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(Enem 2018) Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o
abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso
primário: era tudo o que sabíamos dele.
2. (Enem PPL 2017) Um conto de palavras que valessem mais por sua modulação
que por seu significado. Um conto abstrato e concreto como uma composição
tocada por um grupo instrumental; límpido e obscuro, espiral azul num campo de
narcisos defronte a uma torre a descortinar um lago assombrado em que o atirar
uma pedra espraia a água em lentos círculos sob os quais nada um peixe turvo que
é visto por ninguém e no entanto existe como algas do oceano. Um contorastro de
uma lesma também evento do universo qual a luz de um quasar a bilhões de
anosluz; um conto em que os vocábulos são como notas indeterminadas numa
pauta; que é como bater suave e espaçado de um sino propagando-se nos
corredores de um mosteiro [...]. Um conto noturno com a fulguração de um sonho
que, quanto mais se quer, mais se perde; é preciso resistir à tentação das
proparoxítonas e do sentido, a vida é uma peça pregada cujo maior mistério é o
nada.
3. (Enem PPL 2017) Este mês, a reportagem de capa veio do meu umbigo. Ou
melhor, veio de um mal-estar que comecei a sentir na barriga. Sou meio italiano,
pizzaiolo dos bons, herdei de minha avó uma daquelas velhas máquinas de
macarrão a manivela. Cresci à base de farinha de trigo. Aí, do nada, comecei a ter
alergias respiratórias que também pareciam estar ligadas à minha dieta. Comecei
a peregrinar por médicos. Os exames diziam que não tinha nada errado comigo.
Mas eu sentia, pô. Encontrei a resposta numa nutricionista: eu tinha intolerância a
glúten e a lactose. Arrivederci, pizza. Tchau, cervejinha.
O tal glúten está na boca do povo, mas não está fácil entender a real. De um lado,
a imprensa popular faz um escarcéu, sem no entanto explicar o tema a fundo. De
outro, muitos médicos ficam na defensiva, insinuando que isso tudo não passa de
modismo, sem fundamento científico. Mas eu sei muito bem que não é só modismo
— eu sinto na barriga.
O tema é um vespeiro — e por isso julgamos que era hora de meter a colher, para
separar o joio do trigo e dar respostas confiáveis às dúvidas que todo mundo tem.
— É.
— Brincando de pegador?
— É. O PM pensou que...
— Hoje?
— Cedinho.
5. (Enem 2016) Centro das atenções em um planeta cada vez mais interconectado,
a Floresta Amazônica expõe inúmeros dilemas. Um dos mais candentes diz
respeito à madeira e sua exploração econômica, uma saga que envolve os muitos
desafios para a conservação dos recursos naturais às gerações futuras.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os padeiros deixavam o
pão na soleira da porta ou na janela que dava para a rua. A gente passava e via
aquilo como uma coisa normal.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que você saía à noite para
namorar e voltava andando pelas ruas da cidade, caminhando displicentemente,
sentindo cheiro de jasmim e de alecrim, sem olhar para trás, sem temer as sombras.
Você pode não acreditar: houve um tempo em que as pessoas se visitavam
airosamente. Chegavam no meio da tarde ou à noite, contavam casos, tomavam
café, falavam da saúde, tricotavam sobre a vida alheia e voltavam de bonde às suas
casas.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que o namorado primeiro ficava
andando com a moça numa rua perto da casa dela, depois passava a namorar no
portão, depois tinha ingresso na sala da família. Era sinal de que já estava
praticamente noivo e seguro.
Nessa crônica, a repetição do trecho “Você pode não acreditar: mas houve um
tempo em que...” configura-se como uma estratégia argumentativa que visa:
A. Surpreendem leitor com a descrição do que as pessoas faziam durante o seu
tempo livre antigamente.
B. Sensibilizar o leitor sobre o modo como as pessoas se relacionavam entre si
num tempo mais aprazível.
C. Advertir o leitor mais jovem sobre o mau uso que se faz do tempo nos dias
atuais.
D. Incentivar o leitor a organizar melhor o seu tempo sem deixar de ser
nostálgico.
E. Convencer o leitor sobre a veracidade de fatos relativos à vida no passado.
9. (Enem PPL 2015) O rap constitui-se em uma expressão artística por meio da
qual os MCs relatam poeticamente a condição social em que vivem e retratam suas
experiências cotidianas.
(SOUZA, J.; FIALHO, V. M.; ARALDI, J. Hip hop: da rua para a escola)
11. (Enem PPL 2015) Anfíbio com formato de cobra é descoberto no Rio
Madeira (RO)
Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina.
Exemplares estão no Museu Emilio Goeldi, no Pará
O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica
Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um
anfíbio de formato parecido com uma cobra. Atretochoana eiselti é o nome
científico do animal raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia registro do
anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília.
Nenhum deles tem a descrição exata de localidade, apenas “América do Sul”. A
descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada.
(XIMENES, M.)
Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou num papel as regras do
futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim:
DO CAMPO – O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, rua e a
calçada do outro lado e nos clássicos – o quarteirão inteiro. O mais comum é jogar-
se só no meio da rua.
13. (Enem 2014) Eu acho um fato interessante... né... foi como meu pai e minha
mãe vieram se conhecer... né... que... minha mãe morava no Piauí com toda
família... né... meu... meu avô... materno no caso... era maquinista... ele sofreu um
acidente... infelizmente morreu... minha mãe tinha cinco anos... né... e o irmão
mais velho dela... meu padrinho... tinha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar...
foi trabalhar no banco... e... ele foi... o banco... no caso... estava... com um número
de funcionários cheio e ele teve que ir para outro local e pediu transferência prum
local mais perto de Parnaíba que era a cidade onde eles moravam e por engano o...
o... escrivão entendeu Paraíba... né... e meu... e minha família veio parar em
Mossoró que era exatamente o local mais perto onde tinha vaga pra funcionário do
Banco do Brasil e:: ela foi parar na rua do meu pai... né... e começaram a se
conhecer... namoraram onze anos... né... pararam algum tempo... brigaram... é
lógico... porque todo relacionamento tem uma briga... né... e eu achei esse fato
muito interessante porque foi uma coincidência incrível... né... como vieram a se
conhecer... namoraram e hoje... e até hoje estão juntos... dezessete anos de
casados...
Giocondas Gêmeas
A existência de uma segunda pintura da Mona Lisa a Gioconda, de Leonardo da
Vinci – foi confirmada pelo Museu do Prado, em Madri, em fevereiro. O quadro
era conhecido desde o século XVIII, mas tido como uma reprodução tardia do
original. Um trabalho de restauração revelou que seu fundo de cor negra na
verdade recobria a reprodução de uma típica paisagem da Toscana, como a pintada
por Da Vinci. Radiografias mostraram que a tela é irmã gêmea do original,
provavelmente pintada por discípulos do mestre, sob supervisão de Da Vinci, no
seu ateliê de Florença, entre 1503 e 1506. Os dois quadros serão, agora, expostos
no Louvre. Há, entretanto, diferenças: a florentina Lisa Gherardini (Mona Lisa),
aparentemente na meia-idade, parece mais moça na nova tela. O manto sobre o
ombro esquerdo do quadro original surge como um véu transparente, e o decote
aparece com mais nitidez. A descoberta reforça a tese de estudiosos, como o inglês
Martin Kemp, de que assistentes de Da Vinci ajudaram na composição de telas
importantes do mestre.
Para cumprir sua função social, o gênero notícia precisa divulgar informações
novas. No texto Giocondas gêmeas, além de ser confirmada a existência de uma
tela gêmea de Mona Lisa e de serem destacadas as diferenças entre elas, o valor
informativo do texto está centrado na:
A. Afirmação de que a Gioconda genuína estava na fase da meia-idade.
B. Revelação da identidade da mulher pintada por Da Vinci, a florentina Lisa
Gherardini.
C. Consideração de que as produções artísticas de Da Vinci datam do período
renascentista.
D. Descrição do fato de que a tela original mostra um manto sobre o ombro
esquerdo da personagem.
E. Confirmação da hipótese de que Da Vinci teve assistentes que o auxiliaram
em algumas de suas obras.
17. (Enem 2012) E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele mesmo,
títere voluntário e consciente, como entregava o braço, as pernas, a cabeça, o
tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus reflexos quando achava
nisso conveniência. Também ele soubera apoderar-se dessa arte, mais artifício,
toda feita de sutilezas e grosserias, de expectativa e oportunidade, de insolência e
submissão, de silêncios e rompantes, de anulação e prepotência. Conhecia a
palavra exata para o momento preciso, a frase picante ou obscena no ambiente
adequado, o tom humilde diante do superior útil, o grosseiro diante do inferior, o
arrogante quando o poderoso em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações
equívocas, e armar intrigas das quais se saía sempre bem, e sabia, por experiência
própria, que a fortuna se ganha com uma frase, num dado momento, que este
momento único, irrecuperável, irreversível, exige um estado de alerta para a sua
apropriação.
(RAWET, S. O aprendizado)
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos
de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana,
embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato,
no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava
inúmeras coroas de exalcoólatras anônimos.
19. (Enem 2012) Eu gostava muito de passeá... saí com as minhas colegas... brincá
na porta di casa di vôlei... andá de patins... bicicleta... quando eu levava um tombo
ou outro... eu era a::... a palhaça da turma... ((risos))... eu acho que foi uma das
fases mais... assim... gostosas da minha vida foi... essa fase de quinze... dos meus
treze aos dezessete anos...
A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto Fala Goiana
20. (Enem PPL 2012) Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando o
sentimento de culpa que as mães têm de infectar o filho. O principal problema que
vivenciamos é quanto ao aleitamento materno. Além do sentimento muito forte
manifestado pelas gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da
família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem falar nas
companheiras na maternidade que estão ama mentando. Esses conflitos constituem
nosso maior desafio. Assim, criamos a técnica de mamadeirar. O que é isso? É
substituir o seio materno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito!
Senhora:
Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para
vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém.
Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder
sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e
nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de
ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na
prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é
no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu
entre nós um muro frio e triste.
Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas
também não era a vez primeira.
22. (Enem 2012) Nós, brasileiros, estamos acostumados a ver juras de amor, feitas
diante de Deus, serem quebradas por traição, interesses financeiros e sexuais.
Casais se separam como inimigos, quando poderiam ser bons amigos, sem
traumas. Bastante interessante a reportagem sobre separação. Mas acho que os
advogados consultados, por sua competência, estão acostumados a tratar de
grandes separações. Será que a maioria dos leitores da revista tem obras de arte
que precisam ser fotografadas antes da separação? Não seria mais útil dar
conselhos mais básicos? Não seria interessante mostrar que a separação amigável
não interfere no modo de partilha dos bens? Que, seja qual for o tipo de separação,
ela não vai prejudicar o direito à pensão dos filhos? Que acordo amigável deve ser
assinado com atenção, pois é bastante complicado mudar suas cláusulas? Acho que
essas são dicas que podem interessar ao leitor médio.
23. (Enem 2012) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu
descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava
missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu
não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer
pelo uso errado que fiz de uma palavra num desses meus badulaques. Acontece
que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção”
— do verbo “varrer”. De fato, trata-se de um equívoco que, num vestibular, poderia
me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se
deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário, aquela que tem, no
topo, a fotografia de uma “varroa”(sic!) (você não sabe o que é uma “varroa”?)
para corrigir-me do meu erro. E confesso: ele está certo. O certo é “varrição” e não
“varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim
porque nunca os vi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar
mostrar-lhes o xerox da página do dicionário com a “varroa” no topo. Porque para
eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de
Minas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre
esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito
ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que
o prato está rachado.
De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se deu ao trabalho
de fazer um xerox da página 827 do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o
autor reconhece:
A. A supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
B. A necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação
escrita.
C. A obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de uma
comunicação efetiva.
D. A importância da variedade culta da língua, para a preservação da identidade
cultural de um povo.
E. A necessidade do dicionário como guia de adequação linguística em
contextos informais privados resolução.
26. (Enem PPL 2010) Assaltantes roubam no ABC 135 mil figurinhas da Copa
do Mundo
Cinco assaltantes roubaram 135 mil figurinhas do álbum da Copa do Mundo 2010
na noite de quarta-feira (21), em Santo André, no ABC. Segundo a assessoria da
Treelog, empresa que distribui cromos, ninguém ficou ferido durante a ação.
Procurada pelo G1, a Panini, editora responsável pelas figurinhas, afirmou que a
falta de cromos em algumas bancas não tem relação com o roubo. Segundo a
editora, isso se deve à grande demanda pelas figurinhas.
A notícia é um gênero jornalístico. No texto, o que caracteriza a linguagem desse
gênero é o uso de:
A. Expressões linguísticas populares.
B. Termos técnicos e científicos.
C. Palavras de origem estrangeira.
D. Variantes linguísticas regionais.
E. Formas da norma padrão da língua.
27. (Enem 2009) Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim
que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma
casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e
descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu
a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu
que devia sofrer de ataque.
Gabarito
26.E 27.B