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Em ambas obra os personagens centrais são índios.

Em Iracema a índia é bela e romântica, bem


distante da realidade e em Macunaíma o índio é preguiçoso, no mesmo ponto de vista dos
primeiros colonizadores portugueses. Iracema nasceu, no alto de uma serra, no azul do horizonte
ela tinha cabelos negros como a asa de uma graúna, seus lábios eram doces como o mel, era
formosa” e “No fundo do mato Virgem, nasceu Macunaíma, herói de nossa gente, era preto
retinto, filho de uma índia, era uma criança feia”. Macunaíma é uma mistura de preto e índio, por
isso uma criança feia. Já Iracema, índia e ainda não miscigenada é formosa e tem lábios doces
como mel. São descrições um tanto preconceituosas.

Mesmo estas descrições soando preconceituosas, Mário de Andrade e José de Alencar se


preocupam em retractar a terra e o povo, respeitando suas culturas, religiões, tradições, usos e
costumes. Porém, esta retractação acontece de acordo com contextos filosóficos, económicos e
outros da época que os autores queriam mostrar e criticar. 

José de Alencar escreve Iracema no período Romântico, no qual os escritores tentavam


diferenciar o movimento das origens europeias e adaptá-lo à natureza exótica e ao passado
histórico, criando uma identidade nacional, buscando suas bases no nativismo do período
literário anterior, no elogio a terra e ao homem primitivo. Para isto retractava os índios como
bons selvagens, cujos valores heróicos tomavam como modelo da formação do povo brasileiro.
O enredo foi baseado numa lenda do período de formação do Ceará, em que o nativo brasileiro
ou o índio entra em contacto com o branco colonizador. Já Macunaíma criado no período
denominado Modernista, em que as novas linguagens dos movimentos literários europeus foram
assimiladas pelos brasileiros, mas enfocando de forma crítica elementos da cultura brasileira.
Mário de Andrade reúne conhecimentos acerca das lendas e mitos indígenas e folclóricos e
compõe Macunaíma, visando criticar a cultura literária europeia que era reverenciada pela elite
brasileira.

No que diz respeito à linguagem utilizada, a narrativa de Mário de Andrade está bastante
próxima da oralidade do idioma. O autor resgatou muitas palavras indígenas e outras de um
português mais antigo. Usou de neologismos (criação de palavras) e escrevia do mesmo jeito que
se fala Também usa figuras de linguagem como a comparação, hipérbole, metáfora. Em
Macunaíma de Mário de Andrade há erros gramaticais propositais, para evidenciar o abismo
existente entre o português falado e o escrito. No entanto, a linguagem utilizada por Alencar em
sua obra não difere da obra de Mário de Andrade, com objectivo de criação de uma “língua
brasileira”, autónoma e independente dos padrões da língua colonizadora. Portanto, o autor é
fiel às nossas tradições e ao desejo de inovar, de criar uma língua própria para o país.

Por tratar de narrativa mítica, o tempo e o espaço da obra não está precisamente definido, tendo
como base a realidade. Pode-se dizer apenas que o espaço da obra é prioritariamente o espaço
geográfico brasileiro, com algumas referências ao exterior, enquanto o tempo cronológico da
narrativa se mostram indefinido, isso em Macunaíma. Já na Iracema, o romance está ambientado
no Brasil de 1600, já com a presença dos colonizadores, mostrando a luta entre franceses,
holandeses e portugueses pela conquista do novo território.

Goncalves Dias

o poema apresenta redondilhas maiores (sete sílabas em cada verso) e rimas oxítonas (lá, cá
sabiá), menos na segunda estrofe.

Quanto a temática o texto de Goncalves Dias retracta a saudade e a beleza da sua terra. Se
tratando de uma criação poética pertencente ao período do Romantismo, os valores, os
posicionamentos ideológicos eram voltados para um exaltar da nação recém-libertada do
domínio de Portugal. Dessa forma, as belezas, os nativos que aqui habitavam eram de todo
conclamados, mesmo porque tais características nortearam o que chamamos de primeira geração
romântica, da qual Gonçalves Dias fez parte.

Mário Quintana

O texto de Mário Quintana traz o que há de péssimo na sua terra. Trata-se de um autor que
pertenceu ao período pós-modernista, cujo panorama histórico denunciava as grandes
transformações que o Brasil passava e o mundo de uma forma geral, sobretudo com o fim da
Segunda Guerra Mundial. Não obstante, os autores, frente a toda essa situação conflitante,
atuaram de forma a denunciar as mazelas que acometiam a realidade circundante, fazendo da
poesia um objeto de denúncia social, sobretudo demarcada pela devastação da natureza, da
destruição das várzeas, dos bosques, tão exaltados mediante as palavras proferidas por Gonçalves
Dias. Haja vista que todo esse tom sarcástico expresso nas palavras do segundo autor (Mário
Quintana) deu-se em virtude dos posicionamentos ideológicos que nortearam a época em que ele
se fez visto, sobretudo pela ênfase que era dada ao desmascarar da realidade, realidade esta tão
camuflada nos tempos do Romantismo.

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