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UEPB 02

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE DIREITO
DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO
PROFESSOR: MÁRIO VINÍCIUS CARNEIRO MEDEIROS

Fontes da Cultura Jurídica Universal

Não há como falar na formação histórica do Direito limitando-se às fronteiras de um só


país. Na verdade, é preciso situar este quadro geográfico em uma área a mais ampla possível,
capaz de compreender as civilizações mais distantes e diferentes possíveis, tanto no aspecto
tempo quanto no cultural.
Sendo assim, as fontes da cultura jurídica universal estão, na verdade, por todos
os continentes do nosso planeta. É bem verdade que algumas acabam por influenciar outras,
apresentando assim semelhanças bastante visíveis. Outras, ao contrário, acabam por manter
características próprias, não recebendo quaisquer influências de outras fontes.
Fazendo uma análise histórica do direito, podemos dizer que os estudiosos
partem sempre da Europa Ocidental. Contudo, para um entendimento didático, o nosso ponto
de partida será o Oriente, local onde surgiram as primeiras civilizações que apresentaram uma
estrutura jurídica organizada.
Inicialmente, temos os povos da Ásia Menor, onde os denominados “direitos
cuneiformes” alcançaram um grande desenvolvimento, sendo os primeiros que tiveram suas
regras escritas e agrupadas em coleções, formando os primeiros códigos da história. De modo
semelhante, o direito egípcio alcançou um alto grau de desenvolvimento, tanto na organização
do Estado como no funcionamento das instituições de direito privado. Já o direito dos Hebreus,
ligado diretamente à religião, no futuro seria de grande influência junto ao direito canônico.
Posteriormente, já na Europa Ocidental, tivemos os direitos da antiguidade
clássica. O povo grego é herdeiro das civilizações mais antigas, que se desenvolveram no
Egito e na Ásia Menor. Por outro lado, O direito romano é proveniente tanto da evolução
milenária do direito da bacia do Mediterrâneo e, também, do direito grego, sobretudo de
Atenas, graças ao alto grau de desenvolvimento cultural político e jurídico.
Mesmo com a queda de Roma em 476, o direito romano foi preservado e
desenvolveu-se com Justiniano, em Constantinopla, tendo depois se espalhado pela Europa,
tornando-se suporte para o costume medieval (jus non scriptum). Neste período, diante da a
importância política alcançada pela Igreja durante o medievo, surgiu o Direito Canônico. Como
o Cristianismo colocou-se como a única religião verdadeira para a universalidade dos homens,
eis que a Igreja pretendeu impor a sua concepção ao mundo inteiro. Assim, desde os primeiros
tempos da Idade Média o direito canônico constituiu-se como o único direito escrito, enquanto
que o direito laico era consuetudinário. O direito canônico alcançou tamanha importância que,
quando da consolidação do direito ocidental, eis que serviu de base para inúmeros institutos,
como o casamento e o divórcio.
Ainda na época medieval, encontramos o direito germânico, verificado de
modo mais amplo a partir do século V d.C., sendo um direito tribal, consuetudinário. Na
verdade, ele pouco contribuiu para a formação dos direitos modernos. Isto porque havia uma
variedade de costumes, onde cada povo vivia segundo o seu próprio direito tradicional. Os
germanos não deixaram documentos escritos, o que tornou o seu estudo muito difícil, tendo
sido utilizadas para a sua reconstituição fontes literárias tanto latinas quanto germânicas, além
dos costumes germânicos e escandinavos, que foram escritos posteriormente, já por volta do
século XII.
Com a formação dos primeiros Estados Nacionais no século XV, o direito
romano passou a ser a base legal para os sistemas jurídicos que surgiam. Assim, com o
advento da Revolução Francesa, recebendo a influência direta do Iluminismo, foram
desenvolvidas milhares de leis, jurisprudências próprias de cada país, a formação de novos
costumes e a contribuição para a doutrina. A corrente se espalhou por países circunvizinhos e,
posteriormente, foi levada para a América, alcançando assim a sua consolidação. Ainda hoje,
o direito romano serve de base para sistemas jurídicos de países recém-criados ou mesmo que
não tenham vínculo histórico com países latinos. Como exemplo, podemos citar Timor Leste,
Escócia, Japão e África do Sul.

Bibliografia: GILESSEN, John. Introdução Histórica do Direito. Lisboa: Fundação G.


Gulbenkian, 1995.

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