele me contemplou e perguntou ingênuo:
Fiquei aturdida, não entendia o que ele tentava se expressar, balancei a cabeça e falei:
- Não, por que iria me vingar de você? Eu te amo tanto, como é que me vingar de você?. Coloque-me no
chão, vamos pra casa, está bem?
Achei que ele causaria mais problemas, mas me surpreendeu que me colocou no chão quando ouviu as
minhas palavras. Depois me olhou com seus olhos escuros e falou:
- Pra casa!
Não tinha ideia o quanto ele havia ingerido, como ainda cambaleava muito, eu o ajudei a descer as
escadas. Esther estava com as mãos cruzadas em frente à mesa de bar, percebendo a nossa presença
perguntou:
- Precisa da minha ajuda?
- Este bar está quase se tornando dele, pra que pagar as contas! - Esther revirou os olhos para mim.
Como Guilherme colocava todo o seu peso no meu corpo, não consegui estudar o que ela quis dizer,
apenas acenei com a cabeça e saí com ele.
Deu muito trabalho para colocar ele direito no carro. Depois de me sentar, respirei fundo para recuperar
o fôlego. Minhas costas estavam suadas, e as roupas úmidas.
Só isso já deixava meu corpo todo dolorido, agora entendi por que sempre diziam que a gravidez era
como uma obra de arte, pois tinha que ser tratada com muita delicadeza.
Observando o homem no assento do passageiro, com seus olhos negros cerrados, sem a severidade e o
rigor do cotidiano, sua expressão amenizou bastante. Ele parecia de fato ser abençoado por Deus, tinha
sobrancelhas perfeitas, o perfil do rosto marcante, um corpo bonito, e mais, era rico. Era o melhor dos
melhores.
Eu o olhava concentrada e me perdia em meus pensamentos quando, de repente, ele abriu os olhos.
Nossos olhos se encontraram no ar e meu coração se sobressaltou.
Não conseguindo reagir a tempo, o cheiro forte de álcool misturado com o de cigarro que tinha nele
encheu o meu cérebro, e ao mesmo tempo em que sentia uma dor, percebi que ele havia mordido a
ponta da minha língua!
Assim que voltei a mim, me perguntei, por que Guilherme tinha me beijado de súbito?
Ele me beijava de forma profunda, eu não conseguia respirar direito, minha cabeça girava, e quando
parecia estar quase ao ponto de dissipar todo o oxigênio do meu corpo, ele me soltou.
Fiquei espantada, olhava para ele cheia de confusão. Nesse momento não sentia a dureza dele, em vez
disso ele tinha olhares complexos e incompreensíveis.
- Guilherme ...
- Meu filho, devolva meu filho! - De repente, ele jogou essas palavras para fora, e em seguida se
encostou no assento e fechou os olhos de novo.
Me sentia perplexa por um instante, não sabia se ele tinha caído no sono, ou apenas descansava a
mente. Como não tinha o espírito, dirigi o carro direto para a mansão.
- Meu filho, devolva o meu filho! - No caminho, as palavras dele rodeavam na minha cabeça.
Ele nunca iria abandonar Lúcia, sem falar que ele se importava muito com ela, mesmo que não fosse
assim, ele também não a abandonaria.
Se ele descobrisse que fiquei com o bebê, o nosso estado se tornaria ainda mais difícil, não seria mais um
problema de apenas três pessoas, com uma criança no meio, tudo seria mais complicado.
Tinha decidido deixar a cidade, e pensava que isso seria a melhor solução, pelo menos seria um final feliz
para todos.
Depois de estacionar o carro, quase tive um colapso, teria que levar o Guilherme para o andar de cima e
isso não seria uma tarefa fácil.
O labirinto de amor
Depois de uma pausa, saí do carro. Andei até o assento do passageiro e abri a porta. Puxei a manga de
Guilherme:
- Guilherme!
Era provável que ele tivesse com estômago tão perturbado que não conseguisse adormecer por conta de
ter bebido demais. Portanto acordou quando o chamei.
Depois de abrir um pouco os olhos, ele olhou para mim e à sua volta, dizendo em voz baixa:
Acenei com a cabeça, sem saber se ele estava claro ou bêbado. Eu disse:
Era quase meia-noite. Na verdade, como uma mulher grávida, não tinha energia para ficar com ele.
Ele se endireitou. Parecia que não tinha intenção de sair do carro, com o corpo esguio inclinado contra o
encosto do assento. Ele não falou nada, com os olhos abertos. Parecia ser inofensivo, mas eu conhecia
seu temperamento. Era caprichoso e imprevisível.
- Vou apanhar um pouco de sol! - falou ele, e depois continuou a se sentar no carro.
Fiquei estupefacta com suas palavras. Queria pegar sol nesse momento?
- Está bem. Não tenha pressa. - Na verdade, eu não tinha energia para ficar com ele. Eu me sentia tão
desconfortável por toda parte que decidi voltar direto para a mansão.
Depois de entrar no quarto, fiquei deitada por um pouco. Mas não ouvindo nenhum barulho na sala de
estar, fiquei preocupada que ele se ir embora. A essa hora, o que eu poderia fazer caso ele fosse embora
e criasse problemas?
Eu me levantei para descer depois de tomar essa decisão difícil. Muito inesperadamente, sem saber
quando, ele entrou na mansão e estava deitado no sofá na sala de estar.
Tendo ficado com ele até muito tarde, dormi como uma pedra. Já era a tarde quando acordei.
Como tinha combinado um encontro com o Diretor José, me levantei e tomei banho depressa antes de
sair. O Diretor José estava à minha espera no escritório quando cheguei à empresa.
Quando me viu, ele se levantou com um sorriso e disse com muitas desculpas:
- Sinto muito ter atrasado seu trabalho, Diretora Kaira.
Como eu estava com muita pressa de chegar à empresa, acalmei minha respiração e mandei Liz lhe servir
água. Depois assinei tanto o contrato de conclusão como o contrato de transferência.
- Já é meio-dia. A Diretora Kaira ainda não almoçou, não é? E se fôssemos almoçar juntos? Minha esposa
tem querido agradecer você. Queria saber se está livre.
Era verdade que eu estava livre, mas eu vi Liz, que estava olhando para mim, parecendo que tinha algo
para me dizer, por isso, eu disse com um sorriso:
- Diretor José, é muito simpático. Eu é que devo agradecer a vocês. O que acha de nos reunirmos de
novo em outro dia quando estivermos livres. Hoje tenho alguns assuntos para tratar.
Ouvindo minhas palavras, o Diretor José não quis insistir e saiu depois de falar um pouco.
- Diretora agradecer. O Presidente Guilherme quer falar com você. Mandou você ir ao seu escritório ao
chegar à empresa.
- Nosso departamento cometeu algum erro no trabalho nos últimos dias? - Em tempos normais,
Guilherme não falava de assuntos privados comigo na empresa.
O escritório de Guilherme conformava com ele mesmo. Era frio e rigoroso, fazendo com que as pessoas
pudessem sentir um arrepio mesmo que viessem aqui no meio do verão.
A área do escritório enorme me fez sentir muito fria. Depois de observar à volta, vi que a porta da sala de
reunião estava fechada. Quando Caio me viu, ele me disse:
- Diretora Kaira, o Presidente Guilherme está tendo uma reunião com o Presidente Carvalho e o Dr.
Moreno.
Acenei com a cabeça. Pensei por um momento. Eu sabia que o Dr. Moreno era Vinícius Moreno e o
Presidente Carvalho era Pietro Carvalho.
Sentei-me no sofá do salão e olhei para o relógio. Era meio-dia. De manhã tinha saído de casa com tanta
pressa que meu estômago estava muito dolorido de fome por não ter comido nada.
- Aguarde um pouco, Diretora Kaira. O presidente ainda precisa de cerca de trinta minutos.
No dia anterior, Esther disse que Guilherme ia muitas vezes ao bar, então eu queria saber o motivo pelo
qual ele ficava bêbedo de propósito.
- Por quê? - o problema do filho não deveria ter incomodado tanto Guilherme, a não ser que fossem os
assuntos de Lúcia.
Ao me ver olhando para ele com um rosto cheio de curiosidade, Caio tossiu de forma leve e disse:
Eu sem palavras.
Aguardando muito tempo, não sabia por que tinha dormecido de novo. Ouvindo algumas pessoas
saírem, me esforçou para me endireitar no sofá.
As três pessoas que acabaram de sair da sala de reunião olharam para mim em conjunto. Com as
sobrancelhas um pouco franzidas, Vinícius olhou para Caio e disse algo para ele. Depois de me dar uma
olhada, Caio saiu.
Guilherme estava olhando para mim com seus olhos profundos. Não podia parar de pensar que ele ia
descarregar sua raiva em mim.
Ele franziu a testa sem falar nada. Mas, Pietro, que estava nos observando de lado, disse:
- A Sra. Kaira é bem competente! Para um projeto de algumas centenas de milhões de dólares, você fez
seu marido perder dezenas de milhões em dois dias. É tão generosa!
Olhei para Guilherme, mas ele ainda se mantinha calado, com o rosto rigoroso. Dei uma olhada em
Pietro e disse:
Vinícius desatou a rir. Colocando as duas mãos dentro dos bolsos, ele olhou para mim com os olhos
límpidos. Parecia que isso não tinha nada a ver com ele.
Pietro deu uma olhada nele e ficou zangado de repente. Olhando para mim, ele disse:
- Kaira, quem você acha que é? Como se atreve a falar comigo dessa maneira?
Na verdade, eu não queria desperdiçar minhas palavras com Pietro. Ele ficou me desprezando e achava
que eu tinha prejudicado a relação entre Guilherme e Lúcia, então ele nunca falou comigo com uma boa
atitude.
Como nos conhecíamos bem, eu não me importava com o sentimento dele. Olhando para ele, eu disse
direta:
- Presidente Carvalho é um imperador proveniente de 3.000 anos atrás? Temo que as únicas pessoas
qualificadas em falar com você sejam aqueles guerreiros de terracota do túmulo. Afinal, são aqueles que
são da mesma época que têm algo em comum com você.
Compreendendo minhas palavras, Pietro ficou tão bravo que ficou com o rosto vermelho. Ele disse:
- Mesmo um homem morto é mais qualificado do que você. É tão impiedosa que se atreveu a matar a
criança na sua barriga...
- Guilherme quer falar com a Diretora Kaira. Já reservei um restaurante. Vamos até lá para esperar por
eles!
- A Diretora Kaira ainda não almoçou, não é? Depois vá até lá com Guilherme!
Guilherme e eu fomos deixados no escritório vazio. Sem ter certeza do que ele iria fazer em relação ao
Diretor José, tomei a iniciativa de dizer:
- Eu sou responsável pela questão do Diretor José. Fiquei me recuperando em casa desde meu aborto.
Pensava tanto na criança que me esqueci dos assuntos do Diretor José.
Como ele não falou nada, com o rosto duro, continuei dizendo:
- Sei que esse erro causou muitos danos à empresa, por isso, vou pedir demissão...__
O labirinto de amor
- Sim! - Desde o início, eu percebi que deixar a Cidade de Rio seria uma coisa lógica no caso de eu ter
motivos para pedir a demissão.
Na minha frente estava Guilherme, alto e forte. Ele me deu um sorriso frio e incompreensível, fazendo
com que eu sentisse o ar frio que se aproximava de mim:
- Teve um aborto, assinou o acordo de divórcio, e agora está disposta a pedir demissão. Kaira, o que
pretende fazer?
Suas palavras fizeram minhas palmas da mão suarem. Cercada por seu cheiro, eu dei um passo para trás
por instinto. De repente ele me pegou, colocando seus braços ao redor da minha cintura. Seus olhos
escuros pareciam rigorosos:
- Não vou a lugar nenhum! - Eu me apressei a negar. Olhando para ele, eu disse:
- Você sempre quer que eu assinasse o acordo de divórcio, não é? Eu já o assinei, e agora você pode
namorar com a Lúcia. Isso não é o que deseja?
- Muito bem! - Seu sorriso ficou mais frio e as mãos colocadas ao redor da minha cintura se apertaram:
- Kaira, você sabe que odeio que outros tomem decisões por mim. Acha que consegue escapar com tanta
facilidade depois de me fazer perder meu filho?
- Você não queria aquele bebê, pois não? - Eu franzi a testa, sentindo mais dificuldade de o
compreender:
- Lúcia estava me ameaçando com sua morte. Em vez de vocês me forçarem a fazer o aborto, eu preferi
ir sozinha!
A atmosfera ficou tranquila. Guilherme estreitou os olhos, fazendo com que eu sentisse perigo. Eu tinha
a sensação de que o que estava diante de mim nesse momento era um leopardo feroz que tinha sido
enfurecido, e que se eu não tivesse cuidado, ele morderia meu pescoço e me despedaçaria.
Eu não compreendia suas palavras, mas sabia que não era elogio.
- Kaira, guarde sua sabedoria, já que você abortou o bebê, tudo bem, então vamos conceber um outro!
Depois de dizer isso, ele saiu com o rosto frio. Fiquei congelada, não compreendendo bem suas palavras.
Se o marido de uma outra mulher tivesse dito isso, seria a consolação e preocupação, mas no caso dele,
não era assim, absolutamente não.
- Ainda vai ficar aí? - Ele virou a cabeça, franzindo um pouco a testa. Sua voz parecia um pouco dura.
Eu não sabia o que fazer por um momento. Depois de lhe responder em voz baixa, eu passei a segui-lo
trotando.
Após deixarmos a empresa, Guilherme me levou para um pátio grande, onde ficava um restaurante
chinês. Quando entramos no pátio, vimos uma mulher vestida com uma saia cor-de-rosa. Ela olhou para
Guilherme e disse com um sorriso:
Sob sua orientação, Guilherme e eu atravessamos o pátio e entramos numa casa. Logo quando
entramos, vi Vinícius e Pietro fazendo chá. Parecia que os dois estavam conversando.
A mulher saiu depois de entrarmos na casa. Guilherme se dirigiu até eles e se sentou numa cadeira ao
lado deles. Com os olhos indiferentes, ele disse:
- O Chefe Ryan está cozinhando a sopa. - Depois de dizer isso, Vinícius se virou para mim e disse:
Pietro me detestava. Vendo que Vinícius se comportava assim, ele disse em um tom ruim:
- Por que está tão mimada? Só porque abortou um bebê? Vale a pena mandar o Chefe Ryan cozinhar a
sopa para você? Ele é um chefe de nível internacional. Que desperdício!
Lançado uma olhada indiferente em mim, Guilherme não falou nada. Vinícius disse:
- Há uma bela vista no pátio, onde você pode dar um passeio. Ao lado dele há um jardim de bonsai, onde
há um lago com muitos peixes dentro.
As palavras foram ditas por Pietro, e mesmo que eu não as quisesse ouvir, não as poderia evitar, porque
sua voz era tão alta que todos no pátio podiam o ouvir.
Acelerei meus passos porque não queria ouvir mais essas palavras. Saindo do pátio, vi uma vista bem
diferente.
O terreno da Cidade de Rio era muito precioso. O pátio era enorme e estava localizado no centro da
cidade, então se podia imaginar quão luxuoso era. Fora do pátio ainda havia uma área grande para a
plantação das flores, portanto o proprietário do restaurante devia ser um homem bem rico.
Enquanto caminhava pelo caminho de pedra, vi um homem de cerca de trinta e cinco anos com uma
criança quebrando os galhos verdes no pátio.
Enquanto me aproximava deles, o homem também me viu. Ele largou os galhos e me cumprimentou:
- Olá!
- Olá!
A criança ao seu lado parecia estar aprendendo a andar. Quando me viu, passou a vir na minha direção
com os passos lentos. Era uma criança muito ativa.
Não sabendo falar, ele me passou a flor amarela que estava na sua mão, de olhos arregalados.
Nesse momento, me surgiu uma sensação de alegria e estava prestes a pegá-lo nos meus braços quando
fui parada pelo homem:
Fiquei congelada por um momento e olhei para aquele homem com surpresa:
Ele disse:
- Você não precisa se surpreender. Tenho um pouco de conhecimento da medicina, e segundo seu rosto
e a forma de que você protegeu sua barriga de forma inconsciente quando estava andando agora
mesmo, achei que você deveria estar grávida.
- Para ser mais preciso, este é um jardim medicinal, onde há mais de 2.000 ervas medicinais, algumas das
quais estão à beira da extinção. Aqui todas são cultivadas.
Fiquei sem reação por um tempo e observei o pátio com atenção. Ele estava correto. Não havia muitos
lugares com legumes, mas havia muita plantas que eu não conhecia. Além disso, havia um cacto muito
alto.
- No início era chamado de o jardim medicinal. Como a Cidade de Rio tem o clima mais agradável do país
e é o local mais fácil para a cultivação de vegetação, se tornou uma concentração de ervas medicinais no
país. O número não é alto, mas todas as variedades foram preservadas. - Arrumando os galhos verdes na
mão, o homem se preparou para sair com a criança depois de me dizer isso.
Acenei com a cabeça. Ele saiu pegando a mão da criança, e eu passei a observar o local com atenção.
Após alguns passos, o homem parou de repente. Olhando para mim e disse:
- Sra. Kaira, não fique muito tempo aqui, alguns dos remédios não são bons para o bebê!
Fiquei estupefacta. Quando me virei, ele tinha se afastado com a criança. Ele me conhecia?
Não demorou muito para Guilherme vir me procurar. Vendo que eu estava agachada observando as
formigas junto ao riacho, ele se dirigiu até o meu lado sem que eu soubesse e disse:
- Vamos!
Eu estava observando com tanta atenção que quase caí de terror no riacho devido à sua voz repentina.
Ele foi rápido o suficiente ao me salvar.
- Está maluca?
- Estava distraída.
- Não. - Ele disse, parecendo que não esperava que eu falasse mais.____
O labirinto de amor
Ele andou tão depressa que em pouco tempo voltámos ao pátio. A refeição já estava servida, e havia
mais uma família de três pessoas à mesa, onde tínhamos sido apenas quatro.
- Vá à cozinha e traga a sopa de galinha para a Sra. Kaira. É muito boa para o feto.
Eu congelei e o agradeci com um sorriso. Pietro parecia desconfortável ao ver isso e murmurou:
Guilherme me deu uma olhada que me fez entrar em pânico. Fiquei preocupada com que Guilherme
pudesse entender algo a partir das palavras do homem. Olhei para Guilherme e disse:
- Ainda não me apresentou a esse senhor!
Falou de forma tão gentil que parecia ser uma esposa competente e virtuosa.
Guilherme ficou congelado por um momento. Depois de me dar uma olhada com seus olhos escuros, ele
começou a fazer uma breve apresentação.
Ryan Souza, dono desse pátio, era filho de uma família de médicos. Como tinha uma paixão demais por
ingredientes e ervas medicinais, ele cultivava essas ervas neste pátio pelo país.
A mulher elegante e bela era sua esposa e o pequeno menino de um ano era seu filho.
Depois de uma breve saudação, fiquei um pouco apreensiva em relação à minha gravidez. Eu consegui
enganar Guilherme com muita dificuldade, e se Ryan tivesse revelado isso sem intenção, o que deveria
fazer?
Estava um pouco preocupada e não pude deixar de olhar para Vinícius, esperando que ele tivesse
alguma solução.
Nesse momento, a esposa de Ryan, Ana entrou com a sopa pronta. Olhou para mim e disse com um
sorriso:
- Faça favor de prová-la, Sra. Kaira. Quando estava grávida, gostava muito dessa sopa. Embora o sabor
seja estranho, meu marido adicionou algumas ervas medicinais para nutrir o sangue, que são muito boas
para a saúde. Quantas semanas tem o bebê?
Surgiu-me o suor frio de repente. Olhando para ela, eu disse com um sorriso:
- Fiz o aborto quando o feto tinha seis semanas, porque Guilherme e eu não estávamos bem preparados.
Ela ficou congelada depois de ouvir minhas palavras. Olhou para mim com surpresa e disse em um tom
incerto:
- Você não parece...
- Sra. Ana. Isso é pseudociese, fenômeno que acontece depois do aborto. Depois de algum tempo, tudo
voltará ao normal. Eu tenho que admirar vocês dois por seu domínio da medicina tradicional. Logo
depois de observarem o rosto, podem encontrar os motivos intrínsecos. - Vinícius falou quando estava
bebendo chá.
Nesse momento, Ryan estreitou seus olhos e sorriu. Ele não falou mais nada. Sua esposa, que achava
que eu não parecia estar com pseudociese, deu um sorriso e voltou a conversar comigo por algum
tempo.
Com muita dificuldade eu insisti até que a refeição acabasse. Ryan sussurrou algo ao ouvido de sua
esposa, e depois ela olhou para mim. Ficou um pouco congelada e saiu depois de acenar com a cabeça.
- É muito raro que vocês venham aqui, então preparei alguns remédios para a Sra. Kaira tonificar o
corpo. Levem-nos para casa e não será difícil ter um bebê!
Guilherme acenou com a cabeça. Olhou para mim sem mostrar nenhuma emoção. Nesse momento não
conseguia perceber o que significava.
Não podia deixar de achar que ele tinha me trazido para aqui de propósito, de forma que Ryan fizesse
um diagnóstico. Quanto ao objetivo, eu ainda não podia descobrir.
Era o anoitecer quando entrei no carro. Pietro ficou irritado comigo de qualquer maneira, insistindo que
Guilherme me levasse para casa depressa, porque se sentia aborrecido ao me ver.
Eu não me importava com ele. Sabendo que talvez eles tivessem algumas coisas por fazer, decidi sair do
carro. Eu os deixei sair sem mim, dizendo que poderia voltar de táxi.
Além de dizer para eu ter cuidado a caminho de casa, Guilherme não falou mais nada. Depois, eles foram
embora.
Não conseguiria adormecer em casa porque tinha algo em mente. No início, queria perguntar a Vinícius,
mas não consegui porque ele estava com Guilherme, então fui ao Bar de Tempo.
Quando me viu, Esther, com os gestos exagerados, me disse como se tivesse visto um fantasma:
- Sra. Kaira, passaram apenas alguns dias desde que fez o aborto. Faça favor de tratar bem de você
mesma. Não é bom ficar em casa para se recuperar?
Sabendo que ela estava preocupada comigo, eu olhei para ela e disse:
- Não estou aqui para aliviar seu tédio! - disse ela e foi ao balcão do bar.
Vendo as pessoas passando por mim, eu estava pensando com o queixo apoiado com as mãos, no
objetivo pelo qual Guilherme tinha me levado para o jardim medicinal. Será que ele suspeitava que eu
ainda carregava o bebê?
- Para onde está olhando? Não está entediada, está? Vamos, vou te levar a um lugar agradável. - Esther
bateu no meu ombro como se tivesse algum segredo para me dizer, e me puxou para fora.
Era uma rua cheia de bares. Achava que ela queria dar um passeio comigo pela rua e disse:
- Por que saiu para passear comigo sem propósito em vez de ficar no bar? Não está entediada?
- Do que está falando? - Ela apontou para o clube noturno magnificente que estava na nossa frente e
disse:
- Alguém está guardando o bar. Está entediada, não é? Vou mostrar algumas coisas novas para você.
Raramente eu ia a outro bar além do de Esther. Nesse momento, eu fui levada para uma boate grandiosa
e fiquei quase surda devido à música reproduzida em volume terrível.
Esther conhecia bem esse clube. Depois de encontrar um lugar de destaque no primeiro andar, ela
chamou o gerente e falou:
- Para nos acompanharem! - Ela colocou um suco na minha frente, parecendo achar que tudo era muito
natural. Ela disse:
- Gostaria que você conhecesse outros homens. Qualquer um deles tem técnica mais gentil do que
Guilherme. Não gaste todo o seu tempo pensando nele. Precisa ter seu espaço pessoal!
Antes que eu tivesse a chance de dizer alguma coisa, o gerente, que tinha saído há pouco tempo, trouxe
uma dúzia de modelos masculinos com ele e eu fiquei congelada por um momento.
- Escolha um, temos todos os tipos. Você gosta do tipo CEO dominador, não é? Olhe para aquele homem
vestido com o terno, em relação a sua aparência e a sua aura, não é nada pior que Guilherme. - Esther
disse quando ela escolheu um modelo muito jovem e fofinho.
O modelo era habilidoso. Ele se dirigiu até ela e lhe serviu um copo de cerveja. Depois, ele pegou a mão
dela com afeto. Esther se inclinou contra o peito do modelo de forma natural, em vez de o resistir.
Fiquei muito chocada. Será que ela tinha vindo aqui muitas vezes?
Dando-me uma olhada indiferente, ela apontou para o modelo vestindo um terno:
Depois de escolhermos os modelos, os outros foram embora. O modelo de terno estava sentado ao meu
lado, fazendo com que eu me sentisse desconfortável. Esther saiu com seu modelo para fazer alguma
coisa excitante.
Éramos apenas eu e o modelo de terno. Olhando para ele, eu disse de forma embaraçosa:
- Desculpe, eu não...
- A senhora não precisa explicar, eu entendi! - Ele olhou para mim com um sorriso suave:
- É sempre assim pela primeira vez. Tudo vai dar certo quando se habituar a isso!
Eu...
O labirinto de amor
- O que a senhora gosta de fazer? - ele estava entusiasmado e tomou a iniciativa de falar comigo.
Eu sorri:
- Leio livros.
- Leitura pode fomentar o progresso das pessoas. Não é de se admirar que a senhora seja especial.
- Eu vou ao banheiro!
Em seguida, andei pela boate, não encontrei um banheiro, mas encontrei os conhecidos.
Lúcia e Pietro.
As duas pessoas caminhando lado a lado no corredor, não consegui evitar o encontro com eles.
Quando ela me viu, o riso de Lúcia sumiu de imediato. Olhando para Pietro e perguntou:
- Quando estávamos no jardim medicinal, Guilherme havia pedido a ela para voltar e não a deixou vir.
Ouvindo isso, adivinhei que eles quiseram se reunir aqui e não quiseram que eu viesse , então eles me
deixaram ir quando ainda estávamos no jardim medicinal.
- Kaira, por que você está sempre seguindo o Guilherme? Não tem vergonha? - Pietro sempre me tratou
mal e falou sem escrúpulos.
Eu não queria explicar, apenas disse:
- Você não acabou de abortar seu bebê? Por que anda por aqui?
- Devia estar se sentindo solitária em casa, já que o Guilherme nem tocou nela. Saiu para conhecer algum
rapaz. - Pietro disse sem limites.
Não tinha simpatia para estas duas pessoas, e estava prestes a sair.
- Não te vejo há alguns dias, você se tornou muito mais eloquente. Como? Ainda não assinou o acordo
de divórcio? Abortou o seu bebê. Você acha que o Guilherme ficaria com uma mulher que sofreu
aborto?
Estive com muita raiva, olhei para ela com desdém e ri:
- Está falando do meu aborto? Lúcia, só se passaram alguns dias e você já se esqueceu do seu bebê na
barriga?
- Já que você finge ser inocente, deveria agir como tal. Imagino que Guilherme ficaria enojado se te visse
assim.
Eu não imaginava que Lúcia me prenderia aqui. Quando a soltei, ela caiu de repente, batendo na parede.
Por coincidência, Guilherme e Vinícius, que tinham acabado de chegar, ouviram esta cena.
- Kaira, você está louca? O que você tem contra a Lúcia? - Pietro gritou comigo enquanto ia levantar
Lúcia no chão.
- Se os olhos e o cérebro de Presidente Carvalho são inúteis, por favor doe-os a alguém que possa
usá-los, não desperdice os recursos.
Este homem era muito mal-educado. Não consigo entender como Guilherme poderia ter uma pessoa
assim ao seu redor.
Guilherme e Vinícius observavam com as mãos nos bolsos. Olhando para eles, eu estava com muita raiva
e estava prestes a sair sem sequer um cumprimento.
Mas meu braço foi pegado por Pietro:
- Pietro, está maluco? Você tem prova de que eu a empurrei? Disse que eu a tinha repreendido. E vocês?
- Eu já estava de mau humor e não queria discutir com essas pessoas. Sacudi a mão de Pietro e saí.
Guilherme agarrou meu pulso quando passei por ele. Eu olhei para ele.
Era claro que ele estava com raiva, a frieza estava estampada em seu rosto.
-Presidente Guilherme, e então? - Aqui senti que não era a esposa de Guilherme, mas uma estranha.
Eu estava furiosa:
- Guilherme, você está louco! Por que quer que eu peça desculpas?
- E se eu não pedir? - Suprimindo minha raiva, olhei para ele, destemida por seu olhar frio.
Me espantei. Seria isso uma ameaça? Como este homem ousa usar táticas tão desprezíveis para me
ameaçar a pedir desculpas a Lúcia?
Olhei para o rosto do homem, com um leve sorriso que exibia um bigode recente, até mesmo um pouco
sensual.
Mas, naquele momento, eu não queria admirar o seu rosto pois uma frieza havia inundado meu coração
e, por um instante, eu disse:
Soltei sua mão e fui até Lúcia, disse, suprimindo todo o meu ressentimento:
- Sinto muito!
Lúcia pareceu piedosa e indefesa neste momento, como se eu a tivesse realmente intimidado.
Vá se foder.
Eu estava realmente refreando toda minha raiva e, olhando para ele, disse em uma voz fria:
- Tem uma formalidade entre nós. Quem fez mal, tem de se desculpar com sinceridade. Pode pedir
desculpas pagando uma festa para todos nós. Vamos perdoá-la!
Vá se foder.
- Pietro, não seja ridículo! - Vinícius disse, assistindo à confusão de perto, e franziu seus sobrolhos.
O olhar desconfiado de Guilherme pousou em mim, arqueando suas sobrancelhas, e depois olhou para
Lúcia:
Lúcia abaixou ligeiramente a cabeça, sua voz era baixa, mas todos podiam ouvi-la:
- Afinal de contas, Kaira é a sua esposa, então faça o que você quer, Guilherme.
Para me embromar, Pietro pediu dez garrafas de whisky e duas caixas de cerveja!
O labirinto de amor
- A regra do jogo é essa: pode pedir a qualquer um aqui para beber por você. Mas se ninguém quiser,
você mesma tem que beber!
Rezei muito enquanto vi aqueles copos cheios de álcool, coloquei a mão em minha barriga
subconscientemente e pensei:
Levantei meu copo, levantei a cabeça e tomei o copo cheio, mas em poucos goles meu estômago estava
perturbado.
De repente, senti vontade de vomitar, não consegui me conter, correndo em direção ao banheiro,
vomitei sobre o vaso sanitário.
- Se pedir a Guilherme, ele vai impedir que Pietro faça isso, você é a esposa dele!
Eu ri. Não sou Lúcia, não posso conquistar homens através das suas lágrimas lastimosas.
- Não tem problema, por favor, os envie para mim mais tarde.
Voltei do banheiro. Pietro pediu uma música no telão, cantando, e quando ele me viu voltando, estreitou
os olhos e disse:
Eu não me preocupei com ele e olhei para a mesa onde tudo estava como antes, exceto o copo que eu
tinha acabado de beber.
Guilherme e Lúcia se sentaram juntos, e sem saber o que Lúcia estava dizendo a ele, Guilherme acenou
com um semblante inexpressivo.
Com meu coração dolorido, fui até a mesa e olhei para Pietro e disse:
Depois levantei o copo enchido, lutei contra a vontade de desistir e bebi alguns copos de álcool. Eu não
era uma boa bebedora e, lá pelo terceiro copo, minha barriga já estava doendo.
Vinícius viu o sinal, impediu-me quando estava levantando o copo, olhou para Guilherme e disse:
- Guilherme, ela ainda é sua esposa, você sabe a condição dela. Se algo der errado, você vai se
arrepender.
- Me solte! - Estava bastante tonta, com raiva e sofrimento no coração. Empurrei Vinícius e me preparei
para tomar mais um.
De repente, senti uma força e então fui puxada para um abraço familiar. Pietro olhou para Guilherme e
se estranhou:
- Guilherme, você...?
- Ela é minha esposa, vou beber o resto. - dito isso, ele bebeu todos os copos. Lúcia olhou para ele, e
seus olhos ficaram vermelhos.
Me sentia mal e queria vomitar. Mas fui abraçada por Guilherme e não conseguia me livrar. Então, com a
pouca consciência, resisti às náuseas.
Não sabia o quanto Guilherme bebia. Lúcia, de repente, se levantou e olhou para Pietro:
Pietro olhou para Guilherme com uma expressão complicada. Sem saber o que dizer, saiu com Lúcia.
Guilherme franziu a testa, me carregou nos braços e saiu da boate. Eu estava tonta e não soube como
Vinícius saiu. Quando Guilherme me colocou no banco do carro, o que eu podia sentir era a dor na minha
barriga.
Contorci o corpo inteiro e cobri minha barriga. Guilherme, preocupado, colocou a mão sobre minha
barriga e disse:
- Dói muito?
- Ele tinha cuidado da minha saúde após a cirurgia, ele sabe o que fazer!
Logo, ele dirigiu o carro até a mansão.
Fiquei aliviada.
Como Guilherme dirigia muito bem e em alta velocidade, não demorou muito para chegar à mansão.
Vinícius já voltou para pegar o remédio, e chegou logo.
Guilherme me levou nos seus braços para o quarto. Tomei os remédios de Vinícius, a dor na barriga
diminuiu um pouco, lentamente.
Durante o sono, ouvi Guilherme me chamar, mas não conseguia abrir meus olhos. Vislumbrava que ele
parecia estar trocando minha roupa e me levou para o banheiro para me dar um banho.
Percebi que ele apalpava minha barriga com sua mão. Sem saber o que ele estava fazendo, eu me
contorci um pouco.
Ainda tonta e sonolenta, ele me levou para a cama. Já estava com sono e, mais uma vez, adormeci
completamente.
No dia seguinte.
Estava de ressaca por causa do álcool que bebi ontem à noite. Fiquei na cama por um tempo enquanto
meu celular tocava várias vezes.
- Querida, sabe que não pode fazer sexo por um mês após um aborto?
- Porra, você não me disse, ontem eu dei uma boa dica àquele modelo jovem!
- Vamos às compras juntas um dia. Vou comprar algo que você goste. Me encontrei com Lúcia ontem à
noite.
Esther congelou:
- Aquela vadia alegou ser pura. Por que ela foi lá?
- Com Guilherme e outras pessoas! - Depois de algumas chuvas, a paisagem ao redor da mansão estava
se tornando cada vez mais bela.
- Esqueça, não vamos mencionar, quando você planeja deixar a Cidade de Rio?
- Avise-me quando tiver resolvido tudo isso. Eu vou à Cidade de Nuvem em alguns dias para procurar
bons locais que estão disponíveis e depois vender o bar daqui.
Eu quase soluçava:
- Você dirige o bar há tantos anos, é difícil o deixar, certo? - Eu me sentia mal com o fato de ela querer
vender o negócio no qual trabalhou tanto.
- Não pense nisso. O dinheiro não compra felicidade. E quando chegarmos à Cidade de Nuvem, também
posso abrir um novo bar!
- Você já pensou no que vai fazer quando deixar do Grupo Nexia e for para a Cidade de Nuvem?
Eu congelei. Não tinha pensado muito nisso realmente e minha barriga já estaria grande quando fosse
lidar com isso.
O labirinto de amor
Havia sempre um tempo em que não podia cuidar do bebê, então eu esperaria até que ele fosse mais
velho.
- Sim! - Ela disse - Tem trabalhado com Guilherme por tantos anos e já é a hora de fazer uma pausa.
Economizei dinheiro suficiente ao longo dos anos para nós duas gastarmos!
Eu ri:
- Não fique preocupada. Mesmo que eu me divorcie de Guilherme, ainda tenho economias.
A mansão foi deixada para mim por Rodrigo, e mesmo que eu me divorciasse de Guilherme, não a
venderia. Além disso, eu ainda não tinha decidido o que fazer com as ações da empresa.
Depois de conversar um pouco, eu desliguei, ficando de braços cruzados perto da janela do piso ao teto,
apreciando a paisagem em silêncio.
De alguma forma notei que o ar estava um pouco frio, eu esfreguei os braços. Quando me virei para
pegar um casaco, vi Guilherme atrás de mim, com um ar frio que pairava sobre mim.
Eu não sabia quanto tempo ele estava lá. Não tive certeza se ele ouviu o que conversei com Esther.
Ele me encarava, de forma misteriosa:
Fiquei sem reação com aquela pergunta. Parecia que ele tinha ouvido algo:
- Do que está falando? - Eu tentei fingir que não tinha entendido a pergunta.
Eu não sabia o que fazer diante daquele olhar frio, entrei em pânico. Eu cobri minha barriga e fingi sofrer
de dor:
- Vamos ao hospital!
Eu mesmo causei isso, não foi? Isto seria pagar pelos próprios actos?
- Não...
- Não...
Quando disse, meu rosto ficou um pouco triste. Eu olhei para ele com os olhos vermelhos e disse:
Obviamente congelado por um momento, depois de muito tempo, ele me puxou do quarto, de repente.
Pensando que ele me levaria para o hospital, eu puxei a manga dele e disse com os olhos cheios de
lágrimas:
- Vá comer algo.
Não tinha certeza o que eu sentia por ele agora. Ontem com a sua ajuda, hoje com o seu compromisso,
ele não parecia tão frio.
A pessoa é, realmente, uma criatura gananciosa. Ao se sentir bem com alguma coisa, sua vontade seria
ter mais e mais disso até tomar posse dessa coisa..
Ele me levou para a mesa e, em seguida, foi para a cozinha. Trouxe algo da cozinha quando veio de lá.
Eu estava esperando mingau, mas era canja. Olhei para ele com um olhar complicado, enquanto ele me
deu um olhar indiferente, e depois disse em voz baixa:
- Vinícius vai vir aqui mais tarde. O projeto do Diretor José foi concluído, mas você ainda tem que
suportar a perda por seu próprio atraso. Você não precisa ir à empresa por enquanto, descanse bem!
Fiquei ponderando sobre aquilo. Quando... quando ele começou a mudar sua atitude em relação a mim?
Depois de saber que eu estava grávida?
- Agora você não precisa comer algo tão nutritivo. Não se preocupe, coma o que quiser. Não há tantas
restrições para o feto.
Ouvindo sua voz, eu recuperei a consciência e o vi de pé ao meu lado com seu kit de emergência, me
observando.
- Você chegou!
- Obrigada.
- Em sua situação atual, receio que você não possa sair por um tempo. Talvez possa contar tudo para o
Guilherme. Se ele tiver a intenção de ficar com este bebê, ele vai resolver o resto!
Sobre os assuntos de Lúcia, eu não sabia muito. Nunca quis saber sobre o que acontecia entre Guilherme
e Lúcia. Mas, naquele momento, eu olhei para Vinícius:
- Isso não tem nada a ver com amor. Se quiser estar com Guilherme, diga-lhe o fato diretamente. E ele
tem sua própria maneira de lidar com isso.
Que maneira?
Não perguntei assim. Cada um tem sua própria maneira de pensar. Eu não sabia qual era a maneira que
Vinícius queria dizer, mas eu percebi que este bebê era, em última instância, somente meu.
Guilherme nunca teve muito amor por mim. Se Rodrigo ainda estivesse vivo, eu poderia ter confiado
nele para manter Guilherme por alguns anos. Mas Rodrigo tinha falecido, eu não tinha confiança de que
eu poderia mantê-lo por muito tempo.
- Agradeço por me ajudar com o bebê, mas tenho meus próprios planos. Obrigada, Dr. Vinícius.
Talvez sentisse que eu não estava ouvindo suas palavras, Vinícius não gostou do que eu disse e ficou
quieto.
- Tenho coisas para fazer esta tarde. Se lembre de tomar seu medicamento. Vou me embora.
Depois que ele foi embora, eu não comi a sopa. Ela não me caiu bem no estômago. Como ainda estava
no início da gravidez, eu não sentia os enjoos comuns da gravidez, mas, mesmo assim, não tinha apetite.
Voltei para meu quarto e me deitei novamente. Depois de um tempo, meu celular tocou. Era um número
desconhecido, então eu atendi.
Por que eu deveria encontrá-la agora? Decidi enviar uma mensagem para Guilherme ao ver o endereço
que Lúcia havia me mandado:
- A Srta. Lúcia queria conversar comigo, e eu estava com medo de ficar irritada e bater nela de novo,
então recusei.
- Onde está?
- Em casa!
Eu acenei:
- Percebi.__
O labirinto de amor
Ele deve ter lido minha mensagem. Depois de desligar, eu não conseguia dormir e não tinha nada para
fazer. Então, eu fui para a sala de estudo de Guilherme.
No passado, eu estava tão ocupada no trabalho que raramente tinha tempo para descansar e ler os
livros em seu estudo. Agora, era uma boa oportunidade para eu fazer uma pausa.
A sala de estudo de Guilherme era muito grande e tinha muitas categorias diferentes de livros. Eu estava
entediada e folheei alguns dos livros com fotos por um tempo, mas não demorou muito para que minhas
costas doessem.
Tive que colocar os livros e vagar pela sala. Notei um pequeno armário, de aparência antiga, num canto.
Por curiosidade, passei pelo armário e encontrei algumas fotos, todas antigas, mas pude ver que elas
eram de Guilherme quando criança.
Eu nunca havia visto os pais de Guilherme. Na fotografia amarelada, um homem e uma mulher estavam
segurando uma menina em seus braços, sorrindo benevolentemente.
As feições do homem pareciam um pouco com as de Guilherme, e ele também se parecia um pouco com
o Rodrigo, que devia ser o pai de Guilherme, enquanto a mulher era gentil e elegante, que devia ser a
mãe de Guilherme.
Continuei verificando as fotos, senti que algo estava errado. Nas fotos seguintes, o menino nos braços
dos pais de Guilherme havia se tornado uma menina, e eu fiquei um pouco confusa. Eu verifiquei outra
vez e descobri que realmente havia algumas fotos em que os pais de Guilherme estavam com uma
menina.
No passado, Rodrigo disse que os pais de Guilherme só tinham um filho e não tinham filhas. Quanto ao
Bruno Aguiar, tio de Guilherme, ele nunca teve filhos em sua vida, portanto, aquela menina não era sua
filha.
Como não consegui descobrir porquê, pensei que fosse uma criança de um vizinho dele, e sem pensar
muito sobre isso, continuei a ver as fotos seguintes.
As fotos seguintes eram de Guilherme na escola. Rodrigo era tão atencioso que tinha registrado tudo
sobre seu crescimento.
Continuando, vi uma foto em grupo, que parecia recente, de Lúcia, Vinícius e Pietro, mas havia ainda
uma outra pessoa na foto.
Era um menino com o rosto claro, aparentemente alegre e entusiasmado, e todos na foto eram
extremamente bonitos, mas aquele menino parecia mal, um pouco doente. Como não o conheci, não
pense demais.
Uma menina estava entre outros quatro meninos. Essa eu conhecia, era Lúcia, ainda jovem e inocente.
Ela parecia uma princesa sob o cuidado deles, estava realmente feliz.
Fiquei um pouco triste depois de ver as fotos. Lúcia e Guilherme tinham um longo passado junto,
enquanto eu havia passado apenas dois anos com Guilherme.
Se não fosse pela doença de minha avó e pelo fato de que ela estava desesperada e me trouxe ao avô
Rodrigo, nunca teria conseguido me casar com Guilherme.
Era verdade que eu só tinha casado com Guilherme por causa de minha avó e do avô Rodrigo, e também
era verdade que ele não tinha sentimentos por mim.
Depois de todo esse tempo, eu nunca havia pensado muito no motivo pelo qual minha avó conhecia o
avô Rodrigo. Logicamente a Família Aguiar era uma família de alta classe e a minha avó só era uma
mulher do campo, então como é que aquelas duas pessoas poderiam ter se conhecido?
Eu fiquei no escritório de Guilherme até anoitecer. Não sabia se era porque estava grávida, não sentia
fome depois de não comer o dia todo, apenas sentia dores na barriga.
Fui até a cozinha procurar algo para comer e ainda bem que Liz havia feito compras para mim. Eu
encontrei um pepino e, por preguiça, preparei somente isso para comer.
Eu não notei Guilherme retornando e não vi o homem sentado na sala até que eu saí com o meu lanche.
Ao ouvir o barulho, Guilherme se virou e viu o pepino que eu tinha na mão. Franziu as sobrancelhas
bonitas e disse, em seguida:
Guilherme riu:
Tive um pouco de dificuldade para compreender seu raciocínio. O que ele quis dizer com isso?
Fiquei confusa ao ver aquele rosto indecifrável me olhando e vindo em minha direção. Segurei o pepino,
apontei para ele e disse:e:
- Não preciso!
Depois disso, ele jogou fora o pepino que eu segurava, me agarrou pela cintura e acariciava meus lábios.
Mesmo que eu fosse estúpida, deveria saber o que ele ia fazer naquele momento. Eu tentei evitá-lo, mas
fui agarrada por ele com força. Ele disse em uma voz grave:
Inexplicável.
- Gui... hummm...
Ele cobriu minha boca com um beijo. Eu tentei empurrá-lo mas minha força não era o suficiente. Afinal
ele era um homem.
Fui envolvida por esse clima. Eu arregalei meus olhos. Ele...
Eles não podiam fazer sexo pois Lúcia havia acabado de sofrer um aborto, eu também. Mas fazia sentido
para mim.
Comecei a ficar ansiosa quando percebi que ele não mudaria de ideia:
Ele acabou desistindo ao me ver implorar. Me segurando firme, ele beijou meu corpo, cada vez mais
lentamente.
Fiquei envergonhada pois minha barriga roncou de fome. Com um sorriso forçado, concordei:
Ele olhou para mim, depois para o pepino. Ele estava perplexo:
- Eu não quis ficar muito tempo na cozinha pois cheirava a fumaça, então lavei os pepinos e ia comê-los.
Ele entrou na cozinha e saiu com macarrão com dois ovos cozidos acima.
De repente, eu pensei no que Vinícius havia dito hoje. Se eu fosse sincera com Guilherme, seria que ele
realmente resolveria essa situação?
Quando me sentei à mesa, percebi que só havia uma tigela de macarrão, perguntei a ele:
- Você já jantou?
Ele gesticulou para que eu comesse logo e foi verificar as mensagens do celular.
Apesar da boa aparência do macarrão, eu não consegui comer muito pois meu estômago ainda estava às
voltas, aguentei as náuseas por várias vezes.
O labirinto de amor
Eu me senti enjoada, corri para o banheiro e vomitei tudo o que tinha acabado de comer, o que fez meu
estômago piorar.
- Não é bom?
Eu sacudi a cabeça:
- Não, acho que passei mal por ter passado fome o dia todo e ter comido algo de repente, então meu
estômago não aguentou.
Fiquei um pouco confusa quando ele me levantou e me carregou para o segundo piso.
Ele tirou o terno que estava vestindo, trocou de roupa casual e me fez uma proposta:
- Não estou com fome agora. Não quero ir, não vou conseguir comer nada.
Eram dezanove ou vinte horas na Cidade de Rio, e a multidão estava bastante animada. Guilherme,
dirigindo, me perguntou:
Talvez eu estivesse com nojo de comidas muito fortes por causa da gravidez.
Ele acenou levemente. Fiquei olhando os olhos e sobrancelhas bonitos. Percebi que desde que nos
casamos, este havia sido o melhor dia que nos damos bem.
Por um momento, imaginei como nossa vida poderia continuar assim, feliz, para sempre. Uma família,
nós três.
Ele estacionou o carro em frente a Vignoli Norte, eu saí e fui direto escolher uma mesa. Talvez, por causa
do horário, não havia muitas pessoas lá.
Assim que me sentei, o garçom me entregou o menu. Guilherme já havia comido, e não tinha apetite. Só
pedi uns petiscos e uma sopa de legumes.
Para minha surpresa, depois que Guilherme estacionou o carro, ele entrou com duas pessoas ao seu
lado, eram Lúcia e Pietro.
Coincidência? Ou compromisso?
Vendo que eu já estava sentada, os três vieram até a minha mesa e se sentaram. Ao me ver, o rosto de
Lúcia mudou, mas ela não disse muito. Aquela mesa podia acomodar quatro pessoas.
Porque eu me sentei primeiro, Lúcia me viu e ultrapassou Guilherme, sentando-se ao meu lado. Ela
olhou para mim e disse com uma voz delicada:
Não!
Respondi.
A seguir, os três começaram a conversar, mas eu não pude interferir na conversa deles, então fiquei
calada.
O garçom trouxe a sopa de legumes. Assim que esta foi colocada sobre a mesa, Guilherme a colocou na
frente de Lúcia. Disse, em um tom provocador:
- Eu sei que Guilherme me conhece bem e sabe que eu gosto muito da sopa de legumes!
Ele conhecia tanto sobre ela. Isso era um mimo tenro que eu nunca poderia ter em minha vida.
- Kaira, que prato você pediu? Que tal comermos juntos! Esta sopa é excelente. No passado, Guilherme
costumava me trazer para aqui.
Vendo isto, ela não disse mais nada e continuou conversando com os dois homens sobre assuntos que
eu não conhecia.
Não demorou muito para que os petiscos e a sopa de legumes fossem servidos. Quando eu também pedi
a sopa de legumes, Lúcia disse, com um sorriso inocente:
- Kaira, você também gosta de sopa de legumes. Então, vou te contar um segredo,Guilherme sabe muito
bem como cozinhar essa sopa!
Ela se aproximou demais de mim, com sua boca ao lado de minha orelha. Eu detesto quando as pessoas
fazem isso comigo, então me afastei um pouco.
- Ai!
Sem saber porquê, a sopa na minha frente foi tudo derramada sobre meu corpo.
Como estava quente, me levantei por susto, mas não esperava que antingisse Lúcia. Ela soltou um grito
de dor.
Não pude pedir desculpas a tempo. Peguei um guardanapo para limpar a sopa. Como tinha sido
apressada por Guilherme quando saí, eu estava apenas de um vestido fino, e minha pele ficou um pouco
queimada.
Eu tinha limpado a maior parte da sopa de meu corpo antes de ver Guilherme ajoelhado na frente de
Lúcia para limpar o nariz dela, com bastante cuidado.
Acho que me levantei muito rápido e bati com o nariz de Lúcia, então...
Pietro pegou um guardanapo e o entregou a Guilherme, olhando para mim, de mau humor:
- A Sra. Sanches esqueceu os óculos hoje?
Lúcia estava com os olhos vermelhos de chorar, parecia que seu nariz sangrava um pouco. Eu suprimi
todo o ódio em meu coração e disse:
Não foi minha culpa. Era certo que ela derramou a sopa para mim quando se aproximou. Só ela faria algo
chato assim comigo.
- Guilherme, não quero mais comer essa sopa que derramou. Vamos dar uma volta?
Ninguém prestou atenção em mim, nem notaram que eu estava com a sopa derramada em mim.
- Vou embora agora! - Eu saí do restaurante logo em seguida. Senti como se eu tivesse sido apunhalada
pela adaga mais cruel.
Deus não é tão justo. Enquanto dá alegrias a alguns, causa dor e sofrimento a outros.
- Kaira!
Com uma voz baixa e furiosa, alguém me chamou. Era o Guilherme me seguindo.
O que eu estava fazendo? Ele estava me culpando por ter esbarrado em Lúcia?
Surpresa com esse comentário, eu retruquei, olhando para o seu rosto sombrio e frio:
- Educação, Guilherme? A educação que está falando é que um homem casado cuida de outra mulher na
frente da sua própria esposa e ignorando os sentimentos dela?______________
O labirinto de amor
- Kaira!
Seus dedos apertaram minha mão com mais força. Com as veias da testa exaltadas e os dentes rangidos,
disse em um tom de voz muito baixo:
Ri e aguentei a dor em meu pulso, que parecia prestes a ser esmagado. Olhando pare ele, retruquei:
- Presidente Guilherme, é realmente muito generoso. Mas, poderia soltar a minha mão, por favor?
Apertar a mão de uma mulher dessa maneira é a mesma coisa que bater nela.
Guilherme estava tão furioso, que as veias em sua testa pareciam querer saltar. Meneando minha mão,
ele disse em um tom de voz gélido:
- Quem você pensa que é para julgar a Lúcia? Você não merece!
- Não mereço? - Estava furiosa com seu comentário grosseiro. Sorrindo, me aproximei e disse olhando
para ele com firmeza:
- Sim, eu não chego aos pés de Lúcia! De fato, eu não chego nem perto da hipocrisia dela! Pelo menos,
eu não fico fazendo truques às costas, como vocês!
Dito isso, ignorei sua raiva e voltei para o restaurante, onde Lúcia e Pietro permaneciam sentados no
mesmo lugar.
- Kaira! - Exclamou Lúcia, sorrindo de forma falsa ao me ver entrar.
Lançei um olhar frio para ela, peguei os pesticos e a sopa que estava sobre a mesa e, sem hesitar,
derramei tudo lentamente pela sua cabeça.
- Lúcia, não sei como você foi educada, gosta tanto de roubar coisas dos outros e se fingir de simpática e
implora por atenção. Mas, uma coisa vou lhe dizer: quem faz coisas erradas, um dia terá que pagar por
elas!
- Como gosta tanto de coisas usadas, pode ficar com Guilherme. É certo que eu gosto muito dele, mas já
estou cansada de um homem que não dá valor ao que tem. Vocês me dão nojo! Fique com ele; vocês se
merecem!
Nem olhei para Guilherme. Não me importei com sua raiva. Em comparação com as facas invisíveis
deles, pelo menos, eu era uma pessoa franca e direita.
Dito isto, saí do restaurante, mas ele barrou a minha passagem, segurando meu pulso com firmeza. Fui
irritada, abaixei a cabeça e dei-lhe uma mordida.
Pensei que iria me largar, mas ele me carregava e me jogou de uma forma violenta para dentro do carro
e ligou o carro.
Como se fossemos caçados, dirigiu em alta vecolcidae. Estava ficando nauseada com os solavancos.
Pelo menos, não demorou muito tempo. Não tive tempo para ser feliz e depois fui levada para a mansão.
Ele estava furioso e andou depressa. Me levou diretamente para o quarto.
Fechou a porta com tanta força, como se as paredes da casa fossem tremendo.
- Deixe-me ir, Guilherme, você não é homem ! - Estava em pânico e disse a primeira coisa que me veio à
mente.
- Não sou homem? Não dou valor ao que tenho? Faço você sentir nojo?
Sua força se intensificou, seus olhos escuros se estreitaram e ele falou com uma voz fria:
Eu mal conseguia respirar, mas chutei sua canela com toda a força. Preferia morrer a me render
facilmente!
Fiquei sem respirar por tanto tempo, que já nem conseguia mais pensar. Um momento de vertigem me
atingiu e eu tive uma sensação momentânea de que ele queria me estrangular!
Finalmente ele me soltou. Mas assim que pudesse voltar a respirar, ele se inclinou e beijou na minha
boca.
Nessa altura eu já não consegui me mexer e meu coração estava cheio de ódio.
- Guilherme, subjugar uma mulher dessa forma não é herói.
Filho da puta!
Fiquei completamente sem ação por um momento. De repente, toda a mágoa acumulada explodiu de
forma intensa.
As lágrimas caíram como chuva forte, desde os pequenos soluços até choro, sem nenhuma consideração
pelo sentimento de Guilherme.
Ele se deteve e tentou me confortar com uma voz suave. Quanto mais ele falava, mais alto eu chorava.
Por fim, ele não teve alternativa, além de me abraçar gentilmente. Mas, nada seria capaz de me acalmar
naquele momento.
Por um longo tempo, ele ficou ali me abraçando, enquanto eu chorava sem conseguir me conter.
Não respondi. Meus olhos ardiam e eu mal conseguia abri-los. Só queria ficar ali, quieta em seus braços.
- Quatro anos atrás, - Ele falou de forma inesperada, - acompanhei meu avô à fronteira sudoeste, em
uma visita ao seu antigo companheiro do Exército. No caminho, encontramos um grupo de bandidos.-
Sua voz era cheia de tristeza e melancolia, como eu nunca havia visto.
Não tinha a menor ideia do que ele iria falar, e achei melhor ficar quieta.
- A região é muito pobre e há muitas guerras com países vizinhos. Sem suprimentos, vários países
fronteiriços estavam em guerra. Aqueles desesperados em busca de abrigo, invadiram a casa de seu
antigo companheiro do Exército, tentando ameaçar-nos para trazê-los para o país. A situação era
urgente, o país não permitia a entrada de pessoas sem documentos. O avô era um velho guerreiro,
guardava o país por décadas, naturalmente conhecia a lei. Então imediatamente ameaçou morrer em
vez de ceder. Eles eram pessoas desesperadas. Vendo que o avô não concordava, eles queriam nos
matar. Para nos proteger, o velho amigo do avô se sacrificou.____
O labirinto de amor
Capítulo 33 Envergonhada
Ele ficou calado por um tempo. Não pude conter minha curiosidade e sussurrei em a voz ainda rouca:
- E depois?
Vendo que tomei a iniciativa de perguntar a ele, os cantos de sua boca se levantaram levemente,
revelando alguns sorrisos. Ele me deu um beijo na testa.
- Meu avô e eu conseguimos fugir. - continuou ele e, no caminho de volta, encontramos dois irmãos, que
haviam ido a capital a negócios. Como havíamos perdido todo o dinheiro e documentos, pedimos um
empréstimo para podermos voltar ao país.
- O seu coração de Felipe se machucou na época. Eu o levei de volta para casa para se recuperar por
alguns dias. Ele poderia ter sido curado. Contudo, algo aconteceu, antes que ele faleceu, ele confiou
Lúcia aos meus cuidados.
- Então, se eles salvaram a sua vida, por que seu avô não concordou com o seu casamento com Lúcia?
Por que ele teria concordado com o nosso casamento e recusado Lúcia? Afinal, ela e o irmão haviam
salvado a sua vida e a de seu neto!
- Chega de ressentimentos?
Esta era a primeira vez que ele sorria para mim de uma forma gentil e alegre.
Congelei por um momento, um pouco embaraçada. Me desvencilhei de seus braços e murmurei:
Ele me puxou para seus braços novamente, pressionou minha mão sobre seu membro e sussurrou
roucamente:
- Kaira, quando você acende uma fogueira, é você quem tem que apagá-la.
Depois de rolarmos na cama por horas, finalmente ele me limpou, me abraçou e dormiu profundamente.
No início da manhã, a luz do sol se infiltrava através das frestas das janelas, que iam do teto ao chão,
como se fossem as chamas de uma vela.
Eu havia dormido muito tarde e levei um bom tempo para conseguir me levantar. Mas, Guilherme tinha
um compromisso cedo e já havia saído.
A bagunça do quarto me fez lembrar das cenas da noite passada e isso me deixou muito embaraçada.
Nunca poderia imaginar que Guilherme tivesse um lado assim!
Tinha que ir à empresa hoje. Quando acabei de me arrumar já eram quase 10 horas e nem tomei café da
manhã antes de sair.
Estacionei na garagem do prédio e, ao entrar no elevador, dei o azar de dar de cara com Pietro e com sua
secretária. Ele segurava uma pilha de papéis.
- A Diretora Sanches ainda nem assumiu o cargo e já está se comportando como a CEO. Por acaso o
nome do Grupo Nexia irá mudar para Grupo Sanches?
No início, o Grupo Nexia havia atuado no setor Imobiliário e, com os anos, acabou se expandindo para
outras áreas também.
Pietro havia tido sua própria empresa, mas, com o Grupo Nexia abrindo o capital, precisou de
investimento e, por isso, acabou se fundindo com o Grupo Carvalho.
Pietro é um acionista e está à frente da companhia. Apesar de eu também possuir ações da empresa,
não eram muitas. Eu as havia herdado de Rodrigo e, apesar de estarem em meu nome, meu direito ao
seu uso estava basicamente nas mãos de Guilherme.
Eu não assumi a posição de diretora logo de cara. Eu a conquistei ao longo de dois anos. Claro que, aos
olhos das pessoas de fora, poderia parecer que eu não teria dificuldades em conquistar o cargo, por ser
esposa de Guilherme.
Pietro me desprezada por achar que eu havia ganho a posição somente por causa disso.
Dei uma olhada na papelada em suas mãos. Era o seu relatório de tecnologia eletrônica. Parecia que
haviam lançado novos produtos recentemente.
- Estou falando sério, Presidente Carvalho. O Grupo Nexia não irá mudar. Sou apenas uma diretora sem
importância. Tirei dois dias de folga, porque não estava me sentindo bem. Não precisa se preocupar
comigo, pois vejo que tem muito trabalho para fazer. Melhor cuidar de seus assuntos pois, com a cabeça
cheia, corremos o risco de cometer mais erros.
Estávamos somente os três no elevador. Não era a minha intenção ceder, mas como a secretária dele
ainda estava lá, seria constrangedor discutir na sua presença.
As portas se abriram e ele não teve tempo de me responder. Engolindo as palavras, lançou-me um olhar
frio e saiu.
O amplo escritório estava vazio e silencioso. Só mesmo o Guilherme quer trabalhar em um ambiente
como aquele.
Dei uma olhada em volta e vi que Caio estava trabalhando em um computador na sala da secretária.
Segui para lá e bati na porta.
- OK!
Acenei.
Enquanto aguardava, fui ao escritório de Guilherme, escolhi um livro na estante e me sentei no saguão
para ler.
Depois da finalização do projeto do Diretor José, muita coisa aconteceu, mas não me passaram mais
trabalho.
Fiquei pensando nos meus planos. Até que seria bom, se Guilherme continuasse a me ignorar. Mas,
ultimamente a atitude dele havia mudado tanto, que comecei a ficar em dúvida.
O que iria significar para mim e para o bebê se eu partisse nesse momento?
- Guilherme, quando Felipe morreu você prometeu que cuidaria bem de Lúcia, mas agora você a está
tratando dessa forma. Você não tem consideração por Felipe e Lúcia? Além disso, Kaira e você não
combinam de jeito algum! - Ouvi a voz ansiosa e irritada de Pietro.
Não queria ficar espionando, mas eles entraram falando tão alto que eu não pude evitar de ouvir.
O labirinto de amor
- Nós sempre trabalhamos bem com a AC, não é? Por que mudar a empresa de auditoria assim de
repente? Perguntou Pietro um pouco confuso.
- Além disso, a Auditoriatal é uma empresa nova e pequena. Seria um problema se a enorme cadeia de
capital do Grupo Nexia lhes fosse confiada no caso de algo dar errado.
- Presidente Guilherme, eu era responsável pelo setor de construção. A Galáxia é uma empresa de
eletrônica, e eu nunca lidei com auditoria. Isso sempre foi tarefa do Caio. Não seria melhor ele continuar
cuidando disso?
- Eu sei, mas...
- Sem desculpas! Como diretora, e na posição de candidata a acionista, é de se esperar que se familiarize
com todos os setores da empresa.
Soube que não teria como escapar e que a carga de trabalho seria fora do normal.
Pedi a ela para prestar mais atenção ao mercado da Galáxia, podia imaginar que os próximos dias seriam
muito agitados.
Fui ao departamento financeiro para ver como andava a preparação para a auditoria.
- Diretora Kaira, aqui estão todas as contas correntes. Este ano teremos mais trabalho com a auditoria,
porque o Presidente Guilherme quer incluir a do Presidente Carvalho também. Sua intenção é deixar
tudo a cargo da Auditoriatal.
- Por favor, providencie cópias das auditorias anteriores realizadas pela AC. Enquanto isso, vou dando
uma olhada nesse material.
- Ok.
Voltei para meu escritório e Liz me encontrou ocupada com uma pilha de livros.
- Diretora Kaira,- disse ela, - o Paulo Silva, o presidente da AC, gostaria de marcar um encontro com a
senhora.
A AC perderia milhões de dólares com o fim da parceria com o Grupo Nexia. Portanto, não era uma
surpresa que ele estivesse aflito para conversar comigo. Mas, como o Guilherme estava decidido a não
trabalhar mais com a AC, não valeria a pena perder meu tempo conversando com o Paulo Silva.
Guilherme deve saber o que está fazendo.
- Responda apenas que não tenho tempo no momento. - Disse a Liz, - Ligue para a Auditoriatal e agende
uma reunião com o presidente, por favor. Preciso também de uma lista das empresas para as quais ela
prestou serviços nos últimos anos.
Fiquei ocupada até a tarde. Minhas costas doíam, devido às longas horas sentada, e eu estava exausta.
Quando sai da sala, já não havia mais ninguém no escritório.
Peguei um café e voltei para a minha sala pensando em pedir alguma coisa para comer. Parecia que
tinha que ficar para trabalhar.
Pensei que ele iria embora depois de deixar as coisas, mas não esperava que ele continuasse ficar lá. Não
consegui encontrar um tópico para falar com ele por um tempo, então simplesmente fiquei em silêncio.
- Sim, - aceinei, - como não estou muito familiarizada com isso, acho que terei que quebrar a cabeça para
dar conta.
- Apenas passou um ano após a empresa ter sido listada, há uma enorme diferença entre a auditoria
deste ano e a dos anos anteriores. Um pequeno erro causará a queda das ações da empresa. Muitas
empresas foram à falência por causa da auditoria anual.
- Por que ele me encarregou disso, mesmo sabendo que auditoria não é o meu forte? - O risco era muito
grande, e qualquer erro poderia custar caro ao Grupo Nexia. Eu não entendo o que passa pela cabeça de
Guilherme.
- Se você fizer isso bem, as ações deixadas para você por Rodrigo serão legitimamente transferidas para
seu nome, o direito de usar e dominar é seu, e você passará de diretora a sócio da empresa.
- Por outro lado, se cometer algum erro, você pode enfrentar o risco de sair do Grupo Nexia para
sempre.
Estaria Guilherme arriscando todo o Grupo Nexia por minha causa, ou...
Deixei os relatórios contábeis de lado e abri a quentinha que ele havia me trazido.
- Eu assumi o caso da Galáxia também. Por que Guilherme quer que eu fique de olho na empresa Honra?
- A gestão da Galáxia ficou a cargo do Pietro nesses primeiros seis meses, desde a aquisição da empresa
pelo Grupo Nexia.
É provável que o Governo venha a fazer investimentos no desenvolvimento da internet e haverá muitas
chances para empresas de eletrônica. Talvez Guilherme queira estar preparado para expandir suas
atividades nesse setor e ache bom que você vá se familiarizando com o assunto.
Depois de uma breve pausa, continuou:
- Talvez ele tenha interesse em comprar a Honra mais tarde e esteja avaliando o seu desempenho.
- Você já vai embora? Perguntei olhando para a escuridão que já começava a cair lá fora.
Concordei e fiquei um pouco desapontada. Pensei que pudéssemos jantar juntos até tarde.
Comi a sopa e voltei para verificar os relatórios. Continuei até quase não conseguir manter os olhos
abertos.
Olhei para o celular, eram dez horas, e quando atendi a chamada, ela tomou a liderança e disse:
O labirinto de amor
Capítulo 35 O Acordo
O estacionamento no subsolo do prédio do Grupo Nexia era grande e, como estava vazio, eu podia ouvir
o eco das minhas palavras. Isso fazia parecer um pouco assustador.
- Tá bem! - Disse entrando no carro. - A Cidade de Nuvem é um lugar legal de verdade. É tranquilo para
viver. Passei uns dias aqui e gostei muito do ritmo da vida aqui! O clima também é bom para viver.
Esther falou muito, eu liguei o alto-falante e liguei o carro. O porão era espaçoso, eu estava um pouco
assustada.
- Você pode ficar mais alguns dias na Cidade de Nuvem para ver se vai se acostumar. Pode me ajudar
com a casa. Guilherme me passou um novo projeto, vai me deixar bem ocupada. Acho que não poderei
sair tão cedo!
- Se você quiser ir embora, por que concordou em trabalhar noutro projeto? Se pretender ir, é melhor
fazer isso de uma vez e não fique hesitada.
Estava um pouco confusa com relação aos meus sentimentos e não saberia como partir definitivamente.
Estava para sair do estacionamento quando ouvi um barulho, mas não tinha ideia do que poderia ser.
- Esther, acho que bati em alguma coisa. Te ligo mais tarde, ok?
Sem esperar por sua resposta, desliguei a ligação e abri a porta do carro para ver o que tinha acontecido.
Excepto alguns animaizinhos, não havia nada mais que eu pudesse ter atingido.
Depois de olhar ao redor, havia um pequeno gato deitado num canto da traseira do carro, como se
tivesse sido atingido gravemente. Fui até lá para olhar, assim que me agachei, alguém cobriu ferozmente
minha boca por trás, uma droga pungente invadiu no meu nariz.
Quase um momento eu perdi a consciência, e quando eu estava consciente do perigo, era tarde demais.
Depois de alguns minutos de pânico, me acalmei um pouco. Se o sequestrador não tinha me matado era
porque tinha algum propósito. Dada ao que eu era a esposa de Guilherme, seja por dinheiro, seja para
ameaçar Guilherme.
Mas seja o que for, até agora, minha vida provavelmente não estava em perigo.
Aos poucos, fui me acalmando. Passada uma meia hora, ouvi um barulho e uma forte luz me cegou.
Apesar da luz forte, minha vista foi se acomodando e pude perceber alguns detalhes do ambiente. Eu
estava em um container.
Tentei focar no homem que ficava a 3 metros de mim, mas não consegui distinguir sua fisionomia por
causa de penumbra.
Seu corpo tem o cheiro de colônia, geralmente somente homens com algumas conquistas pulverizam
estes perfumes.
O homem vendou os meus olhos, me arrastou para fora do container e me empurrou na direção de uma
casa.
- Não precisa ficar nervosa, Sra. Kaira. Nós a trouxemos aqui para que assista a um show. Depois disso,
nós a levaremos de volta.
A porta do quarto foi fechada com um estrondo. Fui obrigada a me sentar em uma velha cama e meus
pés e mãos foram amarrados. Depois de tentar me soltar, sem sucesso, acabei por desistir de lutar.
- Guilherme, você disse que iria se divorciar dela para se casar comigo. Não me faça esperar muito, por
favor!
Era a voz de Guilherme, mas parecia um pouco diferente, como estava embriagado.
Por que eu tinha que ouvir a sua conversa? Quem queria que eu ouvisse aquilo?
- Guilherme, você está apaixonado por ela? É por isso que não quer se divorciar? - A voz parecia ansiosa.
- E daí que você se casou com ela? Você não a ama. Você não disse que me amava? Quando eu
melhorar, poderemos ter outro filho.
- Lúcia...
Cerrei os olhos e tentei de toda forma ignorar a conversa. Mas, quanto mais eu tentava ignorar, mais
torturantes ficavam as vozes.
Eu sempre soube da relação entre Lúcia e Guilherme. Por isso, não fiquei surpresa com o fato de terem
tido relações. Mas, ouvir isso pessoalmente...
Durou muito tempo, basicamente vomitei tudo no meu estômago, meu corpo estava como se estivesse
sendo drenado de força, sentada e paralisada na beira da cama, a dor no meu coração começou a
intensificar. Entre as rachaduras rasgadas havia inúmeras rachaduras densas, doía como se houvesse
milhões de formigas rasgando em meu corpo.
- Sra. Kaira, não achou a cena emocionante? - O deboche em sua voz era nauseante.
Eu não conhecia ninguém além dela, que fosse capaz de praticar tanta baixeza.
- Isso importa? Ele riu debochado. Deve ter sido muito especial para a senhorita ouvir uma peça tão
maravilhosa!
Estava ficando com medo de que houvesse mais coisa naquele rapto.
- Muito inteligente!-, Falou o homem, aumentando um pouco o tom de voz, - Soube que a Sra Kaira
assumiu a auditoria do Grupo Nexia este ano e fiquei pensando se gostaria de fazer um pequeno acordo
comigo.
- O que lhe faz pensar - disse com frieza, - que eu estaria disposta a fazer um acordo com você, depois de
me raptar e me trazer aqui dessa forma?
- Essa criança na sua barriga, Sra. Kaira.- comecei a suar frio. Como ele poderia saber da criança?
- Bem, parece que você não quer que o Presidente Guilherme saiba, não é mesmo? Parece que você tem
outros planos, nós poderíamos trabalhar juntos.
A auditoria do Grupo Nexia iria render muito dinheiro à empresa contratada. Portanto, era natural que
os concorrentes se esforçassem ao máximo para ganhar. Mas, jamais pensaria que alguém chegaria a
esse extremo.
- Só isso?_______
O labirinto de amor
Capítulo 36 Negociar
- Sim. Desde que a Sra. Kaira concorde, eu garanto que no futuro você e seu bebê ficarão seguros. Não
lhe acontecerá nenhum acidente. - Ele falou com firmeza.
Eu franzi as sobrancelhas:
- Sra. Kaira, agora você não pode fazer nada além de acreditar em mim! - Essas palavras eram muito
desagradáveis.
Mas, naquele momento, eu só podia sair e me salvar primeiro. Olhando para ele, eu acenei com a
cabeça:
- Ok!
Ele sorriu:
- Então... combinado!
Depois de falar isso, ele fez um sinal para que o magro vendasse meus olhos de novo. Eu franzi as
sobrancelhas:
- Isso é necessário?
- Fique tranquila, Sra. Kaira. Você vai voltar exatamente como você veio parar aqui!
Fui então levada para um carro. Meus ouvidos estavam extremamente sensíveis no caminho, mas
adormeci logo.
Quando acordei, eu ainda estava na garagem e no meu próprio carro. Nada que ficava ao meu redor
tinha mudado. Parecia que tudo que tinha acontecido era só um sonho.
Peguei meu celular para ver a hora. Era meia-noite. Então nas duas horas anteriores, eu tinha vivenciado
uma experiência de quase morte?
Ainda sentia medo no meu coração e por isso não fiquei no estacionamento. Eu dirigi o carro e voltei
para a mansão.
Ao voltar para casa e entrar na sala de visita, vi o homem lendo os materiais. Isso me lembrou dos sons
de homem e mulher a se entrelaçar.
- Oh... - Não dava para trocar meus sapatos, corri direto para o banheiro e mergulhei na pia para
vomitar. Como eu já tinha vomitado mais cedo, não conseguia vomitar nada naquele momento.
Eu estava tremendo e sentia desconforto no meu estômago. Ele levantou a mão para me confortar. As
vozes daquelas pessoas na minha cabeça se tornaram cada vez mais odiosas. Eu levantei minha cabeça
de repente e o empurrei.
Tranquei a porta do meu quarto e senti um cheiro nojento. Por isso, abri todas as janelas e troquei todas
as coberturas e lençóis na cama.
Houve uma batida brusca na porta. - Kaira, abra a porta! - A voz do homem era muito fria.
Minha mente era dominada pelos sons de homem e mulher transando. Sentia dor tanto no estômago
quanto no coração. A dor era tão imensa que ignorei todos os sons do lado de fora da porta.
Eu tentei de tudo para me livrar do cheiro dele no quarto. Quando terminei, senti nojo pelo meu próprio
cheiro e fui ao banheiro. Ligando o chuveiro até que a corrente de água ficasse mais forte, eu estava
desesperada para limpar todos os lugares que ele tinha tocado.
- Bum! - Houve um grande barulho lá fora. Eu me escondi no banheiro e tranquei a porta. Eu sabia que se
Guilherme quisesse entrar, ele encontraria um milhão de maneiras.
Como eu tinha pensado, não demorou muito para que ele abrisse a porta do quarto que ficou lá fora.
Ouvi sua voz dura e fria:
Ele ficou na porta do banheiro, com sua voz baixa e cheia de raiva.
Era nojento. Realmente nojento. Se eu não tivesse ouvido aquelas vozes, eu poderia ter me enganado.
Mas naquele momento eu não conseguia. Mesmo que eu tivesse tentado me convencer por muitas
vezes a não pensar na imagem dele e de Lúcia a se entrelaçar, minha cabeça estava cheia daquelas
imagens.
- Kaira, abra a porta. Vamos conversar cara a cara sobre o que aconteceu! - Sua voz era fria demais como
se formasse gelo..
- Bum! - A porta do banheiro se sacudiu com a força de um grande impacto. Com choque, eu caminhei
para trás.
Com apenas três batidas, a porta do banheiro foi aberta. Alto e robusto, ele entrou com imensa raiva.
Seus olhos escuros, olhando para mim com frieza. Eu ficava acobardada ao lado da banheira.
- Kaira, você... - Vendo que eu estava tremendo e olhando para ele com ódio, sua raiva diminuiu um
pouco.
Depois de muito tempo, ele caminhou para mim. Com o corpo robusto, ele se agachou. Ele esticou seus
dedos longos de forma lenta para mim.
Tinha medo de ser tocada por ele, rejeitei sua aproximação e disse por instinto:
- Não me toque!
Sua mão parou no ar. Parecia que o frio na sua cara tinha se espalhado para o ar ao seu redor:
A cara fria de Guilherme se tornou mais séria ainda. Ele me olhou. Seu olhar frio ficou fixo no meu rosto:
- Eu sei! - Claro que eu sabia. Eu tinha aguentado isso por dois anos, me contendo. Mas era impossível
fingir amar. Carinho não seria amor!
De repente, ele pegou minha mão e me levou para fora do banheiro. Depois de me colocar na cama, ele
colocou a toalha em mim e se agachou na minha frente. Com suas mãos agarrando minhas, ele olhou
para mim e disse em voz baixa:
Ele estava calmo. Mesmo que eu tivesse falado coisas inapropriadas e irritantes, ele sempre tinha uma
forma de se acalmar.
- Guilherme, você me ama? - Eu não sabia por que estava perguntando isso, mas perguntei.
Seu corpo ficou congelado por um momento. Ele franziu as sobrancelhas e me lançou um olhar
profundo:
Mas você disse isso a Lúcia. Com tanta dor no meu coração, eu quase gritei as palavras.
- Não é expresso em palavras? - Eu não conseguia controlar minhas lágrimas e estava soluçando:
- Kaira, - sua voz era baixa. - diga-me o que está acontecendo! Por que de repente você quer o divórcio?
- Eu não te amo. Eu realmente não te amo de forma alguma! - Meus olhos estavam lacrimejantes. A dor
se espalhava no meu coração:
- Eu não te amo tanto quanto eu pensava. Ainda sou jovem e tenho inúmeras oportunidades de
encontrar meu amor para o resto da vida. Então vamos nos divorciar e nos livrar, ok?
Desde o momento em que encontrei Guilherme, nunca tinha pensado que um dia eu quereria me livrar
dele.
Tinha pensado que se eu trabalhasse o suficiente e lhe desse meu coração, meu amor e meu corpo, um
dia ele veria tudo isso e voltaria para me dizer que nos daríamos bem.
Mas tinha tantas incertezas na vida. Eu tinha esquecido que existiam muitas coisas neste mundo que
você podia obter com seus próprios esforços, exceto o amor.
Na vida, duas pessoas se apaixonarem era um presente de Deus. A maioria das pessoas não tinha a sorte
de encontrar o amor verdadeiro!______________
O labirinto de amor
O ar no quarto parecia estar congelado em uma camada fina de gelo. Eu mantinha a cabeça baixa para
não olhar para ele.
Depois de um longo tempo, ele respirou fundo e disse com a voz baixa e fria:
Mesmo assim, quando o sol nasce, nós abrimos os olhos. A vida continua.
Não tinha dormido bem, cheguei esgotada na empresa. Vendo que eu estava com cara cansada, Liz disse
com preocupação:
- Diretora Kaira, você ficou acordada até tarde ontem à noite para ler os materiais? A empresa não é tão
rigorosa com a auditoria, não sinta tanto stresse. Não faz muito tempo que você melhorou. Cuide de si
mesma!
Eu acenei. Minha cabeça estava um pouco tonta. Depois de ler os materiais financeiros do Grupo Nexia,
também li detalhadamente os materiais financeiros do Grupo Carvalho.
Vendo que eu continuava a bocejar, Liz me deu uma xícara de café e disse: - Aliás, Diretora Kaira, a
auditoria da empresa será feita pela AC ou pela Auditoriatal?
Essa questão me trouxe muita dor de cabeça. O homem de meia-idade tinha me mandado fazer um
leilão, mas não tinha deixado claros os requisitos.
O adversário estava em uma posição mais desfavorável que eu. Depois de pensar sobre isso, eu falei:
- Normalmente demora cerca de metade de um mês. Esse ano, é provável que leve pelo menos um mês!
- Falando isso, Liz colocou na minha mesa os materiais de auditoria dos anos anteriores.
- Quanto tempo temos esse ano? - Todos os anos, a empresa publicaria o resultado de auditoria no site
econômico. O Grupo Nexia é uma empresa cotada. Muitos acionistas e investidores estão esperando o
resultado.
- Não muito. Ainda falta um mês e meio. Mas o Grupo Nexia tem empresas subordinadas em outras
províncias. Embora você não precise ir a todas as subordinadas, tem que ir a algumas, caso contrário,
você não consegue saber os detalhes!
Eu acenei e guardei os documentos. Olhei para o relógio. Já era meio-dia. Olhei para Liz e disse:
- Preciso ver o presidente da Auditoriatal. Marque um horário para mim. É melhor fazer o mais rápido
possível!
Antes, eu não iria me encontrar com essa pessoa, mas pensando no que tinha acontecido na noite
passada, não podia deixar de suspeitar que talvez fosse porque a AC queria roubar o negócio de nós...
- Ainda está na sala de espera lá embaixo. - Depois de uma pausa, Liz disse:
- É o presidente da AC, Paulo Silva!
O presidente veio até aqui em pessoal? Parecia que podia ganhar muito com a auditoria do Grupo Nexia.
- Faça uma reserva para mim em um restaurante próximo. - Me levantei e peguei minha bolsa:
Saí do escritório e fui diretamente para a sala de estar do prédio do Grupo Nexia. Como o Grupo Nexia
era rico, o prédio era muito grande. Além disso, na sala de visita havia uma sala de estar luxuosa que era
destinada a receber convidados e visitantes.
Ao chegar à sala de estar, vi um homem de meia-idade sentado no sofá preto. Como era meio-dia, todos
estavam ocupados comendo. Então não tinha muita gente. Paulo Silva tinha o rosto limpo, por isso não
parecia velho, embora ele fosse de meia-idade.
Quando ele me viu, se levantou e caminhou em direção a mim com um sorriso. Ele estendeu a mão para
apertar minha e disse:
- Olá, Diretora Kaira, sou Paulo Silva, o fundador da AC. Prazer em conhecê-la!
Eu sorri e o cumprimentei:
- Desculpe, Sr.Paulo, tenho estado um pouco ocupada ultimamente, então não tive muito tempo livre.
Desculpe por fazê-lo esperar por tanto tempo! - Depois de olhar para o relógio, olhei para ele e disse:
- Está na hora do almoço. Você gostaria de almoçar comigo?
A gente não falou do trabalho. Quando chegamos ao restaurante que Liz tinha reservado com
antecedência, Paulo não mencionou o negócio de auditoria.
Ele só me contou algumas coisas interessantes na vida. Parecia que nós éramos apenas amigos. Como
ele não mencionou o trabalho, é claro que eu não iniciei a conversa sobre trabalho. Só estava ouvindo
em silêncio o que ele falava comigo.
- Ouvi dizer que, esse ano, você está responsável pela auditoria do Grupo Nexia?
Eu acenei:
- Como a empresa está listada, tem muitas coisas para fazer. Tanto o Presidente Aguiar quanto o
Presidente Carvalho não têm tempo, então eu só tenho que assumir esse projeto por enquanto.
- Nos anos anteriores a auditoria do Grupo Nexia era feita pela AC. Esse ano...
Ele não terminou a frase. Mas eu sabia o que ele queria dizer. Eu sorri e disse:
- O Grupo Nexia tem cooperado com a AC por muitos anos. É lógico que a auditoria deve ser feita pela
AC, mas o prazo do contrato entre a AC e o Grupo Nexia já expirou. De acordo com a prática anterior, o
Grupo Nexia vai realizar um leilão. É claro que eu espero muito que nesse leilão a AC e o Grupo Nexia
possam cooperar de novo.
A conversa já ia chegar ao fim. Depois de ouvir isso, Paulo sorriu levemente. Sua boa educação lhe
permitiu dizer com elegância:
- Diretora Kaira, Presidente Guilherme planeja deixar a Auditoriatal fazer a auditoria desse ano, não é?
Por que realizar um leilão?
- Se não realizar um leilão, o Grupo Nexia não só ofenderá a AC, mas também outras empresas de
auditoria. A AC é uma empresa antiga que tem cooperado com o Grupo Nexia todos esses anos. Se a
cooperação terminar de repente, você acha que eles não vão comentar sobre as auditorias do Grupo
Nexia dos anos anteriores?
A outra razão pela qual me encontrei com Paulo Silva era que eu queria saber se ele tinha algo a ver com
o que tinha acontecido na noite passada. Mas vendo a reação dele depois de saber do leilão, parecia que
ele não estava disposto. Então, talvez ele não estivesse relacionado ao que tinha acontecido ontem à
noite.
Mas não podia negar isso com facilidade. Só podia continuar a observar.
- Por que ele não disse isso com antecedência? - Interrompi suas palavras, olhei para ela e disse:
- Guilherme não só é meu chefe. O Grupo Nexia é muito grande. Se ele precisa deixar tudo claro, então
por que ele contrata essas pessoas? Ele já consegue fazer tudo pessoalmente.
- Mas você é esposa dele!
- É verdade que sou esposa dele, mas isso não significa que ele está satisfeito comigo. Mesmo que esteja
satisfeito, ele é o presidente do Grupo Nexia e eu sou a diretora. Na empresa, ele é meu chefe. Se eu for
estúpida ao ponto que preciso pedir para ele deixar tudo claro, seria mais fácil que eu ficasse em casa e
desempenhasse meu papel de Sra. Aguiar.
Não existia ninguém muito inteligente no início, era apenas a experiência que vinha se acumulando no
processo de enfrentar as dificuldades.
Depois de voltar ao escritório, Liz marcou um encontro com o presidente da Auditoriatal para jantarmos
juntos. Eu não disse para ninguém o que tinha acontecido na noite anterior.
Ainda bem que a empresa era grande. Eu não precisava ver Guilherme quando não tinha nada especial.
Não pensei em como ele lidaria com a relação entre nós. A única coisa que eu podia fazer, era fazer bem
o meu trabalho.
O labirinto de amor
Após um dia agitado, finalmente chegou a hora de sair do trabalho, Liz entrou na minha sala com sua
bolsa e disse:
- Diretora Kaira, precisa que eu te acompanhe no jantar com o Presidente Ribeiro da Auditoriatal?
Fiquei distraída por um momento, lembrei que eu tinha compromisso. Balancei a cabeça e disse:
Liz já não era tão jovem, passava os dois anos ao meu lado e não tinha namorado, mas recentemente sua
expressão demonstra que estava em um relacionamento.
Uma pessoa não consegue esconder seu amor. Mesmo que não fale, o brilho dos olhos denuncia.
Arrumei a mesa e dirigi direto para o endereço que Liz me mandou. Pensei que o presidente de uma
empresa de auditoria fosse um senhor de meia idade.
Fiquei surpresa ao vê-lo. Não esperava que Enzo fosse um moleque de uns vinte e poucos anos.
- Kaira Sanches?
Dei um sorriso:
- Presidente Ribeiro?
Enzo era alto e tinha um rosto delicado. As covinhas das suas bochechas aparecem quando fala, muito
bonitinho. Mas seu olhar determinado demonstrava a maturidade que não deveria ter na sua idade.
- Não sou uma comedora exigente. - Respondi deixando a minha bolsa na cadeira ao lado, enquanto ele
estava pedindo.
Ele pediu alguns pratos rapidamente e olhou para mim passando a mão no queixo:
Levantei a sobrancelha:
Esse moleque tinha cerca de 23 anos. A empresa não era grande coisa, mas para ser selecionada por
Guilherme, deve ter competência. Eu ficava surpresa que tal moleque estivesse gerindo uma empresa
tão grande.
É moleque mesmo!
Surpresa:
- Velho Guilherme?
- Guilherme já tem trinta e poucos anos, não é velho? Você só tem 26 anos, pretende passar o resto de
sua vida com esse velho?
Fiquei chocada com o que ele disse, sem saber o que responder. Mostrei um sorriso e disse:
- Claro!
- Ninguém te disse que você é muito bonita? Tem um jeito muito especial.
Percebeu que mudei de assunto, franziu os lábios, e se debruçou de novo na mesa falando sem força:
- Essas coisas, só vai saber depois de as ter feito, como é que vou responder agora?
- O Grupo Nexia acabou de abrir seu capital, e está com bastante capital. Você que trabalha com
auditoria sabe melhor do que eu, caso algo dê errado pode levar a prejuízos enormes. Esse ano sou
responsável por esse assunto, claro que tenho que tomar cuidado.
Ele fechou um pouco seus olhos negros que transmitiam um pouco de esperteza:
- Você acha que não sou compente para auditar o Grupo Nexia?
- Você fundou a Auditoriatal tão jovem, é claro que acredito na sua capacidade. Mas não trabalhámos
juntos antes, nem nos conhecemos. O Grupo Nexia fará uma licitação, então dependerá da sua
capacidade. Caso vocês consigam ganhar, espero que possamos ter uma boa cooperação com o
Presidente Ribeiro.
- Tudo bem!
- Avisarei vocês do horário da licitação assim que possível, se não tiver mais nada a tratar, me dê licença.
Ao ver que Lúcia estava ao seu lado, desviei meu olhar e puxei meu pulso preso por Enzo. Esse moleque
usou tanta força que não me soltou.
- Me solte!
Ele me puxou para a cadeira, segurou meu ombro e disse sorridente para Guilherme e Lúcia que
entraram:
- Assistir ao show!
Guilherme fechou a cara e trouxe Lúcia para cá, se sentaram na nossa frente.
Claro que Lúcia me viu, depois do que passou ela também não fingiu mais, olhou para mim com frieza e
não era amigável.
Era bom que ela não fingisse mesmo, também não queria olhar para eles. Peguei então o celular.
A voz de Enzo entrou nos ouvidos:
Como eu queria dar uma gargalhada, ele já o chamou de velho há pouco, e agora trata Guilherme por
Presidente Guilherme?
Lúcia respondeu qualquer coisa e não falou mais nada. E Enzo não parou de falar comigo, me
aborrecendo. Se ele não se sentasse do lado de fora e me bloqueasse, iria embora imediatamente.
O labirinto de amor
- Kaira, você tem algum compromisso mais tarde? Posso te convidar para ir ao cinema?
- Tenho.
Calei-me depois que respondi.
Percebendo que eu não estava animada, Enzo foi falar com Guilherme:
- Presidente Guilherme, ouvi dizer que o senhor e Lúcia tem um relacionamento muito bom. Minha mãe
ainda disse para vocês jantarem com ela no Balcone Restô na próxima vez.
- É aquela poderosa da moda, Agatha de Lins, que você tinha mencionado comigo a última vez?
- Ela é sua mãe? Ela é a rainha da moda desde a Europa até a Ásia. E ouvi dizer que a Sra.Agatha ainda
administra duas empresas de capital aberto. Na última lista dos mais ricos globais, ela fica em terceiro
lugar, é a mulher mais rica do mundo!
A mãe do Enzo é a Agatha de Lins? Eu tinha visto ela em uma reportagem do jornal de finanças. É a típica
mulher forte da época. Não esperava que fosse mãe de Enzo.
Os dois acharam um assunto em comum e a conversa ficou mais animada ainda. E eu que já estava com
tédio, agora mais ainda, querendo ir embora logo.
Não sei o que aconteceu com Enzo e ele pôs a comida no meu prato com intimidade.
Para não ferir seus sentimentos, eu não disse muita coisa, apenas:
Ele me ignorou, olhando o tratamento de Guilherme com Lúcia, disse com inveja:
- Presidente Guilherme, você é tão gentil com Lúcia, ela realmente é a pessoa no seu coração.
Lúcia sorriu de repente, dava para perceber que estava feliz. Guilherme franziu a testa e me olhou.
Dei uma mordida na comida que Enzo colocou no meu prato, nem mastiguei e senti meu estômago virar.
Tapei minha boca e fiz um gesto para Enzo me deixar a sair.
Ele ficou surpreso, percebeu que eu estava querendo vomitar, então se levantou e disse:
- Você está grávida? Por que vomita até com peixe?
Mas não pensei muito, corri para o banheiro e vomitei por bastante tempo. Quando me acalmei, olhei
para trás e vi que Guilherme estava de pé ao lado.
Ele disse em uma voz fria e baixa, sem emoção, mas com certeza não era amigável.
- Não vou!
Ele segurou o meu pulso, fiquei um pouco agitada, virei a cabeça e dei uma olhada fria a ele:
- Além disso, se você não tiver problema com a memória, eu falei ontem à noite com você que espero
que possamos nos divorciar logo. O que você acha?
- Guilherme, por lado você trata Lúcia gentilmente e por outro lado não termina comigo. Por acaso você
está curtindo essa sensação de ficar com duas mulheres?
Ele estava com uma cara muito feia, eu sabia que ele ficou bravo, mas tudo que eu disse foi verdade.
Apesar de ser muito direta, temos que encarar, não é?
- Impossível!
- Claro, você também pode separar de Lúcia, dando dinheiro suficiente para ela sair da sua vida.
- Kaira, quem é você para decidir a minha vida? - Lúcia apareceu de repente e gritou comigo.
Me livrei da mão de Guilherme e olhei para ela que estava com o rosto vermelho de raiva, ri:
- Quem sou eu? Só pelo fato de Guilherme não querer se divorciar de mim, pelo fato de eu ainda ser a
esposa oficial dele, pelo fato de ele ainda não me deixar ir!
- Você...
Ela estava furiosa e queria discutir comigo. Mas eu não estava interessada em me envolver muito com
ela.
- Algum problema?
Nos próximos dias, meu sintomas de gravidez pioraram. E para evitar Guilherme, mudei para o
Apartamento Prudente. Na época em que Esther planejava se estabelecer na Cidade de Rio, eu e ela
compramos dois apartamentos no Apartamento Prudente, um para cada uma, para nós podermos cuidar
uma da outra.
Depois que casei com Guilherme, fiquei morando na mansão. Quase não vim para cá. Ainda bem que
Esther estava cuidando disso aqui, já era confortável morar aqui.
Vendo que estava vomitando muito, Esther meu deu um copo de água quente, e olhou para mim
seriamente:
Não pretendia esconder a verdade dela desde o início, tomei um pouco de água e disse:
- Não.
Eu sei, mas não posso ir agora. Não posso largar tudo e ir embora!
Com a lição que aprendi da última vez, quando quem atendeu foi Guilherme, eu esperei ele falar
primeiro para falar:
- Dr. Vinícius, você tem alguma maneira de parar ou reduzir os vômitos da gestação?
- Tenho medicamento, mas todo remédio tem um pouco de veneno, não recomendo que você use.
Amanhã pergunto para o Chefe Ryan se tem algum alimento que possa reduzir vômitos sem prejudicar o
feto.
- De nada.________________
O labirinto de amor
Capítulo 40 Problemas do Grupo Nexia
- Kaira…
Voltei para o quarto, isolando a voz dela, continuei trabalhando no projeto de auditoria do Grupo Nexia.
Seria amanhã a licitação.
Pensei que aquele homem de meia-idade apareceria de novo, mas já se passaram dias e nada aconteceu.
No dia seguinte.
A Cidade de Rio estava cada vez mais quente, às oito da manhã, o sol já estava brilhante e forte. Esther
dormia tarde, nunca acordava cedo.
E como estava bem ocupada esses dias, tinha que acordar bem cedo.
Acenei com a cabeça, peguei o laptop e o material e saí da empresa com Liz.
No hall do elevador, encontrei Guilherme e Vinícius. Ao me ver, Vinícius me entregou a lancheira na mão
e disse:
- Sopa que o Chefe Ryan fez para você, é boa para a recuperação do seu corpo. Guilherme disse que você
tem tido muitas náuseas recentemente, deve ser a gravidez psicológica pós-aborto, vai melhorar após
um tempo de descanso.
No início, eu estava preocupada que Guilherme desconfiasse, quando ele disse isso, fiquei mais aliviada e
disse:
- Obrigada!
Guilherme está com o rosto sombrio, não dava para ver suas emoções. Eu nunca consegui entender seu
temperamento, também não conseguia descobrir o sentimento que ele tinha por mim.
O elevador chegou e entramos. O clima estava meio frio, mas ninguém estava a fim de bater papo até
sairmos do elevador.
- Já está tarde, vamos logo para o local da licitação! - Não queria continuar a conversa. Desde o último
encontro no restaurante, eu e Guilherme não nos vimos mais, nem nos conversamos.
Ao chegar ao local, encontrei Enzo. Ele veio na minha direção com vigor, com o rosto todo sorridente e
disse:
Não gostava de sua intimidade, acenei com a cabeça e entrei no local. Hoje veio muita gente,
basicamente todos querem conquistar a auditoria do Grupo Nexia.
No meio do processo de licitação, comecei a ter um pouco de enxaqueca não sei o porquê. Liz percebeu
meu desconforto e me levou até a sala de repouso, me deu um copo de água e disse:
- Directora Kaira, ainda tem algumas empresas que vão participar da licitação, se a senhora estiver
realmente ruim, melhor ir para o hospital.
- Acompanhe as outras empresas participantes, caso tenha alguma adequada, guarde-a para referência,
caso não haja, então esqueça.
Já ouvi maior parte das empresas, basicamente já sei dos detalhes. Fiquei na sala por um tempo
enquanto a Liz voltou para o local.
Não é fácil ser mãe. Achava-me invulnerável, mesmo assim cometi esse pequeno deslize nessa ocasião.
- No que está pensando tão absorta? - De repente soou uma voz com tom zombeteiro.
- Estou preocupoado com você. - Ele chegou ao meu lado e começou a massagear minhas têmporas. As
mãos do garoto são fortes, com força moderada. Eu queria evitar, mas fui segurada por ele.
Ordenou friamente:
Não tinha tanta energia para lidar com ele, então obedeci. Até que não demorou muito para a
enxaqueca melhorar...
Ignorei o que ele disse, e vi que Liz estava entrando, provavelmente as apresentações dos participantes
da licitação já terminaram. Ela juntou todos os materiais dos participantes e fez uma comparação entre
eles.
- Faz uma comparação dos trabalhos de auditoria e dos clientes dos últimos dois anos destas empresas e
me entregue.
Liz acenou com a cabeça e pegou o material. Deu uma olhada em Enzo, hesitou um pouco e me
perguntou:
- Pode fazer suas coisas. Eu a levo para casa daqui a pouco. - Enzo falou antecipadamente.
Liz olhou para mim como se estivesse me perguntando. Olhei para Enzo e disse:
Era impossível ele aparecer sem motivo. Veio até aqui por um tempão e não falou o que queira, ninguém
tinha tempo para gastar com ele.
Percebendo que esava sendo bem direta, ele franziu a sobrancelha e disse:
- Kaira, não é bom que as garotas sejam tão inteligentes.
Não queria desperdiçar mais tempo com ele, peguei a minha bolsa para ir embora.
- A auditoria do Grupo Nexia tem uma relação direta com o futuro do Grupo Nexia. Você nunca pensou,
por curiosidade, por que Guilherme me escolheu em vez da AC, com quem ele trabalhou por muitos
anos?
Sentado em meu assento, eu não disse nada, apenas continuei esperando que ele dissesse mais
- O Grupo Nexia abriu seu capital há um ano, olhando superficialmente, o desenvolvimento do Nexia
está a todo vapor, sem nenhum problema, mas pense bem, por que aquele projeto, o qual você e o
Diretor José eram responsáveis, causou enorme prejuízo financeiro só porque foi adiado por alguns dias?
- O atraso do pagamento final de um projeto causaria prejuízo a uma empresa do porte do Grupo Nexia?
Isso significa que o capital de reserva do Grupo já está em falta. Guilheme Aguiar não quis mais continuar
a cooperação com a AC porque uma vez que o relatório de auditoria da AC demonstrasse os números
vermelhos do Nexia, faria com que suas ações caíssem drasticamente e os investidores entrariam em
pânico.
Eu apenas franzi a testa quando ele terminou, olhando para ele, disse:
- Mas Guilherme não designou vocês diretamente para fazer a auditoria. Além do mais, eu sendo a
Diretora do Grupo, não saberia melhor do que você?
Ele riu friamente. - Kaira, não é bom ser tão crédula.
Me levantei e falei:
- A auditoria do Grupo Nexia, já que eu disse que iria licitar, cabe a você creditar as habilidades certas, e
quanto à situação do Grupo Nexia, eu acho, a conheço melhor que você, Presidente Ribeiro é melhor ir
para casa e esperar a notícia!
Liguei o motor, pensei de novo no que ele disse, não veio do nada, mas também não dá para acreditar
em tudo. Durante esses anos, já houve casos em que o atraso do pagamento causou prejuízo, era uma
situação normal.
Mas também não podia excluir a possibilidade de que o capital de giro do Grupo Nexia estava com
problema!
O labirinto de amor
Capítulo 41 Licitação
Voltando ao escritório, Vinícius estava lá. Para a minha surpresa, parecia estar esperando por mim.
- O que é isso?
- Sopa que o Chefe Ryan fez, muito eficiente para náuseas na gravidez. - Ele falou e deu um passo à
frente pronto para abrir a lancheira.
Ele já me deu uma porção hoje de manhã, e realmente, depois de tomar um pouco não senti ânsia de
vômito. Essa sopa era realmente boa.
- Obrigada! - Disse indo para o meu lugar. - Você só veio me trazer a sopa?
- Não! - Disse bem direto. - Você já tem a empresa adequada após a licitação?
Balancei a cabeça. Também estou com dor de cabeça por causa da auditoria do Grupo Nexia:
- Pedi para Liz fazer uma análise comparativa. E depois disso vamos filtrá-los algumas.
- E você já pensou se depois desse processo a Auditoriatal não for selecionada e, no final das contas,
ainda é a AC a ganhar a licitação?
Para falar verdade, a probabilidade da AC ser escolhida era muito grande. Olhei para ele com a testa
franzida:
- Você deve perguntar a ele. - Continuou. - Guilherme provavelmente tem seus motivos para escolher a
Auditoriatal.
Foi tão complicado que não quis pensar muito no assunto e olhei para ele e disse:
- Depois de confirmar a empresa de auditoria, provavelmente vou viajar a trabalho, e durante esse
período, eu vou precisar de sua ajuda para preparar alguns medicamentos para levar comigo.
Era inevitável que houvesse momentos de superexercício ao trabalhar o dia inteiro, e Vinícius era bem
versado em farmacologia, e os remédios que ele dispensava eram mais ou menos úteis para carregar
comigo.
Ele acenou com a cabeça, fazendo sinal para eu tomar a sopa primeiro, senão ia esfriar.
Mal comecei a tomar, meu celular tocou. Foi Esther me ligando, já era tarde, provavelmente ela acordou
agora.
Atendi a chamda e nem tinha aberto a boca ainda, e veio a voz nervosa de Esther:
Nem deu tempo de perguntar e a ligação já foi desligada. Peguei minha bolsa e já ia saindo às pressas.
Vinícius me barrou e perguntou:
- O que aconteceu?
Não recusei, fui junto com ele para a delegacia. Esther estava na área de observação, o policial de
plantão me viu e disse:
- Você é a senhorita Kaira Sanches?
- Senhor policial, é impossível que Esther faça coisas ilegais, com certeza há algum mal-entendido. Por
favor, verifiquem direito.
- Sra.Kaira, fique tranquila. Faremos uma investigação minuciosa. Ainda temos algumas perguntas para
lhe fazer individualmente, contamos com a sua colaboração.
Não pensei muito nesse momento, entrei com o policial na sala de interrogatório. Após algumas
perguntas, eu consegui esclarecer basicamente o ocorrido.
Ontem à noite, alguém encontrou metanfetamina azul (um tipo de droga), em grande quantidade no bar
de Esther. Era estranho por que aquela pessoa só chamou a polícia no dia seguinte em vez de chamar na
hora?
Depois de ser interrogada pela polícia, vi Esther. Ela não estava usando maquiagem, suas olheiras a
deixavam parecer bastante abatida dentro de apenas algumas horas.
- Kaira, caí na cilada feita para mim! Foi Lúcia! Ontem à noite ela veio com um homem ao bar, pensei que
ela estava lá apenas para tomar bebida, não esperava que ela viesse para me incriminar.
-Você viu o rosto do homem que estava com ela? - Além de Guilherme e de Pietro, ela ainda tem outros
homens ao seu redor?
- É bem alto, com cara de ser uma pessoa decente. Ah, quando fui procurar você tempos atrás no Nexia,
escutei alguém o chamando de Presidente Carvalho.
Pietro?
A pessoa que Lúcia não gosta sou eu, por que fez isso com Esther?
- Por que eles só chamaram a polícia hoje? Não deveriam chamar ontem?
- Esther, você está escondendo algo de mim? - Pela personalidade de Lúcia, ela com certeza faria Esther
perder tudo, por que não aconteceu nada com o bar e somente com ela?
- Kaira, não vai ficar brava se eu te contar. O bar já foi comprado por Guilherme. Quando você tinha me
perguntado se queria mudar-se para a Cidade de Nuvem, o bar já foi comprado por Guilherme.
- Guilherme comprou seu bar para quê? - O Grupo Nexia já é suficiente para mantê-lo ocupado, pra quê
ele iria comprar um bar?
- Não sei qual o motivo. Ele me procurou um mês atrás e comprou o bar por quase o dobro do valor.
Depois transferiu o transferiu para o nome de Lúcia. Eu ia te contar, mas você estava ocupada demais,
sua saúde também não estava muito boa, então...
Se for pensar nos detalhes dessa história, é extremamente assustador. Qual a diferença entre Guilherme
comprar o bar e colocar no nome de Lúcia e ela mesma comprar?
Definitivamente Guilherme não seria mesquinho com as coisas que Lúcia queria, mas para Lúcia, o bar
com certeza não era seu objetivo.
- Quantos anos serão sentenciados se ela for condenada? - Perguntei com forte dor de cabeça.
- Pode ser condenada a 15 anos de reclusão, prisão perpétua ou pena de morte mais o confisco de todos
os ativos. Tudo depende da quantidade de droga, quanto maior a quantidade, mais pesada a sentença. -
Respondeu Vinícius saindo comigo da delegacia.
Comecei a ouvir um zumbido e o céu parecia ter começado a girar... Lúcia foi muito cruel. Utilizou um
bar para destruir a vida de uma garota.
- De a polícia chegar à conclusão da investigação que a metanfetamina azul não tem nada a ver com ela.
Não foi detectado nenhum indício de droga no seu organismo. O armário fica dentro do bar e há grande
possibilidade de alguém ter mexido. Se conseguirem comprovar que alguém mexeu no seu armário, a
suspeita reduziria pela metade.
- Verdade! Vamos verificar as gravações das câmeras! - Levantei de forma brusca para ir ao bar
rapidamente.__
O labirinto de amor
- A polícia já pensou o que você havia pensado. O que você precisa de se preocupar agora é se tiver
alguém alterar o vídeo de vigilância!
As minhas sobrancelhas saltaram e puxei o meu cabelo com irritação e olhei para Vinícius.
Vinícius queria dizer mais alguma coisa, mas percebendo a minha irritação, ele fez uma pausa e disse:
Fiquei por muito tempo na porta da delegacia de polícia antes de entrar no carro.
Liz me ligou e disse que havia acabado o boletim dos relatórios de comparação das empresas que
participaram na licitação e já o enviou ao meu e-mail para referência. A minha cabeça estava numa
grande confusão.
Hesitando um pouco, dirigi o carro à mansão. Não havia voltado para a lá nesses dias para que evitasse
encontrar Guilherme, mas sempre haviam as coisas das quais não conseguíamos escapar.
Ainda era cedo quando voltei à mansão. Ninguém estava em casa. A porta do quarto e a do banheiro no
primeiro andar já foram consertadas.
Sabendo que era inútil de ficar preocupada, fui ao escritório e verifiquei o boletim dos relatórios que Liz
me enviou. Sabia que a AC tinha uma grande oportunidade de ganhar essa licitação, mas fiquei tão
surpresa que a Auditoriatal participou na mesma licitação com a AC.
Era uma pequena empresa que não foi estabelecida há muito tempo, mas estava concorrendo com as
empresas que haviam sobrevivido há décadas nesse círculo de negócios. Inesperadamente deixou para
atrás algumas empresas conhecidas.
Devido ao que aconteceu no estacionamento da última vez, excluía AC e liguei para Liz.
- Directora Kaira.
- Avise para todos. A auditoria de Grupo Nexia será entregue para a Auditoriatal.
- Directora, mas AC ganhou essa licitação. Se você entregar diretamente a auditoria para Auditoriatal,
receio que AC vá provocar problemas no final!
Eu sabia muito bem que aquele homem do estacionamento me raptou e me apresentou em particular
um maravilhoso ‘espetáculo’ só para me pedir a lançar um concurso.
A intenção daquele homem era de fato que me compeliu a escolher o vencedor da licitação! No entanto,
eu nunca pretendia a entregar a auditoria de Grupo Nexia ao vencedor desse concurso!
Não poderia deixar o Grupo Nexia sofrer uma situação urgente na minha atribuição. Não era para
Guilherme, mas era para retribuir as cuidados do Sr. Rodrigo nesses anos para mim.
- Faça o que eu disse. Vou explicar à AC! - Desliguei o telefone, fiquei em silêncio por muito tempo.
Liguei a quem nunca havia telefonado pela iniciativa. Tocou duas vezes, uma voz profunda e magnética
veio do outro lado:
- Cinco anos!
- Quero um relatório dos erros de auditoria feitos pela AC desses anos e da situação financeira de AC.
O outro lado do telefone parecia tão tranquilo que deixou a voz dele ficar com eco frio.
O meu corpo ficou cada minuto mais frio com tremor incontrolável.
- Nathan Sanches!
Mesmo que não fosse em frente dele, a frieza me cercou pelo telefone. Ele não era tipo tal como
Guilherme, distante e arrogante, mas era tipo horrível e louco com odor de sangue embebido no inferno
há muitos anos.
- Irmão!
- Boa menina!
Desliguei o telefone abruptamente e me sentei paralisada no chão com assusto gravado nos meus ossos
desde pequena.
Por muito tempo, levantei-me do chão. Sentindo um pouco fraca, cambaleei para o quarto, subi na cama
e me enrolei de maneira firme na colcha.
Como se estivesse embebida pelo frio gravado profundamente nos meus ossos, não poderia voltar a
mim próprio por longo tempo. Não deveria ligar para ele.
Quando Guilherme voltou para a vila, recuperei-me lentamente. Ao me ver, ele pareceu pouco surpreso.
Ultimamente, haviam muitas coisas a fazer em Grupo Nexia, ele estava numa viagem de negócios por
quase todos os tempos. Pensei que ele já voltou de uma viagem, ainda com fadiga no seu rosto.
Balancei a cabeça. Vendo que já era tarde e pensando no assunto de Esther, levantei-me e disse:
De repente ele me abraçou por trás com o seu queixo no meu ombro. Talvez porque estivesse muito
ocupado, ele estava com barba que me sentia comichão no meu ombro.
- Me acompanhe um pouco.
Fez-me deitada na cama e me enrolou com o seu corpo de maneira tão firme que não me deixou mover.
Uma voz rouca do homem seduzia os meus tímpanos.
A sua respiração quente coçava no meu rosto. Abri a minha boca, mas finalmente não disse nada.
Fiquei olhando para o teto por uns minutos e desisti por enquanto. Agora falar do assunto de Esther com
Guilherme podia ser ao contrário do que desejava. Era melhor esperar até quando ele se acordou.
Fiquei mesmo nervosa e sentia-me mais sonolento do que habitual durante a gravidez. Abraçada por
Guilherme, senti um pouco segura e tranquilo e tinha vontade de dormir.
Mas apenas por um momento, abri os meus olhos de repente e olhou com raiva para esse homem com
má intenção na minha frente que não conseguia se controlar.
A sua voz era tão baixa e rouca que poderia sentir mesmo o seu sono.
Mas não conseguia dormir. Então me afastei um pouco atrás, mas fui segurada pela palma dele e me
puxei de volta.
- Guilherme!
Fiquei um pouco zangada. Esse homem não conseguia dormir em tranquilo.
- Ignore o meu pénis. Vai ficar normal por um tempo - disse ele, segurando a minha mão com mais força.
- Garanhão!
Realmente não sabia como lhe xingar, então apenas consegui nem falar uma palavra com tanta raiva.
Ouvi uma risada leve de Guilherme, parecendo muito agradável. Eu não estava interessada em prestar
atenção nele. Fechei os meus olhos e ignorei a sua reação fisiológica, pronta para dormir.
Comecei a pensar como lhe pedir para ajudar Esther. Se Guilherme se envolvesse no assunto de Esther,
seria muito mais fácil de tratar. De qualquer maneira, conseguiria realizar muitas coisas nesse mundo
mesmo que fosse rico e poderoso.
Talvez por causa da minha consciência pesada, fiquei muito nervosa. Percebendo a minha nervosidade,
Guilherme ficou mais cuidadoso.__
O labirinto de amor
Tendo ouvido a sua história com Lúcia da última vez, comecei a lhe resistir por instinto a fazer amor.
Ele se virou, mas...
Depois de muito tempo, ele se levantou da cama, vestiu-se o pijama e ficou na varanda e acendeu um
cigarro.
Eu estava deitada na cama. Não conseguia descrever com palavras os sentimentos no meu coração
naquela hora.
Me levantei, caminhei para ele, abracei-o por trás com todo o meu corpo nas suas costas:
Endureceu de súbito o seu corpo. Ele apagou o cigarro e se virou para mim com um pouco de frieza no
rosto.
- Quando começou?
O assunto entre Lúcia e ele seria provavelmente enterrado de maneira firme no meu coração para
sempre, tornando-se um enorme esqueleto apodrecendo com horas.
- Você comprou o bar de Esther para Lúcia? Esther foi incriminada falsamente, Guilherme, por favor, me
ajude!
Sabia que ele ficaria mais zangado se lhe pedisse nessa hora porque não havia satisfeito o seu desejo
sexual, mas não poderia demorar muito esse assunto.
Ele abaixou a sua cabeça e olhou para mim, se contraindo os seus olhos friamente.
- Você planejou mesmo a me pedir ajuda com o seu corpo, então me deixou continuar a fazer amor
consigo sem luta? - Ele riu de maneira cruel com um sarcasmo na sua voz, - Kaira, nem percebeu mesmo
por si própria que não consegue ter reação sexual a mim?
- Guilherme, você tem Lúcia e muitos amigos, mas eu não tenho mais nada. Só tenho Esther. Por favor,
me ajude!
Ele riu friamente:
- Você não tem nada além de Esther? Kaira, você realmente me surpreendeu!
Ele estava com enorme irritação, mas eu não havia de fato outras soluções.
Já que eu tivesse outras soluções, não vou lhe pedir, mas na verdade apenas ele poderia resolver esse
problema.
Puxando a sua mão e descuidando a sua raiva, mordi os meus lábios com lágrimas nos meus olhos.
Estava muito frio e não me vesti muita roupa. Eu estava envolvida em gelo nessa hora.
Guilherme olhou friamente a minha tristeza, da raiva ao tranquilo. Depois de muito tempo, ele segurou a
minha mão em uma voz baixa e cruel:
- Vá ao banheiro!
Fiquei surpresa e em seguida entendi o que ele indicou. Ele me levou aos seus braços de imediato e foi
diretamente para o banheiro.
Olhei para ele com água batendo nos meus olhos úmidos. Ele cobriu os meus olhos com a sua mão.
Pedi-lhe:
Me sentia uma leve dor de barriga. Me assustou e falei em uma voz temerosa:
Ele ficou rígido, olhou por baixo e viu uma poça de sangue sob meus pés sem saber quando começou.
Espasmei um pouco com a dor e segurei seus braços com um pouco de suor na minha testa.
Quase atingindo ao máximo, o desejo de Guilherme caiu subitamente. Com os olhares profundos, ele
tirou uma toalha ao lado, secou as gotas d'água no meu corpo, e em seguida me abraçou para fora do
banheiro.
Colocando-me na cama, ele encontrou roupas para mim e então ligou para Vinícius. Agarrei a sua roupa
e quase não consegui respirar com a dor.
- Merda!
Ele dirigiu em alta velocidade e não sabia quantos sinais vermelhos correu. Ele me levou nos seus braços
ao hospital e uma enfermeira empurrou um leito para fora.
Me senti espantada com suor frio, mas o dor de barriga não me deu muito tempo para pensar mais e
segurei a enfermeira ao meu lado e disse:
- O feto está com menos de dois meses e há sinais de aborto. Por favor, me ajude a salvar meu bebê.
Não conseguia parar o meu arrependimento. Fui muito descuidada. Mesmo pensei que correria tudo
bem desta vez mesmo como as vezes anteriores.
Mas…
Por instinto, toquei na minha barriga e me sentia inquieta. Felizmente, a minha barriga estava um pouco
saliente sem dor.
- Acordou?
Fiquei surpresa quando percebi que Guilherme estava acordado. Ele se levantou da cadeira, foi despejar
um copo d'água.
Não conseguia sentir as emoções dele, então tentei a perguntar com hesitação:
Com seus olhos frios e horríveis, ele olhou ferozmente para mim, o que deixou o meu coração nervoso
pular até a garganta. Esperei a resposta dele com os olhos arregalados.
Eu não sabia como responder nessa hora. Não conseguia disputar com ele nessa situação, então falei
com lágrimas nos meus olhos:
- Lúcia compeliu você com a morte dela a matar o meu bebê. Guilherme, não quero perdê-lo, então...
- Não queria mentir para você. Se você não quiser o bebê, posso me divorciar consigo. Já que formos
divorciados, não iremos interferir na vida um a outro. Não se preocupe. Não vou deixa-lo afetar o futuro
de Lúcia e você.
O labirinto de amor
- Kaira! - ele ficou furioso, seus olhos escuros brilhando com uma luz como se quisesse matar pessoas:
- Na sua opinião, eu, Guilherme, sou tão indigno de ser o pai do seu filho?
- Não, só estava preocupada que talvez você não quisesse ser o pai dele... por causa de Lúcia.
- Então o que você acha que deve estar certo? - Ele zombou, se eu não estivesse deitada agora, eu
garanto que ele teria me despedaçado:
- Kaira, me escute com atenção, essa criança é meu filho e você deve cuidar bem dele!
Foi a primeira vez que vi Guilherme assim, como se ele estivesse com raiva, mas também feliz.
Eu parei de falar, e pela sua atitude, o bebê ainda deveria estar lá.
Não demorou muito para o médico entrar. Ele explicou a situação e olhou para Guilherme com um rosto
embaraçado e disse:
Eu desnatei meus lábios e observei como Guilherme acenou em direção ao médico com uma expressão
insondável em seu rosto.
Não havia nada de errado com o bebê e o sangramento foi causado pelo estresse que eu havia passado
recentemente.
O médico nos explicou algumas precauções e saiu. Guilherme e eu ficamos em silêncio na ala.
Embora eu soubesse que ele estava um pouco zangado, não queria ficar muito mais tempo no hospital,
olhei para ele e disse:
- Não comi nada à noite e estou com fome agora. - Apontando para o meu estômago, olhei para ele e
disse:
Um momento depois, pensava que ele me ignoria, mas de repente ele se levantou e disse:
- O que você quer comer? Eu vou comprar para você!
Na verdade, eu só queria enganá-lo para que voltássemos, era muito difícil ficar no hospital.
- Se deite bem!
Quando o vi sair da ala, olhei para o soro, ainda faltava um pouco. Vendo que ia acabar, toquei a
campainha e uma enfermeira entrou e viu que as gotas iam acabar, então ela as puxou para mim.
- Sra. Aguiar, seu marido é tão bom para você, quando você entrou na sala de cirurgia há pouco, o Sr.
Aguiar não deu nem um passo, ele parecia muito preocupado. Um homem tão poderoso, esperando
impotente fora da sala de cirurgia como uma criança.
Eu fiquei um pouco distraída por um momento, minha mente zumbindo... Guilherme estava nervoso por
mim? Ou era pelo bebê?
- No que você está pensando? - Uma voz baixa veio aos meus ouvidos, e olhei para cima, a enfermeira
não estava mais lá.
Não percebi quando Guilherme entrou, ele tinha uma pilha de papéis na mão e carregava muitos
remédios.
- O que é isso? - Eu olhei para o saco de comprimidos que ele carregava. Ele me pegou nos braços e
disse:
É tão embaraçoso!
Colocando-me no carro, ele entrou no banco do motorista, olhou para mim e depois inclinou seu corpo
alto em minha direção.
O cinto de segurança foi apertado e ele me olhou com uma luz em seus olhos escuros:
Eu fiquei embaraçada.
Mal-entendido!
Eu não pensei que ele curvasse só para apertar cinto por mim.
Dando-lhe um sorriso envergonhado, virei a cabeça para olhar para a vista fora da janela.
A temperatura quente se espalhou aos poucos enquanto minhas pontas dos dedos eram seguradas.
Congelei e olhei Guilherme dirigindo com uma mão e segurando as pontas dos meus dedos com a outra.
Ao me ver olhando para ele, ele pegou minha mão, colocou-a em seus lábios e a beijou:
Sua risada baixa veio aos meus ouvidos, e podia sentir que Guilherme estava de muito bom humor hoje!
De volta em casa, antes que eu saí do carro, ele já tinha aberto a porta e estendido sua mão para mim.
- Eu posso andar sozinha! - Não era tão delicada, nem precisava ser carregada para entrar e sair do carro.
- Venha aqui! - Dizendo duas palavras, ele me carregou de forma dominadora e foi até a casa.
Ele me colocou no sofá da sala de estar quando tirou o remédio que havia trazido do hospital. Depois de
olhar com muito cuidado para ele por um tempo, começou a dividi-lo e me entregou algumas pílulas
pretas dizendo:
- Tome estas!
Ao ver isso, ele se levantou e entrou na cozinha, saindo com um doce branco... em sua mão.
Tomando os comprimidos pretos em sua mão, enfiei-os todos na boca de uma só vez, tomei água e
depois voltei direto para meu quarto.
Era tarde quando chegámos a casa, então quando voltei para o quarto, não pude deixar de adormecer
de imediato na cama.
Provavelmente porque eu dormia profundamente, mal notei quando Guilherme se deitou ao meu lado.
Abri meus olhos e vi o rosto bonito de Guilherme. Quase pude ver claramente os poros do rosto dele
quando estava tão perto.
Suas feições eram bonitas e seu temperamento era distinto, estendi a mão para acariciar seu bigode.
Talvez tivesse dormido tarde ontem à noite e fazia uma viagem de negócios nos últimos dias e não tinha
conseguido superar o jet lag, por isso ele dormiu de forma muito profunda.
Brinquei por um momento, vi que ele ainda não estava acordado e estava com um pouco de fome, então
me levantei para comer, mas ele levantou sua perna violentamente e me pressionou diretamente.
O labirinto de amor
Capítulo 45 Estou Com Fome
Seus longos cílios tremeram e seus olhos ficaram meio abertos com a sonolência evidente ainda neles:
Eu acenei com a cabeça e tentei me mover para fora das cobertas, mas ele estendeu seus longos braços
e os envolveu em torno de mim, olhando para mim com um sorriso em seu rosto bonito:
- Não se mexa.
- Estou com fome! - Eu tomava fôlego, meu rosto já estava quase todo vermelho.
Ele respondeu com um “sim”, com sua voz um pouco mais rouca, me puxando para mais perto dele.
Sua provocação me fez sentir completamente masoquista, e eu fui ao banheiro e me lavei várias vezes e
ainda senti aquele cheiro.
Ele saiu da cama comigo, entrou no banheiro e me abraçou por trás com um olhar um pouco malvado no
rosto.
Eu não queria prestar atenção nele e fui direto para apertar a pasta de dente, ele parecia vir também e
ergueu as sobrancelhas:
Exasperada por ele, levantei minha cabeça e lhe dei um olhar severo, escovei meus dentes de forma
breve e deixei o banheiro.
Talvez por causa da gravidez, mas quando me senti na penteadeira e olhei para mim mesma, parecia um
pouco roliça.
Apliquei toner e creme, coloquei alguma maquiagem leve e mergulhei no guarda-roupa para encontrar
uma roupa decente para vestir. Quando Guilherme saiu do banheiro, ele viu que eu tinha acabado de me
trocar e disse com uma sobrancelha levantada:
- Troque de novo!
- Por quê?! - Não achei nada de errado com esse vestido! Já era verão na Cidade de Rio, o que há de
errado em usar uma saia?
Ele caminhou até mim, deu uma olhada no guarda-roupa e tirou outro casaco rosa pálido e me entregou:
- Vista um casaco!
Tentei dizer outra coisa, mas ele me fazia ficar calada com os olhares sérios.
Quando desci e ouvi sons crepitantes vindos da cozinha, congelei por um momento, pensando que um
ladrão havia entrado, mas vi que Guilherme tinha um rosto calmo.
Quando ela nos viu, Joana parou o que estava fazendo e disse com um sorriso no rosto:
- Senhora. e Senhor, vocês estão acordados. O café da manhã está pronto, vocês se apressem e comam,
não fiquem com fome!
Ao ver o rosto alegre de Joana enquanto ela arrumava toda a mansão, não pude deixar de olhar para
Guilherme.
Ele comeu com mais elegância, levantou ligeiramente as sobrancelhas e me deu um olhar que dizia:
Isso era verdade, mas pensando em Esther, tomei a sopa e hesitei antes de dizer:
- Coma primeiro! - Ele ordenou com uma voz profunda enquanto sua testa se apertava.
Eu…
Foi um período de grave doença de gravidez, comia pouca comida e tinha mais enjôo. E depois de
algumas mordidas, perdi o apetite.
Pousando meu colher, levantei-me, pronta para entrar na sala de estar para esperar que ele terminasse
de comer e falar com ele.
- Coma tudo!
Eu franzi as sobrancelhas:
É verdade que não consigo mais comer, e já comi bastante, bem, pelo menos uma tigela de mingau.
Mas percebi que, afinal, eu era muito ingênea, e quando terminei o ovo, Guilherme colocou um bolo e
leite na minha frente, gesticulando:
- Coma!
Ele não disse uma palavra, apenas olhou para mim sem se mexer, como se eu não pudesse falar sobre
isso se eu não comesse.
- Guilherme, eu realmente não posso comer mais, eu vou vomitar se comer demais. - após uma pausa,
eu disse de propósito:
Meu Deus…
- Guilherme, você… é tão bom para mim! - Tomei o bolo e o leite, olhava para ele e não podia esperar
para agarrá-lo e mordê-lo.
- Eu pensei que você soubesse que eu era bom para você desde o início!
Eu estava confusa...
Tudo bem, ainda tinha algo sério para falar, seguindo-o, disse:
Com certeza!
Ao vê-lo sentado graciosamente no sofá do salão, e saboreando o chá que Joana fez para ele, eu fiquei
mais furiosa.
Era uma hora da tarde, e Guilherme não ia ao escritório nem à delegacia, então não era uma boa ideia
passar o tempo assim.
Mas eu era muito ingênua em meu pensamento, e Guilherme se inclinou sobre mim com um ar gracioso
e disse:
- Onde você vai?
- Delegacia de Polícia!
Vendo-o com a sobrancelha franzida, ele parecia estar pensando em algo, depois entrou diretamente no
meu carro, se sentou no banco do motorista e olhou para mim:
- Entre!
Tinha nenhuma ideia do que ele ia fazer, entrei no carro, mas depois de muito tempo, percebi que o
carro não ia para a delegacia, mas para o escritório.
- Guilherme, você...
- Eu vou lidar o assunto de Esther, fique no escritório e não bagunce! - De qualquer forma, isso soou
como uma brincadeira com uma criança.
Ao chegar ao escritório, Guilherme me deixou debaixo do prédio do Grupo Nexia, e depois foi embora
dirigindo meu carro.
Quando entrei no escritório, encontrei Pietro que estava prestes a sair. Às vezes, é verdade que quanto
mais irritantes são as pessoas, mais fácil é encontrar-las.
Dei-lhe um olhar, queria ignorar esse homem loquaz e simplesmente fingi não vê-lo.
- Já é meio-dia, a Directora Sanches está indo lá para uma reunião? - Pietro era uma pessoa chata,
quando fingi que não o vi, mas ele persistia em me incomodar.
- Presidente Carvalho tem trabalhado no departamento de RH nos últimos dias? - Olhando para ele, eu
falei de forma leve e apertei o botão do elevador.
- Uma amiga está na delegacia e ainda está tão calma e relaxada, Kaira, você é ainda mais indiferente do
que eu pensava!
Eu lhe lançei um olhar frio, desabafei minha raiva por causa de Guilherme essa manhã nele, e disse em
voz baixa e fria:
-Você não pode nem mesmo dizer algumas palavras sem latir como um cachorro, e daí? Você é tão
dedicado a Lúcia como um cachorro, foi por que Lúcia lhe dá muitas vezes um doce, ou ela lhe mostra as
suas pretensões?_______
O labirinto de amor
- A propósito, embora o Bar de Tempo esteja sob o nome de Lúcia, seus bens basicamente foram dados
por Guilherme, certo? É melhor você não se meter comigo, senão qualquer dia, se eu não estiver feliz,
contrataremos um advogado para entrar com uma ação judicial. Como a esposa de Guilherme, acho que
não deve ser difícil para eu retirar o que meu marido deu sem motivo, não acha, Presidente Carvalho?
- Afiada! - Pietro provavelmente não esperava que eu retaliasse de repente, deixando seu rosto
vermelho por um momento e querendo continuar a brigar comigo quando o elevador desceu.
Ao vê-lo corar de raiva, o pequeno desagrado que Guilherme havia me causado essa manhã se dissipou
por um momento.
- Directora Kaira, o Presidente Ribeiro de Auditoriatal esteve em seu escritório durante a manhã toda.
Quando entro no escritório, Enzo Ribeiro tinha suas pernas cruzadas e se reclinava muito tranquilo em
sua cadeira de escritório com os olhos fechados.
Eu deixei a bolsa e fui me sentar no sofá, Liz trouxe o leite, depois olhou para mim e disse:
- Directora Kaira, você precisa que eu traga todas as informações de auditoria do Grupo Nexia?
Liz entregou o contrato a Enzo, ele deu algumas olhadas casuais, provavelmente não achando nada
interessante, tomou sua caneta e a assinou.
Depois de assinar o contrato com ele, devia organizar o trabalho de acompanhamento entre a
Auditoriatal e as finanças do Grupo Nexia e outras partes do negócio, que não estavam sob minha
administração.
Ele me fez sentir tão perturbada que olhei para Liz e disse:
- Vá pedir delivery de comida para o Presidente Ribeiro e traga-a de volta.
Liz se congelou por um momento, depois acenou com a cabeça e sorriu enquanto saía.
- Kaira, por que você está tão desinteressada? Eu convidei você para almoçar, você deveria pelo menos
me responder!
- Presidente Ribeiro, em termos de parceria, não temos mais trabalho para discutir nesse momento, e
em termos de relação romântica, eu sou uma mulher casada, portanto, por favor, se respeite e fique
longe de mim.
Apertando minha testa, voltei à minha escrivaninha e passei todas as informações da Empresa Galáxia,
escolhi quem vai fazer a auditoria do Grupo Nexia. Agora há ainda negócios de Galáxia para eu seguir.
Doía-me a cabeça com tantos trabalhos.
A vantagem de ser jovem era que você podia fazê-lo sem ouvir as reclamações de outras pessoas, como
Enzo. Pensei que já deixei muito claro, mas ele ainda permaneceu teimosamente no meu escritório.
Não prestei atenção a ele e mantive minha cabeça baixa para me dedicar aos meus negócios.
Liz trouxe o almoço de volta e o colocou na frente dele muito educadamente, dizendo de forma
respeitosa:
- Directora Kaira, Presidente Lins do AC veio para encontrar você algumas vezes, quer marcar um
encontro?
Abri meu e-mail e olhei para ela, nenhuma mensagem nova recebida. Olhei para Liz e disse:
Receava que não seria tão fácil terminar as coisas. Eu realizei a licitação, mas não escolhi o vencedor.
Enfim, não cumpri o desejo do homem que me raptou.
- Marque um encontro, talvez possa resolver muitos problemas! - Enzo, que estava comendo ao lado, se
intrometeu e olhou para mim:
- Esqueci de lhe dizer que Auditoriatal só é responsável pelo Grupo Nexia e nada mais!
Eu enruguei a testa:
- O que você quer dizer é que você não faz as auditorias da Carvalho e só faz as da Grupo Nexia?
Ele acenou:
- A auditoria do Grupo Nexia já é enorme, se acrescentarmos a auditoria de Carvalho, temo que não
finalizaremos um boletim de relatório a tempo para o próximo trimestre da semana anual.
Fiquei tão irritada com suas palavras que tive dificuldade em respirar:
- Grupo Nexia já se fundiu com Grupo Carvalho no ano passado e agora é uma só empresa. Como você
está fazendo só a auditoria do Grupo Nexia. Presidente Ribeiro, você deve fazer a auditoria de todos os
departamentos do Grupo Nexia, incluindo a do Grupo Carvalho.
Caralho!
Tinha que discutir esse assunto da auditoria do Grupo Nexia com Guilherme de novo, agora era muito
caótico e muito fácil para que as coisas dêem errado.
Quando dei a ordem de expulsá-lo, ele se levantou com seu almoço e disse:
- Não pense em deixar Auditoriatal em paz, Directora Kaira, acabamos de assinar o contrato em preto e
branco!
Caralho!
- Vá se foder! - Depois de aturar isso durante toda a manhã, não consegui me manter fora desse clima.
- Hahaha, Directora Kaira, cuide de sua saúde. - Enzo riu e foi embora.
Tive dor de cabeça e caí sobre minha mesa e fiquei sem ar. A auditoria de uma empresa, se acabasse
sendo feita por duas empresas, não seria estúpido?
- Por que não deixamos isso para a AC? Quanto ao Presidente Ribeiro, não confie muito nele. - Liz
sugeriu.
Também sabia que Enzo Ribeiro não era uma pessoa confiável, mas Guilherme queria entregar a
auditoria do Grupo Nexia a ele.
Muitas coisas se juntaram e isso realmente me deu dor de cabeça. Me lembrei de que as coisas de Esther
ainda não estavam resolvidas, não sabia se Guilherme ajudaria Esther ou não.
Vendo que eu não parecia muito bem, Liz disse com alguma preocupação:
Sacudi a cabeça e levei minha bolsa, saí do escritório. O carro foi usado por Guilherme, então tive que
pegar um táxi para a delegacia de polícia.
Como o assunto ainda não foi concretizado, Esther precisava estar sob investigação na polícia por quinze
dias antes que os resultados saíssem_
O labirinto de amor
Entrei na delegacia e encontrei o policial que havia interrogado Esther ontem. Pedi informações
específicas e soube que também não havia nenhum resultado.
Como disse Vinícius, a vigilância no hotel foi quebrada naquela noite e nenhuma pista substancial pôde
ser encontrada.
Por isso, não pude me encontrar com Esther e tive que esperar por uma investigação posterior.
Não tive escolha, fui ao Bar de Tempo, mas quando cheguei lá de táxi, descobri que o bar estava fechado
e não consegui entrar de jeito nenhum.
Esta rede social formada entre as pessoas é complexa e hierárquica. Receava que seria difícil encontrar
qualquer prova para Esther se eu confiasse somente em mim mesma.
Originalmente, pensava que Guilherme viria aos dois lugares, mas não veio. Quando Guilherme me ligou,
eu estava sentada em frente ao bar, desanimada.
Atendendo a chamada, houve barulho do outro lado, mas sua voz era clara:
- Onde está?
- Empresa! - Eu sabia que ele ficaria chateado se eu lhe dissesse que estava no bar, por isso, de
passagem, eu apenas o menti.
Mas de imediato minha mentira foi exposta, a voz do homem ao telefone ficou fria:
Congelei e vi o número da placa do meu carro. O olhar do homem estava em mim, seu rosto estava
indiferente e me olhou friamente.
O quê?
Desligando, me levantei e caminhei em sua direção, abri a porta do carro e entrei. Encostei-me no banco
do carro, me acalmei e olhei para ele:
- Por que você está aqui? - Ele perguntou retoricamente, com o tom um pouco infeliz.
Enzo e eu já tínhamos assinado um contrato, então, acabei de entregar a auditoria da Carvalho à AC para
fazer.
Sentindo-me incomodada nos ombros e na coluna vertebral, me inclinei para trás com os ombros
amarrados e, vendo que não era o caminho para casa, me perguntei:
- Jantar!
Ele sempre foi tão quieto, então eu não fiz mais perguntas, exceto quando o vi encostar debaixo do
prédio do shopping, eu perguntei:
Ele me lançou um olhar e depois fez um gesto para eu sair do carro. Eu entrei no shopping com ele. Alto,
e com seu rosto bonito, Guilherme atraía a atenção de forma inevitável.
Assim que ele entrou no shopping, várias mulheres olharam para ele, seja sutil e delicado ou generoso e
agradecido, nada menos que isso.
Ele parou tão violentamente que eu não notei e bati direto nas costas dele, olhei para ele com um olhar
doloroso:
- Você ainda congela enquanto caminha! - Dando-me uma olhada, ele me puxou para a loja da marca e
disse em voz baixa:
- Escolha uma roupa adequada, vai encontrar algumas pessoas esta noite!
Fiquei atordoada, mas não tive pressa em perguntar. Sou uma boa pessoa em todos os sentidos, mas
não sou muito perspicaz e nem sei como combinar roupas.
Sabendo que eu havia procurado por meio dia mas não consegui escolher um vestido decente. A
paciência de Guilherme era limitada e ele pediu diretamente ao vendedor que me ajudasse a escolhê-la.
Finalmente consegui escolher um vestido com desenho de flores para usar com um terno branco
damasco, que me serve bem. Achei perfeito combinando com um par de saltos altos.
Eu o segui até o carro com raiva e percebi que esse homem estava me levando pelo shopping só para
comprar um vestido.
- Guilherme! - Ele ligou o carro e eu fiquei tão irritada que não pude deixar de chamá-lo.
- O quê? - O homem, sempre sério ao dirigir, por causa da chamada, deu-me uma olhada e voltou a
dirigir.
- Estou com raiva! - Não sei o que há de errado comigo, mas estou apenas com raiva, pensei que ele
estava me levando para fazer compras, mas na verdade…
Ele me deu um olhar, os cantos de sua boca se erguendo e sua testa tingida de alegria:
Sei lá!
Eu estava em silêncio, não muito feliz no meu coração, em tudo. O calor veio da palma da minha mão,
meus dedos estavam enrolados nos dele, e uma voz baixa e agradável veio aos meus ouvidos:
- A raiva de uma mulher grávida não é boa para o feto, fique menos zangada!
Merda!
Existe um certo calor que será muito doce por muito, muito tempo, e alguns anos depois, essas
memórias dispersas se tornariam minha única doçura.
Ele fez um gesto para eu sair do carro, depois entregou as chaves do carro ao garoto do estacionamento
e disse com uma voz quente no meu ouvido:
Quando o segui até a mansão, vi uma mulher de meia-idade, vestida de forma requintada, me
cumprimentar na entrada. Com um sorriso no rosto, a mulher olhou para Guilherme e disse:
Guilherme acenou com a cabeça e apertou a mão dela em uma saudação implícita:
- Olá Presidente Lins, desculpe por tê-la feito esperar tanto tempo.
Presidente Lins? Depois de olhar mais de perto para a mulher, de repente lembrei que ela era a mãe de
Enzo, Agatha de Lins.
Fiz as apresentações brevemente e Agatha nos levou para entrar na casa. A sala de jantar ficava no
primeiro andar. Quando subimos ao primeiro andar e seguimos Agatha até a sala de jantar já havia
algumas pessoas sentadas à mesa, alguns homens de meia-idade, todos com suas respectivas esposas.
Depois de cumprimentar a todos, Agatha pediu às pessoas para começarem a servir comida e depois
sorriu:
- Muito obrigada a todos por terem vindo à minha casa hoje, normalmente estamos ocupados e não
temos muito tempo para nos reunirmos.
- Hahaha, Agatha, não tenha pressa em tomar uma posição. Essa senhora que acaba de chegar, você
ainda não se apresentou a todos nós... - A pessoa que falou era um homem de meia-idade, um pouco
gordo, sorrindo com um pouco de autoridade.
- Director Vieira, não tenha pressa, este é o Presidente Guilherme Aguiar, do qual já falei antes, jovem e
promissor. Ao lado dele está sua esposa, a Sra. Kaira Sanches.
Dessa forma, o que se seguiu foram todas as apresentações. Após ouvir tudo, já tinha uma ideia do que
estava por vir esta noite, seja um certo diretor ou um certo presidente, basicamente todas as figuras
famosas do comércio e dos oficiais.
O labirinto de amor
- Vi o arquivo ontem. Me lembro de que alguém andou carregando isso recentemente, uma grama ou
duas é suficiente para fazer um remédio com isso.
- Não, Director Bento, você não sabe. Perguntei à Srta.Sanches sobre isso há dois dias, ela prestou
atenção a isso e até pediu a uma amiga que o procurasse. Então, as coisas ficaram fora de controle. A
amiga dela ainda está sob custódia na estação.
Fiquei atordoada por cerca de dois segundos antes de perceber que a Srta. Sanches nas palavras de
Agatha estava se referindo a mim!
Um pouco confusa por um momento, quando eu vi Agatha antes? Eu também nunca tinha tido essa
intimidade com ela.
Todos eles tinham passado pelo inferno e tinham se tornado muito sensatos. Quando Bento ouviu
aquilo, ele naturalmente entendeu o significado, olhou para mim com seus olhos escuros e disse:
- Não sabia que a Srta. Sanches e a Presidente Lins são tão próximas, também não sei o nome dessa
amiga, vou verificar isso mais tarde. Se houver realmente um mal-entendido, se tratará de um conflito
entre pessoas do mesmo lado. Se estamos do mesmo lado, por que ficamos tão calculistas?
Não falei de imediato. Levantei o suco de laranja e disse com sorriso doce:
- Então, muito obrigada, Director. Bento. Ela se chama Esther Gomes, e ela tem a minha idade. Estou
grávida, por isso vou beber suco de laranja ao invés de vinho. Muito obrigada. Saúde.
Bento riu, se virou para Agatha e Guilherme e disse com grande prazer:
- Srta.Sanches é uma verdadeira tagarela. Vamos lá, vou aceitar seu brinde, menininha.
Bento e Agatha provavelmente tinham bebido um pouco demais e estavam falando dos velhos tempos.
- Agatha, tem procurado aquela garota todos esses anos, mas ainda não encontrou nada?
Agatha sorriu fracamente ao mencionar de sua própria tristeza, e seu rosto elegante e delicado se tornou
mais amargo ao dizer:
- Já se passaram mais de vinte anos e, depois de tantos anos de busca, não há notícias, não sei se ela
ainda está viva.
Eu comi um pouco demais. Quando se serviu um prato com peixe, fiquei um pouco sobrecarregada por
um tempo e sentia desconforto no estômago.
- Tudo bem?
- Do que a Presidente Lins e Bento estavam falando há pouco? Presidente Lins não tem apenas um filho?
Guilherme me tirou do banheiro e me sentou na chaise longue do corredor para descansar. Sua mão
grande acariciou minha barriga quando ele disse:
- A Presidente Lins se divorciou antes de se casar com o pai de Enzo. Ouvi dizer que ela já tinha uma filha,
a menina foi mais tarde perdida pelo ex-marido dela, e ela tem procurado por aquela criança por todos
esses anos.
Enquanto ele falava, a grande mão dele repousava em minha barriga. Eu estava olhando para ele. Ele
tinha uma expressão gentil que normalmente nunca tinha. Eu abaixei minha cabeça e sorri:
Nesses dois anos desde que me casei com ele, ele sempre estava indiferente e alheio a mim. Mas desde
que fiquei grávida, ele parecia me tratar de maneira diferente.
Entre um homem e uma mulher, se não houver amor à primeira vista, constitui-se um amor de longa
duração. Guilherme não se apaixonou por mim à primeira vista, muito menos em um amor de longa
duração. Talvez ele pensa que sua vida seria diferente por causa de um filho.
O jantar levou algumas horas. Quando saímos do Balcone Restô, já estava escuro.
Eu estava com sono e quando entrei no carro não demorou muito para eu adormecer.
Quando chegamos à mansão, Guilherme também não me acordou, mas me carregou para o quarto.
Quando acordei no dia seguinte, Guilherme não estava lá, mas meu celular não parava de tocar.
- Querida, estou livre, livre! - Veio uma voz animada do outro lado, e eu podia ouvir que sua respiração
estava ofegante e que ela deveria estar correndo.
Fiquei um pouco surpresa, e após de uma pausa, disse:
- Sim. O polícia disse que o pedaço de metanfetamina azul em meu armário de roupas não era suficiente
para me condenar. Em geral, eram suficientes apenas para as pessoas usarem como medicina. Então eles
me deixaram sair.
- Bom, você vai para casa primeiro, e descanse bem. Depois, vamos sair para um bom jantar hoje à noite.
- Ótimo! Quero pratos japoneses, coreanos, hot pot... - disse tudo num só fôlego, eu ri e respondi:
- Ok!
Quando era criança, nossos professores sempre me diziam que deveríamos ser justos na vida, e que o
mundo ou é preto ou branco. Na verdade, não. À medida que fui crescendo, aos poucos percebi que não
há branco absoluto nem preto absoluto nesse mundo. O mundo é cinza!
Assim, é como não podemos julgar uma pessoa só usando a palavra boa e má para defini-la.
Saí da cama, tomei banho e desci. Vi que Joana já tinha feito muitas comidas gostosas e, quando ela me
viu, sorriu com os olhos estreitos:
- Você está acordada. Venha e prove. Fiz vários pratos. Prepararei sempre quaisquer pratos que você
quiser.
Olhei em volta, mas não vi Guilherme. Me sentando à mesa, olhando para a mesa cheia de guloseimas,
congelei por um momento. Então, me virei para Joana e disse:
- Não é demais, não. As mulheres grávidas precisam comer mais. O Sr. Guilherme disse que você come
muito pouco e precisa comer mais.
- Foi para o escritório. Alguém continuava ligando para o Sr. Guilherme de manhã cedo, insistindo que
ele fosse ao escritório. - Ouvindo a resposta de Joana, eu acenei e comi enquanto planejava meu dia de
trabalho.
Considerando que eu tinha tido azar, e tinha dado de cara com Pietro, que tinha uma boca suja, melhor
não ser vista chegando atrasada por ele.
Depois de comer um pouquinho, eu estava pronta para sair. Joana viu que eu tinha comido pouco e me
deu algumas frutas em uma lancheira para levar comigo, para eu não passar fome.
Ainda bem que eu não me encontrei com Pietro no escritório. Assim que saí do elevador, fui puxada pelo
pulso. Eu também o puxei com força suficiente para dar a volta.
Antes que eu o pudesse ver qualquer coisa, tudo o que pude perceber foi um flash, e depois, uma palma
tinha me batido com muita força no rosto.
O tapa ressoou.
Todo o escritório ficou silencioso.
Depois de um tempo, olhando para a mulher na minha frente, cujo rosto estava torcido por raiva, me
tornei mais furiosa.
- Kaira, você mentiu para mim, como ousa mentir para mim? - Lúcia puxou para mim, e seu rosto parecia
um pouco horrível.________________
O labirinto de amor
Sobre o bebê?
Quando vi sua mão se levantando de novo, levantei minha mão também para impedi-la, e minha voz
ficou mais fria:
- Lúcia, você não pode ser uma pessoa sem vergonha, sendo uma amante, mas ainda tão arrogante. Qual
é a diferença entre você e uma prostituta?
- Você... - Ela ainda quis falar algo, enquanto alguns passos soaram do lado de fora do escritório.
Quando ainda não consegui fazer reações, ela de repente afastou meu pulso, correu para a mesa, e a
bateu com muita força.
Quando Guilherme e Pietro entraram correndo, a cena que eles viram era a de Lúcia deitada no piso em
estado de desordem, com uma grande mancha de sangue na testa.
- Lúcia, está bem? - Pietro ajudou Lúcia a se levantar, olhou-me com raiva e disse:
Não queria falar com ele. Mudando meu olhar para o rosto de Guilherme frio, eu disse:
Uma frieza continuava acumulando-se no rosto de Guilherme. Ele reparou na ferida na testa de Lúcia,
enquanto a frieza ia ocupando seus olhos profundos.
Ele disse com indiferença, mas para mim. Como uma nevasca, isso me acertou. Olhando para Guilherme,
eu ri com deboche:
Eu era tão estúpida que fui enganada por sua gentileza nos últimos dias. Como eu poderia ter pensado
que ele já era meu?
Ridículo!
Suportando a dor em meu coração, eu fui até Lúcia, bastante enjoada, e disse:
- Na próxima vez, faça seu show com mais atenção, Lúcia, quem consegue empurrar uma pessoa para
tão longe, muito menos, eu estou grávida?
- Quê?
Mais um tapa ressoou. Eu não dei a ela a oportunidade de falar, meu tapa foi tão forte que minha mão
doeu. Olhando-a cobrindo seu rosto, eu sorri levemente:
- Você merece. Já que quer ser amante de um homem casado, então, a primeira regra é comportar como
uma. Agora, você parece mais um palhaço.
Dei uma olhada para todos eles, e saí do escritório. Quando passei por Guilherme, meu pulso foi
agarrado por ele. Eu o arranquei com força e olhei para ele cheia de apatia:
Depois de sair do escritório, primeiro fui ao Apartamento Prudente. Esther deveria estar dormindo
quando eu cheguei. Então, fui ao supermercado.
Eu não estava em casa recentemente. Receava que não pudesse usar as coisas que tinha comprado. Sem
nada por fazer, faria compras para como passar o tempo antes de ir para a casa dela,
Deparar com Enzo foi coincidência. Ao vê-lo sendo importunado por uma bela jovem, ele devia acabar
mal com ela.
Todavia, não esperava que ele pudesse me ver. Ele correu até mim e me disse que ele estava em perigo.
- Me ajude!
Ele não me deixou tempo para ter qualquer reação, e disse para aquela menina:
- Mariana, isso é o que eu tenho dito a você o tempo todo, a mulher que amo. Eu amo ela há quase dez
anos. De fato, não tenho sentimentos por você. Não me incomode, ok?
Recusada por ele, a menina ficou triste, e seus olhos tornaram lacrimejantes:
- Embora ame ela, é provável que ela não goste de você. Enzo, olhe, talvez ela seja casada, que velha! Do
que você gosta nela?
Fiquei ofendida.
Eu parecia velha?
Eu não queria interferir nos negócios deles, mas fui puxada por Enzo. Ele disse com muita seriedade:
- Mariana, ainda lembra que quando estávamos no terceiro ano da faculdade você me perguntou quem
era a menina da foto em minha carteira? Agora, olhe com atenção, é ela. Eu amo muito ela há dez anos,
de verdade.
A bela jovem foi enganada por ele. Ela olhou para mim com grandes olhos escuros, e então as lágrimas
desceram como chuva, ela parecendo muito devastada.
- Enzo, o que está fazendo? - Fiquei um pouco irritada. Por que fez seu relacionamento tão complicado?
- Não posso fazer nada. Ela tem me incomodado por anos e estou muito farto, demais. Eu também
queria que ela perdesse a esperança.
Depois de rolar meus olhos para ele, eu fui embora, e o choro da garota veio atrás de mim. Enzo ainda
me seguiu:
- Kaira, gosto muito de você, Guilherme não tem sentimentos por você, então por que você não o deixa?
Considere, sou poderoso e rico!
Fiquei mais irritada ainda com suas palavras. Então, não queria ouvir mais nada, parei e se virei para ele
com calma.
A princípio, ele estava me seguindo. Ao me ver parar, ele ficou surpreso e também parou. Ele sorriu para
mim:
- Enzo, eu estou te avisando agora, fique longe de mim. Não estou interessada em menininhos como
você, entendeu?
Ainda estava zangada com o que aconteceu no escritório. Enzo não teve sorte naquele dia.
Acalmei minha raiva e voltei para o apartamento.
Mas Enzo, o pirralho, ousou me seguir e me puxar. Olhando para mim, ele disse cheio de raiva também:
Caralho. Ele era como um chiclete mascado, grudando em mim, mas não consegui me livrar disso!
- Sim! Enzo, você é um chato? Eu... Ah! - Ele pegou minhas coxas, e eu foi carregada por ele com a
cabeça para baixo.
- Menininho, ok, vamos ver, e vou te mostrar se eu sou um menininho ou não. - Com voz dura e severa,
ele ficava cada vez mais irritado enquanto falava, e bateu com força na minha bunda.
Fiquei tonta por causa da agitação. O pirralho parecia magro e alto, mas seus ombros largos estavam em
baixo de meu estômago. Além disso, estava grávida.
Ele estava apressado antes de me ouvir, depois, ele parou de repente e me colocou no chão. Ele olhou
para mim fixamente:
- Quando?
Realmente difícil.
- O bebê é de Guilherme?
Merda. Eu tentei várias vezes conter minha raiva, e olhei para ele com seriedade:
- Eu sou a esposa dele. Se não for dele, de quem mais pode ser? Vá embora!
- Ele sabe sobre isso? - Ele também ficou sério e bloqueou meu caminho.
Ele se abaixou. Muito cansada, eu não queria mais falar com ele. Então, voltei direto para o meu
apartamento.
Eu estava certa. Achei que ela não tinha dormido bem na delegacia e estava roncando em seu quarto
quando eu cheguei.
Fazia muito tempo que ninguém fazia a limpeza: estava uma bagunça. Limpei os quartos, lavei algumas
frutas e me sentei na sala de estar. E depois, joguei meu celular enquanto esperava que Esther
acordasse.
Mas eu também adormeci. Quando eu acordei, vi uma nota deixada por Esther na mesa, que dizia que
ela tinha saído para fazer compras.
O labirinto de amor
Capítulo 50 Seu Homem Está Nos Braços de Outra Pessoa
Vendo que estava escurecendo lá fora, voltei para meu apartamento. O apartamento de Esther e o meu
ficavam no mesmo andar. Eramos vizinhas.
Voltei para a minha suíte e verifiquei a hora. Eram vinte e três horas e meu celular vibrou várias vezes.
Dei uma olhada, era um número desconhecido.
- Olá!
- Kaira, Guilherme não voltou para casa hoje? - Parecia que ele se alegrou com o meu desconforto:
- Você realmente acha que ele vai te valorizar porque você tem bebê na barriga? Sinto pena de você
agora, não é bom que seu marido esteja deitado com outra mulher enquanto você está sozinha, né?
- Presidente Carvalho, por que você me ligou agora? Como você acha? Lúcia e Guilherme fizeram sexo
sem convidar você? Você não está se sentindo bem, então precisa de um saco de pancada para
desabafar?
Fiz uma pausa e continuei:
- Se você realmente gostar de Lúcia, pode falar com Guilherme sobre isso. Talvez vocês três possam...
Não me ligue! Só porque você está chateado por estar sozinho, não significa que você possa descarregar
em mim.
Que incômodo, só sabia como criar problemas. Os do trabalho ainda não tinham sido bem tratados, e os
problemas dos sentimentos estavam vindos.
O apartamento não era grande. Eram cerca de cem metros quadrados, e estou bastante confortável
vivendo sozinha. Estou um pouco irritada com as coisas que me incomodaram durante o dia.
Além disso, eu já acordei do cochilo, agora eu estava cheia de energia e entediada. Então, liguei o
computador e planejava ler os materiais.
Verificando meu e-mail, fiquei estupefacta com aquele e-mail notável que eu quase tinha esquecido. No
início, eu queria dar todas as auditorias do Grupo Nexia para a Auditoriatal, mas não esperava que a
Auditoriatal me enrolasse. Então pedi que Nathan que me entregasse o arquivo da AC dos anos
anteriores, para evitar quaisquer problemas que a AC criasse.
No entanto, agora, a Auditoriatal não cuidaria das auditorias do Grupo Carvalho. Então, tive que pedir à
AC para lidar com as auditorias no final. Por causa disso, o arquivo dado por Nathan se tornou inútil
agora.
Simplesmente o ignorei. Se eu não tivesse mais escolhas, não queria nem mencionar mais Nathan.
Agora que acabou, eu não falaria mais nisso. Diga adeus ao passado.
A campainha da porta tocou, deveria ser Esther que voltou das compras. Quando eu me levantei, me
senti tonta.
Talvez fosse porque eu estava sentada havia muito tempo. Eu abri a porta, procurei chinelos para ela e
disse atordoada:
Eu deixei os chinelos lá. Vendo que ela não respondeu, eu levantei minha cabeça.
Vi o homem que estava fora da porta, com um olhar profundo e imprevisível e uma figura longa e esguia,
carrancudo, como uma estátua.
Eu fiquei chocada. Agora, ele deveria estar deitado na cama de Lúcia. Por que ele estava ali?
Ele bloqueou a porta para que eu não pudesse a fechar. Desisti e respondi lentamente:
- Quem estou esperando? Claro que é que possa resolver minha solidão.
Uma luz forte e fria brilhou nos olhos de Guilherme e, com um sorriso de escárnio, ele entrou e me
empurrou de volta para dentro.
- Resolver a solidão?
Fiquei chocada.
- Por que não responde? - Ele inclinou seu corpo para mim.
Seus lábios frios caíram em minha testa como uma libélula caísse ná água, e então...
- Por que não voltou para casa? - Enquanto ele falava, mordeu meu lábio e falou com uma voz seca:
- Guilherme, me largue! - Nunca vi um homem tão descarado. No último segungo ele ainda se
preocupava tanto com Lúcia, e agora estava cuidando de mim.
Em um estado normal, eu o deixaria continuar, mas desde a última vez, sempre que ele flertasse comigo,
não reagiria.
Ele estendeu a mão para baixo. Percebendo que eu não reagi, ele franziu a testa e se sentou no armário
de sapatos comigo em seus braços.
- Guilherme, não faça mais isso. Eu realmente não tenho sentimentos por você.
Eu não sabia porquê. Algumas coisas parecem intactas na superfície, mas na verdade, podem estar
repletas de buracos dentro.
Ele agarrou minhas mãos de súbito, me puxou para o banheiro, me colocou debaixo do chuveiro e
derramou a água fria sobre mim sem piedade.
- Se quiser fazer sexo, vá até Lúcia, e ela vai te satisfazer. Por que tortura uma mulher grávida?
Era ele quem ficava ao lado de Lúcia, e era ele quem protegia Lúcia com todo o seu coração. Mas se
fosse genuíno, por que não me deixou sozinha para que me curasse a própria, em vez de ter que vir e me
torturar?
As mãos de Guilherme pararam, e ele estava prestes a explodir, mas também parou. Após um longo
silêncio, ele desligou o chuveiro e deu alguns passos para trás, se distanciando de mim.
Não olhei para ele. Eu não tinha muita força e caí no chão sem a ajuda dele.
Após vários dias de calor abafado, houve trovões e chuva forte lá fora.
O banheiro estava horrivelmente silencioso e eu pensava que Guilherme estava com raiva, mas depois
de alguns momentos eu percebi que não era como esperava.
Ele se acalmou e limpou ele mesmo, depois olhou para mim e disse:
- Descanse bem!
Quando Esther entrou, eu ainda estava sentada no chão, atordoada. E vendo a bagunça, ela gritou:
- Kaira, você quer se matar? Por que você fez isso consigo mesma? Mesmo que você não se importe,
pense no bebê em sua barriga!
Fui levada para fora do banheiro por ela. Me sentei um pouco perdida na cama e deixei-a esfregar meu
cabelo.
- Você acha que um homem vai se apaixonar por uma mulher por causa de um bebê?___
O labirinto de amor
- É possível, afinal, que muitas mulheres também se apaixonem por alguém que não amam por causa de
uma criança.
- Em que está pensando? O bebê já tem dois meses e agora não é mais um embrião. Tudo o que você
deve fazer agora é dar à luz ao bebê. Em que bobagem você está pensando?
Levantei minhas mãos para cobrir o rosto porque estava um pouco irritada. Nos últimos dias, fiquei me
sentindo desconfortável e rabugenta.
Esther secou os meus cabelos. Ela me fez deitada na cama, apaziguando-me para adormecer.
Na meia-noite, Guilherme não apareceu de novo, mas fora da casa, os relâmpagos e trovões não
pararam durante toda a noite. Esther estava preocupada que eu tivesse tanto medo que não conseguisse
adormecer, por isso, ficou comigo.
Na verdade, não consegui dormir, mas não era porque estava com medo, só porque estava irritada. Eu
só adormeci até a meia-noite.
Mas eu não dormi muito tempo, quando fui acordada por um telefonema.
- Vá contatar com a AC para lhes entregar os documentos de auditoria do Grupo Carvalho. Você será
responsável por tudo isso. - Eu estava em uma confusão, muito fácil eu bagunçar o negócio caso não
tivesse cuidado.
- Quanto à questão de empresa Galáxia, vão começar no final do mês, então, Directora Kaira, talvez você
precise estar em viagem de negócios por alguns dias.
Eu acenei com a cabeça porque sabia que a viagem seria inevitável. Desligado a ligação, me sentia
desconfortável e muito exausta.
Depois de me levantar, descobri que Esther tinha preparado um mingau. Quando me viu, ela disse
embaraçada:
- Você não seria tão cruel com uma mulher grávida, seria?
Ela sorriu, com seus olhos apertados como se fossem uma linha:
- De qualquer forma, vá prová-lo.
Olhando para a coisa preta na mesa, eu pensava que poderia adivinhar seu sabor sem o provar. Mas
vendo seu rosto cheio de esperança, eu corri o risco de provar um pouco.
- Não é bom nem é ruim. - Ela era má a cozinhar e não merecia ser elogiada.
Eu não suportei vê-la tão perturbada, então peguei a bolsa e fui direto para fora.
- Volte cedo, hoje à noite e eu vou cozinhar algo delicioso para você!
Deixe-me em paz!
Ainda bem que me levantei cedo e cheguei à empresa não muito tarde. Me encontrei com Pietro logo
quando entrei no elevador. Às vezes pensava que as palavras dos antepassados faziam sentidos, por
exemplo, quanto mais você odiava alguém, mais provável de ela entrar no seu mundo.
- O que aconteceu? Ontem à noite choveu e trovejou. Por que Guilherme não está com você?
Olhei para as pérolas em meus sapatos com a cabeça abaixada, e não pude deixar de rir, então ontem à
noite Guilherme parou de repente só porque estava preocupado com Lúcia!
Tinha razão. Para Guilherme, que colocou Lúcia no fundo do coração, não teria conseguido adormecer
durante toda a noite se não tivesse ido acompanhá-la no caso de trovões tão fortes como ontem.
Desta vez, eu não o contradisse. Ele estava correto, e eu não tinha motivos para o contradizer.
Nessa relação, era eu quem não era amada e protegida. Assim como as pessoas dizem, em um
relacionamento de três pessoas, as duas pessoas que se amam são os verdadeiros namorados e a
terceira pessoa, cujo amor é em vão, é a amante.
- Oi! - Pietro me tocou com seu cotovelo. Ele olhou para mim e disse:
Dando uma olhada nele, eu fiquei muito mais calma. Olhei pare ele e disse:
Quando entrei no escritório, Liz estava à minha espera com um monte de documentos nas mãos.
Quando me viu, colocou os documentos na minha frente, olhou para mim e disse:
- Diretora Kaira, são os documentos de todos os departamentos a serem assinados antes da auditoria.
Por favor, assine-os. O Auditoriatal já começou e vão concluir a auditoria aqui na Cidade de Rio dentro de
dois dias. Depois de amanhã, eles vão fazer auditoria em outras províncias. Em relação ao Grupo
Carvalho, ainda não começaram. A AC mandou algúem vir hoje.
- Quanto à auditoria do Grupo Nexia, precisa de mais atenção agora. Fale comigo em caso de qualquer
problema. Além disso, também fique atenta a Galáxia. Será hora de começar a obra quando eles
estiverem prontos.
Ela acenou com a cabeça e continuou esperando em silêncio pela minha assinatura.
Não me sentia bem nos últimos dias. Como no dia anterior não tinha dormido bem, me sentiu má depois
de ler alguns documentos.
- Não precisa ficar aqui. Eu vou entregar os documentos para você depois de os assinar.
- Não tem problema. Espero aqui até que assine todos. Daqui a pouco preciso levar esses documentos
para o pessoal da Auditoriatal e da AC de forma a tratar do trabalho.
Ao ouvi-la, não pude dizer mais nada. Assinava os documentos enquanto os lia, com as têmporas doendo
muito, então assinei todos os documentos restantes de uma só vez e os entreguei a Liz:
- Aqui está!
- Nada.
Vendo que eu não precisava de sua ajuda, Liz saiu com os documentos. Eu peguei o celular, querendo
fazer uma ligação para Vinícius.
- A auditoria para o Grupo Nexia já foi confirmada, você está preparada para viagem de negócios? - Ele
falou antes que eu falasse.
- Eu tenho ficado um pouco tonta nos últimos dias e às vezes tenho dor de cabeça. São reações normais
à gravidez?
- Sim. É provável que não tenha repousado bem nos últimos dois meses. Vou receitar-lhe alguns
remédios para regular o corpo e se lembre de tomá-los. Não fique cansada demais.
- Entendi. - Debruçei-me sobre a mesa muito cansada e disse com grande descontentamento:
- Se eu soubesse que ser mãe era tão difícil, eu não ficaria grávida!
- Que bobagens! Vou acompanhar você durante a sua viagem para tomar conta de você.
- Está bem. Mantemos em contato então. - Eu disse e fiquei menos preocupada. Vinícius era um bom
amigo que se comportava de forma moderada e falava de forma deliberada.
Depois de desligar a chamada, eu me debruçei sobre a mesa. Contando o tempo, o bebê já tinha dois
meses.
Eu tinha planejado sair da Cidade de Rio depois de me divorciar de Guilherme e de acabar o trabalho na
empresa, mas o plano nunca conseguia se tornar realidade. Fiquei um pouco confusa nessa situação.__
O labirinto de amor
Em comparação com a falta do amor paternal ao bebê, a tristeza que eu sofri parece ser nada.
Mas há algumas coisas que quanto mais profundas são pressionadas, mais dolorosas são quando
explodem.
A chuva torrencial não parou nos dias seguintes. Como alguns bairros da Cidade de Rio sempre ficavam
inundadas nessa época do ano, a empresa permitia que os funcionários saíssem mais cedo do trabalho
por humanidade.
Sabendo que Guilherme não ia voltar à mansão porque não ia deixar Lúcia, que tinha medo de trovões,
sozinha, eu também não voltei à mansão. No Apartamento Prudente, pelo menos Esther podia me fazer
companhia.
Esther parecia ter parado de ir ao bar e começou a ficar em casa todos os dias estudando culinária, e
com ela, minha vida correu de forma mais ou menos satisfatória.
No entanto, o espírito de uma pessoa pode ser afetado depois de certas coisas serem compreendidas.
Não esperava mais que Guilherme me visitasse, mas de vez em quando eu entrava em um estado de
atordoamento quando estava sozinha.
Às vezes eu me sentia muito má depois de me manter sentada por um longo tempo. Vinícius me deu
muitos remédios e me disse para eu tomar na hora certa, mas eu sempre me esquecia de tomar sem o
lembrete de Esther.
A forte chuva, que tinha durado uma semana, finalmente parou e o sol começou a brilhar na Cidade de
Rio.
A auditoria para o Grupo Nexia começou como prevista e eu comecei o negócio da Galáxia. Esther disse
que queria fazer uma viagem sozinha por alguns dias.
Eu sabia que ela tinha acumulado muitas coisas em seu coração. Em relação à questão do
metanfetamina azul, se Bento Vieira não a tivesse ajudado, ela teria sido condenada à mais de dez anos.
Ela tinha acumulado ressentimentos em seu coração, mas só conseguia mantê-los dentro de si. Mesmo
que soubesse que era Lúcia que tinha feito isso, não poderia mudar nada. Com a proteção dada por
Guilherme, ela não tinha medo de ninguém.
Esther se sentia tão triste que eu pude a entender quando ela disse que queria sair para fazer uma
viagem.
Era natural que eu não pudesse morar no Apartamento Prudente após a saída de Esther. Voltei à
mansão, onde pelo menos Joana podia me acompanhar para eu não ficar tão entristecida.
Com um vestido azul, ela estava de pé ao lado do jipe preto de Guilherme. Sua figura esguia era tão
bonita que parecia ser uma pintura ao pôr do sol.
Mas alguma parte do meu coração começou a rachar, até que se formasse um grande buraco sangrento,
que se enchia de fúria e ressentimento aprisionado.
Eu pisei no acelerador quando eu deveria ter diminuído a velocidade. Dirigi o carro na direção de Lúcia e
em apenas alguns segundos, eu expus toda a feiúra que eu tinha escondido em meu coração.
Pensei que quando Lúcia estivesse morta, eu não teria que suportar isso. Assim, não precisaria me
preocupar quando Guilherme voltaria e quando ele partiria de novo sem aviso prévio.
No momento em que o carro correu em sua direção, eu realmente queria que ela morresse.
Guilherme apareceu e ficou de pé na frente de Lúcia, com seu rosto elegante que parecia muito frio.
Um momento depois, Guilherme me puxou para fora do carro. Seu olhar ficou frio e sombrio:
Eu desmaiei sem controle. Ainda zangado, ele foi tão rápido que me pegou em seus braços.
Depois de muito tempo, eu olhei para ele, com os olhos cheios de lágrimas:
- Guilherme, eu realmente te amo mais do que você pensa. Não me intimide e nem a deixe aparecer aqui
de novo, eu realmente vou matá-la.
Sim, nesse momento eu não queria suprimir minhas emoções de modo nenhum. Eu queria, sem
nenhuma reserva, mostrar tudo para que Guilherme visse, inclusive minha crueldade, meu egoísmo,
tudo para que ele visse.
Apertando os lábios, eu e Guilherme olhamos um para o outro. Ele soltou, de forma inconsciente, a mão
com a qual me pegou, e segurou meu rosto com uma mão, com ponta do seu nariz contra a minha. Eu
senti um cheiro familiar e um pouco agressivo vindo na minha direção. Ele disse em voz rouca:
- Está louca!
Ele me carregou no colo e disse a Joana, que corria com pressa para fora:
Lúcia tinha ficado tão assustada que acabou voltando ao normal só nesse momento. Olhou para mim e
Guilherme, com o rosto empalidecido. Fixando seu olhar em Guilherme, ela disse em um tom de queixa
e relutância:
- Guilherme...
Quando voltamos ao quarto, Guilherme me colocou na cama, contemplando-me por muito tempo.
Depois, ele se aproximou de mim, e me deu um beijo suave na bochecha:
Em vez de continuar dizendo, ele mordeu o meu ombro, fazendo com que eu sentisse seus lábios finos e
frios. Doeu um pouco e franzi a testa, sem dizer nada.
Logo depois de me aconchegar, seu celular tocou. O celular estava na mesa de cabeceira. Eu estava tão
perto que soube que era a chamada de Lúcia depois de dar uma olhada a ele.
As chamadas seguintes também foram de Lúcia. Como não foram atendidas, ela enviou diretamente
uma mensagem.
Eu vi a mensagem:
- Guilherme, não me deixe. Já perdi meu irmão e você é o único que eu tenho.
Eu queria rir mas não consegui, como se uma areia tivesse entrado no meu olho.
Guilherme também viu a mensagem, mas não lhe respondeu. Depois de acender um cigarro, ele se
sentou na varanda para fumar, deixando-me ver suas costas solitárias.
Eu provavelmente fiquei tão assustada que não demorou muito para eu adormecer.
Fui acordada pelos trovões. De forma inesperada, começou a trovejar e chover de forma torrencial
durante noite, embora estivesse ensolarado durante o dia.
Antes, eu quase não sentia que noites assim eram assustadoras com a companhia de Esther. Mas nesse
momento, o quarto estava vazio, com um relâmpago correndo desenfreado através do vidro para dentro
do quarto escuro.
Depois de ligar a luz, olhei ao redor, mas não vi Guilherme, somente as muitas bitucasde cigarro deixadas
no chão da varanda. Parecia que tinha fumado demais.
O vestido azul de Lúcia já estava encharcado. Ela olhou de forma teimosa, para Guilherme, que era uma
cabeça mais alta que ela, com os olhos vermelhos.
- Volte para casa! - Disse Guilherme, parecendo que não sabia o que fazer.
- Não! - Levantando os cantos da boca, Lúcia deu um sorriso ingênuo e digno de compaixão:
Lúcia tinha uma figura que parecia tão esbelta e fraca, sobretudo nesse momento, em que o seu vestido
estava encharcado e seu cabelo estava bagunçado.
- Vá tomar um banho!
O labirinto de amor
Capítulo 53 Não Podia O Impedir de Correr para a Mulher que Ele Amava!
Lúcia acenou com a cabeça. Após uma pausa, ela olhou para Guilherme e disse:
Eu estava na escada e apenas os observava, sem palavras, enquanto as duas pessoas conversavam.
Quando Rodrigo comprou essa mansão, ele disse que a mansão era grande e tinha muitos quartos e que
era espaçoso o suficiente para que Guilherme e eu tivéssemos muitos filhos.
Depois, acabei descobrindo que provavelmente não haveria um dia feliz aqui, e nem sequer sabia
quando Lúcia tinha trazido sua roupa para a mansão.
Que ridículo!
Franzindo as sobrancelhas, Guilherme se dirigiu ao quarto de forma instintiva, mas ele parou depois de
dar alguns passos. Ele levantou a cabeça e quando me viu, me perguntou com preocupação:
- Acordou?
Acenei com a cabeça, com o coração um pouco dolorido:
- Kaira!
Eu disse:
- Vá lá!
Eu sabia que não podia o deter. Não podia o impedir de correr para a mulher que ele amava!
Sem olhar para ele, voltei ao meu quarto. Dirigi-me até a varanda. Enfrentando o vendaval, deixei que a
chuva torrencial batesse em mim. Com a queda de temperatura do meu corpo, me acostumei à dor do
meu coração pouco a pouco.
Agachada no chão, eu envolvi os braços em volta de mim mesma. Ao colocar a cabeça entre as duas
pernas, as lágrimas passaram a fluir livremente.
Nesse mundo, não é verdade de que a amargura antecede a doçura. Como posso levar a sério algo de
conto infantil?
Há algumas dores com as quais ninguém pode te ajudar, nem é dever de ninguém ajudar você. Não pode
fazer nada além de aguentá-las com os dentes cerrados.
Talvez tivesse ficado encharcada na chuva durante tanto tempo que apenas me sentia tonta. O coração
parecia ficar entorpecido com a dor e o corpo também ficou entorpecido pelo frio.
Quando ouvi sons crepitantes vindos do quarto, levantei a cabeça e vi que de alguma forma Guilherme já
estava ao meu lado com um rosto sombrio.
- Está feliz?
Sem palavras, ele me tirou da varanda. Com as sobrancelhas franzidas, ele disse em um tom triste:
- Kaira, eu sou responsável por algumas coisas, mas, por favor, não me torture usando você mesma e o
bebê. Está bem?
- Não estou te torturando. Fiz isso só porque o meu coração dói demais.
A minha roupa já estava toda molhada e ele me levou nos braços direto para o banheiro. Ligando o
chuveiro, ele me despiu sem palavras.
Como a mulher cujo corpo era muito familiar para ele, eu deixei que ele continuasse dessa maneira em
vez de me sentir envergonhada.
Alguns momentos depois, o banheiro se encheu de uma névoa quente e meu corpo frio começou a
aquecer.
Sentindo o meu corpo aquecido, ele me embrulhou em uma toalha de banho e me levou fora do
banheiro. Depois de me vestir com o pijama na chaise-longue, ele passou a secar meu cabelo com a
toalha.
Fechei os olhos e inclinei um pouco o corpo contra a chaise-longue, me sentido muito cansada.
- Não durma! Não durma antes que o cabelo fique seco. - Ele disse, quase sem raiva.
Alguns momentos depois, ouvi o barulho do secador ao meu lado. A imagem era tão reconfortante como
uma pintura, bela demais para ser verdadeira.
Ele não estava me consultando, porque antes que eu pudesse ter alguma reação, ele já tinha me
carregado nos braços para sair do quarto.
Lá embaixo, Lúcia estava sentada na sala de estar depois de tomar banho, com o cabelo meio seco. Em
frente a ela, estava sentado Pietro, que tinha chegado em algum momento.
Vendo Guilherme me carregando nos braços para descer, Lúcia me contemplava com ciúme, de forma
indisfarçada, até que Guilherme me colocasse no sofá.
Ela se levantou com rapidez para pegar Guilherme sem escrúpulos com nada:
Enquanto ela falava, seus olhos ficaram vermelhos e inchados, com as lágrimas caindo.
Abaixei a cabeça e não falei nada com os olhos fechados. Por que Guilherme me trouxe aqui nesse
momento?
- Lúcia, pare com esse absurdo e volte com Pietro! - Essas palavras foram dirigidas por Guilherme, em
voz baixa, e um pouco descontente.
Provavelmente Pietro também sentiu que Lúcia tinha ido longe demais. Olhou para ela e disse:
- Vocês todos acham que eu fiquei irracional? Todos vocês me odeiam? Meu irmão morreu, então todos
vocês começaram a se afastar de mim e não me querem mais!
Eu soltei um riso frio.
Meu riso irritou Lúcia, que estava muito emocionada. Ela me encarou:
- Kaira, do que você está rindo! A verdade que é você que se sente mais satisfeita agora, depois de fazer
tudo o que podia fazer, você conseguiu tudo o que queria.
Não consegui deixar de rir. - O que é que consegui? - Eu parei um pouco, porque meu riso ficou
incontrolado:
- É verdade que eu consegui muias coisas. Com a participação da Srta. Lúcia, eu consegui um casamento
infiel, nem mesmo tinha coragem de declarar minha gravidez em público. Não sou tão competente como
você, que tem um irmão morto e pode falar do seu irmão a qualquer hora. Desde que você mencione
seu irmão, pode destruir a família dos outros à vontade e interferir em seu casamento.
- Kaira, do que está falando? - Com o rosto que ficou vermelho de raiva, ela olhou para mim de olhos
arregalados, como se quisesse me engolir.
- Do que estou falando? Srta. Lúcia, veja se você criou problemas de forma irracional. Essa é a minha casa
e a de Guilherme. Não é um lugar para você ser caprichosa! Por favor, saia daqui.
Lúcia estava com a cara ruim. Com as duas mãos cruzadas, ela olhou para Guilherme e para mim com
raiva.
Na verdade eu estava tão cansada que não queria ficar com ela.
Virando-me para subir a escada, ouvi a voz de Lúcia vindo por trás de mim:
- Guilherme...
- Chega! - Guilherme disse em voz um pouco furiosa:
Deitada na cama, eu estava com dores na cabeça e nos olhos. Me sentia tão desconfortável por toda a
parte que não podia deixar de fazer uma ligação para Esther.
Segundo sua voz, parecia que ela tinha sido acordada por mim. Olhei para o relógio e eram duas horas
de manhã.
Era difícil para ela. Com o celular na mão, eu disse em um tom desajeitado:
- O que aconteceu com você? Onde você não está se sentindo bem? Vá ao hospital. Guilherme está com
você?
Fiquei em silêncio. Por um momento eu não sabia como falar com ela sobre minha doença, parecendo
uma doença que não pudesse ser vista a olho nu.________________
O labirinto de amor
Como posso descrever minha doença? Não é uma doença invisível a olho nu, não sei como descrevê-la.
Era provável que ela estivesse tão sonolenta que não pediu mais detalhes sobre isso. Ela apenas falou:
Queria dizer algo, mas não sabia o que dizer. Então disse simplesmente:
Adormeci sem perceber nada, mas senti que a cama foi pressionada e fui abraçada nos braços de
alguém.
Achei que deveria ser Guilherme. Eu estava um pouco cansada e não fiz nada além de fechar os olhos
para dormir.
Talvez eu estivesse sob muito estresse nos últimos dias, por isso, nunca dormia o suficiente, nem estava
em boas condições mentais. Quando cheguei à empresa com muito sono, fiquei um pouco
sobrecarregada.
Estava sentada no escritório por algum tempo. Liz me pediu que assinasse alguns documentos e me
serviu um copo de leite. Ela olhou para mim e disse:
- Diretora, nos últimos dias, seu rosto tem parecido ruim, não quer ir ao hospital?
Sacudi a cabeça:
Ela me olhou com preocupação e saiu com os papéis nos braços. Depois de dar alguns passos, ainda
olhou para mim:
- Por que não fala com o Dr. Vinícius? Ele veio à empresa hoje e eu encontrei ele no elevador agora
mesmo!
A medicina era o único interesse e a busca de Vinícius. Embora ele atuasse como acionista do Grupo
Nexia, raramente vinha à empresa.
Guilherme deveria ter a intenção de investir em pesquisa médica em uma fase posterior, por isso, ele
montou para Vinícius um laboratório médico, pelo qual Vinícius era responsável quase sozinho.
- Está bem.
Era verdade que não estava em boas condições nesses dias. Depois de me sentar no escritório por algum
tempo, eu me levantei para encaminhar para o escritório de Vinícius.
Os escritórios dele e de Guilherme ficavam no mesmo andar. Eu não tinha nenhuma intenção de escutar,
mas quando saí do elevador, eu vi Lúcia, que ficava de pé no escritório de Guilherme com um vestido
branco.
Lúcia gostava tanto de se vestir como uma fada que eu a reconheci de imediato.
Eu não tinha a intenção de ouvir o que já estava acostumada. Parada na porta do escritório de Vinícius,
eu bati.
- O que quer? - O homem falou de forma suave e magnética. A voz de Guilherme era muito reconhecível.
- Guilherme, já me decidi. Vou desistir de ir para o exterior e também não vou para a indústria do
entretenimento. - Lúcia parecia ter uma grande determinação para dizer isso e seu tom não era muito
bom.
- Entendi.
Vinícius não abriu a porta. Eu continuei batendo algumas vezes. Será que ele estava dormindo?
- Daqui a pouco Pietro vai levar você de volta. - Falou Guilherme de forma indiferente.
Talvez as palavras dele tivessem deixado Lúcia descontente. Após uma pausa, Lúcia disse:
Depois da atmosfera ficar em silêncio por um momento, Guilherme disse em uma voz um pouco dura:
- Lúcia, eu já disse para não tomar nenhuma decisão por minha causa. Kaira está grávida, e se você
quiser ficar na Cidade de Rio, vou ser responsável pela sua vida, mas em relação ao seu amor, eu tenho
minha própria família.
- Felipe não me pediu que me casasse com você. Lúcia, cada um de nós tem sua própria vida para viver. -
Guilherme disse de forma tão fria quanto implacável.
- Você não a ama, é só porque ela está grávida e você pensa que por ter um filho, você tem a
responsabilidade de os proteger. Guilherme, você não se conhece nem um pouco. O que você faz para
Kaira não é por amor, mas é por responsabilidade, como você costumava fazer comigo, você me protegia
por causa da responsabilidade!
Ninguém continuou falando, então pensei que a conversa tinha acabado. Como Vinícius não abriu a
porta, eu tive que voltar ao meu escritório.
- Guilherme, por favor, deixe-me ficar com você, não vou te pedir para fazer nada, vou fazer tudo o que
você quiser no futuro. Não me deixe, eu não consigo viver sem você agora.
Eu abaixei a cabeça e não podia deixar de me sentir triste pelas pessoas que tinham se perdido no amor.
- O que está fazendo aqui? - De repente soou uma voz. Eu olhei para trás e vi Vinícius saindo do seu
escritório com o rosto muito cansado.
- Queria falar com você. - Antes que ele falasse qualquer coisa para mim, ouvi a voz de Lúcia vindo de
novo do escritório de Guilherme.
- Guilherme, eu sei que você não ama Kaira. O casamento sem amor consegue arruinar uma pessoa.
Embora vocês tenham um filho, ele não lhe trará felicidade, ao invés disso, se tornará um abismo entre
vocês que nunca poderá ser atravessado e vocês vão se importunar por causa desse filho por toda a
vida!
Vinícius também ouviu isso. Franzindo as sobrancelhas, ele olhou para mim e disse:
Eu...
- Sobre o quê? - Ele disse mas em vez de olhar para mim, ele continuou escutando a voz que vinha do
escritório de Guilherme.
- Não me tenho sentido muito bem nos últimos dias, então verifique se isso está afetando o bebê! - Com
o rosto indiferente, ele estava escutando a voz que vinha do escritório.
Eu toquei na testa:
- Dr. Vinícius!
Dando uma olhada em mim, ele fez um gesto para que eu continuasse escutando.
Lúcia, que parecia pensar que sua opinião estava correta, chorava enquanto falava:
- Você sabe que Kaira te ama, mas você não a ama. Com o tempo, ela vai ficar muito triste. Não é isso
que uma mulher deseja.
- Srta. Lúcia. Como você sabe que isso não é o que eu quero? - Eu realmente não podia continuar
escutando, além disso, Vinícius ainda estava lá. Andei até a porta do escritório de Guilherme e olhei
indiferente para Lúcia:
- Infelizmente, Srta. Lúcia, mesmo que meu marido não me ame, nós já temos um filho, o que significa
que ele e eu nos tornamos uma verdadeira família. Talvez você viva apenas no seu próprio mundo e não
saiba nada sobre a vida dos outros, por isso, acha que o casamento nesse mundo não pode durar sem
amor.
- Você... - Minha aparição repentina causou surpresa tanto em Lúcia quanto em Guilherme. Mas só um
momento depois, Lúcia olhou para mim e disse:
- Você realmente acha que pode ficar com ele só por ter um filho?
- Eu não tinha certeza se poderia mantê-lo por ter um filho, mas agora que vi sua reação, parece que eu
já obtive sucesso. Afinal, não é você que ele colocou em primeiro lugar, sou eu e o bebê na minha
barriga.
Com o rosto um pouco duro, Guilherme parecia um pouco descontente com minhas palavras, mas eu
não me importava com isso. Olhei para Lúcia e continuei falando:
- É claro que você é tão descarada, também pode ficar ao seu lado e continuar esperando por ele, e
talvez um dia ele se aborreça de ficar em casa depois que eu dê à luz e queira provar o lixo fora de casa,
então haverá a possibilidade de ele formar uma família pequena com você.________________
O labirinto de amor
Vieram risos da porta de onde surgiram Enzo e Pietro, não sabendo desde quando estavam lá.
- Desculpe, não pretendíamos escutar de propósito. Foi justamente porque vocês falavam muito alto,
que não consigo me conter.
Olhando para mim com expressão carregada, Pietro caminhou para Guilherme e lhe entregou o arquivo:
- Você tem a sua própria família. Não tenho nada a dizer sobre isso, mas você não deve deixar uma
mulher como Kaira insultar ela.
- Egoísta, se aproveitando de todos os meios insidiosos, intrigante! - Ele não guardou mesmo as suas
palavras.
- É de fato competente se a cachorra angélica conseguir se esconder bem. A imagem da Srta. Lúcia é tão
bonita, como um anjo agradável, que pode fazer com que as pessoas gostem dela até que ignorem que
ela tinha um caso amoroso com o marido de outra mulher, incitou aquela mulher a fazer aborto,
caluniou uma pessoa inocente ao esconder venenos e a humilhou. Todos os seus comportamentos
maliciosos poderiam ser esquecidos devido a sua aparência fraca e pequena, como um anjo caindo do
paraíso.
- Kaira, você está falando bobagens! - Lúcia estava tão irritada que gritou para mim independentemente
da sua imagem..
- Chega! - disse Guilherme que não havia dito nenhuma palavra com um rosto sombrio. Ele olhou
severamente para Pietro:
- Leve ela para casa! Não a deixe mais vir para a empresa.
Pietro queria dizer mais algumas coisas, mas foi interrompido por Vinícius:
- Pietro, venha me ver quando voltar mais tarde. Receitei um remédio para o seu pai, que será muito útil
para tratar reumatismo.
Dessa forma, Pietro não conseguia dizer mais nada. Ele me olhou ferozmente e então levou Lúcia
embora.
Ele acenou. Percebendo que Enzo e Guilherme estavam conversando, ele disse:
- Me sinto tonta nos últimos dias e os meus ombros e a minha coluna estão desconfortáveis em
específico.
Ele se sentou ao meu lado e me pediu para estender a minha mão para examinar o meu pulso.
- Você está com falta de sangue e tem inflamações no pulmão e no estômago porque está trabalhando
até muito tarde esses dias, o que resultou em falta de sangue na sua cabeça. É normal se sentir tonta.
Não passe a noite em claro a partir de hoje. Além disso, o seu coração está um pouco bloqueado. Então
possivelmente você seria ficar deprimida. Não faça tanta pressão sobre si mesma.
Acenei, apoiando o meu queixo com as minhas mãos, e olhei para ele:
- Vou para a Cidade A amanhã para fazer viagem de trabalho. Tem algum remédio que eu possa levar
comigo para ajudar a dormir?
- Claro que tem, mas não faz bem para o bebê. É melhor o tomar o mínimo possível!
Entendi. Se continuasse assim, tinha medo de que não conseguisse sobreviver, sem falar desse bebê.
Saindo do escritório de Vinícius, me deparei com Guilherme que estava irritado. Não me sentia bem,
tanto no meu coração como no meu corpo. Não queria prestar atenção a ele.
Passei por ele e ia embora sem desvios, quanto o meu pulso foi segurado por ele.
- O que é que aconteceu com você? - disse ele com a voz baixa e encantada.
- Diretora Kaira, estes são os resultados da última auditoria do Grupo Nexia. Por favor, os verifique e os
assine .
Acenei e perguntei:
- Está tudo correndo bem com a AC? - Mesmo que Grupo Carvalho não fosse de grande escala, teriam
mais trabalho com a auditoria se comparado com as empresas pequenas.
Comecei a verificar os documentos, quando pensei, de repente, em que iria para uma viagem de
negócios amanhã. Então perguntei a Liz:
- Cinco horas da manhã! - disse ela: - Planejamos terminar os negócios na Cidade A dentro de dois dias,
então vamos o mais cedo possível. O responsável da Auditoriatal irá com você amanhã!
Acenei e respondi:
- Vou sozinha para Cidade A. Você fica na empresa para ajudar com os negócios da Auditoriatal e da AC.
- Tá bom.
A estação das chuvas na Cidade de Rio era muito sombria. Ontem o sol apareceu raramente, apenas por
algumas horas, antes que começasse a chover forte logo em seguida.
Às cinco da tarde, quando acabei de verificar os documentos, fiquei com muito desconforto nos olhos.
Pedi a Liz para me comprar um colírio para os olhos.
Já eram seis horas da tarde quando finalmente acabei o meu resumo do trabalho.
Talvez por causa da gravidez, eu estava com fome. Então desliguei o computador e caminhei para fora
do prédio junto com os funcionários que saíam do trabalho aquela hora.
Recebi cumprimentos ao longo do caminho e respondi com um sorriso rígido. Finalmente, saí pela
portaria. Comprei algumas comidas prontas em KFC ali perto.
Acenei e busquei por toda a minha memória, mas não conseguia lembrar se eu conhecia essas meninas.
Uma das meninas com aparência competente olhou para mim e disse:
Distraída por um momento. Me lembrei que às vezes ia ao Departamento de Design pelo negócio com
Galáxia. Não era estranho que elas me conheciam.
O Grupo Nexia era muito grande, com milhares de funcionários mesmo na Cidade do Rio. Embora todos
trabalhassem no mesmo prédio, eu não conseguia encontrar os outros funcionários além daqueles
familiares.
Cumprimentei as meninas com um sorriso suave e fui embora com as minhas comidas.
- Os executivos da empresa também são humanos por que eles não podem comer comidas prontas?
- O salário mensal deles é o mesmo que o nosso salário de anos. Achei que eles comessem algo melhor!
...
O diálogo seguinte desapareceu de forma gradual com a minha saída do restaurante.
As pessoas não se sentiriam satisfeitas, de qualquer modo. Quando não tivessem dinheiro, elas
pensariam em ganhar dinheiro, quando tivessem dinheiro, começariam a esperar mais no amor.
Depois de um dia cansativo, quando entrei no meu carro, jantei um pouco e então ouvi o som de um
carro fora da janela. Abri a janela.
Um Maybach preto parou ao meu lado. Pensei nas pessoas ao meu redor. Ninguém parecia dirigir essa
marca de carro, exceto pelo Maybach que estava estacionado há muito tempo no estacionamento da
mansão.
Não era porque essa marca era muito cara. Era porque era, sobretudo, muito atraente, então ninguém o
dirigia.
Não consegui me lembrar naquela hora, então pensei que fosse alguém que não conhecia e queria
fechar a janela.
Que chato!
Olhando para ele com desdém, elevei as comidas prontas na minha mão e disse:
O labirinto de amor
- Como uma grávida só comeu esse tipo de comida? Guilherme maltratou tanto você?
Não queria responder ou prestar atenção a ele que era um grande chato.
Ele bloqueou a frente do carro e olhou para mim com as sobrancelhas erguidas:
- Estou cheia!
Louco.
O carro dele estava bloqueado na rua. Não só eu mas os outros carros também não conseguiam sair.
Havia alguém ao redor buzinando, mas ele não estava preocupado. Apenas olhou para mim como um vil.
- Mostre o caminho!
Ele ergueu as sobrancelhas.
Merda!
Saí do carro com raiva e entrei no carro dele ao lado. Olhei para ele de forma séria:
- Vamos agora!
O jovem era tão arrogante que além de dirigir um carro atraente, ele ainda abriu o teto conversível do
carro no centro da cidade.
Chatíssmo!
Sentia um pouco de frio, mas não queria falar com ele. Deixei que ele fizesse o que quisesse.
- Srta. Kaira, acha que vamos aparecer como um escândalo no Jornal de Entretenimento de Cidade de
Rio?
Perguntou em uma voz muito alta porque ligou uma música de rock no carro.
Olhei para ele com desdém e não queria falar nem uma palavra.
O carro parou na área movimentada do centro da cidade, a qual estava cheia de lugares para os jovens
jantarem, namorarem e fazerem compras.
O carro e ele eram tão atraentes que chamaram a atenção de muitas das meninas quando estacionamos.
Alguns fãs de carros também estavam tirando fotos do carro dele.
Ele sorriu:
Olhando em volta, fui direto para um restaurante francês, seguida por Enzo. Ele sorriu:
Eu apenas não gostaria de ser observada pelas pessoas, então escolhi qualquer um.
- Estão a dois? Hoje temos uma refeição para o casal. Gostariam de uma?
- Sim, uma para nós e mais uma garrafa de Bordeaux!
- Onde está?
Eu não respondi e desliguei o meu celular enquanto percebi que Enzo estava me encarando. Eu franzi as
sobrancelhas.
- O quê?
- Srta. Kaira, ninguém nunca disse que você parece uma estrela? - O garçom trouxe o bife e Enzo me
falou com o corpo inclinando.
- Bruna Marquezine!
Mas mencionaram pouco. Depois de que passei a usar óculos, poucas pessoas o disseram.
Provavelmente parecia com mais temperamento literário e artístico, então não me parecia com ela.
- Também parece com uma outra pessoa! - Disse ele seriamente. Eu estava cortando o bife e pensei que
ele apenas se sentia entediado e queria me conversar.
Ele não comeu, mas apenas apertou a taça de vinho tinto na sua mão e disse:
- Parece com a minha mãe, especialmente os seus olhos, são quase os mesmos.
O Sr. Rodrigo disse que me parecia com Lúcia, mas pensei que muitas pessoas tinham aparências
similares. Afinal tínhamos o mesmo ancestral e vivíamos na mesma terra.
Ele curvou os lábios, bebeu todo o vinho na taça e olhou para mim:
-Porque você se transferiu para outra universidade quando estava estudando na Universidade do Sul?
Sentia-me espantada pelas suas palavras. Já tinham se passado muitos anos. Como é que ele soube?
Não me lembrava. Comecei a conhecê-lo depois de ficar responsável pelo negócio da auditoria da Grupo
Nexia. Não havia mais nada.
Recebendo a minha resposta, ele encolheu os ombros e não falou mais nada.
Conversando um pouco, ele não comeu nada, mas bebeu toda a garrafa e apoiou o seu queixo na mesa,
olhando para mim.
Percebendo que já era tarde, fui pagar as contas. Não conseguiria acordar amanhã se voltasse muito
tarde.
O destino era mesmo uma grande coincidência. Eu fiquei muito surpresa ao encontrar Agatha, a mãe de
Enzo, e Lúcia aqui.
Não estava espantada de encontrar Agatha nem fiquei surpresa de ver Lúcia, mas me sentia um pouco
estranha por encontrar as duas ao mesmo tempo.
Observando à distância as duas que estavam fazendo compras tão intimamente, como mãe e filha, mas
não pensei muito sobre isso. Depois de pagar as contas, fui para Enzo e olhei o seu rosto corado.
Suspirei, coloquei a minha bolsa ao redor da cintura, o apoiei no me corpo e o arrastei para fora do
restaurante.
Entrando de maneira elegante e saindo de maneira embaraçosa, era exatamente como Enzo se
comportou.
Coloquei-o no carro e entrei. Acostumando-me a dirigir o Cadillac. Não me acostumava dirigir esse carro
de Enzo, com o chassi muito baixo e comodidade ainda pior.
Felizmente, havia menos pessoas na rua a essa hora e não provoquei problemas.
Eu queria, de fato, levá-lo para o Balcone Restô administrado por sua mãe aonde fui com Guilherme uma
vez antes, e então tinha um pouco de memória, mas ele insistiu que não voltasse para lá.
Perguntei a ele por muito tempo e descobri que ele morava sozinho em Villa Fidalga. Fiquei bastante
surpreendida que ele também morava lá.
Eu estava pasma:
- Eu sou o único que lembra das amoreiras no quintal da Sra.Cláudia, das fazendas com muitas petúnias e
do seu rosto cheio de mucos nasais.
Ouvindo as suas palavras, fiquei um pouco perdida nessas memórias que já tinham passado muitos anos.
Como ele...
Não demorou muito tempo, chegamos a Villa Fidalga. Encontrando a sua casa, o apoiei para sair do carro
e toquei a campainha por várias vezes antes que um idoso viesse abrir a porta._______
O labirinto de amor
- Por que ele bebeu tanto? Obrigado por levar ele até casa.
Queria voltar a pé, mas como Villa Fidalga era enorme, quase todas as mansões eram edifícios separados
e ficavam longe uma da outra, então, levaria algum tempo para voltar a pé mesmo que estivessem todas
na mesma região.
Passando algum tempo no caminho, já era meia-noite quando cheguei à mansão. Levando em conta que
tinha que me levantar cedo no dia seguinte, estacionei o carro lá embaixo e voltei para a mansão, pronta
para tomar banho e ir para cama.
Infelizmente, logo que saí do carro vi Guilherme parado lá na porta, era alto e tinha um ar sombrio. Com
a luz fraca, eu podia ver o brilho de seu cigarro.
Franzi as sobrancelhas, por que ele estava fumando lá fora a essa hora?
Quando me viu, ele apagou o cigarro. Sob a luz fraca, seus olhos escuros pareciam um pouco sombrios:
No entanto, o homem agarrou meu pulso e aproveitou para me puxar para seus braços. Eu não sabia
quantos cigarros ele tinha fumado, já que cheirava tanto a tabaco. Eu não podia aguentar mais:
- Guilherme!
- Foi jantar com que amigo? Bebeu enquanto está grávida? - sua voz soava fria e rouca.
Me senti um pouco desconfortável ao ser abraçada por ele, então, o empurrei e disse:
- Eu não bebi!
Exausta e com tanto sono, eu queria muito dormir. No entanto, Guilherme parecia estar louco e, me
puxando para olhar para o Maybach, disse:
- Aquele carro vale muito dinheiro e é de uma edição limitada! Kaira, você já encontrou seu próximo
amante?
Porra!
Eu quase praguejei de uma vez. Empurrei o homem para longe e, olhando para sua aparência um tanto
desgrenhada, fiquei ainda mais zangada:
- Guilherme, por favor, não use seus valores distorcidos para me definir, eu não sou como você, tem
tantas amantes e vai para quem quer que te apeteça.
O telefone tocou várias vezes antes de eu acordar, atordoada e sem emoção. Quando o telefone tocou
de novo, foi desligado antes de eu atender.
Eu ia voltar a dormir, mas, de repente, pensei na viagem de negócios e logo me sentei, meu sono se
dissipando.
- O que foi? - uma voz rouca veio do meu lado, que ainda soava sonolenta.
Congelei por um momento e me virei para ver que era Guilherme que estava dormindo bem com seu
longo braço em volta da minha cintura. Franzi a testa, será que eu não tinha trancado a porta do quarto?
Depois me lembrei de que da última vez ele arrombou a porta, então talvez tivesse guardado uma chave
reserva.
Tirei sua mão da minha cintura e fui pegar o celular que tinha acabado de tocar várias vezes. Talvez
Guilherme achasse muito barulhento, o desligou.
- Olá!
- Directora Kaira, o bilhete de avião é para as cinco horas. Você deve se preparar para ir ao aeroporto! -
essa voz... Era de Enzo?
Franzi a testa:
- Você vai fazer a viagem de negócios comigo? - Liz tinha me dito que mandariam alguém da Auditoriatal
para ir comigo, mas não disse quem seria.
- Sim, se lenvante rápido e venha me buscar, você dirigiu meu carro ontem à noite!
Olhei para as horas e eram quatro da manhã. Esse cara era incrível, tinha bebido tanto na noite anterior
e já estava acordado a essa hora, que impressionante!
Quando fui buscar Enzo, ele estava com o cabelo encaracolado despenteado e parecia com muito sono.
Entrou no carro e disse:
- Vou dirigir!
- Vou dirigir! - Disse eu. O aeroporto não era muito longe, a meia hora de distância. Como não havia
muito trânsito a essa hora, não demorou muito para chegar.
Felizmente, havia poucas pessoas, então, não levou muito tempo para buscar o cartão de embarque e
passar pelo controle de segurança. Quando entrou no avião, Enzo pediu um cobertor à comissária de
bordo e voltou a dormir.
Era uma viagem de três horas da Cidade de Rio para a Cidade A, então, também dormi um pouco no
avião.
- Vamos primeiro para a filial e depois de tratar de tudo, vamos dormir mais no hotel.
Era também uma empresa do Grupo Nexia, assim, o modo de operação e os departamentos de gestão
eram semelhantes. Depois de entrarmos, o Presidente da filial, Martim Moreira, veio nos cumprimentar.
Depois tivemos uma breve reunião com o departamento financeiro e alguns outros. Enzo foi falar com o
financeiro e levou uma pilha de documentos, depois, saímos os dois da empresa.
- Pedi comida e mandei entregar no hotel, você pode comer depois e descansar um pouco.
Fiquei um pouco surpresa com o quão cuidadoso ele era e acenei com a cabeça.
Reservamos os quartos com antecedência e quando entramos no hotel, o garçom nos levou até ao andar
dos quartos e disse:
- A refeição de vocês já foi entregue, se precisarem de alguma coisa podem ligar para a recepção.
- Tudo bem! - respondi e entrei no quarto com Enzo. Tínhamos reservado dois quartos, mas como Enzo
pediu a comida, então não havia necessidade de tomar a refeição em quartos separados.
A refeição foi entregue para um quarto só. Como me levantei cedo de manhã e tive reuniões e trabalho
na filial logo depois de sair do avião, estava mesmo com muito cansaço e fome a essa hora.
Após uma breve refeição, me levantei para descansar no outro quarto. Ele olhou para mim e disse:
Vendo que ele ainda estava comendo, eu não disse mais nada, exausta. Os quartos do hotel tinham o
estilo de apartamento, com o quarto para dormir e a sala separados.
Então, fui direto para o quarto, liguei o ar condicionado e me deitei na cama, esperando que Enzo
termine sua refeição para que eu possa tomar banho e dormir um pouco.
No entanto, logo adormeci. Quando acordei, reparei que estava coberta com uma colcha e podia ouvir o
som de papéis virando na sala de estar.
Congelei por um momento e saí para ver que Enzo estava com a cara séria, sentado no sofá lendo os
documentos e fazendo umas contas no computador.
Não era um bom hábito ir para cama logo após a refeição. Me sentei na cama por algum tempo e não
me senti bem no estômago.
Passado algum tempo, saí do quarto. Enzo estava na mesa lendo uns documentos, tão atento que não
me percebeu.
- Descanse um pouco.
Ele levantou a cabeça de imediato e congelou por um momento. Depois, acenou com a cabeça, um
pouco confuso. Bebeu a água e olhou para mim com um olhar claro, dizendo:
- Está acordada!_____
O labirinto de amor
Acenei com a cabeça e olhei para o relatório que estava fazendo em seu computador. Tive que admitir
que, quanto à capacidade de trabalho, Enzo era de fato um líder extraordinário.
Terminando o relatório, ele o fechou e acenou com a cabeça, depois se encostou no sofá e esfregou os
olhos. Parecia sonolento e com a mão na testa, disse com cansaço:
- O Presidente Moreira, da sua filial, ligou e disse que queria convidar você para jantar à noite.
- Não é preciso, vou só descansar um pouco encostado aqui no sofá. - após uma pausa, continuou
dizendo:
- Existem alguns problemas com as finanças da filial que só se identificam com cuidado. Acho que algum
chefe desviou fundos públicos e encontrou um projeto qualquer para enganar as pessoas, são alguns
milhões em contas, dê uma olhada!
Acenei com a cabeça e comecei a verificar todas as contas. A filial seguia o modelo e a maneira de
operação do Grupo Nexia e os negócios na Cidade A tinham corrido bem, motivo pelo qual Guilherme
tinha dado muito poder ao presidente daqui.
Ele não se envolvia muito nos negócios aqui. Verifiquei as contas com cuidado e, de fato, havia algum
problema com um projeto. Na maioria das circunstâncias, não devia necessitar de milhões de dólares
para compensar um pequeno acidente de engenharia. Era dinheiro demais, mesmo que fosse para
subsidiar os feridos por causa do trabalho. Era óbvio que alguém o havia desviado.
- Para resolver isso, acho que vamos precisar investigar Martin Moreira - disse e olhei para Enzo, só para
descobrir que este já tinha adormecido.
Ainda faltavam duas horas antes do jantar e ele podia dormir um pouco, já que mal tinha descansado
desde ontem.
Atendi a chamada e havia muito barulho no outro lado, mas podia ouvir a voz dela:
- Kaira, veio para a Cidade A? Mande-me seu endereço e vou encontrar você daqui a pouco!
Ela não tinha dito que queria fazer uma viagem a Cidade do Mar? Por que ela também estava na Cidade
A?
- Vi o seu post no WhatsApp! Descobri que você está na Cidade A, então vim para cá também. Acabei de
sair do avião, me mande seu endereço e vou encontrar você mais tarde.
Desligando a chamada, mandei o endereço para Esther pelo WhatsApp. Vi umas novas mensagens, umas
eram os relatórios de trabalho de Liz e umas eram de Vinícius.
Quase esqueci que Vinícius também tinha dito que ele viria para a Cidade A. Ao pensar nisso, liguei para
ele.
O telefone tocou por uns segundos e logo foi atendido, depois ouvi uma voz baixa e agradável:
- Acabei de chegar e quando ia ligar para você, recebi sua chamada. Em que hotel você fica? - sua voz era
baixa e havia algum barulho ao seu redor.
Desligando a chamada, me levantei para ir tomar banho. Estávamos saindo para jantar esta noite e,
como eu conhecia Esther muito bem, sabia que ela me levaria para fazer compras com certeza.
Eu não fazia compras há algum tempo e era bom sair para passear um pouco.
Eu queria tomar o banho no outro quarto, mas não consegui encontrar o cartão. Como Enzo estava
dormindo e eu não queria acordá-lo, resolvi tomar banho nesse quarto.
Afinal, só precisava fechar a porta, e como ele estava dormindo, nada iria acontecer.
É possível que, porque tinha comido demais antes de dormir, sempre me sentia um pouco
desconfortável. Depois de tomar banho, já me senti muito melhor.
Depois de secar o cabelo no banheiro e trocar de roupa, apliquei alguma maquiagem leve. Quando saí,
ouvi Enzo falando com alguém por telefone.
Eu não sabia o que a pessoa do outro lado disse. Enzo disse em voz baixa e rouca:
- Ela foi tomar banho, ligue mais tarde se precisar falar com ela!
Saí do banheiro e vi que ele estava encostado no sofá, meio adormecido, não dormindo o suficiente pelo
visto.
Eu o ignorei e reparei que ele ainda segurou meu celular. Foi só nesse momento que me lembrei da
ligação que ele havia atendido.
Não pude deixar de me surpreender:
Ele acenou com a cabeça e se sentou mais ereto, jogando o celular para mim:
Peguei o celular e o ignorei. Naveguei pelo histórico de chamadas e descobri que a última foi de
Guilherme.
Disquei seu número só para descobrir que ele havia desligado o telefone.
- Não disse nada! Guilherme me perguntou onde você está e eu disse que está tomando banho. Depois,
ele perguntou se estou no mesmo quarto que você e eu disse que sim!
Disquei o número de Guilherme outra vez, mas seu telefone ainda estava desligado. Pensando mais
sobre isso, Talvez Guilherme não tivesse entendido mal aquelas palavras.
Coloquei meu celular de volta. Enzo saiu do banheiro, com gotas pingando de seu cabelo. Devia ter
lavado o rosto.
Ele secou o cabelo com uma toalha com pressa e olhou para mim dizendo:
Quando saí do hotel com Enzo, liguei para Esther e Vinícius. Esther acabou de chegar ao hotel e disse que
queria dormir um pouco antes de sair comigo mais tarde. Vinícius disse que precisava cuidar de algo e
podia demorar algum tempo.
Mandei algumas palavras para ela e fui com Enzo para o restaurante reservado por Martin.
Martin foi rápido. Quando chegamos, todos os outros já lá estavam esperando por mim e Enzo para só
depois mandar servir a comida.
Quando chegamos à cabine, Martin fez uma breve introdução e nos cumprimentou.
Os presentes eram todos da gestão da empresa e Enzo já estava muito habituado à ocasiões assim.
Depois de trocar umas palavras, já começou a discutir com Martin sobre a questão da filial.
Os dois tiveram uma boa conversa e saíram por algum tempo. Eu não sabia o que havia acontecido, mas
quando regressaram, a conversa ficou um pouco dura.
- O Presidente Moreira também é acionista do Grupo Nexia e nos últimos dois anos a empresa tem
desenvolvido bem em todos os aspectos. Não é um grande problema desviar uns milhões de fundos
públicos, mas se houver mais cenas assim no futuro, é inevitável que a empresa seja afetada algum dia.
- O Presidente Ribeiro é jovem, mas bem sucedido, eu não estou entendendo bem o que você quer dizer
com isso?
- Então vá dar uma boa olhada nas finanças! - dito isso, Enzo segurou o copo e olhou para mim:
O labirinto de amor
Antes que eu pudesse recusar, ele bebeu o vinho e ergueu meu copo na minha frente:
- Sei que você não pode beber, então vou beber por você.
Ao ouvir isso, os outros diretores ficaram um pouco surpresos. Um dos diretores do departamento
financeiro disse:
- Presidente Ribeiro, olhe, vamos todos beber um copo para lhe agradecer por ter vindo à nossa filial
pela auditoria.
Em seguida, vários diretores começaram a fazer brindes com Enzo e o cara ficou logo bêbedo.
Depois do jantar, ajudei Enzo a entrar no táxi. Minha cabeça doía, por que esse cara tinha bebido tanto
quando não era nada bom em beber?
- Que cena.
Olhei para Enzo, que estava tão bêbedo que ficou sem consciência, e quase queria estrangulá-lo. No
entanto, me contive e disse ao telefone:
- Ainda tenho tempo amanhã, vou tentar terminar o trabalho de amanhã e ir às compras com você
durante o dia!
O táxi parou na frente do hotel, paguei e ajudei Enzo a sair do carro. Olhei para a dúzia de escadas à
minha frente e minha cabeça doeu ainda mais.
O design desse hotel de cinco estrelas era tão estranho, por que havia tantas escadas?
Depois de me queixar, ajudei Enzo a subir às escadas. Ainda bem que eu usava sapatos planos e não era
tão difícil.
No meio do caminho, o celular na minha bolsa começou a tocar e o peguei. Enzo, inquieto, também
estendeu a mão para minha cintura.
Por reação instintiva, eu o afastei de imediato, mas esqueci que estávamos agora nas escadas e, assim,
aconteceu algo inesperado.
Fiquei tão chocada que congelei por um momento e foi somente quando um guarda foi ajudá-lo que
reagi e disse com pressa:
Com a ajuda do guarda, foi muito mais fácil levar Enzo ao hospital. Depois dos exames médicos,
descobriram que Enzo tinha machucado a cabeça e o resto estava bem. Ele tinha que ficar internado por
alguns dias em observação.
Durante todo esse tempo, Enzo ainda não ficou sóbrio. O médico não tinha a certeza se havia algum
problema com seu cérebro, então, só podia esperar até Enzo acordar amanhã de manhã.
O médico tratou do ferimento na cabeça dele. Como alguém tinha que estar lá para acompanhá-lo, eu
tinha que ficar no hospital.
Quando Esther me ligou, era cedo pela manhã. Quase caí no sono na cadeira no corredor do hospital.
Atendi a chamada e ouvi a voz dela, que parecia bêbeda:
Olhei para a hora e era de manhã cedo. Bocejei e endireitei o corpo para dizer:
- Estou na Avenida de Rio Verde, venha fazer compras! - pela sua voz, ela devia estar bêbada.
Fiquei sem palavras. Ela veio para essa cidade desconhecida e foi beber sozinha. No entanto, Enzo ainda
estava tomando soro e não podia sair nesse momento.
Pensando bem, confortei Esther do outro lado da linha e desliguei a chamada. Depois, liguei para
Vinícius.
- Sim? - a chamada foi atendida e, pela sua voz, ele foi acordado pela chamada.
- Vinícius, posso te pedir um favor? Tenho uma amiga bêbeda na Avenida de Rio Verde, estou ocupada
no momento e não posso ir encontrá-la. Você pode ir buscá-la por mim?
Depois de tratar de tudo, já era meia noite. Passei a noite descansando no corredor do hospital.
No dia seguinte.
- Eu trouxe você para o hospital porque bebeu demais ontem à noite que caiu.
- Kaira, lembro que foi você que me empurrou. Mesmo que fizesse, tudo bem. Por que você teme ser
descoberta?
Ele foi direto ao assunto e eu não tinha nada para explicar. Então, olhei para ele e disse:
- Quem lhe disse para beber tanto? - olhando para ele com raiva, continuei dizendo:
- Vá mover sua cabeça um pouco e ver se há algum problema. Se estiver tudo bem, já pode sair do
hospital.
A viagem de negócios era curta e com tal atraso, o trabalho também foi adiado.
O médico veio examiná-lo e estava tudo bem com Enzo. Ele já podia sair do hospital depois de tratar do
ferimento mais uma vez. No entanto, esse cara era sem vergonha e continuou dizendo que eu era a
responsável.
Não tinha tempo para prestar atenção a ele. Eu o levei à empresa e falei com Martin sobre o desvio de
fundos públicos que Enzo tinha descoberto no dia anterior.
Martin também parecia surpreso e mandou investigar o departamento de finanças assim como os outros
de modo completo.
Isso não era para ser um grande problema. Enzo fez o relatório final, eu verifiquei o funcionamento da
filial, ouvimos as apresentações dos departamentos responsáveis. Se não houvesse nenhum grande
problema, estávamos prontos para voltar para a Cidade de Rio.
No entanto, Enzo insistiu em que ele tinha machucado a cabeça e que precisava comer algo bom para
compensar isso, então, me pediu para irmos para o maior centro de alimentação da Cidade A.
Pensando que íamos passear de qualquer maneira, liguei para Esther e a chamada só foi atendida depois
de algum tempo. A voz dela soava sonolenta:
- Olá!
Olhei para a hora, era meio dia e ela ainda estava dormindo:
- Você já está sóbria? Se levante e venha passear comigo no centro de alimentação!
- Ok! - pela sua voz rouca, ela não devia estar sóbria:
Quando eu estava prestes a desligar a chamada e mandar o endereço para ela, ouvi uma voz masculina e
baixa do outro lado da linha:
- Você acordou!
Esther estava tão bêbeda na noite anterior e ainda conseguiu encontrar um homem?
- Tenho que desligar agora, falamos mais tarde! - Esther deligou a chamada com pressa.
Eu não tinha pedido a Vinícius para levá-la de volta ontem à noite? Como ela poderia encontrar um
homem nessa situação?
De repente, comecei a pensar sobre essa possibilidade e não pude deixar de ligar para Vinícius, que
atendeu a chamada depois de algum tempo:
- Kaira!
Ele disse com uma voz clara que não parecia nada sonolenta. Fiz uma pausa e disse:
Uh, nesse caso, seria impossível ele estar com Esther agora.
Sorri e disse:
- Acabamos de tratar do trabalho, você está livre à tarde? Se estiver livre, vamos sair para jantar.
O labirinto de amor
- O que foi?
Ele disse descontente:
- O que há de errado em sair só comigo? Fez tantas chamadas para convidar todos os seus amigos.
Ele estava agindo de modo infantil e o ignorei. Olhando para a Cidade A movimentada, não pude deixar
de dizer com admiração:
Ele sabia que eu estava tentando mudar de assunto e então respondeu de mau humor:
- O escritório do Grupo Nexia é ainda mais alto que esse, além disso, há mais de uma empresa nesse
edifício.
- Minha mãe comprou esse edifício com outro diretor de uma empresa tecnológica. Ela tem uma
companhia de título de crédito aqui.
Pensando em Agatha, não pude deixar de ficar um pouco admirada, era uma mulher tão linda e ao
mesmo tempo bem sucedida em sua carreira.
Lembrei que quando estávamos jantando no Balcone Restô, ela mencionou que tinha uma filha, então,
olhei para Enzo e perguntei com curiosidade:
Parecia que ele não gostava muito quando as pessoas mencionavam isso e disse com um rosto sombrio:
Ao vê-lo assim, não perguntei mais. Depois, encontrei uma loja de pastéis lá em baixo do Edifício de
Gémeos e tive vontade de comer alguns.
- Vá esperar por Vinícius e Esther no centro comercial, vou comprar algumas coisas.
Dito isso, caminhei para a loja de pastéis. Esther e eu gostávamos muito de comer isso. Em muitos
sentidos, éramos pessoas bastante semelhantes.
Pedi alguns pastéi e fiquei perdida em pensamentos. Já não me lembrava de muitas coisas da minha
infância, mas a única coisa que lembrava era que gostava de doces assim, com um toque de doçura
gelada.
- Senhor, dois puffs de gelo! - ouvi uma voz baixa, que soava familiar e estranha ao mesmo tempo, como
se viesse de uma memória de muito tempo atrás.
O vendedor respondeu:
- Tudo bem, só um momento!
Sempre tinha reações instintivas em certas situações, por exemplo, meu medo de Nathan Sanches. Não
sabia quando isso começou, mas sempre que reparei sua presença, mesmo a milhares de quilômetros de
distância, ficava dominada por um certo medo instintivo de meu corpo.
O sol estava quente e ofuscante, mas meu corpo começou a ficar frio, minha respiração a ficar irregular e
minhas mãos a tremer.
Veio de trás de mim uma voz masculina baixa, que soava muito fria:
Congelei por um momento e comecei a ficar sem fôlego. Vi que o vendedor estava entregando os pastéis
para mim, mas eu nem tinha a força para pegá-los.
O homem atrás de mim estendeu a mão para pegar os pastéis, aproveitou para segurar minha mão e os
colocou na minha palma. Sua voz soava gentil, mas tão fria que quase parecia cruel:
- Kaira, como seu irmão, devo dizer que sua reação me deixa descontente.
Passando algum tempo, tentei acalmar minha respiração e dei uns passos para trás de repente,
suprimindo o medo instintivo e dizendo com a voz trêmula:
Dito isso, nem olhei para aquela pessoa que já não via há cinco anos e quase fugi daquela loja.
Nathan tinha me dito que, nesta vida, nunca mais me procuraria, a não ser que fosse o destino que nos
levasse a nos encontrar de novo e o novo encontro seria o início da próxima conspiração.
Eu pensava que, como o mundo era tão grande, uma vez que ele deixasse a Cidade de Rio, seria
impossível que nos víssemos de novo.
Fugindo de Nathan de modo embaraçoso, fui encontrar com Enzo e Esther e entreguei a Esther os
pastéis incompletos, dizendo com uma voz trêmula:
- Esther, precisamos voltar para a Cidade de Rio o mais rápido possível. Agora, temos que sair agora!
- O que aconteceu?
- Foi Nathan, deparei com ele há pouco! - disse eu, mas minha voz ainda tremendo.
Esther ficou tão chocada que caiu na cadeira com um olhar impotente. Com o passar de algum tempo,
ela me agarrou e disse:
Enzo não sabia por que estávamos agindo assim e perguntou o que tinha acontecido, franzindo a testa.
Esther me puxou para sair, mas Enzo me agarrou, perguntando com confusão:
Nas três horas da viagem da Cidade A à Cidade de Rio, Esther e eu seguramos as mãos uma da outra com
força no avião, sem dizer nada, mas sabendo que estávamos ambas em pânico.
Depois de sair do avião, pegamos um táxi de volta ao Apartamento Prudente. Depois de chegar em casa,
Esther trancou todas as portas e janelas e se sentou no canto, impotente.
Depois de algum tempo, ela olhou para mim com os olhos vermelhos:
Balancei a cabeça porque ainda estava com muito medo, sem saber o que fazer.
- Talvez ele ainda não saiba que estamos na Cidade de Rio e vai ficar tudo bem desde que fiquemos na
Cidade de Rio. - ela disse e depois balancei a cabeça com força, começando a chorar outra vez:
- Como poderíamos nos esconder, ele é um especialista em TI, é tão fácil para ele nos encontrar!
Dessa vez, Nathan voltou e com certeza não nos deixaria ir. Naquela época, Esther e eu tivemos que
fazer tudo para nos salvar e se a mesma coisa acontecesse outra vez, temia que não tivesse a coragem
para me salvar.
- Kaira, vá encontrar Guilherme. Ele é um homem poderoso e é capaz de proteger você. Além disso, está
com seu filho, se você lhe contar o que aconteceu, ele vai encontrar uma maneira para afastar Nathan de
você com certeza.
Quanto mais Esther falava, mais agitada ficava, e me puxou pela mão para sair.
Esther balançou a cabeça e, mordendo os lábios. No final não conseguiu se conter, começou a chorar de
modo desesperado e me abraçou com força, dizendo:
- Como é que você pede para me acalmar? Como posso me acalmar? Já passaram cinco anos e quase
esqueci todos aqueles pesadelos, por que encontrá-lo outra vez, por quê?
Eu a abracei e me doía o coração. Também pensei que nunca mais o encontraria pelo resto da vida.
Nem Esther nem eu dormimos bem durante a noite, acordando sempre no meio da noite com pesadelos.
Esther não estava bem disposta e não adormeceu até a madrugada. Eu não conseguia dormir bem e
voltei para a mansão ao amanhecer.
Esther tinha razão e talvez Guilherme encontrasse uma maneira para lidar com isso.
No entanto, eu não esperava que as fechaduras da mansão tivessem sido trocadas. Tanto Guilherme
quanto eu tínhamos nossas impressões digitais cadastradas na mansão de Fidalga.
No entanto, tentei várias vezes e não consegui abrir a porta. Depois, percebi que as fechaduras da
mansão haviam sido trocadas.
Tentei ligar para Guilherme, mas a linha estava sempre ocupada. Era óbvio que ele tinha me
bloqueado.________
O labirinto de amor
Não sabia o que se passava, por isso tive de ir para a empresa. Como me levantei de manhã cedo, não
havia muita gente quando cheguei lá.
Enruguei a sobrancelha, sem saber o que estava acontecendo. E entrei no escritório, onde Liz ainda não
tinha chegado.
Só pude revisar os documentos na minha mesa e assinei todos que deveria assinar. Após cerca de uma
hora, Liz entrou. E quando me viu, ficou estupefacta por instante e me cumprimentou com um sorriso.
Mas estava com uma expressão forçada e, depois de organizar os papéis que eu tinha assinado, ela
estava prestes a sair.
- Enzo. - Ainda parecia estar interessada na fofoca, ela olhou para mim, dizendo:
- A notícia já saiu há alguns dias e ontem à noite havia fotos de suas hospedagem num hotel na Cidade A.
Mas Directora, não é que já fez um aborto? E você e Presidente Aguiar ainda não se divorciaram... Como
é que...?
Fiquei cada vez mais confusa, enquanto ouvia suas palavras e queria saber por que disse assim:
Ao me ver perplexa, ela tirou o celular e me mostrou uma manchete da Cidade de Rio.
Li com cuidado todas as notícias nas manchetes. Desde o dia anterior, quando Enzo me levou para jantar
no centro da cidade, dirigindo seu carro de luxo Maybach, havia quem escrevesse vários posts
inventados e sem sentido. Com as palavras ficando cada vez mais maliciosas, acabaram me fazendo
passar por uma vadia.
Depois de ler os posts, tive um pouco de dor de cabeça. Não admirava que os caras das finanças
tivessem olhado para mim daquele jeito esta manhã...
Então, Guilherme mudou a fechadura da mansão e me bloqueou negra por causa de tudo isto?
Minha cabeça doía ainda mais quando pensava na chamada que Enzo tinha atendido no hotel.
Liz viu que meu celular tocou, pensando que eu teria algo a fazer, saiu com os documentos nos braços.
Dei uma olhada em meu celular e vi que era Enzo. Fiquei chateada, atendi o telefone e disse:
- Que foi?
- Você leu as manchetes? - falou ele, soando uma atitude desinteressada e indolente.
- Já li.
- Amanhã é o aniversário da minha mãe, venha comigo para a festa da noite? - disse ele, parecia muito
relaxado, como se não fosse grande coisa que eu estivesse tendo um escândalo com ele.
-Obrigada, mas não tenho tempo para isso. Por favor, dê um jeito para tratar disso. Explique de forma
clara as coisas nas manchetes.
Quando Nathan apareceu, eu não sabia a quem mais podia pedir ajuda para além de Guilherme.
Não sabia quando Nathan viria para a Cidade de Rio. Se eu brigasse feio com Guilherme por causa do
escândalo, se a vida infernal de cinco anos atrás se repetisse, receava que não conseguiria aguentar.
Depois de desligar a chamada de Enzo, coloquei o celular de lado. Após um momento de silêncio, me
levantei e fui direto para o escritório de Guilherme.
Em contraste com a atmosfera antes, desta vez, o escritório de Guilherme parecia muito abandonado, e
Caio, que deveria estar na sala do assistente, não estava lá neste momento.
Havia o som de um teclado batendo no escritório silencioso, fiquei de pé na porta e bati algumas vezes.
- Entre! - A voz do homem era baixa e magnética, tão agradável como sempre.
Após alguns segundos de hesitação, abri a porta. O meu coração, que tinha se acalmado, difícil de ser
controlado, voltou a bater mais rápido, quando perto dele neste momento.
O escritório de Guilherme estava vazio e o som digitando no teclado era particularmente nítido.
Fiquei em frente à mesa de Guilherme, não falei, só olhando em silêncio, para ele, que estava
trabalhando com zelo e atenção. Pois é, o homem era mais bonito quando estava trabalhando com uma
atitude séria.
- Ponha aqui primeiro, vou assinar mais tarde! - talvez estivesse atento demais, ele não notou que era
eu, nem mesmo levantando uma sobrancelha enquanto ele se concentrava no computador.
Eu fiquei quieta, sem responder nada.
Depois de muito tempo, ele franziu a testa, parou o que estava fazendo e olhou para cima. Quando viu
que era eu, seu rosto estava severo, parecendo mais frio e distante.
- O que você quer? - falou ele, a frieza na sua voz era mais óbvia.
O seu corpo esguio se inclinou ligeiramente para trás, se encostando na parte da sua cadeira de modo
relaxado. Ainda com um olhar distante e frio, olhava para mim, enquanto levantava as suas sobrancelhas
e dizia, com desdém:
Mordendo meus lábios, apertei as minhas mãos uma contra a outra, doendo um pouco:
- Dormiram juntos? - Ele levantou uma sobrancelha, com um olhar cheio de frieza.
Não entendi suas palavras no início, mas após um momento apenas, percebi o que ele queria dizer e,
num piscar de olhos, a minha cara ficou mais pálida:
- Não!
Ele deu um sorriso de escárnio. Levantando uma sobrancelha para mim, a frieza em suas palavras se
intensificou:
- Guilherme, ao menos me dê uma chance de explicar, está bem? - Eu e Enzo deixamos isto continuar por
muito tempo, nem Enzo nem eu respondemos, e por isso que só ficou pior hoje.
Ele parecia ter pouca paciência e levantou a mão para esfregar a testa, enquanto olhou para mim e
disse:
- Diretora Kaira, estamos te oferecendo um salário tão alto, não é para você falar com seu chefe sobre
assuntos pessoais durante o horário de trabalho!
- Gui…
- Diretora Kaira, você deve saber melhor que eu o que fazer e quando fazê-lo, certo? - olhando para mim,
perguntou, em a voz dele claramente cheia de raiva.
Ainda queria dizer mais quando Caio chegou em algum momento, olhou-me de forma educada, mas
distante e disse:
- Diretora Kaira, Presidente Guilherme ainda tem muita coisa para fazer.
Olhei para Guilherme e vi que baixou seus olhos escuros, claro que sem intenção de dizer nem sequer
uma palavra a mais para mim.
Não foi uma boa ideia estarmos num impasse, então, saí do escritório e me deparei com Vinícius, que
estava saindo do elevador.
Ele tinha muitas coisas nas mãos e quando me viu saindo do escritório de Guilherme, levantou as
sobrancelhas e disse:
Guilherme sempre teve uma personalidade estranha e, depois de passar tantos anos com ele, eu não
conseguia entender o que estava errado desta vez.
- Não se esqueça de tomar seu remédio quando voltar. - Vinícius entregou-me o saco na mão e deu uma
olhada no escritório de Guilherme, antes de olhar para mim e dizer:
Quando saí do trabalho com a cabeça cheia, carreguei minha mala de mao e fui direto para o
estacionamento, esperando por Guilherme.
Ao encontrar seu jipe preto, fiquei de lado e esperei por ele. O problema era meu e era necessário
encontrá-lo e conversar sobre isto.
O labirinto de amor
No entanto, fiquei esperando por cerca de uma hora, quase todos os carros na garagem tinham partido,
mas ainda Guilherme não havia saído. Pensei que ele ainda estava no escritório fazendo hora extra.
Não pensei que a pessoa que viria para dirigir o carro era Caio.
Ao me ver, Caio, congelando por um instante, ainda mantinha sua atitude educada e distante:
- Ele acabou de sair com Presidente Carvalho. - Caio falou, tirando a chave do carro da mala dele.
- Está de volta! - enquanto ela dizia isto, ela fazia um gesto com o seu brilho.
Olhando para trás dela, vi com clareza o homem sentado na sala de estar lendo um jornal, com um ar
frio e arrogante.
Depois de trocar de sapatos, Joana foi para a cozinha para continuar seu trabalho. Caminhei até
Guilherme e me sentei ao lado dele, não tendo pressa para lhe falar, mas esperando com calma que ele
terminasse de ler o jornal.
Depois de muito tempo, Guilherme deixou o jornal, empurrei o suco trazido por Joana para o seu lado e
falei:
Ele deu uma olhada para o suco, mas não o pegou, os seus olhos escuros ficaram afundados, em uma voz
baixa e fria:
Ele estava tão calmo que eu não conseguia perceber a sua atitude.
Ele zombou:
- E você ainda sabe que é minha esposa?
Eu sabia que o escândalo o tinha perturbado, por isso minha voz suavizou um pouco e disse:
- Não há mesmo nada entre mim e Enzo, não passa de invenção do paparazzi. Guilherme, ninguém
conhece a minha situação melhor do que você, é impossível que tenha um caso com ele.
- E aí? - ele se levantou, rodeado do ar frio, - Kaira, acha mesmo que pode fazer o que quiser com a
criança na sua barriga?
Eu não suportava suas palavras frias. Ele sabia muito bem o que aconteceu entre mim e Enzo. E estava
zombando de mim, porque estava chateado comigo.
Sentindo-se um pouco injustiçada, olhando para suas costas, enquanto ele subia, levantei minha voz:
- Faço o que quero? Então, o que é que você e Lúcia são? Fez demasiadas coisas com ela nos últimos dois
anos, não fez?
- Se não fosse pelo aborto acidental do filho de Lúcia, receio que nem sequer estaria qualificada para
estar de pé e falar contigo... afinal, seria Lúcia que poderia estar nesta casa agora, não eu, Kaira.
Ele me olhou, a frieza do seu olhar me invadindo. Depois de várias trocas de olhares, já não tinha tanto
medo da sua frieza e podia ler um pouco a mente dele. Sem esperar que ele dissesse nada, meus olhos
ficaram vermelhos e derramei as lágrimas.
- Por que está me olhando desse jeito? O que eu disse não é a verdade? Sou a esposa com quem está
casado e porque gosto de ti e te amo, mereço sofrer? Eu mereço viver nesta casa fria com
ressentimentos?
Ao ver-me chorando tanto, franziu ligeiramente as suas belas sobrancelhas, com seu corpo esguio e alto
caminhava na minha direção, seus lábios finos se moveram ligeiramente:
- Com ressentimentos?
Ele limpou as minhas lágrimas, mas eu dei um passo atrás, para evitar a sua mão entendida, e continuei:
- Eu também sou um ser humano, não posso ter ressentimentos? Guilherme, o que aconteceu entre mim
e Enzo não passa de uma especulação deliberada. Você obviamente sabe melhor do que eu, você sabe
que eu é que estava magoada. Mesmo assim, você mudou a fechadura da mansão e bloqueia a minha
chamada.
Observei o seu rosto enquanto falava e, quando vi que o seu rosto suavizou um pouco, continuei:
- O que você quer dizer com isso? Quer me expulsar da Família Aguiar? Quer me rotular com esta coisa
ambígua? Ou acha que não há problema se me casar com outro homem com seu bebê na barriga e fazer
ele chamá-lo de pai?
- Como se atreve?
Depois de dizer isso, estava prestes a sair da mansão. Disse o que tinha a dizer, fiz o que tinha de fazer,
tanto de um jeito suave como duro e, se nada disso funcionasse, então, realmente não tinha mais
solução.
Com meu pulso agarrado, a voz dele estava um pouco mais baixa:
Já não dava para perceber raiva em seu tom e Joana, ao lado, sorriu, com olhos apertados:
Guilherme me segurou e fez me sentar à mesa, de forma elegante, me trouxe a tigela e os palitos, e
depois começou a comer com uma cortesia extra.
- Está grávida há mais de dois meses, certo? Já foi ao hospital para preparar o processo? Já começou o
seu check-up de maternidade? A mulher grávida não deve ficar com raiva nem chorar. Não estou te
chateando, já passei por isso, já tenho experiência neste passo de mulher.
Acenei com a cabeça. Ouvia a sua tagarelice, enquanto bebia a minha sopa.
Com o canto do olho, vi que Guilherme ainda estava jantando, com calma e elegância, e a raiva em seu
rosto havia diminuído bastante.
Depois de jantarmos, Joana olhou para mim com uma cara séria e disse:
Eu congelei. Por instinto, queria abanar a cabeça, mas a vi piscar o olho para mim e depois continuei:
- As cãibras de mulher grávida são as mais dolorosas. Tome um particular cuidado, não deve correr por aí
nos primeiros meses. Caso contrário, sem se cuidar bem, vai perder seu bebê.
Guilherme estava prestes a subir com os documentos, quando Joana lhe chamou, sorridente:
- Senhor, as cãibras desta grávida são as mais dolorosas, pode ajudá-la com uma massagem mais tarde,
comprei óleos essenciais ao meio-dia e coloquei-os no seu quarto.
Guilherme colocou de volta os documentos que ia levar lá para cima e olhou para mim:
- Dói?
Por um momento, olhando para Joana, vendo-a a acenar para mim com a cabeça, não pude deixar de
desviar olhares para Guilherme, por uma coincidência curiosa, acenar com a cabeça, sorrindo um pouco
forçado e respondi que sim.
- Vamos!
Ao vê-lo voltar diretamente para o quarto, olhei para Joana e disse, com um pouco de estupidez:
- Não é nada importante se tem cãibras ou não, mas quando está grávida por cinco ou seis meses, vai
passar por todos os desconfortos que deve ter. Volte depressa para o quarto.
Eu voltei para o quarto, ouvindo o som da água do banheiro, era Guilherme que estava tomando banho.
Olhando para a grande garrafa de óleos essenciais na mesa de cabeceira, estava me admirando quão boa
ela era, podia até pensar nisso.
Depois de não voltar à mansão por alguns dias, foi bom ver que Guilherme não estava tão bravo a ponto
de jogar fora as minhas roupas.
Guilherme tomou um banho rápido, não demorou muito tempo. Quando saiu do banheiro, só tinha uma
toalha de banho amarrada na cintura, seu cabelo ainda estava molhado, as gotas de água, ao longo de
seu peito forte, continuavam descendo...___
O labirinto de amor
- Vai tomar um banho! - veio uma voz ao meu ouvido, interrompendo os meus pensamentos.
Virei-me com rapidez e vi os olhos escuros de Guilherme olhando para mim, profundos e imprevisíveis.
Quando nossos olhares se cruzaram, com a consciência pesada, desviei o olhar e corri para o banheiro.
No banheiro, por causa da água correndo, estava barulhento, mas eu ainda podia ouvir com clareza os
movimentos no quarto. Eu de início pensei que era o telefone de Guilherme tocando, mas quando saí do
banheiro para ver Guilherme segurando meu telefone, a cara dele, sombria, enquanto ele o colocava ao
lado do ouvido.
Percebendo que ele tinha atendido meu telefone, apressei-me para me aproximar dele, olhando-o disse:
- Quem está ligando?
Peguei no telefone e dei uma olhada, era Enzo. Não pude deixar de franzir as sobrancelhas, o que é que
ele queria fazer a esta hora?
- Olá, Presidente Ribeiro! - Tentei ser educada, mas distante, evitando Guilherme.
Com o canto do olho, vi-o encostando-se na sua cadeira estofada, com o rosto nublado jogava em seu
próprio celular.
- Já mandei alguém tratar das manchetes, vou dar uma conferência de imprensa, se for necessário. - Do
outro lado do telefone, Enzo falou com voz profunda, séria e sincera.
- Entendi, obrigada!
- Mesmo que só eu goste de você, vou te fazer a Sra. Ribeiro, de modo aberto e honesto, perfeitamente
justificável.
- Descanse bem! - a conversa não podia continuar, Guilherme já havia me lançado um olhar impaciente.
Não podia dizer mais nada a Enzo, então desliguei o telefone, deixei o telefone de lado, olhei para
Guilherme, abri a boca e disse:
Não terminei minhas palavras, percebendo a minha explicação como se dissesse para mim mesma,
então, fiquei calada. Me virei para me sentar na cama, com uma toalha na mão, secando o meu cabelo.
Mas a toalha na minha mão foi tirada, virei-me para ver o homem, de início jogando em seu telefone, na
cadeira atrás de mim, e sem esperar que eu reagisse, Guilherme já tinha começado a secar meu cabelo.
Nós dois ficamos apenas em silêncio, nenhum de nós estava prestes a falar.
Não demorou muito até o seu cabelo estar quase seco e ele atirou a toalha de lado. A seguir, ouvi a sua
voz, baixa e fria:
- Vá se deitar!
Como?
Ao vê-lo levar o óleo, com seu corpo esbelto, ele estava já meio ajoelhado na cama. Fiquei congelada por
um momento, e entendi que ele estava se preparando para passar o óleo em mim.
Sem dizer uma palavra, Guilherme derramou o óleo habilmente em sua palma e depois começou a
massageá-lo na minha canela. O ambiente era um pouco esquisito, eu queria dizer algo para quebrá-lo,
mas não consegui encontrar um tópico adequado em pouco tempo.
- Ainda está com raiva? - Não falando muito sério, eu olhei para Guilherme e abri a boca, com alguma
apreensão.
O movimento de suas mãos parou, de modo abrupto, e seus olhos escuros se desviaram para mim, sua
voz baixa e provocadora:
- Dói?
Eu congelei. Não percebi o que ele quis dizer, pensando que ele estava falando da minha cãibra na
perna, que foi a princípio inventada por Joana para melhorar nossa relação. Então, eu balancei
levemente a cabeça:
Não sei por que parou de repente seu movimento e se levantou para sair, mas reagi por instinto e o
puxei rápido, dizendo depressa:
- Guilherme, se ainda está bravo, pode descarregar a raiva em mim, mas não me trate assim, tão frio,
está bem?
Ele não fez nada, apenas me tratava com frieza. De fato, deixou-me sofrer muito.
Ao ver o seu rosto sombrio e frio, baixei a cabeça e mordi o lábio, sentando-me na cama e atirando-me
para seu corpo, de uma forma um pouco embaraçosa.
Talvez, pensando que eu era demasiado estúpida, ele me empurrou, olhou para mim e disse:
- Se eu fosse boa, não teria transado com Lúcia todos estes anos.
Eu falei:
- Estou aqui! - para quê gritar tão alto? Não que eu não conseguisse ouvir.
...
Quando terminou, ele me puxou, indefeso, para seus braços e me segurou com firmeza, dizendo em sua
voz rouca:
- Deixa para lá!
Não disse nada, não mencionei esse dia a ninguém e não vi o homem que tinha me raptado.
Ele me carregou para fora do banheiro. E depois de algum tempo, eu estava um pouco sonolenta,
deitada na cama, e voltei a sentir-me segura nos braços de Guilherme.
- Guilherme, não fique bravo comigo, Enzo e eu realmente não temos nenhuma relação, sou uma mulher
grávida e ele só está nos seus vintes anos, como é possível ficarmos juntos?
Ele estava apenas jogando com as palavras e cerrei os meus lábios, com meus olhos bem abertos, me
sentindo ressentida:
Ele parecia gostar de me ouvir falar com ele, mostrando minha fraqueza, e os cantos da sua boca se
curvaram levemente, enquanto ele deu um beijo suave na minha testa:
- Vai dormir!
Ao vê-lo assim, eu não disse muito. Já estava com sono, por isso adormeci em pouco tempo.
No dia seguinte.
Após alguns dias da exaustiva vida de viagem de negócios, por fim voltei e dormi uma grande soneca.
Depois de me deitar por um tempo, saí da cama e vi várias chamadas perdidas na tela do meu telefone,
todas de Liz.
O labirinto de amor
O celular estava mudado para o modo silencioso e liguei de volta para o número. Do outro lado atendeu
e disse com pressa:
- Directora Kaira, algo deu errado. Presidente Riberio enviou um aviso, ontem à noite, pediu a todos os
repórteres da mídia, dizendo que queria tornar sua relação com você pública, agora há vários repórteres
e público, que esticam o pescoço, esperando lá embaixo, no edifício de Aguiar.
Tornar a nossa relação pública? Então, há algo de errado com o cérebro de Enzo?
Me levantei e puxei as cortinas, o dia estava lindo, os pássaros cantando e as flores florescendo.
- Não se preocupe, não vou para empresa hoje, pelo menos, Enzo é um adulto, ele sabe o que deve
fazer!
Eu acenei:
Depois de desligar o telefone, desci as escadas e vi Joana na cozinha e, depois de olhar à volta, não vi
Guilherme, saí da cozinha e perguntei a Joana:
- Guilherme saiu?
Joana estava tão concentrada no seu trabalho que tomou um susto quando, de repente, ouviu uma voz.
Virada a cabeça, viu que era eu, ela sorriu e disse:
- O senhor disse que ele tinha algo para fazer esta manhã e saiu com pressa. Cozinhei sopa para você,
coma um pouco, faz bem ao seu bebê.
Acenei com a cabeça e colocando a mão na minha barriga, um pouco arredondada. Parecia ter ganhado
algum peso nos últimos dias.
Eu ainda estava comendo minha sopa, quando Esther ligou. Vendo que ela estava muito preocupada,
parei de comer e disse:
- Eu li sobre a manchete, foi longe demais. Se Nathan a ver, o que devemos fazer? - Esther tinha medo de
Nathan e eu também.
Não sabia se Nathan ia vir procurar na Cidade de Rio, mas antes dele, devia implorar pelo refúgio de
Guilherme.
Desliguei o celular, dei algumas mordidas rápidas e saí. Para minha surpresa, me deparei com Agatha,
para ser mais precisa, ela vinha para me ver.
Esta mansão da Família Aguiar era muito discreta e depois que Guilherme e eu nos casamos, exceto
aqueles que estavam mais próximos da gente, outros mal sabiam onde ficava.
Agatha estava vestida de um elegante saia azul escura com fendas laterais, com uma nova bolsa de
edição limitada e de estilo chinês, da Van Cleef & Arpels, em torno de sua cintura, este ano parecendo
ainda mais elegante e nobre.
- Presidente Agatha, desculpe, não sabia que vinha para cá. Bem-vinda.
- Fui eu que vim sem ser convidada Sra.Kaira, não precisa pedir desculpas.
Quando levei Agatha ao jardim do chá, pedi a Joana para preparar algumas frutas e sobremesa. Depois
fervi água na mesa do chá e olhei para ela e disse:
- Presidente Agatha está aqui para falar com Guilherme sobre alguma coisa?
Ela sacudiu a cabeça, o olhar dela caindo na mão com a qual eu estava fazendo chá, e disse com ternura:
- Muito obrigada, Presidente Agatha. As suas mãos também são cuidadas bem. - A conversa entre
mulheres quase sempre não passava desse assunto.
Mas ela veio aqui, com certeza, não para me elogiar. Guilherme tinha uma coleção de chá, preparada
para fazer chá como este e disse:
- Eu não bebo muito chá, é Guilherme quem adora fazer chá. Hoje vou servir este bom chá da sua
coleção à Presidente Agatha, não ria de mim se não for bom.
Ela mostrou um sorriso, fixando seu olhar no chá chinês na minha mão, e sorriu:
- Este chá tem uma história de vinte anos, nem se pode comprá-lo com dinheiro no mercado. É hora
poder beber um chá tão precioso, ainda tenho de agradecer a você.
Com um sorriso, não consegui perceber qual era o motivo desta visita de Agatha. E depois de tomar chá
por algum tempo com ela, não pude deixar de dizer:
- Já falamos tanto, ainda não sei o que a Presidente Agatha quer falar comigo?
Ela tomou um gole de chá, olhou-me com seus lindos olhos, e sua voz era cheia de gentileza:
- Não é nada especial, mas da última vez que te vi, no Balcone Restô, tinha uma sensação familiar a seu
respeito e me senti íntimo de você no meu coração. Então, tinha pensado em a visitar.
Eu congelei quando pensei que ela, sendo mãe de Enzo, vinha aqui para falar comigo sobre nosso
assunto, mas fiquei surpresa por ela estar realmente aqui para outra coisa.
- O Presidente Ribeiro até me disse a mesma coisa no outro dia, que o faz sentir um pouco familiar, mas
isso é normal, há muitas pessoas no mundo que são parecidas e tenho algumas semelhanças com aquela
Srta. Lúcia, que você conhece.
Da última vez, no restaurante, tinha-a visto com Lúcia, por isso não pretendi esconder.
- Os meus pais partiram, quando eu era muito nova, fui criada pela minha avó, não me lembro muito
deles.
- A sua avó ainda está viva? - Ela perguntou com tanto detalhe, parecendo um pouco rude. E,
provavelmente, percebeu num momento que não deveria dizer isto, mudou com ligeireza de tom e
olhou para mim:
- Não se preocupe, Kaira, sou uma pessoa muito curiosa. Então, sempre vou ao fundo das coisas.
Por falar nisso, ela tirou um convite muito fino e requintado da mala e o entregou para mim:
- Vou dar uma pequena festa em Balcone Restô esta noite, se a Sra. Kaira quiser vir com o Sr.Guilherme?
Tomei o convite e não pude deixar de abri-lo para ler. Vendo que era um convite de aniversário,
lembrei-me que Enzo tinha mencionado a mim ontem que a mãe dele ia fazer aniversário esta noite.
- Sim, muito obrigada, Presidente Agatha, é uma honra ser convidada por você.
Ela não podia conter o sorriso, baixou os olhos e tomou chá, depois de uma pausa, olhou para mim e
disse:
- Sra. Kaira, ouvi dizer que você e o Presidente Guilherme estão casados há dois anos. Na última vez vi
você e ele irem juntos ao Balcone Restô, acho que devem estar em bom relacionamento.
Eu sorri ligeiramente, não estava familiarizada com ela, então, não era conveniente dizer mais. Tomamos
chá por um tempo, Agatha então disse que ainda tinha coisas a fazer e saiu.
- Você a conhece?
Joana acenou:
- Quando o Sr.Rodrigo ainda estava vivo, ela tinha vindo à Mansão de Aguiar. Tinha visto ela.- Depois de
uma pausa, Joana falou, em voz baixa:
- Ela anda à procura da sua filha há tantos anos, só que há pouca possibilidade de ela conseguir
encontrá-la.
- Joana, você também sabe que ela também está à procura da filha?
- Ela sempre vinha encontrar o Sr.Rodrigo, só para perguntar as coisas de cerca de vinte anos atrás, ouvi
a conversa deles, quando lhes servia chá. O senhor a tinha ajudado a ficar de olho ao longo dos anos,
mas sua filha está perdida há mais de vinte anos e não tem nenhuma característica notável, temo que é
muito difícil encontrá-la nesse mundo!______________
O labirinto de amor
Eu tinha arrumado tudo, quando meu celular tocou. Eu vi o identificador de chamadas, o que me deixou
nervosa e, sem dizer muito a Joana, voltei para o quarto.
- Kaira, por que você está nervosa? O irmão não pode conversar com sua irmã?
- Nathan, não somos as crianças que éramos há cinco anos, todos nós temos nossas próprias vidas agora.
Por favor, deixe-nos em paz!
- Kaira, somos irmãos. Eu não vou te deixar me afastar. Minha vida não é uma vida sem você, eu preciso
de você!
Eram palavras que aqueceriam o coração, mas ele as disse de uma maneira assustadora.
Há um tipo de pessoa neste mundo que é como um fantasma, cuja presença só serve para assustar as
pessoas o tempo todo, e Nathan é uma dessas pessoas.
- Kaira!
Ele só disse essas poucas palavras. Agarrei meu celular e me forcei a me acalmar. Ninguém vai cair no
mesmo lugar.
Como não pude evitar Nathan, posso procurar uma maneira de fazê-lo me deixar em paz por sua própria
vontade.
- Buzz…
O assunto de Nathan estava me deixando um pouco tonta e, depois de uma pausa, eu disse:
- É importante? Hoje estou um pouco indisposta. Eu quero ficar em casa e descansar um pouco.
- É sério?
Abanei a cabeça:
- É importante?
- Nada. Descanse bem!
Sua voz era baixa e calma, da qual pouca emoção podia ser ouvida.
Depois de desligar, enviei uma mensagem para Esther. Me preparei e dirigi para o endereço que Nathan
enviara.
Às 16 horas.
O sol estava queimando e a multidão se movimentava nas ruas. Nathan me deu o endereço de uma loja
de roupas particulares de luxo.
Não entrei nela. Eu tentei ligar para Nathan, mas falhei. Uma senhorita saiu da loja com um vestido
verde.
- Sra. Sanches, por favor entre. O Sr. Sanches já nos mandar. Não se preocupe, deixe tudo por nossa
conta a seguir.
Segui-a até a sala VIP, no 2º piso. Ela chamou alguns funcionários e me levou para escolher um vestido.
Eu não sou estúpida, sabia o que elas estavam me levando a fazer.
Fui, então, levada para a penteadeira. A mulher com vestido verde olhou para mim com um sorriso e
disse:
- Não fique nervosa Sra. Sanches, o Sr. Sanches ordenou tudo. Você só precisa ser paciente e cooperar
conosco.
Já se passaram cerca de 10 minuto e tudo foi feito. Olhando para “eu” demente e digna no espelho, eu
franzi a testa, descontente.
Nathan não apareceu lá, mas mandou um Bentley preto estacionado fora da loja, cujo motorista parecia
jovem.
Não queria entrar no carro. Eu apenas olhei para o homem com meus braços ao meu redor e disse:
Eu acenei:
- Sim!
Talvez não esperando que eu fosse tão direta, o homem hesitou um pouco, mas continuou sorrindo:
- Sra. Sanches, não tenha medo, o Presidente Sanches só quer levá-la a uma festa e quer que todos a
conheçam.
O homem saiu do carro, abriu a porta para mim e sorriu, de forma polida:
- Faça o favor, Sra. Sanches, a Sra. não me dá trabalho. O presidente Sanches sabe que você também
chamou a Sra. Esther, então, ele também mandou alguém buscá-la, o Presidente Sanches é tão gentil, eu
acho, a Sra. Sanches não vai rejeitar este favor dele, certo?
Ameaça?
Depois de um tempo, eu ri e subi no carro, de forma elegante. Nathan me conhecia muito bem.
O carro dirigiu-se ao hotel do resort nos subúrbios do sul, a cerca de uma hora de distância. No entanto,
eu não sabia para onde o carro iria, no início.
Mas, quando vi o carro entrar no campo de golfe, nos subúrbios do sul, eu sabia onde estava. A cidade
de Rio é conhecida como a antiga capital de três dinastias, seguindo o desenvolvimento dos tempos e
mantendo a herança cultural de uma cidade.
Embora não seja importante na área militar ou política, tem testemunhado muitas pessoas talentosas ao
longo dos séculos. Como resultado, os idosos da classe alta gostam de comprar terra na Cidade de Rio
para descansar em paz após a morte.
Então, os subúrbios do sul da Cidade de Rio se tornou um lugar dos ricos e poderosos. Orgulhamo-nos de
que as pessoas nascem iguais, mas de fato, caso contrário, as pessoas comuns nem se atrevem a esperar
viver neste lugar luxo.
Mas mesmo assim, ainda há muita gente se aglomerando para entrar aqui. Porque aqui, desde que você
não seja um idiota, qualquer pessoa que você encontre pode ser uma pessoa crítica em sua carreira.
O carro parou, quando entrou no campo de golfe. Alguém me guiou para fora do carro e fez um gesto
para eu entrar no Bentley preto, exclusivo dos anfitriões.
Depois de subir no carro, vi Nathan sentado lá dentro, de forma própria. Seu rosto parecia gentil e seus
olhos ardilosos brilhavam como estrelas:
Por instinto, tentei sair do carro, levantando a bainha de minha saia. Mas era tarde demais, sua mão no
meu ombro, pressionando-me. Ele disse, em voz baixa:
Mesmo que as palavras fossem as mais belas, seriam saboreadas de sangue quando saíram da boca dele.
Eu afastei meu medo e falei:
Ele levantou sua mão, reparou-me com esmero, e disse, de maneira casual:
Então, ele levantou meu queixo com um som de elogio, e depois disse, impotente:
- A Família Lins da Cidade de Rio tem sido um clã de esplendor por séculos, que tem muitos dignitários
políticos, também no mundo dos negócios. Fique comigo de uma vez! Ele continuou. Havia mais rigor
nas suas palavras.
Eu fiquei um pouco confusa. Havia 5 anos que não tínhamos nos encontrado. O que ocorrera dentro
daqueles 5 anos? Por que ele podia ter acesso às celebridades políticas e empresariais que estavam no
topo da pirâmide como somente um hacker?______
O labirinto de amor
O carro continuou a dirigir por cerca de uma dúzia de minutos e parou na frente de uma vila luxosa de
tipo europeu. Nathan saiu do carro primeiro, de forma muito gentil, abriu a porta por mim e estendeu
seu braço a mim, para me ajudar. Sua voz soou ao redor:
Eu odeio e temo sua hipocrisia e seus sorrisos falsos. Como homem que lida com facas e sangue, mesmo
quando lhe der flores, será uma flecha para matar.
O interior da vila é espaçoso e elegante, com algumas coisas do estilo local lá dentro. Ao entrar pela
porta principal, não vi o salão, mas um caminho de paralelepípedos e passei por um pequeno jardim,
antes de entrar no salão.
Apesar de usar saltos altos, eu consegui andar bastante bem, porque estava segurando Nathan.
Assim que cheguei ao salão, eu vi Guilherme de imediato, em minha frente, a uma curta distância. Ele
estava vestido com um terno preto, com uma camisa branca cuja gola parecia arrumada sem farrusca.
Seu cabelo era bastante curto, que o tornou mais maduro e imponente. Em conclusão, era um homem
bonito.
Ele estava tão imponente que mesmo em uma multidão, eu conseguia reconhecer, sem demora.
Levei um tempo para perceber que a festa era para o aniversário de Agatha. Não só Guilherme estava lá,
mas muitas pessoas do mundo dos negócios e da política da Cidade de Rio também estavam lá.
Eu era esposa de Guilherme, mas estava segurando o braço de outro homem. Não seria uma bofetada
pesada para Guilherme?
Tirei minha mão de volta, com rapidez. O medo e a preocupação se espalhavam dentro de mim.
No entanto, Nathan, um homem que corria riscos todos os dias, num instante, pegou a mão, enquanto
disse com aspecto sombrio:
Olhei na direção de Guilherme e notei que ele também me olhou. Ele estreitou seus olhos escuros um
tanto, e seu olhar caiu em meu vestido sem alças.
Eles se conheciam?
Nathan puxou-me, com um sorriso leve:
A conversa entre os dois homens foi uma saudação bastante comum. Não consegui ouvir nada de errado
com ela.
- Minha noiva!
- Ouvi dizer que o Presidente Sanches não se aproxima das mulheres. Mas agora, parece que você
escondeu tudo.
Guilherme estreitou os olhos, com um sinal de perigo, e abriu seus lábios ligeiramente:
- Espera por sua querida…
Naquela altura, eu já estava perdida no pensamento. Eu ainda não tinha tempo para mencionar Nathan
a Guilherme, mas agora as coisas já haviam se tornado muito ruins.
Minha mão foi puxada por Nathan com tal força que não consegui libertá-la. Todavia, também tive medo
de negar as bobagens de Nathan.
Guilherme colocou seu olhar em mim por pouco tempo e não podia deixar de sorrir:
Entrei em pânico, retirei a mão de Nathan, com determinação, e dei um passo à frente, para puxar
Guilherme:
- Guilherme, eu...
- Guilherme!
A voz gentil e doce de mulher veio. Eu olhei de lado, descobri que Lúcia estava usando uma saia de sereia
de cor de pele e nua nas costas, o que trouxe uma boa figura dela como um todo. Ela levantou a bainha
de sua saia e caminhou com expressão elegante para o lado de Guilherme, pegando a mão de Guilherme
com naturalidade.
Lúcia não ficou surpresa ao me ver, mas seu rosto estava um pouco pálido:
- A Srta. Sanches também está aqui.
Eu baixei a cabeça e engoli o que eu ia dizer. Explicar agora seria apenas uma piada.
Nathan deu a Lúcia um leve olhar de desinteresse, com um brilho de nojo nele, e me puxou direto para o
salão.
Nathan não evita as mulheres, mas as odeia. Desde os oito anos de idade ele tinha repelido as mulheres
e, se eu não tivesse crescido com ele, ele estaria igualmente enojado comigo naquele momento.
Agora, este tratamento especial para mim parecia ser o inferno e seria sempre difícil eu escapar das
garras de Nathan.
- Guilherme, Kaira ainda conhece o Presidente Sanches do Grupo Unidade. É razoável que a Sra. Agatha
me disse que muitos manda-chuvas do mundo dos negócios e da política estariam aqui esta noite.
O Grupo Unidade?
Foi mais uma reunião das elites do que uma festa de aniversário. Agatha comportava-se de maneira
muito elegante e bela aquela noite, num traje de gala preto, com uma fênix dourada e um par de saltos
altos negros, com cristais azuis embutidos.
Ela tinha quase cinquenta anos, mas o seu rosto não mostrava sinais de idade, pelo contrário, eram os
anos que lhe deram excelência. Há um ditado que diz que uma verdadeira beleza nunca envelhece e a
idade nunca bate a beleza. Pensei que o ditado deveria referir-se a ela.
Ela estava, então, falando com algumas pessoas decentes. Assim que viu Nathan, de longe, ela se
aproximou dele com uma taça de champanhe.
Com seu champagne, ela sorriu com leveza. Quando seus olhos caíram sobre mim, ela cintilou um pouco
e olhou para Nathan
- E esta é...
Sem esperar que Nathan dissesse nada, fui a primeira a abrir minha boca:
- É Srta. Sanches. Você está tão linda hoje e não a reconheci no início, sinto muito!
- Desculpe por eu incorrer no ridículo, Presidente Agatha. Eu costumo descuidar de minha aparência
normalmente e hoje estou vestida assim. Então, é inevitável que haja uma diferença, sem ofensas, para a
Presidente Agatha!
Ela olhou para mim, depois para a mão de Nathan segurando a minha e, com uma leve confusão, disse
de maneira muito gentil:
- Vocês se conhecem?
Agatha tinha intenção de continuar, mas o salão caiu no silêncio, de repente. Todo mundo olhou para
fora.
Por instinto, olhei para trás e vi lá fora que um homem distinto, de meia-idade, vestido com um casaco
entrou, seguido por quatro homens em ternos pretos.
A aparência do homem de meia-idade atraiu muitas pessoas para saudá-lo. O olhar do homem foi fixado,
sem distúrbio, em Agatha e caminhou direto para ela.
- Tiago Baptista, Sr. Baptista da Capital Imperial, seja na Cidade de Rio ou na Capital, uma vez que ele faz
algo, todos os poderosos têm que estar em alerta. - Nathan disse, em voz baixa.
Fingi não me importar, ao olhar para Agatha e Tiago, e fiquei intrigada ao ver que os dois eram mais
íntimos do que apenas amigos.
- Eles?
Nathan levantou suas sobrancelhas, seus olhos estavam revelando alguns significados mais profundos
que eu não entendia:
- São as pessoas que se amam, mas não podem estar juntas.
- A Presidente Agatha não tinha sido casada antes? Mas me lembro de que ela se casou com um homem
comum, antes de casar com o pai de Enzo, e deu à luz a Enzo depois. Como...
O labirinto de amor
Nathan zombou:
- Essa é uma história bastante realista, que ela está inventando para os outros.
Eu vi Guilherme com Lúcia saudando Agatha e Tiago e, depois, Agatha sussurrou algo no ouvido de Tiago.
Tiago olhou para Lúcia e o olhar mudou um pouco. O rosto do homem, que tinha sido sério, teve um
pouco mais da surpresa, de ter perdido e encontrado no final, e ele puxou Lúcia com um pouco mais de
carinho em seus olhos.
Eu não sabia a situação. Nathan, ao meu lado, olhou para mim com conspiração e disse:
- Lúcia é a filha que Agatha tem procurado há vinte anos e é a filha de Tiago.
Eu fiquei admirada, com a boca bem aberta: Lúcia era filha deles?
Parecia que Agatha soubesse o que ele estava pensando. Ela disse, sussurrou algo em seu ouvido, antes
de seu rosto voltar a aspecto normal.
Sendo libertada, eu primeiro fui procurar Guilherme. Mas, depois do encontro de Guilherme e Tiago, ele
saiu, sem vestígios.
Olhei em volta e vi uma figura familiar no canto do salão, Enzo. Caminhei até ele.
- Boa noite!
- Hoje é o aniversário de sua mãe. Por que você parece tão doente? Acabei de ouvir alguém dizer que a
filha de sua mãe, que está perdida há muitos anos, já foi encontrada. Por que você não parece se
importar com isso?
- O que me importa? - Ele disse, com aspecto solitário, - Ela só se preocupa com a filha e eu fui apenas
um acidente.
- Eu desejo que a filha encontrada seja você, mas não Lúcia. Essa mulher é muito intrigante, não se trata
de uma boa coisa para o Balcone Restô.
- Senhorita, você acha que minha mãe está livre e vai até você só para uma conversa?
Fiquei intrigada:
- O que você quer dizer? - as estranhas perguntas de Agatha hoje não me pareceram nada além de
confusão em minha mente.
- Heh! - ele me desprezou - você tem sorte de estar casada com Guilherme. Eu já lhe avisei antes que
você e minha mãe têm alguma semelhança, assim como Lúcia. Você realmente acha que há pessoas no
mundo que se parecem umas com as outras sem nenhuma razão?
- Significa que minha mãe havia levado seu DNA, e o DNA de Lúcia, para um teste de paternidade antes.
- Eu de início pensava que era você, mas não esperava que o resultado apontaria à Lúcia.
Eu tinha uma tonelada de perguntas em minha mente. Olhei para o salão, que não era adequado para
conversarmos lá. Então, levei Enzo à sala de chá, no corredor.
- Só porque pareço a Presidente Agatha, vocês roubaram meu DNA para um teste de paternidade?
Ele negou:
- Claro que não. Minha mãe estava procurando há mais de vinte anos e ela não teria ficado por aqui por
tantos anos sem uma pista. Você e Lúcia são tão parecidas em muitas coisas, que minha mãe não tinha
certeza no início quem era exatamente sua filha, você ou Lúcia. Assim, ela pediu ao Guilherme que
levasse você e a Lúcia para uma reunião separada, e depois, fez o teste de paternidade.
Não tinha curiosidade das “coisas parecidas” entre Lúcia e eu. Guilherme me trouxe até Agatha, não para
salvar a Esther, mas para fazer um favor a Agatha.
Mas eu não sei de nada neste caso.
Ele acenou:
Guilherme devia dizer tudo a ela. Ela tinha muitos contatos com minha mãe, que não parecia que não
soubesse nada.
Eu queria rir. Então, do começo ao fim, eu era a única que não tinha ideia sobre a situação.
Queria rir, mas não conseguia continuar. Parecia que eu era uma completa tola. Mesmo que alguém me
tivesse colocado em perigo, eu não saberia nada sobre isso.
- Não pense mais nisso. Foi porque todos tinham medo que você estivesse imaginando muitas coisas que
as pessoas não lhe dizem. E ninguém tinha certeza naquele momento, então...
- Então, vocês acharam que eu deveria ser mantida no escuro? Como uma idiota?
- Eu não sei!
Eu respondi só com estas três palavras e saí da sala de chá. Pensava que se eu fosse boa e desse às
pessoas minha confiança, eu não sofreria muito mal. Mas, de fato, eu era ingênua. O sofrimento nunca
tinha diminuído, de forma alguma.
Houve muitas pessoas da alta classe. Lúcia parecia muito destacada na multidão e estava recebendo
saudações de todos, com a apresentação de Agatha e Tiago. Foi uma cena linda e emocionante.
Pois é! Algumas pessoas, desde o nascimento, são abençoadas com a boa sorte.
Mais calma, eu fui para a sala de jantar. A vida era triste, mas eu ainda tinha que comer bem. O pequeno
em minha barriga também precisava comer.
Talvez, eu estivesse distraída e, acidentalmente, esbarrei em uma pessoa. O bolo no prato que eu escolhi
caiu no chão, rolou para frente e colidiu com o terno de alguém!
- Descul…
Eu escondi minha expressão, também as palavras para me desculpar. Naquele contexto, a escusa seria
inútil, ao contrário, incorreria na disputa desnecessária.
Eu não quis altercar, mas isso não significava que ele também não quis. Ele reparou em mim e disse, com
sarcasmo:
- Kaira, você está bastante zangada e com ciúmes agora, né? O fato de Lúcia ser filha de Agatha significa
que sua vida vai mudar para sempre. Guilherme é um homem tão nobre, e uma mulher favelada como
você não é digna dele, não importa o quanto você tente.
- Você…
- Guilherme e eu somos casados e temos um filho. Presidente Carvalho sempre gosta tanto de zombar
de mim porque, inconscientemente, sente que você não é digno de Lúcia? Você não tem onde liberar
seu complexo de inferioridade, então, você está descarregando em mim?
- Que tolice! - com olhos vermelhos de raiva, ele tirou o terno e o jogou para mim:
- Lave-o!
O labirinto de amor
De vez em quando, eu pensava que Pietro era muito adorável. Cada vez ele olhava para mim de maneira
desagradável e queria me provocar, finalmente ele acabou por ficar com tanta raiva de si mesmo, como
o que estava ocorrendo neste momento.
- Presidente Carvalho, a meu ver, não me deixe tratá-lo. Se você andar por aqui com roupas molhadas,
você não vai ser digno na aparência de ficar ao lado de Lúcia.
- Encontre uma solução por si mesmo!
Começou o banquete de aniversário. Agatha falou de maneira elegante no palco. Pietro não queria dizer
mais nada, andando para Lúcia com comidas na sua mão e entregando-as a ela.
Lúcia percebeu a expressão desagradável dele, então, olhou com desconfiança por aqui e me viu
justamente. Ela estava com um sorriso no seu rosto delicado, provocante e depreciativo.
Olhando de volta com calma e segurando o terno na mão, eu estava com dor de cabeça. Guilherme, que
não sabia para onde foi, veio para mim com uma caixinha de presente.
Depois de falar, ele me deu a caixa da sua mão, enquanto viu o terno na minha mão. Ele franziu a testa:
- De quem?
Eu disse e olhei para a caixa que ele me deu. Foi preparada por ele?
- Jogue fora!
Nesse momento, o banquete ficou mais animado porque Lúcia foi levada por Agatha ao palco. Eu
semicerrei os olhos e disse:
- Presidente Guilherme, por que não interpretou o seu papel de um guardião de menina neste
momento?
Se fosse meia hora atrás, eu explicaria a ele com clareza, mas, nesse momento, eu não queria explicar
nada.
Eu fui para a lata de lixo, joguei direto lá o terno de Pietro e disse, com um olhar indiferente:
- Não há nada para explicar. Era exatamente como o Presidente Guilherme viu.
No palco, Lúcia e Agatha se abraçaram e interpretaram o amor profundo entre mãe e filha. Para mostrar
o amor da mãe, Agatha decidiu distribuir 50% da sua propriedade para a gestão de Lúcia, que de modo
gradual entraria na empresa de Agatha, para aprender a gestão.
Ao mesmo tempo, Lúcia também iria morar com Agatha em Balcone Restô. Afinal, ela era uma filha
recuperada e Tiago também subiu ao poder, se tornando uma pessoa poderosa. Se ele conseguiria ficar
ao lado de Lúcia, sem dúvida, Lúcia poderia fazer qualquer coisa que ela quisesse, fosse em Capital
Imperial ou em Cidade de Rio.
Guilherme estava com um rosto muito ruim, mas tendo em conta que era ainda nesse banquete, ele não
poderia brigar comigo. Ele controlou as suas emoções e disse:
- Kaira!
Ele segurou no meu pulso e me beliscou causando um pouco de dor. Guilherme suprimiu a sua irritação:
Eu era caprichosa?
Percebendo que Nathan estava se aproximando, afastei a mão de Guilherme e caminhei para Nathan. Às
vezes, o diabo é muito melhor do que o anjo.
Nathan olhou para mim, se aproximando com os olhos semicerrados. Erguendo-se os cantos dos lábios:
- Kaira, é a primeira vez que você se aproximou de mim por iniciativa própria!
- A qualquer tempo! - ele encolheu os ombros, ergueu um pouco mais as sobrancelhas e deu uma risada,
- Para onde você queria ir?
Ele apenas disse que eu deveria acompanhá-lo ao banquete, mas não disse mais nada, o que significou
que enquanto eu fosse, poderia sair a qualquer hora.
Pensando nisso, olhei para baixo, a caixa de presente na minha mão e desviar meu olhar para Agatha,
que já havia acabado de falar.
Eu andava em direção de Agatha com a caixa. Quando me viu, ela ainda me deu um sorriso gracioso e
generoso.
- Presidente Agatha, você me tratou com tanta cortesia. Este é um presente de aniversário que preparei
para você. Parabéns, com juventude eterna.
Ela riu, com os olhos semicerrados. Poderia perceber que ela estava muito feliz esta noite. Ela pegou a
caixa de presente e disse:
Tiago, que havia levado Lúcia para interagir com os convidados, me viu conversando com Agatha, trocou
algumas palavras em segredo com Lúcia e caminhou em minha direção.
Tiago era muito alto. Mesmo na meia-idade, ainda estava com um espírito imponente no seu rosto. Ele
olhou para mim, com os olhos negros e amáveis, e disse:
- Você é Kaira Sanches?
- Que interessante! - Ele riu de repente e olhou para Agatha, que estava ao lado dele - Essa menina se
parece um pouco com você, não só de aparência, mas também a dureza da alma que era muito similar a
você.
Agatha acenou, com os seus olhos ficando mais gentis, e ela sorriu:
- Quando eu a vi pela primeira vez, me senti assim também. Se eu não tivesse lido os resultados do teste
de DNA, teria pensado que ela era a minha filha.
Eu balancei a cabeça. Algumas coisas na minha memória estavam aparecendo, mas, talvez porque já
havia muito tempo, apenas se passou uma vaga lembrança. Não conseguia lembrar nada exceto o som,
parecendo familiar.
- Os seus pais...
- Mamãe e papai! - Lúcia interrompeu as palavras de Tiago. Lúcia nos aproximou, de maneira graciosa,
com champanhe na mão e saltos altos nos pés. Olhando para Agatha e Tiago e disse:
- Diretor Vieira disse que tem algumas coisas a falar com vocês e está esperando por vocês no segundo
andar.
Tiago e Agatha ficaram surpresos. Eles olharam para mim e disseram:
- Sra. Kaira, desculpe, temos algo a fazer, pois temos de ir embora. Diga a Lúcia se precisar de alguma
coisa.
- Sra. Kaira, podemos falar? - disse Lúcia, com os olhos negros, ficando um pouco mais arrogante.
Havia muitas pessoas na mansão circulando, algumas conhecidas e outras não. De fato, não estava com
bom humor, então, na verdade não queria falar nada com ela.
- Sra. Lúcia, você pode me deixar em paz? Não temos nada para conversar.
- Aqui é a casa da minha mãe. Sra. Kaira, para onde você queria que eu fosse?
- Exato. Esqueci-me. Agora você não é Lúcia Castro, mas é Lúcia Baptista.
- Guilherme é o homem mais dotado e competente desse mundo, como um presente de Deus. Somente
aquelas que também estão no topo da pirâmide conseguem ser qualificadas a ficar ao lado dele. Kaira,
você sabe muito bem que você não o merece.__
O labirinto de amor
- Não o mereço?
- Eu estou ficando ao lado dele há dois anos. Por que não o mereço agora? É porque você se tornou de
uma órfã desamparada à filha da mulher mais rica, o que lhe prestou a qualificação de merecer o lugar
ao lado daquela única pessoa no topo de pirâmide, então, eu perdi essa qualificação e não o mereço?
- Kaira, ele não está afeiçoado a você. Faz sentido se expor a ficar ao lado dele?
- Claro que sim! - Eu sorri, - Pelo menos não importa para onde ele for e por quem ele esteja apaixonado
ao morrer, assim que eu seja a esposa dele, ele voltaria para mim, mais cedo ou mais tarde, e as minhas
crianças poderiam lhe chamar de papai em público.
- Kaira! - Ela estava com uma expressão desagradável. - Esse é o casamento que você quer? Posso lhe dar
qualquer um que você quiser. Só tenho um pedido: afaste-se de Guilherme, pode ser?
Ela disse essas palavras de forma humilde. Se fosse normal, eu pensaria que ela amava muito Guilherme,
mas neste momento, eu me sentia muito triste por ela. Ela não estava afeiçoada por Guilherme, mas
apenas se lamentava de não tê-lo conquistado.
Se houver um lamento no coração, ao longo do tempo, se tornaria uma obsessão que não tinha nada a
ver com o amor.
Eu não conseguia parar de rir. Olhei para ela, com os olhos semiabertos.
- Lúcia, estou curiosa. Você está realmente afeiçoada por Guilherme ou apenas se lamenta de não
conseguir conquistá-lo. O amor que você estava falando é apenas isso.
Lúcia era uma pessoa muito orgulhosa. Para não perder a sua imagem, ela tentou manter a calma e
disse, em uma voz baixa:
- Quem lhe conferiu a qualificação para duvidar do nosso amor? Obviamente, você é a terceira.
- Você já viu uma terceira tão justificável como eu? - Falando disso, eu fiz uma pausa - A propósito,
Guilherme não queria mais fazer sexo com você, não é? Queria saber o porquê?
- Porque eu lhe disse que detesto que ele faça sexo com as outras. Se ele fizer de novo, não me tocará.
- Tá dizendo bobagens!
Eu sorri friamente:
- Bobagens? Então, por que ele prefere que eu lhe ajudei a fazer sexo com a minha mão em vez de
procurar por você?
Olhando para a sua expressão inacreditável, me sentia muito melhor. Na verdade, era divertido de
brincar com as meninas que se fingiam inocentes.
De repente, Lúcia sorriu horrivelmente e se aproximou de mim com um rosto delicado, mas
inesperadamente ela me segurou e bateu na torre de vinhos com todo o seu corpo.
Num instante, a torre de vinhos que era esplêndida e chique foi derrubada com vidros quebrados por
todo o chão. Muitos convidados pertos dali foram atingidos.
Uns gritaram, uns recuaram e outros estavam surpresos com o que aconteceu.
Uma figura passou por mim rapidamente e pegou Lúcia de imediato no seu braço, sob torre do vinho.
E então, limpou todos os vidros no corpo de Lúcia e colocou-a no sofá. Vieram alguns médicos da família
para examinar Lúcia.
Lúcia abriu logo os seus olhos, olhou para Guilherme com pena e abriu a boca:
- Guilherme!
- Estou aqui! - disse Guilherme com as sobrancelhas um pouco franzidas. A sua preocupação e irritação
foram já transformadas em calma.
- Sinto dor! - disse Lúcia, segurando na ponta das roupas de Guilherme, com uma mão pequena, pálida e
macia.
Guilherme abraçou Lúcia e saiu, enquanto me olhou por um momento, com os olhos negros e
profundos, e então, foi embora com Lúcia nos seus braços.
- Esta Sra. Kaira tinha sempre problemas com Srta. Lúcia. Srta. Lúcia já encontrou a sua família.
Provavelmente foi ela quem empurrou Srta. Lúcia, por inveja.
- Não pode ser. Eu fiz alguns negócios com Sra. Kaira. Ela é uma pessoa vigorosa e decisiva. Ela sempre
fez as coisas de maneira respeitável e não valeria a pena fazer mal a ninguém nesta ocasião.
- Seria um problema entre um homem e as mulheres. Você não viu a expressão de Presidente
Guilherme, tão preocupado com Srta. Lúcia. O marido dela está tão nervoso com a outra mulher. Todo o
mundo está desconfortável com isso.
- Assim mesmo. Agora Srta. Lúcia voltou para a sua família e forçará Sra. Kaira a se divorciar no futuro.
- Coitada!
...
- Oi! - disse Pietro, que estava observando a diversão. Ele não poderia deixar de se aproximar. Olhou
para mim de maneira cruel e disse, com ironia:
- Kaira, você está obviamente com inveja, certo? Lúcia é bem melhor do que você em termos de beleza,
posição e família. Agora ela é digna de ficar ao lado de Guilherme, mas você...
Ele não disse as palavras seguintes, mas me deu um olhar depreciado, para deixar claro que eu não
merecia a esposa de Guilherme.
Eu levantei os meus olhos e olhei para ele, encolhendo os ombros, com um sorriso:
- Certo. É óbvio, mas em comparação com a sua dissimulação, eu devo ser mais aberta e honesta!
- Você…
Talvez ficando tão irritado com as minhas palavras, Pietro bufou de raiva e foi embora.
Nathan se sentou no balanço do pátio, de maneira despreocupada, olhando para mim, à distância,
parecendo estar sorrindo.
Olhando para ele: - Nunca pensei que você gostaria de assistir ao espetáculo! - fui embora, acabando
essa frase.
As pessoas estavam mudando. Há cinco anos, Nathan teria gostado de torturar as pessoas de maneiras
cruéis, mas agora, se ele me trouxesse aqui apenas para assistir ao espetáculo,
A meu ver, ele gosta de torturar as pessoas de modo a observar como as pessoas perdem gradualmente
as esperanças.
O subúrbio do sul ficava muito longe da cidade e era uma área cheia de ricos. Basicamente, eles
entravam e saíam em carros privados, então, não há táxis lá.
Além disso, se não fosse permitido, os táxis não poderiam entrar. Então, se eu quisesse pegar um táxi,
tinha de andar fora do campo de golfe.
Tirei os sapatos e caminhei ao longo da estrada de asfalto, ao lado do campo de golfe. Logo, um carro me
seguia, em baixa velocidade, parecendo me seguir de propósito.
Eu soube quem era, sem pensar. Em vez de parar, andei mais rápido.
Depois de muito tempo, percebendo que o carro ainda me seguia, eu parei e fui sentar na relva do
campo de golfe.
Aquela pessoa soltou um longo suspiro e falou com um pouco de uma tristeza inexplicável na sua voz.
- Kaira, você não acredita que pessoas más vão se tornar boas, não é?
Na minha memória, Nathan sempre era gentil até que ele causou a morte dos pais de Esther, forçou à
morte a avó e afundou a mim e a Esther na água. Tudo isso aconteceu há cinco anos, o que não estava
tão longe e a memória estava bastante clara.
Ele se deitou com a cabeça apoiada nas suas mãos e olhou para o céu escuro.
Se essas palavras fossem de um membro da família que não tinha contato por muito tempo, eu ficaria
comovida com certeza, mas vindo dele, não ficaria assim. Apenas me sentia fria e
cruel._______________
O labirinto de amor
Eu disse, olhando para o poste de luz cintilante. Alguma tristeza começou a se espalhar no meu coração.
- Eu não vou lhe deixar morrer. O futuro é muito longo. Não posso continuar sem você.
Eu não falei mais.
- Deixe Guilherme! Vamos viver juntos e felizes, como quando éramos pequenos, com tanta alegria.
Guilherme não é digno de você.
Eu sorri, com uma voz baixa. Que divertido! Outros pensavam que eu não era digna de Guilherme,
enquanto ele pensava que Guilherme não era digno de mim.
- Não podemos voltar. A vovó faleceu e a velha amoreira na frente da porta da nossa casa antiga foi
cortada. Nathan, não venha para mim. Não estrague mais a minha vida. Tá bom?
Eu sabia que essas palavras não funcionariam para ele, mas ainda assim as disse.
Ele olhou para o céu noturno profundo. Os seus olhos se tornaram escuros e molhados. Depois de muito
tempo, ele disse:
Isso!
A conversa ficou aborrecida. Eu estava cansada, então, me levantei e olhei para ele:
Nesse momento, eu entendi que se ele quisesse me prejudicar, não gastaria tanto tempo e esforço para
me levar ali. Ele só gostaria de observar o meu olhar com medo, o que estimularia os seus desejos, como
um monstro. Ele parecia um caçador. Se não tivesse presas a diverti-lo, ele apenas se sentia aborrecido.
Oi!
- Abra a porta!
Ele ergueu as sobrancelhas, aparecendo o seu espírito maligno, gravado no seu coração. Ele se encostou
na cadeira do carro, olhando para mim, estando numa posição predominante:
- A seu ver, se Guilherme ver que você ficou muito tempo no meu carro, o que é que ele vai pensar?
- Claro. Nessa hora, ele deveria ficar na ala de Lúcia, para prestar o seu amor à sua querida mulher e
cuidar dela. Não tem tempo para você!
Era desnecessário tentar. Ainda não havia chegado a hora. Se fosse necessário, não seria uma coisa
miserável morrer com um demônio.
Nesse momento, ficou mais iluminado o pátio. Era a luz do carro. Olhando para lá, era o jipe de
Guilherme.
O carro de Nathan era fácil de ver. Ele o viu assim que entrou no pátio, mas ele não saiu do carro, apenas
acendendo um cigarro no carro e olhando para Nathan e para mim, com um olhar sombrio.
Nathan era uma pessoa sem vergonha. Ele fingia ser um homem decente em geral, mas gostava mesmo
de provocar disputas. Percebendo que Guilherme não saiu do carro, ele se inclinou para mim com uma
risada:
- A seu ver, se Guilherme ver que nos beijamos, como é que ele vai reagir?
Ele se inclinou um pouco e conseguiu me beijar no canto dos meus lábios. E depois, ele curvou os seus
lábios e olhou para Guilherme, com um sorriso e uma expressão bastante louca.
- Nathan, tá louco?
Ele ergueu as sobrancelhas e me ignorou, apenas olhando para Guilherme, que saiu do seu carro e
voltou diretamente para a mansão. Ele olhou para mim, com uma risada:
- Kaira, ele não está apaixonado por você, então, ele mesmo não se importa que outro beijou você.
De repente, veio um grande barulho, seguido pelo som da janela do carro de Nathan sendo quebrada.
Olhei por cima e fiquei chocada. Guilherme ficou ao lado do carro, com um olhar cruel. Claramente,
nenhum deles era boa pessoa.
Olhando de longe, eram todos cavalheiros bem-vestidos, enquanto olhando mais de perto, todos tinham
uma alma suja e terrível.
Guilherme carregava na mão um grande martelo deixado pelo jardineiro, que reparou o morro artificial
há alguns dias. Com uma martelada, o ótimo vidro da janela do carro seria quebrado.
Nathan entrefechou os olhos e olhou para o vidro ao lado dele, com calma. E então, abriu a porta do
carro, enquanto olhava para Guilherme.
Ao abrir a porta, saí do carro, sem palavras. Apenas olhei para esses dois homens que se confrontaram.
Nathan estreitou os olhos. Embora estivesse sentado, não diminuiria o seu ânimo.
- Compare?
Os homens resolviam os problemas com os punhos, o que começou pelos ancestrais, lutando com
punhos e pés. Ficariam confortáveis no coração, depois da luta.
Os olhos escuros de Guilherme ficaram mais profundos e ele disse, com os seus lábios finos.
- Claro!
O barulho foi tão grande. Joana, que morava no pátio externo, foi despertada. Ela ligou todas as luzes do
pátio e saiu correndo.
Vendo que Guilherme e eu estávamos lá com um estranho, ela ficou chocada por um instante e disse,
com preocupação:
Guilherme tirou o seu terno preto feito sob medida, com os seus olhos negros e frios:
- Não é necessário. Pegue uma cadeira da mansão para Kaira. Deixe-a sentar e observar bem!
- Não vou ver isso. Não é bom para o bebê. Tenha cuidado. Não se prejudique. Espero você na casa.
Talvez as minhas palavras soaram bem. O rosto de Guilherme melhorou um pouco e os cantos da sua
boca se ergueram. Ele olhou para mim e disse:
- Merda!
Nathan não era uma boa pessoa. Nesse momento, não sabia por que ele ficou tão furioso, que bateu o
seu punho contra Guilherme.
Voltando para a sala de estar, ao me ver, Joana me perguntou, com uma expressão nervosa:
- Tudo corre bem! - Eu balancei a minha cabeça. Não comi nada no banquete, então, nessa hora, eu
fiquei com fome. Olhei para Joana e disse:
- Foi o Sr. Guilherme que me ligou, dizendo que você não comeu nada no banquete, e ficaria com fome
quando voltasse!
Fiquei espantada e não soube como era o sentimento no meu coração nesse momento.
Vieram os barulhos de luta lá fora. Joana me serviu uma tigela de mingau e ficou preocupada:
- Não é preciso!
Depois de cerca de meia hora, ficou tranquilo lá fora, seguindo-se um som de carro e Guilherme entrou,
em alguns minutos.
Acabei a minha comida. Me sentia satisfeita. Percebendo que a minha barriga ficou maior, pensei que
seria melhor ir ao hospital de manhã, porque era a hora do exame pré-natal._______
O labirinto de amor
- Nossa, por que está magoado assim? - Joana estava prestando atenção no que acontecia do lado de
fora enquanto limpava a cozinha. Ela correu para ver Guilherme assim que ele voltou.
Me sentei no sofá e olhei para Guilherme, vi seu lindo rosto machucado, ainda com um pouco de sangue
no canto da boca. Mesmo assim, ele ainda mantinha sua postura e sua energia.
Joana procurava um kit de primeiros socorros para ele. Parei de olhar para ele e, então, olhei para Joana,
de relance, e disse:
Joana imaginou que não era uma boa hora para outros comentários.
Às vezes, se eu tomasse iniciativa de perguntar sobre algo, iria me tornar mais humilhada. Eu tinha algo a
esconder, e ele também tem muitos segredos que nunca foram revelados a mim.
Guilherme fumava na varanda quando saí do banheiro. Com seu corpo alto, magro, frio e solitário.
Vislumbrei sua silhueta, desviei o olhar e me sentei à penteadeira para minha rotina de skin care.
Eu não sabia quantos cigarros ele fumou na varanda mas, ao sair, me olhou com indiferença e foi direto
para o banheiro.
A noite de verão na Cidade de Rio era quieta até demais, mas os insetos, peixes, pássaros e os animais no
quintal se divertiam juntos, enquanto o luar iluminava o quarto através da janela.
Me senti desconfortável, tentei me arrumar na cama, mas fui segurada por duas mãos grandes.
Ele ficou tenso, com a raiva visível em seu olhar, mesmo no escuro:
- Não mesmo!
De fato, pensei comigo mesma, há um péssimo homem por baixo de suas boas roupas.
- Não quer fazer nada mesmo? - Ele reclamou ao perceber minha indiferença:
Deixei que ele fizesse o que bem quisesse e não disse nada.
Ele parou depois de um bom tempo e acendeu a luz sob a mesa de cabeceira, se preparou para me
carregar para o banheiro como de costume.
Mas, quando me viu, seu olhar ficou distante e sua mão, que segurava na minha barriga, me apertou
mais forte.
Apesar de não dizer nada, eu estava tonta e sentia dores fortes na barriga, o que, junto de todo aquele
sangue, me dizia que o bebê poderia ter morrido.
Dói como se algo estivesse preso dentro de mim e eu não pudesse respirar.
Bam! Guilherme, ao sair da cama, tropeçou e bateu no sofá.
Ele demorou muito para que, com seus dedos trêmulos, conseguisse desbloquear o celular e fazer a
ligação.
Ao se aproximar da cama, tentou limpar o sangue com a toalha, mas não era o suficiente. O sangue
continuava jorrando.
Eu vi que ele estava em pânico, impotente, mas não senti pena. Era como se ele merecesse isso.
Ele não olhou para mim. Quando percebeu que não conseguiria parar o sangramento, ele pegou roupas
limpas no armário para mim e me pegou da cama. Consegui perceber que suas mãos tremiam
violentamente.
De certo, um grupo de pessoas entrou na casa com uma maca alguns instantes depois. Guilherme me
olhou preocupado enquanto me colocava na maca.
Fechei os olhos pois não queria olhar para ele novamente.
O abismo entre Guilherme e eu aumentava cada vez mais, não tinha como consertar isso. Não importava
se seria possível salvar a criança ou não.
- Feche os olhos e descanse se você estiver com sono, vamos fazer o nosso melhor para manter o bebê,
não se preocupe! - Disse o médico, na frente da mesa de cirurgia.
Eu ainda estava acordada cerca de duas horas depois e Guilherme estava esperando do lado de fora
quando me retiraram da sala de cirurgia.
O médico o tranquilizou:
- Conseguimos, mãe e filho estão bem. Sr. Guilherme, ainda é necessário atenção. A Sra. Aguiar teve
síndrome do ovário policístico, então as chances são muito baixas. Seria melhor ter cuidado.
Me levaram para a enfermaria. Eu estava um pouco cansada e não demorei muito para cair no sono.
No dia seguinte.
- É o Sr. Guilherme e a Srta. Lúcia. Ela quis vir para vê-la e o Sr. Guilherme não deixou, então ela está
chorando lá fora!
Chorando?
Eu não disse nada. Eu não acreditava que ela estivesse triste por mim.
Não demorou muito para Guilherme e Lúcia entrarem. Lúcia tinha uma gaze enrolada em sua testa,
talvez por ter se machucado na última noite.
Ela entrou com Guilherme na ala, me olhou e disse, com certa hipocrisia:
- Kaira, você está bem?
Eu sorri:
- Kaira, por que você me provoca assim? - Guilherme não parecia estar bem, estava um pouco triste.
- Como eu ouso por quase ser morta pelo majestoso Presidente Guilherme, que medo.
Guilherme parecia sentir que o clima não estava bom e não quis falar mais nada, puxou Lúcia para fora
do hospital._______
O labirinto de amor
Eu estava um pouco para baixo, deitada na minha cama de hospital, um pouco frustrada. Quando se
chega a um certo ponto, perde-se toda a esperança na vida.
Várias coisas aconteceram nos próximos dias, manchetes postadas por Enzo, Lúcia sendo reconhecida
por seus antepassados, o empreendimento de Nathan na Cidade de Rio. Muitas coisas aconteceram, mas
não prestei atenção em nenhuma delas.
Depois de uma semana deitada e tranquila no hospital, o bebê já tinha três meses e minha barriga
parecia mostrar alguns sinais de gravidez.
A minha barriga estava começando a ficar mais arredondada, às vezes eu ficava tocando a barriga e
olhando para o teto.
Guilherme veio para o hospital todos os dias para conversar comigo, mas acabávamos discutindo.
Depois que isso aconteceu algumas vezes, ele parou de vir para o hospital. Ele era rico e os enfermeiros e
cuidadores tomavam conta de mim.
Quando ele não vinha, eu não perguntava o porquê. Joana fez uma sopa diferente a cada dia.
Eu não sei se há algo de errado com meu coração, mas quando eu estou sozinha, não quero este bebê.
Caso eu não tivesse a criança, poderia deixar Guilherme e viver a vida que eu quisesse.
Quanto mais eu penso sobre isso, mais eu tinha o desejo de abortar o bebê.
Durante o fim de semana, os lupinos floresceram no centro da Cidade de Rio, forrando as ruas de azul,
trazendo vida à cidade sem graça.
Hoje, eu saí do hospital. Guilherme dirigia muito devagar, como se quisesse companhia para desfrutar da
paisagem ao longo do caminho.
Meu olhar ficava cada vez mais distante ao olhar para a paisagem passando pela janela.
- Guilherme, eu fiquei perdida por muito tempo! - Era como se eu não fosse eu mesma desde que
conheci Guilherme.
Egoísta, paranóica e fria. Como é que eu fiquei assim?
- Sua barriga está grande, deixe o caso da Galáxia para lá e vamos aproveitar o tempo para dar uma
volta!
Eu sei que ele quer me levar para me relaxar, mas não quero ir para lugar algum agora.
- A auditoria do Grupo Nexia deve acabar em breve. Ainda vai demorar para que eu tenha a criança, é
melhor terminar o caso da Galáxia!
- Tudo bem, se você tiver quaisquer problemas, você pode me pedir ajuda.
Eu não respondi. Olhava para os casais abraçados pela estrada, me lembrava dos últimos vinte anos,
parecia nunca ter tido um bom relacionamento com alguém.
Eu ainda não tinha experimentado a doçura do amor, nem aprendi a amar alguém ou como desfrutar do
amor de uma pessoa.
Ri de mim mesma ao pensar nisso, será que esta vida estava destinada a ser somente amarga?
- Do que você está rindo? - Guilherme perguntou, de repente, ao perceber o que eu fazia.
- Você está melhor? Fiz um mingau para você, se estiver com fome.
- Joana, você acabou de levar canja de galinha esta manhã, eu ainda não estou com fome.
- Ótimo, então coma quando você estiver com fome mais tarde. O Sr. Guilherme montou um balanço no
pátio, além de colocar um monte de flores, quer dar uma olhada?
- Joana, eu estou bem, agora preciso voltar para o quarto para descansar, não faça mais nada e
descanse.
Já no quarto, eu retirei todas as roupas do armário, jogando-as na cama, dobrei e as coloquei na mala.
Quando Guilherme subiu com as minhas coisas e me viu, perguntou com frieza:
Eu estava de coração partido, antes eu teria perguntado o que ele queria dizer com isso. Eu não fiz nada,
então por que fui eu quem acabou machucada?
- Guilherme, eu não quero nada! Só não quero mesmo que isso aconteça novamente!
- Guilherme, não podemos deixar que esses erros continuem acontecendo, nós sabemos que discutir não
vai resolver o problema. Eu sei que não me ama, então vou começar a seguir em frente.
- Não fique pensando demais nisso, vou dar à luz a essa criança em paz e cuidar dele, não vou atrapalhar
o seu caso com Lúcia.
- Quantas vezes vai querer que eu diga que não há nada entre eu e Lúcia? Já que está com tanta pressa
de ir, já pensou como vai se garantir?
Eu não soube o que responder, ele não me deixou pegar minhas roupas, então saí do quarto sem levar
nada.
Ele veio me cercando por trás e bateu a porta do quarto, parecia muito irritado quando disse:
- Não vou impedir você de viver lá, mas só depois que tiver o bebê. Antes disso, vai ter que viver aqui.
- Guilherme, acha que se importa com a vida do bebê, ou com sua própria reputação? Se você se
importa com o bebê, por que quase me fez perdê-lo duas vezes? Você é muito ridículo!
- Porque você me mantém aqui? Você quer que viva nesta casa todos os dias e que eu encare quase
morrer por suas mãos todos os dias?
Talvez minhas palavras tenham atingido ele, veio em minha direção e disse, amargurado:
Eu ri:
- E não é?
Eu não respondi, o meu amor não importava mais. Olhei para ele, agora um pouco mais calma:
- Meu amor, eu vou me recuperar aos poucos e não vou te atrapalhar, não se preocupe.
O labirinto de amor
- Kaira, você não pode ir embora! O Sr. Guilherme se irrita às vezes, mas ele é uma boa pessoa. Vocês
são jovens, não podem decidir nada sem pensar direito, vão acabar se arrependendo.
- Joana, não quero ir para longe, só não quero mais viver aqui.
Ela sacudia a cabeça e me puxava, estava sendo teimosa, chorou muito quando percebeu que não
conseguiria me convencer.
Passei metade do dia tentando dormir, acabei ficando por aqui mesmo, mas não na suíte master. Fui
para o quarto com vista para o jardim, no andar de cima.
Tinha gravidez de três meses e minha barriga estava começando a ficar mais aparente. Eu não poderia
sair correndo por aí com essa barriga, então eu só caminhava da mansão para o escritório todos os dias.
Pelo menos não tinha nada demais acontecendo na Galáxia, só o que eu tinha que fazer era ir para o
escritório todos os dias, ler os relatórios de mercado e verificar os dados.
Fiquei sabendo que Guilherme havia saído numa viagem de negócios, mas não liguei para isso. Isso não
importava para mim pois vivíamos juntos nessa casa, sem estarmos juntos.
Na noite de sexta, Esther me ligou e me chamou para ir às compras com ela. O bebê estava quase
chegando, então precisaria de algumas coisas para ele.
Eu aceitei. Liz agarrou uma pilha de papéis e os colocou sobre a minha mesa, dizendo:
- Diretora, a auditoria do Grupo Nexia já está quase pronta, vai terminar em alguns dias. Aqui estão os
resultados da Auditoriatal, dê uma olhada. Vou pegar os resultados da AC amanhã.
Agradeci ao olhar aquela pilha de documentos. Pensando nisso, lembrei que havia pedido algo para ela,
disse:
- Vou olhar as informações de marketing da Galáxia, parece que a aceitação do produto foi boa, há
alguma novidade da Honra?
Ela respondeu:
- A Honra lançou um produto ao mesmo tempo que a Galáxia, é uma IA para educação que está sendo
oferecida em escolas, já que tem alunos como o público alvo. O produto é ótimo, mas o preço ainda é
alto, então não foi aceito por muitas pessoas.
Eu acenei:
- Bem, fique de olho nisso e, se for necessário, marque uma reunião com o presidente da Honra.
A Honra sempre focou em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, ainda não tinha muita experiência
com marketing e gestão. Se o Grupo Nexia pudesse comprar a Honra como uma unidade de tecnologia,
isso seria um avanço para os desenvolvimentos tecnológicos futuros do Grupo Nexia.
Liz respondeu:
- Bem, eu vi, esses dias, que o gerente de marketing da Honra parecia bem próximo de uma empresa de
tecnologia na Cidade A.
Ela riu e disse, meio sem jeito: - Sim, quase pronta para casar! - Mesmo sem querer, ela tocou a aliança
em seu dedo enquanto falava.
Eu sorri:
- Ele é alguém em nossa empresa? Não vai me convidar para conhecer ele em um jantar?
- Estou meio sem tempo agora, temos muito para fazer, então é melhor esperar isso passar. Directora, se
não se importa, gostaríamos de pedir que fosse nossa testemunha!
- Então já estão quase se casando? - Eu estava um pouco surpresa. Pelo o que tinha percebido, parecia
que ela estava namorando há um ou dois meses.
- Nós éramos colegas de classe, já nos conhecíamos há algum tempo, mas não queríamos um
relacionamento. Agora, nossas famílias estão esperando que saia esse casamento.
Eu sorri, e o assunto acabou. Então, Vinícius ligou e Liz deixou os papéis antes de sair.
Incomodada, respondi:
- Não!
Não houve nenhuma briga entre Guilherme e eu, nem mesmo uma discussão. Nunca houve afecto entre
nós, então não há por que brigar.
- Que bom, deixei um medicamento em uma caixa no meu escritório, para prevenir o aborto. Pegue na
próxima vez que vier.
- Ok, obrigada!
- Não há de quê!
Me despedi e desliguei o telefone. Quando olhei as horas, já era hora de sair do trabalho.
Esther e eu tínhamos um compromisso no shopping. Então, depois de limpar a mesa, fui direto para o
estacionamento. Eu quase nunca estacionava no subsolo depois do que aconteceu da última vez.
Naquela hora, todos os carros estavam no subsolo, protegidos do vento e do sol, mas estava sempre
escuro. No estacionamento lá fora, o carro ficava exposto ao ambiente, mas era mais seguro.
Após entrar no carro, ia em direção à saída do estacionamento quando me deparei com uma pessoa
familiar. Ao lado do automóvel desportivo vermelho do Pietro, estava um homem de meia idade, um
pouco gordo, sentado em um Cayenne preto. Era como se eu conhecesse ele.
Me lembro bem do homem nessa idade que me sequestrou daquela vez. Não lembro do rosto, mas
lembro bem do corpo. Decidi parar o carro perto desse homem dentro do Cayenne para observá-lo
melhor.
Não tinha como eu perceber claramente as feições daquele homem naquele dia, eram vários homens
gordinhos e de idade parecida. Imagino que seja difícil encontrá-lo entre tantas pessoas.
Hesitei por um momento, mas dirigi até o shopping onde combinei de me encontrar com Esther.
Quando cheguei, Esther já me esperava há algum tempo. Ela ficou irritada quando me viu:
Esse shopping enorme ficava no centro da Cidade de Rio. Havia tempo que Esther não saía assim, então
ela estava bem animada. Bem como ela disse, não havia tomado café da manhã só para guardar espaço
para o rodízio de frutos do mar.
Rindo baixinho, minha mente vagava de volta aos tempos da faculdade, quando eu não tinha muito
dinheiro e precisava poupar por muito tempo para comer algo assim.
Pensando sobre isso com cuidado, aqueles dias foram os dias mais felizes, sem dinheiro, mas sem
ninguém no meu coração, sendo livre.
Após o jantar, Esther me levou para uma loja de artigos infantis e, depois de uma rápida olhada, ela
pegou algumas coisas para o enxoval.
O labirinto de amor
- Não tem problema, ele pode usar essas coisas até uns três anos e, se não gostar, a gente volta e
compra outros.
Quando me dei conta, ela havia comprado coisas de um carrinho cheio. Eu logo ficaria gorda na gravidez,
toda inchada. Ela comprou até mesmo alguns produtos de skin care, dentre outras coisas.
Eu não entendi o porquê dela dizer isso tão súbitamente. Eu não sabia como responder, toquei no
ombro dela e disse:
- Como consegue ser tão dramática? Vou largar o Guilherme mais cedo ou mais tarde, Esther. Mas quero
que isso fique bem claro.
- Está tudo bem, vou te esperar. Eu encontrei um bom lugar para morar na Cidade de Nuvem, o preço
não é muito alto. Eu calculei o nosso dinheiro. Podemos comprar uma pequena casa, moraremos nós
duas e o bebê.
Parece que essa menina mudou bastante. Não sei quando essa mudança aconteceu, mas ela sempre
pareceu esconder uma tristeza.
- Bem, não é tão ruim assim, ainda temos um longo caminho pela frente!
Estava ficando tarde, então voltamos para o Apartamento Prudente. Deixamos todo o enxoval lá por
conveniência.
Eu estava planejando ficar no Apartamento Prudente, mas, pouco depois de chegarmos, o telefone
tocou.
- Kaira, seu celular! - Esther ouviu o telefone tocar, enquanto montava o berço, e me chamou.
Eu estava lavando umas frutas que compramos no caminho, sequei as mãos e peguei o celular. Vi que
era Guilherme.
- Olá, Presidente Guilherme! - Imaginei que deveria ser educada com ele, já que me chamou dessa
forma. Pelo visto, devia ser algum assunto do trabalho, algo oficial.
Parecia que um vento soprava o telefone dele, ele demorou um pouco, mas disse:
- Ótimo! - Pensei que ele estava ligando para algo importante, não esperava que ele fosse ligar e desligar
dessa forma.
Assim que ele desligou, fui admirar o berço. Quanto mais eu olhava, mais bonito ele ficava.
- Está tudo pronto, só falta o bebê. - Esther adorava mexer com essas coisas. Depois que tudo estava
pronto, ela me olhou, toda orgulhosa, e disse:
- Incrível, de verdade.
A campainha tocou no andar de baixo. Imaginei que fosse uma comida que Esther havia pedido, então
fui até o banheiro perguntar para ela:
Antes que eu pudesse continuar, havia um homem de pé em frente à porta. Eu gelei, o que Guilherme
estava fazendo aqui?
- Não vai me deixar entrar e me sentar? - Ele disse com a cara mais deslavada e fria que tinha.
Eu recusei: - Não seria conveniente. - Esther geralmente gosta de sair do banho enrolada em uma toalha.
De verdade, não seria conveniente.
- Alguém da vizinhança!
- Da vizinhança? - Guilherme ficou desconfiado, eu não sabia dizer o que ele pensava.
Dei um sorriso, disse de forma desinteressada: - O que está fazendo aqui? - Já eram quase dez horas, não
deveria ir para casa?
Ele era tão alto que bloqueava a luz do corredor. Aquele corpo em frente à porta parecia ter sido tirado
de dentro da escuridão.
- Vim te buscar! - Disse ele, enquanto tirava as mãos do bolso, segurando a chave do carro.
Ao ouvir algum ruído de dentro do banheiro, tentei empurrar Guilherme dali e gritei para trás:
Fechei a porta do quarto e, em seguida, arrastei Guilherme pelas escadas pois eu sabia que não era hora
de discutir.
- Eu pretendo ficar aqui por um tempo. Não se preocupe com a criança, vou tomar conta dele, ou dela.
- Guilherme, eu...
- Tudo bem, se preferir ficar aqui, eu e Joana vamos vir para morar com você aqui. Ele parecia estar
falando sério quando disse isso.
A escadaria era tão espaçosa que, mesmo falando baixo, era possível ouvir ecos da conversa.
Ele concordou:
Que merda!
- Vamos lá.
Mandei uma mensagem para Esther assim que fui para o andar de baixo. Como não estava com as
chaves do carro, fui no carro do Guilherme.
A preocupação de Guilherme melhorou um pouco quando ele me viu no banco do passageiro. Ele
colocou meu cinto de segurança e foi para o banco do motorista.
Na Villa Fidalga.
Joana, que esperava na porta, deixou a ansiedade de lado quando me viu chegando com Guilherme,
exclamou:
- Você já jantou?
Joana concordou:
- Comi um pouco, mas o Sr. Guilherme foi atrás de você assim que ele chegou à noite, então ele ainda
não comeu nada.
Guilherme estacionou seu carro e entrou. Pendurou o paletó no cabide. Agora, nessa claridade, foi
possível perceber as olheiras ao redor de seus olhos, ele parecia estar bem cansado.
Há muito o que fazer no Grupo Nexia, ou ele está ou em uma viagem de negócios ou em uma reunião.
Ele costuma acordar às 6 da manhã e já começa a trabalhar.
- Joana, desculpe por te incomodar, mas vou pedir que esquente o jantar, já deve estar frio. - Após dizer
isso, eu fui até o Guilherme e disse:
- É melhor comer algo primeiro, não faz bem ficar tanto tempo sem comer nada.
Percebi que estava tenso quando levou suas mãos à testa e me olhou, com aquele olhar cansado:
- Ótimo.
Joana já havia começado a esquentar a comida, então não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Fui
para o meu quarto para tomar um banho. Assim que saí do banho, vi Guilherme.
- Eu não vou fazer nada! - Ele disse, enquanto tirava a camisa e levava o roupão para o banheiro.
O labirinto de amor
No armário, eu originalmente só tinha minhas roupas usuais, e em algum ponto, as de Guilherme foram
movidas.
Meia hora depois Guilherme terminou seu banho e saiu com o vapor frio, enxugou a si mesmo de forma
apressada com uma toalha de banho e levantou as cobertas para se deitar.
Eu não gostei da sensação molhada e me movi para o lado, enrolada no cobertor, e fui puxada por
Guilherme para dentro dos braços dele com o cobertor:
- Não me evite sempre, a vida é longa, devemos ser tão frios assim um com o outro?
- Não estou evitando você, você está molhado! - falei, um pouco sonolenta.
Guilherme se afastou de mim e pegou a toalha que ele tinha acabado de colocar de lado de forma casual
e me entregou:
- Você seque.
- Já está seco! - Eu rolei, puxando os cobertores para me preparar para dormir.
Ele se deitou mais uma vez, os braços dele ao redor da minha cintura:
- Guilherme, você se sente culpado por mim, não é? - é por isso que você queria estar perto de mim e
me compensar!
Havia certo silêncio disperso pelo ar, meus olhos fechados, meu coração desconfortável de forma
indescritível. As pessoas podem continuar umas com as outras só por culpa?
- Não mais! - a voz baixa dele chegou aos meus ouvidos enquanto ele depositava um beijo no meu
ombro:
Pouco a pouco o tempo passou, sendo amparada nos braços dele, mas não consegui cair no sono. A
respiração dele nos meus ouvidos, ouvindo o ritmo, parecia que ele estava dormindo.
Eu rolei e levantei minha mão para remover a mão dele do meu abdômen, não esperava que ela fosse
ser pressionada de volta, eu franzi a testa:
Eu...
Eu não pude evitar abrir meus olhos e olhar para o homem próximo quando ele pressionou minha mão e
disse em uma voz muito baixa:
- Acostume-se e você irá cair no sono. - ele falou, seus olhos escuros se abrindo com certa fadiga. -
Comporte-se bem, você vai estar dormindo em um minuto.
Fechando um pouco meus olhos, não levou muito tempo até que eu não conseguisse vencer a
sonolência.
Eu dormi um pouco cansada essa noite e fui acordada cedo por Guilherme, abrindo meus olhos em
confusão para vê-lo respirando um pouco pesado.
Como em uma reflexão tardia, eu percebi que ele estava segurando minha mão e...
- Guilherme, você...
Depois de um longo tempo, ele me pegou e foi para o banheiro, me colocou na pia, me abraçou por trás,
tomou minha mão enquanto a lavava e disse em uma voz um tanto baixa e sombria:
Eu concordo com a cabeça, são apenas seis da manhã e eu normalmente não estaria acordada a esse
ponto. Depois de lavar, Guilherme me coloca de volta na cama.
Não demorou muito antes do som de um carro sendo ligado no andar de baixo.
Eu não havia dormido o suficiente, e não muito tempo depois que Guilherme saiu, eu caí no sono de
novo.
Eram nove horas quando acordei novamente, e assim que abri meus olhos, veio a chamada de
Guilherme.
- Olá!
- Sim!
- Caio está esperando por você no andar de baixo. - ele falou e houve um leve som de batida na porta ao
final, então ele deveria estar ocupado com algo e, é óbvio, um momento depois ele disse. - Esperarei
você!
Eu me deitava e relaxava por um tempo, tomei banho e desci as escadas para ver Joana fazendo chá e
Caio se sentando na sala vestindo um terno e um rosto frio.
- Kaira, o Sr. Guilherme pediu ao Sr. Caio pegar você para o café da manhã.
Uma olhada rápida para Caio, Joana não estava preparada, suponho que Guilherme tenha explicado com
antecedência.
Cheguei à empresa.
Caio me levou direto para o escritório de Guilherme, me serviu um copo de água e saiu, Guilherme ainda
estava em uma vídeo conferência.
Quando ele me viu entrar, ele se levantou e andou até mim, pegou um prato de fruta ácida de algum
lugar e o colocou na minha frente, me beijou na testa e voltou para a chamada.
Eu não estava acordada por muito tempo e tinha pouco apetite, então eu me sentei no sofá e assisti meu
celular por um tempo, não demorou muito até que Guilherme terminasse sua chamada.
- Com fome?
Eu balancei minha cabeça e afastei o celular quando ele chamou Caio, então tomou minha mão e
esfregou as pontas dos meus dedos, os cantos de sua boca se elevando:
Demorei um pouco para refletir e de repente percebi o que ele queria dizer, meu rosto queimou um
pouco e eu puxei minha mão de volta:
- Comer o quê?
- Você verá em um minuto! - ele se estendeu, me circulando com seus braços e pressionando minha
cabeça contra o peito dele.
Eu não estava muito confortável com isso e tentei me afastar quando ele circulou minha cintura:
Caio entrou carregando uma bolsa com um número de caixas pequenas nela. Colocando a bolsa na
mesa, ele saiu.
Guilherme recebeu uma chamada, eu sabia que ele estava ocupado e retirei todas as caixas, uma de
pastéis e outra de mingau da Vignoli Norte.
Eu comi de forma breve, e vendo que Guilherme estava bastante ocupado, eu o deixei em paz e me
preparei para voltar ao meu escritório para trabalhar.
Era normal esbarrar em Lúcia e eu não fiquei surpresa quando ela carregava uma caixa de comida,
parecendo que ela estava levando comida para Guilherme.
Vendo-me sair do escritório de Guilherme, ela atirou o braço para bloquear meu caminho:
- Srta. Lúcia veste roupas de marca e um relógio de marca e por isso pensa ser a mais ilustre nesse
mundo?
É verdade que quando ela se tornou uma Missy, a aura dela estava diferente.
- Sim, eu sou mais nobre que você e somente eu posso me igualar a Guilherme. - ela disse com uma
expressão arrogante em seu rosto.
Eu não estava no humor para bater de frente com ela e falei de forma leve:
Quando terminei, eu cambaleei para longe dela e me preparei para voltar para o meu escritório.
Para minha infelicidade, quando saí de casa essa manhã, eu calcei saltos de três centímetros, mas com
duas plantas em vaso em frente ao escritório de Guilherme, eu esqueci de olhar para o chão para que
pudesse me distanciar de Lúcia.
Então, tropeçando, andando com pressa, eu não tive tempo de parar e me lancei para frente.
Por instinto, eu procuro algo que possa puxar ao meu redor, Lúcia estava perto de mim então eu a
agarrei, mas ela estava em saltos de sete centímetros e caiu comigo quando a peguei.________