Série de Artigos 2: O Brasil e as Ideologias O mundo está povoado de ideologias diversas, todas elas objetivam modificar suas sociedades em vista de um modelo. O modelo de sociedade é o instinto de autossuficiência que nasceu do pecado original, de alguma forma ele faz parte daquele Mistério da Iniquidade de que fala São Paulo a respeito da vinda do Anticristo. O manifestar do Mistério da Iniquidade revelará o mal sob a forma do anticristo, ora, este manifesto é o desejo de uma nova sociedade construída sobre as tendências do homem desde o pecado de se fazer deus e por isso mesmo capaz de solucionar os problemas da humanidade. Por isso toda ideologia que almeje construir um modelo de vida terreno sobre os aspectos salvíficos de Cristo sem o Cristo se trata de um aspecto da iniquidade revelando-se sob uma nova face, é a face de um ou do anticristo. Ora, se enquadra aqui todas as ideologias como o Marxismo, Comunismo, Socialismo, Fascismo, Nazismo, Ecologismo, Liberalismo, Globalismo, etc. O marxismo com toda a miríade de ideologias das quais a compõe e que a serve de alguma maneira tem como um fim a suposição de um mundo fictício que delega sempre ao futuro a realização de um projeto que em si mesmo é deficiente. Por exemplo, delegar a um futuro onde não haja desigualdade entre as pessoas em si mesmas não é um futuro maravilhoso, futuro maravilhoso é onde as pessoas possam alcançar os seus justos sonhos, e mesmo este sonho não pode ser realizado por nenhum homem ou ideologia em termos coletivos, nem mesmo no fetiche da liberdade individual que os liberais pregam, nem o fetiche da democracia, tudo isto são apenas palavras, na prática o que realmente levará o homem a plena realização de suas liberdades individuais e uma justiça social plena onde todos sejam enriquecidos é um milagre da escatologia, em outras palavras, o fenômeno do Juízo Final, algo que aterroriza todo o homem, mesmo aqueles mais piedosos e santos temem tal realidade. O Comunismo embora sequestrado pelo Marxismo é o seu continuador e maximizador mor, é o herdeiro de uma já longa tradição revolucionária que perdura só na clave política 250 anos. Assim como as demais ideologias, busca a síntese de uma ordem fenomênica que descreva a realidade para em seguida querer superá-la. A clave da luta de classes é um erro grotesco, pois se a realidade das relações humanas é a luta pelo poder e a desigualdade entre as classes, resta saber se o homem é um ser biológico ou não, se sim, não há o que fazer, se não, então a clave não pode ser outra que não a espiritual. Se a realidade da vida humana e de suas relações é espiritual, o que faz o comunismo é rebaixá-la ao nível dos conflitos grupais e/ou pessoais temporários, contrapostos ao espiritual que por definição deve transcender o curso das coisas. Ora, é esta impressão de delegar algo para frente que faz com que o Comunismo continue a se alastrar camufladamente ao longo dos já dois séculos passados, adentrando o século XXI com lamentável vigor, fingindo terminantemente a ter uma solução a dar, caso lhe dê tempo para formular o problema da desigualdade. O Socialismo, como sendo um arquétipo mais tradicional do Comunismo, defende uma determinada linha de raciocínio que é o igualitarismo. Ora, este igualitarismo é simplesmente fantasioso, pois basta saber que a desigualdade não é uma imposição, mas uma condição para a vida na Terra. Todos os seres vivos e não vivos relacionam-se entre si por uma desigualdade, desigualdade esta que é equilibrada no conjunto da manutenção da vida na Terra. Dentro das espécies, há a necessidade de estabelecer qual é o critério que mede a diferenciação dos indivíduos. Na espécie humana é a vontade, cada indivíduo possui uma vontade, esta vontade ressoa no seu relacionamento consigo e com os seus semelhantes, isto perfaz o caráter moral das ações humanas. Ora, o Socialismo como apregoando a Igualdade só pode fomentar em formas mais radicais de diferenciação e concentração de poder, visto que terá de diminuir a vontade de muitos para prevalecer a vontade de poucos, poucos em quantidade e qualidade. A força policial não pode ter total poder sobre a vontade porque isto retira a liberdade e igualdade para agir, entrando em tenra contradição estrutural. O Fascismo como movimento revolucionário se encaixa muito bem no esquema da “Fraternidade”, uma fraternidade nacionalista, ou melhor, utiliza-se da fraternidade natural dos compatriotas para um esquema de beligerância estrutural do Estado. O Fascismo vive do agigantamento do Estado em prol da defesa da pátria e das instituições que ela se serve, o resultado disto é que tudo passa a girar em torno da instituição do Estado e de quem o domina. O Fascismo traz sempre uma noção de ameaça externa aos interesses nacionais e por isso mesmo busca avançar as suas políticas de aumento, beligerância para todos os setores da vida humana, se torna na politização total da sociedade. Ora, vemos que tudo isto se assemelha muito ao próprio Socialismo e Comunismo, mas no fundo é porque estes dois últimos aprenderam do Fascismo a como criar por meio da propaganda o sentido de unidade contra um inimigo em comum que ameaça as liberdades do povo, muitas vezes contra os interesses individuais e grupais do povo, porque a uniformização da sociedade é comum ao Comunismo e ao Fascismo. No plano político propriamente dito, o Fascismo se enquadra melhor como uma oligarquia, isto é, um grupo de pessoas com poder político e econômico a dominar o Estado e as instituições por este mesmo motivo. No plano religiosos, o Estado é a religião do povo, seja sob a forma de símbolos ou enquadramentos políticos divulgados por meio da propaganda. Aqui no Brasil, o fascista Getúlio Vargas conseguiu criar o imaginário popular de que o Brasil é o País do Futebol (um esporte surgido na Inglaterra meio século antes), do Samba (uma dança típica do Rio de Janeiro à época), do Carnaval (uma festividade à altura sem muito apelo popular e de origem europeia), Praia (nesta altura, boa parte da economia do Brasil provinha do interior), e um exemplo de propaganda foi o “O Petróleo é Nosso”, lema este que incentivou a criar a Petrobras, empresa esta que nunca trouxe muitos recursos para o Brasil nos moldes que as suas análogas trouxe aos países do Oriente Médio em menos de 3 décadas. O senso de patriotismo comum na história do homem sempre foi o das tradições, religião, língua, valores em comum, aliança, mas no Fascismo é apenas um beligerância alimentada por meio da propaganda a uniformizar as mais distintas sociedades, as variadas matizes das culturas regionais a justificarem um gigantismo estatal que se espraia por todos os setores da vida humana. Hoje percebemos que quase todo o nacionalismo brasileiro é de caráter fascista, culturalmente ainda vivemos no regime varguista. O Ecologismo é a nova ideologia para o nosso século, ela baseia-se na premissa de que o homem está destruindo o planeta e que algo deve ser feito para impedi-lo. Daí temos os ecologistas que querem modificar toda a cultura não só de consumo e capitalista, mas modificar a dieta, a cultura, a tecnologia, e a indústria, o clima, a religião, a geografia, a ciência e todos os aspectos da vida social e humana. Enquanto o Fascismo utiliza-se da justificativa nacionalista para impor a sua revolução, o Ecologismo utiliza-se do meio ambiente e da Casa Comum, isto é, o Planeta Terra para justificar a sua revolução. Como podemos notar, esta revolução não é local e nem nacional, ela abriga necessariamente o mundo inteiro sem exceção de um palmo de terra. Quem está à frente no comando desta ideologia não são governos propriamente, estes, juntamente com a mídia oficial de jornais, revistas, rádio, televisão e redações de internet, formam o elemento de propaganda do ecologismo, bem como as universidades, escolas e livros didáticos. Os verdadeiros agentes deste esquema ideológico são uma classe de empresários bilionários donos de empresas multinacionais espalhados como uma teia de aranha de relações muito fortes e abrangentes em todos os países. Estas empresas são apenas instrumentos de empenho, este empresariado se serve de instituições não governamentais e não empresariais que eles chamam de Fundações, são instituições de aparência filantrópica, mas que simplesmente fomentam os interesses dos mesmo bilionários. A classificação mais correta em torno desta classe de dirigismo pelo mundo pode ser chamada de Plutocracia, o governo do dinheiro. O Liberalismo apregoa a Liberdade como valor absoluto. A Liberdade é uma condição da ação de quem tem vontade, ela em si mesma não é um valor, é uma constatação de algo presente. O que o liberalismo prega realmente é a destruição de todos os valores que regem a sociedade em prol de uma liberdade elisíaca que não condiz com a realidade, para isto ela apela às paixões humanas a fim de provocar a revolta pessoal contra uma ordem vigente para então criar uma nova que supostamente satisfaria a todos. Na defesa das liberdades contra toda ordem, o que houve foi apenas a abertura da judicialização da sociedade como um todo, tornando as relações humanas desconfiáveis, pois mesmo no âmbito íntimo, os homens perdem a confiança uns nos outros por temerem serem enganados e prejudicados. Isto porque o apelo moral é deixado de lado, todos os valores que apelem a uma ordem como por exemplo a religião, ganham despudor, que justifica até os desbravadores da liberdade a atacarem objetos religiosos de piedade popular como meios de provocar, ao mesmo tempo estão aguardando que o Estado fomente de algum modo a sua liberdade, o que é uma tenra contradição. Por fim, finalizemos com o Globalismo; esta pode ser considerada a síntese das ideologias anteriores, pois ela os abarca e os supera, utiliza-se de todas elas como meios de fomentar o progresso de sua própria. O Globalismo consiste em minar a soberania das nações, minar as relações humanas, relativizar a religião, criar uma cultura global por meio da propaganda. O globalismo utiliza-se da ideia de que todos somos uma só raça humana e devemos todos nos unir para construir uma sociedade melhor para os desafios conjuntos do futuro, por isso, a liderança da tomada de decisões deve ser tomada cada vez mais por homens técnicos e capazes. Pode-se dizer que o Globalismo usa-se do Positivismo Histórico elevado ao máximo grau, nele todas as ideologias são permitidas, desde que aceite a premissa de “Um só Mundo” ou “Aldeia Global”. Estes homens técnicos e capazes são os mesmos megabilionários donos de multinacionais como Elon Musk, Bill Gates, George Soros, Paulo Lenman. Se quisermos nos orientar perante este mundo conturbado e confuso das ideologias, precisamos encontrar quem são os seus agentes, com quem, para quem, pelo quê trabalham, investigar as suas intenções públicas, aquilo que eles deixam solto nas entrelinhas, porque todos os amantes de suas ideologias deixam suas pérolas caírem. A nós que estudamos para nos orientar neste mar de confusão, precisamos colher estas pérolas que são as palavras e as ideias. O homem pode mentir nas suas palavras, mas não pode mentir nas suas amizades.