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Os experimentos de Ivan Pavlov

O cachorro de Pavlov
https://www.youtube.com/watch?v=DDla3BJMjIU
https://www.youtube.com/watch?v=YMsqEmhaszE
Ivan Pavlov, fisiólogo russo, pesquisou a salivação dos cachorros na presença
da comida. Neste contexto, um dia percebeu que os cachorros começavam a
salivar antes de virem a comida. Só o fato de submeter os cachorros às
condições do experimento lhes causava a resposta da salivação.
A dedução à qual Pavlov chegou foi de que seus cachorros haviam associado
o experimento com a apresentação da comida. Assim, para desvendar os
mistérios dessa aprendizagem, Pavlov começou a desenhar uma série de
experimentos. Seu objetivo era testar sua hipótese de que, quando os
estímulos são apresentados de forma contingente, eles ficam associados.
O experimento que demonstrou a existência do condicionamento clássico
associou um som de sino com a comida. Para fazer isso, Pavlov colocou em
vários cachorros alguns medidores de salivação. O procedimento consistia em
tocar um sino e depois apresentar comida. Obviamente, depois de apresentar a
comida, os medidores indicavam a salivação nos cachorros.
Depois de uma série de apresentações dos dois estímulos (sino e comida),
Pavlov conseguiu que eles ficassem associados. Isso ficou demonstrado
porque a apresentação do som do sino sozinha conseguia causar a salivação
nos cães. No entanto, é importante ressaltar que esta era menor do que a
salivação apresentada diante da comida.
Este experimento demonstrou que um estímulo inicialmente neutro pode
causar uma resposta totalmente nova através da associação deste a um
estímulo significativo. Portanto, isso é o que se conhece como
condicionamento clássico.
Estímulo incondicionado: é aquele estímulo que já possui um caráter
significativo para o sujeito. Ou seja, um estímulo que é capaz de causar uma
resposta por si só. No experimento de Pavlov, o estímulo incondicionado seria
a comida.
Resposta incondicionada: é a resposta que o sujeito emite diante do estímulo
incondicionado. No caso do experimento, a resposta incondicionada seria a
liberação de saliva por causa da apresentação da comida.
Estímulo condicionado: este seria o estímulo inicialmente neutro, que não
gera nenhuma resposta significativa no sujeito. No entanto, através da
associação com o estímulo incondicionado, este é capaz de emitir uma nova
resposta. No caso do experimento de Pavlov, seria o som do sino.
Resposta condicionada: é a resposta que se emite depois de apresentação
do estímulo condicionado. No caso do experimento, seria a salivação dos
cachorros depois de ouvir o som do sino.
O condicionamento clássico consiste na interação destes componentes. A
apresentação de um estímulo neutro junto com um estímulo incondicionado em
inúmeras ocasiões vai transformar o estímulo neutro em um estímulo
condicionado. Assim, o estímulo condicionado levará a uma resposta
condicionada, similar à resposta incondicionada. Desta forma, será criada uma
nova aprendizagem através da associação dos estímulos.
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Behaviorismo
Defende que conclusões sobre o desenvolvimento deveriam se basear em
comportamentos observáveis e não especulações sobre o inconsciente ou
processos cognitivos não observáveis.
Assim como as características das espécies se desenvolveram de acordo com
as vantagens que elas trouxeram para a sobrevivência dentro de um
determinado ambiente, também o comportamento de um indivíduo é moldado
pelas suas consequências, chamado por ele de aprendizagem operante.

> John Broadus Watson


Watson, influenciado pelos experimentos de Pavlov, * postula que medos e
outras respostas emocionais são adquiridos e não inatos. Para ele o
desenvolvimento depende inteiramente do ambiente pela associação aprendida
entre estímulos externos e respostas, formando hábitos.

Os experimentos de Watson (Behaviorismo)


O Pequeno Albert:
https://www.youtube.com/watch?v=kIZBQgMCEyk
O medo é aprendido, não herdado
> Behaviorismo
Na primeira fase do experimento do pequeno Albert, foram apresentados a ele
diversos estímulos. O objetivo era observar quais deles causavam medo. Foi
comprovado que o medo só se manifestava quando ele escutava fortes sons.
Isso era algo comum com todas as crianças. Tirando isso, não demonstrou
medo algum diante dos animais ou mesmo do fogo.
O teste prosseguiu induzindo a um medo por condicionamento. Foi
apresentada ao bebê uma ratazana branca, e ele quis brincar com ela.
Entretanto, ao fazer isso, os pesquisadores soavam um forte som que o
assustava. Depois de repetir várias vezes o mesmo procedimento, o bebê
acabou por sentir medo da ratazana. A seguir foram introduzidos outros
animais, como coelhos, cachorros, e inclusive casacos de pele. Em todos os
casos, a criança terminou condicionada. Sentia medo ao ver esses elementos.
O bebê passou muito tempo sendo submetido aos testes. O experimento do
pequeno Albert durou quase um ano. No final, o bebê havia passado de muito
tranquilo a viver praticamente em um estado de contínua ansiedade. Chegou a
sentir medo de uma máscara de Papai Noel. Os pesquisadores o obrigaram a
tocar na máscara, o que causou um ataque de choro. Finalmente, a
Universidade expulsou Watson pelo seu polêmico experimento e também por
ter iniciado um romance com sua assistente.
A segunda fase do experimento consistia em reverter o condicionamento; quer
dizer, “descondicionar” os medos previamente condicionados. Contudo, isso
nunca chegou a ser realizado. Não se sabe o que aconteceu com o bebê
depois do famoso experimento. Entretanto, uma publicação da época noticiou
que a criança veio a falecer aos 6 anos de idade, devido a uma hidrocefalia
congênita. Sendo assim, os resultados do macabro experimento poderiam vir a
ser questionados.
De qualquer maneira, o experimento do pequeno Albert é um dos mais
famosos da história da psicologia. Pelo nível de suas pretensões, por suas
conclusões, e principalmente por violar uma série de normas de conduta que
hoje qualquer pesquisador teria de respeitar ao realizar um experimento.
O condicionamento clássico já havia sido demonstrado em animais, como nos
experimentos de Ivan Pavlov com cachorros, mas não em humanos. No
experimento de Watson, que foi inclusive filmado, ele implanta uma fobia em
um bebê, associando um estímulo inicialmente neutro (animais peludos) a um
estímulo aversivo (som alto). A apresentação simultânea dos dois estímulos,
por diversas vezes, fez com que o bebê desenvolvesse o medo de animais
peludos.

> Burrhus Frederic Skinner


Para Skinner, tanto os animais como os humanos tendem a repetir os atos que
levaram a resultados favoráveis (reforços) e a suprimirem aqueles que
produzem resultados desfavoráveis (punições).

Condicionamento Operante: Skinner (Behaviorismo)


https://www.youtube.com/watch?v=-19AF7ocYEE
O condicionamento operante, também chamado de condicionamento
instrumental, é um método de aprendizagem que faz uso da associação de
reforços (recompensas) e punições com um determinado comportamento ou
padrão de comportamento. Através do condicionamento operante, faz-se uma
associação entre um comportamento e uma consequência desse
comportamento.
O condicionamento operante é baseado em uma premissa simples: as ações
seguidas pelo reforço tenderão a se repetir. Por outro lado, as ações que
resultarem em punições ou consequências indesejáveis enfraquecerão e serão
menos prováveis de ocorrer novamente no futuro.
Um exemplo: quando um rato de laboratório pressiona um botão azul, ele
recebe uma bola de comida como recompensa, mas quando aperta o botão
vermelho, recebe um leve choque elétrico. Como resultado, ele aprende a
apertar o botão azul, mas evita o botão vermelho.
O condicionamento operante não é só algo que ocorre em ambientes
experimentais enquanto se treina animais de laboratório. Ele também
desempenha um papel poderoso na aprendizagem diária. O reforço e a
punição acontecem quase todos os dias em ambientes naturais, bem como em
ambientes mais estruturados.
Condicionamento operante
Skinner utilizou o termo “operante” para se referir a qualquer “comportamento
ativo que opera no ambiente para gerar consequências”. Em outras palavras, a
teoria de Skinner busca explicar como adquirimos uma boa parte da gama de
comportamentos que exibimos todos os dias.
Skinner acreditava que não era realmente necessário observar os
pensamentos e as motivações internas para explicar o comportamento. Em vez
disso, ele sugeriu que deveríamos olhar somente para as causas externas e
observáveis do comportamento humano.
A teoria do comportamento operante de Skinner foi muito influenciada pelo
trabalho do psicólogo Edward Thorndike. Thorndike propôs o que chamou de
“lei do efeito”. Segundo este princípio, é mais provável que se repitam as ações
seguidas por resultados desejáveis, enquanto as seguidas por resultados
indesejáveis têm uma probabilidade menor de se repetirem.
Tipos de comportamento
Skinner distinguiu entre dois tipos diferentes de comportamento: as respostas
instintivas e os comportamentos operantes.
Os comportamentos instintivos são aqueles que ocorrem de forma automática
e reflexiva, como retirar a mão de um fogão quente ou mexer a perna quando o
médico bate no joelho. Não é necessário aprender esses comportamentos, eles
simplesmente acontecem de forma automática e involuntária.
Os comportamentos operantes são aqueles que estão sob o nosso controle
consciente. Alguns podem ocorrer de maneira espontânea e outros de forma
proposital, mas são as consequências dessas ações que influenciam se elas
ocorrerão ou não no futuro. Nossas ações sobre o ambiente e as
consequências dessas ações são uma parte importante do processo de
aprendizagem.
Embora o condicionamento clássico pudesse explicar os comportamentos das
pessoas envolvidas no estudo, Skinner percebeu que não podia explicar tudo o
que aprendemos. Assim, ele sugeriu que o condicionamento operante tinha
uma importância na hora de explicar a nossa maneira de proceder: os seres
humanos, como norma geral, tendem a repetir aquelas ações que resultaram
em sucesso.

Reforço e punição
A promessa ou possibilidade de recompensa provoca um aumento na
frequência ou intensidade do comportamento que “pensamos” (porque já
ocorreu no passado) que nos levará a obtê-lo. No entanto, o condicionamento
operante também pode ser realizado para diminuir um comportamento. A
eliminação de um resultado desejável ou a aplicação de uma consequência
negativa pode ser usada para diminuir ou prevenir comportamentos
indesejáveis.
Neste sentido, Skinner identificou dois aspectos-chave do processo de
condicionamento operante: o reforço e a punição. O reforço serve para
aumentar o comportamento, enquanto a punição serve para diminui-lo. Além
disso, descobrimos que o reforço variável pode ser muito melhor do que o
reforço constante, já que o comportamento adquirido se torna mais resistente à
extinção.
Ele identificou ainda dois tipos diferentes de reforço e dois tipos diferentes de
punição.
O reforço positivo implica apresentar um resultado favorável, enquanto o
reforço negativo implica a eliminação de um estímulo desagradável. Em ambos
os casos, o reforço faz com que a frequência ou a intensidade do
comportamento aumente.
A punição positiva significa aplicar um evento desagradável depois de um
comportamento, enquanto a punição negativa implica remover algo agradável
depois da ocorrência de um comportamento. Em ambos os casos de punição, o
comportamento diminui (tende a se extinguir).
Condicionamento operante na atualidade
Embora o behaviorismo possa ter perdido grande parte do protagonismo que
tinha durante a primeira parte do século XIX, o condicionamento operante
continua sendo uma ferramenta importante e utilizada com frequência nos
processos de formação do comportamento. Na verdade, muitos pais a utilizam
sem ter consciência da teoria que há por trás.
Assim, o condicionamento operante é uma forma de gerar associações – com
incidência no comportamento – que podemos reconhecer com facilidade em
nossa vida diária, tanto na educação que recebemos quanto na que
oferecemos aos nossos filhos ou no treinamento que usamos com nossos
animais de estimação, por exemplo.
A publicidade e as ações de marketing também empregam o condicionamento
operante em suas estratégias para vender produtos e serviços aos
consumidores.
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Teoria sócio-cognitiva da aprendizagem (ou teoria da


aprendizagem social)
> Albert Bandura
Bandura (1925-) desenvolve a teoria sócio-cognitiva da aprendizagem (ou
teoria da aprendizagem social). Discordando da postura de Skinner,
considera que os processos cognitivos também são essenciais para se
compreender o comportamento humano. Diferente dos animais, o homem
tende a pensar sobre as relações entre seu comportamento e suas
consequências.
Desta forma ele também pode se autodirecionar. Além disso, ele é mais
influenciado pelo que ele acredita que vai acontecer (expectativas) do que
pelos eventos que ele experimenta diretamente. Mas é na aprendizagem
anterior que está a chave para se descobrir como se formam as expectativas e
valores. Estas são modificáveis mediante novas experiências.
Bandura também difere dos behavioristas tradicionais pela ênfase dada à
aprendizagem observacional. Ele postula que os pensamentos, sentimentos e
os comportamentos podem ser amplamente alterados pela observação de
modelos. A experiência socialmente mediada tem um papel central nesta
concepção.
Por exemplo: Uma criança pode adquirir uma atitude negativa em relação a
uma minoria após escutar seus pais falando sobre este grupo de maneira
pejorativa. Para que a aprendizagem observacional ocorra, o modelo deve ser
observado atentamente, a informação processada e guardada na memória, de
maneira a imitar mais tarde o que foi observado. Ex.: Propaganda.
Pesquisadores que seguem esta proposta teórica estão interessados em
compreender a mediação que ocorre a nível intraindivídual, entre os estímulos
recebidos e as respostas que irão dar. A cognição tem um papel fundamental
uma vez que o ser humano se interpreta e se avalia, sendo capaz até certo
ponto de regular seu próprio comportamento. (Rappaport).
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Teoria do Apego
Descreve a dinâmica dos vínculos humanos.
Seu postulado principal é de que o bebê necessita desenvolver um
relacionamento com ao menos um cuidador para haver um desenvolvimento
social e emocional normal.
Trata de como a relação que os pais tem com a criança influencia seu
desenvolvimento.

> John Bowlby


Bebês tornam-se apegados a indivíduos que são sensíveis e responsivos a
eles em interações sociais, e que permanecem como cuidadores estáveis por
alguns meses no período entre os 6 meses e em torno dos 2 anos.
Quando o bebê começa a engatinhar e andar, ele vai usar as figuras de apego
como “base segura” para movimentos de explorar o que está ao seu redor e
retornar.
Ao final do primeiro ano, a criança é capaz de mostrar uma variedade de
comportamentos, característicos do apego, que tem como objetivo manter
proximidade:
> Protesto quando o cuidador se afasta;
> Saudação ao seu retorno; agarrar-se ao cuidador quando com medo;
> Seguir o cuidador quando possível.

Teoria do apego – relações objetais


https://www.youtube.com/watch?v=EW7aJQKrke0&t=1s

Este autor foi influenciado pela teoria etológica em geral, mas especialmente
pelo estudo da importância de Konrad Lorenz. Nos anos 50, em um estudo
feito com patos e gansos, Lorenz demonstrou que o apego era inato e,
portanto, tem um valor de sobrevivência.
Portanto, Bowlby acreditava que os comportamentos de apego são instintivos e
são ativados por qualquer condição que pareça ameaçar a realização de
aproximação, como a separação, a insegurança e o medo.
Comportamentos inatos para a sobrevivência
Bowlby também defendeu que o medo de estranhos representa um mecanismo
de sobrevivência importante, incorporado pela natureza. De acordo com ele, os
bebês nascem com a tendência de demonstrar certos comportamentos inatos
(chamados liberadores sociais) que ajudam a assegurar a proximidade e o
contato com a mãe ou com uma figura de apego.
Durante a evolução da espécie humana, os bebês que ficaram próximos de
suas mães sobreviveram para ter seus próprios filhos. Bowlby levantou a
hipótese de que tanto os bebês, quanto as mães, desenvolveram uma
necessidade biológica de manter um contato entre si.
Estes comportamentos de apego inicialmente funcionam como padrões de
ação fixos, e todos compartilham a mesma função. O bebê produz
comportamentos inatos de “liberação social”, como chorar e sorrir, que
estimulam o cuidado dos adultos. O fator determinante do apego não é a
comida, mas sim o cuidado e a capacidade de resposta.
Pontos principais da teoria do apego de John Bowlby
A teoria do apego de John Bowlby é um estudo interdisciplinar que abrange os
campos das teorias psicológicas, evolutivas e etológicas. Estes são seus
pontos principais:
1 – Uma criança tem uma necessidade inata de se unir a uma figura
principal de apego (monotropia).
Embora não tenha descartado a possibilidade de outras figuras de apego para
uma criança, Bowlby acreditava que deveria haver um vínculo primário muito
mais importante do que qualquer outro (geralmente a mãe).
Bowlby acredita que este vínculo é qualitativamente diferente dos posteriores.
Neste sentido, ele argumenta que a relação com a mãe é, de alguma forma,
completamente diferente das outras relações.
Essencialmente, Bowlby sugeriu que a natureza da monotropia (apego
conceitualizado como um vínculo vital e próximo com uma só figura de apego)
significava que, caso o vínculo materno não fosse iniciado ou fosse rompido,
produziriam-se consequências negativas, incluindo possivelmente uma
psicopatia sem afeto. A teoria da monotropia de Bowlby conduziu à formulação
de sua hipótese de privação materna.
A criança se comporta de maneira que provoca contato ou proximidade com o
cuidador. Quando uma criança experimenta uma maior excitação, ela sinaliza
ao seu cuidador. O choro, o sorriso e a locomoção são exemplos destes
comportamentos de sinalização.
Instintivamente, os cuidadores respondem ao comportamento das crianças
pelas quais são responsáveis, criando um padrão recíproco de interação.
2 – Uma criança deve receber o cuidado contínuo desta única figura de
apego mais importante durante os primeiros anos de vida.
Bowlby afirmou que a maternidade é quase inútil se for atrasada até depois dos
dois anos e meio ou três anos de idade. E mais, para a maioria das crianças,
há um período crítico caso a maternidade seja atrasada até depois de 12
meses.
Se o apego é rompido ou interrompido durante o período crítico da idade, a
criança sofrerá consequências dessa privação materna irreversíveis a longo
prazo. Este risco continua até a idade dos cinco anos.
Bowlby utilizou o termo privação materna para se referir à separação ou perda
da mãe, assim como à falta de desenvolvimento de uma figura de apego.
A suposição subjacente da hipótese de privação materna de Bowlby é que a
interrupção contínua do vínculo primário poderia levar a dificuldades cognitivas,
sociais e emocionais a longo prazo para o bebê. As implicações desta são
enormes. Por exemplo, se isso for verdade, o cuidador principal deveria deixar
seu filho numa creche?
As consequências da privação materna a longo prazo podem incluir
delinquência, inteligência reduzida, aumento da agressão, depressão e
psicopatia sem afeto.
A psicopatia sem afeto é a incapacidade de demonstrar afeto ou preocupação
pelos demais. Estes indivíduos agem por impulso com pouca consideração
pelas consequências de seus atos. Por exemplo, sem demonstrar culpa pelo
comportamento antissocial.
3 – A separação a curto prazo de uma figura de apego leva à angústia.
A angústia passa por três etapas progressivas: protesto, desespero e
desapego.
Protesto: A criança chora, grita e protesta com raiva quando a figura de apego
a deixa. A criança vai tentar se prender à pessoa para que ela não vá.
Desespero: Os protestos da criança começam a diminuir e parecem ficar mais
tranquilos, mesmo que ainda sejam irritantes. A criança nega a si mesma todas
as tentativas de comodidade dos demais e, frequentemente, parece
desinteressada por qualquer coisa.
Desapego: Se a separação continuar, a criança começará a interagir com
outras pessoas novamente. Ela vai rejeitar seu cuidador quando este voltar e
mostrará fortes sinais de raiva.
4 – A relação de apego da criança com o seu cuidador principal leva ao
desenvolvimento de um modelo de trabalho interno.
O modelo de trabalho interno é um marco cognitivo que compreende
representações mentais para entender o mundo, o eu e os outros. A interação
de uma pessoa com as demais é guiada pelas lembranças e expectativas de
seu modelo interno, que influenciam e ajudam a avaliar seu contato com os
demais.
Aos três anos de idade, o modelo interno parece se transformar em parte da
personalidade da criança e, portanto, afeta sua compreensão do mundo e as
interações futuras com os demais. De acordo com Bowlby, o cuidador principal
age como um protótipo para as relações futuras através do modelo de trabalho
interno.
Há três características principais do modelo de trabalho interno: um modelo dos
outros como de confiança, um modelo do eu como valioso, e um modelo do eu
como efetivo ao interagir com outros.
Esta representação mental é a que guia o comportamento social e emocional
no futuro, à medida em que o modelo de trabalho interno da criança guia sua
receptividade aos demais em geral.
A teoria do apego de John Bowlby abrange os campos das teorias
psicológicas, evolutivas e etológica.

O padrão responsivo do cuidador vai levar ao desenvolvimento de


determinados padrões de apego. Estes por sua vez vão formar padrões
internos, que vão influir nas percepções pessoais, pensamentos, e expectativas
em relacionamentos futuros.
A ansiedade de separação ou o pesar que se segue à perda de uma figura de
apego é considerada uma resposta normal e adaptativa para uma criança que
desenvolveu apego.

> Mary Ainsworth


As pesquisas da psicóloga Mary Ainsworth confirmaram os conceitos básicos
da teoria do apego. Ela introduz o conceito de “base segura” e contribui para a
conceituação dos diferentes padrões de apego:
- Apego seguro;
- Apego esquivo;
- Apego ansioso;
- Apego resistente / ambivalente;
- Apego desorganizado.

Apego seguro
Criança: Usa o cuidador como base segura para exploração; Protesta na
separação; Busca proximidade e aceita conforto no retorno, reiniciando
exploração; Pode aceitar conforto do estranho, mas demonstra preferir o
cuidador.
Cuidador: responde apropriadamente, prontamente e consistentemente às
necessidades da criança; formou vínculo afetivo satisfatório com a criança.

Apego ansioso
Criança: Se agarra ao cuidador; Se apavora nas ausências do cuidador; Busca
constante reasseguramento.
Cuidador: Excessivamente protetor; Incapaz de permitir “tomada de riscos” e
passos em direção à independência.

Apego esquivo
Criança: Pouco compartilhamento afetivo no brincar; pouca ou nenhuma
reação à partida; pouca ou nenhuma saudação ao retorno; Ignorando ou sem
esforço para fazer contato ao ser pego no colo. Trata o estranho de forma
semelhante ao cuidador; Sente que não tem vínculo; mostra-se “rebelde” e com
baixa autoestima.
Cuidador: Pouca ou nenhuma reação aos sinais de ansiedade e desconforto
da criança. Desencoraja choro e encoraja independência.

Apego ambivalente / resistente


Criança: Incapaz de usar o cuidador como base segura; busca proximidade
antecipando separação; Angústia à separação com ambivalência, raiva, resiste
ao aconchego e a voltar a brincar ao retorno; Procura contato mas resiste
quando oferecido.
Cuidador: Oscila entre respostas apropriadas e negligentes. Geralmente só
responde após intensificação do comportamento de apego.

Apego desorganizado
Criança: comportamentos estereotipados como balanceio ou paralisia; falta de
estratégia coerente; comportamentos contraditórios como aproximar-se de
costas.
Cuidador: comportamento assustador ou invasivo; indiferença e
indisponibilidade; confusão de papéis; comunicação de afetos confuso; abuso.

Mary Ainsworth – Situação Estranha


https://www.youtube.com/watch?v=QTsewNrHUHU&t=2s
Mary Ainsworth partiu da base de Bowly sobre os sistemas de controle, mas
adicionou um conceito novo: a situação estranha.
“No ódio, assim como no amor, crescemos como a coisa que cuidamos.
Injetamos o que odiamos em nossa própria alma.”
-Mary Renault-
Mary Ainsworth pesquisou sobre a relação das crianças com seus cuidadores
adicionando a situação estranha em diferentes contextos. A situação estranha
era criada adicionando uma pessoa estranha para a criança no contexto de
relação mãe-filho.

Com base nos resultados obtidos, Mary Ainsworth ampliou a teoria conectando
três estilos de apego:
O apego seguro;
O apego inseguro/evitativo;
O apego inseguro-ambivalente.
A teoria foi ampliada, mais tarde, por outros pesquisadores. O conjunto de
releituras, comentários e adições resultou na teoria do apego que conhecemos
hoje em dia.
Mary Ainsworth e os diferentes tipos de apego
A teoria do apego se ampliou posteriormente com um quarto tipo de apego. O
que Mary Ainsworth definiu e caracterizou foram, unicamente, os três tipos
mencionados anteriormente. A seguir, vamos descrever em que consiste
exatamente cada um deles:
Apego seguro: é gerado quando uma criança se sente amada e protegida.
Apesar do cuidador se ausentar e a criança sentir uma certa angústia da
separação momentânea, sabe que pode confiar que seu cuidador vai voltar;
Apego inseguro: estas crianças respondem com angústia intensa à separação
da mãe ou do cuidador. Parece que este tipo de apego é o resultado de uma
escassa disponibilidade materna ou do cuidador. Estas crianças aprendem que
sua mãe não vai estar presente sempre que precisarem.
Apego ambivalente: se desenvolve quando o cuidador primário deixa de
atender as necessidades da criança de forma reiterada e constante. São
crianças que desenvolvem um grande sentimento de desconfiança e aprendem
a não buscar ajuda no futuro.
---
Harlow pesquisou em laboratório, o desenvolvimento afetivo em macacos,
evidenciando o impacto da privação emocional.
Seus estudos comparando os macacos bebês criados com uma mãe substituta
de pano e de arame, ajudaram a comprovar a importância da relação de afeto
no desenvolvimento das capacidades de adaptação ao ambiente, tanto físico
como social.
> Os experimentos de Harry Harlow

Dependência em macacos
https://www.youtube.com/watch?v=OrNBEhzjg8I

A experiência com macacos Rhesus


Harlow utilizou os macacos Rhesus em sua experiência, uma espécie asiática
que se acostuma muito facilmente à convivência com os seres humanos. A
intenção era estudar seu comportamento em laboratório para comprovar a
teoria do apego de Bowlby. Como era de se esperar, Harlow separou os
filhotes de suas mães para ver como eles reagiam.
Mas Harlow não se limitou apenas a observar o que acontecia, ele utilizou uma
curiosa metodologia. Havia dois objetos nas gaiolas onde os filhotes estavam:
uma mamadeira que lhes proporcionava uma alimentação adequada e uma
pelúcia, um boneco, que se assemelhava a um macaco adulto. A pelúcia não
tinha nenhum tipo de recurso alimentício para oferecer ao filhote.
O que os filhotes escolheram? Isto era algo que Harlow queria descobrir não só
para provar a teoria do apego de Bowlby, mas também para descobrir a
realidade do amor incondicional. O resultado mostrou como os filhotes
preferiam o boneco, apesar dele não lhes proporcionar nenhuma alimentação.
Os filhotes se agarravam ao boneco quando tinham medo, pois ele
proporcionava uma grande segurança a eles.
Isso permitiu a Harlow comprovar como a relação/apego é tão importante entre
os filhotes e suas mães. Apesar de não alimentá-los, escolhiam o boneco para
que ele adotasse o papel de mãe. Eles preferiam passar seu tempo com o
boneco. O outro objeto era um mero alimento que não lhes dava calor nem
carinho.
A teoria do apego mais dolorosa
Harlow não se conformou com tudo que já havia comprovado. Decidiu ir além,
sem ter em conta o bem-estar dos macacos Rhesus. Os colocou em espaços
ainda menores, nos quais havia apenas comida e bebida. Assim ele poderia
observar como eles iriam se comportar em absoluto isolamento.
Muitos macacos ficaram meses presos dentro destas pequenas gaiolas, alguns
até mesmo anos. Privados de todo estímulo social e sensorial, os macacos
começaram a demonstrar alterações em seu comportamento, fruto de todo
esse isolamento. Os macacos que ficaram um ano presos ficaram em estado
catatônico. Se mostravam passivos e indiferentes a tudo e a todos.
Quando os macacos presos chegavam à idade adulta, não conseguiam se
relacionar com os demais de forma correta. Não encontravam parceiros, não
tinham nenhum tipo de necessidade em procriar e, em algumas ocasiões, sua
passividade lhes fazia deixar de comer e beber. Muitos morreram.
As fêmeas tiveram ainda menos sorte, se assim podemos dizer. Ao levar sua
pesquisa ao extremo, Harlow percebeu que as fêmeas não conseguiam ficar
grávidas, já que elas não tinham nenhum interesse em procriar. Por essa
razão, num suporte para reprodução forçada, fecundou as fêmeas contra sua
vontade e interesse.
Para gerar apego é necessário apego
O resultado foi completamente aterrorizante. As mães violadas se
desentendiam completamente com seus filhotes, os ignoravam, não lhes
alimentavam, definitivamente não amavam os filhotes. Tanto era assim que
muitas delas mutilavam seus filhotes para que eles morressem.
Apesar de ser apenas um boneco, um brinquedo, os macacos consideravam a
pelúcia como se fosse sua mãe e acudiam a ela quando necessário.
Além de verificar ou não a teoria do apego de Bowlby, o que o macabro
experimento de Harlow deixou claro é que as necessidades dos macacos
foram muito além da obtenção de alimento ou da possibilidade de descanso.
Para um desenvolvimento saudável, os filhotes preferiam suprir a necessidade
de “calor” antes de suas necessidades nutricionais.
Por outro lado, com essa experiência também ficou clara a importância que as
primeiras relações têm no comportamento dos macacos em sua fase adulta.
Assim, viu-se que a privação de um estímulo social em idades muito jovens fez
com que os macacos deixassem de ter interesse por este tipo de contato mais
tarde, quando tinham a oportunidade.
A privação de carinho nos seres humanos
Levando estas conclusões aos seres humanos, as crianças que não recebem o
afeto necessário desde pequenas, que se veem isoladas ou que são rejeitadas,
têm mais dificuldades em desenvolver relações saudáveis. Uma falha que não
pode ser apagada, que deixa carência afetivas e uma necessidade de buscar
por alguém que lhes proporcione “a qualquer preço” aquilo que não tiveram
durante seus primeiros anos de vida. Falamos da dependência emocional, é
claro.
---
Spitz fez um amplo estudo observando bebês com suas mães, em instituições
como creches e em orfanatos.
Ele teorizou sobre as fases do desenvolvimento das relações objetais e a
importância de haver um cuidador estável disponível.
Fase anobjetal (inexiste diferenciação)
Fase do precursor de objeto (intermediário)
Fase de relação de objeto (objeto estabelecido e comportamento de apego)
Spitz descreve tanto o desenvolvimento normal quanto as patologias no
desenvolvimento afetivo. Ele cria os termos depressão anaclítica (para a
reação típica à separação, por um período de 3 a 5 meses, da figura materna,
durante o primeiro ano de vida) e hospitalismo (para períodos mais
prolongados de privação emocional). Ambas implicam uma redução marcante
do desenvolvimento geral, perda de peso, suscetibilidade a doenças, distúrbios
de sono, aumento de mortalidade.
> Estudos de René Spitz

Relação mãe-bebê
https://www.youtube.com/watch?v=P07U_OPVf5E
https://www.youtube.com/watch?v=WxOhKwxOPp4
https://www.youtube.com/watch?v=VMWb8rfU-rg&t=1s
https://www.youtube.com/watch?v=LyVkXaqXOv4&t=1s

Depressão anaclítica de René Spitz


Depressão anaclítica é um termo criado por René Spitz em 1945. Spitz era um
psicanalista austro-americano que trabalhava como psiquiatra no Hospital
Monte Sinai e como professor em várias universidades nos Estados Unidos.
Ele era herdeiro dos postulados de Freud, mas se dedicou principalmente a
atender crianças.
Spitz começou a estudar o desenvolvimento infantil em 1935, enquanto ainda
residia na Europa. Ele usou a observação direta e o método experimental para
os seus estudos. Todas as conclusões de Spitz têm uma sólida base empírica.
Em 1945, ele conduziu uma pesquisa minuciosa em um orfanato e, a partir de
suas observações, nasceu o conceito de depressão anaclítica.
“O que for dado às crianças, elas darão à sociedade”.
– Karl Menninger –
O trabalho desse psicanalista teve um grande impacto, tanto na comunidade
científica quanto na sociedade em geral. Grande parte de sua pesquisa foi
registrada no filme Psychogenic Disease in Early Childhood, realizado em
1952. Esse filme teve um impacto significativo e provocou uma mudança no
modelo de atendimento de crianças em hospitais. Também permitiu que o
mundo conhecesse o conceito de depressão anaclítica.
O que é depressão anaclítica
No início dos anos trinta, quando René Spitz começou a sua pesquisa, nos
círculos acadêmicos pensava-se que as crianças eram incapazes de ter
depressão. Alguns psicólogos argumentavam que os sinais depressivos eram
clinicamente irrelevantes em crianças. Os psicanalistas, por outro lado, diziam
que as crianças não tinham a capacidade necessária para refletir e que,
portanto, era impossível ficarem deprimidas.
Apesar dessas crenças generalizadas, dois pesquisadores decidiram verificar
por si mesmos qual era a validade do que era afirmado. Esses dois
pesquisadores foram René Spitz, criador do conceito de depressão anaclítica,
e John Bowlby, que estudou em detalhes a relação entre mãe e filho no início
da vida do bebê.
Spitz concluiu que as crianças, desde a mais tenra idade, também ficavam
deprimidas. Ele descobriu que esse estado incluía um quadro completo de
sintomas bem definidos e que a criança reagia com essa forma de depressão à
súbita separação de sua mãe ou aos vínculos de afeição por um período
superior a três meses.
Características da depressão anaclítica
Spitz observou que a depressão anaclítica ocorre em crianças menores de um
ano de idade. Ocorre quando o bebê desenvolve um vínculo com a mãe e sofre
um afastamento repentino por um período de três meses. Se isso acontecer, a
criança começa a mostrar todo um conjunto de sintomas depressivos.
Os sintomas mais visíveis são os seguintes:
O bebê perde a capacidade de se expressar através de seus gestos.
Basicamente, ele para de sorrir.
Apresenta anorexia ou falta de apetite.
Tem dificuldade para dormir. As horas de sono são reduzidas ou alteradas.
Perda de peso.
Apresenta um atraso psicomotor global.
No caso de a privação emocional ser prolongada por um período superior a 18
semanas, todos os sintomas se agravam. A criança entra em um estado que
Spitz chamou de “hospitalismo”. O bebê se torna incapaz de estabelecer
contatos afetivos estáveis e a sua saúde se torna muito frágil. Em muitos
casos, isso leva à morte.
Os efeitos da pesquisa
Há referências a um experimento questionável realizado por Frederico II, o
Grande, rei da Prússia. Dizem que ele ordenou a construção de um orfanato no
qual as necessidades físicas das crianças fossem completamente atendidas.
Aspectos como higiene, alimentação, roupas, etc., eram completamente
atendidos. No entanto, era proibido estabelecer um vínculo de afeto com os
bebês. O resultado desse teste foi que a maioria dos bebês morreu pouco
depois.
Os estudos de René Spitz sobre a depressão anaclítica levaram a uma grande
mudança na maneira de administrar orfanatos, pelo menos nos países mais
desenvolvidos. Era evidente que os vínculos afetivos com os bebês eram tão
ou mais importantes do que a própria comida. Por isso, as condições das
crianças melhoraram acentuadamente nesses estabelecimentos.
A depressão infantil existe e aumentou em todo o mundo. Atualmente, o
suicídio é a sexta principal causa de morte entre crianças de 5 a 14 anos . No
entanto, não podemos esquecer que as crianças com privação afetiva em seus
estágios iniciais desenvolvem problemas de comportamento com mais
frequência e costumam ter uma vida tempestuosa.

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