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Ter um negócio próprio ou ser seu próprio chefe são algumas das razões que levam muita

gente a empreender. Há também quem decida tornar-se empreendedor para levar a cabo uma
ideia exclusiva ou, simplesmente, para ganhar dinheiro. Mas existem ainda aquelas pessoas
que empreendem pensando em contribuir com alguma causa social: são os chamados
empreendedores sociais.

Diferente do empreendedorismo tradicional – que busca essencialmente os resultados


financeiros positivos –, o empreendedorismo social tem como propósito maior o
enfrentamento de problemas sociais e/ou ambientais, com foco, em geral, em populações
carentes, coletivos negligenciados ou altamente desfavorecidos.

Mas é bom entender que os empreendimentos sociais podem ser organizados com ou sem
fins lucrativos, desde que o objetivo principal do negócio seja o impacto social, a melhoria
da condição de vida de um grupo de risco e da sociedade em geral.

Portanto, o modelo se diferencia do cooperativismo que, apesar de ser voltado ao benefício


das pessoas envolvidas e das comunidades, não visa ao lucro e tem ainda outros princípios
próprios. E também não deve ser confundido com a responsabilidade social de empresas
comuns, que visa agregar valor estratégico ao negócio, atendendo expectativas da sociedade
e do mercado.

Litro de luz: uma solução para povos isolados


Você sabia que, no Brasil, mais de 1 milhão de pessoas não têm acesso à energia elétrica?
Em alguns casos, as cooperativas de eletrificação rural já demonstraram ser uma solução
viável e vantajosa. Mas, e quando se trata de comunidades ainda mais carentes e isoladas?
Pensando nisso, vale a pena conhecer o projeto Litro de Luz.

Em 2002, durante um apagão, o mecânico mineiro Alfredo Moser criou uma lâmpada usando
apenas uma garrafa pet, água e alvejante. Em 2012, o filipino Illac Diaz percebeu que a
solução criada pelo brasileiro também podia ajudar famílias carentes de seu país e deu início
ao projeto Um Litro de Luz. Desde então, a ideia já se espalhou por mais de 20 países, sendo
que, no Brasil, mais de 15 mil pessoas já foram beneficiadas.

Atualmente, a organização trabalha com três soluções: a lâmpada criada por Moser, um poste
externo e um lampião portátil, sendo que estes dois últimos, além da pet, são compostos de
canos de PVC e contam com pequenos painéis solares, uma bateria e uma lâmpada de led.

Para ser sustentável, o empreendimento social oferece também serviços a empresas, como o
voluntariado corporativo e as ações de instalação patrocinadas por parceiros. Além disso, é
possível realizar doações ou participar como embaixador dessa causa.
Engenheiro vira lixeiro e promove reciclagem
Desde que fundou a Boomera, o engenheiro de materiais Henrique Guilherme Brammer Jr.
se considera um ‘lixeiro’, já que é esta a principal matéria-prima do seu negócio, focado na
reciclagem de resíduos pouco aproveitados, como os plásticos com dupla ou tripla
composição.

Por meio da metodologia CircularPack®, a Boomera avalia o portfólio de produtos de


empresas e propõe processos e tecnologias para transformar essas estruturas em novas
matérias-primas. Além disso, estabelece parcerias com cooperativas de catadores e financia
pesquisadores e designers para a ideação de novos produtos.

A empresa já conseguiu transformar embalagens de suco em pó em instrumentos musicais,


fraldas sujas em lixeiras e cabides, e cápsulas de café descartadas em suportes plásticos e
porta-cápsulas. Com isso, já é responsável pela reciclagem anual de cerca de 60 mil
toneladas de plástico, além de ajudar na inclusão social de cerca de 8 mil catadores em 13
estados brasileiros.

Transformação no sertão nordestino


Em 1993, a empresária Alcione Albanesi viajou com um grupo de amigos até o sertão
nordestino para fazer uma série de doações. Ela conta: “Quis fazer um Natal diferente e
descobri uma 'África brasileira’, com povoados inteiros vivendo em casas de taipa, sem
água, luz ou qualquer recurso. A miséria ali é gritante, secular." Segundo Alcione, essa
viagem mudou sua forma de ver e sentir o mundo, motivando-a a criar a instituição não
governamental Amigos do Bem.

Desde então, a ONG já conseguiu construir quatro Cidades do Bem nos estados de
Pernambuco, Alagoas e Ceará, com casas de alvenaria para as famílias, saneamento básico,
padaria, horta comunitária, centros de saúde e Centros de Transformação – onde as crianças
e jovens participam de atividades educativas e culturais.

A Amigos do Bem também mantém duas plantações de pimenta (AL e PE), duas de caju (CE
e PE), duas fábricas de beneficiamento de castanha (CE e PE), uma fábrica de doces (PE) e
cinco oficinas de costura (AL, CE e PE), gerando emprego para mais de mil pessoas e
contribuindo para a continuidade do projeto.

Além disso, a instituição já conseguiu construir 123 cisternas e 35 poços artesianos e


também conta com voluntários da área da saúde, como médicos, dentistas e oftalmologistas,
que viajam todos os meses para o sertão e vão até os povoados mais afastados para atender
as famílias cadastradas na instituição, distribuindo medicamentos e óculos de grau
gratuitamente quando necessário.
Saúde acessível para as classes C e D
Em 2011, Thomaz Srougi montou uma pequena clínica em Heliópolis – um dos bairros mais
carentes de São Paulo – mirando a lacuna entre o atendimento do SUS, que pode ser bastante
demorado, e os gastos com planos de saúde, que podem chegar a ser bastante elevados.

Assim nasceu a Dr. Consulta, uma rede que, hoje, já conta com quase 60 clínicas populares
espalhadas por 3 estados brasileiros (SP, RJ e MG), e oferece consultas presenciais e por
vídeos para mais de 3.000 pacientes cadastrados.

O sucesso do modelo foi tanto que ele já chegou a ser copiado várias vezes, dando origem a
concorrentes como a Cia. da Consulta, a Amparo e a GlobalMed.

Mas Thomaz não para de pensar em inovações, e já tem planos para lançar um produto B2B
voltado às operadoras do setor, aproveitando os dados de seus pacientes para gerar valor na
cadeia de saúde.

Sensor e alerta para evitar desastres na chuva


São Paulo é considerada a cidade das oportunidades, mas é também um dos lugares do Brasil
onde famílias perdem tudo em enchentes. O engenheiro paulistano Diogo Tolezanosabe bem
disso e encontrou aí o propósito para criar seu empreendimento social, a Pluvi.On.

Inspirado pelo caso Safecast, em que a população japonesa utilizou a Internet das Coisas
(IoT) e sensorizou os carros para mapear o índice de radiação, Diogo e o amigo Pedro Godoy
começaram, em 2016, a projetar os Pluvis – estações meteorológicas de baixo custo precisas
e conectadas, para prover dados climáticos em tempo real, prevenindo empresas e população
sobre os riscos de desastres naturais causados pelas chuvas.

Atualmente, o empreendimento já conta com 160 estações em 7 estados brasileiros, além de


painéis de controle, fornecendo previsão do tempo em alta resolução, com a possibilidade de
configurar alertas para prevenir-se de riscos.

A rede de estações continua em expansão e, em breve, deve contar com o assistente virtual
São Pedro Bot para que qualquer pessoa possa consultar as condições na sua área, evitando
que uma nuvem escura no céu se torne em um pesadelo para a população.

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