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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS (UFAL – Campus Arapiraca)

CURSO DE ENFERMAGEM
SAÚDE MENTAL

Estratégia Saúde da Família e


Matriciamento em Saúde Mental
Leilane Camila Ferreira de Lima Francisco
Enfermeira (UFAL, Campus Arapiraca)
Especialista em Psiquiatria e Saúde Mental (Residência UNCISAL)
Especialista em Enfermagem do Trabalho (Faculdade Maurício de
Nassau)
Mestra em Enfermagem (UFAL)
Arapiraca
2021
REDE DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL
Componentes Hospital dia

Equipe Multi
Especializada

Hospital
Hospdia
Psiq
Especializados
Rede de Atenção Psicossocial
Saúde Mental na Atenção
Básica
Política Nacional de Atenção Básica
Tem na Saúde da Família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da
Atenção Básica;

Na construção da atenção integral, a Atenção Básica deve cumprir algumas funções


para contribuir com o funcionamento das Redes de Atenção à Saúde, são elas:
ser base;
ser resolutiva;
coordenar o cuidado;
ordenar as redes.
Papel da Atenção Básica
Prover cuidado
Trabalhar o
para
Diagnóstico vínculo com a
comorbidades
precoce; família.
clínicas;

Acompanhar os
que estão em
Intervenção na tratamento nos
crise; serviços
especializados;

Manutenção do
Início rápido do tratamento dos
tratamento; quadros
estáveis;
A Saúde Mental e Atenção Básica são campos que
convergem a um objeto comum e o que está em jogo
em ambos é a superação das limitações da visão
dualista do homem, a construção de um novo modelo
dinâmico, complexo e não reducionista e a orientação
para novas formas de prática na área de Saúde.
O cuidado em saúde mental na AB
O cuidado em saúde mental na Atenção Básica é bastante
estratégico pela facilidade de acesso das equipes aos usuários e
vice-versa e, por isso, é comum a demanda do sofrimento psíquico.

A realização de práticas em saúde mental na Atenção Básica suscita


muitas dúvidas, curiosidades e receios nos profissionais de Saúde.
Situações de saúde mental comuns na AB
• Queixas de tristeza e/ou ansiedade;
• Outras queixas em que os profissionais identificam tristeza e/ou
ansiedade;
• Depressão, ansiedade e somatização (as chamadas queixas
físicas sem explicação médica);
• Uso de álcool;
• Transtornos mentais graves e persistentes (esquizofrenia,
transtorno bipolar do humor).
A equipe de Saúde da Família irá acompanhar não apenas
quadros de transtornos mentais como também quadros que
possam desencadear uma vulnerabilidade psicológica
(abuso sexual, violência doméstica, gravidez na adolescência,
consumo de bebidas e drogas) de extrema importância para o
setor de saúde pública, permitindo assim o equilíbrio da
saúde mental na comunidade através de uma assistência
e orientação qualificada.
O QUE É MATRICIAMENTO?
• Matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de produzir saúde
em que duas ou mais equipes, num processo de construção
compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-
terapêutica.
• Um suporte técnico especializado que é ofertado a uma equipe
interdisciplinar em saúde a fim de ampliar seu campo de atuação e
qualificar suas ações.
Articulação que
permite o fluxo da
rede

Implementação da
Corresponsabilização
clínica ampliada
O cuidado em saúde mental não é algo de outro mundo ou
para além do trabalho cotidiano na Atenção Básica. As
intervenções são concebidas na realidade do dia a dia do
território, com as singularidades dos usuários e de suas
comunidades.
Objetivo
OBJETIVO central:
DO MATRICIAMENTO
Transformar a lógica tradicional dos sistemas de saúde: encaminhamentos, referências
e contrarreferências, protocolos e centros de regulação.
Os efeitos burocráticos e pouco dinâmicos dessa lógica tradicional podem vir a ser
atenuados por ações horizontais que integrem os componentes e seus saberes nos
diferentes níveis assistenciais.
PROCESSO DO MATRICIAMENTO
Os efeitos burocráticos e pouco dinâmicos da lógica tradicional podem vir a ser
atenuados por ações horizontais que integrem os componentes e seus saberes
nos diferentes níveis assistenciais.

REESTRUTURA DO SISTEMA
DE SAÚDE
Equipe de Equipe de Apoio
Referência Matricial
Funções do matriciamento

• Integrar a assistência na atenção primária com a atenção


especializada;
• Espaço de educação continuada;
• Oferecer suporte a equipe;
• Construir um NOVO olhar em saúde mental.
Matriciamento NÃO é:
o Encaminhamento ao especialista;
o Atendimento individual pelo profissional de saúde
mental;
o Intervenção Psicossocial coletiva realizada apenas
pelo profissional de saúde mental.
Profissionais matriciadores: Psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
enfermeiros, fonoaudiólogos, assistentes sociais.
O processo saúde-enfermidade-intervenção não é monopólio nem ferramenta
exclusiva de uma especialidade.
Isso torna o matriciamento um processo de trabalho interdisciplinar por natureza,
com práticas que envolvem o intercâmbio e construção do conhecimento.
Elaboração do
Projeto
Terapêutico
Singular

Ecomapa Interconsulta

Instrumentos
do Processo
de
Genograma Matriciamento Consulta
Conjunta

Contato a
Distância: Visita
Telefone e Domiciliar
Outras Conjunta
Tecnologias
Projeto Terapêutico Singular (PTS)
•O uso do termo “singular” em substituição a “individual”, outrora
mais utilizado, baseia-se na premissa de que nas práticas de saúde
coletiva – e em especial na atenção primária – é fundamental levar
em consideração não só o indivíduo, mas todo o seu contexto social.
• O PTS é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas
articuladas resultado da discussão coletiva de uma equipe
interdisciplinar.
O QUE É MESMO PTS?
PTS = CUIDADO
“O que se opõe ao descuido e ao acaso é o cuidado. Cuidar é mais
que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um
momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude
de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento
afetivo com o outro.”
Leonardo Boff
PTS
• É um plano de ação compartilhado composto por um conjunto de
intervenções;

• Visa o cuidado integral;

• Deve ser elaborado com o usuário;

• É um processo dinâmico.
O PTS contém quatro momentos
1) O diagnóstico: que deverá conter uma avaliação orgânica, psicológica e social;

2) Definição de metas: após os diagnósticos, a equipe faz propostas de curto,


médio e longo prazo;

3) Divisão de responsabilidades: é importante definir as tarefas de cada um;

4) Reavaliação: momento em que se discutirá a evolução para consequente


repactuação e reformulação do PTS.
Por onde começar?
1º passo: Estabelecer meta e prazo para a execução da atividade;

2º passo: Efetuar levantamento em prontuários dos usuários que não possuem PTS;

3º passo: Definir Terapeuta de Referência –TR;

4º passo: Assumir o compromisso de toda inserção de usuários obrigatoriamente


construir o PTS;

5º passo: Convocar usuários e familiares para construção do projeto.


Interconsulta
• Interconsulta é o principal instrumento do apoio matricial na atenção
primária sendo, por definição, uma prática interdisciplinar para a
construção do modelo integral do cuidado.
• Caracteriza-se por uma ação colaborativa entre profissionais de
diferentes áreas e um aspecto que a caracteriza é a discussão do caso.
• Existem diversas modalidades de interconsulta, que vão desde uma
discussão de caso por parte da equipe ou por toda ela até as intervenções,
como consultas conjuntas e visitas domiciliares conjuntas.
Consulta conjunta
• É uma técnica de aprendizagem em serviço voltada a dar respostas resolutivas a
demandas da assistência à saúde que reúne, na mesma cena, profissionais de
saúde de diferentes categorias, o paciente e, se necessário, a família deste.
• A ação se faz a partir da solicitação de um dos profissionais para complementar
e/ou elucidar aspectos da situação de cuidado em andamento que fujam ao
entendimento do solicitante para traçar um plano terapêutico.
A consulta conjunta necessita de pelo menos um matriciador
(profissional de saúde mental) e um matriciando (profissional da ESF).
Visita domiciliar conjunta
• Apresenta diversas características em comum com a consulta conjunta.
• Faz parte do arsenal terapêutico dos serviços de saúde.
• Importante o seguimento domiciliar de pessoas com transtorno mental,
principalmente, para os casos de maior complexidade psicossocial.
Contato a distância
• O contato entre a equipe de referência e de apoio matricial pode ser otimizado
com o uso das tecnologias de informação.
Genograma
• Permite descrever e ver como uma família funciona e interage.
• O genograma usa símbolos gráficos universalmente aceitos, o que facilita sua
compreensão por qualquer profissional de saúde familiarizado com o sistema.

A família pode ser crucial na prevenção de doenças, na recuperação de


um usuário ou ser parte da origem e da manutenção da doença.
Como percebemos, o genograma permite levantar questões que ajudam
a estabelecer uma estratégia terapêutica para a família, inclusive em
alguns aspectos preventivos.
Ecomapa
• O ecomapa é um instrumento útil para avaliar as relações familiares com o meio
social.
• Complementa o genograma, que avalia as relações intrafamiliares.
Com esse conhecimento podemos avaliar os
recursos e as necessidades.
DESAFIOS DO MATRICIAMENTO
• Trabalhar de forma interdisciplinar, a comunicação tem que ser clara;
• Certa predisposição subjetiva para se lidar com a incerteza, para
receber e fazer críticas e para tomada de decisão de modo
compartilhado;
• Definir o papel de cada um e suas responsabilidades;
• Necessidade de espaços coletivos;
• Os profissionais habituaram-se a valorizar a autonomia profissional.
Considerações finais
• É necessário que a ESF assuma um papel central no cuidado integral à saúde mental,
tornando as unidades da ESF, não só de diagnóstico e encaminhamento, mas com oferta de
cuidados em saúde mental.
•É preciso que se encare a ampliação da oferta de cuidados em saúde mental na atenção básica
como uma corresponsabilização e não como acréscimo de trabalho.
• Esse esforço é parte das ações necessárias para organizar a rede de cuidados em saúde
mental, que deve se estruturar a partir da atenção básica, incluindo o melhor uso da
comunicação, vínculo, acolhimento, práticas integrativas e coletivas.
Referências
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n.º 3088/GM de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção
Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool
e outras drogas no âmbito do Sistema Único de Saúde. 2011.
_____. Ministério da Saúde. Resolução n.º 32, DE 14 DE Dezembro de 2017. Estabelece as Diretrizes para o
Fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). 2017.
_____.Ministério da Saúde. Portaria Nº 3.588, de 21 de Dezembro de 2017. Altera as Portarias de Consolidação no 3 e
nº 6, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre a Rede de Atenção Psicossocial, e dá outras providências. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva. Guia prático de
matriciamento em saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de
Atenção Básica n. 34: Saúde Mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
GRYSCHEK, G.; PINTO, A. A. M. Saúde Mental: como as equipes de Saúde da Família podem integrar esse
cuidado na Atenção Básica?. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 20, n. 10, p. 255-262, 2015.
OBRIGADA!
leilanecamila_@hotmail.com

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