PERÍODO: 7º ALUNO: Igor Lopes Guerra – DRE: 118059886 Fichamento: Análise Cap. 6 – Curso de Direito Comercial (CAMPINHO, Sérgio)
O que o texto me diz?
O texto de Sergio Campinho, excerto do seu curso publicado de Direito Comercial perpassa o instituto das ações, desde de sua conceituação até operações com elas realizadas. O estudo produzido pelo autor constrói sua própria exposição sem prejuízo dos pensamentos de outros doutrinadores, em especial Modesto Carvalhosa, e à luz do direito comparado para que possa situar o leitor da posição do direito pátrio. No que tange a conceituação, Campinho ao analisar a doutrina constrói um tripé para elencar as principais facetas da ação. A saber, (1) fração de capital, pois é parte divisível do capital da empresa, e esta divisão decorre da lei; (2) título representativo, uma vez que a ação garante o status socii, conferindo a qualidade sócio da empresa, com seus direitos e deveres; e (3) título de crédito, uma vez que ainda que a geração de lucro seja incerta já que depende de resultados vinculada à constituição de sociedade da empresa, há direitos de crédito inequívocos atrelados a ação como em caso de eventual liquidação. Para bem avaliar o valor de uma ação, elemento fundamental que constitui duas das três partições do tripé do autor, este frisa que o valor de uma ação pode ser quantificado de diversas formas a depender da função que se observa neste instituto. O valor de emissão é atribuído pela própria companhia quando se constitui a sociedade e no aumento de capital quando novas ações são emitidas. São de relevância para determinar a responsabilidade dos acionistas, que titularizam a referida ação. O valor nominal, por sua vez, é um sistema de valoração facultativo no ordenamento. Se adotado, deve constar no estatuto da empresa. Aqui, cada ação representa uma fração ideal do capital integral da empresa. Se em companhia aberta, deve-se observar um valor mínimo a ser aferido pela Comissão de Valores Mobiliários. O valor patrimonial se contrapõe ao valor nominal, sendo este uma fração estática do capital social enquanto aquele varia de acordo com o patrimônio da empresa a cada instante. O valor de mercado é o que será utilizado para venda em bolsa de valores ou em balcão, enquanto o valor econômico está ligado a perspectiva de rentabilidade de uma ação a partir de uma projeção para os anos vindouros. Entrando na seara da classificação das ações, temática na qual o autor faz uma exposição detalhada, o capítulo parte das divisões das ações quanto a sua natureza, iniciando pelas ações ordinárias. Tais ações são obrigatórias em todas as companhias e conferem ao seu titular direitos ordinários, comuns a qualquer acionista. Tais direitos serão decorrentes do que versar o estatuto da empresa acerca do tema, além do irrevogável direito de voto garantido pela lei. Em oposição a estas, estão as ações preferenciais. Assim são chamadas pois o titular destes títulos terá vantagens ou privilégios que não os teria caso fosse portador de uma ação ordinária. Tais benesses costumam ser de ordem patrimonial, e não raramente acompanhados de uma contrapartida: A perda do direito a voto. Pontua-se que tal perda deve ser expressa em estatuto ao invés de tomada de forma tácita. As empresas costumam oferecer este tipo de ação para que angarie investidores sem que tenha que perder o controle na tomada de decisões estratégicas. Da mesma forma, alguns investidores preferem não se imiscuir no processo decisório. Explica o autor, que da existência desse tipo de ação decorreu o debate na razão que poderia se oferecer de ações não votantes em relação as votantes. Tal debate foi refletido pelo ordenamento jurídico que ao longo de sucessivas alterações legislativas modificou o permitido para ofertas de ações preferenciais sem direito a voto e fixando o quantum em 50% do total. Um tipo especial de ação preferencial é o golden share, de titularidade exercida exclusivamente pelo ente público quando durante um processo de desestatização, o ente deseja manter controle de algumas ações tomadas pela empresa, em vias de cumprimento de objetivos sociais, e garante, entre outros, o poder de veto. Sob o prisma da natureza, o autor faz ainda a descrição das ações de fruição. Esta modalidade dá ao titular a possibilidade de antecipação do valor que lhes caberia em caso de liquidação. Nelas, não há supressão de nenhum dos diretos fundamentais aos acionistas e garantidos pela lei, ressalvadas no que for facultado ao estatuto deliberar. Para descrever as formas da ação, o autor rememora o fato de que pela promulgação da lei 8021/90 só resta vigente a ação nominativa, embora esta possa se manifestar na forma documental e escritural. Esta última, mesmo sendo apenas uma variação da primeira é explicada pelo autor de forma individualizada. As ações nominativas são emitidas em favor de um particular determinado e terá de ser assinada no livro de registro de ações da sociedade que emitir o título. Ressalvada a possibilidade de vícios, é desta forma que uma empresa cataloga e registra quem são os acionistas dela. Também é no livro que se faz os registros de transmissão das ações, seja inter vivos ou causa mortis. Para as ações escriturais, lembra Sérgio Campinho, que este modelo foi uma inovação legislativa ocorrida após a Lei 6404/76, e foi introduzida pelo Executivo para facilitar a circulação de ações. Tal modelo demanda que haja expresso no estatuto da sociedade o desejo por essa adoção e através de um contrato com entidade bancária faz desta um meio pela qual possam ser realizadas as negociações de ações por meio de escrituração. Os custos de operação e emissão não podem aqui ser repassados aos acionistas, devendo ficar a cargo da empresa. O que eu digo para o texto? Frisou o doutrinador Sérgio Campinho em seu título acerca das ações nominativas, que há necessidade de que se respeite os aspectos formais para que se tenha a titularidade garantida. A ação gera um certificado, que deve ser escrito em vernáculo e conter todas uma série de informações, repise-se, de cunho obrigatório. Na falta de observância destes aspectos formais, haverá indubitável vício formal que impede o exercício da titularidade. Na mesma mão, para a transferência de ações escriturais observam-se formalidades que mancham de vício a transferência caso haja não observância, ainda que sua emissão seja simplificada devido a ação de entidades bancárias. Por outro lado, como apontou o autor, a transmissão inter vivos pode se dar por um representante do cessionário, se assim estiver autorizado por procuração a fazê-lo, sem a presença do titular. Esta possibilidade em particular acaba por gerar um número elevado de ações judiciais, uma vez que essa transferência por procurador é questionada em juízo quando uma das partes deseja desfazer o negócio realizado e por vezes lança mão de questionar os poderes do procurador quando diante do poder judiciário. Tal fato ocorreu, por exemplo, quando do julgamento de uma apelação no TJ-MG em que o autor não pôde afastar os poderes do procurador e tece de realizar transferência de ações; TJ-MG - AC: 10261120091572001 MG, Relator: Octavio Augusto De Nigris Boccalini, Data de Julgamento: 03/03/2015, Data de Publicação: 09/03/2015) Tal artifício mostra-se recorrentemente ineficaz uma vez que a jurisprudência parece ser consolidada quanto a esta permissão. Tal exemplo pôde ser observado no AREsp 0262507-63.2007.8.26.0100 SP 2016/0151275-3, onde o autor conseguiu provar que sua assinatura foi falsificada para dar verniz de anuência a uma transferência por ele desejada. Salvo, portanto, o caso de vício patente na manifestação de vontade, os tribunais são unos quanto a esta possibilidade de transmissão.
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