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Considerações Gerais
Conforme consolidado na literatura, as variáveis psicológicas têm importante papel na
etiologia da obesidade e no sucesso terapêutico. Por isso, o tratamento cirúrgico da
obesidade exige abordagem multidisciplinar que contemple as dimensões
biopsicossociais do indivíduo e garanta acesso tanto às intervenções preventivas como
aos tratamentos clínico e cirúrgico (International Federation for the Surgery of Obesity
- IFSO).
Ressalta-se que a cirurgia bariátrica é uma opção terapêutica; todavia, requer adesão do
paciente aos seus requisitos pré e pós-cirúrgicos, como modificações alimentares,
psicológicas, comportamentais e de estilo de vida para favorecer a eficácia da cirurgia.
Assim, ao longo do tratamento cirúrgico, o profissional de Psicologia possui o papel de
identificar e tratar alterações psicológicas e ou questões emocionais que possam
comprometer o tratamento; fornecer orientações e informações sobre a cirurgia
bariátrica (técnica cirúrgica, riscos e complicações, benefícios esperados, consequências
emocionais, sociais e físicas, responsabilidades esperadas); assim como facilitar o
manejo de demandas relacionadas ao emagrecimento e a adesão às orientações da
equipe multiprofissional.
Justificativa
O crescimento de quase 90% do número de cirurgias bariátricas no Brasil nos últimos
cinco anos, chegando a 72 mil em 2012, justifica o investimento não só em estudos
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Objetivo
O protocolo de assistência psicológica ora proposto representa uma ampliação e
aperfeiçoamento do conhecimento e da experiência acumulada por treze psicólogas de
diferentes regiões do Brasil que atuam em obesidade e cirurgia bariátrica em serviços
públicos e/ou privados. Sua elaboração pretende reduzir a variação de intervenções
psicológicas inapropriadas no tratamento cirúrgico da obesidade.
Estrutura do Protocolo
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Outras Recomendações
Profissional de Psicologia
Considerando a especificidade da população assistida e da terapêutica, e o compromisso
ético-profissional da Psicologia, recomenda-se que os (as) psicólogos (as) que atuam
nesse contexto sejam inscritos há pelo menos dois anos no Conselho Regional de
Psicologia de sua jurisdição, possuam título de especialista1 em Psicologia Clínica e/ou
Psicologia Hospitalar, embasamento técnico-científico consistente, atualizado, não só
em Psicologia, mas também em obesidade, transtornos alimentares e cirurgia bariátrica
e metabólica.
1Quanto ao Título de Especialista, o mesmo deve ser reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP) pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). Recomenda-se consulta à Resolução CFP nº
013/2007.
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Atividades de Pesquisa
Nos casos de execução de pesquisa com seres humanos, além de considerar o Código de
Ética profissional, em especial o Art.16, o psicólogo pesquisador deverá cumprir as
normas exigidas pela Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde.
Considerações finais
A COESAS da SBCBM, Capítulo Psicologia, tem o prazer de apresentar aos psicólogos
(e demais profissionais da área) um Protocolo de assistência psicológica em Cirurgia
Bariátrica, que representa o primeiro consenso brasileiro sobre o tema, mas que não
pretende esgotar o assunto. A relevância da sistematização da assistência psicológica
guarda uma relação direta tanto com a melhoria dos serviços como com os
investimentos dos profissionais em pesquisas. A construção desse protocolo em todas as
suas etapas é atualmente objeto de estudo de um projeto da COESAS em andamento, de
modo que o protocolo proposto possa ser ampliado e adaptado nos serviços.
O protocolo também pode ser utilizado como meio de supervisão formal e informal para
outros psicólogos, estagiários e residentes, assim como os instrumentos citados e as
referências bibliográficas que contribuíram para a elaboração do mesmo. Ressalta-se
que os profissionais envolvidos na construção do protocolo se colocam a disposição
para dialogar com outros colegas da área a fim de implantá-lo e aperfeiçoá-lo. Afinal,
sistematização de assistência não pode ser confundida com assistência rígida,
burocratizada e fria, mas, sim, constituir um meio para assistência humanizada,
resolutiva e compatível com as necessidades do paciente e do tratamento.
Referências:
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Em relação aos testes psicológicos, não se propõe uma bateria-padrão, sendo que a
escolha dos instrumentos depende de vários aspectos: quem formula o pedido, a idade
cronológica, o nível sociocultural e o grupo étnico do paciente, casos com déficit
sensorial ou comunicacional; o momento vital, o contexto espaço-temporal em que se
realiza” (Leila Tardivo, citando Garcia-Arzeno, 1995; em Franques e Arenales-Loli,
2006, p. 34).