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CFESS Manifesta

Edição especial: A contrarreforma trabalhista


Brasília (DF), 12 de julho de 2017
Gestão É de batalhas que se vive a vida! www.cfess.org.br

O fim da

CLT
Mais um ataque cruel foi desferido à classe trabalhadora, com a aprovação
da reforma trabalhista no Congresso Nacional. Mas muitas batalhas ainda
estão por vir, e a categoria de assistentes sociais continua na resistência!
CFESS Manifesta Edição especial A contrarreforma trabalhista Brasília (DF), 12 de julho de 2017

O
dia 11 de Julho entrará para a história margens de negociação para todos esses itens, tos das empresas com o trabalho, pois reduz
do Brasil como o dia em que as classes sob o pretexto de que, ao figurarem no acor- o já reduzido espectro de regulação sobre o
dominantes impuseram uma das maio- do coletivo de trabalho, em tese, os/as traba- essencial da produção capitalista: o tempo de
res derrotas já sofridas pelo conjunto da lhadores/as necessariamente concordam com trabalho. A contrarreforma prevê possibilida-
classe trabalhadora do país. A contrarrefor- a pactuação flexível. des de “livres” acordos, para ampliar a jor-
ma trabalhista aprovada ontem pelo Senado, Mas qual o poder de negociação real dos/ nada diária no limite das 44 horas semanais,
somada à já aprovada Lei das Terceirizações as trabalhadores/as representados/as por seus para “livre” negociação individual de banco
(13.429/17), altera de forma regressiva o or- sindicatos frente aos/às empregadores/as, com de horas, de “livre” redução do tempo de des-
denamento jurídico nacional em torno da re- o crescimento monumental do desemprego e canso, entre outras “liberdades” que só am-
lação capital X trabalho. pliam a lucratividade
Reconhecendo que este já A regra geral até então A contrarreforma prevê dos/as empregadores/
não figurava entre os mais as, atendendo, no
amplos ordenamentos vigente é que não pode haver possibilidades de “livres” Brasil, aos interesses
protecionistas do traba- retrocesso nos dispositivos acordos, para ampliar a de várias frações da
lho, quando comparado a que regulam o trabalho e jornada diária no limite das 44 burguesia nacional e
outros países, essas con- internacional. Esse
trarreformas possibilitarão que são periodicamente horas semanais, para “livre” elemento da conjun-
legalizar a precarização do negociados por meio negociação individual de banco tura é central para en-
trabalho, que já era uma dos acordos coletivos. A de horas, de “livre” redução tendermos, na atuali-
prática, embora à margem dade, a conformação
da lei, fazendo dela a tôni- contrarreforma trabalhista do tempo de descanso, entre do bloco de poder.
ca das contratações. altera esse princípio, quando outras “liberdades” que só Uma análise do
Isso porque o núcleo permite a predominância do ampliam a lucratividade dos/as da nefastadessa
impacto medi-
central da contrarrefor- precisa ser
ma trabalhista é a predo- Negociado sobre o Legislado empregadores/as, atendendo, realizada juntamente
minância do Negociado em relação a vários direitos no Brasil, aos interesses de com a lei da tercei-
sobre o Legislado. O que do trabalho já estabelecidos várias frações da burguesia rização e o congela-
significa isso? O Legislado mento do orçamento
refere-se essencialmente (jornada de trabalho, nacional e internacional. Esse público por 20 anos,
aos direitos do trabalho salário, contrato de trabalho, elemento da conjuntura é reajustado segundo o
previstos na Constitui- dispensa e descanso, etc.), central para entendermos, na índice inflacionário.
ção Federal de 1988 e Essas e todas as con-
na Consolidação das Leis flexibilizando as margens de atualidade, a conformação do trarreformas em curso
Trabalhistas (CLT). E o negociação para todos esses itens. bloco de poder. certamente ampliarão
Negociado são os acordos as desigualdades e a
e convenções coletivas de barbarização da vida
trabalho que podem ser firmados entre os sin- fragilidade de organização sindical provenien- social no Brasil e, consequentemente, torna-
dicatos de categorias de trabalhadores/as e em- te de mais de 20 anos de vigência do neolibe- rão mais difíceis as condições de resistência
presas ou sindicatos de segmentos econômi- ralismo no Brasil? Considerar a existência do da classe trabalhadora.
cos patronais/empresariais, para definir outras enorme “exército industrial de reserva”, este Por isso, não podemos, no momen-
condições de trabalho que se aplicam de modo pressuposto fundante do capitalismo, é ainda to presente, esfriar a luta que ainda temos
geral aos contratos. a melhor forma de entender o que está em jogo pela frente para barrar a contrarreforma da
A regra geral até então vigente é que não num governo que, não pode haver dúvida, previdência. Essa é a última trincheira que
pode haver retrocesso nos dispositivos que opera em nome do capital. as classes dominantes pretendem derrubar,
regulam o trabalho e que são periodicamente É claro que a informalidade do trabalho para impor suas condições de saída da crise.
negociados por meio dos acordos coletivos. A no Brasil e as diversas formas de precarização Temos que reconstruir rapidamente nossas
contrarreforma trabalhista altera esse princí- de contratos já deixavam de fora da prática forças abaladas pela perda desta batalha e
pio, quando permite a predominância do Ne- da negociação coletiva milhares de trabalha- seguir lutando para não perder a guerra. Já
gociado sobre o Legislado em relação a vários dores/as, possibilitando a superexploração sabemos, como o sabem todos/as os/as tra-
direitos do trabalho já estabelecidos (jorna- do trabalho no Brasil em níveis alarmantes. balhadores/as brasileiros/as, que “é de bata-
da de trabalho, salário, contrato de trabalho, O que está para ser sancionado agora avança lhas que se vive a vida” e os/as assistentes
dispensa e descanso, etc.), flexibilizando as ainda mais na direção de minimizar os cus- sociais não fugirão desta luta!

Gestão É de Batalhas que se vive a vida! (2017-2020)


Presidente Josiane Soares Santos (SE) Suplentes CFESS Manifesta
Vice-presidente Daniela Neves (RN) Solange da Silva Moreira (RJ) Edição especial
1ª Secretária Tânia Maria Ramos Godoi Diniz (SP) Daniela Ribeiro Castilho (PA) A contrarreforma trabalhista
2ª Secretária Daniela Möller (PR) Régia Prado (CE) Conteúdo (aprovado pela diretoria):
nosso endereço
SCS Quadra 2, Bloco C, Edf.
1ª Tesoureira Cheila Queiroz (BA) Magali Régis Franz (SC) Daniela Neves e Josiane Soares Santos
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CEP: 70300-902 - Brasília - DF Mauricleia Santos (SP) Revisão: Diogo Adjuto
Fone: (61) 3223-1652 Conselho Fiscal Joseane Couri (DF)
comunicacao@cfess.org.br
Diagramação e arte: Rafael Werkema
cfess@cfess.org.br Nazarela Silva do Rêgo Guimarães (BA), Francieli Piva Neimy Batista da Silva (GO)
www.cfess.org.br Borsato (MS) e Mariana Furtado Arantes (MG) Jane de Souza Nagaoka (AM)

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