Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SEPLAN/MT
SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL - SDT
1
Economista, Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, Técnico da Área Instrumental do Governo
da Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN/MT), lotado na Superintendência de
Desenvolvimento Territorial – SDT.
2
Economista, Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, Técnico da Área Instrumental do Governo
da Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN/MT), lotada na Superintendência de
Desenvolvimento Territorial – SDT.
3
Economista, Especialista em Gestão Pública, Técnica da Área Instrumental do Governo da Secretaria de Estado
de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN/MT), lotada na Superintendência de Desenvolvimento
Territorial – SDT.
4
Economista, Especialista em Planejamento Regional, Técnica da Área Instrumental do Governo da Secretaria de
Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN/MT), lotada na Superintendência de Desenvolvimento
Territorial – SDT.
1
PANORAMA DO SISTEMA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
Esse mesmo autor aponta que essa inversão no sinal do saldo da balança comercial é
fruto da contribuição do agronegócio, em especial dos produtos manufaturados e semi-
faturados, que chegou a representar 54% do valor das exportações brasileiras em 2003.
O atual estágio de desenvolvimento do agronegócio brasileiro, que coloca o país entre
as nações mais competitivas do mundo na produção de commodities agroindustriais, teve o
seu momento de inflexão a partir de 2000, segundo Jank et al. (2005), com a desvalorização
do real e com o aumento da demanda no mercado internacional.
Entre o ano de 2000 a 2006, a produção de grãos passou de 57,8 milhões para 126
milhões de quilos e as exportações, de 18,1 bilhões para 46,2 bilhões, apresentando, nesse
caso, taxa de crescimento anual de 19,7%. Nos anos seguintes, principalmente no período de
2007 a 2009, as exportações tiveram vertiginosa queda, afetado principalmente, pela
2
ocorrência da crise internacional que afetou significativamente as exportações de produtos
brasileiros. Em 2009 pode se observar uma tendência de recuperação.
5
SMITH, Adam. “A riqueza das nações: Investigação sobre a sua Natureza e suas causas”. São Paulo. Abril
Cultural. 1983. (Coleção Os Economistas), publicado originalmente de 1776, tido como o primeiro trabalho a
tratar com exclusividade de economia. Apresenta o primeiro esboço da teoria da vantagem absoluta, grosso
modo, admitiu se um país lograsse algum tipo de vantagem, ou seja, produzir alguma mercadoria a um custo
mais baixo que outro tiraria proveitos da especialização e das trocas.
6
RICARDO, D. “Princípios de Economia Política e Tributação”. São Paulo. Abril Cultural, 1983 (Coleção Os
Economistas), publicado em 1817, buscava avançar nas discussões sobre as trocas de mercadorias entre países,
3
que apresentava ainda certas limitações, pois essa teoria considerava um único fator de
produção relevante – o trabalho. Somente em meados do século XX, é formulado uma
contribuição para a explicação das diferenças entre os custo de produção de uma mesma
mercadoria em diferentes países, a conhecida Teoria de Heckscher-Ohlin7, ou Teoria de
Dotação de Fatores.
A Teoria Heckscher-Ohlin explica a especialização na oferta de determinados bens ou
mercadorias em um país. Onde esse possui maiores vantagens em determinados fatores,
inicialmente, essa vantagem se sustenta graças a potencialidade dos diferentes países
(potencialidade natural ou não, de recurso naturais ou de mão-de-obra). Baseados,
inicialmente, nesses conhecimentos, diversos autores se propuseram a definir uma
metodologia, a fim de mensurar a especialização da economia. Assim sendo, são descritos a
seguir alguns indicadores propostos por Balassa (1965) e, posteriormente, por Lafay (1990).
=
em que Xij é o valor das exportações do produto i, na região j; Xiz , valor das exportações do
produto i, na zona de referência z; Xj, valor total das exportações da região j; finalmente, Xz ,
valor total das exportações da zona de referência z.
Portanto, quanto maior for o volume exportado de determinado produto por uma
região com relação ao volume total exportado desse mesmo produto, maior será a vantagem
ao buscar explicação no comércio entre país sem vantagens absolutas, e acrescenta o conceito de vantagem
relativa.
7
A teoria Heckscher-Ohlin, tem origem inicial num artigo de Eli Fillip Heckscher, publicado em 1919,
“Internation and Interregional trade”, porém a divulgação de suas idéias começou realmente a ocorrer após a
tradução para o inglês da tese de doutorado de seu discípulo, Bertil Ohlin, em 1933. Como Ohlim havia sido
fortemente influenciado por Heckscher, essa argumentação ficou conhecida como Teoria de Heckscher-Ohlim.
4
comparativa na produção desse bem. Para VCRij maior que um (ou uma unidade), o produto i
exibe vantagem comparativa revelada; por outro lado, para valores menores que um (ou uma
unidade), o produto i exibe desvantagem comparativa revelada.
100 ( )
= ( − ) − ( − )
( + )⁄2 ( + )
- Fontes de Dados
Os índices foram calculados a partir dos dados do comércio exterior do Brasil e do
Estado de Mato Grosso fornecido pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da
Indústria, Comércio (SECEX/MIC), disponíveis no Sistema ALICE (Análise das Informações
de Comércio Exterior da Secretaria do Comércio Exterior). O período de estudo situa-se de
jan/1996 a dez/2010 para a analise da balança comercial e das exportações e importações,
para o calculo dos indicadores foram selecionados os anos de 2008 a 2010.
O Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet, denominado
ALICE-Web8, da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), foi desenvolvido com vistas a
modernizar as formas de acesso e a sistemática de disseminação dos dados estatísticos das
8
Disponível para acesso em http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/
5
exportações e importações brasileiras. O ALICE-Web é atualizado mensalmente, quando da
divulgação da balança comercial, e tem por base os dados obtidos a partir do Sistema
Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), que administra o comércio exterior brasileiro.
Desde 1996 o sistema de classificação das mercadorias segue os padrões estabelecidos pelo
MERCOSUL. A NCM –Nomenclatura Comum do Mercosul, tem a finalidade de harmonizar
as informações sobre comércio exterior dos países membros.
Nesse trabalho optou-se por padronizar as informações em grupos de capítulos
segundo as seções já definidas pelo sistema NCM, tentando rastrear as cadeias produtivas
mais significativas para o Estado, assim foram agrupados em 12 grupos segundo capitulo e
posição (XX.XX), como segue:
- Carne Bovina: (01.02) Animais vivos da espécie bovina; (02.01) Carnes de animais
da espécie bovina, fresca ou refrigeradas; (02.02) Carnes de animais da espécie bovina,
congeladas; (41.15) Couro reconstruído, à base de couro ou de fibras de couro, em chapas,
folhas ou tiras, mesmo enroladas, aparas e outros desperdícios de couro ou de peles
preparados ou de couro reconstruído, não utilizáveis para fabricação de obras de couro;
serragem, pó de farinha de couro; (05.04.00.00) Tripas, bexigas e estômagos, de animais,
inteiros ou em pedaços, exceto de peixes, frescos, refrigerados, congelados, salgados ou em
salmoura, secos ou defumados de bovinos; (16.01.00.11) Enchidos e produtos semelhantes, de
carne, miudezas ou sangue, preparações alimentícias à base de tais produtos; (41.01) Couros e
peles em bruto de bovinos (incluídos búfalos) ou de eqüídeos; (41.04) Couros e peles curtidos
ou “crust”, de bovinos (incluídos búfalos); (41.07) Couros preparados após curtimenta ou
após secagem e couros e peles apergaminhados, de bovinos (incluídos os búfalos);
- Carne Suína: (01.03) Animais vivos da espécie suína. (02.03) Carnes de animais da
espécie sina, fresca, refrigeradas ou congeladas;
- Carne de aves: (01.05) galos, galinhas, patos, gansos, perus, gansos, perus, peruas e
galinhas d’angola, das espécies domésticas, vivos; (02.07) Carnes e miudezas, comestíveis,
frescas, refrigeradas ou congeladas, das aves da posição 01.05;
- Soja: (12.01) Soja, mesmo triturada; (23.04) Tortas e outros resíduos sólidos, mesmo
triturados ou em “pallets”, da extração do óleo de soja; (15.07) Óleo de soja e respectivas
frações, mesmo refinados, mais não quimicamente modificados;
- Milho: (10.05) Milho para semeadura e em grão.
- Algodão: (12.07.20) Sementes de algodão, (52) Algodão
6
- Arroz: (10.06) Arroz com casca, descascado, semi-branqueado, branqueado, polido,
brunido, quebrado.
- Metais Preciosos: (71) Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou
semipreciosas e semelhantes, metais preciosos, metais folheados ou chapeados de metais
preciosos, e suas obras; bijuterias; moedas
- Madeira e Carvão vegetal: (44) Madeira, carvão vegetal e obras de madeira, (45)
Cortiça e suas obras, (46) Obras de espartaria ou de cestaria, (47) Pastas de madeira ou de
outras matérias fibrosas celulósicas; papel ou cartão de reciclar (desperdícios e aparas) e (48)
Papel e cartão; obras de pasta de celulose, de papel ou de cartão;
- Adubo e fertilizante: (31) Adubo ou fertilizante de origem vegetal ou animal e
Adubo e fertilizante de origem química ou mineral.
- Ferro e ferro fundido: (72) Ferro fundido, ferro e aço, (73) Obras de ferro fundido,
ferro ou aço.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para Mato Grosso, os saldos da balança comercial apontam para um resultado sempre
positivo, fato este que torna ainda mais importante a análise dos indicadores de vantagem
comparativa para o estado de Mato Grosso dada a sua maior inserção internacional. Para a
escolha dos 12 grupos, foi levada em consideração a sua representatividade na cartela de
produtos oferecidos e comprados por Mato Grosso, no caso das exportações essa
representativa chega a ser maior que 95%. No ano de 2009, o saldo foi de US$ 7,63 bilhões e
em 2010 o saldo foi de US$ 7,46 bilhões, valores que demonstram a importância que o
comércio externo tem na economia do Estado.
Sendo assim, estão dispostos na Tabela 02 o valor bruto das exportações, importações
e o saldo apresentado por essas cadeias selecionadas em 2009 e 2010. Como se podem
observar, as cadeias da carne bovina, carne suína, aves, soja, milho, algodão, arroz, metais
preciosos e madeira e carvão vegetal apresentam saldos positivos nos anos de 2009 e 2010. Já
as cadeias de adubos e fertilizantes, ferro e ferro fundido e matérias têxteis e suas obras
apresentam saldo negativos. O destaque fica por conta das cadeias da soja, milho e carne
bovina que juntas representam mais de 95% do saldo positivo alcançado em 2009 e 2010;
sendo que em 2009, a cadeia da soja era responsável por 78% do saldo positivo das cadeias
selecionadas, e em 2010 essa representatividade caiu para 68% em 2010.
8
Tabela 02: Mato Grosso (Cadeias selecionadas) - Balança Comercial - 1996 - 2010 - US$ Milhões
2009 2010
Exportação Importação Saldo Exportação Importação Saldo
Mato Grosso
Cadeias Selecionadas 8.326,84 576,92 7.749,91 8.381,36 820,31 7.561,06
Carne Bovina 585,96 - 585,96 809,84 - 809,84
Carne Suína 60,78 - 60,78 68,98 - 68,98
Carne de Aves 201,85 - 201,85 296,90 - 296,90
Soja 6.007,13 - 6.007,13 5.114,47 - 5.114,47
Milho 830,28 0,09 830,19 1.346,22 - 1.346,22
Algodão 379,74 0,26 379,48 406,14 0,40 405,74
Arroz 0,22 - 0,22 0,97 0,12 0,85
Metais Preciosos e pérolas 118,40 - 118,40 132,41 0,01 132,41
Madeira e Carvão vegetal 142,25 0,45 141,80 203,53 0,78 202,75
Adubo e Fertilizante - 563,76 (563,76) 1,86 761,21 (759,36)
Ferro e Ferro fundido 0,16 12,14 (11,98) 0,03 42,98 (42,95)
Matérias Têxteis e suas
obras exceto algodão 0,06 0,21 (0,16) 0,02 14,81 (14,78)
Fonte: Elaboração própria sobre a base de dados do Sistema ALICE/SECEX
Tabela 03: Mato Grosso - Vantagem Comparativa Revelada de Mato Grosso - 1996-2007
2008 2009 2010
MATO GROSSO
I Carne Bovina 0,76 0,55 0,71
II Carne Suína 0,21 0,33 0,39
III Carne de Aves 0,19 0,25 0,34
IV Soja 2,31 2,11 2,07
V Milho 3,13 3,86 4,21
VI Algodão 3,52 2,66 2,81
VII Arroz 0,04 0,00 0,04
VIII Metais Preciosos e pérolas 0,33 0,41 0,40
IX Madeira e Carvão vegetal 0,19 0,13 0,16
X Adubo e Fertilizante 0,00 0,00 0,04
XI Ferro e Ferro fundido 0,00 0,00 0,00
XII Matérias Têxteis e suas obras exceto algodão 0,00 0,00 0,00
Fonte: Elaboração própria sobre a base de dados do Sistema ALICE/SECEX
9
Pode ser encarado como surpresa observar que mesmo em cadeias nas quais
apresentam saldo positivo nas exportações o indicador de vantagem comparativa não chegou
a uma unidade, como no caso das carnes: bovina, suína e aves, além de não chegar a uma
unidade outras cadeias já consideradas consolidadas no Estado, como madeira e carvão
vegetal. A teoria das vantagens comparativas indica que as economias devem se especializar
naquela nas quais já apresentam alguma vantagem, no entanto as cadeias com melhores
indicadores apresentam baixo valor agregado a produção.
Os produtos que mais contribuíram para esses resultados são os originários da
oleaginosa da soja, principalmente os grãos destinados à semeadura e os triturados, que são
exportados praticamente in natura para os mercados externos. A importância desse produto se
fundamenta na sua contribuição para a balança comercial do Estado, variando entre 19% a
mais de 50% do total do valor das exportações. Em 2006, somente os grãos de soja foram
responsáveis por 52,23% do valor total das exportações de Mato Grosso. Em termos
monetários isso representou mais de US$ 260 bilhões, e em volume, cerca de 9 mil t. Outros
grãos também se destacam como, por exemplo, o milho, que em 2007 foram mais de 3 mil t
exportadas, e o algodão, com mais de 6 mil t. Em 2010 esse volume chegou a mais de 8 mil
toneladas incluindo milho em grão, sem ser em grão e para semeadura.
A seguir têm-se o comportamento do indicador de vantagem comparativa para as
três cadeias que apresentaram vantagens: soja, milho e algodão.
0,00
2008 2009 2010
10
período analisado, o indicador do milho apresentou considerável melhora saindo de 3,13 em
2008 chegando em 2010 a apresentar um indicador de 4,21.
Outro indicador importante para analisar o comportamento de determinado
produtos, no comércio exterior, é o Índice de Contribuição à Balança Comercial (ICBC). O
ICSC deve ser interpretado da seguinte forma: quando o valor desse indicador for positivo,
têm-se vantagens comparativas, caso contrário, isto é, se o indicador for negativo, têm-se
desvantagens comparativas na exportação de determinado produto. Na Tabela 03 encontram-
se os indicadores das cadeias selecionadas. Dessa forma é possível identificar aqueles
produtos que contribuem mais para os saldos positivos na Balança Comercial.
Os indicadores do ICBC que tiveram saldo positivos entre 0 e 1 são os que
apresentaram pouca contribuição ao saldo na balança comercial, ou seja, seu desempenho
contribuiu muito pouco para o saldo positivo na balança comercial, sendo necessário uma
análise mais acurada de cada uma de seus componentes para melhorar sua contribuição ao
saldo na balança de comércio exterior.
Tabela 04: Mato Grosso - Índice de Contribuição ao Saldo Comercial de 2008 a 2010
2008 2009 2010
I Carne Bovina 1,05 0,43 0,78
II Carne Suína 0,05 0,04 0,07
III Carne de Aves 0,20 0,15 0,29
IV Soja 7,57 4,37 4,95
V Milho 0,79 0,60 1,30
VI Algodão 0,59 0,27 0,39
VII Arroz 0,00 0,00 0,00
VIII Metais Preciosos e pérolas 0,10 0,09 0,13
IX Madeira e Carvão vegetal 0,26 0,10 0,19
X Adubo e Fertilizante (10,22) (5,92) (7,53)
XI Ferro e Ferro fundido (0,38) (0,13) (0,43)
XII Matérias Têxteis e suas obras exceto algodão (0,00) (0,00) (0,15)
Fonte: Elaboração própria sobre a base de dados do Sistema ALICE/SECEX
11
Os gráficos seguintes ajudam a observar o comportamento de cada cadeia à
contribuição no saldo da balança comercial.
6,00
2,00
-2,00
-6,00
-10,00
6,00
2,00
-2,00
-6,00
-10,00
Fonte: Elaboração própria sobre a base de dados do Sistema ALICE/SECEX
13
Gráfico 05: Mato Grosso países importadores 2010.
CHINA
27%
Outros
48%
PAISES BAIXOS
(HOLANDA)
9%
TAILANDIA
6%
IRA, REPUBLICA
ESPANHA ISLAMICA DO
5% 5%
14
Gráfico 05: Mato Grosso países importadores 2010
BELARUS;
17,56%
ESTADOS
UNIDOS;
ISRAEL; 9,05% 12,03%
CANADA;
9,68%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
16