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08 48 108
LINHA DO TEMPO FOLCLOrE FESTA DA LINguIçA
Dos bandeirantes aos barões, Tradição e brasilidade Tradição no
riqueza fruto do trabalho em solo bragantino calendário nacional
10 54 112
HISTÓrICO ArquITETurA NãO DEIXE DE vISITAr
Grande parte da história Imponência e conservação Lugares interessantes
do desenvolvimento do Brasil do passado e gostosos de se conhecer
22 60 114
MEMÓrIAS ArTES EXCELêNCIA PArA O FuTurO
Lembranças que Terra fértil para quem deixa a sensibilidade A educação como centro
não podem ser apagadas aflorar: criatividade e inspiração de desenvolvimento humano
24 74 118
MuSEuS MEIO AMbIENTE DADOS ESTATíSTICOS
Relíquias do interior brasileiro A mata e a água Compreensão do
em acervos bem preservados envolvendo os sentidos legado bragantino
28 84 120
rELIgIOSIDADE TurISMO rurAL GENTE DA TERRA
A fé como ícone As delícias rurais O retrato de um
de um povo em nossas mãos povo de sorriso largo
38 92 122
FErrOvIA ESPOrTES brAgANTINO
A riqueza nos trilhos cortando Berço Impressões e
o Estado de São Paulo de talentos valores aprendidos
40 102
rEvOLuçãO DE 32 AErOCLubE
Ideais e bravura na luta Crescer sempre
pela democracia brasileira foi uma marca da cidade
42 104
IMIgrANTES gASTrONOMIA
Dificuldades e conquistas A fartura da
em terra estrangeira mesa interiorana
4 Cidade&Cultura
andré Prata
daniel abicair
Editorial
EDITORIA
Bragança Paulista é uma cidade que nos deixou encanta- COnsELhO ExECUTIvO: Eduardo Hentschel, Luigi Longo,
Márcio Alves, Roberto Debouch e Leila M. Machado
dos pela imponência arquitetônica de seus casarios espa- EDITORA: Renata Weber Neiva
lhados pelas ruas, que guardam tantas histórias. Deixou- REpORTAgEm: Andrea Silva Nilsson, Jean de Castro
e Nathália Weber
-nos maravilhados por suas belas e bem cuidadas igrejas AssIsTEnTE DE pRODUçãO: Evellyn Alves
COmERCIAL: Paulo Zuppa e Thabata Alves
com ares de catedrais, verdadeiros monumentos de fé que pRODUçãO gRáfICA: Purim Comunicação Visual
tornam uma visita de cunho espiritual em um grande tour (www.purimvisual.com.br)
pRODUçãO DIgITAL: OnePixel (www.onepixel.com.br)
por obras de arte com dimensões extraordinárias, saídas pRODUçãO AUDIOvIsUAL: Leo Longo
fOTOgRAfIAs: Marcio Masula, Beto Maitino e Thiago Andrade
das mãos de seus pintores e escultores inspirados pelas
fOTO CApA: André Prata
mãos dos anjos. O centro, com suas ruas estreitas e íngre- ImpREssãO: Gráfica Silvamarts
CIDADE & CULTURA é uma publicação anual da ABCD Cultural.
mes, dá a real dimensão da colina na qual os precursores Todos os artigos aqui publicados são de responsabilidade dos autores, não
representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados.
escolheram fazer dali seu lar. No topo, Bragança é um retra- Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas.
to da opulência dos áureos anos cafeeiros que deixa retra- PARA ANUNCIAR: (11) 3021-8810
tada essa herança em cada canto da cidade. CONHEÇA OS NOSSOS SITES
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Bragança Paulista 5
Linha do tempo
1763
1765 1767
O povoado Torna-se Distrito É elevada à
recebe o nome de Paz e Freguesia condição de vila e
de Conceição do de Conceição denominada Vila
Jaguari do Jaguari Nova Bragança
8 Cidade&Cultura
FOTOS AcervO JOSé rOberTO vAScOncellOS
Bragança Paulista 9
Histórico
desenvo
Acreditar, desbravar e
Assim como vários povoados começaram a sur- se formavam e a produção era boa e farta, mesmo
gir com a passagem dos bandeirantes, Bragança com os métodos rudimentares da época. E assim
Paulista tem seu território divulgado por eles. Be- se faz nascer uma cidade. No século XVIII, a Região
las paisagens, clima ameno, condição de solo rica Bragantina, formada pelos municípios de Águas de
e, principalmente, passagem para o interior. Com Lindóia, Amparo, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões,
o conhecimento das novas terras desbravadas, Bragança Paulista, Joanópolis, Lindóia, Monte Ale-
abriu-se um leque imensurável de produção e co- gre do Sul, Nazaré Paulista, Pedra Bela, Pinhalzi-
mércio para as vendas dos que por ali passavam nho, Piracaia, Serra Negra, Socorro, Vargem e Tuiuti,
em busca dos ouros de Minas Gerais. As fazendas com solo apropriado ao cultivo do café, começa a
10 Cidade&Cultura
lver Acervo estúdio cAsArão
à Nossa Senhora da Conceição. Alguns dizem que
esse feito seria uma promessa à Virgem que Dona
Ignácia da Silva Pimentel fez para curar seu mari-
do, o Sr. Antonio Pires Pimentel, de uma doença
grave. A verdade sobre as reais intenções da eleva-
ção da capela, nunca conseguiremos saber, mas o
fato é que em torno dela começou a se formar um
pequeno povoamento que, em 15 de dezembro de
1763, recebeu o nome de Conceição do Jaguary.
Dois anos depois, passou a ser denominado Dis-
se destacar no cenário brasileiro e, consequente- trito de Paz e Freguesia de Conceição do Jaguary.
mente, os que eram apenas fazendeiros que viviam Com desenvolvimento rápido, virou Paróquia e, em
quase para a subsistência, transformaram-se em 1767, foi elevada à condição de Vila, sob o nome
ricos cafeicultores, edificando fazendas com luxu- de Vila Nova Bragança. Ligada a Atibaia, porém com
osas sedes, muitos escravos, casas na Vila e toda todos os requisitos para ser uma cidade, em 1856,
a comodidade e modernidade que a época poderia emancipou-se e virou o município de nome Bragan-
fornecer. Mas, antes desse fausto progresso, te- ça. Somente 88 anos depois, o “Paulista” foi agre-
mos a família Pimentel que, à margem do Ribei- gado ao seu nome para diferenciar essa cidade de
rão Canivete, ergueu uma capela em homenagem Bragança, no Pará.
Bragança Paulista 11
Histórico
“Foi o Cap. José Candido Fur- Nasceu na região do Guatybaia, Freguesia de São João, pertencente
quim de Campos quem em janei- ao Bispado de São Paulo, em 1704, e Ignacia da Silva nasceu em
ro de 1875, trouxe para aqui o 1706, não se sabendo onde. No censo de 1767, consta que Antonio
primeiro prelo, fundando, em fe- Pires Pimentel, de 61 anos, e sua mulher Igça A. Silvayra (Ignacia da
vereiro desse mesmo ano, com Silva) de 44 anos, residiam no Jaguary Acima e tinham quatro filhos:
o nome de Século 19, o primeiro José (1749), Maria (1752), João (1759) e Francisco (1762). O bairro
jornal que teve Bragança e cujo Jaguary Acima, eram terras do sertão de Jaguary... em dias de hoje
formato era pouco menor que o região de Amparo, Jacutinga, Ouro Fino, Pouso Alegre, Paraisópolis,
da atual cidade. Desgostoso por Camanducaia, Joanópolis e Vargem. Antonio Pires Pimentel casado
causa de perseguições que lhe com Ignacia A. Silveyra faleceu em 17 de outubro de 1774, com a
moveram e guerra atroz que so- idade de 70 anos, pouco ou mais, na Freguesia de Conceição do Ja-
freu, três anos depois passou a guary, sendo sepultado no pátio da Igreja Matriz. Não há menção de
propriedade da tipografia a uma filhos deixados pelo falecido. (Do Livro de Assentamento de Óbitos
associação que logo começou a – Freguesia de Conceição do Jaguary). Ignacia da Silva, como consta
estampar um outro jornal intitu- no escritos antigos, é referida no registro de óbito de seu marido,
lado Guaripocaba. Quando ainda com o nome de Ignacia A. Silveyra. (Esse talvez seja seu nome
se publicava este jornal, o senhor correto). Quando da demolição da antiga Catedral – 1967 –, por
capitão Furquim de Campos fez ocasião dos serviços de terraplanagem foram encontradas, entre
aquisição de um outro prelo, co- fragmentos de taquara e terra, restos de ossada humana, atribuídos
meçando então a publicar outro na época como sendo de “índios”. Noticiaram os jornais locais que a
semanário com o nome de Laba- ossada encontrada fora entregue aos cuidados da Prefeitura Munici-
ro. Órgão sem cor política e ge- pal para o devido enterramento no Cemitério Municipal. Não houve
nuinamente popular. Mais tarde divulgação de a ossada ter sido necropsiada. Nos livros do Cemité-
este mesmo semanário passou rio da Saudade não há qualquer menção de sepultamento daquela
a denominar-se Bragancense e ossada. Não seriam os restos mortais de Antonio Pires Pimentel?
os exemplares de sua publica-
ção, que se fazia em dias inde-
terminados, eram distribuídos
gratuitamente. Além de aprendi-
zagem da arte tipográfica por ele
iniciada, o capitão Furquim de
Campos foi o fundador, em Bra-
gança, de uma escola noturna,
a primeira que ele teve, assim
como foi sócio fundador de uma
loja maçônica. Exerceu diversos
cargos de eleição popular e pelo
seu grande préstimo e austerida-
Acervo José roberto vAsconcellos
Lendas à parte, a verdadeira origem do café é ainda des- Francesa em 1720, contrabandeado pelo sargento-mor
conhecida. o que se tem certeza é que na Etiópia Central Francisco de Mello Palheta a mando do governador de
ainda brotam pés dessa planta nas encostas de suas Maranhão e Pará, João da Maia da Gama. De lá para cá,
montanhas. o cafeeiro ficou conhecido mesmo no século gradualmente o café foi substituindo a febre do ouro e
XV, quando este alcançou o Mar Vermelho e chegou à Ará- tornou-se o principal produto exportado pelo Brasil. Uma
bia. Um viajante romano, Pietro Della Valle, foi o primeiro curiosidade é que todos os pés de café que proliferaram
a detalhar a planta em correspondência ao amigo e médi- em nosso país são originários daquele de Amsterdã que
co Mario Schipano. o valor das descrições foi tão impor- é do tipo Coffea arabica. Depois chegaram o tipo Bourbon
tante que essas cartas estão guardadas na Biblioteca do Vermelho, o de Sumatra e outros. Com a prosperidade
Vaticano. os efeitos dessa bebida foram tão eficientes desse cultivo, os cafeicultores tornaram- -se politicamen-
que o café chegou a ser considerado tóxico e proibido, te muito influentes. Chamados de os Barões do Café,
pois se acreditava que poderia envenenar as mentes dos suas fazendas eram verdadeiras vilas, algumas contendo
fiéis. Foi do porto da cidade de Moka que os venezianos até moeda própria. Mas todo esse poder se vê à míngua
fizeram seus carregamentos de café para vendê-los na quando da crise de 1929, que derrubou o preço de nosso
Europa e, em 1616, clandestinamente, foi levado do Iê- produto a níveis muito inferiores aos custos para seu cul-
men um pé de café para o Jardim Botânico de Amsterdã. tivo. Em Bragança, o cultivo do café tomou conta de seu
Em mudas, o cafeeiro chegou à França como presente território com as fazendas: Pedra Chata, de Domingos
ao rei Luiz XIV. Pronto. Sementes e mais sementes, pés Leonardi; da Família Cometti; Santo Antonio, da família
e mais pés e assim as “cerejas” de Kaldi conquistaram Godoy Moreira; da Família Mazzuchelli; da Família Raposo
o mundo. No Brasil, foi graças à biopirataria que nosso de Medeiros; da Fazenda São Miguel, da Família Felisbino
ouro verde atravessou nossas fronteiras, vindo da Guiana da Silva, entre outras.
Bragança Paulista 13
Histórico
MARCIO MASULA
A educação sempre fez parte do desenvolvimento
de um povo e de um país. Sem ela, as consequên-
cias são a marginalização da população e a submis-
são ao poder. Bragança sempre levou isso a sério,
oportunizando aos seus cidadãos o melhor ensino.
Um desses ícones, que representa com magnitude
e excelência o aprendizado, é o Grupo Escolar Dr.
Jorge Tibiriçá. Berço de grandes nomes em nossa
política, foi fundado em 1897 com o nome de Gru-
po Escolar de Bragança, sob a direção do Profes-
sor Raphael de Moraes Lima. Em 1906, recebeu
o nome de Dr. Jorge Tibiriçá, que, no ano anterior,
como presidente do Estado, fizera uma visita ao
Grupo e, dadas as circunstâncias do prédio, incum-
biu o Sr. Cesário Motta a encontrar um lugar para a
construção de um novo edifício específico para fins
educacionais. A escolha recaiu em um terreno situ-
ado na R. Cel. Leme, no centro da cidade, e este foi
doado pela Câmara Municipal. Com uma população
espalhada pelos campos, pequenas escolas foram
erguidas sem condições corretas para as crianças.
E foi justamente o Grupo que acolheu todos os alu-
nos, impulsionando significativamente o ensino dos
munícipes. O prédio foi inicialmente tombado pelo
CONDEPHAC – Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Artístico e Cultural de Bragança Paulista
(Decreto Municipal nº 11.303, de 28/12/2000, e
anos após também pelo CONDEPHAAT) e recebe o
nome de EMEF Dr. Jorge Tibiriçá.
Onde: Rua Coronel Leme, s/n - Centro
Biotônico Fontoura
“Vamos reviver um bragantino que outrora escreveu vários livros os quais foram autênticos marcos
na evolução industrial farmacêutica. Estou falando do bragantino Cândido Fontoura, cientista, laureado
pela Academia Nacional de Medicina e técnico de uma das mais importantes indústrias farmacêuticas
de nosso país. Fontoura também era escritor brilhante, que há muitos anos trabalhou pela melhoria
das condições econômicas e sociais do farmacêutico, com obras divulgadas e aplaudidas em todas as
Américas. Palavras de Fontoura: ‘Eu nunca prestei serviços a Bragança; ao contrário, Bragança é que
me prestou o grande serviço de me aturar durante dez anos em que lá exerci minha profissão em uma
pequena farmácia com uma atroz dispepsia nervosa. Mas foi de lá que eu trouxe para São Paulo os
fundamentos da minha carreira, o Biotônico, o estudo, a saúde pública e as farmácias. E um laboratório
de análises clínicas do qual se originou o Instituto Medicamenta’.”
Fonte: Passando pelo Passado, José Roberto Leme de Oliveira – “Betinho”.
14 Cidade&Cultura
Histórico
MARCIO MASULA
Matadouro
Na primeira metade do século 19, na vargem do La-
vapés, pouco aquém do açude, chamado Tanque do Moi-
nho, existiu uma velha casa que servia de matadouro.
Era um casebre impróprio para a matança de reses. A
Assembleia Legislativa da Província de São Paulo autori-
zou a Câmara Municipal de Bragança a vender em hasta
pública a casa que servia de matadouro, aplicando o re- melhoramentos necessários ao seu perfeito funcio-
sultado da venda na construção de um novo prédio. namento e também ao seu embelezamento. Ins-
Atendendo à necessidade desse serviço, a Câmara talam-se mangueiros para suínos, duas caldeiras
Municipal mandou construir o prédio para o matadouro, (uma para aquecer água e outra para receber essa
na vargem do ribeirão Lavapés, em um grande descam- água quente), um guindaste de levantamento de
pado existente ao final da rua do mesmo nome: Rua pesos e poços de pelação de suínos abatidos para
do Matadouro (atual Rua Dr. Freitas). A construção foi o consumo público.
supervisionada pelo mestre de obras Raffaelle Fiorillo, No Relatório Geral da Prefeitura Municipal, do prefeito
e o Matadouro Municipal, depois de concluído, foi inau- Raul de Aguiar Leme, em novembro de 1933, consta a
gurado em 19 de outubro de 1898. seguinte informação: ‘construiu-se no local onde existiu
O Decreto Municipal nº 4 de 15.12.1898 regulamen- o antigo matadouro, uma casa para o Administrador e
tou o funcionamento e uso do Matadouro Municipal, aproveitou-se, na construção, parte do material antigo...’
que tinha como administrador o capitão José Nóbrega (hoje é a casa de n.º 835 da Rua Dr. Freitas).
e um único magarefe (matador e esfolador de reses), Na grande esplanada em frente ao Matadouro Mu-
Raphaelle Scalioni. Nessa época os animais eram aba- nicipal, a projetada Praça do Matadouro torna-se rea-
tidos de forma primitiva e cruel. lidade no início da década de 30 do século passado.
Em 1924, o prefeito Dr. Valêncio do Prado, em ter- Em área de 30 mil m², o prefeito Raul de Aguiar Leme
reno localizado junto à margem direita do Ribeirão do faz surgir uma grande praça ajardinada, com galerias
Lavapés, aos fundos de uma grande esplanada próxi- fluviais e ruas cascalhadas. Os terrenos laterais à
ma ao prédio que até então servia como matadouro grande praça foram divididos em 32 lotes que foram
e para atender às exigências sanitárias em vigor na vendidos para a construção de casas.
época, iniciou a construção de um moderno e novo O Matadouro, marco que deu origem ao nome do
Matadouro Municipal tornando-o vasto e espaçoso bairro do mesmo nome, funcionou regularmente até
para as suas atividades. A população vê o original a última década de 60, quando teve suas atividades
estilo arquitetônico do prédio, resultando um visual definitivamente encerradas. Por vários anos o prédio
bastante difundido no ecletismo entre os projetos ficou em total abandono e a mercê do tempo. A partir
institucionais da época. Na fachada, sobre o portão de 1972 passou a ser utilizado como sede de agre-
principal, gravou-se “1924”, envolto por um adorno, miações recreativas, o que propiciou o seu não desa-
como lembrança do ano de sua construção, e aos parecimento total da paisagem urbanística do tradicio-
fundos, sobre outro portão, gravou-se como símbo- nal bairro. Entretanto, nada impediu que seu aspecto
lo do matadouro bragantino a figura Cabeça de Boi passasse por uma descaracterização.
envolto por um atavio estilizado. Em 25 de abril de Integra o patrimônio ambiental urbano da nossa ci-
1925, era festivamente inaugurado o novo Matadou- dade o prédio do Matadouro Municipal, exemplar rema-
ro Municipal, quando se procedeu à benção do prédio nescente do período econômico da criação de suínos,
pelo Padre Luiz Gonzaga dos Santos Pereira, Vigário- com planta e tipologia arquitetônica da época.
Fonte: José Roberto Vasconcellos.
-Coadjutor de Bragança.
Durante o triênio de 1926 – 1928, no Matadouro Atualmente tombado pelo CONDEPHAC, é um
Municipal são introduzidos pela Prefeitura diversos Polo Cultural.
16 Cidade&Cultura
Histórico
Irmandade do
Senhor Bom
Jesus dos Passos
da Santa Casa de
MARCIO MASULA
Misericórdia de
Bragança Paulista
A Santa Casa de Bragança Paulista teve início com a fun- da Santa Casa de Bragança foi inaugurado em 8 de dezem-
dação da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, em bro de 1877, em prédio alugado, à Rua Lavapés, atual Rua
31 de agosto de 1874, com o objetivo de servir a Deus pela Barão de Juqueri. Frente à crescente necessidade de mais
observância do culto à religião Católica Apostólica Romana espaço, em 1896, iniciou-se a construção de instalações
e o exercício das obras de misericórdia; e, como princípio, apropriadas. A obra foi inaugurada em 1900, depois de mui-
manter hospital de caridade e promover a devoção ao culto to trabalho, embora a parte da frente já estivesse sendo
do seu excelso padroeiro o Senhor Bom Jesus dos Passos, usada desde 1898. Graças aos esforços de seus adminis-
compromisso aprovado por Dom Lino D. Rodrigues de Car- tradores, a Santa Casa expandiu-se, construindo alguns pa-
valho, Bispo de São Paulo. Foram seus fundadores o padre vilhões. Em 21 de agosto de 1905, chegaram a Bragança
Simplício Bueno de Siqueira, o Coronel Luiz Manoel da Silva as Irmãzinhas da Imaculada Conceição e ali permaneceram
Leme, o Capitão Francisco de Assis Valle, e os ilustres Srs. até 1974. Amabile Lucia Visintainer, em religião Madre Pau-
José Gomes da Rocha Leal, José Guilherme Cristiano, José lina do Coração Agonizante de Jesus, viveu de 1909 a 1918
Narciso Pinto, Joaquim Lopes Maciel, entre outros. Desde o em Bragança Paulista, na congregação por ela fundada. Se-
século 13, diversas Casas de Misericórdia foram fundadas gundo o padre Luigi Maria Rossi, pároco de Nova Trento-SC
na Europa e, inclusive em Portugal. O exemplo português e conselheiro de Madre Paulina, foram nove anos de prova,
foi seguido logo no início da colonização com a fundação considerados “uma clara permissão de Deus para que Ma-
da primeira Irmandade brasileira, em 2 de julho de 1543, dre Paulina se tornasse vítima de amor e de reparação”.
na atual Santos, então capitania de São Vicente. O hospital Fonte: Arquivos Santa Casa de Bragança Paulista
18 Cidade&Cultura
Asilo São Vicente de Paulo atravessava uma fase difícil. As instalações da casa,
de caridade que nunca foram boas, achavam-se em si-
tuação lamentável. Não somente eram pequenas para
Por José Roberto Vasconcellos abrigar a velhice desamparada que nada procurava,
De outubro de 1909 a junho de 1952, o Asilo fun- quanto menos, teto seguro e pão sóbrio. Mas pior do
cionou em um modesto casarão que pertenceu ao que isso os pavilhões achavam-se em péssimo esta-
Cel. Olegário Ernesto da Silva Leme, antiga sede de do de conservação. Janelas havia, algumas sem vene-
uma chácara que existia na colina considerada o pon- zianas e até sem vidraças, que, nos dias chuvosos e
to mais alto da cidade, nas proximidades do jardim frios, as folhas eram fechadas de todo, encarcerando
público. O prédio e a chácara foram adquiridos em seus moradores em ambiente sem ar, nem luz. As ins-
1909 pelo presidente do Centro Católico, Cel. Afon- talações sanitárias eram em número insuficiente, ve-
so Olegário Ferreira Pinto pela quantia de 9 contos lhas e desmanteladas. Tudo era um estado de causar
de réis, valor que foi arrecadado entre aquele pre- lástima! As desoladas irmãzinhas de Caridade, sem
sidente e as Sras. Carolina Eufrásia de Moraes, Ana meios, nada podiam fazer para suavizar a situação em
de Moura Cintra e Maria da Glória Leme Oliveira. Es- que se encontravam os ‘vovôs’ indigentes ali asilados”
critos da época registram que na fachada do prédio (Folha da Manhã, 8/2/1946). Naquele ano de 1946,
lia-se: Asylo de Mendicidade do Centro Catholico de Zeferino Vasconcellos Filho, visitando o Asilo, como fa-
Bragança. Foi do “Centro Católico de Bragança” que zia semanalmente, ouviu da Madre isabel, superiora
partiram a ideia e a ação que se traduziu na realidade da Casa desde 1910 (casa onde Madre Paulina do
da aquisição do imóvel e a criação do Asilo de Mendi- Coração Agonizante de Jesus [Mãe - Madre Fundadora
cidade. O Centro Católico, importante sociedade de da Congregação] – hoje Santa Madre Paulina - traba-
ação católico-social em nossa cidade, foi idealizado lhou como súdita), o seguinte lamento: “Por que não
pelos Zeladores do Apostolado da Oração do Sagra- se interessam tanto pelo Asilo de Mendicidade como
do Coração, em 1902. Em 1904, dá-se a sua funda- por outras instituições de caridade de Bragança? Não
ção, que congregava os católicos e tinha por especial poderiam os jornais fazer alguma coisa em nosso be-
objeto promover a união, o congraçamento de todos, nefício, divulgando a nossa situação e abrindo uma
a começar pela mocidade. Seus propósitos eram: a campanha em nosso favor?” Zeferino, após ouvir tudo
formação de uma biblioteca, de um jornal católico, de de Madre isabel e profundo conhecedor da situação
uma escola noturna para operários, conferências ou daquela casa, trabalhando na imprensa, publicou a
palestras de formação sobre assuntos religiosos e matéria cujo trecho acima relato. Que através de jor-
uma “Scola Cantorum”. Conforme o segundo livro nal da Capital abriu uma campanha em favor de um
de Tombo da Paróquia de Nossa Senhora da Concei- novo asilo. Conclamou as pessoas generosas, que
ção de Bragança, que traz registros relativos a dados tomassem a peito aquela campanha, pois o Centro
e acontecimentos na paróquia entre 1844-1912, o Católico de Bragança, que em outros tempos zelava
vigário Cônego Luiz Sangirardi (1906-1910), sobre a pela manutenção do Asilo, estava inoperante.
fundação do Asilo, detalha a compra do prédio e da A quermesse pró-construção do novo Asilo foi inau-
chácara: “Asilo de Mendicidade - Um dos artigos dos gurada em 1947, formada por três barracas, e foi o
Estatutos do Centro Catholico desta cidade é o da embrião das centenas realizadas pró-Asilo. Em sole-
fundação de um Asilo para pobres inválidos... A sua nidade realizada em 11 de setembro de 1949, Dom
inauguração effetuou-se aos 3 de outubro de 1909, José Maurício da Rocha, bispo diocesano, procedeu
as cinco horas da tarde com grande concorrencia”. à bênção e ao lançamento da pedra fundamental do
Passados os anos, o que era bom ficou deveras pre- novo prédio do Asilo. O novo prédio do Asilo de Mendi-
judicado por falta de recursos e o caso foi noticiado: cidade São Vicente de Paulo foi festivamente inaugu-
“No início do ano de 1946, já com a denominação rado em 15 de junho de 1952 e, em 1967, construía-
atual, o Asilo de Mendicidade São Vicente de Paulo se o segundo pavilhão com dois pavimentos.
Bragança Paulista 19
Histórico
A “Água da Biquinha”
Infelizmente algumas foram extintas nas últimas
décadas. Ficavam nos mais modestos recantos
da cidade. A mais antiga e tradicional, chamada
Por José Roberto Vasconcellos
“Chafariz Vermelho”, - situava-se na baixada da
A água das biquinhas constituiu-se num dos Travessa do Riachuelo, aquém do pontilhão da
mais preciosos patrimônios da cidade. Já era linha de trem que ali existiu. Foi soterrada na
antiga, por certo, quando aqui chegaram metade dos anos 50, quando do calçamento
os construtores desta civilização. Viu da então avenida Circular (hoje avenida José
a cidade nascer, crescer e so- Gomes da Rocha Leal). Outra “biquinha” sur-
nhar. Sua história é a própria his- giu na parte baixa da Rua da Liberdade, vinda
tória da cidade. Tornou-se uma da “nascente” encontrada quando da forma-
lenda. Diz a tradição: “quem bebe ção do loteamento Jardim Primavera (era a
d’ água dessas fontes não vai mais fonte mais bem cuidada e bonita); uma outra
embora”. Essas fontes, há dois sé- no final da rua José Domingues e outra no
culos acompanham final da av. Antônio Pires Pimentel (ambas no
a vida da cidade. bairro do Taboão e, curiosamente, dentro de
postos de gasolina); outra à beira da Variante
do Taboão, defronte ao Lago e outra no início
da av. Euzébio Savaio (no Lavapés). Essas
foram as mais famosas e conhecidas, que por
vezes incontáveis socorriam a população nas
constantes falta de água encanada. Os me-
lhores bares da cidade anunciavam “café feito
com água da fonte”.
ILUSTRAÇão ShUTTeRSTock
Mercado Municipal
Ponto histórico de Bragança Paulista, esta construção data de
1887 e funciona também como um atrativo turístico e artísti-
co. Além dos produtos típicos de um mercado, o visitante pode
assistir a espetáculos e música ao vivo em dias marcados.
MARcIo MASULA
20 Cidade&Cultura
Histórico Antiga Cia. Têxtil
Santa Basilissa
ACeRvO eSTúdiO CASARãO
Trecho
da Rua
Coronel
Rua Coronel Teófilo
João Leme Leme
Símbolo do Matadouro
Largo Municipal
Matadouro e Centro Telefônico
Rua Coronel
Rua Coronel Osório Teófilo Leme
22 Cidade&Cultura
Histórico
Combatentes da Revolução
Constitucionalista de 1932
Cozinha típica do
início do século XX
24 Cidade&Cultura
Maleta de
oftalmologista
itinerante
Liteira
FOTOS DIVULGAÇÃO E MArcIO MASULA
Bragança Paulista 25
Histórico
Modelo Sesa:
aparelho brasileiro
da década de Telegrapho policial
1970 com sistema
automático de disco “Na virada do século 19 para o
século 20, as ruas paulistanas
ganharam aparelhos, chama-
dos de “telegraphos policiais”.
Eram armas da população con-
“Com inigualável brilhantismo, comutador central typo, do fabri- tra a criminalidade: por meio
na noite de 02 de março de 1908, cante Kellog, com capacidade para deles, era possível contatar,
inaugurou-se o novo edifício para 200 circuitos metálicos, ligado por diretamente, os departamen-
instalação da sede da CRTB, Com- um cabo de 400 fios a um moder- tos encarregados da Segu-
panhia Rede Telephonica Braganti- no para-raio munido de fusíveis rança Pública de São Paulo.
na. A planta do edifício foi levanta- caloríficos, instalado numa cabina Graças a um sistema de ala-
da pelo arquiteto Sr. Henrique Mon- dentro da torre de ferro para onde vanca e seta, o contato era
delli, que também dirigiu o serviço convergiam os fios da rede telefô- transmitido imediatamente,
do cimento armado, o primeiro feito nica geral. A referida torre tinha a em código Morse. Um verda-
em Bragança. O edifício construído capacidade para mais 400 linhas, deiro disque 190 das antigas.
é de pedra, tijolo e coberto de ci- media 4 metros de altura por 2 ½ Aos comerciantes donos de
mento armado, tendo de madeira, de largura e estava situada a 16 estabelecimentos próximos
apenas as portas e os caixilhos. metros do solo. a esses aparelhos eram con-
No pavimento térreo, funcionavam: Junto à torre, no último pavimen- fiadas chaves, para o caso
na entrada, a sala de espera e as to, estava construído um aprazível de necessidade. O serviço foi
cabinas para as conversações e terraço, donde se avistava toda a desativado em 1935, com a
em seguida, o escritório, o gabi- parte central da cidade. Sim, com chegada das radiopatrulhas.
nete e dormitório do chefe da es- certeza, muita coisa mudou. Já em Mas sua memória está regis-
tação, a oficina e o depósito em 1940 a torre localizada no segun- trada em um dos cinco livros
seus respectivos compartimentos. do andar não fazia mais parte do Fotografia e Telefonia, da Fun-
No primeiro andar residia com a fa- prédio, e em 1976 uma série de dação Telefônica.”
mília o gerente da empresa. No se- modificações e reformas foram fei- Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
gundo andar estava instalado um tas, principalmente no térreo que
26 Cidade&Cultura
abrigava o (PS) Posto de Serviço.
Com a inauguração do Museu do Te- Alexander Graham Bell
lefone em 28 de outubro de 1976,
nasceu em Edimburgo, na Escócia no dia 3 de março de 1847. Sua fa-
o prédio passou por alterações e fo-
mília tinha tradição na correção da fala e no treinamento de portadores
ram instalados cabines e suportes
de deficiência auditiva. O avô, Alexander Bell, ex-sapateiro, era profes-
para telefones públicos em estilo
sor de elocução e foniatria no teatro. Sua mãe, Elize Grace Symonds,
“colonial” (pensando no início do
havia ficado surda muito jovem. O pai, Alexander Melville Bell, instrutor
século). Foi uma forma de manter o
de surdos-mudos e especialista em problemas auditivos, queria criar o
“ar histórico” e de época do prédio,
que chamava de “fala visível”. Aos 14 anos, Alexander Graham Bell e
unindo o Museu e o PS nessa mes-
seus irmãos construíram uma reprodução do aparelho fonador. numa
ma tentativa. Entre 1991 e 1992,
caveira montaram um tubo, com “cordas vocálicas, palato, língua, den-
o Museu do Telefone de Bragança
tes e lábios”. Com um fole, sopravam a traqueia e a caveira balbuciava
passou por uma reforma. O piso foi
“mama”, imitando uma criança. Aos 29 anos, tinha finalmente inven-
restaurado, janelas foram abertas...
tado o primeiro telefone (reversível de mão) e a patente ocorreu no dia
Em catorze de junho de 2005 a Te- 14 de fevereiro de 1876. Quando morreu, em sua casa de Baddeck,
lefônica passou o prédio do Museu no Canadá (na condição de cidadão dos Estados Unidos), no dia 2 de
em comodato para a Prefeitura Mu- agosto de 1822, com diabete, todos os telefones dos Estados Unidos,
nicipal de Bragança Paulista e a Fun- em sinal de luto, foram silenciados por um minuto numa última home-
dação Telefônica doou todo o acervo nagem ao homem que havia dado ao mundo um dos mais eficientes
para o município.” meios de comunicação.
Fonte: Museu do Telefone de Bragança Paulista Fonte: Museu do Telefone de Bragança Paulista
Onde: Praça José Bonifácio - Centro
Um dos primeiros
aparelhos feitos por
Graham Bell, usado para
ouvir e falar no mesmo
fone, em 1877
Fachada do
Museu do Telefone
de Bragança Paulista
A famosa
telefonista
Um dos primeiros
modelos a unir o
transmissor e o receptor
Castiçal de mesa:
em uma só peça
magneto da década
de 1920 de fabricação
norte-americana
Bragança Paulista 27
Religiosidade
Fachada da Igreja
Santa Terezinha
FOTOS MarCIO MaSula
Nossa Senhora
da Imaculada
Conceição
A fé expressa na magnitude e
no esplendor de seus templos
Cidade das Sete Colinas – Cidade-Poesia
Por José Roberto Vasconcellos ladeada pela colina da Igreja de N. Sra. Aparecida (na
Vila Aparecida) a de N. Sra. da Conceição (Catedral
Bragança situa-se entre sete colinas, sombreando Diocesana) e a de N. Sra. do Rosário; Santa Luzia
os vales e valorizando a expressão “Cidade Poesia”. (no bairro Santa Luzia) em cima da sexta colina, e por
Em cada colina ergue-se uma igreja ou uma capela: fim a sétima colina, onde fica a octogenária Capela de
Nossa Senhora da Esperança (no Parque do Estado); São José, no bairro do Taboão.
São Francisco de Assis (no bairro Vila Santa Libânia) Aí está Bragança Paulista, ajoelhada nas Sete Colinas
e Coração Imaculado de Maria (na Vila Maria); San- das Nove Igrejas que lhe encimam os picos, testemunho
ta Terezinha (no bairro Matadouro; na colina principal de que a cidade nasceu à luz da fé católica de seu povo.
28 Cidade&Cultura
AnDré PrAtA
Paróquia de Nossa Senhora da Conceição
Por José Roberto Vasconcellos
A primeira atividade paroquial ocorreu em 17 de fevereiro de 1765,
data reconhecida como o Dia da Instalação da Freguesia de Nossa Se-
nhora da Conceição de Jaguary. Naquele dia, o vigário Pe. Hyeronimo
de Camargo Bueno batizou Maria, filha de João Pais Domingues e de Le-
onor Pedroza. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, entronizada
por d. Ignácia na capela primitiva, esteve em trono próprio na Matriz até
o final do ano de 1899. Em 1900, no paroquiato do Cônego Francisco
Claro de Assis, foi entronizada a imagem atual, ofertada pela paroquiana
d. Libânia Cintra Valle. A imagem primitiva – relíquia preciosa do século
18 – por estima e apreço –, é guardada na Casa da Diocese. A primeira
capela, construída em 1763, provavelmente foi ampliada quando eleva-
da a Matriz da nova freguesia (se é que não foi demolida) e no local foi Obras de arte sacra
construído um novo templo, mais amplo. Estas são meras hipóteses, na Catedral Nossa
pois, até o ano de 1837, nenhuma crônica faz referência ao templo. No Senhora da Conceição
ano de 1837, a Matriz se achava em obras e até 1911 passou por diversas – Bragança Paulista
reformas. Em meados do século 19, a Matriz apresentava uma arquitetura
colonial brasileira, tendo à sua direita uma torre-campanário, construída Por José Roberto Vasconcellos
em 1858. Em 19 de março de 1915, tinha início a última reforma da velha A atual Catedral Nossa Senho-
Matriz. A torre-campanário e a fachada foram demolidas, surgindo uma ra da Conceição é o quinto prédio
nova fachada, e no centro, uma torre-campanário de 75 metros, apoiada (templo) erigido no local onde sur-
em quatro colunas de granito, encimada pela estátua da Padroeira da cida- giu a primeira capelinha construí-
de. A reconstrução da igreja ficou concluída em 1927, quando a Matriz de da em 1763 pelo casal Antonio
Bragança fora elevada a Catedral. Naquele ano, instalou-se a Diocese de Pires Pimentel e Ignacia da Silva,
Bragança do Brasil, criada em 1924 pelo Papa Pio XI. A ameaça de ruína foi em que se entronizou a imagem
causada por ação da natureza quando, em 1960, um raio atingiu o lado de Nossa Senhora da Conceição.
direito da torre abrindo uma fenda do alto até o chão e em direção à ala O prédio da nova catedral é obra
do Batistério, pondo em perigo a solidez do prédio. Na manhã ensolara- do arquiteto Antônio Carlos Farias
da de 28 de janeiro de 1965, precisamente às 9 horas, os três sinos da Pedrosa, natural de Pindamonhan-
igreja tangeram pela última vez, anunciando aos bragantinos que a partir gaba-SP. É uma construção, em
daquele instante se iniciava a demolição da Catedral. Demolida a tradicio- estilo barroco moderno, de linhas
nal Matriz-Catedral, único monumento histórico existente – que era que- curvas, todo em cor branca, com
rido de todas as gerações –, em julho de 1966 teve início a campanha a cobertura marcante em concre-
dos bragantinos para levantar a Nova Catedral de Bragança Paulista. Em to aparente, de arquitetura arro-
toda a sua trajetória histórica, nunca viu um movimento tão grande para a jada e moderna, aos moldes do
rápida construção da nova Catedral: campanha do cimento para o Trono de grande arquiteto franco-suíço
Nossa Senhora, campanha do cimento domiciliar pró-cobertura, campanha Le Corbusier (Charles-Édouard
do piso, dos bancos, para a pintura das paredes e muitas outras. Jeanneret-Gris), um dos mais
importantes arquitetos do século
XX, reconhecido como “o pai da
Matriz c.1844-1850 arquitetura moderna”. O prédio
Constr da 1ª torre, de nossa Catedral foi concebido
campanário Lado D
segundo suas teorias. A constru-
ção esteve a cargo do mestre de
obras Vicente Gregório.
ACervo José roberto
vAsConCeLLos
Bragança Paulista 29
Religiosidade
A Cruz perdida
Por José Roberto Vasconcellos
A cruz de granito é obra de um negro escravo que a ofertou à Matriz
de Bragança entre os anos de 1837 e 1881 (não existe comprovação
oficial da data). O escravo era serviçal do Cel. Luiz Leme, que não
Quarto
da Santa Madre Paulina
Madre Natural de Vigolo Vattaro, cidade pertencente à Áustria e atualmente à Itália,
Paulina
em 1865, com o nome de Amabile Lucia Visintainer, filha de Napoleone Visin-
tainer e Anna Pianezzer, cresceu em um ambiente de pobreza. Com 10 anos de
idade, veio com sua família para o Brasil e instalou-se em Santa Catarina, onde
atuou ativamente catequizando as crianças nas capelas de Nova Trento e ou-
tras cidades catarinenses, quando sua mãe morreu, em 1887. Paulina, em seu
árduo trabalho, montou um grupo de mulheres para a tarefa da catequização e,
com a autorização de D. José de Camargo Barros, Bispo de Curitiba, esse grupo recebeu o nome de Congrega-
ção Filhas da Imaculada Conceição, no ano de 1890, data esta marcada como fundação das obras
de Madre Paulina e também dos seus votos religiosos, quando recebeu o nome Irmã Paulina
do Coração Agonizante de Jesus. A partir desse ponto, as irmãs que ajudavam Madre
Paulina passaram também a receber em suas precárias instalações pessoas doentes e
órfãos e, para conseguirem recursos, trabalhavam na roça e na indústria da seda. Em
1903, mudou-se para São Paulo e começou o trabalho da Sagrada Família em uma
capela do bairro Ipiranga, abrigando filhos de ex-escravos, órfãos e idosos. Chegou a
Bragança Paulista no ano de 1909, fundando a Congregação das Irmãzinhas da Ima-
culada Conceição, onde viveu até 1918, levando amor, consolo e a palavra de Cristo
aos necessitados. Depois, mudou-se para São Paulo e levou uma vida reservada.
Morreu com diabetes e cega, em 9 de julho de 1942. O Papa João Paulo II canonizou-a
em 2002, sob o nome de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, considerada
a primeira Santa brasileira.
30 Cidade&Cultura
Religiosidade
32 Cidade&Cultura
Altar-mor da
Capela da Santa
Casa de
Misericórdia
Bragança Paulista 33
Religiosidade
Sino da
Sinos Antiga Catedral
Cripta da
Catedral
Acervo da Paróquia
Nesse acervo existem diversos quadros a óleo sobre tela e que foram
ofertados nos últimos 116 anos:
• Aparição do Sagrado Coração de Jesus a Bv. Margarida Maria de Alacoque,
pintado em 1897 por Guido Ducci e ofertado pelo autor;
•Batismo de Jesus, pintado por Guido Ducci (1897), e por ele doado;
•Matriz de Bragança, pintado por Luiz Gualberto (1922);
•Cena da Descida da Cruz (Enterro de Jesus), pintado por Gino Bruno (1923). Esse quadro, medindo 2,35 m
x 1,90 m, é fiel reprodução do célebre quadro do pintor belga Antoon van Dick e foi ofertado em 1924, pelo dr.
Asprino Júnior, promotor de justiça;
•Procissão da Sagração Episcopal de Dom José Maurício da Rocha (cena de 4/2/1925), pintado por Salvador
Ligabue (1945) e doado à Paróquia;
•35 telas a óleo reproduzindo as padroeiras dos países do continente americano, pintadas e ofertas por seus
autores (pintores bragantinos) no paroquiato do Mons. Giovanni Barrese. As telas mostram Nossa Senhora sob
diversas denominações;
•O quadro representando o “Enterro de Jesus” pode ser visto na Capela da Cripta. Os das padroeiras dos pa-
íses das Américas (do Norte, Central e do Sul) estão em diversas salas no subsolo da Catedral e os demais
estão sob guarda na Casa da Diocese (anteriormente chamada Palácio Episcopal São José).
Data de início das obras da Nova Catedral: 5/2/1965.
Data da consagração da Nova Catedral: 8/12/1977, em cerimônia presidida por Dom Carmine Rocco,
Núncio Apostólico.
34 Cidade&Cultura
Religiosidade
MarcIo MaSula
Decoração
Altar-mor da
Catedral Nossa
Senhora da Conceição
Presbitério – é forrado todo em cobre, com estampas
de seres viventes dos três reinos: animal, vegetal e mi-
neral, representados pelas figuras bíblicas da pomba, à porta de botequim. Para os católicos tradicionalistas
da rosa e do peixe. Autor da obra: João Fort. de Bragança, foi demais. A inventiva do pintor – mestre
Justino de Redenção – colocou o Cristo no pretório de
Imagens Pilatos, não com figuras clássicas de soldados roma-
Cristo Crucificado – Imagem talhada em mogno escu- nos, mais dois PMs, dando assim o toque de atualida-
ro, datada de 1/11/1974 obra de Roncon, escultor de à imagem do prisioneiro indefeso. Os painéis elabo-
taubateano e doada pelas paroquianas do Clube das rados no auge da ditadura militar caracterizam-se pelas
Abelhinhas; iniciativa de d. Alzira Ferreira Quilicci. Com pinceladas longas do artista, que retrata nos carrascos
a benção de Dom José Lafaiete Ferreira Alvares, Bis- de Jesus Cristo a truculência da época em que vivia
po Diocesano, a imponente imagem foi colocada na o nosso País. Esses murais são de muita beleza, em
grande cruz de cimento, especialmente construída e cenas pintadas com cores vivas uma ao lado da outra e
existente no presbitério. Há dois anos a imagem foi totalmente compatíveis com a arquitetura da Catedral.
retirada do local e substituída pela do Cristo Crucifi- Para a cena de Verônica enxugando o rosto de Jesus, a
cado que pertenceu à antiga Catedral (essa imagem paroquiana Glória Cresci serviu de molde para o artis-
com a imagem de N. Sra. das Dores formavam, na ta. Os murais existentes em nossa Catedral são muito
gruta da Paixão, a cena do Calvário e ficava sobre o valiosos, do ponto de vista artístico. Sebastião Justino
túmulo com a imagem do Cristo Morto). Atualmente, de Faria é muito conhecido no mundo das artes. Seu
a imagem talhada em mogno, tendo a madeira toda nome e obras estão divulgados no Suu Art Magazine
ressecada, apresenta algumas rachaduras. Está em Catálogo Internacional de Artes, nº 22, edição 2010.
sala junto à cripta, aguardando restauro. Vitral da Capela do Santíssimo – Obra do prof. Cláudio
Nossa Senhora da Conceição do Jaguary – Padroeira Pastro, artista plástico brasileiro formado em Liturgia
de Bragança. Imagem datada de 1898, talhada em e renomado em Artes Sacras. O vitral tem as dimen-
madeira por Marino de Marino. Imagem doada pela sões 4,80 x 4,80 cm. Nas laterais temos dois anjos
paroquiana Libânia Cintra no paroquiato do Pe. Fran- flamejantes que simbolizam a santidade do lugar. As
cisco Claro de Assis, foi entronizada na Matriz quando figuras são inspiradas nos anjos que guardam as por-
da virada do século XIX para o século XX. tas do Paraíso. Outras figuras existem. No alto há a ins-
São José – Padroeiro da Igreja: Imagem datada de crição Santo! Santo! Santo! Lembra, do mesmo modo
1914. é do paroquiato do Côn. José Carlos de Aguirre. que os anjos, a santidade de Deus e da sua presença.
Senhor dos Passos, Nossa Senhora das Dores e Nosso Prof. Cláudio Pastro é o responsável pelas pinturas do
Senhor Morto – Imagens esculpidas pelo mestre prof. Santuário Nacional de N. Sra. Aparecida, em Aparecida-
José Fernando Caldas, vieram de Portugal (1918) e fo- SP e é considerado o Michelangelo brasileiro.
ram encomendadas por Antonio Lopes Cardoso, Prove- Sacrário da Capela do Santíssimo – Artística peça, em
dor da Irmandade do Santíssimo Sacramento. A imagem metal dourado. Foi doado na década de 1970 pelo
de Nosso Senhor Morto está na capela da Cripta. Movimento de Cursilho de Cristandade.
Via Sacra – Mural de 180 m2, constituído de quinze (15) Cruz no topo da Torre – Feita de ferro, mede 4,85 m
afrescos representando cenas da Paixão de Cristo e pin- por 2,50 m com braços iluminados por lâmpadas fluo-
tado por Sebastião Justino de Faria, artisticamente cha- rescente na cor verde. Sinal luminoso a testemunhar
mado Mestre Justino da Redenção. A obra, pintada em a fé que anima os bragantinos.
1968, no período da ditadura militar, é polêmica, pois os Campanário - De formato triangular, contém no seu
personagens da via sacra são tipicamente brasileiros, patamar três janelas que culminam na torre de 75
em vez de soldados romanos: policiais militares, paisa- m, onde estão instalados três sinos. O acesso ao
gens que lembram as montanhas ao redor de Bragança campanário é por uma estreita escada em caracol
Paulista, casas em estilo colonial e cavalos amarrados com uma centena de degraus.
36 Cidade&Cultura
Estrada de Ferro Bragantina
Locomotiva
Acervo José roberto vAsconceLLos
38 Cidade&Cultura
Exposta na cidade,
guardiã de um
tempo promissor
Bragança Paulista 39
Revolução Constitucionalista de 1932
FOTOS DIVULGAÇÃO
“Foi uma daquelas causas pelas quais os homens
podem viver com dignidade e morrer com grandeza”
Juscelino Kubitschek
Com a perda do poder paulista tamento com a situação. Um grupo movimento tomou força, porém, por
no Governo Federal, a subida de de manifestantes tentou invadir a uma série de intempéries políticas,
Getúlio Vargas ao poder, a detur- Liga Revolucionária, que era uma esses três, que seriam os maiores
pação da Constituição Brasileira força paramilitar de Getúlio, quando aliados de São Paulo, interrompe-
de 1881, a implantação de uma quatro estudantes foram mortos: ram o apoio e isso fez com que os
ditadura e a imposição de um in- Martins, Miragaia, Dráusio e Camar- paulistas perdessem.
terventor getulista no governo do go – MMDC . Esse trágico aconteci- Apesar da derrota, o que se viu
Estado fizeram com que as elites mento foi o estopim para a revolução foram resultados favoráveis aos
cafeeiras e a população em geral começar. Em 9 de julho, o Estado de constitucionalistas.
abraçassem a causa separatista. São Paulo partiu contra as tropas Bragança Paulista fez parte
Em 1932, o povo foi às ruas em federais. No Rio Grande do Sul, no efetiva da defesa do território
um manifesto claro de desconten- Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o do Estado de São Paulo, no arco
40 Cidade&Cultura
Monumento
da Praça
9 de Julho
NATáLIA PeLLIccIArO
batizado de Frente Mineira na de-
fesa, formado pelas cidades de
Bragança Paulista, Campinas,
Artefatos utilizados
Ribeirão Preto e São José do Rio pelos paulistas contra
Preto. Uma enorme extensão os federalistas
de terra para repelir o inimigo.
Grande parte do contingente re-
volucionário organizou suas tro-
pas em Bragança. Porém, em 26
de agosto, foram obrigados a se
retirar das fronteiras devido à
falta de munição e a inferiorida-
de de soldados.
Nesse confronto desproporcio- “Secretaria do Interior de Minas-Gerais
nal, participaram 119 bragantinos, Situação
dos quais 12 perderam suas vidas Boletim n° 1
pelo ideal de justiça e liberdade, Na noite de 9 para 10 de julho, sublevou-se parte das forças do Exér-
deixando como legado a bravura. cito aquarteladas em São Paulo, sob o comando do coronel Euclydes
Apesar da derrota, o que vimos Figueiredo. O movimento ficou circunscrito ao fóco em que se manifes-
foi uma mobilização do povo pau- tára, achando-se em calma a Capital da Republica e o resto do país,
lista em geral, com mulheres atu- cujas guarnições federais se conservaram fieis à Ditadura.
ando eficazmente, campanhas de Tendo ciência do ocorrido, o Presidente Olegario Maciel assegurou ao
arrecadação de ouro, fabricação Governo Provisório a solidariedade do Governo de Minas-Gerais, pondo
de armas, veículos e telefones. à sua disposição os recursos militares do Estado, para que se mante-
Improvisavam tudo: granadas, nha a ordem.
morteiros, canhões, veículos blin- O General Flores da Cunha também telegrafou ao Presidente Getulio
dados, capacetes e até o barulho Vargas, afirmando-lhe o inteiro apoio material e moral de seu Estado...
de metralhadoras com a “matra- Em Minas, a situação é de inteira tranquilidade, e o Governo dispõe
ca”. Foram os precursores das de todos os elementos para assegurar a ordem e o funcionamento
rações de campanha. Recrutaram normal das atividades públicas e particulares. Foram tomadas pelo
50.000 homens e 72.000 mulhe- Presidente Olegario Maciel as medidas preventivas que se faziam mís-
res com 600 vidas perdidas. Um ter. Em todos os municípios do Estado suas ordens foram cumpridas,
exemplo de luta, mobilização e e de todos eles já lhe vieram manifestações de solidariedade.
a certeza de dias melhores para Belo Horizonte, julho de 1932”
seus filhos e netos.
Bragança Paulista 41
Imigrantes
shutterstock
Esperança,
tenacidade e
a certeza
da realização
Entre 1870 e 1970, quase metade No Brasil, a situação nos campos de trabalho a serem abertas. Daí a
da população italiana saiu de seu país, estava se agravando devido ao fato importância da vinda dos italianos ao
emigrando para outros países da Euro- de a Grã-Bretanha pressionar os po- território nacional. A campanha feita
pa e as Américas do Norte e do Sul. líticos para o fim da escravidão, força para atrair essa população teve su-
As mudanças do sistema feudal de mão de obra barata que elevava cesso e o Brasil foi o terceiro país a
para o capitalismo e a industrializa- os lucros a bom termo. Em 1850, é receber o fluxo imigratório italiano, fi-
ção do continente europeu fizeram promulgada a Lei Eusébio de Queirós, cando apenas atrás dos Estados Uni-
com que a terra para cultivo na Itália que proibiu o tráfico de negros. No dos e da Argentina. Entre os anos de
ficasse aprisionada nas mãos de pou- Oeste Paulista, fazendeiros sugeriram 1880 e 1924, entrou pelas nossas
cos latifundiários, tornando impos- a mão de obra livre, antagonizando fronteiras aproximadamente 1 milhão
sível ao pequeno agricultor competir com os fazendeiros do Vale do Paraí- de italianos, que sofriam deveras nos
com os grandes. Isso transformou de ba, que ainda possuíam grande par- navios, como o caso de Matteo Bruzzo
forma significativa a vida rural do con- cela de escravos. Essa disputa surtiu e de Carlo Raggio, onde 52 pessoas
tinente e, consequentemente, expul- efeito parcelado com as leis do Ven- morreram de fome, e do Frisna, com
sou essa faixa de agricultores de seu tre Livre (1871) e dos Sexagenários 24 mortos por asfixia. Com as notí-
país, levando-os a procurar oportuni- (1885) e deu origem ao movimento cias repassadas ao governo italiano
dades em outros lugares. Outro fator abolicionista no país que culminou de que as condições dos imigrantes
determinante para a saída dos italia- na libertação dos escravos em 1888. no Brasil eram precárias, Giulio Prinet-
nos de suas terras foi a degradação Não era apenas esse fator que preo- ti, então chefe do Comissariado, proi-
da sociedade, resultado da luta pela cupava os grandes fazendeiros, mas biu a emigração que era subsidiada
Unificação Italiana com uma suces- também a falta de mão de obra es- pelo governo. Qualquer italiano que
são de transtornos que deterioraram crava disponível, pois o país era ain- quisesse vir ao Brasil teria que vir às
os cofres públicos. da inexplorado e com muitas frentes suas próprias custas.
42 Cidade&Cultura
Risorgimento
Os imigrantes chegados ao Brasil
tinham duas opções: a primeira era
trabalhar nas lavouras e a segunda
era fixar-se em núcleos coloniais para “A primeira luta do movimento para unificar a Itália só teve início depois
a plantação de café com restrição à da decisão do Congresso de Viena que transformava a atual Itália.
concorrência dos grandes cafeiculto- As primeiras tentativas de libertação do território italiano foram uma
res que já dominavam as melhores organização revolucionária chamada Jovem Itália, liderada por Giuse-
terras para o cultivo. ppe Mazzini, republicano que, junto com a jovem Itália, defendia a in-
Outra realidade transformada com dependência e a transformação do país numa república democrática.
a vinda dos italianos foi sua fixação Em 1848, os seguidores de Mazzini promoveram outra manifestação
nas cidades, onde grande parte tra- contra a dominação austríaca em territórios italianos, mas foram venci-
balhava nas fábricas e no comércio, dos pelo poderoso exército austríaco. Apesar da derrota, o ideal nacio-
porém com os salários baixos, a op- nalista permaneceu forte e, a partir dessa época, a luta pela unificação
ção de moradia era o cortiço. Com passou a ser liderada pelo Reino Sardol Piemontês. Cavour, um dos
o tempo, os italianos conseguiram líderes do Risorgimento (movimento que pretendia fazer a Itália reviver
seu espaço em todos os ramos da seus tempos de glória), representava todos os que desejavam a unifi-
economia e muitas famílias tiveram cação. Para alcançar tal objetivo, Cavour teve o apoio da burguesia e
grandes resultados em vários seto- dos proprietários rurais e colocou em prática um plano de moderniza-
res produtivos. ção da economia e do exército do Piemonte. Aproximou-se da França
Com a forte influência dos imigran- e conseguiu ajuda militar para enfrentar a Áustria. Com a ajuda da
tes no país, Getúlio Vargas, em 1938, França, o exército de Cavour obteve expressivas vitórias e a Áustria,
colocou em prática a Campanha da derrotada, foi forçada a entregar o reino. Quase ao mesmo tempo, o
Nacionalização que tornava obrigatório revolucionário Giuseppe Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias e
o uso de nomes brasileiros em esta- criou condições para sua libertação do domínio estrangeiro. Decidiram
belecimentos de ensino. Professores então, por intermédio de um plebiscito, ser governados também pelo
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tinham que ser brasileiros, era proibido rei do Reino Sardo-Piemontês, Victor Emanuel II. Com a maior parte do
o uso da língua estrangeira, proibidas atual território italiano, em 1861 Victor Emanuel II foi proclamado rei
também as instituições e as associa- da Itália, mas, para que a unidade
ções estrangeiras, censura a progra- fosse completada, era necessário
Um família de
mas de rádio, nomes de ruas, carta- conquistar Veneza e Roma. Veneza imigrantes italianos
zes, ou seja, nada que não fosse brasi- foi incorporada no ano de 1866 e
leiro poderia ser exibido. E a situação Roma em 1870 que passou a ser
ficou muito pior com a Segunda Guerra capital do país no ano seguinte. O
Mundial, pois o confisco de bens dos papa Pio IX não aceitou a perda
italianos se tornou coisa comum. dos domínios territoriais da Igreja
Em Bragança Paulista conhece- e rompeu relações com o governo
mos a Sociedade Ítalo-Brasileira, que, italiano, considerou-se prisioneiro e
com muito orgulho, recebeu-nos para fechou-se no Vaticano. Assim nas-
mostrar toda a sua magnitude diante ceu a Questão Romana que só foi
de fatos difíceis em relação ao seu resolvida em 1929 quando foi assi-
povo durante os períodos mais som- nado o Tratado de Latrão. Por esse
brios do Brasil. acordo, foi criado o Estado do Vati-
“A Sociedade Ítalo-Brasileira de cano, dirigido pela Igreja Católica.”
Bragança Paulista foi criada no dia 2 Fonte: www.historiadomundo.com.br
de fevereiro de 1891, com o nome de
Bragança Paulista 43
Imigrantes
Società Democratica de Mutuo Socor- Asprino. A entidade surgiu graças aos Capitão Nicolau Barra, Francisco Bar-
so. Contava com 129 sócios- -contri- esforços de seu primeiro presidente e lette e Próspero Bertolotti, com um
buintes e seu presidente era Nicolau de democratas como Samuel Saul, o organizado regimento interno. Foi fun-
dada para fins democráticos e huma-
nitários, como estava inscrito em seu
em Bragança Paulista:
cessidades de todos os compatriotas
(...) No ano de 1893, a Sociedade con-
• Fevereiro de 1891: é fundada a Sociedade Democrática Italiana seguiu enviar para Santos e Campinas
de Auxílio Mútuo. a quantidade de 2 contos de reis para
• Em julho de 1900, surge o Círculo Musical Carlos Gomes. o auxílio aos doentes da febre ama-
• Em maio de 1921, foram fundidas ambas as entidades, surgindo rela e, em 1895, um conto e cento
a Sociedade Democrática e Círculo Musical Unidos. e cinco mil reis para a Cruz Vermelha
• Em outubro de 1934, a entidade passa a se chamar Sociedade em auxílio dos feridos na Guerra da
Democrática Italiana de Bragança. África. Nesse mesmo ano começou a
• Em julho de 1937, passa a chamar-se Casa D’Itália. construção de sua sede na rua Coro-
• Em outubro de 1942, é feita a “nacionalização” da Sociedade, nel Leme. Durante a Segunda Guerra
com intervenção (nomeado interventor Benedito de Barros Camar- Mundial, época em que muitas famí-
go). Todo o patrimônio é arrecadado e, em março de 1943, é desti- lias italianas, industriais, comerciantes
nado ao Aéro Clube local. e clubes de todo o Brasil sofreram dis-
• Em julho de 1951, passados os horrores da Segunda Guerra Mun- criminação, houve uma grande es-
dial, uma assembleia geral extraordinária é realizada entre os que tagnação nas ações humanitárias,
eram sócios da Casa D’Itália. É declarada nula a nacionalização e a por motivos óbvios. Atualmente, a
intervenção e declarado retomado todo o patrimônio da instituição. Sociedade Ítalo-Brasileira é um dos
• Em agosto de 1953, novo estatuto é votado e dá-se à entidade maiores símbolos de um dos grandes
o nome de Sociedade Democrática Italiana de Bragança Paulista, momentos de desenvolvimento brasi-
embora, nas atas, ainda se adote o nome de Casa D’Itália, como leiro, quando o país deixa de ser escra-
nome fantasia. vagista e avança em direção à demo-
• Em novembro de 1977, adota-se o nome de Sociedade Ítalo-Brasileira. cracia. É o momento de transformação
• Os atuais estatutos foram aprovados em assembleia geral realizada de valores, agregação de costumes,
em 25 de outubro de 2005, e registrados em 7 de maio de 2008. aceitação e, principalmente, acentua-
Fonte: Presidente da Sociedade, triênio 2008-2011 ção da miscigenação, que é a base da
formação do povo deste país.”
44 Cidade&Cultura
Imigrantes
46 Cidade&Cultura
Folclore
Maracatu
Bragança conta com dois grupos que difundem
o maracatu: a Cia. Malungos do Baque e o gru-
po Baque Lua Cris, ambos sob a coordenação de
Heriberto Teófilo, mais conhecido por “Heriroots”.
Cada grupo tem uma proposta diferente e ofe-
rece oficinas gratuitas, promovidas na Praça do
Matadouro para difundir o ensino da percussão
e a história do maracatu. O maracatu surgiu no
Brasil em meados do século XVIII e é conhecido
como uma dança típica de Pernambuco. Historia-
dores afirmam que deriva da instituição dos Reis
Negros. É formado por uma percussão que acom-
panha um cortejo real e, na época, praticado com
LAuRA AIdAR
48 Cidade&Cultura
Baque A Cultura Negra
NatáLia PeLLiciario
ativa em Bragança
Lua cris
Bragança Paulista 49
Folclore
50 Cidade&Cultura
Folclore
52 Cidade&Cultura
Arquitetura
Símbolo da elite do
Colégio Dr.
interior paulista
Jorge Tibiriçá
Ao caminharmos pelo centro de Brasil. Com a chegada da Família na vida social dos brasileiros que
Bragança Paulista, o que vemos é Real no Brasil, em 1808, não po- simplesmente viviam somente da
uma nova consciência de preser- deríamos mais ser apenas uma agricultura e do extrativismo. Essa
vação das edificações importantes grande fazenda para serviços à organização como sociedade teve
que representam a vida histórica Coroa Portuguesa, deveríamos ser seus impactos em vários âmbitos,
da cidade. Esses casarios, em sua uma nação constituída de todos os principalmente na arquitetura das
maioria, foram construídos a partir privilégios sociais, como teatros, cidades. O estilo colonial, simples
da metade do século XIX, conser- jardins públicos, bibliotecas, esco- e monótono, foi transformado pe-
vando seus aspectos arquitetôni- las superiores, entre outros. Essa los ideais mais imponentes do neo-
cos do riquíssimo ciclo cafeeiro do modernização representar um salto clássico. Não são somente casa-
54 Cidade&Cultura
Palácio Santo agostinho
Prefeitura Municipal
Bragança Paulista 55
Arquitetura
FOTOS MarciO MaSula
Prédio da caixa
econômica Federal
56 Cidade&Cultura
Arquitetura
DIVULGAÇÃO
dois cidadãos, fanatizados pelo
progresso a que aspiravam e
fortalecidos com a confiança pu-
blica, de que eram merecedores, Companhia Lyrica ROTOLI E PERI Bragança Paulista e tornou-se o
não mediram as difficuldades administrou à gente bragantina o Collégio Diocesano São Luiz, que
futuras senão pela grandeza do baptismo da civilisação, represen- funcionou até 1968. A atual edifi-
próprio animo.” tando com muito apparato e ruido- cação foi tombada em dezembro
“Foi aberta, então, uma subscrip- so successo as excellentes operas de 2000 e foi adquirido pelo mu-
ção publica para occorrer ás despe- – Guarany e Bohème.” nicípio em 2005, o qual pretende
zas da projectada construcção.” O Teatro Carlos Gomes foi cons- transformá-lo em Centro Cultural
“Felippe Rodrigues de Siquei- truído entre 1892 e 1894 em es- e Biblioteca Municipal.
ra e Izidro Gomes Teixeira não tilo neoclássico e ficou em funcio-
Fonte: Os trechos entre aspas (“) foram extrahi-
fizeram nenhuma reunião nem namento por dez anos, sendo o dos das allegações finaes da Câmara Municipal
primeiro do interior do Estado de de Bragança, numa Acção Executiva que, em
lavraram nenhuma acta: mas 1921, moveu a dita Câmara a Izidro Gomes Tei-
com auxilio do publico fizeram o São Paulo. Abandonado, o prédio xeira, sua mulher e outros, tendo patrocinado a
causa por parte da Auctora – o distincto collega
‘Theatro Carlos Gomes’, que foi foi doado, em 1927, à Diocese de e habil advogado – Dr. Cassio Guilherme.
tambem considerado como uma Parte do texto foi extraído de bragançapau-
lista.sp.gov.br
verdadeira maravilha, e onde a
MArcIO MAsULA
58 Cidade&Cultura
Artes
Espontaneidade
e inspiração
Martha Vaz
60 Cidade&Cultura
Festival de Arte Serrinha de alto padrão. Em mais de dez anos de atividade,
uma centena de artistas já se apresentou em Bragan-
Serrinha é o nome de um bairro de Bragança Paulis- ça, no Festival. Grandes nomes como Naná Vasconce-
ta, e também de uma fazenda, que pertence à família los, Tom Zé, Bené Fonteles, Elba Ramalho, Luis Melo,
Delduque & Moreira Silveira. Localizada bem no início Arnaldo Antunes, Ney Matogrosso, Zé Celso Martinez
da Serra da Mantiqueira, a topografia cheia de morros Correa, os Irmãos Campana e Ivaldo Bertazzo, entre
oferece aos visitantes um mirante com vista privilegia- tantos outros, já estiveram na cidade, enriquecendo
da da paisagem e da represa que estão no bairro. A a programação do Festival e realizando shows musi-
antiga região produtora de café, sob o comando do cais no Galpão Busca Vida. Atualmente, a fazenda e
Major Benedito Rodrigues Moreira, fazendeiro e político o bairro tornaram-se atrativo turístico. O local pode ser
republicano abolicionista, é hoje palco para outra pro- visitado o ano todo. Quem busca tranquilidade pode se
dução: a arte. Por volta do ano 2000, o artista plástico hospedar em uma pousada, na Fazenda. A rotina cul-
e produtor cultural Fábio Delduque, bisneto do Major tural do bairro é movimentada pelas atividades do Gal-
Benedito, começou um trabalho de união de artistas pão Busca Vida e do Teatro Rural, que funcionam a todo
locais, juntamente com o irmão, Marcelo Delduque, jor- vapor na Serrinha. Aos poucos, o movimento gerado pelo
nalista, e o amigo Carlão de Oliveira, do Busca Vida, Festival se desdobrou em parcerias e ações sociais pelo
que então levaram adiante a ideia de criar um festival bairro, com atividades permanentes ao longo do ano. O
para que todos os esforços isolados na cidade culmi- solo fértil que alimentava a região hoje faz brotar arte por
nassem em um trabalho único. Assim, desde 2002, todos os cantos. Os jovens são o foco do trabalho, para
acontece o Festival de Arte Serrinha de Bragança Pau- garantir a manutenção da identidade local em contraste
lista, com edições anuais, sempre no mês de julho. com as fortes transformações que o bairro vem sofrendo
Desde sua criação, o Festival de Arte Serrinha incor- com a integração urbana. Ações sociais das equipes na
pora diversos tipos de trabalho, com participação de Serrinha oferecem cursos em várias áreas como grafite,
artistas de todo o Brasil. A variedade de segmentos é teatro e dança de rua, para jovens entre 12 e 18 anos.
a principal pauta da curadoria, que busca qualidade e Alunos do ensino Fundamental e do ensino Médio, da
diversidade para os visitantes. Quem prestigia o evento Rede Estadual da cidade e região, visitam a fazenda se-
tem os sentidos invadidos por uma pluralidade cultu- manalmente, aprendendo que arte é também fonte de
ral, que passa por gastronomia, moda, teatro, música, renda. Esse trabalho de sensibilização busca fomentar
design e outras linguagens. A Fazenda respira arte e a produção cultural e garantir a sustentabilidade eco-
torna-se um verdadeiro celeiro de produção cultural de nômica dos artistas locais, promovendo crescimento
qualidade, com exibições, palestras, shows e oficinas em harmonia com a natureza exuberante da região.
Marcelo DelDuque
Bragança Paulista 61
Artes
ASES
Fundada em fevereiro de 1992, a Associação de Es-
critores de Bragança Paulista – ASES, surgiu a partir da
ação da escritora Lóla Prata, que reuniu residentes da
cidade interessados em literatura e na arte de escrever.
Os quarenta membros efetivos e correspondentes do
grupo têm a responsabilidade de manter acesos os ide-
ais propostos no estatuto original, entre eles: incentivar
e divulgar novos valores literários, através da realização
de concursos literários; resgatar a memória de braganti-
Instituto Entrando
nos ligados à literatura, e aprimorar o conhecimento da
Língua Portuguesa. As atividades da Associação se des-
tacam no cenário literário nacional, sendo os concursos
literários os mais expressivos. A participação dos escri- em Cena
tores da ASES, em concursos literários nacionais e inter- Atuando desde 2010, o trabalho desenvolvi-
nacionais, é notada de maneira efetiva. Nos últimos vinte do pelo Instituto Entrando em Cena tem o foco
anos, quase quinhentos prêmios literários (entre primei- de utilizar a arte para despertar nos jovens o
ros lugares e menções honrosas) foram arrebanhados desejo de transformação. O Instituto desenvol-
por autores da Associação, levando o nome de Bragan- ve atividades que buscam a inclusão social e
ça Paulista a praticamente todos os estados brasileiros, cultural através da arte, participando de inúme-
além de Portugal e Itália. Da produção dos concursos, ros eventos, ao longo do ano, no calendário cul-
já foram publicados quase quarenta livros, registros an- tural bragantino. O Instituto desenvolve vários
tológicos dos trabalhos vencedores. As biografias de projetos. Entre eles, está o projeto “Entrando
escritores, jornalistas e historiadores bragantinos estão em Cena – Primeiro Ato”, que é um completo
registradas nas duas edições da Trajetória Literária de programa de arte-educação utilizando as Artes
Bragança Paulista (1994 e 2007). As oficinas literárias Cênicas como ferramenta de transformação so-
realizadas pela ASES e outros eventos como saraus, ex- cial. Algumas das linguagens usadas no projeto
posições e varais literários já reuniram na cidade autores são: Teatro, Circo, Danças Brasileiras, oficinas
vindos das mais diversas partes do país e palestrantes técnicas e complementares, oficinas sociocultu-
de destaque, como Ignácio de Loyola Brandão. A sede rais, a montagem de um grande espetáculo com
do grupo está no prédio histórico, localizado na rua Cel. os jovens participantes, e um Festival de Artes
Leme, n° 35. No espaço cultural acontecem os encontros Cênicas, com uma série de espetáculos gratui-
e eventos diversos. Desde 2006, o departamento juvenil tos, abertos para toda a comunidade.
ASES Jovem congrega jovens de 12 a 18 anos, que se Fonte: Instituto Entrando em Cena
reúnem na sede todas as quartas-feiras, às 17 horas,
para um encontro informal e descontraído onde mostram
suas produções. O livro ASES Jovem em Prosa e Verso,
de 2010, compilou essas obras juvenis.
62 Cidade&Cultura
Artes
Paulo Cubero
Nascido em Bragança Paulista, o artista autodida-
ta desenvolve seu trabalho há mais de 35 anos, pas-
sando por várias fases e experimentações na pintura.
Sempre aberto à pesquisa de técnicas e materiais,
Paulo vê a arte como um canal de total liberdade de
FOTOS DIVULGAÇÃO
expressão, um caminho livre, dentro da inspiração, no
qual busca sempre novas possibilidades, sem fechar
o horizonte a regras ou tendências. O marcante em
sua trajetória é a influência do expressionismo de Van
Gogh, no qual as cores fortes têm o papel de exprimir inspiração lhe trouxe, percorrendo novos caminhos,
seus sentimentos. Cores que, com sua maturidade, para que sua obra sempre tenha um toque de novo,
foram sendo amenizadas e marcadas por áreas cro- surgindo assim vários estilos ao mesmo tempo.
máticas. Os traços pretos e as formas geométricas, Essa diversidade é encontrada em seu ateliê, pois
sempre presentes também, remetem a outra grande as obras em cada cavalete e sobre as mesas diver-
influência: o cubismo de Pablo Picasso. Além disso, gem entre si, garantindo um trabalho rico, a serviço
Paulo Cubero desenvolve obras clássicas, com temáti- da inspiração.
ca religiosa, paisagens, natureza-morta e retratos. Em Conheça o trabalho do artista em https://www.face-
sua produção, o artista buscou registrar tudo que a book.com/Cubero.Arts
64 Cidade&Cultura
Banda Municipal
Atuando desde 2009, a Banda Marcial de Bra-
gança Paulista tem sua origem no Projeto Música
na Escola, que compreende três etapas: as Fanfar-
ras Municipais, a Banda Marcial e a Banda Sinfôni-
ca Jovem. A rede municipal de ensino desenvolve a
primeira etapa do projeto e as crianças continuam
os estudos musicais ao serem encaminhadas para
cada etapa seguinte. A Banda Marcial conta com
60 integrantes, entre as faixas etárias de 6 a 20 grou-se Campeã Sul-americana de Marching Show.
anos. A coordenação geral do projeto é do Maestro Após uma reformulação no uso dos instrumentos,
Rogério Wanderley Brito. Os ensaios são na sede foram incorporados clarinetes e saxofones, acres-
que funciona no prédio do antigo Matadouro, hoje centando ao grupo de instrumentos de metais e
Centro Cultural Geraldo Pereira, que fica na Praça percussão à família das madeiras. A Secretaria de
Coronel Jacinto Ozório. Anualmente, a Banda Mar- Cultura e Turismo apoia o trabalho da Banda que
cial faz apresentações na cidade e em 2012 sa- conta com a gestão da Empresa Pró-Música.
Bragança Paulista 65
Artes
Rafael Shimidt
Filho do bandolinista Jairo Ribeiro, Rafael cresceu na
Guto AbrAhão
roça do interior paulista, com uma vida intimamente mar-
cada pela música. Iniciou sua carreira profissional aos
15 anos, seguindo as influências do choro, da música
caipira, da música erudita e da música flamenca, entre de Alessandro Penezzi, Fernando de La Rua, Aleh Ferrei-
outras. Mestres como Guinga, Dilermando Reis, Dino 7 ra, Zé Barbeiro e Douglas Lora. No mesmo ano, tocou na
Cordas, Raphael Rabello, Baden Powell, Paco de Lucia, Alemanha, em duas ocasiões, no Festival Drehmoment –
Alessandro Penezzi, Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Minifestival für Kino & Künste, em Dusseldörf, e no Festival
Cartola inspiram o músico. Estudou violão erudito no Film-erzaehlt-musik, em Dusseldörf, Colônia e Berlim. Um
Conservatório Villa-Lobos, em São Paulo, com mestres sucesso absoluto de crítica e público. Atualmente divulga
como Alessandro Penezzi, Douglas Lora, Fernando de La o lançamento de um novo CD, com produção de Swami
Rua e Paulo Belinatti. Premiado em 2007, Rafael ficou Jr. O destaque é a versatilidade do violonista, através das
em segundo lugar no Concurso Nacional do Conservató- parcerias e distintas formações que oferece em seus pro-
rio Souza Lima, na categoria intérprete de violão erudito. gramas. Há também novos trabalhos em divulgação como
Atua em concertos como solista, acompanhado de Lui- o Trio Torto, que realiza com a lenda do violão de 7 cordas
sinho 7 Cordas e Zé Barbeiro. Entre 2008 e 2009, apre- paulista, Zé Barbeiro, e o violonista e produtor Swami Jr, e
sentou ao público composições próprias e desenvolve um também o duo de violões que faz com Swami Jr. em “Trato
trabalho inovador com o renomado violeiro Arnaldo Freitas, Fino”. Rafael define seu estilo musical próprio na carreira,
num trabalho que propõe o diálogo entre o violão e a vio- tocando suas composições e também arranjos que para
la caipira, apresentando músicas conhecidas do público, com a obra de compositores renomados como Jacob do
bem como composições próprias. Em 2012, lançou seu Bandolim, Edu Lobo, Tom Jobim, entre outros.
primeiro CD Antigamente era assim, com a participação Texto: Luara Braga
66 Cidade&Cultura
Artes
Dança e Cidadania
O dançarino Richard Braga Moreno atua no
estilo de dança de rua, conhecido também por
Street Dance. A grande inspiração para Richard,
que começou como autodidata, são as coreo-
grafias do lendário Michael Jackson. Criativo, o
dançarino chegou a frequentar aulas de luta, na
falta de instrutores de dança, para buscar ideias
FOTOS DIVULGAÇÃO
que pudessem ser adaptadas em coreografias.
Sua paixão pela dança o motivou a desenvolver
trabalhos que promovam a difusão da expres-
são cultural pela arte. Assim, em meados dos
anos 90, o dançarino montou um grupo de Stre- busca uma atuação profissional. Assim, o Pro-
et Dance chamado Beath of Dance. A surpreen- jeto “Dança e Cidadania” nasceu com o apoio
dente procura fez o grupo saltar de quatro para da Prefeitura Municipal de Bragança Paulista e
100 participantes. Os alunos foram divididos, da Secretaria de Cultura e Turismo. A busca de
e cada um ficou com um instrutor responsável. outros parceiros que pudessem ajudar a viabili-
Isso criou a necessidade de buscar parceiros zar as atividades do projeto teve êxito, contan-
para a criação de uma atividade permanente do também com a Secretaria de Agronegócios,
em Bragança Paulista, dando destaque a ex- a Igreja Tabernáculo de Jesus, a Igreja Nossa
pressão corporal como opção para o jovem que Senhora da Esperança, o Espaço do Adolescen-
te, PSF CDHU e Henedina Cortez.
Todo o trabalho realizado pelo projeto é o
motor propulsor de uma ação que promove
uma rotina mais saudável para crianças e jo-
vens, afastando-os das drogas e da violência.
Nesses 18 anos de atuação, o professor Ri-
chard Moreno já deu aulas para mais de 10 mil
alunos. Trabalhou em academias de destaque
como Academia da Kinuko, Academia Marília
Santoro e Academia Fabiana Fonseca. O Grupo
já foi divulgado em programas de televisão, na
TV Bragança, na TV Vanguarda, no SPTV (Rede
Globo), em dois programas do SBT e em alguns
programas de canais a cabo. Devido à amplitu-
de do projeto, as atividades estão distribuídas
por quase dez bairros da cidade, entre eles o
São Lourenço, o Parque dos Estados e o Jardim
Fraternidade. Na equipe que atua no projeto, o
idealizador Richard Moreno conta com a ajuda
de vários profissionais como Robson Nunes,
Jefferson Gonçalves, Biro Boy, Sara Isabela,
Wanderley Junior, Fernando Henrique, Flávia Ga-
zzaneo, Alice Gregório e Isabelle da Cruz.
Fonte: Dança e Cidadania
68 Cidade&Cultura
Artes
70 Cidade&Cultura
FOTOS NaTália PellicciarO
Maio Cultural
por meio da Secretaria de Cultura e Turismo. Vários
pontos da cidade, como a Casa da Cultura, o Mer-
cado Municipal, o Pergolado da Praça Raul Leme, a
A Semana da Cultura surgiu de uma iniciativa da Arena de Eventos do Lago do Taboão, entre outros,
professora Guaraciaba Líbera Mathias, na época ganham mais vida durante a programação de maio.
presidente da Sociedade Sinfônica do Município de A música, a dança, o teatro, o humor, as oficinas e
Bragança Paulista, com o objetivo de comemorar o muitas outras manifestações artísticas agitam es-
aniversário da fundação da Sociedade Sinfônica. A ses locais, atraindo o público e levantando o astral
iniciativa deu tão certo que o movimento se expan- da população bragantina. A proposta do “Maio Cul-
diu e ocupou o mês de maio inteiro, surgindo assim tural” visa enriquecer ainda mais a variedade das
o “Maio Cultural”. Com o passar do tempo, a po- opções ofertadas aos interessados em prestigiar
pulação bragantina desejava um número maior de os eventos da cidade em busca de entretenimento
eventos e, considerando que muitas cidades elege- e cultura, pois, além de fomentar a cultura, ainda
ram eventos culturais ao longo dos meses de junho proporciona momentos de lazer, reunindo jovens,
e julho, ganhando espaço na mídia e que Bragança crianças e adultos, com o único objetivo de presti-
não poderia ficar de fora, a diretoria da Sociedade giar as ofertas culturais gratuitas à população. Vale
Sinfônica entendeu que o “Maio Cultural” deveria mencionar a importância que esse tipo de iniciativa
se tornar um evento municipal, pois já era tradi- tem também junto às famílias, que parecem se unir
cional, ocupava um espaço importante na mídia e ainda mais nessas ocasiões, trazendo à nossa cida-
assim foi feito. O “Maio Cultural” passou para a de um clima mais receptivo e festivo.
coordenação e organização da Prefeitura Municipal, Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo
Bragança Paulista 71
Artes
Festival de Inverno
O Festival de Inverno de Bragança Paulista acon- bilizadas gratuitamente à população de Bragança
teceu neste ano em sua 12ª edição, contando com Paulista e região. O maior objetivo desse festival
uma evolução crescente a cada ano que é realiza- é possibilitar à população de todas as classes so-
do. O evento oferece uma vasta programação cul- ciais igual acesso à cultura e ao entretenimento
tural em trinta dias de atividades, durante todo o que a programação agrega dentro de sua grade de
mês de julho, todas de muita qualidade e disponi- atrações. O evento conta com oficinas culturais,
FOTOS NaTália PellicciarO
72 Cidade&Cultura
shows musicais (desde o mais popular até o clás-
sico), trazendo atrações de renome, como O Teatro
Mágico, Ney Matogrosso, Carlinhos Brown, 14 Bis,
Milton Guedes, CJ Ramone, João Carlos Martins e
Orquestra, Luiza Possi, Luiz Ayrão, entre outros, te-
atro infantil e também para público adulto, exposi-
ções, dança, stand-up comedy, e muito mais. Tudo
isso em locais de fácil acesso para melhor como-
didade da população. Vale ressaltar a grande pro-
cura que o festival tem gerado em toda a região,
movimentando o turismo e consequentemente o
comércio local, circulando pelas atrações duran-
te todo o mês um público seguramente superior
a 60 mil pessoas. Bragança Paulista não apenas
respira, mas transborda cultura no mês de julho.
A música, a dança, o teatro, o humor, as oficinas
e muitas outras manifestações artísticas agitaram
esses locais, atraindo o público e levantando o
astral da população bragantina.
Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo
Bragança Paulista 73
Meio ambiente
da vida
Por Andréa Silva Nilsson
Bragança Paulista está em uma área onde a água e o verde
são abundantes. Repleta de nascentes e banhada por dois rios
que formam uma represa gigante, a cidade tem água “para dar
e vender”. Além disso, ao chegar a Bragança Paulista, somos
acolhidos por um corredor verde, que envolve e acalma o olhar.
A mata exuberante pertence ao Parque Petronilla Markowicz,
área pública e protegida, para preservar e ampliar esse corredor
ecológico, importante para a manutenção da flora e da fauna
local. Doada pela família Markowicz em 2006, a área do parque
fazia parte da Fazenda de Café Santa Helena e já foi conhecida
como Pinheiral Santa Helena ou Mata do Shangrilá. Possui
nascente de água e está em uma faixa onde predomina a presença
de remanescentes da Mata Atlântica mista, com ocorrência
da araucária. A árvore, típica da região Sul do Brasil, pode ser
encontrada também em regiões de mata mista nos estados
MARCIO MASULA
andRé PRaTa
Fazenda Serrinha
hidrografria
Bragança está localizada na região hidrográfica
conhecida por Sistema Cantareira. Figurando en-
FOTOS MaRciO MaSula
76 Cidade&Cultura
Meio Ambiente
andRé PRaTa
Fazenda Serrinha
hidrografria
Bragança está localizada na região hidrográfica
conhecida por Sistema Cantareira. Figurando en-
FOTOS MaRciO MaSula
76 Cidade&Cultura
André PrAtA
Lago do Taboão
Orgulho entre cada 10 de 10 bragantinos, a entrada infraestrutura de serviços. O lago é, sem dúvida, o lugar
da cidade tem seu ponto forte na chegada ao Lago do mais popular de Bragança.
Taboão, cartão-postal e ponto de encontro para tudo e “Por volta de 1830-1850, o vigário da cidade – Pe.
para todos. Construído artificialmente, o lago faz par- José Jacinto da Silveira – era dono de grande extensão
te da paisagem urbana de Bragança e encanta todos de terras, na região do baixo Caetê até o alto do Campo
com sua beleza. Os motivos que levam os bragantinos Novo. Nessas terras existia uma lagoa conhecida como
e visitantes ao lago podem variar muito, mas, indiscuti- Tanque do Padre Jacinto.
velmente, o local convida ao contato com a natureza e Esse mesmo tanque, no início do último século, era
ao lazer, sendo palco perfeito para práticas esportivas, chamado por Tanque do Canivete, formado pelas águas
passeios sem compromisso ou, simplesmente, para o dos ribeirões Caetê e Bocaina, onde grande pescaria de
convívio familiar. Essa interação socioambiental, propor- taraira se fazia. Aquele tanque, com o passar dos anos,
cionada pelo local, é regada pelo ar puro que vem da desapareceu da paisagem taboense, ressurgindo na dé-
mata ao redor da região. O lago é ponto de referência de cada de 1960, e é hoje é o nosso Lago do Taboão.”
fácil localização na cidade. É cercado por pontos comer- (José Roberto Vasconcellos, membro do ASES, 9-5-2005, In http://www.ases-
ciais que exploram a gastronomia e oferecem variada bp.com.br/escritores/escritores15a.html)
Bragança Paulista 79
Meio Ambiente
Fauna
Por Daniel Abicair
Bragança Paulista é rica em biodiversidade, e tem
em suas matas e campos a fauna característica da
Mata Atlântica com alguns trechos recortados por áre-
as de cerrado, o que confere à cidade uma fisionomia
vegetal bem peculiar.
O contato com as diversas espécies da fauna en-
contradas em Bragança, nas áreas rurais e urbanas,
Beija-flor-de- é bem comum. O caxinguelê, também chamado de
papo-branco Savacu serelepe, é visto facilmente e atua como restaurador
da paisagem, já que é ávido por sementes, e contri-
bui para o surgimento de novas mudas de araucária,
jerivá e palmito, por exemplo. Já os ouriços são mais
discretos e não se fazem perceber, pois dormem aco-
modados nas árvores durante o dia. Popular entre os
moradores das áreas florestadas, os primatas desta-
cam-se pela vocalização e seus hábitos sociais. em
Bragança são encontrados o bugio, o sauá, e o mais
Sapo-ferreiro comum e carismático o sagui. O sagui-estrela é uma
espécie do Nordeste do País, que foi se estabelecen-
80 Cidade&Cultura
Meio Ambiente
82 Cidade&Cultura
Turismo Rural
é voltar às origens
Bragança é uma cidade típica do interior modernizada. Mas, em suas
estradinhas de terra, encontram-se verdadeiros tesouros rurais, onde
podemos desfrutar da paisagem do campo e do que ele tem a nos
oferecer de bom. Desfrutar desses locais e prosear com os que lidam
com a terra é uma experiência marcante para todos.
Criação
de carneiros Fogão a lenha Gado
84 Cidade&Cultura
Café
Bragança Paulista 85
Turismo Rural
Cachaça
Muita gente confunde as pala-
vras “aguardente”, “cachaça” e
“pinga”, achando que são sinôni-
mos, porém não são. Aguardente
é a bebida conseguida por meio da
fermentação de vegetais doces; a
cachaça é a bebida feita por fer-
mentação apenas da cana-de-
açúcar, e a pinga é o nome vulgar
da cachaça. O nome “pinga” foi
dado pelos escravos que trabalha-
vam na última fase da fabricação
da cachaça, a destilação. O vapor
se condensava no teto e pingava.
Apesar de egípcios, gregos e roma-
nos já conhecerem o processo de
fermentação, foram os árabes que
descobriram a destilação e a es-
palharam pela Europa, originando
o arak da Ásia, a grappa da Itália,
o kirsch da Alemanha, a vodka da
Rússia, o saquê do Japão e da Chi-
na, o whisky da Escócia e a baga-
Curiosidades :
ceira de Portugal. Então a técnica
da destilaria aportou no Brasil com
A cachaça era um bom in- os primeiros colonizadores portu-
grediente para amaciar a car- gueses e, junto, a cana-de-açúcar,
ne do porco, que era dura, pois que é de origem asiática. Num en-
eram criados soltos e chama- genho da Capitania de São Vicente,
dos de cachaços. Somente os entre 1532 e 1548, descobriram o
escravos bebiam a cachaça, vinho de cana-de-açúcar – a garapa
que era um trunfo nas mãos azeda, que ficava ao relento em co-
Toneis de
dos senhores, pois o líquido Cachaça chos de madeiras para os animais,
deixava-os menos depressivos vinda dos tachos de rapadura. É
devido à saudade que sentiam uma bebida limpa, em comparação
de sua terra natal. Em 1635, com o cauim – vinho produzido pe-
devido à sua popularidade em los índios –, no qual todos cospem
detrimento da bagaceira portu- num enorme caldeirão de barro para
guesa, Portugal proibiu a fabri- ajudar na fermentação do milho,
cação e o consumo da cacha- acredita-se. Os senhores de enge-
ça. Mais tarde, com o fim da nho passaram a servir o tal caldo,
proibição, a cachaça contribuiu denominado cagaça, para os escra-
FOTOS MarCiO MaSula
86 Cidade&Cultura
Turismo Rural
88 Cidade&Cultura
Suinocultura
alentejana, transtagana, galega, bi- vem desde o século XVI e foi bem
zarra e beiroa. Depois chegaram mais difundido em Minas Gerais,
porcos da Espanha, dos Estados no Ciclo do Ouro. De fácil manejo
Há comprovações de que o
Unidos, da Itália, da Inglaterra e da e criação rústica, o suíno era um
porco já era consumido pelos
Holanda. A miscigenação foi feita de produto prático e de custo baixo.
humanos em 18.000 a.C e
forma desordenada, resultando em Em Bragança Paulista, a criação
domesticado em 10.000 a.C.
uma preocupação de melhorar gene- de porcos teve seu início com a in-
Desde então, esse animal foi
ticamente os animais. Mas foi com fluência principal dos italianos que
eleito como um dos principais
os alemães, os italianos e os polone- por aqui chegaram, impulsionando
alimentos de nosso cardápio,
ses que a simples criação de porcos a fabricação de embutidos, como a
principalmente entre os babi-
tomou forma comercial. Um exemplo linguiça e o salame. A cidade ainda
lônios, assírios e macedônios.
disso foi a riqueza adquirida por Fran- é conhecida pelo grande número
Já na Grécia, ele era oferecido
cisco Matarazzo, que comercializava de suinocultores. Apesar da cri-
em sacrifício às deusas Ceres
banha de porco para todo o país, um se de 2012, os produtores se-
e Cibele, e na ilha de Creta era
ingrediente fundamental para a culi- guem firme na tradição de suas
considerado sagrado por ser
nária da época. O costume de usar famílias, fornecendo carne suína
o principal alimento de Júpiter
carne de porco na culinária do Brasil de primeira à população.
que, segundo a mitologia, te-
ria sido amamentado por uma
porca. Em Roma, o suíno era
símbolo dos banquetes e, se-
gundo Catão, a prosperidade
de uma casa era medida pela
quantidade de toucinho arma-
zenada. Mais ao norte, o povo
germânico também foi grande
consumidor dessa carne, ao
ponto de Carlos Magno decre-
tar uma lei de severa punição
aos ladrões de porcos. A car-
ne suína foi a base alimentar
principalmente dos guerreiros
da Idade Média. Os Cruzados e
os Cavaleiros Templários a leva-
vam para poderem ter uma fon-
te de proteína preciosa. Mas,
em seu percurso alimentar, al-
guns casos de proibição desse
alimento se fizeram presentes
como o de Moisés, que vetou o
consumo para o povo hebreu, e
no Alcorão. A esquadra de Mar-
tim Afonso de Souza, em 1532,
trouxe para o Brasil os primei-
ros porcos, desembarcados em
São Vicente e mais tarde na
Bahia. As primeiras raças foram
Bragança Paulista 89
Turismo Rural
Catfish
Nomes comuns: bagre-americano e peixe-gato.
90 Cidade&Cultura
Esportes
MArcio MAsulA
movimento
berço de talentos, palco para o
Bragança Paulista pode ser considerada um verdadeiro polo de produção
para talentos esportivos. Em várias modalidades, a cidade tem nomes de
destaque figurando no cenário brasileiro e mundial. No futebol, o time Bra-
gantino teve seu apogeu na década de 90; Jorge Negretti colocou o nome da
cidade no circuito do motocross; o atleta “Pantera Negra” (Expedito da Silva)
é destaque absoluto no full contact e kung fu, sendo muito respeitado fora
do Brasil. No jiu jitsu, Fabiano Junior Leite, conhecido como “Juninho Boi” é
tricampeão mundial. O montanhismo conta com três representantes de des-
taque: Fernando Davanzo, Kether Arruda e André Prata. E na natação, dois
atletas de sucesso; o campeão paulista, brasileiro e sul-americano, Rafael
Teixeira, e o melhor atleta paraolímpico do mundo: Daniel Dias.
Represa Jaguari-Jacareí
A represa oferece condições ideais para a prática de esportes náuticos,
entre eles: pesca submarina, mergulho (treinamento), curso de apneia, cursos
de Arrais e Motonauta, wakeboard, esqui aquático, boia puxada, windsurf, vela,
stand-up, remo e pesca esportiva. Há também roteiros de ecoturismo, com ca-
minhadas por trilhas e passeios off-road para mensalistas que possuam moto
ou quadriciclo.
Os adeptos da prática de “observação de esportes” também encontram
opções. Cercados pela beleza natural, todos são convidados a permanecer
às margens da represa, contemplando os corajosos amantes do movimento,
ou então, podem embarcar em um passeio de lancha.
Esportes
94 Cidade&Cultura
pela série B do Campeonato Brasileiro.
Mesmo sem repetir o sucesso dos anos 90, o
time mantém boa fama e tornou-se uma boa “es-
cola”, revelando talentos que sempre são dispu-
tados pelos times da primeira divisão. Assim, os
aspirantes sempre querem jogar no Bragantino
porque sabem que alguém estará de olho na
atuação dos novos talentos.
DIVULGAÇÃO
Ivan, Del Pozzo, Walter
Agachados: Nardinho, Norberto,
Nivaldo, Hélio Burini, Wilsinho
leão – o mascote e torcedor fiel marcas registradas do time sempre foi o vínculo
com o torcedor e a familiaridade no contato diário,
Na década de 40, depois de vencer o rival local, sempre presente na cidade, pelas ruas, com ponto
Bragança Futebol Clube, o então presidente do time, de encontro certo na Praça Central, após os treinos.
Cícero Marques, prestou uma homenagem aos atle- “Isso se perdeu, e o torcedor sente muita falta des-
tas, fazendo um quadro com a imagem de um se contato. Assim, muitos jogadores ficam anô-
leão para simbolizar a “força” dos vence- nimos, se passarem pela rua é bem provável
dores. Desde então, o animal é o masco- que muita gente nem saiba quem é jogador
te do time e os torcedores se referem do time atualmente”, conta Juarez Sérgio,
ao time como “Massa Bruta” e “Leão”. radialista que acompanha a trajetória do
Um torcedor fanático entrou para Bragantino desde o começo dos anos 70.
a história com isso: o Beto Leão. “Viajei muito junto com o time, acompa-
Presente nas arquibancadas em to- nhei os momentos de glória e também os
dos os jogos do time, o fiel torcedor momentos amargos. Uma característica
é figura conhecida, pois está sempre marcante do time é o grande carisma
a caráter, fantasiado de leão, chegan- que conseguiu conquistar, não somente
do muitas vezes a entrar junto com o no Estado de São Paulo, mas pelo Brasil.
time em campo. Sempre que desembarcou para jogar fora de
“Eu venho de uma família de torce- São Paulo, o time teve uma receptividade
dores do Bragantino. Meus tios, meu calorosa e amiga. Lembro que os ca-
pai. Está no sangue. Eu costumo riocas sempre admiraram os jogadores
dizer que tenho três filhos: o Tiago, o bragantinos. O time quebrou a barreira da
Rafael e o Bragantino. Eu tenho pelo Bragantino o rivalidade e conquistou o Brasil. Há muitas histórias
mesmo amor que tenho pelos meus filhos”, declarou e boas lembranças. Sempre me chamou atenção a
o torcedor, em 2012, durante uma entrevista à equi- reação dos passageiros quando o comandante do
pe da Rede Vanguarda, afiliada à Rede Globo que voo anunciava que o time estava a bordo. Virava
cobre a região do Vale do Paraíba. uma festa, um clima de muita alegria”, conta o ra-
A relação dos jogadores com os torcedores da ci- dialista, que é de Bragança. Imaginem para que time
dade também sofreu mudanças a partir de 2005, ele torce? Mas Juarez garante que, como todo pro-
quando o time se afastou do contato diário com o fissional ético, se esforça diariamente para manter a
torcedor na rua, nas conversas pela praça. Uma das imparcialidade durante as transmissões.
Bragança Paulista 95
Esportes
Jorge Negretti:
dalidade, como o ex-piloto de Super GP, Alexandre
Barros. Admite que nunca teve interesse pelas pro-
30 anos de motocross
vas de velocidade: “Tenho medo”, revela. A frase
causa, sem dúvida, estranheza entre os fãs de Ne-
gretti. Afinal, como um piloto que salta a mais de 10
Talvez poucas pessoas no país tenham uma iden- metros de altura pode ter medo? Mistérios de quem
tificação tão grande com o motociclismo como Jorge consegue, com ou sem as mãos, nas alturas, encan-
Negretti. Ele é um dos maiores pilotos do Brasil, com tar jovens e adultos de todo os lugares. Antes, nas
dez títulos nacionais de motocross, além de dispu- pistas de terra, agora nos céus de todo o país.
tas em várias categorias, como supercross, arena- Assessoria de Imprensa Jorge Negretti/JF5 Comunicação
cross, supermoto e enduro. Jorge Negretti é aquele
piloto multiestilo, com vários talentos e que ainda
tem muita disposição para continuar nas pistas, aliás,
nas rampas.
Começou cedo e construiu uma carreira brilhante.
“Tive a sorte de ter uma corrida em minha cidade,
FOTOS DIVULGAÇÃO
96 Cidade&Cultura
Esportes
Daniel Dias
O atleta paraolímpico Daniel Dias mora em Bra-
gança Paulista desde os 15 anos. Destaque abso-
luto na natação paraolímpica, Daniel construiu uma
carreira de sucesso, com várias conquistas em mun-
diais e Jogos Parapanamericanos, que começaram
em 2006, com medalhas de ouro e prata no Cam-
peonato Mundial de Natação IPC Durban, na África
do Sul. Daí para frente, uma sucessão de vitórias,
em várias disputas pelo Brasil e pelo mundo, que
Buda Mendes
culminaram com a primeira glória suprema para um
atleta: a conquista olímpica. A primeira veio em
2008, nas Paraolimpíadas de Pequim, quando trou-
xe de volta na bagagem 4 medalhas de outro, 4 Mas o campeão ainda tem fôlego para muito mais,
medalhas de prata e uma medalha de bronze. Supe- persistindo em treinamentos para superar sempre
rando sua própria marca, em 2012, Daniel sagrou- seus próprios limites. Outra importante marca de
se o melhor do mundo nos Jogos de Londres, com a Daniel Dias é ter ganhado, por duas vezes, o Tro-
incrível marca de 6 medalhas de ouro, que o tornou féu Laureus, considerado o “Oscar do Esporte” na
o brasileiro com o maior número de medalhas con- categoria paraolímpica. Uma trajetória que coloca o
quistadas em paraolimpíadas. nadador na elite dos esportistas mundiais.
Fernando Maia
98 Cidade&Cultura
Esportes
MArcio MAsulA
Montanhismo tanha Leite Sol, cujo nome é uma referência à
antiga fábrica de laticínios. Com 1.125 metros
Nada como o prazer da conquista, de ultrapas- de altitude, está localizada na Rodovia Bragança-
sar nossos limites e depois apreciar uma bela Itatiba. Além da vista fantástica de Bragança Pau-
paisagem. Assim é o montanhismo, um esporte lista, após a chuva, sob o sol, as encostas rocho-
radical que recebe a cada dia mais adeptos. Bra- sas dão um efeito que parecem que são feitas
gança é uma cidade privilegiada nesse quesito. de vidro, devido ao brilho refletido. É possível o
Cercada de montanhas propícias para a prática esportista deparar com jaguatiricas e cascavéis.
desse esporte, o maior destaque se dá na Mon- O acesso é restrito e é necessário autorização.
Skate
Nos últimos anos, a prática de skate tem se popula-
rizado em Bragança. Os jovens têm buscado cada vez
mais essa modalidade, atraídos pelas pistas que foram
revitalizadas e têm boa iluminação, garantindo a práti-
ca noturna com mais segurança. Espalhadas por cinco
bairros da cidade, as pistas são uma opção para a meni-
nada e tornam-se também um local de ponto de encontro
e convívio entre os grupos e as famílias, espectadoras
das performances. Sem medo das frequentes quedas e
pancadas, típicas do skate, até as meninas começam a
buscar esse esporte, geralmente mais praticado por me-
ninos, os “corajosos”, e por natureza mais acostumados
shutterstock
100 Cidade&Cultura
Aeroclube de Bragança Paulista
Visto do céu,
tudo é mais bonito
Quando da visita do então go- Aeroclube da cidade. Pautados em em 1940, estava formado o intento
vernador do Estado de São Paulo, ideais, Jacintho Osório de Loci e Sil- dos amigos. O Campo de Aviação,
Sr. Adhemar de Barros, em 1939, va e seu companheiro de sonhos, que na época era assim chamado,
a Prefeitura Municipal fundou um Dalmácio de Souza Ferraz, uniram- não tinha as devidas instalações
Campo de Aviação para poder rece- se para, junto à prefeitura, fundar corretas para a escola e a localida-
bê-lo. Esse foi o marco inicial do o Aero Club de Bragança. Então, de não era a ideal. Procurou-se o
dono da Fazenda Caeté, Sr. Arthur
Siqueira, cuja propriedade ficava
nos arredores, hoje o bairro do Ta-
boão, para que este cedesse parte
de suas terras para a construção
de uma pista de pouso que repre-
sentaria um avanço e desenvolvi-
mento para a cidade. Na Segunda
Guerra Mundial, era imprescindível
a formação de novos pilotos e hou-
ve uma valorização de todos os
aeroclubes do país, quando Assis
Chateaubriand organizou a campa-
nha “Deem Asas ao Brasil”. Com
isso, o Aero Club de Bragança re-
cebeu a aeronave J-3 Piper Cub de
FOTOS MARCIO MASULA
102 Cidade&Cultura
Campanha Nacional
da Aviação (CNA)
campanha organizada no governo de Getúlio Vargas com Assis cha-
teaubrinad e pelo ministro da Guerra, Sr. Pedro Salgado Filho. O objetivo
desse movimento era angariar doações de aviões e dinheiro ou materiais
que servissem para a construção de aeronaves, a elevação do números
de hangares e a fundação de aeroclubes pelo país, para a consolida-
ção da aviação civil, a formação de novos pilotos e o monitoramento do
nosso espaço aéreo contra aviões inimigos. Encerrada em 1950, essa
campanha deixou um legado de mais de mil aviões, três mil pilotos civis
e militares brevetados e mais de 400 aeroclubes efetivados.
1942. Já o segundo avião foi o “Zé 24 pilotos. com o fim da Segunda Hoje, o Aeroclube tem os cursos
carioca”, de fabricação brasileira, Guerra Mundial, o Aero club foi de: Piloto Privado PP-A, Piloto co-
um cAP-4 de 65 hp, prefixo PP-RcV, perdendo força e passou por al- mercial Pc-A, Multimotor, Voo por
doado pelo povo do Rio de Janeiro, guns anos difíceis, mas em 1952 Instrumento IFR e Instrutor de Voo
em 1943. Agora o Aero club estava começaram as obras de revitaliza- – INVA. Está equipado com as se-
equipado com hangar, casa de zela- ção desse patrimônio bragantino. guintes aeronaves: P 56 – c, che-
dor, uma pista perfeita e duas ae- com o aumento da pista de pou- rokee 140 e 180, Tupi, corisco,
ronaves de monta. Então, entre os so, que passou a ter 50 X 1.100 Sêneca, cessna 172 e 152 e um
anos de 1943 e 1945, os primei- metros, recebeu novo nome, agora simulador, além de acomodações
ros brevês foram dados, inclusive a Aeroclube de Bragança Paulista e e alojamentos para 30 pessoas.
uma mulher, Sra. Gladyz Maringuer- a motivação do grupo do clube de Onde: R. Arthur Siqueira, 651 –
ra Santos, perfazendo um total de Aeromodelismo Santos Dumont. Bairro do Taboão
104 Cidade&Cultura
diVulGAÇÃo
linguiça Bragantina
Acebolada
restaurante do rosário
Filé ao catupiry
Boteco
são Gabriel
AndRé PRATA
geira, mas na realidade seus organismos não aceitavam
tanta carne bovina ou suína, além do café, que era um
líquido estranho a eles e o chá ainda não era cultivado.
Depois que conseguiram suas propriedades, foram de-
senvolver justamente o que lhes faltava no dia a dia de
Traíra inteira
sua alimentação. sem espinhos
Em Bragança Paulista, podemos saborear muita comi- Trairagem Bar
da boa. Os restaurantes são variados e, em sua maioria,
seus pratos satisfazem qualquer glutão de passagem.
Além dessa mistura de ingredientes e culturas separadas
geograficamente e unidas em nosso país, temos também
os restaurantes especializados na culinária original. En-
contramos cantinas italianas, restaurantes chineses e
AndRé PRATA
Gyuchi
AndRé PRATA
Reis Restaurante
106 Cidade&Cultura
Linguiça Bragantina
shutterstock
De geração
em geração,
uma iguaria incomparável
Preparada com carne tritura- Outra curiosidade vem de Cons- pularidade subiu rapidamente no
da ou picada, temperada cozida tantino I, que governou Roma en- país todo e, hoje em dia, é muito
ou defumada, a linguiça sempre tre 306 e 337. Convertido ao cris- difícil encontrarmos um cardápio
agrada a todos. E esse preparo tianismo, condenou o consumo da sem esse ingrediente.
é muito antigo, pois há relatos linguiça por considerá-la o prato “Fatos importantes da nossa
até na Odisseia, de Homero, livro principal das festas pagãs. No história postados diante das re-
do século IX a.C. Alimento mui- Brasil, poucos podiam comer car- cordações. Nossa Bragança mar-
to consumido em Roma na épo- ne fresca, que era artigo exclusi- cada pelas aspirações e
ca do Império, era denominada vo dos mais abasta- pelos sonhos. Quem já
de farcimina, era feita de porco dos, e a linguiça era não ouviu falar da famo-
em fogões a carvão, e vendida uma solução fácil sa linguiça de Bragan-
na entrada da cidade. Mas essa para se fabricar, pois ça? Em qualquer ponto
iguaria surgiu da necessidade da utilizava as carnes do Brasil, Bragança é
população de preservar a carne menos nobres e a conhecida como a ter-
de caça. Então, picavam, tempe- criação de porcos era ra da linguiça! Por que
ravam e embutiam nas tripas dos mais fácil do que a do será? Quantas histó-
próprios animais abatidos. gado bovino. Sua po- rias já foram contadas?
Palmyra boldrini
vasconcellos
108 Cidade&Cultura
cellos
berto vAscon
Acervo José ro
NAtáLIA PeLLIccIArO
Quantas interpretações já foram E como não poderia deixar de ser, essa tradição virou a Festa da
dadas? Baseando-se em fatos Linguiça de Bragança Paulista, que já está angariando fãs do Brasil
e depoimentos, conferi o que os inteiro. Apesar de estar ainda em suas primeiras edições, essa Festa
mais velhos contam, ou melhor, tem todos os ingredientes para se perpetuar no calendário turístico
a história mais antiga porque o nacional, pois é constituída de vários atrativos interessantes, como
fabricante de linguiça, mesmo, o Concurso Gastronômico Sabores de Bragança, com chefs da alta
são os italianos que, no passado, gastronomia paulista para julgarem o Concurso Gastronômico, shows
início do século XX, vieram para e, obviamente, muita linguiça e suas variedades, todas fabricadas na
nossa região. Era hábito desses cidade com seu estilo tradicional de confecção.
imigrantes fazerem linguiça para
uso próprio. Alguns saíam com
cestas para vender em casas de
famílias bragantinas na época.
Por volta de 1917 e 1920, exis-
tia em Bragança uma senhora
chamada Palmyra Boldrini, resi-
dente numa travessa que hoje
é a rua Expedicionário Basílio
Zecchin, e ali fazia linguiças. Era
uma pessoa muito conhecida e
muitos bragantinos que moravam
em São Paulo vinham a sua casa
comprar. Nessa época, Bragança
tinha muitos viajantes, que hoje
NAtáLIA PeLLIccIArO
são conhecidos como represen-
tantes comerciais, e eles levavam
a linguiça para vender, divulgan-
do nossa cidade. Todos pergun-
tavam: de onde é? Daí o nome
Linguiça de Bragança. Judith Vas-
concellos, filha de Palmyra, nos
conta: ‘Naquele tempo, a lingui-
ça era conhecida como Linguiça
da Palmira de Bragança que mais
tarde ficou Linguiça de Bragan-
ça e até um governador, naquela
época, mandava buscar 80 kilos
(sic) por semana’. Ela ainda se
lembra do motorista e comenta:
DIVULGAÇÃO
112 Cidade&Cultura
Educação
114 Cidade&Cultura
INGLÊS
Educação
Fundação Municipal
de Ensino Superior de
Bragança Paulista (FESB)
divulgação
Criada em 1967, a FESB possui os cursos de gra-
duação em Letras, Pedagogia, História, Geografia,
Educação Artística, Matemática, Química, Ciências
Biológicas, Educação Física (Licenciatura e Bacharela- esportivo (CEEF). E o NAFE, que é o Núcleo de Ativi-
do), Nutrição e Medicina Veterinária e também cursos dades Físicas e Esportivas, atende a comunidade ca-
técnicos em Edificações, Eletroeletrônica e Automação rente. Os laboratórios são altamente equipados, bem
Industrial, além de cursos de Pós-Graduação. Com o como todas as salas de aulas (multimídias). A FESB
aumento da demanda pelos cursos oferecidos, o Cam- possui a biblioteca “Waldemar Ferreira” com um acer-
pus foi totalmente reestruturado para o melhor apro- vo de aproximadamente 40.000 títulos. Possui convê-
veitamento do aluno. Possui hoje o HVET – Hospital nios com o FIES, Bolsa-Escola da Família e o CAPES/
Veterinário para animais de pequeno e grande porte, PIBID (Bolsa de Incentivo à Docência). O diferencial da
que atende toda a região. O NUTRIFESB, que é a clínica FESB é a tradição de quase meio século na qualidade
de nutrição, também faz parte da estrutura do curso e de ensino, e os grandes investimentos em infraestrutu-
atende a comunidade em geral. O curso de Educação ra ocorridos nos últimos anos.
Física recebeu a revitalização completa do complexo Fonte: Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança Paulista
Biblioteca Municipal
Fundada em outubro de 1953, a Biblioteca Públi-
ca de Bragança passou a denominar-se Biblioteca
Pública Municipal “Dra. Adalzira Bittencourt” em ho-
FoToS NaTália Pellicciaro
116 Cidade&Cultura
Dados estatísticos
André PrAtA
Data de Fundação Estabelecimentos
24 de outubro de 1856
Empresariais
Gentílico
3.800 (censo 2010)
Brangantino
Clima
Localização Geográfica Tropical de altitude
Microrregião Bragança Paulista
Rodovias
Longitude: 46°32’31” O
Latitude: 22°57’07” S
Altitude: 817 metros
de Acesso
Cidades Vizinhas
Fernão Dias – BR 381
Capitão Barduíno – SP 008 (até Socorro)
Atibaia, Itatiba, Jarinu, Morungaba, Pedra Bela, Benevenuto Moretto – SP 095 (até Pinhalzinho)
Pinhalzinho, Piracaia, Tuiuti e Vargem. Alkindar Monteiro Junqueira – SP 063 (até Itatiba)
João Hermenegildo Oliveira – SP 009 e 010 (até Vargem)
Área Total
512.621 km²
Densidade Demográfica
Pessoas Residentes (habitantes/km²)
146.744 (censo 2010) 286,26 hab/km²
118 Cidade&Cultura
Gente da Terra
120 Cidade&Cultura
Bragança Paulista 121
bragantino
fonte são
francisco
André PrAtA
122 Cidade&Cultura