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De há muito que Carlos não pisava lá, aquilo feria seu orgulho enquanto
homem, e até alguns meses atrás, infligia o código de ética do ‘relacionamento
sério’. Mas agora estava livre, tão livre a ponto de buscar amparo nos serviços
da profissão mais antiga do mundo. Ao passar pelos seguranças na soleira,
Carlos rezou para não esbarrar com o chefe, o ex-sogro, ou algum colega de
escola. Felizmente não sofreu tal infortúnio, mas assustou-se ao ver o lugar
praticamente vazio. Alguns feixes de neon verde e azul piscavam pelo recinto,
recheado de bancos estofados e mesas vazias. Um cheiro pútrido circulava
pelo ar seco, como um demônio que vagueia pelo inferno contaminando cada
partícula. Um pensamento do tipo ‘’Onde vim parar?’’ assaltou sua consciência,
mas tomou o impulso de ir ao encontro do sofá, no outro extremo. Seu transe
hipnótico foi interrompido por Dalila, a garota de programa que cumpria seu
turno.
- Dalila, e o seu?
- Prazer, Carlos.
- Prazer, aliás, espero que possa te dar muito prazer hoje à noite.
- Tudo bem, está aqui. – Falou Carlos, Jogando três garoupas em cima
da mesa.
- Vejo que ele não entrou no clima da festa. – Brincou Dalila, logo
mordendo os lábios.
- O tempo é seu.
Dalila encostou-se à cama e puxou um cigarro, fez uma mímica pra ver
ser o cliente se importava. Carlos respondeu com outro gesto, pedindo um
cigarro. A linguagem dos boêmios é tão desenvolvida que as palavras, muitas
vezes, tornam-se desnecessárias. O quarto logo foi contaminado de fumaça, e
a prosa não se deixava apagar.
Dalila abriu o zíper da calça de Carlos e caiu de boca. Ela não fazia
boquete sem camisinha em serviço, mas o clima estava mais íntimo que um
mero programa. Ela o chupou intensamente, avidamente, incessantemente. Até
que Carlos, de tanto gemer, não conseguiu adiar o orgasmo. Uma dezena de
segundos foi transformada em eternidade. Ela engoliu todo esperma e
continuou chupando o cliente, como nunca havia feito. Em seguida, Dalila
deitou ao lado do cliente, que se encontrava em estado nirvânico pós-orgasmo.
- Que lindo. Me senti mal de ter cobrado, posso pagar um jantar pra
retribuir, se aceitar sair com uma prostituta.
- Anna.