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Paula Polastri
UEM
10.37885/210905990
RESUMO
184
Qualidade e Sustentabilidade na Construção Civil
INTRODUÇÃO
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Qualidade e Sustentabilidade na Construção Civil
MÉTODO
O estudo consiste numa pesquisa exploratória e descritiva, realizada por meio do levan-
tamento e análise de pesquisas científicas e documentos técnicos que buscaram construir
modelos de qualificação de espaços para pedestres já consolidados, nacional e internacio-
nalmente. Portanto, diagnosticou-se os aspectos levados em conta para determinação da
qualidade da infraestrutura caminhável pelos métodos, sendo identificados os contextos
urbanos para os quais as ferramentas foram desenvolvidas.
Métodos levantados
IQC Condição NS
5,0 Excelente A
4,0 a 4,9 Ótimo B
3,0 a 3,9 Bom C
2,0 a 2,9 Regular D
1,0 a 1,9 Ruim E
0,0 a 0,9 Péssimo F
Fonte: Ferreira e Sanches (2001).
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Qualidade e Sustentabilidade na Construção Civil
às notas ponderadas dos trechos da quadra. Com o valor do IA define-se o respectivo NS,
cujas faixas são iguais às de Ferreira e Sanches (2001).
Com base em Ferreira e Sanches (2001) e em Ferreira e Sanches (2005), Keppe
Junior (2008) formulou o Índice de Acessibilidade de Calçadas e Travessia – IACT, e Silva
e De Angelis Neto (2019) desenvolveram o Índice de Serviço das Calçadas (ISC). O IACT
abrange aspectos ambientais, de segurança e de conforto para retratar o ambiente ideal, já
o ISC considera dos grupos de indicadores: Qualidade do espaço e Acessibilidade. Após
aplicação de escores, variando de 0 a 5, e respectiva ponderação conforme importância das
variáveis, realiza-se um cálculo para determinação do IACT e do ISC e do respectivo NS (A
até F). Os dois métodos em questão levam em conta a percepção dos usuários.
Sisiopiku, Byrd e Chittoor (2007), ao compararem quatro métodos, determinaram
o NS para pedestre em calçadas e travessias, realizando, também, uma análise conjunta com-
binando atributos que afetam o percurso, visando suprir as deficiências dos demais métodos.
Tais atributos baseiam-se no nível de importância que o usuário confere a eles. O trabalho
dos autores demonstrou que o mesmo segmento de calçada pode receber classificações
de NS múltiplas, quando se consideram diferentes modelos.
Em seu procedimento de avaliação do NS, Tan et al. (2007) contemplam aspectos
operacionais dos fluxos de bicicletas, de pedestres e de veículos, frequência de acesso à
calçada e a distância entre a calçada e a pista de rolamento de veículos. O modelo consi-
derou a percepção dos pedestres quanto à reação que as variáveis adotadas têm para sua
sensação de conforto e segurança, por meio de questionários. Após procedimentos estatís-
ticos de ponderação, realiza-se o cálculo do valor do NS, variando de A até F.
Em publicação de Dowling et al. (2008), são apresentados métodos de avaliação mul-
timodal da qualidade do serviço de uma via, sendo considerados pontos de vista de qua-
tro tipos de viajantes: motorista, passageiro, ciclista e pedestre. O modelo para pedestres
envolve a combinação da densidade de pedestres, largura da calçada, fluxo e velocidade
dos veículos. Por meio de regressão, determinam-se pesos dos parâmetros com posterior
definição da pontuação do Índice Pedestrian Level of Service – PLOS, com atribuição do
grau de NS (A até F).
Analisando as relações de fluxo de pedestres e largura da calçada para com o NS, Kim,
Choi e Kim (2011) observaram que o serviço se deteriora conforme as larguras são reduzi-
das e, quando se trata da mesma dimensão, se o tamanho do grupo de pedestres cresce,
os níveis correspondentes de serviço são diminuídos. A relação estabelecida nesse estudo
pode ser utilizada, tanto no planejamento de nova infraestrutura, como para a adaptação
das vias urbanas.
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Qualidade e Sustentabilidade na Construção Civil
Em sua pesquisa, Florindo et al. (2012) buscaram validar uma escala de percepção
do ambiente para a prática de atividade física em adultos de uma região de baixo nível
socioeconômico. Foram utilizados seis escores que influenciavam na caminhada dos usuá-
rios: acessibilidade a conveniências, segurança no trânsito, segurança geral, apoio social,
poluição geral e animal de estimação.
Cotrim et al. (2012) destacam que aspectos como limpeza, manutenção do pavimento,
iluminação adequada e considerações sobre a questão ambiental são de grande relevância
para os pedestres que utilizam as calçadas com frequência, sendo que o Nível de Serviço
de qualidade incentiva o uso desse meio de locomoção. Em outro estudo, Camilo (2013)
empregou um procedimento de qualificação de calçadas baseado no índice desenvolvido
por Ferreira e Sanches (2001), sendo utilizados 15 parâmetros ponderados pela percepção
dos usuários, obtendo-se de um Índice final e respectivo NS (A até F).
Com base no estudo da literatura, Lamit et al. (2013) estabeleceram 56 variáveis que
influenciam na caminhabilidade, as quais foram agrupadas em três níveis para a análise
de calçadas. O modelo de avaliação desenvolvido, o Path Walkability Index – PAWDEX, é
indicado para avaliar trajetos dos moradores em direção a destinos localizados dentro de
seus bairros. Inicialmente é realizada uma coleta e processamento de dados com posterior
cálculo de classificação da pontuação e análise das variáveis e, por último, é determinada
a categorização final em um de cinco níveis possíveis, com confecção de mapeamento dos
trechos com respectiva classificação.
Em seu modelo, Talavera-Garcia e Soria-Lara (2015) associam conectividade, largu-
ra do pavimento, velocidade do tráfego de veículos, número de vias, densidade arbórea e
densidade comercial como fatores que influenciam o NS.
Analisando a dinâmica das travessias de pedestres, Kadali e Vedagiri (2015) concluíram,
a partir dos resultados do modelo idealizado pelos autores, que a segurança percebida, a
dificuldade de cruzamento, a condição de uso do solo, o número de veículos encontrados, a
largura média e o número de faixas têm efeito significativo sobre os pedestres na percepção
do uso de atalhos inadequados, como travessias realizadas no meio quadra sem sinalização.
Asadi-Shekari, Moeinaddini e Shah (2015) propuseram um método que leva em conta
um índice de segurança dos pedestres, o Pedestrian Safety Index – PSI. Para tanto, fez-se
uso de um sistema de pontos, em que são comparadas as condições existentes a um padrão
de qualidade. Foram utilizadas 24 variáveis de qualificação, entre elas, a velocidade de trân-
sito no leito carroçável, as barreiras entre a circulação de veículos e a calçada, a paisagem e
arborização, a iluminação e a inclinação da via. Após procedimentos matemáticos define-se
o valor do Índice, com respectiva classificação, de A até E (Quadro 5)
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Quadro 5. Escala de Nível de Serviço proposta por Asadi-Shekari, Moeinaddini e Shah (2015).
RESULTADOS
Após análise das 27 pesquisas levantadas, foi possível identificar o local de desenvol-
vimento dos métodos propostos, bem como as variáveis de avaliação utilizadas, as quais
foram agrupadas em seis atributos distintos (Quadro 6). Os atributos definidos são compostos
por variáveis similares, conforme o entendimento e definições dadas pelos autores:
Quadro 6. Local de desenvolvimento dos métodos de avaliação de espaços caminháveis levantados e respectivos atributos
utilizados pelos autores.
Atributos
Autor Local de desenvolvimento do método
A B C D E F G
Fruin (1971) EUA X
CET (1978) São Paulo, SP X
Polus, Schofer e Ushpiz (1983) Haifa, Israel X
Mori e Tsukaguchi (1987) – maior fluxo Osaka, Japão X
Mori e Tsukaguchi (1987) – menor fluxo Osaka, Japão X X X X
Sarkar (1993) Munique, Alemanha; Roma, Itália X X X X X
Khisty (1994) Chicago, EUA X X X X X
Dixon (1996) Gainesville, EUA X X X X X
Landis et al. (2001) Pensacola, EUA X X
Ferreira e Sanches (2001) São Carlos, SP X X X X X
Muraleetharan et al. (2005) Sapporo, Japão X X X X
Ferreira e Sanches (2005) São Carlos, SP X X X
Keppe Junior (2008) São Carlos, SP X X X X X X
Sisiopiku, Byrd e Chittoor (2007) Birmingham, EUA X X X
Tan et al. (2007) Nanquim, China X X
Dowling et al. (2008) EUA X X X
HCM (TRB, 2010) EUA X
Kim, Choi e Kim (2011) Seul, Coréia do Sul X
Florindo et al. (2012) São Paulo, SP X X X X X X
Cotrim et al. (2012) Maringá, PR X X X
Camilo (2013) Maringá, PR X X X X X X
Lamit et al. (2013) Johor Bahru, Malásia X X X X X X
Talavera-Garcia e Soria-Lara (2015) Granada, Espanha X X X X X X
Kadali e Vedagiri (2015) Bombaim, Índia X X X
Asadi-Shekari, Moeinaddini e Shah (2015) Sembawang, Singapura X X X X X X
Silva e De Angelis Neto (2019) São Tomé, PR X X X X X X
Silva et al. (2020) São Tomé, PR X X X
CONCLUSÃO
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