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Araçatuba-SP
2018
Pedro Vinícius Perez
Araçatuba-SP
2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
Orientador
Aprovado em ___/___/_____
DEDICATÓRIA
Este trabalho tem como base primordial demonstrar o desenrolar de quem convive com
a perturbação do sossego, visando a teoria com julgados, sendo assim mostrando a prática
forense, dando maior ênfase na solução pacífica, ou seja, utilizando a mediação. O tema deste
trabalho é de convivência de toda sociedade, pois a sujeição à poluição sonora está nos dias
atuais, utilizando assim de todo meio necessário para inibir tal conduta perturbadora.
Conforme mencionado acima, tal trabalho servirá como base norteadora para a solução
dos problemas de perturbação do sossego, podendo ser utilizado como manual de ajuda para tal
fato mencionado no tema.
Os meios utilizados são pesquisas doutrinarias, acórdãos e julgados, ou seja, formando
a jurisprudência a respeito do tema, dando maior solidez com várias citações doutrinarias, assim
demonstrando bons argumentos para a solução da lide.
This work has as its primary basis to demonstrate the progress of those who live with
disturbing the peace, order theory with trial, thus showing the forensic practice, placing greater
emphasis on peaceful, ie using mediation. The theme of this work is the coexistence of all
society, because the subjection to noise pollution is in the present day, using all means necessary
to inhibit such a disturbing conduct.
As mentioned above, such work will serve as a guiding base for the solution of problems
of disturbance of the quiet, and can be used as a help manual for this fact mentioned in the
theme.
The means used are doctrinal research, judgments and judged, that is, forming the case
law on the subject, giving greater solidity with various doctrinal citations, thus demonstrating
good arguments for the solution of the dispute.
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 10
CONCLUSÃO .............................................................................................................. 51
Bibliografia ................................................................................................................... 52
INTRODUÇÃO
Esta monografia tem como principal meio de estudo o Direito de Vizinhança, bem como
alguns institutos do Código de Processo Civil, Código Penal, Lei de Contravenção Penal, Lei
do Juizado Especial, Direito Ambiental e Autocomposição. Fazendo alguns apontamentos
sobre teoria e prática com relação a perturbação do sossego, tendo como base principal a
simplicidade em seus argumentos, possíveis soluções de conflito e o desenrolar quando possui
a atuação da polícia.
No primeiro capítulo, será exposto a crença que norteia a sociedade com relação ao
barulho, bem como a atuação da polícia militar e civil, fazendo alguns apontamentos com teoria
e prática, após isso será tratado sobre a realização da perícia e índices de medição para
configurar a perturbação do sossego, sendo assim, destrinchando qual modalidade de ação penal
se enquadra nos crimes mencionados ao longo deste trabalho.
Com relação ao segundo capítulo, adentraremos na esfera cível com relação a possíveis
danos e soluções judiciais; competência administrativa dos municípios e para finalizar o
segundo capítulo, demonstraremos o meio adequado para se chegar numa autocomposição,
assim utilizando-se da mediação e possíveis inovações na polícia militar do Estado de São Paulo
com relação a perturbação do sossego.
Para finalizar, o terceiro capitulo será destrinchado com alguns conceitos de som e ruído,
bem como exposto os meios de poluição sonora mais frequente no dia a dia da população,
demonstrando a existência de resoluções na esfera ambiental e os crimes que cometem com
relação a poluição sonora. Friso que será exposto que os cultos de qualquer natureza não
possuem inviolabilidade absoluta.
Ao longo dos três capítulos, será exposto alguns julgados para desenvolvermos a teoria
com a prática forense, bem como a possível aplicação em cada julgado e breve comentários
com relação a isto. Ampliando de maneira significativa a prática vivenciada pelos operadores
do direito.
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I. PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO
Sossego, não trata-se apenas de uma simples palavra, sendo que na sociedade
contemporânea altamente agitada as pessoas buscam um momento de tranquilidade. Para
entender seu real significado incialmente deve-se realizar uma análise etimológica.
Como explica André Pataro Myrrha de Paula e Silva (2011) “A palavra sossego deriva
do latim sessitare, de sedere, que significa sentar. Em outros termos, etimologicamente seria
mais uma ação usada para o descanso do que especificamente o descanso em si.”.
Todavia uma pesquisa em dicionários conceituados, a exemplo do dicionário Aurélio
de língua português online, encontramos a definição, sendo assim, diz que “sossego” é
Acalmar-se; descansar.
Em torno disso, se verifica a tamanha importância de um bom sossego, tranquilidade e
repouso, pois se violado esse direito, poderá trazer vários riscos para a saúde do indivíduo, em
razão disso no decorrer da leitura, será exposto meios para inibir e prevenir essa violação.
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prevenir certos atos de perturbação, para que a vida em sociedade ocorra de maneira harmônica
e pacifica, na opinião de JESUS (2014, p. 158) “A contravenção do art. 42 perturba o sossego
de um número indeterminado de pessoas; a do art. 65, a tranquilidade de pessoa determinada.”
Vale ressaltar que essas duas contravenções mencionadas acima possuem previsão legal
de prisão simples, sendo estas infrações de menor potencial ofensivo, no decorrer da leitura será
demonstrado todos os meios pertinentes a essa matéria.
Por outro lado, ainda existe a crença imposta pela sociedade, sendo está de que o barulho
deve ser paralisado ou ao menos o excesso do baralho das 22 horas até as 05 horas, entretanto
tal argumento é falso, pois no artigo 42 e 65 da Lei de contravenções penais não traz qualquer
referência a respeito de horários, sendo está norma infraconstitucional, ou seja, lei ordinária, in
verbis.
Art. 65. Molestar alguem ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo
reprovavel:
Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil
réis a dois contos de réis.
Diante disto, com o texto claro da lei, não se verifica qualquer horário determinado a
utilização ou paralização do som, sendo de maneira alta ou baixa, durante a tarde ou a noite, ou
seja, ficando a critério da boa vizinhança a respeito do barulho, sendo assim nota-se a falsa
argumentação da crença imposta pela sociedade.
Além disso, verifica a imensa jurisprudência a respeito deste tema tratado, pois é algo
do cotidiano de qualquer ser humano, ou seja, a jurisprudência mencionada logo abaixo diz
respeito ao cometimento da infração penal prevista no artigo 42, I da Lei de Contravenções
Penais, foi comprovado a materialidade e a autoria delitiva, houve declarações de testemunhas
em juízo, restou evidente o dolo do agente, se verifica a intervenção da polícia, as provas orais
se encontram em perfeita harmonia com a para a condenação do réu.
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MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. PROVAS SUFICIENTES.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNICA NÃO VERIFICADO. RECEPÇÃO DA LCP.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Cuida-se de recurso interposto pelo
réu em face da sentença que julgou procedente a pretensão punitiva estatal constante
na denúncia (Art. 42, inciso I do Decreto Lei 3.688) e condenou o denunciado à pena
de 15 (quinze) dias de prisão simples, em regime aberto. Promovida a substituição da
pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, diante do enquadramento do
acusada nos requisitos objetivos e subjetivos do art. 44 do Código Penal, cujos termos
e condições deverão ser fixados pelo Juízo das Execuções Criminais. 2. O Art. 42 da
Lei de Contravencoes Penais prevê como contravenção perturbar alguém o trabalho
ou o sossego alheios: I - com gritaria ou algazarra; II - exercendo profissão incômoda
ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III - abusando de instrumentos
sonoros ou sinais acústicos; IV - provocando ou não procurando impedir barulho
produzido por animal de que tem a guarda: Pena - prisão simples, de quinze dias a três
meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de ré. 3. No caso, as provas
carreadas aos autos são firmes quanto à comprovação da autoria e da materialidade
delitivas da contravenção imputada ao réu, ora recorrente, pois, com base no conjunto
probatório, notadamente pelos fatos constantes no Termo Circunstanciado da
Ocorrência Policial nº 749/2014 (fls. 02/17), e pelas declarações das testemunhas,
produzidos em juízo, a f.107 e 111, resta demonstrada a conduta do réu em perturbar
o sossego e trabalho alheio, atingindo terceiros. 4. Ademais, colhe-se dos referidos
depoimentos que o réu agiu com a intenção de perturbar o sossego e trabalho alheio,
em meio hospitalar, sendo necessária a intervenção policial (f.111 - depoimento de
Fábio Sousa Barbosa). No mesmo sentido o depoimento da testemunha, à f.107. 5.
Conforme salientado no opinativo ministerial, as provas orais produzidas em Juízo
estão em harmonia e são coerentes entre si, não há depoimentos antagônicos das
vítimas, revelando credibilidade para embasar a condenação criminal. 6. A situação
delineada na peça acusatória guarda correlação com os fatos apresentados, o que
demonstra satisfatoriamente a autoria e materialidade da infração imputada ao réu. 7.
Esclareço que as circunstâncias não ensejam a aplicação do princípio da
insignificância, pois, no caso, não falar-se em mínima ofensividade da conduta, em
inexpressiva lesão ao bem jurídico tutelado e, ainda, em reduzido grau de
reprovabilidade, requisitos necessários para a aplicação do referido princípio. 8. A Lei
de Contravencoes Penais foi recepcionada pela CF e cuida de infrações de menor
repercussão social, quando comparadas às tipificadas no CP. Não se pode dizer,
entretanto, que não impliquem lesão ou que sejam irrelevante penal, mas apenas
suscetíveis a penas mais brandas. Por isso, não há que se falar em ofensa aos princípios
da intervenção mínima ou subsidiariedade, da fragmentariedade e da lesividade.
(Acórdão n.869209, 20140610113247APR, Relator: SOUZA E AVILA, 2ª Turma
Criminal, Data de Julgamento: 21/05/2015, Publicado no DJE: 27/05/2015. Pág.:
180). Neste contexto, o Decreto Lei 3.688/1941 foi recepcionado pela Constituição
Federal de 1988, o que torna prejudicada a tese alegada pelo querelante. 9. Recurso
conhecido e desprovido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.
(TJ-DF - APJ: 20140610098620, Relator: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO,
Data de Julgamento: 02/02/2016, 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do
Distrito Federal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 05/02/2016 . Pág.: 321)
Friso novamente que para ocorrer a perturbação do sossego basta qualquer horário, seja
de manhã ou tarde ou a noite, devendo apenas estar enquadrado no artigo 42 e 65 da Lei de
Contravenções Penais, sendo assim não há horário definido para silenciar qualquer meio de
perturbação conforme a crença demonstrada.
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A respeito do tópico mencionado acima, quem fará a primeira abordagem e tomará as
primeiras devidas providencias em relação a prática de perturbação do sossego será a polícia
militar.
Como explica o autor Fábio Tavares Sobreira, a respeito do que seria polícia militar e
polícia judiciaria:
Diante da explicação de Sobreira, dar-se-á por complementar ainda com base num
decreto que disciplina o regulamento para os policiais militares, sendo este de enorme
importância.
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as providências necessárias a minimizar a situação e orientando o responsável a
proceder o encerramento da perturbação, sob pena de prisão pelo cometimento do
crime de desobediência, apreensão dos instrumentos do crime e lavratura do Boletim
de Ocorrência;
4.2 No caso do delito de perturbação do sossego alheio cometido em residência
particular, o policial militar deverá ADVERTIR o proprietário da residência sobre a
perturbação causada por gritaria, algazarra, instrumentos sonoros ou sinais acústicos,
fazendo com que cesse a perturbação. Persistindo a perturbação, o policial militar
deverá efetuar a prisão do infrator pelo cometimento do crime de desobediência,
LAVRAR o BO, efetuar a APREENSÃO do objeto causador da perturbação, se
necessário;
(COSTA, 2009)
Para melhor entendimento sobre o que seria polícia civil, foi elaborado um manual
operacional, então diante disto pode-se definir segundo (Manual operacional do policial civil,
2002, p. 207). “Ela opera depois da prática da infração penal, auxiliando o Poder Judiciário na
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apuração completa da realidade criminal, para oportuna imposição da correspondente sanção
penal.”.
A polícia civil atua após ter-se consumado aquele delito que é sinônimo de crime, ou
contravenção penal, buscando assim a sua solução e sanção correspondente. De acordo com
Diego Augusto Bayer (2013) “A infração penal possui duas espécies: crime/delito e
contravenção penal.”.
Conclui-se que a prática de perturbação do sossego corresponde a uma contravenção
penal, sendo este, crime de menor potencial ofensivo. Segundo explica Paulo Rangel (2017, p.
756) “vamos nos limitar a traçar apenas o rito processual nas infrações penais de menor
potencial ofensivo, ou seja, o rito sumaríssimo previsto na seção III do Capítulo III da Lei nº
9.099/1995.”. Diante disto trata-se do Juizado Especial Criminal a competência para
julgamento, porém incumbe a polícia judiciaria (polícia civil) a sua apuração e investigação a
fim de soluciona-lo.
A polícia somente poderá dar andamento as investigações mediante abertura de boletim
de ocorrência, segundo o Manual Operacional mencionado acima diz que:
O termo circunstanciado, ou na palavra do dia a dia dos policiais que chamam isto de
T.C. serve para celeridade nos conflitos de menor potencial ofensivo, sendo este como meio
para desabarrotar o tamanho de serviço da polícia com relação a crimes pequenos, segundo
explica Pedro Henrique Demercian e Jorge Assaf Maluly:
Uma das agruras do processo penal reside na necessidade de sua maior agilização, não
só como pedagógico instrumento de prevenção geral, como também em prol do
próprio imputado, que tem o direito de ver rapidamente definida sua situação perante
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a Justiça Criminal, e da própria sociedade, que aguarda a rápida solução das
discussões judiciais. A lei em estudo não resolverá o complexo problema da
criminalidade. No entanto, representará, por certo, importante instrumento para a
solução legal de casos menores (de duvidosa reprovabilidade na esfera penal) e, como
conseqüência, permitirá um combate mais eficaz aos crimes de maior potencial
ofensivo, notadamente a propalada criminalidade organizada, que, mais do que nunca,
hodiernamente, tem intranqüilizado a sociedade.
(DEMERCIAN, 2008, p. 47)
O T.C. dispensa a realização de inquérito policial, ou seja, não é proibido, mas sim
dispensado, sendo assim em certos casos pode-se ter a abertura de inquérito policial. Nota-se
que pode haver requisição de exames periciais mesmo na fase de investigação, segundo explica
Renato Marção.
Outro detalhe é que o T.C. possui fases, sendo a primeira chamada de fase preliminar,
as demais fases serão explicadas no item 2.5.2, de acordo com a palavra em negrito e a nobre
palavra de Edilson Mougenot.
Podemos concluir que não se trata de um procedimento simples, porém muito necessário
para não superlotar o serviço da polícia, ou seja, não lotar de crimes anões. A polícia tomara
todas as medidas necessárias para concluir o Termo Circunstanciado, conforme demonstrado
acima, porém não haverá aquele rigor de um inquérito policial, a luta contra o prazo, pois
inquérito possui prazo para ser concluído, sendo assim se nota uma briga contra o tempo, outra
vantagem que se verifica no termo circunstanciado são os princípios norteadores do Juizado
Especial Criminal, tornando assim um procedimento célere e econômico para as partes, de
acordo com o mencionado acima.
Até então tudo foi no Estado perfeito, ou seja, no plano ideal, porém na prática se
verifica a não compreensão de alguns indivíduos causadores da perturbação, sendo assim a
polícia militar que é a que atua de maneira preventiva acaba sofrendo agressões verbais e até
mesmo a pertinência com relação ao som alto causador do incomodo, conforme assunto
explanado no memorando da polícia militar, tratado no item 1.2.
A maneira para controlar este aglomerado de confusão e a ordem para sessar o
incomodo, ou seja, é o policial se valer do código penal, sendo este o crime de desobediência,
de acordo com o artigo mencionado logo abaixo, in verbis.
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Existe peculiaridade quanto a este dispositivo legal, segundo explica Guilherme Souza
Nucci (2017, p. 1467) “desobedecer significa não ceder à autoridade ou força de alguém, resistir
ou infringir. É preciso que a ordem dada seja do conhecimento direto de quem necessita cumpri-
la.”.
A ordem deve ser direta e individual, ou seja, o destinatário da ordem tem que ter ciência
inequívoca, ou seja, não admitindo engano, sendo assim o indivíduo causador da perturbação
terá que sessar de imediato, caso contrário responderá por este crime.
Verifica-se duas jurisprudências a respeito do tema tratado, sendo assim se nota a
enorme importância deste dispositivo normativo, servindo como meio de coação para alcançar
o objetivo desejado, ou seja, buscar a tranquilidade na vizinhança.
1.4. Perícia
Este é um ponto primordial para o ministério público, pois elaborado o laudo pericial,
sendo este feito pelo perito, então haverá prova concreta para o oferecimento da denúncia ou
arquivamento, sendo assim trata-se de arquivamento caso, no momento da medição dos decibéis
no local da perturbação não atingindo a quantidade em que a lei prevê, ou seja, haverá o
arquivamento.
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Friso novamente que a perícia pode ser realizada na fase policial, cabendo ao delegado
de polícia a nomeação, conforme mencionado logo acima, ou mediante requerimento do
ministério público, sendo assim caberá ao juiz a nomeação do perito ou até mesmo de ofício.
Segundo o ilustre Guilherme de Souza Nucci (2017, p. 533) diz o que é perito, “É o
especialista em determinada matéria, encarregado de servir como auxiliar da justiça,
esclarecendo pontos específicos distantes do conhecimento jurídico do magistrado.”.
Pode-se indagar a enorme importância do perito, pois é o que detém conhecimentos
técnicos a respeito da matéria tratada, sendo assim uma prova relativa no processo penal,
possuindo apenas poder de convencimento em relação ao magistrado, conforme explica
Alexandre Cebrian Araujo.
Possuindo até mesmo previsão legal no artigo 182 do código de processo penal
(DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941) disciplina, in vervis “Art. 182. O
juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.”.
(BRASIL, 1941)
Conforme as palavras de Eugênio Pacelli (2017, P. 433) “A prova pericial, antes de
qualquer outra consideração, é uma prova técnica, na medida em que pretende certificar a
existência de fatos cuja certeza, segundo a lei, somente seria possível a partir de conhecimentos
específicos.”.
O perito possui capacidade total para buscar a verdade real dos fatos, sendo assim
profissional capacitado, friso que a função do perito é de enorme importância, pois é este que
utilizara de seus meios para atestar a gravidade da perturbação.
Assim, há jurisprudências a respeito da desnecessidade de perícia, devendo assim
analisar o caso concreto, porém não é a melhor opção para quem busca uma condenação, pois
a perícia serve como prova material para embasar toda a denúncia, conforme se extrai logo
abaixo.
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MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. 1. Cuida-se de recurso interposto pelo réu em face da sentença que
julgou procedente a pretensão punitiva estatal constante na denúncia (Art. 42, incisos
I e III do Decreto Lei 3.688) e condenou o denunciado à pena de 15 (quinze) dias de
prisão simples, em regime aberto. Promovida a substituição da pena privativa de
liberdade em restritiva de direitos, diante do enquadramento do acusado nos requisitos
objetivos e subjetivos do art. 44 do Código Penal, em prestação pecuniária arbitrada
na quantia de 03 (três) salários mínimos vigentes na época da infração penal, corrigida
monetariamente pelo INPC por ocasião do pagamento em benefício de entidade
pública ou privada com destinação social, em condições a serem fixadas pelo Juízo da
Execução das Penas e Medidas Alternativas. 2. Preliminar. A denúncia descreve
suficientemente o fato imputado ao acusado, narra o período compreendido (tarde de
sábado do dia 08 de fevereiro de 2014 e a manhã do dia 09 de fevereiro de 2014); o
local (SHIS, QI 03, Conjunto 07, casa 05, Lago Sul), residência do réu; a estrutura do
evento (pulseira identificadora, estrutura de som profissional, gerador de energia de
grande porte e banheiros químicos); a forma de perturbação (barulho excessivo, média
200 pessoas, ruídos, algazarras, buzinaços veiculares, excesso de carros na quadra
residencial dificultando a entrada e saída de moradores e do serviço de coleta de lixo,
lixo excessivo na rua); o descumprimento do acordo realizado nos autos
2010.01.1.131914-4 (compromisso de não realizar festas em sua residência que venha
a perturbar a vizinhança), o que ocasionou o termo circunstanciado, e a liberalidade
do réu, que podendo evitar ou minorar a perturbação gerada, manteve-se inerte.
Prejudicada a tese recursal de inépcia da denúncia. Preliminar da defesa rejeitada. 3.
O Art. 42 da Lei de Contravencoes Penais prevê como contravenção perturbar alguém
o trabalho ou o sossego alheios: I - com gritaria ou algazarra; II - exercendo profissão
incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III - abusando de
instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV - provocando ou não procurando impedir
barulho produzido por animal de que tem a guarda: Pena - prisão simples, de quinze
dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de ré. 4. A situação
delineada na peça acusatória guarda correlação com os fatos apresentados, o que
demonstra satisfatoriamente a autoria e materialidade da infração imputada ao réu. 4.
Esclareço que a incidência do princípio in dubio pro réu aplica-se quando não há
evidências concretas da autoria e/ou materialidade do crime em toda a fase de
instrução criminal, o que não é demonstrado no caso em tela. 5. A coletividade é o
sujeito passivo da contravenção do Art. 42, entretanto não há fixação de número
mínimo de pessoas para a apresentação de queixa crime, sendo possível a interposição
da reclamação por uma vítima e confirmada por demais moradores, o que foi realizado
nos autos, por meio dos termos de declarações (fls. 116/122-v). 6. Ademais, a ausência
de prova pericial da emissão sonora (nível de ruído) não impede a caracterização da
contravenção, desde que haja elementos probatórios que comprovem o alegado, como
na hipótese vertente (Acórdão n.825027, 20130110424064APJ, Relator: EDI MARIA
COUTINHO BIZZI, 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal,
Data de Julgamento: 07/10/2014, Publicado no DJE: 14/10/2014. Pág.: 271) 7.
Recurso conhecido e desprovido. Preliminar rejeitada. Sentença mantida por seus
próprios fundamentos.
(TJ-DF - APJ: 20140110470224, Relator: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO,
Data de Julgamento: 02/06/2015, 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do
Distrito Federal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 08/06/2015 . Pág.: 315)
Neste caso concreto não houve perícia, entretanto nota-se que o acusado abusou de seu
direito ao ponto que descumpriu o estabelecido no Termo Circunstanciado, servindo desta
forma para condenação, outro detalhe é a verificação de materialidade e autoria no caso
mencionado acima, friso que a perturbação do sossego deve atingir a coletividade para se
enquadrar nesta contravenção penal, por derradeiro, no caso acima nota elementos probatórios,
sendo assim a comprovação de tais fatos são de plena veracidade.
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Constatamos que a perícia é de suma importância, mas podendo ser desnecessária, tendo
assim que analisar cada caso concreto para poder estabelecer qual será a necessidade, devendo
atentar-se a materialidade e a autoria, bem como depoimento de testemunhas e prova em
concreta.
Nota-se que possui meios corretos para estabelecer a medição dos decibéis pelo perito,
sendo assim seguindo vários critérios e padrão imposto para tal. A norma que regulamenta é a
NBR 10151 – Acústico – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da
comunidade – procedimento, sendo esta publicada em junho de 2000, mas sofrendo alterações
em junho de 2003.
Está norma em sua redação, estabelece o principal objetivo sendo este, in verbis:
1 Objetivo
1.1 Esta Norma fixa as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído
em comunidades, independente da existência de reclamações.
1.2 Esta Norma especifica um método para a medição de ruído, a aplicação de
correções nos níveis medidos se o ruído apresentar características especiais e uma
comparação dos níveis corrigidos com um critério que leva em conta vários fatores.
1.3 O método de avaliação envolve as medições do nível de pressão sonora
equivalente (LAeq), em decibels ponderados em "A", comumente chamado dB(A),
salvo o que consta em 5.4.2.
(ABNT, 2000)
Assim se verifica que não precisa da existência de reclamação para que o poder público
possa agir, entretanto não é o que se nota nos dias atuais, sendo que deve-se formalizar uma
reclamação para que desta forma possam tomar as devidas providencias. Diante disto se vê a
total desconformidade com a norma mencionada acima, ou seja, trazendo inúmeros
aborrecimento e problemas de saúde por parte de quem sofre com a perturbação do sossego,
pois, tal meio aparenta estar engessado na cultura do povo brasileiro.
Conforme explica Maria Luiza Machado Granziera, a respeito da fiscalização dos
órgãos públicos.
Além disso, ficou definido que às entidades e órgãos públicos federais, estaduais e
municipais competentes, no uso de seu poder de polícia, cabe dispor sobre a emissão
ou proibição da emissão de ruídos produzidos por quaisquer meios ou de qualquer
espécie, considerando sempre os locais, horários e a natureza das atividades
emissoras, com vistas a compatibilizar o exercício das atividades com a preservação
da saúde e do sossego público. Para tanto, as medições devem ser efetuadas de acordo
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com a NBR 10.1516 – Avaliação do Ruído em Áreas Habita- das, visando ao conforto
da comunidade, da ABNT.
(GRANZIERA, 2015, p.682)
Os tipos de áreas são mencionados de acordo com a utilização do solo, variando assim
de determinadas localidades sobre a cidade que tiver a perturbação. A matéria pertinente sobre
zoneamento é de competência dos municípios legislar, sendo que para atestar qual área se
encontra aquela perturbação do sossego deve-se analisar a legislação daquele município, para
desta forma comparar juntamente com a tabela mencionada acima.
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1.4.2. NBR 10152
A NBR 10152 trata de Níveis de ruído para conforto acústico, havendo a publicação em
dezembro de 1987. Tal objetivo desta norma é de assegurar o ruído em situações diversas, tendo
assim uma quantia determinada para cada situação e localidade, não sendo este baseado em
áreas, conforme o mencionado acima. O procedimento adotado para auferir a medição é o
mesmo referente ao item acima, sendo este padrão para toda e qualquer situação, devendo seguir
a NBR 10151 quanto a medição.
Segue abaixo a tabela referente o que consta na NBR 10152, sendo este estabelecendo
a localidade e a quantidade de decibéis para cada situação:
Pode-se concluir que a norma da ABNT NBR 10151 e NBR 10152, são de extrema
importância para realizar a medição dos decibéis, pois estas normas que trarão qual a quantidade
para cada caso concreto, insta salientar que deve-se a tentar com o zoneamento estabelecido
para cada Município, sendo assim utilizara o zoneamento em comparação com as tabelas
demonstrada acima.
Neste momento os peritos irão elaborar um laudo, sendo este com todos os elementos
necessários para a solução, na opinião de Alexandre Araújo Reis e Victor Rios Gonçalves
(2017, p. 288) “Laudo é o documento elaborado pelo perito para corporificar o exame pericial,
de modo a registrar suas constatações e as conclusões de ordem técnica a que chegou.”.
O laudo pericial terá um prazo para ser concluído, sendo assim, não ficando à mercê e
a boa vontade do perito, tendo que cumprir tal previsão expressa do Código de Processo Penal,
in verbis:
Para melhor elucidar tal explanação mencionada acima, explica Fernando Capez:
Laudo pericial: Nada mais é do que o documento elaborado pelos peritos, o qual deve
conter: descrição minuciosa do objeto examinado; respostas aos quesitos formulados;
fotografias, desenhos etc., sempre que possível.
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Por outro lado, o laudo pericial pode ainda ser complementado, quando se apresentar
lacunoso, deficiente e obscuro, iniciativa que caberá à autoridade policial ou
judiciária, dependendo da fase em que estiver a apuração.
(CAPEZ, 2017, p. 419)
Dar-se-á em expor que o laudo pericial é uma ferramenta de extrema importância para
a ação penal, pois irá conter descrição minuciosa do objeto examinado, irá responder a
determinados quesitos feitos diretamente para o perito, conterá fotografia da coisa periciada,
sendo assim o perito irá se valer de seus meios críticos para expor as razões ou motivos que
fundamentem seu parecer.
É de suma importância saber a diferença entre corpo de delito e exame de corpo de
delito, pois no dia a dia as pessoas creem que sejam as mesmas coisas, porém trata-se de
assuntos distintos, conforme explica Rejane de Arruda (2014, p. 114) “Não se deve confundir
corpo de delito (vestígios da infração) com exame de corpo de delito (perícia realizada sobre os
ditos vestígios)” Podemos concluir que corpo de delito são os componentes que restaram do
crime, sendo assim o típico exemplo do difundo que foi sujeito de homicídio; já exame de corpo
de delito é a perícia executada no corpo de delito, sendo assim, reunindo todos os instrumentos
abandonados no fato do crime.
27
(JESUS, 2014, p.63)
Sendo assim, firma-se posicionamento de que ação penal para a contravenção é ação
penal pública incondicionada, conforme menciona acima Damásio de Jesus, e de total
competência do Ministério Público para oferecer denúncia, conforme esclarece a Constituição
da República Federativa Do Brasil, em seu artigo 129, I (BRASIL, 1988), in verbis: “São
funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal
pública, na forma da lei;”.
Em se tratando de crime de desobediência, sendo este com previsão no código penal, a
ação penal será pública incondicionada, conforme previsão legal no referido código penal em
seu artigo 100, in verbis:
“Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando
a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da
Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
Isto posto podemos concluir que a ação penal para ambos os crimes é de ação penal
pública incondicionada, ambos infração de menor potencial ofensivo e sujeitos ao juizado
especial criminal.
28
II. DIREITO DE VIZINHANÇA
Por assim dizer o alcance da expressão vizinhança não se aplica apenas aos prédios
contíguos, na verdade a expressão se revela dotada de grande amplitude e se estende
até́ onde o ato praticado em um prédio possa produzir consequências em outro, como,
por exemplo, no caso do barulho provocado pelo som em alto volume proveniente de
um imóvel residencial, de um bar ou de uma boate, dentre tantas outras hipóteses, em
que se apresenta uma interferência de prédio a prédio, não importando a distância,
acabam por ensejar conflito de vizinhança.
(JR, 2015, p.703-704)
Trata-se dos 3S, ou seja, saúde, sossego e segurança. Podemos expor que o ruído
causado poderá trazer sérios riscos a integridade mental do lesado, sendo essas as sujeiras no
local, fezes, ou seja, tudo contra a saúde daquela vizinhança; referente ao sossego podemos
mencionar as gritarias em geral, algazarras e propagação de som, pois ferirá a harmonia daquele
local; para finalizar, a segurança poderá ser tanto segurança de seus bens quanto de sua própria
integridade.
Carlos Roberto Gonçalves classifica como meio abusivo tal conflito mencionado acima,
conforme se extrai de sua nobre doutrina:
Abusivos são os atos que, embora o causador do incômodo se mantenha nos limites
de sua propriedade, mesmo assim vem a prejudicar o vizinho, muitas vezes sob a
forma de barulho excessivo. Consideram-se abusivos não só́ os atos praticados com o
propósito deliberado de prejudicar o vizinho, senão também aqueles em que o titular
exerce o seu direito de modo irregular, em desacordo com a sua finalidade social.
(GONÇALVES, 2017, p. 350)
A teoria não é absoluta, devendo assim analisar a situação em concreto, pois caso fosse
absoluta os primeiros moradores que se instalassem naquela localidade iriam assim definir
como se comportaria aquele bairro, ferindo assim a personalidade de cada indivíduo que
adquirisse imóveis naquela região, pois cada ser humano possui um jeito de ser, variando assim
de todos. Pode-se complementar que neste argumento mencionado poderia ferir a liberdade de
compra, pois o indivíduo estaria vinculado com o jeito daquele bairro.
Frisa-se que tal teoria não pode ser tratada de forma absoluta e servir como escudo para
eventuais ações judiciais, sendo assim não permitindo a violação ao direito de vizinhança, ou
seja, saúde, sossego e segurança, devendo analisar nas normas municipais o determinado
zoneamento dos bairros, para verificar se é permitido aquela quantidade de decibéis no local.
Na jurisprudência exposta logo abaixo tal argumento mencionado acima:
31
a 05,45 horas, período em que, numa cidade como São Paulo, há intenso movimento
de pessoas e veículos, todas deslocando da residência para o local de trabalho e vice-
versa. Não há dano moral quando os ruídos apurados para o período de aferição válido
(diurno) são compatíveis com os máximos tolerados por tabela de órgão estatal
competente para fiscalizar o meio ambiente (CETESB), valendo anotar que a ré, tão
logo cientificada das reclamações feitas pelos moradores do local onde reside a autora,
iniciou estudos para instalação de barreiras acústicas e que restaram executadas no
curso do processo. O interesse público da grande maioria da população local, que faz
uso das linhas de metrô, sobrepõe-se ao interesse particular de moradores ao longo de
sua extensão e que se sentem prejudicados pela poluição sonora, mas em níveis
permitidos.
(TJ-SP - APL: 01843068620098260100 SP 0184306-86.2009.8.26.0100, Relator:
Kioitsi Chicuta, Data de Julgamento: 07/05/2015, 32ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 07/05/2015)
Quando se trata de responsabilidade na esfera cível, seja por danos morais ou materiais,
deve-se frisar que o barulho causador, sendo este em excesso ocasionara tal indenização, pois
ferirá o direito de personalidade, ou seja, o direito à saúde do indivíduo lesado, sendo que tais
direitos são indisponíveis e intransmissíveis.
A respeito dos danos materiais, será devido quando o lesado tiver que custear quaisquer
medicamentos para sua saúde, sendo está em detrimento a lesão com o excesso do barulho,
outro fator poderá ser o custo com o laudo pericial, caso seja feita por particular, e para finalizar
poderá ser a típica reforma do imóvel, pois caso o barulho seja de maneira exorbitante, causara
risco ao imóvel, uma vez que poderá sofrer rachaduras, e dentre outros exemplos.
Segundo a nobre palavra de Carlos Roberto Gonçalves, diz que:
Ilegais são os atos ilícitos que obrigam à composição do dano, nos termos do art. 186
do Código Civil, como, por exemplo, atear fogo no prédio vizinho. Ainda que não
existisse o supratranscrito art. 1.277, o prejudicado estaria protegido pela norma do
art. 186, combinada com o art. 927, caput, do mesmo diploma, que lhe garantem o
direito à indenização. Se o vizinho, por exemplo, danifica as plantações de seu
confinante, o ato é ilegal e sujeita o agente à obrigação de ressarcir o prejuízo causado.
(GONÇALVES, 2017, p.350)
32
DIREITO DE VIZINHANÇA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS. IMÓVEL UTRILIZADO PARA REUNIÕES
FAMILIARES E DE AMIGOS. BARULHO EXCESSIVO. PERTURBAÇÃO DO
SOSSEGO DE VIZINHO. USO NOCIVO DA PROPRIEDADE. OCORRÊNCIA.
DANOS MORAIS. CONFIGURAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA. Recurso de
apelação improvido.
(TJ-SP – APL: 00020379720138260566 SP 0002037-97.2013.8.26.0566, Relator:
Cristina Zucchi, Data de Julgamento: 18/05/2016, 34ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 24/05/2016)
Segue a baixo outra jurisprudência a respeito deste tema tratado, sendo assim
demonstrando de maneira sólida a o posicionamento dos tribunais, porém devendo analisar cada
caso concreto.
Levando em consideração esses aspectos, podemos afirmar que deve analisar cada caso
concreto. As jurisprudências mencionadas, estão servindo como parâmetro informativo para
exporem o ato ilícito, pois tais argumentos formam a solidez da jurisprudência, devendo atentar-
se aos artigos 1.277, 1.78, 186 e 927 do Código Civil.
Este tema é simplesmente o alicerce do processo civil, bem como de futuras ações que
envolvam a cessação de barulho em determinado local, seja residencial ou comercial, pois
33
imporá em uma obrigação, sendo esta pela via judicial, ou seja, transformando-se em título
executivo, após o transito em julgado.
Se o causador do barulho persistir em continuar, sofrerá possíveis punições, sendo esta
a imediata paralização em razão do título anteriormente mencionado e multa diária, pois estará
especificado no mesmo, tal multa servirá de maneira pedagógica, a fim de coagir tal
continuidade barulhenta naquele local.
Tendo como base legal, o artigo 497, 536, §1º e 538, §3º, todos do Código de Processo
Civil:
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz,
se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a
reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a
demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo
Observa-se que trata de pedido cominatório, sendo este a junção de obrigação mais
multa diária. Para melhor explicar, menciono a nobre palavra de Marcelo Abelha:
O preceito cominatório de multa processual pode ser requerido pela parte ou deferido
de ofício pelo juiz, como se verifica no artigo 139, IV, do CPC, para efetivação das
decisões judiciais, em qualquer tipo de obrigação. Trata-se de técnica processual que
tem por finalidade privilegiar a obtenção da tutela jurisdicional, e, por isso mesmo,
permite que o autor agregue ao pedido de cumprimento da futura decisão a técnica
coercitiva cominatória de multa para o caso de não cumprimento espontâneo do
provimento judicial. Ainda que o autor não tenha formulado o pedido, é perfeitamente
possível que o magistrado, de ofício, imponha a técnica de execução indireta.
(ABELHA, 2016, p. 480)
No mesmo sentido, a doutrina de Ernane dos Santos (2017, p. 120), explica que “A pena
pecuniária é preceito cominatório, forma de coerção a que o condenado pratique ou se abstenha
34
de praticar algum fato: construir uma casa, dar um parecer, pintar um quadro, fazer cessar
atividade que esteja a perturbar a comodidade ou sossego do vizinho...”.
Ainda na mesma linha de raciocínio, o Código de Processo Civil é claro em estabelecer
que a multa diária é revertida ao credor, ou seja, aquele que sofre com a perturbação do sossego.
Segundo Montenegro Misael Filho, explica que:
A medida de apoio mais eficaz é a multa diária, que é revertida para o credor, cuja
fixação independe de requerimento da parte e pode ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, devendo ser suficiente e
compatível com a obrigação. O § 1º do art. 537 prevê que o juiz pode, de ofício ou a
requerimento da parte, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou
excluí-la, sem eficácia retroativa, caso verifique que se tornou insuficiente ou
excessiva ou que o obrigado demonstrou o cumprimento parcial superveniente da
obrigação ou justa causa para o descumprimento.
(FILHO, 2017, p. 157)
Em torno disso, podemos destacar que quando se trata de pedido cominatório este não
é essencial, sendo que ao passo do Código de Processo Civil em seus artigos mencionados neste
tópico, diz a respeito da tutela específica, pois, deve-se tratar tão somente sobre ações de
obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa. O juiz poderá definir outra medida que seja
mais útil ao processo, ou seja, convertendo a multa diria por outro meio, sendo esta com o
objetivo de assegurar a finalidade do processo. Friso que o magistrado terá a faculdade em
designar de ofício, típico exemplo é o autor que não requer na petição inicial, ou seja, propõem
a obrigação de não fazer, mas esquece do meio de coerção pedagógica. Sempre pautado pelo
princípio da razoabilidade.
Frisa-se algumas jurisprudências a respeito deste tema, sendo assim elucidando com
maior clareza.
Observa-se a utilização da ação cominatória cumulada com multa diária, sendo esta para
assegurar o resultado útil do processo.
2.2.1. Alvarás
Este tópico é de suma importância para a busca da paz social, pois, serão os Municípios
que farão a cassação dos alvarás de funcionamento dos bares, casas noturnas, salão de festa,
eventos e dentre outros estabelecimentos, ou seja, mediante o código de postura estabelecido
por cada municipalidade.
Para melhor compreensão do tema, cito a competência dos Municípios na questão de
legislar, segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 30, I e II
(BRASIL, 1988), in verbis:
37
ART. 2º -- Cumpre às pessoas físicas e jurídicas a observância das disposições aqui
especificadas, buscando a concretização de suas finalidades, tendo por objetivo o
bem-estar da população no que diz respeito à saúde, ao sossego e à segurança.
ART. 7º -- As infrações resultantes do descumprimento das disposições desta Lei
serão punidas com as seguintes penas:
a) multa;
b) apreensão;
c) embargo;
d) suspensão, e
e) cassação de alvará de localização e funcionamento.
§ 1º -- Multa é a contraprestação pecuniária decorrente de descumprimento de norma
ou regulamento.
§ 2º -- A apreensão consiste na perda momentânea ou definitiva de bens ou produtos
que sejam utilizados ou estejam em desacordo com a legislação.
§ 3º -- O embargo, sem detrimento da multa incidente, consiste no impedimento do
munícipe de continuar fazendo qualquer coisa que venha em prejuízo da população,
ou de praticar qualquer ato que seja proibido por esta Lei ou Regulamento Municipal.
§ 4º -- A suspensão implica na paralisação da atividade por tempo determinado.
§ 5º -- A cassação do alvará de localização e funcionamento implica na supressão
definitiva da atividade.
(BIRIGUI, 2009)
Art. 190 Compete à Prefeitura licenciar e fiscalizar todo e qualquer tipo de instalação
de aparelhos sonoros, engenhos que produzem ruídos, instrumentos de alerta,
advertência, propaganda ou sons de qualquer natureza, que pela intensidade de
volume, possam constituir perturbação ao sossego público ou da vizinhança.
Parágrafo único. A falta de licença para funcionamento de instalações ou instrumentos
a que se refere o presente artigo, implicará na aplicação de multa e na intimação para
retirada dos mesmos no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, sob pena de multas
diárias, de valor dobrado do inicial.
Art. 335 A licença de localização de estabelecimento comercial, industrial, prestador
de serviço ou similar poderá ser cassada nos seguintes casos:
V - quando se tornar local de desordem ou imoralidade;
VI - quando o funcionamento do estabelecimento for prejudicial à ordem ou ao
sossego público;
Parágrafo único. Cassada a licença, não poderá o proprietário do estabelecimento,
salvo se for revogada a cassação, obter outra para o mesmo ramo de atividade ou para
ramo idêntico durante três anos.
(ARAÇATUBA, 1971)
Em torno disso, o alvará não serve como escudo para os causadores de barulho, podendo
ser cassado a qualquer momento, porém apenas o Município que tem competência para tal.
2.3. Autocomposição
38
Define-se como um método atualizado para solucionar conflitos, sendo este sobre
pessoas, ao ponto que apenas será tratado sobre a mediação, pois é o aplicável no caso concreto
sobre perturbação do sossego, ou seja, dentro do direto de vizinhança.
Segundo a nobre palavra de Marcelo Abelha em sua doutrina, explica que:
Para melhor elucidar, o Código de Processo Civil é claro em seus artigos a respeito da
autocomposição entre as partes, cito o artigo 3º, 139 e 334
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de
mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com
pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§ 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de
conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as
disposições da lei de organização judiciária.
(BRASIL, 2015)
Este diploma legal quer um judiciário mais ativo com relação a autocomposição, através
de estímulos a qualquer parte do processo, buscando assim a harmonia entre as partes. Outro
39
ponto crucial é diminuir as ações perante o poder judiciário, visando novamente a harmonia e
a celeridade na solução do conflito.
Conforme explica Nalian Cintra, presidente da Comissão Especial de Conciliação,
mediação e arbitragem da OAB/MT:
Outro ponto que deve ser considerado é que ao garantir a autocomposição – que é a
solução de conflitos por mediação, conciliação ou arbitragem – o advogado terá
cumprido uma demanda de forma muito mais célere do que se estivesse patrocinado
uma ação judicial, que com a devida vênia, continua tendo importante papel para a
solução de conflitos.
(CINTRA, 2017)
2.3.1. Mediação
O mediador, assim como o árbitro, é qualquer pessoa capaz que goze da confiança das
partes (art. 9º da Lei 13.140/2015).
O mediador pode ser judicial, designado no curso de processo judicial ou
extrajudicial, na exata medida em que atuar antes da existência de qualquer conflito.
Sendo extrajudicial, a Lei 13.140/2015 não exigiu qualquer formação específica ou
superior, limitando-se a ser capaz e gozar da confiança das partes.
Todavia, se o mediador for judicial, nos termos do art. 11 da Lei 13.140/2015,
escolhido pelas partes ou por livre distribuição, além do curso de capacitação (art. 167
do CPC), deverá ser graduado há pelo menos 2 anos em curso de ensino superior e
que tenha obtido capacitação em escola ou entidade de formação de mediadores,
reconhecida pelo Conselho Nacional de Justiça ou pela Escola Nacional de Mediação
e Conciliação do Ministério da Justiça.
Pelas peculiaridades da mediação e em razão da Lei 13.140/2015, especial, não haverá
necessidade de formação superior específica em Direito, como se exige do
conciliador, que tem a função de sugerir a solução do conflito e respeitar o princípio
da decisão informada.
Os mediadores são designados pelo tribunal ou escolhidos pelas partes (art. 4º da Lei
13.140/2015).
Lembre-se que a mediação, diferentemente da conciliação judicial (CPC, art. 334), é
sempre voluntária, não havendo como impor o procedimento se ambos com ele não
40
concordarem e, bem assim, devem aceitar o mediador que, assim como o árbitro, deve
ser da confiança das partes.
No desempenho da mediação, o mediador procederá com imparcialidade,
independência, diligência e discrição, mesmos deveres impostos ao árbitro
(JR., 2016, p. 279)
Outro ponto relevante para esta área é a capacitação dos policiais militares para
realizarem sessões de mediação extrajudicial em suas dependências, porém, apenas alguns
batalhões estão sendo capacitados, o pioneiro nesta novidade é o batalhão da polícia militar de
Araçatuba-SP, conforme explica a matéria realizada pela folha da região:
41
Em 9 de setembro de 2016, a Polícia Militar de Araçatuba entrou para a história por
ser a primeira no Estado de São Paulo a instalar um Numec (Núcleo de Mediação
Comunitária), visando aproximar a polícia da população, tentar resolver conflitos e
evitar que eles se tornem ações judiciais.
(JÚNIOR, 2018)
Tal iniciativa é nobre, pois são as forças aliadas em combate a lide que se insere na
comunidade, tal plano deve ser espalhado com urgência para os demais batalhões da polícia
militar, sendo esta de todos os Estados do Brasil. Desta forma, haverá uma polícia comunitária
mais ativa e firmemente com a população, busca a solução pacifica dos conflitos e sem a
necessidade do poder judiciário, são simplesmente a polícia comunitária.
O Juizado Especial Criminal é o alicerce dos crimes de menor potencial ofensivo, sendo
assim, pautado pela celeridade, conforme mencionado no primeiro capítulo será lavrado o
Termo Circunstanciado, diante disto podemos notar algumas peculiaridades. Para melhor
explicação, menciono o artigo 61 e 69 da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais:
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela
Lei nº 11.313, de 2006)
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o
juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou
local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455,
de 13.5.2002))
(BRASIL, 1995)
Outra peculiaridade são as finalidades do JECRIM, pois terão medidas ativas para
buscar o acordo entre as partes, bem como a reparação do dano causado, sendo assim podemos
concluir que o objetivo máster é o não início do processo criminal, adotando várias medidas
para isso. Tais medidas terão o nome de despenalizadoras, abordando a composição civil, caso
tenha dano, suspensão condicional do processo e transação penal.
Trataremos primeiro sobre a composição dos danos civis, através disso a vítima será
indenizada pelos danos sofridos, podendo ser danos materiais ou morais ao depender do caso
42
concreto, lembrando que os crimes mencionados são de ação penal pública incondicionada,
diante disto não acarretará na renúncia ao direito de queixa ou representação, conforme se extrai
dos artigos 72 e 74 da Lei dos Juizados Especiais:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período
de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades.
43
Nota-se que novamente deverá seguir alguns requisitos para fazer jus a transação penal,
conforme menciono o artigo 76 da Lei dos Juizados Especiais:
Para finalizarmos tal explicação sobre o JECRIM, cito três jurisprudências, tais julgados
demonstrarão a devida competência do juizado especial, a necessidade do Termo
Circunstanciado e a transação penal, sendo assim a teoria sendo aplicada na pratica.
Podemos destacar que o Juizado Especial Criminal é o meio útil para buscar a paz social
entre os participantes da lide, pois se vale de meios despenalizadores, ou seja, tal forma para
conscientizar o infrator em não cometer novamente. A celeridade e a informalidade buscam
força neste instituto, pois, em poucos dias ou meses a lide está solucionada.
45
III. POLUIÇÃO SONORA NA ESFERA AMBIENTAL
Ruído, por seu turno, é o som indesejado, o barulho irregular e desagradável produzido
pela queda de um objeto, por exemplo. Mas tanto o som quanto o ruído, uma vez
ultrapassados os limites estabelecidos pelas normas legais, passam a prejudicar a
saúde humana e o sossego alheio, além dos animais.
(SIRVINSKSA, 2017, p. 827)
O silêncio é a base para uma convivência pacífica entre os povos, sendo crucial o
sossego de cada indivíduo, porém, tanto o som quanto o ruído se ultrapassados os limites legais
estabelecidos pela NBR 10.151 e 10.152, estarão em desconformidade com a legislação,
podendo ser responsabilizado e causarão problemas para a saúde humana, ou seja, para quem
está sofrendo com tal situação, sendo assim fala-se em poluição sonora.
Com relação aos seus efeitos, o básico é a perda auditiva e traumas acústicos, porém
existem os efeitos não veiculado a audição, mas sim com relação aos efeitos gerados no
organismo de cada ser humano, segundo explica Luís Paulo Sirvinsksa:
46
Salienta-se o enorme risco que o ruído ou som em excesso pode causar para o ser
humano, todavia, trata-se do som que ultrapassa a legislação pertinente.
As resoluções elaboradas pelo Sistema Nacional do Meio ambiente, sendo essa voltada
tão somente para a preservação do meio ambiente, para melhor entendermos, cito a Lei Nº
6.938/81 que instituiu o Conselho Nacional do meio ambiente (CONAMA), sendo assim
apontando em seu artigo 3º, III, alínea a, b e e, um dos objetivos para a proteção do sossego
Existem várias resoluções do CONAMA, porém, a que toma força perante a proteção
do sossego é a resolução 1 e 2.
Podemos expor que, haverá uma cooperação entre os órgãos que detém o poder de
polícia para combaterem a perturbação, adotando a norma da NBR, conforme exposto no
primeiro capítulo. Em razão disso, menciono a nobre palavra de Maria Luiza Machado
Granziera:
Além disso, ficou definido que às entidades e órgãos públicos federais, estaduais e
municipais competentes, no uso de seu poder de polícia, cabe dispor sobre a emissão
ou proibição da emissão de ruídos produzidos por quaisquer meios ou de qualquer
espécie, considerando sempre os locais, horários e a natureza das atividades
emissoras, com vistas a compatibilizar o exercício das atividades com a preservação
da saúde e do sossego público. Para tanto, as medições devem ser efetuadas de acordo
com a NBR 10.151 – Avaliação do Ruído em Áreas Habita- das, visando ao conforto
da comunidade, da ABNT.
(GRANZIERA, 2015, p. 682)
47
Até mesmo os bares, restaurante, casa noturna e festas devem observar todas as normas
exposta neste trabalho, não podendo usar de quaisquer meios como escudo para infringir a lei.
A jurisprudência é clara com relação a isso, conforme o julgado mencionado logo
abaixo:
3.3.2. Igrejas
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
(BRASIL, 1988)
48
JUSTIÇA. Decretada a revelia da ré e realizada a prova técnica, constatou-se que os
ruídos registrados pela pressão sonora originada da Igreja Evangélica Nova Jerusalém
estão incompatíveis com as definições da Norma Técnica 10151 da ABNT, visando o
conforto da comunidade, sendo certo que os valores máximos para os períodos diurnos
e noturnos em áreas predominantemente residenciais são, respectivamente, 55 e 50
dB’s. O lar é o lugar onde os membros da família anseiam por estar, onde refazem
suas energias, alimentam-se de afeto e encontram o conforto do acolhimento, não
podendo ser tolerado qualquer ato externo, excedente, não razoável, que ameace ou
retire-lhes a paz e o sossego. Dano moral configurado. Valor de R$ 5.000,00 fixado
com razoabilidade e proporcionalidade. Juros de mora. Súmula 53 do STJ. Recurso
não provido.
(TJ-RJ – APL: 00000696420158190046 RIO DE JANEIRO RIO BONITO 2 VARA,
Relator: LINDOLPHO MORAIS MARINHO, Data de Julgamento: 11/07/2017,
DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 14/07/2017)
3.3.3. Indústrias
Observa que existe crime ambiental, tendo assim amparo legal quando envolve poluição
sonora, porém tal crime está inserido no artigo 42 da Lei de Contravenção Penal, sendo está
mencionada no primeiro capítulo, para melhor expor tal argumento, menciono a nobre palavra
de Luís Paulo Sirvinsksa:
49
sonora é toda vibração emitida acima dos níveis suportáveis pelo ser humano,
causando lesões no sentido auditivo (grifo meu)
(SIRVINSKSA, 2017, p. 914)
Os crimes de poluição têm previsão legal no diploma dos crimes ambientais (Seção
III), na Lei n. 6.453/77 (dispõe sobre a responsabilidade criminal por atos relacionados
a atividades nucleares), na Lei n. 7.802/89 (tipifica condutas envolvendo o uso de
agrotóxicos e afins) e no Decreto-Lei n. 3.688/41 (prevê̂, no art. 42, a contravenção
penal de poluição sonora). (grifo meu)
(LEITE, 2015, p. 671)
Observa-se que tal conduta sempre será enquadrada na Lei de Contravenção Penal e
submetido as medidas legais expostas em todos os capítulos, sendo assim não possuindo
qualquer tipificação legal com pena de reclusão, detenção e prisão simples nas resoluções
elaborada pelo CONAMA. Tendo apenas o Decreto-Lei como fundamento legal.
50
CONCLUSÃO
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