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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, LETRAS E ARTES (CCLA)


CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

JAIANE CRISTINA

BOA VISTA, RR
2022
JAIANE CRISTINA SOUSA SILVA

MATERIAL DIDÁTICO E TEXTO DESCRITIVO

Trabalho apresentado como pré-requisito para


obtenção de nota da disciplina Historia da Arte
IV. Professor: Paulo Trindade

BOA VISTA, RR
2022
O presente trabalho tem como tema o impacto do feminismo na arte anos 70,
contendo a biografia resumida de seis artistas que expuseram suas criticas e
posicionamento político perante o machismo estrutural que inibia a circulação feminina
no meio artístico. O objetivo é abordar a essa temática da manifestação artística
feminina dos anos 70, aplicada a formas de aprendizado por meio de praticas
pedagógicas aplicadas em sala de aula, com apoio deste recurso didático em auxilio ao
aprendizado. A escolha destas artistas se deu pelas grandes influências que suas
produções exerceram sobre as artes naquele período e a influencia que continuam
exercendo na arte contemporânea. O recurso contém o nome de seis artistas femininas
com biografia resumida, característica dos trabalhos, obra mais conhecida e sua
descrição, e exposições das artistas.

A primeira artista é Eva Hesse (1939), foi um nome muito importante para a arte
feminista, ela adentrou na arte em um período que o campo artístico era predominado
por homens, inclusive no minimalismo, ela conseguiu se destacar diante de um sistema
visivelmente segregador na arte. No pós-minimalismo, ela utilizava materiais pouco
explorados até então, tais como: látex, borracha, barbante, arame, plástico, cubos entre
outros. Suas obras remetem a sua sensibilidade em conjunto com praticas que ela
aprendeu com a família, como por exemplo, costuras e tecelagens. Praticas associada às
mulheres e que Hesse utilizou como forma de expor sua subjetividade. Os trabalhos de
Hesse são geralmente geométricos e abstratos, tal como “Accession”, (1967) sua obra
mais famosa, uma estrutura oca em forma de cubo, coberta de fios e tubos de borracha,
essa mistura de elementos é utilizada em outras versões da mesma obra.

Essa necessidade de adentrar nesses espaços artísticos abriu espaço para que
outras mulheres pudessem expor seus trabalhos e suas criticas. Similarmente a artista
plástica Helen chadwick (1953) foi emblemática ao utilizar seu próprio corpo como
objeto e sujeito, além de explorar as tecnologias da época de maneira sublime, escultora,
artista de instalação e fotografa. Suas obras são fortemente ligadas ao feminismo por
abordar de forma provocativa as questões de gênero, e de maneira direta o papel e a
imagem da mulher na sociedade, e sexualidade. Instalações, projeções e trabalhos
tridimensionais renderam a ela diversos prêmios como o prêmio Turner de 1987, o uso
de matérias pouco convencionas também caracterizam o trabalho de chadwick, e causa
estranheza inquietação no espectador, tal como a instalação “Piss flowers” (1991) peças
de bronze de neve derretida feita a partir da urina de homem e mulher. E a obra “In the
kitchen” (1997), que se tratava de três performers, vestidas com traje de PVC,
representando utensílios domésticos, maquina de lavar, geladeira, forno, fazendo essa
ironia ao estereótipo da mulher dona de casa e da cozinha. É evidente que essas artistas
queriam ser vistas, queriam ser ouvidas. Da mesma forma a artista Judy Chicago (1939)
grande colaboradora da expansão da arte feminista daquele período, exaltou as relações
entre feminino e espiritualidade em seus trabalhos, inclusive em sua produção mais
famosa “The Dinner Party” (1979) a instalação era uma mesa triangular com um
banquete com 39 lugares com jogos desenhados e divididos igualmente entre os três
lados da mesa, cada um celebrando a vida de mulheres famosas místicas e históricas, o
piso onde a mesa está, contém os nomes de 999 mulheres que segundo a artista
deveriam ter mais notoriedade. Outro nome importante no cenário artístico é o de
Monica Sjoo (1938) grandes atuantes no movimento artístico feminista além de notável
escritora e filosofa. Sjoo viveu sua vida estudando e inspirava-se na misticidade e
espiritualidade e culturas antigas guiou varias mulheres a lutar contra a destruição da
natureza, bem como o patriarcado. “Deus dando á luz” (1968) mostra a influencia que
seus estudos e crenças tinham sobre seus trabalhos, deusas, cavernas, úteros e corpos
são observados em quase todas as suas pinturas. Tratava-se de um corpo feminino no
ato do parto, onde o rosto estava pintado de suas cores uma clara e a outra escura, essa
pintura marcou a carreira artística de sjoo, pela sua ousadia perante o conservadorismo
da época quase sofreu processo quando foi exibido na Inglaterra.

Sobre toda essa manifestação artística feminina, especialmente nos anos 50 a 70,
ARCHER, (2005, p.121) afirma que:

Desde o inicio, uma série de iniciativas de porte se faz senti. A


primeira delas era um exercício de recuperação histórica; a segunda, uma
crítica ao e reavaliação dos critérios de julgamentos; e a terceira, um
prolongado exame, por meio de produção de trabalho ulterior, de como se
poderia relacionar esta atividade chamada “arte” e este conjunto de idéias
chamado “feminismo” e como eles poderiam agir reciprocamente um sobre o
outro.
Podemos ver a grandiosidade feminina nas obras de Louise bourgeois (1911),
artista francesa, influente por décadas, produziu esculturas e instalações em grande
escala, além de gravuras, desenhos, e pinturas. Temas como memórias, sexualidade,
corpo, família e lar, são recorrente em suas produções, grande parte de seus trabalhos
são decorrentes de seus traumas vindos de eventos conturbados em sua infância.
Podemos observar esse dialogo através da obra “The Good Mother (2003) que relaciona
memória e o hermetismo da feminilidade. Já a grande escultura “woman” (1999) é uma
metáfora para a relação de Louise e sua mãe que se inspirou na aranha pelo seu instinto
protetor, fertilidade, o publico pode circular livremente entre as oito patas gigantescas
da aranha.

Assim também Jacqueline Winsor (1941) artista canadense pós- minimalista e


antiforma, destacou-se no campo artístico pela forma única e impactante que
caracterizam suas produções, as obras estão ligadas a vivencias de momentos
específicos da vida da artista. Suas obras não dizem respeito à forma final, mas sim o
processo, a superfície, espaço e densidade. A utilização de materiais ríspidos tal como:
tubos, cordas, borracha, poliéster, arames e outros. Podemos ver isso em sua escultura
“#1Rope” (1976) composta por 36 talos de madeiras, envolvidas em cobre formando
bolas alinhas e encaixadas entre si. A utilização de materiais associados à figura
masculina é usada como simbolismo para externar as relações estereotipadas entre o
feminino e masculino.

Um grande desenvolvimento do senso crítico político, econômico e social


marcou todo esse período histórico, isso se manifestou nas artes de forma percebível,
como foi apontado brevemente ao longo do texto. O movimento feminista trasbordou no
mundo das artes e esse movimento se tornou cada vez mais influente, encorajando
diversas artistas a ocupar seus espaços. Dessa forma é fundamental abordar e debater
esses acontecimentos na história da arte, tendo em vista o demérito sofrido por muitas
artistas femininas e suas produções.
REFERENCIAS

ARCHER, Arte contemporânea: uma historia concisa- Martins Fontes, 2ºed.


(2005)

FERREIRA, Raquel Sofia Faria Terenas da Silva. O trabalho autobiográfico de


Louise Bourgeois e o discurso autobiográfico filosófico. Diss. 2014.

GABRIELA, Lourentis- Louise Borheois e modos feministas de criar


sobinfluencia, 2 °ed, (2020)

JUDYCHICAGO. Pagina inicial, disponível


em:<https://www.judychicago.com/about/biography/>>. Acesso em: 07/03/2022

MONARI, Ana Claudia; SCHVAMBACH, Janaina. Questões sociais: arte e


contextos. Matéria-prima, 2018,

PEREIRA, H. A. (2011). Pós-minimalismo e corpo: dialoos entre Nazareth


Pacheco e Eva Hesse, HESSE. Revista Do Colóquio, 1(1), 1–16.

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