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Determinação da Constante de Tempo de um Termômetro

Daniel Ferreira de Souza , Henrique dos Santos Dias , and Raphael Bryan Alves de Sena

Laboratório de Física 2, Universidade Federal de Goiás, UFG

Resumo O objetivo deste experimento é determinar f (x) = 0, se|x − x0 | ≥ ∆x (5)


a constante de tempo de um termômetro disponibili-
um termômetro digital com distribuição triangular, e
zado pelo instituto de física. Para tal, usou-se: dois
baldes com água fria e quente respectivamente; um com resulução de 0,01 °C, uma balaça digital que tem
termômetro digital; um termomêtro para encontrar a resolução de 1 g e dois recipientes com água em dife-
rentes temperaturas. Para que seja medido o tempo
constante; e um cronômetro. O procedimento é retirar
em que o termomêtro varia a temperatura, é neces-
o termômetro do balde com água a 10,0500 ± 0,0041 °C
sário, primeiramente, colocar o termômetro na água
e o colocar no balde com água a 80,1200 ± 0,0041 °C.
Assim, observa-se a mudança de temperatura vista dofria para que retorne a temperatura inicial x0 , logo
termomêtro em questão para que se possa determinar após colaca-se o termômetro na água quente e imedi-
a constante de tempo intríseca do instrumento. atamente é medido o tempo para que chegue na tem-
A constante de tempo calculada pelo experimento peratura final x, e esse procedimento é realizado três
vezes.
é de 1,136 ± 0,064 segundos e o principal impacto ao
experimento é a metadologia escolhida para a medi- Durante as medições, pelo fato da resolução do crôno-
ção de tempo usando os crônometros, por depender metro utilizado ser 0,01 s(flutuação maior que resolu-
da subjetivadade ótica e velocidade de resposta do ção), e que foram realizadas mais de uma medição, a
agente colhedor das amostras. incerteza usada foi do tipo A.
Após o processo de medição, foram elabordos os cál-
Introdução O experimento se baseará nos conceitos culos dos valores princiapis e suas respecitvas incer-
da termodinâmica e assim como na aula de laborató- h
T2 −T (t)
i
rio do experimento 2, usa-se a equação manipulada tezas de ln T2 −T1 , por ser tratar de uma expres-
da capacidade térmica: são calculada a partir de outras grandezas, foi tratada
como incerteza do tipo h C. Seguindo
i com a regresão li-
dQ = CdT (1) near da expressão ln T2 −T (t) = − t , em que tem-se
T2 −T1 τ
Onde Q é o calor trocado (cal), C a capacidade térmica disponíveis o valores de t e de y
(cal/°C) e T a temperatura do sistema (°C). Além da Para que não houvesse trocas de calores indesejá-
equação 1, é necessário se basear em uma outra: veis com outros materiais, era necessário um isola-
mento dos materiais a serem observados. Logo, um
dQ = δ[T2 − T (t)]dt (2) calorímetro foi usado, a fim de evitar o máximo de
Ela descreve a troca de calor de um objeto se base- perdas possíveis de calor com outros sistemas. Ao
ando em uma quantidade proporcional a condutivi- escolhe-lo, uma etapa foi incrementada ao experi-
dade térmica (δ). Com ela e a equação 1, chegou-se na mento: a necessidade em encontrar a "Capacidade
expressão principal do experimento: Térmica"das paredes internas do calorímetro, pois
  elas iriam interferir nas trocas de energia térmica. O
T2 − T (t) t calorímetro possuia um termômetro com precisão de
ln =− (3)
T2 − T1 τ 1°C e fundo de escala de 45°C e além do termômetro,
Essa que demonstra uma relação linear entre t e o uma balança foi usada para medir a massa dos com-
resultado da expressão logartimica natural ao lado es- ponentes e possuia uma resolução de até 0,1 g.
querdo da igualdade; e, também, descreve o compor- Dessa forma, provocou-se trocas de calor entre a
tamento da transferência de calor de um objeto pelo água dos reservatórios e o interior do calorímetro, e
tempo. Onde T2 é a temperatura final do sistema(°C), por meio do termômetro, viu-se as temperaturas de
T1 a temperatura do sistema no instante t = 0 segun- equilíbrio.
dos, T (t) a função da temperatura no tempo (°C) e τ a O raciocínio para encontrar a capacidade térmica
constante de tempo do objeto que representa C/δ (s). parte do conhecimento de trocas de energia em um
sistema quase adiabático:
Metodologia Experimental Com o intuito de
descobrir a constante de tempo do termômetro, usa
- se o modelo de medição da equação 3, e no experi- Qc + Qa = 0 (6)
mento usa-se alguns materiais, que são: um termôme-
Onde Qc representa a energia cedida ao sistema, e
tro de álcool, em que o fabricante fornece a seguinte
Qa a energia absorvida ao sistema.
distribuição:
A equação 6 em junção às expressões 1 e ?? gera ao
f (x) = Z ∗ x, se|x − x0 | ≤ ∆x (4) seguinte problema:
ado ao sistema, onde uma nova temperatura e massa
resultante será encontrada.
m1 ca (Ta − Te ) + C(Ta − Te ) = m2 ca (Te − Tr ) (7) Nesse contexto, vê-se a seguinte expressão:
As varáveis m1 e m2 são as massas de água a tem-
peratura ambiente e resfriada respectivamente, Ta é
a temperatura ambiente, Te , a temperatura de equilí- m1 ca (Ta − Te ) + m3 ca (Ta − Te ) = ms cs (Te − Tr ) (10)
brio, Tr a temperatura da água resfriada, C, a capaci-
dade térmica do calorímetro. Onde agora ms e cs representam a massa e calor es-
A equação 7 revela uma complexidade em encontrar pecífico do sólido respectivamente.
o valor de C, e por conta disso, uma estratégia ma- Se manipulada, a expressão 10 nos dará a equação
temática foi adotada: ressignificar o valor da capaci- do calor específico do sólido.
dade térmica como uma representação de uma massa
de água em produto com o calor específico da própria
(m1 + m3 ) Ta − Te
água. cs = ca (11)
ms Te − Tr
C = m3 ca (8)
Como última etapa, os dados coletados serão uti-
A variável m3 representa a massa de água necessá- lizados na equação 10 e assim o objetivo do experi-
ria para que a capacidade térmica que ela forma pos- mento será alcançado.
sua o mesmo valor da "Capacidade Térmica do Calo- Paras as medições de massa e temperatura, foi con-
rímetro". siderado incertezas do tipo B, mesmo que o termô-
Dessa forma, a equação 7 pode ser manipulada a se- metro tenha uma distribuição informada. Para o cál-
guinte reta: culo das capacidades térmicas e calores específicos,
considerou-se incertezas do tipo C.
Ta − Te 1
= m2 (9)
Te − Tr m1 + m3 Resultados As temperaturas da água fria e água
A estratégia agora se torna interessante pois fazendo quente, medidas pelo termomêtro digital que tem dis-
uma regressão linear ponderada, é possível encontrar tribuição triangular, podem ser vistas a seguir:
o valor de m3 e portanto C do calorímetro. Basta con-
−Te
siderar TTae −T como y e m2 como x em uma equação
r
de reta simples: y = A + Bx. Classificação da Água Temperatura (°C)
Assim, faz-se o seguinte procedimento para a deter- Água Fria 10,0500 ± 0,0041
minação de C do calorímetro: Preenche-se o caloríme- Água Quente 80,1200 ± 0,0041
tro que está em temperatura ambiente com água tam-
Tabela 1: Temperaturas medidas para os recipientes
bém em mesma condição, obtêm-se a massa de todo
com água fria e quente
sistema, e em seguida, acrescenta-se água resfriada ao
sistema. Depois de acrescentada a água resfriada, é
necessário esperar todas as trocas de calor acontece- Entretanto, as medições da temperatura para o ter-
rem internamente ao recipiente, para que a tempera- momêtro de alcool, cujo distribuição foi dada princi-
tura resultante possa ser encontrada. Além disso, a palmente pela equação 4, e também, os tempos mé-
massa do sistema é medida novamente, agora acres- dios medidos pelo cronômetro e suas incertezas, são
centando a massa de água resfriada incluída ao sis- vistos pela seguinte tabela:
tema.
O procedimento descrito se repete quatro vezes, e
a cada vez, mais massa de água resfriada é acrescen- Temperatura do Termomêtro (°C) Tempo Médio(s)
tada. 55,00 ± 0,58 1,083 ± 0,097
No fim, com todos os dados em mãos, é possível en- 60,00 ± 0,58 1,390 ± 0,089
contrar a equação da reta 9 e assim encontrar o valor 65,00 ± 0,58 1,900 ± 0,092
de m3 a partir do coeficiente B. 70,00 ± 0,58 2,387 ± 0,026
Agora, com C definido, uma outra etapa é realizada, 75,00 ± 0,58 2,897 ± 0,084
os três sólidos são submersos no reservatório de água
Tabela 2: Temperaturas medidas para os recipientes
resfriada até que os sólidos estejam a mesma tempe- com água fria e quente / Tempo médio cronometrado
ratura da água resfriada. para varianção de temperatura do termomêtro
Novamente, coloca-se água em temperatura ambi-
ente ao calorímetro que está em mesma condição tér-
mica, medindo também a temperatura e massa do sis- Por meio da tabela 1 e 3, obteu-se a seguinte repre-
tema; porém, agora, é inserido somente o sólido resfri- sentação da equação 3:
h i
T2 −T (t) outros componentes o experimento.
ln T2 −T1 t (s)
-1,026 ± 0,0039 1,083 ± 0,097 O mesmo acontece com os sólidos metálicos utiliza-
-1,248 ± 0,0044 1,390 ± 0,089 dos no experimento e seus calores específico.
-1,533 ± 0,0061 1,900 ± 0,092 Conclusão Do experimento realizado, vê-se que
-1,935 ± 0,026 2,387 ± 0,026 os valores obtidos condizem com o esperado: capa-
-2,616 ± 0,016 2,897 ± 0,084 cidade térmica do calorímetro e calores específicos de
sólidos metálicos com grandezas baixas. Para o calo-
Tabela 3: Temperaturas medidas para os recipientes
com água fria e quente / Tempo médio cronometrado
rímetro, isso é esperado devido a sua função no sis-
para varianção de temperatura do termomêtro tema, conseguir simular um ambiente adiabático o
máximo possível. Para os calores específicos, isso é
esperado pois metais em gerais possuem calores espe-
Os valores então do calor específico de todos os só-
cíficos bem mais baixos do que o da água por exemplo
lidos foram calculados e apresentados na tabela:
(Halliday (2016)).
A questão é que ao mesmo tempo que temos va-
Sólido cs (cal/g °C)
lores esperados, não foi possível evitar incertezas de
Cilindro 0,058 ± 0,082 mesma grandeza. Sua explicação está em principal-
Esfera 0,064 ± 0,093 mente de calcular variáveis que causam pouca inter-
Cubo 0,056 ± 0,078 ferência ao sistema. Tanto as paredes do recipiente
Tabela 4: Calor específico calculado para cada sólido quanto os metais trocam poucas quantidades de calor
comparado ao que acontece entre as águas dos reser-
vatórios. Para o calorímetro, temos uma outra questão
Discussão Analisando o resultado, viu-se uma in- a analisar, não é possível garantir que há uma relação
certeza na mesma grandeza dos valores principais do linear de calor trocado quando se observa variações
experimento. O que não quer dizer que a relação li- de temperatura, pois não se trata de um material puro.
near não seja lógica, pois o coeficiente de pearson é
próximo a um. Por outro lado, é notório dizer que a Referências
massa que compõe a representação da capacidade tér- Halliday, D. (2016). Fundamentals of physics, volume 2. John Wiley
mica do calorímetro está em uma grandeza menor aos amp; Sons.

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