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CAICÓ – RN
2019
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CAICÓ – RN
2019
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Banca Examinadora:
CAICÓ – RN
2019
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“A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós
enquanto vivemos”.
Norman Cousins
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AGRADECIMENTOS
À Deus, por ser minha fortaleza e meu amparo em todos os momentos da minha vida,
por me dar sabedoria e fé nos dias difíceis, principalmente durante esta caminhada de mestrado.
Aos meus pais, José Muniz e Zilma Cavalcante, pela base familiar, por serem minha
fonte de amor diária e por sempre me conduzirem pelo caminho do bem.
Aos meus irmãos, Rodrigo Muniz e Diego Muniz, e minhas sobrinhas, Mariana, Helena,
Lana e Anna Júlia, pelo amor e afeto a mim dedicado e por vibrarem comigo a cada conquista.
À Ricardo Dantas, pela paciência, companheirismo, apoio e compreensão nos
momentos em que tive que abdicar do nosso lazer para passar noites e madrugadas estudando.
Agradeço-o também pela realização de um grande sonho: me tornar mãe de Luiz, que ainda
nem nasceu, mas já me ensina o verdadeiro significado do amor e do cuidado. A fase da
gravidez e o seu acidente tornaram o término do mestrado ainda mais difícil, mas conseguimos
e peço que Deus nos abençoe com dias leves nessa nova jornada que se inicia.
Aos demais familiares, pelo afeto e credibilidade que sempre me deram.
Aos meus orientadores, Dulcian Azevedo e Tiago Pinto, pela paciência, confiança e
conhecimento compartilhado. Obrigada por me aceitarem e acreditarem em mim.
A todos os professores da minha trajetória como aluna, desde a escola até a Pós-
graduação, pela dedicação e conhecimentos para uma formação profissional qualificada.
Aos amigos, colegas de trabalho e usuários do CAPS III de Caicó/RN, pelo apoio e
incentivo a este projeto desde o princípio e por tornarem meus dias menos fardos. Vocês foram
fundamentais.
Aos “meus 11 meninos do curso de medicina”, em especial a Laurent, Ikaro e Leoberto,
pela dedicação e colaboração na coleta de dados e estarem a disposição sempre que necessário.
E a todos os demais que, direta ou indiretamente, fizeram ou fazem parte da minha
história, o meu MUITO OBRIGADA!!
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RESUMO
ABSTRACT
Suicide is considered one of the most prevalent problems in public health and has increasing
levels worldwide. The city of Caicó/RN remained for years among the first places in the
Brazilian ranking of suicide mortality, in municipalities of up to 50 thousand inhabitants. Over
the past two years, suicide attempts have become the largest demand for care at the Psychosocial
Care Center (CAPS) III. Considered a prevention strategy for high-risk populations, improving
health services and developing effective interventions for this group is a major challenge in this
Region.
The objective of this research was to identify users with suicidal behavior admitted to CAPS
III, since its foundation; elaborate protocol for identification and referral of people with suicidal
behavior admitted to CAPS III in the city of Caicó/RN; and to offer permanent health education
activities to health professionals.
Characterized as an action research, this study was developed in three stages, as follows: (1)
Identification of CAPS III users with suicidal behavior; (2) Permanent education for
professionals of the Caicó/RN mental health care network devices; and (3) Meeting with the
CAPS Technical Team III.
The results showed that 35% of users of CAPS III of Caicó/RN presented information about
suicidal behavior in their medical records, and it is possible to form an epidemiological profile
of these. There was a higher prevalence among females (58.5%); single (47.1%); adults aged
between 30 and 39 years (28.6%); residents of the municipality of Caicó/RN (67%); and with
a medical diagnosis of Mood Disorders (F30 - F39) (32%). Suicide attempts were more frequent
(64%), and self-poisoning (29%) were the most commonly used methods. Through continuing
education activities, it was possible to obtain as a result the deficit of professionals specialized
in health devices; lack of communication between the network; the need for matriculation in
mental health and the lack of training on suicide prevention for professionals; resulting in their
lack of preparation to serve the public in question, from reception to rehabilitation.
The data reinforce the need to seek explanations for the high rate of suicides and suicide
attempts throughout the Caicó/RN, pointing out the importance of the organization of the health
network as a whole and the qualification of professionals in the face of difficult topics. cope, in
order to favor an understanding of this problem in public health.
Keywords: Suicide; Suicide attempt; Center for Psychosocial Care; Permanent Education.
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RP – Reforma Psiquiátrica
RSRN – Região de Saúde do Estado do RN
SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SESAP – Secretaria Estadual de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte
SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SRT – Serviço Residencial Terapêutico
SUS – Sistema Único de Saúde
TS – Tentativa de Suicídio
UBS – Unidade Básica de Saúde
UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UPA – Unidade de Pronto Atendimento
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LISTA DE FIGURAS
Gráfico 1: Distribuição de série histórica da expansão dos CAPS (Brasil, dez/1998 a dez/2014)
............................................................................................................................................ 31
Gráfico 4: Distribuição percentual do comportamento suicida dos usuários do CAPS III. Centro
de Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018 ....................................................................... 51
Gráfico 6: Distribuição percentual do tipo de métodos utilizados nas tentativas de suicídio dos
usuários do CAPS III, de acordo com o CID-10. Centro de Atenção Psicossocial III, Caicó-RN,
2018..................................................................................................................................... 53
Tabela 2: Distribuição absoluta e percentual dos usuários segundo sexo e estado civil. Centro
de Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018............................................................................44
Tabela 3: Distribuição absoluta e percentual dos usuários segundo faixa etária. Centro de
Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.................................................................................45
Tabela 5: Distribuição absoluta e percentual dos municípios de origem dos usuários. Centro de
Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.................................................................................46
Quadro 2: Dificuldades atuais encontradas nos serviços de saúde de Caicó frente a resoluções
de casos de usuários com comportamento suicida.....................................................................60
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 19
2.1 SUICÍDIO E COMPORTAMENTO SUICIDA: UMA PERSPECTIVA MUNDIAL,
BRASILEIRA, ESTADUAL E REGIONAL........................................................................ 19
2.1.1 Conceitos, Definições e Aspectos Epidemiológicos ................................................... 19
2.1.2 O Suicídio no Rio Grande do Norte e na Região do Seridó Potiguar ............................ 23
2.2 REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA E POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE
MENTAL ............................................................................................................................ 25
2.2.1 Atenção Psicossocial Estratégica ................................................................................. 30
2.3 TRANSFORMAÇÕES E ASSISTÊNCIA DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
MENTAL DO RIO GRANDE DO NORTE E REGIÃO DO SERIDÓ ................................. 34
3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 39
4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 40
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 43
5.1 PERFIL DOS USUÁRIOS DO CAPS III COM COMPORTAMENTO SUICIDA ......... 43
5.2 ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA PROFISSIONAIS DOS
DISPOSITIVOS DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL .................................... 58
5.3 REUNIÃO COM A EQUIPE TÉCNICA DO CAPS III .................................................. 62
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 65
7 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 66
ANEXOS E APÊNDICES.................................................................................................. 75
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1 INTRODUÇÃO
Somente nos anos 2000, a RP se constituíra através da Lei 10.216/01, que com o suporte
político da III CNSM, demarca um novo campo legal com o objetivo de reduzir
progressivamente os leitos psiquiátricos e extinguir hospitais, além da criação de serviços
substitutivos e de programas para suporte a moradores de hospitais e desamparados socialmente
(BRASIL, 2015).
A RP tem como base a (re)inserção social da pessoa com transtorno mental, com
participação ativa dos usuários, família e comunidade, na tomada de decisões do serviço de
saúde. O tratamento foge da visão fragmentada e atua na dimensão subjetiva e sociocultural. O
trabalho em saúde mental passa a ser desenvolvido agora de forma multi e interdisciplinar,
saindo da dimensão apenas clínica, passando a incluir profissionais de várias especialidades no
tratamento (COSTA-ROSA, 2012).
Por meio do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, o Sistema Único de Saúde (SUS)
vem consolidando a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), concretizando os princípios e
diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental (PNSM), Álcool e Outras Drogas e tem por
finalidade criar, ampliar e articular os pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento
ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas
(BRASIL, 2015).
Passados mais de 20 anos da RP, a luz de todas as nuances de enfrentamento do estigma
que envolve a questão da enfermidade mental e o uso de substâncias psicoativas, avançou-se
muito nas prescrições e nas diretrizes do Ministério da Saúde (MS), da Justiça e Direitos
Humanos, da Cultura, do Trabalho, para a área (PITTA, 2011).
Por outro lado, nos últimos três anos surgem fatos na arena institucional e do próprio
Governo/Estado, para negar tais avanços e retornar aos ditames da Psiquiatria Clássica, com
foco no internamento e negação de direitos. Publicada recentemente, a Nota Técnica do
Ministério da Saúde que redireciona a PNSM, destrói os ganhos inestimáveis da RP (BRASIL,
2019). Os impactos desta revolução assistencial ainda serão mensurados ao longo dos próximos
anos, porém já é possível visualizar críticas e discussões, principalmente acerca dos tratamentos
centrados na internação (Hospitais Psiquiátricos e Comunidades Terapêuticas) e do retorno à
eletroconvulsoterapia (ECT).
Em conformidade com a realidade mundial e nacional, a trajetória da RP no Rio Grande
do Norte foi impulsionada também a partir dos anos 1990, com a aprovação de diversas leis e
portarias ministeriais, além da expansão dos CAPS, sendo o primeiro inaugurado na capital em
1994 (SANTOS, 2007).
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
No fim da década de 1960, o comportamento suicida foi definido pela Organização das
Nações Unidas (ONU) como um fenômeno multifatorial, multideterminado e transacional que
se desenvolve por trajetórias complexas, porém identificáveis (BOTEGA, 2015).
O comportamento suicida representa uma das maiores preocupações em saúde pública
na atualidade. Foi responsável por quase 2% das mortes do mundo no ano de 1998, o que coloca
na frente de mortes causadas por guerras e bem à frente das mortes por homicídio. De uma
forma sucinta, a OMS define o ato suicida como “autoagressão com graus variados de intenção
letal” e suicídio como um “ato suicida com um desfecho fatal” (WHO, 1999).
O comportamento suicida é um ato saturado de ambivalência. Muitos suicídios
acontecem de forma inesperada e, outros, mesmo esperados por seu risco, parecem ser
imprevisíveis. Assim, o comportamento suicida pode ser visto como um continuum que inclui
a ideação, o planejamento, as tentativas de suicídio e o suicídio completo (JAMISON, 2002).
21
Nos dias atuais, predomina a ideia de que os profissionais de saúde mental devem avaliar
o risco de suicídio e reunir esforços para evitar que seus pacientes se matem (BOTEGA, 2015).
A pergunta que pode ser feita é se nós, profissionais de saúde mental, tomaremos o encargo
única e exclusivamente, como afirma o autor.
Para alguns profissionais, a avaliação do risco de suicídio pode ser perturbadora e até
aterrorizante. O medo de ser responsabilizado pela morte de um paciente leva muitos destes a
evitar o trabalho com pessoas potencialmente suicidas (BOTEGA, 2015).
Além da percepção da limitação na capacidade profissional, a falta de serviços de saúde
disponíveis e preparados para o atendimento de pessoas em crise suicida pode inibir a
disposição do profissional para abordar a temática do suicídio (BOTEGA, 2015).
Em 2003, a OMS passou e incentivar a Campanha do Setembro Amarelo, no qual o dia
10 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (BOTEGA, 2015). A
campanha geralmente é coordenada por profissionais de saúde mental, a fim de uma melhor
explanação sobre a prevenção do suicídio para os demais profissionais e a própria população,
através da divulgação de dados epidemiológicos e de material pedagógico de avaliação e
manejo da pessoa com comportamento suicida.
No Brasil, a campanha de conscientização de prevenção ao suicídio só foi implantada
após 12 anos de indicação da OMS, em 2015, com as primeiras atividades realizadas pelo
Centro de Valorização da Vida (CVV) concentradas apenas em Brasília. Em 2016, a campanha
finalmente foi expandida para todo o país e ocorre anualmente com o objetivo de alertar a
população a respeito da realidade atual do suicídio no Brasil e no mundo, com uma ampla
divulgação de informações sobre as formas de prevenção do fenômeno (CVV, 2016).
No contexto do Setembro Amarelo, mês de Prevenção do Suicídio, o MS apresenta a
Agenda de Ações Estratégicas para a promoção da saúde, vigilância e prevenção do suicídio no
Brasil, que estabelece um rol de ações relacionadas à qualificação da vigilância e ao
fortalecimento das ações de promoção da saúde, prevenção do suicídio e atenção às vítimas de
tentativas e suicídio e seus familiares (BRASIL, 2017).
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a cidade de Caicó/RN se
manteve no terceiro lugar durante três anos consecutivos (2005 a 2007) com os maiores
coeficientes de morte por suicídio (15,8/100 mil habitantes), em 20 cidades brasileiras com pelo
menos 50 mil habitantes (BOTEGA, 2010).
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Foi através deste contexto adotado pelos profissionais das alas psiquiátricas, juntamente com a
ABP e a Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), que as ideias de prevenção da doença
mental originaram um novo conceito: a Saúde Mental (PAULIN & TURATO, 2004).
Diante desse quadro, em 1978 iniciou-se uma greve dos médicos da DINSAM,
reivindicando melhorias no atendimento e no cuidado à pessoa com transtorno mental. Essa
greve originou o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM), tido como o marco
histórico da Reforma Psiquiátrica Brasileira (SANTOS, 2007; YASUI, 2006).
O MTSM foi constituído por trabalhadores integrantes da Reforma Sanitária,
sindicalistas e de associações de familiares e profissionais, com o propósito de denunciar a
violência nos manicômios, a hegemonia na rede privada de assistência e a consequente indústria
da loucura, bem como a construção coletiva da crítica ao saber psiquiátrico e ao modelo
hospitalocêntrico (BRASIL, 2005).
O processo da RP surge no bojo das mudanças e das transformações sociais ocorridas
no país durante o período de crítica ao paradigma científico e de sua racionalidade.
Particularmente nesta área, o objetivo ousava, entre conflitos e desafios, romper com a “lógica
psiquiátrica” de olhar e compreender a loucura para além dos muros institucionais (YASUI,
2006).
A RP configura-se como um processo político de transformação social que perpassa
uma modificação organizacional das formas de cuidado e dos processos de trabalho através da
criação de espaços de relações sociais baseados em princípios e valores para um reinventar da
sociedade diante do louco (YASUI, 2006).
Na década de 1990, a Secretaria Nacional de Assistência à Saúde publicou duas
Portarias, a n.º 189/91 e a n° 224/92, que modificaram a sistemática das internações
hospitalares, reduzindo o tempo no leito, buscando contemplar as diferentes experiências
assistenciais que estavam sendo implantadas nesse período (YASUI, 2006).
Com a implantação do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares de
Psiquiatria (PNASH/Psiquiatria) nos anos 2000, a política de desinstitucionalização ganhou um
forte impulso. Conseguiu-se vistoriar vários Hospitais Psiquiátricos e leitos de unidades
psiquiátricas em Hospitais Gerais, permitindo que um grande número de leitos inadequados às
exigências mínimas de qualidade assistencial e respeito aos Direitos Humanos fossem retirados
do sistema, sem acarretar desassistência para a população (BRASIL, 2005).
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No ano de 2002, como consequência da III CNSM, foi publicada a Portaria n° 336/2002,
em que se determinou o abandono do termo NAPS, propondo um novo modelo de assistência
centrado nos CAPS, os quais foram definidos como serviço ambulatorial de atenção diária que
funciona segundo a lógica do território. O CAPS passou a ser o articulador central das ações de
saúde mental do modelo assistencial e municipal, de acordo com a Norma Operacional de
Assistência à Saúde (NOAS) (BRASIL, 2002).
Os CAPS são pontos de atenção estratégicos da RAPS que prestam serviços de saúde
de caráter aberto e comunitário. É constituído por uma equipe multiprofissional que atua sobre
a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou
transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras
drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação
psicossocial. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural
concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida
cotidiana de usuários e familiares (BRASIL, 2004; BRASIL, 2018).
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O Gráfico 1 apresenta a expansão anual dos CAPS desde o ano de 1998. Observa-se um
constante crescimento de serviços desde a criação dos primeiros CAPS, mantendo uma taxa
anual de crescimento relativamente estável, o que aponta a consolidação desse modelo de
atenção para pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de álcool
e outras drogas, bem como para a ampliação de ofertas de cuidado de base territorial e
comunitária (BRASIL, 2015). Atualmente, o número de CAPS no país provavelmente é maior
e mais significativo, principalmente devido a diminuição populacional para a implantação dos
CAPS do tipo I e uma maior inserção dos CAPS do tipo AD III.
Gráfico 1: Distribuição de série histórica da expansão dos CAPS (Brasil, dez/1998 a dez/2014)
Tabela 1: Distribuição de série histórica da expansão dos CAPS (Brasil, dez/1998 a dez/2014)
O indicador de cobertura de CAPS a cada 100 mil habitantes para cada Unidade da
Federação reflete a evolução da implantação da rede de base comunitária ao longo do tempo,
além de servir de instrumento aos gestores para avaliação e definição de prioridades na
implantação da RAPS (BRASI, 2015).
No ano de 2014, a cobertura nacional foi de 0,86 CAPS/100 mil habitantes. O cálculo
do indicador é referente a cobertura ponderada por porte de cada CAPS, sendo assim, os CAPS
I têm território de abrangência e cobertura de 50 mil habitantes; os CAPS III e AD III, de 150
mil habitantes; os demais CAPS (II, AD e i), cobertura de 100 mil habitantes (BRASI, 2015).
Atualmente, o estado do RN, mesmo com todos os desafios e dificuldades encontradas,
vivencia uma expansão quantitativa dos serviços de atenção diária à saúde mental, evoluindo
de uma cobertura de 0,84 CAPS para cada 100 mil habitantes no ano de 2010, para uma
abrangência de 0,92 CAPS para cada 100 mil habitantes no ano de 2014. Com isso, o estado
ascendeu de um patamar de cobertura de CAPS considerado “bom” para outro considerado
“muito bom”, fazendo com o mesmo esteja classificado, no ano de 2014, como o décimo estado
mais bem colocado no ranking nacional de cobertura de serviços de atenção diária em Saúde
Mental no Brasil (BRASI, 2015).
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Fonte: Secretaria Estadual de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte (SESAP).
A 4° RSRN, que abrange a Região Seridó Potiguar, tem como sede o município de Caicó
e se constitui-se de 25 cidades, com aproximadamente 310.067 habitantes no total, segundo o
IBGE/2014. Possui uma rede de saúde mental formada por dois CAPS I, nos municípios de
Parelhas e Jucurutu; um CAPS II no município de Currais Novos; cinco leitos psiquiátricos no
município de Lagoa Nova, localizados no Hospital e Maternidade Garibaldi Alves Filho; além
de um CAPS III, um CAPS AD, um SRT, oito leitos no Hospital Regional e uma Comunidade
Terapêutica, no município de Caicó. Destes, o SRT e os leitos psiquiátricos em Hospitais Gerais
não são habilitados, apesar de funcionarem e receberem pacientes psiquiátricos habitualmente
(Figura 2).
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3 OBJETIVOS
GERAL:
ESPECÍFICOS:
• Identificar o perfil dos usuários com comportamento suicida admitidos no CAPS III de
Caicó/RN;
4 MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo desta pesquisadora caracteriza-se como uma pesquisa-ação, uma vez que parte
da vivência profissional e propõem a detecção de uma problemática bem como a transformação
de determinada realidade. Constitui-se em uma pesquisa social com base empírica, realizada
em estreita associação com uma ação ou resolução de um problema coletivo, em que
pesquisadores e participantes se envolvem de modo cooperativo ou participativo
(THIOLLENT, 2011).
Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN), sendo aprovado em 21 de dezembro de 2017 (CAAE nº
79620217.0.0000.5568), conforme Parecer 2.452.337 (ANEXO A).
A pesquisa foi desenvolvida em três etapas, sendo elas: (1) Identificação do perfil dos
usuários do CAPS III com comportamento suicida; (2) Educação permanente para os
profissionais dos serviços de saúde municipal de Caicó-RN; e, (3) Devolutiva dos resultados,
através de reunião com a equipe técnica do CAPS III de Caicó-RN.
A primeira etapa consistiu no momento preparatório e único quantitativo, em que foram
identificados os usuários do CAPS III com comportamento suicida. As informações foram
obtidas pela leitura dos prontuários do serviço, admitidos desde sua implantação (2009) até o
mês de março de 2018, correspondendo a 1.838 prontuários.
A coleta foi realizada no período de maio a outubro de 2018 com 93% (n=1.711) de
todos os prontuários do CAPS III, e considerou-se ações de comportamento suicida aqueles
com registros sobre ideação, e/ou planejamento, e/ou tentativa de suicídio, no intuito de
quantificar e conhecer o perfil dos usuários que chegam ao serviço com histórico suicida. A
coleta foi interrompida dado o cronograma da pesquisa ter ultrapassado o período proposto,
sendo os 7% dos prontuários (n=127) não vistos.
Os dados foram coletados pela pesquisadora, com o auxílio de onze estudantes do curso
de Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM/UFRN), e foram preenchidos
digitalmente em uma planilha no programa Microsoft Excel Online, através do formulário de
identificação e perfil do usuário com comportamento suicida (APÊNDICE A).
42
Foram consideradas algumas variáveis, a exemplo de: sexo, faixa etária, estado civil,
ocupação; escolaridade; município de procedência; tipo de demanda; os transtornos mentais
relacionados ao comportamento suicida; fases do comportamento suicida; quantitativo de TS;
métodos utilizados; uso de substâncias psicoativas; número de internação psiquiátrica; e, por
fim, a última conduta do serviço registrada no prontuário.
As variáveis supracitadas foram escolhidas a fim de montar um perfil epidemiológico
desses usuários no CAPS III, assim como identificar o histórico de saúde mental relacionado à
possíveis questões disparadoras para os comportamentos suicidas.
A segunda etapa da pesquisa representou uma atividade/ação de educação permanente
para os profissionais dos serviços públicos de saúde de Caicó-RN, por meio de um Fórum de
Capacitação, com o tema: “Rede de Cuidado e Prevenção à pessoa com Comportamento
Suicida”. A programação (APÊNDICE B) teve como objetivo apresentar dados coletados na
primeira etapa, discutir sobre a organização dos serviços de saúde frente ao acolhimento de
usuários com comportamento suicida, além de fornecer informações sobre dados
epidemiológicos.
Atualmente, o município de Caicó-RN possui como dispositivos da RAPS 24 UBS
inseridas na Estratégia de Saúde da Família (ESF), um Núcleo de Apoio ao Saúde da Família
(NASF), um CAPS III, um CAPS AD, o SAMU 192, oito Leitos Psiquiátricos em Hospital
Geral (Unidade Hospitalar Regional do Seridó), um SRT e um Ambulatório de Saúde Mental.
Destes, foram convidados para esta etapa de educação permanente os profissionais das
UBS, CAPS III, CAPS AD, Ambulatório de Saúde Mental e profissionais da Urgência e
Emergência da Unidade Hospitalar Regional do Seridó, por meio de Ofício à coordenação de
cada setor, distribuição de folders e divulgação em redes sociais. Compareceram 91
profissionais, correspondendo a 61% do público esperado (150 pessoas), devido a vários
fatores, como: outro evento que estava ocorrendo neste dia, ofertado pelo Centro de Referência
em Saúde do Trabalhador (CEREST) destinado ao mesmo público alvo; pela quantidade do
número de ESF da Zona Rural e dificuldade dos profissionais comparecerem à Zona Urbana;
pelo fato de que as unidades não poderiam ficar totalmente sem atendimento à população; pela
quantidade de profissionais que encontravam-se de férias no mês de dezembro; pelos
profissionais trabalharem por escala; entre outros.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2: Distribuição absoluta e percentual dos usuários segundo sexo e estado civil. Centro de
Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.
Sexo N %
Feminino 352 58,5
Masculino 249 41,5
Estado Civil N %
Solteiro 283 47,1
Casado/União Estável 203 33,8
Separado 46 7,7
Viúvo 12 2,0
Não informado 57 9,4
Total 601 100
Fonte: Dados da pesquisa.
Na pesquisa, a análise do padrão de TS por sexo, evidenciou uma maior proporção entre
as mulheres, com uma representatividade superior entre os solteiros. Esses achados se
encontram em consonância com alguns estudos que apontam a predominância de mortes por
suicídio entre homens e de tentativas entre mulheres, principalmente em idade adulta e de
pessoas com maior vulnerabilidade e fator de risco por se sentirem sozinhas.
O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do país avaliou o perfil
das lesões autoprovocadas e tentativas de suicídio registradas (2011 a 2016), detectando que
69% dos casos são realizadas por mulheres e apenas 31% por homens. Ainda assim, foi visto
um aumento dos casos notificados de lesão autoprovocada nos sexos feminino e masculino de
209,5% e 194,7%, respectivamente (BRASIL, 2017).
Um estudo sobre as características e fatores de risco do comportamento suicida entre
homens e mulheres com transtornos psiquiátricos em um CAPS de Divinópolis/Minas Gerais,
observou-se que a maior proporção de comportamento suicida entre os pacientes psiquiátricos
é sem vínculos afetivos, ou seja, solteiros e em idade adulta (BOTTI et. al., 2018).
Há estudos que trazem o fato de que ser casado é um fator de proteção às pessoas e
aponta um maior risco de suicídio e tentativas entre os solteiros, viúvos e pessoas separadas
(VIDAL et. al., 2013).
A faixa etária dos usuários da pesquisa é apresentada na Tabela 3, com maioria entre os
adultos de 13 a 39 anos (52,5%).
46
Tabela 3: Distribuição absoluta e percentual dos usuários segundo faixa etária. Centro de Atenção
Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.
Faixa Etária N %
13-39 anos 56 52,5
40-49 anos 146 24,2
50-59 anos 92 15,3
60-69 anos 34 5,6
70-83 anos 15 2,4
Total 601 100
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 5: Distribuição absoluta e percentual dos municípios de origem dos usuários. Centro de Atenção
Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.
Cidade N %
Caicó 403 67,0
Jardim do Seridó 26 4,3
São João do Sabugi 15 2,5
Cruzeta 15 2,5
Jardim de Piranhas 14 2,3
Ouro Branco 11 1,8
Serra Negra do Norte 10 1,7
São José do Seridó 10 1,7
Outras 93 15,5
Não informado 4 0,7
Total 601 100
Fonte: Dados da pesquisa.
48
Um dos fatores mais importantes a ser considerado para o alto índice de usuários do
município de Caicó no CAPS III é que esta é a principal cidade da Região do Seridó, com
população, de acordo com estimativas IBGE (BRASIL, 2017), de aproximadamente
68.222 habitantes, o que a coloca como a segunda cidade mais populosa fora da região
metropolitana de Natal.
Outra variável pesquisada no estudo foi “acompanhamento com algum profissional de
saúde mental anterior”. Detectou-se que 50% dos usuários com comportamento suicida já
realizavam tratamento especializado, o que pode denotar graus variados de risco ou de proteção
para suicídio nos mesmos. O grau para risco de suicídio (baixo, moderado ou alto) se refere à
probabilidade, menor ou maior, de que o suicídio venha a ocorrer em um futuro próximo
(BOTEGA, 2015).
Um conjunto de informações relevantes e articuladas permite um parecer final,
embasado cientificamente, chamado de formulação do risco de suicídio. Esta formulação tem a
principal vantagem de orientar o manejo clínico e colocar as ações terapêuticas em ordem de
prioridade (BOTEGA, 2015). O esquema didático da Figura 3 aparece em vários manuais de
prevenção ao suicídio destinados aos profissionais de saúde, e apresentam três configurações
de risco para suicídio.
Segundo Gondim et. al. (2017), a identificação e avaliação de usuários com alto risco
para TS, e o provimento de cuidados e acompanhamento devem ser componentes essenciais de
quaisquer estratégias abrangentes de prevenção ao suicídio. É importante haver um
acompanhamento multiprofissional, compreensão e respeito à pessoa e sua família, diante do
sofrimento apresentado. A violência autoprovocada é um problema de saúde pública e necessita
de investimentos e cuidado pelos diversos níveis de atenção à saúde para uma melhor qualidade
de vida (FERNANDES et. al., 2016).
Recentemente, o Ministério da Saúde lançou a “Agenda Estratégica de Prevenção ao
Suicídio” (2017-2020), com o objetivo de ampliar e fortalecer ações de promoção da saúde,
vigilância, prevenção e atenção integral ao suicídio, com vistas à redução de tentativas e mortes,
considerando os determinantes sociais da saúde e as especificidades de populações e grupos
sociais em situação de maior vulnerabilidade ao fenômeno e os municípios e grupos de
municípios com alta concentração de suicídio (BRASIL, 2017).
A partir da publicação desta Agenda, espera-se que haja a qualificação do debate em
andamento, a ampliação e o fortalecimento das ações de vigilância e prevenção do suicídio,
agregando novos atores para sua implementação. Com o compartilhamento de
responsabilidades e do somatório de esforços do MS, junto às secretarias estaduais e municipais
de saúde, outros setores governamentais e o envolvimento da sociedade civil, é possível atingir
a complexidade do fenômeno do suicídio no país (BRASIL, 2017).
Os dados referentes ao tipo de demanda dos usuários na instituição encontram-se
registrados no Gráfico 2, no qual 50% se deu por demanda espontânea, na maioria das vezes
acompanhado de familiares.
Gráfico 2: Distribuição percentual do tipo de demanda para os usuários atendidos no CAPS III. Centro
de Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.
50%
50%
40%
30%
20% 15%
10% 9%
10% 5% 4% 3% 2% 2%
0%
Espontânea Hospital Regional Outros CAPS
Gráfico 3: Distribuição percentual do diagnóstico dos usuários com comportamento suicida (CID-10).
Centro de Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.
40% 32%
30%
30% 23%
20%
9%
10% 4%
2%
0%
Transtorno de Humor (F30-F39)
Esquizofrenia e outros Transtornos Esquizotípicos (F20-F29)
Transtornos Neuróticos, Transtornos relacionados com o stress e Transtornos Somatoformes (F40-F48)
Transtorno de Personalidade (F60-F69)
Transtornos Mentais e Comportamentais devido ao uso de Substâncias Psicoativas (F10-F19)
Outros
Também foi pesquisado junto aos prontuários informações sobre o uso de álcool e/ou
outras drogas entre os usuários do CAPS III, sendo que 70,05% destes não continham
informações sobre esta variável e 20,13% traziam histórico positivo.
O uso de álcool e outras drogas, especialmente em estágios avançados de dependência,
ainda são importantes fatores de risco para o suicídio, pois, nesses estágios, é comum que a
depressão secundária produza a ideia de insuperabilidade da doença ou de falta de saída em
situação de dificuldade física ou psicossocial (BOTEGA, 2015; BOTTI et. al., 2018).
Relacionar as tentativas de suicídio com o uso de álcool e outras drogas, é de suma importância
na proposição das políticas públicas das violências e seus condicionantes e determinantes.
Os transtornos relacionados ao uso de drogas foram o principal diagnóstico psiquiátrico
em pacientes homens, com comportamento suicida, na admissão para tratamento em um CAPS
III. Este uso está intimamente ligado à tentativa ou ao suicídio consumado, como apontaram
várias autópsias de suicídios no município de Divinópolis-MG, quando se encontrou nível de
concentração de álcool elevado no sangue das vítimas (≥0,1 g/kg) (BOTTI et. al., 2018).
Os Gráficos 4 e 5 mostram, respectivamente, dados sobre as fases do comportamento
suicida dos usuários do CAPS III de Caicó/RN, e a quantidade de TS encontradas. A maioria
(64%) já havia tentado, mas não foi possível informar quantas vezes (51%), pois houve ausência
de preenchimento nos prontuários.
Gráfico 4: Distribuição percentual do comportamento suicida dos usuários do CAPS III. Centro de
Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.
80% 64%
60%
40% 27%
20% 9%
0%
Tentativa de Suicídio Ideação e planejamento Apenas ideação
60%
51%
50%
40%
30% 22%
20%
9% 7% 7%
10% 3% 1%
0%
Gráfico 6: Distribuição percentual do tipo de métodos utilizados nas tentativas de suicídio dos usuários
do CAPS III, de acordo com o CID-10. Centro de Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.
30%
29%
30%
25%
25%
20%
15%
10% 8%
5% 3% 3%
2%
0%
X60 - X69 - Autointoxicações
X70 - Lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento e sufocação
X78 - Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto cortante ou penetrante
X80 - Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação de um lugar elevado
X81 - Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação ou permanência diante de um objeto em movimento
X76 - Lesão autoprovocada intencionalmente pela fumaça, pelo fogo e por chamas
Não informado
63,90%
80,00%
60,00% 36,10%
40,00%
20,00%
0,00%
SIM NÃO
Gráfico 8: Distribuição percentual da última conduta registrada no prontuário dos usuários do CAPS
III. Centro de Atenção Psicossocial III, Caicó-RN, 2018.
64%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 13% 13%
9%
10% 2% 1% 1%
0%
Na segunda etapa desta pesquisa, o Fórum “Rede de Cuidado e Prevenção à pessoa com
Comportamento Suicida”, participaram 91 profissionais, correspondendo a 61% do público
esperado. Estes foram assim distribuídos:
➢ Atenção Básica: 59 profissionais – Agentes Comunitários de Saúde, Enfermeiros,
Médicos, Técnicos de Enfermagem, Auxiliares de Saúde Bucal, Dentistas, Diretores;
➢ Hospital Regional: 9 profissionais – Assistentes Sociais e Técnicos de Enfermagem;
➢ Ambulatório: 9 profissionais – Psicólogos de Caicó e município vizinho;
➢ CAPS: 14 profissionais – Auxiliar Administrativo, Diretor, Enfermeiro, Educador
Físico, Assistente Social, Psicólogo, Motorista, Técnicos de Enfermagem, Arte-
Educador.
No turno vespertino, destinou-se a discussão prática do evento, iniciado com uma fala
do Médico Psiquiatra do CAPS III, e NASF do município de Caicó, Dr. Fernando de Oliveira
Cano, a respeito dos “Atendimentos aos usuários em crise suicida – Abordagem e manejo”.
Em seguida, realizou-se uma oficina de Co-responsabilização ao usuário com
comportamento suicida nos serviços do município, onde os profissionais foram divididos em
cinco grupos, sendo apresentados e distribuídos cinco casos clínicos reais e diferentes. Cada
caso tratava de um tipo de atendimento, demanda e intervenção distintos sobre pessoas com
comportamentos suicidas que foram atendidos nos dispositivos do município.
Os profissionais teriam que solucionar de duas formas: uma de acordo com a realidade
atual e a outra através de uma solução idealizada em que os serviços funcionassem em rede,
com fluxos e responsabilidades definidas, listando as necessidades que encontram atualmente
para a efetivação de um atendimento “possível”.
O intuito da apresentação destes foi mostrar aos profissionais presentes que estes
pacientes realmente chegam às instituições à procura de tratamento e buscar estratégias de
resolução em conjunto de acordo com a nossa realidade atual, apontando as dificuldades
encontradas.
A educação, sem dúvida, é um instrumento potente para corrigir o descompasso entre a
orientação da formação, o desenvolvimento dos profissionais de saúde e os princípios e as
diretrizes do SUS. Diante disso, faz-se necessário fortalecer a EPS como norteadora de novas
práticas que orientam a reflexão sobre o trabalho e a construção de processos de aprendizagem
colaborativa e significativa, ofertando ações coletivas de desenvolvimento aos trabalhadores, a
partir dos principais desafios identificados pelas equipes no cotidiano do trabalho (BRASIL,
2014).
Após a discussão dos casos expostos, houve a apresentação e finalização do Fórum com
a leitura destes e as duas opções de soluções propostas. Mediante as respostas, foi possível
detectar as dificuldades e necessidades encontradas atualmente para a efetivação de um trabalho
adequado que integre todos os serviços de saúde do município, e intersetorial, além da
possibilidade de um trabalho em rede (RAPS) no município de Caicó-RN e Região do Seridó
(Quadro 2).
61
Quadro 2: Dificuldades atuais encontradas nos serviços de saúde de Caicó frente a resoluções de casos
de usuários com comportamento suicida
DIFICULDADES ENCONTRADAS
CASO 1 - Déficit de profissionais
- Falta de comunicação da rede
- Necessidade de matriciamento
- Estrutura física precária das instituições
CASO 2 - Déficit de profissionais
- Falta de comunicação da rede
- Escassez de capacitações sobre prevenção do suicídio
- Ausência de grupos de saúde mental na Atenção Básica
CASO 3 - Déficit de profissionais
- Falta de comunicação da rede
- Escassez de capacitações sobre prevenção do suicídio
- Necessidade de matriciamento
- Falta de humanização nos leitos psiquiátricos do Hospital Regional
- Medicações psicotrópicas insuficientes
CASO 4 - Déficit de profissionais
- Falta de comunicação da rede
- Estrutura física precária das instituições
- Escassez de capacitações sobre prevenção do suicídio
- Necessidade de matriciamento
- Ausência de CAPS AD III
CASO 5 - Falta de comunicação da rede
- Escassez de capacitações sobre prevenção do suicídio
- Necessidade de matriciamento
Fonte: Dados da pesquisa.
Dentre as dificuldades encontradas, as que foram mais citadas na resolução dos casos
clínicos foram: o déficit de profissionais nas instituições, a falta de comunicação da rede do
município, a escassez de capacitações e educação permanente sobre a prevenção do suicídio, e
a necessidade de matriciamento em saúde mental.
Do ponto de vista do déficit de profissionais nas instituições, o problema pode está
centralizado na atenção do cuidado com ênfase na tecnificação do trabalho e nas ações
profissionais nos núcleos de competência, em detrimento de um campo interdisciplinar, com
predominância da tecnologia médico-clínica sobre outras ações terapêuticas, com base numa
supervalorização da terapêutica medicamentosa e na subvalorização de ações de reabilitação
psicossocial, e não na ausência de certos profissionais especialistas ou não nos serviços
(FIORATI & SAEKI, 2013).
62
Após a realização do Fórum, foi planejada uma ação específica para os profissionais da
Equipe Técnica do CAPS III. A reunião aconteceu, durante o turno vespertino do dia 10 de abril
de 2019 na própria instituição e contou com a presença de nove profissionais (25% da equipe
técnica).
Apresentaram-se os resultados da primeira etapa da pesquisa, seguida de discussão
sobre a necessidade premente de reformular a Ficha de Acolhimento do CAPS III,
considerando-se ainda as falhas nas anotações das informações nestas e nos prontuários como
um todo (ausência, rasura e ilegibilidade).
Após discussão de todos, reestruturou-se a Ficha de Acolhimento do CAPS III
(APÊNDICE F), levando como base a ficha anterior, a avaliação de triagem utilizada no setor
de Terapia Ocupacional do Complexo Psiquiátrico Dr. João Machado (Natal-RN) e as propostas
dos profissionais presentes na reunião.
Os profissionais das diversas áreas, atuantes em saúde mental, devem trabalhar de forma
interdisciplinar, promovendo a comunicação e a troca de informações e saberes, para que assim
seja possível visualizar de forma mais ampla o melhor caminho a seguir no manejo dos casos
que chegam à instituição. O trabalho interdisciplinar no atendimento aos usuários com risco de
suicídio baseia-se primordialmente no trabalho em equipe, o que demanda interação entre os
profissionais na aplicação de técnicas intervencionais e planejamento coordenado de ações
(MULLER et al., 2017).
Comunicar-se e articular ações de forma integrada e efetiva, compreendendo as diversas
manifestações do saber e práticas em saúde mental que cada área profissional traz como
contribuição. Desta forma, as interações interdisciplinares no atendimento ao sujeito em
sofrimento possibilitam uma forma de cuidado mais integral bem como a preservação da vida
(ABREU et. al., 2010).
Um dos pontos discutido em reunião no CAPS III foi o acolhimento ofertado aos
usuários. É de entendimento comum no campo da atenção psicossocial que o acolhimento de
usuários possa/deva ser realizado por qualquer profissional da equipe, desde que treinado para
isso e tal movimento esteja definido enquanto filosofia do processo de trabalho local. No
serviço pesquisado (CAPS III de Caicó-RN), existe a “cultura organizacional do serviço” de
que esta atuação deve ser apenas de psicólogos e assistentes sociais. Durante a reunião, esta
temática foi debatida, com direcionamentos para mudar esta lógica.
64
Diante disso, os presentes acordaram que todos os profissionais da equipe técnica (nível
superior) deveriam realizar o acolhimento dos usuários no serviço, com o respectivo
preenchimento da ficha de acolhimento. Ficou a cargo da coordenação do serviço a forma de
institucionalizá-la na rotina de atendimento do CAPS III, sendo disponibilizado à equipe um
treinamento específico, conforme responsabilidade da gestão municipal.
O acolhimento é uma importante ferramenta adotada e realizada diariamente pelas
equipes dos CAPS. No processo de acolhimento, a equipe prioriza a escuta qualificada que
propicia a formação de vínculo do usuário com o serviço de saúde à medida que se passa a
enxergar a pessoa e não a sua doença. Não se define acolhimento como um espaço ou um local,
com horário ou profissional específico para realizá-lo, mas sim uma atitude acolhedora por
parte de todos os profissionais, que “escutam e abrigam” aquele que busca auxílio para suas
demandas (PEGORARO & BASTOS, 2017).
Ainda na reunião, foram realizados dois momentos práticos. O primeiro, para detectar
as dificuldades encontradas no preenchimento da Ficha de Acolhimento e as propostas para
tornar os profissionais mais seguros na avaliação ao usuário. O Quadro 3 traz as informações
colhidas na primeira oficina da reunião.
para uso comum entre todos os profissionais dos serviços, a fim de facilitar o processo de
identificação de risco, acolhimento e atendimento desse público.
Como estratégias de suporte e apoio ao indivíduo com comportamento suicida que
chega ao serviço do CAPS III, foi aderido o registro em livro de ocorrência diária, onde todos
os profissionais terão acesso e preencherão relatando os principais acontecimentos do dia,
incluindo admissão e alta de usuários em leito noturno, relatando se estes apresentam algum
sintoma ou doença associada, como por exemplo, comportamento suicida ou hipertensão e
diabetes. Com isso, todos os profissionais da instituição poderão saber como interagir e intervir
de forma mais preparada e adequada diante desses usuários.
As portarias que tratam da notificação de violências estabeleceram, desde o ano de 2014,
que os casos de tentativa de suicídio e violência sexual são de notificação imediata no âmbito
municipal, e devem seguir o fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS
estabelecido pela Secretaria de Vigilância em Saúde/MS. A notificação compulsória imediata
deve ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que
prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas após o atendimento,
pelo meio mais rápido disponível (BRASIL, 2018).
Diante disso, caso o paciente relate no CAPS III um caso de TS e não tenha dado entrada
antes noutro serviço, a equipe deve notificar de modo a prevenir que um caso de tentativa de
suicídio se concretize, prática ainda inexistente no serviço e até mesmo desconhecida, visto que
não temos sequer conhecimento da ficha de notificação na instituição.
Foi sancionada no dia 26 de abril de 2019, a Lei 13.819, que institui a Política Nacional
de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Esta determina a notificação compulsória, pelos
estabelecimentos de saúde, dos casos de violência autoprovocada, incluindo tentativas de
suicídio e a automutilação (BRASIL, 2019).
É imprescindível articular a notificação do caso à vigilância epidemiológica do
município, imediatamente após o seu conhecimento, via ficha de notificação imediata da TS,
com o encaminhamento da pessoa para a rede de atenção à saúde. Isso inclui acionamento da
rede de vigilância, prevenção e assistência, encaminhamento do paciente a um serviço de saúde
mental, com adoção de medidas terapêuticas adequadas ao caso.
66
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 REFERÊNCIAS
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WHO, World Health Organization. Depression and other common mental disorders. Global
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WHO, World Health Organization. Figures and Facts about suicide. Geneva, 1999.
ANEXO A
77
APÊNDICE A
Formulário de Identificação:
Dados de Identificação:
Nome: Sexo: ( ) F ( ) M
Data de Nascimento: ___/___/_____ Idade: Data de admissão: ___/___/_____
Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado/União Estável ( )Viúvo ( ) Separado/Divorciado
( ) IGN
Filiação:
Escolaridade: Ocupação:
Endereço:
Bairro: Cidade:
Familiar/Pessoa de Referência: Telefone:
Tipo de demanda: ( ) Espontânea ( ) Familiar ( ) Atenção Básica ( ) Hospital Regional
( ) Hospital Psiquiátrico ( ) Outros CAPS ( ) Assistência Social – CRAS/CREAS ( ) SAMU
( ) Polícia ( ) Ambulatório ( ) Outros
HD/CID 10:
Medicamentos Psicotrópicos:
Data: ___/___/_____
______________________________________
Técnico Responsável
78
APÊNDICE B
APÊNDICE C
CASO CLÍNICO 01
SSX, sexo feminino, 35 anos, casada, dois filhos, atualmente cursa faculdade. Foi trazida por
seu marido à emergência do hospital geral por tentativa de suicídio através de intoxicação de
medicamentos psicotrópicos. Durante a primeira hora após ingestão desses medicamentos, a
paciente apresentou náuseas, vômitos, transpiração intensa e perda de consciência. No
acolhimento, a paciente afirmou que vinha apresentando episódios depressivos nos últimos 7
anos (dois episódios depressivos pós-parto), sendo que cinco deles exigiram hospitalização
psiquiátrica. Admitiu quatro tentativas de suicídio no passado e afirmou ter história familiar de
transtorno do humor (mãe e irmã). Além disso, relatou não fazer acompanhamento contínuo
com nenhum profissional da atenção básica e de saúde mental, sendo atendida apenas nos
momentos de crise. Quando a paciente chegou à emergência, sua pressão arterial era de 102/72
mmHg e frequência cardíaca de 90 bpm. Apresentou humor deprimido, sentimentos de
inutilidade e culpa, desesperança e ideação suicida persistente. Ela não se arrependia de suas
tentativas de suicídio mais recentes e não sabia com certeza se repetiria esse comportamento
em um futuro próximo.
CASO CLÍNICO 02
ERS, sexo masculino, 29 anos, separado. Possui história de buscas frequentes ao serviço do
posto de saúde por queixas de dores. Na última consulta, relatou uma tentativa de suicídio no
dia anterior e outras duas prévias, porém sem registros no prontuário sobre seu estado mental,
foi encaminhado ao serviço de Psiquiatria. A adesão ao tratamento no ambulatório foi
insatisfatória, com faltas às consultas e uso irregular de medicações. Após um mês, sua mãe
procurou a ESF e relatou que o mesmo estava com humor deprimido, pensamento não delirante,
ideação homicida para com sua ex esposa e filhos e suicida. Ele refere que sua vida sempre foi
uma farsa e que fingiu ser feliz, acredita estar sendo traído e, após o término recente de seu
relacionamento, fez três tentativas de suicídio, continuando com pensamento e planos suicidas.
80
CASO CLÍNICO 03
MLDX, sexo feminino, 19 anos, solteira. Perdeu sua única filha aos dois meses de vida devido
a Chikungunya. Após a morte da criança, separou-se do namorado e apresentou sintomas
depressivos. Quando estava organizando as roupas da criança para doar, apresentou alucinação
visual em que sua filha falecida a pedia que fosse acompanhá-la do “outro lado”. Ficou bastante
emocionada e decidiu que realmente seria melhor “dar fim à sua vida e reencontrar sua filha”.
Fez tentativa de suicídio com lesão provocada por faca no pescoço e pulsos. Foi encontrada
uma hora depois e levada ao hospital geral. Não aceita visita de familiares e profissionais,
exceto a enfermeira do hospital a qual acolheu na chegada. É resistente a tomar medicações e
encontra-se com ideação e planos suicidas fixos.
CASO CLÍNICO 04
CCV, sexo masculino, 41 anos, admitido no CAPS III desde agosto de 2006 com sintomas de
crises de ansiedade; insônia; medo; agitação psicomotora; ideação suicida; delírios
persecutórios e alucinações auditivas; problemas familiares e financeiros (muitas dívidas),
motivos pelos quais iniciou seu sofrimento psíquico. Em 2013 separou-se e sua filha mais nova
sofreu abuso sexual do vizinho (40 anos), após isso tentou suicídio duas vezes. Sua filha mais
velha é a responsável por acompanhá-lo nas consultas psiquiátricas e para dar sua medicação.
No mesmo ano, o Ministério Público entrou com ação penal contra o usuário pela prática do
crime previsto no art.171 $3º do código penal, o que agravou suas crises psicóticas, ficando
agressivo, tendo várias internações no CAPS e tentativas de suicídio com frequência. Começou
a usar álcool e drogas (crack e maconha). Atualmente tem diagnóstico de F60 (Personalidade
Paranoica) e F19.1 (Transtorno mental e comportamental devido ao uso de múltiplas drogas e
ao uso de outras substâncias psicoativas – uso nocivo para a saúde); está obeso e com início de
diabetes; as duas filhas estão grávidas (19 e 17 anos); mora em local de zona de perigo (área de
vulnerabilidade); é usuário de álcool e outras drogas; deixou de frequentar o CAPS diariamente.
81
CASO CLÍNICO 05
Duas amigas adolescentes, com 13 e 14 anos, estudantes do ensino fundamental na mesma
escola, começaram a namorar. Após a revelação da sexualidade, desde há 4 meses, estariam
ambas mais tristes, irritadas e com choro fácil, tendo iniciado comportamentos automutilatórios
após terem visto num site que "aliviava a dor de dentro". Pela não aceitação e preconceito dos
pais, amigos e sociedade, as mesmas fizeram um pacto e tentaram suicídio por enforcamento,
cada uma em sua residência no mesmo horário. Referiam que tinham a esperança de ficarem
juntas após a morte e que o sofrimento acabaria. As duas fazem uso de álcool e drogas (maconha
e cocaína) quase que diariamente. Eram vítimas de bullying escolar, com impacto nas redes
sociais, e uma semana antes da tentativa tiveram conhecimento que algumas fotografias suas
seriam colocadas num site pornográfico, por colegas de turma.
82
APÊNDICE D
13h as 17h
APÊNDICE E
Protocolo de Encaminhamento:
FICHA DE ENCAMINHAMENTO
1) Dados da Unidade
Nome da Unidade Solicitante:
Setor:
2) Dados do Paciente
Nome: Sexo: ( ) F ( ) M
Data de Nascimento: ___/___/_____ Idade: Data de admissão: ___/___/_____
Endereço:
Bairro: Cidade:
Familiar/Pessoa de Referência: Telefone:
3) Referência
Realizou consulta de urgência: ( ) Sim ( ) Não Data da consulta: ___/___/_____
Medicamentos Psicotrópicos:
Data: ___/___/____
______________________________________
Profissional Responsável
84
APÊNDICE F
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VIDA ADULTA (Relacionamento Familiar/Conjugal; História Profissional; Problemas Legais; Religião; Lazer; Histórico
da Vida Sexual; Uso de Drogas; Alimentação; Atividade Física):________________________________________________
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ANTECEDENTES FAMILIARES: ( ) SIM ( ) NÃO
ANTECEDENTES PATOLÓGICOS (Doenças importantes; medicamentosa; alergias; hospitalizações; abuso físico ou
sexual; deficiências):__________________________________________________________________________________
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EXAME PSÍQUICO:
APARÊNCIA (Idade Aparente; Postura; Nutrição; Roupas; Higiene):___________________________________________
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COMPORTAMENTO (Nível de Atividade; Tremores; Estereótipos; Expressões Faciais; Contato Visual; Voz):_________
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HUMOR (Tipo; Instabilidade; Adequação; Intensidade):_____________________________________________________
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FLUXO E CONTEÚDO DO PENSAMENTO (Associações de Palavras; Velocidade e Ritmo; Delírios; Alucinações;
Ansiedades; Fobias; Obsessões e Compulsões; Violência sexual/física; Comportamento Suicida – Ideação, Planejamento,
Tentativa de suicídio):_________________________________________________________________________________
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ORIENTAÇÃO (Pessoa, Lugar; Tempo):_________________________________________________________________
LINGUAGEM (Compreensão; Fluência; Nomeação; Repetição; Leitura; Escrita):_________________________________
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MEMÓRIA (Imediata; Curto Prazo; Longa Duração):_______________________________________________________
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ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO: ____________________________________________________________________
CONDUTA DO TÉCNICO: ( ) ESF ( ) AMBUL. PSICOLOGIA ( ) AMBUL. DE PSIQUIATRIA
( ) CAPS CIDADE DE REF.___________________________ ( ) CAPS III – ADMISSÃO NO SERVIÇO
TÉCNICOS RESPONSÁVEIS:________________________________________________________________________