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O esôfago é um tubo muscular que empurra a comida para o estômago. Seu terço superior possui músculo
estriado e seus dois terços inferiores possuem músculo liso.
O esfíncter esofagiano inferior (EEI) possui um epitélio de transição, de pavimentoso estratificado para
glandular; esta região chama-se linha Z. A cárdia é a região que compreende 2cm acima e abaixo da linha Z.
Distúrbios Motores
Acalásia (↓peristalse)
Espasmo Esofageano Difuso (↑peristalse)
ACALÁSIA
O esôfago possui o plexo nervoso autônomo submucoso (de Meissner) e o plexo nervoso autônomo
mioentérico (de Auerbach), os quais são responsáveis pela peristalse. Quando estes são destruídos ocorre perda da
contração esofágica.
Na acalásia primária ocorre destruição do plexo de Auerbach, por ser antígeno específico. Na acalásia
secundária ocorre destruição pela Doença de Chagas, destruindo tanto o plexo de Auerbach quanto de Meissner.
Características da acalásia
Perda do relaxamento fisiológico do EEI
Hipertonia do EEI (P > 35 mmHg)
Peristalse anormal
Clínica
Disfagia, regurgitação e perda de peso
Diagnóstico
Esofagografia baritada
o Sinal do bico de pássaro, da chama de vela, da ponta de lápis
Esofagomanometria – fecha diagnóstico!
o Ausência de relaxamento do EEI
o Hipertonia do EEI
o Peristalse anormal
Tratamento
De acordo com a evolução (Classificação de Rezende)
Grau I: nitrato, antagonista de cálcio, sildenafil, botox
Grau II: dilatação pneumática por balão
Grau III: Cardiomiotomia a Heller + fundoplicatura parcial (tratar refluxo)
o A cardiomiotomia deve ser feita 5cm acima e 3cm abaixo da linha Z
Grau IV: esofagectomia total - megaesôfago (d >10cm)
ESPASMO ESOFAGEANO DIFUSO
Caracteriza-se por contrações vigorosas e simultâneas, principalmente nos 2/3 inferiores do esôfago.
Clínica
Precordialgia + disfagia
Diferencial: IAM
Diagnóstico
Esofagografia baritada → esôfago em saca-rolhas (só aparece durante o espasmo)
Esofagomanometria com teste provocativo
o Contrações vigorosas e simultâneas
Tratamento
Nitratos, antagonista de cálcio
Miotomia longitudinal (último recurso)
Sintomas
- Esofageanos (típicos)
Pirose, regurgitação
- Extra-esofageanos (atípicos)
Faringite, rouquidão, tosse crônica, broncoespasmo, pneumonia de repetição...
Pode atingir nervo vago → tosse crônica
Diagnóstico
Clínico (pirose + regurgitação)
EDA normal: não exclui DRGE
EDA: usar quando suspeita de câncer ou complicações, ou então se > 45 anos
o Sinais de alarme ou > 45 anos
o Ausência de resposta ao tratamento
Alarme: anemia, odinofagia, disfagia, perda de peso
Complicações: esofagite, estenose, Barret e câncer
pHmetria esofágica 24h (padrão-ouro)
Tratamento
- Medidas antirrefluxo
Dieta, ↓peso, ↑cabeceira, não comer 2-3h antes de deitar
Eliminar alimentos que pessoalmente causem sintomas
- Tratamento farmacológico
Inibidor de Bomba de Próton (IBP): omeprazol 20mg / panto 40mg / esome 40mg / lanso 30mg
o Objetivo: reduzir acidez
o Duração: 8 semanas
o Recorrência: IBP “sob demanda” ou crônico
o Refratário: IBP “dose dobrada” (2x/dia)
- Tratamento cirúrgico – indicado se doença refratária, longa expectativa de vida, complicação severa
Indicado em pacientes refratários, recorrentes (uso de IBP por > 10 anos) ou complicação severa (estenose,
úlcera)
Flundoplicatura – fazer pHmetria de 24h (confirmar) + esofagomanometria (escolher a técnica)
o Fundoplicatura de Nissen – 360°
Evitar se: esofagomanometria com < 60% atividade peristáltica ou < 30 mmHg peristalse
distal
Toupet / Lind – parcial posterior (topete pra trás, tá lindo!)
ESÔFAGO DE BARRET
Metaplasia intestinal (ep. pavimentoso estratificado → glandular cilíndrico)
Diagnóstico é histopatológico!
Conduta
- Metaplasia intestinal → EDA 3 – 5 anos
↓
- Displasia de Baixo Grau → EDA 6 – 12 meses (ressecção endoscópica?)
↓
- Displasia de Alto Grau → Ressecção endoscópica
(AdenoCa in situ)
↓
- Adenocarcinoma invasivo → Câncer de esôfago
CÂNCER DE ESÔFAGO
São dois tipos histológicos básicos: escamoso (epidermoide) e adenocarcinoma.
- Escamoso (epidermoide)
Homem negro e magro Tilose palmo-plantar
Etilismo Esofagopatias: acalásia, estenose cáustica...
Tabagismo Consumo de bebidas quentes
- Adenocarcinoma
Homem branco “gordinho”
Barret (DRGE)
Clínica
Disfagia, perda de peso, dor, rouquidão
Diagnóstico
- Esofagografia
Sinal da maçã mordida
- Endoscopia
Padrão-ouro, fecha o diagnóstico!
Estadiamento TNM
Realizar USG endoscópico via EDA – estadiar T e N (tumor primário e linfonodos)
PET-Scan – estadiar M (metástases)
O estômago é um órgão produtor de ácido, podendo ser dividido em fundo, corpo e antro. No fundo
encontram-se as células parietais que possuem as bombas de H+. Existem três maneiras de estimular a bomba de
próton:
(1) as células G do antro produzem gastrina, a qual estimula a bomba de próton, bem como as células D do
antro desestimulam a secreção ácida através da produção de somatostatina, a qual inibe a produção de gastrina;
(2) o nervo vago estimula as células parietais do fundo gástrico, dessa forma aumentando a secreção ácida;
(3) a histamina também estimula a bomba de prótons.
A barreira de mucosa gástrica protege o estômago da ação do antro, sendo produzida e mantida pelas
prostaglandinas.
ÚLCERA PÉPTICA
A úlcera péptica é uma lesão da parede do estômago. Para que ela surja, necessita-se um desbalanço entre
os fatores de proteção (barreira mucosa) e de agressão (acidez). O H. pylori e os AINES são agentes facilitadores da
úlcera péptica.
H. pylori
Infecção do antro, atacando as células D → bloqueio da inibição ácida → ↓ somatostatina → ↑ gastrina →
hipercloridria → úlcera péptica
A presença do H. pylori estimula os linfócitos B, predispondo ao linfoma MALT. Também tem relação com a
úlcera péptica, dispepsia funcional e o CA gástrico.
AINES
As prostaglandinas são produzidas através das COX-1 e COX-2. Os anti-inflamatórios inibem a ação das COX.
o A COX-2 está relacionada ao processo inflamatório, enquanto a COX-1 está ligada a produção da
barreira mucosa.
o Os AINES seletivos para COX-2 predispõem à agregação plaquetária.
Quando não houver H. pylori e nem AINE, lembrar da Síndrome de Zollinger-Ellison (gastrinoma)!
Úlceras refratárias, atípicas, podendo aparecer no jejuno.
Clínica e Diagnóstico
- Dispepsia: queimação, plenitude, saciedade precoce
Gástrica: piora logo com alimentação
Duodenal: piora 2-3h após alimentação
Após tratar a úlcera péptica, é necessária uma nova EDA... ficar atento para CA gástrico!
Tratamento cirúrgico
- Possui as seguintes indicações cirúrgicas:
Refratariedade / recidiva
Complicação aguda
o Perfuração / obstrução / hemorragia refratária
- Se hipercloridria:
Vagotomia ± antrectomia
o Vagotomia troncular + piloroplastia
Piloroplastia: o piloro é cortado e suturado, perdendo sua função esfincteriana
o Vagotomia troncular + antrectomia
Reconstrução do trânsito Billroth I (gastroduodenostomia)
Billroth II (gastrojejunostomia + alça aferente)
- Com hipocloridria
Gástrica I (pequena curvatura baixa)
Gástrica IV (pequena curvatura alta)
Complicações da Cirurgia – Síndromes Pós-Gastrectomias
Síndrome de Dumping
Alimento direto ao duodeno: derramamento → causa uma distensão duodenal
Tratamento:
Reconstrução em Y de Roux (o método de escolha!)
Colestiramina
- Clínica: dor que piora após alimentação; melhora com vômitos (biliosos e em jato)
CÂNCER GÁSTRICO
Os subtipos de CA gástrico incluem o adenocarcinoma (95%), linfoma (3%) e o tumor estromal (GIST – 1%).
Doença Avançada
Linfonodo de Virchow: nódulo supraclavicular E
Nódulo de Irish: nódulo axilar E
Nódulo Umbilical - Sister Mary Joseph
Ovários - Tu Krukenberg
Prateleira Retal - Blummer
Diagnóstico
Seriografia – dificuldade à passagem do contraste
Endoscopia – padrão-ouro
o Permite a biópsia!
Estadiamento
USG endoscópico (T)
TC de abdome e pelve (N e M)
Tratamento
Ressecção (margem de 6 cm) + linfadenectomia a D2
D1 – linfonodos perigástricos
D2 - + linfonodos ao redor de aa. Hepática, gástrica E, celíaca e esplênica
Pode ser feito tratamento endoscópico, porém é necessário preencher todos os requisitos:
Limitado à mucosa
Não ulcerado
SEM linfonodo / sem invasão linfovascular
< 2 cm