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“e, para começar, precisamos ter em conta essa qualidade primeira da retórica que é
exprimir, quer dizer, transcrever um significado por meio de um processo
significante. Ora, essa transcrição não é mais que a degradação do semantismo dos
símbolos. Por isso, toda retórica repousa nesse poder metafórico de transposição do
sentido. Qualquer expressão acrescenta ao sentido próprio a aura, o halo do estilo, e a
retórica encaminha-se para a poesia que é equivoco. É o que aparece nos processos
metafóricos que vão da simples comparação a essas instancias mais sutis que são a
metonímia, a sinédoque, a antonomásia e a catacrese: são todas desvios da
objetividade, todas consistem em voltar para alem do sentido próprio, resíduo da
evolução linguística, à vida primitiva do sentido figurado, em transmutar sem
cessar a letra em espírito” (ibid, p. 416).
“e esta translação elementar de toda retórica não é mais que a propriedade euclidiana
de translação, porque a retórica, como a lógica, exprime-se e pensa-se em ermos de
espaço. Como o espaço é a forma do imaginário, do antidestino, a metáfora é o seu
processo de expressão, esse poder que tem o espírito, cada vez que pensa, de renovar a
terminologia, de a arrancar ao seu destino etimológico” (ibid, p. 417).
“o que se poderia chamar de autonomia das leis do significante, dizer que elas são
primárias em relação ao mecanismo da criação do sentido” (Lacan, o seminário, livro V,
Jorge zahar, 1999, p. 90).
“Desde o começo; o que entra na criação do significado não é uma pura e simples
tradução da necessidade, mas uma retomada, reassunção, remodelagem da necessidade,
criação de um desejo outro que não a necessidade. É a necessidade mais o significante”
(ibid, p. 95)
As conclusões que chegamos a partir das discussões sobre o conceito de metáfora em Durand:
- a metáfora não é simplesmente uma figura de linguagem, mas um processo cognitivo básico
da espécie humana pelo qual interpretamos e significamos o mundo a nossa volta.
- a função metafórica de criar os signos como desvios do real cumpre a função imaginária de
nos desviarmos do mais real e concreto para o homem que é a morte, portanto, a metáfora é a
função imaginária do “anti-destino” inscrita como uma estrutura da língua.