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Eu acredito que Gorongosa pode ser o melhor parque

- Gregory Carr, Presidente da Fundação Carr, parceira do governo


moçambicano no projecto de desenvolvimento do Parque Nacional da
Gorongosa
Por Falume Chabane

Numa entrevista recente ao nosso jornal, o magnata multimilionário Gregory Carr, presidente
da Fundação Carr, dos Estados Unidos da América, disse acreditar com toda sinceridade que o
Parque Nacional da Gorongosa poderá ser o melhor parque de vida selvagem em toda África.
A Fundação Carr está envolvida num projecto de longo prazo em parceria com o governo
moçambicano para o desenvolvimento do Parque Nacional da Gorongosa, tido como uma das
grandes oportunidades de conservação do mundo actual.
No passado, o Parque Nacional da Gorongosa, dotado de características ecológicas únicas ou
impossíveis de encontrar em outro lugar, já suportou uma das mais densas populações de vida
selvagem de toda África, incluindo carnívoros carismáticos, herbívoros e cerca de quinhentas
espécies de aves.
A caça furtiva e o conflito armado civil que durou 16 anos em Moçambique afectou largamente
o parque, tendo concorrido para a devastação dos ecossistemas e redução em mais de 95 por
cento dos grandes mamíferos.
Gregory Carr conta que visitou Moçambique pela primeira vez há três anos atrás, a convite do
Governo, na altura o Presidente da República era Joaquim Alberto Chissano.
“Vim primeiro como turista e vi que o país era uma beleza extraordinária” – afirmou Carr.
Depois de perceber que se tratava de um lugar onde de facto gostaria de trabalhar, ou seja, de
fazer o que mais gosta (Desenvolvimento), o magnata disse que começou de imediato a fazer
avaliação criteriosa de quais as melhores oportunidades.
A conclusão desse processo acabou recaindo a favor da Gorongosa, local que considerou mais
adequado para fazer o tipo de trabalho que gosta, relacionado com o desenvolvimento.
“Perguntei ao Sr. Ministro do Turismo se poderíamos trabalhar em conjunto com o Ministério
do Turismo para fazer a reabilitação do Parque Nacional da Gorongosa, e ele concordou” –
disse, para depois acrescentar: “estou muito agradecido ao povo de Moçambique por me
receber no seu país, portanto de me deixar estar aqui para fazer o trabalho que estou a fazer.
Muito obrigado”.
A Fundação Carr foi instituída em 1999 nos Estados Unidos da América como uma fundação
dedicada aos direitos humanos, ao meio ambiente e às artes.

Gregory Carr tem um grande cometimento pelo PNG

- Roberto Zolho, Administrador do Parque Nacional da Gorongosa, na


província de Sofala
O Administrador do Parque Nacional da Gorongosa, Roberto Zolho, disse em entrevista ao
nosso jornal que a Fundação Carr é uma aposta acertada para restauração e posterior
desenvolvimento daquela estância turística de referência a nível mundial.
“A pessoa do próprio presidente da Fundação Carr, o Senhor Gregory Carr, tem demonstrado
um grande cometimento por esse parque, agente vê pelas suas acções” – afirmou Zolho,
destacando por exemplo o facto de enquanto está ainda a negociar com o governo um
contrato de longo termo para a gestão do parque já começou a investir grandes somas de
dinheiro.
A construção do santuário representa na opinião do nosso entrevistado um dos grandes
investimentos realizados pela Fundação Carr, no quadro do projecto acordado com o governo
moçambicano para o desenvolvimento do Parque Nacional da Gorongosa, num espaço de
tempo de trinta anos contados praticamente a partir deste.
Por outro lado, a fundação já começou a investir na potenciação do próprio turismo, através de
aquisição de viaturas específicas para o “game view”, e outros meios imprescindíveis.
“Eu acho que é a pessoa certa, e o Parque da Gorongosa já precisava ter uma pessoa com essa
vontade e dedicação” – sublinhou.
Mais do que “ninguém”, Roberto Zolho tem sido apontado como a pessoa certa para falar do
Parque Nacional da Gorongosa, na medida em que participou em quase todas as fases do
parque depois da guerra, em Outubro de 1992.
Na sua opinião geral, nos últimos anos o parque está a conhecer uma evolução bastante boa,
muitas actividades estão em curso, e o sonho que havia de ver o Parque Nacional da Gorongosa
novamente nos mapas está a traduzir-se em realidade.
Zolho disse que há planos ambiciosos, outros já estão na fase de execução, para devolver o
prestígio do parque “roubado” pela guerra de desestabilização. Apontou a reintrodução recente
de algumas espécies que haviam sido exterminadas pela guerra, nomeadamente cinquenta
búfalos que foram transfixados da vizinha África do Sul, como sendo uma grande vitória para o
parque.
“Pela primeira vez o parque teve essa reintrodução de cinquenta búfalos. Perdemos cinco, mas
o resto que ficou está a ambientar-se muito bem”.
Por outro lado, o turismo está a registar um envolvimento assinalável, pressuposto que justifica
a construção em curso de mais bangalous para assegurar mais acomodação.
A pista de aterragem que tivemos a oportunidade de ver na nossa recente visita ao parque
também já está pronta, entre outros avanços. “Tudo está a concorrer para um ambiente propício
de negócio para esse parque” – referiu.
Aos turistas, Roberto Zolho observou que neste momento existem grandes expectativas por
parte dos serviços prestados, mas lembra que o parque ainda se encontra numa fase de
reabilitação, daí muitas condições que os turistas desejam encontrar podem não haver ainda,
mas estão a ser criadas. “Nós estamos sempre apostados para o bem dos turistas, portanto dizer
que este parque vai conseguir alcançar o nível pretendido, e que eles (os turistas) devem
também participar neste processo de reabilitação do parque” – concluiu.

O AUTARCA – 30.10.2006

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