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Projecto
Projecto
Faculdade de Engenharia
Discente:
Ermelindo Silvino
Docente:
Dalton Xavier Ernesto Albano
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Índice
1. Justificativa ............................................................................................................ 1
1.1. Problematização ................................................................................................. 1
1.2. OBJECTIVOS ................................................................................................... 3
1.3.1. Objectivo geral ................................................................................................... 3
1.3.2. Objectivos específicos ........................................................................................ 3
2. METODOLOGIA .................................................................................................. 4
2.1. Tipo de pesquisa ................................................................................................ 4
2.1.1. Quanto a natureza ........................................................................................... 4
2.1.2. Quanto aos objectivos .................................................................................... 4
2.1.3. Quanto a procedimento .................................................................................. 4
2.2. Técnica e instrumentos de recolha de dados ...................................................... 5
2.2.1. Entrevista........................................................................................................ 5
3. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 6
3.1. Conceitos Básicos .............................................................................................. 6
3.1.1. Relações Públicas ........................................................................................... 6
3.1.3. Família............................................................................................................ 9
3.1.4. Casamento ...................................................................................................... 9
3.1.7. Casamento civil ................................................................................................ 10
3.6. Prematuro ............................................................................................................ 12
3.7. Casamento prematuro .......................................................................................... 12
3.9. União de Facto ..................................................................................................... 13
3.10. A relação entre os ritos de iniciação e outros fenómenos sociais ...................... 13
3.11. Validade do casamento ...................................................................................... 14
3.12. Contribuição sobre as uniões prematuros .......................................................... 14
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 16
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1. Justificativa
Em Moçambique a prevalência de uniões prematuros envolvendo criança e adultos tem
preocupado governos, comunidades e organizações da sociedade civil, muito se fala sobre as
possíveis causas de uniões prematuras, mas muitas vezes esquecemos de procurar entender
como as pessoas percebem o impacto negativo que caracteriza esta prática.
A união prematura é um fenómeno social que ocorre em todo mundo, decorrente de costumes
passados, princípios religiosos e pobreza absoluta. Actualmente, este fenómeno tem tido maior
incidência nos países em vias de desenvolvimento como é o caso de Moçambique, onde as
grandes pressões económicas, as práticas culturais e sociais promovem o mesmo.
O tema justifica-se pelo facto de se apresentar como um ponto relevante no âmbito social, visto
que esta prática muitas vezes acontece nas comunidades, onde famílias presas as práticas
socioculturais tende a influenciar as raparigas a contraírem casamentos antes mesmo da idade
recomendada, o tema vai ajudar os dirigentes, as famílias nas zonas rurais a pensar em
estratégias com vista a combater esse fenómeno que desgraça as raparigas.
Outro ponto relevante tem a ver com a contribuição do tema no âmbito académico, pois abordar
sobre uniões prematuras na perspectiva das relações públicas constitui algo novo e acredita-se
que este tema vai trazer grandes contribuições para os futuros profissionais de comunicação, na
medida em que percebemos que as estratégias de comunicação são instrumentos eficazes para
o combate às uniões prematuras.
Do ponto de vista profissional, o presente trabalho torna-se de grande valor, na medida em que
vai colocar em actualização os profissionais de comunicação, principalmente, os de relações
públicas a adoptarem novas estratégias de comunicação face a redução de uniões prematuras
nas comunidades, envolvendo criança. Aliás, o fenómeno das uniões prematuras ou uniões
precoces atinge mais raparigas menores de 16 anos de idade.
1.1.Problematização
Mundialmente as uniões prematuras ou uniões forçadas constituem uma grave violação aos
direitos humanos no geral, em especial aos da rapariga, e tem consequências muito negativas
para o desenvolvimento económico, social e político do país.
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Na última década, Moçambique apresentou alta taxa da prevalência de uniões prematuras.
Tratando-se de uniões ligadas a leis costumeiras, este flagelo social levanta problemas de ordem
de desenvolvimento social, humano, económico e encerra a possibilidade de oportunidades na
vida das raparigas, (UNICEF 2014)
Em Moçambique, as uniões prematuras são ilegais antes dos 18 anos, embora a lei permita
excepções a partir dos 16 anos, quando o casamento pode ser celebrado com o consentimento
dos pais da criança (Lei 19/2019 de 22 de Outubro).
Este estudo aparece como uma oportunidade para analisar quais as causas e consequências das
uniões prematuras numa perspectiva económica, social e de saúde. Face a situação das uniões
prematuras como a legitimação do abuso sexual de menores no contexto da agenda de
desenvolvimento nos interessa aprofundar a pesquisa por meio da análise do contexto
legislativo e social de Moçambique, buscando chamar a atenção da sociedade em geral e das
comunidades rurais em particular.
A questão de uniões prematuras é um assunto sério e desde muito vem preocupando quase toda
a sociedade, em geral. Moçambique encontra-se entre os países que, ao nível mundial,
apresentam um maior número deste tipo de uniões forçadas, ocupando 10º lugar nesta lista,
depois do Níger, do Chade, do Mali, do Bangladesh, da Guiné e da República Centro Africana,
contabilizando mais de metade de mulheres que se casam antes dos 18 anos. (UNICEF, 2015)
As uniões prematuras com especial enfoque na rapariga é um dos grandes reveladores dessa
desigualdade e aparece como uma das expressões ocultas do abuso sexual e da violação dos
direitos sexuais. O abuso sexual é um problema que afecta várias sociedades do mundo inteiro
e Moçambique não é a excepção. (Albasini, 2017).
Tomando como base essas informações, nota-se que em Moçambique, grande parte destas
uniões são de facto uniões que não são legalmente registadas, mas são muitas vezes
formalizados através de procedimentos costumeiros como o pagamento do lobolo para a família
da rapariga. Outro aspecto não menos importante é a questão da religião frequentada pelas
famílias, que tem um grande peso ou contributo para a incidência dos casamentos prematuros,
causado pelo fraco acesso a informação. Fonte da informação
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Diante destas inquietações surge a seguinte questão: Como é que as estratégias de relações
públicas adoptadas pela Direcção Distrital de Género, Criança e Acção Social contribuem
para o combate às uniões prematuras?
As uniões prematuras põem em perigo as raparigas. Raparigas casadas sofrem maiores abusos,
violência doméstica (incluindo abuso físico, sexual ou psicológica) e abandono.
As uniões prematuras expõe aos abusados doenças graves como HIV/SIDA e fístula obstétrica,
e aumenta a mortalidade maternal e infantil. Tira os mesmos da escola antes do tempo.
1.2.OBJECTIVOS
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2. METODOLOGIA
2.1.Tipo de pesquisa
Para esta pesquisa, esta técnica será usada na descrição, interpretação e na explicação dos
fenómenos decorrentes das estratégias de comunicação para o combate e prevenção de
uniões prematuras nas zonas rurais
Segundo Marconi e Lakatos (2011, p. 69). "Pesquisa do campo é aquela utilizada com o
objectivo de conseguir informações ou conhecimentos a cerca de um problema para o qual se
procura uma resposta." Pesquisa de campo: “procuram muito mais o aprofundamento das
questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas
variava. (Gil, 2010, p. 57).
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Nesta pesquisa para obter informações fiáveis a pesquisadora vai deslocar-se nas zonas rurais,
concretamente no Ponto Administrativo de Chimoio-Báruè.
2.2.1. Entrevista
A entrevista é uma técnica bastante utilizada em análise de fenómenos sociais. Para Gil (2008,
p.128) A entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e
lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados que interessam a investigação.
A entrevista é, portanto, uma forma de interacção social. Mais especificamente, é uma forma
de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca colectar dados e a outra se apresenta como
fonte de informação.
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3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1.Conceitos Básicos
Para Simões, (1995, p. 83), define a actividade de Relações Públicas como a gestão da função
política da organização com objectivo de promover a cooperação mútua entre as partes do
sistema organização públicos, visando à consecução da missão organizacional.
Segundo Simões, (2001, p. 52), diz que as Relações Públicas desempenham a função política,
que visa, pela filosofia, políticas e normas, a actuação da organização e suas implicações –
decisões e, posteriormente, produtos e serviços – ocorra e seja percebida como realizada em
benefício dos interesses comuns entre a organização e seus públicos.
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material é trabalhado. Os componentes da relação – organização e públicos – não estão isolados.
Eles se estruturam em uma conjuntura sócio-cultural-económico política em que, tanto
componentes, como a própria conjuntura são dinâmicos e o descompasso entre a acção da
organização e o interesse do público é latente. Quanto maior a diferença entre o esperado e o
percebido, maiores as possibilidades de que o conflito ocorra.
Assim, segundo Simões (1995, p. 128), o profissional de Relações Públicas deve estar
permanentemente atento para as situações que poderão acontecer e ser capaz de conhecer os
públicos da organização para comunicar de forma rápida e aumentar a velocidade de
conhecimento dos mesmos. O princípio do trabalho de Relações Públicas está na preocupação
com o conflito, no processo de trocas entre a organização e os públicos.
Para que um programa de relações públicas seja eficaz, é necessário que um profissional o
gerencie estrategicamente. É necessário que o programa seja orientado aos públicos que
exercem maior impacto sobre a organização a respeito das consequências de decisões
organizacionais sobre o público, avaliando se tais decisões podem prejudicar ou beneficiar os
relacionamentos com esses mesmos públicos (Grunig, 2009, p. 22).
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A partir do trabalho das Relações Públicas na comunicação entre a organização e os seus
diversos públicos, Grunig (2009) conceitua e denomina quatro modelos de actuação desse
profissional.
O segundo, designado "informação pública", também apresenta sentido único, ou seja, não há
o feedback dos diversos públicos, além disso, não há o emprego de pesquisas ou reflexões
estratégicas, seu foco consiste na mudança de comportamento do público e mantendo estática
a organização. O mesmo é semelhante a uma assessoria de imprensa, que entende a actuação
de Relações Públicas apenas para a disseminação de informações.
O quarto e último modelo definido por Grunig, "simétrico bidireccional de duas mãos", deveria
ser o mais utilizado pelos profissionais e organizações, pois propõe a compreensão mútua, ou
seja, a organização aceita o feedback do seu público, para que assim possa delimitar os
objectivos a serem traçados. Esse modelo utiliza-se, também, de pesquisas, da comunicação
para administrar conflitos e para aperfeiçoar o entendimento dos públicos estratégicos.
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3.1.3. Família
Segundo o número 1 do artigo 2 da lei 10/2004 de 25 de Agosto, a família é a comunidade de
membros ligados entre si pelo parentesco, casamento, afinidade e adopção.
3.1.4. Casamento
Durante a idade média, o casamento passou a ter a influência do cristianismo, passando a ser
considerado como um sacramento que contava muita à vontade divina e a canonicidade revestia
o casamento.
Segundo Beviláqua apaud Gonçalves (2009), o casamento é um contrato bilateral e solene, pelo
qual um homem e uma mulher se unem indissoluvelmente, legalizando por ele suas relações
sexuais, estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de interesses e comprometendo-se a
criar e a educar a prole, que de ambos nascer.
Segundo o artigo 7 da lei de família em Moçambique, define o casamento como uma união
voluntaria e singular entre um homem e uma mulher, com o propósito de constituir família,
mediante comunhão plena de vida (artgo 7 da Lei nº 10/2004 de 25 de Agosto).
Com a existência da lei supra citada, o Estado moçambicano deixa de reconhecer o casamento
como um contrato, passando a reconhece-lo como uma união, onde vigora o princípio da
actualidade e do consentimento mútuo, pese embora esta união possua características de um
negócio jurídico onde a declaração da vontade entre as partes vai produzir efeitos jurídicos
estipulados pela lei.
Segundo Costa (2012), o Estado intervêm no acto do casamento por via da actuação do
conservador do registo civil, que é de natureza certificativa e indispensável à própria existência
do acto jurídico, perdendo desta forma as características de um contrato civil.
O casamento constitui uma grande instituição social, que de facto nasce da vontade dos
contraentes, mas que dá imutável autoridade a lei, recebe sua forma, suas normas e seus efeitos,
a vontade individual é livre para fazer surgir a relação, mas não pode alterar a disciplina
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estatuída pela lei” (Washitongton, Monteiro de Barros, Curso de direito civil, volume 2, página
13).
Como forma de dar resposta à vasta diversidade cultural que Moçambique apresenta, bem como
às múltiplas crenças, podemos encontrar três modalidades do casamento previstas pela lei da
família, nomeadamente:
Casamento civil;
Casamento religioso;
Casamento tradicional.
Para a formalização do casamento civil, Segundo a lei no 10/ 2004 de 25 de Agosto, no seu
artigo 47° define que: “É indispensável para a celebração do casamento a presença:
c) De duas testemunhas.
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Segundo a lei de família moçambicana, os casamentos religiosos e os tradicionais só podem ser
celebrados por quem tiver capacidade matrimonial exigida por lei civil.
Nos termos dos números 1 e 2 do artigo 21°, nos da lei no 10/ 2004 de 25 de Agosto, o
certificado de capacidade matrimonial pode ser concedida depois de:
c) De duas testemunhas.
a) Dos contraentes;
b) Da autoridade comunitária;
c) De duas testemunhas.
Para Sigma Huda (2007), o casamento prematuro é uma imposição feita à rapariga não
necessariamente por uma força explícita, mas através de uma pressão implacável ou
manipulação, muita das vezes dizendo que a recusa de um pretendente irá prejudicar a sua
família na comunidade e que por seu turno também se pode considerar como uma união forçada.
Por outras palavras, podemos então dizer que o casamento prematuro pode ser fruto de uma
união forçada ou não e que pode ser composta por um ou dois indivíduos menores.
Por sua vez, o Art.º 30º da Lei nº 10/2004 de 25 de Agosto estabelece a idade inferior a dezoito
anos como impedimento absoluto ao casamento civil, religioso, tradicional ou ainda, qualquer
forma de união informal.
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3.9. União de Facto
Segundo número 1 do artigo 202 da lei da família nº 10/ 2004 de 25 de Agosto, a união de facto
é a ligação singular existente entre um homem e uma mulher, com carácter estável e duradouro,
que sendo legalmente aptos para contrair casamento não o tenha celebrado.
Segundo Mota (2001), união de facto é uma comunhão de habitação, mesa e leito sem o vínculo
do casamento, comunhão também associada à uma ideia de liberdade, por não estar submetida
a um quadro de legalidade.
Na opinião destes autores, existe um certo consenso de que as práticas tradicionais aparentam
influenciar de forma negativa as taxas de frequência do ensino primário, prejudicando “não só
o acesso à escola, mas também a retenção e a conclusão dos níveis de ensino, principalmente
por parte da rapariga” (UNICEF apud Osório e Macuácula 2013: 26; 27). De entre as práticas
tradicionais que, aparentemente, deslocam “o interesse da escola para o casamento prematuro
ou para o trabalho” (ibid.: 27), estes autores destacam:
1) Práticas como o lobolo ou casamentos prematuros, associados ou não aos ritos de iniciação;
4) O facto de, tradicionalmente, as questões domésticas tais como a limpeza da casa, acarretar
água e cuidar dos mais novos, ficarem a cargo das raparigas, o que as deixa com pouco tempo
livre para frequentarem a escola ou estudar.
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Esta posição é, igualmente, defendida por Francisco (2014), para quem “o problema da gravidez
precoce está fortemente associado ao casamento prematuro…” (Francisco 2014: 6) e ao
abandono escolar.
Os casamentos de menores ou prematuros podem ser ou não uniões forçadas, sendo que por se
tratar de uma “criança ou menor” por conta da sua idade, a lei não lhe permite consentir
livremente a decisão de quando se casar, ou na escolha do seu cônjuge. E apesar da lei da família
moçambicana referir que só pode contrair matrimónio aquele que possui idade núbil a partir de
dezoito anos, a mesma lei abre uma brecha permitindo que indivíduos maiores de dezasseis
anos se casem mediante a seguinte situação, número 2 do artigo 26 da lei no 10/2004 de 25 de
Agosto.
O consentimento dos pais, legais representantes ou tutor relativo ao nubente menor, pode ser
prestado na presença de duas testemunhas perante o dignatário religioso, o qual lavra o auto de
ocorrência, assinando-o todos os intervenientes.” “A mulher ou homem com mais de dezasseis
anos, a título excepcional, podem contrair casamento quando ocorram circunstancias de
reconhecido interesse público e familiar e houver consentimento dos pais ou dos legais
representantes. (número 2 do artigo 30 da Lei nº10/ 2004).
Seguindo as nossas normas socioculturais o casamento não é uma questão individual, é uma
questão de famílias. A ser assim, os vários casos de casamento prematuro ou união precoce,
muita das vezes estão inseridos num contexto histórico e cultural das comunidades onde a
vontade dos nubentes no geral e vontade da rapariga em especial pouco importa.
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Estratégia Nacional de Prevenção e Combate dos casamentos prematuros em Moçambique
(2016 – 2019);
Plano de Acção a Criança 2013- 2019 (PNAC II);
Lei 19/2019 de 22 de Outubro – Lei de proibição, prevenção, mitigação e combate às uniões
prematuras,
Programa Quinquenal do Governo (2015 – 2019).
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lei da família nº 10/ 2004 de 25 de Agosto
GIL, António Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 Ed. São Paulo: Atlas 2010.
GIL, António Carlos. Métodos e Técnicas de pesquisas social. 6ª Edição, São Paulo: atlas S.A-
2008;
LOPES, Miguel Ângelo. Gestão: A resiliência Como Estratégia Para Enfrentar Os Desafios
No Quotidiano Escolar. Rio de Janeiro, 2011.
MALHOTRA et al. Introdução a Pesquisa de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2005.
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