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Avaliação de Língua Portuguesa – 1º ano

QUESTÃO 01 (Fuvest 2008)

O AUTOCLISMO DA RETRETE
 
RIO DE JANEIRO – Em 1973, fui trabalhar numa revista brasileira editada em Lisboa. Logo no primeiro
dia, tive uma amostra das deliciosas diferenças que nos separavam, a nós e aos portugueses, em
matéria de língua. Houve um problema no banheiro da redação e eu disse à secretária: “Isabel, por favor,
chame o bombeiro para consertar a descarga da privada.” Isabel franziu a testa e só entendeu as quatro
primeiras palavras. Pelo visto, eu estava lhe pedindo que chamasse a Banda do Corpo de Bombeiros
para dar um concerto particular de marchas e dobrados na redação. Por sorte, um colega brasileiro, em
Lisboa havia algum tempo e já escolado nos meandros da língua, traduziu o recado: “Isabel, chame o
canalizador para reparar o autoclismo da retrete.” E só então o belo rosto de Isabel se iluminou. Ruy
Castro, “Folha de S.Paulo”.
 
a) Em São Paulo, entende-se por “encanador” o que no Rio de Janeiro se entende por “bombeiro” e, em
Lisboa, por “canalizador”. Isto permitiria afirmar que, em algum desses lugares, ocorre um uso
equivocado da língua portuguesa? Justifique sua resposta.
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b) Uma reforma que viesse a uniformizar a ortografia da língua portuguesa em todos os países que a
utilizam evitaria o problema de comunicação ocorrido entre o jornalista e a secretária. Você concorda
com essa afirmação? Justifique.
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QUESTÃO 02.
A utilização de determinadas variedades linguísticas em campanhas educativas tem a função de atingir
o público-alvo de forma mais direta e eficaz. No caso desse texto, identifique a opção que não se
enquadra nessa afirmativa, ou seja, que não foi utilizada como estratégia pelo autor da publicidade.

(a) discurso informal da língua portuguesa.


(b) registro coloquial próprio da língua falada.
(c) seleção lexical que não se restringe à esfera da medicina.
(d) Uso de verbos no imperativo, próprios da linguagem publicitária.
(e) uso de linguagem não verbal contextualizada com o discurso.

QUESTÃO 03 (ENEM-2015) – Adaptada

Assum preto
(Baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

Tudo em vorta é só beleza


Sol de abril e a mata em frô
Mas assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Tarvez  por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum  preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil veiz a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá.

As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da aplicação
de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o
léxico. No texto, é resultado de uma mesma regra, a: (Justifique sua resposta)

a) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”.


b) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”.
c) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”.
d) redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em frô”.
e) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”.

QUESTÃO 04 (UNICAMP-2017)

No dia 21 de setembro de 2015, Sérgio Rodrigues, crítico literário, comentou que apontar um erro de
português no título do filme Que horas ela volta? “revela visão curta sobre como a língua funciona”. E
justifica:

“O título do filme, tirado da fala de um personagem, está em registro coloquial. Que ano você nasceu?
Que série você estuda? e frases do gênero são familiares a todos os brasileiros, mesmo com alto grau
de escolaridade. Será preciso reafirmar a esta altura do século 21 que obras de arte têm liberdade para
transgressões muito maiores?

Pretender que uma obra de ficção tenha o mesmo grau de formalidade de um editorial de jornal ou
relatório de firma revela um jeito autoritário de compreender o funcionamento não só da língua, mas da
arte também.”
(Adaptado do blog Melhor Dizendo. Post completo disponível em  http:// www   melhordizendo.com/a-que-horas-ela-volta-em-
que-ano-estamos-mesmo/. Acessado em 08/06/2016.)

Entre os excertos de estudiosos da linguagem reproduzidos a seguir, assinale aquele que corrobora os
comentários do post.

a) Numa sociedade estruturada de maneira complexa a linguagem de um dado grupo social reflete-o tão
bem como suas outras formas de comportamento. (Mattoso Câmara Jr., 1975, p. 10.)
b) A linguagem exigida, especialmente nas aulas de língua portuguesa, corresponde a um modelo
próprio das classes dominantes e das categorias sociais a elas vinculadas. (Camacho, 1985, p. 4.)
c) Não existe nenhuma justificativa ética, política, pedagógica ou científica para continuar condenando
como erros os usos linguísticos que estão firmados no português brasileiro. (Bagno, 2007, p. 161.)
d) Aquele que aprendeu a refletir sobre a linguagem é capaz de compreender uma gramática – que nada
mais é do que o resultado de uma (longa) reflexão sobre a língua. (Geraldi, 1996, p. 64.)

QUESTÃO 05 (FUVEST-2012)

“A correção da língua é um artificialismo, continuei episcopalmente. O natural é a incorreção. Note que a


gramática só se atreve a meter o bico quando escrevemos. Quando falamos, afasta-se para longe, de
orelhas murchas.”

LOBATO, Monteiro, Prefácios e entrevistas.

a) Tendo em vista a opinião do autor do texto, pode-se concluir corretamente que a língua falada é
desprovida de regras? Explique sucintamente.
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b) Entre a palavra “episcopalmente” e as expressões “meter o bico” e “de orelhas murchas”, dá-se um
contraste de variedades linguísticas. Substitua as expressões coloquiais, que aí aparecem, por outras
equivalentes, que pertençam à variedade padrão.
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QUESTÃO 06 (ENEM-2013)

Até quando?

Não adianta olhar pro céu


Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O Pensador. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto

a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.


b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.
QUESTÃO 07 (UNICAMP Adaptada)

MASSA!

“Pô Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui na Sampa, quem sabe
tu te anima e acha aí um point prá botá um nome de Magdalena Tagliaferro, Cláudio Santoro, Jacques
Klein, Edoardo de Guarnieri, Guiomar Novaes, João de Souza Lima, Armando Belardi e Radamés
Gnattali. Esses caras não foi cruner de banda a la ‘Trogloditas do Sucesso’, mas se a tua moçada não
manjar quem eles foi dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou no Groves Internacional e tu vai sacá
que o astral do século 20 musical deve muito a eles.” Júlio Medaglia, di-jei do Teatro Municipal do Rio de
Janeiro / (São Paulo, SP)
(“Painel do Leitor”, Folha de S. Paulo, 4.10.90)

a) Que grupo social pode ser identificado por este estilo? Transcreva as marcas lingüísticas
características desse grupo, presentes no texto.
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b) Em que campo da cultura deram contribuição importante os nomes mencionados na carta e que
passagem(ns) do texto permite(m) afirmar isso?
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QUESTÃO 08 (FUVEST- Adaptada)

A tua saudade corta


como aço de navaia…
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia…
E os óio se enche d’água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai…
(Fragmento de “Cuitelinho”, canção folclórica)

Se a forma do verbo atrapalhar estivesse flexionada de acordo com a norma-padrão, haveria prejuízo
para o efeito de sonoridade explorado no final do último verso? Por quê?
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QUESTÃO 09.

Causo de mineirinho

Sapassado, era sessetembro, taveu na cozinha tomano uma picumel e cuzinhano um kidicarne
cumastumate pra fazer uma macarronada cum galinhassada. Quascaí desusto quanduvi um barui
vindedenduforno, parecenum tidiguerra. A receita mandopô midipipocadenda galinha prassá. O forno
isquentô, o mistorô e o fiofó da galinhispludiu! Nossinhora! Fiquei branco quineim um lidileite. Foi um
trem doidimais! Quascaí dendapia! Fiquei sem sabê dondecovim, proncovô, oncontô. Oiprocevê
quelocura! Grazadeus ninguém semaxucô!
(http//bacaninha.cidadeinternet.com.br/home/mensagens/engraçadas).

a) O texto apresenta aspectos interessantes de variação linguística. Que dialeto é utilizado para construir
o texto?
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b) Observando a escrita de certas palavras do texto, deduza: O que caracteriza esse dialeto.
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c) Também é possível observar no texto variações de registro, especialmente quanto ao modo de
expressão. O texto apresenta marcas da linguagem escrita ou da linguagem oral? Dê exemplos que
justifiquem sua resposta.
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QUESTÃO 10.

a) a intenção de mostrar a diferença linguística ridiculariza os erros gramaticais praticados.


b) os deslizes ortográficos, ressaltados com aspas, tentam reproduzir, na escrita, a pronúncia das
palavras.
c) um mosquito é argentino, o outro, português.
d) o uso equivocado de algumas palavras não interfere na interpretação da charge.
e) a utilização de palavras específicas de cada região não contribui para a identificação da origem de
cada mosquito

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