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RESUMO
Muito tempo se levou para que a mulher se tornasse um ser capaz de governar sua vida e
seus atos. A superação da lógica patriarcal que a tanto foi enraizada em nossa sociedade se
deu através de um processo longo e com grandes esforços. A mulher sertaneja teve um
papel fundamental nesta caminhada e com a entrada de mulheres no cangaço o sentimento
de rompimento das barreiras impostas pela sociedade foi se concretizando e assim
difundindo uma imagem de mulher que pode ser guerreira, vencedora e ao mesmo tempo
mulher, brotando no universo feminino um pouco mais de esperança.
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo questionar o estereótipo feminino sertanejo entre os séc.
XIX e XX através da figura de Maria Bonita no cangaço e sua repercussão social,
apontando-a como uma ruptura dos padrões patriarcais estabelecidos. Para Júnior (2010) A
Mulher Cangaceira estabelece uma extrema quebra nos valores patriarcais preservados na
sociedade do sertão nordestino brasileiro, pois dentro do grupo não tinha uma pré-função
estabelecida, se costuravam ou cozinhavam era porque queriam, pois as atividades não
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Graduanda do 3° período de História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL. Bolsista voluntaria
do Núcleo de Estudos Agrários e Movimento Sindical Rural em Alagoas- NEASR/UNEAL. Bolsista do
programa institucional de bolsa de iniciação a docência - PIBID. E-mail: amandamonteiro5@hotmail.com
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Graduando do 3° período de História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL. Bolsista do
programa institucional de bolsa de iniciação a docência - PIBID. E-mail: dougkaua@live.com.
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Graduando do 3° período de História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL.
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Graduanda do 3° período de História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL. Bolsista do
programa institucional de bolsa de iniciação a docência – PIBID. E-mail:josymercia@hotmail.com.
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Graduanda do 3° período de História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL. Bolsista voluntaria
do Núcleo de Estudos Agrários e Movimento Sindical Rural em Alagoas- NEASR/UNEAL
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Graduando do 3° período de História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL.
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Graduando do 3° período de História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL.
eram socialmente coercitivas. O homem que se propunha a cozinhar ou fazer atividades
que insistiam em se relacionar a mulher, não era tratado como tal, e a tarefa exercida não
era considerada algo de importância menor. É numa sociedade extremamente enraizada a
posição de mulher ligada ao lar que nasce Maria Gomes de Oliveira em 08 de Março de
1911, no sítio Malhada da Caiçara, município de Paulo Afonso, Bahia. Essa que rompe
todos os limites impostos pela sociedade patriarcal, sendo a primeira mulher a entrar no
cangaço. Na formulação desse trabalho foi realizada entrevistas, pesquisa bibliográfica e
de campo. Para exposição da nossa tese, dividimos o trabalho em três partes: Biografia
reconstruída de Maria Bonita; Temporização histórica brasileira do cangaço; Os padrões
femininos socialmente estabelecidos e sua ruptura com a figura de Maria. Com o auxilio da
TIC podemos ter acesso a informações, que nos levou a compreender o universo do
cangaço. SILVA (2009) alude que a utilização de mundos virtuais para educação constitui
uma ferramenta estimulante para o processo de construção do conhecimento. É refletindo
em tal questão, a pesquisa aqui constituída será exposta em grupo numa rede social, na
forma de webquest, promovendo assim uma interação com os membros, e uma correlação
com as demais pesquisas feitas.
Maria era uma moça que frequentava bailes, entretanto se casou muito jovem, aos
15 anos de idade com um dos seus primos, José Miguel da Silva, mas conhecido por todos
como Zé de Neném, um sapateiro. O casamento não prosperou, “foi marcado por
constantes discursões tórridas, geradas, muitas delas, pelo ciúme doentio de Maria e pelo
lado boêmio de José, que segundo algumas pessoas que o conheceram, era um ótimo
‘dançador’ e vivia entregue as ‘noitadas’” (LIMA, 2011, p.22). O casal não chegou a ter
filhos.
Sempre que brigava Maria ia para a casa dos pais, procurando abrigo com a família.
Seu pai não gostava das constantes separações da filha, e foi em uma dessas separações
que Maria conheceu o famoso cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, Lampião.
Lampião para manter seu bando na ativa fez conchave políticos, com diversos
coronéis, como também com a população em geral, um desses coitos ficava no Sítio Tará,
nessa região tinha a amizade dos maiores criadores de animais, Odilon Martins de Sá,
conhecido como Odilon Café. Um coiteiro em especial era Antônio Felipe de Oliveira, tio
de Maria Gomes de Oliveira.
Pela sua posição geográfica e pelo apoio, o Sítio Tará serviu de base para os
cangaceiros quando estava de passagem por Alagoas e Sergipe, assim a Malhada da
Caiçara passou a ser também um lugar frequentemente visitado por Lampião. Foi lá que
ele encontrou pela primeira vez, sua companheira. Em suas andanças por essa região,
Lampião e Odilon café resolvendo questões de negócios, adentram pela Malhada da
Caiçara, passam pela casa do senhor José Gomes de Oliveira, ao chegar lá é Odilon café
que apresenta Maria a Lampião, estando na casa dos seus pais, por estar separada do
marido.
A entrada de Maria Bonita no cangaço foi um marco trivial para a construção de uma
nova identidade feminina no cravo do século XX. Para um maior entendimento de tal
afirmação faz-se necessária uma contextualização histórica que nos remete ao inicio do
Brasil republicano, com todos os seus emaranhados estruturados na oligarquia. Com
especiais evidências para a região Nordeste do país, onde lá tal base governamentista se fez
perdurar secularmente.
Para Santos Júnior (2010) não se pode entender a redefinição da figura feminina
por meio do ingresso de Maria Bonita sem a localização histórica do movimento que se
constituiu chamar de cangaço. Para o autor, de forma concisa, o cangaço foi
um fato sociocultural que teve sua gênese na divisão primária das terras
coloniais em capitanias hereditárias e posteriormente nas sesmarias,
porções menores de terra, latifúndios, doadas a nobre famílias ibéricas. A
partir desta formação burguesa social, surge em meados do século XVIII
como um instrumento deste latifundiário, para impor sua lei, garantindo a
disciplina e manutenção da propriedade [...]. referindo-se ao cangaço no
imaginário popular, logo nos remetemos a figuras ‘mitológicas’, homens
destemidos, que para uns são heróis, para outros, bandidos, continuavam
sendo tidos como um marco quase que folclórico da história do sertão
nordestino brasileiro. (SANTOS JÚNIOR, 2010: 123).
Mesmo sendo paradoxal, a figura do cangaceiro, tanto como herói quanto bandido,
ela traz em si, a característica marcante da violência, da ignorância, da rudeza, enfim, um
perfeito animalismo do ser humano. E é imbuído neste contexto violento e rude que vai
efervescer um novo padrão de feminilidade, a cangaceira. Para uma melhor compreensão
desta nova conceituação feminina, a cangaceira, é preciso que haja o entendimento da
divisão social vigente na época para as mulheres, onde vai explicitar-nos Falci (2004) apud
Santos Júnior (2010) que a mulher e a filha do fazendeiro eram os principais modelos de
mulher para a época, onde a principal idealização estava na tonalidade clara da tez da filha
do coronel. Pautado nisto, as mulheres eram divididas pela categoria mais alta de senhora,
dama ou apenas dona. ‘Papira’ ou ‘cunhã’ e roceiras, como categorias secundárias e por
fim, escravas e negras.
Comumente a ascensão social que algumas mulheres tinham era através do enlace
matrimonial, onde um bom casamento era definido com evidência para o dote, elas
ganhavam prestígio social em cima do poder econômico do marido, além de se transformar
na idealização do padrão feminino da ordem social. Lembrando que, só tinha esta ascensão
social, a mulher que casava com um homem que tinha o poder econômico maior que o do
seu pai, o que era raro, pois as famílias arranjavam os casamentos com suas afins, para a
manutenção do poder local.
Lampião, chefe de seu bando era quem decidia se atendia ou não os chamamentos
que lhe eram destinados. Este grupo por sua vez, já tinha um caráter mais móvel e que
exigia preparo aos homens para os afazeres necessários de sua vivência na caatinga sem,
necessariamente, uma figura feminina. O que permite dizer que
Por outro lado, as mulheres engravidavam, algo que dificultava ainda mais o
percurso feito pela caatinga. Não tinha a mesma resistência e força física dos homens,
deixando o grupo mais vulnerável na hora da fuga.
Além dessa humanização Aroldo (2013) demonstra também a influência que Maria
Bonita tinha sobre Lampião recaia ainda sobre importantes decisões tomadas para o bando,
interferências pela vida de algumas presas do cangaceiro, desistência de estupros,
mutilações genitálicas, dentre outras ações.
Ao longo dos oito anos ao lado de Lampião, Maria teve quatro gestações, mas só
uma que teve a vida perpetuada, foi ela, Expedita Ferreira da Silva, que não pode ser criada
pela mãe, pelo perigo da vida errante que a mesma levava, foi criada por uma família de
confiança, sendo visitada pelos pais sempre que tinham oportunidade.
Maria sabia dos perigos de viver em uma mata fechada, tendo que se esconder e se
livrar do perigo, e por vezes, os enfrentar. Foi no mês de junho de 1935. Os cangaceiros
cercavam a Vila de Serrinha de Cantimbaú, próximo à cidade de Garanhuns, Pernambuco.
O fim não foi o mesmo para Maria Bonita, na madrugada do dia 28 de julho de
1938, nem para mais dez pessoas, entre eles o seu companheiro Lampião. Cercados pela
policia, liderada pelo tenente João Bezerra o bando foi surpreendido pelo tiroteio intenso
na fazenda Angico, em Sergipe, onde estavam acampados. A rainha do cangaço foi
degolada viva, seu companheiro, e mais nove cangaceiros foram degolados e suas cabeças
foram expostas como troféu nas escadarias da Igreja de Santana do Ipanema.
“Foi neste chão de homens fortes e sofridos que brotou Maria Gomes de
Oliveira, uma cabocla de fibra, uma mulher guerreira, cuja coragem e
rebeldia mudou a direção natural do seu viver, tenho que suportar os
espinhos e martírio de uma real coroa que a transformou na rainha do
cangaço [...] perambulou na companhia do seu amado guerreiro, pelas
caatingas nordestinas. Vivendo sob um sol causticante e sobre estradas
poeirentas do nosso áspero sertão. O matagal selvagem foi testemunha
natural de suas dores, tristezas, sorrisos e alegrias. Sua trajetória guerreira
perpetua-se nos ventos brandos das tardes quentes e cinzentas do nordeste
brasileiro” (LIMA, 2011, p. 81)
Maria Gomes de Oliveira foi uma mulher que ultrapassou todos os limites impostos
pela sociedade patriarcal, onde a figura feminina era relacionada à maternidade e ao lar.
Onde a mulher era “treinada” para ser a matriarca, que soubesse cuidar de uma casa e dos
filhos, tinham que ser também “prendadas” saber costurar e bordar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A posição que a mulher ocupa hoje em nossa sociedade foi realmente algo
conquistado a unhas e dentes. Seu papel frente a um mundo masculino e extremamente
segregador foi de uma valentia sem igual, empunhada por mulheres que se tornaram
profissionais capacitadas e com alto nível de qualificação. Hoje a mulher encontrasse em
pé de igualdade em todas as camadas profissionais, lutando diariamente, para sustentarem
suas famílias, com um papel invejado por muitos. Nesta façanha que é ser o elemento
diferencial em nossa sociedade, a mulher vem superando os seus próprios limites, agindo
de múltiplas formas para manter respeitado o seu lugar na sociedade. Este artigo teve o
intuito de clarificar ainda mais essa atitude feminina e humana perante o nosso meio, a
análise conjuntural do cangaço e a introdução da mulher em sua formação só veio a
contribuir com esse quadro de inovação que aos poucos se deu através do século XX.
Outras conquistas foram se tornando reais neste mesmo século o direito ao voto, o direito a
reprodução planejada (com a invenção da pílula nos anos 60) e tantos outros que o
alvorecer da década de 80 e 90 fez surgir. Esta análise da mulher no cerne de uma
organização que deixou marcas indeléveis na história do nosso país só vem a contribuir e
corroborar esta luta que infelizmente se fará, ainda, presente por muitos anos. Com a
finalidade primeira de ressaltar o valor da persistência e perseverança da mulher brasileira
e nordestina, este artigo vem contribuir, também, com a difusão da produção do
conhecimento através de uma ferramenta de livre acesso que é a internet. Por meio do
projeto de TIC denominado WEBQUEST que visa a elaboração de pesquisas e elaborações
de trabalhos voltados para o público da rede. Com isso concluiremos este artigo o
publicando em um site de abertura pública. O trabalho ficará disponível para leitura e
download em um grupo aberto criado especificamente para servi de apoio pós-aula na rede
social Facebook, contribuindo assim, com seu objeto maior que é a troca qualitativa da
produção do saber.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
FALCI, M. Knox. Mulheres do Sertão Nordestino. In: DEL PRIORI, Mary (Org.).
História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.