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Índice
1. Introdução..................................................................................................................2
2. Revisão da literatura...................................................................................................3
3. Análise da obra...........................................................................................................7
4. Conclusão.................................................................................................................12
5. Referências bibliográficas........................................................................................13
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1. Introdução
Mayombe, romance escrito em 1971 e publicado em 1980 narra a trajectória de luta dos
guerrilheiros anticoloniais na floresta do Mayombe, onde está montada sua principal
base militar, bem como as estratégias da luta armada, na perspectiva de combate ao
regime colonial, bem como a libertação de Angola do jugo dominador e opressivo de
Portugal. A partir do mesmo tem-se como simbologia preponderante neste enredo o
espaço das personagens. O escritor Angolano Artur Carlos Maurício Pestana dos
Santos, conhecido por Pepetela mostra, em Mayombe, sua visão da Guerra Colonial e
do Movimento Popular de Libertação de Angola do qual participou. A obra de Pepetela
mostra a história de Angola desde a época anterior ao colonialismo durante a luta pela
independência, no Mayombe, denunciando os problemas do país e criticando as classes
dominantes.
Esse enclave angolano configura-se como uma espécie de entrelugar entre Angola e o
Congo, flutuando, simbolicamente, em termo de constituição de identidade e imaginário
literária, no espaço de confrontos e pactos ideológicos entre os guerrilheiros. Todos os
guerrilheiros, cada um a seu modo, representando as diversas facetas das classes sócias
em Angola. Os fatos narrados em Mayombe se desenvolvem em dois espaços
geograficamente distintos: a floresta tropical de Cabinda da qual, não aleatoriamente,
provém o título da obra; e o espaço urbano que está representado através de Dolisie,
povoado civil mais próximo. No entanto, a maior parte das acções e conflitos narrados
desenvolve-se no espaço geográfico do Mayombe.
2. Revisão da literatura
2.1. A simbologia do espaço das personagens em Mayombe
“A mata criou cordas nos pés dos homens, criou cobras à frente dos homens, a
mata gerou montanhas intransponíveis, feras, aguaceiros, rios caudalosos, lama,
escuridão, Medo. A mata abriu valas camufladas de folhas sob os pés dos
homens, barulhos imensos no silêncio da noite, derrubou árvores sobre os
homens. E os homens avançaram. E os homens tornaram-se verdes, e dos
braços folhas brotaram, e flores, e a mata curvou-se em abóbada, e a mata
estendeu-lhes a sombra protectora, e os frutos (...) ”. (PEPETELA, 2013, p. 68).
Francisco Noa, em Império, mito e miopia (2002, p. 116), afirma que, no romance
colonial, a representação do espaço está presente em todos os segmentos discursivos: na
própria descrição, na narração, nos diálogos e nos monólogos. Nessa literatura, conclui
o pesquisador, o espaço é uma imensidade performativa, que preside tanto ao processo
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Além disso, Mayombe transforma-se também num espaço politizado, onde vozes
marginalizadas tomam o lugar do discurso e da acção na reconquista do território (em
amplo sentido). Nas palavras da professora Tindó Secco, “Mayombe, floresta húmida,
cheia de lama fecundante, é metáfora do útero de Angola parindo a Revolução”
(SECCO, 2008, p. 55).
Embora a natureza tenha sido vista pelo colonizador português como espaço infernal,
ela sempre foi também opção de enriquecimento e exploração, de forma que a economia
colonial angolana caracterizava-se pelo extrativismo e, principalmente, pela exploração
de metais preciosos. Todavia, os exploradores encontravam muitas dificuldades de
acesso aos bens naturais, não só pelo desconhecimento do território, mas principalmente
porque a relação que os reinados africanos tinham com esses ia muito além da questão
meramente económica. Para os povos autóctones, “os minerais estavam inseridos numa
visão de mundo marcada pela ideia de equilíbrio entre as várias forças da natureza”
(GONÇALVES, 2011, p. 35)
A floresta do Mayombe também pode ser configurada como um local utópico. Essa
configuração deve-se não só por ser descrita como algo paradoxal, visto que o conceito
de utopia em si já é um paradoxo, mas por ser um ambiente de partilha e comunhão. Um
outro factor que ajuda na configuração da floresta como um meio utópico é o fato de
esta encontrar-se protegida das influências externas. Existe uma espécie de aura que se
forma em tomo da floresta para proteger os que ali sobrevivem.
3. Análise da obra
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, mais conhecido como Pepetela, seu
pseudónimo, nascido em 29 de Outubro de 1941, na cidade de Benguela, tem
descendência portuguesa, e foi um dos principais intelectuais engajados na luta pela
libertação do seu país. Em sua vasta obra, abordou temas relacionados à Revolução
vivenciada por ele não só como membro do MPLA (Movimento Popular de Libertação
de Angola), a partir de 1963, mas também como um dos principais activistas do
movimento revolucionário que reivindicava o direito a liberdade para os angolanos.
Portanto, Pepetela deixa claro que as rivalidades devem ser deixadas de lado. Pois, os
sentimentos, as angústias, os medos são de todos. Através do quotidiano no MPLA,
Pepetela recria de forma inovadora os conflitos e os momentos de reflexão de todos que
lutavam por um país livre.
De tal modo, o conflito aqui não é somente com os portugueses, mas sim entre eles. A
liberdade é o foco de todos, no entanto, a realidade é marcada pelas diferenças sociais e
culturais de cada grupo. Assim, ele aborda sobre uma Angola que almeja a libertação,
ao mesmo tempo que demostra a falta de unidade de seus grupos.
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No que diz respeito a temática a obra apresenta vários assuntos que correlacionam-se,
sendo um deles, o tribalismo, que é muito explorado na obra, pois as diferenças étnicas
dividem os personagens onde uns pertencem aos Kimbundo, outros aos Kikongo,
Kiluange, Umbundo e os destribalizados. A outra temática envolve a exploração de
madeira ao povo o que era usado através dos seus instrumentos e sua força no abate das
árvores do Mayombe, gerando deste modo o sentimento de ser livre da exploração
colonial portuguesa, tocando desta forma em uma outra temática, a de
libertação/liberdade.
criou cobras à frente dos homens, a mata gerou montanhas intransponíveis, feras,
aguaceiros, rios caudalosos, lama, escuridão, Medo.» (p.42.). Há presença de
Polissíndeto: «E os homens tornaram-se verdes, e dos seus braços folhas brotaram, e
flores, e a mata curvou-se em abóbada, e a mata estendeu-lhes a sombra protectora, e
os frutos.» (p.42). Ao contrario do que acontece na figura de estilo anterior, este recurso
estilístico, o narrador socorre-se dele para enriquecer e dar mais enfase período, usando
constantemente a conjunção “e”. E por fim temos a Elipse «E os homens, vestidos de
verde, tornaram-se verdes como as folhas e castanhos como os troncos colossais.»
(p.42), neste período, observa-se que o narrador omitiu uma palavra ao descrever as
vestes que os homens haviam vestidos, omitindo neste caso a palavra roupa/vestes,
como forma de tornar a frase mais simples.
E assim,
4. Conclusão
5. Referências bibliográficas
AGUIAR, Adriana. Vozes silenciadas, palavras evocadas: conceitos de história
em Mayombe. In: Estação Literária, Revista do Programa de Pós-graduação em
Letras da Universidade Estadual de Londrina, v. 8A, dez, p. 106-117, 2011.
Disponível em: <www.uel.br/pos/letras/EL/vagao/EL8AArt12.pdf>. Acesso em:
Junho. 2021.
CHAVES, Rita. A propósito da narrativa contemporânea em Angola: notas
sobre a noção de espaço em Luandino e Ruy Duarte de Carvalho. In: SECCO,
Carmen T.; SALGADO, Mª T.; JORGE, Silvio R (orgs.). África, escritas
literárias: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e
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GONÇALVES, Jonuel. A economia ao longo da história de Angola. Luanda:
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In: Verbo 21: cultura e literatura, v 5, dez, 2011. Disponível
em:<http://www.verbo21.com.br/v5>. Acesso em: Junho. 2021.
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Luanda: Mayamba, 2010.
NOA, Francisco. Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária.
Lisboa: Caminho, 2002.
PEPETELA. Mayombe. Luanda: Edições Maianga, 2004.
SECCO, Carmen L. Tindó. A magia das letras africanas: ensaios sobre as
literaturas de Angola, Moçambique e outros diálogos. 2. ed. Rio de Janeiro:
Quartet, 2008.
MARTINS, Aulus Mandagará. Ipotesi- Revista de Estudos Literários, 2ª Ed.,
V.14, 2010.
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Entre a realidade e a utopia. Ensaios sobre
política, moral e Socialismo. Trad. Gilson B. Soares. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2001.
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2º Grupo
Aida de Alima Lazaro
Helena Simão Paulo
Samuel Luís Joina
Lavinessi Simão Paulo
Sulvai Júlio Andissene
Xavier José Domingos
Universidade Púnguè
Chimoio
Junho, 2021
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Chimoio
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