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Trabalho de antropologia

O povo que habita a Terra Indígena Yanomami, na região de Roraima, vem sofrendo
com a violência do garimpo ilegal nos últimos meses. Mesmo com a terra demarcada
e homologada há 30 anos, o território foi invadido por garimpeiros em busca de ouro
e cassiterita, sob a conivência e até incentivo do Estado. No ano passado, a
devastação da terra indígena pelo garimpo ilegal cresceu 46% em relação ao ano
anterior, avançando sobre as plantações dos Yanomami, destruindo sua
subsistência. Estima-se que mais de 16 mil indígenas foram afetados. A invasão
também afeta a saúde do povo Yanomami, com aumento expressivo de casos de
malária e desnutrição infantil. Os garimpeiros aliciam adolescentes e jovens
indígenas a trabalharem para eles, envolvendo assédio e abuso sexual de mulheres
e crianças, embriagadas com bebidas alcoólicas. No mês passado, uma criança
indígena morreu afogada ao ser jogada no rio com uma mulher, em uma tentativa de
sequestro.
“Menina Yanomami de 12 anos morre após ser estuprada por garimpeiros, afirma
liderança”, matéria essa publicada dia 26 de abril do ano de 2022. A adolescente
estava sozinha na comunidade e os garimpeiros chegaram, atacaram e levaram ela
para as barracas deles. A tia da adolescente tentou de todas as formas defende-la.
Quando estava defendendo, os garimpeiros empurram ela em direção ao rio com
uma criança, e essa criança se soltou no meio do rio. Eles invadiram e levaram a
menina para o barraco dos garimpeiros e a violentaram brutalmente, estupraram
essa adolescente. Moradores afirmaram que a adolescente morreu.
Atrocidades como essa na terra Yanomami acontecem desde 1980, nos últimos
anos, com essa busca pelo minério se intensificou, causando além de conflitos
armados, a degradação da floresta e ameaça a saúde dos indígenas. Cenário como
esse nos faz remeter ao que o Brasil vivia em 1500 com a chegada dos portugueses.
Na colonização era comum que os portugueses e outros europeus não trouxessem
inicialmente suas famílias para nossas terras, eles passaram a olhar para os nativos
com muita . Sua nudez foi interpretada como se estivessem se “oferecendo” a eles.
Segundo Gilberto Freyre, a relação afetiva entre negros e brancos aqui no país se deu
exatamente por conta dessa aproximação sexual. Mulheres negras também eram
rendidas para os desejos sexuais dos sinhozinhos, filhos dos fazendeiros. Que
muitas vezes eram iniciados sexualmente com uma das mulheres escravizadas.
Ainda sobre Gilberto Freyre, em seu livro Casa Grande e Senzala faz a seguinte
citação: “O ambiente em que começou a vida brasileira foi de quase intoxicação
sexual. O europeu saltava em terra escorregando em índia nua; os próprios padres
da Companhia precisavam descer com cuidado, senão atolavam o pé em carne.
Muitos clérigos, dos outros, deixaram-se contaminar pela devassidão. As mulheres
eram as primeiras a se entregarem aos brancos, as mais ardentes indo esfregar-se
nas pernas desses que supunham deuses. Davam-se ao europeu por um pente ou
um caco de espelho.”
Embora o autor não faça muitas menções às meninas indígenas, quando o faz, as
performances atribuídas a elas sempre têm conteúdo pejorativo, como mostra este
trecho do livro. Esse estereótipo de disponibilidade sexual para as meninas
indígenas é muito difundido, se perpetua na história há vários anos e tem sido usado
como uma “justificativa” para os abusos sexuais sofridos. Ao ler essas matérias de
jornais, referente a essas barbaridades com os povos indígenas, enfatizando este da
menina de 12 anos Yanomami, percebemos que essa cultura da Casa Grande e
Senzala ainda perdura nos nossos dias atuais.

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