Você está na página 1de 8

40 J Bras Nefrol 2002;24(1):40-7

Revisão: Papel do infiltrado inflamatório na fibrose túbulo-intersticial


e evolução das glomerulopatias
Role of inflammatory infiltrate in tubulointerstitial fibrosis and on the
outcome of glomerulopathies
Márcia C Riyuzoa e Vitor Soaresb*
a
Disciplina de Nefrologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp).
b
Disciplina de Nefrologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp).
Botucatu, SP
SP,, Brasil.

Infiltrado inflamatório tú- Resumo


bulo-intersticial. Linfóci- As alterações túbulo-intersticiais têm sido consideradas as responsáveis pela
tos T. Síndrome nefrótica.
progressão das doenças renais. As principais lesões encontradas, entre as lesões
Progressão de lesão renal.
Tubulointerstitial inflam- túbulo-intersticiais, são a presença do infiltrado túbulo-intersticial de células
matory infiltrate. T lym- mononucleares e a fibrose túbulo-intersticial do parênquima renal. O infiltrado
phocytes. Nephrotic syn-
inflamatório túbulo-intersticial de célula mononuclear é evento precoce e está
drome. Progression of re-
nal lesion. associado à queda de filtração glomerular. Os linfócitos e os monócitos predominam
no infiltrado intersticial. Linfócitos T CD4+ associam-se à diminuição da função renal.
Os autores descrevem os fatores (proteinúria, secreção de fatores quimiotáticos e
de fatores de crescimento celular) que determinam o aparecimento do infiltrado
túbulo-intersticial de célula mononuclear, principalmente de linfócitos T, e os
mecanismos pelos quais o infiltrado inflamatório contribui para a progressão da lesão
renal e terapêuticas relacionadas à inibição de proliferação de células T.

Abstract
Tubulointerstitial alterations have been considered responsible for the progression of
chronic renal disease. Among the major tubulointerstitial lesions are presence of
tubulointerstitial mononuclear cell infiltrate and tubulointerstitial fibrosis of the renal
parenchyma. Tubulointerstitial mononuclear cell infiltrate is an early event and is associate
to decreased glomerular filtration rate. The lymphocytes and monocytes predominate in
the interstitial infiltrate. T lymphocyte CD4+ is associated with decreased renal function.
The etiological factors of tubulointerstitial mononuclear cell infiltrate (proteinuria,
secretion of chemotaxis factors and cell growth factor), mainly lymphocytes, and relevant
mechanisms for inducing chronic renal disease and the therapeutic related to inhibition
of T cell proliferation are described.

*In memoriam

7-1367tubulo.p65 40 26/04/02, 11:19


Infiltrado inflamatório na fibrose túbulo-intersticial – J Bras Nefrol 2002;24(1):40-7 41
Riyuzo MC & Soares V

I n t r o d u ç ã o Além do infiltrado túbulo-intersticial, a expressão


de lesões fibróticas nas doenças crônicas intersticiais
Os túbulos urinários, junto com o interstício corti- usualmente associa-se ao declínio da função renal.8
cal renal circunvizinho, representam a porção princi- Tem-se relatado que os processos no interstício corti-
pal do parênquima renal, aproximadamente 95%.1 A cal renal que ocasionam o aumento da produção do
importância do túbulo-interstício tem sido reconheci- colágeno I e/ou III, com conseqüente fibrose túbulo-
da nas últimas duas décadas, principalmente relacio- intersticial, resultam em retenção glomerular de subs-
nada aos eventos que determinam a evolução crônica tâncias usualmente eliminadas com a urina.6,22,23
das glomerulopatias.2-4 Dessa maneira, os achados de interstício cicatriza-
As alterações do compartimento túbulo-intersticial, do têm sido investigados detalhadamente em modelos
associadas ao comprometimento da função renal, foram animais de doença renal proteinúrica e também em
consideradas pouco importantes até o final dos anos 60. biópsias renais humanas. Eventos precoces incluem o
No período entre 1968 a 1979, estudos relataram a exis- influxo ao interstício de células inflamatórias, compre-
tência de melhor correlação entre a diminuição da filtra- endendo macrófagos e linfócitos T. Isto é seguido por
ção glomerular e a extensão das lesões túbulo-intersti- deposição de proteínas da matriz extracelular, para
ciais do que ao grau de lesão glomerular, sugerindo que formar tecido cicatricial. O resultado final dessas alte-
os eventos principais que determinam a evolução crôni- rações é a esclerose do interstício e a atrofia tubular.3
ca das glomerulopatias provavelmente ocorram no túbu-
lo-interstício.5,6 Fatores que determinam o aparecimento do infiltrado
Na última década, vários investigadores descreve- túbulo-intersticial
ram que os principais eventos que determinam a pro- A Tabela 1 resume os fatores que determinam o
gressão das glomerulonefrites não ocorrem nos glo- aparecimento do infiltrado túbulo-intersticial.
mérulos, mas no compartimento do túbulo-interstício Evidências na literatura sugerem papel relevante da
renal.4,7 Observou-se correlação negativa entre o au- presença da proteinúria como estímulo à presença do
mento do volume intersticial com fibrose e o declínio infiltrado inflamatório e ao desenvolvimento da fibro-
da taxa de filtração glomerular.4,8 gênese do parênquima renal.3,8,9,24-29 A associação entre
Tem sido relatado que ambos, a extensão da fi- proteinúria, presença de infiltrado inflamatório e o de-
brose intersticial7 e o infiltrado intersticial celular senvolvimento de lesão túbulo-intersticial foi descrita
mononuclear, correlacionam-se bem ao grau de pre- nos modelos experimentais de glomerulonefrite induzi-
juízo da função renal em vários tipos de glomerulo- da por aminonucleosídeo da puromicina,14,15,17 de nefri-
nefrites humanas e experimentais.4,7,9,10 te induzida por albumina do soro bovino,19,30 de glome-
Tendo em vista a importância do túbulo-interstí- rulonefrite induzida por adriamicina,16-18 de modelo
cio na evolução das glomerulopatias, no presente acelerado da glomerulonefrite antimembrana basal glo-
trabalho serão abordados os aspectos relativos ao merular13 e na nefrite de Heymann.21
infiltrado inflamatório túbulo-intersticial e a conse- Redução da proteinúria, seguindo terapia farma-
qüente lesão fibrótica que caracterizam as doenças cológica ou dietética, esteve associada a menor dano
renais crônicas. túbulo-intersticial e à demora no desenvolvimento da
doença renal em modelos experimentais de glomeru-
Patologia do compartimento túbulo-interstício lopatias e nas glomerulopatias humanas.19,28,31,32
O interstício do rim compreende os espaços ex- A inflamação intersticial pode ser uma reação à oblite-
travascular e intertubular do parênquina renal; 1 é ração isquêmica de capilares peritubulares que segue a
constituído pelas membranas basais da cápsula de obsolescência do tufo glomerular ou pode refletir a res-
Bowman, dos leitos vasculares e dos túbulos.3 Célu- posta das estruturas tubulares à sobrecarga protéica.19,24-30
las estão presentes no espaço túbulo-intersticial, po- A proteinúria altera a biologia da célula tubular,
dendo ser células residentes – como as dendríticas e pois as células tubulares reabsorvem proteínas pre-
os macrófagos –, células carregadas de lipídeos e cé- sentes no fluido tubular e são, dessa forma, vulnerá-
lulas fibroblastóides, assim como monócitos e linfó- veis a qualquer efeito adverso da proteinúria.3,24-29 Tais
citos que infiltram o local nas situações de doença efeitos podem resultar ou da quantidade de proteína
renal humanas e experimentais.1,11-21 no fluido tubular ou da ação de uma proteína, biologi-

7-1367tubulo.p65 41 26/04/02, 11:19


42 J Bras Nefrol 2002;24(1):40-7 Infiltrado inflamatório na fibrose túbulo-intersticial –
Riyuzo MC & Soares V

Tabela 1
Fatores relacionados ao infiltrado túbulo-intersticial
Fatores Mecanismos
1.Proteinúria3,8,9,24-29 Citotoxicidade para célula tubular devido ao aumento da atividade da
Albumina enzima lisossomal e do catabolismo das proteínas reabsorvidas.
Transferrina/ferro Lesão da célula tubular ocasiona:
Lipoproteínas LDL/HDL 1. Aumento da produção de amônia e quimioatração de células.
2. Ativação do complemento pela amônia.
3. Deposição tubular do complexo C5b-9 (MAC).
4. Produção e liberação de substâncias quimiotáticas: MCP-1, RANTES, ET-1, lipídeos.
2.Substâncias quimiotáticas9,24,28,33 Infiltração de macrófagos e linfócitos por meio de:
Citoquinas A) Papel das citoquinas na migração dos leucócitos:
Complemento ativado (MAC) 1. Facilita as interações transitórias entre proteínas selectinas específicas e seus
Lípides ligantes de carboidratos nos leucócitos, ao longo da parede do vaso microvascular.
Endotelina- 1(ET-1) 2. Ativa leucócitos, possibilitando adesão firme à superfície endotelial mediada
por moléculas integrinas.
3. Altera forma dos leucócitos, facilita diapedese e migração para o espaço
intersticial
B) Produção de citoquinas quimiotáticas: MAC induz produção de IL-1 e TNF
C) Função direta de quimioatração Exercida por lipídeos e ET-1

camente ativa, que não está normalmente presente na tor de transcrição fator nuclear κB (NF-κB).9,28 Assim,
urina, apenas após a lesão glomerular.24-30 observa-se que a célula tubular, em resposta a determi-
As conseqüências da proteinúria na célula tubular nados estímulos (por exemplo, proteinúria), produz
estão relacionadas à produção de substâncias respon- mediadores que influenciarão a patogenia da inflama-
sáveis pelo recrutamento de células inflamatórias. Foi ção no interstício. Outros estímulos, como aumento de
descrita a ocorrência do aumento da atividade da en- glicose, fator de necrose tumoral (TNF), lipopolissacári-
zima lisossomal na célula tubular, com aumento do deos, interleucina 1 (IL-1), proteína 1 quimioatraente
catabolismo da proteína reabsorvida e aumento da para monócito (MCP-1), interleucina 6 (IL-6), fator beta
produção de amônia que ativa o complemento pela transformador do crescimento (TGF β), endotelina e
via alternativa, resultando em deposição tubular do óxido nítrico, fazem com que a célula tubular expresse
complexo de ataque à membrana (MAC), com conse- moléculas envolvidas na resposta imune como MCH I e
qüente infiltrado de célula inflamatória, células T e II e ICAM-1, que contribuem para a persistência do infil-
monócitos e fibrose intersticial.24,33 trado inflamatório celular.9,28
A lesão da célula tubular resulta na liberação de A Tabela 2 apresenta o resumo do envolvimento
substâncias quimioatraentes, citocinas e proteínas de de substâncias quimiotáticas para linfócitos e monóci-
matriz extracelular no interstício. Como resultado, há tos em diversos estudos in vitro e nas glomerulopatias
acúmulo de macrófagos que também secretam citoci- humanas e experimentais.
nas para recrutar e estimular fibroblastos. O aumento
da matriz extracelular causa cicatriz do interstício.9 Mecanismos pelos quais o infiltrado inflamatório
Recentes evidências têm relatado que células tubu- contribui para a progressão da lesão renal
lares podem produzir um número de moléculas pró-in- Os processos inflamatórios, imunologicamente me-
flamatórias capazes de iniciar e influenciar o curso da diados ou não, são apenas uma das vias que podem de-
inflamação e da cicatrização intersticial.9,34 Diferentes sencadear a síntese de matriz e a formação de fibrose.3
estudos in vitro relataram que células tubulares huma- A indução de fibrose e a distorção tecidual podem
nas apresentaram expressão de RNAm para interleuci- ser separadas em três fases: (1) de indução, envolven-
na-6 (IL-6), fator de crescimento B derivado e plaquetas do a secreção de citoquinas; (2) deposição de matriz
(PDGF-B), fator estimulante de colônia granulócito ma- glicoprotéica; e (3) secreção de colágeno por células
crófago (GM-CSF), proteína 1 quimioatraente para mo- transformadas em fibroblastos.3
nócitos (MCP-1), além de aumento da produção do fa- Como descrito, as principais células inflamatórias

7-1367tubulo.p65 42 26/04/02, 11:19


Infiltrado inflamatório na fibrose túbulo-intersticial – J Bras Nefrol 2002;24(1):40-7 43
Riyuzo MC & Soares V

encontradas no infiltrado intersticial das diversas glo- ratos via radicais hidroxila e superóxido.59 Como já des-
merulopatias humanas e experimentais são macrófa- crito, evidências sugerem papel da proteinúria na pro-
gos/monócitos e linfócitos T. gressão da lesão renal. Com relação à perpetuação da
Monócitos e linfócitos produzem substâncias que lesão túbulo-intersticial, há evidências de que, à medida
participam do processo de fibrogênese.2-4,8,9,28 A Tabela que a lesão glomerular progride, os néfrons remanes-
3 apresenta o resumo das substâncias produzidas pe- centes necessitam de maior consumo de oxigênio em
los monócitos e linfócitos que participam no processo decorrência do aumento do metabolismo.59 Uma das con-
de fibrogênese. seqüencias metabólicas da demanda aumentada de oxi-
Tem-se relatado a existência de boa correlação en- gênio, nas células tubulares, é a geração de espécies rea-
tre o número de células T CD4+ e a função renal; ne- tivas de oxigênio que pode exercer efeito tóxico nas
nhuma correlação foi detectada com monócitos/macró- células tubulares e nos fibroblastos.34 Assim, as conside-
fagos CD14+.10 rações acima sugerem que o TGFβ-1 possa exercer papel
Linfócitos e macrófagos foram observados no infil- relevante na evolução crônica das glomerulopatias.
trado inicial; os linfócitos persistiram em maior núme- A Tabela 4 apresenta os mecanismos pelos quais o
ro em relação aos macrófagos à medida que ocorreu a linfócito T modula as respostas dos fibroblastos, contri-
progressão da doença renal nos modelos de nefropa- buindo para a fibrose intersticial do parênquima renal.
tia por adriamicina16-18 e na nefropatia por aminonu- A expressão de antígenos de histocompatibilidade
cleosídeo da puromicina.14,15 Os achados sugerem que da classe II (MCH II) pelos monócitos ou macrófagos,
os linfócitos podem apresentar papel relevante no pro- linfócitos B, linfócitos T ativados e pelas células tubula-
cesso de fibrogênese tecidual. res renais pode estar associada à fibrose intersticial; com
Os linfócitos T sintetizam e secretam TGFβ, substân- freqüência, a expressão de antígenos MCH II é acompa-
cia com importante função fibrogênica.10 O TGFβ estimu- nhada pelo aumento da expressão de antígenos MCH I
la a produção de colágeno por fibroblastos, fibronectina e da molécula de adesão intercelular ICAM-1,10 dessa
e proteoglicana e inibe as enzimas que degradam a ma- forma contribuindo para a persistência do infiltrado tú-
triz.10 Recentemente, relatou-se que o TGFβ-1 aumentou bulo-intersticial. ICAM-1 é uma glicoproteína de super-
a permeabilidade à albumina de glomérulos isolados de fície celular, cujo ligante específico é o antígeno associa-

Tabela 2
Substâncias quimiotáticas e tipo de células no infiltrado inflamatório
Substância Modelo estudado Tipo de célula inflamatória
1. CitoquinasMCP-1 a) In vitro: células tubulares humanas35,36 e de ratos:37 Monócito
Cultura celular humana35
Incubação com albumina e transferrina37
Exposição albumina soro bovino37
Exposição isquemia36
b) Glomerulonefrite experimental:38,39 Monócito/ Linfócito
- por aminonucleosídeo de puromicina38
- por albumina soro bovino39
c) Biópsias renais humanas:40,41 Monócito
Glomerulonefrite membranosa
Glomerulonefrite membranoproliferativa
Glomeruloesclerose focal
Nefrite intesticial aguda
Nefropatia por IgA
IL-6 Cultura célula tubular humana35 Monócito/ LinfócitoT
GM-CSF Cultura célula tubular humana35 Monócito
RANTES Cultura célula tubular de murídeo42 Monócito/ LinfócitoT
2. Lipídios In vitro: células tubulares de ratos:43
Incubação com albumina ligada a lípides Monócito/Macrófago
3.Endotelina- 1 In vitro: células tubulares humanas44
Exposição à HDL e à albumina Monócito

7-1367tubulo.p65 43 26/04/02, 11:19


44 J Bras Nefrol 2002;24(1):40-7 Infiltrado inflamatório na fibrose túbulo-intersticial –
Riyuzo MC & Soares V

do ao linfócito (LFA-1) presente em vários leucócitos. Além da diminuição do número de leucócitos ou


Assim, a célula do epitélio tubular tem a capacida- linfócitos, intervenções terapêuticas têm sido realizadas
de de atuar como célula apresentadora de antígenos, para inibir substâncias que são importantes no proces-
podendo estimular células T e contribuindo para a res- so de infiltração intersticial de linfócitos e macrófagos.
posta inflamatória. Pode-se considerar que a ativação A inibição das moléculas de adesão com a utilização de
de células infiltrantes (monócitos/linfócitos), com in- anticorpos para LFA-1 e para ICAM-1 provou ser efetiva
teração com células tubulares renais, resulta na pro- na redução da deposição de matriz celular na doença
dução de citoquinas, e os fatores de crescimento celu- antimembrana basal glomerular em ratos.65
lar, com conseqüente proliferação e ativação dos As drogas que atuam na inibição da ação de linfó-
fibroblastos, com produção e deposição de matriz ex- citos T, nas doenças glomerulares humanas, são as
tracelular, especialmente dos colágenos tipos I e III, utilizadas no tratamento da rejeição de transplante re-
caracterizando a fibrose intersticial. nal. Poucos relatos existem com relação ao tratamento
das glomerulonefrites, sendo descrito recentemente um
Implicações para a terapêutica estudo utilizando nova droga imunossupressora, o
Os estudos, quanto às estratégias terapêuticas para micofenolato de mofetil, que resultou em redução da
prevenir a progressão da lesão renal, são, na maioria, proteinúria ou estabilização da creatinina sérica.66
realizados em modelos experimentais ou in vitro. Tendo em vista o papel do infiltrado inflamatório na
Estudos experimentais envolvendo a redução de cé- evolução crônica das glomerulopatias, propõe-se que
lulas T por irradiação de corpo inteiro ou do tecido lin- pesquisas relacionadas à inibição do estímulo à infiltra-
fóide, por drenagem de ductos torácicos ou pela utiliza- ção inflamatória no túbulo-interstício, principalmente
ção de drogas como prednisolona ou ciclofosfamida associada aos linfócitos T, devam ser desenvolvidas, para
revelaram a ocorrência da redução do processo inflama- auxílio na terapêutica, na tentativa de postergar a pro-
tório com melhor evolução da glomerulonefrite.15,62-64 gressão da doença renal para o estágio terminal.

Tabela3
Substâncias produzidas por monócitos e linfócitos na fibrogênese.
Substância Célula produtora Mecanismos
TGF-β Monócito45,46 Quimioatração, proliferação para fibroblastos, produção de colágeno47,48
Linfócito10 Inibe enzimas que degradam matriz49
PDGF Monócito50 Quimioatração para fibroblastos51
FGF Monócito49
Linfócito47 Proliferação de fibroblastos47
IL-1 Monócito52 Diferenciação e proliferação de fibroblastos52
IL-4 Linfócito53 Quimioatração, proliferação para fibroblastos, produção de colágeno tipos I/III, fibronectina10,54
IL-2 Linfócito55,56 Estimulação de macrófagos para produção de TGF-β, PDGF, IL-147
IFN-δ Linfócito55,56 Estimulação de macrófagos para produção de TGF-β, PDGF, IL-147
FsF-1 Linfócito57 Ativação de fibroblastos57
ThF Linfócito T helper58 Diminuição da secreção do colágeno tipo IV58

Tabela 4
Linfócito T como modulator do fibroblasto intersticial.
Substância Célula-alvo Resposta da célula-alvo Ação no fibroblasto
produzida pelo
linfócito T
IL-2 e IFN-δ55,56 Macrófago Secreção de IL-1, TNF-α, PDGF, TGF-β, FGF34,50
ThF58 e IFN-δ60 Epitelial Diminue secreção colágeno IV58 Aumenta proliferação53
tubular Aumenta expressão de MCH II34,60 Secreção fibronectina61
Secreção de: PDGF, IL-6, TGF-β, Secreção colágeno I,III54
Angiotensina II34
IL-4,34,53 TNF-α,34 TGF-
β,10,34 FsF-157 Fibroblasto

7-1367tubulo.p65 44 26/04/02, 11:19


Infiltrado inflamatório na fibrose túbulo-intersticial – J Bras Nefrol 2002;24(1):40-7 45
Riyuzo MC & Soares V

R e f e r ê n c i a s 18. Rossmann P, Matousovick K, Bohdanecka M. Experimental


adriamycin nephropathy. Fine structure, morphometry,
glomerular polyanion, and cell membrane antigens. J Pathol
1. Lemley KV, Kriz W. anatomy of the renal interstitium. Kidney 1993;169:99-08.
Int 1991;39:370-81.
19. Eddy AA. Interstitial nephritis induced by protein- overload
2. D´Amico G. Role of interstitial infiltration of leukocytes in proteinuria. Am J Pathol 1989;135:719-33.
glomerular diseases. Nephrol Dial Transplant 1988;3:596-600.
20. Roy-Chaudhury P, Wu B, Mc Donald S, Hattes N, Simpson
3. Kuncio GS, Neilson EG, Haverty T. Mechanisms of JG, Power D. Phenotypic analysis of the glomerular and
tubulointerstitial fibrosis. Kidney Int 1991;39:550-6. periglomerular mononuclear cell infiltrates in the model
4. Nath KA. Tubulointerstitial changes as a major determinant of glomerulonephritis. Lab Invest 1995;72:524-31.
in the progression of renal damage. Am J Kidney Dis 21. Penny MJ, Boyd RA, Hall BM. Role of T cells in the mediation
1992;22:1-17. of Heymann nephritis. II: Identification of Th1 and cytotoxic
5. Schainuck LI, Striker GE, Cutler RE, Benditt EP. Structural- cells in glomeruli. Kidney Int 1997;51:1059-68.
functional correlations in renal disease. Part II: the 22. Adler S, Striker LJ, Striker GE, Perkinson DT, Hibbert J,Couser
correlations. Human Pathol 1970;1:631-41. WG. Studies of progressive glomerular sclerosis in the rat.
6. Mackensen S, Grund KE, Sindjic M, Bohle A. Influence of the Am J Pathol 1986;123:553-62.
renal cortical interstitium on the serum creatinine concentration 23. Downer G, Phan SH, Wiggens RC. Analysis of renal fibrosis
and serum creatinine clearance in different chronic sclerosing in a rabbit model of crescentic nephritis. J C Invest
interstitial nephritides. Nephron 1979;24:30-4. 1988;82:998-06.
7. Bohle A, Wehrmann M, Mackensen S, Gise H, Mickeler E, 24. Agarwal A, Nath KA. Effect of proteinuria on renal
Xiao TC, et al. Pathogenesis of chronic renal failure in interstitium: effect of products of nitrogen metabolism. Am
primary glomerulopathies. Nephrol Dial Transplant J Nephrol 1993;13:376-84.
1994;3(Suppl):4-12.
25. Thomas ME, Schreiner GF. Contribution of proteinuria to
8. D´Amico G, Ferrario F, Rastaldi MP. Tubulointerstitial progressive renal injury: consequences of tubular uptake
damage in glomerular diseases, its role in the progression of fatty acid bearing albumin. Am J Nephrol 1993;13:385-98.
of renal damage. Am J Kidney Dis 1995;26:124-32.
26. Burton C, Harris KPG. The role of proteinuria in the progression
9. Burton CJ, Walls J. Interstitial inflammation and scarring: of chronic renal failure. AM J Kidney Dis 1996;27:765-75.
messages from the proximal tubular cell. Nephrol Dial
Transplant 1996;11:1505-23. 27. Chen L, Wang Y, Tay Y-C, Harris DCH. Proteinuria and
tubulointerstitial injury. Kidney Int 1997;52(Supl 61):S60-2.
10. Strutz F, Neilson EG. The role of lymphocytes in the
progression of interstitial disease. Kidney Int 28. Remuzzi G, Bertani T. Pathophysiology of progressive
1994;45(Suppl):S106-10. nephropathies. N Eng J Med 1998;2:1448-56.
11. Hooke DH, Gee DC, Atkins RC. Leukocyte analysis using 29. Thomas ME, Brunskell NJ, Harris KPJ, Bailey E, Pringgle
monoclonal antibodies in human glomerulonephritis. JH, Furnes PE, et al. Proteinuria induces tubular cell
Kidney Int 1987;31:964-72. turnover: a potential mechanisms for tubular atrophy.
Kidney Int 1999;55:890-8.
12. Markovic-Lipkoski J, Müller CA, Risler T, Bohle A, Müller
GA. Association of glomerular and interstitial mononuclear 30. Eddy AA, Giachelli CM, Mc Culloch L, Liu E. Renal
leukocytes with different forms of glomerulonephritis. expression of genes that promote interstitial inflammation
Nephrol Dial Transplant 1990;5:10-7. and fibrosis in rats with protein-overload proteinuria. Kiney
Int 1995;47:1546-57.
13. Lan HY, Paterson DJ, Atkins RC. Initiation and evolution
of interstitial leukocytic infiltration in experimental 31. Klahr S.Role dietary protein and blood pressure in the
glomerulonephritis. Kidney Int 1991;40:425-33. progression of renal disease. Kidney Int 1996;49:1783-6.
14. Eddy AA, Michael AF. Acute interstitial nephritis associated 32. Barreti P, Soares V. Importance of early and continuous
with aminonucleoside nephrosis. Kidney Int 1988;33:14-23. use of protein restriction on the progression of adriamycin
nephropathy. Renal Failure 1999;21:603-13.
15. Saito T, Atkins RC. Contribution of mononuclear leukocytes
to the progression of experimental focal glomerular 33. Mosolitis S, Magyarlaki T, Nagy J. Membrane attack
sclerosis. Kidney Int 1990;37:1076-83. complex and membrane cofactor protein are related to
tubulointerstitial inflammation in various human
16. Bertani T, Cutillo F, Zoja C, Broggini M, Remuzzi G. Tubulo- glomerulonephritis. Nephron 1997;75:179-87.
interstitial lesions mediate renal damage in adriamycin
glomerulopathy. Kidney Int 1986;30:488-96. 34. D’Amico G. Tubulointerstitium as predictor of progression
of glomerular diseases. Nephron 1999;83:289-95.
17. Mampaso FM, Egido J, Martinez-Montero JC, Bricio T,
González E, Cobo ME, et al. Interstitial mononuclear cell 35. Frank J, Engler-Blum G, Rodemann HP, Müller GA. Human
infiltrates in experimental nephrosis effect of PAF renal tubular cells as a cytokine source:PDGF-b, GM-CSF and
antagonist. Nephrol Dial Transplant 1989;4:1037-44. IL- 6 mRNA expression in vitro. Exp Nephrol 1993;1:26-35.

7-1367tubulo.p65 45 26/04/02, 11:19


46 J Bras Nefrol 2002;24(1):40-7 Infiltrado inflamatório na fibrose túbulo-intersticial –
Riyuzo MC & Soares V

36. Schmouder RL, Schieter RM, Kunkel L. Interferon d regulation 50. Kovacs EJ. Fibrogenic cytokines: the role of immune
of human renal cortical epithelial cell-derived monocyte mediators in the development of scar tissue. Immunol
chemoattractant peptide-1. Kidney Int 1993;44:43-9. Today 1991;12:17-23.
37. Harris DCH, Chen J. Monocyte chemoattractant protein-1 51. Seppa H, Grotendorst G, Seppa S, Schiffmann E. Martin G.
(MCP-1) mRNA expression in response to protein in rat Platelet derived growth factor is chemotactic for fibroblasts.
proximal tubule cells in culture. J Am Soc Nephrol 1995;6:1015. J Cell Biol 1982;92:548-88.
38. Eddy AA, Warren JS. Expression and function of 52. Dinarello CA. Interleukin-1 and the pathogenesis of the
monocyte chemoattractant protein-1 (MCP-1) in acute phase response. New Engl J Med 1984;311:1413-8.
puromycin aminonucleoside nephrosis. J Am Soc 53. Monroe JG, Haldar S, Prystowsky MB, Lammie P.
Nephrol 1993;4:600. Lymphokine regulation of inflammatory process: interleukin
39. Eddy AA, Giachelli CM, McCulloch L, Liu E. Renal 4 stimulates fibroblast proliferation. Clin Immunol
expression of genes that promote interstitial inflammation Immunopathol 1988;49:292-8.
and fibrosis in rats with protein- overload proteinuria. 54. Postlethwaite AE, Holness NA, Katai H, Raghow R. Human
Kidney Int 1995;47:1546-57. fibroblasts synthesize elevated levels of intracellular matrix
40. Prodjosudjadi W, Gerritsma JSJ, Klar-Mjohamad N, proteins in response to interleukin 4. J Clin Invest
Gerritsen AF, Bruijn JÁ, Daha MR, et al. Production and 1992;90;1479-85.
cytokine- mediated regulation of monocyte 55. Kovacs EJ, Kelley J. Lymphokine regulation of macrophage-
chemoattractant protein-1 by human proximal tubular derived growth factor secretion following pulmonary injury.
epithelia cells. Kidney Int 1995; 48:1477-86. Am J Pathol 1985;121:261-8.
41. Grandaliano G, Gesualdo L, Ranieri E, Monno R, Montinaro 56. Kovacs EJ, Brock B, Varesio L, Young HÁ. IL-2 induction
V, Marra F, et al. Monocyte chemotactic peptide-1 of IL-1B mRNA expression in monocytes- regulation by
expression in acute and chronic human nephritides a agents that block second messenger pathways. J Immunol
pathogenetic role in interstitial monocytes recruitment. J 1989;143:3531-7.
Am Soc Nephrol 1996;7:906-13.
57. Prakash S, Wyler DJ. Fibroblast stimulation in
42. Heeger D, Wolf G, Meyers C, Sun MJ, O’Farrell SC, Krenski schistosomiasis. XII. Identification of CD4+ lymphocytes
AM, et al. Isolation and characterization of cDNA from within schistosomal egg granulomas as a source of an
renal tubular epithelium encoding murine RANTES. Kidney apparently novel fibroblast growth factor (Fsf-1). J Immunol
Int 1992;41:220-5. 1992;148:3583-7.
43. Kees-Folts D, Sadow JL, Schreiner GF. Tubular catabolism 58. Haverty TP, Kelly EJ, Hoyer JR, Alvarez K, Neilson EG.
of albumin is associated with the release of an inflammatory Tubular antigen-binding proteins repress transcription
lipid. Kidney Int 1994;45:1697-709. of type IV collagen in the autoimmune target epithelium
44. Ong ACM, Jowtt TP, Moorhead JF, Owen JS. Human hight of experimental interstitial nephritis. J Clin Invest
density lipoproteins stimulate endothelin –1 release by 1992;89:517-23.
cultured human renal proximal tubular cells. Kidney Int 59. Sharma R, Khanna A, Sharma M, Savin VJ. Transforming
1994,46:1315-21. growth factor-b1 increases albumin permeability of
45. Border WA, Okuda S, Languino LR, Sporn MB, Rijoslahti isoleted rat glomeruli via hydroxyl radicals. Kidney Int
E. Suppression of experimental glomerulonephritis by 2000;58:131-6.
antiserum against transforming growth factor b1. Nature 60. Romagnani S. Human Th1 and Th2 subsets regulation
1990;346:371-4. of differentiation and role in protection and
46. Border WA, Noblee NA, Yamamoto T, Harper JR, immunopathology. Int Arch Allergy Immunol
Yamaguchi Y, Pierschbacker MO, et al. Natural inhibitor 1992;98:1645-64.
of transforming growth factor b1 protects against scarring 61. Roberts AB, McCune BK, Sporn MB. TGF-b regulation of
in experimental kudney disease. Nature 1992;360:361-4 extracellular matrix. Kidney Int 1992;41:557-9.
47. Wahl SM, McCartney-Francis N, Mergenhagen SE. 62. Theofilopoulos NA, Balderas R, Shawler DL, Izui S,
Inflammatory and immunomodulatory roles of TGF-b. Kotzin BL, Strober S, et al. Inhibition of cell T
Immunol Today 1989;10:258-61. proliferation and SLE- like syndrome of MRL/1 mice by
48. Postlethwaite AE, Keski-Oja J, Moses HL, Kang AH. whole or total lymphoid irradiation. J Immunol
Stimulation of the chemotactic migration of human 1980;125:2137-42.
fibroblasts by transforming growth factor b. J Exp Med 63. Stefoni S, Vangelista A, Nannicosta a, Bonomini V. Short-
1987;165:251-6. term thoracic duct drainage in drug resistant
49. Overall CM, Wrana JL, Sodek J. Independent regulation of immunologically mediated glomerulonephritis. Evaluation
collagenase, 720 kD progelatinase and metalloproteinase of lymph and blood lymphocyte characteristics during
inhibitor expression in human fibroblasts by transforming drainage. Clin Nephrol 1981;16:300-6.
growth factor b. J Biol Chem 1989;264:1860-9.

7-1367tubulo.p65 46 26/04/02, 11:19


Infiltrado inflamatório na fibrose túbulo-intersticial – J Bras Nefrol 2002;24(1):40-7 47
Riyuzo MC & Soares V

64. Ginevri F, Trivelli A, Mutti A, Bergamaschi E, Fabretti G, Recebido em 17/11/2000. Aprovado em 9/4/2001.
Callea F, et al. Progression of chronic adriamycin
nephropathy in leukopenic rats. Nephron 1993;63:79-88.
Fonte de financiamento e conflito de interesses inexistentes.
65. Dennis M, Bisson D. Blockade of leukocyte function- Endereço para correspondência:
associated antigen (LFA-1) in a murine model of lung Márcia C Riyuzo
inflammation. Am J Resp Cell Mol Biol 1994;10:481-6. Depto. de Pediatria da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp)
66. Briggs WA, Choi MJ, Sscheel PJ Jr. Successful Distrito de Rubião Júnior s/n, CX Postal 541
mycophenolate mofetil treatment of glomerular disease. 18618-970 Botucatu, SP, Brasil
Am J Kidney Dis 1998;31:213-7. E-mail: mriyuzo@fmb.unesp.br

7-1367tubulo.p65 47 26/04/02, 11:19

Você também pode gostar