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5Texto argumentativo

1. Conceito de argumentar:
i. Vilela 1999 afirma que argumentar é procurar convencer ou persuadir o leitor/ouvinte por meio de
razoes a ter como correcta e boa determinada proposta. E, Fontes considera que argumentar é expor de
forma encadeada um conjunto de argumentos (razões) que justificam uma conclusão.
ii. Para Moeschler 1989, argumentar equivale a um processo que procura a adesão de um auditório a teses
que são apresentadas
III. GARCIA 1997 defende que texto argumentativo é um texto em que se defende uma ideia, uma opinião
ou um ponto de vista, uma tese, procurando por todos os meios fazer com que o leitor/ouvinte a aceite,
creia nela.
iv. Serafim 1986 define tese como uma ideia condutora, a ideia principal que se quer defender. A mesma
autora sugere ainda dois artifícios para criar uma tese:
 Certificar-se que a frase tem um sujeito e um predicado. Ou seja, uma frese completa justificando
que ao exprimir a nossa ideia afirmamos algo sobre o sujeito.
 Experimentar fazer preceder a frase-tese por “Eu penso que…” que deve ser uma frase significativa.
v. Por sua vez, Garcia 1997 define tese/proposição como uma ideia que defendemos, necessariamente
polémica, pois, a argumentação implica divergência de opinião.
vi. Breton 1999:36 afirma que a opinião continua a ser uma realidade forte que designa aquilo em que
acreditamos, aquilo que guia as nossas acções e que alimenta os nossos pensamentos.
vii. Como foi atrás referido, nos conceitos de Vilela e de Fontes, argumentar é persuadir por meio de razões
que são argumentos.
Uma vez localizada a tese, facilmente se localizam os argumentos. Ou seja, as razões da tese, Garcia 1997.
→ Texto argumentativo é aquele em que o sujeito enunciador procura levar o receptor a adoptar ou não
uma determinada atitude ou reacção.
2. Estrutura do texto argumentativo
i. Estrutura triádica clássica
 Introdução
Em que se apresenta a tese a defender, anunciando o plano que se vai seguir na argumentação;
 Desenvolvimento
Em que se apresentam os argumentos estabelecidos segundo princípios lógicos articulados entre si
para sustentar/confirmar a tese e refutar a antítese;
 Conclusão
Em que se realiza a síntese do exposto. Pode apresentar um comentário geral à situação discutida
ou uma reflexão que é o ponto de situação do problema que foi tratado.
ii. Na retórica clássica (cinco etapas)
Previa-se um plano que se desenvolvia em cinco tempos:
 Exórdio
É a introdução em que se expõe o objecto e se estabelece o contacto entre o enunciador e o
destinatário captando a atenção deste último.

 Narração
Sucessão de factos que se expõem de forma breve, clara e plausível.
 Confirmação
Corresponde à argumentação, a prova, a enunciação da tese. Esta parte do discurso pode ser
marcada pela objectividade ou objectividade conforme o efeito pretendido pelo orador/escritor
 Digressão
Em que se prevê as consequências da tese, as objecções possíveis.
 Peroração
A conclusão que contem, geralmente, um breve resumo da demonstração que a precede e um apelo
às paixões.
Contudo, existem desacordos em relação a esta divisão. Em alguns textos, a introdução, a narração ou a
refutação podem ser omissas ou reduzidas.
Othan Garcia 1981 defende que na estrutura de um texto argumentativo pode identificar-se duas formas de
argumentação:
1. Argumento formal - Com o seguinte plano:
 Proposição - afirmação suficientemente definida e limitada sem nenhum argumento.
 Análise da proposição ou tese - definição do sentido da proposição ou tese ou alguns dos seus
termos para evitar mal entendidos.
 Formulação de argumentos - factos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos, etc.
 Conclusão
2. Argumentação informal - que apresenta os seguintes estágios.
 Citação da tese adversária
 Argumento da tese adversária
 Introdução da tese a ser defendida
 Conclusão

Tipos de argumentos
A classificação do discurso argumentativo varia conforme os autores no entanto, apontaremos cinco
tipos de argumentos:

i. Asserção – Consiste em afirmar qualquer coisa.


A argumentação por asserção é muitas vezes usada porque põe como incontestáveis os pontos de vista
sobre os quais o discurso se apoia para desenvolver. Este procedimento é também muito usado na
publicidade que afirma de maneira peremptória (directa) as qualidades de um produto ou o desejo do
público. A definição é em caso particular da asserção.
ii. Raciocínio lógico – Organiza-se frequentemente a partir de uma asserção inicial. Visa convencer
encadeando as ideias de acordo com uma ordem irrefutável. Considerar-se-á que cada uma das ideias
enunciadas pode ser um argumento. As formas de raciocínio lógico são numerosas podendo ser apontadas
as seguintes:
 Dedução – consiste em marcar uma relação de consequência entre dois factos ou duas ideias
passando do geral ao particular;
 Indução – Opera-se da mesma maneira mas passando do particular para o geral;
 Silogismo – Um raciocínio que se desenvolve em três etapas fundadas sobre uma dedução. Põe-
se uma verdade geral designada proposição maior.
Torna-se em seguida em caso particular e deduz-se uma verdade concernente ao caso particular.
P.ex. : Todos os homens são mortais (Caso geral); O Zé é um homem (caso particular); Portanto: O Zé
é mortal.

A dedução e o silogismo associados a definição (definição de conceitos e de traços) são muito utilizados nos
textos científicos e nas obras cientificas.
iii. Uso de referente real e inter-texto
Para afirmar a verdade e a realidade, o discurso deve munir-se de referência do real. Numerosos
argumentos são tirados do real e apresentados como prova. Esta pode ser uma observação científica que é
dada/avançada como garantia de veracidade: os números, os dados estatísticos, são constantemente usadas
nas controvérsias económicas e políticas.
Pode ser ainda a constatação de uma evidência ou citação de testemunhos ou de pessoas consagradas que
pensam como nós acerca de um dado tema em evidência.
Este tipo de procedimento é denominado por vários autores como argumento de autoridade.
Agora que já leu a teoria sobre o texto argumentativo, leia o texto que se segue resolva o exercício que a
seguir se apresenta e que serviu de exame o ano passado como forma de se autoavaliar.

Cuidado com o fumo!

A OMS estima que um terço da população mundial adulta seja fumante, ou seja, 1,2 bilhão de
pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres).
"O Ministério da Saúde adverte: fumar faz mal à saúde". Você já leu isto em jornais e revistas, já
ouviu no rádio e já viu na televisão, com poucas variações. Toda vez que se faz a propaganda de uma
marca de cigarro, aparece junto um aviso deste tipo. Você sabe por quê? Porque está cientificamente
provado que os fumantes vivem menos que os não-fumantes. Além disto, sofrem de várias doenças
que não só encurtam a vida, mas diminuem a sua qualidade. Pressão alta, câncer de pulmão, câncer
de bexiga, infarto do miocárdio, derrame cerebral, arteriosclerose, bronquite asmática, enfisema
pulmonar, impotência sexual no homem, complicações na gravidez, na mulher e inúmeras outras
doenças graves. Quem não fuma pode ter estas doenças também, mas elas atingem muito, muito mais
aos fumantes.
O vício de fumar pode ser comparado à confrontação armada devido às suas consequências na vida
das pessoas porquanto tanto um como o outro mata, deixa viúvos, viúvas e órfãos em abundância.
Os malefícios do fumo são maiores nas mulheres devido às peculiaridades próprias do sexo, como a
gestação e o uso da pílula anticoncepcional. A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade,
câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média 2 anos antes) e dismenorreia (sangramento
irregular).
Por força de lei, de alguns anos para cá, as companhias produtoras de cigarros são obrigadas a avisar
que o hábito de fumar faz mal à saúde. Elas o fazem de má vontade e com letras muito pequenas,
mas são obrigadas. Esta é a razão da advertência do Ministério da Saúde que você encontra todos os
dias.
Você fuma? Então saiba que o hábito de fumar realmente faz mal. A advertência do governo não tem
carácter moralista, mas apenas científico e econômico. Científico porque está mais do que provado
por diferentes cientistas de todo o mundo que o cigarro faz mal à saúde; e econômico porque os
gastos de todos os governos do mundo com os cuidados com os fumantes são extraordinariamente
altos.
Apesar de os governos arrecadarem muito com os impostos sobre os cigarros, as despesas que têm
com as internações e tratamentos dos fumantes são avultadas.
Fumar pode ser agradável para algumas pessoas, pode acalmar, pode ser uma espécie de muleta
emocional para outros, mas faz mal à saúde. E faz mal não somente aos fumantes, mas aos que
convivem com os fumantes, tanto no trabalho como em casa. São os chamados fumantes passivos,
adultos e crianças.
Nunca viu alguém, jovem até, apanhar e chupar uma beata que outra pessoa desconhecida acabava
de deitar. Não continue escravo: Pare imediatamente de fumar!

I. Compreensão
1. Leia atentamente o texto e assinale com V apenas a opção correcta e sem borrões:
1. Segundo o texto, a preocupação contra o fumo deriva de: (20)
1.1. Fumar é bom para os adultos mas prejudicial às crianças. ______
1.2. O consumo de cigarros é mortífero. _______
1.3. As principais vítimas do fumo são as mulheres. ________
1.4. Quem não consegue comprar cigarro convencional acaba fumando soruma._______

2. Fumar prejudica mais as mulheres porque: (20)


2.1. Elas é que ficam mais expostas à respiração do marido fumante. _____
2.2. Elas o fazem de má vontade e com letras muito pequenas porque são obrigadas. _____
2.3. Elas envelhecem cedo quando fumam._____
2.4. Elas podem ter perturbações uterinas que podem afectar a sua feminidade. _____

3. “Não continue escravo: Pare imediatamente de fumar!”


3.1. O uso global de tabaco, de acordo com texto pode: i. Transformar os jovens em vadios
('molweni') ____, ii. Aumentar a pobreza ____; ii. Aumentar divórcios ____; iv. Degradar a
qualidade de vida ____. (20)

5. Uma das formas para as pessoas não se drogarem é: i. Criar leis que proíbam a produção e
comercialização de drogas _____; ii. Educar pessoas a não usar drogas _____; iii. Prender os que
usam drogas ____; Submeter os usurários a tratamento médico ______. (20)

II. Gramática textual


6. O texto da sua prova é: i. Narrativo ____; ii. Argumentativo____; iii. Expositivo-explicativo ____;
iv. Educativo ____. (10)

6.1. Justificação: A intenção comunicativa do sujeito enunciador é: i. Fazer saber e fazer


compreender que a droga mata ____; ii. Convencer a não usar tabaco. ____; iii. Ensinar que várias
doenças são provocadas pelo fumo. ____; iv. (20)

6.2. A tese principal (geradora) deste texto é: i. Cuidado com o fumo! ____; ii. Páre imediatamente
de fumar ____; iii. O uso do fumo é prejudicial _____; iv. Fumar é como guerra _____. (20)

6.3. Os argumentos a favor da tese geradora são: i. (…) Os gastos de todos os governos do mundo
com os cuidados com os fumantes são extraordinariamente altos.____ ii. A OMS estima que um
terço da população mundial adulta seja fumante ____; iii. Fumar pode ser agradável para algumas
pessoas _____; iv. (…) está cientificamente provado que os fumantes vivem menos que os não-
fumantes. ____ (20)

6.4. Podem ser contra argumentos: i. Fumar pode aliviar frustrações _____; ii. A mulher fumante tem
um risco maior de infertilidade e câncer de colo de útero ____; ii. O homem fumante poderá sofrer
de impotência sexual. ____; iv. Quem não fuma pode, também, sofrer de pressão alta e câncer de
pulmão...______. (20)

7. Divida o texto da sua prova, em partes, de acordo com a retórica clássica. (30)
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