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DERIVADA DE FUNÇÕES REAIS

DE UMA VARIÁVEL REAL


Editora da Universidade Estadual de Maringá

Reitor: Prof. Dr. Gilberto Cezar Pavanelli


Vice-Reitor: Prof. Dr. Angelo Priori
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação: Profa Dra Alice Eiko Murakami
Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof.ª Dr.ª Maria Helena A. Dias
Coordenador Editorial: Prof.ª Dr.ª Ruth Izumi Setoguti

CONSELHO EDITORIAL
Profª. Drª. Ruth Izumi Setoguti, Prof. Dr. Benedito Prado Dias Filho,
Prof. Dr. Carlos Alberto Scapim, Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo,
Prof. Dr. Eduardo Augusto Tomanik, Prof. Dr. Edvard Elias de Souza Filho,
Profª. Drª. Hilka Pelizza Vier Machado, Prof. Dr. José Carlos de Sousa,
Prof. Dr. Luiz Antonio de Souza, Prof. Dr. Lupércio Antonio Pereira.
Secretária: Maria José de Melo Vandresen.
Carla Montorfano
João César Guirado
João Roberto Gerônimo
Jorge Ferreira Lacerda
Rui Marcos de Oliveira Barros
Valdeni Soliani Franco

DERIVADA DE FUNÇÕES REAIS


DE UMA VARIÁVEL REAL

Coleção Fundamentum
nº 27

Maringá
2006
Divisão de editoração Marcos Kazuyoshi Sassaka
Luciano Wilian da Silva
Marcos Cipriano da Silva
Norberto Pereira da Silva
Paulo Bento da Silva
Solange Marli Oshima
Capa – arte final Luciano Wilian da Silva
Marcos Kazuyoshi Sassaka
Projeto gráfico e editoração eletrônica Luciano Wilian da Silva
Marcos Kazuyoshi Sassaka
Tipologia Garamond
Tiragem 300 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)

L734 Limites e continuidade de funções reais de uma


variável real / Carla Montorfano [et al]. --
Maringá, PR : Eduem, 2006.
47 p.:il. (Coleção Fundamentum ; 26)

ISBN

1.Cálculo diferencial. 2.Limites de funções. 3.


Continuidade de funções. I. Montorfano, Carla. II.
Título.

CDD 21.ed.515.3

Copyright 2006 para João Roberto Gerônimo


Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer
processo mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito.
Todos os direitos reservados desta edição 2006 para Eduem.

Endereço para correspondência:


Eduem – Editora da Universidade Estadual de Maringá
Av. Colombo, 5790 - Campus Universitário, 87020-900 - Maringá-Paraná
Fones: (44) 3261-4527 Fax: (44) 3261-4109
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Fone/ Fax: (44) 3261-4394
E-mail: livrariaeduem@uem.br
Apresentação
Este trabalho tem como objetivo apresentar, de maneira concisa, os conceitos e resultados do
Cálculo Diferencial e Integral de uma variável e está dividido em quatro volumes que tratam especificamente
dos seguintes assuntos:
I. Conjuntos Numéricos e Funções;
II. Limites e Continuidade;
III. Derivadas e Aplicações;
IV. Integrais e Aplicações.
Neste terceiro volume são apresentados o conceito de derivada, suas principais propriedades e
algumas aplicações.
O texto está escrito em uma linguagem precisa e esclarecedora. Precisa, porque a Matemática não
pode ser construída sem o devido rigor na linguagem e na lógica de suas proposições; esclarecedora, porque
desejamos evitar o aparecimento de definições e nomenclaturas desnecessárias, que dificultem o caminhar do
estudante durante a leitura desta obra.
Visando à complementação dos textos, estará disponível na Internet uma página cujo acesso pode
ser feito através do endereço www.eduem.uem.br/calculo. Nesta página serão apresentados mais exemplos,
biografias, fatos históricos e curiosidades inerentes ao Cálculo, bem como serão propostos mais exercícios e
referências bibliográficas, para permitir ao estudante aprofundar seus estudos em nível de graduação.
Lembramos que por ser um texto a ser aplicado em disciplinas de cálculo no ano letivo de 2006, a
página estará em processo de construção não contendo de imediato todas as informações propostas, mas que
no decorrer do ano isso deverá estar concretizado.
Sumário

Introdução .......................................................................................................................................................... 9
O Conceito de Derivada................................................................................................................................... 9
Reta Tangente ..................................................................................................................................................10
Derivada de uma Função ...............................................................................................................................12
Quando não existe a derivada? ......................................................................................................................14
Regras de Derivação........................................................................................................................................19
Derivada de Funções Trigonométricas ........................................................................................................22
Derivada da Função Composta .....................................................................................................................23
Derivada da Função Inversa ..........................................................................................................................25
Derivação Implícita .........................................................................................................................................26
Máximos e Mínimos ........................................................................................................................................28
Teste da Derivada Primeira............................................................................................................................33
Derivadas de Ordem Superior .......................................................................................................................34
Teste da Derivada Segunda ............................................................................................................................35
Pontos de Inflexão ..........................................................................................................................................37
Aplicações .........................................................................................................................................................40
Diferencial ....................................................................................................................................................40
Fórmula de Taylor ......................................................................................................................................41
Regra de L´Hospital....................................................................................................................................44
Esboço de Gráfico de Funções ................................................................................................................45
Problemas de Máximo e Mínimo .............................................................................................................49
Taxas Relacionadas .....................................................................................................................................51
Formulário Geral .............................................................................................................................................52
Derivada de Funções Reais
de Uma Variável Real
Carla Montorfano, João César Guirado, João Roberto Gerônimo, Jorge Ferreira Lacerda,
Rui Marcos de Oliveira Barros e Valdeni Soliani Franco

Introdução
Se uma grandeza y depende de uma grandeza x, então a definição da derivada de y em relação a x formaliza
o conceito intuitivo da taxa de variação instantânea de y em relação a x. Se, por exemplo, y determina a posição
de um móvel sujeito a uma variação unidimensional em sua posição de repouso dependendo do tempo x, a taxa
de variação instantânea de y em relação a x é a velocidade instantânea do móvel em função do tempo x. A
derivação é um conceito matemático que se tornou ferramenta para a solução de inúmeros problemas como
veremos adiante. Vamos primeiramente ilustrar a necessidade do uso da ferramenta “derivação”, utilizando um
problema muito simples, mas que a matemática estudada no ensino médio não consegue resolver.

O Conceito de Derivada
Antes de definir derivada, vamos resolver um problema que, como você observará, tem muito a ver com
o conceito de derivada. Vamos chamá-lo de “problema do galinheiro”:

Pretende-se cercar um galinheiro em forma retangular de modo a se obter a maior área possível, utilizando exatamente 80m
de tela para cercá-lo.

Para resolver esse problema vamos chamar de x e y as dimensões do galinheiro. Assim, a área desse
galinheiro é dada por A( x , y ) = x y e seu perímetro por P ( x , y ) = 2 x + 2 y .
Considerando que, neste caso, o perímetro é conhecido, temos
P ( x , y ) = 2 x + 2 y = 80, donde y = 40 − x .
Logo, podemos escrever a área A( x , y ) como função do lado x, ou seja,

A( x ) = x (40 − x ) = 40 x − x 2 .
Observe que x e y não podem ser negativos e como y = 40 − x , devemos ter 0 < x < 40 . Portanto, o
domínio da função A é o intervalo aberto (0, 40) e o esboço do gráfico é dado por:
y

500

400

300

200

100

– 10 0 10 20 30 40 50 x
– 100

Graf A
Observando esse gráfico notamos que em x = 20 a função A assume o seu maior valor, ou o valor
máximo da função área. Para essa abscissa, obtemos como ordenada y = 400 , que será o maior valor da área
A. Assim, o ponto do gráfico onde ocorre esse máximo é (20, 400) .
Você consegue, de maneira intuitiva, traçar uma reta tangente ao gráfico neste ponto? Qual será o
possível coeficiente angular dessa reta tangente?

Reta Tangente
O observado anteriormente não acontece somente para o gráfico de uma função quadrática, mas sim
para uma infinidade de gráficos de funções nos quais existam ordenadas máximas ou mínimas onde seja
possível traçar sua tangente1.
A relação entre o coeficiente angular da reta tangente e as ordenadas máximas ou mínimas de uma curva
motiva o uso da derivada como ferramenta para detectar possíveis pontos de máximo ou mínimo locais de uma
função. Para chegar a tal conceito comecemos apresentando algumas tentativas de se definir reta tangente a uma
curva. Vejamos que cada uma delas possui falhas, apresentando exemplos que comprovam esse fato.
Reta tangente a uma curva num ponto é:

(1a. tentativa) – “a reta que intercepta (ou toca) a curva em apenas um ponto”.
Na figura a seguir, a reta r intercepta a curva em apenas um ponto e, no entanto, não nos parece que a
reta r seja tangente à curva.
y

0 x

(2a. tentativa) – “a reta que toca a curva num ponto e deixa a curva em apenas um dos semi-planos
determinado por ela”.
Parece razoável dizer que a reta r na figura a seguir é tangente à curva no ponto de abscissa x = 10 , no
entanto esta reta não deixa a curva em apenas um dos semi-planos determinado por ela.
y

0 10 x

1 Palavra de origem latina tangens que significa tocando.

10
11

(3a. tentativa) – “a reta que toca a curva sem cortá-la”.


Novamente na figura anterior temos uma reta tangente que corta a curva.

Além dessas, aparecem outras que nem merecem comentários. Por exemplo: “Tangente é uma reta que
tangencia a curva”.
Depois de muitas tentativas (frustradas) surgiu o conceito atual de reta tangente, formulado por Fermat
em torno de 1630:

“Considere uma curva dada pelo gráfico de uma função y = f ( x ) e P um ponto fixo sobre essa curva (ver figura a
seguir). Seja Q um segundo ponto próximo de P sobre a curva e desenhe a reta secante PQ. A reta tangente à curva em P é
definida como a posição limite da reta secante quando Q desliza ao longo da curva em direção a P.”
y

y = f(x)

0 x

Exemplo 1: Vamos determinar a reta tangente à curva y = x 2 nos pontos de abscissas x = 0 e x = 1 .

(i) x = 0 : Considere a reta secante passando pelos pontos (0, 0) e ( h , h 2 ) com h “suficientemente
h2 − 0
pequeno”. A equação dessa reta secante é dada por y − 0 = ( x − 0) . Quando h se aproxima de 0, o
h −0
ponto ( h , h 2 ) se aproxima de (0,0) e a reta secante de equação y = h x tende à reta de equação y = 0 .
Dessa forma, temos que a reta de equação y = 0 é a reta tangente à curva y = x 2 no ponto (0, 0) .
(ii) x = 1 : Considere a reta secante passando por P ( 1, 1) e

Q (1 + h ,(1 + h )2 ) = Q (1 + h ,1 + 2h + h 2 ) ,
com h “suficientemente pequeno”. A equação da reta secante por P e Q é dada por
1 + 2h + h 2 − 1
y −1= ( x − 1) = (2 + h )( x − 1) .
1+ h −1
Quando h tende a 0, o ponto Q se aproxima de P, e a reta secante de equação y − 1 = (2 + h )( x − 1) se
aproxima da reta de equação y − 1 = 2( x − 1) . Assim, a reta de equação y − 1 = 2( x − 1) é a reta
tangente à curva y = x 2 no ponto (1, 1) .

Exercício 1: Utilizando a idéia do exemplo anterior, encontre a reta tangente à curva y = x 3 nos
pontos onde x = 0 e x = −1 .

11
Derivada de uma Função
As considerações feitas anteriormente sobre ordenadas máximas e mínimas do gráfico de uma função e
a motivação do conceito de reta tangente induzem a seguinte definição:

Definição: Sejam f : ( a , b ) → ℝ uma função e x 0 ∈ ( a , b ) . A derivada de f no ponto x 0 , denotada


df
por f '( x 0 ) ou por ( x 0 ) , é o limite
dx
f (x ) − f (x0 )
lim , caso exista.
x →x 0 x − x0
Se este limite existe, dizemos que f é derivável ou diferenciável em x 0 . Quando não existe este limite
dizemos que f não é derivável no ponto x 0 .

Podemos escrever a fórmula da definição da derivada de outra maneira. Tomando x − x 0 = ∆x , temos

f ( x 0 + ∆x ) − f ( x 0 ) ∆y
f '( x 0 ) = lim = lim , onde ∆y = f ( x 0 + ∆x ) − f ( x 0 ) .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

f (x ) − f (x0 ) f (x ) − f (x0 )
Os limites laterais lim + e lim − são chamados, respectivamente,
x →x 0 x − x0 x →x 0 x − x0
derivada à direita e derivada à esquerda de f no ponto x 0 denotadas, respectivamente, por f '( x 0+ ) e
f '( x 0− ) .

Proposição: Seja f uma função definida em ( a , b ) , com x 0 ∈ ( a , b ) . A derivada de f em x 0 existe se,


e somente se, as derivadas laterais f '( x 0+ ) e f '( x 0− ) existem e são iguais.
Demonstração: Segue imediatamente da definição de limite. 

Definição: Seja f uma função definida em ( a , b ) . Se f é derivável em todos os pontos de ( a , b ) ,


dizemos que f é derivável no intervalo ( a , b ) .

Exemplo 2: Sendo f ( x ) = x 2 , determinemos f '(0), f '(2) e f '( a ) , para todo a ∈ ℝ . Por definição,
temos que

f ( x ) − f (0) x2
f '(0) = lim = lim = lim x = 0 . Logo, f '(0) = 0 .
x →0 x −0 x →0 x x →0

f ( x ) − f (2) x2 −4 ( x − 2)( x + 2)
f '(2) = lim = lim = lim = lim ( x + 2) = 4 . Logo, f '(2) = 4 .
x →2 x −2 x →2 x − 2 x →2 x −2 x →2

f ( x ) − f (a ) x 2 − a2 ( x − a )( x + a )
f ' ( a ) = lim = lim = lim = lim ( x + a ) = 2a .
x →a x −a x → a x −a x → a x −a x →a

Logo, f '( a ) = 2a , ∀a ∈ ℝ .

Exemplo 3: Sendo f ( x ) = x 3 , determinemos f '( a ) , para todo a ∈ ℝ . Por definição, temos que

f ( x ) − f (a ) x 3 − a3 ( x − a )( x 2 + xa + a 2 )
f ' ( a ) = lim = lim = lim = lim ( x 2 + xa + a 2 ) = 3a 2 .
x →a x −a x →a x − a x →a x −a x →a

12
13

Logo, f '( a ) = 3a 2 , ∀a ∈ ℝ .
1
Exemplo 4: Sendo f ( x ) = , calculemos f '( a ) , para todo a ∈ ℝ∗ . Por definição,
x
 1 1 a−x 
f ( x ) − f (a ) x −a  
f ' ( a ) = lim = lim   = lim  xa  = lim ( a − x ) = lim − 1 = − 1 .
x →a x −a x →a x −a x →a x −a x →a xa ( x − a ) x →a xa a2
1
Segue que, f '( a ) = − 2
, ∀a ∈ ℝ * .
a
 x, x < 0

Exemplo 5: Sendo f ( x ) =  0, x = 0 , verifiquemos se existe f '(0) . Temos
 2
x , x > 0

f ( x ) − f (0) x −0
f '(0 − ) = lim = lim = lim 1 = 1 .
x →0 −
x −0 x →0 x − 0

x →0−

f ( x ) − f (0) x2 − 0
f '(0 + ) = lim = lim = lim x = 0 .
x →0 x −0
+
x →0 x − 0 +
x →0 +

Como as derivadas laterais são diferentes, concluímos que não existe f '(0) .

Exemplo 6: Sendo f ( x ) = x , determinemos os pontos onde esta função possui derivada e


calculemos o seu valor. Se a > 0 , então,

x− a x− a x+ a x −a 1 1
f '( a ) = lim = lim ⋅ = lim = lim = .
x →a x −a x →a x −a x+ a x → a ( x − a )( x + a ) x → a x+ a 2 a
1
Assim, f '( a ) = , se a > 0 .
2 a

A definição formal de derivada, apresentada aqui, relaciona-se com o problema de determinar a reta
f ( a + ∆x ) − f ( a )
tangente ao gráfico de uma função f no ponto ( a , f ( a )) , pois o quociente é o coeficiente
∆x
angular da reta secante ao gráfico de f que passa pelos pontos P ( a , f ( a )) e Q ( a + ∆x , f ( a + ∆x )) .
Fazer o ponto Q se aproximar do ponto P, pode ser formalizado exigindo que ∆x tenda a 0.
Então, a reta secante pelos pontos P ( a , f ( a )) e Q ( a + ∆x , f ( a + ∆x )) , que possui equação
f ( a + ∆x ) − f ( a ) f ( a + ∆x ) − f ( a )
y − f (a ) = ( x − a ) , tenderá, caso exista o limite lim = f '( a ) , à reta
∆x ∆x →0 ∆x
tangente ao gráfico de f no ponto P ( a , f ( a )) de equação y − f ( a ) = f '( a )( x − a ) , isto é, a inclinação da
reta tangente ao gráfico de f no ponto ( a , f ( a )) é f '( a ) . Pode ocorrer, contudo, que exista a reta tangente
ao gráfico de f num ponto ( a , f ( a )) , sem que exista a derivada f '( a ) . Neste caso, a reta tangente é vertical e
é dada pela equação x = a .

Exemplo 7: Sendo f ( x ) = x , encontremos a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (9, 3) .


1 1
Como f '( x ) = , x > 0 , temos que f '(9) = . Segue que a inclinação m da reta tangente t ao gráfico
2 x 6

13
1 1 1
de f no ponto (9, 3) é igual a . Isto é, m = . Logo, a equação da reta t é dada por y − 3 = ( x − 9) , ou
6 6 6
x 3
seja, y = + .
6 2

Exercícios:
2. Encontre a equação da reta tangente à curva y = f ( x ) no ponto P, sendo a função f dada por:

1 1 
a) f ( x ) = ; P =  ,2 b) f ( x ) = 2 x 2 + x + 2 ; P = ( −1, 3)
x 2 

3. Se f ( x ) = x 2 / 3 , encontre a derivada de f, usando a definição, e determine o domínio de f ' .

4+x
4. Se f ( x ) = , encontre a derivada de f, usando a definição, e determine o domínio de f ' .
5−x

Quando não existe a derivada?


∆y
Quando uma função f não é derivável num ponto x 0 significa que não existe o limite lim . Vamos
∆x →0 ∆x
estudar as situações mais comuns para a não existência desse limite.

Proposição: Seja f uma função definida em ( a , b ) , com x 0 ∈ ( a , b ) . Se f possui derivada em x 0 ,


então f é contínua em x 0 .
Demonstração: Para todo x ∈ ( a , b ), x ≠ x 0 , podemos escrever

f (x ) − f (x0 )
f ( x ) = f ( x ) − f ( x 0 ) + f ( x 0 ) = ( x − x 0 ). + f (x0 ) .
x − x0
Logo,
f (x ) − f (x0 )
lim f ( x ) = lim ( x − x 0 ). + lim f ( x 0 ) =
x →x 0 x →x 0 x − x0 x →x 0

f (x ) − f (x0 )
= lim ( x − x 0 ). lim + lim f ( x 0 ) = 0. f '( x 0 ) + f ( x 0 ) = f ( x 0 ) .
x →x 0 x →x 0 x − x0 x →x 0

Assim, lim f ( x ) = f ( x 0 ) . Portanto, f é contínua em x 0 . 


x →x 0

A proposição anterior também nos indica uma das situações em que a derivada não existe:
“Se a função f é descontínua em x = a , então f não é derivável em x = a ”.

 x 2 , x ≤ 0
Exemplo 8: Dada a função f ( x ) =  , encontre, se possível, f '(0) . Temos que
 x − 2, x > 0
lim− f ( x ) = lim− x 2 = 0 e lim+ f ( x ) = lim+ ( x − 2) = −2 . Como os limites laterais de f quando x tende a 0
x →0 x →0 x →0 x →0
são diferentes, temos que não existe lim f ( x ) e, assim, f não é contínua em x = 0 . Logo, pela proposição
x →0

14
15

anterior, f não é derivável em x = 0 . Portanto, não existe f '(0) . Perceba na ilustração a seguir a
impossibilidade de existência de uma reta tangente ao gráfico de f no ponto (0, f (0)) .
y

–3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 x
–1

–2

 πx
3sen( 4 ), x ≤ 2
Exemplo 9: A função f dada por f ( x ) =  não é derivável em x = 2 porque não é
 1
, x >2
 x 2 − 4
contínua neste ponto. Para verificar a descontinuidade da função em x = 2 vamos calcular os limites laterais:
xπ 1
lim− f ( x ) = lim− 3sen(
) = 3 e lim+ f ( x ) = lim+ 2 = +∞ .
x →2 x →2 4 x →2 x →2 x − 4

Observando o gráfico da função f também percebemos a impossibilidade da existência de uma reta tangente
ao gráfico de f no ponto (2,3) .

0 2 x

Uma outra situação que nos leva à não existência da derivada de uma função f em um ponto x = x 0 é o
caso em que o gráfico da função apresenta um “bico”. Neste caso, a função f é contínua em x 0 e o que
ocorre é que as derivadas laterais em x = x 0 são distintas. O próximo exemplo ilustra esta situação.

 x 2 + 1, x ≤ 0
Exemplo 10: Considere a função f definida por f ( x ) =  . O gráfico de f apresenta um
( x − 1) , x > 0
2

“bico” no ponto P (0, 1) . Quando Q ( ∆x , f ( ∆x )) , tende ao ponto P, com ∆x > 0 , temos que a reta

15
secante r que passa por P e Q tende para uma reta t; porém, quando Q ( ∆x , f ( ∆x )) , tende ao ponto P, com
∆x < 0 , temos uma reta secante r tendendo para uma reta t ' diferente de t.

y y

t'
P P
0 x 0 x

As retas t e t ' não poderiam mesmo ser iguais, pois:

f ( x ) − f (0) x2 + 1−1
lim− = lim− = lim− x = 0 e
x →0 x −0 x →0 x −0 x →0

f ( x ) − f (0) x 2 − 2x + 1 − 1
lim+ = lim+ = lim+ ( x − 2) = −2 .
x →0 x −0 x →0 x −0 x →0

Assim, os coeficientes angulares das retas t e t ' são distintos.

Este exemplo mostra ainda que a recíproca da proposição anterior não é verdadeira, porque a função é
contínua em x = 0 , lim− f ( x ) = lim+ f ( x ) = 1 , mas f não é derivável em x = 0 .
x →0 x →0

Exemplo 11: Considere a função f definida por f ( x ) = x . O gráfico de f tem um “bico” no ponto
(0, 0) e, portanto, f não é derivável em x = 0 . Sabendo que a função f ( x ) = x é contínua em x = 0 ,
procuremos suas derivadas laterais.
f ( x ) − f (0) −x
f '(0 − ) = lim− = lim− = lim ( −1) = −1 e
x →0 x −0 x →0 x x →0 −

f ( x ) − f (0) x
f '(0 + ) = lim+ = lim+ = lim+ 1 = 1 .
x →0 x −0 x →0 x x →0
Como as derivadas laterais em x = 0 são diferentes, f não é derivável em x = 0 . O comportamento do
gráfico de f pode ser visto na ilustração a seguir.

16
17

–3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 x

ALERTA: Não podemos confiar no esboço de gráficos para tirar conclusões acerca da existência ou
não de derivadas. O gráfico de uma função f , por ser formado de pontos ( x , f ( x )) ⊂ ℝ 2 , não nos é
“visível”, pois só visualizamos objetos do mundo real. O que conseguimos enxergar são esboços, são
aproximações de gráficos de funções! Quando nos deparamos com um comportamento de um esboço de
gráfico, nas proximidades de um ponto, que se assemelhe a um “bico”, devemos utilizar a representação
analítica da função para procurarmos as derivadas laterais. Cuidado especial deve ser tomado quando
analisamos gráficos de funções por intermédio de um software gráfico ou mediante o uso de calculadoras
gráficas. Nessas condições, devido à granulação da tela, podemos tirar conclusões equivocadas a respeito da
derivabilidade de funções.

Exemplo 12: A função f ( x ) = x não é derivável em x = 0 . Como f (0) = 0 , a derivada em x = 0


f (x )  −x , x < 0
é dada por lim , se este limite existir. Porém, este limite não existe. De fato, f ( x ) =  ,
x →0 x  x , x ≥ 0
utilizando a definição de módulo. Assim,

f (x ) x x x 1
lim+ = lim+ = lim+ = lim+ 2
= lim+ = +∞
x →0 x x →0 x x →0 x 2 x →0 x x →0 x
f (x )
Logo, não existe lim e, portanto, f não é derivável em x = 0 . O comportamento do gráfico de f pode
x →0 x
ser visto na ilustração a seguir.
y

-4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 x

17
f ( x ) − f (0)
Exemplo 13: A função f ( x ) = 3 x não é derivável em x = 0 . Se o limite lim existir, a
x →0 x −0
3
x 1
derivada de f em x = 0 é dada por este limite. Calculando este limite, vemos que lim = lim 2 = +∞ .
x →0 x x →0
x3
Logo, f não é derivável em x = 0 .
y

0 x

Observe que neste exemplo, apesar da não existência da derivada f '(0) , existe reta tangente ao gráfico
de f no ponto (0, 0) , a saber, a reta de equação x = 0 .
Isto significa que a existência de reta tangente ao gráfico de uma função f num ponto ( a , f ( a )) não
garante que a função f seja derivável em x = a .

 2 − x , x ≤2
Exemplo 14: A função f ( x ) =  não é derivável em x = 2 . Para verificar isso,
 x − 2, x > 2
f ( x ) − f (2)
mostremos que lim não existe. De fato, calculando as derivadas laterais de f em x = 2 , temos
x →2 x −2
f ( x ) − f (2) x− 2 x− 2 x+ 2
f '(2 + ) = lim+ = lim+ = lim+ ⋅ =
x →2 x −2 x →2 x −2 x →2 x −2 x+ 2
( x − 2) 1 1
= lim+ = lim =
x →2 ( x − 2)( x + 2 ) x →2+ x+ 2 2 2
e
f ( x ) − f (2) 2−x
f '(2 − ) = lim− = lim− = −1
x →2 x −2 x →2 x − 2

Como f '(2 + ) ≠ f '(2 − ) , segue que f não é derivável em x = 2 .

18
19

0 2 x

Observe que a derivação de funções é um processo de obter, a partir de uma função f , uma outra
função f ' com um domínio eventualmente menor. O domínio de f ' é o conjunto dos pontos do domínio
de f nos quais f é derivável.

Regras de Derivação
As proposições a seguir permitem encontrar a derivada de certas funções, sem precisar recorrer à
definição de limite.

Proposição: Se c é uma constante e f ( x ) = c , então f '( x ) = 0 .


Demonstração:
f ( x ) − f (a ) c −c
Para qualquer a ∈ ℝ temos f '( a ) = lim = lim = lim 0 = 0 . Logo, f '( x ) = 0 .
x →a x −a x →a x − a x →a

Proposição: Se n ∈ ℕ∗ e f ( x ) = x n , então f '( x ) = n x n −1 .


Demonstração:
Para qualquer a ∈ ℝ temos

f (x ) − f (a ) x n − an ( x − a )( x n −1 + x n − 2 a + ⋯ + xa n − 2 + a n −1 )
f '( a ) = lim = lim = lim =
x →a x −a x →a x − a x →a x −a
= lim ( x n −1 + x n −2 a + ⋯ + xa n −2 + a n −1 ) = na n −1 . Assim, f '( x ) = n x n −1 . 
x →a

Exemplo 15: A derivada da função f ( x ) = x 2300 é a função f ' dada por f '( x ) = 2300 x 2299 .

Proposição: Se n ∈ ℕ∗ e f ( x ) = x −n , então f '( x ) = −n x −n −1 .


Demonstração:
Para qualquer a ∈ ℝ * temos

19
 1 1 
 n − n
 = lim a − x (x n − an ) 1
n n
f '( a ) = lim  x a = lim − ⋅ n n =
x →a x −a x →a x n a n ( x − a ) x →a x −a x a
(x n − an ) 1
= − lim ⋅ lim n n .
x →a x −a x → a x a
(x n − an )
Pela proposição anterior, lim = na n −1 e como
x →a x − a

1
lim = a −2n tem-se f '( a ) = −n a −n −1 , ∀a ≠ 0 . Assim f '( x ) = −n x −n −1 .
n n

x →a x a

 1  1 − 1
∗   1  
Proposição: Seja n ∈ ℕ e f ( x ) = xn  , se x > 0 então f '( x ) = x  n .
n
Demonstração: Temos
f ( x ) − f (a ) n
x −n a
f '( a ) = lim = lim .
x →a x −a x →a x − a

Se fizermos u = n x e b = n a > 0 , quando x tende a a ( x → a ) temos u tendendo a b ( u → b ) .


Assim,
 1−n 
n
x −n a u −b 1 1 1 1  
f '( a ) = lim = lim n n = lim n n = n −1 = = a n 
.
x →a x −a u →b u − b u →b  u − b  nb n n a n −1 n
 
 u −b 
1 
1  −1 
Portanto, temos f '( x ) = x  n  quando x > 0 . 
n

Proposição: Sejam f uma função, c uma constante e g a função definida por g ( x ) = c f ( x ) . Então, se
f ' existe, temos que g ' existe e g '( x ) = c f '( x ) .
Demonstração:
Para qualquer a ∈Dom f ' temos

g( x ) − g(a ) c f (x ) − c f (a ) f (x ) − f (a )
g ' ( a ) = lim = lim = lim c =
x →a x −a x →a x −a x →a x −a
f ( x ) − f (a )
=c lim = c f '( a ) .
x →a x −a
Portanto, g '( x ) = c f '( x ) . 

Exemplo 16: A derivada da função f ( x ) = 3x 11 é a função f '( x ) = 33x 10 .

Proposição: Sejam f e g funções e h a função definida por h( x ) = f ( x ) + g ( x ) . Então, se f ' e g '


existem, temos que h ' existe e h '( x ) = f '( x ) + g '( x ) .
Demonstração:
Para qualquer a ∈ Dom f ' ∩ Dom g ' temos

20
21

h( x ) − h( a ) f ( x ) + g( x ) − f ( a ) − g(a )  f ( x ) − f (a ) g( x ) − g(a ) 
h '( a ) = lim = lim = lim  + =
x →a x −a x →a x −a x →a  x −a x − a 
f ( x ) − f (a ) g( x ) − g(a )
= lim + lim = f '( a ) + g '( a ) .
x →a x −a x →a x −a
Portanto, h '( x ) = f '( x ) + g '( x ) . 

Exemplo 17: A derivada da função f ( x ) = 3x 4 − 2 x 2 + 2 é a função f '( x ) = 12 x 3 − 4 x .

Exemplo 18: A taxa de variação instantânea de y = f ( x ) por unidade de variação de x em x 0 é a


derivada de uma função f num ponto ( x 0 , f ( x 0 ) . Existem inúmeras aplicações de taxa de variação:
velocidade, aceleração, crescimento populacional, etc. Como exemplo considere uma partícula que se move
1
sobre uma reta ordenada segundo a lei de posição s ( t ) = s 0 + v 0 t + a t 2 , onde s 0 , v 0 e a são constantes,
2
com t medido em segundos e s em metros, então a derivada da função que fornece a posição da partícula no
ds ( t )
instante t é = v 0 + at . A função derivada da função que fornece a posição é a função velocidade
dt
instantânea no instante t.

Proposição: Sejam f e g funções e h a função definida por h( x ) = f ( x ) ⋅ g ( x ) . Então, se f ' e g '


existem, temos que h ' existe e h '( x ) = f '( x ) ⋅ g ( x ) + f ( x ) ⋅ g '( x ) .

Demonstração:
Para qualquer a ∈ Dom f ' ∩ Dom g ' temos

h ( x ) − h( a ) f ( x ) ⋅ g( x ) − f (a ) ⋅ g(a )
h '( a ) = lim = lim =
x →a x −a x →a x −a
f ( x ) ⋅ g( x ) − f ( a ) ⋅ g( x ) + f (a ) ⋅ g( x ) − f (a ) ⋅ g(a )
= lim =
x →a x −a
f (x ) − f (a ) g( x ) − g( a )
= lim g ( x ) + lim f ( a ) = f '( a ) ⋅ g ( a ) + f ( a ) ⋅ g '( a ) .
x →a x −a x →a x −a
Portanto, h '( x ) = f '( x ) ⋅ g ( x ) + f ( x ) ⋅ g '( x ) . 

Observe que usamos aqui o fato de que sendo g derivável em a, tem-se que g é contínua em a e,
portanto, lim g ( x ) = g ( a ) .
x →a

Exemplo 19: A derivada da função f ( x ) = 1 − x 3 ( )( x 2 − 3x + 5 ) é a função


f '( x ) = −3x 2 ( x 2 − 3x + 5 ) + (1 − x 3 ) ( 2 x − 3 ) .

Proposição: Sejam f e g funções e h a função definida por h( x ) = f ( x )/ g ( x ) , onde g ( x ) ≠ 0 . Então,


se f ' e g ' existem, temos que h ' existe e

f '( x ) ⋅ g ( x ) − f ( x ) ⋅ g '( x )
h '( x ) = .
[ g ( x )] 2
Demonstração:

21
Para qualquer a ∈ Dom f ' ∩ Dom g ' temos

 f ( x ) f (a ) 
 − 
 g( x ) g( a )   f ( x ) g( a ) − f ( a ) g( x ) 1 
h '( a ) = lim = lim  ⋅ =
x →a x −a x →a  x −a g( x ) g( a ) 

 f ( x ) g( a ) − f ( a ) g(a ) + f (a ) g(a ) − f (a ) g( x ) 1 
= lim  ⋅ =
x →a  x −a g( x ) g( a ) 

 f ( x ) − f ( a ) g( x ) − g( a )  1 
= lim   g( a ) − f ( a ) ⋅ =
x →a   x −a x − a  g ( x ) g ( a ) 

f '( a ) g ( a ) − f ( a ) g '( a )
= .
[ g ( a )]2
f '( x ) ⋅ g ( x ) − f ( x ) ⋅ g '( x )
Portanto, h '( x ) = . 
[ g ( x )] 2
Novamente, usamos o fato de as funções f e g serem deriváveis em x = a e a função g ser contínua em
x =a.

x3 − 2
Exemplo 20: A derivada da função f ( x ) = é a função
x 2 − 7x + 10

f '( x ) =
( ) (
3x 2 x 2 − 7x + 10 − x 3 − 2 ) ( 2x − 7) .
( x 2 − 7x + 10 )
2

Exercício 5. Use regras de derivação para calcular a derivada das seguintes funções:
1
a) f ( x ) = 5 + 2 x + 3x 6 ; b) g ( x ) = + 5 2x + 7 ;
x

1 + 3r 2
c) h( t ) = ( t 2 − 2 t + 1) (1 − 3 t −5 ) ; d) f ( r ) = .
r2 −r

Derivada de Funções Trigonométricas


Precisamos relembrar dois resultados chamados limites fundamentais.
sen t
Limite Fundamental 1: lim =1.
t →0 t

cos t − 1
Limite Fundamental 2: lim =0.
t→0 t

Utilizando esses limites fundamentais podemos demonstrar as próximas duas proposições.

Proposição: Se f ( x ) = sen x , então f '( x ) = cos x .


Demonstração:

22
23

Para qualquer x ∈ ℝ temos


sen( x + ∆x ) − sen x sen x cos( ∆x ) + sen( ∆x )cos x − sen x
f '( x ) = lim = lim =
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
cos( ∆x ) − 1 sen( ∆x )
= lim sen x ⋅ + lim cos x ⋅ = sen x ⋅ 0 + cos x ⋅ 1 = cos x .
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x
Portanto, f '( x ) = cos x . 

Proposição: Se f ( x ) = cos x , então f '( x ) = − sen x .


Demonstração:
Para qualquer x ∈ ℝ temos
cos( x + ∆x ) − cos x cos x cos( ∆x ) − sen x sen( ∆x ) − cos x
f '( x ) = lim = lim =
∆x →0 ∆x ∆ x → 0 ∆x
cos( ∆x ) − 1 sen( ∆x )
= lim cos x ⋅ − lim sen x ⋅ = cos x ⋅ 0 − sen x ⋅ 1 = − sen x .
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
Portanto, f '( x ) = − sen x . 

Exercício 6. Utilizando as regras de derivação, calcule y ' , onde


a) y = tg x ; b) y = cotg x ; c) y = sec x ; d) y = cossec x .
sen x
e) y = ; f) y = x 2 cos x ; g) y = sen 2 x .
2x

Derivada da Função Composta


(
Considerando a função h( x ) = sen x 3 + 2 x 2 + 1 ) e tentando calcular sua derivada pelo limite
notaremos que os cálculos não são tão simples e as regras que temos até o momento não nos permitem obter
o desejado. Por outro lado, podemos escrever h( x ) = ( f  g )( x ) onde f ( x ) = sen x e
g ( x ) = x 3 + 2x 2 + 1 .
Assim, tendo as derivadas de f e de g e conhecendo alguma regra para derivar uma composição de
funções o assunto está resolvido. Tal regra existe e é uma das mais importantes e mais usadas no Cálculo,
denominada regra da cadeia. Sua demonstração não é trivial e para fazê-la será utilizado o seguinte
resultado:

Proposição: Se f é uma função derivável em x 0 , então

f (x0 + h ) − f (x0 )
= f '( x 0 ) + α ( h ) , onde lim α ( h ) = 0 .
h h →0
Demonstração: Utilizando a definição de derivada, sabemos que
f (x0 + h ) − f (x0 )
f '( x 0 ) = lim .
h →0 h
Se definirmos

23
 f (x0 + h ) − f (x0 )
 − f '( x 0 ), h ≠ 0
g(h ) =  h ,
 0, h =0

teremos lim g ( h ) = 0 .
h →0

Considerando α = g , temos que α ( h ) satisfaz a condição que lim α ( h ) = 0 . 


h →0

Corolário: Se f e α são definidas conforme proposição anterior, então


∆f ( x 0 ) = f ( x 0 + h ) − f ( x 0 ) = [ f '( x 0 ) + α ( h )] ⋅ h .
Demonstração: Para h ≠ 0 , segue imediatamente que
∆f ( x 0 ) = f ( x 0 + h ) − f ( x 0 ) = [ f '( x 0 ) + α ( h )] ⋅ h .
Se h = 0 , temos a identidade 0 = 0 . 

Teorema (Regra da Cadeia): Sejam as funções u = f ( x ) derivável no ponto x 0 e y = g ( u )


derivável em u 0 = f ( x 0 ) . Então, a função composta F = g  f , isto é, F ( x ) = g[ f ( x )] é derivável em x 0
e sua derivada é dada por
F '( x 0 ) = g '[ f ( x 0 )]. f '( x 0 ) .
Demonstração Como, por hipótese, f e g são deriváveis em x 0 temos:

f ( x 0 + h ) − f ( x 0 ) = [ f '( x 0 ) + α ( h )] ⋅ h e g ( u 0 + k ) − g ( u 0 ) = [ g '( u 0 ) + β ( k )] ⋅ k
onde lim α ( h ) = 0 e lim β ( k ) = 0 .
h →0 k →0

Escolhemos k = f ( x 0 + h ) − f ( x 0 ) = [ f '( x 0 ) + α ( h )] ⋅ h e teremos f ( x 0 + h ) = u 0 + k .


Assim
F ( x 0 + h ) = ( g  f )( x 0 + h ) = g ( f ( x 0 + h ) ) = g ( u 0 + k ) = g ( u 0 ) + [ g '( u 0 ) + β ( k )] ⋅ k =

= g ( u 0 ) + [ g '( u 0 ) + β ( k )][ f '( x 0 ) + α ( h )] h = g ( u 0 ) + [ g '( u 0 ) f '( x 0 ) + γ ( h )] h ,


onde γ ( h ) = β ( f ( x 0 + h ) − f ( x 0 ))[ f '( x 0 ) + α ( h )] + g ' ( u 0 ) α ( h ).
Por outro lado, f é contínua em x 0 e β é contínua em x = 0 , logo lim f ( x 0 + h ) − f ( x 0 ) = 0 e então
h →0

lim γ ( h ) = 0 . Portanto,
h →0

F ( x 0 + h ) − F ( x 0 ) F ( x 0 + h ) − g ( u 0 ) [ g '( u 0 ) f '( x 0 ) + γ ( h )] h
= = = g '( u 0 ) f '( x 0 ) + γ ( h ),
h h h
ou seja,
F(x0 + h ) − F(x0 )
lim = lim [ g '( u 0 ) f '( x 0 ) + γ ( h )] =
h →0 h h →0

= lim [ g '( u 0 ) f '( x 0 )] + lim [γ ( h )] = g '( u 0 ) f '( x 0 ) .


h →0 h →0

Portanto, F '( x 0 ) = g '[ f ( x 0 )]. f '( x 0 ) .




24
25

Se y = y( u ) e u = u ( x ) são funções deriváveis, com a notação de Leibniz, a regra da cadeia é dada por:

dy dy du
= ⋅ .
dx du dx

Exemplo 21: Apliquemos a regra da cadeia para a função h( x ) = sen x 3 + 2 x 2 + 1 . Seja ( )


u( x ) = x 3 + 2 x 2 + 1 e h( u ) = sen u . Assim,
dh dh du d d
= ⋅ = [sen u ] ⋅ ( x 3 + 2 x 2 + 1) =
dx du dx du dx
= (cos u )(3x 2 + 4 x ) = (3x 2 + 4 x )cos( x 3 + 2 x 2 + 1) .

Mais geralmente, para h( x ) = sen ( f ( x )) temos h '( x ) = cos ( f ( x ) ) . f '( x ) , se f '( x ) existe.

( )
4
Exemplo 22: Considerando h( x ) = x 5 − 2 x 2 + 1 , vamos calcular h '( x ) , utilizando a regra da cadeia.

Seja u ( x ) = x 5 − 2 x 2 + 1 e h( u ) = u 4 . Assim,
dh dh du d 4 d 5
= ⋅ = ( u ) ⋅ ( x − 2 x 2 + 1) = 4 u 3 (5x 4 − 4 x ) = 4( x 5 − 2x 2 + 1)3 (5x 4 − 4 x ) .
dx du dx du dx

Mais geralmente, para h( x ) = [ f ( x )]n , n ∈ ℤ , temos h '( x ) = n[ f ( x )]n −1 ⋅ f '( x ) , se f '( x ) existe.

Exercício 7. Calcule a derivada das funções definidas a seguir:

a) f ( x ) = 3 ( x 2 + 1)2 b) f ( x ) = cos2 (1 − x 2 ) c) h( x ) = cos (1 − x 2 )2

sen 2 x
d) f ( x ) = tg 3 x + tg x 3 e) h( x ) = − f) f ( x ) = (2 x 6 + 5x 3 )3/ 5
x

−1 ( x + sen x )20
g) f ( x ) = (3x − x )cos 2 x h) g ( x ) = tg(5x − x )2 i) f ( x ) =
cos10 x

( (
j) f ( x ) = sen 7 cos (2 x + 1)10 )) l) g ( x ) =
( x 2 + 4)5 / 3
( x 3 + 1)3/ 5
m) f ( x ) = sen (
2t
t − 4t
4
)

Derivada da Função Inversa


Nesta seção trataremos de um resultado que segue imediatamente da Regra da Cadeia e facilita a
derivação de muitas funções como, por exemplo, as funções trigonométricas inversas.

−1
Teorema: Dada uma função f , suponhamos que exista a sua inversa g = f . Se f '( x 0 ) ≠ 0 e
1
y 0 = f ( x 0 ) , então g '( y 0 ) = .
f '( x 0 )
Demonstração: Seja F ( x ) = ( g  f )( x ) = x . Utilizando a regra da cadeia e derivando ambos os lados
da equação em relação a x, temos
F '( x ) = g '[ f ( x )] ⋅ f '( x ) = 1 . Logo,

25
1
F '( x 0 ) = g '[ f ( x 0 )] ⋅ f '( x 0 ) = 1 , ou seja, g '( y 0 ) = . 
f '( x 0 )
dx 1
Na notação de Leibnitz escrevemos: = .
dy dy
dx

Exemplo 23: Dada a função g ( y ) = arcsen y , vamos encontrar sua derivada g '( y ) . A função
π π π π
y = f ( x ) = sen x é injetora em [ − , ] e, portanto, possui inversa g :[ −1,1] → [ − , ] dada por
2 2 2 2
g ( y ) = arcsen y . Assim, para qualquer y ∈ ( −1, 1) temos
d 1 1
g( y ) = = .
d
dy sen x cos x
dx
π π
Da Identidade Fundamental da Trigonometria, segue que cos2 x = 1 − sen 2 x = 1 − y 2 . Como x ∈[ − , ],
2 2
1 1
temos que cos x ≥ 0 . Logo, cos x = 1 − y 2 . Assim, g '( y ) = = , y ∈ ( −1,1) . Podemos
cos x 1− y2
memorizar esse resultado:
d 1
arcsen y = .
dy 1− y2

Exercício 8. Encontre a derivada das funções arccos x , arctg x , arccotg x , arcsec x e arccossec x .

Exemplo 24: Sejam f e g funções monótonas decrescentes, uma inversa da outra. Se f (0) = 3 e
1 1 1
f '(0) = − , então g '(3) = = = −4 .
4 f '(0)  1 
− 
 4

Exercícios:

9. A função f ( x ) = x 3 − 9x é crescente para x < − 3 . Se g é a função inversa de f neste intervalo,


encontre g '(0) .

10. A função f ( x ) = x 3 − 9x é decrescente para − 3 < x < 3 . Se h é a função inversa de f neste


intervalo, encontre h '(0) .

11. A função f ( x ) = x 3 − 9x é crescente, para x > 3 . Se g é a função inversa de f neste intervalo,


encontre g '(0) .

Derivação Implícita
As funções abordadas até agora foram da forma y = f ( x ) , as quais determinam y explicitamente em
termos de x. Muitas vezes, entretanto, encontramos equações em x e y como, por exemplo, x 2 + y 2 = 1 ;

26
27

y + x y = 3x 3 e x 3 + x 2 y + y 3 − 2 x − x 5 y = 0 , que não fornecem explicitamente y como função de x,


mas estabelecem apenas uma relação entre x e y. Às vezes existem funções y = f ( x ) , com x em algum
intervalo I, que verificam a equação dada. Neste caso, dizemos que a equação determina implicitamente y
como função de x ou que f é função implícita na equação. Além disso, uma equação pode determinar uma ou
mais funções implícitas.
Quando uma função y = f ( x ) é definida implicitamente por uma equação, podemos obter uma outra
dy
equação que envolve a derivada de f, . Este método, referido como derivação implícita, será apresentado a
dx
seguir, por meio de alguns exemplos.
Nos exemplos a seguir suporemos que a equação dada define y como função de x, para x em algum
intervalo aberto, e que esta função seja derivável neste intervalo.

dy
Exemplo 25: Dada a equação x 3 + x 2 y + y 3 − 2 x − x 5 y = 0 , vamos encontrar . Usando regras
dx
de derivação, derivamos ambos os lados da equação em relação a x, obtendo:
dx dy dx dy dx dx dy
+ x2
3x 2 + 2x y + 3 y2 − 2 − 5x 4 y − x5 =0.
dx dx dx dx dx dx dx
dy dx
Colocando em evidência e sabendo que = 1 obtemos:
dx dx

( x 2 + 3 y 2 − x 5 ) dxdy = − ( 3x 2 + 2xy − 2 − 5x 4 y )
e, portanto,
dy
=−
( 3x 2 + 2 xy − 2 − 5x 4 y )
, quando x 2 + 3 y 2 − x 5 ≠ 0 .
dx ( x 2
+ 3 y 2
− x 5
)
dy
Exemplo 26: Vamos calcular para a equação x 2 + y 2 = 1 . Derivando ambos os lados da equação
dx
dy dy x
em relação a x, obtemos 2 x + 2 y = 0 e, assim, = − , quando y ≠ 0 .
dx dx y

dy
Exemplo 27: Vamos calcular para a equação x 2 y + y 2 x = 6 . Derivando ambos os lados da
dx
dy dy dy
equação em relação a x, obtemos 2 xy + x 2 + 2 y x + y 2 = 0 , ou seja, ( x 2 + 2 xy ) = − y 2 − 2 xy .
dx dx dx
dy − y − 2 xy
2
Portanto, = 2 , quando x 2 + 2 xy ≠ 0 .
dx x + 2 xy

Proposição: Se r ∈ ℚ e f ( x ) = x r , então f '( x ) = r x r −1 .

Demonstração:
 p
p  
(i) Se x ≠ 0 , escrevendo r = com p , q ∈ ℤ , q > 0 e tomando y = x   , temos y q = x p .
q
q
Derivando esta equação em relação a x, obtemos

27
dy
q y q −1 = p x p −1 ,
dx
ou melhor,
y q dy xp
q = p (*)
y dx x
 p
 
Substituindo y = x  e y q = x p em (*) segue que
q

x p dy xp
q p
= p .
dx x
xq
Logo,
p 
dy p  q −1
= x   = r x r −1 .
dx q
(ii) Se x = 0 , o resultado segue da definição de derivada. 

dy
Exercício 12. Calcular para as equações a seguir:
dx
a) 5 y 6 − 4 y 5 + y = x 6 − 3 ; b) (5x + y 2 )3 − y sen x = 9x .

Máximos e Mínimos
No início deste texto observamos um exemplo em que o ponto de máximo da função ocorreu no ponto
onde a inclinação da reta tangente ao gráfico da função é igual a zero. Nesta seção, demonstraremos este e
outros resultados que permitem encontrar os valores máximos e mínimos de uma função qualquer, caso
existam.

Definição: Seja f uma função definida num intervalo [ a , b ] .


a) Dizemos que f assume um valor máximo local, ou máximo relativo, em x 0 ∈ ( a , b ) , se para algum
δ > 0 , tivermos
f ( x ) ≤ f ( x 0 ), ∀x ∈ ( x 0 − δ , x 0 + δ ) .
Nesse caso, dizemos que f ( x 0 ) é valor máximo local ou relativo de f.
Se ocorrer f ( x ) ≤ f ( x 0 ), ∀x ∈ [ a , b ] , dizemos que a função f assume em x 0 um valor máximo
absoluto.

b) Dizemos que f assume um valor máximo local, ou máximo relativo, em x = a , se para algum
δ > 0 , tivermos f ( x ) ≤ f ( a ), ∀x ∈[ a , a + δ ) . Define-se analogamente máximo local em x = b .

c) Dizemos que f assume um valor mínimo local, ou mínimo relativo, em x 0 ∈ ( a , b ) , se para algum
δ > 0 , tivermos
f ( x ) ≥ f ( x 0 ), ∀x ∈ ( x 0 − δ , x 0 + δ ) .
Nesse caso, dizemos que f ( x 0 ) é valor mínimo local ou relativo de f.

28
29

Se ocorrer f ( x ) ≥ f ( x 0 ), ∀x ∈ [ a , b ] , dizemos que a função f assume em x 0 um valor mínimo


absoluto.

d) Dizemos que f assume um valor mínimo local, ou mínimo relativo, em x = a , se para algum
δ > 0 , tivermos f ( x ) ≥ f ( a ), ∀x ∈[ a , a + δ ) . Define-se analogamente mínimo local em x = b .

Convenção: Quando nos referirmos a pontos do gráfico de f diremos, por exemplo, o ponto ( a , f ( a ))
é um ponto de máximo do gráfico de f, ou que o gráfico de f tem um ponto de mínimo local em ( c , f ( c )) .

Dizemos ainda que f assume um valor extremo local, ou relativo, em x 0 , se f assume um valor máximo
ou mínimo local, ou relativo, em x 0 .

Observação: Todo ponto de máximo absoluto, respectivamente, mínimo absoluto, é também um


ponto de máximo local, respectivamente, mínimo local.

Exemplo 28: A função f ( x ) = x 2 assume um valor mínimo absoluto em x 0 = 0 . De fato, x 2 ≥ 0 , para


todo x ∈ ℝ , ou seja, f ( x ) ≥ f (0) , para todo x ∈ ℝ e, portanto, f assume o valor mínimo absoluto em x = 0 .

Exemplo 29: A função f ( x ) = cos x tem máximo local nos pontos x = 2k π , k ∈ ℤ e mínimo local
nos pontos x = (2k + 1)π , k ∈ ℤ . De fato, −1 ≤ cos x ≤ 1 , ∀x ∈ ℝ ; cos x = 1 , quando
x = 2k π , k ∈ ℤ e cos x = − 1 , quando x = (2k + 1)π , k ∈ ℤ . Temos que
cos[(2k + 1)π ] ≤ cos x ≤ cos(2kπ ), k ∈ ℤ e ∀x ∈ ℝ .

Exemplo 30: A função y = f ( x ) , definida no intervalo [ −3,5] , cujo gráfico é dado a seguir, tem
máximo local em x = −3 , em x = −1 e em x = 3 ; máximo absoluto em x = 3 ; mínimo local em x = −2 ,
em x = 1 e em x = 5 e mínimo absoluto em x = −2 .
y

1
–2
–3 –1 0 1 2 3 4 5 x
–1

–2

Definição: Seja f uma função definida num intervalo [ a , b ] . Dizemos que x 0 ∈ ( a , b ) é um ponto
crítico de f, se ocorrer uma das condições:
(a) f '( x 0 ) = 0 ;
(b) f não é derivável em x 0 .

Exemplo 31: A função y = f ( x ) , cujo gráfico foi dado no último exemplo, admite quatro pontos
críticos x = −2 , x = −1 , x = 1 e x = 3 , pois f '( −2) = 0 , f '( −1) = 0 , f '(1) não existe e f '(3) = 0 .

29
O teorema a seguir caracteriza os pontos críticos onde a derivada existe.

Teorema: Seja y = f ( x ) uma função definida num intervalo [ a , b ] e derivável no intervalo ( a , b ) . Se f


tem um máximo local ou um mínimo local em x 0 ∈ ( a , b ) e se f '( x 0 ) existe, então f '( x 0 ) = 0 .

Demonstração: Faremos a demonstração para o caso em que x 0 é ponto de máximo local. Se em x 0


tivermos mínimo local, a demonstração é feita de forma análoga e é deixada como exercício.
Como f tem um máximo local em x 0 , existe δ > 0 tal que f ( x ) ≤ f ( x 0 ), ∀x ∈ ( x 0 − δ , x 0 + δ ) . Seja
h ≠ 0 um número real tal que −δ < h < δ . Então f ( x 0 + h ) ≤ f ( x 0 ) , pois x 0 + h ∈ ( x 0 − δ , x 0 + δ ) e,
f (x0 + h ) − f (x0 ) f (x0 + h ) − f (x0 )
portanto, ≤ 0 para h > 0 e ≥ 0 para h < 0 .
h h
f (x0 + h ) − f (x0 ) f (x0 + h ) − f (x0 )
Logo, f '( x 0+ ) = lim+ ≤ 0 e f '( x 0− ) = lim

≥0.
h →0 h h →0 h
Assim, f '( x 0+ ) ≤ 0 ≤ f '( x 0− ) . Como f é diferenciável em x 0 , f '( x 0+ ) e f '( x 0− ) são ambos iguais
a f '( x 0 ) . Logo, f '( x 0 ) = 0 . 

Exemplo 32: A recíproca do teorema anterior não é verdadeira. De fato, se considerarmos a função
f ( x ) = x 3 , temos f '( x ) = 3x 2 e, portanto, f '(0) = 0 . Mas f não assume valor máximo local nem valor
mínimo local em x 0 = 0 , pois f (0) = 0 > f ( x ), se x < 0 e f (0) = 0 < f ( x ), se x > 0 .

Sobre a existência de pontos críticos temos o seguinte teorema:

Teorema (de Rolle): Se f é uma função contínua no intervalo fechado [ a , b ] e derivável no intervalo
aberto ( a , b ) com f ( a ) = f ( b ) , então existe pelo menos um ponto x 0 ∈ ( a , b ) tal que f '( x 0 ) = 0 .
Demonstração: Suponhamos que f '( x ) ≠ 0 para a < x < b ; segue do teorema anterior que f não tem
nem máximo, nem mínimo em ( a , b ) . Como f é contínua em [ a , b ] , pelo Teorema de Weierstrass, ela tem
um máximo e um mínimo neste intervalo. Sendo f ( a ) = f ( b ) , a única possibilidade é que f seja
identicamente constante em [ a , b ] . Neste caso, f '( x ) = 0 , ∀x ∈ ( a , b ) o que é absurdo. Logo, existe
x 0 ∈ ( a , b ) , tal que f '( x 0 ) = 0 .


O teorema a seguir generaliza o anterior e tem muitas aplicações no Cálculo.

Teorema (do Valor Médio): Se f é uma função contínua no intervalo fechado [ a , b ] e derivável no
intervalo aberto ( a , b ) , então existe um ponto x 0 ∈ ( a , b ) , tal que

f (b ) − f ( a )
f '( x 0 ) = .
b −a
Demonstração: Consideremos a função g dada pela diferença entre as funções f e a função afim cujo
gráfico é a reta T que passa pelos pontos A = ( a , f ( a )) e B = ( b , f ( b )) .

30
31

B T
f (b)
g (x1) - g (x2)
A
f (a)
Graf f

a x1 0 x2 b x

Note que a equação da reta que passa por A e B é dada por


f (b ) − f ( a )
y − f (a ) = (x − a ).
b −a
Assim, temos que a função g é da forma
 f (b ) − f ( a ) 
g( x ) = f ( x ) −  ( x − a ) + f ( a ) .
 b −a 
A função g assim definida é contínua em [ a , b ] , pois é a soma da função f com uma função afim, que
são contínuas em [ a , b ] ; g é derivável em ( a , b ) , pois a função f e toda função afim são deriváveis em ( a , b ) ; g
satisfaz g ( a ) = g ( b ) = 0 . Desta forma, podemos aplicar o Teorema de Rolle à função g e concluir que
f (b ) − f ( a )
g '( x 0 ) = 0 , para algum x 0 ∈ ( a , b ) . Como g '( x ) = f '( x ) − , segue-se que
b −a
f (b ) − f ( a )
0 = g '( x 0 ) = f '( x 0 ) − .
b −a
f (b ) − f ( a )
Desta última igualdade temos f '( x 0 ) = . 
b −a

Exemplo 33: A equação x 3 + 2 x + c = 0 , onde c é uma constante qualquer, não pode ter mais do que
uma raiz real. De fato, suponhamos que a equação x 3 + 2 x + c = 0 tenha duas raízes reais x 1 e x 2 , com
x 1 < x 2 . A função definida por f ( x ) = x 3 + 2 x + c , c ∈ ℝ é contínua em ( x 1 , x 2 ) e f ( x 1 ) = f ( x 2 ) = 0 .
Logo, pelo Teorema de Rolle, deveria existir um número x ∈ ( x 1 , x 2 ) tal que f '( x ) = 0 , isto é,
3 x 2 + 2 = 0 , o que é um absurdo. Portanto, a equação x 3 + 2 x + c = 0 não pode ter mais do que uma raiz
real.

Teorema: Seja y = f ( x ) uma função contínua em [ a , b ] e derivável em ( a , b ) .


(a) Se f '( x ) > 0 para a < x < b , então f é monótona crescente em [ a , b ] .
(b) Se f '( x ) ≥ 0 para a < x < b , então f é monótona não-decrescente em [ a , b ] .
(c) Se f '( x ) < 0 para a < x < b , então f é monótona decrescente em [ a , b ] .
(d) Se f '( x ) ≤ 0 para a < x < b , então f é monótona não-crescente em [ a , b ] .

31
Demonstração:
(a) Sejam x 1 e x 2 pontos quaisquer de [ a , b ] , com x 1 < x 2 . Utilizando o Teorema do Valor Médio no
intervalo [ x 1 , x 2 ] e considerando que f '( x 0 ) > 0 para x 0 ∈ ( x 1 , x 2 ) , segue-se que

f ( x 2 ) − f ( x 1 ) = f '( x 0 ) ⋅ ( x 2 − x 1 ) > 0
e, portanto, f ( x 2 ) > f ( x 1 ) , isto é, f é monótona crescente em [ a , b ] .
Os outros casos têm demonstração análoga e serão deixados como exercício. 

Exemplo 34: Considere a função f ( x ) = x 3 − 3x 2 . Vamos estudar esta função quanto a


monotonicidade. A função f é contínua e derivável em ℝ e f '( x ) = 3x 2 − 6x = 3x ( x − 2) . Portanto,
( i ) f '( x ) > 0 ⇔ 3x ( x − 2) > 0 ⇔ x > 2 ou x < 0 . Desta forma, f é monótona crescente em ( −∞ , 0]
e em [2, +∞ ) ;
( ii ) f '( x ) < 0 ⇔ 0 < x < 2 . Desta forma, f é monótona decrescente em [0, 2] .

Este último teorema nos permite enunciar um teste muito importante para a determinação de pontos de
máximo e mínimo locais de uma função, conhecido como Teste da Derivada Primeira.

Observação:
O Teorema de Weierstrass “Se f é uma função contínua em [ a , b ] , então existem x 1 , x 2 ∈ [ a , b ] tais que
f ( x 1 ) ≤ f ( x ) ≤ f ( x 2 ) , para todo x ∈[ a , b ] ” garante a existência de máximo e mínimo absolutos para
funções contínuas definidas em intervalos fechados. Para determinação de extremos absolutos de uma função
contínua f em um intervalo fechado [ a , b ] , devemos encontrar os pontos críticos de f em ( a , b ) , calcular o
valor de f nos pontos críticos e nos pontos x = a e x = b (extremos do intervalo) e comparar esses valores.
O maior valor será o valor máximo absoluto de f e o menor, o valor mínimo absoluto.
x
Exemplo 35: Verifiquemos a existência de extremos absolutos da função f ( x ) = no intervalo
x +1 2

[0, 2] . Como a função f é racional e x 2 + 1 ≠ 0 , ∀x ∈ ℝ , a função é contínua em ℝ e, portanto, contínua


em [0, 2] . Logo, f admite máximo e mínimo absolutos. Devemos inicialmente encontrar os pontos críticos
de f.

1− x2
f '( x ) = ⇒ f '( x ) = 0 ⇔ x = 1 ou x = −1 .
( x 2 + 1)2
1
Como −1 ∉ (0, 2) , o único ponto crítico de f em [0, 2] é x = 1 . Temos que f (0) = 0 ; f (1) = e
2
2
f (2) = . Portanto, f (0) < f (2) < f (1) e, assim, f assume mínimo absoluto em x = 0 e máximo absoluto em
5
x = 1.
Observação: Sejam f : I → ℝ uma função contínua, I um intervalo aberto e x 0 ∈ I . Se f ( x 0 ) é o
único valor extremo local de f, então f ( x 0 ) é valor extremo absoluto de f. Além disso, se f ( x 0 ) for valor
máximo relativo (valor mínimo relativo), então f ( x 0 ) será valor máximo absoluto (valor mínimo absoluto).
Exercício 13. Determine os máximos e mínimos absolutos das seguintes funções, nos intervalos indicados:
4 1 
a) f ( x ) = x 4 − 2 x 3 , [ −1, 2] ; b) f ( x ) = x 4 − 2 x 3 , [ −1, 1] ; c) f ( x ) = + x ,  , 3 .
x 2 

32
33

Teste da Derivada Primeira


Utilizando os resultados acerca do crescimento e decrescimento de funções do teorema anterior
podemos demonstrar, sem dificuldades,, o resultado a seguir:
Teorema (teste da derivada primeira): Seja f uma função contínua no intervalo [ a , b ] e derivável em
( a , b ) , exceto possivelmente em x = c ∈ ( a , b ) .
(a) Se f '( x ) > 0 , para a < x < c e f '( x ) < 0 para c < x < b , então f tem um máximo local em x = c .
(b) Se f '( x ) < 0 , para a < x < c e f '( x ) > 0 para c < x < b , então f tem um mínimo local em x = c .
y y

0 a c b x 0 a c b x

Nos exemplos a seguir aplicaremos o teste da derivada primeira para encontrar os extremos locais das
funções.

Exemplo 36: Vamos encontrar os extremos locais da função f ( x ) = x 3 + 3x 2 − 9x + 15 . Como f é


uma função polinomial, f é contínua e derivável em ℝ . Como f '( x ) = 3x 2 + 6x − 9 , tem-se que
f '( x ) = 0 ⇔ x = 1 ou x = −3 . Os pontos críticos de f determinam na reta real três intervalos: ( −∞ , −3) ,
( −3,1) e (1, +∞ ) . Como a função f ' é contínua em ℝ , o sinal de f ' em cada um destes intervalos não
muda e, por isso, pode ser determinado avaliando f ' em um ponto qualquer do intervalo. Escolhamos, por
exemplo, os pontos x = −4 , x = 0 e x = 2 que pertencem, respectivamente, aos intervalos ( −∞ , −3) ,
( −3,1) e (1, +∞ ) . Temos
f '( −4) = 3 ⋅ 16 + 6 ⋅ ( −4) − 9 = 15 > 0 ;
f '(0) = 3 ⋅ 0 + 6 ⋅ 0 − 9 = −9 < 0 e
f '(2) = 3 ⋅ 4 + 6 ⋅ 2 − 9 = 15 > 0 .
Pelo teste da primeira derivada concluímos que em x = −3 f assume valor máximo local e em x = 1 f assume
valor mínimo local.

Exemplo 37: Vamos encontrar os extremos locais da função f ( x ) = 4 x 6 − 6x 4 . Como


f '( x ) = 24 x 5 − 24 x 3 = 24 x 3 ( x 2 − 1) = 24 x 3 ( x + 1)( x − 1)
tem-se que f '( x ) = 0 ⇔ x = −1 ou x = 0 ou x = 1 . Dessa forma, temos três pontos críticos de f, a saber,
x = −1, x = 0 e x = 1 . Para verificar o sinal da derivada nos intervalos determinados pelos pontos críticos,
1 1
escolhamos, por exemplo, os pontos x = −2 , x = − , x = e x = 2 que pertencem, respectivamente,
2 2
aos intervalos ( −∞, −1), ( −1, 0), (0,1) e (1, +∞ ) . Assim, temos:

f '( −2) = 24( −2)3 ( −2 + 1)( −2 − 1) = −576 < 0 ;

33
1 1 1 1 9
f '( − ) = 24( − )3 ( − + 1)( − − 1) = > 0 ;
2 2 2 2 4
1 1 1 1 9
f '( ) = 24( )3 ( + 1)( − 1) = − < 0 ;
2 2 2 2 4
f '(2) = 24(2)3 (2 + 1)(2 − 1) = 576 > 0 .
Pelo teste da derivada primeira concluímos que: em x = −1 f assume um mínimo relativo; que em x = 0 f
assume um máximo relativo e em x = 1 f assume um mínimo relativo.

Exemplo 38: Vamos encontrar os extremos locais da função f ( x ) = x . No Exemplo 11, mostramos
que f '(0) não existe. Logo, x = 0 é ponto crítico de f. Como f '( x ) = 1 > 0 , se x > 0 e f '( x ) = −1 < 0 , se
x < 0 , segue do teste da derivada primeira que f assume um mínimo relativo em x = 0 .

Derivadas de Ordem Superior


Seja y = f ( x ) uma função e f ' a sua derivada. A derivada da função f ' , caso exista, é denotada por
d2 y
f " ou , chamada derivada segunda de f ou derivada de ordem 2 de f.
dx 2
Analogamente, podemos encontrar a derivada terceira de f, denotada por f ''' e as demais derivadas
sucessivas de f, até a derivada de ordem n ou derivada n-ésima de f, denotada por f ( n ) .

Definição: Uma função f é dita de classe C n no intervalo ( a , b ) , se para todo x ∈ ( a , b ) existem as


derivadas f ', f ", f ''',… , f ( n ) contínuas em ( a , b ) . Quando a função possuir derivada de qualquer ordem em
( a , b ) dizemos que esta função é de classe C ∞ no intervalo ( a , b ) .

2
Exemplo 39: Sendo f ( x ) = x 5 − 3x 2 + x , vamos encontrar as derivadas sucessivas de f.
3
2
f '( x ) = 5x 4 − 6x + ; f ''( x ) = 20 x 3 − 6 ; f '''( x ) = 60 x 2 ;
3
f (4 ) ( x ) = 120 x ; f (5) ( x ) = 120 ; f ( n ) ( x ) = 0, n ≥ 6 .

2
Exemplo 40: Sendo f ( x ) = x 3 , vamos encontrar f "( x ) .
2   1  1   4
2  3 − 1 2 −  2  − − 1 2 − 
f '( x ) = x = x  3  ; f ''( x ) = − x  3  = − x  3  .
3 3 9 9
Observe que Dom f = ℝ enquanto que Dom f ' = Dom f " = ℝ * .

Exemplo 41: Vamos encontrar as quatro primeiras derivadas da função f ( x ) = sen x .

f ( x ) = sen x ; f '( x ) = cos x ; f ''( x ) = − sen x ; f '''( x ) = − cos x ; f ( 4 ) ( x ) = sen x .

π
Exercício 14. Dada a função f ( x ) = x sen x , calcule f '"( ) .
2

34
35

Observemos que o teste da derivada primeira é útil para a determinação de extremos relativos, qualquer
que seja a natureza do ponto crítico x 0 ( f '( x 0 ) = 0 ou f '( x 0 ) não existe).
O teorema que apresentaremos a seguir mostra que o estudo do sinal da derivada segunda em x 0 pode
também ser útil na determinação de extremos relativos. Este teorema é conhecido como Teste da Derivada
Segunda, que em um grande número de casos é mais simples de ser aplicado do que o teste da derivada
primeira. Porém, esse teste apresenta mais restrições do que aquele, pois só possibilita localizar pontos de
máximo ou mínimo relativos de uma função f que ocorrem em pontos críticos x 0 nos quais a derivada
primeira se anula. Além do mais, mesmo para este tipo de ponto crítico, o teste não permite conclusões
quando f "( x 0 ) = 0 .

Teste da Derivada Segunda


Antes de formalizarmos o teste, é preciso apresentar algumas definições.

Definição: Dizemos que o gráfico de uma função f é côncavo para cima (respectivamente, côncavo
para baixo) num ponto ( x 0 , f ( x 0 )) se existe f '( x 0 ) e existe um intervalo aberto I contendo x 0 , tal que
para todos os valores de x em I, com x ≠ x 0 , o ponto ( x , f ( x )) do gráfico está acima (respectivamente, está
abaixo) da reta tangente ao gráfico em ( x 0 , f ( x 0 )) .

Definição: Dizemos que o gráfico de uma função f é côncavo para cima (respectivamente, côncavo
para baixo) no intervalo ( a , b ) se o gráfico de f é côncavo para cima (respectivamente, côncavo para
baixo) em todos os pontos de ( a , b ) .

y y
( x 0 , f ( x 0 ))

( x 0 , f ( x 0 ))

0 a x0 b x 0 a x0 b x

Graf f é côncavo para cima em ( a , b ) Graf f é côncavo para baixo em ( a , b )

Teorema: Seja f uma função definida em [ a , b ] e de classe C 2 em ( a , b ) . Neste caso,


(a) Se f "( x ) > 0 para a < x < b , então o gráfico de f é côncavo para cima em ( a , b ) ;
(b) Se f "( x ) < 0 para a < x < b , então o gráfico de f é côncavo para baixo em ( a , b ) .

Demonstração: Vamos demonstrar apenas o item (a), pois o outro é análogo e é deixado como exercício.
Devemos mostrar que o gráfico de f está sempre acima da reta tangente ao gráfico de f em qualquer
ponto ( x 0 , f ( x 0 )) com x 0 ∈ ( a , b ) . A reta tangente ao gráfico de f em ( x 0 , f ( x 0 )) tem a equação

y − f ( x 0 ) = f '( x 0 ) ( x − x 0 ) , para x ≠ x 0 ,
ou melhor,
y = f ( x 0 ) + f '( x 0 ) ( x − x 0 ) , para x ≠ x 0 ,

35
Vamos mostrar que dado x 0 ∈ ( a , b ) , a desigualdade a seguir é válida

f ( x ) > f ( x 0 ) + f '( x 0 ) ( x − x 0 ), ∀x ∈ ( a , b ), x ≠ x 0 . (1)


Temos dois casos a analisar:
1. Se x > x 0 , existe x 1 tal que x 0 < x 1 < x e

f ( x ) − f ( x 0 ) = f '( x 1 ) ( x − x 0 ) (2)
Do fato de f "( x ) > 0 para x em ( a , b ) , segue-se que f ' é crescente em ( a , b ) . Assim, como x 1 > x 0 ,
tem-se f '( x 1 ) > f '( x 0 ) e, portanto, f '( x 1 )( x − x 0 ) > f '( x 0 )( x − x 0 ) pois x − x 0 > 0 . Usando este
resultado na equação (2), obtemos que f ( x ) − f ( x 0 ) > f '( x 0 )( x − x 0 ) , isto é,
f ( x ) > f ( x 0 ) + f '( x 0 ) ( x − x 0 ) , como queríamos.
2. Se x < x 0 , existe x 2 tal que x < x 2 < x 0 e f ( x 0 ) − f ( x ) = f '( x 2 ) ( x 0 − x ) e, de forma análoga
ao caso 1, temos a inequação (1). 

Teorema (teste da derivada segunda): Seja f uma função de classe C 2 em ( a , b ) e x 0 um ponto


crítico de f. Então,
(a) Se f "( x 0 ) > 0 , f tem um mínimo relativo em x 0 ;
(b) Se f "( x 0 ) < 0 , f tem um máximo relativo em x 0 .
Demonstração: Segue imediatamente das definições de máximo e mínimo relativo, das definições de
concavidade e do teorema anterior. 

Exemplo 42: Dada a função f ( x ) = x 3 + 3x 2 − 9x + 15 , encontremos os extremos relativos, se


existirem. Como f é uma função polinomial, f é de classe C ∞ em ℝ . Temos f '( x ) = 3x 2 + 6x − 9 e,
portanto, f '( x ) = 0 ⇔ x = 1 ou x = −3 ; f ''( x ) = 6x + 6 é contínua em ℝ , então calculando os sinais da
derivada segunda nos pontos críticos de f encontramos f ''(1) = 6 ⋅ 1 + 6 = 12 > 0 e
f ''( −3) = 6 ⋅ ( −3) + 6 = −12 < 0 . Desta forma, concluímos que em x = −3 f assume um valor máximo
relativo e em x = 1 f assume um valor mínimo relativo.

Exemplo 43: Dada a função f ( x ) = 4 x 6 − 6x 4 , encontremos os extremos relativos, se existirem.


Temos f '( x ) = 24 x 5 − 24 x 3 = 24 x 3 ( x 2 − 1) = 24 x 3 ( x + 1)( x − 1) e, portanto,
f '( x ) = 0 ⇔ x = −1 ou x = 0 ou x = 1 .
Temos também f ''( x ) = 120 x 4 − 72 x 2 contínua em ℝ e, então, analisando o sinal da derivada segunda nos
pontos críticos encontramos f ''( −1) = 120 − 72 = 48 > 0 ; f ''(0) = 0 e f ''(1) = 120 − 72 = 48 > 0 . Desta
forma, concluímos que em x = −1 e também em x = 1 , f assume valores mínimos locais. Não concluímos
nada a respeito dos valores de f no ponto x = 0 , mas utilizando o teste da derivada primeira, como já foi feito
no Exemplo 37, segue que em x = 0 f assume um máximo relativo.

4  1
   
Exemplo 44: Dada a função f ( x ) = x 3 + 5x  3  , encontremos os extremos relativos, se existirem.
Temos que f é contínua em ℝ . Para x ≠ 0 ,
1  2  2
4   5 −  1 − 
f '( x ) = x  3  + x  3  = x  3  (4 x + 5)
3 3 3
e

36
37

 2  5  5
4  −  10  − 3  2 − 
f "( x ) = x  3  − x = x  3  (2 x − 5) .
9 9 9
5 5
Os pontos críticos de f são x = 0 , pois f '(0) não existe; x = −
, pois f '( − ) = 0 . Além disso,
4 4
5 4  16  5
temos f "( − ) =  3  > 0 . Pelo teste da derivada segunda f possui um mínimo relativo em x = − .
4 3  25  4
O teste da derivada segunda não se aplica para x = 0 , pois não existe f "(0) . Neste caso, devemos aplicar o
5
teste da derivada primeira. Analisemos o sinal da derivada nos intervalos ( − , 0) e (0, +∞ ) . Temos
4
 
1  − 
2 2
1 −  1
f '( −1) =
( −1) 3  = > 0 e f '(1) = (1) 3  9 = 3 > 0 .
3 3 3
Logo, x = 0 não é extremo relativo da função f.

Exercício 15. Dadas as funções f a seguir, determine os máximos e mínimos relativos e absolutos de f,
caso existam, e determine quais os valores de x onde eles ocorrem. Utilize o teste da derivada primeira ou
derivada segunda:

a) f ( x ) = x 3 − 9x ; b) f ( x ) = ( x + 5)4 ;

c) f ( x ) = ( x + 1)3 ; d) f ( x ) = x 1/ 3 − x 2/ 3 .

Pontos de Inflexão
Definição: O ponto ( x 0 , f ( x 0 )) é um ponto de inflexão do gráfico de f, se o gráfico tiver aí uma reta
tangente e se existir um intervalo aberto I, contendo x 0 , tal que, se x ∈ I , então:
(a) f "( x ) < 0 se x < x 0 e f "( x ) > 0 se x > x 0 ; ou
(b) f "( x ) > 0 se x < x 0 e f "( x ) < 0 se x > x 0 .

y y

( x 0 , f ( x 0 )) ( x 0 , f ( x 0 ))
f (x0 ) f (x0 )

0 x0 x 0 x0 x

(a) (b)
Exemplo 45: No gráfico a seguir os pontos A, D e G são exemplos de pontos de inflexão.

37
y

A B E

0 x

O resultado a seguir permite encontrar os possíveis candidatos a pontos de inflexão.

Teorema: Sejam f uma função derivável num intervalo aberto contendo x 0 e ( x 0 , f ( x 0 )) um ponto
de inflexão do gráfico de f. Se f "( x 0 ) existe, então f "( x 0 ) = 0 .

Demonstração: Seja g uma função tal que g ( x ) = f '( x ) . Então, g '( x ) = f "( x ) . Como ( x 0 , f ( x 0 )) é
um ponto de inflexão do gráfico de f temos que f "( x ) troca de sinal em x 0 e, portanto, g '( x ) troca de
sinal em x 0 . Logo, pelo teste da derivada primeira, g tem um valor extremo local em x 0 e, portanto, x 0 é
um ponto crítico de g. Considerando que f "( x 0 ) existe e como g '( x 0 ) = f "( x 0 ) , segue que g '( x 0 ) existe.
Logo, g '( x 0 ) = 0 e, portanto, f "( x 0 ) = 0 . 

Observe que podemos encontrar os possíveis pontos de inflexão mediante valores de x 0 onde a
segunda derivada f "( x 0 ) não existe ou que são soluções da equação f "( x ) = 0 . Para verificarmos se um
ponto ( x 0 , f ( x 0 )) é de inflexão, podemos seguir os passos:
(I) Verificar a existência de f "( x 0 ) e, caso exista, analisar as condições (a) e (b) da definição;
(II) Caso f "( x 0 ) não exista, devemos verificar a existência da reta tangente ao gráfico de f no ponto
( x 0 , f ( x 0 )) que, neste caso, será vertical e, caso exista, devemos analisar as condições (a) e (b) da definição.

Exemplo 46: Vamos determinar os pontos de inflexão do gráfico da função definida


por f ( x ) = 3x 4 − 4 x 3 . Temos que
f '( x ) = 12 x 3 − 12 x 2 = 12 x 2 ( x − 1)
e
f ''( x ) = 36x 2 − 24 x = 12 x (3x − 2) .
2
Portanto, f ''( x ) = 0 ⇔ x = 0 ou x = . Para estudar o sinal da derivada segunda nos intervalos
3
2 1
determinados pelos pontos x = 0 e x = , escolhamos, por exemplo, x = −1 , x = e x = 1 que
3 3
2 2
pertencem, respectivamente, aos intervalos ( −∞, 0), (0, ) e ( , +∞ ) . Assim,
3 3
f ''( −1) = −12( −3 − 2) = 60 > 0 ;

38
39

1
f ''( ) = 4(1 − 2) = −4 < 0 ;
3
f ''(1) = 12(3 − 2) = 12 > 0 .
2 16
Como f '(0) = 0 e f '   = − , temos que o gráfico de f possui reta tangente nos pontos (0, f ( 0)) e
3 9
2 2 2 2 2 16
( , f ( )) . Portanto, concluímos que (0, f ( 0)) = (0, 0) e ( , f ( )) = ( , − ) são pontos de inflexão do
3 3 3 3 3 27
gráfico de f.

Exercícios
16. Dado o gráfico de uma função f definida em ℝ
y

3
2

–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 x
–1
–2

determine:
a) Im( f ) ;
b) f (1), f ( −2), f ( −3), f ( −4), f (4), f (0) , f (8) , f (5) e f (6) ;
c) Os extremos relativos e absolutos, se existirem;
d) Intervalos onde f é monótona crescente e onde é monótona decrescente;
e) Os pontos x 0 tais que f '( x 0 ) = 0 ;
f) os pontos x 0 tais que f '( x 0 ) não existe;
g) os pontos de inflexão do gráfico de f ;
h) f '(7) .

17. Demonstre os seguintes resultados:


a) Se f ( x ) = x n , n ∈ ℤ∗ , então f '( x ) = nx n −1 ;
n
b) Se g ( x ) = f 1 ( x ) + f 2 ( x ) + ... + f n ( x ) = ∑ f i ( x ) , então
i =1
n
g '( x ) = f 1 '( x ) + f 2 '( x ) + ... + f n '( x ) = ∑ f i '( x ) , desde que as funções f i sejam deriváveis para
i =1
1≤ i ≤ n .

18. Demonstre as regras de números 07 a 12 da tabela de derivadas dada no final deste texto.

39
19. Demonstre as regras de números 13 a 18 da tabela de derivação dada no final deste texto.

Aplicações
Esta seção se destina a mostrar aplicações do conceito de derivada em algumas situações especiais:
diferencial, Fórmula de Taylor, Regra de L’Hospital, esboço de gráfico de funções, problemas de máximo e
mínimo e taxas relacionadas.

Diferencial
dy
Na notação de Leibniz para a derivada de uma função, f '( x ) = , temos que dx e dy são utilizados
dx
apenas como símbolos representativos. Vamos agora introduzir significados para dx e dy de modo que,
dy
quando dx ≠ 0 , a razão seja identificada com a derivada de y = f ( x ) em relação à variável x.
dx
Para isso, considere a equação y = f ( x ) , onde f é uma função, f '( x 0 ) sua derivada no ponto x 0 e
onde os acréscimos ∆x e ∆y estão ilustrados na figura a seguir.

y 0 + ∆y

f ( x 0 + ∆x )

∆y dy
y0 = f ( x 0 )

0 x0 x0 + ∆x x
∆x = dx
f ( x 0 + ∆x ) − f ( x 0 )
Sabemos que f '( x 0 ) = lim , o que significa que quando ∆x está próximo de
∆x →0 ∆x
∆y
zero, tem-se próximo do coeficiente angular da reta tangente à curva y = f ( x ) no ponto ( x 0 , f ( x 0 )) ,
∆x
∆y
ou seja, ≅ f '( x 0 ) , se ∆x ≅ 0 .
∆x
A expressão acima pode ser escrita da seguinte forma:
∆y ≅ f '( x 0 ) ∆x , se ∆x ≅ 0 .

Definição: Sejam y = f ( x ) , onde f é uma função derivável, e ∆x um acréscimo na variável x. A


diferencial dy da variável dependente y é dada por dy = f '( x ) ⋅ ∆x e a diferencial dx da variável
independente x é dada por dx = ∆x .

Observações:
1) O valor de dy depende tanto de x como de ∆x . Vemos também que, quanto à variável
independente x, não há diferença entre o acréscimo ∆x e a diferencial dx ;

40
41

dy
2) Segue da definição que dy = f '( x )dx . Supondo dx ≠ 0 temos = f '( x ) . Assim, a derivada
dx
f '( x ) pode exprimir-se como quociente de duas diferenciais, o que justifica a notação dada por Leibniz.

Exemplo 47: Considere a função f dada por f ( x ) = x 2 . Vamos determinar dy e ∆y quando x = 10 e


∆x = 0, 01 . Temos, por definição, que
∆y = f ( x + ∆x ) − f ( x ) = ( x + ∆x )2 − x 2 = 2 x ∆x + ( ∆x )2 e dy = f '( x )∆x = 2 x ∆x .
Se x = 10 e ∆x = 0, 01 temos ∆y = 2.10.0, 01 + (0, 01)2 = 0, 2001 e dy = 2.10.0, 01 = 0, 2 . Assim, se
tomarmos dy em lugar de ∆y , o erro cometido é de 0,0001 que pode, em muitos casos práticos, ser
desprezado. Em termos gerais, para cálculos aproximados, podemos fazer ∆y ≅ dy , ou seja,
f ( x + ∆x ) ≅ f ( x ) + f '( x )∆x .

Exemplo 48: Vamos determinar aproximadamente o valor de sen 31 . Como não trabalhamos no
Cálculo com a medida angular “graus”, mas sim com a medida linear “radianos”, devemos procurar o valor
π π
aproximado de sen( + ) . Considerando f ( x ) = sen x escrevemos
6 180
 d 
sen( x + ∆x ) ≅ sen x +  sen x  ∆x .
 dx 
π π π π π 1 3 π
No nosso caso, sen( + ) ≅ sen( ) + cos( ) = + ≅ 0,5 + 0,8661.0, 017 = 0,5147 .
6 180 6 6 180 2 2 180
Portanto, sen 31 ≅ 0,5147 .


Exemplo 49: Vamos determinar aproximadamente 624 . Para isto vamos considerar a função
f ( x ) = x . Conhecemos a raiz quadrada de 625, então consideramos
df 1 1
624 = f (625 − 1) ≅ f (625) + (625) ⋅ ( −1) = 25 + ( −1) = 25 − = 24,98 .
dx 2 625 50
Portanto, 624 ≅ 24,98 .

Exemplo 50: Vamos mostrar que sen α ≅ α quando α > 0 e α tende a zero. Consideremos
d
sen( x + ∆x ) ≅ sen x + sen x ⋅ ∆x . Então, fazendo x = 0 e ∆x = α temos
dx
sen(0 + α ) ≅ sen 0 + cos 0 ⋅ α = 0 + 1 ⋅ α = α .
Portanto, sen α ≅ α quando α > 0 e α tende a zero.

Exercício 20. Utilizando diferenciais, encontre um valor aproximado de 3 8, 01 .

Fórmula de Taylor
Se considerarmos uma função linear, notaremos que para calcular os valores da função basta efetuar
multiplicações e adições. Entretanto, para as funções transcendentes, ou seja, exponenciais, logarítmicas e
trigonométricas isto já não é tão simples. Desta forma, se pudermos “aproximar” uma função (com algumas
propriedades) por uma função linear, o cálculo de valores funcionais fica simplificado.
O teorema a seguir, que estabelece a fórmula de Taylor de ordem 1, representa uma maneira de
aproximar uma função por uma função linear. Omitiremos neste texto a demonstração deste teorema.

41
Teorema (Fórmula de Taylor de ordem 1): Seja f uma função definida num intervalo fechado [ a , b ]
de classe C 2 em ( a , b ) e sejam x , x 0 ∈ ( a , b ) . Então, existe um número ξ no intervalo aberto de extremos
x e x 0 tal que

f '( x 0 ) f ''(ξ )
f (x ) = f (x0 ) + (x − x0 ) + ( x − x 0 )2 .
1! 2!

f ''(ξ )
Denotamos E( x ) = ( x − x 0 )2 e o chamamos de Resto de Lagrange de ordem 2. E( x ) tem a
2!
propriedade de se aproximar de zero mais rapidamente que a quantidade ( x − x 0 ) .
Assim, para pontos x suficientemente próximos de x 0 , podemos desprezar o erro E( x ) e escrevermos
f ( x ) ≅ f ( x 0 ) + f '( x 0 )( x − x 0 ) , aproximando a função f por uma função linear.
Perceba que a expressão linear dada pela fórmula de Taylor, para aproximar os valores funcionais de f
nas vizinhanças do ponto x 0 de seu domínio, é a própria expressão da reta tangente ao gráfico da função no
ponto ( x 0 , f ( x 0 )) .

Exemplo 51: Seja f ( x ) = cos x . Como f é de classe C ∞ em ℝ , vamos encontrar a fórmula de Taylor
π
para f e utilizá-la para encontrar valores funcionais de cos x nas proximidades do ponto x 0 = . Como
4
f '( x ) = − sen x , então cos x ≅ cos( x 0 ) − sen( x 0 )( x − x 0 ) ,
ou seja,
π π π
cos x ≅ cos( ) − sen( )( x − ) .
4 4 4
π
Para valores de x próximos de , podemos considerar a função cosseno aproximadamente como uma
4
2 2 π 2
função linear dada pela expressão cos x ≅ − x+ + . Por exemplo, para calcularmos
2 2 8
 5π   5π  2  5π  2 π 2
aproximadamente o valor de cos   podemos calcular cos   ≅ −  + + .
 16   16  2  16  2 8
Graficamente, temos

0 π x
4

É importante ressaltar que a aproximação de uma função por uma função linear pode ser feita mediante
o uso de várias funções lineares, mas a dada pela fórmula de Taylor é a melhor aproximação linear, no sentido
que se fizermos comparações entre os erros cometidos pela aproximação de Taylor e pelas outras possíveis
aproximações, o erro cometido pela aproximação de Taylor é o menor dentre todos.

42
43

Quando a aproximação linear de uma função não for satisfatória, podemos aproximá-la por uma função
quadrática. O seguinte teorema mostra que isso é possível mediante o uso da fórmula de Taylor de ordem 2.

Teorema (Fórmula de Taylor de ordem 2): Seja f uma função definida num intervalo fechado [ a , b ]
de classe C 3 em ( a , b ) e sejam x , x 0 ∈ ( a , b ) . Então, existe um número ξ no intervalo aberto de extremos
x e x 0 tal que:

f '( x 0 ) f ''( x 0 ) f '''(ξ )


f (x ) = f (x0 ) + (x − x0 ) + ( x − x 0 )2 + ( x − x 0 )3 .
1! 2! 3!

f '''(ξ )
Denotamos E( x ) = ( x − x 0 )3 e o chamamos de Resto de Lagrange de ordem 3. E( x ) tem a
3!
propriedade de se aproximar de zero mais rapidamente que a quantidade ( x − x 0 )2 .
Assim, para pontos x suficientemente próximos de x 0 , podemos desprezar o erro E( x ) e escrevermos
1
f ( x ) ≅ f ( x 0 ) + f '( x 0 )( x − x 0 ) + f ''( x 0 )( x − x 0 )2 ,
2
aproximando a função f por uma função quadrática.

Exemplo 52: Seja f ( x ) = cos x . Como f é de classe C ∞ em ℝ , vamos encontrar a fórmula de Taylor
de ordem 2 para f e aproximar a função cosseno por um polinômio de ordem 2 nas proximidades do ponto
π
x0 = . Temos que f '( x ) = − sen x e f ''( x ) = − cos x . Então,
3
1
cos x ≅ cos( x 0 ) − sen( x 0 )( x − x 0 ) − cos( x 0 )( x − x 0 )2 .
2
π
Para x próximo de a função cosseno pode ser aproximada pela função quadrática
3
π π π 1 π π
cos x ≅ cos( ) − sen( )( x − ) − cos( )( x − )2 , ou seja,
3 3 3 2 3 3
1 3 π 1 π  1  3 π 1 3π π 2 
cos x ≅
− ( x − ) − ( x − )2 =  −  x 2 +  − + x +  + − .
2 2 3 4 3  4  2 6 2 6 36 
Graficamente, temos
y

função quadrática

0 π x
3
função cosseno

No caso geral temos o seguinte resultado:

43
Teorema (Fórmula de Taylor): Seja f uma função definida num intervalo fechado [ a , b ] de classe
n +1
C em ( a , b ) e sejam x , x 0 ∈ ( a , b ) . Então, existe um número ξ no intervalo aberto de extremos x e x 0
tal que:

f '( x 0 ) f ''( x 0 ) f (n )( x 0 ) f ( n +1) (ξ )


f (x ) = f (x0 ) + (x − x0 ) + ( x − x 0 )2 + ... + ( x − x 0 )n + ( x − x 0 )n +1 .
1! 2! n! ( n + 1)!

A fórmula do teorema anterior, cuja demonstração será omitida, é denominada Fórmula de Taylor de
ordem n de f em torno de x 0 .

Regra de L´Hospital
Nesta seção enunciaremos dois teoremas que são fortes ferramentas no cálculo de limites que
0 ±∞
apresentam indeterminações dos tipos ou . As demonstrações serão omitidas neste texto.
0 ±∞

Teorema (Regra de L´Hospital): Sejam f e g funções deriváveis em ( a , b ) , exceto possivelmente


em c ∈ ( a , b ) , com g '( x ) ≠ 0 , para x ∈ ( a , b ) com x ≠ c . Se

lim f ( x ) = 0 e lim g ( x ) = 0 ,
x →c x →c

ou
lim f ( x ) = ±∞ e lim g ( x ) = ±∞
x →c x →c

f '( x ) f (x ) f '( x )
e, além disso, se lim existir ou for ±∞ , então lim = lim .
x →c g '( x ) x →c g ( x ) x →c g '( x )

Importante: Observamos que a regra de L’ Hospital continua válida se substituirmos " x → c " por
" x → c − " ou " x → c + " ou " x → −∞ " ou ainda " x → +∞ " .

Esses teoremas serão de muita utilidade para a análise e construção de gráficos propostos na próxima
seção.

8x 6 − x 2 − 7
Exemplo 53: Calcule o limite lim . Se calcularmos o limite da função expressa no
x →−1 2x 3 + 2
numerador, obteremos lim (8 x 6 − x 2 − 7) = 0 . Calculando o limite da função do denominador, temos
x →−1
0 8x 6 − x 2 − 7
lim (2 x 3 + 2) = 0 . Portanto, obtemos uma indeterminação do tipo
ao calcularmos lim .
x →−1 0 x →−1 2x 3 + 2
As funções do numerador e do denominador da expressão proposta no exemplo são definidas e deriváveis
em ℝ . Verificamos que
d d
lim (2 x 3 + 2) = lim 6x 2 = 6 ≠ 0 e lim (8 x 6 − x 2 − 7) = lim (48x 5 − 2x ) = −46 .
x →−1 dx x →−1 x →−1 dx x →−1
Nessas condições, a regra de L´ Hospital pode ser aplicada e teremos

8x 6 − x 2 − 7 48 x 5 − 2 x 46 23
lim = lim =− =− .
x →−1 2x + 2
3 x →−1 6x 2
6 3

44
45

Exercício 21. Calcule os seguintes limites:

2x 3 − 4 x 2 cos x − x 2 − 3x − 1 2x 2 + 2
a) lim ; b) lim ; c) lim ;
x →2 3x − 6 x →0 5x x →−∞ 5x 2 − x + 9
 1 
sen  
 2x  ; 1 1 
d) lim e) lim  − .
x →+∞ 4 x →0  x sen x 
sen  
x

Esboço de Gráfico de Funções


Fazer o esboço do gráfico de uma função não é, em geral, um trabalho fácil (basta considerar funções
polinomiais de grau maior do que 3). Por outro lado, com o auxílio de computadores esse trabalho se tornou
relativamente simples. De fato, programas como Maple, Mathematica, Mathlab, Winplot etc. permitem o
traçado de gráficos de qualquer função tendo-se apenas alguns cuidados na escolha de escala apropriada com
relação aos eixos x e y.
Entretanto, o que pretendemos neste parágrafo não é somente encontrar o esboço de uma curva, mas
aplicar a maioria dos conceitos do cálculo diferencial de forma que possamos visualizá-los geometricamente.
O esboço do gráfico de uma função se mostra bem pertinente a este objetivo.
Para esboçarmos o gráfico de uma função f (de modo a aplicar os conceitos dados até o momento)
sugerimos o seguinte roteiro:
1. Dar as características gerais da função: domínio, continuidade e diferenciabilidade;
2. Encontrar a interseção do gráfico de f com os eixos coordenados;
3. Analisar as possíveis simetrias do gráfico de f;
4. Encontrar os pontos críticos de f, os intervalos de crescimento e decrescimento de f ;
5. Encontrar os pontos de máximo e mínimo da função f ;
6. Analisar a concavidade do gráfico de f e encontrar os possíveis pontos de inflexão do gráfico de f;
7. Calcular alguns valores especiais de f, por exemplo, valores máximos e mínimos;
8. Encontrar as possíveis assíntotas verticais e horizontais.

Exemplo 54: Vamos esboçar o gráfico da função f ( x ) = 3x 4 − 4 x 3 , seguindo o roteiro apresentado.


1. Domínio de f
O domínio de f neste caso é bastante simples. Como a função f é polinomial, temos que Dom f = ℝ e
que f é contínua e diferenciável em ℝ .

2. Interseção com os eixos coordenados


4
f ( x ) = 0 ⇔ 3x 4 − 4 x 3 = 0 ⇔ x 3 (3x − 4) = 0 ⇔ x = 0 ou x = . Portanto, o gráfico de f
3
4 
intercepta o eixo Ox nos pontos (0, 0) e  , 0  .
3 
f (0) = 0 . Portanto, o gráfico de f intercepta o eixo Oy no ponto (0, 0) .

3. Simetrias do gráfico de f
A função f não é par, nem ímpar e, portanto, o gráfico de f não apresenta simetria em relação ao eixo Oy
e nem em relação à origem.

45
4. Pontos críticos de f e os intervalos de crescimento e de decrescimento de f
Temos que f '( x ) = 12 x 3 − 12 x 2 = 12 x 2 ( x − 1) . Assim, f '( x ) = 0 ⇔ x = 0 ou x = 1 .
Portanto, os pontos críticos de f são x = 0 e x = 1 .
Para analisar onde a função f é crescente e decrescente, devemos analisar o sinal de f ' nos seguintes
intervalos:
( −∞,0); (0, 1) e (1, + ∞ )
Escolhendo um ponto x em cada um desses intervalos e calculando o sinal de f '( x ) obtemos:
Em ( −∞ ,0) f ' é negativa e, portanto, f é decrescente em ( −∞ , 0];
Em (0, 1) f ' é negativa e, portanto, f é decrescente em [0, 1] ;
Em (1, + ∞ ) f ' é positiva e, portanto, f é crescente em [1, + ∞ ) ;

5. Pontos de máximo e mínimo da função f


Como f decresce em ( −∞ , 0] e em [0, 1] , f não assume extremo relativo em x = 0 .
Como f decresce em [0, 1] e cresce em [1, + ∞ ) , f assume mínimo relativo em x = 1 .
Como x = 1 é o único extremo relativo, ele também é mínimo absoluto.

6. Concavidade do gráfico e pontos de inflexão


Temos que f ''( x ) = 36x 2 − 24 x = 12 x (3x − 2) .
2
Portanto, f ''( x ) = 0 ⇔ x = 0 ou x = .
3
2
Para determinar o sinal da derivada segunda nos intervalos obtidos pelos pontos x = 0 e x = ,
3
1
escolhamos, por exemplo, x = −1 , x = e x = 1 que pertencem, respectivamente, aos intervalos
3
 2 2 
( −∞ ,0),  0,  e  , +∞  . Assim,
 3 3 
f ''( −1) = −12( −3 − 2) = 60 > 0 ;
1
f ''( ) = 4(1 − 2) = −4 < 0 ;
3
f ''(1) = 12(3 − 2) = 12 > 0 .
2 
Concluímos que o gráfico de f tem concavidade voltada para cima em ( −∞ ,0) e em  , +∞  e
3 
 2
concavidade voltada para baixo em  0,  . Além disso, como o gráfico de f possui reta tangente em qualquer
 3
2 2   2 16 
ponto ( x , f ( x )) , temos que (0, f (0)) = (0, 0) e  , f ( )  =  , −  são pontos de inflexão do gráfico
3 3  3 27 
de f.

7. Cálculo de alguns valores especiais de f


2 16
Temos que f (0) = 0 ; f ( ) = − e f (1) = −1 .
3 27

8. Assíntotas verticais e horizontais

46
47

A função f não possui assíntotas, pois é polinomial.


Podemos agora esboçar o gráfico da função f

1
0 x

-1

2x 2
Exemplo 55: Vamos esboçar o gráfico da função f ( x ) = , seguindo o roteiro apresentado.
9 − x2
1. Domínio de f
Devemos ter 9 − x 2 ≠ 0 , ou seja, x ≠ 3 e x ≠ −3 . Portanto, Dom f = {x ∈ ℝ x ≠ −3 e x ≠ 3} .
Como a função é racional, ela é contínua e derivável no seu domínio.

2. Interseção com os eixos coordenados


2x 2
f (x ) = 0 ⇔ = 0 ⇔ 2 x 2 = 0 ⇔ x = 0 . Assim, o gráfico de f intercepta o eixo Ox no ponto
9 − x2
(0, 0) .
f (0) = 0 . Portanto, o gráfico de f intercepta o eixo Oy no ponto (0, 0) .

3. Simetrias do gráfico de f.
2( −x )2 2x 2
f ( −x ) = = = f ( x ) e, portanto, f é par. Isso significa que o gráfico de f é simétrico
9 − ( − x )2 9 − x 2
em relação ao eixo Oy.

4. Pontos críticos e intervalos de crescimento e de decrescimento de f.


4 x (9 − x 2 ) − 2 x 2 ( −2 x ) 36x − 4 x 3 + 4 x 3 36x
Temos que f '( x ) = = = .
(9 − x 2 )2 (9 − x )2 2
(9 − x 2 )2
Assim, f '( x ) = 0 ⇔ 36x = 0 ⇔ x = 0 .
Como x = 0 pertence ao interior do domínio de f, x = 0 é ponto crítico de f.
Para analisar onde a função f é crescente e decrescente, devemos analisar o sinal de f ' nos seguintes
intervalos:
( −∞, −3); ( −3, 0) ; (0, 3) e (3, + ∞ ) .
Escolhamos um ponto x em cada um desses intervalos e calculemos o sinal de f ' . Por exemplo,
escolhendo x = −4 ; x = −1 ; x = 1 e x = 4 , que pertencem, respectivamente a cada um dos intervalos
mencionados, obtemos que:
f '( −4) < 0 e, portanto, f é decrescente em ( −∞, −3);

47
f '( −1) < 0 e, portanto, f é decrescente em ( −3, 0] ;
f '(1) > 0 e, portanto, f é crescente em [0, 3) ;
f '(4) > 0 e, portanto, f é crescente em (3, + ∞ ) .

5. Concavidade do gráfico e pontos de máximo, mínimo e inflexão.

36(9 − x 2 )2 − 36x ⋅ 2(9 − x 2 )( −2x ) 36(9 − x 2 )(9 − x 2 + 4 x 2 )


Temos que f ''( x ) = = =
(9 − x 2 )4 (9 − x 2 )4

36(9 + 3x 2 ) 108(3 + x 2 )
= = .
(9 − x 2 )3 (9 − x 2 )3
Como f ''( x ) ≠ 0, ∀x ∈ Dom f e f "( x ) existe para todo x ∈ Dom f , o gráfico de f não apresenta
pontos de inflexão.
Temos ainda que:
f "( −4) < 0 e, portanto, o gráfico de f tem concavidade voltada para baixo em ( −∞, −3);
f "(0) > 0 e, portanto, o gráfico de f tem concavidade voltada para cima em ( −3, 3);
f "(4) < 0 e, portanto, o gráfico de f tem concavidade voltada para baixo em (3, + ∞ ) .
Como f ''(0) > 0 , conforme visto acima, conclui-se que x = 0 é ponto de mínimo relativo de f.

6. Cálculo de alguns valores especiais de f.


f (0) = 0 .

7. Assíntotas verticais e horizontais.


2x 2 2x 2
lim f ( x ) = lim = lim = −2 e, portanto, a reta y = −2 é assíntota
x → ±∞ x → ±∞ 9 − x 2 x → ±∞ x 2  9 − 1 
 2 
x 
horizontal do gráfico de f.
2x 2 2x 2
lim+ f ( x ) = lim+ = −∞ e lim− f ( x ) = lim− = +∞ e, portanto, a reta x = 3 é
x→3 x →3 9 − x 2 x→3 x→3 9 − x2
assíntota vertical do gráfico de f.
2x 2 2x 2
lim + f ( x ) = lim + = +∞ e lim − f ( x ) = lim − = −∞ e, portanto, a reta x = −3 é
x → −3 x → −3 9 − x 2 x → −3 x → −3 9 − x2
assíntota vertical do gráfico de f.

Podemos agora esboçar o gráfico da função f

48
49

–3 0 3 x

–2

Exercícios:
22. Esboce o gráfico de uma função f num intervalo I em cada caso:
a) I = [0, 10] ; f contínua em I ; f assume máximo relativo em x = 4 ; f '(4) não existe; o gráfico de f
tem concavidade para baixo em (0, 4) .
b) I = [ −3, 2] ; f contínua em I ; f assume mínimo absoluto em x = −1 e em x = 2 ; f assume máximo
relativo em x = −3 e em x = 0 ; o ponto ( −2, 2) é ponto de inflexão do gráfico de f ; o gráfico de f
tem concavidade para cima no intervalo aberto ( −2, 0) .

23. Esboce o gráfico das seguintes funções fazendo a análise necessária.


4x
a) f ( x ) = x 3 − x ; b) f ( x ) = 3x 4 + 12 x 2 ; c) f ( x ) = ;
x2 −1
x2
d) f ( x ) = 2 x − x ; e) f ( x ) = .
1+ x2

Problemas de Máximo e Mínimo


O procedimento recomendado para a resolução de problemas de máximo e mínimo pode ser
esquematizado na seguinte ordem:
1) Ler o problema cuidadosamente;
2) Desenhar uma figura, quando for apropriado;
3) Denotar por letra cada quantidade envolvida no problema, distinguindo constantes e variáveis;
4) Traduzir o problema para uma equação, selecionando a variável que se quer maximizar ou minimizar;
5) Colocar esta variável como função de uma única variável, eliminando as outras através de
informações adicionais;
6) Por fim, utilizar os resultados para a obtenção de máximos e mínimos da função.

Exemplo 56: Seja p o perímetro de um retângulo. Vamos determinar os seus lados de modo que sua
área seja a maior possível. Para isto, chamemos as medidas dos lados do retângulo de x e y. Então, seu
perímetro é igual a p = 2 x + 2 y . A área desse retângulo é dada pela expressão A = xy . Para trabalharmos
p − 2x
com uma função de uma variável escreveremos y = e o substituiremos na expressão da área,
2
p − 2x p  p
obtendo A( x ) = x = −x 2 + x . A função que expressa a área é uma função de domínio  0,  ,
2 2  2

49
que depende apenas da medida x, já que p é uma constante. Determinemos os pontos críticos da função A.
Temos
p
A '( x ) = −2 x +
2
p p p p
e, portanto, o único ponto crítico de A é x = . Nos intervalos (0, ) e ( , ) a função é,
4 4 4 2
p p p
respectivamente, crescente e decrescente, pois A '( x ) > 0 para x ∈ (0, ) e A '( x ) < 0 para x ∈ ( , ) .
4 4 2
2 2 2
p p p p p
Portanto, em x = a função A assume um valor máximo local igual a A( ) = − + = . Nessa
4 4 16 8 16
p
situação, o retângulo será um quadrado de lado . Como a função A só tem um máximo local, ele é
4
p
absoluto. Logo, o quadrado de lado é o retângulo que tem maior área entre todos de perímetro p.
4

Exemplo 57: Quer-se construir uma piscina de forma cilíndrica, com volume igual a 125 π m 3 . Vamos
determinar os valores do raio e da profundidade (altura), de modo que a piscina possa ser construída com a
menor quantidade de material possível. Considerando o raio e a profundidade da piscina por r metros e h
metros, respectivamente, o seu volume é dado por V = π r 2 h . Como é pedido que o volume seja igual a
125
125π m 3 , podemos escrever que h = 2 metros. O material para construção será utilizado no fundo e na
r
lateral da piscina. A área do fundo da piscina é dada por A1 = π r 2 m 2 e a área lateral é dada por
A2 = 2π rh m2 . Devemos procurar o valor mínimo da função
125 250π
A( r ) = A1 + A2 = π r 2 + 2π r 2
= πr 2 + , cujo domínio é o intervalo (0, +∞ ) . Determinemos os
r r
pontos críticos da função A. Temos
250π
A '( r ) = 2π r − .
r2
250π 2π r 3 − 250π
A '( r ) = 0 ⇔ 2π r − 2
= 0 ⇔ 2
= 0 ⇔ r 3 = 125 ⇔ r = 5 .
r r
Portanto, o único ponto crítico de A é r = 5 . Estudando o sinal de A ' , verificamos que A '( r ) < 0 para
r ∈ (0,5) e A '( r ) > 0 para r ∈ (5, + ∞ ) . Logo, a função A assume um mínimo relativo em r = 5 . Como
ele é o único extremo relativo, ele também é absoluto. Portanto, para construir a piscina com volume igual a
125 π m 3 e com o menor gasto de material, o raio deve medir 5 metros e a profundidade deve medir 5
metros.

Exercícios:
24. Um campo retangular vai ser cercado ao longo da margem de um rio e não precisa de cerca ao longo
do rio. Se o material da cerca custa R$ 40,00 por metro para o lado paralelo ao rio e R$ 25,00 por metro para
os outros dois lados, encontre as dimensões do campo de maior área que pode ser cercado com um custo
fixo de R$ 10.000,00.

25. Determine as dimensões do retângulo de maior área que tem dois vértices no eixo Ox e os dois
outros vértices sobre a parábola y = 16 − 4 x 2 acima do eixo Ox . Encontre a área máxima desse retângulo.

50
51

1 
26. Encontre o número no intervalo  , 2  , tal que a soma do quadrado desse número com o dobro
2 
de seu inverso multiplicativo, seja a menor possível. Determine essa soma.

Taxas Relacionadas
No estudo do Cálculo Diferencial surgem muitos problemas relacionados com a taxa de variação de
duas ou mais variáveis em relação a uma outra variável t, nas quais não é necessário expressar cada uma destas
variáveis explicitamente como função de t. Se tivermos, por exemplo, uma equação envolvendo as variáveis x
dx dy
e y, então desde que a taxa de variação de x em relação a t e de y em relação a t sejam dadas por e ,
dt dt
respectivamente, diferenciamos, pela regra da cadeia, ambos os membros da equação dada em relação a t e
dx dy
obtemos uma relação entre as taxas de variação e que, neste caso, são chamadas taxas relacionadas.
dt dt
A melhor forma de entender os problemas que envolvem taxas relacionadas é resolvendo-os. Vejamos
alguns exemplos.

Exemplo 58: Se A é a área de uma Vitória Régia de forma circular e r é seu raio, vamos determinar a
dA dr
relação entre as taxas e . Para isto, consideramos que o raio e a área dependem do tempo t. Temos a
dt dt
d d dr
relação A( t ) = π [ r ( t )]2 .Assim, A( t ) = π [ r ( t )]2 = 2π r ( t ). . Desta forma, a relação entre as taxas de
dt dt dt
dA dr
variação da área e do raio em relação ao tempo é dada pela equação = 2π r .
dt dt

Exemplo 59: Uma escada de 3m de comprimento está apoiada numa parede vertical. Se a base da
escada se afasta horizontalmente da parede à razão de 4 cm/s, com que velocidade o topo da escada desliza
parede abaixo quando o topo da escada está a 2m acima do solo? Para resolver isto, denotamos a distância da
base da escada até a parede por x ( t ) e a distância do chão até a extremidade da escada apoiada na parede por
y( t ) . Assim, pelo Teorema de Pitágoras, a medida do comprimento da escada será relacionada com as
variáveis x ( t ) e y( t ) através da equação [ x ( t )]2 + [ y ( t )]2 = 9 . Derivando essa equação em relação a t,
obtemos
d dx dy
([ x ( t )]2 + [ y( t )]2 ) = 0 ⇒ x ( t ) + y ( t ) = 0 .
dt dt dt
Como a velocidade com que a base da escada se afasta da parede é 4 cm/s, ou seja 0, 04 m/s, temos que
dx
= 0, 04 . Quando y( t ) = 2 , temos [ x ( t )]2 + 4 = 9 , ou seja x ( t ) = 5 . Então, escrevendo a relação entre
dt
dx
as taxas no instante t onde x ( t ) = 5 , y( t ) = 2 e = 0, 04 obtemos
dt
4 dy dy 2 5
5() + 2 = 0 , donde =− .
100 dt dt 100
Portanto, a velocidade com que a extremidade da escada estará deslizando parede abaixo quando o topo da
escada está a 2 metros do solo é −2 5 cm/s. O sinal negativo significa que y decresce quando t cresce.

51
Exemplo 60: Consideremos um reservatório em forma de 1 m
um cone circular reto de altura 2 m e raio da boca 1m, conforme
figura ao lado. Para enchê-lo, bombeia-se água para seu interior à
razão de 2cm³/s. Vamos determinar de forma aproximada a taxa à
qual o nível de água sobe no reservatório quando a profundidade 2 m
da água no reservatório é 0,5 m. Para isto, consideremos o eixo
vertical orientado positivamente para cima com origem no vértice
do reservatório e o centímetro como unidade de medida. No
instante em que o nível da água estiver na altura h, o raio r da
lâmina
2 h h
de água será determinado por semelhança de triângulos. Temos que = , donde r = . O volume de
1 r 2
água nesse instante é
1 1 h2 πh3
V ( h ) = π r 2h = π h = .
3 3 4 12
π
Como h depende do tempo t , o volume também é expresso como função do tempo por V ( t ) = [ h ( t )]3 .
12
Portanto, derivando a equação acima em relação a t, temos a seguinte relação entre as taxas:
dV π dh
= 3[ h( t )]2 .
dt 12 dt
dV dh
Como é dado que = 2 e pede-se o valor de quando h = 50 cm, segue da relação anterior que
dt dt
π dh dh 8
2 = (50)2 , donde = ≅ 1, 02 × 10 −3 .
4 dt dt 2.500π
Portanto, a velocidade com que o nível da água no reservatório sobe quando a profundidade é de 0,5 m é
aproximadamente 1, 02 × 10 −3 cm/s. Se notarmos que 2 cm³/s equivale a um filamento de água que escorre
numa torneira mal fechada, a velocidade com que a água sobe no instante em que a profundidade é de 50 cm
é realmente muito lenta.

Exercícios:
27. Um incêndio em um campo aberto se alastra em forma de círculo. O raio do círculo aumenta à razão
de 0,5 m/min. Determine a taxa à qual a área incendiada está aumentando quando o raio é de 12 m.

28. Enche-se um balão esférico de tal modo que seu volume aumenta à razão de 2 m³/s. Qual a razão
do aumento de seu raio por unidade de tempo, quando o mesmo atinge o valor de 5 m?

29. O diâmetro e altura de um cilindro circular reto são, num determinado instante, 20 cm e 40 cm,
respectivamente. Se a altura crescer a uma taxa de 2 cm/min, como variará o raio do cilindro, se seu volume
permanecer constante?

30. Os lados x e y de um retângulo estão variando a taxas constantes de 0,5 cm/s e 0,4 cm/s,
respectivamente. A que taxas estarão variando a área e o perímetro do retângulo no instante em que x é
igual a 40 cm e y é igual a 50 cm?

Formulário Geral
Podemos resumir os resultados apresentados através da seguinte tabela:

Sendo u = u( x ) e v = v ( x ) funções deriváveis tais que

52
53

as funções abaixo estejam bem determinadas, temos:


01 y = c, c ∈ℝ y' = 0
02 y=x y' =1
03 y =u +v y ' = u '+ v '
04 y = un ,n ∈ ℚ y ' = n u n −1 ⋅ u '
05 y = u ⋅v y ' = u v '+ u ' v
u v u '− u v '
06 y= y' =
v v2
07 y = sen u y ' = (cos u ) u '
08 y = cos u y ' = −(sen u ) u '
09 y = tg u y ' = (sec 2 u ) u '
10 y = cotg u y ' = −(cossec 2 u ) u '
11 y = sec u y ' = (sec u )( tg u ) u '
12 y = cossec u y ' = −(cossec u ) ( cotg u ) u '
u'
13 y = arcsen u y' =
1 − u2
u'
14 y = arccos u y' = −
1 − u2
u'
15 y = arctg u y' =
1 + u2
u'
16 y = arccotg u y' = −
1 + u2
u'
17 y = arcsec u y' =
u u2 − 1
u'
18 y = arccossec u y' = −
u u2 − 1

53
Índice Remissivo

C M
concavidade máximo
para baixo, 35 ponto, 29
para cima, 35 máximo
absoluto, 28
local, 28
D relativo, 28
valor, 28
derivada, 12 mínimo
à direita, 12 absoluto, 29
à esquerda, 12 local, 28, 29
condição de existência, 12 ponto, 29
da função composta, 23 relativo, 28, 29
da soma, 20 valor, 28
de funções trigonométricas, 22
de ordem n, 34
do produto, 21 P
do quociente, 21
função implícita, 26 ponto
função inversa, 25 crítico, 29
não existência, 14 de inflexão, 37
n-ésima, 34 de máximo, 29
regras, 19 de mínimo, 29
segunda, 34 problema do galinheiro, 9
terceira, 34 problemas
diferencial, 40 de máximo e mínimo, 49

E R
esboço Regra
de gráfico, 45 de L’Hospital, 44
regra da cadeia, 23, 24
regras de derivação, 19
F resto de Lagrange, 42
reta tangente, 10, 11
Fórmula de Taylor
de ordem 1, 42
de ordem 2, 43 T
de ordem n, 44
fórmulario geral, 53 taxa de variação, 21
função taxas
n relacionadas, 51
de classe C , 34
Teorema
derivável, 12
de Rolle, 30
diferenciável, 12
do Valor Médio, 30
Teste
G da derivada primeira, 33
da derivada segunda, 36
gráfico
côncavo V
para baixo, 35
para cima, 35
valor
esboço, 45
extremo
55

local, 29 relativo, 28
relativo, 29 mínimo
máximo absoluto, 29
absoluto, 28 local, 28
local, 28 relativo, 28

55

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