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ISSN: 2525-8761
RESUMO
Introdução: O Apoio Matric ial (AM) é uma ferramenta importante na Atenção Primária à
Saúde (APS), pois a partir dela os profissionais são capacitados através de estratégias que
colaboram com o cuidado continuado, um dos princípios norteadores da APS. Objetivo:
Implementar o instrumento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do Distrito Federal para
capacitar os profissionais que estão em contato constante com usuários com problemas de saúde
mental e que precisam de um acolhimento com escuta inicial qualificada. Metodologia: o estudo
foi realizado com o Arco de Maguerez que consiste em cinco passos, desde a observação da
realidade até a solução do problema. Discussão: A implementação não foi possível devido às
constantes mudanças ocorridas no processo de trabalho decorrentes da pandemia de COVID-
19, porém ficou evidente a necessidade da implementação do Arco de Marguerez. Conclusão:
é necessário efetivar essa ferramenta na Atenção Primária à Saúde devido ao potencial que pode
ser alcançado através da capacitação do profissional.
ABSTRACT
Introduction: Matrix Support (MS) is an important tool in Primary Health Care, as professionals
are controlled through instructions, which collaborate with continuous care. Objective: the
implementation of this in a Basic Health Unit (BHU) in the Federal District to train
professionals who are in constant contact with users with mental problems and who need a
qualified initial reception and listening. Methodology: the Arch of Maguerez that consists of
five steps from the observation of reality to the solution of the problem. Discussion: The
implementation was not possible due to the changes made in the constant work process by the
COVID-19 pandemic, but the need to implement Matrix Support became evident. Conclusion:
this tool is necessary in Primary Health Care due to the potential that can be implemented for
the effectiveness of the professional.
1 INTRODUÇÃO
A Reforma Psiquiátrica transformou o sistema de saúde mental com a proposta de
eliminar o modelo hospitalocêntrico e buscar a reintegração do indivíduo à sociedade. O
movimento consequentemente ampliou a rede de serviços incorporando então a Atenção
Primária à Saúde (APS) na responsabilidade pelos seus cuidados. A APS atua com as Equipes
de Saúde da Família (ESF), que promovem o cuidado e autonomia desses usuários e podem
contar também com os Núcleos Ampliados de Saúde da Família (Nasf) que contam com
profissionais de diferentes categorias profissionais como, fonoaudiólogos, assistentes sociais,
nutricionistas, além de outras especialidades e são eles os facilitadores do Apoio Matricial. As
Unidades Básicas de Saúde (UBS), dentro do escopo da APS, têm por objetivo vincular o
usuário à ESF de referência, que tem responsabilidade sobre os seus cuidados, e a
responsabilidade pelo seu atendimento, tornando mais factível a relação profissional-paciente,
em que a confiança seja uma das bases para um bom tratamento (AZEVEDO, 2014). Nesse
sentido é importante desenvolver ferramentas para qualificar os profissionais que estão à frente
do cuidado, mas nem sempre preparados para enfrentar situações porventura incomuns no dia-
a-dia. Uma possível ferramenta para qualificação profissional no cuidado entre a saúde mental
e a APS é a aplicação do Apoio Matricial (OLIVEIRA, 2021).
O Apoio Matricial é uma estratégia baseada na troca de conhecimentos entre
profissionais de saúde para articular uma proposta de intervenção pedagógica-terapêutica,
fazendo com que o profissional tenha mais autonomia e esteja qualificado para atender uma
demanda de saúde mental independente da sua área de formação, favorecendo a formação de
vínculo entre profissional e usuário.
A resolução do problema sem a necessidade de encaminhamento para outro tipo de
serviço, que por vezes encontra-se sobrecarregado, e o empoderamento do usuário para o
retorno a uma vida mais saudável são os benefícios esperados através da aplicação desta
ferramenta (SILVA, 2017).
Frente ao exposto, este trabalho teve por objetivo a implementação e análise do Apoio
Matricial em uma UBS no Distrito Federal, com o intuito de capacitar os profissionais que estão
em contato constante com usuários com problemas de saúde mental e que precisam de um
acolhimento com escuta inicial qualificada.
anamnese tais comportamentos foram descritos pelos pais dos pacientes como “agressivos”.
Foram mencionados comportamentos relacionados às crianças que, segundo relatos dos
responsáveis: “agrediam pessoas próximas, principalmente familiares”, “se jogavam no chão”
e “batiam a cabeça na parede”, apresentando ainda dificuldades em obedecer às regras.
Normalmente as condutas adotadas para os pacientes que apresentam esse tipo de alteração é o
encaminhamento aos neurologistas ou psiquiatras para uma avaliação mais profunda e
contribuição no fechamento do diagnóstico.
Esta experiência trouxe novos questionamentos e reflexões, uma delas relacionado à
qualificação dos profissionais responsáveis por acolher esses casos, de forma a possibilitar a
adoção de comportamentos resolutivos frente às situações que envolvam o atendimento de
usuários em problemas de saúde mental. Foi observado que muitos casos de adoecimento
mental são encaminhados para atendimento com o Núcleo Ampliado de Saúde da Família
(NASF), para que os profissionais do serviço social possam dar um encaminhamento ou
resolvê-los. Isso demonstra o despreparo dos profissionais de saúde, com destaque para as ESFs
que recebem esses pacientes, além dos profissionais da portaria que geralmente realizam o
contato inicial com os usuários da UBS.
Diante da realidade apresentada e dos questionamentos dela decorrentes, foi identificada
a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre os possíveis tipos de conduta e desfecho
aplicáveis em cada caso. Constatou-se que nos atendimentos dos casos de saúde mental, há a
necessidade de haver mais de um profissional envolvido, o que nem sempre é possível por não
haver disponibilidade de profissionais no mesmo momento e local. Ter uma rede de apoio
contribui para o andamento e resolutividade aos casos de saúde mental, mas a realidade
apresentada não é favorável, pois a rede encontra-se sobrecarregada. Existem, ainda, alguns
casos que se estendem ou se perdem devido à dificuldade de acesso do usuário ao serviço de
saúde. Com isso, os profissionais capacitados para o tratamento desses usuários ficam muitas
vezes de mão atadas, impossibilitados de atendê-los e oferecer um cuidado contínuo e
resolutivo, ou apenas tratando outros sinais e sintomas, associados ou não ao comportamento.
Então, como é possível resolver ou minimizar os danos destes pacientes sem a
intervenção direta de outro profissional?
Alterações de
comportamento
Como minimizar ou
resolver as alterações
nesses pacientes sem
a intervenção direta
de outro
profissional?
Dificuldade de
acesso a outros
profissionais
1.3 TEORIZAÇÃO
Para que fosse possível entender melhor sobre o tema escolhido, entrevistas foram
importantes. Três entrevistas foram realizadas, uma delas foi com uma psicóloga que esclareceu
quais são os tipos de adoecimento encontrados na APS, como os profissionais de equipe podem
ajudá-los e, principalmente, quais as formas de intervenção para esses pacientes.
Outras duas entrevistas foram realizadas com dois Agentes Comunitários de Saúde das
ESF, onde foram relatadas as possíveis formas de abordagens. Na portaria, a ACS relata que,
para ele, se verifica primeiramente a fisionomia da pessoa para identificar algo de diferente e
depois encaminhá-la às salas de acolhimento ou ao Nasf. Foi relatado por outra ACS que ao
atender um usuário as profissionais ficam atentas aos sinais e sintomas que o usuário pode ter,
repetindo várias vezes as mesmas frases, não reconhecendo o profissional após ter falado com
o mesmo, entre outros sinais. Após esse primeiro passo, caso seja observado algum sinal ou
sintoma é aplicado um questionário com perguntas simples sobre rotinas de vida diária que
podem ou não estar sendo negligenciadas. Através desse método elas conseguem identificar se
há algum tipo de adoecimento mental. A servidora informa ainda que: “as gestantes apresentam
mais sinais e que nesse momento seria de extrema importância o matriciamento” (sic.
Servidora). Quando possível dar andamento a um caso são realizadas consultas regulares e
visitas domiciliares com os profissionais da equipe e quando compartilhado, com um
profissional do NASF, alguns casos são tratados sem precisar de encaminhamento para outro
tipo de rede. Porém foi percebido que faltam conhecimentos principalmente em relação a
identificação desses pacientes e a forma de abordagem.
2 DISCUSSÃO
A inserção do profissional dentro da APS exige um conhecimento sobre diversas áreas,
dentre elas está a saúde mental, que apresenta uma demanda grande e comum afetando os
profissionais de forma direta ou indireta. Por possuir diferentes formas de acometer o usuário e
saber o que fazer diante de uma situação é muito importante, além disso o serviço ao qual o
paciente será encaminhado ou não deve ter vinculação com demais redes de cuidado para que
se obtenha resolutividade e integralidade.
A falta de conhecimento dos serviços desempenhados por outros setores pode ser
enfraquecedor para o SUS, especialmente quando uma das ferramentas mais importantes para
manter relações dentro dos serviços de saúde é o Apoio Matricial que amplia e permite diversas
ações que auxiliam os profissionais diariamente, corroborando com outro estudo. (SILVA,
2017).
O despreparo dos profissionais das ESF em relação ao acolhimento de pessoas com
problemas de saúde mental fica evidente na situação e os encaminhamentos são utilizados como
forma de escape. Alguns fatores podem contribuir para essa incapacidade, como uma formação
acadêmica débil, experiências infelizes ao realizar atendimentos ou até mesmo a sobrecarga de
trabalho, demonstrado em um estudo (DE SOUSA,2021). Diante disso, fica clara a necessidade
da implementação do Apoio Matricial como uma forma de capacitação, devido aos benefícios
da ferramenta, como troca de conhecimentos, discussão de casos e oportunidade de realizar
propostas de PTS.
A articulação entre os profissionais nesse estudo foi uma das dificuldades que
impossibilitaram a conclusão do projeto, porém é importante destacar os benefícios do
matriciamento para pessoas com problemas em saúde mental. Pois proporciona aos indivíduos
ligações com provável vínculo não apenas com a UBS, mas também com instituições, igreja,
família, entre outros (OLIVEIRA, 2021).
3 CONCLUSÃO
O matriciamento é uma ferramenta muito importante e necessária na Atenção Básica
que deve ser implementada e permanente para que a continuidade do cuidado seja funcional
tornando possível uma nova forma de cuidar. Tornar conhecidos os serviços disponíveis e os
profissionais de ambas as redes de atenção capacitados para receber pessoas com problemas de
saúde mental ainda é uma dificuldade pairante e de difícil dissolução. Devido às consequências
que o vírus da Covid-19 trouxe, a demanda em saúde mental ficou intensa e travou ainda mais
o processo de implementação dessa ferramenta. Conclui-se que a articulação entre as redes é
necessária e urgente para ter profissionais suficientes que abarquem a demanda.
REFERÊNCIAS
DE SOUSA, Maria do Perpétuo Socorro et al. Enfermeiros de atenção primária à saúde: atitudes
frente à pessoa com transtorno mental. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 42, 2021.
OLIVEIRA, Poliana Silva de et al. Apoio matricial em saúde mental infanto-juvenil na Atenção
Primária à Saúde: pesquisa intervenção socioclínica institucional. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, v. 55, 2021.