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SEBENTA
- Investigação de Incêndios -
Compilação e redação:
SET.2013
SEBENTA – Investigação de Incêndios 2013
CONSIDERAÇÕES DO AUTOR
O autor,
RESUMO
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES.................................................................... 9
ÍNDICE DE QUADROS/TABELAS......................................................... 13
PRINCIPAIS ACRÓNIMOS .................................................................. 14
I. INTRODUÇÃO ........................................................................... 15
1. APONTAMENTO HISTÓRICO................................................................................................................. 16
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 1: OS PRIMEIROS FOGOS ............................................................................................................................................. 16
FIG. 2: TABELA PERIÓDICA ................................................................................................................................................. 18
FIG. 3: CONSTITUIÇÃO DE UM ÁTOMO .................................................................................................................................. 18
FIG. 4: PROCESSOS DE MUDANÇAS DE ESTADOS DA MATÉRIA .................................................................................................... 19
FIG. 5: REAÇÕES QUÍMICAS (DIAGRAMA CONCEPTUAL) ............................................................................................................ 20
FIG. 6: REAÇÃO QUÍMICA - OXIDAÇÃO DA GLICERINA............................................................................................................... 21
FIG. 7: TRIÂNGULO DO FOGO ............................................................................................................................................. 22
FIG. 8: TETRAEDRO DO FOGO ............................................................................................................................................. 22
FIG. 9: GASES QUE COMPÕEM A ATMOSFERA......................................................................................................................... 23
FIG. 10: GRÁFICO - ENERGIA DE ATIVAÇÃO............................................................................................................................ 23
FIG. 11: GRÁFICO - CALOR LATENTE DE VAPORIZAÇÃO ............................................................................................................ 26
FIG. 12: ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA................................................................................................................................. 28
FIG. 13: EQUIVALÊNCIAS DE ESCALAS DE TEMPERATURAS ......................................................................................................... 30
FIG. 14: CALOR (ENERGIA TÉRMICA DE UM CORPO) ............................................................................................................... 31
FIG. 15: CAMPO DE INFLAMABILIDADE ................................................................................................................................. 34
FIG. 16: DIAGRAMA - COMBUSTÃO ..................................................................................................................................... 35
FIG. 17: DIAGRAMA - VELOCIDADES DE COMBUSTÃO .............................................................................................................. 36
FIG. 18: TIPOS DE COMBUSTÕES ......................................................................................................................................... 38
FIG. 19: BLEVE ............................................................................................................................................................... 39
FIG. 20: GRÁFICO PRESSÃO-TEMPERATURA (BLEVE) .............................................................................................................. 39
FIG. 21: FASES DE UM FLASHOVER ................................................................................................................................... 40
FIG. 22: FASES DE UM BACKDRAF ..................................................................................................................................... 40
FIG. 23: PRODUTOS RESULTANTES DA COMBUSTÃO ................................................................................................................ 41
FIG. 24: DIAGRAMA DAS FASES DESENVOLVIMENTO DE UM INCÊNDIO ........................................................................................ 45
FIG. 25: FASE INICIAL DE UM INCÊNDIO URBANO .................................................................................................................... 45
FIG. 26: FASE DE COMBUSTÃO CONTÍNUA DE UM INCÊNDIO URBANO ......................................................................................... 46
FIG. 27: FORMAS TÍPICAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR ............................................................................................................. 47
FIG. 28: TRIÂNGULO DO FOGO ........................................................................................................................................... 47
FIG. 29: CONDUÇÃO ......................................................................................................................................................... 48
FIG. 30: ONDA DE RADIAÇÃO ............................................................................................................................................. 48
FIG. 31: ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO ................................................................................................................................ 48
FIG. 32: RADIAÇÃO .......................................................................................................................................................... 48
FIG. 33: CONVECÇÃO (URBANOS) ....................................................................................................................................... 49
FIG. 34: CONVECÇÃO (VELA).............................................................................................................................................. 49
FIG. 35: CONVECÇÃO (FLORESTAIS) ..................................................................................................................................... 49
FIG. 36: PROJEÇÃO DE MATÉRIA INCANDESCENTE (FLORESTAIS) ................................................................................................. 49
FIG. 37: EXTINTORES DE ÁGUA............................................................................................................................................ 57
FIG. 38: EXTINTORES DE ESPUMA ........................................................................................................................................ 57
FIG. 39: EXTINTORES DE CO2 ............................................................................................................................................. 57
FIG. 40: EXTINTORES DE PÓ QUÍMICO................................................................................................................................... 57
FIG. 41: EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA (CALORÍFICO E LUMINOSO; QUÍMICO, LUMINOSO E MAGNÉTICO) ........................................ 58
FIG. 42: SISTEMA HIDRÁULICO VS. SISTEMA ELÉTRICO............................................................................................................. 59
FIG. 43: CIRCUITOS ELÉTRICOS ............................................................................................................................................ 60
FIG. 44: INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA ....................................................................................................................... 61
FIG. 45: TENSÃO DA CORRENTE ELÉTRICA .............................................................................................................................. 61
FIG. 46: RESISTÊNCIA DA CORRENTE ELÉTRICA ........................................................................................................................ 62
ÍNDICE DE QUADROS/TABELAS
QUADRO 1: FONTES DE IGNIÇÃO ......................................................................................................................................... 25
QUADRO 2: CALOR ESPECÍFICO DE ALGUNS MATERIAIS ............................................................................................................ 26
QUADRO 3: PODER CALORÍFICO DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS ..................................................................................................... 27
QUADRO 4: TIPOS DE TEMPERATURAS .................................................................................................................................. 32
QUADRO 5: TEMPERATURAS CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS MATERIAIS ........................................................................................ 32
QUADRO 6: CATEGORIAS DE INFLAMAÇÃO DOS LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS .................................................................................... 33
QUADRO 7: CAMPO DE INFLAMABILIDADE DE ALGUNS COMBUSTÍVEIS ........................................................................................ 34
QUADRO 8: PRODUTOS RESULTANTES DA COMBUSTÃO ............................................................................................................ 44
QUADRO 9: CLASSES DE FOGO (TIPO DE MATERIAIS) ................................................................................................................ 50
QUADRO 10: CLASSES DE FOGO (CARACTERÍSTICAS) ................................................................................................................ 51
QUADRO 11: TIPO DE ATMOSFERAS ..................................................................................................................................... 53
QUADRO 12: CLASSES DE MATÉRIAS PERIGOSAS (NÚMEROS DE PERIGO) ..................................................................................... 54
QUADRO 13: DISPOSITIVOS DE DETEÇÃO/MEDIDA DE ATMOSFERAS PERIGOSAS ............................................................................ 54
QUADRO 14: CONSEQUÊNCIAS PARA A VIDA DA FALTA DE OXIGÉNIO ......................................................................................... 55
QUADRO 15: MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS .............................................................................................................. 56
QUADRO 16: CLASSES DE FOGO (AGENTES EXTINTORES) .......................................................................................................... 56
QUADRO 17: DIFERENCIAL ENTRE SISTEMA HIDRÁULICO E ELÉTRICO ........................................................................................... 59
QUADRO 18: TIPOS DE CONDUTORES ELÉTRICOS .................................................................................................................... 60
QUADRO 19: FENÓMENOS DE SOBREINTENSIDADE ELÉTRICA ..................................................................................................... 65
QUADRO 20: SENSAÇÕES FISIOLÓGICAS (CORRENTE DE 50HZ), ENTRANDO PELA MÃO (AMOSTRAGEM DE 500 PESSOAS) ..................... 68
QUADRO 21: ACIDENTES ELÉTRICOS MAIS COMUNS ................................................................................................................ 69
QUADRO 22: DEFINIÇÕES DE COMBUSTÍVEIS VEGETAIS (IFN).................................................................................................... 72
QUADRO 23: CLASSES DE TEMPO DE RETARDAÇÃO................................................................................................................. 76
QUADRO 24: HUMIDADE (%) DE COMBUSTÍVEL MORTO FINO ................................................................................................... 77
QUADRO 25: CARGA DE COMBUSTÍVEIS VEGETAIS................................................................................................................... 78
QUADRO 26: CARGA DE COMBUSTÍVEIS VEGETAIS FINOS .......................................................................................................... 78
QUADRO 27: INFLUÊNCIAS DAS PROPRIEDADES NA DINÂMICA DO INCÊNDIO................................................................................. 80
QUADRO 28: INTENSIDADE DO VENTO E EFEITOS OBSERVÁVEIS.................................................................................................. 85
QUADRO 29: CLASSES FWI (DESCRIÇÃO DO ÍNDICE METEOROLÓGICO DO RISCO DE INCÊNDIO) ........................................................ 86
QUADRO 30: CLASSIFICAÇÃO EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE DE PROGRESSÃO DE UM IF ................................................................... 91
QUADRO 31: CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE IFS (CONSOANTE O VENTO) ....................................................................................... 93
QUADRO 32: RESUMO DA MOLDURA PENAL (INCÊNDIO) ........................................................................................................ 105
QUADRO 33: CHEIROS ESTRANHOS EM INCÊNDIOS EM ESTRUTURAS EDIFICADAS ......................................................................... 143
QUADRO 34: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE LÂMPADAS ....................................................................................................... 155
QUADRO 35: CORES PRODUZIDAS PELA AÇÃO DAS CHAMAS .................................................................................................... 156
QUADRO 36: SUBSTÂNCIAS ATIVAS NA IGNIÇÃO ESPONTÂNEA ................................................................................................. 159
QUADRO 37: SISTEMA DE COMBUSTÍVEL AUTO (TEMPERATURAS DOS FLUÍDOS) .......................................................................... 169
PRINCIPAIS ACRÓNIMOS
I. INTRODUÇÃO
1. APONTAMENTO HISTÓRICO
“O fogo foi talvez a maior descoberta de toda a humanidade. A criatura que pela primeira vez
recolheu o fogo e depois aquela que, muito
mais tarde, o acendeu e conseguiu manter,
pertence à espécie Homo Erectus (já na era
Quaternária). Há cerca de 1,5 milhões de anos,
mergulhou um ramo na lava em fusão de um
vulcão, ou recuperou uma brasa após um
incêndio de causa natural (raio) e tentou de
alguma forma manter acesa a chama. O fogo é
então a luz que ilumina e o calor que alimenta.
É em torno desta realidade que o homem se
desenvolveu e assim moldou a sociedade.” 1
Fig. 1: Os primeiros fogos
Na verdade, um dos fenómenos mais utilizados pelo homem desde os tempos mais remotos para seu
trabalho, alimentação e conforto, é o fogo. Com a descoberta da forma de o produzir, ficou mais
evidente aquilo que distingue os humanos dos outros seres vivos – a inteligência.
O homem aprendeu a utilizar a força do fogo em seu proveito, extraindo a energia dos materiais da
natureza ou moldando a natureza em seu benefício. Serviu como forma de proteção, afastando os
predadores. Mais tarde, começou a ser rentabilizado na caça, quer para assustar as presas e assim
encurralá-las, quer para as confecionar, tonando-as mais saborosas ao mesmo tempo que eliminava
muitas bactérias existentes na carne. Nos climas mais gélidos, o fogo protegeu e aqueceu os seres
humanos.
Depois da primeira reação ao fogo – de fuga, receio -, o homem obteve o seu domínio. Até lá teve
necessidade de se proteger e desenvolver técnicas para fazer face ao poder destrutivo do fogo.
Já os Egípcios, Gregos e Hebreus preocupavam-se em manter nas suas cidades vigiadas por patrulhas,
para detetar e combater os incêndios, principalmente durante a noite. Os Romanos tinham já legisladas
2
medidas preventivas contra incêndios .
Em última instância, quando o homem na sua ânsia de querer dominar a natureza perde o controlo do
fogo, quer no tempo, quer no espaço, propicia um processo com consequências mais ou menos
gravosas Incêndio.
Para se compreender toda a dinâmica inerente a um incêndio, importa quanto antes, que todos os
intervenientes e, essencialmente o investigador, tenham grandes conhecimentos sobre o comportamento
do fogo.
Importa ter em conta toda uma teoria dos vestígios (sua identificação e interpretação) e um estudo do
ponto de início, a fim de determinar qual a sua causa e, em última instância, qual(ais) o(s) seu(s)
autor(es).
1
In, Círculo de Leitores. “Memória do mundo – das origens ao ano 2000”. Ed. LAROUSE. Lisboa, 2000
2
Principalmente depois dos grandes incêndios ocorridos no ano 64 d.C
2. MATÉRIA
A cada espécie de átomo existente na natureza foi atribuído um nome ou símbolo químico utilizando, a
maior parte das vezes, uma ou várias letras das iniciais do nome, derivado do latim.
Um átomo é constituído, basicamente, por um núcleo composto por dois tipos de partículas – os protões
(cargas positivas) e os neutrões – em torno do qual se movimentam os eletrões (cargas negativas). Os
neutrões (cargas neutras), tem a função de, no núcleo, impedirem os protões de se repelirem
mutuamente destruindo a estrutura estabelecida.
Os átomos podem porém estar mais unidos ou mais afastados, de acordo com as condições de
temperatura e de pressão a que a matéria está sujeita.
Alterando essas condições, podemos efetuar mudanças no estado físico da matéria.
3
Os estados físicos têm a ver com a velocidade do movimento das partículas (eletrões), de uma
determinada substância.
Todas as substâncias podem alterar o estado físico em que estão, alterando alguns fatores que as
influenciam, como a temperatura e a pressão.
Fenómeno que consiste numa transformação da matéria, em que ocorrem mudanças qualitativas na
composição química, onde uma ou mais substâncias (reagentes) se decompõem e/ou associam
reagindo entre si, dando origem a outras (produtos de reação).
Para que ocorra uma reação química é necessário que se verifiquem determinadas condições, tais como
uma determinada proporção entre os reagentes e as adequadas condições ambientais.
3
Matéria abordada de forma mais completa mais adiante
A composição química de uma substância é a definição qualitativa e quantitativa dos elementos químicos
presentes naquela.
Qualitativa porque descreve os elementos que estão presentes e quantitativa porque descreve o quanto
de cada elemento está presente.
Uma reação química é, igualmente, caracterizada por um balanço energético entre os produtos em
presença (reagentes e produtos da reação) e o ambiente exterior.
REAÇÕES
QUÍMICAS
Representam-se por
Quanto à
velocidade podem
ser
EQUAÇÕES
QUÍMICAS
Em termos Envolvem
energéticos, podem
ser
Obedecem
à
Alguns exemplos
Indicam:
Os elementos Combustão do Enegrecimento da
N.º moléculas butano. Fogo-de- prata. Ferrugem
Existe
Absorção de Libertação de N.º átomos artifício
energia energia Estados físicos
Conservação
Diminuição Aumento da da massa
da temperatura
temperatura
Considerando que um incêndio é pois uma “combustão química não controlada no espaço e no
tempo”, seja, um fogo não circunscrito, para evitar que ocorra e se propague é necessário conhecer os
seus fundamentos e alguns conceitos a ele ligados.
Na leitura dos indicadores no terreno, há que determinar de imediato qual(ais) o(s) tipo(s) de
combustível(eis) presente(s) e qual o tipo de material que concorreu para a inflamação do incêndio. Ou
seja, qual o elemento suscetível de arder, de alimentar a combustão, como móveis, tecidos ou papéis e
muitas vezes líquidos acelerantes como gasolina, podendo assim apresentar-se nos estados: gasoso,
líquido ou sólido.
Quanto ao comburente, importa averiguar se está presente (antes e depois do incêndio). Se existe algum
gás que alimente a combustão. Geralmente existe sob a forma de oxigénio presente no ar ambiente
(cerca de 21%), que é consumido pela combustão e que se pode alimentar pela abertura de portas e
janelas, por exemplo.
4
“O oxigénio por si só não arde, mas ajuda a alimentar ou manter a combustão” .
4
Apontamentos fornecidos em sede de aula pelo docente da Unidade Curricular “Prevenção e Controlo de Incêndios”, do 3º ano,
1º semestre da licenciatura em Proteção Civil da ESTG/IPL - Leiria
O triângulo do fogo, per si, com a atuação em conjunto dos seus três fatores, pode não ser suficiente
para manter uma combustão.
Para garantir a manutenção da combustão, é necessário introduzir um quarto elemento – a reação em
cadeia.
De facto, no decurso da reação química formam-se os chamados «radicais livres», resultantes da
decomposição das moléculas nos átomos que lhes deram origem.
Estes radicais livres, gerados a partir das moléculas que participam na reação de combustão, contêm
energia elevada e reagem rapidamente com outras moléculas, formando mais radicais livres (existem ao
nível das zonas intermediárias das chamas, pe.) expandindo, deste modo, a combustão no tempo e no
espaço.
Pe.
Na combustão do hidrogénio as moléculas deste, por ação do calor dividem-se, originando radicais livres de
hidrogénio (H°) que, por sua vez, se combinam com uma molécula de oxigénio, originando outro radical
livre (OH°), propagando-se desta forma a reação.
Podemos então dizer que se formou o TETRAEDRO DO FOGO (tetra = quatro + edro = face)
Radicais livres são espécies que apresentam eletrões de valência desemparelhados e, portanto,
são altamente reativos, podendo inclusive reagir entre si (Wikipédia, 2013)
3.1. COMBURENTE
É o gás que alimenta a combustão. É o elemento ativador do fogo, que se combina com os vapores
inflamáveis dos combustíveis, dando vida às chamas e possibilitando a expansão do fogo.
Também conhecido como oxigénio – O2 (o ar ambiente contém 21% de oxigénio).
Como referido, o oxigénio sozinho não arde, mas ajuda a manter a combustão.
Pe:
Efetivamente o teor mínimo de oxigénio para alimentar uma
combustão de líquidos ou sólidos é de 16 %.
No entanto, há outros combustíveis para os quais a combustão se
extingue apenas para concentrações de oxigénio inferiores a 10%.
Os combustíveis sólidos podem continuar a combustão, sem
emissão de chama, numa atmosfera com apenas 6% de oxigénio
e há substâncias que libertam oxigénio ao arder, tais como a
celulose e compostos dela derivados, a pólvora, os nitratos, os
cromatos e os materiais pirotécnicos, entre outros.
Verifica-se, assim, que a percentagem de oxigénio mínima para
que se mantenha a combustão depende do combustível em
questão
CATALISADORES
Um catalisador é uma substância que afeta a velocidade duma reação, mas emerge do
processo inalterada. Normalmente muda a velocidade de reação, promovendo um caminho
(mecanismo) molecular diferente para a reação.
No caso dos incêndios, é mais correto falar de catalisadores positivos e catalisadores negativos
que também se podem chamar de inibidores ou estabilizadores, pois limitam ou dificultam o
processo de uma reação química.
Estes últimos são muito importantes porque estão na base de atuação de alguns agentes
5
extintores .
Numa perspetiva mais prática, urge então saber ou averiguar se existiu algum mecanismo, dispositivo ou
outra forma de fornecimento de energia ou calor ao material combustível, de forma a emanar vapores
suficientes para que se inicie a ignição.
É a energia de ativação que se torna necessário determinar e que pode ter várias origens.
As fontes mais comuns são:
Origem Térmica:
o Meios de ignição (pe. fósforos, pontas de cigarros)
o Instalações geradoras de calor (pe. fornos, caldeiras)
o Radiação solar (pe. libertação de vapores combustíveis pela exposição intensa ao sol da
madeira)
o Superfícies quentes (pe. placa de fogão elétrico)
Origem Mecânica:
o Fricção Faíscas provocadas por ferramentas ou atrito (pe. contacto entre 2 peças
metálicas em movimento)
Origem Química:
o Resistência (pe. limalha de ferro+óleo)
Origem elétrica:
o Resistência (pe. aquecedor elétrico)
o Arco Voltaico (pe. cabo de alta tensão em contacto com o solo)
o Faísca (pe. rebentamento de uma lâmpada acesa)
o Estática (pe. descarga entre um extintor e a terra após esvaziamento rápido do mesmo)
o Relâmpago
5
Como abordado mais adiante
m – massa
É pois a quantidade de calor que um grama de uma substância recebe ou cede para que
o
sua temperatura se altere de 1 C.
É assim uma grandeza física constante que define a variação térmica de determinada substância ao
6
receber determinada quantidade de calor (no SI J/KgK ou cal/gºC).
Temos então:
Onde
6
Sistema Internacional de medição
Quando uma certa quantidade de água no estado líquido é aquecida gradualmente (à pressão
atmosférica normal), podemos observar o seguinte:
1º. Temperatura (T) sobe quase proporcional ao calor fornecido até atingir 100ºC
2º. Continuando a fornecer calor
3º. A T manter-se-á constante
4º. Energia recebida vai ser utilizada para passar moléculas da fase líquida à gasosa (vapor)
5º. Só quando todas as moléculas (água) estiverem no estado gasoso, a T poderá voltar a subir
Podemos afirmar assim que é o Calor que é necessário fornecer a uma unidade de massa para a
fazer passar totalmente a vapor saturado (fazer mudar de estado físico).
Pe.:
Energia necessária para vaporizar 1Kg água=5x a necessária para levar esse Kg dos 0ºC aos 100ºC
Pe.:
Na oxidação do Hidrogénio (H), com
consequente libertação de Água (H20).
O Calor libertado é maior se essa H20 não
estiver no estado líquido mas sim no gasoso.
Calor que é suscetível de ser libertado na combustão completa da totalidade dos materiais
combustíveis contidos num espaço, incluindo o revestimento das paredes, divisórias, soalho e
tetos.
Conhecendo os poderes caloríficos dos diversos materiais, um rápido inventário das respetivas
quantidades (em quilogramas) permite calcular a carga de incêndio, em quilojoules (KJ).
3.3. COMBUSTÍVEIS
LÍQUIDOS As moléculas já estão mais afastadas umas das outras e, Gasolina, Gasóleo, Tintas, Verniz, Lacas, Solventes
se bem que muitos deles se evaporem, podem-se contê- orgânicos como: éter, acetona, clorofórmio, álcool,
los em recipientes abertos durante algum tempo ou tetracloreto de carbono, etc.
transvasá-los mantendo o volume constante:
- Não têm forma;
- Já são compressíveis, pois há mais espaço entre os
seus constituintes, o que possibilita que as moléculas
se aproximem umas das outras (ainda que com
alguma dificuldade).
GASOSOS Tal como o ar, não têm forma. Seja, as partículas estão Gás Butano, Gás Propano, Hidrogénio, Acetileno,
pouco ligadas umas às outras, ocupando todo o volume Monóxido de carbono, etc.
disponível.
Pode-se, por isso, comprimi-los facilmente (daí o uso com
frequência do ar comprimido):
- Não têm forma;
- São facilmente compressíveis (há tanto espaço entre
os seus constituintes que pode obrigar-se as
moléculas a aproximarem-se umas das outras)
Esta característica está diretamente relacionada com a capacidade de uma substância conduzir calor.
Assim, as substâncias pouco condutoras (quentes ao tato) ardem rapidamente pois permitem a
concentração de calor nas zonas de aquecimento.
Pe.
A madeira arde muito mais facilmente que o ferro. Este facto deve-se à acumulação de calor numa pequena
zona no caso de materiais pouco condutores. A temperatura nesse local eleva-se de tal forma que se libertam
vapores combustíveis, os quais, na presença de mais calor (energia de ativação), podem inflamar-se. Outros: lã,
cortiça, plásticos, etc.
No caso dos bons condutores (frios ao tato), aquecem de forma uniforme e, por isso, ardem com
dificuldade. O calor distribui-se por toda a massa fazendo com que a temperatura se eleve lentamente.
Pe.
Metais, mármore, granito, etc.
3.3.3. DENSIDADE
3.3.4. MISCIBILIDADE
Importante pois, uma vez que da mistura de dois combustíveis, sendo um muito inflamável
(gasolina) e outro apenas inflamável (petróleo), resulta um líquido que pode passar a libertar
quantidades importantes de vapor a baixas temperaturas aumentando, deste modo, o risco de
incêndio.
TEMPERATURA ≠ CALOR
CALOR (ou energia térmica), é a quantidade total de energia envolvida nessa agitação molecular.
Trata-se pois da Energia térmica em trânsito entre dois corpos (transferência de energia
térmica).
Pe:
Algo que torna as coisas mais quentes, derrete o gelo ou ferve a água.
O calor vem do Sol à Terra, sob forma de energia radiante, porque o Sol apresenta-se em média a
6.000°C e a Terra a 30°C.
Tal como referido no presente trabalho, todos os corpos tendem a atingir o equilíbrio. Daí que o
CALOR tome o sentido da extremidade mais quente Extremidade mais fria.
RESUMINDO
Um corpo recebe energia/calor para ficar mais “quente” (com maior temperatura).
Ao perder energia/calor, fica mais “frio” (com temperatura menor).
TIPO DE CARACTERÍSTICAS
TEMPERATURA / PONTO
INFLAMAÇÃO Temperatura mínima à qual uma substância é capaz de emitir vapores combustíveis em quantidade
suficiente para formar com o comburente uma mistura que, por ação de uma fonte de energia, se
(Ponto de Fulgor pode inflamar, extinguindo-se a combustão após a retirada dessa fonte.
ou A substância, propriamente dita (sólida ou líquida), não entra em combustão, mas apenas
Flash Point) os seus vapores e enquanto se mantiver a presença da fonte de energia que provocou a
ignição.
O ato de retirar a fonte de energia provocará a extinção porque, a essa temperatura, a
substância não emite vapores em quantidade suficiente para manter a combustão.
COMBUSTÃO Temperatura mínima à qual uma substância emite vapores combustíveis em quantidade suficiente
que, em contacto com o comburente, se inflamam por ação de uma fonte de energia exterior e ardem
(Fire Point) continuamente, mesmo que a fonte de ignição seja retirada.
IGNIÇÃO Temperatura mínima à qual os vapores libertados por uma substância (sólida ou líquida) ou um gás
combustível entram espontaneamente em combustão (autoinflamam-se) mesmo sem a presença de
(Ignition Point) uma fonte da energia exterior.
A partir desta temperatura não é necessária a presença duma chama ou qualquer outra
fonte de energia de ativação para que se desencadeie a combustão ºC DE
COMBUSTÃO.
A tendência que um combustível líquido tem para libertar vapores combustíveis é outro dos fatores
importantes.
Com base neste critério, existem diferentes classificações consoante o país considerado.
A norma portuguesa NP-1936 (1983) classifica os combustíveis líquidos quanto ao risco de incêndio, em
três categorias:
Ponto de inflamação => a 55ºC, necessitando o líquido combustível de ser sujeito a uma
fonte de calor para libertar vapores inflamáveis.
A percentagem de vapores emanados (ou produzidos) pelos combustíveis, é outro dos fatores a
considerar.
Isto, porque a mistura do combustível com o comburente não pode conter demasiado combustível
(mistura rica), nem uma quantidade insuficiente (mistura pobre).
Um gás ou vapor combustível só arde no ar se a proporção combustível/ar se encontrar entre
determinados limites.
Surge desta feita o conceito de LIMITES DE INFLAMABILIDADE.
São os limites (expressos em % de volume do gás combustível na mistura ar/gás
combustível), entre os quais se situam as concentrações de combustível/ar que tornam
7
possível a combustão .
7
De acordo com a norma portuguesa NP-3874-1 (1995)
Quanto mais volátil for o líquido Mais rápida é a formação de uma atmosfera perigosa (Temperatura
de Inflamação é baixa).
Quanto maior relação área/volume da mistura Mais rápida é atingida a ignição (Ignição = área /
volume)
Quanto maior for o espaçamento entre os limites inferior e superior de Inflamabilidade (Campo de
Inflamabilidade), maior é a probabilidade de existir uma mistura combustível/ar em condições de entrar
em combustão.
3.5. COMBUSTÃO
Analisando o que anterior foi abordado quanto a esta matéria, considera-se pois que é:
A queima de uma substância com produção de energia em forma de calor ou calor e luz.
Trata-se pois de uma reação química exotérmica entre uma substância (o combustível) e
um gás (o comburente), usualmente oxigénio, para liberar calor.
Numa combustão completa, todos os elementos do combustível combinam-se com o oxigénio, não
restando nos produtos da combustão nenhum combustível, além de energia (com chama de cor azul).
Na combustão incompleta a quantidade de oxigénio que entra na combustão é menor (não há o
incremento de oxigênio adequado para que ela ocorra de forma completa), aparecendo nos produtos da
combustão outros combustíveis (pe. CO, H2, CO2).
LENTA
EXPLOSÃO
ou VIVA
DETONAÇÃO
DEFLAGRAÇÃO
DESIGNAÇÃO CARACTERÍSTICAS
ESPONTÂNEA Uma substância com temperatura de ignição relativamente baixa, começa a liberar calor. Tal processo
pode ocorrer, pe. por oxidação ou fermentação.
O calor interno gerado na substância (através de reações ou fragmentações dos seus micro-organismos)
não consegue escapar e a temperatura aumenta.
Se ultrapassar o seu ponto de ignição e, se estiver presente um oxidante suficientemente forte, como
o oxigênio, ocorre a combustão:
Combustível
Microorganismos
Reações ou fragmentações
Aumento da temperatura
AUTO INFLAMAÇÃO
LENTA Fogo que não necessita de energia de ativação ou interveniência humana (fonte inflamável externa)
para se iniciar a combustão.
A libertação de energia de reação manifesta-se apenas sob a forma de calor, não existe emissão de
luz e a temperatura não ultrapassa os 500ºC.
Uma substância com temperatura de ignição relativamente baixa, começa a liberar calor. Tal processo
pode ocorrer, pe. por oxidação ou fermentação.
O calor interno gerado na substância (através de reações ou fragmentações dos seus micro-organismos)
não consegue escapar e a temperatura aumenta.
Se ultrapassar o seu ponto de ignição e, se estiver presente um oxidante suficientemente forte, como
o oxigênio, ocorre a combustão.
É também comum designar-se por combustão espontânea, (não há dissipação da energia, apenas
acumulação).
• A respiração celular
• A oxidação de um metal (ferro, cobre, zinco, etc.) em contacto com o ar húmido e formação
de ferrugem.
VIVA Produz queima. Provoca calor. Emite luz e Chama (devido à mistura dos gases inflamados com o ar)
FOGO.
No caso dos sólidos, podem distinguir-se dois aspetos:
1. Quando a combustão ocorre à superfície Incandescência (combustão viva no sólidos) a
partir da sua ignição;
2. Formação de brasas (estas surgem quando o combustível já não liberta gases suficientes
para provocar chama).
Os sólidos decompõem-se pela influência do calor, numa mistura de gases e numa parte residual,
sólida, chamada carvão.
todo o espaço confinante, libertando enorme energia e produção de gases Ondas de Choque.
Existem ainda as poeiras combustíveis (combustíveis sólidos pulverizados no ar), que, nas mesmas
circunstâncias dos gases, podem dar origem a explosão.
Consideradas ainda aquelas resultantes da decomposição, que ocorre de certos produtos ou misturas,
designados explosivos.
Pe.
A nitroglicerina, as misturas de certos oxidantes e combustíveis e as misturas explosivas
sólidas como a pólvora negra.
Sistematizando:
- Deflagração de nevoeiros combustíveis:
Ignição de pequenas partículas de combustíveis líquidos misturados com o ar
- Deflagração de nuvens combustíveis:
Ignição de quantidades apreciáveis de gases/vapores combustíveis (nuvens)
provenientes de uma fuga/derrame, misturados com o ar em espaço livre.
- Detonação de gases combustíveis:
Ignição da mistura gás/vapor com ar que ocupa totalidade espaço confinado.
- Detonação de poeiras combustíveis:
Detonação de combustíveis sólidos pulverizados com o ar.
- Explosões resultantes de decomposição:
Reações violentas de decomposição de certos produtos ou de certas misturas
Explosivos
B.L.E.V.E. é o acrónimo para a expressão inglesa Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion o que em
português significa Explosão de vapores em expansão provenientes da ebulição de um líquido
sob pressão.
Habitualmente é um termo utilizado pelos bombeiros para se referirem a um tipo de explosão que pode
ocorrer quando um recipiente contendo um líquido pressurizado rompe-se durante um incêndio.
9
Um FLASHOVER , ocorre quando se atingem temperaturas muito elevadas num compartimento
(geralmente entre os 500ºC e 600ºC), os gases emanados podem autoinflamar-se acelerando o
processo de entrada simultânea em combustão da totalidade dos corpos.
Todo o material combustível arde.
8
Existe um método de cálculo que foi apresentado originalmente na publicação da Organização Internacional do
Trabalho – OIT intitulada "Major Hazard Control, A Practical Manual" – International Labour Office, Geneva,
1987
9
Ou combustão generalizada. O termo foi criado pelo cientista britânico P.H. Thomas, nos anos 60
Face à acumulação do CO2 na parte mais elevada, quando houver um fornecimento brusco de O 2, ao
nível ou abaixo do fogo, aquele gás aquecido, pode reagir com aquele repentinamente.
PRODUTO CARACTERÍSTICAS
CHAMAS São a manifestação mais visível (fenómeno luminoso) da combustão.
É uma zona de gases incandescente, visível, que se desenvolve em torno da superfície do material em combustão.
As chamas não são mais que a combustão de gás.
CORES
A combustão completa de matérias orgânicas, produz chamas praticamente incolores ,e na maioria dos
casos, as cores que apresentam são devidas à combustão de partículas sólidas, geralmente de carbono.
As chamas provenientes da combustão de alguns compostos apresentam cores diferentes.
Pe.
Os sais de sódio produzem chamas de cor amarela; os de cálcio produzem chamas de cor
vermelha; os de cobre produzem chamas de cor verde; os de potássio produzem chamas de
cor violeta, etc.
A cor da chama depende também da composição química do combustível e da quantidade de oxigénio
presente.
Se a proporção de oxigénio é elevada, as chamas apresentam cor amarelo luminoso e são oxidantes.
Se a proporção de oxigénio é baixa, as chamas apresentam cor azul, são redutoras e mais enérgicas.
CALOR10 Tal como referido já no presente trabalho, representa a energia libertada pela combustão, sendo o principal
responsável pela propagação do fogo dado que aquece todo o ambiente, aquecendo ao mesmo tempo os produtos
combustíveis presentes, elevando as suas temperaturas às temperaturas de inflamação É assim o principal
responsável pela propagação de um incêndio.
Calor (troca de calor, transferência de calor) consiste na energia transferida entre dois corpos em virtude de uma
diferença de temperatura. É apenas energia em trânsito, uma vez que esta energia entra num corpo e vai
simplesmente aumentar a energia interna deste.
Em termos de impacto no ser humano, atente-se o seguinte:
10
Não confundir com o conceito de TEMPERATURA - que é uma grandeza física que permite a quantificação do
grau de aquecimento dos corpos Mede a energia cinética média das moléculas de um corpo
No estudo deste fenomenologia do fogo, é assim muito importante saber como atua o calor e como se transmite.
Matéria esta que será abordada nos títulos seguintes deste trabalho.
FUMO São diversos os fatores que influenciam a sua formação:
Temperatura do meio ambiente
Radiação incidente no material
Quantidade de comburente
Composição química do combustível
Forma do combustível
Existência e tipo dos combustíveis vizinhos
Distribuição do combustível
Duração do incêndio
O fumo deve-se à combustão incompleta dos materiais (pequenas partículas sólidas, parcialmente queimadas,
por vapores condensados em suspensão no ar e gases de combustão).
A cor, tamanho e quantidade de partículas determinam a densidade do fumo. Também o vapor de água condensado
torna o fumo mais denso.
CORES
BRANCA
o Indica-nos que o combustível arde livremente, com muito O2 (comburente)
NEGRO OU CINZENTO ESCURO
o Indica-nos que estamos perante um incêndio com elevada temperatura e falta de O2
(comburente)
AMARELA, ROXA OU VIOLETA
o Indicam-nos geralmente que estamos em presença de gases tóxicos
Em termos de impacto no ser humano:
Geralmente provoca irritação nas mucosas, nomeadamente nos olhos e vias respiratórias (o que
contribui para aumentar o pânico)
Quando a proporção de fumo, ar quente e gases de combustão é elevada, sendo portanto baixa a
proporção de oxigénio, ocorre asfixia, que pode levar à inconsciência e até mesmo à morte.
Diminui visibilidade no combate às chamas.
GASES São os gases que permanecem no ambiente, quando se reduz ao normal a temperatura dos produtos de
combustão.
Alguns destes gases, como por exemplo o ácido clorídrico, são corrosivos pelo que não afetam apenas
as pessoas, mas produzem também danos materiais.
MONÓXIDO DE CARBONO - CO
Não é o gás mais tóxico produzido por uma combustão, mas é o mais abundante (juntamente com Vapor
de Água)
Resulta da combustão incompleta do combustível e da transformação do carbono em monóxido
Em percentagens elevadas de mistura com o oxigénio é explosivo
A toxicidade deve-se ao facto da sua afinidade com a hemoglobina do sangue, ou seja, não permite o
transporte de oxigénio
É produzido por todos os materiais orgânicos
4. DINÂMICA DA PROPAGAÇÃO
“Uma boa compreensão das fases de um incêndio, pode ajudar o investigador a entender o que
11
realmente aconteceu”
Pese embora cada incêndio seja específico e por isso diferente, existe um padrão de comportamento
idêntico entre ambientes com características estruturais de construção e cargas térmicas semelhantes.
É pois a análise e compreensão das principais fases típicas do desenvolvimento de um incêndio que
ajudarão o investigador a entender o mesmo.
No âmbito do presente trabalho, importa desde logo reter que as diferentes tipologias de incêndios
abordadas: Florestais, estruturas edificadas e em veículos automóveis, apresentam diferentes
dinâmicas de propagação.
11
(LILLEY, 1997)
12
(Sobral - 2006)
Tipo de combustível;
Disposição do combustível;
Quantidade de ar /vento.
Genericamente um incêndio desenvolve-se em quatro fases, tendo como fatores o Tempo vs.
Temperatura:
Nesta fase é relativamente fácil identificar o PI (e assim as causas), é ali visível um padrão de
13
queima em “V” e a maioria dos vestígios ainda estão intactos.
13
Como referido mais adiante
PROPAGAÇÃO
Fase em que a combustão se ativa rapidamente, transmitindo-se ao material combustível
vizinho.
É tanto mais intensa quanto maior a quantidade de combustíveis que concorrem para a queima.
É a fase de maior produção de chamas.
Em espaços fechados as paredes apresentam fuligem por ação das chamas, o padrão em “V” é
mais evidente em materiais combustíveis (v.g. madeiramento), decorrente das altas
temperaturas atingidas pelas incandescências (brasas) que podem atingir 1000ºC. A
carbonização é maior no PI, se comparado com a zona envolvente.
Por efeito do calor, a energia libertada é suficiente para provocar a combustão de todos os
materiais duma forma contínua e o calor libertado é mais ou menos igual à energia dissipada.
Nesta fase, pelos efeitos generalizados que produzem, salientam-se os fenómenos conhecidos
por “FLASHOVER” (já abordado). De facto, se a energia dissipada for menor ou for mais lenta
que aquela produzida, a temperatura global do espaço aumenta até um valor máximo onde todos
14
os materiais combustíveis presentes atingem a sua temperatura de combustão .
COMBUSTÃO CONTÍNUA
Principalmente nos incêndios em estruturas edificadas (urbanos e industriais, pe.), nesta fase a
temperatura no compartimento mantêm-se praticamente constante e no seu ponto máximo.
Ainda existe grande quantidade de combustível, sendo que o fogo é “controlado” pela quantidade
de comburente (ar/oxigénio).
FASE FINAL
Nesta fase o combustível torna-se mais escasso, pelo que a queima em chamas é menor e a
presença de incandescência (brasas) é maior.
Nos incêndios em estruturas edificadas, como características (em termos de interesse
investigatório), existe fuligem nas paredes abaixo de 30cm, o padrão em “V” e os restantes
vestígios da queima podem estar ocultos pela deposição de material entretanto carbonizado.
Sendo uma fase onde as temperaturas não são tão intensas, a queima é normalmente mais
longa e por consequência, menos evidências estarão disponíveis.
14
Temperatura mínima à qual uma substância emite vapores em quantidade suficiente para que, em contacto com um
comburente, se possa inflamar por ação de calor exterior, ardendo continuamente.
CONDUÇÃO
A energia, através de um corpo bom condutor de calor, é transferida para outro. Esta
transferência é mais notória, quanto mais condutor for o corpo (pe. metais).
RADIAÇÃO
A título de curiosidade refira-se a “Lei de Stefan-Boltzmann” (mais conhecida como Lei de Stefan), em
que energia total radiada por unidade de área superficial de um corpo negro na unidade de tempo (radiação do corpo
negro), (ou a densidade de fluxo energético (fluxo radiante) ou potencia emissora), j* é diretamente proporcional à quarta
potência da sua temperatura termodinâmica T:
Ou simplesmente:
CONVECÇÃO
Fig. 33: Convecção (Urbanos) Fig. 34: Convecção (Vela) Fig. 35: Convecção (Florestais)
PROJEÇÃO (florestais)
5. CLASSES DE FOGO
A grande diversidade de combustíveis (mormente o seu estado físico e a forma diferente como reagem
perante um determinado agente extintor), levou à divisão dos fogos em classes para que a sua extinção
possa ser feita da forma mais eficaz.
15
Os combustíveis são assim classificados :
15
Cfr. a NP EN2 (1993)
CLASSE CARACTERÍSTICAS
A São fogos de materiais sólidos, em geral de natureza orgânica, em que a combustão se faz, normalmente, com
Fogos de matéria seca formação de brasas.
Pe.
A madeira, o carvão, o papel, os tecidos, os plásticos comuns e a palha
REAÇÃO QUÍMICA PIRÓLISE
Do Grego pyr, pyrós = fogo + lýsis = dissolução.
“Transformação química que ocorre pela ação de altas temperaturas, porquanto ocorre
uma rutura da estrutura molecular original de um
determinado composto num ambiente com pouco ou nenhum oxigénio.”
(in, Wikipédia – 2013)
Qualquer processo de decomposição térmica ou de alteração da composição de um composto ou
mistura (geralmente orgânica), pela ação de calor, nas condições acima descritas, como por exemplo
a carbonização.
Numa reação de oxidação, a combustão de materiais sólidos (em particular materiais orgânicos) é
precedida de um processo de decomposição da matéria em moléculas suficientemente simples para
poderem reagir com o comburente mais comum, o oxigénio PIRÓLISE, formando-se gases
combustíveis ou de líquidos que produzem vapores inflamáveis.
Tais reações são as principais responsáveis pelos processos de gaseificação em
combustíveis sólidos, com produção de voláteis.
B Fogos de líquidos ou sólidos liquidificáveis.
Fogos gordos Pe.
As gasolinas, o álcool, os petróleos, o alcatrão, a cera, a parafina
Não existe propriamente combustão de um líquido. Tem a ver com a sua volatilidade (facilidade com que os
líquidos libertam vapores).
Quanto mais volátil for o líquido, maior a possibilidade de haver fogo ou mesmo explosão. O vapor
libertado pelo líquido é tal que a mistura com o ar deve estar dentro do limite de inflamabilidade
(recorde-se o já abordado quanto ao Campo de Inflamabilidade).
C Para ocorrer a combustão basta que o combustível gasoso se encontre misturado com quantidades apropriadas
Fogos de gases de ar e a mistura seja sujeita a um estímulo energético suficiente, dando inicio à combustão com a formação de
chama16.
Pe.
Metano, propano, butano, gás natural, acetileno e hidrogénio
16
Os aparelhos para determinar a presença de vapores na atmosfera têm o nome de explosímetros.
6. ATMOSFERAS PERIGOSAS
O ar que respiramos diariamente (atmosfera) é constituído basicamente por Azoto (78%); Oxigénio
(21%); Árgon (0.9%); Dióxido de Carbono (0.03%) e Vapor de água (teor variável).
Todo o incremento acima de tais valores pode potenciar aquilo a que se chama de Atmosfera perigosa:
“Mistura com o ar (nas condições atmosféricas), de substâncias inflamáveis (materiais
perigosos), sob forma de gás, vapores de líquidos, líquidos vaporizados, fumos ou
poeiras, que, em determinadas concentrações, apresentam riscos para a vida /saúde dos
trabalhadores expostos”
17
Espaço limitado por barreiras em todos os seus lados, não possuindo ventilação e/ou iluminação naturais.
18
É a operação realizada com a finalidade de transformar uma atmosfera em não inflamável, não explosiva, não
reativa, através da diluição da atmosfera original, com um gás considerado como inerte ou não reativo.
A regulamentação do transporte de matérias perigosas, por via terrestre, fluvial, marítima ou aérea, é
um assunto muito amplo que não será abordado no âmbito do presente trabalho.
Deixam-se aqui somente algumas indicações sobre a regulamentação adequada, visando a proteção
das pessoas e meio ambiente.
ADR – Acordo Europeu relativo ao Transporte Internacional de Mercadorias Perigosas por
Estrada;
RID – Regulamento relativo ao Transporte Internacional Ferroviário de Mercadorias Perigosas;
RPE – Regulamento nacional do Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada;
Normas emanadas pelas seguintes organizações internacionais:
o OMI – Organização Marítima Internacional;
o IATA – Internacional Air Transport Association (Associação Internacional de Transporte
Aéreo)
7. MÉTODOS DE EXTINÇÃO
Tal como já referido no presente trabalho e, relembrando o Tetraedro do Fogo, atuando sobre qualquer
um das suas quatro vertentes (comburente, combustível, calor/energia de ativação e reação em cadeia),
potencia-se a sua propagação ou a sua extinção.
Quanto assim à extinção, corresponde sempre à eliminação (ou redução) de, pelo menos, um dos tais
elementos do tetraedro do fogo.
Contudo, na extinção de um incêndio, muitas vezes tenta eliminar-se mais de que um dos elementos do
tetraedro com o objetivo de extinguir a combustão o mais rapidamente possível (com uma combinação
de vários métodos).
São basicamente quatro os métodos de extinção de um incêndio:
1. Carência ou dispersão do combustível
2. Limitação do comburente
3. Arrefecimento ou redução da temperatura
4. Inibição ou rutura da reação em cadeia
MÉTODO CARACTERÍSTICAS
Carência ou É provavelmente o método mais eficaz. Consiste em:
dispersão do
combustível • Retirar o combustível do alcance do fogo (pe. por dispersão)
• Retirar o fogo do alcance do combustível
Combustíveis sólidos diminuir a sua quantidade redução da dimensão do incêndio
Incêndios florestais técnica do contrafogo (trabalho sapador)
Combustíveis líquidos ou gasosos a sua aplicação depende das condições do incêndio.
Limitação do Método que impede o acesso do comburente à superfície do combustível.
comburente
• Asfixia – resulta do seu consumo na combustão em condições que não garantem a renovação de ar.
Não há, portanto, qualquer ação exterior.
• Abafamento –resulta de uma ação, exterior à própria combustão, que impede a renovação de ar (pe.
com espumíferos, abafar com tampa, lançar areia/terra, CO2 à saída do extintor a temperatura
atinge os 78ºC).
A limitação de comburente pode conseguir-se diminuindo a concentração de oxigénio, para valores próximos de
14%, na maior parte dos casos e de 6%, se existirem brasas.
8. AGENTES EXTINTORES
Como existe uma panóplia muito grande de combustíveis e formas de extinguir as suas respetivas
combustões, existem da mesma forma inúmeros agentes extintores.
São por isso o meio mais adequado para atacar um incêndio na sua fase inicial. A sua correta utilização
permite atacar as chamas incipientes e controlar ou conter o seu desenvolvimento equipamento de
primeira intervenção.
Atuam maioritariamente por um dos métodos acima referidos mas, muito frequentemente, atuam de
forma acumulada, na eliminação de mais de um componente do tetraedro do fogo.
Muito haveria para referir nesta matéria. Porém, no contexto do presente trabalho, deixam-se aqui
somente alguns exemplos de aparelhos extintores.
Estes são classificados de acordo com o produto ou agente extintor utilizado (contido neles) e que deve
ser adequado a cada tipo de fogo (tendo em conta as classes já abordadas e suas características):
• Extintores de Água (extinguem por arrefecimento e/ou asfixia. Não podem ser utilizados em
equipamentos elétricos sob tensão)
• Extintores de Espuma (extinguem por abafamento e arrefecimento. Não podem ser utilizados
na presença de corrente elétrica de baixa tensão).
9. ELETRICIDADE
Fig. 41: Efeitos da corrente elétrica (calorífico e luminoso; químico, luminoso e magnético)
Poder-se-á dizer que, com algumas exceções, os incêndios de origem elétrica ocorrem devido à falta de
cuidado sensato na manutenção ou utilização de instalações e aparelhos elétricos.
Podem ser iniciados por:
Sobreaquecimento dos condutores;
Sobreaquecimento das tomadas;
Formação do arco voltaico;
Descarga eletrostática.
19
Como mais adiante abordado
O sistema elétrico pode ser comparado com o sistema hidráulico, porquanto possuem componentes com
as mesmas funções e em comum têm como objetivo a transferências de energias.
Um circuito elétrico consiste num conjunto de componentes elétricos ou eletrónicos, através dos quais
passa corrente elétrica:
Todos os circuitos elétricos possuem:
Um gerador que funcione como fonte de energia;
Um ou mais recetores que transferem e transformam a energia elétrica;
Fios condutores, que são o elo de ligação entre os vários componentes do circuito e um ou
mais interruptores.
CONDUTOR ISOLADO Metal revestido por um, ou mais, revestimento que assegura isolamento elétrico
Indica que a diferença de potencial (V) entre dois pontos de um condutor, é proporcional à
corrente elétrica (I) que o percorre e à resistência do condutor (R):
Para certos condutores metálicos, homogéneos e filiformes, a uma dada temperatura, é constante a
razão/resistência (R) entre a diferença de potencial (V) e a intensidade da corrente (I).
20
Também conhecida como efeito de Joule .
Genericamente
“Quando uma corrente elétrica atravessa um material condutor, há produção de calor.
Essa produção de calor é devida ao trabalho realizado para transportar as cargas através
do material em determinado tempo”
(in Wikipédia)
20
James Prescott Joule (1918-1889), foi um físico britânico que estudou a natureza do calor e descobriu relações
com o trabalho mecânico
FENÓMENO CARACTERÍSTICAS
SOBRECARGA Tanto as instalações como os equipamentos elétricos, são projetados e dimensionados para funcionarem
sem se danificarem durante a sua vida média, com um valor de corrente máxima – Corrente nominal.
Quando, por alguma razão, funcionam com valores de corrente acima da nominal SOBRECARGA.
SOBRECARGA Conduz ao envelhecimento prematuro das instalações/equipamentos Período de
vida menor.
Podem assumir vários graus de consequências:
• O acréscimo do valor da corrente é pequeno em relação ao valor nominal (pequena
sobrecarga)
• Aumento lento da ºC dos condutores e seus isolamentos, podendo ou não serem
danificados permanentemente
• O perigo imediato é normalmente mínimo
• O acréscimo do valor da corrente é grande mas efetuado gradualmente (sobrecarga
propriamente dita)
• Aumento da ºC mais rápido Fusão dos isolamentos ou deterioração permanente
(se durante muito tempo Autocombustão de materiais inflamáveis contíguos)
CURTO-CIRCUITO Quando dois condutores de potenciais diferentes (o condutor de fase e o condutor neutro) tocam-se
diretamente ou são ligados por uma fraca resistência Assiste-se à passagem de corrente elevada
Relacionado com a resistência (R) e intensidade (I) da corrente.
A intensidade da corrente elétrica aumenta bruscamente para valores elevadíssimos (da ordem das
centenas ou milhares de ampéres).
Esquematicamente:
São exemplos, demasiados aparelhos ligados simultaneamente num mesmo circuito podem
originar uma sobrecarga que é uma sobreintensidade em que a corrente de serviço no circuito é
superior ou ligeiramente superior à intensidade máxima permitida nos condutores (IB>Iz).
Se, por exemplo, dois pontos do circuito com potenciais elétricos diferentes entram em contacto
direto entre si estamos na presença de um curto – circuito que é uma sobreintensidade em que a
corrente de serviço no circuito é muito superior à intensidade máxima permitida nos condutores
Quando a produção de cargas for superior à sua dissipação, haverá acumulação das mesmas e poderá
ocorrer o fenómeno da produção de FAÍSCA (que descarregará as cargas elétricas).
Tais faíscas são fonte de calor Fontes de ignição.
A FAÍSCA pode ser ainda produzida:
- Pelo Normal ou Anormal funcionamento de máquinas rotativas, aparelhos de manobra de corte
e proteção quando acionados em carga, carros elétricos, etc.;
- Por descargas eletrostáticas (correias de transmissão, tapetes rolantes, armazenamento de
hidrocarbonetos, etc.);
- Agitação de líquidos combustíveis;
Os aparelhos elétricos numa baixa tensão (em Portugal de 220 a 230v), classificam-se, de acordo com a
sua função, em:
Ligação
Corte
Comando
Proteção
Os aparelhos de proteção contra curto-circuito, deverão atuar o mais rapidamente possível (antes do
tempo necessário para fundir ou carbonizar os condutores.
A utilização de FUSÍVEIS, é o método mais simples para proteger um circuito elétrico contra
sobreintensidades. Consiste em colocar um fusível no início do circuito.
Geralmente são uns filamentos ou lâminas de um metal ou liga metálica de baixo ponto de fusão, o
qual, aquando de um aumento de intensidade da corrente (efeito Joule), acima de um determinado
valor (valor nominal para aquele circuito), funde-se, interrompendo por isso o fluxo de corrente
elétrica.
Os DISJUNTORES são mais completos. Consistem num dispositivo eletromecânico, que funciona como
um interruptor automático.
Basicamente a sua função é a de detetar picos de corrente que ultrapassem o adequado para o
circuito (a corrente nominal), interrompendo-a imediatamente antes que os seus efeitos térmicos e
mecânicos possam causar danos à instalação elétrica a proteger.
A grande vantagem em relação aos fusíveis, é o facto de serem reutilizáveis, podendo ser
rearmados após terem sido acionados e desligarem a corrente elétrica. Também servem de
dispositivos de manobra, controlo e monitorização.
O que está em causa não é a tensão aplicada, mas sim a intensidade da corrente que atravessa o
corpo (humano e dos animais). As consequências dependem da parte do corpo atravessada, do estado
fisiológico do corpo (envelhecido, enfraquecido, etc.) e essencialmente:
Da intensidade da corrente;
Da duração do efeito;
Do percurso e variação brusca da corrente.
Quadro 20: Sensações fisiológicas (corrente de 50Hz), entrando pela mão (amostragem de 500 pessoas)
Sem dúvida que as principais consequências visíveis da passagem da corrente elétrica no corpo
humano, são os ferimentos e, in extremis, a morte.
Os acidentes mais frequentes são originados pelo contacto direto ou indireto com um circuito elétrico.
CEGUEIRA E No caso de estarmos muito próximo de um curto-circuito, podem ocorrer situações de cegueira
QUEIMADURAS momentânea ou mesmo definitiva. Deve-se à energia libertada durante o chamado arco voltaico, que
provoca ainda queimaduras extensas e profundas.
Um arco voltaico21, geralmente resulta de um curto-circuito.
CONTRAÇÕES Quando a corrente elétrica passa num músculo, este é sujeito a sucessivos choques que ocorrem em
MUSCULARES intervalos de tempo bastante curtos. Conforme o tipo de músculo e o trajeto da corrente:
- Músculos do antebraço: incapacidade de se desprender do ponto de contacto com o condutor.
Se a corrente não for interrompida, os choques alastram-se a outros músculos, podendo ocorrer
asfixia, se forem atingidos músculos que controlam o sistema respiratório (pe. peitorais e do
diafragma);
- Músculos extensores, a vítima pode ser projetada, em resultado de uma contração violenta e
brusca. Em músculos dorsais, pode originar quedas;
- Pode ainda ocorrer fibrilação ventricular se o trajeto da corrente passar pelo coração.
INCÊNDIO Tal como anteriormente abordado, é resultado de uma sobreintensidade da corrente elétrica. De facto, a
21
Basicamente consiste numa faísca. Resulta de um fluxo intenso de corrente elétrica (através de um meio
normalmente isolante como o ar), que se forma entre dois elétrodos energizados com alta voltagem, colocados
próximos um do outro. Gera altíssimas temperaturas.
energia libertada sob a forma de calor, pela passagem da corrente elétrica, pode potenciar a ignição dos
materiais que estiverem em contacto com os condutores.
Nos circuitos elétricos, os incêndios têm assim como principais causas:
• Sobrecargas
• Curto Circuitos
• Defeitos de isolamento
• Maus-contactos
Os incêndios não são todos do mesmo tipo. Essencialmente dependem e são assim tipificados de
acordo com o material que entra em combustão (sua natureza) ou o local onde ocorrem.
No presente trabalho optou-se por abordar genericamente somente três tipos de incêndios mais comuns
e significativos em Portugal, com a consciência porém que todos os restantes são derivações específicas
daqueles (e.g. em navios, aeronaves, comboios, estabelecimentos comerciais, estabelecimentos de
hotelaria/restauração).
Dar-se-á mais ênfase aos INCENDIOS FLORESTAIS, por serem os que causam mais impacto social e
económico (e não propriamente mais vítimas mortais).
Os bens produzidos pela via da atividade florestal, sustentam uma importante e integrada cadeia
industrial, baseada em recursos naturais, suportando por si, um forte sector de exportação.
Por conseguinte, a floresta e a atividade florestal em Portugal são uma importante área da nossa
economia, sendo assim compreensível que acarrete prejuízos de grande monta.
Por fim são aqueles que produzem um maior impacto social e implicam um maior investimento a todos
os níveis (material, humano, político, etc.)
“Um incêndio florestal é a combustão, sem controlo no espaço e no tempo, dos materiais
22
combustíveis existentes nas áreas florestais”
“Um incêndio florestal é na sua essência o reflexo do comportamento do fogo. O
desenvolvimento de um incêndio, os efeitos no solo e na vegetação por ele provocados, e a
23
dificuldade de controlo por ele demonstrada, dependem do comportamento do fogo”
“Por definição o comportamento do fogo é a forma como o combustível se inflama, como as
chamas se desenvolvem, como o fogo se propaga e exibe outras características, determinada
24
pela interação entre os combustíveis, as variáveis meteorológicas e a topografia”
25
Segundo o Inventário Florestal Nacional (adiante designado por IFN) :
22
in CASTRO, Carlos F. et outros. “Combate a incêndios florestais, vol. XIII: Manual de Formação Inicial do Bombeiro”. 2ª
Ed. Sintra: ENB, 2003, pág. 9
23
(Viegas e Cruz 2001)
24
(Merril e Alexander, 1987)
25
PORTUGAL, Autoridade Florestal Nacional. “Instruções para o trabalho de campo do Inventário Florestal Nacional”.
Lisboa: Direção de Unidade de Gestão Florestal, Janeiro.2009
MATO “Extensão de terreno com área ≥ 5000m2 e largura ≥ 20 m, com cobertura de espécies lenhosas
de porte arbustivo, ou de herbáceas de origem natural, onde não se verifique intervenção agrícola
ou silvícola, que podem resultar de um pousio agrícola, constituir uma pastagem espontânea ou
terreno pura e simplesmente em regeneração natural”.
ARVOREDO "Conjunto florestal arbóreo da mesma espécie, sem condução silvícola, nem área específica”
SEARA “Espaço delimitado de produção cerealífera em que a sua espiga se encontre no local, implantada
na terra ou depois de ceifada, ainda depositada na terra.”
Qualquer incêndio que ocorra fora destes locais específicos será juridicamente tipificado como um crime
de dano através do fogo (cfr. advém do Código Penal Português), como abordado mais adiante no
presente trabalho.
Na dinâmica de um incêndio florestal são essencialmente três os fatores determinantes, quer para a sua
propagação, quer para a sua extinção:
10.3. COMBUSTÍVEIS
“Todo o material vegetal morto ou vivo, que existe nas zonas rurais… com potencial para dar
26
início e propagar um fogo”
“Qualquer material orgânico, tanto vivo como morto, no solo, sobre o solo ou aéreo, passivo de
27
ignição e queima”
Toda o material vegetal, vivo ou morto, é composto por partículas de diferentes formas e dimensões –
CELULOSE, com diferentes propriedades químicas, físicas e térmicas que podem afetar a propagação
de um IF
Um dos organitos que compõem as células são os cloroplastos (verdadeiras “fábricas de madeira”):
• Dividem as moléculas de água absorvida pelas raízes, guardando H e libertando O 2;
• Absorvem o CO2 da atmosfera, ligando H – C CELULOSE
• Através da luz solar Quebram ligações H2O e CO2 Recombinam novas ligações
FOTOSSÍNTESE
10.3.1. CLASSIFICAÇÃO
26
Engº. Luís Mário Ribeiro in “Incêndios Florestais”, Domingos Xavier Viegas, 2011
27
(MELO, 2005)
Esta classificação por ESTRATOS é a que está mais relacionada com o tipo de propagação
dos IF.
28
(Debano et al., 1998)
29
(Chandler et al., 1983, Allgower, et al., 2004)
30
(Stocks, 1989; Albini e Stocks, 1986)
o MÉDIOS ( 25 a 75mm)
- Ramos
o GROSSOS ou Pesados ( >
75mm)
- Ramos grossos e troncos
Os combustíveis finos mortos (CFMs) são porosos e higroscópicos (perdem e ganham humidade
em função das condições meteorológicas).
Em regra, na primavera e no outono, o volume de CFMs vai aumentando, enquanto os
combustíveis finos vivos (CFVs) vão secando.
Quando em combustão e quando o seu teor de humidade se situa abaixo de 11% (apertados na
mão, estalam), há propagação natural das chamas (mantendo a fonte de calor).
10.3.2. PROPRIEDADES
São todo um conjunto de parâmetros que são utilizados para descrever fisicamente a vegetação
enquanto elementos ou partículas combustíveis.
FORMA ou GEOMETRIA
2 3 2 3
Tem a ver com a relação entre a superfície exterior e o respetivo volume (em cm /cm ou m /m )
disponibilidade de uma partícula para a combustão.
Esta relação é importante porque interfere na alteração da temperatura e humidade dos
31
combustíveis mortos, no seu tempo de resposta a alterações exteriores . Quanto mais finas e
32
espalmadas forem as partículas, maior a sua relação superficial/volume .
Assim nos IFs os combustíveis finos ardem mais facilmente do que os combustíveis grossos
porque têm maior superfície em contacto com o ar, sendo mais fácil o seu pré-aquecimento e a
propagação da combustão.
Pe:
Para queimar um livro existem duas formas: acende-se o livro inteiro ou rasgam-se as folhas, separando-as
primeiro e incendiando-as de seguida O tamanho e o peso são os mesmos, mas multiplicou-se a área
superficial exposta ao fogo pelo número de páginas O livro separado em folhas arde mais facilmente.
O material lenhoso reduzido a pequenos pedaços, arde mais rapidamente do que em grandes pedaços, como
troncos, com o mesmo volume.
DIMENSÃO
Foi já referida anteriormente a importância do tamanho das partículas no processo de
combustão.
31
(Chandler et al., 1983)
32
(Pyne et al., 1996)
Esta propriedade, principalmente dos combustíveis mortos (CMs), está associada ao Tempo de
33
Retardação (TL ).
Os CMs trocam humidade com o ambiente consoante o teor desta seja maior ou menor nos dois,
até atingirem um estado de equilíbrio em que deixe de haver trocas (humidade de equilíbrio).
O Tempo de Retardação é assim o tempo que uma partícula demora até atingir novamente a
humidade de equilíbrio.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
As plantas estão cobertas de substâncias voláteis como ceras, resinas e óleos, que servem de
proteção para o excesso de sol, secura e frio, o que potencia a sua inflamabilidade.
Essa composição química pode afetar a intensidade do fogo e a sua propagação Influenciar o
comportamento do IF.
Divide-se geralmente em três fases:
1. Pré-ignição (energia absorvida pelos combustíveis, dá-se a vaporização de água e
outros gases que alimentam as chamas na fase seguinte);
2. Combustão com chama (é mais eficiente sendo libertada energia, produzindo CO2 e
H2O);
3. Combustão sem chama (é a fase menos eficiente, com mais fumo e menos O 2 para a
combustão (combustíveis mais grossos, mais compactados e mais húmidos, etc.).
INFLAMABILIDADE
É uma propriedade constante em partículas de combustíveis semelhantes de uma espécie.
É o tempo que demora uma determinada amostra de combustível a incendiar-se, quando
submetida a um dado fluxo de calor Influencia o risco de eclosão e a rapidez de progressão.
É fortemente afetada por outras características dos combustíveis:
- Humidade;
- Composição química;
- Relação superfície/volume.
DENSIDADE
Exprime o peso de uma partícula por unidade de volume (peso/volume).
34
Parâmetro que afeta a facilidade de ignição e velocidade de propagação do fogo florestal .
Influencia a sua capacidade calorífica (poder calorífico).
3
Quantidade de calor libertada na combustão completa por Kg (ou m para gases)
de combustível (KJ/Kg).
33
TL – Time Lag
34
(Countryman, 1982)
Os combustíveis com baixa densidade (troncos e cepos apodrecidos, pe.), têm uma capacidade
calorífica mais baixa e podem por isso sofrer ignição num espaço de tempo mais curto para uma
35
dada quantidade de calor fornecida… . Seja, não necessitam de muito calor para atingir o ponto
de ignição.
MAIOR DENSIDADE MENOR VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO
Quanto maior for o THC contido nos combustíveis, mais difícil será a ignição e o desenvolvimento do
incêndio.
CARGA DE COMBUSTÍVEIS
Quantidade de combustível existente numa dada área: inclui a folhada, pinhas, ramos e troncos
mortos, as herbáceas e os arbustos.
35
(Fernandes, 1997)
2
Peso do material vegetal combustível numa determinada área (Kg/m ou T/Ha).
ALTURA DO LEITO
Também denominada profundidade, é uma estimativa da dimensão vertical da zona de
36
combustão e é necessária para descrever a compactação do leito para efeitos de modelação
do comportamento do fogo.
É de fácil e rápida medição e é usado para estimar a carga de combustível.
COMPACTAÇÃO e POROSIDADE
Refletem a mesma propriedade Espaço existente entre as partículas de combustível.
Quanto mais compactado for o combustível Menor a sua porosidade.
Propriedade determinante na velocidade e intensidade de propagação.
Uma maior compactação tem como consequência:
- Menor oxigénio disponível;
- Menor comprimento da chama;
- Menor velocidade de propagação;
- Menor intensidade de chama.
36
(Cruz e Viegas, 1995)
CONTINUIDADE
Expressa o grau ou extensão da distribuição contínua das partículas de combustível florestal que
afeta a capacidade de um incêndio florestal em manter a combustão e alastrar.
Não significa que exista contacto entre combustíveis, mas na zona de combustão (recordam-se
as diferentes formas de transmissão de calor: radiação, condução, convecção).
Tem a ver assim com o arranjo espacial das diferentes formações de combustíveis:
- HORIZONTAL:
É um fator crítico na propagação de fogos de superfície. Tem-se em conta na medição
2
da área ardida (por m ).
Não existe interrupção de combustível ao nível do solo Existem condições para as
chamas se propagarem de uns combustíveis para outros.
Nas copas das árvores, uma menor continuidade Sustentação do avanço de fogo de
copas.
Descontinuidade grande nos combustíveis de superfície (>100m) Fogo de copas baixa
novamente à superfície.
- VERTICAL:
É um fator crítico na transição de fogos de superfície para as copas.
Se os vários estratos estão ligados do solo até às copas das árvores Propagação do
fogo em altura.
Ao contrário, pe., se um pinhal estiver limpo de mato, desramado e desbastado, não há
continuidade vertical dos combustíveis, logo as chamas terão mais dificuldade em se
propagar verticalmente.
COMBUSTIBILIDADE
Facilidade relativa de suportar e propagar um fogo com chama.
Facilidade de propagação de uma frente de chamas num leito horizontal, sem vento.
Depende de todos os anteriores parâmetros abordados.
Inflamabilidade Combustibilidade
Facilidade das partículas entrarem em Facilidade das partículas se propagarem às partículas
ignição vizinhas
Antes porém, importa diferenciar os conceitos de clima e Meteorologia, já que muitas vezes se
confundem.
Por Clima, entendem-se as condições atmosféricas médias de uma região, num dado período
de anos relativamente longo (tipicamente de 30 anos).
Por Meteorologia, entendem-se as condições atmosféricas que variam de um dia para o outro
ou de hora a hora, numa dada região.
PRECIPITAÇÃO
Neste âmbito podemos considerar a precipitação como sendo a chuva. – Queda de água da
atmosfera para o solo.
Neste contexto de incêndios florestais em Portugal, consideraremos apenas aquela que cai sob
a forma líquida (e não granizo, neve, nevoeiro, neblinas, etc.).
A precipitação é um fator condicionante nos IFs, atuando de duas formas distintas:
- De INVERNO e da PRIMAVERA:
A precipitação nestas épocas favorece a germinação e o crescimento de novas
plantas herbáceas e arbustivas, que poderão constituir combustível vegetal fino,
suporte para a ignição e propagação dos IFs no Verão Quanto mais chover
nestas alturas Maior a probabilidade de ocorrência de incêndios com elevada
área ardida.
Por outro lado, se a precipitação for excessiva, o seu efeito será atenuado pela
quantidade de água retida (e consequente maior humidade dos combustíveis),
mesmo durante o Verão o que diminui o risco de IFs.
- De VERÃO:
Nesta época do ano, a precipitação que ocorre pode ter um efeito imediato na
dinâmica dos IFs. Considera-se que, num dado local, se exceder os 2mm, é uma
precipitação efetiva. Caso contrário o seu efeito é mesmo desprezável.
No Verão, uma quantidade de chuva mesmo que não seja muito elevada, produz
um aumento da humidade da vegetação fina (especialmente a manta morta),
dificultando assim o fogo. A contrapartida é que, subsistindo as altas
temperaturas, os efeitos deste aumento da humidade dos combustíveis é
efémero, pelo que, um ou dois dias após ter chovido a vegetação tenha
novamente condições (em termos de teor de humidade) para propiciar a
propagação do fogo.
TEMPERATURA DO AR
Relembrando…
“A temperatura é uma grandeza física, característica de um dado corpo (sólido,
líquido ou gasoso), que é superior ou inferior consoante esse corpo absorveu mais
ou menos energia”.
HUMIDADE RELATIVA DO AR
A humidade dos combustíveis mortos (ramos secos, árvores e arbustos mortos), está
diretamente relacionada com a humidade do ar (quantidade de vapor de água).
Quanto maior a humidade do material vegetal Menor a facilidade que este tem de
entrar em combustão.
Se o ar é seco, a combustão é mais rápida, porque absorve o vapor de água libertado
pelo combustível.
Quanto mais alta for a temperatura, maior a quantidade de vapor de água que se pode
manter no ar sem passar ao estado líquido (condensar).
Ao contrário, quanto mais frio estiver o ar, menos capacidade terá em manter o vapor de
água sem este se condensar.
Durante o dia o ar seco retira a humidade da vegetação, pois está a uma temperatura mais
elevada e tem maior capacidade de absorver vapor de água.
Durante a noite, o ar, mais frio, tem maior teor de vapor de água e são os combustíveis florestais
que absorvem humidade do ar.
Existem ainda um conjunto de fatores meteorológicos que têm uma influência direta sobre as
condições de propagação dos incêndios.
Nomeadamente fatores relacionados com o:
VENTO
O vento é ar em movimento impulsionado por variações de pressões térmicas.
O ar em movimento é um fator decisivo na propagação dos IFs Se tiver direção favorável ao
incêndio Aumenta a sua velocidade e intensidade Favorece também a ocorrência de focos
secundários.
A mudança de intensidade e direção do vento são assim fatores muito determinantes.
O vento é o responsável pela oxigenação da combustão Intensifica a queima.
O vento é também o responsável pelo arrastamento de fagulhas que poderão provocar focos
de incêndio a distâncias consideráveis e ainda pela inclinação das chamas sobre outros
combustíveis.
Seja, o vento aumenta a velocidade de propagação porque fornece oxigênio para a combustão,
transporta o ar aquecido, resseca os combustíveis e dispersa partículas em ignição.
Quanto ao vento importa ainda distinguir três tipos cuja conjugação determina o sentido e a
intensidade da propagação dos IFs:
LOCAIS (conhecidos por brisas):
37
Pode ser descrito pelas cartas emitidas pelo IPMA . Em zonas de montanha a
sua ação sobre o incêndio varia devido à diferente orientação das encostas, nas
zonas de inflexão das vertentes podem existir mudanças de comportamento do
fogo devido à alteração da exposição ao vento.
Existem dois mecanismos principais:
Um deles está associado às brisas do vale (diurna) e de montanha
(noturna);
37
Instituto Português do Mar e da Atmosfera
VELOCIDADE DO VENTO
Da camada da atmosfera terrestre (que se situa entre os 40 e os 60km de altitude), nesta
dinâmica dos IFs, interessa a camada mais próxima da terra, seja, entre os 600 e 1000m.
Nesta camada, a velocidade do vento varia em altura (distância ao solo), crescendo desde um
valor nulo à superfície, até um máximo no topo dessa camada (daí a importância da altitude a
38
que medimos a velocidade do vento ). Para se medirem os valores médios da velocidade,
geralmente tomam-se períodos de 10 em 10 minutos, ou mesmo de hora a hora, num dado local.
A sua velocidade (assim como a direção), varia de um ponto para o outro, tendo como
condicionantes a topografia, a vegetação, etc.
Quanto à vegetação, nomeadamente a densidade do povoamento e altura, se for intensa, limita
a passagem do vento e consequentemente a sua velocidade.
38
Com aparelhos denominados Anemómetros de Copo, sensores de filme quente ou de ultrassons, geralmente em
estações meteorológicas, à altura de 10 em 10m.
DIREÇÃO DO VENTO
Em Portugal continental o vento dominante é do quadrante Noroeste (mais sentido nas regiões
do litoral).
O vento Sudoeste costuma estar associado a precipitação, enquanto os ventos de Leste,
costumam verificar-se em verões quentes e secos.
Por todos os fatores até agora referidos, o vento é na generalidade inconstante, devendo-se ter
sempre em conta a sua medição (velocidade e rumo).
Em termos de risco de incêndio florestal, durante muito tempo considerou-se a conhecida regra dos 30:
Portugal adotou o sistema FWI (Fire Weather Index), do CFFDRS (Canadian Forest Fire Danger Rating),
desenvolvido em 1968, calibrado consoante a região.
Através deste índice, é possível estimar o risco de incêndio florestal a partir do estado dos diferentes
componentes de combustíveis vegetais, com base em observações meteorológicas e, por conseguinte,
emitir os adequados alertas para a população e meios de proteção, socorro e combate.
Fig. 67: Índices de risco florestal (cfr. o sistema FWI - Fire Weather Index)
Outra forma de calcular o chamado INDICE DE IGNIÇÃO (Burning index) é usando a seguinte tabela:
10.6. RELEVO
10.6.1. DECLIVE
A maior ou menor inclinação de uma encosta tem influência determinante na propagação dos
incêndios, visto que quanto mais inclinada for (maior declive) maior é o efeito das colunas de convecção
que aquecem a vegetação acima do incêndio, aumentando a velocidade de propagação no sentido
ascendente.
Quanto maior for o declive, maior a velocidade de propagação do incêndio.
Declives maiores de 30º e desfiladeiros, estão associados a aumentos de velocidade e
intensidade desde a base até ao cume, sendo mesmo possível a ocorrência de erupções. É
também de esperar que nestas condições ocorram focos secundários à frente da cabeça.
A este propósito relembre-se o conhecido fenómeno de “chaminés” já mencionado.
Nesta orografia (linhas de água), a vegetação é mais densa e, geralmente, o efeito de
progressão ascendente do incêndio é reforçado, contribuindo para tal os combustíveis existentes
nas encostas adjacentes.
10.6.2. ALTITUDE
39
A temperatura baixa 6,5°C por cada mil metros gradiente térmico
- Às 12h Registam-se maiores valores de temperatura numa vertente virada ao Sul do que
numa outra virada ao Norte, que está mais fria.
- As vertentes expostas a Sul (no hemisfério Norte) são vertentes soalheiras – temperatura
elevada;
- Vertentes expostas a Norte (no hemisfério Norte) são vertentes umbrias – temperaturas baixas.
Tal como referido inicialmente (recorde-se o triângulo dos fatores de propagação dos IFs), para além do
vento e do declive, o comportamento do fogo é ainda condicionado pelos combustíveis (vegetação).
É um termo usado para descrever a taxa de aumento de um IF, tanto em termos de área como
linearmente.
Seja, para a modulação do comportamento do fogo, a taxa de propagação linear (ou velocidade de
progressão) é um dos parâmetros mais importantes (medido em m/s, m/min ou Km/h).
Na verdade, em termos práticos, a velocidade de propagação do fogo pode ser aferida diretamente em
qualquer incêndio. Basta ter um cronômetro e marcar no terreno distâncias pré-estabelecidas.
Cronometrando-se o tempo que o fogo leva para percorrer essas distâncias, estima-se facilmente a
velocidade de propagação em qualquer unidade desejada. Apesar de ser um dos parâmetros mais fáceis
Embora seja muito variável de incêndio para incêndio, por depender de muitos fatores, resultados de
velocidade de propagação do fogo, existem publicadas algumas fórmulas matemáticas que espelham a
40
taxa de propagação :
VELOCIDADE DE CLASSIFICAÇÃO DO IF
PROGRESSÃO (m/h)
<= 100 ESTÁTICO
<= 500 LENTO
> 500 RÁPIDO
>= 1000 MUITO RÁPIDO
> 1500 CATASTRÓFICO
40
Retirado site: http://gef152.blogspot.pt/2011/11/aula-6-comportamento-do-fogo.html (acedido a 2013-08-14)
41
(Byram, 1959)
VENTO
TEMPO
Fig. 75: Triângulo dos fatores condicionantes de um IF
42
Retirado site: http://gef152.blogspot.pt/2011/11/aula-6-comportamento-do-fogo.html (acedido a 2013-08-14)
43
Retirado site: http://gef152.blogspot.pt/2011/11/aula-6-comportamento-do-fogo.html (acedido a 2013-08-14)
44
Este sistema de previsão de IFs baseia-se na:
– Informação sobre alinhamento de fatores:
o Saber que informação se necessita em cada situação?
– Boa comunicação da informação:
o Explicar a situação e as táticas a empregar antes de atacar;
o Explicar a intuição é difícil;
o Usar uma linguagem lógica;
– Linguagem correta para descrever a comunicação da informação:
o Aprender a expressar os elementos constituintes do incêndio;
o Explicar razão pela qual as táticas irão funcionar;
– Previsão de alteração do comportamento do incêndio – “Pensar antes de agir”;
Ao chegar a um incêndio florestal deve-se fazer uma previsão do seu
comportamento antes de atuar:
o A situação atual mantêm-se estável (pe. intensidade)?
o O incêndio está a alterar a sua posição topográfica (pe. vale, cume)?
o A meteorologia mantêm-se estável (pe. ventos)?
o O incêndio está a alterar o seu comportamento? Para melhor ou pior?
o Que forças atuam sobre o fogo para provocar estas variações?
– Tática selecionada para “ganhar”.
Os principais fatores que afetam a dinâmica e por conseguinte, a propagação de um incêndio são
destarte:
44
Vd. site: http://www.dougsfire.com/ (acedido a 2013-08-13)
Em suma, interessa saber como vai evoluir o IF e qual vai ser o “seu motor”:
“Um incêndio urbano é a combustão, sem controlo no espaço e no tempo, dos materiais
combustíveis existentes em edifícios, incluindo os constituintes dos elementos de construção e
revestimento. O mesmo tipo de acidente numa instalação industrial, designa-se por incêndio
45
industrial”
Os incêndios urbanos/industriais são em regra mais fatais que os restantes, mormente os florestais.
De facto, é nos meios urbanos que se concentra o maior número de pessoas, quer para viver, quer
mesmo para trabalhar. É no interior das edificações em geral que se encontram equipamentos sensíveis
como o gás e a eletricidade, que deverão estar limpos e mantidos em segurança.
É ainda no interior das habitações que se verificam as principais causas dos incêndios urbanos –
utilização de velas, cigarros, aquecedores, sobrecargas elétricas, etc. -, causas essencialmente
humanas, ora por descuido, ignorância ou mesmo por falta de alternativas em usar equipamentos mais
seguros.
45
in CASTRO, Carlos F. et outros. “Combate a incêndios urbanos e industriais, vol. X: Manual de Formação Inicial do
Bombeiro”. 2ª Ed. Sintra: ENB, 2005, pág. 9
46
(Gomes, A., 2005)
Por outro lado, também têm influência as características das infraestruturas, no que diz respeito à
engenharia de construção (com materiais menos resistentes ao fogo) e segurança contra incêndios (com
a inexistência ou deficientes sistemas de incêndios e planos/procedimentos de evacuação).
É bastante comum a existência de habitações velhas e degradadas, principalmente nos grandes centros
históricos/urbanos, onde muitas vezes por razões economicistas, não são feitos investimentos na
remodelação ou reconstrução adequada para fazer face à ocorrência de incêndios ou simplesmente por
mera falta de sensibilização ou formação cívica.
A particularidade dos incêndios industriais tem a ver com a quantidade e natureza dos produtos
existentes no seu interior, designadamente as suas características físicas/químicas (toxicidade, reação
com a água, inflamabilidade, etc.)
Uma das principais preocupações no combate a incêndios é a sua deteção atempada quando este ainda
se encontra no início, permitindo que o seu combate seja mais eficaz, numa fase em que meios como os
extintores ainda são eficazes.
Além disso os sistemas de alarme, ao serem acionados permitem alertar e evacuar as pessoas do
edifício evitando danos pessoais.
Em termos legislativos, importa ter em conta o diploma que congregou todo um conjunto de legislação
dispersa e que regula tudo o que diz respeito às características das construções, seus fins e usos, bem
como equipamento de deteção e prevenção de incêndios em edifícios DL 220/2008, de 12.Nov
(“Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios”).
APONTAMENTO HISTÓRICO
Desde os tempos romanos, as autoridades civis têm reconhecido a ameaça que
o fogo representa, não só para o bem-estar dos indivíduos, mas também, e
talvez mais importante, para o bem-estar e segurança da comunidade
como um todo.
Recorde-se que Roma, na noite de 18 para 19 de Julho de 64 d.C. (Depois de Cristo) começou a
arder, tendo os primeiros focos de incêndio ocorrido nuns armazéns perto do Grande Circo. Já
na altura a investigação das causas e, mais importante, a identificação do(s) autor(es),
marcaram um marco importante nesta vertente forense. O povo, apercebendo-se da rapidez e
dimensão fora do comum da progressão do incêndio, aprontou-se a indiciar o próprio imperador
Nero da sua autoria. Nunca foi possível prová-lo. Ao invés, foram indiciados e condenados como
autores, cerca de duzentos cristãos, os quais foram transformados em tochas humanas, que
47
serviram para iluminar as festas oferecidas por Nero ao seu povo .
Uma das principais razões para se determinar a causa de um incêndio, é para se poderem colher
informações/estatísticas, promover ações, recomendar normas de conduta e ainda efetuar
alterações legislativas e/ou técnicas no domínio da proteção contra incêndios, evitando-se assim que
situações semelhantes ocorram ou, se ocorreram, existam os mecanismos de deteção, prevenção e
socorro mais adequados – vertente PREVENTIVA.
Por meio da investigação das causas, é possível saber se um determinado produto ou material possui
qualquer defeito de fabrico capaz de originar um incêndio ou que uma determinada prática também
concorra para este tipo de fatalidade.
Por outro lado, a investigação de um incêndio visa determinar se foi de origem criminosa ou não.
Tem como objetivo iniciar um processo-crime, através dos elementos de prova recolhidos – vertente
JUDICIAL
47
Retirado de: Círculo de Leitores. “Memória do mundo – das origens ao ano 2000”. Ed. LAROUSE. Lisboa, 2000, pág. 130-
131
Relembre-se pois o próprio conceito de IC (advindo do art.º 1, da Lei 49/2008, de 27.Ago – LOIC (Lei de
Organização da Investigação Criminal):
“…conjunto de diligências que, nos termos da lei processual penal, se destinam a averiguar a
existência de um crime, determinar os seus agentes e a sua responsabilidade e descobrir e
recolher as provas, no âmbito do processo”.
48
vd. art.º 2º/1, da Lei 37/2008, de 06.Ago – Lei Orgânica da PJ
49
vd. art.º 5º/1, da Lei 37/2008, de 06.Ago – Lei Orgânica da PJ
No contexto de incêndio, entende-se que cenário de incêndio é a zona ou local em concreto onde
ocorre ou ocorreu um incêndio.
É algo materializado numa panóplia de evidências, padrões, indicadores (quer materiais, quer
imateriais).
Assim, sempre que se verifica um incêndio, temos, a priori, um cenário genérico onde ainda não existem
elementos suficientes para o “catalogar” como um cenário de crime.
Por sua vez, por cenário do crime, entende-se ser um(ns) espaço(s) delimitado(s),direta ou
50
indiretamente relacionado(s) com um crime, que é(são) objeto de uma Inspeção Judiciária .
Nesta dicotomia cenário de incêndio cenário do crime, está assim subjacente uma recolha,
tratamento, análise e correlação de informação, consubstanciada numa Inspeção Judiciária.
Destarte, um incêndio, antes de se apurar todo o seu circunstancialismo factual e por inerência, as suas
causas, não é necessariamente de origem criminosa.
Contudo, é de primordial importância que o mesmo local seja considerado e tratado como se de um
cenário de crime se tratasse, porquanto isso implica desde logo, que lhe seja dada uma atenção e
importância, salvaguardando todos os aspetos inerentes e/ou associados à prova.
Muito se tem falado nos chamados crimes de cenário.
Face ao supra referido, não nos restam dúvidas que o incêndio deve ser tratado, à priori, como sendo
um CENÁRIO DE CRIME (à semelhança de crimes de homicídio, roubos, etc., onde se exigem
metodologias e conhecimentos especiais de recolha de prova indiciária).
CRIMES DE CENÁRIO
Nos crimes de cenário a investigação sustenta-se numa boa Inspeção Judiciária (IJ),
considerando que neste tipo de crime ficaram no local, com maior ou menor evidencia, marcas,
sinais ou objetos que vão permitir, através de exames e perícias, constituir prova e orientar a
investigação.
O princípio mais elementar relativamente aos crimes de cenário foi apresentado por Edmond
Locard (1877), fundador e diretor do Instituto de Criminalística, da Universidade de Lyon, França,
Locard defendia que
“…todo o criminoso deixa algo no local do crime e leva algo consigo…É praticamente
impossível para um indivíduo cometer um ato criminoso, sem deixar algum vestígio e
evidência de seu ato”.
O crime genérico de INCÊNDIO é tipificado no nosso ordenamento jurídico-penal (vd. art.º 272º do CP):
50
Como referido no presente trabalho.
“1 - Quem:
a) Provocar incêndio de relevo, nomeadamente pondo fogo a edifício, construção, ou meio de transporte; (Redação dada pela Lei n.º
59/2007, de 04SET)
b) Provocar explosão por qualquer forma, nomeadamente mediante utilização de explosivos;
c) Libertar gases tóxicos ou asfixiantes;
d) Emitir radiações ou libertar substâncias radioativas;
e) Provocar inundação, desprendimento de avalanche, massa de terra ou de pedras; ou
f) Provocar desmoronamento ou desabamento de construção;
e criar deste modo perigo51 para a vida ou para a integridade física de outrem, ou para bens patrimoniais alheios de valor elevado52 , é
punido com pena de prisão de 3 a 10 anos.
2 - Se o perigo referido no número anterior for criado por negligência, o agente é punido com pena de prisão de um a oito anos.
3 - Se a conduta referida no n.º 1 for praticada por negligência, o agente é punido com pena de prisão até cinco anos.”
“1 - Quem provocar incêndio em terreno ocupado com floresta, incluindo matas, ou pastagem, mato, formações vegetais espontâneas ou
em terreno agrícola, próprias ou alheias, é punido com pena de prisão de um a oito anos ( Redação dada pela Lei n.º 56/2011, de 15NOV);
51
Consiste na possibilidade de propagação devido ao calor transmitido a partir do incêndio ou pela continuidade dos
combustíveis
52
Acima dos 5.100 € (50 UCs x 102€, em 2012)
53
Este perigo terá de ser concreto e consiste na possibilidade de propagação devido ao calor transmitido a partir do
incêndio ou à continuidade dos combustíveis
A investigação criminal do crime de incêndio (tal como quanto a outros crimes), tem por objetivo, numa
primeira fase, a procura de elementos de prova que preencham os elementos do tipo e, numa segunda
fase, conduzam à identificação dos seus autores.
54
In SEITO, Alexandre e outros. “A segurança contra incêndio no Brasil”. S. Paulo: projeto Editora, 2008. ISBN 978-85-
61295-00-4
Existem diferentes abordagens ou metodologias de investigação criminal no que concerne aos incêndios.
Todas porém possuem o mesmo objetivo Descoberta das suas causas e identificação do(s) seu(s)
autor(es).
Apresenta-se de seguida uma forma genérica para esta abordagem, conhecida como Método de
Evidências Físicas das Causas do Incêndios (MEFCI)
55
Ao contrário do que acontece em alguns países , Portugal não tem uma entidade integrada nos Corpos
de Bombeiros que investigue as causas dos incêndios.
56
Integrada no extinto SNB , existiu a então denominada “DATIA - Divisão de Apoio Técnico e
Investigação de Acidentes”. Surgiu com a necessidade de investigar as causas de acidentes com
pessoal e equipamentos de Corpos De Bombeiros e também de incidentes fora da estrutura de
bombeiros, sob o Comando da então Inspeção Superior de Bombeiros, que por determinação do
DL 209/96, de 15.Nov no seu art.º 24º/1/al. d), competia “Investigar as circunstâncias em que
ocorreram os incidentes”, e no seu n.º 3, “A Inspeção Superior de Bombeiros integra, sob a
coordenação do inspetor superior de bombeiros, um centro de coordenação operacional nacional
e uma divisão de apoio técnico e de investigação de acidentes…”.
Durante cerca de sete anos foram mais de 300 as investigações nas quais esta equipa
desenvolveu o seu trabalho, em território nacional.
Porém a legislação que extingue o Serviço Nacional de Bombeiros e cria o Serviço Nacional de
Bombeiros e Proteção Civil, não previu a sua existência.
Desta feita, não tendo os Corpos de Bombeiros valências e este nível, cabe aos OPCs investigarem as
causas dos incêndios.
POLÍCIA JUDICIÁRIA
Advém da LOIC, do seu art.º 7º, n.º 3, al. f) que:
“3 - É ainda da competência reservada da Polícia Judiciária a investigação dos seguintes crimes, sem prejuízo do disposto no
artigo seguinte:
f) Incêndio (…), desde que, em qualquer caso, o facto seja imputável a titulo de dolo;”
55
Vg. os EUA onde, fazendo parte das estruturas dos bombeiros, existem equipas dedicadas à investigação de fogo
posto (Arson Investigation Team).
56
Serviço Nacional de Bombeiros (precursor do SNBPC - Serviço Nacional de Bombeiros e proteção Civil – que,
no fim de extinto em 2006, deu origem à atual ANPC)
57
Oficial de permanência às Operações do Comando Nacional de Operações de Socorro da ANPC e Comandante do
CB de Campo de Ourique.
O ideal será adotar uma lista de verificação (vulgo check list), dado que nem sempre existem elementos
de piquete afetos às seções/brigadas e por isso não familiarizados com a dinâmica dos incêndios e,
mormente, com os dados necessários para uma intervenção desta PJ.
Com a tal check list, dificilmente o elemento de piquete se esquecerá de algum item essencial para a
passagem ou não da ocorrência ao Serviço de Prevenção aos Incêndios (SPI).
58
Autoridade Nacional de Proteção Civil
59
Comandos Distritais de Operações de Socorro
60
Corpos de Bombeiros
61
Lei de Organização da Investigação Criminal
COMUNICAÇÃO
Tipo de ocorrência Florestal Urbano/Industrial Transporte
GDH da comunicação Fax Telef Mail
Entidade comunicante
Nome e contacto do elemento
comunicante
CARACTERÍSTICAS DO INCÊNDIO
Tipo de local
Id. do veículo (mat. e ano fabrico)
Valor do veículo
Morada completa
GDH do seu início
Área/material ardido
Perigo de propagação ou para a vida Não
de terceiros? Sim de que tipo
Extinto Sim às
Não Obs.:
Provável causa
O local foi preservado Não Sim
Entidades intervenientes GNR de
Bombeiros de
Outra(s)
VÍTIMA(S)/LESADO(S) Não Sim
Identificação(ões)
SUSPEITO(S)/ARGUIDO(S) Não Sim
Identificação(ões)
OBSERVAÇÕES
Ainda antes da chegada ao local, importa acertar procedimentos e nomeadamente um ponto de encontro
com o(s) elemento(s) que comunicou(ram) a ocorrência, ou outra pessoa por ele(s) indicada.
Será um primeiro contacto no local.
Em termos de timming de atuação, já foi referida a intervenção secundária da PJ no TO.
Deduz-se pois que a Inspeção Judiciária, insere-se nas Medidas Cautelares e de Polícia, precisamente
para acautelar tudo o que existe no cenário do crime – cfr. advém do art.º 249º, do CPP – “Providências
cautelares quanto aos meios de prova”:
“1 - Compete aos órgãos de polícia criminal, mesmo antes de receberem ordem da autoridade judiciária competente para
procederem a investigações, praticar os atos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de prova. (vd. art.º 55 n.º 2,
171, 178, 250, 251, e ,n.º 3 do art.º 2 da LOIC);
2 - Compete-lhes, nomeadamente, nos termos do número anterior:
a) Proceder a exames dos vestígios do crime, em especial às diligências previstas no artigo 171.º, n.º 2, e no artigo 173.º,
assegurando a manutenção do estado das coisas e dos lugares (vd. exame - art.º 171º, perícia – art.º 151º)
b) Colher informações das pessoas que facilitem a descoberta dos agentes do crime e a sua reconstituição;
62
In, POLÍCIA JUDICIÁRIA. “Inspeção Judiciária – Manual de procedimentos””. 1ª Ed. Lisboa: Diretoria
Nacional, 2009. Pág. 17. ISBN 978-989-96126-0-0
c) Proceder a apreensões no decurso de revistas ou buscas ou em caso de urgência ou perigo na demora, bem como
adotar as medidas cautelares necessárias à conservação ou manutenção dos objetos apreendidos.
3 - Mesmo após a intervenção da autoridade judiciária, cabe aos órgãos de polícia criminal assegurar novos meios de prova de que
tiverem conhecimento, sem prejuízo de deverem dar deles notícia imediata àquela autoridade (vd. art.º 178.º, n.º 4)”
Preferencialmente cada equipa de investigadores de incêndios (no caso da PJ, as equipas que têm
funções de prevenção), deverá estar apetrechada com um conjunto de material e equipamento essencial
para a observação, recolha de vestígios e sua análise, bem como para fixação do cenário.
63
Enumeram-se de seguida alguns itens recomendados pelo autor :
- Equipamento/material geral:
o 01 (uma) Viatura do tipo todo-o-terreno, com caixa de boa capacidade de carga e
guincho frontal;
o 01 (um) Gerador de corrente elétrica de 220v;
o 01 (uma) lâmpada no mínimo de 300w de potência, com respetivo tripé (para ligar ao
gerador elétrico;
o 01 (uma) extensão de fio condutor elétrico (com pelo menos 10m);
o 01 (um) macaco hidráulico;
o Cavaletes;
o Fita plástica balizadora – preferencialmente com a identificação da PJ;
o 01 (uma) caixa de alumínio de dimensões 590x390x350mm;
o 01 (uma) pá de pedreiro;
o 01 (uma) picareta com cabo pequena;
o 01 (um) pequeno machado;
63
Tendo em conta a experiência na área e o contacto atual com a presente realidade, mas também segundo os
padrões americanos constantes na bibliografia: “U.S. Department of Justice, “Fire and Arson Scene
Evidence: a Guide for Public Safety Personnel”, June 2000”
Podem ocorrer várias situações aquando da intervenção da PJ, tendo sempre presente a tipicidade de
incêndios estudados no presente trabalho: florestais, estruturas edificadas e veículos automóveis:
No local convém confirmar e/ou completar os dados recolhidos na triagem feita pelo piquete.
No caso dos incêndios florestais, se ali estiverem elementos de um OPC, terão já alguns desses dados
sistematizados naquilo que chamam de ficha de campo.
Nos restantes incêndios e na generalidade, deverá ser obtido o Auto de Notícia/Ocorrência elaborado
(ou a elaborar) pelo OPC.
Importa então complementar tais dados, aferindo, pe.:
Localização exata da ocorrência (toponímia e/ou n.º de polícia);
Tipo de local (em termos de orografia, tipo de combustíveis, tipo de construção/viatura);
Identificação dos principais intervenientes institucionais;
Identificação de eventuais testemunhas;
Condições atmosféricas existentes na zona de provável início:
64
Comandante das Operações de Socorro (bombeiro ou elemento da ANPC)
65
Posto de Comando Operacional (das operações de combate)
66
Tempo de referência para que o primeiro meio de ataque inicial de combate (bombeiros ou meio aéreo) chegue ao
local
A título de exemplo, poderá ser observada a FICHA DE CAMPO constante no ANEXO II.
Como mencionado, a abordagem de testemunhas e/ou outras pessoas que possam ter informação
pertinente é uma das principais diligências no TO.
Tais pessoas devem ser confrontadas de uma forma firme, profissional, educada, até amigável mas
persistente e objetiva.
Independentemente do grau de cooperação das testemunhas, deve ter-se em conta que:
Não se devem ter por garantidas quaisquer conclusões ou mesmo deduções;
Não se deve procurar factos para elaborar uma teoria Manter um espírito aberto;
Não formular juízos de valor ou conclusões definitivas até se ter examinado e validado
cuidadosamente TODAS as informações obtidas.
“O resultado final depende muito dos primeiros passos que forem dados pelo primeiro
elemento que chega ao local do crime”
“O êxito depende da perspicácia do polícia que realiza as primeiras diligências no local
do crime – a atenção prestada e as precauções tomadas são determinantes ”
“Será enorme a responsabilidade que o primeiro polícia que chega ao local de um crime
levará sobre os seus ombros, para garantir que se cumpram efetivamente todos os
procedimentos relacionados com proteção do local” 68
67
Conceito sistematizado pelo autor do presente trabalho
68
(Zajaczkowski, 1998).
Na realidade ora abordada dos incêndios, raramente (para não dizer nunca) a PJ é a primeira entidade a
chegar ao local. A sua chegada é sempre a posteriori, porquanto a maioria das ativações, cuja
investigação é da sua competência (ou ainda não, por não estarem apurados factos circunstanciais
concretos), é comunicada à PJ por terceiros.
Até lá uma panóplia de entidades (institucionais ou não), pode aceder ao cenário.
A atuação daqueles é pois suscetível de influenciar, transformar e por isso colocar em risco a integridade
dos vestígios ali existentes, condicionando a investigação criminal.
Nos últimos anos têm-se vindo a intensificar ações pedagógicas e de sensibilização para uma
melhor otimização do papel dos bombeiros na preservação da prova inicial, através do
cumprimento de um conjunto de procedimentos, regras e de boas práticas, num contexto de
atuação concertada em prol da investigação criminal.
Os testemunhos dos elementos institucionais são destarte muito importantes para a definição de uma
primeira linha condutora da investigação criminal.
BOMBEIROS
Com a perceção de todo um cenário inicial, poderão ser considerados testemunhos técnicos
sobre a causalidade dos factos e eventualmente judiciais:
“Enquanto se aproximam de um local do incêndio, os elementos das equipas de
primeira intervenção - bombeiros -, devem mentalmente anotar as condições do
incêndio e atividades em redor e, assim que possível, documentá-las em suporte
permanente (pe. anotações escritas, gravações áudio/vídeo, etc.)… As
observações das equipas de primeira intervenção, constituem assim informação
pertinente para a investigação. À medida que esta se desenvolve, tais informações
podem constituir um ponto de partida para a preservação e recolha de prova
69
forense”
Devem possuir preferencialmente informações sobre:
- O local (coordenadas geográficas), GDH (Grupo Data e Hora);
- Condições meteorológicas (humidade, temperatura e, principalmente a intensidade e
direção do vento);
- A existência de vítimas e eventuais testemunhas (bem como os seus comportamentos);
- A referência a veículos que abandonem o local, transeuntes ou atividades em redor;
- Características das chamas e fumo (e.g. volume, cor, altura, sua localização e sua
direção e intensidade);
- Tipo de uso, características e estrutura do local;
- As condições e o estado dos sistemas de deteção e alarme de incêndios;
Quanto à preservação do local:
“Os vestígios num cenário de incêndio assumem diferentes formas e estados,
alguns dos quais efémeros (…) Os elementos das equipas de primeira intervenção
devem perceber pois que as ações de salvamento e de supressão do incêndio
69
Tradução de: U.S. D EPARTMENT OF J USTICE , “F IRE AND A RSON S CENE E VIDENCE : A G UIDE FOR P UBLIC
S AFETY P ERSONNEL ”, J UNE 2000, PÁG . 13
Na verdade, os bombeiros, por aquilo que observaram e o facto de terem uma responsabilidade
acrescida para além do comum cidadão, são determinantes para a investigação e
consequentemente para uma eventual acusação judicial.
Porém, constata-se que raramente os bombeiros são chamados “à barra do tribunal” para ali
testemunharem sobre aquilo que poderão ter visto e/ou recolhido aquando do incêndio.
Ou porque a investigação não tem tido essa sensibilidade (ou necessidade), ou mesmo e, quiçá
o motivo mais provável, não existe uma sensibilização e até preparação técnica do combatente
(entenda-se – bombeiro) para testemunhar judicialmente (salvo as situações em que o seu
testemunho, tal como qualquer outro, é ocular e/ou determinante para a prova).
O que costuma constar na investigação quanto à intervenção dos bombeiros é geralmente um
72
relatório circunstancial interno a cada CB , onde é referido, entre outras informações de caráter
operacional de combate ao incêndio, uma leve alusão às eventuais causas Por norma quando
não são óbvias, consta de tal item CAUSA DESCONHECIDA;
OS ELEMENTOS DO OPC
Os elementos do OPC na zona, para além de deverem ter já recolhidos dados preliminares sobre o
circunstancialismo e identificação das testemunhas (em coordenação com os elementos de socorro
e combate ao fogo), poderão esclarecer sobre eventuais precedentes do género na sua área de
atuação e até indicação de indivíduos suspeitos ou já referenciados policialmente;
70
Tradução de: U.S. D EPARTMENT OF J USTICE , “F IRE AND A RSON S CENE E VIDENCE : A G UIDE FOR P UBLIC
S AFETY P ERSONNEL ”, J UNE 2000, PÁG . 16
71
Comandante das Operações de Socorro (responsável pelo combate)
72
Corpo de Bombeiros
73
(NFPA, 1995)
Mais adiante no presente trabalho, enumerar-se-ão alguns procedimentos (com a enumeração dos
diferentes indicadores e padrões de queima) para a cabal localização do PI, para cada tipologia de
incêndios: florestais, estruturas edificadas e em veículos automóveis.
Com o presente trabalho não se pretende fazer uma abordagem exaustiva da Teoria dos Vestígios.
Tal abordagem deverá fazer parte integrante do saber e experiência do investigador de incêndios da PJ,
quer na sua formação inicial, quer na formação contínua e até específica, para quem já trabalha na área
dos crimes ditos de cenário.
Afloram-se semente conceitos gerais para um encadeamento da matéria que se segue.
CLASSIFICAÇÃO E NATUREZA
orgânicos
moldados
físicos/materiais inorgânicos visíveis
positivos
morfológicos invisíveis impressos
psíquicos/comporta negativos
mentais
latentes
macroscópicos
VESTÍGIOS
microscópicos
verdadeiros
simulados
falsos
pseudo-
vestígios
Os vestígios eventualmente encontrados no PI, constituem prova em sede judicial e podem conduzir à
cabal identificação do(s) autor(es) do incêndio em questão e vinculação dos mesmos ao facto criminoso.
É vital assim assegurar a fiabilidade dessa mesma prova, quer através de um tratamento sistemático e
rigoroso no local, quer consequentemente num regime de transmissão dessa mesma prova pelos
74
diversos intervenientes – chain custody .
O tratamento dos vestígios desenvolve-se num conjunto sistematizado de ações desenvolvidas num
ciclo unidirecional, que tem como objetivo analisar e tratar todos os vestígios com carácter probatório
encontrados no local do incêndio, garantindo a idoneidade dos mesmos, e agilizar os trabalhos periciais.
O tratamento dos vestígios tem assim a ver com a forma como são trabalhados e analisados.
Contudo, nem todos os vestígios são relevantes para uma investigação, pelo que deverão ser
criteriosamente selecionados aqueles que poderão contribuir para uma cabal identificação das causas,
perceção do circunstancialismo geral e, eventualmente, conduzir à identificação do(s) autor(es).
Tal processo, na PJ, desenvolve-se em fases teoricamente distintas, embora inseridas num continuum
de atividade, funcionalmente inseparáveis:
1ª FASE:
o Pesquisa e localização;
o Identificação, isolamento e preservação do local;
o Realização de fotos e croquis gerais;
o Balizamento (proteção) e numeração individualizada dos vestígios no PI;
o Necessário o seu balizamento sistemático, de forma a serem facilmente identificáveis
por todos os intervenientes no local, de forma a preservá-los.
74
Cadeia de Custódia: “Constitui um protocolo contínuo que assegura a memória cronológica de todas as fases do
processo, a sua permanente reconstituição e demonstração, sendo por isso fundamental para garantir do vestígio
e valor probatório que o mesmo contém” (In, POLÍCIA JUDICIÁRIA. “Inspeção Judiciária – Manual de
procedimentos”. 1ª Ed. Lisboa: Diretoria Nacional, 2009. Pág. 163. ISBN 978-989-96126-0-0;
75
o Realização de fotos de pormenor (com testemunho métrico ):
o Depois de terem sido feitas fotos gerais, importa realizar fotos de pormenor, se possível
à escala e de diferentes ângulos e aproximações, enquadrando-os com outros
eventualmente existentes no local;
o Recolha, preservação e acondicionamento adequado;
o Importa proteger determinados vestígios particularmente vulneráveis (quer por ação dos
bombeiros aquando da extinção do incêndio, quer por condições climáticas e até do
próprio incêndio) e dar prioridade na sua recolha.
2ª FASE:
o Transporte;
o Elaboração de croquis (de pormenor);
76
o Elaboração de relatório da Perícia Técnica (Setor do Local do Crime ) com
correlação/análise dos vestígios
3ª FASE:
o Pedido de exame laboratorial – ao LPC;
o Exame Laboratorial – pelo LPC;
o Elaboração do relatório da Perícia Científica – pelo LPC.
Todas as fases têm como objetivo final a “visualização” do cenário possível, o seu desenvolvimento, a
interpretação das circunstâncias factuais (dinâmica e propagação do fogo), a validação da hipótese mais
provável para as causas e, eventualmente, a identificação do(s) autor(es), no caso de intenção
criminosa.
15.5. REGISTOS
Em sede de local, são três as formas de “fixar” um determinado cenário (que pode ou não ser de crime):
I. Registo vídeo ou fotográfico (“Uma imagem vale mais que mil palavras”):
Sugere-se a adoção ou adaptação do modelo de Reportagem Fotográfica constante no
ANEXO III;
II. Esboços ou croquis (para ter uma perceção espacial em termos de pormenor e gerais);
Sugere-se a adoção ou adaptação do modelo de croquis constante no ANEXO IV
III. Peças escritas:
- Relatório Técnico do Exame ao Local de Crime Elaborado pela Equipa de Polícia
Técnica (Setor de Local do Crime afeto ao LPC).
- Relatório da Inspeção Judiciária Elaborado pela Equipa de Investigação Criminal:
o Deverá conter principalmente informações complementares e pormenorizadas sobre
os itens que foram apurados aquando da triagem inicial:
Sugere-se a adoção ou adaptação do modelo de relatório de Inspeção Judiciária
constante no ANEXO V
75
Objetos com escala conhecida ou mesmo pequenas réguas ou folhas escaladas metricamente, que servem para
“testemunhar” a dimensão do vestígio
76
Em termos orgânicos, na DLVT, este Setor está inserido na Área Criminalística do LPC. Nos restantes
departamentos da PJ, compete aos elementos (Especialistas Adjuntos) afetos aos GPCs (Gabinetes de Perícia
Científica)
Depois da análise dos dados obtidos, a correlação entre a prova material e testemunhal, devem-se
relacionar, uma a uma, todas as hipóteses possíveis quanto à causa.
Em princípio, na investigação onde não foi possível estabelecer qual foi a causa e o comportamento do
fogo, nenhuma hipótese pode ser descartada.
Todas as possibilidades devem ser consideradas, a fim de que não restem dúvidas, no final da Inspeção
Judiciária, de como foi originado o incêndio.
É importante lembrar que um mesmo comportamento desenvolvido pelo calor e pelas chamas num
incêndio, pode ser consonante com diversas possibilidades quanto à causa.
Por método dedutivo e levando-se em consideração experiências anteriores, as hipóteses devem ser
testadas uma a uma, comparando o comportamento do incêndio com os vestígios existentes.
Visa-se assim excluir todas as outras possibilidades de causa que não possuem sustentação naqueles
vestígios (quer materiais, quer testemunhais).
É uma fase da investigação que exige tempo e esforço e pode exigir uma recolha de dados adicional,
novas informações das testemunhas e o desenvolvimento ou a reformulação das hipóteses até então
tidas em conta.
É uma fase conclusiva que visa validar a hipótese mais provável, baseada numa confrontação
harmônica, numa correlação, entre todos os indícios probatórios recolhidos (os vestígios materiais e as
informações das testemunhas).
Se isso não for possível, a causa deve ser considerada indeterminada ou desconhecida.
1ª FASE:
- INSPEÇÃO JUDICIÁRIA
- EXAME PERICIAL
- APREENSÕES
- RECOLHA DA PROVA PESSOAL / INQUIRIÇÕES:
o TESTEMUNHAS NO LOCAL DE INCÊNDIO
o INTERVENIENTES NO COMBATE
o OFENDIDOS
2ª FASE:
- RECOLHA DE IMAGENS
- FATURAÇÃO DETALHADA DOS SUSPEITOS:
o IDENTIFICAÇÃO DE CÉLULAS ATIVADAS
- ARGUIDOS:
o INTERROGATÓRIOS
- RECONHECIMENTOS – pessoas e objetos
- RECONSTITUIÇÃO DO FACTO
- PERÍCIAS (LPC, DE PERSONALIDADE…)
3ª FASE:
- ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL DA INVESTIGAÇÃO
V. A POLÍCIA JUDICIÁRIA
Não sendo a PJ um Agente de Proteção Civil, tem para com a ANPC um especial dever de
cooperação nas seguintes matérias:
Investigar os crimes cuja investigação lhe seja cometida pela autoridade judiciária competente
para a direção do processo em causa;
Investigar os crimes dolosos ou agravados pelo resultado, quando for elemento do tipo a morte
de uma pessoa;
Investigar os crimes de captura ou atentado à segurança de transporte por ar, água, caminho-
de-ferro ou de transporte rodoviário a que corresponda, em abstrato, pena igual ou superior a 8
anos de prisão;
Investigar ações contra a segurança do Estado;
Investigar situações de incêndio, explosão, libertação de gases tóxicos ou asfixiantes ou
substâncias radioativas, desde que, em qualquer caso, o facto seja imputável a título de dolo;
Investigar crimes executados com bombas, granadas, matérias ou engenhos explosivos, armas
de fogo e objetos armadilhados, armas nucleares, químicas ou radioativas;
Assegurar o levantamento, tratamento, encaminhamento e análise de evidências físicas
existentes no local do acidente;
Garantir a recolha de dados post-mortem para a rápida identificação dos cadáveres, em
articulação com o INMLCFCF;
Assegurar os recursos humanos e tecnológicos no tratamento, pesquisa automatizada,
comparação e identificação dos dados biométricos;
Assumir o cruzamento dos dados post-mortem e dos dados ante-mortem e, quando se trate de
cidadãos nacionais, a confirmação das respetivas identidades, em articulação com o Instituto de
Registos e Notariado (IRN);
Assegurar a partilha de dados ante-mortem e de dados post-mortem com as autoridades
competentes;
Garantir a realização de exames e perícias na obtenção dos dados ante-mortem das vítimas;
Realizar outros exames e perícias no âmbito da balística, biologia, documentos, escrita manual,
física, lofoscopia, química e toxicologia que sejam determinados pelas autoridades competentes.
77
Em termos de articulação com a ANPC (cfr. DIOPS ):
A intervenção da PJ ocorrerá quando a gravidade da situação assim o exija, mas sempre
enquadrada pela legislação específica;
78
Disponibiliza informação permanente de apoio à decisão ao CNOS , através do seu Oficial de
Ligação colocado em regime de permanência nesta estrutura;
79 80
Participa nos briefings do CCON , CNOS e CCOD , através dos respetivos Oficiais de Ligação
de acordo com nomeação prévia da respetiva estrutura;
Disponibiliza um representante/oficial de ligação para integrar o CCON e os CCOD.
Já em termos mais práticos, em situações de acidente grave ou catástrofes, a PJ tem como missão:
Determinação das causas dos INCÊNDIOS, com apoio da componente técnica/forense (do
LPC);
o Recolher informações preliminares de eventuais suspeitos em regiões vulneráveis e
ainda no TO aquando da ocorrência de incêndios;
o INVESTIGAÇÃO CAUSAS Vincular eventuais autores, através da prova forense;
o Elaborar estudos estatísticos e definir sectores socioeconómicos com maiores
vulnerabilidades;
o Definir o perfil padrão, sociopsicológico do incendiário português;
A atuação interna concertada da PJ, no que diz respeito aos IFs, surge em 2003 (Jul a Set), depois de
uma vaga de grandes incêndios florestais e da generalização de uma onda de pânico e insegurança nas
populações.
A PJ sentiu necessidade de dar resposta célere e eficaz, mormente no que dizia respeito a investigações
cabais e consequente identificação de suspeitos, padronizando procedimentos de uma forma estratégica
e articulada em todo o território nacional.
Em Janeiro.2005, o então DN aprovou o PNPICIF (Plano Nacional de Prevenção e Investigação do
Crime de Incêndio Florestal). Trata-se da “Trave-mestra da atuação da PJ”.
77
Diretiva Operacional Nacional N. 1 - Dispositivo Integrado de Operações de Proteção e Socorro - JAN.2010 (in,
http://www.prociv.pt/cnos/directivas/ANPC_DON-1_DIOPS.pdf)
78
Comando Nacional de Operações de Socorro
79
Centro de Coordenação Operacional Nacional
80
Centro de Coordenação Operacional Distrital
Para coordenar e orientar o PNPICIF, foi criado o GPAA (Grupo Permanente de Acompanhamento e
Apoio).
Reúne quando necessário, geralmente no início das fases mais criticas dos IFs e/ou quando a situação
se justificar.
Engloba os responsáveis (ou seus representantes) dos departamentos da PJ, preferencialmente da área
da investigação dos IFs e é atualmente presidido pelo Diretor da Diretoria do Centro da PJ (Coimbra),
pese embora esteja sob a dependência direta do DN.
Tem como funções:
Promover formação especializada, sempre que tal se revelar necessário;
Cooperar na atividade técnico/operacional dos Departamentos;
Centralizar toda a informação recolhida, promovendo, em tempo útil, a sua difusão;
Representar a Polícia Judiciária junto das entidades externas envolvidas e com elas estabelecer
os contactos necessários, com vista à otimização operacional;
Promover reuniões, a todo o tempo e quando necessário, face ao resultado das ações
desenvolvidas, com os responsáveis operacionais e propor superiormente a emanação de
instruções no sentido de melhorar métodos de intervenção;
Propor superiormente a criação e implementação de mecanismos internos suscetíveis de serem
ativados em situações de gravidade excecional.
Trata-se de um instrumento que faz parte de um programa global de formação destinado a todas as
pessoas envolvidas na investigação de incêndios na Europa, incluindo peritos forenses e investigadores
criminais.
Materializa-se num guia prático que harmoniza conhecimentos atuais e material disponível, surgindo na
sequência de um vasto estudo das boas práticas utilizadas pelos laboratórios forenses da Europa.
Tal guia resulta de uma colaboração única e não teria sido possível consegui-lo sem a sólida e eficiente
participação dos laboratórios do ENFSI (em português “Rede Europeia de Institutos de Ciências
Forenses”) e membros convidados de alguns países.
O guia destina-se não só aos primeiros intervenientes em locais de incêndio e de explosão, bem também
às pessoas envolvidas na investigação criminal subsequente, tendo por objetivo melhorar a sua eficácia
e perspicácia, bem como melhorar a qualidade da investigação criminal, em sede de cena do crime.
De forma sistemática, o guia indica quais os passos chave que o primeiro interveniente tem de dar para
que os exames subsequentes podem ser levadas a cabo de forma eficaz. Sintetiza os conhecimentos
básicos necessários para o desempenho do papel de primeiro interveniente, bem como das informações
necessárias para facilitar o trabalho dos especialistas e peritos forenses que intervêm numa fase
posterior do processo.
***
Nos EUA, existem variados instrumentos de trabalho nesta área e demais forças/instituições de combate
e investigação de incêndios.
Existe como ferramenta de trabalho o manual “Fire and Arson Scene Evidence” que pode ser lido
(versão original) no ANEXO VII ao presente trabalho.
No presente trabalho já foram abordadas as características inerentes aos diversos tipos de incêndios
(com especial ênfase para os incêndios florestais), mormente em termos de tipicidade de combustíveis,
condicionantes e particularidades da propagação do fogo.
Importa agora e, acima de tudo, complementar tais conceitos orientando-os para aquilo que é o objetivo
da investigação criminal:
Apurar as causas e, em caso de enquadramento criminal, determinar eventuais autores e levá-
los a julgamento.
É uma área de alguma especificidade e para tal, o investigador que trabalhe com esta dinâmica dos
incêndios, terá de possuir um conjunto de técnicas, saberes e meios, capazes de o ajudarem nessa
tarefa.
Nos títulos seguintes, far-se-á referência assim às diversas evidências físicas, particularidades e
características – INDICADORES E/OU PADRÕES DE QUEIMA -, que consequentemente possibilitem a
determinação da Área de Início (AI), do Ponto de Início (PI), Meio(s) de Ignição e sentido/tipo de
propagação do fogo.
Importa então saber e interpretar o comportamento do fogo desde o PI, tendo em conta que:
Todos os fogos têm uma origem diminuta;
O fogo progride sempre para fora do local onde se inicia;
A sua progressão é geralmente em forma circular, oval ou concêntrica (se as condições de
propagação forem constantes, designadamente o vento e o declive);
Não existe homogeneidade dos danos;
No PI geralmente o grau de destruição não é muito grande (dependendo obviamente dos
combustíveis aí existentes as chamas são ainda pouco intensas);
As chamas, nos materiais combustíveis, produzem um sulco em forma de “V”. Quanto mais
voláteis forem os materiais inflamáveis, menor é o ângulo (α) e maior é a chama:
T - Temperatura da chama
T - Temperatura da chama
α
(T) – Calor
(t) - Calor
81
(NFPA, 1995)
Carbonização
alta
Combustível líquido
acelerante (volátil)
Fig. 85: Configuração circular de um incêndio nascente Fig. 86: Destruição alta com combustível líquido acelerante
Por outro lado, junto do PI o fogo não atinge grandes proporções, progredindo devagar e
deixando marcas no solo - INDICADORES;
O seu avanço mais ou menos rápido é influenciado pelos fatores já mencionados (condições
meteorológicas, declive do terreno e qualidade/quantidade de combustível);
A direção de propagação do fogo é dada sempre por vários indicadores, pelo que só um
poderá não ser relevante ou fundamental A direção e todos os indicadores deverão ser
confirmados e identificar o círculo ou elipse da forma inicial.
Na leitura e análise dos indicadores (ou marcas) da direção do fogo no terreno, tem-se em conta dois
pressupostos:
1. No terreno, começando na área ardida numa zona próxima da área de início já validada (ou
por testemunhos ou por evidências óbvias no terreno), à medida que nos aproximamos do
PI, o indicador/vestígio/marca torna-se mais pequeno;
2. Concomitantemente deve seguir-se o sentido – da área inicial e assim do PI -, que possuir
menos indicadores (já que a quantidade dos mesmos aumenta no sentido inverso – do
início para a frente);
3. No caminho devem-se selecionar vários pontos de observação dos indicadores,
determinar a direção do fogo em cada um deles e voltar atrás se necessário, até que todos
os pontos coincidam e os indicadores estejam orientados para a área inicial (devem-se
usar as bandeirolas indicadoras/apontadores constantes do material de campo).
Com um bom uso e correta leitura de todos esses indicadores, o investigador reduz vários hectares de
terreno a analisar.
Relembre-se que as causas do incêndio estão na retaguarda do mesmo e não na frente.
A maioria dos indicadores que a seguir se mencionam, são visíveis em combustíveis volumosos e
pequenos:
Grau de dano:
Permite-nos determinar quais os danos sofridos pelos materiais, em consequência da
combustão. Indicam-nos desse modo o tempo que estiveram não só sujeitos à ação do calor,
como propriamente em combustão, o que nos permite determinar a velocidade de propagação
naquele ponto em concreto;
Caules de gramíneas:
Quando o fogo se aproxima de um caule de uma gramínea, este aquece e carboniza primeiro de
um lado, que fica reduzido e enfraquecido. O efeito é muito semelhante ao corte inferior de uma
árvore, podendo eventualmente o caule da erva inclinar-se para a fonte de calor. À medida que o
fogo se desloca para um povoamento de vegetação, os caules indicarão assim a direção do
fogo. Há que ter em conta contudo que, como em todos os indicadores, ter-se-á que obter a
direção correta a partir da leitura de diferentes origens, pois tanto o vento como a hora podem
afetar a direção em que os caules se inclinam;
FOGO
FOGO
A parte da planta ou madeira atingida pelo fogo apresentará uma queima mais completa na
direção da aproximação do fogo, resultando
numa mancha cinza esbranquiçada e
carbonizada, enquanto o outro lado estará
protegido e, consequentemente, mostrará
menos sinais de queimado.
Qualquer objeto sobreposto ao combustível
e protegendo-o contra o fogo, apresentará
um tipo específico de queima, que indicará
em que direção o fogo queimou.
Fig. 89: Indicador - Tronco protegido
Escavados:
Observa-se normalmente na parte de um tronco, arbusto ou erva virada contra o vento (direção
da propagação). Fica mais carbonizado daquele lado, enquanto do outro, mantém-se mais
intacto.
Esse é o lado mais exposto ao vento mais forte e, portanto, espera-se que queime
profundamente, enquanto o outro lado permanece mais frio e protegido pelos restos do lado
queimado.
FOGO
Nas ervas (gramíneas) esse efeito é bastante notório, observando-se um corte em diagonal
(“corte em bisel”), estando a inclinação do mesmo orientada no sentido do fogo.
Ao passar com as costas da mão, sente-se uma espécie de aveludado. Ao contrário, quando
feito no sentido contrário à sensação, será de algo áspero. Dever-se-á passar as costas das
mãos em todas as direções até localizar aquelas em que a sensação é mais aveludada.
A cor no topo do caule da gramínea é branca/acinzentada, enquanto logo mais abaixo é mais
escura.
FOGO
Este é um indicador bastante fiável e deve ser observado e analisado à medida que o
investigador se aproxima da área inicial.
FOGO
Destruição
FOGO intensa e rápida
Carbonização
superfície
lenta e intensa
quase lisa
Destruição mais
lenta e profunda
Lascamento:
Observado nas cascas dos combustíveis florestais, do lado mais exposto ao calor, em
consequência da desagregação do material (desidratação);
“Congelação de ramos”:
Quando pequenos ramos finos aquecem, têm tendência a ficar mais macios (flexibilidade nula),
impedindo-os de voltarem à posição original. Costumam ficar virados para a mesma direção, à
medida que vão arrefecendo após o fogo (por perda de humidade) Voltados para o sentido da
propagação;
Lado protegido
Lado exposto
Lado exposto
Lado protegido
Junto do PI - Calor transmitido essencialmente por radiação Afastado do PI - Calor transmitido essencialmente por
convecção
Fig. 93: Indicador - Congelação de ramos (fase inicial junto do PI) Fig. 94: Indicador - Congelação de ramos (afastado do PI
– em progressão)
Manchas:
As rochas e outros materiais não combustíveis expostos ao fogo ficam manchados devido à
vaporização de substâncias combustíveis e partículas minúsculas transportadas pelo fogo (que
após colidirem com os objetos arrefecem e fixam-se) Do lado mais exposto Indicam o
sentido de propagação.
Fixação de fuligem:
Ficará depositada no lado das cercas virado para a eclosão do fogo e pode ser observada
passando a mão pelo arame. Em objetos maiores, basta passar a mão. Em muitos casos,
encontram-se indicadores mais positivos como combustível protegido ou manchado. Ao procurar
fuligem numa cerca de arame, verificam-se os arames mais abaixo, pois apresentam mais
provas de fuligem do que os localizados mais acima.
FOGO
A figura abaixo ilustra o efeito típico sobre as copas das árvores ou matos, de um fogo que
eclode do ponto B (PI) e avança lentamente desenvolvendo calor e velocidade. No PI e à medida
que o combustível vai ardendo mas as copas das árvores estão mais ou menos intactas, o fogo
ainda desenvolve pouco calor. Afastado do PI, o fogo aqueceu o combustível e com ele arderam
as copas. À medida que o fogo progride, as copas ardem todas.
FOGO LENTO
OBS: Quando as marcas de destruição são concêntricas o fogo inicial foi no meio
Ar quente (correntes de
convecção)
VENTO Menor grau destruição
Maior altura das chamas
FOGO
Maior grau
destruição
Menor altura
das chamas
Fig. 100: Aspeto de uma árvore ao ser atingida pelas chamas (progressão a favor do vento)
VENTO (A)
FOGO
Fig. 101: Aspeto de uma árvore ao ser atingida pelas chamas (progressão contra o vento)
OBS: Quando existe vento, o grau de carbonização do lado oposto do sentido do fogo é menor, pois o
vento evita uma maior “abraço” em redor do tronco (A).
EM DECLIVES:
Em progressão montanha acima - O padrão de carbonização terá um
ângulo de inclinação maior do que a inclinação do solo (ficará visível muitos
anos após o fogo). É provocado por um vácuo na parte posterior da árvore
que impele as chamas e remoínho para aquele lado, sendo estas (as VENTO
chamas) ”içadas” para cima por ação da corrente de convecção criada.
FOGO
Fig. 103: Padrão de queima nas árvores (fogo encosta abaixo contra vento)
EM ENCOSTAS (DECLIVES):
Geralmente ao analisar uma encosta queimada, consegue-se perceber se o fogo desceu ou
subiu.
De facto, a coloração da vegetação ardida dá-nos esse indicador:
CINZA Menor velocidade Maior grau de carbonização DESCEU;
PRETA Maior velocidade Menor grau de carbonização SUBIU
Depois de analisados todos os indicadores, indícios e recolhidas todas as informações que conduziram à
identificação do PI, há que trabalhar nele.
Se o mesmo não estiver identificado, balizado e preservado por qualquer outra entidade que antecedeu
a chegada da PJ, deverá ser esta a proceder de tal forma.
Aqui o trabalho é quase “à lupa” e deverá ser efetuado com método e rigor.
O investigador deve usar ferramentas e/ou equipamentos adequados para uma busca minuciosa, tais
como pe. ancinho, lupa, pequena pá, pinças, magneto, etc.
Deve ainda, se necessário esquadrinhar a zona do PI, utilizando para tal linhas marcadoras e
identificação de quadrículas.
Depois de localizados, balizados, fixados (através de fotografia) e interpretados num contexto espacial,
devem ser recolhidos de forma sistemática, metódica e técnica, tendo em conta o já referido quanto ao
tratamento de vestígios.
No PI as causas podem ser aparentes. Mesmo que não sejam evidentes, o investigador pode, a priori,
eliminar um conjunto de causa que não provocou o fogo.
Basicamente se as condições meteorológicas naquela hora e naquele local não foram propícias à
ocorrência de relâmpagos (raios), esta causa pode ser logo eliminada; se não existem vias férreas,
trabalhos mecânicos ou utilização de equipamento na zona, pode ser descartada a hipótese do fogo ter
sido provocado por qualquer faísca.
Pela mesma ordem de ideias, facilmente se pode considerar a possibilidade de fogo posto se o fogo
eclodiu de noite, numa zona inacessível e, tiverem ocorrido vários focos.
De facto, se for de origem negligente ou acidental, pode ser facilmente identificada mas, se for
intencional ou de origem criminosa, tal origem pode ter sido apagada ou pelo próprio autor, pelo próprio
IF ou mesmo na sequência do combate ao fogo.
Em qualquer dos casos, o investigador deve ser para além do mais perseverante até ficar convencido ou
esclarecido da destruição ou remoção dos vestígios no PI, atuando em conformidade com as orientações
mencionadas no §PROCEDIMENTOS NO PI (atrás abordados).
A ex-DGRF (Direção Geral de Recursos Florestais) agora denominada ICNF (Instituto da Conservação
da Natureza e das Florestas), adotam uma codificação para as causas dos IFs tal como a seguir se
enuncia (vd. ANEXO VIII):
3. ESTRUTURAIS
1. USO DO FOGO
31. Conflitos de caça
11. Queima de lixo
32. Danos provocados pela vida selvagem
12. Queimadas
33. Alterações no uso do solo
13. Lançamento de foguetes
34. Pressão para venda de material lenhoso
14. Fogueiras
35. Limitação ao uso e gestão do solo
15. Fumar
36. Contradições no uso e fruição dos baldios
16. Apicultura
37. Instabilidade laboral nas catividades de deteção, proteção e
17. Chaminés
combate aos incêndios florestais
2. ACIDENTAIS
4. INCENDIARISMO
21. Transportes e comunicações
41. Manobras de diversão
22. Maquinaria e equipamento
42. Brincadeiras de crianças
23. Explosivos
43. Irresponsabilidade de menores
24. Soldaduras
44. Conflitos entre vizinhos
25. Disparos de caçadores
45. Vinganças
26. Exercícios militares
46. Piromania
27. Outras
47. Vandalismo
48. Outras
5. NATURAIS
55. Raio
56. Outras
6. NÃO DETERMINADAS
A PJ, em 2003, através da EPJ (então denominada ISPJCC), com a colaboração da Universidade do
Minho, elaborou um estudo sobre a “Caracterização Sociopsicológica do Incendiário Português".
Teve como base uma amostra de 74 incendiários condenados, chegando à conclusão de que não existe
um conjunto de características particulares que permita definir um perfil e apurar as motivações deste
tipo de crime.
Na altura, de acordo com o mesmo estudo, os incendiários florestais tinham, na maior parte dos casos,
um baixo nível de escolaridade (até ao 6º ano) e eram trabalhadores não qualificados da construção civil
ou da agricultura, apresentando, por isso, muitas semelhanças com a maioria da população das zonas
rurais.
No local o investigador deverá obter algumas informações pertinentes, mormente junto dos bombeiros,
quando estes procediam ao combate do incêndio:
PRODUTO CHEIRO
Nitro celulose Acre, semelhante a cânfora
Fósforo Cabeças de fósforo humedecidas
Dissulfito (ou Bissulfito) de carvão Couve podre
Pólvora Foguetes queimados
Velas de enxofre Cheiro sufocante
Amónia Acre
Inseticidas em spray Doce ou perfumado
Ácido de gás cianídrico Caroço de pêssego
Os danos provocados pelas chamas, radiação, gases aquecidos e fumo, produzem padrões que são
usados para identificar a área ou PI do fogo O foco do incêndio.
Em termos de genéricos:
A área mais ardida e com mais fissuras da madeira, independentemente da direção dos anéis,
indica a direção do percurso ou lado envolvido;
O incêndio tem uma tendência natural para se propagar pelas aberturas, portas e janelas,
etc.;
As áreas ardidas e empoladas de pequena dimensão nas superfícies verticais da mobília
indicam a irradiação de calor e a possível direção da propagação do incêndio;
É possível uma propagação lateral considerável quando se dá uma acumulação de gases
quentes como, pe., ao longo dos tetos antes da tendência ascendente continuar;
A propagação através de portas e aberturas apresenta-se normalmente a níveis elevados,
num movimento "enrolado" das chamas;
É possível que se verifiquem áreas ardidas no sentido cima para baixo, especialmente se foi
utilizado um líquido acelerador. Os vapores e o líquido penetram e filtram-se por entre as
fendas, fazendo com que os materiais que estão a arder longe formem cavidades por baixo do
ponto de origem.
Grande
destruição
Destruição
Os padrões são os efeitos físicos visíveis ou mensuráveis após um incêndio, como: carbonização,
oxidação e consumo de combustíveis; deposição de fumaça e fuligem; distorção, derretimento e
mudança de cor e de características do material; e, finalmente, colapso da estrutura.
Estragos no teto;
Os estragos uniformes no teto normalmente indiciam fogo lento e sem chama, enquanto
grandes estragos/destruição num determinado ponto do mesmo, indiciam um começo
intenso e rápida propagação do incêndio, por baixo desse ponto;
Nos vidros;
Perante uma acumulação rápida de calor (ou seja entre 1 a 5 minutos), o vidro poderá
apresentar fendas e marcas grandes, formando normalmente em paralelo linhas em relação ao
caixilho da janela;
Perante uma acumulação lenta de calor intenso, o vidro poderá ficar rachado com fendas
irregulares e com uma ligeira película de fumo (fuligem). Perante uma acumulação de calor muito
lenta e com bastante fumo, irão existir muitas manchas sem que o vidro fique rachado.
Se as janelas estiverem partidas ANTES do incêndio ter começado, os cantos estarão revestidos
com resíduos de fumo. Por sua vez se os vidros foram partidos DURANTE as operações de
combate ao incêndio, os cantos que permaneceram no caixilho estarão apenas ligeiramente
revestidos com resíduos de fumo. Se o vidro foi partido APÓS o incêndio ter sido extinto todos os
cantos deverão estar limpos;
Quando se efetua a remoção dos escombros, devem procurar-se fragmentos de vidros que
tenham protegido a cobertura do chão e não estão afetados pelo fumo. Estes podem ter estado
in situ antes do incêndio ter começado.
Já quanto a espelhos, pe., podem-se observar os seguintes padrões:
Na madeira:
o Linha de demarcação;
Ao examinar o corte transversal de um barrote de madeira encontrado perto do PI Se
uma linha bem distinta entre as zonas queimadas e não queimadas, indiciará um fogo
rápido e intenso, uma linha irregular com carbonização gradual e um aspeto de
combustão completa, indiciam geralmente um fogo lento e prolongado.
o “Pele de crocodilo”;
Já bastante referido como padrão e queima nos outros tipos de incêndios abordados no
presente trabalho, tem sido um indicador apontado por muitos investigadores, como
aquele que indica melhor a velocidade de propagação de um incêndio.
A sua atenta observação serve para distinguir entre os incêndios rápidos em que foram
utilizados agentes aceleradores e os incêndios sem agentes aceleradores, precisamente
através do aspeto da área queimada.
Escamas grandes e brilhantes Fogo quente e rápido. Escamas escuras Fogo lento
e não muito quente.
Soalhos;
As alcatifas colocadas no chão, não são material combustível. Têm é na sua composição,
materiais sintéticos e colas. O local onde foi deitado líquido combustível acelerante, é
geralmente de forma circular.
Importa por isso raspar o chão para verificar se está sujo ou queimado. Observar ainda se, “no
percurso” até ao PI existem no chão pingos de líquido combustível acelerante, em forma circular.
Também, ao nível dos rodapés, importa fazer uma observação cuidada.
Mobiliário;
Depois da passagem das chamas em zonas onde se encontravam móveis ou outros
equipamentos, ao retirá-los do local, fica registada uma espécie de “fantasma” com a
configuração do mesmo.
Esse padrão é formado quando a forma tridimensional (cone) da coluna de gases aquecidos (convecção)
é interrompida por um plano, como: parede, teto e parte inferior
de mesas e de prateleiras.
Seja, é observável um significativo grau de destruição na vertical
de um qualquer foco de incêndio (e PI) Compatível com o
padrão circular (a seguir mencionado).
É assim a tal coluna de gases aquecidos que, subindo (por convecção), produz padrões típicos de
queima:
Padrão de ampulheta:
Observável em superfícies verticais quando a chama não é alta o suficiente para que a coluna de
gases aquecidos atinja uma barreira horizontal, porém sobe mais do que quando há a formação
do padrão de cone invertido;
Padrão em “V”:
Observável em superfícies verticais quando a coluna de gases aquecidos atinge uma barreira
horizontal, e a fonte de calor está próxima da superfície vertical:
Padrão em “U”;
Em sup erfíc ies vertic a is q ua nd o a c oluna d e g a se s a q uec id o s a ting e um a b a rreira
horizonta l, e a fonte d e c a lor está m a is a fa sta d a d a sup erfíc ie vertic a l d o q ue q ua nd o
há a form a ç ã o d o p a d rã o “ V”:
Padrão seta:
Aparece em séries de elementos combustíveis como estacas de madeira, que estarão mais
consumidas quanto mais perto da fonte de calor:
Padrão circular;
Aparece na parte inferior de superfícies horizontais, acima da fonte de calor:
Atente-se ainda que, quando uma corrente de ar atua sobre um material em brasa, a sua temperatura
pode aumentar o suficiente para produzir buracos nos pisos e até derreter metais.
Mas é importante saber interpretar esses
padrões para não confundi-los com os gerados
pelo uso de substâncias inflamáveis. A
existência e a forma de um buraco no piso, em
uma análise isolada, não são suficientes para
definir o que gerou aquele padrão.
Também é importante não confundir outros tipos
de padrão de queima com o padrão gerado pela
ventilação.
Nos estágios iniciais do incêndio, os gases
aquecidos podem escapar de um ambiente
fechado pela parte superior d a p orta ,
q ueim a nd o -a .
Após o “flashover”, quando a queima se estende por todo o ambiente, os gases aquecidos podem
escapar também pela parte inferior da porta, queimando-a também. Esses padrões de queima são
gerados pela ventilação.
Porém, a queima na parte inferior da porta pode ser produzida também quando um material em brasa cai
junto a ela, o que não é um padrão gerado pela ventilação.
Ainda após o “flashover”, os danos incluem a carbonização da parte inferior dos móveis, queima de
tapetes e de carpetes por debaixo dos móveis, queima uniforme em redor das pernas de mesas, queima
da parte inferior de portas e suas soleiras, queima do revestimento dos cantos do piso e buracos no piso
e na carpete. Existe ainda a possibilidade de áreas protegidas serem poupadas.
Fig. 130: Queima da porta - após flashover Fig. 131: Queima da porta por queda de material em brasas
FASE INICIAL
É a fase incipiente do incêndio, com temperatura no teto de aproximadamente 40ºC. Após as
chamas aparecerem o incêndio cresce rapidamente.
O que o investigador deve observar:
É fácil verificar o padrão de queima em “V” no foco inicial;
É fácil encontrar o foco inicial e, consequentemente, a causa;
A maioria dos vestígios ainda está intacta;
82
(LILLEY, 1997)
FASE FINAL
Nesta fase o combustível torna-se mais escasso, a queima em chamas é menor e a presença de
incandescência é maior.
Devem-se ter em conta:
Marcas de fuligem nas paredes que podem estar tão baixas quanto 30cm;
O padrão em “V” e os padrões de queima podem estar ocultos em decorrência da
carbonização;
Quanto mais longa for a queima, menos evidências estarão disponíveis.
19.3. DETERMINAÇÃO DO PI
inflamáveis e materiais combustíveis deixam uma carbonização muito profunda e, assim, pode
não ser o ponto de origem;
Reparar em qualquer espaço ardido de forma desigual ou numa área localizada bastante
consumida pelo incêndio
Verificar se existem locais que tivessem ardido de forma “invulgar” como um espaço de chão
aberto longe de qualquer fonte provável de “ignição acidental”. As áreas ardidas na parte inferior
das portas ou quaisquer superfícies inferiores horizontais podem indicar a existência de uma
poça de líquido inflamável;
Procurar a área consumida pelo incêndio mais baixa dentro da área de origem
Pode ser útil procurar por baixo da mobília e prateleiras se existe uma carbonização intensa.
Tem em conta que o incêndio pode ter deixado cair combustíveis a arder para um local mais
baixo do que a área de origem;
Procurar a direção do fluxo de calor
Depois de localizar a área ardida com maior intensidade e de menor dimensão, procure outros
indicadores de calor.
Por exemplo, as lâmpadas que apresentam uma saliência num dos lados, irão indicar a
direção da fonte de calor (a saliência é formada quando a lâmpada é exposta à fonte de
calor durante pelo menos 10 minutos a uma temperatura de aproximadamente 480ºC).
Os gases no interior da lâmpada expandem-se quando aquecidos O vidro aquecido
“inclina-se” para a fonte de calor (indicando assim a origem). Poderá partir-se se o
volume dos gases aumentar o suficiente.
Por sua vez, as lâmpadas que têm uma proteção à sua volta, irão limitar esta potencial
fonte de incêndio conforme indicado no seguinte diagrama:
Outros indicadores são as cores do calor encontradas em crómio e outros materiais brilhantes
submetidos ao fogo (verifique as superfícies dos fornos, torradeiras, máquinas e outros
dispositivos). A evolução do incêndio pode ser seguida comparando as temperaturas indicadas
pelas cores nos vários metais brilhantes em diferentes locais dentro da área de origem. As cores
mais claras causadas por temperaturas mais elevadas podem não estar presentes depois do
arrefecimento mas estarão indicadas por círculos de cores mais escuras ainda visíveis no metal.
Verificar se nos objetos na área, existe algum sinal que indique a distância do local de
origem
Os vidros das janelas nas proximidades da fonte de maior calor irão apresentar apenas vestígios
de fuligem ou restos de fumo, enquanto os vidros mais afastados do ponto de origem do incêndio
irão geralmente apresentar concentrações de restos de fumo.
Procurar provas de incêndios múltiplos
As fontes de ignição são independentes umas das outras? Quando uma divisão atinge
temperaturas muito elevadas de aproximadamente 370ºC ou superiores, poderá ocorrer
inflamação generalizada fazendo com que a divisão inteira aparente incendiar-se de repente
Flashover.
Durante a investigação, a inflamação de materiais altamente combustíveis pode levar o
investigador a suspeitar que existiram dois ou mais incêndios em separado.
Outra causa de incêndios múltiplos pode ser de origem elétrica. Antes de atribuir a causa dos
incêndios múltiplos a agentes acelerantes, certifique-se de que a causa elétrica foi excluída.
Resíduos de combustão das cinzas
Distinguir o negro de fuligem e o negro de carbonização.
Grande parte dos incêndios ocorridos em habitações, são normalmente provocados por falta de
cuidado.
As causas mais vulgares são: o cozinhar, o fumar, o aquecimento, as velas, os candeeiros a gás e a
petróleo, a instalação elétrica, os aparelhos elétricos, algumas atuações de crianças e idosos e a falta de
cuidado com as lareiras.
1. O cozinhar;
2. Fumar;
3. Aquecimento;
4. Velas;
5. Candeeiros a gás e a petróleo;
6. Algumas atuações de crianças e idosos;
7. Falta de cuidado com as lareiras;
8. Causas elétricas (Instalação elétrica e aparelhos elétricos).
A maior parte das vítimas dos incêndios não morre das queimaduras, mas da asfixia devida aos gases
tóxicos e fumos respirados. Frequentemente as vítimas nem chegam a ver as chamas.
Muitas vezes a análise dos condutores quebrados pode indicar como é que o incêndio começou.
Há que ter em conta que os curto-circuitos podem provocar incêndios e que os incêndios podem
provocar curto-circuitos.
Os fios quebrados resultam normalmente de um curto-circuito ou de um fio que foi apanhado numa
parte excecionalmente quente do incêndio. As sobrecargas simples raramente fazem com que o fio
quebre. As pontas dos fios quebrados normalmente “contam a história” de como o fio de quebrou:
Se o fio foi apanhado de forma inocente num local quente, as pontas do fio serão geralmente
lisas e aguçadas;
O fio de cobre, pe., derrete a uma temperatura de quase 1100°C e o alumínio derrete a
uma temperatura de cerca de 650°C. Depois do metal ter amolecido cede devido ao seu
próprio peso. A quebra resultante é semelhante ao barro ou caramelo quando é puxado.
O fio está esticado e vai-se estreitando progressivamente até finalmente se separar;
Por sua vez, a quebra direta por curto-circuito tem dois efeitos:
1. Através de salpicos, em que o metal salpica e deixa depósitos no fio, porque o campo
magnético produzido pela sobretensão da corrente arranca pequenos pedaços de metal
do fio. Quando o campo pára, alguns dos pedaços voltam para trás. Este mesmo
fenómeno ocorre quando um fusível cede a um curto-circuito;
2. O segundo efeito num fio encurtado é a formação de uma “gota” na ponta. À medida que
o fio vai derretendo no calor de um curto-circuito, a tensão superficial na poça líquida do
metal forma-a numa “gota” ou “lágrima”. O processo é semelhante à formação de uma
gota na ponta de uma estalactite a derreter;
Por fim, as extremidades de alguns fios quebrados não são aguçadas, salpicadas nem com
contas, estão apenas irregulares;
Estes fios ficaram provavelmente frágeis no calor do incêndio e quebraram sob alguma
força mecânica aplicada na altura. Esta força pode ter sido provocada por um choque ou
um empurrão que tenha ocorrido durante o combate ao incêndio ou por um colapso da
estrutura;
Se estava a passar corrente nos fios na altura que se quebraram, algumas das
extremidades poderão estar esburacadas devido à formação de arco;
Os dois padrões mais importantes de destruição do isolamento de fios condutores são
denominados por:
"Isolamento em camisa" - indica que o fio foi aquecido a partir de dentro. A
parte interior do isolamento (ou seja, a parte mais perto do fio), aquece mais
rapidamente do que as coberturas exteriores. O isolamento atrai as partes soltas
do fio e estende-se a partir delas. Muitos peritos são da opinião de que o
isolamento em camisa é um indicador fiável da ocorrência de uma sobrecarga
no fio;
"Isolamento aderente” - a fonte de calor foi exterior. O isolamento é destruído
de forma uniforme pelo calor à volta do exterior do fio. As ligações queimadas
colam ao metal que está por baixo;
Estas indicações incluem o estado do fusível e dos elementos interruptores e a utilização
de dispositivos de alta energia na altura do incêndio;
Sempre que existam dúvidas quando ao sistema elétrico em causa, deve-se recorrer a
profissionais do ramo, preferencialmente quem elaborou o referido circuito ou sistema.
SINAIS DE EXPLOSÃO
As fugas de gás provocam explosões. Importa por isso:
Verificar os dispositivos e válvulas de gás para ver se estes estão abertos ou fechados;
IGNIÇÃO ESPONTÂNEA
Para se considerar a ignição espontânea como a causa, há que ter em conta que todas as
provas suportam a sua teoria.
Algumas das causas que foram registadas como ignição espontânea, após uma investigação
subsequente aprofundada, provou-se não se enquadrarem nesta categoria.
Quando se considera que a causa é a ignição espontânea, importa por isso ter em conta que:
Alguns materiais orgânicos e certos metais estão sujeitos à ignição espontânea nas
circunstâncias certas;
As caraterísticas da ignição espontânea são uma carbonização interna acentuada no
ponto de ignição, com uma certa distância de material bastante denso queimado;
O fator temporal para a ignição espontânea ocorrer, pode variar entre várias horas a
meses;
Os combustíveis sólidos como, pe., a madeira, o papel e trapos, podem ser encontrados
na maioria dos edifícios;
Há que verificar as camadas dos destroços uma a uma para determinar a sequência na
qual os materiais arderam.
83
Transformação química que ocorre pela ação de altas temperaturas, porquanto ocorre uma rutura da estrutura
molecular original de um determinado composto num ambiente com pouco ou nenhum oxigénio
As zonas de maior grau de destruição não significam necessariamente que o incêndio tenha de
facto começado nelas. Tais indicadores podem dever-se a uma forma de propagação preferencial
como são os seguintes casos:
Condução por elementos de metal como, pe., traves de aço laminado, divisórias de aço, etc.;
Convecção por eixos, tubagens, etc.;
Radiação a partir de chamas longas;
Elementos altamente inflamáveis (ou seja, luzes de teto, tetos de Plaschem, divisórias de
melamina, etc.);
Efeitos elétricos secundários (ou seja, difusores de luz de plástico);
Cargas de incêndio elevadas - mesmo em peças individuais de mobília;
Grande ventilação pelas portas, veios, janelas, etc.;
Áreas que escaparam no início do combate ao incêndio;
Projeção de fagulhas;
Propagação do incêndio pelo pó;
Deslocação de objetos a arder (ou seja, latas aerossóis num incêndio ou objetos a arder
atingidos por um jacto de água, pe.);
Tubagens de gás ou contadores de gás;
Deslocação de pirólises não ardidas que se podem acender noutro lado.
19.4.3. INCENDIARISMO
Ocorre um incêndio de pequena dimensão sem causa aparente que destruiu registos,
livros de contas e de faturas e cartões de seguros, etc. (considerar pe. Burla aos
seguros);
Ocorre um incêndio em que o dono da propriedade pode ter retirado algum ou alguns
artigos, que não tenham valor real mas talvez sentimental, antes de o incêndio ter
começado (considerar pe. Burla aos seguros);
Incêndio, especialmente em edifícios de explorações agrícolas, em que o gado ou outros
animais foram soltos antes do início do incêndio (considerar pe. Burla aos seguros);
Seguindo a mesma metodologia até agora adotada no presente trabalho, relativamente aos veículos
terrestres – mormente veículos automóveis e motociclos – (por serem as situações mais frequentes),
importa destacar que, em termos de cenário de crime, são espaços mais confinados e menores.
Poder-se-á pensar, a priori, que um incêndio num veículo automóvel que se desenvolva muito
rapidamente, indicia ato criminoso. Porém, não será bem assim. Os automóveis modernos possuem
cada vez mais tipos e quantidades de materiais altamente inflamáveis, capazes de provocar uma tal
dimensão de danos, pelo que não será necessário alimentar o incêndio com qualquer líquido acelerante
como a gasolina. De facto, um dos compartimentos, o motor, produz corrente elétrica e possui
simultaneamente combustível (e óleos sob pressão).
Outras partes possuem também corrente elétrica e são de fácil combustão, pois toda a estrutura metálica
é boa condutora de calor e os seus interiores e revestimentos são também facilmente combustíveis. O
facto ainda de existir uma grande superfície envidraçada (automóveis) facilmente destrutível, contribui
para uma sobre oxigenação do espaço e consequente aumento da intensidade e rapidez da propagação.
A análise dos padrões de fogo ou o grau de destruição deve ser feita com muita cautela.
As interpretações ou conclusões advindas devem ser sempre correlacionadas com a eventual prova
testemunhal existente, análises laboratoriais e registos de manutenção da viatura (onde constem o tipo,
data e/ou eventuais falhas mecânica ou elétricas detetadas).
Deve-se estar ainda minimamente familiarizado com a realidade automóvel (estrutura, mecânica e
funcionamento).
Com um determinado tipo de combustível e uma fonte de ignição, o tamanho relativamente pequeno de
um veículo pode originar uma mais rápida propagação das chamas do que, por exemplo, numa
habitação.
A intensidade do fogo tende a destruir eventuais vestígios indiciadores das causas (como sempre, o fogo
como principal inimigo da investigação).
20.1. GENERALIDADES
O calor sobe naturalmente e o fluxo de líquidos inflamáveis desce para as áreas mais baixas;
Ter em conta que é mais fácil o fogo começar acidentalmente numa área do motor quente do
que num motor frio. Também as chamas vão queimar e expandir-se mais rapidamente num
compartimento do motor quente;
Os danos são geralmente grandes, rápidos e abrangentes. Normalmente, no prazo de 15
minutos, ocorre grande destruição e, em muitos casos, as provas que indicam a origem do
84
incêndio são destruídas .
Uma falha do sistema de combustível Início de chama rápida;
Os incêndios de causa elétrica geralmente desenvolvem-se a partir de um estado latente
lento;
Sistema de combustível:
o Grande grau de destruição na zona de origem;
o Na zona da falha ou derrame, as superfícies são limpas e bem descoloridas;
84
Mais uma vez o fogo como maior inimigo da investigação criminal
No caso dos veículos automóveis, o queimado ou danos padrões existentes nos painéis da carroçaria,
no compartimento do motor, nos pneus e no interior do veículo são muitas vezes utilizados para
localizar o PI e consequentemente para a determinação de causa do incêndio.
Determinar a origem (PI) e a causa de um incêndio num veículo implica, entre outros aspetos, que o
investigador tenha em consideração o seguinte:
Recolher informações quanto a eventuais anteriores ocorrências que, de alguma forma,
possam ter proporcionado as condições de ignição do incêndio (conflitos, problemas financeiros,
vinganças, ameaças, etc.);
Saber o historial e uso do veículo envolvido;
Conhecer a mecânica e materiais estruturantes do veículo;
Apurar recentes intervenções mecânicas e/ou elétricas (peças reparadas e/ou substituídas,
pe.);
Indicam-se de seguida alguns indicadores e procedimentos que visam localizar em que parte do
veículo começou o fogo – o PI:
Aferir qual a zona de maior carbonização (à frente ou atrás);
©José Vaz, EA
Fig. 139: Visão geral do exterior para aferir zona de maior dano (chama direta no banco)
85
Dispositivo eletromecânico que serve para ligar e desligar sistemas elétricos. Permite fazer a “ponte” entre
circuitos diferentes
Aferir qual a zona mais baixa de carbonização (nas portas, piso, etc.);
Se toda a carroçaria estiver queimada de forma uniforme, ponderar possibilidade de ter sido
regada com líquido combustível acelerante no tejadilho (o qual escorreu depois, penetrando
no interior através de frisos e aberturas do veículo);
©José Vaz, EA
Fig. 140: Viatura incendiada por derrame de líquido combustível na carroçaria (veículo roubado)
Observar se junto das rodas (em cima/debaixo do pneu) ou compartimentos das mesmas
existem vestígios de líquidos acelerantes ou qualquer material neles embebidos (papéis
enrolados, trapos, desperdícios, etc.);
©José Vaz, EA
Fig. 141: Viatura incendiada através de material embebido em combustível colocado junto da roda traseira
©José Vaz, EA
Fig. 142: Tentativa de incêndio por colocação de algo a arder em cima de pneu
Averiguar se a entrada para fornecimento de combustível está intacta (com tampa) ou se ali
existe algum tipo de material inflamável (mecha de pano, p.e.);
Verificar, no interior das portas, a altura de maior dano;
No exterior da carroçaria, aferi qual a zona de maior destempera A tinta está
completamente consumida e observa-se o metal (depois de algum tempo ao ar livre, esta zona
fica mais rapidamente ferrugenta, pois ardeu a pintura e produtos protetores do metal);
Ao nível do motor:
o Mangueiras queimadas? Existem marcas em cone invertido “tatuadas” nos
componentes?
No exterior:
o Observar se existem pegadas (pode indiciar a presença de alguém junto do veículo);
o Se existem vidros partidos sem fuligem (pode indiciar uma quebra antes do incêndio);
o Deteção do outro material ou objetos indicadores de intervenção humana dolosa;
Fig. 146: Por chama direta no banco traseiro. Encontrada chave de rodas no exterior (para partir o vidro)
©José Vaz, EA
©José Vaz, EA
No interior do habitáculo:
o Observar se o fogo partiu do interior (analisando bancos, frisos, grelhas e orifícios
próprios do veículo ou a quebra/projeção de vidros para fora);
o Observar o tejadilho e aferir qual a zona de maior abaulamento Geralmente na
vertical do PI e onde se verificou uma maior temperatura;
©José Vaz, EA
©José Vaz, EA
©José Vaz, EA
©José Vaz, EA
©José Vaz, EA
Observar se faltam componentes habituais ou foram trocados por outros de menor valor
(auto-rádio, estofos, jantes, pneus, etc.) Pode indiciar burla às seguradoras;
Existem estudos que apontam para que “Incêndios acidentais tendem a iniciar-se e a desenvolver-se
lentamente, enquanto incêndios criminosos estão associados a um rápido início de incêndio e
propagação”.
20.3.1. ACIDENTAIS
No SISTEMA DE COMBUSTÍVEL:
o O tanque do depósito pode não explodir durante o incêndio, mas pode originar o efeito
“maçarico”, resultante da emanação de gases no seu interior com consequente
alimentação da chama;
o Os incêndios desta causa são decorrentes de algum derrame de combustível por algum
componente integrante deste sistema (pe., mangueira de entrada, mangueira de retorno,
bomba, etc.). Precisa contudo de uma fonte de ignição ou energia ativa (pe. uma faísca
resultante de atrito ou de uma qualquer causa elétrica);
o O sistema de injeção eletrônica dos veículos modernos é suscetível de provocar
incêndios, dado possuírem tanto o combustível, como uma fonte de ignição muito
próxima;
Nos veículos automóveis existem locais mais adequados do que outros para uma ignição dolosa:
Tampa do depósito de gasolina (onde, pe., é colocada uma mecha a arder);
Em cima ou por debaixo dos pneus (onde é colocado qualquer material embebido em
líquido combustível). Existe maior destruição, se o fogo for colocado por debaixo do pneu;
No interior (por chama direta Pressupõe quebra de vidros)
Em termos de MOTIVAÇÕES,
FRAUDES ÀS SEGURADORAS
Simulando um furto/roubo ou mesmo acidente com o intuito de receber a respetiva
indemnização.
Face ao cenário de denúncia fraudulenta do furto/roubo, é frequente, nos destroços,
encontrarem-se as chaves e outros itens que indicam que o veículo não foi furtado/roubado.
86
Ou temperatura de INFLAMAÇÃO: Temperatura mínima à qual uma substância é capaz de emitir vapores
combustíveis em quantidade suficiente para formar com o comburente uma mistura que, por ação de uma fonte de
energia, se pode inflamar, extinguindo-se a combustão após a retirada dessa fonte
87
Temperatura mínima à qual os vapores libertados por uma substância (sólida ou líquida) ou um gás combustível
entram espontaneamente em combustão (autoinflamam-se) mesmo sem a presença de uma fonte da energia exterior
AMEAÇAS / VINGANÇAS
O incêndio de veículos é muitas vezes uma forma de intimidação ou ameaça face a
desentendimentos familiares e/ou passionais, interesses comerciais, etc..
Geralmente os autores estão muito longe de serem profissionais ou de perceberem a dinâmica e
o contexto de construção do automóvel. Por isso, os incêndios são provocados de forma arcaica
e com recurso a materiais facilmente ao alcance de todos.
A título de exemplo e, precisamente porque os meios de ignição estão ao alcance de
todos (os líquidos combustíveis acelerantes, a entrada no habitáculo para iniciar o fogo
com chama direta ou mesmo por quebra dos vidros, etc.), o incêndio em veículo é uma
das formas mais “cobardes” e “sub-reptícias” de lesar alguém.
Outra curiosidade em termos de investigação, é de que muitas vezes os autores residem
próximos do veículo e consequentemente do lesado.
É frequente ainda existirem ameaças ou atitudes intimidatórias prévias ou mesmo, a
posteriori, alguém a reivindicar a autoria.
VANDALISMO
Outros incêndios não têm necessariamente uma finalidade concreta. Simplesmente são por puro
vandalismo ou prazer de destruição ou de observação da dinâmica do fogo ou meios de
combate.
VII. CONCLUSÃO
OBRAS DE REFERÊNCIA
BRAGA, George Cajaty Barbosa. “Investigação de incêndio”. Capítulo XXII do livro "A
segurança contra incêndio no Brasil". São Paulo: Projeto Editora, 2008. ISBN:
978-85-61295-00-4;
BRAZ, José. “INVESTIGAÇÃO CRIMINAL – A organização, o método e a prova. Os desafios
da nova criminalidade”. Editora Almedina. Coimbra (2009). ISBN 978-972-40-3979-4;
CARVALHO, Josefa B. e LOPES, José P. “Classificação de incêndios florestais. Manual do
utilizador”. Lisboa: DGF, 2001;
CASTRO, Carlos F. e outros. “Combate a incêndios florestais, vol. XIII: Manual de Formação
Inicial do Bombeiro”. 2ª Ed. Sintra: ENB, 2003;
CASTRO, Carlos F. e outros. “Combate a incêndios urbanos e industriais, vol. X: Manual de
Formação Inicial do Bombeiro”. 2ª Ed. Sintra: ENB, 2005;
CÍRCULO DE LEITORES. “Memória do mundo – das origens ao ano 2000”. Ed. LAROUSE.
Lisboa, 2000;
ESTANISLAU, J. “Prevenção e proteção contra incêndio – Manual do formando”.
PERFIL, DELTA CONSULTORES E ISPA. Maio-2007;
FERNANDES P, Botelho H, LOUREIRO C. “Manual de formação para a técnica do
fogo controlado”. Vila Real: UTAD. 2002;
GONÇALVES, A J B; Lourenço, L e SILVA, João Dias. “ Manifestação do risco de
incêndio florestal – causas e investigação criminal”. Artigo da revista
“RISCOS – Associação portuguesa de riscos, prevenção e segurança”. Pág 81 a
87. Lisboa. 2006;
GUERRA, António M. et COELHO, José A. et LEITÃO, Ruben E. “Fenomenologia da
combustão e agentes extintores, vol. VII: Manual de Formação Inicial do
Bombeiro”. 2ª Ed. Sintra: ENB, 2006;
HIGGINS, Mike. “Vehicle Fires a Practical Approach”. K-CHEM Laboratories. EUA –
Massachusetts (www.k-chem.net) ;
HOPKINS, Ronald L e outros. “Fire Pattern Persistence and Predictability on Interior
Finish and Construction Materials During Pre and Post Flashover
Compartment Fires”. EUA. 2006;
MARTINS, Samuel M R. “Incêndios florestais – comportamento, segurança e
extinção”. Faculdade de Ciências e Tecnologia - Departamento de Engenharia
Mecânica. Mestrado Interdisciplinar em Dinâmicas Sociais, Riscos Naturais e
Tecnológicos. Coimbra. 2010;
th
NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION. “Fire Protection Handbook”. 17
Edition. Quincy, Massachusetts: National Fire. Protection Association, 1992;
NOON, Randall K. “A Pocket Guide to Arson and Fire Investigation”. Factory Mutual
Engineering Corp., 3rd ed., 1992. ISBN 0-8493-0911-5;
NUNES, Larissa T S Marins. “Padrões de Queima em Edificações”. Perita Criminal do
Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal. Brasília – DF.
2006;
NUNES, Larissa T S Marins. “Introdução à ciência do fogo”. Perita Criminal do
Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal. Brasília – DF.
2006;
PEREIRA, Maj. Albino L P. “Perícia em fogo em veículo”. Corpo de bombeiros militar
do estado de Rio de Janeiro;
PEREIRA, Maj. ALBINO L P. “Perícia em incêndios florestais”. Corpo de bombeiros
militar do estado de Rio de Janeiro;
DOCUMENTOS ELECTRÓNICOS
NFPA (1995). “Guide for Fire and Explosion Investigations”. Trad. ALARCÓN, Alfonso. Ed:
MAPFRE (921-1995). ISBN 84-7100-915-3 (acessível no site:
http://www.nfpa.org/aboutthecodes/AboutTheCodes.asp?DocNum=921);
PORTUGAL, Autoridade Florestal Nacional. “Instruções para o trabalho de campo do
Inventário Florestal Nacional”. Lisboa: Direção de Unidade de Gestão Florestal,
Janeiro.2009 (acessível no site: http://www.afn.min-
agricultura.pt/portal/ifn/resource/ficheiros/ifn/MCAMPO_IFN_Final.pdf);
VIEITO, Rui M. T. et GUIMARÃES, Sérgio A. N.. “Manual de atuação em situações de
incêndio e geradoras de pânico”. Arcos de Valdevez - Maio.2004 (consultado a
2010.04.18 no site: http://www.epralima.com/inforadapt2europe/manuais/manual3.pdf);
LEGISLAÇÃO
Decreto-Lei n.º 22/2006, de 02 de Fevereiro. Diário da República I Série-A. N.º 24
(2006.02.02), pág. 786 – Criação do SEPNA e GIPS na GNR;
Decreto-Lei n.º 241/2007, de 21 de Junho. Diário da República I Série-A. N.º 118 (2007.06.21),
pág. 3925 – Regime Jurídico dos Bombeiros;
WEBGRAFIA
Site: http://www.interfire.org/ (acedido em 2013-07-23)
Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_f%C3%ADsicos_da_mat%C3%A9ria (acedido em
2013-07-23)
Site: http://www.icnf.pt/portal/florestas (acedido em 2013-09-09)
IX. ANEXOS
IV. CROQUIS
ANEXO I
- INFORMAÇÃO DE SERVIÇO inicial (checklist do piquete) -
INFORMAÇÃO DE SERVIÇO
Para: Exmo. Senhor Coordenador de Piquete,
C/c:
De: , (n.º )
Assunto: Comunicação de CRIME DE INCÊNDIO (cfr. p.p. art.º 272º ou 274º do CP)
COMUNICAÇÃO
Tipo de ocorrência Florestal Urbano/Industrial Transporte
GDH da comunicação Fax Telef Mail
Entidade comunicante
Nome e contacto do
elemento comunicante
CARACTERÍSTICAS DO INCÊNDIO
Tipo de local
Id. do veículo (mat. e ano
fabrico)
Valor do veículo
Morada completa
GDH do seu início
Área/material ardido
Perigo de propagação ou Não
para a vida de terceiros?
Sim de que tipo
Extinto Sim às
Não Obs:
Provável causa
O local foi preservado Não Sim
Entidades intervenientes GNR de
Bombeiros de
Outra(s)
VÍTIMA(S)/LESADO(S) Não Sim
Identificação(ões)
SUSPEITO(S)/ARGUIDO(S) Não Sim
Identificação(ões)
OBS
***
É tudo quanto me cumpre informar V. Exa. para os efeitos tidos por convenientes.
O Inspetor de Piquete,
ANEXO II
- FICHA DE CAMPO para incêndios -
ANEXO III
- REPORTAGEM FOTOGRÁFICA -
Foto 1: #####################################
Foto 2: #####################################
ANEXO IV
- CROQUIS -
ANEXO V
- RELATÓRIO DA INSPEÇÃO JUDICIÁRIA -
RELATÓRIO
DA
INSPEÇÃO JUDICIÁRIA
NAI/NUIPC 9999/13.4JALRA
DATA/HORA 22.10H00.MAI.2013
COMUNICAÇÃO
Entidade comunicante:
INSPEÇÃO JUDICIÁRIA
Constituição da equipa:
CARACTERIZAÇÃO DO INCÊNDIO
Tipo de incêndio (com referência ao enquadramento penal):
Coordenadas GPS:
Caraterização do local (em termos de características físicas, orografia, combustíveis existentes, tipo de
transporte, etc.):
Área ardida:
TIPIFICAÇÃO PENAL
Fundamentação do eventual perigo para a vida ou para a integridade física de outrem ou bens
patrimoniais alheios:
PROVA TESTEMUNHAL
TESTEMUNHAS - Identificação e dados informais:
1.
1.
1.
PROVA MATERIAL
Correlação entre os vestígios recolhidos e indícios apurados com o(s) meio(s) de ignição:
Meio(s)/forma(s) de ignição:
ANEXOS
- Croquis do local;
- Reportagem Fotográfica;
- Expediente elaborado pelo OPC competente;
- Relatório dos bombeiros;
- Etc.
Leiria, ,
ANEXO VI
- GUIA ENFSI -
http://www.enfsi.eu/
ANEXO VII
- MANUAL “Fire and Arson Scene Evidence” (EUA) -
ANEXO VIII
- LISTA DE CODIFICAÇÃO de causas dos incêndios florestais (ICNF) -
ANEXO IX
- QUADROS INDICATIVOS DE ALGUNS VALORES DOS COMBUSTÍVEIS -
AUTO-IGNIÇÃO
MATERIAIS DE AUTO-AQUECIMENTO
Raramente o vidro é encontrado em poças líquidas amorfas em locais de incêndio, uma vez que, à
medida que se torna menos viscoso, desce para uma posição mais baixa e normalmente mais fria.
Amostras de gases que foram aquecidas num forno durante períodos de 30 minutos.
PLÁSTICOS
Os plásticos podem fornecer indicações úteis sobre as temperaturas atingidas nas partes do edifício que
não estavam diretamente envolvidas no incêndio.
À semelhança do vidro, os plásticos não têm pontos de fusão claramente definidos, mas amolecem
dentro de uma gama de temperatura.