CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO PROFESSOR: MÁRIO VINÍCIUS CARNEIRO MEDEIROS
Fontes da Cultura Jurídica Universal
Não há como falar na formação histórica do Direito limitando-se às fronteiras de um só
país. Na verdade, é preciso situar este quadro geográfico em uma área a mais ampla possível, capaz de compreender as civilizações mais distantes e diferentes possíveis, tanto no aspecto tempo quanto no cultural. Sendo assim, as fontes da cultura jurídica universal estão, na verdade, por todos os continentes do nosso planeta. É bem verdade que algumas acabam por influenciar outras, apresentando assim semelhanças bastante visíveis. Outras, ao contrário, acabam por manter características próprias, não recebendo quaisquer influências de outras fontes. Fazendo uma análise histórica do direito, podemos dizer que os estudiosos partem sempre da Europa Ocidental. Contudo, para um entendimento didático, o nosso ponto de partida será o Oriente, local onde surgiram as primeiras civilizações que apresentaram uma estrutura jurídica organizada. Inicialmente, temos os povos da Ásia Menor, onde os denominados “direitos cuneiformes” alcançaram um grande desenvolvimento, sendo os primeiros que tiveram suas regras escritas e agrupadas em coleções, formando os primeiros códigos da história. De modo semelhante, o direito egípcio alcançou um alto grau de desenvolvimento, tanto na organização do Estado como no funcionamento das instituições de direito privado. Já o direito dos Hebreus, ligado diretamente à religião, no futuro seria de grande influência junto ao direito canônico. Posteriormente, já na Europa Ocidental, tivemos os direitos da antiguidade clássica. O povo grego é herdeiro das civilizações mais antigas, que se desenvolveram no Egito e na Ásia Menor. Por outro lado, O direito romano é proveniente tanto da evolução milenária do direito da bacia do Mediterrâneo e, também, do direito grego, sobretudo de Atenas, graças ao alto grau de desenvolvimento cultural político e jurídico. Mesmo com a queda de Roma em 476, o direito romano foi preservado e desenvolveu-se com Justiniano, em Constantinopla, tendo depois se espalhado pela Europa, tornando-se suporte para o costume medieval (jus non scriptum). Neste período, diante da a importância política alcançada pela Igreja durante o medievo, surgiu o Direito Canônico. Como o Cristianismo colocou-se como a única religião verdadeira para a universalidade dos homens, eis que a Igreja pretendeu impor a sua concepção ao mundo inteiro. Assim, desde os primeiros tempos da Idade Média o direito canônico constituiu-se como o único direito escrito, enquanto que o direito laico era consuetudinário. O direito canônico alcançou tamanha importância que, quando da consolidação do direito ocidental, eis que serviu de base para inúmeros institutos, como o casamento e o divórcio. Ainda na época medieval, encontramos o direito germânico, verificado de modo mais amplo a partir do século V d.C., sendo um direito tribal, consuetudinário. Na verdade, ele pouco contribuiu para a formação dos direitos modernos. Isto porque havia uma variedade de costumes, onde cada povo vivia segundo o seu próprio direito tradicional. Os germanos não deixaram documentos escritos, o que tornou o seu estudo muito difícil, tendo sido utilizadas para a sua reconstituição fontes literárias tanto latinas quanto germânicas, além dos costumes germânicos e escandinavos, que foram escritos posteriormente, já por volta do século XII. Com a formação dos primeiros Estados Nacionais no século XV, o direito romano passou a ser a base legal para os sistemas jurídicos que surgiam. Assim, com o advento da Revolução Francesa, recebendo a influência direta do Iluminismo, foram desenvolvidas milhares de leis, jurisprudências próprias de cada país, a formação de novos costumes e a contribuição para a doutrina. A corrente se espalhou por países circunvizinhos e, posteriormente, foi levada para a América, alcançando assim a sua consolidação. Ainda hoje, o direito romano serve de base para sistemas jurídicos de países recém-criados ou mesmo que não tenham vínculo histórico com países latinos. Como exemplo, podemos citar Timor Leste, Escócia, Japão e África do Sul.
Bibliografia: GILESSEN, John. Introdução Histórica do Direito. Lisboa: Fundação G.