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MATRICIAMENTO EM

SAÚDE MENTAL NA
ATENÇÃO BÁSICA
ANA LÚCIA MENDES DA SILVA
ENFERMEIRA
DOUTORANDA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ONCOLOGIA E
HEMATOLOGIA
• OMS estima que mais 450 milhões de pessoas sofrem em decorrência de transtornos
mentais, sendo umas das principais causas de incapacidade;

• Integração de cuidados em saúde mental na Atenção Básica colaboram significativamente


para a amenizar lacunas no cuidado;

• Nível privilegiado para identificação de necessidades de cuidado e tratamento.


• Estudos mostram que mais de 50% dos pacientes em atendimento em unidades da ESF
apresentam sofrimento emocional importante;

• 40% preenchem critério para serem considerados casos suspeitos de transtornos


depressivo-ansiosos;

• O cuidado colaborativo: proposta de intervenção no desenvolvimento de práticas que


visam proporcionar relações de trabalho mais estreitas entre profissionais especializados e
da atenção primária.
Apoio Matricial

• Propõe um novo modo de organização da saúde, com a estruturação de novos processos


de trabalho, numa perspectiva de corresponsabilização dos casos.

• Matriciamento é o processo de trabalho em que especialistas prestam suporte para as


equipes da AB de modo a produzir melhor assistência aos usuários, por intermédio de
ações terapêuticas conjuntas e atividades pedagógicas, assumindo assim um caráter
técnico-pedagógico.
Apoio Matricial

• Criado por Gastão Wagner Campos em 1999, com objetivo de estruturar o cuidado
colaborativo entre Saúde Mental e Atenção Primária.

• Objetivos
• Superar a lógica de encaminhamentos indiscriminados para atenção especializada;

• Corresponsabilização entre equipe da AB e SM.


CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA

EQUIPE DE REFERÊNCIA (AB)

EQUIPE DE APOIO MATRICIAL


VERTICALIDADE X HORIZONTALIDADE

• Verticalidade: Encaminhamentos, referência e contrareferência.

• Problemas:
• TRANSFERIR responsabilidade;
• FALHAS DE COMUNICAÇÃO: referência e contra referência incompreensíveis,
incompletas, não resolutivas;
• LONGAS FILAS de espera para atendimento especializado;
• PERDA DO VÍNCULO com UBS.
VERTICALIDADE X HORIZONTALIDADE

• Horizontalidade: O MATRICIAMENTO

• Proporcionar a retaguarda especializada da assistência;


• Suporte técnico-pedagógico
• Vínculo interpessoal e o apoio institucional no processo de construção coletiva;
• Integrar saúde mental e atenção primária.
MATRICIAMENTO NÃO É:

• Encaminhamento ao especialista;

• Atendimento individual pelo profissional de saúde mental;

• Intervenção psicossocial coletiva realizada apenas pelo profissional de SM.


EQUIPE DE MATRICIAMENTO EM SM

• Psiquiatras, psicólogos, TO, fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros de saúde


mental;

• Interdisciplinaridade, intercâmbio de conhecimento , elaboração de planos terapêuticos


conjuntos.
Quando a equipe de referência deve solicitar
Matriciamento
• Auxílio para esclarecimento diagnóstico, estruturação de um projeto terapêutico e
abordagem da família;

• Suporte para realizar intervenções psicossociais específicas da AP, como grupos de


pacientes com transtornos mentais.

• Integração do nível especializado com a AP;

• Apoio em dificuldades nas relações pessoais encontradas no trabalho diário.


PONTOS IMPORTANTES NA DISCUSSÃO
CONJUNTA
• Motivo do matriciamento;

• Informações sobre o indivíduo, a família e o ambiente;

• Dificuldades no manejo e na comunicação;

• História do problema atual, cronologia, intervenções já realizadas, resultados;


PONTOS IMPORTANTES NA DISCUSSÃO
CONJUNTA
• Configuração familiar: genograma;

• Configuração social;

• Reflexos do caso na equipe de AP;

• Formulação de diagnóstico multiaxial.


O apoio matricial implementa-se por meio de
novas tecnologias:
• PTS;
• Interconsulta;
• Consultas conjuntas;
• Visita domiciliar;
• Genograma e ecomapa;
• Grupos
PTS

• Formular o PTS:
• Vai além do indivíduo: contexto, território, convívio, familiar, profissional, escolar...

• Criar um projeto terapêutico tendo em vista as limitações e os pontos positivos daquele


núcleo;

• Trabalho em equipe: quem faz o quê;

• Evitar excesso de autossuficiência/maternagem e excesso de terceirização.


INTERCONSULTA

• É o principal instrumento do apoio matricial na atenção primária sendo, por definição,


uma prática interdisciplinar para a construção do modelo integral do cuidado;

• É a discussão de casos em equipe interdisciplinar: visão ampla, multidisciplinar,


integralidade no cuidado;

• Existem diversas modalidades de interconsulta, que vão desde uma discussão de caso por
parte da equipe ou por toda ela até as intervenções, como consultas conjuntas e visitas
domiciliares conjuntas.
CONSULTA CONJUNTA

• Reúne profissionais de saúde de diferentes categorias, o paciente e, se necessário, a


família deste;

• Visa desenvolvimento de matriciadores e matriciandos por meio da troca de


questionamentos, dúvidas, informações e apoio entre as partes;

• Grande demanda de saúde mental na AP.


CONSULTA CONJUNTA: Quem pode
participar?
CONSULTA CONJUNTA

• Perguntar ao paciente se está a vontade;

• Preservar o sigilo.
CONSULTA CONJUNTA

• O bom matriciador:
• Dialoga;

• Solicita informações da equipe de referência do caso;

• Pergunta a opinião sobre condutas, instigando a equipe a raciocinar;

• Ensina e aprende, além de colocar os matriciandos em posição ativa.


CONSULTA DOMICILIAR

• O foco das equipes de saúde mental e de saúde da família costuma diferir quando em ação
no domicílio do paciente:

• CAPS: seguimento domiciliar de pacientes portadores de transtornos mentais graves e


persistentes.
• ESF: pacientes idosos, acamados e com necessidades especiais.
• ESF + EM: importância dos melhores vínculos estarem presentes. (ACS, enfermeira...).
GENOGRAMA

• É um instrumento essencial para o profissional de saúde que trabalha com famílias, pois
permite descrever e ver como uma família funciona e interage;

• A família pode ser crucial na prevenção de doenças, na recuperação de um paciente ou


ser parte da origem e da manutenção da patologia.
GENOGRAMA

• Vantagens do genograma:
• Formato gráfico: imagem imediata da situação clínica e da família sem uma árdua procura
em pilhas de notas;

• Informação médica importante destacada no genograma;

• Problema médico atual pode ser visto em seu amplo contexto familiar e histórico.
GENOGRAMA
ECOMAPA

• O ecomapa é um instrumento útil para avaliar as relações familiares com o meio social;

• Complementa o genograma.
GRUPOS

• Um pequeno grupo é composto por quatro pessoas no mínimo. E o número máximo de


pessoas é aquele que permite que todos se vejam e se ouçam.

• Educação em saúde: grupos de doenças crônicas (hipertensão e diabetes); de gestantes;


de adolescentes; de convivência; de atividade física...

• Infelizmente, muitas vezes são realizados em modelos clássicos de transmissão de


informações.
GRUPOS – MECANISMOS
TERAPÊUTICOS
• Estabelecimento de identificações, comportamentos imitativos positivos: se deu certo para
o outro, pode dar para mim também;

• Reprodução de conflitos, permitindo uma elaboração mais direta e rápida de conflitos e o


desenvolvimento de novas formas de relacionamento e socialização;

• Possibilidade de transferência de um modo lateralizado (ou seja, entre todos os membros


do grupo);
GRUPOS – MECANISMOS
TERAPÊUTICOS
• Espaços importantes de apoio social, em que a troca de informações levam a uma
aprendizagem interpessoal em um ambiente coeso;

• Estabelecimento de uma verdadeira “mente grupal”, que reforça fatores existenciais


humanistas e altruístas.
GRUPOS

• Líder: Positivo ou negativo, dependendo se a liderança é exercida para o benefício do


grupo ou para benefício pessoal;

• Monopolizador: Tende a trazer tudo para si e não abre espaço para os outros;

• Silencioso: Pode até se beneficiar do grupo, mas não compartilha seus ganhos;

• Queixoso: Rejeita a ajuda, podendo levar o grupo e os coordenadores à sensação de


impotência.
GRUPOS - BENEFÍCIOS

• Maior aderência do paciente ao tratamento;


• Ampliação de consciência sobre a sua patologia;
• Desenvolvimento de maior capacidade de assimilação das informações;
• Auxílio na interação com o sistema de saúde, inclusive na cobrança do que lhe é devido;
• Ampliação das noções de direitos e deveres;
• Diminuição da passividade, entre outros.
ESM + ER: SITUAÇÕES DE RISCO E
DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES
• Cárcere privado;

• Abuso ou negligência familiar;

• Suspeita de maus-tratos e abuso sexual de crianças e adolescentes, violência intrafamiliar;

• Situações de extremo isolamento social;


ESM + ER: SITUAÇÕES DE RISCO E
DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES
• Situações de grave exclusão social (idoso ou pessoa com deficiência em situação de
abandono, população em situação de rua);

• Indivíduos com história de múltiplas internações psiquiátricas, sem tratamento extra-


hospitalar;

• Uso de medicação psiquiátrica por longo tempo sem avaliação médica;


ESM + ER: SITUAÇÕES DE RISCO E
DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES
• Problemas graves relacionados ao abuso de álcool e outras drogas;

• Crises psicóticas;

• Tentativas de suicídio;

• Situação emocional materna pós parto.

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