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PR-CE-00039399/2019

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA
SECRETARIA DE PERÍCIA, PESQUISA E ANÁLISE
Assessoria Nacional de Perícia de Engenharia e Arquitetura

PARECER TÉCNICO Nº 36/2019 – CNP/SPPEA

REFERÊNCIA A.C.P 0005548-52.2015.4.05.8100

Assinado com certificado digital por CAIO BARBOSA PORTELA, em 24/07/2019 19:43. Para verificar a autenticidade acesse
UNIDADE SOLICITANTE Procuradoria da República no Estado do Ceará
AUTORIDADE REQUERENTE Dr. Alexandre Meireles Marques
Município de Aquiraz. Representação em desfavor de Ritelza
Cabral Demétrio e Edson Sá, ex-prefeitos municipais.
Irregularidades na prestação de contas de recursos repassados
EMENTA
pelo Ministério da Saúde (Fundação Nacional da Saúde –

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FUNASA) por meio do Convênio n.º 1971/04, tendo como
objeto a execução de sistema de abastecimento de água.
TEMÁTICA 5ª CCR. Combate à Corrupção
GUIA SISTEMA PERICIAL Guia SEAP/PGR – 002242/2018
Feição considerada: ( x ) pontual ( ) linear ( ) poligonal
COORDENADAS GEOGRÁFICAS
Lat/Long dec.: -3.902954° Lat. -38.388961° Long.

Introdução

1. O presente Parecer Técnico consiste numa opinião técnica fundamentada,


exarada com base na constatação de fatos, análise de documentos e dados, em especial o
Laudo Técnico de Engenharia apresentado pela Perita Técnica Oficial, Dra. Carla Mabel
Chaves, em 06 de junho de 2019. O presente documento técnico visa atender à guia de
requerimento de trabalho pericial – SEAP/PGR – 002242/2018, aberta em 13 de julho de
2018.
2. O Excelentíssimo Procurador da República da Procuradoria da República no
Estado do Ceará, Dr. Alexandre Meireles Marques, aos 17 dias do mês de julho de 2018,
indicou este analista pericial signatário como assistente técnico do Ministério Público Federal
na referida A.C.P, especificando na guia SEAP/PGR – 002242/2018 os quesitos a serem
respondidos pelo perito do juízo, quando da análise pericial.
3. No dia 16 de outubro de 2018, o MM. Juiz Federal, Dr. Ricardo Cunha Porto
expediu mandado de intimação (documento em anexo) para que qualquer Oficial de Justiça do
juízo federal comunicasse a esse subscrevente sobre o inteiro teor da manifestação judicial de
fl. 995, bem como da certidão de fl. 996, sobre agendamento da reunião inicial de perícia para
o dia 25/10/2018 às 10h:30min, na Prefeitura Municipal de Aquiraz.

Rua João Brígido, 1260, Joaquim Távora – CEP 60135-080 – Fortaleza-CE


Tel. (85) 3266-7516 – Email: caioportela@mpf.mp.br Web: http://www.prce.mpf.mp.br
4. Na reunião inicial de perícia, ocorrida na sede Prefeitura Municipal de Aquiraz,
estiveram presentes a ré, Sra. Ritelza Cabral Demétrio, o responsável técnico da Prefeitura
Municipal de Aquiraz, o Eng. Antônio Napoleão Leite Filgueiras, o advogado do réu Edson
Sá, Dr. Mário Marrathma Lopes de Oliveira, a Dra. Carla Mabel e este subscrevente. A Perita
Oficial esclareceu a necessidade de dias adicionais para a realização da perícia de campo,
tendo em vista a distância entre as localidades, bem como a dificuldade de acesso às referidas.
A experta registrou em ata os endereços de e-mail e telefones dos participantes da reunião,

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com o intuito de comunicar aos interessados o andamento das etapas subsequentes da perícia
de campo (documento em anexo). Em ato contínuo, a Dra. Carla Mabel conduziu o início dos
trabalhos de campo realizando visita a duas localidades que foram beneficiadas pelo projeto
de abastecimento de água em questão. O Eng. Napoleão ficou responsável por estabelecer as
melhores rotas de circulação para a execução dos trabalhos de campo, uma vez que, sendo
servidor da Prefeitura Municipal de Aquiraz, tem domínio da conformação do território do

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município.
5. As visitas de campo ocorreram, respectivamente, nas datas a seguir: 05 de
novembro de 2018, 12 de novembro de 2018, 20 de novembro de 2018, 07 de janeiro de 2019
e 14 de janeiro de 2019. Em todas as ocasiões estiveram presentes a Dra. Carla Mabel, o Dr.
Eduardo Teixeira, Assessor Especial da Perita e o Eng. Antônio Napoleão Filgueiras. Nas três
primeiras datas, além dos três anteriormente informados, estiveram presentes nas visitas de
campo a Sra. Ritelza Cabral Demétrio e este subscrevente, conforme documentação
comprobatória anexa ao presente Parecer Técnico.
6. Após a conclusão dos trabalhos de campo no dia 29 de março de 2019, a Perita
Técnica Oficial requestou a dilação do prazo fixado pelo juízo para entrega do laudo por 45
(quarenta e cinco) dias úteis, sob a alegação de elevada complexidade técnica detectada ao
longo da instrução pericial. Isso diante da necessidade da realização das visitas técnicas,
entrevistas, assim como levantamento documental junto aos órgãos públicos de controle. O
requerimento foi deferido pelo MM. Juiz Federal e, a partir da notificação da Perita por via
telefônica, iniciou-se a contagem do prazo fixado pela experta.
7. Destarte, no dia 19 de junho de 2019 o Laudo Técnico de Engenharia foi
juntado aos autos do processo e, em ato contínuo, o magistrado intimou as partes para que se
manifestem, no prazo legal, acerca da prova pericial apresentada. Conforme estabelecido no
art. 477, § 1°, do CPC, exponho o presente arrazoado, contendo uma análise do documento
apresentado pela Perita Técnica Oficial, no qual ofereço manifestação acerca do laudo
jurisdicionado.
Análise das respostas aos quesitos

a) Quesitos apresentados pelo Ministério Público

8. Houve atraso na execução do convênio?

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A Perita Técnica Oficial respondeu que SIM.
Segundo o Laudo Técnico de Engenharia foram periciadas ao todo 29 obras de sistema de
captação d'água por chafarizes e 8 sistemas convencionais de abastecimento d'água. Este
subscrevente acompanhou os procedimentos de coleta de informações de campo nas 29 obras
de captação por chafarizes.
Foi constatado por esse Assistente Técnico que os sistemas de chafarizes foram executados à

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época do convênio e apenas um encontra-se fora de operação (Vila do Escurinho), pois foi
demolido por populares.
Outra observação importante é o fato de que quatro chafarizes foram realocados para novas
localidades, conforme descrito no Laudo Técnico de Engenharia analisado. Cabe destacar
ainda que o chafariz da localidade Boa Vista se encontra em operação. Porém, segundo
populares, o reservatório que foi instalado à época do convênio foi desativado por falta de
condições de uso e operação, sendo construído um novo reservatório na gestão municipal
seguinte. Pôde-se concluir que o reservatório existente NÃO pertence ao convênio objeto da
perícia judicial.
Este subscrevente não participou das visitas de campo aos sistemas de abastecimento de água
das localidades do Iguape e Barro Preto. Sendo assim, quanto aos referidos sistemas de
abastecimentos, a experta constatou que ambos foram concluídos parcialmente e estão
inoperantes. O fato de estarem parcialmente concluídos comprova o atraso na execução do
convênio. A perita afirmou ainda que os demais sistemas de abastecimento de água periciados
foram concluídos em sua totalidade e estão operando normalmente.
9. As metas do convênio foram atendidas?
A Perita Oficial respondeu que NÃO, uma vez que o sistema de abastecimento de água do
Iguape e do Barro Preto não foram executados em sua totalidade. A partir dos indícios
apresentados pela experta, bem como os elementos comprobatórios (registros fotográficos)
trazidos à baila no Laudo Técnico de Engenharia, confirmo o não cumprimento das metas do
convênio em tela, uma vez que os sistemas de abastecimento de água do Iguape e Barro Preto
não foram concluídos completamente.
10. Como e quando foram aplicadas as verbas do convênio; as obras foram
executadas de acordo com as especificações e projetos?
A Perita Oficial respondeu que as verbas do Convênio nº 1971/2004 – FUNASA foram
aplicadas de acordo com as medições apontadas no laudo pericial criminal na fl. 25 do
processo em tela. Os desembolsos se deram de acordo com a planilha apresentada na página
10 do Laudo Técnico de Engenharia, tendo sido registradas 6 medições, com as respectivas
datas de pagamento.

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De acordo com a metodologia empregada para a constatação in loco da execução dos sistemas
de abastecimento de água e de captação por chafarizes, foi verificado que as obras executadas
integralmente estão em conformidade com os projetos e memoriais descritivos juntados aos
auto. Já os sistemas de abastecimento do Iguape e Barro Preto, que não foram completamente
concluídos, esses não foram feitos de acordo com as especificações e projetos.

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Esse signatário corrobora a opinião da experta de que as obras concluídas foram de fato
executadas de acordo com as especificações e projetos. Entretanto, os sistemas de
abastecimento de água convencionais instalados no Iguape e Barro Preto, por não terem sido
concluídos completamente, considerou-se como não executados de acordo com as
especificações e projetos.
11. O convênio foi cumprido integralmente e as verbas cumpridas
integralmente?
A resposta a esse quesito foi NÃO. O Sistema de Abastecimento de Água do Iguape e do
Barro Preto não foram executados em sua totalidade, portanto, conclui-se que as verbas
conveniadas não foram aplicadas em sua totalidade.
12. Houve superfaturamento?
De acordo com a Perita Técnica Oficial, constatou-se uma diferença no valor total da
Medição 5. Segundo a experta, existe uma discrepância entre a documentação cedida pela ré e
a documentação apostilada nos autos. De acordo com a planilha apresentada no Laudo
Técnico de Engenharia, o somatório da Medição 5 deveria ser R$ 34.093,25 (trinta e quatro
mil noventa e três reais e vinte e cinco centavos), entretanto, tanto na planilha apresentada
quanto na Nota Fiscal de Serviço nº 785, datada de 1 de fevereiro de 2007, acompanhada do
respectivo recibo, o valor recebido pela empresa G & M Construções e Projetos Ltda foi de
R$ 134.093,25. Existe então uma diferença de valor de R$ 100.000,00 que, conforme
documentos comprobatórios (Nota Fiscal de Serviço e recibo), foi paga a empresa contratada.
13. Descrever o material submetido a exame, identificando e relacionando os
convênios celebrados entre a FUNASA e o Município de Aquiraz/CE.
Segundo a Perita Oficial, o material usado foram:
a) Todo material do referido processo;
b) Projetos de engenharia e seus respectivos memoriais descritivos referente à construção de
chafarizes e sistemas de abastecimento de água;
c) Documentos do Anexo Único desta peça técnica;
d) Vistas realizadas in loco;
e) Entrevistas realizadas a populares residentes;

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Todos eles relacionados ao Convênio 1971/2004 FUNASA.
14. Descrever as obras; Os custos unitários das obras estão compatíveis com
os valores praticados pelo mercado da construção civil na época em questão?
A experta afirmou que os custos unitários das obras estão compatíveis com os valores
praticados à época pelo mercado da construção civil, considerando a tabela de referência

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usada na elaboração dos orçamentos municipais. Após análise da documentação apensada
pela experta aos autos, esse signatário ratifica a opinião exarada pela Dra. Carla Mabel de que
os custos unitários das obras estão de acordo com os preços de mercado à época.
No que tange a descrição das obras, esse tópico foi detalhadamente esmiuçado pela experta no
Laudo Técnico de Engenharia, sendo desnecessária a sua transcrição no presente arrazoado.
15. As obras foram executadas de acordo com as especificações e Projetos?
A Perita Oficial afirmou que as obras contratadas consistem em sistemas de captação por
chafarizes e sistemas de abastecimento de água convencionais. Ela observou que os sistemas
de abastecimento de água convencionais instalados nas localidades do Iguape e Barro Preto
NÃO foram executados em sua totalidade e estão inoperantes desde à época do convênio e; de
tal forma, o entendimento exarado pela experta é de que essas obras NÃO foram executadas
conforme as especificações e projetos, uma vez que se encontram inconclusas. Essa também é
a opinião desse subscrevente cabendo, portanto, concluir-se que as obras foram parcialmente
executadas conforme as especificações e projetos. Os sistemas de captação por chafarizes
cumpriram as diretrizes e especificações técnicas de projeto, enquanto os sistemas de
abastecimento de água do Iguape e Barro Preto, por não terem sido concluídos em sua
totalidade, NÃO foram executados conforme as especificações.
16. Os quantitativos previstos correspondem aos serviços executados?
A Perita Oficial afirmou que NÃO, já que os sistemas de abastecimento de água do Barro
Preto e Iguape não foram executados completamente.
17. Houve superfaturamento (ou Dano ao Erário)? Se positivo, qual o
montante?
A Perita Oficial respondeu que NÃO foi identificado superfaturamento, considerando as
tabelas de custos de referência à época do orçamento original. Segundo a experta, devido ao
lapso temporal entre a execução do convênio e a presente contenda, não é possível descrever
pormenorizadamente e com exatidão, os quantitativos de supostos danos ao erário. Ficou
constatado apenas que houve divergência de cálculo de valores, conforme planilha apontada

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no Laudo Pericial Criminal Federal às fls. 425 (item 20), no qual resta indicado sobrepreço no
valor de R$ 12.401,40.
A Perita Oficial afirmou ainda que, além do confronto com a documentação cedida pela ré e a
documentação apostilada nos autos, foi constatado na coluna Medição 5 o somatório o valor
de R$ 134.093,25 (Tabela 2 – planilha anexa às folhas 425). Este valor, após calculada a

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soma das linhas da coluna 5, deveria ser de R$ 34.093,25, identificando assim uma diferença
de R$100.000,00 recebida pela empresa G & M Construções e Projetos Ltda.
18. Outros dados julgados úteis.
A Perita Oficial citou que o sobrepreço apontado no laudo pericial da polícia federal
(R$ 12.401,40) corresponde a 0,899% R$ do valor pago (R$ 1.379.148,64). Em relação ao
valor conveniado (R$ 1.738.704,01), o sobrepreço apontado no laudo da polícia federal
(R$ 12.401,40) corresponde a 0,7133%.

b) Quesitos apresentados pela parte ré, Sra. Ritelza Cabral Demétrio

19. Queira o Sr. Perito identificar e esclarecer se os valores recebidos da 1ª


(primeira) e 2ª (segunda) parcela são condizentes com obras executadas no respectivo
período, justificando sua resposta;
A Perita Oficial respondeu que SIM. Segundo o Laudo Técnico de Engenharia, as obras
foram executadas de acordo com os valores recebidos e em conformidade com os documentos
de prestação de contas do Convênio nº 1971 da FUNASA. A comprovação foi feita com base
nos documentos elencados às fls. 26 a 67.
20. Queira o Sr. Perito quantificar com base nos parâmetros técnicos vigentes,
os valores das obras executadas referentes a 1ª (primeira) e 2ª (segunda) parcela,
justificando sua resposta;
A Perita Oficial respondeu que os valores referentes a 1ª e 2ª parcela estão descritos na
planilha apresentada no Laudo Técnico de Engenharia, devidamente revisados por este
Assistente Técnico. A experta informou que utilizou como estratégia metodológica o
confronto entre a documentação cedida pela ré e a documentação apostilada nos autos. Cabe
destacar que este subscrevente entende que a metodologia utilizada pela Perita Oficial foi
coerente com a demanda ora perquirida.
Após o confronto das documentações, ficou constatado, na coluna Medição 5, que o
somatório de R$ 134.093,25 (cento e trinta e quatro mil noventa e três reais e vinte e cinco
centavos) é diferente do valor calculado pela soma das parcelas de cada linha da coluna 5
(Tabela 2 – Planilha anexa às folhas 425). Pelo cálculo do somatório das referidas linhas, o

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total deveria ser de R$ 34.093,25; Observando-se a Nota Fiscal de Serviço nº 785, de 1 de
fevereiro de 2007, acompanhada do respectivo recibo, de 2 de fevereiro de 2007, o valor
faturado pela empresa G&M Construções e Projetos Ltda foi R$134.093,25. Desse modo,
restou comprovada uma diferença paga de R$ 100.000,00.
21. Queira o Sr. Perito identificar e esclarecer se o montante recebido nas

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duas primeiras parcelas era suficiente para a conclusão integral do sistema de
abastecimento de água, objeto do Convênio nº 1971/2004, justificando resposta;
A Perita Oficial respondeu que NÃO. Os montantes recebidos não eram suficientes para
conclusão integral do objeto do Convênio nº 1971/2004. Esta resposta foi possível após a
confrontação entre o orçamento contratado e os valores recebidos.
22. Queira o Sr. Perito identificar e esclarecer qual o atual estado das obras,
objeto do Convênio nº 1971/2004, e se é possível a retomadas dos serviços para a
conclusão integral do Sistema de Abastecimento de Água, justificando sua resposta;
A Perita Oficial respondeu o quesito com a apresentação da Tabela 1, que descreve o estado
atual dos sistemas de captação por chafarizes e a Tabela 2, que descreve o estado atual dos
sistemas de abastecimento de água convencionais. Quanto à possibilidade de ser dada
continuidade aos serviços, a Perita respondeu que os serviços podem ser retomados e
concluídos salvaguardas as recomendações técnicas especializadas para a realização das
obras.
A partir dos dados analisados, esse signatário corrobora a opinião exarada pela experta em
relação a retomada dos serviços e conclusão das obras de abastecimento de água das
localidades afetadas.
24. Queira o Sr. Perito identificar e esclarecer se possível a retomada das
obras, quantificar o montante necessário para tal finalidade, justificando sua resposta;
A Perita Oficial respondeu que SIM, os serviços podem ser retomados e concluídos
salvaguardas as recomendações técnicas especializadas para a realização das obras. Foi
calculado no Laudo Técnico de Engenharia o montante necessário para a conclusão das obras
de R$ 469.279,06, valor obtido pela diferença entre os valores pagos e o valor contratado. Foi
feita a seguinte ressalva pela experta: este valor indicado corresponde aos valores unitários da
planilha contratada (planilha de mercado) discriminada na 5ª Medição. Portanto, a especialista
não levou em consideração as atualizações monetárias.
Cabe destacar que, caso seja julgada a obrigatoriedade de retomada dos serviços não
executados por meio de um novo convênio ou outra forma de repasse de recursos públicos, os
valores a serem contratados deverão sofrer as devidas atualizações monetárias. Deve-se
cumprir o referido requisito para que a contratação pública se dê nos moldes dos valores
atualmente praticados, para que a execução dos serviços se dê de maneira efetiva e completa,

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sem deixar remanescentes de obra.
25. Queira o Sr. Perito identificar e esclarecer se a devolução da terceira
parcela do Convênio realizada pelo gestor Edson Sá, sem a consequente execução das
obras inviabilizou a conclusão integral do Sistema de Abastecimento de água,
justificando sua resposta;

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O entendimento da Perita Técnica Oficial é de que a diferença não utilizada nas obras,
referente à terceira parcela do Convênio nº 1971/2004, INVIABILIZOU a conclusão da
totalidade dos serviços conveniados. Desse modo, ficaram incompletos e inoperantes os
sistemas de abastecimento de água das localidades do Barro Preto e Iguape.
26. Queira o Sr. Perito identificar e esclarecer se tivesse ocorrido a aplicação
dos recursos oriundos da terceira parcela nas obras, como previsto no plano de trabalho,
o sistema de abastecimento de água teria sido integralmente concluído, justificando sua
resposta;
O entendimento da Perita Técnica Oficial é de que a aplicação integral dos recursos
conveniados seria SUFICIENTE para a conclusão dos serviços conveniados, de acordo com
o orçamento contratado e em conformidade ao pactuado no Convênio nº 1971/2004.

Conclusão

27. Inicialmente, cabe destacar as estratégias metodológicas empregadas pela


Perita Técnica Oficial para análise do caso em tela, que consistiram na constatação in loco da
execução dos sistemas, complementada pela comparação entre os projetos (requeridos e
cedidos pela parte ré) e pelo confronto entre as documentações cedidas pela ré e as apostiladas
nos autos. No que tange o trabalho de campo, foi possível identificar (por amostragem) a
instalação dos kits cavalete domiciliares, apontadas nos registros fotográficos e entrevistas
com populares residentes nas localidades. Ressalta-se que esse subscrevente entende que a
metodologia adotada foi coerente com a demanda perquirida no caso em tela.
28. Em relação à dilação do prazo requerido pela Perita Oficial para entrega do
laudo, deferido pelo MM. Juiz Federal, foi possível constatar a alta complexidade técnica ao
longo da instrução pericial, incluindo a realização de visitas técnicas, entrevistas e
levantamento documental junto aos órgãos públicos de controle, tornando justificável a
extensão desse prazo para a conclusão do Laudo Técnico de Engenharia.
29. Esse signatário corrobora a opinião da experta de que as obras concluídas
foram executadas de acordo com as especificações e projetos. Entretanto, os sistemas de

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abastecimento de água convencionais instalados no Iguape e Barro Preto, por não terem sido
concluídos completamente, não foram executados de acordo com as especificações e projetos.
30. Após o confronto da documentação cedida pela ré com a documentação
apostilada nos autos, foi constatado na coluna Medição 5 o somatório o valor de
R$ 134.093,25 (Tabela 2 – planilha anexa às folhas 425). Este valor, após calculada a soma

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das linhas da coluna 5, deveria ser de R$ 34.093,25, identificando assim uma diferença de
R$100.000,00 recebida pela empresa G & M Construções e Projetos Ltda.
31. Cabe ponderar que os serviços não concluídos completamente podem ser
retomados e finalizados, desde que salvaguardas as recomendações técnicas especializadas
para a realização das obras. Foi calculado no Laudo Técnico de Engenharia o montante
necessário para a conclusão das obras de R$ 469.279,06, valor obtido pela diferença entre os
valores pagos e o valor contratado. Entretanto, a especialista não levou em consideração as
atualizações monetárias. Caso seja julgada a obrigatoriedade de retomada dos serviços não
executados por meio de um novo convênio ou outra forma de repasse de recursos públicos, os
valores a serem contratados deverão sofrer as devidas atualizações monetárias.
32. O entendimento desse Assistente Técnico é de que a diferença não utilizada nas
obras, em virtude da devolução pelo Sr. Edson Sá da terceira parcela do Convênio nº
1971/2004, INVIABILIZOU a conclusão da totalidade dos serviços conveniados. Desse
modo, ficaram incompletos e inoperantes os sistemas de abastecimento de água das
localidades do Barro Preto e Iguape. A aplicação integral dos recursos conveniados seria
SUFICIENTE para a conclusão dos serviços, de acordo com o orçamento contratado e em
conformidade ao pactuado no Convênio nº 1971/2004.

É o Parecer Técnico.
Fortaleza, 24 de julho de 2019.

[assinatura digital]
CAIO BARBOSA PORTELA
Analista do MPU/Perícia/Engenharia Civil
Assessoria Nacional de Perícia de Engenharia e Arquitetura

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